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I . Introdução. Mercados e Eficiência.

Intervenção do Estado
(Cont.)

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Monopólio (Empresa com poder de mercado)

 Caso extremo de concorrência imperfeita (uma única empresa no mercado).

 A empresa vende produtos sem substitutos próximos. Produtos considerados únicos

por parte dos potenciais consumidores.

 A empresa tem o controlo total sobre a atividade e serve a totalidade do mercado.

 A Empresa enfrenta uma procura com inclinação negativa (não horizontal).

 O aumento da quantidade vendida é realizado à custa de reduções de preço. A

empresa tem margem de decisão sobre o preço , mas a decisão sobre a alteração
do preço influencia a quantidade vendida.

 Os verdadeiros monopólios são raros, existem apenas devido a alguma forma de

regulação ou proteção governamental.

 No longo prazo nenhum monopolista se encontra completamente livre de ser

atacado por concorrentes.
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Poder de mercado

 Grau de controlo que uma empresa ou um pequeno número de

empresas tem sobre o preço e as decisões de produção.

 Capacidade de se praticarem preços superiores ao custo marginal

(medida de desempenho).

 Capacidade que uma empresa tem de fazer subir o preço de um bem

sem perder todos os clientes.

 O poder de mercado pode ser muito elevado (no caso de a empresa

ser a única a vender um produto sem substitutos próximos).

 Mas ser a única empresa não significa poder de mercado ilimitado (a

subida de preço implica sempre o custo de aceitar uma redução na
quantidade vendida) 34

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Quanto maior o número de

menor a capacidade para
empresas a oferecerem
determinar o preço (mais
produtos semelhantes (e
condicionadas a praticar
quanto mais homogéneo for o
preços idênticos às rivais)
produto no mercado)

O poder de mercado pode ser medido através do Índice de Lerner

(medido pela percentagem de margem sobre o custo marginal)

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Índice de Lerner

Índice de Lerner Individual (Li)

𝑃 − 𝐶𝑚𝑔𝑖
𝐿𝑖 =
𝑃

No mercado o Índice de Lerner é dado por:

𝑃 − 𝐶𝑚𝑔𝑖
𝐿= 𝑆𝑖
𝑃
Si = quota de mercado

O Índice varia entre 0 e 1:

Maior Índice significa maior margem das empresas nesse mercado sobre
o custo marginal (maior a distância entre o preço praticado e o preço
de concorrência perfeita (P = Cmg)), ou seja, maior o grau de poder de
mercado.
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O Índice de Lerner relaciona-se com a elasticidade procura-preço:

Índice de Lerner = =
ɛ

ɛ = elasticidade procura-preço

O Índice de Lerner depende da elasticidade da procura:

Menores
margens,
Procura mais Menor poder de
elástica Menor mercado
capacidade para
fixar preços

Em concorrência perfeita o Índice é igual a zero: P=cmg; procura

perfeitamente elástica (elasticidade infinita); a margem na última unidade
vendida é nula.

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Receita Marginal

Rmg = P + (dP/dQ) . Q P
Receita total perdida
P
Condição de maximização de lucro:
Rmg = Cmg Receita total ganha
D
Então:
Cmg = P + (dP/dQ) . Q

Q Q
Dividindo ambos os termos por P:
Cmg/P = 1 + ((dP/dQ).(Q/P))

Cmg /P = 1 – (1/ ɛ )

Cmg = P (1 – (1/ ɛ ))

Substituir Cmg = P (1 – (1/ ɛ )) na expressão

=
ɛ 38

38

Rmg = RT / Q
(Receita adicional da empresa associada à venda de uma unidade adicional
do produto no mercado)
RT = P x Q = (a – bQ) x Q = aQ – bQ^2
Rmg = RT / Q = a – 2bQ (derivada da RT em ordem a Q)

P  a  bQ

Rmg  a  2bQ
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Procura, Receita Total, Receita Marginal

P

Q
RT

Q
Rmg

Q
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A decisão em Monopólio – Decisão com poder de mercado

L = RT - CT
P

Cmg

P*
CM

Rmg D

Q* Q

Condição: Rmg = Cmg

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Encerramento da empresa monopolista no c.p.

Cmg CVM

D
Rmg

Quando o CVM está sempre acima da procura (ou receita média), a

empresa deve sair do mercado.

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Elasticidade da procura e decisão da empresa

a) b)
P P

P1 Cmg Cmg
P2
D2
CM Cmg2 CM

Cmg1
Rmg2
Rmg1 D1

Q1 Q Q2 Q

O poder de fixar preços (poder de mercado) depende da reação dos consumidores a variações dos
preços.
Empresas que enfrentam uma procura menos elástica (situação a) podem praticar margens mais
elevadas, preços mais elevados (consumidores são menos sensíveis)
Na situação a) a procura é menos elástica (maior declive na curva da procura), a diferença entre o
Preço praticado e o Cmg é maior (maior margem relativamente à situação b)

Índice de Lerner = =
ɛ 43

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EXERCÍCIOS - Empresa com poder de mercado

Exercício 3
A procura do bem X pode ser descrita pela expressão:
QD =1000 – 10P. O custo total da única empresa no mercado do bem X é :
CT = 1000 + 20Q + 0.25Q2.
Qual o lucro desta empresa?

Exercício 4
A procura do produto de uma empresa é descrita por:
QD = 100-P. Os custos da empresa são praticamente nulos.
a) Qual deve ser o preço a praticar pela empresa?
b) Qual a elasticidade da procura da empresa?

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Exercício 5
Uma empresa monopolista defronta uma função procura de mercado: P
= 1000 – 2Q , tem um Custo Variável Médio constante igual a 200 e um
Custo Fixo também igual a 200.
a) Apresente a função Custo Total e Receita Total do monopolista.
b) Qual a produção que maximiza o lucro da empresa? A que preço
vende essa produção?

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Discriminação de preços

Empresas com poder de mercado podem aumentar os lucros através da discriminação

de preços: Situação em que o mesmo produto é vendido a preços diferentes.

A A empresa for fixadora de preços;

discriminação
é possível e A empresa identificar o perfil da procura do consumidor
lucrativa se: potencial;

Os consumidores não desenvolverem atividades de

arbitragem (comprar o bem num mercado a baixo preço e
vender a preço mais elevado).

Possível efeito económico da discriminação de preços:

- Melhoria do bem-estar económico. Praticar preços diferentes (preços mais
altos aos que querem pagar mais e preços mais baixos aos que querem pagar
menos) aumenta os lucros da empresa e a satisfação dos consumidores.
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Preços diferentes consoante:

 Consumidor
 Quantidade
 Mercado

Regras para Conseguir identificar a valorização que cada consumidor faz

aumentar o do produto (quanto melhor essa identificação maior será o
lucro: lucro).

Concessão de descontos de quantidade.

Praticar preços diferenciados para segmentos diferentes

(preços mais elevados onde a elasticidade da procura é
menor).

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Algumas dificuldades:

 Identificar os consumidores segundo características relacionadas com a

elasticidade da procura.

 Identificar consumidores que valorizem o produto de forma distinta.

 Vender o bem ao preço correspondente à disposição a pagar (levar os

consumidores a revelarem o máximo que estariam dispostos a pagar).

 Separar de forma eficaz os diferentes grupos de consumidores.

 Manter os diferentes segmentos separados (impedindo revenda).

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Os ganhos com a discriminação de preços

 Depois de vender Q1, ainda resta uma procura por satisfazer (procura
residual). A empresa pode aumentar o lucro se praticar um preço mais
reduzido para esta procura.
 Se praticar preço único, a empresa opta por não vender mais (teria de
diminuir o preço para todas as unidades vendidas).
 Se praticar discriminação, pratica um preço mais reduzido pelas unidades
vendidas adicionais (garantindo que os consumidores representados pela
procura à esquerda de Q1 não adquiram a preços inferiores).

P1
P2 Cmg

Rmg D
Q1 Q2 Q 49

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 O aumento do número de preços praticados pela empresa conduz ao

aumento do lucro.
 Situação ideal (para a empresa): quando consegue identificar a valorização
que cada consumidor atribui ao bem e cobra-lhe esse valor – discriminação
perfeita ou discriminação de 1º grau.

Discriminação de 1º grau (Discriminação Perfeita de Preços)

 Discriminação por consumidores e por unidades de produto.

 A empresa segmenta o mercado de modo a vender cada unidade adicional
pelo valor máximo que os consumidores estão dispostos a pagar.
 O excedente do consumidor é totalmente capturado pela empresa.

P
Aumento da
RT

P’ D
50
Q’ Q

50

Discriminação de 2º grau

 Os preços são diferentes em função da quantidade comprada.

P1

P2

P3

Q1 Q2 Q3 Q

 A empresa apenas arrecada parte do excedente do consumidor.

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Discriminação de 3º grau
 Empresa cobra preços diferentes para grupos de consumidores (ou mercados)
diferentes.
 Em cada mercado pratica o mesmo preço.
 Não existência de arbitragem.

P P P

P2 Cmg
P1
Cmg
D2 Rmg
D1
Rmg1 Rmg2

Q1 Q Q2 Q Q

 A empresa maximiza o lucro igualando a Rmg de ambos os mercados ao Cmg.

 A empresa cobra o preço mais elevado onde a elasticidade preço da procura
for menos elastica. 52

52

Excedente do consumidor

Medida monetária do benefício que um consumidor deriva do consumo de

um bem a dado preço no mercado.

Diferença entre o preço efetivamente pago pelo consumidor e o preço que

o mesmo estaria disposto a pagar pelo bem.

Excedente do produtor

Benefício (monetário) total que obtém por produzir ao nível que maximiza
os lucros.

(E.P = Lucro + CF ou E.P = RT – CV)

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Excedentes no mercado concorrencial

P
Excedente Agregado do Consumidor

Pe

D
Excedente Agregado do Produtor

Q
qe

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Poder de mercado e bem-estar social – Perda de eficiência

(equilíbrio de l.p.)

Perda de eficiência.
P
Perda social de bem-estar
se a indústria deixar de
2 funcionar em condições de
Pm concorrência perfeita para
operar em condições de
L 1 Cmg = CM monopólio.
Pc.p
Redução de excedente gerado
pelo poder de mercado.
D
Rmg

Qm Q c.p Q

A empresa monopolista produz , em geral, uma quantidade menor e pratica

um preço mais elevado, relativamente à empresa concorrencial.
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Poder de mercado e bem-estar social – Perda de eficiência

(equilíbrio de l.p.)

P
Em concorrência perfeita (c.p):
Max. Lucro verifica-se quando P = Cmg
2
(interseção da curva da procura com a curva do
Pm Cmg)
Quantidade em concorrência perfeita = Qc.p
L 1 Cmg = CM Preço praticado em concorrência perfeita = Pc.p
Pc.p

D
Rmg

Qm Q c.p Q

Em monopólio:
Max. Lucro verifica-se quando Rmg = Cmg (interseção da curva da Rmg com a curva do
Cmg)
Quantidade em monopólio= Qm
Preço praticado em monopólio = Pm
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Em concorrência perfeita

Excedente do Produtor = 0 (igual ao lucro = 0 , dado não existirem custos fixos)

Excedente do Consumidor = área (2 + L + 1 )(área acima do preço e abaixo da curva da
procura)

Em monopólio (preço único)

Excedente do Produtor = área L (igual ao lucro, dado não existirem custos fixos)
Excedente do Consumidor = área 2

Em monopólio (discriminador perfeito)

Excedente do Produtor = área (2 + L + 1) (o produtor arrecada todo o excedente do

consumidor)
Excedente do Consumidor = 0

Em termos de eficiência, o monopólio com discriminação perfeita e a concorrência perfeita

geram o mesmo resultado.

Outro motivo que faz com que o poder de mercado possa ter custos sociais: possibilidade
de as empresas operarem com custos acima do nível mínimo. Dado não existir pressão
concorrencial, os incentivos para manter os custos são mais fracos e podem surgir
desperdícios de recursos (níveis de ineficiência) 57

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Exercício 6 – Monopólio vs concorrência perfeita

Num determinado mercado a curva da procura é dada por:
P = 1000 – QD. Os custos marginais de produção nesse mercado são
constantes e iguais a 100.
a) Qual seria o preço e a produção deste produto socialmente ótimos?
b) Qual será a perda de bem-estar que o monopólio implica?

Exercício 7 – Discriminação de preços

Uma empresa, única no mercado, produz o bem X com um custo
médio: CM = 2+2Q e enfrenta uma procura descrita por:
P = 146 – QD .
a) Determine o lucro desta empresa.
b) A empresa pondera também vender num mercado externo onde a
função procura é dada por P = 110 – 4QD. Dada a informação,
recomende uma estratégia (de preços) para a empresa. A empresa
irá beneficiar com a venda nos dois mercados?

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