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1. Competência tributária
Na competência para legislar há uma competência genérica para traçar regras sobre o
exercício do poder de tributar. É a competência constitucionalmente atribuída para
editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Ex.: edição
do CTN.
OBS: IPVA não era previsto na CF/46 e, portanto, quando o CTN foi editado, não
trouxe consigo as regras gerais sobre tal imposto. Diante dessa ausência, os Estados
exerceram a competência legislativa plena, instituindo o IPVA. Na falta da edição pela
União, a competência legislativa plena é dos Estados.
Importante! Se a União vier a legislar as regras gerais, a eficácia das normas estaduais
fica suspensa. Não revogam. Afinal, não há hierarquia entre essas leis, de modo que lei
estadual não pode ser revogada por lei federal. Assim, sendo revogada posteriormente a
lei federal, volta a produzir efeitos a estadual, sem que ocorra repristinação.
CTN = Norma geral em matéria tributária. Lei ordinária com status de lei
complementar, por ter sido recepcionada pela CF/67, que instituiu a LC. O que veio a
ser reiterado na CF/88.
O CTN foi editado como lei ordinária (l. 5172/66), tendo sido recepcionado com força
de LC pela CF/67, e mantido tal status com o advento da CF/88.
Para o autor José Souto Maior Borges, a competência tributária já nasce limitada.
Porque a própria CF já diz como deve ser o poder de tributar, quais os limites.
OBS: o exercício da competência tributária pelos Estados e Municípios não pode ser
considerado inteiramente livre, pois, apesar de a CF atribuir-lhes competência tributária
para que instituam seus próprios tributos, esses entes, além de sujeitos aos limites
constitucionais, devem observância às normas gerais editadas pela União, na forma de
LC (CTN).
A CF não cria tributos, apenas outorga competência para que os entes políticos o
façam por meio de leis próprias.
As EC também não criam tributos, apenas definindo competências para tanto. Vale
observar, entretanto, que a EC de revisão (01/94) disciplinou diretamente algumas
contribuições sociais.
1.2. Características:
2) Indelegabilidade – não pode o ente federado editar norma que atribua a outro
ente a competência para criar tributo que lhe foi outorgado pela CF.
OBS: A delegação pode ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral
do ente que a tenha conferido.
Nos tributos vinculados, a regra foi atribuir a competência ao ente que realizar a
atividade com base na qual o fato gerador é definido (competência comum).
Nos tributos não vinculados, por falta de atividade estatal na definição do fato gerador,
a constituição escolheu o ente a quem seria deferida a competência (competência
privativa).
Os fatos geradores dos tributos vinculados são atividades do Estado. Por isso,
não foi necessário estipular na CF quem seria competente.
OBS: Não se pode afirmar que todo ente pode cobrar quaisquer taxas ou
contribuições de melhoria. Apenas o ente a quem foi deferida pela CF a
competência para prestar determinado serviço é competente para criar a
respectiva taxa; e se, na sua atuação administrativa em determinada área, acaba
por ser responsável pela realização de determinadas obras, é também competente
para a instituição de contribuição de melhoria.
Casos em que a mesma situação é definida em lei como fato gerador de mais de
uma incidência tributária.
Ocorre o bis in idem quando o mesmo ente tributante edita diversas leis
instituindo múltiplas exigências tributárias, decorrentes do mesmo fato gerador.
Não há, no texto constitucional, uma vedação genérica expressa ao bis in idem.
Ex.: PIS e COFINS; IRPJ e CSLL.
Apesar de não existir vedação genérica, no que tange à instituição de impostos
residuais, a CF exige que os novos impostos sejam criados com fatos geradores e
base de cálculo diferentes dos já discriminados na CF, o que restringe a
possibilidade do bis in idem. Da mesma maneira, há regra semelhante no que
tange a criação de novas contribuições para a seguridade social.
É uma das estruturas que sustenta a coesão entre as esferas federativas, visando tornar
efetiva a autonomia dos entes menores que a União Federal, e possibilitar-lhes fontes
diversas de recursos que não somente os seus próprios.
Intenta, com isso, equalizar minimamente as finanças dos vários entes federados,
almejando um dos objetivos fundamentais da RFB que é a redução de desigualdades
regionais.
Via de regra, quem cria o tributo, fica com o dinheiro da arrecadação, mas algumas
espécies de tributos a própria CF determina o repasse para outro ente federativo a fim de
ajudá-lo.
O fluxo é sempre da União para municípios, Estados e DF e destes para seus respectivos
municípios.
Art. 160, CF: vedação a qualquer restrição ou retenção à entrega e emprego dos
recursos atribuídos aos Estados, DF e municípios.
Exceto as restrições: I – não pagamento dos seus créditos ao ente que repassa; II –
descumprimento dos limites de aplicação de recursos em serviços de saúde.
OBS: Essas restrições não podem ser alargadas por legislação infraconstitucional!
2) Indireta – relação complexa. São formados fundos específicos para que sejam
destinadas as parcelas específicas de arrecadação do imposto. Depois são
repartidos entre os entes beneficiados, respeitando critérios legais.
50% do arrecadado com o ITR, relativos aos imóveis neles situados ou 100%
se o município fiscalizar e cobrar (opção legal);
STF: não pode a lei estadual “alijar por completo um município da participação
em tais recursos”.
4 desses fundos advêm de 49% do montante total efetivamente arrecadado pela União
com IPI e IR (exclui aqueles retidos nas fontes pelos entes federados, objeto de
repartição direta):
Repasse aos municípios: 75% (3/4), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas
operações realizadas em seus territórios; e até 25% (1/4), de acordo com o que dispuser
lei estadual ou federal (territórios).
Atenção! Nenhuma unidade federada pode receber parcela superior a 20% do montante
global.
OBS: Desse total arrecadado 25% é repassado aos municípios (montante final de
7,25% do total arrecadado pela União).
3. Legislação Tributária
O CTN, no seu art. 96, afirma que “legislação tributária” compreende as leis, os tratados
e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versarem
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
Todavia, essa enumeração não é exaustiva. Assim, numa definição mais ampla, a
legislação tributária compreende todas as normas gerais e abstratas integrantes do
ordenamento jurídico nacional que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.
3.1. Constituição:
Atenção! A CF não cria tributos! Apenas prescreve as permissões para sua instituição.
As EC também não criam tributos, pois, assim como o texto constitucional, apenas
definem competências para tanto.
3.2. As leis:
Lei em sentido amplo: atos normativos com força de lei: ter aptidão para inovar no
ordenamento jurídico, criando novos direitos e obrigações.
Lei em sentido estrito: Em relação à matéria tributária, a CF veda que União, Estados,
DF e Municípios exijam ou aumentem tributos sem lei que o estabeleça.
Todavia, a literalidade do texto exige menos do que sua essência impõe, ao definir no
seu art. 97, as matérias que estão sujeitas a reserva de lei. Uma vez que possibilita
disciplinas não sujeitas ao princípio da legalidade, que podem ser regulamentadas por
ato infralegal, como a atualização do valor monetário da base de cálculo e a fixação
do prazo para recolhimento.
Leis ordinárias:
Em regra, são elas que vão criar e majorar os tributos. É o veículo normativo que
determina as hipóteses de incidência tributária. É o instrumento do exercício da
competência tributária. Além disso, preceitua as obrigações acessórias.
Todos os entes federativos estão aptos a editar leis ordinárias no âmbito das suas
respectivas competências constitucionais (todas possuem o mesmo status
jurídico).
Leis complementares:
Diferencia-se da lei ordinária tanto no aspecto material (só pode versar sobre
matérias taxativamente previstas na CF), quanto no aspecto formal (atinente ao
seu processo legislativo – quórum diferenciado de votação – maioria absoluta).
OBS: Em regra, as isenções são reguladas por lei ordinária (art. 150,
6°, CF). Exceto: ISS (156, 3°, III, CF) e ICMS (155, 2°, XII, g, CF).
Medidas provisórias:
Leis delegadas:
Em essência, não é vedado à lei delegada tratar de matéria tributária, a não ser
que tal matéria seja reservada à lei complementar.
Decretos legislativos:
No que tange à matéria tributária, os mais importantes são aqueles que aprovam
os tratados internacionais firmados pelo Presidente da República. Uma vez
promulgado, tem status de lei ordinária.
Decretos-leis:
Como os tratados internacionais que versam sobre matéria tributária dizem respeito
normalmente a regras de cooperação internacional para evitar a elisão fiscal ou acordos
visando a evitar a bitributação internacional, não há como estender às convenções
internacionais de matéria tributária o disposto no § 3º, art. 5º, CF e tampouco o
entendimento do STF sobre as normas “supralegais”, uma vez que essas situações
exigem a disciplina de questões de Direitos humanos.
Assim, vem-se questionando a imprecisão do art. 98 do CTN quando afirma que tratado
internacional revoga ou modifica a legislação tributária interna.
Na verdade, para parte da doutrina (Luciano Amaro), a questão resolve-se pela simples
aplicação do princípio da especialidade, tornando-se indiferente que a norma interna
seja anterior ou posterior ao tratado.
Portanto, na prática, o tratado internacional não revoga a legislação interna, porque ele
só vale pelo tempo de vida do tratado e, por isso, se ele for denunciado, a legislação
interna produzirá efeitos. A lei revogada não volta a viger se a lei revogadora for
revogada. Se ela for revogada, deixa de produzir efeitos para sempre. Mas no caso de
tratado e lei interna, a lei interna volta a produzir efeitos! Na prática, o que ocorre é que
o tratado SUSPENDE A EFICÁCIA da lei interna.
Existe também doutrina (Hugo de Brito Machado) que defende que as regras de direito
internacional e o princípio da moralidade impõem a proeminência dos tratados, de modo
que sua revogação apenas poderia acontecer pela denúncia de seu conteúdo.
OBS: GATT – regra do tratamento nacional: a isenção concedida por lei ao produto
nacional deve ser interpretada como aplicável a todos os casos de mercadorias
estrangeiras. Súmula 575, STF.
Os decretos são atos que provêm da manifestação de vontade dos chefes do executivo.
Os decretos também são importantes para que o Poder Executivo possa alterar as
alíquotas de alguns tributos (II, IE, IPI e IOF) – art. 153, 1°, CF.
Art. 177, 4°, I, b, CF. Através dos decretos pode o Poder Executivo reduzir e
restabelecer as alíquotas da CIDE combustível.
OBS: O Poder Executivo pode definir as alíquotas de ICMS combustível, não por meio
de decreto, mas por meio de CONVÊNIOS (art. 155, 4°, IV, c, CF). Pegadinha! Isso
em razão da lei complementar n° 2475, que diz que qualquer benefício em relação ao
ICMS deve vir por meio de convênio e não decreto.
O art. 99 do CTN assevera que o conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos
das leis em função das quais sejam expedidos. Afinal, se o decreto ultrapassar o
conteúdo e o alcance das leis, será considerado ilegal.
OBS: apesar de os atos normativos não revogarem lei, o parágrafo único do art.
100, dispõe que a observância às normas complementares impede a exigência de
qualquer acréscimo legal (juros, correção monetária e multas) ao valor pago pelo
contribuinte de boa-fé a título de tributo. A regra protege aqueles que de boa-fé
se orientaram pelas palavras do próprio fisco. Não desobriga o recolhimento do
tributo, mas impede penalidades.
A regra é que as decisões proferidas por esses órgãos não integram a legislação
tributária, pois versam sobre casos concretos, tendo efeito apenas para o
contribuinte que interpôs a impugnação. Não obstante, é possível que o ente
político decida atribuir, por lei, eficácia normativa às decisões proferidas por seu
órgão de jurisdição administrativa.
Vigência:
Aplicação:
São leis que não inovam no mundo normativo. Não são admitidas no
direito tributário as interpretações extensivas (causam agravamento
do ônus tributário imposto ao sujeito passivo).
OBS: STJ – a quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para
fins de constituição do crédito tributário não extinto é permitida pela lei 8021/90
e LC 105/01 (procedimentais de aplicação imediata).
O art. 107 do CTN impõe expressamente que a legislação tributária seja interpretada
conforme o disposto no seu capítulo IV (arts. 107 a 112).