Você está na página 1de 34

1

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

LENISE NASCIMENTO FLÔRES

OS BENEFÍCIOS DA INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL E O


PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO

Porto Alegre - RS
2009
2

LENISE NASCIMENTO FLÔRES

OS BENEFÍCIOS DA INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL E O


PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Animais para
obtenção do título de especialista de
Especialização em Clínica Médica de
Pequenos Animais.

Orientador:
Prof. Dr° Marcelo Meller Alievi-UFRGS

Porto Alegre - RS
2009
3

LENISE NASCIMENTO FLÔRES

OS BENEFÍCIOS DA INTERAÇÃO HOMEM- ANIMAL E O


PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Animais para
obtenção do título de especialista de
Especialização em Clínica Médica de
Pequenos Animais.

APROVADA EM: 06/03/ 2009

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________
Profª; Msc. Valéria Natascha Teixeira (UFERSA)
Presidente

___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Rodrigues Silva (UFERSA)
Primeiro Membro

___________________________________________________________________________
Prof. Msc. Masahiko Ohio (UFERSA)
Segundo Membro
4

“Nossos amados bichos de estimação são como


vitaminas que nos fortalecem contra ameaças
invisíveis; como cintos de segurança nos
protegendo contra os desastres da vida; como
sistema de alarme nos proporcionando um
sentimento de segurança; o poder curativo dos
bichos é de fato um poderoso medicamento.”

Dr° Martin Becker


5

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ser sempre uma fortaleza nos momentos difíceis;

Aos meus pais, pelo amor incondicional e apoio. Meus irmãos pelo carinho e afeto em
especial ao meu irmão Leandro, não só pela ajuda financeira, mas incentivo para que eu
fizesse esta especialização;

Ao meu namorado Alexsandro, meu companheiro para todas as horas;

Ao meu orientador Prof. Marcelo Alievi, que mesmo de longe soube me dar o auxilio
necessário;

À médica veterinária Daniele Pedúcia, uma das idealizadoras do projeto Viraterapia de Porto
Alegre, que muito contribuiu com sua experiência e disponibilidade;

Às minhas filhas de quatro patas Shana e Bibi, por serem meu incentivo profissional e minha
alegria;

Aos animais por terem sido modelos presente em todos os momentos de minha vida, e por
despertarem meu interesse sobre o tema;
6

RESUMO

A prática da Terapia Assistida por Animais (TAA) tem se tornado mais conhecida e
aceita por profissionais da área da saúde e por leigos. A importância da relação homem-
animal e o bem-estar extraído desta convivência se estendem hoje para práticas terapêuticas.
Sabe-se que este tipo de terapia traz inúmeros benefícios tanto a nível físico, como
psicológico e educacional. O diferencial que caracteriza a relação sob ponto de vista
terapêutico é que esta se constrói intermediada por uma equipe multidisciplinar formada por
profissionais da área da saúde humana, animal e educação, dentro de um planejamento
direcionado para cada situação e objetivos. È imperativo ao médico veterinário que participa
ou coordena um projeto de terapia com animais, saber quais as obrigações que tem para com o
grupo, e quais os critérios e exames deve solicitar do animal co-terapeuta.Os objetivos deste
trabalho são: compilar informações existentes nos mais diversos meios de comunicação sobre
os benefícios de se utilizar animais (cães) como facilitadores de terapias em programas
específicos; descrever o papel do médico veterinário em um projeto antes e durante o seu
andamento; listar os critérios para avaliação e seleção de um animal co-terapeuta; estimular e
divulgar esta prática como modalidade terapêutica diferenciada, eficaz e com baixo custo.

Palavras-chave: Cão, Terapia, Médico Veterinário.


7

ABSTRACT
The practice of animal-assisted therapy (AAT) is becoming increasingly recognized
and accepted by both health professionals and laymen. The importance of the human-
animal relationship and the well-being extracted from this bond are extended today to
therapeutic practices. It is known that this kind of therapy brings many benefits on
physical, psychological and educational levels.The differential characteristic of this
relationship on the therapeutic perspective is that it is built through the intermediation of a
multidisciplinary team formed by health care, veterinarian and educational professionals;
within a plan directed specifically to each situation and objectives.It is imperative to the
veterinary doctor either participating or coordinating an ATT project to know the
obligations they have to the group and which criteria and exams to request of the animal.
The objectives of this paper are: To compile existing information from different media on
the benefits of using animals (dogs) as facilitators for therapies on specific programs. To
describe the role of the veterinary doctor from planning to execution of a project. To list
the criteria for evaluation and selection of animals for ATT. To stimulate and propagate its
practice as a differentiated, effective and low cost therapeutic modality,

Key-words: Dog, Therapy, Veterinary Doctor


8

SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO 9

2-INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL 12

3-BENEFÍCIOS 14

4-PROJETOS E COMPROVAÇÕES CIENTÍFICAS 16

5- PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO 20


5.1 SUGESTÃO DE MANEJO SANITÁRIO 20
5.2 SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DOS ANIMAIS 21
5.3 TESTE DE AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 23

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS 24

REFERÊNCIAS 25
ANEXO A- Relatório de TAA- Sanidade Animal 29

ANEXO B- Modelo de teste de avaliação comportamental 31


9

1. INTRODUÇÃO

O animal, que antes servia apenas de suporte, evoluiu também para animal de
estimação. Sua relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma
família, ele é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seus membros.
O ritmo frenético atual tem causado grandes problemas não somente aos adultos, mas
também às crianças, que têm sido grandes vítimas deste processo. Por esta razão, e em
decorrência dos resultados de pesquisas científicas que mostram que o convívio com animais
é altamente benéfico, alguns profissionais estão pensando em desenvolver, a partir daí, uma
terapia alternativa para auxiliar no tratamento de pessoas que necessitam de auxílio
psicológico com o fim de proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida.
Ter um bicho de estimação pode não ser apenas uma questão de lazer ou de
companhia. A medicina está descobrindo que eles também podem ser benéficos para a saúde
humana. Estudos do American Journal of Cardiology mostram que pessoas, ao interagirem
com animais, constantemente tendem a apresentar níveis controlados de estresse e de pressão
arterial, além de estarem menos propensas a desenvolver problemas cardíacos (VICÁRIA,
2003). Em termos psicológicos, os cães, através de sua pureza e espontaneidade instintiva,
resgatam a criança interior da pessoa e aumentam a capacidade de amar da mesma, conforme
aponta Kassis (2002).
Atualmente, os princípios dessa terapia mediada por animais são utilizados em todo o
mundo. O trabalho é realizado através da utilização de cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas,
coelhos, em hospitais e escolas especializadas no tratamento de pessoas que apresentam
problemas psicológicos e na reabilitação de portadores de deficiências múltiplas. O vínculo
afetivo que o paciente logo estabelece com o animal é o primeiro passo para o sucesso da
terapia, pois abre caminho para a comunicação com o terapeuta.
A prática da Terapia Assistida por Animais (TAA) tem se tornado mais conhecida e
aceita por profissionais da área da saúde e por leigos. A importância da relação homem-
animal e o bem-estar extraído desta convivência se estendem hoje para práticas terapêuticas.
Sabe-se que este tipo de terapia traz inúmeros benefícios tanto a nível físico, como
psicológico e educacional. A base da construção da relação terapêutica está no relacionamento
entre homens e animais. Esta interação se dá de modo informal com animais de companhia e
10

seus proprietários. O diferencial que caracteriza a relação sob ponto de vista terapêutico é que
esta se constrói intermediada por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da
área da saúde humana, animal e educação, dentro de um planejamento direcionado para cada
situação e objetivos.
Cada programa é realizado por grupos de voluntários que, junto aos animais visitam
instituições como asilos, centros de saúde mental, orfanatos, prisões, casas de apoio e
hospitais, inclusive sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como modalidade
terapêutica (MARTINS, 2006).
Berzins (2000) observa que estudos efetuados nos Estados Unidos e na Europa
apontam para uma redução do tempo de recuperação das doenças e uma maior sobrevida aos
indivíduos que possuem animais de estimação e que foram acometidos por cardiopatia
isquêmica. Percebe-se que, nessas situações, a presença do animal resultou na redução da
ansiedade, diminuição de depressão, uma vez que os animais incentivam a atividade física,
tanto para levá-los aos passeios como para a realização dos cuidados diários.
Ressalta-se, contudo, que a relação homem-animal não deve substituir a relação
homem-homem. O cão não pode substituir um filho ou marido, mas pode ensinar como agir
em nossos relacionamentos (Kassis, 2002).
Os seres humanos e os animais convivem há milhares de anos e aprenderam a obter
vantagens dessa parceria. De uma mera funcionalidade, os homens passaram a sentir afeto por
esses outros seres e perceberam que além de uma função, eles poderiam dar lhes algo muito
mais valioso, promoção de saúde.
As investigações sobre os efeitos positivos que os animais podem ter no ser humano é
um trabalho que ainda merece muita pesquisa e deve ser desenvolvida com todas as
implicações científicas. Por mais que tenhamos convicção dos efeitos positivos do
relacionamento com os animais, devemos ter uma avaliação científica para validar o processo
perante a comunidade médica e descobrir que essas emoções positivas não acontecem
acidentalmente e sim, são os resultados de uma transmutação química em nosso organismo e
geram processos psicológicos.
As modalidades de intervenção com o uso de animais abrem, para os profissionais de
saúde e educação, novas perspectivas em termos de recursos auxiliares. Precisamos de
comprovação científica publicado para validar esta prática como modalidade terapêutica
eficaz. O professor da Universidade de Zurique e cientista comportamental americano Denis
Turner, declara que “A terapia assistida por animais representa uma tremenda economia para a
11

saúde pública e obtém sucesso até nos casos em que métodos tradicionais de tratamento
falharam.“ (SANTOS apud DOTTI, 2005)
A mesma habilidade que permite que um bicho de estimação perceba o movimento de
um esquilo distante, o cheiro de um frango escondido ou o som do entregador de pizza antes
mesmo que a campainha toque, proporciona-lhe também a capacidade de sentir mudanças
sutis nos ânimos, necessidades e emoções de uma pessoa.
Dado o exposto, não há dúvidas de que muito se temos a acrescentar no que se refere
ao estudo sobre o tema que desencadeou a pesquisa, visto que existem poucas pesquisas
científicas divulgadas, principalmente na área veterinária. É imperativo ao médico veterinário
que participa ou coordena um projeto de terapia com animais, saber quais as obrigações que
tem para com o grupo, e quais os critérios e exames deve solicitar do animal co-terapeuta.
As atividades podem ser realizadas com qualquer espécie de animal, porém, neste
trabalho especificamente, será descrito uso do cão como co-terapeuta e/ou facilitador de um
projeto.
O objetivo deste trabalho foi compilar informações e comprovações existentes nos
mais diversos meios de comunicação como livros, revistas, sites, periódicos, dissertações e
monografias, sobre os benefícios de se utilizar animais (cães) como facilitadores de terapias
em programas específicos; descrever o papel do médico veterinário em um projeto antes e
durante o seu andamento; listar os critérios para avaliação e seleção de um animal co-
terapeuta; estimular e divulgar esta prática como modalidade terapêutica diferenciada, eficaz e
com baixo custo.
12

2. INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL

O registro histórico mais antigo até hoje encontrado sobre a relação homem- cão é a
descoberta de um túmulo em Israel datado de 12 mil anos atrás; encontrou-se o corpo de uma
mulher idosa com sua mão segurando um filhote de cachorro (DAVIS E VALLA, 1978, apud
LANTZMAN, 2004).
Havia uma distinção social entre os cães imposta pelos homens e, no século XVIII, o
cão já era conhecido como “o mais inteligente de todos os quadrúpedes conhecidos” e
louvados como “o servo mais fidedigno e a companhia mais humilde do homem” (BERZINS,
2000).
No Brasil, Dra. Nise da Silveira, em meados dos anos 50, levantou a possibilidade de
se permitir cães em hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. A experiência começa a tomar
corpo quando uma cadela de rua aparece no hospital. O cachorro não seria adotado pela
instituição se Dra. Nise não perguntasse a um dos pacientes: “Você aceita tomar conta dessa
cadelinha, com muito cuidado? Ele respondeu que sim”. Assim, a cadela é prontamente
adotada por um paciente, até então, apático. A médica percebe, na verdade apenas comprova
o que ela já suspeitava, que os animais podem ser potentes agentes curativos para pessoas em
sofrimento (SILVEIRA, 2001).
Uma das precursoras em TAA no Brasil é a Dra. Hannelore Fuchs, psicóloga e médica
veterinária, coordenadora do Programa Pet Smile. O programa tem como objetivo
desenvolver habilidades motoras e autoconfiança nas crianças bem como diminuir a ansiedade
das mesmas. Para Fuchs, o contato com os pequenos animais do programa acaba reduzindo o
estresse provocado pelo problema enfrentado (DELARISSA, 2003).
A partir da década de 60 o psicólogo norte-americano Boris M. Levinson publica uma
série de artigos sobre as possibilidades de intervenções terapêuticas com o uso de animais.
Apresentando situações clínicas nas quais considerou a presença do animal fundamental no
processo terapêutico. Levinson (1962) considera que quando o ambiente falha em fornecer
condições suficientes para o desenvolvimento da criança, a presença do animal poderia suprir
tais necessidades emocionais.
Nas décadas de 70 e 80, as pesquisas se intensificam, sendo criada a Pet Terapia,
termo este abandonado nos anos 90 por não traduzir de forma eficaz as possibilidades de
trabalho com animais. Finalmente chegamos às terminologias implantadas e aplicadas no
13

mundo inteiro, “Atividade e Terapia assistida por animais- A/ TAA”, seguindo o padrão
americano (DOTTI, 2005).
A Delta Society, entidade dos EUA que regulamenta os programas com uso de
animais, assim define: A Atividade Assistida por Animais (AAA) promove oportunidades
para benefícios motivacionais, educacionais, recreacionais e/ ou terapêuticos para melhorar a
qualidade de vida. A AAA é realizada numa variedade de ambientes profissionais, para
profissionais e/ou voluntários especialmente treinados, em associação com animais que
obedecem a critérios específicos (www.deltasociety.org/aboutaaat.htm).A Terapia Assistida
por Animais (TAA) é uma intervenção com objetivos definidos na qual um animal que
obedece a critério específico é parte integral do processo de tratamento. A TAA é dirigida ou
realizada por profissionais de saúde/serviços humanos com experiência especializada e no
âmbito de sua prática profissional. Tem o propósito de melhorar o funcionamento físico,
emocional e/ou cognitivo humano (habilidades de pensamento e intelectual). A TAA é
promovida numa variedade de ambientes e pode ser de natureza grupal ou individual. Este
processo é documentado e avaliado (www.deltasociety.org/aboutaaat.htm).
De acordo com David Niven (2001), autor do livro “Os 100 segredos das pessoas
felizes”, um dos fatores que contribui para a felicidade do ser humano é conviver com um
animal:
Os animais têm muito a nos ensinar sobre o amor. Quanto mais nos aproximamos
deles, mais alegria nos dão. (...). O amor que os cães oferecem incondicionalmente enche de
alegria e revitaliza aquelas pessoas muitas vezes isoladas e abandonadas pelos familiares. (...)
A relação com os animais nos proporciona uma alegria imediata e provoca sentimentos
positivos que contribuem fortemente para nossa felicidade. Ter um animal de estimação
aumenta as probabilidades de felicidade em vinte e dois por cento. (NIVEN, 2001)
Os relatos clínicos e as reflexões trazidas por Levinson e Nise da Silveira dentre
tantos outros autores renomados, inauguram um novo campo de investigação: as intervenções
com participação de animais. Campo este que abraça os saberes da Psicologia, Medicina
Veterinária, Etologia, Antropologia e outros. Nas décadas de 80 houve um crescente interesse
por este campo de estudo, mas foi na década de 90 e na atual que as pesquisas cresceram
significativamente, principalmente nas instituições de pesquisa dos Estados Unidos e da Grã-
Bretanha. Em Setembro de 2000, aconteceu no Rio de Janeiro, a 9ª. Conferencia Internacional
sobre Interação Homem-Animal, despertando o interesse de diferentes profissionais da área
da saúde para atuação e pesquisa científica em TAA.
14

3- BENEFÍCIOS

Já na década de 80, Fuchs (1987) em sua tese de doutorado constatou que existem
inúmeras vantagens resultantes do convívio com animal de estimação como; alívio para
situação tensa; disponibilidade ininterrupta de afeto, companhia constante; amizade. Proteção;
Segurança.
Berzins (2000) também cita algumas vantagens resultantes do convívio com animal de
estimação, elencados por Dotti (2005), como:
- Exercícios e estímulos variados relativos à mobilidade;
- Estabilização da pressão arterial e reações químicas ( estudos divulgados por programas
americanos, ingleses e canadenses);
- Bem-estar;
- Afastamento da dor;
- Estímulo da memória, mesmo depois que acabam as sessões;
- Diminuição da ansiedade;
- Senso de responsabilidade
- Redução do estresse;
A explicação das mudanças físicas e comportamentais referentes à aplicação da TAA é
devido à ativação do sistema límbico situado no sistema nervoso central, que é responsável
pelo emocional, no qual o contato com a natureza e animais libera endorfinas gerando uma
sensação de tranqüilidade alegria e otimismo facilitando assim, a recuperação orgânica de
qualquer injúria; auxiliam também na produção de células de defesa, como os linfócitos T.
Esta interação ajuda o doente a esquecer a dor, se sentir menos solitário e mais otimista,
reduzindo a necessidade da administração de medicamentos. (VELDE et al, 2005 ).
Os idealizadores do projeto Companheiro Animal de Marília- SP, relataram que um
dos principais benefícios do programa foi impor limites e tolerância nas crianças ansiosas,
refletindo positivamente no trabalho pedagógico desenvolvido nas próprias intuições
envolvidas (ALVES, et al. 2009).
Crianças do mundo inteiro recorrem a seus bichos de estimação em momentos de
tensão emocional. Quando se sentiam tristes, crianças alemãs da quarta série, pesquisadas,
15

recorriam a seus animais, dizendo-lhes que os preferiam à companhia de qualquer outra


criança. Uma pesquisa de 1985, com crianças de Michigan entre 10 e 14 anos, constatou que
75 por cento voltavam-se para seus bichos de estimação quando estavam perturbadas. As
crianças destacavam a capacidade do animal de escutar, tranqüilizar, demonstrar aprovação e
proporcionar companheirismo. As pessoas que não amam os animais acham hilariante a
alegação de que os animais compreendem nossas emoções. (BECKER & MORTON, 2003)
Para os idosos, sabe-se que o animal proporciona a melhora da auto-estima devido ao
contato físico e ao despertar do senso de responsabilidade. Há um aumento visível nos canais
de percepção do idoso. Pelo fato de terem que cuidar do bicho, as pessoas mais velhas
passam a se sentirem úteis. A introdução de animais em asilos é uma boa forma de recreação
e socialização (LIMA, 2005).
Nos autistas, a pet terapia proporciona melhora na capacidade de comunicação e na
sensibilidade, embora muitos desses pacientes não falem e tenham aversão ao toque(DOTTI,
2005).
16

4- PROJETOS E COMPROVAÇÕES CIENTÍFICAS

Como a interação com o animal pode resultar numa melhora na saúde mental e física?
Estudos mais complexos têm indicado efeitos fisiológicos positivo nas pessoas que interagem
com os animais. O Journal of the American Association of human- Animal Bond veterinárias
– AAHABV, de 2001, menciona alguns resultados já alcançados pelas pesquisas de dois
médicos da África do sul: O PRof. Johannes Odendaal e a Dra. Susan Lehmann contataram
que tanto nos humanos como nos cães há uma mudança benéfica que ocorre nas endorfinas
beta, phenilatalamina, prolactina, dopamina e ocitocina dentro de uma interação positiva de
quinze minutos. A liberação estes hormônios além de dar a sensação de felicidade, diminui o
hormônio do estresse, o cortisol (ODENDAAL, LEHMANN, 2001).
Um dos últimos estudos do Dr. Odendaal envolveu seis participantes clinicamente
depressivos, os quais tiveram visita de cães por trinta minutos diariamente. O sangue das
pessoas do grupo, antes de receberem a visita dos cães, foi medido e apresentou baixo nível
de serotonina, phenylethylamine e dopamina. Depois que os cães foram introduzidos, estes
índices aumentaram no sangue dos pacientes (ODENDAAL, 2003).
Para comprovar esta relação, foram realizadas diversas pesquisas científicas, obtendo
várias informações relevantes para a Psicologia. Por exemplo, em 1999, Karen Allen (apud
FARIA, et al 2004), cardiologista da Universidade de Nova York, agrupou 48 corretores do
mercado financeiro (homens e mulheres) que apresentavam altos níveis de pressão arterial e
stress. Metade deles, escolhidos ao acaso, receberam um cão ou gato e passaram a morar
juntos. Após um semestre o grupo "tratado" com animais de estimação tinha pressão arterial
normal e o stress reduzido à metade. Outros autores pesquisaram a sobrevivência de
enfartados coronários possuidores ou não de animais de estimação. Nessa pesquisa, eles
analisaram 92 pessoas. Destas 53 possuíam animais de estimação incluindo cães; neste grupo
foi alcançado o índice de sobrevivência de 94%, após o infarto. No restante do grupo, que não
possuía animais, o índice obtido caiu para 71%. Em 1997, houve o acompanhamento de 2805
pessoas por 89 meses. As mulheres observadas que tomavam antidepressivos e possuíam
animais de estimação, precisavam de doses menores do que as que não os possuíam. Tendo
em vista os benefícios obtidos com a interação homem-animal, acredita-se que, uma terapia
onde predomine esta interação seja uma alternativa positiva de reabilitação física e mental em
17

seres humanos, pois a ação de cuidar de outro ser vivo tende a ser autocurativa (FARIA, et al,
2004).
O Prof. Warwim Anderson apud (DOTTI, 2005) descobriu, num estudo com a amostra
de mais de 6.000 pessoas, que os proprietários de cães e gatos tinham significativamente
menos taxas de trigliceres e colesterol do que os não proprietários.
A psicóloga brasileira Sabine Althausen, em sua dissertação de mestrado em 2006,
considera que a realização das terapias e atividades assistidas por animais é necessariamente
interdisciplinar pois, além da função da equipe terapêutica- ou do terapeuta que trabalha
individualmente em consultório- o veterinário e o adestrador são fundamentais: o primeiro
pelos cuidados com a saúde do animal, o segundo por seu papel na seleção e treinamento do
cachorro.
Segundo Fuchs (1987) o significado atribuído ao animal depende das características
individuais das pessoas em interação: “O animal vivido é diferente para cada um dos sujeitos,
depende das necessidades psicológicas de cada um” (p.164).
A psicóloga Glaucielle Nunes de Oliveira acredita que a contribuição de sua
monografia de graduação em 2005, foi a de demonstrar que, apesar de pouco explorada, a
TAA surge como uma eficiente ferramenta no tratamento de pessoas, especialmente de
crianças, que necessitam de auxílio psicológico. A pratica pode proporcionar-lhes uma melhor
qualidade de vida, visto que o convívio com animais, em especial com cães, é altamente
benéfico.
No seu trabalho, Oliveira (2005) afim de verificar a importância da Cinesioterapia
(terapia assistida por cães) realizou entrevistas via email com duas psicólogas que fazem uso
de tal terapia. As entrevistadas foram Alessandra Comin Martins e Manuella Baliana Macial.
Na sua entrevista, Manuela Baliana relatou que: Inúmeras melhoras são observadas.
No asilo observamos que as idosas riem mais, se comunicam melhor, sentem menos dor,
trabalham a memória (com relação aos nomes dos cães e às lembranças de quando tinham um
animal) e até melhoras no caso de depressão. Nas escolas especiais (para autistas e
psicóticos), as crianças e adolescentes interagem mais com as pessoas, ficam mais calmos,
aumenta a auto-estima, mostram melhoras quanto à agressividade e até fazem vínculo com os
cães. Temos relato de uma professora que quando uma criança se apresenta ansiosa é só
mencionar no nome de um dos animais que visitam a escola que ela se acalma e conversa
sobre a última visita que foi feita pelos animais. Na clínica, em primeiro lugar, a relação
transferencial com o terapeuta é bem mais rápida com a presença de um cão. Crianças com
dificuldades de falar sobre assuntos delicados, acabam se sentindo mais dispostas à falar na
18

presença de um animal. Na reabilitação, cães com deficiência motivam as pessoas a reagir e


lutar por sua melhora.

Quando foi solicitado o relato de um caso marcante. A psicóloga Alessandra Comin


relatou: Existem vários, mas os mais interessantes são aqueles onde os cães espontaneamente
fazem o seu trabalho. Houve um caso de uma criança com paralisia cerebral e uma deficiência
mental moderada, extremamente deprimido, com uma significativa atrofia de membros
superiores, que nem conseguia pegar uma colher p/ comer. Com algumas sessões, já estava
abraçando um cão samoieda que sozinho descobriu que focinhando os bracinhos da criança e
colocando a sua cabeça por baixo deles ele conseguia fazer o contato...A criança gostou da
experiência, sorriu e isso foi reforçado. Aos poucos a criança se esforçava mais e mais p/
esticar os braços assim que via o cão. O humor começou melhorar e a motricidade também.
Em pouco tempo conseguia tocar o cão sem que o mesmo precisasse lhe cutucar . A relação
familiar também melhorou muito, pois os pais participavam da sessão e viam a evolução lenta,
porém gradual. Essa criança ficou uns 6 meses na terapia com ótima evolução motora,
supressão do quadro depressivo, e também melhora no desenvolvimento da interação do
paciente com a família, dentro das limitações impostas pela paralisia cerebral.
Uma equipe de voluntários leva cães ao visitar o abrigo de crianças e adolescentes
deficientes físicos - O Lar Maria de Lourdes em Jacarepaguá. Lá são deixadas crianças com
os mais variados problemas de deficiência, mas a grande maioria é portadora de hidrocefalia e
Síndrome de Down: Nossa equipe leva filhotes da raça Pit Bull para passar uma tarde inteira
brincando com essas crianças. O mais incrível é que mesmo as crianças que quase não
conseguem falar ou se mexer, ao ver os cachorrinhos, elas fazem um esforço fenomenal para
chegarem mais perto deles e ter mais atenção.Uns gritam au au, outros fazem sinais com as
mãozinhas chamando por nós e outras que não tem a mínima condição de se levantarem da
cama, apenas sorriem quando colocamos os filhotes perto delas. Fazemos este trabalho uma
vez por mês e não só ajudamos a levar um pouco de alegria para estas crianças, como também
fazemos o possível para levarmos o material necessário para o sustento do Abrigo que vive de
doações (BITENCOURT, 2008).
Abordado sobre por que não utilizar animais de abrigos para o uso da A/TAA, Dotti
(2005) diz que só seria favorável se uma estrutura muito rígida fosse seguida, com uma
avaliação criteriosa dos animais e responsabilidade de uma pessoa constantemente.
19

Desafiando o que afirmou Dotti, foi criado o projeto “Viraterapia” em Porto Alegre-
RS. Este projeto de Terapia Assistida por animais se destaca pela utilização de cães SRD,
abandonados, proveniente do CCZ (centro de controle de zoonoses) ou de abrigos para cães
abandonados. Os animais passam por uma avaliação veterinária criteriosa (em anexo) e
comportamental rigorosa antes de participarem do projeto. Os animais foram adotados pelos
coordenadores do projeto.
Todos estes estudos recentes indicam que a interação homem–animal implica,
favoravelmente, manutenção ou alteração dos níveis de lipídeos , glicose, bem como
influenciam positivamente o sistema imune da pessoa e do animal.
Essas pesquisas revalidadas, replicadas a provadas por Centros de pesquisa,
Universidades s conceituados profissionais, nos dão a base para levarmos às nossas
autoridades de saúde, e também iniciar a validação desses processos no Brasil.
20

5. PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO

O médico veterinário é responsável pela avaliação dos animais sendo o único


profissional capacitado para verificar a saúde de um animal terapeuta.
Exerce função de orientador, informando e ensinando os cuidados básicos de saúde e
higiene de cada espécie, bem como suas particularidades. Ele também deve participar do
andamento do projeto para que reavaliações sejam feitas com freqüência e o esquema de
vacinação e vermifugação respeitado.
Santos (2005) acredita que é de fundamental importância que programas de A/TAA
possuam médicos veterinários para zelar pela saúde dos animais terapeutas, devido à sua
proximidade com os pacientes. Para a autora, além de evitar as chamadas zoonoses, cabe ao
veterinário orientar o proprietário sobre suas responsabilidades para como animal terapeuta, e
conscientizá-lo da importância de adotar certos cuidados.
Neste contexto, o Médico veterinário desempenha papel essencial no sentido de
acompanhar as manifestações comportamentais do animal, bem como de zelar pela sua saúde.
A Organização Mundial de Saúde reconhece a importância dos animais como zooterapeutas.
Por isso se preocupa com a plena saúde física do animal, que é um aspecto essencial e visa
não somente o bom desempenho e o bem- estar do animal, mas também a garantia de que não
haverá risco de transmissão de zoonoses e contaminação do local de realização da terapia
(ANDERLINE, ANDERLINE, 2007).
Deve-se lembrar que independente da classe de paciente beneficiada, ou da espécie
animal envolvida, o risco de um indivíduo ter sua saúde comprometida por doenças, ou lesões
causadas pelo animal existe. Cabe ao médico veterinário, ao proprietário e a todas as pessoas
envolvidas minimizar estes riscos.
Ainda existe muito preconceito com relação a interação de cães e gatos com pessoas
doentes, e é necessário, neste momento a intervenção do médico veterinário para desmistificar
crenças pré-existentes (MORAIS; BAHR, 2001).
Apesar das limitações, Santos (2005) acredita que os benefícios que este trabalho
proporciona são muito superiores aos riscos que ele pode causar. Além disso, a chance de uma
pessoa adquirir uma zoonose existe mantendo contato com animais ou não.
21

5.1 SUGESTÃO DE MANEJO SANITÁRIO

1. Vacinação anual com vacina polivalente (V8 ou V10)


2. Vacinação anual contra Raiva
3. Vacinação com Giardíase canina
4. Vacinação contra Traqueobronquite Infecciosa Canina
5. Vermifugação a cada quatro meses com vermicidas de amplo espectro
6. Exame parasitológico semestral; sempre com resultado negativo
7. Banho no mínimo 48 horas antes das visitas
8. Controle de ectoparasitas
9. Limpeza dos dentes: A presença de placa bacteriana pode ser fonte de infecção.
10. Ouvidos íntegros. Animais com otite não aceitam carinho na região
11. Unhas cortadas e lixadas
12. Castração .Não é obrigatório mas recomendado. As fêmeas no cio não podem
participar das atividades (acabam distraindo os machos e podem causar brigas).

5.2 SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DOS ANIMAIS

Cães de todas as raças, de todos os tamanhos podem participar, desde que tenha um
temperamento adequado e façam todos os testes e exames necessários. Não é aconselhável a
participação de filhotes, nem de cães com idade avançada. Os filhotes, por terem dentes
afiados, unhas afiadas e necessidade de morderem. Também por normalmente serem mais
frágeis. Os senis normalmente não têm tanta paciência. A faixa de idade recomendável está
entre um e nove anos. Fêmeas no cio, mesmo seco, não poderão participar.
O número de cães participantes deve ser razoável com a quantidade de pacientes e
atividade requerida e objetiva do tratamento. Uma sugestão prática é o revezamento de cinco
cães para um setor de 20 pessoas (DOTTI, 2005).
A duração de uma sessão não deve ultrapassar uma hora e meia. Se o animal
demonstrar qualquer sinal de cansaço ou estresse antes disso, deverá ser substituído. Alguns
programas especiais de fisioterapia e outros, o tempo indicado com intervalos é de 20 a 40
minutos (DOTTI, 2005)
Deve-se evitar contato com o rosto dos pacientes, principalmente daqueles que
possuem deficiências no seu sistema imunológico.
Temos que ter em mente que os animais devem ser protegidos e respeitados nesses
programas, não só porque são utilizados de forma a exercer um precioso trabalho ao homem,
mas porque não são só uma ferramenta neste sistema. São uma das peças principais. Jamais
devem ser tratados com imposição e força.
22

Devemos tomar cuidado com as informações prestadas pelos proprietários sobre os


seus cães. Para eles, o seu animalzinho pode ser muito comportado e dócil, e geralmente é
com o seu dono. Porém, isso não significa que ele terá o mesmo comportamento ao seu
submetido a conviver com outros animais ou pessoas. Todo cão deve, portanto, passar por
avaliação comportamental criteriosa.

Conforme Aiello ( 2005), um cão com perfil adequado para trabalhar com TAA deve:
* obedecer aos comandos básicos do dono (Senta- deita- fica- junto- não)
* ser receptivo à estranhos;
* permitir ser tocado;
* não se incomodar com a presença de outros cães
* reagir com segurança à situações inesperadas;
* andar tranquilo com a guia
Estes critérios devem ser testados na avaliação comportamental do cão (modelo de
teste em anexo)

Segundo Gonçalves, (2008), o referido teste deverá seguir alguns critérios de avaliação,
conforme segue:

1 - Chamar (Atração por pessoas)


2 - Acompanhar (Seguir a liderança humana)
3 - Restrição (Facilidade de controle sob domínio físico)
4 - Acariciar (Facilidade de controle pelo carinho)
5 - Elevação (Facilidade de controle em situação de risco)
6 - Buscar (Vontade de fazer algo pelo dono)
7 - Pressão na pata (Resistência à dor)
8 - Barulho forte (Reação a sons)
9 - Perseguir (Reação a algo que se move)
10 - Pegar de surpresa (Reação a situação inesperada)

Depois da seleção do animal conforme espécie, raça, sexo, idade, tamanho, aptidão,
temperamento, deve haver uma combinação com a classe de pessoas que irão interagir:

- crianças não debilitadas: animais mais ativos e maiores;

- idosos: animais mais calmos e menores;


23

- Adultos doentes: animais calmos e de pêlo liso, que possam ter acesso à cama das pessoas.

5.3 TESTE DE AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL

Devem ser feitos por um especialista em comportamento animal, podendo ser um


médico veterinário, um adestrador, ou ambos. O animal já deve ter passado na avaliação
sanitária feita pelo médico veterinário.
O teste para avaliar as aptidões do cão (Anexo B) é baseado no CGC Test Procedures
(Canine Good Citizen Program – USA) e no Canadian Canine Good Citizen Test. Foi
adaptado ao padrão Brasileiro de relação homem- animal pela Psicóloga Kátia Aiello apud
(DOTTI, 2005).
O teste é feito individualmente com a presença do dono. Os materiais que auxiliam no
teste são: uma escova, um apito, uma bexiga vazia.
- o cão é tocado pelo avaliador, ora perto do dono, ora distante.
- è exposto a vários barulhos diferentes perto do dono e distante dele.
- O dono é abraçado pelo avaliador perto do cão.
- O avaliador chama o cão para longe do dono.
- Um cão estranho passa perto do cão em avaliação várias vezes, e este tem que ficar sentado
sob o comando do dono.
- O dono pede os principais comandos de obediência ao cão

Resultado:
Existem três possibilidades diferentes:
1ª) o cão não atinge a pontuação necessária e está inapto para a TAA. Seu comportamento não
vai mudar.
2ª) o cão tem habilidade para a tarefa, mas não foi socializado adequadamente ou adestrado.
Nesse caso é necessário passar por aulas de adestramento e socialização e depois ser
reavaliado.
3ª) o cão é sociável, adestrado e possui os requisitos necessários.
É importante salientar que o profissional comportamentalista que trabalhe em uma
instituição deve ficar atento às mudanças comportamentais que podem ocorrer em
determinado dia ou período (DOTTI, 2005).
24

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os benefícios que o convívio com animais que antes era manifestada de forma
empírica, hoje já tem uma série de comprovações. É prazeroso saber que os animais podem
contribuir ainda mais para a saúde do homem e do seu meio.
Os animais, em especial os cães, podem ajudar as pessoas de forma a restabelecer sua
saúde física e psíquica. Muito já foi feito, mas que muito ainda temos por fazer para tornar
esta prática comum no meio científico.
É imprescindível que a TAA seja realizada no Brasil de forma responsável e em
grande escala, deixando clara a responsabilidade de um médico veterinário e a sua conduta
frente a um projeto.
25

REFERÊNCIAS

AIELLO, K.R. Cão ideal para A/TAA. In: DOTTI, J. Terapia e Animais. São Paulo: PC
Editoriais, 2005. p.242-252.

ALTHAUSEN, S. Adolescentes com síndrome de Down e Cães; compreensão e


possibilidades de intervenção. Dissertação de mestrado- Instituto de psicologia,
Universidade de São Paulo, SP, 2006.

ALVEZ, A.F.; COMINO, L.S.; MARTINEZ R.C.; PRADO, L.M.; MANHOSO, F.F.R.;
Projeto Companheiro Animal. O médico Veterinário e seu compromisso social através da
zooterapia em crianças com necessidades especiais. Revista Nosso Clínico, n.67p.20-26,
2009).

ANDERLINE, G.A.O.S.; ANDERLINE G.A. Benefícios do envolvimento do animal de


companhia (cão e gato) na terapia socialização e bem estar das pessoas e o papel do Médico
Veterinário. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, n.41, p.70-75, 2007.

BAHR, SM Pessoas Imuncomprometidas e animais de estimação. Revista Clínica


Veterinária Ano VI n.30 2001.

BECKER, Marty; MORTON, Danielle (2003). O Poder Curativo dos Bichos. 1a ed. São
Paulo: Bertrand Brasil.

BITENCOURT, R. Cinoterapia. Disponível em:


<http://www.pitbullclub.com.br/cinoterapia.htm>. Acessado em 25 de agosto de 2008

BERZINS, M. A. V. Velhos, cães e gatos: interpretação de uma relação. São Paulo: PUC-
SP, 2000. Dissertação de Mestrado em Gerontologia.

DELARISSA, F. A. (2003). Animais de estimação e objetos transacionais: uma


aproximação psicanalítica sobre a interação criança-animal. Unpublished masther’s
thesis. Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho. Unesp, Assis. 409p.
26

DOTTI, J. (2005). Terapia e Animais. São Paulo: PC Editoriais. 293 páginas.

FARIA, A. B. et al. A Cinoterapia no Auxílio à Reabilitação Física de Idosos.


Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. Anais. Disponível em:
<http://www.anclivepa-rs.com.br/boletim_arquivo/boletim_34_htm/pag6.htm>. Acesso
em:25 de novembro de 2008..

FUCHS, Hannelore. O animal em casa: um estudo no sentido de desvelar o significado


psicológico do animal de estimação. São Paulo: USP, 1987. Tese de doutorado (Psicologia
experimental). Faculdade de Psicologia.

GONÇALVES, H. Seleção e cuidados com os animais terapeutas. Disponível em


<http://www.animaisterapeutas.com.br/animais_terapeutas.htm>. Acessado em 10 de
dezembro de 2008.

KASSIS, Amélia. “O amor que fica”. Revista Kalunga. No. 139. Ano XXX. Agosto de 2002.
(pg. 24-25)

LANTZMAN, M; O cão e sua Família; temas de amor e agressividade. Tese de doutorado.


Pontifícia Universidade de São Paulo. São Paulo, SP. 2004.

LEVINSON. B.M. The dog as a co-therapist. Mental Hygiene., v.46, p.59-65, 1962.

LIMA, Márcia. Os cães trazem alegria e saúde para a melhor idade. Melhor Amigo, São
Paulo, ano 2, n. 9, p. 32-37, jan. 2005.

MARTINS, E. Homens e animais: Amizade sem limites- projeto Criança e cão em Ação.
Revista Check up Altana, n.42, p.18-41, 2006.

NIVEN, David, Ph. D. (2001). Os 100 segredos das pessoas felizes: Descobertas simples e
úteis dos estudos científicos sobre a felicidade. Rio de Janeiro: Sextante.

ODENDAAL & LEHMANN, The Um South African Cennection The Center for the Study of
Animal Wallness at the University of Missouri, Journal of the American Association of
HUman-Animal Bond Veterinarians, Vol.4, Autumn 2001.

ODENDAAL J.S., Expanding on Earlier Discoveries, Veterinary Medical Review, College


of Veterinary Medicine – University of Missouri – Columbia, Spring/ Summer 2003.
27

OLIVEIRA. G.N. O Convívio com cães no auxílio ao desenvolvimento afetivo infantil.


2005. 45f Monografia (graduação em psicologia) Universidade Estácio de Sá- RJ

SILVEIRA, N. O mundo das imagens. São Paulo: Editora Ática., 2001, 165p
SANTOS, M.A. A/TAA e o papel do médico veterinário. In: DOTTI, J. Terapia e Animais.
São Paulo: PC Editoriais, 2005. p.264-273.

VELDE, B.P.; CIRPIANI, J.; FISHER, G. Resident and therapist views of animal-assisted
therapy: Implications for accupational therapy practice. Australian Occupational Therapy
Journal, v.52 p.43-50, 2005.

VICARIA, L. “A cura pelo bicho”. Revista Época. 04 de agosto de 2003 (pg. 83-91)

www.deltasociety.org. Disponível em <deltasociety.org> Acessado em 13/05/2008

.
28

ANEXOS
29

ANEXO A

RELATÓRIO TAA – SANIDADE ANIMAL

Cão: Bananinha

O canino, fêmea, sem raça definida (SRD), castrada, aproximadamente quatro anos de
idade foi adotada do Centro de Controle de Zoonoses da cidade de Porto Alegre – RS. Foi
encaminhada ao Hospital de Clinicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (HCV/UFRGS), onde foi atendida por um Médico Veterinário, submetida a uma
avaliação clínica geral e foram solicitados alguns exames de rotina como mostra a Tabela 1.
Ela se encontrava em perfeito estado de saúde, não tem manifestação clínica de
nenhuma doença. É submetida a avaliações periodicamente. O animal é submetido a
protocolos de vacinação, controle de endo e de ectoparasitas. O risco de transmissão de
doenças é baixo, se comparado ao risco que qualquer ser humano está exposto em ter contato
com qualquer animal doméstico de estimação.

DATA 2007
7/05/2007 Busca dos animais no Centro de Zoonoses:
Bananinha.
7/05/2007 Vacinação: Anti-rábica;
7/05/2007 Vermifugação;
8/05/2007 Coleta de sangue para exames: Hemograma
e Perfil Bioquímico;
8/05/2007 Coleta de sangue para exame
Bacteriológico: Brucelose;

9/05/2007 Bananinha (Exames alterados) – foi


encaminhada para consulta com
veterinário;
12/05/2007 Resultado da Urinálise: Negativo para
infecção bacteriana;
17/05/2007 Resultado do Exame Sorológico para
Brucelose negativo para Bananinha;
17/05/2007 Frontline Bananinha;

22/05/2007 Consulta com Dra. Fabiana;


Ecografia;
Hemograma;
30

23/05/2007 Vermífugo para Bananinha;


24/05/2007 Castração da Bananinha – videocirurgia;
24/06/2007 Diagnóstico de otite para Bananinha –
prescrição de tratamento: Otodem;
04/08/2007 Bananinha vai para sua nova casa, em NH
06/08/2007 Frontline: Bananinha;
3/11/2007 Vermifugação da Bananinha;
Frontline: Bananinha
10/11/2007 Vacinação da Bananinha: leptospirose

DATA/2008
11/04/2008 Limpeza de Tártaro
24/05/2008 Vermifugação da Bananinha
1/06/2008 Vacinação da Bananinha: Polivalente

Tabela 1 Canino, Fêmea, SRD, 4 anos aproximado, castrada. Histórico Sanitário


31

ANEXO B

TESTE PARA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL PARA A/TAA- CÃES

Nome do proprietário:
Nome do cão:
Castrado: Sexo:
Raça: Idade:

TEMPERAMENTO
Teste 1
Deixa ser tocado.
O dono coloca o seu cão no colo, ao lado do avaliador
Reação:
O cão tenta morder ( )
O cão tenta sair do colo ou do lado ( )
A cão fica, mas está incomodado com esta situação ( )
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 2
Deixa ser tocado por estranhos.
O cão deixa ser tocado pelo avaliador, nas orelhas, no corpo, na cauda, na barriga e nas patas.
Reação:
O cão tenta morder ( )
O cão tenta sair do colo ou do lado ( )
A cão fica, mas está incomodado com esta situação ( )
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 3
Escovação.
O cão fica sentado no colo do dono quando escovado
Reação:
O cão tenta morder a mão ou a escova ( )
O cão tenta sair fugir da escova sem ser agressivo ( )
Quer brincar ( )
32

Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 4
Escovação
O cão fica sentado no colo do avaliador quando escovado
Reação:
O cão tenta morder a mão ou a escova ( )
O cão tenta sair fugir da escova sem ser agressivo ( )
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual _________________

Teste 5
Sentado no colo, ao lado do dono, ouve sons diferentes. Bater de palmas, objeto caindo no
chão e guarda-chuvas se abrindo. Tosses e espirros
Reação:
O cão rosna ou tenta morder ( )
O rabo fica pra baixo e quer fugir ( )
Pede colo, carinho ao dono e continua com medo, tímido ( )
Pede colo, carinho ao dono e se acalma ( )_
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 6
Sentado no colo, ao lado do avaliador, ouve sons diferentes. Bater de palmas, objeto caindo
no chão e guarda-chuvas se abrindo. Tosses e espirros
Reação:
O cão rosna ou tenta morder ( )
O rabo fica pra baixo e quer fugir ( )
Pede colo, carinho ao dono e continua com medo, tímido ( )
Pede colo, carinho ao dono e se acalma ( )_
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 7
Chega perto de uma cadeira de rodas/andador/muletas utilizados por uma pessoa.
Reação:
O cão rosna ou tenta morder ( )
O rabo fica pra baixo e quer fugir ( )
Pede colo, carinho ao dono e continua com medo, tímido ( )
Pede colo, carinho ao dono e se acalma ( )_
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 8
Chega perto de uma cadeira de rodas/andador/muleta em movimento utilizados por pessoas
33

Reação:
O cão rosna ou tenta morder ( )
O rabo fica pra baixo e quer fugir ( )
Pede colo, carinho ao dono e continua com medo, tímido ( )
Pede colo, carinho ao dono e se acalma ( )_
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

SOCIALIZAÇÃO
Aptidões necessárias: ficar indiferente (não sentir medo nem ficar agressivo) ou reagir
positivamente com a presença de estranhos, de pessoas e de cães diferentes.

Teste 1
O avaliador se aproxima do dono que está com o cão ao seu lado, e o cumprimenta.
Reação:
O cão rosna ( )
Tenta pular no colo do dono com medo agressivo ( )
Tenta pular no colo do dono com medo, tímido ( )
Tenta pular no colo do avaliador, amistosamente ( )
O cão fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual _____________

Teste 2
O avaliador se aproxima do dono que está com o cão ao seu lado, e brinca com o cão.
Reação:
O cão rosna ( )
O cão se esquiva com o rabo encolhido ( )
O cão tenta pular no colo do dono, com medo ( )
Quer brincar ( )
Fica indiferente ( )
Outra atitude ( ) qual __________________

Teste 3
(Este deve ser aplicado no final, junto com o último teste de obediência )
Andando ao lado do dono, perto de cães desconhecidos
Reação:
Late com o dorso arrepiado e cauda levantada ( )
Tenta ansioso chegar perto do outro cão. Rosna ( )
Tenta ficar perto do dono com a cauda para baixo ( )
Late ou chora com o dorso levemente arrepiado ou não, cauda balançando freneticamente,
tentando se aproximar do outro cão ( )
Continua andando sem dar muita importância ao outro cão ( )
Observação: verificar como o cão reage ao sair dessa situação (respiração, salivação e
comportamento)
Outra atitude ( ) qual ______________

OBEDIÊNCIA
34

Imprescindível: mediante a voz do dono, o cão deve sentar, ficar e obedecer ao comando
“NÃO”. O cão não pode puxar a guia.

Teste 1
O dono dá os comandos básicos para o seu cão lhe obedecer
Reação
O cão senta ( )
O cão fica ( )
Aqui ( )
O cão obedece ao comando não ( )

Teste 2
O cão leva o cão na guia para andar, mudando de direção sob comando do avaliador
Reação:
Puxa a guia levando o dono junto ( )
Tenta cheirar o chão constantemente não observando o dono ( )
Andar sem puxar, mas não muda de direção quando o dono pede ( )
Anda prestando a atenção do dono ( )
Outra atitude ( ) qual _______________

OBSERVAÇÃO: SOMENTO OS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE COMPORTAMENTO


CANINO PODEM APLICAR E AVALIAR OS RESULTADOS DESTE TESTE

Fonte: AIELO, ( 2005).

Você também pode gostar