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POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS POLICIAIS

Leilaine Dias Almeida – CAD PM


Matrícula 731.392/6

1. TEMA
1ª - A necessidade da Polícia Militar do Distrito Federal formalizar os
procedimentos que orientem os policiais militares do distrito Federal a lidarem com as
pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Problematização:
Atualmente a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não possui em seu
Manual de Policiamento Ostensivo ou em instruções normativas, procedimentos que
orientem os policiais militares do Distrito Federal a reconhecerem e lidarem com as
pessoas que se encontram no TEA.

Relevância do tema:
As pessoas que se encontram no Transtorno possuem características peculiares
em seus comportamentos, que por vezes são mal compreendidos levando à
discriminação e o cerceamento de seus direitos fundamentais e a comportamentos
capazes de gerarem suspeição por parte de agentes de segurança pública. .
Esse quadro pode se tornar ainda mais grave em situações de abordagem policial
pois essas características específicas podem gerar mal-entendidos, aumentando o risco
de conflitos e prejudicando a segurança tanto dos indivíduos com TEA quanto dos
policiais envolvidos.
Portanto, se torna relevante à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
estabelecer diretrizes específicas para proporcionar aos policiais militares
conhecimentos atualizados sobre o TEA, bem como orientações para que o policial
militar possa identificar e proceder na abordagem a esses indivíduos, garantindo um
tratamento respeitoso, consciente e humanizado bem como a preservação de sua
integridade física, emocional e dos seus direitos constitucionais.
Justificativa(s):
A presente proposta de pesquisa tem como objetivo analisar a necessidade da
PMDF em incluir instruções normativas específicas e procedimentos que orientem os
policiais militares no reconhecimento, atendimento, abordagem e, em alguns casos,
acolhimento humanizado de pessoas que se encontram no TEA.
A formalização desses procedimentos proporcionará maior clareza, consistência
e consciência nas ações dos policiais, evitando a interpretação equivocada de
comportamentos característicos do TEA como atos criminosos e reduzindo o risco de
situações de conflito durante abordagens policiais. Além de contribuir para a construção
de uma imagem mais positiva da instituição, demonstrando seu comprometimento com
a inclusão, a diversidade e o respeito aos direitos humanos.

2. OBJETIVOS
Demonstrar a importância da criação de instrução normativa no âmbito da
PMDF que orientem os policiais militares do Distrito Federal a reconhecerem e lidarem
com as pessoas que se encontram no TEA.

Objetivos Específicos:
1. IDENTIFICAR as principais características identificáveis de TEA, sejam elas
visuais ou não;
2. Definir o que é o autismo, seus níveis, e características possivelmente
identificáveis;
3. Verificar como o conhecimento das particularidades sobre o TEA pode
contribuir para uma abordagem policial mais eficiente e inclusiva;
4. Apontar quais ações podem ser tomadas pelos policiais para uma abordagem
respeitosa e embasada nas diretrizes nacionais dos direitos humanos;
5. Pesquisar outras polícias militares que estão discutindo e implementando o tema.
6. Sugerir atualização do atual manual de policiamento ostensivo da corporação ou
instrução normativa para orientar e regulamentar a atuação policial, sendo no
auxílio, abordagem ou contenção a indivíduos com TEA;

3. MÉTODO
Na metodologia adotada para esta pesquisa, será empregada uma abordagem
qualitativa, que permitirá uma compreensão aprofundada do tema em questão. Para isso,
serão utilizadas técnicas como revisão bibliográfica, com o objetivo de explorar estudos
e pesquisas existentes sobre a inclusão de pessoas com TEA no contexto policial.
4. HIPÓTESE(S)

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (REVISÃO):

Os primeiros relatos sobre o autismo surgiram em 1943, por meio do psiquiatra


austríaco Leo Kanner, e em 1944, pelo professor Friedrich Karl Asperger. Em 1952, a
Associação Americana de Psiquiatria publicou a primeira edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-1), incluindo o autismo como um
subgrupo da esquizofrenia infantil. Logo, segundo o DSM-5, o autismo é definido como
um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação
social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.
Em 1978, o psiquiatra Michael Rutter introduziu uma classificação abrangente
do autismo, reconhecendo-o como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo e
estabelecendo quatro critérios essenciais para o diagnóstico do Transtorno do Espectro
Autista (TEA): atraso e desvio nas interações sociais, não se limitando apenas à
deficiência intelectual; problemas de comunicação, não exclusivamente relacionados à
deficiência intelectual associada; manifestação de comportamentos incomuns, como
movimentos estereotipados e maneirismos; e início dos sintomas antes dos 30 meses de
idade.
Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) designou o dia 2 de abril
como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Nesse mesmo ano, foi
estabelecida a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York em 30 de março de 2007.
No Brasil a legislação em proteção aos portadores aos indivíduos que se
encontram no TEA tem avançado continuamente, em 2012, foi sancionada a Lei
Berenice Piana (Lei 12.764/12), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Além disso, a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15), conhecida como Estatuto da
Pessoa com Deficiência, foi criada para ampliar a proteção aos portadores de TEA,
definindo a pessoa com deficiência como aquela que tem um impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, e em 2020 foi promulgada a
Lei 13.977, conhecida como Lei Romeo Mion, que institui a emissão gratuita de um
documento que substitui o atestado médico e facilita o acesso a direitos previstos na Lei
Berenice Piana.
O TEA, De acordo com o DSM-5, é caracterizado por possuir 3 níveis de
gravidade, com comprometimento persistente nas áreas de interação, comunicação
social, padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses e
atividades, não sendo um rol exaustivo. É importante ressaltar que o autismo não é uma
doença, mas sim um transtorno do desenvolvimento neurológico que afeta habilidades
físicas, motoras, de comunicação e interação social. Esses níveis de gravidade são
condicionados a quantidade de suporte que o indivíduo necessita para realizar suas
tarefas diárias, classificadas segundo o manual, página 52, como:
Nível de suporte I: Exige apoio nas áreas de:

● Comunicação Social: Na ausência de apoio, déficits na comunicação


social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais
e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais
dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações
sociais. Por exemplo, uma pessoa que consegue falar frases completas e
envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversação com
os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas e comumente
malsucedidas.
● Comportamentos restritos e repetitivos: Inflexibilidade de comportamento
causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos.
Dificuldade em trocar de atividade. Problemas para organização e
planejamento são obstáculos à independência.

Nível de suporte II: Exige apoio substancial com relação a:


● Comunicação Social: Déficits graves nas habilidades de comunicação social
verbal e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de
apoio; limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou
anormal a aberturas sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa
que fala frases simples, cuja interação se limita a interesses especiais
reduzidos e que apresenta comunicação não verbal acentuadamente
estranha.
● Comportamentos restritos e repetitivos: Inflexibilidade do comportamento,
dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos
restritos/repetitivos aparecem com frequência suficiente para serem óbvios
ao observador casual e interferem no funcionamento em uma variedade de
contextos. Sofrimento e/ou dificuldade de mudar o foco ou as ações.

Nível de suporte III: Exige apoio muito substancial

● Comunicação Social: Déficits graves nas habilidades de comunicação social


verbal e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, grande
limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas
sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa com fala inteligível
de poucas palavras que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem
abordagens incomuns apenas para satisfazer a necessidades e reage somente
a abordagens sociais muito diretas.
● Comportamentos restritos e repetitivos: Inflexibilidade de comportamento,
extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos
restritos/repetitivos interferem acentuadamente no funcionamento em todas
as esferas. Grande sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações.

Essas características estão presentes desde as fases iniciais do desenvolvimento


infantil e persistem ao longo da adolescência e vida adulta, resultando em prejuízos
significativos no funcionamento social, profissional e em outras áreas importantes da
vida do indivíduo (APA, 2013; PAULA; CUNHA; COLTRI; TEIXEIRA, 2017; BAIO,
2018), tornando o TEA complexo de compreender e requerendo um estudo
aprofundado para identificá-lo e caracterizá-lo, uma vez que se trata de um espectro no
qual cada indivíduo apresenta particularidades e sensibilidades únicas.
Com base em estudos epidemiológicos realizados nas últimas cinco décadas, a
prevalência do TEA está em ascendência globalmente (OPAS, 2017). De acordo com o
relatório recente do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), publicado nos
Estados Unidos em 2021, 1 em cada 44 crianças com 8 anos de idade é diagnosticada
com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Um estudo anteriormente realizado
pelo mesmo instituto, em 2018, apontou que 1 para cada 54 crianças, foram
diagnosticadas com TEA. Se compararmos o estudo realizado em 2018 e o estudo
realizado em 2021, verificamos que a incidência de crianças com TEA representou um
aumento de 22%, em relação ao estudo anterior.
No Brasil ainda não possuímos dados oficiais de prevalência do autismo entre os
brasileiros. A lei 13.861/2019, instituiu a obrigatoriedade de incluir dados nos censos
demográficos realizados a parti de 2019 sobre as especificidades inerentes ao transtorno
do espectro autista O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu uma
pergunta sobre autismo no questionário da amostra de coleta de dados para o Censo de
2022, visando quantificar e acompanhar a ocorrência de TEA no país. porém os dados
ainda não foram tabulados. ( ainda não consegui localizar essa informação)
O cenário global da ascendência da população diagnosticada com TEA, é
importante conhecer quais são as leis e prerrogativas voltadas a esse público no
contexto de segurança pública. Sendo assim a Convenção Internacional de direitos das
pessoas com deficiência, no em seu artigo 13 2. preconiza que:
“A fim de assegurar às pessoas com deficiência o efetivo acesso à justiça, os
Estados Partes deverão promover a capacitação apropriada daqueles que
trabalham na área de administração da justiça, inclusive a polícia e o
pessoal prisional.” (CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, 2006)

O papel do policial militar como representante do Estado é essencial na


resolução de desordens sociais, tanto de natureza criminal quanto social, em
conformidade com as responsabilidades constitucionais de proteger os direitos
individuais e coletivos, além de garantir a segurança por meio do policiamento
ostensivo e preventivo (BRASIL, 1988, ART.144)
Diante desse contexto, é fundamental que os policiais militares se preparem
adequadamente para lidar com diversas situações, incluindo o atendimento a pessoas
com deficiência. Estudos mostram que indivíduos com Transtorno do Espectro do
Autismo têm maior probabilidade de serem abordados e envolvidos em intervenções
criminais do que aqueles neurotípicos, devido a comportamentos que são percebidos
como disfuncionais e, por vezes, inadequados em determinados ambientes
(HEPWORTH, 2017). Portanto, é necessário que os policiais adquiram conhecimentos e
habilidades específicas por meio de profissionalização e treinamento contínuo para
garantir uma abordagem adequada e inclusiva.
O primeiro contato de um suspeito durante o processo de justiça criminal
provavelmente será a prisão pela polícia (Bradley, 2009). Essa etapa recebeu
atenção da mídia em anos anteriores, devido à força ilegal e excessiva por
vezes utilizada (BBC News, 2016; Lakhani, 2017). (DIANA
HEPWORTH,2017)
Mesmo havendo um aumento global de ocorrências policiais envolvendo
indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), há uma escassez de estudos
que correlacionem o transtorno com a segurança pública. No entanto, países como
Estados Unidos, Inglaterra e Suíça têm demonstrado preocupação inicial sobre o
assunto. Diana Hepworth destaca que:
Atualmente, os policiais da linha de frente na Inglaterra e no País de Gales
recebem muito pouco treinamento sobre TEA: uma sessão de treinamento
online de duas horas sobre "saúde mental" é fornecida aos novos recrutas,
que inclui uma subseção sobre TEA. A categorização de transtorno de
espectro autista sob este termo abrangente de saúde mental levanta
preocupações imediatas. Embora o TEA possa coexistir com outros
diagnósticos dentro desses grupos, fornecer treinamento dessa forma só pode
resultar em confusão para os policiais sobre o que realmente é o TEA e,
portanto, o treinamento não pode ser realmente eficaz. (Diana
Hepworth,2017)

Em um estudo intitulado "Brief Report: Perspective Taking Deficits, Autism


Spectrum Disorder, and Allaying Police Officers' Suspicions About Criminal
Involvement", Robyn L. Young e Neil Brewer (2019) investigaram 41 pessoas com
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) com idades entre 17 e 49 anos, fluentes em
inglês e matriculadas em programas de graduação ou transição para o ensino superior
nos Estados Unidos.
Eles aplicaram a teoria dos déficits na tomada de perspectiva, ou Teoria da
Mente, e concluíram que os déficits do TEA podem afetar a interação entre indivíduos
com a polícia e outros profissionais do sistema de justiça. Esses déficits podem
comprometer a capacidade dos adultos com TEA de se livrarem de situações em que são
erroneamente suspeitos de um crime. Reconhecer a perspectiva do policial, avaliar
crenças divergentes e fornecer informações convincentes são aspectos essenciais para
dissipar as suspeitas. Fatores como inteligência, raciocínio dedutivo, sociabilidade e
conhecimento relevante podem influenciar o sucesso dessa interação.
Além disso o estudo demostrou que é de grande
importância promover a conscientização e o treinamento adequado para os policiais, a
fim de capacitá-los a lidar de forma sensível e eficaz com pessoas com TEA durante
abordagens e interações. Isso inclui a compreensão dos comportamentos característicos
do TEA, a adoção de estratégias de comunicação adequadas e o estabelecimento de um
ambiente calmo e estruturado para minimizar o estresse e a ansiedade desses indivíduos
e dos policiais.
No Brasil, estão sendo disponibilizadas cartilhas online com informações sobre
o atendimento a pessoas com deficiência por policiais militares. Um exemplo é o site da
inclusivo.org, que oferece orientações abrangentes sobre abordagens policiais e
deficiência. Essas cartilhas são uma importante referência na ausência de instruções
normativas específicas sobre o assunto.
Um avanço recente ocorreu no Piauí, onde a Polícia Militar aprovou uma
cartilha em março de 2023 para o atendimento e abordagem de pessoas com autismo,
fornecendo orientações aos policiais sobre a identificação e abordagem adequada de
pessoas com TEA. A Polícia Militar de Santa Catariana, já possui protocolos de
atendimento a pessoas com TEA, desde 2021, encabeçado pelo Tenente Coronel Adair
Alexandre Pimentel, que destacou em entrevista que:

“Esse protocolo ajuda o policial a identificar o autista e dá a ele ferramentas


para que possa abordar. Depois de identificado o autista, o policial pode
desligar o giroflex da viatura, reduzir o volume do rádio, falar mais baixo,
mais pausadamente, evitar gestos bruscos, ganhar a confiança. Tudo isso
está no protocolo”. ( PIMENTEL, 2021)

A polícia militar do Paraná (qual polícia? PM, PC…), em abril de 2023, realizou
o primeiro seminário referente ao atendimento a pessoas com autismo com o objetivo de
levar aos militares estaduais as peculiaridades do atendimento a uma ocorrência policial
envolvendo pessoas autistas.
No Distrito Federal, relatos de casos envolvendo jovens autistas que tiveram
seus direitos violados devido à falta de conhecimento por parte dos profissionais que
lidam com o público em geral são cada vez mais frequentes. A falta de compreensão
sobre as particularidades do transtorno e a falta de habilidade para lidar com elas são
alguns dos principais fatores que contribuem para essas situações. Um exemplo ocorreu
em 2021, quando Arthur Skyler Santana, um jovem autista, foi impedido de entrar no
metrô do Distrito Federal junto com seu cão de assistência por profissionais de
segurança despreparados. Outro episódio preocupante aconteceu em 2022, envolvendo
um menino autista que se recusou a voltar à escola após ter sido constrangido por uma
professora. Esses casos ilustram a proximidade e a relevância do tema, ressaltando a
necessidade urgente de conscientização e capacitação dos profissionais para garantir o
respeito aos direitos das pessoas com TEA.
A Polícia Militar do Distrito Federal tem demonstrado um compromisso com a
inclusão e o respeito aos direitos humanos, além de buscar a profissionalização de seus
servidores e empenhado em promover pesquisas e treinamentos que capacitam seus
profissionais de segurança pública a lidar de forma eficaz com pessoas com deficiência.
Um exemplo sobre o compromisso da PMDF a respeito do tema é o estudo realizado
por Trajano (2021), que enfatiza a importância dos serviços de denúncia destinados aos
surdos e uma análise a legislação brasileira voltada a esse público, visando garantir seus
direitos individuais e coletivos, bem como fornece ferramentas adequadas para o
atendimento.
Outra pesquisa relevante sobre inclusão e atendimento respeitoso a pessoas em
situação de vulnerabilidade foi realizada por Feitosa (2021), que investigou os
procedimentos de atendimento a indivíduos em surdos psicóticos. O estudo considerou
fontes como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) e concluiu que
não existe uma padronização nas abordagens policiais nessa situação específica. Com
base nessa pesquisa, foi recomendada a revisão do manual de atendimento, após testes e
aplicação das teses levantadas. Esses protocolos poderiam ser expandidos e estudados
no contexto de pessoas com TEA em estado de desregulação, quando a intervenção
direta do policial militar é necessária para garantir sua integridade física e a segurança
das pessoas ao seu redor. Essas iniciativas são fundamentais para fortalecer a atuação da
polícia no atendimento a indivíduos com deficiência e promover uma abordagem mais
eficaz e inclusiva.
Além disso, a PMDF tem direcionado esforços para a estruturação do seu
trabalho na área de Polícia Comunitária, abrangendo diversas frentes. No Plano
Estratégico Polícia Militar do Distrito Federal (2023-2034), destacam-se as iniciativas
voltadas para a aproximação e o fortalecimento dos laços entre a polícia e a
comunidade. Isso envolve a promoção de ações de prevenção, participação cidadã,
parcerias com instituições locais e o desenvolvimento de programas de capacitação dos
policiais o que inclui o atendimento a pessoas com deficiência, abaixo os objetivos
previstos:
5. Objetivo: Estimular o desenvolvimento técnico-profissional e científico em
segurança pública.

Estratégia: 5.1. AMPLIAR A CAPACITAÇÃO DE OFICIAIS NA GESTÃO


ORGANIZACIONAL. Iniciativa estratégica:

5.1.1. Desenvolver e implementar projetos de capacitação (qualificação)


continuada para gestores, com foco nas diversas áreas da gestão em nível
estratégico e tático.

5.2. AMPLIAR A CAPACITAÇÃO DOS POLICIAIS MILITARES EM


ATIVIDADES TÉCNICOPROFISSIONAIS. Iniciativas estratégicas:

5.2.1. Desenvolver e implementar projetos de educação técnico-profissional


continuada;

5.2.2. Desenvolver e implementar projeto de capacitação o policiamento


comunitário e de proximidade, na análise criminal e no policiamento
orientado para a solução de problemas;

5.2.3. Desenvolver e implementar programa de capacitação dos policiais


militares em prevenção criminal pelo desenho ambiental (CPTED);

5.2.4. Desenvolver projetos de capacitação em inteligência policial; 5.2.5.


Desenvolver projetos de capacitação para operadores de programas sociais
desenvolvidos no âmbito da PMDF.

Desde 1993, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) desenvolve um


projeto social de equoterapia voltado para pessoas com deficiências, incluindo aquelas
com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O programa, coordenado pelo
Comando de Policiamento Montado da PMDF, utiliza a interação com cavalos como
uma terapia para estimular o desenvolvimento físico, emocional e social dessas pessoas.
A PMDF tem investido em infraestrutura adequada, profissionais especializados e
parcerias com instituições de saúde e educação para garantir a qualidade do
atendimento.
A diversidade do TEA requer uma abordagem policial sensível e adaptada,
evitando situações de risco e mal-entendidos. A definição de diretrizes adequadas
capacitará os policiais para um atendimento eficaz e empático, promovendo um
ambiente seguro e inclusivo. Estudos aprofundados sobre as melhores práticas no
atendimento policial a pessoas com TEA são essenciais para identificar estratégias
eficazes de comunicação e intervenção além de estabelecer procedimentos que
possivelmente fortalecerá a polícia, tornando-a mais inclusiva e preparada para atender
a todas as demandas da comunidade, incluindo as pessoas com TEA.
Em suma, a inclusão de procedimentos específicos em instruções normativas da
Polícia Militar do Distrito Federal para lidar com pessoas com TEA é fundamental,
conforme verificado nas referências apresentados, além de se tratar de uma tendência de
estudo dentro do contexto das polícias internacionais e nacionais.

6. Cronograma

Atividade 2023 2024

Mai Jun Jul Ago Set N… Jan Fev Mar Abr Jun Jul N…

1 Definição x
de tema,
objetivos,
relevância
, etc

2 Revisão x x
da
literatura

3 Orientaçã X x X X X X
o

4 Produção X x x x
do texto
principal

7 Apresenta x
ção em
Banca

8 Revisão x
ortográfic
a e ABNT

9 Depósito x
da versão
final
5. REFERÊNCIAS

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com Deficiência. Nova York: Nações Unidas, 2006.
WHITMAN, Thomas L. O desenvolvimento do autismo: social, cognitivo, linguístico,
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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
FERNANDES, Fátima Rodrigues. O que é o Autismo?: MARCOS
HISTÓRICOS. In: O que é o Autismo?: MARCOS HISTÓRICOS. São Paulo, 1 mar.
2020. Disponível em:
https://autismoerealidade.org.br/o-que-e-o-autismo/marcos-historicos/. Acesso em: 5
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a-cada-44-criancas-segundo-cdc/>.  Acesso em: 05 de junho de 2023.

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diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas,1994a.

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Transtorno do Espectro Autista: definição e epidemiologia. In: BOSA, Cleonice Alves;
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SIDO - CONSTRANGIDO-POR-PROFESSORA.GHTML. Globo.com, [S. l.], p. 1-3,
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PM aprova cartilha para atendimento e abordagem a pessoas com autismo: A Nota
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https://sctododia.com.br/geral/protocolo-da-policia-militar-orienta-na-abordagem-de-pe
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