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Pe
PMax
D
QSMax Qe QD Max Q
Excesso de procura
Figura 3.1 Fixação de um preço máximo num mercado
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3.1.1 Preços máximos
Com a fixação administrativa de um preço máximo, este será o preço que tenderá a
vigorar no mercado uma vez que a medida governamental não permite a atuação das
forças de mercado na convergência para o preço de equilíbrio; com efeito, a tendência de
ajustamento num mercado concorrencial seria para a subida do preço até ao nível de
equilíbrio.
Note-se que, se o mercado fosse livre, o bem seria racionado através do preço. Sem a
fixação do preço máximo, o preço de mercado seria igual ao preço de equilíbrio e a
quantidade oferecida seria igual à quantidade procurada. Neste caso, todos os
consumidores que estão dispostos a comprar o bem a esse preço conseguiriam adquirir o
bem e todos os produtores que desejam vender conseguiriam vender.
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3.1.1 Preços máximos
Efeitos de uma renda controlada no curto prazo Efeitos de uma renda controlada no longo prazo
S
P P
S
Pe Pe
PMax PMax
D
Excesso de procura
Excesso de procura D
Qs Qe QD Max
Quantidade
Qs Max Qe QD Max
Quantidade
Max de
de
habitações habitações
para para
arrendar arrendar
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3.1.1 Preços máximos
A Figura 3.2 (a) ilustra os efeitos da fixação de uma renda máxima no curto prazo no
mercado de arrendamento:
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3.1.1 Preços máximos
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3.1.1 Preços máximos
1. Excesso de procura.
O processo de distribuição do bem deixa de ser feito pelo mecanismo do preço e passa a
ser feito de outra forma.
Por exemplo, as filas de espera são uma forma de racionamento do bem.
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3.1.2 Preços mínimos
Uma medida desta natureza só terá efeito se o preço for fixado acima do preço de
equilíbrio; caso contrário, se o preço mínimo fosse inferior ao preço de equilíbrio, a medida
de política não teria qualquer efeito, visto que o mercado tenderia para o ponto de
equilíbrio. P
A B
PMin S
E
Pe
D
QDMin Qe QSMin Q
Excesso de oferta
Figura 3.3 Fixação de um preço mínimo num mercado
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3.1.2 Preços mínimos
Com um preço mínimo, este será o preço que tenderá a vigorar no mercado uma vez que
a medida governamental não permite a atuação das forças de mercado na geração de um
equilíbrio; com efeito, a tendência de ajustamento num mercado concorrencial seria para a
descida do preço até ao nível de equilíbrio.
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3.1.2 Preços mínimos
12
3.1.2 Preços mínimos
Vamos supor que a restrição da área agrícola desloca a curva da oferta para a esquerda.
Note-se que haverá uma grandeza dessa deslocação que permite que o preço mínimo
não tenda a gerar excesso de oferta no mercado. Mas esta medida gera também
ineficiência económica, como vamos ver no capítulo 4.
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3.1.2 Preços mínimos
Numa economia, não há um único mercado de trabalho, mas vários mercados de trabalho
para diferentes tipos de trabalhadores, nomeadamente trabalhadores qualificados e
trabalhadores não qualificados. No caso do mercado de trabalho qualificado, a imposição
do salário mínimo não terá qualquer efeito, visto que o salário mínimo legalmente
estabelecido é, em geral, inferior ao salário de equilíbrio nesse segmento do mercado de
trabalho.
Considere-se o segmento do mercado de trabalho não qualificado, em que:
- P é o salário/mês e
- Q é a quantidade de trabalho não qualificado/mês.
No mercado de trabalho, a oferta de trabalho é determinada pelos trabalhadores e a
procura deste fator é determinada pelos empregadores. Na ausência da imposição de um
salário mínimo, o salário de equilíbrio seria Pe e a quantidade seria Qe .
Tendo em atenção a Figura 3.3, suponha que é fixado um salário mínimo igual a PMin .
Para o salário mínimo PMin, a quantidade procurada de trabalho é QDMin e a quantidade
oferecida é QSMIn.
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3.1.2 Preços mínimos
Tomando por referência a figura 3.3, a fixação de um salário mínimo ao nível PMin tem as
seguintes consequências no mercado de trabalho, relativamente à situação de livre
concorrência:
a quantidade procurada de trabalho é igual a QDMin ,
o emprego, i.e., o número de postos de trabalho preenchidos, diminui num montante
igual a (Qe – QDMin) ,
há um conjunto de trabalhadores dispostos a oferecer trabalho a um salário inferior
ao salário mínimo (QSMin - Qe) .
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3.1.2 Preços mínimos
1. Excesso de oferta.
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3.2 Quotas de produção
(ii) Limitação da quantidade total oferecida num dado mercado, por via indireta:
- por um número máximo autorizado de produtores/vendedores,
- numa área máxima de cultivo (e.g., agricultura) ou
- num número máximo de dias de exploração do recurso (e.g., pesqueiro, cinegético).
Exemplos:
(i) - bens agrícolas e pecuários, como no caso da Política Agrícola Comum da União Europeia,
- quanto aos direitos de captura de sardinha e bacalhau, é estabelecido um máximo e são
estabelecidas quotas às frotas pesqueiras de cada um dos países membros da União Europeia;
estas quotas são negociadas e, depois de aprovadas e impostas pelo Conselho Europeu, são
administradas pela Comissão Europeia e pelos governos nacionais.
(ii) - atribuição de alvarás de táxi (licença transacionável) e fixação de um número máximo de
alvarás numa cidade.
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3.2 Quotas de produção
Historicamente, têm sido estabelecidas quotas de produção nos mercados agrícolas, que
se traduzem em:
- quantidades máximas que cada agricultor pode produzir e vender de um dado bem (e.g.,
quotas de produção leiteiras estabelecidas no passado pela UE à produção de leite nos
Açores) ou
- em limites máximos à área cultivada.
Nota: De lembrar que a fixação de preços garantidos à produção agrícola pode gerar, de
per si, excesso de oferta. Um modo de contrariar este efeito é conjugar a administração de
preços com um mecanismo de administração da produção quantitativo, por ex., quotas.
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3.2 Quotas de produção
P
S
QT Qe Q
Como ilustra a figura 3.4, a introdução de uma quota de produção estabelece uma
restrição à quantidade (legalmente) transacionada no mercado ao nível QT .
A diminuição da oferta torna sustentável um preço de mercado superior ao preço de
equilíbrio sem intervenção. Com efeito, quando o preço no mercado está ao nível do
preço ao qual a curva da procura interseta a restrição estabelecida pela quota máxima
fixada administrativamente, a quantidade que os consumidores desejam comprar é igual à
quantidade que os produtores podem produzir e vender.
Em conclusão, a esse novo preço de equilíbrio, a quantidade legalmente transacionada no
mercado (QT ), é igual à quota de produção, i.e., QT = Quota.
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3.2 Quotas de produção
2. Ao preço ao qual a curva da procura interseta a restrição estabelecida pela quota máxima
fixada administrativamente, a quantidade que os consumidores desejam comprar é igual
à quantidade que os produtores podem produzir e vender.
3. No caso (i) visto atrás, fixação de uma quantidade máxima do bem que pode ser
oferecida no mercado, há efeitos de desperdício de recursos. Por ex., no caso da pesca
(a finalidade da quota é a preservação de uma espécie ou várias), na extração de uma
espécie, caso não haja quota para a comercialização de outra espécie que é extraída
conjuntamente com essa outra, esse peixe é lançado ao mar.
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3.2 Quotas de produção
Quanto mais elástica a procura do bem, menor o aumento do preço de mercado do bem.
Na situação extrema de uma curva da procura perfeitamente elástica, a fixação de uma
quota de produção não teria efeito sobre o preço de mercado; este seria igual ao preço de
equilíbrio sem intervenção.
Se o objetivo do governo é a proteção ou aumento da receita da produção ou do
rendimento dos produtores, a fixação da quota de produção seria, neste caso, uma
medida totalmente ineficaz.
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.
3.3 Impostos e subsídios
O imposto implica uma diferença entre o preço pago pelos consumidores e o preço
recebido pelos produtores.
O objetivo neste ponto é, especificamente, fazer uma análise de incidência de um imposto
específico, i.e., analisar quem suporta o imposto.
Vamos supor que o governo lança um imposto específico igual a t u.m. por unidade de
produto vendido. Para determinar diretamente o preço pago pelos consumidores, devemos
deslocar a curva da oferta para cima pelo montante do imposto t . A nova curva da oferta
passa a ser S(PC) , representada na Figura 3.5. Porquê?
Na presença de um imposto específico, temos que distinguir sempre entre o preço pago
pelos compradores/consumidores e o preço recebido pelos vendedores/produtores.
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3.3 Impostos e subsídios
S (PC)
P
S (PP)
PF F
E1
PC Figura 3.5
Pe Eo Imposto específico.
PP M
D
Q1 Qe Q
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3.3 Impostos e subsídios
- Após o imposto, o equilíbrio passa de Eo para E1, ponto onde a curva da oferta S(PC)
interseta a curva da procura D.
Em termos percentuais:
PC − Pe
= percentagem do imposto suportada pelos consumidores;
t
Pe − PP
= percentagem do imposto suportada pelos produtores.
t
Dito de outro modo, e tendo em conta (1) e (2), se a elasticidade preço da procura for
inferior à elasticidade preço da oferta no equilíbrio de mercado, a maior parte do imposto é
suportada pelos consumidores.
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3.3 Impostos e subsídios
S (PC)
S (PP)
P
V
PV F
C
PC
G E H
PH Figura 3.6
Incidência tributária e
elasticidade preço da procura.
D
QH Q1 QV Q
Vamos supor que é lançado um imposto específico igual a t por unidade de produto. A
curva da oferta desloca-se verticalmente para a esquerda, sendo a distância EF igual a t .
.
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3.3 Impostos e subsídios
P
V S (PC)
S (PP)
PR R
H (PC) Figura 3.7
E
Pe H (PP) Incidência tributária e
elasticidade preço da oferta.
QH Qe Q
.
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3.3 Impostos e subsídios
Dito de outro modo, e tendo em conta (1) e (2), se a elasticidade preço da procura for
inferior à elasticidade preço da oferta no equilíbrio de mercado, os consumidores
beneficiam da maior parte do subsídio.
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3.4 Aplicações
a) Que variáveis se tem que assumir como constantes para representar graficamente estas
duas funções?
b) Determine o preço e a quantidade de equilíbrio e proceda à representação gráfica dessa
situação.
c) Suponha que é implementada pelas autoridades a administração do preço, com o objetivo
de que, no mercado, P = 4 . Vai originar-se um excesso da oferta ou um excesso da
procura no mercado? Trata-se de um preço máximo ou de um preço mínimo? Justifique.
d) Suponha que o governo decide subsidiar este bem, concedendo um subsídio de 1 u.m.
por unidade transacionada do bem. Como se vai agora representar o mercado e que
alterações se verificam no equilíbrio de mercado? Proceda à representação gráfica.
e) Analise o modo como se repartem os benefícios do subsídio entre produtores e
consumidores em equilíbrio neste mercado. Calcule o valor do benefício recebido pelo
conjunto dos consumidores e pelo conjunto dos produtores no mercado, em resultado da
concessão deste subsídio específico pelo governo.
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3.4 Aplicações
Exercício 2:
Considere que, no mercado do bem X, a procura pode ser expressa pela função:
Qd = 7 500 – 15 P .
Sabe-se, ainda, que vigora neste mercado um imposto unitário e que a função oferta
de mercado, dado o imposto, é descrita pela expressão:
Qs = – 180 + 9 P .
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3.4 Aplicações
Soluções:
1.
a) É necessário admitir que todos os fatores capazes de influenciar a quantidade procurada,
para além do preço do próprio bem não se alteram - rendimento dos consumidores,
preferências dos consumidores, preços de bens relacionados. No caso da função oferta, é
necessário admitir que todas as variáveis suscetíveis de influenciarem a quantidade
oferecida, para além do preço do próprio bem permanecem constantes - estádio da
tecnologia, custos de produção, preços de bens relacionados.
b) P + Qd = 10 ⇒ Qd = 10 – P Qd≥0 : 0≤P≤10
P = Qs + 2 ⇒ Qs = – 2 + P Qs≥0 : P≥2
Qe = 4
Pe = 6
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3.4 Aplicações
c) PAdministrado = 4 < Pe = 6
No mercado há um excesso de procura, no montante de 4 unidades do bem:
Qd (P = 4) = 6 unid. Qs (P = 4) = 2 unid.
Para que esta fixação de preço tenha eficácia no funcionamento do mercado terá que ser
um preço máximo, caso contrário haveria uma tendência de ajustamento para o preço de
equilíbrio.
d) Um subsídio ao produtor pode ser representado como uma deslocação da curva da oferta
de mercado. Para qualquer quantidade transacionada: PC = PP – 1 .
PC = PP − 1
Qs = Qd PP = 6,5
⇔ PC = 5,5
Qd = 10 − PC Q ' e = 4,5
Qs = PP − 2
P
S (PP)
S (Pc)
6,5
5,5
4 4,5 Q 37
3.4 Aplicações
Pe − PC
= (6 – 5,5) / 1 = 0,5
Subs.
Do total gasto pelo governo, os montantes que revertem a favor do conjunto dos
consumidores e do conjunto dos produtores são os seguintes:
- Total de subsídio de que os consumidores beneficiam:
4,5 unid. transacionadas * 0,5 u.m. = 2,25 u.m.
- Total de subsídio de que os produtores beneficiam:
4,5 unid. transacionadas * 0,5 u.m. = 2,25 u.m.
- Total da despesa efetuada pelo Estado:
4,5 unid. transacionadas * 1 u.m. = 4,5 u.m.
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3.4 Aplicações
2.
a) Qd = Qs(PC) ⇔ 7 500 – 15 P = – 180 + 9 P
Donde: P’e = 320 = Pc Pp = 320 – t Q’e = 2 700
b) Qd = Qs ⇔ 7 500 – 15 P = – 90 + 9 P
Donde: Pe = 316,25
Qe = 2 756,25
Pp = ?
2 700 = – 90 + 9 Pp ⇔ Pp = 310
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Exercícios da Sebenta #2 que dizem respeito ao capítulo 3
Capítulo 3:
Exercício 2
Exercício 6
Exercício 7
Exercício 8 (resolvido na aula)
Exercício 14: 1, 2, 4 e 5 (i.e., exceto a questão 3). As questões 1, 2 e 4 dizem respeito ao
capítulo 2 e a questão 5 diz respeito ao capítulo 3.
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