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educação
“Quando imitamos outra pessoa, estamos fazendo com nosso corpo uma ação
que imita aquilo que o corpo da outra pessoa fez. Podemos traduzir esta
dificuldade, assim, imitamos gestos, exercícios, expressões ou atitudes de
outra pessoa, nós fazemos estes gestos como se estivéssemos vestidos com a
roupa do outro. É claro que sempre haverá um puxãozinho forçado aqui, um
apertãozinho lá, um desvio de movimento em alguma articulação do corpo pois,
roupa não assenta em nós com perfeição - não está na nossa medida.”
(Gaiarça, 1984, p.75)
Pg115 – Por meio dos seminários e das discussões, pude ver o enriquecimento
cultural que elas foram adquirindo. Nos trabalhos finais de semestre, elas
tiveram a oportunidade de mostrar por meio de pesquisas e de performances a
riqueza guardada no seu interior e na cultura brasileira. Embora no início
houvesse uma certa resistência da grande maioria, o desprendimento
observado no final possibilitou que elas ampliassem sua personalidade é de,
não só em relação à proposta de trabalho, mas também ao meio e a si
mesmas.
Pg17 – Celine dançou muito pouco, ou melhor, não fez gestos dançantes, mas
tinha uma presença no grupo e no espaço de uma grande doçura - ela
participa, mesmo quando está imóvel. A outra coisa, ainda, que se eu se ponha
em movimento, um gesto silencioso, mas ao mesmo tempo significante.
Pg19 – há ainda 2 séculos atrás, pessoas que não eram representativas das
normas e padrões impostos pela sociedade, eram chamadas de “monstros”,
“aberrações” “selvagens”. Pouco tempo depois, de “anormais”, “retardadas”,
“excepcionais”, “loucos”, “dementes”. Mais próximo de nós, “deficientes”,
“portador de necessidades especiais”, “pessoas com habilidades diferentes”,
“pessoas com deficiência”, “pessoas em situação de deficiência”, “pessoas em
situação de distúrbios mentais”. Todas essas denominações são provas das
transformações sociais, ao mesmo tempo, mostram-nos a instabilidade de uma
imagem que, justamente por seus aspectos perturbadores, precisa ser
continuamente redefinida e renomeada” (LEPRI ,2012, p.53)
Pg26 – Mas não se trata de olhar cada indivíduo apenas em atenção a ele. Na
verdade, perceber e acolher as singularidades alheias permite-nos perceber e
acolher a singularidade que existe em nós, com todas as suas virtudes e
fragilidades. É uma maneira de nos conectarmos com a humanidade em geral,
com a nossa própria humanidade, e com a humanidade do outro; um modo de
ver que, para além de sintomas que etiquetam o indivíduo, mostram-nos como
somos semelhantes em nossas diferenças.
Pg36 – Talvez sua diferença faça nos pensa-la como parte de outra
constelação, mas é sempre bom perceber outros lados do céu. Ao ir ao
encontro essas pessoas, ao descobrir a beleza destas constelações, não as
reduza, aos meus olhos, há um mundo paralelo, ao qual eu não pertenceria.
Pg42 – O silêncio do corpo, esse retorno dentro de casa, é o que nos permite
agir com mais justeza. Não digo que passos falsos deixem de existir, mas essa
suspensão trazida pelo som do silêncio, essa dialética do não agir para poder
então agir (GOUVÊA, 2012) é - como a consciência do pré-movimento - um
elemento fundamental da disponibilidade.
Pg54 – Se Magalie, por acaso, não aceita o contato, ainda assim, estamos, de
certa forma, em relação- pois, como eu também dizia, a própria recusa pode
ser vista assim, como modo de se dirigir ao outro. Ela sabe que estou lá, ela
parece saber também o que proponho. Conversa comigo, mesmo sem
palavras, e mesmo com o seu não.
Pg123 – Como nos explica Edward Hall (1984), o mundo criado por certo grupo
de homens tem seu próprio sistema de percepções sensoriais. Assim, da
mesma forma que a sensação de multidão ou de superlotação pode se
diferenciar de um grupo para o outro, uma ação que poderá ser percebida por
certo grupo como agressiva, por outra será percebida como neutra.