Você está na página 1de 383

Julia Mendez 2018

Copyright© 2018 Julia Mendez


Capa: Julia Mendez
Revisão: Valéria Jasper
Diagramação Digital: Julia Mendez
Essa é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Essa obra segue as regras da Nova Ortografia da língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ ou a reprodução de qualquer parte dessa obra,
através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento
escrito da autora e editora.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Dedico esse livro a todos meus leitores perfeitos que deram força para que eu
conseguisse terminar essa história.
Prólogo

Lucas
Sou Lucas Antonucci, nasci e cresci correndo pelos pastos do Haras da
família Mattos, aos pés da Serra da Cantareira, em Mairiporã, no Estado de São
Paulo.
Cresci respirando a mistura do ar puro que vinha da Serra, com o cheiro dos
cavalos que corriam livres pelos pastos.
Greg Mattos, o atual patrão, é como um irmão para mim, pois, a mãe dele,
dona Letícia, morreu no parto e minha mãe o criou como filho, visto que ela era
a esposa do administrador do Haras e era quem tomava conta de tudo
relacionado à casa grande, dessa forma foi ela quem socorreu o pai do Greg,
tomando conta dele.
Greg já tinha seus 16 anos, quando minha mãe conseguiu engravidar de
mim, sendo assim Greg foi o exemplo de irmão que eu tive e o admirava toda à
vida, mas foi uma mulher que o fizera perder seu respeito por mim.
Quando cheguei em minha adolescência, fiquei imerso em uma paixão
platônica pela esposa do Greg, a Sandra, aquela mulher aflorou em mim todos os
desejos sexuais de um adolescente. Me olhava de uma forma diferente e sem
dizer nenhuma palavra me enlouquecia de desejo por ela e foi com 17 anos que
minha paixão por ela passou de platônica à real, quando tivemos nosso primeiro
contato sexual e depois, não paramos mais.
Eu sabia que era um erro, mas o desejo se movia de uma forma
incontrolável dentro de mim e eu não conseguia enxergar um palmo na minha
frente que não fosse, Sandra.
Greg não merecia minha traição, pois, é o melhor homem que vi pisar na
face da terra, porém, eu não conseguia evitar amá-la, ao menos era isso que eu
pensava sentir, até descobrir que ela não prestava e tinha outros homens além de
mim e Greg.
Era tudo muito recente e esquecê-la sem ter nenhuma recaída seria só
questão de tempo, pois, Sandra tornou-se para mim, apenas uma mancha negra
no meu passado e enquanto eu viver e puder evitar, mulher nenhuma, que seja
comprometida, vai encostar o dedo em mim. Eu mesmo duvido um pouco disso,
porque quando a paixão bate, não tem Cristo que consiga controlar, mas de uma
coisa eu tinha certeza, Sandra nunca mais iria encostar em mim.

Capítulo 1
Lucas
Depois de deixar o Haras do Greg, logo após dele descobrir tudo sobre mim
e Sandra, fui me hospedar em um hotel na cidade.
Estava deitado na cama, pensando no que iria fazer da vida e por sorte,
mesmo depois de ter descoberto minha traição, em nome da consideração que
tinha por minha mãe, Greg disse que daria um telefonema e que arrumaria um
novo emprego para mim. Disse que não me perdoaria tão cedo, mas que eu
poderia continuar vivendo em seu Haras, porém, não me senti bem com a
situação, agradeci por tudo, mas não poderia continuar lá, não havia mais clima
para nós dois, então, resolvi seguir meu caminho.
Greg me ligou avisando para ir até o Haras do Jorge Mello, um dos maiores
criadores de Paint horse do Brasil, que também ficava em Mairiporã. Então, sem
pensar duas vezes, me levantei da cama e fui direto para minha caminhonete,
liguei o motor e segui para o Haras do Jorge, que ficava a meia hora mais ou
menos de onde eu estava hospedado.
Greg se mostrou além de tudo que fiz a ele, um grande homem, eu sabia
que tudo que ele estava fazendo por mim naquele momento era por consideração
ao meus pais e por me considerar um irmão, e foi sempre assim que o vi na
minha vida, como um irmão. Eu deveria ter levado isso em consideração quando
em meus 17 anos de idade, quando Sandra fez sua primeira investida em mim.
Dirigindo na estrada de terra batida, deixei-me perder em lembranças, no
primeiro dia que ela tocou em mim.
— Lucas, pode vir em meu quarto trocar uma lâmpada para mim, traga à
escada. — chamou a Senhora Sandra da janela de seu quarto enquanto eu
passava na frente da casa grande.
— Sim senhora! — respondi e entrei na casa, peguei a escada e fui até seu
quarto.
Lá, ela estava vestida dentro com um daqueles vestidinhos de seda de
dormir e logo que a vi, vestindo aqueles trajes, senti meu pau crescer no meio de
minhas pernas, foi involuntário, pois, sonhei com ela vestida daquele jeito
muitas vezes.
Arregalei os olhos e fui até ela e peguei a lâmpada de sua mão. Subi na
escada sem falar nada e comecei a fazer a troca.
Ela foi até à porta do quarto e a trancou, Greg não estava no Haras, tinha
ido em um leilão em São Paulo.
— Vejo como você me olha, Lucas, imagino até que você se masturbe em
seu banheiro pensando em mim. — disse ela, me fazendo esquentar e meu
coração acelerar.
— Do que a senhora está falando?
— Que sei que você me deseja. — sussurrou.
Ela deu a volta na escada e me tocou por cima da calça jeans, fazendo-me
fechar os olhos de tanto tesão.
Grudei firme na escada porque senti minhas pernas bambearem quando ela
abriu o botão da minha calça e depois o zíper, em seguida baixou até os meus
joelhos. Achei que meu coração ia sair pela boca. Pensei em vestir as calças e
sair correndo, mas quando vi, ela já estava com meu pau na boca, engolindo-o
todo, e assim ele terminou de crescer dentro de sua boca.
Naquele nosso primeiro dia, ela me chupou até me fazer gozar em sua boca,
e depois daquele dia nunca mais paramos. Greg viajava e eu a comia dentro do
quarto deles, sem pensar nas consequências, só na paixão que eu nutria por ela.
Aquela maldita mulher não me saía da cabeça por nada no mundo, fui à
estrada toda reproduzindo nossas transas na mente. Eu era simplesmente louco
por ela e aquela desgraça de sentimento não passava, nem sabendo que ela não
prestava. Mas ia passar, eu sabia que iria, pois, jamais voltaria a permitir que
encostasse em mim. E jurei a mim mesmo, que jamais voltaria a me envolver
com nenhuma mulher comprometida. Se ela não pudesse ser só minha, metade é
que eu não ia querer, isso nunca mais.
Quando vi a placa que dizia: HARAS VELOZ
Saí de meus devaneios e parei na guarita e conversei com o senhor que
estava lá:
— Bom dia senhor, vim falar com o Sr. Jorge, ele me espera.
— Lucas Antonucci?
— Sim senhor, eu mesmo.
— Pode entrar, o patrão te espera.
— Obrigado.
O homem gordo de bigode, abriu o portão eletrônico e assim cruzei rumo
ao meu destino ou quase isso.
Toquei adiante por entre à estrada com o caminho de paralelepípedos
cercado por enormes coqueiros, até parar próximo das instalações do Haras. Abri
a porta da caminhonete e desci. Era de manhã e o cheiro da relva despertou-me
lembranças de toda uma vida.
Não demorou, um dos caras que estavam ali por perto veio falar comigo:
— Mas, olha só quem está por aqui! Se não é o Lucas, do Haras Mattos.
Antônio, um dos peões que trabalhavam lá no Haras veio até mim,
cumprimentando-me com um aperto de mãos.
— Como vai, Tonho?
— Bem, e você? O que o traz aqui? Greg vai finalmente vender uma
cobertura do Fantasma para o Jorge?
— Não estou aqui por isso, não. Na verdade, Jorge deveria esquecer essa
cobertura, duvido muito que Greg faça isso algum dia.
—Hum, mas está aqui por que então, Peão?
— Emprego, não estou mais com o Greg, e Jorge vai ver o que pode fazer
por mim.
— Ah! Entendi. Mas cara, o que você aprontou lá no Haras Mattos? — ele
gargalhou. — nunca que imaginei você saindo de lá e vindo pedir emprego aqui.
— Quer saber o que foi que fiz lá? Tive problemas familiares.
— Está certo. Olha, eu já esperava por você, viu. Jorge foi tomar café na
sede, mas já está por aqui, enquanto isso vou fazer um tour com você aqui nas
instalações.
— Tonhooo! — um outro peão gritou chamando-o.
Ele se virou em minha direção e avisou-me:
— Lucas, aguenta aí cara, já volto, só um instante.
— Vai lá, estou de boa.
Tonho foi em direção às baias, que foi de onde o homem o chamou e eu abri
à porta da caminhonete, encostei-me nela e acendi um cigarro. Estava distraído,
olhando para minha esquerda, quando escutei o atrito de bota com o chão, me
virei na direção do barulho e me deparei com uma mulher que havia acabado de
apear do cavalo, do lado da porta onde eu estava. Era linda de doer os olhos, e
me lembrava de tê-la visto no Celeiro, vez ou outra, mas nunca assim de tão
perto. Seus olhos eram azuis e seus cabelos castanho escuros emolduravam uma
face delicada e alva, ostentando em suas bochechas um par de covinhas. Era alta
e magra, vestia jeans, uma camiseta branca, um colete marrom por cima e botas
de montaria.
Ela me tirou do meu estado bestificado, dizendo:
— Ei peão! Não fique aí parado feito um idiota, leve a Mel para seu banho.
— entregou-me as rédeas da égua, deu às costas e foi saindo.
Eu estava congelado com tanta beleza diante de meus olhos e sem nem
raciocinar direito, falei:
— Perdão moça, não sou peão desse lugar, não ainda. — ela se virou em
minha direção com o olhar de recriminação e devolvi-lhe as rédeas do animal.
— Bom, nesse caso o que faz parado aí?
— Estou esperando o Jorge.
— E o que quer com o meu pai, posso saber?
A voz dela saiu aveludada de seus lábios delicados e levemente rosados, e
enquanto ela falava, não conseguia tirar meus olhos dele, sem prestar atenção em
sua pergunta, fiz a minha sem nem mesmo me dar conta do atrevimento:
— Seu nome, qual é moça?
Ela gargalhou e respondeu-me:
— Mas é muito atrevido mesmo, te fiz uma pergunta e você me responde
com outra nada a ver.
— O que foi que me perguntou mesmo? — indaguei-a, fazendo-me de
bobo.
— Sobre o que quer falar com meu pai?
— Isso é assunto meu com ele. — sorri para ela, piscando dando uma de
garanhão.
Não acredito que perguntei o nome dela. Pensei.
— Você é bem abusado não é, peão?
Quebrei o pescoço para o lado e respondi:
— Você quem está dizendo. Não vai mesmo me dizer seu nome? — refiz a
pergunta.
Ela veio bem pertinho de mim, pude até sentir seu cheiro. Encarou-me com
aqueles olhos enormes e lindos, e olhando em meus lábios, ela respondeu:
— Não é da sua conta, e além do mais, odeio homens que cheiram a
cigarro.
Colocou as rédeas da égua na minha mão novamente e se virou de costas
com aquela bunda gostosa e saiu caminhando, rumo à sede.
Que diaba de mulher gostosa era aquela? Meu pau relinchou no meio de
minhas pernas quando ela chegou tão perto de mim. Eu não estava acreditando
no que estava me acontecendo.
Eu a observava ir embora, sem nem mesmo se virar para me olhar, quando
Tonho apareceu do meu lado, colocou suas mãos na cintura e ficou olhando na
mesma direção que eu e observou:
— Ih! Já conheceu a filha do patrão, foi?
— Foi! — respondi entregando-lhe as rédeas da égua da mulher petulante.
— Vou te falar uma coisa, tira seus olhos dela, já tem dono, é noiva de um
Deputado lá de São Paulo. João Guilherme Carrasco.
— Tirar o olho? Que olho, homem? Nem vi ela passar por mim e entregar-
me essas rédeas.
— Humm! Bom mesmo que não tenha visto, porque o João tem ciúmes até
da sombra dela. Tome tento peão, se quiser mesmo trabalhar aqui.
Que diacho de mulher mais gostosa eu fui encontrar no meu caminho!
Pensei de novo.
Ela vai falar a porra do nome dela, sussurrando ele no pé do meu ouvido.
Ah! Se vai! E só de pensar naquilo meu pau deu um tranco dentro da calça.
O telefone celular do Tonho tocou e ele atendeu:
— Fala patrão.
— O Lucas já chegou?
— Sim, senhor, já está aqui nas dependências do Haras.
— Traga-o aqui para falar comigo.
— Sim, senhor, é pra já.
Ele desligou o celular e disse-me:
— Vamos lá cara, patrão já vai te receber.
— Só se for agora. — respondi.
Juntos subimos o morro, pois, a sede e o escritório ficavam no alto do
terreno. Chegando lá, Tonho me deixou na porta e saiu.
E sem querer acabei ouvindo parte da conversa da filha do patrão com ele.
Capítulo 2

Marina
Caminhei rumo à sede e iria falar com meu pai, onde já se viu, ele contratar
um peão que já no seu primeiro dia me fez uma desfeita daquelas. Se quisesse
mesmo trabalhar aqui, deveria ter sido gentil comigo e não me devolvido as
rédeas da Mel.
O escritório do meu pai ficava grudado com à sede, e a porta se encontrava
aberta, e dessa forma, fui entrando com tudo e encontrei meu pai ao telefone,
sentado atrás de sua mesa de carvalho.
— Pai, posso falar com o senhor? — questionei-o antes mesmo dele
desligar o telefone.
Ele tapou o celular com a mão e respondeu-me:
— Só um instante, querida.
Meu pai foi rápido e assim que desligou levantou e veio até mim,
questionando-me:
— O que foi filha? Que expressão é essa no rosto? Não gosto quando entra
aqui assim, já sinto cheiro de problemas. Não me diga que brigou com o João de
novo? — suspirou. — O que não deixaria de ser uma ótima notícia.
— Engraçadinho o senhor não é, papai?
— Foi só uma esperança, sonhar não custa nada.
Meu pai odiava políticos e detestava meu noivo, e o fato dele ser político só
agravavam as coisas entre eles.
— Não foi nada com o João. Tem um peão lá fora esperando para falar com
o senhor. — cruzei meus braços.
— Sim, deve ser o Lucas, mas o que tem isso?
— Não fui com a cara dele, foi insolente comigo.
— Não me diga? — meu pai cruzou os braços e se recostou na mesa. — O
que foi que você fez, para que ele agisse com insolência com você?
— Pedi a ele para levar Mel para o banho e ele simplesmente me destratou
dizendo que ainda não trabalhava aqui.
Meu pai simplesmente achou graça e respondeu, deixando-me ainda mais
furiosa:
— Filha, o Lucas não trabalha aqui ainda, ele agiu corretamente, e do mais,
assim que eu o contratar, não será para ser tratador nem nada do tipo aqui, o que
vai continuar te impossibilitando de usá-lo a seu bel-prazer.
— Não quero ele aqui. — fui taxativa.
— Lucas está vindo do Haras Mattos, e sabe muito sobre os Paint, sabe
tudo sobre o treinamento dos grandes campeões do Gregório, preciso e quero tê-
lo aqui comigo.
— Se ele sabe tanto assim de como formar um campeão, por que o
Gregório o dispensou?
— Não entrei nesses méritos com o Greg, mas ele me garantiu que Lucas é
de extrema confiança, trabalhou a vida toda lá com ele, e tem tudo para ser um
bom administrador.
— O quê? — fiquei passada com o que meu pai havia acabado de me
revelar. — Não costumo me intrometer nas suas contratações, mas, Pai, não acha
ele muito novo para uma função dessas?
— Não é a idade que conta, é sua experiência, e isso Greg me garantiu que
Lucas tem de sobra, ele já vem com a bagagem pronta, não vou precisar ficar
ensinando nada a ele.
— Essa é sua última palavra?
— Sim, filha. Lucas vai ser minha ponte até o Fantasma do Greg, quero
muito à cobertura daquele animal.
— Pai, desiste de ter um animal com a genética do Fantasma, já vi que isso
nunca vai acontecer.
— Desistir? Você não gostaria de um potro do futuro com aquela
velocidade? Eu até imagino você ganhando o mundial com um animal daqueles.
Balancei a cabeça sem respondê-lo, pois, meu pai sonhava demais com a
história de conseguir colocar o cavalo do Greg, para cruzar com uma égua aqui
do Veloz. Aquilo era obsessão quase doentia, e mais doentio ainda era o ciúme
do Greg com aquele cavalo dele.
— Então, que aquele peão insolente fique bem longe de mim. — falei
concluindo.
Virei-me de costas dando minha conversa com meu pai por encerrada,
seguia para à porta de cabeça baixa, decepcionada por ter tido um pedido meu
negado, e chegando na porta, dei de topo com o tal do Lucas, que estava parado
na porta impedindo minha passagem. Foi um encontrão daqueles, tão
desprevenido que quando dei por mim, estava com minhas duas mãos em seu
tórax, então, senti um arrepio percorrer todo meu corpo quando senti os
músculos de seu peitoral se enrijecerem em minhas mãos. Levantei meus olhos e
o encarei, seus olhos eram perfeitos, lindos e azuis, e me encararam de uma
forma tão surreal, que senti todas as terminações nervosas do meu ventre se
assanharem. Sua barba por fazer fez-me sentir os pelos dos meus braços
arrepiados. Tirei minhas mãos dele, mas, nem ele, nem eu, conseguimos arredar
os pés da frente um do outro. Minha respiração ficou acelerada, então levei meus
olhos em seus lábios, onde o inferior me chamou mais atenção, era grosso e bem
definido, e confesso que me vi mordendo-o. Quando caí em mim, falei nervosa
sem olhar para ele:
— Posso passar?
— Ah! Sim, perdoe-me moça. — ele se inclinou um pouco, mas não saiu da
porta, e grande como era, tive que passar me espremendo e roçando o corpo
nele.

Lucas
Quando fui entrar no escritório do Jorge, não esperava topar de cara com a
filha dele saindo de lá. Ficamos os dois sem saber como agirmos, eu deveria ter
saído de seu caminho, mas com ela me encarando com aquele olhar guloso, e
com as mãos em meu tórax, não consegui mover um passo sequer do lugar,
fiquei hipnotizado. Ela olhou em meus lábios, e por um leve segundo, achei até
que os tivesse desejando, mas claro que aquilo foi coisa da minha cabeça. Por
falar em cabeça, tive que me controlar para não ter uma ereção ali na frente do
pai dela, pois, o clima esquentou com ela me comendo vivo e me tocando
daquele jeito. Não posso negar que a achei uma mulher marrenta, mais era
gostosa que só ela.
Dei-lhe um pequeno espaço para passar e ela passou raspando em mim, seu
cheiro fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e quando uma mulher me
fazia arrepiar eu não sossegava até pegá-la de jeito.
Ela passou e foi caminhando na calçadinha de tijolos, rumo à casa sede, e
quando já tinha dado uns cinco passos, ela olhou para trás e assim peguei na aba
do meu chapéu preto e fiz um sinal a ela, que se virou de vez e sumiu das minhas
vistas.
Jorge me tirou daquele meu fascínio momentâneo, dizendo:
— Entra aí Lucas, vai ficar na porta à manhã toda?
Tirei meu chapéu da cabeça e entrei, fui até Jorge que estava em pé atrás da
mesa, me estendendo sua mão.
Meu rosto estava queimando de vergonha quando me dei conta de que ele
havia assistido toda a cena que se desenrolou na porta.
— Senta aí. - disse apontando para a cadeira em minha frente.
— Obrigado. — agradeci e me sentei.
O escritório onde estávamos era bem bonito, cheia de cabeças de animais
na parede e muitos, muitos troféus do Haras. Passei rapidamente meus olhos
neles e Jorge disse:
— A grande maioria deles é da moça que acabou de sair daqui; minha filha.
Outros tantos aí foram por conformação e tem alguns da Alana, filha de um dos
mais antigos tratadores que tenho aqui.
— Interessante. — respondi voltando meus olhos a ele, depois de ver uma
foto dele com a filha num porta-retratos em cima da mesa.
— Lucas, quando Greg me ligou, questionando-me se tinha um lugar aqui
para você, eu afirmei que sim. Quando ele me disse que você estava se
desligando do Haras, estranhei logo de início, mas nem perguntei as razões reais
disso, pois ele me garantiu que nada tinha a ver com seu trabalho no Haras,
então pedi a ele que te mandasse aqui, mas não preciso de mais um peão no
Haras. Todos os lugares estão preenchidos. Na verdade, meu administrador está
muito doente, com câncer e resolveu voltar para sua cidade natal com toda sua
família. Então, liguei novamente para o Greg, perguntando se você tinha
condições de assumir o lugar do Paulo, e ele me deu boas referências suas, disse
que posso confiar em você nessa função de olhos fechados, dessa forma, quero
ouvir de você, se está mesmo preparado para administrar o Veloz.
Depois de ouvir tudo que me disse, fiquei pensando antes de respondê-lo,
pois, embora essa fosse a função do meu pai lá no Mattos, e eu tivesse passado à
vida acompanhando e aprendendo aquele trabalho, tremi na base no momento
em que ouvi aquilo, mas, se Greg confiava em mim para exercê-lo, quem sou eu
para dizer o contrário, então depois de ponderar, eu respondi:
— Eu estou preparado, Jorge, essa é a função de meu pai lá no Haras do
Greg, e eu cresci vendo-o trabalhar e o ajudando na lida.
— Então, sua resposta ao meu convite é sim?
— Sim senhor. — respondi sem titubear.
— Ótimo, é assim que gosto dos homens que trabalham comigo, gosto de
firmeza nas decisões.
Ele se colocou de pé atrás de sua mesa, deu a volta nela, e deu-me um
aperto de mão me puxando para um abraço forte, selando ali o início de nossa
cumplicidade.
— E quando é que eu começo? — questionei-o.
Jorge riu falando:
— Gosto disso rapaz, dessa sua vontade de trabalhar. Vou te levar para
conhecer sua casa nova, e depois te libero, hoje deixo o dia por sua conta,
providencie os papéis que te vou te pedir, busque seu animal no Mattos, e
amanhã você começa aqui comigo.
— Muito bem então, agradecido pela confiança Jorge.
— Espero que estejamos selando o início de uma grande amizade, porque
antes de tudo, gosto de ser amigo das pessoas que trabalham comigo.
— Em mim o senhor pode confiar. — respondi estendendo minha mão para
ele.
— Greg me disse a mesma coisa. — Jorge apertou forte minha mão.
Assenti e o segui para fora do escritório.
Jorge me levou a uma casa que ficava há uns 700 metros da casa sede. Se
aquele era o alojamento dos peões eu diria que estavam bem alojados.
— Essa aqui era a casa do antigo administrador, não é lá grandes coisas,
mas passou por toda uma reforma esse mês, justamente a espera da nova família
que fosse ocupá-la. No seu caso, você ainda não tem uma família, então vai te
cair melhor ainda, é mais espaço só para você.
À casa era bem ajeitada, de alvenaria na cor salmão-escuro, com uma
fachada de madeira e vidraças grandes, cercada por gramíneas bem aparadas.
Ficava em uma área aberta, porém, bem próxima da mata da Cantareira. Um
pouco mais acima no morro, ficava a casa dos tratadores, que é onde eu deveria
ter ficado, junto com todos os outros peões. A casa estava como nova, cheirando
a tinta ainda, então falei:
— Senhor, posso ficar tranquilamente junto com os tratadores na outra casa,
não me importo com isso não.
— Bom! Além de lá não caber nenhuma agulha mais, você não é mais um
simples peão, e tão pouco um tratador. Você agora é o meu novo administrador, e
como tal eu o quero bem acomodado com o mínimo de conforto que eu puder te
oferecer. — falava enquanto abria a porta.
A casa por dentro era toda mobiliada, pequena, mas bem confortável, uma
sala, uma cozinha toda mobiliada, com direito a micro-ondas e tudo. Um quarto
com uma cama bem grande, e tudo me parecia novo.
— Olha, Lucas, ela foi mobiliada recentemente, pois, quando Paulo se
mudou para voltar à sua cidade no interior de Minas, deixei que ele levasse tudo
que já tinha aqui, então tudo novo para você.
Fiquei olhando tudo aquilo e me perguntei se eu realmente merecia tudo
que estava me acontecendo. Era tudo muito simples como eu estava acostumado,
mas ainda assim parecia mais do que eu merecia, depois do que fiz com Greg.
Uma rede na casa dos tratadores e eu já estaria feliz da vida.
— Estão aqui às chaves, busque suas coisas, e hoje mesmo você já pode
dormir aqui, porque amanhã bem cedo já quero sair por aí te mostrando tudo. -
disse ele entregando-me às chaves.
Assenti e quando peguei as chaves, senti alguma coisa roçando na minha
perna e olhei para baixo, tinha um cão grisalho, se esfregando em mim.
— Ei! Garoto, quem é você? — perguntei ao cão afagando sua cabeça.
— Ah! Esse é o Cowboy, é da raça Blue Heller. — explicou-me Jorge,
porém, eu sabia muito bem o que era um boiadeiro. — Ele foi deixado aqui pelo
antigo morador, não puderam levar o animal.
— Cowboy. — falei o nome do cachorro e voltei a falar com ele, voltando a
fazer carinho em sua cabeça. — Belo nome hein garotão, já gostei de você.
Então Jorge disse:
— Vou voltar para o escritório porque preciso tomar algumas providências,
sem administrador eu me vejo perdido.
— Posso ajudá-lo?
— Não, Lucas, vai fazer tudo o que falei, e não esqueça as xerox dos
documentos que te pedi.
— Está certo.
Ele saiu pela porta da sala e seguiu subindo o morro rumo ao escritório que
ficava no alto.
Capítulo 3

Marina
Lucas, esse era o nome daquele peão, que me fez sentir uma sensação
enlouquecedora percorrer meu corpo quando o toquei no escritório de meu pai,
ele era tão corpulento, forte e lindo. Irritantemente lindo, diga-se de passagem.
Nossa casa ficava no ponto mais alto do Haras, e de onde eu estava vi quando
meu pai saiu da casa do administrador e foi rumo ao escritório. Lembrei-me de
Cowboy e que ainda não o havia alimentado, dessa forma, fui descendo a colina
em direção a casa do administrador, pelo que meu pai disse, seria o tal Lucas.
Cowboy ainda dormia lá em sua casinha na área externa da casa.
Assim que cheguei na porta, o peão estava de costas, próximo ao sofá,
olhando para o seu celular que tocava sem parar, e por algum motivo ele não
atendia. Num ataque de fúria jogou seu aparelho na parede espatifando-o todo,
fazendo as peças se espalharem por todos os cantos da sala.
No momento de sua fúria ele vociferou:
— Maldita!
Então falei da porta sem entrar:
— Acho esse ato de atirar e quebrar coisas na parede, tão descabido, já que
agora você terá que comprar outro.
Assim que terminei de falar, ele se virou em minha direção, assustado e
respondeu-me:
— Pois é, ao menos me livrei de vez dessa atormentação no meu celular.
— Era uma mulher? — questionei sem pensar, saiu tão natural que eu
mesma acabei por me assustar pela curiosidade.
— Era o passado. — respondeu, virando e me dando às costas novamente.
— Hum! Interessante. — resmunguei.
Ele tem alguém. Pensei.
— Bom! Perdoe-me a invasão, vim só alimentar o teimoso do Cowboy, que
insiste em não vir morar na sede comigo. Depois que o antigo administrador se
foi e o deixou aqui no Haras, ele não sai daqui, continua dormindo na casinha
dele aqui na área.
O peão se abaixou em direção ao Cowboy, que estava rente às suas pernas e
conversou com ele:
— Ei, cara, você dorme lá fora é? Agora você vai dormir aqui dentro com
esse peão insolente. O que acha?
Cowboy latiu para ele como se tivesse entendido, todo feliz abanando o
rabo.
Minha cara queimou quando ele falou que era um peão insolente, pois, logo
imaginei que teria escutado minha conversa com meu pai, então o questionei:
— Você ouviu aquilo?
— Sim, sem querer. Seu pai havia me chamado para ir até lá, eu estava
chegando quando te ouvi dizer que queria o peão insolente longe de você. Não
tive intenção de escutar, mas escutei. — concluiu enfiando as mãos nos bolsos
de sua calça.
Não sabia onde enfiar minha cara, ele me ouviu chamando-o de insolente,
que vergonha.
— Ah! Me desculpe, essa foi a primeira impressão que tive de você.
— Também não tive a melhor das impressões da moça. — respondeu-me.
Ele se virou de costas para mim e apanhou sua jaqueta jeans em cima do
sofá.
— Nesse caso estamos quites. — respondi virando-me e indo em direção a
vasilha do cachorro que ficava na área externa ao lado da casinha dele.
Abaixei-me e despejei à ração dele, e não demorou nada e Cowboy já foi
comer. Enchi sua vasilha com água e fui me afastando.
— Ei oncinha! — chamou-me, o tal do Lucas.
Virei-me em sua direção, e o indaguei:
— Do que foi que me chamou?
— De oncinha. — sorriu sedutor.
Era mais atrevido do que eu imaginava, e pelo jeito não tinha receio
nenhum em ser demitido logo de cara.
— Você é bem abusado mesmo, não é?
Respondeu-me com outra pergunta:
— Não vai mesmo me dizer seu nome?
Sorri para ele e o questionei:
— Que diferença isso vai fazer na sua vida?
Ele sorriu de lado para mim, olhando-me com aquele olhar sedutor e me
provocou:
— Você vai falar seu nome aqui. Ó. — apontou em seu ouvido com o dedo
indicador. — e vai fazer isso quando estiver com suas pernas grudadas em minha
cintura encaixada em mim. Vai sussurrar seu nome em meio aos seus gemidos de
prazer.
Novamente aquele atrevido fez um frio involuntário percorrer meu ventre e
me deixar desejando-o, e dessa forma, caminhei até ele, toquei-o com minha
mão direita em seu tórax e com a esquerda em sua nuca, me estiquei na ponta do
pé para chegar em seu ouvido, e fiquei bem próxima dele, tão próxima que senti
seu hálito gostoso ao suspirar próximo de meu pescoço quando fui respondê-lo:
— Vai esperando! Mas não esquece de puxar uma cadeira para se sentar. —
sussurrei ao pé de seu ouvido com meus lábios encostando em seu lóbulo de
levinho, fazendo com que sua respiração acelerasse.
Quando dei um passo para trás e fui me afastar dele, senti suas mãos em
minha cintura agarrar-me forte e me puxar em direção a seu corpo novamente.
Ele ficou me segurando firme e me encarando com aqueles lindos olhos azuis,
fortemente expressivos e penetrantes. Neles vi a excitação que todo àquele
momento estava nos causando. Ele era atrevido, mas uma química muito forte
estava rolando entre nós.
Assim como fiz, ele veio falar no pé do meu ouvido, murmurando e
encostando seus lábios em mim, fazendo-me sentir sua barba áspera tocar-me no
pescoço.
— Vou te esperar sentado, mas só porque sei que você vai se sentar no meu
colo e galopar nele. Pode apostar oncinha, você vai implorar por um beijo meu.
Meu coração acelerou, passei a ofegar e senti minha vagina se contrair de
tesão, pois, eu já estava molhada por conta do toque forte de suas mãos e o
contato de seus lábios atrevidos em mim.
Ele nem precisou se sentar e eu já quase implorei pelo maldito beijo, por
aquela maldita boca provocante. Queria tocá-lo em sua barba ralinha e sentir o
seu gosto.
Suas mãos me apertaram ainda mais e puxaram-me rumo a sua ereção, e
assim que senti o calor daquele corpo, e a rigidez encostando em mim, senti todo
os músculos entre minhas pernas se apertarem. Não estava acreditando que
estava deixando um peão me seduzir daquela forma, então falei, empurrando-o e
soltando-me dele:
— Não volte a me tocar dessa forma ou vou exigir que meu pai o dispense
antes mesmo de você começar.
— Vai oncinha! Vai lá fazer uma segunda tentativa. — respondeu-me
abusado.
— Oncinha? Quem te deu o direito de ficar me apelidando?
Ele sorriu com aquele cara de cafajeste dele sem nada me responder.
Virei às costas e fui me afastando voltando para minha casa, com meu
corpo queimando.
Marina, você perdeu o juízo foi? Onde estava com à cabeça quando foi
mexer com ele? Meu inconsciente me recriminou.

Lucas
Que diabo de mulher mais linda era aquela? Que olhar, que boca e que
covinhas mais gostosas. Eu mal havia saído de uma confusão na minha vida e já
estava querendo me enfiar em outra. Minha vida virou uma tempestade do dia
para à noite. A maldita da Sandra me ligando sem parar no celular, chego aqui e
recebo o cargo de administrador do Haras, quando que eu ia imaginar isso? E
ainda tem essa oncinha linda, brava e gostosa demais.
Olhei para o lado e Cowboy estava comendo a ração, parece que eu ia ter
um companheiro por aqui. Passei do lado dele, afaguei sua cabeça e entrei na
casa que agora seria minha. Na sala bati o olho no celular e fui recolher as peças
espalhadas no chão. Recolhi tudo, joguei no lixo, saí e tranquei a porta. Fui rumo
as baias falar com Tonho, com o cachorro me seguindo. Tonho estava em cima
da cerca que dá vista para a pista coberta de treinos do Haras.
— Tonho! — chamei, ele se virou em minha direção e pulou da cerca.
— E aí cara? Como é que foi lá com o patrão? Já posso arrumar um espaço
para colocar uma cama para você lá na casa dos tratadores?
Fiquei sem saber como contar a novidade a ele e assim nada respondi.
— E aí, Lucas, fala logo cara, preciso avisar o pessoal que hoje vamos ter
uma roda de viola na figueira de boas-vindas para você.
Cocei a cabeça sem graça, então o respondi:
— Não vou precisar da cama no alojamento. — falei por fim.
— Poxa cara, eu jurava que você ia ficar. — falou em um tom penoso.
— Eu vou, Tonho, mas já tenho a cama para dormir.
— Como assim já tem cama? — questionou-me curioso.
Tirei o chapéu da cabeça e respondi:
— Sou o novo administrador.
As feições dele mudaram sem que ele tivesse tido o cuidado de não
demonstrar a decepção. Eu já esperava isso, visto que ele trabalhava há muitos
anos com o Jorge, e se alguém merecia ocupar aquela função com certeza
deveria ser ele.
— Nesse caso, vou avisar o pessoal sobre a roda na velha figueira. — falou
e virou de costas e voltou a subir na cerca, onde estava assistindo o treinamento
de uma moça na pista.
— Vai lá, Alana!!! — gritou entusiasmado.
Coloquei meus braços na cerca e fiquei observando a moça que estava
treinando nos tambores, com um homem que deveria ser seu treinador. Ela
passou bem rente à cerca e me encarou. Era bonita, com um par de olhos
brilhantes que de longe não soube identificar a cor. Estava com uma trança em
seus cabelos castanhos escuros. Tinha a tonalidade da pele clara, e era esguia
com belos e fartos seios.
— Minha irmã. — disse-me, Tonho sem que eu perguntasse nada. — Alana
o nome dela.
Fiz que nem me interessei, mas, na verdade não me interessei mesmo, então
mudei o assunto dele:
— Vou precisar de um trailer para buscar o Tornado lá no Haras do Greg.
— Ok, vai buscar sua caminhonete e coloca ela próxima dos trailers para
engatar um para você. — apontou para o lado sul do Haras onde ficava o
estacionamento dos veículos.
Olhei para minha esquerda, onde Tonho havia apontado com mão, e vi
vários trailers estacionados lá.
— Vou fazer isso agora. — respondi e virei às costas.
Fui até minha caminhonete, e quando abri à porta, alguém pulou dentro dela
antes de mim.
— Era só o que me faltava hein Cowboy? — conversei com o cachorro,
fechei a porta com ele dentro e fui em direção ao estacionamento onde estava o
trailer que usaria.
Assim que abri a porta para engatar o trailer, ele não desceu e ficou lá
dentro. Engatei o trailer no rabicho e pedi a ele para descer:
— Ei, desce daí garoto, agora você vai ficar e eu vou cuidar das minhas
coisas, mas tarde volto e te vejo. Vou até comprar comida para você e um osso
enorme, que você acha hein?
Conversar com os cavalos era normal para mim, agora com um cachorro
era novidade.
Por fim, ele desceu da caminhonete e eu entrei, dei partida e fui fazendo o
caminho para ir até a guarita do Haras e quando passei na frente da casa grande,
coloquei a cabeça para fora e olhei para a oncinha linda que estava debruçada na
sacada do que imaginei ser seu quarto. Fiz um sinal com a cabeça para ela que
tratou de se virar de costas e entrar. Segui sorrindo, pois, estava ali um novo e
delicioso desafio.
Capítulo 4

Marina
Estava na sacada do meu quarto, esperando dar à hora do meu treino. Alana
era quem estava na pista e nosso treinador gostava de priorizar os horários, cada
uma no seu horário.
Tanto eu, como ela éramos amazonas e competíamos nas provas de três
tambores para o Haras. Alana com algumas vitórias, e eu com muitas, incluindo
dois mundiais.
De longe avistei à caminhonete do novo peão se aproximando, senti um frio
na espinha quando o vi e juro que pensei em entrar para o quarto antes que ele
pudesse me ver ali parada e imaginasse que estava ali para vê-lo. Ele passou com
a velocidade complemente reduzida, jogou o corpo para fora na janela e acenou-
me com à cabeça, com um meio sorriso. E como tinha um sorriso lindo. Quando
acenou com a cabeça para mim, virei-me e entrei no quarto. Era a minha hora de
treinar, e como me demorei um pouco, Heitor meu treinador me ligou:
— Ei Mari, vai mesmo enrolar o dia inteiro? Estou aqui te esperando, já
terminei com Alana.
— Já estou descendo. — respondi e desliguei.
Sai de casa e passei a descer o morro rumo à pista coberta do Haras, lugar
onde eu passei grande parte da minha vida, sendo iniciada no tambor aos seis
anos de idade. No gramado havia um rastro feito por mim de tanto ir e vir pelo
caminho. Eu estava distraída lendo uma mensagem do João no celular, que dizia
que ele chegaria de Brasília àquela mesma noite, depois das dez da noite a
qualquer momento.
— Mari, Mari. — reconheci a voz que estava me gritando e assim sem
olhar para trás continuei meu passo rumo ao meu destino.
Alana se encostou em mim e foi acompanhando meus passos rápidos e
decididos.
— Mari, preciso te contar uma coisa. — falou toda ofegante, pois, parecia
ter dado uma carreira até me alcançar.
Olhei para ela e ela estava toda esbaforida, então eu a questionei seguindo
meu ritmo:
— O que foi amiga, parece que viu um fantasma.
— Um fantasma não, mas o homem dos meus sonhos eu vi.
Parei abrupta e questionei-a:
— O homem dos seus sonhos? Sei. Todo homem bonito vira homem dos
seus sonhos, lembra? Já ouvi essa sua frase um milhão de vezes.
— É, mas com esse foi diferente, eu senti isso. — respondeu-me toda
empolgada.
— Pelo amor de Deus hein Alana. — voltei a caminhar rapidamente, já
estava atrasada.
— Poxa amiga, estou toda feliz te contando que estou toda animada e olha
como você fala comigo.
— Me desculpe. Me diga, quem é o sortudo da vez?
Ela passou na minha frente e me fez parar para ouvi-la:
— É o novo peão que chegou hoje, Antônio me disse que ele será o novo
administrador aqui do Haras, Lucas é o nome dele.
Meus ouvidos se negaram acreditar no que estavam ouvindo, não podia ser
verdade.
Desviei-me dela e voltei a caminhar rumo à pista.
— Não vai me dizer nada? Nem vai me desejar boa sorte?
— Boa sorte! — falei seca.
— Você já o viu? Só o vi na cerca da pista.
— Sim, já o vi de pertinho. — respondi odiando aquela conversa.
— E como ele é? Me fala.
Quente, pensei no meu íntimo, lembrando-me dele me prendendo em seus
braços fortes.
— Bonitinho. — respondi.
— Ah! Ele não é só bonitinho, ele é lindo, convenhamos.
Parei abrupta novamente e a encarei dizendo:
— Alana, se você já sabia que ele é lindo, por que perguntou a minha
opinião?
— Nossa amiga, que bicho te picou hoje hein? Sim, pois, cada dia um bicho
novo te pica.
Eu a encarei furiosa e respondi:
— Me deixa ir treinar que já estou atrasada.
— Vai, vai sua chata, não sei como ainda consigo te considerar como
melhor amiga.
— Deve ser por que somos melhores amigas? — ela me deu um esbarrão
com o ombro, sorrindo toda feliz da vida e contando-me:
— Heitor está uma fera comigo, fiz tempos horríveis hoje, também, perdi o
rumo depois que vi aquele peão maravilhoso. — tentou mudar de assunto e ainda
manteve o peão no centro da conversa.
Abri o portão e entrei na pista com Alana na minha cola, falando sem parar
do Lucas, e minha vontade era de pedir para se calar.
Caminhei até o treinador que estava com Mel nas rédeas.
— Qual é, hein Mari? — suspendeu os braços. — Dois segundos, para cima
da sela, agora! — disse-me o treinador todo nervosinho.
— Sim, sim, não se estresse. — respondi.
Alana estava colada comigo e não me deixava em paz:
— Hoje à noite terá roda lá na Figueira, você vai né? — perguntou ela. —
Tonho me disse que será de boas-vindas para o novo peão.
— Alana, falamos disso depois, ok?
— Isso meninas, acabou o papo aqui. — falou o treinador graças a Deus,
pois, eu não estava com nenhum pouco de paciência com a conversa mole dela,
eu não sabia bem o motivo, mas vê-la falar do novo peão daquele jeito estava me
deixando com raiva.
— Oi garota. — fiz carinho no pescoço da Mel, levei meu pé no estribo,
impulsionei e a montei.
Inclinei meu corpo em direção ao seu pescoço e a abracei com carinho. Eu
a amava mais que tudo no mundo, tínhamos uma ligação de completa
cumplicidade e sintonia, quando juntas éramos uma única coisa. Estava comigo,
há 8 anos, apaixonei-me por ela quando a vi nascendo. É uma linda Paint
Palomino, por isso, recebeu o nome de Mel, por conta da sua coloração.
Durante o treinamento, minha cabeça estava nas nuvens, eu estava
completamente fora de sintonia com Mel, pois, aquele homem povoava minha
imaginação; seu toque, sua barba, seus lábios grossos e deleitosos, os olhos, aí o
que são aqueles olhos?! Até aquele cheiro de um perfume bom e leve, misturado
ao cheiro de nicotina me inebriou. E por fim, seu jeito atrevido de falar comigo,
tudo nele era um atrativo fora do comum para mim.
— Sintonia, sintonia, Mari. — gritava o treinador sem parar. — Vamoos!
vamoos!
Direcionei Mel em direção ao percurso da pista e ela saiu muito veloz, mas
eu não estava conseguindo concentrar-me.
— Tocaaa! Toca a porra dessa égua, Mari. — gritou Heitor novamente. —
Que diabos está acontecendo com vocês hoje?
E quando sai do segundo tambor, Mel já saiu perdendo força e o
alinhamento, e quando fui entrar no terceiro tambor, Mel começou a reduzir
velocidade e a entrar para cima do tambor vindo a parar abruptamente
Ela me conhecia melhor que ninguém e sabia que eu não estava focada.
— Ei, garota, me desculpa, desculpa. — pedia a ela acariciando-a no
pescoço.
Heitor veio caminhando furioso em minha direção, e assim falou quando se
aproximou:
— Pode me dizer o que está acontecendo com vocês duas hoje? Você e
Lana?
— Desculpe treinador, estou sem concentração. Quanta a Lana não posso
responder por ela.
— Não me diga?! — disso irônico. — bora fazer círculos no passo com ela,
lado direito.
Comecei a fazer o exercício que ele havia me mandado e quanto mais
círculos fazíamos, mais imersa em meus pensamentos eu ficava. Não conseguia
acreditar que Alana havia se encantado com o Lucas. Não que aquilo fosse da
minha conta, mas fiquei com raiva e eu não deveria estar toda enciumada se eu
ia me casar dali há seis meses.
Parei de fazer os círculos, pois, não estava nem um pouco a fim de treinar
aquela manhã, e assim fui direcionando Mel para fora da pista deixando Heitor
lá, falando sozinho com seus ataques de histeria.
— Ei Mari, volta aqui droga. Volta aqui porraaaa!
— Hoje não treinador, hoje não.
— Marina Mello, volta aqui mulher, um dia perdido de treino é aumento de
segundos.
— Vou dar uma volta com ela por aí, correr um pouco e volto depois.
— Eita! Porcaria de mulher que só faz o que quer. — resmungou quando eu
já havia saído da pista.
Saí tocando Mel rumo aos pastos, queria sentir-me livre, e só quando
estávamos ambas galopando nos pastos é que nos sentíamos libertas e voando.
Certa vez meu avô me disse, que cavalos são anjos, que mesmo sem asas, nos
ensinam a voar e não existia frase mais perfeita nesse mundo.
Corri com minha égua pelos pastos e nossos corações batiam na mesma
sintonia, e sintonia era tudo o que estava nos faltando aquela manhã, e que ali,
livres, conseguíamos nos encontrar perfeitamente.

Lucas
Saí do Haras e fui até à cidade, precisava comprar um celular novo, então,
fui direto para uma loja. Em seguida passei em um supermercado, precisava
abastecer aquela geladeira e comprar ração para o Cowboy, se eu ia ter um cão
precisava alimentá-lo.
Fiz tudo que precisava fazer na cidade e fui para o Haras Mattos, lá, não me
encontrei nem com Greg e nem Lia. Meus pais ficaram felizes ao me ver e mais
felizes ainda em saber que eu seria administrador do Jorge. Meu pai passou mais
de uma hora dando-me dicas preciosas, pois, aquele velho sabia de tudo, sabia de
coisas que mesmo eu tendo passado a vida toda ali, eu não sabia. Passei
praticamente o dia todo lá com eles, e quando era umas quatro e meia da tarde,
embarquei o Tornado no trailer e saí do Haras Mattos com um aperto tão grande
no coração que nem sei como explicar. Era uma vida inteira vivendo ali.
Quando cheguei no Veloz, em minha nova casa para encarar minha nova
vida, desembarquei o Tornado e logo Tonho já apareceu em minhas costas
dizendo:
— Mais é bonito demais esse animal, Lucas.
— É sim, esse eu ganhei do Greg quando potro ainda.
— Bora! Leva o trailer no estacionamento. Me dê aqui essas rédeas, vou
indo lá para as baias com ele, vou encontrar um bom lugar para esse garanhão
aqui.
— Ok! Já te encontro lá. — respondi.
Quando entrei no banco da caminhonete, olhei para o lado e vi o atrevido
do Cowboy já sentado no banco do passageiro, pensa no cachorro, Zé gasolina.
— E aí Cowboy, não te disse que ia voltar?
No estacionamento soltei o trailer e estacionei à caminhonete, sai dela e o
cão também, me seguindo como se eu fosse o dono dele há séculos.
Caminhando em direção as baias, passei pela pista e vi uma movimentação
lá, então entrei pelo portão, parei em um canto e fiquei observando o
treinamento de alguém, estava distante, do outro lado próximo do primeiro
tambor, então não sabia de quem se tratava.
O animal Palomino passou rasgando no terceiro tambor, tomou velocidade
e veio voando em minha direção que estava próximo da cerca.
— Isso aí meninas! 19s 324, dá para melhorar. Precisa melhorar, esse
tempo, mas para o dia de hoje foi um espetáculo. — disse o homem parado há
uns 50 metros de mim.
Quando parou do meu lado, vi que se tratava da mesma égua Palomino que
vi pela manhã com a filha do patrão e quando a amazona apeou do animal, caiu
com seus pés bem na minha frente.
— Da próxima vez fique mais longe da linha de chegada, eu podia tê-lo
atropelado. — disse a oncinha mais linda que eu já havia visto.
Eu sorri e falei:
— Se me atropelasse e me matasse, não sabe o que iria perder.
Seus olhos brilharam e ela nada respondeu, só ficou encarando-me, e eu
bem queria saber o que estava se passando na cabeça dela.
O treinador dela se aproximou e perguntou-me:
— E você quem é rapaz?
— Sou Lucas Antonucci.
Então a oncinha explicou a ele:
— É o novo administrador aqui do Haras, treinador. — respondeu ao
homem e depois dirigiu-se a mim.
— Lucas, esse é o treinador aqui do Haras. Heitor.
Estendi minha mão para o homem moreno, alto, que usava jeans, uma
camisa branca com o logo do Haras Veloz e um boné com o mesmo logotipo.
— É um prazer senhor. — falei.
— Prazer é todo meu. — respondeu-me o homem apertando minhas mãos.
— E pelo amor de Deus, não me chame de senhor.
Tonho gritou-me do lado de fora:
— Ei Lucas, bora escolher uma baia para o seu garanhão.
— Estou indo. — respondi sem conseguir tirar os olhos daquela mulher.
Eu a encarava sério e mesmo por cima de toda aquela máscara de mulher
marrenta, tinha algo nela que estava despertando meus instintos, não os de um
garanhão louco por uma égua no cio, que era como me sentia com Sandra, e com
outras mulheres. Era uma coisa diferente, era um sentimento diferente. Era muito
cedo para saber dizer o que era, mas ela mexeu comigo de uma forma totalmente
nova para mim.
O treinador se afastou e ficamos somente eu e ela, então falei:
— Você é muito rápida.
— Somos, não é Mel? — respondeu-me batendo no dorso de sua égua.
Ela saiu puxando as rédeas do animal, e fui acompanhando-a rumo ao
portão para sairmos da pista. Assim que chegamos do lado de fora, tinha uma
moça ao lado do Tonho, então ele falou:
— Lucas, vem conhecer minha irmã, cara.
A oncinha foi seguindo seu caminho, puxando sua égua em direção às
baias, nem sequer olhou para trás e nem falou com Tonho e com sua irmã.
— O que deu na patroinha hein? — Tonho indagou.
A irmã do Tonho foi quem respondeu:
— Hoje ela está amarga, um bicho deve tê-la picado.
Fiquei com as mãos na cintura vendo-a se distanciar e eu não queria nada
além de ir falar com ela novamente e ouvir aquela voz aveludada.
— Ei, Lucas, essa aqui é minha irmã, Alana.
Estendi minhas mãos e a cumprimentei dizendo:
— Prazer, Alana.
— O Prazer é todo meu, Lucas.
Me olhava de uma forma estranha àquela mulher, e assim falei:
— Bora encontrar um lugar para o Tornado.
— Vamos! — respondeu-me Tonho indo em direção as baias, mesma
direção que a oncinha havia ido.
Então quando dei as costas, a irmã dele me perguntou?
— Lucas, nos vemos mais à noite na figueira?
Assenti sem responder nada.
Capítulo 5

Lucas
Alana era uma mulher, bela e cheia de lindas curvas, mas que em nada
despertou minha atenção, nem despertaria em nenhum momento. Desci com
Tonho até as baias e lá no pavilhão dos garanhões, escolhi uma baia para o
Tornado. Quando o peguei pelas rédeas e o coloquei na baia, senti a maior de
todas as tristezas dos últimos dias. Ele cresceu e foi criado toda sua vida no
Haras no Greg e dormiu sempre na mesma baia, então era uma tristeza muito
grande para mim, ver em seus olhos o medo.
A baia era bem espaçosa, pois, assim como Greg, Jorge também tinha
ótimas e bem cuidadas instalações.
— E aí garotão! O que achou? Vai se acostumar aqui, vamos nos acostumar,
nós dois.
— Ele se acostuma, Lucas, você sabe que sim, já viu muito disso acontecer,
não é? — questionou-me Tonho.
— Sim, eu sei que sim, mas até isso acontecer ficam meio perdidos e
tristes.
— Faz parte.
— Escuta, como funcionam as coisas por aqui? À que horas soltam os
animais e à que horas prendem?
— Não entendi a pergunta. — disse Tonho retirando o chapéu da cabeça,
todo confuso.
— Não soltam os animais das baias durante o dia?
— Vez ou outra soltamos sim.
— Como assim vez ou outra? — perguntei surpreso.
— Não soltamos todos os dias, Lucas.
— Entendi, vou falar com o Jorge sobre isso amanhã.
Assim como Greg, eu não suportava ver animais presos em baias, e essa
seria a primeira coisa que falaria com Jorge.
Juntos, caminhamos rumo a saída com Tonho me apontando os animais e
me falando os nomes de cada um deles.
— Lucas, já está tudo combinado com o pessoal hoje à noite na figueira
hein! Vou agora para cidade providenciar as bebidas.
— Vou com você e me diga onde fica essa figueira cara, estou mais perdido
que tudo nesse lugar.
— Não, pode deixar que as bebidas hoje são por nossa conta, hoje você só
recebe nossas boas-vindas, é assim que funciona.
— Tudo bem.
Caminhamos para o sul do Haras e Tonho apontou com o dedo para uma
árvore gigantesca que ficava no meio do pasto, próximo do rio.
— Aquela é a figueira centenária, segundo Jorge, ela tem mais de 300 anos.
É lá que fazemos nossa roda de viola. Nós reunimos para beber e cantar lá uma
vez por semana.
— Que horas devo estar lá? - questionei.
— Lá pelas oito já estaremos todos lá.
— Então está bem, vou arrumar minhas coisas na casa.
Passei a caminhar em direção ao estacionamento, entrei na minha
caminhonete e fui em direção à casa, minha casa. Chegando estacionei na frente
e assim que desci o cachorro já veio fazendo a maior festa.
Tirei minhas malas do carro, e fui descarregando minhas coisas, nisso
incluía duas selas e todas as minhas tralhas de trabalho e montaria.
Guardei as compras e na cozinha fui fazer um sanduíche com presunto,
queijo prato e folhas verdes, abrir um refrigerante e fui me sentar no sofá.
Coloquei o prato na mesa que estava no centro da sala, e retirei minhas
botas e abri os botões de minha camisa, iria para o banho logo em seguida, então
olhei para a porta e o Cowboy estava lá, sentadinho me olhando com cara de
piedade, sem entrar em casa.
— Entre aí garotão.
Não precisei falar duas vezes e ele foi entrando e se deitando no tapete em
frente aos meus pés.
Tirei um pedaço do meu lanche e dei a ele, que simplesmente se recusou a
comer.
— Então você não come pão?
Nem bem terminei de falar e a voz aveludada respondeu no lugar do
Cowboy.

Marina
— Não, ele só come ração, não deveria oferecer outras coisas a ele. —
respondi ao Lucas, parada na porta de sua casa, lá estava eu novamente onde não
deveria estar.
— Vem Cowboy. — chamei-o e ele veio até mim prontamente.
Todas as manhãs, tardes e noites eu descia na casa para alimentá-lo, e
sabendo que Lucas estaria lá, fez-me pensar duas vezes antes de descer até lá,
mas era preciso, não sabia se ele o alimentaria. Cowboy veio até mim, e assim
fui até a lata onde se encontrava sua ração, enchi uma caneca e fui até sua
vasilha de inox e joguei a ração lá dentro.
Troquei também a água dele, e assim que me virei em direção a porta da
casa, Lucas estava parado lá, encostado no batente de braços cruzados me
olhando. Ele estava descalço, usava jeans e sua camisa jeans aberta, deixando
assim à mostra seu belo peitoral, e ali vi sua tatuagem de uma cruz. Então ele
falou:
— Comprei ração para ele, já iria tratá-lo, agora não precisa mais se
incomodar em ficar descendo aqui para fazer isso, eu mesmo vou cuidar dele. Se
é que você me permite fazer isso. — explicou-me.
— Você quem sabe, não é por que ele dorme aqui que você precisa achar
que ele é sua responsabilidade. - respondi.
— Gostei dele, e se não se importa posso cuidar dele.
— Ótimo. — eu o respondi séria e me virei para ir embora, então ele me
perguntou:
— Você também vai na tal figueira hoje à noite?
Virei-me em sua direção, olhei-o com a expressão fechada e nada respondi.
Virei novamente e me afastei indo embora. Eu não poderia criar expectativas
sobre ele, pois, João estava chegando para passar o fim de semana comigo.
Que delícia de homem era aquele! Que corpo maravilhoso. Meu sangue
ferveu ao ver seu peito nu e forte. Eu já havia tocado naquele peitoral, mas ver
nu e cru me deixou desestabilizada, então achei melhor sair logo de lá.
Em casa depois do jantar, que era sempre às sete da noite, subi para meu
quarto e fui ler meu romance preferido. Ir até a figueira àquela noite estava fora
de cogitação, já que João chegaria depois das dez, e se me pagasse lá embaixo,
seria aquele falatório do qual eu não estava nem um pouco a fim de ouvir.
Estava distraída quando o toc toc na minha porta me tirou a atenção.
— Entra. — respondi, e assim à porta foi aberta e Lana, foi quem entrou.
— Oi amiga, vim te buscar para gente descer na figueira. Vamos?
— Não vou poder descer lá hoje, João chega a qualquer momento depois
das dez. — respondi.
— Ah! Mas ainda são oito horas, até às dez temos muito tempo. Vamos lá
amiga. — insistiu.
— Não sei não, João não gosta que eu vá lá, você sabe. — respondi, e assim
ela sentou em minha cama. Eu estava sentada em minha poltrona lendo.
— O que está lendo aí dessa vez? — questionou ela curiosa.
— Chama-se Cunhado Perfeito.
— Cunhado é? Humm! É um daqueles eróticos que você gosta de ler?
— Sim, e esse tem uma delícia de história.
— Me empresta depois?
— Sim, claro.
— Então, amiga, vamos logo, já acenderam a fogueira, aqui de cima dá
para ver o fogo crepitando.
— Não sei se devo, não estou nem um pouco querendo me envolver em
brigas com o João.
— Estou louca para ver o Lucas com aqueles lindos olhos azuis, e aquela
boca deliciosa dele, com aquela barbinha sem fazer. Hummm!!! Me enlouqueceu
aquele homem. — falou encantada com o peão.
— Me diz amiga, a mim você não engana e o tal homem da sua vida que
você nunca me disse o nome, aquele proibido? - questionei-a.
— Cansei desse amor platônico, preciso mesmo é de um amor de verdade
para esquecê-lo.
— Hum! Entendi, nesse caso já pode me contar quem é.
— Esquece isso amiga, porque eu já esqueci. Minha meta agora é o Lucas.
Mexi-me inquieta na poltrona e me levantei. Fui em direção ao meu
banheiro e passei um pouco do meu perfume preferido e fui até meu closet pegar
uma bota para calçar. Eu estava com um jeans rasgado nos joelhos, blusinha três
quartos palha com a barra de renda. Estava decidida, iria dar uma passada lá na
figueira.
— Bom, acho que vou descer lá com você, e dar as boas-vindas para o peão
atrevido. — quando vi já tinha falado.
— Atrevido!? — perguntou-me ela toda assustada. — não me diga que ele
deu em cima de você?
E para consertar falei:
— Ah! Não liga para isso, aquele deve dar em cima de tudo quanto é
mulher em cima dessa Terra.
— Ele não deu em cima de mim. — falou lamuriando.
— Vamos logo vai, antes que eu desista disso.
Na frente de casa entramos na minha picape e seguimos em direção a
figueira, ficava um pouco longe para ir a pé, e todo mundo ia de carro.
Chegando lá, todo o pessoal do Haras já estava lá, a fogueira já estava
mesma acessa, e o fogo alto estalava queimando a madeira e estalando e eu
amava o som da madeira crepitando.
O pessoal já bebia e já estavam todos sentados em seus pedaços de troncos.
Os meninos que trabalham com meu pai e suas namoradas. Em cima de uma
mesa no canto tinham várias embalagens de pizzas. Era sempre assim, muita
bebida e comida farta.
Alana que era mais dada com todos, saiu cumprimentando todo mundo e
eu, como sempre fui mais na minha apenas dei um “oi” geral. Passei meus olhos
por todos os cantos e não vi o Lucas por lugar nenhum, nem sua caminhonete.
Me sentei entre uma raiz enorme e fiquei lá ouvindo os meninos tocarem
em seus violões. De longe vi o farol da caminhonete do Lucas, pelas minhas
contas, era só ele que estava faltando. E foi dito e feito, era ele.
Desceu e junto com ele desceu Cowboy, pelo jeito, Alana, teria um
concorrente a atenção do Lucas. Estava lindo, vestindo uma calça preta e uma
camiseta verde-claro, chapéu palha e bota. Quando viu ele se aproximando com
o violão nas mãos, Tonho, falou:
— Pessoal, esse aqui é o Lucas, é o nosso novo administrador.
Todos se levantaram e foram cumprimentá-lo e deram as boas-vindas.
Alana esperou todos fazerem isso e foi até ele e o abraçou e deu-lhe um beijo em
seu rosto.
Continuei encostada na figueira onde eu estava e ele me olhou e acenou
para mim com a mão, e eu o correspondi dando-lhe com a mão também.
Logo Lucas estava todo entrosado com a turma, bebendo e comendo com
eles. Lucas gostava de cantar e tocar violão e ele tinha uma linda voz, tão linda
que fiquei distraída vendo-o tocar com o pessoal que nem vi às horas passarem.
Uma hora ele ficou me encarando com aquele olhar sedutor e piscou para
mim, sem nem tomar o cuidado se alguém estava olhando ou não, e assim vi que
Alana viu e ficou me encarando com cara de poucos amores. Eu fiz cara de
paisagem.
De longe avistei o farol de outro veículo vindo em nossa direção, e como eu
estava toda encantada e ocupada demais em ficar reparando em cada expressão
facial do Lucas, nem me dei conta de quem poderia estar chegando. Continuei
distraída, quando Tonho fez sinal a mim.
Olhei para trás e meu coração simplesmente parou de bater. Esqueci
completamente que eu deveria estar em casa esperando meu noivo e não ali na
figueira.
João estava parado encostado em sua picape e nem se deu ao trabalho de
chegar perto onde todos estavam.
Levei meus olhos para Lucas, que simplesmente abaixou seu olhar,
deixando-me destruída. Despedi-me de todos de forma geral e fui até João.
— Já chegou amor? — perguntei da forma mais natural possível.
— Não, ainda estou em Brasília, na verdade, acho que eu não deveria ter
saído de lá. — respondeu sendo grosso.
— Por que isso?
— Sabe que detesto te ver no meio desses peões.
— Vamos conversar em casa. — respondi, sai de perto dele e entrei em
minha picape e fui direto para casa.

Capítulo 6

Marina
Cheguei em casa antes do João, desci da picape e fui entrando sem esperar
por ele.
Quando passei pela sala meu pai falou:
— Filha, João chegou e saiu furioso atrás você.
— Sim, pai, nós já nos encontramos.
João entrou logo em seguida e assim meu pai perguntou:
— Esse é aquele momento em que terei que ir ao meu quarto?
Respondi que não, ao mesmo tempo, em que João disse que sim.
— Sim ou não? — questionou meu pai, pois, já estava mais que
acostumado com nossas brigas.
Sem o responder, fui em direção as escadas e subi para meu quarto, não era
justo que meu pai tivesse que sair para que João e eu tivéssemos mais uma de
nossas muitas discussões.
Entrei no quarto e deixei a porta aberta, João entrou e a fechou atrás de si e
veio logo falando:
— Viajei de Brasília até aqui, morto de saudades da minha noiva e quando
chego onde eu a encontro? Me esperando? Não, não estava me esperando, estava
enfiada no meio do mato embaixo de uma árvore horrível escutando um bando
de desocupados tocar violão.
— Desocupados? Por que fala assim das pessoas? Não vejo muita ocupação
nos cargos de Deputado.
— Está me ofendendo para defender seus amiguinhos?
— Não pode sair de Brasília e chegar aqui me destratando só porque eu não
estava aqui te esperando feito a noivinha submissa que não sou, e você sabe
bem.
— Na verdade, era isso mesmo que eu estava esperando. Chegar aqui e te
achar linda e cheirosa esperando por mim, louca de saudades e louca para fazer
amor comigo. E como foi que te achei? Vidrada em um peão de merda que
estava tocando a porcaria de um violão.
— Chega, João! Vai para o seu quarto, não quero você aqui essa noite.
— Quem você queria hoje aqui? Se não me quer aqui é por que algo está
errado, você sempre me quis aqui antes. Você jamais estaria em uma fogueira e
não aqui me esperando, algo está errado com você.
— Não tem nada de errado comigo, só fui dar boas-vindas ao novo
administrador, assim como todos que estavam lá. Perdi a hora.
— Perdeu a hora por conta de um peão de bosta?
— Não fale assim dele, não é um peão de bosta, é o novo administrador. —
quando percebi, estava alterada defendendo o Lucas.
— Olha só isso, defendendo o novo peão. — João disse sendo irônico.
— Não se faça de bobo, você sabe o quanto gosto de escutar os peões
tocando. Cresci ouvindo-os cantar lá na figueira.
— Tem muita coisa aqui que vai precisar mudar, nosso casamento está
chegando, e acho que essa é a hora de colocarmos alguns pingos nos is. — disse
João me assustando.
Cruzei os braços e o encarei questionando:
— Do que está falando, João?
— Que sou um Deputado federal, e como minha noiva e futura esposa,
você precisa começar a pensar no futuro.
— Do que estamos falando aqui exatamente?
— Estou falando que esse Haras, os cavalos e tudo que diz respeito a essa
sua vida, vai passar a ser somente um passatempo, um hobby. O Haras vai ser só
o lugar onde passaremos os finais de semana quando der.
Não consegui aguentar e gargalhei.
— Está brincando comigo? Não está?
— Nunca falei tão sério na vida. — colocou as mãos na cintura.
— Não vou deixar as pistas se é isso que está insinuando, já havíamos
falado sobre isso, lembra?
— E na ocasião ficamos de falar sobre isso novamente. Lembra? —
retrucou.
— Não vou parar. — ressaltei.
— Você já tem 26 anos, já deu de brincar de amazona, né? Você tem toda
uma carreira de vitórias, é a hora de deixar espaço para as novas revelações
desse esporte.
— Escuta o que vou te falar João, pois, não vou repetir duas vezes.
— Estou escutando.
— Não vou abrir mão de nada na minha vida para ser a esposa de um
Deputado, para servir aos seus caprichos. Você sempre soube disso.
— Como é que é?
— É isso mesmo que você escutou, já me conheceu assim, e sempre soube
que eu não iria abrir mão de nada.
— Nem vou levar essa nossa discussão idiota adiante. Não passei horas
dentro de um avião, morto de saudades de você, para chegar aqui e ficarmos
brigando.
— Não é uma discussão idiota, é uma discussão esclarecedora, precisamos
mesmo acertar nossos ponteiros antes de nos casarmos.
Caminhei para a sacada do meu quarto, pois eu precisava de ar.

Lucas
Tudo estava perfeito aquela noite, ela estava linda e nem parecia a marrenta
que conheci na mesma manhã, eu tentava, mas não conseguia parar de olhar para
ela lá, sentada no meio daquelas raízes gigantes e suspensas. Em alguns
momentos, eu me sentia tocando só para ela, era como se não tivesse mais
ninguém ali conosco, mas tudo veio ao chão, quando ela foi embora com o noivo
que nem teve capacidade de se aproximar da roda e dar ao menos boa noite para
o pessoal. Aos poucos foi ficando frio e um a um, todos começaram a ir embora,
e como estava muito cedo ainda resolvi ir ao Celeiro.
— Ei Tonho, bora tomar a saideira no celeiro? — questionei-o.
— Vou nada, cara. Estou exausto e amanhã pego muito cedo. — respondeu-
me e entrou em seu carro e dizendo:
— Vamos Alana.
— Vou pegar uma carona com o Lucas. — respondeu-o sem nem me
comunicar.
Tonho deu de ombros e entrou no carro e saiu deixando-nos sozinhos
debaixo da figueira.
Alana acompanhou com olhar o irmão se afastar e me perguntou:
— Posso ir com você no Celeiro, Lucas?
— De jeito nenhum, vou te levar para casa, não quero confusão com seu
irmão.
— Acha mesmo que ele se importa comigo?
— Bom, mas eu me importo, não vou levar o bolo na festa.
— E se eu for sua festa, você me leva?
— E se eu te disser que não estou a fim?
— Qual é Lucas, me leva com você vai? — veio toda insinuante para o meu
lado.
— Qual o seu problema, mulher?
— Você!
— Não sou o seu problema, e nem estou a fim de ser, entendeu? Sobe logo
na caminhonete que vou te deixar lá em cima.
Ela entrou toda de cara feia, e ainda dividiu espaço com o Cowboy no
banco da frente.
Fiz o caminho de volta com ela insistindo para que eu a levasse comigo e
fui me perguntando: o que diabos estava acontecendo com as mulheres que não
se valorizavam mais? Lá em cima no Haras, para deixar a Alana em casa, tive
que passar na frente da sede, e quando fui me aproximando, vi a filha do patrão
na sacada, com seu noivo agarrado em sua cintura. Andei mais alguns metros, fiz
a curva para esquerda e parei em frente a casa da Alana. Desci e fui do lado da
porta onde ela estava e abri para que ela descesse com o cachorro.
— Poxa! Lucas, me leva com você vai? Prometo não estragar sua noite.
— Sem chance. — respondi e entrei novamente na caminhonete, fechei a
porta dei partida e sumir das vistas dela.
Marina
João agarrou-me pela cintura e tentou beijar-me pedindo desculpas e
dizendo que estava louco de saudades. De longe avistei quando Lucas, passou
com Alana na caminhonete e juntos saíram do Haras. Senti uma raiva tão fora de
propósitos se apoderar de mim, que empurrei João para longe de mim e entrei
para meu quarto.
— Amor, me desculpa vai, estou louco de saudades. — insistia, João.
— Saia agora João, o quarto de hóspedes já está pronto, pode ir.
— Não vim aqui para dormir na porra do quarto de hóspedes.
— Então durma na sala, durma onde você quiser.
— Quer saber? Vou embora para São Paulo, dormi na minha cama que
ganho mais, quando estiver com a cabeça mais fria me liga que volto.
— Se for para continuar achando que vai me colocar um cabresto, pode
esquecer. Já me decidi, João. Não vou me mudar daqui e nem abandonar as
pistas.
— Eu vou fingir que não ouvi isso, certo? Você está toda nervosa e vai
precisar pensar bem em tudo isso. Pense inclusive que são 6 anos de namoro e 6
anos não é um dia.
João saiu do meu quarto e escutei quando ligou o motor de sua picape e foi
embora.
Minha cabeça estava um nó, João estava certo e eu não podia jogar seis
anos de relacionamento a troca de um único dia. Que era tudo que eu tinha de
conhecimento sobre a existência do Lucas. Mesmo tendo mexido comigo de uma
forma que homem nenhum mexeu, nem João.
A imagem dele saindo do Haras com Alana me deixou enlouquecida de
ódio, ela conseguiu se grudar nele e estavam indo com certeza em algum motel.
Eu não tinha nem porque estar com tanto ciúme se havia acabado de conhecê-lo
e saí da figueira junto com João. Eu não tinha porque me sentir como estava me
sentindo. Lucas é livre, Alana é livre. Mesmo tendo plena consciência disso, não
conseguia tirar da minha cabeça nossos encontros, primeiro, quando ele chegou,
depois no escritório do meu pai e depois na casa que agora ele iria morar. A
forma como me prendeu, o calor de seu corpo, o som inebriante da sua voz
sussurrando em meu ouvido, que estaria me esperando sentado e eu galoparia
nele. E só de lembrar nisso, um frio percorreu minha espinha e parou em meu
ventre, despertando em mim um desejo louco por ele. Mas era Alana que iria
galopar nele. E pensar nisso fazia meu sangue ferver de ódio.

Lucas
Tudo que eu não precisava nesse momento da minha vida, é de uma Alana
grudada no meu cinto. E mesmo sabendo que eu deveria parar e refletir todos os
anos que se passaram e que eu perdi com a Sandra, e com isso, usar como
termômetro para minhas futuras relações, eu não estava fazendo. Ficar de quatro
por uma mulher no primeiro dia que a vi, não estava nos meus planos, mas
simplesmente era inevitável não pensar nela. O cheiro, o jeitinho meigo e bravo
ao mesmo tempo, o olhar que me encarava enquanto eu tocava. Um olhar sem
cerimônias, um olhar que me dizia tudo. Mas, não foi comigo que ela foi para
cama, e imaginar ela nos braços daquele sujeito, me fez querer beber todas e
mais umas no Celeiro.
Estava saindo agarradinho com uma morena que ia esquentar o lençol
comigo, quando senti um frio na espinha ao escutar aquela voz me chamando:
— Lucas! — Virei de costas com a morena grudada na minha cintura e
avistei o pesadelo caminhando em minha direção.
— Cai fora sua vadia, vai achar outro para você dar. — Sandra falou para a
menina, que eu nem sabia o nome.
— Não, pega aqui a chave e entra lá na caminhonete e me espera, está frio
aqui fora — dei as chaves para a menina e indiquei a ela onde estava a
caminhonete.
Olhei para Sandra, parada na calçada com as mãos na cintura com a pose de
dona do mundo. Nunca na minha vida, imaginei que fosse odiá-la com tanta
força. Era como se todo amor que achei que sentia por ela, tivesse sido arrancado
do meu peito com as unhas.
Suspirei e indaguei:
— O que você quer?
— Falar com você.
— Você é a última pessoa desse mundo com quem eu gostaria de falar
nesse momento.
Ela deu alguns passos em minha direção e colocou suas mãos em meu tórax
e falou:
— Não fala assim comigo meu potrinho.
Quando ela me chamou de potrinho eu gargalhei e retirei suas mãos de cima
de mim, dizendo:
— Potrinho!? Está louca mulher? Não sou seu, nem tão pouco potro. Se
liga! Acorda para nossa realidade, quero você longe de mim, Sandra.
— Lucas, fica comigo só mais essa noite, eu te imploro, deixa eu te mostrar
que você está errado e que ainda me ama e que podemos passar uma borracha no
que aconteceu.
— Você é louca mesmo, Sandra, quase acabou com a minha vida. De você
agora eu só quero distância.
— Eu vou ficar rica, metade das coisas do Greg são minhas, será nosso.
— Pois, eu quero distância da sua riqueza e de tudo que diz respeito a você.
Agora me deixa ir embora que à noite ainda é uma criança.
Dei-lhe as costas e ela gritou histérica:
— Lucas, eu te amo! Por favor, não faz assim comigo!
Entrei na caminhonete e fui aliviar a tensão daquele dia com a mulher que
estava me esperando.
Sandra era nada além de um fantasma em minha vida e mesmo depois de
transar com a morena, no quarto do hotel onde eu estava hospedado, eu só
conseguia pensar na oncinha, só que uma sensação de perda me possuía, ela
tinha dono e com mulher que tinha dono eu não iria mais mexer.
Capítulo 7

Marina
Passei à noite toda rolando na cama, não conseguia dormir e nem tirar
Lucas e Alana da cabeça, e imaginar que eles poderiam estar transando em
algum lugar desse mundo, me fazia odiá-lo, pois, jogou todo aquele charme para
cima de mim e saiu com a Alana. Era um mulherengo, isso sim. Pouco depois
das duas da manhã escutei o barulho de sua caminhonete chegando, no mínimo
deixou Alana em casa e foi dormir exausto.
Na manhã seguinte, acordei atrasada para treinar, sentei na cama e estendi
minha mão e peguei meu celular caindo de sono, nele havia uma mensagem do
João que dizia:
Amor, espero que repense nossa discussão de ontem, não pretendo voltar
a pisar aí no Haras enquanto você não aceitar os meus termos para nosso
casamento.
Aquela mensagem não ia conseguir estragar meu dia, eu não ia permitir que
ele me intimidasse daquela forma, e assim eu o respondi:
“Não haverá mais casamento.”
Coloquei o celular na cama e entrei no banheiro para tomar um banho e
despertar. Em seguida vesti uma calça marrom e uma camiseta polo branca com
o logo do Haras, enfie as botas nos pés e desci para tomar café. Sentei-me à
mesa e meu pai já estava tomando seu café e lendo o jornal, então falou sem me
olhar:
— Bom dia, minha querida.
— Bom dia, papai.
— João não quis ficar? — perguntou-me despretensioso.
— Não quero falar dele, pai.
Assim que o respondi, ele levantou seu olhar e me encarou todo
interessado, perguntando:
— Foi sério a coisa dessa vez?
— Pai, por favor.
— Sabe que só quero seu bem e me preocupo com você.
Levantei-me, peguei uma fatia de bolo e fui saindo, não estava com
paciência para responder um questionário de meu pai.
Faltava pouco para às dez da manhã e meu treino começava às 9:30h. O céu
estava nublado, nuvens carregadas, alertando da chuva que se aproximava
opressivas, e sentindo o ar fresco da brisa da manhã, desci em direção a pista,
então, constatei que o treinamento da Alana já havia terminado, já que ela se
encontrava fora da pista conversando com Lucas e Antônio. Passei por eles
comendo meu bolo de fubá e nem os cumprimentei, dessa forma Alana disse
sendo irônica:
— Ei amiga! Bom dia para você também.
Passei batida por eles sem responder e fui até a baia buscar a Mel, pois, bati
o olho na pista e o treinador não havia buscado ela.
Senti passadas fortes correndo atrás de mim e me acompanhar, e assim,
Alana, ficou lado a lado comigo, eu simplesmente não estava nem um pouco a
fim de ouvi-la contar sua noite com o peão.
— Ei amiga, o que está acontecendo? — indagou-me.
— Nada, eu estou bem. — respondi seca.
— Ah tá! Você pode estar qualquer coisa nesse mundo, menos bem, eu te
conheço, cadê o João? A picape dele não está aqui.
— Brigamos e ele foi embora.
— Não me diga que brigaram por que você estava na fogueira?
— Sim, exatamente. Hoje já me mandou uma mensagem dizendo que não
irá mais pisar aqui no Haras se eu não aceitasse as condições dele.
— Nossa... Isso é tudo culpa minha, se eu não tivesse te convencido, nada
disso teria acontecido.
— Ninguém é culpada, você não me amarrou, fui porque senti vontade.
— E o que respondeu a ele?
— Disse a ele que não haverá casamento.
— Repete! — Lana pediu assustada, estava lívida.
— Não vou mais me casar com ele, pois ele exigiu que eu me mude para o
apartamento dele em Brasília e não pretendo fazer isso. Quer que eu abandone as
pistas.
— Não posso acreditar no que estou ouvindo, não pode ser verdade.
— Mas, é.
O tratador ao qual pedi para selar Mel, veio com ela em minha direção e me
entregou suas rédeas, então fui logo falando com ela:
— Oi minha linda, dormiu bem meu anjo sem asas? — acariciei o pescoço
dela, Mel era tudo para mim e eu jamais suportaria ficar longe dela e aqui do
Haras.
Comecei a puxá-la refazendo o mesmo caminho de volta rumo as pistas e
Alana novamente acompanhava-me, então questionei:
— Mais e você, amiga, como se saiu com o peão dos seus sonhos? —
Perguntei curiosa e me mordendo por dentro.
— Com o Lucas?
— Sim, vocês não saíram juntos ontem?
— Quem me dera amiga, ele foi para o Celeiro sozinho.
— Vi você na caminhonete dele.
— É, mas ele me deixou em casa, me deu o maior fora e disse que não iria
levar o bolo da festa. Acredita nisso?
Meu coração acelerou de uma forma, que eu quase não consegui disfarçar o
sorriso em meus lábios, pois, por dentro eu sorri, gargalhei na verdade.
Quando novamente passamos por Lucas e Antônio, eles estavam conferindo
algo em uma prancheta nas mãos do Lucas, que da forma que estava de cabeça
baixa, ele ficou. Estava lindo, vestia uma calça desbotada e uma camiseta branca
colada ao corpo, uma jaqueta jeans e o mesmo chapéu palha que estava na
fogueira.
Parei ao lado deles com a Mel e Lucas encarou-me e sorriu com os olhos
brilhando e disse:
— Bom dia meninas! — acariciou Mel na cabeça e piscou para mim.
— Bom dia! — respondi e continuei puxando as rédeas de Mel até que
entramos na pista.

Lucas
Sorri para a filha do patrão e ela não retribuiu, eu ainda não conhecia seu
sorriso, pois, estava sempre muito séria com as expressões faciais sempre
fechadas, mas ainda assim era de uma beleza única. Senti uma tristeza em seus
olhos, embora tivesse respondido ao meu bom dia com muita naturalidade, senti
que algo não estava bem.
Ela entrou na pista de treinos desanimada, então, Tonho perguntou a irmã:
— O que houve com a patroinha? — era incrível como ninguém a chamava
pelo nome e eu estava simplesmente amando não saber, pois, aquilo já havia
virado um joguinho gostoso.
— Rompeu o noivado com o João. — Alana respondeu à pergunta do
Tonho e meu coração simplesmente descompassou em meu peito. Aquilo não
podia ser verdade, porque se fosse era bom demais da conta. Era simplesmente
inacreditável.
Então acabei falando:
— Bora trabalhar, Tonho, porque da vida dos patrões cuidam eles.
— Está certo. — respondeu e foi se afastando.
Aquela manhã ela treinou exaustivamente, vez ou outra eu ia até a cerca
para observá-la, e ela sabia o que fazer em cima daquela égua, ela era
simplesmente fantástica e estava conseguindo tempos incríveis. O treinador
estava por demais de satisfeito.
Pouco depois do almoço, Jorge desceu para as instalações e foi
pessoalmente me mostrar todo o Haras, e assim aproveitei para falar sobre
algumas ideias que eu havia tido para melhorar as coisas no Haras e
principalmente o desempenho de todo o plantel. De início estava irredutível a
permitir que os animais fossem soltos em pastos, eu não conseguia ver nenhuma
vantagem em manter os animais presos em baias o dia todo. Aquilo era triste por
demais e por fim, ele acabou concordando e dizendo que faríamos um período de
testes com os animais e iríamos analisar o comportamento deles.
Durante à tarde, só Alana voltou para a pista para treinar e confesso que
passei o dia todo esperando a oncinha aparecer novamente e nada.
Uma semana se passou, duas semanas haviam se passado e algo muito
especial estava brotando entre mim e a patroinha, que era como todos ali a
chamavam, ela ainda não havia me dito seu nome, e nem eu havia perguntado
mais, nem a ela e nem a ninguém. Seu sorriso também era uma incógnita para
mim, pois o pouco de tempo que passamos perto um do outro, ela estava sempre
muito séria, era muito reservada e na dela. Duas sextas-feiras haviam se passado,
e toda sexta o pessoal vai à figueira, mas ela não apareceu nem na primeira
semana, nem na segunda. O namorado não apareceu mais e tudo indicava que
haviam mesmo terminado. Alana, sempre com fortes investidas para cima mim e
quanto mais ela se jogava aos meus pés, mas eu a queria longe.
Ambas estavam treinando forte, pois, participariam das eliminatórias da
Festa do Peão em Barretos, elas me pareciam bem animadas, mas Alana era a
mais empolgada entre as duas.
A linda mulher a qual eu ainda não sabia o nome, não saía de sua toca e eu
é que não poderia ficar esperando ela resolver o que seria daquela nossa atração
tão incontrolável, quando estávamos próximos demais um do outro, parecia que
ia sair faísca. Então chegava os finais de semana eu ia sempre com o pessoal
para o Celeiro, único lugar decente para se frequentar, era meu bar preferido há
anos. Sandra nunca mais apareceu na minha frente e eu raramente me lembrava
dela, era sentimento morto em mim agora.
Era o segundo sábado depois do dia em que fui admitido no Haras do Jorge,
tomei um banho, aparei a barba, me perfumei e me produzi vestindo uma camisa
preta e um jeans. Íamos todos para o Celeiro. A única coisa ruim era ter que ficar
dando foras em Alana o tempo todo. Meu celular tocou e era meu pai, enquanto
terminei de me arrumar no quarto fui conversando com ele e contando as
melhorias que eu já havia conseguido fazer no Veloz, então terminei de falar
com ele e coloquei o celular em cima da minha cama.
— Vem amigão, hoje você fica do lado de fora até eu chegar, lembra? —
falei com Cowboy, que se levantou preguiçoso de seu colchonete pet e foi saindo
da casa. Até já sabia.
Peguei minha carteira, coloquei no bolso da calça e fui saindo e trancando a
porta, então, entrei na caminhonete e fui embora, passei em frente à sede e não vi
a mulher que tanto eu ansiava em ter em meus braços, mas pelo visto, eu ia só
ficar sonhando com ela, mas pelo menos ela tinha conseguido tirar Sandra da
minha cabeça.

Marina
João me ligava todas às noites, e sempre com as mesmas exigências, se eu
não fosse morar com ele em Brasília, nosso casamento não iria acontecer. Ele
não conseguia entender que nosso noivado havia chegado ao fim, mesmo eu
estando repetindo aquilo há duas semanas. Algo havia se quebrado entre nós, um
elo havia se rompido e com a paixão que eu vinha nutrindo escondida por Lucas,
é que eu nunca mais voltaria mesmo para o João. Não havia mais nenhuma
possibilidade. Eu havia desmarcado o casamento no civil, pois, na igreja não
poderíamos mesmo nos casar, já que João já havia sido casado no passado. Para
a recepção estávamos planejando algo muito simples aqui mesmo no Haras e
isso eu também havia cancelado. Tudo que dizia respeito ao meu casamento,
havia sido desmarcado. Enquanto que João não se conformava, eu me sentia
plena e livre. Só não conseguia sair ainda, pois, não me sentia preparada, foram
seis anos vivendo fechada em um mundinho onde existia somente João e eu.
Como acontecia todos os finais de semana, Lucas passou em frente minha
sacada indo para balada no Celeiro, eram nove e meia da noite. Escutei o ronco
de sua caminhonete, então saí na sacada e vi apenas a carroceria dela. O tempo
estava fechado, ventando muito e ia cair muita chuva e não iria demorar, então,
lembrei do Cowboy, que ficava do lado de fora quando Lucas saía. Com a chuva,
se não virasse a casinha dele de lado, ele iria se molhar todo. Saí do meu quarto,
desci as escadas rumo à sala, e encontrei com meu pai que estava lá em frente a
sua TV enorme assistindo a um jogo de futebol.
Passei por ele e o avisei:
— Pai, vou dar um pulinho lá na casinha do Cowboy, o tempo está
fechando e vai chover, e se a chuva for muito forte vai molhar todo ele, preciso
virar a casinha dele contra à chuva.
— Filha, por que diabos não traz logo esse cachorro para morar aqui em
cima?
— E ele fica por acaso, pai? Já tentei, lembra?
— Sim, sim. Não se demore, senão quem vai tomar chuva é você.
— Não vou me demorar.
— Quando você voltar à porta estará encostada, já vou subir para meu
quarto, estou morto de cansaço, Lucas está me esfolando, contratei o melhor
administrador de todos os tempos. Você bem que podia se casar com ele, assim
eu iria poder morrer tranquilo, já que não tenho um filho homem.
— Pai, vou fingir que não escutei isso, ok?
Ele sorriu com aquele jeito de melhor pai do mundo e respondeu-me:
— Ok, mas não se demore.
— Tudo bem, vou num pulo e volto no outro.
Capítulo 8

Marina

Desci em direção a casa do Lucas e ele havia deixado uma lâmpada acesa
para não deixar o Cowboy no escuro, só poderia ser. Quando me viu, o cachorro
fez a maior festa comigo, então virei sua casinha em uma direção que eu sabia
que a chuva não entraria em cheio dentro da casa. Por muitas vezes tentei fazê-lo
se acostumar a dormir lá na casa grande, mas ele sempre voltava para cá.
Lá de baixo escutei o motor de uma caminhonete, mas como a do Tonho
tinha o mesmo ronco que a do Lucas, nem dei bola e continue conversando com
o Cowboy.
— Ei amiguinho, vamos precisar avisar ao seu dono, que ele não pode sair e
deixar você aqui fora com a casa virada para o lado de onde a chuva vem.
Alguém me respondeu e eu simplesmente paralisei com o som daquela voz
que vinha pelas minhas costas:
— Eu sempre viro a casinha dele, é que hoje saí tão apressado que me
esqueci desse detalhe e do meu celular também.
O som daquela voz fez meu estômago gelar, eu estava de costas e juro que
fiquei sem coragem de me virar para encará-lo, pois, eu estava morta de
vergonha de estar ali.
Por fim, me virei em sua direção, e ele estava estonteantemente lindo,
estava sem chapéu e de camisa preta, segurando a chave da caminhonete na mão.
— Boa noite! — falei sem saber o que dizer.
— Boa noite, patroinha.
Quando escutei ele me chamando de patroinha, achei graça e abri um
sorriso para ele, toda envergonhada.
Ele ficou sério, encarando-me de uma forma diferente, fiquei sem graça e
desviei meu olhar, e assim ele falou todo encantado:
— Você sorriu para mim, é a primeira vez que vejo seu sorriso e ele te
deixou ainda mais linda. — terminou de falar e mordeu os lábios inferiores,
fazendo-me contorcer por dentro.
Quando ele falou aquilo, não resisti, abaixei a cabeça e sorri novamente
achando graça da forma deleitosa que falava.
Ele deu três passos em minha direção e de uma forma abrupta pegou na
minha cintura e falou:
— Por favor, não faz assim comigo, não sorri assim para mim com essas
covinhas, que eu enlouqueço.
— E que mal há em enlouquecer? — questionei.
— Você é uma mulher comprometida, não é?
— Não sou mais, há duas semanas.
— Então isso é mesmo verdade? Digo... É para valer?
— Sim.
Sua respiração estava ofegante, aumentando os movimentos do seu
diafragma, então ele passou sua mão em minha nuca e me puxou para perto dele
e sussurrou em meu ouvido fazendo-me fechar os olhos:
— Estou esperando.
— O que? — sussurrei toda mole naqueles braços que me prendiam e
seguravam com força.
— Que me peça um beijo. — disse e mordeu o lóbulo de minha orelha e
depois passou sua língua. Aquilo fez um frio percorrer meu abdômen e minha
vagina se contrair com uma sensação deliciosa invadindo-a.
O clima ficou tenso entre nós e sentir seu cheiro maravilhoso e sua voz não
me ajudou muito quando voltou a sussurrar:
— Você não quer?
— Não. — respondi mole, louca para que ele me beijasse logo.
— Não mesmo? — murmurou em meu ouvido novamente.
Quando ele insistiu na pergunta, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram
e os músculos de minha vagina se contraíram de desejo, eu queria aquele homem
mais que tudo. Segurando em minha nuca e puxando-me para ele, passou a
beijar o meu pescoço com carinho passando inclusive sua língua em mim e me
levando a loucura. Minha vagina esquentou e passou a se lubrificar. Era só
desejo reprimido há dias, era muita vontade de tê-lo.
— Vamos minha oncinha, me pede. — suplicou.
Ele havia me dito que me faria implorar por um beijo dele, mas eu não
poderia me submeter a ele daquela forma. E não iria pedir o beijo, eu jamais
faria isso. Eu tinha certeza que não faria, até o momento em que ele roçou a
barba em mim, levou sua mão esquerda em minhas nádegas, e me puxou rumo a
sua ereção que já estava completamente febril.
Fiquei mole, desejando-o ardentemente.
— Estou esperando, não demora, por favor. — falou com a mão grudada
em minha nuca com os dedos enfiados em meus cabelos e a outra apertando
minha bunda, só me esperando pedir.
Nossos corpos estavam desesperados um pelo outro, nossas mentem
borbulhavam de tesão e o sobe e desce da respiração dele estava me
entorpecendo.
Então implorei completamente vencida.
— Me beija! Me beija, Lucas, por favor me beija.
Assim que aquela súplica saiu de meus lábios, Lucas fez um movimento
rápido e me encostou na porta da casa e invadiu minha boca com a sua, e passou
a beijar-me de forma desesperadora. Sua respiração estava ofegante e ele me
apertava com seu corpo forte, me tocava e me devorava em um beijo revelador,
ele me queria tanto quanto eu o queria. Nossas línguas estavam se conhecendo,
se tocando e se chupando; se amando. Lucas mordeu de levinho meu lábio e o
sugou sussurrando:
— Esperei tanto por essa boca.
Continuou me beijando de uma forma intensa, segurando nas laterais do
meu rosto, que estava em brasa. Eu não lembrava de sentir tanto tesão em um
beijo há anos. Enquanto me beijava, enfiou as mãos em seu bolso e pegou as
chaves da casa e sem parar de me beijar foi tateando a porta procurando o buraco
da fechadura. Destrancou, me segurou pela cintura com suas mãos fortes e abriu
a porta e sem desgrudar dos meus lábios, foi me direcionando para dentro.
Quando Cowboy foi entrando, Lucas me soltou e disse:
— Hoje não amigão, hoje ela é só minha. — colocou o coitadinho para fora
e fechou à porta.
Voltou para mim me encarando com tanto tesão que achei que iríamos
juntos explodir entorpecidos um pelo outro.
— Só minha. — sussurrou e voltou a me pegar pela cintura e a me beijar
novamente, levando-me nas nuvens, eu me sentia flutuar grudada naqueles
lábios fartos e macios. Ele saía dos meus lábios, ia ao meu pescoço e o beijava,
chupava e mordiscava minha orelha e em seguida voltava devorando meus
lábios. Levei minhas mãos na barra da calça e puxei a camisa dele para fora e
um a um fui desabotoando os botões da camisa, que quando aberta me deu a
visão mais excitante que povoava minha mente desde o dia que o vi sem camisa.
Então ele parou de me beijar e ficou fitando-me e falou:
— Eu sonhei com esse momento, sonhei com você me despindo.
— É? — perguntei com a voz cheia de luxúria, e assim, levei minhas mãos
em seu peitoral liso, forte e definido, e passei a apertá-los e fazer um movimento
subindo e descendo até o abdômen dele, apreciando cada músculo. E quando eu
passava minhas mãos em seu abdômen eu o sentia se contrair todo e Lucas
fechou seus olhos. Levei minha mão no zíper da sua calça e abri, sem tirar meus
olhos dele. Ele me puxou novamente e voltou a me comer com a boca, penetrava
sua língua em mim e eu já estava tão molhada de desejo, que sentia a umidade
em minha calcinha.
No meio do beijo entorpecente, ele retirou meu vestidinho e me deixou só
de lingerie. Desabotoou meu sutiã e o retirou do meu corpo enquanto me
beijava. Passei minhas mãos em seus ombros e levei meus dedos a camisa que já
estava aberta, a tirei de seu corpo com gana e a joguei longe pelo chão. Lucas
desceu seus beijos em meu colo, segurou forte em minha perna e a ergueu
alisando-a enquanto levou seus lábios em meus seios e passou a chupá-los, me
deixando mole. Sua língua circulava o bico e aquela língua ia me levar a
combustão, de tão deliciosa que era. Eu me contorcia e me jogava para trás.
Voltou para meus lábios e sua língua fazia um sexo intenso com a minha, ela
sugava e me levava ao extremo do desejo de ser possuída por ele.
— Lucas! Lucas!
Ele me soltou e foi tirando suas botas e a calça então ficou só com sua
cueca box branca, e aquela visão, aquela ereção era enorme que eu estava louca
para tocar no que tinha ali por dentro.
Ele voltou para mim, me olhou de cima à baixo e falou:
— Você é linda demais, nua só para mim.
Eu sorri e ele me grudou novamente, e sem a calça, agora eu sentia sua
ereção bem mais nítida me encostar e senti-lo tão excitado me fazia queimar,
minha vagina estava entrando em erupção de vontade dele, de senti-lo entrando
em mim. Ele tinha uma boca deliciosa, um beijo quente e cheio de tesão, voltou
a me beijar ensandecido, e assim, criei coragem e levei minha mão em sua
ereção, e quando fiz, senti um arrepio percorrer meu corpo.
— Ohh! — Lucas gemeu gostoso quando enfiei minha mão por dentro
dessa vez e passei a massageá-lo enquanto me beijava. Sai de sua boca e desci
beijando-o no tórax, abdômen e ele gemia ao contato de minha boca. Me abaixei
e fui retirando sua cueca o encarando e ele não tirava os olhos penetrantes de
mim. Quando tirei a cueca a uma certa altura, aquele belo garanhão ficou livre e
como era deleitoso, minha boca se encheu de água, então eu o levei até meus
lábios e passei a chupá-lo, era tão forte quanto o dono. Segurei em sua extensão
e usava a mão em um movimento de vai e vem enquanto o sugava e o lambia
inteiro. Lucas não tirava os olhos de mim e se contorcia todo quando eu o
chupava só na cabeça.
— Aí, adoro isso, chupa a cabeça, oncinha.

Lucas
Ela era toda minha, eu tinha uma mulher em meus braços, que não tinha
dono, era só minha e eu estava perdidamente apaixonado, eu simplesmente
amava tudo naquela mulher, desde o fio de cabelo até sua braveza. Mas ela
estava ali comigo, estávamos fazendo amor sem nenhum tipo de amarra, sem
nada que pudesse nos impedir.
Ela estava ajoelhada em meus pés e chupava meu pau com tesão, aquela era
a imagem que nem em meus momentos de ficar só imaginando em tê-la, eu
idealizei. E era tesão demais, era gostoso demais sentir sua boca macia e
molhada me chupar naquele movimento torturante de vai e vem. E quando ela se
dedicava na cabeça do meu pau, eu ia ao delírio. Esperei muito por aquele
momento para ficar perdendo tempo, eu estava louco de tesão por ela, então, eu
a levantei e busquei seus lábios. Voltei a devorá-los de forma alucinante e queria
sentir o calor no meio de suas pernas, e assim levei minhas mãos em sua vagina
e constatei que ela já estava mais que pronta para me receber. Peguei minha
calça no chão e de lá tirei minha carteira e peguei uma camisinha, e encarando-a
fui vestindo meu pau, então, puxei-a para mim novamente e peguei em suas
nádegas e a impulsionei para grudar em minha cintura, eu estava louco para
foder ela de pé e com toda aquela lubrificação dela fui me encaixando devagar, e
ela gemeu encarando-me enquanto eu me enfiava todo nela.
— Ohhh! Lucas! Lucas que delícia! — estava mole em meus braços,
suspensa em meu pau.
— Hoje finalmente eu vou te amar minha oncinha. — falei e passei a mover
suas nádegas em direção ao meu pau que foi se enfiando nela com calma e com
tanto tesão que parecia que iria explodir naquele momento. Eu a desejava de
forma doentia, eu estava febril de tanto desejo. Ela grudou em meu pescoço e
passou a subir e descer do meu pau e a me beijar de uma forma deliciosa. Porra
de mulher gostosa! Estava toda encharcada de prazer, mexia e rebolava e me
engolia todo, enquanto eu a sustentava no meu colo, presa apenas em meu pau,
que a fodia com vontade e estava uma tora de tão duro. Cada estocada um beijo
e ela mexia exigente em busca de minha penetração.
Nossas respirações estavam eufóricas, era muito tesão acumulado, foi muita
espera até tê-la ali em meus braços. Estoquei, estoquei, beijei, devorei-a e meti
gostoso naquela oncinha que iria me dizer seu nome no momento certo.
Caminhei com ela presa no meu pau para meu quarto, lá, puxei a cadeira que
estava na escrivaninha do computador e me sentei com ela em meu colo. Eu
esperei por ela por mais de 15 dias, e era sentado com ela galopando em mim,
que ela ia me dizer seu nome e eu estava completamente ansioso para saber,
pois, um milhão de nomes já haviam se passado pela minha cabeça. Me sentei
com ela encaixada em mim.
Marina
Lucas se sentou em uma cadeira comigo sem nem mesmo desencaixar seu
pau de mim, e quando se sentou, senti-me preenchida totalmente por ele,
inundada por um prazer que há tempos eu não sentia, acho que estar
perdidamente apaixonada por ele e ter me mantido afastada, ajudou nisso, pois,
agora a entrega era bem maior. Seus beijos eram úmidos e me deixava
enlouquecida. Passei a subir e descer no pau dele com ele segurando firme em
meu quadril ditando um ritmo delicioso em cada estocada ritmada.
— Isso minha oncinha, mexe gostoso para mim, mexe.
Eu galopava em seu pau e não queria outra coisa na vida, Lucas segurava
firme em meu rosto e me beijava cheio de paixão, e mordia meus lábios
gemendo baixinho.
— Oh, oh, oh gostosa, rebola, rebola gostoso, assim.
Eu rebolava encarando-o e buscando seus lábios a todo instante e suas mãos
quentes percorriam minhas costas e minha cintura, elas exigiam movimento e
velocidade.
— Mexe, mexe, mexe gostoso, mexe oncinha.
Ele me pedia, eu mexia enlouquecida, Lucas era gostoso demais e eu
demorei tanto tempo para descobrir isso. O mundo estava caindo lá fora em uma
tempestade e por mim podia durar semanas.
Aquela posição em cima da cadeira me deixava enlouquecida, pois,
galopando eu me sentia livre, me sentia dominando, então eu subia e descia,
rebolava e Lucas me forçava cada vez a ir mais fundo na penetração. Era muito
prazer e Lucas estava extasiado, e mexia sem parar se enfiando em mim com
força e me fodendo como um verdadeiro animal.
— Mexe minha oncinha, mexe — eu rebolava gostoso, sentindo todas as
partes de minha vagina serem friccionadas pelo nosso contato ardente. Eu estava
em ebulição e ia explodir a qualquer momento. Subi e desci, subi, desci, gemia
sem medo e agarrava em seu pescoço buscando seus beijos sem deixar de
rebolar em busca do meu orgasmo.
— Vai, vai minha oncinha, vai, goza para mim, gozaaaa, mas não esqueci
de me dizer seu nome.
Ele levou sua boca em meus seios e passou a chupar me encarando todo
cheio de tesão, e assim passei a mexer mais rápido, a rebolar, subir e descer em
cima de seu pau, e fui enlouquecendo com ele me chupando os seios e os
lambendo e sugando.
— Lucas, Lucas, Oh! Que delícia. — galopei, galopei, galopei e comecei a
sentir todos os músculos de minhas pernas e vagina se contraírem e me antecipar
a sensação mais enlouquecedora do mundo, senti meu coração acelerar, fui
perdendo a noção de espaço e sentindo seus lábios me chupar, e naquele ritmo
comecei a perder os sentidos quando os espasmos do meu orgasmo tomou conta
do meu corpo fazendo com que tremores me invadissem me levando ao êxtase
de meu prazer, fazendo-me gemer:
— Ohhh! Ooh Lucas, ahhhhh, ownnnn Meu Deus! ohhhh.
— Fala! Fala o seu nome, falaa.
Então em meio a meus gemidos, exatamente como ele falou que seria, e
galopando sussurrei meu nome:
— Ohhh, ahhh, Marina, eu sou Marina.
— Marina! — ele repetiu deleitoso.
Segurou forte em minha bunda e se levantou comigo no colo e me levou
para cama. Me colocou deitada no meio dela e veio se arrastando em minha
direção e me cobriu com seu corpo forte e musculoso. Veio em direção aos meus
lábios e passou a beijar-me enlouquecido.
— Ah! Marina. — sussurrou grudado em meus lábios e me invadiu
novamente. — Ohhh! molhadinha, molhadinha.
Forçava seu corpo devagar em cima de mim, subindo e descendo lento e
torturante, penetrando e bombando com cuidado. Fazia isso e me beijava. Nossas
línguas se entrelaçaram em nossas bocas e ele sugava a minha e me estocava
gostoso. Passou a intensificar nosso beijo ao mesmo tempo, em que passou a me
estocar com mais vontade, metendo, metendo, bombando, estocando e gemendo
a cada estocada ritmada.
— Oh, oh, oh Marina, porra de nome gostoso. Marina. — metia, metia,
intensificando a velocidade e me comendo com força, fazendo-me delirar e
arranhá-lo em suas costas. Pof pof pof pof pof pof, metia, metia forte, com seus
braços envoltos de minha cabeça. Eu estava adorando ver suas expressões faciais
de prazer e seu suor escorrer.
— Oh, ohhh, ohhh!
Metia insistente sem se cansar, bombava, bombava e suas estocadas iam
fundo me fazendo gemer de tesão. Ele me virou de costas e puxou minhas pernas
deixando-as esticadas, começou a me beijar nas costas, desde o pescoço e
descendo por todos os cantos me fazendo contorcer toda com aquele carinho,
então voltou a me penetrar, enfiando-se em mim com cuidado e aos poucos foi
metendo, e bombando com estocadas compassadas e fundas.
— Oh, oh, ah ah — eu gemia a cada fincada dele fundo em mim.
Então foi aumentando a velocidade e dizia estocando-me:
— Marina, Oh! Marina, Marina. — estocava com muita força e gemia
dizendo meu nome. Sentia suas mãos quentes em minhas nádegas enquanto
grudei nos lençóis brancos sentindo suas estocadas firme e deliciosas.

Lucas
Nunca estive com uma mulher que tivesse me deixado tanto tempo de
molho a espera dela e a cada estocada e a cada gemido de Marina, eu percebia
que havia valido a pena esperar por ela. Eu bombava, bombava e metia forte nela
que estava grudada nos lençóis gemendo alto a cada enfiada do meu pau naquela
bunda gostosa.
— Oh, oh, oh, — ela gemia respirando afobada a cada estocada minha.
— Goza para mim, Lucas, Gozaaaa. Gozaaa.
Senti minha respiração acelerar, meus batimentos descompassar e eu sabia
que estava chegando perto do meu orgasmo, e assim, fui diminuindo minhas
estocadas, saindo fora de mim, completamente entorpecido de tesão e prazer, e
dando estocadas mais leves, gozei surrando o nome dela, no pé de seu ouvido.
— Ohhhhhh, ooh, porra, porra, ooooh! Marina, Marina. Ohhh! — aquilo foi
tão intenso que acabou com minhas forças.
Deixei meu corpo cair sobre o corpo dela e passei a beijá-la na nuca, ela
estava exausta, mole, caída na cama. Então me virei de costas e respirei fundo
olhando para o teto. Marina fez o mesmo e se virou deitando de costas.
Então ela disse ofegante:
— Ah! Meu Deus, que homem é esse? Que sexo foi esse?
— Esse homem é seu agora. — respondi.
Terminou de falar e começou a rir sem parar e era a primeira vez que a via
rindo assim.
— Pode me dizer do que a senhorita Marina Mello, está rindo?
— De você, Lucas.
— Isso eu sei, quero saber que parte de mim é tão divertida assim?
— A cadeira, Lucas. Não acredito que se sentou para que eu galopasse em
você e dissesse meu nome.
— Ah! Achou que eu não cumpria minhas promessas? —Joguei meu corpo
sobre ela e passei a rir junto com ela.
— Você cumpre sim, divinamente, se quer mesmo saber. — respondeu-me
ela exaurida.
Não aguentei ficar olhando para tanta beleza e a beijei demorado, deixando-
a sem fôlego.

Capítulo 9

Marina
Lucas era uma delícia de homem e eu me perguntava porque demorei tanto
tempo para cair em seus braços e em seus beijos, que eram uma delícia sem nada
igual.
Ele me encheu de beijos enquanto eu ria sem conseguir parar, pois, ele
conseguiu me fazer falar meu nome enquanto eu gozava galopando no colo dele
e aquilo foi incrível, foi delicioso, nos braços dele, vi que ele conseguiria tudo de
mim, pois, ficou mais que provado que eu já estava louca por ele, e nem nada
nem ninguém iria conseguir nos afastar.
— Você é linda demais sabia? Adoro suas covinhas. — tocou em minha
bochecha com carinho e depois veio beijando-as até chegar em meus lábios. —
linda, linda, linda. — falava e me beijava de forma estalada.
Ele estava com seu corpo sobre o meu, com os braços do lado de minha
cabeça, me encarando quando falei:
— Lucas, vamos precisar conversar.
— Pode falar minha oncinha, estou te ouvindo.
Engoli em seco e criei coragem para dizer:
— Alana. Ela está apaixonada por você.
Lucas se jogou para o lado na cama saindo de cima de mim no mesmo
segundo em que ouviu minhas palavras, então resmungou:
— Não, por favor, Marina, não vamos falar sobre isso agora.
— Lucas é preciso. — insisti.
Ele ficou nervoso e se sentou na ponta da cama.
Levantei-me e fui buscar meu vestido e minha calcinha que estavam na
sala, e depois de usar o banheiro dele eu me vesti. Quando voltei no quarto ele
havia colocado sua cueca branca e estava lindo demais enfiado nela. Veio em
minha direção e me abraçou pela cintura, então avisei que já estava indo embora:
— Preciso ir, antes que meu pai perceba que não voltei.
— Ah! Não Marina, fica essa noite aqui comigo, seu pai nem vai perceber,
além do mais olha só essa chuva.
— Nãooo, seu maluco.
— Você é solteira, eu sou solteiro. O que nos impede de dormimos
abraçadinhos aqui à noite toda?
— Não quero que me vejam saindo daqui, não ainda. — expliquei e quando
ele ouviu o que disse senti suas mãos bambearem em minha cintura.
Lucas fechou o cenho, soltou de minha cintura e foi até uma gaveta e pegou
um short de dormir e se vestiu de cara fechada.
— Já entendi, a filha do patrão não quer ser vista com o peão do Haras.
Fui até ele, toquei em seu rosto e o segurei fazendo-o me encarar.
— Lucas, não é nada disso seu bobo, eu vou amar poder desfilar com um
homem gostoso igual você por aí, vou amar poder caminhar de mãos dadas com
você e ostentar meu homem.
— Então não estou entendendo porque isso não pode ser agora.
Ele virou de costas para mim e se sentou na beirada da cama e uniu as
mãos.
— Lucas, só faz 15 dias que eu terminei um noivado de 6 anos, não vai
pegar bem para mim, sair por aí com outro homem. Até se fosse só isso, tudo
bem, mas tem a Alana. Ela é minha amiga de toda a vida. Fomos criadas juntas
correndo por esses pastos. Sempre fomos inseparáveis. Ela é a definição do que
eu tenho de irmã.
— Deixa ver se eu entendi. Está me pedindo para fingir que essa noite não
existiu? Está me pedindo para fazer cara de paisagem todas às vezes que
estivermos perto um do outro?
— Só até eu contar tudo a ela.
— E quando será isso?
— Eu preciso arrumar coragem.
Ele levantou furioso da cama e encarou-me com o olhar mais suplicante,
dizendo-me:
— Marina, por favor, me pede qualquer coisa, menos para ser só uma
sombra, porque isso eu não aguento mais. Não vou aguentar ficar dissimulando
perto das pessoas. Não vou conseguir disfarçar que estou louco por você. Não
quero mais isso para minha vida, entende?
— Isso é sobre a outra mulher? A que estava falando no telefone no dia em
que o atirou na parede?
Ele caminhou no quarto e foi até próximo da janela, abriu-a e se inclinou
sobre ela. Lá fora à chuva caia torrencial.

Lucas
Marina tocou em uma ferida ainda aberta, mas quando bati meus olhos nela
e os pelos do meu corpo se arrepiaram e aquele desejo louco e desenfreado tocou
em mim, fazendo-me querer saber seu nome, metade da minha ferida foi
fechada. Fora muitos anos para dizer que já estava cicatrizada com pouco mais
de 20 dias.
— Sim, é a mulher do telefonema. — respondi sem encará-la.
— Sandra, a ex mulher do Greg Mattos? — questionou-me Marina já tendo
certeza da resposta.
Virei-me e continuei encostado na janela, cruzei os braços questionando-a:
— Como sabe disso?
— Escutei meu pai comentando com o Antônio um dia desses. Quer falar
sobre isso?
— Marina, ela é passado agora, está morta para mim.
— Você já jogou terra em cima?
Demorei a responder e dei margens para Marina usar aquilo contra mim,
dizendo-me:
— Está vendo, não sou a única que precisa resolver problemas para
embarcar de vez na nossa relação, você também precisa.
Caminhei até ela a passos largos e a agarrei pela cintura novamente.
— Não, você está enganada. Aquele passado está enterrado, já joguei terra
em cima dele. Não tenho mais nada com aquela mulher e nem quero ter. Quero
você agora, Marina. Só não queria que fosse tudo às escondidas. Quero uma
mulher para chamar de minha, para poder levar para jantar, para dançar
coladinha comigo em público.
Marina me olhou com ternura, passou sua mão em minha barba e eu fechei
os olhos ao seu toque delicado e senti quando seus lábios tocaram nos meus.
Aquele beijo tranquilo, cheio de paixão me acalentava e me enchia de calor.
— Dez dias, Lucas, é só o tempo que preciso. Quando Alana e eu voltarmos
de Barretos contarei a ela, não posso fazer isso antes, compreende? Isso vai
abalar nossa amizade e não quero que ela esteja mal nas seletivas.
— Tudo bem, eu não tenho como negar isso a você. — respondi e a abracei
forte dizendo: — Só tem uma condição.
— Que condição? — ela quis saber.
— Vai ficar aqui comigo até essa chuva passar.
— E se não passar?
— A gente fica se amando.
Ela sorriu sem me negar a condição.
Levei minhas mãos em seus cabelos e os afastei de seu rosto e a encarei.
Como ela era linda com seus traços delicados, não resisti e busquei seus lábios
mordendo o inferior e puxando-a para mais perto de mim, não queria que fosse
embora, queria cada segundo daquela noite só para mim, já que teria que esperar
mais de dez dias para tocá-la, onde e quando eu quisesse. Beijei-a com carinho
sentindo a maciez de seus lábios. Ela era tesão puro, não consegui me controlar e
fui sentindo minha ereção crescer dentro de minha cueca e eu a queria
novamente. Passei a intensificar nosso beijo fazendo-a entender que eu a queria
novamente.

Marina
Lucas sabia como me enlouquecer, sabia como me amolecer. Ele segurou
firme em minha cintura, seus braços eram fortes, tudo nele era grande e
corpulento. Me beijava de uma forma exigente e sua ereção indicava que a noite
seria longa e que eu certamente não iria conseguir sair daquele quarto nem se
quisesse. Lucas me segurou pela cintura com o braço esquerdo, forçando-me a
sentir seu pau latejante. E senti-lo excitado daquela forma já fez minha vagina se
esquentar novamente, pronta para recebê-lo. Que delícia de beijo, que delícia de
homem ele é.
Estávamos respirando de forma eufórica e sua língua passeava na minha
boca acariciando a minha e chupando-a, fazendo-me arfar de desejo por ele
novamente.
— Lucas!!! Preciso ir. — resmunguei fazendo-me de difícil sem sair dos
seus braços e lábios.
Ele nem se quer me respondeu, enfiou suas mãos por baixo do meu vestido
e o tirou do meu corpo novamente. Sem tirar seus lábios dos meus ele me deixou
livre de meu sutiã, que nem senti quando aberto, e quando percebi ele estava me
direcionando para cama novamente, beijando-me, até que senti meus joelhos
encostarem na cama, e assim virei meu pescoço e olhei para ele e fiz sinal que
não com a cabeça e ele fez que sim com a sua, me pegou no colo e me colocou
no centro da cama. Lucas tirou seu short e sua cueca sem nenhuma cerimônia,
então senti um frio percorrer minha espinha quando vi que ele já estava duro e
enorme, que pau gostoso ele tinha, e quando vi aquele homem vindo em minha
direção, segurando uma camisinha na mão, senti todas as terminações nervosas
da minha vagina se espremerem e desejar muito aquele pau. Era uma sensação
nova para mim, João nunca tinha tanta disposição para me amar mais de uma
vez. Nem bem terminei de pensar nisso, Lucas já estava novamente retirando
minha calcinha e me encarando com cara de safado, com aquela barba escura,
mas bem aparada que me enlouquecia. Depois que tirou minha calcinha, vestiu
seu pau com a camisinha e veio me cobrindo com seu corpo forte. Quando se
abaixou e se encostou em mim, senti seu calor percorrer meu corpo e um desejo
louco tomou posse de mim, assim passei minhas mãos envoltas de seu pescoço e
exigi seus lábios tentando trazê-los para os meus, mas para me deixar mais
desejosa ainda, ele endureceu o pescoço e ficou rindo para mim sem me permitir
beijá-lo.
— Implore! — mordeu o lado esquerdo da boca me provocando, seus olhos
brilhavam e um sorriso luxurioso se formou em seus lábios.
Sua ereção encostada em mim, minha boca louca pela boca dele, minha
vagina sedenta por ele, e ele fazendo joguinhos comigo.
Não implorei, então ele relaxou o pescoço e desceu até meus lábios, mas
para me provocar, chegou bem próximo de mim e apenas passou sua língua
sobre a minha boca, me desestruturando e depois foi para minha orelha e a
beijou e em seguida a chupou, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se
eriçarem.
— Lucasss! — sussurrei.
— O que você quer? Fala para mim, fala!
— Você.
— Isso você já tem, mas o que quer de mim agora?
— Vai ficar me torturando?
— Só me peça.
Lucas estava com todo seu peso excitante sobre mim, e passou seu dedo
indicador em meus lábios fazendo-me fechar os olhos e explodir de tanto tesão
por ele, e assim com ele distraído e com minhas mãos ainda envoltas no pescoço
dele, puxei-o para baixo, para meus lábios e o beijei enlouquecida, sem que ele
pudesse resistir, passou a corresponder minha urgência que também era a
urgência dele. Nossas bocas eram o encaixe perfeito, o calor perfeito emanava
delas, a umidade perfeita. Me perdi de mim, me perdi do tempo, quando Lucas
me beijava daquela forma. Foi beijando-me com muita paixão, então levou sua
mão em minha perna direita e a levantou sem que eu não me desse conta do seu
ato delicado. Com nossas bocas se explorando, foi que senti-me sendo
preenchida por Lucas e quando senti sua primeira estocada, arqueei meu corpo
para trás e apertei meus dedos em seu pescoço, gemendo:
— Ohhhh!
Ele subiu seu corpo novamente sobre o meu e uma nova estocada
harmoniosa me invadiu. Lucas dava-me estocadas lentas que me enlouquecia de
tesão, se mexia em cima de mim, enfiando e saindo em um ritmo delicioso, e a
cada estocada eu o arranhava em suas costas de tanto prazer. Embora o ritmo
fosse lento, eu sentia a intensidade de cada estocada que ia fundo e me faziam
molhar mais e mais. Éramos um único ser ali, colados um ao outro em um vai e
vem de corpos que se ondulavam na mesma direção em busca dos mesmos
prazeres.
— Gostosa! Delíciaaa! — Lucas sussurrou em meu ouvido e enfiou sua
língua em minha orelha.
Sentia seu pau entrar e sair de mim, enquanto nossos lábios não se
desgrudaram. Lucas estocava, estocava, me comia e bombava em um ritmo
lento, constante, porém, intenso, estocadas que iam e acariciavam meu útero.
Entre beijos calorosos e o movimento constante de nossos corpos, a velocidade
das estocadas foram aumentando naturalmente conforme nosso prazer foi
crescendo, tornou cada estocada mais intensa que a outra.
— Oh, oh, oh! — Lucas gemia gostoso no pé do meu ouvido e a cada
estocada intensa um gemido sussurrado saia de seus lábios, enlouquecendo-me.
Depois de alguns minutos me comendo na posição papai e mamãe, Lucas se
virou na cama, mudando de posição. Se sentou e cruzou as pernas em posição de
lótus, e assim eu o segui e me sentei em seu colo, enlacei minhas pernas em sua
cintura e com minha mão, encaixei o pau dele em mim novamente. Eu adorava
aquela posição, pois, podia rebolar e controlar o ritmo da penetração. Lucas
segurou firme em minhas costas com sua mão direita e me guiava com ela direto
para ele, para suas fincadas deliciosas. Assim como quando estávamos deitados,
começou com estocadas ritmadas e leves, o que nos envolvia em um clima de
romance, olhos nos olhos, cheio de beijos e carinhos. Lucas segurava em minha
nuca e me beijava enquanto eu rebolava gostoso no pau dele.
— Isso, mexe, rebola assim, rebola minha oncinha.
Eu rebolava e mexia, subia e descia em seu pau, quase babando de tanto
tesão, enquanto Lucas chupava meus seios e exigia que eu mexesse mais rápido.
Ele passava a língua em volta do bico dos meus seios e aquilo simplesmente me
levava ao êxtase. Eu simplesmente o encarava fazendo aquilo e quando ele
levantava seu olhar com a boca grudada no meu seio, eu galopava nele com mais
e mais vontade.
Estar encaixada no Lucas, naquela posição nos permitia uma penetração
profunda, mas que limitava o ritmo, deixando tudo mais sensual e romântico, já
que poderíamos estar olhando um nos olhos do outro, fazia-me querer mais e
mais e me levava a pensar em como tudo com João era sem graça. Com Lucas
não estava sendo só mais uma transa, ele era carinhoso, era corpo colado e lábios
também, não era pressa para chegar nos finalmente, deitar, virar pro lado e
dormir, era à vontade louca de estarmos grudadinhos se explorando a cada
segundo.
Enquanto eu galopava no Lucas, ele segurava firme em meus seios,
chupava-os e os lambia. Lucas inclinou seu corpo para frente e jogou suas pernas
para trás, ficando praticamente de joelhos na cama, eu grudei em seu pescoço e
ele grudou em minhas nádegas e assim passou a guiar o ritmo das estocadas
novamente, aumentando a velocidade e me levando direto para elas.
Pof pof pof pof pof... o ritmo aumentou, o calor aumentou, e estávamos
ambos em um sexo mais intenso. Nossos lábios se buscavam e se amavam com a
mesma intensidade e quando não estávamos com os lábios grudados, estávamos
gemendo e arfando afobados, enlouquecidos um pelo outro.
Lucas grudou às duas mãos na minha bunda e passou a levar-me
diretamente para suas estocadas com mais velocidade e desejo, eu simplesmente
entrava em parafuso ao sentir sua barba roçar na minha pele. Ele estocou,
estocou, estocou e seu pau ia fundo e exigente. Meteu, meteu, meteu, e bombou
até nossos corpos suarem e exalarem o cheiro do nosso prazer, então, quando
senti os sinais de prazer intenso que meu corpo passou a emitir eu sussurrei:
— Lucas, Lucasss! Eu vou...
— Eu sei, também estou a ponto de explodir. Goza para mim, gozaaaa que
não aguento mais.
Puxou meu corpo em sua direção, uma, duas, três vezes, eu rebolava e
ondas de prazer começaram a percorrer meu corpo e Lucas não parava de
bombar, até que senti meu corpo se arrepiando, minha vagina se contorcendo e
uma explosão de espasmos percorreu meu corpo me entorpecendo e deixando-
me fora de mim.
— Ooohh, ohhhhh, ahhh, ownn! — gozei com Lucas perseguindo seu
orgasmo, sem parar de me estocar.
De olhos fechados ele investia em mim, bombou, bombou, bombou e
finalmente soltou um grito gutural prolongado delicioso, com as mãos grudadas
em meus cabelos.
— Oooooh! oooooh! Oh que delícia, oh Marina! Minha Marina! — gemia e
sussurrava meu nome.
Aquilo foi tão intenso como na primeira vez há minutos atrás.
Saí exausta de cima dele e me deitei de bruços na cama, logo, Lucas beijou
e acariciou minhas costas e disse:
— Linda! Você é linda demais, Marina.
Depois de alguns minutos me acariciando e me beijando, ele se levantou e
foi até o banheiro, depois voltou para cama e se deitou comigo, ainda nu.
Estávamos cansados e ficamos muito tempo sem falar nada, ficamos no
silêncio da noite nos olhando e trocando carícias, enquanto à chuva se
enfraquecia lá fora.
— Onde você se escondia que não te achei, Marina? — perguntou-me
quebrando um longo silêncio.
— Você não me viu, Lucas, mas eu vi você diversas vezes.
— Sério? Onde?
— Aqui no Haras algumas vezes com o Greg e algumas vezes no Celeiro.
— Claro que alguém como você só me viu de relance. — respondeu.
— Não, não te vi só de relance, tanto que te achei um gato quando te vi pela
primeira vez aqui no Haras. Vocês vieram devolver o Black Thor, foi há mais de
um ano isso.
Lucas se mexeu na cama e ficou de lado me encarando e perguntou:
— Me achou um gato? Ah! Marina, isso é mentira sua, nem vi você naquela
ocasião.
— Você não me viu porque eu estava na pista, mas eu vi você
perfeitamente.
Lucas sorriu e seus olhos brilharam.
— Não posso dizer que nunca te vi, mas todas às vezes você estava no
Celeiro com aquele almofadinha, e assim parecia intocável.
— Está tocando em mim agora e abusando disso, diga-se de passagem.
Lucas tocou em meu rosto com carinho e beijou-me delicado.
— Nunca imaginei que isso fosse acontecer um dia. Isso nunca me passou
pela cabeça.
Sorri e parei para escutar à chuva.
— A chuva parou, Lucas, preciso ir.
— Vou enlouquecer quando te ver por aí e não poder te tocar.
— Não vai não. Essa próxima semana será puxada de treinos, não vou
poder estar aqui com você todas às noites. Preciso de concentração, preciso
ganhar em Barretos, estou atrás do mundial e não posso vacilar.
— Vou estar te esperando.
Toquei em seu rosto e o beijei demorado, sua boca tinha um gosto doce e
estava toda rosada de tanto que o beijei aquela noite.
Levantei-me e fui novamente ao banheiro, teria tomado um banho com ele
ali mesmo se eu não precisasse me apressar antes que à chuva voltasse.
Quando voltei ao quarto, ele já estava com seu short novamente. Puxou-me
pela cintura e beijou-me e perguntou:
— Você é só minha agora?
Ponderei antes de respondê-lo, pois, sabia o quanto João estava insistindo e
ligando-me todos os dias.
— Sim, sou só sua. Eu quero isso Lucas, quero muito gritar pelos quatro
cantos que sou sua.
Ele sorriu de uma forma encantadora, seus olhos brilharam e assim o beijei
novamente e uma última vez.
— Estou indo antes que a chuva volte.
— Vai, sabe que estarei sempre aqui quando quiser ser só minha.
— Já sou somente sua.
Ele piscou para mim, fui em direção a porta da sala e quando eu abri,
Cowboy entrou correndo para o lado de dentro, então falei com ele:
— Ei Cowboy, cuida bem dele para mim. Não deixe nenhuma outra mulher
chegar perto dele. Combinado?
— Escutou isso amigão? Temos uma dona agora. — disse Lucas.
Sorri para ele, fechei a porta com o coração na mão e saí na madrugada
feita uma infratora e fui para casa. Chegando lá, não tive nenhuma surpresa
desconfortável, pois, meu pai estava dormindo.
Capítulo 10

Marina
Subi as escadas para meu quarto, pé por pé, passei ao lado do quarto de
papai e a porta estava fechada, sinal de que ele havia dormido e nem se deu
conta de que eu demorei muito a voltar. Não queria que meu pai ficasse
pensando mal de mim, afinal de contas, era muito pouco tempo do término do
meu noivado para já estar com outro homem. Entrei em meu quarto com o
sorriso estampando meu rosto e uma felicidade que há muito eu não sentia.
Tomei um banho e quando me deitei e me cobri na cama, olhei na escrivaninha e
vi meu celular. Peguei-o e fui olhar se tinha alguma mensagem importante, e
para meu desespero, João havia mandado dezenas de mensagens e ligou outras
dezenas. A última mensagem dizia:
Mari, meu amor, estou entrando em desespero só de imaginar onde você
possa estar, e com quem. Por que diabos não está atendendo minhas ligações e
nem visualizando minhas mensagens? Eu sei que estamos dando um tempo.
— Tempo? Pensei e continuei lendo. — mas não estou aguentando mais ficar
longe de você, me ligue ou terei que ir até você, não estou brincando, Beijos
seu amor, João.
Nem perdi meu tempo lendo as outras mensagens, eu estava radiante
demais para me estressar com a insistência dele. Coloquei o celular de volta no
criado e me virei para o lado. Lucas e o seu cheiro, seu beijo, seu sorriso e seu
toque não saiam de minha mente, não tinha espaço para pensar em mais nada, e
foi sorrindo, feito boba, lembrando de nós na cadeira, foi que adormeci.

Lucas
Rolei na cama de um lado a outro pensando em Marina, queria sair gritando
o nome dela, mas novamente eu não podia, novamente alguma coisa me impedia
de viver um amor pleno e livre. E ao pensar em liberdade, deixei minha mente
fazer um filme dos meus últimos anos, e acabei chegando à conclusão de que o
que eu imaginava ser amor, era só sexo munido de um sentimento de posse por
parte de Sandra comigo e eu imaginava que aquilo era amor, quando, no fundo
nunca passou de uma paixão avassaladora que me cegava. Marina chegou feito
um tornado na minha vida, levantando todas as minhas estruturas e derrubando
os muros que construí em torno de mim, achando que o que eu sentia por Sandra
era amor.
O cachorro da Marina agora era meu e estava dormindo em seu colchão
bem ao lado de minha cama, todo espaçoso e roncando. Deitado de costas com
os braços cruzados em baixo de minha cabeça, foi que acabei adormecendo
pensando na mulher que estava me desestabilizando me deixando de quatro.
Na manhã seguinte, o dia começou bem cedo para mim, mesmo sendo
domingo, pois, a nova forma de manejo com os animais, exigia acordar bem
cedo, tanto de minha parte como dos demais peões. Animal preso em baia o dia
inteiro, são animais na sua maioria estressados e não havia nada que me dava
mais prazer do que acordar cedo e soltá-los nos pastos, pois, se dependesse de
mim, eles seriam sempre livres.
Estávamos voltando dos pastos quando Antônio comentou comigo:
— Lucas, tem peão que não está gostando nada desse trabalho extra que
você inventou para gente. Já vi gente inclusive reclamando que se o trabalho
aumentou o salário também deveria.
— Estão reclamando é? — fiz uma pergunta retórica subindo o morro rumo
as baias.
— Você não acha que estão certos?
— Pode ser Tonho, vou analisar isso direitinho e falar com Jorge.
Tonho assentiu e pegou rumo oposto ao meu.
Entrei no escritório, peguei a prancheta com o papel onde estava fazendo
anotações de tudo que estava faltando no Haras e quando saí, avistei Alana vindo
em minha direção. Ela vestia uma camisa vermelha e estava de chapéu, jeans e
botas.
Fingi que não a vi e continuei indo na direção oposta à dela.
— Lucas! Lucas espera! — gritou ela.
Não parei e ela acabou por acompanhar meus passos.
— Bom dia peão!
— Bom dia, Alana. O que faz por aqui em pleno domingo?
— Não existe domingo quando estamos treinando para Barretos. —
respondeu-me ela.
— Entendi. — respondi e logo imaginei que Marina também estaria por ali.
— Fiquei te esperando ontem à noite lá no Celeiro. O que aconteceu?
Parei à caminhada e a encarei, indagando-a:
— Perdão, marquei um encontro com você lá?
— Não Lucas, não marcou, mas como você está lá todo sábado achei que
iria.
— Mudei de planos, fui para outra direção.
— Uma mulher?
Não acreditei na pergunta, mas achei que não deveria ser grosso com ela,
então a respondi com brandura.
— Sim, uma mulher.
— A ex esposa do Greg, não é?
Retirei o boné da cabeça e enxuguei o suor da testa com a mão. A manhã
estava fresca, mas subir e descer o monte tinha me cansado, eu precisava voltar a
me exercitar.
— Pelo jeito à notícia já se espalhou por aqui. — comentei.
— É, o pessoal todo já sabe porque Greg te demitiu.
— Primeiramente, Alana. Não fui demitido do Haras Mattos, muito pelo
contrário, mas isso não é da conta de ninguém. Segundo, não estava com a ex
esposa do Greg porque ela morreu para mim.
— Hum, então tenho outra rival.
— Rival? Do que está falando mulher? Olha aqui Alana, coloca uma coisa
nessa sua cabecinha. Não existe nada entre a gente, nem vai haver. Eu respeito
muito seu irmão e você também.
— Mas não quero seu respeito, quero seus beijos, quero você. — ela
colocou as mãos em meu tórax, então baixei o olhar e imediatamente retirei-as
de mim, respondendo-a:
— Não tenho tempo para esse tipo de papinho, Alana. Me fala do que você
está precisando para que eu possa anotar e providenciar. Uma sela nova? Uma
manta?
— Não estou precisando de nada. Lucas. Quando eu estiver precisando
aviso. — respondeu-me ríspida.
Sorri da forma como ela respondeu, balancei a cabeça e assim ela voltou
atrás no tom de voz dizendo:
— Hoje você vai estar lá? Quero muito uma dança com você.
Arfei e respondi:
— Não sei, Alana, não costumo fazer planos, o que acontecer aconteceu.
— Você é muito chato, sabia?
Pisquei para ela a retrucando:
— Você quem está dizendo.
Assim que terminei de falar, senti o perfume de Marina que passou feito um
raio em minhas costas, e assim me virei e falei em um tom mais alto:
— Ei, Marina, preciso falar com você. Falamos depois Alana.
Alana nada me respondeu e cruzou os braços toda desconfiada.
Marina não parou e continuou indo em direção à selaria, assim fui obrigado
a dar uma corridinha e passar em sua frente fazendo-a parar.
— Ei! O que houve, não ouviu dizer que queria falar com você?
— Estava ocupado, pelo que pude perceber. — falou respirando nervosa.
— O que foi? Não me diga que está com ciúmes da Alana?
— Vi lá do alto quando ela tocou em você.
— Bom, nesse caso você deve ter visto que tirei as mãos dela de mim no
mesmo instante.
Marina cruzou os braços resoluta.
— Ela estava me questionando o porquê de não ter ido ao Celeiro ontem à
noite. Queria saber se eu estava com a ex esposa do Greg.
— Disse o que a ela?
— Só a verdade.
— Lucas! — Marina ralhou sussurrado.
— Disse que estava com uma mulher, mas que não era a Sandra.
— O que eu faço com você? — perguntou-me ela, sorrindo discretamente.
— Me ame e me deixa te amar.
— Não fala essas coisas aqui, vai me deixar corada e Alana está bem de
olho na gente.

Marina
Lucas se virou discretamente e constatou que Alana estava mesmo de olho
em nós e para me provocar, sussurrou com um tom de voz que fez todos os pelos
do meu corpo se arrepiarem.
— Você está linda com essa camiseta branca e eu estou aqui imaginando
você sendo despida dela e seus seios lindos ficando enrijecidos à mostra só para
mim.
— Lucas, quer parar. — sussurrei brava com ele.
— Eu não consigo. Não consigo ficar assim tão perto de você e não pensar
nos seus lábios. — olhou para os meus lábios e mordeu seu próprio com aquela
cara mais cheia de tesão. Senti meu rosto corar e esquentar.
— Vontade louca de te beijar, te morder, te lamber toda e de te pegar no
colo e te leva agora para minha cama.
— Lucas, está me fazendo enrubescer, pare ou irão perceber.
— Não me fale em enrubescer que já me lembro de como você estava
ontem nos meus braços fazendo amor comigo. Toda rosada.
Virei de costas e quando ia dar continuidade na minha caminhada rumo à
selaria ele falou:
— De costas para mim, é covardia, vou te agarrar pela cintura em 1, 2, 3 se
você não se virar de volta para mim.
Meu coração descompassou e minha única vontade era de mandar o mundo
à merda e pular em seu pescoço, como aguentar uma tentação daquelas, com
uma voz daquelas?
Me virei em sua direção novamente e ele sorriu gostoso para mim, aí
mesmo que me desmontei toda.
— Hoje à noite, você vai ser minha? — ele perguntou.
— Lucas, pedi a você paciência, não podemos arriscar sermos vistos antes
do momento certo. Hoje é domingo e para não chamar a atenção, você precisa ir
ao Celeiro como fazia sempre.
— Fala sério, isso de novo?
— Você aceitou esperar.
— Só vou ao Celeiro se você for também, afinal de contas, você agora está
sozinha e pode ir onde bem entender e quando quiser.
— Vou pensar. — respondi abaixando meu olhar e mirando meus pés.
Alana estava vindo em nossa direção então falei para o Lucas:
— Alana está se aproximando, do que estávamos falando?
— Deixa comigo. — Lucas respondeu e começou a falar assim que Alana
se aproximou.
— Bom, então é só disso que a senhorita precisa? Mantas novas para sua
égua, mas isso você mesma vai providenciar?
— Exatamente. Agora me deixe buscar o Tenente. — respondi.
— Vai treinar com ele hoje, Marina? — Alana questionou.
— Vou sim, o treinador acha melhor eu começar a intercalar entre o Tenente
e a Mel para evitar a fadiga dela.
— Isso é ótimo, ter dois animais para treinar. — respondeu Alana em um
tom bem estranho.
— Com licença. — falei e fui me retirando.
Não sei, mas senti um tom diferente na forma como Alana falou comigo,
ela deixou algo no ar e eu poderia jurar que era ciúme do Lucas.
Eu estava colocando meu relacionamento com o Lucas em perigo por não
contar a ela logo, eu temia por sua reação e sabia que eu deveria ser honesta com
ela e honestidade naquele momento, era esperar o rodeio passar sem que
nenhuma de nós duas estivesse magoada e impedir que um possível
desentendimento viesse a prejudicar uma de nós duas. Até o fato de eu voltar a
usar o Tenente a incomodou, visto que ela só tinha um animal para usar nas
pistas. Mas isso precisaria ser resolvido o mais rápido possível.
Peguei o animal com o tratador e fui em direção à pista, assim que passei
por Alana e Antônio, ela simplesmente me virou às costas. Não ia ser fácil
contar a ela sobre Lucas, eu melhor que ninguém a conhecia bem, quando
pensava estar apaixonada, ela simplesmente duplicava o sentimento e já se sentia
amando.
Capítulo 11
Marina
Alana seria só um dos meus problemas, pois, assim que pisei na pista meu
celular vibrou no bolso e quando olhei para saber de quem se tratava, era João,
então resolvi atender.
— Oi! Estou treinando agora, podemos falar depois?
— Bom dia! Amor da minha vida, que bom que atendeu, estou desesperado
para falar com você.
— João, acho que não temos mais nada a falar, já deixei isso bem claro,
lembra?
— Não, não me lembro de nada, só me lembro de estarmos noivos há 6
anos.
— Não estamos mais noivos, será que ainda não conseguiu entender que
tudo acabou? — respondi e soltei as rédeas do animal e ele foi caminhando rumo
ao centro da pista.
— Precisamos conversar pessoalmente, hoje à noite chego em São Paulo e
amanhã irei até aí falar com você.
— Ei, Mari! Não temos o dia todo. — gritou meu treinador.
— Faça como quiser João, porém, vai perder seu precioso tempo. Agora
preciso desligar. Tchau!
Desliguei o telefone sem nem esperar uma resposta.
Fui até o treinador e comecei os treinos daquela manhã com o cavalo
Tenente, ele ainda era um cavalo novo, tinha apenas 5 anos de idade, mas era
excelente nas pistas. Estava sendo preparado para revezar com Mel nas
competições, mas ainda não havíamos testado ele em nenhum campeonato e
treinar com ele naquele momento era apenas para poupar a musculatura da Mel,
pois, em véspera de competições ela precisava ser poupada o máximo possível.
Tenente e eu fazíamos ótimos tempos juntos, mas ainda precisávamos de muitos
treinos para estarmos preparados para um torneio juntos com grandes
proporções.
Enquanto eu treinava, virava e mexia, Lucas estava nas cercas dando uma
espiadinha, e Alana não saiu da pista um minuto sequer. Um clima ruim estava
se formando entre a gente. Quando terminei, desci do animal e fui falar com o
treinador.
— Treinador, podemos falar um instante. — ele estava de cabeça baixa
conferindo meus tempos na prancheta.
— Você e o Tenente me surpreenderam hoje hein mocinha, o que acha de
levarmos ele para Barretos semana que vem?
— Nem pensar nisso, ele está pronto só aqui nesta pista, onde não tem
plateia e nem barulho. Ele ainda precisa ser testado, estava pensando em usá-lo
no Grand Prix do Raphaela, o que acha?
— Pode ser, você quem sabe. O que ia me dizer?
— Ia te pedir para escolher um animal para treinar como reserva para
Alana.
— Mari, você sabe bem o que seu pai pensa disso, não sabe? Ele não vê
necessidade de retirar mais um animal do plantel para usar nos tambores, na
verdade, ele não quer isso. Você é a amazona número 1 aqui do Haras, duvido
muito que ele vá ceder.
— Vou agora mesmo falar com ele.
— Boa sorte, minha querida.
Virei as costas e fui saindo da pista dirigindo-me rumo ao escritório de meu
pai.
Assim que cheguei na porta fui entrando feito furação sem perceber que ele
estava com alguém e fui logo dizendo:
— Pai posso falar com o senhor um instante? É importante.
— Onde estão seus modos filha? Você não cumprimenta mais as pessoas.
Olhei para o lado e Lucas estava sentado na cadeira.
— Oi Lucas! — falei sem graça e ele sorriu para mim respondendo-me:
— Marina!
— Pode falar filha, Lucas é de casa agora.
Olhei para o Lucas e sem receio comecei a falar:
— Pai, precisa rever sua decisão de não ceder um animal reserva para
Alana.
Meu pai se mexeu inquieto na cadeira, se curvou e colocou os cotovelos na
mesa respondendo-me:
— Achei que tivesse discutido isso com você outras vezes.
— Sim, mas eu insisto.
— Por que isso agora? Sabemos que não é em Alana o foco desse Haras.
Você é amazona número um aqui, não tenho nenhum interesse em focar na
Alana nesse momento, ela não tem tido bons resultados e é só dinheiro que eu
perco com isso.
— Pai! Por favor.
— A resposta é não Marina. Não vou tirar um animal que posso usar em
outras categorias para deixar a disposição de Alana que não ganhou nada nos
últimos 9 meses.
Olhei para o Lucas que não se intrometeu em nenhum momento e saí
nervosa do escritório.
— Marina! Espera! — disse Lucas vindo atrás de mim.
Eu estava uma pilha com tudo que estava acontecendo, eu não sabia como
resolver toda aquela situação, não queria magoar Alana, e ainda tinha João me
atormentando.
— Ei! Não se torture, eu sei o que está tentando fazer. — disse Lucas
consolando-me.
— Sabe? O que estou fazendo, Lucas?
— Está tentando amenizar as coisas com Alana, está tentando dar o tapa
com luva de pelica, mas isso não vai adiantar.
Lucas segurou em minhas mãos e as acariciava tentando me acalmar.
— Seu pai está certo e você sabe disso, ele tem outros planos para os
animais.
Respirei fundo e a voz do Lucas me passava uma calmaria.
— Não sei como lidar com ela, Lucas. Não vou conseguir contar a ela sobre
nós.
— Olha, faço isso se você me permitir. Vou ser sutil dizendo a ela que me
apaixonei por você desde o primeiro momento que a vi. Ela vai ter que entender.
E depois disso, ela vai ver nossa aproximação e vai falar com você.
— Acha que seria menos doloroso para ela?
— Ela já sabe que não quero nada com ela, o golpe não vai ser doloroso.
Vou fazer isso hoje à noite no Celeiro.
Suspirei e assenti soltando minha mão da dele e quando me virei para ir em
direção de casa, meu pai estava encostado na porta de braços cruzados, sorrindo
ao me ver de mãos dadas com o Lucas.
Passei por ele e quando olhei ele piscou para mim.
Durante o almoço, eu estava séria na mesa, remexendo na comida sem
nenhuma fome, então meu pai falou:
— Lucas é um excelente partido, gosto demais daquele rapaz, já confio nele
de olhos fechados.
— Pai!!!
— A mim a senhorita não engana, ouvi quando entrou em casa hoje de
madrugada. Vi a caminhonete do Lucas na casa dele. Você saiu para virar a
casinha do cachorro dizendo que voltaria em minutos e voltou horas depois.
Engoli a comida sem levantar o olhar e dizer nada.
— Graças a Deus me livrei de ter que ficar me esbarrando com aquele
Deputado arrogante aqui dentro da minha casa. — continuou meu pai.
— Pai eu…
— Não precisa se explicar, tem meu total apoio com relação ao Lucas.
Olhei para ele e sorri sem saber o que dizer, pois, estava morta de vergonha.
Lucas
A noite caiu e eu não havia mais falado com Marina, não sabia se ela iria ao
Celeiro e eu nem sequer tinha o celular dela ainda, contudo, eu ia me arriscar e
esperar por ela lá. Entrei no banho, e o cachorro me seguia e adorava ficar do
lado de fora do box. Aparei a barba novamente e fiquei embaixo do chuveiro
relaxando os músculos do corpo, pois, um dia de trabalho no Haras era melhor
que qualquer academia e mesmo sendo o administrador eu não conseguia ficar
só dando ordens sem colocar a mão na massa.
Vesti uma calça mostarda e uma camiseta preta, arrumei o cabelo, passei o
perfume e saí de casa.
Da minha casa eu tinha a visão perfeita do quarto de Marina e a luz estava
acesa, sinal de que ela estava lá. Quando passei na porta da sede, minha vontade
louca foi de parar, bater na porta e convidá-la para ir comigo, mas as
circunstâncias ainda me impediam de fazer isso, então aquela noite eu ainda
ficaria na expectativa sem saber se ela ia aparecer ou não.
No celeiro o movimento era considerável, uma noite de domingo e o lugar
estava entupido. Bati os olhos e já vi o pessoal do Haras na mesa e isso incluía
Alana. Um pouco mais afastado do lado esquerdo, estavam meus antigos amigos
do Haras Mattos, nas últimas semanas tinha sido assim, a dúvida de onde ficar
sempre pairava em minha cabeça, então eu vinha me dividindo entre as mesas,
ficando um pouco em cada.
Caminhei rumo à mesa do pessoal do atual emprego e cumprimentei a todos
ali presente.
— Que bom que veio, Lucas. — disse Alana, que embora estivesse muito
linda, algo nela não me atraía, tinha algo muito falso naquela mulher que eu
simplesmente farejava de longe.
Me sentei sem responder nada a ela, bateu um desânimo, pois, eu
simplesmente imaginava que Marina tivesse ido com ela e quando vi que ela não
estava, simplesmente senti vontade de ir embora.
Papo vai e vem, muita bebida e cigarro, já que sabendo que Marina não
estava ali, não vi nenhum problema em fumar, pois, eu sabia o que ela pensava
do cheiro de cigarro.
Passados vinte minutos mais ou menos que eu havia chegado, vi
perfeitamente a mulher de cabelos castanhos, parada na porta, olhando para
todos os lados completamente perdida, era Marina, linda, vestindo um vestido
jeans de corpo baixo e rodado, com os botões da frente, abertos com um top azul
por baixo e um cinto marrom que combinava com as botas de salto alto também
marrom. Metade dos homens do bar simplesmente pararam para olhá-la e
quando fiz menção de ir buscá-la, Alana já tinha visto ela e se levantou indo em
sua direção.

Marina
Assim que coloquei meus pés naquele lugar entupido de pessoas, arrependi-
me no exato momento de ter saído de casa, eu conhecia muita gente que estava
ali, mas não visualizei ninguém com que eu pudesse realmente ficar, ou seja, não
vi Lucas nem o pessoal do Haras. O cheiro de fumaça e tequila recendia o lugar
misturado a diversos tipos de aromas de perfume. Nem me lembrava quanto
tempo fazia que aquele tipo de cheiro e de balada não faziam parte de minha
vida. Quando enfim resolvi trocar o passo do lugar para ir embora, percebi que
Alana vinha em minha direção e eu simplesmente me senti aliviada, pois, eu
estava prestes a voltar para casa.
— Mari! Que surpresa você aqui amiga, o que deu em você? João vai ficar
furioso.
— Alana, você melhor que ninguém sabe que João não faz mais parte de
minha vida.
— Bom, então bora se divertir porque a noite é uma criança! — saiu me
puxando pelo braço no meio de toda aquela multidão, com pessoas me
encarando e me investigando dos pés à cabeça. Eu estava meio atrapalhada
quando do nada dei de topo com à mesa do pessoal do Haras. Antônio e mais
três que trabalhavam lá também, uma moça e Lucas, que foi o primeiro a se
levantar para me cumprimentar, pegou em minha mão que estava uma pedra de
gelo, me puxou em sua direção e quando estava dando-me um beijo no rosto
falou em meu ouvido:
— Relaxa!
Ele viu que eu estava nervosa e ele estava com cheiro de tequila e cigarro.
Sai cumprimentando todos da mesa e por fim me sentei na cadeira que
estava vazia, ao lado do Antônio, pois, ao lado do Lucas, já estava Alana
reinando como rainha absoluta.
— O que vai beber patroinha? Me diga que irei buscar. — perguntou
Antônio todo gentil.
— Nossa, faz tanto tempo que não bebo nada que nem sei. Ainda servem
aqui a melhor Sangria de todas?
— Pode apostar! Vou buscar para você. — Tonho se levantou e eu estava
completamente deslocada. Lucas não tirava os olhos de mim e nem disfarçava.

João
Ligação On:
— Alô!
—Oi! Sou eu.
— Sei que é você, o que quer?
— Ela saiu e está aqui no Celeiro.
— Como é que é? Não entendi direito.
— Mari está aqui no Celeiro junto com a gente.
— Estou em São Paulo, estou indo para Mairiporã agora mesmo.
Ligação Off.

Lucas
Marina parecia estar detestando estar ali e eu odiando ter que fingir que
éramos apenas bons amigos. Aquela situação me deixava angustiado, eu sabia
que seria assim, mas prometi isso a ela. O pessoal do Haras começou a falar com
ela e fazê-la se sentir entrosada. Antônio chegou com a bebida dela, uma sangria,
e passados alguns minutos ela bebia e sorria linda cada vez mais se sentindo à
vontade e livre e eu não conseguia tirar meus olhos dela, eu estava fascinado
com tanta beleza e à vontade louca de pegar em suas mãos e desaparecer daquele
lugar só ia crescendo dentro de mim.
— Lucas eu amo essa música, vem dançar comigo, você me prometeu uma
dança. — disse Alana.
— Prometi?
— Vem Lucas antes que acabe. — insistiu puxando-me pela mão.
Não vi uma alternativa senão me levantar e ir dançar com ela, nem sei dizer
que música estava tocando, pois, com tanta raiva que fiquei não consegui me
concentrar na música.
— Você não tira os olhos da Marina, o que está acontecendo, Lucas? —
Alana me perguntou na lata.
Assim como me perguntou de supetão, aproveitei a deixa para respondê-la
no mesmo embalo.
— Estou apaixonado por ela.
Alana jogou o corpo para trás gargalhando e depois disse-me:
— Ela está noiva se esqueceu?
— Você mesma me disse que haviam se separado. — retruquei.
— Acontece, Lucas, que isso já aconteceu dezenas de vezes todos esses
anos. Marina sempre faz isso e não demora se vê louca de saudades do João e
acabam voltando.
Suspirei alto irritado.
— Não perca seu tempo com ela se não quiser sofrer. Ela é louca pelo
noivo.
— Sei me cuidar, Alana, não preciso de seus conselhos.
Afastei-a de mim com delicadeza e rumei em direção ao bar, me infiltrando
no meio das pessoas que dançavam na pista.
— Uma dose de tequila, Zé, daquelas bem caprichadas.
— Uma dose caprichada saindo para você, Lucas.
— Valeu!
Encostei no balcão e bebi a dose num único gole olhando em direção à
mesa, e reparei que Marina me olhava fixo.
Dali, segui para à mesa do pessoal do Greg e passei por lá uns trinta
minutos, bebendo e jogando conversa fora. Fiquei transtornado com o que Alana
havia dito, a forma com que Marina me pediu para esperar, justificava o que
Alana havia falado. Depois de algumas tequilas voltei para à mesa onde estava
Marina e ela estava linda demais sorrindo de alguma bobagem que alguém falou.
A música que tocava era propícia para dançar coladinho, e assim, sem pensar
duas vezes, me encostei perto dela, estendi minha mão e a convidei para dançar,
com todos me olhando espantados.
— Patroinha, aceitaria dançar com esse peão?

Marina
Lucas estendeu sua mão direita em minha direção e simplesmente me
chamou para dançar. Antes de estender minha mão em direção a dele, deixei
meus olhos irem até Alana, que simplesmente cruzou os braços e quase me
fuzilou com o olhar, mesmo assim não resisti e me levantei. Caminhei de mãos
dadas com ele rumo à pista e quando paramos, encostei minhas mãos em seu
tórax e ele me envolveu em seus braços e começamos a dançar ao som de Why
ya Wanna de Jana Kramer.
— Não devia ter feito isso. — falei.
— Eu não pude resistir, você está linda demais.
— Alana…
— Por favor, esquece ela, por mim.
Assenti e encostei minha cabeça em seu peito.
— Pretende voltar com seu ex? — Ele me perguntou.
Olhei em seus olhos e questionei:
— Do que está falando, Lucas? Você sabe que isso não vai acontecer.
— Esquece a pergunta idiota. — respondeu-me apenas.
Eu estava louca para beijá-lo, mas não podia.

Lucas
Dançamos abraçadinhos e depois voltamos para à mesa.
Alana estava de cara feia enquanto que todos os outros estavam se
divertindo sem nem se quer perceber o mau humor dela. Marina e eu não
conseguíamos mais disfarçar que estávamos atraídos um pelo outro e nesse
clima de trocas de olhares apaixonados e que prometiam uma noite maravilhosa,
foi que um homem alto, de cabelos curtos e castanhos e bem trajado parou ao
lado de Marina e a pegou pelo antebraço, fazendo-a se levantar.
— Vem, vamos embora desse lugar. — falou e saiu arrastando-a no meio da
multidão, levando-a para à saída e desaparecendo de minhas vistas.
Quando dei por mim, já estava cortando a multidão atrás deles e quando o
homem abriu a porta de seu carrão, eu falei:
— Tire suas mãos de cima dela.
O homem olhou em minha direção e questionou:
— Como é que é?
— Você ouviu, deixa ela em paz.
— Quem você pensa que é? Sabe quem sou eu?
— Sim, eu sei bem quem é você Deputado. O ex noivo da Marina.
— Ex? — Olhou para Marina.
— Sim, ex, você sabe disso João, tudo acabou. — respondeu, Marina.
Ele grudou no braço dela e a forçou para dentro do carro e nesse momento
agarrei em seu braço e repeti:
— Solta ela, cara!
Naquele momento recebi um soco na cara e enquanto ouvia Marina gritar,
revidei o soco e assim passamos a nos agredir mutuamente.
— Parem! Parem! — Marina gritava sem parar.
Capítulo 12

Marina
Eu gritava em desespero de ver Lucas e João se matando e ninguém
aparecia para interferir. Lucas tanto batia quanto apanhava e ambos estavam
ficando feridos e eu só podia gritar:
— Parem! Parem! Por favor!
Eu girava em meus calcanhares gritando e ninguém vinha ajudar, até que
Tonho saiu na porta do bar e atravessou a rua correndo, veio em meu socorro e
foi logo tentando separar os dois. Quando já estava cada um para um lado, os
meninos do Haras também apareceram e junto com eles, Alana.
Tonho estava segurando o João que estava mais exaltado e eu corri para ver
como Lucas estava.
— Lucas, Lucas, você está bem? — toquei em sua face com ambas as mãos
e ele me olhou com a fúria estampada em seus olhos e balançou a cabeça em
positivo me dizendo que estava tudo bem.
João se soltou do Tonho e veio em minha direção falando.
— O que significa isso? Então é esse peão que virou sua cabeça contra
mim?
— Não, você mesmo tratou de me colocar contra você e nem precisou da
ajuda de ninguém. — respondi.
— Está saindo com esse peão de merda? — João questionou.
Lucas se mexeu inquieto em meus braços querendo ir para cima do João.
Olhei para Alana antes de respondê-lo e ela cruzou os braços e fez cara de
“Vamos, diga, também quero saber!”
Olhei para João e antes que eu pudesse respondê-lo ele fez uma nova
pergunta:
— Está me traindo com esse cara?
— Não, não te traí com o Lucas, porque quando ficamos juntos nós já
havíamos terminado.
— Nós? Você terminou e eu achei que tudo ia ser resolvido.
Quando olhei para trás, Alana saiu em disparada atravessando a rua e Tonho
foi logo atrás. Me vi em uma sinuca de bico, pois, eu queria muito ir me explicar
com ela, mas quando ameacei ir, Lucas me segurou e disse:
— Amanhã. Ok. Amanhã você fala com ela.
— Olha aqui seu peão de merda, não pense que vou deixar isso barato. —
João virou e entrou no carro dele.
Me virei novamente para Lucas e a aglomeração que havia se formado em
torno de nós, foi se dissipando.
— Vamos para casa, vou cuidar desses ferimentos. — falei para o Lucas, e
quando coloquei minha mão em sua cintura ele simplesmente gemeu de dor.
— Ai!
— Onde está doendo? — perguntei preocupada.
— Nas costelas, mas isso vai passar.
— Ei, Lucas! Está tudo bem, cara? — perguntou um dos tratadores lá do
Haras, o Gustavo.
— Vou ficar bem, não esquenta não cara.
— Se eu puder ajudar em alguma coisa, só falar.
Aproveitei a deixa e falei:
— Você pode sim, Gu. — tirei a chave de minha picape do bolso e
entreguei a ele. — pode levar à picape para mim quando você for embora?
— Posso levá-la imediatamente. — respondeu-me solicito.
— Não, por favor, pode continuar se divertindo e depois você leva, ok?
— Pode deixar patroinha, vou levá-la em segurança.
— Então está bem.
Ele se afastou em direção ao bar e eu estendi minha mão para o Lucas
dizendo:
— As chaves!
— Eu posso dirigir.
— Chave! — estendi a mão novamente.
— Você é sempre tão mandona assim, é?
— Só quando eu quero uma coisa.
— E nesse momento você quer fazer um teste drive na minha caminhonete?
— Lucas, para de gracinha e me dê aqui essas chaves.
Ele enfiou a mão no bolso e retirou de lá as chaves e me entregou.
Juntos caminhamos para a caminhonete dele e quando ele foi entrar no lado
do passageiro, gemeu de dor novamente.
— Ai!
— Está vendo, você está todo machucado, por que tinha que dar uma de
macho alfa?
— Por que eu sou seu macho alfa agora, e não ia permitir que aquele cara te
levasse na marra daqui.
Estendi meu corpo em direção a ele e toquei afetuosa em seu rosto.
— Você foi tão corajoso, estou orgulhosa de você.
Ele tocou em minha mão e fechou os olhos e beijou-a.
Liguei a caminhonete dele e segui para o Haras, mas antes perguntei:
— Tem certeza que não quer ir ao hospital?
— Marina, essa não foi a primeira vez que briguei na frente de um bar. Vou
sobreviver. — piscou para mim, mas estava sangrando muito no supercílio e nos
lábios.
— Algo me diz que ele não irá me deixar em paz. — comentei.
— Se ele mexer com você, estará mexendo comigo. Ele que não seja idiota
de se aproximar de você novamente.
— Ele não me preocupa, se quer mesmo saber. Alana sim, ela ficou
transtornada, nunca vai me perdoar.
— Ei! Ela vai entender, eu já havia dito a ela que estava apaixonado por
você.
— Está?
— O que?
— Apaixonado por mim?
— Ah! Marina, você tem alguma dúvida disso? — ele estendeu a mão e
tocou em minha bochecha.
Nada respondi e continuei olhando para frente dirigindo, fiquei em silêncio
pensando em Alana e em como me explicar a ela. Éramos amigas, companheiras
de toda uma vida. Eu a conhecia bem, nesse momento ela estava com o orgulho
ferido e não iria me escutar.
Me virei para o Lucas e falei:
— Você está cheirando a cigarro.
— E você odeia homens com cheiro de cigarro. Certo?
— Sim, já te falei isso.
— Mas eu só fumo na balada e se estiver nervoso.
— Ótimo, bem mais fácil de parar então.
Ele sorriu para mim e respondeu-me:
— Por você eu paro até de beber, é só me pedir.
— Só o cigarro já está bom.
— Combinado. — disse ele.
Vinte minutos depois estávamos entrando no Haras e assim quando passei
na porta de casa, parei, abri a porta da caminhonete e disse ao Lucas:
— Fique aqui, vou buscar um kit de primeiros socorros e já volto.
— Vai lá.
Assim que entrei em casa meu pai vinha descendo as escadas e comentou:
— Voltou tão cedo, minha querida?
— Sim, vim pegar um kit de primeiros socorros.
— O que houve? Está machucada filha? — perguntou apavorado.
— Não pai, eu não, mas Lucas está ferido lá caminhonete dele.
— Ferido? O que houve?
— João apareceu lá e saiu me arrastando Celeiro afora, então Lucas veio e
tentou impedir que João me colocasse em seu carro à força.
Meu pai levou suas mãos na cabeça e falou:
— Ah! Meu Deus, eu sabia que isso acontecer, só não imaginei que fosse
ser assim tão rápido.
— Pois é. — respondi e fui em direção à dispensa pegar o kit.

Lucas
Estava distraído com a cabeça encostada no encosto do banco quando à
porta do meu lado se abriu. Minha cara queimou literalmente ao ver que se
tratava do Jorge.
— Lucas, tem certeza que não precisa ir a um hospital?
— Não senhor, eu vou ficar bem?
— Com todo esse sangue saindo do seu supercílio?
— Qualquer corte nessa área sai muito sangue.
— Lucas, eu queria agradecer pelo que fez por minha filha, hoje, livrando-a
daquele estrume e por estar tirando ela, dele de uma forma definitiva. Há anos
que não via tanto brilho no olhar daquela mocinha.
— Não precisa me agradecer, Marina me faz muito bem.
Ele assentiu e continuou a falar:
— Eu já gostava muito de você, agora então nem se fala. Eu tinha pesadelos
cada vez que escutava aquele sujeito dizer que iria tirar minha filha daqui e
transformá-la em uma dama.
— Marina só vai sair daqui quando quiser, Jorge e pelo que sei, ela nunca
vai querer isso.
— Cuida bem dela, você tem todo meu apoio.
— Pode deixar.
Terminei de falar e Marina já estava entrando e dando partida na
caminhonete.
— Até logo mais, patrão. — falei e antes de fechar a porta ele respondeu:
— Vai se cuidar.
Fechei a porta e seguimos para minha casa que ficava pouco mais abaixo
descendo o morro pela estrada de paralelepípedos.
— É impressão minha ou seu pai aprova nosso namoro? — questionei-a.
— Namoro? — Os olhos dela brilharam ao me questionar.
— Sim, é ou não é minha namorada agora?
— Eu sou?
— É, você é. — respondi seguro.
— Meu pai super aprova, na verdade, ele já vinha cantando essa bola há
dias.
— Bom, só resta nos permitimos sermos felizes, sem que terceiros fiquem
atrapalhando.
Marina assentiu sem nada responder, eu sabia que ela tinha preocupações
com Alana.
Assim que desci, o cachorro já veio fazendo a festa dele e pulando em mim,
eu estava todo dolorido e nem tive ânimo para brincar com ele.
Abri à porta de casa e quase morri de vergonha da bagunça em cima do
sofá, tinha roupas espalhadas por tudo que era canto e assim sai catando tudo e
coloquei em cima do outro sofá. Mudei a bagunça de lugar. Meus planos era
levar Marina em um lugar mais especial e nunca imaginei que aquele idiota ia
mudar isso.
Marina colocou sua caixa em cima do sofá e veio em minha direção. Ao se
aproximar de mim, tocou no canto esquerdo da minha boca, onde estava ferido e
observou:
— Humm! Isso foi feio hein!
Levou suas mãos nos meus ombros e tirou minha jaqueta preta, em seguida
pegou no cós de minha camiseta e a puxou para cima, pois, estava toda cheia de
sangue.

Marina
Assim que retirei sua camiseta, tive a imagem do pecado na minha frente,
aquele tórax bem definido com uma linda tatuagem de cruz, quase me fez
esquecer os motivos pelos quais eu havia tirado sua camiseta. E assim num
impulso incontrolável, levei minha mão no peito da tatuagem e o alisei.
Lucas respirou fundo ao meu toque e assim voltei ao propósito inicial.
— Onde está doendo? — questionei sem graça.
Lucas colocou a mão nas costelas e lá estava um hematoma.
— Acha que quebrou uma costela? — perguntei.
Lucas gargalhou e levou a mão no lugar do hematoma, já que rir daquela
forma o fizera sentir dor e quando parou, disse:
— Não, aquele idiota não ia conseguir me quebrar.
— Ótimo. — respondi e o fiz sentar no sofá, pois, precisava cuidar daqueles
ferimentos.
Abri a caixa e retirei de lá uma gaze e a água oxigenada. Molhei a gaze na
água e levei em seu supercílio, e assim que passei, ele gemeu:
— Ai! Caramba, isso arde demais.
— É, isso arde, mas um homem desse tamanho precisa aguentar.
Continuei limpando e quando o ferimento estava limpinho, vi que o corte
era muito pequeno, porém, fundo, na verdade, se fossemos a um hospital, dariam
um único ponto para fechar. Então cortei um pedaço de micropore e coloquei no
corte. A fita faria o serviço perfeito como se fosse um ponto.
— Prontinho aqui no supercílio. — avisei.
— Humm! Sempre tive fetiche por enfermeiras. — falou todo safadinho.
— Ah é? Melhor começar a mudar esse fetiche por uma amazona.
— Ah! Mas eu já tenho a amazona metida a enfermeira mais gostosa do
mundo.
— Lucas!
Ele piscou para mim e sorriu, e quando sorriu, mais um “Ai!”, saiu de sua
boca.
— Está vendo? É só parar de falar bobagem que você não sente dores.
— Parar de falar bobagens é fácil, duro mesmo é parar de pensar com você
em pé na minha frente com esse vestidinho.
Levei minha mão com a gaze molhada com água-oxigenada diretamente no
canto direto da boca dele e o peguei de surpresa.
— Ai Marina, isso doí poxa!
— Assim você para de pensar em bobagens.
— Com você assim na minha frente eu nunca vou parar de pensar em
bobagens. — respondeu todo sério com um olhar que percorreu todas as
terminações nervosas do meu corpo e parou em meu baixo ventre. Aquele
homem era uma delícia até todo machucado, e aquela voz me excitava de uma
forma incontrolável.
Continuei limpando sua boca e ali o corte era bem pequeno, nem tinha
como colocar um curativo ali. Enquanto eu passava a gaze em sua boca, ele
levou suas duas mãos em minha cintura e mesmo por cima do vestido eu senti o
calor delas.
— Vem cá, vem! Me dá um beijo que isso sara na hora. — falou puxando-
me em direção a ele.
— Para com isso Lucas, você está todo dolorido, a propósito, vou buscar
água para você tomar um analgésico.
Me soltei das mãos dele, fui até sua cozinha, que para minha surpresa
estava toda organizada e limpinha. Peguei um copo e coloquei a água e voltei
para a sala.
Peguei o analgésico na caixa e dei a ele com o copo de água.
Lucas tomou e entregou-me o copo que coloquei em cima da mesinha de
centro.
Cowboy estava deitado com a cabeça no meio das patas observando cada
movimento nosso.
Quando me virei novamente para ele, segurou-me pela cintura novamente e
me puxou em direção de seu colo dizendo:
— Já estou novinho em folha, vem aqui me curar com um beijo, vem, afinal
de contas eu mereço, não mereço?
Levei minhas mãos em seu rosto e coloquei um joelho em cima do sofá e o
outro sobre o outro lado enlaçando as pernas do Lucas e sentando-me em seu
colo, e ele gemeu de dor novamente.
— Ai, Ai!
— Está vendo, você não está nada novinho em folha.
— Eu aguento, vem cá. — puxou minha cabeça e buscou meus lábios e
passou a beijar-me carinhoso, com gosto de álcool e de sangue.
Era impossível resistir a um beijo dele, fosse em que circunstâncias fossem,
e dessa forma passei a correspondê-lo.

Capítulo 13

Marina
Era impossível resistir a um beijo dele, então passei a correspondê-lo, com
muito desejo, mas com cuidado. Lucas segurava firme nas laterais de meu rosto
e como se não estivesse ferido nos lábios, beijava-me de uma forma
insuportavelmente sedutora. Sua língua explorava minha boca e seu gosto era
nada mais que delicioso, eu queria parar, pois, sabia que ele estava machucado,
mas aqueles lábios que mordiscava os meus, não me permitiam parar.
— Vinho! — Lucas sussurrou. — adoro o gosto da sangria na sua boca. —
continuou me levando a loucura em um único beijo.
Eu estava encaixada em seu colo e sentia sua ereção pulsar querendo sair
fora do jeans, e assim levei minhas mãos e abri o botão e abaixei o zíper. Lucas
estava excitado demais, mesmo todo quebrado já estava uma torra, que homem
mais gostoso e que pau ele tinha. Passei minha mão por cima da cueca sentindo
todo seu tesão e quando o toquei Lucas gemeu baixinho:
— Ahh!
Achei que tivesse gemido de dor então falei sussurrando no pé de seu
ouvido:
— Lucas, vamos deixar isso para outro dia.
— Não, não faz isso comigo, estou louco de tesão, quer me matar?
Voltou a me beijar e intensificou ainda mais o beijo grudado com uma das
mãos em minha nuca, puxando-me para ele. Enfiava aquela língua tesuda na
minha boca e chupava, me deixando extasiada e me fazendo esquecer tudo.
— Eu quero você, Mari, e quero agora.
Passou a desabotoar os primeiros botões do meu vestido e o tirou de meus
ombros levando a parte de cima para minha cintura e fez tudo isso sem
desgrudar da minha boca nenhum segundo. Naquela altura eu já estava toda
molhada e cheia de tesão, agora nem que ele dissesse que estava com dores eu
pararia, pois, o queria dentro de mim me possuindo de qualquer forma.
Retirou meu sutiã e passou a sugar meus seios que estavam intumescidos,
intercalando entre eles e minha boca e quando chupava meus seios e passava a
língua me encarando, eu o grudava nos cabelos e me jogava para trás de olhos
fechados explodindo de prazer.
Levantei de seu colo e retirei meu vestido, e em seguida puxei as calças
dele para baixo e a retirei de seu corpo. As botas ele já havia tirado. Encarei-o e
fui retirando a minha calcinha, fui até ele, segurei nas laterais de sua cueca box
azul-marinho e fui puxando-a para baixo fazendo seu pau saltar livre, ereto e
viril. Lucas se virou no sofá e deitou com a cabeça no encosto, me puxou pelas
mãos e me fez voltar a seu colo fazendo-me montá-lo.

Lucas
Marina era muita tentação, mesmo com dores pelo corpo todo eu a desejava
feito um garanhão sentindo o cheiro da fêmea no cio. As dores desapareciam
quando eu sentia o sabor doce dos lábios dela que tinha gosto de sangria e meu
único desejo era devorá-la, era amá-la sem limites. Nossos corpos estavam
inflamados e sedentos. As fagulhas que saíam do olhar de Marina me
incendiavam e me enlouquecia, eu só queria estar dentro dela, sentir seu calor e
sua umidade inundar-me.
Puxei-a pelas mãos e ela foi montando em mim, meu pau estava uma torra
apontando direto para a entrada de sua vagina. Ela se sentou em mim e veio
direto para meus lábios e enquanto nos beijávamos, cheios de tesão, segurei em
meu pau e fui penetrando-a devagar, com carinho, e assim que fui invadindo-a,
Marina soltou um gemido delicioso:
— Oooh!
Se contorceu toda em cima de mim e passou a descer engolindo meu pau
em um movimento carinhoso que me deixava mais louco e excitado ainda.
Marina estava com cuidado, com medo de me fazer sentir dores, e assim
rebolava gostoso enquanto eu segurava e chupava em seus seios.
Ela subia e descia toda molhada no meu pau. Rebolava e se remexia de uma
forma que me deixava louco de tesão, louco para meter fundo e com vontade
nela, mas Marina tinha razão, eu estava literalmente quebrado e se fizesse um
movimento brusco e Marina percebesse que eu estava com dores, era capaz dela
parar tudo. E eu estava amando fazer um amor mais delicado com ela, pois,
assim podíamos nos explorar melhor, saber cada movimento que alimentava
mais e mais a nossa libido.
— Está doendo? Estou machucando você? — ela questionou.
Fiz que não com a cabeça e a puxei para minha boca, agarrei em suas
nádegas e passei a ditar um ritmo mais rápido nas estocadas.
— Vai minha oncinha, galopa nesse garanhão, galopa.
Marina aceitou um ritmo mais rápido e passou a galopar gostoso no meu
pau, subia e descia de olhos fechados como se estivesse galopando em um
cavalo e a imagem dela subindo e descendo com as mãos em meu tórax me
excitava ainda mais, então entrelacei os braços em suas costas e a trouxe para
perto de mim, eu amava estar grudado em seus lábios enquanto transávamos, eu
queria sentir o calor dos lábios dela, eu queria todo contato possível com sua
boca e com seus olhos. Marina era branquinha, então eu amava vê-la toda
rosadinha, quando estava enrubescida, subia e descia, rebolava, rebolava, mexia
e gemia no meu pau a cada vai e vem.
— Oh, Oh, ah, Lucas.
Eu a beijava e intensificava cada vez mais, forçando a descer com mais
força, e assim nessa posição deliciosa eu simplesmente delirava.

Marina
Lucas girou seu corpo e me fez deitar no sofá, assim mudamos de posição,
agora ele estava por cima, ergueu minhas pernas para cima e ficou segurando-as
com suas mãos fortes, beijou-as e lambeu, excitando-me ainda mais, então,
voltou a me penetrar e foi se enfiando e me inundando com seu pau, que era
nada além de deleite para mim. Se Lucas estava com dores, estava dissimulando
muito bem.
Me beijava e me estocava ao mesmo tempo, de uma forma deliciosamente
comedida, mas com estocadas profundas e intensas. Metia, metia, metia, beijava,
chupava meu pescoço e estocava, estocava, bombava, bombava e me
enlouquecia. Com as pernas erguidas daquela forma, a penetração era funda e
deliciosa, o corpo de Lucas roçava no meu e a cada estocada, ele friccionava
meu clitóris, que foi esquentando e me enlouquecendo. Eu já estava sentindo os
primeiros vestígios de que iria gozar, e assim serpenteava meu corpo em
desespero, aumentando ainda mais a velocidade das estocadas do Lucas. Eu já
estava transpirando e mexia, mexia, mexia, exigia mais velocidade e ele
simplesmente passou a me castigar com mais velocidade e profundidade
segurando firme em minhas pernas e aquilo era uma tortura sem igual.
— Gozaa, gozaa, goza para mim, minha oncinha.
Lucas falou e começou a diminuir o ritmo das estocadas me deixando mais
enlouquecida ainda, elas iam fundo e acariciavam meu ponto G. Não demorou,
grudei nas costas do Lucas e o arranhei todo, no momento da explosão do meu
orgasmo, que veio feito um raio cruzando todos os músculos do meu corpo
chegando até o meu ventre entorpecendo-me em espasmos que simplesmente me
deixaram mole e fora de mim.
— Oooh oh oh, ah, ah, ohhh, Lucas, Lucas…
— Isso, goza para mim, minha delícia.
Enquanto eu gozava, Lucas jogou seu corpo para frente e passou a me
beijar com intensidade, ele respirava eufórico e me mordia e chupava meus
lábios e eu não desgrudava dele. Estava morta, entregue a ele e suas vontades.
Lucas não parou de se mexer lento dentro mim, e assim que viu que eu havia
recuperado minhas forças, virou-me de barriga para baixo no sofá e esticou
minhas pernas. Então me penetrou novamente, jogou seu corpo cobrindo o meu
e passou a beijar meus ombros, pescoço e lóbulo enquanto estocava com
carinho.
Metia em mim e dizia ao pé do meu ouvido:
— Gostosa demais, delícia! — metia lento, mais fundo, delicioso,
serpenteando em cima de mim e respirando no pé do meu ouvido.
Ele passou o braço direito por baixo de minha barriga e fez-me levantar e
ficar de quatro e antes de penetrar novamente, passou a chupar minha vagina e a
lamber fazendo-me contorcer toda, era uma sensação indescritível sentir a língua
dele em mim depois que eu havia gozado. Segurando em minha barriga com
uma das mãos enfiou seu pau em mim de quatro e passou a desferir estocadas
ritmadas e quentes, eu adorava ser possuída daquela forma, exatamente como às
éguas eram cobertas. Lucas estocava e me beijava nos ombros, mordia o lóbulo
de minha orelha de forma carinhosa. Nem na nossa primeira vez, ele havia sido
tão carinhoso comigo. Bombava lento e profundo, lento e fundo, estocava,
estocava, metia e procurava meus lábios. Passou a aumentar a velocidade das
metidas e lambia minhas costas, levando-me a loucura. Lucas tinha braços fortes
e quando me envolvia e socava em mim seu pau, eu me sentia segura, me sentia
plena e esquecia o mundo lá fora.
Metia, apertava os meus seios e chupava meu pescoço. Que delícia de
homem!

Lucas
Eu a estava comendo de quatro e a cada estocada uma dor lancinante em
minhas costelas, mas eu estava simplesmente abstendo a dor e transformando-a
em um prazer sem igual, eu estocava, estocava e bombava louco atrás da
explosão do meu prazer, e assim metia com força e fundo e a mordia na orelha,
no pescoço, nas costas, eu estava enlouquecido de tesão, então bombei, bombei,
bombei forte e gostoso enquanto que ambos nos contorcíamos de prazer e aquela
sensação incrível foi me invadindo, meu suor escorrendo na testa e cheguei até
fechar os olhos de tanto prazer quando um arrepio percorreu todo meu corpo e
chegou em meu pau me fazendo simplesmente flutuar, era um tesão sem igual,
foi o orgasmo mais demorado que já tive e enquanto eu a mordia de tanto tesão,
gemi, soltando da garganta todo meu prazer e nirvana.
— Porraaaa! Oh! Oooooh, ohhh, Ohhh, Marina! - a mordi novamente
fazendo-a rir, pois a fiz se arrepiar toda. Estava mole, dando estocadas leves
enquanto terminava de ejacular. Passei a beijar, lamber e morder suas costas,
pois eu queria que aquela sensação se estendesse a eternidade.
Tombei morto de cansaço no sofá e a puxei comigo ao meu lado e só
naquele momento de relaxamento total do meu corpo, enquanto a beijava foi que
voltei a sentir realmente as dores e reclamei:
— Ai! — deixei escapar.
— O que foi, Lucas? Está vendo, acabei de acabar com você.
Não aguentei vendo-a falar daquela forma e caí na gargalhada. Beijei-a na
boca e falei espremendo seus lábios:
— Bobinha! Nem vi dor nenhuma quando estávamos grudados.
— Mesmo assim, amanhã você vai precisar ir ao médico.
— De jeito nenhum, isso não é nada.
— Você pode estar com uma costela quebrada.
Gargalhei novamente sentindo dores e a questionei:
— Acha mesmo que teríamos conseguido transar se eu estivesse com algum
osso fraturado?
Ela ficou rindo e me encarando, e assim a chamei para tomarmos um
banho, lá ficamos abraçadinhos em silêncio só curtindo as carícias e os beijos
que dividimos embaixo do chuveiro enquanto a água caia quente em nós.
Saímos e depois que Marina se secou colocou uma camiseta regata branca
minha, fui até ela, a abracei por trás e perguntei:
— Está com fome?
— Não costumo comer tão tarde assim, Lucas, mas confesso que depois de
tanto movimento estou com fome sim.
— Minha mãe fez um bolo de chocolate maravilhoso que só ela sabe fazer,
vou à cozinha preparar um chocolate para gente tomar com o bolo, o que acha?
— Acho ótimo.
Soltei de sua cintura e fui a cozinha fazer o que havia dito, quando voltei no
quarto para chamá-la ela estava debruçada na janela toda triste, então a abracei
novamente por trás e quis saber o que estava acontecendo:
— O que foi? Com o que está preocupada agora?
— Não vai gostar que eu fale sobre isso.
Coloquei meu pescoço em seu ombro e respondi:
— Quero sempre saber tudo que lhe aflige.
— Lucas, Alana foi meu alicerce quando minha mãe morreu. sem ela eu
não teria superado e agora olha o que eu causei à ela.
Virei-a para mim, afastei os cabelos de seu rosto e fiquei segurando-os:
— Olha, vocês precisam conversar, e quando explicar a ela que nos
conhecemos antes mesmo de Alana colocar seus olhos em mim, ela vai entender.
Tenho certeza que vai. Não se desespere. Ou você prefere me trocar por ela e
quer que eu fique com ela?
— Não! Não Lucas. — abraçou-me forte fazendo-me sentir aliviado.
— Então vamos deixar que as coisas se acertem com o tempo e vamos viver
isso que ganhamos, um ao outro. Você foi meu melhor presente no pior momento
da minha vida. Não vamos deixar isso se perder, eu imploro.
Marina assentiu, ainda com a carinha de dar pena e a puxei para cozinha.
Comemos juntos, bebemos o chocolate quente e tentei fazê-la rir, e no fim das
contas eu até consegui, quando disse a ela que eu até poderia estar quebradinho,
mas que duvidava muito que o tal Deputado tenha conseguido transar com
alguém depois da surra que levou. Por fim, já era mais de três da manhã quando
eu a levei para casa e a deixei na porta. Exatamente como fazem os apaixonados
que não devem nada a ninguém. Eu estava simplesmente amando viver uma
paixão sem amarras.
Capítulo 14

Lucas
Marina entrou e fui me afastando da sede, dei uns quatro passos, quando
ouvi alguém chamar meu nome em um tom baixo:
— Lucas!
Virei de costas e era Alana.
— O que faz acordada uma hora dessas? — indaguei com ela se
aproximando.
— Tonho e eu acabamos de chegar do Celeiro.
— Hum!
Virei de costas e dei novamente mais alguns passos indo em direção a
minha casa.
— Lucas espera! — ela insistiu.
Passou na minha frente fazendo-me parar e assim tocou em meu rosto,
dizendo:
— Deixe-me ver isso.
Peguei em sua mão e a afastei de mim, informando-a:
— Não se preocupe com isso, Marina já cuidou de mim.
Alana se afastou e cruzou os braços e retrucou:
— Pelo jeito ela andou cuidando de tudo mesmo, uma hora dessas e você
com o cabelo molhado.
— É, você está certa, Marina sabe cuidar de mim como ninguém jamais
soube antes.
— Eu se fosse você ficaria esperto com ela, pois, esse rompimento com o
João não vai durar, já vi isso acontecer dezenas de vezes. Não demora nada e ela
vai voltar correndo para o namorado rico dela.
— Eu já estou com meu namorado, Alana. — disse Marina, aparecendo do
nada. — Lucas e eu estamos namorando.
Marina veio até mim e abraçou-me pela cintura e confesso que me senti
inflar com ela dizendo que estávamos namorando.
— Não esqueça o que te falei Lucas. — disse Alana e virou de costas
ignorando, Marina.
— Alana! — chamou Marina. — Você não sabe nada dos meus
sentimentos.
Alana continuou caminhando sem nem olhar para trás.
Marina se virou em minha direção, enlaçando-me no pescoço, dizendo:
— Sobre o que ela disse, jamais vai acontecer, hoje eu sei o que quero e o
nome dele é Lucas. É só você que quero.
Sorri satisfeito e a beijei.
Voltei com Marina até à porta de sua casa e ela deu-me um último beijo e
entrou. Caminhei ligeiro rumo minha casa, pois, não queria mais nenhum tipo de
encontro com Alana.
Entrei em casa e Cowboy dormia todo tranquilo em seu colchão.
Me troquei e vesti um short de dormi e me joguei feliz na cama, abracei o
travesseiro e em meus braços ainda tinham o cheiro de Marina.
Nunca nenhuma mulher havia feito com que eu me sentisse tão livre, tão
pleno. Quando estava com Sandra não conseguia colocar à cabeça nos
travesseiros e dormir tranquilo sem ficar imaginando no que aconteceria no dia
em que Greg descobrisse sobre nós? Aquilo nunca foi amor, aquilo era doença.
Marina
Dormi literalmente com os anjos, não existia mais nada com o que me
preocupar, João já sabia sobre o Lucas e Alana também, embora com Alana
tenha sido meio desastroso, mesmo assim já me sentia aliviada de ter tirado o
peso de ter que contar a ela, o destino se encarregou de me dar uma força.
Eu estava radiante na manhã seguinte, acordei mais cedo, pois, os treinos
ficariam mais intensos naquela semana.
— Bom dia, filha. — disse meu pai se sentando à mesa tomando seu café.
— Bom dia, papai.
— E como ficou, Lucas? Cuidou daqueles ferimentos?
Quando me perguntou, lembrei-me logo dos pós curativos e só de pensar
em Lucas, os pelos dos meus braços se arrepiaram, então tentei disfarçar o
sorriso que quase brotou e o respondi:
— Sim, cuidei sim, no fim das contas o corte era bem menor do que
aparentava.
— Ótimo. Melhor assim. Agora filha. João vai dar trabalho para vocês, não
acredito que ele vá aceitar isso assim numa boa.
— É pai, nem ele e nem Alana.
— Alana! O que tem Alana? - perguntou espantado.
— Está apaixonada por Lucas e não está aceitando meu namoro com ele.
Meu pai se levantou inquieto da cadeira e disse:
— Bom, preciso trabalhar. Quanto à Alana, ela supera isso.
Meu pai se afastou da mesa todo estranho e saiu de casa. Terminei meu
café, voltei a meu quarto, escovei os dentes e fui começar o dia lá fora.
Desci rumo à pista e o dia estava maravilhoso, o sol brilhava no alto em um
céu límpido, sem nuvens, era um azul inspirador.
Estava toda distraída tentando ver se Alana já estava na pista, quando fui
enlaçada pelas costas, Lucas me segurou firme e encheu meu pescoço de beijos.
— Bom dia, minha oncinha.
— Bom dia, meu garanhão.
— Humm! Seu garanhão é? Já me deixou todo excitado.
— A é? Pois, pode ir se acalmando aí, porque tenho que treinar.
— E eu trabalhar. Seu pai e eu vamos levar uma égua para ser coberta por
um garanhão que ele comprou a cobertura.
Quando conversávamos abraçadinhos, Alana passou quase esbarrando em
nós e entrou na pista como um furacão.
Lucas deu de ombros e me apertou ainda mais junto a seu corpo e me deu
dezenas de beijinhos.
— Vai estar ocupado o dia todo hoje? — questionei-o.
— Por quê? Tem planos?
- Na verdade, queria te levar para conhecer um lugar.
— Bom, hoje à tarde eu estarei mais livre, aí podemos ir. Mas me conta
onde é esse lugar.
— Nada disso. É surpresa. Minha mãe me levava sempre lá, era o lugar
preferido dela.
— Está bem! Combinado então.
Dei um último beijo e fui me afastando dele e entrei na pista. Não me
agradava nada ter que revezar à pista com ela, nunca gostei antes e agora então
só piorava.
Quando entrei era Mel que iria treinar naquela manhã, pois, em tempo de
competições, ela era sempre poupada, treinávamos com ela apenas duas vezes
por semana.
Caminhei até ela e a toquei com afeto em seu pescoço e a acariciei, falando:
— Ei, garota, como está se sentindo hoje?
Mel se mexeu inquieta e esfregou a cabeça em mim, era carinhosa demais,
éramos amigas há tempos, desde que era uma potra, e nossa amizade era linda
demais. Eu não me imaginava entrando em uma pista para competir sem ela,
eram anos de cumplicidade.
O treino aquela manhã, revezando entre mim e Alana, estava indigesto. O
treinador percebeu o clima ruim e tentou intervir e mediar, mas com Alana não
tinha conversa.
Assim que o treino terminou, saí atrás dela, pois, eu estava com um nó na
garganta e precisava desatar.
— Alana, espera! Precisamos conversar.
Ela se virou em minha direção e com a feição fechada respondeu-me:
— Não tenho nada para falar com você.
— Então não fale, escute apenas.
— Não tem nada que você possa me dizer, que irá amenizar o que estou
sentindo. Você traiu nossa amizade de anos.
— Não, não trai. O destino nos traiu.
Ela gargalhou.
— Alana, no dia que você veio me contar do peão novo, dizendo que havia
encontrado o homem dos seus sonhos, eu já havia me encontrado com ele duas
vezes durante à manhã. Você ainda nem o tinha visto e uma forte química já
estava rolando entre mim e ele.
— Por que não me contou isso quando falei dele para você?
— Porque eu estava com o João e nunca imaginei que aquela faísca que
nasceu entre mim e Lucas fosse virar fogo.
— Ainda assim eu era sua melhor amiga, você tinha que ter me contado e
não me deixado me apaixonar por ele mais e mais.
— Eu errei quando não te contei, você tem razão, mas não podemos deixar
isso acabar com nossa amizade, somos uma equipe.
— Equipe? Não seja tola. Eu nunca passei de uma sombra sua, você sempre
teve todas as regalias, os melhores animais, sempre foi a número um.
— Alana, se você fizesse as melhores pontuações, se tivesse os melhores
resultados nas pistas, você seria a amazona número um e não eu. O Haras busca
resultados, meu pai nunca fez distinção entre nós duas, não seja ingrata. Seu
cavalo é tão bom quanto a Mel. Você também o tem desde um potro, não culpe a
mim se você nunca conseguiu me superar em números.
— Está dizendo que a incompetente, sou eu?
— Eu não disse que você é incompetente.
— Você só conseguiu piorar as coisas, Marina. E em Barretos vou te
mostrar quem sou eu.
— Perfeito! Eu não sei porque diabos ainda não se mostrou.
— Você é a queridinha do patrão, acha que eu ia querer ser a número um?
— Se você é capaz de ser, seja. Faça isso, esqueça que sou filha do patrão e
me supere, se supere minha amiga.
— As coisas mudaram agora, se prepare para competir por igual comigo. E
sobre nossa amizade. Acabou!
Alana desferiu a facada e montou em seu cavalo e saiu em disparada,
desaparecendo de minhas vistas.
De longe, Lucas assistiu tudo, só não ouviu.
Alana me deixou com um nó na garganta e um gosto amargo na boca.
Subi em direção à sede e fui direto para meu quarto. Eu estava
inconformada com tanta agressividade por parte dela, dizer que não me vencia
porque eu era filha do patrão, me deixou ainda mais inconformada.
Meu coração estava confuso, dividido em felicidade e tristeza. E sem ter
permissão, meus olhos verteram em lágrimas que caiam amargas em direção à
minha boca.
Capítulo 15

Marina
Depois de ficar remoendo as palavras de Alana, decidi que não iria treinar
na parte da tarde, até porque eu já havia dito ao Lucas que o levaria para
conhecer um lugar muito especial para mim, então, assim que ele me avisasse
que já estava com à tarde livre iríamos. Durante o almoço meu pai pouco falou
na mesa, estava aéreo com os pensamentos longe e por mais que eu tentasse
puxar assunto com ele, simplesmente não avançávamos porque ele não dava
continuidade e conhecendo-o como eu o conhecia, sabia que deveria deixá-lo
com seus devaneios ou problemas.
Eu estava distraída na varanda, lendo meu livro, quando o celular apitou e
era uma mensagem do Lucas que dizia:
Oi! Minha oncinha, já estou livre para ser só seu, estou aqui nas baias
esperando você. Beijo.
Então tratei de respondê-lo:
Já estou descendo. Beijo.
Vesti o colete marrom por cima da camisa branca, peguei minha garrafinha
de água e sai em direção as baias, quando passei na frente da pista, Alana ia
saindo com o treinador puxando seu cavalo, então ela falou irônica:
— Isso que é vida! Ser filha do patrão dá o direito de treinar quando e como
quiser.
Olhei para o treinador que piscou gentil para mim, sendo assim, dei-me o
direito de a ignorar, pois, aquela pessoa nunca mais iria me fazer chorar. Era
minha amiga de uma vida toda? Era, mas, nem por isso iria ficar me rastejando a
seus pés.
Fui em direção às baias e Lucas já estava lá, Alana vinha logo atrás de mim,
trazendo seu cavalo.
Lucas já estava com Mel e Tornado arreados e assim que me aproximei
dele, agarrou-me pela cintura, puxando-me para ele e dando-me um susto, já que
eu não esperava por uma demonstração de carinho dele assim em público. E com
Alana vindo logo atrás, senti-me ainda mais desconfortável.
— Já estava louco de saudades da minha oncinha. — disse e grudou seus
lábios aos meus, segurando-me com força, evitando que eu fugisse dele.
Fosse onde fosse, quando Lucas encostava seus lábios aos meus, o mundo
parava e não existia mais nada ao nosso redor, assim grudei em seu pescoço e o
correspondi no meio dos peões e de Alana. Quando desgrudou dos meus lábios,
perguntou-me:
— Podemos ir?
— Sim, agora, antes que fique muito tarde.
Lucas pegou as rédeas dos animais e entregou-me Mel, assim sai da ala das
baias e fui puxando-a para fora com Lucas puxando o Tornado.
Quando já estávamos ao ar livre, montamos nos animais e saímos, com
Lucas me seguindo.

Alana
Se tinha um sentimento que me definia naquele momento, ao ver Lucas e
Marina saírem juntos a cavalo, era o ódio. Ela simplesmente jogou fora nossa
amizade de anos, por conta dele.
Eu estava distraída, vendo-os se afastar, quando Tonho chegou do meu lado
e me tirou de meus pensamentos:
— Eles formam um belo casal, Alana. Sugiro que você os deixe em paz ou
terá problemas com o patrão, que aliás, me mandou dizer que quer falar com
você e que a espera lá no escritório dele.
Tonho grudou nos meus braços com força e perguntou-me todo nervoso:
— O que foi que você andou aprontando?
— Me solta, Tonho. Não aprontei nada, não faço a mínima ideia do que ele
possa querer comigo.
— Pois eu acho que irá falar sobre você e Marina.
— Ele pode falar o que quiser, Marina morreu para mim.
Tonho me encarou sério e ralhou:
— Olha aqui menina, veja lá o que irá dizer para o patrão, nós vivemos aqui
toda nossa vida. Papai está doente e não podemos nem pensar em sair daqui por
conta do seu ego, portanto, é, sim senhor o tempo todo, é baixar a cabeça e
concordar com tudo que o patrão te disser. Fui claro?
— Sim senhor! — respondi-o com sarcasmo e fui saindo.
— Ele já está te esperando, não se demore.
Me virei e o respondi:
— Eu estou toda suada, vou para casa tomar um banho e só depois vou até
lá.
— Está de brincadeira comigo, não está?
Nada respondi a ele e fui seguindo para nossa casa que ficava a uns
quinhentos metros da sede. Passei em frente ao escritório que estava com à porta
fechada e segui adiante, pois, Jorge podia esperar. Eu já sabia que ele iria me
esfolar viva, então eu não tinha nenhum tipo de urgência.
Em casa, tomei banho, me troquei, tomei café na mesa da cozinha com meu
pai e só em seguida fui atender ao chamado do patrão.
Bati na porta do escritório e de lá de dentro ele respondeu:
— Pode entrar!
Abri a porta com cautela e fui entrando e fechando-a atrás de mim.
Jorge estava sentado atrás de sua enorme mesa e confesso que sua seriedade
ao me olhar enquanto atendia a um telefonema, fez-me perder toda minha
segurança. Ela era um homem sério, bonito, de cabelos grisalhos e barba por
fazer também começando a ficar grisalha. Estava vestido de camisa marrom, um
blazer acinzentado e calça jeans. Ele era sempre muito elegante e charmoso,
impossível não reparar.
Ele desligou o telefone celular e o colocou na mesa. Me olhou com um
olhar caído e severo que fez-me tremer internamente. Estava furioso.
Cruzei meus braços, insegura, e ele disse-me:
— Sente-se Alana. — apontou para a cadeira em sua frente na mesa.
— Obrigada, estou bem assim. — respondi continuando em pé.
Ele jogou seu corpo para frente na mesa e apoiou os cotovelos nela e fechou
os punhos e passou a mexer o polegar inquieto.
— Muito bem! Se deseja ficar em pé que seja. — disse por fim. — quero
saber o que vem acontecendo com você e Mari. São uma equipe e agora parecem
duas inimigas.
— Equipe, Jorge?
— Sim, sempre foram.
— Não. Marina sempre teve os privilégios.
Ele meneou a cabeça sem entender e questionou:
— De que tipo de privilégios estamos falando aqui?
— Ser a amazona número um do Haras é um privilégio. — argumentei.
Ele sorriu de forma irônica e respondeu-me sendo cruel:
— Alana, cada uma tem à posição que conquistou. Perdoe-me, mas se
Marina é a primeira amazona, é porque ela conquistou. E isso não tem nada a ver
com o fato dela ser minha filha e sim com esforço e empenho. Foi com seus
próprios méritos que ela conseguiu tudo que conquistou. Você treina na mesma
pista, tem um animal com as mesmas qualidades, os melhores equipamentos, o
melhor treinador. Tudo exatamente como tem Marina. Você nega isso?
Engoli em seco e o respondi:
— Marina tem dois animais.
— Alana, você não tem me mostrado resultado, seus números estão bem
abaixo da média esperada para você e de quem é a culpa disso?
— Eu sei.
— Não vejo necessidade de colocar outro animal a sua disposição, não
enquanto você não fizer por merecer isso.
— É só isso que queria me falar? — eu queria chorar de ódio e não queria
fazer isso na frente dele.
— Não te chamei aqui para isso, quero saber o que está havendo entre você
e Mari, te falei isso no início da conversa, mas quero a verdade.
— Nos desentendemos, foi isso.
— E posso saber a razão disso? — ele recostou na cadeira e me encarou
sério.
Me virei de costas, não queria dizer a ele. Percebi que ele se levantou e se
aproximou de mim.
— O que de fato você sente por Lucas? — Jorge questionou bem próximo
de mim, em minhas costas.
Mais uma vez fiquei sem fala, assim ele repetiu a pergunta:
— O que sente pelo Lucas?
— Estou apaixonada. — respondi insegura.
Jorge gargalhou e indagou irônico:
— Você apaixonada pelo Lucas?
— Sim! Me apaixonei. — retruquei com mais veemência.
— E quem é que você pensa que engana com isso?
Virei-me e o encarei, olhando firme em seus olhos castanho escuros.
— Não é o que queria? Que eu cuidasse da minha vida longe de você?
— Alana, aquela noite foi um erro, você tem idade para ser minha filha.
— Mas não sou. E além do mais, Lucas mexeu comigo sim, eu o desejo, eu
quero ele. — o provoquei.
Ao ouvir minhas palavras, Jorge grudou em minha cintura e colocou seu
queixo em meu ombro e sussurrou em meus ouvidos:
— Mentira! Está mentindo para mim. Duvido que tenha esquecido aquela
noite.
Minhas pernas ficaram moles e o contato de sua barba por fazer me
arrepiou toda, eu desejava aquele homem mais que tudo, era o amor da minha
vida.
— Não esqueci, mas estou tentando. — respondi ofegante com minhas
mãos grudadas na calça dele.
Suas mãos se apertaram em minha cintura, puxando-me mais em sua
direção, fazendo com que eu viesse a sentir toda sua excitação.
— Seu cheiro, Alana, me mata, me enlouquece. Por que diabo veio aqui
vestida assim? — enfiou suas mãos embaixo do meu vestido e levou uma delas
para dentro de minha calcinha e enquanto enfiou seu dedo em mim, beijava meu
pescoço e respirava aflito.
— Diga que está mentindo sobre o Lucas, diga que era só para me provocar.
— Não é mentira, ele me atrai, eu tinha que continuar sem você. —
respondi e levei uma de minhas mãos no meio de suas pernas e passei a acariciá-
lo em sua ereção deliciosa. E ele gemeu em meu ouvido:
— Ohh!
Jorge tinha 57 anos, mas tinha uma virilidade de fazer inveja a qualquer
jovem. Quando transamos há um ano, ele se mostrou o amante perfeito, mas
arrependeu-se logo em seguida, pois se preocupava com o que Marina pensaria.
Esfregava sua ereção quente em mim, então virou meu pescoço e buscou
meus lábios de forma eufórica, estava enlouquecido e eu mais ainda, pois o
amava e o queria mais que nunca. Segurava firme em meu pescoço e me beijava
com tesão enfiando sua língua na minha boca e me devorando em uma ânsia
louca me desejando, tanto quanto na noite que transamos em seu próprio quarto.
Me virei de frente e levei meus braços sobre seu pescoço e voltei para seus
lábios. Aquele beijo demonstrava o quanto ele me queria e o quanto me amava
também.
Passei minhas mãos sobre seu ombro e retirei de seu corpo seu blazer e em
seguida abri o zíper de sua calça e abaixei junto com sua cueca e sem demora
levei minha mão em seu pau e passei a acariciá-lo com tesão enquanto o beijava
sedenta. Perdemos o juízo, literalmente.
— Alana, não devemos. — falou e continuou beijando-me sem desgrudar
de mim nem um minuto se quer.
Queria parar mais não conseguia, pois, estávamos há um ano adiando
aquele reencontro a sós. O mundo continuava lá fora e se alguém chegasse perto
demais daquela porta saberia o que estava acontecendo lá. Assim, Jorge saiu dos
meus braços e foi até à porta e a trancou, voltou de lá me devorando com os
olhos, retirando suas botas e calça. Ele foi até uma gaveta em sua mesa e lá do
fundo retirou um envelope de camisinha, abriu com a mão e enfiou em seu pau
me encarando com tesão, fazendo meu ventre se contrair de desejo. Jorge
caminhou com o pau duro até mim, me virou em direção à mesa e me agarrou
pela cintura com uma das mãos e com a outra grudou em meus seios e os retirou
de dentro de vestido. Eles estavam duros de tesão e minha vagina estava toda
úmida desejando-o ardentemente.
Ele beijou meu pescoço e disse-me:
— Sou louco por você minha potrinha, louco.
Então ergueu meu vestido, tirou minha calcinha e a jogou para o lado e
quando voltou para mim, fez-me debruçar sobre à mesa e me invadiu
deliciosamente com seu pau.
— Ahhh. — gemi quando fui violada por ele.
— Que saudade eu estava de você, que saudade. — disse se enfiando fundo
em mim.
— E eu estava tão perto. — respondi e gemi novamente quando ele me
estocou com força e gemeu:
— Ohhh, ohhh, delícia.
Jorge passou a me estocar com tesão acumulado, em um vai e vem
delicioso em um ritmo rápido que demonstrava todo seu tesão. Eu gemia sem me
preocupar, e assim Jorge disse:
— Alana, não podemos sermos ouvidos aqui.
Debruçou-se sobre mim e voltou a me castigar, bombando, bombando,
metendo e metendo forte em mim. Eu queria gritar e não podia, então mordi seu
blazer que estava em cima da mesa e aguentei suas investidas deliciosas em
mim.
— Potrinha, Potrinha. — sussurrava e me comia, se enfiava em mim,
deixando-me cada vez mais molhada e louca de prazer.
Depois que transamos há um ano, eu não tinha mais saído com ninguém,
mas vivia louca atrás de inventar uma paixão para substituí-lo, contudo, não
conseguia esquecer aquela noite, nem Jorge.
Ali no escritório corríamos o risco de sermos ouvidos, estávamos loucos e
ele me beijava nas costas, me mordia e se enfiava em mim com uma severidade
que parecia estar me castigando. Bombava e me puxava em sua direção para me
beijar. Metia, metia, metia e estocava com força gemendo baixinho enquanto eu
mordia seu blazer para não gemer alto, pois, o prazer de tê-lo me montando era
surreal. Eu queria gritar, queria gemer alto, mas não podia e com ele me
comendo de quatro em cima daquela mesa, naquele vai e vem enlouquecedor,
senti minhas pernas perderem as forças e meu orgasmo inundar-me deixando
todos os pelos do meu corpo arrepiado quando aquele êxtase me invadiu e fez-
me gozar e gemer sufocada:
— Ahhhh! Aaahhh ahhh ohhhh! Jorge meu amor.
— Está gozando para mim meu amor?! Isso, geme, geme, geme para mim.
Jorge continuou metendo em mim com velocidade e estava em plena forma
física, suas estocadas eram deliciosas e eu sentia cutucar fundo em mim.
Estávamos loucos um pelo outro e passar um ano sem nos tocarmos acendeu
aquele fogo que nos entorpeceu a ponto de nem nos preocuparmos com o local.
Ele continuou metendo forte, bombando, bombando, bombando, suando e
me comendo com fúria, enquanto gemia gostoso com aquele tom de voz rouco
gostoso.
— Oh, oh, oh, ah, ah, ah. — metia gemendo.
Ergueu meu corpo em sua direção e segurou firme em meus seios enquanto
continuou estocando em mim com aquele pau que parecia ferro.
Meteu, meteu, meteu, estocou com força e gemeu no pé do ouvido de uma
forma que me deixou toda molhada:
— Ohhh, ohhhhhh, diabo de potrinha gostosa. Ohhhhh, ooohhhh!
Fincava em mim de forma mais lenta e gostosa enquanto gozava
deliciosamente.
Tudo o que eu queria como homem estava ali, enfiado em mim e sentindo
seu prazer enquanto gozava engatado como um garanhão em mim.
Sem se retirar de dentro de mim, passou a beijar minhas costas com carinho
e puxou meu pescoço em sua direção e me beijou depois me disse:
— Você é só minha Alana, diz isso para mim, diz por favor.
— Sou só sua, meu amor.
— Sou louco por você.
Ele se afastou de mim, tirou a camisinha e a enrolou em um papel e jogou
no lixo; se limpou e vestiu a cueca e à calça. Enquanto isso também fui me
recompondo e quando já estávamos em nossos juízos normais, ele me abraçou
forte dizendo:
— Não quero mais ficar longe de você, eu a amo e preciso assumir isso.
Assenti sem dizer nada, mais meu coração disparou no peito, então falei:
— Preciso sair daqui, já faz tempo que entrei e Tonho pode ter me visto
entrar.
Jorge balançou a cabeça e disse:
— Depois de Barretos vou contar sobre a gente para Marina e assumir que
nos amamos para todos.
— Nesse dia vou ser a mulher mais feliz do mundo.
Ele sorriu, segurou na lateral de meu rosto e me beijou.
Saí do escritório e fui direto para casa, não encontrei ninguém pelo caminho
que pudesse ter notado meu estado extasiado, rindo sozinha de felicidade.

Capítulo 16

Marina
Lucas e eu estávamos cavalgando rumo a um lugar muito especial para
mim, o dia estava perfeito com um céu límpido, o que era de fato, o que mais me
animou a levá-lo até lá. Cavalgamos alguns minutos pelas terras do Haras e
depois adentramos na mata, no meio da Cantareira em uma trilha. O cheiro da
mata me inebriava, eu simplesmente amava o contato com a natureza e com o ar
puro.
Lucas adiantou Tornado e passou a caminhar lado a lado comigo e Mel, que
já conhecia aquele caminho de cor e salteado.
— Não vai mesmo me dizer para onde está me levando? Está me deixando
curioso, estou aqui imaginando mil lugares. Uma caverna, uma cachoeira. —
disse Lucas.
— Você é muito curioso, meu Deus, aguenta aí.
A trilha era incrível, árvores gigantescas, figueiras, araucárias, canelas e
muitas samambaias por todos os lados. Enquanto entrávamos mais no meio da
mata atlântica, escutávamos o grito dos bugios ao longe.
Cavalgamos cerca de vinte minutos no cenário que vez ou outra parecia que
iria nos engolir devido à mata fechada e a pouca utilização daquela trilha, que do
nada nos levou a uma enorme clareira, uma grande formação rochosa de granito
há 1.010 m de altitude.
Quando chegamos na Pedra Grande, que era como aquele local era
conhecido pelos turistas, uma grande cortina se abriu e o cenário em nossa frente
era simplesmente de tirar o fôlego. Eu que já estava acostumada com à vista, me
encantava todas às vezes que chegava lá, imagine Lucas, que nunca tinha estado
ali. Ele me encarou atônito, apeou do cavalo e o amarrou em uma árvore e saiu
andando em cima da pedra rumo ao mirante em direção ao penhasco, de onde
era possível avistar a cidade de São Paulo emoldurada pela Mata Atlântica, em
uma perfeita simetria, uma engolindo a outra.
— Marina, me diz que aquela cidade não é o que estou pensando. — falou
Lucas todo admirado.
— Sim, é o que você está pensando sim, é São Paulo, linda não é mesmo?
— Uau! Nunca ouvi falar desse lugar, que paz, São Paulo vista daqui parece
uma selva de pedras no meio da Serra.
Eu o abracei na cintura e ele passou seu braço sobre mim.
— É um belo contraste, não é? Dizem que em linha reta estamos há 10 km
da Praça da Sé.
— O coração de São Paulo. — ressaltou, Lucas.
Me soltei do Lucas e me sentei na pedra bem próxima do penhasco, abri
minha garrafinha de água e bebi; Lucas ainda ficou alguns minutos em pé
observando atento a beleza que se estendia em sua frente até onde seus olhos
alcançavam, então indagou:
— Está vendo bem ao fundo? Aquilo é a Serra do mar?
— Sim. — respondi olhando para frente. — Em dias como hoje, claros e
livres de poluição, conseguimos ver até à Serra do mar.
— Nossa, nunca imaginei que um cara como eu fosse ficar tão passado com
um cenário desses.
Eu sorri e questionei:
— Um cara como você?
— Sim, um caipira.
Gargalhei e constatei:
— Você não é um caipira, Lucas.
Ele caminhou em minha direção e se sentou bem atrás de mim, encaixando
suas pernas em minhas costas e me abraçando por trás.
— Minha mãe gostava muito desse lugar, ela dizia que aqui podia se ver a
essência de uma mistura triste e ao mesmo tempo esperançosa e que nada é o
que parece ser.
— É, olhando apenas, não sabemos se o verde está engolindo o cinza, ou se
é o contrário.
— Sim, essa é uma triste ilusão de ótica, pois, sabemos que o cinza está
devorando todo o verde, está engolindo como um leão faminto.
— Me fale sobre ela. — disse Lucas pegando-me de surpresa.
Suspirei alto e ele retirou meu cabelo do meu pescoço e beijou-me.
— Não precisa se isso lhe trouxer tristeza.
— Ela era linda, tinha os cabelos ondulados e castanhos no meio das costas
e tinha lindos e grandes olhos na cor de mel. Um sorriso, uma voz doce e
compassada. Era a delicadeza em forma de mulher.
— O que aconteceu?
— Ela teve um tipo raro de câncer chamado sarcoma, lutou dois anos contra
essa maldita doença, mas não resistiu.
— Eu sinto muito.
Engoli em seco tentando impedir as lágrimas de saírem.
— Tudo bem, isso foi há 4 anos.
Lucas me encheu de beijos, então tratei de mudar de assunto:
— Mas e você? Me fale sobre ela.
— Ela? — Lucas se espantou.
— Sim, a mulher do Greg.
Lucas se mexeu inquieto e respondeu-me:
— Por que falar sobre o passado que está morto?
— Ela não está morta, Lucas e quero saber mais sobre essa possível
ameaça.
Ele puxou meu rosto para trás e beijou-me gostoso vindo a morder meus
lábios no fim.
— Ela não é uma ameaça, não depois que provei desses lábios. — sorriu e
piscou para mim.
— Mesmo assim, quero saber.
— Eita! — resmungou. — Minha história com ela começou quando eu era
muito jovem, ainda fazendo as primeiras descobertas sobre sexo. Ela me olhava
de uma forma sedutora e eu tinha só meus 15 anos.
— 15 anos?
— Sim, naquela época eu ainda era muito bobo, não entendia nada da vida
que não fosse os cavalos. Essa coisa de desejo, de admiração durou até os 17
anos, que foi quando transamos pela primeira vez.
— Não se sentiu mal por Greg?
— Sim, no início foi terrível, eu me sentia sujo, odiava a mim mesmo por
ter tido a coragem de tocar na mulher dele, mas depois, foi virando uma rotina,
fui achando que a amava e isso durou até pouco antes de te conhecer. Ela não
presta, eu nem era o único amante dela.
— Poxa, o Greg não merecia isso.
— O Greg está bem, Marina. Está amando outra mulher. Lia é fantástica,
caiu do céu para ele.
— Eu soube que ela é filha da Sandra.
— Sim, Greg era o Padrasto de Lia, mas como no amor não existe regras.
— É ... O amor sempre nos surpreende. — estiquei-me toda e busquei seus
lábios e o beijei grudada com meus braços em seu pescoço.
— E você com o tal Deputado?
— Sabe aqueles amores de escola? De quando você passa a aula toda
rabiscando as suas iniciais com a da pessoa que você gosta?
Lucas riu e nada respondeu.
— Então, assim começou meu relacionamento com o João, ainda no
colegial. Ele é filho de um médico, criador de cavalos também e estávamos
sempre nas mesmas rodas, mesmas festas, leilões, enfim, pertencíamos ao
mesmo círculo e crescemos achando que éramos almas gêmeas.
— E não são?
Virei-me em direção a Lucas e aproveitando que estávamos sozinhos lá,
passei minhas pernas em sua cintura e ele me abraçou forte nas costas
segurando-me e puxando-me cada vez mais para si, então o beijei e respondi
encarando-o:
— Graças a Deus não, senão o que seria de mim sem você?
— Humm! Gostei muito disso.
Lucas me puxou pela nuca em sua direção, e ali, em cima daquela pedra, no
meio de toda aquela natureza, beijou-me com paixão.
Lucas tinha tudo que me atraía a ele de forma inevitável, sua boca carnuda
e macia, o gosto dela me devorando, me chupando e mordendo, seu cheiro, uma
mistura deliciosa de perfume com o cheiro próprio dele. Até quando estava
cheirando a cigarro eu amava, mesmo odiando cigarros, mas com isso eu não
precisava me preocupar, pois, não voltei a sentir cheiro de cigarros nele. Lucas
me beijava gostoso, e ali, juntos fomos deixando o beijo ficar quente demais, ele
enfiava sua língua na minha boca e acariciava a minha deixando-a enlouquecida,
e se fosse só minha língua a enlouquecer seria ótimo, mas o calor que
aglomerava no meio de minhas pernas, despertando em mim um desejo louco e
desenfreado por ele, estava me deixando molhada. Estávamos loucos, só podia
ser e quando ele enfiou suas mãos por dentro de minha blusa em minhas costas e
ameaçou a desabotoar meu sutiã eu ralhei arfando:
— Lucas! Para com isso, olha onde estamos.
Ele me respondeu sem tirar seus lábios dos meus e completamente excitado
sussurrou:
— Não tem ninguém aqui, você me deixa louco.
Continuou me beijando com tesão e como eu estava entrelaçada em sua
cintura, senti sua ereção pulsando, e ele fazia questão de me puxar pelas costas
fazendo-me senti-lo mais e mais.
— Mari, você me deixa com muito tesão.
— Precisamos ir embora, aqui escurece muito rápido, e nem é lugar para
isso, você está louco?
— Estou! Louco de vontade de você.
Segurei em seu rosto e o beijei e o mordi forte em seus lábios, e assim ele
resmungou:
— Ai meu Deus que mulher gostosa é essa?
Eu gargalhei e fui saindo de seu colo, embora fosse tentador e à vontade de
me unir a ele ali mesmo, fosse muita, estava ficando tarde, e o pior, poderia
aparecer algum turista a qualquer momento.
— Ah não Mari, volta aqui, porra! — puxou-me pela mão. — Sério mesmo
que você vai me deixar assim?
Eu o encarei e perguntei:
— Assim como?
— De pau duro, louco de tesão.
— Vou!
— Ahhh! Que merda! — respondeu e se levantou também e me agarrou
pela cintura enquanto eu estava de costas e apertou sua ereção em minha bunda e
mordendo meu pescoço.
Fechei os olhos de pernas bambas, ele estava uma tora, e que tesão que
senti ao senti-lo se forçando em mim. Eu estava inundada e toda vez que ele
tocava na minha barriga com suas mãos fortes, um frio me invadia e parava em
meu ventre. Que tesão de homem!
Virei-me em sua direção, agarrei em seu pescoço e falei:
— Não podemos fazer isso aqui e além do mais, você está esquecendo que
hoje é o aniversário do Tonho lá no Celeiro? Não podemos deixar de ir.
Lucas respirou fundo e respondeu-me desanimado:
— Puta merda! Você sabe como excitar um homem, mas também sabe
como fazer ele perder o tesão.
Gargalhei em seus braços e ele me puxou novamente para seus lábios.
— Vem cá, não ri de mim assim não. — me tascou mais um beijo delicioso.
Deu-me vários selinhos para colocar um fim naquele beijo molhado e
insinuador, então falou:
— Vamos embora daqui logo ou não me responsabilizo se eu te encostar em
uma dessas árvores.
— Teremos à noite só para gente. — respondi e fui caminhando em direção
a Mel.
Subi nela e fui caminhando com ela rumo à trilha, e nela, próximo da Pedra,
encontramos com dois mochileiros.
— Ei! Me espera. — gritou, Lucas.
Lucas gritou e eu nem dei bola, assim ele montou rapidamente em seu
cavalo e me alcançou.
— Adorei passar esse fim de tarde com você, Marina, pena que você é
muito certinha e não me deixou te mostrar como é gostoso uma aventura ao ar
livre.
— Aventura? — novamente não aguentei e me matei de tanto rir. — Você
chama transar em um lugar público de aventura?
— Sim! E não tinha ninguém lá Marina.
— Hoje não tinha, mas costuma ficar lotado de turistas, viu aqueles dois?
Iam nos pegar no flagra.
— Vi sim, mas você bem podia ter apagado o fogo que colocou em mim,
estou queimando aqui até agora.
Não o respondi e coloquei Mel a galope deixando-o para trás.
Capítulo 17

Marina
Quando chegamos no Haras, deixamos os animais com os tratadores e
combinamos de nos encontrar às nove para irmos para o Celeiro.
Depois de um bom banho e de jantar com meu pai, que estava muito
estranho, sorrindo sozinho feito um bobo, subi para meu quarto para ler um
pouco antes de me trocar.
Eu estava na poltrona com as pernas erguidas e toda relaxada quando
bateram na porta.
— Entre! — respondi.
Para minha surpresa era, Alana.
— Posso falar com você, Mari?
— Claro que pode, entre. Você sempre pode, lembra?
Alana sorriu envergonhada e respondeu-me:
— Eu me lembro sim, mas andei sendo uma estúpida com você.
Levantei-me da poltrona e fui até ela na porta, coloquei-a para dentro e
fechei a porta.
Eu estava tão feliz em vê-la parada ali dentro do meu quarto que nem sei
como explicar, éramos quase irmãs e só eu sei como ficar sem ela estava me
doendo.
— Senta aí. — apontei para a cama.
Ela se sentou e me olhou fixo, dizendo:
— Por favor amiga, me perdoa.
Eu estava em pé perto da cama e quando a palavra perdão entrou em minha
mente, lembrei-me de como Alana havia sido injusta comigo, então respondi:
— Não antes de você ouvir o que tenho a dizer.
— Tudo bem, qualquer coisa que disser é porque mereço.
— Foi cruel comigo não me deixando explicar como foi que as coisas
aconteceram, você se transformou da noite para o dia e colocou inclusive nossa
parceria nas pistas em jogo. Embora competimos uma contra a outra, somos uma
equipe que representa o Haras e você colocou isso em dúvida.
— Eu lamento por isso, Mari. Estava cega de raiva.
— E o que foi que mudou? Por que está aqui agora?
Alana se levantou da cama e ficou de costas para mim de uma forma que
não pudesse me olhar nos olhos, alguma coisa errada tinha.
— Lembra do homem que eu dizia ser o homem da minha vida? —
questionou-me ela.
— Sim, claro que me lembro, você passou um ano falando dele e
guardando segredo para mim sobre sua identidade. O que tem ele?
Ela voltou a me olhar e respondeu-me:
— Estivemos juntos novamente e descobri que nunca deixei de amá-lo.
— E quanto ao Lucas?
— Mari, você sabe que passei todo o tempo inventando paixões, tentando
esquecê-lo. Não nego que me senti atraída por Lucas de verdade, mas não
chegou nem perto do que sinto por aquele homem.
Balancei a cabeça aceitando suas explicações e a indaguei:
— E quem é esse homem, vai finalmente me contar, não vai?
Alana voltou a me dar as costas e respondeu:
— Ainda não posso te contar, não é um segredo só meu, se fosse você já
saberia quem ele é há tempos, mas tem ele nisso também.
— É um homem casado, não é?
Ela me olhou com uma expressão triste e explicou-me:
— Não, ele não é casado, antes esse fosse o nosso problema, pois, seria
bem mais fácil de resolver.
Me sentei atônita na cama sem conseguir entender o que poderia ser pior
que amar um homem casado.
— Se não é casado é o que? Eu não consigo imaginar nada pior que isso.
— Você vai saber quando chegar à hora, e, está bem perto acredite.
— Eu espero que saiba o que está fazendo, minha amiga.
Alana se calou.
Eu sempre estive curiosa com relação a esse homem que Alana dizia amar,
mas agora ela conseguiu me deixar intrigada.
Ela veio em minha direção e me abraçou, pegando-me de surpresa.
— Me perdoa, minha amiga, fui uma tola com você agindo como uma
adolescente infantil.
— Claro que te perdoo e eu também tenho que te pedir desculpas por não
ter lhe contado sobre o Lucas logo de início, pois, tudo isso teria sido evitado.
— Estamos bem então? — perguntou-me com os olhos cheios de lágrimas.
— Sim, claro que sim.
Eu estava aliviada, a amava como se fosse minha irmã.
— Bom, preciso ir, tenho que me arrumar para ir ao Celeiro. Vocês irão?
— Claro que iremos.
— Então nos encontraremos lá.
— Está bem. — respondi e ela se virou e foi saindo do meu quarto.
Assim que à porta se fechou, sentei-me na ponta de minha cama e comecei
a pensar em tudo que havia sido dito ali. Eu confiava nela, conhecia-a desde
sempre e sabia que estava sendo sincera, mas tinha algo estranho nela, algo que
estava me escondendo, que tinha muito mais a ver comigo do que com o tal
homem misterioso.
Peguei meu celular e fui conferir às horas e já eram oito e dez da noite e eu
havia combinado às nove com o Lucas, então levantei e fui me arrumar
rapidamente. Faltava pouco para às nove, quando meu pai bateu no quarto e me
avisou que Lucas estava na sala me esperando.

Lucas
Eu estava todo nervoso, pois, era foi primeira vez que entrei na casa dos
Mello como namorado de Mari, era completamente diferente ficar na frente do
Jorge nessas condições. Ele atendeu à porta e já foi logo me deixando todo à
vontade.
— Entra aí meu genro predileto. — Jorge disse e eu pensei no quanto ele
deveria odiar o tal do João para me tratar tão bem daquela forma.
— Boa noite, patrão.
— Ah não, Lucas, não quero que fique me chamando de patrão, afinal de
contas você é o namorado da minha filha. Não pega nada bem você ficar me
chamando assim.
Sorri envergonhado e meneei a cabeça assentindo.
— Senta aí que vou lá avisar que você chegou, senão ela vai sair daquele
quarto só meia-noite, você sabe como são às mulheres.
— Tudo bem. — respondi e ele saiu da sala.
Na verdade, eu não sabia muito bem como eram as mulheres quando
estavam se arrumando para sair, tudo que eu sabia era o que ouvia dizer, pois,
nunca antes tinha tido uma namorada para buscar em casa, e lembrar que perdi
anos esperando por migalhas do tempo de Sandra, me dava um nó no estômago.
Não demorou nada e Jorge voltou à sala.
— Ela está num cheiro, Lucas!
Sorri sem graça e nada respondi.
Jorge se sentou no sofá em minha frente e falou:
— Lucas, você está sabendo que nessa quinta-feira, Mari e Alana partem
para Barretos, não está?
— Sim, estou sabendo sim.
— Tonho e eu estaremos fora até segunda, gostaria que você pudesse ir
também, mas não posso deixar o Haras nas mãos dos tratadores, se ao menos
Tonho fosse ficar, tudo bem, mas ele sempre acompanha a irmã.
— Não tem problema nenhum Jorge, você pode ir tranquilo que aqui eu
cuido de tudo.
— Eu não tenho dúvida nenhuma disso, Lucas. Achei que por causa da
Mari você fosse querer ir junto.
— De jeito nenhum, isso nem me passou pela cabeça, afinal de contas eu
tenho minhas obrigações aqui no Haras.
— Eu já te falei que gosto demais de você rapaz?
Ele me deixou sem graça e a única coisa que fiz foi coçar a testa
completamente sem graça.
Por sorte Marina apareceu na escada e estava linda, usando uma saia rodada
na cor palha, uma regatinha também na cor palha e uma jaqueta jeans por cima.
No pescoço como sempre estava usando um lencinho e suas botas iam até os
joelhos. A saia estava curta demais na minha opinião, parecia uma bailarina.
Ela chegou na sala e eu tratei de me levantar, para meu espanto ela veio até
mim e deu-me um selinho na frente do pai dela, fazendo meu coração quase sair
pela boca.
— Pai o senhor não vem mesmo? Tonho ia ficar feliz.
— Ah! Filha, não estou nenhum pouco animado. — respondeu Jorge.
— Então vamos Lucas?
— Vamos sim. — respondi e estendi minha mão em direção a Jorge. — Até
amanhã, Jorge.
— Divirtam-se.
Marina e eu saímos e ela entrou na porta do passageiro e dei a volta na
caminhonete, entrei logo em seguida e antes de dar à partida joguei meu corpo
em sua direção dando-lhe um beijo apaixonado, ela estava linda e cheirosa
demais, eu queria devorá-la ali mesmo, era tentação demais.
— Lucas! Meu pai está na porta.
Quando escutei aquilo afastei-me dela e nem olhei em direção à porta, dei a
partida e sai sem olhar para o lado dele.
— Por que não avisou que seu pai estava na porta?
— Você nem me deu tempo. — ela sorriu linda.
— Essa sua saia, não acha que está curta demais?
— Você achou foi?
— Achei, os homens vão ficar tudo olhando.
— Humm! Então da próxima vez coloco uma mais curta ainda.
— Marina!
— É isso mesmo que você ouviu, senhor Lucas Antonucci, não admito que
me digam o que usar. — esbravejou.
— Mas olha isso! Mostrando as garras é?
Ela cruzou os braços bicuda e não me respondeu nada, e vê-la toda bravinha
me fez cair na gargalhada.
— Hoje você, nem essa saia me escapam mulher, você já me deixou com
tesão demais por hoje.
— Seu bobo. — deu um tapinha no meu braço.
Chegamos no Celeiro e como era uma terça o movimento era pequeno, nem
precisei ficar procurando um lugar para estacionar. Desci e dei a volta para abrir
a porta para Marina descer e novamente levei meus olhos para suas pernas e eu
queria fazê-la voltar para dentro da caminhonete e levá-la logo para um lugar
onde eu pudesse arrancar aquela saia dela com força e me enfiar todo nela, eu já
estava explodindo de tesão por ela e ainda aquela saia, ah! Era tentação demais.
— Vem cá, vem! — puxei-a para mim e a abracei em sua cintura e fui
direto buscando seus lábios que estavam adocicados com gosto de cereja.
Mulheres e suas balinhas.
Encostei minhas costas na caminhonete e passei a beijá-la com um desejo
crescente, estávamos explodindo de tesão um pelo outro desde a hora que
estávamos na pedra grande, aguentar até o fim da noite seria osso.
Era inevitável segurar e o beijo foi ficando quente, Marina grudada em
meus cabelos correspondendo sem pudor ao meu entusiasmo e no meio do beijo
que estava me enlouquecendo ela segurou em meu rosto e se jogou para trás
afastando sua boca da minha e sorrindo, me provocando ainda mais, então ela
sussurrou no meu ouvido:
— Você me quer?
— Agora! — respondi arfando de tesão.
Então ela encostou seus lábios em meu lóbulo e o mordeu de levinho,
sussurrando:
— Só que não! — me provocou e se afastou de mim, sorrindo e olhando
para trás toda safadinha enquanto caminhava em direção à entrada do Celeiro me
deixando lá todo excitado. Respirei fundo e apressei meus passos em sua direção
e peguei em sua mão antes de entrar.
— Hoje você não me escapa. — disse baixinho assim que colocamos os pés
na entrada.
— Não sei, vou pensar no caso.
Ela estava me provocando e quando eu colocasse minhas mãos naquele
corpo nem o bombeiro ia conseguir apagar o incêndio.
Capítulo 18

Lucas
O bar não estava entupido como costumava ser aos fins de semana, mas até
que tinha muita gente bebendo, Mari e eu caminhamos de mãos dadas em
direção ao emaranhado de mesas grudadas onde estavam todos do Haras
comemorando o aniversário do Tonho.
Dei a volta na mesa e fui até ele cumprimentá-lo novamente:
— E aí cara! Parabéns novamente. — dei um abraço forte nele.
— Valeu, Lucas. Senta aí cara, vamos beber todas. — disse Tonho já todo
animado.
Marina foi até Alana e ambas conversaram como se nunca tivessem se
estranhado, achei estranho, pois Marina não comentou nada comigo.
Puxei uma cadeira ao lado do Tonho e me sentei, em seguida Marina se
sentou do meu lado, então questionei-a:
— Esqueceu de me contar as novidades?
— Nossa Lucas, esqueci mesmo, o assunto da saia me tirou o foco.
— Humm!
— Depois te conto tudo.
Pisquei para ela e fui logo perguntando a ela o que iria beber.
— Para mim só um suco de laranja, por enquanto.
— Ok, vou no bar. — dei um selinho nela e levantei-me.
O pessoal na mesa estavam todos animados em plena terça, e estavam
secando uma garrafa de tequila, eu não estava no clima de bebidas quentes,
então comprei só uma cerveja, pois, no dia seguinte teria que trabalhar e não
queria nem pensar em estar indisposto na frente do Jorge, e pelo jeito ninguém
ali estava muito preocupado com o dia seguinte.
O Celeiro só não abria nas segundas e todos os demais dias tinha sempre
um showzinho ao vivo e na pista tinha até alguns casais dançando. Papo vai e
vem, o pessoal bebendo sem medidas, eis que aparece uma surpresa na porta que
fez com que todos engolisse em seco ao perceberem a presença do Jorge nos
procurando.
Quando Marina viu seu pai parado na porta, tratou de se levantar e ir até ele
e juntos chegaram à mesa para surpresa geral de todos, inclusive de Tonho.
— Eu não acredito que o patrão me deu essa honra de sua presença. —
disse Tonho que se levantou e foi em direção a ele e o abraçou.
— Achou mesmo que eu ia te fazer essa desfeita? — respondeu Jorge.
A presença do patrão ali pegou a todos de surpresa, deixando-os sem graça,
visto que à mesa estava abarrotada de bebidas.
Jorge saiu cumprimentando um a um e em seguida se sentou em uma
cadeira vazia ao lado de Alana, então falou:
— Pessoal, relaxem, estou vendo que cheguei quebrando o clima de vocês,
mas essa não foi minha intenção. Vamos beber que hoje essa comemoração é por
minha conta. — disse surpreendendo a todos e gritou: — Garçom!
Quando o garçom se aproximou ele disse:
— Traz outra tequila e a barata que você tiver aí, quero ver quem é macho
de verdade aqui e mais um caballito, ah! E não esquece o limão e o sal.
Jorge deixou todos de queixo caído, e assim que o garçom trouxe a tequila
que pediu, ele foi logo enchendo seu copinho e preparando um shot e em seguida
fez todo o ritual, encheu o caballito até em cima, colocou o sal na parte de trás
da mão, pegou o limão, disse Salud erguendo o copo, em seguida lambeu o sal e
virou a tequila na boca vindo a chupar o limão logo em seguida. Eu amava
tequila, e como um especialista no assunto achei que meu sogrão se saiu bem
demais, o cabra era macho mesmo.
— Uhuuu! Gritou Tonho.
— E aí meu genro, vai ficar só nessa bebidinha de homem fresco? Prova aí
que você é macho. — disse Jorge para mim pegando-me de surpresa.
— Ah sogrão, está falando com um especialista aqui. — respondi e peguei
o copinho e enchi até o bico, gritei um velho ritual mexicano:
— Arriba, abajo, al centro y adentro. — e virei o copo de uma vez sem sal e
sem o limão.
— O genro que você respeita. — disse Jorge para mim.
Todos estavam se divertindo, mas algo não estava agradando à Marina, que
não retirava os olhos de seu pai e de Alana, pois, vira e mexe Jorge cochichava
no ouvido de Alana, que caia na gargalhada. Marina não bebeu nada, era a única
sóbria na mesa e pela cara dela à noite não ia terminar nada bem.
Assim que começou uma música country, Jorge se levantou e perguntou a
Tonho:
— Tonho, me dá a honra de dançar com a moça mais linda desse bar?
Quando Jorge disse aquilo, Marina apertou minha coxa com a mão com
tanta força que eu quase me levantei. Olhei para ela e estava espumando de ódio
e eu não entendi bem o porquê e o que estava acontecendo, imaginei logo que
estivesse com ciúmes do pai.
— Quando quiser patrão. — Tonho respondeu e Jorge estendeu sua mão
para Alana que se levantou sem nem pensar duas vezes.
Marina se mexeu inquieta na cadeira e confesso que tive medo de sua
expressão de ódio, o que só ficou pior, pois, Jorge e Alana estavam dançando
grudadinhos como se fossem dois apaixonados, e com Jorge falando no pé do
ouvido de Alana o tempo todo, a coisa só piorava. Marina não trocou nenhuma
palavra comigo, eu não fazia a mínima ideia do que estava se passando na
cabeça dela e quando Jorge e Alana voltaram para à mesa de mãos dadas, Marina
se levantou furiosa e disse para Alana:
— Já entendi tudo Alana, é isso que não podia me contar?
— Marina não é nada disso que você está pensando amiga.
— Amiga? Você não é amiga. — Marina retrucou, pegou sua bolsa em cima
da mesa e saiu.
— O que deu nela, Lucas? — Jorge questionou-me.
— Não faço a mínima ideia, mas vou atrás dela. Falou pessoal! — falei e
saí andando a passos largos atrás de Marina.
Quando saí do Celeiro avistei Marina de braços cruzados, encostada na
caminhonete me esperando, e assim questionei-a preocupado:
— O que houve, amor?
Marina não respondeu, apenas balançou a cabeça em negativa.
Abri à porta da caminhonete e ela logo foi entrando.
Quando fui entrar vi Alana atravessando a rua correndo, então tratei de
fechar a porta da caminhonete sem entrar.
— Lucas, espera por favor. — ela gritou
Ela se aproximou de mim e me implorou:
— Por favor, Lucas. Pede para Mari me escutar, não é nada que ela está
imaginando.
— Alana, não sei qual o problema de vocês desta vez, só sei que é melhor
você dar tempo ao tempo. Ela vai te ouvir, mas quando chegar o momento certo.
— Lucas, eu sei o que ela está imaginando e ela está errada, eu preciso me
explicar.
— Amanhã você tenta falar com ela, tudo bem?
Alana ponderou e virou às costas sem me responder nada, parecia estar
sendo sincera.
Entrei na caminhonete e Marina logo pediu:
— Me leva daqui, Lucas. — falou nervosa.
— Para casa? Eu tinha outros planos para gente lembra? Mas vou te levar
para casa.
— Eu não quero ir para casa, Lucas, meu pai vai estar lá e quero distância
dele e das explicações que ele vai tentar me dar.
— Tudo bem, mas me fala o que está acontecendo.
— Saia daqui primeiro, antes que ele venha nos questionar.
— Ok. — respondi, liguei à caminhonete e sai da frente do Celeiro.
Marina estava visivelmente abalada, estava encolhida e abraçada em seus
próprios braços, então perguntei enquanto dirigia:
— O que está acontecendo? Vocês pareciam ter se entendido e agora isso.
— Hoje ela foi até meu quarto e me pediu perdão, Lucas; disse-me que
estava arrependida e que havia descoberto que amava mesmo o homem
misterioso dela.
— Homem misterioso? - franzi o cenho.
— Sim, ele ama alguém, mas nunca pôde me dizer o nome e hoje ela me
disse que me contaria na hora certa, que o homem não era casado, mas que era
muito pior que isso.
— Entendi. E você agora está deduzindo que esse homem é o Jorge, só por
que depois de algumas tequilas ele quis dançar com a Alana?
Tequilas já me fizeram confessar coisas. Pensei.
— Deduzindo não, tenho certeza, viu a forma como se olhavam? Meu pai
cochichando no ouvido dela e os dois rindo sem parar? Viu a forma grudadinha
com que dançaram sem se importar com quem estava vendo? Ele disse que ela
era a mulher mais linda daquele bar.
— Bom, confesso que vi tudo isso, mas discordo no quesito, Alana ser a
mais bonita, pois, quero ver ter uma mulher mais linda que você lá dentro
daquele Celeiro.
Nem depois de ter lhe dito isso ela relaxou.
— Lucas, eles são amantes, e tenho certeza que já eram quando minha mãe
era viva. Não vou perdoar meu pai por isso, muito menos Alana.
— Espera aí, Marina. Dizer que eles estão juntos agora você até pode ter
razão, já sobre serem amantes quando sua mãe era viva, aí discordo de você,
pois, Jorge seria incapaz.
— Já não sei mais de nada.
— Então não tire conclusões precipitadas, deixe que ele te explique isso.
Marina ficou calada e acabei ficando na dúvida de onde levá-la.
— Amor! Onde quer ir? Podemos ir para casa? - questionei-a.
— Me leve para qualquer lugar, menos para o Haras, não quero ver a cara
daqueles dois.
Eu tinha planos para o fim daquela noite, e como recebi carta-branca não
pensei duas vezes e a levei para um motel e ela não reclamou.
Acendi a luz da suíte que aluguei para gente e Marina continuava calada
com um bico mais lindo que já vi. Aquela cara de brava ressaltava suas covinhas
e me enlouquecia.
O quarto era enorme com uma hidromassagem no canto esquerdo e uma
cama enorme no centro, próximo a uma porta de vidro que dava para um jardim
e uma piscina.
Aproximei-me dela e a abracei tentando quebrar aquele clima chato que ela
estava criando.
— Não gostou de ter vindo aqui?
— Me faça esquecer, Lucas, me faça esquecer tudo isso, porque nos seus
braços eu simplesmente esqueço do mundo.
— A é? Engraçado, também esqueço de tudo quando estou com você. —
falei e a beijei com carinho. — Você está o dia todo me provocando, hoje eu vou
fazer você esquecer de tudo, e vou fazer isso com força, porque vou te castigar
por ficar me excitando e se esquivando.
Ela sorriu já com a expressão mais relaxada.
Capítulo 19

Marina
— Com força? — questionei com o ventre entrando em ebulição com
àquelas palavras, só de imaginar minhas pernas tremeram e meus seios se
enrijeceram.
— É, com muita força. — ele sussurrou mordendo meu lábio inferior e
assim gemi me contorcendo em seus braços.
Ele levou uma de suas mãos em minha nuca e passou a beijar-me com
desejo, com vontade, criando uma combustão entre nós, tirando-me do ar
enquanto sua mão explorava meus seios por cima de minha blusa, tateando
minha pele, fazendo-me sentir um arrepio involuntário delicioso.
Entreguei-me aos lábios de Lucas que tinham o gosto forte de tequila que
me embriagava e que me deixava mais sedenta por ele ainda. Naqueles braços
fortes e rígidos, eu esquecia até meu nome, pois, um fogo se acendia em mim e
queimava tudo pela frente. O beijo se intensificava e sua língua buscava a minha
em desespero, mordia-me, chupava-me e voltava a me consumir em brasa
naquela boca mais gostosa e tesuda que já tocou na minha. Lucas tirou minha
jaqueta, deslizou seus dedos por sobre meu corpo e sem titubear foi arrancando
minha regata e meu sutiã, e em seguida quando meus seios estavam à mostra e
duros, ele sussurrou:
— Tão lindos! — e assim passou a devorá-los de uma forma torturante e
carinhosa, chupando-os e contornando o bico dos meus seios com a ponta de sua
língua fazendo-me grudar em seus cabelos com as duas mãos e contorcer de
olhos fechados de tanto tesão. Passava sua língua em ambos e em seguida
voltava para meus lábios, pescoço e lóbulo.
Lucas tinha o melhor beijo do qual eu já havia provado e eu não me
importaria de ficar presa naqueles lábios o resto da vida, era molhado, intenso, e
faminto e fazia todos as terminações nervosas do corpo pularem em êxtase.
Levei minhas mãos em seu tórax e fui abrindo os botões de sua camisa
branca, o toquei sentindo os músculos fortes e rígidos na ponta dos meus dedos,
então desci minhas mãos e fui sentindo todos os músculos daquele corpo que
não tinha nada fora do lugar, então maliciosamente cheguei onde queria, e passei
minha mão por cima de sua calça e senti sua ereção quente explodindo, abri o
botão e o fecho do zíper, a cabeça do seu pênis prestes a sair da cueca, então
esfreguei meu dedo nela e senti seu calor, seu líquido lubrificante já saindo dela.
Lucas se abaixou e tirou suas botas e em seguida retirou com urgência sua
calça vindo a ficar só de cueca. Sua camisa tratei de tirar quando ele voltou para
meus lábios, feito um leão faminto. Grudou em minhas nádegas e me
impulsionou fazendo-me pular em sua cintura e dessa forma foi me carregando
para cama enquanto eu devorava ávida seus lábios. Subiu com os joelhos na
enorme cama de lençóis brancos e colocou-me bem no centro dela, jogando seu
corpo por cima do meu e voltando a me beijar.
João não gostava de beijos durante o sexo, e Lucas não desgruda da minha
boca e eu simplesmente amo a forma de Lucas me amar, beijava minha boca,
meu pescoço, mordia com carinho o lóbulo de minha orelha e depois foi
descendo beijando e chupando todo meu corpo e quando chegou em minha
barriga, grudou suas mãos em minha calcinha e a levou para baixo deixando-me
apenas com minha saia de renda.
Quando levei minha mão para retirá-la de meu corpo, Lucas resmungou,
dizendo:
— Não! Não vai tirar a saia, você não estava brigando comigo por conta
dela? Agora quero você enfiada nela feita uma bailarina.
Não resisti e cai na gargalhada, mais meu acesso de riso foi bruscamente
interrompido quando sorrateiramente Lucas afastou minhas pernas e se enfiou
embaixo da saia e simplesmente me calei ao sentir sua boca me devorar inteira e
me lamber.
— ân, ân, ân. — passei a gemer involuntariamente com o prazer subindo
em meu ventre e me deixando enlouquecida. Ele dava deliciosas lambidas
seguidas e depois chupava e circulava meu clitóris com sua língua molhada e
quente enquanto me contorcia toda grudando meus dedos em seus cabelos.
Era simplesmente torturante ser chupada com tanta maestria, eu o queria
invadindo-me, queria o dentro de mim a cada vez que sua língua passava em
meu clitóris, e assim gemia alto e implorava:
— ân, ân, ân, ahhhh, vem Lucas, vem amor.
— Não, vou castigar você. — respondeu-me cruel e continuou penetrando-
me fundo com a língua, então enfiou dois de seus dedos e passou a estimular-me
enquanto me chupava de forma intensa. Eu me contorcia toda segurando em sua
nuca, e vez ou outra levantava meu pescoço para encará-lo. Ele estava me
penetrando com os dedos e me torturando com a língua de forma severa, sem
parar enquanto eu não parava de gemer e de me contorcer em sua boca quente, e
quando senti uma onda percorrer todas as terminações nervosas do meu corpo,
fechei meus joelhos ao redor de sua cabeça de forma involuntária, contorcendo-
me toda, grudada nos lençóis, em um orgasmo feroz e alucinante, fazendo-me
gemer energicamente alto e satisfeita, senti até o calor do líquido quente
escorrendo pela minha vagina, enquanto Lucas o chupava.
— Ohhhhhhh, Oh, oh, oh, ooooh!
Meu corpo todo estava mole e ele não parou de beijar-me, subiu meu corpo
dando selinhos até chegar novamente em meus lábios. Assim que me recuperei
de um orgasmo tão intenso, forcei meu corpo para cima do corpo dele
obrigando-o a cair de costas na cama, deixando-o todo só para mim.
Fui até sua boca e a beijei, então, desci lambendo todo seu corpo fazendo-o
se contorcer, agarrei em sua cueca branca e a tirei de seu corpo encarando-o sem
perder o contato de seus olhos, segurei firme em seu pau que latejava de tão
rígido e lambi a cabeça que de tanto tesão já estava soltando sua lubrificação,
olhei para ele que observava atento e passei a friccionar minha língua em seu
orifício, e isso o fez se jogar para trás e gemer gostoso:
— OH! Porra!
Para provocá-lo, ao invés de me dedicar em chupá-lo, fui morder e lamber
suas coxas e só depois voltei a me concentrar em seu pau, quando passei a
masturbá-lo com minha mão e em seguida o lambendo da base até em cima,
caindo de boca logo em seguida, engolindo e deixando-o enlouquecido quando
me concentrava um pouco mais na cabeça, fazendo-o grudar em meus cabelos e
segura-los para o lado para que ele pudesse visualizar todos os meus
movimentos. Lucas era uma delícia, não havia um pelo sequer nele, o que
deixava a experiência de brincar com seu pau muito mais gostosa. Eu o chupei
até ele não aguentar mais e me puxar pelas mãos para subir em seu corpo, e
assim eu o cobri com meu corpo e ele me agarrou eufórico e me beijou deleitoso,
entorpecido de tesão. Meu corpo se arrepiou todo ao sentir sua ereção febril me
cutucar querendo muito se enfiar em mim e como eu estava encharcada, ele se
esfregou em minha vagina e sem ajuda nenhuma foi me invadindo, fazendo meu
corpo escorregar devagar sobre ele, nos unindo definitivamente e quando o senti
me preenchendo toda, soltei um gemido de prazer.
— Oooh!
— Gosta assim né? Você gosta de me sentir dentro de você.
O som sedutor de sua voz me enlouquece e assim comecei a galopar em seu
pau subindo e descendo de forma sedutora e comedida de início. Com as duas
mãos em seu tórax firme comecei a me mexer gostoso mais e mais em cima dele,
aumentando a velocidade e cavalgando alucinada sentindo cada centímetro dele
entrar e sair de mim, causando um atrito delicioso de nossas peles. Lucas
segurava firme em minha cintura com suas mãos quentes e encarando-me
faminto, se movendo de forma frenética embaixo de mim, se enfiando fundo e
forte, me comendo com vontade e gana, fazendo-nos a ambos gemermos sem
parar com nossas respirações entrecortadas.
— Vai amor, mexe, mexe gostoso aí em cima. — Lucas sussurrava metendo
fundo de forma intensa.
Me puxou em sua direção, fazendo-me deitar em cima de seu corpo e eu
bem sabia do que ele estava sentindo falta, e assim ele grudou em minha nuca,
meteu forte e cada vez mais buscando meus lábios e me beijando enquanto metia
forte e fundo em mim de forma muita rápida e deliciosa.
— Rebola, rebola para mim. — pediu com os lábios grudados aos meus.
Parou de mexer embaixo de mim e segurou firme em minhas nádegas e
acompanhou o movimento do corpo rebolando gostoso em cima do pau dele, vai
e vem, vai e vem, vai e vem, rebolei devagar sentindo cada enfiada me entupir e
me cutucar fundo.
Lucas parecia adorar aquilo, pois, gemia sufocado e baixinho no pé do meu
ouvido a cada rebolada minha.
— Isso, assim. Ohhh, ohhh, ah, ah, ownn.
Todos nossos movimentos para trocar de posição eram sutis e quando eu o
estava beijando e movendo-me em cima dele, ele segurou em minha nuca e
virou-me com cuidado, deitando-me de lado na cama, afastou meu cabelo,
colocando-os de lado e passou a beijar meu pescoço, deixando-me toda
arrepiada, então foi beijando-me nos lábios erguendo minhas pernas e
penetrando-me novamente, primeiro com cautela e logo passou a desferir fortes
e profundas estocadas, o ritmo era intenso, a velocidade era frenética e o tesão só
aumentava com Lucas fungando seus gemidos sofridos ao pé do meu ouvido.
Pof pof pof pof pof pof pof ele bombava, bombava, metia forte e fundo enquanto
gemia para mim.
— Minha bailarina gostosa! — disse no pé do ouvido e eu ameacei um
sorriso quando estava simplesmente sendo castigada com força usando minha
saia de renda e tudo. Metia, metia, metia, forte sem cansar. Levou seu dedo em
meu clitóris e passou a friccioná-lo enquanto metia em uma velocidade muito
rápida em estocadas fundas. Com seus dedos me torturando, passei a rebolar
exigente neles ao mesmo tempo em que Lucas caprichava em suas investidas
que me deixavam mais molhada a cada estocada, pois, ser penetrada com força e
estimulada ao mesmo tempo, era o que tinha de mais prazeroso em uma transa, e
ele fazia isso com primor torturando-me com prazer.
Passei meu braço envolta de seu pescoço e ele passou a me beijar, e assim
continuou em um vai e vem alucinante. De olhos fechados, enquanto ele me
estimulava e me devorava em estocadas cadenciadas e fundas, fui sentindo um
entorpecimento com minha mente vagando longe, fazendo minha boca se encher
de água à espera da sensação mais maravilhosa do mundo. Lucas passava seu
dedo em meu clitóris levando-me a loucura, meteu, meteu, meteu e eu gritei
gemendo alto num frenesi que fez-me rebolar exigente em seu pau, contraindo a
vagina e sentindo a explosão do orgasmo que me entorpeceu e levou meu corpo
a se arrepiar todo numa adrenalina que me tirou de mim por alguns minutos,
fazendo-me inclusive virar os olhos de prazer.
— Aaahhhhh! ohhh, ohhh, ohhhh! — contorci-me toda no pau e no dedo
dele.
Enquanto o orgasmo me invadia, Lucas segurou firme no meu rosto e me
beijou sentindo todo meu corpo desfalecer nos seus braços.
— Oh! Que delícia amor, você inundou meu pau.
De fato, senti quando minha vagina ficou encharcada despejando todo meu
prazer.
Lucas dava-me beijinhos me virou de costas, enfiou-se em mim até o cabo e
mexia lentamente, então ele disse:
— Vou te montar com força minha bailarina, você nunca mais vai me
provocar como fez hoje.
Eu nem lembrava mais que estava com aquela maldita saia na cintura e
quando dei por mim, ele me colocou de quatro e quando eu ia me preparar para
ser penetrada com delicadeza, senti Lucas me penetrando com força e fundo e
aquela pegada violenta me pegou de surpresa, mas me deixou acessa novamente
e completamente inebriada. Que homem é esse? Pensei querendo mais.
Suas mãos seguravam firmes em minhas costas e Lucas desferia cada
estocada mais forte e gostosa que a outra, bombava, bombava, bombava e gemia
a cada fincada, ele estava enlouquecido de tesão e me castigava deliciosamente,
metendo, metendo, metendo, metendo firme e forte. O suor de nossos corpos
exalava nossos perfumes e se misturavam ao cheiro gostoso do nosso sexo. Pof
pof pof pof pof pof pof pof. Fazia o barulho do atrito de nossos corpos se
amando e se entorpecendo.
Ele passou a mão por baixo de mim e com a outra juntou meus cabelos em
um rabo de cavalo e ergueu meu corpo em direção ao seu, segurou forte em meu
pescoço de uma forma que quase me sufocava e disse encostando seus lábios no
meus:
— Nunca mais me deixe tão excitado.
Simplesmente meu ventre se estremeceu com a versão furiosa do Lucas.
Me beijou com a mão ainda me sufocando, e voltou a meter forte em mim,
ele apertava meus quadris e estocava com intensidade e eu gemia sem parar
adorando aquele ritmo alucinante que aquele pau firme e grosso me torturava.
Metia forte e beijava minhas costas e gemia sofrido buscando loucamente
seu orgasmo, nossos corpos estavam em uma conjunção perfeita, em ponto de
ebulição, literalmente falando, pois, iriamos ferver a qualquer momento e
explodir. Lucas não parava de socar em mim, me prendendo em seus dedos e
gemendo em meu ouvido. Metia, metia, metia e me estocava cada vez mais
forte, me deixando mole por baixo dele, e aquilo me fazia gemer alto.
— ahhh, ahh, ahhh, oh oh!
— Isso! Geme Mari, geme gostoso para mim.
— Ohhh, ahhh!
Em meio a meus gemidos, senti que Lucas intensificou ainda mais as
estocadas e passou a gemer diferente no pé do meu ouvido segurando forte em
meu pescoço:
— ãn, ãn, ãn, ãn, — então de repente soltou um urro gutural ao mesmo
tempo, que diminuiu o ritmo das investidas, mexendo gostoso e despejando em
mim todo seu prazer, deixando cheia do nosso amor.
— Ohhhhh, ohhhhh! Gostosa, Gostosa. Ahhhhh! — gemia deliciosamente
deixando-me completamente satisfeita.
Se mexia mais lento, beijava e mordia meu pescoço, estávamos exaustos e
suados, e assim cai morta na cama e Lucas saiu de mim e se deitou ao meu lado,
então segurou em meu rosto e passou a dar beijinhos em minha boca.
Respirávamos afobados e juntos fomos diminuindo as batidas do nosso coração.
— Isso foi maravilhoso. — falei cansada.
— Você é maravilhosa, já pode tirar a saia do corpo, ela está aprovada.
Eu estava de bruços e assim virei-me para trás e constatei que estava
enfiada na saia ainda, então respondi:
— Nossa! A Saia.
— É, a saia.
Lucas me levou a exaustão e depois que me limpei no banheiro, acabei
pegando no sono na cama em seus braços. Nem sei por quanto tempo dormi, só
sei que quando acordei ele estava na hidromassagem, coberto de espumas, então
me levantei e entrei com ele lá.
— Oi! Que horas são? - perguntei.
Ele olhou em seu pulso e respondeu-me:
— Três e meia.
— Precisamos ir para casa.
— Podemos dormir aqui e amanhã cedo iremos. — respondeu-me.
— Não amor, você não conhece meu pai, vai ficar acordado me esperando
para conversar, conheço ele, enquanto eu não chegar ele não irá dormir.
— Sendo assim melhor irmos mesmo.
Fui até ele e me sentei em seu colo e o beijei, ele estava tão lindo todo
molhado e coberto de espumas.
— Já te disse que sou louca por você?
— Se eu te disser que não, você acredita?
— Não acredito que ainda não te falei isso?
Ele sorriu de cantinho e que vontade de morder aquela boca, e claro que
não fiquei só na vontade. Eu o mordi dizendo:
— Estou perdidamente apaixonada por você.
— Também estou apaixonado, e isso nem precisava dizer, né?
— Gosto de ouvir isso.
Trocamos ali mais alguns beijos carinhosos e depois resolvemos ir para
casa, afinal de contas, quanto antes eu enfrentasse meu pai, melhor seria.
Capítulo 20

Marina
Assim que Lucas me deixou na porta, vi que à luz da sala estavam acesas,
dei um último beijo de boa noite nele e desci da caminhonete. Quando bati a
mão no trinco a porta estava aberta, entrei e dei logo de topo com meu pai
sentado na poltrona dele.
— Achei que iria dormir fora sem me avisar. — meu pai foi logo
resmungando.
— Algum dia fiz isso, papai?
Ele não respondeu e foi se levantando da poltrona e eu indo em direção às
escadas.
— Precisamos conversar. — disse-me.
Virei em sua direção e o respondi:
— Amanhã, agora estou exausta. — falei e coloquei meu pé no primeiro
degrau da escada, então ele vociferou:
— Agora, Marina Mello.
Travei, pois, todas às vezes que fui chamada de Marina Mello por meu pai é
porque a situação estava crítica.
Retrocedi o passo e me virei em sua direção, ele estava de braços cruzados
e ainda nem havia retirado a roupa que estava no Celeiro, sinal de que havia
ficado ali me esperando à noite toda.
— Tudo bem, papai, pode começar a falar então, porque o senhor é o único
que precisa se explicar aqui.
— Quero saber o que aconteceu lá no Celeiro que te deixou irada a ponto
de sair daquela forma.
— Tem certeza que não sabe, papai?
— Marina, eu só dancei com a Alana, que mal há nisso?
— Que mal há nisso? Papai, o senhor passou à noite cochichando no ouvido
da mulher mais linda daquele bar e depois dançaram agarradinhos como um
casal apaixonado.
— Então é isso? Ficou com ciúmes porque disse que Alana era a mulher
mais linda do bar?
Sorri de forma cínica e o respondi:
— Papai, não subestime minha inteligência, ela vai muito mais além do que
o senhor pode imaginar. Hoje, Alana entrou no meu quarto para fazer as pazes
comigo e confessou a mim que tinha estado com o homem misterioso que ela diz
amar. Só que nunca me disse quem era ele e lá no Celeiro, vendo todo aquele
clima entre em vocês dois, foi que percebi o quanto cega eu fui, vocês estavam
juntos debaixo do meu nariz e eu não percebi nada.
Meu pai levou suas mãos à cintura e estava completamente chocado com
minha descoberta.
— Marina, eu ia te conta tudo depois que voltássemos de Barretos, não
queria deixá-la nervosa antes e tirar sua concentração.
— Está vendo, eu estava certa mesmo, vocês dois são amantes e se duvidar
isso vem de anos, inclusive com minha mãe viva.
Meu pai arregalou os olhos assustado e disse aturdido:
— O que é que você está falando? Repita? Por que acho que escutei errado.
— Acho que o senhor e Alana são amantes desde quando minha mãe estava
viva.
— Você acha? E por que diabos você acha isso?
— Não sei, eu estou confusa.
— Filha, você tem o direito de me julgar por qualquer coisa, por estar
apaixonado por Alana tendo idade para ser o pai dela, mas não tem o direito de
questionar meu amor por sua mãe, que foi o amor da minha vida e você sabe
muito bem disso. Éramos uma família feliz, Luíza e eu nos amávamos e éramos
loucos um pelo outro, nunca existiu nenhuma dúvida sobre isso. Eu jamais a traí
nem em pensamentos, nunca olhei para Alana antes, da forma como a olho hoje.
Você é testemunha de todo meu sofrimento durante a doença de Luíza e o meu
sofrimento depois de sua morte, eu nunca senti uma dor tão profunda em toda a
minha vida.
Meu pai estava chorando e eu sabia que ele dizia a verdade, meu coração se
apertou e senti um remorso enorme por tê-lo feito chorar, então, caminhei até ele
e o abracei muito forte.
— Pai, me perdoa, me perdoa papai, fui muito infeliz com as palavras, eu
acredito no senhor, acredito.
Ele segurou firme em minha cabeça enquanto ela estava apoiada em seu
ombro, e ali choramos os dois juntos.
Voltei a encará-lo e falei novamente:
— Me perdoa.
Ele assentiu dizendo:
— Está tudo bem meu amor, eu entendo seu sentimento.
Suspirei alto e enxuguei os olhos com o peito da mão, então ele se explicou:
— Depois de alguns anos após à morte de sua mãe, não sei como
aconteceu, mas passei a ver Alana com outros olhos, ela era afetuosa, de uma
pureza e uma delicadeza que me chamaram a atenção. Pouco a pouco fomos
ambos sentindo desejo um pelo outro e em uma certa noite, acabamos nos
entregando aos nossos desejos e paixão. No dia seguinte, quando olhei para
você, arrependi-me de imediato, pois, eu sabia que você jamais aceitaria e eu não
queria magoá-la e me afastei de Alana. Ambos estávamos sofrendo um pelo
outro, Marina, você é amiga dela e sabe disso. Na segunda, quando eu a chamei
para saber o que estava acontecendo com vocês duas, não conseguimos controlar
e ficamos juntos novamente. Eu ia te contar.
— Por favor, papai, me poupe dos detalhes.
— Sei que estou muito velho para Alana.
— Papai, não vou te pedir para se afastar dela e o senhor não está velho
coisa nenhuma. Faça como o senhor desejar. Só não peça para ficar numa boa
com Alana agora, pois, ela tinha que ter me contado isso, e me escondeu isso
todo esse tempo.
— Não vou te pedir filha, vamos dar tempo ao tempo.
Assenti, virei às costas e fui para o meu quarto.
Acreditei em tudo que meu pai me falou, na verdade, meu íntimo se negava
acreditar que meu pai tivesse mesmo traído minha mãe, mas Alana traiu a mim e
isso eu não ia perdoar.
Na manhã seguinte, meu pai não estava na mesa tomando seu café como
fazia sempre, ele já havia saído.
— Lu, meu pai disse onde iria? — Lu era a pessoa que cuidava da casa e
era mulher de um dos tratadores, estava conosco há anos, desde quando minha
mãe era viva.
— Não disse, Mari, ele apenas tomou o café dele mais cedo e saiu.
— Tudo bem, obrigada. - respondi e me sentei para tomar meu café.
Tomei meu café preocupada, meu pai não costumava sair tão cedo e ainda
sem me avisar.

Alana
Depois da noite passada eu estava com medo de sair de casa, não seria nada
fácil enfrentar Marina e seu olhar inquisidor, eu sabia que o confronto entre nós
seria difícil, pois, eu conhecia minha amiga melhor do que ninguém, sabia que
para defender algo que ela amava ela era capaz de tudo. Era o último dia de
treino antes de irmos para Barretos e o treinador não suportava atrasos, dessa
forma criei coragem e fui enfrentar a situação, pois, eu sabia que Marina também
estaria na pista treinando.
Assim que cheguei lá, Montanha, meu cavalo, já estava na pista e um dos
tratadores estava aquecendo ele, com certeza a pedido do treinador, que estava
no início da pista fazendo exercícios circulares com um lindo potro.
— Bom dia, treinador! — falei assim que me aproximei.
— Bom dia, minha querida!
— Belo potro! — comentei e fui seguindo em direção ao meu cavalo.
— Alana. — chamou-me o treinador.
— Sim! — respondi virando-me em sua direção.
— Chega aqui!
Voltei e fui até ele.
— O que acha desse potro? Olhando assim, você acha que ele serve para as
pistas?
— É um Black, e um Black é sempre um Black. — respondi brincando,
pois se tratava de um filho do famoso Black Thor um garanhão campeão ali do
Haras, colecionador de troféus.
— É, você tem razão, Black Free é um potro do futuro, só queria saber se
você acha que ele tem futuro nas pistas?
Sorri sem entender nada e respondi:
— O senhor é o treinador e qualquer animal que for bem treinado tem
futuro na pista.
— Ótimo, eu espero que você saiba tirar proveito desse animal, pois, agora
ele é seu reserva, aliás, seu reserva por enquanto, porque vejo grande potencial
nele.
— Como assim meu reserva?
— O patrão apareceu aqui puxando o animal pelas rédeas e me disse que
queria esse animal pronto para as competições do próximo ano, e que você seria
à amazona que estaria sobre ele.
— Está brincando comigo, né? — eu mal podia acreditar no que estava
ouvindo.
— Não. Você sabe que o animal é o reflexo das habilidades do adestrador,
não sabe?
— Sim.
— Então, mostre a ele como fazer, pois, você sabe.
Aproximei-me do potro, que deveria ter seus quase 4 anos e o acariciei no
pescoço. Era um lindo e dócil, Tobiano. Eu sempre o observava treinando, mas
nunca me passou pela cabeça, poder montá-lo um dia.
Quando me virei de costas, Marina estava parada atrás de mim, então ela
disse sendo maldosa:
— Uau! Black Free na pista, achei que meu pai tivesse outros planos para
ele.
Gelei e fiquei em silêncio, e assim o treinador respondeu:
— Parece que os planos mudaram, Mari.
— É ... Certos planos começaram a surtir efeito por aqui.
Ela respondeu jogando-me na cara que eu estava com Jorge por interesse e
isso não era verdade. Virou dando-nos às costas e saindo furiosa rumo aos
portões.

Marina
Eu não podia acreditar que meu pai havia feito aquilo, colocou seu animal
de maior estima na pista para atender aos caprichos de Alana. Sai de lá cega e
bufando, não vi nada nem ninguém em minha frente, então, dei de cara com
Lucas que estava sem camisa carregando uma sela para colocar em seu cavalo.
— Ei! Marina, espera aí, onde vai com tanta pressa? — segurou-me com
uma das mãos impedindo-me de passar e desaparecer.
— Vou sumir daqui. — respondi ouvindo a voz da Alana atrás de mim.
— Mari por favor vamos conversar.
Soltei-me de Lucas e me virei na direção dela:
— Não temos nada que conversar. — respondi furiosa.
— Temos sim, você precisa me ouvir.
Dei uma gargalhada irônica dizendo:
— Viu como é horrível quando queremos nos explicar e alguém não quer
ouvir?
— Ei meninas por favor! Mari, vocês precisam mesmo conversar, amanhã
vocês viajam juntas, e como será isso?
— Juntas? Não, agora é cada uma por si a partir de hoje. — informei
afastando-me deles.
Quando passei pelo treinador e ele questionou:
— Então você não treina hoje? Esqueceu que amanhã vocês viajam?
— Venho na parte da tarde. — respondi e caminhei voltando para casa.
Estava na varanda deitada na rede, quando Lucas chegou lá com Cowboy
atrás dele parecendo uma sombra.
— Tem um espacinho para mim? — indagou ele que havia vestido uma
camisa jeans.
Então dei espaço e ele se sentou na rede, se ajeitou e assim deitei em seus
braços fortes.
Lucas segurou em meu rosto, virando-me em sua direção e beijou-me,
primeiro com beijinhos carinhosos e depois foi intensificando com paixão, até
que, voltou aos selinhos separando sua boca da minha. Eu precisava daquele
beijo, simplesmente acalentou-me.
— Pela tensão que senti entre você e Alana, a conversa com seu pai foi
esclarecedora, quer falar sobre isso? — questionou-me ele.
Ponderei por uns segundos apertando minha mão na dele, então desabafei:
— Estão juntos; meu pai e ela. Ele é mesmo o homem misterioso.
Lucas suspirou e ficou sem palavras:
— Meu pai me jurou que não teve nada com ela quando minha mãe era
viva e acreditei nele.
— Eu já havia falado isso e acredito nele.
— Hoje ele cedeu um dos filhos do Black para ela treinar, acredita nisso?
— Black Thor! Uma lenda, Greg é louco por esse cavalo.
— E que criador, não é?
— Olha! Qual o problema em estarem juntos? — Lucas perguntou-me.
Remexi inquieta na rede e o encarei:
— Lucas, ela tem idade para ser filha dele.
Ele meneou a cabeça em negativo e retrucou:
— Marina, desde quando existe idade para se amar alguém? Não acha que
você está sendo preconceituosa?
— Não sei Lucas, só sei que não consigo aceitar isso, entende?
— Isso tudo é muito novo para você, logo, logo, você vai ver que ela vai
fazer bem a ele. Vai vê-lo feliz e isso é o que importa. Ou você o prefere com
outra qualquer por interesse?
— E você acha que não existe nenhum interesse nela?
— Quer mesmo saber? Acho que não, viu a forma como ela olhava para ele
lá no celeiro? Me desculpe, mas vi muita paixão saindo daqueles olhares.
— Pode ser!

João
Ligação On:
— Alô!
— Onde você está? Porra! Não escuta o celular? Estou à manhã toda te
ligando. — questionei furioso.
— Calma, já atendi, não atendi? Não posso atender uma ligação sua em
qualquer lugar.
— Como vão as coisas?
— Estou bem.
— Não é de você que quero saber, estou perguntando sobre Mari e aquele
sujeito.
— Ah! Estão muito bem, parecessem bem apaixonados e não se
desgrudam, ela não sai da casa dele.
— Amanhã é o dia que viajam para Barretos, não é?
— Sim, amanhã cedo.
— Então hoje à noite é a hora de você agir, mas não se esqueça. Não mate,
só tire de circulação, entendeu?
— Entendi sim.
— Quero ela fora de Barretos e também fora do mundial, se isso acontecer
ela abandona as pistas de vez, conheço ela melhor que ninguém.
— Acha mesmo que isso vai impedi-la de viajar?
— Conheço ela, tenho certeza absoluta, isso irá desestruturá-la.
— Nesse caso, amanhã entro em contato com você.
— Estarei aguardando.
Ligação Off.

Capítulo 21

Lucas
Estava com Marina na varanda da sede, deitado com ela na rede e por um
momento ela se perdeu em seu próprio silêncio. Estava acomodada em meus
braços e vendo-a ali, aparentemente serena, perdida em seus pensamentos, foi
que percebi o quanto queria estar com ela, o quanto eu estava apaixonado, e só
de pensar em ficar um fim de semana todo afastado dela, meu coração disparou.
Pensei em muitas possibilidades, em outros homens que possivelmente ela
conhecesse lá, até chegar ao ciúme só de imaginar o ex namorado dela que bem
poderia tentar se aproximar dela lá, estando ela sozinha. Afastei aqueles
pensamentos e falei com ela:
— Dormiu?
— Não, estava aqui pensando.
— Ainda em Alana?
— Não na Alana, mas no meu pai. Não paro de pensar em como fui egoísta
com ele Lucas. Acredita que ele abriria mão de ficar com ela por mim?
— Acredito sim, é bem a cara dele mesmo. Odiava seu ex porque queria só
o seu bem, ele é um grande pai, sabe das coisas e você precisa ver o lado dele.
Marina se mexeu e saiu dos meus braços justificando-se:
— Fiquei furiosa só de imaginar que eles pudessem ter traído minha mãe.
— E o que ele disse sobre isso?
— Que jamais seria capaz de fazer isso com ela, ele foi sincero.
— E sobre Alana?
— Ela passou um ano me escondendo isso.
— Não foi isso que te perguntei, quero saber seu sentimento com relação a
ela.
Marina se deitou em meu tórax e respondeu-me:
— Não sei, ainda é muito cedo para dizer, é muito estranho ver meu pai
com outra mulher, não sei explicar Lucas, mas uma coisa eu fiquei pensando
aqui, fui injusta hoje com ela nas mesmas proporções que ela foi comigo.
— Injusta!?
— Sim, insinuei que ela tivesse sendo interesseira para conseguir o cavalo,
só que eu mesma já havia pedido isso a meu pai, eu já havia intercedido por ela.
— Isso tudo é muito chato Marina.
— É, eu sei que sim, só fiquei furiosa, só isso, mas assim que der vou me
desculpar com ela sobre o cavalo.
— De verdade, espero que você comece a amadurecer a ideia de vê-los
juntos, porque seu pai merece ser feliz, e se é ela quem o faz ele feliz, então
comece a aceitar.
Marina se calou e fiquei olhando-a e observando seus lindos traços, sua
boca perfeita, o cheiro me enlouquecendo e assim do nada passei a acariciá-la
em seu rosto macio, contornando seus lábios e suas covinhas que me deixavam
enlouquecidos, então a beijei, fazendo-a se virar em minha direção e se sentar
em meu colo entrelaçando suas pernas em minha cintura, encostando-se demais
em mim. Ela olhou fixo em meus olhos e eles brilharam, segurei em seus cabelos
com carinho, fazendo deles um rabo de cavalo em meus dedos, prendendo-a em
meus lábios que buscaram ávidos pelo sabor daquela boca. Minha língua
penetrava e chupava a dela com tanto tesão que nem lembrava mais onde
estávamos. Marina me excitava de uma forma forte e intensa, o toque de suas
mãos em meu rosto, as mordidas que ela dava em meus lábios, e os gemidos
sufocados enquanto nos beijamos, simplesmente me tirava de órbita e me
deixava zonzo. Nossa química é muito forte, entrávamos em combustão muito
fácil, e queimávamos de tesão de uma forma deliciosa. Me sentia pleno como
nunca.
Minhas mãos passaram a percorrer o corpo dela e o beijo foi ficando cada
vez mais quente, molhado e intenso, fazendo-me perder o ar. Eu queria mordê-la,
amá-la ali mesmo, começamos a esquentar juntos com o beijo de uma forma
irrefreável. Marina se mexia excitada em cima de minha ereção segurando minha
face com as duas mãos e eu parecia que ia explodir de tanto tesão. Não fazia
nem 8 horas que havíamos transado e já estávamos um querendo o outro. Era um
calor, uma paixão ardendo e me desestruturando de um jeito vulcânico. Marina
passou a mão por cima de minha calça e apertou minha ereção cheia de desejos e
naquele momento lembrei-me que estávamos na varanda em cima de uma rede.
— Alguém pode nos ver aqui. — sussurrei atordoado com Marina me
mordendo o pescoço e a orelha fazendo meu pau dar trancos dentro da calça
feito um animal no cio.
Ela não deu nem bola para o que falei e voltou a me devorar naquele beijo
latente, então escutamos quando o barulho da picape do Jorge estacionou na
frente da casa, levamos um susto e logo Marina tentou se recompor voltando a se
sentar na rede ao meu lado. Meu coração estava acelerado devido à adrenalina
daquele beijo e minha respiração afobada.
Jorge entrou na varanda com uma expressão preocupada no rosto e nem
olhou para nossa direção, embora ele tenha visto de relance que estávamos ali.
— Nossa! Viu isso, Lucas? Viu a cara dele?
— Vi sim, e preciso voltar para o meu trabalho se eu conseguir. — sorri
passando meu braço sobre a cintura dela voltando a dar um beijinho nela. —
Hoje à noite pensei em cozinhar para gente na minha casa, vou morrer de
saudades de você e queria aproveitar cada minuto que pudermos ficar juntos
hoje.
— Hum! Sério que irá cozinhar para mim? Está me convidando para um
jantar romântico?
— Estou, mais tarde preciso ir ao supermercado, vem comigo?
— É claro que vou com você, acha mesmo que vou deixar meu namorado
ficar dando sopa por aí sozinho? Ainda mais um peão gostoso igual a você.
— Boba mesmo. — falei e cai na gargalhada. — Preciso ir, não pega nada
bem ficar namorando você aqui uma hora dessas, daqui a pouco seu pai vem
aqui e me demitir, e aí como eu fico?
— Demiti nada.
Dei-lhe um selinho rápido e fui me levantando da rede, deixando-a lá.

Marina
Lucas e eu estávamos naquela fase do namoro em que qualquer contato
fazia nossas peles chiarem como se tivéssemos encostando em brasa. Não
podíamos ficar perto demais um do outro que já queríamos nos encaixar. Eu
estava perdidamente apaixonada e meu coração acelerava só de vê-lo se
afastando da varanda e indo embora trabalhar.
Levantei-me da rede, arrumei minha roupa e cabelo e fui em direção ao
escritório do meu pai, que foi onde o vi entrando, bati na porta e ele respondeu
que podia entrar.
Ele estava sentado na mesa lendo alguns papéis e assim que entrei ele abriu
a gaveta rapidamente e os guardou lá dentro.
— Está tudo bem, papai? Vi quando chegou e não estava com uma cara
nada agradável, está com algum problema?
— Não é nada, filha, estou bem.
— Onde foi tão cedo? — meu pai me deixou preocupada.
— Fui fechar um negócio, a venda de algumas coberturas. — esclareceu.
— E precisou sair tão cedo?
— O que isso Marina? Um interrogatório, filha?
— Me desculpa. — respondi, virei às costas e saí do escritório, mais
preocupada do que entrei, ficou bem claro que ele estava me escondendo alguma
coisa.
Durante o almoço ele estava calado e se alimentou muito pouco.
— O que está acontecendo, papai? Não comeu nada. — insisti novamente
na pergunta.
— Estou sem apetite, as doses de tequila ontem estão me embrulhando o
estômago — explicou e levantou-se da mesa.
Meu pai estava de ressaca, mais meu íntimo me dizia que tinha algo mais, e
que tinha a ver com os papéis que vi no escritório.
Às duas da tarde meu celular tocou e era o treinador me chamando para
treinar, e como eu não havia treinado na parte da manhã, resolvi descer para a
pista. De longe avistei, Lucas com sua prancheta na mão fazendo suas anotações
juntamente com Tonho, Lucas era empenhado demais e tinha tudo controlado em
suas planilhas de papel, ele gostava assim, não gostava muito das tecnologias,
embora ele passasse tudo para o computador depois, gostava mesmo era do
papel e caneta.
Entrei na pista e de longe avistei o Tenente do outro lado com um dos
tratores que o estava aquecendo e vi também Alana com Montanha fazendo
círculos em volta dos tambores, então deixei meu sentimento de reprova de lado
e fui até ela. Afinal de contas, Lucas, estava certo em alguns pontos.
— Alana, podemos falar?
Ela fez que sim com a cabeça e desceu do cavalo dela.
— Marina eu…
— Por favor! Me deixe falar primeiro, tudo bem?
— Tudo bem!
Quando eu ia começar a falar o treinador gritou de onde estava:
— Ei meninas, não é hora para trocar figurinhas, quero as duas em cima de
seus animais agora.
Fingi que nem ouvir o que ele havia dito e passei a falar o que eu estava
sentindo:
— Antes de qualquer coisa, quero falar sobre o potro que meu pai cedeu a
você. Fui injusta hoje de manhã, quando insinuei que estive com meu pai por
interesse, pois, eu mesma já havia intercedido por você perante meu pai. Eu já
tinha pedido a ele para ceder um animal extra para você treinar.
— Recusei treinar com o potro, estou muito bem só com Montanha, Mari.
— respondeu-me ressentida.
— Não, Alana, você não pode recusar, ainda tem anos de pistas, sabe que
precisa de um animal reserva, nós duas sabemos disso. Meu pai pensa no seu
futuro como amazona e no futuro do Haras, porque aquele animal tem uma
genética campeã, e ainda vai trazer muitas vitórias para o Haras.
— Não precisava disso neste momento, na verdade, eu não entendi porque
Jorge fez isso agora.
— Sobre vocês estarem juntos, não vou negar que esteja decepcionada com
você por ter me escondido esse tempo todo, e não é fácil para mim, ver meu pai
com outra mulher. Eu sei que ele precisa continuar, sei que já faz quatro anos
que minha mãe morreu, mas tente entender meu lado. Acho que eu teria um
choque se fosse com qualquer outra mulher. Não vou te prometer aceitar isso
assim tão fácil, mas não vou ficar no caminho de vocês.
— Mari, eu sempre quis contar a você, nunca quis te esconder nada, mas
Jorge temia por sua reação, e ele estava certo quanto a isso. Durante esse tempo
que passou, depois que estivemos juntos, não tivemos mais nada, você sabe
disso, pois eu contava tudo a você.
— Tudo bem, Alana, Lucas clareou minhas ideias e acho que devemos
deixar as coisas caminharem com o tempo.
Alana assentiu e o treinador voltou a gritar:
— Porra! Mari, você já não treinou cedo, está querendo o que hein?
Minha amizade com Alana, tinha sido manchada com tinta preta com os
últimos acontecimentos, primeiro, Lucas e agora meu pai. Havia uma rachadura
entre nós que eu não sabia se seria vedada tão cedo.
Caminhei até o treinador chutando a areia fina por baixo de minhas botas,
eu estava me sentindo estranha, um sentimento de perda antes de lutar.
— O que houve? Por que não vou treinar com a Mel? Hoje pela manhã já
não treinamos. — questionei-o.
— Sabe muito bem que na parte da tarde na véspera de uma viagem a Mel é
sempre poupada, esqueceu que ela é a estrela desse Haras? — respondeu-me ele.
Sem pestanejar fui até o Tenente e o montei, e comecei o treino com um
sentimento estranho tomando conta do meu coração, uma angústia, um nó na
garganta que não se desfazia. Tenente era veloz, astuto, nos dávamos muito bem,
mas ainda faltava a química que rolava entre mim e Mel. Treinei por duas horas
e meia, e assim que desci do animal, sai sem falar com ninguém e fui em direção
a baia onde Mel já estava presa.
Abri à porta da baia e ela estava comendo feno na sacola, tão linda, tão
dócil. Fui até ela e a abracei no pescoço e ali, passei a chorar sem parar, tinha um
nó me apertando a garganta e eu sabia que era pelos últimos acontecimentos,
mesmo assim tinha um pressentimento muito ruim me consumindo.
— Como passou seu dia, minha princesa? Está só descansando hoje né?
Eu havia apanhado uma escova de borracha, e chorando, deixando todos os
nós se desfazerem de minha garganta, passei a escová-la, pois, sabia o quanto
Mel gostava daquele momento de carinho. Minha mãe e seus últimos momentos
não me saiam da cabeça. A respiração difícil, a busca frenética por ar, a boca
seca, a pele pálida, e até sua última tentativa de buscar o ar não me deixavam
imaginá-la sendo substituída. Eu sabia que chorar iria aliviar todo aquele
sentimento, e tinha que renunciar a todos eles.

Lucas
Vi quando Marina entrou no setor de baias onde estava Mel, então caminhei
até lá e parei na porta da baia, ela estava de costas, escovando sua égua distraída
e chorando muito. Enfiei minhas mãos em meus bolsos e fiquei encostado lá
observando toda aquela tristeza sem interferir, já que ela estava mesmo
precisando chorar.
Ela escovava a égua com uma mão e com a outra ia alisando-a, era um
momento de cumplicidade das duas, e ambas eram lindas juntas.
Depois de observá-la por uns cinco minutos sem que ela se desse conta da
minha presença, aproximei-me de suas costas e a abracei em sua cintura dando-
lhe um beijo em sua cabeça.
Marina suspirou alto como se estivesse prestes a carregar o mundo nos
ombros.
— Vim te buscar para irmos às compras. — falei tirando-a daquele
momento tenso.
Ela se virou em minha direção e seus olhos estavam molhados e vermelhos,
então com minhas mãos tratei de enxugá-los.
— Vamos? — chamei-a puxando pela mão sem questioná-la sobre o motivo
de tantas lágrimas.
Ela assentiu em silêncio e saiu da baia abraçada comigo.
Juntos fomos ao supermercado e compramos tudo que eu usaria para
preparar um jantar só para nós dois. Eu havia pedido umas dicas para minha mãe
e tentaria agradar a Marina.
Capítulo 22

Lucas
Durante à noite, Marina chegou às oito como havíamos combinado, ela
bateu na porta e fui abrir, botei meus olhos nela e vi o quanto estava linda com
um vestido longo verde desses tecidos delicados de mulheres, parecia uma
boneca, e assim falei:
— Uau! Como está linda, vou buscar minha carteira, não sabia que iríamos
sair.
— Gostou do meu longo? Resolvi me cobri para meu namorado não sentir
ciúme dele mesmo.
— Eu amei o seu longo, principalmente porque ele atiça minha imaginação
e fico louco querendo saber o que tem por baixo dele. Só que produzida assim
deveríamos sair.
Ela se aproximou de mim e entrelaçou seus braços em meu pescoço
dizendo:
— Deixa de ser bobo, Lucas, não posso me produzir para você?
— Ah! Você pode, não só pode como deve. — usava um perfume
maravilhoso.
Ela me beijou e fez uma observação:
— Hum! Chardonnay, assim vou ficar grudada em seus lábios. - eu havia
tomado vinho enquanto a esperava e cozinhava.
Entramos e juntos fomos para à cozinha onde eu já estava preparando o
prato que iríamos comer, eu não havia dito a ela o que faria, mesmo ela vendo
minhas compras. Eu estava preparando um Talharim à carbonara que minha mãe
fazia e que eu simplesmente amava.
— O cheiro está maravilhoso. — comentou ela, aproximando-se do fogão.
Eu estava bebendo um dos vinhos que havíamos comprado, na verdade,
Marina foi quem os escolheu, porquê de vinho eu não entendia. Ela pegou minha
taça em cima da bancada e tomou do vinho, até as taças, havíamos comprado.
Ela encostou na pia e ficou me observando preparar a carbonara.
— Não sabia que o senhor cozinhava. — fez a observação e em seguida
levou a taça em seus lábios, sorrindo.
— Não cozinho grandes coisas, mas tento me virar.
— Me viro bem na cozinha, minha mãe era uma cozinheira de mão cheia, e
muitas coisas aprendi com ela. — confessou-me Marina.
— Olha isso! Não me disse nada lá no mercado, por quê?
— Você não me perguntou. — respondeu e continuou bebendo o vinho.
— Por isso que quando falei da massa de molho branco a senhorita sugeriu
o vinho branco.
Ela piscou para mim e sorriu ressaltando suas lindas covinhas. Encantado
com tanta beleza, questionei-a:
— Onde diabos você se escondia que não te conheci antes?
— Nas costas de um Deputado, mas, te vi algumas no celeiro.
— E prestou a atenção na minha existência?
Ela sorriu novamente dizendo:
— Quem em sã consciência não prestaria atenção em um peão lindo como
você?
Lavei minha mão e enxuguei em um pano e a abracei pela cintura,
puxando-a para mim.
— Jura que olhou nem que seja uma única vez?
— Te olhei muitas vezes e te reconheci no exato momento que o vi parado
aqui no Haras.
Sorri para ela e a beijei, sua boca estava gelada e o gosto do vinho dava um
tesão violento, então mordi seu lábio inferior e disse:
— Delíciaaaa!
Ela estava tensa, eu percebia a cada sorriso contido que ela dava a mim.
— Está tudo bem? Sinto sua tensão a quilômetros de distância, o que é? —
indaguei.
Ela suspirou e saiu dos meus braços.
— Não sei, é um aperto no coração, uma sensação estranha, acho que é por
saber que você vai ficar aqui sozinho e que pode se encontrar com aquela
mulher.
Marina virou às costas e cruzou os braços como se estivesse buscando
conforto neles, então eu a abracei pela cintura e coloquei meu rosto em cima de
seu ombro:
— Isso não vai acontecer, não tenho mais nenhum contato com ela e pode
ficar tranquila que nesse final de semana vou ficar bem quietinho aqui assistindo
filmes com o Cowboy.
— Queria muito que fosse comigo.
Virei-a de frente e expliquei:
— Mari, seu pai já vai estar fora, e ele pediu isso a mim, não podemos
deixar o Haras nas mãos dos tratadores por cinco dias.
— Eu sei que não, eu entendo.
— Você está muito sensível hoje, bebe um pouco mais do vinho e relaxa.
Fui até à pia, apanhei à garrafa de vinho e enchi a taça que ele estava
bebendo.
— Estou morrendo de fome, esse carbonara sai ou não sai? Vou arrumar a
mesa.
Marina tinha pensado em tudo, comprou pratos, talheres, copos, taças e até
velas para arrumar a mesa, e no fim tudo ficou muito lindo e delicado como ela.
Servi à massa e enquanto estávamos jantando, Mari elogiou:
— Humm! Isso está muito bom, Lucas!
— Receita da dona Ana, ela tem mãos de ouro.
— Preciso conhecê-la, ela deve uma excelente cozinheira.
— Sim, tinha uma patroa exigente que queria comer sempre do bom e do
melhor.
— Sandra! — Marina bufou o nome.
— Ah! Meu amor, me perdoa, falei nela sem perceber.
Marina virou a taça de vinho e depois encheu-a novamente.
— Tenho tanto medo dessa mulher aparecer e você cair nos encantos dela
novamente.
Segurei firme a mão de Marina que estava em cima da mesa e falei:
— Ela não tem mais encantos para mim, você tem, são os seus beijos que
eu quero, é o seu corpo que me aquece agora e eu não quero nada além de você.
— Mesmo assim ela me assusta.
— Tem uma coisa que você não sabe sobre mim. Eu transava com outras
mulheres e Sandra sabia disso, só que eu não perguntava o nome de nenhumas
delas, porque não fazia diferença. Dias antes de te conhecer, briguei com Sandra
e ela jogou essas mulheres na minha cara, então disse a ela, que o dia que eu
perguntasse o nome de uma mulher, seria o da mulher com quem eu passaria o
resto da minha vida e que seria a mãe dos meus filhos.
Os olhos de Marina brilharam e ela falou atônita.
— Você perguntou meu nome assim que chegou.
— Perguntei porque é você que eu quero agora, porque é você que eu quero
para ser mãe dos meus filhos.
— Vou amar ser essa mulher, meu amor, e a parte de fazer os filhos nem se
fala. — respondeu sorrindo.
Jantamos e bebemos, à luz de velas, tudo estava perfeito, então me levantei
da mesa e falei:
— Vou tirar os pratos para gente comer à sobremesa.
Fui pegando os pratos para levar à pia e Marina não parava de beber, pela
forma solta que estava, eu já imaginava que ela estava mais alta que o desejado.
Voltei à mesa e retirei os copos e os levei para a pia e quando estava me
preparando para lavar, senti as mãos quentes de Marina passarem por dentro de
minha camisa e me abraçarem na cintura.
— Você fica uma delícia assim encostado na pia. — falou acariciando meu
abdômen enfiando a mão no comecinho do meu jeans, simplesmente fazendo-me
esquentar.
— Ei! Apressadinha, vamos comer a sobremesa, você precisa de glicose.
— Você é minha sobremesa, Lucas, tenho uma surpresa para você.
— É mesmo? — perguntei fechando os olhos, pois, ela já estava
acariciando meu pau dentro da calça, deixando-me todo mole.
Marina estava toda saidinha, mais do que de costume, o vinho a deixou
relaxada e eu estava simplesmente amando a Marina mais atrevida. Ela abriu o
zíper de minha calça e com mais propriedade, enfiou a mão por dentro de minha
cueca e sentiu meu pau crescer em suas mãos. Com o vai e vem de suas mãos
exigentes, virei-me em sua direção e passei a beijá-la enlouquecido de tesão,
minha língua ansiava por ela, e assim se enfiava e penetrava sua boca com gana.
O calor que nos acendeu na rede pela manhã, havia voltado com mais
intensidade e eu segurava firme nas laterais de seu rosto, pois queria aquela boca
mais que tudo no mundo. O gosto do vinho em nossas bocas estavam se
intensificando e sendo compartilhado por ambos. Marina continuava me
masturbando enquanto nos beijávamos, e assim um fogo abrasador tomou conta
do meu corpo e num ímpeto violento de tesão, apaguei as velas e as retirei da
mesa, coloquei na pia, voltei para Marina e a agarrei pela cintura e a coloquei em
cima da mesa. Havia uma fenda enorme no vestido dela, enfiei minhas mãos e
segurei firme em suas nádegas e a puxei para mim, sentindo que ela estava
usando uma calcinha muito fina, um fio dental, então ao sentir a cordinha fina
nas laterais de seu corpo, senti um tesão tão violento que falei:
— Porra! Mari, veio vestida para destruir meu psicológico, foi?
— Foi. Quero você, quero que não esqueça de mim nesses dias.
— Ah! Mais não vou, não vou mesmo. — respondi e voltei para seus
lábios, deixei minhas mãos percorrerem os seios dela e percebi que ela estava
sem sutiã e seus seios estavam enrijecidos por baixo do fino tecido, dessa forma,
puxei em sua cintura a única corda que mantinha o vestido fechado, e assim que
o abri constatei o que minhas mãos já haviam sentido, ela estava sem sutiã e
usando uma micro calcinha. Levei minhas mãos em seus seios e com a ponta dos
meus dedos, os apertei fazendo-a gemer baixinho, em seguida, encarando-a, fui
até eles com meus lábios e passei minha língua só nos bicos, intercalando entre
um e outro. Marina grudou em meus cabelos e se arqueou para trás, então passei
a chupar e morder seus bicos de levinho. Retirei o vestido de seu corpo e a
deixei só com a calcinha que fez meu cérebro borbulhar só de imaginar que ela a
vestiu só para me provocar e deixar meu pau pulsando.
Marina começou a desabotoar minha camisa e enquanto fazia isso me
encarava toda sensual e deslizava seus dedos macios em meu tórax, descendo-os
até meu abdômen, fazendo meu pau dar trancos quando passava a mão em minha
pélvis.
Tirou a camisa de meu corpo e assim tratei logo de tirar minhas botas e
minha calça, ficando só de box preta. Voltei para ela e a deitei na mesa, abri suas
pernas, puxei sua calcinha para o lado e comecei a chupá-la e a friccionar em seu
clitóris, fazendo nela o sexo oral mais delicioso, deixando-a molhadinha e pronta
para mim.
Retirei minha cueca, deixando assim meu pau livre para penetrar em
Marina, eu estava enlouquecido, pulsando de tesão e não ia conseguir esperar
muito mais tempo, e assim com o pau latejando e duro como uma tora, eu a
puxei pelas pernas, fazendo-a ficar bem próxima da ponta da mesa, ergui uma de
suas pernas e a penetrei com carinho, enfiando-me e afastando-me devagar
sentindo toda a lubrificação dela molhar meu pau. Ela estava simplesmente
muito excitada e aquilo deixou minha penetração ainda mais prazerosa.
— Ah! Lucas. — gemeu gostoso.
Passei a penetrá-la com mais vontade aumentando a velocidade, mexendo e
enfiando-me cada vez mais fundo e forte. Marina levantou o tronco em minha
direção e circulou seu braço em meu pescoço e passou a me beijar enquanto eu
metia, metia, bombava, bombava, bombava e a comia sem parar. Eu a castigava
em um movimento alucinante de vai e vem e ela simplesmente me enlouquecia
com seus gemidos sufocados em meu ouvido. Ân, ãn, ãn, ãn, ãn, ãn.
Quanto mais gemia, mais fundo e intenso me enfiava dentro dela, era muito
tesão, muito desejo e um sentimento mais poderoso do que paixão me possuía,
eu só pensava em tê-la em meus braços e protegê-la todos os próximos dias de
minha vida.
Mari acabou por endireitar seu corpo, insinuando-me que queria mudar de
posição, e assim se sentou na ponta da mesa e puxou-me para seus lábios,
devorando-me em um beijo safado, onde ela me mordia e depois chupava-os.
Virou-me de costas para ela e passou a morder minhas costas enlouquecendo-me
ao sentir os bicos de seus seios tocarem em minhas costas enquanto ela segurava
firme em meu pau e o masturbava de forma safada e gostosa. Subia e descia sua
mão quente, mordia e lambia minhas costas enchendo-me de uma explosão de
desejo, então virei-me para ela novamente e a desci de cima da mesa e
direcionei-a rumo à pia, deixando-a de costas para mim com as mãos apoiadas
no granito, voltei a penetrá-la gostoso, mordendo-a, e apertando seus seios com
força enquanto me enfiei fundo nela.
— Oh, oh, oh, oh, oh, — gemíamos ambos, entorpecidos de tesão em uma
perfeita sincronia a cada vai e vem, entrando e saindo, entrando e saindo, me
enfiando naquela vagina deliciosa que me engolia gulosa.
Nossos corpos se mexiam juntos, a procura do encaixe perfeito entre eles,
com isso, intensifiquei as estocadas, metendo com força e buscando seus lábios.
Meter meu pau nela, ao mesmo tempo, que a beijava, deixa-me com mais desejo,
mais tesão. Meti, meti, meti, bombei, bombei, bombei, e Marina mexia seu
corpo em direção a meu pau.
— Vai, amor, vai Lucas me come com força, me come Lucas. — Marina
estava mais saidinha que o normal, o vinho falava por ela e eu apenas obedeci
intensificando a velocidade das estocadas.
Pof pof pof pof pof pof pof pof pof.
Passei a meter mais fundo e gostoso.
Nossos corpos estavam suados, o cheiro de Marina me enlouquecendo e me
tirando de órbita, deixando-me extasiado e quando percebi que Marina estava
ficando mole, contraindo sua vagina e esmagando meu pau, eu já sabia que ela
estava prestes a gozar, pois, já conhecia cada reação de seu corpo, e com meu
corpo não era diferente, eu estava ficando mole, e sentia os primeiros sintomas
dele entrando em torpor, e assim que Marina passou a gemer gozando:
— Ohhhh, ohhhhhh a a a aa a!
Senti meu pau molhar e uma sensação deliciosa que foi percorrendo todo
meu corpo, um arrepio percorreu todos meus músculos e a adrenalina fez meu
coração acelerar, fui diminuindo as investidas, meu orgasmo foi intenso
deixando-me em um estado de nirvana, com a sensação que eu havia saído de
meu corpo, eu estava gozando junto com ela.
— Oooooooh! Oooooh, oh, oh, oh Porra! Mari.
Segurei em seu pescoço, busquei seus lábios e a beijei enquanto me
despejava dentro dela, que estava entorpecida e mole em meus braços.
Sai de Marina, e a abracei dizendo:
— Vou enlouquecer sem você.
— Vai passar rapidinho. — respondeu ela aconchegando-se nos meus
braços.
Depois que nos trocamos, comi a sobremesa e Marina não quis, então fui
levá-la até a porta da sede. Subimos abraçados e assim que chegamos na porta,
trocamos mais beijos apaixonados e de repente, ouvimos um animal rinchando, o
que fez com que Marina saísse dos meus lábios imediatamente, questionando-me
apavorada:
— Ouviu isso, Lucas?
— O que amor?
— Esse relincho.
— Eu escutei sim, mas estamos em uma fazenda de cavalos, lembra?
— Sim, mas esse relincho foi diferente, havia dor.
— Como sabe que havia dor?
— Não sei como sei, só sei, Lucas.
— Fica tranquila, está tudo bem com os animais, isso foi só algum
garanhão sentindo o cheiro do cio de uma égua.
— Não sei não, Lucas.
— Você precisa entrar e descansar, amanhã vocês viajam muito cedo e será
uma longa viagem.
Ela levou seus olhos em direção às baias, então persisti:
— Está tudo bem lá, está ouvindo mais alguma coisa?
— Não!
— Então! Entre e tente dormir. — beijei-a novamente e esperei que
entrasse.
Voltei para casa e quando cheguei, Cowboy veio disparado do lado das
baias, assim que chegou perto de mim, passou a latir olhando em direção de
onde havia chegado. Embora eu tenha achado muito estranho, abri a porta de
casa e falei:
— Ei garoto, vai dormir do lado de fora, hoje?
Cowboy entrou em casa relutante, assim como Marina, havia se assustado
com alguma coisa.

Capítulo 23
Marina
Eu precisava de uma noite tranquila de sono, pois, a viagem seria longa,
mas um turbilhão de pensamentos e uma sensação muito estranha de que algo
errado estava acontecendo, não me deixava relaxar e dormir. Lucas também não
saía dos meus pensamentos, seu cheiro delicioso, o gosto dele em minha boca, a
forma como me amava e me levava ao extremo do prazer. Ele era o homem
perfeito que foi feito para mim. Na manhã seguinte levantei cansada, pois, dormi
muito mal, acordando à noite toda e rolando na cama sem parar. Desci às escadas
levando uma mala e voltaria depois que tomasse café para pegar as outras coisas
que eu levaria para Barretos. O dia havia chegado e eu estava numa pilha de
ansiedade.
Cheguei na copa e meu pai já estava tomando seu café, ao mesmo tempo,
em que mexia no celular.
— Que coisa feia hein seu Jorge! Tomando café e mexendo no celular. —
ralhei com ele.
— O tempo não para filha, vou estar fora por cinco dias e tenho que tomar
algumas providências.
— E como o senhor está hoje? Ontem me parecia bem preocupado.
— Eu estou ótimo, nunca estive tão bem, me sinto um garoto.
— Hum! E posso saber o que está te fazendo se sentir assim? — perguntei
sabendo a possível resposta.
— A vida! As surpresas que ela nos traz.
Ele não falou às claras, mas para um bom entendedor, eu sabia que ele
falava de Alana e no mínimo passou à noite com ela. Eu não ia mais me
interferir, ele era adulto e sabia o que estava fazendo, a mim só cabia torcer para
que Alana não fizesse mal a ele.
— E então filha, está preparada para as seletivas de amanhã?
— Como nunca.
— Excelente! Quero o Veloz na ponta da tabela, em primeiro e segundo
lugar.
— Em que ordem?
— Tanto faz, com tanto que às duas estejam no topo.
Coloquei um pedaço de bolo de chocolate no prato e dei uma garfada,
quando ia dar a segunda, Lucas entrou na copa.
— Bom dia, Jorge! Bom dia amor! — veio até mim e deu-me um beijo
rápido.
— Bom dia, Lucas, aconteceu alguma coisa? — questionou meu pai.
Lucas olhou para mim antes de respondê-lo:
— Estou com um probleminha, poderia falar com senhor lá fora. — deu
sinal com a cabeça para meu pai.
— Claro que sim, vamos lá. — meu pai foi logo se levantando, mas antes
que terminasse de sair da mesa, eu falei:
— Pode falar aqui mesmo, Lucas, meu pai e eu não temos segredos.
Lucas ponderou, veio até mim na mesa e segurou firme em minha mão,
então falou:
— Temos um problema lá nas baias.
— Problema?! — meu pai exclamou preocupado.
Lucas respondeu olhando para mim:
— Você estava certa ontem à noite, um dos animais teve algum problema e
está lesionado.
— Mel!? — questionei com a voz embargada quase como um sussurro.
Lucas não respondeu e abaixou a cabeça, assim, levantei-me com urgência
da mesa e fui saindo de casa com o coração na mão, deixando-os para trás.
— Marina! Espera aí amor. — Lucas gritou e eu simplesmente continuei
descendo o morro rumo às baias.
O trailer que levaria os animais já estava estacionado próximo as baias e lá
já estavam todos reunidos, Alana, o treinador, Tonho e toda a peonada em volta.
Passei urgente por todos eles e reparei na cara de pena de cada um deles.
Entrei apressada na ala onde mel morava, e fui direto para a baia dela, e lá
estava um dos tratadores.
Quando Mel me viu entrando na baia, ela soprou para mim, era assim que
ela me recebia todos os dias quando eu entrava em sua baia, era a forma mais
fofa do mundo dela me dizer oi.
— Bom dia, para você também, minha princesa. — foi um alívio vê-la bem.
Lucas e meu pai chegaram logo atrás, então me virei para eles e avisei:
— Está tudo bem por aqui, que animal está lesionado, Lucas?
Lucas ficou em um total silêncio e o tratador foi quem me respondeu:
— Marina, hoje quando entrei aqui na baia da Mel, parecia tudo bem com
ela, eu tratei dela tudo certinho, ela comeu e bebeu super bem, mas quando fui
escová-la, ela não me permitiu tocar na perna esquerda.
Meu coração acelerou e assim dei a volta em Mel, e passei a mão com
delicadeza, primeiro em seu dorso deslizando minha mão com gentileza em seu
lombo.
— Ei minha princesa, você está linda hoje com essas trancinhas, onde pensa
que a senhorita vai? — fui tranquilizando-a sobre meu contato manual ao mesmo
tempo em que minhas lágrimas já começavam a descer discretas em meu rosto.
Deslizei minha mão com cuidado e desci em direção da coxa de Mel, e
então fiz o que teria que fazer, apalpei com mais força e a resposta foi imediata,
ela resfolegou, bufou e levantou a perna indicando que ali havia um incômodo,
então sentindo todos os músculos do meu corpo tencionar de angústia, fiz o teste
definitivo, eu a puxei pelo cabresto fazendo-a caminhar e para meu desespero ela
mancou.
Imediatamente desabei grudando em seu pescoço, abraçando-a e chorando
desesperada.
— O que houve com você, minha princesa, o que houve? O que aconteceu
me conta? Não, não Mel, não.

Lucas
Aquela foi à cena mais triste que vi na minha vida, Marina chorando
grudada no pescoço de sua égua. Ninguém se atreveu a chegar perto, nem
mesmo Jorge tentou interferir. Marina estava arrasada, e vê-la daquela forma fez-
me engolir em seco com os olhos cheios de lágrimas.
Jorge puxou-me pelo braço para o canto e perguntou-me aflito.
— Cadê o Paulo?
— Já liguei, disse que estava atrasado, teve um contratempo mais que já
estava a caminho.
— Por isso que acho que ele deveria morar aqui no Haras. Poraaaa! —
esbravejou furioso.
— Seria muito bom.
— O que acha que aconteceu com a égua? — perguntou encarando-me
sério.
— Não sei, Jorge, só sei que não tinha como essa égua estar machucada se
ela foi poupada ontem e nem saiu de dentro da baia.
Assim que terminei de responder, Paulo o veterinário do Haras chegou
perguntando-nos:
— Bom dia, Patrão! Bom dia Lucas, o que houve aqui?
— Mel está machucada. — Jorge respondeu.
O veterinário assentiu e entrou na baia junto com Marina que ainda estava
grudada no pescoço de Mel.
— Mari, posso examiná-la querida?
Marina assentiu e saiu da baia e correu para meus braços, apertando-me
com tanta força que eu queria apenas fazer o tempo voltar e tentar evitar aquele
sofrimento.
— Lucas eu sabia que tinha algo errado com aquele rinchado, eu sabia que
era de dor, de medo, alguma coisa aconteceu com ela.
— Sim, você tinha razão.
Segurei-a firme em meu tórax enquanto o veterinário examinava Mel com o
termógrafo, um sensor de temperatura sensível.
Alguns minutos depois o veterinário saiu da baia e disse-nos:
— Eu lamento muito, mas existe um aumento de temperatura considerável
no membro posterior esquerdo da Mel, mais propriamente na coxa. Vou ter que
levá-la ao ambulatório e fazer uma ultrassonografia para saber de fato o que
aconteceu, mas eu acredito em uma ruptura da musculatura.
— Não, não pode ser. — gritou Marina em desespero. — Paulo, ela não
saiu da baia ontem, como pode ter sofrido uma ruptura muscular? Isso é
impossível, ela estava bem, ela estava bem. — insistia.
— Pode ter sido uma pancada, eu ainda vou precisar me aprofundar, mas te
digo, Mel está fora de Barretos.
— Não! Não! — Marina gritou aflita e se encostou na parede e foi
escorregando o corpo até se sentar no chão do corredor. Marina tapou os olhos
com as mãos e chorava de soluçar.
Jorge se agachou próxima dela e tentou consolá-la:
— Filha, você ainda tem o Tenente, vamos embarcá-lo junto com o
Montanha e irmos logo, não podemos ficar aqui perdendo tempo.
— É, Mari, o Tenente está mais que pronto. — interferiu, Heitor o
treinador,
Mari se levantou furiosa e respondeu-os:
— Eu sou a amazona, eu sei quando meus animais estão prontos ou não
para entrar na pista de um torneio feito Barretos, e Tenente não está. Eu já havia
te avisado, Heitor, que só o levaria no Rafaella daqui a uns meses.
— Você não tem muita escolha agora. — respondeu o treinador.
Alana foi até Marina e tentou consolá-la:
— Eu sinto muito, amiga.
Marina simplesmente fez o que eu jamais imaginei que aconteceria,
desabou nos braços de Alana e chorava sem parar enquanto a amiga falava
palavras de incentivo:
— Ei, Mari, bora amiga, bora embarcar o Tenente e ir ganhar aquele torneio
de novo, você é bicampeã, está esperando o que para ir buscar o tri?
— Não posso, não com um animal que nunca esteve em público, isso seria
arriscado.
— Ele está fazendo tempos maravilhosos, você é a melhor, sei que é capaz
de deixá-lo seguro. — Alana insistiu.
— Não irei, esse é o seu torneio, vai lá e traz o troféu.
— Não! Somos uma equipe, sem você nas pistas não vale ganhar nada.
— Então estaremos as duas de fora. — respondeu Mari e foi saindo do
pavilhão apressada, e quando Jorge e eu saímos das baias, Marina estava
galopando longe com um cavalo.
Olhei para o Jorge e ele disse-me:
— Figueira velha, é para lá que ela está indo, é lá que ela chora.
— Vou até lá falar com ela.
— Faça isso, tente trazê-la de volta e convencê-la a ir para o torneio.
— Vou tentar, Mari é tinhosa demais, só faz aquilo que quer. — respondi e
fui afastando-me.
Fui até Tornado que já estava selado, montei-o e passei a galopar rumo a
velha figueira que ficava mais ou menos um quilometro dali.
Assim que cheguei próximo da árvore frondosa, onde sempre faziam a roda
de viola, vi apenas o cavalo que Marina usou, amarrado na raiz gigante da
árvore, mas não a vi em lugar nenhum, então passei a chamá-la:
— Marina! Marina cadê você, amor?
A árvore era enorme cheia de raízes gigantescas, fui dando à volta
contornando-a procurando Marina, imaginei que ela havia se escondido de mim,
e assim no meio das raízes vi uma escada de madeira, olhei para cima, e avistei
uma armação velha de madeira que deveria ser uma casa da árvore no passado,
então comecei a subir nas tábuas velhas que rangiam embaixo de meus pés, e
quando pisei no último degrau, vi Marina, sentada em cima da armação toda
quebrada, mais que ainda lembrava uma casa da árvore. Ela estava chorando
toda encolhida no canto, em nada se parecia com minha oncinha, a mulher que
falou comigo no dia que cheguei. Eu não sabia o que fazer e vê-la daquela forma
tão vulnerável me cortou o coração, e assim fui até ela, sentei do seu lado e a
aconcheguei em meus braços.
— Como isso foi acontecer, Lucas? Como? Essa pergunta não sai da minha
cabeça. Como? Ontem ela estava tão bem quando fui vê-la na baia.
— Sim, ela estava mesmo, também não estou conseguindo encontrar a
explicação.
Marina me abraçou forte e disse-me:
— Me faz esquecer, Lucas, me faz esquecer tudo isso. Me ama, agora, aqui
em cima.
Disse e foi se mexendo vindo para cima de mim e se sentando em meu colo
entrelaçando suas pernas em minha cintura.
— Faz amor comigo, me tira dessa realidade que está me dilacerando. —
falou e segurou firme em meu rosto e passou a me beijar eufórica, como se amá-
la ali em cima daquela árvore, fosse a solução para todos os problemas.
Correspondi a seu beijo de início e em seguida segurei firme nas laterais de sua
cabeça e a afastei de mim, dizendo-lhe:
— Marina, eu faria amor com você até em cima de um cavalo, faria amor
com você em qualquer lugar desse mundo, mas não podemos fugir da realidade
dessa forma, uma realidade que te espera lá no Haras.
Ela me encarou com os olhos marejados e saiu de cima de mim, voltando a
se sentar nas madeiras velhas e quebradiças.
— Essa era minha casa da árvore. — começou a falar. — eu vinha sempre
aqui quando estava triste e queria chorar sem que ninguém me visse chorando.
Essa velha figueira me viu chorar todas as minhas dores, desde a morte do meu
primeiro potro, até à morte de minha mãe.
— Eu sinto muito, amor, sinto muito mesmo que esteja aqui em cima de
novo, mas você precisa encarar a situação de frente.
— Já encarei, eu sei das dificuldades de se colocar um animal no meio de
uma multidão quando ele nunca teve contato com isso.
— Vai dar tudo certo, você vai saber contornar isso, eu sei que você pode, o
Tenente é fantástico, tem tempos maravilhosos.
Mari me olhou nos olhos e questionou?
— Acha mesmo que consigo?
— Tenho certeza absoluta, vamos embarcá-lo?
— E se der tudo errado?
— Minha oncinha chorona volta para casa, para os meus braços e fica tudo
bem.
— Era isso que eu estava sentindo, Lucas. Sabia que algum coisa ruim iria
acontecer.
— Você é muito sensitiva, isso é incrível.
— Vou embarcar o Tenente, e seja o que Deus quiser.
Ela me respondeu e em recompensa puxei-a para mim e a beijei com tanta
paixão como se não fosse haver outros beijos. Como eu queria estar com ela,
como eu queria me certificar que nada de ruim aconteceria, mas eu ainda era só
um empregado e precisava ficar.
Descemos da árvore e assim voltamos para o Haras. Marina deixou que
embarcássemos Tenente no trailer juntamente com Montanha de Alana. Jorge
ficou preocupado com a possibilidade de ter havido um atentado contra à égua, e
não quis seguir viagem com eles, assim Marina optou por não viajar sozinha e
foi na caminhonete com Tonho e Alana, e o treinador em sua própria picape.
Antes de entrar na caminhonete, Marina veio despedir-se de mim:
— Vou morrer de saudades de você. — disse ela. — Eu já te amo, Lucas.
Ao ouvir aquelas palavras, meu coração acelerou, e assim grudei-a em
meus lábios e a beijei e disse:
— Também já te amo, minha oncinha. Vou estar ansioso te esperando
voltar.
Mari sorriu para mim, suspirou colocando o chapéu na cabeça e subiu na
caminhonete de Tonho. Juntos foram em comboio para a tão esperada Festa de
peão de boiadeiros de Barretos.
Capítulo 24

Lucas
Os olhos de Marina não refletiram o meio sorriso que ela deu a mim antes
de subir na caminhonete do Tonho, seus lábios tentaram me transmitir a
tranquilidade que seus olhos não conseguiam me passar, vermelhos e inchados
de tanto chorar, não vi neles nada além de uma tristeza perturbadora, ela não
estava feliz, e foi isso que seus olhos passaram a mim, deixando-me
completamente desestruturado.
Quando a caminhonete se afastou pude enfim descontar minha raiva em um
fardo de feno que estava no chão bem próximo de mim.
— Droga! —Eu o chutei com tanto ódio, tanta raiva que Jorge veio até
mim, dizendo:
— Calma Lucas, tudo vai ficar bem, Marina é experiente, vai saber
contornar essa situação.
— Ela está insegura quanto ao Tenente.
— Isso é normal, essa tensão, mas assim que ela chegar lá, vai ver que tudo
não passou de um exagero dela.
— Eu queria ter toda essa sua segurança.
— Você ainda vai viver muito, Lucas e vai perceber que algumas
tempestades só nos molham, mas que secar é questão de tempo.
Assenti concordando sem ter muita certeza disso quanto a Marina, que saiu
destruída.
— Agora vamos lá ao ambulatório descobrir o que de fato aconteceu com
Mel, Paulo a essa altura já deve ter algo a nos dizer. — falou Jorge.
Jorge e eu caminhamos pelas gramíneas do Haras, passando pelas baias e
chegando na instalação do ambulatório. Assim que entramos, Paulo foi dizendo:
— Vocês não irão acreditar no que descobri.
— Diga logo homem. — Jorge exigiu saber.
Chegamos bem próximo da égua e fui acariciá-la em sua cabeça, era uma
égua dócil e estava serena, mesmo sendo analisada minuciosamente.
— Estão vendo aqui na coxa dela? Existe um ferimento, sutil, mais ainda
um ferimento, ela bateu a coxa em algum lugar que a machucou ou…
— Ou!? — exigi à resposta o mais rápido possível.
— Ou ela foi agredida propositalmente com um tipo de equipamento que
não deixa muitas evidências, mas que fez esse pequeno corte nela. — explicou o
veterinário apontando para o pequeno corte.
Jorge olhou para mim e questionou-me:
— Você me disse que à égua passou o dia todo na baia, não disse?
— Sim, disse sim. Ela foi poupada no dia de ontem, não saiu de lá nenhum
minuto sequer.
— E existe alguma possibilidade de ela ter se ferido lá dentro sozinha? —
perguntou Jorge a mim.
— Não! Não existe nenhuma chance de ela ter se ferido no bebedouro de
água, pois, à altura é conflitante com o lugar desse ferimento.
— Você se lembra quem era o tratador dela ontem? — Jorge questionou.
— Sim, era o Pedrinho.
— Falarei com ele depois. — disse Jorge a mim e se virou para o
veterinário questionando: — Diga-me Paulo, qual a gravidade?
— Por sorte, Mel está apenas com uma contusão que não chegou atingir os
músculos e os tendões, mas que a tirou de Barretos porque mancando a égua não
podia ir, mas acredito que com o tratamento certo, em uma semana ela estará
como nova. Já dei a ela remédio para dor e vou iniciar um tratamento com anti-
inflamatório para tratar a região que foi atingida.
Respirei aliviado com a notícia de que logo ela estaria bem, saindo dali eu
iria sem dúvida ligar e avisar Marina, que deveria estar em desespero.
— Ao menos uma boa notícia. — disse Jorge que virou as costas e foi
saindo do ambulatório preocupado.
Eu o segui e assim que saímos ele expressou toda sua preocupação:
— Acha que ela pode ter sofrido um atentado, Lucas?
— Ontem à noite quando vim trazer Marina, por volta de uma da
madrugada, escutamos o relincho de um animal. Eu achei normal, afinal de
contas escutamos isso o tempo todo aqui, mas Marina ficou cismada, disse que
sabia que àquele relincho era de dor e medo. Ela ficou bastante abalada. E tem
também o cachorro que estava todo assustado e não parava de latir.
Jorge fechou a mão em punho e estava bastante nervoso.
— Alguém feriu à égua para prejudicar Marina, mas quem teria interesse
nisso? — questionou.
— Eu acredito nessa mesma possibilidade, mas não faço a mínima ideia de
quem possa ter feito tamanha maldade.
— Vou descobrir o que aconteceu, pode apostar Lucas.
— Olha, Jorge. Alana e Mari estavam brigadas há uns dias e…
Jorge me cortou pelo meio:
— Nem termine sua frase, Alana seria incapaz de tal ato inescrupuloso, ela
tem muito amor por esses animais, nasceu aqui nesse Haras. Além do mais,
ontem nesse horário que você citou ela estava comigo na minha cama.
Fiquei completamente sem graça por ter dito o que disse, foi só uma
bobagem que me passou pela cabeça.
— É, você tem razão, pensar nisso foi estupidez.
— Procure o Pedrinho e peça a ele para vir até mim, não vou descansar
enquanto não souber o que houve. Não vou admitir um atentado desses debaixo
do meu nariz.
— Pode deixar, farei isso imediatamente e vou avisar Marina sobre Mel.
— Faça isso, Lucas, obrigado.
Sai à procura do tratador e quando o encontrei pedi que fosse falar com o
patrão, em seguida caminhei rumo às cercas e subi nelas para falar com Marina
enquanto observava os animais correrem felizes de um lado a outro soltos nos
pastos.
A ansiedade de Marina era tanta que ela atendeu o celular no primeiro
toque.
— Lucas! E então como ela está? — indagou-me aflita.
— Calma amor, ela vai ficar bem, não foi nada muito grave, o veterinário
disse que é apenas uma contusão e que não atingiu nem os músculos e nenhum
tendão.
— Ai! Graças a Deus. — ouvi sua respiração de alívio.
— Em uma semana ou um pouco mais ela já estará como nova.
— Só não entendi uma coisa, Lucas, como ela pode ter sofrido uma
contusão se esteve o dia de ontem inteiro na baia.
— Bom, isso é outro assunto do qual seu pai está cuidando para descobrir.
— respondi sem dar maiores detalhes.
— Obrigada por me tranquilizar, eu estava uma pilha de nervos.
— Vai ficar tudo bem, e vai dar tudo certo com você e Tenente, passe a ele
tranquilidade e tudo dará certo.
— Farei isso. Já estou morrendo de saudade.
— Nem me fala, você acabou de sair e já tenho vontade de pegar a
caminhonete e ir atrás de você.
— Passa logo.
— Passa nada, vou enlouquecer já te falei.
— Somos dois, porque também não queria ficar longe de você, eu fico
imaginando um milhão de coisas.
— Não vou arredar os pés desse Haras, boa viagem minha oncinha, vou
voltar para o trabalho. Beijo.
— Beijo. Te ligo assim que chegar.
— Estarei esperando.

Marina
Com as informações de Lucas, meu coração voltou a bater com mais
tranquilidade, saber que Mel estava bem e que não era nada grave, fez-me ficar
calma.
— E então amiga, o que Lucas disse? — perguntou-me Alana que estava no
banco da frente.
— Que não foi nada muito grave e que em uma semana ela já vai estar
correndo de novo.
— Melhor notícia do dia, fico muito feliz por vocês duas.
Tonho estava dirigindo em um silêncio agourento, não se manifestou em
nenhum momento.
Depois de cinco horas de viagem, chegamos com todo o comboio em
Barretos.
Alana e eu ficamos no hotel e o resto do pessoal foi direto para o recinto
levar os animais para as baias. Eu estava exausta e acabei dormindo o resto da
tarde, na manhã seguinte começariam as eliminatórias e quanto mais descansada
eu estivesse, melhor.

João
Ligação On:
— Onde você está que não me ligou nem mandou notícias me informando?
— questionei assim que atendeu o telefone.
— Eu te avisei que só falaria com você quando pudesse. Estamos em
Barretos e tenho uma notícia péssima para você.
— Falo logo.
— Marina também veio.
— Como assim Marina também foi?
— Plano A fracassou, ela veio com seu animal reserva como eu já havia
dito que poderia acontecer.
— Isso só pode ser brincadeira!
— Não, é bem sério.
— Nesse caso vamos de plano B. — avisei.
— Olha, acho esse plano muito perigoso, melhor é parar com isso por
aqui.
— Se parar... se não fizer o que eu disse, todos vão saber quem é você.
Quer mesmo que todos sabiam do que você gosta?
— João, Marina pode se machucar.
— Isso não vai acontecer, deixa de paranoia.
— Tudo bem, farei isso no melhor momento, vamos ver até onde ela vai
com esse animal.
— Faça como quiser, só evite que ela vença isso e ganhe mais ânimo ainda.
— Tudo bem. Vou te informando.
Desliguei o celular.
— Quanta incompetência, será possível que eu mesmo terei que fazer tudo
sozinho?

Marina
Durante à noite, todos foram em um bar famoso chamado, Touro Bravo,
ponto de encontro dos peões e amazonas, mas resolvi ficar no hotel, pois, além
de saber que Lucas estava no Haras sozinho, não existia clima para barulhos em
minha cabeça.
Eu estava lendo na cama quando meu celular apitou uma mensagem:
Oi meu amor, sei que você deve estar se divertindo em algum bar com o
pessoal, mas queria te pedir para não desconcentrar, não beba e não vá dormir
muito tarde. Beijos seu Lucas.
Dei um tempo e o respondi:
Tarde demais, já bebi três shots, eu precisava relaxar.
Ele respondeu:
Poxa Marina, não acredito, amanhã cedo tem eliminatórias.
Ao invés de responder, liguei para ele.
— Acha mesmo que sou tão irresponsável assim? — perguntei assim que
ele atendeu o telefone.
— Oi amor. Acreditei em você, vou sempre acreditar em você, aconteça o
que acontecer.
— Ownnn! Eu estou no hotel lendo um livro, todos foram para o Touro
Bravo, mas preferi ficar descansando.
— Você fez bem, isso é muita responsabilidade da sua parte.
— Eu sou uma mulher responsável.
— E uma delícia também.
— Delícia é? — perguntei e me deitei na cama.
— É uma delícia de mulher, que tem o beijo mais quente que meus lábios já
tocaram, e tem também as curvas mais gostosas e os seios mais perfeitos.
— Lucas!
— O que foi?

Lucas
— Tem certeza que quer continuar me deixando toda acesa com essa
conversa? — perguntou-me ela.
Gargalhei no celular e respondi:
— Mais que conversa? Não falei nada demais.
— Essa de beijo quente, de seios perfeitos e entumecidos, a propósito,
quando você falou deles eu senti meu ventre se revirar só de lembrar dos seus
lábios neles, chupando-os e passando sua língua gulosa.
— Marinaaa! — mordi os lábios de tesão, meu pau deu sinal dentro da
cueca.
— O que foi? Não falei nada demais.
— Não falou é? E por que meu pau está todo quente e crescendo no meio
de minhas pernas?
— Ohh! Lucas, não me fala uma coisa dessas. — ela murmurou do outro
lado. — ele está daquele jeito, está?
— Daquele jeito, uma tora, louco por você.
— Eu posso senti-lo, firme e forte em minhas mãos, que acariciam, sobe e
desce medindo toda a circunferência dele, grosso e enorme. Minha boca o engole
e eu estou circulando minha língua na cabeça macia e gostosa. — passou a me
provocar.
— Mari! Está me enlouquecendo. — falei todo excitado deitado no sofá.
— Está tão excitado quanto eu?
— Mais que você, posso te garantir, meu pau está estourando a cueca.
— Então tira ele da cueca. — falou sussurrando e aquilo foi me deixando
em ebulição. Assim tirei meu pau da cueca e passei a me masturbar ao som da
voz dela, macia e deleitosa.
— Estou concentrada na cabecinha, amor, chupando e enfiando minha
língua em seu buraquinho, e ele está todo melecado soltando sua lubrificação na
minha boca.
Eu estava mesmo tão excitado que já soltava a lubrificação.
— Lucas, eu estou sentindo você me lamber.
Continuei me masturbando e entrei no joguinho sensual dela.
— Está sentindo por que eu estou te lambendo e estimulando seu clitóris
com meu dedo.
Marina dizia loucuras do outro lado enquanto eu me masturbava no sofá,
ela sabia como me deixar enlouquecido, então isso durou uns vinte minutos, e
quando escutei Marina gemendo no celular.
— Ohhhh, ohh, ohh, ahh, Lucas, ohhhh estou gozando para você.
Eu simplesmente saí de mim, a explosão do meu orgasmo ao ouvi-la
gemendo e gozando do lado de lá, pois, também estava se tocando, foi deliciosa,
como se um vulcão estivesse entrando em erupção e assim gemi alto no celular:
— Ohhhhh, oooooh , Porra Mari, porra, ohhhhh, ohhhhhh. — gozei
batendo punheta depois de ficarmos nos excitando pelo telefone.
— Isso, amor, isso goza para sua oncinha, goza.
— Mari, Mari. — sussurrei o nome dela. — daqui a pouco te ligo.
Ela riu alto do outro lado.
Desliguei o celular, pois, estava sentado no sofá e havia gozado tudo no
chão. Uau!! que tesão de mulher.

Capítulo 25
Lucas
Saí do sofá e fui para o banheiro me lavar, e lá, Mel não saia de minha
cabeça e com isso nem Marina, pois, se o que eu estava em mente fosse mesmo
verdade, quem machucou Mel poderia tentar novamente e algo a esse respeito
precisaria ser feito. Tenente precisava ser vigiado dia e noite lá em Barretos.
Assim que saí do banheiro me enxuguei e vesti uma box branca, e quando
estava indo para à cozinha para comer alguma coisa o telefone tocou e era
Marina novamente:
— Oi minha oncinha. — falei assim que atendi.
— Oi meu peão safado.
— Safado!? Eu?
— É, você.
— Então você me enlouquece no telefone feito uma onça no cio e eu é que
sou o safado? — gargalhei e ela ralhou do outro lado.
— Onça no cio?!
— Minha oncinha no cio. — continuei rindo
— Você vai ver o que é uma onça no cio quando eu voltar, Lucas, se
prepare.
— Vou contar os segundos.
— Lucas, mudando de assunto, estou preocupada, sabe, vim a viagem toda
pensando em Mel e no que pode ter acontecido com ela.
— E chegou a alguma conclusão? — perguntei, mas não queria que ela
estivesse com o mesmo que eu na cabeça, pois, a deixaria nervosa e isso não ia
prestar.
— Se Mel não saiu da baia, não tinha como ela se machucar. Já pensou que
alguém possa ter feito isso com ela?
Ponderei antes de respondê-la:
— Mari, eu e seu pai já estamos investigando isso, não fique se
preocupando, vai dar tudo certo.
— Lucas, e se foi Alana? Ela deve estar chateada comigo e quis se vingar
de alguma forma.
— Marina, você acha mesmo que ela seria capaz de machucar um animal?
Pense bem.
— Não, não acho, claro que não, mas se ela mandou o Tonho? Ele estava
todo estranho hoje durante à viagem.
— Olha amor, você está se focando só em Alana, mas naquela noite ela
estava com o seu pai, estavam dormindo juntos.
— Isso tira ela da cena do crime, mas não tira o Tonho.
— Tá, mas tem certeza que você não pensa em mais ninguém que gostaria
de te ver fora das pistas?
Marina ficou em silêncio por alguns segundos e depois perguntou-me:
— Você está pensando que João pode estar metido nisso?
— Sinceramente? Estou, ele não sai da minha cabeça.
— O porteiro teria avisado se ele tivesse passado pelos portões do Haras.
— E se ele não precisou passar?
— Como assim, Lucas?
— E se ele tem alguém aqui dentro trabalhando para ele? Nos espionando e
passando todas as informações a nosso respeito para o Deputado?
— Alguém aí do Haras nos vigiando? Acha mesmo isso possível?
— Acho. E te digo mais, o Deputado queria você fora das pistas, não foi
isso que você me disse?
— Sim Lucas, mas agora que não estou mais com ele que sentido isso
faria?
— Ele não deve ter dado tudo por terminado, ele está quieto demais, você
não acha? Ele aceitou muito fácil e duvido muito que não fosse querer se vingar
de nós dois, principalmente de mim.
— Você tem razão em um certo ponto; ele aceitou tudo rápido demais, e eu
o conheço bem, ele não deixaria barato a surra que você deu nele lá no Celeiro.
— Então, é disso que estou falando.
— E onde você quer chegar com isso? — Marina me perguntou e me
encurralou, pois, eu não poderia dizer a ela o que eu estava pensando, porque se
dissesse que temo por Tenente e que ele possa tentar novamente, eu a deixaria
apavorada tornando as coisas piores ainda.
— Quero descobrir se ele está envolvido com o que aconteceu com Mel e
quem aqui de dentro o está ajudando. Seu pai e eu iremos contratar seguranças
para fazer rondas durante à noite aqui no Haras. — respondi-a sem falar que eu
temia por um novo atentado.
— Isso é uma ótima ideia, Lucas.
— Sim. Mas agora vá dormir, vai! Não pense mais nisso, pense só no dia de
amanhã. Acorde mais cedo, vá até o parque do peão e tente passar tranquilidade
para o Tenente, caminhe com ele deixando-o ambientado, dê algumas voltas com
ele nas redondezas da pista de hipismo. Passe sempre confiança a ele.
— Farei isso. Eu estou confiante, vai dar tudo certo.
— É assim que se fala amor. Boa noite, beijo.
— Beijo, boa noite.
Desliguei o celular e me sentei no sofá preocupado. Como proteger o
animal sem despertar medo em Marina?
Ela suspeitou do Tonho por conta de Alana, eu suspeito do Deputado, mas
como saber quem está por trás daquele canalha?
Peguei o celular novamente e liguei para Heitor, o treinador e pedi a ele
para arrumar um segurança para colocar ao lado da baia do tenente e que fizesse
isso de forma discreta sem deixar que Marina percebesse nada. Ele me fez
muitas perguntas, mas disse que acataria minha ordem.

Marina
Demorei a dormir de tanto ficar pensando, rolava de um lado, rolava do
outro e o sono não vinha e quando veio nem vi. Acordei na manhã seguinte,
tomei um banho e desci para tomar café no restaurante do hotel. Era muito cedo
ainda, mas os treinamentos começariam bem cedo, Heitor praticamente
intimava-nos a acordar muito cedo.
Quando cheguei para tomar café da manhã, Heitor e Alana estavam
terminando de tomar.
— Bom dia treinador?
— Bom dia minha querida, como passou à noite?
— Bem!
— Perfeito, preciso de você bem descansada essa manhã, muito bom vê-la
de pé tão cedo, achei que não iria querer treinar.
Peguei meu café e fui me sentar com Alana.
— Bom dia! Posso me sentar aqui? — perguntei.
— Mari, somos amigas lembra? Não precisava nem ter me perguntado isso.
— Está preparada? — perguntei-lhe.
— Estou bem ansiosa se quer saber.
— Nem me fale em ansiedade, preciso controlar isso antes de chegar perto
do Tenente.
— Eu confio em você, e ele também, vai dar tudo certo.
Assenti e comecei a comer e antes que eu conseguisse engolir meu leite, o
treinador já estava nos apressando.
— Vamos suas preguiçosas! O dia está começando, quero estar na pista
antes que vocês terminem de dizer a palavra cavalo.
Chegamos nas pistas da hípica no parque do peão e o Sol ainda nem tinha
começado a nascer, nossos animais já estavam lá nos esperando, então caminhei
até o Tenente e ele estava sereno.
— Como passou à noite, garotão? — Acariciei-o em seu pescoço e ele
realmente estava bem tranquilo.
Conforme as horas foram passando, a pista foi ficando movimentada e para
minha surpresa Tenente não se incomodou com o movimento e naquela manhã
de sexta-feira tudo correu perfeitamente bem como deveria, Alana e eu fomos
classificadas com folga nos tempos. Mesmo tendo sentido confiança em Tenente
que se saiu muito bem, eu ainda temia pelo que estaria por vir durante à noite,
pois, o cenário seria bem diferente, arena lotada, milhões de pessoas e muito
barulho.
À noite chegou e a competição começou, Alana foi muito bem com 17:993s
e assumiu a liderança. Mais duas competidoras e seria minha vez, por mais que
eu estivesse nervosa, não podia deixar o nervosismo passar para o animal.
Então finalmente meu momento chegou, estávamos eu e Tenente no
partidor, segurei firme as rédeas focando no circuito e Tenente parecia confiante,
eu estava concentrada escutando a voz do narrador que dizia:
— Ela é… é a Marina, a Bicampeã de Barretos, é Marina Mello, Animal
Tenente, vem lá de Mairiporã, representando o Haras Veloz do meu amigo Jorge
Mello, ela precisa de 16: 932s para assumir a liderança. — dizia ao fundo o
narrador me apresentando.
Tenente sapateando, louco para partir, meu coração na boca, então como
sempre acontecia comigo, eu focava e não escutava mais nada ao meu redor,
desligando-me por completo de tudo a minha volta.
— Vai Marina, vai pra cimaaaa! — gritou o narrador, e assim Tenente e eu
partimos rumo ao primeiro tambor.
— Vem comigoooo! Vem comigo Barretos. Marina Mello, representando o
Haras Veloz, já vai pra cima do primeiro tambor. É a Marina. Acredita! Acredita!
Porque você é uma grande profissional. Já vai conduzindo à prova no segundo
tambor, Vai Marina! Ela vai com tudo para o terceiro, e solta com tudo para a
reta final! Só quem gostou pode aplaudir! Aeeeeeeee!
Trabalho perfeito da competidora, tempo 16: 929s.
É a nova líder, vem liderando então, Marina Mello! - concluiu o narrador.
Assim que saí da pista, meu coração estava na boca e todos vieram me
abraçar:
— Aeee Mari! Parabéns menina! — abraçou-me forte o treinador.
— Marii! — Alana pulou no meu pescoço demonstrando felicidade, e, no
fundo eu acreditava na sinceridade dela.
Lucas, Lucas, Eu estava eufórica e só pensava em avisá-lo.
Então me afastei do pessoal e fui ligar.

Lucas
—Marina! Por que não me liga amor? Por que não liga? - Pensava aflito.
Eu estava eufórico andando de um lado a outro, quando Marina me mandou
a última mensagem ela estava prestes a entrar na pista e com isso fiquei em
pânico imaginando o que teria acontecido, pois, seria a primeira vez do Tenente
em uma competição daquele porte. O celular tocou e meu coração disparou no
peito.
— Amor! Fala, como foi?
— Estou em primeiro, amor, eu consegui, Tenente conseguiu ele é
excepcional.
— Ah! Graças a Deus, graças a Deus, eu estava enlouquecendo aqui.
— Eu estou tão leve, Lucas, não acreditou que deu certo, e se estou aqui foi
graças aos seus conselhos. Obrigada!
— Você está aí porque é a melhor e vai levar o Tri.
— Agora ganhei confiança, pode apostar que vou levar. Vou desligar,
faltam duas meninas e uma delas pode me passar.
— Ok! Me liga quando estiver no hotel.
— Tudo bem, beijo.
Assim que terminamos de falar, meu WhatsApp apitou e com uma
mensagem do treinador com um vídeo de Mari e Tenente. E meu coração foi
sossegando pouco a pouco.

Marina
Fiquei ligada nas outras meninas e nenhuma delas me passou, mas passou
Alana, e assim naquela noite terminei assumindo a liderança e Alana em
terceiro.
Na noite seguinte nada mudou, continuei em primeiro, mas Alana alcançou
a segunda colocação e tudo seria decidido no domingo, a última noite, era eu ou
ela.

Capítulo 26

Marina
Na noite de sábado cheguei no hotel exausta, retirei minha roupa e joguei-
as por tudo que foi canto, eu havia acordado muito cedo e toda a tensão da prova
me exauriu, e como na noite anterior liguei para o Lucas assim que cheguei.
O celular chamou duas vezes e Lucas logo atendeu:
— Oi meu amor, quer me matar de ansiedade?
— Oi, amor, não tive tempo de ligar antes.
— Me conta tudo, como foi à prova hoje?
— Bom, ainda estou na primeira colocação e Alana conseguiu pular para a
segunda.
— Está preparada para a final amanhã?
— Sim, nunca estive tão confiante, Lucas. Acho que o Veloz vai de
dobradinha esse ano.
— Seria perfeito, Jorge surtaria.
— O que estava fazendo? Foi ao Celeiro?
— Ei, te falei que não sairia de casa, não falei?
— Sim, falou.
— Não vejo à hora disso acabar e você voltar. — disse-me todo meloso.
— Na segunda vamos poder matar a saudade.
— Louco pelos seus beijos, pelo seu cheiro, estou enlouquecendo longe de
você.
— E eu, Lucas, quando não estou treinando, não sei pensar em outra coisa,
acredita que estou dormindo com a camiseta que vim para cá? Pois ela está com
seu cheiro.
— Sério isso?
— Sério! Seu perfume grudou nela.
— Já falei que te amo?
— Ama é? — instiguei-o.
— Amo demais. Sua vez de me mandar uma foto.
— Hummm, pode deixar, espera aí. — respondi e fui tirar uma selfie minha
só de lingerie e em seguida enviei.
— Uauu! Isso foi para me desestruturar? Foi?
— Foi para você não pensar em outra mulher senão em mim.
— Nem era preciso isso, não tenho pensado em outra mulher desde que te
conheci.
— É bom mesmo, sou muito ciumenta, você nem imagina o quanto.
— Não vou te dar motivos para descobrir.
— Preciso de cama e de uma boa noite de sono.
— Vai dormir então, meu amor. Beijo.
— Beijo, ligo para você amanhã. — respondi e desliguei o celular sorrindo
feito boba, como eu já amava aquele homem.
Na manhã seguinte madruguei como vinha sendo todas as manhãs, treinei
com Tenente na parte da manhã e durante à tarde, Alana e eu aproveitamos para
curtir o parque do peão e dar uma relaxada, se bem que Alana estava sempre
tranquila, ela não carregava a mesma responsabilidade que a minha de levar o
troféu de Tricampeonato para o Haras.
Conversamos sobre tudo, menos sobre ela e meu pai, e foi melhor assim, eu
ainda não sabia se estava aceitando tudo aquilo.
— Como está se sentindo com relação a final? — Alana questionou-me.
— Tenente me passou muita confiança nesses últimos dias, eu jamais
imaginei que ele fosse se comportar tão bem em uma competição tão
movimentada.
— Na verdade, nunca vi todo esse empecilho que você colocava, sempre
achei ele um animal com muita personalidade, igual a você.
Sorri e continuamos caminhando, o lugar estava entupido de pessoas, não
tinha como caminhar sem ser esbarrada o tempo todo.
— Já deu para mim, vou para o hotel descansar, me preparar para a prova
de logo mais e a senhorita deveria fazer o mesmo. — falei
— Vai lá, vou procurar o Tonho, ver se ele está na baia com os animais.
— Tudo bem. — respondi, me virei e fui para o hotel.

Lucas
Eu estava no galpão de feno checando o estoque quando Jorge chegou.
— Que faz aqui em pleno domingo, Lucas?
— Dando uma conferida no estoque e vendo se o tempo passa mais rápido.
— Já está com saudades da Mari?
— Muita.
— Mari é uma mulher difícil, mas quando se doma ela se torna um amor.
— Sim, e olha que não foi muito fácil.
Jorge gargalhou respondendo-me:
— Eu bem imagino. Mas não foi para falar da Mari que vim atrás de você.
— Descobriu alguma coisa com os peões? — questionei.
— Não, Lucas, ninguém viu nada, ninguém sabe de nada.
— Acredito que nenhum deles iria mesmo confessar.
Jorge havia chamado um por um de seus empregados em sua sala, e eu
sabia que aquilo não iria funcionar, pois estava na cara que nenhum deles iria
confessar.
— Confio neles, Lucas. Todos foram bem sinceros.
— Nesse caso estaca zero novamente.
— Alguém entrou na baia da égua e pode muito bem ter sido alguém de
fora.
— Jorge, quem estaria interessado em tirar Marina das pistas? Me perdoe,
mas não vejo muitas alternativas, senão João e ...
— E? — Jorge exigiu saber.
— Alana. — ousei falar.
— Lucas, já falamos sobre Alana, ela estava comigo àquela noite, não
confia na minha palavra?
— Eu confio na sua palavra, mas não precisava ser ela a fazer o serviço, até
nem acredito nisso mesmo.
— E o que sugere?
— Tonho.
— Não, Não, Lucas. Me recuso acreditar em algo assim, ele é o mais fiel de
todos, cresceu aqui, faz parte desse lugar. Jamais faria isso comigo.
— Nesse caso resta João. — falei.
— Mas como ele entrou aqui? O porteiro me disse que ninguém diferente
cruzou aqueles portões, Lucas.
— Ninguém precisou cruzar os portões, a pessoa que fez isso já estava aqui
dentro o tempo todo.
Jorge levou suas mãos a cabeça e girou em círculos aflito, já havia falado
com todos os funcionários e nenhum deles o deixara desconfiado.
— Acha que alguém mentiu muito bem para mim?
— Não sei, ainda não sei se quem fez isso está aqui dentro nesse momento.
— Bom, vamos continuar procurando pistas.

Marina
Falei com Lucas pelo celular e dormi o resto do dia, e assim não vi o dia
passar e nem a ansiedade me corroer. Entrei no chuveiro e deixei a água cair
quente em minhas costas, eu estava mais tensa que nos dias anteriores, era a
final, e ali não podia errar porque segundos me distanciava de Alana e das
demais competidoras. Saí do banho e fui me trocar, vesti meu jeans, minha
camisa branca com a logo do Veloz e a ajeitei por dentro da calça, tudo isso em
frente ao espelho. Eu me olhava parada ali e um medo nunca sentido antes me
invadia de uma forma estranha. Passei o cinto com a fivela na calça e em seguida
me sentei na cama e vesti minhas botas. Voltei ao espelho e coloquei meu chapéu
preto na cabeça, fiquei ali ajeitando-o por mais tempo do que costumava. Queria
muito que Lucas estivesse ali comigo.
Saí do hotel e me encontrei com Alana e o Treinador que já me esperavam
aflitos.
— Que demora hein Marina! Hoje não é o dia do seu casamento. — ralhou
Heitor que recebeu meu silêncio como resposta.
Entrei na caminhonete junto com Alana e encostei-me no canto sem dar
chances de conversas. Alana falava sem parar e eu nada respondia.
Já no parque do peão, fui até as baias ver como Tenente estava, fiquei
conversando com ele e notei que ele estava tranquilo demais e aquilo seria ótimo
se eu não o conhecesse.
Eu estava distraída, acariciando-o, quando alguém chegou em minhas
costas:
— Tudo bem aí, Mari? — era Tonho.
— Oi, não sei se está tudo bem.
— Por que diz isso? Tem alguma coisa errada com o animal?
— Não sei, Tonho, ele está apático, tranquilo demais, dormindo em pé.
Ele sorriu e respondeu-me:
— Bom, se ele estivesse muito agitado, estaria preocupada, e se está
tranquilo isso também a preocupa. Ele está tirando um tempo pra descansar,
afinal de contas é muito barulho o dia todo na cabeça dele.
— Não sei, tem alguma coisa estranha, conheço ele pelos olhos e está
desanimado.
— Está com medo de que tenham feito algo com ele?
— Sim! Muito.
— E se eu te disser que aqueles homens ali. — apontou para dois
seguranças no canto esquerdo. — são seguranças que Lucas pediu a Heitor para
contratar, você ficaria mais tranquila? Eles estiveram ali todos os dias, 24 horas
por dia.
— Lucas fez isso?
— Fez sim, Heitor me contou.
Quando Tonho me contou aquilo, senti um alivio tão profundo que nem sei
como explicar.
Tonho se aproximou de mim, encarou-me e ousou erguer a aba do meu
chapéu, segurou em meu queixo e disse:
— Eu a conheço uma vida toda, conheço cada um dos seus olhares e sei que
hoje eles estão com medo, mas não fique, está tudo dentro do controle, você é a
melhor nesse recinto e nada vai mudar isso.
Ele me olhava de uma forma diferente, vi paixão em seus olhos e acabei me
assustando com aquilo, então desconversei:
— Escutou? Já chamaram o narrador, já vai começar.
— Boa sorte, minha linda!
— Obrigada.
“Alô Barretossss! Estamos chegando mais vez para narrar a disputa da taça
independentes 2017. Boa noite Barretos! Boa noite Brasilllll!”
O narrador falava ao fundo e meu coração tamborilava em meus ouvidos.
A primeira competidora foi muito bem, assim como a segunda e a terceira,
eu seria a quinta. Eu já estava no partidor e Tonho veio até mim, olhou em meus
olhos e questionou:
— Tudo bem? Está se sentindo segura? Se não estiver, não monte.
Fiquei em silêncio sem saber ao certo o que responder a ele, então Heitor
gritou:
— Bora Marina, monta logo nesse animal, a próxima é você, porra!
Assenti para Tonho e montei em Tenente, e assim que a competidora saiu
da pista, entrei no partidor, e enquanto o narrador falava ao fundo, senti a falta de
garra em Tenente, ele simplesmente não sapateou, não estava afoito, louco para
correr o percurso como ele sempre ficava.
“Lá vem ela, é a Bicampeã do Barretão, vem com tudo Marina Mello! Vai
que a pista é sua!”
Quando recebi o sinal, parti com Tenente rumo ao primeiro tambor, e por
mais que eu exigia velocidade dele, ele não me obedecia e assim passou
lambendo pelo primeiro tambor fazendo com que minha perna viesse a derrubá-
lo e assim que foi se aproximando do segundo tambor, antes mesmo de tentar
fazer a curva, Tenente simplesmente despencou comigo, jogando-me no chão e
ao se levantar ele ainda pisou em minha coxa.
“Lamentável! Lamentável! E o sonho do Tri terminou para Marina Mello.
Opa! Não está se levantando, médicos, médico urgente!”
Minha cabeça girava, não conseguia mexer a perna, e a dor em meu braço
era lancinante. Não demorou e eu estava rodeada de pessoas, vozes se
misturando e a dor me matando.
— Aiiiiiiiiii, Aiiiiiiiiiiii, meu braço, meu braço!
Logo Tonho já estava na arena e Alana também.
— Vamos abrir espaço aí pessoal, vamos deixá-la respirar, os médicos já
estão a caminho. — disse uma voz ao fundo.
— Mari! Mari! Onde dói? Me diz, onde está doendo? — Tonho questionou
e Alana estava do meu lado direito grudada em minhas mãos e eu apertava de
tanta dor.
— Aiiiiiiiii, aiii meu braço, meu braço, Tonho. — levantei o corpo para
olhar em meu braço e a manga da camisa branca estava vermelha de sangue.
— Fica tranquila, fica tranquila, vai ficar tudo bem. — Tonho respondeu-
me agachado rente a mim.
O médico chegou e com uma tesoura cortou a manga de minha camisa, e
novamente levantei o corpo para ver se o osso estava saltado para fora.
— No três pessoal. 1, 2, 3. — e assim me colocaram na maca e me levaram
para fora da pista.
A dor era indescritível, minha testa suava e eu tremia de dor.
Colocaram-me dentro da unidade de emergência e um dos socorristas
questionou:
— Quem irá com ela?
— Eu. — disse Alana, e no fundo o narrador dizia:
“Boa sorte a você Marina, que Nossa Senhora Aparecida te acompanhe! E
agora a festa não pode parar, vem aí Alana, segundo lugar na competição até o
momento e que passa a liderar a pontuação, Amazona do Haras Veloz com
animal Montanha.”

Alana
— Alana, eu acompanho a Marina, bora levar a taça para o veloz minha
irmã, vai logo, o narrador está chamando você. — disse meu irmão.
— Não, eu não vou entrar naquela pista, esquece.
— Você está maluca? É a sua chance minha irmã. Jorge vai ficar furioso.
— Que se dane ele, não vou deixar minha amiga sozinha.
— Esquece. — respondi e subi na ambulância junto com Mari que gritava
de dor sem parar. — pega a bolsa dela na caminhonete e leva para o hospital. —
falei a Tonho e assim a porta foi fechada.
Marina foi imobilizada com um colar cervical e estava fazendo uma atadura
no braço dela que estava com fratura exposta.

Capítulo 27
Lucas
Marina estava demorando a me ligar e já passava das dez da noite, não
podia ligar porque não sabia quando ela estaria na pista e isso poderia atrapalhar,
mas a angústia foi me atormentando e assim peguei meu violão e saí para fora de
casa sem camisa, com Cowboy me seguindo. Fui até minha caminhonete abri a
porta traseira dela e me sentei lá, logo meu cachorro pulou em cima, aliás, agora
ele era meu e de Marina. Eu estava louco de saudade, coração apertado, e sem
ter notícias dela a coisa só piorava. Afinei o violão então comecei a tirar umas
notas dele enquanto eu cantava, “Gostoso demais.”
Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz
Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer

Quando ia recomeçar a letra, Jorge chegou até mim correndo e estava


desesperado.
— Lucas! Lucas!
— O que foi Jorge, descobriu alguma coisa?
— Não, estou indo para Barretos, você vem?
— Mari! O que aconteceu? — pulei da caminhonete deixando o violão lá
em cima.
— Tonho acabou de me ligar, Marina caiu do cavalo, não entendi muito
bem, mas parece que o animal foi dopado.
— Não! Não! Não é possível. — levei as mãos em minha cabeça
desesperado. — Eu tomei providências para que isso não acontecesse, como
assim dopado?
— Não sei, Lucas, mas estou indo até lá você vem?
— Claro que vou, mas antes me diga como ela está?
— Teve fratura exposta no braço esquerdo e uma ruptura no músculo da
coxa.
Entrei em desespero e comecei a chutar a pneu da caminhonete feito um
louco.
— Droga! Droga! Como isso foi acontecer? Como? Eu vou caçar o
responsável, Jorge, e vou socar até matar.
Jorge veio até mim, tentou conter-me, abraçando-me firme e dizendo:
— Você não vai socar ninguém sozinho, vamos socar. Mas agora vai se
arrumar, meu piloto está chegando aí, já liguei para ele e partimos em quarenta
minutos.
Jorge tinha um helicóptero particular no Haras, e assim eu o respondi:
— É só o tempo de me trocar.
— Vou te esperar lá em cima no heliponto.
— Tudo bem, já estarei lá. Jorge! Posso ligar para ela? — questionei-o.
— Infelizmente não, Lucas, nesse momento ela está entrando no centro
cirúrgico.
— Cirurgia!?
— Sim, Tonho me disse que terão que fazer uma redução no antebraço onde
houve a fratura exposta.
Assenti sem nada responder pois senti meu estômago embrulhar só de
imaginar a dor pela qual Mari havia passado. Meu coração estava na mão e
minha cabeça não parava de tentar encontrar o culpado.
Entrei em casa, vesti um jeans e uma camisa e sai sem pegar nenhuma peça
de roupa extra, nada passava em minha cabeça a não ser Marina.
Coloquei ração e água para o cachorro e fui me encontrar com Jorge no alto
do Haras onde ficava o helicóptero dele. O piloto da aeronave já estava dentro e
Jorge também, ambos só me esperavam chegar para partirmos.
O helicóptero decolou e Jorge disse-me, pois viu minha angústia:
— Quarenta, cinquenta minutos estaremos lá, vai dar tudo certo.
— Eu só queria colocar minhas mãos no responsável.
— Faremos isso, no momento certo, Lucas.
Assim que chegamos no heliporto de Barretos, Tonho já estava à nossa
espera, e assim que desci fui em direção a ele que estava encostado na
caminhonete de braços cruzados. Agarrei em seu colarinho e teria socado ele ali
mesmo se não fosse Jorge me conter.
— Você tinha obrigação de cuidar dela, você tinha obrigação de ficar de
olho nos cavalos, sabendo o que já havia acontecido. — falei.
— Qual é Lucas? Não foi a mim que você pediu para contratar seguranças,
Heitor fez tudo, ninguém diferente chegou perto do animal de Marina.
— Essa é a questão, quem fez, fez bem feito e tinha acesso ao animal.
Quero a lista de um por um que chegou perto do animal. — exigi.
— Isso você pede ao treinador, ele passou o dia todo ao redor das baias com
os seguranças.
— Querem fazer o favor de parar com isso? Quero ir logo ao hospital. —
ralhou Jorge e foi logo entrando na caminhonete.
Entrei no banco de trás e segui em silêncio.
Assim que entramos no hospital, avistei Alana e Heitor em uma sala de
espera.
Cheguei cara a cara com Heitor e falei:
— Depois vamos ter uma longa conversa.
— Lucas! Eu fiz o possível. — respondeu-me ele.
Olhei para um canto e Alana estava abatida abraçada em seus próprios
braços, e assim Jorge foi até ela, deu-lhe um beijo na testa e ela o grudou em
prantos em sua cintura.
— Como ela está, Heitor? O que os médicos disseram? — questionei
pilhado.
— A cirurgia foi um sucesso, mas ela ainda está em uma sala se
recuperando da anestesia, não demora e eles irão levá-la ao quarto.
— Vou procurar o médico responsável, quero saber o que houve. — disse
Jorge que saiu corredor a fora.
Quando Jorge voltou disse que já estavam levando ela no quarto e que já
estava acordada, então ele foi o primeiro a entrar, eu não queria estragar o
momento deles.
Fiquei na porta me corroendo por dentro, louco para entrar e ver que
realmente estava tudo bem. Eu estava em nervos, mexendo de um lado a outro,
quando a porta do quarto se abriu e Jorge disse-me:
— Você deve ter mel, ela só quer o Lucas, Lucas, Lucas.
Ele nem terminou de falar e já entrei com urgência fechando a porta atrás
de mim. Ela estava de olhos fechados, tomando soro no braço direito e o
esquerdo já estava todo engessado, vê-la ali daquela forma, tão fragilizada, fez-
me engolir em seco e os olhos encherem de lágrimas, mas eu tinha que ser forte,
então contive-me e me aproximei dela. Eu nem havia tocado nela e ela ainda de
olhos fechados sussurrou:
— Lucas, meu amor!
— Sou eu.
Ela ameaçou um sorriso e suas covinhas ficaram visíveis.
— Sei que é você, conheço seu cheiro.
Então ela abriu os olhos e me aproximei dela segurando na lateral de seu
rosto e dei-lhe um beijo nos lábios.
— Meu amor, meu amor, meu amor, que susto você me deu. — enchendo-a
de beijos.
Ela suspirou e sussurrou:
— Eu quis tanto esse beijo todos esses dias.
— Ah! Meu amor, eu estava morrendo de saudades, louco.
Ela me encarou e uma lágrima caiu de seus olhos.
— Eu sabia que tinha alguma coisa errada, Lucas, eu sabia e fui teimosa. —
Toquei delicadamente em sua face e disse:
— Descansa, vamos falar disso em outro momento, agora você só precisa
descansar.
— Vai ficar aqui comigo, não vai?
— À noite toda.
Ela virou o pescoço de lado e voltou a dormir, ainda estava sobre o efeito da
anestesia.
Quando saí do quarto, eles estavam em uma saleta que era no anexo que
ficava fora do quarto. Jorge estava enchendo Heitor de perguntas e Tonho
também. Dei sinal com a cabeça para Alana, sinalizando que ela podia entrar um
pouco no quarto, e assim ela foi e nos deixou a sós.
— Eu quero o responsável por esses atentados contra minha filha. — dizia
Jorge furioso. — Você ficou de cuidar da segurança Heitor, e o que foi que fez?
Permitiu que alguém dopasse o animal.
— Jorge, além dos seguranças, eu e Tonho, só os tratadores do Haras,
pessoal que cuida dos animais e que são gente nossa, se aproximou do animal.
Ninguém além da gente chegou perto do Tenente. — explicou o treinador da
Marina.
— Nesse caso o número de suspeito é bem limitado. — falei cruzando os
braços.
— Está me envolvendo nisso, Lucas? — perguntou-me, Tonho.
Dei de ombros.
— Eu dei meu sangue naquele Haras a vida toda, não vou aceitar ser
acusado por algo que não fiz. — Tonho exaltou-se.
— Ninguém acusou você, apenas você faz parte da lista de pessoas que se
aproximaram do animal. — respondi.
— Bom, esse é um assunto para resolvermos quando estivermos no Haras,
mas já aviso que quero o culpado. — concluiu Jorge colocando um fim no
assunto.
Alana saiu do quarto e sem titubear foi para os braços do Jorge, Tonho e
Heitor disseram que iriam para o recinto embarcar os animais para a viagem de
volta.
Entrei novamente no quarto que estava Mari e me sentei na poltrona ao seu
lado direito.

Alana
— Me perdoe por ter abandonado à prova, Veloz ficou fora do ranking esse
ano. — falei para Jorge sem ter nenhum tipo de arrependimento.
Jorge tocou em meu queixo e levantou meu rosto e disse:
— Estou orgulhoso de você, ano que vem tem mais. Sou eternamente grato
por você não a ter deixado sozinha.
— Deixa-la não passou pela minha cabeça nenhum minuto, ela é minha
amiga de uma vida toda.
Jorge juntou-me em seus braços e apertou-me em seu peito com força.
— Vai ficar tudo bem, amanhã voltaremos para casa, e estou louco de
saudades de você. — respondeu-me ele.
Assenti.
Lucas
Pedi a Jorge para passar à noite com Marina e ele concordou, disse-me que
essa era à vontade de Mari.
Tinha um sofá cama no canto do quarto, mas preferi esticar a poltrona e
dormir sentado nela para poder observar qualquer movimento de Marina. Ela
dormiu à noite toda, pois deram a ela um calmante para que não se mexesse
muito por conta do braço.
No dia seguinte quando ela abriu os olhos eu já estava desperto só
esperando-a acordar.
— Bom dia meu amor! — falei assim que ele virou o pescoço em minha
direção.
— Bom dia! Dormiu sentado aí?
— Sim, na verdade eu não estava aqui para dormir e sim para cuidar de
você.
Ela sorriu linda e questionou:
— Você sabe onde está minha bolsa?
Levantei-me e apanhei a bolsa para ela.
— Preciso da minha escova de dentes, me ajuda chegar no banheiro?
— Claro que sim.
Quando eu a ajudei se levantar à porta se abriu e era Jorge, que também me
ajudou e juntos levamos ela ao banheiro.
— Podem sair, eu me viro sozinha.
— Não quer que eu chame a Alana, filha? Ela está ali na salinha.
— Não, Pai. Está tudo bem.

Marina
Um milhão de pensamentos povoavam minha mente, eu estava tonta com
os efeitos dos remédios, e me virar sozinha no banheiro era um desafio e tanto,
mas acabei me dando muito bem. No meio de tantas incertezas que se formaram
em minha mente eu só tinha uma certeza, amava o Lucas desesperadamente e
estava com tanto medo de subir em um cavalo novamente que eu tinha certeza
que aquilo nunca mais ia acontecer. Eu procurava explicações, motivos de quem
possa ter feito tudo isso comigo e não conseguia encontrar, não via razões para
ninguém precisar me ver fora das pistas.
Depois do almoço o ortopedista me deu alta e orientou-me a procurar um
ortopedista na minha cidade e dessa forma com a perna com escoriações e
doendo muito, fui até a caminhonete do Tonho de cadeiras de rodas, e depois
Lucas me pegou no colo e me colocou no banco de trás e se sentou lá comigo.
No heliponto aconteceu a mesma coisa, Lucas me carregou no colo até o
helicóptero, e Alana como tinha medo de voar, preferiu viajar por terra junto
com Tonho.
Meu Pai foi na frente com o piloto e Lucas atrás comigo.
— Senti tanto sua falta que achei que não ia aguentar. — Lucas me falou
acariciando meu rosto, retirando os cabelos dos meus olhos.
— Nem me fale, Lucas, não quero nunca mais ficar longe de você.
Meu pai entrou no meio da conversa e disse-me:
— Filha, ontem à noite quando fui contar o que havia acontecido com você
para o Lucas, eu o peguei tocando em seu violão e cantava assim:
“Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel”
Meu pai começou a cantar e depois caiu na gargalhada, eu encarei o Lucas e
busquei seus lábios, eu era apaixonada por ele e não me imaginava ficar sem ele.
— Estava mesmo cantando essa música? — questionei-o.
— Sim. Estava com saudade e a música trazia você para mim.
Suspirei alto e ele me perguntou:
— Está com dor?
— Não, nenhuma dor.
— O que te aflige então?
— Saber que alguém quer o meu mal.
— Vamos achar esse alguém, meu amor, eu te prometo isso.
Pouco mais de quarenta minutos e estávamos pousando no heliponto do
Haras e assim Lucas me pegou no colo e me carregou para casa mais de 500 m.
Capítulo 27

Lucas
Caminhei com Marina em meus braços do heliponto até a casa grande e
teria caminhado com ela atravessando um deserto inteiro, ela era leve e segurava
em meu pescoço com o braço direito. Era tentador sentir o cheiro dela, eu era
simplesmente louco pelo cheiro dela e só de pensar que não poderia amá-la até
ela estar recuperada já me deixava afoito.
Jorge abriu a porta e assim entramos na sala, e quando fui colocá-la no sofá
ela disse que queria ir em seu quarto, então subi às escadas carregando-a.
Deitei-a em sua cama e arrumei as almofadas em suas costas, eu estava
exausto, ela era leve, mas a distância era grande.
Suspirei alto e ela riu achando graça.
— Vou à cozinha tomar um copo de água, você quer alguma coisa de lá? —
perguntei.
— Pode ser um copo de suco.
— Tudo bem, já volto.
Desci às escadas e Jorge estava na cozinha tomando água, assim peguei um
copo para mim e fui beber.
Jorge sentou em uma cadeira e estava desanimado, então falou:
— Estou preocupado com tudo isso que aconteceu, Lucas, eu penso e não
consigo encontrar uma explicação.
— É, mais tarde vamos ter que conversar com todos que tiveram contato
com Tenente.
— Sim... Mas antes quero descansar.
— Marina quer um copo de suco, Jorge.
— Pode abrir a geladeira e pegar, a casa é sua agora, sinta-se à vontade, ela
gosta de laranja, esse da garrafa.
— Obrigado! — Agradeci peguei o suco e voltei para o quarto dela, que era
todo branco, e a decoração bem delicada, primeira vez que eu estava entrando lá.
— Seu suco, amor. — entreguei a ela que estava aérea, perdida em seus
próprios pensamentos.
— Obrigada! — disse-me e levou o copo até seus lábios.
Eu estava todo sem graça estando no quarto dela, e assim ela bateu a mão
na cama para que eu me sentasse perto dela.
— Você deve estar cansado. — disse ela.
— Exausto, só que muito mais psicologicamente do que um cansaço físico
propriamente dizendo.
— Obrigada por ter ido até lá, significou muito para mim, Lucas.
— Eu iria em qualquer lugar por você.
Fui mudando de lugar na cama até ficar bem próximo dela, toquei-a com
carinho e a beijei com calma, com medo de fazê-la sentir dor, mas Mari tinha
uma gana que foi aos poucos aumentando a intensidade daquele beijo que fez
meu coração acelerar de tanta paixão.
— Saudade, saudade que eu estava de você meu amor. — disse ela
segurando em minha nuca com sua mão direita e me puxando para seus lábios.
Fui acompanhando a intensidade que ela colocava no beijo e nossas línguas
necessitavam uma da outra e não viam limitações, mas eu sabia das limitações
dela e assim fui aos poucos diminuindo o ritmo daquele beijo delicioso cheio de
volúpia. Tudo que meu corpo exigia era tomá-la ali mesmo e amá-la, eu a
desejava, queria me unir a ela e tornarmos uma só carne, mas eu sabia que teria
que me conter por uns tempos.
— Lucas! O que vamos fazer com tanto tesão?
Respondi respirando asfixiado:
— Não sei, não sei se vou aguentar. — voltei a beijá-la.
— Não vamos, não vamos aguentar.
Sai de seus lábios e a acariciei em seu rosto, mesmo aparentando estar
tranquila, vi em seus olhos uma angústia.
— Você está bem? — questionei-a.
— Não sei se quero continuar.
— Continuar?
— Nas pistas. — explicou-me ela.
Levantei-me inquieto e falei:
— Está brincando comigo, né?
— Não, não sei nem se vou conseguir subir em um animal novamente.
— Mari, tem alguém aí fora louco para ver isso acontecer, vai entregar os
pontos assim?
Ela tentou se ajeitar na cama e não conseguiu, então fui até ela e a sentei.
— Não tem nada a ver com o que querem ou deixam de querer, tem a ver
comigo, com o medo que estou sentindo.
— Você nunca caiu de um animal antes?
— Caí, mas nunca fui pisoteada por nenhum deles.
— Marina, esse seu medo é normal, está muito cedo ainda, é
compreensível.
— Não quero mais voltar para as pistas. — enfatizou.
— Não vou discutir isso com você, mas quem fez tudo o que fez vai dar
saltos de alegria.
— Lucas não fique bravo comigo.
Fui até ela e me sentei novamente na cama.
— Não estou, só acho muito cedo para esse tipo de decisão.
— Vamos esperar, nesse momento minha cabeça está confusa.
— Tudo bem, deite e durma, vou para casa tomar um banho.
Me levantei e ela segurou firme em minha mão.
— Amo você, como nunca amei antes.
— Também amo você minha oncinha.
Me debrucei sobre ela, dei-lhe um beijo e saí de seu quarto.
Os dias que se seguiram, Marina, se movimentava com a ajuda de um
bastão e estava com o braço imobilizado por uma tipoia, e em nenhum dos dias
foi até às baias ver Mel, ela estava distante dos animais e eu tentava deixá-la
decidir ir vê-la a seu tempo.

João
Ligação On:
— Como ela está?
— Ferida, já te falei isso.
— Está viva, não está? Isso que importa.
— Você é insensível, não conte mais comigo para nada.
— Você quem sabe.
— Vai paro o inferno, João.
— Para o inferno eu não vou, mais estou em São Paulo e vou dar um pulo
aí no Haras hoje, fazer uma visita para minha noivinha doentinha.
— Cara, você é doente, acha mesmo que ela vai te receber aqui? Acha que
o Lucas vai deixar você chegar perto dela?
— Se aquele peão de merda encostar um único dedo em mim novamente,
coloco ele atrás das grades, eu sou um Deputado Federal, não sou qualquer um
não.
— Não vão te deixar entrar.
— Veremos isso.
Ligação Off.

Lucas
Quatro dias haviam se passado desde que chegamos de Barretos e Marina
não passava da varanda, não ia até as baias, nem comigo me oferecendo para
levá-la no colo.
Eu estava na ala veterinária conferindo o estoque e fazendo anotações, pois
iria até São Paulo no dia seguinte fazer as comprar do que estava faltando e
assim que coloquei meus pés para fora do laboratório vi uma Picape diferente
parada em frente à casa grande. Tonho estava fumando sentado sobre um fardo
de feno então questionei:
— Quem está lá em cima?
— Pela picape deve ser o Deputado.
— Como é que é?
O sangue ferveu em minhas veias no mesmo instante, então passei a subir o
morro a passos largos rumo a casa grande do Haras.
Marina
Eu estava sentada em uma cadeira na varanda quando vi que a picape do
João parou em frente minha casa, meu coração acelerou, pois eu sabia que aquilo
não ia prestar.
Ele subiu as escadas da varanda e estava vestindo sport fino, então fui logo
indagando-o:
— Como conseguiu entrar aqui?
— O que é isso Mari, estou proibido de entrar no Haras é isso? Não posso
nem saber como está o amor da minha vida?
— Você não deveria ter vindo, João, bastasse um telefonema e tudo ficava
certo.
Ele se aproximou de mim e me tocou no rosto questionando:
— Do que você tem medo? Eu ainda sou o mesmo meu amor, não vou te
machucar.
— Não me toque por favor. — implorei.
— Tudo bem, não vou tocar em você, só me deixe sentar pra gente
conversar.
Assenti e ele se sentou ao meu lado.
Falava com uma voz mansa e me olhava com os mesmos olhos de
admiração de sempre.
— O que você quer afinal de contas? — indaguei nervosa.
— Queria saber se estava bem e dizer que ainda te amo, dizer que te
perdoou por essa sua aventura com esse peão e podemos ainda nos casar.
— Você está louco, João, o que tenho com Lucas não é nenhuma aventura,
eu o amo, e o amo mais que tudo nesse mundo, o que existiu entre a gente ficou
no passado, melhor você me esquecer e ir embora.
Ele se levantou e veio em minha direção dizendo:
— Deixa eu te provar que você está enganada. — debruçou-se sobre mim e
sem que eu pudesse empurrá-lo, beijou-me.
Senti apenas quando uma força brutal o arrancou de mim e o jogou para
longe.
— Você deixou esse cara entrar aqui? — Lucas perguntou-me furioso.
— Não, não deixei, Lucas.
— E por que não chamou alguém para tirá-lo daqui?
— Ela não fez isso porque estávamos conversando como pessoas
civilizadas e não como um bicho do mato igual a você. — disse João a Lucas
que estava com os olhos flamejando de ódio.
Naquele instante meu pai apareceu graças a Deus.
Lucas me encarou furioso, e falou:
— Deixou esse cara entrar aqui? Falou com ele numa boa e ainda foi
beijada por ele tudo sem contestar?
— Lucas, não é nada disso. — levantei-me, mais logo caí para trás pois
minha perna ainda não ajudava.
Lucas caminhou até João e grudou no colarinho do blazer dele, então João
avisou:
— Se encostar um único dedo que seja em mim novamente, seu peão de
merda, te jogo dentro de uma prisão, não se esqueça de quem eu sou.
Meu pai foi até o Lucas e o soltou de João, dizendo:
— Some daqui João, você não é mais bem-vindo nessa casa.
Então quem respondeu foi Lucas:
— Pode deixar, Marina estava toda à vontade com o noivinho, eu é que
vou.
Lucas virou às costas, desceu as escadas e foi rumo sua casa.
— Lucas! Lucas! Lucasssss! — fiquei gritando sem que ele nem olhasse
para trás.
— Está satisfeito, João? Quero você longe da minha vida, quero você longe
da minha casa. — vociferei explodindo de ódio.
João virou as costas e sem dizer nada entrou em sua picape e foi embora.
Não demorou nada, Lucas passou em frente à casa grande dentro de sua
caminhonete, estava de óculos escuros e nem olhou em minha direção.
Peguei meu celular e fiquei ligando a ele e nada dele atender, estava furioso
comigo.
— Filha, fica tranquila, logo, Lucas está de volta, só está furioso agora, mas
isso vai passar.
— Pai, ele viu João me beijando, mas eu não tive como empurrá-lo.
— Poderia ter me gritado.
— Foi de supetão não tive tempo nem de pensar.
— Vai ficar tudo bem meu amor, fica tranquila, Lucas está só nervoso com
tudo isso.
— E se eles se pegarem por essas estradas, pai?
— Lucas é sensato.

Lucas
Eu dirigia e nada estava enxergando em minha frente, à uma distância boa
estava aquele maldito, só a poeira que sua picape levantava é que estava visível,
e minha vontade era acelerar e tirar satisfações com ele por tudo que vinha
acontecendo com Marina.
A imagem dele beijando-a estava me dilacerando. — Maldito! Maldito! —
bati no volante com força.
Peguei o caminho para o Haras do Greg, iria ver meus pais, eles me fariam
acalmar.
A tempos eu não fumava, então peguei meu isqueiro prata e o maço de
cigarros e acendi um, fumar me deixava relaxado, mas Marina odiava.
Eu não conseguia entender porque ela deixou com que ele se aproximasse
sem chamar ninguém, ela sabia de nossas desconfianças e mesmo assim o
deixou inclusive se sentar quando deveria tê-lo expulsado. Meus punhos estavam
cerrados de ódio e minhas veias saltavam. Dirigia a uma velocidade gritante e o
maldito celular não parava de tocar, então, peguei-o em minha mão e o desliguei.
Passei pela portaria do Haras Mattos e senti uma calmaria ir tomando posse
de mim, passei pela casa dos meus pais, porém à porta estava fechada e eu sabia
onde iria achá-los, então parei na frente da casa grande, desci e chamei:
— Oh de casa!
Lia foi a primeira que apareceu na porta e saiu na varanda, dizendo:
— Lucassss! — já fazia uns 15 dias que eu não via meus pais.
— E como vai essa barriguinha aí, Patroinha?
— Seu bobo, não me chame assim. — Lia respondeu radiante, estava linda
e feliz.
— Nós estamos bem, eu e meu filhotinho.
— Ou filhotinha, que tal? — pisquei para ela.
Lia deu de ombros e foi me arrastando para dentro e dizendo:
— Ana! Venha ver só quem está aqui?
Minha mãe apareceu na varanda e veio logo ralhando comigo:
— Esse menino esqueceu que tem pais, menina Lia, agora ele só pensa na
tal da Marina.
Lia sorriu e ao ouvir o nome de Marina um aperto em meu peito se fez
sentir.
— Vem, vamos entrar, tomar um café. — convidou-me Lia.
— Não, muito obrigada, onde está papai e Greg?
— Estão a recolher os animais. — respondeu minha mãe.
— Bom, nesse caso vou lá ajudá-los.
Lia se aproximou de mim e disse-me:
— Está com problemas né?
— Por que a pergunta?
— O cheiro de cigarro.
Ambos caímos na gargalhada, pois Lia me conhecia muito bem, e sabia que
se eu estava fumando era porque estava nervoso.

Capítulo 29

Lucas
Passei a caminhar rumo aos pastos que era onde estavam Greg e meu pai,
Lia passou a acompanhar-me, e questionou:
— O que lhe aflige, meu amigo?
— Nada demais.
— Nada demais não te faz fumar um cigarro atrás do outro. — eu havia
acesso outro.
— Como vai sua namorada nova? Sua mãe não para de falar dela e em
como ela é linda e lhe dará um netinho.
Gargalhei alto, não acreditei que minha mãe esperava mesmo um netinho.
— Ela é linda sim, Lia, vou te mostrar uma foto. — peguei o celular no
bolso, liguei-o e então Lia observou:
— Celular desligado é sinal de problemas, é assim que os enfrenta?
Desligando o celular e fumando feito um louco?
Parei de caminhar e a encarei falando:
— Estou começando a achar que a patroinha me conhece melhor que eu.
— Sou sua amiga lembra?
— Eu me lembro sim, pena que agora não pode ir comigo encher a cara de
tequila no Celeiro.
Mostrei-lhe a foto de Marina.
— Uauu! Ela é lindíssima, Lucas.
— Sim, ela é. — respondi ressentido voltando a desligar o celular que já
tinha dezenas de ligação de Marina.
— Estão brigados?
— Nem sei se brigamos, não dei nem tempo de isso acontecer.
— O que aconteceu, quer me falar? Talvez eu possa te ajudar com um bom
conselho.
— Peguei o ex noivo dela beijando-a na varanda, hoje.
Só de falar sobre aquilo um nó se formou em minha garganta e eu queria
matar aquele sujeito.
— Você nem a deixou se explicar?
— Não!
— Mas, Lucas, sua mãe me disse que ela está ferida, com o braço
engessado usando uma tipoia, como acha que ela ia se proteger dele?
— Ela o recebeu, Lia, estavam conversando numa boa e quando ele foi
beijá-la ela poderia ter gritado e não fez.
— Não fez porque foi pega de surpresa e nem teve tempo.
— Hahaha, então agora você é a advogada de defesa dela?
— Sou, e sabe por quê?
— Por quê?
— Por que qualquer mulher que tenha te livrado de minha mãe é uma santa
e merece ser defendida.
Caí na gargalhada e Lia continuou seu sermão:
— Quantas vezes você apanhou do Greg sem merecer? Só por que ele
criava coisas na cabeça e tomava-as como verdade?
— Perdi as contas. — sorri achando graça e dei mais um trago no cigarro.
— Então, coisas mal explicadas dão sempre nisso, você precisa ouvir o que
ela tem a dizer e não sair tomando julgamentos precipitados.
Assenti e já estávamos quase perto dos pastos onde estava Greg e meu pai e
assim pulei a cerca deixando Lia do lado de fora.
— Janta conosco essa noite? — perguntou-me.
— Não, obrigada Lia, não quero criar um constrangimento desses para o
Greg, além do mais tenho um assunto a resolver, lembra?
— Tudo bem, mas vou esperar você e ela aqui.
— Pode deixar. — respondi e caminhei rumo ao Greg e meu pai.
— Olha isso, Luiz, quem é vivo sempre aparece. — disse Greg sendo
solicito.
— Como vai Greg? Como vai meu velho? — dei-lhe um forte abraço.
— Como você está meu, filho?
— Estou bem, pai.
— Como vão as coisas lá no Veloz? Lia me contou que já está namorando a
Marina Mello, você não perde mesmo tempo hein Lucas.
— Pois é, ela me fisgou de jeito.
— Bela mulher, até que enfim está criando juízo. — disse Greg.
— Bom, desci aqui para ajudá-los com os animais.
— Então bora prender eles, porque à noite cai. — disse-me Greg. — Aliás,
Jorge me disse que implantou esse sistema lá, tirou os animais das baias, fiquei
muito orgulhoso de você.
— Tudo que aprendi de bom com você, vou levar para o resto da minha
vida. — respondi.
Juntos prendemos todos os animais em suas baias e dei de topo com Blue.
— Ei! Garota, você cresceu hein! O que anda comendo por aqui?
— Muita maçã, pera, frutas no geral, porque a dona dela, não perde a mania
de descer aqui para dar-lhe frutas. — respondeu Greg.
Fui caminhando com Blue então a guardei em sua baia.
Assim que estávamos saindo das baias, Greg indagou-me:
— Tem estado com ela?
— Ela quem, Greg?
— Sandra!
— Não, nunca mais a vi, troquei até de celular para evitá-la, quero àquela
mulher longe da minha vida.
— Ela está exigindo uma fortuna no processo de separação.
— E ela tem direitos?
— Não. Ela acha que tenho que dar metade das terras da fazenda a ela e
metade do plantel, só que mal sabe ela, que quando me casei com ela isso tudo já
era meu, sendo assim ela tem direito só ao que construí depois do casamento e
isso em vista do que ela quer é muito pouco.
— Sempre muito esperta. — comentei.
— Sim.
Caminhamos conversando rumo à sede, e lá Greg refez o convite para
jantar, mas preferi jantar na casa dos meus pais e matar a saudade da comidinha
de minha mãe.
Na mesa do jantar minha mãe fez a pergunta:
— E quando nos dará um netinho, meu filho?
— Mãe! Marina e eu estamos começando agora, não acha muito cedo para
falar em um netinho?
— Pode até ser, mas eu gostaria de conhecê-la, quando vou poder?
— Qualquer hora dessas. E por falar em horas eu preciso ir, já são quase
nove horas.
— E você vai sem comer à sobremesa?
— Embrulha aí mãe, que vou levar.
Minha mãe se levantou da mesa e meu pai que quase não falava perguntou-
me:
— Como anda seu trabalho lá no Haras do Jorge? Está dando conta de
tudo?
— Está tudo dando bem certo pai, Jorge me deu carta branca para fazer o
que quisesse, então estou deixando tudo por lá com minha cara.
— Bom, precisando de algum conselho é só me pedir.
— Pode deixar, pai, eu te ligo.
Minha mãe voltou com o bolo de chocolate em uma vasilha de vidro e
assim levantei-me e me despedi de ambos, e fui embora.
Eu estava cansado e mais calmo, falar com Lia foi o melhor que me
aconteceu aquele dia, pois fez-me ver as coisas com mais clareza.
O combustível da caminhonete estava no grito então parei no posto de
gasolina, e depois que paguei e fui entrar na caminhonete para ir para casa,
alguém me chamou:
— Lucas! Espera.
Não precisei me virar para saber de quem era aquela voz, assim que me
virei a vi, parada encostada ao lado de sua Picape. Era Sandra.
— Podemos falar, Lucas?
— Não tenho nada para falar com você, Sandra. Quantas vezes vou ter que
te dizer isso?
Antes que ela pudesse me responder o frentista pediu-me:
— Lucas, pode tirar a caminhonete da bomba, cara?
— Opa! Desculpa aí Zé.
Quando entrei na caminhonete, Sandra me agarrou pelo braço e implorou:
— Por favor, Lucas, só me escuta.
Fechei a porta e mudei à caminhonete de lugar e desci.
— Seja rápida, porque estou com pressa.
— É alguma mulher?
— Sim, é a mulher da minha vida e não posso deixá-la me esperando.
— Você não me esqueceu, está mentindo, está mentindo Lucas! — veio me
abraçando e eu a empurrei.
— Me deixa em paz, mulher, some da minha vida.
— O nome? Qual o nome dela?
Silenciei.
— Está vendo, não existe mulher nenhuma nem nunca vai existir, você me
ama, sabemos disso.
— Marina Mello, esse é o nome da mulher mais maravilhosa que conheci
na vida, nome da mulher que será mãe dos meus filhos.
— Mentira!!! Está mentindo para mim, nunca que aquela dondoca ia querer
você, Lucas, até onde sei ela é noiva de um Deputado, vi eles juntos em um
leilão que fui com Greg.
— Marina não é mais do Deputado, agora ela é a mulher desse peão de
merda aqui.
Sandra entrou em desespero e estava quase se descabelando, então disse-
me:
— Meu amor, estou enlouquecendo sem você, vem comigo, por favor
Lucas, vamos sair daqui e irmos para outro lugar, quero te amar, quero você me
pegando daquele jeito que só você sabe, eu imploro, preciso de você.
— Me esquece Sandra.
Veio chorando e se agarrando em mim novamente tentando me beijar.
— Se não ficar comigo essa noite vou fazer uma loucura, amanhã é o dia da
minha audiência com o Greg, por favor Lucas, fica comigo só hoje, me ame.
— Boa sorte com sua audiência.
— Vai me deixar assim nesse estado?
— Tchau, Sandra!
— Vou cometer uma loucura e você vai se arrepender, você pode evitar isso
se ficar comigo.
Puro drama, virei as costas e entrei na caminhonete dei à partida e fui
embora, deixando-a lá.
Eu estava pilhado, Sandra conseguiu me deixar preocupado, o que ela
poderia fazer contra sua própria vida? E até fiquei tentado a voltar, mas não fiz, e
fui para casa.
Quando passei na porta da sede, já passava das dez e meia e tudo estava
escuro, até o quarto de Marina, e eu tinha certeza que ela me ouviu passar àquela
hora e com certeza estava pensando um monte de coisas.
Eu precisava de um banho antes de ir tentar falar com ela, mesmo que tão
tarde.
Quando abri a porta tive a imagem mais especial dos últimos meses, Marina
estava deitada no sofá dormindo e Cowboy estava com ela no sofá deitado em
seu braço direito. Quando ele me viu levantou-se e veio até mim se balançando
todo.
— Xiii! Não faça barulho garoto.
Deixei Marina dormindo e fui para o banho, eu estava cheirando a cigarros
e ao perfume de Sandra e não seria nada fácil explicar para Marina aquele
cheiro, então depois contaria tudo a ela.
Durante o banho, as palavras de Sandra não saiam de minha cabeça e
confesso que fiquei preocupado.
Saí do banheiro enrolado na toalha andando pé por pé, ia até à cozinha
tomar um copo de água, mas com Cowboy me seguindo feito uma sombra e se
balançando todo, Marina acordou.
— Lucas!!! Não ouvi você chegando meu amor.
Me olhou de uma forma sofrida, como se estivesse se sentindo culpada.
— Não quis acordá-la, você dormia tão tranquila.
Ela se sentou no sofá com um certo esforço, pois só com o apoio de um
braço era difícil.
— Quem trouxe você aqui?
— Vim caminhando, já não sinto tanta dor. — levantou-se do sofá.
— Não deveria, ainda não está curada. — respondi tentando ser frio.
— Lucas eu ...
Quando vi que ia tentar se explicar grudei em sua nuca e a beijei
desesperado, fui um tolo não atendendo suas ligações, eu a amava e ter me
encontrado com Sandra só deixou isso mais claro ainda.
— Te amo, te amo, te amo, meu amor, me perdoe por ter sido um tolo o dia
todo. — disse a ela.
— Me perdoe, eu é que não deveria tê-lo deixado ficar.
— Esquece aquele idiota. — respondi e voltei a devorá-la em um beijo
cheio de saudade e tesão.
Capítulo 30

Marina
Lucas beijava-me afoito de uma forma desesperada, encostando-me na
parede da sala, como se fosse me perder no dia seguinte, ou como se o mundo
fosse acabar e aquela fosse ser nossa última noite juntos.
Afastou seus lábios dos meus e disse:
— Amo você, Marina, mais do que podia imaginar, chega a doer pensar em
te perder.
Meu coração acelerou no peito, pois era tudo que eu precisava ouvir depois
de uma tarde onde fiquei feito louca sem notícias dele, eu não podia nem
imaginar perdê-lo por conta do idiota do João.
— Lucas! — contornei os traços de seu rosto e fechei os olhos ao sentir os
pelos de sua barba em meus dedos. — Também te amo meu amor, hoje você me
matou de susto sumindo daquela forma.
— Me perdoe, estava com meus pais no Haras do Greg.
Assenti e passei a encará-lo, e seus olhos azuis brilhavam, e ao ver minha
imagem refletida neles, sentir os batimentos do coração disparar e enquanto
sentia as mãos de Lucas me segurar firme pela cintura, levei meus dedos em seus
lábios e os contornei fechando meus olhos e dizendo:
— Estou louca de saudade de você, louca de desejo de sentir você dentro de
mim.
— Você quer? — sussurrou no pé do meu ouvido.
— Sim, eu quero muito. — ele me encarou com um olhar torturante, levou
suas mãos em minha blusinha de viscose branca e a rasgou deixando a mostra
meu sutiã branco. Um frio percorreu todo meu corpo quando escutei o barulho
do tecido rasgando.
— Tem certeza que já podemos? — questionou segurando firme em meu
pescoço e beijando o lóbulo de minha orelha, deixando minhas pernas moles e
todos os pelos do meu corpo arrepiado.
— Nunca tive tanta. — respondi resfolegando.
— Não sei se consigo ser cauteloso, estou louco de saudade e tesão. —
respondeu-me — Posso acabar machucando você.
Lucas enlaçou-me pelas coxas e pegou-me em seu colo e caminhou comigo
até o quarto, colocou-me na cama e em seguida retirou a toalha do corpo
revelando-me seu corpo nu e toda a beleza máscula que vinha das linhas de seus
músculos discretos, e ao observá-lo nu em minha frente, mordi o cantinho de
minha boca, cheia de tesão por ele, que colocou os joelhos na cama e veio até
mim e se deitou em cima do meu corpo com muito cuidado.
Ele segurou em meu rosto de forma carinhosa e beijou-me com carinho
dessa vez, e voltou a me perguntar:
— O que mesmo você queria? Já me esqueci. — olhou-me com olhos
luxuriantes enquanto desabotoava meu shortinho jeans e o retirou de meu corpo.
— Quero você dentro de mim. — sussurrei.
— Assim? — perguntou-me ao deslizar sua mão por entre minha coxa e
enfiar seus dedos por dentro de minha calcinha e acariciar meu clitóris, fazendo-
me gemer enquanto contorcia-me toda respondendo ao seu toque e sua pergunta
ao mesmo tempo.
— Ahh! É, assim... — respondi ofegante e senti quando meu corpo
correspondeu deixando-me molhada liberando meus fluídos, eu estava
completamente excitada.
— Oh! — Lucas gemeu enquanto massageava meu clitóris, esfregando seus
dedos em mim em um movimento de vai e vem; beijando-me e serpenteando seu
corpo em mim, enlouquecido de tesão com sua ereção roçando-me dura como
ferro na lateral da minha perna.
Lucas continuou àquela tortura com seus dedos ágeis, levando-me à loucura
e fazendo-me contorcer toda. Desceu seus lábios e passou por todo meu corpo e
quando chegou em meu abdômen, grudou suas mãos nas laterais de minha
calcinha e a tirou de meu corpo encarando-me envolvente e aliciante. Ele sabia o
que fazer e como fazer para me deixar enlouquecida por ele. Desnudou-me e
voltou beijando minhas pernas e rastejou de volta para meu corpo e minha boca.
Segurando firme nas laterais de meu rosto, sua boca forçava contra a minha de
uma forma exigente, sua língua buscava a minha, que correspondia sem nenhum
tipo de pudor. Lucas não desgrudou de meus lábios enquanto suas mãos rápidas
desabotoaram meu sutiã com agilidade, deixando-me agora completamente nua
só para ele, com os seios vultosos de tesão.
— Ahh! Lucasss! — gemi assim que ele juntou meu seio com a mão e o
chupou com os lábios, fazendo meu corpo se arrepiar todo quando deslizou a
língua nele.
— Humm! — murmurou baixinho e circulou o bico do meu seio com a
língua, e meu corpo se arqueou queimando como brasa.
Eu estava entregue em suas mãos, meu ventre queimava e viraria cinzas se
Lucas não apagasse logo àquele fogo. Ele me olhou e riu dizendo:
— Ah, meu amor, como eu gosto de te ver enrubescida dessa forma. —
meu rosto estava em chamas, eu sabia daquilo, pois podia sentir-me queimando.
Lucas subiu e beijou meus lábios, meus ombros, mordeu meu pescoço e em
seguida encheu-o de beijinhos quentes, beijou todo meu corpo até chegar em
minhas coxas afastando minhas pernas e beijando-as até chegar em minha
vagina. Ele a abriu com os dedos e passou a dar lambidas e a chupá-la,
exumando-me de vez. Meu corpo se contorcia todo a cada investida de sua
língua em minha vagina, que sugava minha vulva e em seguida meu clitóris.
— Ah, Mari, saudade que eu estava do cheiro desse corpo, desse seu gosto
que me embebeda.
Lucas voltou a mim e compartilhou comigo o gosto de que falava, senti em
seus lábios o gosto de sexo e aquele beijo só me deixou mais louca por senti-lo
entre minhas pernas, aquele desejo louco me consumia, e assim ele afastou
minhas pernas com a perna dele, com muita delicadeza, beijando-me, senti
quando fui penetrada por ele com carinho.
— Amor, se sentir algum desconforto me avise, eu posso passar dos limites,
pois meu tesão está demais. — falou e subiu seu corpo dando-me a primeira
estocada e assim gemi:
— Ahhhh! Lucas.

Lucas
Mexia-me com cautela, estava com medo de machucar a perna de Marina
que não estava ainda completamente recuperada. Estávamos há mais de duas
semanas sem ficarmos juntos e eu estava enlouquecido de tesão, minha vontade
era de possuí-la com força e fazê-la gritar e gemer alto só para mim.
Mari estava com a mão grudada em meus cabelos se mexendo embaixo de
mim e mordendo e chupando meu pescoço, era difícil conseguir me controlar, e
com meu pau explodindo de tesão eu metia nela com cuidado. Ela gemeu
sussurrando com uma voz deleitosa e sofrida exigindo:
— Ohh, ohh Lucas, mais forte, amor, mais forte.
Segurei firme nas laterais da cabeça de Marina, sorri e a encarei, então
enfiei-me nela com força, exatamente como havia exigido, e assim senti as unhas
de Mari me arranharem enquanto ela gemeu de prazer no meu ouvido, e aquilo
despertou ainda mais minha vontade de comê-la como um animal, e não pensei
em mais nada.
Passei a me mexer em cima dela com voracidade, enfiando-me, metendo,
metendo, e metendo com vontade, eu subia e descia em um ritmo nervoso,
buscando constantemente aquela boca deliciosa.
— oh, oh, oh, oh, ân, ãn, ân ãn. — ela gemia embaixo de mim.
A cama balançava macia embaixo de nossos corpos e embalava nosso amor
enquanto extrapolávamos e deixávamos nossos corpos usufruírem desse
sentimento forte e verdadeiro.
Ergui a perna não dolorida dela e estiquei meus braços ao redor de seu
corpo e bombei, bombei, bombei encarando-a com tanto tesão que ela segurou
em meus cabelos e fez-me deitar meu corpo novamente e encostar nela que
estava em chamas.
— Vai! Vai amor, vai. — sussurrava gemendo.
Meti, meti, meti, estoquei forte mantendo o ritmo e velocidade que nossos
corpos exigiam, principalmente Mari que grudou em minha bunda forçando-me
mais e mais em sua direção. Meu pau ia fundo nela que me enlouquecia
gemendo no pé do meu ouvido.
— Ah, ah, ah, ah, ah, ah.
Era muita intensidade e prazer na união de dois corpos, eu a amava mais
que tudo no mundo.
Nossos corpos suados, nossos gemidos quase que sincronizados e a
velocidade que nos movíamos em busca da mesma coisa, fazia parecer que
éramos os últimos no mundo, que não existia nada nem ninguém lá fora.
Estoquei, estoquei, meti e meti mais forte e a sentir se contrair esmagando meu
pau e deixando-o todo melecado de seu orgasmo intenso, e ela gemeu gostoso
embaixo de mim:
— Ah! a a a aa a h, ohhhh, ohhhh!
Estava mole em meus braços, estava deliciosamente em êxtase.
Beije-a e diminui o ritmo de minhas estocadas e saí de dentro de Marina, eu
a queria de conchinha. Quando saí de dentro dela, ela segurou em meu pau e
passou a acariciá-lo descendo e subindo em um movimento delicioso, e em
seguida surpreendeu-me ao chupá-lo antes que eu pensasse em voltar a penetrá-
la, e ser chupado por ela depois de seu orgasmo, fazia-me contorcer todo em
cima do colchão. Chupava-me e me encarava, me fazendo grudar nos lençóis.
Nunca imaginei que Marina pudesse ser ousada e gostosa daquela forma.
Mari voltou a se deitar ao meu lado e encaixei-me nela de conchinha, não
poderíamos abusar das posições, pois ela não aguentaria. Ela virou o pescoço
buscando minha boca e beijou-me exigente, e eu a penetrei novamente, mexendo
com carinho, entrando e saindo dela devagar, mas indo fundo, muito fundo e fui
gradativamente aumentando os movimentos do meu pau, que enlouquecia
estimulado pelos gemidos sufocados de Mari.
Eu a estoquei naquela posição até o suor começar a escorrer de meu corpo,
levantei meu tronco e fiquei de joelhos na cama e a deixei na mesma posição.
Segurei em sua coxa forçando-a para baixo e a penetrei novamente, indo fundo,
bem fundo naquela boceta que me enlouquecia, era como se ela estivesse de
quatro para mim, mas estando deitada, e dessa forma passei a investir minhas
fincadas, gemendo, e urrando de tesão perseguindo o maior de todos os prazeres
da vida.
— Oh, oh, oh, oh!
Eu a olhava com luxúria, ali, imobilizada por mim, recebendo-me submissa
dentro dela, e quanto mais eu metia, mais ela gemia gostoso deixando-me
desestabilizado, enlouquecido por ela, gemendo e sussurrando de tanto prazer.
Bombava, bombava e metia sem cansar, até que senti meu pau ficar mais
duro ainda, eu estava boquiaberto, arfando baixinho em cima dela e passei a
acelerar meus movimentos.
Pof pof pof pof pof pof pof pof pof.
E senti tudo parando em minha volta, meu coração disparou e despejei meu
sêmen dentro dela urrando inebriado de prazer:
— Oooohh! Oooooh! Oh!. — gozei sentindo ondas explodirem no meu
corpo enquanto me mexia mais devagar, e devagar, até me abaixar exausto atrás
de Mari e a abraçar e beijá-la, sentindo todos os nossos sabores e odores.
— Ohh! Mari, você me leva em órbita.
— Também amo você, Lucas. — disse sorrindo ao segurar firme em minhas
mãos.
Ficamos ali de conchinha um bom tempo, eu a acariciava e a beijava,
Marina era meu porto seguro, com ela não tinha pressa, não tinha medo, não
tinha hora e data marcada, ela era minha e só minha.
Estávamos na cozinha comendo bolo de chocolate com refrigerante, quando
Marina disse:
— Vou virar uma leitoinha desse jeito, você está querendo me engordar
com essas delícias da sua mãe.
— Oras! Você não come delícias quando está na sua casa, não?
— Só às vezes, e nunca de madrugada.
Sorri sem graça para ela, pois eu precisava lhe contar sobre a Sandra e sem
saber como Mari iria reagir, eu preferi começar o assunto por minha mãe.
— Por falar em mãe, a minha quer muito te conhecer, e já vou logo te
avisando, ela pensa que daremos netinhos a ela muito em breve.
— Eu também estou louca para conhecer a dona de mãos tão habilidosas na
cozinha; e sim, daremos muitos netinhos a ela, só não sei se tão breve assim.
— Daremos? — questionei espantado.
— Não daremos?
— Sim, claro que sim, muitos, quantos você quiser meu amor.
Meu coração disparou em meu peito, pois ter um filho, passou a ser meu
maior sonho, e ela nem sabia disso ainda.
— Mari! Hoje quando eu estava voltando do Haras do Greg, passei no
posto para abastecer e lá tive uma surpresa desagradável.
— Que surpresa? — se mexeu inquieta na cadeira.
Estava linda só vestindo uma camiseta preta minha.
— Sandra! Ela me abordou.
— E falou com ela?
— Não tive como fugir dela, mas conversamos ali mesmo na frente de
todos.
— O que conversaram, afinal?
— Em resumo, ela queria sexo, o que ela sempre quis de mim, e o que é
pior, me ameaçou assim que dei um chega para lá nela.
Mari balançou a cabeça, inclinando-se e encostando seu corpo na cadeira:
— Lucas, que tipo de ameaça àquela louca te fez?
— Bom, disse-me que se eu não passasse essa noite com ela, que faria uma
loucura e que eu iria me arrepender.
— Acha que ela é capaz de fazer alguma coisa contra ela mesma?
Assim que Marina questionou-me, levantei-me inquieto da mesa e levei
meu copo até a pia e fiquei lá, segurando firme na pia pensando na resposta, pois
nem eu mesmo tinha certeza do que Sandra era capaz.
Mari me abraçou pela cintura e passou a dar beijinhos de leve em minhas
costas, virei-me para ela e a abracei forte em meus braços, respondendo:
— Não sei do que ela é capaz, nunca se conhece alguém o bastante.
— Por que está tão tocado com isso?
— Não tenho medo do que ela possa fazer a si mesma, mas tenho do que
ela possa fazer a alguém que eu ame. Contei sobre você a ela, disse que agora eu
tinha uma mulher só minha.
— Será que ela já não sabia sobre nós, Lucas? Já parou para pensar que ela
possa ter feito mal para Mel e para Tenente em Barretos?
Suspirei profundo, pois depois da ameaça de Sandra, eu não tinha como
negar que ela pudesse estar por trás de tudo o que aconteceu e eu temia que
tivesse, pois se tivesse mesmo, eu tinha um forte motivo para começar a me
preocupar de verdade com Sandra.

Capítulo 31

Marina
Eu estava perdidamente apaixonada por Lucas, ele despertou em mim um
sentimento que nem João nunca tinha conseguido alcançar. Era meu último
pensamento antes de dormir e o primeiro ao acordar.
Rolei na cama em meu quarto sorrindo, eu estava bestificada e ainda tinha o
cheiro de Lucas grudado em meu corpo. Sentei-me na cama e abracei o
travesseiro lembrando-me de nossos corpos unidos e tremendo de prazer, eu me
arrepiava toda só de lembrar no som dos gemidos do Lucas, e eu tinha vontade
de sair correndo e ir buscar os seus beijos e seus braços. A ideia parecia a melhor
do mundo, mesmo assim dispersei-as de minha cabeça e fui tomar um banho.
Nos últimos degraus da escada, vi meu pai já na porta de saída,
ultimamente ele vinha me evitando e eu não sabia ao certo os motivos.
— Papai, espera! — ele parou assim que escutou meu pedido.
Caminhei até ele e questionei:
— Onde vai tão cedo? Nem me esperou para o café.
— Bom dia, meu amor. Perdoe-me, eu não tinha tempo para esperá-la hoje.
— E posso saber onde o senhor vai assim tão apressado?
— Estou indo para São Paulo, e, irei passar o dia todo por lá.
Aproximei-me dele e arrumei a gola de sua camisa preta.
— Está tudo bem com o senhor? Anda tão cheio de segredos.
— Filha, não tenho segredos, tenho negócios em São Paulo, lembra? E fora
isso, ainda tenho uma lista enorme de coisas para comprar que Lucas me pediu.
— Entendi, pai. — cruzei os braços e fiquei vendo-o partir, sem saber ao
certo o que de verdade o faria passar o dia todo em São Paulo.
Saí na varanda e avistei quando Alana vinha em direção à casa, e tentou
sem sucesso falar com meu pai.
— Bom dia, amiga! — disse-me ela subindo os degraus da varanda.
— Bom dia! — respondi e fui entrando em casa. — Vem, vamos conversar
enquanto tomo meu café.
Nos sentamos à mesa e Alana estava com suas feições preocupada.
— Está tudo bem com você e meu pai? — questionei-a achando muito
difícil ter que falar com ela sobre aquele assunto.
Alana balançou a cabeça em negativa, respondendo-me:
— Não sei mais se existe seu pai e eu, ele tem andado muito estranho e me
evitado o tempo todo.
— Vocês brigaram?
— Não! Não brigamos, simplesmente ele se afastou depois que voltamos de
Barretos.
— Não vou negar que também o tenho achado estranho, hoje mesmo ele me
disse que passará o dia todo em São Paulo, e ao questioná-lo sobre os motivos
ele simplesmente desconversou.
— É, tem sido assim comigo também.
Alana estava visivelmente chateada, e por mais que eu tentasse, não saberia
como confortá-la, até porque eu não tinha certeza quanto aos meus sentimentos
com relação aos dois juntos.
— Bom! Vamos falar de você. — alertou-me ela, pegando uma maçã. —
Quando vai descer até às baias para ver Mel? Ela está recuperando dia após dia.
— Ah! Ainda não posso descer até lá, minha perna não ajuda na descida e
muito menos na subida de volta.
Uma terceira voz entrou na conversa, chegando em minhas costas e dando-
me um beijo na cabeça, era Lucas e disse:
— Suas pernas não são mais desculpas senhorita, para que servem esses
braços fortes aqui? — mostrou-me seus músculos, e todos rimos.
— O que está sugerindo, amor? — indaguei.
— Carregá-la em meus braços até lá.
— E acha que aguenta?
— Se eu acho? Tenho certeza absoluta, aliás, já te mostrei a força que tenho
nos braços e pernas, lembra-se?
— Lucas!!! — ralhei com meu rosto esquentando de vergonha.
— Eu não ouvi nada, a propósito, o treinador me espera na pista. — disse
Alana levantando-se e saindo da cozinha.
— No final das contas, é uma boa moça ela. — disse Lucas.
— Sim, sempre foi Lucas, mas está sofrendo, meu pai se afastou dela e não
sabemos os reais motivos, ele anda muito estranho.
— Isso é uma verdade, ele está aéreo, anda nervoso.
— O que tanto mandou ele comprar em São Paulo que vai levar o dia todo?
— Eu? — Lucas arqueou as sobrancelhas.
— É, você mesmo, pelo menos foi isso que meu pai me disse, que passaria
o dia todo comprando os produtos que você havia passado em uma lista.
— Mari, não pedi nada a seu pai hoje, ele anda misterioso.
Aquilo me deixou mais aflita, com que tipo de problema estaria meu pai
enfrentando que o fez se afastar de Alana e ainda mentir para mim?
— Estou muito preocupada com ele, Lucas.
— Também estou começando a me preocupar, mas por hora, levanta logo
dessa cadeira, vou te levar para ver a Mel.
— Ah, Lucas, não sei se quero.
Eu ainda estava com medo de me aproximar de um cavalo, algo dentro de
mim queria muito descer para ver Mel, mas um sentimento de nunca mais me
aproximar de um cavalo, ainda gritava alto em minha mente, emitindo um alerta
de perigo.
Quando Tenente levantou suas patas em cima de mim no meio da arena em
Barretos, eu tinha certeza de que quando ele as abaixasse, seria em minha cabeça
que ele pisaria, mas por algum milagre de Deus, suas patas dianteiras não
acertaram minha cabeça, mas a pata traseira pisoteou-me na coxa.
— Hoje você não tem de querer, vamos! — intimou-me
Levantei-me e seguimos rumo às baias, e quando ficou muito íngreme para
que eu pudesse descer sozinha, ele apanhou-me em seus braços e carregou-me
até as baias.
— Prontinho, senhorita Mello, não doeu nada. — Lucas disse colocando-
me no chão novamente.
— Adoro seus braços fortes. — falei piscando para ele de forma sugestiva.
— Gosta né? Eu sei que sim. — sorriu de uma forma deliciosa, como eu
amava aquele sorriso.
Lucas passou seu braço envolta de minha cintura e juntos seguimos para o
pavilhão onde Mel estava em sua baia, como estava em tratamento ela estava
presa.
Assim que cheguei na porta de sua baia, ao me ver, Mel soprou para mim,
várias vezes, o que significava que estava feliz em me ver, era a forma carinhosa
que ela tinha para dizer que estava feliz, e assim, quando o som familiar saiu de
suas narinas, meu coração descompassou e fui logo abrindo à porta da baia e
correndo para seu pescoço e a abracei forte.
— Oi, meu amor! Que saudade eu estava de você, me perdoa, me perdoa
por não ter vindo antes.
Eu chorava em desespero ao pensar que havia sido tão omissa com ela, fui
egoísta ao pensar só em mim, abandonando-a por um medo idiota.
Olhei para Lucas e o agradeci:
— Obrigada, se não fosse você eu não teria descido até aqui tão cedo.
— Não por isso. Não se preocupe, trarei você aqui quantas vezes quiser.
Dei-lhe um beijo para agradecer.
Lucas voltou para seu trabalho e eu fiquei na baia com Mel por mais de
uma hora, e depois Lucas fez o trajeto de volta comigo no colo. Para descer os
santos ajudaram, mas para subir, pobre Lucas.
Durante à noite, estávamos esperando meu pai chegar para o jantar, Lucas
estava na sala assistindo TV e eu encostada na porta esperando por meu pai. À
Noite já havia caído e nada dele aparecer. Quando chegou passou por mim sem
dizer nenhuma palavra se quer, e quando ia subindo às escadas eu o interpelei:
— Pai, Lucas e eu estávamos esperando o senhor chegar para jantarmos.
— Filha, não precisava me esperar, vocês já podem ir para à mesa, pois eu
já comi por aí.
— Por aí pai? — cruzei os braços nervosa.
— Sim! E estou cansado vou para meu quarto.
Virei-me nervosa, passei por Lucas na sala e o chamei para jantarmos. Eu
estava inconformada com as atitudes de meu pai.
Durante o jantar eu não conseguia comer, minha cabeça estava a mil
tentando encontrar respostas que justificasse as últimas atitudes dele.
— Mari, não fique tão inquieta assim meu amor, amanhã vou falar com seu
pai e tentar descobrir o que está acontecendo com ele.
Assenti e continuei remexendo na comida sem colocá-la na boca.
O celular do Lucas tocou, e ele pediu-me desculpas e se levantou para
atender.

Lucas
Meu celular tocou e eu não fazia a mínima ideia de quem era, confesso que
tive medo que fosse Sandra e que ela tivesse descoberto o número do meu
telefone. Levantei-me da mesa e disse:
— Amor, desculpa, vou atender.
Mari assentiu, e assim atendi:
— Alô!
— Oi, Lucas, aqui é o Hernandez, o advogado do Greg.
— Como vai Hernandez? Aconteceu alguma coisa? — fiz duas perguntas
ao mesmo tempo, pois fiquei assustado.
— Eu estou bem, Lucas, e, sim, aconteceu uma coisa horrível no Haras do
Greg.
— Conta logo, o que foi que a Sandra fez? — deduzi logo que era com ela.
— Ela tentou matar a atual mulher do Greg.
— E como está a Lia? — questionei nervoso olhando para Mari.
— A Lia está bem, foi levada pelo Greg ao hospital, parece que teve um
aborto, já a Sandra, essa está morta lá no Haras.
Quando a palavra morta chegou em minha mente, eu a rejeitei de início, e
logo em seguida me passou pela cabeça que se ela havia tentado matar a própria
filha, mereceu o destino que teve.
— E como isso aconteceu? — um nó se formou em minha garganta.
— Então, Lucas, essa é a pior parte dessa história, seu pai, o senhor Luiz,
foi quem salvou Lia. — respondeu-me o advogado.
— Não! Não... Não pode ser, cara.
— Eu sinto muito, Lucas, não se preocupe, vou cuidar de tudo, ele agiu em
legítima defesa de terceiros, será levado à delegacia, mas vou tirar ele de lá.
— Onde ele está agora?
— Estamos aqui no Haras, esperando o delegado chegar.
— Estou indo aí.
— Tudo bem, não demora, sua mãe está consternada.
Desliguei o celular e olhei para Mari sem saber como deixar uma notícia
daquelas sair da minha boca. Mari se levantou da mesa e questionou-me:
— O que foi, amor?
— Mari, preciso ir até o Haras do Greg, a Sandra está morta, e ...
— Morta?!
— Sim! E foi meu pai quem a matou.
— A meu Deus, Lucas! O que será que aconteceu?
— Não sei ao certo, só sei que vou até lá.
— Vou com você.
Mari e eu seguimos para o Haras do Greg e quando chegamos lá, havia
muitas luzes da polícia no lugar, uma grande movimentação já tomava conta de
tudo.
Descemos e logo avistei meu pai com as mãos algemadas:
— Pai! Pai! — fui até ele e o abracei.
— Filho, me perdoa, eu não queria fazer isso, mas ela ia matar a patroinha e
o bebê.
— Pai está tudo bem, vai ficar tudo bem.
Mari foi em direção a minha mãe que chorava muito, estava desesperada.
Quando fui em direção a minha mãe, para tentar consolá-la, dei de topo
com o corpo de Sandra no chão, estava coberto, mas o sangue que escorria fez
meu estômago embrulhar.
— Dona Ana, não se desespere, vai dar tudo certo, Hernandez é um dos
melhores criminalistas da região, ele vai resolver tudo isso. — Mari estava
falando com minha mãe, enquanto a acolhia em seus braços.
— Mãe, a Marina está certa, vai dar tudo certo e o pai logo estará em casa
novamente.
— Mas ele matou uma pessoa filho.
— Sim, mas foi para defender outra, isso vai ser levado em consideração.
Rodei em meus calcanhares e fui em direção ao corpo de Sandra, e falei:
— Você conseguiu! Conseguiu trazer o inferno para dentro de nossas vidas.
Capítulo 32

Jorge
O dia tinha sido cheio, eu estava completamente aéreo com tantos exames
que eu estava fazendo por conta de um problema que havia aparecido do nada
em meu coração, eu faria qualquer coisa para que Mari não ficasse sabendo
disso, não queria preocupá-la, aliás, não queria preocupar Alana também,
embora ela já estivesse estranhando meu comportamento com ela.
Escutei quando Mari saiu de caminhonete com Lucas, então me despi e fui
para o banho tentar relaxar, eu havia inclusive mentido a eles dizendo que já
havia comido algo, pois nem fome eu estava tendo. A água caia quente em
minhas costas e parecia que uma cachoeira era que estava derramando seu peso
em mim, optar por deixar minha filha fora dos meus problemas de saúde,
exerciam um peso enorme em minhas costas, mas era a coisa mais certa a se
fazer, Mari tinha seus problemas, os atentados ainda continuavam sem um
responsável e eu não queria jogar mais esse problema nas costas dela.
Estava com os braços estendidos na parede com a água caindo nas costas,
quando o blindex foi aberto, era Alana, e estava com seus cabelos molhados,
indicando que havia acabado de sair do banho. Estava naturalmente linda e tudo
que eu não precisava naquele momento era aumentar ainda mais a
responsabilidade do nosso relacionamento.
— Oi! Se você não vai até mim, venho até você. — o tom delicado daquela
voz, exigindo atenção me deixou irritantemente excitado.
Alana ficou me encarando com cara de apaixonada e eu amava aquela cara
que ela fazia de menina mulher. Ela pegou na barra de seu vestido e o tirou de
seu corpo, revelando-me seu corpo perfeito e as peças de sua lingerie branca.
— Alana! Estou tão cansado, não faz assim comigo.
Ela fingiu que não me ouviu e levou as mãos em suas costas e retirou o
sutiã e o jogou para trás e o clima de strip tease, com os olhos de Alana
flamejando de desejo, derrubou todos os muros que eu havia erguido entre nós
nos últimos dias, e mesmo que eu quisesse negar que a desejava, meu pau já
estava dizendo a ela que ele não estava cansado e que a desejava, ele ficou
nervoso e se levantou com urgência.
Alana tirou a calcinha e acabou com minhas estruturas, vê-la nua, no meu
banheiro, quase implorando por mim, era a dose de felicidade que eu estava
precisando e assim segurei em sua cintura e a puxei para dentro do box, para
mim.
Encostei-a na parede e passei a beijá-la feito um louco, Alana me excitava
demais e eu precisava dela para aliviar tanta tensão. Nossas bocas já se
conheciam e se exploravam sem pudor, minha língua ia fundo em sua boca.

Alana
Jorge sabia como me deixar enlouquecida só com um beijo, minha vagina
queimava de desejo e simplesmente o queria dentro de mim, sua língua me
possuía e eu desci minha mão e segurei seu pau rijo e passei a movimentá-lo
subindo e descendo.
— Por que está judiando de mim, meu amor? — perguntei.
— Sem perguntas, Alana, sem perguntas. — sussurrou beijando meu
pescoço e percorrendo meu corpo com as mãos, alisando cada centímetro, até
chegar com elas em meus seios e os segurar para que seus lábios os sugassem
com maestria.
— Ah, ah! — gemi arqueando-me para trás quando chupou com força e
mordeu.
Jorge me chupava e me torturava com seu pau duro roçando em minhas
pernas, então fui beijando-o e descendo com minha língua até chegar onde eu
muito queria, seu pau, me ajoelhei e apoiei uma de minhas mãos em sua coxa e a
outra segurei firme em seu pau e levei-o até minha boca e passei a chupá-lo, e
correr minha língua por todo seu comprimento. Explorava à cabeça e Jorge
gemia gostoso.
— Ohhhhh, ohhhh!
Ele puxou-me pelos cabelos fazendo-me levantar e voltei direto para seus
lábios quentes e o beijei novamente. Jorge me virou com urgência fazendo-me
escorar na parede com minhas mãos e assim senti as mãos quente dele em meus
seios enquanto beijava e dava mordidinhas leves em minhas costas. Com uma de
suas pernas ele afastou a minha e penetrou-me, gemendo:
— Oh! Ohhh, tão quente. — disse assim que começou a mexer o quadril e
se enfiar cada vez mais fundo em mim.
Eu estava completamente excitada e lubrificada e a cada estocada
cadenciada um gemido abafado saía de minha garganta.
— Ah, ah, ah!
A água estava bem quente e todo o box coberto de vapor deixando tudo
mais quente ainda. Jorge se enfiava e saía de mim, entrava, bombava, bombava e
metia lentamente, indo fundo e me levando a loucura enquanto nossos corpos
serpenteavam um ao encontro do outro. Suas mãos seguravam firmes em minha
cintura, metia e gemia em meu ouvido:
— Oh, oh, oh, Porra! Eu estava louco de saudade.
— Então me come com mais força. — respondi.
Jorge passou a meter com mais força e seu pau ia fundo em mim, cutucando
e acariciando meu útero.
— Assim?
— É, Assim.
Ele abaixou meu corpo, inclinando para frente e fez-me segurar na parede
no banheiro, segurou firme em minha cintura e começou a estocar seu pau em
mim com mais velocidade, metia, metia, metia, e eu me sentia uma égua no cio,
sendo coberta por um garanhão.
Nossos sussurros saíam juntos, e não tinha como evitar de gemer alto.
— ân, ãn, ãn, ãn — gemíamos sem parar.
Enquanto Jorge me castigava com estocadas fortes e fundas, passei a
massagear meu clitóris com os dedos, e ele não parava, bombava, bombava,
bombava, e o suor de meu corpo escorria devido a sauna que nos encontrávamos
ali.
— Vai! Vai! Amor, vai, eu vou gozar. — falei.
Jorge levantou meu corpo novamente e mordeu meu ombro metendo sem
parar, ele passou uma de suas mãos sobre meu abdômen e a levou em minha
vagina e passou a friccionar meu clitóris com seu próprio dedo.
Nossos corpos agora estavam grudados, eu sentia o calor dele em mim e o
som do sexo me levava a um arrebatamento sem explicação.
Pof, pof, pof, pof pof, pof, pof
A adrenalina percorreu todo meu corpo me inundando com ondas de um
prazer maravilhoso, os espasmos e tremores me preencheram e me deixaram
mole.
— Oh! Isso, goza para mim. — ele gemeu no meu ouvido quando percebeu
que eu estava gozando.
— Ooooooh! Ooooh, oh, oh! — eu gemia e gritava alto ao mesmo tempo
sem me importar com o fato de que Mari poderia ter voltado.
Jorge me segurou firme e puxou minha cabeça para trás e beijou-me todo
carinhoso enquanto os tremores me devastavam.
Ele se sentou no chão e me sentei no seu colo esfregando minha bunda no
pau dele, o chão estava quente, tudo estava quente entre nós, e assim ele me
beijou e ergueu minha bunda e voltou a me penetrar e ir fundo com muita, muita
vontade. Jorge e eu éramos o encaixe perfeito, pena que noites como essa são
raridade nas nossas vidas. Ele me comia com muito tesão, entrava e saía de mim
de forma mágica, não queria que acabasse. Me beijava e me mordia no ombro
deixando-me mais excitada do que eu estava, e completamente encharcada com
o pau dele entrando e saindo, me devorando em fúria em busca de seu orgasmo.
— Mais forte, mete amor, mete forte. — exigi
Jorge segurou em minha cintura e metia nervoso sussurrando em meu
ouvido:
— Oh, oh, oh! Porra, amor, que delícia.
Intensificou seus movimentos e eu sabia que logo ele despejaria seu prazer.
Meteu, meteu, meteu com tanta intensidade e gemeu sofrido quando senti
seu liquido quente me invadir.
— Ooohhh! Ooooohh! Ohhh!
Diminuiu suas estocadas e passou a me beijar com carinho.
— Amo você, Alana.
— Também amo você.
Juntos tomamos um banho, eu saí enrolada em uma toalha e sentei-me na
cama enquanto Jorge se vestia. Olhei para o criado mudo e nele havia uns papéis
que pareciam ser de laboratórios médicos. Olhei para o closet onde ele estava e
não resisti e peguei os papéis na minha mão e ao folhear aquelas folhas e
imagens que tive a maior de todas as surpresas da minha vida.
Os exames constatavam um problema gravíssimo cardíaco que precisaria de
uma cirurgia coronária. Eu estava chorando distraída lendo, quando Jorge parou
em minha frente e disse:
— Alanaaa! Não! — o tom de sua voz foi de total desapontamento.
— O que significa isso? Por que não me contou antes? — exasperei.
Ele se sentou do meu lado na cama, pegou os papéis e colocou de volta no
criado, então respondeu-me:
— Eu ia contar para você e para Mari, só estava esperando marcar a
cirurgia. Eu sinto muito.
— Não! Não sinta meu amor, vai dar tudo certo, eu sei que vai. — falei em
prantos e abraçando-o forte.
— É uma cirurgia de risco altíssima e você tem que me prometer não contar
nada a Mari, porque eu mesmo quero fazer isso.
— Tudo bem, só não demore para fazer isso.
Eu estava em retalhos, meu mundo desabou.

Marina
Lucas estava encarando uma barra com a morte de Sandra, pois sr. Luiz
estava preso e passaria aquela noite na cadeia, e sem ter o que fazer Lucas me
trouxe de volta para casa e voltou para o Haras do Greg, pois não queria deixar a
mãe sozinha.
Na manhã seguinte encontrei com meu pai na mesa tomando café.
— Pai!
— O que foi filha? Que cara é essa?
— A ex mulher do Greg está morta. — falei de supetão.
— O que?! Sandra Mattos?
— Sim, ela mesma.
— Filha! Não me diga que Lucas ...
— Não, pai, Deus me livre de uma coisa dessas, não foi ele.
Meu pai respirou aliviado.
— Ela ia matar a própria filha, Lia, a atual mulher do Greg Mattos. Sandra
estava com uma arma apontada para a moça quando seu Luiz, o pai do Lucas
atirou nela pelas costas para defender a Lia.
— Sério isso?
— Sim.
— Vou ligar para o Hernandez, é o melhor advogado criminal aqui da nossa
região.
— Não vai precisar pai, Hernandez já está no caso, Greg fez isso.
— Bom, então seu sogro está em boas mãos.
— É o que estão dizendo.
— E o Lucas como está?
— Desolado. Ficou lá para dormir com a mãe.
Meu pai estendeu sua mão, tocou na minha e a apertou, dizendo:
— Vai ficar tudo bem meu amor.
Assenti e levei à xícara de café até meus lábios.
Lucas estava sofrendo e tudo que eu mais queria no mundo era poder estar
ao seu lado e poder ajudá-lo.

Capítulo 33
Lucas

Voltei para o Veloz pouco depois das duas da tarde e fui recebido por
Cowboy fazendo a maior festa para mim, quando cheguei em casa. Meu coração
estava em frangalho, ver meu pai sofrendo da forma que estava, fazia com que
eu me sentisse completamente culpado, pois se eu tivesse ficado com a Sandra
na noite em que nos falamos no posto de gasolina, tudo isso teria sido evitado,
mas nem com sua ameaça eu cedi, e agora era meu pai que estava pagando pelos
meus erros. Não tenho que pensar em “se”, mas se eu não tivesse me envolvido
com ela nada disso teria acontecido. Meu pai já estava em casa novamente, iria
responder em liberdade, na verdade, seu corpo estava em casa, mas sua alma só
Deus sabia onde estava, pois o deixei sentado no sofá e ele nem piscava, ele
estava mergulhado em um remorso sem fim por ter matado Sandra, e nem saber
que isso teve uma boa causa estava o tirando daquela situação. O bom de tudo o
que aconteceu foi que Lia não havia perdido o bebê. Abri à porta de casa e como
sempre o cachorro foi o primeiro a entrar, passei pela sala recolhendo roupas que
estavam espalhadas no sofá e as levei ao cesto no banheiro. Fui até à cozinha,
abri a geladeira e peguei um copo de água. Eu estava tão revoltado com toda
àquela situação que passei a chutar uma das cadeiras da mesa, havia uma bola
engasgada em meu pescoço e não tinha como retirá-la senão soltando toda minha
raiva, então gritei:
— Maldita mulher, malditaaaa!
Eu estava uma pilha e quando ia jogar o copo de água na parede, senti as
mãos de Mari me abraçarem na cintura.
— Lucas, não, meu amor por favor não fique assim.
Grudei em suas mãos e as segurei firme, eu precisava do calor daquelas
mãos e sem ter como extrapolar toda minha raiva, eu chorei.
— Isso, chore. — disse-me ela.
— Tudo isso é culpa minha. Porraaaa! Ela alertou que faria algo para se
vingar de mim e eu apenas ignorei. Tudo culpa minha, amor, eu jamais deveria
ter me metido com ela.
— Não se culpe, Lucas. Não faça isso com você.
— Maldita! Destruiu a vida do meu pai, um homem tão bom.
Mari me abraçava forte e senti quando encostou sua cabeça em minha
costa.
— Vai ficar tudo bem, amor, o tempo vai cuidar de tudo, sempre foi assim.
Virei-me de frente e me encostei na mesa de madeira e a puxei para mim
abraçando-a, e o cheiro suave de seus cabelos me remetia a uma paz que Sandra
tinha conseguido roubar.
Suspirei alto e falei:
— Eu te amo tanto Mari, que só de pensar em te perder meu coração aperta.
— E por que pensa em me perder? Isso não vai acontecer, não fique
pensando bobagens.
— Não sei porque, mas sinto que teremos muitos problemas, não esqueça
que tem alguém aqui no Haras que machucou Mel e que quer o seu mal.
— Não me esqueci disso.
— Mari, ninguém tira da minha cabeça que tudo isso é coisa do Deputado e
ele vai fazer de tudo para nos separar.
— Ele não vai conseguir e vai acabar desistindo.
— Assim eu espero.
Mari tinha o poder de me acalmar, sua voz mansa acariciava minha alma
como se tivesse injetado calmante em mim, e assim o meu coração desacelerou,
e senti uma enorme vontade de beijá-la e foi exatamente o que fiz, a puxei pela
nuca para que grudasse ainda mais a meu corpo, eu a encarei e vi em seus lindos
olhos azuis, um brilho único e verdadeiro, Mari estava mesmo ali, e estava de
coração e alma, seus olhos me confessavam isso sem que nenhuma palavra fosse
dita. Encostei meus lábios aos dela e passei a brincar com a maciez daquela boca
perfeita e tentadora. Eu a mordia de levinho e sorria segurando firme nas laterais
de seu rosto.
— Sou completamente louco por essa boca. — falei e dei um selinho.
— Por isso você a morde?
— Mordo de tanto tesão. — sorri e pisquei para ela voltando a beijá-la de
forma intensa, explorando cada centímetro da língua dela com a minha e ao
toque suave tudo em mim fervia.
— Vai com calma aí garanhão. — Mari me afastou com uma das mãos. —
Meu pai pediu para te avisar que quer falar com você lá no escritório.
— E agora é a hora que ele me diz que não me quer mais aqui no Haras?
Mari deu dois tapinhas no meu peito e respondeu:
— Deixa de ser bobo, Lucas. — voltou a me beijar com paixão.
— Bom! Vou lá falar com ele.
— Vamos então. — disse e me puxou pela mão para fora de casa.
O calor que emanava da mão de Mari, era nada mais que um conforto para
mim, era um alento, uma paz que ela me transmitia e que eu não sabia se tinha
prazo de vencimento.
— Por que está com as mãos tão geladas? — Mari indagou-me enquanto
subíamos o morro para ir ao escritório.
Parei e a encarei perguntando:
— Estou?
— Está sim.
— Estou ansioso, nervoso, e ... não é para menos.
— As coisas vão se acertar, parece difícil agora, sei como é se sentir assim,
mas o bom de tudo, é que passa.
— É, eu sei, só queria me deitar e acordar desse pesadelo todo.
Ela sorriu para mim e parecia um anjo e sem dizer mais nada voltou a
caminhar morro acima, com certa dificuldade, mas estava indo bem.
Assim que chegamos na parte alta do Haras, Mari parou na frente do
escritório e se virou em minha direção e deu-me um beijo e ao seu término
mordeu meu lábio inferior e disse:
— Delícia!
— Ah! Porra Mari, não faz isso, vem cá. — puxei pelo braço e quando ia
puxá-la para dar um beijo mais acalorado, à porta do escritório se abriu, e Jorge
disse:
— Ei, Lucas! Preciso falar com você.
— Sim, já estava mesmo indo procurá-lo.
— Ótimo! Entre. — fez sinal com a mão para que eu entrasse, então olhei
mais uma vez para Mari, pisquei para ela e entrei na porta, que em seguida foi
fechada por Jorge.
— Senta aí, Lucas.
Sentei-me e o esperei falar.
— Lucas, eu já fiquei sabendo do acontecido com seu pai e até ofereci ligar
para o Hernandez, mas soube que ele já está no caso.
— Sim, Greg está dando todo suporte a meu pai, e Hernandez até já tirou
meu pai da cadeia.
— O que aconteceu foi muito triste, mas graças a Deus, Lia está bem.
— Essa é a única coisa boa dessa história inteira.
— Te chamei aqui, para te dizer que nada muda entre a gente, eu continuo
te achando a melhor pessoa desse mundo para cuidar da minha Mari e desse
Haras, você caiu do céu, Lucas.
— Eu agradeço muito pela confiança meu sogro e não vou decepcioná-lo e
quanto a Marina, ela foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, vou cuidar
dela o resto da minha vida.
— Você não sabe como me sinto aliviado ao ouvir isso.
Percebi uma certa tensão na voz do Jorge e a forma como suspirou me
deixou alarmado, Mari já estava preocupada com ele, e ali naquele momento,
ouvindo aquelas palavras saírem de forma tão penosa, me senti na liberdade de
questioná-lo:
— Está tudo bem com você, Jorge? Senti uma certa tensão nas suas
palavras.
Ele deixou seus olhos caírem e fitou a mesa, levantou-se sem me encarar e
respondeu parado de frente a um retrato da mãe de Marina:
— Eu vou ficar bem, Lucas.
— Vai ficar? Isso significa que o senhor não está bem?
— Estou doente. — confessou-me. — Mas tem cirurgia, e tudo vai dar
certo.
— Cirurgia!? — levantei-me nervoso e caminhei até próximo a ele.
— Sim! Se eu não morrer antes de um infarto, tem sim.
— Coração?
— Sim, meu coração está doente, Lucas e o médico não me deu muita
certeza que conseguirei resistir a uma cirurgia, mas disse que podemos tentar.
— O que você está me falando? — passei a mão em meus cabelos em
pânico, pois Jorge era tudo para Mari e eu não podia nem imaginar em vê-la
sofrendo.
Ele me encarou e pediu-me:
— Promete que irá cuidar da minha filha, Lucas? Em nome de tudo que é
mais sagrado, eu só confio em você.
Rodei em meus calcanhares sem saber o que dizer, pois era a segunda
facada que eu estava levando no coração em menos de 24 horas.
Suspirei profundo e encarei uma fotografia da Marina, onde ela estava linda
abraçada com a mãe, e ambas estavam lindíssimas.
— Marina não vai aguentar uma notícia dessas. — falei.
— Sei que não, Lucas, por isso preciso te pedir para não dizer nada a ela
por enquanto.
— Como assim? Não podemos esconder algo assim dela.
— Eu sei que não, mas neste momento, com tudo que vem acontecendo,
com os atentados, eu acho que ela não precisa de mais uma tristeza dessa.
— Jorge, vai dar tudo certo cara, você é forte, vai aguentar a cirurgia.
— Talvez eu aguente, mas se não aguentar você precisa me prometer cuidar
de tudo, tomar conta da Mari e do Haras.
Minha cabeça se mexia em negação o tempo todo, era muita coisa para
mim, eu não ia conseguir esconder isso dá Mari.
— Me dá só tempo Lucas, só uns dias até eu criar coragem.
— Precisa contar a ela, você não pode sumir o dia todo e querer que ela não
se preocupe e o que é pior, sair daqui para se internar sem contar a ela.
— Isso não vai acontecer, eu prometo a você.
Assenti e virei em direção à porta, eu queria respirar ar puro, e quando eu ia
saindo ele perguntou:
— Lucas! Não me disse se posso confiar em você.
— Por favor, não se demore a contar a ela ou terei que fazer eu mesmo.
— Obrigado, Lucas.
Saí de dentro do escritório completamente desnorteado, não dava para
acreditar no que Jorge havia me dito, era muito coisa ruim acontecendo em
nossas vidas ao mesmo tempo, era muito temporal para pouco copo. Marina vai
perder o rumo quando souber que corre o risco de perder o pai, e o que é pior,
que eu sabia e não lhe contei nada.
Olhei em direção à varanda e vi que Mari estava na rede, sem perceber que
eu já havia saído do escritório ela se balançava lá toda distraída, e assim desci
rumo aos pastos do Haras, pois de longe avistei Alana sentada em uma das
cercas.
Assim que me aproximei percebi que ela estava chorando, então logo
imaginei que ela deveria saber da doença do Jorge.
— Alana! — ela se apressou e enxugou as lágrimas. — Está tudo bem com
você?
— Sim! Eu estou bem.
— E por que está chorando?
— Não é nada, Lucas, me deixa em paz.
— É sobre o Jorge?
Ela me olhou assustada e perguntou:
— Você também já sabe?
— Sim, eu sei sim, ele acabou de me contar.
— Ele me pediu para não dizer nada para Marina, e, não sei se posso fazer
isso com ela. — disse-me ela.
— Me pediu o mesmo, mas prometi a ele esperar que ele mesmo conte. —
respondi.
— Isso tudo é muito cruel, Lucas, tanto com Jorge, como conosco.
— Não é fácil mesmo, vamos enfrentar uma barra.
— Eu sei que vai dar tudo certo, eu tenho fé.
Assenti e me debrucei sobre à cerca e em silêncio fiquei observando um
animal que corria e relinchava feliz no pasto, a liberdade dele me acalmava,
enquanto que o soluço de Alana me levava de volta a realidade dos últimos
acontecimentos e eu não sabia o que nos esperava à frente, mas confesso que
senti medo. Como encarar Marina se eu estava lhe escondendo algo?
Pouco depois da cinco da tarde, peguei meu violão, subi em uma das cercas
e fui aliviar meu coração, pois quando eu tocava e cantava os problemas ficavam
pequenos.
Capítulo 34

Marina
Eu tinha acabado de sair do banho, estava enxugando meus cabelos com
uma toalha quando escutei o som de alguém tocando violão e a moda era tão
triste que tive quase certeza que se tratava de Lucas, então saí na janela do meu
quarto e o vi próximo da casa dele sentado em uma cerca, tocando. Terminei de
me trocar, enfiando-me em uma saia jeans e uma camiseta branca básica e desci
para ir até ele, eu simplesmente amava ouvi-lo tocar. Ele não me viu chegando
estava distraído demais tocando de cabeça baixa e com um cigarro na boca. Não
acredito que ele voltou a fumar. Pensei.
— Voltou a fumar, né? — questionei tirando-o de sua concentração
pegando seu isqueiro de prata que estava em cima da cerca.
— Ah! Oi amor, é só ansiedade. — respondeu com aquele jeitinho que só
ele sabia ter e que desmontava qualquer exército.
Subi na cerca e sentei-me ao seu lado e disse:
— Existe muitas formas de se acabar com a ansiedade.
Lucas me encarou com o olhar estreitado e indagou:
— A é? Me diga só uma forma. — mordeu o lábio inferior de forma
discreta.
— Fazendo amor em cima de uma cama macia.
— Hum! Entendi, mas precisa necessariamente ser em cima de uma cama?
— Com você não.
— Certo, isso é um convite? Por isso está assim tão cheirosa e com essa
saia micro?
Antes que eu tivesse tempo de respondê-lo, Tonho aproximou-se com um
banco, um violão embaixo do braço e duas latas de cerveja na mão, então disse
ao Lucas:
— É proibido tocar violão fora da velha figueira, aqui todo mundo sabe
disso.
— É mesmo? — Lucas questionou irônico.
— É sim, mas já que você está fugindo das regras, toca aí uma moda que
preste e para de perturbar meus ouvidos com essas músicas depressivas. —
caçoou e entregou uma cerveja a Lucas que abriu e bebeu um gole generoso,
depois se virou para mim e me beijou com aquele gosto de cigarro misturado
com cerveja e sussurrou com seus lábios grudados aos meus:
— Desce da cerca com essa saia. — piscou para mim e disse virando-se
para Tonho.
— Bora lá, Tonhão, puxa a moda aí que te acompanho. — encorajou-o.
Quando ambos estavam tocando aquelas modas mais antigas da face da
terra, o resto do pessoal do Haras foram se juntando ao redor de Lucas e Tonho,
cada qual com seu banquinho e com suas latas de cervejas em caixas de isopor, e
pelo andar das coisas, a roda de viola havia mudado de lugar, e assim desci da
cerca, não porque Lucas pediu, mas porque a saia era deveras muito curta
mesma.
Não demorou muito e Alana também apareceu, e estava com cara de
poucos amores, ela estava visivelmente incomodada com alguma coisa e aquilo
eu já havia percebido desde manhã quando passou por mim e fingiu que não me
viu. Fui até ela e sentei na grama ao lado dela que estava em um banco.
— Que bicho te mordeu, Alana?
Ela suspirou antes de me responder:
— Por que a pergunta?
— Hoje pela manhã evitou falar comigo e agora está aí com essa cara de
quem foi picada por uma cascavel. — ela riu.
— Não é nada, Mari, só estou preocupada com meus tempos nos treinos, o
torneio do Haras Califórnia está chegando e não me sinto preparada.
— Só acho que os problemas da pista deveriam ficar lá dentro, quando sair
de lá deixe as frustrações jogadas na areia ou você não vive.
— É assim que costuma fazer?
— É assim que eu costumava fazer.
— Obrigada pela força amiga. — agradeceu entristecida.
— Olha Alana, eu sei que seus tempos estão ótimos, o treinador está todo
feliz com isso, se não quiser me contar o que está havendo, tudo bem, mas saiba
que pode confiar em mim.
— Eu sei que posso. — disse apenas.
Meu pai se aproximou da roda e senti que Alana ficou inquieta quando ele
chegou, então ela se levantou e foi embora para sua casa, meu pai a acompanhou
com os olhos sem mover nem um pé para ir atrás dela, e assim tive minhas
perguntas respondidas, o problema dela não era com seu tempo nas pistas, mas
sim com meu pai.
Eu o encarei e ele deu de ombros para mim e se sentou no banco que Alana
havia deixado vago. Haviam brigado, isso estava nítido e eu tinha quase certeza
que tinha haver com os sumiços do meu pai durante o dia todo.
— O que está havendo com vocês? — perguntei a ele enquanto que o resto
do pessoal estava distraído.
— Mari, isso é coisa minha e dela, não se preocupe, filha.
Meu pai também se blindou e não me disse nada, algo estava acontecendo
com ele que vinha mexendo com os ânimos de Alana.
O pessoal estava todo animado, e com isso Lucas acabou se soltando,
deixando os problemas que lhe afligiam de escanteio por algumas horas. Eu
ficava observando ele tocar e me sentia hipnotizada com tanta beleza, era rústica,
evidenciada em sua barba baixa e bem aparada, mas também tinha um ar
romântico ressaltado em seus olhos azuis e no tom claro de sua pele e em seus
traços perfeitos, eu era louca por aquele homem que sabia ser rude e carinhoso
ao mesmo tempo, ele era perfeito para mim.
Lucas percebeu minha fascinação e piscou para mim, e quando piscava
daquela forma tudo dentro de mim se contorcia de uma forma surreal e nenhum
problema era bom o bastante para sufocar a química que existia entre nós.
Simplesmente queria que todos ali tomassem chá de sumiço e desaparecessem
de uma vez, para que Lucas fosse só meu.
Ali cantaram, beberam e comeram, então faltando pouco minutos para às
dez da noite todos foram embora, pois teriam um dia inteiro de trabalho no dia
seguinte.
Lucas e eu entramos na casa dele e enquanto ele foi para o banho, fiquei
esperando no sofá brincando com Cowboy, eu jogava uma bolinha e ele a trazia
em minha mão sem que não desse nem tempo de eu piscar.
— Assim não dá para brincar com você, isso é sacanagem sua. — falei com
Cowboy.
Ele latiu para mim querendo que eu jogasse a bolinha novamente, e assim
que joguei ele trouxe a mim novamente.
— Vai passar a noite toda jogando a bolinha para ele? — disse Lucas
parado na porta do quarto enxugando o cabelo e vestido com um jeans, fiquei me
perguntando por que diabos ele vestiu um jeans naquela altura da noite.
— Vai sair? — questionei imaginando que ele fosse para a casa do pai.
— Vamos, eu e você.
— É mesmo? — perguntei debochada.
Ele colocou a toalha em cima de uma cadeira e veio em minha direção,
estendeu sua mão e pegou na minha levantando-me do sofá, então me abraçou
pela cintura, enfiou seus dedos no meio dos meus cabelos e cochichou no meu
ouvido:
— Ainda estou ansioso.
O tom daquela voz fez um frio percorrer meu estômago e invadir meu
ventre, meu coração aumentou o ritmo pois sabia o que viria pela frente.
— Posso ajudá-lo com essa sua ansiedade?
— Você me disse que fazer amor em uma cama macia ajudava passar a
ansiedade.
— Sim, eu disse e já temos a cama. — olhei em direção a porta do quarto
dele.
— Não, vamos dar uma volta por aí, quero matar a ansiedade de outra
forma, sem essa de cama.
Dei de ombros e ele entrou novamente no quarto e saiu de lá vestindo uma
camiseta preta e calçando sua bota. Pegou a chave da caminhonete em cima da
mesa da cozinha, uma garrafa de tequila e veio em minha direção dizendo:
— Vamos?
— Vamos, mas para onde?
— Você vai ver.
— Lucas!!!
— Anda mulher, cada minuto que passa fico mais ansioso, se você demorar
mais vou acender um cigarro.
Sorri e fui saindo da casa com ele me seguindo e colocando Cowboy para
fora.
— Opa!! Já ia me esquecendo de uma coisa, vai indo para caminhonete, me
deu a chave e voltou a entrar na casa.
Não demorou e ele veio com um cobertor nas mãos.
— Começando a ficar preocupada, tequila, cobertor, o que está pretendendo
posso saber? — questionei.
— Vai saber, mas deixa de ser curiosa. — pegou à tequila da minha mão,
abriu a tampa e a bebeu no bico e em seguida me ofereceu.
— Não, obrigada, você sabe que não deveria beber e dirigir, não é?
— Eu sei sim senhorita, só que não vamos pegar à estrada. — respondeu e
deu à partida e foi para norte do Haras, pegou um caminho cujo eu já conhecia
muito bem, uns quatro quilômetros à frente estaríamos no rio e aquele caminho
até o rio tinha sido feito por meu pai há anos atrás para que pudesse ir de veículo
pescar.
— Viu que Alana foi embora assim que meu pai chegou? — indaguei-o.
— Não estava prestando atenção na Alana, mas eles devem ter brigado.
— É, só que me pareceu uma coisa bem séria, pois meu pai nem deu bola
quando ela saiu.
— Eles vão se acertar. — Lucas usou um tom de fim de papo, pelo menos
daquele assunto.
Capítulo 35

Marina
Chegamos na beira do rio e Lucas manobrou a caminhonete para que ela
ficasse com a carroceria virada para as margens do rio, e desceu deixando às
lanternas da caminhonete ligadas. Lucas abaixou a tampa traseira e sentou nela
com a garrafa na mão. Andei alguns passos e fui em direção à beira do rio, que
estava uma calmaria sem igual, apenas o barulho de sapos coaxando quebrava o
silêncio em meio a uma névoa densa que não me permitia ver à água. Enrolei-me
em meus próprios braços e ouvi quando Lucas pulou da porta onde estava
sentado e caminhou até mim, abraçando-me por trás. Senti um arrepio correr por
todo meu corpo quando senti seus dedos tocarem meu pescoço e afastaram meus
cabelos para o lado, então sussurrou em meu ouvido:
— Vem curar minha ansiedade, vem! — o cheiro da tequila estava exalando
pelos poros do Lucas que grudou suas mãos na barra da minha saia e puxou para
cima levando-a para minha cintura. — Se não posso fumar, vou te foder!
— Lucas!!!
Ele riu todo safadinho dizendo:
— Perdão amor, vou te amar, fica melhor?
— Bem melhor. — respondi com as pernas moles, pois Lucas estava com a
mão enfiada dentro de minha calcinha abrindo caminho para minha vagina. —
Ah! — gemi assim que ele me penetrou com os dedos e beijando meu pescoço
ao mesmo tempo.
— Minha ansiedade está ligada no modo hard, me desculpa, mas você me
excita demais quando veste essas saias curtas, meu pau fica latejando.
— Estou sentindo. — sussurrei.
Quando falei, ele me puxou pelo quadril e fez-me encostar ainda mais em
seu pau, que estava explodindo na calça, levei minhas mãos para trás e passei
uma delas por cima da calça dele, que estava com o botão aberto, sentindo sua
ereção vincada e saliente, desci o zíper e senti quando a cabeça saiu para fora da
cueca, e dessa forma passei meus dedos em cima dela e senti um líquido viscoso
que saia dela.
— Porra, Mari, você está tão quente e úmida, quer fazer meu pau furar a
calça?
— Não seja por isso. — falei e então retirei o pau dele de dentro da cueca e
senti em minhas mãos toda a energia daquele homem, meu homem. Senti seu
pau crescer e engrossar na minha mão, o nervo central estava como uma tora
firme e forte, e Lucas tinha um pau grosso que me fazia tremer ao senti-lo nas
mãos, que se mexiam ágeis explorando-o todo.
Ele me devorou em um beijo alcoólico cheio de tesão e intensidade,
segurando firme na minha nuca com seus dedos grudados em meus cabelos.
Sentia todo o calor do seu hálito percorrer meu corpo e contrair minha vagina de
desejo, e ao toque de sua língua abusada explorando a minha, eu sentia-me
molhar mais e mais a cada investida de seus lábios aos meus. O aroma delicioso
e cativante do perfume dele, com notas amadeiradas, acordes verdes e floral,
misturado ao odor etílico da tequila me levava ao deslumbramento, era muito
gostoso àquele homem. Lucas consumia minha alma naquele beijo quente e
úmido e todas as terminações nervosas do meu corpo estavam em fervura e
enlouquecidas para senti-lo invadir-me.
Lucas foi caminhando rumo a caminhonete e me arrastando junto com ele,
então quando se encostou nela segurei firme na camiseta dele e a tirei de seu
corpo e joguei na carroceria, depois voltei para seu beijo que tinha pressa, tinha
gana, e assim mordi seu lábio inferior com força e ouvi em troca um gemido:
— Ohh! Delícia de boca.
Sorrindo feito criança que ganha um doce passei a beijá-lo no pescoço e em
seguida fui descendo e lambendo seu tórax, seu abdômen até chegar no pau dele,
então agachada eu segurei firme em seu pau e senti todo o calor que vinha dele,
toda a tensão de Lucas sendo transformada em tesão e assim passei a chupá-lo e
a medir toda sua extensão com minha língua, lambendo-o e fazendo movimento
de vai e vem com a mão.
— Ohh! Ohhh! — Lucas gemia segurando meus cabelos com mão e me
guiava a chupá-lo.
Contorcia-se todo quando me demorava na cabeça e enfiava minha língua
no orifício em cima dela.
— Porra! Ah! Vem aqui mulher. — puxou-me para cima e foi logo
arrancando minha camiseta do corpo deixando-me apenas de sutiã azul marinho
de renda, então desabotoou e deixou meus seios livres para serem explorados por
suas mãos e sua boca e língua quente. Lucas chupava meus seios e minha pele
sensível sentia o atrito de sua barba aparada roçar nela e eu me arrepiava toda.
Me virou em direção à caminhonete e estendi meus braços segurando-me na
carroceria, e ele se abaixou e tirou a saia do meu corpo e subiu lambendo minhas
nádegas e passou sua língua no centro das minhas costas arrepiando-me toda,
segurou em meu pescoço e virou meu rosto em sua direção e voltou a me beijar
com carinho. Sentir a barba dele em mim me dava mais tesão ainda e enquanto
nos beijávamos, eu a acariciava.
— Adoro sua barba roçando em mim.
— Ela é toda sua. — sussurrou beijando meu ombro e esfregando seu pau
em minha bunda.
Ele segurou seu pau e afastou minhas pernas e murmurou em meu ouvido:
— Não precisamos de cama, quer ver?
— Quero sentir. — respondi
— Sinta! — disse enfiando seu pau grosso com delicadeza em minha
vagina, foi me penetrando com cuidado, com carinho mais de forma alentada, e
aos poucos fui sentindo a invasão do seu pau me preencher e me deixar mole
fazendo-me gemer de luxúria.
— Ahh! Ohh! Lucas.
— Geme, Geme que eu gosto. — começou a se mexer dentro de mim e me
comer ali mesmo, em pé nas margens do rio que cortava o Haras, em meio ao
nevoeiro que nos cobria.
Lucas estocava-me lento e fundo, sentia até suas bolas bater na minha
bunda, ia me torturando em movimentos lentos deliciosos, beijando-me nas
costas e abraçando-me, deixando nossos corpos grudados. Era muita paixão, era
muito desejo exalando no ar frio daquela noite, e assim ele entrava e saia de
dentro mim, mexendo, mexendo, e estocando gostoso e fundo. Eu estava
encharcada, completamente lubrificada e a cada fincada do pau dele em mim,
escutávamos o barulho do excesso de umidade em mim.
— Tão molhada, eu enlouqueço com isso.
— Você faz isso comigo.
Ele mordeu o lóbulo de minha orelha e suspirava alto enquanto metia e
aumentava a velocidade das estocadas e assim foi bombando, bombando,
bombando, metendo e se enfiando forte em mim.
Pof, pof, pof, pof, pof, pof, pof. Metia e segurava firme em meus braços
levando-me direto para suas investidas.
Meteu, meteu, meteu, bombou, bombou e sussurrou de forma sofrida:
— Você me faz perder a razão. — me virou para ele e segurou firme nas
laterais do meu rosto e lambeu meus lábios, depois enfiou sua língua na minha
boca e me beijou febril, estava louco de tanto de tesão, beijava-me e chupava
minha língua de forma enérgica.

Lucas
Eu estava enlouquecido de tesão, estava descontando em Mari todas as
tensões que haviam se acumulado em mim, e não tinha boca mais gostosa e nem
boceta mais molhada e receptiva como a da minha namorada, eu não queria nada
no mundo que não fosse Mari engatada a mim, e gemendo baixinho a cada
estocada minha, fazendo todos meus problemas desaparecerem. Eu estava
levemente embriagado e aquilo me deixava com mais vontade de fodê-la sem
limites, e ali naquela noite estava valendo tudo, eu iria fazer com que Mari nunca
mais se esquecesse das margens daquele rio. Ela me deixava louco com seu
jeitinho de menina onça, toda meiga e serena às vezes e em outras, uma fera
louca para explorar sensações e novos prazeres e era isso que daria a ela.
Segurei firme em sua cintura fina, toda delicada e uma exacerbação de
tesão explodiu dentro de mim, então meti, meti, meti, bombei, bombei, e
encostei meus lábios próximo de seu ouvido e sussurrei esbaforido:
— Adoro te foder assim!
Virei-a para mim, queria muito a boca dela, queria minha língua acariciando
e comendo a dela, então a beijei enlouquecido, de forma enérgica enquanto
segurava firme nas laterais de seu rosto delicado. Encarando em seus olhos azuis
que me penetravam e imploravam por mais, aproveitei que ela estava segurando
com as mãos envolta do meu pescoço e a suspendi segurando-a no ar e a
encaixei em meu pau novamente, penetrando e voltando a estocá-la. A sinergia
de nossos corpos era enlouquecedora, ambos estavam suados e um indo em
direção ao outro em meios a beijos e mordidas nos lábios, o que me deixava
mais motivado. Segurava forte na bunda dela e a trazia direto para meu pau,
usando toda força dos meus braços e pernas, estocando, estocando, estocando e
me enfiando gostoso nela. Eu metia minha vara nela e ambos não conseguíamos
parar de gemer e de respirar afoitos, Mari estava melecada e àquela posição era
perfeita para estimular seu clitóris. Com ela ainda suspensa em meu pau eu a
encostei na caminhonete e continue a bombar, bombar, bombar, beijando-a e
levando nosso amor a um sexo selvagem sem nenhum tipo de limite.
— Oh, oh, oh, ah, não para amor. — disse ela em meio as minhas fincadas
ritmadas. — mais forte, mais forte. — exigia quase sem fôlego.
Mari eu já conhecia e sabia que quando exigia mais força é porque estava
perto de chegar ao seu orgasmo, então usei de toda minha força muscular
segurando firme em sua bunda e passei a desferir estocadas mais lentas, porém
mais forte e fundo, o que fazia Mari me grudar com mais força no pescoço e
gemer na ponta de meu ouvido:
— Ãn, ãn, ãn, ãn — respirava cortado fungando em mim e me mordendo
no ombro, então disse meu nome. — Lucas! — com seu corpo já mole parando
de mexer no meu pau, e assim estoquei forte, uma, duas e na terceira vez Mari
delirou de prazer mole em meus braços, suspirando com a respiração arfante.
— Ooooh! Ooohhhhh! Oooohh! — gozou gemendo alto me deixando ainda
mais excitado, grudada em meus lábios completamente desfalecida de prazer.
Caminhei com ela engatada em meu pau e abri a porta traseira da
caminhonete e a coloquei no banco e entrei logo em seguida deixando à porta
aberta. Eu estava em ponto de bala, com o pau duro, forte e um tesão que parecia
que ia me matar. Joguei meu corpo em cima dela e a beijei com carinho,
enquanto ela enfiou seus dedos no meio dos meus cabelos prendendo-me a seus
lábios. Desci beijando todo seu corpo enchendo-a de carícias, fazendo-a se
contorcer e sussurrar baixinho, então abri suas pernas e fui direto lamber os
lábios de sua vagina inchada, dando beijinhos suaves e lambidas sentindo o
gosto do gozo dela em minha língua, me deixando mais louco ainda por ela,
então, deitei-me em cima dela e a penetrei novamente sentindo em meu pau a
umidade viscosa fazendo-me suspirar de tanto tesão:
— Ahh! — sorri encarando-a com os olhos moles, buscando seus beijos
enquanto voltava a estocá-la lentamente, rebolando e me enfiando fundo em um
movimento de vai e vem delicioso. Que mulher deliciosa.
Beijei seu pescoço e aquele cheiro de champanhe rose, misturado com
pêssego de seu perfume me inebriava, eu era louco pelo cheiro dela.
— Delícia! — sussurrei no ouvido dela e continuei me movendo em um vai
e vem extasiante, bombando e estocando com perícia. Qualquer posição com
Marina era boa, mas estar em cima dela, sentindo as batidas do seu coração
descompassado, o suor de seu corpo e ainda poder olhar em seus olhos e
sussurrar nos seus ouvidos era sem dúvida a forma mais sensual de amá-la. Ergui
sua perna direita e segui estocando-a, subindo, descendo, metendo, me enfiando
inteiro nela, bombando, bombando, bombando e enlouquecendo a cada estocada.
Levantei-me e me sentei no banco, assim Mari veio toda faceira e subiu em mim
encaixando suas coxas em cada lado de minha perna. Ela segurou meu pau com
a mão e o enfiou em sua vagina montando em mim, descendo com cuidado e
engolindo meu pau inteiro. Segurei em seu seio e passei a chupá-lo enquanto
Mari iniciou seu galope sensual, mexendo, rebolando, subindo e quicando em
mim de olhos fechados em meio a uma penetração delirante. Segurei em sua
cintura e eu queria mais, queria mais velocidade, então a incentivei em um
galope mais frenético, mais veloz, e assim Mari galopava feito louca no meu
pau, gemendo a cada lambida minha em seus seios que se esfregavam no meu
rosto.
Minha mente estava extasiada, acompanhando cada sobe e desce de Mari,
que rebolava engolindo-me inteiro de uma forma ágil me beijando enlouquecida,
mordendo-me e chupando-me. Galopou, galopou, galopou, com o suor
escorrendo de seu corpo, e com a respiração ofegante exalando luxúria e prazer.
Eu queria mais, muito mais, queria ela de quatro para mim, queria dominá-
la então a tirei de cima de mim e murmurei:
— Quero montar em você.
Mari me olhou com os olhos flamejando, era fogo puro, era muito desejo,
então sem dizer nada, ela se virou de costas para mim e empinou aquela bunda
gostosa e perfeita colocando os cotovelos no assento. Alisei-a com minhas mãos
e levei novamente minha boca até sua vagina, eu amava o cheiro de sexo, e eu a
lambi, fazendo-a se remexer gostoso enquanto eu segurava e acariciava meu pau,
então não resisti e segurando firme em seu quadril me enfiei nela gemendo
gostoso:
— Oh! Oh! Mari! Mari você me enlouquece, minha oncinha.
Passei a estocá-la por trás, bombando, bombando, bombando firme e forte,
eu já estava louco atrás do ápice do meu prazer, então meti, meti, meti, pof, pof,
pof, pof. Eu segurei em seu braço e a ergui em minha direção, segurei firme em
seu pescoço e continuei desferindo fortes estocadas em Mari que gemia sem
pudor, e a cada gemido sofrido dela mais tesão eu sentia e mais forte metia, e
senti quando a vagina de Mari espremeu meu pau se contraindo toda em um
novo orgasmo, e ao ouvi-la gemendo ohhh! ohhh! ahhh! Mole em minhas mãos,
senti como um vulcão estivesse entrando em erupção dentro de mim, soltei um
gemido gutural, Oooohhh! Oooohhh! Ohh! Minha mente se apagou e foi como
se lavas saíssem do meu pau em forma de jatos, eu estava gozando gostoso
dentro de Mari.
— Ohhhh! Ohhhh! Porra amor, que delícia, que gostosa.
Caí mole em cima do corpo de Mari que despencou para baixo deitando-se
de barriga para baixo no banco, ela estava destruída e eu nem se falava. Ficamos
em silêncio enquanto a busquei para meus lábios e a beijei com carinho, dando
leves selinhos em rosto e pescoço.
— Lucas! Você é um tornado.
— É só não ficar na minha frente.
— Não, eu te caço onde você for, meu garanhão.
Depois que recuperamos nossas energias, Mari se limpou e se vestiu, pois
estava friozinho, também me vesti e saí com a garrafa de tequila e sentei na porta
traseira da caminhonete. Mari também saiu e veio até mim enrolada no cobertor
e se sentou ao meu lado, pegou a garrafa da minha mão e tomou um gole
fazendo a cara feia mais linda do mundo.
— E então, como está sua ansiedade agora? — perguntou-me.
— Eu estava ansioso é? Nem me lembro mais. — respondi e puxei para
meus braços e a beijei.
Ficamos ali na beira do rio até duas horas da manhã e depois a levei para
casa, eu precisava dormir para voltar a rotina do trabalho no dia seguinte.
— Boa noite, meu amor! — falei.
— Boa noite, meu garanhão.
Mari entrou na casa grande e eu fui para minha casa.
Capítulo 36

Lucas
Dormi como alguém que tinha levado uma surra ou que tivesse feito o
primeiro dia de treino pesado em uma academia, eu simplesmente desmaiei de
exaustão, Marina ia acabar comigo. Durante a manhã eu não a vi, pois trabalhei
duro a manhã toda fazendo inspeções no Haras para saber tudo o que estava
faltando e fazendo ligações para os fornecedores do Haras. Às onze da manhã fui
até a casa grande falar com ela.
A porta estava aberta e assim fui entrando e chamei:
— Mari!
— Estou aqui na copa, Lucas.
Fui até ela que já se encontrava sentada à mesa para almoçar, e assim que
me aproximei ela se levantou e veio até mim enlaçando-me no pescoço dando-
me um beijo.
— Já estava morta de saudades, pensando seriamente em ir atrás do meu
namorado para ver se eu conseguia ganhar nem que fosse só um selinho.
— Mari, você vai acabar me matando, sabia? Fui dormir só o pó.
— Quem manda você ser o peão mais gostoso que já conheci no mundo.
— Sou é? E a amazona aqui na minha frente conheceu muitos peões?
— Seu bobo, claro que não, pelo menos não que eu tenha experimentado.
— Muito bom isso.
Estávamos no meio da copa nos beijando quando escutei alguém que entrou
e pigarreou.
— Vocês dois estão na fase bruta do amor, não podem se vê que já estão se
pegando. — disse Jorge me fazendo esquentar de vergonha.
— Ah! Me desculpa, Jorge, eu só estava ... — fiquei sem palavras.
— Peça-me qualquer coisa, Lucas, menos desculpa por amar minha filha.
— Sim, eu a amo demais.
— Eu sei e é por isso que fico tranquilo ao saber que você vai cuidar muito
bem dela no futuro quando eu não estiver mais aqui. — disse ele.
— Pai!!! Pare de dizer bobagens, o senhor ainda é muito novo para pensar
em me deixar, aliás o senhor está proibido de sequer pensar nessas coisas.
— Senta aí, Lucas, almoça conosco. — disse Jorge ignorando o comentário
de Mari e se sentando à mesa.
— Não, Jorge, muito obrigado pelo convite, só passei aqui para avisar Mari
que estou indo almoçar com meus pais, quero saber como está meu pai.
— Ah sim, está bem, mas o convite para um almoço está de pé.
— Só me chamar. — respondi virando-me e puxando Mari pela mão rumo à
porta da saída.
— Eu ia te convidar para ir comigo, mas vejo que cheguei tarde.
— Eu não ia poder ir mesmo, Lucas, hoje à tarde tenho consulta com minha
ginecologista, preciso pegar a receita do meu anticoncepcional.
A palavra anticoncepcional lembrou-me de Sandra e de tudo que eu havia
sofrido por conta dela.
— Quando nos casarmos vou proibi-la de tomar essas porcarias, quero ter
uma penca de filhos com a mulher da minha vida.
— Casar? Filhos?
— É, por que? Não vai querer se casar comigo?
Mari me olhou de forma enigmática e sorriu respondendo no pé do meu
ouvido.
— Claro que vou querer, vou gostar muito mais da parte onde fazemos os
filhos.
— Humm! E eu nem se fala.
— Vamos curtir nosso momento, e futuramente pensamos nisso. —
concluiu ela.
— Está certo, vou indo porque tenho que voltar logo, estou cheio de serviço
aqui.
Dei-lhe um beijo e desci às escadas na varanda e entrei na caminhonete que
estava estacionada na frente da casa.
Cheguei na casa dos meus pais pouco mais de meio dia, e meu pai estava
debruçado na janela, então entrei pela porta da sala e fui até ele.
— Pai!
— Filho, como você está?
— Eu estou bem, na verdade, a pergunta é como o senhor está?
— Ainda estou assustado com tudo que me aconteceu, mas a menina Lia
acabou me fazendo acreditar que fiz a coisa certa ou ela e a bebê teriam morrido.
Eu o toquei nas costas e disse-lhe:
— Isso mesmo, pai, é assim mesmo que o senhor tem que pensar, Lia está
certinha.
— Me perdoe filho.
— Pelo o que, pai?
— Você sabe.
— Não, eu não sei não.
— Por ter tirado a vida da mulher que você amava.
— Pai, o senhor usou a palavra no tempo certo, amava, no passado, e eu
nem a amava mais.
— Filho! — disse minha mãe entrando na sala, pois estava na cozinha. —
Você chegou na hora certa, o almoço já está pronto.
— Estou sentindo o cheiro, mãe.
— Sim, fiz àquele frango com polenta que você ama.
— Humm! A senhora não existe mãe. — a abracei e dei-lhe um beijo no
rosto.
Durante o almoço conversei muito com meu pai e era um alívio saber que
ele estava melhor, que não estava mais em choque.
Depois do almoço fui ver Lia, e a encontrei sentada na varanda lendo um
livro.
— Boa tarde, moça.
— Lucas! — disse empolgada. — sobe aqui.
Subi às escadas e fui até ela e a abracei forte, só Deus sabia como me sentia
vendo-a bem.
— Como está essa linda mamãe?
— Graças ao seu pai estou viva, e não existe nada melhor que estar viva.
Sorri sem dizer nada.
— Senta aí meu amigo.
Sentei-me em uma poltrona e perguntei:
— E o Greg?
— Aqui! — Greg respondeu saindo pela porta.
Levantei-me e estendi minha mão para cumprimentá-lo e Greg me puxou e
deu-me um abraço forte.
— Com você está, Lucas?
— Hoje mais aliviado, em ver que meu pai está melhor.
— Sim, Lia e eu conversamos muito com ele.
— Obrigada, Greg, por toda assistência que tem dado a ele.
— Lucas, não me agradeça cara, você sabe que não fosse ele, eu teria
perdido os amores da minha vida.
— Eu soube que é uma menininha.
— Alicia! — respondeu Lia com um sorriso de orelha a orelha.
— Um belo nome.
— E como anda seu emprego lá no Veloz? Lia me contou que você está de
quatro pela filha do Jorge.
— Me encontrei por lá, Greg, e a Marina é a menina dos meus olhos, não
sei como demorei tanto a encontrá-la.
— Tudo tem seu tempo, Lucas e fico feliz que o seu tenha chegado.
Assenti sem graça, pois eu ainda não me sentia confortável na frente do
Greg, não depois de tudo que fiz a ele.
— Preciso ir agora, foi muito bom falar com vocês, e mais uma vez,
obrigada por tudo que estão fazendo por meus pais.
— Nós que agradecemos, Lucas, e volte mais vezes, traga a Marina, quero
muito conhecê-la. — disse-me Lia.
— Pode deixar, Lia, vou trazê-la sim.
— Eu acompanho você, Lucas. — disse Greg.
Greg caminhou comigo até a caminhonete e no caminho foi dizendo-me:
— Lucas, mais uma vez quero salientar que se algo der errado por lá, sua
casa é aqui, sempre foi e sempre será, você pode voltar quando achar que deve.
Estarei sempre de braços abertos para recebê-lo de volta.
Parei e o encarei, respondendo-o:
— Greg, você é a melhor pessoa, o melhor amigo, e me sinto envergonhado
por tudo que aconteceu, nem consigo te encarar direito.
— Lucas, não vou te livrar da sua culpa, mas o homem é feito de paixões, e
muitas delas são furtivas.
— É, eu te perdoei sim, mas não abuse, não vai acontecer de novo.
— Pode apostar que não.
Greg estendeu seus braços e me deu outro abraço forte, e, me senti de alma
lavada.
Entrei na caminhonete e fui embora, passei em um supermercado e voltei
para casa, voltei para o Haras Veloz e para Marina.

Anônimo.

Celeiro Bar
Era um verdadeiro inferno estar nas mãos do João, eu não sabia nem
quando e como tudo aquilo iria acabar, eu só sabia que aquilo iria acabar em
morte, pois àquele desgraçado não iria parar enquanto Lucas estivesse com
Marina.
Entrei no Celeiro pouco antes da oito da noite, era o horário que havíamos
combinado de nos encontrar, sentei no banco rente ao balcão e fui atendido por
Soraia, uma das muitas garçonetes gatas que tinha lá.
— Olha só quem está aqui. — disse-me ela toda sorridente. — O que faz
aqui no Celeiro no começo da semana, Gatão?
— Cai fora, Soraia. — disse João que chegou por minhas costas e
destratou-a antes mesmo que pudesse respondê-la.
— Você não muda mesmo hein João. Uma vez grosso, sempre grosso. —
disse ela a ele.
João colocou a mão no meio de sua perna e respondeu:
— Grosso é meu pau que você cansou de chupar, mas não esquenta não, te
dou uns trocos para você chupar ele quando eu terminar aqui.
— Vai a merda! — ela respondeu indo buscar minha cerveja.
— Traga duas. — João pediu.
— Não sabia que saía com a Soraia Dr. Deputado. — falei debochado.
— Isso num passado bem remoto, aliás, quem é que nunca saiu com ela?
Quero dizer, você nunca saiu com ela né? — disse caindo na gargalhada.
— Viemos aqui para você tirar uma com a minha cara?
— Não, viemos aqui para acertarmos pessoalmente todos os detalhes de um
novo plano.
— Novo plano? Você só pode estar brincando comigo né?
— Não! Até porque nenhum dos planos antigos me trouxe a Marina de
volta, e eu quero ela longe daquele peão, ou melhor, eu quero àquele peão longe
dela.
Soraia trouxe a cerveja e tomei um gole nervoso, eu não queria nem ouvir o
que aquele desgraçado tinha para me dizer.
— Eles estão bem envolvidos, não consigo imaginar nada que possa separá-
los. — falei.
— Mas eu sei de uma coisa que irá separá-los, Marina nunca irá perdoá-lo.
— E do que se trata?
— A última vez que o vi, ele estava segurando um isqueiro de prata na mão,
ele fuma não fuma?
— Cara, ele fuma raramente, e atualmente está fumando menos ainda, pois
Marina odeia que ele fume.
— Isso não me interessa, na verdade, é o isqueiro que me interessa.
— Se ele não fuma não tem porque ter um isqueiro.
— Vejo que você é mais ignorante do que eu imaginava, quem é que se
desfaz de uma relíquia como um isqueiro de prata?
— Relíquia?
— Sim, consigo identificar um isqueiro de prata há metros, meu avô tinha
um daqueles.
— Bom, como você vai conseguir o isqueiro? — indaguei-o.
— Eu não, você vai.
— Está brincando comigo né, João?
— Você vai dar um jeito de apanhar àquele isqueiro ou ...
— Ou?!
— Ou todos vão saber quem é você.
— Chega, cara! Já cansei das suas ameaças.
Ele riu da minha angústia, retirando o terno do corpo e ficando só de camisa
branca.
— Se vira, eu quero àquele peão longe da minha noiva.
— Ex noiva.
— Marina não sabe, mas me ama, essa paixão idiota dela vai passar, só que
vou dar uma ajudinha para o tempo e antecipar o fim disso logo.
— E o que planeja fazer com o isqueiro? — questionei e tomei mais um
gole da cerveja gelada.
— É simples, você vai pegar o isqueiro e esperar meu sogro encher o
galpão dos fardos de feno, sabemos que ele gasta uma fortuna fazendo o estoque,
e é aí que o Lucas vai entrar.
— O Lucas?
— Sim, o “Lucas” — gesticulou um entre aspas no ar. — Vai colocar fogo
no galpão e deixar cair o isqueiro dentro do galpão.
— Quer incriminar o Lucas de um incêndio? E que motivos Lucas teria,
para fazer tal coisa?
— Jorge está doente, pode sofrer um infarto a qualquer momento se não
fizer logo uma cirurgia no coração.
— O que? — fiquei chocado com a informação. — Como sabe disso?
— Esqueceu que meu pai é cardiologista? Por sinal o cardiologista do
Jorge.
— Cara, você não fez o que estou pensando?
Me levantei inquieto da cadeira.
— Senta aí, não terminei de falar.
— Estou te ouvindo.
— Então como eu estava dizendo, Lucas ficou sabendo disso, e como é um
homem muito ambicioso, resolveu encurtar a vida do sogro para poder se casar
com Mari e ser o dono de tudo.
Gargalhei alto.
— Quem é que irá acreditar nisso? Não, com Lucas, ninguém vai acreditar
nisso.
— Como é que ele vai provar que não foi ele se o isqueiro dele será
encontrado lá no meio das cinzas.
— Você é louco, não vou fazer isso com o Jorge, se ele morrer eu vou ser o
culpado.
— O Jorge já viveu bastante, se vira e roube àquele isqueiro, do mais ele
não vai morrer porra nenhuma. Vou te pagar por isso, uma quantia suficiente
para você comprar seu próprio Haras com um plantel e tudo. Escuta, aconteça o
que acontecer, se Mari voltar ou não para mim depois disso, vou te deixar em
paz, lhe dou minha palavra.
Eu nada respondi, abri minha carteira e tirei de lá o dinheiro de minha
cerveja e coloquei em cima do balcão e sai do celeiro com um nó apertando
minha garganta, eu não ia fazer parte daquilo, nem que minha vida fosse exposta
pelos quatro cantos do mundo. Eu aceitava tudo, menos ser o culpado pela morte
do meu patrão.

Capítulo 37

Anônimo
Um Haras e um plantel só meu. Esse era o pensamento que vinha povoando
minha mente há dez dias, e por mais que eu trabalhasse até os 100 anos eu
jamais iria conseguir nada disso. Levantei da cama no alojamento do Haras e ao
lavar o rosto no banheiro fiquei me encarando nele e as olheiras já estavam
visíveis, pois eu passava noites e noites pensando se deveria sacrificar a imagem
de durão que construí durante toda a vida ou se jogaria toda a sujeira do João no
ventilador correndo o risco de não apenas ter minha vida particular exposta, mas
também a autoria dos atentados contra Marina. Depois de muito pensar a decisão
estava tomada.
No Haras a movimentação era enorme logo com os primeiros raios de sol,
os caminhões com a entrega do feno já estavam estacionados próximos ao
celeiro. Jorge não tinha espaço para produzir seu próprio feno, então comprava
toneladas para abastecer o Haras. Todos os peões já estavam lá em volta dos
caminhões e assim que cheguei por lá, vi que Lucas já estava todo animado na
porta do galpão conversando com um dos motoristas dos caminhões. O dia seria
longo e cansativo, mesmo com a ajuda da empilhadeira, mão de obra era
importante. O dia passou voando e próximo das três da tarde a peonada estava
descansando e tomando café, e assim me aproximei de Lucas que estava sentado
sobre um fardo de feno e puxei conversa:
— Nossa, estou exausto cara. — falei alongando as costas.
— Você não tem obrigação de ajudar aqui com esse serviço, sabe disso. —
respondeu-me Lucas.
— Exatamente, mas faço isso sempre que chega o carregamento de feno,
isso aqui acaba virando uma festa. — respondi colocando um cigarro na boca e
apalpando em meus bolsos a procura de um isqueiro, e propositalmente não
encontrei.
— Tem isqueiro aí, Lucas?
Lucas levou as mãos no bolso de seu jeans rasgado e respondeu-me:
— Cara! Estou parando de fumar, acho que deixei meu isqueiro em cima da
mesa da cozinha lá em casa.
Aquilo tinha saído melhor que o planejado e assim respondi:
— Esta é uma coisa que não me passa pela cabeça.
— Não passa pela sua cabeça até você encontrar uma mulher como a
Marina, e te faça parar de fumar. — respondeu Tonho que chegou logo atrás de
mim dando-me o isqueiro dele.
— Valeu cara. — respondi acendendo meu cigarro. — É. O amor faz coisas
inexplicáveis.
Lucas respondeu:
— Cá entre nós, que para mim isso nem é tão difícil assim, eu fumava só
nas baladas, quando bebia e quando estava nervoso.
— Assim fica fácil mesmo, não era um fumante compulsivo. — falei
virando às costas e afastando-me deles.
Eu tinha que dar um jeito de sair dali de fina e ir até a casa do Lucas e
tentar apanhar o isqueiro dele, mas isso tinha que ser feito logo, antes que o dia
terminasse e ele voltasse para lá, então fui me misturando no meio da peonada e
com a desculpa de ir ao banheiro no alojamento consegui sair do meio deles.
Assim que cheguei na varanda da casa dele, o cachorro rosnou para mim.
— Ei, Cowboy, sou eu, fica quietinho aí garoto. — cocei a cabeça dele e
entrei rapidamente na casa, pois, a porta estava destrancada e assim fui direto
para à cozinha onde Lucas disse que estava o isqueiro, e de fato estava lá
mesmo, então apanhei rapidamente e sai para fora com urgência e fui rumo ao
alojamento que ficava pouco acima da casa do Lucas.
Cheguei no alojamento e entrei no banheiro, meu coração batia acelerado e
minha respiração estava ofegante, então eu precisava me recuperar daquela
adrenalina toda antes que alguém entrasse no alojamento e me visse naquela
situação.
Encostei-me na pia e do meu bolso retirei o isqueiro do Lucas, que por sinal
era belíssimo, um zippo original, e nele tinha as iniciais do Lucas gravadas. L. A
de Lucas Antonucci, era perfeito para o plano do João, pois não teria como
Lucas dizer que tentaram incriminá-lo, pois a prova estava bem ali nas inicias
dele.
Não consegui controlar o riso no meu rosto, um misto de euforia e medo,
então tirei um cigarro do bolso coloquei em meus lábios e o acendi com àquele
isqueiro belíssimo.
Escondi o isqueiro em uma das minhas gavetas e voltei para o trabalho, que
foi até às cinco e quarenta da tarde.

Lucas
Estava em estado de exaustão plena, tudo que se passava na minha cabeça
era ficar deitado na minha cama e acordar só na manhã seguinte, mas isso teria
mesmo que ficar para mais tarde, pois Jorge convidou-me para o jantar e fiquei
sem graça de rejeitar, e nem poderia mesmo, pois depois de um dia inteiro de
trabalho com o feno eu estava moído e faminto, e com tanta canseira duvido
muito que eu fosse perder tempo preparando algo para comer. Levantei da cama
onde eu havia me jogado assim que cheguei em casa depois do trabalho e fui
tomar um banho quente. A água caia revigorante sobre minhas costas enquanto
meus olhos se fechavam sem permissão.
Saí do banho e no quarto eu só conseguia enxergar minha cama, que me
chamava tentadora, mas novamente Jorge veio à mente quando disse “Não se
atrase.”
Me troquei e fui até a casa de Marina que me recebeu na porta dizendo
quando me abraçou:
— Esse seu cheiro, me deixa queimando.
Sorri e disse-lhe:
— Pois hoje a senhorita vai virar cinzas; estou exausto amor.
Ela me beijou e em seguida me puxou para a copa onde Jorge já nos
esperava sentado saboreando um vinho.
O jantar estava delicioso, para ajudar tomei umas taças de vinho
acompanhando meu sogro e fiquei mais mole ainda. Jorge estava sério na mesa,
então se levantou e disse a Mari:
— Filha, tem uns papéis em cima da sua cama que quero que você leia.
Jorge olhou para mim e balançou a cabeça em positivo, como se tivesse me
dando permissão para contar tudo para Mari e saiu da casa, em seguida
escutamos o barulho da Picape dele saindo.
Mari me encarou assustada e questionou:
— Você sabe de alguma coisa, amor? Sabe do que se trata esses papéis?
Engoli em seco e respondi:
— Sim, ele mostrou a mim há alguns dias atrás, só que me implorou para
não contar para você porque disse-me que queria ele mesmo te contar e pelo
visto não teve coragem.
Mari se levantou da mesa e foi para à sala de visita caminhando lentamente
como quem estava sem coragem de me perguntar do que se tratava. Levantei-me
também e fui até ela que se sentou no sofá e uniu as mãos e passou as esfregá-las
nervosa. Marina não era boba, no fundo ela já desconfiava de alguma coisa.
— Ele está doente, não está Lucas?
Sentei-me ao lado dela no sofá, seria um momento difícil, mas Mari
precisava passar por ele, então eu a abracei e respondi:
— Sim, está, mas vai dar tudo certo meu amor, ele vai precisar fazer uma
cirurgia e vai voltar ao normal.
Ela se levantou num súbito, questionando:
— Cirurgia!?
— Sim, cardíaca.
— Ah meu Deus! — tapou a boca com as mãos já com os olhos cheios de
lágrimas.
— Por que ele não me contou? Por que não contou a mim, Lucas? É tão
grave assim?
Assenti apenas e levantei-me e a abracei com força.
Mari chorou em meus braços até soluçar, e depois saiu dos meus braços e
subiu as escadas da casa correndo. Eu sabia que ela iria até seu quarto ver os tais
papéis, então fiquei embaixo sentado no sofá esperando-a voltar, mas como se
demorou resolvi tomar a liberdade de subir e ir até o quarto dela, que era o
último em um grande corredor que estava forrado com uma enorme passadeira
na cor de terra, daquele tipo persa, sei disso, pois Sandra adorava esse tipo de
tapete.
Quando entrei no quarto, a cena que se desenhou em meus olhos era de
cortar qualquer coração, Mari estava sentada na cama com os joelhos dobrados e
apertando forte os exames do Jorge entre o peito e chorando vertiginosamente.
Suspirei alto parando ao lado da cama, e ela disse aos prantos:
— Ele vai morrer, Lucas.
— Não! Não vai não meu amor, milhares de pessoas fazem essa cirurgia
por dia, e depois levam suas vidas normal. Hoje em dia a medicina está
avançada, não há o que temer.
— Primeiro foi ela e agora meu pai.
— Com seu pai é diferente, amor, ele terá mais chance que teve sua mãe
com uma doença tão ingrata como foi a dela.
— Espero que você tenha razão.
— Não sofra por antecipação, vai ficar tudo bem. — tirei os exames da mão
dela e me sentei ao lado dela na cama.
Mari tinha um quarto que era a cara dela, era tudo muito bonito e acolhedor,
aconchegante acho que é a palavra. A cama era branca coberta com um tipo de
manta cheia de babados e bem fofa. Tinha um aparador em frente a uma parede
de madeira rústica com muitos quadros na parede. Ao lado da cama tinha um
manequim onde ele colocava seu chapéu e tinha até um violão no quarto, ao lado
do criado mudo branco onde tinha uma luminária em forma de globo.
— Não sabia que você tocava violão. — falei depois que ela se acalmou
nos meus braços depois de tanto chorar.
— Não toco, era da minha mãe, ela tocava muito bem.
— Entendi.
— Meu pai fugiu de mim, deixou a bomba nas suas mãos e saiu correndo,
como pode isso?
— Ele não sabia como encarar você, sabia o quanto você iria sofrer e ele
não ia aguentar isso. — virei o rosto dela e a fiz encarar-me. — Mari, não é hora
para cobranças, entendi? Não é hora para você gritar com ele, é hora de você ser
forte e passar segurança para ele. Seja a mulher madura que você é hoje, e não a
menina que decorou esse quarto.
— Eu não sei se consigo ser forte o bastante.
— Claro que consegue, cadê aquela mulher que me recebeu aqui no meu
primeiro dia? Àquela toda marrenta com ar de superioridade que nem um
furacão é capaz de derrubar.
— Aquilo era só uma casca, Lucas, que você arrancou.
— Não é hora de fazer cobranças, tipo, por que não me contou. Agora é a
hora de você colocar ele para cima, mesmo que tenha que vestir uma casca
novamente.
— Vou tentar, eu juro que vou.
— Isso, faz isso.
Contornei os olhos dela com os dedos, secando as gotas de lágrimas que
ainda estavam por lá. Mari tinha os traços delicados, que se afrontavam com a
mulher forte que ela era, mesmo tendo esmorecido perante a revelação da
doença do pai.
— Obrigada por você existir, Lucas, e por ser meu.
Sorri e a segurei no pescoço e a trouxe para mim, para meus lábios.
Jorge não aparecia, e assim Mari pegou no sono nos meus braços, e já era
onze horas quando finalmente consegui me deitar em minha cama, na minha
casa. Eu estava destruído, física e emocionalmente falando.
Capítulo 38

Lucas
Eu dormia feito uma pedra quando escutei fortes batidas na minha porta e
alguém gritando:
— Lucas, socorro, Lucas!
Não era sonho, alguém estava pedindo socorro na minha porta, e tinha um
cheiro forte de fumaça no ar, literalmente falando, então levantei da cama com
urgência e fui até à porta saber o que era. Quando abri, Jorge estava todo
esbaforido passando muito mal.
— Lucas! — respirou fundo. — o celeiro está pegando fogo, preciso que
me leve até o hospital, estou passando mal.
Era muita informação para quem havia acabado de ser acordado de um sono
pesado, mesmo assim olhei para o lado do celeiro e havia mesmo muita fumaça
saindo de lá, então falei:
— Vou pegar a chave da caminhonete, aguenta aí Jorge.
Entrei com urgência, calcei um par de chinelos, vesti uma camiseta e sai
correndo só de short mesmo, pois não tinha tempo para ficar me trocando.
Peguei as chaves em cima da mesa e sai na porta onde Jorge estava me
esperando.
Segurei-o em meus braços e o ajudei a caminhar até à caminhonete, abri à
porta e o ajudei a subir.
Ele estava respirando com dificuldade, então liguei o motor e dei a partida.
Parei na porta da casa grande e passei a apertar a buzina sem parar, até que Mari
saiu na janela de seu quarto perguntando:
— Você enlouqueceu, Lucas?
— Mari, o celeiro está pegando fogo e seu pai está passando mal, estou
indo levar ele na emergência, se troca e vai até lá.
— Lucas, Lucas! — Tonho chegou correndo sem camisa, estava
desesperado.
— Tonho, chame o resto dos peões e tente apagar o fogo. Chame os
bombeiros também, estou indo levar o Jorge ao hospital.
— Pode deixar comigo. — Tonho respondeu e saiu em disparada rumo ao
alojamento.
Entrei na caminhonete e dirigi a mil por horas com Jorge passando mal do
meu lado.
— Aguenta aí meu sogro, vai ficar tudo bem.
Chegamos no hospital em Mairiporã, e quando viram que Jorge estava
muito mal, eles o levaram com urgência para dentro de uma sala e não demorou
nada começaram os primeiros socorros e me pediram para sair.
Eu estava no corredor, quando Marina chegou desesperada perguntando-
me:
— Lucas o que houve? Cadê meu pai?
— Calma amor, ele foi levado para uma sala e o médico está com ele.
— Meu Deus! Preciso de notícias dele.
Uma enfermeira saiu de dentro da sala onde Jorge estava, então Mari a
abordou:
— Enfermeira, como ele está? Como está meu pai?
— Calma, ele está fazendo um eletrocardiograma nesse minuto, e assim que
o médico terminar de examiná-lo ele vem falar com vocês.
— Mas você não pode me adiantar nada?
— Bom! Ele chegou com a pressão arterial e os batimentos cardíacos muito
altos, oxigenação também está muito baixa, de início é o que posso te falar.
— Ele teve um infarto? — Mari insistiu.
— Isso só o Dr. vai poder te falar assim que terminar o eletro.
— Está bem, obrigada.
Mari não parava de andar de um lado a outro, e alguns minutos mais tarde,
Alana também apareceu lá e passaram as duas a caminhar de um lado a outro,
até que o médico abriu à porta e veio até nós.
— Dr Evandro como ele está? — Mari perguntou logo de cara, pois parecia
conhecer bem o médico.
— Boa noite! Fica tranquila, Marina, o Jorge é um homem forte, hoje foi só
a pressão que subiu demais, graças a Deus não houve nenhum princípio e nem
infarto do miocárdio, foi mesmo só um mal súbito causado por algum estresse.
Vou manter ele internado esse fim de noite, para que possamos controlar a
pressão e amanhã cedo ele volta para casa.
Mari suspirou alto, estava aliviada, e Alana disse:
— Graças a Deus!
— Ele me disse que é cardíaco, então eu sugiro que ele procure o médico
dele. — disse o médico. — Vou fazer o pedido de internação dele, com licença.
— Obrigada Dr.
Quando o médico se afastou, Mari perguntou:
— Será que devemos levá-lo para São Paulo?
— O médico disse que está tudo bem com ele, foi só a pressão que subiu
demais, então não vejo necessidade de tirarmos ele daqui. — respondi.
— É, você tem razão, meu amor.
— Vocês me dão licença, vou ligar para o Tonho e ter notícias. — falei.
Caminhei no corredor rumo à porta de saída e liguei para o Tonho que
simplesmente não atendia, então voltei para dentro e falei com Marina:
— Mari, estou preocupado com o fogo lá no Haras e o Tonho não atendeu
minha ligação, será que tem algum problema se eu voltar para lá?
— Não! Pode ir sim, eu fico com meu pai, aliás, vou passar o resto da noite
aqui com ele, e amanhã quando o médico der alta a ele, voltamos para casa.
— Tudo bem meu amor, vou indo porque estou morto de preocupação com
o Haras.
Dei-lhe um beijo e virei as costas apressado.
— Lucas! — Mari chamou-me. — Mantenha-me informada.
Assenti e saí pela porta.
Dirigi pela estrada de terra quase voando, em minha mente eu estava
rezando para que o incêndio não tivesse sido de grandes proporções, mas assim
que coloquei meus pés para fora da caminhonete há 200 metros do celeiro, eu é
que quase tive um infarto, meu coração passou a pular, eu não conseguia
acreditar no que meus olhos estavam vendo. O galpão com todo o feno que
empilhamos dentro dele tinha praticamente desaparecido. Caminhei aterrado até
próximo de onde os peões assistiam paralisados aos bombeiros terminarem de
esfriar a área, tinha sido tudo muito rápido demais.
Tonho me olhou com o olhar perdido, completamente perturbado e então
disse-me:
— Não demos conta, Lucas, foi tudo muito rápido, o feno muito seco ...
Tentamos ... — continuou balançando a cabeça em negativo sem dizer mais
nada.
Fiquei paralisado com as duas mãos na nuca, ouvindo o fogo crepitar, e
aquilo era simplesmente inacreditável. Era simplesmente inexplicável aquele
fogo, de onde começou? Por que? Minha cabeça começou a se encher de
perguntas e com as pernas bambas sentei na grama com os joelhos dobrados e os
cotovelos em cima deles. Eu estava simplesmente estático, sem nenhuma reação,
apenas o calor do lugar me fazia sentir que eu não estava sonhando, aquilo era
mesmo verdade.
Heitor, o treinador do Haras se aproximou de mim e disse:
— Cara! Eu nem quero estar aqui quando o Jorge vir esse estrago todo.
Tonho me disse que ele foi para o hospital passando mal, como ele está, Lucas?
— A pressão dele subiu muito, mas já estava sendo medicado quando saí de
lá. Vai ficar tudo bem com ele, amanhã ele sai de lá.
— Eu sinto muito, sinto muito mesmo, é uma fatalidade terrível isso.
— É ... É sim.
— O bom é que ninguém se feriu, e o Jorge tem muita grana. — falou
Heitor.
— Jorge perdeu muito dinheiro hoje aqui, foi um grande prejuízo para o
Haras. — respondi-o.
— Como costumam dizer: Vão se os anéis, ficam-se os dedos. — Heitor era
de uma frieza que me incomodava.
Havia uma viatura policial no local, e um dos policiais veio até mim.
— Disseram que o senhor é o responsável pelo Haras na ausência do dono.
— disse-me ele.
— Sim, sou eu mesmo. — respondi levantando-me do chão.
— O senhor vai querer registrar um boletim de ocorrência do incêndio?
Pode ter sido criminoso?
— Sim, pode ter sido criminoso sim, e o senhor pode fazer o boletim de
ocorrência.
— Nome do senhor? — perguntou-me ele,
— Lucas, sou o administrador do Haras.
— Senhor, Lucas, vou abrir o boletim de ocorrência e acionar a perícia, e
pelo horário provavelmente só amanhã pela manhã.
— Tudo bem.
Respondi todas as perguntas que me fizeram, enquanto preenchia uma ficha
enorme, pois se o incêndio foi criminoso como aconteceu com Mel e com
Tenente, estava mais que na hora de pegarmos os verdadeiros culpados, e talvez
em meio ao que sobrou do celeiro aparecesse alguma prova.
O corpo de bombeiros foi embora juntamente com os policiais e nos
orientaram a não mexer nos escombros antes de ser periciado.
Tonho estava desolado, todos estávamos, e assim um a um foi sumindo na
escuridão gelada do Haras voltando para o alojamento.
Fiquei parado observando todo o cenário que formou no Haras, e em meio a
todo o silêncio agourento que se instalou ali, depois que todos se foram, ainda
dava para escutar os estalos de algumas madeiras. Era muito triste, era um
cenário que iria sem dúvida abalar Jorge e Marina assim que voltassem pela
manhã.
— Lucas, não há mais o que fazer aqui meu amigo, por hora vamos
descansar porque assim que amanhecer teremos que estar aqui quando a perícia
chegar. — disse-me Tonho com a mão em meu ombro.
Assenti sem responder nada e me virei para ir para casa.
Tonho também foi para à casa onde morava com a família dele.
Assim que entrei em casa peguei o celular em meu bolso, e ao conferi-lo,
havia duas ligações de Marina e uma mensagem que dizia:
Oi meu amor, aqui com meu pai está tudo normalizado, mas tiveram que
dar um calmante a ele que queria ir embora para casa de qualquer forma.
Assim que ler essa mensagem, por favor me mande notícias do que está
acontecendo aí.
Sentei na ponta da cama e a respondi imediatamente, mesmo passando das
duas da manhã:

Mari, as notícias não são as melhores, do celeiro só sobrou as cinzas no


chão, e pela manhã a perícia vem para investigar se o incêndio foi criminoso
ou não.
Mari respondeu logo em seguida:

Criminoso? O incêndio pode ter sido criminoso? Lucas não me diga uma
coisa dessas.

Respondi:
Sim, claro que pode, assim como aconteceu com Mel e Tornado, e tem
alguém dentro do Haras que precisa ser desmascarado o mais rápido possível.

Lucas, você conseguiu me deixar assustada agora, e se tem mesmo


alguém querendo nosso mal, temos que tomar muito cuidado meu amor. Por
hora vou tentar dormir um pouco. Beijos amo você. — finalizou ela.

Beijos, também te amo. — respondi logo em seguida.

Entrei no banheiro e fui me lavar para tirar o cheiro de fumaça do meu


corpo, mas depois que saí e me troquei, descobri que aquele cheiro estava
impregnado na casa, e quando deitei na cama a fronha do meu travesseiro estava
fedendo a fumaça, e assim tive que trocar todo o jogo de lençol antes de me
deitar. Com a cabeça no travesseiro eu não conseguia dormir, minha mente refez
todo o dia anterior à procura de algo que me levasse ao criminoso. Não tinha
explicação o feno pegar fogo daquela forma tão rápida e devastadora, em anos
de armazenamento do feno aqui no Haras aquilo nunca tinha acontecido, porque
diabo justo agora na minha administração isso teve que acontecer? Mil e uma
perguntas iam se formando sem respostas na minha cabeça, e juntando com os
atentados contra Mari, tudo aquilo tinha começado a me dar medo.
O dia amanheceu com cara de velório, pouco antes das sete da manhã eu já
estava parado em frente ao que sobrou do galpão de feno. A fumaça que ainda
saía do meio do que restou das madeiras, se misturava a uma leve cerração na
Serra que não deixava o Sol aparecer, e assim o cenário era ainda mais fúnebre.
Tonho apareceu do meu lado dizendo:
— Bom dia, Lucas.
— Bom dia.
— Pelo menos ninguém morreu aqui meu amigo, bora trabalhar, tem um
plantel inteiro de cavalos esperando para começar o dia.
Suspirei, assenti e desci com ele rumo às baias.
Vesti um par de luvas para ajudar com o manejo dos animais, pois eu ainda
não sabia ser só o administrador do Haras, eu tinha que estar envolvido com tudo
pessoalmente, eu tinha que estar sempre pegando no pesado, senão eu ia acabar
perdendo minha essência e se tinha uma coisa que eu jamais iria perder era
minha simplicidade, era o sangue peão que corria nas minhas veias. Nada no
mundo ia tirar isso de mim.
Capítulo 39

Lucas
Nove da manhã foi o horário que a perícia chegou no Haras, eram dois
homens que se apresentaram a mim e a Tonho como sendo Renato e Almir.
Ambos se enfiaram no meio do que sobrou do celeiro e passaram horas lá.
Marina encostou a caminhonete ao lado do carro dos peritos e Jorge desceu
indo direto ao local do incêndio. Caminhei até eles e ao me aproximar falei:
— Eu sinto muito, Jorge.
— Está tudo bem, Lucas, agora é hora só de contabilizar o prejuízo e
começar do zero, vamos reerguer o celeiro e comprar mais feno e tocar à vida. A
propósito, faça uma compra pequena de alguns fardos de feno para o consumo
imediato dos animais.
— Já fiz isso. — respondi-o.
— Por isso você é meu administrador. — ele bateu em meus ombros.
— Como está se sentindo essa manhã? — indaguei
— Estou bem, dessa vez foi só um susto.
— Precisa procurar seu cardiologista.
— Sim, Mari já agendou uma consulta.
Jorge me surpreendeu com tamanha frieza ao lidar com os fatos e no fundo
fiquei feliz por ele não ter se desesperado. Ele saiu de perto de mim e foi falar
com os peritos.
Mari me abraçou pela cintura e falou-me insegura:
— Teremos que tomar cuidado, amor, quem está fazendo tudo isso não
parece estar brincando.
— Não, e eu já sabia disso desde o episódio em Barretos.
— Estou exausta, não consegui pregar os olhos nem um minuto se quer.
— Eu imaginei mesmo que você não iria conseguir dormir de preocupação.
— Sim, tive medo de que ele voltasse a passar mal.
— Vai descansar então, amor.
— Vou. — respondeu e me deu um selinho e virou as costas, e quando Mari
deu alguns passos afastando-se, Jorge chamou os peões para se aproximarem, e
assim todos nós, inclusive Marina, fomos ver o que tinha acontecido, então um
dos peritos perguntou:
— Alguém aqui sabe a quem pertence esse isqueiro?
Levantou o objeto prateado no alto para que todos pudéssemos ver bem.
— Contém as iniciais L A gravadas nele. — o homem informou.
Meu coração foi parar na boca, mas agi com naturalidade, pois nem me
passou nada pela cabeça.
— É, meu senhor, este isqueiro é meu. — respondi aproximando-me dele.
— E o senhor pode me dizer o significado das siglas.
— Sim, são as inicias do meu nome, Lucas Antonucci.
— E o que esse isqueiro estava fazendo no meio das cinzas do que restou
do celeiro?
Engoli em seco e respondi sem titubear:
— Não faço a mínima ideia.
Jorge interveio dizendo:
— Lucas passou o dia de ontem inteiro dentro desse celeiro, senhor Almir,
e ele fuma, com certeza o isqueiro caiu do bolso dele, pois estava trabalhando
duro carregando fardos de feno.
— Entendi, então o senhor descarta a possibilidade do seu administrador ter
ateado fogo ao celeiro?
— Sim, claro que sim, completamente descartada essa hipótese. — Jorge
respondeu com ardor.
Olhei para Marina e ela estava com os olhos arregalados, estava assustada.
O perito voltou a falar:
— Entendo a sua veemência em defender seu administrador, mas o senhor
acha que o produto inflamável que foi espalhado por todo o celeiro, também
pode ter caído dos bolsos dele?
— O que é isso? — perguntei exasperado. — O senhor está me acusando de
ter colocado fogo aqui?
— Quem fez isso, senhor Lucas, usou algum tipo de produto inflamável, e
provavelmente usou esse isqueiro para acender e pode ter se assustado quando o
fogo deu início imediatamente e deixou o isqueiro cair.
— Já disse que o Lucas trabalhou o dia todo aqui. — ressaltou Jorge.
Então Heitor saiu do meio dos peões e fez uma observação impertinente:
— Lucas não estava com o isqueiro ontem enquanto trabalhava no celeiro,
Tonho é testemunha disso, pois pedi a Lucas o isqueiro emprestado e ele me
disse que havia deixado em casa pois estava parando de fumar.
Meu sangue ferveu em meu corpo, pois senti a malícia nas palavras do
Heitor, que usou um tom de voz como se estivesse me acusando de ter feito
aquilo.
— E quem é Tonho? — perguntou o perito.
Tonho levantou as mãos e respondeu:
— Sou eu.
— O senhor confirma que o administrador não estava com o isqueiro ontem
enquanto trabalhava aqui?
Tonho olhou para mim com sentimento expresso em seus olhos e respondeu
à pergunta:
— Pelo menos quando Heitor pediu o isqueiro emprestado para fumar,
Lucas não estava com o isqueiro, mas nada impede ele de ter ido em casa buscar
o isqueiro e tê-lo perdido aqui.
O perito colocou o isqueiro dentro de um saco plástico e disse-nos:
— O isqueiro será periciado, e iremos descobrir se alguém além do senhor
Lucas fez uso dele, se assim for.
O homem se aproximou de mim e falou em um tom mais baixo para que eu
e quem estava muito perto ouvisse:
— Não saia da cidade, Lucas, até que as investigações sejam concluídas.
Assenti, ponderei, e em seguida respondi dizendo:
— Não tenho nenhuma intenção de sair.
— Ótimo. — disse e entrou em seu carro e assim seu companheiro também
entrou no carro.
Quando o carro deles se afastou o bastante, fui até Heitor e o peitei
questionando:
— O que pretendia? Está achando que eu coloquei fogo no celeiro?
No mesmo minuto Tonho veio e me afastou do treinador.
— Não te acusei, Lucas, só achei muito estranho seu isqueiro ter aparecido
na cena do crime se durante à tarde você não estava com ele, o que significa que
voltou aqui com o isqueiro mais tarde.
Meu sangue ferveu nas veias e uma adrenalina percorreu todas as
terminações nervosas do meu corpo em milésimos de segundos deixando-me
irado, e Tonho tentou me segurar mais não conseguiu, e sem pensar duas vezes
fui para cima do Heitor e acertei um soco em sua boca, o que o fez cair de costas
no chão, tamanha foi a força que usei.
— Seu canalha! Está me acusando de uma coisa que não fiz. — ralhei.
Heitor se levantou e de sua boca estava saindo muito sangue, e mesmo
assim voltou a falar:
— Você é esperto, Lucas, chegou aqui e foi logo dando em cima da filha do
patrão. Não teve êxitos com a esposa do Greg Mattos, então partiu para cima da
Marina. Jeito fácil de subir na vida não é mesmo? E sabendo que o patrão está
doente você deu um jeito de adiantar as coisas para se casar com ela e ser o dono
de tudo aqui.
Quando ele terminou de falar, uma explosão dentro de mim teria dado uma
surra nele, caso eu não tivesse sido contido por várias mãos que me seguravam
firme enquanto me debatia tentando me soltar para ir dar uma lição naquele
sujeito. E em meio ao tumulto que se formou, com minhas vistas turvas de ódio,
vi Marina se afastando e indo em direção a sede.
— Me solta! Solta porra! — exigi com os olhos fixos em Marina, então
gritei. — Marinaaa! Marina!
Heitor sumiu do meu campo de visão, àquele covarde desgraçado, mas não
faltaria oportunidade de confrontá-lo, e eu o faria engolir cada palavra de
acusação contra mim.
Quando me soltaram, meu único sentido foi correr até Marina, e assim saí
em disparada morro acima atrás dela, e quando cheguei na casa, não há vi nos
cômodos da parte térrea da casa, então subia as escadas feito um louco para o
andar de cima e quando cheguei próximo do quarto ela estava com a porta
aberta, e sem pensar duas vezes fui entrando, e a avistei sentada na cama
chorando.
— Marina!
— Saia, Lucas, não quero falar com você.
Caminhei até ela, e me sentei ao lado dela, indagando-a:
— Mari, não está acreditando que fui eu quem colocou fogo no celeiro,
está?
Ela se levantou da cama e me encarou com ódio faiscando de seus olhos, e
respondeu:
— Ontem, na hora do almoço você falou em casamento.
— Não a pedi em casamento, apenas disse que quando nos casássemos que
iria querer muitos filhos.
— Você já tinha tudo na sua cabeça, Lucas.
Gargalhei de nervoso e retruquei:
— Acreditou no que Heitor disse? Mari, sou eu amor, Lucas. — aproximei-
me dela e tentei tocá-la, mas Mari se afastou dando-me às costas. — Mari, não
faz assim comigo, amor.
Ela se virou em minha direção, e seus olhos já estavam vermelhos de
chorar, e murmurou:
— Amor? Sandra deveria ser o seu amor, não eu, não em tão pouco tempo.
— Não existe tempo para amar e com Sandra era diferente, só vim saber
disso quando conheci o amor de verdade, quando te conheci, Marina.
— Você não me ama, estava era interessado no que eu poderia te dar
futuramente, você sabia da doença do meu pai e eu não. Me escondeu isso.
— Você não me conhece, Marina, agora vejo isso claramente. Sobre a
doença do seu pai, ele me implorou para não dizer a você, pois ele mesmo queria
fazer isso.
Marina estava cega e surda, não me ouvia.
— Com o celeiro queimando, meu pai iria entrar em pânico e passar mal.
Aconteceu tudo como planejou, mas por sorte ele não morreu.
— Não, não, não! Porra Mari, você não pode estar acreditando nisso. —
fechei as mãos em punho de tanto nervoso. — Eu sempre fui pobre, minha
família não tem nada, mas sempre tive caráter, e tudo que tenho, que não é nada,
apenas minha caminhonete, eu comprei com meu trabalho suado, dia a dia
naquele Haras.
— Belo caráter você tem, ficou anos sendo amante da esposa do seu patrão.
— Sou um mal caráter para você então?
Mari se calou e nada respondeu.
— É assim então? Está terminando comigo? — insisti.
— Saia da minha casa, e saia da minha vida.
Assenti com a cabeça e falei colocando um fim naquela conversa:
— Está bem, vou sair, mas não espere eu provar minha inocência para dizer
que acredita nela, porque se isso acontecer, Marina, você morre para mim.
Virei às costas e saí do quarto dela.
Assim que cheguei no andar debaixo, Jorge estava na sala e interpelou-me:
— Lucas, acredito em você, e vou falar com ela, não se preocupe.
— Acredita em mim? Acredita que não fui eu? — perguntei assustado.
— Nós dois sabemos que não foi você, Lucas, e vamos pegar quem está
fazendo isso conosco.
— Não posso mais ficar, eu sinto muito Jorge. Marina acredita que fui eu
quem ateou fogo no celeiro.
— O que quer dizer com... não posso mais ficar?
— Estou indo embora do Haras.
— De jeito nenhum, você é o melhor administrador que já tive aqui e o
melhor genro.
— Marina me mandou ir embora e eu não vou ficar. Sinto muito.
— Marina não manda aqui, eu mando aqui, e você fica, Lucas.
Balancei a cabeça negativando e o respondi:
— Não, me perdoe, mas não tem mais clima para mim aqui.
— Vai me deixar na mão?
— Sinto muito, eu sinto muito mesmo, Jorge.
Virei-me e fui em direção à porta com a pior das sensações me corroendo
por dentro. Um aperto no peito e um nó na garganta tão bem atado que sentia-me
sufocar.
Caminhei na estradinha que me levaria até minha casa, ou melhor, a casa do
administrador, que daquele momento em diante não era mais eu.
Cowboy pulava em mim todo feliz, aquele era sem dúvida o melhor amigo
que eu tinha no mundo, e que nunca, jamais iria desconfiar de mim.

Marina
O mundo acabou para mim, o homem que eu amava desesperadamente só
estava me usando para alcançar seus objetivos. Meu coração estava quebrado
como um velho espelho espatifado no chão. Como pude me deixar enganar
assim? Mesmo sabendo do caso dele com a esposa do Greg? Como pude ser tão
ingênua?
Caí em prantos em cima da minha cama e chorei tanto que senti meus olhos
incharem.
Capítulo 40

Lucas
Fui do céu ao inferno em menos de meia hora, minha vida estava cheia de
altos e baixos desde que Greg descobriu tudo sobre Sandra e eu, mas eu ia dar a
volta por cima, e iria encontrar o culpado pelo incêndio e também descobrir até
que ponto Heitor estava envolvido em tudo, pois ninguém ia conseguir tirar da
minha cabeça que pedir meu isqueiro emprestado na tarde anterior não tinha sido
proposital. Pensar nisso me fazia pensar que nunca tive nenhum tipo de
desavença com Heitor antes de hoje e que aparentemente ele não tinha contra
mim, a menos que fosse apaixonado por Marina e eu ainda não tivesse percebido
isso, mas fosse como fosse, eu ia dar um jeito de descobrir.
Abri à porta de casa, e assim que bati meus olhos no seu interior, senti
como se tivesse voltado à estaca zero na vida, como se tudo que eu havia
conquistado tivesse virado cinzas juntamente com o celeiro e de fato virou. De
todas as tristezas que se abateram em mim nos últimos tempos, a pior de todas
foi saber que Marina não confiava em mim e em meu amor, que embora muito
recente, era forte e verdadeiro como poucas coisas na vida.
Entrei logo atrás do cachorro e passei a mão no assento do sofá, e logo veio
a memória à noite em que amei Marina ali, deitados no sofá em uma das
circunstâncias. Um sorriso bobo se formou em meus lábios ao me lembrar dela
me perguntando... — Está doendo? Estou machucando você? Pois eu estava todo
dolorido de ter brigado com o ex dela no celeiro.
Caminhei pela cozinha tocando nos móveis em uma despedida inaceitável,
pois era muito estranho como as coisas mudam na vida da gente de uma hora
para outra num abrir e fechar de olhos.
No quarto peguei as malas no roupeiro e nela fui jogando todas minhas
roupas, e assim fui abrindo as gavetas e retirando tudo lá de dentro e enfiando
nas malas. Não precisei de muito tempo para arrumar tudo, pois eu não tinha
tantas coisas. Depois fechei as malas e levei-as para a caminhonete. Um misto de
sentimentos se misturava em mim, era muito amor por Marina e muito ódio por
ela ter me virado às costas, mas eu iria superar. Quando eu já ia trancar a porta,
Jorge apareceu dizendo:
— Podemos conversar um instante?
— Claro que sim. — respondi e ambos entramos para dentro da sala.
Jorge parecia emocionado quando disse:
— Nunca essa casa esteve tão bem habitada. — passou a mão sobre o
painel que sustentava a TV.
— Tonho está preparado para ser o administrador, Jorge, você deveria
pensar nisso com carinho.
— Não, isso não vai acontecer porque você não vai sair daqui.
— Eu sinto muito, Jorge, mas não quero mais ficar aqui, e a menos que ela
me peça perdão por ter desconfiado de mim, minha decisão não vai mudar.
— E para onde pretende ir?
— Vou voltar para casa.
— Mattos?
— Sim, vou voltar para lá, Greg já me disse que eu poderia voltar quando
quisesse.
— Pretende voltar a trabalhar com ele? É isso que está me dizendo?
— Não sei como serão as coisas, mas se o Greg me aceitar de volta, vou
sim.
— Eu sinto tanto, Lucas, e ninguém me tira da cabeça que o Deputado está
metido nisso, mas vou descobrir.
— As coisas vão se acertar.
— Eu só queria que você ficasse. — estava muito sentido.
— Não dá, se eu ficar vou acabar me pegando com Heitor, e não quero que
me olhem com desconfiança.
— Vou conversar com a Mari, e antes que tenha desfeito suas malas, você
já estará de volta. — ele me disse e me deu um abraço forte.
Saímos ambos da casa e eu a tranquei e entreguei as chaves para Jorge.
Quando fui entrar na caminhonete, olhei no banco e Cowboy estava dentro
sentado no banco como se fosse um passageiro.
— Você fica garoto! — dei a ordem a ele que não obedeceu.
— Pobre Cowboy. — disse Jorge. — Todo mundo que vai embora larga o
coitadinho para trás.
— Eu o levaria se pudesse. — respondi com o coração apertado, pois eu me
considerava seu dono.
— E o que te impede?
— Posso? — perguntei entusiasmado.
— Leve-o daqui, levo-o com você.
Jorge respondeu e foi se afastando cabisbaixo.
Olhei para Cowboy e decidi levá-lo comigo, então peguei sua casinha e
seus pertences e joguei tudo na carroceria, entrei na caminhonete, dei a partida e
fui.
Quando passei pela sede, parei a caminhonete esperando que Mari se
arrependesse e viesse até mim.

Marina
Escutei o ronco da caminhonete do Lucas parada na porta de casa, e sem
entender o porquê ele estava parado lá, saí na minha sacada e vi que ele estava
com Cowboy dentro dela, mas ele não saiu para fora, então voltei para dentro do
meu quarto e voltei a me jogar na cama e chorar. Entrei em desespero quando o
ronco do motor foi afastando, pois eu sabia que ele estava indo embora, pois eu
o havia mandado partir.
Tudo estava acabado, o homem que eu amava, estava saindo da minha vida,
mas se ele fosse mesmo o culpado, se tivesse planejado tudo aquilo, já estava
indo tarde.
Eu estava desolada quando a porta do meu quarto se abriu, e era meu pai.
— Marina! Posso entrar, filha?
— Pai, entra. — respondi sentando-me na cama.
— Filha, como pode mandar o Lucas embora daqui? Tem noção do que
fez?
Suspirei alto, sem ter certeza nenhuma.
— Àquele homem te ama filha, e é por isso que ele se foi, é por te amar
tanto que ele fez sua vontade.
— Pai, à prova de que foi ele é o isqueiro, não acredito que tenha me
entregado a ele tão rápido, sabendo do passado dele.
— A é? E o que você sabe sobre o passado dele que eu não sei?
— Sobre ele ser amante da Sandra.
— Tá, mas o que isso tem a ver com o que aconteceu com o celeiro, e com
o relacionamento de vocês, posso saber?
— Ele estava com ela interessado no que ela podia dar a ele, e o mesmo fez
comigo. — respondi sem saber de verdade se eu acreditava mesmo naquilo.
Meu pai gargalhou alto e se sentou na cama, dizendo:
— Marina, Marina, como você pode ser tão antecipada, tão imatura, minha
filha? Isso é culpa minha, que a tratei sempre como se fosse uma boneca de
porcelana. Passar tanto tempo ao lado daquele Deputado também só te estragou.
— Imatura? Eu? Você só pode estar brincando né papai?
— Marina, alguém está querendo seu mal desde que você se separou do
Deputado, coincidência ou não, muitas coisas aconteceram, será que vou
precisar refrescar sua memória? A perna da Mel, o dope do Tenente, que
inclusive poderia tê-la levado a morte. Não se lembra desses acontecimentos?
Não acha que tudo está ligado?
— Talvez esteja tudo ligado sim. — respondi confusa com tanta
informação.
— E me diga, como foi que o Lucas dopou o animal em Barretos se ele
esteve aqui comigo o tempo todo? E sabe de mais uma coisa, tem um detalhe
nessa história toda que só eu sei, mas ainda vou investigar.
Meu pai colocou uma dúvida cruel em meu coração.
— Lucas foi embora, e o deixei levar o cachorro com ele, e, não quero te
ver chorando, já que tomar a decisão errada foi uma escolha sua. Arque com as
consequências de não ter confiado no homem que diz amar.
— Eu o amo, papai. — desabei em pranto.
— Não, não ama não, pois se o amasse teria confiado nele, e agora é tarde
para voltar atrás, pois aquele homem foi embora daqui completamente destruído,
você não acreditou nele. Lamentável. — concluiu sendo cruel comigo.
Meu pai enfiou uma faca em mim e saiu do meu quarto, deixando-me pior
do que eu já estava, e agora com uma dúvida enorme. Será que cometi um erro?
Levantei-me e desci para a sala, e lá meu pai já estava saindo.
— Pai, onde colocou as chaves da casa do Lucas?
— No mesmo lugar de sempre. — respondeu-me seco e saiu.
Caminhei até o chaveiro na parede do hall de entrada, e apanhei a chave
que dizia, administrador, e fui para a casa, eu precisava ir até lá.
Assim que cheguei, constatei que até a casinha do Cowboy ele havia
levado, e senti um vazio tão grande, pois perdi os dois amores em uma única
pancada. Abri à porta da casa, e fui para o quarto, eu queria mesmo ter certeza
que Lucas havia ido embora, pois no fundo uma esperança de que ele não tinha
ido brotou em mim. Eu estava completamente indecisa sem saber se havia
cometido um erro ou não, e assim que vi a cama dele, toda bagunçada, pois ele
nem a tinha arrumado, caí em cima dela chorando vertiginosamente agarrando o
travesseiro, e quando o cheiro dele chegou ao meu cérebro despertando em mim
milhões de sensações e lembranças boas, chorei demasiadamente, e de tanta
chorar acabei pegando no sono.
À noite chegou e nem me dei conta, acordei com Alana me cutucando na
cama do Lucas.
— Mari! Mari!
— Oi. O que foi? — acordei assustada com o lugar que não era a minha
cama.
— Jorge me pediu para vir buscá-la.
Assenti levantando-me, e quando fui calçar minha sapatilha, vi que havia
uma camiseta branca do Lucas caída próxima ao criado mudo. Branco era a cor
preferida dele, e ele deveria ter umas 10 camisetas básicas daquelas, então
peguei a camiseta, e ela também estava impregnada com o cheiro dele.
— Ele esqueceu a camiseta, vou levar para lavar e devolver. — disse para
Alana, para justificar o fato de eu levar a camiseta dele comigo.
— Acredita mesmo que ele tenha feito aquilo, amiga? — Alana indagou-
me.
Àquela pergunta me caiu como um tapa na cara a me despertar, e só depois
de dormir em seus travesseiros e sentir seu cheiro foi que me dei conta da
loucura que fiz.
— Não! Meu Deus, Alana, eu não acredito nisso, como pude fazer isso com
ele?
— Liga para ele, amiga, liga agora.
Peguei meu celular com urgência no bolso da calça jeans, e liguei
insistentemente, mas ele não atendia.
— Amiga ele não quer me atender, e agora?
— Vai atrás dele na casa dos pais.
— É isso mesmo que vou fazer.
Subi o morro correndo e entrei em casa para pegar a chave de minha
Picape, onde eu estava com a cabeça de duvidar dele? Eu o amava e iria atrás
dele nem que fosse no inferno. Dei a partida e segui estrada a fora rumo ao
Haras do Greg Mattos.
Já passava das nove da noite quando estacionei em frente à casa dos pais
dele.
— Lucas! — chamei na porta entreaberta.
A mãe dele, dona Ana foi quem veio receber-me.
— Oi Dona Ana, como vai à senhora?
— Estou bem, querida. — respondeu-me ela, dando-me um abraço. — Luiz
venha ver quem está aqui, é a namorada do nosso Lucas.
— A senhora pode chamar ele para mim? O Lucas?
— Ele não está aqui, Marina, ele chegou hoje aqui com um cachorro, trouxe
malas, e estava aqui até alguns minutos atrás, mas saiu e não disse onde ia.
— Entendi.
— Aconteceu alguma coisa com você e o meu Lucas?
— Não, não foi nada demais, nós só brigamos. — menti.
— Brigaram? Não minha linda, não brigue com meu Lucas, não.
— Vou acha-lo e fazer as pazes, pode ficar tranquila.
Conversei com ela mais uns vinte minutos, esperando que Lucas aparecesse
e nada, então resolvi voltar para à casa, e no caminho entrei na cidade, pensei
que de repente ele pudesse ter ido no Celeiro beber, e foi exatamente onde
encontrei a caminhonete dele estacionada.
Capítulo 41

Lucas
Dirigir com as mãos grudadas no volante com tanta força que às veias
saltaram roxeadas em cima delas. Meu sentimento era de lamento, eu
simplesmente lamentava muito por tudo, pelo celeiro, por Jorge e por Marina
não ter confiado em mim, pois eu confiaria nela de olhos fechados, bastasse que
ela me desse sua palavra. Na estrada de terra fui deixando as palavras de Marina
passarem em minha mente como se fosse um daqueles status do WhatsApp, uma
frase após a outra, e uma sede matava minha garganta, eu estava indo beber
alguma coisa no Celeiro, mas olhei para o lado e vi Cowboy pendurado na janela
observando a paisagem. Porra como vou entrar lá com o cachorro?
Era cedo ainda, então na frente do bar ainda não tinha seguranças, e dessa
forma simplesmente entrei com o cachorro. Sentei em um banco na frente do
balcão e o dono disse-me:
— Ei, Lucas, está maluco? Não posso deixar você ficar com esse cachorro.
— Qual é Guga? Só tem eu aqui no bar, quando começar a chegar gente eu
saio.
— Tem certeza que ele não vai morder ninguém?
— Absoluta. — respondi sem ter certeza daquilo, mas eu achava que não.
— E o que vai ser?
— Uma garrafa de Cuervo Reposado.
— Ok. — respondeu e se virou para pegar a garrafa de tequila, eu queria
uma coisa bem forte e quente entrando pela garganta.
Depois de tomar algumas doses, à porta se abriu e levei meus olhos a ela, e
vi Soraia, uma das garçonetes entrando, era uma ruiva de parar o trânsito,
cabelos compridos e ondulados, olhos claros e tinha lindas sardas em um rosto
fino e delicado. Ainda estava sem seu uniforme e vestia uma saia curta jeans e
uma camisetinha amarela, era sem dúvida a mulher mais cobiçada daquele bar.
Ela caminhou em minha direção e se abaixou para tocar em Cowboy dizendo:
— Quem é você, lobinho lindo?
— Esse aí é o Cowboy. — respondi.
— Não sabia que você tinha um cachorro tão lindo, Lucas.
— Não tinha, mas agora tenho.
— Você é um garotão muito lindo. — disse para o cachorro.
— E você, pega hoje ou está de folga?
— Folga? Quem me dera, essa semana inteira eu trabalho, troquei serviço
com a Paulinha, agora preciso pagar.
— Mas e você? O que faz aqui tão cedo com essa garrafa de tequila?
— Vim afogar as mágoas.
— Nossa! Fiquei sabendo do que houve no Haras do Jorge, aliás, a cidade
toda ficou sabendo.
— Sim, queimou todo o celeiro.
— Lamento, que coisa horrível.
— Sim, e o pior é que estão achando que foi criminoso, e adivinha quem é
o suspeito?
— Não me diga que estão pensando que foi você?
— Sim, inclusive Marina acreditou nisso, por isso estou aqui e vou beber
até deitar em uma cama em coma.
— Lucas, não faz isso, beber não vai resolver seus problemas.
— Só que vai me anestesiar e me fazer esquecer.
Tirei um cigarro de dentro do bolso e disse:
— Ei Guga, me empresta um fogo aí.
Guga trouxe-me um isqueiro, e assim que peguei na mão lembrei-me de
toda a situação no celeiro e falei a ela acendendo:
— Por causa de um maldito isqueiro estão me incriminando.
— Isqueiro? Como assim? — questionou assustada.
— Eu tinha um isqueiro de prata que ganhei do Greg há muitos anos atrás, e
esse isqueiro foi achado no meio das cinzas do celeiro, e por conta disso me
incriminaram.
Soraia fez uma cara estranha, ponderou e questionou:
— Marina é a ex do Deputado João, não é mesmo?
— Sim, exatamente.
— Lucas! — ela se sentou em um banco e colocou as mãos em minha perna
dizendo:
— Tenho uma coisa para te dizer que acho que vai salvar seu dia.
— Nada que você disser vai salvar meu dia.
Quando ela ia me contar alguma coisa importante, senti um cheiro que
vinha de trás de mim e eu tinha certeza que era o perfume de Marina.
— Não tive nem tempo de me arrepender e você já correu para os braços de
uma qualquer. — disse a voz atrás de mim, era mesmo Marina.
Virei para trás e sem responder nada a ela dei um trago no cigarro e
perguntei:
— Se arrepender? — questionei sarcástico, deixando à tequila fazer a
pergunta, e antes que ela pudesse responder continuei: — depois que inventaram
a desculpa tudo ficou fácil não é mesmo? Pessoas magoam, falam o que querem
e de repente se arrependem e acham que vai ficar tudo numa boa novamente.
— Você bebeu demais, e o que é pior, correu atrás da primeira vagabunda
que achou.
— Eiiii! Olha como fala comigo, Marina. — Soraia se queimou levantando-
se do banco.
— Calma, Soraia, vou falar com a Marina e já volto, ainda não terminamos.
— levantei, coloquei o dinheiro da tequila no balcão e fui saindo com Cowboy
vindo atrás de mim. Se eu ainda tinha alguma coisa para falar com Marina, não
seria ali no meio de todos os empregados do bar, então abri à porta de trás da
caminhonete e fiz sinal para Cowboy entrar, em seguida abri à porta do
passageiro e Marina entrou, e por fim também entrei. Iríamos conversar ali
mesmo no estacionamento.
— Você está bêbado e cheirando a cigarro. — repreendeu-me.
— Não estou bêbado e que se dane o cigarro Marina, isso não importa mais.
Ela olhou para frente e passou as mãos no cabelo.
— O que quer comigo afinal? Veio para me fazer sentir pior que já estou?
— Não, eu pensei o dia todo e só queria que soubesse que não acredito que
tenha sido você.
Gargalhei alto e perguntei:
— A é? E o que diabos te motivou?
— Eu amo você, Lucas, e não posso nem pensar ficar sem você.
Fiquei sério e respondi:
— Ama? Não, você não me ama, do contrário teria acreditado na minha
palavra, mas não, você pegou as palavras do Heitor e as tornou incontestáveis,
sendo a única verdade, não permitiu a mim nem me defender.
— Eu sei que errei meu amor, me perdoa. — disse com uma lágrima caindo
de seus olhos.
— Tudo isso só serviu para me mostrar que somos diferentes, amamos de
formas diferentes, pois eu jamais deixaria de acreditar em você.
— Quando pegou João me beijando na varanda, você não me deixou nem
explicar, também foi cruel comigo.
— Ah, Marina, não compare uma acusação como a que fizeram comigo
com um acesso de ciúmes bobo, uma coisa não tem nada a ver com a outra, não
duvidei de você depois que a deixei se explicar.
— Eu só quero que saiba que acredito em você, independente do que venha
acontecer a seguir.
— Pensei muito, e descobri que não tenho nada para te dar além de amor,
nunca vou passar de um peão, no máximo um administrador.
— Me contento só com seu amor. — falou.
— Não, ninguém vive só de amor, ainda mais uma mulher como você que
está acostumada com tudo do bom e do melhor, eu jamais vou conseguir te dar à
vida que você leva. Eu precisei ser acusado de uma coisa que não fiz, para
acordar do sonho onde eu estava vivendo.
Marina mordeu os lábios, estava visivelmente abalada, e olhar aqueles
lábios umedecido fez meu coração acelerar e uma vontade louca de beijá-la, mas
ao invés disso virei a garrafa de tequila na boca e tomei um gole generoso.
Fiz cara feia quando o destilado passou rasgando minha garganta.
— Se vê que você não me conhece, Lucas.
— E nem você a mim, do contrário nem teria passado pela sua cabeça que
eu poderia ser o culpado. Isso prova que não nos conhecemos mesmo, assim o
melhor é cada um seguir seu rumo.
— Está terminando comigo?
— Não, você já terminou comigo antes, lembra?
— Eu estava atordoada, Lucas. — ela vociferou. — Se coloque no meu
lugar, foi tudo muito junto, esse problema do meu pai, o celeiro pegando fogo, os
atentados que sofri, eu fiquei confusa.
— Você não ficou confusa, você acreditou no Heitor e pronto.
— Lucas me perdoa meu amor, me perdoa. — Marina veio para cima de
mim e segurou com as duas mãos em meu rosto e me beijou desesperada.
Não consegui evitar de corresponder àquele beijo cheio de paixão, mas em
minha mente àquele seria o último, e assim deixei todo sentimento que eu tinha
por ela vir à tona e a beijei como se fosse a última vez, deixei todas as emoções
se aflorarem naquele beijo quente, úmido e cheio de desejos desenfreados.
Grudei meus dedos em seus cabelos e me afoguei naqueles lábios doces, deixei
minha língua acariciar a língua dela e um fogo foi subindo e me queimando, me
enlouquecendo e me deixando cheio de tesão, fazendo meu pau crescer no meio
de minhas pernas, mas era uma faísca que precisava ser abafada, então Marina
ameaçou subir no meu colo, ali no meio do estacionamento do Celeiro, sem se
importar com nada, simplesmente afastei meus lábios do dela e segurei firme em
seus braços e a fiz voltar para o canto.
Estávamos respirando afobados, completamente aturdidos de paixão um
pelo outro, mesmo assim tirei forças para resistir e enfim dizer:
— Saia Marina!
— Lucas, não, por favor, me escuta. — implorou.
— Não vou deixar mais nenhuma mulher fazer o que Sandra fez comigo,
me usar, me enganar e depois me descartar como o peão de merda que eu sempre
fui.
— Lucas, eu não sou a Sandra.
— Tem razão, se fosse saberia que eu jamais seria capaz de atear fogo
naquele celeiro, porque ela tinha todos os defeitos do mundo, mas me conhecia
como ninguém.
— Excelente!!! Vai chorar pela falecida, é o melhor que você faz, Lucas, já
que ela te conhecia como ninguém.
— Porra Mari, eu não chorei pela Sandra, eu tinha você e com você eu não
tive nem tempo de pensar em toda a tragédia que se abateu a ela e a minha
família.
— Eu sinto muito, sinto mesmo Lucas, sinto mais ainda por estar te
perdendo dessa forma.
— Você me mandou embora da sua vida, e eu fui, só que não sou mais o
homem que vai e volta em um estalar de dedos.
Mari ficou me encarando com os olhos marejados, mas eu não voltaria atrás
até poder mostrar a ela minha inocência.
— Me perdoe! — sussurrou abrindo a porta e saindo.
Marina entrou em sua picape que estava do outro lado do estacionamento e
foi embora, debrucei minha cabeça no volante completamente arruinado, eu a
amava mais que tudo na minha vida, mas não nascemos um para o outro, e mais
uma vez deixei os sentimentos me atropelar e não pensei em nada desde que a
conheci.
Cowboy passou para o banco da frente e enfiou o bico entre os meus braços
no volante, então lembrei-me de Soraia, e num sobressalto abri à porta e sai na
rua.
— Vem garoto! — chamei-o e ele pulou para fora.
Atravessei a rua e entrei novamente no bar, Soraia já estava atrás do balcão
vestindo seu uniforme vermelho.
— Soraia!
— Você voltou.
— Por favor, o que ia me dizer?
Ela se virou de costas e falou com seu patrão:
— Guga, me dá só minuto para falar com o Lucas?
— Sim, mas levem esse cachorro para fora antes que comece a chegar os
clientes.
Ela saiu do balcão e veio em minha direção e juntos saímos por uma porta
que dava acesso a um jardim com bancos para os fumantes.
— E então mulher?
— Lucas, você falou de um isqueiro prata, não foi? Por isso estão te
incriminando.
— Exatamente, o que você sabe sobre isso?
— Na verdade, não sei se tem alguma a ver com o que te aconteceu, mas há
alguns dias atrás, Heitor o treinador do Haras do Jorge e o Deputado João
Guilherme, estiveram bebendo aqui no bar, e, escutei perfeitamente quando o
Deputado falou em um isqueiro prateado, uma verdadeira relíquia.
— Eu sabia! Desgraçados, eu vou matar aqueles malditos! — uma fúria se
apossou de mim.
— Lucas, talvez seja só uma coincidência.
— Não, o Heitor foi o único a me acusar hoje pela manhã, foi ele, aquele
desgraçado.
— Não pode me envolver nisso entende? O Deputado João Guilherme é um
homem muito importante, Lucas, muito influente, se ele sonhar que te contei
sobre a conversa dele com o treinador, ele manda me matar.
Levei as duas mãos e tapei meus olhos, minhas vistas ficaram turvas de
ódio.
— Não me peça isso Soraia, por favor.
— Eu sinto muito, Lucas, mas você vai precisar de um plano para pegar os
dois.
Assenti e respondi:
— Pode me fazer um favor?
— Sim, claro.
— Se por um acaso eles voltarem aqui, me ligue que venho imediatamente.
— Você precisa de um plano, não é ir chegando aqui assim de supetão.
— Eu sei disso, vou pensar melhor. — concordei.
— Preciso voltar para o meu trabalho, ligo para você se eles voltarem.
— Anote aí meu celular.
Ela anotou e saiu, e eu fiquei alguns minutos sentado lá com a raiva me
corroendo, eu precisava achar um jeito de provar que eles armaram para mim,
mas como?
Voltei para o Haras do Greg, para à casa dos meus pais, lá arrumei um
cantinho para Cowboy no meu quarto, e caí na cama entorpecido de tequila,
queria acordar e descobrir que eu estava em um pesadelo.
Capítulo 42

Marina
Um minuto de branco em minha mente e tudo foi jogado ao chão e
pisoteado pelo estouro de uma boiada inteira. Eu o magoei profundamente, tentei
me retratar, mas parece que é muito tarde, Lucas não me perdoou e agora o
mundo perdeu completamente o sentido. Voltei dirigindo para casa em prantos,
sem me conformar em como fui tola em colocar à palavra dele em dúvida, e ao
chegar no Haras, ao invés de ir para casa fui para à casa do Lucas.
Caminhei com os pés pesados, pois eu carregava em meus ombros o peso
de ter perdido o homem que eu mais amei na vida, era um sentimento carregado
de remorso, era uma tristeza que só iria acabar se um dia ele me perdoasse. A
falta dos objetos pessoais dele na casa deixava um vácuo enorme, era como se à
casa agora tivesse até eco, pois eu escutava o barulho dos meus próprios passos
se arrastando em direção ao quarto.
Suspirei na porta e fui em direção à cama, apanhei a camiseta dele em cima
dela e apanhei também um travesseiro, que apertei forte no peito, senti o cheiro
do perfume dele e sai da casa, indo embora, trancando a porta, trancando ali
dentro os momentos mais felizes da minha vida, o amor mais quente e mais puro
que já vivi.
Assim que coloquei os pés dentro de minha casa, vi meu pai e Alana na
cozinha, estavam preparando alguma refeição e pareciam felizes, e olhando de
relance se via que formavam um belo casal.
Tentei não ser vista, entrei na ponta dos pés, mas meu pai parece ter sentido
meu cheiro, só podia ser.
— Mari! Filha, vem para cá com a gente, vem ajudar com essa
macarronada.
— Obrigada, pai, só quero me deitar e dormir. — respondi e subi para meu
quarto.
Chorei todo meu arrependimento embaixo do chuveiro, chorei encolhida
dentro de mim mesma, trancafiando-me dentro da prisão que era meu corpo. Saí
do banho com o rosto parecendo um pimentão e com os olhos inchados, me
enfiei dentro de um pijama e me joguei em cima da cama, apertada ao
travesseiro dele e à camiseta que ele havia esquecido para meu tormento. Cometi
um grande erro, agora eu teria que pagar, mas de uma coisa eu ainda tinha
certeza, eu o amava; e como doía àquele sentimento, eu estava sozinha agora.
Olhava para o celular em cima do criado mudo e ele nada de tocar, nada de
notificar uma mensagem, nada... era o que havia sobrado de tanto amor que
Lucas e eu sentíamos um pelo outro, só um vazio imenso.
À porta do quarto rangeu ao ser aberta, e eu só queria que fosse ele, que
fosse Lucas vindo me dizer que me perdoava, mas não era.
— Trouxe um pouco da macarronada do papai para você, tem também um
suco de abacaxi com hortelã que a Alana fez. — disse meu pai colocando uma
bandeja em cima da minha escrivaninha.
— Estou sem fome. — sussurrei.
Meu pai caminhou até a beira da cama e se sentou afundando-a, e assim
falou-me:
— Filha, perdoe-me por ter sido tão duro com você hoje mais cedo.
— Eu mereci àquelas palavras, mereci ouvir tudo que me disse.
— Não fique assim, é tudo muito recente, Lucas está ferido, se sentiu traído
por você, mas nada como uma noite dividindo um dia turbulento de outro.
Amanhã ele vai cair em si, e te perdoar quando for falar com ele.
Continuei deitada na cama sem me levantar, então respondi:
— Ele não me perdoou pai, já fui até ele pedir perdão, mas ele não aceitou.
— Quando ele esfriar a cabeça vai te perdoar, é um bom homem, e parece
gostar muito de você.
— Meu coração dói, pai, faz ele parar de doer. — voltei a chorar
vertiginosamente, e assim meu pai se levantou e deu a volta na cama e se sentou
próximo de minha cabeça, levantou-a e colocou-me em seu colo, acariciando
meus cabelos falou:
— Eu sei que dói meu amor, mas vai passar, lembra de todas as dores que já
repartimos? Lembra que eu dizia que iria passar?
— Sim! Me lembro.
— Então, sempre passou e não vai ser diferente dessa vez. Por favor, coma
só um pouco, está bem?
Deu um beijo em minha testa e se levantou deixando-me sozinha
novamente.
Eu estava sem fome, me sentindo uma adolescente que perdeu o primeiro
namorado, eu me sentia como se estivesse afogando em um abismo de dor, não
iria passar, não passou e a madrugada parecia ser eterna até que minha alma
adormeceu em amargura.

Lucas
Acordei na manhã seguinte com uma ressaca sem precedentes.
— Caramba! Que dor de cabeça é essa? — perguntei a mim mesmo
tentando me lembrar que tipo de trator havia me atropelado, e mesmo com
aquela ressaca terrível, lembrei o nome do trator; Marina era o nome e Mello era
a marca.
Olhei para o canto do quarto e vi as vasilhas de comida e o colchão do
Cowboy, mas não reconheci o quarto, quero dizer, não me lembrava de ter
trazido o cachorro para a casa dos meus pais, na verdade, não me lembrava nem
o porquê de estar ali.
Levantei atordoado e caminhei rumo ao banheiro, e da porta avistei
Cowboy na cozinha com minha mãe, e quando ele me viu, correu para o meu
lado e latiu para mim como se estivesse querendo me dizer algo.
— O que estamos fazendo aqui, garoto?
— Acordou filho? — questionou minha mãe. — Tome um banho quente e
venha tomar um café forte que preparei para você.
— Está bem, mãe.
Eu sabia que estava na casa dos meus pais, mais havia um apagão em
minha mente, e era a porra da tequila que havia me apagado.
Entrei no chuveiro e conforme à água quente ia caindo em meus ombros, e
cabeça, todo o dia anterior foi caindo nela como uma cascata.
Tudo voltou a pesar uma tonelada, lembrei de Marina pedindo perdão,
lembrei de Soraia me contando sobre o isqueiro, e no momento que me lembrei
do Heitor me acusando de forma torpe, senti o ódio circulando em minhas veias
como uma droga poderosa, uma adrenalina circulou e explodiu em fragmentos
de ira, que assim que juntassem iria causar um belo de um estrago na cara
daqueles canalhas, pois meu orgulho era tudo que pertencia a mim, e nem que
fosse a última coisa que eu faria na vida, iria mostrar quem eram os verdadeiros
culpados.
Saí do banho e me vesti, fui até à cozinha tomar um café.
— Bom dia, de novo mãe!
— Bom dia, filho!
— Onde está meu pai?
— Foi para lida com o Greg.
— Sério, mãe?
— Sim, filho, Greg conseguiu levar ele para trabalhar hoje, e como viu que
você estava aqui, pediu para te avisar para ir procurá-lo assim que você
acordasse.
— Vou falar com ele sim, mas antes preciso tomar um analgésico e um
café.
— Lucas, o que está acontecendo meu filho? Marina esteve aqui atrás de
você, e parecia muito triste.
Serviu o café com uma bela fatia de um bolo caipira que eu amava.
— Marina e eu terminamos, mãe, esqueça ela, não tem volta.
Ela enxugou as mãos em um pano de prato e se sentou.
— Não, filho, àquela menina parecia tão boa para você, eu gostei tanto
dela.
— Mãe, no primeiro momento de crise ela não acreditou em mim.
— Crise?
— Sim, colocaram fogo no celeiro do Haras, e me acusaram de ter sido o
autor, só porque encontraram meu isqueiro no meio das cinzas.
— Lucas!! Meu filho, isso é muito grave, meu Deus do céu o que está
havendo com nossa família?
Estendi minha mão direita e segurei firme na mão dela, acalmando-a:
— Mãe, vai ficar tudo bem, não coloquei fogo em nada e irei provar.
Ela assentiu entristecida.
Tomei o café, comi o bolo que estava delicioso e em seguida um analgésico,
pois minha cabeça estava latejando. Encostei-me na porta da cozinha e aspirei o
ar com o único cheiro que fazia sentido na minha vida, era o cheiro da mata
despertando, misturada ao esterco de cavalo. O som também não era atípico do
meu dia a dia, cavalos relinchavam na vastidão dos pastos no Haras.
Retirei o celular do bolso da calça e fui verificar e constatei que havia
dezenas de ligações de Marina e uma mensagem que foi enviada tarde da noite.

Lucas...
Sei que não deveria incomodá-lo depois de ter agido de forma tão indócil
com você, mas só quero salientar, que depois de muito ponderar, percebi o
enorme erro que cometi no calor dos acontecimentos. Perdoe-me, por favor
meu amor, te amo em desespero.

Mexi-me inquieto e coloquei o celular de volta no bolso sem respondê-la,


fui até meu quarto, apanhei meu chapéu e fui em direção às baias encontrar com
Greg e meu pai. Teria que contar a eles tudo que havia acontecido, e eu só
esperava que Greg acreditasse em mim.
Cowboy me seguia como uma sombra, estando ele em um lugar
desconhecido, certamente que agiria de uma forma diferente, e assim foi
marcando território em tudo que foi árvore que achou em seu caminho. Passei
com ele em frente à casa grande e como ainda era muito cedo não havia nem
sinal de Lia, certamente que estava dormindo. Assim que cheguei embaixo das
árvores que circundavam as instalações, dei de cara com a picape do Jorge
estacionada lá, e não demorou vi que estava reunido com Greg e com meu pai no
escritório do Haras.
Dei três toquinhos na porta anunciando minha chegada.
— Entra aí Lucas. — disse Greg. — Já conheci seu novo cachorro.
Entrei e cumprimentei todos eles dando um abraço forte em meu pai.
— Filho, acredito na sua inocência. — foi logo dizendo.
Quando meu pai disse aquilo, percebi que Jorge já tinha adiantado as
coisas, e assim Greg falou:
— Lucas, o Jorge já nos deixou a par de todos os acontecimentos, você vai
precisar de um advogado caso você vire um suspeito para à polícia.
— Já cuidei de tudo isso, Greg, liguei para o Dr. Hernandez e o coloquei a
par de tudo. — disse Jorge.
— Obrigada, Jorge. — agradeci. — Já sei quem armou tudo isso para mim,
tenho os nomes, mas não tenho como provar.
— Nomes? — Jorge arregalou os olhos.
— O Deputado, ex namorado da Marina e o Heitor, estão os dois juntos
nisso tudo.
— Eu ia te falar do Heitor, Lucas, — disse Jorge. — Não contei nada a
ninguém sobre meu problema cardíaco, mas Heitor sabia, lembra que ele usou
isso contra você?
— Não acredito que não notei isso. — admitir nervoso de punhos fechados.
— Vou acabar com a raça deles.
— Calma, Lucas, vamos precisar pegar esses caras, mas sem termos uma
prova, é como dar um tiro no escuro. — argumentou Greg.
— Greg está certo, Lucas. — concordou Jorge.
Nada que eles falaram diminuiu minha vontade de ir até o Veloz e
confrontar Heitor, já que o Deputado seria mais difícil de encontrar na frente.
— Perdi a Marina por conta desses bandidos, eu vou acabar com eles. —
vociferei.
— Ei! Você não perdeu a Marina, ela está arrependida e sofrendo muito,
Lucas. — respondeu-me Jorge.
— Ela quebrou um elo muito forte que existia entre nós. — argumentei.
— Vai ficar tudo bem, logo vamos desmascarar eles, mas antes preciso que
volte comigo para o Haras, preciso do meu administrador para me ajudar a
reerguer o celeiro. — Jorge argumentou a seu favor.
— Não, eu sinto muito, Jorge, mas se eu pisar no Haras, com o Heitor
estando lá, sou capaz de matá-lo.
Greg interveio:
— Jorge, o Lucas está certo, não é o momento para ele voltar, não seria
nada bom que ele acabasse com esse tal de Heitor antes de termos provado a
culpa dele.
— Sim, filho, se você perder a razão antes de provarmos sua inocência, as
coisas vão ficar piores para você, já basta um de nossa família estar com
problemas com a justiça. — interveio meu pai.
— Como foi que descobriu isso, Lucas? Sobre Heitor estar com o Deputado
nessa sujeira toda? — Jorge questionou.
— Ontem no Celeiro, a ruiva me contou que escutou uma conversa do
Deputado João com o Heitor, e falavam sobre uma relíquia, um isqueiro
prateado. — contei-lhes.
— Soraia! — sussurrou Jorge. — será uma ótima testemunha.
— Não sei não, Jorge, ela me disse que não irá contra o Deputado, tem
medo dele e do que ele possa lhe fazer.
— O Deputado tudo bem, pois estava morto de ciúmes de você com Marina
e achou um jeito de separá-los, agora o Heitor... Por que diabos ele faria isso,
Lucas? — Jorge indagou perplexo.
— Dinheiro? — perguntei.
— Não... Me recuso acreditar que faria algo assim por dinheiro, ele já
ganha um bom salário como treinador no Haras, sempre foi um cara muito gente
boa, do bem, não consigo imaginar o que o uniu ao João. — retrucou.
— Seja lá o que for, precisamos achar um jeito de provar a inocência do
Lucas. — afirmou Greg com convicção.
— Assim que colocar os pés no Haras vou demiti-lo, não quero saber
daquele cara nas minhas terras. — avisou Jorge.
— Jorge, não é algo sensato a se fazer no momento, ele iria desconfiar e
não teríamos como armar alguma coisa para pegá-lo. — argumentou Greg
sentando em cima da mesa do escritório.
— O que sugere, Gregório? — Jorge perguntou puxando uma cadeira e
sentando.
— Esse tal de Heitor precisa confessar o que fez, e a mando de quem, não
tem outro jeito. — disse Greg. — e a ruiva precisa ajudar. — completou.
— Cuido da Soraia. — disse Jorge.
— Não sei, ela já deixou claro que está fora. — conclui.
— Fica tranquilo, vou pensar direito sobre como e quando farei as coisas
acontecerem. — respondeu-me Jorge. — Agora preciso ir, tem certeza que não
vai voltar para casa?
Àquela pergunta me desestruturou, pois, ouvi-lo dizer que o Veloz era
minha casa, fez meu coração bater mais forte, e ainda assim, com ou sem
Marina, eu só voltaria a trabalhar lá quando ficasse provado que não coloquei
fogo em nada.
Virei de costas e suspirei alto antes de respondê-lo:
— Se Greg permitir, vou ficar por aqui até que tudo se resolva, Jorge.
— Por mim você volta a trabalhar comigo agora mesmo. — disse Greg.
— Lucas, por favor, dê-me um tempo, não me abandone. — pediu Jorge
deixando-me numa saia justa em frente ao Greg, que estava sendo um verdadeiro
amigo, e sem que eu merecesse.
— Vamos esperar que tudo seja resolvido, então voltamos a falar sobre isso.
— informei.
— Bom, preciso ir. Greg, foi um prazer revê-lo meu amigo, e seu Luiz, foi
um prazer conhecê-lo, o senhor é o pai de um grande homem. — deu três
tapinhas nas costas do meu pai.
— O prazer foi meu. — respondeu meu pai.
— Volte sempre, Jorge. — disse Greg.
Então da porta, Jorge disse:
— Ainda não perdi as esperanças de que me venda uma cobertura do
Fantasma.
Greg caiu na gargalhada e respondeu:
— Vou pensar nesse assunto.
— Ah! Eu vou morrer e não terei a cobertura. — Jorge respondeu
gargalhando e saiu do escritório, e eu o acompanhei, então antes de entrar na
Picape preta dele, ele me disse:
— Não vou colocar ninguém no seu lugar como administrador, àquela casa
vai ficar te esperando. E você também Cowboy. — acariciou o cachorro na
cabeça.
Sorri sem saber o que responder e estendi minha mão para despedir-me.
— Te aviso quando tiver falado com Soraia. — Jorge falou.
— Ok, estarei aguardando.
— E Lucas, não faça nenhuma bobagem até termos esclarecido tudo.
Assenti e ele subiu na Picape e partiu, mas antes deixou comigo a esperança
de limpar meu nome e de voltar a administrar o Veloz, que era onde eu já havia
plantado meu coração.
Capítulo 43

Jorge
Voltei do Haras do Greg Mattos com o coração na mão, tudo que eu não
queria era perder Lucas, eu precisava fazer alguma coisa para ajudá-lo e ter a paz
restaurada na minha casa. Marina era tudo para mim, sei que a estraguei a certo
ponto, mas poucos conheciam a doçura da minha filha, que depois da morte da
mãe se blindou com uma couraça difícil de penetrar, mas quando alguém
conseguia romper, passava a conhecer uma menina/mulher maravilhosa.
Como prometi a Lucas, passei no celeiro para falar com Soraia, mas ela não
quis nem saber de se meter naquela história, por algum motivo, ela tinha muito
medo do João Guilherme, e se recusou veementemente a testemunhar que havia
escutado algo sobre o isqueiro. Sendo assim, teríamos que pensar em um plano e
arquitetar muito bem.

Lucas
Depois que Jorge foi embora, trabalhei como um louco juntamente com o
Greg, eu precisava ocupar minha cabeça para não ficar o dia todo pensando em
Marina, e mesmo assim, nos breves momentos de descanso ela era a única
pessoa do mundo que me vinha na mente. Seu sorriso, seus olhos, seu corpo,
suas mãos e o toque delicado delas, o cheiro que me enlouquecia. Lia, deu-me
alguns conselhos, mas em todos eles eu teria que abrir mão do meu orgulho, e se
ele estava ferido, foi porque Marina o feriu, eu estava machucado demais, ser
acusado por ela, sem ter tido o direito de me defender, foi cruel demais, e eu não
iria ceder.
Durante o almoço, mal consegui mexer na comida, e durante à noite a coisa
ficou pior ainda.
— Filho, você precisa comer, se alimentou tão pouquinho hoje durante o
dia. — falou lamuriando minha mãe.
— Estou sem fome nenhuma, mãe.
Levantei-me da mesa e minha mãe falou insistindo:
— Lucas, por favor meu filho, pelos menos tente.
— Deixe-o, Ana, quando ele sentir fome ele vem procurar. — aconselhou
meu pai.
— Pode deixar, mãe, vou ver se como alguma coisa mais tarde.
— Está bem, se quiser posso deixar um prato no micro-ondas.
— Faça como quiser. — respondi desanimado e fui para meu quarto.
Assim que me sentei na cama, Cowboy subiu do meu lado e se deitou
encostado a mim, era um cachorro carente demais.
— Que carinha é essa? Vai me dizer que também está com saudades dela?
Não seja bobo, as mulheres são assim mesmo, no primeiro sinal de perigo elas
pulam fora.
Suspirei alto e olhei para o meu celular, peguei-o nas mãos e fui novamente
checar se tinha alguma mensagem nova, alguma mensagem de Soraia. Quem
você está enganando, Lucas?
Abri o celular e fui ler novamente a mensagem de Marina.

Lucas...
Sei que não deveria incomodá-lo depois de ter agido de forma tão indócil
com você, mas só quero salientar, que depois de muito ponderar, percebi o
enorme erro que cometi no calor dos acontecimentos. Perdoe-me, por favor
meu amor, te amo em desespero.

Não conseguia aceitar o que havia acontecido, a facilidade com que ela
acreditou em Heitor e desmereceu minha palavra. Abrir a galeria de fotos, e,
tinha muitas de Marina, fotos que tirei dela em algumas ocasiões e até selfies
que ela mesma me mandava.
Mari cozinhando para mim, brava comigo, com sua égua, lendo na rede,
pronta para sair comigo.
Eram tantas fotografias, era tanto amor, tanta dor.
Fiquei deitado na cama deslizando meu dedo naquelas imagens até me
cansar.
Enquanto eu estava com o celular na mão, ele tocou, e era ela, Marina me
ligando, mas assim que atendi ela desligou.
— Droga, Mari! — falei mais não liguei de volta.
Eu estava cansado, mais mentalmente, do que fisicamente e assim acabei
pegando no sono.
Vinte dias haviam se passado desde o último dia que vi Marina, às vezes
ficava tentado a ligar, a mandar mensagens, mais meu coração estava endurecido
demais, e assim logo a ideia me fugia da mente. Eu estava envolvido com o
trabalho no Haras do Greg, e trabalho para ocupar a mente era o que não faltava
ali, então me levava a exaustão e às vezes ia ao Celeiro beber para poder deitar
na cama e dormir sem pensar em nada, mesmo que fosse uma tortura ficar longe
dela.
Soraia não cedeu aos apelos do Jorge e nem tão pouco aos meus que voltei
a insistir várias vezes, de nada adiantaria ir até à polícia sem que ela confirmasse
a história do isqueiro, que por sinal, Jorge me informou que não havia nenhuma
digital nele, nem as minhas, nem de mais ninguém, ou seja, quem fez o que fez,
teve o cuidado de apagar as digitais, e o isqueiro sem digital, mesmo sendo meu
não poderia ser usado para me incriminar judicialmente. Então até que alguém
provasse o contrário eu era inocente, mas nem por isso eu estava feliz.

Marina
Quase um mês sem ver o Lucas, cada dia parecia ter 48 horas, por mais que
eu tentasse me distrair eu não conseguia tirá-lo da cabeça e muitas vezes
acordava suada por ter sonhado com Lucas me amando feito um louco. Eu sentia
tanta falta dele que às vezes me pegava chorando olhando da sacada em direção
à casa dele, agora vazia, ou quando me lembrava dele sentado na cerca tocando
violão, e de todo o ciúme, pois odiava me ver com roupas curtas. Dormia
abraçada todas às noites com a camiseta dele, e o cheiro estava ficando fraco,
pensei em ir comprar um 212 e espirrar nela só para o cheiro não acabar.
Meu pai estava super bem, ele e Alana estavam bem felizes pois decidiram
viver juntos, Alana agora morava na casa grande como esposa dele, faltava
apenas oficializar o casamento. Por fim a felicidade reinava embaixo do meu
teto, ao menos para o meu pai.
Eu ainda estava sobre restrição médica e não podia montar, mas descia
todos os dias para ver a Mel, e para não perder a forma, Heitor me obrigava a
fazer exercícios físicos, e correr pelas estradas do Haras todas as manhãs fazia
parte.
Àquela manhã, levantei e fui para o chuveiro para despertar, sai e me
troquei vestindo uma legging e um moletom pois estava frio, de manhã na Serra
já era friozinho por natureza e se era o início do outono as temperaturas
começavam a cair mais. Desci correndo pela estrada de paralelepípedos do Haras
até chegar a guarita e assim que me viu o vigia abriu para que eu passasse.
— Bom dia dona Marina.
— Bom dia, Juca, já te pedi para não me chamar de dona, lembra?
— É costume.
Assenti e saí na estrada de terra que era ladeada pela imensa floresta que
fazia parte da Serra da Cantareira. Eu corria ali todas as manhãs, era sagrado,
pois Heitor que era meu treinador, achava que eu não podia perder o pique, já
que não estava mais montando e ficaria assim ainda por um tempo. Corri quatro
quilômetros de ida e correria os mesmos quatro para voltar, e quando estava
voltando vi um carro preto que passou a me acompanhar e parou na estrada.
Com os vidros escuros, não pude saber de quem se tratava e assim continuei
correndo sem olhar para trás.
— Marina! — chamou o homem fazendo-me congelar assim que reconheci
a voz e que me fez tremer de medo.
Parei imediatamente e me virei para trás, lá estava ele, o bom e
respeitadíssimo Deputado João Guilherme. Não acreditei no que meus olhos
viam, eu queria fugir, queria sair correndo e voltar para a segurança atrás da
guarita, mas eu estava há uns 2 quilômetros de chegar até ela e por mais que eu
corresse não conseguiria alcançá-la sem que João me abordasse de carro.
— João! — falei assustada, pois não o esperava ali tão cedo, era pouco mais
de sete e meia da manhã.
— Oi minha linda, como você está linda essa manhã. — falou caminhando
em minha direção até se aproximar de mim, segurar em meu rosto com a mão
gelada e dar-me um beijo no rosto. — como você está? E sua perna melhorou?
— perguntou como se nunca tivéssemos nos separado.
Enchi os pulmões de ar sem conseguir disfarçar meu desconforto, então
respondi:
— Eu... eu estou bem, obrigada, e... e minha perna está melhorando, cada
dia melhor, logo voltarei a montar e ir para às pistas.
Ele sorriu forçado.
Estava diferente, com uma barba farta e completamente casual usando
jeans, uma camiseta azul e boné preto.
— Senti tanto sua falta. — disse e veio se aproximando de mim.
Estiquei minha mão direita e pedi:
— Não se aproxime de mim, João.
— Ei amor, sou eu, seu noivo.
Gargalhei alto e falei:
— Você está maluco? Não é mais meu noivo há meses, o que quer afinal?
— Quero você, amo você, sou louco por você e não sei continuar vivendo
assim.
Afastei o passo tentando fugir da proximidade, pois os olhos dele me dava
medo.
— Acabou, João, eu amo outro homem.
Ele riu com ironia.
— Ah, Marina, não me diga que você ama aquele peão que colocou fogo no
celeiro do seu pai?
— Como tem tanta certeza que foi ele?
— É o que se comenta por aí.
— Por aí onde, João? — exasperei.
— Calma meu amor, não precisa ficar nervosa, é só um peão.
— É o meu peão, é o homem que eu amo e que não colocou fogo em nada.
— E como tem tanta certeza que não foi ele? — usou um tom de voz mais
ríspido.
— O Lucas é um homem de caráter, diferente de você.
— Mas eu estou sabendo que você não acreditou nisso e ele se foi daqui.
— Eu fui uma idiota, jamais deveria tê-lo deixado ir embora daqui. —
respondi e me virei de costas para ir embora dali, mas senti a mão dele me
segurar forte no braço.
— Me solta, João, você está me machucando. — ralhei tentando me soltar.
— Você vai voltar a ser minha, Marina, nem que eu tenha que...
— Que matar o Lucas? Por que só assim para me separar dele.
— Vocês já estão separados e eu nem precisei fazer nada para isso.
— Será mesmo que não fez? – questionei encarando-o com meu coração
descompassado.
Ele apertou ainda mais meu braço e me puxou para perto demais dele, me
encarou com fúria e respondeu:
— Está acusando um Deputado Federal, Marina? — me segurou com as
duas mãos e me beijou a força e assim mordi seus lábios com tanto ódio que o
sangrei.
— Aiii! Sua cadela! — virou um tapa na minha cara que me fez cair na
estrada.
Com a mão no rosto falei respirando apressada:
— Isso não vai ficar assim, João.
Ele se abaixou rente a mim que estava caída no chão, segurou forte em meu
maxilar e perguntou com os olhos faiscando de raiva:
— E o que você vai fazer? Vai dar queixa na delegacia? Faça isso e o seu
peão some do mapa em um estalar de dedos. — ameaçou, me soltou e graças a
Deus entrou no carro e foi embora.
Um medo surreal se apossou de mim, e ali jogada na terra chorei em
desespero e não percebi quando meu pai parou do meu lado, desceu da picape e
veio acudir-me.
— Filha! Filha! — falou desesperado. — O que aconteceu, você caiu? Se
machucou?
— Pai!
— Levanta meu anjo. — levantou-me do chão e quando me olhou direito
perguntou assustado. — O que foi isso no seu rosto? São marcas de um tapa,
filha, quem bateu em você? Quem te bateu Marina? — gritou nervoso.
— Pai por favor, esquece isso.
— O que? Olha seu braço, olha essa marca.
Engoli em seco.
— Mari, por favor filha, me diga o que aconteceu. — direcionou-me para a
porta do passageiro na picape.
— João me abordou enquanto eu corria.
— Desgraçado!! — rugiu socando com força o volante.
Ligou a Picape e ao invés de virar e me levar para casa ele seguiu para a
estrada que nos levaria para a cidade.
— Pai, onde vai?
— Vou levá-la a delegacia para prestar queixa desse safado.
— Ele ameaçou matar o Lucas se fizéssemos isso, pai.
— Marina, é só mais um agravante. E não, não me peça para deixar isso
para lá.
Meu pai me levou para o departamento de polícia na cidade e prestei uma
queixa contra o Deputado João Guilherme Carrasco e com isso tive que fazer um
exame de corpo de delito no IML. O delegado entrou em contato com meu pai
horas depois, e disse que João negou as agressões com veemência, mas que as
medidas protetivas que pedimos tinham sido feitas e agora João não podia
chegar perto de mim.
O processo estava correndo em segredo de justiça e tinha sido encaminhado
para o Supremo Tribunal Federal, pois sendo João um Deputado ele tinha foro
privilegiado e continuava caminhando livre por onde quer que quisesse.

Capítulo 44

Lucas
Minha vida estava uma correria enorme, pois agora eu tinha voltado a fazer
os serviços de peão no Haras do Greg, mas também dava uma mão para meu pai
com os assuntos da administração. Eu estava na selaria pegando os aparatos para
arrear o Tornado para dar uma volta, estava nos meus planos ir até o lago e dar
um mergulho no meu horário de descanso. Greg apareceu e me pegou com a sela
nas costas, então chegou dizendo:
— Preciso falar com você, Lucas.
Coloquei a sela no chão e respondi:
— Pode falar.
— Jorge acabou de me ligar.
— É mesmo? Ele tem novidades sobre o incêndio?
— Não, infelizmente não é nada com o incêndio.
— Greg, fala logo cara, quer me matar?
— Aconteceu uma coisa com a Marina.
— Ela está doente? — senti quando coração passou a bater mais rápido.
— Não. Olha... Lucas só vou te contar isso porque sei que você vai ficar
sabendo de qualquer jeito, notícias assim costumam se espalhar.
Coloquei os arreios em cima da mesa e falei:
— Ela voltou com o Deputado, não foi?
— Fica calmo, você precisa ter cabeça fria nesse momento, lembra que
você ainda precisa esfregar na cara de todos a sua inocência, e que o cara é um
Deputado e pode mandar te prender.
— Não quero nem saber daquele cara e se a Marina resolveu voltar com
ele, é porque se merecem. — virei as costas e peguei novamente à sela, e quando
a joguei nas costas do Tornado, Greg voltou a falar.
— Marina estava correndo fora da guarita no Haras, e na estrada foi
abordada pelo Deputado.
Me virei em direção ao Greg e passei a prestar atenção nele.
— Continue. — exigi.
— Jorge me disse que ele tentou beijá-la a força e Marina o mordeu nos
lábios retirando sangue dele.
— Greg, para de enrolar. — meu coração voltou a disparar.
— Ele bateu nela e ...
Nem o esperei terminar, peguei minha camiseta e jaqueta e sai vestindo-me
em direção ao estacionamento para pegar minha caminhonete, e Greg seguiu-me
falando sem parar:
— Lucas, não faça nada, Marina já deu queixa contra ele na delegacia, se
você fizer qualquer coisa contra ele vai estar tudo perdido para você, pois ele
estará com a razão.
— Razão? Não me fale em razão, Greg.
— Se encostar um único dedo no Deputado você estará perdido, me escuta
cara, deixa de ser teimoso.
Cheguei na caminhonete, abri a porta, coloquei o chapéu e simplesmente
me joguei no banco cego de ódio.
— Você nem sabe onde encontrar esse cara.
— Jorge deve saber. — liguei o motor e saí rasgando poeira na estrada.
Entrei no Haras Veloz e parei em frente à sede freando a caminhonete com
violência fazendo o pneu cantar. Assim que desci e olhei para à porta, vi Alana
saindo de lá.
— Lucas! Que surpresa você aqui. — disse sem graça.
— Onde ela está?
— Vou perguntar se ela quer te receber.
— Como assim se ela quer?
— Ela está muito abalada, Lucas.
Subi as escadas da varanda e fui entrando com tudo e subindo às escadas
que me levariam até o quarto dela, e assim que entrei a vi na sacada, de costas e
segurando no guarda corpo. Estava descalça, vestindo uma calça de pijama com
riscas e uma blusinha azul. Ela sabia que eu estava ali, pois de onde estava me
viu chegar.
— Marina! — falei seu nome e caminhei lentamente em sua direção.
Ela não se moveu, nem me respondeu, continuou parada olhando para
frente.
Aproximei-me dela e a abracei pelas costas levando minhas mãos a segurar
nas dela que não desgrudava da madeira da proteção.
Ela havia acabado de sair do banho, seus cabelos estavam úmidos e com o
cheiro que eu amava e que me lembrava frutas vermelhas, então fechei meus
olhos e cheirei seus cabelos, afastei-os de seu pescoço, pois queria sentir seu
cheiro nem que fosse pela última vez, e o fiz enquanto alisava seus braços com
carinho. Eu não sabia como estava conseguindo ficar sem ela, sem aquele cheiro.
Senti a respiração dela aumentar e seus pelos do braço se arrepiarem, eu
ainda despertava arrepios nela.
— Olha para mim, preciso ver com meus próprios olhos.
— Não, por favor, Lucas, não quero que me veja assim.
— Eu preciso, entende?
— Não, melhor deixar as coisas como estão.
— E deixar aquele cara fazer o que quer e quando quer?
— Você não precisa se meter com ele, não é mais meu namorado, não quero
você metido com ele, me promete.
— Não, esquece promessas, amo você Marina, e eu seria um covarde se
ficasse de braços cruzados vendo o que aquele cafajeste fez com você.
Ela soltou suas mãos do guarda corpo e se virou em minha direção, dizendo
de cabeça baixa, evitando me encarar:
— Também amo você, mais que tudo, me perdoe por ter acreditado no
Heitor no primeiro momento, sei que não seria capaz de me fazer mal.
Ergui seu rosto com a mão e um nó se formou em meu pescoço assim que
vi a mancha escura embaixo de seu olho esquerdo e em seu braço.
Afaguei seu rosto com meu polegar e virei de costas saindo do quarto dela,
eu estava possesso, um ódio mortal cresceu dentro de mim e tudo que eu
conseguia ver na cabeça era a imagem daquele Deputado maldito. Desci as
escadas pulando os degraus de dois em dois, e assim que cheguei lá embaixo, vi
Jorge sentado em seu bar com um copo de uísque na mão e um cigarro na outra.
— Está maluco? Você não pode beber, nem fumar. — tirei o cigarro da mão
dele e dei um trago.
— Não posso é? Quem te disse isso?
— Sei que não pode ou pelo menos não deveria devido ao seu problema.
Jorge gargalhou alto, estava nervoso e se via isso em seu olhar.
— Não te contei não foi? Não nos vimos mais.
— O que deveria me contar?
— Dr. Carrasco me disse que não tenho nada além de uma hipertensão,
segundo ele, meu ecocardiograma foi trocado com o de outro paciente na hora de
etiquetar.
— O pai do Deputado?
— Sim, exatamente.
— Como pode isso?
— Isso se chama armação, Lucas, tudo planejado nos mínimos detalhes por
aquele crápula do Deputado João.
— E onde eu encontro esse canalha?
— Onde você encontra, não... Onde encontramos.? Você quis dizer né?
— Vamos? — perguntei encorajando-o a vir comigo.
Quando estávamos os dois na porta, Marina apareceu na sala dizendo:
— Por favor, Pai, deixa que a justiça cuida disso.
— O Supremo Tribunal? — Jorge gargalhou. — Esqueça filha.
Saímos e quando fui entrar na caminhonete ela segurou-me pelo braço.
— Lucas, não, não, por favor não, ele ameaçou matar você, não vai até ele.
— Isso não vai acontecer.
Fechei a porta e liguei o motor e partimos, Jorge e eu.
Jorge foi guiando-me até chegarmos na porta da fazenda onde João ficava
quando estava por essas bandas. Jorge era conhecido pelo porteiro que nos
deixou entrar sem pensar duas vezes. Assim que nos aproximamos da casa
branca com uma piscina enorme na frente, saímos da caminhonete. João estava
dentro da piscina e quando nos viu saiu de lá dizendo:
— Era só o que me faltava! Sogrão vindo tirar satisfação junto com seu
peão.
O sangue ferveu em minhas veias e quando dei um passo para ir para cima
do Deputado desgraçado, fui agarrado pela mão de Jorge que disse:
— Fica de boa, Lucas, eu sou o pai e eu posso agir por violenta emoção. —
assim que terminou de falar, foi para cima do João e desferiu um soco direto em
seu olho.
— Uau! Sogrão sabe bater é? — foi em direção ao Jorge e tentou acertar
um soco nele, mas Jorge foi muito rápido em desviar-se e partiu para cima do
João dando-lhe socos no abdômen, mas quando reagiu acertou um soco certeiro
em Jorge que cambaleou, então quando eu fui para cima do João, apareceu um
de seus seguranças e me segurou pelos braços, o cara era um armário ambulante.
— Avise o seu pai, que já entrei com um processo contra ele, por ter
fraudado um exame que dizia que eu era cardíaco e se voltar a se aproximar da
minha filha, te mato sem titubear. — disse-lhe Jorge.
— Me solta! — puxei meu braço e o segurança me soltou. — ainda vou
acertar as contas com você Sr. Deputado. — avisei, pois já não podia fazer mais
nada, o homem estava cercado de seguranças.
— Não vejo a hora. — respondeu ele, virando as costas e foi entrando na
casa.
— Bora daqui, Lucas. — disse Jorge entrando na caminhonete.
— O que foi aquilo? Onde diabos aprendeu dar um soco daqueles?
— Era adepto de sacos de boxe, treinava em um saco amarrado no celeiro,
quando mais novo.
— Meu ódio ainda não passou, eu vou acabar com aquele cara na primeira
oportunidade, só eu e ele.
— É tudo que ele quer para te colocar atrás das grades, por isso não deixei
você fazer nada. E além do mais, quando provarmos tudo que ele fez, ele deixará
de ser Deputado e aí sim, Lucas, você vai poder acertar as contas com ele.
Grudei as mãos no volante, sem me conformar que não acabei com a cara
dele.
Assim que chegamos no Haras, Mari e Alana estavam aflitas sentadas na
varanda e assim que estacionei, ambas vieram até nós.
— Jorge meu amor, seu olho. — Alana foi logo abraçando Jorge.
Marina ficou parada me olhando sem dizer nada e eu correspondi seu olhar
aflito.
— Que bom que vocês voltaram, eu estava em pânico. — disse Marina.
— Não tive tempo de fazer nada, seu pai tomou a dianteira e deu uma bela
de uma surra no Deputado.
Marina se virou para o lado do pai e indagou:
— Isso é verdade, pai?
— É, você é minha filha e eu tinha que tirar o aperto que estava me
matando.
— Vem amor, vamos cuidar desse ferimento em seu supercílio. — disse
Alana levando Jorge para dentro.
Fiquei sozinho com Marina e tudo que eu mais queria era que ela desse o
primeiro passo em direção a mim, eu queria tanto beijá-la, queria sair com ela no
colo e ir fazer amor com ela nem que fosse no meio do mato. Mas não houve o
primeiro passo, nem de minha parte, nem da parte de Marina, então virei as
costas e abri a porta da caminhonete, e antes de entrar, ela se pronunciou:
— Não consegue me perdoar, não é mesmo? — ela perguntou enfiando
suas mãos no bolso da calça do pijama.
E antes que eu dissesse novamente que a amava em desespero e que eu
estava tentando perdoá-la, ela virou as costas e subiu correndo os degraus da
varanda e desapareceu de minha visão. Coloquei as duas mãos no volante e
abaixei minha cabeça nele. O que você está fazendo, Lucas? Perguntou meu eu
interior, e foi como se um diabinho tivesse respondido: “Tendo amor próprio.”
Olhei para cima por fora da janela e vi que Marina não estava na sacada, e
assim liguei o motor da caminhonete e fui embora, eu e meu orgulho desgraçado.

Marina
Lucas não me perdoava e nem eu mesma conseguia perdoar-me.
Não chorei com sua partida, não iria mais chorar e nem me arrastar, pedi
perdão por mais vezes do que deveria, porque acho que o perdão não deve ser
implorado, não deve ser mendigado, tem que ser dado de bom grado, e se Lucas
me negava isso, era porque nunca me daria. Caminhei em direção a varanda e
fiquei escutando o barulho do ronco da caminhonete dele se afastando e levando-
o para longe de mim novamente.
Quando me tocou mais cedo na varanda, senti como se uma corrente
elétrica estivesse me dando um choque, fazendo até meus pelos se arrepiarem,
senti que podíamos recomeçar. Ele disse que me amava, mas não disse que me
perdoava, não era o fim, senti que ainda existia esperança.
Capítulo 45

Marina
Os dias se passaram e com eles a mancha roxa que havia se formado em
volta do meu olho, eu havia desistido de ficar sofrendo e chorando, pois não
fazia sentido nenhum ficar me mortificando se a vida continuava. Meu pai não
tinha avançado em nada nas investigações secretas dele sobre o incêndio, e com
isso as coisas que aconteceram no Haras seguiam sem um culpado. Meu pai
optou por não contratar um novo administrador, pois no fundo tinha esperanças
de que Lucas voltasse, eu, por outro lado, não tinha esperança nenhuma, mesmo
que ficasse provado a inocência dele, eu muito duvidava que Lucas fosse voltar,
pois se mesmo depois de ter dito várias vezes que havia me arrependido, de ter
implorado seu perdão, ele não voltou, é porque não me amava o bastante como
dizia amar.
Acordei na manhã, que seria um divisor de águas na minha vida, com os
primeiros raios de sol incidindo certeiros em meu rosto, era uma bela manhã de
sexta-feira, mas não era qualquer sexta-feira, era o dia em que eu tiraria uma
dúvida cruel de minha cabeça e o dia do aniversário de meu pai.
Levantei da cama sonolenta e fui em direção a sacada, lá, respirei o ar puro
que vinha da Serra e que enchia meus pulmões de vida, e quem sabe alimentava
mais de uma vida em mim. Entrei novamente no quarto e fui em direção à
escrivaninha apanhar minha bolsa, e de dentro dela apanhei o objeto
identificado. Eu já havia usado um daqueles em outra ocasião de minha vida,
mas, na época eu era só uma menina que não sabia muito da vida, mas pelas
bênçãos de Deus no passado aquilo deu negativo.
Entrei no banheiro segurando o teste de gravidez na mão, eu estava nervosa,
aflita, pois não era o momento para estar grávida, não com Lucas tendo decidido
manter-se afastado de mim, mas, que fosse como Deus quisesse.
Assim que fiz o teste, mandei uma mensagem para Alana, ela deveria estar
em casa, mas eu não quis sair gritando e procurando-a, não queria alarmar meu
pai.
Venha ao meu quarto, preciso te mostrar uma coisa.
Alana abriu à porta, e eu estava parada feito boba com a caneta do teste na
mão, e então ela se aproximou de mim de boca aberta e questionou-me:
— O que? — pegou a caneta de minha mão e constatou a positividade dele
dizendo toda empolgada. — Mari, você vai ser mamãe, ah meu Deus! Jorge e
Lucas irão enlouquecer quando souberem. Até que enfim esse bebê vai unir
vocês dois de novo.
— Ninguém vai saber de nada por enquanto, Alana. — informei-a com meu
coração batendo na boca.
— Posso saber o porquê? — sentou-se na beira da cama.
— Lucas e eu estamos separados e tudo que não quero nesse momento é
que ele volte para mim por conta de um bebê.
— O Lucas te ama, Mari. Vocês são loucos um pelo outro, você não pode
esconder isso dele.
— Por favor, Alana, você não pode contar isso para o meu pai, ele não iria
nem me esperar explicar nada e já iria correndo contar para o Lucas.
— E não é a coisa mais certa a ser feita?
— Não neste momento, não no dia de hoje.
— Mas, Mari, hoje é o aniversário do seu pai, tem presente mais
maravilhoso que um netinho?
— Eu sei que meu pai vai ficar explodindo de felicidade, mas eu preciso
fazer uma coisa antes de contar a eles, Lucas tem que querer estar comigo
independente dessa gravidez.
— Suponhamos que isso não aconteça, vai ficar aqui trancada com essa
barriga crescendo? Aliás, como foi que você deixou isso acontecer?
— Não me pergunte isso, foi um descuido, fiquei uns dias sem meu
anticoncepcional e acabei transando com Lucas em um dos dias que eu estava
desprotegida, tenho certeza que foi um dia em que ficamos juntos na beira do
rio.
— No rio? — perguntou de boca aberta.
— Não dentro do rio, na beira do rio, na caminhonete.
— Uau! Que aventura quente e produtiva essa a de vocês hein?
— Não importa como e nem onde, importa que agora ele ou ela está aqui.
— passei a mão em minha barriga com carinho, eu estava simplesmente
apaixonada pela ideia de ter um bebê dentro de mim.
Alana sorriu feito boba dizendo:
— Tomara que seja uma amazona para eu correr com ela por estes pastos.
— Tomara que seja um peãozinho. — sorri boba já imaginando uma
miniatura do Lucas montado em um cavalo e aprendendo tocar violão.
— Importa que tenha saúde. — concluiu Alana.
— Bom, promete não contar até amanhã?
— Meu Deus, o que deu nas pessoas dessa família que não param de me
pedir para guardar segredos?
— Por favor! — implorei.
— E tem outro jeito?
Balancei a cabeça negando.
Levantei da cama e me troquei, vestindo um longo verde, eu tinha que
resolver detalhes da festa do meu pai no Celeiro, eu havia conseguido convencê-
lo a irmos comemorar lá. Desci e encontrei com meu pai na copa, e corri para os
braços dele e falei:
— Parabéns, papai, que o senhor ainda viva muitos anos para poder ser o
melhor vovô do mundo.
— Vovô!? — perguntou alarmado olhando para minha barriga.
— Sim, quando finalmente eu tiver um filho.
— Ufa! Que susto, filha.
Quando estávamos reunidos na mesa do café, escutamos a buzina disparada
de uma caminhonete, quem estava lá fora estava ansioso para que saíssemos
logo, e assim meu pai saiu na frente e depois Alana, por último e não menos
curiosa saí de casa comendo um morango. Assim que coloquei os pés na
varanda, já avistei à caminhonete preta do Lucas e estava com um trailer
engatado nela.
Greg disse pendurado da porta sem descer:
— É aqui que encomendaram a cobertura de um garanhão?
Lucas desceu da caminhonete e sem dizer nenhuma palavra levou seus
olhos em mim, e sempre que seus olhos encontravam com os meus eu sentia o
mesmo frio na barriga. Ele estava lindo demais vestindo uma camisa jeans com
os primeiros botões abertos deixando à mostra os curtos pelos de seu peito, e não
havia nada que me excitasse mais que o tórax bem definido do Lucas.
Greg veio até meu pai e o abraçou desejando os parabéns, em seguida
Lucas fez o mesmo dizendo:
— Parabéns Jorge, espero que goste do presente que trouxemos para você.
— Cara, nem sei o que é e já estou com dor de barriga de ansiedade. —
respondeu meu pai.
— Isso foi ideia do seu genro. — disse Greg, e Lucas levou seus olhos a
mim imediatamente, eu tinha certeza que estava queimando de vergonha.
— Confere aqui, Jorge se era esse mesmo que você queria. — disse Lucas
dirigindo-se para o lado de trás do trailer, e quando ele abriu à porta e puxou o
animal pelo cabresto, trazendo as vistas de meu pai, ele levou as duas mãos na
nuca sem acreditar no que estava vendo, então falou aflito:
— Fantasma! Porraaa! Não posso acreditar. — meu pai surtou de
felicidade.
— É só uma cobertura com garantia de prenhes, velho amigo, não se
empolgue tanto, não estou te dando o animal de presente.
Meu pai gargalhou de nervoso e respondeu:
— Melhor presente de aniversário da face da terra, coloca o preço na
cobertura.
— Se é um presente não tem preço, Jorge. — avisou Lucas.
— Está certo.
Meu pai foi até o cavalo do Greg, um paint horse de pelagem Palomino, um
dourado-claro, maravilhoso, por isso recebeu o nome de Fantasma, por ser veloz
e ficar invisível aos olhos pela pelagem. Ele o tocou com reverência, meu pai
tinha grande paixão pelo animal do Greg, e sempre sonhou em ter o Fantasma
cobrindo uma égua dele em coito, para que pudesse ter um potro igual ao pai.
Por anos ele tentou comprar essa cobertura e Greg nunca vendeu.
— Greg, Lucas, eu nem sei como agradecê-los por isso. — falou meu pai
emocionado.
— Agradeça levando-o logo para conhecer a Afrodite. — respondeu Greg,
já que Afrodite era a égua de maior estima do meu pai.
— Como sabe que ela está no cio? — questionou meu pai.
— Lucas! — Greg disse.
Meu pai olhou para o Lucas e disse:
— É por essas e outras, que seu lugar continua livre aqui.
Lucas sorriu sem nada responder.
Voltei para dentro de casa e apanhei minha bolsa, toda aquela festa estava
boa, mas eu tinha um compromisso inadiável. Desci às escadas e fui até Greg e
Lucas para agradecê-los.
— Greg, Lucas, obrigada por me fazerem ver meu pai agir como uma
criança que acabou de ganhar um doce, fazia tempo que não o via tão feliz, e
esperamos vocês hoje à noite no Celeiro para comemorarmos essa data.
— Não agradeça, seu pai merece, e se é um potro do Fantasma que ele quer,
vamos tentar dar a ele. — Greg respondeu.
— Melhor que isso só se esses dois me derem um netinho. — disse meu pai
apontando para mim e Lucas.
Sorri, virei as costas e fui me afastando em direção minha picape que estava
no estacionamento. Caminhei alguns metros até ela e abri a porta, joguei minha
bolsa no banco do passageiro e quando fui entrar senti mãos fortes segurando-me
e impedindo-me de entrar na picape.
— Mari, espera! — pediu, Lucas.
O cheiro do perfume dele recendeu em minhas narinas, se saudade tivesse
cheiro, era o cheiro do Lucas. Naquele momento senti meu coração bater
descomedido.
Abaixei meu pé e voltei a fincar no chão.
Minha respiração começou a ficar ofegante só ao sentir o toque das mãos
dele em mim. Lucas me olhava com desejo e paixão, eu já conhecia aquele olhar,
e eu estava ficando nervosa com ele me olhando sem me dizer nada, então
questionei:
— Ia me dizer alguma coisa, Lucas?
— Podemos conversar?
— Me perdoe, mas agora tenho um compromisso muito importante.
— Um compromisso?
Ponderei antes de respondê-lo e acabei por mentir para ele.
— Sim, no cabeleireiro, esqueceu que hoje é a festa do meu pai?
— Não... Não me esqueci não.
— Você vai estar lá, não vai?
— Vou sim.
— Então podemos nos falar lá?
Lucas fez que sim com a cabeça e se virou desapontado voltando para onde
estavam em volta do Fantasma.
Eu não podia me atrasar naquele compromisso, dele dependia que tudo
desse certo durante a festa, então entrei na minha Picape e saí do Haras passando
raspando em Lucas, que fez um sinal com a cabeça para mim.

Lucas
Só Deus sabia como eu estava me segurando para não pegar Marina em
meu colo e levá-la para qualquer lugar onde pudéssemos ficar a sós. Ela estava
linda demais, vestindo um daqueles vestidos que varrem o chão afora. Ia dizer a
ela que eu já havia conseguido perdoá-la, mas respondeu-me com uma frieza,
que até pensei que já tinha conseguido me esquecer.
Todos do Haras Mattos estavam convidados para a comemoração do
aniversário do Jorge que seria no Celeiro. Fiquei sabendo que Marina estava
organizando a festa e que teria inclusive alugado o bar para receber apenas seus
convidados, para beber e comer por conta do Jorge. Enquanto estive lá no Veloz,
não vi Heitor em nenhum canto, eu o procurei, pois queria muito dar de topo
com aquele canalha. Ficavam todos me dizendo que a hora certa chegaria, mas
nunca chegava, e com isso Jorge o mantinha à vista até que pudéssemos provar
sua culpa.
Greg e eu passamos a manhã toda no Veloz por conta do cruzamento do
Fantasma com Afrodite, e nada de Marina voltar do tal cabeleireiro, eu estava
simplesmente com o pé atrás com àquela situação, nem Marina, nem Heitor e
aquilo começou a me incomodar. Greg e eu voltamos para casa e no fim da tarde
um dos peões do Haras foi buscar o Fantasma.
Em casa saí do banho enrolado na toalha, eu tomei meu banho com a
cabeça quente tentando imaginar com quem Marina passou toda a manhã, e nada
conseguia me tirar da mente que era com Heitor.
— Filho, já passei sua camisa branca e à calça preta, estão penduradas aí no
seu quarto.
— Já vi mãe, obrigado.
Sentei na cama antes de me trocar e peguei o celular, eu não sabia o motivo,
mas precisava ouvir a voz dela, precisava sentir algum tipo de firmeza, antes de
me decidir se queria mesmo ir naquela festa, então disquei o número dela.
Depois de três toques todos os pelos do meu corpo se arrepiaram ao ouvir a
voz dela:
— Lucas! Tudo bem, aconteceu alguma coisa?
— Oi, Marina, não... Eu só queria saber que horas mesmo começa a festa.
— menti.
— Depois das nove. — respondeu com a voz doce que me fazia lembrar
como eu a amava. — Lucas, na festa, nada do que vir, será o que parece.
— Do que você está falando?
— Só confie em mim.
— Conseguiu me deixar nervoso.
— Preciso terminar de me trocar, preciso estar lá para receber os
convidados.
— Está bem, te vejo lá.
Marina desligou o telefone e simplesmente fiquei bolado com a frase que
ela havia dito, de que nada do que eu vir na festa é o que parece. Como assim,
Marina?
Me vesti com uma camiseta qualquer e fiquei sentado na cama pensando se
deveria ou não ir, alguma coisa estava me dizendo que iria me decepcionar mais
uma vez com ela.
Algumas horas depois minha mãe apareceu dizendo:
— Filho! Ainda sem se trocar meu amor? Já são quase dez horas.
— Estou cansado, mãe, acho que não vou a essa festa.
— Poxa, eu tinha tanta esperança que você e Marina voltassem a namorar
hoje. — virou as costas e saiu do quarto.
Olhei a hora no meu pulso e já marcava dez e meia.

Capítulo 46
Marina
Dez e meia da noite e todos os convidados já haviam chegado, digo, quase
todos, e se divertiam juntamente com meu pai, que estava mais feliz que nunca e
gozando de muita saúde. Eu estava em pânico com medo de que Lucas não
aparecesse, e assim não conseguia tirar os olhos da porta enquanto bebia sangria
com meu treinador que estava se afundando na vodca com energético.
A banda tocava no palco um som mais ambiente que nos permitia falar e
sermos ouvidos, os garçons caminhavam pra lá e pra cá com as bandejas e
serviam todos os tipos de aperitivos. Eu ainda não estava no clima da festa, mas
precisa entrar.
— Ei, está esperando o peão? — perguntou Heitor.
— Parece que ele não vem. — respondi desanimada tomando mais gole da
minha bebida.
— Lucas é um cara bom, eu me arrependo de tê-lo acusado sem provas.
— Até porque não tinha as digitais dele no isqueiro. — completei.
— Pois é, parece que quem tentou incriminá-lo acabou por limpar as
digitais, apagando assim as marcas de dedos de ambos.
— Pode ser, mas, vamos mudar de assunto, busca outra sangria para mim,
treinador, por gentileza.
Heitor se levantou e foi até o balcão, lá ele pediu a Soraia mais do que eu
estava bebendo e voltou à mesa com mais vodca também.
— Achei que você não fosse vir. — falei para ele.
— Eu tive um problema em casa, por isso me atrasei, mas estou aqui.
— Chega a ser engraçado ouvi-lo falar de problemas em casa, você nunca
fala da sua vida, foi sempre tão reservado. — cutuquei-o.
— Deve ser porquê de fato sou muito reservado.
— Entendo, e espero que esteja tudo bem na sua casa.
— Vai ficar. — respondeu-me preocupado.
Ninguém do Haras sabia muito sobre o treinador e olha que fazia mais de
dez anos que ele trabalhava conosco, mas morava em São Paulo, e pouco
sabíamos de sua vida afetiva, coisas do tipo, com quem morava e onde, eu só
sabia que nunca o vi com uma mulher e nem sequer falando de ter uma.
Greg e Lia sentaram-se com meu pai e Alana, e Lia era uma mulher
lindíssima e muito simpática, ela estava maravilhosa com uma linda barriguinha
de grávida, o que fez me imaginar ostentando a mesma barriguinha.
Tomei todo meu copo de sangria em um segundo e chamei Soraia que me
trouxe outro.
— Isso aí minha amazona preferida, vamos beber porque hoje não é dia de
ficar remoendo os problemas do coração. — disse Heitor.
Eu estava fingindo tomar todas para incentivar Heitor beber todas e mais
umas e quando buscava para ele trazia para mim e vice e versa.
A banda começou uma música country mais animada e assim Heitor se
animou todo dizendo:
— Uau! Eu amo essa música, é Drink In My Hand, lembra Mari? Eric
Church, meu cantor preferido.
Claro que eu me lembrava e era exatamente por isso que a banda estava
tocando aquela música, pois eu queria Heitor sentindo-se o mais à vontade e
feliz possível.
Ele se levantou e estendeu a mão a mim dizendo:
— Bora pra pista com esse seu treinador gato?
— Só se for agora. — respondi e olhei novamente na porta.

Lucas
Olhei no espelho e arrumei a gola da camisa, fiquei encarando-me sem
saber se realmente era uma boa aparecer lá, eu não sabia como me vestir para
uma festa de gente rica, e estava indeciso demais.
— Está lindo, filho. Falta só ficar bem cheiroso, porque mulheres gostam
de homens bem cheirosos.
Caí na gargalhada olhando em direção à porta onde minha mãe estava
parada.
Fui até ela e a abracei carinhoso, dizendo:
— Mãe, a senhora não existe.
— Existo sim, estou bem aqui.
Apanhei o vidro do perfume e espirrei-o em mim, e questionei:
— Assim está bom?
— Assim está perfeito, mas vai logo filho, para de enrolar. — encorajou-me
ela.
— Calma mãe, já estou indo. — dei-lhe um beijo na testa e fui saindo de
casa.
Cowboy me seguindo como se fosse ir junto, estava se achando.
— Não, não garoto, você fica aí com minha mãe.
Ele entendia muito bem o que um não queria dizer e assim parou na porta e
sentou.
Cheguei no Celeiro todo desenxabido, e quando cheguei na porta deixei
meu olho varrer o cenário, e sozinhos, no centro da pista estava o desgraçado do
Heitor dançando com Marina, que se divertia dançando toda animada com ele.
Eu não sabia o que pensar e assim fechei minhas mãos em punho com o ódio
circulando como droga em minhas veias. “Confia em mim”. Lembrei-me
Ele a girava na pista e por muito pouco não ví a calcinha dela, pois estava
usando um vestido palha muito curto, meu sangue estava fervendo de vê-la
sorrindo para ele daquele jeito. Virei de costas para ir embora, pois arrependi-me
no exato momento de ter ido, mas assim que me virei dei de topo com Tonho,
que disse:
— Opa! A festa é lá dentro, Lucas! — disse ele empurrando-me.
— Não sei se posso, cara.
— Claro que pode.
— Ela já tem companhia.
— Quem? Marina?
— Quem mais poderia ser?
— Posso te falar uma coisa, Marina é mais esperta que você imagina, não
subestime a inteligência dela e mais uma coisa, confie nela.
— Você também com esse papo de confiar?
— Cara, bora entrar de vez que a festa está muito boa. — tinha algo
estranho no ar e até Tonho sabia.
Assenti e caminhei com Tonho rumo à mesa onde se encontrava Greg e
Jorge, mas antes que eu chegasse à mesa, tivemos que atravessar a pista, e
Marina caminhou distraída com Heitor saindo da pista, e sem me ver, deu de
topo comigo.
Marina
Cheguei a transpirar dançando com Heitor, e confesso que por um momento
o reconheci apenas como o amigo que foi durante anos. Quando saímos da pista,
eu estava distraída e dei de topo com Lucas na minha frente, aconteceu
exatamente quando nos conhecemos, e meu coração quase parou, fechei meu
sorriso no mesmo minuto e o encarei, estava lindo de camisa branca e calça
social preta. Nunca o tinha visto vestido de forma tão elegante.
— Que bom que veio, Lucas. — falei olhando dentro de seus olhos.
— Não tenho certeza se foi bom.
Ficamos no meio da pista de dança parados, encarando um ao outro.
— Você está muito lindo. — falei mais alto para ser ouvida com nitidez.
— Você também, provocantemente linda, e para variar com o vestido muito
curto.
Sorri e questionei:
— Você achou curto?
— Nem preciso responder. — disse engolindo em seco.
Greg nos tirou daquele momento de transe, onde não existia mais ninguém
ali além de mim e Lucas.
— Ei Lucas, chega mais! — disse Greg.
Lucas olhou em direção à mesa onde Greg e meu pai bebiam, enquanto Lia
e Alana conversavam e fez sinal com a mão avisando que estava indo.
— Espero que se divirta e que essa noite seja inesquecível para você. —
falei e virei as costas deixando-o lá e voltei para à mesa onde estava Heitor.
Juntos, Heitor e eu bebemos todas, ele estava começando a falar demais.
— Mari, você é uma mulher maravilhosa, juro que se eu gostasse de
mulheres ia te fazer esquecer o Lucas.
Fiquei tão sem graça, sem entender a parte de que se gostasse de mulheres,
que não o respondi nada e levantei-me perguntando:
— Mais uma? Minha vez de buscar.
— Claro, não esquece o energético.
Me virei transtornada, pensando em que sentido àquela frase do treinador
tinha, e em que aquilo tinha a ver com os acontecimentos no Haras. Meus Deus!
Ele é gay! Pensei.
— Soraia, mais do mesmo para mim e outra vodca do treinador.
— É pra já. — respondeu-me ela, e antes que ela pudesse se virar, Lucas
chegou em minhas costas e disse:
— Mais do mesmo para mim também, Soraia, já que você virou a garçonete
preferida da Marina, imagino que esse mais do mesmo esteja um espetáculo.
— É só sangria, Lucas, você não vai gostar, bebida para mulher, e está bem
fraquinha. — respondeu Soraia tentando fazê-lo desistir de experimentar minha
bebida.
— Traz assim mesmo. — ele respondeu e ficou de olho fixo em Soraia, que
encheu dois copos da bebida que estava em uma jarra cheia de frutas dentro.
— Está gostando da festa? — perguntei a ele.
— Não sabia que Soraia tinha caído nas suas graças, percebi que só ela te
serviu à noite toda. — falou ignorando minha pergunta.
— Ela ficou encarregada das bebidas doces.
— Sei! — balançou a cabeça desconfiado.
Soraia entregou o copo a Lucas, que o levou em seus lábios no mesmo
momento.
— Humm! O belo e velho suco de uva. — falou encarando-me. — Bem
fraco mesmo, Soraia. — disse para ela.
Lucas pegou o copo, chegou bem perto do meu ouvido e disse-me:
— Tome cuidado. — olhou para Soraia e falou para ela. — uma dose de
álcool aqui não irá matar ninguém, colocou o copo no balcão e assim ela pegou o
copo e colocou gim e vinho e o entregou novamente.
Em cima do balcão ficou dois copos, um com o álcool e um sem álcool, e
Lucas pegou o copo sem o álcool, e me disse:
— Seu treinador está de olho na gente, acho que ele vai querer
experimentar sua sangria — virou e afastou-se de mim deixando o copo com
álcool para que eu pegasse.
Quando voltei com os copos, a sangria e a vodca, Heitor disse:
— Também quero experimentar, parece boa sua sangria.
Arrastei o copo em direção a ele que pegou e levou a boca. Como Lucas
sabia que o Heitor ia pedir para experimentar? Eu não sabia, só fiquei aliviada
por ele ter percebido isso e mandado colocar o álcool.
— Forte! Mais ainda é bebida de menininha. — gargalhou e bebeu de sua
vodca por cima.
— Eu gosto de bebidas de menininhas. — respondi gelada.
Ele gargalhou todo espalhafatoso, via-se que estava completamente
alterado.
— Vem, quero dançar com você de novo.
— Melhor parceiro de dança. — respondi levantando-me e dando as mãos
para ele.
Voltamos para a pista que naquela altura da festa já estava lotada, os
convidados estavam mesmo aproveitando o baile.
— O que foi que o Lucas disse no pé do seu ouvido? — Heitor quis saber.
— Que meu vestido está muito curto. — mentir sem titubear.
Heitor gargalhou novamente guiando-me pelo salão.
— É um babaca mesmo. Vocês deveriam estar juntos e não brincando de
gato e rato.
— Ele não aceitou meu pedido de perdão.
— Por que é turrão. Uma mulher maravilhosa como você e esse cara
fazendo isso?
— A culpa não é dele, treinador, eu é que sou culpada.
— Está aqui comigo para fazer ciúmes para ele, eu sei disso.
— Não, não é nada disso, só não queria ficar onde ele pudesse estar.
— Então bora beber mais que eu estou amando sua companhia.
Voltamos para à mesa e eu continuei bebendo minha “ sangria” e ele vodca.
O cantor da banda era muito amigo do Lucas, e assim o chamou para
cantarem juntos e Lucas não pensou duas vezes, subiu no palco, pegou um
violão e se sentou na escada junto com o vocalista da banda, e juntos cantaram
uma música linda que mexeu com minhas estruturas.
Meu coração
Bate ligeiramente apertado
Ligeiramente machucado
Caiu tão fundo nessa emoção ...

— Rã... Aquele cara te ama, Mari. — disse Heitor e eu nem piscava


enquanto o ouvia cantar.
Heitor bebeu tanto que achei que entraria em overdose ali mesmo e de
repente as coisas saíram do meu controle, pois eu havia planejado de um jeito e
as coisas saíram de outro, e ainda melhor do que podia imaginar, mais ou menos,
porque eu não sabia até que ponto Lucas tinha percebido sobre o fato de eu estar
bebendo só suco de uva e não sabia se ele tinha de fato pescado alguma coisa no
ar, mas o fato é que à noite começou a acabar para mim quando o vi dançando
com Melissa, a filha do Prefeito da Cidade. A música era lenta e eles dançavam
agarradinhos e cochichavam um no ouvido do outro e riam. Fiquei olhando a
cena toda sem nem piscar e Heitor acabou por se incomodar com tudo aquilo e
gritou de onde estávamos.
— Ei seu peão de merda! Vai mesmo continuar fazendo Marina sofrer? —
perguntou com a voz arrastada, estava caindo de bêbado e assim que se levantou
quase caiu, não fosse à mesa ao lado, onde se apoiou.
Lucas parou de dançar, deixou a moça lá no meio da pista e veio em nossa
direção, mas assim que ia peitar Heitor, Tonho o segurou.
— Do que foi que me chamou? — Lucas questionou.
— De peão de merda. — Heitor respondeu sem medo.
Lucas tentou se soltar das mãos do Tonho, mas Greg já estava junto
também ajudando a segurá-lo.
— Você é um frouxo mesmo, Lucas, se eu gostasse de mulher, hoje mesmo
eu levava Marina para cama, porque essa é uma mulher para se ter em cima da
cama para o resto da vida.
De imediato percebi o que estava acontecendo e acabei ficando com muita
pena do Heitor, mas não durou muito tempo, pois lembrei-me do que Soraia
havia me dito sobre ter ouvido ele com João falando sobre o isqueiro, quando eu
a procurei louca de ciúmes do Lucas.
— Cala sua boca Heitor, quem é você para me dar lição de moral? Você
armou para me separar da Marina, eu sei de tudo, sei que foi você que usou meu
isqueiro para colocar fogo no celeiro.
— Você... você está blefando. — Heitor respondeu gargalhando de bêbado
e nervoso.
— Não, a pessoa que ouviu vocês falarem sobre o isqueiro, é de confiança.
— retrucou Lucas.
Heitor se virou para o lado do balcão, e perguntou:
— Foi você, não foi Soraia? Só tinha você aqui na tarde em que conversei
com o Deputado.
Soraia nada disse e naquela altura do campeonato, a banda havia parado de
tocar, exatamente como combinamos e todos os convidados estavam atentos a
tudo, principalmente meus convidados especiais.
— Não foi ela. — esbravejou Lucas. — Nega que foi você?
Heitor deu as costas para Lucas e se voltou a mim chorando e caindo de
bêbado começou a falar sem parar:
— Mari, me perdoe, me perdoe Marina, eu não tive uma alternativa a não
ser fazer tudo que o Deputado João queria, ele ameaçou contar sobre minha vida
amorosa e ia me dar um Haras completo com animais e tudo. Só me perdoa. —
debruçou sobre uma mesa e segurou firme com as duas mãos, e de cabeça baixa
passou a confessar-se no meio de todos. — Fui eu quem feriu a Mel, perdoe-me,
e dopei Tenente em Barretos, mas eu juro que não queria machucá-la, eu apenas
errei na dose, não era para ele ter tido condições de entrar na arena.
— E o celeiro? — questionei.
— Fui eu também. O Deputado João queria o Lucas longe de você a
qualquer custo, então, arquitetou toda a porra de um plano que envolvia
inclusive a falsa doença do Jorge. — enquanto Heitor confessava tudo que havia
feito, todos escutavam em silêncio e chocados. — Era para eu ter deixado as
digitais do Lucas, mas na hora senti pena dele e limpei as digitais com um lenço.
— Por que? Por que treinador? Por que aceitou fazer isso comigo? Sempre
fomos amigos. — perguntei perplexa com a confissão, mesmo Soraia tendo me
contado sobre o isqueiro, pois sobre Mel e Tenente, nunca imaginei que pudesse
ter sido ele.
— Por que eu sou gay, tenho um namorado e moramos juntos em São
Paulo. Não queria que soubessem disso.
Nem todos os homens que estavam em volta do Lucas conseguiram segurá-
lo e assim Lucas partiu para cima do Heitor e começou a bater nele com tanto
ódio que pensei que fosse matá-lo, mas graças a Deus, o delegado e os
investigadores que ele trouxe com ele, conseguiram conter o Lucas. Soraia e eu
armamos tudo juntas, conversei com o delegado e o convidei para a festa,
expliquei a ele minhas suspeitas, inclusive, o que Soraia havia ouvido, e como o
caso envolvia um Deputado, ele ficou todo animado, pois faria seu nome naquele
caso. Assim que conseguiram sentar o treinador, depois de Lucas quase tê-lo
matado, o delegado deu voz de prisão a ele:
— O senhor está preso, por tentativa de assassinato, por maltratar animais e
por colocar fogo na propriedade do criador Jorge Mello.
— Eu não... eu não queria matar a Mar... — Heitor ainda tentou falar, mas
estava todo ferido com a boca sangrando.
— O senhor assumiu o risco quando dopou o animal da senhorita Marina
Mello. — respondeu o delegado que o algemou ali mesmo na frente de todos. —
ela poderia ter vindo a óbito com a queda.
Os amigos do Lucas, tanto do Haras do Greg, quanto do Haras do meu pai,
fizeram uma festa abraçando-o e cumprimentando-o por fim ele ter conseguido
provar sua inocência, e eu tinha cumprido meu propósito que era embriagar
Heitor a ponto de fazê-lo confessar-se na presença do delegado e de seus
investigadores. O delegado disse-me que se Heitor viesse a confessar,
imediatamente iria pedir o mandato de prisão para João e ele tinha certeza que a
justiça iria expedir o mandato, pois se tratava da tentativa de homicídio contra
minha pessoa.
Enquanto Lucas comemorava com seus amigos, peguei minha bolsa e sai
pela porta, eu estava exausta e não queria atrapalhar toda a comemoração dele, e
assim montei na picape e fui embora para casa.

Lucas
Aliviado, era como eu estava me sentindo ao saber que todas as pessoas que
talvez tivessem desconfiado de mim, agora sabiam da minha inocência. Era uma
felicidade que transbordou a tal ponto que chegou a cegar-me por um instante
que nem sei como explicar. Marina me surpreendeu de uma forma que jamais
imaginei que faria, esperava de qualquer pessoa, menos que fosse ser ela a
responsável por me inocentar. Eram tantos rostos que vinham me abraçar, era
tanta gente na minha frente que eu não conseguia enxergar onde Marina estava, e
eu a procurava com os olhos de forma desesperada, mas a cada passo na
tentativa de achá-la, uma nova pessoa me parava para dizer que nunca tinha
acreditado que eu fosse mesmo culpado. Consegui chegar no Greg, que me
abraçou forte dizendo:
— É isso aí, Lucas!
— Viu a Marina, Greg?
— Não!
— Acho que vi quando ela saiu pela porta da frente, Lucas. — disse-me
Lia, e assim fui passando apressado pelas pessoas até conseguir chegar na porta,
então chamei:
— Marina! Marinaaa! — sua picape estava virando a esquina, então
rapidamente corri até minha caminhonete que estava bem mais afastada porque
cheguei muito tarde e não encontrei vaga.
Só consegui alcançá-la quando estava chegando na estrada de terra que nos
levaria direto para o Veloz, e assim a segui comendo poeira atrás dela.

Capítulo 47

Marina
Os faróis de alguém que também resolvera vir embora da festa estavam
grudados em mim, os fachos de luzes iluminavam à poeira que meu rastro
deixava para trás. E em minha mente não tinha nada além do sorriso largo do
Lucas comemorando a confissão do meu treinador, ele estava radiante por enfim,
provar que ele não tinha tido nada a ver com o incêndio. Antes de me retirar
fiquei olhando o brilho nos olhos dele, e agora seguia imaginando como ficariam
se soubesse que estamos grávidos. Mas isso é assunto para outro dia, agora eu
não teria mais porque adiar contar a ele e nem a meu pai.
Passei pela guarita e fui rumo à casa grande, eu estava exausta, mais
mentalmente que fisicamente, correr atrás das autoridades certas e combinar
tudo certinho com Soraia, me desgastou. Estão se perguntando como essa minha
cumplicidade com Soraia nasceu, né? Então, quando Lucas saiu do Celeiro na
noite em que brigamos porque fiquei com ciúmes da Soraia, não pensei duas
vezes e fui questioná-la sobre Lucas, eu queria saber o que havia entre eles, e foi
quando ela surpreendeu-me, contando-me da história do isqueiro, e assim juntas
tentamos bolar algo que fizesse Heitor ou João confessar tudo, e acabou que o
aniversário do meu pai caiu como luva.
Desci da picape e avistei uma caminhonete que jurei ser do Tonho. O que
ele faz aqui tão cedo? Perguntei em meu íntimo, virei-me ignorando aquilo e fui
para dentro de casa, pois estava friozinho para ficar questionando a vida dos
empregados do lado de fora.
Quando fui girar a chave na maçaneta, pois Alana tinha planos de estender
à noite deles em um motel onde ela havia reservado, escutei uma voz conhecida
que fez meu corpo tremer:
— Marina! Abre essa porta, preciso falar com você.
Imediatamente abri a porta e tive a maior de todas as surpresas daquela
noite, pois não imaginei que Lucas fosse deixar à festa tão cedo.
— Lucas! — exclamei assustada.
Assim que terminei de falar o nome dele, ele simplesmente me abraçou,
grudando forte em minha cintura e segurando firme em minha cabeça enquanto
enlacei seu pescoço. Ficamos os dois ali, grudados naquele abraço forte sem
dizer nenhuma palavra sequer por mais de um minuto. Aquele abraço era
conforto, era consolo, era só amor.
Lucas afastou minha cabeça e fez-me olhar em seus olhos e disse-me:
— Obrigado, obrigado meu amor, eu jamais imaginei que provar minha
inocência partiria de você.
— Não me agradeça, Lucas, era o mínimo que eu poderia fazer depois de
ter duvidado de você.
Não consegui me conter e de felicidade, lágrimas desabaram de meus olhos.
— Por favor, Lucas, diz que me perdoa.
— Não chore, amor, por favor, não. — tentou conter minhas lágrimas
limpando meu rosto.
Estava completamente protegida e entregue em seus braços.
— Esquece o que passou, já perdoei você há muito tempo, só não tinha
como te falar isso antes de provar definitivamente que não usei meu isqueiro
contra o Haras.
— Eu errei com você, magoei você, não confiei quando mais deveria
confiar. — admiti.
— Não seria amor se fosse perfeito, não seria amor se não tivéssemos
defeitos.
Meu coração disparou de felicidade.
— Eu sei o que quero, Mari e eu quero você, só você e mais nada, você não
saia do meu pensamento nem um minuto sequer, durante esse tempo que ficamos
separados. Eu te amo, Mari.
— Te amo, te amo mais que nunca, Lucas, que bom que não te perdi meu
amor. — voltei a abraçá-lo com muita força.
— Você não me perdeu, nunca vai me perder, porque pertenço a você,
pertencemos um ao outro. Te amei, antes mesmo de te tocar, antes mesmo de
você ser minha.
Segurando em sua nuca levei meus lábios sedentos até os dele, mas Lucas
jogou seu corpo para trás brincando comigo, ameaçando corresponder, porém
sem deixar nossos lábios se tocarem, queria me castigar, mas senti a adrenalina
percorrer todo meu corpo quando senti o gosto da boca dele na minha, era um
misto de saudade e felicidade que chegava a doer. Era tanta saudade que até os
mínimos detalhes como o roçar da barba dele em mim me extasiou. Saboreei
aqueles lábios que exalavam o tão conhecido sabor de tequila, a bebida preferida
do Lucas.
— Saudade de você Marina, saudade dessa boca, como pude ficar tanto
tempo longe dela? — falava e me beijava ensandecido, beijando-me, mordendo-
me, erguendo-me em seus braços e me rodando no ar, fazendo-me rir de
felicidade.
— Vem comigo, vamos sair daqui, vem. — puxou-me pelas mãos,
estávamos loucos de saudade e tesão um pelo outro.
— Não precisamos ir a lugar nenhum hoje, meu pai e Alana vão dormir
fora. — informei-o, quase que dizendo que tínhamos à casa toda só para nós.
Lucas me encarou com o desejo flamejando em seus olhos, e assim me
encarando mordeu seu lábio inferior e sorriu ao mesmo tempo, então de supetão
pegou-me em seus braços e passou a me carregar em seu colo escada acima,
encarando-me como um leão com fome. Nunca me senti tão mulher como
naquele momento, tudo em mim estava em ebulição, e sentir os braços fortes
dele me carregando enchia-me de tesão, o mundo podia pegar fogo que eu
jamais deixaria de acreditar nele.
Lucas virou de costas comigo e abriu à porta do meu quarto com o corpo,
entrou e me colocou em cima da minha cama e cobriu meu corpo com o peso do
dele. Apenas o clarão da Lua que transpassava às vidraças, nos iluminava.
Cobriu-me de beijos suaves e sedutores em meu pescoço, lóbulo de minha
orelha, enlouquecendo-me embaixo dele, e assim nossas bocas sedentas se
encontraram novamente matando nossos desejos, nossos anseios. Nossas línguas
se acariciavam e se exploravam saudosas e quando ele passava a dele lambendo
meus lábios fazia minha vagina se contrair toda de prazer. O ar que respiramos
passou a ser o mesmo, nossas salivas eram uma única coisa e nossos corpos se
aqueciam na perfeita simetria da ondulação de ambos, que se desejavam
desenfreadamente. As mãos dele grudadas em meus cabelos, seus dentes
mordendo-me, sua boca me sugando, tudo me enchia de uma vontade louca de
ser preenchida por ele, e como estava quente, subindo pela minha espinha e
descendo em meu ventre lubrificando-me toda. Era o melhor beijo do mundo, a
boca mais gostosa. Eu não duvidaria se Lucas me fizesse gozar só com um beijo,
pois era intenso demais, alternando de violento para carinhoso em um piscar de
olhos e aquilo brincava comigo me deixando enlouquecida fazendo-me correr
minhas unhas em suas costas ainda protegidas pela camisa branca. Beijando-me,
levou suas mãos por baixo da saia do meu vestido e começou a abaixar minha
calcinha, então foi descendo seu corpo em direção a meus pés, deslizando-a em
meu corpo vindo a tirá-la de mim, e em seguida retirou meus saltos dos pés, e os
beijou delicadamente.
Não era uma explosão de desejo apenas, era muito mais que isso, era amor,
Lucas despertava à mulher plena e madura que existia em mim, e tinha o dom de
me fazer esquecer do mundo.
Lucas se virou na cama e fez-me montar nele, estava com a respiração
entrecortada de tanto desejo.
Entre paredes ou ao ar livre, Lucas e eu não tínhamos balizas, tudo nos
permitíamos, então quando ouvi de seus lábios murmurando de prazer:
— Quero foder você inteira.
Senti minha vagina pulsar violenta, louca para senti-lo dentro de mim, e
respondi deslizando minhas mãos em seu tórax abrindo os botões da camisa:
— Foda-me. — retirei sua camisa e joguei-a longe e a imagem conhecida
de seu tórax rígido com uma cruz tatuada no peito, encheu meus olhos de
satisfação.
Lucas enlouqueceu e me puxou em direção a seu corpo e levou suas mãos
em minhas costas, mais propriamente no zíper do meu vestido e o abriu, em
seguida retirou-o de meu corpo, deixando-me apenas de sutiã de renda preto. Eu
estava livre para senti-lo se enfiar em mim, mas Lucas ainda estava trancafiado,
e pensando nisso saí de cima de seu corpo, desabotoei seu cinto e o zíper da
calça preta e fui até seus pés, retirei seus sapatos e meias e retirei também a calça
a puxando para baixo, deixando-o apenas de cueca cinza.
Fui subindo novamente em direção aos lábios de Lucas e enquanto o
beijava acariciava seu pau dentro da cueca duro como pedra.
Desci meus lábios beijando-o por todo seu corpo, deixando-o ainda mais
aceso quando deslizava minha língua por seu abdômen até que cheguei onde eu
queria, e por cima da cueca dei beijinhos e mordidas no pau dele e sem
conseguir resistir mais, Lucas retirou a cueca de seu corpo e se contorceu todo
gemendo quando sentiu minhas mãos segurando seu pau.
— Ohh, ohhh! — engoliu em seco virando a cabeça para trás quando
coloquei-o na minha boca e desci deslizando meus lábios sobre ele e voltei
chupando-o e fazendo-o delirar quando contornava à cabeça com minha língua.
Eu o chupava, descendo e subindo minha mão até fazê-lo erguer o tronco para
me tocar enquanto me deliciava com aquele pau enorme e gostoso.
Lucas não aguentou a tortura por muito tempo e se sentou na cama e me faz
montá-lo novamente.
— Vem! Vem amor, vem me devorar inteiro.
Lucas me beijava, me apertava e chupava meu colo e meus seios
intumescidos de tesão, uma chama ardia entre nós, e ele se encaixou em mim e
começou a me preencher devagar, sem nenhuma pressa.
— Aaaahh! — gemi alto quando o pau dele foi me preenchendo até
desaparecer todo.
Assim fui descendo em seu pau, sentindo-me cheia de amor, degustando
cada estocada cadenciada que ele me leva em seu pau, subindo e descendo de
forma contemplativa. Suas mãos subiam e desciam do meu corpo, e Lucas e eu
gemíamos juntos criando assim a sinfonia do amor, de uma forma sofrida, de
uma forma esperada e desejada há tempos.
Lucas me amava grudado em meus lábios, beijando-me e enfiando sua
língua em minha boca me deixando com mais tesão ainda, àquela língua me
consumindo simplesmente me fazia querer explodir. Ele lambia meus lábios e
em seguida me penetrava com a língua de uma forma sexy e cheia de luxúria,
chupando meus lábios.
Ele me segurava pelas costas e me fazia engoli-lo todo a ponto de senti-lo
tocar em meu útero. Eu mexia, rebolava e o beijava segurando em sua nuca
encarando-o.
Amava o contato de olho no olho que aquela posição nos permitia e cheia
de tesão, eu o empurrei e o deitei na cama e passei a cavalga-lo com mais
vontade e velocidade. Eu me mexia frenética, subindo e descendo, subindo e
descendo, me enfiando e engolindo-o inteiro.
Eu galopava enlouquecida no pau dele no mesmo ritmo do meu coração, a
felicidade de estar novamente nos braços do homem que eu amava.
Galopei, galopei, galopei e a cada sobe e desce mais tesão eu ficava quando
Lucas chupava meus seios e mordia os bicos.
Se eu continuasse naquela posição teria gozado mais rápido que eu
imagino, mas Lucas virou comigo na cama colocando-me embaixo dele sem sair
de dentro de mim, senti o peso de seu corpo me possuir e assim passou a tomar o
controle entrando e saindo de mim com carinho, mexendo seu corpo de forma
mais lenta, dando-me a oportunidade de descansar, pois eu estava suando e
cansada de galopar nele. Lucas se enfiava em mim de forma deliciosa, se enfiava
com maestria, lento, fundo e intenso sem desgrudar dos meus lábios nem um
segundo. Pof pof pof pof pof pof pof o som do nosso amor saia mais espaçado e
a cada estocada, eu o arranhava cheia de tesão transbordando de mim, com
minhas pernas enlaçadas em suas costas.
Nosso amor ardia, consumia tudo e não apagava, era um amor insano,
perdido em delírios e gemidos de prazer. Lucas passou a movimentar mais
rápido, metendo, metendo, metendo, socando seu pau em mim, estocando,
estocando, me enlouquecendo embaixo dele e me beijando me devorando e me
comendo viva. Pof pof pof pof pof pof pof pof pof pof .
— Eu vou gozar. — avisei ao Lucas que me encarou e beijou-me segurando
em meu rosto e chupando minha língua, fazendo a explosão do meu orgasmo ser
ainda mais intensa, eu estava toda suada e senti todas as terminações nervosas do
meu corpo entrar em ebulição e ferver, deixando-me nas nuvens, completamente
esvaída, o mundo parou e eu só sentia os tremores intensos me possuir ao
mesmo tempo em que Lucas se enfiava forte e gostoso em mim.
— Oooohh, ãn ãn, ãn! — gemi contorcendo-me de prazer embaixo do
corpo dele que também estava suado.
— Gemi meu amor, isso, goza, gozaaa para mim. Como foi que aguentei
ficar longe de você?
Lucas falava e eu virava os olhos de prazer.
Mal havia me recuperado dos espasmos do meu orgasmo e Lucas virou-me
de costas para ele e penetrou-me novamente. Me comendo de costas se enfiando
fundo em mim nem me dando tempo de me recuperar. Lucas bombava,
bombava, bombava gostoso e eu grudava nos lençóis inebriada de prazer. Ele
metia, metia, metia, de forma cadenciada enquanto beijava minhas costas e me
acariciava. Lucas tinha um fôlego que me deixava de boca aberta.
Lucas
Marina me enlouquecia de uma forma surreal, eu a amava intensamente e a
queria protegida em meus braços. Éramos nada além de ternura e intensidade em
uma união perfeita.
Havia muita felicidade estampada no olhar dela e saber que todo aquele
prazer era eu quem estava dando a ela me enchia de júbilo e assim eu a possui de
costas para mim, entrando e saindo em um movimento de vai e vem delicioso.
Bombei, bombei, meti, meti, meti. Meu pau estava latejando de tão duro e com
Mari de costas para mim eu tinha que ter cuidado para não ir muito fundo e
machucá-la. Passei meu braço por debaixo da barriga dela e a ergui para ficar de
quatro para mim, e porra! Meu pau entrou em estado de ebulição quando viu
àquela posição privilegiada, Mari era uma delícia de mulher, seu ânus era uma
delícia que eu ainda não sabia se podia explorar, e assim com aquela flor me
olhando e me deixando doido de vontade eu passei a esfregar meu pau na
entrada e fui enfiando meu dedo nela, Mari se contorceu no meu primeiro
contato silencioso e virou seu pescoço para me olhar de uma forma sofrida.
— Só a cabecinha, Mari, por favor, estou explodindo de vontade de
penetrar aqui. — implorei enfiando e movimentando meu dedo dentro dela.
— Isso vai doer?
— Só relaxa, não vou forçar.
Com carinho fui penetrando-a na vagina e introduzindo meu dedo no ânus
dela, entrando e saindo deslizando sem problemas. Mari parecia estar gostando,
pois estava gemendo gostoso com meu dedo.
— Ahhhh! Que gostoso isso, Lucas.
Eu estava quase babando de tanto tesão e ouvir aquilo dela, fez-me sentir
um frio na barriga.
Mari se virou em minha direção e me beijou, empinou ainda mais a bunda
para mim e naquele momento eu tive seu aval, e dessa forma passei a esfregar
meu pau em busca de lubrificação da sua vagina lambuzada de seu gozo e assim
consegui lambuzar à cabeça do meu pau. Eu estava quase babando de tanto tesão
e fui enfiando no ânus dela só à cabeça. A rejeição de Mari expulsando meu pau
foi me deixando mais enlouquecido ainda, eu queria muito aquilo.
— Me diga se estiver doendo muito, amor. — sussurrei no pé de seu ouvido
e continuei tentando enfiar a cabeça, e toda vez que eu conseguia entrar e sentir
aquele calor, éramos expulsos do corpo de Mari, meu pau e eu.
— Uhhhh! Aí, amor, está doendo. — Mari gritou quando comecei a tentar
entrar um pouco mais movimentando-me dentro dela. Mari até tentou ajudar
forçando a bunda em direção a meu pau, mais novamente ela urrou:
— Aiiiii! — fiquei parado sem mexer, beijando-a nas costas e fazendo
carícias sem tirar meu pau dela, e quando vi que ela havia relaxado mais, voltei a
me mexer e enterrar a cabeça do meu pau e parte dele, aquilo foi o ápice do
prazer, eu a sentia me empurrar por instinto e estava tão apertado que meu tesão
foi aumentando, aumentando, e eu enfiando devagar, mexendo de leve, até que
senti que iria entrar em erupção, e assim deixei a terra naqueles momentos, eu
não tinha mais meu corpo em cima da cama, ele simplesmente flutuava de tão
leve quando o primeiro jato de meu esperma jorrou dentro de Mari.
— Ohhhhh! Aaaahhh, Porra! Porra! Que delícia, uau que delícia!
Gemi alto e gritando de tanto prazer, meu corpo estava em uma espécie de
nirvana, era muito tesão, era muito boa aquela sensação.
Fiquei dando beijinhos nas costas de Mari, que desabou de exaustão.
Procurei desesperado pela boca dela e a beijei completamente apaixonado
por ela, com nossas mãos entrelaçadas.
— Ah, Marina, como eu te amo, como amo.
— Também te amo, Lucas, tanto que doía ficar longe de você.
— Nunca te vi tão linda antes. — voltei a beijá-la.
— Isso vai passar, não demora e você vai me achar horrível e gorda.
— Nuncaaaa! Jamais! Você vai sempre estar linda para mim.
Marina saiu debaixo dos meus braços, se levantou da cama e foi até seu
banheiro se limpar e quando voltou, trouxe consigo um papel e disse:
— Hoje de manhã, quando disse que iria ao cabeleireiro, eu menti para
você.
Me ajeitei inquieto na cama quando ela me deu um envelope, mas antes que
eu o abrisse, ela abriu uma gaveta no criado mudo e tirou de lá um par de
sapatinhos brancos e deu-os a mim. Engoli em seco e meu coração passou a
bater feito um pandeiro.
— Não brinca comigo, Mari. — falei olhando-a nos olhos.
Mari voltou do banheiro vestida em um roupão e com medo enrolou-se em
seus próprios braços.
Coloquei o sapatinho em cima da cama e me levantei com o envelope nas
mãos, elas tremiam de nervoso, eu iria surtar de ansiedade. Eu abri o envelope e
li apenas a palavra positivo, era um teste de gravidez feito do sangue de Marina.
— Estou esperando um bebê, meu amor. — Mari falou.
— Um bebê? Um de verdade? Só meu?
— Sim! Só seu e demais ninguém.
— Ah, Marina, Marina! — joguei o papel no chão e corri para ela, eu a
abracei em sua cintura e a girei tirando seus pés do chão. — Papai! Vou ser
Papai, Marina! Te amo, te amo, te amo demais. Amor da minha vida.
Grudei nos lábios dela e a beijei como nunca, era felicidade demais para
caber só em mim, era felicidade demais para ficar só entre a gente.
— Se troca, amor, coloca seu vestido novamente, vamos sair.
— O que? Onde vamos? — ela questionou.
— Anda logo, amor, você vai ver.
Capítulo 48

Lucas
Mari me olhou desanimada, mas eu tinha que fazer aquilo, eu queria muito
fazer, então, me vesti com urgência e a incentivei a se vestir também ajudando-a
fechar o zíper de seu vestido.
Juntos descemos as escadas e lá embaixo, me coloquei em sua frente,
segurei em suas mãos e a pedi:
— Casa comigo?
Marina arregalou os olhos, completamente surpresa, sua expressão era de
felicidade e perplexidade ao mesmo tempo.
— Antes de você responder quero saber se me aceita como sou? Digo,
minhas condições financeiras?
— Lucas! Não quebre esse clima lindo falando de dinheiro.
— Não, eu preciso saber se você aceita viver como minha esposa dentro do
meu orçamento?
— Vamos falar disso em outro momento, amor.
— Moraria comigo na casa do administrador ou não?
Marina ficou séria e eu sabia que ela iria recusar abandonar seus luxos,
então, me preparei para seu não e ela segurou em minha face com as duas mãos
e respondeu-me sem rodeios:
— Sim! Sim, sim, sim! — beijou-me, agarrada em meu pescoço. — Eu
viveria com você em qualquer lugar do mundo meu amor, basta que você e
nosso bebê estejam lá.
Eu a enchi de beijos e meu coração estava feito louco no meu peito, então
Mari perguntou:
— Será que cabe um bercinho lá no nosso quarto? — fiquei pensando na
pergunta e tentando me lembrar do espaço do meu quarto na casa do
administrador, e, eu não sabia responder se caberia um berço lá, então respondi:
— Tem dois quartos lá, lembra-se?
Mari grudou em meus lábios sorrindo e deu-me alguns selinhos.
— Te amo tanto, Lucas!
Eu mal podia acreditar que ela havia topado morar lá comigo, que toparia
sair de todo o luxo e conforto da casa grande para ficar do meu lado, era emoção
demais para um só peão.
— Vem, vamos logo!
Eu a puxei pela mão e juntos saímos da casa e entramos em minha
caminhonete que estava estacionada na porta. Dirigi de volta para à cidade com
Mari falando sem parar em todas as mudanças que queria fazer na decoração da
nossa casa e por mim ela poderia fazer tudo que quisesse, com tanto que
estivesse lá dentro me esperando todo fim de tarde.
Estacionei na porta do Celeiro.
— Lucas, o que vai fazer? — perguntou-me ela.
— Vamos comemorar nossa gravidez junto com todos que amamos.
Respondi e sai puxando-a para dentro do bar, onde à festa ainda continuava
animada, de longe avistei Greg e Jorge sentados juntos, então subi no palco onde
a banda ainda estava tocando para o pessoal que estava dançando na pista.
Chamei de lado o vocalista e pedi para usar o microfone. Quando me viram lá
em cima, com o microfone na mão, todos fizeram silêncio sem que precisasse
pedir, então falei:
— Cadê o aniversariante da noite?
Jorge se levantou da mesa, ergueu seus braços e respondeu-me:
— O que você manda agora, Lucas?
— Viemos trazer seu presente de aniversário, Marina esqueceu de te dar.
Mari caminhou até Jorge e o abraçou, aí ele disse:
— Você já me deu um presente de aniversário hoje mocinha, esqueceu?
— O que? Aquela sela de cavalo não era para o senhor, papai. — respondeu
Marina.
— Ah não? Eu podia jurar que era. — respondeu ele todo sem graça.
— Não! Achou mesmo que eu lhe daria outra sela? Com tantas que o
senhor já tem?
— Bom, então não estou entendendo nada, para quem é à sela?
Marina acariciou a barriga e informou-lhe:
— Do seu netinho que está a caminho.
Jorge ficou sério e perguntou:
— Um neto? É isso mesmo que ouvi?
— Sim, pai.
Ele olhou sério para Marina, virou-se em direção a mim, e caminhou com a
cara fechada em minha direção, dizendo:
— Quem foi que deixou você engravidar a minha filha antes de se casar
com ela? Eu sou um pai das antigas.
Dei de ombros e quando ele se aproximou de mim, fez a mesma pergunta
que fez a Marina:
— Um neto? Um neto, Lucas?
— Sim, meu sogro. Um neto.
Jorge olhou para Marina no centro da pista e voltou a me encarar e disse por
fim:
— Ouviram isso pessoal? Eu vou ser avôoooo! Eu vou ser vovô! — gritou
com uma felicidade contagiante e me abraçou. — Eu sabia que você ia me dar
essa felicidade, Lucas.
— Ei! E como eu fico? — perguntou Marina.
Jorge foi até ela e a pegou no colo e saiu girando com ela e dizendo:
— Você é o tabernáculo mais lindo desse mundo, Marina, carrega com você
à joia da nossa família.
Quando ele a colocou no chão, muitos dos convidados vieram parabenizá-la
e a mim também. Jorge estava como bobo.
Greg e Lia vieram até mim e Mari dar-nos os parabéns, e Greg disse
abraçando-me forte:
— Você merece tudo isso, Lucas, merece uma esposa para te amar e te
cuidar, merece uma família. Meus parabéns, cara.
Em seguida, Lia abraçou-me dizendo:
— Parabéns, Lucas. Conheço alguém que vai surtar de felicidade quando
souber. Ana.
— A dona Ana... Vai surtar. — falei.
— Vai sim. — disse Lia sorrindo.
— Obrigado, Greg, obrigado, Lia.
Lia abraçou Marina:
— Parabéns, mamãe, tomara que venha um amiguinho para Alice.
— Que isso dona Lia, já está querendo arrumar um namoradinho para nossa
filha? — indagou Greg tentando ser durão sem ser.
— Ah, eu amaria um peãozinho, mas se vier uma amazoninha igual a mãe
vou surtar. — conclui.
— Pobrezinha, nunca vai poder vestir uma saia curta e nem um vestido
curto. — Mari observou brincando, fazendo todos rirem de mim.
— Ah, Lucas! Deixa de ser caipira homem. — disse Greg batendo em
minhas costas.
Estávamos explodindo de felicidade, Mari e eu, mas fiquei olhando-a e
como estava linda, como sua felicidade me excitava, como eu amava aquela
menina mulher.
Ela estava distraída conversando com Alana em um canto, então eu a
abracei pelas costas e cochichei em seu ouvido:
— Vamos embora, não terminei ainda.
Marina se virou para mim e abraçou-me pelo pescoço, e beijando-me
questionou:
— A é? E o que foi que o senhor não terminou ainda?
Sorri e mordi seus lábios, respondendo-a:
— Ainda não acabei de matar minha saudade de você.
Eu a puxei pelas mãos levando-a para à saída sem nos despedirmos de
ninguém.
— Lucas, precisamos nos despedir.
— Não tenho tempo para isso, vamos!
Voltamos para a sede do Haras e enquanto Marina abria à porta eu já estava
grudado nela dando-lhe beijos e mordidas no pescoço, eu estava enlouquecido de
tesão por ela, ficamos muito tempo separados e eu ia tirar meu atraso.
— Lucas, me deixe abrir a porta, amor. — ralhou, Marina rindo.
— Não aguento, estou com muito tesão, essa sua bunda está me
enlouquecendo. — enfiei minha mão por baixo do vestido e enfiei meu dedo em
sua vagina e passei a acariciá-la.
— Ah! Lucas, assim não dá.
— Dá sim. — respondi resfolegando. — vou te amar à noite inteira até você
cansar.
— Entendi! Quer me matar?
— Só se for de amor!
Mari abriu à porta e entramos engatados, do lado de dentro imprensei-a na
parede e perguntei:
— Tem certeza que Jorge e Alana não irão aparecer?
— Tenho, Alana me confirmou isso.
Eu estava com tanta vontade de tê-la novamente, que assim que terminou
de responder, eu a beijei completamente apaixonado, iria amá-la à noite toda
para compensar as noites que dormi de pau duro pensando nela. Existia uma
certa urgência em meu corpo, uma necessidade violenta, era tesão demais
misturado com uma felicidade que nunca eu havia sentido de forma tão intensa.
Beijava seus lábios, mordia-os e explorava seu pescoço com a mesma
intensidade. Mari abriu os botões de minha camisa com a mesma urgência e
necessidade em que puxei seu vestido para cima
Retirei também seu sutiã e desci para retirar sua calcinha, lambi suas coxas
e subi passando minha língua até chegar em sua vagina, e antes de tirar a
calcinha dela, eu a puxei de lado e enfiei minha língua em sua abertura deliciosa,
lisinha e cheirando a desejo.
Desci meus dedos por sua perna e com eles carreguei sua lingerie enroscada
nelas e passei por seus pés retirando e jogando-a longe. Fui erguendo-me dando
beijos em suas pernas e coxas e fui subindo até chegar em seus seios que
estavam duros de tesão, eu os chupei com vontade engolindo cada bico inteiro,
fazendo com que Marina se contorcesse toda e gemesse gostoso.
— Oh!
Então a peguei no colo e a carreguei até o sofá da sala de estar e a deitei
nele, grande e espaçoso, perfeito para o tamanho da minha pressa. Desabotoei
meu cinto e em seguida tirei meus sapatos, calças e cueca e ajoelhei-me no chão
aos pés do sofá e fui direto para o meio das pernas de Mari, que estava
completamente úmida. Não resisti e enfiei minha língua nela, lambendo-a de
baixo para cima. Eu ficava muito excitado quando Mari se contorcia na minha
língua.
— Ohh! — gemeu grudando nas almofadas do sofá.
Eu a chupava e a acariciava em todo seu corpo, grudando as mãos em seus
seios duros e volumosos, quanto mais eu sentia a excitação de Mari, mais
trancos meu pau dava no meio de minhas pernas, estava duro e reto como uma
vara pronta para violar Marina novamente.
Mari mexia os quadris de forma exigente, queria mais da língua e assim
passei a fazer movimentos precisos de baixo para cima, chupando, lambendo e
sugando seu clitóris e a reação dela foi instantânea, grudou em meus cabelos,
ergueu seu tronco e apertou suas pernas com força em torno de minha cabeça,
gemendo baixinho:
— Ahh! Ahhh!
Explorei seu clitóris inchado de todas as formas possíveis, com movimentos
circulares e horizontais, era como se a beijasse na boca, de forma a deixá-la
molhada. Enquanto eu a devorava com minha língua, fazendo-a se contorcer
toda, passei a massagear a entrada de sua vagina com carinho, ameaçando
penetrá-la com o dedo, então percebi que ela ficou mais atiçada ainda:
— Lucas! Lucas, por favor.
Enfiei meu dedo nela sem deixar de chupá-la e fui penetrando-a fundo com
meu dedo, enfiando, enfiando, lambendo, chupando e sentindo o gosto do sexo
dela. Aumentei a velocidade da penetração do meu dedo, e língua e dessa forma,
Marina gemeu profundamente apertando as pernas de tanto tesão, gozando em
minha língua, liberando seu líquido na minha boca.
— Ohhh! Ooohhhh! Ooohhh! Lucas, Lucas! — ela gemia e tentava me tirar
dela, deveria estar sensível depois que gozou e assim ela exprimia minha cabeça
enquanto eu buscava todo o néctar do seu gozo.
Subi no sofá e fui até seus lábios, beijá-la enquanto ainda se contorcia toda
em seus espasmos. Dividi com ela o gosto do prazer que eu havia acabado de lhe
dar, e ela estava simplesmente mole de olhos fechados, arranhando-me todo nas
costas.
Meu pau estava um ferro de tão duro, então, fui penetrando-a devagar e
sentindo toda sua umidade, porra como estava molhada. Passei a mexer-me
dentro dela em movimentos lentos subindo e descendo e me enfiando gostoso,
com ela segurando firme em meu pescoço, eu buscava seus lábios, enquanto
continuava fazendo movimentos cadenciados de vai e vem.
— Ah meu amor, como te amo, como te amo, Mari.
Sentei-me no sofá e a trouxe para mim, para montar no meu pau e galopar
nele de forma invertida, com suas costas virada para minha frente.
Segurei em suas pernas e as mantive erguidas e assim voltei a penetrá-la,
enfiando e metendo meu pau nela num ritmo lento no início e fui aumentando
conforme fui entendendo que Mari já estava novamente preparada para aumentar
e intensificar.
Meu tesão estava explodindo e eu desferia nela estocadas cada vez mais
forte e fundas, fazendo-a tremer e gemer no mesmo ritmo que eu.
Novamente eu a mudei de posição, queria seus olhos, queria seu prazer ao
alcance dos meus e a virei de frente e a deitei no braço do sofá, segurei em seus
quadris e me enfiei novamente nela, gemendo alto e urrando de tesão, cada
estocada uma sugada em seus seios e lábios. Amei Mari no sofá da casa grande
por mais de vinte minutos, metendo, metendo e comendo-a gostoso.
Aumentei ainda mais a velocidade, e bombei, bombei, bombei, estoquei,
estoquei, Pof pof pof pof pof pof pof ... O suor escorria do meu corpo quando
gozei urrando feito um animal.
— Ohhhhhh! ohhhhhhh! Oooohhhhh! Porraaaaaa!
Passei a me mexer dentro dela mais lento, lento, lento, até que parei e sai de
dentro dela enchendo-a de beijos.
— Ah, Mari, Mari meu amor.
Ela estava mole, completamente entregue, e assim, com medo de que Jorge
mudasse seus planos e aparecesse, subir carregando Mari no colo até seu quarto
e juntos deitamos na cama.
— Será que machuquei nosso bebê? — perguntei a ela.
Marina sorriu tão gostoso para mim e me derretendo todo.
— Claro que não amor, ele ou ela ainda é do tamanho de um grão de feijão,
ou menor se duvidar.
— É, mas vou começar a tomar cuidado.
— Precisamos disso enquanto podemos. — ela me respondeu acariciando
minhas mãos.
— Vai mesmo se casar comigo e morar lá embaixo?
— Já te disse que sim.
— Essa é a maior prova de amor que está me dando.
— Não importa onde, desde que seja com você.
— E sobre viver só com o meu salário?
— Você não ganha tão mal, Lucas, e tem uma coisa que você precisa saber
antes de se casar comigo.
— O que é?
— Sou dona de metade do Haras, a parte que era de minha mãe foi passada
inteira para mim, queira ou não, sou dona e tenho parte dos lucros aqui, fora o
dinheiro que tenho dos prêmios e tudo mais.
Levantei-me inquieto da cama e me sentei na ponta com as mãos unidas.
Não sabia o que pensar sobre aquilo e não sabia como dizer a ela que eu
não queria nada que fosse dela, e que queria que ela vivesse comigo só com o
que ganho.
Mari veio até mim por trás na cama e abraçou-me, dizendo:
— Vamos pensar e falar sobre isso outra hora, pode ser?
Assenti nervoso e me virei para ela, jogando-a de costas na cama e
beijando-a.

Capítulo 49

Marina
Eu mal podia acreditar, Lucas estava de volta para mim, estava ali, bem do
meu lado dormindo, na minha cama e se fosse um sonho, eu não queria nunca
mais acordar.
Havia me levantado com os primeiros raios de Sol, era sempre assim, eles
cruzavam à janela e com eles me colocava de pé. Lucas estava tão sereno
dormindo que tive receio em acordá-lo, era manhã de sábado e não sabia se
deveria deixá-lo dormir até mais tarde ou se deveria chamá-lo, então optei por
não chamar.
Desci e fui até à cozinha preparar um café bem caprichado para nós e
quando voltei com a bandeja, Lucas havia se levantado e estava no banheiro.
— Hum! Que cheiro bom de café, amor. — disse dando-me um beijo. —
dormiu bem? — perguntou-me.
— Como um anjo. — sorri respondendo-o.
— Por isso está mais linda ainda essa manhã. — acariciou meu rosto. Lucas
se debruçou sobre mim e veio beijar minha barriga, dizendo:
— E você meu anjinho, dormiu bem? É o papai, vai se acostumando com
minha voz, porque de hoje em diante você vai me ouvir toda hora.
Fiquei escutando e sentindo ele me acariciar daquela forma tão carinhosa e
com cara de bobo, eu tinha ali o homem mais lindo, gentil e maravilhoso do
mundo e para felicidade ser completa, carregava comigo a sementinha que
nasceu desse amor.
Juntos tomamos nosso café na cama, mas tudo que é bom dura muito pouco
e assim Lucas disse-me:
— Amor, preciso ir trabalhar, Greg deve estar me esperando lá.
— Não vejo a hora de você voltar para cá e poder ficar comigo na cama até
mais tarde.
Ele me tocou no rosto e respondeu:
— Nem lá, nem aqui posso ficar na cama até tarde, esqueceu que lidamos
com animais?
— Você não é mais um peão aqui, Lucas, você é o administrador, não
precisa pegar no pesado, você pode sim dormir até um pouco mais tarde, ao
menos nos finais de semana.
Ele sorriu dizendo:
— Passe uma vida inteira se levantando às cinco e meia da manhã e me
diga se consegue dormir até mais tarde aos finais de semana.
— Bom, vamos ter que ir treinando, pelo menos a sair de cima da cama um
pouco mais tarde.
— Quem sabe com você do meu lado meu relógio biológico não comece a
mudar.
Lucas se levantou da cama e foi se vestir, estava só de cueca, seu corpo era
um deleite para meus olhos, era lindo demais com músculos perfeitamente bem
distribuídos em seus 1,80 m de altura, era mais ou menos o que eu imaginava
que ele tinha de altura. O físico perfeito, as tatuagens, tanto no braço como no
tórax, o deixavam mais atraente ainda, e eu era simplesmente louca pelo V em
seu abdômen que descia para dentro de sua cueca box remetendo meus olhos e
minha imaginação para o que ela escondia. E como eu sabia o que ela escondia.
Na noite passada ele estava lindo demais vestindo aquela calça social preta, e ali
na minha frente ele se enfiou dentro dela e depois vestiu o sapato e fechou o
cinto. Um estilo completamente diferente do que eu estava acostumada vê-lo, e
por fim vestiu a camisa branca e naquele momento levantei-me e deixei de ser
telespectadora e fui ajudá-lo a abotoar os botões.
Caminhei encarando-o e levei minhas mãos em seu tórax liso e senti a força
de seus músculos se contraírem quando alisei-os e apertei-os.
Lucas levou suas mãos em cima das minhas e acompanhou o movimento
que eu fazia em seu peito, subindo e descendo. Era perfeição demais.
— Não mexe comigo, Mari, não me deixe excitado, preciso trabalhar.
— Só vou te ajudar a fechar os botões. — sorri e passei a fechar os botões
da camisa quando na verdade minha vontade era de retirá-la novamente de seu
corpo, mas consegui me segurar e fechei todos eles, deixando apenas os dois
primeiros de cima abertos.
— Vou conversar com Greg e hoje mesmo quero voltar para casa.
— Não vejo a hora de você voltar de vez.
Lucas abraçou-me e respondeu-me:
— Vou voltar e nada nesse mundo vai me separar dos meus amores, nada.
Beijou-me com amor, com carinho estampado em suas mãos que retiraram
os cabelos de meu rosto para que pudesse acariciá-los com seu polegar, dizendo-
me:
— Vocês são os melhores presentes que Deus já me deu, e eu prometo
cuidar bem de vocês dois.
— Também amo você. — ele sorriu e disse.
— Amo vocês. Não consigo mais me referir a você se não for no plural.
— Faz bastante sentido. — eu o beijei despedindo-me dele.
— Preciso ir, amor, mas volto assim que resolver tudo lá com o Greg.
— Estarei te esperando.
Ele se abaixou e beijou minha barriga, dizendo:
— Cuida bem da mamãe, papai já volta.
Virou às costas e saiu do quarto.
Abracei-me com meus próprios braços e suspirei, era amor demais para ser
perdido por conta de alguém como João, e graças ao Heitor tudo ficou
esclarecido.

Lucas
— Mãe! Mãeee! — cheguei em casa gritando e procurando minha mãe, eu
tinha que contar as novidades a ela, e antes de minha mãe aparecer, Cowboy
apareceu primeiro e todo feliz parecia comemorar comigo, pulava em mim todo
eufórico.
— É isso mesmo garotão, vamos ter um bebê.
Cowboy latiu como se tivesse entendido o que falei, então a voz perguntou:
— Quem vai ter um bebê? — minha mãe perguntou.
— Mari e eu. Vamos ter um bebê, mãe.
— Vocês voltaram?
— Sim, voltamos.
— Vou ser vovó? — perguntou atônita.
— É, dessa vez vai sim, mãe.
Ela veio até mim, abraçando-me e chorando.
— Eu esperei tanto para ser vovó, não acredito que vocês vão me dar um
netinho.
— Acredite.
Ela me afastou de seu corpo sem me soltar e perguntou me olhando nos
olhos:
— Você a pediu em casamento, não pediu?
— Claro mãe, eu a pediria em casamento de qualquer jeito, com ou sem
bebê.
— Esse é o meu filho.
Abraçou-me forte.
Quando fui conversar com Greg, ele já esperava que eu fosse deixá-lo para
voltar para o Veloz, mas ele entendeu que era preciso voltar, então, mais uma vez
embarquei Tornado em um trailer para levá-lo de volta comigo.
Quando voltei para o Veloz, de mala e tudo, Jorge queria que eu voltasse a
me preocupar com trabalho só na segunda, queria que eu aproveitasse bem o fim
de semana, pois na próxima semana teríamos muito trabalho reconstruindo o
celeiro, pois ele não havia feito isso ainda, disse-me que estava me esperando
voltar, e que sabia que eu voltaria. Durante à noite, Mari e Alana estavam na
cozinha fazendo macarrão ao molho branco com brócolis e queijo, Marina já
tinha começado com seus desejos, enquanto Jorge e eu estávamos na sala de tv
assistindo ao Jornal Nacional, então a reportagem chamou nossa atenção.

“E a seguir, o Deputado João Guilherme Carrasco é preso em São


Paulo…”

— Amor, corre aqui. — chamei por Marina que veio imediatamente,


sentando-se ao meu lado no sofá.

“E foi preso hoje, o Deputado Federal João Guilherme Carrasco, pela


polícia federal em seu apartamento na cidade de São Paulo. O Deputado já
estava sendo investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, mas foram as
acusações do treinador de cavalos, Heitor Navarro que o levaram a prisão
nesse fim de tarde. Segundo o treinador conceituadíssimo, João Guilherme o
havia pago para queimar um celeiro na propriedade do criador de cavalos
Jorge Mello, ex sogro do Deputado. Heitor também afirmou ser de autoria
dele a mando do Deputado, a dopagem do animal da amazona Marina Mello,
ex noiva do Deputado. Marina sofreu um acidente gravíssimo no rodeio de
Barretos e por conta disso a polícia indiciou o Deputado por tentativa de
homicídio, pois assumiu o risco de matar a amazona no momento da queda.
Marina está sobre proteção preventiva, onde o Deputado não pode se
aproximar dela. O Deputado saiu sem algemas e não quis responder aos
repórteres presente na ação.
O jornal estará acompanhando esse caso e voltaremos com mais
informações no decorrer dos nossos noticiários.”

Jorge se levantou do sofá e disse:


— É isso, apodreça na cadeia seu verme.
Marina ficou inquieta com a notícia da prisão do João e nervosa começou a
esfregar as mãos uma na outra.
— Isso não vai durar, pai, ele vai sair, ele vai sair da prisão e vai vir fazer
mal para o meu bebê, vai vir atrás de mim. — ela estava apavorada e todo clima
de felicidade que nos cercava deu início ao desespero de Marina, que começou a
chorar.
Fui até ela e a abracei forte confortando-a:
— Amor, fica calma, ele acabou de ser preso, são muitas as acusações sobre
as costas dele.
— Mas a lei no Brasil é fraca, principalmente para os parlamentares, não vê
que ele vai sair de lá mais rancoroso ainda?
— Calma, calma amor, quando ele sair, se ele sair, colocaremos seguranças
aqui no Haras. O Heitor não está mais aqui, lembra-se?
— Eu o conheço, não vai desistir. — retrucou Marina.
Jorge tentou acalmá-la:
— Filha, ninguém vai mais encostar um único dedo em você, entendeu?
Lucas e eu não permitiremos isso, você está segura aqui.
— Até quando? Vou viver me escondendo aqui dentro?
Nos dias que se seguiram, trabalhamos na construção de um novo celeiro,
Marina estava mais calma e nem falava mais no nome do João. Jorge, Alana e eu
combinamos de não assistir mais aos noticiários e quando acontecesse de o
Deputado ser solto não contaríamos nada a Marina. Heitor foi solto primeiro,
pois era réu primário e tinha bons antecedentes e moradia fixa. Marina e eu
estávamos envoltos numa felicidade contagiante, pois preparávamos juntos
nosso casamento e tínhamos chegado ao consenso de que seria uma cerimônia
simples, ali mesmo no Haras e somente para os familiares e amigos próximos.
Marina, Jorge e eu conversamos muito sobre o quesito dinheiro, e tentaram me
convencer que eu poderia continuar administrando o Haras, só que agora não
mais receberia um salário fixo, pois metade dos rendimentos era de Marina e
assim eu estaria cuidando do que era dela, ou seja, nosso. A ideia do nosso não
me agradava, então, fiquei de pensar sobre essas questões de como administrar
tudo.
Depois da longa conversa com Jorge, subi no Tornado e fui para a beira do
lago, tinha passado das cinco da tarde e o Sol já estava bem fraco, retirei minha
camisa e sentei-me nas margens para pensar em tudo que ele havia me dito. As
águas paradas e silenciosas me faziam refletir e eu simplesmente não queria nada
que fosse de Marina, pois que tipo de respeito eu teria no meio da peonada se
pensassem que eu a engravidei apenas para casar-me com ela e ficar com tudo
que lhe pertencia. Passados alguns minutos, escutei o caminhar lento de cascos
aproximando-se e assim que olhei para trás, vi que era Marina, que desceu de
sua égua, veio até mim e sentou-se na minha frente no meio de minhas pernas.
Virou-se para trás e beijou-me segurando em meu rosto, então falou:
— Perdoe a insistência do meu pai, amor, ele gosta demais de você, por isso
quer você na frente de tudo no Haras, porque te vê como o filho que ele está
tendo a oportunidade de ter.
— Eu sei que ele gosta, Mari, mas não estou preparado para assumir tudo
no Haras, além do mais ele e Alana ainda podem ter esse filho.
— Lucas, meu pai não pode mais ter filhos, era o sonho dele ter um menino
e por isso ele e mamãe tentaram muito, mas no final das contas descobriram que
uma caxumba havia deixado ele estéril.
— Está brincando comigo?
— Não, não estou. Tente entendê-lo.
— Preciso de tempo para merecer toda essa responsabilidade, entende?
— Eu entendo você e vou falar com ele, dizer que você quer que tudo
continue como está, até que você se sinta realmente dono de tudo aqui.
Segurei em seu rosto e a beijei com carinho, estava aliviado por Marina me
compreender e me apoiar.
— Obrigado.
Mari se levantou do chão, tirou meu chapéu e colocou em sua própria
cabeça e saiu correndo no meio do gramado dizendo:
— Obrigado nada, esse chapéu aqui já paga.
— Ei!! Volta aqui, Marina Mello.
Levantei correndo e fui atrás dela e a agarrei pela cintura.
— Esse chapéu é mais velho que andar para trás Mari, mas ele é todo seu,
ele, meu coração, meu corpo e minha alma.
Mari levou sua mão em meu rosto e fez-me um carinho e voltei a beijá-la.
Juntos caminhamos pela margem do lago e quando o Sol baixou de vez e o
crepúsculo chegou, voltamos para os cavalos e para casa.
Capítulo 50

Lucas
Chegamos na sede e assim que coloquei meus pés na sala, Jorge intimidou-
me:
— Chega aqui no bar, Lucas, vem tomar uma branquinha comigo.
Olhei para Marina e ela assentiu, dizendo:
— Vai lá amor, vou subir e tomar um banho para jantar.
— Está bem, vou lá beber um trago com ele e vou para casa tomar um
banho e comer alguma coisa.
— Volta para jantar com a gente?
— Estou exausto, amor, acho que vou comer alguma coisa lá em casa
mesmo.
Eu estava quebrado de canseira, havia trabalhado o dia todo fazendo
compras e correndo de um lado a outro com a construção do celeiro.
— Alana pediu pizza para todos nós, não precisa se preocupar em cozinhar.
— Está bem, você venceu.
Marina deu-me um beijo e foi para seu quarto, eu segui até o canto da sala
onde Jorge estava sentado em seu bar bebendo pinga.
— Chega aí, Lucas. — chamou-me ele com cara de poucos amores. —
senta aí.
Me sentei em um banco e ele logo foi me servindo um destilado em um
copinho, e ele estava com uma cara estranha.
Bebi o trago e questionei-o:
— Aconteceu alguma coisa? Que cara é essa, Jorge?
Ele fechou suas mãos em punho e depois virou uma dose generosa na boca.
— O delegado me ligou há pouco. João foi solto essa manhã.
Levantei-me inquieto do banco e levei a mão direita em meus olhos e os
apertei, eu estava cansado demais para receber e assimilar uma notícia daquelas
às vésperas do meu casamento com Marina.
Jorge sibilou, estava nervoso demais.
— Liguei para o chefe da segurança do Haras e pedi que reforce a
segurança no perímetro.
Assenti dizendo:
— Fez muito bem, ele não será idiota de se aproximar novamente, não
depois de ter passado todos esses dias na prisão.
— O delegado me disse que ele será cassado pela Câmara dos Deputados.
— Isso é uma ótima notícia, assim se livra do foro privilegiado.
— Sim.
— Bom, vou para casa tomar um banho, volto logo.
— Vai lá.
Jorge estava visivelmente abatido com a notícia da soltura do João e de
certa forma aquilo também me deixou intrigado, pois não sabia o nível da raiva
dele.
— Jorge! Melhor evitarmos que Marina se estresse com isso.
— Pode deixar, não estava nos meus planos contar a ela.
— Ótimo. — respondi e fui embora para casa tomar meu banho.
Assim que abri à porta, Cowboy entrou feito um raio dentro de casa.
— Está com fome, amigão?
Ele ficou me olhando sério, até o cachorro sabia que eu estava cansado e
agora preocupado também. A segurança de Marina era a única que me
importava.
Tratei do cachorro e entrei no banho, deixei a água quente caindo nas
costas, enquanto minha cabeça estava a mil, eram tantos pensamentos que achei,
que iria enlouquecer.
Depois do banho me troquei e voltei para à sede do Haras, assim que entrei
estavam todos na cozinha conversando e arrumando a mesa. Alana e Marina
estavam felizes, rindo, brincando uma com a outra, mas Jorge estava aéreo, mal
conseguia disfarçar sua preocupação. Estava nítido em seu rosto que algo estava
errado e não iria demorar para Marina perceber.
— Boa noite! — cumprimentei-os para avisar que eu já havia chegado.
— Até que enfim, amor, estávamos morrendo de fome.
— Desculpem a demora. — e para disfarçar a preocupação do Jorge fui
brincar com Marina tocando em sua barriga. — Então o bebê do papai está com
fome? — dei um beijo em sua barriga e ela piscou para mim, completamente
despreocupada.
Durante o jantar, Jorge quase não falou e para desviar a atenção, comecei a
falar sem parar e contar histórias antigas da minha vida que as fizeram morrer de
tanto de rir.
— É verdade, vocês não acreditam em mim? Entrei mesmo com o cavalo e
tudo dentro do lago, era um enxame de abelhas enorme, se eu tivesse deixado o
Tornado para fora d’água ele teria morrido.
— Aí Lucas, pare com essas histórias, minha barriga está doendo de tanto
rir. — disse Alana.
Continuei contando outras histórias e Jorge disse que estava cansado e que
iria se recolher, então Alana e ele subiram para o quarto e Mari e eu ficamos um
tempo ainda sentados no sofá.
— Viu como meu pai está estranho, Lucas? Está acontecendo alguma coisa
com ele.
— Não reparei. — menti, pois qualquer um via à angústia em Jorge. — Se
ele está com algum problema não deve ser com Alana, pois ela estava muito
bem.
— Sim, isso eu também percebi, amor, mas vamos esquecer isso.
Mari que estava deitada em meus braços, levantou-se e sentou no meu colo
vindo me beijar e qualquer beijo entre Marina e eu, sempre saía da linha de
conforto, excedendo-se e nos deixando completamente excitados. Minhas mãos
penetraram nos cabelos dela e eu a agarrei de jeito, enquanto nossas línguas se
exploravam e se amavam enlouquecidas. Mari mordia meus lábios, e aquilo só
aumentava meu tesão pela mulher mais linda e cheirosa que tive. Mari tremia de
desejo nos meus braços, mordia-me, chupava-me os lábios, mas eu estava
exausto, cansado demais e preocupado em demasia com a notícia de que João
saiu da prisão, e quando a imagem dele me veio à mente no meio do beijo, eu
diminuí a intensidade e passei a dar beijinhos mais leves nela, que reclamou
imediatamente.
— Lucas!!! — sussurrou de uma forma sofrida e exigente. — O que foi
meu amor?
— Estou exausto, preciso descansar.
Ela contornou os traços do meu rosto com as mãos e novamente encostou
seus lábios no meu, dizendo:
— Está bem, não vou morrer se dormir com desejo de você.
— Prometo que amanhã compenso isso.
— Vou cobrar.
Acabei fazendo o mesmo que o Jorge, despedindo-me de Marina e indo
para casa dormir, ou pelo menos tentar, pois rolei na cama à noite toda.
Na manhã seguinte fui para cidade logo cedo, faltaram alguns parafusos e o
marceneiro pediu que eu fosse buscar. Eu estava dentro da loja de materiais de
construção, quando meu celular tocou, e assim que bati o olho no identificador
de chamadas, senti as pernas fraquejarem, era o número do treinador Heitor.
— O que você quer? — perguntei logo de cara.
— Calma, Lucas, só queria te .... — antes dele terminar a frase meu celular
desligou, a porcaria da bateria tinha acabado e eu nem tinha percebido que
estava no fim. — Merda! O que diabos esse cara quer comigo?
Se minha cabeça já estava a mil por saber que João estava solto, agora
então com aquela ligação só piorou. Fiz as compras que precisava e resolvi
voltar logo para o Haras. A estrada que me levava de volta para o Haras, era
ladeada pela mata da Serra da Cantareira e eu dirigia com os pensamentos me
atropelando, eu temia que João viesse atrás de Marina e fizesse alguma maldade
com ela e com nosso bebê. Meu sangue fervia nas veias. À estrada de terra se
estendia em minha frente em muitos km ainda, e em meu retrovisor, além da
poeira existia um outro veículo que também seguia para o Haras ou estava me
seguindo. Eu estava tão distraído, prestando atenção na caminhonete que vinha
logo atrás que não percebi o carro preto parado no meio da estrada e que me
fizera frear bruscamente praticamente em cima dele. Não tive nem tempo de
assimilar o carro ao dono quando à porta se abriu e dele desceu o Deputado.
— Não acredito! Merda!
Abri à porta e desci da minha caminhonete, se eu quisesse fugir dele teria
que o atropelar, então não tive outra escolha senão saber o que ele queria.
— Não existe justiça mesmo no Brasil. — falei assim que me coloquei na
frente dele.
— A lei é feita pelos homens, caro peão. E você acha mesmo que os
homens fariam algo que não os beneficiassem no final das contas?
— O que você quer? — cruzei os braços.
— Quero o que roubou de volta.
— E o que foi que te roubei?
— A mulher da minha vida.
— Não acha que se ela o quisesse, ela não estaria com você agora?
— Ela só está confusa e vou ajudá-la com isso.
— Você é doente, senhor Deputado. — falei em tom de deboche.
— Doente! Só se for de ódio de você. — disse e tirou uma arma das costas
e apontou para mim, fazendo-me erguer as mãos instintivamente.
— Não seja covarde, João. Vamos acertar as coisas no braço, se você achar
que consegue.
— Não tenho mais tempo para perder com briguinhas ridículas.
Estava vidrado na arma e na mão dele, quando escutei o barulho da
caminhonete que estava atrás de mim na estrada. Ela parou e alguém abriu e
desceu. Respirei aliviado por saber que com testemunhas o Deputado ia desistir
e sumir dali, contudo, perdi as esperanças assim que ouvi o som daquela voz:
— Começou a brincadeira sem mim? — Heitor perguntou para o Deputado.
— Mudou de ideia, foi? — João o questionou.
— Quem está na chuva é para se molhar. — Heitor respondeu e ficou na
minha frente.
— Você não aprende mesmo, não é treinador? — perguntei.
— Você armou para me ferrar, Lucas. — Heitor retrucou.
— Não armei nada. Você que se uniu a pessoa errada.
— Digamos que me uni a quem paga mais. — argumentou.
— Mercenário imundo. — ralhei.
João interferiu, pois estávamos nos fitando:
— Ei ei, vão parando os dois. Cai fora Heitor, eu é que vou brincar nesse
parquinho.
— Você é patético, João. — falei.
Não acreditava que aquilo estava acontecendo, eu tremia internamente de
raiva por estar naquela situação sem nenhuma arma para me proteger. Só tinha
meus punhos e eles estavam tensos e fechados tão fortes que faziam minhas
veias saltarem.
Não sou covarde, mas rezei mentalmente para que alguém do Haras
passasse por ali naquele momento.
— Você é bem machão com uma arma na mão Deputado. Por que não larga
isso e vem? Vamos ver quem merece ter a Marina.
— Marina nunca vai ser sua. — respondeu ríspido.
— Ela já é minha, vamos nos casar e ter um bebê. — provoquei-o.
Vi o ódio crescer nos olhos dele e assim ele entregou a arma para Heitor e
partiu para cima de mim feito um leão.
— Você engravidou ela, seu peão de merda? — deu o primeiro soco na
minha cara com tanta força que me desequilibrou.
Me recompus e fui para cima dele revidando o soco nas mesmas
proporções.
— Vou te mostrar quem é o peão de merda, seu Deputado covarde e
corrupto.
— Pega ele, Lucas! — disse Heitor surpreendendo-nos.
João se virou para Heitor rindo sem jeito e questionou:
— Como é que é?
— Você ouviu muito bem, João.
— Por que me ligou Heitor? — perguntei para ele respirando afobado.
— Liguei para te avisar da tocaia, mas você desligou na minha cara. —
respondeu-me ele apontando a arma para João.
— Não desliguei na sua cara, acabou a bateria.
— Isso é uma brincadeira Heitor? — João foi para cima do Heitor e tentou
pegar a arma.
— Se afasta ou estouro seus miolos. — disse Heitor segurando firme à
arma.
João caiu na gargalhada nervoso e quando menos esperei ele partiu para
cima de mim, acertando-me outro soco no mesmo lado do rosto e sentir o sangue
escorrer quente em meu rosto, era do meu supercílio. Aquilo fez uma raiva
maior ainda brotar de mim e fui para cima dele, acertando-lhe o primeiro de
muitos socos, João era um fraco quando se tratava de se defender, mesmo assim,
rolamos no chão empoeirado. Eu tanto bati quanto apanhei, mas garanto que o
deixei bem mais machucado. Quando vi que ele não conseguia mais parar em pé,
eu parei.
— Você vai pagar bem caro por isso, seu gay enrustido, vou acabar com sua
vida, vou espalhar pelos quatro cantos do mundo que o treinador de cavalos
machão não passa de uma bicha queima rosca, filho de uma puta. — falava João
com o corpo encurvado cheio de dores.
— Você não vai falar mais nada, nunca mais vai abrir a boca porque ela vai
estar cheia de vermes saindo por todos seus orifícios. — Heitor respondeu
apontando a arma para João.
O ódio que vi estampado nos olhos do treinador me fez temer por ele, pois
se fizesse o que estava pensando iria apodrecer na cadeia e eu de fato não sabia
se ele merecia aquilo.
— Treinador, abaixe essa arma, cara. Esse cara não merece isso, ele tem
que pagar atrás das grades.
— Ele já esteve lá e saiu, Lucas. — respondeu-me com os olhos vidrados
em João.
— Mas não vai conseguir escapar dessa agora, ele armou para me matar, é
só mais um agravante para cima dele. — argumentei.
— Cale essa boca, Lucas. — respondeu-me com as mãos trêmulas,
enquanto continuava apontando para João.
— É minha rola que você quer? — João perguntou segurando no meio de
suas pernas. — Eu sempre soube que você me queria atrás de você, e se for isso
mesmo, larga essa arma, vou dar o que você sempre quis.
— Cala a boca seu nojento. — esbravejou Heitor.
João gargalhou dizendo:
— Pensa que nunca percebi seus olhares para cima de mim? Só faltava me
comer vivo, mas como nunca gostei de homens, nunca te dei bola.
— Eu mandei você calar a boca seu maldito! — Heitor deu um chute em
João jogando-o de costas na estrada, o clima estava tenso e se alguém não
parasse aquilo imediatamente uma tragédia ia acontecer.
— Heitor, para com isso cara, você não merece apodrecer na cadeia por
causa de um doente como esses.
— Não me importo, Lucas.
— Acha mesmo que essa bicha vai me matar? — João questionou
levantando-se do chão e indo em direção a Heitor, completamente destemido,
tendo certeza que iria pegar a arma novamente, mas, assim que se aproximou o
suficiente para tentar pegar a arma, só escutei o estampido seco e um corpo
desabar inerte no chão.
Capítulo 51

Lucas
Eu não entendi quem os avisou, mas logo em seguida viaturas da polícia
nos cercaram.
— Levantem as mãos, ninguém se mexe. — disse o delegado.
Ergui minhas mãos imediatamente e Heitor abaixou-se e colocou a arma no
chão e em seguida colocou suas mãos na cabeça, dessa forma foi imediatamente
algemado.
— Heitor, pedi a você que me esperasse e que não fizesse nada. — ralhou o
delegado.
— Acontece que o senhor demorou e João ia matar o Lucas. — Heitor
respondeu.
— De quem é essa arma? — perguntou o delegado.
— Do Deputado. — afirmou Heitor.
Um dos polícias foi checar os batimentos cardíacos do João e confirmou
com veemência:
— Está morto!
Levei minhas mãos na cabeça e girei em meus calcanhares em pânico, há
dois dias do meu casamento com Marina e eu metido nisso.
— Você está bem, Lucas? Não se feriu? — perguntou-me o delegado.
— Estou bem.
— Precisa ir para o hospital cuidar desses ferimentos e fazer um exame de
corpo delito.
— Tudo bem. — respondi apático.
— Vocês lutaram antes do tiro? — o delegado questionou.
— Sim, João e eu lutamos antes dele resolver ir para cima do Heitor para
tentar pegar a arma das mãos dele.
— Bom... Vamos deixar isso para o interrogatório. — respondeu-me ele.
Quando o delegado abriu à porta da viatura para que eu entrasse, à
caminhonete do Jorge parou na estrada e Marina desceu gritando de dentro dela.
— Lucaaasss! Lucaas! — abraçou-me forte e estava em lágrimas.
— Calma! Calma, fica tranquila meu amor, eu estou bem.
— O que aconteceu aqui? — ela perguntou.
— João armou uma armadilha para me matar, mas graças ao treinador isso
não aconteceu.
Marina tentou virar o rosto para olhar o corpo do João no chão, mas eu a
impedi segurando forte sua cabeça contra meu peito.
— Não olhe.
Jorge estava conversando com Heitor e vi quando ele deu dois tapinhas nas
costas dele, no fundo eu sentia pena do Heitor, mesmo ele tendo participado das
armações do João.
— Lucas, você está bem? — questionou meu sogro.
— Sim, estou bem.
— Ótimo. — disse ele penoso. — É triste que tudo tenha terminado dessa
forma, mas o que fazer se ele mesmo procurou por isso tudo.
— É verdade. — respondi cabisbaixo.
— Lucas você precisa vir conosco até à delegacia prestar depoimento. —
alertou-me o delgado novamente.
— Delegado. — interferiu Jorge. — Eu levo o Lucas, não há necessidade
de o senhor levá-lo na viatura, ele é a vítima nesse caso.
O delegado assentiu e assim, todos fomos direto para o departamento de
polícia, incluindo Marina que não quis sair de perto de mim.
Heitor se arrependeu de seus crimes na hora certa e Jorge acabou por
contratar o melhor criminalista que tínhamos na região, o Dr. Hernandez, o
mesmo que defendeu meu pai no caso da Sandra. Era incrível como as coisas
tinham caminhado na minha vida, eram duas mortes diretamente ligadas a mim e
todas as duas por excesso de amor.
Heitor foi preso por assassinato e teria que esperar o julgamento em uma
penitenciária.

Marina
Dois dias mais tarde.

Meu dia havia chegado e como qualquer noiva, eu estava uma pilha de
nervos. Da varanda do meu quarto vi a enorme movimentação para que tudo
saísse como eu e Lucas havíamos planejado, pois optamos por uma cerimônia
simples ali mesmo no Haras, e enquanto eu tinha o meu momento noiva, lá fora
tudo estava sendo preparado.
O maquiador dava os últimos retoques em mim, no meu quarto, quando
Alana entrou pela porta perguntando-me:
— Está quase na hora, está pronta?
Virei-me em sua direção e ela exclamou:
— Uau!!! Está maravilhosa, Lucas vai enlouquecer com esse vestido.
— Essa é a intenção. — sorri tão feliz que mal cabia em mim mesma.
— Bom, então vamos, porque o Padre e o Juiz já chegaram.
Um frio percorreu meu estômago quando a ouvi dizer a palavra Padre.
Alana estava espetacularmente linda em um vestido curto de um ombro só
na cor azul marinho com detalhes em renda. Seu cabelo estava preso realçando
ainda mais sua beleza.
— Você está linda minha amiga. — falei.
— Olha quem fala? — piscou para mim.
— Está na hora mocinha. — disse-me o maquiador. — Você está um arraso!
— Obrigada, Jaime. — respondi com um frio na barriga.
Meu vestido era curto, branco tomara que caia e com uma saia de tule por
cima para dar uma amenizada no comprimento, eu tinha pensado em tudo, e
vestir-me como uma bailarina iria deixar Lucas, louco, ele odiava e amava ao
mesmo tempo me ver com vestidos curtos.
Alana abriu à porta da sala para mim, então respirei fundo me preparando
para os olhares que deveriam estar em minha frente, mas não havia nada. Desci
os degraus da varanda que deveriam me levar diretamente a um caminho com
um enorme tapete verde e para o altar, mas assim que cheguei ao último degrau,
não havia nada nem ninguém me esperando. Ali deveria ter um altar montado,
mas não tinha. Apenas Lucas estava parado no meio do gramado vestindo um
lindo smoking, exatamente como pedi a ele, embora ele tivesse lutado contra
vestir um smoking, ele estava maravilhosamente lindo.
Olhei em direção a ele e gritei assustada quando dei conta de que ele estava
vendo meu vestido:
— Lucas!!! — virei de costas imediatamente. — Você não podia ter me
visto antes da hora.
— Essa é a minha hora. — respondeu-me e pulou do cavalo e veio até mim,
e me virou em sua direção. — Achou mesmo que ia deixar você sair com um
micro pedaço de pano para se casar comigo?
Meu coração acelerou no peito, mas não deixei minha cabeça cair, então eu
o encarei e antes de respondê-lo, ele disse:
— Você está linda de doer os olhos. — olhou para minhas pernas nuas. —
Eu sabia que você ia querer casar comigo me desafiando, mas é isso que eu amo
em você Marina Mello, não quero que mude nada, está perfeito assim, parecendo
uma bailarina e eu devo ser o primeiro noivo que fica excitado ao ver a noiva.
Respirei fundo e respondi chegando bem pertinho do ouvido dele:
— Eu sabia que iria te deixar excitado com esse vestido.
— A é? Queria que todos me vissem assim no meio da cerimônia do nosso
casamento?
Dei de ombros e pisquei para ele.
— Vai ter que arcar com as consequências mais tarde. — mordeu o lábio
inferior em um gesto que fazia tudo em mim tremer de tesão.
— Vamos? — estendeu a mão para mim.
— Meu pai é quem deveria me levar para você. Onde ele está?
— Sempre sonhei em levar minha noiva ao altar. — respondeu-me.
— Você ia me levar no altar de qualquer jeito.
— Mas eu quero do meu jeito. — me pegou no colo e me colocou nas
costas do Tornado e montou logo em seguida em minhas costas.
— O que houve com meu altar? O noivo resolveu que não queria mais um
altar? — questionei.
— Não, ele só mudou o cenário do seu casamento, enquanto você dormia
antes de se arrumar para o casório. — respondeu falando de si mesmo na terceira
pessoa.
— Mudou?
— Sim, está pronta para irmos?
— Onde pensa que vai me levar nesse cavalo?
— Ao altar, onde mais eu a levaria?
— Está bem. — respondi virando-me para trás e beijando-o.
— A noiva mais linda que já vi no mundo. — acariciou-me no rosto e
começamos a seguir em frente com o dia se acabando e dando lugar ao início da
noite.
— Você deveria estar no altar me esperando, como fazem todos os noivos.
— Não, eu não sou qualquer noivo, eu sou o seu noivo e quero garantir que
meus amores cheguem bem ao altar.
— Lucas, você não existe meu amor.
Ele conduziu o animal para às margens do lago através de um caminho de
pétalas brancas de rosas e todo iluminado por archotes. E conforme íamos nos
aproximando, eu via as luzes nas árvores, e assim que chegamos, tive a surpresa
mais linda de todas, ele havia montado o altar nas margens do lago e o corredor
por onde eu deveria passar estava coberto de feno ladeado com lindos cachepôs
de madeira com lindas rosas nos tons de salmão, rosa e branca e com flores do
campo. Um lindo arco com véu fazendo uma cobertura sobre o altar que era uma
mesa de madeira rústica e atrás dela o Padre já nos esperava. Os poucos
convidados, o pessoal do Haras Mattos e do Veloz, estavam em fileiras de
bancos ao lado dos vasos de flores. Assim que nos aproximamos, Lucas desceu
do cavalo e caminhou rumo ao altar, deixando-me em cima do Tornado e para
minha surpresa, meu pai tomou seu lugar na traseira do animal e conduziu-me ao
som da marcha nupcial para o altar, para entregar-me a Lucas.
Meu coração parecia que ia sair pela boca quando as primeiras notas da
marcha começaram a ecoar do clarinete, fazendo-me arrepiar cada pelo do meu
corpo.
— Achou mesmo que eu ia deixá-la entrar sozinha? — sussurrou meu pai
em meu ouvido.
Não consegui conter a emoção e segurar as lágrimas, lembrei-me de minha
mãe e em como ela estaria feliz vendo-me indo em direção a minha felicidade.
Ao lado do Lucas no altar, estavam seus pais, Greg e Lia que eram seus
padrinhos e Tonho e Alana que eram os meus.
Assim que chegamos próximo do altar, meu pai desceu do cavalo e ajudou-
me a descer, então entregou-me a Lucas dizendo:
— Essa é minha única riqueza, cuida bem dela, Lucas.
— Pode confiar. — respondeu e deu um forte abraço em meu pai.
Lucas olhou-me com carinho, deu um beijo em meus lábios e deu-me seu
braço.
Caminhamos até o altar e recebemos as bênçãos de Deus, pelo Padre e do
Juiz de Paz. Escutar o “sim” sonoro do Lucas, fez com que meu coração
descompassasse de uma forma tão surreal que achei que morreria de felicidade,
se é que isso é possível.
— Amo você. — disse-me antes de beijar-me.
— Amo você.
Capítulo 52

Marina
A festa foi montada dentro do celeiro, como havíamos planejado, e toda a
decoração era de encher os olhos. Parte da iluminação ficou por conta de muitos
archotes espalhados por todos os cantos e lindas velas suspensas no teto dentro
de potes de vidro. Estava tudo muito lindo, como eu sonhava.
Comemos, bebemos, dançamos ao som da banda, joguei meu buquê de
flores e Alana acabou apanhando, mas Lucas estava ansioso para irmos embora
dali.
Estávamos dançando quando ele cochichou no meu ouvido, pouco depois
da meia noite.
— Foi tudo tão lindo, meu amor, mas eu estou louco para arrancar esse seu
vestido e te amar o resto da noite.
— E onde o senhor pretende me levar? Posso saber?
Ele sorriu lindamente, pois tinha o sorriso mais sincero que já vi na vida.
— Estou há dias trabalhando nisso. — respondeu-me.
— Como assim? Passou dias trabalhando no lugar para onde vai me levar
na minha lua de mel? — questionei assustada.
— Sim. Vem! Vamos sair daqui sem sermos notados.
Todos os convidados estavam distraídos, dançando e se divertindo horrores,
então Lucas foi me levando para fora do celeiro discretamente e lá fora,
amarrado em uma corda estava Tornado à nossa espera.
— O que está aprontando agora, Lucas?
— Você vai ver. — pegou-me pela cintura e fez-me montar no animal e em
seguida subiu atrás de mim e abraçou-me forte pela cintura.
E enquanto me conduzia por um caminho todo iluminado por tochas, foi
cantando a música Para tu amor de Juanes.

Para tu amor lo tengo todo


Desde mi sangre hasta la esencia de mi ser
Y para tu amor que es mi tesoro
Tengo mi vida toda entera a tus pies
Y tengo también
Un corazón que se muere por dar amor
Y que no conoce el fin
Un corazón que late por vos
Para tu amor no hay despedidas
Para tu amor yo solo tengo eternidad

Y para tu amor que me ilumina


Tengo una luna, un arco iris y un clavel
Y tengo también
Un corazón que se muere por dar amor
Y que no conoce fin
Un corazón que late por vos
Por eso yo te quiero tanto que no sé como explicar lo
Que siento

Yo te quiero porque tu dolor es mi dolor


Y no hay dudas
Yo te quiero con el alma y con el corazón
te venero
hoy y siempre gracias yo te doy a ti mi amor
por existir

para tu amor lo tengo todo


lo tengo todo y lo que no tengo también
lo conseguiré
para tu amor que es mi tesoro

Tengo mi vida toda entera a tus pies


Y tengo también
Un corazón que se muere por dar amor
Y que no conoce el fin
Un corazón que late por vos
Por eso yo te quiero tanto que no sé como explicar lo
Que siento

Yo te quiero porque tu dolor es mi dolor


Y no hay dudas
Yo te quiero con el alma y con el corazón
te venero
hoy y siempre gracias yo te doy a ti mi amor

Quando ele terminou já estávamos embaixo do pé da enorme figueira velha,


lugar onde tinha minha antiga casa da árvore. Olhei para cima e ela estava toda
iluminada.
— Lucas!
— Eu praticamente a reconstruí para o dia de hoje.
Grudei em seu pescoço e o beijei demorado.
— Por isso andava tão cansado?
— Por você, para ver esse brilho nos seus olhos.
As escadas estavam novas em folha e havia fios de lâmpadas enroladas no
corrimão que elas haviam ganhado, Lucas havia se dado o trabalho de levar
energia até lá. Ele havia reformado tudo, eu diria reconstruído.
— Como você fez isso? — questionei-o quando estava subindo os degraus.
— Não quebre a magia, meu amor.
De fato, era mágico, uma lua de mel na minha casa da árvore era algo com
o que nunca sonhei antes, e assim que chegamos no alto as surpresas só
começaram, meus olhos encheram-se de lágrimas, havia velas em vidros
espalhadas por toda a pequena casa. No canto esquerdo havia um colchão no
chão, com lençóis de seda brancos com muitas almofadas e travesseiros sobre
ele. E aos pés do colchão pétalas de rosas vermelhas espalhadas. Em cima do
colchão havia uma armação de bambu com tecidos brancos. Até minha camisola
branca estava pendurada em um cabide na parede. Tanta delicadeza só podia ter
saído das mãos de uma mulher. Alana, pensei sorrindo.
Lucas pensou em todos os detalhes, pois havia até uma jacuzzi de madeira
cheia de pétalas brancas dentro dela. E em um pequeno deck que a ladeava, tinha
uma garrafa de champanhe em um balde de inox com duas taças dentro. Tinha
também toalhas brancas enroladas.
Enquanto eu andava no pequeno e aconchegante espaço, completamente de
boca aberta, escutei o barulho do champanhe sendo aberto e em seguida Lucas
estendeu uma taça a mim, dizendo:
— Ao amor mais intenso e profundo que já vivi.
— Ao amor da minha vida. — respondi e assim levei a taça a meus lábios e
ambos bebemos do champanhe.
Lucas colocou sua taça de lado e retirou à minha de minhas mãos, me
olhando sério com o olhar desejoso, deu um passo em minha direção e com o
braço direito enlaçou-me pela cintura e segurou minha cabeça com a mão
esquerda levando-me para seus lábios com delicadeza.
Naquela altura Lucas já estava só de camisa, sem blazer e sem gravata, pois
havia retirado na festa. Enquanto seus lábios acariciavam os meus e mordiscava
lentamente, fui abrindo os botões da camisa e acariciando seu peito. Não havia
pressa em nossos movimentos, nem em nossos lábios, pertencíamos um ao outro
sem medos, àquela noite era nossa. Retirei de seu corpo à camisa e a joguei no
chão. Os olhos de Lucas brilhavam de uma forma única, ele estava feliz e aquilo
era emitido por seus olhos que me fuzilavam cheios de excitação.
Toquei em seu tórax e senti em minhas mãos os músculos dele se
enrijecendo, respondendo a meus carinhos enquanto uma chama ia se acendendo
em meu corpo e percorrendo cada canto até chegar ao meio de minhas pernas e
em minha vagina.
Lucas segurou com as duas mãos nas laterais de meu rosto e disse-me:
— Eu te amo tanto, tanto que nem sei como explicar.
— Também te amo, meu amor.
Passou seu braço por minha cintura e levou-me em direção a seu corpo
fazendo-me sentir sua ereção febril, e beijou-me novamente com lentidão,
apreciando cada ondulação que nossos lábios faziam um em busca do outro. Sua
língua tocava à minha e eu simplesmente tremia por dentro. Lucas saiu de meus
lábios e me virou de costas para ele, fazendo com que minha bunda sentisse o
poder daquela ereção enorme e deliciosa. Ele deslizou seus dedos em meus
braços subindo até meu pescoço e indo para meu vestido, e assim passou a abrir
os pequenos botões de pérolas, um por um fazendo-me sentir o momento em que
o vestido passou a ficar largo em meu corpo e despencar em meus pés deixando-
me apenas em minha lingerie de rendas brancas.
— Você é tão linda, meu amor. — puxou meu corpo para o dele e pousou
seus lábios em meu pescoço e passou a beijá-lo e a chupá-lo, enlouquecendo-me
quando mordia meu lóbulo.
Virou-me para ele e me pegou no colo, caminhou comigo até à cama que
estava no chão e colocou-me deitada nela com delicadeza. Seu olhar estava
quente, Lucas estava explodindo de tesão e eu via claramente isso em seus olhos
e em seu rosto.
Ele retirou seus sapatos, abriu a calça e a retirou de seu corpo vindo a ficar
apenas de cueca, e ela era branca e estava sustentando a muito custo a ereção de
Lucas, que se ajoelhou em meus pés no colchão e passou a beijá-los subindo
lentamente com seus lábios em minhas pernas, coxas, até chegar em minha
calcinha, e encarando-me ele grudou suas mãos nas laterais dela e passou a
puxar para baixo com minha ajuda que ergui o quadril para que viesse a despir-
me. Eu estava explodindo de tesão, Lucas fazia isso comigo, me deixava acesa
só pela forma com que me olhava. Depois de tirar minha calcinha, ele tirou sua
cueca deixando sua ereção ficar livre e apontando para mim como se fosse tora,
dura, forte e resistente. Então não resisti e me coloquei de joelhos na cama e fui
em busca dele que também estava ajoelhado na cama. Eu o beijei e levei minhas
mãos em seu pau e passei a fazer movimentos leves e sutis, subindo e descendo,
até que ele se sentou na cama e eu passei a beijá-lo em todos os cantos de seu
corpo, desci lambendo, chupando e mordiscando seu abdômen. Sentir Lucas se
arquear de tanto tesão embaixo de mim, fez com que um jato de lubrificação me
inundasse, deixando-me mais molhada do que eu já estava. Segurei firme em seu
pau e senti o calor que emanava dele, senti à força dos músculos rijos e senti o
cordão de seu nervo que o mantinha ereto e enorme daquela forma, assim não
consegui resistir e debrucei-me sobre ele levando minha boca ao seu encontro.
Eu o chupei, subindo e descendo, medindo cada centímetro dele e apreciando
com minha língua cada espaço daquela circunferência deliciosa.
— Ohhh! — gemeu assim que enfiei minha língua no buraquinho da
cabeça.
Lucas se deitou na cama e me puxou para ele e me virou de costas para a
cama e cobriu-me com seu corpo quente, ele estava ardendo em chamas. Beijou-
me aumentando a intensidade cada vez que sugava meus lábios e mordia o
inferior. Serpenteava seu corpo nu sobre o meu, enquanto eu explorava cada
espaço de suas costas sentindo seus músculos. Lucas estava ofegante, buscou
meus seios e chupou-os a ambos, circulando-os com a ponta da língua
excitando-me mais e mais. Estávamos em êxtase, era um misto de romantismo
com um erotismo sensual que exalava sexo. Era muita paixão em um único
beijo. Sua barba aparada roçava em meu pescoço e aquilo me fazia querer senti-
lo invadir-me toda, queria cada centímetro dele dentro de mim inundando-me.
Suas mãos percorriam cada centímetro do meu corpo, mas foi em minhas
pernas que quando tocaram, afastando-as e erguendo-as, exigindo passagem para
me penetrar, que fizeram um frio involuntário percorrer minha coluna e esperar o
momento mais delicioso de todos. Lucas se encaixou no meio de minhas pernas,
segurou firme nas laterais de meu rosto e devorou meus lábios ao mesmo
instante que me invadia, penetrando-me lentamente e sussurrando:
— Minha esposa!
Era tanto tesão que meus dedos deslizavam livres em suas costas e
acariciam seus músculos tensos e marcados com vincos fundos até chegar em
suas nádegas e acompanhar o ritmo delas ao entrar e sair de mim com uma
lentidão enervante, eu queria mais, queria senti-lo me possuir com muito mais
intensidade.
— Mais forte, amor. — mordeu meus lábios quando o pedi.
Grudou seus dedos aos meus e beijou-me enlouquecido quando começou a
aumentar à velocidade de suas estocadas, subindo e descendo, subindo e
descendo no movimento de vai e vem mais luxurioso de todos. Estocava-me e
roçava sua barba em meu pescoço enquanto o beijava e o lambia enfiando-se
mais e mais em mim.
Nossos corpos serpenteavam encaixados enlouquecidos um pelo outro, não
existia nenhuma dúvida de que se encaixavam perfeitamente e que havíamos
nascidos um para o outro. Lucas tinha um cheiro maravilhoso e quando aquilo se
misturava com o cheiro do nosso amor e de seu suor, ficava ainda mais perfeito.
Estocava, estocava, estocava, bombava e metia forte com a mestria dos
deuses, tanto que mudava de posições sem que houvesse nenhuma parada
brusca, simplesmente fluía de uma forma natural, e assim quando me dei conta,
já estava de lado com ele atrás de mim beijando-me no ombro e penetrando-me
novamente, entrando e saindo deliciosamente de mim, com uma de suas mãos
grudadas em meu seio. Lucas sussurrava seus gemidos em meus ouvidos a cada
estocada. Metia, metia, metia e buscava meus lábios ávidos por prazer e por mais
contato.
Passou a me torturar de uma forma deliciosa, eu me perdia em meus desejos
ali no meio do nada em cima de uma árvore. Ele se enfiava em mim e
massageava meu clitóris enquanto encarava minhas reações, castigando-me,
castigando-me e estocando gostoso, até que meu corpo deu os primeiros sinais
de que iria explodir de tesão. Os dedos dele exploravam-me com destreza,
enquanto minhas coxas queriam se apertar em volta de sua mão, quando todos os
músculos se contraiam em espasmos do meu orgasmo. Meu corpo tremia e
minha alma não sabia mais onde estava, eu simplesmente estava babando de
prazer com minha cabeça fora de órbita. Os pelos do meu corpo se arrepiaram e
meu coração disparou enquanto eu gemia:
— Aaaaah! Aaah! Oooohhh!
Lucas não esperou nem que eu me recuperasse e já me virou de barriga para
baixo com as pernas estendidas. Ele estava suando e respirando todo eufórico, e
assim senti-me sendo preenchida por ele novamente quando minha vagina o
queria expulsar após o orgasmo intenso.
Não demorou e ele já estava se mexendo dentro de mim e beijando-me
cheio de carinho e tesão, enfiando sua língua em minha boca e acariciando a
minha com deleite.
E com sua mão apoiando firme em minhas costas ele metia, metia, metia,
pof pof pof pof pof pof pof pof... enquanto minhas mãos estavam grudadas
firmes no lençol.

Lucas
De todas às vezes que fiz amor com Marina, eu não sabia explicar o que
estava sentindo, pois, aquela noite era única, estava sendo diferente de todas as
outras. Havia um sentimento diferente em mim, ela agora era minha de verdade
e eu sentia tanto tesão em pensar naquilo que a amava com tanta intensidade que
mal conseguia respirar direito.
Mari estava embaixo de mim com as mãos grudadas no lençol enquanto eu
admirava aquela cena deliciosa, meu pau entrava e saia dela enquanto ela se
mexia e rebolava em direção a ele deixando-me enlouquecido, era tesão demais,
era paixão demais e um amor sem tamanho.
Passei meu braço no meio de sua barriga e a levantei de joelhos para mim
sem me desgrudar dela, e passei a meter nela com mais força e intensidade, eu
estava louco de tesão, então meti, meti, meti, meti, meti, bombei, bombei,
bombei segurando firme em seu quadril, me enfiando e me afundando nela até o
talo. O suor estava escorrendo em meu corpo.
Eu a amei intensamente de olhos fechados sentindo cada movimento do
meu corpo em direção ao dela, entrando e saindo, entrando e saindo
incessantemente, gemendo e sussurrando a cada estocada frenética que dava
nela.
— Oh! Mari oh! Oh, oh!
Então senti quando minha respiração acelerou na mesma intensidade que
meu coração, meu orgasmo estava dando sinais claros de uma iminente erupção,
dessa forma intensifiquei ainda mais meus movimentos e senti quando o líquido
percorreu por toda à extensão do meu pau e saiu em jatos quentes dentro de
Marina, fazendo-me perder os sentidos e gemer instintivamente alto.
— Ohhh! Ooooh! Ohhh! DELÍCIA! PORRA! Oh Marina! Mari meu amor!
Caí na cama tamanha era a exaustão, e a apreciei deitada na cama beijando-
a toda nas costas, então disse-lhe:
— Amor da minha vida.
Aquela noite foi intensa demais, bebemos juntos, comemos e depois nos
amamos novamente dentro da jacuzzi, um amor febril que havia nos dado um
lindo fruto que crescia dentro de Marina.
Não éramos mais dois, agora éramos três.
Epílogo

Marina
Lucas era o homem dos sonhos de qualquer mulher, era simplesmente
perfeito. No início do nosso casamento vivemos na casa destinada aos
administradores, e tudo ao lado do Lucas era um sonho e eu apenas fazia tudo
como ele desejava, queria deixá-lo decidir o momento certo de termos nossa
própria casa. Ele transformava qualquer espaço em paraíso. Minha gestação
ocorreu de forma tranquila e depois de exatos nove meses nosso peãozinho veio
ao mundo. Pedro Lucas era um bebê lindo demais, puxou à beleza do pai com a
cor dos olhos da mãe. Lucas tomou as rédeas do Veloz e quando se deu conta
não era mais só o administrador, era praticamente o dono, não sabia disso, mas
agia exatamente como fosse o único proprietário, pois meu pai saía sempre em
viagem com Alana e deixou tudo nas mãos do Lucas, que sabia exatamente
como cuidar de tudo, transformando o Haras mais lucrativo do que antes.
Depois do nascimento do Pedro, eu até tentei voltei para as pistas, mas um
elo enorme havia se quebrado em mim desde o acidente de Barretos, e dessa
forma acabei por abandonar tudo, ou quase, porque passei a ser a treinadora do
Haras e a treinar Alana, que não demorou a conquistar seu primeiro Mundial.
Ela e meu pai se davam muito bem, mas Alana vivia dizendo que sentia falta de
alguma coisa e eu bem sabia que ela sonhava em ter um filho.
Lucas foi aos poucos mudando e se tornando mais suscetível às questões
que diziam respeito ao Haras e em como usufruir do nosso dinheiro, e assim
acabou construindo uma linda casa para nós na beira do lago e era uma linda
casa com uma vista de tirar o fôlego, com tudo que tínhamos direito incluindo
área de lazer com piscina e tudo mais.
Brigávamos como qualquer casal e na maioria das vezes por ciúmes de
Lucas comigo, que não desistia de controlar o comprimento das minhas roupas.
Vivia querendo um outro filho, mas isso eu estava conseguindo controlar,
queria ver Pedro Lucas crescer um pouco mais e acompanhar cada passo dele
sem ter que dividir o momento dele.
Meu pai conseguiu seu potro do futuro, nascido do cruzamento de Fantasma
do Greg com a égua dele, e não existia animal mais amado em todo o veloz e
Fantasminha era seu nome.
Sentia-me a mulher mais realizada do mundo, pois eu tinha o melhor
amante e o Homem Perfeito ao meu lado.

Lucas
Deus me deu o maior presente de todos, a melhor esposa e o filho mais
lindo e saudável.
Jorge passava muito tempo fora do Haras, e acabei que sem perceber me
tornei parte dono do Veloz, aprendi como lidar com aquilo que era algo
inevitável, pois metade do Haras era da minha esposa, sendo assim eu tinha que
tomar conta.
Marina se tornou uma mulher madura, com o nascimento do Pedro, ela
mudou completamente, não era mais uma menina mimada, era a mulher amada,
minha amada. Valeu a pena esperar cada dia para encontrá-la. Amávamos com a
mesma intensidade de quando nos conhecemos, éramos um incêndio quando
estávamos juntos e eu sabia que aquilo nunca ia apagar.
Greg e Lia eram os padrinhos de Pedro Lucas, que adorava estar na casa da
avó Ana, no Haras Mattos. Greg era um pai muito ciumento e aos cinco anos de
idade à pequena Alicia sentia isso na pele. Eu gostava muito de ficar observando
Pedro e Alicia que eram como cão e gato, mas estavam sempre juntos, chorando
ou rindo, na verdade, mais chorando do que rindo. Alicia era uma menina doce
como a mãe e forte como o pai, tinha uma personalidade intrigante, com cinco
anos ela já conseguia deixar Pedro completamente irritado e derretido por ela.
Da porta da casa de minha mãe, vi quando Pedro chegou de cara fechada e
se sentou no balanço. Alicia veio chorando e reclamando com minha mãe:
— Vovó, Ana, vovó Ana. — chamava em prantos.
Minha mãe saiu da cozinha e foi até ela questionando:
— O que foi minha princesinha?
— Foi o Pedro, ele me empurrou.
— E você pode me dizer por que ele te empurrou?
— Me empurrou porque mostrei a ele à cartinha que ganhei do Luiz
Gustavo.
— Vamos falar com ele.
Fiquei observando todo o desenrolar da cena de ciúmes do meu pequeno
peãozinho e era hilário ver como brigavam por ciúmes com apenas cinco anos de
idade.
Minha mãe se aproximou do Pedro e o inquiriu:
— Pedro, amor da vovó, por que você empurrou sua priminha?
— Ela disse que tem um namorado.
De onde eu estava cai na gargalhada, minha mãe olhou para mim e ralhou
comigo apenas com um olhar.
O tempo passou, às crianças cresceram e junto com elas o sentimento forte
entre eles, mas Greg era o maior empecilho de todos. Vira e mexe eles se
encontravam às escondidas, porque não tem porteiras que segure um amor, pois
eram Amigos Perfeitos.

Fim.
Extra Peão Perfeito

Lucas
Marina é a mulher que sempre sonhei para ser minha esposa e mãe dos
meus filhos, e por falar em filhos, nosso primeiro estava a caminho e ela estava
entrando para o terceiro mês. O médico disse-nos que Marina e o bebê gozavam
de uma saúde de ferro, então estávamos só esperando o tempo passar para que
pudéssemos ver o rostinho dele ou dela. Escolhemos Pedro Lucas se fosse um
menino e Maria Júlia se fosse menina, ansiedade me definia, já Marina era
tranquila com relação a isso. Logo após o casamento, viajamos para Fernando de
Noronha, era sonho de Marina conhecer a ilha, e assim Jorge nos deu a viagem
de presente, por sinal, vivemos um sonho lá, foram os 15 dias mais maravilhosos
ao lado da minha esposa.
Um mês havia se passado após nosso casamento e nunca imaginei que
felicidade verdadeira existia e que tinha nome, Marina era o nome da minha
felicidade. E não havia medidas para amá-la e carregando nosso primeiro filho
em seu ventre, esse sentimento ficava ainda mais aflorado, ela é uma mulher
maravilhosa que nem ela mesma sabia que era, nem ela mesma conhecia a
mulher que existia dentro daquela menina mimada que conheci assim que pisei
aqui no Haras Veloz.
Alguns meses haviam se passado desde a queda no rodeio em Barretos, e
ela sempre inventava milhões de desculpas para não voltar a montar e a gravidez
vinha sendo o alicerce firme que ela havia construído como empecilho, e eu
concordava plenamente, já que ela teria tempo suficiente para montar depois de
o nascimento do nosso bebê. Aos poucos ela foi voltando para as baias, em
curtas visitas que fazia a Mel, só que Tenente, ela simplesmente vinha evitando.
Era triste demais vê-la ao lado de Mel e saber que Marina havia levantado um
muro enorme entre elas, era um trauma que só o tempo iria curar, já que nunca
mais ela havia montado.
Minha felicidade estava completa, mas, Mari ainda tinha umas pendências
em sua vida que tinham urgências, pois, depois do acidente com Tenente em
Barretos, ela não voltou a montar em cavalos, e no que dizia respeito ao pobre
Tenente, nem o visitar ela conseguia, não até aquele presente momento, em que
eu caminhava em um dos pavilhões e a vi na baia dele, acariciando-o e
escovando o animal com carinho. Estreitei meus olhos e sorri assim que me
aproximei um pouco mais e a escutei balbuciando algumas palavras com ele,
então parei a uma distância, onde estaria longe de suas vistas, não queria assustá-
la, afinal de contas, ela estava apenas tentando se reaproximar dele.
Coloquei as mãos em meus bolsos e de longe fiquei avistando toda a cena.
E saber que ela estava conseguindo vencer seus medos, me deixava ainda mais
orgulhoso dela, que estava linda, vestindo uma calça jeans, uma camisa branca e
um colete marrom por cima. Sua bota de montaria marrom, ia até à altura dos
joelhos e estava como sempre com seu lindo chapéu, e eu amava vê-la com
aquele chapéu rosa aveludado.
Fiquei de longe observando-a, não vou negar que vê-la afagando Tenente
com tanto carinho, me deixou emocionado, já que há meses ela não o tocava,
tinha receio e medo; de onde eu estava, conseguia ouvir perfeitamente o sopro de
Tenente, barulho que fazia quando estava feliz.
Arrepiei-me todo naquele momento.
— Vejo que ela está tentando se reaproximar dele. — falou meu sogro que
chegou pelas minhas costas.
Olhei em sua direção e o respondi:
— Sim! Já não era sem tempo. — respondi e voltei meus olhos para
Marina, que começou a puxar o animal para fora da baia, que inclusive estava
selado, para meu desespero, então dei um passo à frente com a intenção de
cruzar o pavilhão e ir até ela e impedi-la de montá-lo, mas Jorge segurou-me
firme pelo braço e sinalizou com a cabeça que não, dizendo-me:
— Deixa ela, Lucas, esse é o momento deles.
Rodei em meus calcanhares, temeroso, pois, a insegurança de Marina
poderia causar-lhe uma queda e ela estava grávida e deveria evitar colocar nosso
bebê em risco.
— O que ela está fazendo? — questionei.
— Deixa ela, está só matando a saudade do animal dela.
Ficamos os dois parados observando toda uma cena ir se desenrolando
diante de nossos olhos, ela foi puxando o Tenente, saindo do pavilhão e indo em
direção ao pasto, e meu coração quase saiu pela boca, quando ela levou o pé no
estribo. E quando dei um passo à frente, para intervir, Jorge segurou-me pelo
braço novamente, dizendo-me:
— Deixa-a ir!
— Está maluco? Ela está grávida e ainda tem traumas do Tenente, não vou
permitir que ela o monte. — ralhei nervoso, com o sangue fervendo em minhas
veias só de imaginar Marina em cima daquele cavalo.
— Lucas, se acalme, Mari conhece aquele animal como a palma de sua
mão, ela deu a ele de mamar com uma mamadeira.
— Está brincando comigo? Ela podia ter morrido lá em Barretos.
— Mas não morreu e o animal não foi culpado, lembre-se de que ele foi
dopado.
Neguei mordendo meu lábio inferior com muita força, eu não ia deixar, e
assim quando fui tentar caminhar em direção a Mari, fui contido novamente.
— Se fizer isso agora, ela nunca mais vai voltar a montar um animal.
Engoli em seco e bufei alto, apenas observando o que minha mente não
conseguia aceitar, Mari montou no Tenente e meu coração parecia que ia sair
fora do peito, pois, ela carregava em seu ventre nosso bebê.
Fiquei observando-a montá-lo, então uma adrenalina circulou nervosa em
minhas veias fazendo com que uma angústia me fizesse transpirar frio, então
levei as mãos na cabeça em desespero.
— Não posso permitir isso, Jorge!
— Calma, Lucas! Eles se conhecem uma vida toda, Marina precisa voltar a
confiar nele.
— Ela não está em condições de se arriscar em cima de um cavalo, você
sabe disso. — retruquei nervoso.
— Vai dar tudo certo, olha lá, já deu. — respondeu-me ele no momento em
que ela se ajeitou na sela e saiu tocando o animal lentamente em uma marcha
suave rumo a uma das porteiras, a que daria acesso ao lago do Haras.
Suspirei aflito quando a vi se afastando de minhas vistas e um milhão de
tragédias se criavam em minha mente.
— Cinco minutos, dê a ela cinco minutos e depois você vai atrás dela.
— Pelo amor de Deus que em cinco minutos muita coisa pode acontecer.
Mari foi se afastando até sumir do alcance de minhas vistas, eu respirava
nervoso com minha ansiedade me destruindo.
Então, quando não há vimos mais, Jorge disse-me:
— Meu Deus, Lucas, vai logo atrás da minha filha!
Então dei tapinhas nas costas dele e o deixei ali mesmo onde estava e sai
disparado rumo ao local onde Tornado estava amarrado.
Montei com urgência nele e sai em disparada rumo a porteira por onde
Marina havia passado e nem havia fechado.
Era quase seis da tarde, o Sol estava baixo no céu e o calor estava
insuportável naquele fim de tarde. Onde diabos ela estava indo uma hora
daquelas? Perguntei-me e segui em seu encalço, vindo a avistá-la indo rumo ao
lago, e ela cavalgava com tranquilidade de forma segura, então diminui os
passos do meu animal, não queria assustá-la. Assim que chegou no lago, Mari
apeou do Tenente e o amarrou em uma árvore, próximo às margens do lago,
parei a uma boa distância e me permitir observá-la. Ela estava distraída o
bastante para perceber minha presença e se fosse qualquer outro homem, ele
teria presenciado o mesmo que eu. Mari tirou o chapéu de sua cabeça deixando
seus cabelos castanhos caírem em suas costas, ela fez um coque no cabelo e em
seguida retirou as botas de seus pés, nesse momento desmontei de Tornado em
silêncio e continuei observando-a, e assim presencie Marina se despindo para
entrar no lago e no final das contas, ficou apenas de calcinha e sutiã, e porra
como minha mulher era gostosa, como tinha lindas curvas e mesmo estando
grávida ela ainda continua extremamente sexy, e me atrevo a dizer, mais linda do
que nunca. Olhei em volta para os lados para saber se não havia mais nenhum
intruso como eu a observando, e não havia mais ninguém nas margens do lago,
nem na floresta onde meus olhos alcançaram. Mari seguiu rumo às águas do lago
e sem titubear foi entrando nele, então escutei o som de sua voz dizendo:
— A água está deliciosa, amor, vem!
Eu jurava que ela não havia me visto, e assim passei a puxar meu cavalo
para as margens do lago e o amarrei na mesma árvore onde Tenente estava.
— Vi você lá no pavilhão, me observando, eu sabia que viria atrás de mim,
na verdade, eu jurava que você não me deixaria montar. — ela disse enquanto
caminhava mais para o fundo, de costas para mim.
— Agradeça ao Jorge, ele quem me impediu.
— Você se preocupou à-toa, conheço Tenente como ninguém, ele é muito
dócil, Lucas, eu precisava dar uma chance a ele.
— Mas você se arriscou, algo ruim poderia ter acontecido.
— É... Você tem razão!
— É eu tenho sim, e você quase me fez ter um infarto.
— Não aconteceu nada de ruim.
— Não! Graças a Deus não, mas você não volta montada naquele cavalo de
jeito nenhum, ou eu não me chamo, Lucas Antonucci.
— Tudo bem, senhor meu marido.
— Você não me leva a sério não é mesmo?
— Vem! Amor, vem para água. — chamou-me, ignorando minhas palavras
com o olhar mais sedutor que uma mulher pode lançar a um homem, então
balancei minha cabeça, sorrindo e a respondi com as mãos na cintura, enquanto
Marina brincava na água, girando seu corpo e tocando a superfície da água com
os dedos:
— Falta pouco para escurecer, você é que deveria sair logo dessa água.
— Não sabia que meu marido tinha medo de escuro e além do mais,
estamos na Lua cheia, não ficará tão escuro como pensa. Vem meu amor! —
insistiu desmontando-me com aquele convite para lá de excitante.
Marina estava com uma voz melódica e convidativa, meu pau enlouqueceu
dentro de minha cueca e quando pensei em entrar, Mari disse:
— Vem, Lucas! — tirou a calcinha e estava balançando-a no ar e então a
jogou em minhas mãos.
Senti meu pau começar a crescer furiosamente, o som da voz dela era meu
afrodisíaco.
Sorri safado para ela e fui retirando a camiseta branca de meu corpo com
urgência, e não menos eufórico, retirei minhas botas, minha calça jeans e minha
cueca, deixei tudo junto com as roupas de Mari e fui entrando na água fria.
— Mari essa água está um gelo.
— Então vem me aquecer. — seu olhar estava cheio de malícia e eu
enlouquecia quando Mari me olhava cheia de tesão daquele jeito, comendo-me
com os olhos.
E conforme eu caminhava em sua direção, ela ia se afastando de mim com
cara de safada.
À noite começou a cair mansa e a Lua enorme no céu passou a ser nossa
única fonte de luz, que incidia no lago fazendo-a tremular.
Eu caminhava na água em sua direção completamente excitado com a
imagem de Mari com seus seios à vista, então choraminguei:
— Amorrrr, vem aqui vem! — mordi meu lábio inferior louco de vontade
de tocar nela, que continuava se afastando de mim e me provocando.
— Vem buscar sua oncinha vem!
— Marina, não me provoca! — quando quase a toquei, ela se afastou
jogando seu corpo para trás. — Vai mesmo fazer esse joguinho comigo? Vem
aqui, vem! Eu tenho um garanhão louco para te amar, bem aqui óh! — segurei
em meu pau que estava como uma tora de tão excitado.
Marina gargalhou alto e deliciosa jogando a cabeça para trás.
— Tão romântico isso! — provocou-me.
Fiquei sério, encarando-a com muito tesão, meu pau latejava sem medidas
só de pensar em comer minha mulher ali dentro daquele lago.
— Deixa eu te amar! — supliquei tentando me controlar com as palavras,
mas eu queria muito dizer, deixa eu te foder!
— Vem meu garanhão! — respondeu e começou a caminhar no lago em
minha direção com a luz da Lua iluminando sua face, deixando-a mais linda
ainda, e como era linda a mulher da minha vida, minha oncinha brava.
Quando ela chegou perto de mim, penetrando-me com seu olhar guloso,
aquele que meu pau já conseguia, ela se pendurou em meu pescoço e veio até
meus lábios e uma onda de calor percorreu todas as terminações nervosas do
meu corpo quando nossos lábios se tocaram e ela me beijou cheia de desejo,
enfiando sua língua macia em minha boca, então, com um desejo entorpecido,
cheio de tesão, grudei meus dedos em sua nuca e grudei em seus cabelos,
trazendo-a mais forte para minha boca, e simplesmente a devorei em um beijo
cheio de luxúria, enfiando minha língua em sua boca louca a procura da dela, e
eu a chupei e mordi enlouquecido, com meu pau pulsando eufórico e duro
tocando em Marina, então sussurrei no meio do meu surto de tesão, grudado em
seus cabelos, com meus lábios grudados aos dela:
— Vou te foder nessas águas, Marina Antonucci!
Continuei devorando-a em um beijo quente, que nos aquecia e nos enchia
de um desejo arrebatador. Eu exigia sua boca, eu a prendia em mim com força
segurando em seus cabelos molhados. Oh! que tesão de mulher!
Mari beijava-me com tanto desejo que fazia meu pau pulsar e meus dedos
apertarem firmes em suas costas trazendo-a mais e mais para mim.
Nossas carícias aumentaram no ritmo de nosso tesão, e assim Mari passou a
alisar meu pau sentindo-o pulsar forte em suas mãos, que desciam e subiam me
masturbando em baixo da água, enquanto me beijava, me mordia e chupava
meus lábios de forma desenfreada, era amor demais, tesão demais.
No meio de toda nossa euforia, levei minha mão no meio de suas coxas e a
toquei no interior de suas pernas enfiando meus dedos em sua vagina, e meu pau
deu um tranco violento quando senti seu calor e sua umidade viscosa em meus
dedos, enfiei-os mais fundo ainda, fazendo-a gemer no pé do meu ouvido:
— Oh! Lucas!
Aquele gemido sofrido fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
Com meus dedos introduzidos nela, acariciando seu clítoris e sentindo toda
sua excitação na ponta dos meus dedos, ela afundou seus dedos em meus
cabelos, mordeu o lóbulo de minha orelha, e enfiou sua língua dentro de meu
ouvido e sussurrou arfando:
— Me come! Acaba comigo!
Aquilo me enlouqueceu de uma tal forma, um frio percorreu minha espinha
e refletiu em meu pau, não tinha nada que me dava mais tesão do que ouvir
aquelas palavras saindo da boca de minha oncinha, então com meu pau furioso,
levei minhas mãos em sua bunda e a fiz pular e se encaixar em minha cintura,
enlaçando-me com as pernas e com os braços envoltos em meu pescoço, e assim
voltou a me beijar enlouquecida, chupando meus lábios, mordendo-os, e foi no
meio dessa adrenalina entorpecente de tesão, que peguei em meu pau e o
encostei em sua entrada que estava toda molhada, mas de um jeito excitante,
com o líquido viscoso lubrificando o caminho embaixo da água, então meu pau
deslizou lentamente para dentro dela, e a penetrei fundo, mas com mansidão, e
isso a fez grudar mais forte em meu pescoço e gemer em meu ouvido:
— Ahh!
Segurei firme em sua bunda e a mexi trazendo Mari para meu pau, me
enfiando, saindo, socando meu pau nela de forma cadenciada. Eu sentia o bico
de seus seios inchados e duros roçando em meu corpo conforme nos mexíamos
ávidos de prazer, tudo estava muito aflorado, nossos beijos, nossos corpos em
união onde provávamos de um dos momentos mais sublimes de um casal,
quando eram apenas uma carne em conjunção.
Beijávamos intensamente, no mesmo ritmo de minhas estocadas em Mari,
eu segurava firme em suas nádegas enquanto metia, metia, metia, estocava fundo
e deliciosamente em um ritmo enlouquecedor.
—Minha oncinha gostosa!
Mari estava gulosa aquela noite, parecia uma égua no cio, e assim mexia-se
com maestria em meu pau, subindo e descendo, grudada em meu pescoço, me
beijando, me lambendo e me mordendo na orelha.
— Oh, oh, oh ... — gemíamos ambos de forma ritmada a cada contato de
nossos corpos se fundindo e se devorando.
– Ah meu amor, isso está muito bom, muito bom, continua forte. — disse
Marina em murmúrio.
E assim eu metia muito forte nela, segurando firme em sua bunda e
desferindo estocadas fortes e não tão fundas, pois eu tentava controlar.
Pof pof pof pof pof ...
Se agarrou muito forte em mim, dizendo:
— Te amo! Te amo meu amor!
Fiquei louco de tesão com as palavras que saíram cortadas de seus lábios,
então caminhei com ela grudada em minha cintura até as margens, e me ajoelhei
com ela colocando-a de costas no raso do lago, segurei nas laterais de seu rosto,
retirando os cabelos molhados dela e falei:
— Amor da minha vida!
Então beijando-a com carinho, explorando seu pescoço, seus seios
deliciosamente rígidos, não sei se de frio, de tesão, mas eu os chupei e os puxei
em meus lábios, passei minha língua em sua barriga e voltei para cima em busca
de seus beijos molhados e quente, e enquanto me perdia em seus lábios, afastei
suas pernas e coloquei-me entre elas penetrando-a novamente, subindo e me
encaixando inteiro nela e voltei a estocá-la deliciosamente, com a água do lago
como testemunha da extrapolação de nosso amor.
Me enfiava, movendo-me para dentro e saindo dela de forma calma,
apreciando cada estocada, beijando-a, explorando seu pescoço e me enfiando,
enfiando, metendo, metendo e sentindo os dedos de Marina apertarem minhas
costas com força, mas sem me arranhar.
Eu estava louco de amor por ela e não havia mais como curar, mexia meu
corpo em sua direção com meus pés se atolando na terra, nossos corpos
serpenteavam em busca um do outro e o calor transpassava de um, a outro de
uma forma torturante, era tesão demais circulando em minhas veias.
— Mais forte, amor! Mais forte! — exigiu, apertando com mais força em
minhas costas, e assim passei a fazer como ela pedia e a desferir estocadas mais
rápidas e fortes, metendo, metendo, metendo, me enfiando e delirando de prazer
dentro dela, me afundando em seus lábios, com meus dedos cravados em seus
cabelos exigindo um beijo entorpecente, enfiando minha língua em busca da
dela, chupando e mordendo em seu queixo e chupando-o, sem parar de amá-la.
— Isso! Assim, vai amor, vai, eu vou gozar, Lucas. — enfiou suas unhas
em minhas costas.
— Vai amor! Goza pro seu garanhão.
Continuei me mexendo firme, estocando-a sem parar, então senti quando o
corpo de Mari ficou mole embaixo do meu e seus dedos ficaram relaxados em
minhas costas enquanto ela gemia desfalecendo de prazer com meu pau sentindo
sua umidade aumentar.
Mari estava fora de si, gemendo e falando meu nome:
— Ooooooh! Ohh... Lucas!
Eu enlouquecia vendo-a gozar para mim com meu pau dentro dela e quando
ela falava meu nome no momento de sua explosão de prazer, eu me sentia o mais
amado de todos os homens, aquela mulher era só minha e eu era só dela. Ela
segurou firme nas laterais do meu rosto e me beijando disse-me atordoando-me
em êxtase:
— Meu garanhão não vai me cobrir?
— Porra, Mari! Meu pau está relinchando por isso.
Ela se virou embaixo do meu corpo, ficando de costas para mim, e fiquei
enlouquecido com aquela visão, uma mulher com o corpo de sereia, debaixo de
mim se oferecendo para ser minha égua, e assim como um cavalo no cio, passei
meu braço por baixo de sua barriga e a suspendi para mim, colocando-a de
quatro e a montei, a cobri com meu corpo me enfiando nela novamente,
enquanto a beijava nas costas e a mordia de levinho.
— Oh! Mari, meu amor, você me tira do sério, vontade louca de me afundar
forte em você.
— Vai meu amor! Me fode! — e assim dei a primeira estocada urrando de
tanto tesão.
— Ooooh! Mari minha oncinha, minha delícia! — falei estocando fundo e
com cautela, não queria machucar nosso bebê, pois, não fosse isso eu a comeria
com a força de um animal com ela de quatro ali para mim.
Debruçado sobre ela, segurando em seus seios e beijando-a no pescoço,
voltei a amá-la ali na beira do lago, e apenas o barulho de nossas respirações e
dos sapos e grilos é que quebravam o silêncio da noite.
Montado nela, beijando suas costas, gemendo ao pé de seu ouvido, fui
deixando-a saber como me dava prazer, e assim eu socava, socava, estocava com
maestria sentindo a umidade de sua vagina completamente lubrificada por seu
orgasmo, e Marina gemia engatada em mim, deixando-me mais alucinado ainda,
então eu a segurava forte em sua cintura e a estocava, estocava, fundo e
calculadamente forte o bastante para ir me entorpecendo, eu estava ficando
extasiado de tanto tesão, a segurava firme e metia, metia, metia, metia, pof pof
pof pof...
Debrucei-me novamente sobre seu corpo molhado, segurei-a por baixo
segurando em seus seios, e então eu a estoquei, estoquei, bombei, bombei,
bombei com Mari gemendo gostoso debaixo de mim, e fui me sentindo um
garanhão sentindo os primeiros sintomas de que gozaria. Meu coração acelerou
ainda mais e uma força veio percorrendo todo meu corpo até jorrar pela cabeça
do meu pau dentro de Marina, eu estava entorpecido em um frenesi delicioso.
— Ohhhh! Ohhhh! Porra! Porra! Marina, gostosa! Gostosa! — cheguei a
babar de tanto tesão, então cai para o lado no lago, morto, desfalecido de prazer.
Mari começou a rir de mim ali largado.
— Nossa, mas esse garanhão morreu de prazer, foi?
— Amor, por que eu ainda não tinha te pegado nessas águas? — perguntei
respirando entrecortado.
Marina se deitou do meu lado e me abraçou, então respondeu-me
acariciando meu rosto:
— Não sei, me diga você, o por quê de nunca ter me amado aqui no lago?
— Ah! Marina Mello, eu ainda vou te amar em muitos lugares, hoje foi só
nossa primeira vez aqui dentro.
— Eu não vejo a hora de repetirmos.
— Quer saber de uma coisa, vou construir nossa casa aqui nessas margens.
— Vou adorar!
— Deixa eu te falar uma coisa minha oncinha.
— Fala!
— Sou o homem mais feliz do mundo!
— Então me esquenta seu homem mais feliz do mundo, porque estou
tremendo de frio agora.
Joguei meu corpo em cima de Marina e passei a beijá-la, explorando cada
canto da boca mais linda que meus lábios já beijaram, então falei:
— Vou morrer te amando!

Beijos Julia Mendez.


Agradecimentos.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus pelo dom a mim
concedido, a escrita é uma benção para mim por diversos motivos.
Segundo, gostaria de agradecer imensamente, novamente, a minha amiga e
revisora Valéria Jasper, que foi quem me estendeu sua mão no momento em que
eu havia desistido de lançar esse livro. Gratidão é a palavra que define meu
sentimento nesse momento. Jamais irei esquecer.
Terceiro, gostaria muito de agradecer o carinho dos meus leitores, onde em
sua maioria se tornaram amigos queridos, e que sempre me deram muita força.
Sem vocês esse livro não existiria. Gratidão a todos, e como não posso citar um
a um, sintam-se agraciados.

Você também pode gostar