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Diretor Administrativo
Eduardo Santini
UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
FICHA CATALOGRÁFICA BR-376 , km 102,
FACULDADE DE TECNOLOGIA E Saída para Nova Londrina
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Paranavaí-PR
Núcleo de Educação a Distância; (44) 3045 9898
GUIMARÃES, Fabiane Fantacholi.
MOREIRA, Greicy Juliana.
Acadêmico(a), olá!!!
Seja bem-vindo(a)! A partir de agora, você deu largada em uma jornada de co-
nhecimento por meio do incrível mundo da educação inclusiva, mais especificamente ao
maravilhoso universo do “Atendimento Educacional de Aluno com Transtornos Globais do
Desenvolvimento”.
Nossa missão será apresentar a você, por meio de dialogismo, novos conhecimen-
tos e descobertas, que proporcionarão reflexões e mudanças significativas no seu modo
de pensar e agir, tanto no contexto pessoal, acadêmico e sobretudo na esfera profissional,
favorecendo o desenvolvimento de suas competências, habilidades e atitudes.
O presente material foi produzido exclusivamente para proporcionar a construção
de novos conhecimentos, por meio de quatro unidades curriculares, recheadas de concei-
tos teóricos e reflexivos, conectando teoria e situações reais, favorecendo o processo de
ensino-aprendizagem.
A apostila é composta por uma introdução, seguida de quatro unidades, divididas
em três tópicos cada uma, criteriosamente analisados e selecionados para dar sustentação
às discussões, reflexões e conclusão.
Além dos conteúdos abordados no decorrer das unidades curriculares, você tam-
bém terá acesso à informações extras, como por exemplo novas leituras, a seção #sai-
bamais, #reflita, #leituracomplementar, e ainda, dicas de livros e filmes, que contemplam os
assuntos em questão na presente disciplina.
Na Unidade I, o conteúdo disponibilizado será sobre as Dimensões Dos Transtor-
nos Globais De Desenvolvimento e suas especificidades: Classificação Internacional de
Doenças: CID, o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais e, por último,
a Definição, conceituação e características do TGD.
Na Unidade II, a ênfase será exclusivamente sobre os Transtornos Globais Do
Desenvolvimento – Condutas Típicas: as especificações do que envolve as condutas típi-
cas, como o professor e a família podem lidar com essas condutas e também as possíveis
estratégias e recursos a serem oferecidos para os alunos com condutas típicas.
Na Unidade III, vamos falar sobre as especificidades do Autismo, Síndrome De
Asperger e Síndrome De Rett e, então, durante nosso diálogo, levá-lo a compreender a
definição e encaminhamentos relacionados a cada um desses transtornos globais do de-
senvolvimento.
Na Unidade IV, denominada de Interlocução do Atendimento Especializado no
Ensino Regular Para Alunos Com TGD, nosso propósito será apresentar informações
sobre os aspectos legais relacionados ao Atendimento Educacional Especializado (AEE),
enfatizando o atendimento ao público em questão dessa disciplina – TGD/TEA. Para tanto,
os assuntos abordados serão: fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento
especializado, a Institucionalização do atendimento especializado no projeto político pe-
dagógico e, por último, o Desmembramentos do TGD e as ações necessárias a serem
seguidas pela escola, família e sociedade.
Diante do exposto, desejamos que, a partir desse momento, você inicie a leitura e
estudo desse material e que, no decorrer dessa trilha de descobertas, você possa refletir
sobre os aspectos aqui abordados, sobre a importância da sua formação acadêmica e,
ainda, como contribuir, enquanto profissional, para a eliminação de barreiras relacionadas
ao ensino-aprendizagem do público-alvo da educação inclusiva, especialmente, no que
tange a educação dos alunos com TGD/TEA.
Boa viagem! Embarque agora nessa trilha de conhecimentos! Até mais!!!
UNIDADE I....................................................................................................... 8
Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
UNIDADE II.................................................................................................... 25
Transtorno Do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do
Tea
UNIDADE III................................................................................................... 49
Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno
Com Tgd-Tea
UNIDADE IV................................................................................................... 72
Interlocução Do Atendimento Especializado No Ensino Regular Para
Alunos Com Tgd-Tea
UNIDADE I
Dimensões dos Transtornos Globais de
Desenvolvimento
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
Plano de Estudo:
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
● Classificação Internacional de Doenças: CID
● Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais
● Definição, conceituação e características do TGD-TEA
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a Classificação Internacional de Doenças
● Conhecer o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais
● Estudar a definição, conceituação e características do Transtorno Global do Desen-
volvimento
8
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Seja bem-vindo(a) à Unidade I, intitulada “Dimensões dos Transtornos Globais de
Desenvolvimento”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Transtor-
nos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em Educação Especial.
No primeiro momento: conheceremos a Classificação Internacional de Doenças
(CID). Esse documento é publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa
padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde.
No segundo momento: conheceremos o Manual de Diagnóstico e Estatística dos
Transtornos Mentais (DSM). Esse documento se propõe a servir como um guia prático,
funcional e flexível para organizar informações que possam auxiliar no diagnóstico preciso
e no tratamento de transtornos mentais pelos profissionais da área da Saúde.
No terceiro momento: estudaremos a definição, conceituação e características do
Transtorno Global do Desenvolvimento, que passou por mudanças significativas no decor-
rer dos tempos.
Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema
de nossa primeira unidade.
Boa leitura!
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que a CID-10 foi aprovada pela Conferência Interna-
cional para a Décima Revisão, em 1989, e adotada pela Quadragésima Terceira Assem-
bléia Mundial de Saúde para entrar em vigor em 1o de janeiro de 1993? Segundo o site
das Nações Unidas, a CID-11 reflete as mudanças e os avanços na Medicina e Tecnolo-
gia que aconteceram de lá para cá. A estrutura de codificação e ferramentas eletrônicas
foram simplificadas, para permitir que o profissional possa registrar os problemas de
maneira mais fácil e eficaz. A nova classificação conta com 55 mil códigos únicos para
lesões, doenças e causas de morte versus 14.400 da CID-10.
Entre as principais novidades, está a inclusão de distúrbio em games (gaming disorder),
que já havia sido anunciado no começo do ano. A OMS define a desordem como um
“padrão de comportamento persistente ou recorrente”, de gravidade suficiente para “re-
sultar em comprometimento significativo nas áreas de funcionamento pessoal, familiar,
social, educacional, ocupacional ou outras”.
Reprodução/OMS
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Você, caro(a) acadêmico(a), sabia que, assim como no DSM, o Manual de Diagnóstico
e Estatística dos Transtornos Mentais, a nova CID, Classificação Internacional de Doen-
ças, uniu os transtornos do espectro num só diagnóstico? Essa decisão veio para facili-
tar o diagnóstico e tornar mais simples a codificação para acesso a serviços de saúde.
Fonte: a autora.
Fonte: a autora.
REFLEXÃO
Afinal, quem são essas crianças que, por alguns educadores, costumam ser adjetivadas
como diferentes, agressivas e inquietas, e que quando falam apresentam uma lingua-
gem tão incomum?
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que o autismo tornou-se um problema de saúde pú-
blica no mundo inteiro, e sua importância se reflete em dois eventos recentes: em 2007,
a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o dia 2 de abril como o dia mundial
de conscientização do autismo, e a entidade americana Autism Speaks convocou vários
monumentos do mundo, por meio da campanha Light It Up Blue iniciada em 2010, a se
iluminarem de azul, no dia em questão, a fim de promover a conscientização do trans-
torno.
Fonte: a autora.
REFLEXÃO
“Temos o direito de sermos iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito
de sermos diferentes sempre que a desigualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 2006,
p. 27).
Caro(a) acadêmico(a),
LIVRO
Título: Transtornos Globais do Desenvolvimento
Autor: Shirley Aparecida dos Santos
Editora: Contentus
Sinopse: Este livro define a trajetória histórica da área de transtor-
nos globais do desenvolvimento, trazendo conceitos e concepções
teóricas fundamentais para o seu entendimento. Trata das teorias
sobre desenvolvimento humano de Piaget, Wallon e Vygotsky,
métodos e abordagens para o trabalho terapêutico e traz uma
discussão sobre direitos, educação especial e inclusão. Também
trabalha o atendimento educacional especializado e flexibilização/
diferenciação curricular.
FILME/VÍDEO
Título: O Garoto Selvagem
Ano: 26 de fevereiro de 1970 (França)
Sinopse: Um menino incapaz de falar, andar, ler ou escrever é
encontrado nu em uma floresta na França, vivendo com um bando
de lobos. Ele é levado para Paris e um médico tenta ajudá-lo.
Link do vídeo: https://vimeo.com/155385147
WEB
Em Tese – Educação e os Transtornos Globais do Desenvol-
vimento
DURAÇÃO: 30 MINUTOS
Exibido em: 12/08/15
Link do site: http://www.tv.ufpr.br/portal/edicao/em-tese-educa-
cao-e-os-transtornos-globais-do-desenvolvimento/
Plano de Estudo:
● Fundamentos conceituais, teóricos e a perspectiva histórica do autismo no século XX
● Conceito geral e disfunções do TEA
● Causas do TEA
Objetivos da Aprendizagem
● Contextualizar os fundamentos conceituais, teóricos e a perspectiva histórica do au-
tismo no século XX
● Estudar o conceito geral e disfunções do transtorno do espectro autista (TEA)
● Conhecer as causas do transtorno do espectro autista (TEA)
25
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Seja bem-vindo(a) à Unidade II, intitulada “Transtorno do Espectro Autista: con-
ceitos iniciais e disfunção do TEA”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno
com Transtornos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em Educação
Especial.
No primeiro momento: contextualizar os fundamentos conceituais, teóricos e a
perspectiva histórica do autismo no século XX, no entanto, independentemente da posição
teórica utilizada para compreender o autismo, sabe-se hoje que ele não constitui um quadro
único, mas um quadro clínico complexo que precisa ser olhado a partir de cada sujeito,
levando-se em conta suas especificidades, possibilidades e dificuldades.
No segundo momento: estudar o conceito geral e disfunções do transtorno do es-
pectro autista (TEA). Válido ressaltar, como já elencamos anteriormente, antes do conceito
de autismo, existiu e ainda existe em alguns documentos legais, o termo Transtornos Glo-
bais do Desenvolvimento (TGD). Os TEA são considerados, atualmente, como transtorno
de desenvolvimento de causas variadas.
No terceiro momento: conhecer as causas do transtorno do espectro autista (TEA),
considerando que em algumas das prováveis causas do TEA, ele é um transtorno de
comportamento multifacetado, de base neurológica.
Espero que esses textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema
da nossa primeira unidade.
Boa leitura!
A nomenclatura autismo foi empregada pela primeira vez pelo psiquiatra Eugen
Bleuler (1857-1939), em 1911, para relatar a fuga da realidade e o retraimento de adultos
esquizofrênicos para um mundo interior. A palavra é de origem grega (autós) e significa “por
si mesmo”. Trata-se de “um termo, dentro da psiquiatria, para denominar comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio indivíduo” (ORRÚ,
2012, p. 17).
Quando o médico Jean Itard (1774-1838) relatou informações sobre o menino
selvagem de Aveyron, em 1799, o termo autismo não havia sido utilizado. O jovem foi
capturado por camponeses de Aveyron, na França, sem vestimentas e movimentando-se
como quadrúpede e sem comunicação oral.
Ele se balançava sem parar e não demonstrava nenhuma afeição por quem
o servia, era indiferente a tudo, não prestava atenção em coisa alguma, nem
aceitava mudanças, e lembrava-se com precisão da localização de objetos
existentes em seu quarto. Não reagia ao disparo do revólver, mas voltava-se
na direção de um estalo de casca de noz (FERRARI, 2012, p. 6-7).
A educação desse jovem foi atribuída a Itard, no entanto, o desfecho não foi consi-
derado triunfante nem pelo próprio pesquisador, porque o jovem não saiu do mutismo nem
teve “acesso à dimensão simbólica da linguagem, apesar da incontestável melhora nas
relações sociais” (FERRARI, 2012, p. 7).
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a), em relação à importância da linguagem, o embasamento recai
sobre o livro intitulado Pensamento e Linguagem, de Lev Semenovich Vygotsky. Esse
autor apresenta um estudo detalhado sobre o desenvolvimento intelectual, orientado
para a psicologia evolutiva, educação e psicopatologia.
http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/vygotsky_01.pdf
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que as pesquisas de Hans Asperger eram públicas
nos países em que o idioma alemão era dominante? Na década de 1970, foram reali-
zadas as primeiras aproximações com os escritos de Kanner, especialmente por pes-
quisadores holandeses, tal como Van Krevelen, que tinha domínio dos idiomas inglês e
alemão. As iniciativas de assemelhar ambos foram difíceis, em virtude das diferenças
entre os pacientes estudados por cada pesquisador, uma vez que os descritos por Kan-
ner eram mais jovens e apresentavam maior prejuízo cognitivo.
Até fins da década de 1970, o autismo era considerado uma forma de esquizofrenia
infantil e classificado dentro da categoria das psicoses (APA, 1952/1968). Em 1979, Wing e
Gould foram os primeiros a propor a tríade diagnóstica que abrangia deficiências específi-
cas na comunicação, socialização e imaginação (CAMINHA et al., 2016).
Em 1980, com a publicação da 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-3), o autismo se converteu no protótipo de um novo grupo de
Figura 1 - Organograma
Figura 2 - Classificação
SAIBA MAIS
Você sabia que a mudança da classificação de TGD para TEA se justifica porque nos
Estados Unidos o tratamento é financiado pelo governo, e todos os pormenores são
elementos usados para não disponibilizar a gratuidade do tratamento ou a inclusão do
sujeito em um plano de saúde? O diagnóstico de autismo, por exemplo, para resolver
o problema e propiciar o direito desses sujeitos a serem acompanhados nas clínicas e
nas instituições escolares, uniformizou-se todos como portadores de TEA. O DSM-4
considerava o autismo como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e incluía os
quadros de Transtorno de Rett, Transtorno de Asperger e Transtorno Desintegrativo da
Infância, já não representando mais o entendimento e classificação dos “autistas”.
Caro(a) estudante, mesmo com novas descobertas a respeito do TEA, ainda vi-
vemos uma época de incertezas, uma vez que no meio de várias incertezas, é que se
percebem características do TEA, no indivíduo, precocemente. Os primeiros sinais se
apresentam ainda nos primeiros anos, e, com um olhar mais apurado, podem-se perceber
características em bebês. O TEA afeta o desenvolvimento do ser humano de forma intensa,
incidindo na construção da personalidade (SILVA; ROZEK, 2020).
As causas do TEA ainda não são consideradas únicas, não existindo, assim, uma
definição do que, na realidade, causa o autismo. Temos diferentes abordagens e estudos
que convergem ou divergem nos resultados de suas pesquisas, mas que vão transitando,
basicamente, entre fatores “psicológicos, disfunções cerebrais e alterações de neurotrans-
missores, fatores ambientais, aspectos genéticos, questões alimentares, entre outros”
(SILVA; ROZEK, 2020, p. 6).
REFLEXÃO
“As crianças com necessidades especiais, assim como as aves, são diferentes em seus
vôos. Mas todas são iguais em seu direito de voar.”
Caro(a) estudante, para ser compreendido, o TEA precisa ser muito bem estu-
dado. Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012), o Transtorno do Espectro do Autismo é
considerado um transtorno de neurodesenvolvimento, no qual a criança tem dificuldade na
comunicação social e mantém um interesse restrito e estereotipado. Isso significa que se
trata de uma alteração ocorrida dentro do cérebro, em que as conexões entre os neurônios
se dão de forma diferente, ocasionando dificuldade em interagir com as outras pessoas de
maneira adequada.
Os TEA são considerados atualmente como transtorno de desenvolvimento de
causas variadas. Entretanto, como já estamos estudando acerca de como o TEA se apre-
senta legalmente, constatamos que antes do conceito de autismo, existiu e ainda existe em
alguns documentos legais o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD).
Para Morais (2012), essa síndrome é entendida como uma das perturbações
contínuas e gerais, designadas de “perturbações globais do desenvolvimento”. O autismo
caracteriza-se pela existência de disfunções sociais, perturbações na comunicação e no
jogo imaginativo, tal como por interesses e atividades restritas e repetitivas. O autismo,
para ser considerado em termos de diagnóstico, tem de ter presentes estas manifestações,
desde o nascimento até aproximadamente aos 36 meses de idade, persistindo e evoluindo
de diferentes maneiras ao longo da vida.
REFLEXÃO
“As pessoas com autismo não mentem, não julgam, não manipulam. Talvez possamos
aprender alguma coisa com elas.”
2. Prejuízos na comunicação
a. Atraso ou ausência da fala expressiva
1. Teoria psicológica
2. Teoria cognitiva
3. Fatores biológicos evidentes: gêmeos, história familiar e síndromes
4. Ausência de marcador biológico
5. Diagnóstico clínico
SAIBA MAIS
Você, caro(a) acadêmico(a), sabia que o Manual da Classificação Internacional da Or-
ganização Mundial de Saúde (OMS), é um importante manual, pois está no fato de apre-
sentar a classificação das tipificações das síndromes e como compreendê-las?
REFLITA
“A vida é como um quebra-cabeças. Deveríamos parar de tentar encaixar as pessoas
onde elas não cabem.”
Fonte: Google.
Caro(a) acadêmico(a),
Finalizamos a Unidade II da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno
com Transtornos Globais do Desenvolvimento.
No primeiro momento: contextualizamos os fundamentos conceituais, teóricos e a
perspectiva histórica do autismo no século XX, no entanto, independentemente da posição
teórica utilizada para compreender o autismo, sabe-se hoje que ele não constitui um quadro
único, mas um quadro complexo que precisa ser olhado a partir de cada sujeito, levando-se
em conta suas possibilidades e dificuldades.
No segundo momento: estudamos o conceito geral e disfunções do transtorno do
espectro autista (TEA), no qual constatamos que antes do conceito de autismo, existiu e
ainda existe em alguns documentos legais o termo Transtornos Globais do Desenvolvi-
mento (TGD), em relação às disfunções criança tem dificuldade na comunicação social e
mantém um interesse restrito e estereotipado, isto descrito nos documentos legais, como
CID e DSM.
No terceiro momento: conhecemos as causas do transtorno do espectro autista
(TEA), em que compreendemos que a causa do autismo permanece desconhecida, entre-
tanto, existe um conjunto de elementos a se considerar, sendo elas: evidências científicas;
pesquisas nas mais diversas áreas; evidências em neuroimagens e neurocomportamento;
avaliações neuropsicológicas.
Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de consultar as referências.
FILME/VÍDEO
Título: Temple Grandin
Ano: 2010
Sinopse: Jovem autista luta para ter uma vida normal. Incentivada
pelo professor, ela chega à universidade e usa sua sensibilidade e
habilidade com os animais para criar uma técnica que revoluciona
a indústria agropecuária dos Estados Unidos.
WEB
Diário de um autista
Link do site.
https://www.youtube.com/channel/UCbhT_vtlwr7X2wG6q_0mW-
VQ/featured
Plano de Estudo:
● Método TEACCH
● Pecs – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras
● ABA – Análise Aplicada do Comportamento
● Outras técnicas de apoio educacional
Objetivos da Aprendizagem
● Conhecer o Método TEACCH - Tratamento e Educação de Criança Autistas e com
Desvantagens na Comunicação.
● Aprender sobre o PECs – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras.
● Entender sobre a ABA – Análise Aplicada do Comportamento.
● Consultar outras técnicas de apoio educacional.
49
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a),
Seja bem-vindo(a) à Unidade III, intitulada “Métodos Educacionais de Intervenção
e apoio a inclusão do aluno com TGD-TEA”, da disciplina de Atendimento Educacional
de Aluno com Transtornos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em
Educação Especial.
No primeiro momento: conhecer o Método Tratamento e Educação de Criança Au-
tistas e com Desvantagens na Comunicação (TEACCH), no qual este método de tratamento
e educação é um dos mais importantes métodos de tratamento educacional para crianças
com autismo e distúrbios correlatos de comunicação.
No segundo momento: aprender sobre o PECs (Sistema de Comunicação por Troca
de Figuras), no qual trata-se de um procedimento para o processo de ensino e aprendiza-
gem de pessoas com distúrbios de comunicação, muito utilizado também com pessoas com
TEA, que estimula a funcionalidade da comunicação por intermédio da troca de figuras.
No terceiro momento: entender sobre a Análise Aplicada do Comportamento (ABA),
em que seu método se refere à intervenção e ao ensino de aptidões necessárias para viver
em uma sociedade, bem como é responsável por aplicar princípios comportamentais a
situações sociais realmente relevantes.
No quarto momento: consultar outras técnicas de apoio educacional, algumas das
possibilidades de apoio educacional que são usualmente utilizadas para o processo de
aprendizagem da criança com TEA, apenas para dar uma ideia a pais e profissionais.
Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema
de nossa primeira unidade.
Boa leitura!
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 50
1. MÉTODO TEACCH
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 51
psicanalítica e oferecia terapia para elas e seus pais. Nesse período, acreditava-se que
havia uma forte influência dos pais, que, em parte, eram considerados responsáveis pelo
quadro de autismo dos seus filhos (DEFENDI, 2016).
Com o avanço das pesquisas científicas, essa ideia foi abandonada, e novos ele-
mentos foram considerados para o tratamento das pessoas com TEA, o que ampliou a
visão e colaborou para mudanças no método TEACCH para enfatizar a importância do
processo educacional a essas pessoas (DEFENDI, 2016).
O TEACCH, ao contrário de métodos comportamentais, não ataca os problemas de
comportamento diretamente, mas tenta analisar e eliminar as suas causas. Isso não quer
dizer que técnicas de modificação de conduta sejam completamente eliminadas do método,
mas que elas são utilizadas em situações de risco, nos casos em que as medidas tomadas,
de acordo com o critério anteriormente descrito, não tenham sido eficazes (MARQUES;
MELLO, 2005).
Em suma, o método TEACCH tem como foco promover competências adaptativas
que são necessárias para desenvolver uma vida mais independente, buscando modificar o
ambiente para que se adapte às necessidades das crianças com TEA.
O TEACCH é um modelo de intervenção chamado generalista e transdisciplinar,
que respeita às características do indivíduo, adaptando-se a elas. Assim, todos aqueles
que participam do processo educativo são envolvidos, diminuindo as dificuldades a um
nível da linguagem receptiva, aumentando as possibilidades de comunicação e permitindo
a diversidade de contextos. Tem por objetivo facilitar a aprendizagem, partindo do arranjo
ambiental. Um ensino estruturado, que tem como alternativa promover a adaptação de
cada indivíduo, dando e recebendo o apoio não só dos terapeutas como também dos pais,
que se tornam co-terapeutas (SIMÃO, 2020).
O TEACCH baseia-se na organização do ambiente e das tarefas a serem desem-
penhadas pela criança para facilitar que ela compreenda as expectativas que se tem acerca
do seu desempenho escolar e para desenvolver sua independência. Desse modo, a inter-
venção do professor torna-se necessária apenas para a aprendizagem de novas atividades
(DEFENDI, 2016).
O método TEACCH também prioriza a organização de sala de aula em outras cinco
áreas diferentes, sendo elas (SIMÃO, 2020, p. 54):
• Acolher: o planejamento das atividades é muito importante, já que a criança
com TEA têm dificuldades em lidar com alterações de rotina.
• Aprender: o treino individualizado de competências em cada uma das áreas.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 52
• Brincar: o estímulo de questões psicomotoras e relaxantes.
• Computador: destinado ao trabalho e à produção individual, de acordo com o
plano diário.
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que, no Brasil, o TEACCH é muito disseminado pelas
professoras Maria Elisa Granchi Fonseca e Viviane Costa de Leon, habilitadas a dar
formações e treinamentos no país?
Fonte: a autora.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 53
Figura 1 - Material de apoio - Método TEACCH
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a), para conhecer de maneira mais profunda esse método de traba-
lho com pessoas com TEA, sugerimos a leitura dos seguintes artigos:
• Link: http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/62122.pdf
• Link:https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/7874/1/A%20import%c3%a2nia%20
do%20M%c3%a9todo%20TEACCH%20na%20inclus%c3%a3o%20de%20uma%20
crian%c3%a7a%20autista.pdf
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 54
2. PECS – SISTEMA DE COMUNICAÇÃO POR TROCA DE FIGURAS
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 55
e escrita, e com a participação de todos os envolvidos na sua vida, as fases são (BONDY;
FROST, 1994):
1. Fazer pedidos através da troca de figuras pelos itens desejados;
2. Ir até a tábua de comunicação, apanhar uma figura, ir a um adulto e entregá-la
em sua mão;
3. Discriminar entre as figuras;
4. Solicitar itens utilizando várias palavras em frases simples, fixadas na tábua de
comunicação;
5. Responder à pergunta “O que você quer”;
6. Emitir comentários espontâneos.
Com o PECs, o indivíduo adquire o comportamento verbal não vocal, isto é, aprende
a se comunicar funcionalmente emitindo respostas através de consequências mediadas por
outra pessoa e por meio de figuras, fazendo a troca de imagens pelos objetos de interesse
ou por algum outro reforçador generalizado (BONDY, 2001).
O treino do PECs, inicialmente, ensina o indivíduo a pedir algo que lhe interessa:
pode ser um objeto ou até mesmo uma situação (um intervalo, ir ao banheiro, ir para casa
etc.). O sujeito aprende a dar uma figura para outra pessoa (representação de um objeto ou
de uma situação), que, por sua vez, lhe entregará o que foi pedido. Indivíduos nessa fase do
treino aprendem rapidamente novos comportamentos, pois são imediatamente reforçados
pelas consequências de suas respostas (BONDY, 2001).
O PECs tem sido bem aceito em vários lugares do mundo, pois não demanda mate-
riais complexos ou caros, é relativamente fácil de aprender, pode ser aplicado em qualquer
lugar e quando bem aplicado apresenta resultados inquestionáveis na comunicação através
de cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal em crianças
que falam, mas que precisam organizar esta linguagem. (MELLO, 2007).
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 56
Figura 3 - Exemplo de PECs
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 57
Figura 4 - Exemplo de PECs
REFLEXÃO
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. (Charles Chaplin)
Fonte: Google.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 58
3. ABA – ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 59
princípios básicos e ficar atentos para, na aplicação, avaliar a eficácia das intervenções
pensadas para cada indivíduo” (TAVARES, 2020, p. 53). Dessa forma, é possível observar
se atingiram os resultados esperados.
Alguns princípios são essenciais para que a dinâmica da ABA dê certo e é preciso
saber que princípios são esses. A seguir, caro(a) acadêmico(a), estão elencados pontos
sugeridos por Brites e Brites (2019), que correspondem a atitudes que devem ser pensadas
quando se trata da aplicação da ABA.
• Deve ser aplicada por profissionais capacitados e qualquer pessoa pode receber
treinamento para cumprir essa função.
• Os profissionais que trabalham com crianças nas áreas de saúde e educação
devem conhecer e se capacitar na ABA.
• Os pais devem saber sobre a ABA e manter, nos diferentes ambientes que
frequenta, as ações orientadas pela clínica.
• As ações devem ser integradas entre a clínica e a escola, para que funcionem
em consonância com a proposta.
Diante de tais recomendações dos autores supracitados, pode-se afirmar que todos
os envolvidos no trabalho devem conhecer a aplicação da mesma forma que a ABA, para
que realmente tenha resultados. Caso um dos eixos falhe, a criança irá perceber essa
brecha e o comportamento não será modelado adequadamente.
Para colaborar com a implementação do programa, primeiramente é necessário
observar o comportamento da criança em situações ambientais e diante de seus familia-
res, ou então no âmbito escolar. “Nesse processo, identificam-se situações negativas e
positivas e descrevem-se as reações da criança nesse contexto. Delineiam-se, a partir daí,
estratégias sequenciais de respostas que a criança poderia ter com o uso de motivações e
reforços positivos” (BRITES; BRITES, 2019, p. 110).
Dessa forma, espera-se a modelagem adequada dos padrões de comportamento,
que tende a acontecer mais rápido caso a criança seja mais nova. Para que a aplicação da
ABA ocorra da melhor forma possível, é necessário que alguns pontos sejam trabalhados
e vistos como parte do processo de aprendizagem. Para isso destacamos alguns pontos,
sendo eles (TAVARES, 2020):
• Torne o ambiente de aprendizagem reforçador.
• Prepare o ambiente de aprendizagem.
• Combine e varie demandas de ensino.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 60
• Intercale tarefas fáceis e difíceis.
• Aumente gradualmente o número de demandas.
• Agilize o ritmo de instrução.
• Ensine fluência das habilidades.
• Cartões de dicas para professores.
• Contato visual.
• Técnicas comportamentais usadas em ABA.
• Exemplo de currículo, espaço de trabalho e aulas.
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a), para saber mais sobre o ABA sugerimos a leitura do Manual de
Treinamento em ABA Ajude-nos a aprender, de Kathy Lear. O material foi traduzido
em 2006 pelo Grupo de tradutores da Comunidade Virtual Autismo no Brasil.
Acesse: http://www.autismo.psicologiaeciencia.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Autismo-ajude-nos-
-a-aprender.pdf
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 61
REFLEXÃO
“Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos
de nós, Se não saímos de nós próprios» (José Saramago). Somos todos ilhas desco-
nhecidas.
Fonte: Google.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 62
4. OUTRAS TÉCNICAS DE APOIO EDUCACIONAL
Citaremos algumas das técnicas mais conhecidas que têm sido aplicadas em crian-
ças com autismo. Algumas foram especialmente desenvolvidas para elas, outras foram
desenvolvidas inicialmente para tratar outras patologias.
Todas elas já vêm sendo aplicadas há algum tempo, a maioria há mais de dez anos,
e todas se iniciaram como grandes promessas para pais mais apressados. O tempo mos-
trou que elas não são milagrosas. Contudo, algumas delas, se aplicadas conscientemente,
da forma como foram concebidas ou com adaptações a estilos e culturas, podem ser um
excelente complemento ao tratamento educacional.
Várias instituições em todo o mundo vêm combinando uma série de técnicas como
complemento ao trabalho educacional de base, e vêm colhendo cada vez mais resultados
na reabilitação de crianças com autismo – principalmente as que começaram cedo o trata-
mento –, através do empenho na formação de seus técnicos, no envolvimento dos pais e
na construção de uma atitude de trabalho positiva.
A seguir, descrevemos resumidamente algumas das possibilidades de apoio edu-
cacional que são usualmente utilizadas para o processo de aprendizagem da criança com
TEA, apenas para dar uma ideia a pais e profissionais, citados por Mello (2007).
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 63
4.1. Comunicação Facilitada - Facilitated Communication (FC)
Fonte: https://www.highspeedtraining.co.uk/hub/facilitated-communication-controversy/
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 64
Figura 7 - O uso da tecnologia – o computador
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 65
4.2. AIT – Treinamento de Integração Auditiva - Auditory Integration Training
A Integração Auditiva foi desenvolvida inicialmente nos anos 60, pelo otorrinolarin-
gologista francês Guy Berard.
A ideia inicial é que algumas das características do autismo seriam resultado de
uma disfunção sensorial e poderiam envolver uma sensibilidade anormal a determinadas
frequências de som.
Na AIT a criança ou adulto ouve música através de fones de ouvido, com algumas
frequências de som eliminadas através de filtros, durante dois períodos de meia hora por
noite, durante dez dias. Segundo Berard, esse tratamento ajudaria a pessoa a adaptar-se
a sons intensos.
Há muitos depoimentos de sucesso da AIT prestado por pais e/ou responsáveis,
mas um número ainda maior de pais diz não ter obtido nada deste tratamento. Um dos
problemas para se avaliar o quanto a AIT pode ajudar uma criança com autismo é que
raramente essa técnica é a única interferência a que a criança é exposta.
Em geral, ela é aplicada/acompanhada de outros tratamentos ou terapias, o que
tem dificultado um estudo mais apurado sobre AIT, fazendo-se considerar a necessidade de
estudos mais aprofundados.
Atualmente, existem algumas linhas de pesquisa sendo desenvolvidas nessa área.
Alguns autores acreditam na eficácia da AIT, embora outros não a considerem melhor que a
aplicação de um programa estruturado de músicas não alteradas, abrangendo uma grande
escala e variedade de frequências.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 66
4.3. SI – Integração Sensorial - Sensitory Integration
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 67
4.4 Movimentos Sherborne – “Relation Play”
REFLEXÃO
“O Autismo é um espectro com habilidades e limitações, mas se o foco for as limitações,
nunca enxergaremos as possibilidades. Abra a sua mente!”
Fonte: Google.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a).
Finalizamos a Unidade III da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno
com Transtornos Globais do Desenvolvimento.
No primeiro momento: conhecemos o Método TEACCH, um método de tratamento
e educação que é um dos mais importantes no tratamento educacional para crianças com
autismo e distúrbios correlatos de comunicação.
No segundo momento: aprendemos sobre o PECs, que se trata de um procedimen-
to para o processo de ensino e aprendizagem de pessoas com distúrbios de comunicação,
muito utilizado também com pessoas com TEA, que estimula a funcionalidade da comuni-
cação por intermédio da troca de figuras.
No terceiro momento: entendemos sobre a ABA. Esse método refere-se à interven-
ção e ao ensino de aptidões necessárias para viver em uma sociedade, bem como é res-
ponsável por aplicar princípios comportamentais a situações sociais realmente relevantes.
No quarto momento: consultamos outras técnicas de apoio educacional, são téc-
nicas mais conhecidas, que têm sido aplicadas em crianças com autismo. Algumas foram
especialmente desenvolvidas para elas, outras foram desenvolvidas inicialmente para tratar
outras patologias.
Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de consultar as referências.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 69
LEITURA COMPLEMENTAR
Leitura complementar traz exemplos de atividades aplicadas pelos pais para ensi-
nar leituras para seus filhos com TEA.
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 70
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Métodos de intervenção pedagógica no TEA
Autor: Bruno Luis Simão
Editora: Contentus
Ano: 2020
Sinopse: Este livro aborda as principais características das pes-
soas com Transtorno do Espectro Autista, a evolução histórica
sobre esse tema, aspectos sobre a legislação relacionada e o
tratamento. Discute a atuação dos profissionais na área, com-
petências da equipe multidisciplinar e as atividades de algumas
especialidades nesse contexto. A obra ainda trata da inclusão
escolar, o Atendimento Educacional Especializado, estratégias
acadêmicas e questões sensoriais.
FILME/VÍDEO
Título: Son-rise: meu filho, meu mundo
Ano: 1979
Sinopse: O filme conta a história da criação do programa Son-Rise
para tratamento de crianças com autismo, uma terapia criada por
pais, leigos, e que tem obtido grande sucesso até os dias atuais.
... Raun Kaufman é a primeira criança a ser tratada pelo método.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=AYra_5668lE
WEB
A Associação Brasileira de Autismo – ABRA é uma entidade civil
sem fins lucrativos, com sede e foro em Brasília-DF, mas com
funcionamento itinerante. Originalmente destinada a congregar
Associações de Pais e Amigos de Autistas, hoje tem por finalidade
a integração, coordenação e representação, em nível nacional e
internacional, das entidades voltadas para a atenção das pessoas
com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Por estatuto, tem
vice-presidências em todas as regiões brasileiras.
Link do site: http://www.autismo.org.br/site/
UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea 71
UNIDADE IV
Interlocução do Atendimento
Especializado no Ensino Regular Para
Alunos Com Tgd-Tea
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
Plano de Estudo:
● Fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado
● Institucionalização do atendimento especializado no projeto político pedagógico
● Desmembramentos do TGD-TEA e as ações necessárias a serem seguidas pela es
cola, família e sociedade
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do aten-
dimento especializado;
● Compreender as acepções da institucionalização do atendimento especializado no
projeto político pedagógico;
● Conhecer as ações necessárias a serem seguidas pela escola, família e sociedade
no atendimento ao aluno com TGD-TEA.
72
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a),
Seja muito bem-vindo(a) à Unidade IV, intitulada “Interlocução do Atendimento
Especializado no Ensino Regular para alunos com TGD-TEA”, da disciplina de Atendi-
mento Educacional de Aluno com Transtornos Globais do Desenvolvimento do curso
de Graduação em Educação Especial.
No primeiro momento: conceituar e contextualizar os Fundamentos teóricos, legais
e pedagógicos do atendimento especializado. Para tanto, apresentaremos as acepções
gerais das legislações vigentes e depois daremos ênfase ao trabalho com TGD, na escola
de ensino regular/AEE: Autismo e Inclusão.
No segundo momento: compreender as acepções da institucionalização do Aten-
dimento Especializado (AEE), no projeto político pedagógico, apresentando informações
sobre as orientações necessárias para a efetivação desse atendimento, desde as adequa-
ções estruturais até as pedagógicas.
No terceiro momento: conhecer as ações necessárias a serem seguidas pela esco-
la, família e sociedade no atendimento especializado aos alunos com TGD-TEA.
Diante do exposto, desejo que os assuntos aqui abordados contribuam significati-
vamente para a ampliação dos seus conhecimentos e favoreçam o desenvolvimento da sua
atuação profissional.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado No Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 73
1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO
Estudante, olá!
O público-alvo da educação inclusiva trilhou por caminhos árduos e exclusivos
durante muitos anos, contudo, por meio de políticas públicas, novos caminhos foram tra-
çados. Então, neste primeiro tópico da unidade IV, vamos conhecer e entender quais são
os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento educacional especializado
(AEE).
Para tanto, primeiramente, apresentaremos uma breve retomada histórica sobre
Educação Especial e Inclusiva, no Brasil. Posteriormente, nosso diálogo será sobre as
acepções das diretrizes operacionais da educação especial para o atendimento educacio-
nal especializado na educação básica.
Então, venha comigo, embarque nessa viagem de conhecimentos pelo mundo do
AEE.
Acadêmico(a), a escola brasileira, no que tange o atendimento aos alunos com
deficiência (terminologia promulgada pela Convenção Internacional sobre os Direitos da
Pessoa com Deficiência da ONU, desde 2009 até os dias atuais), passou por momentos
importantes, que vão desde a privação total de ensino até a inclusão desses alunos na
escola regular.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 74
Nesse sentido, faz-se necessário aprofundarmos nossos conhecimentos sobre as
diversas fases que contemplaram e contemplam esses períodos históricos educacionais,
entendendo suas especificidades e diferenças. Para tanto, apresentaremos uma breve
explanação sobre esses momentos.
• 1º Momento/Segregação:
O que significa esse termo? S.f.: ato ou efeito de segregar(-se); afastamento, se-
paração, segregamento (Oxford, s.d.). De acordo com as informações oficiais do MEC
(BRASIL, 2007b), no Brasil, o início da educação direcionada às pessoas com deficiência
começou em 1854, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente o
Instituto Benjamin Constant (IBC). Mais tarde, em 1926, foi fundado o Instituto Pestalozzi,
uma instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental. Depois,
em 1954, a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi criada
(organização social, que proporciona atendimento educacional integralmente à pessoa com
deficiência intelectual e múltipla).
Então, nesse período, as escolas regulares não recebiam os alunos com deficiên-
cia, eles eram encaminhados às instituições especializadas, como por exemplo, a APAE,
privados do convívio social com outras crianças matriculadas no ensino regular (BRASIL,
2007c).
Essa forma de segregação estava respaldada na Lei nº 5.692/71, que alterou a
LDBEN de 1961, ao referir-se ao “tratamento especial” para os alunos com “deficiências
físicas, mentais, pois salientava que o sistema regular de ensino não tinha condições de
pedagógicas de desenvolver trabalho com esse público, por isso, a melhor forma era dire-
cioná-los às escolas especiais.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 75
• 2º Momento/Integração:
O que significa esse termo? S. f: incorporação de um elemento num conjunto
(Oxford, s.d.). De acordo com os especialistas na área, foi entre as décadas de 70 e 80,
que teve início o movimento de integração, em decorrência do surgimento da luta pelos
direitos das pessoas portadoras de deficiência. Considerando tal cenário, foram criadas as
chamadas “classes especiais”, no sistema regular de ensino, em que eram atendidos ape-
nas alunos com deficiências, separadamente dos demais alunos da classe comum. Nesse
ambiente, os alunos recebiam atendimento especializado com atividades específicas às
suas necessidades especiais (SASSAKI, 2002).
Já em 1988, a Constituição federal, no artigo 205, decretou ser dever do Estado
oferecer o atendimento educacional especializado (AEE), preferencialmente na rede regular
de ensino.
• 3º Momento/Inclusão:
O que significa esse termo? S.f: ato ou efeito de incluir(-se) (Oxford, s.d.). A educa-
ção inclusiva tem como intuito possibilitar oportunidades igualitárias para todos os alunos do
sistema escolar regular, incluindo na mesma sala de aula e série apropriadas para a idade,
alunos com ou sem deficiência. Os estudantes com algum tipo de deficiência recebem
apoio educacional especializado.
Caro(a) aluno(a), estamos apresentando, em ordem cronológica, a trajetó-
ria da educação especial para ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. Então,
mais adiante, daremos ênfase às especificidades do AEE, foco principal deste tópico.
No Brasil, o início dessa fase aconteceu no final dos anos 80 e início dos anos 90, a partir
das orientações da Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
deficiência e sua integração social em seu Art. 8º, ao determinar crime com reclusão de
2 a 5 anos, os casos de recusa, suspensão, cancelamento ou cessação da inscrição do
aluno com deficiência em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou
privado (BRASIL,1989).
Soma-se a isso a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei
nº 8.069/90, que, em seu Art. 55, diz que os pais têm a responsabilidade e o dever de
matricular os filhos na rede regular de ensino.
Além disso, ainda em 1990, a Declaração Mundial de Educação para Todos, espe-
cificamente os apontamentos dos artigos 3 ao 7, os quais ressaltam a universalização do
acesso à educação e promoção da equidade, concentrando a atenção na aprendizagem
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 76
e ampliando os raios da educação básica, influenciou significativamente as políticas de
educação inclusiva no Brasil (UNESCO,1994).
Mais tarde, em 1994, a Declaração de Salamanca, uma conferência Mundial em
Educação Especial, promovida pelo governo espanhol em conjunto com a UNESCO, favo-
receu os movimentos em prol da educação especial por diversos países, inclusive no Brasil.
Concomitantemente, nesse mesmo ano, tivemos a publicação da Política Nacional
de Educação Especial, elaborada e coordenada pela Secretaria de Educação Especial do
Ministério da Educação e do Desporto (SEESP/MEC), com objetivos destinados a garan-
tir o atendimento educacional do alunado portador de necessidades especiais (termo
utilizado na época), cujo direito à igualdade de oportunidades nem sempre é respeitado,
ou seja, os alunos em questão “[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos
ditos normais” (BRASIL, 1994b, p. 19).
Posteriormente, em 1996, tivemos a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional LDB – Lei nº 9.394/96, que proporcionou mais ênfase ao direito à
inclusão educacional, ao asseverar no Art. 59, que os sistemas de ensino assegurarão aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação educação de qualidade, sem segregação. No entanto, concedeu margem
para volta à segregação conforme o texto explicitado no Art.58: “o atendimento educacional
será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns
de ensino regular” (BRASIL,1996).
Depois, em 2001, foram criadas as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº 2/2001), que determinaram a obrigatorie-
dade e a responsabilidade dos sistemas de ensino em matricular e prestar atendimento
adequado às necessidades especiais dos estudantes (BRASIL, 2001b).
Ainda em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº
10.172/2001, que estabeleceu diretrizes e metas para o desenvolvimento nacional, esta-
dual e municipal da educação, assegurando condições imprescindíveis para uma gestão
democrática da educação (BRASIL, 2001a).
Na sequência, em 2004, foi publicado o Decreto nº 5.296/04 que regulamentou as
Leis nº 10.048/2008 e Lei nº 10.098/2000, impulsionou a inclusão educacional e social, de-
terminando, respectivamente, o atendimento prioritário às pessoas com deficiências, idosos
acima de 60 anos, gestantes e lactantes, pessoas com bebês de colo e obesos. Além disso,
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 77
estabeleceu as normas e critérios e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2004).
Dois anos mais tarde, em 2006, houve o lançamento do Plano Nacional de Edu-
cação em Direitos Humanos (PNEDH), com o propósito de orientar e maximizar ações
educativas para todos os níveis de ensino brasileiro, tanto na esfera pública, como também
na privada e ainda, na área de direitos humanos (BRASIL, 2006).
No ano seguinte, 2007, foi publicado o Plano de Desenvolvimento da Educação –
PDE, o qual objetivou melhoria da Educação Básica, a partir de ações que recaíram sobre
os diversos aspectos da educação básica. No que tange à educação especial o intuito seria
acabar com aspectos contraditórios entre a educação regular e a educação especial, uma
vez que, naquela época, o processo de inclusão não havia sido totalmente estruturado
(BRASIL, 2007b).
Nesse mesmo ano, foi publicado também o Decreto nº 6.094/07, objetivando a
implementação do “Plano de Metas e Compromisso Todos pela Educação”. No quesito da
educação especial, garantiu o acesso e a permanência das pessoas com necessidades
educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, enfatizando a inclusão nas
escolas públicas (BRASIL, 2007a).
Já, em 2008, tivemos um marco histórico: o lançamento da “Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”, Portaria nº 555/2007, a qual
assegurou a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvol-
vimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir:
acesso ao ensino regular, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensi-
no; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a
educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de profes-
sores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação
para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos
transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na
implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008).
No próximo ano, 2009, com a Resolução n. 4 CNE/CEB, foram criadas as diretrizes
para o atendimento educacional especializado (AEE), que tem como função identificar, ela-
borar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para
a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas (BRASIL,
2009).
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 78
Três anos mais tarde, em 2012, com a promulgação da Lei nº 12.764/12, também
conhecida como Lei Berenice Piana, foi instituída a Política Nacional de Proteção dos Di-
reitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Esse momento marcou histórica e
favoravelmente a luta pelos direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista - TEA.
Assim, dentre outras diretrizes, ficou determinado que a pessoa com TEA, uma vez incluída
nas classes comuns de ensino regular, tem direito a acompanhante especializado (BRASIL,
2012).
Logo depois, em 2015, foi instituída a Lei Federal nº 13.146/15, a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) (LBI), com intuito
de assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liber-
dades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania,
em todos os níveis e modalidades de ensino. Além disso, promoveu o desenvolvimento de
projeto pedagógico com o intuito de institucionalizar o AEE, com auxílio de profissionais de
apoio. Destacou também, que é dever das escolas privadas receber os estudantes com
deficiência no ensino regular, adotando medidas de adaptação necessárias sem que sejam
cobrados valores adicionais dos pais (BRASIL, 2015a).
Acadêmico(a), agora, para que você compreenda melhor o percurso histórico
da Educação Inclusiva no Brasil, apresento, na sequência, um infográfico com as datas/
leis e as políticas públicas, que possibilitaram as conquistas e os avanços relacionados
à educação de pessoas com deficiência, com transtorno do espectro autista e com altas
habilidades/superdotação.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 79
Figura 1 - Panorama histórico da Educação Inclusiva
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 80
ficas dos alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/
superdotação, público da Educação Especial (BRASIL, 2020).
Diante do exposto, o intuito desse atendimento é promover a inclusão na prática,
diariamente, dentro da escola e da sala de aula. Além disso, é um serviço de apoio, ou seja,
complementar e suplementar à sala comum. Ele constitui um serviço da educação especial,
conforme exemplificado anteriormente, desenvolvido na rede regular de ensino que:
[...] tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por
meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estraté-
gias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e
desenvolvimento de sua aprendizagem (BRASIL, 2009).
Além disso, o decreto presidencial 7611/2011, que dispõe sobre a educação es-
pecial, o atendimento educacional especializado, destaca no Art. 2, § 2º, que o AEE deve
integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir
pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das
pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais
políticas públicas (BRASIL, 2011).
Então, de acordo com a legislação, esse é um serviço da educação especial que
identifica, elabora, organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade com o objetivo de
excluir as barreiras, favorecendo a efetiva participação dos alunos com deficiências, consi-
derando suas necessidades específicas (BRASIL, 2008).
Mas o que é a Educação Especial? É uma modalidade de educação escolar que
integra a proposta pedagógica da escola regular, promovendo, entre outras ações, o aten-
dimento educacional especializado (AEE) (BRASIL, 2020).
• Quem é o público-alvo?
O AEE foi criado para atender o público-alvo da Educação Especial, que são as
pessoas com deficiências, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)
e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2004), ratificada no
Brasil em forma de Emenda Constitucional, por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008 e
do Decreto nº 6.949/2009, da Presidência da República.
De acordo com os especialistas na área, deficientes são aquelas que têm impedi-
mentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que dificultam
sua efetiva e igualitária participação na sociedade e a interação com as pessoas (BRASIL,
2009). É válido ressaltar, que essa definição de pessoa com deficiência foi mantida pela Lei
Brasileira de Inclusão/LBI, de 2015, que entrou em vigor em 2016.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 81
Estudante, você sabe quais são os tipos de deficiências coletadas pelo Censo
Escolar (BRASIL, 2020)? Vamos entender melhor esse conteúdo, considerando os critérios
qualitativos do ponto de vista clínico, funcional e educacional:
Estudante, ATENÇÃO!!!!!!!
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 82
De acordo com o que foi exposto, todos os alunos com deficiência física, intelectual,
visual, auditiva, múltiplas, transtornos do espectro autista (TEA) e também alunos com altas
habilidades/superdotação são considerados público-alvo do AEE (BRASIL, 2020).
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 83
Estudante, será que o AEE só ocorre em sala de recursos multifuncionais?
Não. Deve ser realizado prioritariamente na sala SRM, contudo, pode ser desen-
volvido em espaço equipado conforme orientação da legislação, com recursos da escola
ou do sistema de ensino. Segundo as determinações oficiais, a falta da SRM não pode
impossibilitar o atendimento do AEE, que é um direito do aluno (BRASIL, 2020).
A SRM, preconizada pela Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva (PNEE-PEI/MEC-2008), e o trabalho pedagógico deverá ser realiza-
do em três eixos (BRASIL, 2008):
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 84
qual, como órgão responsável pela autorização de funcionamento dessas escolas, deverá
instruir processo de reorientação ou descredenciá-las (BRASIL, 2010b).
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 85
SAIBA MAIS
Posicionamento da Rede-In a respeito da nova Política Nacional de Educação Especial
A Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Rede-In), composta por 20
entidades da sociedade civil que acreditam na inclusão e lutam por ela, vem manifestar
intenso repúdio ao Decreto n° 10.502/2020, publicado em 1º de outubro de 2020,pelo
Governo Federal. Acreditamos que todas as crianças, adolescentes e jovens têm o di-
reito de conviver em sociedade em equiparação de condições e oportunidades. É mis-
são da escola incluir e formar cidadãos que compreendem as diferenças e respeitam a
singularidade humana.
A recém publicada Política Nacional de Educação Especial visa substituir a Política Na-
cional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva que foi construída mediante inten-
so debate com a sociedade civil e alinhada com os princípios da Constituição Federal. É
inaceitável que, por meio de Decreto Presidencial, sem qualquer legitimidade democrá-
tica, se dê um retrocesso de mais de 30 anos de luta pela inclusão e diversidade
Dê um click para saber mais:
INSTITUTO RODRIGO MENDES. Posicionamento da Rede-In a respeito da nova Polí-
tica Nacional de Educação Especial. 2020. Disponível em: https://institutorodrigomen-
des.org.br/nova-politica-nacional-educacao-especial/. Acesso em: 10 jan. 2021.
REFLITA
Estudante, reflita sobre a questão da educação inclusiva no Brasil com base no Decreto
n.º 10.502/2020.
Para auxiliar na sua reflexão, sugiro a leitura do texto motivador:
“Mudança na Política de Educação Especial é retrocesso e segregação! Enten-
da por que o CFP é contrário às alterações”: Decreto nº 10.502 do governo federal
modifica a atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, vigente desde 2008.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Mudança na Política de Educação Espe-
cial é retrocesso e segregação! Entenda porque o CFP é contrário às alterações.
2020. Disponível em: https://site.cfp.org.br/mudanca-na-politica-de-educacao-especial-
-e-retrocesso-e-segregacao-entenda-posicionamento-do-cfp/. Acesso em: 20 de jan. de
2021.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 86
2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO
Acadêmico(a), neste segundo tópico da unidade IV, nosso diálogo será sobre a
“Institucionalização do atendimento especializado no projeto político pedagógico”.
Segundo as acepções das Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica a educação especial é uma
modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o aten-
dimento educacional especializado, proporcionando os recursos e serviços necessários,
como também disponibilizando orientações necessárias para a efetivação desse atendi-
mento nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2008).
Conforme as informações já apresentadas, no primeiro tópico dessa unidade, os
sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, os com transtornos glo-
bais do desenvolvimento e os com altas habilidades/superdotação nas escolas comuns do
ensino regular e ofertar o atendimento educacional especializado (AEE), no turno inverso
da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, promovendo o acesso e as
condições para uma educação de qualidade (BRASIL, 2008).
Estudante, para sua formação acadêmica e profissional é necessário que você
entenda como acontece, na prática, a institucionalização do AEE, de acordo com o Decre-
to nº 6.571/2008, o qual salienta que a oferta do atendimento educacional especializado
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 87
(AEE) deve constar no Projeto Pedagógico da escola de ensino regular, prevendo na sua
organização alguns requisitos (BRASIL, 2008).
Além disso, a Nota Técnica – SEESP/GAB/Nº 11/2010 também apresenta orien-
tações para a institucionalização da oferta do AEE em Salas de Recursos Multifuncionais,
implantadas nas escolas regulares, são elas (BRASIL, 2010a):
• Constar no Projeto Político Pedagógico - PPP da escola: a oferta do aten-
dimento educacional especializado, com professor para o AEE, recursos e
equipamentos específicos e condições de acessibilidade. Ao construir o PPP
deve ser considerando a flexibilidade da organização do AEE, realizado indivi-
dualmente ou em pequenos grupos, conforme o Plano de AEE de cada aluno;
• Sobre a Sala de Recursos Multifuncionais: Esse é um espaço no qual deve
ser realizado o atendimento educacional especializado (AEE). Para montar
essa sala de maneira apropriada, as escolas podem solicitar recursos dos
próprios sistemas de ensino, como também do governo federal. As instituições
de ensino para atender o público-alvo do AEE, precisam realizar adequações,
como por exemplo:
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 88
Nesse sentido, o Glossário da Educação Especial, orienta para a instalação e de
recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nas vias
de circulação internas da escola (BRASIL, 2020):
Fonte: a autora.
Além disso, a escola precisa apresentar a declaração dos alunos com deficiência,
transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação ao Censo Escolar,
na qual conste informações essenciais sobre as deficiências. Contudo, é válido ressaltar
que, no Censo Escolar, deve ser declarado o tipo de deficiência, e não a origem dela, ou
seja, caso a pessoa tenha tido Síndrome de ZiKa Vírus ou Síndrome de Guillain-Barré, por
exemplo, e tenha adquirido deficiência física, intelectual, visual (BRASIL, 2020).
Então, a escola precisa registrar, no Censo Escolar MEC/INEP, a matrícula de
alunos público-alvo da educação especial nas classes comuns; e as matrículas no AEE
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 89
realizado na sala de recursos multifuncionais da escola. O Glossário da Educação Especial
disponibiliza informações sobre as especificidades de cada de documentos comprobató-
rios, porém, observa que a escola não precisa apresentar todos, pode ser apenas um deles.
Ressalta também, que a ausência do laudo médico não pode impossibilitar o acesso do
aluno à educação, ou seja, à matrícula na escola, nem mesmo no AEE (BRASIL, 2020).
Acadêmico(a), a seguir, apresento informações sobre os documentos em questão,
de acordo com as acepções do Glossário da Educação Especial (BRASIL, 2020):
• Plano de AEE: documento que reúne informações sobre os estudantes público-
-alvo da Educação Especial, elaborado pelo professor de AEE com a participa-
ção do professor da classe comum, da família e do aluno, quando for possível,
para atendimento às necessidades específicas desse público. Durante o estudo
de caso, primeira etapa da elaboração do plano, o professor do AEE poderá
articular-se com profissionais da área de saúde e, se for necessário, recorrer ao
laudo médico, que, neste caso, será um documento subsidiário, anexo ao Plano
de AEE;
• Avaliação biopsicossocial da deficiência: conforme a Lei nº 13.146/2015 (Lei
Brasileira de Inclusão);
• Plano Educacional Individualizado (PEI): Instrumento escrito, elaborado
por professor da sala de aula comum/regular, com intuito de propor, planejar e
acompanhar a realização das atividades pedagógicas e o desenvolvimento dos
estudantes da Educação Especial;
• Laudo médico: documento que pode ser utilizado como registro administrativo
comprobatório para a declaração da deficiência ou do transtorno do espectro
autista (TEA) ao Censo Escolar;
• Professor para o exercício da docência do AEE:A legislação vigente e os
documentos de orientação apresentam informações pouco esclarecidas sobre
a formação necessária do professor responsável pelo atendimento no AEE,
apenas sugerem que sejam profissionais habilitados para exercício da edu-
cação especial “ Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial
que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação
especial, inicial ou continuada” (BRASIL, 2008, pg.04).
A Nota Técnica – SEESP/GAB/Nº 11/2010, orienta que a escola precisa declarar, no
PPP, as seguintes informações sobre o educador do AEE: o número de professores, carga
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 90
horária, formação específica (aperfeiçoamento, graduação, pós-graduação), competências
do professor e interface com o ensino regular (BRASIL, 2010a).
Já no documento do Censo escolar, no formulário de profissional escolar em sala
de aula, são coletados, dentre outros, os seguintes campos (BRASIL, 2020):
1. Tradutor e intérprete de Libras
2. Guía-intérprete
3. Profissional de apoio escolar para alunos com deficiência (Lei nº 13.146/2015)
Quanto às atribuições do professor do atendimento educacional especializado, as
Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especiali-
zado na Educação Básica, disponíveis no Decreto nº 6.571/2008, apresentam as seguintes
orientações (BRASIL, 2008):
a. Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos
alunos público-alvo da educação especial;
b. Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando
a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilida-
de;
c. Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos
multifuncional;
d. Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros
ambientes da escola;
e. Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias
e na disponibilização de recursos de acessibilidade;
f. Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibili-
dade utilizados pelo aluno;
g. Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as tecnologias da
informação e comunicação, a comunicação alternativa e aumentativa, a infor-
mática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não ópticos, os softwares
específicos, os códigos e linguagens, as atividades de orientação e mobilidade
entre outros; de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo
autonomia, atividade e participação;
h. Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando a
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 91
das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades esco-
lares;
i. Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os
serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros;
Acadêmico(a), para finalizar esse tópico, conforme dispõe a Resolução CNE/CEB
nº 4/2009, art. 10º, apresento um resumo das principais orientações apresentadas à escola
sobre a Institucionalização do AEE no Projeto Político Pedagógico:
I - Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais didáticos,
recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
II - Matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou
de outra escola;
III - Cronograma de atendimento aos alunos;
IV - Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos
alunos, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;
V - Professores para o exercício do AEE;
VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de
Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de ali-
mentação, higiene e locomoção;
VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desen-
volvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que
maximizem o AEE.
Após todas essas informações disponibilizadas, vamos para o terceiro e último
tópico. Lá, vamos dialogar sobre os desmembramentos do TGD e as ações necessárias a
serem seguidas pela escola, família e sociedade.
Até mais!!!!!
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 92
3. DESMEMBRAMENTOS DO TGD E AS AÇÕES NECESSÁRIAS A SEREM SEGUI-
DAS PELA ESCOLA, FAMÍLIA E SOCIEDADE
Estudante, olá!
Neste momento, daremos início aos estudos do terceiro tópico da unidade IV, intitu-
lado “Desmembramentos do TGD’’ e as ações necessárias a serem seguidas pela escola,
família e sociedade.
Para ampliarmos nossos conhecimentos sobre o assunto, primeiramente, vamos
entender quais são as acepções do Glossário da Educação Especial para o desenvolvi-
mento das práticas pedagógicas, no AEE.
Depois, nosso diálogo será sobre a Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar, considerando os recursos pedagógicos acessíveis e a comunicação Aumentativa
e Alternativa
• Os tipos de atividades de AEE coletados no Censo Escolar
Estudante, no decorrer desta unidade já dialogamos sobre as especificidades do
atendimento educacional especializado (AEE), contudo, sempre é válido relembrar alguns
conceitos. Assim, de acordo com as acepções das Diretrizes Operacionais da Educação
Especial para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na educação básica, regu-
lamentado pelo do Decreto nº 6.571/2008, esse atendimento é uma mediação pedagógica
que visa possibilitar o acesso ao currículo pelo atendimento às necessidades educacionais
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 93
específicas dos alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habili-
dades/ superdotação, público da Educação Especial (BRASIL, 2008).
Nesse sentido, as atividades propostas e aplicadas no AEE precisam ser dife-
renciadas daquelas realizadas na sala de aula comum e não substituem a escolarização
(BRASIL, 2020).
ATENÇÃO
Complementares/Suplementares
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 94
Figura 7 - Atividades pedagógicas do AEE coletadas no Censo Escolar
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 95
Figura 8 - Etapas Pedagógicas do AEE
Fonte: a autora.
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 96
Estudante, a partir de agora as informações apresentadas darão ênfase ao aten-
dimento específico para o público em questão dessa disciplina, TGD/TEA, conforme as
acepções da Lei nº 12.764/2012, sendo este o primeiro documento oficial a falar especifi-
camente do educando com TEA. Dessa forma, toda instituição de ensino deverá matricular,
bem como ofertar, quando comprovada a necessidade, um acompanhante especializado
para o aluno em questão (BRASIL, 2012).
Soma-se a esse contexto as acepções da Nota Técnica nº 24 do Ministério da Edu-
cação, que salienta, é obrigatório que seja “[...] disponibilizado sempre que identificada a
necessidade individual do estudante, visando à acessibilidade às comunicações e à atenção
aos cuidados pessoais de alimentação, higiene e locomoção” (BRASIL, 2013b, p. 4). Con-
tudo, segundo as orientações dos especialistas, muitas vezes, o indivíduo com TEA/TGD,
no início, pode precisar de serviços de apoio, porém no decorrer do seu desenvolvimento,
pode desenvolver autonomia nas atividades realizadas na escola e, consequentemente
dispensar o profissional de apoio diário.
Antes de iniciar os trabalhos com esse público é imprescindível que o educador ela-
bore um Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE), ou seja, uma proposta de
intervenção pedagógica, que seja flexível às necessidades do estudante. Esse documento
norteador, precisa ser elaborado a partir das informações da avaliação psicoeducacional
no contexto escolar, contendo objetivos, ações/atividades, período de duração e resultados
esperados, de acordo com as orientações pedagógicas do DEE/Seed-PR (BRASIL, 2020).
Para tanto, sugere-se que seja realizado, primeiramente, um estudo de caso, o qual
contempla cinco etapas:
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 97
preferências, habilidades e desejos, dentre outras informações relacionadas ao cotidiano
do educando (PARANÁ, 2014).
2. Esclarecimento do Problema: Conhecida também como “clarificação do pro-
blema”, o profissional responsável pelo AEE investiga, por meio de observação, o contexto
social do aluno: família, professor da sala comum e relacionamento com os demais profis-
sionais que estejam envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Essa observação
pode acontecer tanto na sala comum, como também na SRM, com o intuito de entender
os aspectos relacionados à natureza do problema: interação na sala, dificuldades, necessi-
dade de instrumentos e/ou recursos para mediação pedagógica, demonstra interesse pela
aprendizagem ou não, demonstra agitação em quais momentos (PARANÁ, 2014).
3. Identificação da natureza: Essa etapa também é conhecida como estudo e
identificação, nesse momento, o professor analisa as informações coletadas, levanta hipó-
teses relacionadas às dificuldades apresentadas pelos alunos (PARANÁ, 2014).
4. Resoluções dos problemas: Neste momento, o professor do AEE elabora
elenca estratégias para utilização no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Nesse
sentido, lista quais serão os recursos e materiais necessários para trabalhar com o aluno
em questão; quais potenciais e habilidades do aluno serão estimulados para resolução das
dificuldades; quais aspectos do meio social dele podem contribuir: família, comunidade,
escola etc. (PARANÁ, 2014).
5. Elaboração do Plano AEE: O professor do AEE elabora as ações em conjunto
com o professor da sala comum, para serem aplicadas no AEE, como também na sala
comum, com o intuito de atender às necessidades do aluno. É válido destacar, que o plano
de AEE precisa ser revisto periodicamente para saber se as metas e objetivos estão sendo
atendidos e/ou se há a necessidade de adequações, substituições e/ou acréscimos de
atividades (PARANÁ, 2014).
Acadêmico(a), para um melhor entendimento do assunto, a seguir apresento um
exemplo de planilha, elaborada pelo Departamento de Educação Básica do PR (PARANÁ,
2014). No modelo em questão, estão dispostas as informações necessárias para o preen-
chimento do plano, que norteará a organização do trabalho pedagógico especializado no
turno contrário do aluno, as atividades propostas e o trabalho colaborativo do professor do
ensino comum e do AEE.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 98
Figura 11 - Plano AEE
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 99
Figura 12 - Cartões de Comunicação
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 100
Figura 14 - Prancha de Comunicação Alfabética
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 101
Figura 15 - PCS - Símbolos de Comunicação Pictórica
Esses símbolos PCS estão organizados por cores nas categorias social (oi, podes
ajudar?, obrigado); pessoas (eu, você, nós); verbos (quero, comer, beber); substantivos
(bolo, sorvete, fruta, leite, suco de maçã e suco de laranja) e adjetivos (quente, frio e gos-
toso) (SARTORETTO; BERSCH, 2020).
Esse recurso, que também pode ser confeccionado junto com o educando, é
apropriado para que o aluno usuário da CA possa participar de atividades de interpretação
de histórias ou também para que possa perguntar, responder e argumentar sobre os con-
teúdos estudados e atividades desenvolvidas em sala de aula (SARTORETTO; BERSCH,
2020).
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 102
Figura 17 - Calendários personalizados
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 103
mentos, sentimentos e desejos pressionando uma mensagem adequada que
está pré-gravada no aparelho, apertando teclas sobre as quais são colocadas
imagens (fotos, símbolos, figuras) ou palavras, que correspondem ao conteúdo
sonoro gravado, conforme exemplo a seguir (SARTORETTO; BERSCH, 2020):
Figura 19 - Vocalizador
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 104
De acordo com o que foi exposto neste último tópico, para o desenvolvimento eficaz
de todas as atividades pedagógicas praticadas com o objetivo de atender às necessidades
específicas desse público-alvo é imprescindível que sejam efetivadas parcerias entre a
equipe pedagógica, o professor do AEE, professor da sala comum, demais profissionais do
contexto escolar, família e profissionais da área da saúde.
Estudante, assim chegamos ao final da Unidade IV, na qual estudamos especifi-
camente as especificidades do AEE e as orientações oficiais relacionadas à prática desse
serviço da educação especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de
acessibilidade, com intuito de eliminar as barreiras e favorecer a participação efetiva dos
alunos, considerando suas necessidades específicas.
Enfim, os conteúdos aqui disponibilizados contribuirão significativamente para o
seu crescimento pessoal e profissional, uma vez que além de habilitá-lo para a prática pro-
fissional, possibilitará melhor entendimento sobre a educação inclusiva. Além disso, esse é
um assunto que tem sido visto e analisado não apenas no contexto educacional, mas em
todas as esferas sociais.
Até mais!!!!
SAIBA MAIS
Com apoio do AEE, professoras flexibilizam atividades para estudante autista
Projeto 3º colocado no 1º Prêmio Paratodos de Inclusão Escolar, em 2015
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 105
REFLITA
Estudante, após a leitura dos textos disponibilizados nesta unidade IV, reflita sobre as
especificidades do atendimento no AEE para os alunos com TEA, como também as
diversas estratégias pedagógicas que os docentes da sala regular e das SRMs devem
desenvolver para maximizar a aprendizagem cognitiva e social desses alunos, é possí-
vel inovar para alcançar tal objetivo? De que forma? Exemplifique.
Fonte: a autora.
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 106
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acadêmico,
Chegamos ao final da nossa viagem de estudos sobre a interlocução do atendi-
mento especializado no ensino regular para alunos com TGD-TEA.
Durante essa jornada, primeiramente, nos debruçamos sobre a linha do tempo
da educação especial e então compreendemos a diferença entre segregação, integração
e inclusão. A partir disso, entendemos que o termo “educação inclusiva” aponta para o
atendimento e superação das diversidades e das necessidades dos alunos, público-alvo da
educação especial, em qualquer instituição de ensino.
Considerando esse contexto, no segundo tópico, nosso diálogo esteve voltado para
as especificidades do Atendimento Educacional Especializado (AEE): legislação, diretrizes
e orientações para o desenvolvimento dessa prática pedagógica. Diante do exposto, verifi-
cou-se também, que esse é um serviço da educação especial, complementar e suplementar,
que acontece em contraturno, prioritariamente na Sala de Recursos Multifuncionais (SEM).
Além disso, adquirimos conhecimentos sobre as atividades pedagógicas que devem ser
desenvolvidas nesse espaço, bem como os recursos necessários, como por exemplo, de
acessibilidade, mobiliários etc.
Por fim, no último tópico, aprofundamos nossos conhecimentos sobre as orien-
tações para efetivação desse do atendimento no AEE/SRM, enfatizando o público-alvo
em questão nessa disciplina: TGD/TEA. Dessa forma, entendemos o passo a passo para
elaboração do plano de atendimento educacional especializado (PAEE).
Além disso, foram disponibilizadas informações relacionadas à educação dos
indivíduos com TGD/TEA e as diversas abordagens que orientam a sua escolarização,
como por exemplo, utilização de Tecnologias Assistivas, que são ferramentas atuais e dinâ-
micas que podem ser utilizadas na AEE em crianças autistas, de grau leve, a fim de auxiliar
no letramento e na comunicação destas.
Por fim, desejo que os conteúdos aqui disponibilizados contribuam significativa-
mente para sua formação acadêmica e profissional.
Um grande abraço!!!
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 107
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 108
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Autismo na Escola: Um jeito diferente de aprender
Autor: Eugênio Cunha
Editora: Wak
Sinopse: Este livro procura constituir um corpo de ideias e de
práticas de ensino na inclusão escolar do aluno com transtorno
do espectro autista. Enfatiza o trabalho do professor e a grandeza
do seu papel, buscando estabelecer um diálogo com o leitor, na
missão de restituir as contribuições de uma reflexão. Reflexão que
veio mediada por uma pesquisa e por uma prática. De fato, nasceu
de ideias pedagógicas aplicadas ao ofício docente, em sala de
aula, na escola
FILME/VÍDEO
Título: Life, Animated
Ano: 2016
Sinopse: Conheça a história de Owen Suskind, um jovem adulto
autista que, desde criança, tem problemas de fala. Utilizando fil-
mes infantis da Disney, ele conseguiu superar esse obstáculo e se
comunicar com a família de uma forma única
Link do vídeo: https://www.lifeanimateddoc.com/
WEB
Assistiva: disponibiliza conhecimentos e informações na temática
da Inclusão, Atendimento Educacional Especializado, Desenho
Universal para a Aprendizagem e Tecnologia Assistiva.
Link do site: https://www.assistiva.com.br/ca.html
UNIDADE IV Interlocução Do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos Com Tgd-Tea 109
REFERÊNCIAS
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tas. 2020. Disponível em: https://www.autismoemdia.com.br/blog/o-que-significa-pecs-en-
tenda-a-comunicacao-alternativa-para-autistas/.
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BONDY, A. S.; FROST, L. A. The picture exchange communication system training manu-
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110
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BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pes-
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lia, 7 jul. 2015b. Seção 1, p. 2.
BRASIL. Lei nº 7.853, de 26 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas porta-
doras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integra-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses
111
coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define
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Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa di-
retrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da
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nível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=-
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112
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BRASIL. Nota Técnica Nº 15 / 2010 / MEC / CGPEE / GAB Data: 02 de julho de 2010
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2010b.
113
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114
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de Janeiro: Objetiva, 2012.
116
CONCLUSÃO
117
direcionado para o público-alvo dessa disciplina – TGD/TEA. Para finalizar nosso estudo,
foi contemplado com orientações para o professor sobre como desenvolver com excelência
a prática pedagógica no AEE. Além disso, foram apresentadas informações sobre diversos
recursos que favorecem a eliminação de barreiras no momento de ensino-aprendizagem
desses educandos.
Assim, de acordo com o que foi exposto, durante essa trajetória, adquirimos novos
conhecimentos, relembramos aspectos históricos, refletimos sobre os aspectos legais e
dialogamos sobre a efetivação da prática profissional.
Desejamos, portanto, que no decorrer dessa jornada de conhecimentos e descober-
tas, tenhamos contribuído significativamente para o sucesso da sua formação acadêmica
como também para a excelência da sua prática profissional.
Um grande abraço!!!!!
118