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ÉTNICO-CULTURAL
ORIENTAÇÕES DE ESTUDO
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado
e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica
e atuação profissional, veja a seguir algumas
recomendações básicas:
PROGRAMAÇÃO
Determine um horário
fixo para estudar
ORGANIZAÇÃO COMUNICAÇÃO
Conserve seu material e local Mantenha contato com seus colegas
de estudos sempre organizados e tutores para trocar ideias!
ABSORÇÃO EMPENHO
Aproveite as indicações de Seja original!
Material Complementar Nunca plagie trabalhos
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Evidenciar as formas de globalização no mundo atual;
• Destacar as influências na cultura a partir da globalização.
SUMÁRIO
• Individualismo e Globalização............................................................................................................................... 4
• Globalização Tecnológica....................................................................................................................................... 5
• Globalização e Política........................................................................................................................................... 5
• Globalização e Diversidade Cultural....................................................................................................................... 7
• Dimensão Econômica da Globalização................................................................................................................... 8
• Globalização e Sociedade....................................................................................................................................... 8
• A Mais Dura Crítica à Globalização......................................................................................................................... 9
• Intolerância em Sociedades Globais....................................................................................................................... 10
UNIDADE
Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
Individualismo e Globalização
Nesta Unidade trataremos das influências do processo de globalização na cultura, nas socie-
dades, na economia que, de maneira integrada, interferem nas condições humanas.
O historiador inglês Eric Hobsbawm (1917-2012) afirmava que, com a globalização, surgiu
uma espécie de dissolidarização de classes, constituída pelo que classificou como “valores de
um individualismo associal absoluto”. Com isso, Hobsbawm (1995) problematizou um novo
ciclo sistêmico do capitalismo, caracterizado pelo fenômeno da circulação global de capital, de
modo a lançar luzes em seus sintomas sociais, na forma de indivíduos egocentrados.
As novas necessidades de manutenção do frágil e já consolidado modo de produção molda-
ram inéditas relações sociais, em uma espécie de isolamento em que os indivíduos se alienam
da condição de classe, ou seja, de pertencerem a grupos de interesses comuns.
Como, então, poderíamos definir globalização sem nos prendermos somente aos aspectos
econômicos superestruturais e à frágil ideia de “aldeia global”, buscando como paradigma o
exercício de Hobsbawm em aproximar a distante retórica sobre globalização do cotidiano de
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Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
uma sociedade que privilegia o consumo de massa de tudo o que é amoedável pelo capital, in-
cluindo desejos, pessoas, ideias e sentimentos?
Definiremos globalização a partir dos estudos do crítico literário e político marxista Fredric
Jameson (1934-), tratando dos cinco níveis que a caracterizariam para demonstrar a coesão e
articular políticas de resistência à globalização e seus efeitos negativos. São os níveis tecnológi-
co, político, cultural, econômico e social.
Globalização Tecnológica
Sintetizando a metodologia de Fredric Jameson no estudo Globalização e estratégia polí-
tica, o autor elege, como dissemos, cinco níveis a partir dos quais discorre sobre os resultados
de sua análise.
O primeiro nível é o tecnológico e, logo de início, o termo já evidencia um dos principais
antagonismos do conceito de globalização, que supõe a totalidade de algo.
A Revolução da Informática e as novas tecnologias de informação, apesar de terem se cons-
tituído de forma irreversível na produção e organização industriais e comercialização de pro-
dutos, não atingem a totalidade da população mundial, em sua grande maioria excluída não
apenas do dialeto digital, mas do próprio mercado de consumo para esses produtos.
A exclusão digital produzida no bojo de um sistema que se pretende totalizante, assiste ainda
à formação de um exército de analfabetos digitais, cada vez mais excluídos das relações de pro-
dução mecanizadas e de acesso restrito à mão de obra extremamente especializada.
Globalização e Política
Da tecnologia para a política, Jameson dedica parte de seu estudo ao papel desempenhado
pelo Estado-nação que, segundo alguns teóricos, teria dado lugar às corporações transnacionais
– conhecidas na década de 1970 apenas como multinacionais.
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Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
Figura 3
Fonte: Acervo do Conteudista
Durante discurso pronunciado no campo histórico do Rütli, durante feriado na-
cional, Samuel Schmid, atual presidente da Confederação Helvética e ministro da
Defesa, é vaiado e insultado por setecentos neonazistas.
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Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
A globalização cultural, lê-se no discurso de Jameson (2001), atua como tentativa de unifor-
mizar o mundo a um modelo de cultura de massa, no campo televisivo, musical, comportamen-
tal, gastronômico, da indumentária e em todos os outros.
Não se trataria de uma tentativa ingênua de tomada de mercados, evidenciando que a cul-
tura, na Era do capital, constitui produto, é amoedável e, portanto, caminha ao passo da eco-
nomia; mas a destruição de culturas locais onde se estabelece. Implica no desaparecimento de
restaurantes típicos onde se fixam os fast foods; no desestímulo à produção cinematográfica de
países antes tradicionais nesse ramo.
Globalização e Sociedade
O último nível caracterizado por Fredric Jameson em sua análise sobre a globalização é o so-
cial e, neste aspecto, a destruição do que se convencionou como tecido cotidiano faz-se evidente
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UNIDADE
Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
Figura 5
Fonte: Getty Images
Podemos afirmar, sob vários aspectos, que ao invés de valores de tolerância à diversidade,
estamos na vigência de uma cultura de ódio expresso, vazado nos mais variados âmbitos da vida
social, o que nos impõe uma imensa e urgente tarefa a fazer: construir uma contracultura da to-
lerância para reafirmar o homem, os próprios valores humanísticos, no seio de uma sociedade
planetária que desumaniza, valorando o “ser” pelo “ter”, como nos disse o psicanalista e escritor
alemão Erich Fromm.
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UNIDADE
Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
Figura 7
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 8
Fonte: freepalestinemovement.org
Figura 9
Fonte: memoriasdaditadura.org.br
Essa obediência não se manifesta apenas em relação aos Estados; mas à própria sociedade de con-
sumo de massa na difusão de seus valores. Podemos utilizar, para a análise desse aspecto, o concei-
to de globalitarismo, cunhado pelo geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), quem entendia o
consumo de massa como o “fundamentalismo” dos novos tempos. Não seriam as ideologias políticas
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Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
os controladores desse “não admirável mundo novo”: o que nos uniformiza, padroniza e nos torna
subservientes seriam os valores partilhados por essa sociedade materialista, difundidos pelas megacor-
porações, que nos submeteriam à ditadura da aparência, que entenderiam indivíduos, valorizando-os
e lhes atribuindo a própria existência social em relação ao repertório de bens tridimensionais que con-
seguissem concentrar no tempo efêmero de sua existência.
A ideologia vigente não seria política, totalitarista; mas do consumo acrítico, sem sentido e
nocivo ao próprio Planeta, igualmente fundamentalista.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Mundialização e Cultura
ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.
Filmes
Encontro com Milton Santos
Encontro com Milton Santos, ou o mundo global visto do lado de cá (89 min., 2007). Documentário
feito a partir da entrevista de Milton Santos sobre a globalização.
https://youtu.be/oP9WeauOvWc
Entre os Muros da Escola
Entre os muros da escola. François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de Língua
Francesa em uma escola de Ensino Médio, localizada na periferia de Paris, onde há um choque de
culturas, já que há franceses e outros imigrantes provenientes de diferentes países.
https://youtu.be/SIdal2w1K1U
Hotel Ruanda (2004)
Hotel Ruanda (2004). Em 1994, um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão
de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram de buscar saídas
em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma das quais foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don
Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do País. Paul abrigou no hotel
mais de 1.200 pessoas durante o conflito.
https://youtu.be/3wf8prFBpIM
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Condição Humana e Diversidade das Culturas em Tempos de Globalização
Referências
ARRIGHI, G.; SILVER, B. J. Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de
Janeiro: Contraponto; UFRJ, [20--?].
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
JAMESON, F. A cultura do dinheiro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MOORE, M. O livro oficial do filme Fahrenheit 11 de setembro. São Paulo: Francis, 2004.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional.
São Paulo: Hucitec, 1994.
SEGATO, R. L. Formações de diversidade: nação e opções religiosas no contexto da globa-
lização. In: Jornada sobre Alternativas Religiosas na América Latina, 6., 6-8 nov. 1996, Porto
Alegre, RS.
VOLTAIRE. Cartas filosóficas. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
WERNECK, J. Da diáspora globalizada: notas sobre os afrodescendentes no Brasil e o início
do século XXI. 2003. Paper (Curso A Teoria Crítica da Cultura Hoje: Alguns Caminhos Possí-
veis) – Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
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