Você está na página 1de 494

São Paulo, 2018.

Capa: Tenório Designer Gráfio.


Revisão: Lilian Lima – Patrícia Andrade.
E-mail para contato: autorastella@gmail.com

Copyright © 2016. Stella Gray


Esta é uma obra de ficção. Nome, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são
produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidencia.
É proibido o armazenamento e/ ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios – tangivel ou intangnível – sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9. 610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
Edição Digital | Criado no Brasil.
REGISTRO: 1908061626629
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não
conhece como eu mergulhei. Não se preocupe não
entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

~ Clarice Lispector.
CAPÍTULO 1

DOIS MIL E ONZE


(2011).

Eu não estava nenhum pouco a fim de ir aquela merda de jantar! Não


queria ficar entre aquelas pessoas falsas, que vinham até a mim apenas para
dizer como sou bonita e blá-blá-blá. Mas eu não tinha escolha. Tinha que ir e
me comportar como uma cadelinha obediente; respirei fundo e saí do meu
quarto, emburrada.

Desci as escadas, tranquilamente, quando avistei mama e papa me


esperando no grande saguão da nossa mansão.

Meu pai estava carrancudo, como sempre, e minha mãe quietinha na


sua, já era uma cadela adestrada! Quando os olhos azuis do meu pai
pousaram em mim ele rosnou.

— Por que a demora garota?! — Perguntou, enquanto eu passava pelos


dois e ia até a porta. Olhei para meu pai e sorri, se ele não tivesse uma
expressão tão demoníaca, diria que é um homem de trinta e sete anos muito
bonito. Sim, minha mãe e meu pai se casaram porque ela engravidou na
adolescência e então teve que se casar com meu pai aos 16 anos.

Mas com o tempo ele mostrou quem realmente era: um animal e nada
mais!

— Estava duvidosa entre alguns vestidos. — Cantarolei quando


estávamos indo até o nosso carro.
— Estou pouco me fodendo! Agora Graterri ficará puto com essa
demora. — Disse papai, entredentes. Não dei importância e entrei no carro
junto com mamãe, que me olhava com carinho. Eu estava fodendo para o que
Vittorio Fodido Gratteri pensaria da demora, ele não é Deus de qualquer
forma.

Quando papai entrou no carro e saiu do pátio da casa, meu coração


palpitou forte. Não queria conhecer Vittorio, e eu não tinha ideia do porque
ele queria me conhecer.

Mas permaneci quieta dessa vez, caso contrário meu pai arrancaria
meus dentes. O jantar não era longe de casa, então levou somente quinze
minutos para chegarmos à frente da enorme mansão, estilo A Casa Dos
Mortos de Vittorio Gratteri, carros e mais carros estavam alinhados no pátio e
percebi que sua mansão era a maior do bairro.

Por que esse babaca quer tanto espaço? Ah sim! Porque ele morava em
um barraco quando criança e agora que enriquece matando pessoas, quer um
prédio só para ele!

Papai entrou pelo pátio e estacionou em uma vaga perto do jardim da


casa, antes de sairmos do carro ele olhou para trás e levantou seu dedo. — Se
você não se comportar perto de Graterri, quando chegarmos a nossa casa eu e
você teremos uma conversa séria, você me entendeu? — Cruzei os braços,
revirando os olhos e olhei mama, ela não dizia nada olhando a sua frente.

Respirei fundo e sorri forçado ao meu pai.

— Recado dado com sucesso!

— Ótimo! Agora vamos. — Saímos do carro e caminhamos até porta,


lá se podiam ver inúmeros soldados, andando no lado de fora da mansão.
Quanto mais chegávamos perto da porta, mais meu coração pulava de medo.

Papai me deu um olhar ameaçador e então apertou a campainha, ele


abraçou a cintura de mamãe e rapidamente seus semblantes eram felizes.
Argh! Falsos!

A porta se abriu com uma mulher loira, vestida de vestido e salto


pretos, que sorriu abertamente.

— Boa noite senhor e senhora Lucchese! Senhorita Lucchese. —


Entramos na mansão sorrindo, e quando vi aquele turbilhão de pessoas,
pensei em correr de volta ao carro. Todos aqui puxavam o nosso saco, pelo
meu pai ser filho de um Lucchese, mas infelizmente ele não pode ser Capo
por engravidar uma garota da Família Bonanno, assim sujando o nosso
sobrenome. Porém papa nunca se importou com isto, ele mesmo diz que
sendo o capitão de todos os capitães da Família já é o suficiente. Ele está até
acima de Vittorio.

Todos vinham até nós com sorrisos falsos, até que Vittorio apareceu
vestido em um terno preto, camisa e gravata pretas, como ele sempre se
apresentava, depois de sua esposa falecer. Vittorio caminhava confiante em
minha direção com aquele ar de bad boy.

Quando se aproximou, ele pegou minha mão, sem minha permissão e


se curvou para beijá-la.

— Senhorira Lucchese, que prazer poder conhecê-la, finalmente. Me


chamo Vittorio Gratteri.

Eu realmente não sabia o que fazer naquela situação. Vittorio ainda


segurava minha mão, meus pais olhavam como idiotas para a cena, e todos os
convidados daquela noite, fingindo entusiasmo não sei pelo o quê! Olhei para
o belo homem na minha frente e sorri pequeno. Era o meu sorriso falso e com
certeza meu pai deve ter percebido.

— Senhor Gratteri. É um grande prazer poder conhecê-lo também,


obrigada pelo convite, aliás! — Puxei minha mão rápido demais, porém,
Vittorio não pareceu ter notado ou fingiu que não notou. Ele acenou uma vez
com a cabeça e colocou as mãos para trásm enquanto olhava para todos os
convidados curiosos.

— O jantar será servido! Por favor, sintam-se à vontade. — Um


murmúrio começou na casa, enquanto as pessoas andavam até a sala de
jantar. Quando eu estava prestes a fugir dali, meu pai chamou por mim.

— Creio que o senhor Gratteri gostaria de ter uma conversa particular


com você, Belarmina. — Trinquei meu maxilar e me virei sorrindo
educadamente. Eu podia ver a raiva nos olhos de meu pai, foda-se ele, porque
eu deveria ter um assunto em particular com esse cara? Olhei para Vittorio
que fez um sinal para eu seguir na sua frente. Respirei fundo e passei por eles
sem querer olhar para meus pais.

Quando estávamos longe de todos, Vittorio caminhou ao meu lado. —


Acompanhe-me senhorita Lucchese. — Segui o homem, meio relutante, a
cada porta em que passávamos direto. A casa era realmente grande e com um
estilo do século XVIII. Fico imaginando como a esposa de Vittorio, gostava
de morar aqui nessa casa sombria, eu não me imaginara suportando em ter
que conviver aqui. Tenho certeza de que se eu fosse ir até a cozinha pegar um
copo de água no meio da noite, iria sentir que participava de uma cena do
filme Sobrenatural.

Vittorio parou na frente de duas portas duplas de madeira escura e as


abriu, ele me convidou para entrar primeiro e fiquei surpresa ao ver que era,
na realidade, uma biblioteca.

— Uau. — Murmurei encantada, com as infinitas estantes altas ao


redor do cômodo. Também havia um sofá preto de camurça de frente a
lareira, junto com duas poltronas parecidas. Na outra extremidade da sala,
continha um piano de cauda branco. Caminhei até lá e toquei na tampa
fechada, olhei para trás sorrindo para Vittorio.

— Isso é novidade. Desde o momento em que entrei aqui, apenas vi


preto. — Os olhos escuros de Vittorio digitalizaram meu rosto e depois o
piano.

Ele caminhou devagar e parou ao meu lado, ainda com as mãos


entrelaçadas atrás dele.

— Sempre gostei de piano, mas me surpreendi quando Lorena me


presenteou com um da cor branca. — Assenti para ele e voltei a olhar o belo
piano.

Lorena era a esposa de Vittorio. Eles se conheciam desde que os


Gratteri se juntaram a máfia. Ela era jovem e tímida, ele era mais velho e
sedutor, ambos acabaram se apaixonando, e Vittorio não perdeu a
oportunidade de pedir a mão de Lorena.

Eu conhecia boa parte da história deles dois, devido às mulheres da


Família babar por Vittorio. Eles se casaram jovens, Lorena tinha apenas
dezessete anos e Vittorio vinte e três. Viveram o casamento mais amoroso da
máfia, o que deixava muitas mulheres com inveja pelo amor dos dois, porém
há um ano, o destino deu uma bela rasteira neles. Lorena foi diagnosticada
com a atualmente conhecida como "a doença da vaca louca".

Mamãe era uma das amigas mais íntimas de Lorena, e quando ela
estava adoecida, poucas pessoas foram visitá-la. Eu fui com minha mãe umas
três vezes, porém nessas vezes eu ficara assustada com a mulher. Não era ela
mesma. O que deixava minha mãe triste, pois em algumas vezes, Lorena nem
se lembrava dela.

Olhei para Vittorio disfarçadamente e vi que seus olhos estavam em


outra época. — Eu me lembro dela, sempre tão gentil. — Murmurei.

Vittorio piscou e olhou para mim, havia dor nos olhos escuros dele,
mas como um relâmpago não tinha mais nada ali, apenas educação.

— De fato. — Assentiu. — Ela me ensinou a me tornar um verdadeiro


ser humano.

— O que quer dizer com isso? — Perguntei.

Vittorio arqueou sua sobrancelha direita e deu de ombros, ainda


olhando para o piano branco. — Eu era um animal maltratado pela vida, mas
depois que conheci Lorena, ela me mostrou o lado bom da vida. O lado em
que eu poderia viver. — Sua mão repousou no piano ao lado da minha.
Nossas peles tinha um tom diferente de cor, enquanto o meu era bronzeado, o
dele era branco.

— Esse piano é a única coisa que me mantém ao lado dela, toda vez
que algo está dando errado, ou que está me incomodando, eu venho aqui e
toco.

— Sempre quis aprender a tocar. — Por que eu disse aquilo? Aliás,


porque diabos eu estava aqui conversando abertamente com esse homem?

Vittorio me olhou e tirou sua mão de perto da minha. — Talvez eu


possa ensiná-la... Se você quiser. — Disse-me.

Soltei uma risada e balancei minha mão. — Não precisa. Estou ocupada
com outras coisas.

— Ocupada em se manter uma filha comportada? — Perguntou


franzido.

Eu deveria sentir raiva, mas suspirei. — Infelizmente. — Encolhi os


ombros. Olhei para as portas fechadas e apontei. — Acho melhor voltarmos.
As pessoas devem estar se perguntando por onde o dono da casa anda.

— Ainda não. — Disse Vittorio, abaixando a cabeça com as


sobrancelhas unidas. — Eu lhe trouxe até aqui a pedido do seu pai. —
Desculpe?! Por que o idiota do meu pai queria isso?

Ele sabia muito bem que eu não gosto desse homem, a palavra nojo
nem se encaixa pelo o que sinto. Vittorio é um homem volátil, ele não dá a
mínima para as leis e tradições da Família, sempre "brinca" com as mulheres
erradas, sempre fode as mulheres erradas, que são mais conhecidas como
noivas ou casadas. Ele sempre deixara claro pelas suas atitudes, de que,
mulheres são objetos e mais nada. Apenas para satisfazê-lo.
Nunca me encantei por esse homem, mas eu sou uma mulher, e o
desrespeito dele cabia a todas que conviviam ao redor dele.
Então me perguntei, por que meu pai queria que ele conversasse a sós
comigo?

Cruzei meus braços e encostei meu quadril no piano. — E do que se


trata? — Perguntei suavemente.

Vittorio enfiou suas mãos nos bolsos da calça de grife e me olhou. Ele
nunca sorrira. — Eu não gosto de rodeios, Belarmina, então serei direto. —
Um calafrio percorreu pelo meu corpo, quando meu nome saiu dos seus
lábios. Eu não sabia o porquê, mas fiquei com medo do que ele estava prestes
a dizer. Então ele falou:

— Seu pai pensou bem a respeito e viu que você já é uma mulher
adulta, terminou os estudos há um ano e agora ajuda sua mãe nas tarefas
necessárias. E também ele notou que sou um ótimo capitão da máfia, mas
preciso novamente de alguém ao meu lado. — Ele respirou fundo, como se
estivesse relutante em dizer.

— Belarmina, seu pai quer que nos casemos, e eu concordei com ele.
— Parei de piscar. Meu mundo tinha caído um zilhão de vezes seguidas, sem
uma parada. A minha cabeça girava furiosamente e gritos ecoavam dentro
dela, gritos meus. Meu sofrimento.

Foi aí que senti o mais puro ódio tanto de meu pai, como também desse
belo homem em minha frente.

Marido.

Desviei meu olhar dos seus, incapaz de dizer algo. Apesar da minha
raiva interna, eu vi nos olhos dele. Vittorio também não queria esse
casamento.
CAPÍTULO 2

Minha imaginaçãoo fértil fez com que eu pensasse, naquele momento,


em como seria delicioso pegar a cabeça de Vittorio, colocá-la entre a tampa
da porra do piano e fechá-la várias e várias vezes seguidas! Até que seus
olhos estivessem pulando para fora da sua cabeça fodida. Como ele pôde
aceitar isso, se, nem mesmo ele quer?

Eu não seria vendida como uma ovelha, ainda mais por esse maldito
homem que conheço desde criança.

Vittorio ainda manteve seus olhos em mim, buscando uma reação. — O


que está pensando? — Perguntou seriamente.

Passei a mão trêmula no meu rosto e suspirei. — De como eu quero


pegar sua cabeça, colocar entre a tampa desse piano e bater nela várias vezes.
— Suspirei novamente. Nunca fui de esconder o que penso, não seria agora
que mudaria esse meu lado sincero.

Para minha surpresa, Vittorio sorriu e deu uma batidinha na tampa


fechada do seu piano branco.

— Você não esconde o que pensa, gostei disso.


— Não quero que goste de nada em mim. — Respondi rudemente. —
Aliás, quero que diga ao meu pai que não quer se casar comigo, pois sou
muito nova para você. — Os olhos escuros de Vittorio penetraram os meus,
de uma forma assustadora. Ele tinha feito aquilo para me amedrontar e me
encolher como uma garotinha perdida no bosque, mas não o fiz. Ergui meu
queixo e o desafiei, ele que se foda! O que queria com alguém como eu?
Uma garota recém-formada no ensino médio, que não têm amigas, não pode
sair e para completar o pacote: Super virgem.

Todos aqueles atributos não eram do estilo de mulher que Vittorio


possuía, eu sempre fui observadora e tinha contado nos dedos o total de
vezes, que Vittorio aparecia em revistas e jornais com mulheres: vinte e nove
mulheres, todas curvilíneas, altas e loiras.

Porra, eu sou loira! E natural!

Pigarreei algumas vezes e comecei a brincar com o meu colar, aquele


pensamento me incomodou.

Vittorio colocou novamente suas mãos para trás das costas e apertou
seus olhos. — Por que eu deveria ir contra os desejos de seu pai? —
Perguntou em voz baixa. — Você sabe que ele, a qualquer momento vai casar
você, Belarmina. Então vamos pensar comigo, se eu por acaso me recusar de
algo que já disse que aceitaria, não seria mais digno de confiança, as pessoas
me veriam como um... Sem palavras e até mesmo fraco. Então, seu pai
simplesmente te arranjaria outro noivo, e vai por mim, seu outro pretendente
era o senhor Benedetto.
Arregalei meus olhos para ele, assustada com aquilo. Meu pai era
maluco? O que se passa na cabeça daquele homem?

— O senhor Benedetto tem o triplo da minha idade! — Sussurrei


apavorada. — O homem mal enxergar consegue.

— Exatamente, mas o seu pai está tão desesperado para casar você, que
não deu à mínima quando o velho homem mostrou interesses... — Ele me
olhou de cima a baixo. — Carnais para sua bela filha. E acredite em mim, o
homem está torcendo para que eu desista de você.

Antes que eu pudesse colar minha língua no céu da minha boca, era
tarde demais. Dei apenas três passos e segurei os pulsos de Vittorio. Ele era
cheiroso...

— Por favor! Não ouse desistir de mim! Eu me caso com você, tudo
menos aquele velho nojento. — Implorei com minha voz, meus olhos
transmitiam suplicações silenciosas para o homem parado na minha frente.

Vittorio juntou suas sobrancelhas e me olhou por um breve período.


Parecia que ele estava travando uma batalha dentro de si mesmo, eu podia ver
em seus olhos castanhos. Ele também não queria isso, mas não havia opções
para ambos. Esse era o nosso caminho, construído por outras pessoas.

Uma das mãos de Vittorio subiu até meu rosto, mas ele não me tocou.
Seus dedos seguraram uma mecha do meu cabelo, fazendo-me sentir uma
sensação estranha dentro de mim. Então ele sussurrou: — Sairia correndo
agora se me conhecesse de verdade, Belarmina. Pensaria com cuidado antes
de pedir algo para mim.

Engoli em seco e me afastei um pouco dele, parecia que estava faltando


oxigênio na sala. — Eu não tenho medo, eu nasci no meio de assassinos e
você... — Parei de falar quando Vittorio balançou sua cabeça em negativa,
me olhando intensamente.

— Não essa parte de mim, mas a que ninguém conhece. Belarmina, eu


tenho tanta raiva que tive que procurar algo para canalizá-la e tentar viver
normalmente. — Ele deu um meio sorriso e continuou. — O mundo que eu
vivo, seria assombroso demais para você. Por que você acha que não me
casei novamente? Já se passou um ano e meio, e ainda não estou apto para
outra pessoa, você, senhora. Lucchese choraria de medo toda vez em que eu
chegasse a nossa casa. Tenho certeza disso. — Continuei o observando, sem
piscar ou me mover.

Vittorio estava meio curvado, olhando-me com atenção. Lambi meus


lábios, cobertos de batom e disse-lhe. — E-está tentando me assustar?

Ele soltou uma risada baixa e se endireitou. — Pelo contrário, estou lhe
adiantando de tudo, não gostaria de passar o resto da minha vida com uma
esposa medrosa e encolhida ao meu lado.

— Lorena conheceu esse seu lado? — Perguntei curiosamente.

Mas pela cara dele, não curtiu minha intromissão. — Não. — Disse
seriamente. — Eu não era assim, foi depois que ela faleceu. — Assenti para
ele e me calei. Falar sobre a sua esposa falecida, era algo delicado para
Vittorio. Então saberia que a partir daquele momento, não tocaria mais no
assunto. Mas por que não? Eu não o veria novamente, eu não me casaria nem
com ele e nem com ninguém! Só que dessa vez, mantive esses pensamentos
somente para mim.

Ficamos em um silêncio constrangedor, eu desviando meu olhar e


Vittorio me olhando franzido, como se eu fosse um quebra-cabeça raro para
ele.
Passei a mão na minha corrente e respirei fundo. — Acho melhor
irmos, já se passou mais de uma hora que estamos aqui. — Murmurei
olhando para ele.

Vittorio assentiu ainda me encarando daquele jeito esquisito. — Vamos


nos encontrar amanhã, seu pai permitiu que eu a levasse para sair quantas
vezes quisesse; nós vamos discutir sobre esse assunto, eu também não quero
me casar Belarmina, sei que é cruel o que seu pai fez, mas eu não posso
voltar à atrás. Então vamos nos ajudar, vamos nos conhecer melhor, darei
uma semana para nós dois, você fala o que não quer e eu falo o que não
quero. Tudo amanhã e nos próximos dias, o que você acha?

Mordi meu lábio inferior e pensei. Eu queria ter a sorte que seu irmão,
Demétrio teve, mas nem todos a têm. Vittorio estava me propondo algo
considerável, algo que nenhum homem ofereceria, principalmente se fosse
aquele velho, o Sr. Benedetto.

Assenti várias vezes com a minha cabeça e o olhei.

— Tudo bem, eu vou aceitar. — Suspirei pesadamente, sentindo que


condenei minha vida ao inferno.

Os olhos de Vittorio me avaliaram por alguns segundos, em busca de


algo negativo. — Tudo bem. — Murmurou. — Vamos, as pessoas devem
estar se perguntando sobre mim. — Segui-o para fora da biblioteca com meu
coração saltitando. Quando chegamos a sala de jantar, as pessoas ainda
estavam se alimentando e conversando animadamente, eu tinha notado que
todos eles fingiram que não nos viram chegando, mas não dei a mínima para
isso.

Sentei-me ao lado da minha mãe que me olhou tristemente, com um


sorriso fraco. Ela estava se sentindo mal por mim, mas eu sei que, como da
última vez, se ela me defendesse meu pai bateria nela. Os hematomas
amarelados ainda estavam escondidos debaixo do vestido. Meu pai, fez com
que eu assistisse tudo e depois me mandou para quarto. Quando tinha saído
de lá, escutei minha mãe gritar e chorar, pedindo para que ele parasse que
estava machucando ela.

Eu não tinha escutado barulhos de agressão, então deduzi o que tivera


feito. Violentou-a. Como sempre. Depois daquela noite, eu ordenei a minha
mãe que não me defendesse mais. Ela chorou muito, e me abraçou dizendo
que não teria forças para suportar, assistir meu pai destruir minha vida. Mas
eu fui firme e disse que sabia me virar, ela acabou concordando e depois
disso, sempre permanecera calada.

Naquela mesma semana, meu pai tinha chegado bêbado em casa e eu,
estava na cozinha conversando com uma das empregadas e com um dos
soldados animadamente, ele estava contando uma história sua quando
conheceu a garota dos seus sonhos o que me fazia rir alto.

Então meu pai apareceu mandou os dois saírem de sua casa, e me


arrastou pelos cabelos até o andar de cima da casa. Não. Ele não fez isso que
vocês acabaram de imaginar, mas ele me bateu. Pra valer. Primeiro ele me
humilhou psicologicamente, como sempre fez desde os meus dez anos.
Depois, ele me mandou ficar somente de calcinha e sutiã e me bateu, sem
roupas as chances das marcas ficarem mais fundas eram melhor. Ele sempre
dissera isso.

Eu gritei, chorei, pedi socorro e implorei para ele parar, mas meu pai
sempre adorou que suas vítimas implorassem. Aquilo só o instigava mais. Ele
bateu nas minhas costas, bunda e coxas com seu cinto de couro. Quando ele
tinha visto que eu soluçava, não implorava mais, ele me soltou e disse que da
próxima vez me visse rindo como uma prostituta barata perto dos seus
soldados, a surra seria pior.

Isso aconteceu há duas semanas, mesmo depois daquilo, eu não dava


ouvidos para meu pai. O bom é que suas duas amantes estavam fazendo um
belíssimo trabalho, ele estava calmo desde então.

Essa era a vida que eu levava: um pai sádico abusivo de merda, uma
mãe amedrontada pelo medo – não a estou julgando – e agora, um casamento
com um homem dezesseis anos mais velho e horripilante. Não estou dizendo
na aparência, pois tinha que admitir, Vittorio era um homem muito bonito.
Aquele estilo de cara malvado era curioso, mas ele não era o tipo de homem
por quem eu me apaixonaria e casaria.
Mamãe segurou minha mão por baixo da mesa e a olhei. Seus olhos
verdes transmitiam o mais puro amor. Sorri para ela e devolvi o aperto, pelo
menos eu não estava sozinha naquela merda toda.

De repente me senti sendo observada por alguém daquela grande mesa,


olhei para as pessoas entretidas nas suas banais conversas e meus olhos
pousaram diretamente em Vittorio.

Ele estava bebendo um gole do vinho, e seus olhos estavam fixos em


mim. Sustentei nosso olhar por tempo suficiente para perceber que ele estava
me notando, enquanto eu estava perdida em devaneios, ele deu um sorriso
rápido sem mostrar seus dentes, e desviou os olhos quando um homem o
chamou. Soltei um suspiro baixo e comecei a comer.

Amanhã ele me encontraria, falaríamos abertamente sobre nossos


limites e depois... casar. Eu não queria isso, eu não queria nada daquilo, e
sentia um alarme acionar na minha cabeça.

Não era essa a vida que queria; ser forçada a algo que eu não conhecia
realmente. O casamento dos meus pais era falso, abusivo e odioso. Eu não
tinha experiências com homens, eu não saberia lidar com um homem adulto,
quase da idade de meu pai.

Peguei a taça de vinho e bebi um gole, minhas mãos tremiam e meu


coração rugia.

Eu estava quase me levantado e correndo dali, quando uma mão forte


segurou meu ombro esquerdo. — Venha comigo agora! — Sussurrou meu
pai no meu ouvido. Olhei para cima e ele sorria com carinho para mim. O que
eu fiz? Virei minha cabeça na direção de mamma e ela me olhava assustada,
depois olhei para outro lado da mesa, onde Vittorio assistia tudo, sem ouvir o
que o homem sentando a sua frente dizia.

Levantei-me da cadeira e todos os homens da mesa se levantarem. Sorri


educadamente para eles e sai de lá, sem olhar para Vittorio.

Meu pai abraçou-me pela cintura e me levou para os fundos da casa, eu


estava assustada e não tinha ideia do que estava acontecendo!
Saímos para um belo jardim com esculturas brancas espalhadas por ali,
mas não tive tempo de olhar mais que isso, pois meu pai me pegou pelo braço
e me empurrou contra a parede. Ele descansou uma de suas mãos acima da
minha cabeça e me olhou.

— Que porra é essa de você ordenar a Vittorio que não aceite o


casamento? — Rosnou baixo.

Parei de respirar. Como ele sabia disso? Vittorio contou? Com certeza
não, pois ele se sentou na mesma hora que eu. Então, quem foi?

— Q-quem te disse...

— A empregada ouviu seus gritos, sua garota estúpida! — Interrompeu


meu pai. Ele apontou seu longo dedo na frente do meu rosto e continuou. —
Você vai se casar com Gratteri, você vai atender a todas as expectativas e
necessidades dele sem pensar, você vai ser a porra de uma esposa para ele, e
se você sonhar em negar algo dele nos próximos dias, eu vou te dar para o
bordel mais barato e sujo de Nova York, me entendeu? — As lágrimas
fluíram dos meus olhos sem minha permissão. Estava petrificada com as
palavras do meu pai.

Ele segurou minhas bochechas com força e aproximou seu rosto do


meu. — Você me entendeu?! — Rosnou com raiva.

Engoli em seco e assenti para ele. — Sim pai, eu entendi. — Sussurrei


com a voz trêmula.

Papai sorriu abertamente para mim e beijou minha testa, ele se afastou,
porém não tanto quanto eu quisesse.
— Da próxima vez que você dizer coisas como aquelas, eu quebro suas
pernas, sabe que eu não tenho pena. — Ele me empurrou com força contra a
parede e soltei um pequeno grito, assustada. — Que isso nunca mais se
repita, sua vagabundinha mimada. — Sua mão apertou uma vez meu
pescoço, o que me fez engasgar e em seguida ele me soltou.

Curvei-me, segurando com as mãos meu pescoço, enquanto assistia


meu pai passar a mão no terno e abrir a porta, voltando para dentro de casa.

Encostei-me a parede e escondi meu rosto com as mãos, tentando


conter os meus soluços, aquele homem tinha que ser exterminado. Morto
lentamente.

Eu sempre me imaginava o matando, com uma faca no seu pescoço, um


tiro na sua cabeça... mas apesar de tudo, eu tinha medo. Medo dele e sabia
que, se eu tentasse algo, ele mataria a mim e a minha mãe.
Continuei chorando o bastante, até que pudesse me acalmar e voltar
para o meio daquelas pessoas horrorosas.

Limpei minhas lágrimas com os dedos e continuei de olhos fechados,


tentando amenizar a dor que sentia dentro de mim.

— Belarmina? — Abri os meus olhos, e vi Vittorio ali parado com a


porta de vidro do jardim aberta. Ele olhou para o interior da casa e fechou a
porta em seguida, caminho em minha direção e depois, tirou um lenço de
seda preto do bolso do paletó.
Ele me entregou sem dizer absolutamente nada e peguei agradecendo.
Limpei meu rosto e nariz enquanto, Vittorio permaneceu ali, parado, me
observando.

— Eu estou bem. — Sussurrei sem reconhecer minha voz.

Vittorio enfiou suas mãos para dentro dos bolsos de sua calça e juntou
as sobrancelhas. — Mas eu não perguntei nada a você, Belarmina. —
Murmurou. Abri minha boca para respondê-lo, mas não sabia o que dizer.
Passei o seu lenço novamente na bochecha e suspirei. — Olha, tenho que
confessar, quando seu pai te arrastou para fora da mesa, eu vim atrás. Fiquei
preocupado. — Ergui meus olhos para ele sem o entender.

Ele não estava mentindo, eu podia ver em seus olhos. — Mais porque
ficaria? — Perguntei em voz baixa.

— Porque eu conheço seu pai. — Afirmou. — Eu sei que ele é um


animal com você e sua mãe, pelo o que meus homens disseram. Então fiquei
preocupado. — Vittorio abaixou a cabeça e novamente a levantou, seus olhos
estavam brilhando, mas eu não sabia do que era. — Escutei tudo o que ele
disse, é triste ver um pai tratar a filha dessa forma, não, não abaixe a cabeça.
Não há motivos de vergonha. Eu também passei por tudo isso, com meu pai.

— Sério? — Perguntei.

Vittorio assentiu. — Sim, ele gostava de humilhar a mim e meus


irmãos. Enfim, escutei que um dos empregados estava nos bisbilhotando? —
Saí de perto da parede e tentei protestar, mas Vittorio não deu ouvido. — Eu
vou descobrir quem é e vou mandá-lo embora, somente isso. —
Tranquilizou-me ele, mas não disse nada. Que esse fofoqueiro, ou fofoqueira
fosse a merda! Assenti com a cabeça para Vittorio e passei por ele.

Mas ele segurou meu braço. — Mais um motivo, Belarmina. — Olhei


para trás, franzido o meu cenho.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que esse, é mais um motivo para o casamento. Posso


afirmar que comigo você não sofrerá por maus tratos, bem ao contrário. —
Disse simplesmente.

Mordi meu lábio sem compreender o que ele estava querendo me dizer,
mas a ideia de sair daquele inferno de casa era tentadora. Fiquei sem dizer
nada, ali parada na sua frente, Vittorio soltou meu braço e foi até a porta,
abrindo-a. — Sem pressa. Teremos uma semana. — Me chamou e passei por
ele, entrando na casa.

Certo, uma semana. Era tudo do que eu precisava. Chegando a mesa,


me surpreendi quando Vittorio segurou minha cintura e beijou minha
bochecha. A vergonha me invadiu com todos os olhares em nós, inclusive do
meu pai, que sorria sinceramente.

Entendi o que ele tinha feito.

Vittorio tinha me salvado de, uma possível surra quando chegasse a


nossa casa. Sentei-me no meu lugar, o que fez todos os homens se levantar e
descansei. Meus olhos foram para Vittorio, mas dessa vez ele não estava me
olhando, senti a mão de minha mãe trêmula segurar a minha, apertei ela com
carinho e a olhei. Ela procurava alguma marca no meu rosto, sorri com
carinho e sussurrei um tudo bem que a acalmou.

Quando me voltei para Vittorio, ele estava agora me olhando.


Seriamente. Respirando fundo, pensei.

Uma semana.
CAPÍTULO 3

Tentar dormir naquela noite, depois do jantar, foi muito difícil para
mim. Eu não queria, mas não parava de pensar em Vittorio. Todos os anos
em que eu o conhecia através dos olhos de outras pessoas, me fez entender
que eu realmente nao a conhecia, pois vi que ele não era realmente um cara
mau, como todos rotulavam. Pelo contrário, Vittorio tinha se mostrado bem
decente para mim, mas eu sabia que ele agira daquela forma, para que eu
aceitasse seu pedido de casamento.

Meu pai não tinha mais tocado no assunto, desde que tínhamos saído da
mansão, em todo o percurso para casa ele ficou calado.

Desejou-me uma boa noite simples e entrou no quarto junto com a


minha mãe.

Vittorio tinha mesmo me salvado, aliás, a mim e minha mãe. Soltei um


suspiro baixo e me virei de lado na cama. Eu não sabia mais o que fazer, a
respeito da droga do casamento, meus pensamentos estavam desajustados,
desde que Vittorio me "salvara" do carrasco do meu pai.

Ninguém nunca me ajudou em referência aquele homem, ainda mais,


salvando a mim e mamma. Ele só fez isso, porque quer o casamento!
Minha consciência racional tinha razão. Eu diria amanhã que não quero
uma semana para pensar, pois seria totalmente desnecessário. Eu já tinha
minha resposta para aquilo, eu já tinha planos para tudo o que estava por vir,
em minha direção.

Amanhã deixaria tudo em pratos limpos, com Vittorio Gratteri.

*****

Desci as escadas com o máximo de cuidado para não acordar mamãe.


Ela nunca foi de se levantar da cama cedo, antes das 11h da manhã. E por
incrível que pareça, meu pai não se importa com isso, ele até brinca com ela,
dizendo que, mamãe é uma ursa.

Às vezes ele tem seu lado bonzinho. Mas toda vez que ele mostrava
esse lado, eu me recordava da história do Chapeuzinho Vermelho. Cheguei à
cozinha e avistei Beatrice e Jaquelini preparando o café da manhã.

Eu amara aquelas duas, éramos confidentes e contávamos tudo umas


para as outras. Jaquelini tinha a idade de mamma, 34 anos, e Beatrice tinha
25. Elas trabalhavam na casa desde que eu pudesse me lembrar delas, e
sempre as amei.

— Bom dia. — Sorri amargamente.

Elas deram um bom dia e Beatrice me olhou franzida. — Não tão bom
dia, hein? — Riu pela minha careta. — Aposto que o encontro com o Sr
Gratteri não foi muito legal? — Perguntou ela enquanto levava meu café da
manhã até o balcão da cozinha.

Nunca gostei de comer na mesa, meu lugar predileto era aqui, com elas.
Às vezes minha mãe também se juntava a nós. Sentei-me em uma das
banquetas altas e suspirei.

— Vocês já estão sabendo? — Perguntei.


— Sabendo do que? — Jaquelini olhou para mim.

Peguei o cappuccino e dei um gole, delicioso como sempre. — Hã...


que Vittorio Gratteri me pediu em casamento? — Antes que eu pudesse
deixar as duas surtar e me bombardear de perguntas, adiantei. — Não foi
exatamente um pedido, mas ele disse, com certas palavras, que eu precisara,
pois meu pai quer que eu case com ele, e ele aceitou a proposta. — Murmurei
chateada. Beatrice soltou um gritinho, e veio correndo em minha direção,
seus olhos cor de mel brilhavam pela notícia.

Pelo menos alguém ficou animado.

— Mina! Quem diria, o senhor Gratteri!? Quando a notícia se tornar


pública irá deixar todas as mulheres solteiras da máfia, morrendo de inveja!

Jaquelini se juntou a nós na bancada e deu um olhar fatal para Beatrice.


— Seu pai está sempre querendo acabar com sua juventude. — Disse-me em
advertência. — Vittorio não é realmente o homem certo para você,
Belarmina.

— Ah não é? — Perguntou Beatrice, colocando as mãos na cintura. —


Ele é ótimo para ela, um dos melhores capitães da Lucchese; muito influente
no país; cada vez mais rico; desejado por todas; gostoso pra cacete, com
aquele charme misterioso, e o melhor; solteiro, sem filhos e irmão de
Demetrio Tesudo Gratteri! — Cada parte em que Beatrice rotulava Vittorio,
ela levantava seus dedos.

Eu apenas ria para ela e pela cara de Jaquelini. As duas estavam prestes
a entrar em batalha, cada uma com a ideia diferente de Vittorio.
Jaquelini soltou um rosnado baixo e fechou a cara. — Isso não quer
dizer nada, Beatrice! Aparência, riqueza e poder, não são o suficiente para
um homem que queira casar com uma mulher. — Beatrice soltou uma bufada
alta e balançou sua mão, como se não desse a menor importância para as
palavras de Jaquelini.

— Pare de ser tão maternal, Jaquelini. Nossa pequena Belarmina já tem


Columba e Alessi para suportar! — Ela retrucou. — Vittorio é melhor que
qualquer outro homem solteiro na Lucchese e Bonanno. E tanto eu, como
você, sabemos muito bem disso, não dê ouvidos para Jaquelini, ela diz essas
coisas porque é uma solteirona. — Provocou Beatrice. Engasguei-me com
uma risada e quando as duas iriam começar a discutir, me levantei.

— Relaxem! Daqui a alguns minutos, Vittorio irá vir me buscar, ele


quer que nos conheçamos melhor, antes do casamento, então esfriem o clima
por aqui.

Jaquelini fez uma careta e se levantou também. Seus cabelos castanhos


balançaram no rabo de cavalo. — Sair? E Alessi permitiu isso? — Perguntou
preocupada. Sorri para ela e a abracei, beijando sua bochecha, enquanto
Beatrice comia o pedaço do meu bolo, e revirava os olhos.

— Não se preocupe, ele disse que eu poderia sair com ele quantas
vezes Vittorio quisesse. — Soltei um suspiro chateado e caminhei até a porta
da cozinha. — O homem está desesperado. Tenho que ir, vejo vocês mais
tarde. — Me despedi delas e voltei a subir as escadas. Entrei no meu quarto,
peguei minha bolsa e óculos de sol sobre a cama arrumada, depois saí de lá
andando pelo corredor. A porta do quarto dos meus pais se abriu, mamãe
apareceu vestida no seu robe preto de seda, e seus cabelos loiros soltos em
ondas pelos ombros.

Ela estava com um olhar cansado. — Você já vai? — Perguntou em


voz baixa. Ela sempre falara baixo.

Parei na sua frente e beijei sua bochecha corada.

— Sim, papai me avisou antes de sair que Vittorio me buscaria antes


das dez da manhã.

— Por que tão cedo? — Perguntou com uma nota de preocupação na


voz.

— Eu também não sei, mas prometo voltar o quanto antes. — A


tranquilizei. — Você está bem? — Perguntei olhando para as partes de sua
pele exposta, disfarçadamente.

Havia um chupão entre a curva do seu ombro direito e o pescoço, ela


apertou o robe no seu corpo e sorriu amarelo.
— Estou sim, meu amor. — Sussurrou. — Agora vá. Não se atrase.

Saí de casa, colocando meus óculos redondos, e fiquei esperando na


frente dos portões da casa, como meu pai ordenou. Olhei para minha roupa,
me arrependi de ter escolhido um top camiseta e saia lápis, com fenda na
coxa, nas cores brancas. Aquela roupa estava colada demais, mostrando
partes que eu não gostaria que olhos de Vittorio vissem, mas era tarde demais
para trocar, pois um Cadillac Escalade parou na minha frente.
Eu podia sentir meu queixo caído, quando Vittorio saiu do incrível
carro, abotoando seu terno e dando a volta, vindo em minha direção.

Não somente eu, mas as pessoas que passavam pela rua, e até mesmo
os quatro soldados do meu pai estavam impressionados com o carro.

Vittorio parou na minha frente e segurou minha mão para beijá-la.

— Belarmina, está linda. — Sorri fracamente para ele, que voltava para
o carro, e abria a porta do carona. Ele me deu um olhar simples e fiz com que
minhas pernas obedecessem meu cérebro. Entrei no carro e babei. Era mais
bonito por dentro!

Vittorio se sentou ao meu lado, e deu a partida quando colocamos


nossos cintos de segurança. — O que foi? — Perguntou ele depois de uns
minutos. Eu estava virando minha cabeça para todos os lados, incrivelmente
surpresa com seu carro luxuoso.

Olhei para ele e sorri.


— Ou você roubou esse carro, ou você subornou o vendedor.

Vittorio soltou uma risada baixa, ele não pareceu ofendido. — Não
tenho hábito de roubar carros, e muito menos subornar um pobre vendedor.
— Ele sorriu com os olhos e continuou. — Eu comprei mesmo.

— Só existem duas versões desse carro, e as duas estavam na


Alemanha. — Olhei novamente para o carro.

— Você tem razão, mas comprei, por um valor mais alto, de uma das
pessoas que o havia comprado e ela aceitou minha oferta. — Murmurou,
olhando para a estrada movimentada e passando o dedo indicador na sua
barba.

— Alto? Por quanto? — Perguntei, arqueando as sobrancelhas.

Vittorio me olhou sorrindo.

— Alto o suficiente para comprar um carro desses. — Piscou. Certo,


aquele carro valia milhões de euros, então tecnicamente, Vittorio deveria ter
pagado o dobro! Eu sabia desse carro, pois um dos amigos do meu pai
sonhara em ter um Escalade, mas ele não era rico o suficiente como Vittorio.

Caímos em um silêncio constrangedor, bom, para minha parte, pois às


vezes eu pegava um vislumbre de um sorriso nos lábios de Vittorio. Ele não
parecia incomodado com o silêncio dentro do carro.
Só notei que estávamos longe, quando passamos pela ponte.

Juntei minhas sobrancelhas e o encarei. — Estamos saindo de


Manhattan. — Não tinha sido uma pergunta, mas Vittorio assentiu mesmo
assim.

— Quero passear com você em Long Island. — Ele me deu um olhar, e


voltou a atenção no trânsito.

Passear? Como um casal? Eu queria isso? Não mesmo. Levantei meus


óculos para cima da cabeça e cruzei os braços. — Hamptons? Não é
arriscado? — Perguntei.

— Hum, olhe bem quem está acompanhando você, Srta. Lucchese. —


Murmurou arrogantemente, sem me olhar. — Não, não é arriscado. —
Garantiu.

Olhei pela janela do carro e encostei minha cabeça no banco macio, eu


estava relutante em dizer o que queria sobre aquele casamento, mas não
poderia esconder nada. Era a minha vida que estava em jogo, entretanto.

Depois de uma longa hora, estávamos em Hamptons. Apertei o botão


que descia a janela e inspirei o aroma da cidade, ela tinha cheiro de areia de
praia. Uma maravilha.

— Já veio aqui antes? — Perguntou Vittorio.

Olhei para ele e assenti. — Sim, meu pai conhece umas pessoas
importantes que moram aqui. E ele está pensando em se mudar pra cá.

— Gosto mais de Manhattan. — Me olhou sorrindo abertamente,


quando ele sorria assim, uma única covinha surgia no seu rosto.

Por que você está analisando tanto ele? Fale logo o que quer!

Respirei fundo e apertei minha bolsa no meu colo. — Vittorio, eu não


quero que me dê uma semana para pensar, acho que hoje mesmo podemos
nos resolver de uma vez só. — Ele me olhou franzido e parou o carro. Estava
estacionado de frente a um restaurante nada chique e muito menos caro.

Vittorio assentiu ainda em dúvida. — Certo... mas por que a mudança


repentina? — Perguntou, apertando seus olhos.

Passei a mão no meu cabelo solto e dei de ombro. — Porque não quero
ficar prolongando nada, você viu o pai que tenho. — Justifiquei.

Ele assentiu e não disse mais nada. Saiu do carro e saí junto com ele,
antes que pudesse abrir a porta para mim. — É hora do almoço, venha. —
Ordenou. Fechei minha cara e segui Vittorio na entrada do restaurante
Harvest on Fort Pond. Entramos sem chamar a atenção de vários clientes ali,
já com seus almoços na mesa. Um homem na entrada nos levou até uma mesa
no canto direito do restaurante, perto da porta que levava lá fora. Onde
continha mais mesas e pessoas.

Vittorio puxou minha cadeira para me sentar e agradeci a ele, depois, se


sentou a minha frente e pegou os dois cardápios da mão do homem. — Olá,
eu me chamo Devlin e hoje atenderei seus pedidos, quando escolherem a
refeição, não hesitem em me chamar. — Sorriu, mas a todo o momento ele
falara olhando para mim, e em seguida piscou. O cara devia ter uns 40 anos,
pelo amor de Deus! Eu só atraio homens mais velhos?

Vittorio fechou o cardápio com força e o olhei, ele encarava friamente


o pobre homem, que engolia em seco.

— Obrigado, Devlin. — Murmurou.

Devlin assentiu e saiu às pressas dali. Abri o menu e não contive uma
risada. — O que foi isso? — Perguntei.

— Nada. — Resmungou Vittorio, olhando novamente o cardápio.


Soltei um suspiro baixo e voltei à atenção para as refeições do dia. Era um
restaurante italiano e americano, o que gostei muito, pois por incrível que
pareça, eu não sou muito fã de culinária italiana.

— Chame ele, já fiz minha escolha. — Suspirei.

Vittorio me olhou por cima do menu. — Já fez? — Perguntou


sarcástico. Arqueei minhas sobrancelhas e assenti, sem lhe dizer nada. Qual o
problema dele? Estava tão... natural, agora parece estar com raiva. Vittorio
chamou Devlin, que imediatamente parou perto da nossa mesa. — A
senhorita e eu já escolhemos. Eu vou querer massa tortellini com molho
bolonhês e... uma salada de rúcula. — Ele entregou o cardápio e sorriu. —
Diga ao Chef para encher o prato. — Me engasguei com uma risada, o que
fez Vittorio me olhar risonho. Devlin anotava tudo rapidamente no seu
bloquinho.

— E eu quero uma salada de repolho roxo com molho barbécue e um


hambúrguer. — Sorri para o homem que rabiscava no papel meu pedido e
pediu licença para nós. Peguei o guardanapo sobre a mesa, abrindo-o no meu
colo, quando me senti sendo observada, olhei para cima devagar e Vittorio
estava com os braços cruzados em cima da mesa e me encarando
intensamente. — O que... foi? — Perguntei.

Vittorio passou a mão na sua barba e deu de ombros. — Nada, é que


você não tem frescura com comida.

— Não mesmo. — Rir para ele. — Eu como de tudo!


— Humm. — Murmurou Vittorio. — Eu também como,
principalmente as douradas. — Juntei minhas sobrancelhas. — Digo
refeições. — Sorriu sem mostrar os seus dentes. Acenei com a cabeça, mas
percebi que suas palavras tinham um duplo sentindo nojento!

Quando nossos pratos chegaram, Vittorio escolheu sucos naturais para


nós dois. Ficamos em silêncio, apenas comendo nosso almoço, parecia que
era um hábito nosso ficar em silêncio. Mordi um pedaço do meu hambúrguer,
quando Vittorio pigarreou.

Olhei para cima, querendo que ele dissesse qualquer coisa! — Você me
disse que não queria uma semana, que tomaria as decisões hoje mesmo.
Estou curioso sobre isso. — Certo. Limpei minha boca com o guardanapo
bege e respirei fundo.
— Sim, hum, eu pensei a respeito de tudo isso. — Apontei entre ele e
eu. — Eu não sei por que fiquei agindo como uma louca na noite passada, eu
já sei o que quero. — Vittorio assentiu seriamente e perguntou:

— E o que você quer? — Sua voz era calma e um pouco ansiosa.

Coloquei meu cabelo atrás da orelha e disse-lhe. — Me casar. Eu vou


me casar com você, Vittorio.
CAPÍTULO 4

— Você quer se casar comigo? — Perguntou Vittorio,


desconfiadamente. Assenti a ele e levantei minhas mãos.

— Não era esse o propósito? Casarmos-nos? — Perguntei também.


Vittorio me olhou por um tempo e não disse mais nada. Eu não entendia o
porquê ele estava tão desconfiado assim de mim, sou tão ameaçadora assim
para ele? Qual é!

Vittorio juntou suas sobrancelhas, enquanto dava uma garfada na sua


refeição, ele estava procurando tempo para escolher suas palavras. Ele
finalmente me olhou e disse.

— Sim, era esse. — Murmurou. — Mas eu esperava um pouco mais de


resistência sua. — Me olhou simplesmente.

Sorri para ele e segurei meu hambúrguer. — Pois é, mas pensei bem.
Quero sair daquela casa de tortura o mais rápido que eu puder. — Vittorio
meneou a cabeça sem me olhar. Ficamos vários minutos em silêncio, porém,
eu já estava me acostumando com isso vindo dele, por incrível que pareça. Às
vezes eu o olhava discretamente, mas seus olhos nunca estavam em mim, ele
mantivera seu olhar pregado no seu prato e uma pequena ruga aparecera entre
suas sobrancelhas. Porque estaria tão pensativo?
Quando terminamos nosso almoço, Vittorio pediu a sobremesa e em
seguida a comemos também naquele silêncio, bem, para nós, pois o
restaurante estava barulhento com os clientes e a tevê ligada em um jogo no
Superbowl. Ele pagou a conta e saímos do lugar ainda sem falar nada, o que
estava acontecendo? Porque ele não falara? Eu já estava começando a ficar
nervosa com aquilo. Nós entramos no carro ainda em silêncio, eu não sabia
para onde olhar, para Vittorio? Pela janela? Para minhas pernas?

— Por que você está nervosa com o meu silêncio? — Dei um pequeno
pulo de susto e olhei o perfil de Vittorio, ele mantivera os olhos na estrada.

Passei a mão no cinto de segurança e dei de ombros. — Não estou...

— Sim, você está. — Interrompeu-me ele e dessa vez me olhou. — Se


você irá se casar comigo, tem que saber que eu curto muito o silêncio. Não
estou pensativo, não estou com raiva, não estou planejando. Apenas gosto do
silêncio... durante o dia. — Completou sorrindo diabolicamente, mas ele
olhara pelo trânsito. Não tinha entendido muito bem aquelas últimas palavras,
mas estava um pouco mais aliviada com aquilo.

Já tinha se passado quinze minutos e eu não aguentara mais aquilo.


Estávamos muito longe ainda e eu não estava curtindo aquele silêncio
insuportável dentro do carro!

— Meu pai deu uma data específica para o casamento? — Perguntei.


Precisara saber mais sobre aquilo. Vittorio parou em um semáforo e olhou
para mim arqueando suas sobrancelhas escuras. Hmm, ele é bem bonito.
— Sim, ontem mesmo ele me disse. Será daqui a três semanas.

— Tão rápido? — Perguntei assustada. Meu coração martelou


fortemente com a resposta de Vittorio. Daqui a três semanas? Mas eu nem
teria tempo para me preparar mentalmente! Engoli em seco e senti o
desespero me apossar, eu nunca entenderia a cabeça fodida do meu pai
fodido!

— Você sabe que, não podemos esperar muito como os casamentos


tradicionais de fora. — Murmurou Vittorio enquanto fazia uma curva. — Ele
queria na semana que vem, mas Demétrio e eu conseguimos entrar na mente
dele, então se acalme, terá tempo de sobra para você.

— Eu não ligo! Como posso me acalmar! Vou estar casada com


alguém que não gosto daqui a três semanas! — Sibilei entre os dentes.
Vittorio me deu olhar mortal pela minha voz alta e de repente me calei, ele
saiu da pista principal e virou em uma rua pouco movimentada. O carro
parou e Vittorio tirou o cinto para se virar e me olhar. Ele levantou seu dedo
indicador e seu semblante era de arrepiar!

— Uma única coisa. Não fale nesse tom comigo, nunca seja grossa ao
meu lado, eu detesto mulheres desse nível. — Ele não gritara ou muito menos
rosnara para mim, apenas me alertava, mas mesmo com sua voz calma, eu
estava com medo. — Você pode falar dessa forma com seus pais, mas
comigo, não. Nunca fale assim, mesmo sendo na brincadeira. Eu fui claro
com você? — Perguntou abaixando seu dedo. Continuei o olhando com raiva,
mas o medo ainda era presente.
Vittorio arqueou suas sobrancelhas e riu. — Não. Você não entendeu.
— Ele riu sem humor novamente e balançou sua cabeça. — Olhe, eu estou
sendo perto de você alguém que não costumo ser. Eu fui praticamente
ordenado ao meu irmão que lhe tratasse com gentileza, eu não sou gentil com
mulheres, Belarmina. Mas com você eu estou me esforçando, fui educado e
cavalheiro desde ontem à noite. E agora tudo o que te peço, é que, me
respeite também. Eu não pedi para casar, eu também não quero me casar com
você, por mais que seja fodidamente gostosa.

Arregalei meus olhos de pavor e Vittorio sorriu abertamente. Ele disse


aquilo para me assustar, e conseguiu, eu pude sentir a raiva desmanchar em
meu rosto e ser substituída por medo. Engoli em seco e continuei o olhando,
ele dissera como se eu fosse um pedaço de carne suculento... — E tem outra
coisa. — Continuou ele e levantando o indicador mais uma vez. — Se está
pensando que fugir da sua "casa de tortura" e se refugiar para a minha,
melhorará, você está enganada. Na minha casa não há a palavra melhor,
acolhedor, reconfortante. Posso ser pior que o seu pai, mas não serei porque,
por incrível que pareça, ele a ama muito e se eu fizer algo sem o
consentimento dele, haveria mortes. Você não quer mortes em suas mãos
sedosas, certo, senhorita Lucchese?

Ele sorriu sem mostrar seus dentes, e um brilho perverso apareceu no


seu olhar. Ali está o Vittorio que todos têm medo. Ele estava fingindo para
não me assustar, estava sendo um homem que não era, aliás, que nunca foi,
acredito. Aquela gentileza toda de me salvar do meu pai, contar sobre sua
esposa, oferecer um período para que eu pensasse melhor sobre o casamento,
e até mesmo esse almoço em Hamptons, foi tudo mentira! E eu, idiota, caí
feito um patinho na dele.
Mordi minha bochecha por dentro e trinquei minha mandíbula, nem
fodendo que me submeteria a esse homem e suas ameaças assustadoras.
Antes que eu pudesse responder, Vittorio se aproximou tão rápido de mim,
que me esquivei e bati contra o vidro da janela do carro. Ele segurou minha
mão, e me puxou de volta a ele, até que seu rosto estivesse a centímetros ao
meu. Minha respiração se elevou um pouco, pelo medo, e Vittorio me olhava
tranquilamente.
— Ah não, Belarmina. — Sussurrou. — Está se controlando para não
explodir? Qual a parte de que eu odeio mulheres "fortes" você não entendeu?!
— Rosnou sussurrante. — Você vai parar agora com essa marra ridícula de
criança e me escutar! Eu não sou o seu pai e como disse antes, posso ser pior
que ele. Agora se comporte como uma adulta, e nunca mais faça essa cara
para mim ou me dirija palavras que não tolero, responda se você me ouviu
claramente?! — Eu queria chorar. Queria gritar, socar a cara dele e chorar,
tinha sido vendida para um monstro, pior que meu pai!

Pisquei algumas vezes e suavizei tanto meu rosto, como minha voz. —
Eu o ouvi claramente. — Murmurei com a voz trêmula. Não era para ela sair
assim.

Vittorio abriu um largo sorriso, se afastando de mim e ligando o carro


novamente. — Me convenceu Srta. Lucchese. Vou levá-la de volta a sua
maravilhosa casa. — Piscou para mim.

Quando o carro já estava em movimento, encostei minha cabeça no


vidro da janela do carro e engoli o choro umas quinhentas vezes. Vittorio
seria o homem que me mataria, eu tinha certeza. Sempre sonhara em quem
seria o meu assassino, e toda vez era o rosto do meu pai que eu via. Mas
depois dessa revelação, eu já tinha a mais absoluta certeza.

Vittorio seria o mafioso que tiraria a minha vida. E eu contava os dias e


horas para isso acontecer.

*****

TRÊS SEMANAS DEPOIS...

Fiquei olhando por quase uma hora o vestido branco do meu


casamento, deitado sobre minha cama. Ele era exagerado demais, sedutor
demais para um vestido de noiva, Vittorio que tinha escolhido para mim, pois
queria tudo do jeito dele no casamento. As mulheres da máfia podiam
escolher seus vestidos, como seria a decoração da festa e etc... mas comigo
não. Eu não pude escolher nada, não pude ver o salão de festas, que não fazia
ideia de onde era e não pude muito menos fazer uma despedida de solteira ou
algo parecido.

Diferente de Vittorio, papai tinha chegado da despedida de Vittorio três


dias depois! Uma festa de três dias? Argh! E papai fez questão de contar
animadamente para mim e minha mãe, que, Vittorio fodeu três mulheres,
todas elas juntas com ele em um quarto de um bordel caro e luxuoso de
Manhattan. Eu apenas o olhava e sentia o mais puro nojo, por saber que no
dia seguinte eu teria que me deitar na cama, e abrir minhas pernas para o
mesmo homem que fodeu três prostitutas anteriormente. E meu pai nunca
deixara nenhum detalhe de fora, dissera que participou da nojeira e comeu as
putas, além de me dizer...
— Quando saimos de lá, eu e os outros amigos dissemos para Vittorio
ser mais... carinhoso com você na hora da lua de mel, minha filha. — Riu
achando graça. — Eu disse ao homem que ele passaria por uma frustração
com você na cama, então ele garantiu que será o mais gentil possível, mas
não foi uma promessa. — Gargalhou, fazendo minha mãe arregalar os olhos e
soltar um barulho de pavor. Ela se levantara às pressas e saiu da sala, o que
fizera meu pai continuar a gargalhar.

Aquilo tudo foi ontem de manhã, claro, e eu na realidade não dei muita
importância. Se Vittorio queria minha virgindade, que a tivesse. Nunca me
preocupei com essa babaquice de ser virgem ou não. Era uma grande
bobagem, porém algo valioso aos olhos da Família Lucchese. Se a mulher
antes de casar, já tivesse tido relações sexuais, ela não valeria de nada e o
nome da sua família seria arruinado. Como acontecera com mamma, a
família Niro não é bem vista, principalmente as mulheres jovens dela.

Caminhei lentamente até a sacada do meu quarto e olhei a vista. A


tarde já estava quase chegando, assim como a hora do meu casamento. Puxei
meu robe de seda branca para mais perto do meu corpo, quando uma batida
na porta me tirou dos meus pensamentos. Meu pai abriu a porta e já estava no
seu terno preto novo, seu cabelo escuro, penteados elegantemente.

Papai olhou para o vestido na cama e depois para mim.

— Por que não colocou o vestido, se já foi maquiada e teve o cabelo


arrumado? — Perguntou caminhando em minha direção com as mãos
escondidas dentro dos bolsos de sua calça.
Sorri rapidamente e passei a mão, com cuidado no meu coque frouxo.

— Estava apenas tentando me acalmar. Estou nervosa.

— Isso é normal para qualquer noiva. — Murmurou me olhando. Não


mesmo! Esse nervosismo que falamos, é totalmente diferente, seu destruidor
de vidas!

Meneei minha cabeça para ele e cruzei meus braços. Estava intrigada
pela sua aparição.

— O senhor veio pedir algo? — Perguntei calmamente.


Papa arqueou suas sobrancelhas e assentiu. — Na verdade, eu vim.
Antes de eu e sua mãe irmos para a igreja, eu quero que você guarde isso. —
Ele tirou uma pequena cartela de dentro do bolso da calça e me entregou.
Olhei para a cartela onde havia apenas dois comprimidos.

Juntei minhas sobrancelhas em confusão e o olhei sem entender. O que


era aquilo?

— Para que serve? Para enjoo?

— Pelo contrário. — Riu meu pai. — Como você não pode tomar
anticoncepcionais, sua ginecologista liberou duas pílulas do dia seguinte.
Tome uma depois da relação e a outra doze horas depois, Vittorio já
consultou sua médica, e você poderá utilizar o adesivo na próxima semana.
— Ele apertou minha orelha esquerda, como de costume as suas despedidas e
se foi. Olhei para os comprimidos na minha mão e foi aí que o pânico me
dominou.

Eu me sentia suja, barata, me sentia uma vagabunda qualquer. Parecia


que eu estava indo até o meu cliente, e não ao meu casamento, onde todos já
me esperavam.

As lágrimas caíram uma atrás da outra, sem ao menos esperar pela


minha ordem. Eu estava em pânico! Assustada, estava me sentindo um velho
lixo, meu pai estava mesmo me vendendo para um homem, estava notável a
sua ansiedade e alegria, por apenas me dar esses comprimidos. Olhei mais
uma vez para minhas mãos e corri até o meu banheiro, destaquei os pequenos
comprimidos brancos da cartela e os joguei na privada, em seguida puxando a
descarga.

Olhei-me no espelho e vi o medo estampado no meu rosto. Aquela


maquiagem não fazia meu estilo, olhos escuros e batom vinho. Não era eu.
Essa não era eu! Abri a torneira da pia e lavei meu rosto, em seguida soltei
meus cabelos e tirei meu robe. Eu estava usando um espartilho de renda
vermelho onde havia um laço entre meus seios, para completar uma calcinha
fio dental e as meias sete/oitavas. Arranquei tudo do meu corpo e peguei uma
calcinha e sutiã meus, meu coração tamborilava de pavor, mas não dei
importância.

Era a adrenalina falando mais alto.

Fui até meu closet e vesti uma calça sknny jeans e uma camiseta
branca, puxei uma mochila vermelha que eu usava para a escola e guardei o
tanto de roupas básicas que eram necessárias, eu as tinha comprado na
semana passada e não entendia o porquê, mas agora sabia que minha
consciência já estava planejando isso tudo. Quando saí de dentro do closet,
olhei diretamente para o vestido, aquele pedaço de pano não poderia sair
impune.

Fui até a minha mesa e peguei a tesoura, segurei o vestido e comecei a


cortá-lo, o tecido se rasgava facilmente e imaginei por um momento que a
intenção de Vittorio era aquela, fazer o vestido sair facilmente do meu corpo.
Porco. Quando o vestido estava em trapos, peguei um pedaço de papel da
minha caderneta e uma caneta, escrevendo:

"QUEM ESTÁ RINDO AGORA, SEUS FODIDOS DE MERDA!!!"

Coloquei o papel em cima do vestido picotado e corri até a porta,


abrindo-a devagar e olhei o corredor, os soldados estavam me esperando lá
embaixo. Ótimo. Caminhei com cuidado até as escadas e desci em silêncio,
os homens estavam lá fora, como meu pai tinha ordenado mais cedo. Deem
privacidade a noiva. Argh! Corri até o escritório e entrei como um gato. Fui
até a estante de livros do meu pai e tirei quatro livros pesados da prateleira.
Abri cada um deles e peguei os bolos de dinheiro escondidos ali. Eu sempre
via meu pai colocando dinheiro "extra" ali e ele nunca me notou.

Guardei na minha mochila e deixei os livros sobre a sua mesa, eu


queria quebrar tudo ali, mas iria fazer barulhos e seria pega.

Saí do escritório e fui até a cozinha, eu não saberia como sair, mas se
aquelas incríveis ajudas ainda estivessem presentes, seria salva.
Entrei no cômodo silencioso e quando avistei Jaquelini e Beatrice
sentadas nas banquetas e olhando para a tevê ligada, suspirei de alívio.
Quando elas me viram, se levantaram rapidamente e aumentaram o volume
da televisão.

— Oh Deus! — Exclamou sussurrando, Jaquelini e segurando meus


braços. — Eu sabia que você faria algo!

— Jaquelini, não tenho tempo para isso! Eu preciso da ajuda de vocês.


— Sussurrei de volta, olhando sempre para as portas. Beatrice me abraçou e
sorriu.

— Você é uma maluca, não pode fugir! — Riu baixo.

Jaquelini a olhou com raiva e depois para mim. — Não ouse fazer isso!
Seu pai irá mata-la! Sabe que ele colocará homens para te caçar e...

Levantei minhas mãos e me afastei delas, corri até as portas que


levavam para o restante do pátio da casa e as olhei. — Eu não vou viver
como uma prostituta! Não vou passar minha vida sendo molestada por um
monstro, então, Jaquelini. Se você realmente me ama, me tire desse inferno.
— Beatrice olhou para ela, que me encarava com lágrimas nos olhos.
Jaquelini olhou de mim para Beatrice e depois rosnou, desligando a televisão
e pegando sua bolsa e chaves do seu carro.

— Eu odeio vocês duas! Vamos logo com isso. — Beatrice soltou um


gritinho e a abraçou. Quando elas chegaram perto, abracei cada uma e saímos
com cuidado da casa. — Fique no chão do carro e se cubra com a manta que
está no banco de trás. — Disse-me Beatrice. Olhamos para os homens que
estavam mais à frente da casa, porém estavam distraídos olhando para algo
no tablet. Corri até o carro com a porta aberta e me deitei no chão limpo, o
carro de Jaquelini cheirava a lavanda. Peguei a manta marrom e me cobri.

As duas entraram no carro e então Jaquelini ligou o motor. — Seja o


que Deus quiser. — murmurou ela e nos fazendo rir.

Sim, seja o que Ele e eu quisermos.


CAPÍTULO 5

Passar pelos portões da casa fora extremamente fácil, devido eu estar


escondida no carro de Jaquelini. Quando estávamos longe o suficiente do
bairro, saí do chão do carro e me sentei no banco, encolhida.

Tinha pedido a Jaquelini que me levasse ao aeroporto JFK, o que fez


ela e Beatrice se entreolharem.

— Não se preocupem. — Assegurei. — Vou ir para um lugar bem


distante daqui.

— E onde seria esse lugar? — Perguntou Beatrice e me olhando através


do ombro.

Passei a mão trêmula em meu rosto e suspirei. — Estou entre a


Austrália, França ou Brasil...

— Você ficou maluca?! — Exasperou Jaquelini para mim. — Se


colocar os pés na França, você vai ser reconhecida, porra! Sabe que a máfia
francesa conhece cada membro da máfia italiana! E você é um alvo fácil de
reconhecer, por ser uma Lucchese. — Eu não tinha pensando naquilo, aliás,
eu não tinha pensado em nada do que estava acontecendo aqui, agora.

Levantei meus pés para cima, e abracei meus joelhos.

— Para onde devo ir, então? — Perguntei.

Beatrice me olhou rindo. — Meu amor, será impossível você ir a países


conhecidos demais. Que tal ir para San Marino? — Soltei um grunhido junto
com Jaquelini, que pegou uma mecha do cabelo de Beatrice e puxou. — Ai!
Qual o problema?

— O problema, é que Belarmina não pode ir à Itália, quando seu pai


tem uma casa em San Marino, sua burra! — Rosnou Jaquelini.

— Droga, eu tinha esquecido. — Resmungou.

Soltei um suspiro alto e já tinha noção para onde iria. — Não se


preocupem, sei o lugar ideal para minha fuga.

****

Depois de comprar minha passagem de avião para o meu destino


escolhido, Jaquelini e Beatrice não podiam ficar aqui comigo, pois seria
arriscado demais para elas. Mas prometi que tentaria manter um contato e
disse-lhes para dizer a minha mãe que a amava, eu sentia o egoísmo me
dominar por deixar minha mãe sozinha com meu pai, mas tenho certeza de
que ela ordenaria que eu fosse viver minha vida.

Depois de me despedir aos choros com minhas únicas amigas, vesti um


casaco preto de capuz e me sentei o mais distante possível das pessoas, a
sorte era que o aeroporto estava tranquilo. Olhei o relógio na coluna a minha
frente e suspirei, já era para eu estar casada e ser chamada de Sra. Gratteri.
Mas esse não era o meu futuro.

Eu que tinha o direito de escolheu o que era o melhor para minha vida,
e tenho certeza que seria esse!

Jaquelini disse-me que não seria fácil eu viver sozinha, teria que me
virar e ser dependente, mas isso não era um problema, qualquer coisa é
melhor do que estar casada com um monstro. Acomodei-me na cadeira e
esperei dar a hora de embarque, daqui a algumas horas eu realmente estaria
livre.

****
Passaram-se catorze horas e finalmente podia sentir o gosto da minha
liberdade. As 03h35min da madrugada eu estava saindo do aeroporto
internacional de Zurique, cansadamente pelo longo e tranquilo voo. Fiquei na
porta de saída e chamei um táxi, o meu destino, na verdade estava localizado
daqui a 115 km, pois não poderia ficar na Suíça. O táxi parou na minha frente
e nem deu tempo ao motorista, entrei as pressas no carro – foi mais pelo frio
– e disse onde queria chegar.

O homem assentiu para mim e então, seguimos viagem. Mais uma vez.

Depois de algumas horas, acredito, tinha chegado a Liechtenstein. Sim,


um país pequeno e mal notado aos olhos mafiosos! Foi o melhor lugar para se
esconder dos monstros e também, a cidade Vaduz não era nada mal. Paguei o
táxi e saí de dentro do veículo, correndo às pressas para dentro do Parkhotel
Sonnenhof, era um pouco luxuoso, mas eu não tivera opções, na minha
pesquisa rápida que fiz durante o voo, descobri que havia apenas oito hotéis
nessa cidade, e todas eles eram charmosos.

Não tanto como os de Nova York, Paris, Roma ou assim por diante,
mas era um bom local para dormir e descansar. Entrei no hotel com o saguão
vazio e caminhei direto ao balcão de recepção, dois homens estavam ali
conversando e tomando algo em copos de vidro. Quando me aproximei, os
dois me olharam e sorriram.
— Guten morgen, Fräulein*. — Disse um deles, não sabia a
semelhança exata daqueles homens, pois os dois eram parecidos com aqueles
cabelos loiros, pele branca e olhos claros.

Mordi meu lábio inferior e franzi o cenho. — Me desculpe, eu... não


falo alemão.

— Ah! Uma americana. — Disse ele sorrindo. — Fique tranquila,


somos fluentes no inglês. A senhorita gostaria de um quarto? — Perguntou
sorrindo.

O outro homem sorriu pedindo licença e sumindo por uma porta, olhei
novamente para o homem e li seu nome na roupa verde escura.
— Olá, Felix. Bem, essa foi uma viagem de última hora e eu realmente
preciso de um quarto, mas somente por alguns dias.

Felix me olha de cima a baixo e vê que estava dizendo a verdade.


Quem viajaria apenas com uma mochila para outro país?

— Temos quartos disponíveis, esse mês não é grande coisa para a


cidade. Você tem sorte. — Sorrimos um para o outro e Felix começou a
teclar no seu computador. Enquanto ele fazia seu trabalho, eu fizera o meu,
olhando sempre pela porta do hotel e também ao meu redor.

Só ficaria mais calma quando estivesse trancada no quarto.


— Quantos dias de hospedagem? — Perguntou Felix com o sotaque
forte.

Olhei para ele arqueando minhas sobrancelhas. — Hã... hum, uns oito
dias. — Ele digitou no computador.

— E qual a forma de pagamento? — Abri minha mochila e tirei três


notas de cem dólares.

— Dinheiro. — Sorri.

Felix continuou digitando, quando então me disse depois. — Vou


precisar da sua identidade.

— Por quê? Eu não posso somente dizer meu nome? — Perguntei


assustada. Se eu desse a informação de um documento meu, seria encontrada
num piscar de olhos.

Felix juntou suas sobrancelhas loiras em desentendimento.

— Na verdade, é uma norma do hotel, senhorita...

— Emma. — O interrompi. — Emma Foster, por favor, eu estou me


escondendo do meu namorado. Ele é um maluco e se eu passar minha
identidade a você, ele estará aqui em horas. Por favor, Felix, me ajude com
isso. — Implorei. Aquela mentira saiu tão fácil da minha boca, que por um
momento, até eu acreditara nela.

Felix me olhou com pena e depois para a porta, onde o outro


funcionário tinha sumido. — Tudo bem, mas isso fica entre nós. —
Sussurrou.

Abri um largo sorriso para ele e assenti.

— Muito obrigada, Felix.

Depois de alguns minutos, peguei a chave do quarto e segui até lá.


Quando entrei no cômodo, corri até a cama e me joguei nela. Eu precisara de
um banho urgente, mas o cansaço tinha me vencido e acabei dormindo.

****

VITTORIO
— COMO ELA FUGIU PORRA? — Gritou Alessi para seus soldados.
Os homens não sabiam dar uma resposta concreta, pois tinha certeza de que
eles não viram Belarmina fugindo.

Os três soldados mantinham suas cabeças abaixadas para Alessi, e


apenas respondiam aquilo que era perguntado. — EU NÃO POSSO
ACREDITAR QUE UMA MENINA DE 18 ANOS ENGANOU TRES
SOLDADOS ADULTOS! VOCES FALHARAM NESSA PORRA TODA, E
AGORA ESTOU FODIDO!

Estávamos todos na sua sala de estar, Alessi, os três soldados, eu,


Columba e Fellipo, nosso Capo. Eu não sabia o que dizer; desde que veio a
notícia essa tarde em meus ouvidos. Só estava ali, escutando os gritos de
Alessi e bebendo um copo de bourbom sentado em uma poltrona, ao lado das
janelas da sala. Em todo momento que Alessi gritara, minha cabeça rugia
para eu pegar minha arma e atirar na sua boca.

Ele não era um bom capitão, aliás, ele não era bom em absolutamente
nada. Já se passavam horas, tanto os meus soldados como os de Fellipo,
estavam a procura de Belarmina, eu apenas ordenei para que não ficasse
suspeito, pois realmente, estava pouco me fodendo para aquela garota
mimada. Não queria uma criança como esposa, Demetrio sabia muito bem
disso, mas aqui estou eu! No dia do meu casamento, abandonado pela noiva.

Mas tinha que confessar, o que essa garota fez, foi algo inacreditável.
Fugir facilmente, rasgar o vestido de casamento e ainda por cima deixar uma
mensagem, foi engraçado.

Cruzei minhas pernas pela quinta vez e olhei pela janela. Minha mente
estava intrigada para saber onde Belarmina estaria nesse momento. Em
alguma cidade longe?

Pensei melhor, ela nem deve estar no país.

Isso era verdade, aquela garota era esperta demais para permanecer na
América.

Saí dos meus pensamentos, quando uma das empregadas da casa,


entrou carregando uma bandeja de prata com xícaras em cima. Mas não foi
nada disso que chamou minha atenção, e sim o modo que seu corpo se
balançara e seu olhar... estava com medo.
— Qual o seu nome? — Perguntei me levantando, fazendo Alessi
finalmente calar a boca e me olhar. A garota arregalou seus olhos para mim e
depois olhou para seu patrão.

— Diga menina! — Exclamou Alessi.

Ela me olhou com um pouco de medo e entrelaçava seus dedos das


mãos sem parar. Hummm...
— E-eu me chamo Beatrice, senhor Gratteri. — Respondeu em voz
baixa. Meneei minha cabeça a ela e coloquei o copo sobre a mesinha de
vidro.

— Então, Beatrice, sabe nos dizer se viu Belarmina fugir de casa? —


Seus olhos se arregalaram, e instantaneamente ela se acalmou fingidamente,
pigarreando.

— Na verdade não, senhor. A última vez que a vi, foi em seu quarto. —
Sua voz tinha falhado no final. — Hã... ela estava se preparando para o
casamento. — Fiquei observando a garota sem dizer uma única palavra. Ela
estava mentindo, era óbvio, mas queria proteger Belarmina. Triste para ela.

Olhei para Fellipo e Alessi, sorrindo. — Ela está mentindo. — A garota


soltou um soluço alto e começou a dizer que não sabia de nada, mas então,
Alessi a pegou pelo braço e a empurrou para Fellipo.

— CALE A BOCA! VOCÊ ESTÁ MENTINDO, SIM! SEMPRE FOI


AMIGA DE MINHA FILHA, SUA DESGRAÇADA. — Gritou para a
garota. — Dê um jeito nela, Fellipo. Quero que diga onde está Belarmina.

— E-eu juro! Eu n-não sei de na-nada. — Soluçou a garota, ela tentava


com todas as forças sair do aperto de Fellipo, mas ele a segurara firmemente.

— Vamos fazer assim, a cada mentira que você soltar, eu quebro um


dos seus dedos. O que acha? — Perguntei, parando na frente de Beatrice. Ela
me olhou apavorada e ficou em silêncio, entendi aquilo como desafio. Soltei
um suspiro alto e tirei minha gravata e depois o paletó. — Fellipo, eu que
cuido disso. O noivo sou eu. — Ele me olhou com raiva e assentiu. Depois
virou a garota bruscamente e segurou suas bochechas com força, entre a mão.

— Você tem muita sorte de não ser eu quem vai te castigar, meu bem.
Iriamos nos divertir. — Ele jogou a garota no sofá, que soltou um grito
irritante e depois disse-nos. — Amanhã me mantenham informado. — Sorriu
arrogantemente. Quando Fellipo saiu, fiquei mais a vontade. Sempre odiara
aquele verme imundo e nunca iria entender porque o pai de Alessi escolheu
aquele verme.

— Quero que sua esposa saia também, Alessi. — Columba estava com
o rosto molhado de lágrimas desde que soubera da sua filha, e ainda estava
assim, mas também temia pela sua jovem empregada. Ela me olhou e depois
para seu marido, que rosnou.

— Não escutou?! Saia, agora! — Ela deu um pulo de susto e saiu às


pressas do cômodo da casa.

Olhei atentamente para os três soldados e fui andando até Beatrice. Ela
estava apertando o tecido do sofá com as duas mãos e me olhava
amedrontada. Era delicioso de ver uma mulher assim, encolhida e assustada
por minha causa.

Sentei-me na mesinha de centro, frente para a garota. Apoiei meus


cotovelos sobre minhas coxas e comecei.

— Vamos lá, Beatrice. Agora me diga onde está Belarmina?

Ela me olhou respirando tremulante. — Eu n-não sei onde ela e-está. —


Sussurrou.

Uma risada se formou dentro de mim, ao mesmo tempo em que ria,


balançara minha cabeça. — Quanta lealdade, eu admiro muito isso. — Sorri.
— Mas, na maioria das vezes são pessoas estúpidas que a usam. Alessi você
teria algo apropriado para o castigo dessa linda jovem? — Ela arregalou seus
olhos e se sentou ereta no sofá.

— Por favor! E-eu ju-juro, não sei onde ela está. — Chorou Beatrice,
histericamente. — Eu não sei, eu não sei. Por favor! — Alessi apareceu com
um espremedor de alho e me entregou; dessa vez ele não gritara.

A menina chorava mais alto em apenas ver o objeto em minhas mãos, o


que já estava me irritando.
— Ah, você sabe sim, meu amor. Eu não sou idiota. — Me levantei da
mesinha e encarei os soldados. — Dois de vocês, segurem a garota e
espalmem as mãos dela sobre a mesa. — Dois soldados foram até Beatrice
que começou a gritar insuportavelmente!

Ela se debatera, mas os homens a seguraram bem. Suas mãos pequenas


ficaram abertas em cima da mesa, de madeira escura, para minha satisfação.
Curvei-me até o seu rosto e uma onda de terror se passara em seus olhos.

— Vou perguntar somente mais uma vez, pois eu sou um cara...


misericordioso. Onde está Belarmina? — Perguntei sussurrando e acariciando
o rosto da garota.

Ela chorou baixinho e fechou os olhos com força. — Eu não sei. — Me


endireitei e sorri, mas Beatrice ainda estava de olhos fechados.

Soltei uma risada divertida e peguei seu dedo mindinho da mão direita,
ela rapidamente ficou tensa e respirara ofegante. Encaixei seu dedo no
espremedor e olhei para o rosto da garota.

— Abra os olhos. — Ordenei, mas ela não obedeceu. — Abra os olhos,


agora. — Beatrice respirou fundo e quando seus olhos estavam em mim,
apertei o espremedor de uma vez e barulho do osso se quebrando foi audível.
Beatrice soltou um grito apavorante e tentou se esquivar, mas os soldados
estavam ali. Eu daria conta dela sozinha, sem ajuda de ninguém, mas
infelizmente a empregada e a casa, não eram minhas. Tirei o dedo quebrado
da garota, longe do objeto e sorri.

— Não chore. Shh. — Disse-lhe em voz baixa e acariciando seus


cabelos. — Você precisa me dizer onde ela está querida. Ainda restam nove
dedos e Alessi está ansioso para te punir, não é mesmo? — Perguntei olhando
para Alessi, que sorria abertamente para a cena a sua frente. Ele assentiu,
ainda encarando Beatrice.

— Tenho uns cinco soldados que estão muito frustrados por não terem
uma mulher há semanas, aposto que Beatrice será uma pérola preciosa a eles.
— Olhei novamente para a garota. Ela estava de olhos arregalados, encarando
seu chefe. Mas não dissera nada, ainda.

E então foi assim, eu perguntava, recebia respostas negativas e os dedos


de Beatrice se quebravam entre minhas mãos. Eu gostara do som dos ossos se
quebrando, do grito de dor da garota, mas aquilo estava me cansando e eu
estava querendo saber mesmo por onde Belarmina andara.

Pedi que os soldados soltassem a garota que chorava entre soluços


altos, ela levantou suas mãos até seu peito e se balançara para frente e para
trás, estava sentindo muita dor. Foram no total de sete dedos quebrados, então
parei. Ela não iria dizer.

— Vamos mudar o jogo. — Disse rudemente. Estava cansado daquilo,


peguei minha faca escondida entre meu tornozelo e minha meia e levantei
para mostrar a Beatrice, ela arregalou seus olhos, quando disse. — Eu não
vou esperar mais uma resposta inútil sua! Você ajudou aquela garota sair
daqui, sim ou NÃO?! — Gritei no mesmo momento que me aproximei mais
dela. Beatrice fechou os olhos e soluçou.

— Por favor...

— PARE DE IMPLORAR, PORRA. — Gritei. — Ou você me diz


logo, ou eu irei cortar sua língua e suas orelhas! DIGA! — Esbravejei. Minha
respiração tinha se elevado, devido ao meu surto, e meus olhos se destacavam
de tão aberto que estavam. Mantive meu rosto perto o suficiente do de
Beatrice, para deixá-la mais assustada do que já estava.

Ela engoliu em seco e fez uma careta de dor. — Eu a levei de carro até
o aeroporto e lá, Berlamina comprou uma passagem para Zurique, é tudo o
que eu sei, não estou mentindo... — Sua voz sumiu e foi substituída pelo
choro. Soltei um suspiro baixo e me sentei ao lado de Beatrice, envolvi seus
ombros com meu braço e a puxei até meu peito, ela estava paralisada,
achando que eu faria algo. Eu queria, mas não iria fazer nada. Estava mais
intrigado com o que a garota finalmente dissera, Belarmina partiu para Suíça?
Que adorável, seria divertido arrastá-la de volta e rir da sua cara, devido ao
seu plano falido.

Respirei profundamente e empurrei Beatrice, me levantei e guardei


minha faca. — Se eu não encontrar sua filha em até duas semanas. — Falei
enquanto pegava meu paletó e gravata. — Eu desisto dessa porra toda,
porque se ela fugiu agora, irá fugir mais vezes e isso vai me enlouquecer, e
você sabe como eu fico quando enlouqueço certo, Alessi?

Alessi trincou sua mandíbula e apertou as mãos em forma de punho. —


Se desistir de Belarmina, diga ao seu irmão que haverá guerra!

— NÃO DIREI NADA, EU NUNCA QUIS SER DESSA MÁFIA


FODIDA, EU SÓ QUERIA CONTINUAR COM OS MEUS ASSALTOS E
MINHAS PUTAS SEMANAIS, COMO ANTIGAMENTE! MAS AGORA
AQUI ESTOU EU, VESTINDO TODOS OS DIAS TERNOS CAROS,
DIRIGINDO CARROS DE LUXO, MATANDO TRAIDORES E
INIMIGOS, E CAÇANDO UMA CRIANÇA QUE FOI MAL EDUCADA
PELOS PAIS! — Gritei a todo o momento. Demétrio arrancaria minhas bolas
se me escutasse agora, mas eu nunca consegui manter a língua entre os
dentes.

Alessi soltou um rosnado e apontou para mim. — Pouco me importa


isso! Pois foi da máfia que você conheceu Lorena!

— Não fale da minha ESPOSA! — Rugi como um louco, dando um


passo ameaçador até Alessi, pela minha visão periférica pude ver que seus
soldados tocaram nas suas armas escondidas, prontos para atirar em mim.
Tinha pena deles se fizessem isso.
Alessi me olhou seriamente e respirou fundo.

— Me desculpe Vittorio. Foi errado citar o nome dela, mas o que eu


disse sobre a guerra, é verdade. Amanhã mesmo irei até Las Vegas e contarei
tudo ao seu irmão do meio, se ele concordar com sua proposta. Haverá muitas
mortes por aqui.

— Ficarei ciente disso. — Disse sarcasticamente. Olhei para Beatrice


que ainda chorava encolhida no sofá. — Cuide dessa garota e depois faça o
queira com ela, tenho que ir. — Quando estava saindo da mansão, todos os
soldados de Alessi me observavam desconfiadamente, mas eu estava me
ferrando para isso.

Entrei no meu carro e dei a partida em alta velocidade, minha mente


rebobinara as palavras de Beatrice.

Belarmina estava longe, muito longe, mas tinha uma coisa que ela não
sabia de mim. Eu adorava caçar, e me excitava com um desafio.

Naquele momento eu estava decidido, que queria Belarmina, queria em


todos os sentidos e quando a pegasse, ela encontraria meu verdadeiro eu e
nunca mais iria sonhar em fugir!

Eu assombraria a vida dela, de uma forma que nem seu pai conseguira.

Belarmina encontraria agora em sua vida, o verdadeiro medo. Ao meu


lado.

*Guten morgen, Fräulein: Bom dia, senhorita.


CAPÍTULO 6

DUAS SEMANAS DEPOIS...

Amsterdã era sem dúvidas um lugar maravilhoso, durante esses dias eu


passei de cidades em cidades, até que me senti em casa em Amsterdã. Tinha
feito umas boas amizades com três garotas, Sasha, Beertje e Gisela. E
também um cara chamado Aaron que era extremamente lindo e sedutor com
aqueles músculos, altura de um verdadeiro homem e também, sem contar
com aqueles olhos verdes, cabelos loiros e um sorriso de matar!

Eu tinha me envolvido pra valer com todos eles, pois além de nos
tornamos amigos em uma noite dentro de um bar, eles também me ajudaram
com documentos falsos, e me deram uma moradia. Eu ainda estava com uma
boa grana, mas estava um pouco assustada em ficar sozinha.

Então tinha decidido permanecer em Amsterdã e me tornar uma pessoa


normal, eu não contei exatamente o motivo da minha fuga para meus amigos,
porém disse-lhes que tinha um namorado doente, que estava querendo me
matar! Haha! Eles acreditaram e fizeram isso tudo por mim.

Tinha dito que meu nome era Claire Clarke, e em nenhum momento
algum deles questionaram se esse era realmente meu nome verdadeiro.

Soltei um suspiro baixo e guardei meus documentos falsos com


cuidado. Eu estava morando apenas com a Beertje e com o Aaron, pois Sasha
e Gisela tinham um apartamento no centro, bem, as duas moravam juntas,
pois elas eram namoradas. E eu as adorava!

Caminhei tranquilamente saindo do meu pequeno quarto e fui até a


sala, Aaron estava mexendo no seu notebook e com alguns livros ao seu lado.
Quando ele me viu chegando, abriu um grande sorriso e fechou o
computador.

— Sie wurden zu trainieren*? — perguntou em alemão.

— Ah! Não traduza! — Aaron gargalhou e cruzou os braços. — Hã...


você perguntou se eu estou treinando as... falas? — Chutei.

Aaron arqueou suas sobrancelhas e riu novamente. — Acertou garota !


Então você está mesmo treinando. Logo ficará fluente. — Piscou para mim.

Sorri para ele e me sentei ao seu lado.

— É mais difícil do que eu pensava. — Murmurei. Aaron descansou


seu braço no encosto do sofá e se aproximou de mim, beijando levemente
minha boca.

Estávamos saindo há uns três dias e confesso que foram os melhores


dias, não iamos além dos beijos, carícias e mãos bobas, pois ele respeitava
minha decisão. A cada hora que passava mais eu queria ele. Não estava
apaixonada e nem nada, só que Aaron é um cara de não se jogar fora. Ele era
independente, divertido, maduro e gentil. Coisas que nunca conheci em um
homem.

Subi em cima do seu colo e enfiei meus dedos pelo seu cabelo sedoso,
Aaron soltou um gemido e segurou meus quadris com força. — Como posso
me segurar se você me provoca tanto, Claire ? — Sussurrou contra a pele do
meu pescoço. Soltei uma risada baixa e beijei novamente seus lábios,
alternando entre lamber e morder.

— O que você acha de pararmos de nos segurar essa noite? Depois que
chegarmos da Stokker, a gente pode se soltar no seu quarto...

Aaron se afastou para me olhar nos olhos e franziu. — Sério? —


Perguntou radiante. Ri assentindo para ele e rebolei no seu colo, ele soltou
um gemido e me jogou sobre o sofá, deitando-se em cima de mim.
— Sério. — Respondi, acariciando seus cabelos. — A não ser, que
queira ir dormir mais cedo devido à prova da faculdade, que você terá na
segunda. — Provoquei.

Aaron revirou seus olhos, fazendo-me rir.

— Não vou morrer se ficar algumas boas horas acordado. — Sussurrou,


ao mesmo tempo me beijando.

Era uma loucura. Sabia disso, mas queria ter minha primeira vez com
Aaron, como tinha dito a mim mesma, iria aproveitar tudo o que a vida me
apresentasse! E Aaron era uma delas.

A boate Stokker, era a mais badalada da cidade. Todos os finais de


semana íamos até lá para beber, rir, dançar e claro, curtir ao máximo. Beertje,
Aaron e eu estávamos conversando animadamente, sentados em uma mesa
quando, Sasha e Gisela chegaram gritando e nos abraçando. Elas eram como
todas as pessoas daqui, semelhantemente eu digo. Um pouco baixas; cabelos
escorridos e loiros –menos a Sasha, ela tinha pintado o cabelo de azul– e
olhos claros. Somente a Beertje que era uma ruiva linda, ela e Sasha eram as
únicas que se destacavam no nosso grupo.

As garotas se sentaram e pedimos mais outra dose de tequila. Beber


bebidas alcoólicas já era normal para mim. — E então? — Chamou nossa
Beertje. — Soube que a ID&T está à procura de novos funcionários jovens e
dedicados, porque você não faz uma entrevista, Claire? — Dei um gole na
bebida e franzi o cenho.

— ID&T? O que eles fazem? — Todos na mesa me olharam


boquiabertos. — O que foi? — Perguntei sem entender. De repente
gargalhadas surgiram dos meus amigos. Não estou entendendo nada!
Aaron acariciou minha bochecha e sorriu com carinho.

— Meu amor, esse empresa é conhecida por promover os maiores


eventos do mundo.

— E qual seriam os eventos? — Perguntei, ainda desconhecia.

Gisela soltou uma risada histérica e revirou os olhos. —


Tomorrowland. Sensation. De qual mundo você veio? — Perguntou, fazendo
todos rirem.

Sorri envergonhada e continuei bebendo, eu conhecia a tal Sensation,


mas Tomorrowland... Aaron percebeu meu desconforto e me abraçou,
beijando minha testa.
— Também acho que você deveria ir até lá. Esses tipos de empresas
sempre gostam de pessoas jovens e muito atraentes.

Beertje bufou. — Não é uma casa da playboy, Aaron! É uma empresa


de organização de eventos. — Ela me olhou e apontou seu dedo. — Seu
alemão está bom, aliás, você é americana e eles vão gostar. Você é boa em se
comunicar também e aprende as coisas rápidas. Vá até lá na segunda. — Sim,
a Beertje gosta de mandar, mas somente para coisas que são boas ao futuro
dos seus amados amigos.

Dei duas batidinhas nas suas costas e sorri.

— Depois me passe o endereço. — Ela piscou para mim e assentiu.

Seria legal trabalhar. Ainda mais em uma empresa de eventos


mundiais, mordi meu lábio para conter um grito de alegria e entrei na
conversa dos meus amigos.

Falávamos sobre tudo ao mesmo tempo, sempre fomos assim, então era
fácil você aparecer aqui e nos acompanhar, pois nunca perderia um assunto.
De repente Gisela se levantou, puxando a Sasha e gritou animada.
— VAMOS DANÇAR! — Olhei para Aaron, esperançosa, mas ele
balançou sua cabeça e depois me beijou.

— Vá com elas, eu preciso voltar ao apartamento e enviar aquela


redenção ao Sr. Shuester. — Seus lábios tocaram nos meus novamente e ele
se levantou, junto comigo. — Mas estarei te esperando no quarto.

— Prometo que não vou chegar tarde. — Sorri sedutoramente, o


abraçando para beijá-lo.

Aaron se despediu das garotas e depois caminhamos até a pista de


dança que estava lotada. Uma música eletrônica e sensual ecoava no
ambiente, e tive que segurar a mão de Beertje para acompanhar seus
movimentos. Olhei para o meu lado esquerdo, onde Sasha e Gisela dançavam
coladas e se beijavam de um jeito quente, o que fizera muitos caras chegar
mais perto delas e as admirarem. As duas eram lindas, elas sempre chamaram
a atenção masculina.

Virei-me novamente e Beertje estava sorrindo.

— O que foi? — Perguntei.

Ela se aproximou mais para não gritar. — Toda vez que elas se beijam
você fica salivando.

— O que?! — Perguntei assustada. — N-não... quer dizer, eu só acho


legal o relacionamento delas, e como elas não se importam com o que os
outros pensam. — Beertje era uma lunática quando estava bêbada, sempre
dissera coisas inexistentes. Aliás, essa era a segunda vez que me dissera isso.

Beertje revirou os olhos e continuou rebolando, sem se importar com o


que eu disse.

— Sei. — Sorriu maliciosamente. — Mas se você estiver a fim, só


pedir a elas, as duas não sentem ciúmes.
— Quem não sente ciúmes? — Perguntou Gisela, vindo em nossa
direção junto com a Sasha. Dei um olhar bravo para Beertje, e ela gargalhou
me abraçando, ao mesmo tempo apontando para as duas garotas.

— Vocês. Claire fica babando toda vez que as veem se beijando.

— Beertje! — Exclamei envergonhada e batendo na sua cintura. —


Não é nada disso, eu só acho legal como vocês não dão a mínima para o que
os outros estão pensando, só isso. — Fuzilei Beertje com um olhar mortal e
ela gargalhou, ainda abraçada a mim.

Sasha e Gisela também estavam rindo animadas, essas três adoram me


provocar.

Sasha sorriu e apertou minha bochecha com os dedos. — Não dê


ouvidos para a Beertje, ela é uma vaca. Mas se você quiser experimentar um
beijo gay, estou aqui!

— E eu também. — Cantarolou Gisele.

As três continuaram rindo, e eu apenas senti minhas bochechas


queimarem de vergonha. Aquele assunto era delicado demais.

Quando voltaríamos a nós mexer, o DJ da boate parou a música


fazendo as pessoas vaiarem, mas ele não deu a mínima. Ele pegou seu
microfone e anunciou algo inusitado, dizendo tudo em alemão.

— Hoje estamos voltando com a pequena brincadeira! Iremos tocar


uma música bem deliciosa e apenas três mulheres poderão subir no palco e
dançar para todos, e se agradarem o público vão ganhar €500 euros, cada.
Vamos lá garotas! Não se acanhem! — Todos começaram a gritar
histericamente, inclusive eu. Seria legal... a música começou a tocar e as
luzes roxas, rosas e vermelhas, piscavam por todo o lugar da boate.

Beertje me soltou e ficou na minha frente e das outras meninas. —


Vocês precisam ir até lá! São ótimas dançando.
— Ficou maluca? — Perguntei olhando para o palco ainda vazio. — Eu
não sei dançar com esse tipo de música!

Sasha soltou um grunhido alto. — Só relaxe o seu corpo, é apenas a


batida da música. Eu e a Gisela vamos estar lá, vai, Claire, vai ser divertido.
— Todas começaram a choramingar dizendo: “por favor, por favor, por
favor” sem parar e eu apenas olhara para o palco e para elas. Bem, não seria
nada demais ir até ali, dançar como uma stripper na frente de tantas pessoas, e
também sensualizar entre duas mulheres. Mordi meu lábio inferior e rir para
as garotas, ainda implorando para mim.

Levantei minhas mãos e disse. — Tudo bem! Suas chatas, eu vou, mas
vocês duas vão ter que me dar cem euros. — Elas soltaram um grito animado
e várias pessoas nos olharam intrigadas. Beertje foi empurrando nos três
enquanto sorria maliciosamente.

— Não se esqueçam de que para ganharem a grana, vocês devem


deixar o público ir à loucura. VIEL GLÜCK*! — Gritou. Sim, boa sorte para
mim!

Quando subimos no palco baixo, várias pessoas começaram a gritar,


bater palmadas e assobiar. Eu entendia poucas palavras do alemão e tenho
certeza que ouvi vários tirem as roupas, mostrem os peitos. Olhei para Sasha
que estava a minha frente, e ela apenas piscou divertida.
As duas caminharam até o centro do palco e seguiram o ritmo da
música, as roupas delas eram extremante curtas e provocantes! O que fazia os
homens irem à loucura. Eu estava no fundo observando o modo que elas
dançavam, era sensual como a música, muito provocante também o jeito que
balançavam seus corpos. Olhei para o DJ e ele sorriu, me incentivando a ir
até lá, tomei duas respirações profundas e andei lentamente até elas.

Várias pessoas que estavam ali na frente do pequeno palco, começaram


a gritar e assobiar novamente, eu apenas sorrir e olhei para Gisela, que tinha
pegado minha mão e me puxou para ficar entre ela e Sasha. — Relaxe,
apenas sinta a música. — Sussurrou Sasha em meu ouvido. Meneei minha
cabeça para ela e fechei meus olhos, ouvindo seu conselho.

Senti meus músculos relaxarem e deixei a música penetrar cada parte


do meu corpo, engoli em seco quando senti as mãos de Gisela na minha
cintura, e a boca de Sasha no meu pescoço, abri meus olhos e sorri para
Gisela que fazia o mesmo. Todos ali gritavam e gritavam sem parar, sempre
dizendo sacanagens ou nos chamando de gostosas. De repente, Sasha se
curvou sobre meu ombro e puxou Gisela, até se beijarem, na minha frente! E
foi aí que todos foram à loucura, até mesmo o DJ gritou um wooooool no
microfone, me fazendo rir.

Observei as duas beijarem-se, apaixonadamente, enquanto suas mãos


passeavam pelo meu corpo, eu estava gostando daquilo, era estranho para
mim, mas eu estava excitada e ansiosa não sei pelo o que. Gisela se afastou
da boca de sua namorada e sorriu.

— Acho que ganhamos os nossos 500 euros, hein. — Riu, continuando


a dançar sensualmente na minha frente. Eu já estava no mesmo ritmo que o
corpo delas.

Sasha me abraçou por trás e sorriu. — Nós sim, mas a Claire não. Que
tal ajudarmos? — Virei minha cabeça para olhá-la quando então aconteceu,
Sasha passou a mão na minha bunda o que, claro, fizera muitos homens ali
gritarem, ela se aproximou do meu rosto e então me beijou. Mas foi um
selinho, e não o beijo que ela tinha acabado de dar em Gisela. Fechei os meus
olhos e deixei minha boca entreaberta, esperando por mais.

O que está acontecendo comigo?!

Lambi meus lábios e apertei o botão foda-se na minha mente, eu queria


isso, era esquisito, excitante, eletrizante e novo para mim, mas eu queria e
muito. Virei-me de frente para Sasha e passeei minhas mãos nas suas curvas
e espalmei minhas mãos na sua bunda, o que fez a saia curta se levantar um
pouco. Ela abriu um sorriso sedutor e fez o mesmo em mim e a todo o
momento, não perdíamos o ritmo da música. Senti Gisela por trás de mim, se
balançar junto comigo, então esqueci tudo. De quem eu era, onde estava e o
que estava fazendo.

Segurei o rosto delicado da Sasha e passei minha língua nos seus


lábios, depois a beijei, chupando sua língua doce e saboreando o seu gosto
feminino. Acho que era a bebida que estava me dando tanta coragem, pois eu
sei que nunca beijaria uma mulher. Na verdade, não era tão mal assim o gosto
de outra mulher. Sasha soltou um gemido entre nossas bocas e colou seu
corpo ao meu, os gritos das pessoas animadas pelo nosso show, estava mais
alto que a música.
Chupei o lábio inferior de Sasha e virei minha cabeça, puxando Gisela
e a beijando fervorosamente. Aqueles beijos eram melhores que os que eu
troquei com Aaron, tinha que admitir, mas era só disso que estava gostando.
Dos beijos e suas mãos passando sobre meu corpo. Enquanto beijava Gisela,
Sasha beijava meu pescoço e fazia meu corpo dançar junto com a música.
Afastei-me de Gisela e sorrimos uma para outra quando então a música
acabou.

Uma luz branca se acendeu e aplausos, gritaria e assobios não paravam


por um segundo. Eu e as garotas agradecemos ao público e rindo sem parar.
— Que porra! Isso foi fantástico! — Riu Sasha.

— Claire acaba de pegar duas mulheres em público. — Cantarolou


Gisela, nos fazendo rir.

O DJ se aproximou de nós se abanando com notas de dinheiro,


enquanto dizia no microfone. — Uau! Essas garotas pegam fogo, não é
mesmo pessoal? — A multidão da boate concordou com um coro de gritos.
— Bem, bem, aqui está à grana mais que merecida para as três gatas
safadinhas. Vamos dar uma chuva de palmas, galera! — Pegamos o dinheiro
das mãos do DJ e ríamos sem parar com os elogios, e a gritaria das pessoas.

Sasha pegou minha mão e eu e a Gisela, descemos do palco, saltitando


quando as duas entregaram cada uma, uma nota de cem. — Seu beijo vale
mais que cem euros. — Piscou Gisela. Sasha assentia para ela e sorria.

— Eu concordo, aliás, o que acha de ir ao nosso apartamento? Você


estava bem empolgada no beijo. — Sorriu novamente ela, dando um selinho
nos meus lábios. — Que tal experimentar outras coisas? — Mordi meu lábio
inferior e quase gritei um sim. Elas queriam transar comigo e tinha que
admitir – mais uma vez – eu queria aquilo. Quando estava prestes a
responder, tinha me lembrado de algo muito importante.

Bati minha mão na testa, ao mesmo momento em que Beertje se


aproximava rindo e abraçando a mim e Gisela pelos ombros. — Eu não
posso, Aaron está me esperando em casa. — As duas fizeram um biquinho
triste, quando Beertje tinha capitado o que estávamos falando.

— FALA SÉRIO, CLAIRE! SE VOCÊ VAI PERDER A


VIRGINDADE COM AARON, QUE PERCA ELA COM AARON, SASHA
E GISELA! — Exclamou gritando e rindo. Ela nunca soube beber.

Gisela arregalou seus olhos, animada e me olhou.

— Droga, finalmente vai liberar essa periquita! Ligue para ele, tenho
certeza que vai 1eixa-lo duro de alegria. — Gargalhamos com a piada sem
parar. Essas garotas eram incríveis!

A ideia de fazer sexo com duas mulheres e um homem, era excitante


demais. Beertje entregou meu celular, enquanto eu pedia licença para elas.
Enquanto eu caminhava até os fundos da boate, recebia olhares de homens e
algumas mulheres, alguns até me chamavam, mas eu apenas sorria e dizia um
não sedutor.

Quando cheguei à parte de trás do prédio, disquei o número de Aaron e


esperei. Fiquei olhando em minha volta, pois não tinha ninguém ali, apenas o
som abafado da música estava comigo. A ligação caiu na caixa postal e
deduzi que ele tivesse ido dormir devido à minha demora. Merda. Tentei
mais uma vez e acabei deixando um recado, caso ele acordasse do nada.

— Oi, Aaron! Então, recebemos um convite inusitado! Sasha e Gisela


nos chamaram para irmos ao apartamento delas, para... você sabe, fazermos
aquela festinha, mas nós quatro. Então se você não me responder daqui a
cinco minutos, iremos até aí te arrancar da cama! Estou te esperando,
beijinhooos. — Cantarolei sedutoramente. Soltei uma risada baixa e desliguei
meu celular.

— Além de ter fugido do casamento, virou uma puta. — Meu corpo


congelou naquele momento, e senti meus músculos se paralisarem. Engoli em
seco umas quinhentas vezes e me virei devagar.

Vittorio estava encostado ao lado da porta de aço da boate, de braços


cruzados, me olhando. Ele estava todo de preto, mas usara uma calça jeans,
suéter e botas. Um verdadeiro bad boy.

Seus olhos escuros me olharam de cima a baixo, enquanto ele


continuara. — Não só uma puta, mas uma puta lésbica. — Sorriu acidamente.
— Gostei daqueles beijos e carícias em cima do palco, que tal irmos até seu
pai e mostrar para ele de perto?

Meu coração praticamente tinha parado de bater. Eu queria correr como


uma louca dali, mas o meu corpo não estava me obedecendo. Soltei um
suspiro trêmulo e senti o medo continuar penetrando meu corpo.

Eu estava morta!
Sie wurden zu trainieren?: Está treinando?
Viel Glück!: Boa Sorte!
CAPÍTULO 7

Vittorio me jogou bruscamente sobre a cama e trancou a porta do


quarto de hotel. Eu não tivera tempo nem de correr, pedir socorro ou até
mesmo ir direto as garotas, que me esperavam dentro da boate. Pois Vittorio
simplesmente me pegou pelo braço e me levou até um carro preto, que estava
estacionado atrás da boate, junto com ele, quatro soldados, dois dele e dois do
meu pai. Ninguém dissera nada no caminho para cá e eu permaneci quietinha,
caso contrário começaria a berrar histericamente.

Continuei sentada sobre a cama e Vittorio tirava suas botas, enquanto


caminhava até uma escrivaninha ao lado da janela, eu não tirava meus olhos
dos movimentos dele, pois tinha medo que fizesse algo. Ele mexeu em um
notebook que estava ligado e depois o fechou com força, soltei um pulo
assustada, e continuei o olhando enquanto ele caminhara de volta a minha
direção. Ele ficou me olhando sem piscar por um bom tempo, eu não sabia
como ele conseguia fazer aquilo, mas sei que estava me assustando e muito!

Vittorio virou os olhos para o lado, arrogantemente e soltou um suspiro


baixo. — Levante. — Ordenou, fazendo um gesto com a mão esquerda, para
me levantar. Engoli em seco e me levantei lentamente, fiquei parada com
uma tábua e temendo pelo o que Vittorio pudesse me causar. Ele me olhou de
cima a baixo, e uma risada rápida escapou pelos seus lábios.

Ele se afastou de mim e soltei um suspiro de alívio, mas quando o olhei


novamente, Vittorio estava arrancando seu suéter preto e depois
desabotoando as calças. Fiquei parada olhando seu corpo, eu sabia que
Vittorio praticava esporte como o MMA e o jiu-jitsu, mas nunca imaginara
que tivesse o corpo tão escultural e... tantas tatuagens para alguém da idade
dele. As tatuagens eram bonitas e algumas de arrepiar.

— Está olhando para mim? — Perguntou irônico. Subi meus olhos para
seu rosto e ele sorria. — Achei que estava curtindo bocetas.

— Você é um nojento. — Soltei sem pensar. Mordi meu lábio superior


com força, e virei minha cabeça para frente. Já tinha feito merda demais,
deixar minha língua solta ao lado desse homem seria pior para minha
situação!

Ouvi os passos de Vittorio se aproximar e depois ele estava diretamente


em minha visão. Aquele olhar mortal estava de volta e fiz o impossível para
não desviar meus olhos. Ele deu um sorriso sem mostrar os seus dentes e
bakançou a cabeça negativamente. Meus olhos desceram por todo seu
peitoral, sem minha permissão e rapidamente os fiz voltarem para o rosto de
Vittorio.

Ele estava sério novamente e começou a mexer na sua calça, estava


tirando ela. — O que está fazendo? — Perguntei assustada, olhando para a
calça que já estava fora do seu corpo. — O que está fazendo?! — Perguntei
mais alto dessa vez. Vittorio tirou as pernas da calça pelo pé e depois estava
ereto novamente, vestindo apenas uma cueca boxer preta.

Ele deu um passo na minha direção e foi aí que surtei, soltei um grito,
completamente assustada e esbofeteei sua cara com força, tanto que caí no
chão. Vittorio permaneceu com o rosto virado pelo meu tapa e depois ele riu.
Uma risada alta e forte. Engoli em seco e fiquei o encarando com medo,
estava ferrada! Dessa vez ele me olhou e passou a mão na parte do rosto, que
sofreu o golpe da minha mão.

— Se você soubesse... — Murmurou maliciosamente, rindo mais uma


vez.

Vittorio deu outro passo e me encolhi ao lado do pé da cama, mas ele


somente foi até o colchão e pegou uma toalha de banho que estava ali,
jogada. — Só vou tomar um banho. — Disse sarcasticamente. Quando ele se
afastou e entrou no banheiro – sem fechar a porra da porta – esperei ouvir o
barulho da água e me levantar. Corri até a janela, sempre olhando a porta
aberta do banheiro, tentei abrir a janela de vidro, mas sem sucesso, não tinha
tanta força para fazê-lo. Depois corri até a porta, quase soltei um grito
frustrante ao ver a fechadura sem a chave.

Fiquei parada olhando para o quarto pouco luxuoso e meus olhos


caíram sobre o jeans jogado no chão. Olhei mais uma vez a porta, onde
Vittorio tomara banho animadamente, cantando uma música que nunca ouvi.
Peguei sua calça do chão e mexi em todos os bolsos. Nada! Joguei o jeans
sobre a parede e segurei o choro. Eu não tinha saída, estava completamente
ferrada! Vittorio me levaria de volta à Nova York e eu seria casada a força
com ele.

De repente, senti uma vibração na minha barriga. Olhei para minha


saia, onde a barra de cima segurava o meu celular entre minha barriga.
Arranquei o aparelho dali e na tela estava escrito Aaron. Soltei um suspiro
alto demais e atendi a ligação.

— Aaron. — Sussurrei.

— Claire? Claire, onde você está? Nós estamos preocupados! Para


onde você foi? — Lágrimas rolaram sobre meu rosto, apenas por sentir a
preocupação na sua voz. Ao fundo, eu podia ouvir as meninas também.

Respirei fundo e encostei minha cabeça na parede do quarto. — Graças


a Deus que me ligou; aquele meu ex-namorado, ele me encontrou, Aaron e
estou com medo. — Medo nem se definia ao que eu estava sentindo desde o
momento em que vi o fodido do Vittorio Gratteri! Aaron fez um som
assustado e depois repetiu minhas palavras, estava dizendo as garotas, pois eu
podia ouvir os "Oh meu Deus", "Ela está bem?" do outro lado da linha. Aaron
me respondeu:

— Esse cara precisa ser parado pela polícia! Diga-me onde vocês
estão? Eu vou passar o endereço para a... — O celular foi arrancado
bruscamente da minha mão e jogado na parede, o aparelho se despedaçou no
chão e não tive tempo de correr, pois Vittorio me pegou pelo pescoço com
força e me encostou a parede. Soltei um grito, em choque e comecei a chorar
e soluçar.

Ele aproximou seus lábios no meu ouvido direito.

— Só estava esperando você fazer mais uma merda. Estava ligando


para suas namoradinhas?
— VAI À MERDA! — Berrei ainda chorando. — Elas são minhas
amigas, seu verme!

— Oh-ho! Que mundo mais moderno, senhorita Clarke. — Gargalhou,


me empurrando para longe dele, caí mais uma vez no chão e o olhei. Vittorio
estava molhado e apenas com a toalha enrolada sobre a sua cintura. — Você
é tão fodidamente burra que, nem tem a noção do perigo. Se dissesse algo
para alguém, esse alguém estaria morto. — Pisquei uma vez e parei de
chorar. Ele tinha razão. Se eu passasse o lugar para meus amigos, eles
estariam mortos, por minha causa!

Vittorio soltou uma risadinha baixa e continuou. — Se levante. — Mas


dessa vez não o obedeci. Seu sorriso nojento sumiu da sua boca e o olhar de
assassino voltou. — Eu mandei você levantar. — Murmurou lentamente.

Cuspi no seu pé e o encarei. — EU NÃO SOU SUA CADELA, SEU


FODIDO! — Gritei.

Vittorio arregalou seus olhos e então me puxou pela minha blusa curta,
gritei novamente, quando ele me jogou bruscamente sobre o colchão e subiu
em cima de mim. — Ah sim, você é minha cadela, que precisa de um bom
adestramento. — Rosnou. Suas mãos seguraram meus quadris e fui virada de
costas para ele, me debati como um animal enjaulado e gritava sem parar,
mas Vittorio não se importou com isso.

De repente senti suas mãos segurarem minha saia canelada e rasgar o


tecido até a minha bunda.
— NÃO! PARA COM ISSO! NÃO! — Gritei, começando a chorar.
Tentei segurar o tecido para esconder minha bunda, mas era inútil, Vittorio
continuou rasgando a saia e então a tirou do meu corpo, ele subiu em cima de
mim novamente e segurou meus pulsos acima da minha cabeça.

— Não era isso que queria?! — Rosnou com raiva. — Não era
exatamente isso que estava dizendo ao telefone para o tal de Aaron? Sua
vagabunda, você ia foder com ele e com aquelas duas vadias?! Responda! —
O tapa na minha bunda veio tão forte, que perdi a respiração com um grito.
Vittorio deu mais dois tapas brutos e depois me virou, para ficar de frente a
ele. Eu não parava de chorar e implorava a ele para parar, mas quando vi seu
olhar alucinado, fiquei quieta. Minhas mãos ainda estavam presas sobre as
suas e minhas pernas imobilizadas pelo seu peso sentado sobre elas.

— Você pensou o que? Que não te encontraria? Dei duas semanas ao


seu pai, e olha só! Hoje faz duas semanas. — Sorriu abertamente, respirando
ofegante. — A parte triste é que ainda vou ter que me casar com você, uma
garota estúpida que vai sujar o nome da minha família! Mas a parte boa é que
seu pai me disse que de hoje em diante até o casamento, vou poder fazer o
que quiser com você. Que tal irmos de volta à boate e fazê-la dançar nua para
a multidão? Não se importaria já que estava quase fodendo com aquelas duas
putinhas.

Em todo momento em que Vittorio falava, era entre gritos e rosnados.


Meu choro e desespero tinham sido congelados pelo medo que estava
sentindo. Não poderia negar, Vittorio dá muito, muito medo mesmo. Suas
mãos soltaram meus pulsos, mas Vittorio continuou em cima de mim, me
olhando seriamente.

— Vá tomar um banho e tire essa roupa de vagaba. — Murmurou se


levantando e tirando a toalha. Desviei meus olhos da sua bunda e pulei da
cama, correndo até o banheiro. Fechei a porta em seguida a tranquei. Roupa
de vagaba? Quem esse cara pensa que é para falar comigo dessa forma?!

Olhei para meu top de manga longa e tirei do meu corpo, em seguida,
minha lingerie, fui até a frente do espelho e soltei meu coque. Meus olhos
estavam vermelhos pelo choro e agradeci a Deus por não ter usado tanta
maquiagem.

Fechei meus olhos e respirei profundamente. Então era isso, minha vida
seria destruída por completo, por Vittorio! Lágrimas escorreram pelo meu
rosto por me sentir tão fraca. Por ter falhado comigo mesma.

Você é uma burra! Por que ficou mais de um dia em Amsterdã?!

Era tarde demais para choramingar. Respirei fundo e entrei no banho.

****

— Onde irei dormir? — Perguntei quando saí do banheiro, vestida


apenas com o roupão macio. Vittorio estava deitado na cama, coberto da
cintura para baixo e os braços atrás de sua cabeça. Ele olhara atentamente
para o teto. Cruzei meus braços andando até ele, parei na frente da cama. —
Eu disse, onde irei dormir?
— Vai dormir no chão. — Respondeu acidamente e sem me olhar.

Olhei para o chão onde se tinha somente um travesseiro e mais nada!


— Eu não vou dormir nesse chão imundo! — Exclamei revoltadamente.
Vittorio me deu um olhar frio e depois apagou a luz do abajur em cima do
aparador. O quarto ficou escuro, apenas com uma fresta de luz da lua, que
entrava pela janela com as cortinas fechadas. Fiquei ali parada sem saber o
que fazer, ele estava brincando! Queria que eu dormisse no chão!
— V-Vittorio. — Gaguejei. — Está muito frio...

— Você não parecia estar com frio enquanto enfiava a língua na boca
daquelas garotas. — Interrompeu-me com a voz abafada pelo travesseiro. —
O quarto tem aquecedor, pegue o travesseiro e vá dormir logo, amanhã
voaremos de volta para Nova York. — Soltei um suspiro trêmulo e fui até o
lado direito da cama. Deitei-me no chão e segurei o travesseiro macio com
minhas mãos, Vittorio estava acima de mim e eu podia ouvir sua respiração
calma. Já estava dormindo. Encolhi-me como uma bola e fechei os olhos.

Estava fodida com esse cara, ele era sem sombra de dúvidas a minha
morte.

****

Soltei um bocejo e me espreguicei. O quarto estava um pouco


iluminado pela manhã, um cheiro delicioso de café penetrava minhas narinas,
passei a mão ao meu lado quando senti a maciez do colchão. Abri meus olhos
e virei minha cabeça, eu estava deitada na cama sozinha e coberta com um
edredom quentinho. Sentei-me na cama e olhei por todo o quarto, a bandeja
de café da manhã estava no final do colchão, com croissants, café, leite, suco,
torradas e manteiga. Vittorio que trouxe para mim? E... ele que me colocou
na cama?

Mas como isso? Estava tão cansada assim? Puxei a bandeja para mim,
quando a porta do quarto foi aberta. Vittorio apareceu segurando uma sacola
preta de alguma loja. Vestido, todo de preto, mas hoje ele estava usando
terno, camisa e sem gravata. Bebi um gole do suco de maracujá e mordi um
pedaço de croissant.

— Bom dia. — Disse-me. — Trouxe roupas para você. — Murmurou


levantando a sacola, em seguida a colocando sobre a poltrona.

Continuei comendo e olhando para ele, sem dizer nada. Não diria
obrigada a esse ogro. Ele me deu um olhar irônico e metido, e depois tirou
seu celular do bolso. Digitou algo ali e colocou o aparelho perto do seu
ouvido. — Partiremos às 11h. Sim, ela acabou de acordar. — Vittorio
assentiu para quem estivesse no outro lado da linha. De repente ele me olhou
de um jeito estranho e franziu o cenho. — Mas porque tão rápido? Eu achei
que... — Ele foi interrompido e trincou sua mandíbula, com raiva.

Parecia que alguém não curtia levar ordens.

Vittorio assentiu novamente. — Tudo bem, chegaremos no dia


seguinte. — Ele desligou o celular e soltou grunhindo. — Cazzo*! — Rosnou
um palavrão.

— Quem era? — Perguntei.


Ele me deu um olhar raivoso. — Quem você acha que era?! Seu pai! E
advinha só? — Rosnou em voz alta, se aproximando de mim. Levei um susto
e quase derrubei a comida toda. Vittorio se curvou sobre a cama e seu rosto
parou bem próximo ao meu. — Quando chegarmos à Nova York se considere
uma nova Gratteri. Vamos nos casar amanhã mesmo.

Cazzo!: Merda!
CAPÍTULO
8

— Belarmina, saia logo do carro. — suspirou, Vittorio cansadamente.


Ele estava com o braço apoiado na porta aberta do carro e apertando a ponte
do seu nariz. Eu por outro lado, estava parada como uma tábua sentada no
banco, parecia que meus membros tinham falecido desde que, Vittorio parou
o carro na frente da minha casa. Engoli em seco e o olhei, nervosamente.

— Então me prometa que não deixará meu pai fazer nada.

Vittorio soltou uma risada e balançou a cabeça, negativamente. —


Não irei prometer nada, eu não posso me meter, não somos casados ainda,
Belarmina. — sorriu maliciosamente.

Engoli em seco mais uma vez e segurei as lágrimas, eu podia ver o


carro do nosso segundo Capo ali, Fellipo. Ele era mais um monstro da
Família, não respeitava as leis e tradições, a mulher que chamasse sua
atenção, ele as pegava, sendo casada ou não. Indo por vontade própria ou
não. E eu sentira nojo dele por isso. Hoje seria um banho de sangue nessa
casa!
Respirei profundamente e então resolvi sair de dentro do carro, se tive
coragem suficiente para fugir daqui, então teria que ter coragem para
enfrentar meu pai e Fellipo! Mesmo que isso fosse pior do que viajar sozinha.

Você não sentiu medo quando enfiou sua língua pela garganta da
Gisela e da Sasha!

Balancei minha cabeça e caminhei ao lado de Vittorio, que mantivera


um sorriso escroto na sua cara. Quando chegamos na frente da porta da casa,
ele me olhou de relance e bateu na madeira escura, até mesmo aquele
pequeno barulho me fez pular de susto. Fomos recebidos pela Beatrice, mas
quando iria mexer meus músculos para abraçá-la, fiquei estética. Seu olho
esquerdo estava com um hematoma vermelho, lábios inchados e suas mãos
estavam enfaixadas e com gesso! Olhei assustada para ela, mas Beatrice não
me encarava, apenas olhara o chão.

— Sejam bem-vindos, Sr Gratteri e Srta Lucchese. — murmurou em


uma voz baixa. Muito baixa para a Beatrice que conheço.

Vittorio e eu entramos e quando ela iria se afastar, segurei seu braço.


— Beatrice, o que houve com você?! — perguntei com raiva. Ela olhou para
mim e depois para Vittorio.

— Beatrice foi castigada por ordem do seu pai, ela tentou te esconder
e acabou levando. — intrometeu-se, Vittorio. Quando me virei para ele,
Beatrice correu do meu aperto e seguiu-se para a cozinha. Trinquei minha
mandíbula e quando iria xingar Vittorio, ele saiu de perto de mim e foi em
direção a sala.
Fui atrás dele.

— E por acaso, você fez parte dessa porra?!

— Hmm, palavras erradas para mim, senhorita. — piscou ele e depois


se sentou. — Eu que quebrei os dedos dela. — sorriu abertamente.
Mas que porra!!! Esse cara é doente!!

Parei de andar e prostrei na sua frente, tudo o que eu mais queria era
arrancar aquele sorriso podre da sua cara maldita! — E você tem a coragem
de dizer isso alegremente?! Qual o seu problema, seu porco estúpido! —
gritei com os punhos cerrados.
Antes que eu pudesse continuar meu ataque, Vittorio entrelaçou suas mãos na
frente da sua boca e olhou além de mim. Eu sabia para onde e quem ele
estava olhando.
Não ousei olhar para trás, quando escutei sua voz.

— Como Vittorio rotulou. Voltou como uma verdadeira puta de boca


suja! — rosnou meu pai.

****

VIREI-ME DEVAGAR para olhá-lo. Ali estava meu pai, mamãe e


Fellipo. Não olhei para aqueles dois, apenas para minha mãe que estava com
os olhos inchados de tanto chorar. Ah, mamãe. Sinto muito. Controlei minhas
emoções e encarei a ira de meu pai, ele olhou minha mãe e rosnou. — Saia
daqui, esse assunto não lhe diz respeito! — ela juntou suas sobrancelhas
loiras e depois me observou, havia dor nos seus olhos. Sorri fracamente a ela
e assim mamãe saiu da sala.

Quando estávamos apenas nós quatro, Fellipo puxou as portas de


correr para fechá-las. Ele cruzou seus braços em seguida, me olhando
estranho. Bem, tudo nele é estranho, mesmo sendo um pouco bonito.
Meu pai caminhava lentamente pela grande sala, mas nunca se aproximando
de mim.
— Me dê um bom motivo para não espancar você até que desmaie. —
murmurou e dessa vez me olhando.

Engoli em seco e passei minhas mãos na calça jeans, tirando o suor.


— Eu não quero me casar. — quando terminei as palavras, papai se
aproximou como um raio e seu tapa veio, diretamente na minha cara. Soltei
um suspiro de surpresa e cambaleei para trás, mas me mantive firme. Me
endireitei novamente e tirei meu cabelo do rosto, eu sentia a forte dor na
minha pele se esquentar. Papai tirou seu paletó cinza e depois a gravata, em
seguida, dobrou as mangas da camisa branca. Revelando seus braços firmes.
Ele era forte, como Vittorio, ambos tinham uma musculatura parecidas. Até
mesmo seus olhares, mas eu não conseguia ver o olhar de Vittorio nesse
momento, pois ele estava sentado na poltrona, atras de mim.

— Vou repetir. — suspirou meu pai. — Me dê um bom motivo.

— Eu não quero me... — novamente sua mão grande se chocou com


meu rosto, só que dessa vez eu perdi o equilíbrio e cai nos pés de Vittorio.
Ele tentou me levantar, mas me esquivei do seu toque e continuei sentada no
chão. — Pode me bater quantas vezes quiser! Esse é o meu motivo. — disse
em voz alta e ofegando. Senti Vittorio se levantar e depois ele apareceu ao
lado do meu pai, que me encarava com ódio.

Vittorio olhou para mim, enquanto dizia a ele. — Não vamos perder
tempo com isso, Alessi. Que tal focarmos na parte em que, talvez, Belarmina
contou sobre nós? — os três homens me olharam. Eu não sabia para qual dos
três encarar, pois o medo não deixava meus olhos parados. — Se levante. —
ordenou, Vittorio. Sua voz não estava dura, mas até um pouco melosa. Ele
queria que eu ficasse feliz com isso? Babaca de merda.
Me levantei do chão lentamente e fiquei ali, parada.

Vittorio caminhou até mim, enquanto dizia. — Você disse sobre nós?

— Não. — respondi asperamente.

— Nem para seus amiguinhos? — continuou com o interrogatório.

Trinquei minha mandíbula e o encarei. — Não! — sibilei,


bravamente.

Vittorio sorriu para mim e então se afastou, voltando a ficar perto do


meu pai. Soltei um suspiro de alívio quando ele saiu de perto de mim. — Ela
está dizendo a verdade. — falou olhando para meu pai e depois para Fellipo,
que assentiu e sem tirar seus olhos de mim.
Papai deu apenas três passos e eu por impulso, me afastei, mas a poltrona me
impediu. Ele chegou mais perto e levantou seu dedo indicador da mão direita,
bem perto do meu rosto.

— O que você fez durante essas semanas? — perguntou com


vermelho nos olhos. — Se você fez algo que destruirá de vez essa família, eu
vou te jogar no pior prostíbulo da máfia. — ele faria isso?! Comigo?
Sua filha?! Deus, como eu queria meu avô vivo nesse momento. Tinha
certeza de que ele acabaria com essa festa em um nano segundo! Mas ele não
está aqui para proteger a mim e minha mãe, como fizera. Ele está morto! O
que não tenho dúvidas que foi seu único filho que orquestrou isso.
Meus olhos brilharam-se de lágrimas, mas não ousei deixá-las caírem. Isso
iria piorar minha situação.

Olhei para Vittorio que, não dizia nada, apenas me olhava de volta.
Encarei meu pai novamente e disse. — E-eu não fiz nada. Só arrumei uns
amigos depois de eles me ajudarem com documentos falsos. Só isso. — meu
pai assentiu e olhou para trás, onde Vittorio estava.

Ele olhou de mim para meu pai e suspirou, balançando a cabeça


negativamente. — Mentira. O meu soldado que estava de olho nela, contou
que ela morava com dois amigos, uma garota e... um cara.

— O QUE?! — gritou meu pai e ao mesmo tempo segurando-me


pelos cabelos. Soltei um grito de dor e as lágrimas caíram. Merda. —
ESTAVA MORANDO COM UM HOMEM?! SUA VADIAZINHA
IMUNDA! O QUE FEZ NESSAS SEMANAS, FALE A VERDADE! —
esbravejou e dando dois tapas na minha cara, enquanto gritava. Meu choro
tinha se tornado em altos soluços e suplicações, eu não era tão forte assim,
perto do meu pai. Ele sempre drenava a coragem e altruísmo de dentro de
mim. Ele levantou minha cabeça e meus olhos voaram para Vittorio.

Ele encarava meu pai de uma forma estranha e estava mais perto do
que antes. Não ousei demorar minha resposta. — P-pai, por favor, por favor.
— chorei gaguejando.

— Se você não falar agora, eu vou pedir que Vittorio conte e acredite,
vai ser pior se isso sair da boca de outro. — fechei meus olhos, chorando e
segurando a mão do meu pai, que puxava cada vez mais meus cabelos. Se eu
contar o que fiz ontem, ele me mataria! — Conte, porra! — gritou
balançando minha cabeça.

— Tudo bem! Eu apenas saia para clubes da cidade, apenas dançava


com minhas três amigas, bebíamos, íamos para bares e nada mais! Eu juro!
— contei. E era a verdade, apenas fazíamos isso, nada mais. Meu pai olhou
para Vittorio e me arrastou junto com ele, ainda segurando meus cabelos no
seu punho. Ele parou na frente de Vittorio e perguntou severamente.

— É só isso? Você tinha me dito que viu e ouviu coisas que me


deixariam louco!

Vittorio juntou suas sobrancelhas escuras e respirou fundo. — Eu não


quero me meter, Alessi.

Papai soltou uma risada alta. — Oh, mas você já está envolvido! É
noivo da minha filha e tomou a frente de tudo para encontrá-la! Eu não estava
lá, mas você sim! Então me conte essa porra logo que já está me dando aos
nervos. — rosnou. Vittorio me olhou mais uma vez e depois aquele sorriso
maldito e horripilante surgiu em seus lábios.
Ele passou a mão na sua barba e então disse.

— Ontem a noite, encontrei a linda Berlamina em cima de um palco,


em uma boate com mais duas garotas. — seus olhos escureceram-se de raiva.
— Elas estavam dançando juntas e de repente vejo a língua da sua filha,
enrolando-se com as das duas garotas. — meu pai virou lentamente sua
cabeça para mim. Seus olhos estava arregalados de nojo e raiva, eu sabia que
estava vindo algo nada bom para mim, mas dessa vez, mantive meu olhar
sobre o dele, Vittorio continuou. — Depois que elas fizeram o pequeno show
para o público, Belarmina conversou e depois foi para fora da boate, ela ligou
para um cara chamado, Aaron e estava marcando de fazer sexo com ele e
com as duas garotas que beijou.

A todo momento em que, Vittorio contara calmante. Meu pai me


olhava espantado, de cima a baixo. — Meu Deus. O que você se tornou? —
sussurrou ele. — É por isso que não quer se casar com Vittorio? Porque você
é lésbica?! — gritou e puxando minha cabeça com força. Fechei meus olhos
e ele não parava de falar. — Você sabe que isso é contra as tradições? Ser
lésbica não é aceito na máfia? Sua puta nojenta! — quando abri meus olhos,
meu pai me segurou pelo pescoço com uma mão e com a outra ele deu tantos
tapas na minha cara que comecei a gritar por socorro, mas ninguém me
ajudou.

— CALA A SUA BOCA! — esbravejou meu pai e dando um murro


diretamente no meu olho esquerdo. Soltei um grito de dor e cai estatelada no
chão, chorando alto. — Você transou com esse cara?! Você TRANSOU,
BELARMINA?! — perguntou meu pai em gritos.

Cuspi o sangue que escorria pela minha boca e tentei me apoiar com
meu cotovelo no chão, mas estava sem forças. Meu olho ardia pelo soco e
minha cabeça lateja. Olhei para cima e Vittorio estava segurando meu pai, foi
por isso que ele tinha parado com a agressão. Por causa de Vittorio.

Não se sinta lisonjeada!

Nem por um segundo. Quando iria respondê-lo, batidas frenéticas e


gritos surgiram por trás das portas da sala. — ALESSI! DEIXE MINHA
FILHA EM PAZ! — era minha mãe! Meu pai soltou um grunhido e foi como
uma águia até a porta, tentei me levantar e correr até ele, mas Vittorio me
segurou com força. Quando as portas foram abertas, meu pai apenas deu um
tapa na cara da minha mãe, que gritou.

— VOCÊ VAI SER A PRÓXIMA! SUA FILHA FEZ ISSO TUDO


POR SUA CULPA! NÃO SOUBE CRIÁ-LA DA FORMA CERTA! SUA
CADELA, VÁ PARA O QUARTO AGORA! — eu não conseguia ver minha
mãe, mas sabia que ela estava no chão. Tentei me soltar dos braços de
Vittorio, mas não consegui.

— Se for até lá, vai ser pior! — rosnou Vittorio em meu ouvido.

— Foda-se! — gritei.

Meu pai fechou as portas com força e andou até nossa direção. Com
um olhar enlouquecido. — Foda-se?! Você não sabe calar a porra da boca,
não é mesmo? — disse me olhando. Mas ele não tentou me bater. — Você
acabou com o nome dessa Família! DESTRUIU!

— Sim! Papai, eu terminei de destruir essa droga. — gritei para ele,


que se foda! Eu já estava morta mesmo, mas estava me irritando com Vittorio
me apertando para que eu ficasse calada, mas não fiquei. — Você acabou
com essa Família antes mesmo de mim! Até o seu pai tinha nojo de você e
toda vez dizia para mim que nunca quis tê-lo! Aliás, quem gostaria de um
filho fodido e sem honra?

Meu pai se aproximou e rosnou. — Sua...

— Pode me xingar e me bater! Pode me vender ao pior prostíbulo da


cidade, isso seria melhor que estar perto de você. — respirou trêmula e disse.
— E sim, meu papai. Eu transei com ,Aaron mais de uma vez! E foi a melhor
coisa que já fiz! Ser fodida de todas as maneiras e ainda fazer sexo com
duas mulheres! Bem, tal pai tal filha. — sorri para ele. Tanto ele como,
Fellipo, me olhavam perplexos. Somente Vittorio que eu não conseguia ver
sua reação, mas parecia que ele estava se controlando para não arrancar
minha cabeça, seu peito subia e descia rapidamente. Estava com raiva.

Meu pai deu um passo para trás, boquiaberto. — Faça o que quiser
com esse lixo. — sussurrou meu pai para, Vittorio. — Eu já falei com,
Demetrio e ele ordenou que eu não fizesse nada a ela, mas você está livre
para fazer o que desejar. Apenas tire essa vagabunda da minha casa hoje
mesmo! — ele se afastou, atordoado e empurrou as portas com força, saindo
da sala cambaleante e junto com Fellipo, que me olhou com nojo e se foi.
Fechei meus olhos soltando um suspiro de alívio, quando, Vittorio me virou
bruscamente, de frente para ele.

Encarei seus olhos e paralisei. Seu olhar mortal e rosto contorcido


eram piores que de meu pai. — Você fez isso mesmo? — perguntou em um
sussurro. Engoli em seco e assenti.

— Quero ir embora, vou pegar minhas coisas e sumir daqui. — tentei


me esquivar das suas mãos em meus braços, mas Vittorio os apertou mais.
Ele soltou um rosnado baixo e me balançou, mas foi mais parecido como se
ele estivesse tentando me acordar de um sono.

— Sua mentirosa, acha que sou babaca como o seu pai? Acha que sou
criança?! — dessa vez sua voz se alterou. Arregalei meus olhos de medo para
ele. — Então é isso que você quer? Ir embora dessa casa? Então tudo bem,
Belarmina. Seu desejo é uma ordem! — Vittorio me segurou pelo braço e me
arrastou para fora da sala, ele estava andando tão rápido, que se, sua mão não
estivesse me segurando eu cairia umas cinco vezes.
Olhei para ele assustada, e tentei me soltar.

— O-o que está fazendo? — perguntei com medo.


Quando paramos na porta do escritório, tentei correr, mas Vittorio me
puxou com força. Ele abriu a porta e lá dentro estava somente meu pai,
quando ele me olhou, seus olhos escureceram-se de raiva, mas Vittorio não o
deixou falar. Ele entrou comigo no escritório e me puxou bruscamente. —
Peça para sua esposa ordenar as empregadas que arrumem as malas de
Belarmina, depois peça para que traga o novo vestido de noiva. Nós iremos
nos casar na minha casa. — ele me olhou sorrindo. — E sem festa e
convidados.
CAPÍTULO 9

Beatrice e Jaquelini não me olharam sequer uma vez, desde que entrei
no quarto para vestir meu vestido de noiva. Elas mantinham seus olhares
somente no vestido ou no meu cabelo, pois meu pai estava ali na porta, em
pé, nos olhando. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar e implorar por
qualquer um! Mas ninguém dava à mínima, olhei meu reflexo no espelho e
lágrimas escorreram, meu olho esquerdo estava começando a ficar roxo em
volta. Meu lábio inferior estava inchado e com um pequeno corte, tudo
causado pelo monstro do meu pai! Limpei minhas lágrimas e me levantei da
cadeira de frente a penteadeira.

Estávamos na mansão de Vittorio e as únicas pessoas presentes eram


meu pai, Fellipo e Gabrielle. O Consigliere. Minha mãe foi tanto impedida de
vir, como também impedida de se despedir de mim. Isso me matou por
dentro, foi pior do que receber a surra do meu pai.

— Acabamos senhor Lucchese. — Disse Jaquelini.

Ele fez um gesto para elas sairem do quarto. Olhei para as duas através
do espelho e engoli em seco. Elas mal me olharam. Quando estávamos as sós,
meu pai entrou no quarto e parou atrás de mim, e pensar que eu me sentia
feliz quando as pessoas diziam que eu era a semelhança desse homem,
quando era criança, agora isso só me deixa enjoada. Ele olhou meu vestido e
fiz o mesmo. Era um vestido de noiva simples, de mangas e busto rendado,
decote pequeno na frente e um maior nas costas em V. Havia também uma
faixa da mesma cor do vestido no meio da minha cintura, com um laço
delicado amarrado por trás. Sua saia era longa e um pouco rodante.

Um vestido simples. Nada mais.

— Está bonita, Belarmina. Mesmo que eu não tenha imaginado um


casamento assim para você. — Murmurou meu pai.

Olhei em seus olhos e não disse nada. Eu não queria dirigir uma
palavra sequer a esse homem. Ele olhou seu relógio e suspirou, estendendo
seu braço direito. — Vamos, está na hora. — Respirei profundamente umas
três vezes de olhos fechados. Eu não tinha mais saída. Esse era o fim da
minha vida. Virei-me para meu pai e ignorei seu braço estendido, passei por
ele sem me importar.

Já que não sou mais sua filha, como ele bem me disse. Então não há
motivos para obedecê-lo. Caminhamos juntos lado a lado pelo grande
corredor da mansão e descemos as escadas escuras, sincronizados. Dessa vez,
meu pai puxou meu braço para o seu e me levou até o jardim da casa. Quando
ele abriu a porta, meus pés paralisaram, eu não conseguia me mover.

Os olhos de meu pai foram até a mim. — Qual o problema? —


Perguntou e tentando sem sucesso, esconder sua raiva.

Olhei para ele e depois para o jardim. Onde estava Vittorio parado, me
esperando vestido numa calça social cinza, camisa branca sem gravata e
colete da cor da calça. A camisa estava dobrada até a curva de seus cotovelos,
mostrando suas tatuagens. Aquela vestimenta não era exatamente de um
noivo. — E-eu não posso. — Sussurrei. Olhei para Fellipo e Gabrielle, e
depois para o pastor. Esperando nervoso e paciente. Meu pai grunhiu e me
puxou bruscamente para fora da casa, sem dar importância ao meu espanto.

Fui sendo levada a força até a direção dos homens, eu podia ver que
Vittorio estava estranho, como um olhar triste quando viu meu vestido, mas
quando me olhou nos olhos, deu aquele sorriso cretino e bateu palmas a me
ver. O babaca estava mal pela esposa, mas mesmo assim se mostrava um
animal nojento.

Quando paramos perto dos homens, papai deu minha mão a Vittorio
que rapidamente a pegou, firmemente. Ficamos um de frente para o outro e
então o pastor começou.

****

— Tente ensinar, Belarmina a se comportar. — Disse Fellipo, com um


olhar perverso sobre mim. Vittorio sorriu duro e acenou com sua cabeça, sem
dizer nada. Depois, Gabrielle deu parabéns e sorriu como forma de desculpas
para mim. Ele era o mais decente entre esses homens.

Os dois foram embora, assim como o pastor, somente meu pai


permaneceu ali. Já estava de noite e tudo o que eu pensava era no que estava
prestes a acontecer a seguir. Olhei para minha aliança de ouro e meus olhos
encheram-se de lágrimas. Eu não seria uma submissa para Vittorio, eu não
seria uma cachorrinha adestrada! Nunca.
Meu pai se aproximou e apertou a mão e o ombro de Vittorio. — Estou
muito orgulhoso por chamá-lo de genro, Vittorio. — Ele me olhou e
continuou. — Espero que, Belarmina possa satisfazer os seus desejos, mesmo
que já tenha deitado com outro homem.
— E com duas mulheres. — Sorriu Vittorio como um idiota, levantado
dois dedos.

Soltei uma respiração dura e continuei calada. Meu pai parou na minha
frente e me olhou sério. — Não se esqueça de que, você não é mais bem-
vinda na minha casa, mesmo sendo uma Gratteri. Preciso ir, tenho que ver as
novas mercadorias no clube Danger. — Ele se despediu e sumiu pela casa.

Vittorio soltou um suspiro alto e me olhou sorrindo, estava todo feliz


porque agora, sou sua esposa. Ele segurou minha mão com a sua e
rapidamente me afastei dele, Vittorio soltou um grunhido e se aproximou
como águia. Mas eu não me assustei dessa vez.

— Não comece! — Alertou. Segurei minhas lágrimas e não o respondi.


Vittorio juntou suas sobrancelhas e se afastou um pouco de mim. — Está
com fome? — Mudou de assunto, mas não disse nada. Eu não queria falar
absolutamente nada pra esse cara. Ele deu um sorriso arrogante e balançou a
cabeça em negativa.

— Ficou muda depois de dizer a palavra sim? — Continuou. Engoli em


seco para manter as lágrimas firmes, quando, Vittorio disse. — Então tudo
bem. Acho que você se esqueceu da parte em que eu não dou a mínima para o
seus sentimentos. — De repente, Vittorio me pegou pelas pernas e me jogou
sobre o seu ombro. Soltei um grito, apavorada, e bati com força nas suas
costas, enquanto ele me levava para dentro da casa tranquilamente,
assobiando.

— VITTORIO! PONHA-ME NO CHÃO! — Gritei assustada, quando


subíamos as escadas. Eu estava me tremendo de medo.
— Olha só! Ela fala! — Cantarolou, ainda assobiando.

Comecei a gritar como uma louca me debatendo, mas Vittorio não se


preocupou com isso e me levou até o final do corredor, do andar de cima da
sua mansão. Ele abriu uma porta e finalmente me pôs no chão, já estávamos
dentro do imenso quarto meio escuro.

No momento em que entrei na suíte principal, meu coração se alterou


de medo. Eu estava sozinha com este homem e mesmo se eu continuasse a
gritar, ninguém daqui daria a mínima para isso. Eu era sua esposa afinal.
Casada com alguém que mal conheço, com alguém que não amo. Meu pai me
vendeu como se eu fosse um animalzinho de petshop, e eu o odiava. Ódio por
ele me dar a um homem por questões políticas, por razões dele, ódio pela
minha mãe não me proteger, e apenas deixar sua cabeça baixa, como uma
submissa, e apenas chorar! E ódio por Vittorio, meu marido.

O barulho da porta se trancando soou levemente, me afastei ofegante e


Vittorio olhava cada parte do meu corpo, deixando em cada canto sua marca
como "minha". Ele começou a desabotoar seu colete, caminhou lentamente
até mim, como se eu fosse um animal assustado.

— Sabe. — Disse-me com seus olhos fixos no meu rosto. — Seu pai
tinha toda razão quando me disse que você é a mulher mais linda da Família
Lucchese. Você é a mais linda de todas. Mesmo que você tenha feito merda,
me atrai muito. — Vittorio parou na minha frente, olhando para meu decote,
dei um passo para trás, fazendo meu vestido de casamento balançar
suavemente.

— Não ouse tocar em mim, eu não quero você e te odeio. — Sussurrei


sibilinamente.

Vittorio me deu um olhar semicerrado e dando mais um passo à frente.


— Você vai negar o que é meu? — Perguntou seriamente para mim. Dei mais
um passo para trás e senti a cama bater nas minhas pernas. Porra!

— Eu não sou um cachorro, sou uma pessoa. Eu não tenho nada do que
é seu. — Rosnei em voz baixa. De repente acharia que, Vittorio pegaria sua
arma e atiraria na minha cabeça.

Por favor, faça isso!

Mas ele apenas segurou minha cabeça com suas mãos, prendi a
respiração, até que o aperto de suas mãos ficou mais fortes e então, Vittorio
me jogou na cama. Dei um grito apavorado, quando ele subiu em cima de
mim.

— Você é minha Belarmina, hoje e sempre. — Sussurrou sorrindo.


Tentei empurrá-lo para longe de mim, mas era impossível. Vittorio era
imenso na minha frente. — Se você continuar lutando, dessa forma, eu vou
acabar me apaixonado. — Riu sarcasticamente.
— VÁ SE FODER! — Gritei ofegante, deixando meus braços caírem
em cada lado na cama.

Vittorio gargalhou e passou seu polegar na minha bochecha. — É o que


estou querendo fazer com você, mas está difícil! — Exclamou, fingindo estar
indignado. Fechei meus olhos com força e virei minha cabeça, para que
Vittorio não pudesse ver minha fraqueza. Minhas lágrimas. Não emiti
nenhum som, aliás, eu era boa chorar em silêncio. Desde pequena.

Senti a mão de Vittorio virar meu rosto para ele, mas não ousei abrir os
meus olhos. Ele passou seu dedo indicador onde uma das lágrimas escorreu e
depois suspirou. — Hmm... Isso não me comove senhora Gratteri. —
Murmurou, beijando minha bochecha rapidamente.

Vittorio se levantou da cama, saindo de cima de mim e ficando de pé.


Abri meus olhos ao mesmo tempo, me sentando na cama e olhando
atentamente para Vittorio. Ele caminhou até uma cômoda perto da uma porta
entreaberta e ali, se serviu em um copo de uísque. Eu nem tinha notado que
havia bebida na suíte. Ele caminhou tranquilamente e puxou uma poltrona
escura que estava no canto do quarto, para o meio, de frente para a cama. Ele
se jogou sobre o assento e bebericou um pouco do uísque.

— Tire o vestido, mas mantenha os sapatos. — Falou simplesmente,


como se estivesse citando a previsão do tempo.

Juntei minhas sobrancelhas e continuei sentada. — Eu não vou tirar


minha roupa, como uma prostituta. — Rosnei. Vittorio se engasgou com a
bebida e gargalhou. Esse fodido...

— Você é minha esposa, garota! Agora me obedeça, caso contrário, vai


ser muito pior e acredite. Você não vai gostar. Agora, tire o vestido. — Ele
continuou bebendo o uísque e me olhava através do copo. Mordi meu lábio
inferior para não berrar ali mesmo, eu estava em cima do muro e não
conseguia raciocinar. Mas temia pelo o que Vittorio poderia me causar, já
estava machucada demais, para ser mais castigada.

Joguei minhas pernas para fora da cama e me levantei devagar, andei


lentamente pelo quarto e parei de costas para a cama. Vittorio não tirava seus
olhos do meu rosto. — Tire o vestido. — Murmurou. Engoli em seco e desfiz
o laço na parte de trás do vestido. Depois, puxei uma manga e depois a outra
para fora dos meus ombros. — Não precisa ter vergonha, finja que eu sou
uma daquelas garotas. — Piscou. Ele estava me provocando, mas não me
importei. Estava com medo demais para sentir raiva.

Respirei duro e deixei o vestido cair sobre os meus pés, saí de dentro
dele e o empurrei para o lado. Agora eu estava usando apenas um sutiã
branco tomara que caia, calcinha e cinta-liga da mesma cor. Olhei para
Vittorio, mas por incrível que pareça, ele ainda me olhava no rosto.

— Tire os sapatos, isso. Agora se livre dessa lingerie. — Suspirou e


bebendo o uísque.

Arregalei meus olhos para ele e paralisei. Mas Vittorio apenas riu e
continuou. — Eu já vi mulheres nuas. Não precisa sentir vergonha. — Engoli
em seco, pela terceira vez, e fiz o que ele pediu. Abri o fecho do sutiã,
deixando-o cair no chão, não ousei olhar para Vittorio, enquanto tirava com
cuidado, as meias e enfim. Minha calcinha.

Quando me endireitei. Os olhos de Vittorio estavam por todo o meu


corpo, ele não deixou escapar uma parte sequer da minha pele e tudo o que eu
queria fazer, era me esconder daqueles olhos escuros. Vittorio olhou para
mim e continuou a dar ordens. — Solte os cabelos. — Desfiz o coque na
minha cabeça, e meus cabelos caíram ondulados. Assim era melhor, pois meu
cabelo escondia, pelo menos, meus seios. Vittorio soltou um suspiro e
encostou-se à poltrona, ele olhou meu corpo novamente e depois me olhou
nos olhos.

— Hmm... Você tem casaco? — Sua pergunta me deixou confusa, mas


assenti mesmo assim. Ele se levantou e apontou para o lado da cama. —
Pegue um. — Olhei para onde ele apontava e vi minhas malas ali. Sem
questioná-lo, fui até a minha maior mala, onde estavam meus casacos e
peguei um sobretudo vermelho, que ia até meus joelhos. Coloquei o tecido na
minha frente e olhei para Vittorio, ele estava colocando um casaco preto
também.

— Vista ele e os sapatos. — Fiz o que ele pediu e continuava sem


entender. Quando estava finalmente vestida, perguntei.

— Por que...

— Quero te mostrar uma coisa. — Interrompeu-me, abrindo a porta. —


Não demoraremos mais que quinze minutos, vamos!
— Mas eu estou nua! — Exclamei, ainda dentro da suíte.

Vittorio juntou suas sobrancelhas e me olhou de cima a baixo. —


Hmmm, não, eu não vejo nenhuma boceta e nem seios. — Sorriu
diabolicamente.

— Você é nojento. — Rosnei com raiva. Mas ele não ligou; deu-me um
olhar mortal e fez um sinal para sair do quarto. Respirei fundo e segui
Vittorio pelo corredor.
Quando descemos as escadas e saímos para o pátio da casa, notei que
estávamos as sós. — Por que não há soldados? — Perguntei. Vittorio parou
perto do seu belo carro, abriu a porta para mim e depois deu a volta no
veículo. Entramos juntos e então ele me respondeu.

— Porque eles sabem que quando faço sexo, é em todos os cômodos.


— Piscou para mim, ligando o carro.

Olhei com nojo para ele e cruzei meus braços. — Definitivamente


nojento. Não vamos fazer sexo.

Vittorio sorriu abertamente, mas estava olhando para a estrada. — Se


você diz... — Trinquei minha mandíbula e tentei ao máximo não gritar, de
repente, Vittorio continuou a falar. — Relaxe. O que vou te mostrar vai fazer
com que você sinta... coisas. — Juntei minhas sobrancelhas em
desentendimento, mas permaneci calada. Eu não confiava nesse cara, mas o
estranho é que eu não estava mais com medo. Soltei um suspiro baixo e me
foquei no percurso. A única coisa que notei, foi que estávamos saindo de
Manhattan.
CAPÍTULO
10

Vittorio parou o carro em um bairro chique e silencioso. As casas a


frente, eram uma mansões completamente de vidro e com portões altos e
brancos. Aliás, eu tinha notado que, havia apenas essas duas mansões nessa
rua e também não tinha nenhum carro por ali, mas as luzes das casas
chamaram minha atenção, a mansão à esquerda, tinha luzes azuis e roxas, em
cada cômodo. E a mansão à direita, luzes vermelhas e rosas.

Quando iria questionar Vittorio, ele já estava saindo do carro e dando a


volta.

Achei que ele abriria a minha porta, mas apenas encostou-se ao veículo
e bateu no vidro da janela, fazendo um sinal para que eu pudesse sair.

Onde está a educação que esse maluco tinha?!

Em lugar algum! Ele estava apenas encenando para mim. Babaca. Saí
de dentro do carro e fechei a porta. Cruzei meus braços com força, para evitar
o frio da noite, Vittorio estava querendo me matar de hipotermia! Esse era o
motivo de ter ordenado que eu tirasse toda minha roupa.
Encolhi-me dentro do meu sobretudo quente e parei ao seu lado. Seus
olhos escuros estavam fixados na casa.

— Por que estamos aqui? — Perguntei, olhando as mansões.

Vittorio sorriu sem me olhar e apontou para as casas. — Qual você


escolhe a Superela ou a Atenas? — Juntei minhas sobrancelhas em confusão,
o que ele estava dizendo? Olhei novamente as casas e percebi que cada uma
delas, realmente tinham nomes. A de luzes vermelhas estava escrito em uma
placa, ao lado dos portões, Superela. E a casa com luzes azuis estava escrito
Atenas. Será que são de Famílias mafiosas? Mas porque estávamos aqui,
parados no meio da rua, nesse frio e, Vittorio pedindo que eu escolhesse?! A
não ser que... ah não.

— Você não está querendo invadir uma dessas casas, certo? —


Perguntei de olhos bem abertos. — São mansões de Famílias mafiosas e você
quer matar o Capo para me assustar! Seu maluco! — Rosnei.

Vittorio me olhou de um jeito como se eu fosse uma louca. — Você


pensa cada porra. — Murmurou ainda me olhando. — Se fosse casas de
mafiosos, não chegaríamos nem na esquina da rua, vivos. Agora, faça o que o
papai pediu. Escolha uma delas. — Disse-me com uma voz doce. Revirei
meus olhos e observei as casas. Se não eram mansões de Famílias, então, o
que era?

Que seja!

Balancei minha mão e apontei para uma das casas de vidro. — Hmm...
eu escolho a Atenas.

— Merda! — Exclamou Vittorio, se afastando do carro e me fazendo


pular de susto. Ele me olhou com uma cara fechada e depois sorriu. —
Desculpa, pensei que as luzes vermelhas chamariam sua atenção, já que a
maioria dos seus vestidos é dessa cor. — Desculpe? Como ele sabe disso?
Acho que eu andava sendo observada, antes de saber que me casaria...

Caminhei até sua direção e enfiei minhas mãos nos bolsos do casaco.

— E agora? — Perguntei arqueando as sobrancelhas.

Vittorio pôs suas mãos na cintura e ficou olhando para a mansão


escolhida. — Bem, vai ser complicado. Eu jurava que iria escolher a
Superela, mas... — Ele apertou seus olhos em direção à casa. — Vamos logo,
quero que veja uma coisa. — Vittorio pegou minha mão e me guiou de volta
ao carro. Entramos no veículo quando, Vittorio deu a ré e parou de frente aos
portões. Dessa vez apenas observava tudo. Ele tirou um pequeno controle
preto do porta-luvas e apertou um dos dois botões.

De repente, os portões da casa se abriram lentamente para nós. Vittorio


deu a partida e entrou na casa. Lá, havia no total de uns cem carros luxuosos
de vários tipos e marcas diferentes. Era um estacionamento grande. Vittorio
dirigiu até o final, quase perto da casa e então parou o carro ao lado de uma
Ferrari preta. Ele me deu um olhar simples e saiu de dentro do veículo, fiz o
mesmo que ele e olhei a minha frente, onde estava a casa.

— Vamos. — Chamou Vittorio.


Caminhei ao seu lado silenciosamente, eu estava curiosa e nervosa para
saber o que diabos estávamos fazendo essa hora, em uma casa chamada
Atenas! Quando nos aproximamos da casa, havia três seguranças perto da
grande porta de vidro, eu não conseguia ver nada, pois tinha cortinas por
todas as paredes e janelas. Vittorio e eu paramos na frente dos seguranças,
dentre eles tinha uma mulher. Ela me olhou de cima a baixo, e depois
encarou Vittorio.
— Sr. Zumbi, sua amiga é nova por aqui e precisamos revistá-la. —
Franzi o cenho e quase soltei uma gargalhada, mas Vittorio já estava
respondendo a mulher.

— Não se preocupe, Hope. Ela está brilhando.

— Oh, claro. Então, por favor. Entrem e aproveitem. — Sorriu a


mulher e os outros dois seguranças. Vittorio sorriu acenando e pegou minha
mão, indo até a porta, a abrindo.

Quando estávamos as sós, puxei Vittorio para me olhar. Ele estava


pacífico e sorrindo.

— Mas que droga é essa? — Perguntei em voz baixa. — Sr. Zumbi?


Ela está brilhando? Você pode me dizer onde estamos, Vittorio?! — Ele me
olhou respirando fundo e coçou sua sobrancelha direita com o dedão.

— Ela me chamou assim, pois é um codinome. E brilhar significa que


você está nua. Por baixo do sobretudo, claro.
Olhei em volta para procurar mais pistas, mas não tinha ninguém ali.
Era o hall de entrada, na verdade bem grande, com uma escada larga a nossa
frente. Vittorio pegou minha mão, e me puxou para uma das portas. —
Venha. — Passamos por uma sala de jantar, somente com duas mesas longas
de madeira escuras e também quatro divãs ali. Divãs? Na sala de jantar?
Depois entramos em um corredor sem portas, quando escutei. Barulho de
música tocando. Quando chegamos ao fim do corredor, Vittorio parou na
frente de uma porta de vidro de correr, onde tinha uma cortina azul. Aliás,
todas as luzes da casa eram azuis, aqui embaixo. Lá em cima eu tinha notado
que havia várias luzes de azuis diferentes e roxas. Vittorio me deu um olhar e
então abriu a porta. Ele saiu e me chamou com um aceno de cabeça.

Respirei fundo e fiz o que pediu. Quando saí, paralisei. Havia uma
piscina de chão imensa, espreguiçadeiras quase parecidas com camas e,
muitas pessoas. Mas não era o fato de ter tantas pessoas em um só lugar, ali.
Mas sim, o que eles estavam fazendo. E eles estão fazendo sexo! Quase todos
estavam fazendo!

Senti Vittorio se aproximar por trás de mim e segurar minha cintura,


quando ele sussurrou em meu ouvido. — Bem vinda ao meu mundo, senhora
Gratteri.

Meu corpo paralisou. Eu não sabia o que fazer, a não ser, ficar ali
parada como uma estátua! Várias pessoas de todos os tipos diferentes,
fazendo muito, muito sexo. Olhei para todos os lados, pois ninguém ali nos
notou chegando, havia cinco homens com uma mulher que gemia, e apertava
seus seios fartos com as duas mãos, no outro lado havia três mulheres se
beijando e uma masturbando a outra, dentro da piscina muitos casais, homem
com duas mulheres, homem com uma mulher... os sons eram gemidos, gritos,
risadas e palavras sacanas. Por isso que tinha uma música. Para abafar isso
tudo.

Engoli em seco e me virei para ir embora, mas Vittorio estava parado


atrás de mim e me segurou pelos ombros. Tentei me soltar, mas ele me
segurava, e me olhando seriamente. — E-eu quero ir. — Disse, sem
conseguir olhar para ele. — Quero ir embora, Vittorio.

— Relaxe. — Suspirou, abrindo a porta de vidro, corri para dentro do


conforto da casa e respirei profundamente. Vittorio entrou, fechando a porta
atrás de si. — Vamos lá para cima, quero mostrar o restante da... casa. —
Sorriu maliciosamente. Cruzei os braços sobre meu peito e o encarei,
furiosamente.

— Por que me trouxe a essa casa de...de... prostituição?! Está querendo


me dizer algo? Se eu não dormir com você, vou trabalhar na casa em que eu
escolhi?

— Arrrrr! — Exclamou Vittorio, levantando a cabeça para o alto. —


Pare com essas imaginações ridículas, Belarmina. Essa é uma casa qualquer,
de um casal de amigos, todo mês eles fazem essa pequena festa particular,
chamada Atenas. A casa ao lado também, mas na Superela é de outro estilo.
A do meu estilo. — Murmurou para si mesmo. Virei minha cabeça para todos
os lados, olhando a casa. Vittorio gostava disso?
Olhei para ele e rosnei. — Que nojo! Se você gosta dessa coisa toda,
não posso fazer nada. Eu quero ir embora. — Vittorio pegou minha mão e me
puxou para longe, quando estávamos no hall, achei que iríamos embora
daquele lugar nojento, mas então subimos as escadas. — Vittorio, eu quero ir.
Não estou brincando! — Disse em voz alta e tentando, sem sucesso, soltar
minha mão da sua. Ele caminhou por um corredor largo, depois viramos à
direita, havia mais portas por lá. Vittorio me olhou pelo ombro e continuou
caminhando, até que, paramos na penúltima porta.

Ele abriu e então mais coisas para me espantar! A luz do quarto era
roxa e dentro do quarto havia dois cavaletes para o corpo de uma pessoa
poder se instalar, um divã e uma cama redonda. Vittorio me puxou para
ficarmos no batente da porta. — Aqui é outro tipo de situação. — Murmurou,
olhando para as três pessoas ali. Eram dois homens altos, nus, e uma mulher
vestida de espartilho, calcinha, cinta-liga e saltos. Toda de preto. Ela também
usava uma máscara, escondendo somente a parte dos seus olhos.

Ela olhou para nós e deu um tchauzinho sedutor para Vittorio. Que
sorriu e piscou para ela. Trinquei minha mandíbula e cruzei meus braços. —
O que estamos fazendo aqui? — Perguntei sem rodeios. Vittorio também
cruzou seus braços e respirou fundo, olhando para o trio.

— Você vai ver.

Olhei para os três e então a mulher beijou um dos homens, ela estava
entre os dois. Um na frente e outro atrás. Eles ficaram apenas se esfregando
uns nos outros, até que a mulher deu um tapa forte na cara do homem por trás
dela. Olhei para, Vittorio, mas seus olhos estavam fixos na cena. Voltei
minha atenção nos três, vi a mulher ordenando o cara que levou o tapa se
deitar na cama. E o outro, ficar de costas para cima, deitado no cavalete. Os
homens obedeceram e se deitaram nos lugares que a mulher ordenou. Ela foi
até o cara deitado na cama e prendeu seus braços com algemas de couro, que
já estavam presos na cama.

Ela prendeu os pulsos do homem em cada algema e depois afastou as


pernas dele. A mulher sorriu satisfeita e depois pegou algo o chão, ao lado da
cama. Quando ela se levantou, havia um cinto também de couro na sua mão,
ela caminhou sensualmente até o homem sobre o cavalete. Parou ao lado dele
e passou seus dedos nas costas e bunda do homem, vi que ele respirava
rapidamente. De repente, a mulher deu uma cintada nas costas do homem,
que arquejou e gemeu. Ela continuou a bater no homem umas quinze vezes,
depois, jogou o cinto e beijou a pele afetada, carinhosamente.

O homem ofegava alto, mas continuava deitado. Quieto. Meu coração


batia tão forte, que achei por um momento que desmaiaria ali mesmo. Parecia
que eu tinha feito uma longa corrido do Brooklyn até a Times Square. Eu não
conseguia olhar para Vittorio, não conseguia tirar meus olhos daquela mulher
assustadora. E o pior é que o homem tinha gostado de apanhar!

Depois de beijar o homem, a mulher seguiu até o segundo cara, que


estava amarrado, respirando ofegante. Ela se curvou sobre ele e beijou sua
boca, depois, pegou algo no chão e colocou sobre os olhos do homem, era
uma venda preta. Quando o homem estava com os olhos vendados, ela se
levantou e foi até uma mesa pequena e retangular no canto do quarto, eu nem
tinha notado essa mesa. Depois, ela acendeu uma vela e voltou até a cama, a
mulher ficou parada olhando atentamente para o homem e então esticou seu
braço, com a mão segurando a vela e virou para o lado, caiu cera no abdômen
do homem. Ele soltou um grito misturado com gemido, ofegou, mas em
nenhum momento ele se mexeu, como o primeiro cara.

A mulher se curvou novamente e assoprou no abdômen dele e depois


passou a mão. Em seguida, ela direcionou a vela bem acima da região íntima
do homem.

Ah merda! Ela não vai fazer isso!

Arregalei meus olhos com medo daquela mulher, quando então, ela
olhou para o homem e derramou praticamente toda a cera sobre o pênis do
homem. Ele soltou um grito mais forte e tentou fechar suas pernas, mas a
mulher deu um tapa na sua cara e novamente derramou a cera. Os gritos e
gemidos dele estavam me deixando enojada. Como alguém pode curtir isso?!
É totalmente depravado e desumano! Eu não poderia ficar ali, aquilo era
demais. Se Vittorio queria me assustar, ele conseguiu. Andei lentamente de
costas e completamente assustada. Vittorio olhou para trás e franziu o cenho.

— Belarmina? — Não dei tempo a ele e então corri. Corri para longe
daquilo tudo! — BELARMINA! DROGA! — Gritou Vittorio.

Desci as escadas rapidamente e abri a porta de entrada com força, eu só


queria sair daquele lugar ridículo! Os seguranças me olharem confusos,
quando passei por eles correndo, eu não me importava, queria ir embora, para
qualquer lugar longe dali. Quando cheguei ao estacionamento, tirei meus
sapatos altos e olhei para os portões da mansão, eu não tinha como sair dali,
mas então, vi um casal abrindo um pequeno portão branco e saindo da casa,
sorrindo. Corri até lá e quando cheguei perto, me esbarrei com os dois e
saindo para a rua.

— EI! QUAL O SEU PROBLEMA?! — Gritou a mulher.

Não olhei para trás, apenas corri e corri. Tanto que meu casaco se abriu
e justamente quando um carro passou, com homens ali dentro. Eles olharam
pela janela e buzinaram e assobiaram. — WOOOL! QUE DELÍCIA,
GATINHA! — Gritaram para mim. Amarrei rapidamente o casaco e virei à
esquina.

Eu não tinha ideia por onde andava, só sabia que estava bem longe
daquela droga toda, que Vittorio me fez olhar. Estava andando
tranquilamente pela calçada vazia e de braços cruzados, para amenizar o frio
que eu estava sentindo. Meus pés estavam machucados, molhados e frios. E
tudo o que eu mais desejava era um banho de banheira e uma confortável
cama. Soltei um suspiro e lufadas de ar saíram pela minha boca.

Eu estava tão distraída em pensamentos, devido ao descobrir que meu


marido fodido, gosta de participar de ménages ou qualquer tipo de merda
sexual! Aquele homem é um doente, que precisa ser avaliado
psicologicamente, que não percebi um carro parando ao meu lado. —
Belarmina! — Parei de andar e olhei para os dois soldados de Vittorio. Soltei
um suspiro duro e caminhei em direção a eles dois, que me encaravam
curiosamente. Parei na frente de um deles e coloquei minhas mãos na cintura.
— Pois não? — Perguntei sorrindo, sem mostrar os dentes.

O soldado abriu a porta de trás do carro e me olhou. — Vittorio a quer


em casa. Sem discussões.

— Ele está em casa? — Perguntei me aproximando do carro e


segurando a porta do carro. Os homens se entreolharam como cúmplices. —
Hã... na verdade ele ainda está...

Soltei uma risada baixa e assenti. — Ainda está observando as pessoas


fazerem sexo e apanharem, como um velho tarado? Que legal, meu marido é
um pervertido. — Soltei mais uma risada e entrei no carro. Os homens
fizeram o mesmo e então seguiram pela avenida. Vittorio ainda estava na
mansão e isso me deixou extremamente feliz! Pois assim, ele não iria tentar
fazer nada na nossa lua de mel. Fiquei agradecida por hoje ser o dia daquela
merda toda. Acomodei-me no banco e olhei pela janela. Então, Vittorio curtia
aquilo tudo, como será que, Lorena suportou esse lado nojento dele? Eu
sentia pena da mulher.

Quando chegamos à casa de Vittorio saí às pressas do carro e entrei. Eu


queria um banho, subi as escadas e entrei no quarto de Vittorio, aliás, nosso
quarto. Eca. Tirei meu casaco e fui até o banheiro. Tomei um bom banho e
depois me sequei. Fui até minhas malas e peguei uma calcinha, calça e casaco
fechado, meu pijama favorito e nada sensual. Vesti-me rapidamente e me
deitei na cama, com as cobertas um pouco reviradas. Apaguei as luzes e
puxei o edredom até o meu peito.

Quando penso que algumas horas atrás, eu estava feliz e me divertindo


em Amsterdã com bons amigos. Como será que eles estão? Será que
pensaram que fui sequestrada? E quanto a Aaron? Merda, eu gostava tanto
daquele cara e estava mais que decidida em ter minha primeira vez com ele.
Como uma garota normal! Mas aí, Vittorio apareceu e destruiu tudo. Suspirei
tristemente e me virei de lado. Eu não sei mais o que esperar de mim, apenas
sabia que, minha vida estava acabada e tudo o que eu mais queria era sumir
desse mundo.

Fechei meus olhos e me imaginei ainda em Amsterdã, com meus


amigos.

Rindo e sendo eu mesma.


CAPÍTULO
11

Fui acordada com alguém caindo em cima de mim e depois rolando


para longe, abri meus olhos e dei de cara com Vittorio de olhos fechados,
ainda com a mesma roupa da noite anterior. Esfreguei meus olhos com os
dedos e olhei pelo quarto, a manhã estava apenas começando, quando olhei
pelas frestas da cortina escura. Soltei um suspiro baixo e olhei para Vittorio
mais uma vez. Ele ficou esse tempo todo fora? Naquela casa? A noite
inteira?! Eu não estava sentindo ciúmes e nem nada assim, mas isso foi um
desrespeito para mim. E se alguém dessa Família descobrir que, meu marido
frequenta casas de orgias? Ou pior, se descobrirem que ele foi até lá
exatamente na nossa noite de lua de mel?

Pensei comigo. Eu me importava com a opinião dos outros? Não, nem


um pouco.

Puxei as cobertas para cima do corpo de Vittorio, quando ele


murmurou. — Que esposa delicada.

— Porra! — Sibilei entredentes, com o susto. Vittorio soltou uma


risada baixa e se espreguiçou sobre a cama, soltando um bocejo alto, seus
olhos se abriram e olhou para mim. — Você acabou de chegar? — Perguntei.
Seu sorriso tosco e irritante apareceu em seus lábios. — Sim. E para
deixar claro a você. — Murmurou, ainda sorrindo. — Eu transei com outras
mulheres. — Dei um pulo para fora da cama, olhando para Vittorio. Esse
desgraçado ainda tinha a coragem de me dizer isso?!

Ele também se levantou da cama e tirou seu casaco.


— O que você disse? Outras?! — Falei perplexa e o seguindo com meu
olhar mortal.

Vittorio assentiu com as sobrancelhas arqueadas e suspirou. — Sim,


outras. Porque eu estava a um bom tempo sem praticar, desde... hum... você
sabe. — Desde a morte da sua esposa. Ele queria dizer que estava sem transar
a um ano e por isso fodeu mais de uma mulher? De uma vez só? Olhei com
todo o meu ódio para ele, quando Vittorio se aproximou de mim e cruzou
seus braços, sorrindo maliciosamente. — Não vai me dizer que, ficou com
ciúmes, certo?

Quando suas palavras acabaram, fechei minha mão esquerda em punho


e a levantei, diretamente na sua cara arrogante e maldita! Meu soco se
chocaria no seu nariz, mas então, Vittorio se esquivou como um gato e
segurou meu punho, ao mesmo tempo, me empurrando para cama e caindo
em cima de mim. Tentei socá-lo com minha outra mão, mas, Vittorio a
segurou também e levantou meus braços para cima, prendendo em suas mãos.

Soltei um grito frustrado e o encarei com raiva nos olhos, ofegando.


Porém, Vittorio, estava sereno e apenas me olhando, mas o sorrisinho tosco
tinha desaparecido. Ele apertou seus olhos e disse.
— Você vai ter que se acostumar com meu estilo de vida. —
Murmurou. — E eu não tolero nenhum tipo de preconceito dentro da minha
casa! Ou você aceita tudo isso e quem sabe, possa, até se juntar a mim ou
então, aguente todas as vezes que eu participar de alguma festa.

— Você não tem respeito POR MIM! — Gritei para ele.

Vittorio juntou suas sobrancelhas e vi raiva brilhar em seus olhos


escuros. — E você? Teve respeito por mim? Quando fugiu? Quando beijou
duas mulheres em cima de um palco? Quando TRANSOU com um cara?
Onde está o respeito?! — Vittorio me soltou e saiu de cima de mim. Sentei-
me na cama e o observei, ele passou as mãos em seu rosto e me encarou.
Estava com raiva. Ainda. — Se tivesse apenas fugido, eu entenderia. Eu
conversaria com você e iria compreender seu lado, mas não. Você além de
fugir, se aventurou com não somente uma, mas três pessoas. Então não sinta
raiva ou ódio pela vida que tenho, pois eu voltei com isso tudo por sua culpa!
Depois de ouvir o que você queria fazer, no telefone com aquele cara.

Abri minha boca e vacilei. — Vo-você está me culpando pela suas...


podridões sexuais?! Eu não te conhecia quando iniciou isso! — Exclamei me
levantando da cama. Vittorio soltou um rosnado e saiu de perto de mim, ele
me deu um olhar mortal e apontou seu dedo em minha direção.

— Podridões? Podridões?! Eu nunca fiz sexo com dois caras e uma


mulher, Belarmina! Isso que é podridão, porra! Não me julgue para não ser
julgada, se você quer ser lésbica ou a merda que for eu não ligo, a vida é sua.
Então, tente respeitar as minhas decisões pessoais. — Ele fechou seus olhos e
respirou profundamente. — Olhe, eu não acho que iremos chegar a um
acordo. Eu estava com a intenção de ser próximo a você, devido ao pai que
você tem. Eu tentaria ser um marido bom, mas depois de escutar aquela sua
ligação... — Ele balançou sua cabeça em negativa. — Acho que não vou
conseguir ir adiante. Sinto muito, Belarmina.

Vittorio pegou seu casaco do chão e depois abriu a porta do quarto,


fechando-a atrás de si em seguida. Olhei pela suíte, com um nó na garganta e
me sentei lentamente no colchão. As palavras de Vittorio foram impactantes
para mim. Eu me sentia mal, me sentia fora do meu corpo em escutá-lo. Ele
iria tentar, iria tentar ser um homem bom, mas então, eu estraguei tudo. Eu
poderia ter feito a sua humanidade voltar, poderia ter sido melhor que a sua
primeira esposa, mas fui uma imbecil!

Fechei meus olhos e me joguei na cama. O que está feito, está feito.

****

A manhã e a tarde tinham se passado rápido. Eu não tinha visto Vittorio


em nenhuma parte, então aproveitei para explorar a casa. Antes, tirei todas as
minhas coisas das caixas de mudança e instalei pela suíte que agora, era
minha também. Argh! Enquanto terminava de guardar meus sapatos no
closet, quase parecendo um novo quarto, fui olhar as coisas de Vittorio. Abri
algumas gavetas onde havia gravatas, relógios e cuecas. Olhei para cima onde
estavam seus ternos, impecavelmente bem passados, camisas alinhadas nos
cabides, perfumes masculinos e sapatos nas prateleiras de cima.

O cara só tinha roupas pretas, e a maioria eram somente ternos e poucas


roupas comuns. Passei meus dedos pela roupa e puxei o braço de uma camisa
preta, olhei para o tecido e fechei meus olhos, aproximando o tecido em meu
nariz e inalando o cheiro masculino. Não poderia negar certos fatores, desde
que conheci formalmente Vittorio, seu cheiro sempre me hipnotizava. Era um
cheiro único. Um cheiro másculo e ardente.

— Hmm... Cheirando minhas roupas, Sra. Gratteri. — Abri meus olhos


ao ouvir a voz tranquila de Vittorio. Não tinha me assustado, apenas me
afastei da roupa e olhei para cima, onde estavam as outras coisas dele. Enfiei
minhas mãos nos bolsos de trás da minha calça jeans clara e o olhei. Vittorio
estava encostado no batente da porta larga do closet, vestindo ainda a mesma
roupa. Seus olhos me avaliaram de cima a baixo.

— Gosto do seu cheiro. — Declarei, apontando para as roupas. —


Apenas isso.

Vittorio assentiu e cruzou os braços. — Hum... — Murmurou. — Você


é sincera e direta. Gosto disso, pois somos parecidos nesse quesito. — Acenei
com a minha cabeça, e caminhei para sair de dentro do closet. Quando passei
por ele, Vittorio segurou meu braço, fazendo com que eu parasse e o olhasse.
Seus olhos castanhos estavam mais calmos do que a última vez que o vi, no
começo daquela manhã. Ele soltou meu braço e coçou sua barba escura. —
Me desculpa por ter sido muito direto, nessa manhã. É que eu não sou eu
mesmo já faz um bom tempo.

Arqueei minhas sobrancelhas e suspirando. — Tudo bem, você já tinha


me alertado no jantar. Olha Vittorio, a vida é sua, se esse é o seu estilo de
vida, eu não poderei mudá-lo. Mas eu não quero que diga a mim quando irá
participar dessas coisas, não quero ficar a par de nada do que você faz, em
respeito a mim mesma. — Eu não sentia nada por ele, mas também queria um
pouco de respeito de sua parte. Vittorio que aproveite essa vida obscura que
leva, desde a morte da sua esposa, mas com tanto que ele não me incluísse
em absolutamente nada disso. Ele me deu um olhar penetrante e assentiu para
mim.

— As festas são mensais, então, não vai me ver indo em algum lugar
novamente. — Vittorio tirou seu casaco e caminhou até a porta do banheiro.
— Vou tomar uma ducha para jantarmos. — Ele deu um sorriso trancado e
entrou no banheiro, fechando a porta.

Andei até as altas e largas janelas de vidro do quarto e olhei lá fora. Eu


não entendia esse homem, em uma hora, ele é um verdadeiro canalha frio e
sem coração, na outra, é uma pessoa compreensível e gentil. Nunca iriei
entendê-lo. Fechei as cortinas pretas e voltei aos meus afazeres, bom, a minha
exploração na Casa dos Mortos mais desenvolvida e maior.

****

A casa de Vittorio tinha no total de sete quartos, dentre elas, três suítes.
Havia três banheiros sociais, uma academia e, também, seu escritório. Tudo
no andar de cima. No andar de baixo mais um escritório, sala de estar, duas
salas de jantar, a maravilhosa biblioteca, uma cozinha belíssima, dois
pequenos e confortáveis quartos para os soldados e a melhor parte: uma sala
de cinema. Tinha feito minhas listas de coisas a fazer e, a sala de cinema, a
biblioteca e a academia estavam inclusas!
A casa dava certo medo, por ser escura e silenciosa, mas era
incrivelmente linda. Quando tinha terminado meu pequeno tour, fui jantar na
primeira sala de jantar com Vittorio. aquela era a menor, pois como ele me
disse, era para nós dois, a outra sala de jantar era para festas, como a que eu
tinha vindo com meus pais e o conheci. O jantar estava maravilhoso, salada,
antepastos, almôndegas com molho de tomate e vinho. A cozinheira sabia
deixar alguém gemendo em cada garfada.

Quando o jantar (silencioso) tinha terminado, Vittorio pediu licença e


disse que estava ocupado. Eu não sabia para onde ele tinha ido, pois a casa
era realmente enorme, então aproveitei o mousse de chocolate sozinha. Voltei
para o andar de cima e tirei minhas roupas preguiçosamente, se eu não
voltasse a fazer meus exercícios físicos, me tornaria uma bola preguiçosa.
Vesti minha camisola branca longa e fui escovar meus dentes, quando
terminei, voltei para o quarto e me deitei na cama, apagando a luz do abajur.

Fiquei parada no meio da escuridão, tentando ouvir algum som de


Vittorio pela casa, mas não tinha escutado absolutamente nada. O cara se
movia como uma pena, pois ele sempre aparecia de surpresa ao meu lado.
Respirei fundo e fechei meus olhos, estava cansada demais, tinha sido uma
longa semana para mim.

****

O som do piano me acordou lentamente, eu não sabia se estava


sonhando ou se estava totalmente acordada. Espreguicei-me sobre a cama e
estendi minha mão no outro lado do colchão, abri meus olhos e olhei para o
lado, estava arrumada desde que vim dormir. O som do piano sendo tocado
me despertou de vez e então me sentei, peguei meu celular no aparador e a
hora marcava 03h45min. Eu tinha adormecido por quase seis horas!

Passei a mão no meu cabelo bagunçado e me levantei, dei a volta na


cama e peguei meu robe de seda sobre a poltrona, perto da porta do banheiro,
me cobri com ele e abri a porta do quarto, saindo de lá e seguindo o som.
Desci as escadas e caminhei no corredor lentamente, a melodia ficava cada
vez mais alta. Quando cheguei à frente da porta da biblioteca, hesitei. Vittorio
estava em um momento particular e seria desrespeitoso eu invadir sua
privacidade, mas tinha notado que Vittorio não se importava com aquilo.

Segurei e girei a maçaneta da porta e a abri, a primeira coisa que vi foi


Vittorio sentado no banco de frente ao piano, onde tocava. Eu só conseguia
ver seu perfil, pois o piano estava de frente a uma janela de vidro, e também
com as cortinas abertas. As luzes estavam apagadas então, apenas o luar
clareava a biblioteca. Aproximei-me com cuidado para não tirar o foco de
Vittorio, e parei ao lado do piano branco. Ele estava sem camisa e avistei na
sua cintura uma cicatriz longa, como se fosse de uma faca. As tatuagens o
deixavam ainda mais sombrio.

Estava tão distraída que quando o olhei nos olhos, Vittorio já estava me
encarando. E ao mesmo tempo tocando, me apoiei sobre o piano e fiquei ali,
escutando. Ele tocava muito bem. Alguns minutos tinham se passado, quando
notei que conhecia o que ele tocava. — Clara Schumann, Trois Romances. —
Murmurei, olhando para seus dedos que se movimentavam sobre as teclas do
piano. Levantei meu olhar e Vittorio assentiu, apenas com um sorriso sem
mostrar seus dentes. Ele continuou tocando magnificamente, poderia até ser
semelhante à própria pianista, pois estava perfeito. Às vezes ele olhava para
suas mãos e outras, me observava com um olhar intenso.

Alguns minutos passaram-se e Vittorio terminou de tocar. Ele ficou


perdido em pensamentos, olhando para o piano. — Lorena gostava de
Schumann. — Disse em voz baixa. Quando iria respondê-lo, Vittorio respirou
fundo e piscou várias vezes, como se estivesse voltando à realidade, ele me
olhou e estendeu sua mão. — Venha, quero tocar com você ao meu lado. —
Eu deveria hesitar, mas peguei sua mão e fui guiada por ele.

Achei que sentaria ao seu lado, mas, Vittorio empurrou um pouco o


banco e me sentou no seu colo, fiquei parada como uma estátua sentindo todo
o seu corpo firme, colado sobre o meu. Eu podia sentir o calor de sua pele
emanar perto do tecido da minha camisola, e do meu robe. Ele por outro lado,
estava calmo e colocou suas mãos de volta no piano. — Coloque suas mãos
sobre as minhas. — Fiz o que ele pediu. — Agora vamos tocar juntos. — Ele
começou a tocar novamente a música, só que mais lenta por eu estar ali, cada
movimento que seus dedos faziam, os meus imitavam. Parecia que era eu que
estava tocando, e adorei aquilo, a sensação de sentir os acordes, os
movimentos lentos, e agora firmes dos nossos dedos sobre as teclas do piano,
a melodia da música. A melhor sensação.

Soltei uma risada baixa e então, a música tinha chegado ao fim.

— Parabéns, você é uma boa aluna. — Disse Vittorio atrás de mim.

Ri novamente e me sentei de lado no seu colo, meu rosto estava


próximo ao seu, e vi como seus olhos brilhavam pela luz do luar. — Só boa?
Acho que mereço mais que isso. — Sorri para ele. Vittorio sorriu também,
mas não era aquele sorriso horripilante. Era a primeira vez que tinha o visto
sorrir docemente.

— Ótima. — Murmurou me olhando.

Assenti para ele e ficamos nos encarando. Eu não queria a proximidade


dele, não queria companheirismo ou qualquer coisa do tipo, mas queria beijá-
lo. Talvez a vontade tivesse surgido devido o que tinha acabado de acontecer,
mas não dei importância. Eu poderia beijá-lo e em seguida dizer a verdade
para ele, que ainda sou virgem, mas que também não queria ter nada com ele,
por enquanto. Eu poderia melhorar essa bagunça, poderia consertar tudo isso
e assim, Vittorio não voltaria mais a Atenas ou a Superela.

Meus olhos caíram sobre seus lábios e tive que soltar um pequeno
suspiro. Aproximei-me mais dele e fechei meus olhos, pronta para sentir seu
beijo. Até que:

— Belarmina? — Chamou Vittorio, segurando minha cintura. Abri


meus olhos em constrangimento e o olhei, suas sobrancelhas estavam juntas e
sua boca espremida, como se sentisse raiva. — E-eu não posso.

— Não pode o que? — Perguntei envergonhada.

Vittorio franziu o cenho e balançou sua cabeça negativamente. — Eu


não faço isso. — Murmurou. Porém continuei sem entender, Vittorio
suspirou e disse. — Eu não beijo. Na boca. Não faço isso. — Completou. Eu
podia sentir a risada se firmar dentro de mim, mas a vergonha e humilhação
era tão grande que eu apenas o olhava boquiaberta. Vittorio não beija na
boca, mas faz sexo com outras mulheres? Qual a diferença disso? Ousei em
perguntar.

— Qual a diferença de beijar e fazer... fazer...

— Sexo? — Perguntou. — Para mim, beijar é mais íntimo. Eu só não


faço mais isso. — Murmurou, olhando para o piano.

Assenti para ele. — Só comigo? — Perguntei em voz baixa. Eu não


estava sendo carente, mas queria ter a certeza de que aquilo era válido para as
"amigas" dele. Vittorio segurou meu queixo e levantou minha cabeça, seus
olhos sorriam com o que eu tinha perguntado. Ele me disse:

— Com todas. Aliás, você é minha esposa Belarmina, o que você viu
na festa é apenas um divertimento. Ninguém fica com a consciência pesada
achando que traiu o parceiro ou a parceira. No dia seguinte, todos são
"normais" e seguem suas vidas, não coloque na sua cabeça que estou te
traindo. — Assenti para ele, porém, mesmo Vittorio dizendo essas coisas,
minha feminilidade gritava o contrário. Ele poderia dizer que não traía, mas
os meus pensamentos diziam outra coisa.

De repente, Vittorio se levantou junto comigo e fechou à tampa do


piano, ele colocou o banco de baixo do piano e depois me olhou. Ele estava
vestido apenas com uma calça escura de moletom, o que era impossível de
não notar aquele corpo e o maravilhoso “V” sumindo pela calça.

Quando o olhei novamente, ele disse. — Acho melhor ir dormir. Tenho


trabalho...
— Ah sim! Claro, eu... hã, eu já estava indo. — Apontei para a porta.
Vittorio ficou me olhando simples. — Bem, boa noite! — Saí às pressas de
lá, com meu coração martelando. O que tinha acontecido ali dentro? Quando
cheguei ao quarto, corri até o banheiro e joguei água morna no meu rosto, me
olhei no espelho e respirei profundamente. Eu estava louca em querer beijar
aquele homem. Voltei para o quarto e tirei meu robe, em seguida, me deitei
na cama e fiquei recordando as cenas.

Vittorio me sentando em seu colo. Vittorio tocando piano, e minhas


mãos em cima das suas. Eu tentando beijá-lo. E ele me afastando.

Soltei um rosnado e escondi minha cabeça debaixo do edredom,


apagaria aquela noite da minha cabeça. Para sempre!

CAPÍTULO
12

Já se passava uma semana desde que Vittorio e eu tocamos piano junto,


naquela noite. Eu tinha feito o máximo possível para apagar o
constrangimento que passei com ele, mas desde então, eu me sentia diferente
a respeito dele. Vittorio é um homem das cavernas, mas em alguns momentos
ele deslizava aquele personagem mau e mostrava ser um homem bom para
mim. Por três dias seguidos, ele me acordara e trazia meu café da manhã na
cama, aquilo tinha me deixado surpresa. Sim, ele estava apenas levando
comida na cama, mas apenas com esse pequeno gesto eu tinha sentindo que
Vittorio tinha sim uma humanidade ali, dentro dele.

Mas fora isso, a gente não conversava, dificilmente jantávamos juntos e


raras vezes ele dormia ao meu lado, pois não conseguia dormir. Eu queria
perguntar o motivo, mas já tinha noção de uma resposta. Lorena. Eu via em
seus olhos uma profunda tristeza. Às vezes, eu pegava seu olhar em mim e
seu rosto transmitia somente tristeza, ou então ele ficava olhando para sua
aliança, ele usava a nossa aliança de casamento e também do seu primeiro
casamento. Juntas. Uma de ouro e a outra prata. Eu deveria sentir raiva
daquilo, deveria ser uma esposa mimada e briguenta. Mas não. Eu não era
assim, pois entendia perfeitamente a sua dor e o seu infinito luto, eu
compreendia ele, e jamais ordenaria que Vittorio esquecesse Lorena. Seria...
egoísmo da minha parte!

Estava na biblioteca, lendo um raro exemplar de Walt Whitman,


sentada em umas das poltronas perto da janela. Eu sempre fui fã de poesias, e
quando vi que o livro que tinha os melhores poemas desse escritor, não quis
mais sair daqui. Eu estava sentada em cima das minhas pernas sobre a
poltrona, e meus olhos mal piscavam para cada frase em que eu lia. A leitura
estava me envolvendo tanto, que não tinha escutado Vittorio, mas fui
distraída com sua voz.

“— Às vezes com alguém que amo, me encho de fúria, pelo medo de


extravasar amor sem retorno;
Mas agora penso não haver amor sem retorno – o pagamento é certo,
de um jeito ou de outro;
Eu amei certa pessoa ardentemente, e meu amor não teve retorno;
No entanto, disso escrevi estas canções.”

Virei minha cabeça, Vittorio estava encostado no piano branco, com


seus braços cruzados. Como eu não tinha dito nada, ele continuou outro
poema.

“— Estranho que passa! Você não sabe com quanta saudade eu lhe
olho,
Você deve ser aquele a quem procuro, ou aquela a quem procuro, isso
me vem, como em um sonho, Vivi com certeza uma vida alegre com você em
algum lugar,
Tudo é relembrado neste relance, fluído, afeiçoado, casto, maduro,
Você cresceu comigo, foi um menino comigo, ou uma menina comigo,
Eu comi com você e dormi com você – seu corpo se tornou não apenas
seu, nem deixou o meu corpo somente meu,
Você me deu o prazer de seus olhos, rosto, carne, enquanto passamos –
você tomou de minha barba, peito, mãos, em retorno,
Eu não devo falar com você – devo pensar em você quando sentar-me
sozinho, ou acordar sozinho à noite,
Eu devo esperar – não duvido que lhe reencontrarei,
Eu devo garantir que não irei lhe perder.”
Abri minha boca para parabenizar, mas vacilei. Mas uma vez, Vittorio
tinha me deixado surpresa, ele gostava de poemas? — Não sabia que era fã
dos clássicos. — Murmurei, o olhando. Vittorio sorriu torto e caminhou até a
outra poltrona, de frente para a minha. Ele se sentou e se curvou, apoiando os
braços nas pernas. Como ele sempre fazia me estudou, com seus olhos
escuros e por fim me respondeu.
— Não sou, mas a minha mãe era. — Disse simplesmente.

Pigarreei e assenti, fechando o livro. — Ela tinha bom gosto, aliás,


você tem um livro raro aqui. — Levantei o livro para ele, Vittorio pegou da
minha mão educadamente e olhou para o livro em suas mãos, depois entregou
para mim.

— Se não me engano, Lorena que o trouxe da Inglaterra. Ela que


gostava de ler, eu não.

— Então, como citou esses dois poemas tão perfeitamente? —


Questionei, arqueando minha sobrancelha direita.

Vittorio soltou uma risada baixa e deu de ombros. — Como eu disse


Sra. Gratteri. Minha mãe era fã de poesias. — Assenti novamente e fiquei
calada por alguns segundos, tinha que confessar, eu gostei muito de vê-lo
citando o poema, ainda mais da noite em que o vi tocando piano. Mordi meu
lábio inferior e tentei fazer o mesmo que ele.

“— Os sons abafados que faço contra tua pele


não dizem nada. Fazem de mim
um animal que aprende vogais; não que eu perceba
que os faço, mas eu os ouço
flutuar por sobre teus ombros, grudando
no teto. Ah Ee Ii Oh, Tu.”

Vittorio riu mais alto dessa vez, o que me fez sorrir. Ele disse.
“— Serão sons de surpresa
com os curiosos espectros que tua nudez causa
se movendo sobre mim em quanta luz
uma teia pode reter?”

— Já pode parar de me enganar Vittorio, você é um leitor de poesias, e


de carteirinha. — Suspirei, me recostando na poltrona. Suas sobrancelhas se
arquearam e o sorriso de menino mau surgiu em seus lábios. Ele adorava me
provocar e agora, eu não sabia se continuava a não gostar disso.

— Digamos que eu lia de vez em quando. Aliás, foi bem... intenso o


que você citou. — Sorriu Vittorio, maliciosamente.

Revirei meus olhos, e sorri sem mostrar os dentes. — Gosto de Ann


Duffy. Ela sabe juntar as palavras certas, principalmente essa poesia. Ela me
excita. — Murmurei distraída, enquanto observava a língua de Vittorio passar
por seus lábios secos. Ele engoliu em seco e assentiu para mim. Tinha me
tocado na merda que acabei de dizer. Droga! Não deveria ter dito aquilo!
Agora, Vittorio vai achar que sou uma louca por sexo, e que está dando em
cima dele para conseguir isso. Pisquei algumas vezes, envergonhada e disse.
— Me desculpe, eu não...

— Eu vim aqui para te dizer algo. — Interrompeu Vittorio, se


levantando da poltrona. Abaixei minhas pernas e me sentei de forma correta,
Vittorio encostou-se ao piano e disse. — Preciso ir à Itália.

O que?!
Juntei minhas sobrancelhas e me virei um pouco, para olhá-lo melhor.
— Mas... mas porque?

— Preciso de mais soldados e quero selecionar os melhores,


pessoalmente. — Respondeu ele.

Meneei com minha cabeça. — E quando você irá? — Eu não gostava


daquilo, digo, sobre ficar sem a proteção de Vittorio, pois por incrível que
pareça, eu me sentia mais segura com ele, do que nunca me senti com meu
pai. Agora, saber que ele viajará para tão longe, me deixou nervosa. Olhei
novamente para, Vittorio e ele estava sorrindo. — O que foi? — Perguntei
confusa.

— Iremos hoje mesmo, no começo da noite. Se apresse, faça as malas.

****

Minha consciência não aguentava mais concordar sobre Vittorio


aparentar o que ninguém dizia que ele era. Desde a noite em que o conheci,
dizia a mim mesma que ele era um mafioso ruim, como a maior parte desses
homens, mas então, ele não é absolutamente nada como os homens e
mulheres da máfia diziam. Bem, talvez ele não fosse a personificação do mal
com sua esposa, pois eu me lembrava bem de que, Vittorio era somente
sorrisos, gargalhadas e carinhos com ela.

Não se esqueça de que, ele mesmo disse que não é mais o mesmo,
desde que Lorena morreu.
Pura verdade. Vittorio tinha praticamente soletrado cada palavra,
quando me contou isso. Que sua humanidade tinha voltado somente depois
que conheceu Lorena. Mas e agora? Ela se foi junto com sua primeira
esposa? Aquilo me deixava dividida, pois nenhum homem ruim levaria sua
recém-esposa para uma viagem de trabalho.

Estávamos no carro já nas ruas de Siena e, Vittorio a todo o momento


não desgrudava do seu celular. Não tínhamos nos falado, desde que ele
apareceu na sala de biblioteca, o que obviamente já tinham se passado horas.
Eu não conseguia dormir, e não sabia o porquê, mas sentia algo estranho
dentro de mim, como se minha consciência quisesse ficar de guarda apenas
olhando Vittorio, para ver se ele me deixaria sozinha. E eu estava odiando
essa sensação, nunca precisei de ninguém.

O carro parou na frente do hotel Certosa Di Maggiano e rapidamente o


motorista saiu de dentro do veículo e foi até o porta-malas; um funcionário do
hotel apareceu com um sorriso e pegou as duas malas, minha e de Vittorio.
Elas não eram grandes, pois, Vittorio me disse que seria uma viagem de
apenas quatro dias.

Ainda bem. Nunca gostei da Itália, não me perguntem o porquê.

Vittorio guardou seu celular e abriu a sua porta, antes de me olhar. —


Você está bem? — Perguntou. Lambi meus lábios e assenti para ele. — Tudo
bem. Saia pela mesma porta que eu. — Quando ele saiu de dentro do carro,
fiz o mesmo que ele, olhando para todos os lados da rua vazia. Já se passava
da duas da manhã e a cidade estava muito silenciosa, o que era estranho para
os meus ouvidos, nova-iorquinos. Vittorio pousou sua mão grande nas
minhas costas, e nos conduziu até a recepção do hotel. Olhei para a rua
novamente e depois para ele.

— Sem soldados? — Questionei.

Paramos na recepção luxuosa do hotel e Vittorio me olhou, balançando


a cabeça negativamente. — Posso cuidar de nós dois. — Depois de termos
feito o check-in, o mesmo funcionário que pegou nossas malas – e ainda
estava com elas – nos guiou até o elevador e subiu conosco. Pelos espelhos
do elevador, eu podia ver o olhar de Vittorio sobre mim, mesmo eu pegando-
o de surpresa ele não desviava seu olhar o que, com certeza, eu faria se fosse
comigo. Ele deu uma piscadela para mim, então um som apitou, e as portas
do elevador se abriram.

Caminhamos pelo corredor bonito, o homem que levava as malas tirou


o cartão de acesso do seu bolso e abriu a porta com o número 128. Ele
acendeu as luzes da suíte, entrou com as malas, Vittorio e eu o seguimos,
parei no meio do quarto, enquanto Vittorio dava uma gorjeta ao homem. Ele
nos deu boa noite, entregou o cartão de acesso e fechou a porta. A maior
parte do quarto era ocupada por uma grande cama com colcha laranja, a
janela ficava perto da cama, ao lado direito, dois aparadores em cada lado,
uma cômoda escura perto da janela e duas poltronas de frente para a cama.
Na parede a frente estava a TV.

— Gostei. — Murmurei, enquanto tirava meu cardigã vermelho.

Vittorio se sentou na cama e me olhou. — Vou pedir algo para comer.


— E eu vou tomar um banho. — Seus olhos desceram por todo o meu
corpo, lentamente e depois, Vittorio assentiu. Peguei uma camisola e calcinha
da mal, e fui para o banheiro, fechando a porta em seguida. Eu não sabia o
porquê, novamente, mas agora eu não me importava de tomar banho com a
porta destrancada e Vittorio por perto.

Deus, o que estava acontecendo comigo?

****

O jantar do hotel era divino, não podia negar! Vittorio e eu comemos


em cima da cama, enquanto ele dizia piadas sexuais italianas para mim, e eu
ria como uma louca. Vittorio era extremamente engraçado. Depois que
terminamos nossa refeição, ele tomou um banho e depois de alguns minutos
apareceu, apenas vestido com uma calça de moletom escura. Como sempre,
eu fiz o possível para não olhá-lo exageradamente e ficar babando como uma
velha tarada, mas a cada dia que passava, aquilo ficava mais difícil.

Eu estava assistindo um filme sem legendas, a única luz do quarto era


da tevê. Vittorio se deitou ao meu lado e se espreguiçou, ao mesmo tempo
soltando um gemido. Olhei para ele, rindo. — Parece que alguém está
sentindo dores? Idade avançando? — Brinquei. Achei que, Vittorio soltaria
uma piada como sempre, mas ele apenas me olhou e se aproximou, tanto que
eu sentia era o calor da sua pele. Engoli em seco e olhei seus lábios. — O-o
que foi?

— Eu não vou te beijar, Bela. — Murmurou, era a primeira vez que ele
disse um dos meus apelidos. Vittorio se apoiou com um braço em cima do
colchão e olhou meu corpo. — Vamos tirar isso? — Perguntou, mas ele já
estava puxando a coberta de cima do meu corpo. Os olhos de Vittorio
passearam por toda minha pele, era um olhar másculo e faminto. Porque
inventei de usar essa camisola curta?

Porque você quer abrir as pernas para o seu marido. Sussurrou meus
pensamentos

Na verdade, não foi por isso. Foi porque eu quis dar uma boa impressão
para Vittorio. Ele continuou olhando para mim e então me encarou. — Eu
vou ser sincero com você, como sempre fui. — Murmurou ele. Meneei minha
cabeça e Vittorio continuou. — Eu quero fazer um oral em você. — Meu
coração trovejou e paralisou em ouvir ele me dizer isso. Ele... ele queria fazer
sexo oral? Em mim?!

Estava tão petrificada com isso, que acabei assentindo para Vittorio,
sem dizer nada. Se eu dissesse algo, acho que desmaiaria. — Isso vai ser
gostoso. — Murmurou Vittorio.

Então, seu corpo estava em cima do meu, os olhos escuros dele me


encaravam de perto, em busca de alguma negatividade ou até mesmo medo.
Mas eu não estava. Renderia-me essa noite para Vittorio e pronto. Sua cabeça
se curvou até o meu pescoço, onde seus lábios beijavam lentamente minha
pele aquecida, sua barba arranhava minha carne, mas eu gostei daquilo.
Estava me excitando. Fechei meus olhos e Vittorio foi abaixando seus beijos,
ele parou na curva dos meus seios e beijou cada mamilo, por cima do tecido
da camisola de seda. Senti suas duas mãos caminharem pelas minhas curvas,
apertando algumas partes, ele abriu minhas pernas e tirou devagar, minha
calcinha.

Olhei para ele e Vittorio não deixava de me encarar. Abri minhas


pernas para ele e seus olhos caíram para o meio delas, ele soltou uma
respiração dura e se curvou diante de mim, deitei minha cabeça no travesseiro
quando então, senti sua língua invadir minha entrada. Soltei um suspiro junto
com um gemido, pela sensação daquilo, era surreal, excitante e pervertido,
mas eu adorei.

— Hmm, você está encharcada. — Murmurou Vittorio, me chupando


lentamente.

Ele mudava entre lamber, beijar e chupar meu clitóris, eu não


conseguia pensar em mais nada, meus pensamentos estavam desordenado, e
tudo o que eu conseguia fazer era, gemer e me contorcer de prazer. As mãos
de Vittorio seguraram meus quadris, quando ele enfiou sua língua para dentro
de mim, abri ainda mais minhas pernas e gemi.

— Oh meu Deus! — Exclamei.

Vittorio continuou com seu ataque, lambendo toda minha vagina sem
parar. Aquilo era bom demais. Senti uma sensação que subiu da minha
barriga para o meu coração, eu sentia minhas veias pulsarem mais alto, e a
única coisa que fiz foi gemer. Tentei fechar minhas pernas, mas Vittorio as
segurou firmemente e rosnou. Eu não aguentei mais por um segundo e gozei.
Muito. Dentro da boca Vittorio. Segurei seus cabelos com força entre meus
dedos, e balancei meu corpo descaradamente na sua boca. Quando me senti
completamente esgotada, joguei meus braços para cima e deixei minhas
pernas caírem para cada lado.

O que foi isso?!

Vittorio voltou a se deitar ao meu lado e senti sua mão me puxar pela
cintura. Abri meus olhos e o observei em confusão, mas ele me virou de
costas para ele e me abraçou. — Está tudo bem? — Perguntou com a voz
abafada. Engoli em seco e respirei fundo, para acalmar meu coração. Eu
estava me sentindo mais do que bem, super bem!

Assenti com a cabeça.

— Sim, mas... hum, me desculpa por ter...

— Por ter gozado na minha boca? — Completou Vittorio.

Soltei um suspiro e fechei meus olhos. — Você é direto demais. — Ele


soltou uma risada baixa e me puxou mais para ele, até que senti seu membro.
— Você está duro.

Vittorio riu mais uma vez e novamente roçou seu pau na minha bunda.
— Impossível não ficar, você é linda. E sobre se envergonhar por ter gozado,
não fique. Eu adorei o seu gosto, muito. — Ele se mexeu atrás de mim e
então a televisão foi desligada, nos deixando no silêncio e no escuro do
quarto. Vittorio me abraçou de novo, senti que ele não estava mais excitado.
— Durma. — Sussurrou em meu ouvido, beijando minha bochecha. Eu não
queria dormir, queria perguntar por que ele estava tão bonzinho comigo. Será
que estava tentando fazer esse casamento dar certo? E porque ele quis fazer
oral em mim? Achou que isso iria me assustar, como aconteceu na nossa lua
de mel?

Eram inúmeras perguntas a serem feitas, mas estar ali, naquela cama,
sendo abraçada e ao mesmo tempo recebendo carinho nas costas, estava bom
demais. Fechei os meus olhos e adormecei com o afeto de Vittorio.

CAPÍTULO
13

Estava quase despertando do meu sono, quando senti o polegar de


Vittorio, passear em meus lábios. Segurei sua mão e abri meus olhos, ele
estava sentado ao meu lado e já vestido no seu terno todo preto. Seu olhar
escuro estava capitando qualquer emoção que estivesse passando em meu
rosto. Levou sua mão a qual eu estava segurando, até meus lábios, onde dei
leves beijos na sua pele. — Não vá. — Disse relutantemente. Não queria
demonstrar afetos por ele, mas depois da nossa noite passada, ficaria difícil
resistir a ele.

Seus olhos continuavam me olhando como se eu fosse uma coisa nova


no mundo.

Vittorio engoliu em seco e acariciou meu lábio inferior, depois, tirou


sua mão da minha. Não me senti decepcionada com aquilo, não senti
absolutamente nada. Graças a Deus. Ele se levantou da cama e pegou seu
celular em cima do aparador. — Vou esperar você lá embaixo. Não demore.
— Murmurou indiferente. Ele me olhou novamente e deu um aceno de
cabeça, como se eu fosse algum dos seus soldados. Depois disso, Vittorio
saiu do nosso quarto sem dizer mais nada. Sentei-me na cama e franzi o
cenho, porque ele estava assim? Tão... distante? Tão enigmático? Aff! Eu
nunca iria entender os homens, e principalmente esse homem!

Levantei-me da cama com cuidado, ao mesmo tempo os eventos da


noite anterior tomaram meus pensamentos, em apenas olhar a cama revirada.
Desviei meu olhar e fui direto ao banheiro. Bom, se ele vai agir como se nada
tivesse acontecido ontem, então eu faria o mesmo que ele. Não iria perder
nada com isso, aliás.

****

Quando saí de dentro do elevador, avistei não só Vittorio, mas também


a pessoa que estava junto a ele. E quando eu disse junto, é no estilo unha e
carne! Respirei fundo e fui até os dois. No instante em que me aproximei,
Vittorio foi o primeiro a me ver. Ele arqueou suas sobrancelhas e olhou para
sua companhia.

— Aí está ela. — A mulher de cabelos escuros com as pontas douradas,


se virou para mim. Ela era elegante e incrivelmente linda. — Cecília, essa é a
minha esposa, Belarmina. — Cecília, como foi chamada por Vittorio, me
olhou de cima a baixo e abriu um grande sorriso. Ela era linda, pele morena,
alta, olhos escuros e um sorriso perfeito. Sem contar a parte em que ela estava
deslumbrante, no seu vestido branco, sapatos vermelhos e uma bolsa maior
que minha cabeça! Sim, eu estava me sentindo minúscula ao lado dessa bela
morena italiana. Ela estendeu sua mão para mim e sorriu.

— Buongiorno, Belarmina. Che piacere! — Disse Cecília.

Estendi minha mão e peguei na sua. — Hã, eu... não entendo italiano,
mas entendi o "bom dia". — Sorri de volta e olhei para Vittorio.

Ele estava de braços cruzados, com uma das mãos mexendo na barba,
escondendo uma risada. Babaca. Vittorio abraçou minha cintura com um de
seus braços e olhou para Cecília. — Belarmina não é de família italiana como
nós dois. — Mentiu para ela. A mulher me olhou com as sobrancelhas
arqueadas, e fez um "ah" de surpresa.

— Que indelicadeza a minha. Vai ser difícil passar esses dias aqui sem
entender a língua, não é? — Fez uma careta de preocupação. Antes que eu a
respondesse, Cecília continuou. — Se você quiser eu posso ser sua intérprete,
é só chamar por mim. — Piscou e sorriu em minha direção. Juntei minhas
sobrancelhas e olhei para Vittorio, que já estava me encarando.

Ele se virou para a mulher e disse. — Acho uma boa ideia, vou estar
muito ocupado com os negócios depois do almoço. Que tal dar um passeio
em Siena com Cecília? — Perguntou Vittorio, me olhando. Fala sério! Eu
nem conheço a mulher, mas eu tinha pegado uma simpatia por ela. Meneei
minha cabeça para ele e sorri satisfeita.

— Vou adorar.

— Ótimo! — Falou Cecília, colocando seus óculos de sol. — Vittorio


tem meu número, ligue para mim que a limusine vem buscá-la. — Ela se
aproximou dando dois beijos em ambos minhas bochechas e depois fez o
mesmo em Vittorio. Quando Cecília se afastou de nós dois, Vittorio pegou
minha mão e nos guiou até o restaurante do hotel. Sentamos em uma mesa
perto das janelas, um garçom apareceu nos dando bom dia e entregando o
cardápio. Quando ele se foi, olhei interrogativamente para Vittorio.

— Quem é a Cecília? — Perguntou antes de mim e olhando para o


cardápio.

Assenti para ele. — Sim, velha conhecida? — Perguntei simplesmente.


Vittorio sorriu torto e levantou seus olhos em minha direção.

— Uma velha amiga. Cecília e eu nos conhecemos desde a


adolescência, ela roubava junto comigo, quando meus irmãos não podiam. —
Explicou. — Então meio que a amizade se tornou... uma paixão, namoramos
por um tempo, e quando me mudei para a América decidimos voltar a ser
amigos, sem ressentimentos. — Eu não sabia o que lhe dizer. Ela era então,
uma ex-namorada dele? Mexi-me na cadeira e fechei o cardápio.

— Interessante. — Murmurei.

Vittorio fechou também o cardápio e me olhou franzido. — Ciúmes,


Sra. Gratteri? — Perguntou sorrindo.

Revirei meus olhos e cruzei meus braços. — Não. — Ele deu uma
risada baixa e balançou sua cabeça em negativa.

— Bom, não precisa sentir ciúmes. Cecília é uma boa pessoa, você vai
ver quando estiver a sós com ela. Confie em mim. — Piscou Vittorio.

Mordi meu lábio e me calei. Não vou concordar sem conhecê-la.

****

Depois de uma hora e meia passeando pela cidade ao lado de Cecília –


e ex-namorada do meu homem! – resolvemos ir a um café no centro da
cidade. Vittorio estava certo, ela era uma boa pessoa e extremamente
amigável. Eu não estava acostumada em fazer amizades, eu não ia à escola
como as meninas da Família faziam, fui educada dentro de casa, pois meu pai
tentava ao máximo não me expor tanto para os inimigos, como também para
a mídia. Ele sempre dissera que eles são urubus famintos.

Então, eu nunca tive uma amiga, bem, Beatrice e Jaquelini eram


minhas amigas, mas somente pelo fato de trabalharem na minha antiga casa.
Pensar nelas fez com que meu coração se afundasse de tristeza, Vittorio
machucou uma delas e eu tinha deixado claro que nunca o perdoaria por isso,
mas quando ele disse: se você soubesse o que seu pai fez a ela, me abraçaria e
gritaria vários "Eu te perdoo" por apenas quebrar os dedos dela. Meu coração
gelou, eu nunca duvidei da capacidade maldosa do meu pai, pelo contrário,
eu sempre testemunhei esse lado negro dele e quando Vittorio disse-me
aquilo, muitas possibilidades aparecerem freneticamente na minha cabeça.

E o pior de tudo, era minha culpa.

Cecília e eu pedimos dois cappuccinos e croissants, para o nosso café


da tarde. Ela mexeu em seu celular, depois o guardou já me perguntando: —
E Vittorio? Esqueci-me dessa parte, o passeio estava tão bom! — Sorri
concordando com ela.

— Foi ótimo, eu gostei muito e obrigada mais uma vez pelo tempo que
tirou para mim, Cecília. — Soltei um suspiro e cruzei minhas mãos em cima
da mesa de madeira escura. — Ele foi resolver uns assuntos de seus negócios,
acho que deve estar acabando. — Cecília meneou sua cabeça e me olhou
pensativa. A jovem atendente tinha chegado com nossos pedidos e os colocou
na pequena mesa. A brisa daquela tarde em Siena estava maravilhosa para
tomar um café! Confesso que estava gostando dessa cidade.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, quando Cecília respirou fundo


e me olhou. — Sabe Mina, eu entendo que você está protegendo os segredos
de Vittorio, mas comigo não tem motivos. Eu sei tudo sobre ele e ele tudo
sobre mim. — Sorriu de forma doce. Engoli um pedaço do croissant e fiquei
sem ter o que dizer, eles eram o que, afinal?! A porra de confidentes? Não
deveria me sentir assim, mas eu estava querendo gritar, feito uma louca em
ouvir aquilo. Tomei um pouco da minha bebida e lambi meus lábios.

— Você está querendo me dizer que...

— Que eu sei que Vittorio é da máfia. — Completou Cecília. Ela sorriu


abertamente e continuou. — Quando ele foi embora de Veneza, ele me
contou tudo e tínhamos prometido de nunca esconder nada do outro. Somos
como dois irmãos. — Riu a mulher, se recostando na cadeira.

Aquilo era pra ser engraçado?

Levantei minha sobrancelha direita a ela, e dei um sorriso duro. —


Vittorio não me contou sobre isso.

— Oh não! — Exclamou Cecília, balançando sua mão. — Não o culpe,


Vittorio não tem o costume de ser muito aberto com as pessoas. Você precisa
entendê-lo, pois ele teve muitas perdas na vida. Sua mãe, seu irmão, seu pai,
mesmo sendo um carrasco e a sua esposa. — Perdão? Juntei minhas
sobrancelhas sem entendê-la. Irmão? Como assim?

— Desculpe, mas os irmãos dele estão todos vivos.

Cecília ficou séria e fez uma cara triste. — Bem, é que esse irmão
somente eu e Vittorio que sabemos. O pai dele teve um caso com uma mulher
qualquer, e ela engravidou. A criança nasceu e viveu até os 13 anos, mas
ninguém da família Gratteri sabia, apenas eles dois. Vittorio descobriu por
que a amante de Ricco meio que o manipulou emocionalmente, ele acabou
conhecendo seu meio irmão, Fabrizio. Era um amor de menino. — Eu estava
boquiaberta com aquela informação. Rico teve um filho fora do casamento?!
Mas que loucura!

Curvei-me um pouco sobre a mesa, extremamente interessada. — E


como ele faleceu? Isso foi durante a doença que Biana teve? — Cecília
balançou sua cabeça em negativa e mordeu um pedaço do seu croissant.

— Não, foi antes disso tudo. Essa amante era uma das fixas de Ricco.
Aquele homem sem coração! Enfim, Fabrizio foi morto por uns homens que
seu pai devia dinheiro. Eles o confundiram com Bernadir, que é o filho mais
velho. Fabrizio tinha a mesma semelhança que ele, cabelos loiros, olhos
azuis. Por culpa do pai, o garoto que pagou o preço. — Rosnou
revoltadamente.

Porém, eu não estava muito entretida nas emoções de Cecília. Vittorio


tinha um meio irmão, isso seria uma grande fofoca na Família, ainda mais por
ele nunca ter contado aos seus outros irmãos. Principalmente a Demétrio, seu
irmão do meio e seu Boss! Soltei um alto suspiro e segurei minha cabeça
entre minhas mãos. Olhei para Cecília e sorri sem mostrar os dentes.

— Você sabe mesmo tudo sobre ele. — Murmurei. Cecília franziu o


cenho e riu.

— Não precisa se sentir indiferente com isso, Belarmina. Vittorio teve


o momento certo para me contar isso, se você for paciente e aceitá-lo, ele
contará tudo o que você quiser, e eu digo tudo mesmo. — Assenti para ela e
comecei a balançar minha perna. Se ela sabe desse gigante segredo do
Vittorio, acredito também que ela sabe dos seus gostos peculiares!

Lambi meus lábios e perguntei. — Você... hã... você sabe também


daquele estilo de vida que Vittorio curte? — Deus! Eu sou uma babaca.

Cecília soltou uma risada e assentiu para mim. — Você quer dizer a
parte em que Vittorio é um voyeur?

— Vou o que? — Perguntei sem entender.

— Voyeur. — Soletrou Cecília. — Significa que ele gosta de observar


outras pessoas mantendo relações sexuais. — Perdão novamente?! Mas que
porra era aquela? Eu achava que Vittorio gostava de transar em casa de swing
e nada mais que isso, esse cara tinha realmente uma grande bagagem que
ainda não foi totalmente aberta!

Por sorte, Cecília estava aqui para me salvar do escuro senão, nunca
descobriria nada sobre ele. Cocei minha cabeça de forma nervosa e engoli em
seco, a fome tinha cessado rapidamente.

— E-eu achei que ele gostava apenas de participar daqueles lugares


onde várias pessoas transam. — Respondi.

Cecília revirou seus olhos e sorriu. — Também. Mas isso foi depois
que Lorena faleceu, ele acabou entrando nessa depois de um cara, que faz
apostas nos cassinos da máfia dizer para ele espairecer por lá. Acontece que
ele acabou viciando. — Murmurou. — Já do voyeurismo, Vittorio sempre
gostou. Não quero ser indelicada e nem nada, mas quando tivemos um
namorinho, eu acabei praticando. Apenas para o prazer dele.

— Você... você transou com outro cara na frente dele? — Perguntei


horroriza. — Isso é loucura!

— Eu pensava o mesmo que você. — Riu Cecília, com a minha cara de


espanto. — Mas era tudo questão de prazer, Mina. Porque não tenta hoje à
noite? — Perguntou sorrindo. Franzi o cenho e mordi meu lábio.

— Hoje? C-como assim? — Gaguejei nervosa.

Cecília segurou minha mão por cima da mesa e riu. — Vou fazer uma
festa na minha casa, lá vai ter várias coisas, do voyeurismo ao bondage, mas
como seu marido não curti essa coisa de sadomasoquismo, apenas tente
praticar o que ele gosta. Aposto que Vittorio iria adorar em ver sua esposa
fazendo isso, pois a primeira nunca quis.

— Lorena não gostava? — Perguntei curiosa.

Cecília balançou sua cabeça em negativa e soltou minha mão. — Ela


era uma das esposas troféus, mas era muito compreensiva. Sabia das
necessidades do Vittorio então o deixava ir a casas de voyeurismo, mas
apenas para observar. Lorena não se sentia bem em pensar sendo fodida por
um cara escolhido a dedo por Vittorio.

Arqueei minhas sobrancelhas e quase perdi a respiração. — Vittorio é


uma caixinha de surpresas. — Murmurei para mim mesma, fazendo Cecília
rir. — Você pratica essas coisas porque acabou gostando?
— Exatamente. Depois daquela noite que tive com Vittorio e um
estranho, me senti livre, liberta. Então acabei me tornando uma voyeur. —
Cecília limpou sua boca com o guardanapo e continuou. — Se aceitar o
convite, ficarei muito feliz. Vai ser bom para o Vittorio, ver que sua esposa se
intriga pelos interesses pessoais dele, você verá. — Quando terminamos
nossa conversa, pagamos e nos despedimos. Cecília estava ansiosa pela
minha resposta, se eu iria ou não até a sua casa essa noite.

Quando cheguei à suíte do hotel, Vittorio estava sentado em uma das


poltronas com seu notebook no colo. Ele estava apenas com a calça de
moletom. Droga, que visão! Sua cabeça se ergueu e um sorriso estava
estampado no seu rosto. — E então? O que achou? — Perguntou, fechando
seu notebook. Tirei meus sapatos altos e joguei minha bolsa no chão, me
sentando na cama.

Dei de ombros e sorri. — Ela é muito legal.

Vittorio assentiu com sua cabeça e se levantou. Eu queria dizer sobre o


convite, mas não poderia me esquecer de que se eu aceitasse, deveria fazer
sexo e eu nunca fiz isso! Merda! Naquela época pareceu legal assustar meu
pai e Vittorio sobre isso, mas agora, não estava sendo nada fantástico! Ele
caminhou até o minibar e despejou no copo de vidro um pouco de uísque,
depois voltou a se sentar na poltrona, de frente para mim.

— Você quer me contar alguma coisa, Belarmina? — Perguntou de


forma casual.
Tenho que aprender a não deixar minhas emoções transparecerem!

Soltei um longo suspiro e dei de ombros novamente. — Bem, isso vai


ser esquisito, mas é... hum, é que a Cecília... hã, e-ela nos convidou...

— Para sua festa. — Interrompeu-me sorrindo. — Eu sei, ela me


mandou uma mensagem há minutos atrás.

— Bem, e você quer ir? — Perguntei curiosa.

Vittorio soltou uma risada baixa e deu um gole na bebida. — Aposto


que ela contou tudo sobre o que eu gosto. Então você já deve saber minha
resposta para isso. — Piscou para mim. Engoli em seco e suspirei
pesadamente mais uma vez. Eu estava dividida entre aceitar ou não, se
Vittorio ficasse bravo quando eu dissesse a ele, que menti sobre não ser mais
virgem? Ou pior, se ele se sentisse envergonhado por isso? Meu coração batia
tão forte, que eu não conseguia formular nenhuma palavra. Tinha medo pelo
o que poderia acontecer dentro daquela casa cheia de pessoas desconhecidas.

Passei a mão nos meus cabelos e olhei para Vittorio, ele esperava
minha resposta pacientemente. — Porque não? Diga a ela que iremos. —
Suas sobrancelhas se arquearam em forma de surpresa. Ele assentiu e pegou
seu celular na outra poltrona.

Antes de ligar para Cecília, ele me olhou e disse. — Nunca deixando


uma aventura de lado, Sra. Gratteri. Parabéns! — Sorri fracamente. Obsservei
enquanto ele conversava com Cecília, no outro lado da linha. — Estamos
dentro. Se prepare minha dolce Belarmina, você vai ter a melhor noite de
todas. — Disse-me Vittorio depois de desligar o celular. Eu não consegui
respondê-lo, então apenas sorri.

Que Deus me ajude!!!

Buongiorno, Belarmina. Che piacere!: Bom dia, Belarmina. Que prazer!


CAPÍTULO
14

Uma luz roxa estava no lado de fora da mansão de Cecília, que fazia
você dizer vários "Oh" de uma só vez. Vittorio segurava minha mão
firmemente, sempre me dando olhares de lado, ele tinha comprado um Terani
Couture preto, frente única, com sua saia curta e rodada para essa festa. Ele
era lindo, porém o tamanho não tão agradável. Quando passamos pelos
portões altos, várias pessoas bem vestidas estavam espalhadas na frente da
mansão, pessoas de todas as idades, adultas, alturas, pesos e cor! E todos
sorriam maliciosamente para quem os olhassem.

Eu estava começando a me arrepender por aceitar esse convite, me


sentia deslocada naquele ambiente, aquilo não era a minha vida. Era a vida de
Vittorio. Abaixei meu olhar para os meus saltos altos vermelhos, Louboutin,
e percebi como meus pés são magros, dentro desse sapato escolhido por meu
marido estranho. — Belarmina. — Falando no diabo! Levantei minha cabeça
e olhei para Vittorio, ele me encarava seriamente. — Não abaixe a cabeça
dessa forma, não aqui. — Murmurou ainda me encarando. Franzi o meu
cenho e olhei em volta.

— Por que não? É errado? — Perguntei confusa.


Vittorio parou ao lado de uma mesa perto da piscina azul de chão, onde
havia garrafas de bebidas caras. — Não é errado, mas quando uma mulher
entra em festas desse estilo, com a cabeça baixa, significa que ela é uma
submissa e aqui há muitos... dominadores. — Explicou. Arregalei meus olhos
para ele e olhei mais uma vez em volta, realmente, havia alguns homens, até
umas mulheres, me observando de uma forma estranha. Olhei para Vittorio
que estava servindo champanhe em duas taças.

— Submissa? O que isso significa? E... dominadores? Você deveria ter


me dado uma aula antes de virmos para cá! — Soltei irritadamente.

Vittorio me entregou uma das taças de champanhe, sorrindo


diabolicamente. — Achei que gostava de surpresas, Sra. Gratteri. — Revirei
meus olhos e ele riu. — É uma nova modinha! Submissão, dominadores
gostam disso. Então, se você entrar em uma festa dessas ao lado de uma
pessoa, com a cabeça baixa, eles vão entender que você é submissa e a pessoa
ao seu lado é o seu mestre. Não fique com a cabeça abaixada, não quero ser
confundido com um mestre.

— Argh! Quanta bobagem! — Resmunguei. — Agora não vou poder


abaixar minha cabeça nem se for para arrumar meus sapatos? Porque vão
pensar que sou uma submissa? Uma escrava? — Aquilo tudo estava passando
da curiosidade para a chatice! Esse mundo em que Vittorio vive, é
completamente anormal e doentio, eu não estava me sentindo bem com tantas
coisas novas, coisas que nunca soubera que existira! Já estava conformada
com a máfia, mas com essa loucura que Vittorio convive, era demais.

Ele me deu um olhar simples e balançou sua cabeça, de forma como se


estivesse falando com uma criança pequena. — Não, Bella. Não fale
infantilidade, você não é estúpida. Apenas mantenha a cabeça erguida. —
Não o respondi, deixei aquele assunto de lado e me foquei na bebida, quando
então senti uma mão em meu ombro nu. Olhei para o lado e Cecília já estava
me abraçado, com um grande sorriso em seu rosto.

— Mina! Vocês vieram. — Trocamos dois beijos no rosto, e depois ela


abraçou Vittorio. Cecília estava deslumbrante com um vestido vermelho, de
tecido fino e transparente, ele era longo, e continha uma fenda, para mostrar
suas belas pernas bronzeadas. Cecília juntou suas mãos e era notável que
estava animada. — Não acredito que vamos jogar todos juntos! Mina, você
vai amar e se divertir muito. Espero que Vittorio não sinta ciúmes. — Piscou
para ele, o que me fez rir.

Vittorio envolveu um braço em minha cintura e beijou meu pescoço,


senti meu corpo se arrepiar com aquilo e minha mente vagou para a noite
passada. Ele então a respondeu:

— Hmm... Isso vai ser novo para mim também, mas eu não sou do tipo
de sentir ciúmes, Cecília.

— Como se eu não soubesse disso. — Respondeu Cecília, revirando os


olhos. — Você quase teve um colapso quando viu aquele cara na Odin,
passando a mão na minha bunda. — Riu ela. Vittorio sorriu e balançou sua
cabeça, enquanto passava a mão livre na barba.

— Ele estava fora da linha! Nem estava participando do jogo, então


aquilo foi um desrespeito, o cara mereceu a surra.
Cecília se aproximou de Vittorio e arrumou as lapelas do seu paletó. —
Ah sim, mereceu muito. O bom é que fui recompensada. — Os dois riram ao
lembrar essa tal recompensa, eu estava como uma babaca olhando entre os
dois. Cecília continuava alisando a roupa de Vittorio e ele sorria sem parar.
Respirei fundo e sorri.

— Bom! Como isso é passado, então é minha vez de afastar as


mulheres do meu marido. — Tirei as mãos de Cecília, que me encarava
confusa e Vittorio de um jeito estranho, como sempre. — Aliás, estamos fora
da linha, certo? Não há motivos para tantos toques. — Completei ainda
sorrindo. Como eu sempre eu disse, sou sincera demais e não deixaria esse
meu lado logo agora! Nós ficamos todos em silêncio por alguns minutos, eu
olhando para Cecília, Vittorio e as outras pessoas. Cecília olhando para
qualquer lado e Vittorio me encarando. Eu estava prestes a perguntar
qualquer coisa para quem estivesse me ouvindo, quando então uma mulher
miúda e elegante apareceu nos dando boa noite, em seguida dizendo algo em
italiano para Cecília.

Ela nos olhou sorrindo e juntou suas mãos. — Já está na hora! Quando
estiverem prontos e só irem ao segundo andar da casa, Vittorio já sabe como
funciona. Espero vocês lá. — Ela piscou para nós dois, e saiu junto com a
mulher, muitas pessoas cumprimentavam Cecília, entusiasmadamente, e ela
sorria e dava beijos nos seus rostos. Quando ela entrou na casa, algumas
pessoas fizeram o mesmo. Virei-me para Vittorio, ele estava distraído com
sua bebida.

— Por que todos não entraram? — Perguntei curiosa.


Vittorio terminou o champanhe e colocou a taça em cima da mesa. —
Porque nem todos participam, alguns estão aqui para observar, e outros
porque gostam de Cecília. — Ele passou a mão no seu cabelo liso e depois
me encarou. — Você está pronta? — Perguntou com um sorriso malicioso.

E foi aí que estremeci. Foi a pior coisa que já pensei em fazer, nem
mesmo em beijar as garotas me deixou tão assustada como agora, mas para
minha sorte, Vittorio não esperou minha resposta e pegou minha mão, já me
arrastando em direção às portas duplas de vidro atrás da casa. — Vittorio
espera... — Quando entramos, algumas pessoas acenaram e apertaram as
mãos com ele, à maioria das palavras diziam "Benvenuto!" ou "Vittorio, che
gioia!". Eles sequer me olhavam, apenas diziam que estavam felizes em revê-
lo e sorriam, felizmente.

A casa era magnífica, com paredes brancas e móveis claros. Entre a


sala de estar e as escadas, havia uma parede de vidro com água escorrendo
em ambos os lados. Realmente um luxo. Quando Vittorio e eu estávamos
quase subindo as escadas, três loiras peitudas e alegrinhas vieram até ele, e o
abraçaram de forma íntima. Elas se pareciam com uma versão de Brigitte
Bardot em E Deus Criou a Mulher, porém, eram versões vadias! Eu não
estava entendendo quase nada do que elas falavam para ele, e Vittorio apenas
sorria e dizia "sim" em italiano. Enfim as garotas se despediram, indo para
fora da mansão com risadinhas e murmúrios entre elas mesmas.

Enquanto subíamos as escadas, questionei. — Você tem um fã clube


por aqui?
Vittorio soltou uma risada e parou no fim da escada. Não havia
nenhuma pessoa ali em cima. — Eu já joguei com elas. — Murmurou de
forma sacana, piscando para mim. — Elas estavam perguntando quando
teriam a chance, de serem fodidas novamente por mim. — Disse distraído,
enquanto olhava para os dois corredores. Soltei um grunhido e cruzei meus
braços irritadamente.

— Sua sinceridade é muito desnecessária em momentos como esses. —


Repliquei.

Vittorio se virou para mim com suas sobrancelhas arqueadas. —


Ciúmes? — Perguntou sorrindo.

Aquilo me irritou. Ele sempre jogava essa palavrinha ridícula, quando


eu não gostava de algo que ele me dizia. Ciúmes? De Vittorio? Haha! Nem
no fim dos tempos! Trinquei minha mandíbula e apontei um dedo em sua
direção. — Você é um babaca! — Vittorio me deu um olhar crítico e olhou
novamente para os corredores. Ele pegou meu pulso esquerdo e me arrastou
para o corredor da nossa direção, a casa era grande, pois no fim havia outro
corredor à direita e lá, tinha algumas pessoas olhando para dentro de alguns
quartos ou apenas passando por ali.

Vittorio parou perto de uma das portas brancas com pessoas na frente
dela. Ele me deu um olhar e pediu licença, as pessoas nos olharam intrigadas
e algumas cochicharam ao ver Vittorio, parecia que todos o conheciam! E
aquilo me irritou mais ainda. Quando estávamos prestes a entrar no quarto, vi
uma faixa vermelha no chão, eu não era tapada. Sabia que, se passássemos
por aquela faixa, entraríamos no jogo.
Segurei firmemente a mão de Vittorio e o puxei antes que entrasse no
quarto, onde tinha cinco casais fazendo sexo na cama, na poltrona ou até
mesmo no chão! Às vezes, as mulheres se beijavam e tocavam em suas partes
íntimas, fazendo os homens se extasiarem de prazer. Ótimo! Vittorio olhou
para mim com um misto de confusão e divertimento.

— Tudo bem, meu amor? — Perguntou com preocupação na sua voz.


Fingido de merda. Olhei irritada para ele e o respondi.

— Não vou entrar nesse quarto. — Não dei a mínima para as pessoas
que estavam por perto.

Vittorio apertou seus olhos e observou os casais trocando de parceiros


repetidamente. — Mas eu gostei, está muito interessante. — Ele me deu um
olhar e sorriu. — Cecília está nos aguardando. — Segui seu olhar para dentro
da suíte branca quando reconheci uma das mulheres. Era Cecília! Nua,
apenas nos seus saltos e de quatro sobre a cama. Um cara estava por trás dela
e outro deitado, enquanto ela fazia um boquete nele. Aquela cena me
paralisou, pois seus olhos estavam tanto em mim, como em Vittorio. Não era
despercebida, ela queria jogar com ele.

Observei discretamente ele, mas seus olhos escuros iam para todos os
lados do quarto. Pelo menos não estava compartilhando um olhar secreto com
a sua ex-namorada! Vittorio pigarreou e de repente foi para trás de mim,
tentei questioná-lo, mas paralisei quando sua mão segurou a minha e a guiou
até o volume que sua calça escondia.
Porra! Ele está duro!

Tinha me esquecido do que Cecília me contou que Vittorio também


gostava, de observar outras pessoas fazendo sexo. De repente, luzes
vermelhas preencheram tanto o quarto, como também o corredor, uma
música sensual surgiu e então os gemidos aparecerem. Barulhos de pessoas
apanhando, cama ou outra coisa para deitar, sentar, batiam contra as paredes.
Olhei para os dois lados do corredor e havia muitas pessoas ali, algumas
como nós, apenas olhando e outras entrando nos infinitos quartos da casa. Em
todo momento em que eu olhava curiosamente, Vittorio apertava cada vez
mais a minha mão, sobre a sua masculinidade escondida por suas roupas.

Senti sua respiração no meu pescoço e então um beijo lento. O que ele
estava fazendo?! — Porque está nervosa? É apenas sexo, Belarmina, você, eu
e todos aqui já fizemos isso. — Eu não sabia o significado daquele tom de
voz que ele estava usando, mas algo em mim dizia que ele sabia de algo. —
Que tal sermos os próximos? Entreter todas essas pessoas sedentas por
diversão e desejo? — Perguntou. Seus lábios continuavam provocando minha
pele exposta, e meus pensamentos estavam desorientados! Fechei meus olhos
e engoli em seco, sentindo o membro de Vittorio sobre minha mão, e sua
boca em meu pescoço. Aquilo estava me deixando molhada de excitação.

Ele passou seu braço livre sobre minha cintura e me empurrou devagar,
dando um passo à frente. Eu não conseguia falar, não conseguia nem mesmo
controlar meu corpo, até que virei meu rosto na direção do seu para beijá-lo,
mas para minha decepção, Vittorio levantou sua cabeça e mordeu o lóbulo da
minha orelha, soltando uma risada deliciosa. Arrr... merda.
— Sem beijos, Sra. Gratteri. — Ele segurou meus quadris, com suas
mãos firmes, e me puxou bruscamente até bater no seu corpo, Vittorio se
roçou atrás de mim e soltei um gemido por sentir seu pau, se esfregar várias
vezes na minha bunda. — Hmm... Gemidos! Deve estar molhadinha. —
Sussurrou em meu ouvido. Eu estava enfeitiçada, não conseguia formular
nenhuma palavra, só queria que ele continuasse com o que estava fazendo.
Vittorio deu mais um passo para frente, junto comigo. Eu podia ouvir os
gemidos, súplicas das pessoas que estavam fazendo algo mais intenso do que
eu e Vittorio.

Ele segurou meu cabelo com uma das mãos e puxou minha cabeça para
trás, tive que deitá-la perto do seu ombro direito. Sua voz estava rouca, grave
e diabolicamente sensual. — Você não faz ideia de como eu quero te comer
aqui, nesse corredor e na frente de todos, mas infelizmente é proibido fazer
sexo fora da linha. O que acha de entrarmos na suíte? Vou mostrar a você o
que é um homem de verdade, vou mostrar o que aquele Aaron e aquelas
garotas não mostraram a você, Belarmina. — Quando Vittorio disse-me as
últimas palavras, abri os meus olhos. Imediatamente fui recebida com Cecília
nos encarando seriamente, enquanto uma mulher fazia um sexo oral nela,
sentada na poltrona.

O que eu estava fazendo? O que eu estava fazendo aqui?! Esse não era
o meu lugar, não era. Olhei para o chão e meus pés estavam colados na faixa,
me afastei rapidamente dali e dos braços de Vittorio. Não olhei para trás e saí
empurrando as pessoas na minha frente, não querendo ver o que estavam
fazendo! Os sons, as luzes vermelhas, as pessoas, tinham me deixando
sufocada de medo e desespero. Andei rapidamente para longe dos corredores,
e quando cheguei até a escada, uma mão forte segurou meu braço.
— Vittorio, me solta. — Ele me puxou abruptamente em sua direção, e
me bati contra seu grande corpo. Suas mãos seguraram meu rosto com
firmeza e fui recebida com os castanhos escuros de seus olhos. Ele não dizia
nada, apenas me encarava com as suas sobrancelhas unidas. Engoli em seco e
tentei controlar os batimentos desenfreados do meu coração, quando me senti
um pouco calma, Vittorio falou.

— Porque fez isso? Porque escondeu isso de mim? — Perguntou


confuso.

Segurei seus pulsos e nenhuma palavra saia da minha boca entreaberta.


— O-o que está dizendo?

— Não se faça de desentendida logo agora. — Interrompeu-me. —


Você sabe o que eu estou falando. Porque escondeu de mim que é virgem,
Belarmina? Toda aquela cena na frente do seu pai, tudo aquilo que aconteceu
com você e ainda assim, dizendo uma mentira? Você não faz ideia de como
eu odeio mentirosos. — A voz de Vittorio tinha se alterado, somente um
pouco, e seus olhos queimavam de raiva. Se ele me encurralasse duas
semanas atrás sobre isso e demonstrasse essa pequena raiva, eu não daria a
mínima.

Mas agora, nesse momento, eu me sentia amarguradamente


arrependida. Umedeci meus lábios com a língua e disse-lhe. — Então você
me odeia? — Aquilo o pegou desprevenido. Vittorio juntou suas
sobrancelhas novamente e piscou algumas vezes, pensando no que diria. Ele
soltou um suspiro baixo e balançou sua cabeça negativamente.
— Eu nunca odiaria você. Deixo isso para os inimigos. Mas não me
contenta em saber que escondeu isso, aliás, eu desconfiava, mas naquela
noite em que você deixou que eu a tocasse com minha boca, tirou minhas
dúvidas. Sabia que era virgem. — Piscou Vittorio, acariciando meu rosto
com seus polegares.

Franzi meu cenho para ele. — Como conseguiu descobrir?

— Eu conheço o corpo de uma mulher, bella e soube imediatamente


que você estava completamente intocada. — Ele se aproximou do meu
ouvido e sussurrou a última palavra. Fechei meus olhos e mordi meu lábio
inferior. Eu não entendia o porque, mas fiquei contente em saber que Vittorio
já desconfiava disso tudo. Eu me sentia muito bem com isso.

Quando abri meus olhos, Vittorio passou meu dedo nos meus lábios e
sussurrou. — Perfetto. — Tomei uma coragem sacana e coloquei a língua
para fora, lambendo a ponta do polegar de sua mão. Vittorio olhou em meus
olhos e vi aquele fogaréu de desejo luxuriante de volta em seu olhar.

— Ei, Vittorio! Não vai participar? — Chamou uma voz masculina,


falando em inglês.

Vittorio ainda me olhava quando respondeu o homem. — Não. Preciso


ir com a minha mulher. — Murmurou seriamente. O cara que eu não sabia
quem era, disse um tudo bem entusiasmado e sumiu.

— Vamos embora? — Perguntei hipnotizada naquele olhar, intenso e


sedutor.

Vittorio assentiu para mim e afastou suas mãos do meu rosto. Uma
urgência para sentir seu toque, se apoderou sobre mim, mas rapidamente os
empurrei para longe. Ele segurou minha mão e fomos até as escadas. — Mas
não para o hotel, vamos à praia. Tem algo que quero fazer. — Meu coração
pulou em expectativa. Deus! O que será que ele quer fazer?

Quando estávamos no primeiro andar da mansão, perguntei: — E o que


você quer fazer essa hora na praia? — Vittorio me deu um olhar de
divertimento e depois riu.

— Você vai ver senhora Gratteri.


CAPÍTULO
15

Quando chegamos à praia, Vittorio tirou seu paletó, e eu meus sapatos


altos. Saímos de dentro do carro, e descemos as escadas de madeira que
levava até as areias, o mar estava agitado, fazendo barulhos aconchegantes
com as ondas se quebrando. A praia era escura, somente poucas luzes do
pequeno estacionamento na sua frente, que clareava uma parte do ambiente.
Vittorio pegou a minha mão e seguimos um pouco mais distantes onde estava
o carro. Olhei em volta e perguntei.

— Não é perigoso?

Vittorio me deu um olhar simples e balançou sua cabeça em negativa.


— Não. — Respondeu murmurante.

A cada passo que dávamos na areia macia e fria mais escuro ficava.
Árvores grandes perto da areia balançavam-se com o vento frio da noite.
Aquilo era uma loucura! Por que Vittorio quer ficar aqui? Mordi meu lábio
inferior e mantive a calma, ele é um fodido, mas nunca iria me fazer mal.
Tenho certeza disso. Ele deveria estar bravo sobre minha mentira, mas isso
não o faria perder sua sanidade! Vittorio parou no meio da praia e olhou para
trás, onde tínhamos feito todo o percurso, depois, ele soltou minha mão e
caminhou para perto das árvores em nossa frente. Ele se sentou na areia e
pude ver seu olhar sobre mim.

— Sente-se. — Ordenou.

Soltei um suspiro baixo e caminhei em sua direção, Vittorio não


desgrudava seus olhos escuros de mim. Quando me sentei ao seu lado,
estiquei as pernas sobre a areia e olhei para o mar. Desde que saímos da casa
de Cecília, não conversamos sobre nada! Vittorio mantivera um semblante
neutro, e eu não tinha ideia do que aquilo significava. Engoli em seco ao
pensar sobre isso e olhei de lado para ele, Vittorio ainda estava observando o
mar, assim como eu. Apesar dos eventos anteriores acontecerem tão depressa,
eu estava calma, muito calma.

— Estou tão aliviado. — Murmurou Vittorio, de repente.

Olhei para ele franzindo. — Pelo o que? — Perguntei.

Vittorio deu um sorriso torto e me olhou. — Por saber que você não
teve nada com aquelas garotas e o tal do Aaron. — Quando ele disse o nome
do Aaron, sua voz aumentou um pouco. Se eu fosse uma maluca, diria que
aquilo era ciúme, mas eu não sou. Fui um pouco para mais perto dele, e seus
olhos estavam focados em meu rosto. Ele continuou a dizer:

— Sempre estive curioso, por que beijou aquelas garotas?

— Porque eu quis. — Respondi. — Quer dizer, eu fiquei curiosa, mas


apenas isso. Não curto ficar com mulheres.
Vittorio assentiu e suspirou. — Isso é bom, pois eu sei que perderia feio
para uma mulher. — Piscou, me fazendo rir. — Não esconda mais nada de
mim. Por favor. — Murmurou em seguida.

Olhei em seus olhos e depois desci para os seus lábios, a luz fraca da
lua me deu esse privilégio.

— Com tanto que faça o mesmo. — Respondi.

— O que você quer saber? — Perguntou ele, me deixando surpresa.


Soltei uma risada sem graça e dei de ombros, o que fez Vittorio sorrir. —
Certo. Então vou falar sobre algo que você sempre está perguntando, mas
nem nota isso.

Abri um largo sorriso para ele. — Ah é? E o que seria?

— Você sempre pergunta da Lorena. — Murmurou. — Posso falar


dela?

Mordi meu lábio inferior. — Eu adoraria, mas sempre que você fala
dela, fica triste. — Droga. Não deveria ter dito isso. Vittorio arqueou suas
sobrancelhas e me olhou. Tarde demais. Ele soltou uma curta risada baixa e
em seguida apoiou seus braços nos joelhos.

— Convivo com o sofrimento já faz catorze anos, algumas horas não


fará a diferença. — Seus olhos se focalizaram a sua frente, e continuou a
dizer. — Quando vim para a América, à única coisa que eu queria era o poder
e dinheiro. Na verdade, o que eu mais gostava de fazer, era quando seu avô
ordenava que eu resolvesse bagunças, e fosse atrás dos devedores. Eu sempre
gostei de caçar, sempre foi pura adrenalina, então não me importava em
algum momento desses acabar morto. Não tinha ninguém com quem me
preocupar, meus irmãos sempre foram independentes e se algo acontecesse
comigo, eles buscariam vingança e diriam para eu descansar em paz.

Vittorio me olhou de lado e piscou para mim. — Era uma tarde bem
chuvosa de uma terça-feira. A primavera tinha chegado, se me lembro, pois
era mês de julho. Eu tinha que ir a uma reunião da Lucchese com a Bonanno,
apenas para apresentar novos membros. Eu era um deles, já estava no círculo
fazia um mês, então fui com seu avô e alguns soldados para a mansão de
Camillo De Luca, onde seria feita a reunião. — Ele me olhou novamente,
arqueando suas sobrancelhas escuras.

— O pai de Lorena. — Suspirei.

— Isso. — Murmurou Vittorio, voltando sua atenção para o mar. — Eu


estava um pouco nervoso naquele dia, pois estaria com muitos homens
importantes tanto da máfia, como também da mídia e da política americana.
Eu estava com Bernadir, mas eu continuava agitado. — De repente o olhar de
Vittorio amoleceu, e um sorriso frouxo surgiu em seus lábios. Ele ficava
bonito quando estava distraído, não podia negar. Ele continuou:

— Antes que eu entrasse na sala de estar, pedi licença a todos e fui


buscar ar, no jardim. A chuva não estava tão forte, mas saí mesmo assim. Eu
queria descansar minha mente, queria manter a postura antes de encarar todos
aqueles homens poderosos, estava quase conseguindo manter o equilíbrio, até
que alguém tinha aberto uma das portas do jardim e praticamente me
empurrou para a chuva, longe da proteção da lona. Eu achei por um momento
que fosse meu irmão, me procurando, mas quando eu me virei e vi a garota
mais linda do mundo, parada diante de mim. Enganei-me e fiquei feliz por
isso.

"Era Lorena, ela estava tão linda, com um vestido rosa de algodão e os
cabelos soltos. Ela não usava sapatos, ela dizia a mim que não gostava. —
Riu Vittorio, ele estava tão leve falando sobre ela que não se parecia com o
Vittorio que conheci. — Eu não sabia que Camillo tinha uma filha
adolescente, mas deduzi quando vi, porém, como eu era um babaca, quis
provocar ela. Disse para sair de lá e que preparasse um copo de uísque para
mim . — Dei um tapa no seu braço, fazendo com ele risse mais forte dessa
vez.

— Você é um babaca, Vittorio Gratteri! E como ela reagiu a isso? —


Perguntei sorrindo.

Vittorio lambeu seus lábios enquanto sorria e me olhou. — Pior do que


eu. Ela respondeu com uma voz bem convincente que, o lixo da casa ficava
na cozinha, e que eu tinha que levar para fora o mais rápido possível. — Ele
riu mais baixo e desviou seus olhos de mim. — Eu fiquei surpreso, pois todas
as garotas que eu tinha conhecido na máfia, eram superficiais e arrogantes.
Mas a Lorena, ela não. Ela gostava de se divertir e foi pela simplicidade dela
que me apaixonei. Gosto de mulheres que me desafiam, e ao mesmo tempo
são simples.

Disse me olhando atentamente. — Sempre estive acostumado em ter o


que quisesse. Das mulheres, nunca recebi nãos e também nunca fui desafiado
por uma. Mas com a Lorena foi diferente, eu tinha perdido as contas das
vezes em que a chamava para sair, eu tinha me tornado um grande amigo dos
pais dela, e eles me apoiavam com a filha, sabe, os pais da Lorena são
bastante carinhosos, aceitavam qualquer decisão que ela tomasse. E com isso,
eu achava que seria fácil tê-la só para mim, ainda mais pela idade dela,
Lorena tinha 16 anos e era... — Vittorio fechou os olhos e suspirou
apaixonadamente. — A perfeição feminina. Pequena, pele clara, cabelos de
um castanho brilhante, um sorriso jovial e encrenqueiro. E os olhos, cor de
mel. O mais puro e fantástico mel.

Mordi meu lábio inferior e o observei. Era notável, Vittorio era


completamente apaixonado por sua primeira esposa, ainda. Óbvio. Só tinha
se passado um ano e meio. Ele engoliu em seco e abriu seus olhos.

— Toda vez que tinha alguma festa importante e ela estava presente, eu
a tirava para dançar. Ela aceitava apenas por educação, como me dizia. Sabe
que só danço com você, porque sou uma pessoa muito caridosa. — Ele riu ao
lembrar das palavras. — Ela sempre me fazia rir, mas não me importava com
a marra dela, já sabia que aquela mulher era minha. Foi no aniversário de 17
anos dela que fiz uma supresa. Eu meio que tinha subornado uma das amigas
dela da escola, para que pudesse me dizer o que ela sempre quis, mas não
poderia. Então eu dei esse presente a ela.

Arqueei minhas sobrancelhas, e me aproximei mais perto de Vittorio.


— E o que era?

Ele me olhou por alguns segundos e sorriu, sem separar seus lábios. —
Um carro. Mercedes, da cor prata. Ela tinha acabado de chegar da escola,
quando viu o carro estacionado na frente da porta da casa dela, com um laço
vermelho no teto. Ficou em êxtase, ela não parava de gritar e pular
agradecendo seu pai, mas quando ela me viu chegando, ficou paralisada.
Camillo rapidamente disse que o presente era meu e não dele. A cara dela foi
a melhor, eu tinha deixado-a, pela primeira vez, sem falas. — Riu. — Eu me
aproximei e disse que queria apenas um jantar e se ela aceitasse, eu nunca
mais a importunaria. Mas tinha dito apenas da boca pra fora, ela estava
radiante pelo presente e então aceitou. Sabe, aquela foi uma noite incrível
para mim, depois de tantos anos apenas observando a escuridão, eu estava
vendo que havia chances para mim.
"Lorena foi perfeita. Contou toda a sua vida, bem entusiasmada, ela era
uma faladora, nunca me dava chances de dizer algo, mas eu gostava de ouvir
sua voz. E naquela noite eu apenas a escutei e tinha notado que estava
apaixonado. — Vittorio passou sua mão direita sobre a barba e suspirou. —
Quando a levei para casa, ela agradeceu pelo jantar e pelo presente, achei que
não teria mais aquela chance íntima com ela, então, ela me beijou. O melhor
beijo inocente, depois, pediu que a levasse para o casamento da sua prima,
como o acompanhante dela.”

Eu não conseguia interromper a história de Vittorio e Lorena. Ele


parecia aceso com isso, parecia vivido até demais. Então, continuei escutando
curiosamente.

Ele continuou. — Depois daqueles dois dias, não perdi tempo. Eu fui
até Camillo e disse que queria Lorena como esposa. Ele e a mãe dela, Mércia,
ficaram felizes, mas a Lorena ficou eufórica, chorou e gargalhou bastante.
Nunca vou me esquecer dos sorrisos, das risadas, dos olhares dela. Eles estão
guardados comigo, em um lugar iluminado dentro de mim. — Murmurou e
depois me olhou. Assenti para ele e toquei no seu ombro, os olhos de Vittorio
estavam tristes, de repente.

— Eu passei os melhores anos da minha vida com essa mulher. Os


melhores! Então, a vida a tirou de mim, como fez com minha mãe. Eu nunca
tinha entendido o porquê, Lorena era cem por cento, saudável, praticava
atividades físicas e... — Seus olhos fecharam-se e sua mandíbula se apertou.
Vittorio olhou para as ondas se quebrando, ele estava perdido. —Algumas
vezes, ela nem se lembrava de quem eu era. Aquilo me machucava tanto, vê-
la tão frágil, tão vulnerável. Foi o pior momento da minha vida! Eu achei, que
depois da minha mãe, não passaria por aquilo novamente, mas então
aconteceu tudo de novo, é como se fosse uma punição de Deus, por seguir
caminhos podres.

— Deus jamais faria isso com você, Vittorio. — Tranquilizei. — Não


fale assim, o que houve com Lorena e Biana, é algo da vida. Não há como
inverter certas coisas, apenas acontece e nada mais.

Vittorio me encarou e não disse nada. Seus olhos observavam os meus


e às vezes meus lábios. — Toda vez que seu pai chega perto de você, eu sinto
uma urgência inadiável. Não posso deixar que nada te aconteça, não vou
permitir que a vida também te leve. — Eu não sabia o que dizer, aquilo foi
praticamente uma declaração de Vittorio. Algo que eu jamais esperaria vindo
de sua parte.

Estiquei minha mão direita e toquei no seu rosto, os olhos de Vittorio


ficaram um pouco surpresos, mas rapidamente ele se acalmou. — Por favor,
me deixa beijar você. — Sussurrei. Sua testa se franziu com isso.

— Belarmina... — Murmurou, segurando minha mão, tirando-a do seu


rosto. Seus olhos estavam tristes. — E-eu não posso...

— Por que Vittorio? Eu sou sua esposa agora, não qualquer uma. Eu
ando lutando comigo mesma, para não sentir nada por você, mas... eu não sei,
eu só quero sua proximidade. Por favor! — Supliquei em sussurros. Vittorio
estava com as sobrancelhas unidas, me encarando seriamente, eu não fazia
ideia do que poderia estar passando nos seus pensamentos. Ele soltou um
suspiro baixo e tocou na minha bochecha com seus dedos. Meu coração batia
fortemente, será que ele iria me beijar?! Seu rosto se aproximava cada vez
mais perto, deixando um pequeno espaço de sobra, fechei meus olhos
aguardando sua boca sobre a minha, quando o senti beijar meu pescoço.

A decepção veio como um trator para cima de mim, mas quando senti
suas mãos segurando meus quadris e me posicionando no seu colo, perdi o
fôlego. Vittorio segurou meu rosto entre suas mãos e beijou meu queixo, meu
nariz, minha testa e soltou uma respiração perto da minha boca. Aquilo só fez
minha vontade crescer. Segurei seus ombros largos, quando a boca de
Vittorio ficava mais firme sobre a pele do meu pescoço.

Minha respiração estava ofegante, e uma dor no meio das minhas


pernas se alastrava tão rápido, que comecei a me balançar no colo dele. — Eu
quero tanto você. — Sussurrou Vittorio, na minha orelha, depois a mordendo
levemente.

Soltei um gemido em resposta, apertando meu corpo contra o seu. Suas


mãos subiam e desciam pelas minhas costas ritmicamente, até que ele disse.
— Você quer isso? Por que, sinceramente a intenção de te trazer para cá foi
essa. — Me engasguei numa risada e me afastei para olhar em seus olhos. Eu
estava muito nervosa, porém, queria Vittorio. Queria muito. Passei minha
mão na sua barba e sussurrei.

— Eu quero.

Ele me olhou por algum tempo e assentiu. Suas mãos foram para as
minhas costas, quando senti o zíper ser aberto, lentamente. Nós não
tirávamos os olhos um do outro, querendo ver à reação de ambos, Vittorio
permanecia sério para mim, quando meu vestido foi aberto. Prendi a
respiração. — Não precisa ficar assim, eu já vi você nua. É linda. — Disse-
me Vittorio com carinho na voz. Aquilo me deixou confortável até demais.

As mãos de Vittorio continuaram sobre mim, mas agora estavam na


barra do vestido curto. Ele segurou e me olhou. — Levante os braços. — Fiz
o que pediu e levantei. Então, eu estava nua, somente com minha calcinha
preta. Tentei esconder meus seios dos olhos escuros de Vittorio, mas ele
segurou meus pulsos. — Não. Não faça isso, não se esconda de mim. Você é
linda, Belarmina. Linda. — Murmurou a última palavra, olhando para os
meus seios. Não era nada fácil ficar exposta na frente dos olhos de um
homem maduro, principalmente esse homem sendo o seu primeiro e o seu
marido.

Vittorio segurou minha cintura e aproximou seu rosto, no meio dos


meus seios inspirando profundamente. Fechei meus olhos e descansei minhas
mãos atrás de sua cabeça, quando então, senti sua língua circular um dos
meus mamilos e o outro ser apertado por uma de suas mãos. Soltei um
gemido excitado, e abri meus olhos para observá-lo, mas estava difícil, pois
não tinha luz ali por perto. De repente, Vittorio me virou e me deitou na areia
fria e macia, ao mesmo tempo subindo em cima de mim e chupando meus
mamilos. Eu era somente gemidos e contorções, estava delicioso, e meu
ventre reclamava por algo que eu não sabia o que era.

— Vittorio. — Gemi, segurando seus cabelos.

Ele levantou sua cabeça e depois ficou de joelhos, abrindo rapidamente


sua camisa preta. Sua respiração estava dura. — Antes que você pergunte. —
Disse ao mesmo tempo em que desabotoava sua calça. — Eu não uso
camisinha, e não me importo se você está sem o adesivo. — Soltei uma
risada excitada e olhei, enquanto Vittorio abaixava suas calças junto com a
cueca. Ele separou minhas pernas e rapidamente tirou minha calcinha.

— Achei que faria isso ser romântico. — Sussurrei ofegantemente


nervosa.

Vittorio se curvou sobre mim, abriu minhas pernas e disse. — Amor às


estrelas. — Quando terminou de falar, seu pênis entrou de uma vez em mim,
soltei um grito baixo e segurei seu pescoço. Doeu. Muito. E também ardeu
demais, fazendo com que eu choramingasse, mas Vittorio não se importou.
Segurou meus pulsos e os levantou acima da minha cabeça. Eu sentia o seu
pau me alargando e me preenchendo instantaneamente. Estava sentindo
prazer, mas a dor era mais forte. Meus gemidos não estavam mais discretos e
os movimentos de vai e vem do corpo de Vittorio ficavam mais firmes.
— Mas devagar. — Gemi para ele.

Vittorio soltou um grunhido em resposta. — Impossível! Apertada


demais, porra! Deixou-me louco. — Sua boca foi até minha orelha, onde a
mordeu e lambeu, Vittorio chupou meu pescoço e em seguida um dos meus
seios, me fazendo gemer mais alto. Droga! E se alguém estiver na praia?!
Apertei meus lábios com força para não gemer alto, a cada estocada de
Vittorio, de repente, ele segurou minhas bochechas entre uma das mãos. —
Gemidos, Belarmina. Quero os seus gemidos, suas implorações! — Rosnou e
meteu mais fundo. Soltei um pequeno grito, misturado com um gemido e fiz
o que ele ordenou.

Cada vez que Vittorio saía e entrava em mim, eu gemia mais alto,
mordia o lóbulo da sua orelha, lambia seu pescoço. E aquilo o instigava mais,
pois sua mão apertava cada vez mais os meus pulsos, e seus gemidos
másculos ficavam roucos, misturados com grunhidos.

Eu sabia que não iria gozar daquela vez, pois sentia dor, mas tinha me
enganado. Vittorio sabia como se mover, ele sabia os pontos certos para
serem tocados dentro do meu corpo, então senti a luxúria se formar na minha
barriga, e subir diretamente para o meu coração. Minha respiração se alterou
ainda mais e apertei minhas pernas na cintura de Vittorio.

— Vem para mim! — Exclamou ele, aumentando a velocidade das


estocadas.

Mordi meu lábio com força e então gozei, gemendo e gritando palavras
incoerentes. A libertação foi puro êxtase, como se eu tivesse tirado um peso
de todo o meu corpo. E Vittorio continuava a me penetrar, cada vez mais
rápido e agora, me olhando, enquanto eu estava curtindo os finais do meu
orgasmo. — Estou chegando. — Grunhiu entredentes. Tentei soltar meus
braços do seu aperto, mas Vittorio continuou me segurando, e eu sabia por
que ele estava fazendo aquilo. Para não puxá-lo para um beijo.

Então continuei o olhando, eu estava amando tê-lo dentro de mim.


Preenchendo-me imensamente. Os olhos de Vittorio se fecharam, então ele
deu uma última estocada, tombando sua cabeça na curva do meu pescoço,
onde gemia deliciosamente. Ele ainda se balançava dentro de mim, até que
não restasse mais a sua libertação. Foi algo maravilhoso, divino, abrasador o
que tinha acabado de acontecer, ali, naquela praia. Fiquei olhando para o céu
estrelado, ouvindo as ondas se quebrando e a respiração ofegante de Vittorio.

Longos minutos tinham se passado, até que Vittorio se mexeu e saiu de


cima de mim. Olhei para ele e o vi observando o céu noturno. — Tudo bem?
— Perguntou ele me olhando.

Sorri pequeno e respondi. — Sim. — Murmurei.

Vittorio continuou me olhando e soltou um suspiro profundo, ele tocou


em meu rosto com seu polegar carinhosamente. — Durma aqui comigo. —
Pediu. Por que pediria? Eu aceitaria sem pensar duas vezes! Mordi meu lábio
inferior e assenti para ele. Vittorio me puxou pela cintura e deitei minha
cabeça no seu peito, sua mão fazia círculos na minha coluna, deixando-me
leve e sonolenta. Quando estava quase adormecendo, Vittorio murmurou.

— Quem precisa ir para aquelas festas se tem uma ótima, e deliciosa


foda dentro de casa?

Bati na sua barriga e ri junto com ele. Levantei minha cabeça e o olhei.
— O que quer dizer com isso? — Perguntei.

Vittorio acariciou meu queixo e sussurrou. — Vou atender aos desejos


de minha esposa, vou parar de frenquentar as casas. Prometo. — Um sorriso
se formou nos meus lábios e em seguida o abracei, deitando novamente
minha cabeça no seu peito. Fechei os meus olhos e me apertei contra o corpo
quente de Vittorio, ele me apertava também, e não parava de acariciar minhas
costas.

— Obrigada. — Murmurei sonolenta.

Senti Vittorio beijar o topo da minha cabeça e responder. — Por você.


— Eu não tinha certeza se ele tinha realmente dito aquilo, pois o cansaço
tinha chegado e o sono me dominou. Aquela tinha sido a melhor noite da
minha vida.
CAPÍTULO
16

— Belarmina. Acorde. — Abri meus olhos e rapidamente olhei para


onde Vittorio estava. Agachado ao meu lado e completamente vestido.
Sentei-me com cuidado, pois uma dor muscular estava preenchendo todo o
meu corpo, eu tive que reprimir uma careta, não queria Vittorio me
questionando. Olhei novamente para ele, que ainda continuava me encarando.
Soltei um pigarreio e procurei pela minha calcinha, pois eu estava sentada em
cima do meu vestido. — Aqui. — Chamou Vittorio e estendeu minha
calcinha.

Peguei-a apressadamente de sua mão e a vesti. Com ela me cobrindo


fazia minha pouca dignidade voltar.

Argh...

Tirei o vestido debaixo do meu corpo e vesti-o, todo o momento,


Vittorio continuava ali, me analisando atentamente. Eu não tinha ideia do por
que eu estava tão envergonhada, mas não ousei abrir minha boca! Não
gostaria de gaguejar na frente dele. Levantei-me da areia da praia e olhei em
volta, procurando por alguma pessoa no início daquela manhã, mas havia
somente nós dois. O vento e o barulho do mar, onde as ondas se quebravam
em um som aconchegante. Abaixei meu olhar para meu vestido e tirei todo o
excesso da areia, colada no tecido. Então, Vittorio estava próximo de mim e
falou. — Você está bem? — Continuei tirando a areia não mais existente em
meu vestido, dando de ombros para ele.

— Por que eu não estaria? — Perguntei.

Vittorio soltou uma risada baixa e olhei para ele. Seus lábios estavam
puxados para um sorriso. — Porque talvez, na noite passada, nós dois
tenhamos trepado aqui na praia? E você está quieta. O que é estranho. —
Piscou. Assenti para ele e soltei um suspiro baixo.

— Certo. Vamos embora, eu preciso tomar um banho urgentemente. —


Ele meneou sua cabeça positivamente. Deixei Vittorio para trás e andei em
direção ao carro, suas palavras tinham me deixado envergonhada. E eu me
sentia uma estúpida por isso. Caminhamos até o carro estacionado de frente a
praia e quando chegamos perto, soltei as palavras mais idiotas do mundo,
pois aquele sorriso babaca estava nos lábios de Vittorio. — Na verdade, eu
apenas queria me livrar dessa virgindade. Nada mais que isso. — Paramos de
frente as portas do carro e Vittorio me olhou, arqueando suas sobrancelhas.
Ele olhou para a praia e depois para mim.

— Claro. — Murmurou com um meio sorriso, entrando no carro. Era


notável que ele não tinha acreditado no que eu disse a ele, até mesmo eu não
me sentia convencida. Mas eu queria apenas tirar aquele sorrisinho idiota da
sua cara, aquele... sorriso irritante! Quando o carro ligou, abri a porta do
carona e dei um meio sorriso.
****

Saí de dentro do banheiro me sentindo revigorada! Tomar um bom e


longo banho é sempre bom. Caminhei pela pequena suíte do hotel, e me
deparei com Vittorio sentado em uma das poltronas com seu MacBook no
colo, e um olhar atento. Fiquei surpresa em vê-lo, pela segunda vez, não
usando um terno! Estava vestido em um jeans escuro e um suéter azul
marinho. Sempre cores com tons escuros. Sentei-me na cama, enquanto
enxugava meus cabelos loiros na toalha de banho.

Vittorio ainda permanecia com os olhos na tela do notebook. Fiz um


biquinho e encostei-me à cabeceira da cama. — Já pensou em tirar a barba?
— Perguntei. Seus olhos finalmente se ergueram, mas uma vez, e depois
voltou para tela. Vittorio franziu e deu de ombros.

— Não. Gosto dela, por quê? — Perguntou.

Mordi meus lábios e sorri. — Você, está cheio de "por quês" hoje. Por
quê? — Ele me olhou mais uma vez e rimos juntos, em divertimento. Vittorio
soltou um suspiro e fechou seu MacBook.

Então me respondeu. — Por nada, apenas sou curioso. — Assenti para


ele e me calei. Mas, Vittorio continuou. — Como... se sente? — Perguntou
juntando suas sobrancelhas, passando os dedos na barba. Respirei
profundamente e mordi meu lábio inferior. Ele não iria desistir mesmo, pelo
visto.

— Me sinto diferente. — Desabafei. E eu realmente me sentia, parecia


que o último pedaço de menina tinha ido embora, agora, a parte mulher
estava me preenchendo. Tinha gostado dessa sensação, de me sentir uma
mulher adulta. Olhei para Vittorio no segundo em que ele se curvava, e
apoiava seus fortes braços sobre seus joelhos. Seu olhar era intenso, curioso,
predatório sobre mim. E aquilo me desconcertava de uma maneira em que eu
não estava gostando.

Ele apertou seus olhos e disse. — O que achou de ontem?

Reprimi um sorriso caloroso com sua pergunta. Ele estava interessado


sobre o que achei na noite passada? Bom, foi simplesmente arrebatador! Não
foi como eu sempre imaginara, mas foi maravilhoso, eu tinha adorado cada
segundo, naquela praia. Entretanto, é claro que, eu não diria essas coisas para
Vittorio! Ele era um babaca arrogante e muito seguro de si mesmo. Aquilo
me enlouquecia. Vittorio continuava me olhando, esperando a sua resposta.

Então eu disse. — Foi muito bom. — Suspirei as palavras.

— Só bom? — Perguntou com o semblante franzido.

Revirei meus olhos e cruzei meus braços. — Quer que solte fogos de
artifícios? — Os olhos de Vittorio se apertaram em forma de reprovação, o
que quase me fez rir. Ele se recostou na poltrona e cruzou seus braços e
pernas.

— Não, mas eu esperava uma resposta mais decente, Sra. Gratteri.

— Por quê? Você pergunta a todas as mulheres que fode naquelas casas
se gostaram ou não? — Questionei. Eu não queria criar uma cena de garota
mimadinha, mas Vittorio estava agindo como um imbecil!

Ele travou seu maxilar e meu deu um olhar crítico. — Achei que já
tivesse dito a você que não frequentaria mais essas casas, então, por que falar
do passado?

— E para o voyeurismo? Também está nessa promessa? Não é só


porque Lorena aceitava isso, que eu também devo aceitar. — Vittorio me
encarou sombriamente e vi seu peitoral se inflamar. Eu, como todos da máfia,
sabiam que quando alguém citava o nome de Lorena, aquilo o deixava
maluco! Bem, muito mais do que ele já é! Mas eu não dei muita importância
para isso, não é só porque ela aceitava suas perversões, que eu também devo.

Ele continuou me olhando e em seguida soltou um meio suspiro. —


Lorena não se importava com isso, pois ela confiava em mim, Belarmina. —
Murmurou.

— Ela confiava porque o conhecia bem. Não me venha com esse papo!

Vittorio passou as mãos em seu rosto e pegou o notebook, que estava


em cima da outra poltrona. — O voyeurismo continua Belarmina. Essa é uma
parte de mim. Não há como mudar. — Esclareceu, antes de voltar ao seu
computador.

Mordi minha língua para calar a boca, aquele assunto me irritava


incessantemente e Vittorio, como sempre, não se disponibilizara a cooperar.
Ficamos vários minutos em silêncio, enquanto eu o fitava, ele estava bem
interessado no que escrevia no seu notebook, então procurei qualquer assunto
relacionado ao interesse meu e dele. Até que um surgiu.

Mexi-me na cama e continuei observando-o. — Como é perder alguém


que ama? Digo da sua família? — Vittorio me olhou uma vez e depois
continuava a digitar nos teclados.

— É uma dor eterna, mas eu sei guardar minhas emoções. Mesmo ter
perdido minha mãe, o que foi dilacerante. Com meu pai, não dou a mínima.
Deve estar nesse momento disputando com Lúcifer sobre quem irá comandar
o inferno. — Riu uma vez. Tanto Vittorio, como seus irmãos, odiavam seu
pai. Ricco Gratteri, ele era um homem mau em todos os aspectos, assim
como foi para seus filhos, mas apesar disso, eles sempre o respeitavam.
Assenti para ele e continuei.

— E perder um irmão? — Quando disse isso, as mãos de Vittorio


paralisaram-se sobre as teclas. Ele levantou sua cabeça lentamente e me
encarou, incrédulo.

E me disse. — C-como assim? — Aquela foi a primeira vez que vi


aquele homem gaguejar; o que foi uma grande surpresa para mim. Juntei
minhas sobrancelhas e soltei uma curta risada.

— Seu irmão? Aquele que infelizmente o mataram, pois o confundiram


com Bernadir...

Vittorio se levantou como um leão enjaulado da poltrona e jogou o


notebook na cama, eu, por instinto me levantei também de olhos arregalados
pela sua interrupção. — Como sabe disso?! — Perguntou em voz alta, mas
permaneci calada. — Como sabe DISSO, BELARMINA?! — Esbravejou
Vittorio. Pulei com susto pela sua ira e me encolhi assustada. Ele me olhava
com raiva, completamente transtornado pelo o que eu tinha acabado de lhe
perguntar, o que era estranho, pois antes de Cecília ter ido embora, naquela
tarde passeando pela cidade, ela disse para perguntar a Vittorio como ele se
sentia referente a morte do irmão mais novo! E garantiu que isso seria bom
para o casamento.

Como fui uma burra...

E das grandes! Cecília, na verdade disso isso, para que Vittorio e eu


tivéssemos uma briga. O que estava acontecendo naquele exato momento!
Porra.

Levantei minhas mãos e disse. — Se acalme! Foi a sua amiga que


contou isso! Quem mais seria?

— Sua mentirosa. — Rosnou. — POR QUE ESTÁ JOGANDO ISSO


PARA CIMA DELA?! — Gritou dando um passo. Mas permaneci firme, eu
nasci e vivi no meio de ameaças. Não seria agora que recuaria.

Abri minha boca para xingá-lo, mas tomei uma respiração profunda.
Esse homem estava começando a me irritar! — Se não foi ela, então quem
seria? Você, Cecília e seu pai eram os únicos que sabiam disso, Vittorio!
Aonde mais eu saberia? — Vittorio soltou uma risada bem autêntica, e pôs as
mãos sobre os quadris. Ele continuou sorrindo e me olhando. Fodido de
pedra...
De repente, sua ira tinha voltado instantaneamente. — Você mexeu no
meu computador. Leu meus e-mails! E agora quer acusar Cecília? De um
segredo guardado a mais de dez anos?!

— Ah meu Deus! — Exclamei. — Por que eu faria isso?! Porque ela


ficou maluca na noite passada, naquela droga de festa para ser fodida por
você? É isso? — Perguntei revoltadamente.

Vittorio fechou sua cara e apontou seu dedo em minha direção. —


Palavras suas e não minhas! Agora, diga de uma vez a porra da verdade! —
Vittorio passou as mãos mais uma vez no rosto e depois disse. — Não, não
diga nada. Vamos ligar para a Cecília. — Ele tirou seu celular do bolso da
calça e digitou na tela. Enquanto ele fazia isso, falei bravamente.

Apenas relaxe, baby!

— Não vê que a intenção dela foi essa! Fazer com que nós dois
brigássemos?!

— Ela jamais teria a intenção de fazer isso comigo. — Retrucou


Vittorio, com o aparelho sobre seu ouvido. Seu olhar era de pura raiva.

Soltei uma risada e balancei minha cabeça em negativa. — Não com


você, mas sim comigo. — Vittorio trincou sua mandíbula e desviou seus
olhos de mim. Aquela desgraçada dissimulada! Se passando por boa amiga?
Besteira! Ela estava fazendo a porra de joguinhos e eu, idiota caí feio! O que
me deixava furiosa por ter sido uma boba. Alguns segundos passaram-se, e
então Vittorio falou com a vadia.

— Cecília. Preciso que me diga algo e sem rodeios. — Ele apertou na


tela e então deixou o aparelho a centímetros da sua boca. — Você disse algo
sobre o Fabrizio, para a Belarmina? — Em todo segundo que ele falava com
ela, seus olhos escuros não se desviavam de mim. Sua cara fodida estava
espremida de raiva contida.

Então, sou desviada por uma risada vadia no celular. Cecília suspirou
pesadamente. — Por Deus, Vittorio. Por que eu contaria isso? Um segredo
que estamos guardando há anos e agora, do nada eu contaria para sua jovem
esposa? Isso é uma besteira! — O que?! Essa puta mentirosa! Vou arrancar a
cabeça dela! Quando iria responder, eu mesma a ela, Vittorio levantou seu
dedo indicador e me deu um olhar mortal. Como se eu realmente fosse à
porra de uma cadela!

Ele passou a mão no cabelo e a respondeu. — De fato. Bem, eu pensei


a mesma coisa, mas Belarmina insistiu de que você foi quem disse a ela, sabe
que se isso for verdade eu...

— Eu jamais contaria Vittorio! — Interrompeu Cecília, com uma voz


magoada. Vaca fingida. — Sabe que eu te amo e nunca prejudicaria você.
Machuca-me em saber que não confia em mim.

Vittorio balançou a cabeça em negativa e tirou a ligação do viva-voz,


em seguida colocando sobre o ouvido. — Eu confio em você, Cecí. Apenas
queria ouvir seu lado da história. — Vittorio me deu um olhar raivoso. — E
você foi a mais convincente. Sim, eu sei disso. Tudo bem, pode ficar
tranquila, Belarmina não ficará brava com você. Tudo bem. Até mais. —
Quando ele desligou a ligação, me senti péssima. Terrivelmente péssima.
Cruzei meus braços e o olhei.

— CONFIA NELA? E QUANTO A MIM? O QUE EU SOU PARA


VOCE! VITTORIO! — Gritei.

Vittorio andou velozmente em minha direção, quando chegou perto, me


empurrou contra a parede. Eu podia perceber que ele estava se segurando
para não me atacar, mas se isso acontecesse, ele estaria morto para mim.
Então ele disse-me. — Confiar... em você? A mesma garota que fugiu no dia
do nosso casamento há um mês? Uma pessoa que eu mal conheço?! Cecília
não mentiria para mim, ao contrário de você! — Rosnou ele. Cada palavra
que Vittorio me dizia, era um olhar odioso. Eu não queria isso, não queria
que essa droga de casamento ficasse pior, mas eu vi que não estava com
vantagens por aqui, mas Cecília sim. Teria que dar os parabéns a ela, por sua
grande encenação. Vittorio se afastou de mim e respirou fundo. — Você,
nunca mais na sua vida vai mexer nas minhas coisas. Se fizer isso de novo, eu
quebro cada osso das suas mãos. E nunca mais coloque outra pessoa no meio
de suas mentiras, você me entendeu?

Engoli em seco e me esforcei para não gritar e chorar ali, naquele


momento. Foi doloroso de ouvir aquilo. Muito. Vittorio tombou sua cabeça
para o lado com o rosto franzido. — Sim, entendi. — Disse então, por fim.
Eu sabia que continuar dizendo que foi a vaca da Cecília que me contou, não
adiantaria de nada. Vittorio me olhou ameaçadoramente e se afastou
completamente de mim, me sentei devagar na cama, enquanto o olhava
calçando seus sapatos e depois pegando suas coisas.
— Eu vou almoçar com algumas pessoas. Não quero que saia de dentro
desse quarto até que eu volte. — Ele direcionou mais um dos olhares de
ameaça, então saiu de dentro da suíte.

Ainda estava realmente impressionada com o esforço de merda da sua


maravilhosa amiga, ex-namorada, Cecília. Fui muito ingênua em relação à
bondade dissimulada dela, e aquilo me deixou com muita raiva! Olhei pela
janela do quarto e fiquei pensando em como não deixaria isso barato. Eu
sempre fui uma pessoa decente, nunca me envolvi em escândalos, pois temia
pelo o que meu pai causasse. Mas... meu pai não estava aqui, e muito menos
Vittorio! Levantei-me da cama e fui até minhas malas pegar uma roupa
confortável. Aquela mulher achou que por um momento, fazendo aquilo, teria
Vittorio de volta? Aposto que estava rindo da minha cara depois da ligação.

E eu estava ansiosa para arrancar aquela alegria precoce. Eu não sou de


engolir fácil, eu não obedeço nenhuma ordem. Eu não era um cachorro e
muito menos uma submissa nesse casamento falso. Pelo contrário, eu
dominava as minhas decisões e Vittorio teria que se rastejar, pedindo
desculpas quando soubesse a verdade.

Terminando de me vestir, peguei minha bolsa e saí do quarto, antes, eu


tinha ligado na recepção pedindo um táxi. Quando cheguei ao saguão, fiquei
aliviada por não ver Vittorio ali, ou no restaurante do hotel.

— Sra. Gratteri. — Chamou um dos funcionários. — O táxi espera pela


senhora como foi pedido.
Sorri para ele. — Claro! Obrigada. — Dei somente um passo e parei,
virei-me novamente e o homem ainda estava ali. — Se meu marido chegar
antes de mim. Diga que eu fui dar uma surra em uma das putas dele e não irei
demorar. — O homem arregalou seus olhos e gaguejou, mas não esperei por
sua resposta. Abri um sorriso e saí de dentro do hotel me sentindo confiante.
Quando entrei no táxi, disse o endereço e sentia a adrenalina me preencher.

Se prepare vadia!

Chamem-me de qualquer coisa, mas não me chamem de altruísta!


CAPÍTULO
17

Trinta minutos depois, me encontrava na bela mansão de Cecília. O táxi


tinha partido e eu fiquei ali, parada de frente aos portões. Lembrando-me do
que aconteceu aqui na noite anterior e hoje, parecendo uma casa normal.
Respirei fundo e fui até o interfone. Apertei duas vezes e esperei ser atendida,
em todo momento eu olhava pela rua, com casas luxuosas e silenciosas, como
se não tivesse ninguém nelas. Silêncio total.

Que saudades da minha cidade.

Fui interrompida com uma voz masculina, falando em italiano. Ótimo.


— Casa Guerrato, buongiorno! con parlo? — Revirei os meus olhos e tentei
me comunicar com o homem.

— Hã... buongiorno, me chamo Belarmina e gostaria de falar com


Cecília, por favor?

O homem ficou em silêncio por alguns minutos e fiquei cada vez mais
ansiosa e nervosa! Quando iria chamá-lo, ele respondeu. — Oh, sì! Sì,
Belarmina! un momento. — Soltei uma bufada de ar, estava me irritando e a
vaca me enrolando! Ela já deveria ter uma noção da minha visita inesperada,
e agora estava deixando suas maquiagens prostradas, para quando eu
esmurrasse a cara dela, seria salva por seus cosméticos! Haha! Cruzei meus
braços e fiquei quase dez minutos ali, parada. Já estava esfriando e minha
consciência dizia para deixar isso tudo de lado, pois seria melhor para mim.
Que Vittorio, não valia a pena. Soltei um suspiro e balancei a cabeça em
negativa.

Será que não valia?

De repente os portões automáticos se abriram aos poucos, caminhei até


a frente deles e quanto consegui ver a casa, Cecília estava ali, parada de
braços cruzados, vestida elegantemente em um vestido midi salmão, colado
no seu incrível corpo curvilíneo. Seus cabelos com as pontas douradas
brilhavam, mesmo não havendo sol. Soltei uma respiração baixa e não me
deixei intimidar. Seus olhos eram arrogantes e desafiadores. Mas não me
abalei, por que iria ser amedrontada por uma vadia? Nasci no meio dos
melhores assassinos da América! Quando os portões finalmente estavam
abertos, Cecília continuou onde estava e falou.

— Vittorio sabe que está aqui? — Sua voz era irônica.

Trinquei minha mandíbula. — Eu faço o que quero, Vittorio é apenas


um pau pra me aliviar. — Sorri. Boa! Os olhos de Cecília se apertaram de
raiva e ela deu um passo. Quando iria dizer algo, fui mais rápida. — Estou
aqui, para saber o motivo de você ter mentido para ele. Por que fez isso? —
Ela solta uma risada alta e joga seus cabelos para trás. Eu estava mantendo a
porra do meu controle, pois faltava muito pouco para atacá-la.
Cecília soltou um suspiro, caminhou para fora, quando estava na
calçada, disse-me. — Porque é a verdade, Mina. Eu não disse nada do meu
grande amigo, Vittorio. — Falou com a voz doce e com as mãos em cima do
seu peito. Essa mulher é louca?!

Dei um passo em sua frente, meus olhos pegavam fogo. — Você tem
problemas? Acha que se passando por vadia inocente vai fazer com que Vi...
— Antes que eu terminasse de dizer, Cecília estendeu sua mão esquerda e
esbofeteou minha cara com força. Soltei um gritinho de surpresa e cambaleei
para trás, Cecília soltou uma gargalhada alta e colocou as mãos nos quadris.
Essa vaca acabou... — V-você me bateu?! — Rosnei de olhos arregalados.
Minha bochecha afetada pelo tapa, estava quente e ardendo. Mas não doeu, já
levei tapas piores do meu pai. Aquilo criou uma ira de dentro de mim, algo
que estava guardado há muito tempo! Eu descontaria toda minha frustração,
nessa vaca italiana!

Cecília fez um biquinho e se curvou. — Oh, machucou? Vai chorar e


correr para Vittorio? Que pena, ele não vai acreditar em você. — Ela soltou
uma risada alta e se virou, voltando para entrar. Não esperei que ela desse
nem mais um passo, segurei seus cabelos e enrolei no meu punho, Cecília
soltou um grito e se virou. O ruim era que a vaca era mais alta que eu, mas a
desvantagem dela é que estava usando saltos altos e com isso a faria perder o
equilíbrio velozmente! Haha! — Sua cretina! — Vociferou ela. Virei sua
cabeça e quando ela me olhou, fechei minha outra mão em punho e soquei
sua cara. O barulho de osso quebrando me fez salivar! Cecília rugiu como
uma cadela no cio e caiu na calçada, seu nariz sangrava sem parar, e ela
tentava estancar o sangue com as mãos.
— Você vai dizer a Vittorio que contou para mim sobre o irmão dele.
Você vai pedir perdão para mim, na frente dele! Escutou? — Exigi. Cecília
continuava gritando e se contorcendo, sentada no chão. Quando olhei para
cima, seus empregados vinham correndo para fora da mansão, chamando por
ela. Aproximei-me de Cecília e dei um chute forte na sua vagina, ela urrou,
berrou, se debatendo como um peixe e gritava. — Aviso dado a você, sua
piranha! Vittorio não vai querer essa vagina suja nunca mais! — Quando os
empregados estavam quase perto. Devolvi o tapa que ela tinha dado em mim,
no seu rosto, foi tão forte que senti minhas alianças arranhando sua bochecha.

— SUA VACA MIRIM! — Gritou Cecília, se debatendo.

Um dos empregados tentou me segurar, enquanto gritava em italiano.


— La sua folle! Chiamo la polizia! — O homem segurou meu braço
fortemente, mas fui rápida e dei uma joelhada no meio das suas coxas. Ele
gemeu de dor e me soltou, enquanto eu me afastava e gritava.

— Eu NÃO entendo essa língua de MERDA! SEUS PUTOS! —


Mostrei meus dedos do meio a eles, todos boquiabertos, segurando Cecília.
Olhei para ela e apontei meu dedo. — Recado dado, vadia! — Me virei e saí
andando como a verdadeira Mulher Maravilha! Respirei fundo e fui atrás de
um táxi.

Que se foda as consequências!

****

Quando entrei no quarto, no final da tarde. Fiquei aliviada em não dar


de cara com o babaca do Vittorio, eu estava cansada, meus dedos estavam
inchados, e doloridos, devido ao belo soco que dei na cara daquela mulher. E
tudo o que eu mais queria, era tomar um bom banho relaxante! Joguei minha
bolsa no chão, fui me desfazendo das botas e das minhas roupas, corri até o
chuveiro e fiquei lá por quase vinte minutos. Eu também não queria estar nua
quando Vittorio aparecesse. Seria ridículo demais.

Saí do banheiro e vesti uma calcinha e camisola confortáveis, depois


liguei na recepção e pedi um jantar. Estava faminta. Quando coloquei o
telefone de volta ao gancho, o barulho da porta se abrindo me fez ficar de pé
como um raio, Vittorio abriu a porta com força e me olhou. Não sei por
quanto segundos ou minutos, mas ele me olhava de forma abrasadora e não
era de tesão. Engoli em seco e mantive nossos olhares presos, eu não tinha
medo dele, bem, não mais.

Ele desviou seus olhos de mim e fechou a porta delicadamente, depois,


tirou seu casaco enquanto caminhava até uma das poltronas. Para deixar a
roupa ali. — O que... você fez? — Perguntou murmurante. Arqueei minhas
sobrancelhas e dei de ombros para ele. Vittorio trincou sua mandíbula e
respirou fundo. —Vou perguntar mais uma vez. O que você fez? — Rosnou.
Ele achava que assim me assustaria? Grande pena para ele! Estava me
fodendo. Passei as mãos nos meus cabelos, me sentei de volta na cama, os
olhos castanhos de Vittorio estavam brilhando de raiva, ele podia passar a
noite com aquela cara de maluco, não me importava. Ele acreditou na Cecília,
mas em mim não. E ainda por cima me ameaçou!

— Por que pergunta isso? — Queixe-me.


Vittorio juntou suas sobrancelhas e riu sem humor. — Essa de mocinha
ingênua não me engana. — Rosnou, dando um passo até a cama. — Você
saiu do hotel? E foi até a casa de Cecília?! Sabia que há mafiosos por aqui,
inimigos da sua Família? Eles estão loucos porque estamos no território
deles, porra! O que você fez na casa de Cecília? — Perguntou bravamente.
Aquilo de mafiosos inimigos não chamou minha atenção. Nunca dei ouvidos
para isso, se fosse para morrer, eu morreria e fim! Mas o que me intrigou foi
que, Vittorio não tinha ideia do que fui fazer lá. Será que o funcionário do
hotel apenas disse que fui à casa de uma pobre dama? E Vittorio, deduziu que
essa dama era Cecília? Sua protegida?

Lambi meus lábios e suspirei pesadamente. — Ah, então ela não te


ligou? Deve estar em um leito. — Ri e coloquei minha mão sobre minha
boca. Vittorio me olhou franzido.

— Como assim?

— Bem. — Me levantei da cama e caminhei até ele, parando ao seu


lado. — Como ela não disse a verdade para você, eu não tinha mais o que
fazer, então fui até lá e... soquei a cara dela e depois chutei sua vagina. E, ah!
Dei uma joelhada nos ovos do empregado dela. — Gargalhei, ficando na
ponta dos pés, dando um leve beijo na sua bochecha. Vittorio arregalou seus
olhos e me puxou com força pelos braços, doeu, mas continuei com a minha
cara divertida de paisagem.

Ele me balançou, e me olhou com fogo nos seus olhos. — Você a


agrediu? Além de querer culpa-lá de algo, foi até a casa dela e...
— Eu não sou idiota! — Interrompi e empurrei suas mãos de mim. —
Sei exatamente o que aconteceu porque eu estava lá! Ela que me atacou
primeiro e não eu! Mas com toda e absoluta certeza de que você não vai
acreditar em mim! Eu bati naquela vaca e se ela tentar algo, eu mato ela. Vou
pegar uma das suas armas e atirar no meio do crânio dela, depois vou deixar
o corpo de presente a você. — Vittorio me encarava perplexo com minha ira.
Ele que se foda! Não confiar na própria mulher é um caso perdido.

Quando saí de perto dele, Vittorio não me segurou, mas respondeu-me.


— Sabe por que odeia tanto seu pai? Porque você é exatamente como ele, se
algo não te agrada você vai lá e destrói. Se alguém tenta te ferrar, você age e
mata, que ótima esposa mimada e fodida que Demétrio me deu! — Sua voz
era ácida e odiosa. Ele estava tentando me provocar, mas não conseguiria.
Peguei minha escova de cabelo e penteei os fios.

— Sério? Culpando terceiros? — Perguntei irônica.

Vittorio soltou um rosnado e andou bravamente, até parar diante de


mim. — O que eu disse sobre quebrar seus dedos está valendo pelo o que fez
com Cecília! — Murmurou ameaçadoramente. Revirei meus olhos e fui até a
escrivaninha, puxei a cadeira e me sentei, depois, empurrei o notebook de
Vittorio e estiquei minhas mãos sobre a madeira.

Olhei para ele com desdém. — Fique a vontade, aliás, tente não acertar
nas minhas unhas. Foi caro para deixá-las perfeitas. — Murmurei. Vittorio
continuou me olhando, como se eu fosse algum tipo de ser humano de duas
cabeças. Eu podia notar a surpresa e admiração nos seus olhos, porém, ele era
tão idiota que achou melhor agir como um homem das cavernas. Vittorio me
puxou pelo braço com força, acabei colidindo contra seu corpo firme. Seus
olhos me encaravam bravamente por um longo tempo, mas ele não dizia
nada. Ele soltou um grito frustrado, junto com um rosnado animalesco, em
seguida me empurrou para longe dele.

— Accidenti! Ragazze impossibile cazzo! — Vittorio começou a gritar


palavrões, enquanto saía do quarto e fechava a porta com força. Trancando-a.
Soltei uma risada e gritei.

— NÃO SE ESQUEÇA DE QUE EU NÃO FALO ITALIANO! — Ri


novamente.

Fiquei olhando para o quarto e suspirei. O que eu tinha acabado de


fazer? Foi loucura, mas eu tinha que mostrar a Vittorio que não sou nenhuma
garota bobinha e obediente. Ele me irritou essa manhã e muito, pois colocou
Cecília acima do nosso casamento maldito, acima de mim! Balancei minha
cabeça negativamente e esperei pelo meu jantar.

Vittorio que se dane!

****

Acordei com uma mão passeando pela lateral do meu corpo, naquela
noite. Eu estava cansada e muito sonolenta, mas sabia quem era. — Nem
sonhe com isso. — Murmurei através do travesseiro macio. Vittorio rosnou
baixo e segurou minha bunda com uma de suas mãos, enquanto se deitava
atrás de mim.
— Você é a minha esposa. — Resmungou.

Soltei uma risada baixa e tirei sua mão de mim. — Exatamente! Não
uma puta. Por que quer transar com uma mentirosa? — Ralhei para ele.
Vittorio soltou um suspiro alto e ficou em silêncio, me virei para o outro
lado, a fim de olhar em seu rosto, mas seus braços estavam jogados em cima
dos olhos.

— Vamos embora daqui a três horas. — Murmurou abafado pelo tecido


da roupa.

Juntei minhas sobrancelhas. — Por quê?

— Porque não quero ficar nesse lugar! — Exclamou Vittorio, me


olhando. — Preciso detalhar tudo? — Continuou. Fechei minha cara para ele
e não respondi. Vittorio ficou me observando por um tempo, com sua testa
franzida. Eu não sei se ele reparava, mas seus olhos transmitiam tudo àquilo
que ele não dizia em palavras. Ele estava chateado, não somente pelo o que
eu fiz a Cecília, mas porque estávamos assim. Mal-humorados um com o
outro. Nossa noite na praia tinha sido perfeita. Mas não demorou uma hora
para que algo estragasse tudo!

Bem, Vittorio que estragou, pois ele achou melhor acreditar em


terceiros, ao invés de mim. Mordi meu lábio inferior e desviei meu olhar do
seu. Antes de fechar meus olhos, disse-lhe. — Me acorde quando for à hora.
— Ele abriu sua boca para dizer-me algo, mas me virei de costas para ele e
fiquei olhando para a janela fechada. Soltei um suspiro curto e baixo,
fechando os meus olhos.
****

O voo de volta para Nova York foi cansativo, estranho e tediante.


Vittorio nem se deu ao luxo de ficar perto de mim, passou todo o trajeto,
trancafiado na cabine particular. Às vezes ele saía de lá, apenas para pegar
uma bebida. Eu tinha escutado ele ao telefone com Cecília, dizendo que daria
um jeito de voltar a Itália, mas dessa vez sozinho e sem nenhum
compromisso da máfia. Aquilo quase me fez chorar, mas não o fiz. Eu não
sinto nada por ele e muito menos ele por mim.

Então, que faça bom proveito daquela vadia dissimulada!

Estávamos dentro do seu carro Escalade, indo para casa. Eu sentia seu
olhar sobre mim, mas não ousei encará-lo ou questioná-lo. Estava com tanta
raiva de Vittorio, que minha cabeça rugia de dor. Quando chegamos a casa,
Vittorio parou o carro e rapidamente abri a porta do carona, e saí de lá de
dentro. Dois empregados me cumprimentaram e foram buscar as malas. Eu
queria ir para outro lugar, queria sair daqui. Mas eu não tinha amigos, não
tinha ninguém para correr, eu queria conversar com minha mãe, ou com
Jaquilini e Beatrice, eu sentia falta das nossas conversas e seus conselhos,
mas infelizmente meu pai me proibiu de voltar até lá. Então, eu estava
sozinha.

Fui até a cozinha e abri um dos armários escuros, em busca de algum


biscoito.

— Temos um lugar para ir essa noite. — Ouvi a voz de Vittorio falar,


mas não o olhei. Peguei um pacote de salgadinhos e fechei o armário.

— Sério? Qual puteiro nós iremos? — Perguntei me virando. Vittorio


me olhava de uma forma estranha, me encarando da cabeça aos pés.

Ele enfiou uma mão no bolso da calça e sorriu, sem mostrar seus
dentes. — Na verdade, eu iria levá-la para um jantar, mas se quer ir a um
puteiro...

— Obrigada, deixo esse lugar para você. — Encostei-me à bancada do


armário e comi meus salgadinhos. Vittorio olhou todo o meu corpo
novamente e então andou lentamente, em minha direção. Eu queria pegar a
colher de pau que estava ali na pia e enfiar na sua garganta, mas estava
faminta demais para tanto esforço. Ele parou alguns centímetros perto de
mim e fez um som sensual, saindo de sua boca.

Ah minha porra!

— Está brava comigo? — Perguntou.

Tombei minha cabeça de lado. — Imagina senhor! — Ironizei. Vittorio


soltou uma risada baixa e se aproximou de mim, ele segurou uma mecha do
meu cabelo e suspirou. Seu perfume forte invadiu minhas narinas, me
deixando tonta e salivando por ele.

— Hum... Sabe que não sou de pedir desculpas, ainda mais pelas coisas
que você fez. Cecília teve que fazer uma cirurgia no nariz, sabia? —
Murmurou. Segurei uma risada e me engasguei com ela, pensei que Vittorio
ficaria com aquele olhar de maluco, mas ele estava bem ocupado, acariciando
meus cabelos. Coloquei o salgadinho de lado, e apoiei minhas mãos na
bancada preta.

— Triste para ela. E pouco me importa se irá pedir perdão ou não.

— Deveria ter mais cuidado com o que fala e com quem fala Sra.
Gratteri. — Alertou. Vittorio passou seu polegar nos meus lábios e
continuou. — Temos reservas para o Delmonico's às 20h. Compre um vestido
lindo depois do almoço. — Seus lábios estavam tão próximos aos meus, que
podia sentir seu hálito, quente e cheiroso, batendo na minha pele. Tive que
engolir em seco umas três vezes para manter minha sanidade, pois faltava
pouco para arrancar suas roupas, ali mesmo na cozinha.

Vittorio pegou o pacote de salgadinho atrás de mim, sem desviar seus


olhos dos meus, e então se afastou. Comendo e dizendo ao mesmo tempo. —
Sempre afetada por mim, Sra. Gratteri. — Pisquei algumas vezes para sair
daquele estupor. Fechei minha cara para ele e disse.

— Vá se foder. — Vittorio sorriu daquele jeito irritante e piscou para


mim.

— Até mais tarde.

Quando Vittorio tinha ido, fechei meus olhos e puxei uma das
banquetas altas em seguida, para me sentar. Aquele filho da puta arrogante,
sempre me deixando louca! De raiva! Claro, sua autoconfiança me irritava,
pois ele estava totalmente certo, mesmo me sentindo traída pelo o que
Vittorio disse e fez, sobre Cecília. Eu me sentia atraída por ele e era uma
atração tão forte, que me assustava às vezes. Soltei um choramingar alto e
tombei minha cabeça na madeira.

Estava ferrada!
CAPÍTULO
18

Passei a mão no meu vestido preto e rodado, enquanto me olhava no


espelho. Eu estava muito nervosa, pois era sempre uma surpresa se esperar
algo de Vittorio. Toquei nos meus cabelos penteados para o lado, e respirei
fundo, ele tinha me enviado uma mensagem há quinze minutos, pedindo que
algum soldado me levasse ao restaurante indicado por ele. Eu não conhecia o
lugar e muito menos a localização!

Peguei minha bolsa Chanel de couro vermelho e saí de dentro do


quarto. Era estranho estar de volta, nessa mansão escura e fria. Eu não me
sentia bem, aqui, mas era reconfortante estar na biblioteca, o único cômodo
da casa em que me sentia segura. Quando terminei de descer as escadas, um
dos soldados de Vittorio estava prostrado de pé, ao lado das portas duplas do
hall de entrada da casa. Aproximei-me quando ele disse:

— Sra. Gratteri, eu me chamo Saúl e vou levá-la ao encontro do Sr.


Gratteri. — Assenti uma vez para ele e então, seguimos para fora. Em direção
ao carro.

****
Eu ainda estava confusa pelo fato de saber que Vittorio me encontraria
em Buffalo, e no San Marco! Passei os dedos sobre minha testa e trinquei
minha mandíbula. — Por que esse idiota quis aqui? — Perguntei ao pobre
Saúl. Ele me olhou de relance e gaguejou sua resposta, mas apenas levantei
minha mão e revirei os olhos. — Obrigada pela informação. — Resmunguei.
Destravei o cinto de segurança ao mesmo instante em que Saúl dizia:

— Ele já está lá dentro, senhora. — Peguei a bolsa, bruscamente do


meu colo. Saúl saiu do carro às pressas e abriu a porta do carona para mim,
antes, olhando atentamente para cada lado. Ele ofereceu sua mão, mas não a
peguei. Estava fervendo de ódio! Saí de dentro do Mercedes e o soldado me
levou até a entrada do restaurante, como se eu fosse uma criança.

— Seu chefe deveria ter vindo até aqui! O que ele está tramando?! —
Rosnei a minha pergunta.

Mas para a minha sorte, Saúl soltou um suspiro e se afastou. —


Aproveite a noite, senhora. — Soltei um grito entredentes, enquanto o carro
dava a partida. O homem era um cão leal ao seu dono! Agh!!! Respirei
profundamente, e entrei de vez no restaurante. A recepcionista já estava me
aguardando com um sorriso treinado em seu rosto.

— Boa noite, senhorita. Qual seria a sua reserva? — Perguntou ela,


olhando o caderno chique. Observei o ambiente lotado e notei que era uma
noite de músicas. Ótimo. Olhei novamente para a mulher e respondi.

— A reserva está no nome de Vittorio Gratteri.


De repente seus olhos brilharam de surpresa. — E quem seria a
senhorita? — Desde quando eles perguntam isso? Juntei minhas sobrancelhas
e apertei meus lábios. Estava óbvio a sua curiosidade, ela conhecia Vittorio,
pois o restaurante em que ela trabalhava é sustentado pela máfia. Bom, pela
Luchesse. E também, ela estava me olhando estranho, do tipo que uma vadia
invejosa olhava para uma vadia da máfia ferrada.

Passei a mão em meu cabelo, e descansei a mesma mão no púlpito de


madeira escura da mulher. Ela arqueou suas sobrancelhas e me olhou.

— Sou a esposa dele. Belarmina Gratteri. — Sorri, levantando a mão,


para mostrar minha aliança e meu anel de noivado. A mulher arregalou seus
olhos e rapidamente folheou seu caderno, ela parecia nevosa nesse momento.

Então levantou sua cabeça e gaguejou. — D-desculpe, Sra. Gratteri.


Estávamos esperando p-pela senhora. — Ela pigarreou e abriu o sorriso
ensaiado. — Ele está no fundo do restaurante, me acompanhe. — Levantei
minha mão com um sorriso e balancei a cabeça negativamente.

— Não há problema. Consigo encontrá-lo, obrigada de qualquer forma.


— Não a olhei mais e passei por ela.

O que Vittorio tinha que fazia essas mulheres virarem umas vacas
malucas?! Revirei meus olhos e caminhei pelo ambiente, um homem estava
no pequeno palco, sentado no banquinho, tocando uma melodia no piano.
Enquanto, as pessoas jantavam, murmuravam, riam e observavam o homem.

Tive que olhar por alguns minutos, até que encontrasse Vittorio, pois o
lugar estava abarrotado de pessoas. Ótima noite para vir jantar! Por que esse
babaca não escolheu um restaurante da capital?! Arrr. Ele adorava me irritar.
Virei minha cabeça para cada lado, até que então, avistei o que procurava.
Longe de todos. Bem no fundo do restaurante, uma parte que se encontrava
mais escura que todo o ambiente.

Vittorio estava na última mesa, me olhando seriamente, quando viu


meu olhar, fez um sinal com sua cabeça para ir até lá. Engoli em seco e
caminhei ao seu encontro. Não sabia o porquê, mas uma sensação forte de
nervosismo misturado com ansiedade, tinha se intensificado dentro dos meus
nervos. Meu coração batia mais forte, uma descarga de adrenalina passeava
por todo o meu corpo, eu sentia minha pele se arrepiar, meus sentidos ficarem
mais aguçados, minha respiração mais forte...

Somente com aquele olhar. Um olhar obscuro, sedutor e misterioso de


Vittorio. Não tinha noção de como ele conseguia fazer isso, em mim, mas
não poderia negar. Meu corpo se atraía por ele, toda a vez em que o via. E
aquilo me deixava furiosa!

Quando cheguei perto, Vittorio se levantou e pegou minha mão


esquerda. — Está linda. — Murmurou no momento em que se curvava e
beijava minha mão, sem distanciar seus escuros olhos de mim. Dei um sorriu
nervoso e me controlei. Eu o queria. Ali. Sobre aquela mesa. Na frente de
todos.

Mas rapidamente tirei essa ideia ridícula, quando ele se afastou e me


convidou para sentar. Não eram cadeiras, mas um pequeno sofá em forma de
L para se acomodar.
Escorreguei sobre o couro e fiquei de frente ao prato e taça vazios. Pois
a taça de Vittorio já estava com vinho branco. Ele voltou a sentar, no meu
lado e olhou para o palco, que estava bem distante de nós. Aliás, quase todo
mundo estava.

Mordi meu lábio inferior e olhei para ele. — Por que estamos em
Buffalo no San Marco e nossa mesa é quilômetros longe de todos? — Os
olhos de Vittorio me avaliaram, mas depois sua atenção voltou para o homem
que tocava o piano. Ele pegou a garrafa de vinho de dentro do balde com gelo
e se serviu, em seguida, despejou o líquido em minha taça.

— Não gosta da cidade? Achava que os nova-iorquinos eram amigos de


todos. — Sorriu e piscou para mim na hora em que pegou a taça para beber o
vinho. Apertei meus e fiz o mesmo que ele, eu precisava beber algo gelado!
Pois meu corpo estava em brasa. Tomei em um só gole e depositei a taça
sobre a mesa. Quando olhei mais uma vez para Vittorio, ele me encarava
divertido. — Com sede?

— Vá à merda. — Murmurei.

Vittorio soltou uma risada e continuou. — E mal humorada? Hmm...


acho que minha companhia não está lhe agradando, Sra. Gratteri...

Cruzei meus braços e fechei minha cara para ele. O fodido estava
zombando de mim! — Exato! Ficar em casa estava sendo bem melhor! Por
que nos trouxe para cá?! Eu detesto lugares de qualquer cidade de Nova
York, que tenha vínculos com a máfia, porra! — Os olhos de Vittorio se
acenderam e novamente ele soltou uma risada, só que dessa vez um pouco
mais alta.

Fodido mental...

Vittorio respirou fundo e um sorriso cobria seu rosto, ele me olhou


divertido e depois chamou o garçom, que passava por ali. — Jake! Traga o
nosso jantar. — O rapaz sorriu animado e rapidamente foi até a cozinha.
Vittorio me olhou mais uma vez e disse. — Relaxe. A noite está apenas
começando. — Lembrou. Ele deu uma piscadela e se pôs a prestar atenção no
homem tocando piano.

Tudo o que fiz, foi me afundar no sofá e cruzar os braços.

****

Vittorio e eu comemos o nosso jantar sem dizer nada para o outro. Às


vezes eu sentia a irritação invadir, outras eu ficara até aliviada em não ouvir
sua voz estressante e confiante! Nossa sobremesa tinha chegado à mesa,
sorvete de chocolate com um pedaço de bolo do mesmo saber. Aquilo pegou
toda a minha atenção!

— Conversei com a Dra. Liz, essa tarde. Ela disse que enviará os
adesivos amanhã para você. — Comentou Vittorio, de repente. Olhei
lentamente em sua direção com as sobrancelhas arqueadas.

Era uma maravilhosa situação para ironizar. — Oh! Então vai ter mais
fodas? Será que a próxima vai ser um ménage? — Ele me olhou
ameaçadoramente, enquanto eu voltava a minha sobremesa com um
sorrisinho. Por que eu precisaria de proteção? Não iria transar com ele até que
pedisse desculpas, pelo o que houve em Siena! Aquilo tudo foi absurdamente
ridículo!

Se você conseguir fazer um homem de 38 anos, mafioso, que comanda


mais de 100 homens, pedir desculpas... deve ganhar um Oscar!

Sério?! Arrrrr.

Fui distraída de meus devaneios pelo suspiro baixo de Vittorio, olhei


para ele que, se recostava sobre o sofá, deixando sua sobremesa intocada de
lado. — Algum problema? — Perguntei em dúvida. Ele fez não com a cabeça
e continuou me olhando. Mas havia um problema, pois toda vez que Vittorio
permanecia taciturno, ele queria fazer algo. Larguei a colher sobre o prato e
encostei ao seu lado, ele continuava a me olhar.

Soltei um suspiro baixo e olhei para minha frente.

Senti Vittorio se aproximar mais e se curvar diante de mim, abaixando


seus lábios até o meu ouvido. — "O que há de errado comigo? Sonhar todas
as noites com teu corpo, com teus seios sobre o meu peito, com tuas coxas
deslizando sobre minha cintura, com teus gemidos ao pé do meu ouvido? O
que há de errado com meu corpo, que grita pelo teu em saudade, em
excitação e desejosos malvados?" — Sua voz estava mais grave do que o
normal, sensual, baixa, fazendo seu sotaque ficar mais forte. Sua barba
roçava no meu rosto, me deixando acesa.
Minha respiração tinha se elevado, e eu podia sentir o tecido da minha
calcinha umedecer. Olhei para o lado e Vittorio continuava próximo do meu
rosto, ele era mais atraente de perto. — De quem é a citação? — Perguntei
um pouco ofegante e engolindo em seco. Vittorio lambeu seus lábios
lentamente e sorriu torto.

— Desconhecido. — Murmurou. — Estou entediado. — Esclareceu.

Entediado? Logo esse cara? Haha! Pisquei algumas vezes, para sair
daquela teia de excitação e olhei em volta, o lugar estava menos cheio. — Por
que não vamos embora...

— Não. — Interrompeu-me. Vittorio soltou um suspiro e olhou em


volta, como eu tinha feito. Depois, me encarou novamente. — Eu queria que
fizesse algo. — Disse ele. Sua voz continuava com aquele timbre forte, grave
e sedutor. E eu não tinha ideia de como ele fazia aquilo. Ou talvez eu que
estaria escutando sua voz daquela forma. Vittorio jogou seu braço nas costas
do sofá, por trás de mim.

Mordi meu lábio e questionei. — Quem deveria fazer algo por alguém
aqui, é você. Não eu. — Retruquei de mau humor.

Mas Vittorio, como sempre não deu importância. Ele passou a mão
livre na sua barba e depois pigarreou. — Tudo bem. O que você quer? —
Como é? Suas palavras tinham me deixado tão surpresa, que uma pequena
risada escapou dos meus lábios. — Se não me disser logo, vamos embora. —
Alertou Vittorio com um olhar ameaçador. Sério? Esse cara gostava tudo do
jeito dele.
Soltei uma bufada de irritação e me concentrei. Eu sabia o que ele
queria, mas não sabia o que eu estava querendo. Até que...

Não tive coragem de olhar em seus olhos, então observava o homem no


piano enquanto lhe dizia.

— Eu quero que me chupe. Aqui e agora.

Esperei por algum deboche ou até mesmo aquela risada sarcástica, mas
nada veio de Vittorio. Tomei a coragem e olhei para o lado, onde ele estava.
Seus olhos estavam sobre mim, me encarando de uma forma selvagem. De
excitação. E aquilo me deixou mais molhada do que eu estava. Engoli em
seco umas quatro vezes, esperando algo de Vittorio. Quando estava prestes a
desistir dessa loucura, ele tirou seu braço de trás de mim.

— Abra as pernas! — Ordenou, olhando para as pessoas do restaurante.

Eu me irritava quando ele surgia com essa voz autoritária, mas nesses
momentos eram impossíveis não resistir a essa voz grave. Olhei em nosso
redor, onde todos estavam entretidos em suas refeições, conversas ou até
mesmo no pianista. Encarei Vittorio e fiz o que ele tinha me ordenado, abri
minhas pernas, escondidas de baixo da mesa, respirando ofegantemente com
isso. Ele me deu um olhar cúmplice e sorriu disfarçadamente, até que sua
mão estava na minha coxa e ele não deu tempo para que eu pudesse
raciocinar, o que estávamos fazendo.

Seus dedos pararam perto da minha calcinha, e bruscamente ele


empurrou o tecido, enfiando dois dedos na minha entrada encharcada. Dei um
sobressalto no sofá e soltei um gemido, no mesmo instante em que as pessoas
começaram a aplaudir. Eu não conseguia pensar em absolutamente nada,
somente nos dedos de Vittorio saindo e entrando violentamente em mim, e
seu polegar apertando meu clitóris. Espalmei minhas mãos no couro, e o
arranhei para não agarrar Vittorio ali na frente de todos.

— Shh... Tente manter o controle. — Murmurou ele, pegando a taça de


vinho. — Podemos estar na parte mais escura do restaurante, mas não se
esqueça de que há pessoas andando por aqui. — Isso era verdade. Além dos
funcionários passando com as refeições sobre suas bandejas, havia também
clientes indo e vindo do banheiro. Mas nenhum deles estava interessado em
nós dois. Soltei minha respiração e tentei me controlar, mas estava impossível
de fazê-lo.

Os dedos de Vittorio balançaram-se mais firmemente para dentro de


mim, me deixando molhada. Muito molhada. Soltei um gemido entredentes e
segurei sua coxa com força sobre a minha mão. — Não está ajudando! —
Sibilei entre gemidos baixos. Vittorio me olhou atentamente e se curvou para
dizer algo.

— Meu pau está se contorcendo aqui. Quem será que está sofrendo
mais? Você, com meus dedos dentro da sua boceta ou eu? Com a porra do
pau intocado?! — Rosnou sussurrando. Enquanto ele me dizia aquelas coisas,
a pressão do seu polegar no meu caroço inchado ficara mais forte. Assim
como seus longos dedos sobre mim. Fechei meus olhos e abri mais minhas
pernas, ao mesmo tempo, deitando minha cabeça no seu ombro.
— Vittorio... — Gemi.

— Estamos parecendo um casal apaixonado. — Sussurrou


sarcasticamente.

Quando iria dizer algo obsceno, uma voz fez com que todo o sangue do
meu corpo fosse drenado! — Vittorio! Quanto tempo meu genro. — Abri
meus olhos e me afastei de seu ombro. Quando olhei para cima, meu pai
estava ali de pé parado e acompanhado, mas não era minha mãe e sim uma
das amantes. Meu coração batia tão depressa, que pensei que morreria ali
mesmo. Com os dedos do meu marido dentro da minha vagina, no
restaurante, meu pai e sua amante a minha frente!

Tentei tirar a mão de Vittorio, mas ele bombeou com mais força. Bati
minha mão em cima da mesa, para conter um gemido alto. — Tudo bem meu
amor? Você está vermelha. — Disse ele com tom carinhoso e preocupado.

Vittorio eu vou te matar!

Desviei meu olhar dele, enquanto ele dizia. — Alessi, realmente.


Quanto tempo e que surpresa em vê-lo em Buffalo. — Olhei para meu pai,
enquanto me curvava sobre a mesa e tentava respirar. Vittorio não parava seu
ataque, e ficara cada vez mais brusco. O que era engraçado, pois ninguém
notou o movimento do seu braço. Olhei para a vadia loira que estava ao lado
do meu pai, mas ela estava muito ocupada tentando se insinuar para Vittorio.

Vadia suja...
Eu tinha compaixão da minha mãe. Muita compaixão mesmo.

Papai sorriu abertamente para Vittorio e então sua atenção em mim


apareceu. — Belarmina. Você não parece bem. — Comentou.

Tentei me recompor e me recostei no sofá novamente. Eu não queria


falar, tinha medo de sair um gritante gemido ao em vez de palavras! — É-é...
estou bem, Sr. Luchesse. — Murmurei. Olhei para Vittorio, implorando para
ele parar, mas o bastardo não deu à mínima. Acariciou meu queixo com a
mão livre e olhou meu pai. Seus dedos estavam lentos, indo e vindo em um
ritmo diabolicamente gostoso! O que faria qualquer mulher gemer e se
contorcer por puro prazer, mas eu estava presa! No meu próprio prazer!

E aquilo era excitante e frustrante!


Meu pai soltou uma risada fingida e continuou. — Se bem me lembro,
alguns meses atrás eu era chamado de pai e não Sr. Luchesse. — Eu podia
ouvir o som irritado, através daquelas palavras risonhas. Tanto eu como
Vittorio, que trincava sua mandíbula ritmicamente. Menos a estúpida de pé
ao lado dele.

Eu estava tão excitada, desnorteada pelo tesão que disse uma bela
verdade. Algo que sempre quis dizer ao meu pai. — Oh sim! Todos nós
dizemos merdas no decorrer da vida, papai. — A mulher loira ao seu lado
soltou uma meia risada, o que fez meu pai lhe enviar um olhar ameaçador.
Ela rapidamente ficou calada e abaixou sua cabeça.

Mais uma cadela adestrada na coleção!


Papai me enviou um olhar mortal, mas não disse nada. Ele se recompôs
e se dirigiu a Vittorio. — Pelo visto não conseguiu corrigir sua esposa
adequadamente, Vittorio. — Eu poderia rosnar ou até mesmo soltar uma
risada clássica de ironia. Mas os dedos de Vittorio...

Coloquei minha mão esquerda em cima da sua, onde estava no meio


das minhas coxas e o incentivei a ir mais fundo e mais rápido. Vittorio me
olhou de relance e sorriu para meu pai. — Paciência, Alessi... — Completou.
Papai assentiu para ele e depois me olhou. Um olhar de raiva, mas eu estava
mais interessada nos dedos de Vittorio me fodendo fundo e lentamente.

— Bom, se vocês me dão licença eu preciso ir. Boa noite!

— Mande um beijo para sua esposa, por mim. — Sorri ofegante.

Os olhos do meu pai queimaram em brasa e a mulher olhou para ele


com medo. Coitadinha. Ele acenou com a cabeça e então os dois se
afastaram. Sim! Vá embora! Quando percebi que estávamos seguros ali,
segurei a coxa de Vittorio novamente e gemi.

— Vamos para casa! Por favor!

Vittorio soltou uma risada e sussurrou em meu ouvido. — A diversão


precisa ser terminada no mesmo lugar em que começou. — O quê?! Olhei
para ele e perguntei:

— O que quer...
Antes que eu terminasse minhas palavras. Vittorio tirou seus dedos de
dentro de mim e velozmente me puxou para o seu colo. Olhei assustada para
o restaurante, porém todos estavam ocupados demais consigo mesmos. —
Acha mesmo que vou sobreviver até chegar à Nova York? — Perguntou
sussurrando em meu ouvido. Senti sua mão puxar minha calcinha para o lado
e seu outro braço me envolver na cintura, me erguendo de seu colo.

— Vou repetir mais uma vez. — Cochichou e com a voz apertada. —


Controle-se. — Vittorio me abaixou bruscamente no seu colo, enquanto fui
penetrada por seu pau. Puxei o ar com força e cravei as unhas de minhas
mãos na sua coxa. O braço de Vittorio ainda me envolvia, e sua outra mão
estimulava o meu clitóris. Porém ficamos assim, parados sem fazer um único
movimento para não chamar a atenção. Mas o meu corpo estava clamando
para que Vittorio se mexesse. Seu membro masculino dentro de mim não
facilitava.

Deitei minha cabeça no seu ombro e mordi o lóbulo da sua orelha, mas
ele permaneceu parado e olhando a apresentação. — Vittorio... e-eu vou
gozar. — Gemi. Vittorio soltou um grunhido e beliscou meu botão inchado,
fazendo-me sobressaltar no seu colo, o que fez seu pau entrar e sair.

De repente, as pessoas se levantaram a começaram a aplaudir, eu tinha


me assustado com o barulho, então me sentei ereta no colo de Vittorio. Até
que senti uma da suas mãos segurar meu cabelo com força e a outra minha
cintura. Vittorio bombeou umas cinco vezes fortemente dentro de mim, me
fazendo gemer alto com os aplausos e assobios dos clientes animados. As
pessoas não paravam de aplaudir e gritar, enquanto Vittorio ia cada vez mais
forte para dentro de mim, me deixando molhada.
Abri meus olhos e senti a sensação de ser pega, a adrenalina me invadiu
sobre o pensamento e meu coração bombardeou desenfreado. Seria delicioso
alguém nos ver, eu sabia e gostava daquilo. Quando olhei em direção à
cozinha do restaurante, me surpreendi com o garçom chamado Jake, por
Vittorio, nos observando surpreso. Mas também excitado. Pois ele mantivera
suas mãos na frente de sua calça, sobre a sua parte íntima.

Eu gostei tanto daquilo, que incentivei a Vittorio ir mais rápido. O que


ele fez. — Então gostou do nosso amigo nos observando? — Perguntou
entredentes. Porra. Ele estava vendo também. — Eu vou gozar! — Quando
Vittorio disse isso, olhei mais uma vez para o rapaz e puxei a mão de Vittorio
para me estimular. Eu também estava chegando.
Meu coração rugia juntamente com os infinitos aplausos, com os
assobios e a excitação das pessoas. Aquilo me deu mais tesão, mais tesão
pelo homem nos olhando, pelo fato de talvez sermos pegos por alguém, que
achasse inapropriado e por Vittorio. Por me introduzir nessas sensações
maravilhosas e sóbrias. Pelo seu corpo colado ao meu, por trás de mim. Me
fodendo forte da forma que uma mulher merece!

Mordi meu lábio inferior com força para conter um grito excitado e
gozei. Libertando-me tão prontamente que fizesse meus musculosos
paralisarem! Quando estava de volta, Vittorio deu mais uma estocada firme,
em seguida encostou sua testa nas minhas costas. Soltando um gemido. Os
aplausos acabavam aos poucos e as pessoas voltavam a sentar. O que fez
Vittorio, me tirar de cima dele e me colocar de volta ao sofá.

Olhei para ele que fechava sua calça e respirava profundamente várias
vezes, sem desviar seus olhos de mim. Busquei pelo garçom que nos
observava há minutos atrás, mas ele não estava mais lá. — Ele estava nos
observando. — Falei e olhei novamente para ele.

Vittorio assentiu e se aproximou de mim, os mesmos dedos que tinham


me masturbado na presença do meu pai e sua amante, estavam agora tocando
meus lábios. Vittorio chegou cada vez mais perto e então sussurrou.

— Bem-vinda ao meu submundo, Sra. Gratteri.


CAPÍTULO
19

Semanas tinham-se passado desde a noite quente que Vittorio planejou,


naquele restaurante. Muitas vezes me pegava imaginando entrar de cabeça
nesse mundo erótico, pois depois daquela noite eu sentia uma necessidade de
aprender mais sobre o que Vittorio gostava e claro, colocá-las em ação. Mas
tinha medo do que eu pudesse me tornar. Não queria ser apenas um
divertimento para ele, pois sabia que no fim disso tudo, ambos iriamos nos
arrepender. Eu fazia inúmeras perguntas a ele sobre isso, o que fazia aquele
sorriso cretino surgir com mais frequência.

Tinha que admitir. Aquele sorriso estava sendo um dos meus favoritos.

Entretanto, Vittorio explicou exatamente do que gostava, do que não


gostava, e do que estava aberto para aceitar. Suas confissões tinham me
deixado de surpresa a admirada. Foi depois da noite em Buffalo, tínhamos
chegados a casa e transamos no hall de entrada mesmo, Vittorio me
imprensando contra a porta, e me fodendo ali mesmo. Foi maravilhoso.
Depois daquilo, tínhamos tomado um banho e eu comecei a questioná-lo
sobre tudo e obviamente que ele adorou, ele sempre me dizia que iria ficar
excitado quando eu despertasse curiosidades. Estávamos na cama, naquela
madrugada, vestidos, alimentados e satisfeitos com as sessões de sexo,
quando então perguntei sobre tudo o que ele curtia ou não.
E repetindo, eu fiquei muito surpresa com suas revelações.

— Hmm... vejamos. — Murmurou Vittorio, deitado na cama sem


camisa e eu, sentada perto dos seus pés. Atenta e curiosa. — Há dezesseis
anos, eu apreciava a ideia de ver minha mulher transando com outro cara. —
Sorriu com um olhar de sono.

Arqueei minhas sobrancelhas e ri. — E hoje? — Perguntei.

Vittorio apoiou a cabeça com suas mãos, atrás dela. Fazendo os


músculos da sua pele branca se tensionar e as tatuagens escuras tornando-se
mais nítidas. — Hoje e nem nunca. Depois que me casei com Lorena,
descartei a ideia, mas em um momento eu tinha sugerido a ela. Quase tive um
olho roxo. — Soltei uma gargalhada alta o que fez Vittorio abrir um sorriso
largo.

Soltei um suspiro e sorri. — Lorena era das minhas.

— Era. Por isso que gosto de vo... — Vittorio juntou suas sobrancelhas
e desviou o olhar de mim. — Enfim. Continuo no voyeurismo, mas apenas
observo outras pessoas e também gosto que me observem como aconteceu
hoje. — Piscou. Assenti para ele e fiquei quieta. Foi eletrizante o que houve
naquele lugar. Sexo em público, o garçom nos observando, a adrenalina do
grande susto, quando meu pai tinha aparecido. Todas aquelas coisas tinham
me deixado excitada e querendo cada vez mais. Agora eu entendia Vittorio,
bem, um pouco.
Quando o vi fechando seus olhos, continuei. — Além disso. O que mais
gosta? — Vittorio continuou com seus olhos fechados e sorriu pequeno.

— Exibicionismo está sendo meu predileto. Mas gosto de


sadomasoquismo.

— Puf. — Revirei meus olhos. — Como se isso fosse algo revelador.


— Vittorio abriu seus olhos e diversão apareceu, ele soltou uma risada
sonolenta e balançou sua cabeça negativamente. Realmente, quem não
saberia que Vittorio gosta disso?! Estava estampando na cara dele, pois ele
mesmo tinha me dito que adorou quebrar os dedos de Beatrice, e foi um
"adorado" bem óbvio, pela cara que ele tinha feito quando contou. Argh... —
O que mais? — Perguntei.

Vittorio olhou para o teto e depois para mim. — Dominação. —


Murmurou.

Sorri para ele e perguntei. — Isso também não é novidade...

— Não, Sra, Gratteri. — Interrompeu com um olhar simples. — Eu


curto isso. Gosto que as mulheres me dominem.

MAS QUE GRANDE PORRA!!!

Arregalei meus olhos e paralisei. O que?! Vittorio Gratteri?! O que de


novo??! Isso... isso era surpreendente! O cretino gostava de ser dominado por
mulheres e não dominá-las?! Abri minha boca sem ter noção do lhe dizer,
pois aquela foi à surpresa do ano! Fiquei de joelhos sobre o colchão e apontei
meu dedo em sua direção. — Você. Vittorio Gratteri. Gosta de ser dominado
por mulheres?! — Perguntei extasiada. Seus olhos escuros sorriram para
mim, pelo meu espanto com essa notícia. Ele assentiu ainda sorridente e
continuou.

— Por que não? Sou um fodido, Sra. Gratteri e aprecio o que me


instiga. — Piscou para mim. — Bem, acredito que eu tenha informado tudo o
que te interessava? — Perguntou suspirando.

Mordi meu lábio inferior e me deitei ao seu lado, Vittorio me olhou


observador. — Acho que sim. — Murmurei. Ele sorriu novamente e depois
esticou sua mão até o abajur sobre o aparador.

— Então vamos dormir.

****

Aquela noite tinha me deixado muito surpresa, pois eu não parava de


pensar nela. Eu tinha gostado que Vittorio tivesse se aberto para mim, tão
prontamente. Sentia que poderia começar a confiar nele, e acho que ele estava
começando a ter certa confiança em mim. Como eu tinha dito anteriormente,
algumas semanas tinham-se passado desde aquela noite e Vittorio... bem, ele
estava tranquilo demais com o seu estilo de vida.

Transávamos constantemente, o que era uma maravilha, em todos os


cômodos da casa. Menos na biblioteca. Claro. Acho que Vittorio via aquele
lugar como um santuário para sua esposa falecida, eu não me importava com
isso, não me importava em saber que ele ainda a ama, e muito menos acordar
todos os dias, e dar de cara com a aliança do primeiro casamento no seu dedo
anelar. Junto com a outra. Mas o que me incomodava, era vê-lo triste,
Vittorio achava que eu não notava isso, mas eu sempre estava observando-o
atentamente.

E aquilo mexia comigo. Às vezes gostávamos de provocar o outro em


conversas, Vittorio ria por alguns segundos e simplesmente, do nada, ele
ficara sério e seu olhar se distanciava. Como também na hora do jantar, ele
sempre estava presente, e na maioria das vezes que estávamos na mesa,
Vittorio viajava em pensamentos e seus olhos transmitiam dor.

Sempre ficara na minha, nunca o questionei ou algo do tipo, pois o


respeitava, mas eu tinha que confessar. Já se passara quase dois anos desde
que Lorena morreu, e Vittorio continuava no seu luto.

Será que é por que ele a ama com todas as forças? Sua estúpida!

Arr. Sim, era isso. Óbvio. Mas me incomodava e muito não gostava de
vê-lo assim.

Eu estava no jardim da casa, tomando o café da tarde de domingo,


quando as portas de vidro foram abertas por Vittorio. Ele olhou diretamente
na minha direção e respirou fundo, abaixou sua cabeça e andou vindo até
mim. O que ele tem? Coloquei a xícara de café de volta ao pires e limpei
minha boca com o guardanapo. Vittorio parou a minha frente e não se sentou.

— Aconteceu algo? Por que está tão cedo em casa? — Perguntei


confusa.
Ele me olhou fixamente e então soltou as palavras. — Cecília ligou.

Que porra é essa?!

Levantei-me da cadeira, bravamente e cruzei meus braços. Essa mulher


não iria nos deixar em paz nunca? — O que ela queria? — Perguntei
entredentes. Vittorio franziu o cenho e olhou para o lado. Cecília deve ter
inventado mais uma merda, para que Vittorio e eu entrássemos em guerra!
Não tinha dúvidas sobre isso. Acho que a pequena surra que dei nela, não foi
suficiente. Os olhos escuros de Vittorio se voltaram para mim e tive que
prender a respiração, pois sabia que uma grande bomba estava por vir! Ele
mais uma vez acreditando naquela vaca italiana e...

— Me perdoe. — Enfatizou com um suspiro. Fiquei olhando-o


boquiaberta, sem ter o que dizer. — Ela... ela contou o que aconteceu em
Siena, dessa vez ela disse a verdade. — Completou Vittorio, me olhando. —
Deveria ter acreditado em você, me perdoe Belarmina.

Balancem os sinos!

Eu não sabia o que lhe responder, ficou difícil de dizer qualquer palavra
para Vittorio, nesse momento. Continuei o encarando, ainda boquiaberta com
a notícia. A vadia tinha então, contado toda a verdade? Depois de semanas?!
Bem, pouco me importava aquilo, ela não era o assunto especial daqui.
Vittorio continuou me olhando franzido.

— Você está me matando aqui, Bela. — Sorriu com desgosto.


Pisquei rapidamente e seguidamente para sair totalmente de meus
devaneios, o olhar de Vittorio era suplicante, pedindo o meu perdão. — Por
que ela resolveu dizer isso, assim de repente? — Perguntei desconfiada.

Vittorio revirou seus olhos e se desviou de mim. — Como vou saber


disso, Belarmina. Ela apenas ligou, perguntou como estávamos e depois
contou que foi ela que disse sobre meu irmão. Você pode se contentar? Pelo
menos uma vez?! — Rosnou alto. Eu estava prestes a socar a sua cara
irritante, pois como ele se atrevia a ainda querer brigar comigo, como se eu
fosse uma criança?

— Eu não vou dar a você nenhum perdão. — Zombei e balancei


minhas mãos. — Eu disse várias vezes seguida que estava falando a verdade,
mas você achou melhor confiar na sua maravilhosa ex-namorada! E agora,
vem até aqui e me pede perdão? E fim? Acabou o assunto?

— Essas palavras são suas, Belarmina e não minhas. — Retrucou


Vittorio, com um olhar raivoso. — Só estou mostrando meu erro, e peço
desculpas pela forma que lhe tratei, não foi o certo e sei disto. Mas agora, vir
com essa bravura toda, e jogar na minha cara algo que já podia ser esquecido,
para o nosso bem, é idiotice. — Abri minha boca para interrompê-lo, mas ele
foi mais rápido. — Sabe o que é engraçado? Vocês, que nasceram na máfia,
em um berço de ouro, acham que são melhores que qualquer um que entrou
no ciclo depois de vocês. O que acontece muito com meus irmãos e eu!
Vocês apontam as porras dos seus dedos podres para nós, falam mal pelas
costas e depois, quando estamos presentes, finge nos amarem, isso é patético
e ridículo! Posso ter nascido em uma família pobre, Belarmina, posso não ter
estudado nas melhores escolas, e não ter tido uma vida luxuosa, mas acredite,
o que aprendi desde minha infância, assim como os meus irmãos foi, reparar
os nossos erros, admitir que erramos e falhamos em algo, e em seguida se
redimir. Jamais guardamos rancor de qualquer assunto, o mínimo que seja.

Vittorio, a todo o momento falava com uma voz controlada e um olhar


equilibrado, ele não gritou ou qualquer coisa do tipo, o que foi surpresa.
Então ele continuou. — É assim que aprendi, mas você, como todos os outros
dessa droga de máfia, acham que o mundo está aos pés de vocês. Se não quer
aceitar meu perdão, então não espere absolutamente mais nada de mim. —
Ele me olhou voraz, mas uma vez e se afastou. Mas não deixaria que sua voz
fosse à última por aqui.

Dei alguns passos e exclamei. — Que se foda essa droga toda! Você
deveria sim ter confiado em mim! Não em uma vaca que inventou de fazer
um swing na casa dela, quando viu você pela cidade, e não me diga que não
foi isso, porque foi. Ela é obcecada por você e tentou acabar comigo,
colocando-o contra mim e deu certo! Eu tenho todo o direito do mundo em
sentir raiva e não querer perdoá-lo, pois o que você fez não há desculpas.
Estou cansada disso, as pessoas fazerem suas merdas e depois me pedir
perdão e achar que eu sou obrigada a perdoar! — Quando terminei meu
pequenino discurso revoltado, Vittorio, que estava abrindo uma das portas de
vidro, parou. Ele olhou para mim e disse.

— Não me compare a sua família fodida. — Disse murmurando.

Soltei uma risada incrédula para ele, em seguida dizendo. — E não


tente me modificar para ser parecida com Lorena. Eu não sou ela, que
aguentava todas as suas porras, eu tenho voz e coragem! — Fechei minha
boca rapidamente e me xinguei por dentro.

Porra! Eu tinha acabado de chamar uma mulher morta de muda e


covarde!

Mas o que me deixou preocupada, foi à forma que o semblante de


Vittorio mudou. Seu rosto obscureceu e sua postura era ameaçadora. Ele
soltou a maçaneta da porta e deu dois passos, em minha direção, seu rosto se
franzia aos poucos. — O que você disse? — Perguntou em voz baixa. Engoli
em seco e permaneci calada, mas não sabia se seria bom ou ruim para mim.

Respirei profundamente e mantive a postura. Ele que se foda. — O que


você ouviu! Eu não sou a sua esposa, porque é exatamente o que você queria
não é mesmo? Que Lorena fosse a sua única e eu apenas uma para esquentar
sua cama, mas por algum motivo, agora você está querendo que eu me torne
ela! Que aceite tudo vindo de você, mas eu não sou assim e nunca serei! Se
Lorena passava a mão na sua cabeça, então isso demonstra a quão tola ela
era!

— SE VOCÊ FALAR MAIS UMA VEZ DELA, DESSA FORMA, EU


ARRANCO SUA LÍNGUA COM AS MINHAS MÃOS! — Rugiu Vittorio,
chegando mais perto. Ele estava tão próximo de mim, que eu sentia o calor da
sua raiva irradiar de seu corpo. Seu olhar estava como de um louco e sua
respiração pesada. Eu sei, não deveria continuar falando dela, mas eu queria
machucar Vittorio, como ele fez comigo em Siena, em Amsterdã e
principalmente o que fez a Beatrice... eu não abaixaria minha cabeça, para
outro homem, não me submeteria a Vittorio, como fui obrigada a ser com
meu pai. Não.

Então eu fiz o que sempre fazia, ergui minha cabeça e desafiei seu
olhar lunático e desprezível. — POR FAVOR, FAÇA ISSO. OU ENTÃO
MELHOR, ARRANQUE MINHA CABEÇA! QUALQUER COISA DO
QUE SER UMA CADELA PARA VOCE! — Gritei e ficando na ponta dos
meus pés, para chegar perto o suficiente do rosto contorcido de raiva do
Vittorio.

Ele segurou meu pescoço com uma das suas grandes mãos e apertou,
mas continuei parada, desafiando-o. Então ele disse-me. — Pode ter certeza
de que você será a minha cadela e fará tudo o que eu quiser. Irá deitar; rolar e
calar a PORRA DA BOCA. — Esbravejou. — Nunca mais fale dela! E
acredite em mim, você jamais será como Lorena, você não é nem a metade da
mulher que ela foi! — Vittorio me empurrou com força, fazendo-me bater
contra a mesa. Ele se virou e saiu do jardim, abrindo uma das portas com
tanta força, que acabou batendo na coluna e quebrando-a em estilhaços.

Fechei meus olhos e soltei um pequeno pulo pelo susto.

Vittorio poderia me dizer as coisas mais desprezíveis do mundo, ele


poderia me machucar ou qualquer outra coisa, mas eu jamais, jamais me
tornaria uma mulher objeto. Nunca mais deixaria que um homem, se
opusesse acima de mim! Soltei um suspiro trêmulo e me virei, apoiando
minhas mãos contra a mesa. Ele teria que pedir perdão, mas não um simples
"me perdoe, Belarmina" ele teria que mostrar o verdadeiro arrependimento e
só assim eu aceiraria.
— E até lá, ele vai ter que aturar meu comportamento, eu não serei um
objeto. — Murmurei para mim mesma.

Não mais. Eu tinha que mudar minha vida.

****

No dia seguinte, não tinha me encontrado com Vittorio pela casa. Eu


tinha ido dormir no nosso quarto mesmo, mas ele não. O babaca tinha
aparecido na madrugada e apenas buscou suas coisas para dormir,, e para a
manhã de hoje. Não me importei com isso. Eu estava cansada demais com as
personalidades contraditórias desse homem. Então tentei me distrair com
qualquer coisa, qualquer coisa que pudesse me fazer não pensar em Vittorio.

Tinha pedido a Azaléia, uma das empregadas, que comprasse rosas


vermelhas para colocar na sala. Então, eu estava sentada em um dos sofás,
cortando os espinhos com a tesoura, depois as coloquei dentro do vaso de
flores. Ainda era cedo, não passava das 9h da manhã, e eu já estava ali na
sala, totalmente concentrada no meu "trabalho". Tinha escutado alguém
abrindo e fechando a porta de entrada com força. Rapidamente me levantei
do sofá escuro, com a tesoura em minha mão.

Deus, você é uma babaca neurótica...

Deveria ser pelo marido volátil que tenho. Fiquei esperando os passos
se aproximarem quando o rosto de Vittorio apareceu, soltei um suspiro
chateado, voltei a me sentar e voltar a cuidar das rosas, porém observei de
relance, Vittorio andando tranquilamente em minha direção. Ótimo.
— Estou sentindo que estou sendo ignorado e eu sei que mereço isso.
— Suspirou. Não dei ouvidos ao seu sarcasmo idiota então, Vittorio
continuou chegando mais perto e dizendo. — Não estava muito à vontade no
trabalho, então voltei para casa. — Acrescentou, ele.

— Bom pra você. — Zombei ironicamente.

Ouvi seu suspiro frustrado, então Vittorio se sentou ao meu lado, se


afundado no sofá macio. Instantaneamente seu perfume masculino invadiu
minhas narinas como uma flecha! Aquele cheiro fodidamente sedutor me
desconcertava, mas dessa vez consegui me manter firme.

Não por muito tempo.

Vittorio envolveu minha cintura com seu braço e aproximou-se, para


dizer algo em meu ouvido. — Que tal você descontar sua raiva? — Aquilo
chamou minha atenção. Juntei minhas sobrancelhas e olhei em seus olhos
escuros e brilhantes, cheios de segredos e segundas intenções.

— O que quer dizer com isso? — Questionei.

Vittorio apertou seus olhos e sorriu. — Se lembra daquela noite, em


que você me perguntou o que eu gostava? Então, acho que você merece me
foder. — Explicou, piscando para mim.

Eu não poderia perder a piada. Arqueei minhas sobrancelhas e


perguntei. — Te foder?
— Você entendeu. — Retrucou seriamente.

Contive uma gargalhada e balancei minha cabeça. O que ele estava


querendo fazer? Estava tentando me seduzir? Pois, pela primeira vez, ele não
estava obtendo nenhum sucesso. Esfreguei minha testa com os dedos e
suspirei pesadamente. — Acha que isso fará com que eu e você fiquemos
quites? — Olhei para ele, enquanto perguntava. Vittorio franziu o cenho e
desviou seu olhar de mim, para olhar as rosas.

— Eu sou como uma rosa, Belarmina. Sempre terei espinhos, mas às


vezes posso escondê-los. — Ele me olhou intensamente. — Quero apenas
não deixar esse clima seguir adiante. O que dissemos um para outro, ontem
naquela tarde, foi horrível. Eu sei disso e me sinto péssimo pelo meu
comportamento, tanto que eu não consegui resolver um simples contrabando
nessa manhã. — Soltei uma rápida risada e revirei os olhos. Ele continuou.
— Você é um desafio para mim, e tenho que confessar que não me acostumei
com isso ainda, você é a segunda mulher que me provoca tão... tão... Deus,
você me deixa sem palavras.

Ele tinha murmurado essas últimas palavras, mas eu tinha as ouvido e


aquilo me fez sorrir. Coloquei uma das rosas na mesa de centro e a tesoura,
depois me levantei do sofá e Vittorio me olhou de cima a baixao para me
encarar com suas sobrancelhas unidas. Estendi minha mão para que ele a
pegasse. — Vamos. Quero que me ensine. — Vittorio me olhou atentamente,
como se estivesse buscando algum indício de que eu estava brincando. Mas
eu não estava, queria olhar de perto como é vê-lo daquele jeito, por mim.
Vittorio então, pegou minha mão e se levantou dizendo: — Será um
prazer.

CAPÍTULO
20

Vittorio parou no centro do nosso quarto, seus olhos, fixos em mim.


Estava encostada na porta, olhando-o com fome, ele me encarava com
confiança, com desejo e eu adorava esses olhos castanhos em mim. Respirei
profundamente e caminhei até Vittorio, ele virou sua cabeça para frente,
quando parei atrás do seu corpo. Fitei seus ombros largos e escondidos sobre
o terno preto, levantei minha mão esquerda e passeei meus dedos sobre seu
braço, indo até os ombros, mas não o toquei.

— Diga-me o que tenho que fazer. — Sussurrei melosamente.

Vittorio virou sua cabeça para a lado e sorriu, aquele sorriso cretino e
fodidamente tentador. — Diga-me você, esposa. — Respondeu.

Mordi meu lábio inferior e olhei todo o seu corpo. Eu ainda estava
brava com ele, porém, não a ponto de descartar uma foda que ainda por cima,
eu que estaria no comando. Vittorio não parecia nervoso e nem nada do tipo,
então obviamente que ele já fez isso muitas vezes. Deixar uma mulher
comandá-lo. Levantei minhas mãos e as passei em seus braços firmes e
musculosos. — Hmm... Tire o paletó e sua camisa... lentamente. — Ordenei
com uma voz firme, porém doce. Vittorio não hesitou um segundo e já estava
se livrando de seu paletó. Enquanto ele tirava a camisa de dentro da calça, dei
a volta e parei na sua frente, seus olhos não saíam de mim a cada botão de
sua camisa preta, que era aberta por seus dedos.

Vittorio desabotoou as abotuadoras e tirou o tecido lentamente de seu


corpo, deixando cair no chão. Ele respirou fundo e permaneceu parado,
esperando mais uma pequena ordem. Dei um meio sorriso sem mostrar meus
dentes e andei mais para perto dele, com a postura ereta e queixo erguido.

— Sabe. — Murmurei enquanto andava lentamente em sua volta. —


Desde que você me contou que gosta disso, tive que pesquisar mais sobre o
assunto. E sinceramente. — Parei mais uma vez atrás dele, e fiquei na ponta
dos pés para sussurrar em seu ouvido. — Eu adorei cada palavra. — Vittorio
olhou para o lado e o vi engolir em seco.

Ele disse. — Então se já tem noção de como funciona, o que quer


fazer? — Sua voz firme estava com uma nota de ansiedade, e tinha adorado
aquilo.

Finalmente poderia dominar um homem, principalmente ele sendo


Vittorio. Mas, não poderia esquecer que o que estávamos prestes a fazer, era
apenas um jogo sedutor, nada mais que isso. Vittorio queria meu perdão e a
única forma em que ele a teria, seria em ser totalmente dominado por mim!
Olhei para suas costas nua e lisa, passando as pontas dos meus dedos sobre
sua pele clara. Vittorio soltou uma lufada de ar e senti sua pele se arrepiando.
Contornei os músculos com os dedos até sua cintura, eu estava hipnotizada
com sua pele branca e sem nenhuma marca ou até mesmo tatuagens.

— Quem está no comando sou eu, então não lhe diz respeito o que
tenho que te dizer. — Vittorio permaneceu calado e apenas assentiu com sua
cabeça. Dei a volta novamente e parei de frente a ele. — Então, só tem duas
cicatrizes? Uma aqui... — Passei minha mão na sua barriga, onde uma longa
cicatriz fina se destacava. — E a outra aqui. — Subi minha mão e toquei
acima da sua sobrancelha esquerda. Seus olhos escuros se atentavam a cada
toque meu, porém, Vittorio assentiu. Passei a língua em meus lábios
lentamente e me afastei. Eu não sabia o que fazer, realmente, tinha feito
pesquisas, porém foram pesquisas simples, apenas para eu ficar a par disso
tudo. Andei até a janela do quarto e segurei as pesadas cortinas vinho em
minhas mãos. Dei uma olhada lá fora e depois as fechei, fiz o mesmo
procedimento com as portas da sacada deixando o quarto no escuro. Estava
alguns meses dormindo naquele quarto, mas sabia exatamente onde andar no
meio da escuridão, pelo grande cômodo. Vittorio estava a oito passos longe
de mim. Caminhei até que estivesse perto, mas não tanto, e parei.

Eu podia ouvir sua respiração. Abri um largo sorriso e tirei meus


sapatos altos, fazendo um baque sobre o carpete, em seguida, desabotoei meu
vestido vermelho e deixei que caísse sobre o chão, tirei meu sutiã e em
seguida minha calcinha. Descartando todas as peças sobre os meus pés.

Quando estava completamente nua, caminhei em direção à cama e


palpitei com minhas mãos até achar o aparador, apertei o interruptor de luz do
abajur, deixando metade do quarto em claridade. Vittorio, ainda estava ali,
esperando e dessa vez de cabeça baixa. Andei sensualmente de encontro a ele
e parei na sua frente, mas seus olhos ainda estavam abaixados.

— Quem é o cachorro agora? — Questionei com um sorriso na voz. Vi


os lábios de Vittorio puxar-se para o lado, mas ele continuava quieto. — Olhe
para mim. — Ordenei. Sua cabeça se levantou e seus olhos observaram os
meus. Dei mais um passo em sua direção. — Olhe para meu corpo. —
Sussurrei. Vittorio soltou um suspiro pesado, enquanto seus olhos desciam
por todo meu corpo. Eu que estava ordenando naquele momento, mas apenas
aquele olhar abrasador de Vittorio, me deixaria de pernas bambas. Ele não
deixou escapar uma parte sequer. Seus olhos castanhos varriam todo o meu
corpo com um forte fogaréu de desejo, luxúria, excitação. Aliás, era notável o
volume crescendo em suas calças.

Mordi meu lábio inferior. — Gosta do que vê? — Perguntei


sensualmente.

Vittorio me olhou seriamente. — Sim.

— E você quer me tocar?

— Muito...

— Onde? — Sorri.

Ele lambeu seu lábio inferior e suspirou. — Todas as partes possíveis.

Estendi minhas mãos no seu peitoral e levantei minha cabeça, para


olhá-lo melhor. — Principalmente onde? — Provoquei.

Vittorio deu um meio sorriso, e se curvou; seu nariz quase se


encostando ao meu. — Toda a parte do seu corpo é principal. — Ele afastou
seu rosto e continuou a me encarar.

Merda!

Como ele consegue me seduzir tão facilmente?!

Arqueei minha sobrancelha direita e dei dois passos para trás. Olhei
Vittorio de cima a baixo, enquanto passava a língua no meu polegar, seus
olhos seguiam o movimento, mas o interessante é que ele continuava ali,
parado, obedientemente. Joguei meus cabelos para trás e ergui meu queixo.
— Se agache e tire seus sapatos e meias. — Vittorio juntou suas
sobrancelhas, mas rapidamente se agachou, e começou a se desfazer do
sapato do pé direito. Caminhei até ele e parei ali, bem na sua frente.

Eu não sabia o que estava prestes a fazer, mas faria! Para o meu prazer
e o dele, também. Apoiei meu joelho no seu ombro esquerdo e senti Vittorio
se paralisar, mas também rapidamente continuou sua tarefa. Sorri de olhos
fechados e passei minhas mãos no meu pescoço, descendo até os meus seios,
estimulei meus mamilos e os belisquei, deixando-os duros e no ponto certo.
Depois disso, desci minhas mãos em minha barriga, e uma delas foi para o
meio das minhas pernas. Quando toquei no meu clitóris, soltei um gemido
baixo.

— Belarmina... — Abri meus olhos e olhei para baixo, onde o rosto de


Vittorio estava a centímetros da minha vagina. Seu olhar era de puro desejo, e
ele não sabia se me olhava ou olhava para minha mão, que me masturbava.

— Você quer me tocar aqui? — Perguntei com um sussurro ofegoso.


Vittorio respirou fundo e assentiu. — Quer me chupar também?

— Quero. — Respondeu.

Soltei uma risada excitada, gemi quando enfiei dois dedos, para dentro
de mim. Subi minha outra mão até meu seio, apertando-o firmemente. —
Termine de tirar suas calças, mas ainda abaixado no chão. — Disse ofegante.
Vittorio abriu seu cinto e o botão da calça, sem desviar seus olhos de mim,
ele abaixou a calça, e habilidosamente tirou a roupa de uma perna e depois da
outra. Em seguida jogando-a para longe. — Bom garoto, entendeu que eu o
queria de cueca. — Sussurrei.

Vittorio sorriu torto e olhou mais uma vez para minha parte íntima. Ele
estava se controlando para não enfiar sua cara no meio das minhas pernas, eu
podia ver isso. Continuei bombeando meus dedos para dentro e para fora da
minha boceta, soltando pequenos e baixos gemidos. Meu joelho ainda estava
sobre o ombro de Vittorio, e eu sentia sua tensão em saber que não poderia
me tocar. Depois de alguns minutos, abri meus olhos e tirei meu joelho de
cima de seu ombro. Vittorio me encarava com brilho em seus olhos, como se
fosse um garotinho parado na frente de um pote de doces, mas que estava
proibido de tocar.

Isso mesmo, baby...


Quando tirei meus dois dedos, de dentro de mim. Deixei-os na frente
do rosto de Vittorio, a pele brilhando pela minha sucção. — Chupe-os. —
Ordenei.

Seus olhos olharam de mim para meus dedos na sua frente. Ele me
olhou mais uma vez, no mesmo instante em que abriu sua boca, engolindo e
chupando meus dedos, às vezes eu sentia seus dentes arranhando minha pele,
o que me fazia gemer. Vittorio fechou seus olhos e quando lamberia meus
dedos, me afastei rindo.

— Calminha senhor Gratteri. — Vittorio soltou uma respiração dura e


me olhou. — Quero que você me chupe, mas não pode me tocar.

— E se eu tocar? — Perguntou apertando os olhos, desafiando.

Andei tranquilamente até a nossa cama e me sentei nela, apoiei minhas


mãos sobre o colchão e abri minhas pernas. Os olhos de Vittorio se
paralisaram bem aonde eu queria que ele observasse. — Não vou deixar que
me foda e também, que não goze. — Pisquei. — Você não quer isso, quer?
— Perguntei docemente, passando meus dedos na vagina. Vittorio trincou
sua mandíbula e balançou a cabeça em negativa.

— Não, Belarmi...

Levantei minha mão, interrompendo-o. — Me chame de minha deusa!


Entendeu? — Ele assentiu e sorri. Estava gostando muito daquilo. — Agora
venha me dar prazer. — Vittorio estava prestes a se levantar do chão, quando
soltei uma risada. Ele me olhou confuso. Ah querido... — Eu disse para vir
me dar prazer e não para se levantar, meu cachorrinho. — Ele me olhou
surpreso e por um momento senti que exagerei nisso.

Que se dane! Você quem está mandando!

Arqueei minha sobrancelha direita, esperando um questionamento. Mas


Vittorio fez o que ordenei, ele colocou seus joelhos de volta ao carpete
escuro, e veio engatinhando em minha direção, seus olhos estavam em brasa
com desejo em querer me ter. Quando Vittorio estava diante dos meus pés,
ele aproximou rapidamente seus lábios da minha carne exposta, mas segurei
seu rosto agilmente. Vittorio soltou um rosnado e me encarou.

— Por favor. Eu quero você. — Implorou com sua voz grave.

Mordi meu lábio inferior e sorri. — Como é bom ouvir você


implorando, para mim. — Sussurrei. Curvei-me até o seu rosto e passei a
língua no canto dos seus lábios. Vittorio soltou uma respiração e fechou os
olhos quando me afastei. — Me peça perdão. — Ordenei com uma voz
confiante. Ele abriu os olhos e me encarou, ainda de joelhos na minha frente.

— Me perdoe.

— Seja mais convincente. — Sussurrei, acariciando sua barba.

Vittorio olhou no meio das minhas pernas separadas e depois para mim.
— Por favor, minha deusa, me perdoe pelo erro que cometi. — Aquilo tinha
convencido até um morto! Abri um largo sorriso, e passei meu dedo em seus
lábios entreabertos. Vittorio soltou um gemido baixo e suspirou. As pupilas
de seus olhos estavam dilatadas, e era exatamente assim que o queria.
Faminto. Desesperado por mim!

Tirei meus dedos da sua boca, e depois os passei nos meus lábios. —
Um assassino mafioso, ajoelhado na minha frente e implorando perdão. —
Sussurrei. — O que eu faço com você, Sr. Gratteri? Me peça o que você quer.

Ele olhou com sensualidade para mim e respondeu. — Eu posso chupá-


la?

— Pode, mas sem se tocar ou tocar em mim. — Quando terminei de


dizer, Vittorio aproximou sua boca da minha boceta bruscamente, mordendo,
chupando, lambendo, enquanto nós dois gemiamos alto. Segurei seu cabelo
na minha mão e o incentivei a ir mais rápido. — Olha só, como você está se
segurando para não me tocar. Talvez eu amarre você? — Vittorio soltou um
grunhido, e balançou sua língua habilidosa dentro de mim. Estava muito
bom, e eu odiava meu corpo por se entregar tão facilmente. Eu sentia o
orgasmo querendo chegar com força total! Levantei uma perna, apoiando o
pé no colchão e soltei um gemido alto, os olhos de Vittorio não saíam de mim
e eu, estava hipnotizada com sua língua entrando e saindo, girando e sugando
minha vagina para dentro da sua boca.

Apertei os lençóis com força e rebolei, sentindo todo aquele tesão


querendo explodir. Vittorio sentiu meu corpo se entregando então, me
segurou pela cintura e puxou-me com força.

— Não! — Repreendi ofegante, puxando seu cabelo. — Vittorio, não


estrague nosso jogo! — Ele soltou uma risada abafada e afastou suas mãos de
mim. Empurrei seu corpo com os pés e comecei a me masturbar. — Não ouse
se aproximar! — Gemi entre lufadas de ar. Ele ficou no chão me olhando
com desespero, estava maluco para me tocar. Estimulei rapidamente meu
clitóris, sentindo que estava chegando.

Vittorio me encarava. — Por favor...

— Não! — Eu sentia a luxúria misturada com sonolência, leveza. Olhei


para Vittorio ali, parado, sobre o chão completamente disposto para me
satisfazer. Quando senti meu coração bombear mais rápido, chamei. —
Agora! — Vittorio puxou minhas pernas e me chupou, quando gritei, me
balancei e gozei dentro da sua boca. O orgasmo tinha sido tão bom, que só
tinha notado depois, que três dedos do Vittorio estavam dentro de mim,
depois, me joguei na cama e fechei meus olhos, para recuperar o fôlego. Eu
estava gostando daquilo, de dominar, mas tinha que confessar. Adorava
quando Vittorio dava as ordens.

Abri meus olhos e me sentei na cama, me surpreendi com Vittorio


ainda ali, ajoelhado. Seus olhos estavam sobre mim, implorando. Levantei-
me da cama e parei na sua frente, toquei no seu rosto e me controlei para não
ordená-lo a me beijar, eu ainda estava brava com ele, mas respeitaria suas
decisões acima de tudo. Passei meu polegar em seus lábios, e vi em seu olhar
que ele sabia o que eu mais queria dele. Beijá-lo. Mas ele não disse nada.

Tirei minha mão de perto dele e suspirei. — Deite-se na cama. —


Vittorio se levantou com confiança e passou por mim, indo se deitar na cama.
Olhei para trás e o vi já deitado no meio do colchão, por baixo de sua boxer
preta da Calvin Klein, o volume, completamente duro para mim. Mordi meu
lábio inferior e parei perto da cama. — Apóie a cabeça com as mãos. —
Vittorio fez o que pedi e me olhou atentamente. Observei seu corpo e
suspirei, ele não era do estilo bombado como os mafiosos da Família
Gambino, mas era musculoso com um corpo firme de dar inveja. Qualquer
mulher cairia aos encantos de Vittorio, não podia negar isso.

Subi na cama e engatinhei para cima dele, montei no seu corpo e


rebolei em cima do seu pau ereto. Vittorio rosnou entredentes e levantou sua
pélvis em minha direção, abri um sorriso largo e me curvei, colocando
minhas mãos em cada lado perto da sua cabeça. — Eu estou pensando em
muitas coisas más para fazer com você. — Sussurei, olhando em seus olhos.
Vittorio juntou suas sobrancelhas e olhou meus lábios.

— Não esqueça que aqui não é uma sessão de O Império dos Sentidos e
eu já ganhei o meu perdão. — Lembrou, dando uma piscadela. Soltei um
suspiro e me endireitei no seu colo.

Passei minhas mãos no seu peitoral tatuado. — E também não esqueça


que você ainda não gozou. — O rosto de Vittorio de risonho, se transformou
em uma carranca, me fazendo rir. — Agora. Vamos explorá-lo. — Me
abaixei e beijei seu pescoço, sua respiração estava começando a ficar mais
pesada, a cada toque dos meus lábios em sua pele. Beijei seu peito e fui indo
mais para baixo, Vittorio estava fechando os olhos com força e suas mãos
ainda por trás da sua cabeça. Quando cheguei perto da sua cueca, segurei o
elástico e puxei um pouco para baixo, liberando sua masculinidade
extremamente dura, pulsante e vermelha.

Ah que delícia...
Olhei para cima e me deparei com Vittorio me observando, com um
olhar excitado. — Continue me olhando. — Sussurrei. Segurei seu pênis
ereto, delicadamente em minha mão e beijei sua ponta. Vittorio soltou um
som másculo e senti seu corpo relaxar. Levantei minha mão para cima e para
baixo lentamente, passando o polegar na ponta e espalhando o brilho em todo
seu pau. Abaixei minha cabeça, sem desviar meus olhos do dele e engoli seu
pau, Vittorio jogou a cabeça sobre o travesseiro e soltou um gemido baixo,
continuei chupando lentamente e deixando minha saliva se espalhar pelo seu
pênis. Lambi toda a extensão e circulei a ponta com a minha língua, deixando
seu corpo se contorcer devagar abaixo de mim. — Está gostando? —
Perguntei e beijei suas bolas, Vittorio soltou um grunhido e não respondeu.
Não precisava, estava nítido que ele curtia isso.

Segurei suas bolas em minha mão, massageando-as até que inchasse,


não demorou muito, pois já estavam prontas e aquilo quase me fez sorrir.
Vittorio estava muito afetado, por mim.

Seus olhos se voltaram sobre mim, quando passei meus lábios e língua
no seu pênis, a textura era delicada, deliciosa em minha boca. A cada toque
que lhe dava, Vittorio se mexia e fazia um som erótico. Engoli todo seu pau
para dentro da minha boca, deixando até que batesse na minha garganta.
Gemi com a sensação e chupei devagar, não forte. Não queria machucá-lo.
Vittorio respirou ofegante e gemia sem parar, um gemido baixo e provocador.
Suas pernas, às vezes, balançava-se no momento em que ele fazia uma careta
de dor, eu podia ver e sentir com a minha boca. Ele estava chegando.

Seu pau se contraiu dentro da minha boca, prestes a se libertar, mas


rapidamente parei o oral e comecei a beijar sua virilha e barriga, para aliviar
seu tesão. — Bela... — Gemeu Vittorio, seus olhos suplicavam por mim. E
era uma deliciosa visão de apreciar. Comecei a masturbá-lo lentamente e
joguei meus cabelos de lado.

— Bela? Você ainda não aprendeu, hein! — Me curvei novamente e


chupei seu pau, sempre passando a língua por toda a extensão, principalmente
a ponta. Levantei meus olhos para ele e sussurrei. — Fique a vontade para
gozar, Sr. Gratteri. — Vittorio me olhou ofegante e tombou a cabeça sobre o
travesseiro, quando senti seu pênis se contrair. Seus gemidos altos se
misturaram com seu orgasmo, que penetrava minha boca. Quente e delicioso.

Você é uma vadia, baby...

Mas uma vadia com um tesão de companheiro. Chupei forte o pau de


Vittorio, sentindo seus jatos de sêmen entrando pela minha boca e
umedecendo meus lábios. Depois disso, ouvi Vittorio respirar alto e soltar um
último gemido. Ajoelhei-me no colchão e lambi meus lábios, encarando
Vittorio. Ele respirava ofegante com seus olhos fechados. Olhei para baixo e
vi que ele estava meio ereto.

— Como se sente? — Perguntei a ele.

Vittorio respirou profundamente e abriu os olhos, para me responder.


— Muito satisfeito. — Sorriu. — Porém, eu também quero...

— Ah não. — Interrompi e saí de cima da cama. Vittorio se apoiou nos


cotovelos e me olhou. — Quem tem que querer algo sou eu, aliás, estou
faminta e deve ser a hora do almoço. Está livre, meu querido. — Tentei
segurar meu riso, quando vi a cara de espanto de Vittorio. Entrei diretamente
em nosso banheiro e fui até o chuveiro, ligando-o.

Quando estava prendendo meus cabelos, Vittorio entrou no banheiro


bravamente. — Estou... livre? Belarmina, isso era pra ser apenas um jogo de
prazer e você, na maior parte improvisou do modo errado. — Ele soltou um
suspiro e continuou. — Sei que não conhece a dominação, mas... entre um
casal há sexo. — Ergui meu queixo e caminhei lentamente, até parar bem
perto dele. Vittorio me olhava sem piscar, me desafiando.

— Você tem razão, mas quem faz as regras sou eu. Você que me deu
esse poder, Sr. Gratteri. — Esclareci sussurrando. — E tem mais, eu
perguntei como você se sentia e você me respondeu que estava muito
satisfeito, então. Terminamos o que queríamos, agora vou tomar um banho.
— Eu queria mais do que ele, senti-lo dentro de mim. Mas estava brava com
Vittorio e queria a todo custo, frustrá-lo! Mesmo que sobrasse para mim.
Quando entrei debaixo do chuveiro, ele continuou ainda parado me olhando,
em seguida suspirou, trincando a mandíbula e saindo do banheiro. Contive
uma risada e pulei por dentro. Eu sei que não fiz cem por cento o que ele
gostava e queria de mim, mas fiz o que me deu prazer e isso era o que mais
importava.

****

Nosso almoço tinha sido silencioso, eu estava radiante e relaxada,


porém, Vittorio, com uma carranca e se alimentando em silêncio. Depois da
sobremesa, ele disse que precisava voltar ao trabalho e se despediu, dando
um beijo em minha testa, o que me surpreendeu. Vittorio nunca se despedia
quando saia de casa, e aquilo me deixou confusa. Muito. Quando a noite
tinha chegado, ele não apareceu para o jantar, mas eu já imaginava isso, pois
ele tinha perdido toda a manhã.

Já era quase 01h00 quando Vittorio chegou, eu estava no quarto, lendo


um livro, quando a porta se abriu. Ele me olhou franzido a testa, já retirando
seu paletó. — Por que está acordada? — Perguntou indo até o closet. Fechei
meu livro e o coloquei em cima do aparador de madeira escura.

Vittorio apareceu no quarto e o respondi. — Estava sem sono até agora.


— Ele assentiu para mim, enquanto caminhava até o banheiro. Vittorio
calado?! Isso é definitivamente o fim dos tempos — Você tá bem? —
Perguntei. Ele levantou suas sobrancelhas e deu de ombros.

— Melhor do que nunca. Vá descansar. — Com isso ele fechou a porta.

Soltei uma bufada de ar e me deitei na cama. Eu tinha conseguido


deixá-lo frustrado pela falta de sexo, mas percebi que tinha exagerado.
Quando Vittorio saísse do banheiro, eu estaria a sua espera e pronta para
entrar em ação!

****

Acordei com o piano sendo tocado. Tirei meu cabelo bagunçado de


cima da minha cara e me sentei sonolenta na cama. Merda! Eu tinha caído no
sono! Praticamente entrado em uma porra de hibernação! Soltei um bocejo e
pulei da cama indo até o banheiro, achei que tinha babado em algum instante
durante o sono e agradeci por Vittorio ainda estar acordado! Depois de fazer
o que precisava, saí do quarto e fui até a biblioteca.

Chegando, abri a porta e encontrei Vittorio tocando, ele tinha acendido


a lareira, o que deixava a iluminação mostrar seu perfil sombrio. Fechei a
porta com cuidado e andei em sua direção. Quando parei perto do piano,
Vittorio não me olhou e continuava a tocar solenemente. Eu não iria
interrompê-lo, adorava vê-lo tocar com tanta paixão, era gratificante. Alguns
minutos tinham-se passado, quando seus dedos tocavam as últimas notas de
uma música, Vittorio esticou seus braços em cima da tampa do piano e me
olhou. — Acordei você? — Perguntou sussurrando. Sorri pequeno a ele e
cruzei meus braços.

— Na verdade, eu nem queria ter dormido. — Suspirei.

Vittorio franziu o cenho. — Por que não? — Perguntou.


Afastei-me do piano e tirei minha camisola longa, o semblante confuso
de Vittorio tinha se dissolvido e foi substituído por desejo, quando me olhou
nua na sua frente, parei ao seu lado, e seus olhos me avaliaram de baixo para
cima. Vittorio afastou o banco preto en que se sentava, para que eu pudesse
chegar mais perto. Parei entre suas pernas e segurei seus ombros com as
mãos, para me sentar no seu colo. Meu coração se acelerava furiosamente e
sentia a adrenalina me preencher.

Vittorio segurou minha cintura, levantando suas mãos em minhas


costas, subindo e descendo seus dedos em minha espinha, deixando minha
pele arrepiada. Soltei um gemido e beijei seu pescoço. — Tenho permissão?
— Perguntou Vittorio com a voz rouca. Olhei em seus olhos, não entendendo
sua pergunta. Até que tinha percebido, que Vittorio pensava que estávamos
ainda naquele jogo.

— Não estamos jogando, Vittorio. Vamos ser nós mesmos dessa vez.
Somente essa noite. — Declarei sussurrando e acariciando sua barba. Vittorio
assentiu para mim e envolveu minha cintura com um braço, com a sua outra
mão livre, ele abaixava sua calça de dormir. Olhei para baixo no instante em
que seu pênis saltava livre e duro. Não esperei que ele me guiasse, me ergui
um pouco e segurei seu pau na minha mão. Olhamos-nos olhos quando desci
lentamente, sendo invadida pelo seu membro duro, Vittorio segurou meus
quadris e gemeu, quando tinha entrado completamente em mim. Segurei mais
uma vez seus ombros e comecei a cavalgar, lentamente, pois eu queria senti-
lo mais que tudo. Gemi alto, quando Vittorio me empurrou em direção a seu
pau, com força, fazendo tocar em uma parte mais que sensível, abri meus
olhos e fitei seus olhos escuros. Eles eram lindos, aquele olhar me deixava
tímida, corajosa, sensual e desejada. Um olhar que toda mulher merece
receber de um verdadeiro homem!

Passei minha mão na sua, impedida de me controlar. Aproximei minha


boca da sua, mas Vittorio foi mais rápido e desviou seu rosto, beijando meu
pescoço e depois meu seio, chupando meu mamilo. Joguei a cabeça para trás
e comecei a cavalgar com mais firmeza. Eu estava completamente
hipnotizada naquele momento, querendo todo o pau de Vittorio dentro de
mim. Suas mãos grandes apertavam cada vez mais minha cintura, e me
levantava de cima para baixo. Encostei minha testa na sua, que estava suada e
soltei um gemido, a luz do fogo, mostrava os lábios entreabertos e perfeitos
para serem beijados. Eu queria tanto...
— Bela... — Gemeu Vittorio, movendo seu corpo junto com o meu.
Deus. Ele sabia mesmo foder! Rebolei em cima do seu pau, nos fazendo
soltar um gemido sincronizado, até que nossos olhares se encontraram. Eu
nunca tinha visto aquele olhar em Vittorio, era caloroso e... — O que você
está fazendo, Bela? — Perguntou com as sobrancelhas unidas e a voz
apertada.

Acariciei seu rosto e continuei a cavalgar, eu não tinha entendido sua


pergunta, mas me distraí quando senti meu orgasmo se construindo
furiosamente. — E-eu vou... gozar... — Vittorio me envolveu com um dos
seus firmes braços e com a outra mão, segurou meu pescoço. A penetração
ficou mais rápida, fazendo com que eu envolvesse a cintura de Vittorio
também, mas com as minhas pernas. Mordi meu lábio inferior, enquanto
Vittorio bombeava cada vez mais forte e deliciosamente, eu queria prolongar
aquilo, durar mais para ele, mas o meu corpo se entregou. Apertei minhas
coxas em volta de Vittorio, e soltei um grito misturado com gemidos, quando
gozei. Continuei cavalgando até a última gota do orgasmo, quando então,
Vittorio fechou seus olhos e encostou sua testa na minha.

Seu grunhido másculo se espalhou pela sala aconchegante, e seu


orgasmo me invadia as pressas, me deixando mais molhada.

Quando tínhamos voltado a terra, desaceleramos o ritmo de nossos


corpos, mas continuamos abraçados. Nossas respirações eram apenas lufadas
cortadas e nossos suores se misturavam. Fui a primeira a abrir meus olhos,
segurei o rosto de Vittorio entre minhas mãos e o chamei. — Vittorio? — Ele
continuava com seus olhos fechados e respirando ofegante. — Vittorio, olhe
para mim. — Pedi, acariciando sua barba, mas ele não o fez. Eu sentia que
algo tinha mudado; que algo tinha acontecido ali. Não foi mais uma noite
qualquer de sexo. Aquilo foi mais que isso, eu podia sentir e Vittorio
também.

Soltei um suspiro e envolvi seu pescoço com meus braços, escondi meu
rosto sobre um deles, apenas deixando meus olhos a vista, pois sentia uma
necessidade absurda de chorar, porém, não o fiz. Vittorio respirou fundo e
então, senti seus braços me envolverem e sua cabeça se encostar sobre mim.
Eu queria perguntar o que estava acontecendo naquele momento, mas não
precisava. Nós dois sabíamos e teríamos que dar um jeito de afastar aquilo.

Fechei meus olhos e pensei.

Mas eu e Vittorio queremos afastar? Ele quer?!

Eu não sabia. E não ousaria em perguntar.


CAPÍTULO
21
Bons sonhos...
VITTORIO

Estou diante da grande mesa de jantar dos De Luca, vários convidados


estão sentados, falando sobre algo que eu deveria prestar atenção. Mas não
consigo. A criatura em minha frente me atrai. Muito. Como se fosse uma
eletricidade puxando meus olhos e minha atenção para ela. Lorena conversa
com uma das esposas dos capitães, sentada ao lado dela. Ela sorri animada e
sempre concorda com sua cabeça, sempre gentil. Mas desde que chegamos à
casa de seus pais, ela não tem dado muita atenção para mim, e isso me frusta.
Muito. Sempre quero toda atenção de Lorena, não suporto a ideia de dividi-
la. Bom, digo em dois sentidos. Ela sabe de meus gostos... qual a palavra que
ela usou na semana passada..? Ah! Claro...

Peculiar.

É o que ela acha, mas eu não. A lembrança me faz sorrir e tenho que
fingir que estou passando a mão na barba, quando olho para cima, eu vejo os
mais belos pares de olhos me observando curiosamente. Cor de mel. A mais
linda. Admiro cada parte do seu suave rosto, nariz fino e arrebitado, lábios
um pouco fino em cima e mais carnudo embaixo, rosto fino e feminino. E
aqueles olhos que me deixam estático, aqueles olhos fazem com que eu me
sinta vulnerável, o que é uma novidade. Lorena arqueia uma de suas
sobrancelhas finas e sua boca se puxa para o lado, um sorriso se forma. É aí
que não ouço absolutamente mais nada! Eu sinto como se estivesse somente
nós dois naquela mesa, naquele cômodo, naquela casa, nesse mundo.

E isso faz com que eu perca o fôlego. Eu a amo; sei disso. Estamos
casados apenas há dois meses. Mas hoje, nesse jantar eu tive a certeza
definitiva. Eu amo Lorena Gratteri. Amarei para sempre.

****

Olho para o lado e a primeira coisa que vejo, é o mundo lá fora. Estou
na sacada do meu quarto em uma tarde ensolarada. Hoje, mais uma vez, dei
uma bela desculpa a Fellipo somente para ficar com Lorena, eu detestava
imaginá-la nessa casa, completamente sozinha sem mim. Quando viro minha
cabeça para o interior da suíte, encontro Lorena na frente da bancada da
cozinha, vestida em um avental para proteger suas roupas e mexendo uma
colher de pau dentro de uma vasilha branca. Puxo uma das banquetas e me
sento, para apreciar o momento.

— Se não me falha a memória, me lembro de certo alguém dizer que


não sabia cozinhar, nem mesmo fritar um simples ovo. — Falo em voz alta e
com provocação.

Lorena para de mexer a colher e olha para o lado, em minha direção. —


Bater a massa de um bolo, não significa saber cozinhar, seu enxerido. —
Resmunga e faz uma linda careta. Tento segurar minha risada.
— Raiva?

— Sarcasmo. — Sorri ironicamente Lorena.

Levanto-me da banqueta e dou a volta na ilha da cozinha clara. Lorena


escolheu tudo quando nos casamos, minha casa era totalmente escura, eu
gostava. Mas ela não, então agora há tanta claridade por cada cômodo que
passo, que possivelmente ficarei cego daqui a alguns anos. Quando chego
perto dela, paro atrás de seu corpo e abraço sua cintura com meus braços.
Apoio meu queixo no seu ombro esquerdo, e noto que Lorena está
preparando um bolo de cenouras.

— Acho que precisa de um pouco mais de trigo. — Murmuro


provocando-a. Lorena balança a cabeça em negativa, então continuo. — Na
verdade, o que precisa mesmo é de...

— Fala sério, Vittorio! — Exclama, dando uma cotovelada em meu


estômago. Solto uma gargalhada e quando Lorena está prestes a me atingir
com a colher de pau, seguro seus pulsos finos e a puxo com força até que se
colida contra mim.

Empurro-a até a bancada, e em seguida a levanto e sento Lorena no


granito, seu olhar ainda é de bravura. — O que precisa mesmo é de um pouco
de Lorena. — Sussurro perto dos seus lábios. Solto um dos seus pulsos e
seguro sua nuca, puxando-a para um beijo. Chupo sua língua com força,
fazendo com que solte um gemido delicioso. Ela é deliciosa, me deixa
insaciável, sempre querendo mais e mais. Nunca me canso de tê-la em meus
braços, de sentir seus toques, sentir seu corpo tentador.
Arranco seu avental com uma mão e depois tento abrir sua blusa
branca. Eu beijo seu pescoço, sua boca, sua orelha, qualquer parte dela é mais
que bem-vinda para mim. Consigo abrir os primeiros botões e seu sutiã de
renda da cor preta aparece, assim como as curvas de seus seios. Eu os adoro,
são grandes. Deliciosos. Tento puxar um para fora do sutiã quando Lorena
sorri ofegante e espalma sua mão sobre os seios.

— Nem pensar! Não vamos transar na bancada da cozinha! — Ri mais


uma vez e me empurra para descer.

Olho faminto para ela e choro mentalmente pela dor que começa a
crescer no meu pau. — Lorena! Você vai gostar, é maravilhoso. — Asseguro,
apertando com a mão meu pênis, escondido pela calça, tentando aliviar.

— É nojento, não somente nós, mas os empregados e alguns soldados


se alimentam sentados aqui e com suas refeições em cima dessa bancada. —
Explica enquanto termina de arrumar sua blusa, Lorena olha para mim e sorri
quando vê minha mão sobre a calça. — Tente se acalmar Sr. Gratteri e eu
prometo que vou compensá-lo. — Aperto meus olhos em sua direção,
fazendo-a rir mais.

Solto um suspiro e pergunto. — Compensação do tipo... anal?

— Você é incrivelmente nojento. — Diz Lorena, revirando os olhos.


Solto uma risada e chego mais perto dela, dessa vez delicadamente a puxo e
acaricio seu lindo rosto.
— Sabe que eu faço o que você quiser, não é? — Sussurro.

Lorena toca em meu rosto, delicadamente e fecho meus olhos. — Sei. E


obrigada por colocar minhas necessidades acima das suas, eu te amo.

Aproximo meus lábios dos seus e a beijo com todo o meu amor. Por
ela.

****

Abro meus olhos e afasto meus lábios relutantemente dos de Lorena,


estamos dançando junto com os convidados. Hoje é uma noite importante, o
noivado de Carlos Barine e Lucrécia Bartolo. Ambos de Famílias diferentes,
o que, claro todos devem comparecer, bom, os mais importantes de cada
Família o que fez Demétrio também vir. Olho na direção do meu irmão e vejo
que ele dança com a prima da noiva. Luna Bartolo. Ela sorri muito e
Demétrio detesta isso, mas pela sua cara ele está fingindo bem, o que é
engraçado.

— O que é engraçado? — Pergunta Lorena.

Olho sorridente para ela e planto um selinho em seus lábios. — Anda


lendo meus pensamentos? — Aperto meus olhos.

Lorena ri para mim. — Só quando necessário; o que quer dizer todos os


dias. Na verdade, você é um livro aberto. — Balanço minha cabeça com um
sorriso escondido nos lábios. Essa mulher me leva a loucura. Lorena olha na
direção de Demétrio, que ainda dança com Luna, mas dessa vez os dois estão
bem grudados, ele dizendo algo no ouvido da garota iludida. — Será que é
essa? — Pergunta Lorena.

Eu sei o que ela quer dizer e sei que a resposta é não. Faço uma cara de
sarcasmo e rio baixo, para não chamar atenção. — Definitivamente não.
Demétrio não vai se casar tão cedo, acredite. Ele é o mais puto.

— Hahaha, que piada maravilhosa Sr. Gratteri. — Diz Lorena,


revirando os olhos. — Demétrio e Bernadir são os mais certinhos. Os com a
letra P são você e Lucco.

— Por que você não age como um ser humano? Não fale as primeiras
letras de um palavrão, fale o palavrão. Puto. — Provoco, dando uma
piscadela.

Lorena se engasga com uma risada e envolve meu pescoço com seus
braços, enquanto suspira. — Acho que você não me verá falando qualquer
palavrão, tão cedo. Sinto muito. — Confessa, fazendo um biquinho. Mordo
seu lábio inferior com meus dentes e solto uma risada.

— Você é estranha.

— E você também. Por isso nos amamos e nos damos tão bem. — Sorri
sem mostrar os dentes.

Balanço minha cabeça e também sorrio do mesmo jeito. — Até rimou.


— Pisco, fazendo Lorena rir. Ela olha para meu irmão mais uma vez e
comenta.
— Ele já tem 29 anos. Um peso vai cair nas costas dele.

Como se Demétrio se importasse com isso...

Solto um suspiro e dou um leve giro pelo salão de dança. — Ele não
vai se casar Lorena. Ele já deixou claro tanto para você, como para todos.
Demétrio vai apenas foder Luna essa noite e depois partirá de volta para Las
Vegas. Fim.

Lorena me olha e suspira. — Que horror Vittorio, mas infelizmente é a


verdade. Essas garotas se jogam fácil para cima dele.

— Compreende porque ele não se casa, então. — Finalizo. Demétrio


nunca se casaria com uma garota fácil da máfia, ainda mais sendo das Cinco
Famílias protegidas por ele. Demétrio odeia Nova York. Dou mais uma
olhada para ele e vejo que conseguiu a garota Luna, eles estão se despedindo
dos noivos e indo embora, seu olhar se cruza com o meu e ele arqueia uma
vez suas sobrancelhas, de modo cretino. Bastardo. Eu adoro esse cara.
Contenho uma risada e beijo a testa de Lorena. Nunca trocaria noites de
prazer com várias mulheres pela minha doce, e linda Lorena.

Quando olho para ela, Lorena está me observando com as sobrancelhas


unidas. Toco em seu rosto e paramos de dançar, no meio do salão. — O que
foi meu amor? — Pergunto preocupado.

Lorena sorri fraco e pousa sua mão sobre a minha. — Sempre irá me
amar? — Sussurra. Franzo o cenho para ela.
— Por que essa pergunta? Claro que vou sempre te amar.

— Até mesmo quando eu morrer? — Pergunta engolindo em seco.

Mas que droga está acontecendo?!

Seguro o rosto corado de Lorena entre minhas mãos, suas perguntas


eram estranhas naquele momento, para mim. Vejo que algumas pessoas estão
nos olhando, mas que se foda todos! Minha preocupação era outra.
— Está me assustando, Lorena. O que há? Alguém está te ameaçando...

Lorena balança a cabeça rapidamente e revira os olhos. — Não. Deus...


claro que não. Eu só preciso saber, somente isso. Não há com que se
preocupar, sabe que contamos tudo para o outro. — Tranquiliza. Pisco
algumas vezes e concordo. Ela tem razão, nunca esconderia nada de mim,
juramos sempre ser francos com o outro, para darmos certo. E está dando.

Acaricio sua bochecha com meu polegar direito e sussurro. — Vou


amá-la para sempre, na vida, na morte, onde for, eu sempre vou te amar.
Você é meu lar, Lorena. Você me deu vida novamente. Eu te amo, sempre
meu amor. Sempre. — Os olhos de Lorena brilham, enchendo-se de lágrimas,
ela solta uma risada e bate no meu peito com seu punho cerrado.

— Droga! Você vai me fazer chorar. — Ri entre lágrimas. Sorrio


abertamente e dou um selinho em sua boca, depois a abraçando
protetoramente.
Meus lábios estão encostados acima de sua cabeça, e balanço ela como
se fosse uma criança prestes a dormir. — Você disse um palavrão. —
Murmuro.

Lorena gargalha e envolve seus braços em minha cintura. — Droga não


é palavrão. —Diz com a voz abafada sobre meu paletó.

— Para você não. — Provoco.

Sua cabeça se ergue e seguro um sorriso. — Você é insuportável.

— E você é muito certinha. — Retruco.

Lorena solta uma risada e fica na ponta dos pés. Não se importando
com os curiosos, seus lábios próximos aos meus. — Por isso que nos amamos
muito. — Ri. Não consigo me controlar e beijo sua boca, com firmeza.
Quando me afasto, com os olhos fechados, respondo.

— Por isso que eu te amo.

****

Levanto minha cabeça das mãos e abro os meus olhos. Estou na


biblioteca ao lado do piano que Lorena me deu, há um ano. Olho pela janela e
vejo a neve caindo, solto um suspiro quando alguém bate na porta.

— Entre! — Falo, pegando meu copo de uísque em cima do piano e


bebendo o líquido quente. Manoella, minha empregada aparece com a porta
aberta e sorri fraco.

— Me desculpe Sr. Gratteri, mas a Sra. Gratteri... — Não espero que


ela termine. Levanto-me do banquinho e o empurro com o pé, para baixo do
piano.

Quando passo por Manoella, olho para ela dizendo. — Está começando
a nevar, vá para casa Ella, descanse e tome o dia de amanhã de folga. Você
merece. — A garota olha para as escadas, relutante e com tristeza. Mas ela
deve obedecer a seu chefe, sem mais. Ela suspira assentindo e se despede.
Vou para o pé da escada e fico ali, parado. Tomando a coragem para subir.
Passo as mãos no meu rosto e respiro fundo. Subindo de degrau em degrau,
até o quarto. Paro no largo e longo corredor, olhando para a última porta,
fechada. Continuo andando até lá, quando paro de frente a porta, apenas
seguro a maçaneta e encosto minha cabeça sobre a madeira escura. Respiro
fundo por duas vezes e abro a porta, lentamente.

Olho para dentro da suíte e meus olhos já caem diretamente sobre a


cama, onde Lorena está. Sentada no meio do colchão, encostada na cabeceira,
sempre tremendo. Sempre. Ela está com os cabelos úmidos, Manoella deu um
banho nela, mesmo hoje sendo minha vez de cuidá-la. Fecho a porta devagar
e fico ali parado, Lorena me olha franzida e seus olhos não param de piscar.

— Nã... nã... não conhe... conhe... — Como sempre, ela não consegue
falar, mas sei o que está querendo me dizer.

Eu não o conheço.
Engulo em seco com tanta força, que sinto minha garganta arder. Meus
pensamentos estão fragmentos, espalhados e sem saber o falar ou o que
imaginar. Esforço a todo custo minha voz, quero que ela saia e converse com
a mulher que um dia disse que me ama. — Lorena, eu sou seu marido. Não se
lembra? Você usa aliança. — Digo com carinho.

Ela tenta levantar as mãos, para procurar a aliança, mas sua


coordenação motora está de mal a pior. A porra da coordenação! Trinco
minha mandíbula e aperto a ponte do meu nariz com os dedos, aquilo me
deixa com tanto ódio que caminho às pressas até ela, me sentando na cama e
levantando seu dedo, com a aliança.

— CASADA, LORENA! CASADA! COMIGO! — Esbravejo com


raiva.
Quando olho para ela, está tentando se soltar e lágrimas escorrendo
pelo seu rosto.

Deus, eu sou um animal.

Junto minhas sobrancelhas e solto sua mão, mas não me contenho e


seguro seu rosto, ela está tão frágil que sinto medo de poder quebrar algum
osso. — Shhh... shhh... meu amor! Perdoe-me, por favor. Não sei o que deu
em mim. — Lorena apenas faz sons com a boca e tenta se esquivar de mim.
Colo minha testa sobre a sua e fecho os olhos, deixando as lágrimas caírem,
deixando que a escuridão me tome novamente. — E-eu te amo tanto, Lorena.
— Soluço alto, chorando cada vez mais forte. Sem saber o que fazer. O que
pensar, completamente perdido. Mais uma vez a escuridão me pegou.
****

— Os remédios são apenas para retardar a doença, Vittorio. E não para


curar. Não há cura. — Levanto minha cabeça e me vejo sentado na poltrona
da sala de estar, a psiquiatra de Lorena, Erica Morris está no sofá, diante de
mim.

Passo a mão sobre a barba e suspiro. — Como pude deixar isso


acontecer. Ela insistiu tanto para não jantarmos naquela droga de restaurante.
— Rosno baixo para não acordar Lorena. Erica me olha e balança sua cabeça
loira.

— Essas coisas são inevitáveis, aleatórias. Você não tem culpa. — Não
respondo, não sei mais o que dizer, na verdade. Então Erica continua. — Só
estou aqui para dizer, que parte dos medicamentos não está mais fazendo
efeito no organismo de Lorena. — Meu mundo para. Olho para ela e abro
minha boca, mas não sai nenhuma palavra. Elas estão perdidas, e não sei
onde devo encontrá-las. Não quero acreditar no que essa mulher me diz, não
quero acreditar em nada do que está acontecendo!

Aperto meus lábios com força e expulso as palavras. — O-o que quer
dizer...?

— Que ela não tem mais muito tempo, Vittorio. — Interrompe.

Olho para o lado e solto uma risada. — Você disse... você disse dezoito
meses, Erica! Dezoito! — Exclamo bravamente, me levantando. Mas Erica
continua sentada e falando sem parar. Sem parar!
— Já se passaram quinze meses, Vittorio! Eu não tenho mais o que
fazer! Lorena não reage aos medicamentos, ela não consegue mais falar,
andar, pensar, não reconhece mais ninguém e não consegue mais controlar os
movimentos do seu corpo! Você precisa aceitar, ela está sofrendo, Vittorio.
Lorena está morrendo aos poucos e você não quer enxergar e aceitar!

Solto um rugido de ódio e jogo a mesinha de centro para longe, fazendo


com que o vidro se quebre e espalhe pelo chão. — EU NÃO CONSIGO
ACEITAR QUE A PORRA DE UM JANTAR TENHA CAUSADO ISSO
NELA! É MINHA CULPA, MORRIS! MINHA! — Erica me encara de
olhos arregalados, sem saber o que dizer. Estou descontrolado, sentindo ódio
de tudo. Apenas querendo minha morte. Novamente. Passo a mão em meus
cabelos e me sento, desajeitado sobre o chão. Olhando para o nada. — Ela vai
morrer tão jovem... ela sempre quis filhos e eu sempre dizendo que não era o
momento certo. E-eu deveria ter feito isso, dado filhos a ela! Estou sozinho,
mais uma vez a vida levou o que mais amo e dessa vez é minha culpa. A
porra da minha culpa. — A sala fica em silêncio, apenas minha angústia,
tristeza e ódio estão gritando.

Ouço Erica se levantar e quando irá me dizer algo. Eu faço primeiro. —


Obrigado pelos seus serviços, Erica. — Me levanto do chão e passo reto, sem
olhá-la. — Deixarei seu dinheiro hoje à noite em sua conta.

— Vittorio! Como assim, eu não posso deixá-la, Vittorio!

Não dou ouvidos, apenas subo as escadas e vou para o quarto. Lorena
está dormindo, encolhida, tremendo sobre a cama. Tiro toda a minha roupa e
depois, vou até as cortinas, fechando-as. Deixando o quarto no escuro. Chego
até a cama e me deito, por trás de Lorena, que está de lado. Quando ela
dorme e eu ao seu lado, sempre me puxa para mais perto. Mas somente
quando dorme. Abraço sua cintura e puxo seu corpo de encontro ao meu,
facilmente. Ela solta um suspiro, e continua sonolenta.

— Não sei o que fazer. Não posso viver sem você aqui, ao meu lado.
Dependo de você, meu amor. — Sussurro contra sua cabeça. — Eu não quero
que vá, quero morrer no seu lugar. Você merece a vida, mais do que qualquer
um nessa máfia. Por favor, não me deixe voltar à escuridão. — Noto que
estou chorando, como um garotinho abandonado. Continuo chorando e
soluçando. — Lorena. Por favor, não me deixe voltar para lá. E-eu nã-não
tenho forças, meu amor. Por favor, fica.

Sinto seu corpo se mexer e paraliso, assim como meu choro. Ela se vira
de frente para mim e sua mão toca em meu rosto, limpando minhas lágrimas.

— Eu não irei para nenhum outro lugar. Meu lugar é com você. —
Abro meus olhos e vejo pela escuridão do quarto, olhos azuis, pele bronzeada
e cabelos loiros. O loiro mais brilhante. Belarmina me encara triste e tira com
seus pequenos dedos, as lágrimas do meu rosto. — Você que não pode me
deixar, por favor. — E para onde eu iria? Se todos os dias meus pensamentos
é apenas ela? Seguro o rosto de Belarmina, preciso beijá-la. Necessito do seu
gosto.

— Bela... — Fecho meus olhos e ela faz o mesmo. Quando aproximo


meus lábios, a escuridão toma a escuridão.
****

Puxei o ar de meus pulmões fortemente e me sentei na cama, eu não


conseguia respirar e meu corpo doía. — Vittorio, está tudo bem? —
Belarmina apareceu sentada ao meu lado, segurando meu rosto, para me
olhar. Suas mãos macias fazem com que eu me lembre do sonho. Sempre
aquele sonho, mas o final dele tinha mudado. Ela me olhou com preocupação
e acariciou minha barba. — Por favor, diga alguma coisa. — Pediu
sussurrando. Engoli em seco e passei a mão no meu cabelo suado.

— E-eu. Eu estou bem. — Mal reconheci minha voz. Fraca.

Belarmina me puxou pelo ombro, fazendo com que eu voltasse a me


deitar. Ela passou a mão no meu rosto e a olhei. — Você estava chorando.
Depois chamou meu nome. — Murmurou timidamente. Ela era incrivelmente
linda e respeitadora. Nunca me questionou de nada. Soltei um suspiro e
puxei-a para mim, fazendo sua cabeça se deitar em meu peito, e sua perna
esquerda se deitar sobre meu quadril.
Olhei para teto, vendo que o dia estava se levantando aos poucos. —
Não se preocupe com isso. Volte a dormir, está bem? — Belarmina ergueu
seu rosto para mim.

— Você vai voltar a dormir?

— Não. Eu... vou levantar daqui a uma hora. — Murmurei olhando em


seus olhos.

Ela assentiu sonolenta e então fechou os olhos. — Ok. — disse


suavemente. Fiquei alguns segundos olhando para ela, tentando descobrir o
que ela tinha feito, para que eu não pensasse tanto em Lorena. Ela era a
culpada por ter se deitado ao meu lado e depois, dormir abraçada em mim.
Por que ela fez isso? Eu deveria gostar?

Não!

Gritou minha consciência. Seria desrespeito a Lorena, o que estava


acontecendo já era demais. Não poderia deixar ir tão adiante... Mas algo
mudou entre mim e Belarmina, naquela biblioteca quando fizemos... amor?
Era essa a palavra? Eu deveria deixar ir adiante com isso? Olhei intensamente
para Belarmina, adormecendo em meus braços e suspirei. Mas será que ela
não quer ir adiante? Ter uma nova vida, ao meu lado?

Balancei minha cabeça com irritação e tirei essa ideia. O melhor seria
deixar as coisas como antes. Não poderia amar novamente. Eu não era digno
disso.
CAPÍTULO
22

Quando tinha acordado naquela manhã, Vittorio não estava mais lá.
Seu comportamento estava diferente desde que tínhamos transado na
biblioteca, depois da sessão de sexo, ele me tirou do seu colo e disse que iria
tomar um banho, pois estava cansado. E ele realmente estava! Quando tinha
terminado meu próprio banho e fui me deitar, Vittorio já estava em profundo
sono. Fiquei tão pensativa sobre o que tinha de fato acontecido na biblioteca,
que passei metade da noite acordada, observando-o adormecido. Até que o
ouvi chamar o nome da sua primeira esposa. Lorena.

Em todo instante ele dizia frases sem sentido, tais como: precisa de
mais trigo, ele é o mais puto, ou mesmo ele ria. Tudo isso enquanto dormia.
Claro, já dormi diversas vezes ao lado de Vittorio, mas ele nunca foi de falar
enquanto dormia; então, aquela noite tinha sido uma surpresa. Às vezes
parecia que estava triste, pois ele choramingava como um menininho, em
outras ele ria. Eu já tinha notado que Vittorio, estava tendo um sonho com
Lorena, mas quando o ouvi chamar meu nome. Fiquei paralisada. Ele tinha
sonhado comigo também.

E aquilo tinha me deixado tão feliz...

Soltei um suspiro baixo com meus devaneios. Hoje tínhamos uma festa
de noivado para ir, entre um capitão da Família e uma viúva. Mas como não
tinha visto Vittorio desde o início da manhã, não tinha ideia se iriamos a festa
ou não.

Estava dobrando minhas roupas quando alguém bateu na porta. —


Entre. — Falei. Joana, uma das empregadas entrou no quarto sorrindo, ela se
aproximou da cama e me disse.
— Desculpe incomodar, senhora, mas o senhor Gratteri pediu que se
preparasse para a festa de noivado.

Parei de dobrar uma blusa e olhei para ela, com a testa franzida. — Eu
achei que ele não iria. — Soltei um suspiro e me levantei. — Ele já está a
caminho? — Perguntei a ela. Joana me deu um olhar envergonhado e
balançou sua cabeça, de forma negativa. Ótimo. Esse Vittorio já estava me
cansando! A mulher pigarreou uma vez para me responder.

— Na verdade, ele disse que dois soldados a levariam até o local, foi
apenas o que ele disse senhora. — Murmurou. Trinquei minha mandíbula e
tentei não gritar, essa era a segunda vez que Vittorio fazia isso, a primeira foi
no restaurante em Buffalo e agora a festa de noivado! Tinha a certeza
absoluta de que ele não queria entrar no lugar, que seria a festa, junto comigo.
Estava fazendo de tudo para me evitar, e aquilo me deixou de mal a irritada.

Sorri para Joana e assenti. — Obrigada, Joana. — A mulher agradeceu


e depois pediu licença, quando ela estava prestes a sair do quarto, chamei. —
Joana, espere!

— Sim, senhora? — Disse-me com surpresa. Joana parou onde estava e


esperou.

Mordi meu lábio várias vezes, tentando abordar o assunto da forma


mais descontraída possível. — Hã... eu queria saber de algo, tenho uma
conhecida, que me disse que ouviu falar, dos criados antigos de Vittorio e
Lorena que eles eram ótimos, mas ela disse que não sabe onde achá-los, sabe,
ela quer que eles cuidem da casa. Ela se... admirou com o trabalho deles aqui.
Sabe me dizer se os conhecia? — Minha voz estava tranquila e nada mais.
Tinha notado que não chamei a curiosidade de Joana e isso era bom.

Ela pensou por alguns instantes, até que seu rosto se iluminou. — Oh,
sim! Bem, na verdade eu apenas sei de uma criada. O nome dela é Manoella,
ela cuidava da Sra. Gratteri. Bem, as duas eram bem próximas, pois Manoella
é alemã e a Sra. Gratteri era fluente na língua.

— Sabe me dizer onde ela está? — Perguntei. Isso era maravilhoso,


uma empregada próxima de Lorena. Joana assentiu sorrindo e continuou.

— Sim, sim! O que é uma grande coincidência estarmos falando de


Manoella. Ela vai servir essa noite no noivado do Sr. Casagrande com a Srta.
Bannolo, Manoella trabalha na casa da senhorita e será uma das serviçais. —
Oh baby, bote coincidência nisso!!! Arqueei minhas sobrancelhas, me
sentindo completamente satisfeita.

Sorri para Joana. — Ótimo! Obrigada mais uma vez, Joana. Quando eu
estiver indo, pode ir para casa. — Os olhos da mulher brilharam e ela sorriu
abertamente se despedindo. Quando estava sozinha no quarto, me sentei na
cama e respirei fundo. Hoje eu teria a oportunidade de saber mais sobre
Vittorio, de descobrir seu verdadeiro eu. Eu não poderia negar que algo
mudou na noite anterior e tanto eu como ele, deveria aceitar isso.

****

O salão do hotel Saint Regis já se encontrava com diversos mafiosos,


suas esposas, filhos e amigos. Eu estava parada na entrada do salão olhando
para todo o lugar, em busca de Vittorio. Soltei um suspiro baixo e passei a
mão no meu vestido vermelho midi, eu não tinha feito compras, então peguei
a primeira peça que chamou minha atenção. Tinha prendido meus cabelos em
um coque frouxo e baixo, e não exagerei na maquiagem.

Respirei fundo e tive que entrar no salão, pois algumas pessoas já


estavam me olhando e eu odiava aquilo. Pois eu sabia o significado de cada
olhar.

Olhem para a puta!

Essa vadia deveria morrer! Sujou o nome da Família...

Vittorio fez uma grande loucura em se casar com ela...

Eu não precisava chegar perto de algum deles, pois toda vez que
Vittorio e eu íamos a alguma festa social, casamentos ou noivados, eu
escutava mulheres murmurando sobre mim, quando eu passava. Nunca me
importei com as opiniões dos outros, não me importaria agora. O importante
era que Vittorio e eu sabíamos da verdade, ele sabia que eu nunca dormi com
nenhum outro homem, além dele. E na verdade, não tinha a intenção de fazer
isso, eu gostava... não, eu amava ter essa intimidade com ele.

— Bela? — Olhei para trás, quando vi Vittorio se aproximando. Ele


estava em um dos seus ternos e camisas pretas. Vittorio parou na minha
frente e se aproximou, beijando minha bochecha. — Está linda. Desculpe por
não ter chegado junto com você. — Esclareceu. Ele pegou minha mão e nos
guiou em direção ao centro do salão, onde os noivos estavam entre algumas
pessoas.

Eu queria conversar com Vittorio e não parabenizar pessoas que não


conhecia! Mas eu estava sacando qual era a dele. Vittorio ainda estava me
evitando.

Chegamos perto do casal e o primeiro que nos notou, foi Belmiro


Casagrande. — Vittorio Gratteri! — Exclamou e o puxou para um rápido
abraço e tapas nas costas, Vittorio sorria abertamente para ele. — Já faz
alguns meses que não o vejo. — Belmiro me olhou de cima a baixo e
continuou. — Aliás, até mesmo eu sumiria por algum tempo se tivesse uma
jóia perfeita dentro de casa. — Dei um sorriso duro e apertei a mão de
Vittorio. Ele me olhou, assim como a noiva de Belmiro fez.

— Belmiro, essa é minha esposa, Belarmina. E Bela; esse é o capitão.


— O homem segurou minha mão livre e se curvou para depositar um beijo.
Belmiro era um homem de meia idade com seus cabelos começando a ficar
grisalhos, mas ele tinha uma boa aparência e sorriso jovial.

Ele soltou minha mão e sorriu. — Quem não conhece Belarmina


Gratteri?
— Eu não. — Olhamos para a mulher que estava ao lado de Belmiro.
Ela estendeu sua mão para mim com um olhar metido. — Sou Sofie Bannolo.
Filha de Pietro Bannolo, soldado chefe da Família Gambino em Roma. —
Apertei sua mão uma vez e soltei rapidamente. Eu não gostava daquela
mulher arrogante, não sabia quem ela era, mas não gostava mesmo assim.

Antes que Vittorio abrisse sua boca, passei na sua frente. — Sou a filha
de Alessi Luchesse e Colomba Matarazzo. Neta de Nicolai Luchesse,
primeiro Capo da Família. E casada há quatro meses com um dos irmãos
mais respeitado da máfia italiana, Vittorio Gratteri, capitão de primeira e
segunda linha da Luchesse, também mercenário, e quando ele está a fim, é o
segundo conselheiro do Capo da Cosa Nostra. — Os três me olhavam
boquiabertos, enquanto eu sorria diretamente para Sofie. — Que grande
prazer em conhecê-la, parabéns pelo noivado.

Um silêncio tinha se alastrado entre nós quatro, enquanto os homens


não sabiam para onde olhar, eu e Sofie nos encarávamos bravamente. Se ela
queria arrumar inimigos por aqui, eu estaria correndo para ser a primeira da
lista. Segurei o braço de Vittorio discretamente e dei um olhar tedioso para
ele.

Ele segurou uma risada e se dirigiu aos noivos. — Então, quando será o
grande dia? — Perguntou finalmente. Sofie abriu um grande sorriso e lhe
respondeu, mas fui distraída por uma mulher que estava ao fundo do salão
arrumando os pratos sobre uma das mesas. E nos olhando. Não, olhando para
Vittorio.
É a garota chamada Manoella.

Sem sombra de dúvidas, pois ela não tirava os olhos de Vittorio.


Quando notou que eu estava a olhando, ela abaixou sua cabeça rapidamente e
saiu de lá. — ... É muito melhor no verão, você não concorda? — Vittorio me
olhou com as sobrancelhas arqueadas, esperando minha resposta. Mas não
dei ouvidos. Assenti para ele, sem desviar meus olhos por onde Manoella
tinha passado.

— Hã... me desculpem, mas eu preciso ir procurar uma pessoa. —


Murmurei.

Vittorio juntou suas sobrancelhas e perguntou em voz baixa. — Que


pessoa? — Saí andando apressadamente até a porta de madeira escura. Eu
não tinha tempo para ficar falando sobre merda de casamentos sem amor!
Quando cheguei até a porta, empurrei-a e entrei em uma belíssima cozinha,
os funcionários estavam a todo vapor, mas a maioria deles me olhava
surpresos. Caminhei pela cozinha a procura de Manoella, a garota tinha
evaporado e eu estava começando a desistir daquilo tudo.

Até que...

— Sra. Gratteri? — olhei para trás e Manoella estava parada, me


encarando.

Olhei em volta e alguns funcionários ainda estavam nos olhando. —


Desculpe. — Pedi sorrindo. — Você se chama Manoella? — Ela olhou para
os lados sem mexer sua cabeça e depois voltou a me encarar, seus olhos
desceram por todo o meu corpo, me avaliando. Ela respirou fundo e disse:

— Até que demorou muito.

Juntei minhas sobrancelhas para ela. — Demorei? — Perguntei


confusa. Manoella assentiu e olhou em volta mais uma vez.

— Você quer saber o que Vittorio não diz. Se é sobre isso, melhor
sairmos daqui. Há muitos bajuladores. — Murmurou enquanto olhava para os
empregados. Ela tinha razão, havia muitos abutres por aqui e qualquer
assunto seria delicado demais a discutir perto de todas as pessoas dessa
cozinha e também do salão. Avistei uma porta que levava para o lado de fora
do hotel e chamei Manoella, para que me seguisse. Ninguém tentou nos parar
e agradeci por isso. Saímos da cozinha e chegamos a um jardim simples com
luzes brilhando acima de nossas cabeças. Havia dois bancos brancos que
caberiam três pessoas em cada um deles.

Sentei-me no mais próximo e convidei Manoella a fazer o mesmo.


Quando ela se sentou ao meu lado, não esperei mais. — Me desculpe, eu não
queria atrapalhar seu trabalho. Mas você é a única que pode colocar os pontos
nos "is". — Confessei. Manoella me olhou simplesmente e abaixou sua
cabeça enquanto brincava com seus dedos, onde suas mãos descansavam em
seu colo. Ela era jovem, não passaria dos 24 anos e tinha de uma aparência
neutra. Cabelos castanhos abaixo dos ombros, pele branca, olhos pretos.

Manoella demorou alguns minutos para dizer algo, então continuei. —


Eu preciso saber o que realmente aconteceu com Lorena. Só você pode me
dizer, Manoella. Vittorio apenas me disse um resumo, mas acho que tenho o
direito de saber, saber sobre tudo. Sobre essa vida de Vittorio, que ele não
conta. — Esclareci. Manoella levantou sua cabeça e seus olhos escuros
estavam surpresos.

Ela abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Até que tomou coragem
para dizer.

— Eu achava que ele nunca falaria sobre isso. — Murmurou com um


suspiro. — Bem, eu... passei a morar com eles dois desde os meus 18 anos.
Eu tinha me envolvido bastante com Lorena, pois ela era a única que me
tratava bem. Vittorio também, mas ele trabalhava muito. Tínhamos nos
tornado amigas, eu contava tudo para ela e ela contava tudo para mim. Todos
estavam felizes até que o destino deu uma belíssima rasteira em todos nós.

Manoella engoliu em seco, como se estivesse se segurando para não


chorar. — Não tenha pressa. — A tranquilizei. Ela pigarreou e olhou para o
céu noturno, como se estivesse buscando forças.

— Era véspera do aniversário de casamento deles dois, e Vittorio


queria levar Lorena ao melhor restaurante de Hamptons. Ela não parava de
reclamar para ele nesse dia, dizendo que não queria ir porque era longe
demais, mas Vittorio era teimoso e a levou. — Manoella encostou-se ao
banco e olhou para suas mãos ainda descansando em seu colo. — Foi nesse
jantar que ela contraiu a encefalopatia bovina. Ninguém sabe ao certo se foi
nesse jantar, mas Vittorio garantiu a todos que Lorena não era de comer
carnes e nesse dia ela quis. Eu fui à primeira notar que ela não estava nada
bem. Lorena nunca foi uma pessoa nervosa ou agressiva, então quando esses
sinais apareceram, era a doença começando a fazer o efeito depois de um
mês. Um mês. — Murmurou a última frase.

Continuei calada, aquilo era de partir o coração, e fiquei imaginado


como Vittorio se sentia em todos os momentos ao lado da Lorena, adoecida.
Manoella balançou sua cabeça e continuou a contar.

— Ela começou a perder as condenações motoras, depois não


conseguia mais falar ou algumas vezes até mesmo ouvir. O que deixava
Vittorio devastado era quando Lorena teve perda de memória. Tanto ele,
como a família dela, ficaram péssimos. — Eu me lembrava disso, uma vez
minha mãe me levou até a casa para visitar Lorena. Ela parecia uma pessoa
louca com seus grandes olhos e seu corpo sempre tremendo. Ela não tinha
reconhecido minha mãe. — Então eu me ofereci a cuidar dela, o hospital em
que Lorena tinha convênio praticamente implorou para Vittorio que deixasse
levá-la para um profissional cuidar dela, mas ele recusou. Queria ela por
perto, pois ele sabia que seu tempo estava se esgotando.

"Fiz o meu melhor, eu cuidava de Lorena como se ela fosse uma


criança. Dar banho, vestir, alimentar, dar os medicamentos. Quando Vittorio
ordenava que eu fosse descansar por uns três dias, ele que cuidava dela. Mas
com ele era mais difícil, Lorena não gostava dele por perto, apenas quando
dormia. Eles dormiam juntos. — Manoella lambeu seus lábios e fechou seus
olhos, respirando profundamente. — Eu perdi as contas, das vezes em que
encontrava Vittorio chorando. Não porque eu queria, mas ele não se
importava, fingia que eu não estava por perto e escondia seu rosto entre as
mãos. Quando a psiquiatra de Lorena disse a ele, que ela não tinha mais
tempo. Vittorio passou um dia inteiro dentro da biblioteca, ao lado do piano
que Lorena deu para ele. O piano está lá? — Perguntou.
Soltei um suspiro baixo e demorei a responder. — É... hum... sim. Sim
está lá. — Murmurei.

Manoella deu um sorriso sem mostrar os dentes. — Sabia que ele o


manteria. — Ela me olhou e continuou. — Quando Lorena faleceu, foi
Vittorio que a encontrou. Eu estava ao quarto ao lado, quando ele começou a
gritar desesperadamente. Lembro-me que corri as pressas e meu coração batia
forte com medo, porque eu sabia o que iria encontrar dentro daquele quarto.
Quando eu entrei, Vittorio estava com Lorena em seu colo, ambos na cama, e
ele balançava o corpo dela como se estivesse botando ela para dormir. Eu
estava tão assustada que cai no chão e fiquei ali sentada perto da porta,
olhando aquela cena. Vittorio não parava de dizer a mesma frase. Eu não
quero me perder novamente. Foi de cortar o coração.
Mordi meu lábio inferior para conter as lágrimas. Em apenas ouvir
Manoella contando, eu sentia uma grande tristeza por Vittorio. Ela também
estava com um olhar tristonho, seus olhos estavam vermelhos de tanto
segurar as lágrimas, me aproximei um pouco mais e peguei sua mão direita,
segurando-a. Ela olhou para mim e piscou rapidamente.

— E Vittorio? O que houve depois da morte dela? — Perguntei em voz


baixa.

Manoella olhou para nossas mãos e disse. — Ele... não era mais o
mesmo. Os irmãos e o pai tinham que ficar de olho nele naquela época.
Vittorio não seguia mais as leis da máfia e isso deixava Demétrio Gratteri de
cabelo em pé. Eram muitas denúncias contra Vittorio, ele fazia questão de
provocar qualquer homem da máfia. Uma vez, ele acabou se envolvendo
numa briga feia e que acabou saindo perdendo. Vittorio estava bêbado e foi
até uma das boates da Família Genovese, eles são inimigos da Cosa Nostra e
das famílias protegidas. Então, Vittorio não parava de incomodar as pessoas
que estavam lá, ele não parava de dizer que era irmão de Demétrio e que
adorava matar italianos arrogantes, como os Genoveses. — Manoella me
olhou suspirando e balançando sua cabeça negativamente.

Ela continuou. — No início, os soldados que estavam por perto, não


deram importância para ele, porque viram que estava bêbado. Mas como
sempre, Vittorio sempre foi esquentado e empurrou os soldados, dizendo para
não tocar nele e que ele não iria embora. Bem, ele não ficou satisfeito apenas
com uma discussão boba, então partiu para cima de um dos soldados, que
eram iniciados.

— O que aconteceu em seguida? — Perguntei curiosamente.

Manoella fez uma cara de desgosto e espremeu seus lábios. — Um dos


filhos do mandante da boate, apareceu para intervir na briga e esfaqueou
Vittorio na barriga, ele arrastou a lâmina como se tivesse a intenção de abrir a
barriga de Vittorio. O mafioso estava em vantagem, pois além de Vittorio
estar ferido, estava bêbado. Então ele tentou acertar a faca no olho dele, mas
não conseguiu e acabou pegando acima da sobrancelha de Vittorio. Eu sei
que Demétrio interviu nessa confusão, ele teve que vir até Nova York para
conversar com o Capo da Genovese. — Manoella passou a mão em seu
cabelo preso e continuou.

— Eu lembro que Vittorio chegou durante a madrugada, abrindo as


portas de entrada da casa e chamando por Lorena. Eu e a outra empregada
saímos do nosso quarto, e corremos para lá. Encontramos Vittorio jogado no
hall de entrada deitado na sua própria poça de sangue, eu fiquei tão assustada
com o estado dele, que achei que Vittorio morreria. Ninguém sabia mais o
que fazer; como controlar ele. Bernadir, nunca estava presente e quando
estava Vittorio não ouvia o irmão mais velho, Demétrio estava mais que
ocupado em tentar conseguir dominar todo o território de Nevada e Lucco...
bom, Lucco era pior que Vittorio. Então todos acharam melhor que ele
passasse algumas semanas com seu pai, Ricco e sua madrasta. Ele não
protestou, ficou mudo enquanto todos diziam o que tinha que fazer.

"Nesse período em que Vittorio ficou na casa de seu pai, Ricco o levou
ao psiquiatra, pois pela primeira vez em sua vida, ele estava preocupado com
um dos filhos. Vittorio estava atormentado, fazendo coisas que não são
aprovadas pela lei de Deus e pela lei do homem, Sra. Gratteri. Ele matava por
diversão, ele dormia com mulheres noivas ou casadas, ele dormia até com as
filhas dos seus soldados, sendo que não era permitido, as garotas serem
trocadas até o casamento. Vittorio era uma ameaça tanto para si, como para
todos ao seu redor e aquilo o fazia rir em divertimento”. — Meus olhos não
piscavam, eu estava completamente entretida nas palavras de Manoella.

Estava descobrindo tantas coisas, que sentia um preenchimento em


minha cabeça, completando tudo sobre Vittorio.

Manoella respirou e contou. — Vittorio foi diagnosticado com


depressão e suicida. Ele era perigoso para si mesmo e aquilo deixou sua
família preocupada. Vittorio não aceitava essa parte dele se prolongar, ele
dizia que não poderia ser fraco, que não poderia distruir sua vida. Foi um
momento bem difícil para ele, o de aceitação, mas ele conseguiu. E ficou
melhor quando conheceu Alfred.

Franzi meu cenho. — Quem é Alfred? — Perguntei.

— Ele era um dos amigos mais próximo de Ricco Gratteri. Digamos


que era um braço direito dele. Alfred teve a ideia de levar Vittorio a casas
com nomes. Ele que apresentou essa vida a Vittorio. — Acrescentou.

Assenti para ela e perguntei. — E então?

Manoella se levantou do banco, soltando minha mão e fiz o mesmo.


Levantei-me e fiquei na sua frente. — E então que Vittorio voltou para casa
como um verdadeiro demônio, ele era mau, irreconhecível e qualquer coisa
que você fizesse e o desagradasse, ele castigava. — Oh meu Deus. Manoella
cruzou seus braços e não esperou que eu perguntasse dessa vez. — Ele nos
deixava sem comer por três dias seguidos ou então, ordenava que nos
deitássemos com alguns soldados dele, ou até mesmo quando havia reuniões
em sua casa, e alguns homens se interessarem por mim ou por Cristine.

— Oh meu Deus! Isso é horrível! — Sussurrei com horror. Mas a


garota apenas soltou uma risada baixa e balançou sua cabeça.

— Talvez sim, mas precisávamos do trabalho e se negássemos algo de


Vittorio, ele nos jogaria em algum prostíbulo. Eu não me importava com a
parte em que deveria, algumas vezes, dormir com aqueles homens. — Não
consegui formular uma palavra com a declaração de Manoella. Ela realmente
não se importava com o que lhe aconteceu. — Isso é passado, depois que
pedi a ele que me entregasse a alguma família grande, que tivesse filhos.
Vittorio me pediu perdão, notei que ele está mais calmo e risonho, fazia
muito tempo em que eu não o via.

— Acredito que sim, Vittorio não é nenhum monstro. Acho que tive
sorte em ter que me casar com ele no momento em que Vittorio estava em
paz. — Murmurei.

Manoella sorriu pequeno, assentindo. Quando abriu sua boca para dizer
algo. Uma voz nos interrompeu. — Vamos embora. — Manoella olhou para
trás e eu olhei também onde Vittorio estava encostado no batente da porta,
com as mãos escondidas nos bolsos da calça, ele olhou para a garota e sorriu
rapidamente. — Olá Manoella. — Ela me deu um olhar e depois caminhou
pedindo licença, sem responder Vittorio. Quando passou por ele, não disse
nada.
— Já vamos? — Perguntei enquanto me aproximava dele.

Vittorio me olhou de cima a baixo e via sua mandíbula se aparentando


várias vezes. — Hoje faz um mês. — Murmurou.

Franzi o cenho e perguntei. — Um mês do que?

Ele dá um sorriso torto no estilo cretino fodido, Vittorio se aproximou


de mim e sussurrou. — Hoje, minha doce e curiosa esposa, faz um mês que
as casas não abrem. Então, essa noite todas elas estarão disponíveis e você e
eu iremos.

Como é?!
Vittorio se virou para ir, mas segurei seu braço. Puxei-o com raiva e
quando o olhei, sua cara de deboche tinha voltado. — Você disse que não iria
mais! Você disse!

— Sim, eu disse. Nunca irei descumprir de minhas palavras. Mas eu lhe


disse que nunca mais eu iria até lá. O que significa aos inteligentes que eu
não iria sozinho, mas como tenho uma companhia. Vamos logo! — Vittorio
virou suas costas para mim e saiu de minha vista, me deixando perplexa e
sem saber o que fazer. Primeiro, ele me evitou e agora ele me obriga a ir
naquelas casas nojentas e sem classe nenhuma para uma mulher?

Respirei profundamente e saí do jardim. Eu não sabia o que pensar,


quando chegássemos nesse lugar desprezível, mas não aceitaria Vittorio se
divertindo com outras mulheres na minha frente. Isso seria demais.
CAPÍTULO
23

Vittorio estacionou o carro ao lado de um prédio simples e silencioso,


no Brooklyn. Pelo fato de ele ter dito que iria a uma das casas, achei que seria
ou a Atenas ou a Superela. Mas pelo visto, uma nova "diversão" estava por
aqui. Do caminho para cá, não falamos nada para o outro, em todo segundo
em que, eu olhava para Vittorio, sua mandíbula estava se apertando e suas
mãos no volante se cerravam. E eu sabia o motivo de sua raiva, estava com
raiva de mim por ter me encontrado conversando com Manoella. Mas que se
foda, eu sei que não deveria mexer no seu passado, mas eu precisava
descobrir o que Vittorio deixava no escuro.

Entretanto, estava começando a sentir certos desconfortos em relação à


Lorena, ela não estava mais aqui e Vittorio precisava enxergar isso, mas eu
sabia que se eu fosse à pessoa que o ajudasse a enxergar, ele não daria a
mínima para isso. Então... não faria absolutamente nada, mas não me calaria
quando sentisse a presença de Lorena, pairando entre nós dois, mais uma vez.

Olhei para Vittorio, que ainda continuava sentado no banco do carro,


sua testa estava franzida e uma de suas mãos, esfregava sua barba. Mexi-me
no meu lugar e tirei meu cinto de segurança. — Você está bem? — Perguntei
em voz baixa. Vittorio respirou fundo e tombou sua cabeça no encosto do
banco, ele fechou seus olhos e balançou uma vez a cabeça.

— Nada está bem, Belarmina. Nada está bem. — Murmurou em


resposta.

Juntei minhas sobrancelhas e olhei através do vidro embaçado, para a


rua deserta. — Por que não? — Perguntei novamente. A expressão de
Vittorio era serena, com seus olhos fechados. O que impedia de que eu
capturasse algo diferente.

No momento, ele não tinha me respondido, mas esperei pacientemente.


Seus olhos se abriram seguido de um pequeno suspiro escapando por seus
lábios, Vittorio virou sua cabeça em minha direção e me fitou, e eu fiz o
mesmo com ele. — Está feliz comigo? — Sua pergunta tinha me
surpreendido. Foi a primeira vez que ele perguntou isso. Pisquei algumas
vezes e dei de ombros.

— Por que está perguntando isso?

— Apenas responda. — Suspirou pesadamente.

Olhei para ele, intrigada com essa sua curiosidade. Mas o respondi. —
Posso garantir que me sinto melhor com você, do que com meus pais. —
Disse. — Bem, meu pai. — Acrescentei murmurando. Vittorio continuou me
olhando sem dizer uma palavra, provavelmente buscando algum indício de
que eu estivesse mentindo para ele. Ele virou sua cabeça para frente e soltou
uma meia risada frouxa.

— Melhor. — Murmurou, encarando a rua lá fora. — Mas não feliz. Eu


só deixo melhor, mas feliz? Oh não, Vittorio não deixa ninguém feliz, nem
mesmo sua esposa de 19 anos. — Indagou, dizendo as palavras para ele
mesmo. Não estava entendendo o que Vittorio tinha, ele estava estranho
desde a noite passada e eu não sabia se essa estranheza era boa ou ruim.
Soltei um pigarreio e perguntei.

— Aonde você quer chegar, Vittorio?


Ele me dá um olhar interrogativo e destrava seu cinto de segurança, ao
mesmo tempo. — Estou cansado. — Esclareceu, com um olhar sombrio.
Franzi o cenho para isso.

— Então vamos para casa, seu dia foi lon...

— Não é esse tipo de cansaço. — Explicou, balançando sua cabeça e


me interrompendo. Vittorio olhou para a rua novamente e continuou. —
Cansado dos pensamentos, das incertezas, da agonia, da raiva, da tristeza...
luto comigo mesmo, Sra. Gratteri e ninguém nota isso. — Prendi minha
respiração, espantada com o desabafo de Vittorio. Mas... por que ele estaria
agoniado? Ou incerto? Sua raiva e tristeza poderiam ser entendidas, mas
essas duas questões eram complicadas para que eu pudesse compreender.

Olhei pela janela do passageiro e permaneci calada. Por segundos. —


Onde estamos? — Perguntei, querendo mudar de assunto, pois um medo
tinha se formado dentro de mim, com as palavras de Vittorio. Ele me olhou
uma vez e depois se sentou ereto, pigarreando no seu lugar.

— Nenhum lugar importante.

Franzi meu cenho. — Mas na festa, você disse...


Vittorio sorriu enquanto olhava para o volante. — Eu menti. As casas
foram abertas ontem e não hoje. Somente no próximo mês, agora. — Seus
olhos escuros, pousaram-se sobre mim, mostrando toda a sua sinceridade.
Aliás, Vittorio era um ótimo mentiroso e poderia estar fazendo isso,
justamente agora. Mas algo dentro de mim, dizia que ele estava falando a
verdade. O alívio em saber que ontem foi a noite das casas estarem abertas
era grande. Eu não queria voltar para aquele lugar e não queria Vittorio,
naquele lugar.

Passei a mão no meu sobretudo e suspirei. — Então por que mentiu? —


Perguntei com a voz mansa.

Vittorio deu de ombros e se desfez da sua gravata preta. — Eu não


queria estar lá, então disse algo que pudesse deixá-la pensativa, e assim não
ficaria brava por eu ter interrompido sua investigação. — Quando ele
terminou de dizer, a última palavra tinha saído em tom acusatório.

Peguei você, baby.

Cruzei meus braços e arqueei minhas sobrancelhas. — Então foi por


isso. Inventou essa mentira, porque se sentiu incomodado quando me viu com
Manoella, é eu ficaria brava se dissesse a verdade.

— Não há motivos para fuçar o passado, Belarmina. — Alertou


Vittorio com uma voz dura, me olhando, naquele momento.

Trinquei a mandíbula e completei. — E não há motivos para não se


abrir com sua verdadeira esposa. — Retruquei.
Vittorio juntou suas sobrancelhas e se afastou, encostando-se a porta do
carro. — O que está querendo me dizer com isso?

— Sabe muito bem o que quero dizer, ontem à noite... — Respirei


fundo e abaixei meu tom de voz. — Algo mudou, mas você tinha que ser o
cretino! Por que está fingindo que nada aconteceu? Somos casados, Vittorio.
Goste você ou não. — Lembrei com um misto de raiva e... mágoa?

Ah não, Belarmina...

Vittorio suspirou pesadamente e apertou seus olhos com as pontas de


seus dedos, das mãos. — Sei muito bem o que aconteceu ontem. Nós... nos
deixamos levar e em vez de ter sido um sexo como os outros, foi...

— Amor? — Completei e levantando os ombros.

Os olhos de Vittorio se arregalaram com a palavra, mas ele não disse


nada. Apenas abaixou sua cabeça e escondeu o rosto entre suas mãos. —
Achei que nunca sentiria nada. — Disse, com a voz abafada. Mexi-me sobre
o banco do passageiro e escolhi as palavras certas, aquela resposta me pegou
de surpresa.

Disse-lhe. — Na verdade, eu não sinto, mas seria bom ter um pouco de


sinceridade nisso tudo.

Sua cabeça se ergueu e Vittorio riu, enquanto me olhava. — E isso que


você acabou de dizer? Para mim não foi nada sincero. Você age como se
estivesse fodendo-se para tudo o que acontece em sua volta. E eu que sou o
cretino? Quer que eu seja o único problemático desse casamento, mas tenho
algo pra te dizer. — Vittorio se curvou em minha direção e sussurrou. —
Você, não é perfeita como todos pensam. — Uma raiva desnecessária subiu
por todo meu corpo, o rosto de ironia de Vittorio, tinha me deixado mais
louca e então levantei minha mão para acertá-lo na cara.

Quando tentei esbofetear com força, sua bochecha esquerda, Vittorio


foi mais rápido e segurou meu pulso, ao mesmo tempo e habilidosamente, me
puxando com força até que eu estivesse em seu colo. — Então é disso que
gosta? — Perguntou sussurrando e ofegando, assim como eu estava. — Você
gosta de brutalidade? Hein? — Vittorio puxou meu casaco com força, para os
botões se abrirem de uma só vez, nossos olhares bravos não se distanciavam
um do outro, como se estivéssemos querendo uma reação mais bruta do
outro.

Quando estava livre do casaco, Vittorio puxou uma das minhas pernas
e as separou, para me encaixar no seu colo. Quando me instalei, ele arrancou
meus sapatos, puxou meus cabelos com força, me fazendo gritar entredentes
e soltá-los.

— Ainda com raiva? Pois eu também estou! — Rosnou no momento


em que suas mãos pararam no meu vestido e então, rasgou o tecido
bruscamente. Vittorio puxou minha calcinha para o lado e com a outra mão,
abriu o botão e zíper da sua calça. — Se erga. — Ordenou. Empurrei sua mão
da minha calcinha para sair de perto dele, mas Vittorio me segurou pelo
pescoço, me erguendo e então, me sentado com força sobre eu seu pau ereto.
Soltei um grito misturado com gemido, ao sentir seu membro me
invadir tão bruscamente. Vittorio soltou um rosnado e começou a bombear
fortemente para dentro de mim, com sua mão livre, ele puxou mais uma vez a
calcinha e ouvi o tecido sendo rasgado. Agora, eu estava completamente nua!
Dentro do carro e no meio do centro do bairro!

Vittorio envolveu meu pescoço com suas duas fortes mãos e abaixou
um pouco no banco, e as bombeadas ficaram mais firmes. Ele metia cada vez
mais forte, me fazendo gritar e gemer com a sensação. Suas mãos apertavam
minha pele, me deixando tão molhada, fazendo seu pau se aprofundar mais.
Abri meus olhos e observei Vittorio, que me encarava com as sobrancelhas
unidas e uma cara de dor misturada com prazer. Tentei segurar seu pescoço,
também, mas Vittorio rapidamente segurou meu pulso e puxou meu cabelo
bruscamente.

— Eu que estou no comando, agora. — Rosnou, me penetrando cada


vez mais forte. Como não poderia segurar seu pescoço, espalmei minhas
mãos nas lapelas do seu paletó e os segurei firmemente, assim, eu conseguia
cavalgar no seu pau que me fodia tão deliciosamente. — Isso! Desse jeito,
vou te foder até que não seja mais desafiante comigo. — Exclamou Vittorio,
estocando mais forte. Minha cabeça batia no teto do carro, meu corpo estava
suando e minha vagina apertava o membro de Vittorio, cada vez mais.

Soltei um gemido alto. — Vá sonhando, seu fodido de merda! —


Retruquei.

Vittorio soltou uma risada ofegante e bateu fundo, no meu ponto G.


Então gozei. Eu nem tinha sentindo o orgasmo chegando, de tão abrasador
que estava sendo, sentir o pau de Vittorio. Puxei suas lapelas para mim e
joguei a cabeça para trás, gemendo e gritando ao me libertar. — OH DEUS!
— Gritei. Senti Vittorio engolir um dos meus mamilos duros e chupá-lo com
força, depois mordendo a ponta. Aquilo só fez meu orgasmo ficar mais forte.
Segurei sua nuca com as mãos e rebolei em cima do seu pau.

Vittorio não parava de chupar e morder meus seios, e suas estocadas


ficavam mais firmes. Quando ele levantou sua cabeça, nossos lábios estavam
tão próximos, que eu poderia facilmente beijá-lo, mas não o fiz. Se ele não
queria me beijar, então não faria questão disso. Vittorio não se afastou, como
de costume, pois estava extremamente excitado e ainda me penetrando com
firmeza. Ele parou de se movimentar e me abraçou, me abaixando até que seu
pau estivesse todo dentro de mim, soltei um gemido junto com ele e me
balancei para frente e para trás, rapidamente.

Até que senti sua libertação. Vittorio mordeu meu ombro esquerdo, e
gemeu alto com seu orgasmo me invadindo furiosamente. Eu não parava de
me balançar, apaixonada com a sensação do seu pênis dentro de mim e sua
ejaculação. Quando seu orgasmo chegou ao fim, abri meus olhos e respirei
fundo. Eu estava molhada de suor, com os cabelos meio presos e meio soltos,
sentia a maquiagem derretendo, e vi os vidros do carro totalmente
embaçados.

Vittorio se desfez do abraço e se encostou no banco, de olhos fechados


e respirando ofegantemente. Ele também estava suado. Olhei para meu corpo,
tentando encontrar alguma marca roxa, depois daquele sexo raivoso que
tivemos. Nada.
— Jamais deixaria algum hematoma no seu corpo, então não precisa
procurar. — Disse Vittorio, respirando pesadamente. Levantei minha cabeça
para olhá-lo, e seu olhar estava mais tranquilo do que minutos atrás. Ergui-
me um pouco, para tirar seu pênis, já amolecido de dentro de mim e me sentei
em seu colo novamente. Vittorio continuou me fitando, sem desviar seu olhar
do meu. Ele levantou sua mão direita e tocou no meu queixo, de forma
carinhosa. — O que anda fazendo comigo? — Perguntou em sussurro.

Mordi meu lábio inferior e me abracei, começando a sentir o frio.


Vittorio, rapidamente se endireitou no banco e então, tirou seu paletó preto.
Em seguida, ele o jogou pelas minhas costas e me cobriu com o tecido macio
e quente pelo seu corpo. Seu maravilhoso cheiro estava impregnado no
paletó. Segurei em minhas mãos para não cair e continuei olhando para
Vittorio.

— Podemos ir? — Perguntei com sonolência na voz.

Vittorio abriu um meio sorriso e se aproximou, beijando minha testa


demoradamente. Ele colou sua testa sobre a minha e suspirou. — Me perdoa
por ser um cretino. Eu não estou acostumado com as palavras "segundo
casamento". E também estou surpreso por sentir... — Ele parou de dizer e
tombou sua cabeça entre meus seios. Eu gostaria de saber o que ele iria me
contar, mas não forçaria Vittorio, ele deveria ser franco comigo. Não ficaria
mais me preocupando com seu passado, com seu presente. Se ele queria
continuar vivendo no passado, eu não o resgataria, mas estaria aqui, no
presente, para ele.

Passei minhas mãos no seu cabelo molhado de suor e inspirei o cheiro


delicioso de seu perfume. Vittorio levantou sua cabeça e me olhou sorrindo.
— Vamos para casa, está muito frio, e ainda não terminamos o que começou
dentro desse carro. — Ele me tirou do seu colo e arrumou sua roupa, em
seguida ligou o carro.

Soltei uma risada baixa e prendi o cinto de segurança.


CAPÍTULO
24
VITTORIO

Os dias se passavam e eu estava cada vez mais envolvido por


Belarmina. Eu não conseguia dizer isso em voz alta, toda vez que tentara,
minha garganta se fechava, e algo em minha mente dizia-me que não era o
certo. Mas por que não era? Eu sempre me perguntava por que diabos eu
tentava me afastar, sendo que queria estar o mais próximo possível. Não
havia dúvidas, desde a noite em que Bela, me dominou eu senti algo mudar,
algo tão forte quanto foi na primeira vez.

Primeira vez...

Balancei minha cabeça e saí de dentro do carro, o frio de Nova York


estava cada vez mais perto, e possivelmente iria nevar. Apaguei o cigarro,
jogando no chão e esmagando abaixo do meu sapato. Passei a mão no meu
terno escuro e caminhei até a entrada da casa de Alessi. Eu não queria estar
aqui, fui contra os meus próprios caprichos, mas eu não poderia deixar de
lado que, Belarmina andava triste, claro que não era por minha causa, mas
sim de sua mãe. Já se passava alguns meses desde que Columba e sua filha
não se viam, por culpa do fodido do Alessi.
Mas apenas uma ameaça que fiz para ele, durante nossa ligação nessa
manhã, o homem rapidamente deixou que eu viesse até aqui para buscar sua
pobre esposa, para almoçar com sua filha. Eu conhecia todos os podres de
Alessi, inclusive o que ele roubava dinheiro da Família e transferia para sua
conta privada na Suíça. Ou também na noite em que o peguei estuprando a
filha de Denver, um dos capitães e amigo dele. Se Denver descobrir isso, sem
sombra de dúvidas que mataria Alessi, sem pensar duas vezes, pois a garota
tinha apenas 14 anos.

E se caso o cego do Denver não descobrisse, ele morreria por roubar a


sua própria Família, a família que seu pai deixou um legado e Alessi,
simplesmente o destruiu.

Quando estava de frente à porta da casa, bati duas vezes e esperei,


olhando para trás, onde a rua se encontrava. Alguns segundos se passaram e
ouvi a porta sendo destrancada e aberta por Columba. Quando ela me viu, seu
semblante foi de desentendimento e preocupação. — Belarmina? — Ela disse
em voz baixa, ela sempre falara em voz baixa. Pobre mulher. Balancei minha
cabeça em negativa e abri um sorriso torto.

— Boa tarde, Sra. Luchesse. Belarmina está ótima, está ajudando uma
das empregadas a fazer o almoço. — Columba soltou um suspiro de alívio, e
em seguida respirou fundo com seus olhos fechados. Depois, os abriu e sorrio
para mim. Sua semelhança com a filha, era bem pouca. Belarmina, aliás, não
se parecia muito com seus pais, mas com seu avô. Tanto na aparência, como
na personalidade. E era aquilo que me instigava, ela era diferente. Era a
segunda mulher, diferente que encontrei na máfia.
Minha Bela...

— Oh! Mina aprendendo a cozinhar? Que surpresa agradável, tenho


certeza que ela se sairá bem. Minha filha é sempre focada. — Disse Columba,
interrompendo meus pensamentos. Ela murmurou as palavras e um sorriso
formado em seu rosto pálido.

Assenti para ela e disse. — Belarmina é a melhor pessoa. Bem, Alessi


está? Preciso ter umas palavras finais com ele.

— Sim, claro! Desculpe-me, ele está em seu escritório. — Falou


abrindo mais a porta, para que eu pudesse entrar. Passei por Columba,
pedindo licença e a esperei até que me guiasse. Colomba fechou a porta e me
chamou. — Por aqui, Sr. Gratteri. — Caminhei tranquilamente pela grande
casa branca, enquanto Columba andava um pouco mais na minha frente. Eu
não tirava os olhos das paredes, sempre com quadros caros e sofisticados.
Para muitos, essa seria considerada uma linda casa de um casal e sua única
filha, mas era apenas a casa. Nada mais.

Columba parou de frente a duas portas de madeira branca, com as


maçanetas douradas. Ela me olhou com um pequeno sorriso. — Acho que ele
já estava lhe aguardando. — Comentou.

Segurei a maçaneta e sorri de volta. — Obrigado, Columba. — Ela


agradeceu e voltou seu caminho pela casa. Quando estava só no corredor,
abri a porta do escritório e entrei. Alessi se encontrava sentado atrás de sua
grande mesa, de madeira escura, mexendo no seu computador. Quando me
viu, seu olhar se endureceu. — Boa tarde, meu sogro. — Ironizei e fechei a
porta atrás de mim. Caminhei tranquilamente pelo escritório, com as mãos
enfiadas nos bolsos da minha calça. Parei ao lado da mesa, sorrindo para ele.

Alessi soltou um suspiro e fechou seu notebook. — Não sabe bater? —


Perguntou, olhando para mim e mexendo seu maxilar.

Sentei-me na beirada da mesa e peguei uma fotografia que estava ali.


Era de Belarmina, recém-nascida. — Então existe o lado paternal, ainda? —
Sorri e mostrei a foto, mas Alessi não disse nada. Apenas me observava.
Coloquei o pequeno quadro de volta em seu lugar e respirei fundo. — Já
disse para sua doce esposa se preparar? Não quero que Belarmina fique
esperando.

— Ela não sairá de casa a não ser que seja comigo! — Rosnou Alessi,
ameaçadoramente. Ele se levantou bruscamente da sua cadeira giratória e
parou a minha frente, seus olhos estavam em brasa. O babaca achava que me
assustaria.

Balancei minha cabeça em negativa, soltando um suspiro. — Ah,


Alessi... sempre tão impulsivo. Sabe, eu não sou de fazer fofocas como
mulherzinhas, mas... Denver ficaria louco em descobrir que um dos seus
melhores amigos atacou a filha mais nova dele. — Fiz uma cara de desgosto
e meneei a cabeça. — Pense quando essa garota se casar e o marido descobrir
que ela não é mais virgem? O que ela irá dizer? Bom, você tem sorte, pois a
menina completará dezoito anos daqui a quatro anos e até lá, você pode ir
embora para onde quiser. Mas... você é quem sabe. — Alessi me olhava com
olhos arregalados pela sua raiva contida.
Ele aproximou seu rosto e disse. — Não vou viver sob suas ameaças.

— Oh não! — Exclamei e fingindo estar ofendido. — Por que eu faria


isso? O homem que é filho de um Luchesse? O pai da minha esposa? O pai
que agredia, humilhava minha Belarmina. O homem que até hoje, todos da
máfia desconfiam que matou o próprio pai? Esse mesmo homem que estupra
garotas de 14 anos, crianças! Que rouba o dinheiro da Família, que mata
pessoas do nosso ciclo e culpa as Famílias rivais, para criar guerra. Então, por
que eu faria isso com você, Alessi? Por que eu ameaçaria um verdadeiro
mafioso?! Não se acanhe meu amigo. — Apertei seu ombro esquerdo,
sorrindo e me levantei da mesa.

Andei em direção ao minibar e peguei uma garrafa de uísque. —


Chame sua esposa logo, peça para ela se aprontar. Sua filha quer vê-la. —
Murmurei distraído, enquanto despejava o líquido no copo. Olhei para trás e
Alessi permanecia imobilizado perto da mesa, me olhando sem expressão.
Arqueei minhas sobrancelhas e bebi o uísque. — O que está esperando? —
Perguntei, depois.

Alessi pigarreou e passou a mão na sua camisa social branca. Ele se


endireitou e me olhou novamente. — Dessa vez você ganhou, não se engane
somente porque tem o sobrenome Gratteri. Isso não é nada para mim.

— O que está esperando? — Perguntei mais uma vez e lentamente.


Alessi fechou sua cara e respirou fundo, indo até a porta. Quando a abriu,
avisei. — Chame-a com carinho, ela é uma mulher de respeito, diferente das
suas amantes putas. Aliás, trate-a bem a partir de hoje. E... considere isso
como uma ameaça. — Pisquei para ele, sorrindo.
Alessi soltou uma risada e vermelho estava em seus olhos. — Está
ordenando como devo tratar minha esposa? Dentro da minha casa? Por que
essa preocupação toda? Se a quer para você, leve embora!

— Ou você faz as porras das minhas exigências, ou hoje mesmo sua


cabeça estará fora do seu corpo! — Rosnei já irritado com esse verme. —
FAÇA LOGO O QUE ESTOU ORDENANDO! — Gritei e joguei o copo de
uísque sobre a parede. Alessi me olhava ofegante, com um misto de ódio, ele
piscou algumas vezes e passou a mão na sua boca.

— Columba! — Chamou a mulher.

Enquanto sua esposa se apressava nos passos, Alessi e eu não


tirávamos nossos olhares um do outro. Eu estava me controlando, para não
quebrar a garrafa de uísque e passar o vidro no seu pescoço. Seria mais
emocionante do que dar um rápido tiro no meio de sua testa. Quando
Columba apareceu, ela me deu um olhar assustado e depois para seu marido.

Alessi desviou seu olhar de mim e encarou sua mulher, ele segurou sua
mão direita e disse. — Vittorio gostaria que você almoçasse hoje, na sua
casa. Belarmina te espera. — Columba olhava desconfiada para Alessi, mas
quando o verme disse o nome da filha. Seus olhos brilharam e lágrimas
surgiram. Ela me olhou e dei um aceno, para não se amedrontar.

— Vim pessoalmente para levá-la, Sra. Luchesse. — Comentei.

Ela olhou novamente para seu marido e disse. — E-eu gostaria muito,
mas acredito que Alessi...

— Alessi tem outras coisas a fazer. Pode ficar tranquila, eu estou aqui.
— Interrompi e no final da minha frase, dei um olhar ameaçador para Alessi,
mas ele não olhava. Columba soltou discretamente sua mão da dele e sorriu
pequeno. Ela sempre falava em voz baixa.

— Obrigada, Sr. Gratteri. Eu gostaria muito de ir.


Alessi trincou sua mandíbula e passou sua mão, no cabelo da mulher,
rapidamente. — Então se apresse. Vittorio estará te aguardando. — Columba
sorriu abertamente e depois pediu licença, entusiasmada com o convite.
Quando voltamos a ficar a sós. Alessi bateu à porta com força, e me olhou.
— Ela deve estar em casa antes das 17h.

— Ela deve estar em casa quando eu achar melhor. — Ralhei. — Ela


terá esse dia ao lado de sua filha. Sem mais.

Alessi soltou uma risada falsa e caminhou em minha direção. — Seu


filho da puta! — Rosnou e parou em minha frente. — Eu vou te destruir,
você não perde por esperar. Eu vou matar você, mas antes matarei Belarmina
na sua frente e... — Antes que ele terminasse sua ameaça, dei uma cabeçada
na direção do seu nariz. Alessi soltou um grito e cambaleou para trás, com a
mão sobre o nariz. Puxei o desgraçado pela camisa e girei seu corpo,
colocando-o em minha frente e dando um mata-leão nele, empurrei Alessi,
bruscamente até o minibar e disse:

— Coloque o nome de Belarmina nessa sua boca imunda, que eu faço


você comer sua própria língua e seus dentes! Se você sequer sonhar em tocar
nela, eu vou acabar com você, sabe que eu cumpro minhas promessas! —
Alessi tentava se soltar, mas eu era mais forte. Empurrei-o para longe de mim
e arrumei meu terno, Alessi caiu sobre o chão, tossindo e com o nariz
escorrendo sangue. — Se descontar sua raiva em Columba, hoje mesmo irei
cumprir minhas palavras. — Avisei.

Uma batida na porta surgiu e Alessi rapidamente se levantou do chão,


ele se apoiou sobre o minibar e passava a mão repetidamente em seu nariz,
seu olhar era raivoso e sua respiração ofegante. Cheguei até a porta, abrindo-a
para que Columba visse o que tinha acontecido, ela encarou seu marido,
assustada e depois para mim. — E-estou pronta. — Gaguejou em voz baixa.
Alessi virou seu rosto para frente e não disse nada. Então, olhei para ela
sorrindo e saindo do escritório.

— Então vamos senhora Luchesse. — Antes de fechar a porta, Alessi e


eu nos olhamos.

Finalmente tive a chance de dar um jeito nesse verme.

****

Quando Belarmina viu sua mãe passar pela porta, ela se parecia como
uma criança perdida; soltou um grito e correu até Columba. As duas se
abraçando daquela forma, foi invejável para mim. Ter uma mãe. Elas
choraram, pediram perdões e então sumiram pela casa, mas antes, Belarmina
correu em minha direção, pulando em meu colo para um abraço e depois
beijando minha bochecha, agradecendo.
Eu não sei por quanto tempo fiquei no hall de entrada da casa, parado.
Olhando para onde ela tinha sumido com sua mãe. Quando me retomei, saí
novamente e peguei meu carro, dando ordens aos soldados para
acompanharem Bela e Columba, caso elas saíssem. Dirigi em disparada o
meu carro, indo em direção à boate/cassino, Loop. Quando cheguei lá, fui
cumprimentado diversas vezes pelos homens, apenas acenava com minha
cabeça. Entrei na boate e uma música sensual já estava sendo tocada, as luzes
vermelhas, azuis e brancas já estavam ligadas e algumas garotas, dançando
em seus poledance.

Caminhei até um dos sofás de couro redondo e me sentei. Eu estava


cansado e o dia mal começou. Encostei-me a costas do sofá e apoiei meus
braços nela. Queria ficar sozinho, para pensar, mas então ela chegou. Olhei
em sua direção quando, Emma caminhava vestida com uma camisola preta de
renda transparente e calcinha. Estava usando um dos seus sapatos altos, e em
suas mãos, uma garrafa de vodca e um copo de vidro. Emma abriu um largo
sorriso para mim e se curvou sedutoramente, na mesa baixa e redonda em
minha frente, colocando o copo e abrindo a garrafa, despejando o líquido.

Emma jogou seus longos cabelos escuros para trás e pegou o copo de
vodca, ao mesmo tempo em que se levantava e vinha em minha direção. Ela
parou na minha frente e estendeu o copo para mim, peguei de sua mão e já
me servi com um gole. — Você parece tenso. — Disse ela, sentando ao meu
lado. Dei de ombros e bebi mais um gole. Emma estendeu suas mãos em cada
ombro meu e começou a massagear. — Por que não vamos relembrar os bons
momentos que passamos juntos? — Perguntou sedutoramente.

Soltei uma risada e coloquei o copo sobre a mesa. — É isso o que você
faz? Embebeda os homens que não te fodem mais, e vem toda sedutora para
cima dele? — Emma soltou uma risada, rapidamente se levantou e se sentou
em meu colo, colocando suas pernas em cada lado. Soltei um suspiro
cansado, e me encostei novamente no sofá.

— Só faço isso quando, Vittorio Gratteri não me fode mais, desde que
se casou com uma criança. — Sussurrou Emma, se esfregando no meu colo.
— Você não sente falta disso? De um corpo de mulher feita? — Perguntou,
pegando minhas mãos para apertar seus seios expostos. Puxei minhas mãos
para longe, e Emma soltou uma risada. Olhei para ela e segurei sua cintura.

— Eu não vim aqui pra transar Emma, e sim para ficar olhando para o
nada. — A empurrei, mas a garota se segurou em meus ombros, rindo.

— Por que você não fica olhando para o nada, enquanto eu chupo
você? Ou então eu posso cavalgar; você adorava isso e... — Segurei seu rosto
com força entre minha mão esquerda e puxei até o meu. Os olhos de Emma
se arregalaram.

— Eu já disse que quero ficar sozinho, e isso inclui sem nenhuma puta
mal comida me infernizando! Eu já avisei você meses atrás que não queria
mais. — Dessa vez, empurrei a garota com mais força, fazendo com que ela
caísse sobre a mesa baixa. Emma me olhou bravamente e chutou minha perna
com força, depois se levantou e cuspiu na minha direção, virei meu rosto e
limpei com a mão.

— SEU MERDA! VÁ SE FODER! — Gritou, indo para longe de mim.


Quando estava sozinho, soltei um grunhido para me controlar. Estava
quase me levantando e indo até aquela puta desgraçada. Eu odiava quando
uma mulher me enfrentava. Bem, com Lorena e Belarmina foi diferente.

Lorena...

Belarmina...

Antes, eu pensava que estava fazendo algo de errado quando estava


com Bela, agora me sinto um porco por pensar em Lorena. Soltei um suspiro
e peguei meu celular, eu queria ligar para Demétrio, mas ele é um babaca
grosso que não saberá me dar conselhos. Então liguei para Bernadir.
No quarto toque fui atendido.

— Quem você matou dessa vez? — Sua voz tranquila soa.

Abri um sorriso e encostei minha cabeça no encosto do sofá. —


Ninguém. Ando muito tranquilo. — Bernadir soltou uma gargalhada e fez um
som engraçado.

— Seu fodido. A doce Luchesse pegou você de jeito.

— E como. Isso é novo para mim, nunca achei que me envolveria dessa
forma, mais uma vez. — Suspirei e balancei as pernas.

Bernadir soltou uma risadinha baixa. — Bem, não a deixe escapar. Ela
aceitou você, mesmo sendo um danificado de merda. E como eu sempre lhe
digo: Lorena já se foi, meu irmão, e você ainda está aqui. Siga sua vida, tenho
certeza de que se fosse o mesmo com Lorena, ela seguiria a dela. Claro que
você tem todo o direito de relembrar os momentos com ela, como ela te
ajudou e sempre esteve ao seu lado, mas... isso é apenas recordação, meu
irmão. Agora você tem uma segunda mulher incrível e doce com você, não a
deixa de lado por culpa. Você não está fazendo nada de errado. Amar mais
uma vez não é pecado. Você é necessário, Vittorio. É necessário para
Belarmina Gratteri.

Pisquei algumas vezes, impedindo que as lágrimas caíssem. Curvei-me,


apoiando meu cotovelo sobre o joelho e rindo ao mesmo tempo. — Seu
desgraçado, sempre dando os melhores conselhos amorosos. Você se daria
bem se casasse. — Bernadir soltou outra risada, ao mesmo tempo em que
carros buzinavam.
— Sou como um tordo. Nasci para ser livre e sozinho. Bom, apenas
pense com carinho no que eu disse, preciso pegar meu voo, até mais meu
bem. — Quando desliguei, fiquei ali sentado, pensando. Bernadir estava
certo, eu sabia que não iria perder Belarmina, era bem óbvio, mas também,
ela não tinha a obrigação de aguentar tanta merda que levo. Soltei um suspiro
e passei as mãos em meu rosto, estava na hora de se despedir.

****

Cheguei ao cemitério Sleepy Hollow e parei de frente ao túmulo de


Lorena. Agachei-me e coloquei o buquê de tulipas perto de sua lápide e de
outras flores recentes. Sua família sempre vem visitá-la. Olhei para a lápide e
engoli em seco.

12/08/1979 *
27/04/2010 +
Lorena De Luca Gratteri
Amada esposa, amiga e filha. Nunca deixaremos de amá-la e jamais a
esqueceremos.
Amamos-te!

Toda vez em que eu lia seu nome ali, esculpido naquela pedra, meu
coração jorrava sangue. Uma onda de sofrimento e dor sempre passava
dentro de mim, era dilacerante saber que ela estava aqui, abaixo dos meus
pés. Passei as mãos em meu rosto e respirei fundo. — Eu sei, sumi por
algumas semanas. É que eu ando tão distraído. Sabe a Belarmina? Acho que
ela sente algo por mim e isso me assusta, pois eu não sei se serei capaz de ter
o mesmo sentimento. — Olhei para o lado do grande cemitério e continuei.
— Estou tão confuso, há tantos pensamentos certos e incertos que rodam pela
minha cabeça. Agora as palavras de Bernadir me pegaram, ele quer que eu
siga em frente, mas eu não quero. Eu já tive que me desfazer das suas coisas
na nossa casa, e agora tenho que me desfazer de você? Por quê? Para me
apaixonar novamente e algo de ruim acontecer, mais uma vez? Acho que na
terceira desgraça, eu iria me matar.

Apoiei meus cotovelos em cima das minhas coxas e encostei minha


testa nas mãos entrelaçadas. — Você era a única que gritaria comigo para ir
viver minha nova vida. Tenho certeza que ficaria furiosa comigo, se soubesse
que ando desprezando Bela. Bem, não tão desprezando. Ela curte o sexo. —
Fechei meus olhos e me xinguei. — Desculpa, foi desnecessário dizer isso.
Mas... o que eu realmente faço? Será que é a hora do adeus?

Isso que me instiga. Depois de um ano e meio, era o momento para


dizer adeus?

****

Dois dias tinham se passado. Belarmina estava saltitante com a visita


de sua mãe, elas tinham feito compras e depois passaram a tarde juntas.
Quando um dos meus soldados levou Columba, Belarmina me atacou e
fizemos sexo na sala da casa. Foi muito bom. Vê-la gozando por minha causa
é esplêndido. Eu sabia que, Alessi estava bem tranquilo, com sua esposa e até
propôs que Columba fizesse uma nova visita para a filha. Mas eu não sou
idiota, esse cara não me enganava nunca.

Naquela manhã, quando acordei para o trabalho, estava um frio


aterrorizante dentro de casa. Isadora estava passando, com um cesto de
roupas limpas pelo corredor, quando a chamei. — Isadora, depois vá até o
porão e aumente a temperatura da casa. — Ela sorriu assentindo e entrou em
um dos quartos. Fechei a porta do meu quarto, com cuidado para não acordar
Belarmina. Tinha certeza de que ela sairia tarde da cama. Desci as escadas
rapidamente, enquanto dava um nó na minha gravata. Hoje não iria tomar o
café, pois estava quase atrasado para uma reunião, quando abri a porta, ela
continuou parada.

Juntei minhas sobrancelhas e forcei a porta, mas ela continuava


imobilizada. — Tá de brincadeira. — Murmurei. Empurrei as portas de correr
da sala e fui até as janelas, lá fora, o mundo estava coberto de neve e para
piorar continuava nevando fortemente. — Mais que porra! — Rosnei dando
um murro no vidro. Olhei para o teto e soltei uma lufada de ar.
— Parece que alguém está trancado dentro de casa. — Olhei para trás e
vi Belarmina, vestida no seu robe preto, cabelos loiros soltos e bagunçados, e
um sorriso naqueles lindos lábios. Ela estava de braços cruzados, encostada
no batente de uma das portas. Dei de ombros e enfiei minhas mãos nos bolsos
da calça, caminhando em sua direção lentamente. — Agora você está preso
aqui comigo.

— E com os soldados, e as empregadas. — Completei, sorrindo e


chegando mais perto. Belarmina segurou um largo sorriso e se afastou da
porta, ela olhou para trás e depois entrou na sala. Em seguida fechando as
portas e trancando-as. Ela se virou para mim e abriu seu robe. Estava nua.
Soltei um suspiro profundo e olhei para ela. — Não está com frio? —
Perguntei, parando no centro da sala.

Belarmina passou as dobras dos seus dedos pela parte do tecido aberto
e encostou-se à porta. — Na verdade... acordei bem acesa. — Piscou
sedutoramente. Olhei novamente para o seu corpo e me aproximei dela,
Belarmina soltou sua respiração e levantou sua perna esquerda, apoiando o pé
na porta. Apertei meus olhos para ela, fazendo-a rir e cheguei mais perto. Era
mais linda ainda a luz do dia, seus seios não eram grandes, mas eram
deliciosos para apertar, chupar e morder. Olhei novamente por todo seu corpo
maravilhosamente liso, sua pele bronzeada era tentadora.

Apoiei minha mão direita ao lado de sua cabeça e disse. — O que acha
de fazermos algo divertido e diferente?

Belarmina arqueia suas sobrancelhas e cruza os braços. — E o que


seria?
— Se submeter a mim. — Respondi. Belarmina soltou uma risada e se
curvou um pouco, claro que não me irritei, até achei engraçado o exagero
dela.

Então ela me disse. — Eu não irei me submeter nunca, nem mesmo no


sexo.

Revirei meus olhos e me afastei, mas nem tanto. Assenti para ela e a
olhei, tombando minha cabeça para o lado. — Eu... me submeti a você uma
vez no sexo, me submeti em não ir mais as casas, me submeti em não ter
mais nenhum tipo de contato com Cecília, mesmo ela merecendo. —
Belarmina riu novamente e aproximou seu rosto perto do meu.

— Está tentando me manipular. — Não foi uma pergunta, mas a


respondi mesmo assim.

Cheguei novamente mais perto dela e sussurrei. — Manipulações eu


deixo para meus inimigos, Belarmina. Você não é um inimigo, ou é? — Ela
balançou sua cabeça em negativa, dizendo.

— Não.

— Então...

— Eu aceitarei, mas não ficarei engatinhando pela casa, sendo


torturada para segurar o orgasmo e etcetera. Apenas mostre como é. Da
mesma forma que mostrou quando tive que dominar.
— Você é quem manda Bela. Vamos para a sala de jantar principal.

****

— Tire o robe e pegue uma das minhas camisas que está ali, no cesto
de roupas limpas. — Pedi, quando estávamos na sala de jantar. Belarmina
tirou o robe, sem desviar seus olhos de mim e foi até o cesto. Pegando uma
camisa branca e vestido-a. — Deixe e blusa aberta e vá até a mesa e apoie
suas mãos nela, espalmando-as e com a bunda empinada. — Belarmina deu
uma risadinha e fez o que pedi.

Quando se empinou, cheguei por trás dela e dei um tapa forte na sua
bunda despida. — Ai! Porra,Vittorio. — Exclamou. Segurei seus cabelos em
minha mão, puxando sua cabeça para trás.

— Não mandei que falasse. — Sussurrei em seu ouvido, chupando o


lóbulo. Belarmina soltou um suspiro e esfregou sua bunda em mim. —
Hmmm... — Gemi e me afastei. O espelho que estava na parede de frente a
mesa mostrava meus movimentos, e os olhares excitados dela. — Não olhe,
abaixa sua cabeça. — Belarmina abaixou sua cabeça e no mesmo instante,
desafivelei meu cinto. Tirei da minha calça e depois, dobrei ao meio. A
respiração de Belarmina estava se elevando, pela expectativa.

Abri um largo sorriso e encostei o cinto dobrado, na borda da camisa


que ela usava, Belarmina suspirou ao sentir o objeto e ficou parada. Comecei
a levantar a camisa com o cinto, lentamente até que seu lindo traseiro
estivesse exposto. — Vamos ser rápidos nisso. — Murmurei. Eu queria me
enterrar nela, imediatamente. Quando sua bunda estava exposta, olhei para
ela através do espelho e Belarmina fez o mesmo. — Se curve sobre a mesa.
— Ordenei.

Belarmina se curvou e permaneceu paralisada. Olhei para sua


maravilhosa pele e por impulso, dei uma cintada na sua bunda. Fazendo-a
saltitar pelo susto. Tirei meu paletó e rapidamente abri minha calça,
deixando-a cair sobre meus pés, me aproximei de Belarmina e separei suas
pernas. Quando estavam da forma em que eu gostaria, direcionei meu pau na
sua entrada encharcada e meti fundo, fazendo com que eu e ela soltássemos
um gemido sincronizado.

— Se estimule! — Grunhi em ordem, estocando cada vez mais forte.

Belarmina não parava de gemer e abaixou uma de suas mãos até seu
clitóris, para estimular. Sua buceta me sugava, estava tão molhada, que eu
sabia que não aguentaria por muito tempo. Segurei seus ombros com as mãos
e bombeei com mais firmeza, nunca perdendo o ritmo. — Tão gostosa! —
Rosnei entredentes. Estoquei na sua buceta sem parar, era tão molhada que
me deixava louco, seus gemidos femininos não cessavam e Belarmina não
parava de implorar.

— POR FAVOR, POR FAVOR. MAIS FORTE! — Gritou entre seus


gemidos.

— É tão bom te foder quando está de quatro pra mim. GOZA PRA
MIM! — Gritei, indo mais forte. Peguei os pulsos de Belarmina, e puxei seus
braços para trás. Os imobilizando. Belarmina estava quase lá, eu sentia suas
paredes me apertando fortemente. Joguei minha cabeça para trás e meti até
que então, Belarmina começou a rebolar no meu pau e um grito de êxtase
surgiu.

Mas eu não parei. Tirei o meu pau de dentro dela e a puxei, arranquei
minha camisa do seu corpo e depois a joguei bruscamente de volta a grande
mesa. Puxei suas pernas e as abri com minhas mãos, quando me enterrei
novamente dentro dela, seus olhos azuis estavam focados em mim. Fechei
meus olhos e segurei um dos seus seios e com a outra mão sua cintura, indo
no mesmo ritmo, cada vez mais forte. Curvei-me em seu corpo e chupei seu
mamilo, eu estava sentindo meu orgasmo chegar. Belarmina segurou meu
pescoço, gemendo para mim, enquanto eu mordia seus mamilos e a penetrava
com meu pau.

Poucos segundos depois, me despedacei. Gozei forte dentro dela,


bombeando cada vez mais rapido, enquanto gemia entre os seios de
Belarmina. Meu coração batia freneticamente, minha respiração estava
descontrolada e meus pensamentos desordenados. Respirei profundamente
por duas vezes e então levantei minha cabeça. A primeira coisa que vi foi os
olhos brilhantes de Belarmina. Ela sorriu e acariciou minha barba.

— Acho que desistiu da história de submissão no momento em que me


viu sobre a mesa, seminua. — Comentou rindo.

Ri junto com ela e assenti. — Impossível passar longos minutos


brincando de submissão, e ter um pau duro entre as pernas. — Pisquei,
fazendo-a rir mais alto, dando um tapa no meu ombro. — Mais você não
escapou de mim, logo será minha e farei o que quero com você.
Belarmina suspirou com um sorriso e envolveu meu pescoço com seus
braços. — Estou ansiosa por isso. — Beijei cada um dos seus seios e saí de
dentro dela, ao mesmo tempo puxando-a para se levantar.

— Vamos para o quarto, quero sexo em outras posições. Sou


insaciável. — Belarmina soltou uma gargalhada e vestiu seu robe, enquanto
eu abria a porta da sala de jantar, para sairmos de lá. Esse dia seria longo e
delicioso.
CAPÍTULO
25
Dois meses depois...

Semanas tinham passado e até aquele momento eu não sabia o porquê


do meu pai estar tão generoso, ao deixar minha mãe quase todos os dias, vir
me visitar. Eu perguntava para Vittorio, se ele tinha feito ou falado algo para
meu pai, mas ele apenas dava aquele olhar inocente e balançava sua cabeça
em negativa. Sei. Estava bem nítido que Vittorio fez algo, e o que estava no
meu topo da lista de desconfianças era que ele ameaçou meu pai. Porém o
motivo, eu não tinha ideia.

Mamãe estava mais radiante também, toda vez que a via, buscava
algum hematoma em sua pele, mas nada tinha e aquilo me aliviava e me
preocupava. Muito. Meu pai não se tornaria uma ótima pessoa, da noite para
o dia, isso era impossível. Ainda mais, sendo uma pessoa igual a ele. Eu
sempre dizia para Vittorio ficar de olho meu pai, mas ele apenas sorria e
dizia: "Não se preocupe, seu pai está na palma da minha mão." Aquilo me
deixou confusa, mas não questionei meu marido maluco. Enquanto eu
pensava, o inverno lá fora, estava cada vez mais forte, e a chegada do ano
novo cada vez mais próximo.

Vittorio e eu tínhamos sido convidados para uma festa de ano novo em


Veneza. Mas eu não queria ir, pois estava cada vez mais preocupada com a
minha mãe, e não queria sonhar em deixá-la sozinha com meu pai. Então,
para o meu desagrado e infelicidade, Vittorio teve a ideia, de merda, de
convidá-los, e para piorar, convidar seu irmão mais novo, Lucco, que tinha
voltado de uma longa viagem da Holanda. Eu tentei estrangular Vittorio, mas
ele conseguiu fugir de mim a tempo.

Infelizmente.

Soltei um suspiro cansado e apoiei meu queixo na mão esquerda.


Faltava apenas uma semana para o fim do ano e eu não estava nada animada.
As festas de ano novo em Nova York são, sem sombra de dúvida, as
melhores do mundo, até mesmo das Famílias. É espetacular. Mas, teria que
viajar para um país que não gostava, com meus pais, meu cunhado e meu
marido. Bando de fodidos. Tirando minha mãe, óbvio. E tinha aquela parte
eletrizante de se encontrar na Itália.

Cecília.

Vittorio tinha me contado que ela não morava em Siena, aquela casa
em que ela estava, era um dos seus puteiros semanais, e também que ela foi
para lá porque o próprio Vittorio a convidou. Argh! E sua casa fixa, era
realmente em Veneza. A cidade onde Vittorio, seus irmãos e Cecília
nasceram e cresceram. Não poderia ser melhor.

Mas ele tinha me garantido que ela não estaria lá, pois a festa de
comemoração ao fim de ano era apenas para o ciclo. Por mim estava bem se
ela aparecesse, seria maravilhoso quebrar o nariz dela mais uma vez. Soltei
uma risada baixa, balançando minha cabeça negativamente, quando tocaram
a campainha lá embaixo. Eu estava tão distraída, que não tinha notado que
alguém estava caminhando pela neve grossa do quintal da casa. Curvei-me
sobre a janela de vidro do quarto, tentando encontrar o visitante, mas não
consegui ver.

Soltei um grunhido e peguei meu casaco sobre a cama. Depois de vesti-


lo, abri a porta do quarto, dando de cara com Isadora, uma das empregadas.
Ela deu um sorriso amarelo, pedindo desculpas. — Me perdoe Sra. Gratteri.
Mas o Sr. Gratteri está lá embaixo a procura da senhora. — Juntei minhas
sobrancelhas e fechei a porta do quarto.

— Qual deles, Isadora? E sabe que pode me chamar de Belarmina. —


Murmurei para ela.

Isadora sorriu envergonhada e me respondeu. — O senhor Lucco, ele


disse-me que já avisou o Sr. Gratteri que estaria aqui, para almoçarem juntos.
Então pediu que chamasse a senho... você. — Apertei meus lábios, irritada e
assenti. Eu não gostava desse cara. Aliás, o único Gratteri que eu sempre
gostei foi de Bernadir. Bem, e agora Vittorio... Demétrio sempre foi um
metido arrogante, que cuspia por onde passava. — Quer que eu peça a ele
para ir, e dizer que não está se sentindo bem para atendê-lo? — Pergunta
Isadora, com seus grandes olhos escuros, me observando.

Abri um largo sorriso e segurei sua mão direita, dando um leve aperto e
depois soltando. — Você é ótima! Mas acho melhor não. Sabe como Vittorio
é em relação aos seus irmãos, ele ficaria puto se soubesse que eu inventei
uma desculpa para não atender seu irmão. — Ela fez uma cara de desgosto,
mas rapidamente se recompôs e assentiu para mim. Pelo visto, eu não era a
única que não curtia Lucco. Passei a mão em meu cabelo para alinhá-lo e em
seguida arrumei meu casaco. — Vamos logo então!

****

Avistei Lucco, sentado em uma das poltronas escuras da sala, olhando


atentamente para a tevê da sala. Respirei profundamente, para não surtar e
entrei no cômodo. Quando ele me viu, rapidamente se levantou do seu lugar e
abriu um sorriso falso. Lá vamos nós. — Lucco, que surpresa agradável. —
Desagradável. Desde quando me tornei uma pessoa não sincera? Lucco
estendeu sua mão para a minha e demos um leve aperto. Disse para ele se
sentar novamente e fui até o sofá, me sentando o mais distante possível dele.

Ele sorriu mais uma vez enquanto dizia. — Fui até o apartamento de
Bernadir, em Seattle, mas não o encontrei. Então liguei para Vittorio
perguntando sobre nosso irmão, e ele acabou me convidando para um almoço
em família. — Sorriu. — Não estou incomodando, certo? — Perguntou,
franzindo o cenho.

Sim, você está incomodando.

— Imagina! — Balancei minha mão, rindo levemente. — Não está


incomodando, Lucco. Aqui é a casa do seu irmão.

Ele assentiu para mim, com um pequeno sorriso e voltou a olhar para a
tevê. Uma coisa dos irmãos Gratteri é que todos sabiam que eles chamavam a
atenção, pelo fato de terem entrado na máfia, e se tornarem tão poderosos em
questões de poucos anos. Mas o que todas – as vadias safadas – as mulheres
do ciclo sabiam é que os quatros são incrivelmente lindos. Era até um crime
por todos nascerem tanta beleza, mas um crime muito bem feito. Por mais
que Lucco fosse um babaca sonso, eu não poderia deixar de ressaltar sua
aparência. Ele era extremante idêntico a Demétrio, um pouco mais baixo e a
pele era bronzeada, mas tinham a mesma cor de cabelo. Castanho de um
avermelhado incrível. Seus olhos eram castanhos, como de Vittorio, mas
eram mais claros, e uma barba rala estava cobrindo metade de suas bochechas
e do seu queixo.

Muito bonito. Mas um tremendo idiota.

Nunca fui de me importar com as notícias que rodavam dentro do ciclo,


mas eu não cansava de ouvir soldados de papai, ou até mesmo as falsas
amigas de mamãe, dizendo que Lucco era o menos favorito. Apenas o
respeitavam, por ele ser irmão mais novo de Demétrio. Somente por isso. Sua
moral existia por causa do irmão do meio.

Babaca.

Minutos tinham-se passado e Lucco e eu, estávamos quietos olhando


para o noticiário de 12h que passava na tevê, mostrando as desgraças que a
neve tinha causado. Eu estava desinteressada e inquieta! O puto do Vittorio já
deveria estar em casa, mas ele tinha que se atrasar justamente hoje! Arrr...
Mexi-me desconfortável no sofá e pigarreei. Eu preferia estar lá fora, no meio
da nevasca, do que estar ali. — Você pode voltar aos seus afazeres, prometo
não fazer bagunça. — Murmurou Lucco, olhando atentamente para a
televisão. Sorri com os lábios fechados e balancei minha cabeça.
— Estou bem, apenas com fome. Vittorio já deveria estar em casa. —
Comentei.

Dessa vez Lucco me olhou, e arqueou suas sobrancelhas grossas. —


Está nevando, ele deve vir com cuidado para casa. — Comentou. Ele cruzou
suas pernas e me olhou atentamente. — Não pude deixar de notar: Você
trocou a decoração da sala? — Desculpe? Por que isso tem importância para
ele? Juntei minhas sobrancelhas e olhei em volta da sala. Eu não tinha
mudado muito, apenas troquei a cortina vinho e coloquei a cor de creme. E
também tirei os objetos de decoração que Lorena tinha, e coloquei as de meu
agrado.
Voltei a olhar para Lucco e assenti. — Sim, por quê? É crime mudar
sua própria casa? — Perguntei cruzando as mãos. Lucco soltou uma risada e
fechei a cara. Mais um maluco para suportar.

— Relaxe. Só estou falando, sou observador. — Ele soltou um suspiro


alto e continuou. — É até engraçado. Vittorio jurou que não deixaria
ninguém tocar nas coisas de Lorena, nem mesmo no piano dela, que ela
tocava para ele. Meu pobre irmão, ele ainda passa todas as manhãs ao lado
daquele piano e conversa com Lorena, dizendo que nunca deixará de amá-la e
nunca deixará de se livrar das suas coisas. Principalmente seu piano. —
Minha garganta se fechou ao ouvir Lucco. O que ele tinha acabado de me
dizer, fez com que minha raiva acordasse bravamente.

Esfreguei minha testa com os dedos da mão esquerda e suspirei. —


Sério? Manipulações? Finalmente a verdadeira cobra acordou. — Falei
calmamente, sorrindo. Lucco por outro lado, não se importou com meu
xingamento e apenas riu. Ele se recostou novamente na poltrona, e apoiou
seu pé direito em seu joelho esquerdo. Ele me disse:

— Você fala como se me conhecesse.

— Pode apostar que conheço. Você é idêntico a todas as frutas podres


da máfia. — Me curvei em meu lugar e sussurrei. — Consigo identificar de
longe, manipuladores baratos. Então, está perdendo seu tempo. — Me
levantei do sofá e caminhei para longe daquele homem. Ele que ficasse ali
sozinho, esperando seu irmão. Eu não era obrigada a ficar escutando as
merdas que saía da boca daquele idiota. Quando estava perto das portas
abertas da sala, fui parada pela voz de Lucco.

— Já que não acredita em mim, deveria procurar melhor sobre essa tal
festa que Vittorio foi convidado. — Fechei meus olhos e respirei fundo, me
virei lentamente, e Lucco estava com um sorriso diabólico em seus lábios.

— O que quer dizer? — Perguntei asperamente.

Lucco se levantou de sua poltrona e pegou seu celular do bolso da


calça, ele começou a jogar para cima o aparelho, pegando-o no ar. — Bem,
ano passado ele também foi convidado para essa comemoração. Quando
chega a 00h do ano novo, o lugar se torna uma deliciosa festa. — Ele chegou
perto de mim e franziu o cenho. — Achei que Cecília tinha lhe contado, na
última vez em que você foi para Siena.

— Como é?! — Perguntei em voz alta, me aproximando mais dele.


Lucco conteve um largo sorriso e então, começou a andar em minha volta.
Rodeando-me como um verdadeiro urubu.
Ele parou na minha frente e disse-me. — Desculpe, acho que acabei de
estragar a surpresa do meu irmão. — Lucco, deu uma olhada para uma das
janelas da sala, e depois voltou a me olhar. Ele chegou mais perto de mim e
segurou uma das mechas do meu cabelo. — Não se preocupe baby. Tenho
certeza que se divertirá, mesmo vendo Vittorio com a melhor amiga em
comemoração. — A porta da casa foi aberta, e o barulho do vento lá fora
invadiu o ambiente quente. Desviei meu olhar de Lucco e ele se afastou de
mim. Olhando para o hall de entrada.

— Vittorio! — Exclamou passando por mim.

Virei-me para eles, me sentindo atordoada. Eu não sabia o que fazer e


pensar. Quando olhei para cima, Vittorio estava apertando a mão de seu
irmão, me olhando seriamente com as sobrancelhas unidas. Então ele disse.
— Perdi alguma coisa? — Perguntou para mim. Tentei abri minha boca para
responder, mas vacilei. Eu não conseguia nem olhar para ele.

Lucco soltou uma risada e passou a mão em seus cabelos. — Sim! O


almoço, Bela e eu estávamos tendo uma agradável conversa.

Bela?

Olhei para Vittorio e seu olhar era indecifrável em minha direção. — É,


acho que notei isso. — Murmurou.

Eu queria gritar, gritar o mais alto possível, xingar e bater! Mas não
conseguia formular uma única palavra, por estar sentindo tanto nojo. Vittorio
iria me levar para aqueles lugares mais uma vez? E teria a coragem de levar
os meus pais?! E quanto à desgraçada da Cecília? Ela sempre estava
pairando sobre nós e aquilo já estava me cansando. Mas também, o outro lado
da minha mente me dizia para me acalmar, pois tanto eu, como todos da
máfia, sabiam que Lucco Gratteri era um manipulador mentiroso de merda.

Mas ele tocou em um assunto que sempre me incomodou. E como ele


sabia daquilo tudo? Principalmente da vida de seu irmão? Vittorio contou?
Mas para que? Qual diferença isso faria?!

— Você vai vir ou não? — Perguntou Vittorio, me tirando dos meus


pensamentos. Pisquei rapidamente e olhei para ele e depois para Lucco, que
me encarava com uma sobrancelha arqueada. Vittorio estava trincando sua
mandíbula, olhando de mim para seu irmão. Até que respirei fundo para me
recompor e assenti.

— Sim, vamos. — Consegui dizer. Mas eu queria dizer mais. Aquela


conversa mexeu comigo.

****

Durante o almoço, permanecemos os três calados. Pela minha parte era


compreensível, pela de Lucco, eu não tinha ideia, pois não o conhecia bem.
Mas de Vittorio era uma grande estranheza. Ele sempre estava disposto a
falar mais do que qualquer um, um verdadeiro tagarela, mas hoje, isso
mudou. Ele estava assim, há um mês. Porém, depois voltou a ser o Vittorio
irritante, provocador e falante de sempre. Mas hoje, ele voltou a ser um
mudo.
Eu não parava de relembrar as palavras de seu irmão, meu lado
racional, gritava para mim, dizendo que tudo aquilo era a boa e descarada
mentira. Mas eu não compreendia o porquê que ele tinha me contado aquilo.
Será que queria ver seu irmão e eu discutindo? Mas para qual benefício? Isso
não fazia sentido, o que ele disse não fazia sentindo. Em alguns momentos,
eu olhava para Lucco, sentado na outra extremidade da mesa. Toda vez que o
olhava, ele já estava me observando, e eu não estava curtindo nada daquilo.
Então achei melhor prestar atenção no meu prato.

Quando a sobremesa tinha chegado. Lucco finalmente falou. — Como


andam os negócios da Luchesse? — Vittorio deu de ombros e pegou um
pedaço da torta com o garfo.

— Ótimo. Franco sabe mesmo dar conta. — Murmurou.

Lucco assentiu uma vez e olhou para mim. — E Emma, continua te


importunando quando vai até o Loop? — Juntei minhas sobrancelhas e
encarei Vittorio, ele estava olhando para seu prato e depois encarou o irmão.

— Lucco. — Alertou.

Que porra era aquela? — Quem é Emma? — Perguntei olhando entre


os dois.

Vittorio soltou um suspiro alto e olhou mais uma vez para o irmão. —
Obrigado Lucco. — Rosnou se virando para mim. — Ninguém importante, é
uma das garotas do clube que... bem, ela ficava comigo depois do meu luto.
— Achei que tivesse dito que não ficou com mais nenhuma mulher
depois de Lorena. — Indaguei cruzando os braços. Vittorio jogou sua cabeça
para cima e fechou os olhos, soltando um suspiro, novamente. Lucco não
dizia nada, apenas olhava para mim e seu irmão, enquanto comia a torta.

Vittorio colocou o garfo de volta ao prato e me olhou seriamente. — Eu


mentia muito para você, e deixei isso claro no primeiro minuto em que me
tornei sincero. Eu não tenho mais nada com aquela mulher, pois estou casado.
Não preciso buscar nada na rua, se já tenho mais que o suficiente dentro da
minha casa. — Ele arqueou suas sobrancelhas e continuou. — Satisfeita? —
Não o respondi e abaixei meus olhos. Como eu e Vittorio éramos babacas.
Seu irmão estava desesperado para causar uma briga para nós dois.

Eu não queria estar mais ali, ele encontraria mais uma merda de
Vittorio, e jogaria em cima daquela mesa. Peguei o guardanapo do meu colo
e limpei minha boca, em seguida me levantei; o que fez os dois se levantarem
também.

Oh, Gratteris cavalheiros...

— Se vocês me dão licença, eu vou voltar para meu quarto. Não estou
me sentindo bem desde essa manhã. — Olhei para Lucco e disse. — E Lucco,
chega com seus joguinhos de manipulações. Isso é coisa para mulherzinha.
Bem, tenham uma boa tarde. — Enquanto Lucco me encarava com raiva, que
estava escondida, mas eu tinha notado. Vittorio me olhou com a testa
franzida e depois para seu irmão. Ele não deve ter notado as sacanagens do
irmãozinho de merda. Saí da sala de jantar sem dizer mais nada e fui até as
escadas, eu estava me sentindo ótima, mas estava enjoada de olhar para a cara
de Lucco.

Quando cheguei ao fim das escadas, fiquei ali no corredor para tentar
ouvir algo, claro que não iria, pois a sala de jantar ficava em outra
extremidade da casa, mas continuei ali. Não demorou mais que dez minutos
da minha saída da sala, quando escutei as vozes masculinas. Saí de perto da
escada e encostei-me à parede ao lado, para nenhum dos dois me ver. Quando
Vittorio e Lucco estavam no hall, ouvi Vittorio dizer.

— Qual é a droga do seu problema? Fica falando do meu passado para


ela, sabe que Belarmina é jovem e desconfia de qualquer coisa!

Cheguei mais perto da escada para ouvir melhor. — Você não deveria
mesmo ter se casado com ela. Eu não gosto dessa garotinha mimada, não
gosto da família dela e ponto. Ela é jovem demais para você Vittorio, e você
precisa de uma mulher. Vamos para o Loop mesmo. Como nos velhos
tempos. — Riu Lucco. Esse filho da puta! Convidando meu marido para
bordéis?! Eu irei arrancar os olhos dele.

Ouvi Vittorio soltar um rosnado, dizendo. — Não vou fazer isso,


Lucco. Jamais irei desrespeitar Belarmina. Agora, eu só peço, por favor, não
fique falando de mim para ela. Eu corto sua língua na próxima vez.

Lucco soltou uma gargalhada alta e então ouvi a porta ser aberta. —
Fique tranquilo. Prometo que irei me comportar em Veneza. — A porta foi
fechada novamente, então me afastei e corri até o meu quarto. Como Vittorio,
pode ainda deixar esse desgraçado ir viajar conosco? Eu não iria suportar
olhar para ele por mais um segundo. Teria que dizer a Vittorio. A porta do
quarto foi aberta e rapidamente soltei minhas palavras.

— Vittorio, seu irmão não pode ir para Veneza conosco. — Desabafei.

Vittorio encostou-se à porta fechada e franziu o cenho para mim. —


Por que não? Aliás, por que estava tão próxima dele na sala, e ele segurando
seu cabelo? — Perguntou calmamente.

Ah merda...

Abri minha boca e fechei-a novamente. Como ele tinha visto aquilo?
Passei a mão em meu rosto e suspirei, indo até a janela. — Ele que chegou
perto de mim. Começou a dizer que essa viagem a Veneza é na verdade a
droga de uma festa das casas que você frequentava. E Cecília está no meio!
— Vittorio apertou seus olhos, mas dessa vez eu não ri e muito menos ele.
Ele balançou sua cabeça em negativa e se afastou da porta, dizendo-me. —
Deus, mas é claro que não. Qual o problema do Lucco? — Murmurou para si
mesmo.

— Nenhum. Só a parte em que ele é um tarado de merda invejoso, e


que adoro fazer discórdia! — Exclamei revoltadamente. — Eu não irei a
lugar algum, se o seu irmão estiver por perto. Eu não vou aguentar seus
venenos por toda a noite.

Vittorio me olhou de relance e rosnou. — A ÚNICA COISA QUE ME


INSTIGA É POR QUE LUCCO ESTAVA DAQUELA FORMA COM
VOCE! E POR QUE ESTAVAM SE ENCARANDO A PORRA DO
TEMPO TODO DURANTE O ALMOÇO?! — Vociferou com os olhos
arregalados. — SE O DETESTA TANTO, POR QUE ESTAVA AGINDO
ESTRANHO LÁ EMBAIXO? RESPONDA PORRA!

— SERÁ QUE PODE PARAR DE GRITAR?! — gritei de volta.


Vittorio passou as mãos nos cabelos e se virou de costas. — Ele que chegou
perto de mim! Ele viu pela janela você chegando e criou aquela cena, antes
disso, tentou me envenenar com assuntos sobre você nunca substituir Lorena,
e depois dessa droga de viagem! Não viu o que ele fez na mesa de jantar?
Falando de uma vagabunda que você fodia, na minha frente para eu ficar
brava? Não vai acreditar em mim, mais uma vez, Vittorio? — Seria o cúmulo
se ele não acreditasse. Era bem óbvio que seu irmão só apareceu para arrumar
suas confusões, dentro da nossa casa!

Vittorio respirou profundamente e se virou para me olhar. Um olhar


tenso e cansado. — Mais é claro que eu vou acreditar... em você, Bela. — Ele
caminhou até a nossa cama e lá se sentou. Soltando um suspiro. — Eu vou
quebrar o maxilar daquele idiota. Eu disse para ele não vim aqui, por que eu
me atrasaria. — Arqueei minhas sobrancelhas e cruzei meus braços. O filho
da puta ainda mentiu para mim, dizendo que Vittorio pediu para ele esperá-lo
aqui.

Descruzei meus braços e andei até a cama, Vittorio estava com os


cotovelos apoiados sobre suas coxas, olhando para o chão. Sentei-me ao seu
lado e disse. — Não quero ir a Itália se ele ou Cecília estiver por perto.

— Meu bom Deus! — Exclamou Vittorio, olhando para o teto. —


Cecília não existe mais, Belarmina! Ela não é membro da máfia e muito
menos minha amiga! Já chega de falar dela! — Dei um murro no seu ombro e
me levantei.

— Isso é culpa do seu irmão! Ele que disse essa droga! Eu não irei
repetir, não vou para lá se ele for! — Esbravejei, encarando Vittorio com a
mais pura raiva.

Ele se levantou da cama e ficou parado na minha frente, seu olhar era
fulminante para mim, e eu poderia ver que estava se controlando para não
quebrar meu pescoço. — VOCÊ VAI PARA VENEZA! LUCCO É UM
ADULTO, PORRA, E EU NÃO SOU A BABÁ DELE. SE VOCÊ QUER
TANTO EVITÁ-LO, BASTA FICAR LONGE DELE, E SE EU SOUBER
OU ATÉ MESMO VER MAIS UMA CENA DAQUELAS, VOU CORTAR
A GARGANTA DOS DOIS! — Rosnou entre gritos, apontando seu dedo na
minha cara. Eu não fiquei com medo e nem me afastei, apenas dei um forte
tapa na sua mão para ele abaixá-la e continuei desafiando-o.

Vittorio não desviou seu olhar de raiva da minha direção enquanto


arrumava seu terno, ele passou por mim e quando abriu a porta, disse. —
Prepare as malas, vamos sair amanhã pela noite. Não quero ouvir uma
reclamação sua até lá. — Com isso, Vittorio fechou a porta, me deixando
sozinha.

Fechei meus olhos e soltei um grito. — SEU FODIDO! FODIDO!


FODIDO! — Peguei o abajur do aparador e joguei longe, como força,
fazendo o objeto se espatifar. Minha respiração estava ofegante e minha
cabeça latejando de dor. Sentei-me no chão e escondi meu rosto entre minhas
mãos.
Mais que porra! Essas merdas entre Vittorio e eu tinham voltado!
MERDA!

CAPÍTULO
26

Passei toda a viagem até Veneza sem olhar para Vittorio. Ele por outro
lado, fazia questão de mostrar que pouco se importava com isso, eu estava
com tanta raiva dele, que não deixei nem mesmo que fosse dormir ao meu
lado, na noite anterior em nossa casa, e agora no quarto do jato particular da
Família. Meus pais já tinham ido, no dia anterior, e seu irmão babaca iria
chegar à cidade amanhã.

Eu queria me matar, ao invés de estar ali, seria o pior ano novo de toda
a minha vida.

Quando chegamos a Veneza, dois soldados nos aguardavam na saída do


aeroporto internacional Marco Polo di Venezia. Eles nos deram boa tarde e
seguimos para um Jaguar F-Pace da cor prata. Quando estávamos no interior
do veículo, olhei para Vittorio, sentado ao meu lado esquerdo com seus
óculos escuros, mexendo no seu celular. Soltei um suspiro baixo e encostei
minha cabeça no banco de couro, me virando e olhando através da janela do
carro, a cidade passando em velocidade.

****

Quando entramos na maravilhosa e incrível mansão Hasbaya, fiquei


sem fôlego. Ela era realmente uma casa italiana, com quadros caros
espalhados pelas paredes, estátuas de deuses ou algo do tipo. Móveis que
aparentavam ser de séculos passados, teto incrivelmente decorado com uma
pintura de anjos lutando com os homens, e piso de madeira polido. Todos
ficariam na mansão, pois seria lá onde aconteceria a festa de fim de ano.
Quando Vittorio entrou carregando nossas malas, um homem de terno cinza
de meia idade estava ajudando ele, e os dois conversavam sorrindo.

Eles me viram ali, parada, observando a entrada da perfeita casa,


quando Vittorio disse-lhe. — Salomão, essa é a minha nova esposa. — Juntei
minhas sobrancelhas para ele, mas o homem já estava se aproximando de
mim, com um largo sorriso, pegando minha mão.

— Oh, così bella! — Exclamou, beijando as costas de minha mão.

Sorri para ele e respondi. — É um prazer conhecê-lo. — Salomão tinha


cabelos grisalhos, igualmente a sua barba. Sua pele era bronzeada pelo sol e
seus olhos de um castanho escuro. O homem era muito elegante, também. Ele
segurou minha mão, ainda sorrindo para mim, enquanto Vittorio nos olhava.

— Como é bonita! — Comentou em seu sotaque. — Uma verdadeira


beleza. Agora me diga minha querida, esse rapaz está lhe tratando bem? —
Olhei para Vittorio, segurando uma risada e ele apenas revirou seus olhos. De
repente, Salomão entrelaçou meu braço direito no seu e entramos mais na
mansão. — Deixe que ele leve as malas. Vittorio, já sabe qual é o seu quarto
nessa casa. — Vittorio soltou um grunhido, pegou as malas com dificuldade e
virou para o lado esquerdo da casa, desaparecendo.

Virei novamente minha cabeça e olhei Salomão. — Eu não sabia que se


conheciam, quero dizer, tão intimamente assim. — Murmurei.

O homem deu tapinhas em minha mão que ele segurava e sorriu. —


Conheço Vittorio, desde os seus 19 anos. Eu era amigo do seu pai, Ricco, que
Deus o tenha! Enfim, sempre foi um garoto problemático, mas de bom
coração. Ele que me sugeriu entrar na Família, no começo achei assustador
colocar minha família nesse meio, mas ele mostrou o lado bom, eu sou dono
de três concessionárias de veículos de luxo, e toda vez apareciam alguns
policiais federais querendo dinheiro dos empresários da cidade, se você não
tivesse a quantia que eles queriam, quebravam tudo da sua loja ou invadiam
sua casa. Eu estava quase entrando em falência com isso, então, contei uma
vez para Vittorio, quando ele veio me visitar, já tinha entrado na máfia. Ele
ficou revoltado com isso, pois os federais deveriam proteger a população e
não extorqui-los. Ele disse para me juntar à máfia que lá, eu seria protegido,
assim como minha família. Então eu entrei.

Arqueei minhas sobrancelhas e perguntei curiosa. — E quanto aos


federais? — Salomão sorriu para mim no momento em que viramos para o
um largo e grande corredor, com janelas do teto ao chão, do lado esquerdo.

— Eles foram procurar por mim em uma das minhas lojas. Gritaram
dizendo que queriam quinhentos mil euros naquele momento, então eu disse
que não tinha aquele dinheiro todo, e o banco não iria aprovar que eu
retirasse meu dinheiro. Um dos homens não gostou da minha ousadia, pegou
sua arma e deu uma coronhada na minha cabeça, fazendo os clientes
correrem assustados e os funcionários se paralisarem. Eles me ameaçaram,
dizendo que iriam implantar documentos ilegais na minha loja e chamariam a
polícia, ou iriam matar minha esposa. Quando ele disse isso, apareceram
quatro soldados da máfia, dando um jeito nos safados. Eles disseram que eu
não teria mais problemas e as outras pessoas também. E iriam dar um jeito
nos pilantras, nunca mais os vi. E tudo graças a Vittorio.

Certo. Eu não sabia se ficava suspirando com aquela história, em saber


que Vittorio praticamente salvou muitos trabalhadores, ou se reviraria os
olhos. Então achei melhor apenas sorrir e dizer como Vittorio... — Foi muito
bondoso da parte dele. — Comentei em voz baixa. Salomão e eu entramos
em uma sala com cadeiras e sofás, um piano e uma estante de livros. Ele me
convidou para se sentar e foi até um armário, abriu e pegou uma garrafa de
uísque e dois copos pequenos.

Ele apareceu ao meu lado, servindo um copo para mim. — De fato,


bella. No início eu me sentia mal em ter me tornado membro da Luchesse,
mas percebi que a proteção deles estava sendo ótima. Nunca mais fui
importunado dentro do meu trabalho. Tudo, também, graças ao jovem
Gratteri. — Ele bateu seu copo no meu e sorriu, bebendo o álcool. Depositei
o copo sobre a mesa de centro e o olhei.

— Por que você disse que Vittorio era problemático? — Perguntei.

Salomão pigarreou e colocou o copo em cima da mesa. — Oh, se


envolvia em muitas confusões. Garoto adolescente e extremamente com raiva
depois da morte da pobre mãe, Dio l'abbia in gloria! (que Deus a tenha!).
Sofreu muito, sempre fazendo coisas erradas, acabou sendo detido por três
vezes pela polícia, e por isso seu pai sempre o batia. Aliás, o velho homem
sempre bateu nos filhos e digo bater para valer. Vittorio só foi controlado
pelo irmão mais velho, Bernadir, esse nunca deu problemas, mas os outros...

— Devo imaginar pelo o que todos eles passaram. — Murmurei


distraída.

Salomão arqueou suas sobrancelhas e perguntou. — Você é filha dos


Luchesses, sempre me disseram que seu pai é um homem... duro. —
Comentou suspirando. Soltei uma risada baixa e assenti.

— Essa palavra é muito doce referente ao meu pai, mas sim. Ele é...
duro. — Nos entreolhamos e gargalhamos. — Eu achei que Vittorio seria
como ele, pois ele mesmo disse-me antes do casamento que era pior que meu
pai, mas... ele não foi, não tanto. Acho que sentiu pena pela vida que passei,
então pegou leve comigo. — Isso era o que eu sempre deduzira. Vittorio não
era um ogro cem por cento, pelo o pai que eu tinha. Mas algo dentro de mim,
lá no fundo, dizia que não era verdade.

Salomão sorriu com carinho e segurou minha mão. — Ou talvez porque


o garoto é apaixonado pela esposa. Não, talvez não, certeza. Ele não
consegue disfarçar.

— Por favor! — Suspirei, revirando os olhos e balançando minha mão.


— Vittorio ama a si mesmo. Todos sabem disso.

Ele soltou uma risada e deu de ombros. — Todos os que não o


conhecem. Vittorio não é um monstro de sete cabeças, apenas uma pessoa
que sofreu por perdas significativas, e agora ele precisa ser compreendido,
resgatado, mesmo agindo como um adolescente. Acredite meu amor, ele vale
a pena. — Salomão deu duas batidinhas de leve em minha mão e piscou para
mim. Suas palavras mexeram comigo e me aqueceu, ele precisava ser
resgatado, mas eu não sabia se ele gostaria de ser.
Quando terminamos nossa conversa, Salomão me levou até o quarto e
fiquei boquiaberta com tamanha beleza da casa. Despedi-me dele e entrei na
suíte, ele provavelmente tinha o tamanho da biblioteca da nossa casa! E tinha
uma decoração estilo ao filme Maria Antonieta. Assim, como toda a casa.

Vittorio estava deitado na cama, com o tablet na mão, ele tinha apenas
tirado o paletó preto e seus sapatos. E não olhou para mim quando entrei.
Argh! Fiquei o observando, encostada na porta, pensando. Eu não deveria
agir como uma adolescente, já que Vittorio se encarregava disso toda vez que
brigávamos! Sim, eu estava brava com ele, pelo modo que ele gritou comigo,
e não se importou com minha opinião em seu irmão vir a esse lugar. Mas eu
não poderia levar isso para tão longe, faltava somente nove horas para o fim
de 2011 e eu não estava nada a fim de ficar de "mal" com ele. Mesmo
querendo.

Soltei um suspiro chateado e tirei meus sapatos, em seguida, meu


casaco e meu vestido vermelho. Caminhei pelo quarto somente de calcinha e
sutiã e parei ao lado da cama grande, onde Vittorio estava. Soltei um
pigarreio, mas ele não olhou. Estava fingindo interesse ao que estivesse
fazendo no tablet. Vittorio colocou sua mão direita atrás de sua cabeça
apoiada no travesseiro e disse-me.

— Está tentando atuar em um filme de terror? Parada ao lado da cama


desse jeito? — Murmurou.

Segurei uma gargalhada, e coloquei minhas mãos nos quadris. — Você


não vai me olhar? — Perguntei. Vittorio arqueou suas sobrancelhas, ainda
olhando para o tablet.

— Não. — Disse.

Esse fodido...

Antes que eu pudesse perder a cabeça. Peguei o tablet de sua mão e


joguei no outro lado vazia da cama. Vittorio tombou sua mão que segurava o
aparelho e fechou os olhos, suspirando. — Agora vai me olhar? — Perguntei
novamente.

Ele abriu os olhos e olhou para meus pés, depois os fechou novamente.
— Pronto, já olhei você. Agora vá se preparar para a comemoração. —
Ordenou. Ele estava tentando me deixar com raiva, mas não iria conseguir.
Minha única solução foi subir na cama, e me sentar sobre o seu colo, Vittorio
colocou sua outra mão por trás de sua cabeça e abriu os olhos. — Estou
cansado, Belarmina. Minha esposa não deixou que eu dormisse na cama que
tinha no jato, acabei dormindo em uma das poltronas e estou com dores, se é
que me entende. — Mordi meu lábio inferior e passei minhas mãos sobre seu
peitoral coberto pela camisa escura.

— Por que será que ela fez isso, hein?

Vittorio deu de ombros e continuou a me olhar. — O que você quer? —


Perguntou sem rodeios. Abri os três primeiros botões da sua camisa e me
rocei lentamente em cima da sua pélvis.

Joguei meu cabelo para o lado e me balancei repetidamente em seu


colo. Ele estava começando a ficar duro. Ótimo. — Eu quero que não
fiquemos brigados, isso é muito infantil. — Confessei.

Vittorio soltou uma risada baixa e disse. — Todos os casais normais do


mundo brigam. Não é infantilidade.

— Mais esse é o problema. — Olhei para ele e completei. — Não


somos normais. — Sussurrei sedutoramente. Vittorio apertou seus olhos, me
fazendo rir mais uma vez e então me falou.
— Eu não vou fazer nada. Vai ter que se virar Sra. Gratteri. — Passei a
língua sobre meus lábios, fazendo os olhos de Vittorio seguir os movimentos.
Ele levantou um pouco sua pélvis em minha direção e suspirou.

Olhei para sua calça e segurei seu cinto, desafivelando e depois abrindo
sua calça. — Tudo bem! Vai ser bom, de qualquer jeito. — Ele deu uma
piscadela para mim e permaneceu sua atenção em minhas mãos. Enfiei uma
delas dentro da sua calça e cueca boxer, para pegar seu membro. Quando o
segurei e puxei para fora das roupas, Vittorio soltou um grunhido baixo.
Olhei uma vez para ele e balancei minha mão para cima e para baixo. —
Hmm... Está no ponto. — Sussurrei.

Seus olhos escuros me encararam com o mais puro desejo de luxúria.


Era maravilhoso observar seu olhar, toda vez, um olhar faminto, sensual e
com desejos que somente eu, saberia decifrar. Enquanto masturbava Vittorio,
puxei minha calcinha para o lado e levantei meus quadris. Quando me
posicionei, Vittorio e eu nos olhamos, e me abaixei até que seu membro ereto
entrasse lentamente em mim. Soltamos um gemido sincronizado e nunca
desviando o olhar do outro. Assim era tão íntima, tão sensual e forte nossa
conexão, naquele momento, que era somente nosso. Eu gostava daquilo,
Vittorio adorava aquilo. Ambos necessitados pelo outro, porém orgulhosos
demais para admitir.

Espalmei minhas mãos sobre o seu peito e comecei a me movimentar,


para cima e para baixo, deixando que ele me preenchesse e me alargasse. Era
a coisa mais surreal e inexplicável, quando Vittorio estava dentro de mim. Eu
não me sentia mais forçada, não me sentia mais obrigada a conviver com ele.
Todo aquele vestígio de angústia por viver a força uma vida que eu nunca
quis, tinha se dissipado. Sim, eu queria ter essa vida, eu queria ter ele e mais
nada nesse mundo. Não havia nada forçado naquele momento, nos últimos
meses, nada estava sendo forçado, estava apenas sendo verdadeiro.

Estava cansada de fingir, fingir sobre tudo. Eu não podia negar, eu


queria Vittorio somente para mim. Eu o queria todos os dias ao meu lado,
queria vê-lo me mimando, sendo carinhoso, gentil, arrogante e cretino como
sempre foi. Eu não me sentiria a menos, perto dele por causa de Lorena, eu
era sua esposa. A mulher que estava ao seu lado, Lorena foi uma incrível
pessoa em ajudá-lo com seus demônios e em amá-lo. Agora era minha vez,
lutar com sua escuridão, eu estava disposta.

Mas... e quanto o amor?

Senti as mãos de Vittorio segurar meus quadris, para me penetrar com


mais força. Fechei os meus olhos e soltei um gemido.

O amor... essa parte eu não saberia o que fazer.

****

O salão da mansão estava lotado com pessoas. Uma banda de jazz


estava tocando no palco montado, e vários garçons andando entre os
convidados. Vittorio e eu estávamos parados na entrada do salão, algumas
pessoas nos olhando atentamente. — Mais fãs? — Perguntei me inclinando
em sua direção. Ele soltou uma risada baixa e balançou sua cabeça em
negativa.
— Estão olhando para você. Está linda nesse vestido. — Murmurou
soltando minha mão, para entrelaçar meu braço com o seu. Engoli em seco e
entramos no lugar, sorrindo e cumprimentando quem estivesse por perto. Eu
estava usando um vestido Lanvin longo, de veludo preto, com mesclagem
vinho, ele era de alças finas, com um decote em V e uma fenda até minha
coxa esquerda. Não fiz nada em meus cabelos, apenas os escovei e deixei
soltos, e optei por uma gargantilha preta de veludo, para combinar com o
vestido e o sapato alto preto de tiras.

Eu sempre gostei de usar cores escuras no fim de ano, enquanto muitas


pessoas ali estavam de branco, amarelo ou até mesmo de vermelho. Vittorio e
eu éramos os únicos com roupas escuras.

— Aposto que sua calcinha fio dental é de veludo. — Murmurou


Vittorio, com sarcasmo.

Segurei minha risada quando paramos no centro do salão, onde várias


pessoas estavam e disse. — E quem disse a você que estou usando calcinha?
— Minha voz saiu inocente e sedutora ao mesmo tempo. Os olhos de Vittorio
desceram por todo meu corpo e quando me olhou mais uma vez, havia desejo
ali. Tínhamos feito tanto sexo, com tantas posições naquela tarde, e ainda
estávamos insaciáveis um pelo outro. Hoje mais cedo, Vittorio realmente
mostrou como uma mulher deve ser fodida pelo seu homem. Ele abriu sua
boca, prestes a dizer algo quando, então, alguém o chamou.

— Vittorio! — Olhamos para o lado e seu irmão, Lucco, vinha


caminhando em nossa direção com uma bela morena ao seu lado. Por onde
ele passava as mulheres olhavam, babando por esse idiota ou jogando olhares
fulminantes para sua acompanhante. Se elas soubessem quem ele realmente
é... Quando parou na nossa frente, abraçou Vittorio e depois tentou beijar
minha mão, rapidamente as escondi atrás de mim e sorri de uma forma falsa.
— Bem, essa aqui é a Jeanne, nos conhecemos ontem. — Disse-nos
arrogantemente.

Estendi minha mão para a mulher e ela fez o mesmo, sorrindo. Sua pele
tinha uma cor morena incrível, assim como seus longos cabelos pretos. Ela
tinha olhos escuros e um sorriso alinhado e branco. Usava um vestido
vermelho, mais que sensual e saltos altos. Quando segurei sua mão, falei
sorrindo. — Que grande prazer, Jeanne. Você é acompanhante mesmo ou
uma vítima?

— Belarmina! — Rosnou Vittorio, me olhando de cara feia. Assim


como seu irmão.

Jeanne nos olhou confusa e apenas sorriu. Depois ela cumprimentou


Vittorio e ficou quietinha. Olhando para Lucco. — Está muito bonita, Bela.
Até parece uma mulher adulta. — Comentou ironicamente. Vittorio soltou
outro rosnado, olhando de forma ameaçadora para seu irmão.

— Cuidado com o que fala Lucco. Não vai querer passar vergonha na
frente da sua namoradinha.

Lucco levantou suas mãos e riu grotescamente. — Relaxem! O ano está


quase acabando, vamos rompê-lo sem brigas. Bem, vou procurar por alguns
amigos, se vocês me derem licença. — Ele segurou a cintura da garota, que
se despediu de nós, indo junto com Lucco para o outro lado do salão. Quando
ele estava distante, soltei um suspiro e encarei Vittorio, seriamente. Ele
juntou suas sobrancelhas e perguntou.

— O que foi? — Arqueei minha sobrancelha esquerda e cruzei meus


braços. Vittorio tombou sua cabeça para baixo e suspirou. — É, eu sei, você
avisou sobre ele. — Murmurou olhando para onde seu irmão estava.

Coloquei minhas mãos em seus ombros e sorri. — Anime-se! A noite é


uma criança. — Disse sarcasticamente.

Vittorio soltou uma meia risada e me puxou pela cintura, seu


movimento foi tão rápido, que por mais um pouco nossos lábios se tocariam.
Entreolhamos-nos sem dizer nada, até que sussurrei. — Quase me beijou. —
Seus olhos castanhos desceram para meus lábios e ele respirou fundo.

— Quase. — Murmurou chegando mais perto. Fechei os meus olhos e


quando senti a vitória me invadir, os lábios de Vittorio, tocaram em meu
queixo, soltei um suspiro desanimado e abri meus olhos quando ele se
afastou. — Não faça essa cara, você sabe que é meu limite. — Sussurrou para
que somente eu pudesse ouvir sua voz apertada e angustiada. Passei a língua
em meus lábios e pigarreei me afastando de seu corpo.

Sorri rapidamente para ele e assenti. — Tudo bem!

— Bela? — Olhei para trás, mamãe e papai vinham até nós. Mamãe
estava linda em um vestido branco de manga longa e decote redondo. Meu
pai estava ao seu lado no seu smoking preto sob medida. Seu olhar estava
pousado sobre mim. Quando eles chegaram perto, minha mãe me puxou para
um abraço e o devolvi, sorrindo feliz. Ela segurou minhas mãos e se afastou,
para me olhar melhor. — Olhe só para você! Tão linda!

— Mãe, você está maravilhosa como sempre. — Sorri carinhosamente.


Ela estava tão radiante que aquilo fez meu desgosto se dissipar.

Mamãe foi até Vittorio, que sorria para ela e o abraçou também. Ele
deu apenas um aceno de cabeça para meu pai e respondeu algo de minha
mãe. Olhei para meu pai que chegava mais perto de mim, com suas mãos
enfiadas nos bolsos da calça. Seus olhos me avaliaram e se voltaram para
meu rosto. — Está linda. — Murmurou seriamente.

Assenti para ele e estendi minha mão. — Obrigada. — Papa olhou


minha mão estendida e suspirou, se aproximando e beijando minha testa.
Quando ele se afastou e nos pediu licença, Vittorio o encarava, seguindo-o
como se fosse sua presa.

— Vou deixá-las a sós por um momento. — Sorriu ele se afastando,


indo em direção a um grupo onde Salomão e Lucco estavam.

Virei-me para mamãe e ela sorria. — Está tão radiante. — Comentei.


Mamma segurou minha mão e com a outra, passou em meus cabelos até o
meu rosto.

— Estou sim meu amor. Sinto-me tão bem, como nao me sentia há
tantos anos. Aliás, uma parte de mim se sente bem desde seu nascimento. —
Confessou com um sorriso em seus lábios. Apertei sua mão na minha e sorri.
Um garçom passou por nós e peguei duas taças de champanhe, ofereci para
mamãe e ela balançou sua cabeça, agradecendo. — Não meu amor, eu estou
bem.

Revirei meus olhos e insisti. — Estamos em celebração para o ano


novo, mãe. Vá, tome.

Ela soltou uma risada feliz e se aproximou. — Tenho algo para te


contar. — Franzi o cenho para ela e tomei um grande gole da bebida.

— O quê?

Mamma fechou seus olhos, respirando profundamente e os abriu. Havia


uma vasta alegria aparecendo. — Descobri algo há quatro semanas. — Ela
soltou uma risada jovial e disse. — Estou grávida. — Meus olhos se
arregalaram e senti meu coração bombear mais rápido do que o normal. Olhei
para a minha taça e virei todo o líquido para dentro da minha boca. Depois,
bebi todo o champanhe da outra taça. — Você está bem? — Perguntou ela,
preocupada.

Engoli em seco e coloquei as taças sobre a bandeja de outro garçom


que passava. — Mais é claro! Deus, mãe! Você vai ser mãe de novo! —
Soltamos um gritinho e nos abraçamos fortemente. Eu estava feliz por ela,
mais que feliz, mas também sentia algo. Me afastei dela e perguntei. — Você
contou ao papai? — Seu grande sorriso de felicidade foi diminuindo aos
poucos. Ela olhou na direção que papai estava e fiz o mesmo, o vendo
conversando com alguns homens.
Ela me olhou com um olhar desanimado e disse-me. — Ainda não. Na
verdade, não tenho ideia de como abordar isso. — Murmurou.
Soltei um suspiro e puxei-a para sairmos do centro do salão agitado de
convidados animados. — Que tal a boa e velha frase: "Alessi, tenho algo para
dizer. Estou grávida!" Isso não deve ser difícil.

— Com o seu pai? — Perguntou fazendo uma careta. — Oh sim, é


extremamente difícil.

— Mãe, sendo difícil ou não, ele deve aceitar. É seu filho também. —
Resmunguei olhando para ele novamente, dessa vez, ele estava nos olhando
de volta. Desviei meu olhar rapidamente e encarei minha mãe.

Ela balançava sua cabeça em negativa e passava a mão na sua testa. —


Eu sei disso. Também sei que ele ficará feliz, Alessi sempre quis vários
filhos, mas... não me animo pela forma que a criança foi gerada. — Admitiu
com a cabeça baixa. Trinquei minha mandíbula e suspirei. Ela não precisava
me dizer como e eu não precisava perguntar. Pois sabia a resposta. A criança
não foi gerada em um sexo consensual.

Segurei suas mãos entre as minhas e mamãe levantou sua cabeça para
me olhar. — Está tudo bem. Sabe que não tem culpa dele ser um estuprador,
mas infelizmente você carrega mais um filho, independente da forma em que
ela apareceu aqui. — Pousei minha mão direita em seu ventre e continuei. —
Vamos amá-lo incondicionalmente e cuidar dele com nosso amor e carinho.
— Seus olhos claros brilharam com as lágrimas e novamente seu sorriso
apareceu. Ela assentiu para mim e me puxou para um abraço.
— Eu te amo tanto, meu bebê. Estou tão feliz por você. Vittorio está
cuidando tão bem de você. — Murmurou me balançando como se eu fosse
realmente um bebê. Apertei sua cintura com meus braços e beijei sua
bochecha.

— Eu amo você e espero do fundo do meu coração que essa criança


possa mudar papai. — Mamãe deu um sorriso e assentiu.

— Assim eu espero.

Quando ela disse isso, o cantor da banda chamou a atenção de todos. —


Senhoras e senhores que estão aqui na maravilhosa comemoração de ano
novo no país e na cidade mais bela. Vamos nos preparar para a chegada de
2012! Por favor, vamos todos para o grande quintal, apreciar a queima de
fogos. — O murmúrio das pessoas começou a soar e todos foram em direção
ao lado de fora da mansão, com suas bebidas e comidas nas mãos.

Papai apareceu perto de nós e chamou mamma. — Columba, vamos!


— Ele estendeu sua mão para ela, que a pegou rapidamente, sorrindo para
ele. Antes, ela me abraçou e beijou minha cabeça.

— Nos vemos depois!

Acenei para eles enquanto se afastavam e dessa vez Vittorio apareceu,


me surpreendi quando ele beijou meu pescoço e queixo e me abraçou pela
cintura. — Você está linda e tão cheirosa. — Murmurou no meu pescoço.
Soltei uma risada, me afastei dele, pegando sua mão.
— Vamos, não quero perder a queima de fogos.

Quando chegamos lá fora, muitas pessoas estavam olhando para o rio e


falando, gritando e assobiando sem parar. Vittorio e eu paramos entre
algumas pessoas, ele se prostrou atras de mim e me abraçou. Olhei para trás,
levantando minha cabeça para observá-lo, mas seu olhar estava na direção do
pequeno rio.

— Meus amigos! Está na hora da contagem regressiva, fico


imensamente feliz de compartilhar esse momento, ao lado de minha esposa e
filhos e também dos meus amigos americanos, canadenses, franceses,
brasileiros e italianos nessa noite! Mais um ano se inicia e novos sonhos a
serem realizados! — Salomão sorria e todos gritavam e aplaudiam ele. —
Agora, contem comigo!

Todos começaram a gritar a contagem animadamente e não pude deixar


de acompanhá-los. Vittorio apertava cada vez mais seus braços em minha
cintura, possessivamente.

Sete...

Seis...

Cinco...

Olhei mais uma vez para ele, mas dessa vez, seu olhar estava sobre
mim. Era um olhar carinhoso e caloroso. Um olhar feliz e amável. O olhar de
um homem perdidamente apaixonado.
Três, dois, um...

Todos gritaram feliz ano novo em suas próprias línguas, os fogos de


artifícios foram explodidos no céu e fazendo o rosto de Vittorio ter luzes,
vermelhas, azuis, brancas, verdes, amarelas. Ele não desviava seu olhar de
mim. Enquanto todos gritavam felizes pela chegada do novo ano, se
abraçando e se beijando. Vittorio e eu permanecíamos calados e nos
encarando. Naquele momento ele estava demonstrando tudo o que sentia e o
que pensava sobre mim.

Um olhar tão calmo para mim. Tão sincero e lindo. Apenas nos olhares,
sabíamos o que queríamos dizer em voz alta, mas não tínhamos coragem. Por
medo.

Virei-me de frente para ele e seus braços não se afastavam de mim.


Envolvi seu pescoço com os meus e puxei Vittorio de encontro para mim. Ele
não resistiu, deixou que eu o levasse até onde eu queria. Quando nossos
rostos estavam tão perto do outro, ele soltou um suspiro, fechando seus olhos
e se entregando. Finalmente eu teria seus lábios, depois de tantos meses.
Toquei no seu rosto com minha mão trêmula e fechei meus olhos,
aproximando meus lábios cada vez mais...

Feliz 2012! Pensei.


CAPÍTULO
27

Vittorio segurou minha nuca com sua mão esquerda, me puxando até
ele, segurei nas lapelas de seu paletó com as mãos trêmulas, porém firmes.
Meu coração palpitava rudemente, minha pele se arrepiava toda, com a
sensação de vitória tomando conta de mim. Seria agora. Era o momento e ele
não estava afastando. Quando fechei meus olhos e estava prestes a receber
seus lábios, começou um barulho de instrumentos musicais e várias pessoas
nos empurraram. Vittorio e eu abrimos nossos olhos e olhamos para todos os
lados, onde uma banda de marcha aparecia com instrumentos grandes,
tocando uma música agitada, fazendo as pessoas gritarem mais e pularem de
alegria.

MAS QUE PORRA DE SORTE!

Soltei um rosnado alto e me virei para Vittorio, ele estava olhando para
o chão, com as sobrancelhas unidas. Ah merda... — Vittorio...? — Chamei e
hesitei. Ele piscou várias vezes, como se estivesse acordando e soltou minha
mão. Seus olhos me encararam e depois ele olhou para a banda sinfônica, que
andava entre os convidados, tocando alto. Aproximei-me dele novamente,
segurando sua mão. — Você está bem?

Vittorio pigarreou e me olhou. — O que estava tentando fazer? —


Perguntou em tom acusatório. Franzi o cenho, sem compreender sua
pergunta.

— Eu... o quê?

— Você não respeita mesmo minhas decisões, não é? — Disse


rispidamente, puxando sua mão da minha. — Fica aí, com esse jeito que me
deixa... fica me provocando o tempo todo! E depois se faz de inocente para o
meu lado. — Fiquei sem fala e ainda sem entendê-lo, eu estava no escuro
com essa revolta de Vittorio.

Eu sabia o que era. Estava me culpando por querer me beijar também.


— Está... colocando a culpa em mim? Pelo o que eu percebi você estava bem
animadinho pra me beijar! Não venha com essa. — Vittorio soltou um
rosnado e xingou em italiano, ele se aproximou de mim, perto o suficiente
para sentir seu aroma hipnotizante. Apenas em sentir o seu cheiro, minha
raiva tinha se dissolvido completamente. Fazendo com que eu respirasse
normalmente.

Vittorio passou sua mão na testa e respirou profundamente. — Vamos


fingir que isso não aconteceu! Certo? Estamos aqui para comemorar e não
passar dores de cabeça.

— Fique tranquilo, pois nem me lembro de mais nada. — Ironizei.


Vittorio me olhou de uma forma estranha e assentiu, abaixando sua cabeça.

Magoado?
Quando iria pedir desculpas pelas minhas palavras, alguém segurou
meu ombro e me virou. Um homem vestido de smoking dourado e camisa
branca com gravata borboleta preta; deu-me um abraço inesperado e segurou
meus ombros em suas mãos. — Oh! Você que é a nova Gratteri? Tão linda,
meu benzinho! — Juntei minhas sobrancelhas em confusão e encarei
Vittorio, que estava ao meu lado, olhando confuso para o homem também.

— Me perdoe, conhecemos você? — Perguntou Vittorio, enfiando as


mãos em seus bolsos.

O homem soltou uma risadinha e passou sua mão no peito de Vittorio,


que se afastou como um gato, de olhos arregalados. Haha! — Vittorio
Gratteri! Magnifico em carne e osso, oh mio dio, che uomo! (Meu Deus, que
homem!) — O rapaz se abanou com sua mão e seus olhos devoravam
Vittorio. Soltei uma gargalhada e o encarei, ele estava olhando para o homem
com um olhar ameaçador, o que me fez rir mais.

— Mais uma vez, quem é você? — perguntou novamente e seriamente.

O homem mordeu seu lábio inferior e cruzou os braços. — Me chamo


Bruno, sou amigo de Salomão. — Bruno estendeu sua mão para mim e
rapidamente o cumprimentei, com um largo sorriso.

— Se é amigo de Salomão, então é nosso amigo.

— Não, não é. — Interrompeu Vittorio me puxando pelo braço, longe


de Bruno. — Por que está tão interessado em nós dois? Eu nunca o vi por
aqui, e não me lembro de Salomão ter um amigo do seu... — Ele olhou
Bruno, de cima a baixo. — Estilo. — Joguei um olhar de advertência para
Vittorio, mas Bruno já estava rindo e balançando sua mão.

— Que homem desconfiado! Se bem que você fica mais irresistível


dessa forma. — Ele deu uma piscadela para Vittorio, que soltou um rosnado e
me olhou.
— É, não há perigo aqui. Vou beber algo e já volto. — Ele deu um
beijo na minha testa e se foi para longe. Fiquei paralisada com aquele gesto,
pois ele nunca tinha feito isso! Foi à segunda vez que Vittorio se despediu
brevemente de mim, de forma carinhosa. Observei-o se afastando, indo até
uma mesa com bebidas e alguns homens se aproximaram, apertando sua mão.
Mordi meu lábio inferior e virei meu rosto.

— Então! — Exclamou Bruno. Eu tinha me esquecido dele. — O que


irão fazer nessa longa noite? Passarão aqui na mansão até o amanhecer? —
Perguntou animado.

Dei de ombros e o encarei. — Hã... acho que sim, provavelmente ir


dormir, pois partiremos amanhã no fim da tarde. — Murmurei. Bruno fez
uma careta para mim e balançou suas duas mãos no ar, como se estivesse
espantando moscas.

— Pelo amor de Deus! Vocês não são nenhuns velhinhos. O que acham
de irem para outra festa, porém bem mais quente?

Franzi o meu cenho e cruzei meus braços. — Mais quente? Tipo... um


bordel?
— Hahaha, que engraçadinha, mas não. É uma mansão aqui perto, lá
está apenas casais e a festa está a todo vapor, desde as dez da noite. Tome. —
Ele me entregou um pedaço de papel, já anotado um endereço. — Vittorio
não conhece esse local, mas não precisem se preocupar! Lá estarão rostos
familiares. — Olhei mais uma vez para o papel e perguntei curiosamente para
Bruno.

— Por que está nos chamando? A casa é sua?

Bruno me segurou pelos ombros e me deu dois beijos em cada


bochecha. — Você é tão fofinha! Estou convidando, pois vocês dois são um
casal bem favorecido, todos querem suas atenções. E claro, por serem
Gratteri, a mansão é de pessoas conhecidas. Apenas vá até lá. Tenho que ir,
até queridaaa. — Soltei uma meia risada, enquanto Bruno passava abraçando
as pessoas e conversando animadamente. Ele passou por uma porta da casa e
sumiu.

— Agora sou assediado até mesmo por marmanjos. — Olhei para trás,
onde Vittorio se encontrava com uma bebida na mão. Levantei o papel em
minhas mãos e Vittorio o pegou. — O que é isso? — Perguntou.

Soltei um suspiro e cruzei meus braços novamente. — Fomos


convidados para um lugar bem mais... quente que esse. — Expliquei,
enquanto Vittorio lia o endereço. Ele juntou suas sobrancelhas e bebeu um
gole da sua bebida.

— Fica na terceira rua, fomos os únicos a serem convidados?


Assenti para ele e disse. — Sim, quer dizer, acho que sim. Você
desconfia? — Perguntei. Vittorio olhou discretamente para todos os lados e
balançou sua cabeça, concordando.

— Muito. Mas vamos até lá. Ficarei feliz em começar o ano matando
alguém.

— Você é ridículo. — Murmurei.

Ele piscou para mim e sussurrou. — E você adora isso.

****

Tínhamos nos despedido de algumas pessoas antes de sair. Mamãe e


papai não estavam mais na festa e aquilo me incomodou, mas Salomão disse
que os viu e contou que meu pai estaria indo embora logo cedo, e pretendia ir
dormir. Então eles já estavam em seus quartos. Lucco também não estava lá,
mas não me importei de onde ele estivesse.

Vittorio parou o carro de frente a uma mansão maravilhosa, com quase


todas as paredes em vidro, lá dentro, estava tocando uma música alta e várias
pessoas gritando, rindo e cantando. Mas o que me chamou a atenção foi, por
fora, a casa estava refletida em luz vermelha. Dei um olhar para Vittorio e
balancei a cabeça em negativa. — Fomos enganados. Aqui é uma daquelas
casas de putas, que você frequentava. — Murmurei em desgosto. Vittorio me
olhou e olhou novamente para a casa, ele soltou um grunhido e estacionou o
carro do outro lado da rua. Havia muitos carros ali também.
Saímos de dentro do veículo e caminhamos até os portões, não havia
ninguém tomando conta, então entramos. Quando subimos as escadas de
dentro, uma grande piscina de chão já era vista, porém ninguém estava dentro
dela. Um tumulto de pessoas estava no quintal da mansão, aglomeradas e
dançando sem parar com a batida da música, olhei mais uma vez para
Vittorio e seu olhar era sério.

— Aposto que o bastardo do Lucco, contou para aquele cara sobre


isso...

— E por que você contou para Lucco?! Que diferença iria fazer? —
Questionei bravamente. Fala sério, aquele cara estava me dando nos nervos!
Na próxima vez em que eu o visse iria segurar suas bolas e arrancá-las!
Vittorio soltou um suspiro e olhou para a casa. Ele balançou sua cabeça e
respirou fundo.

— Eu não contei. Ele viu certa noite... — Seus olhos pararam em mim,
minha feição era de pura raiva. — Não Belarmina, eu não estava com você
ainda. Isso foi bem antes. — Explicou. Revirei meus olhos e observei a casa.
Havia casais de todos os tipos, homens com mulheres, mulheres com
mulheres. Homens com homens. E muita diversão, lá fora, eles estavam
apenas comemorando a chegada do novo ano, mas eu sabia que lá dentro, a
comemoração era outra.

— Vamos embora. — Disse Vittorio, pegando meu pulso para nos


afastarmos.

Tentei segurar seu paletó dizendo. — Não! Espere, eu quero saber


quem está aqui, talvez não tenha sido seu irmão tarado. — Vittorio me jogou
um olhar de advertência e depois observou a casa. Ele soltou um suspiro
olhando para céu, como se estivesse em busca de ajuda. Seus olhos escuros
pararam em mim e ele levantou seu dedo indicador.

— Lembre-se que foi você que quis ficar. — Alertou.

Andamos tranquilamente pelo quintal da casa, as pessoas pareciam que


não nos viam, pois continuavam a dançar e gritar sem parar. Vittorio segurou
minha mão e nos guiou até uma porta da casa, quando paramos na frente
dela, ele a abriu e me puxou para dentro. Olhamos para o interior da mansão
e foi aí que me arrependi de ter entrado. — Ai meu Deus. — Murmurei de
olhos arregalados.

Dentro da casa, as luzes eram de um vermelho mais escuro,


distinguindo os rostos de qualquer pessoa que estivesse ali. Porém, havia
várias pessoas, e todas elas estavam fazendo sexo. Engoli em seco e olhei
para todos os lados do cômodo grande, havia pessoas observando também,
algumas até se tocando ou beijando quem estivesse ao seu lado. Eu não
conseguia piscar meus olhos, pois estava petrificada com o que estava
observando naquele minuto.

Dei um passo para trás e senti minhas costas baterem contra o peitoral
de Vittorio, olhei para ele, que estava praticamente admirando aquele cenário.
Vittorio olhou para o chão e soltou um palavrão. — Merda. — Segui seu
olhar até lá, e quando vi nossos pés estavam em uma faixa colada no chão.
Estávamos dentro. O que significava que estávamos no jogo. — Temos que
sair daqui. — Murmurou Vittorio, em meu ouvido, com uma voz tensa. Seus
olhos faziam o possível para não olhar as pessoas tendo relações, mas ele não
conseguia.

— Por que está tentando evitar? — Perguntei confusa.

Vittorio me encarou por um momento e disse-me. — Porque sim, eu


também não estava participando do voyeurismo. Não queria. — Confessou
com um olhar sincero. Droga, ele parou de frequentar esses lugares? Mas ele
mesmo disse que aquilo era uma parte dele. Mordi meu lábio inferior e o
encarei, observando seus lábios misturados com sua barba.

— Você tinha me dito que isso era uma parte sua.

Ele apertou sua mandíbula e olhou para o lado. — Eu sei. — Vittorio


observou novamente as pessoas, enquanto elas transavam de todas as formas
e gemiam ou gritavam, ou imploravam. — Precisamos sair daqui. — Assenti
para ele e segurei sua mão. Vittorio e eu passamos entre as pessoas que
estavam observando as cenas de sexo, discretamente. Todos estavam
envolvidos no que estava acontecendo, então tivemos sorte de passar
tranquilamente sem sermos questionados. Viramos a nossa esquerda e demos
de cara com um corredor abarrotado de outras pessoas, portas estavam
abertas e pessoas entravam ou saiam sem parar, ali mesmo no corredor,
várias estavam fazendo sexo.

— O que vamos fazer? — Perguntei em voz baixa.

Uma música sensual começou a tocar e os sons que as pessoas faziam


com suas bocas, foram abafados. Vittorio e eu permanecemos parados no
início do corredor, sem saber para onde ir, até que sensações começaram a se
intensificar dentro do meu corpo. Eu sentia um fogaréu me invadir e tive que
apertar minhas coxas uma contra a outra, mas estava difícil de não me sentir
excitada, vendo aquelas pessoas transando.

Passei a minha mão no pescoço e desci até o meu quadril. Estava em


brasa, completamente hipnotizada pela excitação, sem ter noção do que
estava havendo. Vittorio me olhou coma testa franzida e me virou de frente
para ele. — Que maravilha. Ficou excitada com a música? — Perguntou
sorrindo de forma cretina. Soltei um gemido e fui até a parede, para me
encostar, se foi à música com toques sensuais, eu não sabia, mas precisava
urgentemente me aliviar.

— Eu não sei. Me sinto acesa... — Mordi meu lábio e passei minhas


mãos pelo meu corpo. Eu podia sentir a sensação gostosa me cutucando,
dizendo que eu precisava encontrar um alívio. Vittorio juntou suas
sobrancelhas e olhou mais uma vez para o corredor, ele me encarou
novamente e se aproximou perto o suficiente para nos tocarmos.
— Vamos fazer isso em casa, Bela. Aqui não.

Balancei minha cabeça em negativa para ele. — Não vou aguentar


Vittorio. Eu preciso de você.

Ele soltou um suspiro e me olhou de cima a baixo. — Sabe que estamos


dentro de uma casa voyeur, não é mesmo? E que também, estamos no jogo.

— Sim, sim eu sei. Não dou a mínima para isso agora. — Gemi. —
Merda, o que eu tenho.
Vittorio segurou meus quadris entre suas mãos e me puxou, ele curvou
sua cabeça até o mesmo pescoço e dando mordidas em minha pele, me
deixando maluca. — Aqui são tocadas musicas em que pode manipular o
cérebro e fazer com que a substância do excitamento se aflore. Você deve ter
se atraído pelo toque e isso despertou seu tesão. Hmm... — Murmurou
chupando meu pescoço. Soltei um gemido baixo e gostei daquela nova
experiência sobre a música. Talvez Vittorio e eu pudessemos tentar isso, num
momento só nosso.

— Você teve sorte por eu estar sem calcinha. — Sussurrei em seu


ouvido e mordi o lóbulo, fazendo-o soltar um gemido rouco. De repente, as
mãos de Vittorio, me seguraram com mais firmeza, me virando de costas para
ele. Encostei meu rosto na parede e empinei minha bunda, batendo na sua
pélvis.

Ele chegou mais perto e roçou seu pau no meio do meu traseiro.
Completamente duro. — Que garotinha safada. Está merecendo uma boa
foda. — Sussurrou em meu ouvido. Uma de suas mãos subiu até o meus
seios, para apertar com força, Vittorio enfiou a mão no decote do meu vestido
e segurou meu mamilo direito, já estava duro com o seu toque. Soltei outro
gemido quando sua outra mão levantou meu vestido e puxou minha cintura,
para ficar empinada. — Agora vai ser fodida por trás, na frente de tantas
pessoas. — Rosnou com a voz pesada.

Eu queria aquilo, queria sentir aquela adrenalina mais uma vez da noite
do restaurante. E Vittorio me daria aquilo, mais uma vez. Separei um pouco
minhas pernas da outra e quando espalmei minhas mãos na parede, Vittorio
segurou meu quadril e me penetrou com um só golpe, meu gemido e o dele se
misturavam a cada estocada firme em que Vittorio me dava, uma de suas
mãos segurou meu cabelo em seu punho e assim, fazendo com que ele
entrasse mais fundo. Mais forte. Mais firme. — Isso! — Exclamei excitada.

Sentia minha excitação escorrer pelas minhas pernas, ficando mais


molhada a cada momento em que o pau de Vittorio entrava em mim. — Está
gostando? Abra os olhos. — Rosnou ele. Abri os meus olhos e olhei para o
lado, algumas pessoas estavam nos observando atentamente e outras nos
encarando e se masturbando. Até mesmo duas mulheres estavam se tocando e
olhando em nossa direção. — Você gosta muito disso, não é? — Perguntou
Vittorio, com a voz carregada de tesão. Sua voz ficava mais grave, com uma
rouquidão sedutora e mais baixa. Aquilo me levava à loucura.

Vittorio me fodia cada vez mais rápido, deixando meus membros se


excitarem e pedirem por mais. Eu sentia a sucção da minha entrada, sugando
Vittorio mais para fundo. Era abrasador. Levantei minha perna direita, e
segurei a cintura de Vittorio, fazendo com que ele fosse mais forte. — Mais
rápido! Mais rápido! — Implorei. Ele soltou um gemido misturando com um
grunhido e colou seu corpo no meu. Vittorio ia forte e sem piedade, fazendo
com que eu batesse repetidamente contra a parede pela sua velocidade. Ele
segurou minha perna que estava levantada e me penetrou mais rápido, eu
estava imprensada contra ele e a parede, sem ter para onde ir. Mas eu não
queria sair dali.

As pessoas continuavam a nos olhar e Vittorio me fodia com mais


força, eu estava a todo o momento pedindo por mais, até que ele sussurrou
em meu ouvido. — Já demos o show a ele, está na hora de chegar ao ápice.
— Eu não queria que aquilo acabasse, queria que durasse para sempre. Mas
em apenas ouvir aquela voz de Vittorio, a música tocando ao fundo, as
pessoas nos observando, a casa e as luzes vermelhas. Fizeram-me
desmoronar.

Soltei um grito em puro êxtase e me balancei junto com o corpo de


Vittorio, ele puxou com mais força os meus cabelos e um gemido rouco saiu
de seus lábios. Encostei minha cabeça na parede, enquanto Vittorio se movia
lentamente dentro de mim, no fim do seu orgasmo. Ficamos assim, dessa
forma, por alguns segundos e a música tinha acabado. Abri os meus olhos e
abaixei minha perna, Vittorio no mesmo instante saiu de dentro de mim e
rapidamente me virei de frente para ele. Ele abotoava novamente sua calça e
arrumava seu terno intocado. Fiz o mesmo que ele e arrumei meu vestido,
depois colocando meu seio direito para dentro da roupa.

Olhei para onde nossos espectadores estavam, mas não havia mais
ninguém ali. — Já se foram? — Perguntei sorrindo. Vittorio respirou
profundamente e sorriu rápido, assentindo para mim.

— Eles só estavam aqui para observar uma bela moça ser comida, por
seu marido contra a parede. — Piscou.

Revirei meus olhos e peguei sua mão. — Suas palavras são tão
românticas. — Ironizei. Vittorio arqueou sua sobrancelha e me puxou para
continuarmos a passar pelo corredor. Por onde passávamos, muitas pessoas
nos olhavam com interesse, principalmente para Vittorio, mas ele não estava
interessado, mas sim em achar a nossa saída. Quando chegamos a uma parte
mais ampla da casa, Vittorio olhou ao redor, ele soltou minha mão e disse.
— Fique aqui e não abaixe sua cabeça. Olhe para todos sem desviar o
olhar muito rápido.

Encarei-o apavorada e segurei seu paletó. — E para onde você vai?! —


Perguntei. Vittorio soltou um rosnado e tirou minha mão da sua roupa.

— Apenas espere!

Antes que eu pudesse impedi-lo, Vittorio caminhou rapidamente até


uma parte da casa, soltei um suspiro alto e olhei em volta, ali, estava vazio,
não havia ninguém. Deduzi que talvez, Vittorio estava procurando um local
onde não tinha pessoas, para ficar passando as mãos em nós, chamando para
transar. Segurei meus cabelos nas mãos e fiz um coque baixo rapidamente,
coloquei as mãos em minha cintura e andei lentamente de lá para cá,
esperando por Vittorio.

De repente, duas mãos por trás de mim, envolveram meus seios e os


apertaram com força. Eu não conhecia aquelas mãos. Virei-me com rapidez e
bati nas mãos do homem desconhecido, bruscamente. — Ei! Calma aí
gracinha, aqui ainda faz parte do jogo, venha aqui. Eu vi você lá no corredor.
— Disse com um sorriso nos lábios. Eu não conseguia decifrar sua aparência,
devido à luz vermelha escura, mas ele parecia ter cabelos escuros. Era bem
alto para piorar.

Andei de costas para me afastar e disse-lhe. — Não estou interessada.


— O homem soltou uma risada e em segundos se jogou em cima de mim, e
me pegou no colo pela minha bunda. — MAIS QUE PORRA! EU DISSE
NÃO! — Gritei tentando me afastar. O cara soltou outra risada e me deitou
em um divã largo, ele abriu as minhas pernas e levantou meu vestido.

— Deus! Que delícia! Você já veio preparada sua safadinha! Continue


com seu personagem, estou me excitando. — Falou com uma voz arrastada.
Como é?! Ele estava achando que eu estava encenando para ele? Mais que
porra! Antes que eu dissesse algo, ele se deitou em cima de mim e beijou
minha boca com força. Soltei um grito entre nossos lábios e tentei me afastar
dele, mas o cara era imenso. Ele apertou um dos meus seios e abaixou sua
mão até a minha vagina.

— EU NÃO ESTOU ENCENANDO! LARGUE-ME AGORA! —


Gritei e consegui esbofetear sua cara.

Ele soltou um gemido e lambeu minha boca. — Continua minha


gostosa, vou lhe foder mais gostoso do que seu mestre. — Sussurrou no meu
ouvido.

— O quê?! Ele não é meu mestre é meu MARIDO! — Esbravejei. O


filho da puta soltou outra risada e tentei chutar seu saco, mas ele me
bloqueava facilmente. Ele levantou sua cabeça e ao mesmo tempo abriu a
braguilha da sua calça, respirando ofegantemente e roçando seu pau bem no
meio da minha vagina!

— Você está me deixando tão duro que vou acabar... — Antes que ele
terminasse de dizer algo, seu corpo saiu de cima de mim e foi arremessado
para o chão. Levantei tão rápido do divã, que me desequilibrei e caí no chão.
Olhei para cima, onde Vittorio segurava o homem pelo seu pescoço e socava
sua cara sem parar, ele não tinha dado nem uma chance para o pobre coitado
se defender.

— VOCÊ NÃO OUVIU O QUE ELA DISSE?! SEU FILHO DA


PUTA, VOCÊ TOCOU NELA! TOCOU NELA! — Rugiu Vittorio, dando
chutes e pontapés na barriga do desconhecido. O homem conseguiu se afastar
de Vittorio e se levantou rapidamente, ele correu até Vittorio e tentou acertar
um soco na sua cara, mas ele foi mais rápido e segurou o braço do homem,
puxando para trás e apertando. — É ISSO QUE VOCÊ QUER? — Gritou
segurando o braço do homem, ele gritava pedindo para parar, implorando,
mas Vittorio não se importou, ele me deu um olhar severo e puxou o braço do
homem com tanta força para trás de suas costas, que ouvi o osso se
quebrando.

— OH MEU DEUS, MEU BRAÇO! SOCORRO! — Gritou o homem,


caindo no chão.

De repente, algumas mulheres e uns homens apareceram na sala e


começaram a gritar ali mesmo na porta. — NÃO! NÃO O MACHUQUE,
FOI CECÍLIA QUE DISSE PARA ELE SE APROXIMAR! — Arregalei os
meus olhos e encarei Vittorio, ele olhava para as pessoas com um olhar de
louco, respirando ofegantemente e com um pé em cima do rosto do homem
ferido sobre o chão.

— É mesmo? Foi ela? Então, aqui está minha resposta de


desapontamento para ela. — A mão de Vittorio foi até o lado direito da sua
calça, por baixo do paletó, tirando sua arma. As pessoas começaram a gritar e
algumas correram para longe, outras imploravam para Vittorio parar.
Levantei-me às pressas do chão, mas não me aproximei dele. —
VITTORIO, NÃO! — Gritei.

Quando chamei por ele, Vittorio destravou sua arma e apontou para o
homem. Sem dizer mais nada ele deu dez tiros no homem, fazendo gritos
ecoarem na casa entre os convidados. Soltei um grito de pavor e caí
novamente no chão, com as duas mãos sobre minha boca e lágrimas
escapando dos meus olhos. Vittorio continuou olhando para o corpo
estendido no chão, apontou mais uma vez a arma e deu mais cinco tiros no
homem, me fazendo gritar mais e pular de susto.

Ele guardou novamente sua arma e respirou fundo, olhando em minha


direção. — Vamos, está quase amanhecendo e eu preciso dormir. — Ele se
virou de costas e continuou andando. — Encontrei uma saída. — Disse em
voz alta e tranquila. Quando fiquei sozinha, olhei para o corpo do homem e
segurei a ânsia de vômito, o rosto do homem estava desfigurado e seu peito
mutilado de tiros. Minha respiração alta fazia com que meus ouvidos
doessem, eu estava paralisada e não conseguia me mover.

Aquela cena foi demais para mim. Pela primeira vez, Vittorio mostrou
que era um verdadeiro mafioso.
CAPÍTULO
28

— POR FAVOR, não faça isso!

— Não o machuque, não o machuque.

— TOCOU NELA! VOCÊ TOCOU NELA!

— Vittorio, NÃO!

Abri os meus olhos e dei um sobressalto na cama, minha respiração


estava alta e meu corpo suava. Olhei em minha volta e soltei um suspiro
aliviado, estava na casa de Salomão. Deitei novamente no colchão e olhei
para o lado, a luz do sol invadia todo o quarto e Vittorio não estava ali. Eu
tive que voltar sozinha para cá, pois não o encontrava na mansão, as pessoas
estavam correndo e gritando sem parar e tudo o que pude fazer, foi chamar
outros mafiosos. Eles correram até os seus carros e dispararam para a casa.
Salomão e sua esposa que me resgataram, pois eu não parava de chorar e
tremer pelo o que eu tinha presenciado.

Mamãe e papai também estavam lá, e eles me abraçaram e me


trouxeram até o meu quarto. Eu nem tive tempo de notar aquele gesto do meu
pai, ele estava diferente e aquilo era um perigo. Soltei um suspiro e levantei
da cama. A noite passada estava tão perfeita, tão incrível, mas simplesmente
aquele desgraçado chamado Bruno, aparece e destrói tudo! E quanto àquelas
pessoas que disseram que foi Cecília que disse para o homem se aproximar?
Então era ela que estava envolvida e Lucco não tinha nada a ver com aquilo.

Tirei a camisa preta de Vittorio e entrei embaixo do chuveiro, demorei


vários minutos no banho, relembrando os acontecimentos. Os gritos, as
súplicas e os tiros. O cheiro da pólvora misturado com sangue tinha feito meu
estômago se revirar. Quando terminei meu banho, escovei meus dentes e
depois os meus cabelos, voltei para o quarto e peguei minha mala de mão,
tirando um vestido preto com branco. Guardei todos os meus pertences e
deixei as malas ao lado das de Vittorio, perto da porta.

Quando estava apresentável, abri a porta e saí pelo corredor, caminhei


rapidamente até as escadas e desci, estava faminta. Caminhei pelo andar de
baixo da casa até que algo chamou minha atenção, na sala de estar. Voltei
novamente e encontrei Bernadir Gratteri em pé no meio da sala com Lucco e
Vittorio!

Juntei minhas sobrancelhas e entrei na sala, ao mesmo tempo, todos me


olharam. — Vittorio. — Suspirei e corri até ele, cheguei perto do seu corpo e
o abracei com força, ele devolveu o abraço, mas me afastou rápido demais.
Olhei para ele e notei que usava o mesmo terno. — Onde esteve? —
Perguntei preocupada. Seus olhos escuros me avaliavam de modo silencioso,
ele balançou uma vez sua cabeça, em negativa e se afastou de mim, andando
lentamente. Não desviei meu olhar dele, quando Bernadir me chamou.
— Belarmina. Você se sente bem? — Perguntou educadamente, com as
mãos para trás.

Dei um meio sorriso e assenti. — Sim, obrigada por perguntar. —


Olhei mais uma vez para Vittorio e juntei as sobrancelhas. — O que está
havendo? — Vittorio não olhou para mim e continuou andando lentamente
pela sala. Encarei Lucco, que estava sentando em uma das poltronas, ele me
olhou, dando de ombros como se não estivesse sabendo de nada. Bernadir
soltou um suspiro baixo e passou a mão na sua barba loira. Suas tatuagens se
destacavam nas partes expostas, pescoço e mãos.

Ele soltou um pigarreio e me olhou. — Vittorio será punido pela morte


do homem na casa.

— Como é?! — Exasperei. — Ele estava me protegendo! O maldito me


atacou e não se importou com o meu pedido para parar! E por ele ter
protegido a honra de sua esposa, será punido?! — Ele deu um olhar severo
para Vittorio que se aproximou calado de nós dois. Bernadir tombou sua
cabeça para o lado e me olhou de forma interrogativa.

— Atacou? É mesmo? Agora me conte como você poderia explicar isso


ao seu Capo, sendo que você estava dentro de uma casa de sexos? Pode me
dizer? — Perguntou com um sorriso.

Olhei na direção de Vittorio, mas seus olhos estavam fixos no chão. —


Não vai dizer nada? Não vai se defender? — Vittorio me olhou por um
momento e fez um sinal para eu não me preocupar. Que se foda! Cheguei até
ele e segurei seu rosto entre as minhas mãos, Bernadir se afastou de nós no
momento em que toquei no seu irmão. Vittorio soltou um grunhido e tentou
desviar de mim, mas segurei seu queixo firmemente e fiz com que me
olhasse.

— Belarmina!

— Só me escute! — Exclamei com a voz apertada, segurando meu


choro. — Aquele desgraçado tirou o que eu mais aguardava de você! Ele me
beijou, Vittorio! Beijou-me pra valer e eu pensei naquele momento que era
pra ter sido você, ele tirou isso de mim e agora eu sinto ódio de você por
sempre me afastar! Mas também me sinto grata por me proteger daquela
forma, então você não pode ficar aí parado, deixando que as pessoas tomem
as decisões por você.

— Eu tomo as decisões, pois sou o único que consegue entrar na


cabeça desses dois fodidos! — Rosnou Bernadir, de repente. Lucco revirou
seus olhos, porém permaneceu quieto e Vittorio não disse nada. Virei-me
para Bernadir e soltei uma risada.

Então lhe disse. — Você não é o pai deles! Aliás, Vittorio e Lucco não
são adolescentes, eles são homens feitos, Bernadir! Você é apenas o irmão
mais velho e nada mais! — Trovejei, revoltadamente. Era oficial, eu seria a
única mulher que não me daria bem com nenhum irmão Gratteri! Bem,
retirando o segundo irmão mais velho entre eles. Bernadir soltou uma risada
frouxa e encarou Vittorio, que estava de pé atras de mim.

Ele passou a mão em seu cabelo loiro, preso e apontou para mim. —
Acho melhor você fechar essa boca. Se eu estou aqui para dar ordens a vocês,
crianças; é porque me deram esse poder! Agora, fecha essa boca e fique
sentadinha aí!

— Se você sonhar em falar assim com ela mais uma vez, eu arranco
seus dentes! — Rosnou Vittorio passando por mim, no mesmo tempo em que
ele disse isso, Lucco soltou uma risadinha e se acomodou no sofá, como se
estivesse assistindo um filme. Bernadir grunhiu para seu irmão, e chegou
mais perto de Vittorio, como uma águia. Seu olhar era raivoso e controlado
na direção dele. O mesmo olhar que Vittorio estava dando para ele. Então,
Bernadir se curvou na direção de Vittorio, e disse em voz baixa, porém era
uma voz firme.

— Me ameace mais uma vez, que eu acabo com você. — Falou com
tranquilidade.

Vittorio deu um rosnado de revolta e empurrou Bernadir, com força


pelo seu peito. — VAI ACABAR COMIGO? — Gritou.

— Será que vocês podem acalmar os ânimos? — Perguntou Lucco.

— CALA A BOCA! — Gritaram os dois irmãos em uníssono para ele.


Lucco escondeu uma risada e levantou suas mãos, ficando em silêncio. Eu
por outro lado, não sabia o que fazer, era errado deixar que dois irmãos
brigassem por minha causa, mas parecia que Vittorio apenas estava tentando
impedir seu irmão de falar. Bernadir andou novamente em direção a ele,
dessa vez apontando seu dedo diretamente no rosto de Vittorio.

Ele encostou seu dedo na testa dele e empurrou bruscamente, mas


Vittorio não fez nada, apenas o olhava. — SEU FODIDO DE MERDA!
VOCÊ FALA DESSA FORMA COMIGO, DEPOIS DE TUDO O QUE FIZ
POR VOCE?! HÃ? — Gritou e empurrou mais uma vez Vittorio.

Ele se afastou de Bernadir, soltando uma risada alta, porém havia raiva
escondida. Olhei assustada, para Lucco, mas o babaca estava mexendo em
seu celular animadamente e rindo em voz baixa, a cada insulto que seus
irmãos compartilhavam.

Vittorio balançou sua cabeça em negativa para seu irmão. — (spoiler)


Você é idêntico ao Ricco, engana facilmente as pessoas com esse ar de "bom
homem", mas seus irmãos lhe conhecem bem! Eu te conheço bem, preciso
citar o nome da Nayla, aqui? — Tanto Lucco, como eu, olhamos confusos
para os dois, mas apenas isso que fizemos, pois de repente, Bernadir soltou
um grito e socou a cara de Vittorio, o fazendo cair em cima da mesinha de
centro.

— VITTORIO! — Gritei e corri até ele. Lucco foi até Bernadir, que
tentava ir para cima de Vittorio a todo custo.

— Filho da puta! Não sabe mesmo fechar essa porra de boca, se isso
chegar aos ouvidos de Demétrio eu corto sua cabeça! — Esbravejou ele,
empurrando Lucco para longe. Olhei com raiva para Bernardir, enquanto
estava ao lado de Vittorio e respondi a ele.

— SAIA DAQUI! VOCÊ NÃO ESTÁ AJUDANDO EM NADA! SE


NÃO FOR EMBORA EU MESMA ENTRO EM CONTATO COM
DEMÉTRIO! — Ele me olhou de olhos arregalados e respirou
profundamente. — SAIA! — Gritei mais uma vez. Bernadir olhou para
Vittorio, depois para Lucco. Ele soltou um suspiro alto e se afastou, saindo da
sala de estar, assim como Lucco, que não tirava os olhos de seu irmão
Vittorio. Quando estava eu e ele a sós, ajudei-o a se levantar e tentei, em
seguida, retirar o excesso de sangue que escorria de seu nariz.

Vittorio virou sua cabeça, longe do meu alcance e murmurou. — Eu


estou bem.

Suspirei pesadamente e meneei a cabeça. — Não, você não está!


Acabou de ter uma discussão horrível com seu irmão, por culpa minha!
Agora, vocês não irão se aproximar um do outro novamente. — Vittorio
soltou uma risada baixa e passou os dedos onde o sangue escorria. Ele sentou
no sofá e respirou profundamente.

— Na verdade não. Não é a primeira vez que brigamos dessa forma.


Isso logo volta ao normal.

— Mais parece que ele ficou bem transtornado, quando você citou o
nome, Nayla. Quem é ela? — Perguntei, me sentando ao seu lado.

Vittorio tirou o paletó do seu corpo e o jogou em seu lado vazio.


Depois, desabotoou as mangas, para dobrá-las até os seus cotovelos. —
Ninguém. Apenas finja que não ouviu essa parte da discussão, certo? —
Pediu ele, me olhando de sobrancelhas arqueadas. Encostei-me ao sofá da
sala e soltei um suspiro desanimado, assenti para Vittorio e abaixei minha
cabeça.
Aquela não era a resposta que eu queria, pensei que Vittorio se abriria
comigo, mas estava enganada. Levantei meu olhar em sua direção e
perguntei. — Qual a sua punição? — Ele estava passando a mão em seu lábio
inchado quando questionei, Vittorio me olhou de relance e deu de ombros.

— Perder metade dos meus soldados que levei até a América, com
tanto esforço. Demétrio e Bernardir são uns fodidos. — Murmurou Vittorio
se curvando em seu lugar. Ele apoiou seus braços em suas pernas e tombou
sua cabeça, passando as mãos nos cabelos escuros e soltando um suspiro
baixo. Mordi meu lábio inferior e cheguei mais perto, estava preocupada com
ele, pois não o via desde aquela tragédia na mansão vermelha. Quando estava
perto o suficiente, toquei em seu ombro com delicadeza, fazendo com que
Vittorio me olhasse.

Acariciei seu rosto com meus dedos, carinhosamente. — Sobre mais


cedo...

— Eu faria novamente. — Me interrompeu. — Ninguém toca em você,


sem meu consentimento. Até mesmo para um abraço. — Vittorio soltou mais
uma suspiro e abaixou sua cabeça. — Ter visto aquele verme em cima de
você... fez com que minha racionalidade se dissipasse. Foi demais para mim.
— Confessou e me olhou uma vez de lado. Apoiei meu queixo sobre o seu
ombro e peguei sua grande mão com a minha. O contraste de nossas peles
eram tão bonito.

Apertei seu dedo indicador levemente, enquanto respirava fundo. —


Para onde foi depois daquilo? — Perguntei.
Vittorio começou a massagear meus dedos entre os seus,
distraidamente, enquanto dizia. — Cecília. Eu tinha mais algumas balas de
munições. — Sorriu sem mostrar os dentesme olhando uma vez. Então ele
tinha ido atrás de Cecília, naquele estado? Eu deveria me sentir feliz sobre
essa revelação, mas se Vittorio, fez algo com ela, as consequências seriam
piores. E eu não queria mais merdas acontecendo na vida dele. Coloquei
minha mão livre sobre o seu ombro, apoiando meu queixo sobre ela.

— Você a encontrou? O que aconteceu? — Perguntei naturalmente.

Vittorio olhou para a sua frente, dando de ombros. — Ela estava com
uns seis ou sete guarda-costas, todos armados. Disse que estávamos quites e
entrou em um carro. Não consegui pegá-la. — Seus lábios soltaram um
suspiro, ao mesmo tempo em que se encostava ao sofá. Segui o seu
movimento, continuando a olhá-lo. — Eu não tenho pressa, sou um caçador
paciente.

— Você vai... vai matá-la? — Perguntei assustada. Vittorio soltou uma


meia risada e olhou para nossas mãos entrelaçadas.

— Morte não é a minha única opção. Tenho outras coisas em mente. —


Ele fez um som engraçado com a boca e me olhou. — Aquilo que você disse,
sobre aquele... verme ter beijado você. — Meu coração se elevou e senti uma
esperança crescer dentro de mim, ele tocou no assunto, então aquilo o
incomodou.

Assenti para ele e me aproximei mais. — Sim...?


— Sinto muito por isso. — Respondeu por fim. Meus olhos paralisaram
em seu rosto por segundos intermináveis, minha esperança de que talvez ele
pudesse concertar aquela merda toda, tinha fugido como o gato corre da água.
Pisquei rapidamente e senti lágrimas se formarem, mas como sempre, não as
deixei cair. Não choraria como uma menininha boba. Pigarrei e sorrindo ao
mesmo tempo para Vittorio, enquanto eu dizia.

— Eu também sinto.

Vittorio acenou com a cabeça e se levantou do sofá, ele se virou para


mim enquanto passava a mão no seu terno. — Peçam para descer suas malas,
não estou me sentindo bem e quero voltar para minha casa. — Ele se afastou
e me olhou dessa vez. — Só vou tomar um banho. — Com isso, Vittorio se
virou novamente e saiu de dentro da sala. Engoli em seco e deitei minha
cabeça no encosto do sofá, apoiando minhas mãos entrelaçadas em cima da
barriga. Eu não sabia por que continuava com essa merda toda, sempre
buscando Vittorio, para aproximação. Um casamento de verdade é duas
pessoas dançando, não uma só. Eu me sentia tola demais, por acreditar que
haveria afetos entre nós. Sexo não era tudo. Não era mesmo.

Eu não poderia continuar com isso, sempre mostrando que me


importava com ele, enquanto Vittorio, sempre me afastava. E de uma forma
brusca.

Fechei os meus olhos e suspirei pesadamente com os devaneios. O ano


mal tinha começado e eu já estava cansada dele.

****
A nevasca em Manhattan estava forte quando chegamos, Vittorio
passou toda a viagem adormecido só acordava para mexer no seu tablet. Não
nos falamos mais desde a manhã passada na sala de Salomão. Falando sobre
ele, disse-nos que sentiria nossa falta e pediu para mim, quando Vittorio
estava afastado, cuidar dele e protegê-lo dele mesmo. Eu faria isso, sem
problema nenhum, mas a questão é:

Vittorio quer que eu proteja-o?

A resposta estava na ponta da minha língua, mas apenas tinha acenado


e sorri com educação. Horas tinham passado e chegamos a nossa casa,
quando entramos, Vittorio passou por mim e subiu as escadas de dois em dois
degraus. Grunhi baixo, para que ninguém pudesse ouvir minha raiva e fechei
a porta de entrada com força. Estava cansada, com frio e com sono. Queria
também, poder entrar em contato com a minha mãe, mas as opções acima
estavam tentadoras. Então segui diretamente para a cozinha.

Chegando lá, não encontrei ninguém e aproveitei o espaço. Fui até a


geladeira de inox, abrindo uma das portas e procurando algo que já pudesse
ser degustado, abri o congelador e havia um pote de Haagen-Dazs do sabor
morango. Peguei o pote em minha mão e fechei o congelador, caminhei pela
cozinha e abri praticamente todas as gavetas, em busca de uma colher.

— Por Deus! Eu moro na casa e não sei onde ficam os talheres? Que
ridículo, Mina, que ridículo. — Resmunguei para mim mesma. Quando achei
uma colher em umas das gavetas, fui até a pequena mesa redonda de vidro,
que ficava encostada perto da janela da cozinha e me sentei lá. Pelo menos, o
sorvete tinha tirado meu desânimo.

****

— BELARMINA, ACORDE! — Chamou uma voz de longe. —


Droga, Belarmina, é a sua mãe! — Abri os meus olhos e me sentei no
colchão da cama. Vittorio estava curvado sobre mim, vestnido um suéter
preto e calças Levi's escuras. Porra. Como é gostoso.

Balancei minha cabeça e esfreguei meu olho esquerdo com os dedos.


— O-o que houve? — Perguntei a ele e soltei um bocejo. Vittorio escrevia
habilidosamente na tela do seu celular, suas feições estavam preocupadas e
havia raiva escondida em seu olhar. Quando terminou de mexer no aparelho,
guardou no seu bolso da calça e puxei o edredom de cima do meu corpo.

— Sua mãe. Aconteceu algo com ela.

— O quê?! — Perguntei em voz alta, saltando da cama, correndo até as


minhas roupas. — O que meu pai fez com ela? — Perguntei mais uma vez,
enquanto tirava meu shorts e vestia uma calça jeans confortável.

Vittorio passou a mão em seu rosto e foi até a porta do quarto. Ele
estava inquieto. — Precisamos ir até lá urgentemente. Há um médico por lá,
vamos. — Respondeu apressadamente, saindo de minha vista. Peguei meu
casaco e cachecol e vesti minhas botas rapidamente, meu coração trovejava
de pavor, esperando pelo pior. Deus, e se aconteceu algo com o bebê? Corri
apressadamente para fora do quarto e também no corredor, quando desci as
escadas, Vittorio já estava prostrado na frente da porta aberta com suas luvas,
seu sobretudo e cachecol.

Passei por ele e corri até o seu carro que estava ligado, nos aguardando.
Entrei dentro do veículo e em seguida, Vittorio se sentou ao meu lado. Eu
estava apavorada, apenas pensando na minha mãe e no bebê.

Meu Deus cuide deles dois!

****

Chegamos à mansão dos meus pais e lá na frente dela havia quatro


soldados espalhados, eles deixaram que Vittorio entrasse com o carro no
pátio, sem nenhum questionamento. Quando o veículo parou, abri a porta do
carro e corri até a casa, abrindo a porta e subindo as escadas rapidamente. —
Mãe! Mãe! — Chamei por ela, segurando meu desespero. Cheguei ao topo da
escada e quando caminhei até o quarto dela, um homem de meia-idade abriu
a porta do quarto e sorriu. — Onde está ela? — Perguntei, não dando a
chance de o médico dizer nada.

Entrei em sua suíte e fui até a cama king size, onde minha mãe estava
deitada de lado, dormindo. Sentei-me em seu lado e toquei nos seus cabelos
loiros, molhados de suor. — Sra. Gratteri, fique calma. — Chamou o médico,
parando no outro lado da cama. — Ela adormeceu há poucos minutos,
devemos deixá-la descansar. — Explicou com paciência.

— O que aconteceu com ela? Será que pode me dizer de uma vez?! —
Perguntei rudemente.
— Bela... — A voz fraca da minha mãe surgiu e olhei para ela. Quando
se virou, seu olho direito estava roxo e a bochecha esquerda da mesma cor.
— Estou bem. — Tranquilizou. Soltei um soluço alto e abracei minha mãe
delicadamente. Ele tinha a atacado, depois de semanas não conseguiu mais
segurar o seu verdadeiro eu. Aquele desgraçado!

Soltei um grito de ódio e me afastei dela. Segurei sua mão e seu olhos
espantavam as lágrimas. — Me diga o que houve? — Perguntei mais uma
vez, entre o meu choro. Mamãe se virou lentamente, fazendo uma careta de
dor e depois suspirou. Ela balançou sua cabeça em negativa, enquanto me
respondia.

— Sou tão burra, acreditei por um momento que ele tinha mudado.
Estava calmo, pois estava sob ameaça. — Mamãe soltou um suspiro trêmulo
e me olhou. — Estávamos jantando tranquilamente ontem, depois que
voltamos para Nova York, seu pai me levou para um jantar à luz de velas. Foi
tão romântico, depois voltamos para casa e finalmente, depois de dezenove
anos, ele me tratou como uma esposa. Eu estava tão feliz, a última vez que
Alessi foi assim, foi antes de eu engravidar de você. — Ela passou a mão nos
seus olhos e suspirou novamente. — Durante o jantar estávamos conversando
sobre qualquer coisa, então tinha tomado coragem e disse a ele que estava
grávida. Bela, foi uma péssima, péssima ideia em ter contado. Ele
simplesmente mudou, ficou transtornado e gritou dizendo para eu abortar,
mas eu revidei dessa vez, gritei de volta e disse que não mataria meu bebê.
Então corri para o quarto.

— E ele? — Perguntei no momento em que via Vittorio se


aproximando de nós. — O que fez?
Mamãe fechou os olhos, chorando com mais força e disse. — E-ele
veio atrás. Eu nem tive tempo de me proteger, pois ele me segurou pelos
cabelos e me jogou no chão. E me chutou, muito, somente na minha barriga.
Depois ele se sentou em cima de mim e deu socos no meu rosto, dizendo que
iria me matar e matar a praga que estava crescendo em mim, dizendo que o
filho não é dele. Deus! Eu me sinto horrível! — Soluçou alto, chorando.
Puxei-a novamente para um abraço e olhei na direção de Vittorio.

Seus olhos escuros estavam fixos na minha mãe e seu rosto franzido. —
Ele fugiu em seguida, pois descobriram que Alessi estava roubando dinheiro
da máfia, junto com mais dois soldados dele. Então Fellipo, ordenou que
entrasse na casa, mas já era tarde demais. Por sorte, ele não matou sua mãe.
— Esclareceu Vittorio, o fim da história. Balancei minha cabeça em negativa
e sentia o ódio me possuir, se não fosse pelos soldados, minha mãe estaria
morta.

— Onde está Beatrice e Jaquelini? — Perguntei.

Mamma afastou seu rosto e fungou. — Elas não trabalham mais aqui há
meses, as duas procuraram outra família. — Aquilo me tranquilizou, pelo
menos elas duas poderiam viver em paz, sem o desgraçado do meu pai por
perto. Não. Ele não poderia ser chamado de pai, esse título servia para
homens e não para um lixo com ele. Alessi nunca foi meu pai, mas o meu
avô, Alessandro, sim. E eu odiava em saber que o mataram. Eu o queria ali de
volta, se estivesse vivo, minha mãe não estaria dessa forma, Beatrice não
teria seus dedos quebrados e não estaria com seqüelas e eu? Eu não estaria
casada com Vittorio. Ele jamais iria permitir aquilo.
Porém, meu avô se foi, não estava mais lá e isso era uma mágoa que eu
sempre sentia. Respirei profundamente e olhei para o médico, que estava
ainda ali, de pé. — Como está o meu irmão? — Perguntei. Ele colocou suas
mãos para trás e me olhou.

— Ele está bem, mas sua mãe quebrou uma costela e eu preciso levá-la
ao hospital. Estava apenas aguardando sua permissão, prometo que não
deixarei ninguém chegar perto dela. — Assenti para ele e encarei Vittorio.

— Coloque seus melhores homens ao lado dela. Alessi pode estar por
aqui, ainda. — Comentei. Vittorio dirigiu seu olhar sério para mim, e assentiu
sem dizer nada, voltei a olhar para minha mãe e a abracei novamente. — Está
tudo bem, vamos proteger vocês. — Ela chorou novamente e me abraçou,
soluçando e chorando. O que fazia meu coração se afundar de tanta dor.
Depois de alguns minutos, pedi para o médico de minha mãe e Vittorio
saírem do quarto, para minha mãe vestir uma roupa mais quente. Vittorio
disse que chamaria seus soldados para escoltar minha mãe e também, alguns
ficariam ao redor da casa, assim como os soldados de Fellipo estavam.

Depois de ajudá-la a se vestir, foi impossível não desviar meus olhos


dos novos e horrendos hematomas no seu corpo. Saímos do quarto e
descemos para o primeiro andar da casa, ela entrou no carro e lhe garanti que
iria ao hospital. Ela deu um sorriso fraco e se despediu, com o médico
sentando ao seu lado e dois soldados brutamontes nos bancos da frente do
carro. Mais três carros saíram de perto da casa e seguiram para o hospital, me
deixando ali no meio do pátio, parada e olhando para longe. Ouvi um
pigarrear por trás de mim e me virei.
Vittorio segurava meu casaco e cachecol, com um olhar estranho. —
Você não pode ficar exposta, seu pai está por aí. — Murmurou. Ele estendeu
minha roupa, e as peguei de sua mão, vestindo-as e respirando fundo. O frio
daquela noite estava terrível.

— Minha mãe disse que Alessi, estava sob ameaça. — Mudei de


assunto. — Por que estava ameaçando-o? — Questionei.

Vittorio olhou para o lado e suspirou, fazendo lufadas de fumaça


branca escapar de sua boca. — Por que acha que fui eu?

— Porque você mesmo disse uma vez, para eu ficar tranquila, quando
minha mãe foi me visitar. Acha que sou idiota, Vittorio? O que sabia sobre
ele? — Vittorio me encarou com a mandíbula apertada e com um olhar
inquieto. — Responda. — Disse cansadamente.

Ele olhou para o céu noturno e depois fechou os olhos, respirando. —


Sei muitas coisas sobre Alessi, o que você, sua mãe e toda a máfia não
sabem. Ele faz coisas horríveis Belarmina, e não aguentava mais ver sua mãe
apanhando, sendo estuprada, o tempo todo por ele. E sentia que isso estava te
machucando profundamente. — Continuei o encarando, esperando que ele
dissesse algo a mais, algo que eu não sei. Então ele continuou. — Ele mata
membros, Belarmina, para culpar nossos rivais italianos e criar guerra entre
nós todos, rouba dinheiro da Luchesse. E os pior de tudo, todos acharam que
Alessi matou o pai. Até hoje não encontramos o assassino e ele sequer faz
questão de ajudar, e... ele estuprou umas das filhas de Denver.
Meus olhos se arregalavam a cada podre de meu pai que Vittorio me
dizia. Abri minha boca para tentar dizer algo, mas nada saía; absolutamente
meus pensamentos perderam o foco. Aquele homem era um doente! — Quais
delas? — Foi só o que consegui dizer. Vittorio me encarava atentamente,
analisando meu estado.

— A mais jovem, Luciene. — Murmurou.

Soltei uma risada nervosa e coloquei as mãos na cintura, olhando para o


céu. — Ela tem 14 anos. — Disse, rindo ao mesmo tempo. De repente não
consegui manter meu controle e gritei, gritei a plenos pulmões. — ELA É
UMA CRIANÇA! UMA CRIANÇA, PORRA! COMO ESSA GAROTA
DEVE ESTAR AGORA?! VOCÊ PRECISA DIZER AOS PAIS DELA! —
Urrei para Vittorio, com lágrimas de raiva escapando de meus olhos. Ele
assentiu para mim e disse-me.
— Vou fazer isso, mas se acalme. — Pediu.

Assenti para ele, ofegantemente e fechei meus olhos, respirando


profundamente. — Esse homem é um doente, Vittorio. Eu já o odiava, mas se
for verdade, de que ele matou meu avô... — Soltei um suspiro e me
aproximei dele, abracei Vittorio pela sua cintura e encostei meu rosto no seu
peito. — Obrigada pelo o que está fazendo. — Murmurei. Ele me abraçou de
volta, mas como fez em Veneza, me afastou rapidamente, de forma discreta.

O que estava havendo?

Olhei para cima, magoada e ele sorriu pequeno. — Disponha. Agora


vamos, preciso buscar algo em casa. — Vittorio passou por mim, falando
com os soldados, que assentiam e se separavam, depois ele entrou no seu
carro. Mordi meu lábio inferior e andei lentamente em direção ao veículo,
quando entrei, Vittorio não me olhou e já disparou com o carro para fora do
pátio da casa. Seu olhar estava perdido e eu não encontrava o seu humor, que
me distraia tão facilmente.

Ele estava diferente, desde a noite em que matou aquele cara, na


mansão voyeur. Vittorio não conseguia me olhar por mais de três segundos,
não estava conversando comigo e não deixava que eu o tocasse. E eu não
sabia o porquê. Soltei um suspiro baixo e olhei pela janela, olhando Nova
York coberta pela neve.
CAPÍTULO
29

Tinha passado boa parte da noite ao lado da minha mãe no hospital. O


doutor Hunter, que estava com ela o tempo todo, examinou-a e nada de
errado constou com o bebê, mas mamãe tinha fraturado sua costela e baço,
devido aos chutes e pontapés que Alessi deu nela. Os soldados de Vittorio,
não tiveram nenhuma pista sobre ele, e o que deduzimos foi que talvez,
Alessi não estava sozinho. Um dos soldados de Fellipo procurou pela a
recente amante dele, mas ela tinha garantido que não estava sabendo de nada.
Claro. Por que ele contaria seus planos para uma amante? Quanta ignorância
desse Capo de merda!

Em todas as horas que passei ao lado da minha mãe, Vittorio


permaneceu lá fora, de frente a porta do quarto junto com os soldados que
estavam vigiando o hospital. Ele tinha feito uma ligação para Demétrio,
segundo ele, seu irmão ficou puto da vida e ordenou que caçassem Alessi, e
quem estivesse com ele o punissem com a morte. Aquilo foi música para os
meus ouvidos, eu sentia uma onda de alegria e alívio me preencher com
aquela notícia, mas para minha mãe não. Eu detestei seu comportamento, mas
a entendia. Ela chorou muito e disse que não queria aquilo, pois amava
Alessi, mesmo ele tendo feito tudo o que fez para ela.
Até mesmo Vittorio, tentou entrar na sua mente, dizendo que se ele a
amasse, não agrediria ela por tantos anos, tanto fisicamente como
verbalmente. Não a violentaria e o pilar de tudo isso que aconteceu naquela
noite. Não diria para ela que a criança que crescia em seu ventre, não era
dele. Mas mamãe dizia a todo tempo que acreditaria que ele iria mudar, que
ela não saberia o que fazer sozinha, pois toda a sua vida foi construída ao
lado de Alessi. Era extremamente triste e revoltante escutar aquelas coisas,
ele a tratava como um lixo, um cachorro de rua, mas mesmo assim. Nunca
deixou de amá-lo e aquilo me frustrava!

Apesar de tudo, eu poderia entendê-la um pouco. Nunca, em minha


vida iria julgá-la por isso. Eu sabia que se ela aprendeu a amá-lo e ter uma
vida construída ao lado dele; Então, ela aprenderia a se amar primeiro, dando
conta de que seu marido era um tremendo lixo humano e também começaria
a caminhar com seus próprios pés! Eu apenas disse aquelas palavras e tinha
notado que algo em seu olhar foi mudado. Ela era ingênua demais e era fácil
de ser enganada, por isso mesmo que achava que sentia algo por Alessi, mas
no fundo, mamma sabia que não sentia. E torcia para que ela enxergasse isso
logo, o quanto antes.

Depois de esperar que ela adormecesse, Vittorio deu ordens diretas para
que o doutor Hunter garantisse que ela estaria em boas mãos. Vittorio achou
melhor voltarmos para casa, para resolvermos algo. Tinha o feito ir primeiro
ao hospital, e depois para casa. Eu não sabia o que ele queria resolver, mas
achei o melhor a fazer também. Quando chegamos, Vittorio desligou o carro
e ficou ali sentado. Tirei o meu cinto de segurança e abri a porta do carona,
mas parei os movimentos no mesmo tempo em que o vi ainda em seu lugar.
— Está tudo bem, Vittorio? — Perguntei em tom desconfiado.

Ele olhou para mim, soltando um suspiro baixo e disse. — Sim... vá


para a casa, entro em um minuto. — Murmurou, me olhando nos olhos.
Continuamos nos encarando, sem nenhum baixar a guarda. Eu estava
buscando alguma coisa de estranho nele e ele tentando mostrar que nada de
estranho estava havendo. Umedeci meus lábios com a língua e abaixei meu
olhar, assentindo e saindo do carro, sem dizer mais nada. Fechei a porta com
força e caminhei embaixo da neve que caía, até a minha casa.

Quando passei pela porta e fechei, puxei a pequena cortina de renda


preta e olhei através do vidro, se o carro iria ligar. Mas nada aconteceu,
Vittorio permaneceu ali, dentro da porra do carro.

Soltei a cortina e suspirei, se ele queria continuar dessa forma, então


não poderia fazer absolutamente nada! Minha cota de paciência com os
transtornos de Vittorio já estavam no limite do esgotamento. Tirei meu
grande casaco e pendurei no cabide da parede, perto da porta. Depois, tirei
minhas botas e as peguei em minhas mãos, para subir as escadas lentamente.
Caminhei pelo corredor silencioso, chegando ao quarto, joguei os sapatos no
chão e tirei minha touca, cachecol e luvas. Fui até a cama e me joguei lá.
Permaneci, não sei exatamente por quanto tempo, olhando para o teto. Meus
pensamentos estavam desorganizados, pois em apenas dois dias do início do
ano, tinha acontecido várias merdas, uma atrás da outra!

Joguei minhas mãos em cima dos meus olhos e rolei para o lado da
cama. Eu tinha apenas 19 anos, daqui a um mês e meio, mais um ano de vida.
Mesmo assim, muito jovem, mas eu sentia que desde que me casei, fiquei dez
anos mais velha. Soltei um gemido baixo e quando me sentei na cama, a
porta do quarto foi aberta e Vittorio entrou. Ele parou no caminho, para me
olhar, franzindo a testa, depois fechou a porta. — Tudo ok? — Perguntou
com a voz rouca pigarreando. Ele andou pelo quarto até o seu notebook e me
virei, subindo no colchão e engatinhando nele, depois me sentando sobre
minhas pernas.
— Sim, por que não estaria? — Questionei.

Vittorio me olhou de relance e balançou a cabeça, depois voltou a teclar


no seu notebook. — Não está cansada? — Perguntou de costas para mim.
Olhei para a cama, fazendo uma careta e dei de ombros.

— O dia foi tão agitado, que acabei perdendo o sono. — Murmurei.


Vittorio continuou mexendo no computador, sem me responder, então, me
levantei da cama e fui até ele. Parei atrás do seu corpo e fiquei na ponta dos
pés, para beijar seu pescoço e abraçar sua cintura. Quando fiz isso, ele fechou
o notebook e se virou para mim. Seu olhar era cansado. — Acho que você
que precisa descansar. — Sussurrei, acariciando sua barba. Ele enfiou as
mãos nos bolsos da calça e olhou para a cama.

Depois me observou novamente e suspirou. — Acho que estou bem. —


Comentou com os olhos fixos no meu rosto. Balancei a cabeça negativamente
e sorri, passando a mão no seu peitoral.

— Você sabe que não consegue me enganar, certo? — Arqueei minha


sobrancelha esquerda.

— O que quer dizer com isso? — Perguntou.


Revirei os meus olhos com um sorriso e me afastei dele. — Você está
estranho Sr. Gratteri e meus pensamentos deduzem que está cansado, ou está
escondendo alguma coisa de mim. — Respondi enquanto caminhava de volta
para a cama. Quando me virei e me sentei, Vittorio permanecia do mesmo
jeito, mas me olhando com as sobrancelhas unidas. Ele passou uma mão na
barba, até a sua boca e deu de ombros.

— Precisa ser mais observadora, Belarmina. — Disse seriamente.

Cruzei os meus braços e apertei meus olhos. — O que você tem...

— Eu não tenho nada. — Retrucou Vittorio me interrompendo. Ele se


desencostou da escrivaninha e deu alguns passos, enquanto passava as mãos
no seu rosto, quando respirou profundamente, me encarou. — Me desculpe
Belar...

Levantei-me da cama. — Tudo bem. — Falei primeiro. — Já estou


acostumada em levar coices de idiotas ignorantes. — Vittorio me olhou de
relance e sua feição se transformou em raiva. Ele parou de andar e me disse:

— DEVE SER TRATADA DESSA FORMA PORQUE É A PORRA


DE UMA GAROTINHA REVOLTADA, INSUPORTÁVEL! E ISSO
CANSA QUALQUER UM! — Rosnou Vittorio, com um misto de raiva e
controle se destacando em seus olhos. Mas foram as suas palavras que me
feriram, espremi os meus lábios com força e desviei meu olhar dele, mas
Vittorio continuou. — Se eu estou me sentindo bem ou não, que diferença
faria isso para você? Por que se preocuparia? Se não tem argumentos então
para com essa pose de esposa perfeita, preocupada com os sentimentos e
estado do marido, PORRA!

Trinquei minha mandíbula e cruzei meus braços, assentindo para ele e


me esforçando para não chorar. — P-pode deixar. — Gaguejei, deixando
minha voz falhar. Então, Vittorio me encarou e soltou aquela risada que eu
não ouvia há meses. Aquela risada que me dava calafrios.

— Vai chorar, agora? — Perguntou sorrindo. — Você quer chorar, mas


quer chorar pra valer? Hã? — Ele se aproximou de mim rapidamente e tentei
me afastar as presas, mas Vittorio chegou mais rápido, me empurrando
bruscamente até o colchão da cama, soltei um grito assustado e ele se curvou
sobre mim, deixando seu rosto perto do meu. — NÃO QUERIA CHORAR?
NÃO QUERIA, PORRA?! ENTÃO FAÇA ESSA MERDA LOGO!
CHORE! EU GOSTO DISSO! — Esbravejou com os olhos arregalados.

E eu estava chorando. Muito. Mas não emiti nenhum som, apenas


minha respiração era alta, assim como os batimentos cardíacos do meu
coração. Quando Vittorio se afastou lentamente de mim, me sentei na cama e
continuei olhando para ele. Minhas lágrimas rolavam sem parar e eu não
entendia por que ele tinha ficado bravo com algo tão banal. Eu não gostava
de ficar no escuro.

Vittorio se virou de costas para mim, dando passos lentos pela suíte
grande. — Por que você é assim? Por que você está me tratando desse jeito?
— Perguntei com a voz apertada. Vittorio deu um murro na porta e se virou.
Seu olhar estava em brasa. Levantei-me da cama rapidamente, apenas por
precaução. Ele deu passos firmes em minha direção, enquanto rugia.
— PORQUE EU GOSTO DE VER AS PESSOAS SOFRENDO, SUA
ESTÚPIDA! EU ADORO VER ISSO, O SOFRIMENTO QUE ESTÁ
NESSE MOMENTO PASSANDO EM SEUS OLHOS, PORRA! — Gritou
Vittorio, esmurrando a parede dessa vez. Fiquei de olhos arregalados,
horrorizada com suas palavras, ele gostava de me ver sofrer? Vittorio passou
a mão na sua barba e fechou seus olhos. — Assim como eu sofri pelas
minhas perdas. — Completou com um olhar odioso e angustiado. Eu, porém,
não sabia o que dizer ainda paralisada em frente a ele.

Meu coração trovejava com o que estava havendo, meus olhos não
paravam de expulsar as lágrimas e tudo o que podia imaginar era ele gostava
de me fazer sofrer! Mas não fazia sentindo algum, pois Vittorio me fez sofrer
apenas no início do casamento. Depois disso, foi totalmente diferente.

Ele precisa de alguém...

Meus pensamentos sussurram as palavras lentamente, esclarecendo o


óbvio da razão. Limpei minhas lágrimas com as mãos e fui até ele, quando
me aproximei o suficiente, Vittorio se esquivou, sem olhar em meus olhos,
enquanto me dizia. — Sinto muito, Belarmina. E-eu não posso mais fazer
isso. Não consigo, e-eu vou... — Ele parou de falar e simplesmente se virou,
abrindo a porta e saindo de dentro do quarto.

Continuei olhando para a porta aberta e perdida sobre o que tinha


acontecido ali, segundos atrás. Olhei em volta de onde eu estava e novas
lágrimas embaçaram meus olhos.
Então era isso? O fim de tudo?

****

No dia seguinte, acordei com os olhos pesados e minha cabeça com


dores. Soltei um suspiro baixo e olhei para o lado vazio e arrumado da cama.
Vittorio não tinha dormido aqui e deduzi que talvez tivesse ido passar a noite
na biblioteca. Esfreguei meus olhos com os dedos, enquanto os eventos da
noite passada chegavam bruscamente em meus pensamentos. O jeito que
Vittorio gritou aquelas palavras para mim, seu olhar de ódio e
arrependimento na minha direção, o cansaço e rendimento enquanto citava
suas últimas palavras e saía de dentro do nosso quarto.

Sinto muito Belarmina...

Fechei meus olhos e tentei espantar aquelas imagens e falas de ontem à


noite.

Eu não posso mais fazer isso...

Sentei-me sobre o colchão e olhei pela janela com as cortinas abertas.


A neve ainda estava caindo, mas não era tão forte assim. Soltei um suspiro
baixo e me levantei da cama, indo até o banheiro.

****

Depois de procurar Vittorio pela casa e até mesmo no cinema, onde ele
jurava que nunca tinha ido. Acabei seguindo até a cozinha quando escutei
conversas e risadas baixas. Quando entrei lá, as duas empregadas e mais dois
soldados estavam sentados nas cadeiras em volta da mesa redonda de vidro,
tomando café. Eles rapidamente se levantaram e ficaram calados com a
minha presença.

Levantei minhas mãos para eles e parei perto da mesa. — Por favor,
não se incomodem, podem se sentar. — Pedi gentilmente. Eles se sentaram
devagar de volta às cadeiras e se entreolharam. — Só gostaria de saber se
vocês viram Vittorio? — As empregadas olharam para os homens e
desviaram o olhar de mim. Apenas um que me respondeu, ele era bem jovem,
não passava dos vinte. Era um iniciado.

— Não temos ideia de onde ele possa estar Sra. Gratteri, pois ele saiu
na noite passada e ordenou a todos nós que permanecêssemos na casa. Ele
pegou o carro e saiu, sem nenhum soldado por perto. — Explicou o rapaz.

Assenti para ele e passei a mão na minha testa. — Por que ele faria
isso? Ele já fez algo assim do tipo antes? — Perguntei murmurando. Ele deu
de ombros e dessa vez foi o outro soldado que respondeu. Ele era bem mais
velho que o anterior.

— Ele apenas deu as ordens, senhora, e estamos seguindo-as. Apenas


isso. — Disse o homem, me olhando seriamente. Soltei um suspiro alto e me
virei saindo dali e indo para longe. Todos estavam se fingindo de inocentes,
protegendo a porra do seu chefe fodido, que sumiu desde a noite passada
nesse frio de merda! Algo me dizia que era drama de Vittorio Gratteri, e que
logo ele estaria de volta, pedindo desculpas esfarrapadas e querendo um sexo
no meio da calçada com pessoas nos observando.
Mas se isso mesmo acontecesse, eu não entraria no seu jogo, aliás, eu
não era uma refeição que ele poderia comer quando bem entendesse. Vittorio
feriu o meu orgulho na noite passada e me entristeceu ouvir aquelas
declarações, que ele estava guardando durante todos esses meses.

Entrei na sala de estar e fui diretamente até o telefone. Eu precisava


encontrar Vittorio. Disquei o seu número, chutando e errei três vezes. Na
quarta vez tinha acertado e dei de cara com a operadora dizendo que o
aparelho se encontrava fora de área ou desligado. Ótimo.

Você nem sabe o telefone do seu marido e quando descobre, está


desligado...

Soltei um grunhido irritado e então liguei para o hospital. No segundo


toque fui atendida. — Hospital Mount Sinai, bom dia? — Soou uma voz doce
e feminina.

— Hã, bom dia, eu gostaria de falar com o doutor Hunter Foley, é


Belarmina Gratteri. — A mulher no outro lado da linha estava respondendo
alguém e depois voltou. Com um sorriso na voz.

— Ele já está a caminho, senhora!

— Obrigada. — Murmurei.

Fui até o sofá e me sentei, puxando a manta vinho que estava encostada
nas costas do sofá para cobrir minhas pernas. — Belarmina? — Chamou
Hunter. Acomodei-me no meu lugar enquanto lhe respondia.

— Hunter, oi, eu queria saber como mamma está? — Perguntei


ansiosa.

Hunter pigarreou e disse. — Oh não se preocupe, hoje de manhã


consegui fazer mais exames e tirei radiografias. A costela de Columba está
apenas com fraturas, devido aos golpes, então o ortopedista deu
medicamentos e orientações para ela. E quanto ao baço, aproveitei para ver se
a placenta está no mesmo lugar. E está ok, nada para se preocupar com seu
irmão. Agora, o baço, ela teve uma ruptura devido aos chutes e ontem mesmo
quando você tinha ido embora, eu a levei para uma intervenção cirúrgica,
para deter a perda de sangue e também por que Columba não parava de
chorar pela dor. A cirurgia foi positiva, ela está bem, sem dores e está
descansando agora. Fico aliviado de tê-la sob os cuidados do hospital.

Encostei-me ao sofá, fechando os olhos e suspirando. Eu deveria estar


naquele momento em que ela foi até a sala de cirurgia e se fosse assim, eu e
Vittorio, não iríamos ter aquela discussão. — Por que não me ligou Hunter?
Ela provavelmente ficou assustada. — Suspirei pesadamente.

— Se acalme Belarmina, eu estava aqui o tempo todo ao lado dela,


enquanto meus colegas de trabalho cuidavam do ferimento. Você estava
cansada depois que chegou de viagem, não se preocupe. Está tudo bem.

— Ok, eu confio em você. Mas agora, eu queria saber se você viu


Vittorio pelo hospital?
Hunter fez um som com a boca e respondeu. — A última vez que o vi,
ele estava com você. Aconteceu alguma coisa com ele? — Perguntou em
seguida. Soltei um suspiro baixo e balancei a cabeça em negativa.

— Não, ele está... bem. Apenas saiu na noite passada e não voltou. —
Olhei para o relógio na parede e continuei. — Ele deve estar chegando, bem,
obrigada por tudo Hunter, essa tarde eu estarei aí. Até mais.

— Tudo bem, direi a sua mãe.

Desliguei o telefone e me curvei, apoiando os braços nas pernas. Estava


aliviada com a notícia de mamãe, ela e o bebê estavam bem, graças a Deus,
pois era uma grande sorte de ela não tê-lo perdido. Levantei-me do sofá e
coloquei o telefone de volta à base. Sentia-me estranha e inquieta, querendo
algo perto de mim a todo custo, mas nem precisava dizer a mim mesmo o que
estava me incomodando. Eu já sabia que era Vittorio.

****

Dois dias se passaram e Vittorio tinha desaparecido completamente,


nos dias em que fui visitar minha mãe no hospital, aproveitava o momento e
pedia para os dois soldados me levarem em quase todas as casas dos
mafiosos, próximos a Vittorio. Eu já estava desesperada, não conseguia
dormir direito, sempre imaginando o pior.

Já era o fim da tarde quando cheguei até o prédio em que Lucco


morava. Subi junto com os soldados até a cobertura e pedi que me
esperassem ali, para tomarem conta da entrada. Quando parei na frente da
porta, ouvi músicas e risadas lá dentro, bati na porta com força e esperei ser
atendida. — Olá? — Disse o babaca do Lucco, forçando seu sotaque. Aquele
trouxa era o que mais tinha sotaque italiano dos irmãos. Acho que era por
isso que eu me irritava com a sua voz. Bati com força, mais uma vez e já
perdendo minha paciência.

— PORRA, SE ACALME! — Gritou ele, ouvi seus passos se


aproximarem e então a porta foi destrancada. Lucco abriu a porta com uma
carranca no seu rosto, mas quando me viu, amoleceu seu olhar e sorriu para
mim, me olhando de cima a baixo. — Olha só quem é. A pequena Gratteri.
— Murmurou se encostando no batente da porta.

Soltei um suspiro cansado e apontei com a mão em sua direção. — Será


que você pode colocar uma roupa? — Perguntei sem nenhum humor na voz.
Lucco estava usando apenas uma calça jeans escura, com o botão e zíper
aberto e nada mais. Ele também estava fazendo de tudo para mostrar seu
corpo para mim.

— Por quê? A puritana não gosta de olhar homens seminus? —


Provocou sorrindo maliciosamente.

Fechei meus olhos, para manter a paciência com ele. Eu estava quase
socando sua cara. — Primeiro, para mim você não é um homem, mas sim um
merdinha tarado. E segundo, ninguém quer isso. — Falei e ao mesmo tempo
apontei por todo seu corpo. Lucco me olhou atentamente e soltou uma risada
alta, fazendo minha cabeça girar pela falta de não ter quebrado o seu nariz.
Ele passou a mão no seu peitoral e me olhou sorrindo sem mostrar os dentes.
— Tão lindinha. Se eu não fosse tão experiente com as mulheres, diria
que essa sua raiva significa que está louca para transar comigo. — Piscou.

Dessa vez eu que gargalhei alto. — Você precisa ir ao psiquiatra. E se


eu disser na sua cara, que tenho nojo de você? Vai tentar me agarrar à força,
como fizera com uma pobre coitada? — Perguntei rindo. Lucco soltou um
grunhido e se aproximou de mim, seus olhos mostravam bravura.

— Vittorio te contou sobre Nova Orleans, porra?

— Claro que não! Um soldado do meu pai que contou. — Ri


novamente, quando Lucco, estava prestes a retrucar, levantei meu dedo e
passei por ele, indo até a porta da cobertura. — Aliás, onde está Vittorio? —
Quando olhei para dentro, roupas femininas estavam jogadas na grande e
magnífica sala de estar do apartamento. Revirei meus olhos e me virei de
volta para Lucco. Ele se aproximou e puxou uma mecha do meu cabelo.

— Já está fugindo de você? Que triste...

— Fale logo de uma vez! — Rosnei.

Lucco soltou uma risada e revirou seus olhos arrogantemente. — A


última vez que o vi foi em Veneza. Não sou muito próximo dos meus irmãos,
baby. — Sussurrou ele, passando por mim. Lucco entrou em sua casa e
segurou a porta. — Agora, se me dá licença, tenho duas vadias peladas, me
esperando na cama. Ah! E não sinta inveja, quem sabe você seja minha
próxima deusa. — Antes que eu quebrasse seu nariz, Lucco fechou a porta na
minha cara. Soltei um grito misturado com rosnado, soquei e chutei a porta
bruscamente.

— SEU FODIDO! — Gritei. Soltei um rosnado alto e encostei-me à


porta, escorregando até o chão. Eu estava desesperada por Vittorio, não
conseguia ligar para ele, ninguém tinha a ideia de onde ele poderia estar e
suas respostas para mim eram sempre as mesmas.

Não se preocupe, Vittorio está bem e logo voltará...

Mas voltará quando?! Fechei os meus olhos e um soluço se formou na


minha garganta. Minha preocupação estava grande, junto com o meu
desespero! Eu não sabia o que fazer, não sabia no que pensar! Realmente,
Vittorio estava me destruindo aos poucos, como uma terrível punição.

****

Na noite seguinte, fui até a cozinha para preparar um chá. Eu tinha


dado folga para Isadora e Lene, pois o inverno estava muito forte. Seria
desumano fazê-las saírem de suas casas e virem até aqui. Eu tinha mãos e um
cérebro que funcionava perfeitamente e era capaz de aprender a cozinhar.
Bem, eu era 10% boa na cozinha, mas era um bom começo.

Apertei-me no meu roupão azul e peguei a caneca vermelha para


despejar o chá, depois caminhei lentamente pelo cômodo, soprando o líquido
e saindo de lá. Quando cheguei ao hall de entrada da casa e me virei para a
escada, a porta foi aberta fazendo o som de o vento entrar. Olhei para trás e
Vittorio estava ali parado. Olhando-me. Ele não usava a mesma roupa da
noite em que sumiu. Mas não me importei, pois uma alegria entrou em mim,
fazendo com que deixasse a caneca em um degrau da escada e corresse até
ele, para abraçá-lo ou fazer o que eu pudesse, queria apenas tocá-lo.

— Meu Deus, Vittorio! — Exclamei feliz, correndo. Parei rapidamente


no caminho quando olhei para ele. Seu semblante estava distinto e seus olhos
escuros não me olhavam de volta. — O q-que aconteceu? — Perguntei a ele.
Vittorio engoliu em seco e suspirou.

— Vou tomar um banho. E só peça que arrume suas malas. —


Murmurou ele sem me olhar.

Franzi o meu cenho e perguntei. — Vamos viajar?

Vittorio trincou sua mandíbula e passou as mãos sobre o seu rosto,


olhando para qualquer lugar. — Só arrume as malas. — Disse mais uma vez,
com isso, saiu de perto de mim e subiu as escadas de dois em dois degraus.
Fiquei olhando para onde Vittorio tinha ido e uma vasta confusão me
dominava, ele queria viajar, mas não tinha nem a coragem de me dizer para
onde. Mas eu tinha minhas apostas, voltaríamos para a Itália, pois Vittorio
tinha perdido alguns soldados considerados ótimos, depois de matar aquele
homem.

Ele voltaria para lá, para recrutar novos soldados da Família que
convivia em Siena e não queria me dizer, porque a vaca da Cecília estaria lá.
Mas se era tudo isso, por que o suspense e por qual motivo ficou
desaparecido? Soltei um suspiro baixo e peguei minha caneca e subindo as
escadas. Não ousaria perguntar, a última vez ele se segurou para não me dar
umas palmadas.
Cheguei ao quarto e Vittorio ainda estava debaixo do chuveiro. Então
fui rápida com aquilo tudo, vesti uma calça confortável, duas blusas de
mangas compridas, um casacão bege, botas e peguei meu cachecol e luvas de
couro marrom. Guardei tudo o que era necessário para uma longa viagem e
depois levei as malas, descendo as escadas.

Fiquei perto da porta de entrada, esperando por Vittorio, por quase


meia hora. Estava quase tirando as roupas e indo dormir, mas apenas pensei.
Não queria causar conflitos logo agora. Quando olhei impacientemente para
as escadas, Vittorio descia rapidamente com os cabelos molhados, vestindo
calça preta, seus sapatos oxford e sobretudo da mesma cor. Ele não me olhou
como fez quando chegou, então abriu a porta e saiu. Abaixei minha cabeça
para respirar fundo e peguei minhas malas, fechando a porta e tentando andar
na neve fofinha de frente a casa, foi um sacrifício chegar até o carro e guardar
as malas, mas tinha conseguido.

Depois de guardá-las, entrei no veículo e me sentei no banco do carona.


Vittorio nem me deu tempo de colocar o cinto de segurança, pois já estava
dando a marcha e saindo do pátio. Ficamos em silêncio por todo o percurso, a
cidade estava vazia devido à nevasca que caía no início daquela madrugada.
Eu estava sonolenta, mas queria me manter acordada, pois sabia que Vittorio,
ainda estava bravo comigo.

As palavras de Salomão, naquela manhã que tínhamos chegado a sua


casa, entraram em minha cabeça.

Ele precisa ser compreendido e resgatado, mesmo agindo como um


adolescente...

Mesmo agindo nesse momento como um adolescente! Argh. Salomão


tinha toda razão, Vittorio agiu como um verdadeiro adolescente; e isso me
deixava enlouquecida! Eu queria compreendê-lo, queria mesmo, mas ele
nunca deixava e isso é cansativo para qualquer pessoa. Suspirei baixo no meu
lugar, com aqueles pensamentos. Olhei através do vidro da janela, quando me
dei conta de que estávamos saindo de Manhattan e não indo para o JFK.

— Por que estamos saindo de Manhattan? — Perguntei confusa,


olhando para ele. Vittorio olhou de lado e voltou a prestar atenção na pista.
Não me dizendo nada. Estávamos em uma pista vazia de duas mãos, apenas
nosso carro estava passando, eu não parava de movimentar minha cabeça
para todos os lados possíveis que eu conseguisse olhar, não sabia para onde
Vittorio estava indo. — Está me assustando! Para onde está indo?! —
Perguntei com a voz trêmula.

Vittorio respirou fundo e me olhou finalmente. — Não vou fazer nada


com você Belarmina. Apenas... — No meio da sua frase, fomos
interrompidos quando algo bateu com força atras do carro. Vittorio e eu
olhamos ao mesmo tempo para trás quando vimos luzes de três carros acesas.
— Merda! Estão nos seguindo! — Rosnou e acelerou o carro. Mais uma
batida veio no veículo e me fazendo gritar.

Quem quer que fosse nesse momento, estava louco para nos parar. —
Quem são eles?! É a Yakuza? — Perguntei assustada, cravando minhas unhas
da mão esquerda sobre as costas do banco. Vittorio soltou um rugido de raiva
e acendeu a luz do teto do carro, abrindo o porta-luvas e tirando uma arma.
— NÃO, NÃO É! SÃO OS FODIDOS DOS COLOMBOS! — Gritou
ele, ao mesmo tempo abaixando a janela do passageiro. Vittorio olhava entre
a pista e depois colocava parte de seu rosto fora do carro e atirava. Em apenas
fazer isso, vários tiros ressoaram na noite, atingindo o carro e me fazendo
gritar mais ainda. — Se acalme Belarmina! É a prova de tiros. — Assegurou
Vittorio, atirando sem parar entre os carros. De repente, duas Mercedes pretas
pararam em cada lado do nosso carro, batendo no veículo, assim como o de
trás.

— Estamos cercados, Vittorio! — Exclamei, me segurando no banco.


Quando olhei na direção em que a janela de Vittorio estava aberta, o homem
no banco de passageiro abaixou sua janela e apontou a arma na direção de
Vittorio. — CUIDADO! — Gritei apertando o botão para subir a janela. O
tiro acertou metade do vidro, fazendo os cacos voarem para dentro do carro.
— VOCÊ DISSE QUE ERA BLINDADO! — Gritei.

— PORRA! — Trovejou Vittorio segurando a arma e o volante ao


mesmo tempo. Seu olho esquerdo escorria um sangue grosso e pedaços de
vidros estavam no seu rosto. Ah não. Peguei minha bolsa de mão, no banco
de trás abrindo com os dedos trêmulos, tirando uma blusa. Enrolei o tecido na
minha mão e encostei ao seu olho sangrento. — PORRA, BELARMINA! —
Gritou Vittorio e se afastando da minha mão.

— Me desculpe! — Chorei apavorada enquanto os mafiosos atiravam e


impressavam nosso carro. Olhei mais adiante na pista e chorei por dentro. —
Vittorio! Tem uma curva! UMA CURVA! — Gritei. Na curva, era somente
uma pista, pois o morro estava chegando ao nosso lado direito e no lado
esquerdo... uma ladeira. Vittorio deu um murro no volante e gritou. Os tiros
não paravam. Os carros se colidindo com o nosso ficavam mais brutos e a
curva estava quase perto.

— Tenho que desacelerar! Não posso ir tão rápido, se não vamos


perder o controle. — Disse ele com voz alta, olhando pelo retrovisor. Vittorio
puxou a marcha do carro e tentou ir devagar. Mas nada aconteceu. Ele olhou
para o carro e tentou mais uma vez, nada.

— O que foi? Por que não está desacelerando?! — Perguntei assustada.

Vittorio me olhou da mesma forma que eu e disse. — Está sem freio.

Oh Meu Deus!

As lágrimas caíram pelo meu rosto e olhei para os carros. — Continue


atirando. Atire nos pneus! NOS PNEUS! — Gritei. Vittorio destravou sua
arma e abaixou o que restava da janela, os tiros vieram furiosamente em
nossa direção, mas todos foram errados. Vittorio estava mirando no pneu do
carro à esquerda, quando ele tinha sua mira, a curva chegou. — ATIRE! —
Gritei. O tirou foi certeiro no pneu, fazendo perder o controle e bater no outro
carro à direita. O impacto foi tão forte que um dos carros explodiu.

E foi aí que senti o mais puro medo. A curva pegou nosso carro,
fazendo o veículo quebrar a pequena mureta que protegia, soltei um grito
apavorante e segurei o terno de Vittorio. O cinto de segurança me protegia
quando o forte impacto veio. O carro batia nas pedras e girava bruscamente a
cada queda, eu sentia como se minha cabeça estivesse saindo do corpo, e tudo
no que eu pensava era em Vittorio. O veículo caia com toda a sua força e
espalmei minhas mãos novamente em Vittorio, quando o carro caiu na terra
de cabeça para baixo. Um alarme surgia em minha cabeça. Eu sentia algo
quente escorrer pela minha cabeça, meu corpo doía em todas as partes e tudo
o que eu queria era dormir.

Soltei um gemido baixo e o silêncio da noite era perturbador.


Deixando-me mais nervosa. O carro estava minúsculo e minhas pernas
presas, minha mão esquerda, segurava com força algo que estava ao meu
lado. Vittorio. Virei minha cabeça lentamente e quando abri completamente
meus olhos, eu estava sozinha dentro do carro.
CAPÍTULO
30

— AHHH! DEUS! — Gritei enquanto retirava minha perna esquerda


das ferragens. Minha respiração ofegante estava alta, meu corpo suava pelas
dores que se destacavam nas minhas pernas e o esforço que eu fazia. Tomei
outra respiração profunda e segurei minha perna, puxando com mais força e
gritando histericamente. — DEUS! — Urrei chorando. Na puxada, senti
minha perna sendo libertada e com isso, a direita foi mais fácil de sair.
Ofeguei cansadamente e olhei em minha volta, por sorte o carro não estava
com cheiro de gasolina.

A única coisa que me prendia, era o cinto de segurança, ao meu lado os


airbags estavam acionados sobre o volante do carro. Vittorio. Deus, eu
precisava sair dali. Só de ouvir seu nome em meus pensamentos, destravei o
cinto de segurança às pressas e cai de cabeça, fazendo um barulho alto. Soltei
um gemido e tentei jogar minhas pernas para baixo, comecei a engatinhar de
costas rapidamente e às vezes escorregando pelo meu medo. Quando senti a
neve sobre minhas mãos machucadas, me deitei no chão e olhei para o céu
noturno, onde a neve começava a cair.

Engoli em seco, de olhos fechados para acalmar minha respiração alta e


tentei me controlar. Abri os meus olhos e passei a mão na minha testa, onde
uma fina camada de sangue escorria. Minhas pernas abaixo dos joelhos
sangravam e ardia, meu pescoço gritava de dor e minha cabeça também.
Enquanto estava ali, deitada na neve, ouvi um barulho e me assustei. Sentei-
me de quatro sobre a neve quando o vi.

Deus, Vittorio...

Soltei um grito alto e comecei a engatinhar, para onde Vittorio tinha


sido arremessado para fora do carro. Ele estava longe, sua perna direita estava
virada de uma forma anormal e sua boca cuspia sangue e mais sangue.
Quando cheguei perto dele, tirei minhas luvas e segurei sua cabeça. —
Vittorio... VITTORIO! — Gritei apavorada. Na sua cabeça havia tanto
sangue escorrendo pela neve, como em minhas mãos, eu não sabia o que
fazer, eu não sabia! Comecei a chorar desesperadamente e olhei pelas árvores
secas, olhei para cima e foi aí que congelei.

Um homem estava nos olhando lá de cima e fumando tranquilamente.


Ele usava sobretudo preto e luvas, eu não conseguia ver seu rosto, mas sabia
que era um mafioso. Engoli em seco e o segui com meus olhos, enquanto ele
dava passos lentos na pista e parava diretamente onde o carro estava aqui
embaixo. Ele deu mais uma tragada no cigarro e jogou para longe, acertando
em cheio diretamente no carro capotado. Continuei olhando para ele,
enquanto permanecia ali nos observando e depois se afastando. Deixando-nos
a sós. Ouvi o barulho de um carro se afastando e soltei um suspiro alto e
minha respiração alta.

Por que ele não desceu? Por que não veio nos matar de uma vez?
De repente, senti Vittorio se balançar descontroladamente. Olhei para
ele e gritei enquanto o via expulsar mais sangue pela boca e se debater
bruscamente no chão com neve. — VITTORIO! VITTORIO! — Gritei
desesperada, tentando não deixar que ele batesse a cabeça. Ele estava tendo
uma convulsão! — Meu DEUS! — Gritei segurando seu rosto. Seus olhos
estavam quase brancos e ele não parava de expulsar sangue e fazer um som
de como se estivesse engasgando.

Eu não tinha ideia do que estava fazendo, mas estava tão desesperada
de medo que reuni toda a minha força e empurrei Vittorio, de lado para não
engasgar no próprio sangue. Quando consegui deitá-lo de lado. Seu corpo
parou de se balançar e Vittorio tossiu várias vezes. Curvei-me para olhá-lo e
passei a mão em seu rosto. — Eu estou aqui, eu estou aqui. Não vou deixá-lo,
por favor, não se vá também! — Chorei, segurando-o com força. Vittorio
parou de tossir e desmaiou, soltei um grito misturado com rosnado e olhei
para sua perna direita quebrada.

Fechei os meus olhos e deitei seu corpo novamente na neve, depois tirei
meu casacão e cobri-o. A neve estava engrossando e eu precisava encontrar
uma solução. Tateei os bolsos de Vittorio, tendo a esperança de achar seu
celular. Bingo. O aparelho estava no bolso traseiro da sua calça jeans e tive
que fazer forçar para tirar de lá. Peguei o celular em minhas mãos sujas de
sangue e trêmulas, estava com a tela trincada, mas por sorte pegando. Disquei
o número da emergência e quando coloquei o aparelho em meu ouvido, uma
luz amarela e laranja apareceram.

Olhei para trás e vi a parte de baixo do carro pegando fogo. Estávamos


longe, mas não tanto e era perigoso! — Deus. — Sussurrei e olhei o fogo se
espalhando, até mesmo na neve, droga, a gasolina tinha escapado! Levantei-
me do chão e dei a volta no corpo de Vittorio, eu precisava tirá-lo dali.
Quando ia puxá-lo, não tinha percebido que a emergência me atendeu.

— Emergência?

Puxei Vittorio, pelo seu sobretudo e cai de bunda no chão. Ele era
imenso e seria dificultoso em arrastá-lo para longe. — E-eu e meu marido
sofremos um acidente. — Gaguejei, fazendo força mais uma vez, ele se
mexeu um pouco e soltei um grito.

A mulher do outro lado da linha estava com a voz tranquila. —


Senhora? Vocês estão bem? E seu marido? Precisa me dizer exatamente onde
estão.

— EU NÃO SEI! NÃO SEI ONDE ESTAMOS! POR FAVOR,


VENHAM LOGO, E-ELE ESTÁ SANGRANDO MUITO! ELE BATEU A
CABEÇA COM FORÇA. — Gritei entre choro e desespero. Eu não tinha a
porra da ideia de onde estávamos. Nunca tinha vindo para esses lados da
cidade! Porra, estávamos fodidos. Puxei Vittorio, com toda minha força e
consegui arrastá-lo o suficiente, depois mais uma e mais outra. Quando senti
uma árvore bater atrás das minhas costas. Suspirei pesadamente e caí sentada
sobre a neve. Enquanto a mulher da emergência dizia.

— Se acalme. Diga-me seu nome e o nome do seu marido.

Olhei para ele, ofegando e chorando. — Belarmina e Vittorio.


— Certo. — Disse-me ela. — Eu me chamo Lauren, Belarmina e já
localizei onde vocês estão. Duas ambulâncias estão a caminho, mas irão
demorar devido à forte nevasca que está caindo. Eu só preciso que você me
faça um favor, você pode? — Perguntou Lauren.

Assenti para ela e me desencostei da árvore. — Sim... sim eu posso. —


Sussurrei.

Lauren respirou fundo no outro lado da linha e disse. — Vittorio


precisa estar aquecido, ele é a nossa prioridade. Você tem algo para esquentá-
lo?

— É... sim, eu, sim! Eu coloquei meu casaco em cima dele. Ele está
com um também, mas está rasgado. — Expliquei pegando meu casacão,
enrolando sobre o seu corpo.

— Muito bem, Belarmina. Você já conseguiu o primeiro passo, agora, a


cabeça de Vittorio, onde é o ferimento? — Quando iria respondê-la uma
explosão surgiu no silêncio da noite, me fazendo gritar e proteger Vittorio
com o meu corpo. A explosão não foi tão forte, mas partes do carro voaram
em nossa direção. — Belarmina?! Belarmina, o que houve? O que foi isso?!
— Chamou Lauren, desesperadamente. Levantei minha cabeça do peitoral de
Vittorio e coloquei o celular perto do meu ouvido.

— O carro. E-ele se explodiu. Estamos bem, estamos longe. —


Sussurrei olhando todo o corpo de Vittorio.
Lauren soltou um suspiro baixo em alívio. — Graças a Deus. Agora me
fale, onde sangra na cabeça dele?

Olhei para a cabeça de Vittorio, mas estava impossível de saber onde


era o ferimento, seu cabelo estava molhado de sangue e a neve grudada. —
Não tem como saber! Há sangue em toda parte! Por favor, eles precisam ser
rápidos! Vittorio está respirando muito fraco. — Exclamei assustada,
pegando a mão dele, estava gelada, como de um morto. Comecei a chorar
desesperadamente e me sentei perto dele. O fogo que estava nos restos do
carro estava alto e aceso. Lauren começou a falar com alguém e depois me
chamou.

— Belarmina, se acalme. Eles estão a caminho, mas você precisa estar


controlada. Consegue fazer isso?

Respirei profundamente e fechei meus olhos. — Sim, eu consigo. —


Falei.

— Ótimo. Preciso que você veja a pulsão de Vittorio, você colocará


dois dedos sobre o pulso dele. Não use o seu polegar ao medir a pulsação,
pois ele já tem pulsação própria, o que pode fazer com que você se confunda.
— Enganchei o celular entre minha bochecha e ombro e peguei seu braço,
levantei sua roupa sobre o pulso e fiz o que ela pediu.

— Pronto. — Avisei.

Lauren me parabenizou e continuou com os procedimentos. — Agora,


ponha as pontas de três dedos abaixo do pulso, na base do polegar. Pressione
até sentir a pulsação, ou mova os dedos para encontrá-la. — Fiz novamente, e
dizia a todo o momento para ela. — Muito bem, Belarmina. Agora vamos
para um passo importante. Preste atenção no ritmo e intensidade da pulsação,
você precisa contar quinze segundos para saber se os batimentos estão
constantes ou irregulares, se é forte ou fraco, tudo bem?

Fechei os meus olhos e contei mentalmente seus batimentos, mas eu


notava que estavam muito irregulares, não havia nem como contar. Eu já
sabia que algo estava errado. Comecei a choramingar e tentei contar mais
uma vez. Nada. — Lauren, eu não estou conseguindo. Está muita fraca! Meu
Deus, o que vai acontecer? ONDE ESTÁ A AMBULÂNCIA?! — Gritei me
jogando no chão de neve. A boca de Vittorio estava cada vez mais roxa e seu
corpo tremia como de uma criança adoecida. — A boca dele está muito roxa,
Lauren e ele está tremendo!

Mais uns minutos ali, eu entraria em desespero profundo! Lauren


chamou novamente, acredito a mesma pessoa e disse para mim. —
Belarmina, vou fazer... — De repente a ligação ficou muda.

Ah não...

Olhei para o celular e depois chamei. — Alô? Lauren, onde está?


LAUREN! — Gritei. Toquei na tela em desespero e apartei o botão de ligar,
mas na tela aparecia que estava sem bateria. Soltei outro grito e joguei o
aparelho ao meu lado. — PORRA! — Olhei mais uma vez para o céu e
chorei silenciosamente. Eu estava tremendo. E gelada, a neve caía sem
piedade e tinha que retirá-la de cima de Vittorio. Escondi meu rosto em
minhas mãos e pedi a Deus que não levasse ele.
****

Tinha se passado tanto tempo, que eu não tinha ideia se foi minutos ou
horas. Eu tinha pegado a cabeça de Vittorio, e coloquei no meu colo, onde o
sangue estava todo seco. Eu não parava de tremer de frio e o fogo da
explosão estava apagado pela neve. Meus olhos queriam se fechar, mas eu
me esforçava para mantê-los abertos. Abaixei meus olhos na direção de
Vittorio e toquei na sua bochecha.

— E-estou a-aqui. — Gaguejei com o frio.

Respirei profundamente e quando encostei minha cabeça na árvore,


prestes a fechar os olhos, um barulho de longe estava chegando. Abri meus
olhos e olhei lá em cima. As sirenes da ambulância estavam cada vez mais
perto e mais altas, quando avistei as luzes piscando e minha respiração se
elevou, comecei a gritar. — AQUI! ESTAMOS AQUI! — Quatros homens
apareceram lá em cima e mais quatro depois, eles começaram a falar em voz
alta entre eles e um me chamou.

— BELARMINA! SE ACALME QUE ESTAMOS INDO! — Gritou


para mim.

Senti um alívio me invadir e deitei minha cabeça sobre o peito de


Vittorio. — Por favor, não se vá, seu idiota! Eu preciso socar sua cara e gritar
com você ainda. — Disse entre soluços, abraçando seus ombros.

****
Chegamos ao Hospital Mount Sinai com enfermeiros correndo até
Vittorio, em todo o percurso até aqui, eles massageavam o peito de Vittorio,
faziam sua pulsação voltar ao ritmo e colocaram um cobertor térmico sobre
ele. Eles perguntavam se eu estava bem, mas suas atenções estavam voltadas
para Vittorio.

Quando entramos no hospital, tentei pegar a mão de Vittorio, mas uma


das enfermeiras me segurou. — Você não pode entrar. — Olhei por onde a
maca passava e as portas brancas se fechavam. Tentei me afastar da
enfermeira, mas ela me segurava. — Por favor, se acalme!

— ME ACALMAR?! — gritei. —É O MEU MARIDO QUE ESTÁ


ENTRE A VIDA E A MORTE. EU VOU IR ATÉ LÁ!

— Você não pode! Ele está indo para a sala de cirurgia, se quer o seu
marido vivo então deixem que façam o trabalho! — Exclamou a mulher, me
puxando para longe. Ela segurou meu rosto e olhou toda minha cabeça. — E
você precisa ser atendida, as pupilas dos seus olhos estão muito dilatadas.
Venha. Fique calma, ele ficará bem. — Ela me abraçou de lado e foi me
levando dali, longe de Vittorio, olhei para trás com lágrimas escorrendo dos
meus olhos, me sentindo vazia e só. Eles deviam salvar Vittorio a qualquer
custo.

****

— BELARMINA GRATTERI? — Olhei para trás e um homem alto,


de jaleco, segurando uma prancheta, me chamou. Assenti para ele que veio
caminhando dentro do quarto, indo até a cama, onde eu estava sentada de
frente a janela. — Seus exames não constaram nada, você sofreu apenas uma
leve concussão na cabeça e um pequeno corte no couro cabeludo. — Sorriu
educadamente. Passei a mão na minha cabeça, onde havia um curativo e
assenti mais uma vez.

— E minhas pernas? — Perguntei com a voz rouca pelo o choro.

Ele puxou algumas folhas da prancheta e sorriu mais uma vez. — As


ferragens não cortaram tão fundo a pele, não vai precisar de pontos, mas vou
passar uns antibióticos contra tétano e também contra dores. Você vai ficar
bem. — Ele sorriu sem mostrar os dentes e se afastou de mim, saindo do
quarto. Quando estava sozinha, pulei da cama e corri até o corredor.

— Espera. — Chamei. O doutor se virou para mim e arqueou suas


sobrancelhas. — Vittorio, como ele está? Já se passou uma hora e meia e
ninguém veio me avisar nada.

Ele se aproximou mais e encostou a prancheta sobre a barriga. — Me


desculpe por isso, Belarmina. Bem, Vittorio saiu da cirurgia há vinte minutos
e está na UTI, ele está com os irmãos.

— O que? — Exclamei. — E por que estou aqui? Quero ir até lá agora!


— Ele assentiu uma vez e pediu para segui-lo. Eu estava feliz por ele ter
saído da cirurgia, mas preocupada e com raiva pelo fato de ninguém ter me
avisado que Vittorio, estava na ala da UTI e seus irmãos aqui. O elevador
parou no décimo terceiro andar, com as portas sendo abertas. Caminhamos
pelo andar com vários funcionários do hospital andando de lá para cá pela
recepção e não havia nenhuma pessoa visitando alguém. Meu coração batia
furiosamente e quando andamos mais à frente e viramos nossa esquerda,
paralisei.

Havia no total de quinze mafiosos ali, em pé e alguns conversando


entre eles. Tinha reconhecido Lucco, que estava sentando em umas das
cadeiras, segurando a cabeça entre as mãos. Bernadir estava entre os homens
que falavam, mas o que se destacava entre todos, foi o que chamou minha
atenção.

Demétrio.

Os homens conversavam e chamavam sua atenção, mas seus olhos


estavam fixos na direção das portas de vidro, onde estavam os pacientes. —
Preciso voltar. — Disse o doutor ao meu lado, mas não o olhei. Demétrio,
que parecia não ouvir o que os homens e seu irmão mais velho lhe diziam,
soltou um suspiro e virou seu olhar diretamente em mim. Ele passou pelos os
homens, que me olharam também e veio em minha direção. Quando
Demétrio, se aproximou, me senti minúscula demais. Levantei minha cabeça
para olhá-lo, enquanto ele dizia.

— Está bem? — Perguntou com sua voz baixa e grave. Aquela voz
dava medo até mesmo em um passarinho.

Alguns dos homens se aproximaram de nós, assim como Bernadir e


Lucco. Pisquei algumas vezes e olhei para a porta de vidro. — S-sim, eu
estou bem. — Suspirei, olhando para ele. — Como Vittorio está? —
Perguntei. Demétrio passou sua mão esquerda sobre os olhos, mostrando sua
aliança de ouro brilhante. Ele respirou fundo e juntou as sobrancelhas
escuras.

— Ele sofreu traumatismo craniano e... — Demétrio suspirou


cansadamente. — Ele quebrou a perna em dois lugares, três dedos da mão
direita e um deslocamento no pescoço e ombro. O olho esquerdo tinha cacos
de vidro, mas não afetou a visão dele. Teve sorte de não ficar com seqüelas,
pois o cérebro dele ficou sem ar. — Fechei os meus olhos, deixando que as
lágrimas caíssem silenciosamente em meu rosto. Passei as mãos nas
bochechas e respirei profundamente. Balancei minha cabeça em negativa e
coloquei as mãos no quadril.

— Ele teve convulsão, bem na minha frente e se engasgava com o


sangue! — Exclamei chorando mais alto. Todos permaneciam calados me
olhando. — E eu? Não conseguia nem puxar ele, se acontecesse o pior? Se
estivesse morto? Eu pediria para ser punida, se Vittorio morresse, eu também
iria querer morrer! Queria! — Escondi meu rosto entre as mãos e não parei de
chorar dessa vez. Minha garganta ardia em tentar segurar meu desgosto,
minha angústia. De repente senti braços fortes me puxarem e me abraçarem,
agarrei a cintura de Demétrio, e enfiei meu rosto contra seu peito e soluçava
desesperadamente.

— Disseram-me que se não fosse por você tê-lo esquentado, ele


morreria de hipotermia. Você o salvou Belarmina e eu ficarei grato para
sempre. — Murmurou Demétrio, ainda me abraçando. Virei minha cabeça
para o lado e funguei, assentindo, sem conseguir falar. Depois de alguns
minutos, tinha me acalmado e me afastei dele. Limpando as lágrimas do meu
rosto.
Olhei para Demétrio, suspirando trêmula. — Eu posso ver ele? Não
aguento mais. — Indaguei.

Demétrio enfiou uma mão no bolso da calça jeans e passou com a outra
mão na barba. — Não podemos. Ele está em observação e talvez quando
amanhecer, você possa ir até lá. Mas pode vê-lo através da porta, ele está bem
ali. — Me virei às pressas para ir até lá, mas a mão de Demétrio me impediu.
Olhei para ele confusa, enquanto seus olhos azuis me observavam. — Espere.
Eu preciso saber o que aconteceu, detalhadamente, Belarmina. — Quando
disse isso, os homens se aproximaram novamente e me olhavam curiosos.
Todos eles estavam em busca de vingança.

— E-eu não sei por que aconteceu tudo aquilo. — Suspirei. —


Estávamos saindo de Nova York e andando pela pista, do nada, três carros
nos cercaram e começaram a bater no nosso. Vittorio atirou várias vezes
contra eles, eles revidavam e não paravam. Então tinha a curva e os carros
batiam cada vez mais em nós, Vittorio conseguiu atingir um carro e bateu no
outro. Acho que houve uma explosão e depois caímos. — Demétrio me
olhava atentamente e assentia. Seus olhos eram atentos em minhas ações e
gestos, ele intimidava apenas assentindo com a cabeça.

Demétrio arqueou sua sobrancelha direita de forma bem arrogante e


deu um olhar para Bernadir. — Quem eram eles? E o outro carro? —
Perguntou seriamente para mim.

— Vittorio disse que eram os Colombos. — Todos os homens se


entreolharam e começaram a murmurar, Demétrio trincou sua mandíbula,
irritado. — E também, eu vi o cara que estava no terceiro carro, ele estava
nos observando lá de cima e fumando, depois jogou o cigarro diretamente no
carro e foi embora. Eu entendi aquilo como uma ameaça.

— Pode acreditar, foi uma ameaça. — Acrescentou Demétrio, olhando


para os homens ali prostrados. — Caçem esses filhos da puta! Eles tentaram
matar meu irmão de forma covarde, Lucco, traga as cabeças dos envolvidos.
Bernadir vá até o local do acidente e procure pelo detetive Hill, ele vai limpar
aquela sujeira. — Todos não pensaram duas vezes e saíram para os seus
deveres. Era a primeira vez que tinha presenciado ordens diretas do Capo de
capi, ele transmitia poder e autoridade suprema.

Quando restamos apenas nós dois, Demétrio olhou para a porta de


vidro e depois para mim. — Vittorio vai me odiar, mas eu não posso ficar em
Nova York. Os médicos o colocaram em coma induzido para se curar melhor,
então voltarei quando ele estiver acordado. — Ele olhou intensamente e
murmurou. — Estou em dívida com você, Belarmina Gratteri. Sono grato a
voi. — Sorriu rapidamente sem mostrar os dentes. Tão rápido que não tive
certeza. Ele olhou para a recepção da UTI e disse-me. — Direi para que
deixem você com ele, tudo bem? — Abri um sorriso pequeno e assenti.

— Obrigada, Demétrio. — Ele apertou meu ombro direito e foi em


direção à recepção, onde havia duas enfermeiras. Demétrio parou na frente do
balcão e disse algo para elas, as duas olharam em minha direção e depois
sorriram para ele, assentindo. Demétrio voltou onde eu estava e olhou para as
enfermeiras e depois para mim.

— Você pode ficar lá com ele, que as enfermeiras liberaram.


Cruzei meus braços, arqueando minhas sobrancelhas para ele. — E
como você conseguiu isso?

Demétrio me olhou arrogantemente e suspirou. — Posso estar... velho,


mas tenho meu próprio charme, Sra. Gratteri. — Ele fez uma careta
engraçada. — É estranho chamar outra mulher assim. — Completou
murmurando, me fazendo rir. Estava tentando aliviar a minha tensão, toquei
no seu braço uma vez e sorri timidamente para ele.

— Obrigada, Demétrio. Você acaba de se tornar o melhor cunhado.

Ele mexeu suas sobrancelhas e passou a mão no cabelo avermelhado.


— Música para os meus ouvidos. Tenho que ir, vejo você novamente quando
o fodido acordar. — Quando Demétrio estava se afastando, chamei-o
novamente. Ele se virou para mim e esperou.

— Meu pai. Seus homens o encontraram? — Perguntei. Demétrio


suspirou alto e balançou a cabeça negativamente.

— Infelizmente não. Agora, com isso que aconteceu eu tenho minhas


suspeitas, mas fique tranquila há soldados vigiando o hospital e sua casa. Sua
mãe está segura, também. — Assenti para ele e agradeci mais uma vez.
Quando Demétrio se foi, respirei profundamente e caminhei em direção a
porta de vidro, a única coisa que me separava dele. De Vittorio. Meus passos
lentos e incertos me levavam cada vez mais perto, e quando cheguei até a
porta, já o avistei deitado na cama e entubado. Engoli em seco para manter o
controle de minhas lágrimas e abri a porta, fiquei ali, segurando-a, parada e
observando-o de longe.

Não seja uma covarde...

Fechei a porta atrás de mim e andei até ele, o único som do quarto
largo, era do tubo respiratório e seus batimentos cardíacos. Quando parei ao
lado da cama, as lágrimas caíram, me fazendo suspirar trêmula. Ele estava
sem roupas, apenas coberto da barriga para baixo, sua cabeça enfaixada, um
curativo no olho esquerdo fechado e um colar cervical em seu pescoço. Seu
ombro direito estava de um puro roxo e também, uma concussão na bochecha
esquerda e os três últimos dedos da sua mão direita, estavam engessados.
Olhei mais para baixo e vi que sua perna direita estava engessada do joelho
para baixo.

Ele deve ter sentindo tanta dor quando foi arremessado. E aquilo me
fazia querer arrancar meus próprios olhos. Peguei a poltrona que estava no
canto do quarto e puxei para perto da cama, em seguida, me sentei sobre ela e
segurei a mão de Vittorio. Soltei uma respiração alta pela boca e passei
minutos observando ele. Minhas lágrimas não paravam de jorrar e mesmo
sabendo que ele estava bem, eu me sentia horrível em vê-lo naquele estado.

Eu queria o Vittorio, insuportável, metido e maluco de volta. Eu queria


o Vittorio pervertido, piadista e provocador ao meu lado. Queria meu
verdadeiro Vittorio, sorrindo para mim, apertando os olhos daquele jeito que
me fazia rir, aquela voz irritante com o sotaque chato, eu o queria para mim.

Limpei meu rosto com os dedos e o olhei. — Eu me lembro de quando


o vi, pela primeira vez. Você era mais jovem e eu uma criança, eu lembro que
você veio até a mim, quando meus cadarços estavam desamarrados e acabei
tropeçando e caindo no chão. As crianças que estavam por perto riram de
mim e eu me envergonhei e chorei. Então você veio e me ajudou a levantar,
depois me disse "Uma princesa não deve chorar, mas deve se levantar e socar
a cara dos que zombaram dela". Eu fiquei sem ter o que dizer a você, apenas
o encarava, enquanto amarrava meus cadarços. Será que eu amei você
naquele dia? — Uni minhas sobrancelhas e continuei olhando para ele.
Fechei os meus olhos e depois deitei minha cabeça em cima do seu braço.
CAPÍTULO
31

— Sra. Gratteri? — Uma voz feminina me chamou ao fundo. Tirei


meus cabelos de cima dos meus olhos e os abri. Eu tinha pegado no sono
completamente depois de tomar os medicamentos que me passaram.
Espreguicei-me sobre o meu lugar, com os olhos em Vittorio, ainda
"adormecido". Olhei para o outro lado da cama, onde uma mulher de cabelos
vermelhos e cacheados me olhava com um sorriso. — Bom dia, Sra. Gratteri,
me desculpe ter que acordá-la, é que a senhora não pode ficar debruçada
sobre ele. — Ela apontou com o seu dedo.

Passei minhas mãos sobre meu rosto e assenti ainda sonolenta. Eu


estava uma merda. — Sim, eu sei. Me desculpe, é que os remédios que o Dr.
Green me passou acabaram me derrubando. — Murmurei com a voz rouca,
me levantando da poltrona, fiz uma careta pela dor em minhas pernas e
estendi minha mão para ela. — Você que salvou Vittorio? — Ela abriu um
sorriso carinhoso e assentiu, pegando minha mão e dando um leve aperto.

— Você também o salvou. Eu me chamo Teresa Moore, eu vim ver


como ele está. Ontem fiz uns exames nele e constatei uma fratura interna. —
Arregalei meus olhos e encarei Vittorio, de dia, seus machucados e
hematomas eram piores.
— Fratura? Como assim? Ninguém me...

— Fique calma. — Tranquilizou Teresa. — Ele está mais que bem. Só


estou aqui para dizer, que você contou ao cirurgião que ele cuspia muito
sangue, certo? — Assenti para ela e suspirei. — Pois então, foi constatado em
meus exames de ultrassom feitos em Vittorio que, no momento em que foi
arremessado do carro, ele se colidiu bruscamente contra as pedras do
penhasco, em seguida, acredito que se bateu contra um tronco firme de uma
árvore, então ele quebrou o tórax e isso perfurou o pulmão dele. Como ele
passou por muitas, digamos dores. Achamos melhor fazer o dreno no início
da manhã, tudo bem para você?

Abri minha boca para dizer sim, mas a fechei em seguida. Ela não
precisava da minha permissão, o homem que eu amava estava péssimo e
qualquer "concerto" era mais que bem-vindo. Pousei minha mão esquerda
acima da mão de Vittorio e olhei para Teresa. — Sabe que eu direi sim,
apenas me assustei, porque ninguém me disse ou diz nada.

— Dei ordens aos enfermeiros para não contar nada a você, pois estava
em choque na noite passada e estava cansada. Isso só iria preocupá-la mais.
— Disse-me ela, com um sorriso simples. — Pretendo deixar Vittorio,
novinho em folha sem nenhum arranhão, até quatro semanas.

— Quatro semanas?! — Exasperei em voz baixa. — I-isso... isso é


muito tempo!

Teresa balançou sua cabeça em negativa e olhou para as portas de


vidro, chamando dois enfermeiros homens. — Pelo contrário, Belarmina. É
um prazo curto, eu sei que você o quer em casa e em bom estado o mais
rápido possível, mas Vittorio teve um acidente gravíssimo e qualquer
desleixo meu pode prejudicá-lo futuramente. Você se cura rápido, pois seu
corpo é jovem, mas ele nem tanto. Consegue me entender de forma clara? —
Perguntou em voz baixa.

Olhei para os homens que se aproximavam, arrastando uma maca com


lençóis azuis, observei Vittorio e depois olhei para Teresa. — Me desculpe,
eu estou muito cansada e quero que ele acorde logo. Só isso. — Sussurrei a
última frase, olhando para ele. Eu estava começando a ficar histérica por
dentro, em ter que aguentar assistir tudo àquilo que se passava com Vittorio.
Ali, deitado em uma cama com tubos e qualquer outro tipo de droga da
medicina. Soltei um suspiro baixo e larguei sua mão quente. — Tudo bem,
mas eu quero ir junto. Posso?

Teresa abriu um sorriso em minha direção e assentiu. — Claro que


pode, mas ficará na sala de espera. Não pode entrar na sala de cirurgia, tudo
bem? — Concordei com ela e me afastei da cama de Vittorio, enquanto os
enfermeiros colocavam luvas de borracha e tiravam os aparelhos dele. —
Venha! Eles precisarão de mais espaço, vamos aguardar lá fora. — Chamou
Teresa. Olhei novamente para Vittorio, e me afastei indo junto com ela.

Quando estávamos fora do quarto, cruzei meus braços e perguntei. —


Essa drenagem, vai ser uma cirurgia longa? — Ela balançou a cabeça e disse.

— Não, será menos trabalhoso que a primeira, eu lhe garanto. —


Assegurou. — Os enfermeiros saíram de dentro do quarto, com Vittorio em
cima da maca, ainda com os tubos respiratórios. Respirei profundamente e
descruzei meus braços. — Vamos. — Chamou Teresa.

****

Esperei pela cirurgia menos de uma hora, nesse intervalo, Lucco tinha
vindo ver o irmão, mas como ele estava em cirurgia, voltou para casa. Eu não
parava de perguntar para ele sobre o que tinha acontecido no fim daquela
madrugada depois das ordens de Demétrio, mas o idiota apenas me jogou um
beijinho, sorrindo e se foi. Eu o detestava, muito. E odiava saber que todos
queriam me manter no escuro, aquilo me irritava.

Eu estava andando de lá para cá, na sala de espera. Impaciente e


querendo ver Vittorio, o mais rápido possível. Depois de curtos minutos, a
doutora Teresa e o cirurgião Carter vieram em minha direção. — Graças a
Deus. — Suspirei quando pararam na minha frente. — E então? Ele está
bem? — Perguntei ansiosa. Carter abriu um sorriso educado, enquanto me
respondia.

— Está ótimo Belarmina e já foi encaminhado para o quarto


novamente. Vittorio reagiu bem a cirurgia e logo seus pulmões estarão
renovados.

Mordi meu lábio para conter meu choro. Como eu queria abraçá-lo
naquele momento. — Pode me dizer como é essa drenagem? O que houve
exatamente? — Perguntei em voz baixa e triste. Teresa acariciou meu braço
esquerdo, enquanto o doutor dizia para mim, colocando suas mãos atrás das
costas.
— Dreno torácico é quando ocorrem vários casos, como de seu esposo.
Como ele foi arremessado do carro e seu corpo se bateu diversas vezes contra
rochas e árvores, acabou fraturando a caixa torácica e sofrendo um trauma no
órgão. Ele cuspia muito sangue naquele momento em que você viu, pois o
mesmo estava ao redor do pulmão dele devido ao acidente. Então, durante a
inserção de dreno torácico, eu inseri um tubo projetado para ser inserido na
lateral do corpo de Vittorio, entre as costelas, dentro do espaço pleural. Ele
precisará ficar com o tubo por alguns dias, até que eu tenha certeza de que
não há mais fluído ou ar a ser drenado, removerei o dreno.

Soltei lufadas de ar e assenti, eram tantas palavras e tantas coisas que


foram feitas, que me desconcertava. — Tem certeza de que esse tubo não vai
prejudicá-lo? — Perguntei em preocupação. Carter abriu mais um sorriso e
deu um passo, como se estivesse preparado para me contar um grande
segredo.

— Todos nós fomos informados de que Vittorio é alguém importante,


muito importante, então todo o cuidado possível nós tivemos com ele.
Acredite! Nada o prejudicará. — Olhei dele para Teresa, que assentia
tranquilamente para mim. Então, eles sabiam que Vittorio era um mafioso?
Com certeza sim, não duvidava nada que Demétrio tinha ido dar algumas,
digamos, palavrinhas com o diretor do hospital. Passei minha mão no meu
cabelo bagunçado e assenti para os dois, silenciosamente. Aquilo tinha me
aliviado, pois eu saberia que Vittorio estaria sendo tratado da forma correta e
não correria nenhum tipo de risco.

Voltei para a ala da UTI. Caminhei lentamente até a cama de Vittorio e


a primeira coisa que chamou minha atenção foi o tubo bem abaixo da sua
axila esquerda, dentro dele. Havia um objeto ao lado da cama que também
estava colado ao tubo. Dentro do tubo havia uma cor escarlate saindo de
dentro de Vittorio.

Engoli em seco e olhei para a enfermeira que monitorava o aparelho ao


lado dele e escrevia algo nas folhas da prancheta. — O que está fazendo? —
Perguntei e me sentei na poltrona. Ela me olhou de relance e apontou com a
caneta, dizendo.

— Quando a doutora Moore não estiver por perto, eu que irei monitorar
continuamente a respiração dele, a dor e também a situação do dreno. —
Explicou enquanto escrevia. Soltei um suspiro baixo e encostei minha cabeça
nas costas da poltrona, sem tirar meus olhos do rosto machucado de Vittorio.
— Você ficará com ele? — Perguntou a enfermeira, depois de um tempo.

Meneei minha cabeça, ainda com os olhos sobre Vittorio. — Para


sempre. — Respondi.

****

No final da tarde, um dos soldados de Vittorio tinha vindo trazer roupas


e dinheiro para mim. Pois eu não tinha a intenção de voltar para casa tão
cedo, eu queria estar ao lado de Vittorio o tempo todo, até que Teresa
decidisse tirá-lo do coma induzido. Eu estava preparando um cappuccino para
mim na praça de alimentação do hospital quando alguém tocou em minha
cabeça, por trás.

Quando me virei, mamãe estava sorrindo já com suas roupas e três


soldados prostrados atrás dela. — Mãe. — suspirei e a puxei para um abraço,
os hematomas em seu rosto estavam quase amarelados. Quando me afastei,
segurei suas mãos. — Você recebeu alta? — Perguntei.

— Sim, eu já me sinto melhor, só vim me despedir de você e perguntar


se está tudo bem com Vittorio? — Perguntou carinhosamente.

Passei minha mão no cabelo, assentindo. — Está sim, graças a Deus.


Ficarei o tempo que for aqui. Mas... me diga, quem estará na casa? — Mamãe
abriu um largo sorriso e me puxou, para responder em voz baixa e os
soldados não a ouvirem.

— O soldado do meio, ele se chama Danios e está bem preocupado


comigo, dizendo que preciso descansar em casa enquanto ele estará me
protegendo.

Olhei para o soldado que ela dizia e segurei uma risada, ele era bem
alto e muito musculoso, mas o rosto de um cara de 25 anos. Afastei meu rosto
de mamãe e a encarei, com uma cara sacana para ela, levantando as
sobrancelhas. Mamma me olhou suspirando e balançando sua cabeça em
negativa. — O quê? — Sussurrei para ela e rindo.

— Não adianta fazer essa cara. Eu não quero outro homem na minha
vida tão cedo.

— E se o bebê for menino? — Provoquei.

Ela soltou uma meia risada e puxou levemente uma mecha do meu
cabelo. — Engraçadinha, seu irmão será o único homem que permanecerá na
minha vida. Bem, estou indo e fique o tempo que precisar ao lado de Vittorio,
estarei bem protegida. — Riu me abraçando. Quando mamma e os soldados
se foram, voltei ao meu cappuccino e fui até uma mesa para me sentar. Minha
mãe estava finalmente livre, mesmo sabendo que Alessi, estava por aí, tinha
certeza de que ela estaria mais que protegida com os soldados de Vittorio.

Ela finalmente poderia viver. Assim como eu.

****

TRÊS SEMANAS DEPOIS...

Semanas tinham se passado e Vittorio permanecia adormecido. Na


noite anterior, Teresa tinha parado de injetar os barbitúricos no seu
organismo e tinha me dito que era normal o paciente demorar a acordar, pois
o efeito do remédio ainda estava no corpo. Assim como ela tinha parado com
os remédios, tinha trocado Vittorio de quarto, tirando-o finalmente da UTI, o
doutor Carter tinha ido pessoalmente retirar o dreno de Vittorio, ele me disse
que seus pulmões estavam ok e que apenas pediria novos raios x quando ele
acordasse.

Eu estava de nervosa e ansiosa para aquilo, queria me declarar para


Vittorio, dizer que tinha finalmente dado conta de que o amava, sempre o
amei e a sensação era deliciosa. Saberia que ele ficaria surpreso e assustado,
mas eu não iria desistir fácil assim. Eu o amava e tanto ele como eu, tínhamos
nossos próprios defeitos. Isso poderia ser concertado, quando os dois
estivessem em sincronia e juntos.
Tinha vindo para casa, pois em alguns momentos eu não podia ficar ao
lado de Vittorio, então quando não poderia, vinha para casa e depois voltava
ao hospital. Eu estava terminando de me arrumar quando o notebook dele
apitou pela quinquagésima vez! O som já estava me irritando, pois desde o
primeiro dia que tinha voltado para casa o aparelho não parava de gritar
socorro. Olhei para o meu relógio de pulso e soltei um grunhido. Queria
chegar logo ao hospital! Mas a minha paciência com eletrônicos irritantes era
curta.

Marchei até a mesinha, onde o notebook se encontrava e abri a tela. Lá,


mostrava que um novo e-mail tinha chegado para Vittorio, à data piscando
mostrava que foi enviada no dia do nosso acidente. Soltei um suspiro
chateado e me sentei na cadeira macia, cliquei na caixa de entrada e o nome
Demétrio, aparecia em negrito. Juntei minhas sobrancelhas e abri o e-mail,
nele dizia...

DE: GRATTERI, DEMÉTRIO


ASSUNTO: SEM ASSUNTO
AS: 23h47 min; 19/01/2012

Que porra, Vittorio, você sabe que não há divórcio


dentro dessa droga de máfia, principalmente da Família
Luchesse! Mas tudo bem, eu darei um jeito nessa merda
toda. Porém, a pergunta é: É isso mesmo o que você quer?
Comecei a ofegar desesperadamente e me levantei de qualquer jeito da
cadeira, fazendo com que ela caísse sobre o carpete preto. Eu não estava
acreditando, não estava acreditando no que tinha acabado de ler! Minha
cabeça girava, meu coração se acelerava e pontadas surgiam sobre ela, meus
olhos ardiam e eu não conseguia respirar. Não havia uma resposta, pois
Vittorio tinha sofrido o acidente, somente por isso! Andei de costas
rapidamente e acabei tropeçando e caindo no chão, eu não parava de chorar
alto e soluçar, não sabia no que pensava eu não sabia nem o que fazer.

Sentia meu mundo se despencar cada vez mais e aquilo me deixou


horrorizada, era uma sensação horripilante de como se eu tivesse sido
apunhalada diretamente em meu peito. Fiquei de quatro no chão,
engatinhando até a porta e chorando cada vez mais forte, quando segurei a
maçaneta e a abri, Isadora e o soldado iniciado estavam por perto. — Sra.
Gratteri! Está bem? — Perguntou Isadora me ajudando a levantar, assim
como o soldado. Meus soluços ficaram mais altos quando ouvi sua pergunta.
Eu não estava nada bem!

— M-me tirem daqui! ME TIREM DAQUI! — Gritei querendo me


afastar. Os dois me soltaram rapidamente e consegui correr pelo corredor. Eu
queria ir embora, queria sumir daquele lugar para sempre, sem deixar
nenhum vestígio. Quando cheguei lá fora, alguns dos soldados que estavam
ali me olharam confusos, pelos meus berros e soluços de criança. — EU
QUERO IR EMBORA! AGORA! — Urrei para eles, entrando em uma
Mercedes Benz prata.

Dois soldados correram até o carro e entraram no veículo sem dizer


nada, olhei para a mansão, onde Isadora e o soldado estavam na porta, nos
observando em confusão. Soltei um suspiro trêmulo e escondi meu rosto
entre minhas mãos frias e trêmulas.

Aquele era o fim. Para sempre, Vittorio finalmente tinha conseguido


me afastar.

****

Já era noite quando mamãe entrou no meu antigo quarto, carregando


uma bandeja com o jantar. Ela colocou sobre o aparador vermelho, perto da
minha cama e caminhou em minha direção, eu estava sentada ao lado da
janela, observando a neve cair. Depois de ir embora, tinha conseguido entrar
no e-mail de Vittorio pelo meu computador, imprimido o e-mail de Demétrio,
para mostrar a minha mãe. Até mesmo ela ficou sem fala quando leu.

— Vai passar a noite aí sentada e sem comer? — Perguntou ao se


aproximar.

Soltei um suspiro trêmulo e abracei minhas pernas com os braços. —


Não estou com fome. — Murmurei. Mamma respirou fundo e se sentou perto
de mim, olhei para ela dessa vez enquanto me dizia.

— Recebi a notícia dos soldados de que Vittorio acordou. — Meu


coração deu piruetas de alegria em ouvir aquilo, mas não a respondi. — Eles
disseram que a primeira coisa que perguntou foi de você. Ele ficou bem
agitado quando acordou e só dizia o seu nome filha.

— Quanto clichê romântico. — Falei sarcasticamente. — Por que


perguntou de mim? Aposto que torcia para ser viúvo novamente. — Rosnei,
com lágrimas não derramadas em meus olhos. Mamãe me reaprendeu com
um olhar e cruzou seus braços.

— Não fale assim, Mina. Vocês só precisam conv...

— Conversar? — Continuei por ela. — Como... pessoas normais


fariam? Conversar. Só isso e fim, esquecer as merdas, esquecer os segredos,
as mentiras e conversar. — Ralhei revoltadamente, deixando as lágrimas
escaparem. — Mãe, não há nada que possa ser resolvido! Nem na conversa,
nem em brigas, nem em sexo e nem em nada! Acabou! Era isso que ele
queria e eu não vou correr atrás, eu não vou mais trabalhar sozinha nessa
droga toda. É a vez dele, eu já fiz tudo o que poderia fazer, meu limite acabou
no momento em que li a porra daquele E-MAIL! — Gritei e me joguei sobre
ela, abraçando-a fortemente para aliviar minha dor.

Mamãe me agarrou protetoramente e me balançava, dizendo para me


acalmar. — Minha garotinha está de coração partido. Oh meu amor, pode
chorar, isso vai te fazer bem. — Sssurrou acima da minha cabeça, beijando-a
em seguida. Segurei seu suéter com os nó dos meus dedos e chorei o quanto
aguentaria.

Sim, estava de coração partido, completamente despedaçado e isso era


doloroso demais. A dor era sufocante e tudo o que eu queria era gritar e
chorar, toda vez que o rosto de Vittorio surgia em meus pensamentos.

Eu descobri que estava apaixonada, depois de três semanas, tive meu


coração despedaçado.
****

Dois dias se passaram. E nesses dias tudo o que eu fazia era ficar
trancada dentro do meu quarto, apenas saía para me alimentar. Meus
caminhos eram banheiro, closet e cama, mais nada que isso. Estava em um
sono profundo, quando senti a mão de minha mãe segurar meu ombro direito
e me balançar.

— Bela você tem visita! Acorde logo sua preguiçosa. — Ela me


balançou com mais força dessa vez, me fazendo choramigar alto e puxar o
edredom até minha cabeça. — Ande logo, ele espera na biblioteca! Eu vou
até o mercado com Danios e Sandra. — Sua mão deu um tapa em cima da
minha bunda e depois a ouvi se afastando do quarto. Soltei um suspiro
pesado e joguei o edredom para longe, me levantando sem nenhuma vontade.
Olhei para o relógio sobre o aparador, onde marcava 07h! Grunhi bravamente
e fui até o banheiro lavar o rosto e escovar meus dentes.

Não iria me arrumar para ninguém, pois eu já sabia quem estava me


esperando. Peguei meu robe vermelho de tecido grosso e o papel dobrado em
cima da minha mesinha. Depois, saí de dentro do meu quarto, mal humorada,
descendo as escadas como um soldado. Quando parei de frente a porta da
biblioteca, hesitei em segurar a maçaneta. Meu coração batia freneticamente,
avisando que ele estava lá, do outro lado da porta me aguardando. Engoli em
seco e respirei fundo, abrindo a porta.

Quando entrei na sala de biblioteca, paralisei, fechando a porta atrás de


mim.
Vittorio estava de pé, ao lado da janela. Sua perna direita estava com
uma bota imobilizadora e havia duas muletas pratas, encostadas no sofá
marrom. Seus dedos ainda estavam com curativos e notei que seu rosto estava
com os pequenos cortes causados pelo vidro da janela do carro. Mas o que
me fez paralisar foi que, Vittorio, não estava usando roupas pretas.

Estava vestindo com uma calça jeans e camiseta branca. Seu casaco
estava no braço do sofá. Ele segurava o livro O Grande Gatsby de F. Scott
Fitzgerald.

Quanta ironia, Sr. Gratteri...

Soltei um suspiro alto e cruzei meus braços, olhando bravamente para


ele. Vittorio fechou o livro e olhou para a capa, em seguida levantou seus
olhos em minha direção, com as sobrancelhas arqueadas. Seu olho esquerdo
estava da cor escarlate, devido aos cacos de vidro. Ele colocou o livro em
cima da mesa de centro e mancou até o centro da sala. — Por que não estava
em casa? — Ele perguntou para mim seriamente.

Continuei olhando-o e não respondi a ele. — Por quê? — Ele insistiu.


Soltei uma meia risada e levantei o papel do e-mail para ele. — O que é isso?
— Perguntei. Vittorio veio mancando, sem suas muletas, em minha direção e
pegou o papel para ler o e-mail.

— Estava me tirando da sua casa, naquele dia. E trazendo-me para cá,


mas por outro caminho para que assim, eu não soubesse. — Soltei de uma
vez. Vittorio continuou encarando o papel em suas mãos, depois me olhou
sem me dizer nada. — Quer ir embora? Era isso que queria ou quer? —
Continuei a falar, com acidez em minha voz.

Vittorio engoliu em seco e piscou repetidamente. — Não. —


Murmurou.

Franzi o rosto para ele e perguntei. — Não o quê? — Seus olhos se


voltaram para meu rosto, mas Vittorio não conseguia terminar e começou a
gaguejar suas palavras. — Você não consegue, não é? Não consegue admitir
pelo menos uma vez o que realmente quer! — Rosnei já cansada daquilo
tudo. Vittorio engoliu em seco e desviou o olhar de mim. Sem ter mais o que
dizer, assenti para ele e me virei de costas, prestes a ir embora.

Então ele chamou. — Não Belarmina. — Sua voz saiu quase sufocada.
Virei-me para ele e então vi a batalha que se travava tanto nos seus olhos,
como também no seu corpo.

— Não o que? — Perguntei de novo.

Vittorio olhou para os lados, enquanto me dizia. — E-eu não quero...


— Ele parou suas palavras e me encarou.

Dei alguns passos, revoltadamente com ele. — O que você não quer
Vittorio?! Por que é tão difícil para você dizer? Por que você é assim?! —
Perguntei em voz alta e esgotada com sua covardia, eu estava quase o
mandando embora para longe. Até que ele disse as palavras, em tom alto e
autêntico.
— Porque eu preciso ser salvo! Eu preciso ser salvo, Belarmina! Não
tenho forças o suficiente, eu não consigo terminar essa batalha infinita! Esse
é o meu eu! — Quando ele parou de falar, ficamos nos encarando, ofegantes,
um distante do outro. Suas palavras me surpreenderam.

Eu não sabia mais o que dizer, não conseguia formular qualquer coisa.
Até que tomei a coragem e lhe respondi. — Posso ter forças para nós dois. —
Sussurrei. Vittorio me olhava tristemente e com as sobrancelhas unidas. —
Onde esteve naqueles dias, antes do acidente? — Perguntei em seguida, pois
Vittorio permaneceu quieto. Ele olhou intensamente para mim e depois
respondeu.

— Itália. — Ele murmurou. Parei de respirar no minuto em que ouvi


aquela pequena palavra. Senti meus olhos lacrimejarem e meu rosto se
moldar de uma forma machucada com a declaração. Vittorio juntou suas
sobrancelhas e se apressou em dizer. — Veneza. Fui à minha primeira casa, a
que compartilhava com minha família. Onde minha mãe adoeceu e faleceu.
— Quando ele disse, notei os olhos arregalados de Vittorio, vermelhos, mas
ele não chorava.

Assenti para ele e perguntei. — Por que disse a Demétrio que me


queria fora? Iria me deixar no escuro? Sem ter ideia do que estava havendo?
— Minha voz fraca, soava tristemente.

Vittorio soltou um suspiro. — Assim era melhor. — Ele respondeu.

Trinquei minha mandíbula e fechei minhas mãos em punhos. —


Melhor? Você pensa dessa forma? Então por que aceitou se casar comigo?
Você me deu muitos motivos para me afastar, muitos motivos para fingir na
frente das pessoas que somos felizes, mas em casa apenas ódio. Você me deu
motivos para fugir mais uma vez, só que dessa vez, de uma forma mais
inteligente! Você me deu motivos para sentir nojo de você, sentir cansaço de
você. Mas eu não o fiz, eu não fiz porque sentia que algo, em algum dia, iria
melhorar! E é isso que recebo em troca? Suas crises ridículas pelo seu
primeiro casamento? Eu não tenho CULPA se ela morreu, eu não tenho
CULPA se Alessi foi até o seu irmão, pedindo que você se casasse comigo,
eu não tenho CULPA se você é desse JEITO, Vittorio! Eu simplesmente não
tenho culpa. VOCÊ TEVE A CHANCE DE RECUSAR QUANDO EU
FUGI. — Gritei para ele, deixando as lágrimas rolarem em meu rosto.

Vittorio juntou suas sobrancelhas escuras e abaixou seus olhos para o


chão. Depois, ele balançou a cabeça e soltou rapidamente uma meia risada,
com uma lufada de ar. — Tive, mas não quis. — Murmurou seriamente.

Fiquei olhando-o por alguns segundos e perguntei em voz baixa. — Por


que não? Para eu ser seu divertimento particular?

— Você nunca foi um divertimento para mim. Nunca. — Ele me


interrompeu em voz alta, me encarando seriamente.

Eu estava me sentindo tão insegura, ali na sua frente, na frente de suas


incertezas, não sabia mais o que dizer. Segurei o meu choro e disse de uma
vez. — O que veio fazer aqui? O que você quer? O que quer de mim,
Vittorio?! — Ele abriu sua boca para responder, mas ficou calado no mesmo
instante. Soltei uma risada, desacreditada e continuei. — Não vai mesmo me
dizer? — Vittorio,me encarou, piscando algumas vezes e soltou uma
respiração baixa, depois, desviando seus olhos de mim. — Não, não vai. Seu
orgulho fala por si mesmo. — Disse, amargurada, me conformando com tudo
aquilo. Senti-me cansada.

Olhei mais uma vez para ele e então me virei de novo, indo até a porta
da biblioteca, prestes a abrir.

— Eu quero o seu amor, Belarmina. — Paralisei, segurando a maçaneta


da porta e respirando profundamente com meus olhos fechados. Virei-me
então devagar e olhei para ele. Vittorio estava mais um passo à frente e seu
corpo se mostrava tenso, na defensiva, seus olhos estavam me dizendo tudo o
que ele não conseguia dizer em palavras. Ele estava tentando se entregar e era
uma grande batalha.

Vittorio e eu ficamos nos olhando por alguns segundos, minutos ou


talvez até horas. Quando então eu quebrei o silêncio, dizendo. — Mais você
me quis fora. — Ele fechou uma mão em punho e os seus olhos também,
depois abriu-os e havia uma totalidade de sentimentos.

— Eu não quero. — Soltou.

Segurei minha respiração e meu choro. — E quanto à outra parte de sua


vida? — Perguntei.

Vittorio deu mais um passo e disse-me. — Me desfaço dela.

Respirei com dificuldades. — Tem certeza? — Ele deu outro passo.


— Absoluta. — Engoli dolorosamente o choro e meu coração saltava
fortemente.

— E se eu ficar? — Perguntei em um breve sussurro de minha voz.


Vittorio deu outro passo e parou na minha frente, mas não tão próximo assim.
Eu sentia o cheiro dele, um cheiro hipnotizante.

— Eu vou me entregar completamente a você. Vou ser tudo o que


sempre quis, vou me dedicar a você. Serei todo seu, para sempre. Nunca mais
irei me afastar, nunca mais irei atrás de outros prazeres. Pois vou ter você,
você será minha ponte de equilíbrio, Belarmina. Eu serei devoto a você e a
mais ninguém. Meu coração, meu corpo, meus pensamentos e minha alma,
são seus. Somente seus. — Ele finalmente deu mais um passo e segurou meu
o rosto entre suas grandes mãos. Não tinha notado que estava chorando e
ofegando baixinho, novamente. Vittorio chegou mais perto do meu rosto,
perto demais e sussurrando somente para mim. — Não vá. Fique. Comigo.
Eu não vou saber me curar sem ter o meu antídoto. Seu amor é minha cura,
Belarmina Gratteri. — Quando ele terminou vi o castanho e vermelho dos
seus olhos desaparecerem pelas pálpebras. Vittorio chegou o máximo
possível, para mais perto de mim e então... Ele me beijou.
CAPÍTULO
32

— Eu quero ouvi-lo dizer que me ama. — Sussurrei ofegante entre seus


lábios. Seu beijo estava brusco, faminto sobre minha boca e fazendo sua
barba me arranhar. Vittorio me encostou contra a porta da biblioteca e grudou
seu corpo no meu, aprofundando o nosso beijo. Sua língua passava pela
minha e seus dentes se arrastavam nela ou puxava para chupá-la. Soltei um
gemido excitado e enfiei meus dedos em seus cabelos escuros.

Vittorio mordeu meu lábio inferior e desceu até o meu pescoço, com
sua boca. — Eu adoro você. — Sussurrou com a voz rouca e excitada. Soltei
uma risada entre nosso beijo e o puxei para mais perto, eu queria ele todo
perto de mim.

— Seu fodido, diga que me ama senão eu vou te deixar aí na biblioteca


com o pau duro e vou subir para o quarto. Quero ver se consegue ir até lá
com uma perna só.

Soltamos uma gargalhada juntos e nos abraçamos ao mesmo tempo nos


beijando, segurei sua nuca com força e senti uma das mãos dele fazerem o
mesmo em mim. Chupei sua língua entre meus lábios, fazendo Vittorio soltar
um gemido maravilhoso. — Eu te amo, sua irritante. — Sussurrou. Parei de
beijá-lo, segurei sua mão, nos guiando até o sofá da biblioteca. Vittorio veio
caminhando lentamente e mancando, o que tinha me feito rir. Quando
paramos perto do sofá e me sentei nele, seus olhos se apertavam em minha
direção. — Qual a graça? — Perguntou se sentando e me empurrando, para
me deitar.

— Você. — Ri mais uma vez, abrindo minhas pernas no momento em


que ele subiu em cima de mim.

Vittorio soltou um suspiro, enquanto abria meu roupão lentamente. —


Vou tirar essas risadinhas de uma forma bem gostosa. — Murmurou, me
beijando novamente. Parecia que ele não queria se afastar, sempre me
tocando com força em suas mãos como para ter certeza de que eu estava ali.
Eu. Segurei a barra da sua camiseta branca e o ajudei a tirá-la, em seguida,
arranquei meu robe e pelas alças da minha camisola puxei para baixo e
Vittorio me ajudando, apressado.

— Parece que alguém está desesperado por sexo. — Provoquei.


Vittorio me deu um olhar divertido e puxou minha calcinha para fora do meu
corpo.

Ele se arrastou mais para baixo de mim e colocou seu rosto entre
minhas coxas. — Eu sempre estou desesperado por sexo, Sra. Gratteri. Sou
um pervertido, lembra? — Quando ele disse isso, soltei uma risada alta
misturada com um gemido. Sua língua circulava minha entrada já molhada
para ele, me fazendo arquear as costas e segurar seus cabelos castanhos em
minhas mãos. Os olhos de Vittorio estavam focados em mim, observando
todas as minhas reações, enquanto ele me chupava deliciosamente.

Meus gemidos ficavam mais altos cada vez que ele estocava sua língua
em mim ou chupava e mordiscava meu clitóris, uma de suas mãos subiu
segurando meu seio esquerdo e apertando meu mamilo duro, era arrebatador
e eu não queria que ele parasse tão cedo! Levantei minha cabeça do braço do
sofá, para olhá-lo melhor. Vittorio deu um sorriso cretino e enfiou dois dedos
seus, ao mesmo instante em que me chupava com mais força. Ele sabia como
deixar meu corpo à mercê dele, sabia os pontos certos em que me acendia, e
eu amava aquilo.
De repente, Vittorio se afastou e ficou com o joelho esquerdo em cima
do sofá, ele abria sua calça jeans sem tirar seus olhos de mim, me encarando
seriamente, com fome e desejo. Ele abaixou suas calças até as coxas e se
curvou sobre mim. — Sem cueca? Já veio preparado? — Ofeguei, levantando
minhas pernas e abrindo-me para ele. Vittorio me deu um beijo selvagem e
segurou seu pau em direção a minha boceta.

— Quando se trata de você, preciso estar preparado. — Respondeu com


a voz pesada, entrando de uma vez em mim. Soltamos um gemido alto em
êxtase e segurei sua cintura, incentivando-o a ir mais rápido. Vittorio chupou
e lambeu meus lábios, nunca perdendo o ritmo das estocadas. — Que delícia,
tão molhada. — Rosnou em meu ouvido, segurando acima da minha cabeça
com as mãos, fazendo nossos corpos irem mais rápido. Entrelacei minhas
pernas na sua cintura, gemendo perto da sua boca e nunca desviando meu
olhar dele.

Ele gostava quando eu o olhava enquanto me fodia. Vittorio abriu um


sorriso sacana e aumentou sua velocidade, suas estocadas ficaram firmes e
fortes, fazendo suas coxas baterem sobre as minhas, criando um barulho alto
pelos nossos corpos. Ele soltou outro gemido e segurou meu seio
bruscamente, puxando até sua boca e chupando meu mamilo. Meus
pensamentos estavam desordenados, eu estava em pura luxúria naquele
momento e querendo que Vittorio fosse o mais forte que pudesse.

— MAIS RÁPIDO! — Gritei, segurando sua bunda firme, empurrando


com força.

Vittorio gemeu e rosnou em reposta para mim, ele se afastou e


rapidamente me segurou pelos quadris e me virou de costas para ele, em
seguida levantou minha bunda para cima e deu um tapa forte, me fazendo
gemer. Ele não esperou mais tempo e se afundou em mim, apoiando um de
seus braços atrás dos meus ombros e com o outro, sua mão em minha cintura,
me puxando para ele.

Suas estocadas ficaram bruscas naquela posição, nos fazendo soltar


sons animalescos, gemendo mais alto, não dando a mínima para quem
escutasse. Vittorio me fodia fortemente e não parava seu ritmo, eu sentia o
seu pau escorregando rapidamente dentro de mim, sentia a firmeza da sua
pele se encaixando perfeitamente em meu corpo. Ele sabia foder, sabia foder
do jeito certo e não tinha pena de ir bruscamente. E aquilo me deixava zonza
de tesão.

Senti minha respiração ficar mais alta e minhas paredes apertarem o


pau dele. Vittorio rosnou para mim e deu um segundo tapa na minha bunda.
— Vai gozar? Gozar no meu pau? Faça isso para mim, baby. Goze! —
Grunhiu, dessa vez segurando meus quadris com as duas mãos. Eu era só
gemidos e sensações quando suas estocadas aumentaram, fazendo o barulho
dos nossos corpos se misturarem com o ranger do sofá. Eu estava quase lá,
quase lá...

— OHHHH! — Gritei livremente no momento em que meu orgasmo se


derrubava em cima do pau de Vittorio. Ele puxava meu cabelo para trás,
segurando na sua mão e me penetrava firmemente, gemendo e rosnando.
Quando senti meu orgasmo chegar ao fim, Vittorio se deitou em cima do meu
corpo, me fazendo deitar também no sofá. Ele virou meu rosto para o lado
direito e beijou minha boca quando gozou. Fazendo seus gemidos serem
abafados pelas nossas bocas.

Seu orgasmo fazia com que ele se balançasse rudemente dentro de


mim, apertando seu corpo contra o meu, me apertando entre ele e o sofá.
Quando seu livramento chegou ao fim, Vittorio parou de me beijar e
derrubou sua cabeça em meu ombro, respirando ofegantemente de olhos
fechados.

Isso sim era uma boa foda.

****

Ficamos em silêncio por vários minutos depois de termos feito amor


por três vezes, pois Vittorio começou a sentir dores na perna quebrada e no
restante do seu corpo. Por mim, passaria o dia transando, mas Vittorio ainda
não estava bem e o que me importava mais, era ele.

Resolvemos nos deitar de frente à lareira acesa com o fogo, e pegamos


a manta grossa do sofá para nos cobrirmos. Eu estava abraçada em Vittorio,
com minha perna esquerda em cima da sua cintura, alisando com meus dedos
o seu peito, a cicatriz rosada do dreno, estava ali, bem próximo de sua
costela. Ele observava o fogaréu da lareira, silenciosamente, apenas sua mão
que acariciava minha coluna. — Você está bem? — Perguntei.

Vittorio respirou fundo e virou sua cabeça em minha direção, para me


olhar. — Sim, apenas com dor. — Murmurou fazendo uma careta. Passei
minha mão na sua barba e depois em seus lábios, onde Vittorio beijou as
pontas dos meus dedos.

— Posso pedir para algum soldado buscar os medicamentos. —


Quando iria me levantar, Vittorio me segurou com seu braço e se curvou
sobre mim, me beijando delicadamente. Eu não me cansava de beijá-lo, era
tão puro e verdadeiro. Sentir o seu gosto se misturando com meu, a textura da
sua língua se encontrando com a minha. Aquilo me fazia salivar por mais.
Quando nosso beijo cessou, Vittorio acariciou meu queixo com os dedos e
beijou minha testa.

— Me perdoe, por favor. — Disse-me em voz baixa.

Juntei minhas sobrancelhas em confusão e segurava sua barba. — Pelo


o que?

Vittorio soltou suspirou e continuou. — Por tudo, por nada. Por


qualquer situação, eu não sou bom nisso em pedir perdão, você sabe, mas
você é a minha esposa. Eu não deveria ter sido um monstro no início, meio e
fim. Eu sempre notei que você valia a pena, mas eu... — Ele parou de falar e
abaixou seu olhar, longe de mim.

— Mas você ainda estava apegado nas lembranças dela. — Completei


em sussurro. Vittorio assentiu para mim e olhou meus lábios. — Eu poderia
sentir ódio de você, poderia tê-lo rejeitado e fazer o impossível para ficar
longe, mas eu não quis. Essa foi a minha escolha, minha própria decisão
porque eu no fundo, eu sabia que havia esperança. Sempre há esperança. Meu
amor por você me fez olhar com clareza.

Os olhos de Vittorio estavam amolecidos e carinhosos. Seu semblante


era de surpresa pelas minhas palavras. — Você é incrível. É perfeita. Perfeita.
— Sussurrou a última palavra. Abri um largo sorriso e puxei sua cabeça até
beijar seus lábios. Ficamos nos beijando e nos alisando por minutos, sentindo
o gosto do outro de forma lenta e apaixonada. Vittorio se deitou novamente e
seu braço envolvido em mim, não se afastava.

— Demétrio foi ver você? O que houve com os mafiosos que


sobreviveram? — Perguntei curiosamente.

Vittorio assentiu e balançou sua cabeça de forma irritada. — Ele e a


esposa estavam lá. Eu acordei desesperado, pois achava que ainda estávamos
no momento do acidente. Amélia conseguiu me tranquilizar dizendo que você
estava viva e bem, consegui me manter controlado somente por isso. —
Mordi meu lábio inferior e o abracei. Eu queria ter estado lá quando
acordasse, mas as coisas tinham mudado. Ele continuou. — Depois de
algumas horas, exames, radiografias e qualquer outra merda, Demétrio me
contou que os homens que nos atacaram tinham sido mortos. O Capo da
Família, nem sabia que eles nos atacaram, e, permitiu que Demétrio os
matassem, eles tentaram arrancar informações de um deles, mas o maldito se
matou sozinho, pegou a faca na mão de Lucco e enfiou no pescoço.

— Então. — Suspirei. — Há uma chance de que mais alguém estava


envolvido com eles? — Perguntei.

Vittorio concordou comigo e olhou para o teto da biblioteca. — Sim.


Tenho minhas suspeitas, mas preciso ter certeza absoluta antes. Até lá,
manterei você segura, sempre. — Assenti silenciosamente e deitei minha
cabeça sobre o seu peitoral. Não estava com medo pelo fato de saber que
havia um desgraçado querendo a nossa morte, mas me preocupava que esses
mafiosos pudessem ferir outras pessoas das Famílias.

Fiquei imaginando o quão cansativo aquele ano estava sendo, quando


me lembrei de algo. — Você se lembra do acidente? — Perguntei levantando
meu olhar na direção de Vittorio. Ele abriu seus olhos e franziu o cenho.

— Partes. O carro caindo e de repente eu sendo lançado para fora


através do vidro da frente, depois, parecia que a cada batida no meu corpo,
estava sendo triturado. Eu acho que apaguei na segunda batida sobre as
pedras.

— Eu encontrei você esguichando sangue pela boca. — Murmurei com


a voz apertada. — Fiquei com medo.

Vittorio se virou para mim e segurou minha nuca, seu olhar era
amoroso. — Estou aqui agora, não vamos recordar algo que te faça triste, está
bem? — Abri um meio sorriso e assenti para ele, dando um selinho nos seus
lábios.

— Você lembra algo sobre eu estar conversando com você no hospital?


Depois da sua primeira cirurgia? — Perguntei, depois de um tempo. Eu não
conseguia ver o rosto de Vittorio, pois ele tinha me abraçado com os dois
braços e encostado minha cabeça em seu peito. Mas senti-o sorrindo para
minha pergunta e depois balançando a sua cabeça, e suspirando fingindo estar
cansando naquele momento.

— Hmm. Eu ouvi você, mas não sabia o que estava me dizendo.


Parecia um sonho. — Murmurou.

Fechei os meus olhos e beijei seu peito, onde batia o seu coração. —
Então não se apresse. Sua memória fará com que se lembre. — Disse então
por fim, mas quando consegui observá-lo de perto Vittorio estava
adormecido, pacificamente, de um jeito lindo. Beijei uma vez seus lábios e o
abracei novamente. Ele se lembraria do que eu disse no hospital. Lembrar-se-
ia de que eu já estava me apaixonando por ele muito cedo e sem ter noção
disso.

****

Alguns dias se passaram e eu já tinha voltado para casa. Mamãe estava


mais segura do que o presidente da América e eu relaxada com isso. Vittorio,
como estava impossibilitado, não podia participar de nada relacionado a
máfia. Aquilo o deixou mais irritado do que estava, devido às dores e eu
achava engraçado.
Outra noite, eu estava na sala quando ouvi um barulho e Vittorio
gritando um palavrão dentro do seu escritório, quando corri até lá, ele estava
caído entre a mesinha de centro e o chão! E gritando que odiava aquelas
muletas de merda e odiava aquela mesinha de centro de merda por fazê-lo
desequilibrar e cair. Com toda a certeza de que eu não o ajudei a se levantar,
pois não parava de rir com a cena.

Eu tinha que cuidar dele a todo o momento, saber os horários certos dos
seus remédios, levá-lo até o hospital para exames e não deixá-lo cair com
frequência. O que era meio difícil. Até que ele finalmente pode andar sem a
bota imobilizadora, fazendo sinos soarem em meus ouvidos! Vittorio sempre
estava irritado com qualquer coisa, às vezes nem minha ajuda queria, às vezes
nem falava comigo como uma criança birrenta. E também na maioria das
vezes não conseguia dormir.

Teresa tinha me dito que eram os efeitos dos medicamentos e que era
absolutamente normal, mas eu já estava quase enfiando o travesseiro na cara
de Vittorio com suas irritações.

Depois dessas longas e intermináveis semanas. Meu baby mafioso já


estava renovado.

Estávamos almoçando durante um sábado e Vittorio ansioso para voltar


à ativa e rever seus soldados e "amigos" quando o telefone dele tocou. Dei
um olhar de advertência quando pegou o aparelho do bolso da calça. — Sério
Vittorio? — Ele olhou para a tela e virou para que eu pudesse ver. O nome
Fellipo aparecia escrito na tela do celular. Soltei um suspiro chateado e
larguei o garfo e faca sobre o prato, cruzando meus barcos.
— Fellipo. — Disse Vittorio, me olhando em todo momento. Seu rosto
não parava de franzir com as palavras que Fellipo dizia a ele. — Tem certeza
disso? Não quero dar de cara com incertezas. — Ralhou arrogantemente e se
recostando sobre a cadeira.

Vittorio desviou o olhar de mim e uniu suas sobrancelhas escuras,


apenas assentindo. — Certo. Irei hoje mesmo. — Ele desligou seu celular e já
se levantava da mesa. Fiz o mesmo que ele e perguntei.

— O que aconteceu? — Vittorio caminhou para fora da sala de jantar e


pediu para segui-lo, ele foi até o escritório e quando abriu a porta, foi
diretamente no armário de armas.

Ele disse-me. — Bem, minha primeira caçada vai ser cheia de


adrenalina. — Exclamou sorrindo e pegando suas armas e silenciadores. —
Fellipo acabou de receber uma ordem direta de Demétrio, para ir à busca do
seu pai. Ainda não recebi todas as informações, mas o que está no topo da
lista para caçá-lo é sobre os roubos que ele cometeu dentro da máfia. — Meu
coração palpitava tão fortemente, que eu não conseguia dizer sequer uma
única palavra. Eles iriam atrás de Alessi, finalmente iriam!

Vittorio se preparava animadamente quando cheguei perto dele e


segurei seu rosto em minhas mãos, seu olho esquerdo, ainda estava
avermelhado. — Por favor, só... só tome o máximo de cuidado. Eu não quero
que volte com nenhum arranhão. Escutou? — Perguntei em voz baixa,
segurando meu choro. Vittorio sorriu sem mostrar os dentes e então envolveu
seus braços na minha cintura, me levantando até o seu colo. Entrelacei
minhas pernas sobre ele e meus braços no seu pescoço.

— Eu prometo a você que nada de ruim vai acontecer comigo. Não vou
deixar que ele arranque nenhuma unha minha.

— Estou falando sério, Vittorio. E-ele é horrível, manipulador e joga


sujo. Só de imaginar você perto dele... — Antes que terminasse de dizer algo
Vittorio me puxou pela nuca e beijou meus lábios calorosamente.
Aconcheguei-me em seus braços, sentindo toda minha preocupação e tensão
se dissolverem. Nosso beijo tinha cessado, apenas deixando nossas
respirações ofegantes. Encostei minha testa sobre a sua ainda de olhos
fechados.

Vittorio deu um selinho nos lábios e depois me disse. — Eu também


jogo muito sujo, eu sei me defender de qualquer rato, meu amor. Não fique
assim, aflita. Vai me deixar desconcentrado durante a caça, você não quer
isso, não é mesmo? — Soltei uma risada e dei um tapa no seu ombro.

— Tentando me manipular, seu filho da puta. — Murmurei em


desgosto.

Vittorio riu em voz baixa e beijou meu nariz. — Só quero que não se
preocupe. — Sussurrou. — Abra os olhos. — Disse-me. Soltei um suspiro
baixo e abri meus olhos para ele, Vittorio me olhava de forma intensa e com
calor nos olhos, mostrando para mim que não havia nada para se preocupar.
— Não irei sozinho até lá, vou estar bem e no dia seguinte voltarei para você.
— Assegurou.
— Você me promete? — Perguntei a ele, segurando o choro. Vittorio
me puxou para mais um beijo me deixando sem fôlego.

— Eu prometo. — Disse carinhosamente.

Assenti para ele e o beijei mais uma vez, depois saí do seu colo e
Vittorio, voltou a se preparar. — E onde ele está? — Perguntei enquanto
permaneci ao lado da janela do escritório, seguindo os movimentos rápidos
de Vittorio. Ele pegou uma adaga dentro de umas das gavetas da mesa do
escritório e guardou por dentro do braço direito da camisa branca social.

Ele me olhou de sobrancelhas arqueadas e respondeu. — San Marino,


óbvio. — Murmurou.

— Óbvio. — Disse de volta.

— Ele estará encurralado, os soldados que convivem lá estão de olho


nele e apenas nos aguardando. Bom, acho que não me esqueci de nada. —
Disse olhando pelo escritório. Revirei os meus olhos e cruzei meus braços,
olhando para ele.

— Ah não? — Perguntei apertando os olhos em seu direção.

Vittorio soltou uma risada e veio até mim, me puxando pela cintura e
me beijando. — Eu adoro quando você me dá esse olhar desafiador. — Disse
entre nossos lábios. Soltei uma risada e o abracei. Prologando nosso beijo,
quando acabou, Vittorio beijou o topo da minha testa e plantou um selinho
em meus lábios. — Me espere nua em cima da mesa de jantar amanhã. —
Piscou enquanto se afastava, com um sorriso cretino.

— Vou usar calcinha fio dental de veludo. — Vittorio soltou uma


risada maravilhosa e piscou mais uma vez, fechando a porta. Fiquei ali
parada, respirando profundamente. Ele estaria bem, Vittorio sempre teve o
cuidado em suas missões ordenadas e sei que nessa ele seria mais cuidadoso
do que nunca. Eu via no seu olhar.

Soltei um suspiro alto e fui ligar para minha mãe, dando a maravilhosa
notícia que esperávamos.

****

Na noite seguinte estava me sentindo ansiosa para a chegada de


Vittorio, ele não tinha me ligado sequer uma vez e aquilo me enlouqueceu,
mas eu sabia que isso era típico de Vittorio Gratteri, sempre eufórico com
suas caças. Eu estava na sala de estar, andando de lá para cá, sempre com os
olhos no relógio da parede.

Já se passava das 19h quando Isadora apareceu na porta da sala com


Fellipo, Gabrielle o Consigliere e dois capitães da Família atrás dela.

Ah não...

— Sra Gratteri. Tem visita. — Murmurou Isadora, sem me olhar.

Não consegui respondê-la então, ela se afastou de deixando os homens


entrarem na sala. — Boa noite, Sra. Gratteri. — Murmurou Fellipo assim
como os outros homens. Olhei para cada um deles e perguntei.

— O que aconteceu? Não enrolem.

Gabrielle deu um olhar para o seu Capo e depois me encarou, enquanto


Fellipo dizia. — Não iremos, vamos direto ao ponto. — Assegurou e
suspirando pesadamente. — Belarmina, hoje pela manhã eu recebi uma
notificação da Itália, que os corpos dos oito soldados de Vittorio foram
encontrados carbonizados perto de um clube da Família. — Engoli em seco e
senti meu coração martelar furiosamente. Minhas mãos começaram a soar e
minhas pernas queriam ceder.

Limpei minha garganta, pigarreando e olhei para todos eles. — E-e


Vitto... e Vittorio? — Consegui dizer.

Fellipo me olhou por um momento e trincou sua mandíbula, enquanto


dizia. — Dentre os corpos dos soldados, havia mais um. — Ele me olhou
novamente por um breve momento. — Acreditamos que esse corpo pertence
ao Vittorio, Belarmina. Sinto muito. — Bati contra a lareira e vi meu mundo
girar e cair milhões de vezes.

Meus olhos não sabiam para onde olhar e o pavor da perda me segurou
bruscamente. Soltei um soluço alto e minhas pernas finalmente cederam,
caindo sobre o chão e tudo ficando escuro em minha volta.

CAPÍTULO
33

As vozes estavam distantes. Fazendo murmúrios permanentes em meus


ouvidos, como abelhas em volta do mel. Eu sentia como se minha alma,
tivesse sido levada do meu corpo, como se não restasse absolutamente mais
nada, apenas os ossos. Os pensamentos estavam apagados, como se uma
borracha grande tivesse passado rapidamente, fazendo com que as notícias
que destruíram minha vida, sumissem por completo. Mas era um engano
meu...

— Belarmina! Acorde! — A voz veio de longe me trazendo para a


realidade. Abri os meus olhos e puxei todo o ar para meu pulmão, me sentei
às pressas e ofeguei. — Graças a Deus. — Disse a voz feminina. Olhei para o
lado, com a mão no meu coração e minha mãe estava sentada, com os olhos
vermelhos, preocupada. Ela me puxou de lado e me abraçou com força.
Trazendo aqueles pensamentos mal apagados.

Vittorio.

Senti uma onda forte de tristeza, fazendo grossas lágrimas rolaram do


meu rosto. A notícia recebida foi tão assustadora, que tinha desmaiado. Levei
minhas pernas até o chão, saindo de cima do sofá, mamãe se sentou ao meu
lado ainda abraçada a mim. Pela sala, os homens se encontravam presentes.
Todos me olhando curiosamente, apenas Gabrielle me observava de forma
preocupante. Passei as mãos no meu rosto, afastando minhas lágrimas, não
queria chorar como uma garotinha na frente de todos eles.
Fellipo se aproximou do sofá e me encarou. — Você está bem? Por
sorte Gabrielle conseguiu te segurar a tempo, senão bateria a cabeça na quina
da mesa. — Murmurou com o rosto franzido. Encostei-me ao sofá e olhei
para o chão com a boca entreaberta, desde que eles chegaram parecia que eu
não conseguia respirar.

Fechei meus olhos por um momento e meneei a cabeça lentamente. —


Pouco importa se estou bem. — Murmurei e não reconhecendo minha voz.
— Preciso... preciso s-saber. Saber o que aconteceu. Como vocês têm certeza
de que o corpo é do Vit... — Minha voz falhou em apenas tentar dizer o seu
nome. Soltei um suspiro trêmulo e olhei para todos eles. Mas foi Gabrielle
que me tirou do escuro.

— No corpo havia restos de tecidos, e batem com as roupas que


Vittorio estava usando. — Ele olhou para Fellipo e depois a mim. — Há
outra coisa, mas... você não precisa ouvir isso agora. Esta pálida.

Fellipo encarou seu Consigliere bravamente e rosnou. — Não temos


que esconder nada, Gabrielle. Belarmina nasceu dentro disso tudo e sabe das
consequências. — Ele me olhou dessa vez e sem piedade, contou o que
Gabrielle não queria. — E, além disso, tudo, o corpo do seu marido estava, na
realidade, sem a cabeça. Ele foi decapitado depois de ser carbonizado. —
Mamãe soltou um grito entre as mãos, e me olhou chorando, completamente
assustada.

Mas eu não conseguia chorar, estava em choque e petrificada. As


notícias ficavam cada vez piores para mim. Enquanto mamãe chorava,
Gabrielle olhava com raiva para o seu Capo e eu ficava ali, encarando ele,
paralisada. Flashbacks dos meses em que passei ao lado de Vittorio, vieram
em minha mente.

Seus sorrisos, suas provocações, seus olhares, suas piscadelas. Tudo


isso, eu não veria mais. Não sentiria mais prazer na vida, não sentiria mais
amor. Estava tudo, completamente tudo acabado. Ele se foi, para sempre, o
corpo dele pouco me importava, pois eu sabia que o meu Vittorio, não estava
ali dentro. Tinha sido arrancado de mim. Alessi tinha-o arrancando de mim
tão prontamente. Limpei as lágrimas que caíram sem minha permissão e
exasperei.

— Me deem um copo de uísque. — Sussurrei, olhando para o nada. Eu


não sabia no que pensar!

Minha mãe se aproximou, para olhar em meu rosto e disse-me. — Não,


Belarmina! Você passou mal e desmaiou por minutos, não pode...

— ME DEEM A PORRA DA BEBIDA! — Gritei para eles, com os


olhos arregalados. Mas ninguém se moveu, me olhavam como se eu fosse
algum tipo de erro! Mamãe tentou segurar meu braço, com um olhar
machucado, enquanto eu mesma levantava e ia até o minibar. Eu não me
sentia zonza e isso era bom. Peguei a metade da garrafa e despejei o líquido
em um dos copos, segurei na minha outra mão e virei à bebida de uma só vez,
fazendo minha garganta pegar fogo com o líquido.

Respirei profundamente e olhei para o copo. — Estamos tentando


trazer os corpos de volta para a América, enquanto isso, eu peço que não
saíam de suas casas para nada e vou reforçar os soldados nas casas, tanto os
meus como os de Vittorio. — Acrescentou Fellipo calmamente para mim.

Deixei o copo ali e carreguei a garrafa, dando um grande gole através


do gargalo. Em seguida, me virei de frente para eles, com um sorriso. —
Acha que eu ligo para isso? Acha que estou com medo? Apenas saíam da
minha casa! Por sua culpa, isso está acontecendo, ele não estava cem por
cento bem, mas você se fodia para isso e jogava toda a merda pra cima dele,
PORRA! — Vociferei em sua direção, dando mais um passo. Fellipo me
olhava de forma brusca e fez o mesmo que eu, demos passos firmes em
nossas direções, até que estivéssemos de frente um para o outro. Eu não tinha
medo de enfrentar esse verme.

Gabrielle por outro lado, se apressou e ficou entre nós dois, enquanto
gladiávamos nossos olhares fulminantes. — Acalmem-se os dois. — Pediu
Gabrielle. Mas Fellipo, não deu ouvidos para ele e soltou um rosnado entre os
dentes, dizendo.

— Tem coragem de falar assim...

— Saia da minha casa. Eu não tenho medo de você e de ninguém,


porque VOCÊS TIRARAM A MINHA VIDA! VOCÊS ARRANCARAM O
QUE EU AMAVA! SEUS VERMES EGOÍSTAS! SAÍAM AGORA
DAQUI! — Esbravejei para ele, tentando empurrar seu Consigliere. Eu me
sentia possessa, como se um animal selvagem tinha dominado todo o meu
corpo. Sentir ódio era melhor do que tristeza e perda.

Todos eles me olhavam, como se quisessem arrancar minha língua, mas


eu fodia para isso. Para eles. Continuei desafiando Fellipo, com meu olhar,
até que ele cedesse. Então, Gabrielle o afastou de mim, dizendo para irem
embora. Fellipo não parava de me encarar com ódio sobre as sombras de seus
olhos, até que sumissem de uma vez e saíssem de dentro da minha casa.

Minha mãe se levantou do sofá, chorando e chegou perto de mim, me


abraçando, indo embora, junto com os homens.

Quando estava só, larguei a garrafa sobre o chão, não me importando


de estar aberta, e saí de dentro da sala. A casa estava silenciosa e novamente
àquela sensação de medo tinha voltado. Sem ele, sem a sua proteção, seu
amor. Caminhei pelo corredor da casa lentamente, até que chegasse à
biblioteca. Depois, abri a porta e fui até o piano. Sentando-me no banco preto
e olhando para o piano branco.

Toquei nas teclas, com os meus dedos, sentindo a presença de Vittorio,


ali, tocando para mim e com aquele sorriso cretino, que tinha se tornado o
meu predileto. Meu amor. Levaram-no de mim, de um jeito cruel. Sua morte,
tão horrível, morrer queimado vivo! Vivo!

E foi aí que eu desmoronei, libertando minha angústia e desamparo.


Derrubei minha cabeça sobre as teclas do piano, chorando desesperadamente.
— Que droga, Vittorio! Que droga! Você disse que se manteria seguro, você
disse! — Solucei alto, chorando. — Por que me deixou, por quê? — Mas já
era tarde demais. Ele não voltaria.

****

Não tinha dormido na noite passada, aliás, eu nem consegui chegar


perto do quarto, pois a presença de Vittorio ali era mais forte. Eu ainda estava
na biblioteca, com as pernas levantadas para cima, na poltrona, olhando
através da janela, onde não nevava. Meus olhos ardiam pela sessão de choro
que passei, gritando, implorando, sentenciando Alessi, e chorando pela
partida do meu único amor.

Os pensamentos estavam quebrados, toda vez em que me imaginava


sem tê-lo ao meu lado. Naquele momento, eu sabia como Vittorio se sentia
quando perdeu Lorena. Era uma dor imprudente e trapaceira que sumia e
voltava de repente.

Fechei os meus olhos lentamente, querendo sentir em minhas


memórias, o sabor do beijo de Vittorio. — Bela você está aí? — Olhei para a
porta no momento em que minha mãe entrava, sorrindo pequeno e
carregando uma roupa coberta no plástico da loja. — Isadora e Azaléia me
deixaram entrar. Já se alimentou? — Perguntou carinhosamente, depositando
o objeto em cima da outra poltrona, ela chegou em mim e beijou o topo da
minha cabeça.

— Não. Eu não tenho fome. — Murmurei com a voz rouca, me


sentando corretamente na poltrona. — O que é isso? — Perguntei para ela.

Mamma pegou o plástico nas mãos e abriu rapidamente, onde mostrava


um vestido de noite da cor preta. — Hoje acontecerá uma festa social de
inverno no salão Holist. Eu trouxe o seu vestido. — Respondeu-me ela,
mostrando o vestido. Era de mangas compridas e estilo sereia. Balancei
minha cabeça em negativa e suspirei.
— Mãe, eu não irei a nenhum lugar. Principalmente perto daqueles
fodidos dissimulados. — Mamãe me deu um olhar compreensivo e se sentou,
colocando o vestido no seu colo, delicadamente.

Ela passou a mão no tecido, dizendo. — Você acha que não te entendo?
Mais é claro que sim, pois já passei muito por isso. Desde que me casei com
Alessi, minha vida foi transformada em um circo de horrores. — Ela olhou
para a janela e sorriu tristemente. — Eu me odeio por ter sido tão submissa a
ele. Ele me tratou como uma prostituta nojenta, me agredindo de todas as
formas. As agressões físicas e sexuais não se comparam com as agressões
psicológicas. Desde os meus 17 anos, sendo tratada como um lixo. Quando
era mais jovem, era pior. Alessi trazia suas amantes para dentro de casa e
dormia com elas no nosso quarto. Eu ficava com você, enquanto dormia
tranquilamente em meus braços, eu passava a noite chorando. E no dia
seguinte, se eu estivesse o ignorando, ele me batia pra valer, até que fizesse
você chorar de medo e depois me estuprava como um animal no cio. — Seus
olhos estavam vermelhos de lágrimas, enquanto mamãe olhava lá fora,
perdida em pensamentos.

Levantei-me da poltrona e fui a sua direção, pegando sua mão sobre a


minha e me sentando sobre os seus pés. Ela me olhou com amor e sorriu. —
E eu pensando que tudo isso aconteceria com você, quando eu soube que
casaria com Vittorio. Vittorio só é conhecido por ser mau, apenas isso. Eu via
o jeito que ele te olhava, vi a forma que te olhou na primeira vez que a viu na
noite de jantar. Já estava se apaixonando e por isso, não foi um animal para
você, não a tratou mal. — Ela acariciou meu queixo e mexeu no vestido
preto. — Eles irão fazer uma homenagem para Vittorio, você e eu
precisamos, infelizmente, estar lá. Mas não esconda sentimentos, mostre sua
verdadeira face como sempre fez. Meu amor corajoso.

Deitei minha cabeça nas suas pernas e fiquei em silêncio. Mamãe


acariciava meus cabelos, enquanto eu estava me sentindo exausta por tudo o
que estava acontecendo. Eu deveria ir para um lugar onde só havia pessoas
falsas e artificiais, pessoas fingindo que conheciam Vittorio muito bem. Mas
não o conheciam. Soltei um suspiro baixo e fechei meus olhos.

Eu faria isso por ele.

****

O salão de Holist encontrava-se abarrotado de pessoas. Pessoas


extremamente importantes. Políticos, apresentadores de televisão,
empresários e mafiosos de primeira linha. Todos conversavam, riam e
bebiam ao som de uma banda de jazz. Mais à frente do grande salão, de
frente ao palco da banda, muitas mesas estavam ali, com pessoas sentadas em
algumas delas.

Eu tinha chegado junto com a minha mãe e no momento em que


colocamos os pés sobre o salão, pessoas que até mesmo eu nunca tinha visto
na vida, vieram dar seus falsos pêsames e me abraçar. Eu apenas assentia e
não dizia absolutamente nada. Quando estava prestes a fugir, Denver veio
caminhando em minha direção com um olhar carinhoso. Ele se aproximou e
me abraçou; dessa vez, eu devolvi o abraço de alguém.

— Sinto muito pela sua dor, Vittorio foi um grande homem e será
lembrado sempre. — Sussurrou para mim, beijando o topo da minha cabeça.
Assenti com lágrimas em meus olhos e segurei sua mão, sorrindo pequeno.

— Obrigada Denver, você é o único que eu sei que fala a verdade. —


Disse-lhe.

Denver abriu um sorriso e depois foi até a minha mãe, abraçando-a e


perguntando sobre o bebê. Depois disso, nós duas e o seu soldado Danios,
caminhamos até as pessoas que já estavam nas mesas, Denver, nos mostrou
nosso lugar e disse que chamaria o garçom para trazer o jantar. Quando ele se
foi, avistei Lucco, em cima do palco, falando no ouvido de um dos homens
que estavam na banda. Ele assentiu e foi até o cantor, onde parou de cantar e
Denver apareceu ali.

Quando a música cessou, as pessoas ficaram em silêncio e todas


olharam para o palco. Lucco não olhava a sua frente, seus olhos estavam
observando o chão, um olhar quebrado. — Senhoras e senhores, sejam bem-
vindos a 19º Encontro de Inverno de 2012. Hoje, infelizmente, começaremos
com tristes notícias que abalou a máfia italiana. — Denver olhou na direção
da nossa mesa e continuou. — Ficamos tristes, por saber da partida tão brusca
que tivemos de um dos irmãos Gratteri. Vittorio Gratteri sempre foi um
homem de honra e nunca desapontou sua Família, o melhor capitão e
mercenário que a Luchesse já teve. Vittorio recebeu uma missão de capturar
Alessi Luchesse, por traição e roubo na máfia, mas infelizmente, nosso
Gratteri teve a vida levada. Porém, Vittorio faleceu como um verdadeiro
mafioso! Um verdadeiro Gratteri!

Seu discurso fazia meu coração trovejar a cada instante em que ele
citava o nome de Vittorio. Eu segurava meu choro a qualquer custo, não
querendo fazer aquilo na frente daquelas pessoas. Respirei o mais profundo
possível e estava prestes a me levantar, quando captei as reações de Lucco.

Ele olhou distantemente e para cima, seus olhos brilharam e se


arregalaram, enquanto dizia em voz alta. — Puta merda! — Exclamou
chamando a atenção de todos. Meu coração pareceu entender ele, assim
juntamente a todos os convidados, viramos para trás. Denver parou o seu
discurso e o mundo entrou em lentidão.

Oh meu Deus!

Quando as pessoas de pé deram espaço suficiente, olhamos para a


entrada do salão onde Vittorio estava prostrado ali de pé, com soldados da
Cosa Nostra. Na sua mão direita, ele segurava um saco preto. As pessoas não
paravam de murmurar e fazerem sons de espanto com o que viam. Eu não
estava louca, então, todos estavam vendo. Vendo o meu fodido.

Vittorio não estava com nenhum arranhão, completamente impecável,


vestido em um terno azul marinho com camisa de botões branca e gravata
preta. Ele olhava diretamente no palco, quando então disse, tudo em voz alta.
— Então, estão fazendo uma homenagem para mim, sem ao menos saberem
o que aconteceu? — Perguntou, com as sobrancelhas arqueadas. Todas as
pessoas permaneceram em silêncio, não ousando responder uma pergunta
irônica dele, pois sabiam que quando ele dizia dessa forma era porque estava
com raiva.

Meus olhos mal piscavam, para poder observá-lo em todo momento, eu


ainda não acreditava que Vittorio estava vivo.
Ele soltou um suspiro, passando a mão na sua barba e começou a olhar
por todo o salão, em busca de alguém. Levantei-me lentamente do meu lugar,
fazendo algumas pessoas olharem para mim, quando estava de pé, os olhos
de Vittorio se focou em mim, trasbordando todo o seu amor através deles,
suas saudades e alívio a me ver ali, parada entre todas aquelas pessoas, com
os olhos em lágrimas. Vittorio soltou um suspiro e deu aquele sorrisinho
cretino, dizendo-me:

— Oi baby.

****

Soltei uma risada frouxa e corri até ele, as pessoas se afastavam para
que não se trombassem em mim, quando estava perto o suficiente, pulei em
seu colo e beijei sua boca. Despejando meu alívio e amor sobre ele. Vittorio
me segurava com um só braço, enquanto nos beijávamos na frente daquelas
pessoas. Não nos importando em que lugar, momento, hora e dia estávamos.
Eu apenas queria sentir o seu gosto se misturando com o meu.

Ele estava aqui. Realmente estava aqui!

Dei um selinho em seus lábios e ri mais uma vez, sentindo uma imensa
felicidade. — Eu esperei por você com a minha calcinha de veludo. —
Murmurei perto de sua boca. Vittorio sorriu abertamente e beijou-me
apaixonadamente, depois inspirando o cheiro do meu pescoço.

— Você terá que vesti-la essa noite novamente. — Sussurrou


sedutoramente. — Mas antes, tenho coisas para resolver. — Vittorio me
soltou do seu aperto, ao mesmo tempo, segurando minha mão e nos guiando
pelo salão. Eu sentia o olhar de todos sobre nós, e também, boquiabertos com
os cinco soldados da Cosa Nostra, nos seguindo, atras de nós.

Vittorio e eu paramos na frente do palco, onde Denver estava parado.


Seus olhos estavam sobre Vittorio. — Denver! Que alegria em saber que
você que estava discursando minha morte. — Sorriu Vittorio. — Aliás, tenho
um presente de agradecimento para você. — Ele me empurrou delicadamente
para trás dele quando abriu o saco em suas mãos, Vittorio colocou sua mão lá
dentro e então tirou uma cabeça carbonizada, jogando sobre os pés de
Denver.

Várias pessoas gritaram assustadas e outras suspiraram em espanto.


Denver se afastou bruscamente da cabeça, olhando apavorado para nós. —
Obrigado por dar dinheiro suficiente a Alessi para fugir. Já que a conta dele
foi bloqueada. — Comentou Vittorio. Arregalei meus olhos e olhei a cabeça.
Estava desfigurada e completamente irreconhecível.

Era a cabeça de Alessi.

Olhei para minha mãe, ela estava de pé, paralisada, olhando para o chão
do palco, enquanto Danios a segurava. Quando me virei, Lucco soltou uma
risada, pulou do palco, indo até o seu irmão e o abraçando com um tapa nas
costas. — Maldito, impossível morrer assim. — Disse para Vittorio, fazendo
os dois rirem.

— O-O QUE ESTÁ FAZENDO? E O QUE QUER DIZER COM


ISSO?! — Gritou Denver, bravamente.

Vittorio soltou um suspiro baixo e encostou-se ao palco, dizendo em


voz alta para todos ouvirem. — Quando os traidores dessa Família ou os
associados entenderão que eu não sou idiota? Hein? Foi uma grande
satisfação ter presenciado algo tão maravilhoso como queimar Alessi e sua
turminha, vivos! — Ele soltou uma risada e continuou. — Meus amigos, eu e
meus soldados jamais seríamos apanhados dessa forma. Morreríamos como
assassinos, levando tiros e não queimados como putas dedo-duro! E também,
eu sempre tenho um plano B. Reforcei minha caça à Alessi e aos outros
traidores, com os soldados da Cosa Nostra. Demétrio era o único a par disso,
me desculpe, eu estava sumido porque aguardava essa maravilhosa festa.

Quando Vittorio terminou de falar, sorriu para Denver, foi então que o
mundo parou de funcionar completamente. — E obviamente que não deixarei
nenhum rato entre essas Famílias. — Todos olharam quando ouviram a voz
grave e pacífica de Demétrio. Ele estava parado no meio do salão, com as
mãos atrás das costas encarando Denver, com as sobrancelhas unidas.

Todos ficaram assustados com a presença do Capo da Cosa Nostra. Até


mesmo Denver, que engolia em seco e suava como um porco. — Vejamos,
quando eu finalmente consigo limpar a sujeira de Las Vegas, depois de
descobrir que o meu segundo Consigliere me traiu, percebo que Nova York
também está cheia de traidores e como sempre, querendo minha morte e a
dos meus irmãos. — Informou, caminhando até o palco. Demétrio subiu as
escadas tranquilamente e quando chegou perto de Denver, o homem parecia
que estava prestes a desmaiar.
Então, Demétrio olhou seriamente para todos os convidados, não
deixando uma pessoa escapar. Seu olhar fazia o medo de levantar naquele
salão, mas o respeito por ele também. — Alessi Luchesse, estava em acordos
com os mafiosos que tentaram matar Vittorio e Belarmina, naquela noite. Ele
mostrou a localização dos dois e em troca, pediu proteção para fugir como
um maricas para a Itália. Ele roubava sua Família e matava pessoas do ciclo
para acusar as Famílias rivais e assim, criar conflitos e guerras por todo o
estado nova-iorquino. — Ele abriu um sorriso frio e balançou sua cabeça em
negativa. — Fico imaginando o que vocês andam fazendo por aqui, a ponto
de não terem percebido absolutamente NADA! — Gritou, fazendo todos
gelarem.

— Vocês, estão aqui somente por um único motivo, protegerem a porra


da Família e não tentarem matar aqueles que protegem dez vezes mais vocês!
Então, já que está tão difícil o trabalho de vocês, vou ajudá-los. — Quando
Demétrio disse essas palavras, soldados ordenados por ele entraram no salão.
— Eu quero os três capitães, Bianco Blache, Tomasi Nerguetto e Micael
Bordenne de pé! E os seis soldados Laurento, Armênio, Giovanni, Fabrício,
Costa e Leonel, também a minha vista.

Olhei para o salão, onde os três capitães de primeira linha se


levantavam de seus lugares, com olhares desconfiados. Os soldados que
Demétrio citou apareceram mais à frente das outras pessoas, observando seu
Capo.

Demétrio mexeu na sua gravata e então disse: — Como Capo da Cosa


Nostra e sendo o responsável pela proteção das Famílias, todos vocês, filhos
da puta, estão sendo punidos com a morte por traição! Tirem esses vermes
daqui. — Os familiares dos mafiosos começaram a gritar, enquanto os
soldados de Demétrio puxavam os homens para longe do salão. Eles gritavam
e tentavam socar os soldados, mas não conseguiam. Apenas gritavam que
Demétrio iria morrer logo.

Quando os gritos se cessaram, Demétrio ordenou que levassem os


familiares dos traidores para suas casas. Apertei a mão de Vittorio e ele me
olhou carinhosamente. — Já está acabando. — Sussurrou, tocando no meu
queixo e voltando sua atenção para o irmão. Lucco parecia que estava em um
parque de diversões. Maluco.

— Espero que isso sirva de exemplo, para todos que sonharem em me


trair. Gambino e Bonanno já estão cientes disso há muitos anos, mas parece
que vocês, não. — Continuou Demétrio. Ele se virou, olhando para o chão,
onde a cabeça de Alessi se encontrava, com um cheiro horrível e depois
encarou Denver. Ele deu apenas três passos e parou na frente do homem, que
estava nervoso demais. — E você é a pior raça humana que existe, seu lixo!
Você deu a sua filha mais nova para Alessi, em troca de dinheiro. Acha que
também iria me enganar? Eu tenho olhos e ouvidos por toda a Nova York e,
por um acaso, descobri que você deixou um homem violentar a sua filha!
Uma criança! Agora, você será morto da forma que meus soldados
desejarem, tenha uma ótima ida ao inferno.

— VOCÊ NÃO PODE ME ACUSAR DESSA FORMA, NÃO PODE...


— Enquanto Denver não parava de gritar com Demétrio, a cena foi rápida.
Ele tirou sua arma das costas e sem piedade deu um tiro na testa de Denver,
fazendo as mulheres gritarem com o susto. Lucco soltou uma risada alta e
Vittorio sorria para seu irmão.
Demétrio olhou para o corpo caído de Denver, e depois deu mais dois
tiros. Assustando a todos, até mesmo a mim. Ele se virou para as pessoas e
disse, tranquilamente: — Tenham uma boa noite! — Demétrio desceu as
escadas e foi diretamente até nós. — Fique de olhos abertos com esses
malditos. E tome cuidado, não confiem em ninguém. Já disse a você. —
Rosnou para Vittorio.

Vittorio abriu um largo sorriso e apertou o ombro de seu irmão. —


Ficarei atento, agora suma daqui seu puto de merda. — Demétrio deu
tapinhas no peito de Vittorio, e depois chamou por Lucco. Eles e seus
soldados caminharam para fora do salão, deixando apenas os vestígios dos
acontecimentos. Quando se foram, os murmúrios altos soaram. Soldados
subiram no palco tirando o corpo estirado de Denver e a cabeça de Alessi.

Olhei para Vittorio e suspirei. — Que noite!

Ele abriu um sorriso e me abraçou pela cintura. — Ela só está


começando. Vamos embora daqui, sinto falta da minha esposa. — Soltei uma
risada para ele e beijei sua boca de forma selvagem. Segurei sua mão e
quando iriamos sair, mamãe parou Vittorio abraçando-o.

— Obrigada por me livrar desse inferno.

Vittorio a abraçou de volta e sorriu. — Somos uma família. Agora, viva


a sua vida, Columba. — Ela sorriu pequeno e depois me abraçou.

Quando estávamos fora do salão, olhei para Vittorio, e ele já fazia o


mesmo. Ficamos nos encarando, apaixonadamente. Sorrindo e mostrando
nossos segredos através dos olhares. Eu estava louca por ele, completamente
apaixonada.

Antes, eu pensava que meu destino foi forçado, agora, sei que ele foi
entrelaçado com a pessoa certa. O homem certo, para amar eternamente.

****

UMA SEMANA MAIS TARDE...

— Você sabe que eu odeio suspense, Vittorio. Diga-me de uma vez o


que está aprontando. — Resmunguei depois de sairmos do Aeroporto
Internacional de Genebra, na França. Estávamos dentro de um Audi preto e
Vittorio que conduzia o veículo, sorrindo como um filho da puta.

Ele colocou sua mão direita sobre minha coxa, enquanto dizia-me. —
Pare de reclamar. É uma surpresa, você não disse que precisava de umas
férias daquele drama todo em Nova York? Estou lhe salvando, Sra. Gratteri.
— Piscou para mim. Soltei um rosnado e encostei-me ao banco, esse fodido
não iria falar.

****

Meus olhos não sabiam onde parar no fim daquela tarde. Vittorio tinha
comprado uma casa de praia, onde somente nós morávamos. Ele estava
abraçado por trás de mim enquanto murmurava. — O que acha? —
Perguntou. Olhei para a grande casa branca e soltei uma risada.
— Vittorio, ela... ela é perfeita! — Me virei para ele e beijei sua boca
maravilhosa.

Ele abriu um sorriso em seguida e depois me puxou para dentro da


casa. — Vamos lá dentro. — Entramos na casa sem eu ter tempo de apreciar
o local, pois Vittorio me puxava apressadamente pelas escadas, nos fazendo
quase correr até o fim do corredor. Ele abriu uma porta onde uma adorável
suíte de cor vermelha se erguia sobre nós.

As portas da sacada estavam abertas, fazendo o vento da noite e o


cheiro do mar invadir. Entrei no quarto lentamente, olhando para a cama com
um sorriso. Havia pétalas de rosas vermelhas sobre o colchão e também no
carpete. Ao lado da cama, duas taças de champanhe e a garrafa dentro do
balde de gelo. Também, uma camisola curta de tecido fino da cor vermelha,
descansava em cima dos travesseiros.

Vittorio fechou a porta e veio caminhando lentamente em minha


direção. — O que é isso tudo? — Perguntei rindo. Seus olhos escuros
olharam para a cama e depois se voltaram para mim. Ele parou na minha
frente e disse:

— Isso, meu amor, é a nossa lua de mel. Você achou mesmo que eu
não iria concertar essa parte tão importante na vida de uma mulher? Da
minha mulher? — Mordi meu lábio inferior e senti as lágrimas se formarem,
ele tinha feito uma surpresa especial! Uma verdadeira lua de mel para nós
dois. Vittorio segurou meu rosto entre suas mãos e sussurrou: — Você
merece isso, uma lua de mel justa. Um momento nosso que levaremos para
sempre. Podemos ficar aqui, o tempo que você quiser.

— Vittorio. — Sussurrei de volta, mexendo na sua barba. — Você é...


incrível. Não faz ideia de como estou feliz.

Ele beijou uma vez minha boca e sorriu. — Sua felicidade é minha
prioridade, assim como serei totalmente franco. — Vittorio engoliu em seco e
respirou fundo. — Eu me lembro de você, quando criança. Eu me lembro de
como você me olhou quando te levantei do chão, esses lindos olhos
arregalados e uma paixão inocente surgindo. Eu não me importei muito,
porque você só tinha sete anos. Mas eu considerei aquele olhar, foi o primeiro
olhar apaixonado e sincero que eu tinha visto. Então, eu vi você crescendo e
quando apareceu naquele jantar, com aquele vestido vermelho e aquele olhar
desafiador para mim... — Ele soltou um gemido e beijou meus lábios com
força. Fazendo-me gemer e segurar sua nuca.

Quando cessamos o beijo, ele terminou de dizer. — Aquele olhar, me


deixou perdidamente apaixonado por você. Eu a amei no momento em que a
vi ali ao lado dos seus pais. Eu a amei no momento em que falou comigo
dentro da biblioteca, sem estar assustada e encolhida com minha presença. Eu
a amei quando fizemos amor perto do piano, quando você me abraçou,
quando me olhou, quando se deitou ao meu lado, quando entrou naquela
parte da minha vida. Eu te amei sem nenhum esforço, amei você quando você
não me deixou.

Minha respiração estava ofegante com a declaração de Vittorio, as


lágrimas caíam de meus olhos, me deixando sem fala. — Você se lembra
daquele dia? E me amou quando fui ao jantar? — Perguntei em sussurro.
Vittorio encostou sua testa sobre a minha e assentiu. Sorrindo. Envolvi seu
pescoço com meus braços e então, finalmente sussurrei as palavras para ele.
— Eu te amo.

Vittorio me olhou de olhos arregalados. — Você disse. — Sussurrou de


volta. — Você disse as palavras. Não sabe o quão ansioso eu esperei por isso,
meu amor, minha vida. — Me joguei em seus braços e beijei sua boca quente
e convidativa. Eu o amava tanto, que ficava em puro êxtase, ainda mais, por
saber que Vittorio me amava de volta. Ele me jogou sobre o colchão da cama,
fazendo-me rir e depois subiu em cima de mim, ele me olhou intensamente,
enquanto dizia: — Quero que sejamos somente nós dois. Apenas um casal
apaixonado e admirado, você e eu, nem mais e nem menos.

Assenti para ele e puxei sua cabeça, beijando sua boca. — Só eu e


você. Sempre. — Sussurrei.

Vittorio abriu um largo sorriso e se deitou em cima de mim, beijando e


me tornando completamente sua.

O amor era engraçado. Primeiro, ele te testava, e por último, se


entregava por completo, unindo dois corações que já foram maltratados. Dois
corações, restaurados para o amor.

— Sempre. — Sussurrou Vittorio, enquanto me beijava.

Sim, ele seria meu. Para sempre.


CAPÍTULO
EXTRA: ES CAVALLET

— Seria estranho demais não ouvir isso, justamente vindo de você,


Vittorio. — Murmurei deitada em minha espreguiçadeira, com os olhos
fechados, usando os meus óculos de sol. A temperatura daquela tarde de
quinta-feira estava ótima em Es Cavallet. Ouvi uma risadinha baixa de
Vittorio e abri os meus olhos, levantando os óculos para espiá-lo. Ele estava
sentado em sua espreguiçadeira, vestido somente de bermuda preta, todo
molhado depois do seu banho de mar. Os seus olhos castanhos transmitiam
diversão e sensualidade, algo típico do olhar de Vittorio. Ele passou a mão
esquerda no seu cabelo molhado e depois se curvou, apoiando os braços
sobre as suas coxas.

— Depois de tudo o que experimentamos juntos, você irá negar isso?


— Perguntou maliciosamente, com um sorriso torto em seus lábios.

Revirei os meus olhos e tirei as pernas de cima da espreguiçadeira. —


Eu não vou ficar pelada na praia. — Adverti apontado para ele. — Por mais
que ela seja de nudismo, o que me deixou louca de vontade para socar a sua
cara. Eu não vou ficar nua.

— Mas você ficou na festa de San Fresno. — Ele contou.


— Sim...eu sei. — Murmurei e suspirei pesadamente.

— E também na noite do Vinho. Com mais duas mulheres. — Vittorio


sorri.

Tirei os meus óculos e rosnei. — Até que foi legal esse dia...

— E também ficou nua no terraço do prédio de um restaurante. —


Disse. — No inverno. — Completou Vittorio, cruzando os seus braços.
Joguei a minha cabeça para trás e levantei as minhas mãos, em completa
rendição. O fodido me pegou!

— Eu já entendi aonde você quer chegar, seu babaca! Vou ficar nua, é
isso o que quer? — Perguntei e me levantei, já desamarrando a parte de cima
do meu biquíni azul. Vittorio também se levantou, rindo e me puxando pela
cintura, mordiscando e beijando os meus lábios.

— Você fica muito sexy quando está brava. — Sussurrou, beijando-me


novamente.

Fiz um olhar bravo para ele e enrolei os meus braços em torno do seu
pescoço. — Não irei ficar nua. O que eu realmente quero saber é o que
iremos fazer nessa noite. — Vittorio balançou as suas sobrancelhas, com um
olhar cretino e observou a praia.

— Já fizemos tantas coisas, que eu não tenho nada inédito para você.
— Murmurou e eu murchei, achei que seria surpreendida. — Mas... posso
tentar encontrar algo por aqui. Você anda muito sem vergonha, senhora
Gratteri.

Dou um sorriso cretino sem mostrar os dentes, respondendo. —


Estamos em Ibiza, em uma praia de nudismo e você me joga essa? —
Balancei a cabeça, desapontada. Vittorio soltou uma risada baixa e beijou a
ponta do meu nariz. — Poderíamos inventar algo.

— Ou. — Disse Vittorio e se soltando de mim. — Poderíamos ir ao


concerto que terá na cidade, essa noite. — Ele se sentou na cadeira de praia e
abriu um sorrisinho.

Ir a um concerto? Sério?

— Isso não é nada atrativo. — Murmurei e fiquei parada na sua frente,


cruzando os braços. — Mas se essa será a nossa única opção...

Vittorio pegou a garrafa de água, abrindo-a e dando um grande gole no


líquido, em seguida, me disse: — Relaxe baby, teremos uma noite
excepcional. — Ele segurou os meus quadris e me puxou, fazendo-me sentar
em seu colo. Mordi o meu lábio inferior e assenti para ele, beijando a sua
boca.

— Mal posso esperar.

****

A noite tinha chegado e nós já estávamos aguardando o concerto de


música iniciar. Ele tinha escolhido exatamente os lugares Vip’s, que ficavam
lá em cima, um tipo de salinha com lugares aconchegantes e garrafas de
champanhe. Eu observava de cima as pessoas chegando e se sentando em
seus lugares, todos conversando em murmúrios e nitidamente ansiosos pela
apresentação. Passei as minhas mãos em minhas pernas e pigarreei. —
Nervosa? — Perguntou Vittorio, de repente. Olhei para ele e o vi retirando
algo do bolso do seu paletó.

— Não. Estou apenas agitada. — Respondi a ele e observei a sua mão,


que segurava um pacotinho fechado, transparente. Mas não consegui ver o
que tinha dentro dele.

Vittorio cruzou as suas pernas e apoiou o cotovelo esquerdo no braço


da cadeira macia. — Com o que, exatamente?

— Sobre como será essa noite. — Disse e o olhei. — Eu sempre fico


assim, desde que o conheci. — Completei. Ele abriu um pequeno sorriso para
mim e estendeu a sua mão até a minha coxa, para acariciá-la.

— E eu também. — As luzes de onde estávamos foram apagadas,


deixando apenas uma acesa quando o concerto se iniciou. Ajeitei-me no meu
lugar e observei a apresentação em cima do palco. Porém, eu ainda sentia
aquela picada de ansiedade. Sentia-me agitada, como disse minutos atrás para
Vittorio, apenas querendo saber como iríamos terminar aquela noite. —
Tome. — Disse Vittorio, de repente, me entregando algo pequeno na minha
mão. Olhei para ele de relance e depois observei o que ele tinha me dado. Era
uma pípula em formato de coração, rosa claro e bem pequeno, escrito LOVE
no meio dele.
Franzi o cenho. — O que é isso? — Perguntei e o vi enchendo uma taça
de champanhe e me entregando.

— Engula e beba o champanhe. — Ordenou, me encarando. Eu queria


fazer vista grossa, mas acabei fazendo o que ele tinha pedido. Engoli o
coração e tomei um pequeno gole da bebida. Vittorio pegou a taça da minha
mão e voltou a sua atenção para o concerto.

Toquei no meu pescoço com a mão e olhei lá para baixo, os minutos


estavam se passando e eu estava me sentindo mais tranquila. De repente eu
sentia algo se esquentar em mim, eu queria até mesmo dançar, mesmo a
música não fazendo jus aquilo. Fechei os meus olhos e mordisquei o meu
lábio, passando a mão em meu pescoço mais uma vez. Eu estava me sentindo
feliz e calma, queria dançar e o meu corpo implorava por isso. Abri os meus
olhos e quando olhei para Vittorio, ele já me observava.

— O que era aquilo? — Perguntei, sorrindo.

— Um doce divertido. — Murmurou, com um olhar cretino. — Qual a


sensação?

Fiz uma careta e arrastei as mãos sobre as minhas coxas. — Eu queria


dançar... parece que vou explodir se não o fizer! — Gemi e o olhei de volta.
Vittorio escondeu o seu largo sorriso, sem sucesso e depois olhou a sua
frente, suspirando.

— Há outro tipo de coisa para fazer ao invés de dançar. — Nossos


olhares se cruzaram e eu sentia o meu coração se acelerar. Sem dizer nada,
Vittorio colocou a sua mão na minha coxa e a puxou, separando as minhas
pernas. Ele alisou a minha pele na parte interna da coxa e eu suspirava com
isso, me contorcendo. Quando os seus dedos pararam em cima da renda da
minha calcinha, ele começou circular o meu clitóris por cima dela. Fechei os
olhos e me segurei nos braços da cadeira, soltando um gemido baixo e
abrindo mais as minhas pernas.

— Eu preciso de mais. — Sussurrei e o olhei. Aquele coração estava


mexendo com a minha cabeça, pois eu estava completamente maluca por um
orgasmo!

Vittorio me encarou e eu sentia os seus dedos invadirem por trás do


tecido da calcinha, ele passou o seu dedo pela a minha fenda molhada e por
pouco eu não gozei. De repente, senti um de seus dedos entrarem em mim,
depois outro e mais outro. Oh Deus! — Hmm... Tão quente. — Disse ele, me
encarando com os lábios entreabertos. — Você quer gozar? — Perguntou.
Balancei a cabeça em positivo, freneticamente e segurei o seu pulso,
empurrando o seu braço para incentivá-lo a ir mais rápido. Mas Vittorio
apenas sorriu.

— Por que está me torturando? — Choraminguei como uma criancinha.

— Porque eu não quero que goze aqui. — Vittorio retirou os seus


dedos bruscamente de dentro de mim e a plateia lá embaixo aplaudia sem
parar. Apertei as minhas coxas contra a outra e olhei para aquele fodido, ele
chupava cada dedo que estava agora pouco me masturbando. Levantei-me da
cadeira, fazendo-o me olhar surpreso e tirei os meus saltos. Encarei os seus
olhos e me ajoelhei na sua frente.

Sem lhe dizer nada, eu segurei a fivela do seu cinto e abri o botão da
calça, Vittorio apenas me encarava de cima, o seu olhar estava escurecido
pela luxúria. Coloquei a minha mão dentro da sua calça e puxei o seu pau, já
ereto para fora. Abri um sorriso e me aproximei mais, enfiando o seu membro
para dentro da minha boca. A mão de Vittorio veio bruscamente sobre a
minha cabeça, quando ele começou a empurrá-la para baixo, fazendo o seu
pau bater no fundo da minha garganta.

Ele quer me matar engasgada?!

Eu estava tão excitada que levei uma das minhas mãos até a minha
calcinha, colocando-a de lado e comecei a me estimular. Estava tão delicioso!
A firmeza da pele de Vittorio se deslizando pelos os meus lábios e língua, eu
o encarava enquanto chupava ele e o seu olhar era animalesco. Realmente, eu
precisava desse homem, ali mesmo. Segurei o seu pau com a mão livre e dei
uma lambida, bem lentamente, enquanto massageava o meu clitóris com os
dedos.

— Que delícia... — Murmurou Vittorio, segurando a minha nuca.

Mas eu estava focada em gozar, queria me libertar o mais rápido


possível! Mas então, as luzes se acenderam e rapidamente Vittorio me puxou
para cima. Pisquei repetidas vezes, saindo daquele transe e o olhei, já de pé e
vestido diante de mim. — Por que você...

— Aqui não. — Interrompeu-me ele. — Vamos para outro lugar. —


Olhei para trás, onde via o fim do concerto. As pessoas estavam indo e
conversando animadamente. Merda! Logo agora? Mas a minha noite não
tinha chegado ao fim, eu precisava gozar, precisava fazer qualquer coisa para
gozar e sabia que Vittorio tinha planos.

****

Para a minha surpresa, Vittorio nos levou a um tipo de hotel de frente à


praia. Os quartos eram separados dos outros, como uma espécie de casinha.
Ela era linda por dentro e se deixasse as portas da varanda abertas poderia
apreciar a noite, deitada sobre a praia. Joguei os meus sapatos sobre o chão
de madeira e percebi apenas as velas acesas, com um aroma delicioso no
quarto. De repente, senti Vittorio por trás de mim, beijando a curva do meu
pescoço. Eu estava morrendo de tesão, queria gozar até desmaiar!

— Quer uma massagem? — Perguntou apertando os meus ombros,


com as suas mãos.

Soltei uma risada, fechando os meus olhos e jogando a minha cabeça


para trás. — Eu quero gozar. — Ele soltou uma risadinha e segurou os meus
quadris, me empurrando para andarmos.

— Vamos fazer diferente hoje? — Perguntou quando paramos diante


da cama, me virei para olhá-lo e ele me observava com paixão, não mais com
prazer. — Eu dei aquilo a você, para ver se é a luxúria que está em primeiro
lugar em nossas vidas. Desde que chegamos aqui, nos aventuramos tanto,
mas não tivemos um momento único e inédito, de nós dois. Ao invés de
fazermos todas aquelas loucuras, por que não tentamos ter uma noite...
inesquecível? — Engoli em seco e senti o meu coração se derreter ao ouvi-lo
me dizer essas coisas.

Vittorio Gratteri sendo romântico é a oitava maravilha do mundo.

Toquei em seu rosto, com a minha mão. — O amor que está em


primeiro lugar, em nossas vidas. — Sussurrei. — Você não faz ideia de como
eu amo você, é por isso que estou sempre te desejando. Eu sei que você ainda
está se esforçando, mas eu amo você. Apenas. — Ele franziu o cenho e me
puxou, beijando a minha boca com a sua, avidamente. De repente, Vittorio
me deitou lentamente sobre a cama e se deitou por cima de mim. Quando o
beijou parou, nos olhamos.

— Você se limita tanto em dizer as três palavras que quando acaba


dizendo, eu fico sem reação. — Confessou em um sussurro.

Abri um sorriso bobo e acariciei a sua barba feita. — O que eu sou para
você? — Perguntei. Aquela era a segunda vez que tinha feito àquela
pergunta, mas a primeira vez não teve uma resposta, apenas um olhar
nervoso. Mas dessa vez, Vittorio me olhou com um misto de amor e devoção,
um olhar apaixonado e uma carícia em cima da minha cabeça.

— O que nenhuma mulher... foi para mim. — Sussurrou de volta. Senti


o meu peito se inflar de alergia e apenas sorri, voltando a beijá-lo.

— Então eu quero que me ame. — E ele fez. Vittorio saiu de cima de


mim e tirou o meu vestido, quando estava sem ele, Vittorio se curvou sobre o
meu corpo e beijou cada parte dele, carinhosamente, fazendo o meu desejo
aumentar. Eu nunca o quis tanto, como o queria agora.

Os seus lábios beijavam a minha barriga, virilha e coxas, depois ele


tirou a minha calcinha lentamente, sem desviar o seu olhar do meu. Vittorio
se ergueu e começou a desabotoar a sua camisa, eu sentia a minha pulsação
se acelerar, vendo-o tirar as suas roupas, para mim. As luzes das velas eram
de românticas a sensuais e quando percebi que Vittorio já estava nu, eu
relaxei.

Ele subiu por cima de mim mais uma vez e se apoiou com as palmas
das mãos em cada lado perto da minha cabeça. Toquei no seu peitoral e a
minha respiração se elevava. Sem dizer nada, Vittorio se abaixou e me
beijou, um beijo lento e convidativo para os meus lábios famintos por ele. O
meu estômago dava cambalhotas e o meu coração pulava com a proximidade
daquele homem.

Se isso não era amor, então eu não sabia o que era certo ou errado.

Mas sabia que Vittorio e eu, éramos certos.

Ele segurou o meu rosto com a sua mão, fazendo com que o nosso beijo
se aprofundasse ainda mais. Os toques, as respirações, os baixos gemidos
eram tão íntimos e apenas nosso, eu estava amando aquele momento.

Senti Vittorio se posicionando sobre mim e então eu entrelacei as


minhas pernas sobre a sua cintura, quando o fiz, ele entrou em mim, devagar
e sem nenhuma pressa. Soltei um gemido baixo, quando o senti entrelaçar a
sua mão direita com a minha, abri os meus olhos e o observei. Ele também
me olhava e se movimentava em um delicioso e lento vai e vem. Eu não
queria parar aquilo, era bom demais e único. Segurei a nuca de Vittorio, com
as duas mãos e encostei a minha testa contra a sua.

Ele fechou os seus olhos e soltou uma respiração dura, misturada com
um delicioso gemido. Aquilo me deixou mais molhada. — Você me faz tão
bem... — Sussurrou, duramente. Plantei um selinho em seu lábio e espalmei
uma das mãos em suas costas, incentivando-o a ir mais fundo. E ele fez, mas
continuou no mesmo ritmo, que eu estava amando.

— E você é tudo para mim. Prometa que não irá mais partir. —
Sussurrei de volta, soltando um baixo gemido. Vittorio abriu os seus olhos e
afastou a sua testa da minha, ele me observava com o rosto franzido.

— Nunca mais. Eu pertenço a você, Belarmina. Hoje, amanhã e


sempre. — Disse-me. — Meu eterno amor. — De repente, senti o meu corpo
se aquecer, ouvi-lo dizer essas coisas enquanto estava dentro de mim,
entrando e saindo, deixava-me cada vez mais excitada. Eu gozei. Soltei um
grito e me apertei contra o corpo de Vittorio, o seu membro duro se deslizava
com mais facilidade para dentro, depois do meu orgasmo.

Vittorio beijou o topo da minha cabeça e acelerou um pouco o ritmo.


Eu beijei a sua boca, enquanto escutava a sua respiração alta, e a cama se
balançando. Um gemido perto dos meus lábios foi solto por Vittorio, quando
ele acelerou mais e o senti se libertando. O nosso beijo ficou mais profundo e
o seu corpo se roçava ao meu, pelas estocadas que Vittorio me dava. Quando
ele acabou, parou de se mexer e me beijou carinhosamente dessa vez.
Ficamos assim, por longos minutos. Dando leves beijos, sorrindo,
dizendo um para o outro o quanto nos amávamos. Depois, Vittorio saiu de
dentro de mim e também se deitou ao meu lado, me olhando com uma
felicidade estampada em seu rosto. — Sabe o que poderia deixar a noite
completa? — Perguntou, enquanto acariciava a minha coxa com o seu
polegar. Eu o olhei, sorrindo.

— Não... o que? — Perguntei de volta. Vittorio se curvou sobre mim e


beijou a minha boca.

— Nadar pelados.

— Você não vai desistir, não é mesmo? — Perguntei em derrota.

Ele riu e se levantou da cama, me puxando junto com ele. — Se você


não vai ir por bem, Sra. Gratteri, então irá por mal! — Exclamou. Eu o olhei
em confusão, querendo rir.

— O que você... — Antes que eu pudesse terminar de dizer alguma


coisa, Vittorio me segurou pelas pernas e me jogou contra o seu ombro,
correndo pelas portas abertas da varanda, que levavam até a praia. Soltei um
grito em meio a uma gargalhada e dei um tapa no seu traseiro exposto. — EU
VOU TE MATAR, VITTORIO! — Gritei para ele e o escutei rindo.

Quando chegamos à água fria, Vittorio me segurou pela minha cintura


e me beijou. — Me mate de amor, por favor! — Ele disse e eu revirei os
meus olhos, rindo para ele e envolvendo a sua nuca com os meus braços.
— Cada dia que passa, as suas palavras parecem de um velho
apaixonado. — Provoquei. Ele balançou as suas sobrancelhas, me fazendo
rir.

— Admita que você ama loucamente esse velho. — Sussurrou e


mordeu o meu lábio inferior, lentamente.

Ri com as suas palavras e me grudei no seu corpo, deixando os meus


seios serem esmagados contra o seu peitoral. — Loucamente apaixonada por
Vittorio. — Confessei com um sorriso bobo no rosto. Ele sorriu de volta e
encostou a sua testa na minha, dizendo:

— Loucamente apaixonado por Belarmina.

— Não precisa dizer, eu sei muito bem disso, seu fodido. — Vittorio
soltou uma gargalhada e me pegou no seu colo. A água não estava mais me
incomodando.

Ele me olhou com carinho e paixão, dizendo: — Senhora Gratteri, você


aquece o meu coração com esses palavrões. Agora vamos nadar. — Ele deu
um selinho na minha boca e sem pensar duas vezes, me jogou contra a água,
fazendo-me gritar.

O que dizer dessa noite em Es Cavallet com Vittorio Gratteri?

Eu sei o que dizer: Inesquecível. Uma noite inesquecível, com o


homem que sempre amarei, ao meu lado.
Fim!
Série Submundo...
Destinada ao Capo - livro 01.

Destinada a Senti-lo - livro 02.

Destinada a Amá-lo - livro 03.

Destinados Eternamente - livro 2.1 continuação do livro 02.

Destinada a Força - livro 04.

Destinada por Você - livro 05.

Dark Revenge – Spin-off.

Heart Delivered - conto.

GRATTERI - livro 06.

PULSATION – Spin-off.

Intensa Malicia – Série Submundo.

Capo dei Capi – Underworld Finale.

Temptation – Submundo (ebook exclusivo).


Redes sociais da autora...

Instagram: @patriziaevans

Wattpad: @patriziaevansoficial

Obrigada por sua leitura! E nos vemos na próxima estória.


Não se esqueça da sua avaliação, ela é importante para
nós autores independentes. Obrigada!
1

Você também pode gostar