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Educar é preparar no presente para agir no futuro.

É um processo de aprendizagem que se desenvolve ao longo de toda uma vida.


Por isso, a Educação diz demasiado respeito a cada um de nós para que seja fácil falar sobre ela sem
paixão.
A Educação é um ato que se inscreve tanto na sociedade como na história individual de cada um
refletindo-se, sobretudo, na infância.
São as nossas atitudes, os nossos comportamentos, a nossa forma de estar que se refletem no
professor que somos e nos jovens que se encontram junto de nós.
Ser professor implica uma formação constante. Implica a aquisição de todo um conjunto de
experiências pessoais e académicas, e de valores que se vão aprendendo ao longo da vida e que ditam a
nossa personalidade e o nosso reflexo nos outros.
Podemos com toda a certeza afirmar que todas as “pedagogias” e conceitos que nos foram
transmitidos durante a nossa formação académica não assumiram um papel tão importante quanto aquele
que assumiu a nossa prática enquanto docentes.
Aquilo que somos enquanto veículos transmissores de conhecimentos é indubitavelmente
influenciado pela experiência adquirida e que nunca se deixa de adquirir, pelos valores que pretendemos
transmitir.
Ensinamos porque gostamos de ensinar.
Temos plena consciência que ao ato de ensinar estão subjacentes todo um conjunto de metodologias e
estratégias indispensáveis para atingir o sucesso. Contudo é urgente alterar práticas pedagógicas,
reorganizar os adultos e os aprendentes, recalendarizar as aprendizagens.
A Escola de hoje deve andar de mão dada com a palavra Inclusão. A Escola de hoje deve ser uma Escola
Inclusiva, devendo os professores e alunos caminhar lado a lado, juntos.
Ser professor não significa, somente, ensinar dentro de uma sala de aula. Uma conversa de intervalo,
uma visita de estudo cada momento que estamos juntos, é um momento de partilha entre aluno e
professor.
Tudo passa pela comunicação e sem esta não existe aprendizagem. O professor é o mediador da
transmissão de conhecimentos de conhecimentos e do diálogo com os alunos.
A aprendizagem deve acontecer em função das singularidades pessoais e culturais. Com vista ao sucesso
deve constituir um fator surpresa.
Em cada ano letivo que passa encaramos dezenas de jovens com personalidades, sensibilidades,
culturas, vivências diferentes. Por muito cuidado que tenhamos acontece, muitas vezes, que a forma como
dialogamos ou qualquer coisa que façamos, tenha impactos diferentes em cada um dos nossos alunos.
Enquanto professora que ambiciona por uma Escola Inclusiva, estou plenamente consciente que um
aluno para aprender tem que se envolver e cabe a nós dar-lhe uma resposta.
Tal como foi dito no decorrer da primeira sessão, “O professor é a autoridade. Autoridade é a
capacidade de ajudar. Eles reconhecem a autoridade em quem ajuda.”
Enquanto docentes esperamos que os nossos alunos adquiram “ferramentas” para a vida. Tentamos, a
cada dia que passa, transmitir um pouco do que sabemos, para eles também saberem. O nosso papel é
precisamente preparar e ajudar os alunos a construir o seu futuro e, desta forma, podermos enriquecê-los
para que possam fazer opções.

Se ansiamos por uma Escola Inclusiva a forma como educamos não pode ser unidirecional.

É inquestionável o papel que a motivação e estratégias adoptadas assumem na adesão e


receptividade por parte de um grupo de alunos face às tarefas e actividades propostas. No entanto, não
constitui tarefa fácil pensar naquelas que mais se adequam aos nossos jovens bem como às suas
características individuais de forma a garantir o sucesso do objectivo que pretendemos alcançar.
É nosso dever apurar quais os interesses dos nossos alunos e tentar que as tarefas planeadas vão ao seu
encontro de forma a satisfazer as suas necessidades e cativar a sua atenção.

A Educação é uma das áreas mais complexas da sociedade e, também, da ação dos nossos governantes. As
suas múltiplas facetas obrigam os profissionais a ter preparação adequada que, muitas vezes, não se
adquire com a licenciatura, mas em formação contínua, até porque as alterações são uma constante.
Considero que, em termos genéricos, a Escola tentou responder à diferença de forma empenhada

Nas novas escolas inclusivas, para que a inclusão não passe de uma utopia, vai ser necessário mais do
que o Decreto-Lei nº 54/2018. Vai ser necessária a continuação do investimento, da reflexão e da
construção constantes.

Os alunos com Necessidades Educativas Especiais passaram a representar 7% da população escolar (81 672
alunos, em 2017/ 18) nas escolas públicas. Modificou-se a escola para acomodar estes alunos e não se
esperou o contrário. Criaram-se agrupamentos de escolas especializados no atendimento a alunos com
deficiência e incapacidade: auditiva, visual, com perturbação do espetro do autismo e com
multideficiência.

A nossa situação tornou-se única. Hoje, a inclusão nas escolas públicas abrange a maioria das crianças e
jovens com deficiência. A passagem destes alunos para as escolas regulares levou à diluição ou extinção de
outros programas sociais e da saúde a eles dirigidos. As consultas e programas hospitalares especializados
passaram a cobrir quase exclusivamente a idade pré-escolar, muitos serviços especializados da segurança
social foram reestruturados e as respostas para os alunos com deficiência à saída da escolaridade
obrigatória escasseiam.

A “nova escola pública” preconizada na lei vai modernizar-se, centrar-se mais no aluno e abraçar a
diversidade que atualmente a carateriza. Com especial enfoque na flexibilização curricular (a possibilidade
de substituição de até 25% do currículo obrigatório por projetos da escola), pretende-se criar medidas e
procedimentos mais atuais, dirigidos à promoção da equidade e do sucesso educativo de todos, “chegando
a todos os alunos e aos contextos das suas vidas, com medidas universais, seletivas ou adicionais de gestão
curricular”.
A inclusão e a diversidade vão ser trabalhadas em cada escola desde a sua base e incluir todos os adultos e
alunos num desenho universal da aprendizagem para todos. A escola inclusiva vai dominar e lidar com
diferentes temas e áreas e vai incluir todas as seções da sociedade.

Mas no contexto dos alunos tão especiais como os que encontramos nas escolas portuguesas, a
diversidade não deveria continuar a implicar a mobilização de acessibilidades e recursos significativos, a
prestação de cuidados especiais nas escolas, o desenho de atividades centradas nestes alunos e a
transformação de um conjunto significativo de atividades e estruturas para as tornar suficientemente
inclusivas para quem tem níveis reduzidos de funcionamento e participação?

É possível aplicar um modelo tão lato ao nosso contexto de educação especial/deficiência e incapacidade
tão único?

Para os alunos surdos e cegos, que têm uma apetência natural para a comunicação e aprendizagem e para
quem o novo regime jurídico da educação inclusiva prevê manter o mesmo atendimento, o desafio está
ganho.

Para os alunos com alterações graves nas estruturas e funções do corpo, para quem a cognição,
comunicação ou mobilidade está comprometida, o novo enquadramento jurídico da educação inclusiva
nada diz de específico.

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