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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Direito

Nhama João José Filipe: 31210036

Xai-Xai, Outubro de 2021


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Direito

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Direito do ISCED.

Nhama João José Filipe: 31210036

Xai-Xai, Outubro de 2021


1.0. Introdução

A interpretação da norma jurídica é de suma importância para o Direito e a


própria norma. É plausível estabelecer que, sem interpretação, não há a norma;
sem norma, não há interpretação; sem norma e sem interpretação, não surge o
Direito. Por interpretação jurídica, Vasconcelos (1998) é a teoria que, entende-se o
ato de extrair o significado e a extensão da norma, o que configura tal ato como
necessária para todas as matérias do Direito, ou seja, subordina-se às regras
impostas às demais leis.

Interpretar a norma é muito mais do que a simples aplicação normativa, é obter


respostas para os anseios da sociedade atual, fazendo com que se apresente o
Direito em um caso concreto. O intérprete da norma quando vai além do contexto fático
da aplicação do texto, ele dá vida ao texto, para que venha à tona o Direito.
2.0. Objectivos

2.1. Geral

Falar

2.2. Específicos

 Conceituar a interpretação jurídica


 Descrever as espécies da interpretação das normas jurídicas

2.3. Metodologia

Para a realização deste trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica e com ajuda de


alguns manuais relacionados com um tema em causa.
3.0. Definições de interpretação Jurídica

Interpretar é fixar o verdadeiro sentido e alcance da norma jurídica.

A interpretação da norma jurídica é de suma importância para o Direito e a


própria norma. É plausível estabelecer que, sem interpretação, não há a norma;
sem norma, não há interpretação; sem norma e sem interpretação, não surge o
Direito. Segundo Freud, “interpretar significa encontrar um sentido oculto em algo”
(MARMOR, 2004).

Segundo (GARCIA, 2012, p.35), Interpretar a norma jurídica significa obter o seu
verdadeiro sentido e alcance. A norma jurídica é criada pelo homem, tendo em vista
fins, valores, ideologias e a realidade social significa a concretização dos valores
e supõe uma finalidade, pois toda obra do homem é teleológica, daí se poder
dizer que a norma jurídica pertence ao mundo da cultura.

Interpretar é fixar o verdadeiro sentido e alcance da norma jurídica.

De acordo com LUIZ NIERTA (2003) Interpretação Jurídica é aprender ou


compreender os sentidos implícitos das normas jurídicas.

Interpretação Jurídica é indagar a vontade atual da norma jurídica e fixar o seu campo
de incidência (João Batista Herkenhoff).

Interpretar a lei é revelar o pensamento que anima as suas palavras (Clóvis Bevilacqua).

Interpretação Jurídica (elementos)


a) Revelar o sentido ou sentidos da norma jurídica: descobrir a finalidade Celso
(jurista da Roma antiga): “Saber as leis não é conhecer-lhes as palavras, mas sim
conhecer a sua força e o seu poder” (necessário ir além da superfície das palavras)

b) Fixar o seu alcance: determinar o seu alcance, a que categoria a norma se dirige.

c) Norma jurídica: a interpretação jurídica se volta para a norma jurídica. Norma


jurídica é um conceito amplo, pode ser uma lei, os itens de um contrato, os costumes.
Apenas as leis devem ser interpretadas
Normas jurídicas não são apenas as leis e não são só elas que devem ser interpretadas,
embora sejam elas o objeto principal da interpretação. Todas as normas jurídicas
podem ser objeto de interpretação.

Necessidade da Interpretação
“Dispensa-se a interpretação quando a lei é clara”

A interpretação sempre é necessária, mesmo quando as palavras da lei/norma jurídica


sejam claras ou obscuras.

3.1.1. Princípios de interpretação constitucional

Os princípios de interpretação constitucionais são de fundamental importância para a


compreensão constitucional. Eles, segundo, Carlos Henrique Bezerra Leite (2015,
p.69), têm a função destinada ao aplicador do Direito, pois este se presta à
compreensão dos significados e sentidos das normas constitucionais, que compõem
o ordenamento jurídico. Como a diversos meios hermenêuticos jurídicos, tais
princípios oferecem vários caminhos para a completude constitucional e
desempenham um grande papel na própria delimitação e a escolha dos métodos
adotados nos casos submetidos a decisão do juiz.

Princípio da unidade da constituição

O princípio da unidade da constituição, segundo Bercovici (2000, p. 95), é essencial


para a interpretação das normas constitucionais, enquanto parte de um ordenamento
jurídico como um todo, que é o texto constitucional. Para o autor, os princípios são de
origem ético-valorativa e dão a ideia que fundamenta os postulados de justiça
inerentes ao indivíduo, ao seu ser

Princípio da concordância prática ou da harmonização


O princípio da concordância prática ou harmonização, como refere Nishiyama
(201 1), está ligado ao princípio da unidade e do efeito integrador das normas. Impõe
coordenação combinação dos bens jurídicos do conflito, de maneira a evitar que um se
sacrifique em prol dos demais. É observado, nos dias atuais, na colisão entre
direitos fundamentais ou entre direitos fundamentais e bens jurídicos tutelados
constitucionalmente. Tem como cerne impedir o uso de uns princípios por meio
da interpretação em detrimento de outros, estabelece limites e condicionamentos
recíprocos para conseguir uma harmonização ou concordância prática para estes bens
(NISHIY AMA, 2010).

Princípio da justeza ou da conformidade funcional

O princípio da justeza ou da conformidade constitucional, segundo Nishiyama


(201 1), é considerado mais um princípio autônomo de competência do que
propriamente um princípio de interpretação constitucional. Tem como finalidade
impedir , em sede de concretização da constituição a alteração da repartição de
funções constitucionalmente estabelecida, ou seja, os órgãos responsáveis pela
interpretação da constituição estão impedidos de chegarem a um resultado que
subverta o esquema organizatório constitucionalmente estabelecido (NISHIY AMA,
2011).

Seguindo esse princípio limitador , o intérprete se limita ao esquema da


organização constitucional, sem se opor a regras pré-estabelecidas.

Princípio da eficácia integradora

O princípio da eficácia integradora ou de efeito integrador , para Nishiyama


(201 1), é calcado pela unidade constitucional, na maioria das vezes, significa
que na solução dos problemas jurídicos constitucionais. O intérprete deve dar
preferência aos critérios que no ponto de vista favoreçam a integração político
social o e o reforço da unidade política. Princípio autônomo de interpretação
significa que a constituição deve ser interpretada de tal modo que não haja
contradições entre suas normas.
Princípio da força normativa da constituição

Esse princípio está relacionado com a resolução dos problemas jurídico


constitucionais que se apresentam ao intérprete deve se dar mediante a garantia
da maior eficácia, aplicabilidade e conservação das normas constitucionais. O
princípio da força normativa da constituição deve dar prioridade às soluções
interpretativas que compreendam a história das estruturas constitucionais,
possibilitem a sua atuação normativa, garantindo a sua eficiência e permanência
(NISHIY AMA, 2011).

Princípio da máxima efetividade

O princípio da máxima efetividade significa que a uma norma constitucional deve ser
conferido o sentido que maior eficácia lhe conceder . Na realidade, é um princípio
operativo em relação a todas e quaisquer outras normas constitucionais. Embora
sua raiz esteja relacionada à tese da atualidade das normas programáticas,
hodiernamente é invocada no âmbito dos direitos fundamentais; ou seja, no caso
de dúvidas, o intérprete deve preferir a interpretação que reconheça maior
eficácia aos direitos fundamentais (NISHIY AMA, 201 1).

Este princípio é também chamado de princípio da interpretação efetiva, segundo


Nishiyama (201 1), o princípio da máxima efetividade significa que se deve
atribuir a uma norma constitucional o sentido de maior eficácia.

Princípio da interpretação conforme a constituição


Para ter uma melhor compreensão da exegese constitucional, é preciso ater-se à
palavra princípio. Ela é equívoca, aparece com sentidos diversos, apresenta a acepção
de começo, início, origem (SIL V A, 2008, p.93).

A interpretação conforme a constituição deve observar os princípios constitucionais


gerais, princípios jurídico-constitucionais. Constitui desdobramento dos princípios
fundamentais gerais da constituição, devendo ser estabelecidos como a suma
genera do Direito Constitucional (SIL V A, 2008).

A interpretação conforme a constituição tem que ser apreciada como a palavra chave
para a construção teórica da Hermenêutica constitucional, e daí se justifica a atenção
desenvolvida pelos juristas na sua descoberta e elucidação (SIL V A, 2008, p.95).

A interpretação está intimamente ligada ao controle de constitucionalidade, de modo


que o intérprete deve restringir-se ao texto constitucional (SIL V A, 2008, p. 95).

Limites da interpretação constitucional

Os limites da interpretação constitucional estão na própria constituição e em


princípios constitucionais nela dispostos. Limitam o intérprete a se ater às
normas do ordenamento constitucional. A constituição é, ela própria, o objeto
de conhecimento, apesar de ser inegável o viés político da Hermenêutica
constitucional (DINIZ, 1998, p. 236).

Segundo a Semântica de Kelsen (2015, p.390), o Direito deve aplicar-se junto


com à Hermenêutica é a constituição uma espécie de moldura, dentro da qual existem
várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao Direito, devendo o
intérprete se manter dentro desta moldura, deste quadro, e para se ter uma completude
preencha esta conforme os limites norteados por ela.

Os princípios devem ser firmemente observados, estes, gerais dos direitos não
podem ser violados por estarem implícita ou explicitamente na constituição, pois
estes são o limite da interpretação constitucional, são os limites quando não se
vislumbra a solução fática nas normas constitucionais positivadas (GRAU, 2005,
p.44).

Interpretação constitucional como fonte de validade da norma jurídica

A interpretação constitucional é fonte da validade da interpretação da norma.


Esta não pode estar em desacordo com a norma. Funciona como um esquema
de interpretação, um fato externo que em conformidade com seu significado
objetivo determinado no espaço e no tempo, pois o ordenamento jurídico, a
constituição, é fonte de validade da norma, não podendo esta estar em desacordo
com aquela (KELSEN, 2015).

A norma deve ser interpretada conforme o ordenamento, este o fundamento do


Estado, a razão do ser estatal. A validade da norma jurídica deve sempre estar
pautada na sua adequação constitucional (KELSEN, 2015).

Interpretação constitucional como fonte de validade da decisão nos


procedimentos administrativos judiciais e legislativos

A interpretação constitucional é a fonte principiológica para os procedimentos,


estatais administrativos, judiciais ou legislativos. T ais procedimentos devem ser
pautados do vetor constitucional, pois a tarefa da interpretação é a concretização da
lei maior, em cada caso, o que o é também a tarefa de sua aplicação (DINIZ,
1998, p.225).

3.1.2 Espécies de Interpretação


Quanto à Origem
 Autêntica: emana do próprio poder que produziu o ato normativo e cujo
sentido e alcance ele mesmo declara por meio de outro ato normativo.
Contextual: o legislador faz no texto da lei.
Posterior: feita pelo sujeito após ditada a lei.
 Judicial: resultante das decisões prolatadas pela justiça por meio de sentenças,
acórdãos, súmulas (vinculantes ou não).
 Administrativa: cuja fonte elaboradora é a própria administração pública
direta ou indireta por meio de seus órgãos mediante pareceres, despachos,
decisões, circulares, portarias.
Um magistrado pode emitir uma interpretação administrativa? Por quê?

Essa interpretação não se restringe às autoridades e pessoas do Poder Executivo, mas


abrange qualquer representante do Poder Público na sua competência administrativa.
Assim, tanto o juiz como os membros do Poder Legislativo também administram, e a
interpretação levada a efeito por eles no exercício dessa função será administrativa.
Tal interpretação vincula as autoridades que estiverem no âmbito das regras
interpretadas, mas não impede que os particulares adotem interpretações diversas.

• Doutrinária: realizada cientificamente pelos doutrinadores e juristas em suas obras


e pareceres.

Quanto à Natureza
 Literal ou Gramatical: exegese literal. Toma como ponto de partida o
significado e alcance de cada palavra da norma jurídica. É calcada no pé da
letra. É muito utilizada.
 Lógico-Sistemática: busca descobrir o sentido e o alcance da norma situando-
a no conjunto do sistema jurídico. Busca compreendê-la como parte integrante
de um todo em conexão com normas jurídicas e/ou princípios que com ela se
articulam logicamente.
OBS: Deve o interprete empregar, harmoniosamente, as técnicas gramatical e lógica;
havendo contradição entre ambas, prevalece a lógica.
 Histórica: indaga acerca das condições de meio e de momento da elaboração
da norma jurídica, bem como de causas pretéritas da solução dada pelo
legislador (origo legis e occasio legis).
 Teleológica: busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou tutelar.

Quanto aos Resultados


 Extensiva: intérprete conclui que o alcance da norma é mais amplo do que
indicam os seus termos. Nesse caso afirma-se que o legislador escreveu menos
do que queria dizer (“minus scripsit quam voluit”). O intérprete, alargando o
campo de incidência da norma, irá aplicá-la a situações não previstas
expressamente em sua letra, mas que se encontram virtualmente nela incluída.
 Restritiva: aquela em que o intérprete restringe o sentido da norma ou limita
sua incidência, para concluir que o legislador escreveu mais do que queria
escrever (“plus scripsit quam voluit”), eliminando o intérprete desta maneira
a amplitude das palavras.
 Declarativa ou Especificadora: limita a declarar ou esclarecer o pensamento
expresso na norma jurídica sem estendê-la nem restringi-la em acepções e
alcance. É aquela em que o intérprete conclui que as palavras da lei expressam
de forma exata o espírito da lei.
Ex: normas tributárias.

 Analogia: somente ocorre quando uma cláusula genérica se segue a uma


fórmula casuística (minuciosa), devendo entender-se que aquela somente inclui
os casos análogos mencionados por esta. Aplica-se interpretação analógica
quando a própria lei determina que seus preceitos sejam complementados pela
analogia.
- Nos casos de obscuridade: o interprete deve preferir o sentido mais verossímil e o
mais prático.
- Nos casos de dúvida: em que a lei for suscetível de diversos sentidos, deve o
interprete adotar o que for mais conforme a letra da lei ou o que for mais benigno.
- Nos casos em que a lei é silenciosa: o interprete pode aplicá-la a casos não
previstos por ela, uma vez que nestes se verifiquem os mesmos motivos fundamentais,
de acordo com:
 Que a parte se contenha no todo;
 Que o gênero compreenda a espécie;
 Que a mesma razão pressuponha a mesma disposição.

4.0.Conclusão
5.0.Referencias Bibliográficas

https://jus.com.br/artigos/normas-eprincipios

https://jus.com.br/artigos/principiosda-hermeneutica

https://jus.com.br/imprimir/66484/ciencia-do-direito-ainterpretacao-normativa-como-a-
quarta-dimensao-do-direito

Manual de Hermenêutica e Interpretação do Texto Jurídico

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