Multidisciplinar
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
A PLURALIDADE DO PENSAMENTO PÓS-MODERNO.................................................................. 10
UNIDADE II
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE................................................................................ 23
CAPÍTULO 1
A ÉTICA PÓS-MODERNA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL......................................... 24
UNIDADE III
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS........................................................................................... 37
UNIDADE IV
A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA
PÓS-MODERNIDADE..................................................................................................................... 61
CAPÍTULO 1
INTERVENÇÕES CLÍNICAS E SOCIAIS........................................................................................ 61
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 81
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
O que é a pós-modernidade?
»» Narcisismo.
»» Hedonismo.
»» Consumismo.
Figura 1.
7
A pós-modernidade é inovação e mudança, mas também é continuidade.
Na mídia, aquilo que era papel hoje é touch screen. Roupas, corpos, arte, trabalho,
família nuclear, religião etc., a estética das relações foi sofrendo desdobramentos.
A foto de família que antes necessitava de alguém para tirar, agora é uma selfie.
Objetivos
»» Compreender o contexto das teorias pós-modernas.
8
REFLEXÕES SOBRE
O MOVIMENTO UNIDADE I
PÓS-MODERNO
Para Bock (2001), essa modernidade tem uma série de características como:
»» A luta de classes.
Figura 2.
9
CAPÍTULO 1
A pluralidade do pensamento
pós-moderno
Vamos iniciar pelo Egito Antigo, de acordo com Figueiredo (1993), não havia mobilidade
social. Existiam paradigmas, que chamamos de paradigmas teológicos – essa questão
se expandiu para a Idade Média. Mas, no Egito Antigo havia uma pirâmide como
hierarquia. O filho do Faraó seria Faraó. O filho do soldado seria soldado. Por isso não
havia mobilidade social. Não existia uma possibilidade de se quebrar esse movimento
pré-estabelecido. Ou seja, socialmente, já estava pré-instituído o papel que cada um
exerceria.
O que são os tempos modernos? Que mudanças ocorreram do paradigma antigo para
a modernidade? Seria uma forma de pensamento, uma forma de fazer ciência que
começou a se desenvolver com a industrialização e com a medicina. Que aliás, deram
origem a uma série de instituições, tais como: o hospício, o hospital, a fábrica.
Então, tanto o hospício, segundo Foucault (1961, 1977), como o hospital que provém da
área médica quanto a fábrica que vem da parte industrial e tecnológica criaram formas
de fazer a sociedade viver e que até hoje repetimos – de forma até inconsciente – frases,
falas e comportamentos sem nem atentar que se reproduzem esse modus operandi:
questões prontas.
Na Idade Média, por exemplo, temos a tortura sendo instituída de forma normativa aos
diferentes.
10
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Não era apenas as mulheres que ardiam na fogueira por serem consideradas bruxas,
mas todo aquele que fosse contrário ao sistema de crenças instituídas e valorizadas.
No caso das mulheres que, segundo Japiassú (1976), questionassem sua submissão
a figura masculina, o impedimento ao conhecimento, sua posição como propriedade.
Dentre tantos outros questionamentos feitos – a solução mais interessante era torturar
ou exterminar essa pessoa. Que por razões simplistas e reducionistas apresentava uma
possessão demoníaca que lhe fazia pensar.
Questionar paradigmas não era uma boa ideia na Idade Média. Afinal, as ideias vinham
da figura do diabo. O conformismo era a palavra de ordem.
Com o desenvolvimento da Medicina, segundo Hycner (1995), o foco foi desviado para as
razões da loucura, falência de órgãos, porque as pessoas morriam. E assim, a Medicina
começou a se desenvolver bastante. Com esse desenvolvimento surgiram os padrões
para fazer ciência, ligados a classificação e hierarquização. Enfim, para Grandesso
(1998), tentar achar uma solução para o que é certo e errado, normal e anormal. Muitas
pessoas, até os dias de hoje, no meio acadêmico utilizam termos como objeto de estudo,
por exemplo. Recortar o objeto de estudo, provar o que você está pesquisando esse
discurso surgiu e se mantém exatamente embasados nesses paradigmas de ciência e de
modernidade.
Figura 3.
11
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Foucault estudou bastante essa temática e depois ele amplia para a questão do poder
em relações microfísicas.
Nesse momento, século XIX, são escritos livros como Frankenstein (1818), de Mary
Shelley.
Figura 4.
12
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Segundo Gergen (1986), esse medo de uma tecnologia nova sempre permeou o
imaginário humano.
13
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Figura 5.
Fonte: <https://neurosefreudiana.wordpress.com/2008/07/07/%CE%BC%CE%B1%CE%B8%CE%B8%CE%B1%CE%B9%CE%BF%C
E%BD/>; <http://gta.wikia.com/wiki/File:Wikipedia-logo-en.png>. Acesso em: 24/5/2018.
Essa não é uma crítica. É uma constatação. Foi criado um modo de viver que não
nos leva a pensar no que falamos, pois é baseado na hierarquização da ciência e do
conhecimento. O que vale mais a Filosofia ou a Sociologia? E quanto as subáreas do
conhecimento.
Nosso pensamento cabe em uma caixa? Não podemos articular estudos diferentes?
Se estudamos comunicação, não há possibilidade de estudar sociologia, economia e ver
como essas questões podem fazer a publicidade ser melhor manejada.
Para Gergen (1994), a figura ao lado da árvore do conhecimento (figura 5), a Wikipedia,
por outro lado, é o reflexo de um pensamento que pode ser chamado de pós-moderno.
Queremos fazer um adendo aqui sobre a terminologia, pois os termos não modernidade,
transmodernidade ou, como Bauman (2001) diz, a modernidade líquida são termos
totalmente aceito em relação a pós-modernidade ou pós-moderno.
14
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Figura 6.
Todas as classificações dentro de ciências modernas são feitas. Para Holzman e Morris
(2000), com base em dicotomização, isso serve e aquilo não serve, verdade ou mentira.
Opostos semânticos. Enquanto, a pós-modernidade passou a considerar quer a realidade
é muito mais complexa que simplesmente dois lados.
Por que é tão difícil, hoje, para as pessoas conversarem sobre política? Porque se você
for de esquerda não fale com quem é de direita e vice-versa. E as pessoas têm uma
dificuldade muito grande de fazer o levantamento dos aspectos sociais, econômicos,
políticos, das questões midiáticas, dos interesses, das próprias questões inconscientes
que envolvem cada pessoa que cresceu e viveu em um ambiente de valor diferenciado
para discutir algumas questões. E as pessoas reduzem todas o que percebem do outro
a rótulos.
No final das contas, vemos que dentro do paradigma moderno tínhamos: ou você gosta
de rock ou de música clássica, gosta de pop ou de funk etc.
Tinha que haver uma classificação. Estamos utilizando um exemplo acerca da música.
15
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Figura 7.
A banda de rock Metallica tocando junto com a orquestra sinfônica. Para aqueles que
apreciarem rock ou quiserem ouvir como ficou o som. O link: <https://www.youtube.
com/watch?v=pMxnCZGS6rk>.
A pós-modernidade rompeu com esse conceito. Quem disse que não pode misturar
rock com música clássica?
Passando para os filmes. Como classificar um filme? Comédia, ação, drama. Não! É um
filme muito bom que tem a mistura de vários elementos.
16
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Em 2012, houve um incêndio na Boate Kiss em Santa Maria no Rio Grande do Sul. Por
que tocar nesse tema?
Bem, foi uma situação trágica que mobilizou todo o país e atingiu a inúmeras pessoas.
As que faleceram, as que sobreviveram, as famílias. Todos foram tocados por esse
acontecimento. Mas, achar um motivo, um culpado, é quase impossível pelo paradigma
do pós-moderno. Prender ou dar algum tipo de pena para todos os envolvidos. Pois
houve uma série de fatores que contribuíram para que esse incêndio ocorresse. É muito
complicado. A culpa poderia ser: da banda ou de alguém da banda que estava com um
sinalizador na mão, foi de quem produz ou permite produzir a espuma de isolamento
acústico que é altamente tóxica, foi a boate que colocou essa espuma tóxica ou dos
seguranças que trancaram a porta por achar que as pessoas estavam correndo para sair
sem pagar, bombeiros, prefeitura etc., ou seja, são tantos os fatores que torna difícil
seguir na discussão dessa questão. Para abordar essa questão, há necessidade de muitos
pontos de vista, muitas perspectivas.
Figura 8.
17
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Por isso utilizar esse exemplo. Pois não ocorreu por um fator. Não há um algo
determinado. O fogo, o sinalizador, foi algo muito maior. Pede uma análise e discussões
muito amplas – como aliás ocorreu – em todas as áreas: jurídica, filosófica, psicológicas,
jornalísticas dentre outras.
Figura 9.
Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=gibis+antigos&rlz=1C1CHBD_pt-PTBR785BR785&source=lnms&tbm=isch&sa=
X&ved=0ahUKEwiU1bunusLZAhXJqFkKHbFkCc4Q_AUICygC&biw=1024&bih=672#imgrc=w5l7oc-qZmgQ-M:>; <http://www.
vivernoexterior.com/arquivos/537>. Acesso em: 12/2/2018.
Vocês já devem ter visto um bloco lego (figura 10). Mas, se perguntou como tudo
começou?
18
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Figura 10.
Na verdade, o nome é mais antigo que esse bloco de plástico, que se popularizou
na década de 1950. Criado pelo carpinteiro dinamarquês, muito respeitado Ole
Kirk Kristiansen, dono de sua própria empresa. Mas, eram tempos difíceis, final
da década de 1920, e ele não tinha muito dinheiro, tendo que demitir todos seus
funcionários.
Além da crise, veio a perda de sua esposa, e quatro filhos para serem criados. Como
carpinteiro Ole sempre criou com bastante facilidade e suas invenções deixavam os
filhos tão felizes que ele passou a fabricar brinquedos. Ele decidiu tentar. Havia muita
madeira em sua carpintaria e os brinquedos foram feitos. Entretanto, as vendas não foram
impulsionadas. Até que um de seus filhos começou a ajudar com o desenvolvimento dos
projetos. Assim, o nome e a qualidade dos brinquedos de madeira produzidos por Ole
foram longe.
Um dia entra por sua porta um atacadista com uma grande encomenda de brinquedos.
Os funcionários foram recontratados. A produção estava a todo vapor. Mas, no meio
de todo esse trabalho ele recebeu uma carta dizendo que o atacadista havia falido e
que não poderia pagar pelos brinquedos encomendados. O que fazer? Sair e vender
seus brinquedos. Uma estratégia melhor do que ficar parado com seu material
confeccionado.
Nada é rápido. Mas, todos ao nosso modo esperamos resultados pelo trabalho que
desempenhamos. E Ole estava decidido a crescer. Para isso, ele precisava de um nome,
uma marca para seus brinquedos. Veio a ideia de colocar Leg Godt (que significa brinque
bem). Mas, ainda não era esse o nome. Até que um caminhão para em frente sua janela
com a palavra MøLLe-GO. Ele viu apenas LEGO. O Universo trouxe um nome adequado
a Ole. E ele nem imaginava que em latim a palavra LEGO significa ”eu junto”.
19
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Figura 11.
O que começou como blocos de montar foi sofrendo desdobramentos com o tempo.
Essa é a quebra de paradigma da pós-modernidade.
Os LEGOS de hoje?
Figura 12.
20
REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO │ UNIDADE I
Houve uma total mudança na estética. Dos blocos de encaixe chegamos ao caderno de
anotações agendas LEGO.
Figura 13.
A ordem das peças de encaixe foi transformada em objetos de uso comum. Do nosso
cotidiano. Qualquer peça pode se tornar um lego. Poderíamos apresentar peças e mais
peças. Essa explanação sobre um brinquedo comum a que todos têm acesso demonstra
como a pós-modernidade está presente em nossas vidas e há muito tempo. Como
definir? Os brinquedos da Lego foram lançados no mercado com uma finalidade –
brinquedo infantil – contudo o pós-moderno transmuta esses conceitos.
Figura 14.
21
UNIDADE I │ REFLEXÕES SOBRE O MOVIMENTO PÓS-MODERNO
Na Netflix era apresentada uma série original chamada Chef’s table e em um dos
episódios foi contada a história da torta de limão que se tornou o carro chefe de um
restaurante. Tudo isso porque o chef italiano Massimo Bottura em um momento de
correria em seu restaurante deixou a torta de limão se quebrar, criando assim uma nova
estética que fez com que essa torta rompesse com a estética da torta de limão como
conhecemos.
A torta de Massino passou a se chamar Oops, I dropped the lemon tart ou Ops, derrubei
a torta de limão.
Isso é renovador!
Quando pensamos em uma torta de limão, a imagem que vem a nossa mente é muito
provavelmente a da figura a seguir.
Figura 15.
Quando a torta de limão de Massino foi quebrada, surgiu o carro chef do seu restaurante.
E por quê? Porque enquanto todos fazem a torta do mesmo modo, com a mesma estética,
a torta de limão dele é a primeira torta de limão quebrada.
Muitas pessoas hoje despontam pois fazem algo que quebra a ordem, ou seja, vão pelo
caminho contrário.
Já existe muita repetição no pensamento. Existem outras formas para fazer as mesmas
coisas. Caso contrário, nada teria sido criado.
22
OS NOVOS
PARADIGMAS DA UNIDADE II
PÓS-MODERNIDADE
A visão de Bauman (2001) nos traz questões como o despertar do sono da modernidade,
a crença na razão e na vida administrada. Pela discussão da pós-modernidade em seus
vários aspectos, nossa disciplina abordará, nesta unidade, os novos paradigmas da
Psicologia na pós-modernidade.
Figura 16.
23
CAPÍTULO 1
A ética pós-moderna, cidadania e
responsabilidade social
Figura 17.
24
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
Ética na pós-modernidade
A palavra Ética vem do grego ethos que significa costume, hábito.
O que que a ética implica? A ética implica um “saber fazer”. Mas, justamente, esta união
entre o saber e o fazer é que a desvinculam de um conhecimento puramente teórico
e absolutamente demonstrativo ou exato. Esse saber que nosso fazer, a nossa ação
pressupõe ele não é aceitável e uma abordagem exata e por isso Aristóteles o chama de
discernimento prático (MORI; REY, 2012).
Há uma espécie de discernimento na escolha que fazemos entre o bem e o mal, a cada
decisão que precede as nossas ações.
25
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
Nós veremos que também, embora, nesse caso haja um fundamento muito claro e um
princípio muito bem definido de Ética que no caso de uma Filosofia Cristã é Deus. Esse
Deus que é, também, além de todos os seus outros predicados, o supremo legislador
moral. Ou seja, aquele que dita os mandamentos e as regras da nossa ação. Ainda
assim a experiência ética que fazemos no cotidiano, nas nossas ações particulares. Ela
encontra certamente dificuldades para que possamos elaborar essa aproximação. Pois
a experiência ética no cotidiano encontra dificuldades de aproximar Deus de nossas
ações particulares.
Quer dizer essa relação entre esse princípio supremo de legislação moral – no caso seria
Deus – e as nossas ações particulares cria um espaço que vai das nossas ações finitas
e singulares a esse grande princípio de legislação ética que é Deus é um espaço muito
grande, uma distância muito grande. É a distância que vai do finito ao infinito (KVALE,
1992; NIETZCHE, 2012).
No mundo moderno um mundo laico. E a partir do século XVII, com René Descartes
(filósofo, físico e matemático francês), temos o “início” desse período histórico em
que esse mundo teocrático, regido por Deus e por critérios religiosos e teológicos é
substituído pela razão. Razão esta que cada vez vai se emancipando mais, ocupando
mais espaços em todos os aspectos da vida inclusive no aspecto ético (MARX, 2011;
PENN, 2001).
O que acontece nessa transição é que essa dependência que o indivíduo sente em
relação a Deus como princípio supremo de suas ações deixa de existir ou se enfraquece
o indivíduo passa a ser enquanto indivíduo emancipado dependente de si mesmo.
26
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
Isto é livre.
E essa liberdade, então, expressa-se na razão como sendo o único princípio legislador,
em todos os aspectos da vida, inclusive no aspecto ético.
Descartes chama de sabedoria, de acordo com Schultz e Schultz (2012), exatamente, essa
capacidade que nós teríamos de vincular as nossas normas de ação, os nossos modos
de agir, enquanto respeitantes da moralidade a princípios básicos, metafísicos, gerais
que sustentam todo o edifício do nosso conhecimento e da nossa prática formando uma
totalidade muito coesa, muito coerente em que o que chamamos de teoria e prática
estão perfeitamente entrosados em um único todo. (MILLER; SHAZER, 2000).
Figura 19.
27
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
Como fazer com que essas bases metafísicas tão profundas e tão amplas que são
capazes de sustentar todo conhecimento e toda prática possam, ao mesmo tempo,
ligar-se as nossas ações particulares e fornecer critérios para as nossas decisões enquanto
sujeitos singulares que somos. Diferenciados uns dos outros e ao mesmo tempo sujeitos
também a toda diversidade de acontecimentos e situações que aparecem na nossa vida
(ANDERSEN, 1997, 1995).
Quando a Filosofia abandona essas veleidades metafísicas, de acordo com Capra (2007)
e Lalande (1996), se assim pudéssemos denominá-las, e passa a se preocupar com
aquilo que nós chamamos de objetividade científica, o que acontece, no século XVIII,
com o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), certamente também a moralidade, a ética
vai sofrer profundas modificações. Ou seja, a descrença na possibilidade da metafísica
vai fazer com que não possamos mais fundar a ética em princípios metafísicos que
estariam por definição fora do alcance do conhecimento objetivo.
Para Kant (2008), a razão teórica é bastante limitada. Ela na verdade só tem um alcance
que corresponde aos fenômenos físicos e matemáticos. E, portanto, tudo mais extrapola
aquilo que pudesse ser objeto de um conhecimento teórico rigoroso. Inclusive a ética.
A ética ou a prática tem que ser estabelecida em termos completamente diferentes
da teoria. Porque justamente, de acordo com o que já vimos e lembrando a própria
concepção aristotélica; não haveria como enquadrar as nossas ações, a nossa vida moral
nos critérios ou nas categorias que são aquelas pelas quais conhecemos objetivamente o
mundo como, por exemplo, os fenômenos naturais.
28
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
Para Lalande (1996), é preciso que se faça uma diferença bastante radical. Que acontece,
então, de forma bem diversa daquela unidade da razão que era apregoada no “início”
da modernidade por Descartes. Essa diferença radical é aquela que se faz entre a razão
ou a racionalidade teórica (razão científica) e a racionalidade prática (razão relativa aos
critérios da ação). Uma coisa não pode ter nada a ver com a outra, embora sejam dois
usos da razão.
Como podemos ter dois usos tão diferentes da razão sem possibilidade de qualquer
relação entre eles e, no entanto, ainda assim dois modos de usar a mesma razão.
Evidentemente, o pensamento humano hora aplicado a ciência, hora aplicado ao modus
operandi, aos critérios que adotamos para a moralidade das nossas ações.
Se um ato é racional e os atos morais devem sê-lo, então, eles têm que possuir um
fundamento universal. Só que não pode ser teórico, tem que ser prático.
Figura 20.
Sem liberdade, não há moralidade. Porque se o agente moral não é livre, ele não
pode assumir a responsabilidade pelas suas decisões. E, portanto, há uma relação
29
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
que sempre foi mantida nas várias teorias éticas que apareceram pela história entre a
liberdade, a moralidade e a responsabilidade. Não faria sentido, por exemplo, imputar
responsabilidade a uma pessoa que absolutamente determinada a fazer aquilo que ela
faz. Se ela não teve escolha você não pode argui-la a respeito da responsabilidade pelos
seus atos (SARTRE, 2012).
Então, é por isso que a ética tem que receber um enfoque completamente distinto
da ciência da natureza, pois a natureza é o reino da necessidade, ao passo que a ética
(moral) é o reino da liberdade.
Com todos os exemplos que fornecemos até este momento fica sempre caracterizado que
há uma instância normativa que precede as ações do sujeito. Mesmo não podendo definir
teoricamente, há um certo tipo de essência ou uma certa característica fundamental
daquilo que podemos chamar de natureza humana que faz com que algo preceda as
decisões morais e assim haja uma espécie de fundamento da nossa liberdade.
Esses exemplos são importantes para que nós possamos entender a problematização,
pois eles culminam em uma perspectiva que costumamos chamar de Iluminismo, ou
seja, a razão iluminada, esclarecida, emancipada. Uma crença muito profunda do século
XVII e sobretudo do século XVIII, que foi denominado por Kant como “a maioridade
da razão”. O ser humano teria chegado a sua maioridade, quer dizer ao pleno uso da
sua razão. Onde isso reflete? Na ética, principalmente, na capacidade de discernir e
racionalizar os atos, ações e se conduzir. Sempre de acordo com as normas racionais.
No século XX, temos uma vertente importante da Filosofia e com profunda repercussão
ética que é o Existencialismo.
Por isso, falamos em condição e não em natureza, pois a natureza significa algo fixo,
substancial, essencial. Condição significa uma certa vivência ainda que continuada,
mas diferenciada daquilo que vamos sendo. E essa expressão vamos sendo, justamente
substitui a palavra “mágica” da metafísica tradicional que é o “ser”. A Filosofia tradicional
sempre privilegiou o ser. E o ser humano seria caracterizado pelo seu “ser”, pelo que ele
é fundamentalmente, essencialmente (WHITE, 1991).
30
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
E como fazemos?
A partir da liberdade.
Para Carvalho (2005), o ser humano é um ser social que se organiza naturalmente
em grupos e, quando em colaboração, formam parcerias. Há a formação do vínculo.
Sociedade é uma associação amistosa com outros.
31
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
Para Hycner (1995), deste modo, o caráter ontológico nos define como seres da ação,
seres ativos, seres da compreensão já que está é um aspecto da ação. Importante também
introduzirmos a dialógica, pois a ação é essencialmente dialógica e isso quer dizer em
particular, que além de ser compreensão a ação é relação dialógica.
32
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
Figura 21.
Para Gergen (1998), o que caracteriza uma sociedade é a partilha de interesses entre os
seus membros e a concordância com regras comuns.
Mas, nem todos aceitam as mesmas regras. E alguns não aceitam regra alguma.
Portanto, a fim de se garantir a justiça e equidade social, foram sendo desenvolvidas
regras de convivência e civilidade. No centro dessas regras, encontramos a ética. Por
meio da ética, busca-se uma fundamentação para encontrar um melhor modo de viver.
A harmonia – talvez possamos usar esse termo.
Kant (2008) apresenta a perspectiva construtivista que defende que os indivíduos têm
dentro de si a noção de dever.
O conjunto das regras sociais é da responsabilidade de todos, já que todos nós somos
coautores da sociedade em que vivemos.
Figura 22.
33
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
Cidadania e responsabilidade social são questões que estão em voga. Presente nos
jornais, na televisão, nos debates. É um termo que até algumas décadas atrás não estava
presente, mas que agora está e se faz presente (GONZÁLEZ- REY, 2001).
Devemos deixar claro o que é para todos. Uma primeira ideia que as pessoas têm sobre
políticas públicas é que tem alguma relação com o governo. Mas, qual a definição mais
clara?
34
OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE II
Já a Política de Governo vai depender da alternância de poder, pois cada Governo tem o
seu projeto e durante aquele período – em princípio de 4 anos – vai transformar ideias
em políticas públicas que vão ser executadas ao longo de um tempo. Muitas vezes, boas
políticas de governo, na medida em que tem continuidade de um governo para outro,
tornam-se políticas de Estado (ANDERSEN, 1991).
Ou seja, políticas de Estado geralmente está presente nas Leis. E as políticas de Governo
como algo que é restrito a um mandato de determinado grupo político, de determinado
partido. Outro ponto importante a ser esclarecido no escopo das políticas públicas é o
entendimento que o termo não é sinônimo de gestão governamental. O público é hoje
muito mais um sinônimo de interesse público – que vai do Governo até a Sociedade
passando pelas diversas organizações da sociedade civil, incluindo o chamado terceiro
setor e mesmo o mercado (MARX, 2013).
Então, as políticas públicas hoje vão envolver: o primeiro setor é o Estado, o Governo;
o segundo setor que é a iniciativa privada; o terceiro setor formado por associações
e entidades da sociedade civil, sem fins lucrativos – como as organizações não
governamentais, fundações, entidades filantrópicas, associações de bairro, movimentos
sociais dentre outras organizações.
Para Gonçalves (2017), como nosso país tem uma tradição forte, do século XX, que foi
uma tradição autoritária, com um período de ditatura, e dentro dessa tradição havia
um modelo muito centralizador de gestão pública. A ideia que muitas pessoas têm de
políticas públicas é uma ideia de que é algo só do Governo. Não é do coletivo, não
havendo a necessidade de participação do cidadão. O ato de votar encerra a participação
pois a medida que já elegeram os governantes, as decisões ficam ao critério deles. Essa é
a cultura de grande parte da população, quando o que deve ocorrer é o contrário.
Portanto, hoje a noção que se constrói de políticas públicas é uma noção de construção
com o coletivo. De uma coprodução entre o Estado e a Sociedade Civil.
Mas, erra também a empresa que pensa que doar brinquedos no fim do ano para uma
instituição de acolhimento já resolve sua parte de responsabilidade social. Apesar de
35
UNIDADE II │ OS NOVOS PARADIGMAS DA PÓS-MODERNIDADE
ser uma boa ação, as questões relacionadas ao acolhimento não são resolvidas desta
forma (FREEDMAN; COMBS, 1996).
Muitas empresas realizam ações no seu entorno e esquecem completamente dos seus
colaboradores. Fazem o bem do lado de fora e deixam de lado os funcionários.
Grandes empresas fazem ações voltadas para a responsabilidade social inclusive como
forma de marketing. Mas, isso não significa que pequenas empresas não possam
melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, como pode impactar positivamente
o seu entorno e os seus clientes.
<https://www.youtube.com/watch?v=Iwq1EVfFZds>.
36
TERAPIAS
PSICOLÓGICAS UNIDADE III
PÓS-MODERNAS
Depois da razão, o que nos caracteriza de fato como seres humanos – independente do
gênero – é a subjetividade, que é a nossa capacidade de sentir, de ser, de se expressar.
A afetividade. A necessidade de nos sentirmos amados, desejados.
Subjetividade pode ser definida como o espaço íntimo de encontro do indivíduo consigo
(mundo interno) e do encontro com o outro (mundo externo/social). E por meio dessas
interações, vamos construindo nossa identidade, nossa subjetividade, pensamentos,
emoções, sentimentos, valores e crenças. Enfim, nossa forma de nos relacionar conosco
e com o outro (o mundo).
Figura 23.
37
Assim, o tom de nossa Unidade III é um tom de otimismo.
CAPÍTULO 1
Abordagens terapêuticas
pós-modernas
Qualquer que seja o cenário que desejamos para nosso país, se queremos uma
sociedade mais justa e que nos dê orgulho em pertencer, ela terá que conter mais que
um projeto de crescimento econômico, mais do que um projeto de ampliação da massa
de trabalhadores. Ela precisa conter um projeto de cidadania.
Nós que pensamos ser totalmente possível – somos otimistas – que nosso país ofereça
sugestões e propostas de crescimento para além da nossa fronteira. Se tivermos
competência para isso. Para termos essa competência precisamos discutir as nossas
questões e, é nesse sentido, que vamos trazer até vocês alguns tópicos que prévios a
discussão de alguns setores em particular:
»» Processos reflexivos.
»» Práticas coletivas.
38
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
Antes gostaríamos de lembrar que os seres humanos são a única espécie talvez –
ou melhor, com certeza – cujo destino e a própria essência não está contida nas
determinações da ordem vital. Nós somos seres de natureza? Somos. Mas, a nossa
natureza é peculiar, em relação aos nossos primos próximos os primatas superiores
(FRIED, 1968).
Figura 24.
39
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Para Sartre, nós estamos sós, sem escusas. O homem está condenado a ser livre.
Figura 25.
Fonte: <https://www.vix.com/pt/maes-e-bebes/542081/tecnica-carinhosa-ajuda-bebes-dependentes-com-colo-e-cancoes-de-
ninar-de-voluntarios>. 18/2/2018.
Figura 26.
Fonte: <http://lounge.obviousmag.org/dossier/2012/06/sartre-e-simone-uma-historia-de-fidelidade-sem-compartilhar-o-
banheiro.html>. Acesso em: 18/2/2018.
A visão de mundo e ser humano que passa pela filosofia de Sartre que foi uma grande
coqueluche francesa do final dos anos 1940/1950.
40
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
O intelecto humano atua como critério de verdade e como critério do bem. Então, o
homem, agora intelectualmente liberto das imposições dogmáticas que pesaram
sobre ele em épocas passadas, é moralmente responsável sobre sua vida, pretende
então construir o seu destino. É, portanto, a partir do interesse humano que se vai
moldar a todas as realizações que configuram um leque paradigmático para a práxis
psicoterapêutica (CECCHIN, 1992).
»» Construtivismo psicológico.
»» Construtivismo radical.
»» Construtivismo dialético.
»» Construtivismo epistemológico.
»» Construtivismo hermenêutico.
»» Construtivismo terapêutico.
Dentre outros, a nomenclatura pode mudar, mas todos são definidos como
pós-modernos e apresentam uma oposição a epistemologia objetiva e suas implicações
baseadas no poder.
41
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
O que essas terapias trazem de novo? Não é a multiplicidade, mas sim a multifocalidade.
Ou seja, existem posições focadas no self que se podem assumir como narradoras.
E cada posição do self tem sua história diferente para contar. Portanto, se partirmos
do pressuposto que muitas pessoas com as quais trabalhamos são pessoas em que
a multifocalidade está reduzida isto implica no movimento reflexivo da narrativa
(DOMINGUES, 2010).
Cada terapeuta tem seu modus operandi de tecer o processo com seu atendido.
Temos que refletir sobre a narrativa do nosso atendido. Cremos que essa é a grande quebra
de paradigma das terapias pós-modernas. Elas não se propõem a autocategorização,
mas a lidar com a narrativa, que muitas vezes é caótica.
Nas narrativas caóticas o que temos é uma dificuldade em criar significação narrativa,
para o terapeuta se torna uma tarefa árdua dar sentido – pois a fala do atendido solta
de um tópico para outro. Existem múltiplas posições, mas nada em comum entre elas.
Um dos grandes enganos da sociedade atual é o “querer se livrar de” – e não importa
muito do que... as pessoas apenas querem se livrar de... tudo que as desagrada. Da
dor, do sofrimento, dos rompimentos, das perdas. A todo e qualquer custo “temos que
ser” felizes.
Figura 27.
42
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
Para Featherstone (1999) e Ianni, (1996), nunca estivemos tão próximos e ao mesmo
tempo tão distantes. A globalização, as mídias sociais, os likes etc. Somos aquilo que a
quantidade de likes define. Vamos a um show, mas queremos registrar nos celulares o
evento. E a emoção? Onde registramos? Também no aparelho?
A geração que mais precisa da aprovação do outro para seguir adiante. Como lidar
comisso? Era para ser bom! Sim. Ora, podemos fazer uma live (transmissão ao vivo
do facebook, por exemplo), ligar para o Japão, nos conectamos em uma rede. Mas, há
necessidade de afeto, senão seremos robóticos.
Isso nos traz uma contribuição do cinema o filme do diretor alemão Wim Wenders Tão
perto, tão longe – é possível presenciar e não se envolver. Nos envolvemos, enquanto,
pessoas nas redes sociais? Ou damos likes por cortesia. Como uma gentileza a ser
retribuída tacitamente, como uma venda de indulgências da era moderna.
Mediante o que foi explanado até esse momento, podemos afirmar que a Psicologia
nasce de dois ramos distintos: a Filosofia que considera os pensadores Aristóteles e
Platão como os primeiros psicólogos (como mencionamos acima) e a Medicina que
tenta encontrar respostas fisiológicas, se focando na doença e não no Eu.
A liberdade de escolha é absoluta, isso quer dizer que ela não é condicionada por
qualquer determinação anterior. Assim, se quisermos insistir na necessidade ou na
conveniêniencia de uma definição de realidade humana, essa definição só poderia ser
uma: liberdade. O homem é liberdade. Isso quer dizer que ele não a tem, como uma
qualidade, um atributo, uma faculdade, como pensava a Filosofia Clássica. A liberdade
é ele mesmo. Ou seja, a liberdade e a subjetividade são idênticas.
Percebemos, então, que a liberdade não é uma definição, ao passo que ela não nos diz o
que o ser humano é. Ela abre possibilidades, para que ele escolha o que virá a ser.
Para Rudio (2003), pelo fato de sermos liberdade a única escolha que não podemos
fazer é a de deixarmos de ser livres. Diante disso, a frase emblemática de Sartre:
o homem está condenado a ser livre. Isso expressa uma relação certamente paradoxal
entre liberdade e fatalidade. É como se nós dissessemos que somos fatalmente livres ou
que estamos destinados a ser livres. O que parece uma contradição, mas é a forma pela
43
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
qual a filosofia da Existência nos diz que nós não podemos escapar da nossa própria
liberdade.
Outra consequência ética, segundo Foucault (1977), é a liberdade originária que implica
em uma responsabilidade total. Na verdade, sempre se soube que a responsabilidade é
a contrapartida da liberdade. Quase todas as teorias éticas dizem isso, porque somente
aquele que é livre pode ser responsabilizado pelas suas ações.
Alguém que esteja determinado a agir, na visão de Foucault (2006), a partir de uma
força a qual ele não poderia resistir, este certamente não pode ser considerado como
responsável. Talvez por isso as teorias éticas sempre procuraram remeter a nossa
liberdade ou grau em que exercemos a nossa liberdade em uma instância de onde ela
proviria e com a qual poderíamos dividir a nossa liberdade, pois dessa forma dividimos
sobretudo a nossa responsabilidade. Ela pode ser dividida com Deus, com a sociedade,
com as minhas tendências naturais, com o meu inconsciente, com o meu partido...
Não importa, se a minha liberdade não for total não serei totalmente responsável.
Ao exercermos a nossa liberdade por nós mesmos e ao inventar valores e critérios dessa
liberdade, atingimos nessa invenção tudo aquilo que podemos atingir. Nada mais há
para que possamos recorrer, nada mais que possamos esperar.
O critério humano do meu ato só vai existir no meu próprio ato e por meio da minha
própria escolha. Portanto, se há algo de universal nos critérios e nos valores morais que
orientam a nossa conduta; essa universalidade não vem de uma instância transcendente
44
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
ou de algo que seja diferente de nós. Ela vem de nós mesmos. Uma espécie de
singularização de universalidade que nós procuramos viver.
Estamos falando de uma liberdade difícil porque não é possível fugir a responsabilidade
do ser humano. Na verdade, não posso fugir a responsabilidade de ser humano. Isto é
ser livre. Sou responsável pelas escolhas, por meio das quais eu me constituo e vou
construindo a minha existência e, ao fazer isso, é como se eu estivesse propondo a todos
os demais os valores e critérios da existência.
Por exemplo, para Da Matta (1981), há todo um conjunto de fatos que delimitam a
nossa situação no mundo e nos quais eu não posso interferir até porque já existiam
antes que eu aparecesse. A época em que nascemos, o lugar, a família, a classe social.
Enfim, uma série de condições que nós não escolhemos, que não podemos modificar
e que são aquelas em meio as quais vai contecer o exercício da minha liberdade.
E, portanto, a liberdade é ao mesmo tempo limitada e possibilidade por tudo isso que
rodeia o indivíduo e, sobretudo, pelos outros. Pelas outras pessoas que nos rodeiam.
Figura 28.
Então, para Foucault (1977), o exercício de liberdade é limitado porque ele se exerce
de encontro com essas condições. Condições que atuam muitas vezes como obstáculos,
sendo chamadas por Sarte de índices de adversidade. E, também, é possibilitado porque
as escolhas sempre dependeram – em grande parte, pelo menos – do sentido que a
pessoa vier a atribuir a esses fatos e as outras pessoas com as quais se defronta.
Não podemos mudar o fato de que existem coisas e de que existem outras pessoas e de
que existe o mundo objetivamente. Mas, podemos livremente atribuir este ou aquele
sentido aos fatos. E é nessa diferença entre o fato bruto e o sentido que podemos
atribuir por meio da liberdade – nesse espaço, nessa diferença que ocorre o exercício
da liberdade. Sempre situada, portanto, paradoxamente uma escolha absoluta e ao
mesmo tempo uma escolha mediada pelos fatores que constitue a situação do viver e
que podem atuar como determinantes na situação em que se vive.
45
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Há, portanto, um papel nessa situação como o contexto da liberdade e é essa noção de
situação e a função que ela desempenha na constituição da nossa existência que nos
leva a história. Afinal, uma situação é sempre uma situação histórica. Pois ela é vivida
dentro dos limites de um tempo e de um lugar em que as pessoas agem historicamente.
Para Da Matta (1981), um sujeito livre é sempre um agente histórico. A existência, desse
modo, é sempre uma existência histórica. Com isso a liberdade e a responsabilidade de
que nós falamos ganham significações muito concretas e muito bem determinadas.
A existência não é uma noção abstrata ou indeterminada porque ela sempre ocorre de
forma histórica e concreta. Indivíduos e grupos são produtos históricos, Sarte concorda
nesse ponto de vista com o marxismo – quanto ao estabelecimento dessa relação entre
os homenes e a história.
A realidade humana tem na existência a sua origem e o seu fim. Precisamente, porque
o processo de existir ocorre concretamente como um processo histórico.
Para Bauman (2001), uma subjetividade que não se expressa, num mundo subjetivo
em ações e condutas, em atos não existe. A existência consiste exatamente nisso em
expressar o que nos é interior, mas sem que se possa fazer realmente uma separação
entre esss dimensão da interioridade – que valeria por si mesma – e a sua expressão
objetiva, esterna. Coisa que os clássicos costumavam separar, dando a alma, ao
espírito e a interioridade certa autonomia que dentro de um processo existencial não
tem cabimento. Porque justamente seria como que voltar a conceber essa essência
inddependente e autonoma que depois poderia vir a ser expressa acidentalmente ou
secundariamente.
Nada disso, para Sartre (2012), corresponde a existência ou a esse processo de existência.
Ou seja, nas histórias dos indivíduos, nas histórias pessoais. Essas histórias pessoais
que se dão sempre num contexto maior disso que nós chamamos de história geral.
46
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
determina. Contudo, Sartre acrescenta que a história nos determina ao ponto em que
a fazemos, pois assim como só podemos conceber indivíduos históricos assim também
só podemos entender que só existe história na medida em que existem indivíduos que a
fazem: agentes históricos, ou na visão de Richard Parker atores históricos.
Entre o sujeito e as condições nas quais ele está inserido, há uma tensão, há uma
contradição entre polos opostos e isto é uma relação dialética. Ou seja, um tipo de relação
em que nenhum dos dois termos se reduzirá ao outro e que nenhum será subordinado
pelo outro.
Figura 29.
E a duração da ação nós somos do acontecer. Então, enquanto acontecer, nós somos
a ação. A ação não é dicotomia sujeito e objeto, uma vez que em particular a ação é
relação Eu Tu. Em que o Eu é a ação e o Tu é a ação. Então, no odo de sermos da ação
não vigora a dicotomia sujeito e objeto, mas a interação (inter ação) entre o Eu e o Tu
que são ambos ação.
47
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Matin Buber faz uma antropologia, uma ontologia dos modos humanos de sermos.
Que, aliás, ele desenvolve primorosamente, no livro Eu Tu e no qual ele desenvolveu
toda uma tematização dos dois modos humanos de ser: o modo Eu Tu e o modo Eu Isso.
Então, Buber vai entender esses dois modos de sermos enquanto humanos.
A ação é compreensão.
48
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
e objeto. Quando nós vivenciamos a ação, nós vivenciamos a condição de atores e nesta
condição: nós não somos nem sujeito e nem objeto. Destarte que sujeito e objeto são
próprios do modo acontecido de sermos.
Enquanto modo Eu Isso de sermos vigora a utilidade. É modo de sermos dos úteis.
É o modo de sermos dos usos e das utilidades. Então o modo de sermos EU ISSO é
característico da dicotomia sujeito e objeto, o modo teorético de sermos, é o modo
acontecido de sermos e é o modo de sermos onde vigora a causalidade, onde vigora a
utilidade – enquanto modo de sermos do acontecido.
Modos humanos que ele vai entender, podemos dizer genericamente, como um modo
coisa de ser (um modo do acontecido), o modo explicativo de ser, o modo de ser da
utilidade, o modo de ser da causalidade, o modo teórico de ser, o modo de ser da relação
sujeito objeto: EU ISSO.
Modelo Eu Isso:
»» A utilidade.
»» A causalidade.
»» A realidade.
»» A técnica.
»» O moralismo.
49
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
De um modo tal que, quando Rogers elege como centro de sua concepção e do método
a tendência atualizante, ele privilegia o modo ontológico de nós sermos, o modo
fenomenológico existencial e dialógico de nos sermos que é eminentemente o modo de
sermos da compreensão.
Devemos mencionar que mesmo depois de nascer o ser humano se encontra em simbiose
com o ser que lhe dá carinho, o amamenta, quem faz a maternagem. E, quando a mãe
retorna a vida normal, ou seja, quando o bebê já possui certa autonomia, vai crescendo.
Ocorre o desmame, o desfralde, entre outras mudanças, o bebê ou a criança começa
a sentir falta desse afeto, vem um sentimento de estranheza a essa ausência, advém o
choro. É natural que isso ocorra.
O que nós queremos é buscar o nosso cliente para um encontro verdadeiro o tempo
presente, ou seja, um encontro dialógico. A Filosofia do Martin Buber vai tratar da
fenomenologia do ser. A ideia é buscarmos o tempo todo mergulhar no mundo do outro.
Descontraindo, um pouco, ser terapeutas é para os fortes. Afinal, não é uma tarefa fácil
ter de lidar com a dor do outro e com as próprias dores. O terapeuta lida com demandas
e com questões muito especiais.
Cada vez mais a humanidade necessita dos nossos serviços, enquanto psicólogos
clínicos, tantas questões estão deorganizando organismicamente as pessoas.
O consultório proporciona a visão das pessoas que estão em depressão, ansiedade.
E aqui se faz necessário falar sobre Zygmunt Bauman (2001) – falecido em 9 de janeiro
50
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
de 2017 – e o conceito da vida líquida que o ser humano tem hoje. A obra de Bauman
é uma referência para a compreensão do modo de sermos da atualidade. Por meio
do conceito de liquidez, Bauman explica as mudanças que a civilização sofreu com a
globalização.
Figura 30.
51
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Mundo este marcado pela luta da liberdade, em detrimento de uma suposta segurança.
Temos que abordar os relacionamentos em sua totalidade. Quantos psicólogos oferecem
atendimento virtual?
52
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
A música The Times They are a Changing (1964) parece mais atual do que nunca.
Link: <https://www.youtube.com/watch?v=tzwBlm99YJY>.
Dessa maneira, de modo mais complexo, pode-se discutir o conceito inerente ao “olhar
psicologizante” enquanto um processo de apontar que os comportamentos humanos
podem ser compreendidos pela ciência da psicologia em sua totalidade. Na condição
de existir uma análise de algo diferente em um indivíduo, ou seja, que foge dos padrões
denunciados como normais, o mesmo merece e necessita de ajuda dos profissionais que
atuam nessa área. Contudo, destaca-se que a definição e relação entre saúde/doença,
normal/anormal e funcional/disfuncional têm como base uma cultura, compartilhando
uma mesma realidade coletiva, ou seja, uma mesma constituição interna socialmente
(FOUCAULT, 2005).
53
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Destarte, a doença, ou o sintoma, é apenas parte de uma complexa trama que engloba
uma pessoa em um determinado contexto, sendo detalhada, muitas vezes, por teorias
explicativas que, em última análise, consideram nada mais que recortes da realidade
para desenvolver generalizações frente a um universo de possibilidades e singularidades
(CARVALHO; CUNHA, 2006). Por isso, visualizar o processo de adoecimento enquanto
uma expressão de plurideterminação, na qual se combinam fatores genéticos, sociais,
psicológicos e culturais de forma simultânea e recursiva, ou seja, seu curso nunca é
decidido de forma unilateral por um desses aspectos, valoriza e reafirma a pessoa
ressaltando sua singularidade e seu papel enquanto sujeito de seus próprios processos,
impedindo a visualização da mesma enquanto vítima e reflexo de seus sintomas, o que
por sua vez também impossibilita a visão dela como incapaz, estática e com necessidade
de conserto, tendo-se como pano de fundo categorias baseadas em padrões generalistas
e reducionistas (MORI; GONZÁLEZ REY, 2012).
Como o psicólogo pode entender a situação e a carga emocional de uma mulher negra,
por exemplo, em um país como o nosso que coisifica a mulher negra, atribuindo a esse
ser humano o rótulo de mulata exportação. O que significa ser tida como um mero
objeto de desejo. Uma coadjuvante no cenário social, atuando em papel de doméstica
ou como a mulher que surge no carnaval “maior espetáculo da Terra” com seu bandeiro
(uma alusão aos glúteos) e que atrai gringos para o comércio do sexo. Como entender
essa demanda, esse lugar de desconforto?
Podemos como psicólogos discorrer sobre esses e uma imensidão de outras questões
da mulher negra na sociedade, mas o fato é que falamos do que apenas sabemos.
Não temos como sentir se a nossa pele não for negra.
Mas, as terapias pós-modernas quebram o paradigma de ter que escolher, de não poder.
Somos atores no processo da complexidade social.
54
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
Nesse sentido, viver a vida plena é deixar-se fluir diante de cada acontecimento, tendo
a capacidade de se manter presente no momento atual. Indo mais além, considerando
que o “eu” e a personalidade são desenvolvidos pelas experiências, torna-se importante
se abrir totalmente para as possibilidades que surgem em cada contexto, tendo em vista
que essa postura de abertura é capaz de permitir que as mesmas construam o “eu”.
Assim, levanta-se possibilidades para o desenvolvimento e a organização do “eu” fluido,
mutante e harmonioso, processo que Rogers explica ser de suma relevância para a vida
do indivíduo (COLLIN et al., 2012).
O autor afirma que as vidas estão em eterna mudança. Na condição de negar esse
fluxo dinâmico, as pessoas criam esquemas voltados a aspectos relacionados ao que
consideram como as coisas deveriam ser, tentando, dessa forma, moldar a si mesmas,
bem como modelar suas noções de realidade. Essas atitudes traçam limites, no que diz
respeito à capacidade de se permanecer aberto e presente às experiências, podendo,
nesse sentido, dar surgimento a estados de sentimentos os quais estão voltados a
sensações de aprisionamento e estagnação. Mais ainda, a terapia pós-moderna explica
que quando a realidade não condiz com o que o indivíduo quer ou busca, o sentimento
de incapacidade de mudar de ideia pode emergir de modo brusco, ou seja, a postura de
inflexibilidade e rigidez é capaz de se sobressair na situação, e, assim, abrir possibilidade
para o surgimento de um conflito, o qual se manifestará sob a forma de uma postura
defensiva (COLLIN et al., 2012).
A postura defensiva, citada no parágrafo anterior, pode ser caracterizada como uma
tendência inconsciente de se utilizar estratégias, as quais impedem que estímulos
indesejáveis ou problemáticos atinjam a consciência. Desse modo, a pessoa nega
ou distorce o que de fato está ocorrendo, com o intuito de manter e proteger ideias
preconcebidas. Todavia, infelizmente, esse processo gera uma interpretação limitada e
artificial da experiência, bloqueando inúmeras emoções, reações e ideias em potencial,
fazendo com que a pessoa se feche totalmente para tais possibilidades ali existentes na
situação (COLLIN et al., 2012).
Não basta ter a lei, temos que ser educados para entender que ela é necessária.
Figura 31.
56
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
Assim, na verdade, não há uma área específica de atuação, mas sim toda uma forma de
compreender essa realidade vivenciada pelas pessoas atendidas a partir desse recorte
de como esse sofrimento, essas potencialidades individuais estão refletindo também
aquilo que se desdobra no campo da vida concreta.
Então, partimos do presuposto de que não há uma separação, uma divisão entre o que
é o indivíduo e a sociedade. Ao contrário, há uma relação que é determinada de forma
dialética.
Isso vale para qualquer área de atuação. Seja no campo, por exemplo, da saúde, da
assistencia social, da relação com a justiça, no campo da educação, entre tantas outras
áreas de atuação da Psicologia. A Psicologia Social nos ajuda exatamente a compreender
o fenomenopsicologico a partir dessas bases.
De acordo com Carvalho (2005), o campo das políticas públicas vem responder uma
demanda que diz respeito às próprias lutas sociais da população brasileira, tendo em
vista a garantia de seus direitos. Direitos esses que estão garantidos na plataforma –
pelo menos do ponto de vista formal – na própria Constituição Brasileira: o direito à
educação, direito à saúde, direito à segurança, entre outros. Direitos estes que precisam
de alguma forma estar presentes no Estado, a partir de ações estruturais junto à
população.
57
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
pelo fazer específico da Psicologia em diálogo com estes atendidos, em diálogo com
com coletivos e grupos atendidos – também em diálogo com outros profissionais que
atuam no campo das políticas públicas – conseguimos construir práticas que visam
essa garantia de direitos também.
Tanto profissões da área da saúde, quanto oriundas das ciências sociais são ciências
humanas. Em verdade, o fenômeno humano não é recordado por disciplina, então,
quanto mais pudermos ter esse olhar que transversaliza de fato todos os saberes em
prol da garantia dos direitos, estaremos mais próximos desses objetivos.
Por exemplo, no campo da saúde mental, tendo em vista a Lei no 10.216, promulgada
em 2001, a chamada Lei da Reforma Psiquiátrica, esta é uma Lei que reorienta uma
forma de atenção e cuidado em saúde mental no território brasileiro tendo em vista as
práticas antimanicomiais. Ou seja, a vida em liberdade o cuidado no território. Então,
vamos pensar e acolher essa pessoa que possui ou está passando por algum momento
de sofrimento psíquico intenso e compreender essa pessoa – não a partir do estigma da
sua doença ou do seu diagnóstico psiquiátrico; mas sim das suas potencialidades.
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf>.
Fazemos isso, por exemplo, com o diálogo com os profissionais da Terapia Ocupacional
que nos ajudam a pensar e o projeto terapêutico desse indivíduo. No sentido de
compreender quais as atividades que vinculam, quais são as formas de autonomia que
ele vai construindo na forma de se relacionar, na produção de vínculos.
Vamos dialogar com os profissionais do Serviço Social que atuam também no campo
da saúde mental, buscando também compreender como que se dá, como se configura
a vulnerabilidade a que esse sujeito está inserida, quais são os processos de geração de
renda, os processos de garantias por meio de benefício de prestação continuada que
podem ser dados a esse sujeito – e que fazem parte dessa política da assistência social.
58
TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS │ UNIDADE III
cada vez mais estejam construindo processos de autonomia. E não uma autonomia
pensada no nível do individual, mas uma autonomia que o insere nesse território, que
o faz transitar nesses processos.
Como define muito bem o psicólogo social Kennth Gergen (1985, 1994), o construtivismno
social é uma consciência compartilhada, uma epistemologia que agrega contribuições
de divervas áreas das ciencias humanas e sociais.
59
UNIDADE III │ TERAPIAS PSICOLÓGICAS PÓS-MODERNAS
Os dilemas humanos são mais fortes que qualquer tipo de argumentação voltada ao
conceito de valor verdade. As técnicas no escopo das terapias pós-modernas só são
inteligíveis como geradoras de contextos favoráveis a mudança, tendo seus valores
voltados a transformações criativas.
60
A FALÊNCIA DA
MODERNIDADE E
O PARADIGMA DO UNIDADE IV
PROCESSO DE TRABALHO
NA PÓS-MODERNIDADE
O tema da pós-modernidade nos coloca de frente com uma temática quase sem solução.
Controverso.
CAPÍTULO 1
Intervenções clínicas e sociais
Na verdade, não chegou a ser um livro, mas sim um relatório encomendado pelo governo
canadense sobre o que seria o conhecimento no futuro. E ao longo dos anos 1980 e 1990
foi muito lido e é o texto fundador da pós-modernidade. Ele que nos dá a primeira
61
UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
Tudo que pensávamos que era verdade, hoje, é apenas uma hipótese.
As nossas velhas certezas, leis históricas, grandes utopias, a ideia de que caminhávamos
necessariamente para um mundo melhor. Que um dia chegaríamos a estação final.
Aquela em que a humanidade estaria redimida dos seus erros passados. A emancipação
dos iluministas. Tudo isto são hipóteses. Nenhuma certeza.
Desde as épocas mais remotas, o ser humano buscou compreender o mundo que o
cerca, conhecendo suas origens. Ao entendermos a Psicologia como um conhecimento
amplo, podemos afirmar que os filósofos da antiguidade, os pré-socráticos eram,
essencialmente, estudiosos da psique e fomentavam a essência da Psicologia, mesmo
que assim não o fossem denominados na época.” Conheci a ti mesmo!”.
62
A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
Figura 32. Da esquerda para à direita, os pensadores precursores do iluminismo: René Descartes, Francis Bacon,
Hoje não se come com os olhos, se tira a foto do que se vai comer. E são esperados
likes de aprovação ao nosso prato do dia – ou melhor, ao prato de quem posta a foto
do que vai comer. E subjaz na fragilidade de um self ávido por aprovação do coletivo,
suas carências mais primitivas. Temos os seguimentos da alegria expostos nas médias
63
UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
sociais – fitness, comida saudável, autoajuda, maquiagem do dia para ir à feira. Todo
sortilégio de coisas jogadas ao acaso daqueles que biuscam pela facilidade.
A era da exposição!
Devemos nos questionar enquanto psicológos o que não apenas Rogers diria sobre, mas
o que os principais pensadores da Psicologia diriam sobre isso.
Eles não estão aqui. Mas, nós sim! O que podemos dizer sobre isso?
Estamos nos tornando um país com mais idosos. Menos pessoas nascem. Está se
configurando uma nova face nas demandas do social: a terceira idade. E parece que
quando se faz 40 anos entramos para um limbo social no Brasil. É inacreditável que uma
pessoa com mais de 40 anos tenha dificuldades de se recolocar no mercado de trabalho,
pois alguém mais jovem e com menor experiência se torna apto a determinado cargo.
A questão da terceira idade terá que ser revista. Nós, psicólogos, podemos atender
longinquamente. Diferente de um médico cirurgião plástico que necessita da destreza
das mãos; de um jogador de futebol; ou de uma modelo internacional. Contudo, o
médico, o jogador e a modelo compoartilham o vivenciado, a experiência. Eles sabem
como fazer e o que fazer. Aos que chegam cabe aprender.
64
A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
A tristeza é importante, tem o seu lugar. Embora possa não ser agradável, ela é um
momento de reflexão, de redefinir algumas bases, alguns comportamentos. Contudo, as
pessoas não estão tolerando mais ficar tristes. Não estão se permitindo mais ficar tristes
e demandam pílula para evitar esse sentimento.
A mídia
Ora, existem modelos. Cada uma das épocas da civilização trouxe suas contribuições
com modelos a serem seguidos. Isso não é novo. O novo é a velocidade com que as
informações se espalham.
Nosso instrumento de trabalho como terapeutas é a nossa escuta, nossa voz, nosso
corpo, nossa cognição, sensibilidade, enfim, nosso Eu. Quando algo ocorre com nosso
Eu como fazer? Continuar, mesmo quando há uma demanda de se reconher ou seguir?
Questões que são pessoais, mas que estão presentes no cotídiano do psicológo.
A dor de cabeça, por exemplo – é na maioria das vezes tensional. Ou seja, as pessoas
têm um dia mais exigido, mais disputado, horários corridos, a alimentação dos fast
65
UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
foods – ao fim do dia vem a dor de cabeça. E realamente, a dor é uma das principais
causas da procura do atendimento médico e da compra de remédios.
Mas, quando a dor de cabeça está em seu início, há formas de sanar tal desconforto.
Ficando em um local mais escuro, em silêncio. No caso das dores causadas por
tensão. Lógico que há casos de enxaquecas e síndromes que causam dores de cabeça
insuportáveis. Mas, cada caso é um caso e merece ser oservado.
Figura 33.
Fonte: <http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2015/02/conheca-o-relogio-de-pulso-que-reproduz-em-tempo-
real-os-movimentos-do-sistema-solar.html>. Acesso em: 25/2/2018.
66
A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
Mas, não podemos negar que esse pensamento foi um divisor de águas, em relação a
Psicologia enquanto ciência abstrata e que nasceu da Filosofia.
Deste modo, segundo Capra (1983), para a Psicologia, o método científico foi
fundamental, enquanto possibilidade de marcar sua posição e receber a aceitação como
status de ciência. Assim, para conferir seriedade ao objeto de estudo da Psicologia –
o psiquismo – os princípios da mecânica de Newton foram essenciais na busca da
cientificidade.
Figura 34.
67
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A obra também é uma crítica à valorização exagerada da juventude – nada mais atual!
Práticas tidas como comuns e humanas, como a camisa de força, a contenção no leito, as
injeções de leite, os banhos em banheiras com água e gelo o ECT (eletroconvulsoterapia),
começaram a ser questionados ao redor do mundo. Assim, como exemplo de reforma
psiquiátrica podemos citar a Itália. Em contrapartida, como um dos exemplos mais
degradantes no Brasil, temos o Hospital Psiquiátrico de Barbacena, Minas Gerais, no
qual 60 mil pessoas morreram, sendo jogadas em covas coletivas, isso quando seus
corpos não eram vendidos à Universidades de Medicina.
Estes são os indesejáveis, os que não deviam ser vistos, aqueles que eram dispensáveis
a sociedade e seus bons costumes.
Figura 35.
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A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
Vejam nessas fotos, as mãos não são mãos com um sentido. O esquema corporal dessas
pessoas foi apagado.
dessa área não devem centralizar o trabalho no combate à doença, mas sim na capacidade
de ação e transformação do sujeito diante dela, contribuindo para que consiga visualizar
e desenvolver novas formas para se viver. No caso das psicopatologias mais graves essa
questão torna-se ainda mais relevante, pois a participação ativa da pessoa, bem como
a consideração relacionada ao potencial que ela tem para se reinventar, pode ampliar
seu bem-estar, ainda que ela esteja diante de situações as quais constantemente lhe
apresente limites (BESSA, 2014; CARVALHO; CUNHA, 2006).
»» A ilusão da reabilitação.
»» A ilissão da resocialização.
»» A ilusão da reintegração.
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A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
Como se isso fosse possível dentro de um contexto de alta violação de direitos humanos,
ao ponto que partimos dessa reflexão, sobre o própria papel dessa instituição, que está
nesse contexto como psicológos, e nos coloca diante desse dilema: vou reforçar uma
instituição, vou atuar para que essa instituição continue promovendo esses processos
de niquilamento de individiualidades, porcessos de aviltamento de direitos ou vamos
buscar garantir que ao menos esses sujeitos consigam construir a própria ponte com a
vida aqui fora. Ou seja, construir processos de liberdade.
Qual o lugar que ocupamos? Quem é o nosso cliente? A quem devemos atender?
O sistema de justiça que ai está e que, infelizmente, entende que o aprisionamento é
a forma de resorver as questões sociais; ou nós vamos atender de fato a esses sujeitos
que quando olhamos para suas histórias de vida, fica muito claro que são sujeitos que
passaram por diversos movimentos de retirada dos seus direitos, das suas garantias
fundamentais. Então, é este o momento de virada que uma boa parte da nossa categoria
profissional da psicologia se coloca no enfrentamento à própria psicologia que se
construiu naquela relação com a Justiça de forma hegemonica.
Segundo Almeida e Weis (1988), num contexto em que três pessoas reunidas toma o
nome de revolução e ler Karl Marx é ser subversivo, podemos assinalar que a década
de 1960, em nosso país não estava convidativa a novas tendências ou movimentos
intelectuais.
Figura 36.
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UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
<https://www.youtube.com/watch?v=RzlniinsBeY>.
Mesmo com tudo contra, foi nesse momento histórico que as psicoterapias iniciam seus
primeiros passos no país. Uma busca pela reorganização organísmica? Provavelmente,
quem pode se manter são com receio de sair à rua, de fazer um comentário e ser
ouvido, de estudar algum curso da área de humanas? Pessoas sumiram e não tiveram a
dignidade de serem veladas até hoje.
As psicoterapias, então, surgem como um dos poucos espaços de privacidade total para
os adversários do regime; já que no setting havia a possibilidade de serem geradas
novas formas de percepção de self (eu) e do meio ao qual o indivíduo se encontrava
inserido.
A terapia foi considerada uma prática quase sacrossanta, o novo confessionário. Sem
julgamentos, sem penitências. Mas, também, não era um processo isento de dor. Porém,
era um caminho não repressor.
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A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
Figura 37.
Não podemos dizer que em 1960, a psicoterapia tinha o alcance que tem na atualidade,
ela ficou restrita por um bom tempo a uma elite reconhecidamente pertencente a classe
mais abastada.
O confronto com os padrões impostos por regimes autoritários foi a grande causa da
militância nos anos de 1960. As pessoas estavam mudando, e começaram a questionar
os por quês. Diferentes aparatos de poder constituídos pelos movimentos da massa,
do povo produziram alterações em diversos modos de demonstrar a subjetividade.
Processos de subjetivação cada vez mais intensos passaram a ser experienciados,
contribuindo para o desenvolvimento psicológico.
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UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
Pesquisas recentes que forram feitas como sendo do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) – dentre outras – apontam que na atualidade o profissional da Psicologia que
atua exclusivamente com a Psicologia em sua maioria é assalariado. Isso é um dado
interessante que nos mostra que a nossa profissão, que surgiu em 1962 como profissão
regulamentada no território brasileiro, surgia como um caráter de profissional
autônomo, de profissional liberal e que hoje ela está se caracterizando a partir do
assalariamento. Estamos nos proletarizando enquanto profissionais da Psicologia.
E quem nos empega? A maior parte dos profissionais está atuando no campo das
políticas públicas, da saúde, da assistência social, da educação, da Justiça ou atuam em
ONGs – organizações não governamentais o terceiro setor que nós abordamos.
Figura 38.
De certa forma esses dois polos: da administração direta estatal como de terceiro setor,
percebemos que são formas de atuação ligadas a garantias de direitos.
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A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
É fundamental que o campo das políticas públicas seja introduzido cada vez mais nos
cursos oferecidos aos psicólogos. Exatamente, por isso temos uma Unidade construida
inteiramente para favorecer a organização de formas pelas quais vocês possam dialogar
com esse campo.
A liberdade tão falada por Paulo Freire (1993) está diretamente relacionada a
conscientização histórica e social. Isso porque os sujeitos são construídos a partir dos
atravessamentos sociais, históricos e culturais que os marcam.
Assista ao vídeo:
<https://www.youtube.com/watch?v=60c1RapBN7U>.
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UNIDADE IV │ A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE
Dessa forma, aceitar a minha experiência é aceitar-me a mim. É me permitir ser o que
sou e sentir o que sinto.
Compreender é, então, deixar que o outro seja quem ele deseja ser, independentemente
das convenções, da avaliação que posso ou não fazer dele. Que essa avaliação seja apenas
a minha opinião sobre ele, sem impor a ele um modo de agir. Dessa forma, estaremos
sendo congruentes com esse outro.
Na maioria das vezes, somos um eu que não somos, isto é, somos o que a sociedade
deseja que sejamos. Fingimos em função do que nos é dito como certo e assim não nos
aceitamos, nos impomos a nós mesmos mudanças, enquanto deveríamos lutar para
deixar cada vez mais exposto quem somos.
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A FALÊNCIA DA MODERNIDADE E O PARADIGMA DO PROCESSO DE TRABALHO NA PÓS-MODERNIDADE │ UNIDADE IV
A pergunta principal da obra de Jean-François Lyotard é “o que prova que uma prova é
uma boa prova”. Eu apresento uma prova e vocês apresentam outra. O que prova que a
minha prova é melhor do que a prova de vocês?
Normalmente, nada!
Exacerbação? Sim!
Quem lê um, diz que está perfeito. Tudo foi dito. Até ler o próximo e descontruir tudo
que havia lido, pois a atual leitura é melhor.
O contrário de uma verdade profunda não é necessariamente uma ideia errada ou falsa,
mas possivelmente outra verdade profunda, segundo Pascal.
No terreno das ideias, é possível entender que concepções diferentes podem conviver.
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Para (não) Finalizar
Figura 39.
À flor da pele
Sobraram raízes
Daquela paixão
Em forma de voz,
Em forma de tom
Da falta de siso
Nasceram frutos
78
PARA (NÃO) FINALIZAR
Violaram a emoção
Trouxeram arrepio
Deixaram minh´alma
À flor da pele
Entreguei-me a um pranto
E em meu desvario
Vi estrelas cadentes
Sonhei acordada
E não consegui
Chorei e sorri
E um castelo montei
A você coroei
79
PARA (NÃO) FINALIZAR
E a mim proclamei
O amor recendia
A paixão renascia
E reinava a alegria
Se vivi ou sonhei
Da obra: Coisas de Adão e Eva, de Sônia Moura
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