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SOCIOLÓGICAS
REVOLUÇÃO REVOLUÇÃO
RACIONALISMO
INDUSTRIAL FRANCESA
1.1.1 A Revolução Industrial
❑ A invenção da máquina a vapor na Inglaterra de 1750 significou o início de uma revolução
nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em
muitos ramos da atividade econômica, já na primeira metade do século XIX, tendo
significado também uma revolução na organização da produção que, a partir de então,
passou a ser realizada no interior de empresas com caráter permanente e racional.
❑ Ao propiciar o aumento da produtividade do trabalho, a redução dos custos de produção
e, como decorrência, o barateamento das mercadorias, a Revolução Industrial permitiu
que se vislumbrasse o nascimento de uma sociedade de abundância e mais justa, graças
às possibilidades econômicas de uma distribuição mais igualitária da renda.
❑ Rapidamente irradiada para o continente, a Revolução Industrial, ao contrário de todas as
expectativas, gerou problemas sociais de extrema gravidade que se alastraram, também
rapidamente, por toda a Europa.
❑ Em primeiro lugar, provocou o êxodo rural de enormes contingentes de trabalhadores
entusiasmados com as perspectivas de melhoria de suas condições de vida.
❑ A consequência inevitável, porém, foi o desenvolvimento acelerado da urbanização não
planejada, em que o resultado se expressou nas péssimas condições habitacionais dos
trabalhadores, na imundície das cidades industrializadas, na falta de fornecimento de água e nas
epidemias de cólera e de tifo que se espalharam por todo o continente, dizimando milhares de
pessoas.
❑ Segundo Eric J. Hobsbawm (1977, p. 225), o mais renomado historiador do século XX:
✓ Só depois de 1848, quando as novas epidemias nascidas nos cortiços começaram a matar também
os ricos, e as massas desesperadas que aí cresciam tinham assustado os poderosos com a revolução
social, foram tomadas providências para um aperfeiçoamento e uma reconstrução urbana
sistemática.
❑ Devemos considerar também os baixos salários e o desemprego de milhares de trabalhadores,
visto que até a década de 1840
✓ grandes massas da população continuavam até então sem ser absorvidas pelas novas indústrias e
cidades, como um substrato permanente de pobreza e desespero, e também as grandes massas
eram periodicamente atiradas ao desemprego pelas crises que, até então, mal eram reconhecidas
como temporárias e repetitivas. (HOBSBAWM, 1977, p. 228)
❑ A criminalidade e a violência urbana, o alcoolismo, a prostituição e o suicídio constituíam o
quadro de deterioração da vida social, aprofundado pela enorme desigualdade social. Ainda
nas palavras de desse estudioso:
✓A época em que a Baronesa de Rothschild usou um milhão e meio de francos em joias no baile
de máscaras do Duque de Orleans, em 1842, era a mesma em que John Bright assim descreveu
as mulheres de Rochdale: “2 mil mulheres e moças passaram pelas ruas cantando hinos – um
espetáculo surpreendente e singular – chegando às raias do sublime. Assustadoramente
famintas, devoravam uma bisnaga de pão com indescritível sofreguidão, e se o pedaço de pão
estivesse totalmente coberto de lama seria igualmente devorado com avidez.” (HOBSBAWN,
1977, p. 227)
❑ Havia, ainda, o rígido controle e a disciplina impostos pelos patrões que tornavam infernal a
vida dos trabalhadores das fábricas, os quais estavam submetidos a jornadas de trabalho de
16 horas e a todo tipo de castigos e multas.
❑A Revolução Industrial não foi, portanto, apenas uma revolução econômica, que se tornou
um marco na história da humanidade ao abrir as portas do crescimento e desenvolvimento
econômicos por suas inovações tecnológicas e organizacionais.
❑ Foi, também, responsável pelo aparecimento de novos e contundentes problemas humanos e
sociais, além de ter dado início ao fim do antigo regime, com a entrada definitiva de novos
personagens no cenário social:
✓ o empresário capitalista e o trabalhador proletário,
❑ Que passaram a constituir as duas grandes classes sociais da moderna sociedade capitalista
nascente, permanentemente em conflito de interesses por ocuparem posições diferentes no
processo de produção da riqueza.
❑ O capitalista é o proprietário dos meios de produção, isto é, do capital e da riqueza que gera
mais riqueza – terra, tecnologia e trabalho concentrados na empresa por ele administrada –,
❑ E o proletário é proprietário apenas da força de trabalho, isto é, do capacidade para trabalhar,
produzir e reproduzir em escala ampliada o capital, obrigando-se a vender a sua única
propriedade no mercado de trabalho em troca de um salário com o qual deverá se sustentar.
❑ Por essa razão, a Revolução Industrial não pode ser lembrada apenas como revolução econômica,
devendo ser considerada uma verdadeira revolução da estrutura social que precipitou as
transformações políticas, jurídicas e ideológicas consumadas pela Revolução Francesa.
1.1.2 A Revolução Francesa
❑ Nas últimas décadas do século XIX, Frederick Taylor1 desenvolveu um novo método de
organização do processo de trabalho industrial para aumentar o volume de produção, a fim de
atender a demanda crescente pela conquista de novos mercados e “assegurar o máximo de
prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado”
(TAYLOR, 1966, p. 29), sendo esse o principal objetivo da administração.
❑ O ponto de partida da obra de Taylor é a sua constatação de que o trabalhador é, por princípio
e definição, vadio, trabalhando muito menos do que é fisicamente capaz, tal como afirma nessa
passagem extravagante que, com certeza, a todos atordoa já pelo título “Vadiagem no
trabalho”:
❑ Essa citação inicial é bastante esclarecedora da intenção única de Taylor que é a de
encontrar resposta à pergunta fundamental tanto para o capitalista quanto para o seu
preposto: como fazer o trabalhador trabalhar mais? A resposta é o taylorismo.
3. 3 Taylorismo e Fordismo
❑ Nas últimas décadas do século XIX, Frederick Taylor1 desenvolveu um novo método de
organização do processo de trabalho industrial para aumentar o volume de produção, a fim de
atender a demanda crescente pela conquista de novos mercados e “assegurar o máximo de
prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado”
(TAYLOR, 1966, p. 29), sendo esse o principal objetivo da administração.
❑ O ponto de partida da obra de Taylor é a sua constatação de que o trabalhador é, por princípio
e definição, vadio, trabalhando muito menos do que é fisicamente capaz, tal como afirma nessa
passagem extravagante que, com certeza, a todos atordoa já pelo título “Vadiagem no
trabalho”:
❑ Essa citação inicial é bastante esclarecedora da intenção única de Taylor que é a de
encontrar resposta à pergunta fundamental tanto para o capitalista quanto para o seu
preposto: como fazer o trabalhador trabalhar mais? A resposta é o taylorismo.
❑ Sem dúvida, o taylorismo permitiu aumentar consideravelmente a produtividade do trabalho, reduziu os
custos de produção e os preços das mercadorias e, sobretudo, permitiu aumentar consideravelmente os
lucros dos capitalistas, “assegurando ao máximo a prosperidade do patrão”. Mas, e quanto à prosperidade do
empregado?
❑ A “prosperidade do empregado”, acreditava Taylor, estaria assim assegurada:
✓ Na tarefa, é especificado o que deve ser feito e também como fazê-lo, além do tempo exato concebido para a
execução. E, quando o trabalhador consegue realizar a tarefa determinada, dentro do tempo-limite
especificado, recebe aumento de 30 a 100% do seu salário habitual. (TAYLOR, 1966, p. 51)
❑ A nova organização do trabalho, caracterizada pela centralização e controle da produção pela gerência,
tornou-se a forma predominante de administração do processo produtivo até as últimas décadas do século
XX, porque o taylorismo foi aperfeiçoado por Henry Ford I, o pai da indústria automobilística, com a
introdução, em 1914, de uma inovação tecnológica: a esteira automática de produção ou sistema
automático de transporte de peças e ferramentas para intensificar ainda mais o ritmo de trabalho, agora
totalmente controlado pela gerência que pode imprimir, com um simples apertar de botão, o ritmo que
quiser ao trabalho de todos.
✓O fordismo caracteriza o que poderíamos chamar de socialização da proposta de Taylor, pois, enquanto este
procurava administrar a forma de execução de cada trabalho individual, o fordismo realiza isso de forma
coletiva, ou seja, a administração pelo capital da forma de execução das tarefas individuais se dá de uma
forma coletiva, pela via da esteira. (MORAES NETO, 1989, p. 36)
❑ Ford, diferentemente de Taylor, considerava o trabalhador não apenas um produtor de
mercadorias, mas também um consumidor.
❑ Por isso, aumentou os salários de seus trabalhadores e instituiu a jornada de trabalho de oito
horas como incentivo ao consumo, além de distribuir alguns benefícios, como:
✓ restaurantes,
✓ transporte,
✓ hospital e assistência social,
❑ por ter compreendido que a produção padronizada em massa requeria consumo de massa.
3. 4 Impactos do taylorismo e do fordismo sobre o trabalhador
❑ Não há dúvida de que o taylorismo e o fordismo permitiram a melhoria das condições de vida para a
parcela da classe operária assalariada das grandes corporações, dando-lhe acesso ao consumo de bens
industrializados, além de terem gerado milhares de empregos nos EUA e terem sido responsáveis, em
grande parte, pelo seu extraordinário crescimento econômico, o que fez do país uma potência mundial.
➢ 1 - A desprofissionalização
❑ os trabalhadores passam a ser responsáveis apenas pela execução de uma ou mais tarefas simplificadas,
repetitivas e insignificantes, pensadas pela gerência científica, inclusive nos gestos e movimentos
necessários para realizá-las bem e rapidamente, o que representa a monopolização do saber operário
por essa gerência que, nas palavras de Benjamin Coriat.
➢ 2 – A monopolização do saber pela gerência científica
➢ 3 - A profunda insatisfação com as condições de trabalho
❑ O taylorismo e o fordismo geraram uma massa de trabalhadores insatisfeitos, entediados, frustrados,
infelizes, alienados de si mesmos, de sua própria natureza, cujas potencialidades não puderam se efetivar
na realização de um trabalho arte-criação-ação inteligente e transfigurou o papel da Razão na História
em racionalidade instrumental das grandes organizações racionais do mundo moderno.
3. 5 Os anos dourados
❑no Brasil, esse momento da história ficou popularmente conhecido como Os Anos Dourados que,
entre nós, tiveram curtíssima duração, pois foram interrompidos pelos Anos de Chumbo da ditadura
militar.
❑ Os Anos Dourados iniciaram no governo de Juscelino Kubitschek (Os Anos JK), em 1956, cujo
programa de governo, o conhecido Plano de Metas, prometia “cinquenta anos de desenvolvimento
em cinco”, dinamizando a economia brasileira com a construção de Brasília e a entrada do capital
estrangeiro para a produção de bens duráveis.
❑ Em 1957, Juscelino inaugurou a pedra fundamental da Volkswagem do Brasil, inaugurando, ao
mesmo tempo, outra fase da industrialização nacional: a industrialização de bens duráveis com
capital estrangeiro.
❑ A construção de Brasília e os investimentos estrangeiros no país geraram milhares de empregos,
especialmente em São Paulo, na região do ABC paulista (Santo André, São Bernardo e São Caetano),
transformando-a no polo industrial de ponta da América Latina, com tecnologia estrangeira e
administração fordista do processo de trabalho.
❑ Porém, os Anos Dourados no Brasil chegaram ao fim com a Revolução de 1964, que interrompeu o
processo político democrático, pois, de acordo com diversos autores, a Era de Ouro significou um
momento marcado não só pelo crescimento e desenvolvimento econômicos, mas também pela
democratização das instituições políticas e sociais.
❑ Por isso houve muitas razões para justificar as denominações desse período de 30 anos do século XX
e para preencher as cem páginas da parte dois do livro de Hobsbawm. São elas:
✓ Altíssimo crescimento econômico;
✓Pleno emprego: a média de desemprego na Europa Ocidental estacionou em 1,5% e em 1,3% no
Japão.
✓Elevação dos salários;
✓ Desenvolvimento científico e tecnológico;
✓ Multinacionalização do capital;
✓ Internacionalização da economia: Banco do brasil, FMI, balanças de pagamento;
✓ Adoção de políticas intervencionistas na economia pelos Estados nacionais:
✓ Mudanças culturais profundas em todas as esferas da vida
❑ No entanto, a prosperidade dos Anos Dourados foi desigual e a pobreza em muitos países da
África, da América Latina e da Ásia continuou a atingir milhões e milhões de pessoas, apesar do
crescimento econômico também dessas regiões.
❑ Por quê? faremos aqui um parênteses para apontar as causas do fraco desenvolvimento
econômico e social da América Latina e, em especial, do Brasil, mesmo durante o curto período
dos Anos Dourados.
❑ Os Anos Dourados chegam ao fim na década de 1970, quando começa a se configurar uma
crise de consumo com o acirramento da competição internacional.
❑ Para enfrentar a crise, procede-se a uma total reestruturação da economia mundial que,
inevitavelmente, provoca a reestruturação das empresas e dos mercados de trabalho.
❑ Por isso, para compreender a nova forma de administração do processo de trabalho, em
consolidação também no Brasil, será preciso compreender as razões da crise e a reorganização
da economia mundial, com suas consequências sobre o mundo empresarial e dos mercados de
trabalho.
4 A crise econômica mundial, a globalização da economia e a reestruturação produtiva
❑ A Sociologia nos ensina que a análise das diferentes formas de organização da produção e
da prestação de serviços requer a ampliação de seus horizontes para além do próprio
processo de trabalho, a fim de evidenciar os condicionantes econômicos, políticos, sociais e
culturais de sua determinação.
❑ Desse modo, não incorremos no erro de considerá-las apenas como um reflexo da lógica
do processo de produção capitalista, como fruto de um determinismo tecnológico ao qual
se submetem as relações de produção e a estrutura da vida social.
❑ Se assim procedesse, estaríamos considerando a estrutura econômica como independente
das ações humanas orientadas pelo cenário histórico por elas mesmas construído.
❑ Por isso, a reestruturação produtiva para a superação da crise econômica mundial que se
instalou a partir da segunda metade da década de 1960 deve ser estudada e compreendida
sobretudo como resultado de uma escolha consciente, deliberada e consentida pelos
sujeitos históricos – trabalhadores, empresários, governo.
❑ a introdução de novas tecnologias e de novas técnicas gerenciais do processo de trabalho
poderá ser compreendida:
✓ como fruto de uma situação de crise da economia mundial;
✓como consequência do esforço intelectual de adaptação das tecnologias de informação,
desenvolvidas sobretudo por razões políticas durante os anos da Guerra Fria, ao processo
produtivo e de prestação de serviços como instrumento de enfrentamento da crise;
✓como resultado da necessidade de expansão dos mercados, própria do regime capitalista de
produção e fundamental em situação de crise;
✓ e como possibilidade vislumbrada pelos próprios trabalhadores de melhoria de suas condições
de vida, que a têm consentido, apesar de todos os problemas provenientes.
4.1 A crise econômica mundial
❑A crise econômica mundial, que pôs fim aos Anos Dourados, no final de 1960, prolongou-
se na década seguinte com o surgimento de novos padrões de concorrência em virtude da
multinacionalização do capital e da recuperação da economia japonesa, elevada à potência
mundial.
❑ A intensificação desse processo de multinacionalização do capital provocou uma nova
divisão internacional do trabalho ao transformar países da América Latina:
✓– Brasil, Argentina, México – e do Sudeste da Ásia – Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura,
Malásia, Indonésia, Filipinas –, até então exportadores de bens primários, em países
industrializados e exportadores de bens duráveis, acirrando a competição internacional e
ameaçando os interesses econômicos dos EUA e dos países de tradição industrial da
Europa.
❑ O novo cenário econômico mundial permitia identificar as razões do fraco crescimento
econômico e da persistência da crise:
▪ O esgotamento relativo do paradigma taylorista ortodoxo, aí incluído o paradigma fordista dele
derivado, por sua comprovada ineficiência produtiva, isto é, por sua rigidez tecnológica e
organizacional que inviabiliza a inovação de produtos com sua produção padronizada em massa;
▪ a instabilidade dos mercados, cuja consequência é a necessária adaptação da produção ao
dinamismo da demanda, assentada na exigência de qualidade do produto;
▪ o aparecimento de novos padrões de consumo que exigem a inovação de produtos;
▪ A globalização financeira da qual se tornaram reféns todos os países do mundo, sobretudo
aqueles em processo de desenvolvimento, onerando, com juros altos e desregulamentados, as
atividades produtivas já pressionadas pela elevação dos preços dos insumos industriais devido à
crise do petróleo, com a formação da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) em
1973;
▪ a rígida regulamentação dos mercados de trabalho em vários países industrializados e as
pressões sindicais que aumentaram os salários ao longo dos Anos Dourados e exigiram benefícios
sociais, com o consequente aumento de impostos e encargos sociais, dificultando a sobrevivência
de muitas empresas e/ou reduzindo consideravelmente a sua margem de lucros, o que significava
redução de investimentos.
❑ Mas das crises nascem as soluções, pelo menos temporárias, engendradas pela própria realidade em
crise.
❑ Assim, adaptando-se as tecnologias de informação de base microeletrônica, desenvolvidas sobretudo,
mas não exclusivamente, pela Nasa durante o período mais crítico da Guerra Fria, ao processo
produtivo e de prestação de serviços e conjugando-as aos métodos gerenciais do processo de trabalho
aprimorados no Japão (toyotismo), procedeu-se à reestruturação produtiva cujas características
principais permitem, nas palavras de David Harvey (1992, p. 141), “a flexibilidade dos processos de
trabalho, dos mercados de trabalho e dos padrões de consumo, desatando-se os três nós górdios que
provocaram a crise econômica mundial”.
❑ Não se pode negar ou mesmo minimizar a importância da introdução das novas tecnologias e das
novas técnicas gerenciais da produção na determinação da nova configuração do mundo do trabalho,
também não se pode negar que o seu interior é, em grande parte, definidor da natureza e da
cristalização das tendências econômicas, políticas, sociais e culturais na medida em que as repercute
direta e indiretamente.
❑ A globalização da economia e a introdução de novas tecnologias de base microeletrônica, conjugadas
à adoção de novas técnicas de gerenciamento do processo de trabalho – reestruturação produtiva –
para permitir a inovação e, assim, a reconquista e conquista de novos mercados foram, portanto, as
soluções encontradas para o enfrentamento da crise.
4.2 A globalização da economia
❑ As transformações da economia mundial, que dão origem a um novo modo de acumulação do
capital, e as transformações do processo de trabalho exigem novos rearranjos institucionais e/ou
uma nova regulamentação de todas as esferas da vida:
[...] uma materialização do regime de acumulação, que toma a forma de normas, hábitos, leis, redes de
regulamentação etc. que garantam a unidade do processo, isto é, a consistência apropriada entre
comportamentos individuais e o esquema de reprodução. Esse corpo de regras e processos sociais interiorizados
tem o nome de modo de regulamentação. (LIPIETZ, apud HARVEY, 1992, p. 117)
❑ Nasce, então, uma nova forma de acumulação do capital em substituição ao período fordista de
organização do processo de trabalho que David Harvey denominou acumulação flexível e Manuel
Castells economia informacional e global, cujas características podem ser assim sintetizadas:
✓ Internacionalização ou globalização da produção e dos mercados.
✓ Acirramento da competição internacional
✓ Desenvolvimento de uma nova lógica organizacional, que resultou na transição da produção em
massa para a produção flexível, ou do fordismo ao pós-fordismo, graças às novas tecnologias que:
[...] permitem a transformação das linhas típicas da grande empresa em unidades de produção de
fácil programação que podem atender às variações do mercado (flexibilidade do produto) e das
transformações tecnológicas (flexibilidade do processo) (CASTELLS, 1999, p. 176).
✓ Formação de redes entre pequenas e médias empresas sob o controle de sistemas de
subcontratação ou sob o domínio financeiro/tecnológico de empresas de grande porte, ou
formação de redes multidirecionais entre pequenas e médias empresas, como as das regiões
industriais italianas, por exemplo.
✓ Maximização da produtividade baseada em conhecimentos, “por intermédio do
desenvolvimento e da difusão de tecnologias da informação e pelo atendimento dos pré-
requisitos para sua utilização (principalmente recursos humanos e infraestrutura de
comunicações)” (CASTELLS, 1992, p. 226).
❑ A globalização não pode ser apenas compreendida como fenômeno econômico, como lembram
tanto Ianni (1996) quanto Giddens (2005).
❑ Ela atinge todas as esferas da vida e transformam as culturas nacionais
❑ No plano político, a globalização se expressa na formação dos grandes organismos
internacionais, como:
✓ ONU - Organização das Nações Unidas
✓ OEA - Organização dos Estados Americanos
✓ OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
✓ FMI – Fundo monetário internacional
✓ Banco Mundial -
✓ OCDE – Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico
✓ OMC - Organização Mundial do Comércio
✓ de blocos econômicos regionais, ou
✓ na assinatura de acordos multilaterais de cooperação, além, é claro,
✓ das constantes viagens internacionais dos governantes à procura de mercados para os
produtos nacionais – bens primários, em sua maioria, quando se trata de governantes de países
em desenvolvimento.
❑ No plano cultural, a globalização se expressa na internacionalização dos produtos
culturais das grandes economias mundiais:
✓ciência,
✓ tecnologia,
✓música,
✓ cinema,
✓ livros etc.,
❑ Que têm o poder de transformar desejos e expectativas das populações dos países
subdesenvolvidos.
❑ Essa adoção de valores e padrões importados de consumo, comportamento e estética
tendem a esgarçar a identidade nacional.
❑ Por essas razões, a globalização tem provocado polêmicas acaloradas em todas as partes
do mundo e, sobretudo, nos meios acadêmicos dos países em desenvolvimento.
4.3 A restruturação produtiva ou a nova lógica organizacional
Shitsuke:
senso de Seiton: senso
disciplina e de
autodisciplina organização
5S