STÉPHANIE AZEVEDO -ADVOGADA FAMILISTA

MANUAL DE
PENSÃO
ALIMENTÍCIA reit
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PA GAS
um manual simples, com linguagem
informal para que todas as mães

I
lutem pelos direitos de seus filhos

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conhecimento é seu maior poder

 Sumário
3. Alimentos Gravídicos (pensão para grávidas)
5. Acordo "de boca"
6. Valor da Pensão
8. Dividindo pensão entre irmãos
9. Desconto em folha
10. Cobrando a pensão em atraso (prisão/penhora)
12. Alimentos Avoengos (cobrar pensão dos avós)
13. Exoneração de Pensão

O direito não é uma ciência exata e ainda é

muito distante da realidade da maioria, com
palavras complicadas e códigos extensos a
população no geral muitas vezes não sabe o que é
seu direito e deixa de buscá-lo por
desconhecimento. Essa cartilha é para trazer um
pouco de simplicidade e acessibilidade. Espero que
seja útil.
 Alimentos
lei 11.894/2008
Gravídicos

Alimentos que
deverão ser pagos
para gestante custear
os novos gastos,
SE O PAI NEGAR (incluindo o parto)
A
PATERNIDADE? decorrentes da
gravidez.
será determinado o DNA
após o nascimento do
infante
Então por qual motivo pedir antes do
nascimento?
3
 mesmo que o exame de DNA seja exigido, ao
comprovar a paternidade (com o resultado do
DNA , após nascimento do bebê) . SERÁ DEVIDO
OS ALIMENTOS DESDE A CITAÇÃO.

Então a ação de Alimentos Gravídicos é uma

forma de assegurar o direito, mesmo que tenha
que ser cobrado em cumprimento de sentença
(vulgo execução)

Súmula nº 277 STJ (anotada) “Julgada procedente a

investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação.” ... 5.478/68, com
retroação dos efeitos à data da citação.
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 "acordo de boca"

LEGALMENTE, o único acordo que tem validade a

título de pensão é o homologado judicialmente.

O simples combinado, não gerará

OBRIGAÇÃO. Ou seja, não adianta
somente acordar... pois se o pai
simplesmente parar de pagar você não
conseguirá cobrar judicialmente. Por isso é
importante, regulamentar o mais rápido
possível. Isso pode ser feito amigavelmente
mas PRECISA do aval do MP (Ministério
Público) e homologação do juiz.

5
 mas e os
30%
É mais uma regra contábil do que
jurídica... não existe esse provisionamento na lei. Mas
os tribunais acabam adotando esse limite, na
verdade 33% (que seria 1/3) quando o alimentante é
registrado.

Precisamos bater na tecla que

AUTÔNOMO é diferente de DESEMPREGADO , mas
se isso não for muito bem contextualizado os
tribunais ainda colocam tudo na mesma cesta.

Então o ideal é comprovar qual a atividade

exercida pelo alimentante, com fotos, orçamentos,
agendamentos. Para que assim exista um
provisionamento para AUTÔNOMO e outro para
DESEMPREGO.

E quando tem irmãos?

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 Precisamos deixar claro que foi
se o tempo, que a simples alegação
de constituição de nova família
automaticamente diminuiria a
pensão do filho já existente.

Hoje os tribunais ja entendem que se o pai

decidiu ter mais filhos ou constituir nova família é por ter
condições de arcar com os custos. Do contrário estaria
onerando os filhos anteriores pelo nascimento de novos
irmãos.

Sendo assim, normalmente os filhos

havido na constância de nova união em que reside com
o pai, NÃO SERÁ CONSIDERADO PARA FINS DE
DIMINUIÇÃO pois entende-se que estará gozando da
renda paterna.

E mesmo que havido fora de união, ainda

assim deverá ser entrado com uma REVISIONAL, onde o
juiz irá decidir se pertinente ou não a diminuição. Ou
seja, não é automático e tem direito de defesa.

Enquanto não tiver uma sentença, continuará

sendo pago o mesmo valor de pensão mesmo com
novos nascimentos.
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 Qual o valor da pensão?
não existe um valor
limite ou estipulado
em lei. Deve respeitar
o trinômio

possibilidade PROPORCIONALIDADE
necessidade
Quem pode mais, paga mais... não podemos esquecer essa
"perninha" pouco falada do tripê. A proporcionalidade
analisa diretamente os rendimentos de cada um dos
genitores (pai/mãe) afinal a criança tem direito a gozar do
mesmo padrão de vida, falando de forma mais popular; se o
pai come caviar, a criança tem que poder comer caviar
independente se a mãe come pão com ovo.

Sendo assim não trata-se de uma conta matemática simples, de somar as

despesas básicas da criança e dividir 50% pra cada... se o pai ganha R$ 10.000 e a mãe R$
1045 é óbvio que o pai arcará com mais despesas do que a mãe e o padrão de vida
paterna dará a possibilidade de gastos que uma criança onde ambos ganham R$ 1045
não teria.

Ex: natação não é uma necessidade básica, mas um pai que ganha R$ 10.000,00 poderia
sem problema algum custear essa atividade. Diferente de querer exigir isso de um pai
que está prestando serviço de entrega por app por estar desempregado formalmente.

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 Desconto em folha
O desconto em folha, só será possível se existir
um registro em que o alimentante seja EMPREGADO
DE ALGUMA EMPRESA.

Se você não tiver essa informação, através de um

advogado pode ser solicitado um ofício para o INSS,
para que se consulte o sistema CNIS e assim informe
se existe vínculo empregatício.
O desconto é feito após o envio de um ofício para o RH da empresa,
esse envio pode ser feito pelo próprio fórum (dificilmente hoje em dia),
pelo empregado (infelizmente poucos levam), através de um advogado ou a
própria parte

E se a empresa não fizer o desconto?

A empresa estará incorrendo em um crime, de desobediência
podendo assim responder penalmente. Solicite (através de um
advogado) que comprove em juízo que foi entregue a
notificação na empresa (envio ofício através AR) e mesmo assim
não está havendo o desconto, solcite que se instaure um
inquérito policial.

13º e férias?
É importante salientar que só é devido se o
alimentante for registrado. O 13º é pago
integralmente até dia 20 de dezembro.

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 A pensão não foi paga e agora?
Preciso esperar 3 meses para cobrar?

Se for preso morre a dívida?

Preciso aceitar qualquer tipo de acordo?

São muitas questões envolvidas quando falamos em dívida de pensão. É um assunto relativamente
simples mas cheio de mitos.

NÃO PRECISA ESPERAR 3 MESES... hoje com 1dia em atraso você já poderia entrar com a
ação. Acontece que isso geraria um aumento significativo nos tribunais, um gasto desnecessário para
quem irá entrar com a ação então normalmente se espera pelo menos 2 meses mas não é uma regra, é
por economia.

Quando vai entrar com cobrança de pensão, que hoje leva o nome de CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA, por ser o cumprimento de uma sentença ( a sentença de alimentos) é como se a
sentença fosse um cheque e você pode "descontá-lo" a qualquer momento, é um título executivo. Então
quando não é pago pensão, você ira "executar essa sentença" , "descontar esse cheque".

Pode ser por 2 ritos; o de prisão e o rito expropriatório (penhora). O de prisão ele só pode
cobrar ATÉ 3 MESES de pensão, mas você entrando com esse processo todas as parcelas que se
vencerem ao longo do processo serão cobradas juntas.

Ou pelo rito de penhora, que não existe um limitador e pode cobrar quantas parcelas
estiverem em atraso (não prescritas) , a diferença é que esse rito irá procurar bens em nome do devedor
de pensão; dinheiro em conta, no FGTS, veículos e imóveis. Então nem sempre é efetivo, pois se tratar de
um alimentante que não tem nada em seu nome, quem processa "ganha mas não leva"

Então normalmente quando tem um tempo longo em débito, utilizasse os dois ritos... as
mais atuais pelo de prisão e os pretéritos pelo de penhora.

Rito de Prisão
O alimentante será intimado para pagar ou
justificar em 03 (três dias). Isso não significa que a
justificativa dele será aceita. Quem o está processando (no
caso a mãe representando o filho) , caso haja justificativa
será intimada para aceitar ou não

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 E aqui que é respondida uma das questões mais recorrentes,
NINGUÉM É OBRIGADA A ACEITAR ACORDO ALGUM. Aceita se for
um bom acordo.

Sendo aceito o acordo é importante lembrar que deverá

constar na minuta que será pago a parcela acordada+ A PENSÃO
PRESENTE e que o processo somente será extinto quando o débito for
quitado. Isso dá uma segurança imensa, pois se existir atraso poderá
cancelar o acordo e continuar com o processo.

Agora digamos que ele não se manifeste dentro do prazo de 3 dias, nesse caso será
expedido o mandado de prisão. Esse mandado será cumprido pela polícia, ele terá validade de 3
anos podendo ser renovado e ele poderá ter 3 penas; 30, 60 ou 90 dias.

Caso o alimentante seja preso, ele só pode sair da prisão com o pagamento integral
(ou eventual acordo QUE A PARTE ACEITE) ou se ele cumprir o mandado completo. Se ele cumprir a
dívida NÃO MORRE, mas o processo passará a ser pelo rito de penhora (expropriatório)

Rito expropriatório (penhora)

Esse rito nem sempre é efetivo pois
infelizmente muitos alimentantes para evitarem
de pagar pensão não deixam nenhum bem em
seu nome.

Mas esse rito consiste em procurar bens no nome do

executado. Seja em contas (incluindo as poupanças),
veículos , FGTS e até imóveis.

Nesse rito ao invés de 3 dias para se manifestar, ele

tem 15 dias.

Não localizando bens poderá comprovar em juízo para iniciar

uma ação de alimentos contra os avós.

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 Pensão Avoenga
Cobra-se dos avós SUBSIDIARIAMENTE
É importante saber que subsidiariamente
diferente de solidariamente, você não escolhe de
quem quer cobrar mas só poderá cobrar dos avós
comprovando a total incapacidade do pai, em
pagar pensão.

Algo que é pouco falado; não existe como cobrar

pensão somente de avós paternos... se for entrar
contra os avós saiba que os maternos também
deverão ser incluídos e a possibilidade dos 4 (avós
paternos e avós maternos) serão analisadas podendo
ser determinado percentuais diferentes.

Ex: um juiz aposentado poderá ser condenado em

pagar 20 % da sua aposentadoria enquanto um
aposentado que receba um salário mínimo seja
condenado a pagar 10%. É um processo complexo e
demorado, onde será analisado a possibilidade de
todos e a necessidade da criança, bem como a
proporcionalidade.

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 Com 18 anos o pai pode parar de
pagar pensão?

A resposta é NÃO... incluindo com o

término da faculdade, não é nada
automático.

Enquanto o jovem for dependente , os custos

serão partilhados entre os genitores (pai/mãe),
então o pai não pode simplesmente parar de pagar
pensão mas deverá entrar com uma ação que
chama EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS, onde o juiz
irá analisar se de fato o jovem tem a independência
de se custear sozinho.

O jovem será intimado e poderá comprovar

que ainda é dependente.

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 Stéphanie Azevedo é uma advogada feminista, mãe solo
e que advoga representando somente mulheres. Atua na área
de direito de família e milita no enfrentamento à violência
contra mulher.

Formada desde 2010, pôde perceber que muitas

mulheres não buscavam seus direitos por desconhecimento,
por medo do judiciário, por não entender as palavras usadas,
por experiências com profissionais que não a escutavam .

Acreditando em uma nova advocacia, onde o juridiquês é

deixado de lado e o entendimento é a regra. Stéphanie foi para
as redes sociais falar de direito de uma forma simples, com um
toque de humor ácido. E percebeu que várias dúvidas se
repetiam, decidiu então fazer essa CARTILHA PARA LEIGAS,
como uma forma de permitir que o maior número de mulheres
conhecessem os seus direitos e os direitos de seus filhos.