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Teoria Geral do

Processo
Material teórico
Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Reinaldo Zychan Moraes

Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lidia de Sá Cicaroni
Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

• O Papel dos Princípios no Sistema Jurídico


• O Papel dos Princípios do Processo na Constituição Federal
• Direitos e Garantias Fundamentais do Processo
• Princípio do Devido Processo Legal
• Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório
• Princípio do Juiz Natural
• Princípio da Publicidade
• Princípio da Presunção de Inocência
• Outros Princípios do Direito Processual
• Fontes do Direito Processual
• Eficácia da Lei Processual no Espaço
• Eficácia da Lei Processual no Tempo
• Interpretação e Integração da Lei Processual

Caro aluno, nesta unidade, iremos conhecer a importância dos


diversos princípios que formam o Direito Processual.
Aprendizado

Como veremos, eles estruturam o sistema processual e são


Objetivo de

ferramentas utilizadas no dia a dia do Direito.


Também veremos algumas das mais importantes características da
norma processual.

Sejam bem-vindos à nossa segunda aula de Teoria Geral do Processo que irá tratar de
dois importantes temas: os princípios do direito processual e a norma processual.
Eles são de extrema importância prática no dia a dia do profissional do Direito, razão
pela qual é importante conhecê-los bem a fundo.
Leia o conteúdo teórico, assista à nossa videoaula e participe de todas as atividades,
pois tudo isso contribuirá para que você possa ter uma perfeita compreensão desta Unidade.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Contextualização

Princípios do Direito Processual

A doutrina e a jurisprudência mais moderna utilizam os princípios jurídicos para


fundamentar uma série de teses e decisões, pois eles se tornaram importantes ferramentas
para o desenvolvimento do Direito.

Para entender a natureza dos princípios jurídicos é sempre lembrada a famosas


definição de autoria do Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, cujo texto é o seguinte:

Princípio [...] é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,


verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema
jurídico positivo. (MELLO, 2003, p. 817)

É o estudo dos princípios do direito processual o grande tema de nossa aula!

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1. O Papel dos Princípios no Sistema Jurídico

Dentre os significados da palavra princípio, podemos encontrar os seguintes:

Momento ou local ou trecho em que algo tem origem; começo:


[...]
1
Elemento predominante na constituição de um corpo orgânico.

Desde logo podemos observar que o significado dessa palavra já ressalta a sua
importância como ponto de partida, como conformador de um dado sistema.

Transportando essas ideias para o sistema jurídico, temos que os princípios


desempenham singular papel seja na sua caracterização seja como vetor interpretativo de
todas as normas.

Importante, nesse sentido, é trazer à colação a clássica definição de Celso Antônio


Bandeira de Mello para os princípios jurídicos:

Princípio [...] é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,


verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema
jurídico positivo (MELLO, 2003, p. 817).

Seguindo essas lições, podemos concluir que é triplo o papel dos princípios.

Em primeiro lugar, eles desempenham a tarefa de estruturar o sistema jurídico dando


seu caráter. Portanto sua análise permite verificar a exata dimensão do Estado, ou seja,
verificar se este é democrático, se ele se pauta pelo respeito aos direitos fundamentais de seus
cidadãos etc.

Em segundo lugar, os princípios servem como diretrizes maiores na elaboração


normativa. Sem os princípios, o corpo normativo apresentar-se-ia disforme e sem consistência,
pois a produção legislativa não teria um claro rumo a seguir.

Por último, os princípios desempenham um importante papel na interpretação das


normas que compõem o sistema, visando trazer harmonia em sua aplicação.

1
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário eletrônico Aurélio versão 5.0. Autoria de Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira. Curitiba: Positivo. CD-ROM.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Esse singular papel dos princípios no sistema normativo traz, como natural
consequência, sérios reveses quando da sua inobservância, como ressalta o autor acima
mencionado:

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer.
A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e
corrosão de sua estrutura mestra.

Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a
estrutura nelas esforçada (MELLO, 2003, pp. 817-818).

A inobservância de um princípio, portanto, traz desarmonia e inconsistência ao sistema


jurídico, acarretando, assim, como lógica reação, a necessária declaração de ilegalidade ou de
inconstitucionalidade desse proceder.

2. O Papel dos Princípios do Processo na Constituição Federal

O fato de um princípio estar previsto em nossa Carta potencializa seu papel no sistema
normativo, pois “o princípio da supremacia requer que todas as situações jurídicas se
conformem com os princípios e preceitos da Constituição” (SILVA J. A., 2000, p. 48).

Nenhuma interpretação poderá ser havida por boa (e, portanto, por jurídica)
se, direta ou indiretamente, vier a afrontar um princípio jurídico-constitucional.
[...]
O princípio cumpre uma função informadora dentro do Ordenamento jurídico
e, assim, as diversas normas devem ser aplicadas em sintonia com ele
(CARRAZZA, 2004, pp. 37-38).

Portanto textos normativos como o Código de Processo Penal e o Código Processo


Civil, muito embora oriundos de período anterior, devem ser interpretados e aplicados em
conformidade com os princípios subordinantes encontrados na Constituição Federal de 1988.

Não basta uma interpretação pontual de determinado dispositivo, o exegeta deve


sempre considerar que o texto constitucional não é um amontoado de normas que se seguem,
pois existem valores maiores que devem ser seguidos para que haja harmonia e coerência.
Assim, “a interpretação de uma norma constitucional levará em conta todo o sistema, tal
como positivado, dando-se ênfase, porém, para os princípios que foram valorizados pelo
constituinte” (TEMER, 2003, p. 23).
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Muito mais do que enunciativas de direitos, os preceitos constitucionais de relevância
processual penal são verdadeiras garantias que visam dar eficácia aos direitos fundamentais
ligados à correta distribuição da Justiça e ao respeito à dignidade da pessoa humana. O status
constitucional que vários desses princípios alcançaram é um claro indicador do perfil de
Estado que nossa atual constituição desenhou, não se podendo tolerar que eles, no dia a dia
do Direito Processual, possam ser desrespeitados ou ignorados. Esse proceder representa uma
clara afronta a todo o sistema jurídico, que deve acarretar um severo revés para aqueles que,
deliberadamente ou não, fogem de sua observância.

Nessa dimensão garantidora das normas constitucionais-processuais, não sobra


espaço para a mera irregularidade sem sanção ou nulidade relativa. A
atipicidade constitucional, no quadro das garantias, importa sempre uma
violação a preceitos maiores, relativos à observância dos direitos fundamentais e
a normas de ordem pública. (GRINOVER, FERNANDES, & GOMES FILHO, As
nulidades no processo penal. 7.ed., 2001, p. 24)

3. Direitos e Garantias Fundamentais do Processo

Diversos são os dispositivos constitucionais que apresentam direto reflexo na aplicação


das leis processuais.

Alguns, pela irradiação de seus princípios, são de ampla aplicação em todas as áreas
do Direito, podendo ser, v.g., lembrado nesse particular o Princípio da Igualdade, previsto no
caput do artigo 5º da Constituição.

Outros, contudo, apresentam natureza mais específica, sendo que, dentre eles,
podemos observar que algumas dessas garantias “são exclusivamente destinadas ao processo
penal; outras atingem o próprio órgão jurisdicional; outras, ainda, abrangem a distribuição da
justiça, civil e penal, em geral” (GRECO FILHO, Manual de processo penal. 6.ed., 1999, p.
59).

Entre as garantias do órgão jurisdicional podemos lembrar, v.g., as garantias e


vedações para a magistratura – artigo 95 da Constituição, as quais objetivam evitar indevidas
ingerências e garantir a imparcialidade dos juízes, estabelecendo condições para que eles
possam realizar o seu munus público segundo as balizas do Estado Democrático de Direito.

São também garantias gerais aquelas veiculadas pelos princípios constitucionais do


Devido Processo Legal (artigo 5º, inciso LIV), da Ampla Defesa e do Contraditório (artigo 5º,
inciso LIV), do Juiz Natural (artigo 5º, incisos LIII e XXXVII) e o da Publicidade (artigo 5º,
inciso LX).

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Dentre os princípios constitucionais próprios do processo penal, podemos lembrar, v.g.,


o da Obrigatoriedade e o da Presunção de Inocência.

Vamos analisar, com mais destaque, os mais importantes princípios do Direito


Processual e, em seguida, com menor destaque, outros que possuem menor importância
prática.

4. Princípio do Devido Processo Legal

A correta aplicação da lei não pode prescindir de um processo que siga fielmente as
premissas de respeito aos direitos fundamentais dos indivíduos. Assim, “o processo constitui a
primeira e mais fundamental garantia do indivíduo, pois é por meio desse instrumento que se
realiza a proteção efetiva dos direitos fundamentais consagrados pela Constituição” (GOMES
FILHO, 2001, p. 28).

O princípio firma a ideia de que o processo deve guardar perfeita sintonia com o
sistema normativo em que ele está inserido, não podendo ser utilizado como instrumento para
a atuação arbitrária do Estado e nem se afastar, mesmo que ideologicamente, da estrita
obediência dos direitos fundamentais do acusado.

Sobre os antecedentes históricos desta garantia, firma Canotilho que:

As origens do due process of law costumam reconduzir-se aos esquemas


garantísticos da Magna Carta, designadamente ao artigo 39° deste documento,
nos termos do qual:
'Nenhum homem livre será detido ou sujeito à prisão ou privado dos seus bens
ou colocado fora da lei ou exilado ou de qualquer modo molestado e nós não
procederemos ou mandaremos proceder contra ele, senão mediante um
julgamento regular pelos seus pares e de harmonia com a lei do país’
(CANOTILHO, 2002, p. 486).

A expressão per legem terrae, termo latino utilizado na Magna Carta, é posteriormente
traduzido para o inglês como law of the land.

“O termo due process of law apareceu em 1354, na Inglaterra, quando Eduardo III,
expediu uma lei denominada Statute of Westminster of the Liberties of London” (SILVA M.
A., Acesso à justiça penal e estado democrático de direito, 2001, p. 16). Com o tempo essa
garantia passou a ter assento na Constituição dos Estados Unidos (1787) e irradiou-se pelas
Cartas de outros países ocidentais.

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Ele também foi incorporado à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
promulgada pelo povo francês por meio da Convenção Nacional, em 1793, com a seguinte
redação:

XIV
Ninguém deve ser julgado e castigado senão quando ouvido ou legalmente
chamado e em virtude de uma lei promulgada anteriormente ao delito. A lei
que castigasse os delitos cometidos antes que ela existisse seria uma tirania: -
O efeito retroativo dado à lei seria um crime.

Em tratados e convenções internacionais, o princípio pode, por exemplo, ser encontrado no:

inciso I do artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do


Homem:
I) Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada, de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias
necessárias a sua defesa.

item 2 do artigo 7 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos


(Pacto de São José da Costa Rica):
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas
condições previamente fixadas pelas constituições políticas dos Estados Partes
ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.

artigo 6.1 da Convenção Europeia - Convenção para a Proteção dos


Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais:
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e
publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial,
estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus
direitos e obrigações de carácter civil, quer sobre o fundamento de qualquer
acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público,
mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público
durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da
ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática,
quando os interesses de menores ou a protecção da vida privada das partes no
processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo
tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a publicidade pudesse ser
prejudicial para os interesses da justiça.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

O princípio, também, pode ser encontrado nos artigos 9.1 e 14.1 do Pacto
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos:

Artigo 9
1. Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança da sua pessoa.
Ninguém pode ser objecto de prisão ou detenção arbitrária. Ninguém pode ser
privado da sua liberdade a não ser por motivo e em conformidade com
processos previstos na lei.
[...]
Artigo 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais de justiça. Todas as
pessoas têm direito a que a sua causa seja ouvida equitativa e publicamente
por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido pela lei,
que decidirá quer do bem fundado de qualquer acusação em matéria penal
dirigida contra elas, quer das contestações sobre os seus direitos e obrigações
de carácter civil. As audições à porta fechada podem ser determinadas durante
a totalidade ou uma parte do processo, seja no interesse dos bons costumes,
da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, seja
quando o interesse da vida privada das partes em causa o exija, seja ainda na
medida em que o tribunal o considerar absolutamente necessário, quando, por
motivo das circunstâncias particulares do caso, a publicidade prejudicasse os
interesses da justiça; todavia qualquer sentença pronunciada em matéria penal
ou civil será publicada, salvo se o interesse de menores exigir que se proceda
de outra forma ou se o processo respeita a diferendos matrimoniais ou à tutela
de crianças.

Por sua própria formulação, é certo que esse princípio passou a ser visto como
um gênero que comporta como espécies constituintes outros, tais como o contraditório, a
ampla defesa, a garantia do juiz natural, da motivação, da publicidade dos atos processuais,
os quais, no conjunto, estão orientados para que o processo seja justo e legal.

O Princípio do Devido Processo Legal possui dupla orientação. Em primeiro lugar esse
princípio tem a função de sinalizar para o legislador que a produção legislativa, sobretudo em
matéria processual, seja voltada ao respeito aos direitos fundamentais das partes, inclusive no
que se refere à necessária celeridade dos procedimentos, particularmente após a inserção do
inciso LXXVIII no artigo 5º da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/04.

A outra vertente do princípio está direcionada à correta “atuação do poder


jurisdicional, evitando-se as nulidades do processo” (SILVA M. A., Acesso à justiça penal e
estado democrático de direito, 2001, p. 17).

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5. Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório

A estrutura dialética do processo coloca as partes em posições antagônicas, contudo,


necessariamente, elas devem estar em equilíbrio, “com iguais direitos, ônus, obrigações e
faculdades” (TOURINHO FILHO, 2000, p. 45). Essa igualdade é um dos consectários lógicos
decorrentes do Princípio do Devido Processo Legal e do Estado Democrático de Direito.

Dessa construção verifica-se que os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa


estão ligados por umbilical relação de necessidade e complementaridade.

Essas garantias estão, no plano internacional, expressamente previstas no inciso I, do


artigo 11, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, anteriormente transcrito, bem
como no artigo 8º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica), em especial, nos dispositivos abaixo transcritos:

ARTIGO 8º
[...]
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias
mínimas:
[...]
a) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação
formulada;
b) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a
preparação de sua defesa;
c) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por
um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em
particular, com seu defensor;
d) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo
Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado
não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo
estabelecido pela lei;
e) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de
obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas
que possam lançar luz sobre os fatos.
f) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se
culpada, e
g) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma
natureza.
[...]

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Em nosso sistema constitucional, esses princípios foram inicialmente plasmados pela


Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937, com a seguinte
redação:

Artigo 122 - A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentes


no País o direito à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos
termos seguintes:
[...]
11) à exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão depois
de pronúncia do indiciado, salvo os casos determinados em lei e mediante
ordem escrita da autoridade competente. Ninguém poderá ser conservado em
prisão sem culpa formada, senão pela autoridade competente, em virtude de
lei e na forma por ela regulada; a instrução criminal será contraditória,
asseguradas antes e depois da formação da culpa as necessárias garantias de
defesa;

Posteriormente à Carta de 1937, eles acabaram sendo repetidos pelas demais


Constituições Brasileiras, sendo que, na atual, estão previstos no inciso LV do artigo 5º, com a
seguinte formulação:

Artigo 5º
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;

A ampla defesa deve ser entendida como uma garantia que é dada “ao réu de
condições que lhe possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes a
esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário” (MORAES,
2005, p. 93). Para que se efetive, ela acaba por se desdobrar em outros princípios.

Em primeiro lugar, podemos lembrar o direito de o réu ser assistido por defensor com
conhecimentos técnico-jurídicos, mesmo que não tenha recursos suficientes para tal. Nesse
particular, importante é a previsão constante em nossa Constituição, no artigo 5º, inciso
LXXIV .

Também engloba o conceito de ampla defesa, a possibilidade de o réu recorrer das


decisões que lhes sejam desfavoráveis.

Já o Princípio do Contraditório é, de forma clássica, definido entre nós como a “ciência


bilateral dos atos e termos processuais e a possibilidade de contrariá-los” (FERNANDES,
2005, p. 61).

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Diante de sua formulação, o contraditório tem, como primeiro aspecto, o direito de
informação. A estrutura dialética do processo, em que o confronto das versões da acusação e
da defesa é essencial, acarreta a necessidade de a defesa ser inicialmente informada do exato
conteúdo dos fatos ilícitos atribuídos ao réu bem como das consequências jurídicas a que este
estará sujeito em caso de condenação.

Em nossa legislação processual essa função é desempenhada pela citação 2 que, em


geral, é acompanhada de cópia da denúncia ou da queixa (no processo penal) ou da petição
inicial (no processo civil).

Complementando a necessidade de o réu ser informado, o Código de Processo Penal,


em seu artigo 41, estabelece uma série de requisitos para a denúncia ou queixa.

Código de Processo Penal


Art. 41 - A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.

A análise do dispositivo leva-nos a algumas conclusões sobre o seu alcance em face do


Princípio do Contraditório:

• os fatos que constituem o objeto da acusação são somente aqueles que estão narrados
na peça acusatória;
• eventuais acréscimos ou retificações na descrição fática constante da peça acusatória
devem ser objeto de imediata comunicação ao réu e ao seu defensor, os quais terão
direito à manifestação sobre a mudança ocorrida bem como à produção de novas
provas, conforme o estágio de desenvolvimento do procedimento;
• a mudança na tipificação apresentada na peça acusatória somente pode ocorrer, em
especial, quando acarretar a aplicação de pena mais severa, com a estrita obediência
das regras previamente estabelecidas na legislação processual penal, na qual se
assegure o direito à prévia manifestação da defesa;
• a limitação fática e das consequências jurídicas da conduta que constitui o objeto da
acusação devem limitar o julgamento a ser proferido, de forma que é vedado ao órgão
jurisdicional “referir-se a fatos não relatados na acusação e, portanto, desconhecidos
do imputado” (SILVA M. A., Acesso à justiça penal e estado democrático de direito,
2001, p. 19) - Princípio da Correlação entre Acusação e Sentença.

2
Citação é um dos primeiros atos do processo. Por meio dela, o juiz informa ao réu os motivos pelo qual foi iniciado o
processo, dando-lhe ciência sobre os termos da acusação que contra ele recai.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Esse direito à informação não se esgota com a citação; também ele deverá ser
observado durante todo o processo, sendo que o órgão jurisdicional deverá intimar o réu de
todas as situações e fatos que possam afetar seu direito de defesa.

Não basta, contudo, que o réu seja previamente informado da acusação; é também
necessário que lhe seja concedido um mínimo de tempo para que possa articular sua defesa.
Nesse particular, podemos novamente trazer à colação o disposto na aliena c do inciso 2 do
artigo 8º do Pacto de São José da Costa Rica, que, expressamente, coloca como direito do
acusado a concessão de “tempo e dos meios adequados para a preparação de sua
defesa”.

O outro aspecto relativo ao Princípio do Contraditório refere-se ao direito que a parte


tem de participar da formação da prova que será, ao final, utilizada como supedâneo para a
decisão do órgão jurisdicional.

Muito embora a formulação do Princípio do Contraditório esteja diretamente ligada ao


respeito à plena defesa do acusado no processo, é inegável que esse princípio também tem
plena aplicação em relação à acusação. Assim, portanto, em caso de sua inobservância,
podemos falar não apenas em cerceamento de defesa, mas também em cerceamento de
acusação.

A produção da prova, em face do Princípio Contraditório, deve alcançar os diversos


aspectos da instrução processual, ou seja:

• deve ser garantido o direito da parte de requerer a produção das provas que sejam do
seu interesse;
• eventuais indeferimentos de requerimentos para a produção de prova devem ser
fundamentados pelo juiz, para que, eventualmente, possa a parte se insurgir contra
essa decisão;
• devem ser garantidos mecanismos para que a parte se oponha à produção ou
utilização de provas que sejam contrárias aos princípios e normas que regem o Devido
Processo Legal, particularmente em respeito ao disposto no inciso LVI do artigo 5º da
Constituição Federal ;
• deve a produção da prova ser acompanhada pelas partes e pelo juiz;
• mesmo quando determinada ex officio pelo juiz, a prova deve ser submetida à
apreciação das partes, as quais têm, também, o direito de participar de sua produção;
• não é dado ao órgão jurisdicional proferir decisão afastada dos fatos discutidos no
processo, com a introdução de elementos que não foram objeto de prova.

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6. Princípio do Juiz Natural

A garantia do juiz natural é um dos princípios que se projetam muito além dos direitos
subjetivos das partes no processo, visto que alcança a própria jurisdição.

Sua formulação pode ser encontrada, como antecedente histórico distante, na Magna
Carta de 1215, visto que, nesta, havia a preocupação de que o processo e o julgamento
ocorressem no local onde estavam seus pares, seguindo as regras processuais de sua terra, em
uma embrionária concepção de competência do órgão jurisdicional.

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, vamos encontrar essa garantia em seu
artigo 10, com a seguinte redação:

Artigo 10
Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública
audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de
seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
contra ele.

No Pacto de San Jose da Costa Rica, ela está prevista no inciso 1 de seu artigo 8º com
a seguinte formulação:

ARTIGO 8º
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos
ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza.

Entre nós, o princípio é, atualmente, previsto nos incisos XXXVII e LIII do artigo 5º da
Constituição Federal, que possuem as seguintes redações:

Artigo 5º
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
[...]
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

O juiz natural pode ser definido, em face do nosso sistema jurídico, como sendo “o
órgão previsto implícita ou explicitamente pelo Estatuto Constitucional, como o de
competência genérica para a espécie” (MARQUES, 2000, p. 85).

Pouca ou nenhuma eficácia teriam as demais garantias asseguradas ao acusado se o


órgão responsável pelo processo e julgamento não apresentasse, como característica
marcante, a imparcialidade.

Por essa razão, os dispositivos acima mencionados no artigo 5º da Constituição


necessariamente devem ser interpretados em consonância com as garantias e vedações ao
exercício da magistratura, expressamente previstas no artigo 95.

Observa-se, ainda, no texto constitucional, a preocupação em estabelecer quais são os


órgãos jurisdicionais, bem como a competência de cada um deles. Dentro desses parâmetros,
pode o legislador, livremente, detalhar a estrutura dos diversos tribunais e juízos de primeira
instância, contudo não pode, sob pena de subversão às regras constitucionais, dispor sobre a
criação de órgãos jurisdicionais fora da estrutura do Poder Judiciário ou estabelecer regras que
determinem a ampliação ou redução da competência de um órgão jurisdicional,
especialmente quando implicam na invasão da competência de outro órgão.

O estudo das regras de competência mostra que os seus elementos constitutivos são
objetivos, não havendo margem para apreciações discricionárias na escolha do órgão
jurisdicional competente. Essa forma de construção, em que os fatores subjetivos não são
relevantes para a escolha, visa afastar a possibilidade de critérios que possam prejudicar ou
privilegiar o acusado.

A essas disposições a legislação ainda acrescenta regras de suspeição e impedimento,


buscando atingir a maior imparcialidade possível no exercício da função jurisdicional.

Assim como não se permite a criação de regras que possam direcionar o


estabelecimento da competência do órgão jurisdicional, igualmente não se permite o
afastamento arbitrário de um dado juiz para apreciação da causa. Portanto a nomeação de
juízes ad hoc para determinadas causas não encontra respaldo em nosso sistema
constitucional.

Por último, essa garantia também estabelece que “as regras de competência devem ser
instituídas previamente aos fatos e de maneira geral e abstrata de modo a impedir a
interferência autoritária externa” (GRECO FILHO, Tutela constitucional das liberdades, 1989,
p. 109).

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7. Princípio da Publicidade

O Princípio da Publicidade está diretamente ligado a ideais democráticos e à


consequente fiscalização que o cidadão pode realizar em face dos órgãos públicos.
Sem a transparente realização dos atos processuais, diversas garantias do processo, em
especial a do contraditório e a da ampla defesa, restariam sem eficácia.
Essa garantia, pela sua magnitude, é objeto de expressa menção em pactos
internacionais, podendo ser especialmente citadas as previsões abaixo:

inciso I do artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do


Homem:
I) Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada, de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias
necessárias a sua defesa.

artigos 7.4 e 8.5 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:


ARTIGO 7
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua
detenção e notificação, sem demora, da acusação ou acusações formuladas
contra ela.
ARTIGO 8
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para
preservar os interesses da justiça.

artigos 5.2 e 6.1 da Convenção Europeia - Convenção para a


Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais:
Artigo 5.
2. Qualquer pessoa presa deve ser informada, no mais breve prazo e em
língua que compreenda, das razões da sua prisão e de qualquer acusação
formulada contra ela.
[...]
Artigo 6
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e
publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial,
estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus
direitos e obrigações de carácter civil, quer sobre o fundamento de qualquer
acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público,
mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público
durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da
ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática,
quando os interesses de menores ou a protecção da vida privada das partes no
processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo
tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a publicidade pudesse ser
prejudicial para os interesses da justiça.

19
Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

artigos 9.2 e 14.1 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e


Políticos:
Artigo 9
2. Todo indivíduo preso será informado, no momento da sua detenção, das
razões dessa detenção e receberá notificação imediata de todas as acusações
apresentadas contra ele.
[...]
Artigo 14.º
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais de justiça. Todas as
pessoas têm direito a que a sua causa seja ouvida equitativa e publicamente
por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido pela lei,
que decidirá quer do bem fundado de qualquer acusação em matéria penal
dirigida contra elas, quer das contestações sobre os seus direitos e obrigações
de carácter civil. As audições à porta fechada podem ser determinadas durante
a totalidade ou uma parte do processo, seja no interesse dos bons costumes,
da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, seja
quando o interesse da vida privada das partes em causa o exija, seja ainda na
medida em que o tribunal o considerar absolutamente necessário, quando, por
motivo das circunstâncias particulares do caso, a publicidade prejudicasse os
interesses da justiça; todavia qualquer sentença pronunciada em matéria penal
ou civil será publicada, salvo se o interesse de menores exigir que se proceda
de outra forma ou se o processo respeita a diferendos matrimoniais ou à tutela
de crianças.

Em nossa atual Constituição Federal, esse princípio decorre das previsões


constitucionais encontradas no inciso LX do artigo 5º e no inciso IX do artigo 93, os quais
possuem a seguinte formulação:

Artigo 5º
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Artigo 93
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

A regra estabelecida pelo texto constitucional é o da publicidade plena, contudo a


defesa da intimidade das pessoas envolvidas ou do interesse social pode determinar que essa
publicidade seja mais restrita.

20
Nesse particular, o § 1º do artigo 792 da lei processual penal estabelece regra clara, em
harmonia com os preceitos constitucionais que tratam da matéria, para a publicidade restrita
de audiência, quando o ato “puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem”.

A doutrina utiliza várias classificações quando trata da publicidade dos atos


processuais, as quais, em regra, tratam das mesmas questões. Seguindo o escólio de Mirabete,
podemos classificar a publicidade dos atos processuais em:

• publicidade geral: “quando os atos podem ser assistidos por qualquer pessoa”
(MIRABETE, 2004, p. 49);
• publicidade especial: “quando um número reduzido de pessoas pode estar presente
a eles” (MIRABETE, 2004, p. 49).

Como se pode ver, tanto nos instrumentos internacionais como nas normas internas
que tratam do assunto, a regra da publicidade plena dos atos processuais somente em
situações específicas pode admitir restrições.

A primeira das hipóteses refere-se à defesa da intimidade das pessoas envolvidas, as


quais podem sofrer uma série de deletérias consequências com a exposição que o processo
pode acarretar. Devem ser, nesse particular, apontados, v.g., os severos reveses sofridos pelas
vítimas em crimes sexuais. A publicidade neste caso somente lhe impõe, “após o sofrimento
do crime, novos dissabores impedindo que possa logo retornar a sua vida particular, com sua
privacidade resguardada, protegida, amparada” (FERNANDES, 2005, p. 73).

Ainda se pode lembrar, dentro dessa hipótese, a situação cada vez mais comum na
atualidade de estarem encartadas, nos autos, provas que foram produzidas, ainda que na fase
do inquérito policial, com direta interferência estatal na intimidade das pessoas envolvidas.
Nesse particular, podem ser lembradas, v.g., as provas obtidas por meio de interceptação
telefônica ou com quebra do sigilo bancário. Se, em razão dos valores envolvidos, somente
por determinação judicial tais provas podem ser produzidas, não há sentido em, após, se
permitir a sua ampla publicidade.

No que se refere ao interesse social na restrita publicidade dos atos processuais, podem
ser lembradas as situações em que vítimas e testemunhas, em razão de graves ameaças
sofridas no curso do inquérito policial ou do processo, são incluídas em programas de
proteção disciplinados, em especial, pela Lei nº 9.807/99, a qual, dentre outras medidas,
permite “a preservação da identidade, imagem e dados pessoais” (inciso IV do artigo 7º) das
pessoas atingidas pelo processo.

No Estado de São Paulo, também merece destaque o Provimento nº 32/2000, da


Corregedoria Geral da Justiça, que estabelece normas para a operacionalização de medidas
que visam proteger, desde o inquérito policial, os dados pessoais de vítimas e testemunhas
que estejam sendo ameaçadas.

21
Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Outra situação que, igualmente, pode ser enquadrada sob a rubrica de publicidade
restrita em razão do interesse social é aquela referente ao sigilo das votações do Júri, que
recebeu expressa proteção no texto constitucional (alínea b do inciso XXXVIII do artigo 5º).

Deve ser realçado que a restrição de publicidade dos atos processuais, mesmo quando
devida, não pode constituir obstáculo para o pleno exercício do contraditório e da ampla
defesa. Nesse particular, podem ser lembradas as disposições do Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil – Lei nº 8.906/94 – em especial as contidas nos incisos XIV e XV de seu
artigo 7º, que permitem o acesso do defensor aos autos do inquérito ou do processo judicial
quando no exercício de seu munus público.

8. Princípio da Presunção de Inocência

Esta garantia, também conhecida como Princípio do Estado de Inocência ou da Não-


Culpabilidade, possui longa história, pois nasceu da reação aos excessos e distorções que o
processo inquisitório infligia ao acusado da prática de uma infração penal.

O acusado, durante o processo, quando ainda sua culpabilidade não estivesse


provada, estava sujeito a uma severa disciplina que, em geral, incluía a corriqueira aplicação
da tortura e de prisões provisórias. Ou seja, aquele que não tinha sua culpa devidamente
apurada já sofria um tratamento equivalente àquele aplicado ao condenado; isso sem contar
com a desumanidade que era sempre muito presente nas questões ligadas ao processo penal
da época.

Outra questão que essa visão da relação do acusado com o processo acarretava era a
de causar a inversão do ônus da prova, já que cabia a ele a prova de sua inocência.
Acrescente-se, ainda, a agravante de que o processo, por ser secreto e não permitir o acesso
do réu aos autos, impossibilitava o completo conhecimento do conteúdo da acusação e das
provas que a embasavam.

Historicamente a primeira severa reação a essa situação veio, no Século XVIII, por
meio do livro Dei delitti e delle pene, de Cesare Bonesana, o Marquês de Becaria, que
apresentou grande repercussão na época por se insurgir contra as ideias norteadoras do
sistema processual penal.

Após a Revolução Francesa de 1789, esse princípio foi um dos que foi incorporado à
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada pela Convenção Nacional em
1793, com a seguinte redação:

22
XIII
Sendo todo Homem presumidamente inocente até que tenha sido declarado
culpado, se se julgar indispensável detê-lo, qualquer rigor que não for
necessário para assegurar-se da sua pessoa deve ser severamente reprimido
pela lei.

Atualmente, podemos encontrar essa garantia estampada em vários instrumentos


internacionais, podendo ser destacados os seguintes:

inciso I do artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do


Homem:
Artigo 11
I) Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada, de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias
necessárias a sua defesa.

artigo 8.2 da Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos:


Artigo 8
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. [...]

artigo 6.2 da Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e


das Liberdades Fundamentais, do Conselho da Europa:
Artigo 6
2. Qualquer pessoa acusada de uma infracção presume-se inocente enquanto
a sua culpabilidade não tiver sido legalmente provada.

artigo 14.2 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e


Políticos:
Artigo 14
2. Qualquer pessoa acusada de infracção penal é de direito presumida
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido legalmente estabelecida.

Em nosso atual texto constitucional, a garantia está grafada no inciso LVII do artigo 5º,
com a seguinte redação:

Artigo 5º
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Segundo Marco Antonio Marques da Silva, podemos encontrar três distintos


significados para esse princípio, em razão do enfoque que ele recebe nos pactos internacionais
e nas legislações que o adotam:

O primeiro deles poderia referir-se à presunção de inocência como conceito


fundamental ao redor do qual se constrói um modelo liberal de processo, no
qual a finalidade é estabelecer garantias para o imputado diante do poder do
Estado de punir. [...]
A presunção de inocência pode, ainda, ser um postulado dirigido diretamente
ao tratamento do imputado no decorrer do processo penal, ou seja, que se
deve partir da ideia de que ele é inocente e, como via de consequência,
reduzir ao mínimo possível as chamadas medidas restritivas de direitos a ele
aplicadas, durante o processo. É esse o significado que tem a presunção de
inocência no artigo IX da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de
1789.
Um terceiro significado, a presunção de inocência pode ser uma regra referida
diretamente ao juízo do fato da sentença penal, em virtude do qual a prova
completa da culpabilidade do imputado pesa totalmente sobre a acusação,
impondo-se a absolvição (SILVA M. A., Acesso à justiça penal e estado
democrático de direito, 2001, p. 31).

A força implícita nessa garantia e o tratamento que ela recebeu nos pactos
internacionais e em nosso sistema constitucional demonstra que o acusado, muito mais do
que um objeto de investigação, deve ser tratado como titular de direitos e garantias, as quais
são reconhecidas como essenciais para caracterização do Estado Democrático do Direito.
Assim, não se pode permitir que as consequências penais de sua conduta se operem senão
quando a sentença condenatória não mais estiver sujeita a recurso.

O respeito a essas garantias deve se mostrar presente em medidas que garantam a


maior celeridade do processo, nos casos em que for decretada a prisão provisória do réu, e a
necessidade de os presos, nessa condição, estarem separados dos presos com condenação
definitiva.

O Princípio da Presunção de Inocência, como acima se referiu, acarreta o ônus da


acusação produzir as provas necessárias para a demonstração da culpabilidade do acusado.
Esse ônus processual não pode ser invertido pela lei, sob pena de ferir essa garantia.

Portanto, nas hipóteses em que a prova produzida não for suficiente para demonstrar a
culpa do réu, é de rigor que o órgão jurisdicional o absolva, mesmo que essas mesmas provas
não indiquem a total inocência do acusado. Temos, assim, que “a regra do in dubio pro reo é
uma das manifestações da presunção de inocência, que tem como o ponto mais relevante a
apreciação da prova em julgamento” (SILVA M. A., Processo penal e garantias
constitucionais, 2006, p. 582).

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Por fim, muito embora esse princípio seja sempre lembrado em relação ao seu enfoque
processual penal, ele apresenta também repercussões em outros ramos do Direito, em especial
no que se refere ao dever de indenizar, decorrente da prática de uma sanção penal.

É inegável que a prática da infração penal, em regra, acarreta prejuízos patrimoniais


para a vítima ou para terceiros, os quais devem ser ressarcidos pelo autor dessa conduta. Em
razão da relevância da questão, ela mereceu especial tratamento em nossa legislação
processual, procurando dar-lhe maior celeridade e evitar a inútil repetição de provas. Assim,
firmou-se que a decisão condenatória penal constitui título executivo judicial. Contudo a
legislação exige que esses efeitos somente ocorram quando houver o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória – artigo 63 do Código de Processo Penal e inciso II do artigo 475
–N do Código de Processo Civil.

9. Outros Princípios do Direito Processual

9.1 Princípio da Igualdade

As partes e seus procuradores devem receber igual tratamento no processo, de forma a


terem as mesmas oportunidades e possibilidade de iguais condições de mostrarem em juízo
suas razões e teses.

A igualdade processual é reflexo direto do Princípio da Igualdade, estampado no caput


do artigo 5º da Constituição Federal.

Também deve ser destacado o disposto no artigo 125, inciso I, do Código de Processo Civil.

Art. 125 - O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


competindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

Isso não impede, contudo, que, em algumas situações, o juiz busque, por meio do
tratamento desigual das partes em litígio, alcançar uma igualdade substancial, de forma a
equilibrar a situação dos sujeitos do processo. Trata-se de aplicar a máxima de buscar tratar
de forma desigual os desiguais.

Uma expressão sempre lembrada é a “paridade de armas”, ou seja, as partes devem,


no campo probatório, ter iguais condições de produzir as provas que sustentam as suas
pretensões.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

9.2 Princípio da Assistência Jurídica aos Necessitados

Reflexo direto do Princípio da Igualdade é o Princípio da Assistência Jurídica aos


Necessitados, por meio do qual o Estado deve prestar assistência integral e gratuita para
aqueles que não tiverem condições de participar do litígio sem prejudicar o sustento de sua
família.

A previsão desse princípio está no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal.

Artigo 5º [...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

9.3 Princípio do Impulso Oficial

Uma vez instalada a relação processual, cabe ao juiz mover o processo fase a fase até
que ocorra o exaurimento da prestação jurisdicional.

Para isso, não podem ser admitidas protelações causadas pelas partes. Uma vez
instalado o processo, em algumas situações, as partes perdem o interesse inicial e passam a
protelar os atos que lhe cabem.

Nessas situações, cabe ao juiz velar para que esse desinteresse não prolongue, de forma
inútil, a relação processual.

9.4 Princípio da Celeridade Processual

Não basta que o Estado garanta o acesso do cidadão à prestação jurisdicional; é


necessário que a decisão do litígio ocorra em prazo razoável. A excessiva demora em se atingir
o final do processo causa, em regra, severos prejuízos que devem ser evitados.

Em nossa Constituição Federal esse princípio encontra-se no inciso LXVIII do artigo 5º,
com a seguinte redação:

Artigo 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação.

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9.5 Princípio da Motivação das Decisões Judiciais

Ao proferir uma decisão, o juiz deve se ater às provas do processo, não sendo lícito
embasá-las em outros elementos estranhos.

Em nosso país, é adotado, pelo Direito Processual, o Princípio do Livre Convencimento


Motivado. Ou seja, o magistrado não está atrelado a fórmulas previamente estabelecidas em
lei. Assim, poderá decidir livremente, contudo deverá, em sua decisão, deixar explícitas as
razões, de fato e de direito, que motivaram as suas conclusões.

Assim procedendo o juiz estará indicando, para as partes e para toda a sociedade, a
forma como as decisões são realizadas pelo Poder Judiciário, bem como estará facilitando a
apreciação de eventual recurso.

Em nossa Constituição Federal, encontramos a explicitação desse princípio no inciso IX


de seu artigo 93.

Artigo 93 [...]

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e


fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, [...]

9.6 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

Segundo esse princípio, é sempre possível à parte recorrer a instâncias superiores do


Poder Judiciário sempre que haja uma decisão judicial que lhe seja desfavorável.

Esse princípio, portanto, garante sempre a possibilidade de revisão dos julgados que
sejam desfavoráveis à parte em litígio.

Ele não está expressamente previsto em nossa Constituição Federal, contudo decorre
da estrutura do Poder Judiciário, visto que, em regra, os órgãos superiores possuem
competência recursal, ou seja, podem receber recursos de decisões proferidas em instâncias
inferiores.

Uma questão sempre recorrente na doutrina indaga se esse princípio admitiria


exceções, visto que, em algumas situações, os processos são julgados diretamente por
instâncias superiores (competência originária dos tribunais), o que impediria a existência de
recursos para instâncias superiores.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

10. Fontes do Direito Processual

Nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, compete à União legislar
sobre Direito Processual.

Constituição Federal
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

Também deve ser destacada a competência concorrente da União e dos Estados para
legislar sobre “procedimentos em matéria processual” – inciso XI do artigo 24 da Constituição
Federal. Nesse particular, define a doutrina que, aqui, está estabelecida a competência para
tratar de procedimentos administrativos de apoio ao processo.

Deve ser ainda acrescentada a competência dos Estados para elaborar a sua lei de
organização judiciária, que, como indica o seu nome, irá definir quais são os órgãos
judiciais em cada um desses membros da Federação.

Em nosso sistema jurídico, as principais fontes formais do Direito Processual são:

• Constituição Federal;
• Leis;
• Tratados e Convenções Internacionais;
• Regimento Interno de Tribunais.

As últimas duas fontes devem ser destacadas.

Nosso país é signatário de vários tratados e convenções internacionais que apresentam


regras e princípios processuais, os quais, após o processo de internalização, podem ser
aplicados na solução de litígios que são apresentados ao Poder Judiciário.

Por fim, os tribunais, para regular diversas situações internas de sua estrutura, editam
regimentos internos, os quais acabam por tratar de algumas questões processuais relacionadas
a processos e recursos de suas competências.

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11. Eficácia da Lei Processual no Espaço

As leis processuais obedecem ao Princípio da Territorialidade, ou seja, elas são


aplicadas aos processos nos quais atua a jurisdição de nosso país.

Nesse sentido, encontramos as disposições do artigo 1º do Código de Processo Civil e


o artigo 1º do Código de Processo Penal.

Código de Processo Civil


Art. 1º - A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes,
em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código
estabelece.

Código de Processo Penal


Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro [...]

12. Eficácia da Lei Processual no Tempo

A lei processual está sujeita à regra geral de vigência de leis no tempo, a qual está
prescrita no caput do artigo 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, ou seja,
a lei, após entrar em vigor, somente será revogada por outra lei posteriormente editada.

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro


Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue. [...]

Na sucessão de leis processuais no tempo, ou seja, quando uma lei processual revoga
uma lei processual anterior, devemos aplicar as seguintes regras:

• a lei processual deve ser imediatamente aplicada aos processos em curso;


• os atos processuais praticados na vigência da lei anterior continuam válidos.

Nesse sentido, dispõe o artigo 2º do Código de Processo Penal que:

Código de Processo Penal


Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

13. Interpretação e Integração da Lei Processual

A lei processual segue as mesmas regras e princípios das leis em geral em relação à sua
interpretação e integração, ou seja, aqui deve ter plena aplicação o disposto nos artigos 4º e
5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro


Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum.

Nesse mesmo sentido, estabelece o artigo 3º do Código de Processo Penal a possibilidade da


interpretação extensiva, da analogia e dos princípios gerais do Direito.

Código de Processo Penal


Art. 3º - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

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Material Complementar

A doutrina moderna, em diversas áreas do Direito, se vale dos princípios jurídicos para
uma série de estudos.

Em razão da natureza dessas normas, a sua utilização prática é enorme, razão pela qual
é importantes conhece-los com profundida.

Para conhecer ainda mais sobre eles, leia as duas obras abaixo listadas.

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução: Virgílio Afonso


da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.

ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos


princípios jurídicos. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.

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Unidade: Os Princípios do Direito Processual e a Norma Processual

Anotações

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Referências

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GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES FILHO, Antonio


Magalhães. As nulidades no processo penal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais.
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GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES FILHO, Antonio


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TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. v. 1. 22ª ed. São Paulo: Saraiva.
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