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Por Mariana Colatino

OAB/AL 10.606
QUEM SOU EU?

Me chamo Mariana, sou advogada atuante na defesa das pessoas


com deficiência e apaixonada pela causa autista.
Iniciei minha advocacia atuando nas causas familiaristas e após
observar as dificuldades que muitos pais e mães enfrentavam
decidi aprofundar meus estudos sobre os direitos das pessoas com
deficiência, especialmente no que se refere ao autismo.
Costumo dizer que essa área de atuação me encontrou e eu a agarrei
com todo o amor e zelo que essa causa merece.
Sou pós-graduada em direito civil e do consumidor, mestranda
em Direito, professora da disciplina de Direito da Criança e do
Adolescente e estou pronta para te ajudar.
1 APRESENTAÇÃO
Olá, papai e mamãe!!

Eu sei que vocês ficaram um pouco perdidos quando receberam o


diagnóstico de autismo do seu filho ou filha.

Pensando nisso, resolvi compartilhar um pouco do meu conhecimento


jurídico com vocês!

Mas antes disso, vocês sabiam que, atualmente, a estimativa é que


existam

Então percebam que essa condição é mais normal do que imaginamos


e com as terapias adequadas o seu filho poderá se desenvolver muito
bem!

Muitas pessoas ainda pensam que o autismo é uma doença, no


entanto o próprio nome sugere que se trata de um transtorno, com
vários subtipos e diferentes níveis de comprometimento.

¹ Dados retirados da estatística do IBGE de 2019.


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que pode
comprometer a comunicação, a linguagem, a interação social, essas
pessoas podem apresentar padrões de comportamentos repetitivos,
dentre outras características.

No ano de 2012, com o surgimento da Lei nº 12.764/12 e para que


essas pessoas pudessem ter acesso a diversos direitos, o autismo passou
a ser considerado como uma deficiência para todos os efeitos legais.

É sobre esses direitos que eu pretendo conversar com vocês!

Além disso, ao longo da leitura vocês perceberão que vou trazer


caminhos facilitadores e resolutivos.

Espero que esse e-book te ajude de alguma forma!

Não consegui abordar alguma dúvida específica?

Cique aqui e me mande um direct no meu perfil do instagram OU


me encaminha uma mensagem no whatsapp Clicando aqui.

Contem comigo para o que precisarem!


2 SAÚDE

2.1. MEU FILHO FOI


DIAGNOSTICADO COM
AUTISMO, E AGORA?

Seu

2.2. MEU FILHO NÃO TEM PLANO DE SAÚDE, COMO ELE TERÁ
ACESSO AOS TRATAMENTOS E TERAPIAS?

O SUS é obrigado a fornecer tratamento, mas muitas vezes a


criança entra em uma longa fila de espera e não consegue realizar as
terapias indicadas de maneira precoce.

Também é possível que na localidade não haja as terapias indicadas


pelo médico que acompanha a criança (ABA, PECS, PROMPT, TEACCH,
dentre outros).

Nesses casos, é possível conseguir o tratamento através do custeio


em clínicas particulares.

Para conseguir esse custeio, será necessário mover ação judicial.

Para isso, os pais precisam ser representados por um advogado(a)


ou pela Defensoria Pública.

# Facilitando o atendimento:

Eu sei que muitas vezes o simples fato de sair de casa pode virar
um tormento, então eu recomendo que antes de ir ao encontro do(a)
advogado(a) ou da Defensoria Pública você já leve os seguintes
documentos:

Certidão de nascimento da criança

RG (se tiver) e CPF (se tiver) da criança

RG e CPF do pai ou mãe que irá representar a criança

Comprovante de residência

Laudo médico

Indicação do tratamento

Orçamento de pelo menos 3 clínicas particulares.

2.3. FIZ O PLANO DE SAÚDE PARA O MEU FILHO, QUAL O PRAZO E


CARÊNCIA PARA O INÍCIO DAS TERAPIAS?

Conforme previsão do art. 12, V, b da Lei nº 9.656/98, a carência


máxima para o início dos tratamentos e terapias é de 180 dias.
Isso significa que após esse período a pessoa com autismo já pode
iniciar as terapias com a cobertura do plano de saúde.

2.4. O PLANO DE SAÚDE PODE ENQUADRAR O AUTISMO COMO


DOENÇA PREEXISTENTE?

Como eu já alertei desde o início, O AUTISMO NÃO É DOENÇA.

Acontece que muitos planos de saúde utilizam dessa estratégia


de classificação como doença preexistente para estender o prazo de
carência para 24 meses.

Dessa forma, ao invés do beneficiário ter acesso aos tratamentos


no prazo de 180 dias (6 meses) após a contratação, a conduta do plano
obriga o consumidor a aguardar 24 meses (2 anos).

Fiquem atentos, pois essa é uma conduta abusiva.


# O que fazer nesse caso?

Cique aqui para atendimento


Disque ANS 0800 7019656 OU ao consumidor GOV

Ainda não resolveu? Siga para o 4º passo.


2.5. E APÓS A CARÊNCIA, QUAIS OS PRAZOS PARA ATENDIMENTOS?

Para garantir o acesso do consumidor que contratou um plano de


saúde a todas as coberturas às quais tem direito, a Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazos máximos para o
atendimento (RN 259/11). São eles:

Atendimento de urgência e emergência: IMEDIATO

Serviços de diagnóstico por laboratório de análises clínicas em


regime ambulatorial: 3 DIAS ÚTEIS

Consulta básica (pediatria, clínica médica, cirurgia geral,


ginecologia e obstetrícia) e Consulta odontológica: 7 DIAS ÚTEIS

Consulta nas demais especialidades médicas: 14 DIAS ÚTEIS.

Sessões com fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional,


fisioterapeuta e nutricionista: 10 DIAS ÚTEIS

Procedimentos de alta complexidade (PAC) e Internação eletiva


(agendada): 21 DIAS ÚTEIS

Após o período de carência, e de acordo com a cobertura do


seu plano, você poderá exigir da sua operadora que os atendimentos
ocorram dentro dos prazos mencionados.

Portanto, caso a clínica não atenda dentro do prazo estabelecido


(10 dias) e ainda coloque o nome do interessado em uma lista de espera,
proceda da seguinte forma:
Cique aqui para atendimento
Disque ANS 0800 7019656 OU ao consumidor GOV

Ainda não resolveu? Siga para o 4º passo.

2.6. O PLANO DE
SAÚDE PODE LIMITAR
TERAPIAS?

Durante muito tempo,

as operadoras de planos

entendiam que a Agência

Nacional de Saúde (ANS)

estabelecia limite máximo de

quantidade de sessões anuais de terapia.

Na realidade, a Resolução Normativa que tratava da quantidade


de sessões trazia uma quantidade mínima, e não máxima.
Recentemente, após diversas demandas e decisões judiciais, a
ANS resolveu alterar a RN 465/21 por meio da RN 469/21, para que
beneficiários de planos de saúde portadores do Transtorno do Espectro
Autista (TEA) de todo o País passassem a ter direito a número ilimitado
de sessões com psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos
para o tratamento de autismo, somando à cobertura ilimitada que já
era assegurada para as sessões com fisioterapeutas.

Apesar das conquistas, a realidade das


limitações ainda é muito triste!

É importante observar que, ainda que haja previsão contratual de


limite de sessões, referida cláusula é considerada abusiva por colocar
o beneficiário em condição de manifesta desvantagem.

Não é raro o movimento de mães e pais, assim como da própria


pessoa com autismo, que muitas vezes precisam se socorrer da via
judicial para que seus direitos sejam garantidos.

Do mesmo modo, não cabe ao plano de saúde ou a ANS definir o


tempo de sessão de cada terapia.

Se, por exemplo, o médico prescreveu 1 hora de sessão para cada


uma das especialidades, o plano de saúde precisa garantir que as
clínicas prestem os serviços conforme determinação médica.

# O que fazer nesses casos?


Cique aqui para atendimento
Disque ANS 0800 7019656 OU ao consumidor GOV

Ainda não resolveu? Siga para o 4º passo.

2.7. ABORDAGEM ABA É DE COBERTURA OBRIGATÓRIA?

Não se trata de cobertura obrigatória, pois não consta no rol da


ANS.

Ocorre que o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores


é no sentido de que havendo prescrição médica, o plano deve custear o
tratamento. Não cabe ao plano de saúde dizer qual o melhor tratamento,
mas ao médico que acompanha a pessoa.

Assim, não havendo clínica ou profissional especializado para o tipo


de tratamento indicado, o plano de saúde pode ser obrigado a fazer o
custeio ou o reembolso.

OBS: Como muitos de vocês já sabem e estão acompanhando, o STJ vai


decidir sobre a cobertura dos procedimentos e tratamentos pelos planos de saúde
no Brasil. Se aprovado, na prática, procedimentos que não estão na lista da ANS
podem não ser cobertos pelos planos. Vamos aguardar!

2.8. MEDICAÇÃO GRATUITA:

Não existe medicação para a cura do autismo ou para tratar o


autismo, no entanto alguns médicos podem receitar o uso de medicação
para cuidar de alguns sintomas que acompanham o autismo e podem
atrapalhar as atividades diárias da criança.

A Lei nº 12.764/12 concede à pessoa com transtorno do espectro


autista o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção
integral às suas necessidades de saúde, incluindo os medicamentos.

# Como conseguir a medicação pelo SUS?

# E se a medicação não estiver na lista do sus?

Nesse caso é importante procurar a ajuda de um advogado ou


Defensoria Pública para que seja estudada a viabilidade do ajuizamento
de uma ação.
3 EDUCAÇÃO

3.1. MENSALIDADES, ANUIDADE, TAXA DE MATRÍCULA

Não bastasse a dificuldade que muitas vezes os pais encontram


para matricular seus filhos com deficiência, muitas instituições de
ensino particular ainda cobram taxa extra.

O art. 28, § 1º do Estatuto da Pessoa com Deficiência veda às


instituições privadas de ensino a cobrança de valores adicionais de
qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no
cumprimento dessas determinações.

Alguns estabelecimentos realizam esta prática sob a alegação


de utilizar os valores para custos extras, tais como acompanhantes e
adaptações de materiais didáticos.

É importante saber que mesmo nos casos em que seja necessário


o acompanhamento de professor auxiliar, a escola não pode cobrar
nada a mais por isso.

3.2. PROFESSOR AUXILIAR NA REDE REGULAR DE ENSINO

O direito à educação é um direito social fundamental garantido


pela Constituição Federal de 1988.

A garantia do direito à educação da pessoa com deficiência, não


se esgota no mero fornecimento de vaga na rede regular de ensino.

De acordo com os artigos 3º, XIII, e 28, XVII, do Estatuto da


Pessoa com Deficiência, o Poder Público deve garantir a oferta de
profissionais de apoio escolar, que são pessoas que exercem atividades
de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e
atua em todas as atividades escolares nas quais se fizerem necessários,
em todos os níveis e modalidades de ensino.

O direito à educação inclusiva não se restringe ao acesso (matrícula


e presença), compreendendo também o desenvolvimento de suas
potencialidades para a plena participação do aluno em igualdade de
condições.

3. O QUE FAZER SE A ESCOLA NEGAR MATRÍCULA?


4 PREVIDÊNCIA

Muitas pessoas não sabem, mas as pessoas com autismo têm direito
ao BPC/LOAS.

Trata-se de um benefício assistencial destinado aos idosos com


mais de 65 anos e às pessoas com deficiência.

Como eu já contei para vocês, a Lei considera a pessoa com autismo


como pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.

Não poderia ser diferente no tocante à previdência!

Mas você sabe o que precisa observar para saber se tem direito ao
benefício?

Vem comigo que eu vou contar tudo!


4.1. BPC x APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ou INCAPACIDADE
PERMANENTE:

Primeiro eu gostaria de esclarecer para vocês que o BPC não se


confunde com a aposentadoria por invalidez.

O BPC é um benefício assistencial destinado aos idosos com mais


de 65 anos e às pessoas com deficiência e não depende de contribuições,
assim como não paga décimo terceiro salário, tampouco pensão por
morte.

Já a aposentadoria por invalidez ou incapacidade permanente é


destinado a todos que necessitem, desde que cumpridos os seguintes
requisitos: Carência de 12 contribuições; Qualidade de segurado;
Incapacidade total e permanente para o trabalho habitual sem
possibilidade de reabilitação para outras atividades.

4.2. CADASTRO ÚNICO:

O primeiro passo para conseguir o BPC é dirigir-se ao Centro de


Referência em Assistência Social (CRAS) mais próximo do seu endereço
e fazer o Cadastro Único.

No momento do cadastro, você irá fornecer uma série de


informações pessoais e de cada membro da família que reside na
mesma casa. Por exemplo, situação de moradia e trabalho, grau de
escolaridade, renda mensal, entre vários outros dados.

Para realizar o cadastro, é importante levar seu documento


pessoal (RG e CPF), Certidão de casamento, Certidão de nascimento
dos filhos, comprovante de residência atual (dos últimos 3 meses),
carteira de trabalho e título de eleitor.

Além disso, é importante que a família mantenha os dados


atualizados em caso de qualquer mudança.
4.3. RENDA PER-CAPITA DE 1/4

Além da comprovação da deficiência, o pretendente ao BPC


também deve demonstrar sua miserabilidade, ou seja, que não tem
condições financeiras de sustento próprio e nem por meio de sua
família.

A Lei exige que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor
que ¼ do salário mínimo. Ou seja, R$ 303,00 por pessoa, baseado no
atual salário mínimo que é de R$ 1.212,00.

Para saber se você se enquadra nos critérios, basta dividir a renda


total da família pela quantidade de integrantes e o resultado tem
que ser igual ou menor que R$ 303,00 por pessoa. Por exemplo, um
grupo familiar de 6 pessoas possui uma renda total de R$1.500,00. Se
dividirmos o total da renda pela quantidade de pessoas chegaremos
em R$250,00 (1.500,00 / 6 = 250).

Atenção: Não será computado para o cálculo da renda per capita familiar
o benefício previdenciário de até um salário-mínimo ou o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) concedido a idoso, acima de 65 anos de idade, ou a pessoa com
deficiência, para a concessão do BPC.

Ou seja, se outra pessoa do grupo familiar já recebe o BPC, o valor desse


benefício não será utilizado para o cálculo da renda familiar e, portanto, em nada
prejudicará o pretendente ao BPC.

4.4. RENDA PER-CAPITA DE ½ - STF

Há possibilidade de conseguir o BPC ainda que a renda per capita


familiar seja superior a ¼ do salário mínimo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade


da exclusividade de tal critério matemático para definir a condição de
miserabilidade que a lei exige.
A interpretação dada pelo STF é no sentido de que a renda familiar
per capita não superior a ½ salário-mínimo deve ser observada para a
concessão de Benefício Assistencial ao Idoso e ao Deficiente.

Assim, por exemplo, se dividirmos a renda de uma família que


recebe R$1.212,00 e é composta por 2 integrantes, chegaremos ao
resultado de R$606,00.

Ocorre que para isso será necessário o ajuizamento de uma


demanda judicial.

4.5. DESPESAS QUE PODEM SER ABATIDAS:

As seguintes despesas da família podem ser abatidas no cálculo da


renda per capita:

Consultas médicas

Alimentação especial

Fraldas descartáveis

Medicação

Para isso, são necessárias prescrição médica, comprovante de


pagamento das consultas e despesas.
5 TRABALHO

5.1. SAQUE DE FGTS

A Lei nº 8.036/90, que dispõe sobre Fundo de Garantia do Tempo


de Serviço (FGTS), traz situações em que é possível realizar o saque.

Dentre as referidas situações, não houve a inclusão do tratamento


para pessoa com transtorno do espectro autista.

Assim, muito provavelmente, se você fizer uma solicitação


administrativa junto à Caixa Econômica Federal o seu pedido será
negado.

# O que fazer nesses casos?

Diante dos inúmeros pedidos judiciais, essa situação foi levada ao


Superior Tribunal de Justiça (STJ), que entendeu no sentido de permitir
o saque do FGTS, mesmo em situações não contempladas pelo art. 20
da Lei 8.036/90, tendo em vista a finalidade social da norma.

Portanto, atualmente a via judicial ainda é a única possível para


que seja possibilitado o saque do FGTS com a finalidade de tratamento
para pessoa com autismo.

Nesses casos, é essencial procurar a ajuda de um profissional


(Advogado ou a Defensoria Pública).

5.2. REDUÇÃO DE CARGA HORÁRIA PARA SERVIDOR PÚBLICO


A Lei nº 13.370/16 alterou o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112/90,
para estender o direito a horário especial ao servidor público federal
que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência de qualquer
natureza e para revogar a exigência de compensação de horário.

Assim, desde que comprovada a necessidade de acompanhante


nas terapias da pessoa com autismo e que a licença não remunerada
inviabilizaria o custeio do tratamento, o servidor público federal poderá
solicitar administrativamente a redução na carga horária de trabalho.


# E se o pedido for negado?

Nesses casos, é preciso procurar a ajuda de um profissional


(Advogado ou a Defensoria Pública) para o ajuizamento de demanda
judicial.

Sou servidor público municipal ou estadual, também tenho direito?

Sim! A Lei nº 8.112/90 (Estatuto do Servidor Público) pode ser


aplicada ao servidor público municipal ou estadual quando não tiverem
o seu estatuto próprio ou, ainda, para suprir omissões ou complementar
a Lei Municipal ou Estadual.

É importante verificar se no seu Estado ou Município já existe


lei própria regulamentando essa situação, mas caso não haja é
perfeitamente possível aplicar a Lei Federal e solicitar a pretensa
redução da carga horária.

# E se o pedido for negado?

Nesses casos, é preciso procurar a ajuda de um profissional


(Advogado ou a Defensoria Pública) para o ajuizamento de demanda
judicial.
6 TRANSPORTE

6.1. VAGA EM ESTACIONAMENTO

Sabemos que nos estacionamentos de estabelecimentos públicos ou


privados sempre tem a reserva de vaga para pessoas com deficiência.

Como vimos, a pessoa com Transtorno do Espectro Autista se


enquadra como pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.

No entanto, não basta simplesmente parar na vaga, é preciso fazer


o cartão emitido pela prefeitura.

Em Maceió/AL, por exemplo, para a emissão do cartão é necessário


dirigir-se à sede administrativa da SMTT portando os seguintes
documentos:

Comprovante de residência atualizado e cópia;

CPF e cópia;

RG e cópia;

Laudo médico e cópia.


OBS: Nem sempre é necessária a presença física da pessoa com autismo
titular do pedido, muitas vezes o representante legal consegue resolver. Nesses
casos, é importante que o representante leve os seus documentos pessoais e cópias.

Para outros Municípios de todo o país, muitas vezes a solicitação


pode ser realizada através de algum portal na internet. Então antes
de se deslocar, verifique se a referida solicitação pode ser feita
remotamente.

6.2. ISENÇÃO DE IMPOSTO NA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO

A Lei nº 14.287/21 inseriu expressamente a pessoa com transtorno


do espectro autista como beneficiária da isenção do imposto de
produtos industrializados (IPI).

Segundo a Lei, a aquisição com isenção somente se aplica a veículo


novo cujo preço de venda ao consumidor, incluídos os tributos incidentes,
não seja superior a R$200.000,00 (duzentos mil reais).

Teve o direito negado?

Consulte um advogado ou a Defensoria Pública.

6.3. DESCONTO EM COMPANHIA AÉREA

A Resolução 9 da ANAC regulamenta que, caso a pessoa com


deficiência necessite da presença de um acompanhante, a companhia
aérea deverá oferecer a este último o desconto de, no mínimo, 80% da
tarifa cobrada do passageiro portador de deficiência.

Portanto, a pessoa com deficiência paga o valor normal da


passagem e o desconto será aplicado somente ao acompanhante.

Caso você tenha seu direito negado, consulte um advogado ou a


Defensoria Pública.
7 PREFERÊNCIA NA FILA

Nem toda deficiência é aparente! Por essa razão, a conscientização


das pessoas em geral sobre o respeito àqueles que estão em fila
preferencial é imperativa.

A Lei nº10.0488
Leeii 10.048 de 08/11/2000 garante no artigo 1º que as pessoas
com deficiência terão atendimento prioritário.

Para garantir o direito de permanência da fila, caso haja algum


questionamento, é importante sempre ter um atestado médico em
mãos (com o CID, carimbo e assinatura do médico) ou o documento
pessoal que informe a condição da pessoa (CIPTEA ou RG).

Às vezes acontece de alguém questionar o motivo que te leva a


estar na fila preferencial.

Na grande maioria das vezes basta informar que você ou seu


filho é pessoa com autismo (inclusive, a pessoa que perguntou fica até
envergonhada).

Mas e se mesmo informando a pessoa continuar causando polêmica?

Recomendo que você se dirija a um profissional do estabelecimento,


mostre o atestado ou algum documento que comprove ser pessoa com
autismo e peça para que o funcionário explique ao cidadão sobre o
direito de preferência.

Não vale o desgaste de entrar na briga com quem quer isso mesmo!
8 MEIA ENTRADA EM
CINEMA E OUTRAS
ATRAÇÕES CULTURAIS
Muitas pessoas ainda não sabem, mas o Decreto nº 8.537/15
regulamenta o benefício da meia-entrada para acesso a eventos
artístico-culturais e esportivos por pessoas com deficiência.

No caso do autismo, será necessária a comprovação dessa condição,


que pode ser feita mediante atestado médico simples ou documento
pessoal como o CIPTEA e RG com identificação para aqueles que já
tiverem.

E mais, ao acompanhante da pessoa com deficiência também se


aplica o direito ao benefício da meia entrada.

O Decreto ainda deixa claro que o valor do ingresso de meia-


entrada deve equivaler à metade do preço do ingresso cobrado para a
venda ao público em geral.
9 EMISSÃO DO CIPTEA

A Lei nº 12.764/12 (Lei Romeo Mion) criou a Carteira de Identificação


da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com vistas
a garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade no
atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial
nas áreas de saúde, educação e assistência social. 

Documentos necessários:

Documento de identidade da pessoa com TEA

Documento de identidade dos responsáveis legais

Laudo médico com indicação do código da Classificação Estatística


Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID)
comprovando o Transtorno do Espectro do Autismo devidamente
preenchido e com o nome completo da pessoa com TEA

Fotografia formato 3×4 da pessoa com TEA

# Onde emitir?

Em Alagoas, a solicitação pode ser feita na sede do Instituto


de Identificação e nos postos que funcionam nas Centrais Já de
Atendimento, o agendamento deverá ser feito através do site da Seplag.
Nos demais postos da rede que funcionam no interior do estado, o
Perícia Oficial.
agendamento deverá ser realizado pelo site da Perícia Oficial.
Como cada Estado tem um local diferente para solicitação e emissão
da carteira e para evitar o deslocamento desnecessário, é importante
que você se informe antes.
10 MENSAGEM FINAL

Gostaria de deixar uma mensagem final para vocês que me


acompanharam até aqui!
Não são raras as vezes que recebo pais de pessoas com autismo
aflitos em razão da negativa de algum direito ou prática abusiva de
fornecedores de serviços.
Além dos direitos, que muitos de vocês sequer sabiam que existiam,
tivemos a oportunidade de aprender a agir em algumas situações.
Portanto, não se desesperem quando se depararem com algum
desses casos, tomem as providências que estiverem ao seu alcance e,
caso não consigam solucionar, busquem ajuda de um profissional.
Inclusive, para aqueles que não tiverem condições de arcar com
as despesas do advogado, a Defensoria Pública está à disposição para
ajudá-los.
Por fim, peço que me ajudem a tornar nossa sociedade cada vez
mais consciente sobre a causa autista compartilhando esse livro para o
maior número de pessoas.
Espero ter colaborado de alguma forma e contem comigo para o
que precisarem através dos seguintes canais:

@marianacolatino
marianacolatino@hotmail.com
(82) 99922-9651

Um grande abraço!

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