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~ Clarice Lispector.
CAPÍTULO 1
Mas com o tempo ele mostrou quem realmente era: um animal e nada
mais!
Mas permaneci quieta dessa vez, caso contrário meu pai arrancaria
meus dentes. O jantar não era longe de casa, então levou somente quinze
minutos para chegarmos à frente da enorme mansão, estilo A Casa Dos
Mortos de Vittorio Gratteri, carros e mais carros estavam alinhados no pátio e
percebi que sua mansão era a maior do bairro.
Por que esse babaca quer tanto espaço? Ah sim! Porque ele morava em
um barraco quando criança e agora que enriquece matando pessoas, quer um
prédio só para ele!
Todos vinham até nós com sorrisos falsos, até que Vittorio apareceu
vestido em um terno preto, camisa e gravata pretas, como ele sempre se
apresentava, depois de sua esposa falecer. Vittorio caminhava confiante em
minha direção com aquele ar de bad boy.
Mamãe era uma das amigas mais íntimas de Lorena, e quando ela
estava adoecida, poucas pessoas foram visitá-la. Eu fui com minha mãe umas
três vezes, porém nessas vezes eu ficara assustada com a mulher. Não era ela
mesma. O que deixava minha mãe triste, pois em algumas vezes, Lorena nem
se lembrava dela.
Vittorio piscou e olhou para mim, havia dor nos olhos escuros dele,
mas como um relâmpago não tinha mais nada ali, apenas educação.
— Esse piano é a única coisa que me mantém ao lado dela, toda vez
que algo está dando errado, ou que está me incomodando, eu venho aqui e
toco.
Soltei uma risada e balancei minha mão. — Não precisa. Estou ocupada
com outras coisas.
Ele sabia muito bem que eu não gosto desse homem, a palavra nojo
nem se encaixa pelo o que sinto. Vittorio é um homem volátil, ele não dá a
mínima para as leis e tradições da Família, sempre "brinca" com as mulheres
erradas, sempre fode as mulheres erradas, que são mais conhecidas como
noivas ou casadas. Ele sempre deixara claro pelas suas atitudes, de que,
mulheres são objetos e mais nada. Apenas para satisfazê-lo.
Nunca me encantei por esse homem, mas eu sou uma mulher, e o
desrespeito dele cabia a todas que conviviam ao redor dele.
Então me perguntei, por que meu pai queria que ele conversasse a sós
comigo?
Vittorio enfiou suas mãos nos bolsos da calça de grife e me olhou. Ele
nunca sorrira. — Eu não gosto de rodeios, Belarmina, então serei direto. —
Um calafrio percorreu pelo meu corpo, quando meu nome saiu dos seus
lábios. Eu não sabia o porquê, mas fiquei com medo do que ele estava prestes
a dizer. Então ele falou:
— Seu pai pensou bem a respeito e viu que você já é uma mulher
adulta, terminou os estudos há um ano e agora ajuda sua mãe nas tarefas
necessárias. E também ele notou que sou um ótimo capitão da máfia, mas
preciso novamente de alguém ao meu lado. — Ele respirou fundo, como se
estivesse relutante em dizer.
— Belarmina, seu pai quer que nos casemos, e eu concordei com ele.
— Parei de piscar. Meu mundo tinha caído um zilhão de vezes seguidas, sem
uma parada. A minha cabeça girava furiosamente e gritos ecoavam dentro
dela, gritos meus. Meu sofrimento.
Foi aí que senti o mais puro ódio tanto de meu pai, como também desse
belo homem em minha frente.
Marido.
Desviei meu olhar dos seus, incapaz de dizer algo. Apesar da minha
raiva interna, eu vi nos olhos dele. Vittorio também não queria esse
casamento.
CAPÍTULO 2
Eu não seria vendida como uma ovelha, ainda mais por esse maldito
homem que conheço desde criança.
Vittorio colocou novamente suas mãos para trás das costas e apertou
seus olhos. — Por que eu deveria ir contra os desejos de seu pai? —
Perguntou em voz baixa. — Você sabe que ele, a qualquer momento vai casar
você, Belarmina. Então vamos pensar comigo, se eu por acaso me recusar de
algo que já disse que aceitaria, não seria mais digno de confiança, as pessoas
me veriam como um... Sem palavras e até mesmo fraco. Então, seu pai
simplesmente te arranjaria outro noivo, e vai por mim, seu outro pretendente
era o senhor Benedetto.
Arregalei meus olhos para ele, assustada com aquilo. Meu pai era
maluco? O que se passa na cabeça daquele homem?
— Exatamente, mas o seu pai está tão desesperado para casar você, que
não deu à mínima quando o velho homem mostrou interesses... — Ele me
olhou de cima a baixo. — Carnais para sua bela filha. E acredite em mim, o
homem está torcendo para que eu desista de você.
Antes que eu pudesse colar minha língua no céu da minha boca, era
tarde demais. Dei apenas três passos e segurei os pulsos de Vittorio. Ele era
cheiroso...
— Por favor! Não ouse desistir de mim! Eu me caso com você, tudo
menos aquele velho nojento. — Implorei com minha voz, meus olhos
transmitiam suplicações silenciosas para o homem parado na minha frente.
Uma das mãos de Vittorio subiu até meu rosto, mas ele não me tocou.
Seus dedos seguraram uma mecha do meu cabelo, fazendo-me sentir uma
sensação estranha dentro de mim. Então ele sussurrou: — Sairia correndo
agora se me conhecesse de verdade, Belarmina. Pensaria com cuidado antes
de pedir algo para mim.
Ele soltou uma risada baixa e se endireitou. — Pelo contrário, estou lhe
adiantando de tudo, não gostaria de passar o resto da minha vida com uma
esposa medrosa e encolhida ao meu lado.
Mas pela cara dele, não curtiu minha intromissão. — Não. — Disse
seriamente. — Eu não era assim, foi depois que ela faleceu. — Assenti para
ele e me calei. Falar sobre a sua esposa falecida, era algo delicado para
Vittorio. Então saberia que a partir daquele momento, não tocaria mais no
assunto. Mas por que não? Eu não o veria novamente, eu não me casaria nem
com ele e nem com ninguém! Só que dessa vez, mantive esses pensamentos
somente para mim.
Mordi meu lábio inferior e pensei. Eu queria ter a sorte que seu irmão,
Demétrio teve, mas nem todos a têm. Vittorio estava me propondo algo
considerável, algo que nenhum homem ofereceria, principalmente se fosse
aquele velho, o Sr. Benedetto.
Naquela mesma semana, meu pai tinha chegado bêbado em casa e eu,
estava na cozinha conversando com uma das empregadas e com um dos
soldados animadamente, ele estava contando uma história sua quando
conheceu a garota dos seus sonhos o que me fazia rir alto.
Eu gritei, chorei, pedi socorro e implorei para ele parar, mas meu pai
sempre adorou que suas vítimas implorassem. Aquilo só o instigava mais. Ele
bateu nas minhas costas, bunda e coxas com seu cinto de couro. Quando ele
tinha visto que eu soluçava, não implorava mais, ele me soltou e disse que da
próxima vez me visse rindo como uma prostituta barata perto dos seus
soldados, a surra seria pior.
Essa era a vida que eu levava: um pai sádico abusivo de merda, uma
mãe amedrontada pelo medo – não a estou julgando – e agora, um casamento
com um homem dezesseis anos mais velho e horripilante. Não estou dizendo
na aparência, pois tinha que admitir, Vittorio era um homem muito bonito.
Aquele estilo de cara malvado era curioso, mas ele não era o tipo de homem
por quem eu me apaixonaria e casaria.
Mamãe segurou minha mão por baixo da mesa e a olhei. Seus olhos
verdes transmitiam o mais puro amor. Sorri para ela e devolvi o aperto, pelo
menos eu não estava sozinha naquela merda toda.
Não era essa a vida que queria; ser forçada a algo que eu não conhecia
realmente. O casamento dos meus pais era falso, abusivo e odioso. Eu não
tinha experiências com homens, eu não saberia lidar com um homem adulto,
quase da idade de meu pai.
Parei de respirar. Como ele sabia disso? Vittorio contou? Com certeza
não, pois ele se sentou na mesma hora que eu. Então, quem foi?
— Q-quem te disse...
Papai sorriu abertamente para mim e beijou minha testa, ele se afastou,
porém não tanto quanto eu quisesse.
— Da próxima vez que você dizer coisas como aquelas, eu quebro suas
pernas, sabe que eu não tenho pena. — Ele me empurrou com força contra a
parede e soltei um pequeno grito, assustada. — Que isso nunca mais se
repita, sua vagabundinha mimada. — Sua mão apertou uma vez meu
pescoço, o que me fez engasgar e em seguida ele me soltou.
Vittorio enfiou suas mãos para dentro dos bolsos de sua calça e juntou
as sobrancelhas. — Mas eu não perguntei nada a você, Belarmina. —
Murmurou. Abri minha boca para respondê-lo, mas não sabia o que dizer.
Passei o seu lenço novamente na bochecha e suspirei. — Olha, tenho que
confessar, quando seu pai te arrastou para fora da mesa, eu vim atrás. Fiquei
preocupado. — Ergui meus olhos para ele sem o entender.
Ele não estava mentindo, eu podia ver em seus olhos. — Mais porque
ficaria? — Perguntei em voz baixa.
— Sério? — Perguntei.
Mordi meu lábio sem compreender o que ele estava querendo me dizer,
mas a ideia de sair daquele inferno de casa era tentadora. Fiquei sem dizer
nada, ali parada na sua frente, Vittorio soltou meu braço e foi até a porta,
abrindo-a. — Sem pressa. Teremos uma semana. — Me chamou e passei por
ele, entrando na casa.
Uma semana.
CAPÍTULO 3
Tentar dormir naquela noite, depois do jantar, foi muito difícil para
mim. Eu não queria, mas não parava de pensar em Vittorio. Todos os anos
em que eu o conhecia através dos olhos de outras pessoas, me fez entender
que eu realmente nao a conhecia, pois vi que ele não era realmente um cara
mau, como todos rotulavam. Pelo contrário, Vittorio tinha se mostrado bem
decente para mim, mas eu sabia que ele agira daquela forma, para que eu
aceitasse seu pedido de casamento.
Meu pai não tinha mais tocado no assunto, desde que tínhamos saído da
mansão, em todo o percurso para casa ele ficou calado.
*****
Às vezes ele tem seu lado bonzinho. Mas toda vez que ele mostrava
esse lado, eu me recordava da história do Chapeuzinho Vermelho. Cheguei à
cozinha e avistei Beatrice e Jaquelini preparando o café da manhã.
Elas deram um bom dia e Beatrice me olhou franzida. — Não tão bom
dia, hein? — Riu pela minha careta. — Aposto que o encontro com o Sr
Gratteri não foi muito legal? — Perguntou ela enquanto levava meu café da
manhã até o balcão da cozinha.
Nunca gostei de comer na mesa, meu lugar predileto era aqui, com elas.
Às vezes minha mãe também se juntava a nós. Sentei-me em uma das
banquetas altas e suspirei.
Eu apenas ria para ela e pela cara de Jaquelini. As duas estavam prestes
a entrar em batalha, cada uma com a ideia diferente de Vittorio.
Jaquelini soltou um rosnado baixo e fechou a cara. — Isso não quer
dizer nada, Beatrice! Aparência, riqueza e poder, não são o suficiente para
um homem que queira casar com uma mulher. — Beatrice soltou uma bufada
alta e balançou sua mão, como se não desse a menor importância para as
palavras de Jaquelini.
— Não se preocupe, ele disse que eu poderia sair com ele quantas
vezes Vittorio quisesse. — Soltei um suspiro chateado e caminhei até a porta
da cozinha. — O homem está desesperado. Tenho que ir, vejo vocês mais
tarde. — Me despedi delas e voltei a subir as escadas. Entrei no meu quarto,
peguei minha bolsa e óculos de sol sobre a cama arrumada, depois saí de lá
andando pelo corredor. A porta do quarto dos meus pais se abriu, mamãe
apareceu vestida no seu robe preto de seda, e seus cabelos loiros soltos em
ondas pelos ombros.
Não somente eu, mas as pessoas que passavam pela rua, e até mesmo
os quatro soldados do meu pai estavam impressionados com o carro.
— Belarmina, está linda. — Sorri fracamente para ele, que voltava para
o carro, e abria a porta do carona. Ele me deu um olhar simples e fiz com que
minhas pernas obedecessem meu cérebro. Entrei no carro e babei. Era mais
bonito por dentro!
Vittorio soltou uma risada baixa, ele não pareceu ofendido. — Não
tenho hábito de roubar carros, e muito menos subornar um pobre vendedor.
— Ele sorriu com os olhos e continuou. — Eu comprei mesmo.
— Você tem razão, mas comprei, por um valor mais alto, de uma das
pessoas que o havia comprado e ela aceitou minha oferta. — Murmurou,
olhando para a estrada movimentada e passando o dedo indicador na sua
barba.
Olhei para ele e assenti. — Sim, meu pai conhece umas pessoas
importantes que moram aqui. E ele está pensando em se mudar pra cá.
Por que você está analisando tanto ele? Fale logo o que quer!
Passei a mão no meu cabelo solto e dei de ombro. — Porque não quero
ficar prolongando nada, você viu o pai que tenho. — Justifiquei.
Ele assentiu e não disse mais nada. Saiu do carro e saí junto com ele,
antes que pudesse abrir a porta para mim. — É hora do almoço, venha. —
Ordenou. Fechei minha cara e segui Vittorio na entrada do restaurante
Harvest on Fort Pond. Entramos sem chamar a atenção de vários clientes ali,
já com seus almoços na mesa. Um homem na entrada nos levou até uma mesa
no canto direito do restaurante, perto da porta que levava lá fora. Onde
continha mais mesas e pessoas.
Devlin assentiu e saiu às pressas dali. Abri o menu e não contive uma
risada. — O que foi isso? — Perguntei.
Olhei para cima, querendo que ele dissesse qualquer coisa! — Você me
disse que não queria uma semana, que tomaria as decisões hoje mesmo.
Estou curioso sobre isso. — Certo. Limpei minha boca com o guardanapo
bege e respirei fundo.
— Sim, hum, eu pensei a respeito de tudo isso. — Apontei entre ele e
eu. — Eu não sei por que fiquei agindo como uma louca na noite passada, eu
já sei o que quero. — Vittorio assentiu seriamente e perguntou:
Sorri para ele e segurei meu hambúrguer. — Pois é, mas pensei bem.
Quero sair daquela casa de tortura o mais rápido que eu puder. — Vittorio
meneou a cabeça sem me olhar. Ficamos vários minutos em silêncio, porém,
eu já estava me acostumando com isso vindo dele, por incrível que pareça. Às
vezes eu o olhava discretamente, mas seus olhos nunca estavam em mim, ele
mantivera seu olhar pregado no seu prato e uma pequena ruga aparecera entre
suas sobrancelhas. Porque estaria tão pensativo?
Quando terminamos nosso almoço, Vittorio pediu a sobremesa e em
seguida a comemos também naquele silêncio, bem, para nós, pois o
restaurante estava barulhento com os clientes e a tevê ligada em um jogo no
Superbowl. Ele pagou a conta e saímos do lugar ainda sem falar nada, o que
estava acontecendo? Porque ele não falara? Eu já estava começando a ficar
nervosa com aquilo. Nós entramos no carro ainda em silêncio, eu não sabia
para onde olhar, para Vittorio? Pela janela? Para minhas pernas?
— Por que você está nervosa com o meu silêncio? — Dei um pequeno
pulo de susto e olhei o perfil de Vittorio, ele mantivera os olhos na estrada.
— Uma única coisa. Não fale nesse tom comigo, nunca seja grossa ao
meu lado, eu detesto mulheres desse nível. — Ele não gritara ou muito menos
rosnara para mim, apenas me alertava, mas mesmo com sua voz calma, eu
estava com medo. — Você pode falar dessa forma com seus pais, mas
comigo, não. Nunca fale assim, mesmo sendo na brincadeira. Eu fui claro
com você? — Perguntou abaixando seu dedo. Continuei o olhando com raiva,
mas o medo ainda era presente.
Vittorio arqueou suas sobrancelhas e riu. — Não. Você não entendeu.
— Ele riu sem humor novamente e balançou sua cabeça. — Olhe, eu estou
sendo perto de você alguém que não costumo ser. Eu fui praticamente
ordenado ao meu irmão que lhe tratasse com gentileza, eu não sou gentil com
mulheres, Belarmina. Mas com você eu estou me esforçando, fui educado e
cavalheiro desde ontem à noite. E agora tudo o que te peço, é que, me
respeite também. Eu não pedi para casar, eu também não quero me casar com
você, por mais que seja fodidamente gostosa.
Pisquei algumas vezes e suavizei tanto meu rosto, como minha voz. —
Eu o ouvi claramente. — Murmurei com a voz trêmula. Não era para ela sair
assim.
*****
Aquilo tudo foi ontem de manhã, claro, e eu na realidade não dei muita
importância. Se Vittorio queria minha virgindade, que a tivesse. Nunca me
preocupei com essa babaquice de ser virgem ou não. Era uma grande
bobagem, porém algo valioso aos olhos da Família Lucchese. Se a mulher
antes de casar, já tivesse tido relações sexuais, ela não valeria de nada e o
nome da sua família seria arruinado. Como acontecera com mamma, a
família Niro não é bem vista, principalmente as mulheres jovens dela.
Meneei minha cabeça para ele e cruzei meus braços. Estava intrigada
pela sua aparição.
— Pelo contrário. — Riu meu pai. — Como você não pode tomar
anticoncepcionais, sua ginecologista liberou duas pílulas do dia seguinte.
Tome uma depois da relação e a outra doze horas depois, Vittorio já
consultou sua médica, e você poderá utilizar o adesivo na próxima semana.
— Ele apertou minha orelha esquerda, como de costume as suas despedidas e
se foi. Olhei para os comprimidos na minha mão e foi aí que o pânico me
dominou.
Fui até meu closet e vesti uma calça sknny jeans e uma camiseta
branca, puxei uma mochila vermelha que eu usava para a escola e guardei o
tanto de roupas básicas que eram necessárias, eu as tinha comprado na
semana passada e não entendia o porquê, mas agora sabia que minha
consciência já estava planejando isso tudo. Quando saí de dentro do closet,
olhei diretamente para o vestido, aquele pedaço de pano não poderia sair
impune.
Saí do escritório e fui até a cozinha, eu não saberia como sair, mas se
aquelas incríveis ajudas ainda estivessem presentes, seria salva.
Entrei no cômodo silencioso e quando avistei Jaquelini e Beatrice
sentadas nas banquetas e olhando para a tevê ligada, suspirei de alívio.
Quando elas me viram, se levantaram rapidamente e aumentaram o volume
da televisão.
Jaquelini a olhou com raiva e depois para mim. — Não ouse fazer isso!
Seu pai irá mata-la! Sabe que ele colocará homens para te caçar e...
****
Eu que tinha o direito de escolheu o que era o melhor para minha vida,
e tenho certeza que seria esse!
Jaquelini disse-me que não seria fácil eu viver sozinha, teria que me
virar e ser dependente, mas isso não era um problema, qualquer coisa é
melhor do que estar casada com um monstro. Acomodei-me na cadeira e
esperei dar a hora de embarque, daqui a algumas horas eu realmente estaria
livre.
****
Passaram-se catorze horas e finalmente podia sentir o gosto da minha
liberdade. As 03h35min da madrugada eu estava saindo do aeroporto
internacional de Zurique, cansadamente pelo longo e tranquilo voo. Fiquei na
porta de saída e chamei um táxi, o meu destino, na verdade estava localizado
daqui a 115 km, pois não poderia ficar na Suíça. O táxi parou na minha frente
e nem deu tempo ao motorista, entrei as pressas no carro – foi mais pelo frio
– e disse onde queria chegar.
O homem assentiu para mim e então, seguimos viagem. Mais uma vez.
Não tanto como os de Nova York, Paris, Roma ou assim por diante,
mas era um bom local para dormir e descansar. Entrei no hotel com o saguão
vazio e caminhei direto ao balcão de recepção, dois homens estavam ali
conversando e tomando algo em copos de vidro. Quando me aproximei, os
dois me olharam e sorriram.
— Guten morgen, Fräulein*. — Disse um deles, não sabia a
semelhança exata daqueles homens, pois os dois eram parecidos com aqueles
cabelos loiros, pele branca e olhos claros.
O outro homem sorriu pedindo licença e sumindo por uma porta, olhei
novamente para o homem e li seu nome na roupa verde escura.
— Olá, Felix. Bem, essa foi uma viagem de última hora e eu realmente
preciso de um quarto, mas somente por alguns dias.
Olhei para ele arqueando minhas sobrancelhas. — Hã... hum, uns oito
dias. — Ele digitou no computador.
— Dinheiro. — Sorri.
****
VITTORIO
— COMO ELA FUGIU PORRA? — Gritou Alessi para seus soldados.
Os homens não sabiam dar uma resposta concreta, pois tinha certeza de que
eles não viram Belarmina fugindo.
Ele não era um bom capitão, aliás, ele não era bom em absolutamente
nada. Já se passavam horas, tanto os meus soldados como os de Fellipo,
estavam a procura de Belarmina, eu apenas ordenei para que não ficasse
suspeito, pois realmente, estava pouco me fodendo para aquela garota
mimada. Não queria uma criança como esposa, Demetrio sabia muito bem
disso, mas aqui estou eu! No dia do meu casamento, abandonado pela noiva.
Mas tinha que confessar, o que essa garota fez, foi algo inacreditável.
Fugir facilmente, rasgar o vestido de casamento e ainda por cima deixar uma
mensagem, foi engraçado.
Cruzei minhas pernas pela quinta vez e olhei pela janela. Minha mente
estava intrigada para saber onde Belarmina estaria nesse momento. Em
alguma cidade longe?
Isso era verdade, aquela garota era esperta demais para permanecer na
América.
— Na verdade não, senhor. A última vez que a vi, foi em seu quarto. —
Sua voz tinha falhado no final. — Hã... ela estava se preparando para o
casamento. — Fiquei observando a garota sem dizer uma única palavra. Ela
estava mentindo, era óbvio, mas queria proteger Belarmina. Triste para ela.
— Você tem muita sorte de não ser eu quem vai te castigar, meu bem.
Iriamos nos divertir. — Ele jogou a garota no sofá, que soltou um grito
irritante e depois disse-nos. — Amanhã me mantenham informado. — Sorriu
arrogantemente. Quando Fellipo saiu, fiquei mais a vontade. Sempre odiara
aquele verme imundo e nunca iria entender porque o pai de Alessi escolheu
aquele verme.
— Quero que sua esposa saia também, Alessi. — Columba estava com
o rosto molhado de lágrimas desde que soubera da sua filha, e ainda estava
assim, mas também temia pela sua jovem empregada. Ela me olhou e depois
para seu marido, que rosnou.
Olhei atentamente para os três soldados e fui andando até Beatrice. Ela
estava apertando o tecido do sofá com as duas mãos e me olhava
amedrontada. Era delicioso de ver uma mulher assim, encolhida e assustada
por minha causa.
— Por favor! E-eu ju-juro, não sei onde ela está. — Chorou Beatrice,
histericamente. — Eu não sei, eu não sei. Por favor! — Alessi apareceu com
um espremedor de alho e me entregou; dessa vez ele não gritara.
Soltei uma risada divertida e peguei seu dedo mindinho da mão direita,
ela rapidamente ficou tensa e respirara ofegante. Encaixei seu dedo no
espremedor e olhei para o rosto da garota.
— Tenho uns cinco soldados que estão muito frustrados por não terem
uma mulher há semanas, aposto que Beatrice será uma pérola preciosa a eles.
— Olhei novamente para a garota. Ela estava de olhos arregalados, encarando
seu chefe. Mas não dissera nada, ainda.
— Por favor...
Ela engoliu em seco e fez uma careta de dor. — Eu a levei de carro até
o aeroporto e lá, Berlamina comprou uma passagem para Zurique, é tudo o
que eu sei, não estou mentindo... — Sua voz sumiu e foi substituída pelo
choro. Soltei um suspiro baixo e me sentei ao lado de Beatrice, envolvi seus
ombros com meu braço e a puxei até meu peito, ela estava paralisada,
achando que eu faria algo. Eu queria, mas não iria fazer nada. Estava mais
intrigado com o que a garota finalmente dissera, Belarmina partiu para Suíça?
Que adorável, seria divertido arrastá-la de volta e rir da sua cara, devido ao
seu plano falido.
Belarmina estava longe, muito longe, mas tinha uma coisa que ela não
sabia de mim. Eu adorava caçar, e me excitava com um desafio.
Eu assombraria a vida dela, de uma forma que nem seu pai conseguira.
Eu tinha me envolvido pra valer com todos eles, pois além de nos
tornamos amigos em uma noite dentro de um bar, eles também me ajudaram
com documentos falsos, e me deram uma moradia. Eu ainda estava com uma
boa grana, mas estava um pouco assustada em ficar sozinha.
Tinha dito que meu nome era Claire Clarke, e em nenhum momento
algum deles questionaram se esse era realmente meu nome verdadeiro.
Subi em cima do seu colo e enfiei meus dedos pelo seu cabelo sedoso,
Aaron soltou um gemido e segurou meus quadris com força. — Como posso
me segurar se você me provoca tanto, Claire ? — Sussurrou contra a pele do
meu pescoço. Soltei uma risada baixa e beijei novamente seus lábios,
alternando entre lamber e morder.
— O que você acha de pararmos de nos segurar essa noite? Depois que
chegarmos da Stokker, a gente pode se soltar no seu quarto...
Era uma loucura. Sabia disso, mas queria ter minha primeira vez com
Aaron, como tinha dito a mim mesma, iria aproveitar tudo o que a vida me
apresentasse! E Aaron era uma delas.
Falávamos sobre tudo ao mesmo tempo, sempre fomos assim, então era
fácil você aparecer aqui e nos acompanhar, pois nunca perderia um assunto.
De repente Gisela se levantou, puxando a Sasha e gritou animada.
— VAMOS DANÇAR! — Olhei para Aaron, esperançosa, mas ele
balançou sua cabeça e depois me beijou.
Ela se aproximou mais para não gritar. — Toda vez que elas se beijam
você fica salivando.
Levantei minhas mãos e disse. — Tudo bem! Suas chatas, eu vou, mas
vocês duas vão ter que me dar cem euros. — Elas soltaram um grito animado
e várias pessoas nos olharam intrigadas. Beertje foi empurrando nos três
enquanto sorria maliciosamente.
Sasha me abraçou por trás e sorriu. — Nós sim, mas a Claire não. Que
tal ajudarmos? — Virei minha cabeça para olhá-la quando então aconteceu,
Sasha passou a mão na minha bunda o que, claro, fizera muitos homens ali
gritarem, ela se aproximou do meu rosto e então me beijou. Mas foi um
selinho, e não o beijo que ela tinha acabado de dar em Gisela. Fechei os meus
olhos e deixei minha boca entreaberta, esperando por mais.
— Droga, finalmente vai liberar essa periquita! Ligue para ele, tenho
certeza que vai 1eixa-lo duro de alegria. — Gargalhamos com a piada sem
parar. Essas garotas eram incríveis!
Eu estava morta!
Sie wurden zu trainieren?: Está treinando?
Viel Glück!: Boa Sorte!
CAPÍTULO 7
— Está olhando para mim? — Perguntou irônico. Subi meus olhos para
seu rosto e ele sorria. — Achei que estava curtindo bocetas.
Ele deu um passo na minha direção e foi aí que surtei, soltei um grito,
completamente assustada e esbofeteei sua cara com força, tanto que caí no
chão. Vittorio permaneceu com o rosto virado pelo meu tapa e depois ele riu.
Uma risada alta e forte. Engoli em seco e fiquei o encarando com medo,
estava ferrada! Dessa vez ele me olhou e passou a mão na parte do rosto, que
sofreu o golpe da minha mão.
— Aaron. — Sussurrei.
— Esse cara precisa ser parado pela polícia! Diga-me onde vocês
estão? Eu vou passar o endereço para a... — O celular foi arrancado
bruscamente da minha mão e jogado na parede, o aparelho se despedaçou no
chão e não tive tempo de correr, pois Vittorio me pegou pelo pescoço com
força e me encostou a parede. Soltei um grito, em choque e comecei a chorar
e soluçar.
Vittorio arregalou seus olhos e então me puxou pela minha blusa curta,
gritei novamente, quando ele me jogou bruscamente sobre o colchão e subiu
em cima de mim. — Ah sim, você é minha cadela, que precisa de um bom
adestramento. — Rosnou. Suas mãos seguraram meus quadris e fui virada de
costas para ele, me debati como um animal enjaulado e gritava sem parar,
mas Vittorio não se importou com isso.
— Não era isso que queria?! — Rosnou com raiva. — Não era
exatamente isso que estava dizendo ao telefone para o tal de Aaron? Sua
vagabunda, você ia foder com ele e com aquelas duas vadias?! Responda! —
O tapa na minha bunda veio tão forte, que perdi a respiração com um grito.
Vittorio deu mais dois tapas brutos e depois me virou, para ficar de frente a
ele. Eu não parava de chorar e implorava a ele para parar, mas quando vi seu
olhar alucinado, fiquei quieta. Minhas mãos ainda estavam presas sobre as
suas e minhas pernas imobilizadas pelo seu peso sentado sobre elas.
Olhei para meu top de manga longa e tirei do meu corpo, em seguida,
minha lingerie, fui até a frente do espelho e soltei meu coque. Meus olhos
estavam vermelhos pelo choro e agradeci a Deus por não ter usado tanta
maquiagem.
Fechei meus olhos e respirei profundamente. Então era isso, minha vida
seria destruída por completo, por Vittorio! Lágrimas escorreram pelo meu
rosto por me sentir tão fraca. Por ter falhado comigo mesma.
****
— Você não parecia estar com frio enquanto enfiava a língua na boca
daquelas garotas. — Interrompeu-me com a voz abafada pelo travesseiro. —
O quarto tem aquecedor, pegue o travesseiro e vá dormir logo, amanhã
voaremos de volta para Nova York. — Soltei um suspiro trêmulo e fui até o
lado direito da cama. Deitei-me no chão e segurei o travesseiro macio com
minhas mãos, Vittorio estava acima de mim e eu podia ouvir sua respiração
calma. Já estava dormindo. Encolhi-me como uma bola e fechei os olhos.
Estava fodida com esse cara, ele era sem sombra de dúvidas a minha
morte.
****
Mas como isso? Estava tão cansada assim? Puxei a bandeja para mim,
quando a porta do quarto foi aberta. Vittorio apareceu segurando uma sacola
preta de alguma loja. Vestido, todo de preto, mas hoje ele estava usando
terno, camisa e sem gravata. Bebi um gole do suco de maracujá e mordi um
pedaço de croissant.
Continuei comendo e olhando para ele, sem dizer nada. Não diria
obrigada a esse ogro. Ele me deu um olhar irônico e metido, e depois tirou
seu celular do bolso. Digitou algo ali e colocou o aparelho perto do seu
ouvido. — Partiremos às 11h. Sim, ela acabou de acordar. — Vittorio
assentiu para quem estivesse no outro lado da linha. De repente ele me olhou
de um jeito estranho e franziu o cenho. — Mas porque tão rápido? Eu achei
que... — Ele foi interrompido e trincou sua mandíbula, com raiva.
Cazzo!: Merda!
CAPÍTULO
8
Você não sentiu medo quando enfiou sua língua pela garganta da
Gisela e da Sasha!
— Beatrice foi castigada por ordem do seu pai, ela tentou te esconder
e acabou levando. — intrometeu-se, Vittorio. Quando me virei para ele,
Beatrice correu do meu aperto e seguiu-se para a cozinha. Trinquei minha
mandíbula e quando iria xingar Vittorio, ele saiu de perto de mim e foi em
direção a sala.
Fui atrás dele.
Parei de andar e prostrei na sua frente, tudo o que eu mais queria era
arrancar aquele sorriso podre da sua cara maldita! — E você tem a coragem
de dizer isso alegremente?! Qual o seu problema, seu porco estúpido! —
gritei com os punhos cerrados.
Antes que eu pudesse continuar meu ataque, Vittorio entrelaçou suas mãos na
frente da sua boca e olhou além de mim. Eu sabia para onde e quem ele
estava olhando.
Não ousei olhar para trás, quando escutei sua voz.
****
Vittorio olhou para mim, enquanto dizia a ele. — Não vamos perder
tempo com isso, Alessi. Que tal focarmos na parte em que, talvez, Belarmina
contou sobre nós? — os três homens me olharam. Eu não sabia para qual dos
três encarar, pois o medo não deixava meus olhos parados. — Se levante. —
ordenou, Vittorio. Sua voz não estava dura, mas até um pouco melosa. Ele
queria que eu ficasse feliz com isso? Babaca de merda.
Me levantei do chão lentamente e fiquei ali, parada.
Vittorio caminhou até mim, enquanto dizia. — Você disse sobre nós?
Olhei para Vittorio que, não dizia nada, apenas me olhava de volta.
Encarei meu pai novamente e disse. — E-eu não fiz nada. Só arrumei uns
amigos depois de eles me ajudarem com documentos falsos. Só isso. — meu
pai assentiu e olhou para trás, onde Vittorio estava.
Ele encarava meu pai de uma forma estranha e estava mais perto do
que antes. Não ousei demorar minha resposta. — P-pai, por favor, por favor.
— chorei gaguejando.
— Se você não falar agora, eu vou pedir que Vittorio conte e acredite,
vai ser pior se isso sair da boca de outro. — fechei meus olhos, chorando e
segurando a mão do meu pai, que puxava cada vez mais meus cabelos. Se eu
contar o que fiz ontem, ele me mataria! — Conte, porra! — gritou
balançando minha cabeça.
Papai soltou uma risada alta. — Oh, mas você já está envolvido! É
noivo da minha filha e tomou a frente de tudo para encontrá-la! Eu não estava
lá, mas você sim! Então me conte essa porra logo que já está me dando aos
nervos. — rosnou. Vittorio me olhou mais uma vez e depois aquele sorriso
maldito e horripilante surgiu em seus lábios.
Ele passou a mão na sua barba e então disse.
Cuspi o sangue que escorria pela minha boca e tentei me apoiar com
meu cotovelo no chão, mas estava sem forças. Meu olho ardia pelo soco e
minha cabeça lateja. Olhei para cima e Vittorio estava segurando meu pai, foi
por isso que ele tinha parado com a agressão. Por causa de Vittorio.
— Se for até lá, vai ser pior! — rosnou Vittorio em meu ouvido.
— Foda-se! — gritei.
Meu pai fechou as portas com força e andou até nossa direção. Com
um olhar enlouquecido. — Foda-se?! Você não sabe calar a porra da boca,
não é mesmo? — disse me olhando. Mas ele não tentou me bater. — Você
acabou com o nome dessa Família! DESTRUIU!
Meu pai deu um passo para trás, boquiaberto. — Faça o que quiser
com esse lixo. — sussurrou meu pai para, Vittorio. — Eu já falei com,
Demetrio e ele ordenou que eu não fizesse nada a ela, mas você está livre
para fazer o que desejar. Apenas tire essa vagabunda da minha casa hoje
mesmo! — ele se afastou, atordoado e empurrou as portas com força, saindo
da sala cambaleante e junto com Fellipo, que me olhou com nojo e se foi.
Fechei meus olhos soltando um suspiro de alívio, quando, Vittorio me virou
bruscamente, de frente para ele.
— Sua mentirosa, acha que sou babaca como o seu pai? Acha que sou
criança?! — dessa vez sua voz se alterou. Arregalei meus olhos de medo para
ele. — Então é isso que você quer? Ir embora dessa casa? Então tudo bem,
Belarmina. Seu desejo é uma ordem! — Vittorio me segurou pelo braço e me
arrastou para fora da sala, ele estava andando tão rápido, que se, sua mão não
estivesse me segurando eu cairia umas cinco vezes.
Olhei para ele assustada, e tentei me soltar.
Beatrice e Jaquelini não me olharam sequer uma vez, desde que entrei
no quarto para vestir meu vestido de noiva. Elas mantinham seus olhares
somente no vestido ou no meu cabelo, pois meu pai estava ali na porta, em
pé, nos olhando. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar e implorar por
qualquer um! Mas ninguém dava à mínima, olhei meu reflexo no espelho e
lágrimas escorreram, meu olho esquerdo estava começando a ficar roxo em
volta. Meu lábio inferior estava inchado e com um pequeno corte, tudo
causado pelo monstro do meu pai! Limpei minhas lágrimas e me levantei da
cadeira de frente a penteadeira.
Ele fez um gesto para elas sairem do quarto. Olhei para as duas através
do espelho e engoli em seco. Elas mal me olharam. Quando estávamos as sós,
meu pai entrou no quarto e parou atrás de mim, e pensar que eu me sentia
feliz quando as pessoas diziam que eu era a semelhança desse homem,
quando era criança, agora isso só me deixa enjoada. Ele olhou meu vestido e
fiz o mesmo. Era um vestido de noiva simples, de mangas e busto rendado,
decote pequeno na frente e um maior nas costas em V. Havia também uma
faixa da mesma cor do vestido no meio da minha cintura, com um laço
delicado amarrado por trás. Sua saia era longa e um pouco rodante.
Olhei em seus olhos e não disse nada. Eu não queria dirigir uma
palavra sequer a esse homem. Ele olhou seu relógio e suspirou, estendendo
seu braço direito. — Vamos, está na hora. — Respirei profundamente umas
três vezes de olhos fechados. Eu não tinha mais saída. Esse era o fim da
minha vida. Virei-me para meu pai e ignorei seu braço estendido, passei por
ele sem me importar.
Já que não sou mais sua filha, como ele bem me disse. Então não há
motivos para obedecê-lo. Caminhamos juntos lado a lado pelo grande
corredor da mansão e descemos as escadas escuras, sincronizados. Dessa vez,
meu pai puxou meu braço para o seu e me levou até o jardim da casa. Quando
ele abriu a porta, meus pés paralisaram, eu não conseguia me mover.
Olhei para ele e depois para o jardim. Onde estava Vittorio parado, me
esperando vestido numa calça social cinza, camisa branca sem gravata e
colete da cor da calça. A camisa estava dobrada até a curva de seus cotovelos,
mostrando suas tatuagens. Aquela vestimenta não era exatamente de um
noivo. — E-eu não posso. — Sussurrei. Olhei para Fellipo e Gabrielle, e
depois para o pastor. Esperando nervoso e paciente. Meu pai grunhiu e me
puxou bruscamente para fora da casa, sem dar importância ao meu espanto.
Fui sendo levada a força até a direção dos homens, eu podia ver que
Vittorio estava estranho, como um olhar triste quando viu meu vestido, mas
quando me olhou nos olhos, deu aquele sorriso cretino e bateu palmas a me
ver. O babaca estava mal pela esposa, mas mesmo assim se mostrava um
animal nojento.
Quando paramos perto dos homens, papai deu minha mão a Vittorio
que rapidamente a pegou, firmemente. Ficamos um de frente para o outro e
então o pastor começou.
****
Soltei uma respiração dura e continuei calada. Meu pai parou na minha
frente e me olhou sério. — Não se esqueça de que, você não é mais bem-
vinda na minha casa, mesmo sendo uma Gratteri. Preciso ir, tenho que ver as
novas mercadorias no clube Danger. — Ele se despediu e sumiu pela casa.
— Sabe. — Disse-me com seus olhos fixos no meu rosto. — Seu pai
tinha toda razão quando me disse que você é a mulher mais linda da Família
Lucchese. Você é a mais linda de todas. Mesmo que você tenha feito merda,
me atrai muito. — Vittorio parou na minha frente, olhando para meu decote,
dei um passo para trás, fazendo meu vestido de casamento balançar
suavemente.
— Eu não sou um cachorro, sou uma pessoa. Eu não tenho nada do que
é seu. — Rosnei em voz baixa. De repente acharia que, Vittorio pegaria sua
arma e atiraria na minha cabeça.
Mas ele apenas segurou minha cabeça com suas mãos, prendi a
respiração, até que o aperto de suas mãos ficou mais fortes e então, Vittorio
me jogou na cama. Dei um grito apavorado, quando ele subiu em cima de
mim.
Senti a mão de Vittorio virar meu rosto para ele, mas não ousei abrir os
meus olhos. Ele passou seu dedo indicador onde uma das lágrimas escorreu e
depois suspirou. — Hmm... Isso não me comove senhora Gratteri. —
Murmurou, beijando minha bochecha rapidamente.
Respirei duro e deixei o vestido cair sobre os meus pés, saí de dentro
dele e o empurrei para o lado. Agora eu estava usando apenas um sutiã
branco tomara que caia, calcinha e cinta-liga da mesma cor. Olhei para
Vittorio, mas por incrível que pareça, ele ainda me olhava no rosto.
Arregalei meus olhos para ele e paralisei. Mas Vittorio apenas riu e
continuou. — Eu já vi mulheres nuas. Não precisa sentir vergonha. — Engoli
em seco, pela terceira vez, e fiz o que ele pediu. Abri o fecho do sutiã,
deixando-o cair no chão, não ousei olhar para Vittorio, enquanto tirava com
cuidado, as meias e enfim. Minha calcinha.
— Por que...
— Você é nojento. — Rosnei com raiva. Mas ele não ligou; deu-me um
olhar mortal e fez um sinal para sair do quarto. Respirei fundo e segui
Vittorio pelo corredor.
Quando descemos as escadas e saímos para o pátio da casa, notei que
estávamos as sós. — Por que não há soldados? — Perguntei. Vittorio parou
perto do seu belo carro, abriu a porta para mim e depois deu a volta no
veículo. Entramos juntos e então ele me respondeu.
Achei que ele abriria a minha porta, mas apenas encostou-se ao veículo
e bateu no vidro da janela, fazendo um sinal para que eu pudesse sair.
Em lugar algum! Ele estava apenas encenando para mim. Babaca. Saí
de dentro do carro e fechei a porta. Cruzei meus braços com força, para evitar
o frio da noite, Vittorio estava querendo me matar de hipotermia! Esse era o
motivo de ter ordenado que eu tirasse toda minha roupa.
Encolhi-me dentro do meu sobretudo quente e parei ao seu lado. Seus
olhos escuros estavam fixados na casa.
Que seja!
Balancei minha mão e apontei para uma das casas de vidro. — Hmm...
eu escolho a Atenas.
Caminhei até sua direção e enfiei minhas mãos nos bolsos do casaco.
Respirei fundo e fiz o que pediu. Quando saí, paralisei. Havia uma
piscina de chão imensa, espreguiçadeiras quase parecidas com camas e,
muitas pessoas. Mas não era o fato de ter tantas pessoas em um só lugar, ali.
Mas sim, o que eles estavam fazendo. E eles estão fazendo sexo! Quase todos
estavam fazendo!
Meu corpo paralisou. Eu não sabia o que fazer, a não ser, ficar ali
parada como uma estátua! Várias pessoas de todos os tipos diferentes,
fazendo muito, muito sexo. Olhei para todos os lados, pois ninguém ali nos
notou chegando, havia cinco homens com uma mulher que gemia, e apertava
seus seios fartos com as duas mãos, no outro lado havia três mulheres se
beijando e uma masturbando a outra, dentro da piscina muitos casais, homem
com duas mulheres, homem com uma mulher... os sons eram gemidos, gritos,
risadas e palavras sacanas. Por isso que tinha uma música. Para abafar isso
tudo.
Ele abriu e então mais coisas para me espantar! A luz do quarto era
roxa e dentro do quarto havia dois cavaletes para o corpo de uma pessoa
poder se instalar, um divã e uma cama redonda. Vittorio me puxou para
ficarmos no batente da porta. — Aqui é outro tipo de situação. — Murmurou,
olhando para as três pessoas ali. Eram dois homens altos, nus, e uma mulher
vestida de espartilho, calcinha, cinta-liga e saltos. Toda de preto. Ela também
usava uma máscara, escondendo somente a parte dos seus olhos.
Ela olhou para nós e deu um tchauzinho sedutor para Vittorio. Que
sorriu e piscou para ela. Trinquei minha mandíbula e cruzei meus braços. —
O que estamos fazendo aqui? — Perguntei sem rodeios. Vittorio também
cruzou seus braços e respirou fundo, olhando para o trio.
Olhei para os três e então a mulher beijou um dos homens, ela estava
entre os dois. Um na frente e outro atrás. Eles ficaram apenas se esfregando
uns nos outros, até que a mulher deu um tapa forte na cara do homem por trás
dela. Olhei para, Vittorio, mas seus olhos estavam fixos na cena. Voltei
minha atenção nos três, vi a mulher ordenando o cara que levou o tapa se
deitar na cama. E o outro, ficar de costas para cima, deitado no cavalete. Os
homens obedeceram e se deitaram nos lugares que a mulher ordenou. Ela foi
até o cara deitado na cama e prendeu seus braços com algemas de couro, que
já estavam presos na cama.
Arregalei meus olhos com medo daquela mulher, quando então, ela
olhou para o homem e derramou praticamente toda a cera sobre o pênis do
homem. Ele soltou um grito mais forte e tentou fechar suas pernas, mas a
mulher deu um tapa na sua cara e novamente derramou a cera. Os gritos e
gemidos dele estavam me deixando enojada. Como alguém pode curtir isso?!
É totalmente depravado e desumano! Eu não poderia ficar ali, aquilo era
demais. Se Vittorio queria me assustar, ele conseguiu. Andei lentamente de
costas e completamente assustada. Vittorio olhou para trás e franziu o cenho.
— Belarmina? — Não dei tempo a ele e então corri. Corri para longe
daquilo tudo! — BELARMINA! DROGA! — Gritou Vittorio.
Não olhei para trás, apenas corri e corri. Tanto que meu casaco se abriu
e justamente quando um carro passou, com homens ali dentro. Eles olharam
pela janela e buzinaram e assobiaram. — WOOOL! QUE DELÍCIA,
GATINHA! — Gritaram para mim. Amarrei rapidamente o casaco e virei à
esquina.
Eu não tinha ideia por onde andava, só sabia que estava bem longe
daquela droga toda, que Vittorio me fez olhar. Estava andando
tranquilamente pela calçada vazia e de braços cruzados, para amenizar o frio
que eu estava sentindo. Meus pés estavam machucados, molhados e frios. E
tudo o que eu mais desejava era um banho de banheira e uma confortável
cama. Soltei um suspiro e lufadas de ar saíram pela minha boca.
Fechei meus olhos e me joguei na cama. O que está feito, está feito.
****
— As festas são mensais, então, não vai me ver indo em algum lugar
novamente. — Vittorio tirou seu casaco e caminhou até a porta do banheiro.
— Vou tomar uma ducha para jantarmos. — Ele deu um sorriso trancado e
entrou no banheiro, fechando a porta.
****
A casa de Vittorio tinha no total de sete quartos, dentre elas, três suítes.
Havia três banheiros sociais, uma academia e, também, seu escritório. Tudo
no andar de cima. No andar de baixo mais um escritório, sala de estar, duas
salas de jantar, a maravilhosa biblioteca, uma cozinha belíssima, dois
pequenos e confortáveis quartos para os soldados e a melhor parte: uma sala
de cinema. Tinha feito minhas listas de coisas a fazer e, a sala de cinema, a
biblioteca e a academia estavam inclusas!
A casa dava certo medo, por ser escura e silenciosa, mas era
incrivelmente linda. Quando tinha terminado meu pequeno tour, fui jantar na
primeira sala de jantar com Vittorio. aquela era a menor, pois como ele me
disse, era para nós dois, a outra sala de jantar era para festas, como a que eu
tinha vindo com meus pais e o conheci. O jantar estava maravilhoso, salada,
antepastos, almôndegas com molho de tomate e vinho. A cozinheira sabia
deixar alguém gemendo em cada garfada.
****
Estava tão distraída que quando o olhei nos olhos, Vittorio já estava me
encarando. E ao mesmo tempo tocando, me apoiei sobre o piano e fiquei ali,
escutando. Ele tocava muito bem. Alguns minutos tinham se passado, quando
notei que conhecia o que ele tocava. — Clara Schumann, Trois Romances. —
Murmurei, olhando para seus dedos que se movimentavam sobre as teclas do
piano. Levantei meu olhar e Vittorio assentiu, apenas com um sorriso sem
mostrar seus dentes. Ele continuou tocando magnificamente, poderia até ser
semelhante à própria pianista, pois estava perfeito. Às vezes ele olhava para
suas mãos e outras, me observava com um olhar intenso.
Meus olhos caíram sobre seus lábios e tive que soltar um pequeno
suspiro. Aproximei-me mais dele e fechei meus olhos, pronta para sentir seu
beijo. Até que:
— Com todas. Aliás, você é minha esposa Belarmina, o que você viu
na festa é apenas um divertimento. Ninguém fica com a consciência pesada
achando que traiu o parceiro ou a parceira. No dia seguinte, todos são
"normais" e seguem suas vidas, não coloque na sua cabeça que estou te
traindo. — Assenti para ele, porém, mesmo Vittorio dizendo essas coisas,
minha feminilidade gritava o contrário. Ele poderia dizer que não traía, mas
os meus pensamentos diziam outra coisa.
CAPÍTULO
12
“— Estranho que passa! Você não sabe com quanta saudade eu lhe
olho,
Você deve ser aquele a quem procuro, ou aquela a quem procuro, isso
me vem, como em um sonho, Vivi com certeza uma vida alegre com você em
algum lugar,
Tudo é relembrado neste relance, fluído, afeiçoado, casto, maduro,
Você cresceu comigo, foi um menino comigo, ou uma menina comigo,
Eu comi com você e dormi com você – seu corpo se tornou não apenas
seu, nem deixou o meu corpo somente meu,
Você me deu o prazer de seus olhos, rosto, carne, enquanto passamos –
você tomou de minha barba, peito, mãos, em retorno,
Eu não devo falar com você – devo pensar em você quando sentar-me
sozinho, ou acordar sozinho à noite,
Eu devo esperar – não duvido que lhe reencontrarei,
Eu devo garantir que não irei lhe perder.”
Abri minha boca para parabenizar, mas vacilei. Mas uma vez, Vittorio
tinha me deixado surpresa, ele gostava de poemas? — Não sabia que era fã
dos clássicos. — Murmurei, o olhando. Vittorio sorriu torto e caminhou até a
outra poltrona, de frente para a minha. Ele se sentou e se curvou, apoiando os
braços nas pernas. Como ele sempre fazia me estudou, com seus olhos
escuros e por fim me respondeu.
— Não sou, mas a minha mãe era. — Disse simplesmente.
Vittorio riu mais alto dessa vez, o que me fez sorrir. Ele disse.
“— Serão sons de surpresa
com os curiosos espectros que tua nudez causa
se movendo sobre mim em quanta luz
uma teia pode reter?”
O que?!
Juntei minhas sobrancelhas e me virei um pouco, para olhá-lo melhor.
— Mas... mas porque?
****
Não se esqueça de que, ele mesmo disse que não é mais o mesmo,
desde que Lorena morreu.
Pura verdade. Vittorio tinha praticamente soletrado cada palavra,
quando me contou isso. Que sua humanidade tinha voltado somente depois
que conheceu Lorena. Mas e agora? Ela se foi junto com sua primeira
esposa? Aquilo me deixava dividida, pois nenhum homem ruim levaria sua
recém-esposa para uma viagem de trabalho.
****
— Eu não vou te beijar, Bela. — Murmurou, era a primeira vez que ele
disse um dos meus apelidos. Vittorio se apoiou com um braço em cima do
colchão e olhou meu corpo. — Vamos tirar isso? — Perguntou, mas ele já
estava puxando a coberta de cima do meu corpo. Os olhos de Vittorio
passearam por toda minha pele, era um olhar másculo e faminto. Porque
inventei de usar essa camisola curta?
Porque você quer abrir as pernas para o seu marido. Sussurrou meus
pensamentos
Na verdade, não foi por isso. Foi porque eu quis dar uma boa impressão
para Vittorio. Ele continuou olhando para mim e então me encarou. — Eu
vou ser sincero com você, como sempre fui. — Murmurou ele. Meneei minha
cabeça e Vittorio continuou. — Eu quero fazer um oral em você. — Meu
coração trovejou e paralisou em ouvir ele me dizer isso. Ele... ele queria fazer
sexo oral? Em mim?!
Estava tão petrificada com isso, que acabei assentindo para Vittorio,
sem dizer nada. Se eu dissesse algo, acho que desmaiaria. — Isso vai ser
gostoso. — Murmurou Vittorio.
Vittorio continuou com seu ataque, lambendo toda minha vagina sem
parar. Aquilo era bom demais. Senti uma sensação que subiu da minha
barriga para o meu coração, eu sentia minhas veias pulsarem mais alto, e a
única coisa que fiz foi gemer. Tentei fechar minhas pernas, mas Vittorio as
segurou firmemente e rosnou. Eu não aguentei mais por um segundo e gozei.
Muito. Dentro da boca Vittorio. Segurei seus cabelos com força entre meus
dedos, e balancei meu corpo descaradamente na sua boca. Quando me senti
completamente esgotada, joguei meus braços para cima e deixei minhas
pernas caírem para cada lado.
Vittorio voltou a se deitar ao meu lado e senti sua mão me puxar pela
cintura. Abri meus olhos e o observei em confusão, mas ele me virou de
costas para ele e me abraçou. — Está tudo bem? — Perguntou com a voz
abafada. Engoli em seco e respirei fundo, para acalmar meu coração. Eu
estava me sentindo mais do que bem, super bem!
Vittorio riu mais uma vez e novamente roçou seu pau na minha bunda.
— Impossível não ficar, você é linda. E sobre se envergonhar por ter gozado,
não fique. Eu adorei o seu gosto, muito. — Ele se mexeu atrás de mim e
então a televisão foi desligada, nos deixando no silêncio e no escuro do
quarto. Vittorio me abraçou de novo, senti que ele não estava mais excitado.
— Durma. — Sussurrou em meu ouvido, beijando minha bochecha. Eu não
queria dormir, queria perguntar por que ele estava tão bonzinho comigo. Será
que estava tentando fazer esse casamento dar certo? E porque ele quis fazer
oral em mim? Achou que isso iria me assustar, como aconteceu na nossa lua
de mel?
Eram inúmeras perguntas a serem feitas, mas estar ali, naquela cama,
sendo abraçada e ao mesmo tempo recebendo carinho nas costas, estava bom
demais. Fechei os meus olhos e adormecei com o afeto de Vittorio.
CAPÍTULO
13
****
Estendi minha mão e peguei na sua. — Hã, eu... não entendo italiano,
mas entendi o "bom dia". — Sorri de volta e olhei para Vittorio.
Ele estava de braços cruzados, com uma das mãos mexendo na barba,
escondendo uma risada. Babaca. Vittorio abraçou minha cintura com um de
seus braços e olhou para Cecília. — Belarmina não é de família italiana como
nós dois. — Mentiu para ela. A mulher me olhou com as sobrancelhas
arqueadas, e fez um "ah" de surpresa.
— Que indelicadeza a minha. Vai ser difícil passar esses dias aqui sem
entender a língua, não é? — Fez uma careta de preocupação. Antes que eu a
respondesse, Cecília continuou. — Se você quiser eu posso ser sua intérprete,
é só chamar por mim. — Piscou e sorriu em minha direção. Juntei minhas
sobrancelhas e olhei para Vittorio, que já estava me encarando.
Ele se virou para a mulher e disse. — Acho uma boa ideia, vou estar
muito ocupado com os negócios depois do almoço. Que tal dar um passeio
em Siena com Cecília? — Perguntou Vittorio, me olhando. Fala sério! Eu
nem conheço a mulher, mas eu tinha pegado uma simpatia por ela. Meneei
minha cabeça para ele e sorri satisfeita.
— Vou adorar.
— Interessante. — Murmurei.
Revirei meus olhos e cruzei meus braços. — Não. — Ele deu uma
risada baixa e balançou sua cabeça em negativa.
— Bom, não precisa sentir ciúmes. Cecília é uma boa pessoa, você vai
ver quando estiver a sós com ela. Confie em mim. — Piscou Vittorio.
****
— Foi ótimo, eu gostei muito e obrigada mais uma vez pelo tempo que
tirou para mim, Cecília. — Soltei um suspiro e cruzei minhas mãos em cima
da mesa de madeira escura. — Ele foi resolver uns assuntos de seus negócios,
acho que deve estar acabando. — Cecília meneou sua cabeça e me olhou
pensativa. A jovem atendente tinha chegado com nossos pedidos e os colocou
na pequena mesa. A brisa daquela tarde em Siena estava maravilhosa para
tomar um café! Confesso que estava gostando dessa cidade.
Cecília ficou séria e fez uma cara triste. — Bem, é que esse irmão
somente eu e Vittorio que sabemos. O pai dele teve um caso com uma mulher
qualquer, e ela engravidou. A criança nasceu e viveu até os 13 anos, mas
ninguém da família Gratteri sabia, apenas eles dois. Vittorio descobriu por
que a amante de Ricco meio que o manipulou emocionalmente, ele acabou
conhecendo seu meio irmão, Fabrizio. Era um amor de menino. — Eu estava
boquiaberta com aquela informação. Rico teve um filho fora do casamento?!
Mas que loucura!
— Não, foi antes disso tudo. Essa amante era uma das fixas de Ricco.
Aquele homem sem coração! Enfim, Fabrizio foi morto por uns homens que
seu pai devia dinheiro. Eles o confundiram com Bernadir, que é o filho mais
velho. Fabrizio tinha a mesma semelhança que ele, cabelos loiros, olhos
azuis. Por culpa do pai, o garoto que pagou o preço. — Rosnou
revoltadamente.
Cecília soltou uma risada e assentiu para mim. — Você quer dizer a
parte em que Vittorio é um voyeur?
Por sorte, Cecília estava aqui para me salvar do escuro senão, nunca
descobriria nada sobre ele. Cocei minha cabeça de forma nervosa e engoli em
seco, a fome tinha cessado rapidamente.
Cecília revirou seus olhos e sorriu. — Também. Mas isso foi depois
que Lorena faleceu, ele acabou entrando nessa depois de um cara, que faz
apostas nos cassinos da máfia dizer para ele espairecer por lá. Acontece que
ele acabou viciando. — Murmurou. — Já do voyeurismo, Vittorio sempre
gostou. Não quero ser indelicada e nem nada, mas quando tivemos um
namorinho, eu acabei praticando. Apenas para o prazer dele.
Cecília segurou minha mão por cima da mesa e riu. — Vou fazer uma
festa na minha casa, lá vai ter várias coisas, do voyeurismo ao bondage, mas
como seu marido não curti essa coisa de sadomasoquismo, apenas tente
praticar o que ele gosta. Aposto que Vittorio iria adorar em ver sua esposa
fazendo isso, pois a primeira nunca quis.
Passei a mão nos meus cabelos e olhei para Vittorio, ele esperava
minha resposta pacientemente. — Porque não? Diga a ela que iremos. —
Suas sobrancelhas se arquearam em forma de surpresa. Ele assentiu e pegou
seu celular na outra poltrona.
Uma luz roxa estava no lado de fora da mansão de Cecília, que fazia
você dizer vários "Oh" de uma só vez. Vittorio segurava minha mão
firmemente, sempre me dando olhares de lado, ele tinha comprado um Terani
Couture preto, frente única, com sua saia curta e rodada para essa festa. Ele
era lindo, porém o tamanho não tão agradável. Quando passamos pelos
portões altos, várias pessoas bem vestidas estavam espalhadas na frente da
mansão, pessoas de todas as idades, adultas, alturas, pesos e cor! E todos
sorriam maliciosamente para quem os olhassem.
— Hmm... Isso vai ser novo para mim também, mas eu não sou do tipo
de sentir ciúmes, Cecília.
Ela nos olhou sorrindo e juntou suas mãos. — Já está na hora! Quando
estiverem prontos e só irem ao segundo andar da casa, Vittorio já sabe como
funciona. Espero vocês lá. — Ela piscou para nós dois, e saiu junto com a
mulher, muitas pessoas cumprimentavam Cecília, entusiasmadamente, e ela
sorria e dava beijos nos seus rostos. Quando ela entrou na casa, algumas
pessoas fizeram o mesmo. Virei-me para Vittorio, ele estava distraído com
sua bebida.
E foi aí que estremeci. Foi a pior coisa que já pensei em fazer, nem
mesmo em beijar as garotas me deixou tão assustada como agora, mas para
minha sorte, Vittorio não esperou minha resposta e pegou minha mão, já me
arrastando em direção às portas duplas de vidro atrás da casa. — Vittorio
espera... — Quando entramos, algumas pessoas acenaram e apertaram as
mãos com ele, à maioria das palavras diziam "Benvenuto!" ou "Vittorio, che
gioia!". Eles sequer me olhavam, apenas diziam que estavam felizes em revê-
lo e sorriam, felizmente.
Vittorio parou perto de uma das portas brancas com pessoas na frente
dela. Ele me deu um olhar e pediu licença, as pessoas nos olharam intrigadas
e algumas cochicharam ao ver Vittorio, parecia que todos o conheciam! E
aquilo me irritou mais ainda. Quando estávamos prestes a entrar no quarto, vi
uma faixa vermelha no chão, eu não era tapada. Sabia que, se passássemos
por aquela faixa, entraríamos no jogo.
Segurei firmemente a mão de Vittorio e o puxei antes que entrasse no
quarto, onde tinha cinco casais fazendo sexo na cama, na poltrona ou até
mesmo no chão! Às vezes, as mulheres se beijavam e tocavam em suas partes
íntimas, fazendo os homens se extasiarem de prazer. Ótimo! Vittorio olhou
para mim com um misto de confusão e divertimento.
— Não vou entrar nesse quarto. — Não dei a mínima para as pessoas
que estavam por perto.
Observei discretamente ele, mas seus olhos escuros iam para todos os
lados do quarto. Pelo menos não estava compartilhando um olhar secreto com
a sua ex-namorada! Vittorio pigarreou e de repente foi para trás de mim,
tentei questioná-lo, mas paralisei quando sua mão segurou a minha e a guiou
até o volume que sua calça escondia.
Porra! Ele está duro!
Senti sua respiração no meu pescoço e então um beijo lento. O que ele
estava fazendo?! — Porque está nervosa? É apenas sexo, Belarmina, você, eu
e todos aqui já fizemos isso. — Eu não sabia o significado daquele tom de
voz que ele estava usando, mas algo em mim dizia que ele sabia de algo. —
Que tal sermos os próximos? Entreter todas essas pessoas sedentas por
diversão e desejo? — Perguntou. Seus lábios continuavam provocando minha
pele exposta, e meus pensamentos estavam desorientados! Fechei meus olhos
e engoli em seco, sentindo o membro de Vittorio sobre minha mão, e sua
boca em meu pescoço. Aquilo estava me deixando molhada de excitação.
Ele passou seu braço livre sobre minha cintura e me empurrou devagar,
dando um passo à frente. Eu não conseguia falar, não conseguia nem mesmo
controlar meu corpo, até que virei meu rosto na direção do seu para beijá-lo,
mas para minha decepção, Vittorio levantou sua cabeça e mordeu o lóbulo da
minha orelha, soltando uma risada deliciosa. Arrr... merda.
— Sem beijos, Sra. Gratteri. — Ele segurou meus quadris, com suas
mãos firmes, e me puxou bruscamente até bater no seu corpo, Vittorio se
roçou atrás de mim e soltei um gemido por sentir seu pau, se esfregar várias
vezes na minha bunda. — Hmm... Gemidos! Deve estar molhadinha. —
Sussurrou em meu ouvido. Eu estava enfeitiçada, não conseguia formular
nenhuma palavra, só queria que ele continuasse com o que estava fazendo.
Vittorio deu mais um passo para frente, junto comigo. Eu podia ouvir os
gemidos, súplicas das pessoas que estavam fazendo algo mais intenso do que
eu e Vittorio.
Ele segurou meu cabelo com uma das mãos e puxou minha cabeça para
trás, tive que deitá-la perto do seu ombro direito. Sua voz estava rouca, grave
e diabolicamente sensual. — Você não faz ideia de como eu quero te comer
aqui, nesse corredor e na frente de todos, mas infelizmente é proibido fazer
sexo fora da linha. O que acha de entrarmos na suíte? Vou mostrar a você o
que é um homem de verdade, vou mostrar o que aquele Aaron e aquelas
garotas não mostraram a você, Belarmina. — Quando Vittorio disse-me as
últimas palavras, abri os meus olhos. Imediatamente fui recebida com Cecília
nos encarando seriamente, enquanto uma mulher fazia um sexo oral nela,
sentada na poltrona.
O que eu estava fazendo? O que eu estava fazendo aqui?! Esse não era
o meu lugar, não era. Olhei para o chão e meus pés estavam colados na faixa,
me afastei rapidamente dali e dos braços de Vittorio. Não olhei para trás e saí
empurrando as pessoas na minha frente, não querendo ver o que estavam
fazendo! Os sons, as luzes vermelhas, as pessoas, tinham me deixando
sufocada de medo e desespero. Andei rapidamente para longe dos corredores,
e quando cheguei até a escada, uma mão forte segurou meu braço.
— Vittorio, me solta. — Ele me puxou abruptamente em sua direção, e
me bati contra seu grande corpo. Suas mãos seguraram meu rosto com
firmeza e fui recebida com os castanhos escuros de seus olhos. Ele não dizia
nada, apenas me encarava com as suas sobrancelhas unidas. Engoli em seco e
tentei controlar os batimentos desenfreados do meu coração, quando me senti
um pouco calma, Vittorio falou.
Quando abri meus olhos, Vittorio passou meu dedo nos meus lábios e
sussurrou. — Perfetto. — Tomei uma coragem sacana e coloquei a língua
para fora, lambendo a ponta do polegar de sua mão. Vittorio olhou em meus
olhos e vi aquele fogaréu de desejo luxuriante de volta em seu olhar.
Vittorio assentiu para mim e afastou suas mãos do meu rosto. Uma
urgência para sentir seu toque, se apoderou sobre mim, mas rapidamente os
empurrei para longe. Ele segurou minha mão e fomos até as escadas. — Mas
não para o hotel, vamos à praia. Tem algo que quero fazer. — Meu coração
pulou em expectativa. Deus! O que será que ele quer fazer?
— Não é perigoso?
A cada passo que dávamos na areia macia e fria mais escuro ficava.
Árvores grandes perto da areia balançavam-se com o vento frio da noite.
Aquilo era uma loucura! Por que Vittorio quer ficar aqui? Mordi meu lábio
inferior e mantive a calma, ele é um fodido, mas nunca iria me fazer mal.
Tenho certeza disso. Ele deveria estar bravo sobre minha mentira, mas isso
não o faria perder sua sanidade! Vittorio parou no meio da praia e olhou para
trás, onde tínhamos feito todo o percurso, depois, ele soltou minha mão e
caminhou para perto das árvores em nossa frente. Ele se sentou na areia e
pude ver seu olhar sobre mim.
— Sente-se. — Ordenou.
Vittorio deu um sorriso torto e me olhou. — Por saber que você não
teve nada com aquelas garotas e o tal do Aaron. — Quando ele disse o nome
do Aaron, sua voz aumentou um pouco. Se eu fosse uma maluca, diria que
aquilo era ciúme, mas eu não sou. Fui um pouco para mais perto dele, e seus
olhos estavam focados em meu rosto. Ele continuou a dizer:
Olhei em seus olhos e depois desci para os seus lábios, a luz fraca da
lua me deu esse privilégio.
Mordi meu lábio inferior. — Eu adoraria, mas sempre que você fala
dela, fica triste. — Droga. Não deveria ter dito isso. Vittorio arqueou suas
sobrancelhas e me olhou. Tarde demais. Ele soltou uma curta risada baixa e
em seguida apoiou seus braços nos joelhos.
Vittorio me olhou de lado e piscou para mim. — Era uma tarde bem
chuvosa de uma terça-feira. A primavera tinha chegado, se me lembro, pois
era mês de julho. Eu tinha que ir a uma reunião da Lucchese com a Bonanno,
apenas para apresentar novos membros. Eu era um deles, já estava no círculo
fazia um mês, então fui com seu avô e alguns soldados para a mansão de
Camillo De Luca, onde seria feita a reunião. — Ele me olhou novamente,
arqueando suas sobrancelhas escuras.
"Era Lorena, ela estava tão linda, com um vestido rosa de algodão e os
cabelos soltos. Ela não usava sapatos, ela dizia a mim que não gostava. —
Riu Vittorio, ele estava tão leve falando sobre ela que não se parecia com o
Vittorio que conheci. — Eu não sabia que Camillo tinha uma filha
adolescente, mas deduzi quando vi, porém, como eu era um babaca, quis
provocar ela. Disse para sair de lá e que preparasse um copo de uísque para
mim . — Dei um tapa no seu braço, fazendo com ele risse mais forte dessa
vez.
— Toda vez que tinha alguma festa importante e ela estava presente, eu
a tirava para dançar. Ela aceitava apenas por educação, como me dizia. Sabe
que só danço com você, porque sou uma pessoa muito caridosa. — Ele riu ao
lembrar das palavras. — Ela sempre me fazia rir, mas não me importava com
a marra dela, já sabia que aquela mulher era minha. Foi no aniversário de 17
anos dela que fiz uma supresa. Eu meio que tinha subornado uma das amigas
dela da escola, para que pudesse me dizer o que ela sempre quis, mas não
poderia. Então eu dei esse presente a ela.
Ele me olhou por alguns segundos e sorriu, sem separar seus lábios. —
Um carro. Mercedes, da cor prata. Ela tinha acabado de chegar da escola,
quando viu o carro estacionado na frente da porta da casa dela, com um laço
vermelho no teto. Ficou em êxtase, ela não parava de gritar e pular
agradecendo seu pai, mas quando ela me viu chegando, ficou paralisada.
Camillo rapidamente disse que o presente era meu e não dele. A cara dela foi
a melhor, eu tinha deixado-a, pela primeira vez, sem falas. — Riu. — Eu me
aproximei e disse que queria apenas um jantar e se ela aceitasse, eu nunca
mais a importunaria. Mas tinha dito apenas da boca pra fora, ela estava
radiante pelo presente e então aceitou. Sabe, aquela foi uma noite incrível
para mim, depois de tantos anos apenas observando a escuridão, eu estava
vendo que havia chances para mim.
"Lorena foi perfeita. Contou toda a sua vida, bem entusiasmada, ela era
uma faladora, nunca me dava chances de dizer algo, mas eu gostava de ouvir
sua voz. E naquela noite eu apenas a escutei e tinha notado que estava
apaixonado. — Vittorio passou sua mão direita sobre a barba e suspirou. —
Quando a levei para casa, ela agradeceu pelo jantar e pelo presente, achei que
não teria mais aquela chance íntima com ela, então, ela me beijou. O melhor
beijo inocente, depois, pediu que a levasse para o casamento da sua prima,
como o acompanhante dela.”
Ele continuou. — Depois daqueles dois dias, não perdi tempo. Eu fui
até Camillo e disse que queria Lorena como esposa. Ele e a mãe dela, Mércia,
ficaram felizes, mas a Lorena ficou eufórica, chorou e gargalhou bastante.
Nunca vou me esquecer dos sorrisos, das risadas, dos olhares dela. Eles estão
guardados comigo, em um lugar iluminado dentro de mim. — Murmurou e
depois me olhou. Assenti para ele e toquei no seu ombro, os olhos de Vittorio
estavam tristes, de repente.
— Por que Vittorio? Eu sou sua esposa agora, não qualquer uma. Eu
ando lutando comigo mesma, para não sentir nada por você, mas... eu não sei,
eu só quero sua proximidade. Por favor! — Supliquei em sussurros. Vittorio
estava com as sobrancelhas unidas, me encarando seriamente, eu não fazia
ideia do que poderia estar passando nos seus pensamentos. Ele soltou um
suspiro baixo e tocou na minha bochecha com seus dedos. Meu coração batia
fortemente, será que ele iria me beijar?! Seu rosto se aproximava cada vez
mais perto, deixando um pequeno espaço de sobra, fechei meus olhos
aguardando sua boca sobre a minha, quando o senti beijar meu pescoço.
A decepção veio como um trator para cima de mim, mas quando senti
suas mãos segurando meus quadris e me posicionando no seu colo, perdi o
fôlego. Vittorio segurou meu rosto entre suas mãos e beijou meu queixo, meu
nariz, minha testa e soltou uma respiração perto da minha boca. Aquilo só fez
minha vontade crescer. Segurei seus ombros largos, quando a boca de
Vittorio ficava mais firme sobre a pele do meu pescoço.
— Eu quero.
Ele me olhou por algum tempo e assentiu. Suas mãos foram para as
minhas costas, quando senti o zíper ser aberto, lentamente. Nós não
tirávamos os olhos um do outro, querendo ver à reação de ambos, Vittorio
permanecia sério para mim, quando meu vestido foi aberto. Prendi a
respiração. — Não precisa ficar assim, eu já vi você nua. É linda. — Disse-
me Vittorio com carinho na voz. Aquilo me deixou confortável até demais.
Cada vez que Vittorio saía e entrava em mim, eu gemia mais alto,
mordia o lóbulo da sua orelha, lambia seu pescoço. E aquilo o instigava mais,
pois sua mão apertava cada vez mais os meus pulsos, e seus gemidos
másculos ficavam roucos, misturados com grunhidos.
Eu sabia que não iria gozar daquela vez, pois sentia dor, mas tinha me
enganado. Vittorio sabia como se mover, ele sabia os pontos certos para
serem tocados dentro do meu corpo, então senti a luxúria se formar na minha
barriga, e subir diretamente para o meu coração. Minha respiração se alterou
ainda mais e apertei minhas pernas na cintura de Vittorio.
Mordi meu lábio com força e então gozei, gemendo e gritando palavras
incoerentes. A libertação foi puro êxtase, como se eu tivesse tirado um peso
de todo o meu corpo. E Vittorio continuava a me penetrar, cada vez mais
rápido e agora, me olhando, enquanto eu estava curtindo os finais do meu
orgasmo. — Estou chegando. — Grunhiu entredentes. Tentei soltar meus
braços do seu aperto, mas Vittorio continuou me segurando, e eu sabia por
que ele estava fazendo aquilo. Para não puxá-lo para um beijo.
Bati na sua barriga e ri junto com ele. Levantei minha cabeça e o olhei.
— O que quer dizer com isso? — Perguntei.
Argh...
Vittorio soltou uma risada baixa e olhei para ele. Seus lábios estavam
puxados para um sorriso. — Porque talvez, na noite passada, nós dois
tenhamos trepado aqui na praia? E você está quieta. O que é estranho. —
Piscou. Assenti para ele e soltei um suspiro baixo.
Mordi meus lábios e sorri. — Você, está cheio de "por quês" hoje. Por
quê? — Ele me olhou mais uma vez e rimos juntos, em divertimento. Vittorio
soltou um suspiro e fechou seu MacBook.
Revirei meus olhos e cruzei meus braços. — Quer que solte fogos de
artifícios? — Os olhos de Vittorio se apertaram em forma de reprovação, o
que quase me fez rir. Ele se recostou na poltrona e cruzou seus braços e
pernas.
— Por quê? Você pergunta a todas as mulheres que fode naquelas casas
se gostaram ou não? — Questionei. Eu não queria criar uma cena de garota
mimadinha, mas Vittorio estava agindo como um imbecil!
Ele travou seu maxilar e meu deu um olhar crítico. — Achei que já
tivesse dito a você que não frequentaria mais essas casas, então, por que falar
do passado?
— Ela confiava porque o conhecia bem. Não me venha com esse papo!
— É uma dor eterna, mas eu sei guardar minhas emoções. Mesmo ter
perdido minha mãe, o que foi dilacerante. Com meu pai, não dou a mínima.
Deve estar nesse momento disputando com Lúcifer sobre quem irá comandar
o inferno. — Riu uma vez. Tanto Vittorio, como seus irmãos, odiavam seu
pai. Ricco Gratteri, ele era um homem mau em todos os aspectos, assim
como foi para seus filhos, mas apesar disso, eles sempre o respeitavam.
Assenti para ele e continuei.
Abri minha boca para xingá-lo, mas tomei uma respiração profunda.
Esse homem estava começando a me irritar! — Se não foi ela, então quem
seria? Você, Cecília e seu pai eram os únicos que sabiam disso, Vittorio!
Aonde mais eu saberia? — Vittorio soltou uma risada bem autêntica, e pôs as
mãos sobre os quadris. Ele continuou sorrindo e me olhando. Fodido de
pedra...
De repente, sua ira tinha voltado instantaneamente. — Você mexeu no
meu computador. Leu meus e-mails! E agora quer acusar Cecília? De um
segredo guardado a mais de dez anos?!
— Não vê que a intenção dela foi essa! Fazer com que nós dois
brigássemos?!
Então, sou desviada por uma risada vadia no celular. Cecília suspirou
pesadamente. — Por Deus, Vittorio. Por que eu contaria isso? Um segredo
que estamos guardando há anos e agora, do nada eu contaria para sua jovem
esposa? Isso é uma besteira! — O que?! Essa puta mentirosa! Vou arrancar a
cabeça dela! Quando iria responder, eu mesma a ela, Vittorio levantou seu
dedo indicador e me deu um olhar mortal. Como se eu realmente fosse à
porra de uma cadela!
Se prepare vadia!
O homem ficou em silêncio por alguns minutos e fiquei cada vez mais
ansiosa e nervosa! Quando iria chamá-lo, ele respondeu. — Oh, sì! Sì,
Belarmina! un momento. — Soltei uma bufada de ar, estava me irritando e a
vaca me enrolando! Ela já deveria ter uma noção da minha visita inesperada,
e agora estava deixando suas maquiagens prostradas, para quando eu
esmurrasse a cara dela, seria salva por seus cosméticos! Haha! Cruzei meus
braços e fiquei quase dez minutos ali, parada. Já estava esfriando e minha
consciência dizia para deixar isso tudo de lado, pois seria melhor para mim.
Que Vittorio, não valia a pena. Soltei um suspiro e balancei a cabeça em
negativa.
Dei um passo em sua frente, meus olhos pegavam fogo. — Você tem
problemas? Acha que se passando por vadia inocente vai fazer com que Vi...
— Antes que eu terminasse de dizer, Cecília estendeu sua mão esquerda e
esbofeteou minha cara com força. Soltei um gritinho de surpresa e cambaleei
para trás, Cecília soltou uma gargalhada alta e colocou as mãos nos quadris.
Essa vaca acabou... — V-você me bateu?! — Rosnei de olhos arregalados.
Minha bochecha afetada pelo tapa, estava quente e ardendo. Mas não doeu, já
levei tapas piores do meu pai. Aquilo criou uma ira de dentro de mim, algo
que estava guardado há muito tempo! Eu descontaria toda minha frustração,
nessa vaca italiana!
****
— Como assim?
Olhei para ele com desdém. — Fique a vontade, aliás, tente não acertar
nas minhas unhas. Foi caro para deixá-las perfeitas. — Murmurei. Vittorio
continuou me olhando, como se eu fosse algum tipo de ser humano de duas
cabeças. Eu podia notar a surpresa e admiração nos seus olhos, porém, ele era
tão idiota que achou melhor agir como um homem das cavernas. Vittorio me
puxou pelo braço com força, acabei colidindo contra seu corpo firme. Seus
olhos me encaravam bravamente por um longo tempo, mas ele não dizia
nada. Ele soltou um grito frustrado, junto com um rosnado animalesco, em
seguida me empurrou para longe dele.
****
Acordei com uma mão passeando pela lateral do meu corpo, naquela
noite. Eu estava cansada e muito sonolenta, mas sabia quem era. — Nem
sonhe com isso. — Murmurei através do travesseiro macio. Vittorio rosnou
baixo e segurou minha bunda com uma de suas mãos, enquanto se deitava
atrás de mim.
— Você é a minha esposa. — Resmungou.
Soltei uma risada baixa e tirei sua mão de mim. — Exatamente! Não
uma puta. Por que quer transar com uma mentirosa? — Ralhei para ele.
Vittorio soltou um suspiro alto e ficou em silêncio, me virei para o outro
lado, a fim de olhar em seu rosto, mas seus braços estavam jogados em cima
dos olhos.
Estávamos dentro do seu carro Escalade, indo para casa. Eu sentia seu
olhar sobre mim, mas não ousei encará-lo ou questioná-lo. Estava com tanta
raiva de Vittorio, que minha cabeça rugia de dor. Quando chegamos a casa,
Vittorio parou o carro e rapidamente abri a porta do carona, e saí de lá de
dentro. Dois empregados me cumprimentaram e foram buscar as malas. Eu
queria ir para outro lugar, queria sair daqui. Mas eu não tinha amigos, não
tinha ninguém para correr, eu queria conversar com minha mãe, ou com
Jaquilini e Beatrice, eu sentia falta das nossas conversas e seus conselhos,
mas infelizmente meu pai me proibiu de voltar até lá. Então, eu estava
sozinha.
Ele enfiou uma mão no bolso da calça e sorriu, sem mostrar seus
dentes. — Na verdade, eu iria levá-la para um jantar, mas se quer ir a um
puteiro...
Ah minha porra!
— Hum... Sabe que não sou de pedir desculpas, ainda mais pelas coisas
que você fez. Cecília teve que fazer uma cirurgia no nariz, sabia? —
Murmurou. Segurei uma risada e me engasguei com ela, pensei que Vittorio
ficaria com aquele olhar de maluco, mas ele estava bem ocupado, acariciando
meus cabelos. Coloquei o salgadinho de lado, e apoiei minhas mãos na
bancada preta.
— Deveria ter mais cuidado com o que fala e com quem fala Sra.
Gratteri. — Alertou. Vittorio passou seu polegar nos meus lábios e
continuou. — Temos reservas para o Delmonico's às 20h. Compre um vestido
lindo depois do almoço. — Seus lábios estavam tão próximos aos meus, que
podia sentir seu hálito, quente e cheiroso, batendo na minha pele. Tive que
engolir em seco umas três vezes para manter minha sanidade, pois faltava
pouco para arrancar suas roupas, ali mesmo na cozinha.
Quando Vittorio tinha ido, fechei meus olhos e puxei uma das
banquetas altas em seguida, para me sentar. Aquele filho da puta arrogante,
sempre me deixando louca! De raiva! Claro, sua autoconfiança me irritava,
pois ele estava totalmente certo, mesmo me sentindo traída pelo o que
Vittorio disse e fez, sobre Cecília. Eu me sentia atraída por ele e era uma
atração tão forte, que me assustava às vezes. Soltei um choramingar alto e
tombei minha cabeça na madeira.
Estava ferrada!
CAPÍTULO
18
****
Eu ainda estava confusa pelo fato de saber que Vittorio me encontraria
em Buffalo, e no San Marco! Passei os dedos sobre minha testa e trinquei
minha mandíbula. — Por que esse idiota quis aqui? — Perguntei ao pobre
Saúl. Ele me olhou de relance e gaguejou sua resposta, mas apenas levantei
minha mão e revirei os olhos. — Obrigada pela informação. — Resmunguei.
Destravei o cinto de segurança ao mesmo instante em que Saúl dizia:
— Seu chefe deveria ter vindo até aqui! O que ele está tramando?! —
Rosnei a minha pergunta.
O que Vittorio tinha que fazia essas mulheres virarem umas vacas
malucas?! Revirei meus olhos e caminhei pelo ambiente, um homem estava
no pequeno palco, sentado no banquinho, tocando uma melodia no piano.
Enquanto, as pessoas jantavam, murmuravam, riam e observavam o homem.
Tive que olhar por alguns minutos, até que encontrasse Vittorio, pois o
lugar estava abarrotado de pessoas. Ótima noite para vir jantar! Por que esse
babaca não escolheu um restaurante da capital?! Arrr. Ele adorava me irritar.
Virei minha cabeça para cada lado, até que então, avistei o que procurava.
Longe de todos. Bem no fundo do restaurante, uma parte que se encontrava
mais escura que todo o ambiente.
Mordi meu lábio inferior e olhei para ele. — Por que estamos em
Buffalo no San Marco e nossa mesa é quilômetros longe de todos? — Os
olhos de Vittorio me avaliaram, mas depois sua atenção voltou para o homem
que tocava o piano. Ele pegou a garrafa de vinho de dentro do balde com gelo
e se serviu, em seguida, despejou o líquido em minha taça.
— Vá à merda. — Murmurei.
Cruzei meus braços e fechei minha cara para ele. O fodido estava
zombando de mim! — Exato! Ficar em casa estava sendo bem melhor! Por
que nos trouxe para cá?! Eu detesto lugares de qualquer cidade de Nova
York, que tenha vínculos com a máfia, porra! — Os olhos de Vittorio se
acenderam e novamente ele soltou uma risada, só que dessa vez um pouco
mais alta.
Fodido mental...
****
— Conversei com a Dra. Liz, essa tarde. Ela disse que enviará os
adesivos amanhã para você. — Comentou Vittorio, de repente. Olhei
lentamente em sua direção com as sobrancelhas arqueadas.
Era uma maravilhosa situação para ironizar. — Oh! Então vai ter mais
fodas? Será que a próxima vai ser um ménage? — Ele me olhou
ameaçadoramente, enquanto eu voltava a minha sobremesa com um
sorrisinho. Por que eu precisaria de proteção? Não iria transar com ele até que
pedisse desculpas, pelo o que houve em Siena! Aquilo tudo foi absurdamente
ridículo!
Sério?! Arrrrr.
Entediado? Logo esse cara? Haha! Pisquei algumas vezes, para sair
daquela teia de excitação e olhei em volta, o lugar estava menos cheio. — Por
que não vamos embora...
Mordi meu lábio e questionei. — Quem deveria fazer algo por alguém
aqui, é você. Não eu. — Retruquei de mau humor.
Mas Vittorio, como sempre não deu importância. Ele passou a mão
livre na sua barba e depois pigarreou. — Tudo bem. O que você quer? —
Como é? Suas palavras tinham me deixado tão surpresa, que uma pequena
risada escapou dos meus lábios. — Se não me disser logo, vamos embora. —
Alertou Vittorio com um olhar ameaçador. Sério? Esse cara gostava tudo do
jeito dele.
Soltei uma bufada de irritação e me concentrei. Eu sabia o que ele
queria, mas não sabia o que eu estava querendo. Até que...
Esperei por algum deboche ou até mesmo aquela risada sarcástica, mas
nada veio de Vittorio. Tomei a coragem e olhei para o lado, onde ele estava.
Seus olhos estavam sobre mim, me encarando de uma forma selvagem. De
excitação. E aquilo me deixou mais molhada do que eu estava. Engoli em
seco umas quatro vezes, esperando algo de Vittorio. Quando estava prestes a
desistir dessa loucura, ele tirou seu braço de trás de mim.
Eu me irritava quando ele surgia com essa voz autoritária, mas nesses
momentos eram impossíveis não resistir a essa voz grave. Olhei em nosso
redor, onde todos estavam entretidos em suas refeições, conversas ou até
mesmo no pianista. Encarei Vittorio e fiz o que ele tinha me ordenado, abri
minhas pernas, escondidas de baixo da mesa, respirando ofegantemente com
isso. Ele me deu um olhar cúmplice e sorriu disfarçadamente, até que sua
mão estava na minha coxa e ele não deu tempo para que eu pudesse
raciocinar, o que estávamos fazendo.
— Meu pau está se contorcendo aqui. Quem será que está sofrendo
mais? Você, com meus dedos dentro da sua boceta ou eu? Com a porra do
pau intocado?! — Rosnou sussurrando. Enquanto ele me dizia aquelas coisas,
a pressão do seu polegar no meu caroço inchado ficara mais forte. Assim
como seus longos dedos sobre mim. Fechei meus olhos e abri mais minhas
pernas, ao mesmo tempo, deitando minha cabeça no seu ombro.
— Vittorio... — Gemi.
Quando iria dizer algo obsceno, uma voz fez com que todo o sangue do
meu corpo fosse drenado! — Vittorio! Quanto tempo meu genro. — Abri
meus olhos e me afastei de seu ombro. Quando olhei para cima, meu pai
estava ali de pé parado e acompanhado, mas não era minha mãe e sim uma
das amantes. Meu coração batia tão depressa, que pensei que morreria ali
mesmo. Com os dedos do meu marido dentro da minha vagina, no
restaurante, meu pai e sua amante a minha frente!
Tentei tirar a mão de Vittorio, mas ele bombeou com mais força. Bati
minha mão em cima da mesa, para conter um gemido alto. — Tudo bem meu
amor? Você está vermelha. — Disse ele com tom carinhoso e preocupado.
Vadia suja...
Eu tinha compaixão da minha mãe. Muita compaixão mesmo.
Eu estava tão excitada, desnorteada pelo tesão que disse uma bela
verdade. Algo que sempre quis dizer ao meu pai. — Oh sim! Todos nós
dizemos merdas no decorrer da vida, papai. — A mulher loira ao seu lado
soltou uma meia risada, o que fez meu pai lhe enviar um olhar ameaçador.
Ela rapidamente ficou calada e abaixou sua cabeça.
— O que quer...
Antes que eu terminasse minhas palavras. Vittorio tirou seus dedos de
dentro de mim e velozmente me puxou para o seu colo. Olhei assustada para
o restaurante, porém todos estavam ocupados demais consigo mesmos. —
Acha mesmo que vou sobreviver até chegar à Nova York? — Perguntou
sussurrando em meu ouvido. Senti sua mão puxar minha calcinha para o lado
e seu outro braço me envolver na cintura, me erguendo de seu colo.
Deitei minha cabeça no seu ombro e mordi o lóbulo da sua orelha, mas
ele permaneceu parado e olhando a apresentação. — Vittorio... e-eu vou
gozar. — Gemi. Vittorio soltou um grunhido e beliscou meu botão inchado,
fazendo-me sobressaltar no seu colo, o que fez seu pau entrar e sair.
Mordi meu lábio inferior com força para conter um grito excitado e
gozei. Libertando-me tão prontamente que fizesse meus musculosos
paralisarem! Quando estava de volta, Vittorio deu mais uma estocada firme,
em seguida encostou sua testa nas minhas costas. Soltando um gemido. Os
aplausos acabavam aos poucos e as pessoas voltavam a sentar. O que fez
Vittorio, me tirar de cima dele e me colocar de volta ao sofá.
Olhei para ele que fechava sua calça e respirava profundamente várias
vezes, sem desviar seus olhos de mim. Busquei pelo garçom que nos
observava há minutos atrás, mas ele não estava mais lá. — Ele estava nos
observando. — Falei e olhei novamente para ele.
Tinha que admitir. Aquele sorriso estava sendo um dos meus favoritos.
— Era. Por isso que gosto de vo... — Vittorio juntou suas sobrancelhas
e desviou o olhar de mim. — Enfim. Continuo no voyeurismo, mas apenas
observo outras pessoas e também gosto que me observem como aconteceu
hoje. — Piscou. Assenti para ele e fiquei quieta. Foi eletrizante o que houve
naquele lugar. Sexo em público, o garçom nos observando, a adrenalina do
grande susto, quando meu pai tinha aparecido. Todas aquelas coisas tinham
me deixado excitada e querendo cada vez mais. Agora eu entendia Vittorio,
bem, um pouco.
Quando o vi fechando seus olhos, continuei. — Além disso. O que mais
gosta? — Vittorio continuou com seus olhos fechados e sorriu pequeno.
****
Será que é por que ele a ama com todas as forças? Sua estúpida!
Arr. Sim, era isso. Óbvio. Mas me incomodava e muito não gostava de
vê-lo assim.
Balancem os sinos!
Eu não sabia o que lhe responder, ficou difícil de dizer qualquer palavra
para Vittorio, nesse momento. Continuei o encarando, ainda boquiaberta com
a notícia. A vadia tinha então, contado toda a verdade? Depois de semanas?!
Bem, pouco me importava aquilo, ela não era o assunto especial daqui.
Vittorio continuou me olhando franzido.
Dei alguns passos e exclamei. — Que se foda essa droga toda! Você
deveria sim ter confiado em mim! Não em uma vaca que inventou de fazer
um swing na casa dela, quando viu você pela cidade, e não me diga que não
foi isso, porque foi. Ela é obcecada por você e tentou acabar comigo,
colocando-o contra mim e deu certo! Eu tenho todo o direito do mundo em
sentir raiva e não querer perdoá-lo, pois o que você fez não há desculpas.
Estou cansada disso, as pessoas fazerem suas merdas e depois me pedir
perdão e achar que eu sou obrigada a perdoar! — Quando terminei meu
pequenino discurso revoltado, Vittorio, que estava abrindo uma das portas de
vidro, parou. Ele olhou para mim e disse.
Então eu fiz o que sempre fazia, ergui minha cabeça e desafiei seu
olhar lunático e desprezível. — POR FAVOR, FAÇA ISSO. OU ENTÃO
MELHOR, ARRANQUE MINHA CABEÇA! QUALQUER COISA DO
QUE SER UMA CADELA PARA VOCE! — Gritei e ficando na ponta dos
meus pés, para chegar perto o suficiente do rosto contorcido de raiva do
Vittorio.
Ele segurou meu pescoço com uma das suas grandes mãos e apertou,
mas continuei parada, desafiando-o. Então ele disse-me. — Pode ter certeza
de que você será a minha cadela e fará tudo o que eu quiser. Irá deitar; rolar e
calar a PORRA DA BOCA. — Esbravejou. — Nunca mais fale dela! E
acredite em mim, você jamais será como Lorena, você não é nem a metade da
mulher que ela foi! — Vittorio me empurrou com força, fazendo-me bater
contra a mesa. Ele se virou e saiu do jardim, abrindo uma das portas com
tanta força, que acabou batendo na coluna e quebrando-a em estilhaços.
****
Deveria ser pelo marido volátil que tenho. Fiquei esperando os passos
se aproximarem quando o rosto de Vittorio apareceu, soltei um suspiro
chateado, voltei a me sentar e voltar a cuidar das rosas, porém observei de
relance, Vittorio andando tranquilamente em minha direção. Ótimo.
— Estou sentindo que estou sendo ignorado e eu sei que mereço isso.
— Suspirou. Não dei ouvidos ao seu sarcasmo idiota então, Vittorio
continuou chegando mais perto e dizendo. — Não estava muito à vontade no
trabalho, então voltei para casa. — Acrescentou, ele.
CAPÍTULO
20
Vittorio virou sua cabeça para a lado e sorriu, aquele sorriso cretino e
fodidamente tentador. — Diga-me você, esposa. — Respondeu.
Mordi meu lábio inferior e olhei todo o seu corpo. Eu ainda estava
brava com ele, porém, não a ponto de descartar uma foda que ainda por cima,
eu que estaria no comando. Vittorio não parecia nervoso e nem nada do tipo,
então obviamente que ele já fez isso muitas vezes. Deixar uma mulher
comandá-lo. Levantei minhas mãos e as passei em seus braços firmes e
musculosos. — Hmm... Tire o paletó e sua camisa... lentamente. — Ordenei
com uma voz firme, porém doce. Vittorio não hesitou um segundo e já estava
se livrando de seu paletó. Enquanto ele tirava a camisa de dentro da calça, dei
a volta e parei na sua frente, seus olhos não saíam de mim a cada botão de
sua camisa preta, que era aberta por seus dedos.
— Quem está no comando sou eu, então não lhe diz respeito o que
tenho que te dizer. — Vittorio permaneceu calado e apenas assentiu com sua
cabeça. Dei a volta novamente e parei de frente a ele. — Então, só tem duas
cicatrizes? Uma aqui... — Passei minha mão na sua barriga, onde uma longa
cicatriz fina se destacava. — E a outra aqui. — Subi minha mão e toquei
acima da sua sobrancelha esquerda. Seus olhos escuros se atentavam a cada
toque meu, porém, Vittorio assentiu. Passei a língua em meus lábios
lentamente e me afastei. Eu não sabia o que fazer, realmente, tinha feito
pesquisas, porém foram pesquisas simples, apenas para eu ficar a par disso
tudo. Andei até a janela do quarto e segurei as pesadas cortinas vinho em
minhas mãos. Dei uma olhada lá fora e depois as fechei, fiz o mesmo
procedimento com as portas da sacada deixando o quarto no escuro. Estava
alguns meses dormindo naquele quarto, mas sabia exatamente onde andar no
meio da escuridão, pelo grande cômodo. Vittorio estava a oito passos longe
de mim. Caminhei até que estivesse perto, mas não tanto, e parei.
— Muito...
— Onde? — Sorri.
Merda!
Arqueei minha sobrancelha direita e dei dois passos para trás. Olhei
Vittorio de cima a baixo, enquanto passava a língua no meu polegar, seus
olhos seguiam o movimento, mas o interessante é que ele continuava ali,
parado, obedientemente. Joguei meus cabelos para trás e ergui meu queixo.
— Se agache e tire seus sapatos e meias. — Vittorio juntou suas
sobrancelhas, mas rapidamente se agachou, e começou a se desfazer do
sapato do pé direito. Caminhei até ele e parei ali, bem na sua frente.
Eu não sabia o que estava prestes a fazer, mas faria! Para o meu prazer
e o dele, também. Apoiei meu joelho no seu ombro esquerdo e senti Vittorio
se paralisar, mas também rapidamente continuou sua tarefa. Sorri de olhos
fechados e passei minhas mãos no meu pescoço, descendo até os meus seios,
estimulei meus mamilos e os belisquei, deixando-os duros e no ponto certo.
Depois disso, desci minhas mãos em minha barriga, e uma delas foi para o
meio das minhas pernas. Quando toquei no meu clitóris, soltei um gemido
baixo.
— Quero. — Respondeu.
Soltei uma risada excitada, gemi quando enfiei dois dedos, para dentro
de mim. Subi minha outra mão até meu seio, apertando-o firmemente. —
Termine de tirar suas calças, mas ainda abaixado no chão. — Disse ofegante.
Vittorio abriu seu cinto e o botão da calça, sem desviar seus olhos de mim,
ele abaixou a calça, e habilidosamente tirou a roupa de uma perna e depois da
outra. Em seguida jogando-a para longe. — Bom garoto, entendeu que eu o
queria de cueca. — Sussurrei.
Vittorio sorriu torto e olhou mais uma vez para minha parte íntima. Ele
estava se controlando para não enfiar sua cara no meio das minhas pernas, eu
podia ver isso. Continuei bombeando meus dedos para dentro e para fora da
minha boceta, soltando pequenos e baixos gemidos. Meu joelho ainda estava
sobre o ombro de Vittorio, e eu sentia sua tensão em saber que não poderia
me tocar. Depois de alguns minutos, abri meus olhos e tirei meu joelho de
cima de seu ombro. Vittorio me encarava com brilho em seus olhos, como se
fosse um garotinho parado na frente de um pote de doces, mas que estava
proibido de tocar.
Seus olhos olharam de mim para meus dedos na sua frente. Ele me
olhou mais uma vez, no mesmo instante em que abriu sua boca, engolindo e
chupando meus dedos, às vezes eu sentia seus dentes arranhando minha pele,
o que me fazia gemer. Vittorio fechou seus olhos e quando lamberia meus
dedos, me afastei rindo.
— Não, Belarmi...
— Me perdoe.
Vittorio olhou no meio das minhas pernas separadas e depois para mim.
— Por favor, minha deusa, me perdoe pelo erro que cometi. — Aquilo tinha
convencido até um morto! Abri um largo sorriso, e passei meu dedo em seus
lábios entreabertos. Vittorio soltou um gemido baixo e suspirou. As pupilas
de seus olhos estavam dilatadas, e era exatamente assim que o queria.
Faminto. Desesperado por mim!
Tirei meus dedos da sua boca, e depois os passei nos meus lábios. —
Um assassino mafioso, ajoelhado na minha frente e implorando perdão. —
Sussurrei. — O que eu faço com você, Sr. Gratteri? Me peça o que você quer.
— Não esqueça que aqui não é uma sessão de O Império dos Sentidos e
eu já ganhei o meu perdão. — Lembrou, dando uma piscadela. Soltei um
suspiro e me endireitei no seu colo.
Ah que delícia...
Olhei para cima e me deparei com Vittorio me observando, com um
olhar excitado. — Continue me olhando. — Sussurrei. Segurei seu pênis
ereto, delicadamente em minha mão e beijei sua ponta. Vittorio soltou um
som másculo e senti seu corpo relaxar. Levantei minha mão para cima e para
baixo lentamente, passando o polegar na ponta e espalhando o brilho em todo
seu pau. Abaixei minha cabeça, sem desviar meus olhos do dele e engoli seu
pau, Vittorio jogou a cabeça sobre o travesseiro e soltou um gemido baixo,
continuei chupando lentamente e deixando minha saliva se espalhar pelo seu
pênis. Lambi toda a extensão e circulei a ponta com a minha língua, deixando
seu corpo se contorcer devagar abaixo de mim. — Está gostando? —
Perguntei e beijei suas bolas, Vittorio soltou um grunhido e não respondeu.
Não precisava, estava nítido que ele curtia isso.
Seus olhos se voltaram sobre mim, quando passei meus lábios e língua
no seu pênis, a textura era delicada, deliciosa em minha boca. A cada toque
que lhe dava, Vittorio se mexia e fazia um som erótico. Engoli todo seu pau
para dentro da minha boca, deixando até que batesse na minha garganta.
Gemi com a sensação e chupei devagar, não forte. Não queria machucá-lo.
Vittorio respirou ofegante e gemia sem parar, um gemido baixo e provocador.
Suas pernas, às vezes, balançava-se no momento em que ele fazia uma careta
de dor, eu podia ver e sentir com a minha boca. Ele estava chegando.
— Você tem razão, mas quem faz as regras sou eu. Você que me deu
esse poder, Sr. Gratteri. — Esclareci sussurrando. — E tem mais, eu
perguntei como você se sentia e você me respondeu que estava muito
satisfeito, então. Terminamos o que queríamos, agora vou tomar um banho.
— Eu queria mais do que ele, senti-lo dentro de mim. Mas estava brava com
Vittorio e queria a todo custo, frustrá-lo! Mesmo que sobrasse para mim.
Quando entrei debaixo do chuveiro, ele continuou ainda parado me olhando,
em seguida suspirou, trincando a mandíbula e saindo do banheiro. Contive
uma risada e pulei por dentro. Eu sei que não fiz cem por cento o que ele
gostava e queria de mim, mas fiz o que me deu prazer e isso era o que mais
importava.
****
****
— Não estamos jogando, Vittorio. Vamos ser nós mesmos dessa vez.
Somente essa noite. — Declarei sussurrando e acariciando sua barba. Vittorio
assentiu para mim e envolveu minha cintura com um braço, com a sua outra
mão livre, ele abaixava sua calça de dormir. Olhei para baixo no instante em
que seu pênis saltava livre e duro. Não esperei que ele me guiasse, me ergui
um pouco e segurei seu pau na minha mão. Olhamos-nos olhos quando desci
lentamente, sendo invadida pelo seu membro duro, Vittorio segurou meus
quadris e gemeu, quando tinha entrado completamente em mim. Segurei mais
uma vez seus ombros e comecei a cavalgar, lentamente, pois eu queria senti-
lo mais que tudo. Gemi alto, quando Vittorio me empurrou em direção a seu
pau, com força, fazendo tocar em uma parte mais que sensível, abri meus
olhos e fitei seus olhos escuros. Eles eram lindos, aquele olhar me deixava
tímida, corajosa, sensual e desejada. Um olhar que toda mulher merece
receber de um verdadeiro homem!
Soltei um suspiro e envolvi seu pescoço com meus braços, escondi meu
rosto sobre um deles, apenas deixando meus olhos a vista, pois sentia uma
necessidade absurda de chorar, porém, não o fiz. Vittorio respirou fundo e
então, senti seus braços me envolverem e sua cabeça se encostar sobre mim.
Eu queria perguntar o que estava acontecendo naquele momento, mas não
precisava. Nós dois sabíamos e teríamos que dar um jeito de afastar aquilo.
Peculiar.
É o que ela acha, mas eu não. A lembrança me faz sorrir e tenho que
fingir que estou passando a mão na barba, quando olho para cima, eu vejo os
mais belos pares de olhos me observando curiosamente. Cor de mel. A mais
linda. Admiro cada parte do seu suave rosto, nariz fino e arrebitado, lábios
um pouco fino em cima e mais carnudo embaixo, rosto fino e feminino. E
aqueles olhos que me deixam estático, aqueles olhos fazem com que eu me
sinta vulnerável, o que é uma novidade. Lorena arqueia uma de suas
sobrancelhas finas e sua boca se puxa para o lado, um sorriso se forma. É aí
que não ouço absolutamente mais nada! Eu sinto como se estivesse somente
nós dois naquela mesa, naquele cômodo, naquela casa, nesse mundo.
E isso faz com que eu perca o fôlego. Eu a amo; sei disso. Estamos
casados apenas há dois meses. Mas hoje, nesse jantar eu tive a certeza
definitiva. Eu amo Lorena Gratteri. Amarei para sempre.
****
Olho para o lado e a primeira coisa que vejo, é o mundo lá fora. Estou
na sacada do meu quarto em uma tarde ensolarada. Hoje, mais uma vez, dei
uma bela desculpa a Fellipo somente para ficar com Lorena, eu detestava
imaginá-la nessa casa, completamente sozinha sem mim. Quando viro minha
cabeça para o interior da suíte, encontro Lorena na frente da bancada da
cozinha, vestida em um avental para proteger suas roupas e mexendo uma
colher de pau dentro de uma vasilha branca. Puxo uma das banquetas e me
sento, para apreciar o momento.
Olho faminto para ela e choro mentalmente pela dor que começa a
crescer no meu pau. — Lorena! Você vai gostar, é maravilhoso. — Asseguro,
apertando com a mão meu pênis, escondido pela calça, tentando aliviar.
Aproximo meus lábios dos seus e a beijo com todo o meu amor. Por
ela.
****
Eu sei o que ela quer dizer e sei que a resposta é não. Faço uma cara de
sarcasmo e rio baixo, para não chamar atenção. — Definitivamente não.
Demétrio não vai se casar tão cedo, acredite. Ele é o mais puto.
— Por que você não age como um ser humano? Não fale as primeiras
letras de um palavrão, fale o palavrão. Puto. — Provoco, dando uma
piscadela.
Lorena se engasga com uma risada e envolve meu pescoço com seus
braços, enquanto suspira. — Acho que você não me verá falando qualquer
palavrão, tão cedo. Sinto muito. — Confessa, fazendo um biquinho. Mordo
seu lábio inferior com meus dentes e solto uma risada.
— Você é estranha.
— E você também. Por isso nos amamos e nos damos tão bem. — Sorri
sem mostrar os dentes.
Solto um suspiro e dou um leve giro pelo salão de dança. — Ele não
vai se casar Lorena. Ele já deixou claro tanto para você, como para todos.
Demétrio vai apenas foder Luna essa noite e depois partirá de volta para Las
Vegas. Fim.
Lorena sorri fraco e pousa sua mão sobre a minha. — Sempre irá me
amar? — Sussurra. Franzo o cenho para ela.
— Por que essa pergunta? Claro que vou sempre te amar.
Lorena solta uma risada e fica na ponta dos pés. Não se importando
com os curiosos, seus lábios próximos aos meus. — Por isso que nos amamos
muito. — Ri. Não consigo me controlar e beijo sua boca, com firmeza.
Quando me afasto, com os olhos fechados, respondo.
****
Quando passo por Manoella, olho para ela dizendo. — Está começando
a nevar, vá para casa Ella, descanse e tome o dia de amanhã de folga. Você
merece. — A garota olha para as escadas, relutante e com tristeza. Mas ela
deve obedecer a seu chefe, sem mais. Ela suspira assentindo e se despede.
Vou para o pé da escada e fico ali, parado. Tomando a coragem para subir.
Passo as mãos no meu rosto e respiro fundo. Subindo de degrau em degrau,
até o quarto. Paro no largo e longo corredor, olhando para a última porta,
fechada. Continuo andando até lá, quando paro de frente a porta, apenas
seguro a maçaneta e encosto minha cabeça sobre a madeira escura. Respiro
fundo por duas vezes e abro a porta, lentamente.
— Nã... nã... não conhe... conhe... — Como sempre, ela não consegue
falar, mas sei o que está querendo me dizer.
Eu não o conheço.
Engulo em seco com tanta força, que sinto minha garganta arder. Meus
pensamentos estão fragmentos, espalhados e sem saber o falar ou o que
imaginar. Esforço a todo custo minha voz, quero que ela saia e converse com
a mulher que um dia disse que me ama. — Lorena, eu sou seu marido. Não se
lembra? Você usa aliança. — Digo com carinho.
— Essas coisas são inevitáveis, aleatórias. Você não tem culpa. — Não
respondo, não sei mais o que dizer, na verdade. Então Erica continua. — Só
estou aqui para dizer, que parte dos medicamentos não está mais fazendo
efeito no organismo de Lorena. — Meu mundo para. Olho para ela e abro
minha boca, mas não sai nenhuma palavra. Elas estão perdidas, e não sei
onde devo encontrá-las. Não quero acreditar no que essa mulher me diz, não
quero acreditar em nada do que está acontecendo!
Aperto meus lábios com força e expulso as palavras. — O-o que quer
dizer...?
Olho para o lado e solto uma risada. — Você disse... você disse dezoito
meses, Erica! Dezoito! — Exclamo bravamente, me levantando. Mas Erica
continua sentada e falando sem parar. Sem parar!
— Já se passaram quinze meses, Vittorio! Eu não tenho mais o que
fazer! Lorena não reage aos medicamentos, ela não consegue mais falar,
andar, pensar, não reconhece mais ninguém e não consegue mais controlar os
movimentos do seu corpo! Você precisa aceitar, ela está sofrendo, Vittorio.
Lorena está morrendo aos poucos e você não quer enxergar e aceitar!
Não dou ouvidos, apenas subo as escadas e vou para o quarto. Lorena
está dormindo, encolhida, tremendo sobre a cama. Tiro toda a minha roupa e
depois, vou até as cortinas, fechando-as. Deixando o quarto no escuro. Chego
até a cama e me deito, por trás de Lorena, que está de lado. Quando ela
dorme e eu ao seu lado, sempre me puxa para mais perto. Mas somente
quando dorme. Abraço sua cintura e puxo seu corpo de encontro ao meu,
facilmente. Ela solta um suspiro, e continua sonolenta.
— Não sei o que fazer. Não posso viver sem você aqui, ao meu lado.
Dependo de você, meu amor. — Sussurro contra sua cabeça. — Eu não quero
que vá, quero morrer no seu lugar. Você merece a vida, mais do que qualquer
um nessa máfia. Por favor, não me deixe voltar à escuridão. — Noto que
estou chorando, como um garotinho abandonado. Continuo chorando e
soluçando. — Lorena. Por favor, não me deixe voltar para lá. E-eu nã-não
tenho forças, meu amor. Por favor, fica.
Sinto seu corpo se mexer e paraliso, assim como meu choro. Ela se vira
de frente para mim e sua mão toca em meu rosto, limpando minhas lágrimas.
— Eu não irei para nenhum outro lugar. Meu lugar é com você. —
Abro meus olhos e vejo pela escuridão do quarto, olhos azuis, pele bronzeada
e cabelos loiros. O loiro mais brilhante. Belarmina me encara triste e tira com
seus pequenos dedos, as lágrimas do meu rosto. — Você que não pode me
deixar, por favor. — E para onde eu iria? Se todos os dias meus pensamentos
é apenas ela? Seguro o rosto de Belarmina, preciso beijá-la. Necessito do seu
gosto.
Não!
Balancei minha cabeça com irritação e tirei essa ideia. O melhor seria
deixar as coisas como antes. Não poderia amar novamente. Eu não era digno
disso.
CAPÍTULO
22
Quando tinha acordado naquela manhã, Vittorio não estava mais lá.
Seu comportamento estava diferente desde que tínhamos transado na
biblioteca, depois da sessão de sexo, ele me tirou do seu colo e disse que iria
tomar um banho, pois estava cansado. E ele realmente estava! Quando tinha
terminado meu próprio banho e fui me deitar, Vittorio já estava em profundo
sono. Fiquei tão pensativa sobre o que tinha de fato acontecido na biblioteca,
que passei metade da noite acordada, observando-o adormecido. Até que o
ouvi chamar o nome da sua primeira esposa. Lorena.
Em todo instante ele dizia frases sem sentido, tais como: precisa de
mais trigo, ele é o mais puto, ou mesmo ele ria. Tudo isso enquanto dormia.
Claro, já dormi diversas vezes ao lado de Vittorio, mas ele nunca foi de falar
enquanto dormia; então, aquela noite tinha sido uma surpresa. Às vezes
parecia que estava triste, pois ele choramingava como um menininho, em
outras ele ria. Eu já tinha notado que Vittorio, estava tendo um sonho com
Lorena, mas quando o ouvi chamar meu nome. Fiquei paralisada. Ele tinha
sonhado comigo também.
Soltei um suspiro baixo com meus devaneios. Hoje tínhamos uma festa
de noivado para ir, entre um capitão da Família e uma viúva. Mas como não
tinha visto Vittorio desde o início da manhã, não tinha ideia se iriamos a festa
ou não.
Parei de dobrar uma blusa e olhei para ela, com a testa franzida. — Eu
achei que ele não iria. — Soltei um suspiro e me levantei. — Ele já está a
caminho? — Perguntei a ela. Joana me deu um olhar envergonhado e
balançou sua cabeça, de forma negativa. Ótimo. Esse Vittorio já estava me
cansando! A mulher pigarreou uma vez para me responder.
— Na verdade, ele disse que dois soldados a levariam até o local, foi
apenas o que ele disse senhora. — Murmurou. Trinquei minha mandíbula e
tentei não gritar, essa era a segunda vez que Vittorio fazia isso, a primeira foi
no restaurante em Buffalo e agora a festa de noivado! Tinha a certeza
absoluta de que ele não queria entrar no lugar, que seria a festa, junto comigo.
Estava fazendo de tudo para me evitar, e aquilo me deixou de mal a irritada.
Ela pensou por alguns instantes, até que seu rosto se iluminou. — Oh,
sim! Bem, na verdade eu apenas sei de uma criada. O nome dela é Manoella,
ela cuidava da Sra. Gratteri. Bem, as duas eram bem próximas, pois Manoella
é alemã e a Sra. Gratteri era fluente na língua.
Sorri para Joana. — Ótimo! Obrigada mais uma vez, Joana. Quando eu
estiver indo, pode ir para casa. — Os olhos da mulher brilharam e ela sorriu
abertamente se despedindo. Quando estava sozinha no quarto, me sentei na
cama e respirei fundo. Hoje eu teria a oportunidade de saber mais sobre
Vittorio, de descobrir seu verdadeiro eu. Eu não poderia negar que algo
mudou na noite anterior e tanto eu como ele, deveria aceitar isso.
****
Eu não precisava chegar perto de algum deles, pois toda vez que
Vittorio e eu íamos a alguma festa social, casamentos ou noivados, eu
escutava mulheres murmurando sobre mim, quando eu passava. Nunca me
importei com as opiniões dos outros, não me importaria agora. O importante
era que Vittorio e eu sabíamos da verdade, ele sabia que eu nunca dormi com
nenhum outro homem, além dele. E na verdade, não tinha a intenção de fazer
isso, eu gostava... não, eu amava ter essa intimidade com ele.
Antes que Vittorio abrisse sua boca, passei na sua frente. — Sou a filha
de Alessi Luchesse e Colomba Matarazzo. Neta de Nicolai Luchesse,
primeiro Capo da Família. E casada há quatro meses com um dos irmãos
mais respeitado da máfia italiana, Vittorio Gratteri, capitão de primeira e
segunda linha da Luchesse, também mercenário, e quando ele está a fim, é o
segundo conselheiro do Capo da Cosa Nostra. — Os três me olhavam
boquiabertos, enquanto eu sorria diretamente para Sofie. — Que grande
prazer em conhecê-la, parabéns pelo noivado.
Ele segurou uma risada e se dirigiu aos noivos. — Então, quando será o
grande dia? — Perguntou finalmente. Sofie abriu um grande sorriso e lhe
respondeu, mas fui distraída por uma mulher que estava ao fundo do salão
arrumando os pratos sobre uma das mesas. E nos olhando. Não, olhando para
Vittorio.
É a garota chamada Manoella.
Até que...
— Você quer saber o que Vittorio não diz. Se é sobre isso, melhor
sairmos daqui. Há muitos bajuladores. — Murmurou enquanto olhava para os
empregados. Ela tinha razão, havia muitos abutres por aqui e qualquer
assunto seria delicado demais a discutir perto de todas as pessoas dessa
cozinha e também do salão. Avistei uma porta que levava para o lado de fora
do hotel e chamei Manoella, para que me seguisse. Ninguém tentou nos parar
e agradeci por isso. Saímos da cozinha e chegamos a um jardim simples com
luzes brilhando acima de nossas cabeças. Havia dois bancos brancos que
caberiam três pessoas em cada um deles.
Ela abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Até que tomou coragem
para dizer.
Manoella olhou para nossas mãos e disse. — Ele... não era mais o
mesmo. Os irmãos e o pai tinham que ficar de olho nele naquela época.
Vittorio não seguia mais as leis da máfia e isso deixava Demétrio Gratteri de
cabelo em pé. Eram muitas denúncias contra Vittorio, ele fazia questão de
provocar qualquer homem da máfia. Uma vez, ele acabou se envolvendo
numa briga feia e que acabou saindo perdendo. Vittorio estava bêbado e foi
até uma das boates da Família Genovese, eles são inimigos da Cosa Nostra e
das famílias protegidas. Então, Vittorio não parava de incomodar as pessoas
que estavam lá, ele não parava de dizer que era irmão de Demétrio e que
adorava matar italianos arrogantes, como os Genoveses. — Manoella me
olhou suspirando e balançando sua cabeça negativamente.
"Nesse período em que Vittorio ficou na casa de seu pai, Ricco o levou
ao psiquiatra, pois pela primeira vez em sua vida, ele estava preocupado com
um dos filhos. Vittorio estava atormentado, fazendo coisas que não são
aprovadas pela lei de Deus e pela lei do homem, Sra. Gratteri. Ele matava por
diversão, ele dormia com mulheres noivas ou casadas, ele dormia até com as
filhas dos seus soldados, sendo que não era permitido, as garotas serem
trocadas até o casamento. Vittorio era uma ameaça tanto para si, como para
todos ao seu redor e aquilo o fazia rir em divertimento”. — Meus olhos não
piscavam, eu estava completamente entretida nas palavras de Manoella.
— Acredito que sim, Vittorio não é nenhum monstro. Acho que tive
sorte em ter que me casar com ele no momento em que Vittorio estava em
paz. — Murmurei.
Manoella sorriu pequeno, assentindo. Quando abriu sua boca para dizer
algo. Uma voz nos interrompeu. — Vamos embora. — Manoella olhou para
trás e eu olhei também onde Vittorio estava encostado no batente da porta,
com as mãos escondidas nos bolsos da calça, ele olhou para a garota e sorriu
rapidamente. — Olá Manoella. — Ela me deu um olhar e depois caminhou
pedindo licença, sem responder Vittorio. Quando passou por ele, não disse
nada.
— Já vamos? — Perguntei enquanto me aproximava dele.
Como é?!
Vittorio se virou para ir, mas segurei seu braço. Puxei-o com raiva e
quando o olhei, sua cara de deboche tinha voltado. — Você disse que não iria
mais! Você disse!
Olhei para ele, intrigada com essa sua curiosidade. Mas o respondi. —
Posso garantir que me sinto melhor com você, do que com meus pais. —
Disse. — Bem, meu pai. — Acrescentei murmurando. Vittorio continuou me
olhando sem dizer uma palavra, provavelmente buscando algum indício de
que eu estivesse mentindo para ele. Ele virou sua cabeça para frente e soltou
uma meia risada frouxa.
Ah não, Belarmina...
Quando estava livre do casaco, Vittorio puxou uma das minhas pernas
e as separou, para me encaixar no seu colo. Quando me instalei, ele arrancou
meus sapatos, puxou meus cabelos com força, me fazendo gritar entredentes
e soltá-los.
Vittorio envolveu meu pescoço com suas duas fortes mãos e abaixou
um pouco no banco, e as bombeadas ficaram mais firmes. Ele metia cada vez
mais forte, me fazendo gritar e gemer com a sensação. Suas mãos apertavam
minha pele, me deixando tão molhada, fazendo seu pau se aprofundar mais.
Abri meus olhos e observei Vittorio, que me encarava com as sobrancelhas
unidas e uma cara de dor misturada com prazer. Tentei segurar seu pescoço,
também, mas Vittorio rapidamente segurou meu pulso e puxou meu cabelo
bruscamente.
Até que senti sua libertação. Vittorio mordeu meu ombro esquerdo, e
gemeu alto com seu orgasmo me invadindo furiosamente. Eu não parava de
me balançar, apaixonada com a sensação do seu pênis dentro de mim e sua
ejaculação. Quando seu orgasmo chegou ao fim, abri meus olhos e respirei
fundo. Eu estava molhada de suor, com os cabelos meio presos e meio soltos,
sentia a maquiagem derretendo, e vi os vidros do carro totalmente
embaçados.
Primeira vez...
— Boa tarde, Sra. Luchesse. Belarmina está ótima, está ajudando uma
das empregadas a fazer o almoço. — Columba soltou um suspiro de alívio, e
em seguida respirou fundo com seus olhos fechados. Depois, os abriu e sorrio
para mim. Sua semelhança com a filha, era bem pouca. Belarmina, aliás, não
se parecia muito com seus pais, mas com seu avô. Tanto na aparência, como
na personalidade. E era aquilo que me instigava, ela era diferente. Era a
segunda mulher, diferente que encontrei na máfia.
Minha Bela...
— Ela não sairá de casa a não ser que seja comigo! — Rosnou Alessi,
ameaçadoramente. Ele se levantou bruscamente da sua cadeira giratória e
parou a minha frente, seus olhos estavam em brasa. O babaca achava que me
assustaria.
Alessi desviou seu olhar de mim e encarou sua mulher, ele segurou sua
mão direita e disse. — Vittorio gostaria que você almoçasse hoje, na sua
casa. Belarmina te espera. — Columba olhava desconfiada para Alessi, mas
quando o verme disse o nome da filha. Seus olhos brilharam e lágrimas
surgiram. Ela me olhou e dei um aceno, para não se amedrontar.
Ela olhou novamente para seu marido e disse. — E-eu gostaria muito,
mas acredito que Alessi...
— Alessi tem outras coisas a fazer. Pode ficar tranquila, eu estou aqui.
— Interrompi e no final da minha frase, dei um olhar ameaçador para Alessi,
mas ele não olhava. Columba soltou discretamente sua mão da dele e sorriu
pequeno. Ela sempre falava em voz baixa.
****
Quando Belarmina viu sua mãe passar pela porta, ela se parecia como
uma criança perdida; soltou um grito e correu até Columba. As duas se
abraçando daquela forma, foi invejável para mim. Ter uma mãe. Elas
choraram, pediram perdões e então sumiram pela casa, mas antes, Belarmina
correu em minha direção, pulando em meu colo para um abraço e depois
beijando minha bochecha, agradecendo.
Eu não sei por quanto tempo fiquei no hall de entrada da casa, parado.
Olhando para onde ela tinha sumido com sua mãe. Quando me retomei, saí
novamente e peguei meu carro, dando ordens aos soldados para
acompanharem Bela e Columba, caso elas saíssem. Dirigi em disparada o
meu carro, indo em direção à boate/cassino, Loop. Quando cheguei lá, fui
cumprimentado diversas vezes pelos homens, apenas acenava com minha
cabeça. Entrei na boate e uma música sensual já estava sendo tocada, as luzes
vermelhas, azuis e brancas já estavam ligadas e algumas garotas, dançando
em seus poledance.
Emma jogou seus longos cabelos escuros para trás e pegou o copo de
vodca, ao mesmo tempo em que se levantava e vinha em minha direção. Ela
parou na minha frente e estendeu o copo para mim, peguei de sua mão e já
me servi com um gole. — Você parece tenso. — Disse ela, sentando ao meu
lado. Dei de ombros e bebi mais um gole. Emma estendeu suas mãos em cada
ombro meu e começou a massagear. — Por que não vamos relembrar os bons
momentos que passamos juntos? — Perguntou sedutoramente.
Soltei uma risada e coloquei o copo sobre a mesa. — É isso o que você
faz? Embebeda os homens que não te fodem mais, e vem toda sedutora para
cima dele? — Emma soltou uma risada, rapidamente se levantou e se sentou
em meu colo, colocando suas pernas em cada lado. Soltei um suspiro
cansado, e me encostei novamente no sofá.
— Só faço isso quando, Vittorio Gratteri não me fode mais, desde que
se casou com uma criança. — Sussurrou Emma, se esfregando no meu colo.
— Você não sente falta disso? De um corpo de mulher feita? — Perguntou,
pegando minhas mãos para apertar seus seios expostos. Puxei minhas mãos
para longe, e Emma soltou uma risada. Olhei para ela e segurei sua cintura.
— Eu não vim aqui pra transar Emma, e sim para ficar olhando para o
nada. — A empurrei, mas a garota se segurou em meus ombros, rindo.
— Por que você não fica olhando para o nada, enquanto eu chupo
você? Ou então eu posso cavalgar; você adorava isso e... — Segurei seu rosto
com força entre minha mão esquerda e puxei até o meu. Os olhos de Emma
se arregalaram.
— Eu já disse que quero ficar sozinho, e isso inclui sem nenhuma puta
mal comida me infernizando! Eu já avisei você meses atrás que não queria
mais. — Dessa vez, empurrei a garota com mais força, fazendo com que ela
caísse sobre a mesa baixa. Emma me olhou bravamente e chutou minha perna
com força, depois se levantou e cuspiu na minha direção, virei meu rosto e
limpei com a mão.
Lorena...
Belarmina...
— E como. Isso é novo para mim, nunca achei que me envolveria dessa
forma, mais uma vez. — Suspirei e balancei as pernas.
Bernadir soltou uma risadinha baixa. — Bem, não a deixe escapar. Ela
aceitou você, mesmo sendo um danificado de merda. E como eu sempre lhe
digo: Lorena já se foi, meu irmão, e você ainda está aqui. Siga sua vida, tenho
certeza de que se fosse o mesmo com Lorena, ela seguiria a dela. Claro que
você tem todo o direito de relembrar os momentos com ela, como ela te
ajudou e sempre esteve ao seu lado, mas... isso é apenas recordação, meu
irmão. Agora você tem uma segunda mulher incrível e doce com você, não a
deixa de lado por culpa. Você não está fazendo nada de errado. Amar mais
uma vez não é pecado. Você é necessário, Vittorio. É necessário para
Belarmina Gratteri.
****
12/08/1979 *
27/04/2010 +
Lorena De Luca Gratteri
Amada esposa, amiga e filha. Nunca deixaremos de amá-la e jamais a
esqueceremos.
Amamos-te!
Toda vez em que eu lia seu nome ali, esculpido naquela pedra, meu
coração jorrava sangue. Uma onda de sofrimento e dor sempre passava
dentro de mim, era dilacerante saber que ela estava aqui, abaixo dos meus
pés. Passei as mãos em meu rosto e respirei fundo. — Eu sei, sumi por
algumas semanas. É que eu ando tão distraído. Sabe a Belarmina? Acho que
ela sente algo por mim e isso me assusta, pois eu não sei se serei capaz de ter
o mesmo sentimento. — Olhei para o lado do grande cemitério e continuei.
— Estou tão confuso, há tantos pensamentos certos e incertos que rodam pela
minha cabeça. Agora as palavras de Bernadir me pegaram, ele quer que eu
siga em frente, mas eu não quero. Eu já tive que me desfazer das suas coisas
na nossa casa, e agora tenho que me desfazer de você? Por quê? Para me
apaixonar novamente e algo de ruim acontecer, mais uma vez? Acho que na
terceira desgraça, eu iria me matar.
****
Belarmina passou as dobras dos seus dedos pela parte do tecido aberto
e encostou-se à porta. — Na verdade... acordei bem acesa. — Piscou
sedutoramente. Olhei novamente para o seu corpo e me aproximei dela,
Belarmina soltou sua respiração e levantou sua perna esquerda, apoiando o pé
na porta. Apertei meus olhos para ela, fazendo-a rir e cheguei mais perto. Era
mais linda ainda a luz do dia, seus seios não eram grandes, mas eram
deliciosos para apertar, chupar e morder. Olhei novamente por todo seu corpo
maravilhosamente liso, sua pele bronzeada era tentadora.
Apoiei minha mão direita ao lado de sua cabeça e disse. — O que acha
de fazermos algo divertido e diferente?
Revirei meus olhos e me afastei, mas nem tanto. Assenti para ela e a
olhei, tombando minha cabeça para o lado. — Eu... me submeti a você uma
vez no sexo, me submeti em não ir mais as casas, me submeti em não ter
mais nenhum tipo de contato com Cecília, mesmo ela merecendo. —
Belarmina riu novamente e aproximou seu rosto perto do meu.
— Não.
— Então...
****
— Tire o robe e pegue uma das minhas camisas que está ali, no cesto
de roupas limpas. — Pedi, quando estávamos na sala de jantar. Belarmina
tirou o robe, sem desviar seus olhos de mim e foi até o cesto. Pegando uma
camisa branca e vestido-a. — Deixe e blusa aberta e vá até a mesa e apoie
suas mãos nela, espalmando-as e com a bunda empinada. — Belarmina deu
uma risadinha e fez o que pedi.
Quando se empinou, cheguei por trás dela e dei um tapa forte na sua
bunda despida. — Ai! Porra,Vittorio. — Exclamou. Segurei seus cabelos em
minha mão, puxando sua cabeça para trás.
Belarmina não parava de gemer e abaixou uma de suas mãos até seu
clitóris, para estimular. Sua buceta me sugava, estava tão molhada, que eu
sabia que não aguentaria por muito tempo. Segurei seus ombros com as mãos
e bombeei com mais firmeza, nunca perdendo o ritmo. — Tão gostosa! —
Rosnei entredentes. Estoquei na sua buceta sem parar, era tão molhada que
me deixava louco, seus gemidos femininos não cessavam e Belarmina não
parava de implorar.
— É tão bom te foder quando está de quatro pra mim. GOZA PRA
MIM! — Gritei, indo mais forte. Peguei os pulsos de Belarmina, e puxei seus
braços para trás. Os imobilizando. Belarmina estava quase lá, eu sentia suas
paredes me apertando fortemente. Joguei minha cabeça para trás e meti até
que então, Belarmina começou a rebolar no meu pau e um grito de êxtase
surgiu.
Mas eu não parei. Tirei o meu pau de dentro dela e a puxei, arranquei
minha camisa do seu corpo e depois a joguei bruscamente de volta a grande
mesa. Puxei suas pernas e as abri com minhas mãos, quando me enterrei
novamente dentro dela, seus olhos azuis estavam focados em mim. Fechei
meus olhos e segurei um dos seus seios e com a outra mão sua cintura, indo
no mesmo ritmo, cada vez mais forte. Curvei-me em seu corpo e chupei seu
mamilo, eu estava sentindo meu orgasmo chegar. Belarmina segurou meu
pescoço, gemendo para mim, enquanto eu mordia seus mamilos e a penetrava
com meu pau.
Mamãe estava mais radiante também, toda vez que a via, buscava
algum hematoma em sua pele, mas nada tinha e aquilo me aliviava e me
preocupava. Muito. Meu pai não se tornaria uma ótima pessoa, da noite para
o dia, isso era impossível. Ainda mais, sendo uma pessoa igual a ele. Eu
sempre dizia para Vittorio ficar de olho meu pai, mas ele apenas sorria e
dizia: "Não se preocupe, seu pai está na palma da minha mão." Aquilo me
deixou confusa, mas não questionei meu marido maluco. Enquanto eu
pensava, o inverno lá fora, estava cada vez mais forte, e a chegada do ano
novo cada vez mais próximo.
Infelizmente.
Cecília.
Vittorio tinha me contado que ela não morava em Siena, aquela casa
em que ela estava, era um dos seus puteiros semanais, e também que ela foi
para lá porque o próprio Vittorio a convidou. Argh! E sua casa fixa, era
realmente em Veneza. A cidade onde Vittorio, seus irmãos e Cecília
nasceram e cresceram. Não poderia ser melhor.
Mas ele tinha me garantido que ela não estaria lá, pois a festa de
comemoração ao fim de ano era apenas para o ciclo. Por mim estava bem se
ela aparecesse, seria maravilhoso quebrar o nariz dela mais uma vez. Soltei
uma risada baixa, balançando minha cabeça negativamente, quando tocaram
a campainha lá embaixo. Eu estava tão distraída, que não tinha notado que
alguém estava caminhando pela neve grossa do quintal da casa. Curvei-me
sobre a janela de vidro do quarto, tentando encontrar o visitante, mas não
consegui ver.
Abri um largo sorriso e segurei sua mão direita, dando um leve aperto e
depois soltando. — Você é ótima! Mas acho melhor não. Sabe como Vittorio
é em relação aos seus irmãos, ele ficaria puto se soubesse que eu inventei
uma desculpa para não atender seu irmão. — Ela fez uma cara de desgosto,
mas rapidamente se recompôs e assentiu para mim. Pelo visto, eu não era a
única que não curtia Lucco. Passei a mão em meu cabelo para alinhá-lo e em
seguida arrumei meu casaco. — Vamos logo então!
****
Ele sorriu mais uma vez enquanto dizia. — Fui até o apartamento de
Bernadir, em Seattle, mas não o encontrei. Então liguei para Vittorio
perguntando sobre nosso irmão, e ele acabou me convidando para um almoço
em família. — Sorriu. — Não estou incomodando, certo? — Perguntou,
franzindo o cenho.
Ele assentiu para mim, com um pequeno sorriso e voltou a olhar para a
tevê. Uma coisa dos irmãos Gratteri é que todos sabiam que eles chamavam a
atenção, pelo fato de terem entrado na máfia, e se tornarem tão poderosos em
questões de poucos anos. Mas o que todas – as vadias safadas – as mulheres
do ciclo sabiam é que os quatros são incrivelmente lindos. Era até um crime
por todos nascerem tanta beleza, mas um crime muito bem feito. Por mais
que Lucco fosse um babaca sonso, eu não poderia deixar de ressaltar sua
aparência. Ele era extremante idêntico a Demétrio, um pouco mais baixo e a
pele era bronzeada, mas tinham a mesma cor de cabelo. Castanho de um
avermelhado incrível. Seus olhos eram castanhos, como de Vittorio, mas
eram mais claros, e uma barba rala estava cobrindo metade de suas bochechas
e do seu queixo.
Babaca.
— Já que não acredita em mim, deveria procurar melhor sobre essa tal
festa que Vittorio foi convidado. — Fechei meus olhos e respirei fundo, me
virei lentamente, e Lucco estava com um sorriso diabólico em seus lábios.
Bela?
Eu queria gritar, gritar o mais alto possível, xingar e bater! Mas não
conseguia formular uma única palavra, por estar sentindo tanto nojo. Vittorio
iria me levar para aqueles lugares mais uma vez? E teria a coragem de levar
os meus pais?! E quanto à desgraçada da Cecília? Ela sempre estava
pairando sobre nós e aquilo já estava me cansando. Mas também, o outro lado
da minha mente me dizia para me acalmar, pois tanto eu, como todos da
máfia, sabiam que Lucco Gratteri era um manipulador mentiroso de merda.
****
— Lucco. — Alertou.
Vittorio soltou um suspiro alto e olhou mais uma vez para o irmão. —
Obrigado Lucco. — Rosnou se virando para mim. — Ninguém importante, é
uma das garotas do clube que... bem, ela ficava comigo depois do meu luto.
— Achei que tivesse dito que não ficou com mais nenhuma mulher
depois de Lorena. — Indaguei cruzando os braços. Vittorio jogou sua cabeça
para cima e fechou os olhos, soltando um suspiro, novamente. Lucco não
dizia nada, apenas olhava para mim e seu irmão, enquanto comia a torta.
Eu não queria estar mais ali, ele encontraria mais uma merda de
Vittorio, e jogaria em cima daquela mesa. Peguei o guardanapo do meu colo
e limpei minha boca, em seguida me levantei; o que fez os dois se levantarem
também.
— Se vocês me dão licença, eu vou voltar para meu quarto. Não estou
me sentindo bem desde essa manhã. — Olhei para Lucco e disse. — E Lucco,
chega com seus joguinhos de manipulações. Isso é coisa para mulherzinha.
Bem, tenham uma boa tarde. — Enquanto Lucco me encarava com raiva, que
estava escondida, mas eu tinha notado. Vittorio me olhou com a testa
franzida e depois para seu irmão. Ele não deve ter notado as sacanagens do
irmãozinho de merda. Saí da sala de jantar sem dizer mais nada e fui até as
escadas, eu estava me sentindo ótima, mas estava enjoada de olhar para a cara
de Lucco.
Quando cheguei ao fim das escadas, fiquei ali no corredor para tentar
ouvir algo, claro que não iria, pois a sala de jantar ficava em outra
extremidade da casa, mas continuei ali. Não demorou mais que dez minutos
da minha saída da sala, quando escutei as vozes masculinas. Saí de perto da
escada e encostei-me à parede ao lado, para nenhum dos dois me ver. Quando
Vittorio e Lucco estavam no hall, ouvi Vittorio dizer.
Cheguei mais perto da escada para ouvir melhor. — Você não deveria
mesmo ter se casado com ela. Eu não gosto dessa garotinha mimada, não
gosto da família dela e ponto. Ela é jovem demais para você Vittorio, e você
precisa de uma mulher. Vamos para o Loop mesmo. Como nos velhos
tempos. — Riu Lucco. Esse filho da puta! Convidando meu marido para
bordéis?! Eu irei arrancar os olhos dele.
Lucco soltou uma gargalhada alta e então ouvi a porta ser aberta. —
Fique tranquilo. Prometo que irei me comportar em Veneza. — A porta foi
fechada novamente, então me afastei e corri até o meu quarto. Como Vittorio,
pode ainda deixar esse desgraçado ir viajar conosco? Eu não iria suportar
olhar para ele por mais um segundo. Teria que dizer a Vittorio. A porta do
quarto foi aberta e rapidamente soltei minhas palavras.
Ah merda...
Abri minha boca e fechei-a novamente. Como ele tinha visto aquilo?
Passei a mão em meu rosto e suspirei, indo até a janela. — Ele que chegou
perto de mim. Começou a dizer que essa viagem a Veneza é na verdade a
droga de uma festa das casas que você frequentava. E Cecília está no meio!
— Vittorio apertou seus olhos, mas dessa vez eu não ri e muito menos ele.
Ele balançou sua cabeça em negativa e se afastou da porta, dizendo-me. —
Deus, mas é claro que não. Qual o problema do Lucco? — Murmurou para si
mesmo.
— Isso é culpa do seu irmão! Ele que disse essa droga! Eu não irei
repetir, não vou para lá se ele for! — Esbravejei, encarando Vittorio com a
mais pura raiva.
Ele se levantou da cama e ficou parado na minha frente, seu olhar era
fulminante para mim, e eu poderia ver que estava se controlando para não
quebrar meu pescoço. — VOCÊ VAI PARA VENEZA! LUCCO É UM
ADULTO, PORRA, E EU NÃO SOU A BABÁ DELE. SE VOCÊ QUER
TANTO EVITÁ-LO, BASTA FICAR LONGE DELE, E SE EU SOUBER
OU ATÉ MESMO VER MAIS UMA CENA DAQUELAS, VOU CORTAR
A GARGANTA DOS DOIS! — Rosnou entre gritos, apontando seu dedo na
minha cara. Eu não fiquei com medo e nem me afastei, apenas dei um forte
tapa na sua mão para ele abaixá-la e continuei desafiando-o.
CAPÍTULO
26
Passei toda a viagem até Veneza sem olhar para Vittorio. Ele por outro
lado, fazia questão de mostrar que pouco se importava com isso, eu estava
com tanta raiva dele, que não deixei nem mesmo que fosse dormir ao meu
lado, na noite anterior em nossa casa, e agora no quarto do jato particular da
Família. Meus pais já tinham ido, no dia anterior, e seu irmão babaca iria
chegar à cidade amanhã.
Eu queria me matar, ao invés de estar ali, seria o pior ano novo de toda
a minha vida.
****
— Eles foram procurar por mim em uma das minhas lojas. Gritaram
dizendo que queriam quinhentos mil euros naquele momento, então eu disse
que não tinha aquele dinheiro todo, e o banco não iria aprovar que eu
retirasse meu dinheiro. Um dos homens não gostou da minha ousadia, pegou
sua arma e deu uma coronhada na minha cabeça, fazendo os clientes
correrem assustados e os funcionários se paralisarem. Eles me ameaçaram,
dizendo que iriam implantar documentos ilegais na minha loja e chamariam a
polícia, ou iriam matar minha esposa. Quando ele disse isso, apareceram
quatro soldados da máfia, dando um jeito nos safados. Eles disseram que eu
não teria mais problemas e as outras pessoas também. E iriam dar um jeito
nos pilantras, nunca mais os vi. E tudo graças a Vittorio.
— Essa palavra é muito doce referente ao meu pai, mas sim. Ele é...
duro. — Nos entreolhamos e gargalhamos. — Eu achei que Vittorio seria
como ele, pois ele mesmo disse-me antes do casamento que era pior que meu
pai, mas... ele não foi, não tanto. Acho que sentiu pena pela vida que passei,
então pegou leve comigo. — Isso era o que eu sempre deduzira. Vittorio não
era um ogro cem por cento, pelo o pai que eu tinha. Mas algo dentro de mim,
lá no fundo, dizia que não era verdade.
Vittorio estava deitado na cama, com o tablet na mão, ele tinha apenas
tirado o paletó preto e seus sapatos. E não olhou para mim quando entrei.
Argh! Fiquei o observando, encostada na porta, pensando. Eu não deveria
agir como uma adolescente, já que Vittorio se encarregava disso toda vez que
brigávamos! Sim, eu estava brava com ele, pelo modo que ele gritou comigo,
e não se importou com minha opinião em seu irmão vir a esse lugar. Mas eu
não poderia levar isso para tão longe, faltava somente nove horas para o fim
de 2011 e eu não estava nada a fim de ficar de "mal" com ele. Mesmo
querendo.
— Não. — Disse.
Esse fodido...
Ele abriu os olhos e olhou para meus pés, depois os fechou novamente.
— Pronto, já olhei você. Agora vá se preparar para a comemoração. —
Ordenou. Ele estava tentando me deixar com raiva, mas não iria conseguir.
Minha única solução foi subir na cama, e me sentar sobre o seu colo, Vittorio
colocou sua outra mão por trás de sua cabeça e abriu os olhos. — Estou
cansado, Belarmina. Minha esposa não deixou que eu dormisse na cama que
tinha no jato, acabei dormindo em uma das poltronas e estou com dores, se é
que me entende. — Mordi meu lábio inferior e passei minhas mãos sobre seu
peitoral coberto pela camisa escura.
Olhei para sua calça e segurei seu cinto, desafivelando e depois abrindo
sua calça. — Tudo bem! Vai ser bom, de qualquer jeito. — Ele deu uma
piscadela para mim e permaneceu sua atenção em minhas mãos. Enfiei uma
delas dentro da sua calça e cueca boxer, para pegar seu membro. Quando o
segurei e puxei para fora das roupas, Vittorio soltou um grunhido baixo.
Olhei uma vez para ele e balancei minha mão para cima e para baixo. —
Hmm... Está no ponto. — Sussurrei.
****
Estendi minha mão para a mulher e ela fez o mesmo, sorrindo. Sua pele
tinha uma cor morena incrível, assim como seus longos cabelos pretos. Ela
tinha olhos escuros e um sorriso alinhado e branco. Usava um vestido
vermelho, mais que sensual e saltos altos. Quando segurei sua mão, falei
sorrindo. — Que grande prazer, Jeanne. Você é acompanhante mesmo ou
uma vítima?
— Cuidado com o que fala Lucco. Não vai querer passar vergonha na
frente da sua namoradinha.
— Bela? — Olhei para trás, mamãe e papai vinham até nós. Mamãe
estava linda em um vestido branco de manga longa e decote redondo. Meu
pai estava ao seu lado no seu smoking preto sob medida. Seu olhar estava
pousado sobre mim. Quando eles chegaram perto, minha mãe me puxou para
um abraço e o devolvi, sorrindo feliz. Ela segurou minhas mãos e se afastou,
para me olhar melhor. — Olhe só para você! Tão linda!
Mamãe foi até Vittorio, que sorria para ela e o abraçou também. Ele
deu apenas um aceno de cabeça para meu pai e respondeu algo de minha
mãe. Olhei para meu pai que chegava mais perto de mim, com suas mãos
enfiadas nos bolsos da calça. Seus olhos me avaliaram e se voltaram para
meu rosto. — Está linda. — Murmurou seriamente.
— Estou sim meu amor. Sinto-me tão bem, como nao me sentia há
tantos anos. Aliás, uma parte de mim se sente bem desde seu nascimento. —
Confessou com um sorriso em seus lábios. Apertei sua mão na minha e sorri.
Um garçom passou por nós e peguei duas taças de champanhe, ofereci para
mamãe e ela balançou sua cabeça, agradecendo. — Não meu amor, eu estou
bem.
— O quê?
— Mãe, sendo difícil ou não, ele deve aceitar. É seu filho também. —
Resmunguei olhando para ele novamente, dessa vez, ele estava nos olhando
de volta. Desviei meu olhar rapidamente e encarei minha mãe.
Segurei suas mãos entre as minhas e mamãe levantou sua cabeça para
me olhar. — Está tudo bem. Sabe que não tem culpa dele ser um estuprador,
mas infelizmente você carrega mais um filho, independente da forma em que
ela apareceu aqui. — Pousei minha mão direita em seu ventre e continuei. —
Vamos amá-lo incondicionalmente e cuidar dele com nosso amor e carinho.
— Seus olhos claros brilharam com as lágrimas e novamente seu sorriso
apareceu. Ela assentiu para mim e me puxou para um abraço.
— Eu te amo tanto, meu bebê. Estou tão feliz por você. Vittorio está
cuidando tão bem de você. — Murmurou me balançando como se eu fosse
realmente um bebê. Apertei sua cintura com meus braços e beijei sua
bochecha.
— Assim eu espero.
Sete...
Seis...
Cinco...
Olhei mais uma vez para ele, mas dessa vez, seu olhar estava sobre
mim. Era um olhar carinhoso e caloroso. Um olhar feliz e amável. O olhar de
um homem perdidamente apaixonado.
Três, dois, um...
Um olhar tão calmo para mim. Tão sincero e lindo. Apenas nos olhares,
sabíamos o que queríamos dizer em voz alta, mas não tínhamos coragem. Por
medo.
Vittorio segurou minha nuca com sua mão esquerda, me puxando até
ele, segurei nas lapelas de seu paletó com as mãos trêmulas, porém firmes.
Meu coração palpitava rudemente, minha pele se arrepiava toda, com a
sensação de vitória tomando conta de mim. Seria agora. Era o momento e ele
não estava afastando. Quando fechei meus olhos e estava prestes a receber
seus lábios, começou um barulho de instrumentos musicais e várias pessoas
nos empurraram. Vittorio e eu abrimos nossos olhos e olhamos para todos os
lados, onde uma banda de marcha aparecia com instrumentos grandes,
tocando uma música agitada, fazendo as pessoas gritarem mais e pularem de
alegria.
Soltei um rosnado alto e me virei para Vittorio, ele estava olhando para
o chão, com as sobrancelhas unidas. Ah merda... — Vittorio...? — Chamei e
hesitei. Ele piscou várias vezes, como se estivesse acordando e soltou minha
mão. Seus olhos me encararam e depois ele olhou para a banda sinfônica, que
andava entre os convidados, tocando alto. Aproximei-me dele novamente,
segurando sua mão. — Você está bem?
— Eu... o quê?
Magoado?
Quando iria pedir desculpas pelas minhas palavras, alguém segurou
meu ombro e me virou. Um homem vestido de smoking dourado e camisa
branca com gravata borboleta preta; deu-me um abraço inesperado e segurou
meus ombros em suas mãos. — Oh! Você que é a nova Gratteri? Tão linda,
meu benzinho! — Juntei minhas sobrancelhas em confusão e encarei
Vittorio, que estava ao meu lado, olhando confuso para o homem também.
— Pelo amor de Deus! Vocês não são nenhuns velhinhos. O que acham
de irem para outra festa, porém bem mais quente?
— Agora sou assediado até mesmo por marmanjos. — Olhei para trás,
onde Vittorio se encontrava com uma bebida na mão. Levantei o papel em
minhas mãos e Vittorio o pegou. — O que é isso? — Perguntou.
— Muito. Mas vamos até lá. Ficarei feliz em começar o ano matando
alguém.
****
— E por que você contou para Lucco?! Que diferença iria fazer? —
Questionei bravamente. Fala sério, aquele cara estava me dando nos nervos!
Na próxima vez em que eu o visse iria segurar suas bolas e arrancá-las!
Vittorio soltou um suspiro e olhou para a casa. Ele balançou sua cabeça e
respirou fundo.
— Eu não contei. Ele viu certa noite... — Seus olhos pararam em mim,
minha feição era de pura raiva. — Não Belarmina, eu não estava com você
ainda. Isso foi bem antes. — Explicou. Revirei meus olhos e observei a casa.
Havia casais de todos os tipos, homens com mulheres, mulheres com
mulheres. Homens com homens. E muita diversão, lá fora, eles estavam
apenas comemorando a chegada do novo ano, mas eu sabia que lá dentro, a
comemoração era outra.
Dei um passo para trás e senti minhas costas baterem contra o peitoral
de Vittorio, olhei para ele, que estava praticamente admirando aquele cenário.
Vittorio olhou para o chão e soltou um palavrão. — Merda. — Segui seu
olhar até lá, e quando vi nossos pés estavam em uma faixa colada no chão.
Estávamos dentro. O que significava que estávamos no jogo. — Temos que
sair daqui. — Murmurou Vittorio, em meu ouvido, com uma voz tensa. Seus
olhos faziam o possível para não olhar as pessoas tendo relações, mas ele não
conseguia.
— Sim, sim eu sei. Não dou a mínima para isso agora. — Gemi. —
Merda, o que eu tenho.
Vittorio segurou meus quadris entre suas mãos e me puxou, ele curvou
sua cabeça até o mesmo pescoço e dando mordidas em minha pele, me
deixando maluca. — Aqui são tocadas musicas em que pode manipular o
cérebro e fazer com que a substância do excitamento se aflore. Você deve ter
se atraído pelo toque e isso despertou seu tesão. Hmm... — Murmurou
chupando meu pescoço. Soltei um gemido baixo e gostei daquela nova
experiência sobre a música. Talvez Vittorio e eu pudessemos tentar isso, num
momento só nosso.
Ele chegou mais perto e roçou seu pau no meio do meu traseiro.
Completamente duro. — Que garotinha safada. Está merecendo uma boa
foda. — Sussurrou em meu ouvido. Uma de suas mãos subiu até o meus
seios, para apertar com força, Vittorio enfiou a mão no decote do meu vestido
e segurou meu mamilo direito, já estava duro com o seu toque. Soltei outro
gemido quando sua outra mão levantou meu vestido e puxou minha cintura,
para ficar empinada. — Agora vai ser fodida por trás, na frente de tantas
pessoas. — Rosnou com a voz pesada.
Eu queria aquilo, queria sentir aquela adrenalina mais uma vez da noite
do restaurante. E Vittorio me daria aquilo, mais uma vez. Separei um pouco
minhas pernas da outra e quando espalmei minhas mãos na parede, Vittorio
segurou meu quadril e me penetrou com um só golpe, meu gemido e o dele se
misturavam a cada estocada firme em que Vittorio me dava, uma de suas
mãos segurou meu cabelo em seu punho e assim, fazendo com que ele
entrasse mais fundo. Mais forte. Mais firme. — Isso! — Exclamei excitada.
Olhei para onde nossos espectadores estavam, mas não havia mais
ninguém ali. — Já se foram? — Perguntei sorrindo. Vittorio respirou
profundamente e sorriu rápido, assentindo para mim.
— Eles só estavam aqui para observar uma bela moça ser comida, por
seu marido contra a parede. — Piscou.
Revirei meus olhos e peguei sua mão. — Suas palavras são tão
românticas. — Ironizei. Vittorio arqueou sua sobrancelha e me puxou para
continuarmos a passar pelo corredor. Por onde passávamos, muitas pessoas
nos olhavam com interesse, principalmente para Vittorio, mas ele não estava
interessado, mas sim em achar a nossa saída. Quando chegamos a uma parte
mais ampla da casa, Vittorio olhou ao redor, ele soltou minha mão e disse.
— Fique aqui e não abaixe sua cabeça. Olhe para todos sem desviar o
olhar muito rápido.
— Apenas espere!
— Você está me deixando tão duro que vou acabar... — Antes que ele
terminasse de dizer algo, seu corpo saiu de cima de mim e foi arremessado
para o chão. Levantei tão rápido do divã, que me desequilibrei e caí no chão.
Olhei para cima, onde Vittorio segurava o homem pelo seu pescoço e socava
sua cara sem parar, ele não tinha dado nem uma chance para o pobre coitado
se defender.
Quando chamei por ele, Vittorio destravou sua arma e apontou para o
homem. Sem dizer mais nada ele deu dez tiros no homem, fazendo gritos
ecoarem na casa entre os convidados. Soltei um grito de pavor e caí
novamente no chão, com as duas mãos sobre minha boca e lágrimas
escapando dos meus olhos. Vittorio continuou olhando para o corpo
estendido no chão, apontou mais uma vez a arma e deu mais cinco tiros no
homem, me fazendo gritar mais e pular de susto.
Aquela cena foi demais para mim. Pela primeira vez, Vittorio mostrou
que era um verdadeiro mafioso.
CAPÍTULO
28
— Vittorio, NÃO!
— Belarmina!
Então lhe disse. — Você não é o pai deles! Aliás, Vittorio e Lucco não
são adolescentes, eles são homens feitos, Bernadir! Você é apenas o irmão
mais velho e nada mais! — Trovejei, revoltadamente. Era oficial, eu seria a
única mulher que não me daria bem com nenhum irmão Gratteri! Bem,
retirando o segundo irmão mais velho entre eles. Bernadir soltou uma risada
frouxa e encarou Vittorio, que estava de pé atras de mim.
Ele passou a mão em seu cabelo loiro, preso e apontou para mim. —
Acho melhor você fechar essa boca. Se eu estou aqui para dar ordens a vocês,
crianças; é porque me deram esse poder! Agora, fecha essa boca e fique
sentadinha aí!
— Se você sonhar em falar assim com ela mais uma vez, eu arranco
seus dentes! — Rosnou Vittorio passando por mim, no mesmo tempo em que
ele disse isso, Lucco soltou uma risadinha e se acomodou no sofá, como se
estivesse assistindo um filme. Bernadir grunhiu para seu irmão, e chegou
mais perto de Vittorio, como uma águia. Seu olhar era raivoso e controlado
na direção dele. O mesmo olhar que Vittorio estava dando para ele. Então,
Bernadir se curvou na direção de Vittorio, e disse em voz baixa, porém era
uma voz firme.
— Me ameace mais uma vez, que eu acabo com você. — Falou com
tranquilidade.
Ele se afastou de Bernadir, soltando uma risada alta, porém havia raiva
escondida. Olhei assustada, para Lucco, mas o babaca estava mexendo em
seu celular animadamente e rindo em voz baixa, a cada insulto que seus
irmãos compartilhavam.
— VITTORIO! — Gritei e corri até ele. Lucco foi até Bernadir, que
tentava ir para cima de Vittorio a todo custo.
— Filho da puta! Não sabe mesmo fechar essa porra de boca, se isso
chegar aos ouvidos de Demétrio eu corto sua cabeça! — Esbravejou ele,
empurrando Lucco para longe. Olhei com raiva para Bernardir, enquanto
estava ao lado de Vittorio e respondi a ele.
— Mais parece que ele ficou bem transtornado, quando você citou o
nome, Nayla. Quem é ela? — Perguntei, me sentando ao seu lado.
— Perder metade dos meus soldados que levei até a América, com
tanto esforço. Demétrio e Bernardir são uns fodidos. — Murmurou Vittorio
se curvando em seu lugar. Ele apoiou seus braços em suas pernas e tombou
sua cabeça, passando as mãos nos cabelos escuros e soltando um suspiro
baixo. Mordi meu lábio inferior e cheguei mais perto, estava preocupada com
ele, pois não o via desde aquela tragédia na mansão vermelha. Quando estava
perto o suficiente, toquei em seu ombro com delicadeza, fazendo com que
Vittorio me olhasse.
Vittorio olhou para a sua frente, dando de ombros. — Ela estava com
uns seis ou sete guarda-costas, todos armados. Disse que estávamos quites e
entrou em um carro. Não consegui pegá-la. — Seus lábios soltaram um
suspiro, ao mesmo tempo em que se encostava ao sofá. Segui o seu
movimento, continuando a olhá-lo. — Eu não tenho pressa, sou um caçador
paciente.
— Eu também sinto.
****
A nevasca em Manhattan estava forte quando chegamos, Vittorio
passou toda a viagem adormecido só acordava para mexer no seu tablet. Não
nos falamos mais desde a manhã passada na sala de Salomão. Falando sobre
ele, disse-nos que sentiria nossa falta e pediu para mim, quando Vittorio
estava afastado, cuidar dele e protegê-lo dele mesmo. Eu faria isso, sem
problema nenhum, mas a questão é:
— Por Deus! Eu moro na casa e não sei onde ficam os talheres? Que
ridículo, Mina, que ridículo. — Resmunguei para mim mesma. Quando achei
uma colher em umas das gavetas, fui até a pequena mesa redonda de vidro,
que ficava encostada perto da janela da cozinha e me sentei lá. Pelo menos, o
sorvete tinha tirado meu desânimo.
****
Vittorio passou a mão em seu rosto e foi até a porta do quarto. Ele
estava inquieto. — Precisamos ir até lá urgentemente. Há um médico por lá,
vamos. — Respondeu apressadamente, saindo de minha vista. Peguei meu
casaco e cachecol e vesti minhas botas rapidamente, meu coração trovejava
de pavor, esperando pelo pior. Deus, e se aconteceu algo com o bebê? Corri
apressadamente para fora do quarto e também no corredor, quando desci as
escadas, Vittorio já estava prostrado na frente da porta aberta com suas luvas,
seu sobretudo e cachecol.
Passei por ele e corri até o seu carro que estava ligado, nos aguardando.
Entrei dentro do veículo e em seguida, Vittorio se sentou ao meu lado. Eu
estava apavorada, apenas pensando na minha mãe e no bebê.
****
Entrei em sua suíte e fui até a cama king size, onde minha mãe estava
deitada de lado, dormindo. Sentei-me em seu lado e toquei nos seus cabelos
loiros, molhados de suor. — Sra. Gratteri, fique calma. — Chamou o médico,
parando no outro lado da cama. — Ela adormeceu há poucos minutos,
devemos deixá-la descansar. — Explicou com paciência.
— O que aconteceu com ela? Será que pode me dizer de uma vez?! —
Perguntei rudemente.
— Bela... — A voz fraca da minha mãe surgiu e olhei para ela. Quando
se virou, seu olho direito estava roxo e a bochecha esquerda da mesma cor.
— Estou bem. — Tranquilizou. Soltei um soluço alto e abracei minha mãe
delicadamente. Ele tinha a atacado, depois de semanas não conseguiu mais
segurar o seu verdadeiro eu. Aquele desgraçado!
Soltei um grito de ódio e me afastei dela. Segurei sua mão e seu olhos
espantavam as lágrimas. — Me diga o que houve? — Perguntei mais uma
vez, entre o meu choro. Mamãe se virou lentamente, fazendo uma careta de
dor e depois suspirou. Ela balançou sua cabeça em negativa, enquanto me
respondia.
— Sou tão burra, acreditei por um momento que ele tinha mudado.
Estava calmo, pois estava sob ameaça. — Mamãe soltou um suspiro trêmulo
e me olhou. — Estávamos jantando tranquilamente ontem, depois que
voltamos para Nova York, seu pai me levou para um jantar à luz de velas. Foi
tão romântico, depois voltamos para casa e finalmente, depois de dezenove
anos, ele me tratou como uma esposa. Eu estava tão feliz, a última vez que
Alessi foi assim, foi antes de eu engravidar de você. — Ela passou a mão nos
seus olhos e suspirou novamente. — Durante o jantar estávamos conversando
sobre qualquer coisa, então tinha tomado coragem e disse a ele que estava
grávida. Bela, foi uma péssima, péssima ideia em ter contado. Ele
simplesmente mudou, ficou transtornado e gritou dizendo para eu abortar,
mas eu revidei dessa vez, gritei de volta e disse que não mataria meu bebê.
Então corri para o quarto.
Seus olhos escuros estavam fixos na minha mãe e seu rosto franzido. —
Ele fugiu em seguida, pois descobriram que Alessi estava roubando dinheiro
da máfia, junto com mais dois soldados dele. Então Fellipo, ordenou que
entrasse na casa, mas já era tarde demais. Por sorte, ele não matou sua mãe.
— Esclareceu Vittorio, o fim da história. Balancei minha cabeça em negativa
e sentia o ódio me possuir, se não fosse pelos soldados, minha mãe estaria
morta.
Mamma afastou seu rosto e fungou. — Elas não trabalham mais aqui há
meses, as duas procuraram outra família. — Aquilo me tranquilizou, pelo
menos elas duas poderiam viver em paz, sem o desgraçado do meu pai por
perto. Não. Ele não poderia ser chamado de pai, esse título servia para
homens e não para um lixo com ele. Alessi nunca foi meu pai, mas o meu
avô, Alessandro, sim. E eu odiava em saber que o mataram. Eu o queria ali de
volta, se estivesse vivo, minha mãe não estaria dessa forma, Beatrice não
teria seus dedos quebrados e não estaria com seqüelas e eu? Eu não estaria
casada com Vittorio. Ele jamais iria permitir aquilo.
Porém, meu avô se foi, não estava mais lá e isso era uma mágoa que eu
sempre sentia. Respirei profundamente e olhei para o médico, que estava
ainda ali, de pé. — Como está o meu irmão? — Perguntei. Ele colocou suas
mãos para trás e me olhou.
— Ele está bem, mas sua mãe quebrou uma costela e eu preciso levá-la
ao hospital. Estava apenas aguardando sua permissão, prometo que não
deixarei ninguém chegar perto dela. — Assenti para ele e encarei Vittorio.
— Coloque seus melhores homens ao lado dela. Alessi pode estar por
aqui, ainda. — Comentei. Vittorio dirigiu seu olhar sério para mim, e assentiu
sem dizer nada, voltei a olhar para minha mãe e a abracei novamente. — Está
tudo bem, vamos proteger vocês. — Ela chorou novamente e me abraçou,
soluçando e chorando. O que fazia meu coração se afundar de tanta dor.
Depois de alguns minutos, pedi para o médico de minha mãe e Vittorio
saírem do quarto, para minha mãe vestir uma roupa mais quente. Vittorio
disse que chamaria seus soldados para escoltar minha mãe e também, alguns
ficariam ao redor da casa, assim como os soldados de Fellipo estavam.
— Porque você mesmo disse uma vez, para eu ficar tranquila, quando
minha mãe foi me visitar. Acha que sou idiota, Vittorio? O que sabia sobre
ele? — Vittorio me encarou com a mandíbula apertada e com um olhar
inquieto. — Responda. — Disse cansadamente.
Depois de esperar que ela adormecesse, Vittorio deu ordens diretas para
que o doutor Hunter garantisse que ela estaria em boas mãos. Vittorio achou
melhor voltarmos para casa, para resolvermos algo. Tinha o feito ir primeiro
ao hospital, e depois para casa. Eu não sabia o que ele queria resolver, mas
achei o melhor a fazer também. Quando chegamos, Vittorio desligou o carro
e ficou ali sentado. Tirei o meu cinto de segurança e abri a porta do carona,
mas parei os movimentos no mesmo tempo em que o vi ainda em seu lugar.
— Está tudo bem, Vittorio? — Perguntei em tom desconfiado.
Joguei minhas mãos em cima dos meus olhos e rolei para o lado da
cama. Eu tinha apenas 19 anos, daqui a um mês e meio, mais um ano de vida.
Mesmo assim, muito jovem, mas eu sentia que desde que me casei, fiquei dez
anos mais velha. Soltei um gemido baixo e quando me sentei na cama, a
porta do quarto foi aberta e Vittorio entrou. Ele parou no caminho, para me
olhar, franzindo a testa, depois fechou a porta. — Tudo ok? — Perguntou
com a voz rouca pigarreando. Ele andou pelo quarto até o seu notebook e me
virei, subindo no colchão e engatinhando nele, depois me sentando sobre
minhas pernas.
— Sim, por que não estaria? — Questionei.
Vittorio se virou de costas para mim, dando passos lentos pela suíte
grande. — Por que você é assim? Por que você está me tratando desse jeito?
— Perguntei com a voz apertada. Vittorio deu um murro na porta e se virou.
Seu olhar estava em brasa. Levantei-me da cama rapidamente, apenas por
precaução. Ele deu passos firmes em minha direção, enquanto rugia.
— PORQUE EU GOSTO DE VER AS PESSOAS SOFRENDO, SUA
ESTÚPIDA! EU ADORO VER ISSO, O SOFRIMENTO QUE ESTÁ
NESSE MOMENTO PASSANDO EM SEUS OLHOS, PORRA! — Gritou
Vittorio, esmurrando a parede dessa vez. Fiquei de olhos arregalados,
horrorizada com suas palavras, ele gostava de me ver sofrer? Vittorio passou
a mão na sua barba e fechou seus olhos. — Assim como eu sofri pelas
minhas perdas. — Completou com um olhar odioso e angustiado. Eu, porém,
não sabia o que dizer ainda paralisada em frente a ele.
Meu coração trovejava com o que estava havendo, meus olhos não
paravam de expulsar as lágrimas e tudo o que podia imaginar era ele gostava
de me fazer sofrer! Mas não fazia sentindo algum, pois Vittorio me fez sofrer
apenas no início do casamento. Depois disso, foi totalmente diferente.
****
****
Depois de procurar Vittorio pela casa e até mesmo no cinema, onde ele
jurava que nunca tinha ido. Acabei seguindo até a cozinha quando escutei
conversas e risadas baixas. Quando entrei lá, as duas empregadas e mais dois
soldados estavam sentados nas cadeiras em volta da mesa redonda de vidro,
tomando café. Eles rapidamente se levantaram e ficaram calados com a
minha presença.
Levantei minhas mãos para eles e parei perto da mesa. — Por favor,
não se incomodem, podem se sentar. — Pedi gentilmente. Eles se sentaram
devagar de volta às cadeiras e se entreolharam. — Só gostaria de saber se
vocês viram Vittorio? — As empregadas olharam para os homens e
desviaram o olhar de mim. Apenas um que me respondeu, ele era bem jovem,
não passava dos vinte. Era um iniciado.
— Não temos ideia de onde ele possa estar Sra. Gratteri, pois ele saiu
na noite passada e ordenou a todos nós que permanecêssemos na casa. Ele
pegou o carro e saiu, sem nenhum soldado por perto. — Explicou o rapaz.
Assenti para ele e passei a mão na minha testa. — Por que ele faria
isso? Ele já fez algo assim do tipo antes? — Perguntei murmurando. Ele deu
de ombros e dessa vez foi o outro soldado que respondeu. Ele era bem mais
velho que o anterior.
— Obrigada. — Murmurei.
Fui até o sofá e me sentei, puxando a manta vinho que estava encostada
nas costas do sofá para cobrir minhas pernas. — Belarmina? — Chamou
Hunter. Acomodei-me no meu lugar enquanto lhe respondia.
— Não, ele está... bem. Apenas saiu na noite passada e não voltou. —
Olhei para o relógio na parede e continuei. — Ele deve estar chegando, bem,
obrigada por tudo Hunter, essa tarde eu estarei aí. Até mais.
****
Fechei meus olhos, para manter a paciência com ele. Eu estava quase
socando sua cara. — Primeiro, para mim você não é um homem, mas sim um
merdinha tarado. E segundo, ninguém quer isso. — Falei e ao mesmo tempo
apontei por todo seu corpo. Lucco me olhou atentamente e soltou uma risada
alta, fazendo minha cabeça girar pela falta de não ter quebrado o seu nariz.
Ele passou a mão no seu peitoral e me olhou sorrindo sem mostrar os dentes.
— Tão lindinha. Se eu não fosse tão experiente com as mulheres, diria
que essa sua raiva significa que está louca para transar comigo. — Piscou.
****
Ele voltaria para lá, para recrutar novos soldados da Família que
convivia em Siena e não queria me dizer, porque a vaca da Cecília estaria lá.
Mas se era tudo isso, por que o suspense e por qual motivo ficou
desaparecido? Soltei um suspiro baixo e peguei minha caneca e subindo as
escadas. Não ousaria perguntar, a última vez ele se segurou para não me dar
umas palmadas.
Cheguei ao quarto e Vittorio ainda estava debaixo do chuveiro. Então
fui rápida com aquilo tudo, vesti uma calça confortável, duas blusas de
mangas compridas, um casacão bege, botas e peguei meu cachecol e luvas de
couro marrom. Guardei tudo o que era necessário para uma longa viagem e
depois levei as malas, descendo as escadas.
Quem quer que fosse nesse momento, estava louco para nos parar. —
Quem são eles?! É a Yakuza? — Perguntei assustada, cravando minhas unhas
da mão esquerda sobre as costas do banco. Vittorio soltou um rugido de raiva
e acendeu a luz do teto do carro, abrindo o porta-luvas e tirando uma arma.
— NÃO, NÃO É! SÃO OS FODIDOS DOS COLOMBOS! — Gritou
ele, ao mesmo tempo abaixando a janela do passageiro. Vittorio olhava entre
a pista e depois colocava parte de seu rosto fora do carro e atirava. Em apenas
fazer isso, vários tiros ressoaram na noite, atingindo o carro e me fazendo
gritar mais ainda. — Se acalme Belarmina! É a prova de tiros. — Assegurou
Vittorio, atirando sem parar entre os carros. De repente, duas Mercedes pretas
pararam em cada lado do nosso carro, batendo no veículo, assim como o de
trás.
Oh Meu Deus!
E foi aí que senti o mais puro medo. A curva pegou nosso carro,
fazendo o veículo quebrar a pequena mureta que protegia, soltei um grito
apavorante e segurei o terno de Vittorio. O cinto de segurança me protegia
quando o forte impacto veio. O carro batia nas pedras e girava bruscamente a
cada queda, eu sentia como se minha cabeça estivesse saindo do corpo, e tudo
no que eu pensava era em Vittorio. O veículo caia com toda a sua força e
espalmei minhas mãos novamente em Vittorio, quando o carro caiu na terra
de cabeça para baixo. Um alarme surgia em minha cabeça. Eu sentia algo
quente escorrer pela minha cabeça, meu corpo doía em todas as partes e tudo
o que eu queria era dormir.
Deus, Vittorio...
Por que ele não desceu? Por que não veio nos matar de uma vez?
De repente, senti Vittorio se balançar descontroladamente. Olhei para
ele e gritei enquanto o via expulsar mais sangue pela boca e se debater
bruscamente no chão com neve. — VITTORIO! VITTORIO! — Gritei
desesperada, tentando não deixar que ele batesse a cabeça. Ele estava tendo
uma convulsão! — Meu DEUS! — Gritei segurando seu rosto. Seus olhos
estavam quase brancos e ele não parava de expulsar sangue e fazer um som
de como se estivesse engasgando.
Eu não tinha ideia do que estava fazendo, mas estava tão desesperada
de medo que reuni toda a minha força e empurrei Vittorio, de lado para não
engasgar no próprio sangue. Quando consegui deitá-lo de lado. Seu corpo
parou de se balançar e Vittorio tossiu várias vezes. Curvei-me para olhá-lo e
passei a mão em seu rosto. — Eu estou aqui, eu estou aqui. Não vou deixá-lo,
por favor, não se vá também! — Chorei, segurando-o com força. Vittorio
parou de tossir e desmaiou, soltei um grito misturado com rosnado e olhei
para sua perna direita quebrada.
Fechei os meus olhos e deitei seu corpo novamente na neve, depois tirei
meu casacão e cobri-o. A neve estava engrossando e eu precisava encontrar
uma solução. Tateei os bolsos de Vittorio, tendo a esperança de achar seu
celular. Bingo. O aparelho estava no bolso traseiro da sua calça jeans e tive
que fazer forçar para tirar de lá. Peguei o celular em minhas mãos sujas de
sangue e trêmulas, estava com a tela trincada, mas por sorte pegando. Disquei
o número da emergência e quando coloquei o aparelho em meu ouvido, uma
luz amarela e laranja apareceram.
— Emergência?
Puxei Vittorio, pelo seu sobretudo e cai de bunda no chão. Ele era
imenso e seria dificultoso em arrastá-lo para longe. — E-eu e meu marido
sofremos um acidente. — Gaguejei, fazendo força mais uma vez, ele se
mexeu um pouco e soltei um grito.
— É... sim, eu, sim! Eu coloquei meu casaco em cima dele. Ele está
com um também, mas está rasgado. — Expliquei pegando meu casacão,
enrolando sobre o seu corpo.
— Pronto. — Avisei.
Ah não...
Tinha se passado tanto tempo, que eu não tinha ideia se foi minutos ou
horas. Eu tinha pegado a cabeça de Vittorio, e coloquei no meu colo, onde o
sangue estava todo seco. Eu não parava de tremer de frio e o fogo da
explosão estava apagado pela neve. Meus olhos queriam se fechar, mas eu
me esforçava para mantê-los abertos. Abaixei meus olhos na direção de
Vittorio e toquei na sua bochecha.
****
Chegamos ao Hospital Mount Sinai com enfermeiros correndo até
Vittorio, em todo o percurso até aqui, eles massageavam o peito de Vittorio,
faziam sua pulsação voltar ao ritmo e colocaram um cobertor térmico sobre
ele. Eles perguntavam se eu estava bem, mas suas atenções estavam voltadas
para Vittorio.
— Você não pode! Ele está indo para a sala de cirurgia, se quer o seu
marido vivo então deixem que façam o trabalho! — Exclamou a mulher, me
puxando para longe. Ela segurou meu rosto e olhou toda minha cabeça. — E
você precisa ser atendida, as pupilas dos seus olhos estão muito dilatadas.
Venha. Fique calma, ele ficará bem. — Ela me abraçou de lado e foi me
levando dali, longe de Vittorio, olhei para trás com lágrimas escorrendo dos
meus olhos, me sentindo vazia e só. Eles deviam salvar Vittorio a qualquer
custo.
****
Demétrio.
— Está bem? — Perguntou com sua voz baixa e grave. Aquela voz
dava medo até mesmo em um passarinho.
Demétrio enfiou uma mão no bolso da calça jeans e passou com a outra
mão na barba. — Não podemos. Ele está em observação e talvez quando
amanhecer, você possa ir até lá. Mas pode vê-lo através da porta, ele está bem
ali. — Me virei às pressas para ir até lá, mas a mão de Demétrio me impediu.
Olhei para ele confusa, enquanto seus olhos azuis me observavam. — Espere.
Eu preciso saber o que aconteceu, detalhadamente, Belarmina. — Quando
disse isso, os homens se aproximaram novamente e me olhavam curiosos.
Todos eles estavam em busca de vingança.
Fechei a porta atrás de mim e andei até ele, o único som do quarto
largo, era do tubo respiratório e seus batimentos cardíacos. Quando parei ao
lado da cama, as lágrimas caíram, me fazendo suspirar trêmula. Ele estava
sem roupas, apenas coberto da barriga para baixo, sua cabeça enfaixada, um
curativo no olho esquerdo fechado e um colar cervical em seu pescoço. Seu
ombro direito estava de um puro roxo e também, uma concussão na bochecha
esquerda e os três últimos dedos da sua mão direita, estavam engessados.
Olhei mais para baixo e vi que sua perna direita estava engessada do joelho
para baixo.
Ele deve ter sentindo tanta dor quando foi arremessado. E aquilo me
fazia querer arrancar meus próprios olhos. Peguei a poltrona que estava no
canto do quarto e puxei para perto da cama, em seguida, me sentei sobre ela e
segurei a mão de Vittorio. Soltei uma respiração alta pela boca e passei
minutos observando ele. Minhas lágrimas não paravam de jorrar e mesmo
sabendo que ele estava bem, eu me sentia horrível em vê-lo naquele estado.
Abri minha boca para dizer sim, mas a fechei em seguida. Ela não
precisava da minha permissão, o homem que eu amava estava péssimo e
qualquer "concerto" era mais que bem-vindo. Pousei minha mão esquerda
acima da mão de Vittorio e olhei para Teresa. — Sabe que eu direi sim,
apenas me assustei, porque ninguém me disse ou diz nada.
— Dei ordens aos enfermeiros para não contar nada a você, pois estava
em choque na noite passada e estava cansada. Isso só iria preocupá-la mais.
— Disse-me ela, com um sorriso simples. — Pretendo deixar Vittorio,
novinho em folha sem nenhum arranhão, até quatro semanas.
****
Esperei pela cirurgia menos de uma hora, nesse intervalo, Lucco tinha
vindo ver o irmão, mas como ele estava em cirurgia, voltou para casa. Eu não
parava de perguntar para ele sobre o que tinha acontecido no fim daquela
madrugada depois das ordens de Demétrio, mas o idiota apenas me jogou um
beijinho, sorrindo e se foi. Eu o detestava, muito. E odiava saber que todos
queriam me manter no escuro, aquilo me irritava.
Mordi meu lábio para conter meu choro. Como eu queria abraçá-lo
naquele momento. — Pode me dizer como é essa drenagem? O que houve
exatamente? — Perguntei em voz baixa e triste. Teresa acariciou meu braço
esquerdo, enquanto o doutor dizia para mim, colocando suas mãos atrás das
costas.
— Dreno torácico é quando ocorrem vários casos, como de seu esposo.
Como ele foi arremessado do carro e seu corpo se bateu diversas vezes contra
rochas e árvores, acabou fraturando a caixa torácica e sofrendo um trauma no
órgão. Ele cuspia muito sangue naquele momento em que você viu, pois o
mesmo estava ao redor do pulmão dele devido ao acidente. Então, durante a
inserção de dreno torácico, eu inseri um tubo projetado para ser inserido na
lateral do corpo de Vittorio, entre as costelas, dentro do espaço pleural. Ele
precisará ficar com o tubo por alguns dias, até que eu tenha certeza de que
não há mais fluído ou ar a ser drenado, removerei o dreno.
— Quando a doutora Moore não estiver por perto, eu que irei monitorar
continuamente a respiração dele, a dor e também a situação do dreno. —
Explicou enquanto escrevia. Soltei um suspiro baixo e encostei minha cabeça
nas costas da poltrona, sem tirar meus olhos do rosto machucado de Vittorio.
— Você ficará com ele? — Perguntou a enfermeira, depois de um tempo.
****
Olhei para o soldado que ela dizia e segurei uma risada, ele era bem
alto e muito musculoso, mas o rosto de um cara de 25 anos. Afastei meu rosto
de mamãe e a encarei, com uma cara sacana para ela, levantando as
sobrancelhas. Mamma me olhou suspirando e balançando sua cabeça em
negativa. — O quê? — Sussurrei para ela e rindo.
— Não adianta fazer essa cara. Eu não quero outro homem na minha
vida tão cedo.
Ela soltou uma meia risada e puxou levemente uma mecha do meu
cabelo. — Engraçadinha, seu irmão será o único homem que permanecerá na
minha vida. Bem, estou indo e fique o tempo que precisar ao lado de Vittorio,
estarei bem protegida. — Riu me abraçando. Quando mamma e os soldados
se foram, voltei ao meu cappuccino e fui até uma mesa para me sentar. Minha
mãe estava finalmente livre, mesmo sabendo que Alessi, estava por aí, tinha
certeza de que ela estaria mais que protegida com os soldados de Vittorio.
****
****
Dois dias se passaram. E nesses dias tudo o que eu fazia era ficar
trancada dentro do meu quarto, apenas saía para me alimentar. Meus
caminhos eram banheiro, closet e cama, mais nada que isso. Estava em um
sono profundo, quando senti a mão de minha mãe segurar meu ombro direito
e me balançar.
Estava vestindo com uma calça jeans e camiseta branca. Seu casaco
estava no braço do sofá. Ele segurava o livro O Grande Gatsby de F. Scott
Fitzgerald.
Então ele chamou. — Não Belarmina. — Sua voz saiu quase sufocada.
Virei-me para ele e então vi a batalha que se travava tanto nos seus olhos,
como também no seu corpo.
Dei alguns passos, revoltadamente com ele. — O que você não quer
Vittorio?! Por que é tão difícil para você dizer? Por que você é assim?! —
Perguntei em voz alta e esgotada com sua covardia, eu estava quase o
mandando embora para longe. Até que ele disse as palavras, em tom alto e
autêntico.
— Porque eu preciso ser salvo! Eu preciso ser salvo, Belarmina! Não
tenho forças o suficiente, eu não consigo terminar essa batalha infinita! Esse
é o meu eu! — Quando ele parou de falar, ficamos nos encarando, ofegantes,
um distante do outro. Suas palavras me surpreenderam.
Eu não sabia mais o que dizer, não conseguia formular qualquer coisa.
Até que tomei a coragem e lhe respondi. — Posso ter forças para nós dois. —
Sussurrei. Vittorio me olhava tristemente e com as sobrancelhas unidas. —
Onde esteve naqueles dias, antes do acidente? — Perguntei em seguida, pois
Vittorio permaneceu quieto. Ele olhou intensamente para mim e depois
respondeu.
Olhei mais uma vez para ele e então me virei de novo, indo até a porta
da biblioteca, prestes a abrir.
Vittorio mordeu meu lábio inferior e desceu até o meu pescoço, com
sua boca. — Eu adoro você. — Sussurrou com a voz rouca e excitada. Soltei
uma risada entre nosso beijo e o puxei para mais perto, eu queria ele todo
perto de mim.
Ele se arrastou mais para baixo de mim e colocou seu rosto entre
minhas coxas. — Eu sempre estou desesperado por sexo, Sra. Gratteri. Sou
um pervertido, lembra? — Quando ele disse isso, soltei uma risada alta
misturada com um gemido. Sua língua circulava minha entrada já molhada
para ele, me fazendo arquear as costas e segurar seus cabelos castanhos em
minhas mãos. Os olhos de Vittorio estavam focados em mim, observando
todas as minhas reações, enquanto ele me chupava deliciosamente.
Meus gemidos ficavam mais altos cada vez que ele estocava sua língua
em mim ou chupava e mordiscava meu clitóris, uma de suas mãos subiu
segurando meu seio esquerdo e apertando meu mamilo duro, era arrebatador
e eu não queria que ele parasse tão cedo! Levantei minha cabeça do braço do
sofá, para olhá-lo melhor. Vittorio deu um sorriso cretino e enfiou dois dedos
seus, ao mesmo instante em que me chupava com mais força. Ele sabia como
deixar meu corpo à mercê dele, sabia os pontos certos em que me acendia, e
eu amava aquilo.
De repente, Vittorio se afastou e ficou com o joelho esquerdo em cima
do sofá, ele abria sua calça jeans sem tirar seus olhos de mim, me encarando
seriamente, com fome e desejo. Ele abaixou suas calças até as coxas e se
curvou sobre mim. — Sem cueca? Já veio preparado? — Ofeguei, levantando
minhas pernas e abrindo-me para ele. Vittorio me deu um beijo selvagem e
segurou seu pau em direção a minha boceta.
****
Vittorio se virou para mim e segurou minha nuca, seu olhar era
amoroso. — Estou aqui agora, não vamos recordar algo que te faça triste, está
bem? — Abri um meio sorriso e assenti para ele, dando um selinho nos seus
lábios.
Fechei os meus olhos e beijei seu peito, onde batia o seu coração. —
Então não se apresse. Sua memória fará com que se lembre. — Disse então
por fim, mas quando consegui observá-lo de perto Vittorio estava
adormecido, pacificamente, de um jeito lindo. Beijei uma vez seus lábios e o
abracei novamente. Ele se lembraria do que eu disse no hospital. Lembrar-se-
ia de que eu já estava me apaixonando por ele muito cedo e sem ter noção
disso.
****
Eu tinha que cuidar dele a todo o momento, saber os horários certos dos
seus remédios, levá-lo até o hospital para exames e não deixá-lo cair com
frequência. O que era meio difícil. Até que ele finalmente pode andar sem a
bota imobilizadora, fazendo sinos soarem em meus ouvidos! Vittorio sempre
estava irritado com qualquer coisa, às vezes nem minha ajuda queria, às vezes
nem falava comigo como uma criança birrenta. E também na maioria das
vezes não conseguia dormir.
Teresa tinha me dito que eram os efeitos dos medicamentos e que era
absolutamente normal, mas eu já estava quase enfiando o travesseiro na cara
de Vittorio com suas irritações.
— Eu prometo a você que nada de ruim vai acontecer comigo. Não vou
deixar que ele arranque nenhuma unha minha.
Vittorio riu em voz baixa e beijou meu nariz. — Só quero que não se
preocupe. — Sussurrou. — Abra os olhos. — Disse-me. Soltei um suspiro
baixo e abri meus olhos para ele, Vittorio me olhava de forma intensa e com
calor nos olhos, mostrando para mim que não havia nada para se preocupar.
— Não irei sozinho até lá, vou estar bem e no dia seguinte voltarei para você.
— Assegurou.
— Você me promete? — Perguntei a ele, segurando o choro. Vittorio
me puxou para mais um beijo me deixando sem fôlego.
Assenti para ele e o beijei mais uma vez, depois saí do seu colo e
Vittorio, voltou a se preparar. — E onde ele está? — Perguntei enquanto
permaneci ao lado da janela do escritório, seguindo os movimentos rápidos
de Vittorio. Ele pegou uma adaga dentro de umas das gavetas da mesa do
escritório e guardou por dentro do braço direito da camisa branca social.
Vittorio soltou uma risada e veio até mim, me puxando pela cintura e
me beijando. — Eu adoro quando você me dá esse olhar desafiador. — Disse
entre nossos lábios. Soltei uma risada e o abracei. Prologando nosso beijo,
quando acabou, Vittorio beijou o topo da minha testa e plantou um selinho
em meus lábios. — Me espere nua em cima da mesa de jantar amanhã. —
Piscou enquanto se afastava, com um sorriso cretino.
Soltei um suspiro alto e fui ligar para minha mãe, dando a maravilhosa
notícia que esperávamos.
****
Ah não...
Meus olhos não sabiam para onde olhar e o pavor da perda me segurou
bruscamente. Soltei um soluço alto e minhas pernas finalmente cederam,
caindo sobre o chão e tudo ficando escuro em minha volta.
CAPÍTULO
33
Vittorio.
Gabrielle por outro lado, se apressou e ficou entre nós dois, enquanto
gladiávamos nossos olhares fulminantes. — Acalmem-se os dois. — Pediu
Gabrielle. Mas Fellipo, não deu ouvidos para ele e soltou um rosnado entre os
dentes, dizendo.
****
Ela passou a mão no tecido, dizendo. — Você acha que não te entendo?
Mais é claro que sim, pois já passei muito por isso. Desde que me casei com
Alessi, minha vida foi transformada em um circo de horrores. — Ela olhou
para a janela e sorriu tristemente. — Eu me odeio por ter sido tão submissa a
ele. Ele me tratou como uma prostituta nojenta, me agredindo de todas as
formas. As agressões físicas e sexuais não se comparam com as agressões
psicológicas. Desde os meus 17 anos, sendo tratada como um lixo. Quando
era mais jovem, era pior. Alessi trazia suas amantes para dentro de casa e
dormia com elas no nosso quarto. Eu ficava com você, enquanto dormia
tranquilamente em meus braços, eu passava a noite chorando. E no dia
seguinte, se eu estivesse o ignorando, ele me batia pra valer, até que fizesse
você chorar de medo e depois me estuprava como um animal no cio. — Seus
olhos estavam vermelhos de lágrimas, enquanto mamãe olhava lá fora,
perdida em pensamentos.
****
— Sinto muito pela sua dor, Vittorio foi um grande homem e será
lembrado sempre. — Sussurrou para mim, beijando o topo da minha cabeça.
Assenti com lágrimas em meus olhos e segurei sua mão, sorrindo pequeno.
Seu discurso fazia meu coração trovejar a cada instante em que ele
citava o nome de Vittorio. Eu segurava meu choro a qualquer custo, não
querendo fazer aquilo na frente daquelas pessoas. Respirei o mais profundo
possível e estava prestes a me levantar, quando captei as reações de Lucco.
Oh meu Deus!
— Oi baby.
****
Soltei uma risada frouxa e corri até ele, as pessoas se afastavam para
que não se trombassem em mim, quando estava perto o suficiente, pulei em
seu colo e beijei sua boca. Despejando meu alívio e amor sobre ele. Vittorio
me segurava com um só braço, enquanto nos beijávamos na frente daquelas
pessoas. Não nos importando em que lugar, momento, hora e dia estávamos.
Eu apenas queria sentir o seu gosto se misturando com o meu.
Dei um selinho em seus lábios e ri mais uma vez, sentindo uma imensa
felicidade. — Eu esperei por você com a minha calcinha de veludo. —
Murmurei perto de sua boca. Vittorio sorriu abertamente e beijou-me
apaixonadamente, depois inspirando o cheiro do meu pescoço.
Olhei para minha mãe, ela estava de pé, paralisada, olhando para o chão
do palco, enquanto Danios a segurava. Quando me virei, Lucco soltou uma
risada, pulou do palco, indo até o seu irmão e o abraçando com um tapa nas
costas. — Maldito, impossível morrer assim. — Disse para Vittorio, fazendo
os dois rirem.
Quando Vittorio terminou de falar, sorriu para Denver, foi então que o
mundo parou de funcionar completamente. — E obviamente que não deixarei
nenhum rato entre essas Famílias. — Todos olharam quando ouviram a voz
grave e pacífica de Demétrio. Ele estava parado no meio do salão, com as
mãos atrás das costas encarando Denver, com as sobrancelhas unidas.
Antes, eu pensava que meu destino foi forçado, agora, sei que ele foi
entrelaçado com a pessoa certa. O homem certo, para amar eternamente.
****
Ele colocou sua mão direita sobre minha coxa, enquanto dizia-me. —
Pare de reclamar. É uma surpresa, você não disse que precisava de umas
férias daquele drama todo em Nova York? Estou lhe salvando, Sra. Gratteri.
— Piscou para mim. Soltei um rosnado e encostei-me ao banco, esse fodido
não iria falar.
****
Meus olhos não sabiam onde parar no fim daquela tarde. Vittorio tinha
comprado uma casa de praia, onde somente nós morávamos. Ele estava
abraçado por trás de mim enquanto murmurava. — O que acha? —
Perguntou. Olhei para a grande casa branca e soltei uma risada.
— Vittorio, ela... ela é perfeita! — Me virei para ele e beijei sua boca
maravilhosa.
— Isso, meu amor, é a nossa lua de mel. Você achou mesmo que eu
não iria concertar essa parte tão importante na vida de uma mulher? Da
minha mulher? — Mordi meu lábio inferior e senti as lágrimas se formarem,
ele tinha feito uma surpresa especial! Uma verdadeira lua de mel para nós
dois. Vittorio segurou meu rosto entre suas mãos e sussurrou: — Você
merece isso, uma lua de mel justa. Um momento nosso que levaremos para
sempre. Podemos ficar aqui, o tempo que você quiser.
Ele beijou uma vez minha boca e sorriu. — Sua felicidade é minha
prioridade, assim como serei totalmente franco. — Vittorio engoliu em seco e
respirou fundo. — Eu me lembro de você, quando criança. Eu me lembro de
como você me olhou quando te levantei do chão, esses lindos olhos
arregalados e uma paixão inocente surgindo. Eu não me importei muito,
porque você só tinha sete anos. Mas eu considerei aquele olhar, foi o primeiro
olhar apaixonado e sincero que eu tinha visto. Então, eu vi você crescendo e
quando apareceu naquele jantar, com aquele vestido vermelho e aquele olhar
desafiador para mim... — Ele soltou um gemido e beijou meus lábios com
força. Fazendo-me gemer e segurar sua nuca.
Tirei os meus óculos e rosnei. — Até que foi legal esse dia...
— Eu já entendi aonde você quer chegar, seu babaca! Vou ficar nua, é
isso o que quer? — Perguntei e me levantei, já desamarrando a parte de cima
do meu biquíni azul. Vittorio também se levantou, rindo e me puxando pela
cintura, mordiscando e beijando os meus lábios.
Fiz um olhar bravo para ele e enrolei os meus braços em torno do seu
pescoço. — Não irei ficar nua. O que eu realmente quero saber é o que
iremos fazer nessa noite. — Vittorio balançou as suas sobrancelhas, com um
olhar cretino e observou a praia.
— Já fizemos tantas coisas, que eu não tenho nada inédito para você.
— Murmurou e eu murchei, achei que seria surpreendida. — Mas... posso
tentar encontrar algo por aqui. Você anda muito sem vergonha, senhora
Gratteri.
Ir a um concerto? Sério?
****
Sem lhe dizer nada, eu segurei a fivela do seu cinto e abri o botão da
calça, Vittorio apenas me encarava de cima, o seu olhar estava escurecido
pela luxúria. Coloquei a minha mão dentro da sua calça e puxei o seu pau, já
ereto para fora. Abri um sorriso e me aproximei mais, enfiando o seu membro
para dentro da minha boca. A mão de Vittorio veio bruscamente sobre a
minha cabeça, quando ele começou a empurrá-la para baixo, fazendo o seu
pau bater no fundo da minha garganta.
Eu estava tão excitada que levei uma das minhas mãos até a minha
calcinha, colocando-a de lado e comecei a me estimular. Estava tão delicioso!
A firmeza da pele de Vittorio se deslizando pelos os meus lábios e língua, eu
o encarava enquanto chupava ele e o seu olhar era animalesco. Realmente, eu
precisava desse homem, ali mesmo. Segurei o seu pau com a mão livre e dei
uma lambida, bem lentamente, enquanto massageava o meu clitóris com os
dedos.
****
Abri um sorriso bobo e acariciei a sua barba feita. — O que eu sou para
você? — Perguntei. Aquela era a segunda vez que tinha feito àquela
pergunta, mas a primeira vez não teve uma resposta, apenas um olhar
nervoso. Mas dessa vez, Vittorio me olhou com um misto de amor e devoção,
um olhar apaixonado e uma carícia em cima da minha cabeça.
Ele subiu por cima de mim mais uma vez e se apoiou com as palmas
das mãos em cada lado perto da minha cabeça. Toquei no seu peitoral e a
minha respiração se elevava. Sem dizer nada, Vittorio se abaixou e me
beijou, um beijo lento e convidativo para os meus lábios famintos por ele. O
meu estômago dava cambalhotas e o meu coração pulava com a proximidade
daquele homem.
Se isso não era amor, então eu não sabia o que era certo ou errado.
Ele segurou o meu rosto com a sua mão, fazendo com que o nosso beijo
se aprofundasse ainda mais. Os toques, as respirações, os baixos gemidos
eram tão íntimos e apenas nosso, eu estava amando aquele momento.
Ele fechou os seus olhos e soltou uma respiração dura, misturada com
um delicioso gemido. Aquilo me deixou mais molhada. — Você me faz tão
bem... — Sussurrou, duramente. Plantei um selinho em seu lábio e espalmei
uma das mãos em suas costas, incentivando-o a ir mais fundo. E ele fez, mas
continuou no mesmo ritmo, que eu estava amando.
— E você é tudo para mim. Prometa que não irá mais partir. —
Sussurrei de volta, soltando um baixo gemido. Vittorio abriu os seus olhos e
afastou a sua testa da minha, ele me observava com o rosto franzido.
— Nadar pelados.
— Não precisa dizer, eu sei muito bem disso, seu fodido. — Vittorio
soltou uma gargalhada e me pegou no seu colo. A água não estava mais me
incomodando.
PULSATION – Spin-off.
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