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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

PROVÍNCIA DE INHAMBANE
GOVERNO DO DISTRITO DE MAXIXE
INSTITUTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CHICUQUE
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS DE EDUCAção
Texto de apoio No 1

Conceito de NEE.
NEE referem-se a toda e qualquer ajuda pedagógica que os alunos (excluídos ou não do
sistema escolar regular) necessitam para aprender. Isto é, há uma necessidade educativa
especial, quando um problema (físico, sensorial, mental, emocional, social, cultural, ambiental
ou qualquer combinação destes factores) afecta a aprendizagem, ao ponto de serem
necessários acessos especiais ao currículo e condições de aprendizagem especialmente
adaptadas, para que o aluno possa receber uma educação apropriada.
Em suma, um aluno tem Necessidades Educativas Especiais quando “apresenta algum
problema de aprendizagem ao longo da sua escolarização, que exige uma atenção mais
específica e maiores recursos educacional do que os necessários para os colegas da sua
idade”.
De modo mais amplo, define - se Necessidades Educativas Especiais a um «conjunto de
factores de risco, de ordem intelectual, emocional e físico, que podem afectar a capacidade de
um aluno em atingir o seu potencial máximo no que concerne a aprendizagem, académica e
sócio emocional».
Estes factores podem assim, originar “discapacidades” ou “talentos”. Podem afectar uma ou
mais áreas do funcionamento do aluno e podem ser mais ou menos visíveis (Correia, 2008:
43).
Pode-se dizer ainda que um aluno tem uma Necessidade Educativa Especial quando o
seu funcionamento na aprendizagem e no desenvolvimento encontra alguma
dificuldade e, por consequência lhe vem dedicada uma educação especial, mais eficaz e
específica, por via da integração e da inclusão (Ianes, 2005:11).

Então, podemos dizer que as necessidades educativas especiais são um problema


antropológico que se manifesta na inaptidão de adaptação do sujeito ao meio escolar.
Objectivos de NEE
Objectivo geral
Apoiar a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais de carater permanente
Objectivos especificos:
– Promover uma intervenção especializada e individualizada adaptada às necessidades e
características de cada um;
– Apoiar a elaboração, a implementação e monitorização de programas educativos
individuais;
– Criar e apoiar a produção de materiais de trabalho com conteúdos de apoio ao currículo
em formatos acessíveis, nos domínios da avaliação e da intervenção;
– Consciencializar a comunidade educativa para a inclusão de pessoas com deficiência;
– Promover o desenvolvimento de acções de apoio à família e à comunidade escolar;
– Promover o apoio à transição dos jovens para a vida activa, nomeadamente para o
emprego e promover a formação
- Desenvolver as potencialidades dos alunos
- Incentivar a autonomia, cooperação, espirito critico e criativo da crianca com NEE-
- Preparar alunos para participar activamente no Mundo social, cultural (Desporto, Arte e
Trabalho).
- Frenquentar a escola em todos fluxos de escolarização, respeitando ritimo proprio do aluno.
- Atender adequadamente as NEE do aluno no que refere a curriculo adaptado, metodos,
tecnicas e materiais de ensino diferenciado, ambientes emocionais, sociais da escola,
favoravel a integração social do aluno.
- Desenvolver programas voltados a preparação do aluno para o trabalho.
- Envolver a familia e a comunidade no processo do desenvolvimento global do aluno.
Em resumo

O conceito de NEE, esta relacionado com as ajudas pedagogicas ou servicos educativos


que determinados alunos possam precisar ao longo da sua escolarização, para conseguir
o maximo crescimento pessoal e social.

Deste conceito derrivam duas caracteristicas realativas as dificuldades dos alunos:

a) O seu caracter interativo: As dificuldades de aprendizagem de um aluno tem uma


origem fundamentalmente interrativa, dependendo tanto das condições pessoais do
aluno como das caracteristicas do contexto em que este se desenvolve, que é o mesmo
dizer, dentro da escola.
b) A sua relatividade: As dificuldades de um aluno não podem conceber-se como
definitivas, nem de forma determinante, dependerão das particularidades do aluno
num dado momento e num dado contexto escolar.
Princípios e diferentes enfoques provenientes da Educação Especial

De acordo com BRASIL/SEESP-MEC (1994), além de seguir os princípios democráticos de


igualdade, liberdade e respeito à dignidade, a educação especial é regida
por princípios norteadores, dentre eles os mais citados são: princípios da normalização,
integração e individualização.

Segundo SALAMANCA
• Cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e
manter um nível aceitável de aprendizagem,
• Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem
que lhe são próprias.
• Os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos implementados
tendo em vista a vasta diversidade e destas características e necessidades.
• As crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas
regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de
ir ao encotro dessas necessidades.
• As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes
para combater as atitudes descriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias,
construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; além disso,
proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa
óptima relação custo-qualidade, de todo o sistema educativvo.

Postura do professor tendo em conta as diversidades dos alunos na sala de aulas.

- Deve promover um ensino igualtorio e sem desigualdades

- O professor deve ser um mediador, facilitador, articulador de conhecimentos e nao apenas aquele
que detem os conhecimentos.

- Ele deve actuar como um pesquisador que provoca o aluno a ser curioso e descobrir a partir do seu
proprio questionamento.

- Deve convidar o aluno a ver a realidade como seu objecto de estudo.

- Dedicar a sua atenção profissional ao aluno com NEE integrado na turma de ensino regular.

- Proporcionar alunos com NEE, reforco pedagogico necessario para concluir com exito o seu
processo educativo.

-Elaborar programas gerais adaptados ao desenvolvimento individual e necessario para correcto


atendimento dos alunos que necessitam.

- Pôr em pratica os aspectos concretos dos programas que requerem atenção individualizada ou em
pequeno grupo dentro ou fora da sala.

- Elaboração do material didactico.


- Servir de elo de ligação com pais ou encaregados de educação com vista participação activa no
processo educativo dos filhos.

- Contribuir com sua experiencia e conhecimento no momento de planificação de forma que sejam
contempladas actividades para os alunos com NEE.

- Prestar esclarecimento a dirrecção da escola quanto as criancas que necessitam ser integradas e
aula em que vai se fazer a integração.

- Receber e conjugar as informacoes dos outros professores multidisciplinares para que seja
continuado na aula, o trabalho realizado individualmente com os alunos.

- Estudar conjuntamente as estrategias mais apropriadas as necessidades de cada criancas.

- Informar as familias sobre as NEE das criancas e o progresso das mesmas, informação acerca do
desenvolvimento é um elemento dinamizador das suas espectativas indo reverter em beneficio
das aprendizagem das criancas.

- Os pais devem ser informados e treinados para poderem realizar em casa um trabalho adequado
seguindo mesma linha programada na escola.

Tipos de NEE

Segundo Brennan (in Correia, 1999, p. 48) ”Há uma necessidade educativa especial quando
um problema físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…) afecta a aprendizagem ao
ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo (…) para que o aluno possa receber
uma educação apropriada.”

As Necessidades Educativas podem ser de dois tipos: permanentes ou temporárias.

As permanentes exigem uma modificação generalizada do currículo, que se mantém durante


todo ou grande parte do percurso escolar do aluno.

Neste grupo inserem-se as crianças e adolescentes cujas alterações significativas no seu


desenvolvimento foram provocadas por problemas orgânicos, funcionais, ou por défices
socioculturais e económicos graves.

A Necessidade Educativa Especial temporária exige uma modificação parcial do currículo


de acordo com as características do aluno, que se mantém durante determinada fase do seu
percurso escolar. Podem traduzir-se em problemas de leitura, escrita ou cálculo ou em
dificuldades ao nível do desenvolvimento motor, perceptivo, linguístico ou socio - emocional .

Segundo Luís de Miranda Correia (Correia, 1999, p.51) as Necessidades Educativas Especiais
podem ser de:

• Carácter intelectual: enquadram-se neste grupo alunos com deficiência mental, que
manifestam problemas globais de aprendizagem, bem como os indivíduos dotados e
sobredotados, cujo potencial de aprendizagem é superior à média.
• Carácter processológico: abrange crianças e adolescentes com dificuldades de
aprendizagem relacionadas com a recepção, organização e expressão de informação. Estes
alunos caracterizam-se por um desempenho abaixo da média em apenas algumas áreas
académicas, e não em todas, como no caso anterior.

• Carácter emocional: Neste grupo encontram-se os alunos com perturbações emocionais ou


comportamentais graves (ex: psicoses) que põe em causa o sucesso escolar e a segurança dos
que o rodeiam.

• Carácter motor: Esta categoria abarca crianças e adolescentes cujas capacidades físicas
foram alteradas por um problema de origem orgânica ou ambiental, que lhes provocou
incapacidades do tipo manual e/ou de mobilidade. Podemos citar a paralisia cerebral, a
espinha bífida, a distrofia muscular, amputações, poliomielite e acidentes que afectam a
mobilidade.

• Carácter sensorial: Este grupo abrange crianças e adolescentes cujas capacidades visuais
ou auditivas estão afectadas.

Quanto aos problemas de visão podemos considerar os cegos (não lhes é possível ler, e por
isso utilizam o sistema Braille) e os amblíopes (são capazes de ler dependendo do tamanho
das letras).

Relativamente aos problemas de audição, temos os surdos (cuja perda auditiva é maior ou
igual a 90 decibéis) e os hipoacústicos (cuja perda auditiva se situa entre os 26 e os 89
decibéis). Para além destes grupos podemos ainda indicar as crianças e adolescentes com
problemas de saúde (que podem estar na origem dificuldades de aprendizagem - diabetes,
asma, hemofilia, SIDA), com problemas provocados por traumatismo craniano e os autistas

De modo facilitar a comunicação entre aqueles que lidam com estas crianças, agrupam-se
geralmente as Necessidades Educativas Especiais nas seguintes categorias:

- Problemas motores

- Dificuldades de aprendizagem

-Cegos-surdos

- Deficiência mental

- Deficiência auditiva

- Perturbações emocionais graves

-Problemas de comunicação –

Deficiência visual

- Multideficiência

- Dotados e sobredotados –
- Autismo

- Traumatismo craniano

- Outros problemas de saúde

Diagnostico de crianças com NEE

- Diagnostico de crianças com NEE

Como já foi referido anteriormente, as Necessidades Educativas Especiais podem ser de


vários tipos e níveis, desde a deficiência motora, mental à sensorial.
Quando se trata de um aluno com determinada deficiência perceptível, como é o caso das
deficiências motoras ou mentais severas, síndromes como de Down ou de Tourette, o
processo de diagnóstico e avaliação torna-se mais eficiente, porque apesar de toda a
complexidade do problema os sintomas são mais transparentes e quando se chega à idade
escolar já existe um vasto caminho percorrido de avaliações e comprovativos médicos
especializados. Contudo, quando se trata de um aluno que ainda não está sinalizado, porque só
em idade escolar começou a manifestar distúrbios mentais ou sensoriais, ou dificuldades
cognitivas, o processo de avaliação vai ser muito complexo.

A maior parte das Necessidades Educativas Especiais só se manifestam em idade escolar, e


normalmente é o professor que observa que determinado comportamento ou incapacidade não
é normal para determinada faixa etária ou ano de escolaridade. Este é o ponto de partida do
processo de diagnóstico de uma possível Necessidade Educativa Especial e é muito
importante que o alerta seja dado o mais rápido possível para uma mais rápida avaliação e
posterior intervenção. Porque desde o diagnóstico à intervenção, consoante a existência de
docentes especializados na escola e a eficiência dos médicos a consultar, pode passar um ano
lectivo, prejudicando o processo de evolução e aprendizagem do aluno.
Na legislação em vigor subjacente à Educação Especial existe uma série de procedimentos
obrigatórios, e tratando-se de um aluno numa escola pública, o encaminhamento do caso é
feito para um docente de educação especial ou para o psicólogo da escola ou do agrupamento.
É importante lembrar que ao longo de todo o processo o aluno está a deparar-se com uma
realidade diferente e com a qual não está habituado, sendo por isso também essencial ter
acompanhamento psicológico de forma a não desenvolver fobia à escola e problemas de auto-
estima ou sociais, procurando-se enaltecer e valorizar os aspectos e as características positivas
relativas ao aluno, para tratar minuciosamente o que de bom existe e a partir dele construir um
projecto de intervenção evolutivo, activo e eficaz.
O envolvimento da família é solicitado logo desde o primeiro momento, tanto para obter
autorização para serem feitos determinados testes e exames de saúde, como para apoiar a
criança e averiguar se o possível problema não terá como base problemas familiares ou
sociais.
Porém, não há um formato estandardizado para o diagnóstico de alunos com NEE na escola
regular. Cada um dos aspectos inerentes ao diagnóstico – definição, motivos, objectivos,
fases, dificuldades, intervenção – apresenta uma enorme diversidade e complexidade e todos
eles têm que ser minuciosamente analisados. Os professores desempenham um papel muito
importante, uma vez que terão que observar outras possíveis manifestações que poderão
ajudar na sinalização e desenvolvimento do processo. Os especialistas normalmente
envolvidos vão desde o médico de família a psicólogos, psicopedagogos, terapeutas,
psiquiatras e outros médicos especialistas que usarão os métodos mais eficazes ao seu alcance
para damelhor forma ajudar no diagnóstico do problema. Todos os intervenientes no processo,
desde os professores, psicólogos, médicos de família e especialistas e sobretudo a família
farão parte de uma equipa, cujo trabalho conjunto é fulcral para o decorrer do diagnóstico e da
avaliação.
Os benefícios de uma avaliação eficaz são evidentes apesar das dificuldades que surgem ao
longo de todo o processo. Nem sempre é fácil diagnosticar, avaliar e sobretudo intervir
adequadamente. Na fase de diagnóstico a dificuldade prende-se com a ambiguidade do
problema do aluno e de todos os factores a ele inerentes, tornando o diagnóstico e a avaliação
num processo moroso, e que devido aos trâmites legais e burocráticos a serem seguidos,
limitam e interferem na eficácia da aplicação da intervenção. Por vezes a intervenção é tardia
o que penaliza o rendimento e o aproveitamento escolar do aluno e o possível tratamento da
disfunção diagnosticada.
Considero que consoante cada caso é necessário um reajustamento contínuo que implique não
só o progressivo aperfeiçoamento da aprendizagem, mas a produção de conhecimentos sobre
o próprio diagnóstico, uma vez que não é só importante diagnosticar, mas equacionar as
necessidades do aluno e relacioná-las com todos os factores, no sentido de uma concepção
inclusiva e construtivista da aprendizagem, permitindo ao aluno uma vida escolar mais
agradável.

- Tecnicas a usar na identigficaçao de crianças com NEE

Para identificar alunos com NEE na sala de aulas, o professor desempenha um papel
relevante, desde a identificação e tomada de atitude visando a integração do aluno com
NEE no processo de aprendizagem, até ao correcto acompamento do aluno neste
processo. A primeira etapa bastante relevante é avaliação do desempenho pedagógico
do aluno, de modo a determinar o nível de alcance das competências pretendidas. A
segunda etapa é o levantamento das prováveis causas das dificuldades de
aprendizagem, cuja confirmação será através de uma observação diária dos
comportamentos, de modo a determinar a frequência e o impacto destes
comportamentos no ritmo do aluno no processo de aprendizagem. No caso de o
professor não conseguir identificar o real problema, poderá recorrer à terceira
alternativa, em que, com a ajuda da escola e dos pais e encarregados de educação,
solicitará a intervenção de serviços especializados, cabendo ao professor fornecer
informações úteis que serão relevantes para a identificação da NEE.

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