Você está na página 1de 10

AO DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CIDADE/UF.

FULANA, brasileira, estudante, portadora do RG nº ..... e CPF nº ...., residente e domiciliada


na Travessa ......, nº ......, bairro de ......., CEP: ........, na cidade de Cidade/UF (DOC I e DOC II),
vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que ao final assina, com
endereço profissional na ......., ajuizar:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO E PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA
em face de FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº ......., com sede na Rua ......, nº ....., bairro do ....., CEP ........,
Cidade/UF, neste ato responsá vel pela operaçã o e funcionamento do aplicativo
INSTAGRAM, pelos motivos e fatos que passa a expor:
1- DA LEGITIMIDADE PASSIVA:
Apesar da açã o girar em torno de ato cometido pela Plataforma Instagram, é necessá rio
esclarecer que a Ré “Facebook Brasil” é detentora e administradora, também, da Rede
Social Instagram desde 2012, motivo pelo qual a açã o é ajuizada contra o Facebook.
Nesse sentido, o pró prio site da Ré traz essa informaçã o. (fonte:
https://www.facebook.com/help/1561485474074139?ref=igtos.)

2- JUSTIÇA GRATUITA:
Declara a Requerente ser pessoa pobre na acepçã o jurídica do termo, portanto, nã o tem
como pleitear em juízo seus direitos sem privar-se de recursos pecuniá rios indispensá veis
ao seu sustento e de sua família, conforme declaraçã o de hipossuficiência acostada aos
autos (ANEXO A), o que faz com amparo na Constituiçã o Federal em seu artigo 5º, inc.
LXXIV, assim como na Lei 1.060/50 e nos artigos 98 e 99 do NCPC.
Assim, considerando a demonstraçã o inequívoca da necessidade da parte Requerente, tem-
se por comprovada sua necessidade, fazendo jus ao benefício, motivo pelo qual requer que
as benesses pleiteadas sejam deferidas.

3- BREVE RELATO DOS FATOS:


A Autora se cadastrou no aplicativo INSTAGRAM, aproximadamente no ano de 2012,
criando seu perfil de nome @.......... (DOC III, DOC III.I e DOC IV), com intuito de
compartilhar momentos vividos e deixar registrado inú meras memó rias afetivas
vivenciada ao longo dos anos, sempre respeitando as diretrizes da plataforma e utilizando-
se de postagens respeitosas, afetuosas, engraçadas ou se situaçõ es vivenciadas no dia a dia.
Ocorre que, sem qualquer motivo e notificaçã o prévia, por volta de 23:30h do dia
20/11/2022, a Autora teve sua conta desativada, repete-se, sem nenhum motivo, bem
como sem a mesma ter violado alguma diretriz, haja vista sempre ter respeitado as regras,
até mesmo por se tratar de pessoa conhecedora da Lei e com boa índole e reputaçã o
ilibada.
Apó s o ocorrido, a mesma buscou imediatamente recuperar a sua conta, por saber que se
trata de um erro da plataforma, realizando, entã o, todos os procedimentos necessá rios para
a efetiva recuperaçã o, enviando o có digo recebido por SMS, bem como a selfie com a
anotaçã o de seu nome, nome de usuá rio e do có digo oferecido pela plataforma, recebendo a
seguinte mensagem como resposta (DOC V e DOC VI).
Ocorre que, até a presente data, nenhuma aná lise foi feita, assim como nã o houve nenhuma
resposta na plataforma “Reclame Aqui” e “Consumidor.gov”, registradas pela Requerente,
esta ú ltima sob o nº de protocolo ................, que buscou de todas as formas recuperar a sua
conta de forma justa, tudo conforme consta nos documentos em anexo (DOC VII e DOC
VIII).
Inclusive, a mesma tentou preencher o formulá rio disponibilizado na pá gina do Facebook e
do Instagram, mas sem nenhum sucesso, conforme podemos ver nos documentos anexados
(DOC IX e DOC X). Além disso, buscando outras vias de resoluçã o do seu problema, a
mesma entrou em contato via diversos e-mails encontrados na internet, bem como através
de mensagens aos responsá veis pela plataforma e comentá rio em publicaçã o, tudo
conforme demonstrado nos prints em anexo (DOC XI), porém, todas as incontá veis
tentativas de contato com a plataforma, nã o obtiveram sucesso.
Por este motivo, acreditando estar completamente prejudicada e abalada emocionalmente
pelo ocorrido, haja vista ter inú meros registros em sua pá gina, os quais a mesma nã o
possui salvo em mais nenhum outro lugar, como registros de entes querido que já se foram,
é que nã o se viu outra forma de pleitear o seu direito, senã o buscando a via judicial para tal,
pois mesmo utilizando-se de todos os meios, nã o conseguiu ainda obter sua conta de volta.

4- DO MÉRITO:
Trata-se de relaçã o contratual pautada sob as condiçõ es previstas nos Termos de Uso, que
devem ser observadas pelas partes, regras com as quais a Requerente sempre cumpriu
fielmente, há aproximadamente 10 (dez) anos de uso da plataforma.
Sendo assim, temos que o ocorrido se trata de um cancelamento unilateral do Contrato sem
qualquer prova de descumprimento por parte da Requerente, evidenciando a ilicitude,
gerando o dever de indenizar, conforme o tema, temos o entendimento Jurisprudencial
Pá trio:
APELAÇÃ O. AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER C/C DANOS MORAIS. INSTAGRAM. CONTA
DESATIVADA. AUSÊNCIA DE PROVA DE VIOLAÇÃO AOS TERMOS DE USO. Mú sico
renomado teve sua conta do Instagram desativada. Notificada a plataforma, sobreveio
pedido de desculpas com a informaçã o de reativaçã o imediata. Entretanto, até a atualidade,
a conta nã o foi reativada, nã o obstante ordem judicial e aplicaçã o de multa. Plataforma
que se valeu de argumentação genérica, sem qualquer supedâneo probatório. Ilícito
contratual praticado pelo consumidor não comprovado. Aplicação do CDC à
casuística. Desbloqueio da conta confirmado, com majoração das astreintes. DANOS
MORAIS. Apelado foi tolhido do uso da rede social Instagram, utilizada para divulgaçã o
da atividade profissional. Afronta aos direitos de personalidade. Exagerada mora no
restabelecimento do serviço, que nã o pode ser admitida como mero transtorno. Quantia de
R$ 13.265,00 fixada em primeiro grau, que é mantida. SUCUMBÊ NCIA. Manutençã o dos
honorá rios recursais. Fixaçã o no patamar má ximo legal. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP;
Apelaçã o Cível 1109557- 32.2019.8.26.0100; Relator (a): Rosangela Telles; Ó rgã o Julgador:
31a Câ mara de Direito Privado; Foro Central Cível - 38a Vara Cível; Data do Julgamento:
11/05/2021; Data de Registro: 11/05/2021)
Prestaçã o de Serviços – Obrigaçã o de Fazer – Restabelecimento da conta mantida pela
autora, usuária da rede social Instagram para fins pessoais e profissionais – Conta
desativada por suposta violação dos Termos e Condições de Uso do aplicativo –
Alegaçã o de denú ncia por violaçã o de propriedade intelectual de terceiro - Alegaçã o de
regular exercício do direito - Não demonstrada a violação praticada pela autora – Ônus
da requerida – Dano moral caracterizado. Apelaçã o da autora provida e Recurso da
requerida nã o provido.
(TJ-SP - AC: 10979208420198260100 SP 1097920-84.2019.8.26.0100, Relator: Sá Moreira
de Oliveira, Data de Julgamento: 17/07/2021, 33ª Câ mara de Direito Privado, Data de
Publicaçã o: 17/07/2021)
Entretanto, em manifesta conduta arbitrá ria, a Requerente foi descredenciada da rede
social, sem sequer ter feito algo de errado que justificasse a conduta, tirando-lhe o ú nico
meio que continha inú meros registros de memó rias afetuosas, vividas pela mesma, que,
apesar de nã o haver quantum perdido ou deixado de ganhar, haja vista este perfil nã o se
utilizado como meio profissional e de subsistência, mas há valores inestimá veis, os quais a
sua perda, caracterizam dano emocional, por serem registros insubstituíveis.
Além disso, sabemos que o uso das redes sociais, notadamente o Instagram, se insere no rol
de direitos fundamentais do indivíduo. Essas plataformas, atualmente, sã o os principais
meios de comunicaçã o da sociedade. É no seio digital onde se desenvolve o fó rum de ideias
e formam-se opiniõ es, propiciando, assim, uma das facetas mais modernas do direito à
liberdade de expressã o, direito garantido constitucionalmente (art. 5º, inciso IV, da CF). A
exclusão indevida das redes sociais gera o direito à reativação da conta, bem como
ao pagamento de indenização por danos morais, principalmente pelo fato da
Requerente possuir a conta Há aproximadamente 10 (dez) anos e nunca ter violado
nenhum Termo de Uso da plataforma.
4.1 - DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR:
Consumidor, à luz do artigo 2º da lei 8.078/90, é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final. Já o fornecedor é toda pessoa
física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produçã o, montagem, criaçã o,
construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o, distribuiçã o ou comercializaçã o de
produtos ou prestação de serviços (art. 4º da lei 8.078/90). Entã o pode-se concluir que o
Facebook presta serviços de site de relacionamento, troca de mensagens pela internet e
que tem em seus usuá rios como destinatá rios finais.
Nã o é outro o entendimento dos Tribunais:
RECURSO INOMINADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 14
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
PLATAFORMA INSTAGRAM UTILIZADA COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃ O DA
PROFISSÃ O. Falha na segurança de plataforma digital que acarretou a invasã o no perfil da
parte recorrida por hackers, para a prá tica de crimes.
..................................................
(TJ-SP - RI: 10001278720228260441 SP 1000127-87.2022.8.26.0441, Relator: Rafael
Vieira Patara, Data de Julgamento: 28/06/2022, 1ª Turma Civel e Criminal, Data de
Publicaçã o: 28/06/2022)
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. CONTA NA REDE SOCIAL
INSTAGRAM/FACEBOOK. PERFIL DESATIVADO. VIOLAÇÃO AOS TERMOS DE USO. NÃO
COMPROVAÇÃO. DEVER DE REATIVAR AS CONTAS DO USUÁRIO. MULTA DIÁ RIA
MANTIDA. DANO MORAL NÃ O COMPROVADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM
PARTE. I. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente em parte o
pedido para condenar a parte ré a reativar 12 perfis da parte autora na rede social
Instagram e a pagar à parte autora, a título de indenizaçã o por danos morais, a quantia de
R$ 4.000,00. Ainda, fixou o prazo de 5 dias para cumprimento da determinaçã o de
reativaçã o dos perfis, sob pena de multa diá ria de R$ 200,00 até o limite de R$ 2.000,00.
.............................................
III. A controvérsia deve ser dirimida sob o prisma do sistema jurídico autô nomo instituído
pelo Có digo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). IV. Os direitos à liberdade de
comunicaçã o e de manifestaçã o do pensamento, embora nã o absolutos, sã o garantias
constitucionais (art. 5º, incisos IV e IX, da Constituiçã o Federal). Na mesma linha, a Lei
12.965/2014 ( Marco Civil da Internet) em seu art. o artigo 3º estabelece alguns
princípios, tais como: a garantia da liberdade de expressão, comunicação e
manifestação de pensamento, nos termos da Constituição Federal. Outrossim, no
mesmo diploma legal, assegura-se aos usuá rios o direito à clareza de eventuais políticas de
uso dos provedores de conexã o à internet e de aplicaçõ es de internet.
.............................................
(TJ-DF 07331380420218070003 1434203, Relator: FLÁ VIO FERNANDO ALMEIDA DA
FONSECA, Data de Julgamento: 24/06/2022, Primeira Turma Recursal, Data de Publicaçã o:
08/07/2022)
Sendo assim, podemos também, destacar que a exclusã o arbitrá ria viola o direito bá sico do
consumidor à informaçã o (art. 6º, inciso III, do CDC), pois é direito do usuá rio excluído
saber os motivos para essa conduta, inclusive a imputaçã o das regras supostamente
violadas.
Já o inciso IV prevê a nulidade das clá usulas que "estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade".
Como se nã o bastasse, o inciso XI estabelece serem nulas clá usulas que "autorizem o
fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao
consumidor".
Nesse contexto, o STF reconhece a eficá cia horizontal dos direitos fundamentais, ou seja, é
possível aplicar-se plenamente as liberdades individuais nas relaçõ es privadas, mormente
quando se trata de relaçã o em que uma das partes assume condiçã o de supremacia em
detrimento da outra.
Assim sendo, a desativaçã o/exclusã o das redes sociais deve:
(1) indicar qual seria o termo de conduta violado;
(2) conceder direito de defesa, antes ou apó s a penalidade, se houver urgência;
(3) ser proporcional.
Por fim, enquanto aplicá vel o Có digo de Defesa do Consumidor, temos que a aplicaçã o da
penalidade quanto a postura do Instagram/Facebook, empresa Requerida, apó s a
Requerente buscar solucionar o problema de todas as formas cabíveis em seu alcance,
mostram, que ainda assim, a plataforma ignora o apelo dos consumidores, ora
usuários, em atitude que merece ampla reprimenda.
4.2 - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER. DA CONDUTA ILÍCITA. DA AUSÊNCIA DE
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA:
A desativaçã o da conta da Requerente ocorreu de forma imotivada e arbitrá ria, sem
qualquer oportunidade ao contraditó rio e à ampla defesa, subtraindo a mesma de
importante atividade digital.
Conforme se observa nos Termos de Uso e Política do Instagram, a desativaçã o de conta é
possível, mas, só se o usuário violar grave ou continuamente os termos. E ora, a
Requerente não violou os termos de uso e política da Requerida, sua rede social
apenas pú blica fotos e vídeos de cunho pessoal.
O que se observa é que a empresa Requerida, violou o seu pró prio Contrato de Adesã o.
Trata-se de conduta abusiva e arbitrá ria, protegida pelo Có digo de Defesa do Consumidor
(art. 6, inciso IV).
Sendo assim e sabendo que os meios digitais oferecem enorme poder à s empresas, que
detém quase que o monopó lio das publicaçõ es modernas na rede. Deve haver equilíbrio
nessa relaçã o jurídica, sob pena de criarmos uma arbitrariedade privada semelhante aos
regimes absolutistas no mundo virtual.
Essa interpretaçã o é confirmada pelo Marco Civil da Internet, o qual, somente
excepcionalmente é que autoriza que o conteú do da internet seja tornado indisponível, sem
prévia determinaçã o judicial, como, por exemplo, nos casos de imagens, de vídeos ou de
outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de cará ter privado, na forma
do art. 21 da mencionada Lei, o que nitidamente NÃO é o caso dos autos.
Assim, a Requerida, para desativar a conta da Requerente deveria informar os motivos os
quais levaram a tomar a decisã o, concedendo prazo para defesa e lhe respondendo
dentro de um limite tolerável, principalmente pelo fato de a Requerente sequer saber o
que motivou tal fato.
Este é o entendimento do E. Tribunal de Justiça de Sã o Paulo, vejamos:
AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER CUMULADA COM PEDIDOS DE DANOS MORAIS E TUTELA
ANTECIPADA - Sentença de parcial procedência - Irresignaçã o de ambas as partes -
Usuária da rede social Instagram para fins pessoais e profissionais, que teve sua
conta desativada por suposta violação dos termos de uso - Alegação da ré acerca do
exercício regular de um direito - Não demonstrada a violação praticada pela autora -
Ônus da requerida - Desativação de conta que se mostrou desmesurada e abusiva,
em afronta aos direitos básicos do consumidor e aos deveres anexos ínsitos à relação
jurídica das partes - Inobservância do direito de defesa - Eficácia horizontal dos
direitos fundamentais - Danos morais configurados - Indenizaçã o que nã o comporta
reparo - Razoabilidade e proporcionalidade à luz do caso concreto - Insubsistência da
determinaçã o de retrataçã o pú blica - A retrataçã o no presente momento seria inó cua para
reparar o dano sofrido pela requerente, sendo, pois, suficiente e adequada a verba
indenizató ria correlata - Ô nus da sucumbência a ser suportado pelo réu, que sucumbiu em
maior parte dos pedidos - Recurso da autora desprovido e recurso do réu parcialmente
provido para tornar insubsistente a determinaçã o de retrataçã o.(TJ-SP - AC:
10058061520198260428 SP 1005806-15.2019.8.26.0428, Relator: Marco Fá bio Morsello,
Data de Julgamento: 08/07/2021, 11a Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o:
08/07/2021)
Assim, a nã o observâ ncia das garantias constitucionais do devido processo legal acaba por
restringir a pró pria liberdade de expressã o e do exercício da Requerente. Pelas razõ es
acima expostas, a Requerente requer que a empresa Requerida seja obrigada a ativar
o perfil @............., no prazo de 24h (vinte e quatro horas) sob pena de multa diária de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
4.3 - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS:
Vale salientar, que a indenizaçã o por danos morais tem duplo cará ter, o primeiro e
primordial é o de efetivamente reparar o dano causado, e o segundo, que é punitivo, de
modo que na condenaçã o deve ser fixado um montante que atinja o patrimô nio da
causadora do dano, para desestimular e inibir que tal conduta lesiva se repita.
Diante de todo exposto, objetivando reparar todos os danos emocionais causados, pleiteia a
Requerente a condenaçã o da Requerida ao pagamento de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a
título de danos morais, visando reparar o abalo emocional da Requerida, que se vê na
possibilidade de perder inú meras memó rias, registradas ao longo dos 10 (dez) anos de uso
da plataforma, além do fato da mesma nã o estar dormindo direito, temendo tal perda, bem
como com o objetivo de punir a Requerida, para que nã o faça novamente o ocorrido com a
Requerente e com nenhum outro usuá rio de sua plataforma.
Além do alegado, temos como quantum um valor ínfimo perto do arrecadado pela mesma,
haja vista a Requerida estar entre as 10 empresas mais ricas do mundo. Deste modo, nã o há
o que falar em valor exorbitante, no que se refere ao requerido.
4.4 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:
Percebe-se, outrossim, que a Requerente deve ser beneficiada pela inversã o do ô nus da
prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do Có digo de Defesa do Consumidor, tendo
em vista que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos anexos, que
demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposiçã o legal:
Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor:
.....................................
VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências.
O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso ordenamento
jurídico, a exemplo do Có digo Civil, que evidenciam a pertinência do pedido de reparaçã o
de danos.
Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser tratados de forma igual
perante a lei, mas sempre na medida de sua desigualdade. Ou seja, no caso ora debatido, a
Requerente realmente deve receber a supracitada inversã o, visto que se encontra em
estado de hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com empresa de grande porte, afinal,
falamos de uma que está entre as 10 maiores do mundo, que possuem maior facilidade
em produzir as provas necessá rias para a cogniçã o deste douto juízo, comprovando o
motivo pelo qual a conta foi desativada.
4.5 – DA TUTELA DE URGÊNCIA. DA NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DA DECISÃO QUE
DESATIVOU A CONTA DA REQUERENTE JUNTO A REDE SOCIAL INSTAGRAM:
Nã o basta ao Estado assumir o monopó lio da Justiça através da jurisdiçã o. É intuitivo que
deve cuidar para que a missã o de fazer justiça seja realizada da melhor maneira possível,
evitando sentenças tardias ou providências inó cuas, que, fatalmente, redundariam no
descrédito e, muitas vezes, na inutilidade da pró pria Justiça.
Conforme o art. 300 do Có digo de Processo Civil, a Tutela de Urgência será concedida
quando existirem elementos de evidência da probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado ú til do processo:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo.
§ 2 o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o prévia.
No caso em tela, a evidência da probabilidade do direito é clara, conforme os documentos
anexados, a existência de direito sobre a conta mantida na rede social Instagram, por esta
totalmente em conformidade com as diretrizes de uso, bem como já fazer uso da mesma há
aproximadamente 10 (dez) anos.
O perigo de dano ao resultado ú til do processo é inegá vel, uma vez que o emocional da
Requerente está abalado, ao imaginar a possibilidade de perder seus registros
armazenados na plataforma por todo esse tempo, os quais possuem valor sentimental para
a mesma, além de serem insubstituíveis, haja vista haver registros com entes que já se
foram.
Estando configurado o fummus boni iuris. Sabe-se que a pretensã o meritó ria, no presente
caso, é plausível. Haja vista que, a Requerente nada cometeu, razã o pela qual a
continuidade do bloqueio de sua conta no Instagram é totalmente descabida. Temos por
concluir que a atitude da Requerida, em manter a conta desativada, não passa de
uma arbitrariedade, eivada de mero descontrole administrativo. Já quanto ao
periculum in mora, temos a possibilidade de exclusã o definitiva da rede social da
Requerente, apagando, assim, todas as suas memó rias afetivas ali registradas, de modo
irreversível.
Verifica-se entã o, Excelência, que a situaçã o da Requerente atende perfeitamente a todos os
requisitos esperados para a concessã o da medida antecipató ria, pelo que se busca, antes da
decisã o do mérito em si, a ordem judicial para REATIVAR da conta da Requerente, qual
seja @..................., para tanto, requer-se de Vossa Excelência, se digne determinar o
imediato desbloqueio da conta da Requerente na rede social INSTAGRAM.
Como visto, a antecipaçã o da tutela não implicará em perigo de irreversibilidade da
decisão, por este motivo, a jurisprudência reconhece o deferimento da tutela de urgência.
Senã o, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – TUTELA DE URGÊNCIA - Ação de obrigação de fazer -
Deferimento da tutela de urgência para o restabelecimento, no prazo de 24 horas, do
perfil do Instagram cadastrado relativamente à usuária agravada, nas mesmas
condições, para recuperação da conta - Art. 300 do CPC - Notícia de restabelecimento da
conta - Insurgência recursal, porém, quanto à exigência de indicaçã o de dados
extravagantes como o tipo de navegador utilizado nos acessos, cookies coletados e
informaçõ es relacionadas a localizaçã o e geolocalizaçã o - Desnecessidade de sua
apresentaçã o, por ora, diante do contido no art. 15 da Lei 12.965/2014 - Recurso provido.
(TJ-SP - AI: 22020643320218260000 SP 2202064-33.2021.8.26.0000, Relator: Claudio
Hamilton, Data de Julgamento: 07/04/2022, 25ª Câ mara de Direito Privado, Data de
Publicaçã o: 12/04/2022)
Desta forma, estã o presentes na demanda o fumus boni iuris e o periculum in mora, bem
como a reversibilidade do provimento requerido, requisitos fundamentais contidos nos Art.
300 do CPC, do mesmo modo, está o processo devidamente fundamentado e documentado,
para a concessã o da ANTECIPAÇÃ O DA TUTELA, nos termos pleiteados. Sem contar que
nã o há nenhum pedido absurdo, apenas que seja restabelecia uma conta desativada de
forma injusta e unilateral.
Em sendo deferido o pedido da Requerente, como assim aguarda confiante, no que se
refere à s providências e obtençã o do resultado prá tico, que devem ser tomadas pela
Requerida, requer-se seja assinalado prazo de 24 HORAS à mesma para cumprimento da
ordem judicial.
Ainda, na mesma decisã o, mesmo que provisó ria ou definitiva, requer a Requerente, que
seja fixado o valor de multa penal por dia de atraso ao cumprimento da ordem, no
montante a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia de descumprimento, com base no art. 300
§ 1º do CPC, com as introduçõ es havidas pela Lei nº 10.444, de 07.05.2002.
Nã o há que se falar em desproporcionalidade da multa penal, pois se tratando do Facebook,
estamos a frente de uma das 10 empresas mais rica do mundo.
5- DOS PEDIDOS:
Ante o exposto requer:
a) A concessã o da TUTELA DE URGÊNCIA para fins de que seja determinada a
reativação imediata da conta da Requerente, denominada @.................., na plataforma
da empresa Requerida, sem a exclusão do conteúdo anteriormente publicado, sob pena
de multa diá ria em valor nã o inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
b) A inversã o do ô nus da prova, nos termos do artigo 6º inciso VIII, da lei consumerista,
que ora se requer;
c) Apó s a concessã o da tutela, seja a Requerida citada para que, querendo, apresente
defesa, dentro do prazo legal, sob pena de confissã o quanto à matéria de fato ou pena de
revelia, devendo ao final, ser julgado PROCEDENTE há presente açã o para:
1- Confirmar a antecipaçã o dos efeitos da tutela, tornando definitiva a obrigaçã o da
reativaçã o da conta denominada @........................;
2- Condenar a Requerida ao pagamento de uma indenizaçã o de cunho compensató rio e
punitivo, pelos danos morais causados a Requerente, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil
reais).
d) A total PROCEDÊNCIA DA PRESENTE AÇÃO, com a nulidade da desativaçã o e imediata
reativaçã o da conta @......................., sem qualquer prejuízo, com o mesmo número de
publicações, comentá rios, histó rico de visualizaçõ es, compartilhamentos, seguidores,
contas seguidas, destaques, registros arquivados, como se nunca houvesse sido a conta
desativada, com a garantia do contraditó rio em qualquer processo de suspensã o, bem
como, com a resposta dentro de um tempo há bil;
e) Caso a reativaçã o da conta nã o ocorra nos moldes requeridos, havendo perda de
conteú do da pá gina desativada, requer a conversã o do pedido em perdas e danos, a ser
arbitrada por este juízo;
f) A condenaçã o da Requerida, em custas e honorá rios de sucumbência, no percentual de
20% nos termos do art. 85 § 2º do CPC, em caso de recurso;
g) Em atendimento ao disposto no artigo 319, VII do Có digo de Processo Civil, informa que
tem interesse na designaçã o de audiência de conciliaçã o a que se refere o artigo 334 do
mesmo diploma processual, visando a melhor soluçã o processual cabível.
h) Por fim, requer que todas as publicaçõ es/notificaçõ es sejam realizadas diretamente em
nome da Profissional que esta subscreve, a Drª RAFAELA ., OAB/PA nº .............
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de provas e direito admitidos, em especial
a prova documental, testemunhal e depoimento da parte.
Atribui-se à causa o valor de R$8.000,00 (oito mil reais).
Nestes Termos,
Pede deferimento e Justiça!
Cidade/UF, 22 de novembro de 2022.

Rafaela
Advogada
OAB/PA nº ............

Você também pode gostar