Você está na página 1de 2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


COLÉGIO DE APLICAÇÃO
Av. Marechal Rondon S/N, Rosa Elze. CEP: 49100-000
(79) 3194-6930/6931 – direcao.codap@gmail.com –

DISCIPLINA: HISTÓRIA
PROF. José Genivaldo Martires
ANO; 9º B

Referência bibliográfica
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. 4. ed. — São Paulo: FTD, 2018,
v. 04, p. 58-63.
.

OS NEGROS NO PÓS-ABOLIÇÃO

Passadas as comemorações, os libertos procuraram se firmar socialmente como


pessoas livres. Nas áreas rurais, negociaram com os senhores sua permanência nas
fazendas em troca de salário, do direito de ter a própria roça e de um tratamento digno
Muitas vezes, porém, ao ver que o tratamento dispensado a eles continuava o
mesmo, os libertos ocupavam terras abandonadas, onde cultivavam mandioca e criavam
animais. Ou então se mudavam para as cidades em busca de uma vida melhor. Em cidades
como São Paulo e Rio de Janeiro, alguns conseguiam se empregar nas fábricas que
surgiam; outros, porém, continuavam desempregados, pois a maioria dos empregos
estáveis era dada a imigrantes europeus, preferidos pelos empresários daquela época por
sua cor e origem. Outros ainda viviam de fazer “bico” em troca de pouco dinheiro.

A imprensa negra
Antes e depois da Abolição, a comunidade negra nunca deixou de lutar por
direitos, criando jornais próprios: a chamada imprensa negra.
Segundo o historiador Flávio Gomes, os primeiros periódicos editados por negros são do
final do século XIX. O Treze de Maio (1888), A Pátria (1889), O Exemplo (1892), que
circulou em Porto Alegre, foram alguns deles. Depois vieram vários outros, como O
Baluarte (1903), A Pérola (1911), O Menelick (1915), O Alfinete (1918), O Kosmos
(1922) e O Clarim da Alvorada (1924).
Nas primeiras décadas do século XX, o tema predominante desses jornais era a
denúncia do racismo, da falta de oportunidades e da violência experimentada pela
população negra brasileira. Esses jornais publicavam também matérias sugerindo
comportamentos à população negra, estimulando sua autoestima e valorizando suas
formas de associação e participação política. Além disso, homenageavam personalidades
negras, a exemplo de Luís Gama e José do Patrocínio, elevando-as ao estatuto de heróis,
e também divulgavam os bailes e salões onde se permitia a entrada de negros.
Os negros se encontravam em salões alugados para bailes, onde exibiam suas
danças, elegância de gestos e modos que convinham aos “homens e mulheres de cor”, na
linguagem da época. Esses espaços de lazer atraíam e uniam a comunidade negra. Era
comum clubes brasileiros barrarem a entrada de negros, o que levou militantes a propor
a criação de espaços de lazer reservados a negros.
Frente Negra Brasileira
Em 1931, foi fundada a Frente Negra Brasileira, um movimento nacional de luta
contra o racismo. Seus fundadores, Francisco Lucrécio, Raul Joviano e José Correia Leite,
eram todos negros. A sede da entidade ficava na Liberdade, bairro do centro de São Paulo.
Seus integrantes eram respeitados paulistanos, pois a Frente Negra só admitia em suas
fileiras pessoas que dessem provas de honestidade na vida pessoal.
A questão da instrução esteve desde o começo na agenda do Movimento Negro: a
Frente Negra Brasileira já promovia cursos de alfabetização de adultos. Houve inclusive
a proposta de criar uma escola, o Liceu Palmares, para ministrar cursos aos associados da
Frente, equivalente aos que hoje são oferecidos no Ensino Fundamental e Médio.

[...]Em pouco tempo, a Frente Negra reunia cerca de 600 mil filiados, espalhados
por vários estados brasileiros. Seus dirigentes resolveram então transformá-la em partido
político. Em 1936, os frente-negrinos tiveram seu pedido aprovado. Não chegaram,
porém, a disputar eleições. É que, em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas instalou
no país uma ditadura, mandando fechar todos os partidos políticos, entre eles a Frente
Negra Brasileira.

Teatro Experimental do Negro (1944-1968)


Os negros também lutaram por sua inserção no mundo da cultura. Em 1944, foi
fundado, no Rio de Janeiro, o Teatro Experimental do Negro (TEN). Leia o que diz um
historiador: [...] Para seus fundadores (Abdias do Nascimento, Aguinaldo Camargo e
Sebastião Rodrigues Alves), o TEM significou um ato de protesto pela ausência do negro
nos palcos brasileiros – na época era comum pintar o rosto do ator branco com camadas
de maquiagem preta para representar personagens negros nos espetáculos teatrais [...].
Assim, a proposta original era formar um grupo teatral constituído apenas por atores
negros. [...]. Com o tempo, o TEN adquiriu uma dimensão mais ampla de atuação [...].
Ainda em 1948, iniciou a publicação do jornal Quilombo, que funcionava como veículo
de divulgação das ideias do grupo e estampava em diversos números um programa que
visava a:
• Trabalhar pela valorização do negro brasileiro em todos os setores: social, cultural,
educacional, político, econômico e artístico. [...]
• Lutar para que, enquanto não for tornado gratuito o ensino em todos os graus, sejam
admitidos estudantes negros, como pensionistas do Estado, em todos os estabelecimentos
particulares e oficiais de ensino secundário e superior do país, inclusive nos
estabelecimentos militares.
• Combater os preconceitos de cor e de raça e as discriminações que por esses motivos se
praticam, atentando contra a civilização cristã, as leis e a nossa constituição.
(DOMINGUES, Petrônio. A nova abolição. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 69-71.Cena da peça Anjo
negro, Rio de Janeiro, 1948. )

ATIVIDADE AVALIATIVA

Utilizaremos o Google Forms(Google formulários).


Favor responder no link abaixo obedecendo o prazo de entrega estabelecido
pelo Colégio.
Link: https://forms.gle/oYZGGecRZn8dngDG6

Você também pode gostar