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AULA 16 - Macroeconomia Keynesiana: fatores

que afetam a renda e a taxa de juros de equilíbrio

7.1 Fatores que afetam a renda e a taxa de juros


de equilíbrio
7.1.1 Influências monetárias: deslocamentos da curva LM
1. Vejamos os efeitos que a mudança na oferta de moeda gera sobre a renda
e a taxa de juros, como mostra a figura 7.1, em que há um aumento da oferta de
moeda de M0 para M1. As curvas IS e LM inicialmente são: IS0 e LM(M0). A renda
é Y0, e a taxa de juros é r0. Vimos nas aulas passadas que o aumento da oferta de
moeda desloca a curva LM para a direita, no caso, para LM (M1). Com isso, a taxa
de juros irá cair, de r0 para r1, enquanto o nível de renda aumentará de Y0 para Y1.

2. Isso ocorre porque o aumento da oferta de moeda gera um excesso de


moeda, criando uma pressão para a diminuição da taxa de juros. A diminuição da
taxa de juros induz o aumento dos investimentos, que gera um aumento do nível de
renda, gerado pelo aumento do consumo em decorrência da renda (efeito
multiplicador).

O mercado voltará ao equilíbrio quando a queda da taxa de juros e o


aumento da renda aumentarem a demanda por moeda, até que esse aumento da
demanda por moeda seja igual ao aumento da oferta de moeda, ou seja, no ponto
de equilíbrio, em que a curvas LM e IS se interceptam.

3. Se ocorrer, por exemplo, uma diminuição da oferta de moeda, os efeitos


são os opostos, pois a curva LM irá se deslocar para a esquerda, a renda de
equilíbrio irá diminuir e a taxa de juros irá subir.

4. Vimos nas aulas passadas que o ​deslocamento da função demanda por


moeda também desloca a curva LM. Pode ser, por exemplo, um aumento da
demanda por moeda a níveis dados de taxa de juros e renda, ou seja, é uma
substituição de títulos por moeda na carteira de ativos. Isso deslocará a curva LM
para a esquerda. À medida em que os indivíduos buscam trocar seus títulos por
moeda, ou seja, a medida em que há um aumento da demanda por moeda, a taxa
de juros aumentará. E esse aumento da taxa de juros produz uma diminuição do
nível renda.
Nesse caso, o deslocamento da função demanda por moeda gera os
mesmos resultados de uma diminuição da oferta de moeda. Ou seja, a renda de
equilíbrio irá diminuir e a taxa de juros aumentar. Se ocorrer uma tendência das
pessoas a manterem mais títulos e menos moeda, gerará efeitos contrários

Retirado de: Froyen, 2013.

Resumindo: temos o ponto de equilíbrio inicial A, com taxa de juros r0 e nível de


renda Y0. O aumento da oferta de moeda, de M0 para M1 irá deslocar a curva LM
para a direita, de LM (M0) para LM (M1). E a taxa de juros vai cair de r0 para r1,
enquanto a renda vai aumentar de Y0 para Y1.

7.1.2 Influências reais: deslocamentos da curva IS.

1. As variáveis de política fiscal são fatores que deslocam a curva IS, e,


consequentemente, afetam a taxa de juros e a renda de equilíbrio. A figura 7.2
mostra os efeitos de mudanças na política fiscal: de um aumento dos gastos do
governo de G0 para G1.

Inicialmente, as curvas IS e LM são IS(G0) e LM0. O aumento dos gastos do


governo desloca a curva IS para a direita, de IS (G0) para IS(G1). Com isso, há um
aumento do nível de renda de equilíbrio.

2. O aumento dos gastos do governo aumenta a demanda agregada, tanto


diretamente, como resultado da demanda do governo, quanto indiretamente, por
conta do aumento dos gastos com consumo gerada pelo aumento do nível de
renda.

Perceba que esse aumento dos gastos não afeta a curva LM. Para
determinado nível de renda, as mudanças de gastos do governo não afetam o
equilíbrio do mercado monetário e, consequentemente, não afetará o mercado de
títulos.

Na verdade, é o aumento da renda, resultante da mudança na política fiscal,


que requer o ajuste da taxa de juros. Com um maior nível de renda, maior será a
demanda por moeda para transações. Esse aumento da demanda por moeda gera
uma diminuição da demanda por títulos.

Ou seja, o aumento da demanda por moeda e a diminuição da demanda por


títulos, gerada pelo aumento da renda, produz um aumento da taxa de juros.

3. Como o estoque de moeda é fixo, no agregado, as pessoas não podem


aumentar seu estoque de moeda. Ao tentarem fazer isso, geram uma pressão para
o aumento da taxa de juros, o que diminuirá a demanda especulativa por moeda e o
montante de saldos para transações mantidos em qualquer nível de renda. O novo
ponto de equilíbrio se dará com taxa de juros mais elevada, num nível necessário
para que a demanda por moeda continue inalterada, mesmo com o aumento do
nível de renda.

4. Vimos que podemos calcular a distância horizontal do deslocamento da


curva IS resultante do aumento dos gastos do governo simplesmente multiplicando
ΔG . (1 / 1 - b), em que ΔG = G1 - G0.

Perceba que essa distância é igual ao montante de renda que teria


aumentado no modelo keynesiano simples. O deslocamento da curva IS, com taxa
de juros r0, aumentaria a renda de equilíbrio para Y’1.

Se considerarmos o ajuste necessário do mercado monetário, ou seja, o


aumento da taxa de juros de r0 para r1, podemos ver que a renda sobe menos, de
Y0 para Y1. Isso ocorre porque o aumento da taxa de juros gera uma tendência de
diminuição do nível de renda. No caso, seria uma diminuição do aumento do nível
de renda, um aumento da renda menor que o aumento no modelo simples.

5. Diferentemente do modelo keynesiano simples, no modelo IS-LM é incluso


o mercado monetário. O aumento dos gastos do governo requer um aumento da
taxa de juros para manter em equilíbrio o mercado monetário. O aumento da taxa de
juros irá diminuir os investimentos.

Atenção que isso é importante: Essa diminuição dos investimentos vai compensar
parcialmente o aumento da demanda agregada gerada pelo aumento dos gastos
do governo.

Por isso, o aumento da renda será menor em comparação com o caso do modelo
keynesiano simples que considera o investimento completamente autônomo.
6. Vejamos a figura 7.3, que mostra os efeitos de um aumento dos impostos.
O aumento de T0 para T1 desloca a curva IS para a esquerda, de IS(T0) para
IS(T1). Com isso, o nível de renda cai de Y0 para Y1 e a taxa de juros cai de r0 para
r1.
7. O aumento dos impostos diminui a renda disponível, sendo Yd = Y - T,
gerando uma diminuição do consumo. A taxa de juros vai cair porque, com a
diminuição do nível de renda, diminui a demanda por moeda e aumenta a demanda
por títulos. Isso gera uma queda na taxa de juros.

8. Perceba que o nível de renda cai menos que a distância horizontal do


deslocamento da curva IS. Essa distância horizontal da curva IS pode ser calculada
multiplicando a variação dos impostos ΔT pelo multiplicador do impostos (- b/1 - b).
No modelo IS-LM os multiplicadores de política fiscal são menores que no modelo
keynesiano simples.

Nesse caso, o aumento dos impostos, que gera uma queda da taxa de juros,
faz o investimento subir, isso irá compensar parte da diminuição do consumo gerado
pelo aumento dos impostos.

9. A diminuição dos impostos, obviamente, gerará resultados contrários, ou


seja, desloca a curva IS para a direita, enquanto a renda e a taxa de juros
aumentam. Do mesmo modo em que a diminuição dos gastos do governo gera
resultados contrários aos do aumento dos gastos.

10. Além das variáveis de política fiscal, quaisquer variações em


componentes autônomos da demanda agregada deslocará a curva IS. Como, por
exemplo, uma mudança na demanda autônoma por investimento, que irá deslocar a
função investimento em cada nível de taxa de juros. Isso ocorreria caso a
rentabilidade esperada dos investimentos mudassem por um fator exógeno,

11. Vejamos a figura 7.4 que mostra os efeitos de uma diminuição dos
investimentos autônomos. O gráfico ​a da figura mostra a curva de investimento.
Inicialmente a curva é I0(r). A diminuição dos investimentos autônomos ΔĪ desloca a
curva para a esquerda, de I0(r) para I1(r), ou seja, há uma diminuição dos
investimentos para cada taxa de juros.
No gráfico B da figura, a diminuição dos investimentos desloca a curva IS
também para a esquerda, de IS(I0) para IS(I1). Com isso, a renda cai de Y0 para
Y1. E a taxa de juros cai de r0 para r1. O nível de renda irá diminuir porque o
investimento, com taxa de juros r0, caiu de I0 para I’1. A diminuição da renda reduz
o consumo induzido pela renda. E a diminuição da taxa de juros é resultante da
diminuição do nível de renda, pois diminui a demanda por moeda, e gera um
aumento da demanda por títulos. Com isso, a taxa de juros irá cair.

12. Essa diminuição da taxa de juros gera um leve aumento dos


investimentos. Com isso, no novo equilíbrio, o investimento aumentará de I’1 para I1
por conta da queda da taxa de juros.

13. No modelo clássico, a taxa de juros era uma espécie de estabilizador, de


modo que a mudança nos investimentos não afetava a demanda agregada. Se
diminuíssem os investimentos, a taxa de juros cairia até levar a demanda agregada
novamente ao seu nível inicial.

Já no modelo IS-LM, apesar da taxa de juros também ser um estabilizador, é


também incompleta. Como mostra o gráfico B da figura, para que a renda
continuasse a mesma, seria necessário que a taxa de juros caísse para r2. Com
taxa de juros r2, a renda seria Y0 na curva IS(I1).

O gráfico A, mostra que a taxa de juros r2, o investimento voltaria ao nível


inicial I0. Entretanto, a taxa de juros caiu apenas até r1, ou seja, não é capaz de
recompor a queda autônoma inicial do investimento.

14. Essa compensação só seria completa no caso extremo da curva IS sendo


a curva vertical. Nesse caso, o deslocamento da curva IS de IS(I0) para IS(I1) iria
chegar ao ponto de equilíbrio com taxa de juros r2 e o nível de renda inicial Y0.

Mix de políticas monetária e fiscal

1. Veremos agora como as duas políticas, a política fiscal e a política


monetária, afetam a taxa de juros e, consequentemente, o investimento. A ​política
monetária expansionista​ reduz a taxa de juros, aumentando assim o investimento.

Já a ​ação fiscal expansionista​, como uma redução do imposto de renda,


gera um aumento da taxa de juros e, consequentemente, uma diminuição dos
investimentos. O nível de investimento é uma questão central para a economia,
pois, como diz Froyen: “o nível de investimento determina a velocidade de formação
de capital e é importante para o crescimento no longo-prazo da economia” [1].
[1] Froyen, 2013, p. 234 (PDF).

2. Na economia keynesiana, é preferível um mix com uma política fiscal


relativamente “rígida” e com política monetária “flexível”, com objetivo de manter
baixa a taxa de juros baixa e incentivar o investimento.

Por isso, os keynesianos argumentam que, quando for utilizado política fiscal,
reduzindo imposto de renda, com objetivo de expandir a economia, deveria utilizar
conjuntamente uma política monetária de aumento correspondente da oferta de
moeda, para que a taxa de juros não aumente e não prejudique o investimento.

A figura 7.5 mostra a combinação de política monetária e fiscal. A redução


dos impostos de T0 para T1 desloca a curva IS para a direita, de IS (T0) para
IS(T1). Essa política fiscal gera uma pressão para o aumento da taxa de juros, de
r0 para r’1.

O aumento da oferta de moeda desloca a curva LM também para a direita, de


LM(M0) para LM(M1), gerando uma pressão para diminuição da taxa de juros, para
que ela retorne ao nível r0. Juntando as duas políticas, a monetária e a fiscal, a
renda aumentaria de Y0 para Y1 e a taxa de juros permaneceria em r0.
Retirado de: Froyen, 2013, p. 236 (PDF).

Notas:

[1] Froyen, 2013, p. 234 (PDF).

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