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CONTEMPORÂNEA
Autor
Dennison de Oliveira
2009
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ISBN: 978-85-7638-747-3
CDD 909.8
Referências | 101
Anotações | 103
Este livro refere-se à História Geral e abrange os séculos XX e XXI. Nele, estão
contidos os principais eventos, tendências e instituições que mais influência
exerceram sobre a conformação da sociedade na qual vivemos. Por se tratar
de uma síntese, espera-se que ele sirva como material de introdução ao estudo
da História Contemporânea e também como guia para aprofundamento dos
assuntos aqui tratados.
Dennison de Oliveira
se verificar. Para além dos interesses estabelecidos, receosos de qualquer restrição aos direitos que de-
tinham sobre suas propriedades, deve-se levar em conta também o papel desempenhado pela ideolo-
gia liberal a qual, mesmo diante das evidências da crise de 1929, continuava a entender a intervenção
do Estado na economia como uma afronta à lógica das leis de mercado.
Por trás das origens da crise estava um enorme descompasso entre a produção, tornada cada vez
maior pelos ganhos de produtividade, e o consumo, este cada vez mais restrito pelos baixos níveis sala-
riais e o desemprego em massa. Finalmente, havia se compreendido a lógica de Ford, segundo quem à
produção de massa deveria corresponder um consumo de massa. Demandas históricas da classe operá-
ria como descanso remunerado e salário-mínimo deveriam se tornar – como também defendia Ford –
universais, a fim de sustentar o nível de consumo que agora se fazia necessário. A tentativa pessoal de
Ford no sentido de convencer seus pares, os industriais da era da produção em massa, a agir assim, foi
infrutífera. Somente leis federais votadas pelo Congresso dos EUA a partir de 1932, já sob o impacto ma-
nifesto da crise, é que deram ao Estado o poder de impor um salário-mínimo e reconhecer aos sindica-
tos o direito de representar seus filiados.
Tais iniciativas encontram similares por todo mundo àquela época, como a lei promulgada
na França limitando a jornada de trabalho em quarenta horas semanais, ou mesmo no Brasil, com a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de 1942. Mas foi a eclosão da Segunda Guerra Mundial que pos-
sibilitou ao Estado obter, como no conflito anterior, poderes praticamente ilimitados para regulamentar
a economia, fixar margens de lucro e salários, impor metas e prazos para produção e distribuição e até
administrar diretamente o processo produtivo.
Simultaneamente, ao longo dos anos 1930 e 1940, sucessivos governos europeus vão adotando
políticas inspiradas no programa da socialdemocracia. Estas políticas se caracterizavam pela universa-
lização de acesso dos cidadãos aos serviços públicos, numa base pública e gratuita. Entendia-se estas
políticas tanto como uma etapa no caminho rumo ao socialismo, quanto condição indispensável para
o exercício da cidadania política. Ao garantir um mínimo de bem-estar social a todos, o Estado (wel-
fare state) capacitava os indivíduos a agirem politicamente de forma livre, sem os constrangimentos
típicos da dependência pessoal que é uma dimensão inerente aos indivíduos que padecem de insufici-
ência crônica de recursos para sua própria manutenção. Serviços de educação, saúde, previdência so-
cial, transporte coletivo etc. foram nacionalizados no todo ou em parte, tornando-se acessíveis a todos
e caracterizando-se como uma forma de salário social, ou indireto, aos cidadãos.
Ao mesmo tempo em que o Estado assumia, sob inspiração socialdemocrata, esses papéis dis-
tributivos, exercia também uma função vital para o bom funcionamento da economia, ao executar as
políticas anti-cíclicas, tal qual propostas por Keynes. Defendia Keynes que usando das políticas fiscal
(através da fixação do nível dos impostos) e monetária (regulando o montante de papel-moeda em cir-
culação) poderia o Estado evitar os piores extremos das variações dos ciclos de crescimento e reces-
são que se alternavam nas economias capitalistas. Um crescimento muito acelerado, o qual geralmente
pressiona os índices de inflação, poderia ser contido com taxas de juros e impostos mais altos; inversa-
mente, o crescimento insuficiente para a geração de empregos, poderia ser estimulado com taxas de
juros e impostos mais baixos.
O resultado final dessas transformações foi a constituição de uma espécie de pacto social entre o
Estado, a empresa e o sindicato. Caberia ao Estado promover políticas que garantissem um crescimento
estável e continuado, tanto através das políticas anti-cíclicas, quanto através da manutenção do Estado
do bem-estar social e a correspondente distribuição de renda. Às empresas, caberia sustentar o inves-
timento na produção em massa, gerando ao mesmo tempo empregos e mantendo a renda da classe
trabalhadora, como condição da sustentação do consumo de massa. Dos sindicatos, finalmente, era es-
perado que renunciassem à ação revolucionária e, em troca da estabilidade no emprego de seus filiados
e eventual participação nos ganhos de produtividade, sustentassem e elevassem a produção e a distri-
buição de mercadorias em massa.
determinadas funções urbanas. Ganha novo fôlego o zoneamento funcional, segundo o qual para cada
região da cidade haverá usos possíveis, permitidos ou proibidos. As cidades foram a partir daí divididas
em zonas residenciais, industriais, comerciais e administrativas que tanto revelavam quanto impunham
uma vocação potencial de cada uma delas.
Tudo isso levou os países centrais do capitalismo a índices de crescimento cada vez menores, dé-
ficit público crescente, inflação em alta, enfim, todos fatores de declínio da eficácia do pacto social for-
dista em garantir a estabilidade e crescimento econômico. Por volta de 1965, estes problemas já estarão
se manifestando de forma incontornável, compondo uma crise geral do sistema diante da impossibi-
lidade de serem revistos os compromissos assumidos com os sindicatos (através da manutenção dos
empregos relativamente privilegiados do fordismo), e com a sociedade civil (manutenção das políticas
redistributivas do Estado de bem-estar social) o que levará à uma onda de greves operárias, protestos
estudantis e populares que se tornarão típicos do fim dos anos 1960.
Atividades
1. Estabeleça a relação entre as políticas fiscal e monetária e o nível de crescimento econômico.
2. Pesquise e compare as diferentes trajetórias das indústrias de automóveis Ford (EUA) e Rolls
Royce (GB).
3. Interprete a relação entre a taxa de crescimento econômico e o poder de barganha da classe ope-
rária.
Dicas de estudo
No Brasil do início dos anos 1990, no decorrer de uma intensa e sem precedentes transformação
nos processos produtivos decorrentes da abertura do mercado interno à concorrência estrangeira, reto-
mou-se a idéia de um pacto social envolvendo os sindicatos, as empresas e o Estado. Estabeleça um pa-
ralelo entre essa experiência histórica e o fordismo-keynesianismo a partir da leitura do seguinte texto:
Câmaras Setoriais: histórico e acordos firmados – 1991/95, de Patrícia Anderson. Editora IPEA, 1999.
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_
obra=4293>. Acesso em: 24 maio 2007.