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11/05/2022 15:14 Apontamentos sobre o nascimento da sociologia – Blog da Boitempo

Apontamentos sobre o nascimento da sociologia

A sociologia nasce como uma reflexão acerca dos


contornos da nova configuração histórica e num ambiente
marcado pela competição entre as visões de mundo do
conservadorismo, do liberalismo e do socialismo.

Publicado em 23/11/2012 // 29 comentários

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sociologia.jpg)

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11/05/2022 15:14 Apontamentos sobre o nascimento da sociologia – Blog da Boitempo

Por Ricardo Musse


(https://boitempoeditorial.wordpress.com/wp-admin/edit.php?
category_name=ricardo-musse)

A sociologia surgiu, na primeira metade do século XIX, sob o impacto da Revolução Industrial e da
Revolução Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses
acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova
sociedade.

O papel decisivo da “dupla revolução” foi amplificado pelo debate intelectual da época. A discussão
girava em torno do caráter exemplar desses eventos, com as opiniões divididas na avaliação de que se
tratava ou não de desdobramentos irreversíveis da história. As divergências na atribuição de
significado à “nova sociedade” consolidaram três correntes intelectuais e políticas: conservadores,
liberais e radicais.

A sociologia nasce, portanto, como uma reflexão acerca dos contornos da nova configuração histórica
– daí sua preocupação permanente em distinguir e contrapor a sociedade moderna às sociedades
tradicionais. E num ambiente marcado pela competição entre as visões de mundo do
conservadorismo, do liberalismo e do socialismo – daí seu esforço constante para se distinguir dessas
correntes, apresentando-se como uma alternativa, científica ou mesmo crítica, em relação a tais
modelos explicativos.

A ambição intelectual da sociologia, a tentativa de compreender, em um registro científico, a origem,


o caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade, levou-a a se apresentar como uma espécie de
contraponto em relação às demais disciplinas das “ciências humanas”. Assim, desde o início, a
sociologia procurou diferenciar-se da economia, da história, da geografia, da filosofia, da psicologia
etc.

O esforço para construir uma identidade própria por meio da superação das disciplinas rivais não se
deu apenas pela absorção de temáticas alheias, recuperadas como partes específicas do saber
sociológico, se prendeu, sobretudo, à pretensão de atingir um padrão de cientificidade na explicação
da vida social equivalente àquele alcançado pelas ciências naturais.

A sociologia concebe-se, assim, não apenas como a disciplina central no campo das “ciências
humanas”, mas como um saber comparável, em termos de explicação e previsão, às próprias ciências
naturais. Essa posição, no entanto, será contrabalançada, paulatinamente, pela compreensão de que
as determinações das possibilidades futuras da sociedade não podem ser preditas a partir dos
modelos do passado, o que levou a sociologia a situar-se, muitas vezes, como uma perspectiva crítica
perante as relações sociais vigentes.

Nas últimas décadas do século XVIII surgiram, na Europa, dois fenômenos decisivos para a
configuração do mundo moderno: a concentração da produção de bens na “fábrica”, base do sistema
econômico fabril, e a comunidade política de “cidadãos”, livres e com direitos iguais, vinculados ao
Estado-nação.

Hoje, tendo em vista os desdobramentos dessa matriz econômica e política, bem como o seu alcance
mundial, tornou-se consenso considerar tais transformações equiparáveis a marcos históricos como a
invenção da agricultura, da metalurgia, da escrita ou da cidade.

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Os contemporâneos desses eventos nunca entraram em acordo acerca da provável extensão dessas
mudanças. Mas isso não os impediu de vislumbraram prontamente a importância do conjunto de
acontecimentos que deflagraram as transformações econômicas ocorridas na Inglaterra a partir do
fim da década de 1760 e a reconfiguração política iniciada na França em 1789. Tais mudanças foram
percebidas, já à época, como uma reviravolta sem precedentes, como rupturas abruptas, como
“revoluções”, sobretudo por seu contraste com as formas predominantes no passado.

A Revolução Industrial surgiu na Inglaterra. O pioneirismo inglês explica-se pela consolidação, ao


longo do século XVIII, de uma série de fatores: (a) relações econômicas capitalistas que abrangiam
não só o comércio, as finanças e a produção manufatureira, mas inclusive as atividades agrícolas; (b)
uma política governamental orientada para favorecer o desenvolvimento econômico; (c) uma cultura
coletiva que não rejeitava o predomínio do dinheiro, valorizando, por conseguinte, a busca de lucro;
(d) um mercado mundial monopolizado pela supremacia militar e naval da Inglaterra, consolidado
pelas práticas do exclusivismo colonial e do escravismo.

No decorrer do século XIX, a industrialização, e os processos que a acompanham, expandiu-se pela


Europa e por determinadas regiões do planeta (como o norte dos Estados Unidos e o Japão). Em
todos esses lugares ocorreu um deslocamento de trabalhadores e de recursos monetários da
agricultura para a indústria, com o consequente aumento da sua participação no total de riquezas
produzidas. Com isso, o predomínio econômico da vida agrária, bem como a estrutura social
assentada em privilégios derivados da posse da terra, foi sendo substituído por relações econômicas e
sociais tipicamente urbanas.

O mundo do trabalho já havia se modificado substancialmente a partir do século XVII, sobretudo na


Inglaterra, com a penetração de relações capitalistas no campo. O cultivo comunal e a agricultura de
subsistência cederam lugar a uma atitude comercial, logo monetária, diante da terra. A implantação
de relações salariais no setor agrário, no entanto, foi uma modificação pequena perante o que
aconteceu na indústria.

Primeiro, a produção deixou de ser uma atividade individual, realizada na própria casa do
trabalhador segundo o ritmo ditado por sua habilidade e capacidade física. Tudo isso, em intervalos
de tempo que lhe permitia dedicar-se a outras tarefas, como a criação de animais e o cultivo da terra.

Os trabalhadores passaram a se concentrar em um só local, em fábricas, cada vez maiores,


intensificando a forma de organização iniciada pela manufatura. O trabalho parcelar tornou-se
coletivo, subordinado a um mecanismo constituído por máquinas capazes de realizar as mesmas
operações das ferramentas e movidas por uma única força motriz.

As aptidões especiais do artesão especializado tornaram-se dispensáveis. A racionalização dos


procedimentos, a divisão do trabalho no interior do processo produtivo, a linha de montagem
abriram espaço para a utilização do trabalho feminino e infantil. A disciplina implantada nas fábricas
subordinou a ação humana aos movimentos do maquinismo, mas também às relações salariais, à
vigilância da supervisão do capitalista e ao ritmo inexorável, à “tirania”, do relógio.

O modelo em que a produção era realizada por artesões, localizados em seus domicílios, em
pequenos vilarejos, desempenhando simultaneamente vários ofícios, tornou-se rapidamente obsoleto.
O sistema produtivo moderno subdividiu o trabalho entre imensas fábricas, superespecializadas, que
utilizam matérias-primas dos países mais distantes e abastecem com seus produtos os mercados do
mundo inteiro.   

A Revolução Industrial não modificou apenas os ritmos e as modalidades de organização do


trabalho. Alterou significativamente as formas e estilos de vida, o cotidiano e a cultura de todos os
segmentos da população.

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O fator que mais abalou as maneiras tradicionais de viver foi a crescente urbanização. A concentração
das fábricas em cidades manufatureiras, devido às facilidades de escoamento da produção, assim
como o incremento de atividades administrativas, educacionais, dos serviços em geral, incentivou
uma maciça transferência populacional. As cidades inglesas tornaram-se, em breve, as maiores da
Europa, um surto de crescimento intensificado pela redução das taxas de mortalidade, que deram
início ao ininterrupto aumento populacional característico do mundo moderno.

As principais consequências sociais da Revolução Industrial foram o crescimento da desigualdade e a


intensificação do conflito entre as classes. As novas relações de produção cristalizaram a separação
entre trabalhadores destituídos de meios de produção e empregadores capitalistas, aumentando
exponencialmente a disparidade social. O empreendimento fabril, cada vez mais complexo, passou a
exigir vultosos investimentos, consolidando uma restrita classe de capitalistas. Esta se mostrou
destemida a ponto de enfrentar os antigos senhores, e poderosa o suficiente para determinar os
rumos da vida política e econômica.

As figuras corriqueiras de capitalistas, o comerciante e o banqueiro, foram ofuscadas pelo “capitão de


indústria”, o responsável pela organização e controle das atividades na fábrica, que exercia o
comando impondo uma rígida disciplina sobre um exército de trabalhadores.

A classe trabalhadora, por sua vez, apesar do empobrecimento material e do desenraizamento social,
tornou-se mais numerosa, homogênea e concentrada. Nos grandes centros fabris, nas cidades
manufatureiras as rebeliões não tardaram.

Primeiro, foram insurreições contra as máquinas que dispensavam o trabalho do mestre


ferramenteiro ou economizavam trabalhadores. Nas primeiras décadas do século XIX, o movimento
ludista (que tomava por alvo as inovações, as mercadorias, e até mesmo os inventores) foi suplantado
por novas formas de conflito. O embate entre empregadores e empregados deslocou-se para a luta
sindical e política, estabelecendo outros objetivos: a redução da jornada diária de trabalho para 10hs,
a implantação da assistência social pública, a reforma do sistema eleitoral e do parlamento. Os
trabalhadores agruparam-se em partidos influenciados pela democracia radical e pelo socialismo.

A Revolução Industrial desencadeou e intensificou um incessante movimento de inovação


tecnológica, econômica e social – a generalização da economia industrial –, que mudou a face da
Terra. As novas relações econômicas decorrentes da organização do sistema produtivo em torno das
fábricas foi a chave para a implementação de “um novo ritmo de vida, uma nova sociedade, uma
nova época histórica”.

A passagem de sociedades tradicionais ao mundo moderno tornou-se um ideal e um objetivo quase


universais. O primeiro passo para a modernização social consistiria, então, em repetir os movimentos
da revolução industrial inglesa. O que aconteceu lá, de forma contingente e quase aleatória, tornou-se
objeto de planejamento, de ação deliberada. Na ausência das mesmas condições da Inglaterra à
época, a teoria social procurou destacar os elementos centrais daquele processo, repensando as
origens históricas e o desenvolvimento da sociedade moderna.

Para alguns se tratava de um processo puramente econômico dependente de altas taxas de


acumulação de capitais e de investimentos; de juros baixos; de uma gestão empresarial racionalizada;
de inovações tecnológicas e da ampliação do consumo. Para outros, as mudanças nas formas de
produção só se deslancham a partir da intervenção do Estado. Supõe uma burocracia governamental
eficaz voltada para a transformação da ordem social e institucional, facilitando uma maior
disponibilidade de capitais e de força de trabalho, de matérias-primas e de infraestrutura,
promovendo a desregulamentação do sistema produtivo e corporativo, incentivando reformas no
setor agrário, ampliando o sistema educacional etc.

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O triunfo da indústria capitalista modificou profundamente as mentalidades, consolidando os valores


propostos pelo Iluminismo. O projeto de libertar os indivíduos do tradicionalismo, da superstição, da
hierarquia baseada em critérios irracionais tornou-se um dos pilares da emergente sociedade
burguesa. Até mesmo o cultivo do “individualismo secular e racionalista” foi vinculado à perspectiva
de um crescimento econômico incessante.

A própria concepção de vida social alterou-se bruscamente. Não se tratava mais de seguir a tradição,
a estática de uma posição estabelecida pelo nascimento, mas de situar-se em uma dinâmica social em
constante transformação e movimento. O ritmo da modificação econômica fortaleceu a convicção
iluminista de que a racionalidade, o conhecimento, a riqueza, a tecnologia, o controle sobre a
natureza, em suma, a sociedade estaria sujeita a um progresso ilimitado. 

***

PARA COMEÇAR NO MARXISMO


Livros para quem está iniciando o percurso no marxismo

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21/12/marx-manual-de-instrucoes.jpg) 21/12/para-entender-o-capital-vol.-1_capa-
nova.jpg)

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(https://boitempoeditorial.files.wordpress.com/2021/12/curso-livre-engels.jpg)
Marx: uma introdução (https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/marx-uma-introducao-1070), de Jorge
Grespan
Neste livro, de caráter didático e introdutório, o autor não só expõe em prosa ágil o núcleo da crítica
de Marx à sociedade capitalista, mas também enfatiza a atualidade de seus conceitos para a
compreensão das transformações do capitalismo dominado pelas finanças e suas crises. 

Teoria econômica marxista: uma introdução (https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/teoria-economica-


marxista-uma-introducao-1077), de Osvaldo Coggiola
A obra apresenta os fundamentos da teoria econômica formulada por Karl Marx. De forma didática,
Coggiola identifica e desvenda os aspectos centrais da principal obra do filósofo alemão, como
capital, mercadoria, valor, mais-valor e trabalho. 

Marx, manual de instruções (https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/marx-manual-de-instrucoes-459),


de Daniel Bensaïd, com ilustrações de Charb
Nesse pequeno curto livro, o filósofo e ativista político francês Daniel Bensaïd (1946-2010) oferece
uma clara e elucidativa introdução à vida e obra do pensador alemão, combinando filosofia e dezenas
de quadrinhos do provocativo cartunista francês Stéphane ‘Charb’ Charbonnier, feitos especialmente
para a obra.

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Para entender O capital – Livro I (https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/para-entender-o-capital-429),


de David Harvey
Fruto dos mais de quarenta anos de cursos sobre O capital lecionados pelo geógrafo marxista David
Harvey em universidades ao redor do mundo, essa é uma obra ao mesmo tempo sintética e densa,
uma introdução para a compreensão do clássico de Karl Marx.

Curso Livre Engels: vida e obra (https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/curso-livre-engels-1158), de


Alysson Leandro Mascaro, José Paulo Netto, Ricardo Antunes, Marília Moschkovich e Virgínia
Fontes

Coletânea que articula uma introdução atraente ao pensamento de Engels com o rigor a que a leitura
de sua obra faz jus a partir de artigos que abordam múltiplas temáticas da vida e obra do autor –
como elementos biográficos, a constituição do proletariado enquanto categoria prática e teórica, a
crítica do Estado, do direito e da família, estudos antropológicos e o peso de Engels na fundação do
marxismo.

***

Ricardo Musse é professor no departamento de sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e


Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Doutor em filosofia pela USP (1998) e
mestre em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992). Atualmente, integra o
Laboratório de Estudos Marxistas da USP (LEMARX-USP) e colabora para a revista Margem Esquerda.
(https://www.boitempoeditorial.com.br/products/vitrine/revista-margem-esquerda)

Margem Esquerda
sociologia

21 comentários em Apontamentos sobre o nascimento da sociologia

1. Concordância verbal //
23/11/2012 às 8:17 pm //
Responder
“As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses acontecimentos
*criaram* a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova sociedade.”

2. Pedro //
24/11/2012 às 12:34 am //
Responder
Não sei exatamente o que dizer desse escrito sobre a sociologia. Sou de uma época em que o que
se dizia a respeito da sociologia era aquilo que escreveram Lukács e Wright Mills, respectivamente
em Assalto à Razão e Imaginação Sociológica. Pessoalmente considero a sociologia uma coisa
lamentável, coisa produzida pela covardia intelectual. Max Weber, pra mim, é alguém digno de
pena. Inventar um espírito para explicar a barbárie capitalista, é demais. Sugeriria ao autor da
matéria que lesse o tratado de Sismondi, Novos Princípios de Economia Política (Editora Segesta).
Duvido que se possa encontrar nos sociólogos – digo mesmo, muito ao contrário – algo
semelhante ao que afirma Sismondi: “O lucro do empresário não é outra coisa senão uma
espoliação do trabalhador que ele emprega. Ele não ganha porque sua empresa produz muito
mais do que ela lhe custa, mas porque ele não não paga tudo o que ela lhe custa, porque ele não
concede ao operário uma compensação suficiente pelo seu trabalho”. (p. 81). Os Novos Princípios
são de 1819/1827. Diante do que afirma aqui, Max Weber, que tomo aqui como sinônimo de
sociologia, não mereceria por parte de Marx nem o epíteto de apologeta. A pouca leitura que entre
nós se tem e se faz da Economia Política, muitas vezes confundida com economia, em inglês
economics, produziu um buraco teórico que não pode ser preenchido por aquilo que se apelidou
de filosofia e de sociologia. Ela é a ciência da sociedade capitalista e o marxismo é a sua crítica,
palavra que nem sempre é entendida como superação histórica, mas como correção dos erros
daquela ciência, que, por representar os interesses dos capitalistas, é vista negativamente como
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ideologia que tende a falsificar a realidade. Digo mesmo que Adam Smith e Ricardo são cientistas
exatamente porque expressam os interesses capitalistas. Ciência desinteressada é uma ideia no
mínimo muito pobre. Aristóteles põe a ciência lá no alto precisamente quando explica a
necessidade da escravidão. Marx faz algo muito semelhante quando demonstra a necessidade das
relações burguesas de produção.

Gustavo Teles //
17/03/2019 às 1:37 pm //
Responder
Texto muito bem escrito. A construção do seu argumento é muito coerente e acertada se
considerarmos que Weber é, realmente, sinônimo de sociologia. A crítica que faço é justamente
em cima desse reducionismo. Weber não é a sociologia, assim como Newton não é a física.
Criticar toda uma ciência atacando um só autor ( que nem é um dos nomes mais fortes dentro
da sociologia ) é um acinte. Quanto as críticas a Weber, concordo com a maioria de suas
colocações.

Suélen Acosta //
21/06/2019 às 2:40 pm //
Responder
A afirmação de que Max Weber “inventou um espirito para explicar a barbárie capitalista” é
tão reducionista, equivocada e preconceituosa sobre uma das mais importantes obras da
sociologia. De fato, entre as leituras clássicas, é a que melhor explica como a cultura (no
sentido antropológico) embasou o desenvolvimento do capitalismo. Descartar a importância
da cultura para analisar nossa sociedade é um erro fatal, que Weber não cometeu.

3. Lmslight //
24/11/2012 às 3:39 am //
Responder
Imaginar que até a época moderna o que predominou na Europa foi uma agricultura de
subsistência já não se sustenta frente aos novos estudos sobre a Idade Média. O desenvolvimento
de uma atitude comercial diante da terra já é bem visível a partir dos séculos XII e XIII. Na
verdade, esse desenvolvimento das relações comerciais no campo foi uma das causas do
crescimento urbano da baixa idade média. é claro que não havia a racionalidade que marca a
produção capitalista, mas como nos diz Jerome Baschet “o desenvolvimento urbano é suscitado
pelo dinamismo da zona rural, especialmente pela produção de excedentes que camponeses e
senhores vendem na cidade, e pela monetarização crescente dos pagamentos, o que obriga os
dependentes a aumentarem suas vendas e fornece aos senhores um numerário mais abundante.
Isso representa um impulso decisivo para as trocas e para o desenvolvimento urbano […]. É então
perigoso descrever o sistema feudal como uma economia dual, separando, de um lado, uma
economia rural de auto-subsistência e, de outro, uma economia de mercado animada pelas
cidades. […] O feudalismo não é a antítese do comércio” (Baschet. p. 155)

4. Maria Mary Ferreira //


29/11/2012 às 10:46 am //
Responder
As reflexões apresentadas por Musse em seus comentários sobre o nascimento da sociologia,
embora não traga muitas coisas novas, reflete ideias que nos ajudam a rememorar as razões da
sociologia. Seu livro sistematiza um conjunto de ideias e atualiza para todas nós os grandes
debates e embates da sociologia que nasce no Século XIX, polemiza no Século XX explicando as
contradições do mundo moderno e tras para Século XXI as persplexidades que estamos
vivenciando neste momento. . Vou comprar, ler e adotar entre os meus alunos da Universidade
Federal do Maranhão.

Mary Ferreira,professora de sociologia do Curso de Biblioteconomia – UFMA.

5. paixão silva //
23/09/2013 às 8:37 pm //
Responder
MUITO BOM,ADOREI…

6. evanilda f mota //
28/04/2015 às 11:21 am //
Responder
o que será acontecerá com os meus netos no futuro

evanilda

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11/05/2022 15:14 Apontamentos sobre o nascimento da sociologia – Blog da Boitempo

7. evanilda f mota //
28/04/2015 às 11:23 am //
Responder
o que será acontecerá com os meus netos no futuro.

evanilda

8. Adjailma //
06/04/2016 às 1:02 pm //
Responder
Eu quero as pegustas pfv

9. Luiz Mariel //
12/04/2016 às 9:54 pm //
Responder
A sociologia veio contribuir para as outras ciências educacionais favorecendo assim o
entendimento das pessoas perante seu papel na sociedade porque ” através da educação que nós
se libertamos, a educação liberta o homem.

10. Victor //
24/03/2017 às 6:31 pm //
Responder
Por que a revolução industrial e a revolução francesa foram marcos relevante para o nascimento
da sociologia?

Gustavo Teles //
17/03/2019 às 1:41 pm //
Responder
Porque é a partir delas que nascem as grandes metrópoles. Os grandes centros urbanos. E com
eles os problemas da sociedade moderna, é essa necessidade que estimula o nascimento da
sociologia.

A questão era: temos muitos problemas sociais, mas nenhuma ideia de qual é o melhor
caminho a seguir. Não entendemos *cientificamente* o que é a sociedade.

11. Jonas //
19/06/2017 às 2:51 pm //
Responder
Parabens pela matéria, me agregou muito

12. Janes Teixeira //


20/08/2017 às 12:38 am //
Responder
Independentemente o capitalismo, socialismo e comunismo todos lutam para serem e
perpetuarem no poder, creio caber ao cidadão a necessidade de conhecer sobre organização dos
estados onde infelizmente é necessário a organização de poderes para ajudar a manter a ordem,
mas para isso criamos leões, hienas e lobos vorazes que hora nos protegem, mas também nos
devorá, a população se tivesse melhor conhecimento alternava em no máximo de 4 em 4 anos o
tipo de animal predatório, para não ser controlado por eles!

13. d6e4ewiueiir @ hotmail.com //


01/09/2017 às 11:56 pm //
Responder
otima ,materia

14. Maísa //
02/03/2018 às 5:57 pm //
Responder
Sensacional esta matéria, de muito valor!!

15. luana beatriz //


23/08/2018 às 9:21 pm //
Responder
amei sociologia e minha materia favorita e ainda me ajudou muito com minha atividade
OBRIGADA!!

16. Gilberto C. Schaper //


25/08/2018 às 6:07 pm //
Responder
O texto abordou de forma singular a importância da Revolução Industrial para o surgimento da
Sociologia.

17. Kamila //
16/02/2019 às 3:29 pm //
Responder
Entendi naaaaaada!

18. Juliana //
20/03/2019 às 4:27 pm //
Responder
Achei o conteúdo ótimo

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