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A u l a 06

CURSO ON-LINE - ECONOMIA PARA AFRFB


TEORIA E EXERCÍCIOS COMENTADOS
PROFESSOR HEBER CARVALHO
AULA 06
Demanda e oferta agregada (OA-DA).
Curva de Phillips. Inflação.
Olá caros(as) amigos(as),

Hoje, nós veremos o modelo de demanda e oferta agregadas


(DA-OA). Este modelo é mais abrangente que o modelo IS-LM, visto na
aula passada, e relaciona a renda e o nível de preços da economia. Por
tratar dos preços, o estudo desse modelo também nos possibilitará
estudar o fenômeno da inflação, seus problemas e consequências.
Também analisaremos a curva de Phillips, que é nada mais que uma
extensão do modelo de oferta e demanda agregada. Por último,
aproveitando a oportunidade que estudaremos a inflação, também
abordaremos a fase recente da economia brasileira, em que um dos
destaques foi a política econômica voltada para o combate à inflação.

E aí, todos prontos?! Então, aos estudos!

MODELO DE OFERTA E DEMANDA AGREGADA

INTRODUÇÃO

No modelo IS-LM, visto na aula passada, nós não consideramos o


nível de preços em nosso estudo. A partir de agora, nós introduziremos os
preços na análise da determinação da renda da economia e isso nos
levará ao estudo do modelo de demanda e oferta agregada da economia.
Ao mesmo tempo, estaremos estudando a inflação (aumento de preços).

A lógica do modelo DA-OA se assemelha bastante àquela do modelo


IS-LM. Ou seja, temos duas curvas, e a interação entre elas nos dá o
nível de renda da economia. A diferença é que, neste caso, trabalharemos
com o nível de preços (P) no lugar das taxas de juros.

Nosso roteiro será bastante parecido com aquele visto na análise


IS-LM. Estudaremos primeiro cada curva separadamente e, depois,
faremos a integração, tecendo conclusões acerca das políticas fiscal e
monetária e sua relação com a inflação e a renda da economia.
Comecemos pela curva de demanda agregada:

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1. A CURVA DE DEMANDA AGREGADA

A curva de demanda agregada (DA 1 ) mostra, para qualquer nível de


preços, P, a quantidade total de bens e serviços, Y, demandada por
famílias (C), governo (G), empresas (I) e resto do mundo (X - M). A
curva DA é inclinada para baixo, negativamente (figura 01), indicando
que quando o nível geral de preços é mais alto, os agentes demandam
menos bens e serviços.

Curva de demanda
agregada é inclinada
Figura 1
negativamente.

Observe que a redução de preços (de P1 para P2) fez aumentar a


demanda agregada (=renda=Y) da economia (de Y1 para Y2), indicando
uma relação inversa entre Y e P. Essa relação inversa faz com que a curva
DA tenha inclinação descendente.

A princípio, parece bastante intuitiva a explicação de por que a


curva DA é negativamente inclinada: quando os preços estão mais altos,
as pessoas se dispõem a comprar menos bens. No entanto, neste caso, a
explicação intuitiva não é correta.

O problema com a explicação intuitiva é que, embora um aumento


no nível geral de preços reflita um aumento nos preços da maioria dos
bens, ele também implica um aumento na renda das pessoas que
produzem e vendem esses bens. Assim, não é correto dizer que um nível
de preços mais elevado reduz a quantidade de bens e serviços que as
pessoas podem comprar, porque suas rendas, assim como os preços,
aumentaram.

A curva de demanda agregada (DA) representa a demanda


agregada da economia sob os dois pontos de vista estudados no modelo
IS-LM: lado real e lado monetário da economia. Por isso, nós dizemos que
a curva DA é derivada do modelo IS-LM. Lembremos que, para um dado

1
Lembre-se de que DA = C + I + G + X - M.

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nível de preços , a quantidade de produto que os agentes decidem
demandar é onde a curva IS e a curva LM se cruzam.

Vejamos como nós podemos deduzir a curva de DA a partir do


modelo IS-LM. Suponha que a oferta de moeda seja M e que o nível de
preços seja P 1 . Logo, a oferta real de moeda 3 é M/P 1 e a curva LM inicial é
LM 1 , na figura 02a. A curva IS cruza a curva LM 1 no ponto A, onde a
renda da economia será Y1. Desse modo, concluímos que, quando o nível
de preços é P1, a quantidade agregada de produto (=renda da economia)
é Y1.

Figura 2

1
a)

b)

Agora suponha que o nível de preços aumente para P 2 . Com uma


oferta nominal de moeda de M, esse aumento no nível de preços reduz a
oferta real de moeda de M/P1 para M/P2. Essa redução na oferta real de
moeda desloca a curva LM para cima e para , para LM 2 . As curvas IS e

2
No modelo IS-LM, consideramos o nível de preços como um dado determinado, constante, fixo.
3
A oferta monetária da economia é dada por M. Se descontarmos o valor do índice de preços,
obtemos a oferta monetária real da economia, que será M/P. Quando há aumento de preços, M/P é
reduzida, reduzindo a oferta monetária real da economia.

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LM 2 se interceptam no ponto B, onde a renda da economia é Y 2 . Assim, o
aumento de preços de P1 para P2 reduz a renda da economia de Y1 para Y2
(gráfico 2b).

Essa relação negativa entre o nível de preços e a renda da


economia tem como consequência a inclinação descendente da curva de
demanda agregada, sendo que esta é derivada diretamente do modelo
IS-LM.

Colocando um pouco de lado os gráficos, podemos raciocinar que o


aumento de preços reduz a renda da economia em razão da sua influência
sobre o lado real e sobre o lado monetário da economia. Vejamos quais
são essas influências. Para isso, suponha um aumento de preços (P):

• Lado monetário da economia: reduz a oferta monetária real (M/P)


aumentando a taxa de juros reduzindo os investimentos
reduzindo a demanda agregada/renda (Y).

• Lado real da economia: reduz as exportações e aumenta as

(Y).

Veja que o aumento de preços, tanto pela análise do lado real,


quanto pela análise do lado monetário, reduz a demanda
agregada/renda da economia, demonstrando que, realmente, a curva
DA deve ser negativamente inclinada.

Derivando a curva DA a partir da TQM

A teoria quantitativa da moeda (TQM) nos mostra que, mantendo a


velocidade de circulação da moeda e a quantidade de transações
constantes, os preços aumentam em virtude do aumento da quantidade
de moeda em circulação. Matematicamente, a TQM é descrita assim:

MV = PT

Onde: M = oferta de moeda, V = velocidade de circulação da moeda, P =


nível geral de preços e T = quantidade de transações ocorrida no sistema
econômico.

Se V e T são constantes, então, o aumento de M provoca tão somente

4
Se há aumento de preços, os produtos internos ficarão menos competitivos no exterior e as vendas
com exportação serão reduzidas. Por outro lado, o aumento dos preços internos aumenta a
demanda de produtos importados, pois os produtos internos estão relativamente mais caros devido
ao aumento de preços.

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aumento no nível de preços. Conforme explicamos na aula 04, tal teoria
é plenamente relacionada à teoria clássica.

Pois bem, vamos utilizar esta equação para explicar porque a curva DA é
negativamente inclinada, ou seja, utilizaremos a TQM para explicar por
que as variáveis Y (renda) e P (índice de preços) são negativamente
relacionadas.

Se a renda (Y) for mais alta, isto fará com que as pessoas realizem mais
transações (aumentem o valor de T) e isto, por sua vez, fará com que
elas demandem mais encaixes monetários reais (demandem mais M/P).
Para uma oferta monetária constante, M, um encaixe real mais alto só é
possível se houver uma queda no nível de preços (queda em P). De modo
inverso, se o nível de preços é mais baixo, a quantidade de encaixes
monetários reais (M/P) é mais alta; e este nível mais alto de encaixes
monetários reais possibilita um volume maior de transações, o que
significa mais renda ou produto (mais Y).

Então, veja que a TQM nos permite deduzir que, se P é baixo, então Y
tende a ser mais alto; e vice-versa. Ou seja, há uma relação inversa
entre Y e P, exatamente como o modelo IS-LM nos sugere. Desta forma,
a curva DA será negativamente inclinada, seja pela abordagem
Keynesiana (modelo IS-LM), seja pela abordagem clássica (TQM).

1.1. Deslocando a curva de demanda agregada

Como a curva de demanda agregada é determinada a partir do


modelo IS-LM, nós temos que os mesmos fatores que fazem deslocar as
curvas IS e LM farão também deslocar a curva de demanda agregada.
Assim, políticas fiscais e/ou monetárias expansivas farão a curva
de demanda agregada ser deslocada para a direita. Políticas
fiscais e/ou monetárias restritivas farão deslocar a curva para a
esquerda.

Apenas para recapitular, seguem os fatores que deslocam as curvas


IS e LM:

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Fatores que deslocam a curva IS para a direita e, portanto, deslocam a
curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda:
• Aumento do consumo autônomo;
• Aumento dos gastos do governo;
• Aumento dos investimentos autônomos;
• Redução de impostos;
• Aumento das transferências;
• Aumento das exportações líquidas.
Fatores que deslocam a curva LM para a direita e, portanto, deslocam a
curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda:
• Aumento da oferta de moeda
• Redução da demanda por moeda

Julgo importante fazer duas observações.

Primeiro, e bastante óbvio, alterações em sentido contrário às que


foram colocadas deslocam a curva DA para a esquerda (e para baixo).

Segundo, é importante estar atento para outros fatores que não


estão no quadro, mas que podem alterar as variáveis expostas no quadro
e, assim, deslocar a curva DA. Por exemplo, se o examinador da prova
nos disser que as expectativas positivas (confiança do consumidor ou dos
empresários) em relação ao futuro da economia deslocam a curva de DA,
certamente, você deve assinalar tal afirmação como sendo correta. Isto
porque expectativas positivas aumentam o consumo (C) e o investimento
(I), deslocando a curva IS e a curva DA para a direita, no sentido de
aumento da renda.

Outro exemplo: suponha que o examinador nos afirme que o fato


de os agentes esperarem um aumento na inflação futura desloca a curva
DA para a direita. O aumento da inflação futura faz os agentes reduzirem
a demanda por moeda 5 , deslocando a curva LM para a direita. Por
conseguinte, a curva DA também será deslocada para a direita.

Estes são apenas dois exemplos que mostram que você deve estar
pronto para raciocinar, em vez de simplesmente decorar alguns fatores
que deslocam a curva de DA. Dependendo da questão, a imaginação do
examinador pode lhe pegar de surpresa, ainda mais se você optar por ser
um simples "memorizador" de assuntos.

5
Se a inflação aumenta, a moeda perde a sua capacidade de ser "reserva de valor", uma vez que o
ativo se desvaloriza mais rapidamente com o tempo. Desta forma, os agentes preferirão guardar sua
riqueza de outras formas que não signifiquem a simples retenção de moeda. Ou seja, haverá
redução da demanda por moeda. Conforme nós vimos na aula passada, a redução da demanda por
moeda é um dos fatores que desloca a curva LM. Havendo deslocamento da curva LM, há também
deslocamento da curva DA.

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2. CURVA DE OFERTA AGREGADA

Define-se oferta agregada (OA) como sendo o valor total da


produção de bens e serviços de uma economia. Doutrinariamente,
dividimos a análise da curva de oferta agregada considerando-a sob duas
óticas: curto e longo prazo.

Em macroeconomia, a diferença fundamental entre o curto e o


longo prazo é o comportamento dos preços. No curto prazo, muitos (não
necessariamente todos) preços são fixos em algum nível predeterminado,
e não mudam independente das condições e dos estímulos ou
desestímulos das variáveis macroeconômicas. No longo prazo, os preços
são flexíveis e reagem a mudanças na conjuntura econômica. Assim,
fundamentalmente, temos:

Vale ressaltar que quando falamos em "preços", estamos nos


referindo a todos os preços da economia, de forma geral. Estes preços
referem-se aos preços de todos os produtos, incluindo também o preço da
mão-de-obra, que é o salário.

A curva de oferta agregada variará de acordo com o prazo que está


sendo considerado. Iniciaremos nossa análise com o longo prazo.

2.1. Oferta agregada de longo prazo

Na aula 03, nós vimos as principais diferenças entre a teoria


keynesiana e a teoria clássica. Foi demonstrado que a teoria clássica se
aplica ao longo prazo e que ela pressupõe também: preços variáveis e
economia no pleno emprego.

Se atentarmos para o fato de que, no longo prazo, a economia


permanece no produto de pleno emprego, a curva de oferta agregada
será uma reta vertical, exatamente ao nível de pleno emprego.

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Figura 3

Curva de oferta agregada


de longo prazo é vertical,
ao nível de pleno emprego.

Observe que a curva de oferta agregada de longo prazo é


condizente com a teoria clássica, onde o equilíbrio ocorre na produção de
pleno emprego. Ao mesmo tempo, observe que, no longo prazo, uma
alteração no nível de preços não afeta a quantidade ofertada de bens e
serviços.

Nós também podemos dizer que a curva de oferta agregada de


longo prazo corresponde à situação em que a OA é perfeitamente
inelástica (totalmente insensível) aos preços, já que alterações de preços
não mudam a OA.

Como já dissemos, a curva de oferta se posiciona exatamente ao


nível de pleno emprego, mas o que isso significa? O pleno emprego
corresponde à situação em que os fatores de produção (mão-de-obra,
capital, recursos naturais) são plenamente utilizados.

Assim, a possibilidade de haver da curva de


oferta agregada de longo prazo se resume a alterações na quantidade
de fatores de produção. Imagine que haja um movimento imigratório
(aumento do fator de produção mão-de-obra), ou a descoberta de novas
jazidas de recursos minerais, ou o desenvolvimento de novas tecnologias
que aumentem a produtividade do capital (aumento do fator de produção
capital). O que essas mudanças fazem com o posicionamento da curva de
oferta agregada?

Em todos os casos, há aumento de fatores de produção, de tal


forma que a curva de OALP será deslocada para a direita.

Suponha agora que haja um desastre natural que destrua uma


parte do estoque de capital da economia, ou um forte movimento
emigratório (=redução de mão-de-obra), ou a aprovação pelo congresso
de novas regras de segurança de trabalho ou ambientais que tornassem o

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trabalho menos produtivo ou mais dificultoso. O que essas mudanças
fazem com o posicionamento da curva de oferta agregada?

Nestes casos, há redução de fatores de produção, de tal forma que


a curva de OALP será deslocada para a esquerda, indicando que o produto
de pleno emprego será menor.

Segue um quadro com os fatores que deslocam a curva de oferta


agregada de longo prazo:

Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo:


• Alterações na disponibilidade de capital;
• Alterações na disponibilidade de recursos naturais;
• Alterações da tecnologia;
• Alterações na disponibilidade de mão-de-obra;
• Alterações salariais 6 ;
• Alterações dos custos 7 .

Por fim, ressalto mais uma vez que a oferta agregada de longo
prazo (vertical) reflete o modelo clássico da economia (observe que a
situação é a mesma da curva LM vertical - caso clássico), pois pressupõe
a economia no nível de produto de pleno emprego.

2.2. Oferta agregada de curto prazo

Nós vimos que, no longo prazo, o nível geral de preços não afeta a
capacidade da economia de produzir bens e serviços, de tal forma que a
economia estará sempre no pleno emprego de recursos. No entanto, no
curto prazo, o nível geral de preços afeta a capacidade de produção da
economia.

Em curto prazo, um aumento no nível geral de preços da economia


tende a elevar a quantidade ofertada de bens e serviços, e uma queda no
nível geral de preços tende a reduzir a quantidade ofertada de bens e
serviços. Como resultado, a curva de oferta agregada tem inclinação
positiva, como mostra a figura 4.

6
Os salários alteram a quantidade utilizada de mão-de-obra. Salários mais elevados fazem com que
os empresários contratem menos trabalhadores, por estes estarem mais caros. Assim, o aumento de
salários faz com que a curva OA de longo prazo seja deslocada para a esquerda. Redução de salários
desloca a curva OA para a direita, pois haverá mais trabalhadores contratados (mais quantidade do
fator mão-de-obra).
7
Custos elevados pressupõem redução da produção, deslocando a curva de oferta agregada para a
esquerda. Um exemplo de elevação de custos seria o aumento dos preços de matérias-primas ou
elevações salariais.

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Figura 4
Preço
(P) '
OACP

Curva de oferta agregada


de curto prazo (OACP) é
inclinada positivamente.

Por que, diferentemente do que ocorre no longo prazo, as


mudanças no nível de preços afetam a produção no curto prazo? Existem
várias explicações para isso, mas todas elas possuem um denominador
comum: a oferta agregada se desvia do seu nível natural quando o nível
real de preços se desvia do nível de preços que as pessoas esperavam
que prevalecesse.

Se você não entendeu ou ficou um pouco confuso, peço um pouco


de calma. Esta questão ficará mais bem esclarecida à medida que você
for lendo o texto.

Resumidamente, nós podemos enumerar três teorias que explicam


a inclinação positiva da curva de oferta agregada: (a) teoria dos salários
rígidos, (b) teoria dos preços rígidos e (c) teoria da informação
imperfeita. Comecemos pela primeira (a):

a) Rigidez salarial

De acordo com essa teoria, a curva de oferta agregada de curto


prazo tem inclinação positiva porque os salários nominais (W) não
respondem imediatamente às variações das condições da economia,
sendo rígidos no curto prazo.

Essa rigidez salarial é causada basicamente por fatores sociais e


institucionais, tais como a existência de contratos de trabalho de longo
prazo, poder de negociação coletiva (sindicatos), adoção de pisos
salariais, legislação trabalhista. Todos estes fatores impedem ajustes para
menor dos salários.

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Um exemplo prático nos ajudará a entender porque os salários
(nominais) rígidos fazem com que a curva de oferta agregada seja
inclinada positivamente.

Imagine que há um ano uma empresa esperava que o nível de


preços fosse 100 (preço esperado = 100) e, com base nessa expectativa,
assinou um contrato de trabalho em que o salário de seu trabalhador
fosse 50. Suponha que a expectativa da empresa não se confirmou e o
nível de preço efetivo acaba sendo apenas 90, em vez de 100. Como os
preços caíram abaixo das expectativas, a empresa ganha 10% menos do
que o esperado para cada unidade de produto que vende. O salário (custo
da mão-de-obra), porém, é rígido e não pode diminuir em virtude do
contrato de trabalho. Dessa forma, a produção agora dá menos lucro, de
tal forma que a empresa reduzirá o número de contratações e a
quantidade de produtos ofertados. Com o tempo, após os contratos de
trabalho expirarem, a empresa poderá renegociar o valor dos salários, de
tal forma que seja possível novamente contratar mais trabalhadores e
aumentar a produção, mas, enquanto isso não ocorre, o nível de
produção permanecerá abaixo do nível de pleno emprego no longo prazo.

Veja então que o nível de preços abaixo do nível de preços


esperado, associado à rigidez salarial, fez com que a empresa reduzisse
as contratações e a produção. Ou seja, redução de preços provoca
redução de produção/renda. O contrário também é válido: aumento de
preços provoca aumento de contratações e produção. Como as variáveis
do gráfico têm relação positiva (uma cresce e outra também cresce, e
vice-versa), a curva de oferta agregada será inclinada positivamente no
curto prazo.

Diante do exposto, segundo a teoria dos salários rígidos, a curva de


oferta agregada de curto prazo tem inclinação positiva porque os salários
nominais se baseiam na expectativa de preços e são rígidos (não
respondem imediatamente quando o nível de preços é diferente do
esperado). Essa rigidez salarial 8 faz com que as empresas produzam mais
quando os preços aumentam mais que o preço esperado, e menos quando
os preços diminuem para um nível menor que o preço esperado.

b) Rigidez de preços

8
Uma maneira alternativa de verificar a teoria da rigidez salarial é a seguinte, supondo um aumento
de preços: quando o salário nominal (W) permanece fixo, um aumento no nível de preços diminui o
salário real (W/P), fazendo com que a mão-de-obra fique mais barata. Isso induz as empresas a
contratar mais mão-de-obra o que faz com que a produção seja aumentada. Assim, verifica-se uma
relação positiva entre nível de preços e produto, fazendo com que a curva de oferta agregada seja
inclinada positivamente.

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A teoria dos preços rígidos pressupõe que os preços de alguns bens


e serviços também se ajustam lentamente em resposta às variações das
condições econômicas, apresentando, portanto, alguma rigidez.

Esse modelo enfatiza que as empresas não ajustam imediatamente


os preços que cobram em resposta a variações na demanda e isto ocorre
por vários motivos. Assim como os contratos de trabalho, os acordos de
compra e venda de produtos podem ser estabelecidos por contratos de
longo prazo entre empresas e clientes e, mesmo na inexistência de
acordos formais, as empresas podem manter os preços fixos no curto
prazo para não incomodar os clientes com mudanças frequentes de
preços.

Outra razão que explica a rigidez de preços são os custos de


menu. Por vezes, ajustar os preços implica custos como, por exemplo, a
impressão e distribuição de catálogos, confecção de novas etiquetas de
preços, impressão de novos cardápios (no caso de restaurantes),
atualização dos sistemas, atualização da contabilidade, etc. Esses custos
de menu fazem com que as empresas ajustem seus preços de modo
intermitente (apenas de tempos em tempos), e não de modo contínuo.

Agora que já explicamos porque os preços podem ser rígidos no


curto prazo (por exemplo, devido aos custos de menu), veremos como
isso explica a inclinação positiva da curva de oferta agregada. Suponha
que uma empresa anuncie seus preços antecipadamente, com base nas
expectativas em relação às condições econômicas para um período
seguinte. Então, devido a mudanças nas condições econômicas, o nível de
preços da economia acaba sendo menor do aquele esperado. Embora
algumas empresas reduzam seus preços imediatamente em resposta às
mudanças inesperadas nas condições econômicas, outras podem não
fazê-lo, para não incorrer nos custos de menu. Como os preços dessas
empresas ficam mais altos, suas vendas declinam. O declínio nas vendas
reduzirá os lucros e fará estas empresas que mantiveram os preços
rígidos reduzir a produção e o emprego.

Em suma, como nem todos os preços se ajustam imediatamente a


oscilações da economia, uma queda no nível de preços deixa algumas
empresas com preços mais altos, fazendo suas vendas reduzirem. Por
conseguinte, a produção e o emprego serão reduzidos nestas empresas
com rigidez de preços. Essa associação positiva entre o nível de preços e
a produção (uma variável cai, a outra também cai, e vice-versa) leva à
inclinação positiva da curva de oferta agregada.

c) Informação imperfeita

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A teoria da informação imperfeita ou percepções equivocadas


relaciona a inclinação da curva de oferta agregada de curto prazo como
resultado da percepção equivocada dos produtores em relação aos preços
da economia.

Suponha que o nível geral de preços da economia caia para um


nível abaixo do esperado pelas empresas. Se o nível de preços de toda a
economia cai, seria natural que isso não afetasse as decisões de produção
das empresas, uma vez que não há mudanças nos preços relativos9. No
entanto, as percepções equivocadas, fruto da informação imperfeita,
podem fazer com que isso não aconteça.

Para entender como isso funciona, suponha que haja redução do


nível geral de preços. Como nós dissemos, à medida que a redução de
preços ocorre na economia como um todo, é de se esperar que isso não
afete as decisões de produção, mas um produtor, individualmente, pode
enxergar isso de maneira equivocada. Um vendedor de roupas, por
exemplo, pode achar que somente os preços de suas roupas caíram. Ou
seja, ele pode acreditar que os preços de seus produtos caíram
comparados a outros preços na economia (queda de preços relativos).
Deste modo, este vendedor pode concluir que produzir roupas não é tão
lucrativo quanto antes e, assim, decide reduzir a produção, e essa
redução de produção durará até que ele perceba que a redução de preços
foi geral, e não somente para os seus produtos.

Percepções equivocadas semelhantes ocorrem quando o nível geral


de preços sobe. Um produtor, isoladamente, pode achar que somente o
preço de seu produto subiu e, assim, pode decidir aumentar a produção.

Note que, enquanto estas percepções equivocadas não forem


corrigidas, os produtores responderão a aumento de preços por meio do
aumento de produção; e responderão à redução de preços por meio da
redução de produção. Em ambos os casos, a relação entre
produção/emprego e preços é positiva, indicando que a curva de oferta
agregada será positiva.

d) Resumo e equação da curva de oferta agregada de curto


prazo

9
Quando falamos em preços relativos, estamos fazendo alusão à relação de preços. Assim, quando
todos os preços da economia caem, não há mudança nos preços relativos, pois todos os preços caem
em proporção igual, de forma que todos os agentes permanecem na mesma situação. Assim, uma
redução de todos os preços (redução do nível geral de preços) não altera os preços relativos e não
deveria estimular alterações na produção.

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Nós vimos então que existem três explicações para a inclinação
positiva da curva de oferta agregada de curto prazo: (a) salários rígidos,
(b) preços rígidos e (c) percepções equivocadas sobre os preços relativos.
Embora essas três explicações difiram em termos de pressupostos, suas
implicações em relação ao produto agregado são semelhantes: quando os
preços sobem, o produto agregado (oferta agregada) também sobe, e
vice-versa.

Existe uma equação que resume a curva de oferta agregada de


curto prazo. Tal equação coaduna-se com as três teorias que explicam a
inclinação positiva da OACP. Segue abaixo a equação:

Oferta agregada de
curto prazo (OA CP)

Essa equação, que define a curva de oferta agregada de curto


prazo, enuncia que os desvios do produto do nível natural (YN) estão
relacionados com os desvios do nível de preços (P) em relação ao nível de
preços esperado (PE). Se o nível de preços é mais alto que o nível de
esperado (P > PE), a produção excede o seu nível natural (Y > YN). Se o
nível de preços é mais baixo que o nível esperado, a produção fica aquém
da sua taxa natural. A figura 05 evidencia essas conclusões:

Figura 5

Oferta agregada de
curto prazo (OACP)

Oferta agregada de
longo prazo (OALP)

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Observe que, quando P = P E , a economia se equilibra no nível de


produto natural (Y=Y N ). Como o produto natural é o produto de pleno
emprego, nós sabemos que a curva vertical de oferta agregada de longo
prazo passará pelo ponto onde temos o produto natural.

Produto natural e a taxa de desemprego natural

O produto natural, ou produto de pleno emprego, é a situação em que


todos os fatores de produção estão empregados ou estão sendo
utilizados. Especialmente em relação ao fator de produção mão-de-obra,
nós dizemos que o produto natural é o nível de produto em que temos
somente a taxa natural de desemprego. Esta taxa, contudo, não significa
que todos os trabalhadores estão empregados. Veja que é um pouco
contraditório, mas é isso mesmo!

Mesmo a uma taxa natural de desemprego (=produto natural = produto


de pleno emprego), ainda há trabalhadores sem emprego. Isso ocorre
em razão de fatores institucionais ou conjunturais. Por exemplo, pode
haver trabalhadores procurando emprego e empresas ofertando vagas,
de tal modo que a oferta de trabalho seja igual à demanda de trabalho.
No entanto, não há comunicação suficiente para que estes trabalhadores
saibam que há vagas e onde estão essas vagas disponíveis, de forma que
eles permanecerão por algum tempo desempregados, em virtude dessa
falha de comunicação. Ao mesmo tempo, pode haver trabalhadores
"entre empregos", de forma que ficarão desempregados por alguns dias.
Outro exemplo: um trabalhador demitido pode decidir que descansará
por alguns meses, "desfrutando" do seguro-desemprego, de forma que
estará por algum tempo desempregado, mesmo havendo vagas
disponíveis no mercado.

Todas essas situações acima narradas representam casos em que há


desemprego natural. Veja que políticas de cunho fiscal ou monetário são
inofensivas e não servem para reduzir a taxa natural de desemprego.
Para reduzi-la, os formuladores de políticas devem buscar políticas que
melhorem o funcionamento do mercado de trabalho. Por exemplo, a
criação de um banco de dados onde constem informações de vagas e
trabalhadores disponíveis, reduzindo o tempo "entre empregos", poderia
diminuir a taxa natural de desemprego e, assim, aumentar o nível do
produto natural. Isso deslocaria a curva de oferta agregada de longo
prazo para a direita, pois há aumento do produto natural.

2.2.1. Deslocando a curva de oferta agregada de curto prazo

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Em primeiro lugar, é importante destacar que variações endógenas
(renda e preços) provocam deslocamentos ao longo da curva de oferta
agregada, ou seja, a curva permanece no mesmo lugar.

No item 2.1, nós vimos que alterações na disponibilidade dos


fatores de produção (mão-de-obra, capital, recursos naturais) deslocam a
curva de oferta agregada de longo prazo. Essa curva é similar à curva de
oferta agregada de curto prazo, a diferença está na inclinação. A primeira
é vertical, enquanto a segunda é inclinada positivamente. Assim, todos
os fatores que deslocam a curva de longo prazo também deslocam
a curva de oferta de curto prazo.

Por exemplo, quando o governo adota medidas que reduzem a taxa


natural de desemprego, aumentando a quantidade do fator de produção
mão-de-obra disponível para as empresas, a economia consegue produzir
mais bens, portanto, ambas as curvas de oferta agregada (longo e curto
prazos) se deslocam para a direita.

O único fator que deslocará uma curva e não deslocará a outra é o


nível de preços esperados. Conforme vimos, o nível de preços é fator
decisivo na curva de oferta agregada de curto prazo e, ao mesmo tempo,
não apresenta relevância em relação à curva de longo prazo.

Conforme vimos no tópico passado, a quantidade ofertada de


produto depende, no curto prazo, dos salários rígidos, dos preços rígidos
e da informação imperfeita. Entretanto, salários, preços e percepções
(informações) são estabelecidos com base na expectativa quanto ao nível
de preços. Assim, quando as expectativas sobre o nível de preços
mudam, a curva de oferta agregada de curto prazo se desloca.

Um aumento no nível de preços esperados faz com que estes


superem o nível de preços "reais" ( P < P E ) , e isto faz com que as empresas
diminuam a produção, já que os preços praticados (P) estão abaixo
daquilo que eles esperam (PE). Assim, um aumento no nível de preços
esperados faz com que a curva de oferta agregada de curto prazo seja
deslocada para a esquerda, no sentido da redução de renda. O inverso
também é verdadeiro: uma redução do nível de preços esperados faz com
os preços "reais" superem os preços esperados (P>P E ) e isso estimula as
empresas a aumentar a produção, de tal forma que a curva de oferta
agregada de curto prazo será deslocada para a direita.

Você pode estar se perguntando se isto não contradiz o que


afirmamos logo no início do tópico: alteração de preços não desloca a
curva de oferta, provoca apenas deslocamento ao longo da curva. A
resposta é não. A alteração de preços a que nos referimos, que provoca
tão somente alterações ao longo da curva, é a alteração dos preços

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"efetivos" (P), e não a alteração dos preços esperados (PE). Estes últimos
são externos (exógenos) ao modelo, de tal forma que eles deslocarão a
curva de oferta agregada como um todo.

Segue um quadro com um resumo dos fatores que deslocam a


curva de oferta de curto prazo:

Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de curto prazo:


• Alterações na disponibilidade de capital;
• Alterações na disponibilidade de recursos naturais;
• Alterações da tecnologia;
• Alterações na disponibilidade de mão-de-obra;
• Alterações salariais;
• Alterações dos custos;
• Alterações no nível de preços esperados.

2.2.2. O caso extremo: rigidez total de preços e salários

Em muitos livros, a curva de oferta agregada de curto prazo ainda


admite uma terceira versão em que há rigidez total de preços e salários.
Nesta versão (que seria aplicada considerando uma espécie de curto
prazo ainda mais curto que aquele verificado quando a curva é
positivamente inclinada), a curva de oferta agregada é uma reta
horizontal10, indicando que o nível de preços permanecerá sempre em P 1 .
Ressalto também que esta curva é denominada de caso keynesiano
extremo da curva de oferta agregada.

Figura 6

Assim, podemos resumir as versões da curva de oferta agregada


desta maneira:

10
Podemos dizer também que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços.

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Figura 07

Depois de ver a figura 07, você pode se perguntar qual deve ser a
curva de oferta deve ser adotada quando uma questão de concurso fala
simplesmente em curto prazo. Se a questão não afirmar expressamente
que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta
horizontal, ou há rigidez total de preços e salários, considere que está
sendo levada em conta a curva de curto prazo inclinada positivamente,
conforme consta em 7b. Se a questão afirmar também que há apenas
rigidez de preços e salários (não é rigidez total), considere que a curva
OA é exatamente como em 7b.

Se a questão afirmar expressamente que a oferta agregada é


infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta horizontal, ou há rigidez
total de preços e salários (a rigidez precisa ser total), considere que está
sendo levada em conta a curva de curto prazo conforme consta em 7a.

Se a questão mencionar que os preços e salários são totalmente


flexíveis, ou a curva de oferta é totalmente inelástica aos preços, ou é
uma reta vertical, ou se refere ao caso clássico, considere que está sendo
levada em conta a curva de oferta de longo prazo, conforme consta em
7c.

3. RESPOSTAS A MUDANÇAS DA DEMANDA AGREGADA

Neste item, nós veremos quais as consequências de políticas fiscais


e monetárias sobre os preços e renda, a depender do tipo de oferta
agregada com que a economia se defronta. Em virtude das várias versões
da curva de oferta agregada, as empresas, que são as próprias

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responsáveis pela oferta agregada, respondem aos acréscimos de
demanda agregada 11 de três maneiras:

i. Aumentando a produção (OA), sem elevar os preços;


ii. Aumentando apenas os preços, sem aumentar a produção (OA);
iii. Aumentando a produção e os preços.

(i) O primeiro caso corresponde a uma situação em que há


desemprego de fatores de produção (mão-de-obra desempregada,
capacidade ociosa 12 ). Nesta condição, a produção pode aumentar sem
que os preços da economia sejam alterados. Essa situação representa a
hipótese do modelo keynesiano (onde há desemprego de recursos). Por
isto, o trecho da curva de oferta agregada que representa esta situação
de preços invariáveis ou totalmente rígidos é denominado de caso
keynesiano (figura 08a) e será uma reta horizontal a um nível de preços
que é rígido, não muda.

(ii) O segundo caso corresponde a uma situação de pleno emprego,


onde os fatores de produção já são plenamente utilizados. Nesta situação,
a produção não cresce mais em resposta a aumentos da demanda. Como
a economia já está no pleno emprego, a curva de oferta agregada será
uma reta vertical a um nível de renda de pleno emprego, que não muda
em resposta a aumentos da demanda agregada (figura 08c). Essa
situação representa a hipótese do modelo clássico (onde a economia está
no pleno emprego).

Ressalto que, na hipótese (ii), a renda da economia só aumentará


se a curva de oferta agregada for deslocada para a direita e, para isto
acontecer, é necessário que a disponibilidade dos fatores de produção
aumente.

(iii) O terceiro caso diz respeito a uma situação intermediária entre


os casos keynesiano e clássico, em que alguns setores da economia
encontram-se em pleno emprego e outros não. Nesta situação, a curva de
oferta agregada terá inclinação positiva (figura 08b) e os aumentos de
demanda fazem a renda e os preços da economia aumentarem. No
entanto, estes aumentos de renda serão menores que aqueles verificados
no caso keynesiano; e o aumento de preços será menor que aquele
verificado no caso clássico.

11
Lembre-se de que a curva de demanda agregada representa, ao mesmo tempo, as curvas IS
(política fiscal) e LM (política monetária). Assim, quando falamos em "resposta a acréscimos de
demanda agregada", entenda também como "resposta a políticas fiscais e monetárias".
12
Quando falamos que há capacidade ociosa, isto significa que há desemprego de algum(s) do(s)
fator(es) de produção. Ou seja, pode haver máquinas, bens de capital ou trabalhadores que
deveriam estar sendo usados para produzir, mas que estão ociosos, parados.

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Figura 08

a) Caso keynesiano b) Caso intermediário c) Caso clássico

Podemos resumir assim os efeitos do aumento de demanda


agregada (=adoção de políticas fiscais e/ou monetárias expansivas) sobre
os preços e renda da economia:

Curva de oferta agregada Aumento de demanda agregada causa:


Horizontal (rigidez total
Aumento da renda, somente.
de preços)
Positivamente inclinada
Aumenta da renda e dos preços.
(rigidez de preços)
Vertical (preços flexíveis
e economia no pleno Aumento dos preços, somente.
emprego)

Nota lembro mais uma vez que, em questões de prova, caso a banca
não seja específica sobre qual a curva de oferta agregada de curto prazo
considerar (reta horizontal ou positivamente inclinada), use o caso
intermediário, em que a curva é positivamente inclinada.

4. O EQUILÍBRIO ENTRE DA e OA

Neste tópico, a ideia é a mesma apresentada na aula passada,


quando estudamos o modelo IS-LM e suas curvas. Para descobrirmos qual
será o efeito de alguma política ou algum acontecimento sobre a renda e
os preços, devemos saber trabalhar com as curvas de demanda e oferta
agregada. O roteiro de raciocínio é este:

1 - primeiro, verifique se o acontecimento ou política adotada afeta


(desloca) a curva DA ou a curva OA. Já debatemos os fatores que
deslocam cada curva.

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2 - segundo, verifique qual a curva de oferta agregada a ser usada, se de


curto prazo ou longo prazo. Caso seja de curto prazo, identifique se é a
curva horizontal ou a curva positivamente inclinada.

3 - depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o


acontecimento desloca a curva DA ou OA para a direita ou para a
esquerda.

4 - após deslocar a(s) curva(s), verifique por si só o novo ponto de


equilíbrio e as consequências sobre o novo índice de preços e o novo nível
de renda/emprego da economia.

Para treinar, verifiquemos alguns exemplos, contextualizando com a


economia brasileira.

Nota ^ em todos os casos, utilizaremos a curva de oferta agregada de


curto prazo e positivamente inclinada, que é o caso normal. Em questões
de concursos, o procedimento deve ser o mesmo caso não seja dito
expressamente que se deve adotar outra curva de oferta.

Exemplo 1: Política fiscal expansiva


Durante a década de 50, o descontrole fiscal (excesso de gastos do
governo) foi uma das características do(s) governo(s) brasileiro. Qual era
o efeito desse excesso de gastos do governo sobre o nível de preços e
renda da economia?

Figura 09

Os altos gastos do governo (G) deslocam a curva DA para a direita. Note


que, ao deslocarmos a curva DA para a direita, obrigatoriamente,
deslocamo-la também para cima. No nosso gráfico acima, isto está

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representado pelo deslocamento de D A i para DA2. Como resultado deste
deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E 2 , onde temos novo
índice de preços de equilíbrio P E 2 e nova renda de equilíbrio Y E2 .
Conclusão: o excesso de gastos do governo (política fiscal expansionista)
provocou aumento dos preços e aumento do nível de emprego.

Exemplo 2: Política fiscal restritiva


Durante o primeiro mandato FHC, a prioridade do governo era a redução
do índice de preços. Para isso, ele adotou uma política fiscal restritiva,
reduzindo os gastos públicos e aumentando a tributação. Qual o efeito
desta política fiscal restritiva em relação ao nível de preços e o nível de
emprego da economia?

Figura 10

Após o aumento da tributação e redução de gastos públicos, a curva DA


será deslocada para a esquerda (de DA 1 para DA 2 ). Observe que, ao
deslocarmos a curva DA para a esquerda, inevitavelmente, temos que
deslocá-la também para baixo. Isto é um movimento natural, provocado
pela inclinação da curva DA, que é decrescente. Como resultado deste
deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo
índice de preços P E 2 e novo nível de emprego de equilíbrio Y E2 . Conclusão:
a política fiscal restritiva provoca redução dos preços e redução do nível
de emprego.

Veja que o sucesso da política de controle dos preços do governo FHC


exigiu um sacrifício em termos do nível de emprego. Os preços foram
reduzidos, mas o emprego também.

Exemplo 3: Crise internacional do petróleo

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Na década de 80, os países membros da OPEP 1 3 decidiram elevar
abruptamente o preço do barril de petróleo. Considerando as curvas DA e
OA do Brasil e também o fato que o Brasil, na época, era importador do
insumo, qual o efeito deste acontecimento para os preços e emprego no
Brasil?

Figura 11

O fato de um insumo importante como o petróleo haver aumentando de


preço (choque adverso de oferta) pressiona para cima os custos das
empresas. Isso deslocará a curva OA para a esquerda. Observe que, pelo
fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só
para a esquerda, mas também para cima (de OA1 para OA2). Como
resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2,
onde temos novo índice de preços e nova renda de equilíbrio, P E 2 e Y E2 ,
respectivamente. Conclusão: o aumento de custos de produção provoca
aumento dos preços e redução do nível de emprego.

Esta situação, que representa o que existe de pior para uma economia
(aumento de preços e redução do emprego), é chamada de .
A palavra é uma combinação dos termos "estagnação" e "inflação".

Exemplo 4: Clima favorável propicia safra recorde na agricultura


No ano passado (2011), o clima propício nas regiões de plantio foi um dos
fatores que favoreceu a safra recorde de soja e de vários outros produtos
agrícolas. Qual a consequência para os preços vigentes e para o nível de
renda da economia?

13
Organização dos países exportadores de petróleo.

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Figura 12

A safra recorde na agricultura aumenta a disponibilidade de fatores de


produção, pois há aumento da quantidade de recursos naturais
disponíveis. Isso provoca o deslocamento para a direita da curva OA.
Observe que, pelo fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será
deslocada não só para a direita, mas também para baixo (de O A i para
OA 2 ). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de
equilíbrio E2, onde temos novo nível de preços e novo nível de renda, PE2
e YE2, respectivamente. Conclusão: o aumento na disponibilidade de
fatores de produção provoca redução do nível de preços e aumento do
nível de emprego.

Exemplo 5: Excessiva alta nos preços de ações na bolsa de valores


Entre 2003 e 2008, o mercado de ações brasileiro registrou um boom, e
os preços das ações aumentaram vertiginosamente. Qual o efeito desse
boom sobre o nível de preços e emprego?

Figura 13

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Quando o mercado de ações fica superaquecido, as famílias enriquecem e


essa maior riqueza estimula as despesas de consumo (C). Além disso, um
aumento no preço das ações estimula as empresas a venderem as suas
participações em forma de ações, o que as faz arrecadar dinheiro dos
acionistas para ser usado em gastos de investimento (I). Por esses dois
motivos, um mercado de ações em alta expande a demanda agregada por
bens e serviços, de tal forma que a curva DA é deslocada para a direita e
para cima. Os efeitos desse aumento da DA são vistos na figura 13 e são
idênticos àqueles vistos no exemplo 01.

5. TÓPICO ESPECIAL: A NEUTRALIDADE DA MOEDA

Quando o governo aumenta a oferta de moeda na economia, ele


adota política monetária expansiva, que desloca a curva DA para a direita
e para cima. Se considerarmos o curto prazo, em que a curva de oferta
agregada é inclinada positivamente, este aumento da oferta de moeda
aumentará os preços e a renda da economia.

No entanto, se considerarmos o longo prazo, em que a curva de


oferta agregada é vertical, o aumento da oferta de moeda aumentará os
preços, mas não alterará o nível de emprego da economia. Neste caso, os
economistas dizem que o papel moeda é neutro 14 .

Figura 14

b) No longo prazo, o aumento da


a) No curto prazo, o aumento da oferta de moeda é neutro (não altera
oferta de moeda aumenta o emprego. o emprego).

14
Quando falamos em neutralidade da moeda, nossa intenção é discutir especificamente o seu
papel sobre a renda ou nível de emprego da economia.

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Percebe-se então que o papel da moeda, em longo prazo, é neutro.

6. OS CHOQUES

Em alguns livros (e também em questões de prova!), as variações


econômicas que provocam deslocamentos das curvas de demanda e
oferta são chamadas de choques econômicos.

Um choque que desloca a curva de demanda agregada é chamado


de choque de demanda, enquanto um choque que desloca a curva de
oferta é chamado de choque de oferta.

Para fins de concursos, o choque de oferta é o que nos apresenta


alguma relevância. Um choque de oferta é um choque que ocorre na
economia e que altera o custo da produção de bens e serviços e,
consequentemente, altera os preços que as empresas cobram. Uma vez
que exercem um impacto direto no nível de preços, os choques de oferta
são também chamados de choques de preços e se dividem em dois tipos:

• Choque adverso (negativo) de oferta: há redução da oferta ou


produção das empresas e consequente aumento de preços;

• Choque favorável (positivo) de oferta: há aumento da oferta ou


produção da empresa e consequente redução dos preços.

Seguem alguns exemplos de choques de oferta (ou choques de


preços):

> Aumento do preço internacional do petróleo (como o ocorrido em


1973) choque adverso de oferta desloca a curva de OA para a
esquerda e/ou para cima provoca aumento de preços e redução
do emprego (estagflação);

> Aumento de poder dos sindicados tendência de aumento dos


salários dos trabalhadores,aumentando os custos das empresas
choque adverso d e o f e r t a desloca a curva de OA para a esquerda
e/ou para cima provoca aumento de preços e redução do
emprego;

> Longo período de estiagem, reduzindo a oferta de alimentos


tendência de aumento dos preços dos alimentos choque adverso
de oferta desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima
provoca aumento de preços e redução do emprego;

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> Descoberta de um novo campo de petróleo e imediata extração e
venda do mesmo tendência de redução de preços do produto e
de custos para as empresas choque favorável de oferta ^
desloca a curva de OA para a direita e/ou para baixo ^ provoca
redução dos preços e aumento do emprego.

Nota ^ em questões de prova, se for mencionado apenas que houve um


choque de oferta, sem especificar se foi adverso ou favorável, considere
como sendo um choque adverso.

7. INFLAÇÃO

A inflação pode ser definida como o processo persistente de


aumento do nível geral de preços, resultando na perda de poder aquisitivo
da moeda, de tal modo que sua função de reserva de valor fique
prejudicada. De forma inversa, a redução generalizada dos preços é
definida como deflação.

É importante ressaltar que o aumento do preço de um bem ou um


grupo específico de bens não pode ser definida como inflação, pois esta
significa um aumento generalizado dos preços, incluindo a maioria dos
bens da economia. Quando os aumentos de preços são pequenos, a
inflação é moderada ou rastejante; se são muito grandes, diz-se que
temos hiperinflação.

Não há um consenso sobre um valor padrão a partir do qual se


possa definir que uma economia 1 5 está ou não em um regime de
hiperinflação. De forma geral, podemos dizer que a hiperinflação ocorre
quando a perda de poder aquisitivo da moeda é tão grande que as
pessoas simplesmente abandonam aquela moeda, preferindo utilizar
outro instrumento de meio de pagamento (moeda estrangeira, títulos,
bens "físicos", etc) tendo em vista que a moeda já não possui, em
nenhum grau, a característica de reserva de valor.

É importante diferenciarmos inflação de aceleração inflacionária. A


primeira representa uma situação em que os preços sobem, e essa subida
de preços pode ser a taxas constantes ou crescentes. Por exemplo,
suponha que, no mês 1, a inflação tenha sido de 5%. No mês 2, 5%
novamente. No mês 3, mais 5%. Nestes três meses, nós podemos dizer
que a inflação esteve estável (5% a.m.), pois o aumento de preços
ocorreu a taxas constantes. Veja que estamos dizendo que a inflação
esteve estável, mas não os preços. Estes subiram todos os meses.

15
No livro de macroeconomia do autor N. Gregory Mankiw, é colocado um valor padrão de inflação
de 50% ao mês, como o patamar a partir do qual podemos considerar que a economia está sob os
efeitos de uma hiperinflação.

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Por outro lado, quando temos aceleração inflacionária, a taxa de


inflação cresce a taxas crescentes. Por exemplo, no mês 1, a inflação é
5%. No mês 2, a inflação é de 10%. No mês 3, 15%. Nestes três meses,
houve aceleração inflacionária, que representa um desequilíbrio bastante
grave e deve ser combatido tão cedo quanto seja possível.

7.1. Tipos de inflação

Os dois principais tipos de inflação são: a inflação de demanda e


a inflação de custos.

A acontece quando temos excesso de


demanda agregada sobre a oferta agregada, ou seja, temos mais pessoas
consumindo bens e serviços do que há de oferta destes. A inflação de
demanda sempre acontece quando há aumento da demanda agregada,
fazendo com que a curva de DA se desloque para a direita e para cima,
fazendo elevar os preços por inflação de demanda.

Figura 15

Na figura 15, nós vemos um exemplo de como funciona a inflação


de demanda. O aumento da demanda agregada desloca a curva de DA
para a direita (de DA 1 para DA 2 ), aumentando a renda e o nível de
preços.

Vale ressaltar que esse aumento da demanda agregada pode ser


ocasionado tanto pela política fiscal quanto pela política monetária, já que
a curva de demanda agregada representa os dois lados da economia (lado
real e monetário). Assim, você deve entender políticas expansionistas
(sejam fiscais ou monetárias) são consideradas inflacionárias (inflação de

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demanda), exatamente por deslocarem a curva DA para cima, fazendo
aumentar os preços.

A forma de contenção desta inflação é a execução de políticas


monetária e/ou fiscal restritivas, de forma a trazer novamente a curva de
DA para a esquerda e para baixo. O lado negativo desta linha de ação é a
redução da renda e/ou do nível de emprego.

A i é nada mais que um tipo de inflação de


demanda, e é causada pelo aumento na oferta de moeda. Quando se
aumenta a oferta de moeda na economia, deslocamos a curva DA para a
direita, fazendo aumentar o nível geral de preços. É aceito pela melhor
doutrina que a inflação monetária (provocada pelo aumento de oferta de
moeda) é mais grave e se dissemina mais rapidamente que a inflação
provocada pela política fiscal do governo. Afinal, o efeito do aumento da
oferta de moeda é sentido muito mais rapidamente que o efeito dos
gastos públicos.

No Brasil, por exemplo, o controle inflacionário é bastante centrado


na política monetária. Tanto é verdade que sempre que a inflação mostra
sinais de aquecimento, o COPOM decide praticar política monetária
restritiva, fazendo com que as taxas de juros subam. Na prática, tal
medida faz ainda com que o consumo da população e os investimentos
das empresas diminuam em virtude do aumento dos juros, aliviando
ainda mais a pressão inflacionária. A curva DA é deslocada para a
esquerda tanto pelo arrefecimento no mercado monetário, quanto pelo
arrefecimento no mercado de bens, pela redução no consumo e nos
investimentos. A adoção deste método de controle inflacionário vem
sendo adotado pelo BACEN desde 1999 (regime de metas para a inflação)
e, por enquanto, vem dando bastante certo.

A (inflação de oferta), por outro lado, está


intimamente ligada à curva de oferta agregada e ocorre quando há uma
diminuição da oferta de bens e serviços causada por elevação nos custos
de produção. Exemplos: aumentos dos salários dos trabalhadores devido
a fortes sindicatos, aumento dos preços insumos e/ou matérias-primas,
etc. A inflação de custos tem dois efeitos perversos, o primeiro deles é o
aumento do nível geral de preços, o segundo é a redução do nível de
emprego. Esta situação de aumento do desemprego e ocorrência de
inflação é o que chamamos de estagflação.

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Figura 16

No figura 16, nós observamos a ocorrência do triste fenômeno da


estagflação (recessão + inflação), que é causado pela redução da oferta
agregada provocada por um aumento nos custos de produção.

Além destes dois tipos de inflação, temos também a inflação


inercial que deriva do processo de indexação. A indexação e, por
conseguinte, a inflação inercial ocorrem quando os agentes, no intuito de
se proteger dos efeitos da inflação futura, remarcam os preços e salários
baseados na inflação passada, provocando, assim, um círculo vicioso de
inflação.

Um exemplo desta situação, e que vivemos nos dias de hoje, ocorre


nos contratos de aluguel, que são reajustados de acordo com o IGP-PM 1 6
dos últimos 12 meses. Neste caso, o aluguel é reajustado com base na
inflação passada, o que faz com que ele, na maioria das vezes, seja
sempre reajustado, o que realimenta a inflação.

O fenômeno da indexação é bem conhecido dos brasileiros entre os


anos 70 e 90 e, de fato, uma economia pode ter altas taxas de inflação
sem qualquer razão "real" para isso. Basta que os agentes, na tentativa
de se proteger, remarquem os preços com base na inflação passada.
Naturalmente, a taxa de inflação nunca cairá. Mário Henrique Simonsen,
eminente economista brasileiro, em alusão à inflação inercial brasileira de
tempos atrás, certa vez disse: "o diabo é que nossa inflação não é de
demanda ou de custo. É inflação de chuchu mesmo."

Por último, segundo a concepção estruturalista da inflação, temos a


inflação estrutural 17 , que supõe que as causas da inflação em países
subdesenvolvidos são essencialmente de caráter estrutural. Por exemplo,
a agricultura e indústria subdesenvolvidas tendem a produzir pouco e a

É um dos muitos índices de preços existentes na nossa economia.


Ela pode ser considerada também um tipo de inflação de custos.

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custos maiores, o que provoca alta dos preços. A estrutura oligopólica de
alguns mercados também é causa de inflação estrutural, pois estas firmas
dominantes têm bastante poder de aumentar os preços dos seus
produtos, no intuito de aumentar ainda mais sua margem de lucro.
Segundo essa corrente, o combate à inflação deve ser feito
principalmente por meio de reformas estruturais e pelo controle dos
setores oligopolizados.

Em economias inflacionárias, identificar a causa da inflação parece


ser uma das difíceis e importantes tarefas da equipe econômica. Se há
um regime inflacionário, e as autoridades não conseguem diagnosticar
corretamente o tipo de inflação ou as suas causas, naturalmente,
qualquer plano econômico voltado para o seu combate estará fadado ao
insucesso.

No Brasil da segunda metade dos anos 80, por exemplo, os vários


planos econômicos existentes partiram do pressuposto que a inflação
brasileira tinha caráter essencialmente inercial, quando, na verdade, a
inflação tinha outras causas. A indexação era apenas um sintoma, uma
forma de conviver sem dor com a inflação, um jeitinho brasileiro. A
inflação, segundo grande parte dos economistas, era de demanda, de tal
maneira que a forma de combate deveria primar pela adoção de políticas
fiscal/monetária restritivas.

Um dos motivos pelos quais o Plano Real obteve sucesso no


controle inflacionário foi o acertado diagnóstico das causas da inflação
brasileira. Segundo a equipe econômica da época, a inflação brasileira era
essencialmente de demanda, e era causada principalmente pelo desajuste
das contas públicas (excesso de gastos públicos). Por isso, o ajuste fiscal
(reforma da previdência, reforma administrativa, LRF, privatizações) foi
uma das principais bandeiras do governo FHC, pois o controle da inflação
passava irremediavelmente por este controle das contas públicas.

7.2. Consequências da inflação

Por que a inflação é um problema? Por que o seu controle é um


objetivo da política macroeconômica dos governos? A resposta é simples:
a inflação provoca grandes distorções na economia de mercado.

O primeiro efeito é provocar distorções na alocação de


recursos da economia, uma vez que os preços relativos deixam de ser
sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. Deixe me
explicar melhor: sem inflação, sabe-se que um produto custa, digamos,
R$ 10,00 e outro custa R$ 20,00 reais; o preço relativo desses produtos é
Os agentes tomam decisões baseadas nessa relação de preços entre

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os produtos (quando alguém compra algo, ele compara o preço tomando
por base os preços de outros bens para saber se aquele bem desejado
está no preço adequado). Com a inflação elevada, a noção de preços
relativos é abalada. O papel dos preços relativos, de indicar excesso de
demanda ou de oferta (produção), deixa de existir, comprometendo a
alocação eficiente dos recursos do mercado.

A inflação também desincentiva a ação de investir, uma vez que


os agentes terão dificuldades para prever o retorno dos investimentos,
devido à instabilidade dos preços no futuro. Há também séria perturbação
do mercado financeiro. Imagine que uma determinada pessoa empreste
R$ 1.000,00 a outra, cobrando uma taxa de juros de 50% ao ano. Ao final
do ano, receberá, portanto, R$ 1.500,00. Entretanto, se a economia tiver
altos níveis inflacionários (mais de 50%, por exemplo), o emprestador
poderá não conceder o empréstimo, pois, dependendo de como a inflação
se comportar, o valor que ele receberá depois da operação significará
perda de poder aquisitivo, em vez de ganho. Assim, fica claro que a
existência da inflação torna muito difícil a operação no mercado de
capitais, inviabilizando financiamentos de médio e longo prazos. Isto
compromete seriamente os investimentos privados e o crescimento de
longo prazo da economia.

Há grande tendência para que os poupadores façam aplicações em


ativos reais (ativos tangíveis, como imóveis, ouro, terrenos, moeda
estrangeira, etc) e fujam dos ativos financeiros, na tentativa de proteger
o seu patrimônio contra a desvalorização da moeda. Desta forma, o
financiamento dos investimentos via sistema bancário/financeiro
fica bastante prejudicado.

Outro efeito são os distúrbios sobre a distribuição de renda,


uma vez que, com a inflação, a média dos preços está subindo, mas
acontece que os preços dos produtos sobem mais rapidamente que os
salários. Assim, a inflação provoca uma redistribuição de renda em favor
do setor produtivo, em detrimento da classe assalariada. Vale a penar
citar uma frase do ex-presidente José Sarney, responsável por meia dúzia
de planos de combate à inflação que não deram certo: "A inflação é o pior
inimigo da sociedade. Ela castiga os mais pobres, os que não têm
instrumento de defesa contra seus terríveis efeitos. Ela não confisca
apenas o salário: confisca o pão."

O governo também perde poder aquisitivo com a inflação,


pois esta corrói o valor da arrecadação fiscal pela defasagem entre o fato
gerador dos impostos, o recolhimento dos mesmos e a efetiva utilização
da receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como efeito
Oliveira-Tanzi. Ao mesmo tempo, o governo tem dificuldades para obter

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financiamento, já que os agentes do mercado, em ambientes
18
inflacionários, fogem do mercado financeiro , preferindo ativos reais.

Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito


inverso ao destacado por Oliveira e Tanzi. A contração de despesas em
um momento e o seu pagamento em momento posterior provoca uma
relevante redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin.

A inflação funciona também como um imposto sobre as pessoas que


detêm moeda, reduzindo o poder aquisitivo das pessoas e aumentando a
arrecadação do governo. Deixe-me explicar melhor: em regimes
inflacionários, o governo deve a todo o momento emitir mais moeda
(senhoriagem 19 ) a fim de que os agentes possam realizar as suas
transações. Imagine uma situação em que a inflação mensal de um país
tenha sido, por exemplo, de 30% ao mês. Se a autoridade monetária
deste país não emitir mais moeda, com certeza, faltará dinheiro na
economia, devido ao fato de que os mesmos bens e serviços exigem, para
o seu consumo, 30% a mais de moeda. Acontece que, quando o governo
emite moeda, tal emissão, por si só, provoca inflação 20 . Por sua vez,
quando o governo emite a moeda, o dinheiro "fabricado", obviamente,
não é distribuído aos cidadãos, ele fica sob a posse do governo para ele
gastar com o quiser (receita de senhoriagem). Desta forma, nós temos o
seguinte: em virtude da inflação, o governo emite moeda, e tal emissão
de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população
(via aumento da inflação) e aumento de recursos à disposição do governo
(em virtude da emissão monetária). A esse mecanismo de transferência
de renda da população para o governo, os economistas dão o nome de
imposto inflacionário. Milton Friedman, o principal estudioso do
"monetarismo", prêmio Nobel de Economia em 1976, disse de forma
bastante apropriada: "Inflação é a única forma de taxação que pode ser
imposta sem legislação."

Veja que, sob o ponto de vista das contas públicas, a inflação, por
um lado, corrói o poder aquisitivo do Estado via efeito Oliveira-Tanzi; por
outro lado, aumento o poder aquisitivo via imposto inflacionário e, por
fim, reduz os gastos públicos via efeito Patinkin. Alguns estudos empíricos
afirmam que períodos inflacionários tornam mais fáceis o "fechamento"
das contas públicas. Isto tem o lado negativo de incentivar o desajuste

18
Os agentes, de uma forma geral, não comprarão títulos da dívida pública em virtude da
possibilidade dos juros desses papéis serem inferiores à taxa de inflação do período.
19
É a receita do governo auferida por meio da emissão de moeda. O termo tem origem na idade
média, onde o senhor feudal tinha o direito exclusivo de cunhar moeda no âmbito de seu feudo.
20
Doutrinariamente, é aceito que o crescimento da quantidade de moeda na economia causa a
inflação. Esta afirmação guarda íntima relação com a teoria quantitativa da moeda, aprendida na
aula 04.

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das contas públicas, pois o governo se acostuma a gastar um dinheiro
que só é gerado graças às distorções provocadas pela inflação. Assim,
percebemos que a inflação serve como um incentivo ao descontrole das
contas públicas. Por isso, é difícil acabar com regimes inflacionários, pois
o governo deve se acostumar rapidamente a gastar muito menos
recursos.

Conforme nós vimos, o imposto inflacionário transfere renda dos


cidadãos para o governo. Mas como será que os cidadãos se protegem do
imposto inflacionário? A resposta não é tão difícil: basta que eles
mantenham seu dinheiro em aplicações no banco, rendendo juros. Desta
forma, não haverá perda de poder aquisitivo, pois os preços aumentam,
mas o estoque de riqueza depositado no banco também aumenta. No
entanto, manter o dinheiro depositado no banco implica custos. Por
exemplo, suponha que você, na tentativa de manter o poder aquisitivo do
seu estoque de dinheiro, decida realizar um grande número de saques de
pequeno valor no caixa eletrônico em vez de um pequeno número de
saques de grande valor (por exemplo, 15 saques de R$ 50,00 em vez de
03 saques de R$ 250,00). Esse ato de ir constantemente ao banco sacar
dinheiro, no intuito de reduzir a quantidade de moeda em sua carteira
implica custo às pessoas. Os economistas, em um lampejo de
criatividade, denominam tal custo de custo de sola de sapato, em
alusão ao fato de que a ação de ir e vir do banco a todo o momento
provoca gastos na sola do seu sapato.

A "bagunça" gerada pela inflação também provoca confusão na


cabeça dos agentes, gerando custos de transação. Estes custos são
representados pelo tempo que as pessoas perdem para saber o preço (e o
preço relativo) dos bens e serviços e pelo tempo que as empresas perdem
definindo e remarcando os preços (custos de menu). A elaboração de
contratos também é mais complicada, pois os agentes, na tentativa de se
proteger da perda de poder aquisitivo, colocam cláusulas de correção
automática dos preços de acordo com a inflação passada, dando origem
ao fenômeno da indexação, que é o reajuste de preços baseado na
inflação passada, o que tende a perpetuar a inflação permanentemente
no tempo.

Por último, cabe destacar que a inflação ainda desestabiliza as


contas externas, provocando déficits no Balanço de Pagamentos.
Os altos preços dos produtos internos tornarão os produtos nacionais
menos competitivos no exterior, reduzindo as exportações. De maneira
análoga, a alta inflação torna os produtos nacionais menos competitivos
frente aos importados, o que faz aumentar as importações. Além desse
efeito na balança comercial, a alta inflação e a rápida perda de poder
aquisitivo da moeda nacional podem levar os agentes a buscarem a
moeda estrangeira como reserva de valor. Essa busca pela moeda

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estrangeira, associada aos déficits na balança comercial, poderá trazer
problemas para equilibrar o balanço de pagamentos (equilíbrio das contas
externas).

Segue um quadro resumindo as inúmeras distorções provocadas


pela inflação:

Consequências da inflação:
• Distorções na alocação de recursos;
• Desincentiva os investimentos;
• Distúrbio na distribuição de renda, provocando tensão social;
• Alterações nas contas públicas (efeitos Oliveira-Tanzi, Patinkin);
• Transferência de renda das pessoas para o governo via imposto
inflacionário;
• Custo de sola de sapato;
• Custos de transação;
• Custos de menu;
• Indexação;
• Desequilíbrio externo.

8. CURVA DE PHILLIPS

A curva de Phillips mostra a relação entre o desemprego e a


inflação. Seu nome é em homenagem ao economista William Phillips, que
descobriu que havia, no curto prazo, uma correlação negativa 21 entre a
taxa de desemprego e a taxa de inflação. Isto é, níveis baixos de
desemprego significavam alta inflação, e baixa inflação significava alto
desemprego.

A curva de Phillips sugere que os formuladores de políticas


econômicas enfrentam um trade-off22 de curto prazo entre inflação e
desemprego. Assim, ao alterarem as políticas fiscais e monetárias para
influenciar a demanda agregada, o governo pode escolher qualquer ponto
da curva. Na figura 17, por exemplo, o ponto B oferece alto desemprego e
baixa inflação. O ponto A oferece baixo desemprego e alta inflação. Ainda
que o governo prefira baixa inflação com baixo desemprego, isso não é
possível, em virtude do trade-off existente entre inflação e desemprego.

21
Esta correlação negativa implica que a inclinação da curva de Phillips será negativa no curto prazo.
22
Em economia, um trade-off significa um dilema, uma escolha que deve ser feita. Ou se escolhe
uma coisa, ou se escolhe outra, abrindo mão da escolha que não foi feita.

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Figura 17

Curva de Phillips de curto


prazo: trade-off entre
inflação e desemprego.

A curva de Phillips é derivada diretamente do modelo de oferta e


demanda agregada. Ela mostra as combinações de inflação (aumento de
preços) e desemprego que surgem no curto prazo à medida que
deslocamentos na curva de demanda agregada movem a economia ao
longo da curva de oferta agregada de curto prazo.

Por exemplo, suponha uma curva DA negativamente inclinada e


uma curva de OA positivamente inclinada (curto prazo). Um aumento da
demanda agregada deslocará DA para a direita e para cima, aumentando
a produção e os preços (inflação). Maior produção significa maior
emprego e, portanto, uma taxa de desemprego menor. Assim, vemos que
os deslocamentos da demanda agregada pressionam a inflação e o
desemprego em direções opostas, exatamente como nos mostra a curva
de Phillips.

a) Versão simples da curva de Phillips:

Segue a equação que representa a primeira versão da curva de


Phillips:

Onde n=taxa de inflação, B=elasticidade da inflação em relação aos


desvios da taxa de desemprego, u=taxa (efetiva) de desemprego,
u N =taxa natural de desemprego.

Nessa equação, que representa a versão mais simples da curva de


Phillips, a taxa de inflação dependerá do quantum a taxa de desemprego

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efetiva (u) se distancia da taxa natural (UN). Quanto menor a taxa de
desemprego efetiva, maior será a inflação. Quanto maior a taxa efetiva,
menor a inflação. A taxa de inflação será igual a zero (n=0) quando a
taxa de desemprego (u) for exatamente igual à taxa natural (UN).

Figura 18

b) Versão com expectativas adaptativas (inclui inflação esperada):

A versão simples da curva de Phillips foi criticada por alguns


economistas pelo fato de não incluir as expectativas dos agentes.
Segundo a teoria das expectativas adaptativas, os agentes tentam se
adaptar a regimes inflacionários remarcando os preços dos produtos com
base na inflação passada. Assim, há sempre uma taxa de inflação
esperada (nE), que pode ser baseada na inflação passada; e essa inflação
esperada tende a aumentar a inflação presente, de tal forma que a
equação da curva de Phillips incluindo as expectativas adaptativas é:

Nessa versão da curva de Phillips, que inclui as expectativas


adaptativas, a taxa de inflação dependerá da diferença entre a taxa de
desemprego efetiva e natural, e também do nível esperado de inflação.
Quanto maior o nível esperado de inflação (nE), mais os agentes
remarcarão os preços e maior será a taxa de inflação (n) para uma
mesma taxa de desemprego.

Graficamente, a incorporação da taxa esperada de inflação


deslocará a curva de Phillips para a direita, indicando que, para a mesma

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taxa de desemprego, a inflação será maior do que aquela que seria
verificada sem as expectativas adaptativas (sem a nE).

Figura 19

Observe que a incorporação da inflação esperada desloca a curva de


Phillips para a direita. Na nova curva, situada mais à direita, qualquer
taxa de desemprego ocorrerá com maiores taxas de inflação. Ressalto
que se a inflação esperada for zero, não haverá alteração da curva de
Phillips e ela permanecerá no mesmo lugar. Se a taxa de inflação
esperada for negativa (espera-se deflação), a curva de Phillips é
deslocada para a esquerda.

Por fim, ressalto que essa versão da curva de Phillips nos mostra
que, se a taxa de desemprego (u) iguala a taxa natural (uN), então, a
inflação efetiva (n) será igual à inflação esperada (n E). Se esta inflação
esperada é baseada nas inflações passadas, teremos um caso de inflação
puramente inercial, onde n = n E.

Veja que, a princípio, o assunto parece difícil, mas é fácil. As


observações que eu estou fazendo são puramente matemáticas. Basta
fazer a leitura das equações da curva de Phillips e tirar as conclusões.
Ressalto que as questões de prova nos dão a equação da curva, de forma
que fica ainda mais fácil acertá-las.

Ressalto ainda que se o governo quiser manter a taxa de


desemprego abaixo da taxa natural, isso irá requerer taxas crescentes de
inflação. Imagine que, no período 1, a economia esteja com a taxa de
desemprego ao seu nível natural e não haja inflação esperada; deste
modo, a inflação será igual a 0. Então, ainda neste período 1, o governo
decide reduzir a taxa de desemprego efetiva para um nível abaixo da taxa
natural, de modo que a inflação aumenta. No período 2, haverá uma taxa
esperada de inflação baseada na inflação do período 1, de tal forma
que a manutenção da taxa de desemprego abaixo da natural exigirá um

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aumento da inflação maior que aquele verificado no período 1. Assim,
para manter o desemprego abaixo do seu nível natural, a economia
necessitará sempre de uma maior taxa de inflação. Este caso específico é
denominado de "versão aceleracionista da curva de Phillips".

Diante das expectativas dos agentes, depois que a inflação se


acelera (cresce a taxas crescentes), a única maneira de deter o seu
avanço passa obrigatoriamente pelo aumento da taxa de desemprego.
Esse custo de redução da inflação é chamado de "taxa de sacrifício", que
mede o quanto se perde de produto para reduzir 1% de inflação.

c) Versão com os choques de oferta:

Outro elemento que pode ser incorporado a nossa equação da


Curva de Phillips são os choques de oferta. Como sabemos, choques
adversos (negativos) aumentam os preços, ao passo que choques
favoráveis (positivos) reduzem os preços.

A equação da curva de Phillips completa fica assim:

Onde £ significa choques (adversos) de oferta. Assim, se, por


exemplo, o preço de alguma matéria-prima aumenta, há um choque
adverso de oferta, de modo que inseriremos o £ na equação, aumentando
a inflação (n). Choques adversos de oferta (£>0) deslocam a curva de
Phillips para a direita. Choques favoráveis de oferta (£<0) deslocam a
curva de Phillips para a esquerda.

d) Curva de Phillips de longo prazo - as expectativas


racionais

A teoria das expectativas racionais levanta a hipótese de que os


agentes tendem, no longo prazo, a acertar as suas previsões, não
incorrendo em erros do passado. Isso faz com que os preços efetivos
sejam exatamente iguais aos preços esperados ( P = P E ) . Recordando um
pouco o estudo da curva de oferta agregada de curto prazo, veremos que
esse era o fator básico que definia a inclinação positiva da curva de oferta
agregada de curto prazo. Assim, se há expectativas racionais e os preços
efetivos são iguais aos esperados ( P = P E ) , a curva de oferta não será

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inclinada positivamente, mas sim uma curva vertical, ao nível da taxa
natural de desemprego.

O que deve ficar na nossa cabeça acerca das expectativas racionais


são duas coisas. Primeiro, é o fato de que, para esta teoria, a taxa de
desemprego estará, regra geral23, na sua taxa natural, de tal forma que a
curva de Phillips será uma reta vertical. Segundo, ela é aplicável no longo
prazo, que é o prazo em que utilizamos os dogmas da teoria clássica.
Portanto, temos o seguinte:

Expectativas racionais * longo prazo * curva


de Phillips vertical * teoria clássica

Figura 20

23
A regra geral é que a curva de Phillips com expectativas racionais apresente a taxa de
desemprego igual à taxa natural de desemprego. No entanto, se os agentes não anteciparem a
variação da inflação (ou errarem a previsão), poderemos ter uma taxa de desemprego diferente da
taxa natural, mas ressalto que isso não representa a regra geral da curva de Phillips com as
expectativas racionais.

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9. EXPERIÊNCIAS RECENTES DE COMBATE À INFLAÇÃO NO
BRASIL

Neste tópico, vou comentar a recente fase da nossa economia,


ressaltando a experiência de combate à inflação, e abordando
especialmente os tópicos de Economia Brasileira que vão desde período
do Plano Real até o governo Lula e a crise financeira de 2008.

9.1. Governo Itamar e a preparação para o Plano Real

Após o impeachment de Collor, assumiu o vice Itamar Franco, cujo


governo e equipe econômica foram responsáveis pela preparação e
implantação do Plano Real. Ao longo de 1993 e 1994, o fluxo de capitais
para a Economia Brasileira cresceu significativamente (em virtude das
altas taxas de juros), levando a uma grande ampliação das reservas.
Assim, pode-se dizer que até julho/1994 a condução da política
econômica foi preparando as condições para a implantação de um novo
plano de combate à inflação inercial em quadro bastante diferente do
Plano Cruzado: situação fiscal melhor, maior nível de reservas, país
inserido no fluxo voluntário de recursos externos e maior grau de
abertura comercial.

A implantação de tal plano se daria em três fases, que seguem


descritas abaixo exatamente da forma como constam na Exposição de
Motivos 205, da Medida Provisória do Plano Real:

1 a . Fase: o estabelecimento do equilíbrio das contas do Governo,


com o objetivo de eliminar a principal causa da inflação brasileira (o
desajuste fiscal);

2a. Fase: a criação de um padrão estável de valor que


denominamos Unidade de Valor -- URV;

3a. Fase: a emissão desse padrão de valor como uma nova moeda
nacional de poder aquisitivo estável -- o Real.

A primeira etapa, de ajuste das contas do Governo, teve início em


14 de junho de 1993 com o Programa de Ação Imediata -- PAI, que
estabeleceu um conjunto de medidas voltadas para a redução e maior
eficiência dos gastos da União no exercício de 1993; recuperação da
receita tributária federal; criação da IPMF (Imposto Provisório sobre
Movimentação Financeira); aprovação do FSE (Fundo Social de
Emergência) que ampliava os recursos livres à disposição do governo
federal, equacionamento da dívida de Estados e Municípios junto à União;
maior controle dos bancos estaduais; início do saneamento dos bancos

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federais e aperfeiçoamento do programa de privatizações (objetivo
de incrementar as receitas, ao mesmo tempo em que o Estado
apresentava-se cada vez mais incapaz de realizar os investimentos
necessários à ampliação das empresas e melhoria dos serviços
prestados). Em suma, o objetivo era um intenso ajuste fiscal (reduzir
as despesas e aumentar as receitas), tendo em vista a equipe
econômica liderada por FHC considerar o desequilíbrio das contas
públicas como a principal causa da inflação brasileira.

A segunda etapa começou no final de fevereiro de 1994.


Correspondia a um novo sistema de indexação, que visava simular os
efeitos de uma hiperinflação - indexação diária e substituição parcial da
moeda -, sem passar por seus efeitos. Para tal, o governo criou um
novo indexador, a Unidade Real de Valor (URV), cujo valor em
cruzeiros seria corrigido diariamente pela taxa de inflação 24 . Tal valor
passaria a funcionar como unidade de conta 25 no sistema. O valor da URV
nessa fase manteria a paridade fixa de um para um com o dólar. Uma
série de preços e rendimentos foi convertida instantaneamente em URV -
preços oficiais, contratos, salários, impostos, tarifas públicas, etc - e os
demais preços foram sendo convertidos voluntariamente pelos agentes.
Assim, instituiu-se um sistema de duas moedas: a URV, como unidade de
conta, e o Cruzeiro como meio de troca.

A terceira etapa, em 1°. Julho de 2004, aconteceu quando


praticamente todos os preços estavam expressos em URV e consistiu na
introdução da nova moeda, o Real, cujo valor era igual ao da URV
(e por conseguinte, igual ao valor do US$) do dia: Cr$ 2.750,00. Observe
que, diferente dos planos anteriores, não se recorreu a qualquer tipo de
congelamento.

Implantado o Plano Real, o governo sabia que era importante conter


o caráter tendencial ou inercial da inflação. Para isso, deveria evitar ao

24
Este sistema de indexação tinha o seguinte funcionamento: no dia X, tal mercadoria valia,
por exemplo, Cr$ 1000,00 e 1 URV (ou seja URV 1=Cr$ 1000). Na semana seguinte, devido à
inflação, a mesma mercadoria valia, por exemplo, Cr$ 1.150,00; portanto, inflação de 15%.
Como o valor da URV em cruzeiros reais era corrigido pela inflação, na semana em que a
mercadoria valia R$ 1.150,00, a URV valia Cr$ 1.150,00, ou seja, ela também tinha seu valor
em cruzeiros reajustados pela inflação. Desta forma, os agentes, pouco a pouco, passaram a
usar a URV em vez de cruzeiros como unidade de conta em contratos, salários, pagamentos,
etc. Tal artifício possibilitou a eliminação da memória inflacionária e o rompimento com a
indexação e a inflação inercial.

25
São três as funções da moeda: meios de troca, reserva de valor e unidade de conta. A URV
somente tinha a função de unidade de conta, motivo pelo qual era chamada de meia
moeda.

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máximo qualquer choque (aumento repentino de demanda ou de custos)
que ocasionasse aumento de preços. Por isso, o governo anunciou, junto
com o plano, metas de expansão monetária bastante restritivas, limitou
as operações de crédito e impôs depósito compulsório de 100% sobre as
captações adicionais do sistema financeiro, ou seja, política monetária
muito restritiva ou recessiva. Com o controle da expansão monetária,
ficaria bastante limitada a capacidade dos agentes de repassar custos
para os preços. Esse controle ficou conhecido como " âncora monetária".

Outro fator importante para romper com os processos de repasse


foi a valorização da taxa de câmbio, em um contexto no qual o grau de
abertura para o exterior tinha aumentado significativamente, e o país
possuía um alto volume de reservas 26 . Quando o plano foi lançado, as
reservas eram da ordem de US$ 40 bilhões. Com a manutenção da taxa
real de juros elevada e como permanecia o fluxo de liquidez internacional,
a entrada de capitais externos se manteve. Em vez de aumentar as
reservas, o BACEN deixou o câmbio flutuante, o que provocou uma
profunda valorização da taxa de câmbio 27 . Com a moeda nacional
valorizada, havia estímulo às importações, pois os preços relativos dos
bens importados estavam favoráveis. Em virtude do aumento das
importações, travavam-se os preços internos 28 , rompendo a possibilidade
de propagação dos choques. Esta foi a chamada "âncora cambial".

9.2. O Plano Real

A consequência imediata do Plano Real foi a rápida queda da taxa


de inflação. No mês de agosto (mês seguinte à implantação), a inflação
foi de 3% a.m., contra o patamar de 40% a.m. que se verificou ao longo
do primeiro semestre de 1994. Em 1995, a inflação foi de 14,8%, em
1996, 9,3%, em 1997 e 1998, 7,5% e 1,7%, respectivamente.

Outra consequência imediata do plano foi um grande


crescimento da demanda e da atividade econômica. As classes de
baixa de renda obtiveram aumentos reais de renda em virtude da queda
da inflação 29 . Ao mesmo tempo, houve grande uso do crédito, apesar da
política monetária restritiva e das altas taxas de juros. O consumidor

26
Esse volume de reservas foi conseguido através das altas taxas de juros praticadas no
governo Itamar Franco e que atraíram grande volume de capital externo.
27
A entrada de dólares em excesso provoca a valorização da moeda nacional.
28
Se as firmas nacionais aumentassem os preços, seriam devoradas pela concorrência
externa, cujos produtos estavam baratos em virtude do câmbio valorizado.
29
Isso ocorreu em virtude da eliminação do imposto inflacionário. Maiores detalhes, ver
nota de rodapé 17.

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estava empolgado com a previsibilidade com que podia tomar
empréstimos e saber quanto ia pagar. Isto é, ele podia tomar
empréstimos a prestações fixas. Ou seja, houve um comportamento
suicida do consumidor, para o qual a certeza sobre o valor da prestação e
a disponibilidade de crédito eram mais importantes do que o próprio custo
do financiamento.

Outro impacto do Plano Real foi o aparecimento de déficits na


balança comercial, tanto pelo aumento significativo das importações,
como pelo fraco desempenho das exportações. Ao mesmo tempo, o
capital estrangeiro ingressante no país (que possibilitou a formação de
um alto nível de reservas internacionais) era altamente especulativo.
Destinava-se a investimentos de portfólio (ações, fundos de aplicação
financeira, etc). Assim, apesar do alto nível de reservas, o ambiente era
de risco, pois qualquer situação em que os investidores se sentissem
ameaçados, poderia haver grande fuga de capitais.

A crise mexicana (início de 1995) foi a primeira prova do Plano


Real. Os investidores internacionais se sentiram ameaçados (afinal, já
tinham tomado o calote no México, por que não poderiam tomar aqui
também?) e iniciou-se uma fuga de divisas, causando perdas de reservas
internacionais. Tornou-se claro, pois, que não se poderia deteriorar ainda
mais as contas externas. A dificuldade que se colocava era que a simples
correção da taxa de câmbio (que traria novamente o equilíbrio das contas
externas), apesar dos efeitos benéficos sobre as contas externas, poderia
trazer de volta a inflação, uma vez que a economia estava aquecida, a
memória inflacionária e o perigo da indexação ainda estavam muito
presentes.

A saída adotada foi uma pequena desvalorização da taxa de câmbio,


que passou a variar dentro de bandas cambiais (limites máximo e
mínimo) além do aumento das taxas de juros com o fito de controlar a
demanda interna e atrair o capital externo. Desta forma, se consolidava o
uso da política monetária (taxas de juros) para manter o país atrativo ao
capital externo. O governo obteve sucesso em abortar o ataque
especulativo (fuga de capitais) e manter a taxa de câmbio, quando da
crise mexicana em 1995 (efeito tequila). O BACEN perdeu em torno de
US$ 12 bilhões de reservas, mas a elevação da taxa de juros fez com que
rapidamente voltassem os recursos, com as reservas já superando os US$
50 bilhões no final do ano.

Cabe destacar também a crise financeira ocorrida no segundo


trimestre de 1995. Como efeito da política econômica adotada e com a
reversão das expectativas dos agentes, verificou-se uma grande retração
na atividade econômica. Como grande parte da expansão anterior tinha-
se dado com base no crédito, e a retração se deu antes que os

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investimentos anteriores tivessem maturado, verificou-se um grande
aumento na taxa de inadimplência da economia, o que acabou
provocando o princípio de uma crise financeira, com a quebra de dois
grandes bancos privados. Essa crise não se espalhou devido à atuação do
BACEN que rapidamente socorreu o sistema e iniciou um amplo processo
de reestruturação financeira, por meio do PROER (Programa de Estímulo
à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional),
visando aumentar a solidez do sistema. Paralelamente, iniciou-se um
programa semelhante para a reestruturação dos bancos estaduais - o
PROES (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na
Atividade Bancária).

O Plano Real foi colocado à prova mais duas vezes: crise dos
tigres asiáticos (1997) e crise russa (meados de 1998). Nas duas
ocasiões, o governo teve que dobrar a taxa de juros para manter a
atratividade do país ao capital externo. Essa dinâmica da taxa de
juros, combinada com o volume de dívida pública, determinou elevados
gastos com juros e pressões crescentes do lado fiscal. Para piorar a
situação, houve grande aumento dos gastos previdenciários e
assistenciais no período, decorrente de um forte aumento no número de
beneficiários, mas, principalmente, pelo aumento dos valores reais dos
benefícios. Assim, vemos claramente que a situação fiscal era perigosa. A
deterioração fiscal fez com que a dívida pública, que era da ordem de
30% do PIB em 1994, atingisse 44%, em 1998.

A deterioração fiscal e das contas externas atingiu o ápice por


ocasião da crise russa (1998). Nesta, apesar da elevação das taxas de
juros, houve uma perda de reservas da ordem de US$ 30 bilhões. Foi
necessário um empréstimo junto ao FMI no valor de US$ 42 bilhões. A
contrapartida do empréstimo foi uma série de restrições impostas por
aquele órgão que limitavam nossa autonomia no que tange ao uso das
políticas fiscais e monetárias.

Naquele momento, muita gente já defendia a correção cambial


(desvalorização do Real) como forma de readquirir o controle sobre as
contas externas. Apesar da correção cambial já ser justificável em agosto
ou setembro (1998), em outubro ocorreriam as eleições presidenciais, e o
presidente ainda tinha a estabilização como grande conquista de seu
primeiro mandato; assim, esta não poderia ser colocada em risco. Dessa
forma, o primeiro mandato de FHC terminava em meio a um processo de
crise cambial, em função de profundos desequilíbrios gerados nesse
período com a deterioração das contas externas e da situação fiscal.

Outro impacto importante, apenas para finalizar esse período, foi a


dinâmica do produto e do desemprego. A partir da crise mexicana, houve
uma ruptura no crescimento econômico que se verificara logo após a

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implantação do Plano Real. A partir de então, observou-se um lento
crescimento (por volta de 2,6% a.a.) com tendência de queda no período.
O desemprego também iniciou uma trajetória de crescimento após a crise
mexicana. Após a crise asiática, a taxa de desemprego atingiu patamar
recorde de 8% em 1998. Temos, então, a retração do produto e o
aumento do desemprego como sequelas do ajustamento do Plano
Real. Observe que esse aumento do desemprego em um contexto de
redução da inflação confirma a hipótese básica da curva de Phillips, onde
temos um trade-off entre desemprego e inflação.

9.3. Segundo mandato FHC

Faltando poucos dias para as eleições presidenciais de 1998, o


governo começou a negociar um acordo com o FMI que lhe permitisse
enfrentar o quadro externo adverso, iniciado pela crise russa e agravado
pelo temor de uma desvalorização vista como iminente. Este temor pela
desvalorização cambial estimulava a troca de R$ por US$ antes que
ocorresse a mudança cambial e/ou a adoção de algum tipo de controle de
capitais.

O acordo firmado com o FMI garantia ao Brasil US$ 42 bilhões de


ajuda externa, condicionados a um severo pacote de ajuste fiscal. Assim,
foi imposto como condição para a concessão da ajuda, o ajuste fiscal
brasileiro, com o superávit primário passando de 0% do PIB em 1998
para 2,6% do PIB em 1999, e 2,8% e 3,0% do PIB em 2000 e 2001. É
importante registrar que o acordo não contemplava mudanças na política
cambial, que seria mantida inalterada (o governo ainda queria manter o
Real sobrevalorizado com vistas ao controle inflacionário).

O acordo, porém, enfrentou dois obstáculos que não puderam ser


superados. O primeiro deles foi o ceticismo com que o acordo foi recebido
pelo mercado, pouco disposto a considerar que o Brasil poderia escapar
de uma desvalorização cambial. Ao mesmo tempo, uma das mais
importantes medidas do programa fiscal do governo foi rejeitada pelo
Congresso: a cobrança da contribuição previdenciária dos servidores
públicos inativos. Em tais circunstâncias, o pessimismo externo aumentou
e a perda de divisas se acelerou.

Nesse cenário - e apesar da sua defesa do regime cambial nos anos


anteriores -, o governo ficou sem opção, e a desvalorização cambial foi
uma imposição das circunstancias, pois, em meados de janeiro de 1999,
ela se tornara inevitável. Assim, o governo abandonou o sistema de
bandas cambiais e adotou o câmbio flutuante, que passou de R$ 1,20
para R$ 2,00 em menos de 45 dias, no que se anunciava como a reedição
do surto inflacionário vivido pelo México quatro anos antes.

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A fim de impedir o aparecimento ou a volta da inflação, foi


estabelecido em julho de 1999 o sistema de metas de inflação como
regra para a política monetária. De acordo com ele, a função básica do
BACEN e da política monetária é o cumprimento da meta de inflação
estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, e o instrumento utilizado
para tal é essencialmente a taxa de juros, que, por meio de seus
impactos sobre a demanda, influencia na inflação. Assim, quando a taxa
de inflação está acima da meta, a taxa de juros é elevada, quando está
abaixo, a taxa de juros é reduzida. A adoção do regime de metas de
inflação parece ter ajudado para manter a confiança dos indivíduos de
que o governo encontrava-se engajado com a estabilização, e para
impedir que o choque cambial se transformasse em pressões
inflacionárias (afinal, a desvalorização do Real havia provocado o fim da
"âncora cambial").

Por fim, a desvalorização do Real não teve os efeitos inflacionários


que todos inicialmente temiam. Isto aconteceu por vários motivos:

• A desvalorização em um momento de desaquecimento da


economia;
• Os quase cinco anos de estabilidade tinham mudado a mentalidade
indexatória dos agentes econômicos;
• A baixa inflação inicial, em janeiro e fevereiro de 1999, diminuiu o
temor de uma grande propagação dos aumentos de preços;
• Política monetária rígida;
• O cumprimento "religioso" das metas fiscais acertadas com o FMI
aumentou a confiança de que os rumos da economia seriam
mantidos sob controle;
• O aumento do salário mínimo em menos de 5% nominais conteve
uma série de outros aumentos salariais na economia;
• O sucesso da adoção do sistema de metas de inflação.

A partir do começo de 1999, o país iniciou um processo de


retomada do crescimento que só viria a ser abortado pela combinação das
crises de 2001. Neste ano (2001), houve:

i. Crise energética: o programa de privatização do governo havia sido


programado com uma intenção de privatização completa das usinas
hidrelétricas, o que acabou não ocorrendo. Prevendo que as
empresas seriam privatizadas, o governo não ampliou os
investimentos, esperando que o setor privado o fizesse. Porém, a
venda das empresas não ocorreu e, portanto, não houve grandes
inversões em novas obras no setor, nem em estatais, nem em
privadas. Enquanto isso, o consumo de energia elétrica aumentava.
Estes fatores, somado ao baixo índice pluviométrico de 2001, gerou

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uma crise na oferta de energia elétrica que desaqueceu a economia,
interrompendo sua tendência de crescimento.

ii. Contágio argentino: a Argentina vivia no período sua maior crise em


100 anos. Os investidores estrangeiros, por sua vez, ao adotarem o
mesmo comportamento para todos os países emergentes,
provocaram uma fuga de capitais não só da Argentina, mas também
do Brasil.

iii. Atentados terroristas de 11 de setembro: os atentados abalaram


fortemente os mercados mundiais, provocando fuga de capitais do
nosso país, devido aos efeitos da globalização.

Nesse contexto, o desempenho médio da economia no segundo


governo FHC foi comprometido por essas crises. O balanço do período de
1999 a 2002 é ambíguo. De um lado, o crescimento permaneceu baixo e
o país continuou amargando taxas de juros reais elevadas; de outro,
houve melhoria sistemática da balança comercial e do resultado em conta
corrente e o país fez um ajuste fiscal que no início do processo até os
mais otimistas julgavam que seria muito difícil de implementar: entre
1998 e 2002, a melhora do resultado primário foi de quase 4% do PIB.

Segue no quadro abaixo, um resumo das reformas do período FHC:

Medidas governo FHC:


Privatizações: realizadas com ênfase nas áreas de telecomunicações e
energia, tinham, entre outros, os seguintes objetivos: reduzir e reordenar
a posição do Estado na economia, transferir à iniciativa privada atividades
indevidas e insatisfatoriamente exploradas pelo setor público, contribuir
para redução da dívida pública.
Fim dos monopólios estatais nos setores de petróleo e
telecomunicações: permitiu que os setores de petróleo e
telecomunicações deixassem de ser prerrogativa exclusiva de atuação do
Estado, abrindo caminho para o estabelecimento de competição no setor
de petróleo e para a privatização da Telebrás.
Mudança no tratamento do capital estrangeiro: os setores de
mineração e energia puderam ser explorados por capital estrangeiro. O
conceito de empresa nacional mudou, permitindo que firmas com sede no
exterior passassem a dispor do mesmo tratamento que as empresas
constituídas por brasileiros. Ambas contribuíram para a elevação dos
investimentos estrangeiros a partir de 1995.
Saneamento do sistema financeiro: instituição do Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro
Nacional (PROER); privatização da maioria dos bancos estaduais;
facilitação à entrada de bancos estrangeiros, procurando ampliar a
concorrência no setor; favorecimento ao processo de conglomeração, que

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deixou o mercado com menos instituições, porém relativamente mais
fortes; ampliação dos requisitos de capital para a constituição de bancos;
e melhora substancial do acompanhamento e monitoramento do nível de
risco do sistema por parte do BACEN.
Renegociação das dívidas estaduais: consistiu na federalização de
dívidas frente ao mercado, mediante comprometimento dos estados junto
à União, com as dívidas sendo pagas em 30 anos, na forma de prestações
mensais. A contrapartida exigida, na forma de colateralização das receitas
futuras de transferências constitucionais, evitou que os estados
conseguissem burlar a regra de pagamento, pois nesse caso a União
poderia se apropriar das receitas de transferências dos Fundos de
Participação e até do ICMS estadual.
Reforma parcial da previdência social: ampliou-se a necessidade de
tempo de contribuição para quem já estava na ativa, além da
desconstitucionalização da fórmula de cálculo das aposentadorias do INSS
e uso do fator previdenciário que desestimula aposentadorias precoces.
Aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): estabeleceu
tetos para as despesas com pessoal em cada um dos poderes nas três
esferas da Federação e, entre vários dispositivos de controle dos gastos
públicos, proibiu novas renegociações de dívidas entre entes da
Federação.
Ajuste fiscal, a partir de 1999: vigência de restrição orçamentária
efetiva, baseada em metas fiscais rígidas.
Criação de agências reguladoras dos serviços de utilidade pública:
com o intuito de defender os interesses do consumidor, assegurar o
cumprimento dos contratos, estimular níveis adequados de investimento e
zelar pela qualidade do serviço, nas áreas de telecomunicações (Anatel),
petróleo (ANP) e energia elétrica (Aneel).
Sistema de metas de inflação: compromisso formal com a estabilidade
de preços, por parte das autoridades, inédito na história do país.

Para finalizar o segundo mandato do governo FHC, nós tivemos a


redução do desemprego, ao contrário do primeiro mandato, onde houve
aumento do desemprego.

9.4. O governo Lula (2003 a 2009)

Não há muitas questões de concurso sobre o governo Lula. Isto se


deve, talvez, pelo fato de ter havido uma continuidade da política
econômica do governo FHC, o que, de certa forma, não favorece a
elaboração de questões de prova.

De qualquer forma, vou apresentar um breve resumo sobre o


governo Lula:

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Ao assumir o governo em 2003, Lula, surpreendentemente, e até
contrariando "companheiros" de partido, adotou a política da
continuidade. Ele deu prosseguimento à política econômica baseada no
tripé: flutuação cambial/metas de inflação/austeridade fiscal, rumando,
assim, para longe das posições esquerdistas tradicionalmente defendidas
pelo PT até então. Seguem abaixo algumas destas medidas:

s Nomeação de um banqueiro para o cargo de presidente do BACEN


(assumiu o ex-presidente mundial do Bank Boston, Henrique
Meirelles);
s Anúncio de metas de inflação para 2003 e 2004, reforçando a
política anti-inflacionária e o compromisso com a estabilidade;
s Elevou a taxa de juros básica (SELIC), mostrando que isso não era
mais um "tabu" para o PT;
s Definiu um aperto da meta de superávit primário, que passou de
3,75% para 4,25% do PIB em 2003;
s Ordenou corte do gasto público, para viabilizar o objetivo fiscal,
deixando de lado antigas promessas de incremento do gasto;
s Colocou na Lei de Diretrizes Orçamentárias o objetivo de manter a
mesma meta fiscal, de 4,25% do PIB de superávit primário, para o
período 2004-2006;
s Renovação do acordo com o FMI até o final de 2004, mantendo o
esquema de comprovação regular do cumprimento das metas fiscais
e todo o arcabouço normal dos acordos com a instituição;
s Envio ao congresso da proposta de reforma tributária;
s Encaminhamento, em paralelo com a reforma tributária, da
proposta da reforma da Previdência Social.

Com relação ao desenrolar da economia, os avanços foram notórios


no período Lula. As condições favoráveis do mercado internacional, com
excepcional liquidez, mantiveram o crescente desenvolvimento com
sucessivos recordes na balança comercial 3 0 e de transações correntes e
também uma forte entrada de investimentos estrangeiros, o que
provocou superávits no balanço de pagamentos e acúmulo de reservas
internacionais no período, que foram importantes durante a crise de
2008.

O PIB cresceu a taxas expressivas, embora em menor ritmo que


outros países emergentes, as taxas de juros começaram a cair
progressivamente e o crédito ao consumidor se expandiu. A composição
da dívida pública também começou a mudar com a colocação de títulos
prefixados de longo prazo a juros menores, o que não comprometia
excessivamente os recursos futuros do Estado. Em 2007, houve o

30
Os recordes da balança comercial foram potencializados pelas supersafras e pela alta das
commodities ocorrida no período.

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pagamento da dívida externa, o que gerou um bom impacto psicológico,
devido a anos de dependência externa e instabilidade fiscal e financeira
decorrentes da dívida externa. O aumento dos superávits primários
alterou a relação dívida/PIB, que havia aumentado bastante na gestão
FHC, e que, a partir da gestão Lula, começou a declinar.

9.5. Crise financeira de 2008

Em 2008, o mundo foi pego de surpresa com a crise financeira


surgida a partir dos EUA. O estopim da crise foi a quebra do Banco Leman
Brothers, em Setembro. Em seguida, vários outros bancos e grandes
firmas apresentaram dificuldades financeiras e/ou decretaram concordata,
ou foram salvas pelo dinheiro público.

Tal crise ficou conhecida como crise do Subprime e, na verdade,


teve origem em 2006 e foi revelada ao público em 2007, portanto, um
prenúncio do que ocorreria em 2008. Os subprime incluíam desde
empréstimos hipotecários até cartões de crédito e aluguel de carros.
Movidas pela alta expectativa de lucros e metas ousadas, as instituições
financeiras concederam empréstimos a clientes sem comprovação de
renda e com histórico ruim de crédito. Essas dívidas nunca eram pagas,
apenas roladas. A valorização contínua dos imóveis permitia aos
mutuários obter novos empréstimos, sempre maiores, para liquidar os
anteriores, em atraso - e o que é melhor: dando o mesmo imóvel como
garantia. As taxas de juros eram pós-fixadas. Quando os juros
dispararam nos EUA e houve desvalorização imobiliária, surgiu a
inadimplência em massa.

A inadimplência dos tomadores de empréstimos acabou por tornar


os bancos também inadimplentes, provocando uma interrupção da cadeia
de pagamentos da economia. Tal fato repercutiu fortemente sobre as
bolsas de valores de todo o mundo.

Para "diluir" o risco dessas operações de concessões de


empréstimos, os bancos americanos transformaram tais créditos em
títulos na forma de derivativos 31 negociáveis no mercado financeiro
internacional, cujo valor era até 05 vezes maior que o valor original das
dívidas.

31
Instrumentos financeiros cujo preço de mercado deriva (daí o nome) do preço de
mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro (Dicionário de Derivativos, de José
Evaristo dos Santos). Ou seja, é a operação em que o valor das transações deriva do
comportamento futuro de outros mercados.

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Assim, criaram-se títulos negociáveis cujo lastro era esses créditos
"podres". A transação no mercado financeiro internacional desses créditos
podres possibilitou o alastramento da crise pelo mundo.

Como lição da crise de 2008, ficou evidente a necessidade de maior


regulação e fiscalização do sistema financeiro. No entanto, até o
momento, as nações ainda não chegaram a um consenso sobre quais os
mecanismos ideais para realizar tal regulação. Em janeiro de 2010, foi
realizado em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial, porém, sem
que houvesse reais definições de reforma do sistema financeiro. Ficou
claro apenas que o marco regulatório precisa ser desenvolvido e
aprimorado.

9.6. O governo Lula e a crise de 2008

Por ocasião do estouro da crise de 2008, o Brasil estava


economicamente preparado, de forma que foi um dos países que menos
sentiu a crise: entrou mais tarde e saiu mais cedo, além de melhorar seu
prestígio internacional.

Às vésperas da crise, houve um grande aporte de capital ao Brasil,


provocado, em parte, pela concessão do investment grade (grau de
investimento), em que as agências de risco consideram determinado país
como sendo seguro para investimentos externos. A concessão do
investment grade é altamente benéfica, pois traz a possibilidade de
maiores investimentos externos junto ao país que o recebe.

Assim, o investment grade, o bom nível de reservas internacionais,


o bom marco regulatório do sistema financeiro nacional, o saneamento
dos bancos nacionais realizado na gestão FHC (PROER) e a política
monetária responsável colocoram o Brasil em boa posição para enfrentar
a crise internacional de 2008.

Inicialmente, houve, como em todas as partes do mundo, fuga de


capitais, pois os investidores tendem a ficar receosos. Tal fuga de capitais
provocou de imediato a desvalorização do Real frente ao dólar, com a
taxa de câmbio saindo da casa dos R$ 1,6x para a casa dos R$ 2,3x por
dólar. No entanto, tal desvalorização durou pouco e rapidamente o capital
externo voltou ao país, de forma que a taxa de câmbio voltou novamente
para o patamar inferior a R$ 2,00 por dólar.

Apesar do sucesso de enfrentamento da crise no Brasil, não


podemos dizer que passamos incólumes à mesma, nem esta foi a
"marolinha" que o presidente afirmou que seria. Houve forte redução das
exportações e da demanda agregada. Para impedir o surgimento do

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desemprego, o governo adotou política monetária antirecessiva ou
expansiva (redução da taxa de juros, dos depósitos compulsórios, e da
taxa de redesconto). A política fiscal seguiu o mesmo caminho anticíclico
da política monetária: redução do IPI para automóveis e
eletrodomésticos, desoneração tributária do mercado imobiliário e
investimentos nas obras do PAC, com o objetivo de estimular a demanda
agregada.

Foi a primeira crise, entre as que o Brasil enfrentou, em que foi


possível a adoção de políticas semelhantes às aplicadas por países
desenvolvidos. Isto só foi viável, repetindo mais uma vez, porque o país
apresentava desta vez condições muito melhores do que em crises
anteriores: não havia dependência das contas externas, a inflação estava
sob controle, o sistema financeiro estava em boa situação e havia
estabilidade política. Isso permitiu ao Brasil, pela primeira vez, gerar
políticas anticíclicas de estímulos fiscais e de redução de juros, em vez de
subir as taxas, como fazia antes. Desta vez, o capital externo veio não
somente por que as taxas de juros eram elevadas, mas também porque
as condições macroeconômicas do país eram sólidas.

Apenas finalizando sobre o período recente, no segundo semestre


de 2009, como decorrência da volta do capital externo e da consequente
valorização cambial, o governo Lula promoveu a taxação da entrada de
capital estrangeiro no país, por meio do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), com alíquota de 2%. O objetivo era conter a
valorização da moeda e evitar que esta prejudique o setor produtivo
nacional.

Bem pessoal, por hoje é só!

Terminamos a aula (ufa!). Seguem agora alguns exercícios para fixação


dos temas.

Abraços e bons estudos!

Heber Carvalho
hebercarvalho@pontodosconcursos.com.br

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QUESTÕES COMENTADAS

01. (ESAF - AFPS - 2002) - Considere a seguinte equação para a


curva de oferta agregada de curto prazo: Y = Yp + a(P-Pe), onde
Y=produto agregado; Yp=produto de pleno emprego; a>0;
P=nível geral de preços; Pe=nível geral de preços esperados.
Com base nas informações constantes da equação acima e
considerando as curvas de oferta agregada de longo prazo e de
demanda agregada, é correto afirmar que
a) Uma política monetária expansionista não altera o nível geral de
preços, tanto no curto quanto no longo prazo.
b) Alterações na demanda agregada resultam, no curto prazo, em
alterações tanto no nível geral de preços quanto na renda.
c) No curto prazo, uma política monetária expansionista só altera o nível
geral de preços.
d) O produto está sempre abaixo do pleno emprego, mesmo no longo
prazo.
e) Alterações na demanda agregada, tanto no curto quanto no longo
prazo, só geram inflação, não tendo qualquer impacto sobre a renda.

COMENTÁRIOS:
Em primeiro lugar, é importante destacar para não se assustar com os
enunciados do modelo de DA-OA. Eles apenas tentam resumir todo o
modelo poucas linhas. Isso certamente pode tornar os enunciados
bastante confusos e sem sentido, mas resolva a questão normalmente,
aplicando os conhecimentos do modelo OA-DA. Veja que o enunciado cita
as possibilidades de curva de oferta agregada (curto e longo prazo) e a
curva de demanda agregada. Ou seja, nada de mais, né?!

Vamos às alternativas,

a) Incorreta. Uma política monetária expansionista aumenta a demanda


agregada, deslocando a curva DA para cima e direita, de forma que,
assim, teremos um novo nível de preços, maior, e um novo produto,
também maior.

b) Correta. No curto prazo (curva OA positivamente inclinada), aumentos


da demanda agregada alteram o nível de preços e a renda.

c) Incorreta. Altera nível de preços e produto.

d) Incorreta. No longo prazo (curva OA vertical), o produto estará no


pleno emprego.

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e) Incorreta. No curto prazo, alterações na demanda agregada têm
impacto sobre o nível de preços e também sobre o produto (que é igual à
renda).

GABARITO: B

02. (ESAF - AFRF - 2002) - Considere o modelo de oferta e


demanda agregada, sendo a curva de oferta agregada horizontal
no curto prazo. Considere um choque adverso de oferta. Supondo
que não ocorram alterações na curva de demanda agregada e que
o choque não altere o nível natural do produto, é correto afirmar
que
a) No curto prazo ocorrerá o fenômeno da estagflação, uma combinação
de inflação com a redução do produto. No longo prazo, com a queda dos
preços, a economia retomará a sua taxa natural.
b) No curto prazo, ocorrerá apenas queda no produto. No longo prazo
ocorrerá inflação e a economia retornará para o equilíbrio de longo prazo.
c) No curto prazo ocorrerá apenas inflação. No longo prazo o produto irá
cair até o novo equilíbrio de pleno emprego.
d) Se o governo aumentar a demanda agregada em resposta ao choque
adverso de oferta, ocorrerá deflação.
e) Se a economia encontra-se no pleno emprego, ocorrerá inflação que
será mais intensa no longo prazo em relação ao curto prazo.

COMENTÁRIOS:
Nesta questão, o examinador deixou claro que é para usar a curva de
oferta agregada de curto prazo horizontal. Ou seja, na análise das
alternativas, quando for falado em curto prazo, obedecendo ao comando
da questão, devemos usar a curva OA horizontal em vez de positivamente
inclinada, que é a situação normal. Ao mesmo tempo, quando for falado
em longo prazo, devemos considerar que os choques de oferta não
deslocam a curva OA vertical, tendo em vista que o próprio comando da
questão nos disse que os choques de oferta não alteram o nível natural
do produto, que é exatamente o nível de produto sobre o qual está a
curva OA vertical, de longo prazo.

Vamos às alternativas,

a) Correta. O choque adverso de oferta deslocará a curva OA para a


esquerda e para cima. Como ela é horizontal, só será deslocada para
cima. Considerando que a curva DA é negativamente inclinada, o novo
equilíbrio mostrará preços mais altos (inflação) e produto mais baixo
(estagnação). Ou seja, haverá estagflação em virtude do choque adverso
de oferta.

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b) Incorreta. No curto prazo, ocorrerão queda no produto e aumento de
preços. No longo prazo, o choque adverso de oferta não desloca a curva
OA, não alterando os preços nem o nível do produto natural.

c) Incorreta. No curto prazo, ocorrerá, além da inflação, redução do


produto. No longo prazo (curva de oferta vertical), o choque adverso de
oferta não desloca a curva OA, o que não altera os preços nem o nível do
produto natural.

d) Incorreta. O aumento da demanda agregada deslocará a curva DA para


a direita e para cima. No curto prazo (com curva OA horizontal), haverá
apenas aumento do produto, sem alteração do nível de preços. No longo
prazo (com a OA vertical), haverá aumento de preços somente (inflação).

e) Incorreta. No longo prazo, o choque de oferta (apenas nesta questão)


não desloca a curva OA vertical. Assim, no longo prazo, o choque adverso
não provocará inflação. No curto prazo, considerando a curva OA
horizontal, o choque de oferta deslocará a curva OA para cima, fazendo
os preços aumentarem. Assim, para esta questão, o aumento de preços
no curto prazo será mais intenso.

GABARITO: A

03. (ESAF - AFC/STN - 2002) - Considere o modelo de oferta e


demanda agregada com preços totalmente flexíveis no curto
prazo. Sabendo-se que no longo prazo o produto é determinado
pela disponibilidade de capital, trabalho e tecnologia, pode-se
afirmar que
a) No longo prazo, a política monetária afeta o nível de preços mas não o
produto ou o emprego.
b) No curto prazo, não existe possibilidade de inflação no modelo, já que
as pressões inflacionárias são neutralizadas pelo desemprego.
c) No longo prazo, somente uma política fiscal expansionista terá efeitos
sobre o crescimento do produto.
d) Uma elevação exógena dos custos não causa inflação, uma vez que os
preços são flexíveis e tal flexibilidade resulta em quedas em outros preços
na economia, de forma que as pressões são neutralizadas.
e) Uma redução na demanda agregada não gera recessão no curto prazo.

COMENTÁRIOS:
O comando da questão nos fala para considerarmos os preços totalmente
flexíveis no curto prazo. Isso poderia nos levar à conclusão de que a
curva de oferta agregada de curto prazo seria vertical. No entanto, nós
vimos que há três explicações para a curva de oferta agregada de curto
prazo ser positivamente inclinada (preços rígidos, salários rígidos,
percepções equivocadas). Assim, o fato dos preços serem totalmente

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flexíveis (os preços não são rígidos) no curto prazo ainda não é suficiente
para rechaçar o fato de que ela será positivamente inclinada. Assim,
devemos resolver a questão utilizando a curva de oferta agregada de
curto prazo positivamente inclinada e a curva de oferta agregada de longo
prazo vertical. Vamos às alternativas,

a) Correta. Como a assertiva fala em longo prazo, consideramos a curva


de oferta vertical ou perpendicular ao eixo das abscissas. Neste caso,
qualquer política monetária no sentido de aumentar ou diminuir a
demanda agregada, influirá somente no nível de preços. Veja o gráfico
abaixo com a curva de oferta de longo prazo (note que o aumento da
demanda agregada ocasionou somente o aumento de PI para P2):

Y
b) Incorreta. No curto prazo, existe possibilidade de inflação. Basta, para
isso, a oferta agregada diminuir (curva de oferta desloca para a esquerda
e para cima) ou a demanda agregada aumentar (curva de demanda
desloca para a direita e para cima).

c) Incorreta. No longo prazo (curva de oferta vertical), o produto não se


altera, apenas os preços.

d) Incorreta. Uma elevação exógena (externa) dos custos, como por


exemplo, uma crise internacional do petróleo ou escassez de determinado
insumo, ocasiona uma redução da oferta (curva se desloca para esquerda
e para cima) e os preços aumentam.

e) Incorreta. Uma redução na demanda (curva se desloca para esquerda


e para baixo) ocasiona redução de preços e também do produto.
Redução do produto é o mesmo que recessão ou desemprego.

GABARITO: A

04. (ESAF - Técnico de planejamento e pesquisa IPEA - 2004) -


Considere a seguinte afirmação: "Uma das razões pelas quais os
preços, no curto prazo, não se ajustam imediatamente está no
fato de que esse ajuste envolve alguns custos. Para mudar seus
preços, a empresa deve enviar novos catálogos a seus clientes,
distribuir novas listas de preços e suas equipes de venda (...)

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Estes custos de ajustes (... ) levam as empresas a ajustar os seus
preços de forma intermitente, e não constante." (Adaptado do
livro de N. Gregory Mankiw, Macroeconomia, terceira edição, LTC
editora). A afirmação acima refere-se a:
a) Custos de menu
b) Custos da inflação
c) Custos de Mao de obra em situações onde há rigidez de salário
d) Custos de transação
e) Custos de informação

COMENTÁRIOS:
A questão fala do conceito de custos de menu. Tais custos estão
relacionados à rigidez de preços e decorrem da dificuldade da empresa
em mudar os preços de seus produtos no curto prazo. Há que se
confeccionar novos catálogos, alterar contratos, páginas na internet,
anúncios, etc.

GABARITO: A

05. (ESAF - EPPGG/MPOG - 2008) - Considere a seguinte equação


para a inflação:
nt = ne - p.(u - un) + €
n t = inflação em t
ne = inflação esperada
u = taxa de desemprego efetiva
un = taxa de desemprego natural
€ = choques de oferta
B = uma constante positiva
Com base neste modelo de inflação, é incorreto afirmar que:
a) se n e = a. n t - i , onde n t - i representa a inflação passada, se a = 1, B=0 e
6=0, a inflação será essencialmente inercial.
b) Um aumento do preço internacional do petróleo representa um choque
de oferta e tende a aumentar a inflação.
c) O impacto das políticas que reduzem a demanda sobre a inflação
dependerá de B.
d) Se ne=a.nt-i, onde nt-i representa a inflação passada, se a>1, a
inflação será explosiva.
e) Um aumento na taxa de desemprego tende a aumentar a inflação
tendo em vista o menor volume de oferta agregada.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Se n e=a.nt-i e a = 1, então ne (inflação esperada)= nt-i. Parece
complicado, mas a expressão apenas quer dizer que a inflação esperada é
a mesma inflação que ocorreu no período anterior (t - 1). Se 6 e B são
iguais a 0, então n t =ne= nt-i. Isto quer dizer que a inflação em t (período
atual), é igual à inflação em t - i (período anterior). Neste caso, temos

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uma inflação puramente inercial, onde a inflação futura vai ser igual à
inflação passada. Neste tipo de inflação, os agentes, prevendo inflações
futuras, já indexam os seus contratos, salários ou vendas, procurando se
precaver da inflação no futuro. A consequência disto é uma inflação
inercial, que nunca irá diminuir.

b) Correta. Um aumento do preço internacional do petróleo representa


um choque adverso de oferta (aumento de 6). Se 6 aumenta, n t também
aumenta (basta olhar a equação).

c) Correta. A constante B reflete a sensibilidade da inflação em relação ao


nível de atividade econômica. Assim, o impacto de qualquer política que
vise à redução da inflação dependerá de B.

d) Correta. Se ne=a.nt-i e a>1, então, a inflação esperada será sempre


maior que a inflação passada, o que, certamente, levará todos os setores
da economia a indexarem seus contratos, pagamentos ou recebimentos
com índices superiores à inflação passada. Ou seja, a inflação sempre
aumentará (será explosiva).

e) Incorreta. A assertiva estatui justamente o contrário da teoria de


Philips, segundo a qual aumentos da inflação diminuem a taxa de
desemprego. Analisando a equação do modelo observamos que um
aumento em u (taxa de desemprego efetiva) diminuirá o valor de n t , já
que u (que tem sinal positivo na equação) será multiplicado por B, que
tem sinal negativo. Incorreta, portanto, a assertiva e.

GABARITO: E

06. (ESAF - Analista Comércio Exterior - MDIC - 2002) - Suponha


uma economia em situação de equilíbrio, a partir da qual ocorre
uma expansão da oferta monetária. No curto prazo, os efeitos
sobre o nível do produto serão:
a) menores quanto mais elástica for a curva de oferta agregada.
b) maiores quanto mais elástica for a curva de oferta agregada.
c) independentes da inclinação da curva de oferta agregada.
d) maiores quanto maior for a variação resultante no nível agregado de
preços.

e) independentes de variações no nível agregado de preços.

COMENTÁRIOS:
Os efeitos sobre o nível do produto provenientes de uma expansão
monetária (deslocamento da curva de demanda agregada para a direita)
dependem da elasticidade (inclinação) da curva de oferta agregada.
Quanto mais deitada for a curva de oferta agregada, maior será o efeito

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sobre o Produto de uma expansão da Demanda Agregada. Veja a figura
abaixo:

Quanto mais deitada (mais horizontal) for a curva de oferta agregada,


mais elástica (sensível) ela será em relação ao nível de preços. A resposta
correta, portanto, é a letra B. Veja que se a curva de oferta agregada
fosse totalmente inelástica (vertical), uma expansão da demanda
agregada não alteraria o Produto da economia:

GABARITO: B

07. (ESAF - Analista/Área Economia - ANA - 2009) - Muitos


economistas procuram justificar a curva de oferta agregada de
curto prazo diferente da de longo prazo a partir do denominado
modelo dos salários rígidos. Nesse modelo, os salários são fixados
contratualmente. Podem, por exemplo, ser fixados a partir de um
nível esperado de preços durante a vigência do contrato.
Considerando que o aumento no nível geral de preços efetivo foi
acima do esperado, então o salário real cairá e induzirá as
empresas a contratarem mais trabalho, o que aumentará o
produto. Considerando Y=produto, Yn = produto potencial à taxa
natural de desemprego, P=índice geral de preços corrente,
W=salário nominal e a um parâmetro. Com base nos argumentos
acima, é correto afirmar q u e :
a) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=Yn - W/(P - Pe), onde W/(P - Pe) representa o salário real efetivo.
b) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=Yn + a.(P - Pe), desde que a seja maior que zero.
c) não é possível construir uma curva de oferta de curto prazo que seja
diferente da curva de longo prazo, pois Y será sempre igual a Yn.

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d) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=(1 - a).Yn + a.(P - Pe), desde que a seja menor do que zero e P seja
maior do que Pe.

e) a política monetária não desloca a curva de demanda agregada.

COMENTÁRIOS:
Conforme vimos no item 2.2, letra d, a curva de oferta agregada de curto
prazo tem a seguinte expressão:
Y = Yn + a(P - Pe)

GABARITO: B

08 - (ESAF - APO/MPOG - 2003) - O denominado "modelo


clássico" tem sido apresentado em livros e textos de
macroeconomia como uma descrição possível do pensamento
econômico anterior a Keynes. Assim, partindo-se do equilíbrio no
mercado de trabalho, chega-se ao nível de pleno emprego e, a
partir da função de produção, ao nível de produto de pleno
emprego. Nesse modelo, o nível geral de preços fica determinado
pela denominada "teoria quantitativa da moeda". Com base
nessas informações, é correto afirmar que
a) Uma elevação da demanda por mão-de-obra reduz o salário real.
b) Uma política monetária expansionista teria como efeito uma elevação
no produto de pleno emprego.
c) O produto agregado real independe da quantidade de mão de obra
empregada.
d) O nível do produto real de pleno emprego independe da oferta de
moeda na economia.
e) Um aumento no estoque de capital na economia reduz o salário real e
o nível de pleno emprego.

COMENTÁRIOS:
A questão pede para levarmos em conta o modelo clássico e teoria
quantitativa da moeda, em que aumento da oferta de moeda provoca tão
somente aumento de preços. Segundo esse modelo (clássico), a curva OA
é vertical. Quando a curva OA é vertical, a economia está em pleno
emprego e somente alterações dos fatores de produção (mão-de-obra,
capital, recursos naturais) deslocam a curva OA. Vamos então às
alternativas,

a) Incorreta. A mão-de-obra é como um bem qualquer. Havendo aumento


da demanda de um bem, seu preço aumentará. O preço da mão-de-obra
é o salário. Assim, uma elevação da demanda por mão-de-obra AUMENTA
o salário real.

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b) Incorreta. Uma política monetária expansionista tem como efeito
apenas a elevação de preços segundo o modelo clássico (curva OA
vertical). No caso clássico da oferta agregada de longo prazo, a curva de
oferta agregada é vertical, isto quer dizer que deslocamentos na curva de
Demanda Agregada só alteram preços.

c) Incorreta. Como a curva OA é vertical e a economia está no pleno


emprego, o produto real depende, em suma, da quantidade de fatores de
produção, entre os quais está a mão-de-obra. Assim, o produto depende
da quantidade de mão de obra empregada. Quanto mais trabalhadores
trabalhando, mais bens serão produzidos.

d) Correta. A oferta de moeda, segundo a TQM (ou segundo os


clássicos), influirá somente no nível de preços.

e) Incorreta. Um aumento de estoque de capital não altera o salário real


(o salário real é definido no mercado de trabalho, segundo as forças de
oferta e demanda de trabalho). Ademais o aumento do estoque de
capital aumenta a quantidade de fatores de produção na economia,
deslocando a curva OA para a direita e para baixo, aumentando, portanto,
o nível de pleno emprego.

GABARITO: D

09 - (ESAF - Analista/BACEN - 2002) - Considere: curva de oferta


agregada de longo prazo vertical ao nível do produto de pleno
emprego; curva de demanda agregada definida pela teoria
quantitativa da moeda; curva de oferta agregada de curto prazo
dada pela equação Y=Yp+a.(P-Pe), onde Y=produto, Yp=produto
de pleno emprego; P=nível geral de preços; Pe=nível geral de
preços esperados; e a>0; situação inicial de equilíbrio de longo
prazo. Considerando um aumento nos preços internacionais do
petróleo, é correto afirmar que
a) No curto prazo haverá inflação sem alteração no nível de emprego. No
longo prazo, ocorrerá uma redução no nível de emprego: o nível de
produto de pleno emprego será menor quando comparado com a situação
anterior ao aumento nos preços internacionais do petróleo.
b) No curto prazo, só ocorrerá inflação. O produto permanecerá no pleno
emprego uma vez que a produção será estimulada pelo aumento do nível
de preços esperados decorrentes da elevação nos custos das empresas.
c) Se as expectativas forem racionais, o produto permanecerá no pleno
emprego e não ocorrerá inflação, no curto prazo, uma vez que o aumento
no custo de produção será compensado pela queda nos salários reais.
d) Não ocorrerá inflação uma vez que a elevação dos custos será
compensada pela elevação da inflação esperada.

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e) No curto prazo, ocorrerá inflação combinada com desemprego. No
longo prazo, a economia voltará para o pleno emprego. O BACEN,
entretanto, poderá reduzir os efeitos de desemprego no curto prazo
implementando uma política monetária expansionista. O aspecto negativo
desta opção será mais inflação.

COMENTÁRIOS:
O início do enunciado define, basicamente, o modelo de OA-DA. Depois,
ele fala para considerar um aumento nos preços internacionais do
petróleo, ou seja, um choque adverso de oferta. A oferta irá, portanto,
diminuir, deslocando a curva OA para a esquerda e/ou para cima. Vamos
às alternativas,

a) Incorreta. No curto prazo, haverá aumento de preços e diminuição do


produto. No longo prazo (curva de oferta vertical) o nível de emprego
(produto) não se altera.

b) Incorreta. No curto prazo, a curva de oferta agregada é positivamente


inclinada e o choque adverso de oferta a fará ser deslocada para a
esquerda e para cima, aumentando os preços e reduzindo o produto.

c) Incorreta. No curto prazo, ocorrerá inflação e redução do produto.

d) Incorreta. Ocorrerá inflação, independente se é curto ou longo prazo.

e) Correta. No curto prazo, conforme explicado na assertiva a, haverá


aumento de preços e redução do produto (estagflação). No longo prazo
(curva de oferta vertical), o produto tende ao pleno emprego. Para
reduzir o desemprego de curto prazo, o BACEN pode adotar uma política
monetária expansionista (a política monetária causa um aumento da
demanda agregada, deslocando a curva DA para a direita e para cima)
que terá como consequência o aumento do emprego junto com o
aumento de preços. O aumento do emprego provocado pela política
monetária expansionista acomodará (reduzirá) o efeito do choque adverso
de oferta sobre o produto. No entanto, o aumento de preços
potencializará o aumento de inflação provocado pelo choque.

GABARITO: E

10 - (ESAF - APO/MPOG - 2001) - O Plano Real ou Plano de


Estabilização Econômica foi implementado em três etapas. É
correto afirmar que:
a) A primeira etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; a segunda etapa foi
efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova moeda

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nacional de poder aquisitivo estável - o Real; por fim, a terceira etapa foi
a da condução das chamadas reformas estruturais no Congresso Nacional.
b) A primeira etapa foi a da consolidação da abertura comercial, tendo
como objetivo enfraquecer o processo de indexação da economia; a
segunda etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa
foi efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova
moeda nacional de poder aquisitivo estável - o Real.
c) A primeira etapa foi a de acúmulo de reservas internacionais, tendo
como objetivo manter a taxa de câmbio valorizada; a segunda etapa foi a
da criação de um padrão estável de valor, denominado de Unidade Real
de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa foi efetivada com a emissão
desse padrão de valor como uma nova moeda nacional de poder
aquisitivo estável - o Real.
d) A primeira etapa foi a do estabelecimento do equilíbrio das contas do
Governo, tendo como objetivo eliminar, na concepção da equipe
econômica, a principal causa da inflação brasileira; a segunda etapa foi a
da criação de um padrão estável de valor, denominado de Unidade Real
de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa foi efetivada com a emissão
desse padrão de valor como uma nova moeda nacional de poder
aquisitivo estável - o Real.
e) A primeira etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; a segunda etapa foi
efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova moeda
nacional de poder aquisitivo estável - o Real; por fim, a terceira etapa foi
efetivada a partir da elevação das taxas internas de juros, o que
possibilitou o forte acúmulo de reservas cambiais que contribuiu para a
valorização da taxa de câmbio.

COMENTÁRIOS:
A assertiva D apresenta exatamente as três etapas de implantação do
Plano Real, que estavam planejadas e formalizadas na exposição de
motivos sobre a MP do Plano Real.
GABARITO: D

11 - (ESAF - ACE/TCU - 2000) - Em relação ao Plano Real é


correto afirmar que
a) estava baseado na ideia de que havia excesso de liquidez e que era
preciso enxugar os ativos líquidos da economia.
b) depois da crise do México o governo brasileiro diminuiu as taxas de
juros como forma de estimular o consumo e o crescimento econômico.
c) o Fundo Social de Emergência contribuiu para a ampliação do déficit
público federal.
d) a valorização cambial ocorrida depois da implementação do plano
contribuiu para a estabilidade dos preços.

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e) provocou um significativo aumento na formação bruta de capital fixo
da economia na segunda metade dos anos 90.

COMENTÁRIOS:
Vamos à análise das alternativas:

a) Estava baseado na ideia de que o descontrole das contas públicas


era a principal causa da inflação. Incorreta.

b) Depois da crise, o governo aumentou os juros para atrair capital


externo. Incorreta.

c) O FSE foi uma medida que dava maior liberdade para os gastos do
governo. Incorreta.

d) Correta. Foi o que ficou caracterizado como " âncora cambial".

e) Incorreta. Houve retração do produto e dos investimentos,


devido aos inúmeros expedientes de política econômica recessiva
adotados (taxas de juros elevadas, aumento da carga tributária, política
monetária restritiva, câmbio valorizado estimulando as importações em
detrimento da indústria nacional, etc).

GABARITO: D

12 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2009) - A análise das causas da


queda da inflação no período 1995/1998 no Brasil está ligada à
combinação dos seguintes elementos, exceto:
a) a fase de transição representada pelos quatro meses de convivência da
população com a URV (Unidade Real de Valor).
b) o papel de âncora cambial como balizador de expectativa.
c) o excepcional nível de reservas cambiais.
d) as baixas taxas de juros praticadas durante toda a segunda metade da
década de 1990.

e) o maior grau de abertura da economia.

COMENTÁRIOS:
A única incorreta é a letra D, já que foram praticadas altas taxas de juros
durante toda a segunda metade da década de 1990, a fim de evitar os
desequilíbrios externos provocados pelas diversas fugas de capitais
surgidas no período (crise mexicana, tigres asiáticos e russa).
GABARITO: D
13 - (ESAF - AFC/STN - 2008) - A privatização e a abertura
econômica marcam importantes mudanças implementadas na

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economia brasileira, especialmente nos anos 90. Caracteriza essas
reformas apenas a afirmativa:
a) os impactos da abertura comercial e da privatização foram pequenos,
pois a privatização não propiciou a diminuição da dívida pública brasileira
e a abertura comercial se restringiu a negociações de liberalização
comercial com os países do Mercosul.
b) entre as razões que justificaram as privatizações, está a diminuição da
capacidade estatal em fazer os investimentos necessários à ampliação das
empresas estatais e dos serviços por elas fornecidos.
c) a abertura econômica foi caracterizada por ser uma abertura parcial, já
que se restringiu aos aspectos comerciais, não afetando, por exemplo, as
transações relativas ao Balanço de capitais.
d) após a abertura comercial, foram gerados déficits comerciais que só
foram revertidos depois do Plano Real.
e) a privatização brasileira foi uma das maiores privatizações do período,
tendo alcançado todas as empresas produtivas dos setores Siderúrgico,
de Petróleo e Gás, Petroquímico e Financeiro do governo federal.

COMENTÁRIOS:
Vamos à análise das alternativas:

a) Os impactos da abertura comercial e das privatizações foram grandes.


A abertura comercial foi importante para o uso da "âncora cambial" como
forma de reter os preços internos. Já o dinheiro das privatizações foi
utilizado para conter a deterioração da situação fiscal ocorrida no primeiro
mandato do governo FHC. Incorreta a assertiva.

b) Correta.

c) A abertura econômica abrangeu tanto o setor comercial quanto o fluxo


de capitais estrangeiros (balanço de capitais). Incorreta.

d) O Plano Real foi caracterizado por elevados déficits comerciais


provocados pela "âncora cambial". Incorreta.

e) A privatização não alcançou todos os setores elencados na assertiva. O


foco das privatizações ocorreu sobre os setores de energia e
telecomunicações. Incorreta.

GABARITO: B

14 - (ESAF - APO/MPOG - 2005) - Considerando o


comportamento do saldo em transações correntes durante a
década de 90, é correto afirmar que
a) na média, o saldo permaneceu nulo durante o período em que o país
adotou o regime de bandas cambiais.

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b) tal saldo passou a ser superavitário após a implantação do Plano Real,
graças à forte entrada líquida de capitais de curto prazo.
c) tal saldo foi deficitário após a implantação do Plano Real; entretanto, a
partir de 1999, o saldo passa a ser superavitário, apresentando uma
resposta imediata à mudança do regime cambial naquele ano.
d) tal saldo continuou a ser superavitário após a implantação do Plano
Real graças ao desempenho da balança de serviços que passou a ser
favorecida pela política cambial baseada na denominada "ancoragem".
e) tal saldo passou a ser deficitário após a implantação do Plano Real,
podendo ser considerado como um dos fatores que contribuíram para a
mudança cambial no final da década.

COMENTÁRIOS:
A sobrevalorização do Real provocou aumento das importações, ao
mesmo tempo em que as exportações não tiveram bom rendimento.
Resultado: déficit na balança comercial.

Da mesma forma, foram praticadas altas taxas de juros a fim de atrair o


capital externo. O aumento da dívida externa e dos juros a serem
enviados ao exterior, por sua vez, sobrecarregaram a balança de serviços
e rendas. Resultado: déficit na balança de serviços e rendas.

Resultado total: déficit na balança comercial + déficit na balança de


serviços e rendas = déficit no balanço de transações correntes.

Como forma de reagir a estes déficits em transações correntes, em 1999


é realizada a desvalorização do Real, como uma das medidas de ajuste
para conter a deterioração da situação das contas externas. Desta forma,
correta a assertiva E.

A letra C está incorreta pelo fato de a mudança cambial não ter


provocado superávits imediatos, sendo que a balança comercial só voltou
a ser superavitária em 2001, apesar de ter havido melhora já em 1999
(no entanto, tal melhora não significou situação superavitária).

GABARITO: E

15 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2008) - Com relação ao


comportamento da balança comercial a partir de 1990 até o
presente momento, é correto afirmar que:
a) após a implantação do Plano Real, o Brasil passa da condição de
deficitário para superavitário comercial. Isto pode ser explicado pelos
efeitos da estabilidade de preços sobre a balança comercial.
b) na maior parte da segunda metade da década de 90 o Brasil
apresentou déficits na balança comercial. Essa situação se reverte no
início do século atual, em parte pelo comportamento da taxa de câmbio,

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pelo menos até o ano de 2002, e em parte pelo comportamento dos
preços de vários itens da pauta de exportação brasileira.
c) no ano de 1999, o Brasil apresentou o maior superávit na balança
comercial dos últimos 20 anos. A explicação pode ser encontrada pela
forte desvalorização sofrida pelo Real naquele ano.
d) o século atual tem sido caracterizado como um período de déficits na
balança comercial. Tais déficits podem ser explicados pela valorização que
o Real passa a apresentar a partir de 2002.
e) apesar da valorização do Real após o ano de 1994, o Brasil apresentou
superávits na balança comercial durante toda a década de 1990.

COMENTÁRIOS:
Vamos às alternativas da questão:

a) Após a implantação do Plano Real, o Brasil passa da condição de


deficitário para superavitário comercial. Incorreta, pois o Plano Real
trouxe sérios déficits à balança comercial.

b) Na maior parte da segunda metade da década de 90 o Brasil


apresentou déficits na balança comercial. Essa situação se reverte no
início do século atual, em parte pelo comportamento da taxa de câmbio,
pelo menos até o ano de 2002, e em parte pelo comportamento dos
preços de vários itens da pauta de exportação brasileira. Correta. Com a
desvalorização cambial de 1999, os itens da pauta exportadora brasileira
tiveram seus preços relativos reajustados de forma a beneficiar as contas
externas brasileiras.

c) No ano de 1999, o Brasil apresentou o maior superávit na balança


comercial dos últimos 20 anos. A explicação pode ser encontrada pela
forte desvalorização sofrida pelo Real naquele ano. Incorreta. Em 1999,
o Brasil apresentou déficit na balança comercial, ainda fruto da
sobrevalorização do Real, sendo que, somente em 2001, o Brasil voltou a
apresentar superávits na balança comercial.

d) O século atual tem sido caracterizado como um período de déficits na


balança comercial. Tais déficits podem ser explicados pela valorização que
o Real passa a apresentar a partir de 2002. Incorreta. O século atual
(anos 20xx) tem apresentado sucessivos superávits na balança comercial.

e) Apesar da valorização do Real após o ano de 1994, o Brasil apresentou


superávits na balança comercial durante toda a década de 1990.
Incorreta. O Plano Real e a sobrevalorização da moeda causaram déficits
comerciais em toda a segunda metade da década de 1990 (durante a
primeira metade, houve superávits comerciais provenientes da política de
desvalorização cambial dos governos Collor e Itamar).

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GABARITO: B

16 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2009) - O ajuste fiscal necessário


para dar suporte às políticas macroeconômicas, durante a
segunda metade dos anos 90, foi resultado dos seguintes fatores,
nos quais não se inclui(em):
a) o incentivo ao uso dos precatórios pelos estados e municípios.
b) um corte nos investimentos públicos, com consequências negativas
importantes para a qualidade da infraestrutura e dos serviços públicos.
c) condições mais rígidas aplicadas à expansão da dívida pública estadual,
após as negociações realizadas em 1997/1998.
d) a implementação do programa de privatização, que liberou o governo
dos subsídios e empresas estatais ineficientes.
e) um importante aumento das receitas no nível federal por meio das
contribuições sociais não compartilhadas por estados e municípios, as
quais foram responsáveis pelo aumento da carga tributária.

COMENTÁRIOS:
Dentre todas as medidas elencadas, a única que não se relaciona com o
ajuste fiscal realizado pelo governo FHC é a apresentada na alternativa A.

Na alternativa B redução dos gastos públicos


Na alternativa C negociação em relação às dívidas estaduais
Na alternativa D Privatizações
Na alternativa E Reforma da previdência que provocou aumento das
receitas provenientes das contribuições previdenciárias, sendo que estas
receitas não precisavam ser divididas com Estados e Municípios.

GABARITO: A

17. (FGV - ICMS/RJ - 2009) - A respeito do efeito de eventos


sobre a curva de demanda agregada, que relaciona os preços com
o PIB real de uma economia, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A expectativa de aumento da receita devido à produção de petróleo
nos próximos anos implica um deslocamento da curva de demanda
agregada para a direita.
(B) A queda vertiginosa no valor dos imóveis desloca a curva de demanda
agregada para a esquerda.
(C) As políticas fiscais afetam a demanda agregada diretamente por meio
das compras governamentais e indiretamente devido às mudanças nos
tributos e nas transferências governamentais.
(D) A política monetária afeta indiretamente a demanda agregada por
meio de mudanças na taxa de juros.
(E) A expectativa de um mercado de trabalho fraco no próximo ano
implica um deslocamento da curva de demanda agregada para a direita.

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COMENTÁRIOS:
a) Correta. A expectativa de forte aumento da receita da produção de
petróleo nos próximos anos implica um deslocamento da curva de
demanda agregada para a direita por financiar níveis mais elevados de
consumo público e privado.

b) Correta. Uma queda no valor real dos ativos na economia devido à


queda vertiginosa no valor dos imóveis reduz a riqueza das pessoas,
reduzindo os gastos de consumo. Assim, a curva de demanda agregada
se desloca para a esquerda.

Há estudos empíricos (e vários deles são citados em livros de Micro, e de


Macroeconomia também) que comprovam que a desvalorização
imobiliária implica sérias reduções na demanda agregada.

Preços de imóveis em queda significam um setor imobiliário desaquecido,


e isso implica demissões de milhões de trabalhadores, menor venda de
commodities (ferro, cobre, petróleo, etc), menos renda circulando, menos
consumo, etc. Apenas para exemplificar, podemos citar a crise imobiliária
de 2008 nos EUA. Em virtude dos calotes financeiros, os valores dos
imóveis despencaram. Veja que, naquele ano, a curva de DA dos EUA foi
para a esquerda, reduzindo o emprego/renda da economia.

Veja que o setor imobiliário é um dos principais setores da economia, e


funciona como uma espécie de termômetro da economia. Se ele vai mal,
e os valores dos imóveis, por algum motivo, estão caindo, isto significa
redução de renda/emprego.

c) Correta. Políticas fiscais afetam a demanda agregada diretamente


através de compras governamentais por representarem aumentos
exógenos no consumo. As mudanças nos tributos e nas transferências
governamentais afetam indiretamente a demanda agregada por afetarem
inicialmente o consumo.

d) Correta. A política monetária afeta a demanda agregada indiretamente


através de mudanças nas taxas de juros devido à alteração do custo de
tomar recursos emprestados. Por exemplo, quanto menor a taxa de juros,
menor o custo dos gastos em investimentos e do financiamento de
consumo, o que leva ao aumento dos investimentos e do consumo.

e) Incorreta. A expectativa de um mercado de trabalho fraco no próximo


ano implica um deslocamento da curva de demanda agregada para a
esquerda uma vez que as pessoas reduzem os gastos de consumo hoje.

GABARITO: E

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18. (FGV - ICMS/RJ - 2007) - Com base na curva de Phillips de
longo prazo, pode-se afirmar que:
(A) há uma relação negativa entre taxa de inflação e taxa de
desemprego.
(B) políticas monetárias expansionistas só teriam impactos sobre a
inflação e não sobre a taxa de desemprego.
(C) a taxa de inflação converge para zero no longo prazo, independente
do nível inicial em que se encontra.
(D) por meio de políticas monetárias expansionistas, o governo é capaz
de afetar o nível de produção da nação no longo prazo.
(E) há uma relação positiva entre taxa de inflação e taxa de desemprego.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. No longo prazo, não há correlação negativa (não há trade-
off) entre inflação e desemprego, pois a curva de Phillips é vertical.

b) Correta.

c) Incorreta. No longo prazo, a economia converge para a taxa natural de


desemprego (produto de pleno emprego), mas o mesmo não podemos
dizer em relação à inflação.

d) Incorreta. No longo prazo, políticas fiscais/monetárias alteram somente


o nível de preços.

e) Incorreta. No longo prazo, não há relação positiva, nem negativa entre


inflação e desemprego.

GABARITO: Anulada (o gabarito preliminar foi assertiva B, no entanto,


neste ano, a banca ainda não justificava o gabarito e a razão das
anulações, da maneira como começou a fazer a partir da prova de 2009)

19. (FGV - ICMS/RJ - 2008) - A inflação no país B está acelerando.


Caso esse país queira reduzi-la sem ter grande impacto no
produto, a combinação de políticas adotada deve ser:
(A) política monetária e fiscal contracionista.
(B) política monetária e fiscal expansionistas.
(C) política monetária contracionista e fiscal expansionista.
(D) política monetária expansionista e fiscal contracionista.
(E) somente uma política fiscal contracionista.

COMENTÁRIOS:
Para reduzir a inflação, é necessário fazer a curva DA ser deslocada para
a esquerda e/ou a curva OA ser deslocada para a direita. Analisando
todas as alternativas, só vemos menções a políticas fiscal e/ou monetária.
Assim, para reduzir a inflação, do ponto de vista exclusivo da curva DA

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(política fiscal/monetária), será necessário deslocá-la para a esquerda.
Isso poderia acontecer com o uso de políticas fiscais ou monetárias
contracionistas. Essas políticas contracionistas, contudo, reduzirão o
produto. Caso o governo queira fazer isso sem ter grande impacto no
produto, ele terá que adotar uma outra política em sentido inverso. Desta
forma, ficamos na dúvida entre as alternativas C e D. Nos dois casos,
uma política reduz os preços e o produto, e a outra política aumenta os
preços e o produto. Levando-se em conta que o principal objetivo é
reduzir a inflação, devemos assinalar a alternativa C, pois a política
monetária é mais eficaz que a política fiscal no que tange ao
controle inflacionário (é a visão da banca, e que se coaduna também
com a atual visão do governo brasileiro, tanto é verdade que o sistema de
metas inflacionárias adotado atualmente no Brasil é calcado em
instrumentos de política monetária, principalmente).

GABARITO: C

20. (FGV - ICMS/RJ - 2009) - Supondo que a economia se


encontre num ponto de equilíbrio de curto e longo prazo, segundo
o modelo clássico de nível de preços, o efeito da emissão de
moeda na economia é caracterizado por:
(A) no curto prazo, haver um aumento da demanda agregada, levando a
um PIB real superior ao de equilíbrio, que ao longo do tempo é ajustado
via aumento dos salários nominais.
(B) no longo prazo, o efeito nos salários nominais deslocar a curva de
oferta de curto prazo para a direita, num novo equilíbrio onde o PIB real é
igual ao anterior à mudança, mas sob um nível de preços superior.
(C) um novo equilíbrio da economia em que o PIB real é superior ao
anterior à mudança, apesar de implicar um nível de preços superior.
(D) no longo prazo, haver uma redução da demanda agregada, levando a
um PIB real inferior ao de equilíbrio, que ao longo do tempo é ajustado
via redução dos salários nominais. O novo equilíbrio da economia é tal
que o PIB real é inferior ao anterior à mudança, com um nível de preços
superior.
(E) no curto e no longo prazo, não haver efeito sob a demanda agregada,
apenas um ajuste dos salários nominais, que perdem seu poder de
compra.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Para explicar esta assertiva, eu necessito falar do ajustamento
entre curto e longo prazo.

Vejamos, então, como é o ajustamento entre curto e longo prazo,


supondo que a economia está em um equilíbrio de curto e longo prazo e
supondo também o efeito da emissão de moeda (aumento de demanda
agregada):

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Na figura abaixo, temos uma economia em equilíbrio de longo e curto


prazo, no ponto A, ao nível de preços P A e ao nível do produto natural, Y N .

A curva OALP é a curva vertical de oferta agregada de longo prazo, ao


nível do produto natural (YN). A curva DA1 é a curva de demanda
agregada. A curva DA 2 é a curva de demanda agregada após a emissão
monetária. A curva OACP é a curva de oferta agregada de curto prazo,
positivamente inclinada.

2° - Com o passar do tempo, o


excesso de demanda faz crescer
os preços e os salários. O
crescimento dos preços nos faz
deslocar ao longo da curva DA,
até o ponto C, onde o produto
retorna para o seu nível natural.

OACP

1° - Um crescimento na DA
aumenta os preços e o
produto, no curto prazo. O
produto fica acima do seu
nivei natural.

Inicialmente, a emissão monetária desloca DA 1 para DA 2 . No curto prazo,


a economia vai para o ponto de equilíbrio B. O produto, YCP, ficará acima
de seu nível natural. O nível de preços também aumentará, sendo maior
que P A . Só que isso tudo é a história do curto prazo!

À medida que o tempo vai passando, o fato de o produto estar acima do


nível natural (Y CP >Y N ) faz com que os agentes aumentem ainda mais os
preços, devido ao excesso de renda/produto. O aumento de preços
provoca deslocamento ao longo da curva de demanda agregada (ao longo
de DA2). À medida que nos deslocamos ao longo de DA2, os preços e
salários sobem, fazendo com o produto decresça (vá de Y C P para Y N ),
até o momento em que o produto atinge o seu nível natural (ponto C,
onde temos Y N ). Quando isto acontece, estamos no equilíbrio de longo
prazo, onde o produto retorna para o seu nível natural.

Veja, então, que, se partimos de um ponto que significa um equilíbrio de


curto e longo prazo (conforme dito no enunciado da questão), um
aumento na demanda agregada aumenta a produção no curto prazo, mas
no longo prazo afeta apenas o nível de preços.

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Ao mesmo tempo, perceba que o ajustamento que fez o produto retornar
ao seu nível natural (YCP ^ YN) só foi possível graças ao aumento de
preços e salários provocado pelo fato de o produto estar acima do seu
nível natural.

Desta forma, vemos que a assertiva A desta questão está correta, pois,
no curto prazo, o aumento da DA fez o PIB real ser superior ao de
equilíbrio (Y CP > Y N ). No longo prazo, o aumento de preços e salários fez o
produto ser ajustado (retornar ao seu nível de equilíbrio, ou natural).

b) Incorreta. O efeito (aumento) nos salários nominais desloca a curva de


oferta de curto prazo para a esquerda (pois o aumento dos salários
nominais significa aumenta de custo, o que desloca a curva OA para a
esquerda).

c) Incorreta. Considerando o longo prazo, onde temos a curva de oferta


clássica (vertical), o aumento da oferta monetária (deslocamento de DA
para direita) não aumenta o PIB para um nível superior.

d) Incorreta. O aumento da oferta monetária implica aumenta da


demanda agregada.

e) Incorreta. O aumento da oferta monetária aumenta a demanda


agregada.

GABARITO: A

21. (CESPE - ANALISTA DE INFRAESTRUTURA - MINISTÉRIO DO


PLANEJAMENTO - 2010) - Caso haja crescimento econômico no
país, com o aumento da demanda agregada, e a capacidade de
produção esteja esgotada ou se aproxime do pleno emprego, o
aumento das importações é uma das possíveis soluções para se
evitar a inflação, pois reduz a demanda líquida do setor externo.

COMENTÁRIOS:
Geralmente, o crescimento econômico, com o aumento da demanda
agregada, é acompanhado da elevação de preços (inflação), pois o
deslocamento da DA para a direita aumenta não só a renda, mas também
os preços. Se a capacidade de produção estiver esgotada, ou seja, se o
país já estiver no pleno emprego, a curva de OA é vertical. Nesta
situação, uma solução para evitar o aumento dos preços é aumentar as
importações, pois haverá redução da demanda líquida do setor externo
(haverá redução de X - M), reduzindo também a demanda agregada, de
tal forma que a curva DA será deslocada para a esquerda (e para baixo)
reduzindo o nível de preços.
Gabarito: CERTO

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22. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - A


neutralidade da moeda em termos reais não se aplica no longo
prazo.

COMENTÁRIOS:
É justamente o contrário: a neutralidade da moeda em termos reais SE
APLICA no longo prazo, onde, supostamente, a economia tende ao pleno
emprego (economia clássica) e a curva OA é vertical. Nesta situação, o
aumento da oferta de moeda e o consequente deslocamento da curva DA
não altera o nível de renda, uma vez que a curva OA é vertical.
Gabarito: ERRADO

23. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - A curva de


Phillips mostra a combinações de inflação e desemprego que
surgem dos deslocamentos da demanda agregada ao longo da
oferta agregada.

COMENTÁRIOS:
A curva de Phillips é derivada diretamente do modelo de oferta e
demanda agregada. Ela mostra as combinações de inflação (aumento de
preços) e desemprego que surgem no curto prazo à medida que
deslocamentos na curva de demanda agregada movem a economia ao
longo da curva de oferta agregada de curto prazo, exatamente como foi
explicado na introdução do item 8 da aula.
Gabarito: CERTO

24. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - No longo


prazo, a curva de Phillips é vertical.

COMENTÁRIOS:
No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical e a economia
permanece no nível de pleno emprego. Assim, a curva de Phillips de longo
prazo também permanecerá no nível de pleno emprego, sendo, portanto,
vertical.
Gabarito: CERTO

25. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC - 2009) - Políticas monetárias restritivas
elevam as taxas de juros e reduzem a demanda de consumo e de
investimentos, porém, contribuem para aumentar as taxas de
inflação.

COMENTÁRIOS:
Políticas monetárias restritivas deslocam a curva LM para a esquerda e
para cima, aumentando os juros e reduzindo o consumo e os

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investimentos (reduzindo a renda). Até aqui, correta a assertiva. No
entanto, a política monetária restritiva desloca a curva DA para a
esquerda, reduzindo os preços, contribuindo para reduzir a taxa de
inflação.
GABARITO: ERRADO

26. (CESPE - ESP. EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSP.


AQUAVIÁRIOS - ECONOMIA - ANTAQ - 2009) - Em uma economia
cuja produção se encontra abaixo do nível de pleno emprego, a
política monetária não é capaz de levar a produção ao pleno
emprego, objetivo que somente pode ser atingido por meio de
uma política fiscal expansionista.

COMENTÁRIOS:
Em uma economia que se encontra abaixo do nível de pleno emprego (há
desemprego de recursos), a economia pode atingir o pleno emprego com
o aumento da demanda agregada, até que a curva DA atinja a curva OA
de longo prazo, em que a economia está no pleno emprego. Observe a
figura:

Veja que há desemprego de recursos quando a OA é horizontal ou


positivamente inclinada. No longo prazo, quando a OA é vertical, a
economia está no pleno emprego. A maneira de a economia atingir o
pleno emprego é por meio do aumento da demanda agregada até quando
a curva DA encontra a curva OA de longo prazo. Conforme sabemos, a DA
é aumentada (deslocada para a direita e para cima) por intermédio da
política fiscal e da política monetária. Portanto, incorreta a assertiva ao
afirmar que a política monetária é ineficaz.
GABARITO: ERRADO

27. (CESPE - ESP. EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSP.


AQUAVIÁRIOS - ECONOMIA - ANTAQ - 2009) - Há alguns anos, o
Brasil encontrava-se em uma situação que combinava alta
inflação, bem acima dos níveis internacionais, com deficit cambial.

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Nessas circunstâncias, a opção por uma política de desvalorização
cambial poderia compensar os efeitos nocivos na balança
comercial provocados pela inflação, mas acabaria realimentando o
processo inflacionário por meio da pressão dos custos.

COMENTÁRIOS:
No item "inflação", nós vimos que um de seus efeitos nocivos é a
tendência ao aparecimento de déficits na balança comercial. A
desvalorização cambial compensa os efeitos nocivos da inflação sobre a
balança comercial, uma vez que ela aumenta o valor das exportações e
desincentiva as importações. Ao mesmo tempo, a desvalorização cambial
tende a aumentar a inflação, pois os produtos importados ficam mais
caros, aumentando as despesas de consumo de quem consome produtos
importados e os custos dos empresários que utilizam produtos importados
como insumos.
GABARITO: CERTO

28. (CESPE - ESP. REGULAÇÃO DE SERV. PÚB. DE


TELECOMUNICAÇÕES - ECONOMIA - ANATEL - 2009) - Pode-se
estudar o efeito da estagflação dentro do conceito de inflação de
demanda.

COMENTÁRIOS:
A estagflação ocorre quando há aumento de custos. Esse aumento de
custos desloca a curva OA para a esquerda e para cima, aumentando os
preços e reduzindo o emprego. A esse fenômeno, damos o nome de
estagflação. Assim, ela é relacionada com o conceito de inflação de
custos, pois decorre do deslocamento para a esquerda da curva OA, que é
intimamente ligada ao aumento de custos de produção. Ocorre inflação de
demanda quando o deslocamento da curva DA provoca inflação. No
entanto, a inflação de demanda ocorre junto com o aumento do emprego,
ao contrário da inflação de custos.
GABARITO: ERRADO

29. (FCC - ECONOMISTA - DNOCS - 2010) - A curva de Phillips de


curto prazo, expandida pelas expectativas, pode ser resumida pela
seguinte expressão:
n = n E - B.(u - u*) + £
onde:
n = taxa de inflação.
nE = taxa de inflação esperada pelos agentes econômicos.
u = taxa de desemprego.
u* = taxa natural de desemprego.
£ = choque de oferta.
B = parâmetro positivo.
Analisando a expressão acima, é correto afirmar:

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(A) Mesmo que não haja choques de oferta e que a taxa de desemprego
esteja muito próxima da taxa natural, a inflação não tende a desaparecer
em virtude da inércia das expectativas dos agentes econômicos.
(B) A taxa de inflação está correlacionada positivamente com a taxa de
desemprego e negativamente com a inflação esperada pelos agentes
econômicos.
(C) A taxa de inflação será sempre constante, qualquer que seja o
desemprego cíclico e mesmo na presença de choques de oferta.
(D) Se os agentes econômicos tiverem expectativas racionais, o Governo
terá êxito em reduzir rapidamente a inflação anunciando medidas de
política monetária e/ou política fiscal restritivas da demanda agregada,
mesmo que os agentes não se convençam
que tais medidas serão realmente implementadas.
(E) A taxa de inflação tende a diminuir quanto mais próxima a taxa de
desemprego estiver de sua taxa natural.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Mesmo que taxa de desemprego esteja muito próxima ou até
mesmo seja igual à taxa natural (u = u*) e não haja choques de oferta
(£=0), haverá inflação em razão da inflação esperada (n = n E ), em virtude
da inércia das expectativas dos agentes.

b) Incorreta. Inflação e desemprego são correlacionados negativamente.


Esse é o princípio da curva de Phillips.

c) Incorreta. Não há como afirmar que a taxa de inflação será sempre


constante.

d) Incorreta. Se os agentes tiverem expectativas racionais, a curva de


Phillips é vertical e a inflação não depende da taxa de desemprego.

e) Incorreta. A inflação tende a diminiur em maior montante se a taxa de


desemprego for muito alta. Quanto maior u, menor n.

GABARITO: A

30. (FCC - APOFP/SP - 2010) - Em um país de economia fechada


foi feito o diagnóstico de que a dívida interna está crescendo
devido a sucessivos déficits primários nas contas públicas. Para
sanar esse problema, o governo decidiu reduzir seus gastos de
custeio. Neste caso, mantendo-se todas as demais políticas
constantes, é de se esperar que
(A) a dívida pública continue se elevando, pois ocorrerá um aumento da
taxa de juros da economia.
(B) o produto se expanda, pois ocorrerá um decréscimo da taxa de juros
da economia.

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(C) o produto e o emprego se elevem, pois a iniciativa privada ocupará o
espaço deixado pelo governo.
(D) a dívida pública decline, pois a taxa de juros da economia se tornará
negativa.
(E) o desemprego e a diminuição de renda ocorram, apesar da retração
da taxa de juros da economia.

COMENTÁRIOS:
Dentro da análise IS-LM, a redução de gastos públicos deslocará a curva
IS para a esquerda e para baixo, reduzindo os juros e a renda. Dentro da
análise OA-DA, a redução de gastos deslocará a curva DA para a
esquerda e para baixo, reduzindos os preços e a renda (emprego). Assim,
os efeitos sobre juros, preços e emprego/renda serão: redução, redução,
redução (ressaltando que redução de renda é o mesmo que aumento de
desemprego).

GABARITO: E

31. (CESGRANRIO - ANALISTA - BACEN - 2010) - No modelo


macroeconômico clássico, as variações na oferta monetária,
decorrentes da atuação do Banco Central, têm consequências, a
curto prazo, apenas sobre
o(a)
a) nível geral de preços.
b) produto real da economia.
c) utilização da capacidade ociosa.
d) taxa de desemprego.
e) taxa de câmbio.

COMENTÁRIOS:
No modelo clássico, a curva OA é vertical. Variações na oferta monetária
(deslocamentos da curva DA) provocam somente alterações do nível de
preços.

GABARITO: A

32. (CESGRANRIO - ANALISTA BACEN - 2010) - O gráfico abaixo


mostra Curvas de Phillips para uma determinada economia.

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Analisando o gráfico, conclui-se que a


a) taxa natural de inflação é igual n*.
b) taxa natural de desemprego é igual u*.
c) curva A 1 reflete expectativas de inflação mais elevadas que A 2 .
d) curva B é de curto prazo, inelástica.
e) demanda agregada da economia é representada por B.

COMENTÁRIOS:
Por ser um curva vertical, a curva B, obrigatoriamente, é uma curva de
Phillips de longo prazo, em que a economia está em equilíbrio na taxa
natural de desemprego (u*).

GABARITO: B

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LISTA DE QUESTÕES

01. (ESAF - AFPS - 2002) - Considere a seguinte equação para a


curva de oferta agregada de curto prazo: Y = Yp + a(P-Pe), onde
Y=produto agregado; Yp=produto de pleno emprego; a>0;
P=nível geral de preços; Pe=nível geral de preços esperados.
Com base nas informações constantes da equação acima e
considerando as curvas de oferta agregada de longo prazo e de
demanda agregada, é correto afirmar que
a) Uma política monetária expansionista não altera o nível geral de
preços, tanto no curto quanto no longo prazo.
b) Alterações na demanda agregada resultam, no curto prazo, em
alterações tanto no nível geral de preços quanto na renda.
c) No curto prazo, uma política monetária expansionista só altera o nível
geral de preços.
d) O produto está sempre abaixo do pleno emprego, mesmo no longo
prazo.
e) Alterações na demanda agregada, tanto no curto quanto no longo
prazo, só geram inflação, não tendo qualquer impacto sobre a renda.

02. (ESAF - AFRF - 2002) - Considere o modelo de oferta e


demanda agregada, sendo a curva de oferta agregada horizontal
no curto prazo. Considere um choque adverso de oferta. Supondo
que não ocorram alterações na curva de demanda agregada e que
o choque não altere o nível natural do produto, é correto afirmar
que
a) No curto prazo ocorrerá o fenômeno da estagflação, uma combinação
de inflação com a redução do produto. No longo prazo, com a queda dos
preços, a economia retomará a sua taxa natural.
b) No curto prazo, ocorrerá apenas queda no produto. No longo prazo
ocorrerá inflação e a economia retornará para o equilíbrio de longo prazo.
c) No curto prazo ocorrerá apenas inflação. No longo prazo o produto irá
cair até o novo equilíbrio de pleno emprego.
d) Se o governo aumentar a demanda agregada em resposta ao choque
adverso de oferta, ocorrerá deflação.
e) Se a economia encontra-se no pleno emprego, ocorrerá inflação que
será mais intensa no longo prazo em relação ao curto prazo.

03. (ESAF - AFC/STN - 2002) - Considere o modelo de oferta e


demanda agregada com preços totalmente flexíveis no curto
prazo. Sabendo-se que no longo prazo o produto é determinado
pela disponibilidade de capital, trabalho e tecnologia, pode-se
afirmar que
a) No longo prazo, a política monetária afeta o nível de preços mas não o
produto ou o emprego.

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b) No curto prazo, não existe possibilidade de inflação no modelo, já que
as pressões inflacionárias são neutralizadas pelo desemprego.
c) No longo prazo, somente uma política fiscal expansionista terá efeitos
sobre o crescimento do produto.
d) Uma elevação exógena dos custos não causa inflação, uma vez que os
preços são flexíveis e tal flexibilidade resulta em quedas em outros preços
na economia, de forma que as pressões são neutralizadas.
e) Uma redução na demanda agregada não gera recessão no curto prazo.

04. (ESAF - Técnico de planejamento e pesquisa IPEA - 2004) -


Considere a seguinte afirmação: "Uma das razões pelas quais os
preços, no curto prazo, não se ajustam imediatamente está no
fato de que esse ajuste envolve alguns custos. Para mudar seus
preços, a empresa deve enviar novos catálogos a seus clientes,
distribuir novas listas de preços e suas equipes de venda (...)
Estes custos de ajustes (... ) levam as empresas a ajustar os seus
preços de forma intermitente, e não constante." (Adaptado do
livro de N. Gregory Mankiw, Macroeconomia, terceira edição, LTC
editora). A afirmação acima refere-se a:
a) Custos de menu
b) Custos da inflação
c) Custos de Mao de obra em situações onde há rigidez de salário
d) Custos de transação
e) Custos de informação

05. (ESAF - EPPGG/MPOG - 2008) - Considere a seguinte equação


para a inflação:
nt = ne - p.(u - un) + €
n t = inflação em t
n e = inflação esperada
u = taxa de desemprego efetiva
un = taxa de desemprego natural
€ = choques de oferta
B = uma constante positiva
Com base neste modelo de inflação, é incorreto afirmar que:
a) se ne = a. nt-1, onde n t-1 representa a inflação passada, se a = 1, B=0 e
6=0, a inflação será essencialmente inercial.
b) Um aumento do preço internacional do petróleo representa um choque
de oferta e tende a aumentar a inflação.
c) O impacto das políticas que reduzem a demanda sobre a inflação
dependerá de B.
d) Se n e =a.n t - 1 , onde n t-1 representa a inflação passada, se a>1, a
inflação será explosiva.
e) Um aumento na taxa de desemprego tende a aumentar a inflação
tendo em vista o menor volume de oferta agregada.

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06. (ESAF - Analista Comércio Exterior - MDIC - 2002) - Suponha
uma economia em situação de equilíbrio, a partir da qual ocorre
uma expansão da oferta monetária. No curto prazo, os efeitos
sobre o nível do produto serão:
a) menores quanto mais elástica for a curva de oferta agregada.
b) maiores quanto mais elástica for a curva de oferta agregada.
c) independentes da inclinação da curva de oferta agregada.
d) maiores quanto maior for a variação resultante no nível agregado de
preços.
e) independentes de variações no nível agregado de preços.

07. (ESAF - Analista/Área Economia - ANA - 2009) - Muitos


economistas procuram justificar a curva de oferta agregada de
curto prazo diferente da de longo prazo a partir do denominado
modelo dos salários rígidos. Nesse modelo, os salários são fixados
contratualmente. Podem, por exemplo, ser fixados a partir de um
nível esperado de preços durante a vigência do contrato.
Considerando que o aumento no nível geral de preços efetivo foi
acima do esperado, então o salário real cairá e induzirá as
empresas a contratarem mais trabalho, o que aumentará o
produto. Considerando Y=produto, Yn = produto potencial à taxa
natural de desemprego, P=índice geral de preços corrente,
W=salário nominal e a um parâmetro. Com base nos argumentos
acima, é correto afirmar que:
a) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=Yn - W/(P - Pe), onde W/(P - Pe) representa o salário real efetivo.
b) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=Yn + a.(P - Pe), desde que a seja maior que zero.
c) não é possível construir uma curva de oferta de curto prazo que seja
diferente da curva de longo prazo, pois Y será sempre igual a Yn.
d) a curva de oferta agregada de curto prazo pode ser considerada como
Y=(1 - a).Yn + a.(P - Pe), desde que a seja menor do que zero e P seja
maior do que Pe.
e) a política monetária não desloca a curva de demanda agregada.

08 - (ESAF - APO/MPOG - 2003) - O denominado "modelo


clássico" tem sido apresentado em livros e textos de
macroeconomia como uma descrição possível do pensamento
econômico anterior a Keynes. Assim, partindo-se do equilíbrio no
mercado de trabalho, chega-se ao nível de pleno emprego e, a
partir da função de produção, ao nível de produto de pleno
emprego. Nesse modelo, o nível geral de preços fica determinado
pela denominada "teoria quantitativa da moeda". Com base
nessas informações, é correto afirmar que
a) Uma elevação da demanda por mão-de-obra reduz o salário real.

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b) Uma política monetária expansionista teria como efeito uma elevação
no produto de pleno emprego.
c) O produto agregado real independe da quantidade de mão de obra
empregada.
d) O nível do produto real de pleno emprego independe da oferta de
moeda na economia.
e) Um aumento no estoque de capital na economia reduz o salário real e
o nível de pleno emprego.

09 - (ESAF - Analista/BACEN - 2002) - Considere: curva de oferta


agregada de longo prazo vertical ao nível do produto de pleno
emprego; curva de demanda agregada definida pela teoria
quantitativa da moeda; curva de oferta agregada de curto prazo
dada pela equação Y=Yp+a.(P-Pe), onde Y=produto, Yp=produto
de pleno emprego; P=nível geral de preços; Pe=nível geral de
preços esperados; e a>0; situação inicial de equilíbrio de longo
prazo. Considerando um aumento nos preços internacionais do
petróleo, é correto afirmar que
a) No curto prazo haverá inflação sem alteração no nível de emprego. No
longo prazo, ocorrerá uma redução no nível de emprego: o nível de
produto de pleno emprego será menor quando comparado com a situação
anterior ao aumento nos preços internacionais do petróleo.
b) No curto prazo, só ocorrerá inflação. O produto permanecerá no pleno
emprego uma vez que a produção será estimulada pelo aumento do nível
de preços esperados decorrentes da elevação nos custos das empresas.
c) Se as expectativas forem racionais, o produto permanecerá no pleno
emprego e não ocorrerá inflação, no curto prazo, uma vez que o aumento
no custo de produção será compensado pela queda nos salários reais.
d) Não ocorrerá inflação uma vez que a elevação dos custos será
compensada pela elevação da inflação esperada.
e) No curto prazo, ocorrerá inflação combinada com desemprego. No
longo prazo, a economia voltará para o pleno emprego. O BACEN,
entretanto, poderá reduzir os efeitos de desemprego no curto prazo
implementando uma política monetária expansionista. O aspecto negativo
desta opção será mais inflação.

10 - (ESAF - APO/MPOG - 2001) - O Plano Real ou Plano de


Estabilização Econômica foi implementado em três etapas. É
correto afirmar que:
a) A primeira etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; a segunda etapa foi
efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova moeda
nacional de poder aquisitivo estável - o Real; por fim, a terceira etapa foi
a da condução das chamadas reformas estruturais no Congresso Nacional.
b) A primeira etapa foi a da consolidação da abertura comercial, tendo
como objetivo enfraquecer o processo de indexação da economia; a

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segunda etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa
foi efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova
moeda nacional de poder aquisitivo estável - o Real.
c) A primeira etapa foi a de acúmulo de reservas internacionais, tendo
como objetivo manter a taxa de câmbio valorizada; a segunda etapa foi a
da criação de um padrão estável de valor, denominado de Unidade Real
de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa foi efetivada com a emissão
desse padrão de valor como uma nova moeda nacional de poder
aquisitivo estável - o Real.
d) A primeira etapa foi a do estabelecimento do equilíbrio das contas do
Governo, tendo como objetivo eliminar, na concepção da equipe
econômica, a principal causa da inflação brasileira; a segunda etapa foi a
da criação de um padrão estável de valor, denominado de Unidade Real
de Valor - URV; e, por fim, a terceira etapa foi efetivada com a emissão
desse padrão de valor como uma nova moeda nacional de poder
aquisitivo estável - o Real.
e) A primeira etapa foi a da criação de um padrão estável de valor,
denominado de Unidade Real de Valor - URV; a segunda etapa foi
efetivada com a emissão desse padrão de valor como uma nova moeda
nacional de poder aquisitivo estável - o Real; por fim, a terceira etapa foi
efetivada a partir da elevação das taxas internas de juros, o que
possibilitou o forte acúmulo de reservas cambiais que contribuiu para a
valorização da taxa de câmbio.

11 - (ESAF - ACE/TCU - 2000) - Em relação ao Plano Real é


correto afirmar que
a) estava baseado na ideia de que havia excesso de liquidez e que era
preciso enxugar os ativos líquidos da economia.
b) depois da crise do México o governo brasileiro diminuiu as taxas de
juros como forma de estimular o consumo e o crescimento econômico.
c) o Fundo Social de Emergência contribuiu para a ampliação do déficit
público federal.
d) a valorização cambial ocorrida depois da implementação do plano
contribuiu para a estabilidade dos preços.
e) provocou um significativo aumento na formação bruta de capital fixo
da economia na segunda metade dos anos 90.

12 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2009) - A análise das causas da


queda da inflação no período 1995/1998 no Brasil está ligada à
combinação dos seguintes elementos, exceto:
a) a fase de transição representada pelos quatro meses de convivência da
população com a URV (Unidade Real de Valor).
b) o papel de âncora cambial como balizador de expectativa.
c) o excepcional nível de reservas cambiais.

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d) as baixas taxas de juros praticadas durante toda a segunda metade da
década de 1990.
e) o maior grau de abertura da economia.

13 - (ESAF - AFC/STN - 2008) - A privatização e a abertura


econômica marcam importantes mudanças implementadas na
economia brasileira, especialmente nos anos 90. Caracteriza essas
reformas apenas a afirmativa:
a) os impactos da abertura comercial e da privatização foram pequenos,
pois a privatização não propiciou a diminuição da dívida pública brasileira
e a abertura comercial se restringiu a negociações de liberalização
comercial com os países do Mercosul.
b) entre as razões que justificaram as privatizações, está a diminuição da
capacidade estatal em fazer os investimentos necessários à ampliação das
empresas estatais e dos serviços por elas fornecidos.
c) a abertura econômica foi caracterizada por ser uma abertura parcial, já
que se restringiu aos aspectos comerciais, não afetando, por exemplo, as
transações relativas ao Balanço de capitais.
d) após a abertura comercial, foram gerados déficits comerciais que só
foram revertidos depois do Plano Real.
e) a privatização brasileira foi uma das maiores privatizações do período,
tendo alcançado todas as empresas produtivas dos setores Siderúrgico,
de Petróleo e Gás, Petroquímico e Financeiro do governo federal.

14 - (ESAF - APO/MPOG - 2005) - Considerando o


comportamento do saldo em transações correntes durante a
década de 90, é correto afirmar que
a) na média, o saldo permaneceu nulo durante o período em que o país
adotou o regime de bandas cambiais.
b) tal saldo passou a ser superavitário após a implantação do Plano Real,
graças à forte entrada líquida de capitais de curto prazo.
c) tal saldo foi deficitário após a implantação do Plano Real; entretanto, a
partir de 1999, o saldo passa a ser superavitário, apresentando uma
resposta imediata à mudança do regime cambial naquele ano.
d) tal saldo continuou a ser superavitário após a implantação do Plano
Real graças ao desempenho da balança de serviços que passou a ser
favorecida pela política cambial baseada na denominada "ancoragem".
e) tal saldo passou a ser deficitário após a implantação do Plano Real,
podendo ser considerado como um dos fatores que contribuíram para a
mudança cambial no final da década.

15 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2008) - Com relação ao


comportamento da balança comercial a partir de 1990 até o
presente momento, é correto afirmar que:

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a) após a implantação do Plano Real, o Brasil passa da condição de
deficitário para superavitário comercial. Isto pode ser explicado pelos
efeitos da estabilidade de preços sobre a balança comercial.
b) na maior parte da segunda metade da década de 90 o Brasil
apresentou déficits na balança comercial. Essa situação se reverte no
início do século atual, em parte pelo comportamento da taxa de câmbio,
pelo menos até o ano de 2002, e em parte pelo comportamento dos
preços de vários itens da pauta de exportação brasileira.
c) no ano de 1999, o Brasil apresentou o maior superávit na balança
comercial dos últimos 20 anos. A explicação pode ser encontrada pela
forte desvalorização sofrida pelo Real naquele ano.
d) o século atual tem sido caracterizado como um período de déficits na
balança comercial. Tais déficits podem ser explicados pela valorização que
o Real passa a apresentar a partir de 2002.
e) apesar da valorização do Real após o ano de 1994, o Brasil apresentou
superávits na balança comercial durante toda a década de 1990.

16 - (ESAF - EPPGG/MPOG - 2009) - O ajuste fiscal necessário


para dar suporte às políticas macroeconômicas, durante a
segunda metade dos anos 90, foi resultado dos seguintes fatores,
nos quais não se inclui(em):
a) o incentivo ao uso dos precatórios pelos estados e municípios.
b) um corte nos investimentos públicos, com consequências negativas
importantes para a qualidade da infraestrutura e dos serviços públicos.
c) condições mais rígidas aplicadas à expansão da dívida pública estadual,
após as negociações realizadas em 1997/1998.
d) a implementação do programa de privatização, que liberou o governo
dos subsídios e empresas estatais ineficientes.
e) um importante aumento das receitas no nível federal por meio das
contribuições sociais não compartilhadas por estados e municípios, as
quais foram responsáveis pelo aumento da carga tributária.

17. (FGV - ICMS/RJ - 2009) - A respeito do efeito de eventos


sobre a curva de demanda agregada, que relaciona os preços com
o PIB real de uma economia, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A expectativa de aumento da receita devido à produção de petróleo
nos próximos anos implica um deslocamento da curva de demanda
agregada para a direita.
(B) A queda vertiginosa no valor dos imóveis desloca a curva de demanda
agregada para a esquerda.
(C) As políticas fiscais afetam a demanda agregada diretamente por meio
das compras governamentais e indiretamente devido às mudanças nos
tributos e nas transferências governamentais.
(D) A política monetária afeta indiretamente a demanda agregada por
meio de mudanças na taxa de juros.

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(E) A expectativa de um mercado de trabalho fraco no próximo ano
implica um deslocamento da curva de demanda agregada para a direita.

18. (FGV - ICMS/RJ - 2007) - Com base na curva de Phillips de


longo prazo, pode-se afirmar que:
(A) há uma relação negativa entre taxa de inflação e taxa de
desemprego.
(B) políticas monetárias expansionistas só teriam impactos sobre a
inflação e não sobre a taxa de desemprego.
(C) a taxa de inflação converge para zero no longo prazo, independente
do nível inicial em que se encontra.
(D) por meio de políticas monetárias expansionistas, o governo é capaz
de afetar o nível de produção da nação no longo prazo.
(E) há uma relação positiva entre taxa de inflação e taxa de desemprego.

19. (FGV - ICMS/RJ - 2008) - A inflação no país B está acelerando.


Caso esse país queira reduzi-la sem ter grande impacto no
produto, a combinação de políticas adotada deve ser:
(A) política monetária e fiscal contracionista.
(B) política monetária e fiscal expansionistas.
(C) política monetária contracionista e fiscal expansionista.
(D) política monetária expansionista e fiscal contracionista.
(E) somente uma política fiscal contracionista.

20. (FGV - ICMS/RJ - 2009) - Supondo que a economia se


encontre num ponto de equilíbrio de curto e longo prazo, segundo
o modelo clássico de nível de preços, o efeito da emissão de
moeda na economia é caracterizado por:
(A) no curto prazo, haver um aumento da demanda agregada, levando a
um PIB real superior ao de equilíbrio, que ao longo do tempo é ajustado
via aumento dos salários nominais.
(B) no longo prazo, o efeito nos salários nominais deslocar a curva de
oferta de curto prazo para a direita, num novo equilíbrio onde o PIB real é
igual ao anterior à mudança, mas sob um nível de preços superior.
(C) um novo equilíbrio da economia em que o PIB real é superior ao
anterior à mudança, apesar de implicar um nível de preços superior.
(D) no longo prazo, haver uma redução da demanda agregada, levando a
um PIB real inferior ao de equilíbrio, que ao longo do tempo é ajustado
via redução dos salários nominais. O novo equilíbrio da economia é tal
que o PIB real é inferior ao anterior à mudança, com um nível de preços
superior.
(E) no curto e no longo prazo, não haver efeito sob a demanda agregada,
apenas um ajuste dos salários nominais, que perdem seu poder de
compra.

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21. (CESPE - ANALISTA DE INFRAESTRUTURA - MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO - 2010) - Caso haja crescimento econômico no
país, com o aumento da demanda agregada, e a capacidade de
produção esteja esgotada ou se aproxime do pleno emprego, o
aumento das importações é uma das possíveis soluções para se
evitar a inflação, pois reduz a demanda líquida do setor externo.

22. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - A


neutralidade da moeda em termos reais não se aplica no longo
prazo.

23. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - A curva de


Phillips mostra a combinações de inflação e desemprego que
surgem dos deslocamentos da demanda agregada ao longo da
oferta agregada.

24. (CESPE - ANALISTA - ECONOMIA - MPU - 2010) - No longo


prazo, a curva de Phillips é vertical.

25. (CESPE - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CIÊNCIAS


ECONÔMICAS - TCE/AC - 2009) - Políticas monetárias restritivas
elevam as taxas de juros e reduzem a demanda de consumo e de
investimentos, porém, contribuem para aumentar as taxas de
inflação.

26. (CESPE - ESP. EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSP.


AQUAVIÁRIOS - ECONOMIA - ANTAQ - 2009) - Em uma economia
cuja produção se encontra abaixo do nível de pleno emprego, a
política monetária não é capaz de levar a produção ao pleno
emprego, objetivo que somente pode ser atingido por meio de
uma política fiscal expansionista.

27. (CESPE - ESP. EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSP.


AQUAVIÁRIOS - ECONOMIA - ANTAQ - 2009) - Há alguns anos, o
Brasil encontrava-se em uma situação que combinava alta
inflação, bem acima dos níveis internacionais, com deficit cambial.
Nessas circunstâncias, a opção por uma política de desvalorização
cambial poderia compensar os efeitos nocivos na balança
comercial provocados pela inflação, mas acabaria realimentando o
processo inflacionário por meio da pressão dos custos.

28. (CESPE - ESP. REGULAÇÃO DE SERV. PÚB. DE


TELECOMUNICAÇÕES - ECONOMIA - ANATEL - 2009) - Pode-se
estudar o efeito da estagflação dentro do conceito de inflação de
demanda.

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29. (FCC - ECONOMISTA - DNOCS - 2010) - A curva de Phillips de
curto prazo, expandida pelas expectativas, pode ser resumida pela
seguinte expressão:
n = n E - B.(u - u*) + £
onde:
n = taxa de inflação.
n E = taxa de inflação esperada pelos agentes econômicos.
u = taxa de desemprego.
u* = taxa natural de desemprego.
£ = choque de oferta.
B = parâmetro positivo.
Analisando a expressão acima, é correto afirmar:
(A) Mesmo que não haja choques de oferta e que a taxa de desemprego
esteja muito próxima da taxa natural, a inflação não tende a desaparecer
em virtude da inércia das expectativas dos agentes econômicos.
(B) A taxa de inflação está correlacionada positivamente com a taxa de
desemprego e negativamente com a inflação esperada pelos agentes
econômicos.
(C) A taxa de inflação será sempre constante, qualquer que seja o
desemprego cíclico e mesmo na presença de choques de oferta.
(D) Se os agentes econômicos tiverem expectativas racionais, o Governo
terá êxito em reduzir rapidamente a inflação anunciando medidas de
política monetária e/ou política fiscal restritivas da demanda agregada,
mesmo que os agentes não se convençam
que tais medidas serão realmente implementadas.
(E) A taxa de inflação tende a diminuir quanto mais próxima a taxa de
desemprego estiver de sua taxa natural.

30. (FCC - APOFP/SP - 2010) - Em um país de economia fechada


foi feito o diagnóstico de que a dívida interna está crescendo
devido a sucessivos déficits primários nas contas públicas. Para
sanar esse problema, o governo decidiu reduzir seus gastos de
custeio. Neste caso, mantendo-se todas as demais políticas
constantes, é de se esperar que
(A) a dívida pública continue se elevando, pois ocorrerá um aumento da
taxa de juros da economia.
(B) o produto se expanda, pois ocorrerá um decréscimo da taxa de juros
da economia.
(C) o produto e o emprego se elevem, pois a iniciativa privada ocupará o
espaço deixado pelo governo.
(D) a dívida pública decline, pois a taxa de juros da economia se tornará
negativa.
(E) o desemprego e a diminuição de renda ocorram, apesar da retração
da taxa de juros da economia.

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31. (CESGRANRIO - ANALISTA - BACEN - 2010) - No modelo
macroeconômico clássico, as variações na oferta monetária,
decorrentes da atuação do Banco Central, têm consequências, a
curto prazo, apenas sobre
o(a)
a) nível geral de preços.
b) produto real da economia.
c) utilização da capacidade ociosa.
d) taxa de desemprego.
e) taxa de câmbio.

32. (CESGRANRIO - ANALISTA BACEN - 2010) - O gráfico abaixo


mostra Curvas de Phillips para uma determinada economia.

Analisando o gráfico, conclui-se que a


a) taxa natural de inflação é igual n*.
b) taxa natural de desemprego é igual u*.
c) curva A1 reflete expectativas de inflação mais elevadas que A2.
d) curva B é de curto prazo, inelástica.
e) demanda agregada da economia é representada por B.

GABARITO
01 B 02 A 03 A 04 A 05 E 06 B 07 B
08 D 09 E 10 D 11 D 12 D 13 B 14 E
15 B 16 A 17 E 18 An 19 C 20 A 21 C
22 E 23 C 24 C 25 E 26 E 27 C 28 E
29 A 30 E 31 A 32 B

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