Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Introdução
Como coloca Mankiw,1 nos anos 70 era mais fácil ser estudante de macroecono-
mia. As questões estudadas eram: 1) O que causa flutuações no produto e no
emprego? e 2) como as polı́ticas devem responder a essas flutuações? Mais
ainda, havia um consenso que o modelo IS-LM, juntamente com a curva de
Phillips representavam de forma eficaz a realidade. Nos dias de hoje, contudo,
não há mais este consenso. Na academia, os modelos Keynesianos não são mais
utilizados. Pelo contrário, há um consenso de que a falta de fundamentos mi-
cro do modelo IS-LM é uma importante falha do modelo, levando a resultados
diferentes do que é observado na realidade. Contudo, dada a sua simplicidade,
instituições governamentais (e. g., Banco Central) e instituições internacionais
(FMI, Banco Mundial), ainda utilizam o modelo IS-LM para analisar os efeitos
de polı́ticas na economia.
Como nós vamos ver, e certamente vocês já sabem de Macro I, os modelos
Keynesianos têm algumas vantagens:
1
2 Modelo IS-LM: Economia Fechada
Primeiro vamos revisar a economia fechada. O modelo Keynesiano é tradi-
cionalmente sumarizado por duas curvas: Procura agregada (curva AD) e oferta
agregada (curva AS).
P
AS
AD
2.1 A Curva IS
A curva IS mostra as combinações de taxa de juros e rendimento que equilibram
o mercado de bens e serviços. Esta curva é derivada através da indentidade
nacional de que o rendimento é igual aos gastos.
Gastos: E = C + G + I, onde C é consumo agregado, G corresponde aos gasto
governamentais e I é investimento agregado.
Rendimento: Y . Em geral, Y = F (K, N ), onde K é capital e N é o número
de empregados. Como o foco de análise é o curto prazo, nós assumimos que o
capital é fixo e portanto, Y = F (K̄, N ) = F (N ). Onde F 0 (N ) > 0 e F 00 (N ) < 0.
O produto marginal do trabalho é positivo, mas cresce a taxas decrescentes.
Em equilı́brio:
2
novos equipamentos e máquinas. Através da equação (1) é possı́vel mostrar as
combinações de i − Y que equilibram o mercado de bens e serviços. Note que,
Y − C(Y − T ) − I(i − π e ) − G = 0.
Assim,
dY − C 0 (Y − T )dY − I(i − π e )di = 0,
ou
(1 − C 0 (Y − T ))dY = I 0 (i − π e )di.
Portanto,
dY I 0 (i − π e )
|IS = <0 (2)
di 1 − C 0 (Y − T )
Ou seja, no espaço i − Y a curva IS é negativamente inclinada (lembre-se que
I 0 (i − π e ) < 0).
i S S E E=Y
2 1
E
1
i
2
E2
i1
I(i−πe)
I I1 I, S Y
2
i
i
2
i
1
IS
Y2 Y1
Y
2.2 A Curva LM
A curva LM mostra as combinações de taxa de juros e rendimento que equilibram
o mercado monetário. A procura da moeda é dada por:
3
∂L(i,Y ) ∂L(i,Y ) maior renda , maior a
Procura da moeda: L(i, Y ), onde ∂Y = LY > 0 e ∂i = Li < 0.
procura por moeda
Portanto, quanto maior for o rendimento maior é a procura por moeda (os
agentes vão gastar mais). E quanto maior for a taxa de juros menor é a procura
por moeda (os agentes vão comprar ativos financeiros que rendam juros). Ver maior taxa de juros ,
as anotações da procura de moeda de Baumol e Tobin para entender os micro- menor é a procura por
fundametos LY > 0 e Li < 0. moeda
i i
LM
i2
i
1
L(i, Y2)
L(i, Y1)
Y1 Y2 Y M/P L(i, Y)
4
2.3 A Procura Agregada: Curva AD
A interseção da curva IS e da curva LM mostra o valor da taxa de juros e do
rendimento que equilibra o mercado monetário e de bens e serviços. O sistema
que sumariza o modelo IS-LM é:
Y = Y (T, π e , G, M, P ) e i = i(T, π e , G, M, P )
É trivial mostrar que o modelo IS-LM implica numa procura agregada nega-
tivamente inclinada no espaço P −Y . Para perceber isso tire a derivada total do
sistema IS-LM, (5) e (6), em relação ao nı́vel de preço, P , mantendo as outras
variáveis exógenas nos seus valores originais.
dY dY di
− C 0 (Y − T ) − I 0 (i − π e ) =0 (7)
dP dP dP
dY di M
LY + Li + 2 =0 (8)
dP dP P
Usando (7) e (8), nós temos que
di 1 − C 0 (Y − T ) dY
= (9)
dP I 0 (i − π e ) dP
di M 1 LY dY
=− 2 − (10)
dP P Li Li dP
dY − PM2 L1i
|AD = 1−C 0 (Y −T )
<0 (11)
dP + LY
I 0 (i−π e ) Li
5
LM
2
i
i
LM1
i2
i
1
L(i, Y)
IS
M/P M/P
2 1
P Y
P
2
P
1
AD
Y
Y2 Y1
dY 1
= > 0,
dG 1 − C 0 (Y − T ) + I 0 (i − π e ) LLYi
6
e
di −LY 1
= > 0.
dG Li 1 − C (Y − T ) + I 0 (i − π e ) LLY
0
i
E E=Y
E =C+I+G
2 2
E1=C+I+G1
Y
i
IS IS
1 2
LM
i
2
i Multiplicador
1 Keynesiano=
1/(1−C’(Y−T))
Y
Y Y
1 2
7
Na análise do impacto de um aumento em G na procura agregada, nós
não mencionamos a restrição orçamentária do governo. Mas, como sabemos,
os governos não podem gastar ilimitadamente. Como o governo vai financiar
os novos gastos é sempre uma questão importante. Alemanha e Portugal, por
exemplo, estão sendo pressionados pela comunidade européia pelo aumento nos
gastos no ano passsado, quando o déficit orçamental aproximou-se do limite
pré-estabelecido pela comunidade (3% do PIB). Em geral, nos modelos IS-LM
a restrição do governo não é levada em consideração porque o horizonte destes
modelos é de curto prazo (e.g., 1 trimestre). No curto prazo, o governo pode
financiar os gastos através do aumento na dı́vida! O que explica o limite de
3% do PIB pela comunidade européia. Assim, os governos têm uma margem de
manobra para utilizar a polı́tica fiscal afim de estimular a economia em perı́odos
recessivos. Afinal de contas, na união monetária, a polı́tica fiscal é basicamente
o único instrumento de estabilização da economia, já que a polı́tica monetária é
estabelecida pelo Banco Central da união. No entanto, numa situação na qual
o déficit já está próximo do limite, Portugal e Alemanha no inı́cio de 2002, nós
devemos adicionar a seguinte restrição:
T − G ≥ −aY, a ∈ (0, 1)