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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DO
DIREITO
UNIDADE 2 – A NORMA JURÍDICA
Norma Jurídica: conjunto de normas do direito, que prevê e regulamenta a conduta dos
indivíduos. Baseada na sociedade, e criada a fim de facilitar na aplicação das sanções, ela
possui grande relevância jurídica, no sentido de fornecer subsídios e padronizar elementos
necessários.
Desta forma, compreende-se de maneira breve a relevância da norma jurídica para o direito
de modo geral, visto que seu papel é assegurar o conjunto de normas da ciência jurídica,
assim como, o papel de obedecer a sua complexa estrutura. Uma de suas atribuições é o fato
de deixar padronizadas e regulamentadas as regras jurídicas, facilitando sua aplicação nos
casos cotidianos.
A ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
A norma possui uma estrutura interna e externa. Na estrutura externa se tem a lei e o
costume. Já na interna estão colocados a endonorma e a perinorma – que foi estudado
no tópico anterior. Esta é a estrutura principal da norma jurídica.
A norma carrega consigo a característica da organização, como
coloca Reale (2002, p. 93) “já nos é dado inferir das lições anteriores
que a Ciência do Direito tem por objeto a experiência social na
medida em que esta é disciplinada por certos esquemas ou modelos
de organização e de conduta que denominamos normas ou regras
jurídicas”.
Desta forma, Nader (2019) coloca os critérios de classificação da norma
jurídica diante de sua eficácia. Para o autor, “classificar implica uma arte que
deve ser desenvolvida com espírito prático, pois a sua validade se revela à
medida que traduz uma utilidade teórica ou prática” (NADER, 2019, p. 85).
Os critérios da classificação são:
a) quanto ao sistema a que pertencem;
b) quanto à fonte;
c) quanto aos diversos âmbitos de validez;
d) quanto à hierarquia;
e) quanto à sanção;
f) quanto à qualidade;
g) quanto às relações de complementação;
h) quanto às relações com a vontade dos particulares.
Tais classes indicam a funcionalidade da norma jurídica enquanto prática e
adaptabilidade nos casos em que precisam ser aplicadas. Nader (2019) ainda
classifica a vigência, efetividade, eficácia e legitimidade:
O plano da existência aparece em primeiro lugar por conta de seu objetivo: é a partir deste
que surgem os pressupostos de exigência, que são os elementos essenciais para o negócio
jurídico.
Contudo, o autor ainda traz que a classificação dos elementos nas normas jurídicas são os
elementos gerais, os elementos categoriais e os elementos particulares – todos estes
sendo colocados nos planos de existência. Lembrase ainda que os demais planos se
encaixam a este a fim de fornecer validade e eficácia ao negócio jurídico.
Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que lhe dá existência no campo do direito.
Classificam-se, conforme o grau de abstração, em elementos gerais, isto é, próprios de
todo e qualquer negócio; categoriais, que são próprios de cada tipo de negócio; e
particulares, ou seja, existentes, sem serem gerais ou categoriais, em determinado negócio
(AZEVEDO, 2002, p. 39).
“No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus
elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do
negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos
de existência)” (TARTUCE, 2018, p. 377).
PLANO DA VALIDADE
O negócio jurídico como um todo necessita possuir a essência, a validade e, por fim, a
eficácia. Sem os dois primeiros, a eficácia inexiste e por isso são interconectados e
codependem um do outro para o funcionamento correto. “Neste sentido, a “eficácia” é
vista como a circunstância de a norma ser efetivamente aplicada e observada, sentido
diverso, portanto, da “vigência”, apesar de haver certa conexão” (MELLO, 2017, p. 7).
O terceiro e último plano em que a mente humana deve projetar o negócio jurídico para
examiná-lo é o plano da eficácia. Nesse plano, não se trata, naturalmente, de toda e
qualquer possível eficácia prática do negócio, mas, sim, tão só da sua eficácia jurídica e,
especialmente, da sua eficácia própria ou típica, isto é, da eficácia referente aos efeitos
manifestados como queridos (AZEVEDO, 2002, p. 49).
Desta maneira, a eficácia possui o papel de avaliar se determinada norma funciona de fato
diante da realidade social. “Neste plano, interessa identificar se o Negócio Jurídico
repercute juridicamente no plano social, isto é, a eficácia da declaração negocial
manifestados como queridos” (DEGANI, 2014, p. 5).
Até aqui avaliamos e compreendemos a norma jurídica, certo? Neste tópico aprenderemos
como as normas são organizadas, e o motivo pelo qual elas precisam passar por este
processo de organização, assim como sua relevância. Cada país possui um ordenamento
jurídico de acordo com a sua realidade social, sendo que o principal objetivo do
ordenamento é a organização das normas jurídicas para disciplinar a conduta humana.
O autor ainda coloca que o termo sistema é cerceado de variados significados, sendo
utilizado por várias situações (BOBBIO, 1995). No entanto, quando se trata do sistema e
ordenamento jurídico, traz consigo a consigna de organização das normas jurídicas – que são
várias, e, segundo o autor, são como as estrelas do céu, impossíveis de serem contadas.
O ordenamento jurídico tem por fim realizar a segurança e a justiça, mas esta não deve ser
procurada como algo que existe, em si e por si, na natureza, na razão divina ou em uma
razão humana universal, mas tampouco pode, por isso, ser equiparada a tudo o que venha
a ser imposto pela autoridade (SEGUNDO, 2009, p. 1)
A estrutura hierárquica utilizada no ordenamento jurídico faz com que as normas jurídicas
sejam organizadas em hierarquia, cronologia e especialidade. “Em outros termos, não
existem ordenamentos jurídicos porque há normas jurídicas, mas existem normas jurídicas
porque há ordenamentos jurídicos” (BOBBIO, 1995, p. 30). Carvalho (2009, p. 333)
corrobora relatando que “É o ordenamento jurídico que prescreve a criação, transformação
e extinção de suas normas, determinando como suas estruturas devem ser movimentadas
e os requisitos a serem observados para a transformação de sua linguagem”.
O termo “ordenamento” é utilizado como substantivo do verbo “ordenar”, para fazer
referência ao seu ato ou efeito. O verbo “ordenar” vem do latim ordino, as, ávi,, átum, áre
que, em uma de suas acepções, significa “pôr em ordem, arranjar, organizar, dispor de
forma regular ou harmônica partes de um todo”. Assim, o conceito que temos de
“ordenamento” é de um conjunto de elementos organizados harmonicamente (CARVALHO,
2009, p. 470).