Você está na página 1de 10

EXCELENTISSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 3ª VARA DA FAMÍLIA

ESUCESSÕES DO FORO CENTRAL CIVEL- SP

processo 1040645-41.2023.8.26.0100

MARIA EDUARDA DE SANCTIS


COURBASSIER GONÇALVES, devidamente qualificada, neste ato representada por sua
mãe ANA PAULA DE SANCTIS KAROLENSKI REZENDE, também qualificada, por sua
advogada e bastante procuradora abaixo assinada, vêm, respeitosamente, perante a
presença de Vossa Excelência, apresentar sua MANIFESTACAO sobre a contestação de
Fls.289/295:
Primeiramente, data máxima vênia, a
contestação trazida pelo Réu não merece prosperar, vez que ao invés de debater
precisamente os fatos trazidos na exordial, trouxe uma defesa genérica no intuito de
protelar a eficácia do processo, denotando apenas sua intenção de defender o
indefensável com meras alegações desprovidas da realidade dos fatos.
Alegou, em suma que não tem condições
financeiras para arcar com o valor justo de pensão com a justificativa que contraiu
novas núpcias e que tem outros filhos, alegou dívida contraída a caráter de
empréstimo, ademais alegou que as despesas mensais da criança colacionadas nos
autos são distorcidas da realidade.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Requerido apresenta preliminar tentando


impugnar a justiça gratuita alegando a renda da genitora como impedimento, mas cabe
lembrar ao nobre colega que o pedido de justiça gratuita é feito pela requerente uma
criança de 12 (doze) anos de idade, assim sendo menor, que não aufere renda própria,
sendo dessa forma como previsto pela nossa constituição beneficiada pelo direito de
justiça gratuita. artigo 99, §3º, do Código de Processo Civil, lhe garante a concessão do
benefício da gratuidade da justiça em razão da presunção de sua insuficiência de
recursos.

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
Pelo exposto, com base na legislação específica
vigente e na garantia fundamental inserida na Constituição da República, mantém-se o
pedido da requerente a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, para fins de
isenção das custas processuais, bem como de eventuais honorários advocatícios,
garantindo-lhe, deste modo, o efetivo acesso à justiça.

Tal situação, configura motivo suficiente para a


revisão dos alimentos prestados, especialmente quando o valor pago se mostra
insuficiente para suprir a necessidade dos alimentados, em observância ao princípio da
proporcionalidade.
Sobre tal princípio, a doutrina destaca;

“Ainda que ocorra coisa julgada em sede de alimentos, prevalece o princípio da


proporcionalidade. Estipulado o encargo, que por acordo, decisão judicial, possível é
a revisão caso tenha sido desatendido o parâmetro possibilidade-necessidade
quando estabelecidos os alimentos. Mesmo que não tenha ocorrido alteração quer
das possibilidades do alimentante, quer das necessidades do alimentado, admissível
a adequação a qualquer tempo. Ora, se fixado o montante dos alimentos sem que,
por exemplo, saiba o credor dos reais ganhos do devedor, ao tomar conhecimento de
que o valor estabelecido desatendeu o princípio da proporcionalidade, cabe buscar a
redefinição, sem que a pretensão esbarre na coisa julgada” (DIAS, Maria Berenice.
Manual de Direitos das Famílias- Edição 2017, e-book, 28.42. Proporcionalidade e
coisa julgada)

DAS NECESSIDADES DA REQUERENTE- CRIANÇA DE 12 ANOS DE IDADE

Desde o rompimento do relacionamento, em


2016, a criança está sob os cuidados maternos, de modo que ela tem sido a principal (e
muitas vezes única) responsável por custear suas despesas, além de realizar sozinha
todo o seu trabalho de cuidado, conciliando com o trabalho que exerce para manter o
sustento da casa.
florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
O fato do requerido se negar a contribuir de
maneira efetiva para o sustento da filha, só demonstra efetivamente que o Requerido
não tem a mínima noção dos custos para a manutenção de uma criança. É claro, a
situação para quem não está com a guarda é bastante cômoda, pois quando pega os
menores nos momentos de visita este já está devidamente vestida, medicada,
vacinada, alimentada e educada. Não viu o Réu todo o perrengue e preocupação que
a genitora tem para fazer render o que recebe e o pouco que ganha para dar o melhor
para a requerente.
Trata-se de uma criança de 12 anos! Quando
o requerido começou a pagar a pensão em 2019 as necessidades da criança eram
outras, é lógico que os custos vão aumentando à medida que a criança vai crescendo.
Todos os gastos básicos dos Autores, como
alimentação, vestuário, educação e moradia, sofreram reajustes bem superiores,
desde que o genitor deixou o lar conjugal.

Não há o que falar quanto adequação ao


padrão de vida da requerente, uma vez que deve se manter o padrão que tinha na
constância do relacionamento dos genitores.
O propósito da Requerente é legal e legítimo,
e visa restabelecer o justo equilíbrio no trato da questão alimentar.

DO TRABALHO GRATUITO DE CUIDADO EXERCIDO PELA MÃE

O requerido questiona o trabalho de cuidado


exercido pela mãe e o pedido feito na exordial para que fosse levado em consideração,
ele não deve ter conhecimento de quantas tarefas são realizadas para a manutenção
da criança devido ao seu pouco convívio com a requerente, mas vale salientar que que
é ela quem exerce todo o trabalho de cuidado dos autores. 

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
É ela quem exerce o trabalho de cozinheira,
doméstica, babá, enfermeira e todas as funções de cuidado que os menores
necessitam. Após breve pesquisas podemos ver a disparidade entre os valores que
seriam pagos caso essas funções fossem desempenhas por profissionais remunerados
e não de forma gratuita como é feito pela genitora dos requerentes, e o atual valor
pago a título de pensão alimentícia.

Vale frisar que o trabalho de cuidado é um


trabalho e, se atribuído valor econômico a todas as funções listadas acima e exercidas
pela mãe, a sua contribuição ultrapassaria e muito, como podemos ver no gráfico
acima, o percentual requerido a título de alimentos.

Se a mãe não realizasse esse trabalho,


alguém estaria recebendo para fazê-lo. Portanto, ela está contribuindo e muito para
o sustento da requerente. 
Além do tempo e recursos financeiros
(sobretudo de transporte e aquisição de itens necessários para a rotina) despendidos
para a realização dessas tarefas, há que ser reconhecida a carga mental da genitora
destinada ao gerenciamento da vida do filho em detrimento das suas aspirações
profissionais, descanso e lazer. 

Sobre a necessidade de se considerar o trabalho de cuidado da


genitora no cômputo da fixação da pensão alimentícia,
manifestou de forma brilhante o Desembargador Relator Alan
Sebastião de Sena Conceição, acompanhado na 26

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
unanimidade pelos demais Desembargadores, no Agravo de
Instrumento nº 5198943.51.2020.8.09.0000, que tramitou no
Tribunal de Justiça de Goiás/GO: “Além disso, entendo que a
elevação moderada do valor dos alimentos, com o fim de
melhor adequar às necessidades da infante, não prejudicará
financeiramente o genitor alimentante, ao passo que,
aparentemente, uma pensão alimentícia em pequeno valor
não atende às necessidades de subsistência da alimentada.
Lado outro, é imperativo levar em consideração que as horas
de cuidado que se tem com um filho têm um custo invisível
que, ao que tudo indica, é predominantemente pago, no caso
vertente, pela mãe recorrente. Assim, não se pode
sobrecarregar ainda mais a genitora predominantemente
responsável pelo desempenho das funções que a criança
alimentada necessita para sua vida e seu pleno
desenvolvimento (alimentação, higiene, educação, cuidados
com a saúde, lazer, moradia, vida em sociedade). Avulta-se
relevante, assim, ter-se em conta que o tempo investido na
criação de um filho representa um capital invisível4 que, no
tecido social atual, geralmente é imputado
desproporcionalmente à maternidade - desequilíbrio este que
poderá ser melhor aferido ao longo da instrução processual,
mas que desde já encontra respaldo nos elementos probantes
jungidos ao feito, até mesmo como decorrência lógica do fato
de que, na prática, a guarda está sendo exercida na forma
alternada, sendo o maior lapso temporal de responsabilidade
materna, nos termos delineados na própria decisão agravada.”
(gn)

Desta forma, é crível que a mãe e o trabalho


de cuidado que ela exerce, além da contribuição in pecúnia e in natura que ela já
oferta, faça parte desta equação e não seja invisibilizada e nem menosprezada nesse
momento, pois do contrário os elementos balizadores da fixação da pensão
alimentícia não estariam sendo observados. 

Uma pensão alimentícia mal fixada,


Excelência, não traz prejuízos e impacta a vida somente da criança, mas também os
direitos de sua genitora guardiã, que vive fazendo renúncias pessoais e profissionais
para dar uma vida digna aos filhos, que faz empréstimos, deixa de comprar para si
mesma para dar a filha, que compromete muito mais do que 20% dos seus
rendimentos para custear as despesas da criança, e que vive em constante estado de

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
sobrecarga financeira e emocional, enquanto o pai goza de uma vida tranquila, com
todos os privilégios que ela já lhe oferece.
 
.
DA CONSTITUIÇÃO DE NOVA FAMILIA

Alega o Réu que não possui condições


financeiras para arcar com o pagamento dos alimentos no patamar JUSTO e alega
apenas ter condições de contribuir com a quantia irrisória de R$325,00 (trezentos e
vinte e cinco reais).
Pois bem, sabemos que crianças de tenra
idade são completamente dependentes de seus genitores, emocional e
financeiramente. O valor para custear uma criança é muito maior do que R$325,00
(trezentos e vinte e cinco reais).
A pensão alimentícia é destinada para suprir os
gastos mensais que uma criança tem, gastos fixos e recorrentes, como por exemplo
alimentação, saúde, remédios, terapias, manutenção da casa onde moram, não
podendo tal direito ser negligenciado. 
A genitora da requerente não pode deixar de ser
mãe e cumprir suas obrigações como tal, assim o requerido não pode deixar de ser pai e
cumprir suas obrigações legais!!
Excelência, não há uma lei obrigando o genitor a
amar seus próprios filhos, porém há uma lei que o obriga a suprir financeiramente as
necessidades destes e é isso que a requerente busca!
Todas as despesas médicas, alimentação, vestuário,
lazer, educação da criança fruto do relacionamento do ex-casal são suportadas pela
genitora, estando ela sobrecarregada financeiramente.
Analisando a peça de defesa, é possível identificar
que a tese apresentada se baseia na constituição de nova família o que, supostamente,
gerou novos custos ao requerido, sendo que tais custos, conjugados ao pagamento de
pensão alimentícia em um valor JUSTO, estariam influenciando no sustento da família
como um todo.
No entanto, não foi juntado aos autos nenhum
tipo de comprovação neste sentido, nem em relação aos gastos extras e nem em
relação ao impacto que tal fato traria ao orçamento doméstico, violando o artigo 373
do Código de Processo Civil.

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
A mera alegação de constituição de nova família
não autoriza automaticamente a redução do valor de pensão pago a filhos de outra
união.

O requerido já sabia de sua obrigação alimentar


quando contraiu novas núpcias e optou por ter novos filhos decorrentes deste
relacionamento, desta forma, trata-se de PLANEJAMENTO FAMILIAR e a requerente
não pode ser severamente prejudicada pelas escolhas que genitor fez.

Neste sentido, é pacífico o entendimento do


Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REVISIONAL DE


ALIMENTOS. NASCIMENTO DE OUTRO FILHO. CONSTITUIÇÃO DE
NOVA FAMÍLIA. NÃO INFLUÊNCIA. SÚMULA N. 83/STJ.
INEXISTÊNCIA DE PROVA DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE
FINANCEIRA. REVISÃO DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ.
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. ALEGAÇÃO DE NÃO OCORRÊNCIA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. IMPROCEDÊNCIA. 1. Refoge da
competência outorgada ao STJ analisar suposta ofensa a
dispositivos constitucionais em sede de recurso especial. 2.
Considera-se improcedente a arguição de ofensa aos
arts. 165, 458 e 535 do CPC quando o Tribunal a quo se pronuncia,
de forma motivada e suficiente, sobre os pontos relevantes e
necessários ao deslinde da controvérsia. 3. Incide a Súmula n. 7
do STJ na hipótese em que o acolhimento da tese defendida no
recurso especial reclamar a análise dos elementos probatórios
produzidos ao longo da demanda. 4. A constituição de nova
família pelo alimentante não implica, necessariamente, a revisão
dos alimentos prestados aos filhos da união anterior,
principalmente se não for comprovada a mudança negativa na
sua capacidade financeira. Incidência da Súmula n. 83/STJ. 5.
Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido (g. N.).
(STJ - REsp: 1323734 PR 2012/0101446-2, Relator: Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, Data de Publicação: DJ 05/05/2015). 

Desta forma, totalmente incabível a fixação


dos alimentos nos valores mencionado pelo requerido, eis que não custeiam as
necessidades básicas de toda sua prole.

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
DAS REAIS CONDIÇÕES DO REQUERIDO

O requerido alega ter uma dívida acima de


cem mil reais contraída através de empréstimo bancário, vale lembrar que essa dívida
possivelmente é efetuada de maneira parcelada, e ao ser contraída deveria levar em
consideração as responsabilidades do genitor quanto a manutenção e qualidade de
vida dos filhos.
O genitor também traz em sua contestação
acusações de que o valor médio de custo e manutenção de seus cães de raça são
valores ilusórios, insta salientar se tratar de cães de grande porte que exigem cuidados
e manutenções específicas, assim sendo os valores trazidos na exordial, trata-se de
valores médios para animais dentro dos parâmetros referentes ao animais possuídos
pelo requerido, um vez que o requerido não apresentou comprovantes que provassem
que os valores apresentados pelo requerente fossem absurdamente maior.
O fato discutido nos autos, não é o direito do
requerido de possuir ou não cães de estimação mas sim o valor gasto com esses
animais em relação ao valor irrisório oferecido a sua filha, uma criança em pleno
desenvolvimento com 12 anos de idade, que possui muitas e priotárias necessidades
que cães, mesmo assim o requerido oferece aos animais um padrão de vida superior
ao que se mostra disposto a oferecer a própria filha.

As contas básicas anexadas pelo requerido


aos autos nada provam, uma vez que a mãe da requerente arca com essas mesmas
despesas em relação a menor, já que a menor não trabalha não sendo assim capaz de
cuidar do próprio sustento.
O pedido pela quebra de sigilo bancário do
genitor, mantém-se necessária para comprovar sua real situação financeira, uma vez
que os extratos anexados aos autos não estão atualizados, e não demonstram na
integra a rela saúde financeira do genitor, não afastam a possibilidade de contas em
fintechs e semelhantes.

CONCLUSAO

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
Ante o exposto, uma vez impugnada a
contestação apresentada pelo Requerido, bem como os documentos que a
acompanham, requer que sejam rechaçadas todas as alegações aventadas na
contestação, bem como o acolhimento de todos os pedidos elencados na exordial.

Nestes termos,
pede deferimento.
São Bernardo do Campo, 21 de junho de 2023.
Debora Florencia da Silva
OAB/SP 414.143

florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903
florencio.advogados@outlook.com
(11) 9 4827.0179 | (11) 9 5026.0903

Você também pode gostar