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Alimentos

Não há lei nesse sentido, trata-se de entendimento doutrinário e jurisprudencial


(decisões reiteradas dos tribunais). A regra é a de que a pensão recaia sobre toda a
remuneração, inclusive sobre as parcelas rescisórias e FGTS.

O valor correto da pensão alimentícia é aquele que foi estabelecido pelo juiz na sentença da
ação de alimentos. Ou seja, este valor é individual e cada pessoa tem a sua.

No momento da audiência que se estabelece o valor da pensão alimentícia perante o juiz,


deve-se preocupar com a necessidade da criança, mas também com as possibilidades de quem
paga. Por este motivo os Tribunais tem entendido que a terça parte (ou 1/3) do rendimento é
um limite que não compromete a sobrevivência de quem paga a pensão.

Notem que não existe lei que obrigue o pagamento na proporção de 1/3 do salário, mas
apenas um parâmetro para nortear o juiz, assim o valor da pensão alimentícia pode ser maior
ou menor que 1/3.

Nesta sentença judicial é acordado, ou então o juízo determina que a fração ou percentual
escolhido incide sobre o valor líquido do salário, pois do contrário seria injusto com aquele
que paga os alimentos, pois representaria mais de 1/3 do valor líquido. A não ser que a
sentença estabeleça que o percentual dos alimentos incidem sobre o valor bruto do salário.

Se o pai tem emprego fixo em alguns casos o juiz estabelece que deve pagar pensão
alimentícia também sobre o valor do 13º Salário, mas raramente sobre as férias e ou Fundo
de Garantia sobre o Tempo de Serviço (FGTS).

No entanto, se não houver qualquer observação na sentença judicial determinando o


pagamento dos alimentos sobre estas verbas, o alimentante (aquele que paga) não está
obrigado. Não existe lei que o obrigue a pagar 13 parcelas de pensão alimentícia por ano,
assim ele está obrigado somente a pagar 12 parcelas anuais, a não ser em razão de
determinação judicial.

Todos estes detalhes devem ser observados no momento da audiência na ação de alimentos,
que nem sempre é calma e bem esclarecida às partes. Se houver dúvidas de como deve pagar
a pensão, a forma mais segura de esclarecer é verificar a sentença judicial. Caso não tenha,
deve pedir uma cópia ao advogado que atuou no processo.

Como se pode notar, a sentença judicial é um documento importante e que somente pode ser
alterado com outra sentença. Assim qualquer mudança a ser feita que modifique o
estabelecido somente pode ocorrer por meio uma ação judicial, que pode alterar aquilo que
ficou acertado no passado.

As ações de Alimentos representam uma significativa parcela no universo dos


feitos ajuizados nas competentes Varas de Família, salientando-se que,
atualmente, citadas ações se apresentam com mais intensidade, objetivando a
imediata manifestação do Órgão Jurisdicional.
Dentro desse contexto, nos deparamos com os mais variados pedidos, desde os
mais formulados - os quais, em muitas vezes, dificultam a prestação jurisdicional
pela total impossibilidade do alimentante -, até as súplicas formuladas no
desiderato de incidir a pensão alimentícia sobre a remuneração pelas horas
extras trabalhadas.

A jurisprudência já sedimentou um posicionamento sobre a incidência da pensão


alimentícia sobre as horas extras , mister se fazendo ressaltar a decisão da 7 a.
CC do TJSP, Ap. 93.729-1, rel. Luís de Macedo, 8,12.1987 : "Não se tendo feito
no acordo homologado referência a elas, o desconto relativo à pensão não
deve incidir sobre o seu correspondente".

Tal posicionamento é corroborado por Yussef Said Cahali, em sua obra "Dos
Alimentos", 2a. Edição, p.546, ao extemar que "Excluem-se da base sobre a qual
deverá incidir o percentual da pensão, as horas extraordinárias de serviço
prestado pelo alimentante, porque se trata de elemento eventual ou
aleatório".

Muito embora já tenhamos posicionamento cristalino tanto da doutrina quanto da


jurisprudência sobre o assunto, a cada dia nos defrontamos com a postulação de
incidência do percentual alimentício sobre as horas extras, sem que tenha havido,
por ocasião da ação de alimentos competente, qualquer cláusula alusiva à referida
verba extraordinária.

Nunca é por demais salientar que as horas extras se caracterizam pela


aleatoriedade, não sendo permanentes, de natureza eventual, diferenciando-se
dos ganhos normais do alimentante - que se caracterizam pela regularidade e
permanência .

Assim, a observância das cláusulas estabelecedoras da pensão alimentícia se faz


necessária, no sentido de esclarecer se no acordo homologado as horas extras
integram a base de incidência da pensão alimentícia.

Caso negativo, não há como prosperar tal desiderato, haja vista que foge à
natureza da referida verba, sendo condição precípua a vontade expressa do
alimentante no acordo devidamente homologado.

Por oportuno, devemos salientar que ao incidir o percentual alimentício sobre as


horas extras trabalhadas pelo alimentante, sem a sua aquiescência, estaremos
contribuindo para seu desestímulo para com o trabalho, haja vista a ênfase
peculiar no desempenho da atividade extraordinária , desenvolvida na
necessidade extrema de amenizar as dificuldades vivenciadas no dia-a-dia.

Aos que tentam, injustamente, se beneficiar de parcela dos ganhos adicionais,


nunca é tarde para extemar a sábia lição de Clóvis Beviláqua: "O Instituto dos
Alimentos foi criado para socorrer os necessitados, e não para fazer
fomentar a ociosidade ou estimular parasitismo". (In Comentários ao Código
Civil, vol. 2, pág. 390, 7" Edição).

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