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ECONOMIA POLÍTICA II

Docente: Vítor Calvete


Bibliografia: Economia, um texto introdutório 3º edição, Prof. Manuel Porto
Aluna: Teresa Margarida Santos Figueiredo
Ano letivo: 2020/2021
-REVISÃO DE CONCEITOS REFERENTES AO MONOPÓLIO-

MONOPÓLIO

Estamos perante o mercado de monopólio.

Curva da procura- AR (pode configurar-se também como curva das receitas


médias), com inclinação negativa. MC-curva dos custos marginais (azul),
positivamente inclinada que cruza com a curva dos custos médios (ATC).
Curva também negativamente inclinada, abaixo da curva da procura- MR:
está ligada necessariamente à curva da procura, assinala, portanto, aquilo que
acontece em formas de mercado que não correspondam à concorrência
perfeita, na concorrência perfeita o preço é igual à receita marginal, nas
outras formas de mercado designadamente o monopólio, a receita marginal
fica sempre abaixo da linha do preço. Ponto B- vertical da quantidade que a
passar na curva dos custos médios, no ponto b encontramos uma diferença entre o custo médio e o preço
(preço representado em A). Na interseção entre custos marginais, curva a azul, com o ponto em que ela
cruza com a receita marginal, temos o ponto em que se estabelece a quantidade ótima de monopólio. O que
o monopolista faz é determinar o ponto em que a última unidade que ele produz lhe custa exatamente o
mesmo que vai receber pela sua venda, portanto, ao monopolista produzir a última unidade custa-lhe o
custo marginal, recebendo então a receita marginal. Portanto, o ponto de cruzamento entre a linha azul e a
linha rosa, interseção entre receita marginal e o custo marginal, é o ponto escolhido pelo monopolista para
produzir as quantidades- Q. É o ponto ótimo, mas não é o preço ótimo, o preço ótimo do monopólio obtém-
se pelo prolongamento da vertical desse ponto até à curva da procura. Portanto, o preço ótimo está
assinalado na curva da procura, no ponto A.

O preço é P, eixo vertical, as quantidades são Q, eixo horizontal, as quantidades foram determinadas pelo
ponto de interseção entre CM e RM, e depois, o P foi escolhido de forma que essa Q de produção fosse
escoada no mercado. Um P mais elevado do que P, impediria que as Q totais fossem absorvidas pelo
mercado, e o preço inferior a P levaria que houvesse um excesso de procura em relação à oferta disponível,
e sobretudo do ponto de vista do monopolista corresponderia a um preço que ficaria aquém daquele que ele
consegue obter e, portanto, diminuiria o valor dos lucros que nesse diagrama é representado a rosa como
Super normal profits.

RECEITA DO MONOPÓLIO

Qual é o ponto que separa a zona de elasticidade da curva da procura da zona


rígida da curva da procura.

O ponto intermédio de elasticidade unitária, não tem nada a ver com a curva
dos CM, mas sim com a curva da RM.

A RM está abaixo da CP, sendo positiva até chegar ao eixo horizontal. Quando
a curva da RM interseta o eixo horizontal, a RM é 0 porque o valor de um ponto
colocado sobre o eixo horizontal, é 0. (se a RM é positiva, estamos dentro da
zona elástica da curva da procura)

Passamos para a zona rígida da procura quando a nossa RM se torna negativa,


ou seja, quando passa abaixo do eixo horizontal.

Diagrama inferior: o ponto máximo de receitas do monopolista coincide com o


ponto em que a RM é 0, uma vez que enquanto a RM for positiva, as receitas
totais sobem. Há uma variação necessária entre a variação da utilidade total e a variação da utilidade
marginal, se temos mais 1 unidade de conta, mais um útil de utilidade marginal, então a utilidade total subiu
um útil, caso a utilidade total seja de 10 uteis, somada esses 10 úteis aos anteriores úteis disponíveis, a
utilidade total do conjunto subiu 10 úteis. A utilidade total varia sempre na mesma proporção da utilidade
marginal.

Quando a receita total é máxima traduz-se no ponto em que a RM não sobe nem desce, ou seja, é 0- quando
a RM interseta o eixo horizontal- projeta-se na procura e dá-nos a elasticidade unitária.

Quando a RM está abaixo da linha horizontal é uma receita negativa, ou seja, a sua componente de perda
excede a componente de ganho da RM, portanto, temos uma RM negativa, e uma vez que é negativa, quer
dizer que entramos na zona de elasticidade rígida da curva da procura, assinalada no diagramo como
inelástica. A RM tem 2 componentes: uma positiva- deriva de se venderam mais unidades a um novo preço
e uma componente de perda- todas as unidades que eram vendidas anteriormente eram vendidas a um preço
superior ao preço novo que foi adotado para se escoarem mais unidades. Numa situação em que não haja
discriminação de preço, todas as unidades que eram vendidas antes baixaram de preço.

CUSTOS MÉDIOS
Estamos perante o traçado descendente da curva dos custos médios
(LRAC), CM de longo prazo. Porque descem à medida que passamos de
uma situação de concorrência perfeita (PC), para uma situação de
oligopólio (3 firmas), para uma situação de duopólio (2 firmas) ou para uma
situação de monopólio (1 empresa)? Isto deve-se ao aumento da escala de
produção, a otimização da escala de produção, a distribuição eventual dos
centros de produção de forma a garantir o abastecimento dos diferentes
mercados em condições ótimas, faz-se a partir do modelo central, e através
dessa decisão centralizada consegue-se otimizar as variáveis todas que
podem ser consideradas revelantes. À medida que vai diminuindo o nº de
agentes no mercado, tira-se o maior partido das economias de escala-
menos custos na realização do objetivo de assegurar a maior eficiência possível, daí a tendência das grandes
empresas comprarem as mais pequenas. Passando a utilizar custos fixos que não necessitam de ser
repetidos, por exemplo os custos da administração e da publicidade, tudo isso deixa de ser duplicado,
ganhando escala. As negociações com os fornecedores conseguem obter melhores condições se se negociar
a uma escala maior do que pequena. Portanto, o sentido da evolução económica nas últimas dezenas de
anos tem sido no sentido de aumentar a escola dos agentes presentes no mercado, diminuindo o nº de
agentes, para haver diminuição de custos. Quanto menos agentes houver no mercado, menor será a
concorrência, e menor sendo a concorrência, mais facilmente se podem aumentar os preços e obter ganhos.

CONCORRÊNCIA PERFEITA VS MONOPÓLIO


Em que medida, os ganhos na eficiência produtiva são
ou não compensados por aquilo que é um maior poder
de mercado, e, portanto, por aquilo que é a maior
possibilidade de praticar preços mais distantes do preço
de concorrência?

Comparação entre um mercado de concorrência


perfeita (diagrama esquerdo) e o monopólio (diagrama
direito).

No diagrama do lado esquerdo, temos uma CP negativamente inclinada e uma curva da oferta positivamente
inclinada. A CP agrega todas as procuras de todos os adquirentes deste bem, interessados na aquisição do
bem. A curva da oferta agrega todas as ofertas individuais dos produtores da concorrência perfeita, que são
demasiado pequenos por si só para terem influença no preço de mercado. Cada um enfrenta uma curva da
procura, infinitamente elástica, ou seja, horizontal. Porém, agregando todas as ofertas disponíveis no
mercado, aquilo que encontramos é uma curva positivamente inclinada para a totalidade da oferta do
mercado. Esse preço projeta-se no diagrama da direita, onde encontramos a oferta de concorrência com a
mesma configuração que tinha no diagrama da esquerda.

E agora temos uma procura que á alternativamente satisfeita com uma oferta de concorrência perfeita ou
com uma oferta de monopólio. Se houver uma grande vantagem na produção em escala, se houver uma
economia de escala ou uma grande economia de gama, ou uma combinação das duas (escala e de gama) é
possível que a curva da oferta do monopólio fique substancialmente abaixo e à direita da curva da oferta de
concorrência perfeita, se assim for, o preço de monopólio muito superior ao ponto de interseção entre CM
e RM, que é diferente da logica de concorrência em que o CM é = ao preço e ao CM mínimo, em monopólio
mesmo com lucros pode acontecer que o preço que possa ser praticado no mercado seja muito inferior
aquele de concorrência perfeita.
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Exemplos:

1.Navios porta-contentores que transportam mil contentores- Suponhamos que há um que transporta 30
mil. Em concorrência perfeita, teríamos 30 mil pequenos navios, cada um deles a transportar 1 contentor.
Qual é a situação que seria mais onerosa para as pessoas que estivessem interessadas em fazer transportar
contentores através destas 2 formas alternativas de mercado, seria o mercado de concorrência perfeita em
que, muito embora não houvesse lucro, se satisfaria da melhor forma esta necessidade de transporte, 30 mil
pequenos agentes podem praticar os mesmos preços que um só navio porta-contentores que consegue de
uma só vez transportar o mesmo que todos os demais?

Há situações de mercado em que as economias de escala e as economias de gama beneficiam de forma


substancial a concentração da oferta. E, portanto, a ideia de que a concorrência é um sistema muito melhor
do que o sistema de monopólio depende de estarmos a comparar coisas que não tem comparação. Para que
o monopólio fosse pior do que a concorrência perfeita era necessário que os custos de produção em
monopólio fossem iguais aos custos de produção em concorrência perfeita, sendo preciso que tivessem as
mesmas características.

Não é verdade que a concorrência perfeita seja melhor do que o monopólio. Bem pelo contrário, porque é
possível que haja situações que o monopólio seja muito mais eficiente que a concorrência. O problema é
que sendo mais eficiente obtém poder, que do ponto de vista social, deve ser controlado, e, portanto,
devemos ter formas de regular e disciplinar esse mercado, que pode ser excessivo.

2. NBA- é um monopólio (tem sempre as mesmas equipas) VS as ligas de Futebol- mercado de concorrência
(descidas e subidas da liga- que deu origem a que desde, 2000 tenha havido 5 campeões na Alemanha,
Itália, Espanha e em Portugal). Na NBA foram 9 campeões- maior diversidade de ganhadores, existe mais
concorrência como rivalidade, maior concorrência dinâmica do que a própria concorrência de mercado.

Concorrência como rivalidade- outras formas de mercado podem ser mais concorrências do que o mercado
de concorrência.

Concorrência dos clássicos- dinâmica, concorrência dos economistas mainstream- formal, construção
puramente teórica, e mesmo que existisse, não seria boa para a economia.

CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA- forma intermédia entre monopólio e concorrência


perfeita
Não há barreiras à entrada
neste mercado- o volume de
lucros (retângulo)=
quantidades vendidas x
preço- CM-> haverá
empresas a querer obter este
lucro também. O preço não é
o único fator distintivo neste
tipo de mercados.

Curva da procura mais próxima da horizontal- maior elasticidade cruzada da procura porque há alternativas,
produtos com características diferentes, ao contrário do monopólio.

Não haver barreiras à entrada no mercado, no caso de existirem os lucros justificativos, atrai mais empresas
para o mercado- sucede-se do diagrama da esquerda para a direita.
Diagrama da direita- situação de equilíbrio. A curva da procura (AR) baixou porque aparecem outras
empresas a atrair clientela, deslocou-se até se tornar tangente à curva dos CM (AC). Continuamos a ter o
ponto de equilíbrio. RM e o CM, com a coincidência entre CM e o Preço, não há lucros, deixa de haver
entradas e saídas no mercado.

Neste mercado, o ponto em que o preço é igual ao CM não é o ponto mínimo da curva do CM, não atingimos
os custos médios mínimos porque cada empresa se pudesse produzir mais podia diminuir os custos médios-
não podem, tem de haver diferenciação nos produtos, e essa diferenciação tem custos.

OLIGOPÓLIO

Curva da procura que se quebra: mercado de oligopólio


(vários a vender, mas poucos e grandes) - introduz
considerações estratégicas. Nestes mercados, nenhum agente
económico pode fazer o que os agentes que atuam em
concorrência perfeita ou concorrência monopolista podem
tratar de negócios sem ter em conta os seus rivais, neste
mercado cada produtor tem de ter em conta o comportamento
dos rivais, uma vez que há poucos no mercado, e, portanto, o
que os outros fazem tem implicações no seu negócio. O
oligopólio:

✓ Pode ser perfeito- produto é indistinto. Ex- eletricidade;


✓ Pode ser imperfeito- produtos distintos. Ex- cerveja;

A distinção pode ser mais marcada ou menos marcada.

Análise do diagrama:

Preço P1- uma empresa de cerveja pensa em subir os preços do seu produto, tendo em conta que os
oligopolistas não enfrentam uma curva da procura normal- se subir o preço na zona elástica perdia procura
uma vez que a subida do preço era menor que a perda de quantidades vendidas, mas na zona rígida ganhava
com isso. A empresa não pode pensar em subir os preços sem pensar no que faz à outra empresa- se subir
os preços sem as outras subirem, a procura que lhe era dirigida pode ser desviada para os seus rivais, se ela
subir e os outros não acompanharem pode haver elasticidade cruzada elevada, arriscam-se muito a subir o
preço e os rivais podem manter ou até descer os preços.

Supondo que queriam descer o preço, teriam mais vendas desde que a curva fosse elástica. Se tomasses
essa iniciativa, as outras podem fazer o mesmo e a curva da procura que lhe era dirigida pode se tornar
rígida- pode não aumentar as vendas a o preço ser mais baixo porque os outros também baixaram os preços.

-Se subirem os preços, arrisca-se a que os outros não o façam, procura muito elástica;

-Se baixarem os preços e os outros também, arriscam-se a que a curva se torne rígida.

Conclusão: a boa ideia neste mercado é não mexer os preços porque qualquer descida ou subida é um risco.
O oligopólio leva a uma espécie de equilíbrio, ninguém mexe os preços a não ser que combinem, mas isso
é uma violação de regras da concorrência.
TEORIA DOS JOGOS
Dilema do prisioneiro

2 prisioneiros. A polícia precisa de provas para obter uma


condenação mais robusta. Se nenhum deles assumir
responsabilidade, só serão presos durante 1 ano- opção do
canto inferior direito. Se ambos confessarem vão os dois para
a cadeira 10 anos- opção do canto superior esquerdo. Se um
confessar e o outro não, o que confessa sai livre, o que não
confessa passa a vida na cadeia. Jogo de incerteza, não
cooperativo, a atuação do outro terá repercussões na vida do
outro.

Estratégia dominada:

Ambas sabiam que não havia mercado para as duas, se a Boing


e a Airbus desenvolvessem super aviões, o mercado não
conseguia comportar as duas empresas.

Se P P, ambas perdem (-5) (-5).

Se DP DP, nenhuma teria vantagem nem desvantagem.

Se DP P ou P DP- uma fica com 0 e outra com 100.

Com esta matriz de pagamentos, cada estratégia se diz


dominada, a melhor opção de a Airbus no caso da Boing entrar
é não entrar- ela quer saber o que a outra quer fazer e vice-versa. A estratégias dependem uma da outra,
logo, são estratégias dominadas, será melhor cooperar.

Estratégia dominante:

Houve um subsídio atribuído à Airbus e graças a este, caso a


Boing não entrasse essa ganhava o subsídio mais os 100. Se
ambas entrassem, a Boing perderia e a Airbus ainda tinha o
subsídio.

A melhor opção da Airbus foi produzir o avião- estratégia


dominante.

Resumo: 2 formas de mercado intermédias- concorrência monopolista e o oligopólio. Concorrência


monopolista caracterizada por desvios em relação aquela exigência que são necessárias, ou seja,
homogeneidade de produtos, perfeita publicidade e a perfeita mobilidade, qualquer destas características
faltando pode remeter-nos para o mercado de concorrência monopolista. Na fixação dos preços e na
determinação dos preços ótimos de monopólio segue o diagrama da determinação do preço ótimo de
monopólio, com a diferença de que posteriormente podem verificar-se movimentos de entrada e saída de
mercado que vão alterar as quantidades disponibilizadas e portanto vão fazer descer os preços no caso de
ter havido uma entrada de novos agentes no mercado por força dos lucros que inicialmente essa forma de
mercado proporciona, e então com a entrada de novos agentes, acabam por se diluir os lucros, ficando numa
situação que tem também com a característica do mercado de concorrência que é o preço coincidir com o
custo médio. No entanto, o custo marginal igual à receita marginal e, portanto, temos uma situação que tem
características quer de monopólio quer de concorrência perfeita. Já nos mercados de oligopólio, em que o
nº de empresas que atuam do lado da oferta é reduzido e sendo reduzido, implica que cada uma tem que ter
atenção aquilo que são opções de intervenção no mercado que as outras fazem, há, portanto, uma integração
estratégica que é suscetível de ser modelada com aquilo que são os modelos da teoria dos jogos.

Na teoria dos jogos, os agentes são interdependentes e, portanto, aquilo que um faça condiciona a resposta
do outro. O que pode não acontecer quando um ou ambos os agentes tiverem estratégias dominantes, ou
seja, qualquer que seja a opção em que o outro jogador tome a melhor opção está a partida determinada,
portanto nesse caso o agente liberta-se dessa sua condicionante pela possível escolha que o outro faça
daquilo que é a sua intervenção no mercado. Mas no caso de uma estratégia dominada, a melhor forma de
obter um resultado é através da cooperação (tem determinadas limitações, justamente porque a cooperação
no mercado pode suprimir rivalidade/concorrência dinâmica). Ao longo da evolução das formas de
mercado, também se foram desenvolvendo técnicas e instrumentos para limitar essa interação cooperativa
que poderia colocar em causa as regras de funcionamento do mercado com a presença de agentes que não
tenham possibilidade de fixar os preços- normas de defesa da concorrência.

MACROECONOMIA
Distinção entre a micro e macroeconomia: não passa apenas pela distinção entre o tamanho dos agregados.
Não é só por na microeconomia juntarmos concentrarmos pequenos agregados/produtores, cada um
depende de si. Aquilo que importa é a preocupação essencial de cada uma destas áreas da economia. Na
microeconomia nos cuidamos sobretudo da eficiência de recursos, olhando para os mercados e saber qual
é o preço ótimo e como é que os agentes económicos que atuam nestes mercados determinam o seu
comportamento ideal face às restrições que cada uma destas formas de mercado lhes impede- olhar para o
mercado a partir da otimização da posição de cada agente neles.

Macroeconomia- capítulo VI- Intervenção do Estado na Economia que se faz através de diferentes
modalidades, regulação e políticas de apoio publico designadamente às pequenas e medias empresas, os
auxílios de Estado, a contratação pública (situações em que o estado/entidades publicas) adquirem bens.

No Estado Liberal, a logica é de resguardar o mais possível o mercado das intervenções, que se
consideravam políticas, e nessa medida animadas por uma logica diferente, e o que se pretendia, portanto,
era preservar o funcionamento da economia das intervenções estaduais/políticas. Acreditava-se que por
força do mecanismo que ficou conhecido como “a mão invisível “ (expressão de Adam Smith- se cada um
for livre para prosseguir o seu interesse, isso permite realizar o bem estar de todos, de alguma forma, o
criador do universo tinha criado este de forma tão perfeita, que cada um ao pretender obter o melhor para
si, acaba por realizar o melhor para todos- todos os desvios ao interesse egoísta seria um desvio aos
interesses económicos), deixar os agentes fazer o melhor para eles era o melhor para assegurar o bem
coletivo. Na lógica de Adam Smith, a concorrência dinâmica, não tinha haver com a formalização
geométrica do mercado de concorrência perfeita, a concorrência para Smith era um mecanismo de
disciplina, isto é, as pessoas procuram realizar o seu interesse próprio que acaba por ser disciplina pela
concorrência. Ex- o padeiro podia ter interesse próprio em utilizar farelo em farinha, e, portanto, em
diminuir os seus custos de produção à custa do sacrifício da qualidade, mas se o fizesse seria substituído
por outro fornecedor que satisfizesse de melhor forma o interesse dos consumidores. Na logica clássica, a
concorrência era um mecanismo disciplinador e egoísta dos agentes económicos.

O Estado liberal, informado por esta logica dos económicos clássicos, se abstenha de intervir na esfera
económica. Isto mudou nos finais do século XIX: criou mecanismos de amparo para as classes
trabalhadoras.

-Introduziu formas de segurança social: ainda primitivas, mas que assegurava que as pessoas tivessem
algum acesso a apoios quando estivessem em situações de carência.

A ideia de Estado Social veio a ganhar uma grande extensão e importância sobretudo a partir da 2GM, em
que as funções do Estado começam a ser dirigidas a 3 atividades diferentes:

-Locação de recursos: o estado procura ele próprio fazer afetação dos recursos escassos, e, portanto, o
estado, tem funções de orientar os recursos que são escassos no sentido de desenvolver certas áreas
económicas e eventualmente travar o desenvolvimento de outras, no sentido da justiça social. Considera-se
que há atividades que são meritórias e que, portanto, devem ser incentivadas, e outras atividades que são
penalizadoras do ponto de vista social e devem ser travadas. Ex- recuperação e resiliência, plano de
orientação e investimentos a serem feitos com fundos europeus que visam transformar a economia europeia
numa economia de baixos níveis de carbono, atingir a neutralidade carbónica.

-Redistribuição do rendimento: considera-se que o funcionamento dos mecanismos de mercado só por si


não permite uma distribuição dos rendimentos seja satisfatória do ponto de vista social. O mercado tende a
privilegiar alguns poucos que concentram uma grande faixa dos rendimentos, das riquezas e desamparar a
grande maioria que tem valores insuficientes de riqueza e rendimentos, para poder ter uma existência digna.

-Estabilização: também se descobriu que em certas situações, só a intervenção estabilizadora do estado é


que consegue por termo a situações de instabilidade económica. Tende a servir ciclos de expansão e
retração, considera-se que a intervenção do estado no sentido de aplainar essas oscilações é função do
Estado.

Estamos hoje em dia, a passar do estado social para o estado regulador: fazer intervir o estado no seu papel
de criador de regras, que cria parâmetros de intervenção para que o mercado possa funcionar da melhor
forma possível é a ideia de que o estado pode recuar um passo, deixar de intervir na produção de bens, no
assegurar de prestações (SNS), desde que criando as condições para o bom funcionamento do mercado- há
quem entenda que é possível que se obtenha resultados melhores desta forma.

Assiste-se na Europa, a esta logica de retrocesso do estado desde os anos 80- ideia de que o lugar do Estado
não é na economia e criaram-se em todos os países europeus, entidades reguladoras independentes, que
estão a salvo da intervenção hierárquica da administração publica, têm autonomia, independência e há uma
série de requisitos que blindam essas entidades da intervenção estadual -ANACOM. Em PT nós temos
várias entidades independentes.

Estas entidades reguladoras que nascem no final do século passado visam justamente transferir para o
domínio da regulação técnica matérias que antes estavam sujeitas a uma intervenção política. A logica é a
de que, os mecanismos económicos devem ficar na medida do possível salvaguardados de intervenções
políticas, e para isso, criam-se estas entidades reguladoras.

Para termos um regulador temos de ter a conjunção de 3 poderes, poderes do estado, poder normativo,
executivo e adjudicativo (jurisdicional). Na teoria do estado, temos um sistema de checks and balence, em
que os poderes executivos, judicial e legislativo estão separados para que esses poderes se controlem uns
aos outros. O que há de característico e específico na atividade das entidades reguladoras é que elas
concentram estes 3 poderes. Temos poderes normativos por parte das entidades reguladoras, poderes
adjudicativos uma vez que são elas que decidem se houve ou não violação quer das regras que são emanadas
pelos órgãos legislativos normais (governo- decretos de leis, ar-leis), mas também as regras que são
emanadas da própria entidade reguladora (ANACOM faz aprovar os seus regulamentos e depois verifica
se as entidades que estão sujeitas ao seu poder cumpriram ou não os regulamentos, e caso não, sujeitam-se
a sanções e quem faz a acusação e aplica depois a coima é a própria entidade reguladora). Entidade
reguladora- poderes adjudicativo/jurisdicional de aplicação do direito e sanções decorrentes do
incumprimento das normas, poderes executivos- realiza inspeções, ações de supervisão em relação a cada
um dos agentes económicos.

A intervenção dos reguladores concentra-se nos domínios onde o nº de agentes económicos é reduzido. Ex-
recolha de resíduos, águas, telecomunicações, setor elétrico, ou seja, onde temos uma estrutura de mercado
que não garante que a concorrência entre os agentes que nela atuem funcionem de forma mais adequada,
criam-se estes mecanismos reguladores.

A autoridade da concorrência não tem poderes normativos, isto é, aquilo que a autoridade da concorrência
faz é uma intervenção ex-poste, enquanto os outros reguladores criam as regras para que os agentes
económicos se comportam de uma determinada maneira. Agentes económicos- conformar com as regras
emitidas pelos reguladores; reguladores- intervém na fixação de preços, acesso ao mercado, determinam
quantos agentes económicos podem entrar no mercado, qualidades dos produtos.

Com a lógica do estado regulador, aquilo que se assiste é a um recuo do nível de intervenção do Estado
(privatização de empresas que constituíam monopólios públicos).
Na década de 80, neoliberalismo, verificamos que aquilo que os governos procuraram fazer como forma de
travar o crescimento de receitas públicas foi criar entidades reguladoras que garantissem que a entrada e
saída do mercado se fazia de forma controlada, a garantir preços adequados e a qualidades dos serviços.

Entidades reguladores independentes que em PT vem a ser dotadas de uma lei-quadro, lei nº67 2013 de 28-
fornece um enquadramento genérico para aquelas entidades reguladoras que tinham aparecido ao longo do
tempo desde finais do século XX. Esta lei identifica aquelas que na altura eram as entidades reguladoras já
existentes em Portugal.

As únicas empresas administrativas independentes com função de regulação que ficaram fora da
identificação da lei nº67 foi o Banco de Portugal e a entidade reguladora da comunicação, uma vez que tem
previsão constitucional e entendeu-se que podia dispensar à recondução a este modelo comum.

Autoridade de defesa da concorrência

A autoridade da concorrência não determina preços, não cria normas para os agentes económicos não
cumprirem.

Enquanto os reguladores concentram em si poderes normativos, adjudicativos e executivos, a autoridade


de defesa da concorrência não tem, em princípio, capacidade normativa (as normas que aprovam são
destinadas a pautar o seu próprio comportamento e não dos agentes económicos), e possuem um papel
transversal à totalidade da economia e atuam expost.

A lógica da regulação é uma lógica da regulação central, ao passo que, a logica da intervenção das
autoridades da defesa de concorrência é justamente salvaguardar o funcionamento dos mecanismos
descentralizados, e, portanto, ao contrário dos reguladores não fixam nem estabelecem limites à entrada e
saída do mercado.

No que diz respeito a uma atividade que é desempenhada pela autoridade da defesa da concorrência, que é
a de controlo das operações de concentrações de empresas, isto é, a autorização para que uma empresa tem
uma certa dimensão possa adquirir uma outra empresa, também com alguma dimensão e que, opera no
mesmo mercado, para que a redução de nº de intervenientes do lado da oferta num determinado mercado
não gere soluções monopolistas, então sujeita-se a autorização das entidades de defesa da concorrência
estes processos de aquisição de rivais- difusão e aquisições ou operações de concentração. Nesta matéria
de autorização de operações de concentração, de aquisições de um operador por um outro operador no
mercado onde existam poucos, nestes casos, faz-se intervir as autoridades da defesa da concorrência. Se
essa operação tiver uma dimensão grande, e que sobretudo alem de ser uma operação de concentração entre
empresas, tem volumes de negócios elevados, e que não sejam limitados a um determinado país, então a
competência é para avaliar esta operação de concentração e decidir se se opõem ou não a ter uma
competência da UE. Se ficar abaixo de determinados volumes de negócios, ou se mesmo dentro desses
volumes de negócios, esse volume estiver concentrado numa única económica, então considera-se que isso
tem a ver sobretudo um mercado nacional e difere-se essa avaliação do processo de concentração para as
autoridades nacionais, por razões de limites da previsão da competência distribuída entre a esfera nacional
e a esfera comunitária. Pode haver também casos de transferência de competências de uma ordem para
outro, contudo, isso faz-se numa situação hadoque e caso a caso, se se entende que há razoes que não sigam
as regras gerais.

Ou seja, há uma entidade que não tem funções de regulação, existe para sancionar desvios ao cumprimento
das normas, mas que, no entanto, nesta matéria está a operar segundo uma logica ex ante e segundo uma
avaliação que se aproxima daquilo que é a opção de centro de decisões centralizada, acabando por ser uma
decisão tomada de uma logica de direção central e não de uma logica de mercado (implicaria a realização
dessa operação de concentração).

Quais são as duas situações de infração que a legislação de defesa da concorrência pune? Infrações que as
empresas que atuam no mercado não podem cometer, ou se cometerem serão sancionadas?

1.Realização de acordos, práticas concertadas ou decisões de associações de empresas;


2.Abuso de posição dominante- há uma desproporção de poder tal, que permite que uma das empresas, nas
relações com as outras, explore a situação de vulnerabilidade das outras, uma das partes abusa da posição
dominante e estas podem ser de dois tipos:

Abusos de exploração- exigência de condições desproporcionais por exemplo, quando sujeitos a condições
comerciais muito pesadas, pagamento para que os produtos estejam numa prateleira mais visível

Abusos de exclusão: em Pt temos um duopólio no mercado das cervejas, o Sr. Sousa Sintra cria implantar
a sua cerveja, Sintra, transformando-o o duopólio num oligopólio de 3 marcas. Acabou por vender a fábrica,
justamente porque não conseguiu implantar no mercado, queixando-se na altura de abuso dominante sobre
a forma de exclusão, isto é, queixou-se de que a superbock e a sagres tinham atuados concertadamente de
forma a evitar que a cerveja Sintra tivesse canais de distribuição, boa distribuição no comercio a retalho, e,
portanto, invocou que aqueles que estavam instalados no mercado, dificultaram-lhe a vida. Abuso de
posição dominante sob a forma de exclusão no mercado- agentes que são rivais, no entanto, face a uma
ameaça de um novo concorrente, podem juntar esforços para excluir esse concorrente novo do mercado.
Isto pode configurar um abuso de posição dominante na modalidade de exclusão.

Quando há este abuso de posição dominante incorre-se em violação do tal art.102 do Tratado de
funcionamento da UE e do art.11 do regime jurídico da concorrência, aprovado pela lei 19 de 2012.

No art.11 da lei de defesa de concorrência nacional, está punido o abuso de posição dominante.

Este abuso pode ser singular, situação do abuso de exploração, ou coletivo, abuso concertado.

A outra forma básica de infração às regras da concorrência transposta para os bancos dos jardins escola
seria o Ganging up- se os miúdos formarem o bando e fazem alguma coisa que não é adequada, temos aqui
a outra infração básica da atividade dos agentes económicos no mercado.

O Ganging up são acordos entre empresas, sendo uma ameaça à estrutura atomística do mercado, ou seja,
o mercado de concorrencial supõe que os agentes económicos atuam independentemente uns dos outros.
Se tivermos um acordo entre empresas, deixamos de ter comportamentos rivais- rivalidade dinâmica- para
passarmos a ter concertação. A concentração é o oposto da rivalidade. No domínio económico, basta
assegurar uma quantidade suficiente de lucros, podendo-se substituir a rivalidade pela concentração, e isto
também é uma forma de violar as normas de funcionamento do mercado, sendo também sancionado pelas
leis de defesa da concorrência. Acordos, que tenham algum fim anti concorrencial, entre empresas não são
permitidos.

Estes acordos estão previstos e punidos no art.101 do tratado de funcionamento da UE e no art.9 do regime
jurídico da concorrência. A lei 19 de 2012 no seu art. 9 proibi a proibição destes acordos, ganging up.

Além dos acordos, há as práticas concertadas, que são proibidas nos mesmos artigos. As práticas
concertadas ficam antes da celebração de um acordo. Um acordo que aqui se exige entre agentes
económicos não é um acordo jurídico, ou seja, formalização, pode haver um entendimento tácito no sentido
que se vai adotar um comportamento comum, mas é necessário que haja consciência que se celebra um
entendimento. Ex de prática concertada- a autoridade da concorrência, há os anos, aprovou uma
recomendação ao governo para que este impusesse as gasolineiras que tornassem claro a prática dos seus
preços nas autoestradas. O argumento era o de que as empresas que vendem combustível nas autoestradas,
não são assim tantas como isso, mas que estas se concertavam e praticavam preços superiores aqueles que
seriam justificáveis pelo funcionamento do mercado concorrencial. Houve reclamações para haver mais
transparência e a autoridade da concorrência (não tem capacidade de fixar regras para que os agentes
económicos do mercado funcionassem) recomendou ao governo que criasse regulação para um
enquadramento legal para a divulgação dos preços dos combustíveis nas autoestradas. Os preços são iguais
até à 3 decima. A autoridade de concorrência fez um estudo para perceber se havia concertação, ou seja, se
os agentes económicos/ gasolineiras combinavam entre si praticar os preços, chegando-se à conclusão que
aquilo que cada um faz é ajustar inteligentemente o seu comportamento ao dos outros. Voltamos à situação
da curva da procura quebrada em oligopólio, temos 1 preço de equilíbrio no mercado, se um agente
económico subir o preço e os outros não acompanharem essa subida de preço, arrisca-se a que a elasticidade
da procura seja enorme. Eleva o preço e perde uma enorme quota de mercado. Por outro lado, se ele descer
o preço e os outros agentes económicos responderem descendo também, o que acontece é que não consegue
ganhar quota de mercado, a curva da procura para descida de preços comporta-se como se fosse muito
rígida.

Se for conveniente subir preços, devido por exemplo ao aumento do IVA ou aumento do valor das matérias-
primas, os outros acompanham e, no entanto, não há concentração nem há prática concentrada- consegue-
se explicar o comportamento dos agentes económicos de forma puramente de mercado, aquilo que os
agentes económicos fazem é reagir inteligentemente às condições de mercado. Porem se houvesse algum
indício de que estavam a preparar concertadamente uma subida de preços podia dar origem a acusações por
parte da autoridade da concorrência.

Ex- acusação da autoridade da concorrência de os grandes grupos retalhistas subirem os preços numa prática
em que muito embora os agentes económicos ao nível do retalho não comuniquem entre eles (para haver
acordo horizontal era necessário combinarem entre eles) mas através de comunicações com o seu
fornecedor, sociedade central de cervejas, acabaram por concertar o seu comportamento no sentido de fazer
subir o preço. Devido a isto, SCC e grupos retalhistas uma coima no conjunto de 300 mil euros.

Exemplo 2- Quando vemos campanhas de “se encontrar mais barato devolvemos a diferença”. Trata-se do
mecanismo de vigilância da concorrência, ou seja, quer saber se algum concorrente dele tem preços mais
baixos.

A lógica de funcionamento do mercado, exige que principalmente em situações de concorrência intensa, se


opere uma vigilância dos preços dos rivais (autoridade da concorrência diz que serve para uniformizar os
preços).

Conclusão: temos os 2 ilícitos essenciais: acordos e práticas concertadas (tem de ter algo mais que o
paralelismo inteligente, que por vezes é difícil de distinguir), ganging up e a decisão da associação de
empresas (invés de atuarem individualmente estabelecem uma associação, aconteceu em PT em algumas
ordens como a ordem dos dentistas que fixaram tabelas de preços). Art 101 Tratado de funcionamento da
UE, art.9 regime jurídico da concorrência em PT. Abusos de posição dominante- art. 102 TFUE e art. 11
RJC.

Concentração de empresas:

O regime de controlo das concentrações de empresas é um aditamento posterior à criação do regime regra
das infrações às leis do mercado.

Ex: A Standard Oli cresceu bastante através da aquisição de empresas rivas, e em 1914, com o Clayton Act,
para prevenir a monopolização, foi introduzida uma proibição de comprar empresas em situações como
esta. No entanto, não teve o efeito pretendido, arranjou-se forma de ultrapassar o obstáculo- em vez de se
vender a empresa, venderam-se os ativos das empresas. Só em 1950, nos EUA, com o Claycton Act, é que
os mecanismos de controlo de operações de concentração começaram a ter efetividade- passa a haver um
controlo efetivo.

Aparece em 1951 com a CECA (comunidade económica do carvão e do aço), na Europa- antepassada direta
da CEE que é formada em 1957, os membros fundadores são os mesmos: Alemanha, Itália, França, Bélgica,
Holanda e Luxemburgo, com o Tratado de Roma tinham inicialmente formado a CECA.

Em 1951 no tratado de CECA, havia disposições sobre o controlo de operações de concentração, porque a
grande preocupação da CECA era controlar o poder económico alemão. A Alemanha, nos pós 2GM, tinha
entre a 70 a 80 % da sua capacidade produtiva intacta assim como os países aliados, França por exemplo,
a única diferença é que a Alemanha tinha empresas gigantes- maiores empresas na área da siderurgia e do
carvão. O objetivo da formação da CECA era por em conjunto e permitir o controlo por todos os
participantes destas áreas- carvão e o aço- por uma razão também essencial, são setores essenciais na guerra
e partindo-se do pressuposto que havendo um controlo conjunto do aço e do carvão seria impossível um
dos participantes desenvolver capacidades bélicas para criar outro desenvolvimento bélico durante a
vigência desses acordos, havendo uma vigilância mútua assegurada em relação à evolução dos setores do
carvão e do aço no conjunto dos participantes da CECA mas também pelo facto destas duas atividades
terem na Alemanha uma expansão e capacidade de intervenção que nenhum dos outros países tinha.
A preocupação do controlo das concentrações era uma preocupação sobretudo francesa, porque estes
tinham tentado convencer os americanos e os ingleses (outras potencias da ocupação Alemã) a
desconcentrarem a indústria alemã. Os franceses queriam que as grandes empresas alemãs fossem
fragmentadas para que o setor industrial francês pudesse competir em termos mais próximos e de igualdade
com as indústrias alemãs do carvão e do aço, e por isso, foi levado a cabo um projeto de desconcentração
da indústria alemã por parte dos aliados (francês, ingleses, americanos), havendo a preocupação de não
restituir essas grandes empresas.

A criação da Ceca dá-se pela proposta francesa e tinha como objetivo fundamental garantir o
desenvolvimento da indústria francesa, sem a concorrência da Alemanha. A moeda de troca da criação da
Ceca foi a fragmentação da indústria alemã.

EUA- queriam o desenvolvimento da europa. França- queriam desenvolver a sua indústria.

Os americanos com o apoio dos ingleses, desafiaram os franceses a propor uma solução- mecanismo que
pudesse ultrapassar estas dificuldades de concentração.

Jean Monnet aparece com o projeto da CECA e acaba por persuadir os americanos, ao introduzir normas
de defesa da concorrência no próprio tratado fundador, como resposta às preocupações americanas exceto
às normas de controlo de concentrações (resposta francesa) - proibição de acordos, prática concentrada,
associações de empresas e abusos de posição dominante. Permite desenvolvimento da Alemanha, mas sem
que esta seja uma ameaça à paz e ao desenvolvimento da indústria francesa, divide a indústria alemã e
concentra a Francesa (disfarçando de interesses comunitários, aqueles que eram interesses franceses).

Com a Ceca, 1957, europeus percebem a necessidade de junção e associações de empresas para enfrentar a
concorrência das multinacionais americanas, então, no tratado de Roma, não constam normas de proibição
de concentração de empresas.

Termos sintéticos:

-Autoridade de defesa da concorrência: intervenção expost, função de verificação e sancionamento do


cumprimento das leis, competências transversais alargadas, evitar que os agentes económicos possam fixar
concertadamente ou através do domínio de uns sobre os outros regras comum, para preços, qualidade
entrada e saída de mercado.

-Autoridades reguladoras: intervenção ex-ante criação de normas para a atividade das entidades reguladas,
formatar o âmbito em que os agentes económicos atuam, controlam a entrada e saída mercado, fixam
condições de prestações de serviços. Competências especificas concentradas, criação de regras ou tomada
de posições em matéria de preços, qualidades, entrada ou saída de mercado.

São duas logicas diferentes, uma a logica da defesa do mercado e outra a logica da intervenção central.

Em consequência destas diferenças, as autoridades reguladoras terem poderes normativos externos e as


autoridades de defesa da concorrência não terem poderes normativos externos.

No que diz respeito às infrações típicas, núcleo duro, as regras que protegem o funcionamento dos
mercados, fizemos referência aos acordos, práticas concentradas e decisões de associações de empresas-
art. 9 RJC e 101 TFUE. Outra infração base- abuso de posição dominante- art.11 RJC e 102 TFUE.

Outras 2 institutos/infrações que podem ser cometidas quanto às regras de defesa da concorrência:

-Abuso de dependência económica (tem previsão nacional, mas não do TFUE, não existe este instituto ao
nível europeu): introduzido em 1973 na Alemanha para proteger a produção da força negocial crescente
das cadeias de produção, ou seja, a partir do momento em que passamos a ter a nível europeu e
designadamente nos países mais avançados, experiências de grandes grupos retalhistas que conseguiam por
força da importância que podiam ter no que diz respeito à colocação dos produtos no mercado, força
negocial muito importante, há medida que essas experiencias de grande distribuição dos supermercados e
hipermercados integrados em cadeias de distribuição. Portanto, imagine-se uma rede de uma entidade
comum com grandes superfícies de venda ao longo do país ou em diversos países, isto dá-lhe economias
de escala e um grande poder negocial dado que se os produtores quiserem ter os seus produtos expostos
vão ter que ter esses produtos disponibilizados por essas grandes cadeias de detalhe. Esta assimetria no
poder dos intervenientes no mercado, levou o legislador alemão a criado a figura do abuso de dependência
de económica. Na Alemanha já existia o abuso de posição dominante, já existindo uma norma que
penalizada situações em que houvesse distribuição no mercado (quer os abusos de posição dominantes,
quer acordos/práticas concertadas/decisões de associações de empresas estão funcionalizados à preservação
de funcionamento do mercado, e se houvesse um abuso de posição dominante que prejudicasse o
funcionamento do mercado devia intervir a figura de posição dominante, contudo podia haver situações em
que sem perturbação do funcionamento do mercado, alguns agentes económicos de grande dimensão
podiam exercer poder para extrair condições junto de fornecedores mais pequenos e criarem uma situação
de exploração. Por isso, o legislador alemão, tomou a dianteira de criar esta figura de proteção dos mais
fracos no mercado. Esta inovação do abuso de dependência económica foi criada em França em 1985, mas
fora do quadro do funcionamento das regras de concorrência. Aqui a logica não é proteger o funcionamento
do mercado, mas sim os agentes económicos mais débeis.

Em Portugal, na segunda lei de defesa da concorrência, de 1933, (de 10 em 10 anos mudamos a nossa lei
de enquadramento de defesa da concorrência), introduziu-se a figura do abuso de dependência económica.
Na altura, ainda não havia a autoridade da concorrência, isto é, uma autoridade que concentra em si poderes
instrutórios decisórios de supervisão, havia sim uma dependência do Ministério da Economia, que era a
direção geral da concorrência e preços, que fazia a vigilância do cumprimento das regras do mercado e que
eventualmente instruía os processos de infração. Posteriormente, remetia a um órgão decisório- Conselho
da Concorrência- conselho onde se decidia os casos que lhes eram remetidos pela direção geral da
concorrência e preços. Como o legislador tinha incluído este abuso de dependência económica na legislação
de defesa da concorrência e porque os membros da concorrência entendiam que a sua missão era zelar pelo
funcionamento do mercado, não estavam disponíveis para aplicar uma regra fora da logica da proteção do
mercado, quando verdadeiramente o abuso de dependência económica visava era proteger agentes
económicos e, portanto, não em situações em que estivesse a perigar o funcionamento do mercado.

Assim, os membros da concorrência entendiam o abuso de dependência económica como uma forma de
lesão do funcionamento do mercado, com esta consequência, quando o abuso de dependência económica
fosse exercido numa relação puramente bilateral, relação que não tivesse impacto sobre o funcionamento
do mercado, entendiam que não se atingia o limiar para a aplicação dessas normas. Isto veio a ser
introduzido no texto da legislação da concorrência, em 2003, o próprio legislador esclarece que tem de
haver lesão de funcionamento do mercado para se aplicar a regra do abuso de dependência económica. Se
houvesse perturbação no funcionamento do mercado, teríamos condições para aplicar o instituo do abuso
de posição dominante, caso não houvesse, não se aplicava.

Não existe esta figura a nível da UE, o abuso de posição dominante era suficiente. É uma situação de
incompreensão do que era o abuso de dependência económica- este serve para proteção dos mais frágeis, o
que está em causa é uma certa equidade na relação comercial entre agentes económicos, que deve
eventualmente, ser defendido pelo Estado.

O abuso de dependência económica aproxima-se mais da lógica da concorrência desleal do que defesa da
concorrência, a não ser que se introduza na cláusula da dependência económica um requisito a dizer que só
se aplica este em casos que lesem o funcionamento do mercado- esta situação neutraliza a intenção original
do legislador alemão, e depois do francês, que era proteger a parte mais fraca numa negociação comercial.

Conclusão- temos um instituo na nossa lei que parece replicar o abuso de posição dominante, uma vez
sujeita à condicionante de só ser aplicado quando existia suscetibilidade de perturba o funcionamento do
mercado. A intenção não era essa, mas foi a evolução da legislação.

-Controle das ajudas de Estado (previsão nacional e europeia, contudo, existe uma diferenciação em
relação ao regime norte americano, não existe controlo das ajudas de Estado nos EUA).

Este serve sobretudo para evitar que haja concorrência entre as entidades que atribuem essas ajudas de
estado. Temos no âmbito do direito da concorrência europeu, um conjunto de normas, artigo 107º e 109 do
TFUE, que servem para travar a concorrência entre Estados, a propósito da atração da atividade económica.

No fundo, os negociadores do tratado de Roma de 1957, que criou a CEE, recearam que os Estados
distorcessem o mercado através dos auxílios que podiam prestar a empresas, sobretudo através da atração
de novos investimentos.
Nesta altura, há uma competição feros para atrair a fábrica da Volkswagen. O governo português está na
corrida juntamente com o espanhol, e caso tenha êxito, retira esse investimento a Espanha. No fundo, vai
conseguir atrair a fábrica, o país quer der melhores condições, oferecendo contrapartidas:

- Isenções fiscais, subsídios de desenvolvimento, acedência gratuita do terreno onde se vai implantar a nova
unidade de produção…

Tudo isto acaba por se transformar em auxílios de estado que têm de ser sindicador por Bruxelas porque
nenhum país quer que o outro obtenha investimentos à custa não dos méritos económicos dos projetos, mas
à custa dos incentivos estatais do dinheiro dos contribuintes que é transferido para a empresa que esta
disponível para fazer um investimento de grande magnitude.

Já nos EUA, isto não existe, na verdade, o facto de o Kentucky, por exemplo, se desenvolver mais à custa
de outros Estados não faz diferença, porque no fundo é o mesmo país. O mesmo não se passa na Europa.

Para evitar que os governos transfiram dos recursos do Estado valores inaceitáveis para as empresas
individuais, há um processo de controlo das ajudas do Estado- temos limites àquilo que podem ser as ajudas
disponibilizadas por cada país.

Tivemos um precedente com a fábrica da AutoEuropa: na altura em que se atraiu o investimento, houve
uma sindicância das ajudas que foram convertidas pelo estado português à Volkswagen. Na altura, as coisas
passaram na direção geral da concorrência, entidade da comissão europeia que tem funções de defesa da
concorrência, e em grande medida por razões de auxílio ao desenvolvimento de Portugal (por razões que
não eram estreitamente de mercado), foi considerado como uma logica de auxílio ao desenvolvimento
sendo justificados. No entanto, hoje isso não era possível, com as transformações que o direito da
concorrência europeia no sentido de reforçar a predominância dos vetores económicos e a neutralização de
vetores políticos na avaliação de ajuda de estados, tornaria hoje impossível que o projeto fosse aprovado
por Bruxelas. Sem essa aprovação e as ajudas concedidas, não teríamos muito provavelmente o
investimento em Portugal, tendo perdido o nosso maior exportador.

Assim, este controlo das ajudas do Estado traz benefícios e vantagens:

-Por um lado, o controle das ajudas de estado evita uma concorrência entre Estados no sentido de um deles
oferecer mais que o outro para atrair atividade económica e com isso acabar por transferir recursos públicos
para mãos privadas. Por outro lado, tem tendência a manter um padrão de especialização prévio- se os
países mais atrasados não derem mais benefícios não vão conseguir retirar investimento que normalmente
será canalizado para países mais avançados. Portanto aquilo que a inexistência de liberdade para atrair
indústria pode provocar é a permanência dos padrões de vantagem pré-existente. Alguns países
permanecem incapazes de atrair novos investimentos.

Ex- se Pt não der condições melhores à Volkswagen do que da Espanha, a próxima fabrica irá para Espanha
e não para PT. Isso dependera também daquilo que será a avaliação feita em Bruxelas quanto à licitude dos
auxílios de Estado.

Portanto, temos regras inseridas naquilo que é a área da defesa da concorrência que tem esta característica
especial de servirem sobretudo para evitarem a concorrência entre os Estados, mas também numa logica de
fair play, de evitar que alguns distorçam as vantagens comparativas.

Aula 23/03

Práticas individuais restritivas do comércio

- Diploma sobre o regime aplicável às práticas individuais restritivas do comércio- decreto-lei nº166 de
2013 de 27 de dezembro- transfere-se ainda a competência para os processos de contraordenação da
autoridade da concorrência para a autoridade de segurança alimentar económica- ASAE- uma vez que este
regime pretende proteger diretamente os agentes económicos e garantir a transparência nas relações
comercias, sempre que não esteja em causa uma afetação sensível da concorrência. Até este diploma, era a
própria autoridade de defesa da concorrência que zelava pelo cumprimento desta legislação que afinal de
contas o que pretende é proteger os agentes económicos. A intencionalidade deste diploma é semelhante
aquilo que seria, na sua génese, a do abuso de concorrência económica. Ex- estão previstas a proibição das
vendas com prejuízo e de práticas negociais abusivas. A intenção deste diploma é semelhante aquilo que
seria, na sua génese, a do abuso de dependência económica.

Durante muito tempo, a autoridade da concorrência, esteve obrigada por um lado, a defender o
funcionamento do mercado, e por outro lado, a defender os agentes económicos do funcionamento do
mercado. Ex- a situação mais marcante desta “esquizofrenia” que era própria da atuação da autoridade da
concorrência por imposição legal, é talvez a atuação do pingo doce no 1º de Maio, em que se vendeu os
bens das suas lojas a 50% em relação à fatura Os clientes pagavam metade daquilo que fosse o seu talão de
compras. Isto fez com que a autoridade da concorrência fosse aplicar o regime das práticas individuais
restritivas do comércio, de forma a penalizar aquela atuação do pingo doce, que tinha sido uma atuação
extremamente concorrencial. O que o pingo doce fez foi repor quanto à sua estratégia de colocação no
mercado, e por outro lado, vender quantidades muito superiores aquilo que seria normal.

Direito da concorrência

Nascimento do direito da concorrência: Sherman Act, aprovado em 1890, nos EUA, não é a 1º legislação
de defesa da concorrência do ponto de vista histórico factual, em 1889, no Canadá foi aprovado o Combines
Act. No entanto, este foi aprovado num conjunto de legislação norte americana anterior.

Na altura, em 1890, dos 13 estados que constituíam os Estados Unidos, 6 tinham legislação anti-trust. Eram
Estados, maioritariamente na Baía do Mississípi, estados agrários, onde a preocupação essencial que levou
à aprovação dessas normas anti-trust era a defesa dos pequenos produtores do poder das grandes empresas
(sobretudo empresas que exploravam matadouros à escala industrial e depois distribuíam a carne embalada,
embalada graças a uma rede de distribuição de vagões frigoríficos- são as inovações tecnológicas da época
que alteram completamente o panorama de funcionamento do mercado, que é um mercado muito
importante para os rancheiros norte americanos, porque estes produziam as suas rezes e depois levavam-
nas até um centro urbano perto, onde essas mandas eram abatidas e transformadas em carne e distribuídas,
num espaço geográfico limitado. A introdução de mecanismos de refrigeração e a possibilidade de aumentar
a área de distribuição de carne fresca, veio a concentrar a indústria de transformação da carne em Chicago,
e aquelas movimentações de gado para pequenos matadouros deixaram de ser economicamente rentáveis.

Soma-se a isto, o facto de que na época se assistia à primeira grande depressão das económicas capitalistas,
1873 e 1896, que tinha feito com que os preços dos produtos tivessem caído de forma continua e sustentada.
O índice de preços (maneira de construir termos comparativos para preços em anos diferentes) que, em
1870, era 135, em 1880 (ano base), era 100, já em 1890 era 82. Assim verificou-se uma redução dos preços
muito significativa- É a primeira ocasião em que a sociedade capitalista global, a 1º crise que afeta de uma
maneira generalizada as económicas capitalistas da época e enquadra-se num contexto que prova a queda
de preços por causa do aumento da dimensão das empresas e das novas inovações tecnológicas. Ex- vagões
frigoríficos que passam a circular nos caminhos de ferro, inovações transportes, aumento escala das
indústrias.

As preocupações dos Estados Norte Americanos da Baía do Mississípi que levaram à aprovação das
primeiras legislações anti-trust, eram de carácter protecionista que pretendiam proteger os agentes
económicos mais débeis, menos poderosos da concorrência esmagadora feita pelos trusts (eram todas as
grandes empresas, de forma simplificada).

O trust foi uma invenção de um dos advogados da Standard Oil, que criou um mecanismo que atraía outras
empresas, fazendo a empresa crescer até atingir grandes dimensões: os títulos representativos do capital das
empresas pertencem a alguém, e caso esse alguém se quiser associar a outros iguais detentores de ações de
outras empresas, podem transferir as ações de todos para uma comissão que se vai encarregar de gerir a
atividade de todas as empresas através de um centro unificado de poder.

Em vez de haver aquisições, de uma das empresas adquirir outra para poder mandar nela, aquilo que este
advogado inventou foi:

-Havia uma empresa forte e reconhecida como eficiente, que eventualmente teria que empatar capitais
elevados se quisesse adquirir outras empresas do ramo, mas em vez disto, podia convidá-las para serem
sociais, aliciava-as a participar na sua atividade empresarial como associados, beneficiando da condução
dos negócios por quem era mais eficiente. A Standard Oil cresce através da atração de outras empresas que
estão no mesmo negócio (refinação do petróleo), tornando-as monstruosas.

REPRESENTAÇÃO DA ÉPOCA DE STANDARD OIL

Standar Oil representado num


giganteaste polvo, que tem num
dos seus tentáculos o Capitólio, ou
seja, a sede do poder político norte
americano. Outro tentáculo da
Standard Oil dirige-se para a Casa
Branca. Contudo, o Capitólio já
esta dominado pelo tentáculo da
Standard Oil. Era a convicção da
época, de que no Senado, quem
mandava era os truts. Do outro
lado, encontra-se o Parlamento,
também controlado pelo Polvo.
Dominava o poder normativo e
legislativo federal e também os centros de poder estaduais, assembleias representativas dos estados estavam
sob controlo da standard oil. Esta ideia de que os trusts eram a ameaça para os outros agentes económicos,
é que levou à aprovação dessas leis anti-trust dos Estados. Na época, sentia-se que as grandes empresas
gigantes tinham demasiado poder e eram elas as responsáveis pela redução dos preços que afetava os outros
agentes económicos que atuavam do lado da produção. Em certa medida, isto é verdade, o índice dos preços
caiu, mas acontece que a queda dos preços nas áreas da economia controlada por trusts ainda era superior:

-No que diz respeito ao petróleo e produtos derivados dele, na altura utilizados para iluminação,
aquecimento, os produtos refinados pela standard oli, os preços caíram 61% até 1890.

Os trusts eram responsabilizados pela descida dos preços, o que eram em parte verdade, uma vez que os
trusts conseguiam fazer descer os preços mais do que as outras indústrias, mas não é verdade porque no
contexto da época todos os preços estavam a descer. (Para evitar fenómenos de deflação justifica-se
intervenções corretivas do Estado, que na altura não existiam ainda, estas são introduzidas por Keynes).

Causa da queda dos preços:

- Desenvolvimento tecnológico, aumento dos mercados, que antes eram compartimentados porque não
havia forma de fazer circular os bens de forma económica em espaços alargados, os custos de transporte
eram muito elevados, e por isso, os mercados eram muito fechados;

-Com o desenvolvimento dos transportes, o aumento da escala de produção, desenvolvimentos de processos


transformação do aço para substituir o aço;

O anti-trust nasce para travar o poder dos grandes: a partir dos anos 80 foi recriada a história do anti trust
para defender interesses específicos. Essa reconstrução criou uma séria de mitos- os truts oprimiam os
consumidores, fazendo com que este pagasse mais pelos produtos, falso do ponto de vista histórico- os
preços estavam a cair e nos trusts caiam ainda mais. Entre 1880 e 1890 o preço do aço caiu 20%, do açúcar
18% e ao mesmo tempo que os preços caíam, a produção aumentou espantosamente. Nos anos 80, o PIB
cresceu 24%, ou seja, entre 1880 e 1890 a economia cresceu ¼. E nos 8 setores sujeitos a trust, os tais
considerados os exploradores dos consumidores, a produção aumentou 175%. Face ao crescimento de 24%
do PIB a performance do trust é avassaladora.

Temos uma situação em que a economia está a mudar profundamente, a concorrência da altura é
considerada “cut throat competition” (concorrência de cortar o pescoço), onde os mais pequenos eram
esmagados devido ao poder avassalador do trust, logo, era normal que os representantes dos Estados
tivessem simpatia pelas generalidades dos pequenos e médios produtores.

À escala estadual, 6 dos 13 dotaram-se de legislação anti-trust e alguma dessa legislação proibia
expressamente os acordos entre os agentes económicos para a descida de preços.
CONTEXO POLÍTICO:

Se é verdade que os estados reagiam de alguma forma na proteção dos seus interesses locais (interesses dos
produtores médios/grandes/pequenos), a nível federal, quem chegava aos órgãos de representação era quem
tinha poder para o efeito.

Representação do Senado americano em finais do século XIX- 1887, representação do Senado do futuro.

Nos lugares dos senadores estão sacos de moedas, que


representam as empresas.

O empresário individual era alguém que era considerado,


respeitado, tinha a sua dignidade humana. As sociedades
eram entes despersonalizados, que se associavam com base
no dinheiro, sacos de moeda, portanto. Senadores enfiados
dentro de sacos de moedas- seria a antevisão do caminho do
Senado norte americano.

Representação de 1890, ano em que foi aprovado o Sherman act pelo


Senado norte americano. O senador Sherman foi o propósito desta
legislação, mas acabou por ficar desanimado com o que o Senado fez
com a sua iniciativa e recusar a paternidade do ato legislativo, que
mesmo assim, acabou por ficar associado a ele. O Sherman Act resulta
da transformação da proposta do senador Sherman, num outro texto,
da responsabilidade de outro senador.

Na altura funcionava o acesso ao Senado dos EUA: os senadores na


altura não eram eleitos, mas sim escolhidos pelas Assembleias
Representativas dos Estados e quem ia para o Senado era quem
comprava lugar. Este cartoon mostra um indivíduo a pagar 1 milhão
de dólares para garantir lugar no Senado. Quem teria dinheiro para ir
para o senado seriam os homens de confiança dos milionários, que
depois cuidariam dos seus interesses.

Representação de 1889, altura em que estão a


ser negociadas propostas que vão dar origem
ao Sherman: mostra os trusts a dominarem o
senado norte americano. A porta fechada
encontra-se fechada, ou seja, o povo não tinha
acesso ao Senado. Temos também uma glosa
de Lincoln- Senado dos monopolistas, pelos
monopolistas e para os monopolistas.

Na altura, o Senado era controlado pelos


superpoderes económicos da época, e isso,
devia ter tornado implausível a historia de que
o Sherman Act era uma verdadeira lei anti
trust, isto não podia acontecer, uma vez que
quem mandava no Senado eram os truts e o que
estes queriam era evitar que os Estados aprovassem leis anti trust, a defesa dos truts era a criação de uma
legislação nacional que preenchesse o estado para evitar que fossem necessárias intervenções estaduais.
Em 1890, são aprovados 3 diplomas de grande importância:

-Sherman Silver Act: previa que o Estado norte americano adquirisse uma certa quantidade de prata para
permitir a circulação de moedas de prata, importante para os estados produtores de prata.

- Sherman Act: Anti-trust;

-Pauta aduaneira Mc Kinley: aumenta de forma extraordinária os direitos de importação norte-americanos-


legislação protecionista- com o intuito de acabar com a concorrência sobretudo a concorrência inglesa. Os
trusts são dos principiais interessados nisto. A ideia de o mesmo Congresso controlado pelos trusts que
teria como principal preocupação o consumidor, aprova a pauta aduaneira que só pode prejudicar os
consumidores porque trava a importação de produtos.

Entre 1897 e 1898, o supremo tribunal faz uma interpretação literal da norma que proibia acordos entre
empresas e põe em causa acordos entre empresas ferroviárias. As empresas faziam acordos entre si para
repartir custos de transporte, entre outros. Por força desta proibição, que a partir de então se começa a pensar
ser uma proibição séria de acordos entre empresas, qual é a resposta das empresas? Criarem super
corporações- super truts- passa a existir uma empresa que absorve as outras, tornando-se uma empresa
única.

A lei anti-trust serve como justificação para convencer os industriais da época que se se mantivessem
independentes ou se fizessem formas de cooperação soft, arriscavam-se a ser sancionados pela lei anti-trust.
Mas se contruíssem uma empresa única, deixando de haver mais que uma empresa, então isso ka seria
conforme a legislação do estado, e assiste-se a uma vaga de fusões e concentrações, as empresas ganham
uma dimensão fantástica para a época.

De seguida, McKinley indica como vice-presidente Theodore Roosevelt, um homem muito ciente e
afirmativo no que diz respeito à utilização do poder que tinha.

McKinley morre assassinado e de repente, Theodore Roosevelt torna-se presidente dos EUA e este não
gostava de ter um governo federal com menos funcionários que os truts, sendo que esses movimentavam
mais dinheiro do que o governo, e achavam que podia fazer aquilo que lhes aprouvesse.

Roosevelt, montado no polvo, que identifica os trusts, a discipliná-


lo. (trust designação genérica que corresponde às grandes
empresas). Roosevelt queria controlar os trusts através do Estado,
tentou fazer legislação que desse ao governo controlo destes, mas
não conseguiu. Acabou por recorrer ao Sherman Act: Em 1904,
utilizou o Sherman Act para barrar uma fusão de empresa,
utilizando a sua influência no Supremo Tribunal. Assim, o
Sherman Act passa não só a proibir acordos, mas também fusões.
Embora tenha permitido ao poder político reganhar algum poder
sobre o poder económico, isto configura um problema. Roosevelt
não estava aqui a defender o mercado, mas sim a supremacia do
poder político sobre o mesmo. O sucessor de Roosevelt, William
Howad Taft 1908-1912 veio a ser um adepto da política de
nomeações para o supremo tribunal e dá seguimento a estas
políticas de levar os trusts ao tribunal. Taft vem a incompatibilizar-se
com Roosevelt, e este decide voltar a candidatar-se à presidência. Na
altura em 1911, tenta ser nomeado candidato pelo Partido
Republicano, mas Taft era o indigitado candidato. Portanto, temos um
candidato presidencial que é o presidente em exercício, Tadft, temos
Roosevelt, que cria um partido novo para se candidatar e temos
Woodrow Wilson, como candidato democrático. As franjas
republicanas ficam divididas e Wilson acaba por ser eleito.

Aqui vemos Wilson, a fazer o mesmo que os antecessores, a


disciplinar os truts através da régua. Wilson é responsável pelo
Cleyton Act (1914), aqui está as primeiras previsões para o controle
da concentração das empresas. Ao mesmo tempo que este foi aprovado, é aprovado o Federal Trade
Commission Act, a legislação que cria a 2ª entidade de defesa da concorrência norte-americana, que tanto
tem competências em matéria de defesa da concorrência, como de proibição e sanção de comportamentos
de concorrência desleal.

A GRANDE DEPRESSÃO

O direito da concorrência norte americana vai tendo fases de maior expansão, outras menos, e vamos chegar
à altura da Grande Depressão, a crise de 1929-1933. Os EUA são o país que mais tarde a recuperar.

Seguem-se as experiências de controle da económica através de mecanismos de direção central, através de


mecanismos de direção central levadas a cabo por Franklin Roosevelt. Keynes chegou a escrever uma carta
a recomendar a Roosevelt que realizasse intervenções estaduais no sentido de reanimar a economia, numa
logica já macroeconómica política estabilizadora.

Em 1938, nomeia para segundo nome da cadeia de comando do departamento de justiça norte americano,
responsável pelo anti-trust division, Thurman Arnold. Este vai transformar o anti-trust num espetáculo, faz
apreensões de grande aparato, prende pessoas, põe as pessoas das empresas nas ruas de NY a desfilar em
algemas a caminho do tribunal. Os dirigentes das empresas passam a estar receosos e isto terá repercussões
na economia- se as pessoas controlam as empresas tem medo de ser presas a qualquer momento, estarão
mais reticentes a fazer investimentos ou outra coisa que possa animar a economia. Assim, com a chegada
de Thurman Arnold, o antit-trust passa a ser percebido como poderoso instrumento do poder.

Existe, no entanto, o problema da guerra: numa economia em guerra, não se pode estar a prender os
responsáveis pelas maiores empresas, essenciais ao esforço de guerra. De maneira que, Thurman Arnold
acabou por ser dispensado por Roosevelt e passou a juiz federal, afastado da anti-trust division.

As coisas chegaram a um ponto em que, em 1945, se deu um caso celebre, o caso Alcoa: O juiz Learned
Hand decide, no caso Alcoa, que uma empresa que é tao mais eficiente que as demais, está a violar as leis
da concorrência. Ou seja, no fundo, foi punida por ser mais eficiente que as outras, controlava o setor do
alumínio - impedia a concorrência por ser tão excessivamente eficiente.

Aula 06/04

Iniciou-se a lógica de “big is bad”

Ideia de que para que o mercado funcione é necessário que haja múltiplas empresas, e para tal, é necessário
evitar que haja uma empresa que esmague as outras, por causa da assimetria do poder e da eficiência.

O anti-trust tornou-se algo que punia a eficiência, aqueles que no mercado, conseguiam funcionar da melhor
forma. (Esta fase populista do anti-trust americano tem alguma irracionalidade, irracionalidade essa que
não foi levada a sério até 1978, altura em que Robert Bork aparece).

Exportação do anti-trust: No fim da 2GM, os EUA estavam interessados em que os outros países adotem
no seu direito interno, normas de proteção da concorrência e que estas impeçam as associações de empresas
e fusões e aquisições que resultem numa grande dimensão das empresas. Na Europa, essa tentativa de
convencimento americana não tem grande sucesso. Os americanos tiveram sucesso nos países onde
possuíam maior influência, como no Japão, por exemplo, onde é aprovada uma legislação de defesa da
concorrência, que também tinha intenções de dissolver umas formas de organização empresarial em que
uma empresa chave tinha atuações e controle de empresas nos mais diversos ramos de atividade existentes
no Japão. (No Japão, a legislação que surge, é simultaneamente, de defesa da concorrência como da defesa
da concorrência leal).

Tentam ainda que os alemães se dotem de uma lei de defesa da concorrência, o que não corre bem.

Em 1951, isto acaba por ter sucesso com a formação da CECA, que foi a 1ª consagração do mecanismo de
controle de concentrações de empresas na Europa, o que se encontrava na logica da defesa da concorrência-
para os americanos, a criação da CECA era inconcebível porque uma fusão das capacidades produtivas dos
pais fundadores da mesma poderia pôr em causa os interesses norte americanos, que viam na comunidade
a criação de um super Cartel.
Assim, para apaziguar os receios norte americanos, Jean Monet criou normas de defesa da concorrência e
integrá-las no texto da CECA- normas de proibição de abuso da posição dominante e proibição de acordos,
práticas concertadas e decisões de associações de empresas, como já referido. EM 1957, no tratado de
Roma, tratado da CEE, as disposições sobre controle de concentrações de empresas desapareceram, mas
ficou a proibição de acordos, praticas concertadas e decisões de associações de empresas e proibição de
abuso da posição dominante. É também em 1957que é aprovada a lei da defesa da concorrência na
Alemanha, uma vez que é neste ano que os outros países, no âmbito da CEE, passam a ficar sujeitos a regras
que são idênticas às regras da lei da concorrência. Assim, a exportação da legislação antitrust norte
americana vem a ser bem-sucedida, mas com um atraso considerável.

Caso da empresa ATT: American telefone and telegraph- empresa com uma enorme escala, monopolista.

Em 1974, o Department of Justice intenta uma ação contra a ATT para a desmembrar, o mesmoq eu tinha
feito, em 1969, a IBN, a empresa pioneira na criação dos supercomputadores. Estas sofrem um processo de
dissolução por parte da anti trust division- lógica de Big id bad que está a dirigir os esforços dos poderes
estaduais encarregues de defesa dos mercados. Estes dois processos vêm a ser encerrados, ambos em 1982-
no caso da ATT, esta acaba por se dividir em 7 empresas, as Baby Bells.

Robert Bork: nesta altura, em 1978, é publicado o livro “anti trust paradox” de Robert Bork, o homem que
mudou radicalmente o anti trust e que criou o mito de que o anti-trust nasceu como intencionado à defesa
dos consumidores, nos EUA. Robert Bork não foi nomeado para o Supremo Tribunal, devido a:

Escândalo Watergate: O comité de reeleição do presidente Nixon decidiu fazer espionagem política no
partido democrata e invadiram a sede do partido democrático, invadindo o complexo Watergate. Acabam
por ser apanhados na 2a incursão e, depois, descobre-se que o dinheiro que o grupo tinha, era proveniente
da campanha presidencial do Nixon.

As coisas levam à nomeação de um procurador especial para investigar e as investigações começam a trazer
acima coisas comprometedoras.

Nixon quis substituir o procurador, mas as coisas não correram bem — este dá ordem ao ministro da justiça
para que o procurador seja substituído, ao que este recusa e demite-se. O novo ministro faz o mesmo.

De seguida, na falta de ministro para o fazer, a função passa para o grau seguinte, o Robert Bork, que na
altura despede o procurador.

Esta sucessão de 3 demissões tornou Robert Bork diretamente responsável por uma página não
particularmente brilhante da história norte americana. Assim, quando Robert Bork é nomeado para o
Supreme Court por Reagan, o Senado não aprova.

Então, Robert Bork vem criar o tal mito de que o Sherman Act foi criado para defesa do consumidor, para
salvaguardar o bem estar dos mesmos. portanto, e aquilo que o Congresso tinha querido era isto, então só
havia duas coisas que ficavam sujeitas à aplicação da legislação anti-trust, a subida de preços e a diminuição
da produção.

Bork, na sua obra, vem mostrar que aquilo que os americanos estavam a fazer ao aplicar o anti-trust como
estavam a fazer era destruir as suas maiores empresas e destruir a sua possibilidade de ser uma economia
mais eficiente do que as outras, ou seja, a eficiência, devia ser o principal objeto económico, mas o que
estava a acontecer era que as empresas mais eficientes estavam a ser penalizadas pelo anti-trust.

— O grande aliado dos consumidores é sempre a maior empresa do mercado (uber, Amazon, Walmart...)

Anos 80: Ascensão do neoliberalismo

Defesa da não intervenção do Estado na economia e nascimento o Estado regulador (das entidades
reguladoras).

A lógica é a de que não é adequado prejudicar a eficiência economia — passamos a ter um direito da
concorrência subordinado à obtenção da máxima eficiência.
Este foi o panorama cultural em que todos vivemos desde os anos 80, o que é bom é a eficiência, a redução
de preços e a proteção do bem estar do consumidor.

As empresas ganharam proporções gigantescas, porque, afinal de contas, estas defendiam o consumidor,
p.e. a Microsoft, a Uber, a Amazon, a Google ...

Como o anti-trust é sujeito a sucessivas mudanças de paradigma, em 2014, começa a haver transformações:

O anti-trust tinha-se tornado completamente inoperante para a emergência das superpotências económicas,
porque estas jogavam com aquilo que era a lógica deliberada do anti-trust.

As super-empresas, durante anos, conseguiram reforçar o seu poder económico, tirando partido do quadro
mental que Bork criou, dentro da lógica dos governos de Reagan, Tatcher, governos que pretendem que as
grandes empresas façam o seu trabalho, o de fortalecerem a economia dos países onde se encontram
sediadas e serem eficientes na produção, de modo a poupar recursos e maximizar satisfação.

Nesta altura, o paradigma está a mudar, fala-se dos Neo-Brandeisianos, aqueles que na esteira do Vestager
acham que Big is Bad:

(Nota: Margarete Vestager, a Comissária da Concorrência Europeia é indigitada para o cargo.

Logo em 2014 vai a uma sessão na Universidade de NY, onde estão das maiores sumidades norte
americanas no domínio do anti-trust e esta tem uma prestação embaraçosa, uma vez que não tinha
experiência do assunto.

No entanto, Vestager foi um dos pivôs da “dança do anti-trust” - trustbuster. )

Chumbo da Comissão Europeia da Concorrência de um projeto de fusão que viria a criar o RailBus:

- Um projeto de concentração das operações de ferrovia e comboios rápidos e aparelhagem das linhas dos
mesmos, da Siemens alemã e da Alstom francesa, na lógica do que tinha sido a criação da AirBus — esta
fusão criaria uma empresa com dimensão suficiente para ter uma dimensão mundial e, se ainda vigorasse a
lógica do Big is good, a fusão tinha passado. No entanto, Vestager não era uma pessoa emboída nos quadros
mentais da época e, traçou outro caminho, o de criar mais concorrência no mercado.

Aula 12/04

Outra forma de intervenção do estado na economia (mercado)- apoio às pequenas e médias empresas

As pequenas e médias empresas, o chavão das PMEs, correspondem à esmagadora maioria do tecido
empresarial, quer da UE, quer nacional.

Há uma recomendação da Comissão de 2003 que é utilizada por todos os países da UE e que distingue as
micro-empresas das pequenas das médias e das grandes empresas.

Micro-empresas: possuem até 10 trabalhadores e um volume de negócios até 2 milhões de euros.

Pequenas empresas: possuem até 50 trabalhadores e um volume de negócios até 10 milhões de euros.

Médias empresas- possuem até 250 trabalhadores e um volume de negócios até 50 milhões de euros.

Se considerarmos só as empresas que não operam no sistema financeiro, portanto, empresas que não estão
integradas no sistema financeiro (as que estão tem requisitos e implicam que sejam grandes empresas). Se
considerarmos as estatísticas das empresas fora do sistema financeiro são pequenas e grandes empresas nos
atingimos o valor de 99,8% das empresas a nível comunitário e de 99,9% das empresas a nível nacional.
Quer dizer, que a nível interno 99,9% do tecido empresarial é constituído por micro-empresas, pequenas e
médias empresas. Isto deixa, em 2019, 920 empresas fora do sistema financeiro. Estas, por sua vez,
movimentam mais de 50M de euros e mais de 250 trabalhadores.

A Bélgica tem 986 empresas grandes, a Hungria tem 941 empresas grandes- a diferença não é muito
significativa relativamente a PT. Em contrapartida, há 2 países que tem proximidade com PT em termos de
dimensão, mas estão afastados destes valores médios do nº de grandes empresas. A Grécia, com apenas
523 grandes empresas e a Holanda com 1756 grandes empresas. No que diz respeito à Holanda, uma parte
da razão deste desvio em relação aquilo que é uma média empresa pode estar na atratividade do sistema
fiscal holandês, que beneficia empresas que transfiram a sua sede para lá.

Ao nível da UE 99.8% são PMes. os restantes 0,02% dizem respeito a grandes empresas, representam cerca
de 1/3 do emprego e 41% do valor acrescentado. As grandes empresas, ainda que poucos, tem um peso
absolutamente desproporcional em termos quer em valor acrescentado quer em volume de emprego.

O que fazer para tentar auxiliar as empresas responsáveis por 2/3 do emprego a nível da Europa- as PMES
e micro?

Os Estados normalmente têm agências, institutos, setores da administração que procuram auxiliar de
alguma forma estas PMES. Em PT há 2 entidades com esta função:

-AICEP, agora chamada PT Global – possui a função de internacionalização de empresas, ou seja, detetar
oportunidades de negócio no estrangeiro que possam interessas a empresas PT, através da sua presença
externa ou de pesquisa, divulgando depois a informação junto das micro, PMES; garantir a presença em
feiras internacionais que reúnem quer agentes económicos que atuam do lado da oferta quer do lado da
procura; função de apoiar, estimular e procurar atrair investimentos estrangeiro e procurar atrair
investimento estrangeiro para Portugal, IDE (investimento direito estrangeiro), esta agencia que procura
atrair investimento estrangeiro para PT. Portanto, esta dimensão externa está presente na possibilidade de
trazer agentes económicos para PT assim como de levar os nacionais para o estrangeiro.

-IAPMEI ou agência para a competitividade e inovação- distingue-se da AICEP dado ter uma intervenção
voltada para o interior do país. Tem como função auxiliar o funcionamento das empresas em PT,
nomeadamente, através de divulgação de informação (aparecimento de uma atividade de negocio em Trás
os Montes é comunicado as empresas potencialmente interessas), gere os sistemas de incentivos (apoios
que são disponibilizados pelo Estado português e em parte financiados por fundos europeus ou através de
desenvolvimento regional) e tem centros de atendimento empresarial em vários pontos do país, de modo a
promover uma maior interação entre PMES e estes fundos disponíveis para auxiliar o desenvolvimento das
PMes.

Outra dimensão que é muito relevante, no que diz respeito, ao auxílio das PMES, tem a ver com a
contratação pública:

-Código de contratação pública (2008) que transpunha para o direito português uma série de diretivas
comunitárias e a sua preocupação essencial era a de aumentar a concorrência no que diz respeito à atribuição
de contratos públicos (celebrados por entidades públicas, estados, autarquias). Estas regras da contratação
publica serviam para evitar que os países acabassem por fazer uma contratação das suas empresas nacionais,
estimulando, assim, a concorrência. Para tal, foram criados limiares comunitários- contratos a partir de uma
certa dimensão passaram a estar de acordo com essas diretivas: se o estado português decide fazer uma
expansão do aeroporto, por exemplo, está obrigado a seguir a tramitação do código dos contratos públicos,
e acima de certos valores de contrato, isso obrigada à divulgação das condições do contrato em instâncias
comunitárias, num portal consultável por todos os agentes económicos, o que permite que as empresas
possam concorrer a contratos que passam a saber que estão disponíveis na UE. Com este princípio da
concorrência que se entendia que era a melhor forma que não houvesse preferências nacionais (mercado
único pressupõe que não há barreiras nem diferenciação da sua nacionalidade), e assim, estimular a
concorrência, acabou por se perceber que esta regra estrita de colocação de todos os agentes económicos
em igualdade de circunstâncias acabava por beneficiar os agentes económicos de maior dimensão (a
concorrência defende os mais fortes). Em 2010, as grandes empresas detinham 66% dos contratos públicos,
ou seja, quando havia grandes negócios que podiam render atividades importantes, duradouras e de grande
dimensão, quem ficava com os contratos eram as grandes empresas. A média comunitária em 2010 de
atribuição de contratos públicos às grandes empresas era de 2/3. A UE deu conta que se tinha de alterar esta
regra dos contratos públicos tinham que ser sujeitos a uma concorrência internacional que acabava por
beneficiar as grandes empresas. A partir de certa altura, isto tornou-se um incomodo, uma vez que eram
sempre as mesmas empresas a ganhar os concursos, então a UE deu conta da necessidade de alterar esta
regra dos contratos públicos sujeitos a concorrência internacional.
Em 2014, houve uma serie de diretivas que vieram introduzir algumas mitigações ao princípio estrito da
concorrência justamente para evitar que façam por ser sempre as grandes empresas e só as grandes empresas
a ganhar contratos públicos (alterações introduzidas depois em Portugal em 2017). Uma das regras que se
introduziu foi a obrigação da divisão em lotes: desde que seja possível, deve-se fazer uma divisão em lotes,
ou seja, lançar-se concursos parcelares, em vez de ter um contrato único de realização de uma empreitada,
passava a haver diferentes contratos, sendo que cada um deles era de menor dimensão, atraindo empresas
de menor dimensão também; além disso também se estabelecia limites ao nº de lotes que se podia atribuir
ao mesmo contratante. Com isto, onde não estejam em causa dificuldades técnicas ou custos muito
acrescidos, não há fundamento para se afastar a obrigação da contratação em lotes. Assim, deixa de se estar
num sistema de concorrência pura, em que ganha o melhor, que oferece o melhor preço e as melhores
condições para fazer todos os troços, não poderia ficar com mais do que 3 ou do que os lotes estabelecidos
no mercado- isto tem algum prejuízo em termos de eficiência, mas ganhos em termos de diversificação e
aumento dos agentes económicos que podem ter acesso à contratação pública.

O primado da eficiência cedeu em relação as outras componentes relevantes, também consideradas


relevantes, que neste caso diz respeito à proteção das micro e PMES.

Estatísticas da situação antes da alteração de 2014 e da sua transposição para o CCP para 2017:

- As empresas estrangeiras que ganhavam concursos públicos na Alemanha eram 2%, enquanto em PT era
23%, a forma como estava construída a dimensão da contratação publica acabava por beneficiar empresas
de grande dimensão, que em princípio nem eram portuguesas;

-Empresas portuguesas a ganhar contratos fora era menos de 0,5%, enquanto as empresas alemãs que
ganhavam contratos fora da Alemanha eram 21%.

Estas intervenções do Estado, na veste de alocador de recursos, no que diz respeito aos apoios das PMES e
da contratação pública,

Aula 13/04

PARTICIPAÇÃO NA PRODUÇÃO E FORMAÇÃO DO PREÇO DOS FATORES

A lógica da formação dos preços dos fatores (preços dos fatores- a terra, trabalho, capital).

Terra—conjunto de recursos naturais disponíveis para a produção, mas sem custos de produção. A terra é
dada à partida, não é algo que se produza.

Junta-se ainda a iniciativa empresarial, que acaba por corresponder a uma forma de organização dos demais
fatores de produção. É através da iniciativa do empresário que se combina os fatores de produção (terra,
trabalho e capital) para se pôr em marcha o processo produtivo.

A cada um destes fatores de produção corresponde uma remuneração: Terra- renda; Salário- trabalho;
Capital- Juros (capital enquanto ativo monetário); Iniciativa- Lucro.

Através da participação no processo produtivo, as pessoas recebem uma remuneração ligada à sua
contribuição para o processo produtivo.

Numa economia de mercado, a forma como se distribuem os resultados da produção acaba por ser um
subproduto da participação no processo produtivo. Portanto, é em função do grau e da qualidade (medida
por uma avaliação de mercado) dos recursos que são fornecidos ao processo produtivo, que os agentes
económicos recebem a sua quota parte do rendimento que é gerado no processo produtivo. Isto coloca
problemas, que nos últimos anos, são cada vez mais objeto de atenção, designadamente por causa de uma
eventual falta de trabalho no futuro, devido à substituição crescente de força de trabalho por máquinas,
tecnologia. Isto põe o problema de saber se no futuro, aquilo que é a fonte primordial de rendimento da
imensa esmagadora da população mundial, que é a participação no processo produtivo através da venda da
sua força de trabalho tem sustentabilidade. E caso haja uma diminuição do emprego disponível, resultado,
portanto dos avanços tecnológicos, então teremos um problema quanto à forma de distribuir o rendimento.

O que há em comum aos fatores de produção e à respetiva moderação? O facto de também eles terem
preços- remuneração dos fatores de produção são os preços (juro, renda, lucro, salário).
A formação do preço dos fatores numa economia de mercado passa pelos mesmos mecanismos que nos
encontramos quando nos estudamos a forma de mercado. A formação dos preços dos fatores tem uma
correspondência com a formação do preço dos bens. Temos uma oferta de um fator de produção, uma
procura do fator de produção, e portanto, funciona a lei da oferta e da procura, e em função dessa oferta e
dessa procura os preços serão ajustados de forma a encontrar-se uma situação de equilíbrio (oferta=
procura).

Isto é o que há em geral a todos os fatores de produção, depois cada um deles tem especificidades.

Princípio geral representado nos diagramas 206 e 207 do manual.

Página 206: é possível que haja um crescimento da produção total, mesmo quando a produção marginal vai
diminuindo (só quando o produto marginal se torna 0, é que o produto total deixa de aumentar, e só quando
o produto marginal se tornar negativo, é que a produção marginal diminuiria). Vemos, portanto, que o
produto marginal vai diminuindo.

Página 207: há um limite para a aquisição deste fator de produção, esse limite é daquilo que é possível obter
em termos produtivos com a utilização de uma unidade adicional desse produto - se o preço for f3 é possível
contratar este fator de produção até à quantidade v3, porque embora em V3 o produto marginal deste fator
de produção seja mais baixo, é ainda suficiente para equiparar aquilo que custa pagar este fator de produção.
É claro que se o preço subir para f2, então a quantidade adquirida muda para v2 porque qualquer quantidade
adicional que fosse adquirida a partir de v2 custaria mais do que aquilo que seria o seu contributo em termos
de resultado do processo produtivo. Quanto mais alto for o preço do fator, maior terá de ser o contributo
desse fator para o processo produtivo, porque se não for pelo menos igual ao seu custo, então não haverá
interesse em adquirir quantidades adicionais desse fator.

A logica é a da parificação do produto marginal e do produto total. O fator será desejado enquanto aquilo
que ele poder trazer para o processo produtivo, seja pelo menos igual aquilo que custa pagar esse fator de
produção.

Enquanto a procura de bens e serviços é uma procura imediata, a procura dos fatores de produção é uma
procura derivada, ou seja, a razão pela qual se a adquirem fatores de produção é a possibilidade de os por
ao serviço de um processo produtivo. E é em função das necessidades de aumentar as quantidades
produzidas que se tem incentivo adquirir mais fatores de produção.

A procura dos fatores de produção é derivada justamente porque é movida por aquilo que acontece no
mercado que é determinante (mercado dos bens e serviços). Se houver um aumento de procura de um
determinado bem, isso induz uma procura derivada dos fatores de produção para aumentar a produção do
bem, cuja procura aumentou, e portanto, é uma reação de resposta que vai determinar aquilo que é a
quantidade de fatores de produção que são desejados incorporar no processo produtivo.

As oscilações no mercado dos bens e serviços transmitem-se para a procura derivada dos fatores de
produção. A complementaridade entre capital e trabalho, verifica-se na totalidade dos fatores de produção,
não são só o trabalho e o capital que são complementares. (As curvas de isoquantidade, não encontramos
situações em que a curva se toca no eixo dado que não é possível montar processos produtivos que
dispensassem integralmente processos produtivos, só com capital ou só com trabalho).

Em relação à terra (recursos naturais), embora não entrem todos processos produtivos há uma grande
quantidade de processos produtivos que não dispensam a presença destes recursos naturais, trabalho e
capital não chega, é necessário ter também a terra, e evidentemente é necessário que haja uma organização
dos fatores de produção de forma a pôr em marcha os processos produtivos, sendo função do empresário.
Portanto, o processo produtivo não dispensa a presença do risco, inovação ou iniciativa empresarial.

Temos estas características comum aos fatores de produção: procura derivada e procura interdependente
(na maioria dos casos não se pode aumentar a procura de um fator sem se aumentar a procura de outro ou
inversamente). Um aumento da procura de um fator tem consigo a procura acrescida dos fatores
complementares- há uma complementaridade genérica entre todos os fatores.

Terra
A renda é a remuneração de um recurso natural, da terra.

Sobretudo, a partir do século XVIII, as económicas clássicas dedicaram uma grande atenção ao fator de
produção terra, uma vez que se tratava de uma altura pré revolução industrial, em que o principal fator de
produção acaba por ser a terra.

A terra é um recurso que não custa produzir e é finita. A oferta é rígida (corresponde a uma curva da oferta
vertical) implicava que havia limites à oferta deste recurso natural. Claro que nem sempre era assim, na
altura da expansão americana para o ocidente, havia expansão geográfica dos recursos naturais disponíveis.
No entanto, uma vez cessada a expansão, foi o fim da expansão dos recursos naturais disponíveis. Não é
possível aumentar a quantidade de diamantes ou de petróleo que existem na terra, por exemplo. Os recursos
naturais da terra são fixos apesar de poderem ser descobertas novas reservas. Isto implicaria que o preço
para os fatores naturais, as rendas seriam determinadas unicamente pela procura. Temos um preço e a
especificidades das rendas como preço resultaria de a oferta dos recursos naturais ser fixa, rígida.

Francking- fractura hidráulica: forma de obter gás natural ou petróleo. Obtém-se fazendo um furo de 2km
de profundidade na costa terreste, e depois, faz-se a perfuradora descrever uma curva de 90 fazendo-se de
seguida, buracos ao longo do canal. No fim, injeta-se uma solução de água (milhões de litros de água, ácido,
areia e outras componentes) que vão fazer com que a rocha quebre. Enquanto a rocha quebra, o gás e o
petróleo que estão retidos na rocha começam a escoar em sentido inverso à injeção de água que foi feita. O
ponto de inflexão no consumo do petróleo, desse os anos 70, vem sendo antecipado. Houve uma altura em
que não conseguíamos combustíveis fosseis, mas depois, as sucessivas inovações industriais começaram a
carecer de combustíveis fosseis. No entanto, à medida que esses combustíveis vão sendo necessários, vai
aumentando o consumo de petróleo. À medida que vamos consumindo o petróleo ele deixa de existir. O
petróleo deixa de ser considerado como um recurso natural e passa a ser integrado num processo produtivo.
A ideia de que a oferta de um recurso é dada, não significa por um lado, que possa haver um aumento desse
recurso como a sua diminuição. No que diz respeito às insuficiências ou desleixo na manutenção dos solos,
é possível que se percam as capacidades produtivas- deslocação para a esquerda. Ainda que haja a ideia de
que a oferta dos recursos naturais é rígida (curva vertical), não é impossível que esta se desloque para a
direita (ex- pode vir a ser possível extrair recursos naturais da lua). Também pode acontecer que a oferta
rígida se desloque para a esquerda, em resultado de uma sobre-exploração dos recursos que ponha em risco
a continuidade produtiva dos recursos. Se tivermos uma curva vertical, aquilo que vai determinar o preço
vai ser a deslocação da curva da procura, se tivermos uma curva vertical a oferta é fixa, mas o preço que se
vai estabelecer para remunerar este fator dependerá da procura. Se tivermos uma curva da procura mais
alta, mais à direita, a interseção com a curva da oferta verifica-se com um ponto mais elevado e esse ponto
determina um preço elevado. Se houver uma deslocação da curva da procura deste fator de produção para
a esquerda e para baixo, encontramos um preço mais baixo.

Qual é a dimensão das rendas nas diferentes economias? Depende muito. Há economias em que a renda é
uma componente muito importante do PIB (ex-países que exportam petróleo ou gás natural) e outros em
que não tem recursos que não possam extrair, a participação das rendas no PIB é menor, países com menor
exploração de recursos naturais, essa contribuição será menor.

O país com mis ratio no seu produto interno é a Libéria (50% proveniente de rendas- exporta ouro, ferro,
madeira e petróleo).

Explicação da renda de David Ricardo 1817, economista clássico

i. Diferente fertilidade por hectare gera rendas:

Renda diferencial quando os custos são iguais mas a produção desce:


150 - - -
25 125 -
50 25 100 -
100 75 50 50
O excedente da produção em cada momento dá o valor da renda.
ii. Diferentes custos por toneladas geram rendas:

Renda diferencial quando a produção é igual mas os custos sobem:


100 - - -
25 125 -
50 25 150 -
100 75 50 200
O excedente de custos em cada momento dá o valor da renda.

David Ricardo tentou perceber se era o preço dos cereais que fazia subir as rendas da terra ou se era a subida
da renda das terras que provocava a subida do preço dos cereais. Portanto, constatou no seu tempo, que
havia uma subida em paralelo do preço dos cereais e das rendas das terras (remuneração do fator de
produção que era a disponibilização da terra para levar a cabo atividades produtivas agrícolas) e procurou
perceber o que estava a causar a variação da outra variável- Eram os preços altos do trigo que faziam subir
as rendas? Ou era o facto das terras se tornarem cada vez mais cara que encarecia o processo produtivo e
fazia os cereais serem mais caros?

Renda diferencial- pode ser explicado de 2 formas:

Numa 1º situação encontra-se a primeira explicação da renda diferencial de Ricardo, que parte do seguinte
pressuposto:

As terras têm graus de fertilidade diferentes, há terras mais ricas e com mais potencial de desenvolvimento
de culturas e outras menos. Portanto, se tivermos 1 hectare de terra de primeira qualidade, temos uma certa
produção, se gastarmos um certo montante em trabalho e irrigação e adubação dessas terras. Mas se
tivermos um hectare que tenha menos capacidade produtiva, portanto, menos potencial, se gastarmos a
mesma quantidade de trabalho, de água, de fertilizantes teremos uma produção menor. E, se tivermos um
terceiro hectare que naturalmente não será nem a primeira nem segunda escolha, podemos utilizar o mesmo
trabalho, a mesma fertilização, irrigação e, no entanto, o resultado do processo produtivo será menor.

Isso está representado no primeiro diagrama:

Temos uma primeira terra muito fértil, um hectare de produção que gera um resultado produtivo de 150 e,
se não houver necessidade de produzir mais do que aquilo que é o resultado da exploração deste hectare,
nos teremos uma produção de 150. Supondo, agora, que os 150 alqueires são insuficientes para satisfazer
as necessidades num determinado momento, então, é necessário produzir numa outra terra que,
anteriormente, não estava a ser trabalhada, uma vez que era menos fértil. A 1ª terra tem um resultado de
150 e a 2ª terra tem um resultado de 125- isto implica que se o dono da 1ª terra quiser sair do processo
produtivo, pode sugerir àquele empresário trabalhador, que se dispõe a produzir na 2ª terra, sabendo que
vai ter um resultado de 125, oferecer-lhe a sua 1ª terra, através da cobrança de uma renda. É o facto de se
ter tido necessidade de explorar a 2ª terra que cria aqui, um diferencial da primeira. A primeira, quando não
havia exploração da 2ª não dava origem a uma renda. Agora, quem quiser explorar a terra menos fértil tem
a opção de explorar com o mesmo custo de trabalho, irrigação e fertilização a 2ª terra, se o fizer tem um
retorno de 125 ou então tem a opção de arrendar ao proprietário da 1ª e produzir com a mesma quantidade
de trabalho, fertilização e irrigação 150. Para ter este direito de exploração da 1ª terra e não da 2ª, ele terá
de pagar ao proprietário da 1ª, 25 de renda. Se o fizer, fica numa situação de indiferença- o potencial
explorador da 2ª terra tem agora uma alternativa: ou explora a 2ª terra e tem um resultado de 125 ou a 1ª e
tem um resultado de 150 e paga 25 de renda. Aqui está a logica que, depois se propaga para utilizações
sucessivas de terrenos cada vez menos férteis.

Se utilizarmos num momento posterior um 3º talhão menos fértil, que tem apenas uma quantidade de 100,
então passa a haver uma renda que é possível ser paga ao proprietário da 2ª parcela, e sobe a renda que pode
ser pedida pelo 1º proprietário. Assim, o 1º proprietário não recebe nenhuma renda diferencial quando não
há mais nenhuma terra a ser explorada, quando há necessidade de explorar uma 2ª terra, cuja produção é
25 alqueires menos do que a sua, passa a poder pedir uma renda de 25, e no momento em que é necessário
explorar uma 3ª terra que produz 100, a sua renda passa a poder ser de 50 (a diferença entre aquilo que é a
capacidade produtiva da terra e a capacidade produtiva da terra marginal passa a ser agora uma diferença
de 50- renda).
Ficamos com a ideia de que a renda é resultado da diferença de produtividade das terras e que a necessidade
de explorar recursos com qualidade cada vez menor, implica uma valorização das terras que tem uma maior
capacidade produtiva.

2ª forma de explicar:

A produção pode ser igual, podemos garantir que produzirmos as mesmas quantidades nas diferentes terras,
só que para o podermos fazer, temos que gastar cada vez mais nesse processo produtivo (temos que ter mais
horas de trabalho, mais irrigação, fertilização). O resultado final acaba por ser o mesmo, mas enquanto
numa terra que à partida tem condições ótimas para a produção e se faz com menos custos, numa terra que
tem menos potencial produtivo, garantir que essa mesma quantidade de produção custa em termos de horas
de trabalho, consumo de água, etc, bastante mais.

Isto também da origem a uma renda diferencial, o chamado diferencial 2 ou a teoria da renda diferencial na
sua segunda formulação.

A produção vamos supor que é igual nos diferentes hectares, mas para produzir no 1º talhão gasta-se 100
(salários, água, fertilizantes). Se se tiver de recorrer a um hectare menos fértil, para se garantir a mesma
quantidade de produção tem de se gastar 125. Gera-se aqui uma renda diferencial de 25 que pode ser paga
ao detentor do 1º hectare. Se for necessário depois explorar uma 3ª parcela e para garantir a produção do
mesmo alqueire tiver que se gastar 150, então a 2ª terra passa a ter uma renda diferencial, 25, e a 1ª terra vê
o seu diferencial aumentar para 50. Quem estiver na posição de pensar em explorar a 3ª terra e com isso
gastar 150 alqueire, pode considerar a alternativa de arrendar a 2ª terra e gastar 125, caso em que para ter
esse direito terá de pagar 25 ao seu proprietário ou em alternativa, gastar apenas 100 na produção, mas
gastar 50 de renda ao proprietário da 1ª terra.

Quer pela via dos resultados do processo produtivo, quer pela via dos custos, a explicação que Ricardo
aumentou das rendas tinha a ver com este diferencial que era introduzido cada vez que as necessidades
crescentes da população exigiam aumentos de quantidades produzidas:

Quando se aumentavam as necessidades de cereais, era necessário ir explorar terras que ou eram menos
férteis (proporcionavam menos alqueiro) ou para garantirem uma certa quantidade de produção exigiam
maiores gastos, cada vez que isto acontecia, seja pela explicação do diferencial de produção ou pelo
diferencial de custos, então quando isto acontecia, aumentavam as rendas.

A lógica de Ricardo era de que era a pressão exercida pela necessidade de quantidades sucessivamente
maiores de produto, que gerava oportunidade para a cobrança de rendas cada vez maiores por parte dos
detentores das terras.

FATOR DE PRODUÇÃO TRABALHO

Este não é suscetível de uma oferta rígida como a terra, há uma oferta de trabalho que, pela logica da oferta,
devia ser crescente, devia variar na mesma direção do preço, se houver um aumento do preço, há um
aumento da disponibilidade das pessoas do lado da oferta para oferecerem mais desse bem ou desse serviço.
A lógica do trabalho também podia ser assim, se as pessoas receberem menos trabalham menos, se as
pessoas receberem mais trabalham mais. A lógica de oferta de trabalho devia ser a lógica comum a todas
as circunstâncias da oferta. Acontece que a curva da oferta de trabalho é muito particular, página 210.

Análise:

A curva da oferta do trabalho é semelhante a um Z inclinado, quer dizer que na sua parcela intermédia ela
tem uma inclinação positiva, estamos naquilo que é a lógica normal da reação da oferta ao preço, o preço
aumenta, aumentam as quantidades oferecidas de trabalho. Porém, na parte superior da curva, ela torna-se
negativa, quer dizer que há medida que aumenta o preço que é oferecido pela hora d trabalho, as horas de
trabalho diminuem. Isto acontece na prática, verificou-se que os quadros mais bem pagos das empresas
eram os primeiros a desistir de horas extraordinárias ou de fim de semana- recebe-se o dobro por trabalhar
mais horas ao sábado ou ao domingo, logo, devia aumentar a disponibilidade para trabalhar nessas horas.
No percurso normal da curva da oferta há, aumenta a remuneração que é oferecida para se trabalhar ao fim
de semana, e as pessoas estão disponíveis para fazer esse trabalho adicional. Contudo, se forem bem
remunerados, consideram que aquilo que tem a ganhar com essas horas, não compensa, a partir de alguns
valores salariais, as pessoas deixam de reagir positivamente a aumentos de remuneração, valorizando a
libertação de compromissos, o descanso.

Na fase inferior do gráfico, à medida que desce a remuneração do trabalho, aumenta a oferta de horas de
trabalho, porque se as pessoas não têm o suficiente para sustentar o seu agregado familiar, aquilo que tem
de fazer é aumentar as horas do seu trabalho, por exemplo, horas extraordinários, duplo emprego.

Quanto mais baixa for a remuneração, mais horas é preciso trabalhar para ganhar os mínimos e não é só o
facto de cada pessoa trabalhar mais, é também o facto de unidades sucessivas do agregado familiar terem
de ir para o mercado de trabalho, por exemplo, os filhos terem de desistir da escola para trabalhar
(aumentam a oferta de trabalho), porque a remuneração dos pais não é suficiente para sustentar o agregado.

Esta curva de trabalho, tem 2 segmentos paradoxais:

-Quando o preço desce abaixo de certos níveis, a oferta de trabalho aumenta porque é impossível sustentar
o agregado;

-Para níveis muito altos de rendimentos, o aumento do preço do trabalho, provoca a redução da quantidade
de trabalho oferecido.

Esta particularidade da curva da oferta não é a única questão importante em matéria de mercado de trabalho.

Há hoje, uma grande preocupação internacional quanto à sustentabilidade da oferta de trabalho e da procura
de trabalho, ou seja, a ideia de que é possível caminhemos para um mundo em que há mais oferta de trabalho
do que há procura de trabalho. Porque há progressivamente menos procura de trabalho? Devido à
robotização, os progressos tecnológicos, computação, inteligência artificial tem vindo a conseguir substituir
o trabalho por capital (como por exemplo, nas portagens, antes havia humanos e agora há máquinas). É
possível dispensar franjas crescentes da força de trabalho, isto acontece também no que diz respeito ao
trabalho intelectual, a inteligência artificial, hoje em dia, já faz muitas coisas, o que permite dispensar
trabalhadores qualificados (consultar material de apoio- semana de 4 dias).

Tudo isto coloca em causa a ligação entre o acesso a rendimentos e o contributo para o processo produtivo-
se as pessoas forem cada vez mais dispensáveis para o processo produtivo e o seu contributo for cada vez
menor, como é que elas recebem o suficiente para sustentar o mercado?

RENDIMENTO BÁSICO UNIVERSAL

Então começam a aparecer programas de estabelecimento de um rendimento básico, incondicional, é a ideia


que todas as pessoas deviam receber um certo montante, montante esse que lhes é devido pelo facto de
coletivamente serem detentores de toda a capacidade produtiva e de todos os recursos naturais. A ideia de
que afinal de contas, há uma solidariedade de base a nível nacional/regional/local, uma certa comunidade
tem uma certa relação com o potencial produtivo de uma determinada zona, e, portanto, deve participar
naquilo que é o resultado desse processo produtivo. Exemplo: algumas áreas do Alasca dão um rendimento
anual aos residentes, que decorre da distribuição de uma parte das receitas que são geradas pela exploração
dos recursos naturais do Alasca, mas não é um sítio muitíssimo atraente para se viver e isso vai ajudar a
fixá-las). A lógica do rendimento básico universal não é tao diferente assim, agora, para fazer face aos
problemas da pandemia, os EUA distribuíam cheques à população de forma indiscriminada, na logica do
rendimento básico universal- todos tem direito de receber. A ideia do Rendimento Básico Universal, para
não estabelecer estigmas de quem recebe e não recebe, é distribuir de forma indiscriminada, não há ninguém
que fique fora de receção do montante.

Há um ex-candidato presidencial dos EUA, Andrew Young, que tinha como principal proposta a adoção
do rendimento básico universal. Este não foi escolhido, mas nesta altura, ele é candidato a mayor de Nova
York, com este mesmo projeto de implantar um rendimento básico universal e é um dos dois candidatos
como mais provável futuro mayor.

Portanto, há varias experiências que tem sido tentadas em varias partes do mundo, podem constituir uma
possível alternativa às insuficientes crescentes do mercado, criando rendimentos necessários para todos.
O mercado de trabalho tem condicionantes (demográficos- migrações, população envelhecida), por isso, há
diferentes capacidades de oferta de trabalho no mercado. Também releva o enquadramento normativo-
legislativo da disponibilidade de horas de trabalho, o facto de os horários nos países seres distintos (35 h
ou 40h), também interfere com a quantidade trabalho disponível, assim como os dias de folga.

Há importantes consequências no que diz respeito à participação do trabalho no PIB (rendimento nacional
que vai para os trabalhadores), mas depois há uma serie de imperfeições no mercado de trabalho:

➢ Falhas de informação e mobilidade- em muitas situações não é possível dispor de informação


relativa às ofertas de trabalho, porque não está suficientemente divulgada, então as pessoas perdem
oportunidades;
➢ Por outro lado, mesmo que tenham o conhecimento pode haver restrições à mobilidade. No espaço
da UE, pretendia-se a livre circulação de fatores de produção, ou seja, a possibilidade de as pessoas
se deslocarem para os locais onde o seu contributo produtivo fosse mais valorizado. Se o mesmo
trabalho poder se utilizado para uma atividade produtiva mais valiosa, devia haver condições para
que a pessoa se deslocasse para as desempenhar.
➢ Participação dos sexos no mercado de trabalho- porque há uma diferença de remunerações que
favorece o sexo masculino em função do feminino. É algo que não tem a ver com leis, mas sim
com haver determinadas tarefas que são mal pagas, que são exercidas fundamentalmente por
trabalhadores do sexo feminino- lares, tarefas domésticas. E, também, as grandes empresas, que
representam 0.2%, mas que absorvem 1/3 do emprego. Elas, normalmente tem carreiras com uma
certa progressão e verifica-se que a mulher tem mais dificuldades em percorrer carreira
profissional nessas empresas, devido por exemplo, à maternidade, e quando os filhos necessitam
de apoio, doenças, também são muitas vezes as mulheres que assumem essas tarefas. Portanto, do
ponto de vista da sua carreira profissional, acabam por incorrer em sacrifícios adicionais que
dificultam a progressão da carreira, e portanto, não as levam aos lugares de topo. Fala-se até no
mamitrack- quer dizer que as senhoras ficam num percurso de progressão que não é exatamente
igual ao dos homens. Fala-se também do Glass Seeling, teto de vidro- por várias razões, no topo
das grandes empresas, a participação das mulheres é menor, e como no tipo das empresas é que
estão os rendimentos mais elevados, isso também faz com que a absorção de rendimentos de
trabalho por parte dos homens seja superior ao das mulheres.

Constatou-se também que havia um glass clif, que revela que aparentemente as empresas que contratam
mais mulheres para cargos de top tem uma performance menos eficiente que outras. No entanto, os estudos
recentes mostram que são as empresas que estão em maiores dificuldades, ou que tem menos potencial de
desenvolvimento, que nessa altura recrutaram mais mulheres. Portanto, é natural que se houve este
enviesamento no que diz respeito à promoção de mulheres nas empresas menos prosperas, se houver uma
promoção maior das mulheres nestas empresas, depois, quando se faz a leitura se associe uma maior
participação de mulheres em cargos de topo e uma menor performance das empresas em relação às que tem
menos participação de homens- esta diferença não tem a ver com uma discriminação (para trabalho igual,
salários diferentes embora também aconteça). Mas sim com estas situações que envolvem progressão de
carreiras. Daí haver maior recursos a quotas, já há regras para que o cargo de topo tenha uma % de mulheres-
lógica de paridade/equidade.

Uma outra curiosidade, no que diz respeito às possibilidades de atenuar as desigualdades género e étnicas/de
raça, tem a ver com as formas de seleção/avaliação cega (embora hoje em dia estejam a ser substituídas por
mecanismos de inteligência artificial) - o júri não vê o candidato. Por exemplo, uma grande orquesta esta a
recrutar violinistas, a partir de o momento em que introduziu a regra do júri não conseguir ver quem estava
a tocar, aumentou substancialmente o nº de mulheres e o nº de pessoas de minorias étnicas. Esta avaliação
cega tem uma função de tornar a avaliação mais objetiva, afastando condicionantes pessoas na avaliação, é
algo que tem bons resultados porque há mais diversidade de género e ética.

PRODUTIVIDADE – diz respeito à divisão do valor da produção, num determinado período, pelo nº de
horas que foram trabalhadas nesse período. Como podemos aumentá-la? Aumentar o valor da produção;
manter este valor de produção e reduzir as horas de trabalho. Às vezes estas reduções de horas de trabalho
são uma forma de tentar aumentar os valores da produtividade, isto é, se se chegar à conclusão que se
podem reduzir horas de trabalho sem perder o resultado quantitativo do processo produtivo, às vezes as
reduções de horas de trabalho, servem para aumentar a produtividade. Isto só é possível em alguns casos:

- Produzir bens de maior valor: exemplo de trabalho da Mercedes e da Dacia, com o mesmo nº de horas de
trabalho, a produtividade dos trabalhadores da Mercedes é maior que o da Dacia, porque o valor do 1º é
maior do que o 2º (Mercedes é mais cara). Logo, o mesmo nº de horas, mesma eficiência, mesmo empenho
tem um resultado diferente apenas porque o valor da produção é diferente.

A falta/baixa de produtividade na economia portuguesa não tem a ver com os trabalhadores serem pouco
eficientes, nada disso, eles até são bastantes eficientes, a questão é que a capacidade produtiva destes
trabalhadores não está associada à produção de bens de grande valor- problema de não se gerarem bens de
grande valor.

CAPITAL- é remunerado com juros.

O juro é o preço do dinheiro, é uma remuneração de uma forma de capital que consiste na disponibilização
de montantes através do seu aforro, por parte dos detentores originais desses recursos. Alguém tem um
determinado montante disponível, e depois pode fazer uma de duas coisas: consumo ou aforrá-lo (se o
aforrar pode colocá-lo a disponibilização de terceiros). O juro tem a função de juste entre as quantidades
de fundos que só queridas no mercado e as quantidades de fundos que são disponibilizadas ao mercado, os
bancos intermediam a procura e a oferta de fundos, sabendo os bancos, se subirem as taxas de juro das
operações passivas, nas operações em que o banco fica devedor, proporcionar juros elevados, as pessoas
terão mais interesses em canalizar para o sistema bancário as suas poupanças. Se os juros proporcionados
forem menores, naturalmente será menor o incentivo das pessoas para transferir para o sistema bancaria as
suas poupanças. Portanto, o nível da taxa de juro faz oscilar a oferta de fundos. De que depende a fixação
do valor da taxa de juro? Da procura de fundos que o banco percebe: se houver muita gente à procura de
dinheiro emprestado, o banco arranja fundos para poder proporcionar esses empréstimos, e faz isso através
do aumento das taxas de juro.

Vamos admitir para já, que o juro influencia a quantidade de aforro (entendimento clássico). As pessoas
aforram em função do montante que podem receber pela remuneração desse aforro. Portanto, se a taxa de
juro for alta nas operações passivas, as pessoas estarão dispostas a aforrar mais e a disponibilizar aos bancos
esses montantes acrescidos de aforro. Mas, se as taxas de juro das operações passivas forem altas (se o
banco pagar um juro elevado para convencerem as pessoas a aforrarem e depositarem as suas poupanças
no sistema bancário, terá que cobrar juros elevados nos empréstimos que conceda). Ora, se o banco praticar
juros elevados nas operações ativas haverá menos gente à procura de empréstimos. O sistema bancário
funciona afinal de contas, como um exemplo daquilo que so foi teorizado no final do século XX, que são
chamados “Two sided markets”. Os mercados de dupla face, começaram a ser percebidos como tais quando
se divulgou a economia das plataformas, isto é, um conjunto de atividades económicas em que havia um
intermediário que atuava simultaneamente do lado da procura e do lado da forma e este tinha como a
possibilidade de ajustar o seu comportamento em cada um dos mercados em função daquilo que era o seu
comportamento no outro. Os primeiros exemplos tiveram a ver com o mercado da publicidade cara, então,
teremos que vender este nosso meio caro, mas se vendermos caro vamos chegar a menos pessoas e os
nossos anunciantes vão quero diminuir, o que nos pagamos porque acham que a sua mensagem não esta a
chegar um maior nº. Por outro lado, se quisermos chegar a um maior nº, temos de praticar no mercado de
venda, preços mais baixos, idealmente até, temos que diminuir esses preços até chegar ao grátis. No entanto,
se assim for podemos por outro lado, cobrar altos preços aos anunciantes, porque a mensagem deles vai
chegar a um nº muitíssimo mais elevado. Assim, percebeu-se que nos two sided markets o que acontece
num dos lados condiciona o que acontece no outro, o que acontece do lado da compra condiciona o que
acontece do lado da venda e aquilo que acontece do lado da venda condiciona o que acontece do lado da
compra. Nesta logica clássica, os juros funcionam como o mecanismo de equilíbrio de 2 lados de mercado,
o sistema bancário e as taxas de juro funcionam como exemplos destes mercados de dupla face:

-Subirmos os juros nas operações passivas para atrair fundos-» depois temos que cobrar juros atos nas
operações ativas-» o que leva a que haja menos procura de fundos, logo, não há muita necessidade de
fundos-» então se temos pouca necessidade de fundos, não temos que pagar juros altos, podemos baixar os
juros porque não precisamos que haja tanta gente a confiar-nos as suas poupanças porque não temos o que
fazer com elas.
-Por outro lado, se baixarmos os juros das operações passivas, isso poderia estimular a procura de fundos
junto dos bancos para fazer investimentos, aquisições a crédito, antecipar consumos -» mas não há fundos
suficientes a disponibilizar para essas atividades justamente porque como o juro das operações passivas é
baixo -» as pessoas vão a procura de aplicações alternativas para o seu dinheiro.

De que depende, a procura de empréstimos (operações ativas) junto dos bancos? Vão pedir dinheiro aos
bancos para anteciparem consumos, para realizarem despesas de consumo. Mas também vão procurar
fundos para investir. Os investidores quando decidem contrair uma dívida, compram a taxa de juro (custo
anual em relação a uma certa unidade- 10% por cada 100 de empréstimo, no fim do ano tem de pagar 10).
Quanto mais baixa for a taxa de juro, maior é a procura desse empréstimo. O interesse do potencial devedor
dos bancos depende também do que o investimento lhe pode proporcionar. O investimento pode lhe
proporcionar um retorno, e se for de 1, ao fim do ano, ele so está disposto a contrariar o empréstimo, desde
que no fim do ano só tenha de pagar 1 ao banco. Mas se o investimento lhe der um retorno de receitas de
10, então mesmo que a taxa de juro esteja em 10% ele ainda terá eventualmente interesse em contrair o
empréstimo porque aquilo que vai receber com a aplicação desse é suficiente para pagar o empréstimo.

Então, o indicador de remuneração dos investimentos que vai selecionar os créditos que vão ser ou não ser
pedidos ao sistema bancário vai ser a taxa interna de rentabilidade do investimento, que é uma relação
muito semelhante à do juro- no juro compara-se o que se pede ao banco e aquilo que se tem que pagar. Na
taxa interna de rentabilidade, o que se compara é aquilo que se gasta, a utilização do dinheiro que se foi
buscar ao banco, e aquilo que se recebe por essa utilização.

A logica dos investidores é fazer corresponder a taxa interna de rentabilidade à taxa de juro, em tempos de
duração semelhantes.

Se nós tivermos um ativo líquido monetário, a forma de o remunerar é através de juro, mesmo que o juro
não seja assim totalmente designado. Ex- se colocarmos dinheiro no banco, isso é um juro. Na compra de
uma ação, participa-se no capital da empresa.

O capital, em economia, não é só capital financeiro, até podemos dizer que é outra coisa, são as máquinas,
as fabricas, os stocks.

Contrato de Leasing: pagamos aquilo a que usualmente chamamos de renda, mas na realidade é um juro
porque estamos a pagar uma remuneração de capital. É uma forma alternativo de adquirir um bem com
recursos ao crédito. Ex- pode pedir ao banco um empréstimo para adquirir ele próprio a viatura, ou então,
pode pedir ao banco que adquira a viatura por si ficando ele a pagar diretamente ao banco o valor da viatura
que passou a disponibilizar, num caso ele paga o juro do empréstimo e noutro a renda do leasing.

Arrendamento- bens imoveis, aluguer- bens moveis. São coisas distintas.

Aula 19/04

LUCROS – remuneração, não propriamente de um fator de produção.

É o empresário que toma a iniciativa de se lançar numa atividade produtiva, recrutando terra, trabalho e
capital, ou alguns destes fatores.

A iniciativa pode ser um fundamento suficiente para que, depois, o empresário obtenha uma remuneração,
que é o lucro (diferença entre as receitas totais e custos totais-remuneração fatores de produção e imputo
produtivos).

A parcela que excede os custos de produção, depois de pagos os inputs ( incluindo os fatores de produção
empregues incluindo os auto-fornecidos) é dita remunerar, consoante o contributo imputado aos
empresários, a iniciática de pôr em marcha o processo produtivo, organizando concretamente os fatores
produtivos ( e adiantando os fatores necessários à produção, antes de ter acesso à remuneração do resultante
da venda do produzido); o risco de o resultado apurado ser negativo e de o seu responsável ter de arcar com
os prejuízos, e/ou a inovação (ou seja a introdução de novos produtos, a utilização de novos processos, a
melhoria de uns ou outros, ou pelo menos, a perceção da oportunidade de explorar uma atividade económica
que podia proporcionar um excesso de receitas sobre as despesas).
Uma forma de explicar a atividade do empresário, é admitir que este compara os custos esperados de um
certo projeto (para simplificar: os juros do capital necessário à sua montagem e o funcionamento atual,
expressos em %) com a sua taxa de rentabilidade (o excesso anual de receitas sobre as despesas, igualmente
expresso em percentagem do capital mobilizado). Desde que a taxa de rentabilidade seja superior à taxa de
juro (supondo que o tempo de duração do investimento e do pagamento integral do empréstimo é igual), o
investimento compensa. Se as receitas totais excederem os custos totais, o excesso será o lucro.

No entanto, pode acontecer que o total das receitas fique abaixo do total dos custos, e nesse caso, o
empresário terá prejuízo. Este risco da atividade empresarial que recai sobre o empresário, é um outro
fundamento para a justificação de obtenção de lucros. O empresário organiza o processo produtivo, tem a
iniciativa, mas além disso, ele corre um risco, caso a totalidade das receitas não cobrir a totalidade das
despesas, supostamente, quem paga a diferença não serão os trabalhadores (a menos que fiquem com os
salários em atraso), não serão os fornecedores (a mesmo que não lhes paguem os fornecimentos), assim
como os bancos (recebam juros e reembolso de capital a menos que não hajam garantidas suficientes).

No entanto, houve atividades empresárias em que quem devia assumir o risco devia ser o empresário- este
tem uma remuneração na atividade económica justamente porque tem a iniciativa e porque corre os riscos
inerentes- acontece que, muitas vezes, o empresário se resguarda, através de figuras como a criação de
sociedades de responsabilidade limitada, constituídos veículos societários que limitam a responsabilidade
do empresário em caso de insucesso do empreendimento a que ele deu origem.

Os lucros podem ser remuneração do risco, remuneração da iniciativa ou da inovação.

Também os empresários que conseguem tornar viável um novo produto/serviço, acabam por ser
recompensados pelo mercado devido à inovação que introduziram. Esta inovação pode ser apenas um
processo de fabrico mais eficiente que depois se torna dominante, por exemplo, o motor de busca da
Google- inovação como forma de obter lucro.

Repartição do rendimento (breve referência)

Acontece que, com os desenvolvimentos dos últimos anos, a questão da repartição do rendimento é um
assunto cada vez mais premente. A grande questão do nosso tempo terá a ver com a forma como aquilo que
é o resultado da atividade económica é distribuída entre os participantes nos processos produtivos.

Hoje, assistimos a cada vez menos detentores de processos produtivos a ficarem com cada vez mais do
resultado económico e a esmagadora maioria das pessoas está a ficar com uma parcela cada vez menor da
totalidade do processo económico (sobre a desigualdade e políticas de diminuição a desigualdade o
falaremos mais à frente).

Essa assimetria cada vez mais abrupta na distribuição do rendimento acaba por resultar de uma questão que
normalmente é omitida na abordagem económica tradicional:

- A economia mainstream explica o funcionamento do mercado através daquilo que, no fundo, são
mecanismos homeostáticos (mecanismos que permitem manter o equilíbrio, exemplo, é aquele que faz com
que quando sentimentos sede vamos buscar um líquido para fazer cessar essa situação de insatisfação).

Relembrando a logica da explicação dos fenómenos económicos, no que diz respeito à oscilação dos preços
nos bens e serviços- podemos interpretar a oscilação dos preços como formas de reajuste para obtenção do
equilíbrio: a economia foi desenvolvida a partir dos finais do século XVIII, a ideia de que também no
domínio económico há movimentos que são desencadeados cada vez que os sistemas de afastam da sua
posição de equilibro, portanto, temos uma logica homeostática, em que os preços desencadeiam reações,
funcionam como sensores e quando há oscilações, isso põe em marcha as reações necessárias, da oferta, da
procura, no mercado dos bens, no mercado dos serviços, no mercado dos fatores de produção (estes
respondem aos respetivos preços e as suas oscilações, exemplo taxa de juro operações passivas aumentam
pessoas recebem mais dinheiro). Toda a lógica do raciocínio da economia que se desenvolveu a partir de
Adam Smith, David Ricardo, Jean Baptiste Say, vai no sentido de encontrar as leis, as regularidades, que
permitem detetar os mecanismos de correção económica que permitem repor os equilíbrios. Aquilo que
falamos em economia I, foi uma série de exemplos de situações em que através de reações postas em marcha
pelo sensor dos prelos, nos recuperávamos o equilíbrio.
GRANDE DEPRESSÃO 1873/1896

Nesse período, os preços caíram enormemente e, no entanto, nem assim aumentou a procura de bens, nem
aumentou a procura de fatores de produção. Portanto, esta ideia de que a economia tem em si incorporados
mecanismos de reposição do equilíbrio não coincidia exatamente com aquilo que era a interpretação dos
economistas da época. Mas, a verdade é que, foi possível manter a ideia de que, pelo menos a prazo, os
mecanismos económicos reajustam-se, repõe os equilíbrios, mesmo que a curto prazo isso possa durante
algum tempo não acontecer, a longo prazo funcionam os mecanismos de reposição do equilíbrio, e portanto,
teremos situações de crise apenas transitórias e temporárias.

Era neste ponto que estávamos quando a crise da 1929/33 chegou- Crise da Grande depressão de 1929

-Perde-se 1/3 da capacidade produtiva nos EUA;

-Preços caem 1/3 em termos reais;

-Desemprego atinge 25% da população ativa.

Os remédios propostos pelos dirigentes políticos da época passaram pela manutenção de orçamentos
equilibrados para evitar que o setor público fosse um fator de perturbação na economia, incentivar a
poupança, por um lado, porque se acreditava que importava consertar ativos que podiam ter importância
numa outra qualquer fase do ciclo, face às dificuldades da época parecia logico que as pessoas continuassem
uma reserva, e por outro lado, havendo um aumento das poupanças e se este aumento fosse canalizado para
o sistema bancário, então esse excesso de oferta de fundos para poupança faria descer a taxa de juro nas
operações passivas e ativas influenciados por qualquer economista morto, como dizia Keynes, não
resultavam- acreditava-se que a intervenção do Estado na economia era prejudicial à economia, o que era
uma ideia errada. No entanto, com choque da grande depressão, a economia teve que aceitar/reconhecer
que os tais mecanismos de reequilíbrio que supostamente, garantiam a estabilização do sistema económica,
funcionam muito deficientemente, se é que funcionavam. Para isso, foi decisivo uma abordagem
radicalmente diferente da explicação dos fenómenos económicos, que foi devida a John Keynes- é o criador
da macroeconomia, a revolução Keynesiana mudou a face da economia.

A partir de 1776, os economistas clássicos, neoclássicos sempre se preocuparam com os equilíbrios que
pelo menos a longo prazo, se verificariam. O Keynes face à hecatomba económica dos anos 30, escreveu
que a longo prazo estávamos todos mortos, o que interessa não é a longo prazo mas sim a curto prazo, e
temos que perceber o que causa esta brutal divergência entre aquilo que era suposto resultar da teoria, os
equilíbrios sucessivos (em que cada um dos mercado acumulavam-se para gerar o equilíbrio total,
oscilações num ou outro mercado seria ao fim de algum tempo corrigidas), mas Keynes vem constatar que
a realidade dos factos, a crise economia de 1929-33, punha em causa esse processo de explicação, criando
a ideia de que há condicionantes que não são as condicionantes microeconómicas, há outras razoes que
interferem com o funcionamento global das economias.

No pensamento clássico, anterior a Keynes, já tinha havido abordagens que tinham em atenção o todo ou
pelo menos uma aproximação ao todo. Antes de mais, os mercantilistas industriais / comerciais eram as
correntes de explicação economia pré-clássica. Antes dos clássicos a doutrina económica era sobretudo
mercantilista.

Os mercantilistas tinham em comum a ideia de que a riqueza dos estados estava nos metais preciosos. Nessa
altura, a base dos sistemas monetários eram os metais preciosos (ouro, prata) que serviam para fazer os
pagamentos, aquilo que se queria obter fossem bens ou serviços fossem exércitos mercenários, a
necessidade de fazer aquisição de bens, contratar exércitos, alimenta-los, equipa-los, pagar aos peritos da
guerra, isso levava a que a generalidade dos pensadores estaduais (administradores da corte, da coroa e
conselheiros do rei) mas de uma forma ou outro a ideia estava na existência de riqueza sob a forma metálica.
Os mercantilistas aquilo que pretendiam era obter excesso de reservas metálicas, exportar mais, importar
menos, produzir bens que pudessem ser vendidos no estrangeiro e que dispensassem a importação- queriam
obter excedentes de balança de pagamentos.

Podemos dizer que era uma abordagem da economia a partir de uma lógica macro, assim, não podemos
dizer que a abordagem macroeconómica seja uma criação dos anos 30 do século XX, houve abordagens
macroeconómicas anteriores. No entanto, estas eram anteriores ao desenvolvimento da economia.
Em alguns desenvolvimentos económicos também houve abordagens macro, como por exemplo, a teoria
quantitativa da moeda- remonta pela menos à Idade Média e associa a ideia de que quanto mais moeda
houver em circulação, menor será o seu poder de compra. No fundo, é uma intuição que pode ser constatada
e inferida daquilo que foram as circunstâncias histórias em vários momentos do desenvolvimento da
humanidade. Se houver demasiada moeda em circulação os preços sobem e vice-versa, há uma relação
entre a quantidade de moeda e preços. Esta ideia antiga da quantitativa da moeda também tem o seu que de
macro, assim como uma das leis formuladas por um dos clássicos, a lei de Say de Jean Baptiste de Say,
economista francês.

Lei de Say: esta lei diz que os produtos se trocam por produtos, a ideia de que a oferta cria a sua própria
procura.

Esta ideia é profundamente emboída na logica do sistema clássico, é uma ideia que leva a recusar a
existência de crises de superprodução- não pode haver excesso de produção, porque os produtos trocam-se
por produtos.

Como podemos intuir a logica desta lei? Através da logica do amigo secreto.

O presente do amigo secreto, é nem mais nem menos, que uma metáfora daquilo que é a lei de Say.

A logica é a seguinte:

-Não se pode tirar do saco, nada sem ter lá posto alguma coisa. Quem entrou colocou uma prenda, quem
esta no jantar tira uma prenda, se alguém não colocou lá nada, não pode tirar, não chega para ele;

-No mercado, vemos algo que queremos comprar. Se queremos comprar aquilo, temos de arranjar maneira
de arranjar os meios para adquirir o que queremos comprar, por exemplo, vendendo algo que temos-
lançamos uma coisa no mercado, obtemos os meios para buscar a outra. Eventualmente, a pessoa que
comprou o que tínhamos a vender até pode ser o que estava a vender o que queríamos comprar.

-No amigo secreto, colocamos para poder retirar.

Na economia, o que obtemos é através da cedência de algo para o mercado, bens, serviços ou fatores de
produção. Para se ir buscar, direta ou indiretamente, alguma coisa ao mercado, tem de se lá por alguma
coisa. Ora, como aquilo que se põe é igual aquilo que se tira, a logica dos clássicos é que não podia haver
sobras. (Se colocamos algo no amigo secreto, depois no fim, retira-se tudo o que se colocou, não sobra
nada).

A logica de que os produtos se trocam por produtos é a logica dos equilíbrios clássicos. A oferta cria a sua
própria procura.

Imaginemos que somamos o valor de todos os bens e serviços, produção. O valor da produção é igual ao
rendimento.

Dentro desta logica, os equilíbrios estavam garantidos, no entanto, isto não se assim. Porquê? Como é que
a economia entrou em crise em 1929 e passados anos continuava em desequilíbrio? Porque que apesar das
recomendações aparentemente sábias face aos conhecimentos da época para manter orçamentos
equilibrados e para se aumentar a poupança, ao fim daqueles anos continuava a economia em depressão?

Em 1932, há eleições nos EUA, e é eleito Franklin Roosevelt, candidato democrata.

Em dezembro desse ano, Jonh Keynes publica uma carta aberta no New York Times, a defender que aquilo
que eram as prescrições económicas da época estavam erradas e aquilo que se devia fazer era tudo o inverso.
Isto é, aquilo que o Estado tinha que ter não era um orçamento equilibrado, era um orçamento
desequilibrado e aquilo que se devia incentivar era a que as pessoas não poupassem.

A logica do Keynes vem resolver aquela contradição entre a teoria e a prática. O raciocínio de Keynes era-
as únicas maneiras de aumentar as despesas são:

1. Haver mais gastos de cada pessoa: as pessoas que tem capacidade de gasto têm de gastar mais do
que gastavam antes. Para gastar mais, elas têm de aforrar menos, uma vez que o rendimento que
as pessoas têm pode ser destinado basicamente ou a consumo ou a aforro, em função do seu
rendimento disponível (depois de serem pagos os impostos); as decisões que as pessoas tomam
tem a ver com esse rendimento disponível- as pessoas gastarem mais, consumirem mais e
pouparem menos.
2. Haver mais pessoas a gastar, mas como? Pode haver decisões de investimento que antes não eram
feitas e que agora são, isto é, uma empresa por exemplo, pode decidir contratar mais trabalhadores,
comprar máquinas, arrendar espaços, comprar edifícios. Então, esta despesa aparece também
como adicional em relação às despesas pré-existentes, cria-se com isso, despesa nova. Mas na
situação de crise que se estava a viver internacionalmente, mas sobretudo nos EUA, quer o
aumento de gastos por parte das famílias quer o aumento de gastos por parte das empresas, não
era fácil nas condições da época. Então, para Keynes a solução parecia obvia- se as empresas e as
famílias não gastavam mais, então tinha de ser o Estado a fazê-lo. Agora, se o Estado fosse fazer
despesas adicionais indo buscar mais impostos, isto é, procurando manter o orçamento
equilibrado, então, não havia diferença alguma. A única maneira de o Estado aumentar a despesa
global, era através de despesas financiadas com crédito, ou seja, recorrendo a empréstimos ou
então através da criação de moeda. Quer o recurso ao crédito quer o recurso à moeda implicavam
um desequilíbrio no orçamento, implicavam que houvesse mais despesas do que receitas.

- A recomendação de Keynes era de que se gastasse, não a custo de um orçamento equilibrado, porque este
iria fazer com que a totalidade das despesas fosse igual à totalidade das receitas, e portanto, estar-se-ia a
retirar do circuito económico do mercado, a mesma quantidade que se lançava nele e isso não teria efeitos
para estimular a economia, tinha que ser através do desequilíbrio orçamental.
- Por outro lado, Keynes dizia que as pessoas ou aforram ou consumem, cada vez que aforrarem mais,
consumem menos, necessariamente. Se o rendimento que as pessoas têm disponível pode ser afeto a
consumo ou a aforro, então, mais aforro traduz-se em menos consumo. Ora, se pensarmos no que acontece
quando há menos consumo, vamos constatar que a diminuição do consumo, provoca efeitos recessivos na
economia. O rendimento vai para consumo ou para aforro, a despesa privada é composta por 2
componentes: uma de consumo e outra de investimento. Se a despesa total for inferior ao rendimento, isto
sinaliza aos agentes económicos de forma clara que a despesa for inferior ao valor da produção, então, ao
contrário daquilo que é a lei de Say, nem tudo o que se produz se vende, no mercado ficam algumas coisas
de fora. Se o rendimento vai para consumo ou aforro, e se a despesa que é constituída por consumo e
investimento, e se o consumo é o mesmo no lado do rendimento e do lado das despesas, o consumo tanto é
consumo quando se gasta, como é consumo quando se afeta uma parte do rendimento a esse gasto, o valor
do consumo é igual quer na logica da despesa, quer na logica do rendimento.
Agora, o aforro não é necessariamente igual ao investimento. Não há nenhuma razão obvia para que o valor
de um investimento, num certo período, seja igual ao valor do aforro nesse período- pode ser que sim, pode
ser que não. Ex- num determinado período o investimento fica abaixo do aforro, então se o rendimento é
igual ao valor que foi gerado na produção (rendimento corresponde salários, lucros, rendas, juros), o valor
distribuído na produção foi 150, o rendimento foi 150, o valor da produção 150, o rendimento distribuído
foi 150. Imaginemos que só 100 foram para consumo e que não houve investimento, então houve 100 afetos
a consumo e 50 que ficaram aforrados. Se houve 50 canalizados para aforro, então o valor da produção 150
não vai ser absorvido/comprado através da despesa. Através da despesa só vai sair do mercado 100, os
outros 50 foram aforrados. É claro que se estes 50 fossem postos à disposição dos investidores através da
sua canalização para o sistema bancário, que é suposto ocorrer através de oscilação da taxa de juro, das
operações passivas e uma vez que a taxa de juro das operações passivas também depende da procura de
fundos, e a procura de fundos serve para o investimento então a taxa de juro poderia ter feito corresponder
o valor do aforro ao valor do investimento. As pessoas teriam poupado 50, porque a remuneração que
obtinham para uma poupança de 50, era lhes garantida pelo sistema bancário porque este precisava de 50
para pôr a disposição dos investidores. Então, o aforro era igual ao investimento.
Keynes diz que não é necessário nem há nenhuma razão para que aquilo que é o montante de fundos que
as pessoas tiram do consumo vá todo para o sistema bancário, há uma parte desse montante que é
entesourado (o entesouramento é diferente do aforro, o aforro é aquilo que se poupa, o entesouramento é a
parte do aforro que não vai para o sistema bancário, fica em ativos líquidos). Então, na medida em que uma
parte do aforro não fosse canalizado para o sistema bancário, então o aforro não poderia ser transformado
em investimento.
Por outro lado, mesmo a parte do aforro que é canalizada para o sistema bancário, só seria absorvida por
procura de investimento se realmente a taxa de juro funcionasse como aquele sensor que garante o equilíbrio
entre e procura e oferta de fundos. Isto é, se a taxa de juro fosse realmente aquele preço de equilíbrio entre
a procura de fundos por parte dos investidores e a oferta de fundos por parte dos aforradores, de maneira
que quando havia maior procura de fundos por parte dos investidores, a taxa de juro subia então, quando a
taxa de juro subia as pessoas aforravam mais e, portanto, canalizavam maior parcela dos seus rendimentos
para o sistema bancário, para satisfazerem a procura acrescida de fundos por parte dos empresários. Por
outro lado, se ainda considerássemos que era esta taxa de juro que influenciava reciprocamente os dois
lados do mercado, se os agentes económicos empresarias, que atuam do lado da produção, procurassem
menos fundos para investimento, então os bancos iriam descer a taxa de juro porque precisavam de menos
fundos para emprestar ao empresário. Se diminuíssem as taxas de juro nas operações passivas, então as
pessoas aforravam menos e consumiam mais.
Portanto, supostamente, dentro da logica clássica, que vem a ser assim explica por Keynes, em termos
macroeconómicos, os grandes agregados da contabilidade nacional, o PIB, rendimento nacional, despesa
que ouvimos falar quotidianamente são uma invenção das reações dos economistas à Grande Depressão
dos anos 20/30.
É esta ideia de que há grandes agregados macroeconómicos e que estes agregados podem divergir uns dos
outros, ao contrário daquilo que pensavam os clássicos e daquilo que resultava da lei de Say, então, a esta
ideia de que a despesa que é composta por consumo e investimento deve ser igual ao valor da produção e
o valor do rendimento para que a economia esteja em equilíbrio, porque se a despesa ficar abaixo do valor
da produção, então, há uma parte da produção que não é escoada, havendo sobreprodução. Se houver
sobreprodução, isto é, se nem tudo o que se produz for vendido, se os empresários não venderem tudo o
que produziram no período anterior, no período seguinte vão produzir menos.
É claro, que se produzirem 150 e só venderem 100, não faz sentido no período seguinte produzir 150, tem
de se produzir 100. Se se produz 100, já não se distribui 150, só 100. Se a produção é no valor de 100, a
totalidade dos salários, rendas, lucros e juros não é 150, a totalidade é 100.
Agora, dividindo os 100 entre consumo e aforro, se aforramos mais e se o investimento não for igual ao
valor do aforro, então no período seguinte, não se produz 100, produzem-se 100 menos aquilo que não foi
vendido no período anterior.
Quer dizer que aquilo que o Keynes tinha percebido é que uma depressão podia entrar numa espiral que
levava a que os resultados fossem sempre piores, até ao momento em que não era mais possível adiar
decisões de investimento o valor do investimento igualasse pelo menos, o valor do aforro. A partir, do
momento em que o valor do investimento iguala o valor do aforro, voltamos a ter uma situação de equilíbrio,
isto é, o valor da despesa que é composta por mais investimento é igual ao valor do rendimento que é afeto
a consumo mais aforro. Como o consumo, quer do lado do rendimento quer do lado da despesa, tem o
mesmo valor, a condição de equilíbrio básica para uma economia se manter em equilíbrio, é que o aforro
seja igual ao investimento.
Na logica clássica, a taxa de juro garante que a procura de fundos para investimento iguala o aforro das
famílias, porque justamente se a taxa de juro subir, sobe o aforro. Mas a taxa de juro se sobe se houver
maior procura de juros para investimento. Portanto, através deste preço, supostamente mantinha-se o
equilíbrio económico e não havia diferença entre aquilo que se produzia e aquilo que era absorvido.
Se não houvesse diferença entre o que era produzido e o que era absorvido, no período seguinte repetiam-
se as mesmas produções e a mesma produção era absorvida e a economia manter-se-ia em equilíbrio.
Portanto, de acordo com Keynes, havia na recomendação às pessoas para pouparem uma terapêutica errada.
Aquilo que resulta da análise Keynesiana é que poupar mais é poupar menos.
Se se recomenda às pessoas que aforrem mais, o que se recomenda é que tirem dinheiro do circuito
económico. É claro que uma parte desse dinheiro volta ao circuito económico se for para os bancos e volta
na medida em que as empresas, os empresários, decidirem pedir empréstimos bancários e depois, utilizarem
esse dinheiro para fazer despesa de investimento. Quando a despesa de investimento mais a despesa de
consumo somadas forem iguais ao rendimento que é afeto a consumo mais aforro, a economia esta em
equilíbrio. Mas isto não é uma necessidade e, sobretudo, isto não é garantido pela taxa de juro, como
julgavam os clássicos. Isto, por duas razões segundo Keynes:
1. A preferência pela liquidez: as pessoas não gastam tudo o que têm. A logica dos clássicos, era a
de que a moeda é um véu, não serve para nada, a não ser como passaporte para a aquisição de
bens, a lógica do Say, os produtos trocam-se por produtos. Na logica clássica, o dinheiro simplifica
as transações, intermedia, mas na verdade, o que estamos a trocar são coisas físicas, trocamos bens
por bens ou fatores de produção por serviços ou fatores de produção por bens. O dinheiro serve
apenas para facilitar estas trocas, a logica do dinheiro é uma logica de neutralidade, supostamente
o dinheiro só serve para adquirir coisas, e é apenas para isso que as pessoas o querem. Portanto,
se pensarmos que a moeda só serve para adquirir coisas, então sim, trocamos produtos por produtos
por intermediário de moeda e esta só serve para isso. Keynes vem dizer que isto não é verdade,
vem fundir 2 áreas da economia que se pensava que se podiam manter separadas, a economia real
e a economia monetária. Os clássicos julgavam que, como a moeda era neutra, se podia tratar das
questões reais, do funcionamento da economia real, e depois explicar que a moeda tinha
interferência nisto, mas apenas através da logica da teoria quantitativa da moeda (os preços variam
em função da oferta da moeda, se a moeda aumentar, os preços sobem, se a moeda diminuir os
prelos baixam). Mas, tirando este dado que era um dado adquirido pelos clássicos, que a moeda
interferia na formação dos preços e, portanto, também tinha que haver cautelas quanto à
quantidade de moeda que se punha em circulação, julgava-se que, verdadeiramente, a moeda não
era um bem desejado como os outros bens eram desejados, só era desejada como um passo na
obtenção do bem/serviço/fator de produção desejado. Keynes diz que não, não há razoes pelas
quais os agentes económicos querem moeda e não querem ter a moeda para fazer algo com ela
num momento imediato, querem-na para ter moeda. Portanto, a diminuição do consumo pode,
também, ser explicada por um excesso de procura de moeda, se houver um excesso de moeda (se
a preferência pela liquidez dos agentes económicos for muita), então há rendimentos que são
distribuídos (salários, rendas, juros e lucros) e as famílias ou as empresas que obtenham esses
rendimentos, se tiverem uma preferência pela liquidez, ficam com a moeda, não a gastam, não
canalizam o aforro para o sistema bancário, antes, entesouram a moeda. Segundo Keynes, isto
acontecia por várias razões: 1- As pessoas conservam moeda para fazer face a despesas, as
empresas, por exemplo, tem a sua caixa; 2- há um montante que as pessoas guardam por motivo
de precaução, porque nunca se sabe o que pode acontecer, por exemplo, nos países onde já houve
congelamento do acesso às contas bancárias (não foi o caso de PT) e as pessoas ficaram sem acesso
ao seu dinheiro, certamente que as pessoas mantêm ativos líquidos; 3-Ter capacidade imediata às
oportunidade: isto ligado aos agentes económicos que tem atividade económica empresarial,
sobretudo de intermediação ou arbitragem, também é frequente manter ativos líquidos, imagine-
se alguém que se dedique a comércio de compra e venda de automóveis em segunda mão. Para
poder fazer um negócio, pode ser que tenha que ter ativos líquidos, por exemplo, para comprar um
determinado carro a um sujeito pode ser conveniente fazer o pagamento em notar, porque o sujeito
pode ter necessidade imediata do dinheiro, por qualquer razão; 4- há pessoas que não tem acesso
ao sistema bancário, não possuem conta nos bancos porque não tem rendimentos suficientes,
porque estão na economia informal, devido a eventualmente tornaram-se insolventes ( se se
tornaram as contas são congeladas para fazer o pagamento em beneficio dos credores). Por
diversas razões, há uma preferência por ativos líquidos.
2. Motivo de especulação: tinha a ver com a necessidade de fazer pagamentos para comprar títulos
na bolsa, para comprar ações, títulos de divida publica e aí, o especulador para poder tirar partido
das oscilações, é preciso converter aforros líquidos, é preciso, num determinado momento,
converter dinheiro em títulos e num outro momento, converter títulos em dinheiro e deixar ficar o
dinheiro à espera da próxima oportunidade para comprar títulos e depois vender títulos. Portanto,
a especulação também era uma das razoes que levava a que a preferência pela liquidez mantivesse
permanentemente valores elevados.

A preferência pela liquidez por um lado, e a função consumo por outro.

A função do consumo: Keynes partia do princípio de que se nos estivéssemos numa situação em que cada
unidade de rendimento era canalizada para consumo, então, poderíamos representar isto por uma linha a
45º num diagrama cartesiano (eixo vertical- consumo; eixo horizontal- rendimento disponível, traça-se uma
linha a 45º com origem no ponto de encontro entre os eixos) e temos garantido que o valor do consumo é
sempre igual ao valor do rendimento disponível. Ora, como já vimos, nem todo o rendimento disponível
vai para consumo. Portanto, essa linha a 45º não é a linha que representa o consumo. Qual é a linha que
representa o consumo?

-Há um ponto em que o consumo é igual ao rendimento, em que as pessoas gastam em consumo tudo o que
recebem. Se as pessoas tiverem no limiar da sobrevivência, então tudo o que recebe é gasto em consumo.
Quer dizer, que temos um ponto de igualdade entre rendimento disponível e consumo na linha dos 45º
graus, mas só temos um ponto.
-À direita desse ponto, nos temos aforro, ou seja, quando as pessoas têm rendimento que supera o necessário
para elas sobreviverem;

-A partir de um certo valor de rendimento, as pessoas não têm de gastar tudo o que recebem, e então, a
partir de certo ponto, temos uma linha que é a função consumo, que fica abaixo dos 45º graus: a partir do
momento em que temos um rendimento que nos permite aforrar e consumir, já não estamos na linha de
igualdade dos 45º, estamos abaixo dessa linha, temos um valor de consumo que é inferior ao nosso valor
de rendimento, que vai ser representado por essa linha, que fica abaixo da linha de igualdade entre consumo
e rendimento disponível e que corta essa linha de igualdade num determinado ponto.

-Mas se temos situações em que temos rendimento acima do consumo, também devemos ter pontos em que
temos rendimento abaixo do consumo. Quer dizer que abaixo de certo valor, as pessoas têm de gastar mais
do que tem. Como é que as pessoas gastam mais do que tem? Endividando-se ou recorrem às poupanças
que acumularem ou dependem de transferências de outrem (por exemplo do estado ou instituições). No
entanto, há certamente valores em que o consumo excede o rendimento para um conjunto de pessoas.

Portanto, se nós juntarmos estas 3 possíveis situações face à tal linha de igualdade, descobrimos o seguinte:

A- ponto de rendimento disponível que


as pessoas afetam totalmente a consumo;

S- Do ponto A para a direita, a função consumo


fica abaixo da linha de 45º.

a- do ponto A para a esquerda, a função


consumo fica acima da linha de 45º;
Parte sombreada- corresponde a despesas
superiores ao rendimento disponível;
b- à medida que o RD aumenta, a diferença
entre a despesa necessário e o RD vai sendo
menor;
parte com riscas- aqui vamos podendo aforrar
O- Quanto maior for o rendimento disponível, maior é o aforro, segundo Keynes.
Exemplo: 100 de rendimento disponível, 80 gastos de consumo- poupamos 20. 100 RD, já não afeamos a
consumo 800, afetamos menos do que 800, porque a propensão marginal ao consumo diminui à medida
que o rendimento vai aumentado- isto é mostrado pela função consumo Keynesiana.
A função consumo Keynesiana é representada por uma linha que corta na linha de igualdade entre o RD e
o C, e que tem um valor incomprimível de despesa, a partir do qual parte e depois uma inclinação que
depende da propensão marginal ao consumo (o que as pessoas fazem quando tem mais uma unidade de
rendimento). Se as pessoas mantivessem sempre a mesma propensão ao consumo, cada unidade de
rendimento seria gasta/tratada da mesma maneira que foram tratadas as anteriores, isto é, se eu tenho uma
propensão marginal ao consumo de 9 décimos para 100, e tenho uma PMC de 9 décimos para 1000. A
questão é- será que tenho a mesma propensão marginal ao consumo quando tenho 100, 1000,10000? A
lógica Keynesiana é que não.
As pessoas têm uma PMC, mas esse depende do nível de rendimento.
Porque que há um problema de ajuste entre aquilo que é o rendimento e aquilo que é a despesa?

Nem tudo o que é produzido é necessariamente absorvido, porquê?

Porque uma parte daquilo que as pessoas recebem, o seu rendimento (salários, rendas, lucros e juros) é
mantido em aforro líquido, isto é, é mantido fora do circuito de aquisições, as pessoas tem preferência pela
liquidez, pelas razões já referidas. Por outro lado, porque a função consumo nos mostra que, embora haja
situações em que se gasta mais do que o que se tem, a partir de certa altura, não se gasta tudo aquilo que se
tem e quanto mais se tem, menos se gasta, a propensão ao aforro aumenta com os seus níveis de rendimento.

Se já sabemos que o rendimento tem 2 destinos possíveis, aforro e consumo, então podemos intuir que se
há uma propensão marginal ao aforro, há uma propensão marginal ao consumo, isto é, a soma da propensão
ao consumo com a soma da propensão ao aforro é igual a unidade- o rendimento ou vai para consumo ou
aforro, e, portanto, temos uma unidade que dividimos em aforro e em consumo.
Se temos uma PMC, temos uma PMA – é a diferença para a unidade.

Se a PMC for 9/10, a PMA é de 1/10; se a PMC for de 2/3, PMA é de 1/3.

Verdadeiramente, o que importa não é a descrição individual da posição de cada sujeito económico, cada
agente económico tem a sua própria função consumo, aquele ponto em que se gasta tudo o que se tem, é
não se aforra nada, é muito diferentes para cada um dos agentes, cada um tem valores diferentes para o
momento em que começa a poupar e o momento em que gasta tudo o que tem.

Há até quem acredito que a PMC é um traço de personalidade, ou seja, quem já desde cedo aforra algo,
continuaram no futuro. Se não aforra nada, no futuro, por muito dinheiro que venha a ganhar também não
irá aforrar nada. Supostamente, isso dependerá de características de personalidade- as pessoas têm por
natureza serem mais poupadas ou menos. Portanto, aquilo que determina o ponto de interseção da função
consumo de cada um com a linha de igualdade está predeterminado por características psicológicas e não
importa tanto o valor do rendimento que as pessoas auferem.

Nota: os chamados frugais acham que os países do sul da Europa são os que estão do lado errado do ponto
entre rendimento e despesa, isto é, gastam sempre mais do que aquilo que têm. Do ponto de vista dos
frugais, em que os valores de aforro são uma parte importante e positiva, enquanto o perdulário tem um
aforro negativo, gastam mais do que aquilo que têm, que está do lado esquerdo do ponto de interseção entre
a função consumo e a linha de igualdade entre o C e R.

O que interesse não é saber em que ponto é que se verifica aquela igualdade para pessoa, interessa saber
como é que a economia se comporta.

Pode apurar-se uma propensão média ao consumo e uma propensão media ao aforro, desde que tenhamos
os valores da contabilidade nacional (esta também é uma criação da macroeconomia, é a partir dos
conceitos, das reflexões Keynesiana que depois se construem os quadros macroeconómicos que indicam os
valores e produção de despesa e rendimento. Ora, se nos soubermos o valor do PIB, o valor da produção,
sabemos também qual é o valor do consumo, e por diferença do valor do consumo para o valor da produção,
sabemos qual é o valor do aforro. Ou também podemos saber qual é o aforro, através dos depósitos no
sistema bancário, se soubermos qual é o valor canalizado para o sistema bancário, podemos imaginar que
esse é o valor do aforro desse ano- o valor que afluiu de novo ao sistema bancário corresponde a uma
determinada parte do rendimento.

Dotados das explicações Keynesiana, era possível desenvolver um quadro de respostas adequado.

Quer quando a economia passava por situações em que a despesa excedia a produção (o consumo mais o
investimento, somados, excedem o valor da produção), o que resulta em inflação.

Quer quando a despesa fica abaixo da produção, o que faz com que os agentes económicos, no período
seguinte produzam menos, uma vez que aquilo que produziam não foi absorvido pelo mercado. No entanto,
diminuir a produção diminui os salários, renda, juros, lucros, o que faz com que no período seguinte haja
menos consumo e aforro. Se o padrão de consumo e aforro, como Keynes acreditava, então o aforro
mantém-se, o consumo também, mas como há menos rendimentos, há menos aquisições de bens. Assim,
entremos na espiral deflacionaria, na especial de recessão (menos consumo, menos rendimento, menos
produção)

Com a análise Keynesiana e através da intervenção do Estado, sabia-se o que é que se devia fazer:

- A produção excede o consumo e o investimento privado. O que falta, o estado põe, o estado faz a despesa
compensadora e restabelece o equilíbrio;

-A despesa excede a produção. O Estado tira liquidez da economia, aumenta os impostos, diminui as
possibilidades que as pessoas têm de consumir ou eventualmente de investir.

-Em situações de sobreaquecimento da economia, o Estado leva a cabo políticas recessivas;

-Em casos de situação de insuficiência da procura agregada (aquilo que resulta das despesas de
investimento, da procura de bens de investimento e da despesa em bens de consumo, da procura de bens de
consumo), O estado faz despesas compensadoras, põe a diferença.
Estas intervenções Keynesiana, atribuíram ao Estado a função estabilizadora, realiza atividades
redistributivas, de estabilização e de alocação. A função estabilizadora vem desta logica Kyneasiana de
interferência com o cálcio económico.

Se se perceber o funcionamento macroeconómico, temos oportunidade de intervir.

Nota: Até ao primeiro choque petrolífero, em 1973, as políticas Keynesiana funcionaram muito bem, depois
disso, deixaram de funcionar e o mundo deixou de ser Keynesiana. A partir dos anos 80 houve mudanças
políticas, as políticas monetaristas tornam-se políticas ortodoxas.

Com a pandemia, afinal de contas, percebeu-se de que há certas circunstâncias em que o Estado tem de
intervir e a logica da intervenção do estado continua a ser a logica Keynesiana, a realização de políticas
contra- cíclicas. Em vez de termos a quase ortodoxia monetarista neoliberal de que os mercados funcionam
e que devemos deixar que os mercados funcionam, temos agora a reabilitação das políticas contra cíclicas.

Se a economia está em depressão, o estado gasta mais do que aquilo que tem para permitir que a economia
retome a atividade. Quando a economia está em sobreaquecimento, os valores de despesa excedem os de
produção, é necessário travar a inflação, recorrendo a políticas de cariz austeritário

Agora, ter políticas de cariz austeritário em situações de crise é, do ponto Keynesiana um perfeito absurdo,
e aparentemente já se percebeu que a tesa da austeridade expansionista, que foi vendida para sustentar, do
ponto de vista teórica, as medidas de reação à crise de 2008, a austeridade expansionista não funciona.

Vamos ver como funciona a política contra cíclica que está a ser posta em prática, há uma quantidade
enorme de fundos que estão disponíveis e não se sebe bem para que, e que podem ter nefastos na inflação).

Aula 26/04

Vimos, na última aula, que a função consumo representava aquilo que é a procura das famílias.

O rendimento iguala a produção- se temos um valor de produção de 100, isso quer dizer que distribuímos
em salários rendas, juros e lucros, 100. R=P
Se fosse igual à despesa, teríamos rendimento 1000, uma produção de 1000, distribuíamos rendimentos de
1000, esses rendimentos eram afetos a consumo e investimento, davam uma despesa de 1000, e andariamos
num ciclo e teríamos uma situação de equilíbrio.

A crise de 1929 demonstrou isso com toda a evidência- se é verdade que a produção é igual ao rendimento,
não é forçoso que a despesa seja igual ao valor da produção. Ao contrário da analogia do saco do amigo
secreto em que as pessoas poem algo e tiram algo, e no fim, não sobrava nada, pode acontecer que na
economia haja cisas que não são escoadas pelo mercado. Isso acontece devido à preferência pela liquidez,
potencial aquisitivo que não é convertido em procura efetiva e devido à função consumo.

A função consumo faz com que as pessoas, até um certo nível de rendimento, gastem mais do que tem, mas
a partir de certos níveis de rendimento, gastam menos do que tem.

À medida que nos vamos afastando da nossa linha dos 45º, vamos tendo valores crescentes de poupança.
Se o investimento for exatamente igual à poupança, voltamos à linha dos 45º. Imagine-se que se aforra 200.
Para estar com a economia em equilíbrio, precisamos de ter um valor de investimento em 200. Se a linha
de investimento se somar à função consumo, voltamos a estar numa situação de equilíbrio, em que R=D.
Se o rendimento for igual à despesa, isso constitui uma ordem à produção para renovar as quantidades
produzidas e distribuir, a mesma quantidade de rendimentos. Se se distribuir a mesma quantidade de
rendimentos, se as pessoas afetarem a consumo e a aforro as mesmas parcelas que afetavam antes e se o
investimento voltar a ser igual ao aforro, voltamos a ter uma situação de equilíbrio, e mantemo-nos nela.

Despesa ou procura agregada é formada por consumo + investimento.

A procura agregada iguala, num certo momento, o rendimento, no ponto em que aforro = investimento-
nesse ponto estamos em equilíbrio.

No caso de a despesa ser maior do que os rendimentos D>R:

Isso provoca tensões inflacionistas na económica- é necessário que se diminuía a procura agregada e então
pode-se por exemplo, aumentar os impostos, diminuindo o dinheiro para consumo das pessoas e cortam
consumo, mas também cortam o aforro.

No caso de a despesa ser inferior ao rendimento, quer dizer que houve salários, lucros, rendas, juros, as
pessoas utilizaram parte do rendimento para consumo, uma parte para aforro, mas como o investimento não
igualou o valor do aforro, houve dinheiro que não retornou ao circuito de produz, distribui rendimento,
consume e investe (e sempre assim) - houve uma parte do rendimento que saiu.

O aforro é uma fuga do sistema, é uma forma de tirar um potencial aquisitivo que foi distribuído e não
retorna. Na logica clássica esse potencial aquisitivo so não era reinventado no sistema se a taxa de juro
fosse tao atrativa que as pessoas não gastam no dia, para consumir mais posteriormente (+ com juros daquilo
que recebe por renunciar ao consumo mais (+ com juros daquilo que recebe por renunciar ao consumo
imediato), logo, a taxa de juro garantia um equilíbrio entre o aforro e investimento.

Para Keynes, o que determina o investimento não é, por si só, a taxa de juro, são as perceções, Keynes fazia
referência aos animals spirits: os agentes económicos deixam-se levar pelos espíritos animais- quando a
económica esta eufórica e as coisas estão a correr bem, os empresários tendem a investir. Já quando as
coisas estão a correr mal, mesmo que a TIR(taxa interna de rentabilidade) do investimento pareça atrativa,
os gentes económicos retraem-se- a economia também é uma questão de confiança, se as pessoas não tem
confiança não investem.

No mercado bolsista, existe uma designação para cada um destes estados:

- Bull Market: quando toda a gente acredita que vai gastar dinheiro na bolsa, então investe, mesmo que não
haja racionalidade nenhuma nisto.

A tese do rendimento permanente:

Parte do princípio de que os agentes económicos tratam as suas variações de rendimento de forma diferente,
consoante interiorizem que essas variações de rendimento são permanentes ou transitórias- as pessoas
tratam diferentemente os acréscimos no rendimento que são transitórios e acréscimos no rendimento que
são permanentes.

Exemplo: se houver, num determinado momento um ganho anormal de rendimento, esse ganho não altera
o padrão de consumo e de aforro que as pessoas têm, porque elas partem do princípio de que esse encaixe
para alterar os seus padrões de despesa. Por outro lado, se as pessoas forem promovidas, mesmo que o seu
rendimento tenho subido apenas no 1º mês, as pessoas ajustam de imediato o seu padrão de despesas em
função daquilo que contem que seja a reiteração desse rendimento daí para o futuro. Saltam de patamares
de despesa em consumo e aforro para um patamar diferente mesmo que não tenham tido, num determinado
momento, uma variação de rendimento muito significativa, mas como estão a antever que a situação mudou
ajustam essas suas decisões em função daquilo que estão à espera de ser o seu padrão de ganhos daí para a
frente.

CIRCUITO MULTIPLICADOR – se assumirmos que o padrão de gastos de uma determinada economia


se repete, para variações no seu rendimento:

-Supondo uma taxa de poupança de 20%;

-Suponhamos que 0.8% vai para consumo e 0.2 vão para aforro, de cada unidade de rendimento. Isto é algo
que pode ser medido face ao valor dos gastos numa economia, num determinado ano e ao valor da poupança
dessa economia num determinado ano.

-Supondo que quando esta economia no seu todo, se vai comportar da mesma forma;

-Admitindo que mesmo que o rendimento desta economia varie, ele vai manter o mesmo padrão de PMC e
PMA;

-Supor ainda que, a forma como nos vamos tratar cada unidade de rendimento que vamos ter a mais=
maneira como se distribui rendimento entre C e A.

Se nos tivermos um sistema em equilíbrios e injetarmos +1000- uma parte vai para C e outra para A.´

Se admitirmos que temos uma PMC=PmédiaC, até sabemos quanto vai mais de consumo no período
seguinte:

No entanto, se a
economia primeira-
mente estava em
equilíbrio, não há
mais 800 para eles
poderem comprar.
As pessoas
aparecem, agora, a
comprar com 800,
algo que antes não
estava disponível.

Assim, é necessário que a economia responda, produzindo 800 adicionais, para fazer face ao aumento de
procura. Se se produz +800 então distribuem-se +800 de rendimento.
Afetaram a consumo 640, mas alguém tem de
satisfazer, novamente, esta procura adicional
gerada pelo impacto dos 2 períodos
anteriores. Este valor dá ordens à produção
para disponibilizar bens, de forma a permitir
que este consumo encontre satisfação. É
necessário produzir + 640. Se se produz mais
bens e serviços no valor de 640, então
distribui-se +640 de rendimento. O acréscimo de consumo seguinte seria 512, num 4º período 409,6, num
5º período 327,68. – Mecanismo multiplicador a funcionar: diz-nos que qualquer variação líquida da
procura se multiplica subsequentemente nos períodos seguintes. Tem de ser procura líquida porque:

-Se os agentes estiverem a lançar no mercado a mesma coisa que retiram do mercado, não há acréscimo de
procura e não há efeito multiplicador. Injetando produtos no mercado, estamos, simultaneamente, a adquirir
capacidade aquisitiva para retirar do mercado o mesmo valor que se lançou. Logo, a procura líquida não
pode ser através da produção.

-Há procura líquida, por exemplo, no investimento:

O dinheiro investido na fábrica não se recupera no mesmo ano em que se criou a mesma. Gasta-se x e
depois, ao longo do tempo, ganha-se o suficiente para ganhar o que gastou e só depois é que passa a lucro,
mas primeiro, gasta-se mais do que recebe. O investimento é uma injeção de procura líquida.

-As exportações também são uma injeção de procura líquida. Se nós tivermos uma balança superavitária,
estamos a transferir bens que estão disponíveis para as pessoas irem buscar ao mercado para o estrangeiro.
Quer dizer que as pessoas que ca estão não podem ir buscar aqueles valores, mas entrou dinheiro, portanto
houve uma injeção de liquidez que permitiu que houvesse efeitos multiplicadores.

-O desentesouramento também tem efeitos multiplicadores.

Voltando ao circuito…

Pode acontecer que não haja capacidade de resposta, pode existir os “engarrafamentos”.

-Imagine-se que as pessoas querem comprar mais cortiça: o aumento brutal da procura da cortiça resultaria
numa subida de preços, não haverá maior produção da mesma, não haverá resposta para satisfazer essa
procura. Isto quer dizer que desde que haja qualquer rigidez na oferta, é impossível que o mecanismo
multiplicador funcione.

Agora havendo desemprego de recursos, é sempre possível que a procura induza a produção a responder, e
portanto, teremos o circuito multiplicador.

Aula 27/03

É necessário para que uma economia esteja em equilíbrio que o valor da produção que é igual ao valor
distribuído em salários, rendas, lucros e juros e, portanto, o valor da produção equivale ao valor do
rendimento, depois se traduza numa despesa equivalente. Se não houver uma despesa igual à produção e se
a despesa ficar abaixo da produção então no período seguinte diminuirá a produção, a distribuição de
rendimentos e entraremos numa espiral.

Desde que haja um aumento de procura líquida (tem várias proveniências, como um acréscimo de despesas
publicas financiadas do Estado, investimento, tem efeitos multiplicadores. Assumindo que o rendimento
vai ser canalizado para aforro e para consumo, se o rendimento é distribuído entre consumo e aforro numa
determinada maneira, nos a partir dos dados da macroeconomia, de uma contabilidade nacional e não é por
acaso que Keynes está na origem dos sistemas de contabilidade nacional, podemos saber qual a distribuição
que se faz no rendimento entre consumo e aforro, podemos admitir que corresponde à propensão media ao
consumo e a propensão media ao aforro, somadas, temos a unidade. Se tivermos 100 rendimento e uma
PMC de 0.8 então 80% vão para consumo e 20%fica para aforro. A unidade é sempre formada pela soma
das únicas parcelas que consideramos. Se nos admitirmos que a PMC e a PMA são iguais às propensões
medias, se admitirmos que as pessoas vão continuar a gastar o dinheiro da mesma forma que gastavam
antes, mas é aceitável e aceite que uma determinada económica num determinado período tenha uma
determinada distribuição de consumo e aforro, e se assim é, também é aceite que variações no rendimento
serão tratadas da mesma forma que esta economia esta a tratar o seu rendimento afetando a aforro ou
consumo. Vamos admitir que a propensão média consumo é igual à propensão marginal consumo, a
diferença é que a Propensão marginal ao consumo se mede pela variação do rendimento, a variação no
rendimento é que da origem a uma PMC. Os acréscimos de rendimento são simbolizados pelo delta
maiúsculo que significa a variação. Uma variação do rendimento vai ser repartida em consumo e aforro de
acordo do que é o padrão daquela economia. Situações em que tenhamos de aplicar o multiplicador-
encontrar o valor da outra, fazendo a subtração a partir da unidade. A unidade vai ser distribuída/composta
por 2 componentes, essas componentes são a PC e PA.

O que acontece quando uma economia em equilíbrio, quando temos uma injeção de 1000, se há um aumento
de procura líquida de 1000, se houver produção de bens que são vendidos no mercado por um lado, injeta-
se liquidez na economia por outro lado retira-se essa liquidez da economia quando os bens são adquiridos,
portanto, a produção não tem efeitos multiplicadores.

Suponhamos que a propensão marginal ao consumo é de 8/10. Então estes 1000 vão originar uma resposta
da produção desde que não haja situações de rigidez que impeçam que a produção reage ao aumento da
procura. Se não houver essas situações, um aumento de 1000 numa economia em equilíbrio vai num período
seguinte dar origem a mais 8 décimos de consumo e 2 décimos de aforro. Estes 800 de consumo vão dar
origem a produção para satisfazer este aumento de procura induzido pelo investimento inicial, estes 800
vão ser divididos também em consumo e aforro dos termos do mecanismo de distribuição deste rendimento
entre consumo e aforro. Este aumento do consumo vai determinar uma resposta da produção e vai de novo
ser repartido de acordo com a propensão marginal ao consumo e ao aforro entre o novo consumo e aforro.

Esta sucessão pode ser à partida antecipada conhecendo o valor do multiplicador. Nós conseguimos saber
o valor de todas porque sabemos que aquilo que determina o impacto destes efeitos sucessivos é a medida
em que o poder de compra reentra na economia, em que ele não é transferido para aforro.

O multiplicador vai ser o inverso da propensão marginal ao aforro. Quanto maior for a pma menor vai ser
o multiplicador e vice-versa. O multiplicador representamos por um "k" é igual ao inverso da pma (1/pma)

Se multiplicador é 1/pma também será k= 1-pmc. O valor do impacto de uma variação líquida de procura
inicial vai ser o termo de atuação dos períodos de multiplicadores = ao módulo do multiplicador
multiplicado pelo valor inicial. Se quisermos saber todos os impactos destas variações, sabemos que vai ser
k x variação inicial (representa-se por delta i), ou seja: 5 x 1000 = 5000

Suponhamos que a pma era de 1/3. Qual seria o impacto do multiplicador?

Faziamos o inverso a pma - 1/(1/3) = 3 (k)

k x variação inicial do rendimento = 3 x 1000 = 3000

Outra particularidade é:

Destes 5000 de acréscimento de rendimento, 4000 são consumo e 1000 são aforro. Ou seja, a soma dos
800+ 640+409,6+etc vai dar um valor que somado às 1000 iniciais vão dar os 5000. O que é curioso é que
esses 1000 iniciais vão ser exatamente a soma dos 200+160+100,4+ etc.

Conclusão: um acréscimo líquido de procura gera um valor de aforro igual. Chegamos então ao chamado
paradoxo da poupança.

Paradoxo da poupança- quanto mais se poupa menos se poupa ou o aumento da poupança diminui a
poupança.

Porquê? A poupança é criada não por ela mas sim pelo consumo. Quando há um mecanismo multiplicador
a funcionar, quanto maior for a poupança menor será o impacto na criação do rendimento e sendo este
menor também será menor a poupança que pode ser gerada nesta economia.
Keynes recomendava que se gastasse porque gastar gera não só rendimento, não só consumo mas também
aforro. É do gasto que decorre o aumento da produção; é do aumento da produção que ocorre a distribuição
do rendimento e é da distribuição do rendimento que ocorre o aforro. Se nós aforrarmos de início não temos
nada disto.

Não é o rendimento que cria poupança (embora a poupança venha do rendimento). O que cira o rendimento
é o gasto - para termos mais rendimento temos que gastar mais.

Em suma:

-Diferenças entre o pensamento clássico e o pensamento keynesiano:

O foco da análise clássica é a escassez.

O foco de Keynes é a incerteza, o que é que os agentes económicos fazem.

A questão não está na escassez, mas sim na incerteza que leva a que os agentes económicos tomem ou não
tomem determinadas opções designadamente o tal investimento.

No que diz respeito à moeda, para os clássicos a moeda é um passaporte para a aquisição de bens e, portanto,
a única razão pela qual as pessoas querem ter moeda é para puderem adquirir aquilo que a moeda dá.

Para Keynes, há razões pela qual os agentes económicos têm preferência pela liquidez.

Para os clássicos, a teoria quantitativa da moeda era aceite, a ideia de que variando a quantidade de moeda
que está disponível, variam os preços. Para o Keynes, aquilo que fazia subir ou descer os preços eram os
níveis de salários: se fossem elevados então os preços subiriam e vice-versa.

Quanto a um outro foco de análise que é o do equilíbrio do desiquilíbrio, os clássicos preocupavam-se


sobretudo com a recuperação do equilíbrio, Keynes dizia que os focos dos problemas económicos estava
nos desequilíbrios.

Os preços na lógica Keynesiana são rígidos, ou seja, têm tendência a ser difícil que eles oscilem, sobretudo
para baixo. Na lógica clássica, os preços eram o mecanismo de ajustamento essencial da economia e,
portanto, era através das oscilações de preços que se ajustavam as quantidades oferecidas.

Quanto à relação da despesa com o rendimento, vigorava para os clássicos a lei de Say (os produtos trocam-
se por produtos). Curiosamente só em 2014 é que um economista propôs uma contra-lei de Say dentro da
lógica keynesiana de que a falta de oferta cria a sua própria procura.

Quanto aos ajustamentos, na lógica clássica eles eram automáticos, ou seja, resultavam do próprio
funcionamento do sistema enquanto na lógica keynesia o equilíbrio não está assegurado, é necessário haver
uma intervenção (equilíbrios ezógenos).

Na lógica clássica, no mercado de trabalho, se houvesse desemprego os salários diminuiam, compensando


aos agentes económicos aumentar o número de trabalhadores porque havendo menos podiam contrata-los
para tarefas que tivessem um retorno mais baixo.

Keynes entendia de forma diferente. Dizia que se cortassem os salários numa situação em que não houvesse
equilíbrio, não só não se retomava o equilíbrio como o desiquilíbrio se acentuava. - lógica de que os salários
são uma componente essencial da procura e do consumo. Poranto, se estamos numa situação em que a
procura gerada é insuficiente para absorver a produção, se diminuirmos os salários vai haver menos
rendimentos distribuidos e só agrava os problemas existentes.

Numa situação de crise, o que se deve fazer é aumentar os salários como forma de aumentar os rendimentos.

No mercado de capitais, para os clássicos, as oscilações da taxa de juro ajustavam duas coisas: a oferta de
fundos à procura de fundos e aquilo que era a taxa interna de rentabilidade dos investimentos à taxa de juro
das operações ativas. Subindo a taxa de juro das operações passivas aumenta o aforro.

Os empresários só vão se interessar por projetos de investimento que tenham taxa interna de rentabilidade
superior à taxa de juro das operações ativas.
Portanto, se os bancos acharem que têm muito crédito para conceder, sobem a taxa de juro das operações
passivas para atrair dinheiro.

Na lógica Keynesiana não é a taxa de juro que explica o investimento, ou seja, não é em função da subida
ou descida da taxa de juro que os empresários vão escolher investir mais ou investir menos. Para Keynes,
o que explica este fenómeno são os animal spirit - as perceções que os agentes económicos fazem sobre a
evolução da economia.

Desta lógica Keynesiana resultaram as políticas contra cíclicas, anteriormente já faladas.

Relação entre o desemprego e inflação (gráfico):

Se tivermos uma relação inversa entre a inflação e o desemprego e se soubermos utilizar os instrumentos
para atuar sobre um ou outro do objetivo de política económico, conseguimos controlar a inflação e o
desemprego.

A curva de Philips (nome do economista) revelava uma relação entre o desemprego e inflação que
correspondia a uma curva convexa em relação à linha.

Quer isto dizer que se tivermos um valor de desemprego para um certo valor de inflação podíamos fazer
uma de duas coisas:

- Se quiséssemos diminuir o desemprego, tornávamos esta a variável independente e utilizávamos políticas


que tivessem impacto na redução do desemprego, mas fazendo isso havia um aumento da inflação.

- Se quiséssemos diminuir a inflação, podíamos pôr em marcha políticas que diminuíssem a inflação. Como
consequência, aumentávamos o desemprego.

E que políticas são essas? - Políticas financeiras e políticas monetárias

Políticas financeiras- aquelas que são levadas a cabo pelo Estado diretamente.

Políticas monetárias - aquelas que são geridas pelo banco central

Queremos diminuir o desemprego. O que é que podemos fazer com políticas financeiras?

- Podemos aumentar os gastos públicos (como fizeram os americanos na grande depressão). Se


aumentarmos os gastos públicos, temos que contratar mais pessoas. Quando contratarmos mais pessoas,
distribuímos mais rendimento, quer dizer que injetamos liquidez na economia.

Se a produção não responder na mesma proporção, os preços vão subir. Portanto, nós aumentamos os gastos
públicos e já sabemos que vamos ter uma consequência em termos de subida de inflação.

- Diminuir os impostos. Se diminuirmos os impostos, as pessoas têm mais dinheiro para gastar, vão comprar
mais bens e se comprarem mais bens vai se produzir mais e se se produzir mais vai se contratar mais
pessoas.

- Aumentos dos abonos, das transferências da segurança social

Tudo isso injeta liquidez, o que permite que as pessoas comprem mais, comprando mais vão aumentar a
produção, aumentando a produção, aumenta o recurso à mão de obra e, portanto, diminui o desemprego-
consequências de tudo isso: subida dos preços ou então, podemos fazer o inverso, controlar a subida de
preços então as políticas não são expansivas são políticas recessivas. O que fazemos? Aumentamos os
impostos. Diminuímos os gastos públicos, as transferências e subsídios e com isso estudo estamos a retirar
liquidez da economia. Se o Estado gasta menos, cobra mais impostos, distribui menos subsídios e faz menos
transferências as pessoas tem menos dinheiro, os preços vão descer, mas então as empresas vão produzir
menos.

Esta relação permitiu que desde o final da 2 GM até aos choques petrolíferos da década de 70, a economia
funcionasse razoavelmente bem. Os decisores de política económica tinham estes instrumentos da política
financeira ao seu dispor e tinham também instrumentos de politica monetária, para diminuir o desemprego
baixava-se as taxas de juro ou comprar os títulos de divida pública.
Normalmente, o banco central não tinha, até muito recentemente, como sua missão interferir no
desemprego. A única missão que tinham era garantir que a inflação estava controlada. Os bancos centrais
para controlar a inflação aumentavam as taxas de juro e assim, as pessoas querem antecipar consumos,
mudar de automóvel ou ir de férias tem de pensar duas vezes dado que isso agora fica mais caro.

Com estas políticas monetárias e financeiras a economia estava sob controlo. Parecia que havia alguém que
tinha encontrado o acelerador e o travão. Pressionando o acelerador e o travão conseguia-se gerir a
velocidade que a economia podia atingir. Quando a economia ia demasiado depressa, colocavam-se em
marcha políticas recessivas, travão, já quando a economia estava a andar muito devagarinho carregava-se
no acelerador e a economia acelerava, políticas expansionistas.

Isto funcionou até 1973 há a guerra entre Israel e os Países Árabes, o preço do petróleo era de 3 dólares e
passa para 12 dólares, é um impacto brutal nas economias que na altura vivam do petróleo. A energia que
fazia funcionar o mundo era o petróleo basicamente. Os Árabes não só aumentaram o preço do petróleo em
retaliação ao apoio a Israel como alguns países estabeleceram que não vendiam petróleo ou só vendiam
determinadas quantidades de petróleo a algumas economias, para as asfixiar justamente como retaliação
pelo apoio que deram a Israel, economias visadas: europeias e EUA.

Portanto, o choque petrolífero de 1973, mas também confinou as pessoas, havia proibições de circulação a
dias de semana. Em 1979 há outro choque que levou o preço do barril do petróleo para 40 dólares, de
maneira que a reação a esta alteração dos custos da principal fonte de energia do mundo, curva de Philips
mudou radicalmente. Ou seja, carregava-se no acelerador para estimular a economia e diminuir o
desemprego e o desemprego não diminuía e a inflação disparava. Carregava-se no travão para diminuir a
inflação, o desemprego aumentava brutalmente e a inflação não reduzia. E, portanto, as políticas
Keynesiana a partir dos choques petrolíferos deixaram de funcionar. Acontece que Milton Friedman, um
dos fundadores das teses monetaristas, tinha antecipado anos antes que a cura de Philips ia deixar de
funcionar. Segundo ele, aquilo que afinal de contas controlava o funcionamento da economia era algo ?,
aquilo que fazia com que os preços subissem ou descessem era a oferta de moeda, mais se os preços
subissem porque tinham havido aumentos na quantidade de moeda em circulação e era isso que estava a
provocar as dificuldades económicas sentidas por todo o lado.

Margaret Thatcher sobe ao poder na Grã-Bretanha em 1979, com um programa monetarista, e Ronal Regan
nos EUA na base das mesmas políticas monetaristas, de privatizações, redução na intervenção do Estado
na economia, deixar funcionar o mercado e sobretudo controlar brutalmente a oferta de moeda. Quer na
Grâ Bretanha, quer nos EUA, a coisa funcionou do ponto de vista do controlo da inflação. A inflação entre
1980 e 1983 na Grã-Bretanha desceu de 18% para 3.8%, e portanto, em 3 anos as reformas introduzidas
por Thatcher e pelos programas monetaristas tiveram um impacto brutal. Nos EUA, no mesmo período, a
inflação baixou de 13.5% para 3.2%, em 3 anos, as teses monetaristas estavam a provar que conseguiam
aquilo que as teses Keynesiana não estavam a conseguir. Curiosamente também estavam a demonstrar que
afinal de contas a curva de Philips funcionava porque a verdade a inflação desceu, o desemprego aumentou.
Nestes 3 anos a Inglaterra, o desemprego passou de 5.3% para 11.5% e nos EUA passou de 5.7% para
10.1%, ou seja, as politicas Keynesiana de despesas publicas e de alteração dos impostos e de oscilação das
taxas de juro dentro da logica Keynesiana tinham deixado de funcionar, as receitas monetaristas tiraram o
estado da economia de deixar de fazer intervenções destinadas a controlar o rumo da economia, por termo
as politicas contra- cíclicas, controlar de forma estrita a oferta de moeda, estavam a provar que eram
eficientes. Em relação aos objetivos que tinham definidos, dentro da logica neoliberal, a inflação foi
controlada com custos sociais que se traduziam desde logo no aumento do desemprego e, portanto, na
recuperação da relação inversa entre inflação e desemprego que a curva de Philips regulava dentro do
quadro keynesiano.

Estabilizadores automáticos: a economia tem um conjunto de instrumentos que mesmo que não sejam
mobilizados pelos decisores de política monetária ou política económica tem algum efeito contraciclo, e,
portanto, estes estabilizadores automáticos contribuem para aplainar os ciclos de expansão e recessão.

São as receitas e despesas da Segurança Social. Nos períodos de recessão a SS paga mais subsídios de
desemprego, mais apoios aos trabalhadores, às empresas, recebe menos, aquilo que as empresas e os
trabalhadores pagam à SS é menos porque os salários diminuíram. As receitas da SS descem. Sem se fazer
nada, há logo um efeito contra cíclico. Nas fases de expansão sucede-se o inverso.
Aula 03/05

OSCILAÇÕES ECONÓMICAS

O que é que pode dar origem às oscilações da atividade económica? Essas oscilações têm um padrão?

A perceção do tempo que nos advém da revolução industrial é que ele tem um sentido - caminhamos do
passado para o futuro. Esta conceção do tempo é uma conceção que acabou por resultar da revolução
industrial pois a conceção agrária do tempo não é esta. A conceção das sociedades agrárias é a do eterno
retorno, da repetição, renovação das estações do ano, faces da lua e ciclo de dias e noites - dentro daquilo
que era o entendimento tradicional do tempo nós assistimos a um ciclo que se renovava continuamente.

A ideia do ciclo industrial é a de que as coisas fluem como um rio (sempre no mesmo sentido) mas será
que o tempo económico se aproxima mais do tempo linear (o da revolução industrial) ou tem algumas
características do tempo circular de renovação de acontecimentos passados?

Rendimento per capita - valor total da produção num determinado período dividido pelo número total de
habitantes nesse mesmo período.

Aquilo que se assistiu foi a uma oscilação daquilo que era o rendimento per capita durante milénios a volta
de um valor que era próximo daquele que se escolheu como base que é o do ano 1800.

Desde 1500 a.C até aos nossos dias nós mantivemos algo acima, algo abaixo daquilo que era o rendimento
per capita de 1800. Não houve grandes progressos em termos de crescimento daquilo que era o rendimento
das pessoas desde tempos anteriores à nossa Era.

Armadilha malthusiana - Malthus era um economista clássico e, contrariamente aos outros economistas
clássicos, ele era pessimista. Ou seja, era um autor que considerava que pela experiência histórica que ele
conseguia inventariar, a produção de alimentos seria uma produção aritmética, mas a população conseguia
reproduzir-se a uma cadência geométrica. Quer isto dizer que, enquanto os alimentos aumentam
2,4,6,12,14.. (progressão aritmética), o crescimento da população está sujeito a uma lógica geométrica
(passa-se de 2 para 4 para 8 para 16 para 64).

Assim sendo, aquilo que ele via no futuro da humanidade era a insuficiência dos recursos disponíveis para
sustentar a população.

A população durante milénios terá passado por 300 milhões e 900 milhões e, portanto, ao longo de um
período de 2 milénios a população triplicou. Desde 1800 até hoje a população passou de 900 milhões para
7 mil milhões. Ainda que isto tenha acontecido, o rendimento per capita estaria hoje no índice 12 em relação
ao valor de 1800. Não obstante esta progressão enorme de pessoas, o rendimento per capital aumentou 12x
(passamos de um valor de índice 1 em 1800 para um índice 12 nos primeiros anos do século XXI).

Provavelmente em 1800 não se vivia melhor do que na idade da introdução da agricultura (2000 a.C e 500
a.C). A generalidade da população vivia tão mal ou pior que no neolítico.

Finalmente passamos a viver no mundo que parece corresponder a um tempo linear e a perspetiva que nós
tínhamos era a de um progresso contínuo.

Em 1862 um francês chamado Clément Juglar notou que havia um processo ascensional mas que tinha
ciclos daquilo que ele chamou de expansão e recessão (que fez corresponde aos estados de
euforia/embriaguez e de ressaca).

A economia comportava-se como um agente económico que cometesse alguns excessos e depois sofresse
as consequências desses excessos. O que ele notou é que a sequência de estados de euforia e de depressão
se sucediam com um intervalo de cerca de 10 anos.

Nota: É curioso notar que em Portugal desde 1974 nós tivemos 9 anos em que o PIB diminuiu. Os 6 períodos
em que o PIB decresceu mais estão praticamente separados por estes 10 anos. Em 1975 tivemos uma grande
quebra de PIB e em 1984. A terceira vez foi em 1993 e quarta em 2003. Há depois novamente perda do
PIB nos anos 2009/2011/2012 e 2013. De todos estes anos, a maior queda aconteceu na data esperada pelo
ciclo Juglar (2012). Em 2020 voltamos a ter a maior queda de sempre do nosso PIB desta série iniciada
pelo regime atual.

Em 2028/2029/2030 somos capazes de ter novamente um problema económico global na economia


portuguesa.

Os ciclos julgares são bem conhecidos na teoria económica.

Há outros ciclos: há um ciclo identificado por o autor Joseph Kitchin que é um ciclo mais curto (1/5 - 3
anos) e está ligado à constituição e redução de stocks.

Ex: Uma determinada empresa de distribuição ou de retalho adquire habitualmente uma certa quantidade
de mercadorias. Vamos supor que 5% não são vendidas. 5% não constitui talvez um motivo suficiente para
reduzir as aquisições no ano seguinte e, portanto, no ano seguinte renova as aquisições, mas volta a vender
menos 5% do que aquilo que comprou. Quer dizer que já tem em stock 10%. No terceiro ano volta a repetir
a mesma encomenda e no fim de ano já tem 15% em stock logo no próximo ano já fará apenas uma
encomenda de 80% do que aquilo que fazia. Esta sucessão de constituição de excedentes (que se chama um
investimento em stocks) é uma componente da formação de capital e ocorre quando nem tudo o que se
compra se vende. Há um determinado período em que esta constituição de stocks dá origem a um certo
flutuar nas encomendas económicas.

Temos também outro ciclo, ligado mais a um investimento de infraestruturas entre 15 e 25 anos identificado
pelo autor Simon Kuznets. Ele verificou que no que diz respeito às infraestruturas há uma certa tendência
para a sua renovação 15 a 25 anos depois. É natural que vias-férreas, linhas de metro, autoestradas, portos
tenham que ser reparadas/renovadas no termos do seu período útil de vida. Kuznets olhando para os dados
da contabilidade nacional conseguiu identificar este ciclo.

O mais interessante de todos os ciclos, de toda a repetição de circunstâncias económicas acontece num
prazo entre os 40 e 60 anos e foi identificado nos anos XX por Nikolai Kondratiev. Este autor fez os seus
estudos com base nos dados estatísticos que havia na época. (Ver diagrama que o dr disponibilizou no
inforestudante)

Este diagrama mostra os ciclos Kondratiev e até agora houve 5 ciclos.

Estes ciclos estão ligados ao ciclo de introdução, implantação, apogeu e esgotamento daquilo que se chama
uma tecnologia de aplicação generalizada. É a sucessão destes paradigmas tecno económicos que dá origem
a estes ciclos de 40 a 60 anos e prestam-se a esta simplificação que está representada no diagrama.

Análise do diagrama:

O primeiro Kontratiev começa em 1780 e vai até ao pânico de 1837. O que Kontratiev notou que (e notou
até 1920) um ciclo termina numa crise mais acentuada do que é normal. A depressão maior ocorre na
mudança do ciclo Kontratiev. Quando chegamos ao fim de um ciclo Kontratiev temos normalmente uma
grande depressão ou uma crise mais acentuada do que nos restantes anos.

Esta estilização vai basear-se naquilo que são os retornos das 500 maiores empresas da bolsa norte-
americana. Há um índice bolsista que agrupa s 500 maiores empresas norte americanas e uma consultora
económica publicou este estudo em 2010 que, olhando para o retorno das ações listadas na bolsa norte
americana e que correspondiam às 500 maiores empresas, conseguia dar origem a este padrão.

Kuznets teve em atenção indicadores muito diversos desde os preços dos bens de consumo/agrícolas,
rendimentos até impostos. Mobilizou uma enorme quantidade de dados estatísticos para chegar a esta
concessão de que a economia afinal tem ciclos de expansão e de recensão e que esses ciclos têm uma fase
de ascensão e de recensão e que a separação entre ciclos ocorre com uma crise muito mais pronunciada do
que é normal.
Pânico de 1837- 1843

- Fase em que na economia americana aumenta enormemente o desemprego, há uma queda acentuada dos
preços, há choque bolsista (as empresas que estavam cotadas na bolsa têm perdas muito elevadas. Este
pânico de 1837 prolonga-se até 1843 e está a marcar esta transição do primeiro Kontratiev para o segundo.

Começou nos EUA, mas acaba por ter repercussão na Europa. Quem é que estava isolado destes contágios?
As economias que não estavam integradas no sistema mundial. A partir d 1917, o bloco de leste ficou imune
ou relativamente imune àquilo que eram as oscilações económicas no resto do mundo, a China, África, mas
com a globalização essas coisas têm vindo a alterar-se. Cada vez mais, aquilo que acontece numa economia
que é importante para o sistema (as maiores) provoca a comunicação das oscilações económicas. O
Kontratiev quando faz a formulação da teoria dos ciclos constata que isto é uma coisa que não é restrito a
uma economia.

Em terminologia atualizada, o paradigma tecno económico deste primeiro ciclo Kontratiev é o motor a
vapor - a mudança da força/energia animal para a força mecânica através do motor a vapor está na origem
da industrialização.

O segundo Kontratiev vai de 1830 até 1880. Temos aqui uma depressão no fim do ciclo, a crise de
1873/1879 onde os preços caem e nasce o anti-trust.

O segundo Kontratiev tem como tecnologia de aplicação generalizada o aço/industria do aço e a construção
de linhas férreas (desenvolvimento de transporte de massas).

O transporte pesado é a tecnologia de aplicação generalizada que está associada ao segundo Kontratiev.

O terceiro Kontratiev está ligado à eletrificação e à indústria química. São as inovações nestas indústrias
de produção de energia elétrica e produção de produtos químicos que estão ligadas à ascensão deste terceiro
Kontratiev que vai de 1880 a 1930 (a cair na crise de 1929 - 1933). A partir dessa reação a essa crise dos
anos 30 começamos um novo ciclo Kontratiev.

O quarto ciclo vai até aos anos 70. Com os choques petrolíferos de 1973 e depois de 1979 o preço do
petróleo passou de qualquer coisa de 3 dólares por barril para 40 dólares por barril. Estes dois choques
petrolíferos deram origem a uma ampla transformação no funcionamento das economias. É um ciclo que é
caracteriado pela utilização intensiva da energia do petróleo para motorizar as deslocações e, portanto,
temos uma sociedade de mobilidade generalizada.

Entramos depois num novo Kontratiev (o quinto) que começa nos anos 70 era feito terminar neste diagrama
em 2010 porque em 2010 há a crise financeira, primeira crise dos EUA da alavancagem excessiva e da
construção de instrumentos derivados de dívidas hipotecárias e depois a partir de certa altura a valorização
do mercado imobiliário parou. Tinham admitido que o quinto ciclo Kontratiev que se sustentava nas
tecnologias de informação (tecnologia de aplicação generalizada que corresponde a este ciclo).

O Kontratiev teve em conta múltiplos indicadores que de uma maneira geral permitem identificar estas
crises.

O que é que caracteriza também cada uma destas mudanças de ciclo? Na fase final de cada ciclo há um
acumular de inovações (observação de Kontratiev). Por efeito da crise que faz com que as estruturas
económicas se transformem, uma parte dessas inovações tecnológicas que estão disponíveis são
introduzidas na economia real. Há razões para que se faça a substituição das tecnologias. Não têm que ser
só tecnologias tecnológicas, podem ser tecnologias financeiras.

Ex: O teletrabalho-as condições para as pessoas estarem em teletrabalho já existiam. Com a crise houve a
tal mudança de paradgima e passamos a ter eventualmente o início de um novo ciclo que terá de basear se
numa tecnologia de aplicação generalizada. Na altura que estes autores escrevem este diagrama, estavam a
admitir que seriam as tecnologias limpas, biotecnologias, nanotecnologia. Mas pode ser que a tecnologia
de aplicação generalizada que esteja para dar a identificação do sexto Kontratiev ainda não esteja
identificada.
Em suma, desde a revolução industrial nós parece que estamos num ascensor rápido e que a nossa viagem
é unidirecional, mas quando olhamos mais de perto percebemos que neste trajeto ascensional há ondas. As
maiores ondas foram identificadas por Kontratiev que notou estas coisas notávies: acumulações de
inovações na fase descendente do ciclo; crise enorme a separar os ciclos; conflitos concentrados na fase
ascensional dos ciclos. Se nós estamos nesta altura a entrar no sexto Kontratiev muito vai mudar: estamos
a entrar na fase ascensional do ciclo, mas com muitos conflitos.

Nós sabemos que há um mecanismo indógeno que faz com que as marés mudem, sabemos que há um
movimento de rotação da terra que faz suceder as noites e os dias. Então se há uma regularidade no
funcionamento da economia em ciclos de 50 anos será que não há uma explicação indógena que nós ainda
não percebemos?

Aula 04/05

DESIGUALDADE- tornou-se de há uns tempos a esta parte um problema, um problema que tem
visibilidade pública, não é só o facto de estar a ser considerado nas agentes políticas e mediáticas dos vários
países, não é o facto de ter dado origem a dois prémios nobéis da economia nos últimos anos. Em 2015 foi
concedido o prémio nobel da economia a Angus Deaton, economista que sempre trabalhou na área da
pobreza e nas explicações para a mesma, sendo significativo da importância que a própria profissão esta a
conceder a estas matérias, mas em 2019 voltou a atribuir um prémio noel, para trabalhos agora no âmbito
da economia experimental sobre a forma como estavam a funcionar e quais eram os problemas dos
programas de redução da pobreza nos vários países. O prémio foi para 3 economistas, Abhijit
Banerjee/Esther Duflo/Michael Kremer. Evidentemente esta é uma questão que tem visibilidade mediática.
Há 3 momentos que marcam a desigualdade:

1. É a constituição da propriedade e a introdução da lei (para proteger a propriedade- permite distinção entre
ricos e pobres;
2. Criação do aparelho político (constituição do Estado) - soma a essa desigualdade entre ricos e pobres, a
desigualdade entre fracos e fortes;
3. Poder legitimo passa a tornar-se num poder arbitrário – distinção entre os servos e os vassalos;

A tese de outro livro é a de que, até agora a única coisa que funcionou para reduzir desigualdades foram
catástrofes/calamidade, a peste negra, por exemplo, reduziu muito a desigualdade, assim como a 1GM e a
2GM.

(A pandemia assenta brutalmente as desigualdades, as pessoas mais ricas do mundo que já estavam ligadas
a novas tecnologias de interação entre a oferta e a procura tiraram uma extraordinária vantagem das novas
condições pandémicas- comércio online, tecnologias de informação, ligação à distância, deram origem a
valorizações das empresas big tec. A desigualdade tornou-se muito mais atual e importante).

Teoria da Justiça de John Rawls- assenta numa espécie de contrato social (as pessoas abdicam de uma parte
da sua liberdade para assegurar através da transferência desses poderes para um poder politico, garantindo
a sua tranquilidade e segurança, as pessoas acabam por fazer algo que tem um custo porque o beneficio
esperado é superior ao custo em que encorem),esta ideia do nascimento do estado pode ser explicado de
uma forma hipotética como se tivesse havido um acordo entre os membros da sociedade no sentido de
abdicarem de uma parte das suas liberdades na medida em que constituem um poder que tinha força para
impor determinadas regras, e portanto, limitar a autonomia de cada um mas de que esse custo tinha
associado o beneficio de viver tranquilo em sociedade, Rawls parte da ideia de que se nos admitíssemos
que desconhecemos em absoluto qual é a nossa posição na sociedade ou qual virá a ser, se nos
desconhecermos em absoluto quais são as nossas forças e fraquezas, defeitos e qualidades, se estivermos,
portanto, sob um véu de ignorância e não soubermos aquilo que podemos esperar daquilo que vai ser a
nossa situação social então certamente quereremos escolher aquele arranjo que nos proteja mais na pior
situação possível, aquilo que nos quereremos é que a fava não seja muito penosa. Portanto, dentro deste
raciocínio aquilo que Rawls considerava é que havia 2 princípios básicos: 1. Todos deviam ter o máximo
de liberdades e benefícios que fosse compatível com o benefício de todos, em princípio toda a gente ter o
máximo possível comportável do ponto de vista total, mas isto tem a ver com a repartição do bolo (divide-
se da forma mais igualitária possível, a menos que, havendo desigualdade esta desigualdade nos permita
ficar com uma fatia maior do bolo), ou seja, podemos admitir desigualdade e podemos admitir vários graus
de desigualdade desde que os que ficam pior, os que ficam na situação de desigualdade inferior, fiquem
numa posição melhor do que se todos tivessem numa situação de igualdade. Portanto, a desigualdade é
legitima desde que aqueles que ficam na franja inferior da distribuição fiquem melhor do que estariam se
toda a gente tivesse uma posição igualitária daquilo que existe.

O benefício aos que ficam na melhor posição justifica-se porque mesmo aqueles que ficam numa pior
posição ficam numa posição melhor, do que estariam se houvesse uma repartição igualitária- grande
antagonismo. (podemos ter mais igualdade, mas isso custo em termos de eficiência, se tivermos mais
igualdade o nosso bolo vai ser mais pequeno, se tivermos menos igualdade o bolo cresce).

A logica de que a desigualdade em princípio só se justiça dentro desta logica de Rawls, da escolha de que
as pessoas fariam se estivessem a escolher o melhor arranjo possível para a sociedade que se vão integrar,
se as pessoas não soubessem quais eram as qualidades/defeitos/forças/fraquezas que lhes vão ser
distribuídas então à cautela parece logica que cada um queira a melhor distribuição- igualitária- a menos
que dessa distribuição mais igualitária resultasse da fatia dos que estão piores fosse mais pequena do que
aquela dos que lhe caberia de houvesse desigualdade (tem um fundamento do ponto de vista da teórica ética
da justiça como Rawls designou).

O grande antagonismo deve-se as transferências de rendimento ou de riqueza daqueles que tem mais para
aqueles que tem menos como se fosse uma espécie de balde furado, ou seja, para se diminuir a desigualdade
é necessário tirar aos que tem mais e dar aos que tem menos, o problema é que quando nos tiramos aos que
tem mais para dar aos que tem menos, é como se tivéssemos a por um líquido dentro de um balde, levamos
daqueles que tem mais para aqueles que tem menos, mas o que acontece é que no trajeto há uma quantidade
de liquido que se perde- baldo está furado- nos tiramos 100 aos que tem mais e os que tem menos só
recebem 50, o resto perde-se pelo caminho. Quer dizer que há aqui um problema de eficiência.

Nos anos 50, Simon Kuznets, admitiu que havia uma curva em forma de sino (u invertido) que representava
os valores de desigualdade na distribuição de rendimento e da riqueza. Então o que nos teríamos era o
seguinte, enquanto as economias estão no seu processo de desenvolvimento/ fase de crescimento de
implantação de estruturas económicas modernas, quando passam de sociedades tradicionais para sociedades
de mercado, sociedades integradas no mercado mundial, durante essa fase ascensional as economias teriam
grandes desigualdades. E as desigualdades iam aumentando até potencialmente enquanto essas economias
seguiam esse trino de desenvolvimento, mas a partir de certa altura, quando chegassem ao estado de
desenvolvimento mais avançado, as desigualdades diminuíram tanto mais quanto a sociedade se
desenvolvesse. A logica era de que no início, quando passamos das sociedades tradicionais para sociedades
mais modernas, criam-se grandes assimetrias de rendimento porque há possibilidades de se fazerem
excelentes negócios, de se ganharem muito dinheiro em atividades circunscritas ou limitadas, mas depois
à medida que a sociedade se vai desenvolvendo, vai tendo necessidade de quadros qualificados, de
generalizar os investimentos, ter a possibilidade de intervenções sociais do estado, e essa combinação de
desenvolvimento, modernização, aperfeiçoamento dos sistemas fiscais, diminuição da corrupção, aumento
da educação, necessidade de quadros técnicos qualificados com a subida dos rendimento que isso implica,
então nos teríamos uma progressiva diminuição das desigualdades, e de facto, nos anos 10, 20, do século
passado, o topo dos 10% calculava-se que tivesse nas sociedades da OCE, sociedades avançadas teria como
qualquer coisa como 45 a 50% do rendimento. Nos anos 70, os 10% de topo já tinham apenas 35% e,
portanto, tinham passado quase metade, 45% de rendimento para 35%, a logica era a de que a desigualdade
continuaria a diminuir. A partir dos anos 70, a desigualdade aumentou novamente e nos anos 2000, na
primeira década do século XXI estavam outra vez os 45-50% do rendimento, quer dizer, os 10% mais ricos
já estavam outra vez com a mesma parcela de rendimento que tinham no princípio do século. Esta curva
tranquilizadora de Kuznets não corresponde aquilo que foi o aumento da desigualdade, sobretudo a partir
dos anos 80 (choques petrolíferos, eleição Margaret Inglaterra, Regan EUA que inauguraram o
neoliberalismo, a substituição das políticas Keynesiana pelas políticas monetaristas), em resultado dessas
abordagens e das condições económicas da época a verdade é que a desigualdade cresceu novamente. Com
o aumento da desigualdade, destrói-se capital social, isto é, as sociedades de mercado para funcionarem
precisam de estabilidade e confiança e precisam de reconhecimento de legitimidade dos resultados obtidos
pelo mercado -supõe que as pessoas acreditam que o mercado recompensa o mérito, se as pessoas aceitarem
que o mercado recompensa o mérito aceitam a distribuição que resulta do mercado, quer dizer que aquelas
pessoas fazem melhor, fazem mais recebem mais do que aquelas que fazem menos ou pior, portanto, se
houver o reconhecimento que o mercado opera de acordo com princípios de equidade no sentido de que
ninguém é prejudicado por outras razões que não a falta das suas qualidades, então as pessoas aceitaram
resultados da distribuição efetuada pelo mercado, o problema é se as pessoas deixam de acreditar no
mercado como forma de reconhecer o mérito, acham que o resultado são obtidos através de corrupção, ou
porque alguns tem a possibilidade de fazer tudo o que querem sem sofrerem as consequências e os outros
são brutalmente penalizados só porque cometeram uma pequena infração, se afinal de contas descrem dos
mecanismos de mercado então isso pode constituir uma destruição de capital social. A destruição de capital
social aumenta os custos de funcionamento do mercado por um lado, e por outro lado, alimenta políticos
anti- sistema (podem fazer coisas muito perigosas como sair do movimento de integração europeu, fazer
nacionalizações, podem afinal de contas criar danos ao funcionamento do mercado, a preocupação do FMI
é a de que, desigualdades excessivas levem a perda legitimidade do mercado, o que pode traduzir-se, em
revoltas, revoluções ou instabilidade económica e social, o que também é mau para os negócios).

Não foram só os multimilionários que pediam aos candidatos americanos que qualquer que viesse a ser o
que fosse eleito, aumentasse os rendimentos sobre os mais ricos, no último fiscal monety do FMI, um texto
que o FMI divulga com as perspetivas e à análise daquilo que á evolução da situação financeira dos estados,
também se recomenda que os estados aumentem os impostos sobre os mais ricos, ou seja, façam alguma
coisa para diminuir a desigualdade. Este é um tema que nesta altura tem algum consenso e o tal
antagonismo, a ideia de que se nos queremos mais equidade perdemos eficiência, nesta altura já não
corresponde ao consenso, ou seja, já se admite que a desigualdade existente já está a constituir um obstáculo
ao crescimento do bolo, é possível fazer mais transferências, diminuir a desigualdade, adotar políticas que
diminuam a desigualdade sem com isso se perder eficiência, pelo contrário, é bem possível que seja o
acentuar das desigualdades que vá diminuir a eficiência e portanto, a dimensão do bolo.

Neste consenso, também é importante, foi a obra de um autor Thomas Piketty, foi maior economista rock
star do mundo, ele publicou um livro “Capital no século XXI” , em que chegou a uma forma muito simples
e elegante: r > g (R-rendimentos do capital; G- crescimento económico). A ideia de Thomas é, se os
rendimentos do capital forem superiores ao crescimento económico, a desigualdade inevitavelmente
aumenta porque se nos tivermos os rendimentos do capital à roda dos 4 ou 5% (é uma estimativa
conservadora), que os rendimentos do capital seja juro, lucro, rendas, ou seja, a remuneração dos ativos que
entram nos processos produtivos. Se consideramos que a remuneração destes ativos anda na casa dos 4/5%
e se pensarmos que o crescimento económico na maior parte das sociedades anda na casa de 1,5/1/2%,
então quer dizer que os detentores de capital estão a aumentar aquilo que é a sua quota parte acima daquilo
que é o valor do crescimento que supostamente podia ser distribuído equitativamente por todos. Quer dizer,
que pelo mero facto de eles terem acumulado capital, vão continuar a receber mais participação do que o
resto dos participantes da economia, vão ter mais retorno do que os restantes participantes (os
trabalhadores). Se o retorno do capital é muito superior ao crescimento económico, então a consequência é
de que ano para ano se vai abrindo mais a distância entre aqueles que contribuem para o processo produtivo
com capital e aqueles que contribuem para o processo produtivo com trabalho.

A desigualdade está a crescer e podemos admitir que a travagem da desigualdade não tenha efeitos tao
nocivos sobre a eficiência, isto é, a possibilidade de fazer crescer a produção como não fazer coisa nenhuma
(pode muito bem ter mais custos do que tentar diminuir a desigualdade) outra coisa é saber como isso se
faz.

Como medimos a desigualdade? Uma das formas de medir a desigualdade foi proposta por um economista
americano, que dividiu a população em decidis (10% da população), o que fez foi criar um quadro onde
uns lados estavam a totalidade da população 100% (10 marcas no eixo vertical e no eixo horizontal), utilizou
o nº de pessoas no eixo horizontal e o rendimento acumulado no eixo vertical. A representação tipo da
curva de Lorenz não é a que propôs inicialmente (tinham coordenadas trocadas), a curva de Lorenz faz-se
representando a população no eixo vertical e o rendimento no eixo horizontal. Desta representação tanto
serve para analisar a distribuição da riqueza como do rendimento (tudo depende do que se coloca no eixo
vertical). A proposta de Lorenz tinha a ver com a distribuição do rendimento- somar o valor rendimento
que cabe a um certo conjunto da população, evidentemente que 100% da população tem 100% do
rendimento. Se houvesse uma distribuição perfeitamente equitativa do rendimento estaríamos sobre a curva
de igualdade de distribuição, ou seja, 10% da população teria 10% rendimento, 50% população teria 50%
rendimento, e assim sucessivamente, andando sempre sob a curva de igualdade de distribuição do
rendimento. Como é obvio, a curva de distribuição efetiva do rendimento não tem uma configuração de
45º, tem uma configuração diferente “barriguinha aula prática”, ou seja, enquanto suponhamos nestes 20%
da população tem 20% do rendimento de facto.

Atualmente, o rendimento está no eixo vertical e, portanto, com o rendimento no eixo vertical, se nos
tivermos 30% da população, destes 30% só há 10% (varia de sociedade para sociedade e de economia para
economia). Sabemos que a distribuição do rendimento se afasta da linha de igualdade da distribuição, e
como se afasta, em vez de estarmos sob a linha de igual distribuição do rendimento estamos afastados dela.
Para somar 10% do rendimento temos que juntar 30% da população. Para juntarmos 20% do rendimento
temos que juntar 50% da população. Quer dizer que quanto mais afastada a curva de Lorenz estiver da linha
de igualdade na distribuição do rendimento, quanto maior for o afastamento da linha de distribuição
cumulativa do rendimento por classes agregadas de população maior será a desigualdade. A que esta mais
próxima da linha de igual distribuição é evidentemente a linha que corresponde a uma sociedade mais
igualitária, à medida que temos curvas mais afastadas da linha de igual rendimento, temos sociedade mais
inigualitárias. Esta é uma forma de representação da desigualdade. Por um lado, a quantidade de pessoas
por decis ou vintes, e depois vamos ver quanto é que cada uma dessas classes absorve do rendimento
nacional. (Se estivéssemos a representar a riqueza veríamos o mesmo para a riqueza).

Esta representação permite-nos fazer comparações entre diferentes sociedades se representarmos as suas
curvas de Lorenz.

Há situações em que não é fácil fazer comparações, houve outro autor, economista italiano, Gini, que propôs
medir a desigualdade através de uma razão entre duas áreas, a razão que ele propôs é comparar esta área
entre a curva de Lorenz e a linha de igual distribuição e a área que correspondia ao triangulo da perfeita
igualdade da distribuição de rendimentos. É claro que quanto maior for esta área, maior for a área que fica
compreendida entre a curva de Lorenz e a linha de igual distribuição maior será a desigualdade, isto permite
fazer comparações entre os chamados coeficientes de Gini porque mesmo que tenhamos uma curva de
Lorenz a cortar outra, a questão é de ver qual tem a maior área de afastamento em relação à linha de igual
distribuição em relação à área do triangulo, e portanto, isto dá-nos coeficiente de Gini entre 0 (numa curva
de Lorenz sobreposta a linha de igualdade, se não houver área na curva de Lorenz, se não houver nenhuma
área para dividir pelo valor do triangulo, é 0 a dividir por qualquer coisa, ou seja, 0, portanto, corresponde
à igualdade perfeita na distribuição de rendimentos), se houver uma distribuição do rendimento em que
ninguém tem nenhum rendimento mas a ultima pessoa tem 100% do rendimento, então a curva de Lorenz
coincide com os eixos e o valor da área que se põe como numerador é igual ao valor da área que se põe
como denominador e nos temos um valor máximo do coeficiente de Gini. Os coeficientes de Gini servem
para concretizar e comparar a distribuição que existe seja no rendimento seja na riqueza com base na curva
de Lorenz.

(Há possibilidade de comparar os valores dos rendimentos dos decis, ou seja, qual é a % do rendimento
que cabe ao último decil, aos 10% mais ricos em relação aos 10% mais pobres. Em 2005 variava em 4.5,
ou seja, os mais ricos tinham mais 4.5 que os mais pobres).

Mais recentemente, surgiu uma outra forma de medição, proposta por um economista sul americano, José
Gabriel Palma, que propôs comparar a distribuição do rendimento através da relação dos últimos 10% (do
topo, pessoas com mais rendimentos numa determinada economia), aquilo que na designação que ele utiliza
é o decil 10, o último decil vai dos 90 aos 100% da população compara não com os 10% de baixo mas com
os 40% de baixo, isto é, com os primeiros 4 decis porque das comparações e medições que fez na
distribuição do rendimento das diferentes sociedades, constatou algo que não corresponde aquilo que é a
convicção generalizada.

A convicção generalizada que se tinha é que se estava a haver um esvaziamento das classes médias, ou seja,
que as classes medias estão a ficar cada vez mais para tras. Aquilo que Palma notou é que os dados
estatísticos não revelam isso, mas sim que entre o decil 5 e o decil 9, portanto, tirando o decil de topo e os
4 decis de baixo, estes 5 decis intermédios correspondem basicamente a 50% do rendimento nas diferentes
economias, como tendem a convergir para este valor. Ou seja, 50% da população de cada economia
concentra 50% do rendimento, as classes médias entre o decil 5 e o 9, ou seja, a partir dos 40% de baixo
quando a pessoa chega aos 50/60/70/80/90% quando as pessoas estão nessa distribuição de economia, no
seu conjunto, estes 5 decis tendem a concentram 50% do rendimento nacional, o que faz com que a outra
metade do rendimento nacional seja distribuído entre o ultimo 10% de topo e os 40% de baixo, estando
50% do rendimento nacional para dividir, é distribuído se consideramos os países da OCDE (países
desenvolvidos) a tendência é para que se obtenham rácios de palma (relação que se estabelece entre os
10% de cima e os 40% de baixo) se atingiam valores que vão de -1 a 3. Ou seja, que os 10% de cima tem
entre algum menos do que os 40% de baixo ou tem até 3 vezes mais do que os 40% de baixo. Se colocarmos
a América Latina nesta comparação o rácio de Palma passa para 5, ou seja, os 10% de topo tem 5x mais
rendimento do que os 40% de baixo. E ainda há alguns países que ficam fora desta relação (África do Sul
tem um rácio de palma de 8.5 e na Líbia 6.5%).

Se fizermos o rácio de palma para os 40% mais pobres da população mundial a comprar com os 10% mais
ricos da população mundial, a % de rendimento aferido pelos 10% mais ricos excedia o rendimento dos
40% mais pobres, 32 vezes. Portanto, 32 vezes mais rendimentos.

Quando falamos em questões de desigualdade, podemos falar de desigualdade do rendimento ou da riqueza


(ainda é pior porque por um lado a riqueza acumula ao longo dos séculos, uma vez que o rendimento é um
fluxo que tem a ver com a participação das pessoas no processo produtivo, a riqueza resulta de um processo
de acumulação, as pessoas por participarem no processo produtivo ou não, acabam por ser detentoras de
um património, e esse património é a riqueza que elas tem que pode ser uma riqueza imobiliária, ou então
bens com valor como por exemplo as obras de arte). A questão da distribuição da riqueza é ainda mais
assimétrica. No que diz respeito ao nível de vida, o mais importante

No que diz respeito ao nível de vida, o mais importante não é propriamente nem o rendimento nem aa
riqueza, para o nível de vida das pessoas o mais importante é a despesa, é através da despesa que acederemos
aos bens e serviços, o rendimento é uma forma de nos financiarmos a despesa. A riqueza que temos ou não
pode não interferir com uma fluíram muito feliz da vida, as pessoas não precisam de ter ativos se receberem
muito e gastarem tudo, se tiverem uma vida de puro consumo. Para analisar as desigualdades não seja nem
tanto o valor dos índices da desigualdade na distribuição do rendimento, nem sequer os valores do índice
de desigualdade de distribuição da riqueza, mas sim a desigualdade na despesa. Há dados que mostram que
as pessoas com mais riqueza e rendimentos tem uma % de despesa que depois é inferior, dadas as dimensões
astronómicas que é a sua fortuna. Em contrapartida, as pessoas com menores rendimentos têm até uma fase
em que consomem acima do seu rendimento (função consumo), o que faz com que o montante das despesas
acumulado das franjas com menos rendimentos da população sejam muito superior ao seu valor de
participação na riqueza total dessa comunidade ou na distribuição total do rendimento nessa comunidade.

Aqueles indicadores que referimos quanto á desigualdade na distribuição do rendimento/riqueza, mas na


verdade aquilo que traduz mais aproximadamente o nível de vida é a despesa, o consumo designadamente.

Em relação à distribuição do consumo não temos esta disparidades brutais e também não temos nem sequer
um valor aproximado das disparidades na distribuição do rendimento. A distribuição da despesa por decis
seria feita por uma linha mais próxima por uma curva mais próxima da linha de igual distribuição. Embora
o rendimento e a riqueza e as assimetrias na sua distribuição sejam índices muito importantes, no que diz
respeito à desigualdade nas condições de vida das pessoas, que são dadas mais do que tudo, através das
despesas de consumo, então a desigualdade atenua-se alguma coisa em termos macroeconómicos.

Aula 10/05

O que acontece a nível internacional é que a desigualdade diminuiu em grande medida por causa do
desenvolvimento económico extraordinário de alguns países da Ásia.

A partir da década de 80 (aquele marco que serve de referência para o aumento da desigualdade do mundo
ocidental), a China tem um desenvolvimento extraordinário que tira centenas de milhões de pessoas da
pobreza. Aquilo que as estatísticas dizem é que a pobreza absoluta no mundo diminuiu a partir dos anos 80
para metade e depois voltou a diminuir para metade. Quer dizer que em 40 anos nós reduzimos 75% da
pobreza mundial. Isto é um resultado extraordinário do ponto de vista do mundo no seu todo. Temos que
equilibrar por um lado o aumento das desigualdades absolutas e do aumento das desigualdades nas
sociedades ocidentais (houve esse efeito) mas ao nível global, graças ao desenvolvimento sobretudo da
economia chinesa, retirou da pobreza centenas de milhões de pessoas. Isso teve efeitos na alteração da
pobreza mundial.
O que aconteceu na China?

- Integração da China na economia mundial/participação da China na globalização

- Investimento estrangeiro na China

- Liderança forte do Estado

Se tentarmos identificar as características comuns aos sucessos asiáticos encontramos sempre este pacote
acima mencionado.

Há também a ideia de que a desigualdade também pode estar no percurso de desenvolvimento das
sociedades asiáticas.

Enquanto a história da Ásia é uma história de sucesso, a história da America latina é uma história de
insucesso. Do ponto de vista daquilo que é agora o nosso tema, começa-se a encontrar-se uma relação entre
desigualdade, estabilidade económica e desenvolvimento.

Como é que as sociedades asiáticas mantiveram níveis de desigualdade reduzidos?

Uma das razões que é apontada é o facto de haver impostos sucessórios muito elevados. As taxas do imposto
sucessório nestas economias asiáticas de grande sucesso excedem os 50% (metade do património não passa
para os herdeiros, fica retido no Estado). Evidentemente isto trava o processo de acumulação, a
desigualdade que se vai fortalecendo ao longo de gerações.

Nota: Portugal não tem imposto sucessório.

Os Estados asiáticos são relativamente pequenos para a dimensão daquilo que é o Estado social ocidental
e os impostos sobre o rendimento são relativamente baixos (não há tanta distribuição em vida justamente
porque essa distribuição faz se na morte).

Como é que se faz a redistribuição nesses Estados asiáticos? Com políticas de preço e rendimento, políticas
de segurança social e com políticas financeiras.

Políticas de preços e rendimento:

Como é que se pode diminuir a desigualdade através de políticas de preços e rendimento?

Fixa-se, por exemplo, o preço máximo de um certo cabaz de bens essenciais à vida das pessoas. Se esses
bens tiverem preços subsidiários, ou seja, se em vez de custar aquilo que custa no mercado custar menos
por causa dos subsídios do Estado, então a vida das pessoas que têm menos rendimento tem um incremento
de que elas não têm que pagar o preço de mercado daqueles bens. O problema destes limites de preço é que
muitas vezes dão maus resultados.

Ex: fixação de preços de venda da Venezuela - fixaram o preço do pão e eles desapareceram de circulação
pois aquilo que era o valor que estava fixado para a sua venda não custeava o seu custo de produção.

Esta ideia de que se podem fixar limites aos preços tem que ter considerações económicas por trás. É claro
que se pode fazer se houver subsídios, isto é, se o Estado pagar a diferença entre o preço de mercado e o
preço fixado de venda. Para transferir para o setor privado o encargo que não é do setor privado
normalmente dá mau resultado.

Ex: o congelamento de rendas - deixou de haver um investimento na construção para arrendamento. Por
isso, durante anos os centros das cidades estavam desertificados, com edifícios em ruína...

Isto para dizer que é preciso cuidado com a fixação dos preços de bens ou dos fatores de produção.

O fator que mais beneficia com a intervenção do Estado é o trabalho. O salário mínimo é uma importante
forma de evitar a pautalirização dos trabalhadores. Uma parte muito substancial dos pobres em Portugal
são pessoas que trabalham.

O salário mínimo tem subido de forma considerável, houve um aumento de 65euros em 2 anos o que é um
avanço muito considerável, mas que tem um problema: se houver substituibilidade entre capital e trabalho
o aumento do preço do trabalho vai provocar uma troca de trabalho por capital. A subida do salário mínimo
está a fazer com que haja mais máquinas automáticas de atendimento das pessoas.

Em 2021 o Estado vai pagar 84euros por cada centavo que estava a receber o salário em 2020 e que esteja
a receber salário mínimo em 2021. Este subsídio é para financiar uma parte daquilo que as empresas vão
pagar a mais de taxa social única porque a taxa social única é aplicada sobre o valor da sua folha de salários
e subindo os salários sobe a taxa social única.

O que pode acontecer é que tendo subido os custos diretos e indiretos do trabalho haja empresas a trocar
trabalho por capital e, portanto, em vez dos trabalhadores ficarem numa situação melhor ficam numa
situação pior. Qual é que é a melhor forma de evitar isto? Subindo os impostos - a redistribuição fiscal é
mais eficiente do que a redistribuição através do aumento dos salários. Se subisse o imposto sobre os lucros
das empresas, as empresas pagavam quer usassem capital quer usassem trabalho. Se gastassem mais
dinheiro com trabalho tinham menos lucros e assim pagavam menos impostos.

A ideia de que a solução para os problemas da desigualdade se resolve com políticas de preços e rendimento
tem que passar por uma análise para não haver aqueles que são chamados efeitos perversos.

Mais seguro são os impostos.

Política financeira:

Não havendo os impostos sucessórios, a melhor forma de resolver o problema é o imposto único sobre o
rendimento (o imposto que englobe os rendimentos que as pessoas alterem de diferentes componentes e
que podem ou não englobar os rendimentos de capitais e propriedades).

O imposto sobre o rendimento quanto mais alargado for melhor estará me condições para fazer essa
redistribuição. Os impostos são regressivos, progressivos ou proporcionais. São proporcionais quando a
taxa do imposto é sempre a mesma para qualquer que seja a base, imposto que incide sobre qualquer base
da mesma forma. O imposto é progressivo quando as taxas mudam: a taxa marginal é maior que taxa média
e, portanto, se a pessoa tem 100 paga 10% e se tem 1000 paga 20% (a taxa acompanha a base). Estes
impostos retiram uma parcela maior a quem mais tem. Já os impostos regressivos são aqueles que incidem
mais sobre aqueles que têm menos (é claro que este tipo de impostos não corrigem a desigualdade). Os
impostos sobre o consumo são em princípio impostos regressivos porque quanto maior o rendimento menos
é a propensão marginal ao consumo. Uma pessoa que recebe o salário mínimo gasta seguramente tudo em
consumo. Quer dizer que as pessoas que têm menos são tributadas por impostos sobre o consumo a 100%
e o Ronaldo é tributado em consumo em 30% (imaginando). Quem tem mais não precisa de gastar e, na
medida em que o imposto incide sobre o gasto, incide mais pesadamente sobre quem menos tem.

Os Governos tendem a substituir impostos que são muito irritantes (impostos sobre o rendimento) sobre
impostos que são indolores (impostos indiretos). Com isto diminui a redistribuição - ter impostos
fortemente progressivos.

No entanto eles também têm as suas desvantagens:

Dizia Arthur Laffer que com 0% de taxa de imposto sobre o rendimento claro que a receita é 0 mas com
100% a receita também é 0. Se as pessoas vão trabalhar e depois o Estado fica com 100% daquilo que elas
recebem de certeza que elas não vão trabalhar.

À medida que vamos aumentando as taxas, vamos aumentando a receita. A partir de certa altura o efeito de
desincentivo é maior porque aquilo que é o aumento da taxa. Há um momento que fazer variar a taxa já não
faz aumentar a receita.

À medida que as taxas aumentam, a receita sobe até ao ponto em que é a taxa máxima comportável por
uma determinada sociedade e a partir daqui a taxa sobe e a receita desce. A receita desce porque diminui a
base tributária. Ou seja, dos impostos fortemente progressivos também contraindicações. Quer dizer que a
partir de certa altura o aumento da taxa traduz-se em diminuição da receita. Aquilo que dizia Laffer era que
os EUA já estavam muito para lá desse ponto.

Na política financeira temos uma componente tributária (componente de receita) mas temos também a
componente de despesa. Temos por um lado uma solução que é os impostos progressivos e por outro lado
receitas que vão ser canalizadas para despesas. As despesas do Estado social cresceram muito. Em Portugal
de 1974 para 2016 passaram de 13,5% para 27%. Isto é uma progressão extraordinária.

As despesas sociais (saúde, transporte, educação, habitação) também servem de para diminuir a
desigualdades. O facto de as pessoas não terem que pagar despesas de saúde corresponde a uma
transferência em espécie que beneficia as pessoas com menos recursos. O mesmo se diz para a educação -
as escolas públicas e universidade privadas servem para fazer transferências para as pessoas com menos
rendimentos.

Políticas de segurança social:

Há dois sistemas básicos:

- Sistema de capitalização que é o sistema de uma série de países sobretudo de influência anglo saxónica -
as pessoas descontam para uma conta delas e em função dos descontos na sua conte que fazem, esse dinheiro
é canalizado para investimentos e, portanto, quando a pessoa termina o seu percurso contributivo tem um
determinado montante a receber.

- Sistema de redistribuição - as pessoas que estão num determinado momento a descontar para a segurança
social pagam para as pessoas que deixaram de descontar e quando as pessoas que estão hoje no ativo
chegarem ao termo da sua carreira contributiva vão ser pagos não pelo dinheiro que foi acumulado, mas
sim dos descontos que vão ser feitos sobre os ativos. O problema disto é que há cada vez menos pessoas a
pagar e cada vez mais pessoas a receber. A pirâmide demográfica faz com que as pessoas que hoje
dependem dos trabalhadores sejam 3 /4 trabalhadores a pagar por um reformado, mas na altura que for outra
pessoa (alguém mais novo) em vez de serem 4 a trabalhar para 1 vão ser 4 a receber de 1.

Como as pessoas de rendimento mais baixos têm uma esperança de vida menor, acabam por ser as pessoas
com mais rendimento que beneficiam da segurança social - a desigualdade é em termos de esperança de
vida.

Se a pessoa se reforma ao 66 e morre aos 86 aquilo que a segurança social gasto foi 20 anos de reforma. Se
a pessoa se reformar aos 66 e morrer aos 68 a segurança social gastou 2 anos de reforma. Normalmente são
as pessoas com mais rendimentos que vivem mais.

Aula 11/05

Contabilidade nacional
Foi uma das invenções da 2ª Guerra Mundial. É verdade que já tinha havido precedentes de representação
daquilo que podia ser uma versão simplificada do circuito económico (já anteriormente mencionado).

A ideia do circuito económico foi introduzida por François Quesnay que publicou uma obra sobre o quadro
económico - está traduzido nos textos clássicos da fundação Gulbenkian "Tableau économique". O
"Tableau économique" acabava por fazer importação para a ciência económica uma conquista fundamental
da medicina que foi a ideia da circulação sanguínea.

O François Quesnay introduziu a ideia de que havia um circuito económico entre as três classes:

- Proprietários - classe rentista - cediam o fator de produção terra para que essa produção pudesse ser feita;

- Classe produtiva (os que cultivavam a terra) - Os fisiocratas consideravam que só a agricultura/ silvicultura
é que criava valor porque todas as outras atividades limitavam-se a transformar o que já havia e a
transformar com perda.

- Classe estéril (comerciantes, funcionários, clero, militares, artesãos).


Havia relações entre as diferentes classes.

No quadro económico fazia se uma representação daquilo que eram as transmissões de bens entre estas
diferentes classes dando origem ao tal circuito económico simplificado.

Esta ideia pode ser transposta para um circuito económico muito simples, mas com alguma relação àquilo
que é a nossa economia:

Vamos supor que temos dois agregados


fundamentais: as famílias e as empresas e
vamos ver que tipos de relações é que se
construem entre estes dois agregados
essenciais:

Se as empresas forem as responsáveis pela


produção de bens e serviços então para isso
precisam de fatores de produção. Os fatores de
produção estão na titularidade das famílias
(elas é que têm a terra, o capital, o trabalho, a
iniciativa). Logo, aquilo que as famílias fazem
é ceder às empresas fatores de produção.

Se nós assentamos nisto então temos que renumerar esta cedência de fatores de produção. Ao fluxo real vai
corresponder o fluxo monetário em que as empresas pagam salários, rendas, juros e lucros.

Fluxo real - cedência de fatores de produção

Fluxo monetário - compensa a cedência de fatores de produção

Em contrapartida, as empresas fornecem às famílias bens e serviços. Pela cedência de bens e serviços (pela
transferência real) tem que haver uma contrapartida que é monetária. Para as famílias poderem aceder aos
bens e serviços vão ter que pagar às empresas os preços dos bens e dos serviços.

Portanto, já temos aqui dois agregados essenciais (ou centros de importação):

As empresas são o centro de importação abstrato ideal da produção e as famílias são os centros de
importação dos fatores de produção.

Quando as famílias cedem fatores de produção às empresas são renumeradas e quando as empresas cedem
bens e serviços às famílias são renumeradas. Portanto, aos ciclos reais contrapõem-se ciclos monetários.

Se pensarmos que podemos instalar um contador nestes fluxos (pensemos neles como uma corrente)
podemos medir a quantidade de bens e serviços que passam das empresas para as famílias, a quantidade de
salários, rendas, juros e lucros que passam das empresas para as famílias, ao dinheiro que é gasto na
aquisição de bens e serviços etc.

Se pensarmos também que cada um destes fluxos pode ser medido então vamos designá-los: o fluxo dos
salários, rendas, juros e lucros é o fluxo de rendimento; o fluxo de bens e serviços é o fluxo de produção; o
fluxo de pagamento de bens e serviços adquiridos é o fluxo de despesas.

Portanto nós temos os três agregados essenciais da contabilidade nacional: a produção, o rendimento e a
despesa.

Nota: O único destes 4 fluxos representados que não tem nome é o da cedência dos fatores de produção das
famílias para as empresas.

Uma economia em equilíbrio em princípio tem a produção, despesa e rendimento equilibrado. Quer dizer
que o valor da produção é igual ao valor dos rendimentos distribuídos na produção. A questão é saber se a
despesa se equilibra com o valor da produção. Se equilibrar constitui uma indicação para que as empresas
renovem as quantidades produzidas anteriormente e distribuíam a mesma quantidade de rendimentos.
Dentro desta lógica, isto só faz sentido a partir do momento em que a macroeconomia se autonomiza, ou
seja, a partir do momento em que as ideias keynesianas alteram a consessão neoclássica que o resultado do
funcionamento dos diferentes mercados entre si é que determina o equilíbrio de todos.

São os desenvolvimentos da teorica economica subsequentes à crise de 1929, as ideias keynesianas (havia
outros autores que também estavam a explorar as mesmas ideias) que permitem que se lance a ideia de
medir o funcionamento da economia e para isso precisamos de sistemas de contabilidade.

Sistemas de contabilidade:

Começam a ser desenvolvidos internacionalmente e depois em 1947 as Nações Unidas apresentam um


sistema de contabilidade nacional que progressivamente os diferentes países vão começando a adotar.

Com este circuito económico simplificado podemos depois começar a introduzir elementos adicionais de
complexidade:

Uma complicação adicional é a do


Estado. O Estado também cede bens e
serviços às famílias, presta serviços e
faz entregas de bens às famílias e
recebe naturalmente das famílias
alguma contrapartida. Nalguns casos
vende bens às famílias e noutros casos
não vende, mas paga impostos. Há
então um fluxo monetário das famílias
para o Estado.

Há um fluxo real do Estado para as


empresas - o Estado alguma coisa faz
pelas empresas (ex: recebem aquelas infraestruturas que o Estado disponibiliza) e recebe das empresas
contra fluxo monetário.

Por outro lado, as famílias também entregam ao Estado fatores de produção, não é apenas um fluxo real de
passagem do Estado para as famílias, é também um fluxo real das famílias para o Estado. Se as famílias
cedem fatores de produção ao Estado (nomeadamente trabalho) recebem do Estado um contra fluxo
monetário.

As empresas são a sede da produção logo temos nas empresas o centro de importação da produção de bens
e serviços que o Estado adquire às empresas e para isso tem de pagar o preço. Temos um fluxo de entrega
de bens e serviços das empresas ao Estado e um contrafluxo monetário do Estado para as empresas a fazer
os pagamentos correspondentes a esta cedência de bens e serviços.

Introduzimos mais um centro de importação, o Estado e estabelecemos relações com os dois centros de
importação previamente existentes.

Introduz-se também agora o capital.

O capital é um agregado que os serve para explicar a reciclagem do dinheiro porque afinal de contas quer
as famílias quer as empresas aforram. O que acontece a esse aforro é que vamos locota-lo a um outro centro:
o capital.

As famílias cedem o aforro ao capital, recebem juros. As empresas cedem disponibilidades monetárias ao
capital, recebem juros. Nós temos aqui um fluxo real que é a cedência do aforro (quer tenha origem nas
famílias ou nas empresas) e temos o pagamento de juros que renumeram esse aforro.

O capital faz a reciclagem do aforro pois ele absorve aforro das empresas e das famílias e depois
disponibiliza empréstimos às famílias e às empresas. Temos então mais um real em que o aforro que entrou
no capital por via das empresas e das famílias é agora disponibilizado às empresas e famílias que por esta
reciclagem do aforro pagam juros.
O capital recicla o aforro, recebe aforro por parte das famílias e empresas (paga juros, os juros das operações
passivas) e depois pega nesse aforro e disponibiliza-o às famílias e às empresas cobrando os juros das
operações ativas.

Ainda precisamos do exterior.

O exterior mantém relações com esta economia que está representada neste circuito algo complexo, mas
que mesmo assim é altamente estilizado (vai ser disponibilizada um documento com uma versão mais
"limpa").

Temos agora a relação do setor externo com esta economia, no fundo as relações das outras economias com
esta economia.

O que acontece basicamente são importações e exportações. As regras da contabilidade internacional são
convenções (e estão sujeitas a ser alteradas) e nessas conveções as empresas são as produtoras de bens e
serviços. Portanto as empresas vendem ao setor externo bens e serviços, quer dizer que há
empresas/famílias que compram bens e serviços que são produzidos nesta.

Se há um fluxo real de saída (se são exportados), há um fluxo monetário de entrada. Há um fluxo real das
empresas para o exterior (normalmente as exportações são designadas por X e as importações por M).

O fator externo importa bens e serviços e paga às empresas os bens e serviços que adquire.

Mas o setor externo também fornece bens e serviços às famílias (as famílias compram bens importados,
serviços que são gerados no estrangeiro) e, portanto, se fornece bens e serviços as famílias têm que pagar
esses preços. Estas importações são entradas de bens e serviços e saída do respetivo valor monetário para
pagar esse bem que entraram). As empresas também têm que recorrer a importações para o seu processo
produtivo e, portanto, também as empresas compram bens e serviços provenientes do exterior - há uma
entrada real de bens e serviços com destino às empresas.

Resumindo: A ideia é que cada vez que nós criamos um setor institucional, criamos relações que são por
um lado relações reais e por cada relação real temos de criar um contrafluxo (não há fluxo que não tenha
associado um contrafluxo).

O setor externo interage com a esta economia com exportações e importações. O que importa é saldo
líquido. Imaginemos que esta economia tem uma relação com o exterior equilibrado (exporta tanto como
importa) então se o valor que sai é igual ao valor que entra nós não precisamos sequer considerar o setor
exterior. Se esse valor se compensar, se a entrada for igual à saída é como se não tivesse havido entrada ou
saída alguma. Aquilo que nos importa é o saldo de exportações e importações

(X - N). Se as exportações excedem as importações, o valor será positivo e se houver défice na balança de
pagamentos então as importações excedem as exportações.

No caso de a balança de pagamentos ser positiva, então há uma transferência de bens para o estrangeiro
que tem que ser compensada não em espécie, mas sim com pagamento que corresponde a uma transferência
de liquidez para a economia.

Estes circuitos não são atualmente aqueles que correspondem aos setores institucionais da contabilidade
internacional. Desde muitos anos já havia adequação dos sistemas nacionais aos sistemas de contabilidade
que tinham origem na OSDE e eles por sua vez têm origem nos estudos que são desenvolvidos pelas Nações
Unidas. Há uma preocupação de introduzir sistemas de contabilidade nacional que permitam fazer
comparações internacionais. As organizações internacionais têm um peso muito relevante na criação
daquilo que são as convenções da contabilidade nacional.

Atualmente o sistema que utilizamos (que foi reformulado em 2010), o sistema de contas, distingue não
estes agregados que falamos (empresas, Estado, capital, famílias...) fala de 5 setores institucionais e de um
setor adicional.
O regulamento da União (é obrigatória a adoção deste sistema de contabilidade a nível dos países que são
membros da UE) distingue 5 setores + 1:

- Sociedades não financeiras - podemos pensar nelas como as empresas

- Sociedades financeiras - podemos pensar nelas como o capital

- Administrações públicas - corresponde basicamente ao Estado

- Famílias - aqui as famílias incluem os profissionais liberais, empresários em nome individual

- Instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias - são de diferentes tipos: Igrejas, organizações não
governamentais, sindicatos, partidos políticos

O sexto setor, o adicional é o resto do mundo. Corresponde às relações com o exterior. A contabilidade
nacional tem 5 setores internos e depois temos o resto do mundo para relacionar cada uma das
contabilidades nacionais com as restantes.

Não importa saber como é que exatamente se seguem os trâmites da contabilidade nacional segundo os
sistemas europeus (em Portugal usa-se um sistema que tem quase 250 entradas), importa é o quadro de
equilíbrio entre recursos e utilizações (vai ser disponibilizado um documento de apoio um quadro). É
através deste quadro que é discriminado pelos tais quase 250 itens que se faz o apuramento dos valores da
contabilidade nacional. Esses cálculos são feitos de formas diversas com recursos a métodos diretos e
indiretos, quer dizer que o apuramento final dos dados da contabilidade nacional faz se com base em dados
recolhidos, mas as estimativas e os cálculos rápidos que são feitos sobre os valores da contabilidade
nacional e apresentados trimestralmente são feitos de acordo com fórmulas que aquilo que fazem são
corrigir os parâmetros (a isto chama-se método indireto).

Também para o cálculo da produção nós podemos começar por registar o que está a acontecer com a
produção de têxteis, sapatos, serviços de educação, saúde, educação. Podemos calcular o valor da produção
expressa em valores monetários.

A lógica do valor acrescentado é que há sempre uma diferença entre aquilo que se compra e aquilo que se
vende. A diferença que custa por pagar por algo e aquilo que depois se recebe pela sua venda é o valor
acrescentado.

Ex: um agricultor compra pesticidas, adobos, fertilizantes para a sua seara de trigo e gasta 5. A seara de
trigo é vendida por 20. O valor acrescentado é a diferença entre estes dois valores e esse valor acrescentado
há de lhe dar para pagar osa salários, rendas e juros. O valor acrescentado foi aquilo que ele pagou por
produzir em termos de consumos intermédio e o que recebeu. O valor acrescentado é de 15.

O moleiro comprou a seara por 20, moeu o trigo e vendou ao padeiro por 50. O valor acrescentado do
moleiro é 50-20=30. O padeiro comprou a farinha de trigo por 50 (vamos admitir que ele não precisa de
mais nada para produzir o pão) e vendeu o pão por 100. Temos um valor acrescentado de 50.

Se nós seguirmos o valor acrescentado o que nós sabemos é que houve 15 de valor acrescentado no
agricultor + 30 de valor acrescentado no moleiro + 50 de valor acrescentado no padeiro. O valor
acrescentado foi 95.

Sabemos então medir o valor da produção somando o valor acrescentado que se atura em cada fase do
processo produtivo.

Esta é uma maneira de calcular o valor da produção: somar os valores acrescentados da produção de
automóveis, têxteis, serviços financeiros, serviços de educação...

Método da soma dos valores finais:

Só somamos os valores dos bens finais, só íamos por exemplo tomar em consideração o valor do pão, não
o valor da farinha e do trigo. Se somássemos o valor de todos os bens tínhamos de somar o valor do pão +
valor da farinha + valor da safra de trigo. Então teríamos um valor total de produção de 170. Se fizéssemos
isto estávamos a contar 2x a farinha e o trigo 3x.
Segundo a lógica da contagem dos valores dos bens só temos em atenção o valor final dos bens.

Chega? Não, porque o valor dos bens finais incorpora bens importados. Se houver farinha importada nós
estamos a dizer que o valor da produção de pão é 100, mas não é. O valor da produção nacional é só a
diferença entre o que se pagou pela farinha que foi importada e o valor do pão que se vendeu. Portanto ao
valor dos bens finais temos que retirar os produtos intermediários que foram importados. Se não o
fizéssemos estávamos a calcular um valor de produção nacional do que aquele que efetivamente ocorreu
porque os produtos intermediários não foram de produção nacional.

Chega? Não, porque também temos produtos intermediários que não foram produzidos no período. Nós
começamos a contar os valores de produção no dia 1 de janeiro. No dia 1 de janeiro faz se pão mas esse
pão foi feito com farinha que não foi feita nesse período e, portanto, nós temos que retirar ao valor dos bens
finais os valores dos bens intermediários que foram incorporados na produção mas constituem produção de
períodos anteriores.

Chega? Não, porque agora temos que somar os produtos intermediários que não foram incorporados na
produção nacional porque foram exportados.

Chega? Não, porque no dia 31 de dezembro vamos ter produtos intermediários que não chegaram a ser
incorporados no processo de produção de bens finais. Os produtos que foram incorporados na produção do
pão no dia 1 de janeiro foram da produção do período anterior, mas essa produção do período anterior foi
registada no período anterior porque nós fizemos o somatório dos produtos intermediários que chegam no
fim do período de contagem.

Em suma: Para fazer o cálculo do valor da produção interna segundo o método dos bens finais fazemos o
seguinte: somamos os valores dos bens finais, retiramos os valores de bens intermediários importados ou
que transitaram de períodos anteriores e somamos os valores dos bens intermediários que chegam ao final
do período como tais ou que foram exportados.

Com isto nós temos aquilo que se chama o PIB.

Porque é que ele é bruto? Porque não é líquido e, portanto, nós devemos passar de um valor bruto para um
valor líquido para evitar duplas contagens.

O valor dos produtos intermediários incorpora-se no valor do produto dos bens finais, a farinha com o valor
de 50 é o que explica também o valor do pão ser 100.

O que acontece aos bens de investimento (máquinas, fábricas, ferramentas)? Incopora também o valor dos
bens finais.

Os bens finais renumeram não apenas o valor dos bens intermediários que estão incoporados mas também
o valor dos bens de produção que foram utilizados. Isto faz-se através das quotas de amortização.

As quotas de amortização servem para imputar à produção de cada ano que passa, um certo montante do
investimento realizado. Ex: Uma empresa compra um computador. A empresa tem que, nos valores do bens
que vende incorporar um montante que serve para que no fim do período de vida útil do computador possa
comprar outro para substituir esse.

Isso é relevante em termos fiscais. Ex: para computadores, as empresas podem abater ao valor da produção,
1/5 do valor do capital no caso dos computadores.

As empresas de 5 em 5 anos renovam o seu parque informático porque enquanto fazem a despesa, durante
os anos correspondentes vão amortizando e deixam de ter um item para abater nas suas despesas.

Quando nós contabilizamos o valor dos bens finais nós não dissemos que eram bens finais de consumo,
podem ser se produção. O valor dos bens de consumo é mesmo final, não tem diferença nem uma dupla
contabilização. Os bens de investimento também passam para o valor dos bens finais que são produzidos
com esses bens de capital. E, portanto, nós estamos a contabilizar os bens de investimento duas vezes: os
bens de produção (bens indiretos) estão a ser contabilizados duas vezes, no momento em que são produzidos
como bens finais e estão a ser contabilizados na medida em que acrescem ao valor dos bens finais que são
calculados pelos empresários de forma a poder amortizar aquilo que gastaram com a aquisição das
máquinas, todos os equipamentos necessários à produção. Esses equipamentos são todos pagos pelo valor
final dos bens produzidos, mas são ao longo de vários anos.

O que é que podemos fazer para remover a dupla contagem? Retiramos as quotas de amortização. Se
tirarmos ao valor dos bens finais o valor da quota de amortização então não estamos a contar duas vezes os
bens de capital. Isto é, estamos a passar de uma grandeza bruta para uma grandeza líquida (líquida das
quotas de amortização, líquida da dupla contagem que decorreria de não considerar o valor dos bens de
produção como incorporados no valor dos bens finais).

Até agora consideramos o produto interno, mas interessa-nos calcular o valor do produto nacional. Qual é
a diferença?

O produto interno é aquele que tem lugar dentro das fronteiras de uma determinada economia. Mas dentro
desta produção entram fatores de produção que são fornecidos por residentes nesta economia e outros
fatores de produção que são fornecidos por residentes noutras economias. Quer dizer que há uma parte da
nossa produção interna que não é nacional pois é devida a residentes no estrangeiro.

Uma coisa é a produção que se desenrola no interior de um país e outra coisa é a produção nacional (tem
como critério a residência).

Se tivermos atividade produtiva que é gerada em Portugal, mas que reverte a favor de residentes no
estrangeiro nós diminuímos o valor do produto interno (tiramos esse valor). Em contrapartida nós somamos
os valores que são gerados fora das fronteiras nacionais, mas que são devidos a residentes em Portugal.

O que é maior? Produto interno ou produto nacional?

Desde 1996 que o produto nacional português é sempre menor que o produto interno. Quer dizer que o
saldo de rendimentos primários (aqueles que são gerados na produção) pode ser positivo ou negativo. Há
países em que o saldo de rendimentos é positivo, em Portugal é negativo.

Em 2019, o saldo dos rendimentos primários com o exterior foi desfavorável a Portugal em 5 mil milhões
de euros. Isto é, foi gerado na economia portuguesa um valor que era devido a residentes no estrangeiro de
13 mil milhões de euros e foi gerado no estrangeiro um rendimento que era devido a residentes em Portugal
no valor de 8 mil milhões de euros.

Como chegamos a um valor de nacional líquido (um produto que tem a ver com a renumeração dos fatores
fornecidos ao processo produtivo por residentes em Portugal sem a dupla contagem das quotas de
amortização) já temos um valor de rendimento.

Este rendimento corresponderia ao pagamento de salários, rendas, juros e lucros na economia portuguesa.

Nós ainda temos que considerar transferências unilaterais (que não têm contrapartida) que são feitas para
as famílias. O valor do rendimento das pessoas depende não apenas da sua participação no processo
produtivo, mas também destas transferências unilaterais. E de onde é que elas vêm?

Desde logo do Estado - abonos de famílias, subsídios de maternidade, de doença. Isso são transferências
que são feitas de um setor institucional para outro e que aumenta o rendimento nacional nessa medida.

Também uma coisa que em Portugal foi muitíssimo relevante em termos líquidos: as remessas dos
emigrantes. Portugal durante muitos anos foi um país que exportava trabalhadores e essas populações de
emigrantes enviavam para as famílias que estavam em Portugal uma parte substancial e que auxiliava muito
a nossa balança de pagamentos. Hoje em dia isso é menos importante porque Portugal tornou-se também
um país de imigração. Quer dizer que continuamos a ter comunidades portuguesas residentes no estrangeiro
que transferem dinheiro unilateralmente, mas temos também comunidades de estrangeiros que remetem
rendimentos para as famílias do seu país de origem.

No nosso caso não é muito relevante, mas noutros países pode ser: auxílios ao desenvolvimento -
transferências de organizações não governamentais que financiam as despesas das famílias em países de
rendimento mais baixos. Isso também entra no seu rendimento nacional.
Corresponde isto à totalidade do rendimento pessoal? Não, porque há valores que não são distribuídos. Por
exemplo, parte do valor que é gerado nas empresas não é entregue aos acionistas nem aos participantes no
processo produtivo, fica retido nas empresas.

Não corresponde também ao rendimento disponível. Para as pessoas poderem decidir o que afetam a
consumo ou aforro precisam de ter o rendimento disponível. Uma parte do que as pessoas recebem não
estão disponíveis pois revertem para o Estado em forma de impostos. Esse dinheiro entra no valor do que
é a produção, mas não chega a entrar na disponibilidade das famílias.

Com isto, nós completamos a equivalência entre estes dois agregados: rendimento e produção.

Aula 17/05/2021

Diferentes formas de se registar e perceber qual é o volume de atividade económica de um país, seja pela
ótica da produção (pelo PIB). Na ótica do rendimento que tem uma correspondência com a ótima da
produção e também na ótica da despesa.

Razões pelas quais no período pós 2GM se difundiram internacionalmente estes sistemas de contabilidade
para registar as variações na atividade económica dos países

Foi uma criação da 2GM, mas na verdade, os registos estatísticos através dos quais elaboraram os sistemas
de contabilidade nacional já estavam disponíveis, não estavam eram integrados num todo coerente, e
portanto, a coerência dos agregados da contabilidade nacional, nas óticas da despesa, rendimento e da
produção, são afinal de contas um resultado também daquilo que é a reformulação da economia feita por
Keynes. A existência de uma logica macroeconomia que justifica que aqueles dados estatísticos que eram
colhidos desde tempos muito antigos, mas que não tinham uma coerência nem uns potenciais explicativos
tivessem sido mobilizados para serem apresentados com 2 preocupações essenciais: uma a que mais
interessava Simon Kuznets, já falamos dele a propósito da curva de Kuznets e dos círculos de Kuznets,
este era um economista russo e que foi o pioneiro da contabilidade nacional nos EUA, e a preocupação
deste era medir o bem-estar de uma população, aquilo que ele queria, era a partir dos dados estatísticos que
estavam disponíveis era conseguir inferir alguma forma o nível de bem-estar das populações para poder,
por um lado, acompanhar as variações ao longo do tempo e por outro, para fazer comparações
internacionais. A preocupação dele era uma preocupação de registar as experiências satisfatórias. O
contexto da época não era bem esse e a preocupação de Keynes (consultor do tesouro britânico e nessa
qualidade esteve muito mais envolvido na preparação nos sistemas de contabilidade nacional do que durante
muito tempo se pensou), a preocupação de Keynes era saber quais é que eram as necessidades de
funcionamento da economia e o potencial da economia para afinal de contas poder planear o esforço de
guerra. Portanto, a preocupação de Keynes não era bem a de perceber a partir dos dados da contabilidade
nacional onde é que estava o bem-estar das populações, havia uma situação de guerra e a preocupação do
Keynes era saber quais são os recursos que é possível mobilizar para o esforço de guerra. E, portanto, destas
óticas que são um bocadinho distintas acabou por resultar afinal de contas o sistema de contabilidade
nacional, que por um lado foi adotado pela ONU no pós-guerra e que depois deu origem aos sistemas de
contabilidade nacional e os vários países foram adotando em grande medida, apoiando-se e expirando-se
nesses trabalhos internacionais. Porque que então aqueles dados que vimos como é que se podiam apurar
segundo as 3 diferentes óticas da produção, rendimento e da despesa, porque que esses dados não são fiáveis
como os indicadores do bem-estar das comunidades? Agora supostamente a tal importância que é dada as
importâncias do PIB, até da impressão que a felicidade dos povos depende do crescimento do PIB. Contudo,
não é bem assim. Porque que os dados da contabilidade nacional não servem para nos fazermos ilações
quanto ao nível de bem-estar das sociedades? Em primeiro, aquilo que aparece refletido nos dados da
contabilidade nacional seja na ótica do rendimento, da despesa ou da produção é aquilo que tem um valor
de mercado, ou seja, é aquilo que é transacionado no mercado, aquilo que tem preço. Acontece que, há
muitas coisas que contribuem para a felicidade humana que não tem preço. Pior ainda, se nos tivermos um
rio com águas cristalinas e bosques frondosos a rodeá-los isso não conta para nada para o PIB, mas, se o
rio tiver poluído e for necessário adotar medidas para melhorar os danos causados à natureza isso conta
para o PIB. Os boques frondosos, as florestas não contam para o PIB, a menos que sejam cortados, se forem
cortados aí são vendidos e a venda da madeira/os custos incumbidos no seu corte fazem circular dinheiro
pela economia, o que contribui para aumentar o PIB. Portanto, todas as situações em que há destruição da
qualidade de vida e em função desta é necessário adotar medidas paliativas dessa destruição, isso contribui
para o PIB dos países. Se alguém é irresponsável e cria uma urbanização monstruosa servida por uma
estrada com 2 cm com uma faixa de transito para cada lado, depois as pessoas que vivem nessa urbanização
ficam horas para chegar à via principal, é necessário criar viadutos, tuneis, formas de desembaraçar a
situação caótica que se pela falta de planeamento, isso entra no PIB, isso contribui para o PIB. Aquilo que
o PIB regista (quem diz PIB diz rendimento porque quando se produz distribui-se rendimento e então pela
ótica do rendimento íamos lá na mesma, assim como pela ótica do rendimento íamos lá na mesma, temos
investimentos, gastos do Estado), portanto, situações que são de correção de anomalias, que são afinal de
contas de gastos que eventualmente seriam escusados contribuíam para o aumento do PIB.

Há uma quantidade de atividades que podem ou não ser contabilizadas no PIB

Antes dizia o porf. Teixeira Ribeiro que quando um homem casava com a cozinheira, diminuía o PIB,
porque ela desempenhava algumas tarefas, era paga por isso, quando o homem casava deixava dê-lhe pagar
e o PIB diminuía na medida do contributo dessa despesa que antes era feita e tinha deixado de ser. Agora
podemos dizer que aumentamos o PIB quando pomos as nossas filhas na creche ou os nossos pais nos lares
invés de os termos em casa, estamos com isso a aumentar o PIB. Será que com isto melhora a qualidade de
vida das pessoas?

Aquilo que nos registamos como valor de produção/despesa/rendimento é aquilo que passa pelo mercado,
e há muitas coisas que não passam pelo mercado. Por exemplo, o trabalho doméstico que todos fazemos
como cuidar da casa, esse trabalho é um trabalho que tanto pode ser feito pessoalmente ou contratado, se
for contratado aparece no PIB, não sendo contratado não aparece e é um valor surpreendentemente elevado,
os cálculos apontam para que 35% do valor do PIB sejam tarefas domésticas, trabalhos não pago, atividades
que poderiam ser realizadas com recurso ao mercado, mas não são. Porque que o trabalho doméstico não é
contabilizado? Há umas teses feministas que dizem que é para não valorizarem o trabalho das mulheres,
porque por exemplo, as pessoas podem viver numa casa arrendada, se viverem numa casa arrendada pagam
a renda e aparece no PIB, mas se viverem numa casa própria também aparece no PIB, porque o sistema de
contabilidade dispõe de formas de calculo de maneira a imputarem a renda que as pessoas teriam de pagar
se fosse numa casa alheia, imputá-las ao rendimento que as operem no seu todo. E, portanto, havia maneiras
de fazer considerar esta parcela que é absolutamente significativa no PIB, mas a convenção é de que isso
não conta, ao contrário por exemplo, da utilização de bens próprios para a utilização e portanto, num caso
considerou-se que tinha que haver uma maneira de reportar estatisticamente isso para fazer colidir esses
valores no caso da contabilidade nacional e noutros casos não, portanto, são convenções e as convenções
tempos a tempos mudam. Exemplo 2 que as convenções mudam: o PIB americano subiu 2,5% num dia
porque alteraram a convenção que os gastos de investigação e desenvolvimento das empresas passavam a
contar como investimento. Antes, contavam como despesa, consumo intermédio e como era consumo
intermédio não aparecia o valor dos bens finais, como os gastos de desenvolvimento e investimento era 2,5
do PIB%, este subiu 2,5% num só dia. Exemplo 3: o PIB na Grécia num determinado momento subiu 25%
porque decidiram incorporar no valor da contabilidade informal o valor da economia informal (aquela que
passa à margem daquilo que é o pagamento de impostos, registos, economia clandestina), como decidiram
contabilizar no PIB houve um aumento de 25%, valor calculado nessa economia sombra. Nas avaliações
internacionais que são feitas o setor de economia informal em Portugal não anda muito longe disso entre
18% e os 25%. O INE considera que desse valor só 0.5 % é que a economia do crime. O que engloba
contrabando, trafico de droga, prostituição, essa economia paralela e ilegal, não contando os roubos e
assaltos (aí há transferência de um bem do património de alguém para outros sem o seu consentimento),
quando se trata de fornecer um produto a troco de um preço, por exemplo quando se vende droga ou serviços
de prostituição isso já conta). Teríamos 0.8% do PIB dessa área escura em Portugal.

Há uma parcela da atividade económica legal e legitima, mas que não a soma aos registos contabilísticos
porque justamente não há registos ex- quando vamos a oficina e não pedimos fatura.

Imaginemos que 2 países ate com a mesma dimensão, se num deles obtiver -se um determinado valor de
produção interna ou despesa ou rendimento igual ao do outro mas com 35h de trabalho, 30 dias de ferias
por ano e sem custos excessivos de mobilidade, e se no outro pais com a mesma dimensão e o mesmo PIB
mas se trabalham 50h por semana, 2 semanas de férias por ano, e se as pessoas para chegarem ao emprego
tem que demorar 3h na conotação, é claro que o valor do PIB é igual para ambos mas podemos inferir que
a satisfação social nas duas economias é muito diferente.
Imaginemos que os valores das economias são aproximados, os direitos e regalias socais também são
aproximados, mas num dos países há uma situação de guerra e no outro não. Ex- Portugal e Israel tinham
aproximadamente o mesmo PIB, hoje em dia PT esta nos 23 mil dólares por ano, dividindo o valor da
produção total de Portugal pelos 10 milhões de habitantes dividindo o valor da produção total de Israel
pelos 9 milhões de habitantes, aqui há uns anos o rendimento per capita (quando dividimos a produção pelo
nº de habitantes- aquilo que caberia a cada uma se dividíssemos de forma equitativa), supondo que
dividimos o valor de produção pelos habitantes de um determinado país, é claro que é completamente
diferente que esses valores sejam gerados numa economia de paz ou de guerra. Israel há uns anos estava
com rendimento per capita quase igual em PT, hoje tem quase o dobro, portanto, nos últimos anos o Israel
passou a ter 44 mil dólares de rendimento per capita ano. A verdade é que nesta dúzia de anos Israel
duplicou o seu rendimento per capita. Quer dizer que se vive melhor em Israel do que em Portugal? Não,
mesmo o rendimento per capita não é uma medida por aí além relevante para fazer as comparações, mas é
um avança.

A lista dos países que tem maior rendimento no mundo, vamos encontrar os EUA e de seguida a China.
Nos EUA são 287 milhões e na China são 1440 milhões. Segundo as previsões do FMI para 2021, PT está
em 47 lugar, na lista dos países que tem mais PIB no mundo, em 46 esta o Paquistão, isto quer dizer alguma
coisa? Mais uma vez, a quantidade de população interfere. Se nos fizermos o apuramento per capita lá
encontramos os tais 23 mil dólares de rendimento per capita para Portugal e para o Paquistão temos 1300,
ou seja, uma diferença muito significativa, embora estejamos logo a seguir na lista. Se comparássemos
valores absolutos que são perfeitamente incomparáveis.

Quando fazemos comparações internacionais não podemos fazer comparações internacionais com valores
absolutos. Para nos podermos fazer comparação com mais sentido reduzimos isso à per capitação.
Dividimos o valor da produção total pelo número de habitantes de determinado país para termos uma forma
de corrigir as diferentes dimensões. Esta per capitação é ideal (ser uma divisão quantitativa entre todos).
Dois países com iguais rendimentos per capita podem ter valores de nível de bem-estar completamente
diferentes se houver uma desigualdade brutal na distribuição da riqueza (ex- Macau e Suíça).

Kuznets tinha crido que estes dados servissem para que se pudessem fazer comparações sob a qualidade de
vida, o bem-estar das populações (há uma certa logica em que as economias mais ricas tenham uma melhor
qualidade de vida, ninguém duvida que se vive melhor em PT que na Guiné, porque PT é um país mais
rico), havia a ideia de que de certa forma a riqueza não compra felicidade, mas é melhor ser rico do que
pobre.

Os dados da contabilidade nacional não servem, são demasiado desajustados para permitir que se façam
ilações sobre a qualidade de vida a partir desses dados, e, portanto, a bussola europeia não pode ser o PIB,
mas sim o bem-estar dos cidadãos. Em 2019, a Nova Zelândia aprovou o primeiro orçamento baseado em
indicadores de bem-estar e invés de estar preocupada com o crescimento do PIB, o que na Nova Zelândia
se quer fazer é ver como se faz crescer o bem-estar das populações. Finalmente a UE percebeu que tinh a
que fazer alguma coisa porque os tempos estão difíceis e as pessoas estão insatisfeitas o que pode levar a
que aquele castelo pode correr o risco de se desmoronar, de maneira que, talvez seja altura de por em prática
de apaziguem as massas.

Na Cimeira social do Porto, de onde saiu um plano de ação para um pilar social da UE, que tem um plano
de ação com 3 pontos para realizar até 2025: 1- atingir uma taxa de emprego de 72% (que as pessoas entre
os 20 e 64 anos estão a trabalhar, e portanto, a nível europeu devia haver 18% de desempregos), 2- na
mesma faixa etária devia haver 60% dos trabalhadores a fazer ações de formação por ano (mais de metade
da força de trabalho a fazer formação em cada ano, na logica de que as qualificações permitem que as
pessoas se ajustam as mudanças) e 3- finalmente retirar 15% de milhões de pessoas da pobreza entre os
quais, 5 milhões de crianças, as estimativas são que a nível da UE haja 91 milhões de pessoas em risco de
riqueza.

A importância disto é que todo o país membro da União tem de enviar para Bruxelas os seus orçamentos
para que haja uma avaliação daquilo que é o cenário macroeconómico da condução das políticas de cada
um dos Estados, portanto, o país tem que se sujeitar a indicações/críticas/recomendações de Bruxelas em
relação aquilo que pretendem de fazer. Já é assim há uns anos desde o Pacto de Estabilidade e crescimento
que é assim, e depois desde o tratado orçamenta. O que a Cimeira social do Porto trouxe de novo é que as
medidas anteriormente referidas, passam a ser também incluídas na avaliação de Bruxelas no semestre
europeu, ou seja, os países já não podem deixar de adotar medidas, não apenas económicas, mas também
socais, estando obrigados a adotar medidas que permitam a realização destes objetivos até 2025.

Esta é uma lógica que é insustentável é impossível num universo com recursos finitos todos os países do
mundo estejam apostados em crescer, porque o crescimento absorve recursos. Se os recursos fossem
infinitos não havia problema, contudo estes não são infinitos, e, portanto, um dia, o crescimento tem de
parar, não é possível. A logica do crescimento, que é uma logica que tem vindo a ser denunciada pelos
ecologistas, é uma logica suicida, não é possível. Um dia teremos que regredir. A longo prazo, a logica do
crescimento, ligada aos indicadores que nos dispomos. Talvez por essa razão é que as propostas de “para
além do PIB” que temos de deixar esta logica, adotando outra.

Numa houve por parte de ninguém com responsabilidades, grande vontade para mudar o que quer que fosse
para mudar isto, e, portanto, com esta logica do pilar social alguma coisa venha a mudar.

Qual é alternativa que existe por enquanto? Índice de desenvolvimento humano- criado com o apoio da
ONU, e relaciona num indicador único, obtido de uma forma complicado (através da raiz cubica de 3
indicadores- esperança de vida à nascença, 2 indicadores de educação que são o nº média de escolaridade
e expetativa de anos de formação e o rendimento per capita em paridade poderes de compra), se
considerarmos estes 3 indicadores já dão uma melhor indicação daquilo que é o nível de bem-estar de uma
comunidade.

Paridades de poder de compra- o valor do dinheiro não é igual em toda a parte, por exemplo em NY o
nosso dinheiro é curto enquanto nas Filipinas o nosso dinheiro era mais largo, dado aos níveis de vida serem
diferentes. Quando há diferentes níveis de vida há diferentes sistemas de preço. Quando comparamos
internacionalmente rendimentos per capita não estamos a ver o poder de compra desse valor de dólares,
que é completamente diferente na Noruega ou em Timor, quando fazemos uma avaliação internacional de
nível de vida também temos de ter em conta o poder de compra da respetiva moeda (nível de preços interno
de cada economia). Na fronteira entre PT e Espanha, coloca-se gasóleo em Espanha porque é mais barato
e vem-se comer ao restaurante a PT porque é mais barato. Estas diferenças permitem fazer uma correção
dos valores quer absolutos quer per capita. Em valores absolutos avaliados em paridades de poder de
compra a maior economia do mundo não são os EUA, mas sim a China- maior economia do mundo em
paridade de poderes de compra, uma vez que o valor de moeda na China permite uma quantidade de
aquisições muito maior que os EUA. Um BIG-MAC nos EUA custava 5 dólares e 67 e na China 3 dólares
e 12, quer dizer que com 3 dólares comprávamos um big-mac na china, mas cerca de metade nos EUA.

A estrutura de preços do big-mac é a mesma, eles pagam os fatores de produção que incorporam no bem e
depois põe a margem e a margem é a mesma também. O facto de haver diferenças no preço representa a
diferença na estrutura de preços de cada país.

Em suma, se nos considerarmos o poder de compra dos dólares (a moeda que serve para fazer comparações
internacionais) invés de termos EUA, China, Japão e Alemanha, temos China, EUA, India, Japão e
Alemanha. Se os dados nos permitem alguma comparação internacional é por um lado, com estas correções
e por outro lado, com estas alertas, consciência de que aquilo é um indicador muito cruo, muito pouco fiável
para daí se retirarem quaisquer indicações de bem-estar.

Comércio internacional

Os mercantilistas procuravam obter balanças excedentárias, ou seja, procuravam obter um excesso de


receitas que eram obtidas em metais preciosos (sobretudo em ouro) através de políticas que nos
dificultassem as importações e favorecessem as exportações.

Uma das inovações trazidas pela obra de Adam Smith foi justamente a ideia de que era errado produzir
algo que se pudesse comprar mais barato - tal como as pessoas na sua vida quotidiana não procuram
produzir tudo para não gastarem dinheiro, também os Estados não deviam dificultar o comércio
internacional com o pretexto de que assim poupariam metais preciosos. Evidentemente que uma das formas
de travar essa saída de metais preciosos era dificultar as importações. Mas dificultando se as importações
tem-se que produzir internamente. O que acontece é que, dizia Adam Smith, o que as pessoas fazem é
especializar-se naquilo que fazem melhor e depois através da venda dos bens ao serviço assim produzidos,
adquirir os meios para comprar aquilo que lhes falta. Isso é uma solução melhor do que tentar poupar
dinheiro através da auto produção de tudo.

Suponhamos que temos dois países (1 e 2) e que temos dois bens (A e B):

Situação 1:

O país 1 gasta 20 horas de trabalho a produzir uma unidade do bem A e 50 horas a produzir uma unidade
de bem B.

O país 2 gasta 80 horas para produzir uma unidade de A e 60 horas para produzir uma unidade de B.

Nota: Adam Smith, como os clássicos, acreditava que a única forma de criar valor era através do trabalho
- teoria do valor-trabalho. Os fisiocratas que antecederam Adam Smith acreditavam que só o trabalho
agrícola gerava valor. Adam Smith afastou-se dessas teses fisiocratas, mas manteve a ideia de que só o
trabalho gerava valor. O capital limita-se a produzir para aquilo que é produzido o valor de partida através
da amortização do capital investido no processo produtivo.

Situação 2:

Vamos supor outra situação em que mantemos os mesmos bens A e B e em que agora temos uma situação
em que a vantagem de cada um deles é recíproca, é simétrica:

O país 1 gasta 20 horas a produzir o bem A e 40 a produzir o bem B

O país 2 gasta 40 horas a produzir o bem A e 20 a produzir o bem B

Este é um caso especial em relação à situação 1. Foi este o caso (caso 2) pelo qual começou a teoria da
vantagem absoluta que é atribuída a Adam Smith.

Na situação 2, se houver 60 horas de trabalho no país 1, essas 60 horas de trabalho permitem produzir uma
unidade de A e uma unidade de B (duas unidades - uma de A e uma de B). O mesmo se passa no país 2 -
com as mesmas 60 horas de trabalho ele também produz duas unidades (uma de A e uma de B).

Esta é a situação em que cada um dos países está se tiver de produzir aquilo que necessita para consumir.
Vamos supor que estes bens são complementares e sendo complementares é necessário ter unidades de um
e de outro. Se os países não recorrerem ao comércio, cada um deles produz com 60 horas de trabalho um
bem de A e um bem de B.

O que acontece se cada um deles com as mesmas 60 horas de trabalho realizar aquilo que faz melhor, aquilo
em que diz o Smith tem vantagem absoluta?

O país 1 afetará as 60 horas de trabalho à produção do bem A e o país 2 afetará as 60 horas de trabalho à
produção do bem B.

60h de trabalho a dividir por 20 dá 3. O país 1 vai produzir 3 unidades e o país 2 vai produzir outras 3.
Então, em vez de termos 2 unidades em cada país vamos ter 3 unidades em cada país. Quer dizer que em
vês de termos um total de 4 vamos ter um total de 6. Isto é um crescimento da quantidade produzida de
50%. Pela mera reafectação dos recursos nós passamos a ter uma situação em que a produção aumenta em
50%.

Isto só é possível desde que haja comércio internacional, ou seja, desde que o país 1 que só produza A
consiga trocar uma parte daquilo que produz com o país 2 que só produz o bem B. É do interesse de ambos
recorrer ao comércio internacional depois de se terem especializado. Cada um dos países tem vantagem
num bem diferente (o país 1 no bem A e o país 2 no bem B).

O que é que aconteceria se houvesse um país que tivesse vantagem nos dois bens?

(analisamos agora a situação 1)


Como vemos, o país 1 é melhor produtor de A que o país 2 - gasta 20 horas enquanto o país 2 gasta 80
horas.

O país 1 é também melhor produtor de B que os países 2 - gasta 50 horas enquanto o país 2 gasta 60 horas.

Se seguíssemos à letra aquela ideia de que ninguém deve produzir aquilo que compra mais barato, então o
país 1 devia produzir tudo porque não consegue comprar mais barato (consegue produzir melhor que o país
2 quer o bem A quer o bem B).

Quando nós temos situações em que o país tem vantagem absoluta nos dois bens, será que se justifica o
comércio (que deixe de produzir um bem que consegue produzir melhor que o outro para passar a comprar
esse bem)?

Com 70 horas, o país 1 consegue 2 unidade (1 de A e 1 de B). O país dois com 140 horas consegue as
mesmas 2 unidades (1 de A e 1 de B).

O que acontece se cada um deles se especializar num dos bens? Parece óbvio que o país 1 se deve
especializar no bem A porque o diferencial em relação ao país 2 é aqui muito maior (desnível de 20 para
80 enquanto no bem B é só de 50 para 60).

Vamos admitir que o país 1 utiliza as suas 70 horas para produzir o bem A - consegue produzir 3,5 unidades
(ganho de 1,5 unidade).

O país 2 vai se especializar no outro bem. Se ele utilizar essas 140 horas a produzir só o bem B vai produzir
2,3 unidades.

O nosso total passou de 4 para 5,8. Mais uma vez temos uma situação em que, sem alterar a quantidade de
recurso que estava afeta à produção dos dois bens, nós conseguimos aumentar a quantidade obtida através
da especialização.

Esta especialização já não é segundo o padrão de vantagem absoluta.

Contributo de David Ricardo (que aperfeiçoou a teoria de Adam Smith) - se cada um dos países tiver
vantagem absoluta num bem faz sentido que eles se especializem na produção de esse bem mas que, se
houver um que tiver especialização em ambos os bens ainda assim vale a pena haver especialização segundo
o país de padrão de vantagem comparativa ou padrão de vantagem relativa.

A vantagem comparativa traduz-se no seguinte: cada país se especializa ou naquilo em que é mais eficiente
que o outro (ele é mais eficiente do que o outro nos dois bens, não se vai especializar nos dois bens em que
é mais eficiente, mas sim no que é mais eficiente). O outro país vai ter vantagem comparativa naquele bem
em que é menos eficiente (porque ele é menos eficiente nos dois bens, mas há um dos dois em que ele é
menos eficiente).

A vantagem relativa está onde houver maior vantagem absoluta ou onde a desvantagem absoluta for maior.

David Ricardo vem dizer que a vantagem absoluta é apenas um caso especial de um argumento a favor do
comércio que é mais amplo. Não é necessário que os dois países tenham vantagem absoluta cada um deles
no seu bem, pode acontecer que um país tenha vantagem absoluta nos dois e outra desvantagem absoluta
nos dois - o importante é que cada um se especialize naquilo que tem vantagem comparativa. A vantagem
comparativa está naquele bem em que a vantagem absoluta é maior ou em que a desvantagem absoluta é
menor.

Um país tem sempre vantagem comparativa, quer tenha maior vantagem absoluta quer tenha menor
desvantagem absoluta.

No entanto, há uma situação em que o país não tem vantagem comparativa - quando a desvantagem absoluta
desse país é igual nos dois bens.

Nós sabemos que com a especialização e depois com o comércio internacional nós garantimos um aumento
de produção.
O facto de nós sabermos que o conjunto dos dois países ganha, o que aumenta a produção global, não quer
dizer que ambos ganhem - pode acontecer que um fique com os ganhos só para ele. Isso pode acontecer:
depende da razão de troca entre os bens A e bens B:

Imaginemos que o país 1 se tinha especializado na produção de A e o país 2 na produção de B:

Vamos supor que 1 unidade de B = 2,5 de A

O país 1 inicialmente tinha 1 unidade de A e 1 unidade de B, agora produz 3,5 de A mas 2,5 tem de ser
cedidas para obter uma unidade de B (ele acaba com 1 unidade de A e 1 unidade de B).

O país 2 (que tinha vantagem absoluta nos dois bens) - produziu 2,3 unidades do bem B, trocou 1 unidade
de bem B por 2,5 de bem A - ele acaba por ficar com 1 unidade de bem A e 1,3 unidade de bem B

O país 1 era melhor do que o país 2 nos dois bens, especializou-se segundo o padrão de vantagem
comparativa, mas acabou por ficar na mesma situação que estava antes (e podia ficar pior).

Portanto, nós sabemos que a especialização segundo um padrão de vantagem comparativo faz aumentar o
stock de bens disponíveis. Não é necessário que os dois países ganhem, isso depende dos termos de troca.
- Precisão introduzida por Jonhs K*

Jonhs K* veio mostrar que consoante se estabelecesse a razão de troca dos dois bens (aquilo que no
comércio internacional se chamam os termos de troca), poderia acontecer que um do país ficasse na mesma
ou até pior do que estava antes.

Ex: Tratado de Methuen entre a Grã-Bretanha e Portugal em 1703 - o que dizem os economistas clássicos
é que Portugal na altura tinha vantagem absoluta nos dois bens (vinhos e têxteis). Este tratado é o mais
curto da história diplomática - tem 3 artigos e eles são curtos. Esses 3 artigos diziam que Portugal deixava
de cobrar direitos aduaneiros à importação de têxteis e os ingleses comprometiam-se a cobrar sempre 1/3
menos do que cobrassem aos vinhos franceses.

Os economistas clássicos dizem que Portugal na altura tinha vantagem absoluta na produção de ambos os
bens. O tratado incentivou a entrada de têxteis ingleses em Portugal. Por outro lado, facilitou a venda de
vinhos portugueses à Grã-Bretanha. Portugal acabou por vender para se especializar naquilo em que tinha
vantagem absoluta.

O que aconteceu foi que os termos de troca evoluíram desfavoravelmente ao vinho - foi necessário cada
vez mais unidades de vinho para pagar cada unidade de têxteis (o preço dos têxteis subiu e o do vinho
desceu).

O exemplo que os clássicos davam de um tratado de comércio que deu origem a uma especialização
segundo o padrão de vantagem comparativa e que correu mal é justamente este tratado.

Em suma: Há razões que justificam do ponto de vista da eficiência a especialização produtiva segundo um
padrão de vantagem comparativa. A especialização segundo um padrão de vantagem absoluta é apenas um
caso especial desta situação desta situação des especialização segundo um padrão de vantagem
comparativa, mas, no entanto, isso não quer dizer que todos os envolvidos no comércio ganhe. Quem ganha,
quando se faz a distribuição dos ganhos, vai depender dos termos de troca - quantas quantidades de um bem
têm de ser dados por uma quantidade de outro.

Isto permite-nos fazer um parêntese na exposição das teorias da explicação do comércio internacional
(falamos da teoria clássica da vantagem absoluta e teoria clássica da vantagem comparativa) para fazer
referência aos argumentos a favor da proteção:

Nós conseguimos aumentar a quantidade de produção conjunta se cada país se especializar segundo o
padrão de vantagem comparativa.

O que é que pode justificar que haja desvios a esta especialização?


- Argumento económicos - embora se saiba que o comércio é benéfico - se houver especialização a
quantidade de bens que é possível produzir aumenta - mesmo assim há razões económicas para recorrer à
proteção (para travar o comércio livre). Quais são esses argumentos?

1º Argumento dos termos de troca - imaginemos que os ingleses que agora saíram da UE e que por
enquanto aplicam um regime de comércio livre com a UE decidem passar a cobrar impostos alfandegários
sobre a importação de certos bens e um dos bens que decidem passar a tributar é o vinho do Porto.
Imaginemos que com 20% de imposto há uma perda de procura inglesa de 50% - quer isto dizer que a
procura é elástica (se a variação relativa das quantidades for superior à quantidade relativa dos preços então
temos uma procura elástica).

Há um aumento de 20% dos preços (por força da aplicação do direito aduaneiro) - a garrafa que custava 10
passa a custar 12. Se passou a custar 12 e por isso os ingleses passam a consumir metade das garrafas do
vinho do Porto isso significa que os exportadores nacionais perdem metade das suas vendas. Os
exportadores têm que pagar o imposto para continuar a ser vendido a 10. Em vez de perder 50% das vendas
perdem 20% daquilo que vendiam antes.

Se houver ameaça de perder uma quota de mercado superior àquela que é a variação do preço induzida pela
aplicação do direito aduaneiro, mais vale que o exportador pague esse direito aduaneiro.

Isto só funciona no caso de um país grande (grande no sentido de haver uma concentração económica das
aquisições de certo bem).

Este argumento de termos de troca é excelente para defender a aplicação de direito aduaneiros embora esses
direitos prejudiquem a especialização.

O problema deste argumento é que se for possível, o outro país retalia.

2º Argumento das indústrias nascentes - Este argumento diz que é possível que um país seja menos
eficiente que outro, mas isso é porque está em fases embrionárias do seu processo de desenvolvimento
industrial. Se este país tiver tempo ele vai se tornar muito eficiente. Se não tiver tempo, os países que estão
mais avançados fazem chegar os produtos ao mercado e rebentam com a capacidade produtiva de uma
indústria que está na sua infância.

É necessário dar tempo para que a indústria atinja um determinado patamar de eficiência.

A lógica das indústrias nascentes está sujeita a três testes:

- Teste de Mill (ou da transitoriedade do estatuto de proteção) - para que haja um argumento das indústrias
nascentes, é necessário que esta proteção, isto é, a travagem de importação de produtos produzidos por
empresas concorrentes dela situadas no estrangeiro e que estão mais avançadas no processo de
desenvolvimento industrial, seja temporário. Se não for temporário não é uma indústria nascente. Se esta
indústria tiver que ser sempre protegida é porque não é uma indústria nascente. Só tem proteção enquanto
tiver numa fase embrionária.

- Teste de Bastable - é preciso averiguar qual é que é o custo da proteção e qual é que é o ganho da
possibilidade desta empresa se afirmar, fornecer o mercado interno. Como os custos são "agora" e os
benefícios são quando a indústria se desenvolver, é preciso por estes dois fluxos no mesmo plano - é claro
que o dinheiro que custa hoje pesa mais do que o dinheiro que se vai receber amanhã. No fundo é aplicar
uma taxa de juros para saber qual é o fluxo de sacrifícios que se tem de fazer para garantir a existência desta
empresa e depois qual é o fluxo de benefícios que se vai retirar da existência desta empresa. Como estes
dois fluxos acontecem em momentos diferentes do tempo, é necessário aplicar uma taxa de desconto para
comparar o dinheiro que custa e o valor que se vai ganhar.

- Teste de Kent - o empresário quando lança um investimento não está a espera de ter lucros no primeiro
ano - tem uma série de anos até chegar ao break even point (momento em que o recebeu pela atividade
produtiva é suficiente para cobrir os custos que incorreu durante aqueles anos). Se o empresário chegar à
conclusão de que isto é um bom negócio, ele durante anos está a perder dinheiro depois há de ganhar - se
for uma indústria nascente a sério ela vai se tornar competitiva no futuro. Se o fluxo de benefícios exceder
o fluxo de custos então há ali um negócio.

Diz este teste que só justifica a intervenção pública quando houver alguma externalidade, isto é, quando
houver alguma situação que impeça que a iniciativa privada por si consiga ultrapassar este desfasamento
entre custos e benefícios.

Como é que pode acontecer uma situação dessas? Imaginemos que a implantação da indústria nascente
exigia formação ao longo de vários anos (vamos supor 10 anos). Enquanto não chegasse aos 10 anos esta
atividade não tinha recursos humanos à altura dos padrões de qualidade internacional. Ao longo de 10 anos,
se não houver proteção, esta indústria está a perder face as suas congéneres estrangeiras.

Imaginemos que o que é crucial é o fator trabalho e é preciso anos de prática para que as pessoas atinjam
esse patamar. Um empresário não vai investir nesta indústria porque ele corre o risco que no fim desses 10
anos quando formou o trabalhador apareça outra empresa e lhe atraia o trabalhador que ele formou.

A ideia de que para o argumento das ideias funcionar é necessário verificarem se estes 3 testes.

Teorias explicativas do comércio internacional:

A explicação neoclássica (hoje em dia mais aceite) é o chamado teorema de Hecksher Ohlin Samuelson -
são dois autores suecos.

Sugeriram como forma de explicar o comércio internacional a ideia de que os países têm dotações de fatores
diferentes. Há economias que são ricas em fator trabalho e outras em fator capital.

Ex: A China tem mais trabalho, a Índia mais trabalho, os EUA mais capital, a Suíça mais capital...

Há países que têm mais de um e uns que têm mais de outro.

Onde é que faz sentido produzir bens que utilizam intensivamente o fator trabalho? Nas economias que têm
abundância de fator trabalho. Se houver muito trabalho, o preço do trabalho é mais baixo. Se há pouco
capital o preço do capital é mais alto.

Se quisermos produzir bens com alta incorporação de trabalho vamos produzir nos EUA? Não porque aí o
trabalho é caro porque é relativamente raro. Mas se quisermos produzir bens de capital intensivo, se calhar
faz sentido produzir onde o capital é mais abundante e provavelmente mais barato.

A lógica da teoria explicativa neoclássica parte da dotação dos fatores: as economias mais ricas num fator
atraem produção que utilize intensivamente esse fator pois nessa economia esse fator é relativamente mais
barato.

O Samuelson notou uma consequência deste teorema: o que vai acontecer é a tendência para a
uniformização do preço internacional dos fatores. Ou seja, nós começamos com uma teoria explicativa do
comércio internacional e acabamos com uma teoria explicativa das diferenças ou da aproximação da
renumeração dos fatores.

O mecanismo é fácil de explicar: A China tem abundância de mão de obra logo quando se quer produzir
alguma coisa que precise de muita mão de obra vai se produzir para a China. Logo, há uma parcela crescente
da mão obra chinesa que começa a estar empregada na produção de um conjunto de bens. Como o processo
continua, há cada vez mais trabalho que na China está a ser incorporado em processos de fabrico de bens
que utilizam intensivamente o fator trabalho. Quer dizer que vai ficando menos trabalho disponível porque
cada vez o trabalho vai ser absorvido por mais unidades de produção que utilizam intensivamente o fator
trabalho. Quer dizer que o preço do trabalho vai subir quando deixa de interessar transferir processos de
trabalho intensivos para a China (isto acontece quando a renumeração da mão de obra na China for igual a
de outro país). Este movimento vai levar à subida do preço daquele fator que inicialmente era barato. Como
era o facto de ele ser barato que justificava a importação de atividade produtiva, isso vai diminuindo e vai
cessar no momento em que não houver vantagem na renumeração.

Nos países de capital intensivo - se o capital é abundante o preço é mais baixo. Mais e mais capital está a
ser absorvido em processos de produção que utilizam intensamente o fator capital. Como vai sobrando cada
vez menos capital, o preço vai subindo. Deixa de houver transferência de processos produtivos de capital
intensivo para esta economia quando o preço do capital já se tornar igual ao dos outros países.

Na teoria neoclássica, os pressupostos de que dependia a explicação dos fluxos comerciais, acabou por
levar a uma explicação da tendência para a harmonização da renumeração dos fatores produtivos.

Na prática as coisas não são assim.

Leontief analisou as exportações e importações dos EUA e chegou à conclusão de que os EUA exportavam
bens de trabalho intensivo e importavam bens de capital intensivo. Exatamente o oposto que o teorema de
Hecksher Ohlin apontava como sendo aquilo que seria natural.

Houve uma série de tentativas de explicar esta anomalia. Depois pensou-se que havia um problema de
agragação de fatores, isto é, que aquilo que se regista nas importações e exportações de bens são os grandes
setores de bens que são exportados. 47

Ex: Imaginemos que se contam bens, que a produção automóvel é um bem de capital intensivo. Sempre
que tivessemos a exportação de um automóvel contávamos aquilo como exportação de um bem de capital
intensivo. Suponhamos que porem, há bens que são bens automóveis, mas não são de trabalho intensivo
(ex: os Morgan).

Quando temos uma categoria que classificamos como capital intensiva ou trabalho intensivo, podemos ter
dentro dessa categoria bens que têm uma configuração de produção completamente diferente. Pode haver
disparidades dentro de cada categoria de bens que explica que no fundo o padrão de importações e
exportações está certo, a classificação dos bens é que está mal.

Uma variante a esta explicação tem a ver com os processos produtivos que são utilizados. Quando Leontief
fez os cálculos, partiu do princípio de que os bens eram produzidos da mesma forma em toda a parte e
portanto, um bem que fosse capital intensivo nos EUA seria capital intensivo nos outros todos. Não é assim.

Há uma outra explicação possível que tem a ver com a possibilidade dos EUA afinal ter mais trabalho do
que aquilo que se julga. Porque cada trabalhador americano vale 4 ou 5 dos outros países.

Ex: Imaginemos que estamos a falar de abater árvores. Nesta altura abatia-se árvores com trabalhadores,
serras e machados. Nos EUA como é que se abatiam árvores? Com motosserras. Aquilo que 1 trabalhador
norte americano conseguia fazer numa hora equivalia àquilo que 4 ou 5 faziam num dia.

Se multiplicarmos a quantidade de horas de trabalho disponíveis na economia americana pelo diferencial


da produtividade do trabalho norte americano, até podíamos chegar à conclusão que os EUA até são ricos
em trabalho.

Outra explicação tem a ver com a assimetria de preferência dos consumidores. Os países onde há mais
abundância de mão obra têm tendência para gostar de coisas que têm uma grande incorporação de mão de
obra.

Ex: Na China, os palitos são entalhados (não são feitos em máquinas).

Nas economias com alta componente de capital gostam de gadgets (nos EUA quase toda a gente usa escovas
elétricas).

O que sobra para exportação são o que eles gostam menos (no caso dos EUA eles exportam trabalho e
importam o que eles gostam, ou seja, capital).

Outra explicação - nos países em que há abundância do fator trabalho, não é necessário proteger com
direitos aduaneiros os produtos concorrentes.

Ex: como o capital é caro na Índia, então os bens que são produzidos com o fator capital são mais caros.
Como são mais caros é preciso haver uma compensação para evitar que a importação de bens de capital
intensivo de venham de outros sítios afastem esses bens do mercado interno. Se a proteção funcionar, a
Índia não vai importar bens de capital intensivo porque ficaram "parados na alfandega". Os bens não vão
para la porque os direitos aduaneiros não o permitem. Eles deixam entrar os bens de trabalho intensivo
porque a abundância que existe lá é suficiente para garantir a competitividade
Há duas teorias tecnológicas:

- Teoria do hiato tecnológico

A ideia é a seguinte: nós teremos comércio internacional sempre que o intervalo de procura for menor que
o intervalo de imitação e vice-versa.

Imaginemos que há a introdução de um produto qualquer e que noutro país as pessoas querem aceder a esse
bem - o intervalo de procura foi menor que o intervalo de imitação - ou seja, não há possibilidade de
disponibilizar internamente esse bem logo importa-se.

Se o intervalo de produção for menor, os consumidores do outro país só vêm a perceber que o bem existe
quando ele lhes é posto à frente do nariz pelos seus produtores internos. O bem foi produzido pela economia
A, mas quem percebeu o potencial do bem não foram os consumidores do país mas sim os produtores -
passaram a disponibilizar os bens internamente logo não há importações. O intervalo de imitação (tempo
de reação da oferta) foi inferior ao tempo de reação da procura.

- Teoria do ciclo do produto

Se nós supusermos que há três tipos de economias (economias avançadas, economias médias e economias
menos desenvolvidas) a introdução de bens costuma acontecer nas economias avançadas.

Quando o produto atinge maturidade, começa a haver produção nos países de rendimentos intermédios o
que faz com que a produção dos países de altos rendimentos diminua.

Quando a produção começa nos países de menos rendimento é o momento em que o produto entrou na fase
de standartização (é uma questão de produzir em massa).

O processo produtivo começa nas economias avançadas, na fase intermédia e maturidade da produção
dissimila-se pelas economias de rendimentos intermédios e quando chega à fase da standartização transfere-
se para os países de baixo rendimento.

Teoria da sobreposição de procura:

Para haver comércio internacional tem que haver uma certa sobreposição de procura.

As economias de grandes rendimentos só querem produtos com certo o grau de sofisticação e as economias
com rendimentos mais baixos só conseguem ter procura dentro de um certo intervalo de sofisticação.
AULA PRÁTICA 1 DIA 19/03 DR. PEDRO PIMENTA

Mercado de concorrência monopolista:

- Muitas empresas, contudo menor do que o mercado de concorrência perfeita;

-O elemento que mais caracteriza este mercado é o elemento da diferenciação do produto com base na
inovação.

Neste mercado, os bens já não são homogéneos, mas também não são muito diferentes uns dos outros.
Portanto, os produtores nem produzem mercados idênticas nem mercadorias totalmente distintas- princípio
da diferenciação mínima. “Tornai o vosso produto tanto quanto possível similar aos produtos existentes,
mas sem destruir as diferenças”.

O comprador não consegue encontrar um substituto perfeito do produto que quer, indo a outra empresa. A
diferenciação do produto diz respeito ao próprio produto ou às condições de venda.

Quanto ao produto podemos ter: diferenciação material objeto, ou seja, quanto ao produto em si, e
diferenciação jurídica, por exemplo, colocar uma marca no produto.

Quanto às condições de venda: diferenciação de facto, isto é, quando as condições de venda são de certa
maneira independentes da vontade do empresário, por exemplo, a localização da empresa e a diferenciação
provocada que se sucede quando a diferenciação é resultado de uma ação do empresário, por exemplo,
publicidade.

Através desta diferenciação, as empresas conseguem fugir à concorrência dos restantes. Esta diferenciação
vai originar, do ponto de vista do comprador, uma preferência relativa a certo produto. Cada empresa
procura criar a clientela e monopolizar a clientela, ou seja, fixar a clientela à empresa.

Como é que se forma o preço neste tipo de mercado?

Se uma empresa lança um novo produto no mercado, e esta empresa conta com uma determinada curva da
procura, perante a curva da procura vai fixar o preço que mais lhe convém. O preço de equilíbrio é o preço
em que o custo marginal se parifica com a receita marginal.

CM- custo de mais uma unidade; RM- receita de mais uma unidade.

Exemplos: a unidade 51 vai custar a produzir 10 euros, dando-nos uma receita de 11 euros. Portanto,
compensa produzir. A unidade 55 vai custar a produzir 10 euros, dando-nos uma receita de 9, portanto, não
compensa produzir. Portanto, a empresa vai produzir até ao ponto em que o CM é igual à RM.

Análise do gráfico:

D-curva da procura- para um preço de X vão se procurar Y quantidades,


para um preço Y vão se procurar Z quantidades.

Quadrado ABCD: e empresa vai produzir até Q1. O preço que se vai
fixar é o preço P1 porque este equivale à curva da procura. Em
quantidades Q1 vai haver procura de P1.

CTM- curva dos custos totais médios. Qual é que é o lucro que a
empresa irá ter? Vemos qual é o preço que temos e qual é o custo total
médio. O custo total médio em Q1 é nos dado pelo ponto D.

Por exemplo: segundo a curva da procura, se Q1-100 unidades e P1- 10


euros. E uma empresa vai vender 100 unidades a 50 euros, não vende
porque nesse ponto não há procura. Custo total médio- 5 euros. O lucro da empresa é representado pelo
quadrado ABCD porque vamos vender todas as unidades ao mesmo preço, 10 euros

Lucro anormal- quando efetivamente há lucros. Estes vão desaparecendo a longo prazo. A entrada de novas
empresas que se aproveitariam dos lucros anormais até que deixassem de existir os mesmos lucros.

AULA PRÁTICA 2 DR. PEDRO PIMENTA 26/03


OLIGOPÓLIO:

No mercado de oligopólio, os bens são diferenciados. Mas quase a totalidade da produção ou da oferta cabe
a muito poucas empresas sendo que geralmente as empresas são grandes. Oligopólio significa poucos
vendedores. O caso mais simples de oligopólio chama-se duopólio, marcado controlado por duas empresas.

Ex de oligopólio em PT- ramos de cimentos, pasta de papel, cerveja.

Este mercado também é caracterizado pela dificuldade de entrada de novas indústrias. Motivos da
dificuldade de entrada:

-A procura total é de 5 mil unidades e o custo médio mínimo possível das empresas é de 1000. A uma
empresa só compensa produzir a partir de mil unidades. Então se a procura total é 5 mil, e se uma empresa
só compensa produzir a partir de mil unidades, basta 3 ou 4 empresas no mercado para satisfazer toda a
procura.

-Devido a obstáculos legais, naturais e de facto/técnicas. Obstáculos legais à formação de novas empresas:
por exemplo, no caso de 3 ou 4 empresas terem o processo de fábrica patenteados, se houver patentes no
processo de fabrico não se pode instalar nenhuma outra empresa com estes processos de fabrico. Obstáculos
naturais: matéria-prima existente em zonas que apenas 2 ou 3 empresas conseguem aceder. Obstáculos de
facto: exercício que requerer capitais considerais, não sendo qualquer empresário que consegue investir
grandes quantidades de dinheiro, quando surge uma nova empresa nesta industria, as empresas existentes
vão tentar arruinar esta empresa, tentando que saia do mercado, outro fator também importante são as
grandes campanhas de publicidade, e as empresas já neste ramo já dispõe de uma enorme publicidade, e
portanto, a empresa que entra tem que dar a conhecer ao publico os seus produtos, também ação preventiva
das empresas existentes, para estas impedirem a entrada de novas empresas, adotam politicas preventivas
(política do preço limite- as empresas por acordo vão fixar preços abaixo daqueles preços que lhes permitem
um lucro máximo para tornar o mercado menos atrativo com o objetivo de não entrarem novas empresas;
investimento em massa- a empresa vai aumentar o seu capital fixo, de modo a que o equipamento não esteja
totalmente utilizado, as empresas vão aumentar as suas máquinas mesmo que estas não sejam logo
utilizadas, caso a procura aumente; controlo ao aceso aos fatores de produção- as empresas existentes vão
tentar tornar impossível a obtenção de matérias primas, equipamentos e recursos financeiros). Nestas
empresas são necessários capitais avultados, e normalmente as empresas em oligopólio tem de recorrer a
empréstimos dos grandes bancos que pretendam investir.

Qual é o comportamento das empresas oligopolistas?

É necessário saber que existem dois tipos de oligopólios: primeiro, é o oligopólio perfeito ou sem
diferenciação do produto e o segundo é ou oligopólio imperfeito ou com diferenciação dos produtos.

Oligopólio perfeito, ou seja, sem diferenciação de produtos- ex 2 empresas, duopólio, que vendem um
produto a 10 euros. O que que acontece se uma empresa descer o preço de 10 para 9 se tem um produto
homogéneo? A procura vai se deslocar toda para a que vende o preço mais baixo. A empresa A baixa o
preço, toda a procura se desloca para a empresa A, então a empresa B vai ter que também baixar o preço
para recuperar a sua clientela.

Oligopólio imperfeito ou com diferenciação dos produtos- nestas situações cada uma das empresas já tem
uma clientela própria porque o seu produto é de alguma forma diferenciado, ou seja, quando uma empresa
desce o preço nem toda a procura se vai deslocar para esta empresa uma vez que os produtos são diferentes,
podendo não haver uma imediata resposta da outra empresa.

Nestes mercados que concorrem entre si, poucas empresas, mas grandes dimensões, os produtos são mais
ou menos sucedâneos, origina que cada uma das empresas tem de ter em conta o comportamento que a
outra empresa vai adotar. Se a empresa faz uma ação- baixa ou sobe o preço- tem de sempre pensar o que
a outra empresa fará a seguir: interdependência conjetural.

Determinação da procura e fixação do preço – como se fixa o preço neste tipo de mercado?

Em primeiro lugar, nenhuma empresa pode contar com uma curva de vendas, a procura não é dada. Nós
nunca sabemos com exatidão qual a reação que a outra empresa vai ter com o meu comportamento, logo,
não há uma curva de vendas previamente dada. Se uma empresa baixar o seu preço, a provável reação das
outras empresas será também baixar os preços. A empresa que baixou acaba por não beneficiar de nenhum
aumento da procura. Se considerarmos a hipótese de a empresa subir o preço, se o oligopólio for perfeito,
esta ficará sem clientela ou terá a sua clientela muito reduzida (oligopólio imperfeito). Conclusão: se os
preços subirem a procura que se dirige à empresa é muito elástica, caso os preços desçam a procura é pouco
elástica.

As empresas oligopolistas só podem determinar a curva da procura depois de fixarem o preço.

Conclusão: não convém às empresas uma luta de preços, porque se lutarem pelos preços só se vão
prejudicar.

E se as empresas concordarem todas em subir o preço? Fico como um mercado de monopólio, pois
comportam-se todos da mesma forma. Contudo temos vários problemas. É proibido segundo as regras da
concorrência- é devido a estes comportamentos que se estabeleceu esta proibição, para não falsear a
concorrência. Há dificuldades mesmo que as empresas decidissem subir os preços- primeiro, estas empresas
são muito grandes, e, portanto, não convém denegrir a sua imagem porque o publico tem consciência destes
fatores, podendo haver represálias. É proibido a cooperação.

Luta de preços: ambas as empresas vendem a 10. Lutam por quem tem um preço mais baixo para atrair
clientela. Ao concorrerem entre si só vão perder lucros.

TEORIA DOS JOGOS

As situações de oligopólio são objeto de estudo da chamada teoria dos jogos. Os primeiros modelos que
explicam a atuação dos produtores em mercados de oligopólios foram propostos no século XIX.

Análise diagrama manual.

Temos que pensar o que que o outro jogador irá fazer. Podemos reagir e aumentar o preço ou não reagir.
Se eu escolher reagir, a outra empresa pode fazê-lo também, caso isto aconteça, eu vou perder. A forma de
ganhar é se eu não reagir, a outra empresa não reagir, ou se eu reagir e a outra empresa não. O que convém
mais para ambas? Uma estratégia cooperativa-de não reação. Caso não reagem, ambas saem a ganhar.

Importante a reter apontamentos Dr. Calvete: as situações de oligopólio são um jogo não cooperativo que
soma zero. O que é um jogo não cooperativo que soma zero? Se somarmos todos os valores do gráfico dá
zero- estratégia dominada. No segundo gráfico se somarmos os valores todos dá um valor diferente,
portanto, estamos perante uma estratégia dominante, havendo lucros e perdas.

Jogo cooperativo- se os participantes concertam as suas atuações.

Jogos não cooperativo- se atuam independentemente dos outros.

AULA PRÁTICA 3 DR. PEDRO PIMENTA 09/04/2021

➢ Fatores de produção

-Terra; Trabalho; Capital; Lucro

A oferta dos fatores de produção vai depender de circunstâncias muito diversas.

O fator trabalho vai depender das circunstâncias demográficas (exemplo- se um país tiver uma população
mais envelhecida e menos ativa vai ter menos trabalho).

Na procura existem 2 particularidades que são comuns a todos os fatores de produção que os distinguem
dos bens de consumo:

1º Procura derivada, quer dizer que um fator de produção não vai ser objeto de uma procura inicial, ou seja,
o fator só será procurado se houver procura de um bem final. Ex- no fator trabalho ninguém vai procurar
trabalhadores se não quiser produzir nada. Eu quero produzir queijo, mas para isso preciso de trabalhadores,
ou seja, só procura fator trabalho se quiser produzir um bem final, daí ser uma procura derivada.
2º Procura interdependente, ou seja, nada pode ser produzido com recurso a apenas um fator. A produção
necessita da combinação de alguns fatores ou de todos os fatores. Ex- precisamos da combinação do fator
trabalho e do fator capital, precisamos de dinheiro, precisamos de trabalhadores.

Lei dos rendimentos decrescentes: se eu tiver um trabalhador que produz 20 e contratar outro, em
princípio, há um aumento da quantidade produzida. Quanto mais fatores adicionarmos, mais quantidade
produzida será, mas o valor acrescentado por esta unidade a mais será sucessivamente menor. Exemplo:

1º trabalhador- produz 20;

Adicionando um 2º trabalhador a produtividade total passa a ser 40;

Adicionando um 3º trabalhador a produtividade total passa a ser 55;

Adicionando um 4º trabalhador a produtividade total passa a ser 67;

Conclusão: Quantos mais fatores nos adicionarmos, o rendimento que ele nos dará será menor. A
produtividade vai descende à medida que vamos acrescentando fatores de produção.

Exemplo 2: fator capital, não é por nos injetarmos x dinheiro numa empresa que ela vai começar a produzir
o dobro. Então, o empresário vai ter que saber quanto é que irá vender, qual é que vai ser a receita total
porque tem de ver se o custo de fatores de produção excede ou não o valor que ele vai ganhar.

Fator trabalho: a remuneração do fator trabalho é o salário. Quanto à oferta, existem algumas
particularidades. Quanto mais à direita nos dirigimos maior a oferta de trabalho, ou seja, os trabalhadores
estão mais disponíveis para trabalhar. Quanto mais para cima (eixo vertical) maior o salário. Encontra-se
dividido em três secções:

1º secção (parte de cima) - quanto maiores forem os salários menor é a oferta de trabalho Ex- quanto têm
um salário já muito elevado, as pessoas já ganham o suficiente para viver bem e vão dar mais valor, por
exemplo, ao descanso.

2º secção (meio)- quanto maior for o salário, maior é a oferta de trabalho. Mais trabalhadores dispostos a
trabalhar.

3º secção (de baixo) - à medida que diminui o salário, as pessoas estão mais dispostas a trabalhar. Ex-
explica-se pelas remunerações muitos baixas, se uma pessoa recebe 400 euros por mês e o salário baixar
para 350, a pessoa está disposta a trabalhar horas extras para ter um melhor nível de vida. Nas remunerações
mais baixas, as pessoas estão dispostas a trabalhar mais para terem um rendimento suficiente para se
sustentarem. Precisam de outro emprego para a sua subsistência.

A oferta de trabalho, pode também mudar com as condições demográficas. Se aumentar a população ativa,
com o flux migratório por exemplo, a oferta de trabalho aumenta. Temos sindicatos e associações-
monopólio bilateral, num determinado ramo existe apenas 1 associação a defender as empresas e 1 sindicato
a defender os trabalhadores. Como se fixa o salário? Negociações coletivas de trabalho.

Para além destes fatores, há outros fatores que têm a ver com o mercado que podem ter influências sobre
o salário: produtividade, imperfeições do mercado.

-Produtividade: a qualificação de uma pessoa vai determinar uma maior remuneração porque é normal que
um empresário aceite dar um salário a quem de uma mais-valia significativa à empresa. É do interesse de
todos a formação profissional.

-Imperfeições do mercado: falhas de informação e mobilidade. Não existe concorrência perfeita no mercado
de trabalho. Se não houvesse falhas de informação ou mobilidade um trabalhador saberia se existia uma
melhor oportunidade noutra cidade.

-Mulheres: desigualdades determinadas pelo sexo

-Estratificação económica e social: esta é a razão bastante importante para vermos porque é que
trabalhadores com a mesma qualificação tem remunerações diferentes. Exemplo: se o meu pai estiver ligado
a um meio, é mais fácil eu receber uma remuneração mais elevada na empresa do meu pai ou nesse ramo
por cunhas. O mesmo ocorre na advocacia. É mais fácil uma pessoa que acava com media de 10 a faculdade,
e ter um pai advogado iniciar no ramo do que se não tivesse um pai advogado.

Terra- a renda é a remuneração dos recursos naturais, designadamente da terra. Quando falamos em renda,
não tem nada a ver com o pagamento da renda de uma casa, porque um apartamento não é um recurso
natural. Quanto à procura já numeramos as características. Do lado da oferta temos alguma especificidade.
Este é um fator cuja oferta não pode aumentar nem diminuir, a oferta é absolutamente rígida, por exemplo,
não podemos arranjar mais terra. Quando aumenta a procura, não dá para aumentar a oferta devido a ser
rígida, havendo apenas um aumento da renda.

Semelhança entre a terra e o CR7: a terra é uma oferta natural e a sua oferta é absolutamente rígida, tal
como o CR7, a oferta não é flexível, CR7 há só um.

Conceito de renda diferencial: David Ricardo tentou explicar a evolução das rendas em Inglaterra. Este
partiu da ideia de Malthus de que a população tendia a crescer constantemente, David acrescenta que este
aumento da população vai obrigar ao cultivo de terras menos férteis ou a praticar cultivar intensiva nas
terras já cultivadas. À medida que a procura torna necessária a utilização de terras menos férteis e se a
oferta não pode aumentar, os donos das terras férteis podiam reclamar para si o diferencial do preço da
terra- chama-se a isto a teoria da renda diferencial. Ex: se explorarmos a terra A temos o mesmo volume de
produção que se explorarmos a terra B, explorar qualquer uma delas, a produção é igual. Portanto, ambas
produzem 200 unidades. Para explorar a terra A exigisse menores quantidades de trabalho, ou seja, menos
trabalhadores. Para explorar a terra A tenho um custo de 100, para explorar a terra B tenho um custo de 125
em trabalhadores. Então o que que o dono da terra A faz? Vai dar a terra A a alguém para explorar e exigir
uma renda de 25. A terra B não tem renda. Então, existe uma situação de indiferença entre explorar a terra
A ou explorar a terra B, ou seja, existe uma situação de indiferença explorar a terra B sem pagar ou pagar
25 de renda e explorar a terra A. Este diferencial de 125 chama-se a renda diferencial.

Terra A depois de explorada 500 unidades assim como terra B – fator trabalho terra A custo de 100 e na
terra B é de 125- se isto for para o mercado como está tudo recorre à terra A- o proprietário da terra A vai
exigir de renda, remuneração da terra, de 25. Qual vai ser o custo total da exploração da terra A? 125. Para
a pessoa x que pretende explorar uma terra, é indiferente explorar a terra A ou B- renda diferencial (os 25
que pedimos de renda). Nota: a terra menos fértil será sempre a que não terá renda.

AULA PRÁTICA 4 DR. PEDRO PIMENTA 16/04/2021

Capital: a remuneração do capital é o juro.

Capital financeiro ou capital físico- capital financeiro são os depósitos, ações e obrigações; capital físico
são os equipamentos ou estruturas.

Capitais fixos- bens duradouros afetos à produção (edifícios, máquinas)

Capitais circulantes- matérias primas, produtos intermediários, todos os elementos que estão presentes no
meio do processo de produção.

Lei da procura e lei da oferta: do lado da procura temos que comparar o juro a pagar com o benefício que
pode conseguir com a utilização do capital. Ex- um empresário quer montar uma fábrica e para a montagem
da fábrica é preciso o investimento de 10 mil euros. Ele espera uma produção anula no valor de 6500 euros.
No entanto, para fazer esses 6500 euros ele tem que comprar matérias-primas e utilizar bens intermediários.
Estas matérias vão custar 5 mil euros. Qual é que é o lucro? É de 1500 euros anuais que corresponde a 15%
do investimento de 10 mil euros.

O revés de uma pessoa procurar capital é que o capital tem de ser remunerado, ou seja, se fizer um
empréstimo tenho de pagar juros. A taxa de juro anual era de 20%. Valia a pena fazer o investimento? Não
porque ele estava a ganhar 15% e a pagar 20%. Se a taxa de juro fosse apenas de 5% já valia a pena o
empresário fazer o investimento. É esta taxa interna de rentabilidade do capital, ou seja, os 15% que o
empresário vai comprar com a taxa de juro do mercado financeiro.

Custo de oportunidade- se eu aplicar 10 mil euros meus a uma empresa eu estou a renunciar do juro que
poderia obter deixando no banco ou emprestando o dinheiro a outra pessoa.
As ofertas de mercado financeiro vão sempre depender das escolhas do consumidor- se gastam mais em
consumo ou em aforro.

Lucro: o lucro é aquilo que permite os outros fatores de produção sejam relacionados. Se eu não tiver
perspetiva de lucro, eu não vou arrendar uma terra, arranjar trabalhadores, pedir um empréstimo. É preciso
haver lucro para recorrer aos outros fatores de produção.

O lucro é o excedente entre o produto das vendas e o total dos custos reais ou imputáveis (quando se fala
de custo de oportunidade não é um custo real, imputados porque no custo de oportunidade não temos um
custo real, “não nos sai nada do bolso”).

Os salários, as rendas e os juros têm normalmente um custo fixo, logo o empresário consegue saber mais
ou menos qual o montante que tem de gastar. No entanto, ele não sabe o valor do lucro, tendo de fazer uma
estimativa.

Schumpeter- para este autor, o lucro significa a recompensa para a inovação.

Knight- para este autor, o lucro é o pagamento do risco.

AULA 5 DR. PEDRO PIMENTA 28/04/2021

Microeconomia- detém-se sobre as unidades elementares da atividade económica, ou seja, vai estudar os
consumidores, as empresas, a uma perspetiva microscópica. Vai fracionar cada agente económico,
estudando-o detalhadamente.

Macroeconomia- atividade económica vista como um todo, todo o agregado económico, estudando
problemas gerais.

John Keynes- pai da macroeconomia. Os fisiocratas foram os primeiros a apresentar uma reflexão sobre a
economia, nascendo a ideia de circuito económico (temos uma visão conjunta sobre a atividade económica).

O desenvolvimento do pensamento económico após os fisiocratas voltou à microeconomia, centrado nos


agentes económicos individuais. Foi com base no pensamento da microeconomia que surgiu a formação de
leis homeostáticas- lei da oferta, da procura, lei da oferta e da procura. Esta ideia é que se dizia que o
mercado tenderia naturalmente para o equilíbrio, havia uma tendência autocorretiva do sistema, não sendo
necessário uma intervenção do estado, o estado era uma atividade à parte, o mercado resolvia tudo.

Este equilíbrio só seria perturbado por intervenção do estado ou por agentes económicos poderosos que
poderiam contrariar estas leis. A ideia de uma visão macroeconómica era imprestável. Foi preciso chegar à
Grande Depressão de 1929 para que os economistas prepusessem um novo quadro de análise económico.

E a ideia para compreender a atividade económico como visão conjunta foi dos contributos essenciais dos
fisiocratas. Exemplos antes do século XX em que o pensamento económico se centrou na macroeconomia:

-Teoria quantitativa da moeda (remissão);

-Lei de Say,

-Reequilíbrio automático da balança de pagamentos,

-Teorias do ciclo de negócios,

-Pensamento do Mercantilismo (?)

LEI DE SAY: Jean- Baptiste Say. Esta lei tinha 3 pressupostos:

1. Não existe entesouramento


2. Não há stocks/produtos no armazém;
3. Os preços são perfeitamente flexíveis.

O vendedor vai praticar o preço mais alto possível desde que seja compatível com o escoamento da
mercadoria. Ou seja, o vendedor vai praticar um preço que lhe garanta que a sua mercadoria vai sempre ser
escoada.
A lei de Say tem o seguinte mote: A oferta cria a sua própria procura, ou seja, aquilo que as empresas
poderem produzir, os consumidores poderão comprar.

Ex- uma empresa vende 100 unidades, então os consumidores compram 100 unidades. Tudo o que os
empresários colocarem à venda vai ser comorado, não havendo estocagem (vendedor não deixa nenhum
produto no armazém). O empresário para lançar determinado produto no mercado, vai ter que remunerar
os titulares dos fatores de produção. O empresário tem de pagar salários, estes salários vão ser gastos ou
para consumo ou para investimento (aforro). Segundo a lei de Say não existia entesouramento, portanto, ou
se gastava em consumo ou investimento. Se me subirem o salário irei consumir mais, irei procurar mais, se
a procura mais, a empresa tem mais lucro, se a empresa tem mais lucros, vão produzir mais e contratar mais
trabalhadores, subindo os salários, e portanto, os consumidores vão consumir ainda mais- este processo
produtivo gera poder de compra.

O pressuposto de Say é de que a moeda não tem qualquer utilidade se não for gasta, sendo um simples
intermediário nas trocas, o rendimento ou é investido ou é consumido, não é entesourado. Para Say, não
existe crises de subprodução geral- excesso de oferta face à procura. E se houvesse subprodução parcial
esta seria sempre transitória e setorial, seria apenas num setor.

Começaram a surgir problemas económicos, em 1929, deu-se a Grande Depressão.

Keyns ponderou a procura a partir de uma perspetiva macroeconómica considerando a procura dependente
do rendimento.

Procura é igual a consumo, sendo função do rendimento. À medida que os rendimentos aumentavam o
consumo também ia aumentar, mas em menor proporção. Keyns ao contrário dos autores da microeconomia
não comparou a procura com o preço, mas sim a procura tendo em conta o rendimento.

Propensão ao consumo e ao aforro- num pensamento simplificado, so posso gastar o meu rendimento em 2
coisas- ou consumo aquilo que ganho ou então vai tudo para aforro, investimento.

A propensão ao consumo pode ser média ou marginal, e esta propensão ao consumo que nos permite
conhecer a propensão ao consumo, seja ela media ou marginal.

Propensão media ao consumo- parcela do meu rendimento que é afeta ao consumo. Ex- tenho um
rendimento de 1000 euros, e gasto 900 em consumo então a propensão media ao consumo é 0.9 décimas,
90%. Propensão media de 2/3 ao consumo e um rendimento de 1500 euros, o que que eu gasto em consumo?
1000 euros.

Propensão marginal ao consumo- (marginal- está na margem, mais uma unidade) parcela do acréscimo de
rendimento que vai ser afeta a consumo. Ex- rendimento de 1000 euros, e vou passar a ganhar 1500 euros.
O aumento do meu rendimento foi de 500 euros, então a propensão marginal ao consumo vai dizer quanto
destes 500 euros vai ser afeto ao consumo.

Depois destas 2 definições, somos capazes de ver a propensão media ao aforro assim como a propensão
marginal ao consumo. Se 9% do meu rendimento serve para consumir então 1% é para o aforro.

Propensão média ao aforro de 1/10- rendimento 1000- 100 euros.

A dimensão da …. Vao ter efeitos quanto ao acrescimemo de procura liquida

Quanto maior for a propensão marginal menos dinheiro sera reeingetado na economia. Quanto menos fro
a propensão marginal ao aforro mais dinheiro será reigetado na economia.

Vamos pressupor que a propensão media ao consumo e da propensão marginal ao consumo são iguais.

Quais os efeitos do estado na economia?

Numa economia em equilíbrio, vamos imaginar que há uma injeção liquida de procura por parte do Estado.
O estado vai realizar despesas na ordem de 1000. No período 1, de injeção do dinheiro, existe um aumento
do rendimento aumentando em 1000, ou seja, +1000 euros. Período 1- mais 1000. Período 2- rendimento
empresas +1000.
Propensão marginal ao consumo é de 9/10.

Existe um mecanismo que constitui a peça chave no pensamento de Keynes- mecanismo do multiplicador-
Através do multiplicador conseguimos ver quanto de rendimento vai ser gerado na economia, tendo por
base uma injeção de procura inicial.Como saber qual é o multiplicador? Dá- se pelo inverso da propensão
marginal ao aforro multiplicador é igual a 1 a dividir pela propensão marginal ao aforro. Imaginemos que
é 1/10. Com uma prepensão marginal ao aforro de 1/10 temos o multiplicador 10.

Por exemplo 1/3- vai ser 3. PMA de 2/3= (3:2) =1.5

Aumento de procura de 2000 sendo q a PMC é de 4/5. Havendo um aumento de procura liquida de 2000,
no final das ondas de choque, qual será o aumento de rendimento? PMA- 1/5, o multiplicador é 5. O
multiplicador de 5 significa que 2000 x 5 è igual a 1000 mil euros.

AULA PRÁTICA 1 DR. MARTA COIMBRA 22/03/2021

Microeconomia: detém-se sobre unidades elementares da atividade económica (consumidores, detentores


de fatores de produção) numa perspetiva microscópia.

Macroeconomia: incide sobre a atividade económica vista como um todo, foca-se em todo o agregado
económico, funcionamento da economia, resultados económicos e problemas gerais da economia.

No 1º semestre, demos a concorrência perfeita e o monopólio, que são duas formas extremas de mercado.
Agora, falaremos de duas formas intermédias de mercado, a concorrência monopolista e o oligopólio.

Representação numa barra- sentido decrescente:

Concorrência perfeita concorrência monopolista; oligopólio monopólio

Concorrência monopolista:

É a forma de mercado que mais se aproxima do mercado ideal da concorrência perfeita. Na concorrência
monopolista não temos verdadeiramente um total livro acesso à indústria nem uma perfeita transparência
do mercado (características utópicas do mercado de concorrência perfeita). Existe apenas uma
aproximação. Do lado da oferta temos muitos e pequenos vendedores, embora não tantos nem tão pequenos
como em concorrência perfeita, o que faz com que cada uma das empresas tenha uma influência sensível
sobre o preço do mercado. Quanto aos produtos, também já não são homogéneos como em concorrência
perfeita, existe sim a diferenciação de produtos com base na diferenciação com lançamento de novos
modelos de um dado produto, com o objetivo de criar apegos de clientela, ou seja, fazer com que não seja
totalmente indiferente para um consumidor comprar o produto A ou B. Caso sejam homogéneos, e se o
preço subir, vamos perder procura uma vez que os consumidores vão comprar a outra empresa pois os
produtos são iguais, se os produtos não forem iguais, isso faz com que se subir o preço de um bem, as
pessoas não vão deixar necessariamente de consumir o nosso bem dado que há a possibilidade de estarem
apegadas, de haver preferência de um bem relativamente a outro. (Já no monopólio, os bens não se
substituem.) Esta preferência relativa significa que o consumidor gera preferência por um produto dado ele
ser diferente, e, portanto, está disposto a pagar mais, mas essa preferência é relativa e não absoluta (o
consumidor pode até pagar mais, mas não paga qualquer preço). Esta consciência por parte das empresas,
faz com que invistam na diferenciação para obterem mais procura, procuram fidelizar os consumidores. Ex:
um telefone no mercado, num 1º momento, há uma primeira empresa que vende o telefone, sendo
inicialmente monopolista, ela é inovadora e criando um produto novo fantástico. Contudo, posteriormente
outras empresas começam a fabricar também telemóveis. O que as empresas tendem a fazer, é distinguir o
seu produto, na concorrência monopolista as empresas procuram diferenciar os seus produtos, ou seja, que
os consumidores prefiram comprar aquele telefone e não outro.

A formação do preço é feita em 2 momentos:

1º momento- a empresa opera em condições de monopólio, curto prazo: quando se lança um produto novo,
este fica numa situação de monopólio pois mais nenhuma oferece esse produto, e, portanto, vai fixar o preço
que lhe proporcionar mais lucro (muito superior ao custo médio, daí a vantagem da inovação). Portanto,
vai operar em condições de monopólio, sendo que o custo marginal é igual a receita marginal, mas a receita
da venda dos primeiros produtos é muito superior ao custo, o preço de venda é superior ao custo médio de
cada unidade produzida.

2ºmomento concorrência monopolista a longo prazo- efetiva


formação do preço: novas empresas vão dedicar-se aquela
indústria e outras vão aumentar a sua atividade. Por via da
concorrência, vão se eliminar/anular os lucros anormais da
empresa inovadora. A produção deste tipo de bem deixa de ser
lucrativa quando todas as empresas tiverem aumentado a oferta
total do produto, ou seja, quando o preço igual o custo médio.
Nenhuma empresa vai querer vender abaixo do seu custo. O
preço vai descendo (até ao custo médio) porque há ação de 2
fatores: descida do preço, para atrair mais consumidores e subida
do custo médio.

A procura não reage absolutamente à variação do preço (curva


descendente, a procura não é infinitamente elástica devido aos
apegos de clientela). A RM (rmg) situa-se abaixo da curva da
procura, e o preço estabelecesse acima da interseção da receita
marginal com a curva do custo marginal, sendo que a interseção
(RM+CM) nos dá a quantidade do bem (Q). Assim, o preço é
superior à receita marginal e, portanto, a empresa vai produzir até
que a curva do custo marginal intersete com a curva da receita
marginal, ou seja, vale a pena produzir até que o custo da última
unidade seja inferior ou igual à receita obtida; não vale a pena produzir para além desse ponto. O preço de
mercado está acima do custo médio mínimo pois a empresa tem também de publicitar os custos de
publicidade e inovação. E o custo mínimo dá-se quando temos a interseção entre custo médio e custo
marginal.

Receita marginal- receita da venda de uma unidade a mais; Custo marginal- custo de produzir uma unidade
a mais.

AULA PRÁTICA 2 DR. MARTA COIMBRA 12/04

OLIGOPÓLIO

O oligopólio define-se como o tipo de mercado em que do lado da oferta temos um pequeno nº de ofertantes.
Se estivermos no limite com apenas 2 empresas estamos perante um oligopólio que de forma mais rigorosa
se chama duopólio. Isto tem a ver com a dificuldade de entrada de novas empresas no mercado, o mercado
não é convidativo, mas sim hostil.

Distinção entre oligopólio perfeito e imperfeito.

Em termos metodológicos, ou seja, gráficos, temos mais em consideração o oligopólio perfeito (resultados
absolutos e mais puros, temos exatamente o mesmo produto e os mesmos custos para produzir).

Oligopólio perfeito- todas as empresas produzem exatamente o mesmo produto, há, portanto, a
homogeneidade do produto. O que causa impacto ao nível do preço.

Oligopólio imperfeito- temos uma diferenciação do produto, o que tem implicação ao nível do preço, reação
dos consumidores e eventual subida ou descida dos preços. Cada empresa tem uma clientela mais ou menos
segura.

Se tivermos um oligopólio perfeito, uma redução do preço vai conduzir à mesma redução por parte das
empresas, visto ser o produto exatamente igual. Ex- vendo copos de vidro, e as outras empresas também,
se eu baixo o preço, as outras empresas vão no fazer também, para assegurar a venda do produto.
No caso de um oligopólio imperfeito, se uma empresa subir o preço, isso não significa que perca totalmente
a sua procura, porque há clientes que podem continuar a preferir pagar mais, dado estarem vinculados
aquele produto.

O oligopólio em termos de causas, o que justifica a sua existência, pode ter uma de duas explicações:

1. Em certos setores de atividade, para se produzir a custos baixos, é necessário que a produção seja
feita a custos baixos- há certos tipos de produções que não são rentáveis se forem em pequena
escala. Ou seja, precisam que a produção seja feita em grandes quantidades, isto é, que os custos
fixos que tem sejam repartidos por muitas unidades. Exemplo: se precisarmos de adquirir uma
máquina muito cara, não será rentável produzir em pequena escala porque depois não compensa a
compra da máquina. Isto leva a que existam poucas empresas no mercado (pequenas e grandes
empresas), razão económica ligada à questão da eficiência.
2. O oligopólio explica-se por existirem obstáculos de facto (se aquela atividade em concreto exige
um investimento muito elevado que a empresa não consegue obter ou, por exemplo, uma situação
de estabilidade ou diminuição da procura daquela indústria ou situações em que as próprias
empresas procuram arruinar qualquer potencial novo concorrente através de uma luta de preços,
ou então a questão do controlo de acesso aos fatores de produção).

Formação do preço- como se forma o preço no mercado de oligopólio?

Podemos distinguir 2 fases no comportamento das empresas, sendo que em ambas se faz sentir a questão
da interdependência das empresas (interdependência em relação aos preços e quantidades oferecidas,
sendo que a empresa tem consciência desta).

1. O preço ainda não esta fixado e como tal, cada empresa não pode contar apenas com a reação dos
consumidores, já que depende também da reação das outras empresas. A curva da procura vai
depender do preço e do comportamento de cada concorrente da empresa, de todos sem exceção.
Ou seja, as empresas oligopolistas são poucas, e por isso, cada uma delas tem uma influência
sensível no preço que se estabelece no mercado.
2. Numa 2 fase em que o preço já está fixado, se uma empresa baixar os preços, a provável reação
das outras é baixar os preços também, porque senão vão perder toda a sua procura (oligopólio
perfeito) ou por parte da procura (oligopólio imperfeito). Assim, a empresa A que baixou
inicialmente os preços não vai beneficiar da diminuição dos preços que fez porque as condições
de mercado mantêm-se indiferentes. No caso do produto não ser exatamente homogéneo
(oligopólio imperfeito) a empresa A ganha apenas um pequeno aumento da procura, uma vez que
os outros consumidores irão preferir pagar um pouco mais por estarem vinculados aos produtos.
Se uma empresa sobre os preços, fica sem clientela (oligopólio perfeito) ou reduz parcialmente a
clientela (oligopólio imperfeito).

Conclusão: a preços superiores aos estabelecidos no mercado, a procura que se dirige à empresa é muito
elástica, ( se praticar preços muito superiores, a procura é muito elástica, desvia-se para outras empresas,
se a empresa desce o preço, a procura será pouco elástica- não se desvia para a empresa que primeiro baixou
o preço)- constrangimentos a empresa monopolista no mercado e traduz-se no diagrama da curva da procura
quebrada ( a preços inferiores a procura aumenta muito rápido e a preços superiores a procura rapidamente
vai ser reduzida a nada).
As empresas só vão determinar a curva da procura depois de ficarem um preço para o seu produto, e esta é
uma nota que caracteriza o oligopólio. Temos oligopólio sempre que o número de empresa é tão pequeno
que a procura de preços é indeterminada.

Se defino o preço P1, este preço interseta a curva da procura e a quantidade procurada no mercado é Q1.
Se decidir aumentar o preço que pratico, e invés de P1, prático preço 2, o que me dá a Q2. Subi o preço
muito pouco, mas a redução da quantidade foi substancial, entre Q1 e Q2.

Isto faz com que o equilíbrio de mercado não se estabeleça através da luta de preços (se a empresa baixa o
preço, acaba por se prejudicar porque vai ganhar menos por cada unidade, e como as outras empresas
também baixam, nenhuma lucra com isso pois acabam por vender todas a um preço menor. Se decidir subir
o preço, também não será rentável pois a procura vai deslocar-se para outras empresas), pois todas perderão.
O que convém às empresas oligopolistas é comportarem-se da mesma forma (estratégia de cooperação), ou
seja, uma concentração entre empresas (acordo tácito entre empresas para aumentar os preços). Na prática,
uma empresa só sobe o preço se tiver a certeza de que as outras também vão subir, porque caso contrário,
arriscava-se a perder lucro.

Portanto, nos oligopólios, os preços tendem a ser estáveis. Isto é possível por existir um reduzido nº de
empresas no mercado, e por isso, mantém-se estreitas ligações entre si, o que facilita a coexistência destas
empresas.

A concorrência entre os oligopolistas não é tão dirigida aos preços, mas pode continuar a ser uma
concorrência muito viva, por exemplo, por vida de publicidade ou custos de venda,

TEORIA DOS JOGOS (relacionada com o mercado de oligopólio)

Estuda a forma como os agentes se comportam em determinadas situações estratégicas, e tem muito relevo
no caso do mercado de oligopólio.

Decisões estratégicas- aquelas em que cada agente toma durante o seu processo de decisão, tendo de
considerar como é que os outros agentes responderão à sua decisão.

Portanto, o resultado de definir o preço resulta do tipo de interação que se estabelece entre as empresas.
Pode ser uma estratégia, mais ou menos cooperativa. Se não houver cooperação entre as empresas, as
empresas não são incitadas a subir o preço, mas caso haja, todas sobem os preços pois tem a certeza de que
as outras também o farão.

Em 1º lugar, estratégia em jogos não cooperativos- os jogadores não cooperam entre si. Estratégia
dominante e dominada.
Em jogos não cooperativos, cada jogador escolhe a
estratégia ótima para si, mas sabe que não pode
melhorar o seu resultado através de uma mudança
unilateral de estratégia. Estratégia dominante- fazer
publicidade.

Análise: os nº mais à esquerda- empresa A, mais à


direita- empresa B. Se a empresa A fizer publicidade pode ganhar 10, no caso da empresa B também fazer
ou pode ganhar 15 no caso da empresa B não fazer. De todo o modo, a empresa A ganha sempre mais
fazendo publicidade do que não fazendo.

Não fazendo, ganho 6, por isso, perco caso não faça. Se a empresa B não fizer e a empresa A fizer, esta
ganha 15. Se não ambas não fizerem a empresa A ganha 10. Portanto, em qualquer das hipóteses ganho
sempre mais fazendo publicidade.

A empresa B se fizer ganha 5 ou 8, caso não faça ganha ou ganha 0 ou 2. Portanto, é sempre melhor para
qualquer uma das empresas fazer publicidade- estratégia dominante- enquanto empresa, autonomamente
decido fazer publicidade pois garante-me melhor resultado do que se não fizer publicidade,
independentemente o que faça a empresa concorrente. No entanto, o melhor dos resultados só o consigo
com determinado comportamento da empresa concorrente. O que garante melhor resultado à empresa A, é
que a empresa B não faça publicidade.

Estratégia dominante não cooperativa- independentemente do comportamento da empresa B, a melhor


opção para a empresa A é fazer publicidade (porque lhe garante um melhor resultado- no mínimo ganha 10
e o seu resultado ótimo é 15, se a empresa B fizer publicidade e a A também ganha 5 e se não fizer e a A
fizer 0, se a empresa A não fizer, ganha 8 e se fizer ganha 10). A sua melhor opção, empresa B, é também
fazer publicidade. Ou seja, para atingir o melhor resultado, as empresas dependem uma da outra. Pelo
contrário, uma estratégia dominada conduz a piores resultados, independente da decisão dos outros
jogadores:

A decisão de produzir só é favorável, se a outra empresa (concorrente) decidir não produzir. Não é possível
determinar um resultado favorável para mim, autonomamente.

Esta estratégia não é independente. Não sabendo como se vai


comportar a empresa concorrente, é melhor não a seguir.

Se decidir produzir e a concorrência produzir também tenho um


prejuízo elevadíssimo. Se produzirmos as duas estamos a fazer um
investimento que posteriormente não será rentável, saindo as duas
empresas a perder.

Portanto, uma empresa não apostara numa estratégia dominada. Se a empresa 1 não produzir ou ganha 0
ou 0. Se produzir, pode ter um prejuízo de 5 ou um lucro de 100.

DILEMA DO PRISIONEIRO

Ilustra a dificuldade em manter uma estratégia de cooperação mesmo quando esta seria benéfica para ambas
as partes, importância da cooperação, mostrando, portanto, a vantagem que existe em cooperar.

Neste panorama, temos dois cúmplices de um crime. Se


eles confessarem, o tribunal valoriza isso, no sentido em
que ajudou o tribunal a descobrir a verdade, e por isso são
beneficiados. Nesta situação, se nenhum deles souber qual
vai ser a atitude do outro, se confessa ou não, o que eles
vão arriscar é confessarem os dois. Se confessar pode
apanhar 3 anos de prisão e caso o outro não confessar, não
apanha pena de prisão. Se ele não confessar, apanha ou 10
anos ou 1 ano, consoante o outro confesse ou não. Portanto,
entre 3 anos ou nenhum, ou 10 anos e 1, não sabendo aquilo que o ouro prisioneiro irá fazer, ele irá
confessar, pois sem saber o que o outro irá fazer é a situação mais favorável. Contudo, a situação que seria
mais favorável a ambos, repartindo os custos, seria a de ambos não confessarem. Se tivessem a garantia do
que o outro iria fazer, a hipótese de não confessar seria a mais vantajosa dado que cada um ficaria apenas
com 1 ano de prisão. Claro que a situação ótima seria ficar com 0 anos de prisão, mas para isso, estou
dependente daquilo que faca o outro, e, portanto, a hipótese mais segura em termos de cooperação seria a
de não confessar, acreditando que o outro também não confessaria, tendo de haver uma relação de
confiança. Este dilema do prisioneiro ilustra, portanto, as vantagens da cooperação, mas também a
dificuldade de cooperação se não tivermos a certeza do que fará o outro lado.

Exemplos que ilustram a vantagem de cooperação do caso do mercado de oligopólio:

Este quadro, é exatamente igual à situação do


dilema do prisioneiro. Ou seja, na dúvida, a
empresa não sabendo se a outra empresa vai
publicitar ou não, vale mais fazer
publicidade. Camel se fizer publicidade,
tenho um lucro de 3 bilião caso a outra
empresa faça também, e no caso da Marlboro
não fazer tenho um lucro de 5 biliões. Caso
não faca publicidade tenho um lucro de 2 ou
de 4. Entre um lucro de 3 ou de 5, consoante
o meu concorrente faça ou não publicidade
ou um lucro de 2 ou de 4, caso eu não faca publicidade e consoante o que o meu concorrente faça, a partida
seguimos a estratégia dominante de fazer publicidade porque me garante melhor resultado. No entanto, o
melhor resultado para ambas seria de não fazerem publicidade se ambas concordarem isso, conseguem um
lucro de 4 biliões em relação a um lucro de 3 biliões se fizerem publicidade, logo é vantajoso haver
cooperação.

Para ilustrar a vantagem das empresas


oligopolistas cooperarem em relação aos
preços. Nesta situação, se a empresa manter
um preço baixo, cada uma delas consegue um
lucro de 5. Se a empresa A decide subir o
preço, e a empresa B mantém o preço para
conseguir captar os lucros da empresa A, o
lucro da empresa A, passando o lucro de 5 para 0. A procura desvia-se para a empresa B, e a A não ganha
nada, não tendo qualquer interesse em subir o preço se não souber que a empresa B também vai subir o
preço, valendo mais manter o preço que garante um lucro de 5 do que arriscar subir o preço. Se mantiver o
preço baixo, empresa A pode ter um lucro de 5, se a empresa B mantiver o preço baixo ou um lucro de 10
se a empresa B decidir ela aumentar o preço. O mais rentável é que ambas as empresas subam o preço, e
por isso, é que há um incentivo à concentração de empresas. Os valores são relativos ao lucro que se
consegue mantendo um preço baixo ou um preço alto. Se praticar um preço alto, mas a empresa B também
praticar um preço alto passamos as duas a ganhar 7, aumentando as duas o seu lucro, havendo incentivo a
haver uma prática concentrada, aumentando o preço as duas.

Possibilidade, de a empresa
A fazer um acordo com a
concorrente empresa B, mas
depois querer violar esse
acordo para aumentar os
lucros. Inicialmente, ambas
ganham 10 mil de lucro. Se
eu quero captar mais clientes e por isso violo um acordo e baixo o preço, passo a ter um lucro, empresa A
de 12 mil e a concorrente de 0, já não vende mais dado que todos os clientes que antes lhe compravam
passam a comprar a mim devido a vender um preço mais baixo. Vendo o dobro, mas visto que vendo a um
preço mais baixo, o meu lucro passa para 12 mil. No entanto, se ambas violarem os acordos e baixarem as
duas o preço, a procura que existe no mercado, a procura divide-se pelas duas e faz com que cada uma
ganhe 6 mil. O que demonstra que se torna mais vantajoso manterem o acordo e acordarem o preço que
lhes garante o lucro de 10 mil.

Todos os exemplos demonstram a vantagem de cooperação de todas as empresas oligopolistas. Contudo,


isto não é o desejável que aconteça em termos de eficiência económica. Para o lado os consumidores, isto
não é vantajoso dado que as empresas acabam por concertar e por vender a um preço mais alto do que
aquilo que podiam vender se o mercado tivesse mais concorrência. E é por isso, que temos políticas de
defesa da concorrência que visam evitar certos tipos de comportamentos.

AULA PRÁTICA 3 DR. MARTA COIMBRA 19/04/2021

Política de proteção da concorrência

Enquadramento: como é que surge o quadro em termos de história económica, propício ao desenvolvimento
de políticas de concorrência.

As políticas de concorrência consistem numa interface entre o funcionamento do mercado e intervenção do


estado. O mercado funciona naturalmente e o estado coloca alguns limites ao seu funcionamento com as
políticas de proteção da concorrência.

Nós temos, num primeiro momento, o liberalismo económico- defesa de uma intervenção mínima do estado
na economia, assegurando, contudo, segurança e justiça.

Na europa do século XX temos a construção progressiva de um estado social, completamente oposta a


noção de estado liberal. De acordo com a logica do estado social, o estado deveria ser um interventor na
economia, substituído o mercado em muitas das suas tarefas. É aqui que se sente a concretização das ideias
keynesianos (período do auge da reconstrução da 2GM).

-Realização da despesa pública como motor de desenvolvimento económico: vai colmatar falhas de
mercado e corresponder às necessidades dos cidadãos;

-Redistribuição dos rendimentos.

Teoria de Richard Musgrave- funções que o estado deve assegurar:

1. Afetação de recursos: provisão de bens a população


2. Estabilização da economia: cria mecanismos que facilitem a auto estabilização da economia.
3. Distribuição rendimentos, de forma equitativa.

Depois deste apogeu do estado social, começam a nascer algumas dúvidas relativamente a esta conceção
do estado. A partir da década de 80 do século XX temos vários fenómenos:

- Crises económicas (essencialmente a crise petrolífera dos anos 70), que propiciam novas teorias
económicas, essencialmente o pensamento económico dos monetaristas (teoria económica que dá aso ao
neoliberalismo-não chega ao que foi o liberalismo, mas é o renascer das ideias liberais: afastamento do
estado do mercado- Tatcher e Ronald Regan- o estado é ineficiente, e por isso, deve afastar-se da economia,
e dar lugar ao mercado.

Nesta lógica, de que o mercado fornece bens mais eficientes aos cidadãos, essas funções são entregues e o
estado passa a caber de um modo mais equilibrado, cabendo-lhe uma função regulatório: o mercado
funciona livremente e o estado está lá para controlar esse funcionamento do mercado.

Temos um crescente papel das entidades administrativas de promover funções de regulação económica. E
neste quadro do estado regulador que temos o desenvolvimento das políticas de defesa da concorrência:

-DIPLOMA LEGAIS FUNDAMENTAIS: lei-quadro das entidades reguladores, regime jurídico da


concorrência, tratado de funcionamento da UE.

Uma das formas do estado controlar é garantir que há concorrência no mercado poque a concorrencial é
saudável e garante o funcionamento do mercado.
Em termos históricos, a política de defesa da concorrência foi-se desenvolvendo ao longo do século XX
mas tem um ganho expressão nas décadas mais recentes por ligação ao advento do estado regulador.

Finalidade da PDC- concorrência como valor absoluto e concorrência como um meio

1. Concorrência como valor absoluto- a concorrência deve ser defendida só por si, está acima de
tudo;
2. Concorrência como um meio-as políticas de concorrência devem ser colocadas em prática para
defender outros valores. Só interessa defender a PDC se servir como um meio de defesa do
interesse dos consumidores. A concorrência como um meio dedicado a defesa de outros valores:
só aplicar certa medida quando eu vir que algum valor maior, satisfação dos consumidores, está a
ser prejudicado por causa daquela medida.

Esta perspetiva da concorrência como um meio é a conceção que tem vingado entre nós, europeus. Esta
perspetiva europeia também ajuda o funcionamento da economia porque se proibíssemos um
comportamento só pela sua potencialidade abstrata estaríamos a limitar a ação das empresas, o que as iria
prejudicar. Quando se lesam demasiado os interesses das empresas, isto tem consequências económicas
pois perdem competitividade.

Nomeadamente no plano internacional, se a união limitasse a atuação das suas empresas estariam em
desvantagem comparativamente em escola internacional com empresas de outros países que não tivessem
estas limitações.

Exemplo- no tratado de funcionamento da UE não temos um regulamento sobre concentração de empresas,


apenas regulamentos que controlam esta questão com bastante flexibilidade.

Isto é assim porque se a política europeia proibisse as concentrações de empresas, perderia competitividade
internacional.

Falando assim do enquadramento geral da PDC- com base no princípio de livre circulação do mercado, isso
faz com que tenhamos um mercado interno (mercado europeu). Para PT interessam as regras nacionais,
mas também as europeias.

Exemplo de infrações à concorrência (de uma forma mais jurídica): atuações proibidas por parte das
empresas que podem pôr em causa o bom funcionamento do mercado, no caso de pôr em causa uma
concorrência saudável.

Coligação de empresas: tem a base legal no artigo 9 do RJC e artigo 101º da TFUE.

a. Para que a coligação de empresas seja proibida (uma vez que afeta a concorrência) hão de
verificar-se os seguintes elementos: 2 ou mais empresas; tem de estar coligadas, ela tem de
restringir a concorrência (aplicação prática da questão da concorrência como um meio- a coligação
de empresas só é proibida quando restringe a concorrência. Mas como se afere isto? Há um
constrangimento da atuação das empresas no mercado suscetível de provocar um impacto negativo
nos parâmetros materiais da concorrência- preço, quantidade produzida ou inovação. Por esse
motivo, surge um 4º elemento- afetação do mercado.

Independentemente do tipo de coligação, há sempre uma eliminação de parte da liberdade da empresa em


favor da coligação: se entendermos a concorrência como meio e não como fim a si mesmo, por vezes estas
práticas de coligação podem ser justificadas (exceções a esta proibição das coligações) - se estas coligações
se traduzirem em ganhos de eficiência, que beneficiem os utilizadores, indefensáveis, que não eliminem a
concorrência, possível aceitar coligações de empresas. Exemplo- se as empresas sobem o preço sem causa
aparente, temos uma prática que não é justificável sob o ponto de vista de racionalidade económica, pois
se o fizerem os consumidores passam a comprar a outra empresa. Temos uma prática concentrada que afeta
o mercado, subida de preço.

Tipos de coligações:

1. Acordos entre empresas- para isto basta uma manifestação e consenso de vontades, não é
necessário um contrato.
2. Práticas concentradas- são uma forma de conluio menos evidente que o acordo. O que nos permite
aferir que estamos perante uma prática concentrada? Quando verificamos um comportamento
insuscetível de justificação económica plausível = comportamento que não se entende, é
injustificável, em termos de atuação económica. Isto permite-nos inferir que as empresas
substituíram os riscos naturais da concorrência por uma coligação de empresas, por exemplo, se
ambas as empresas escolhem não fazer publicidade, temos uma prática concentrada pois isto não
seria o eu traria melhor resultados individuais.
3. Decisões de associações de empresas

Abuso de posição dominante- previsto no artigo 11 do RJC e no artigo 102 do TFUE. A posição dominante
da empresa significa que a empresa tem um grande poder de mercado fazer as outras- por si só não é ilegal-
contudo, se tem posição dominante, tem uma especial responsabilidade: não pode permitir que a sua
conduta obste a uma concorrência efetiva e não falseada no mercado, ou seja, há uma exigência maior sobre
uma empresa que já tem posição dominante, a empresa já é suspeita/dúbia, e, portanto, tem de garantir que
não prejudica a concorrência.

Como é que se afere esta questão? Pela quota de mercado. Ex- A tem uma quota de mercado de 40%, vende
40% dos consumidores.

Abuso de dependência económica: previsto no artigo 12 RJC. O abuso de dependência económica dá-se
entre empresas e não entre uma vítima especifica como os consumidores.

Exemplo: podemos ter uma empresa que exerça dependência económica sobre outra. Há 4 empresas que
produzem um copo de vidro com características especiais que tem de ser produzido com areia vulcânica
que só se pode ir buscar aos Açores. Só a empresa A tem uma relação com o extrator de areia, e portanto,
só ela se consegue abastecer. Depois a A vende às outras empresas a areia (as empresas B, C e D, estão
dependentes da empresa A- o que é legitimo). Não seria legitimo se a empresa A abusasse da dependência
das outras empresas em relação a si, ou seja, se lhes cobrasse por exemplo, um prelo muitíssimo mais
elevado, chantagem.

Auxílios de estado: artigo 107º,108º e 109º do RJC- tem a ver com o auxílio do estado subvencionar de
forma direta ou indireta as empresas que o estado financia certas empresas.

Quando deixamos de cobrar também estamos a oferecer. Exemplo: se estamos a dever 20 euros e não os
pagamos de volta, o que estamos a fazer é dever/oferecer 10 euros.

-Utilização de fundos públicos no mercado privado.

➢ Remuneração dos fatores de produção

A procura dirigida aos fatores de


produção é uma procura com 2
características:

1. Procura
derivada/dependente: não é
autónoma, ou seja, está
dependente de outra procura.
Isto significa que a procura dos fatores de produção é a função da procura dos bens finais (se se
mantiver inalterado a procura dos bens finais, não se vais procurar os fatores de produção). Ex-
uma empresa não vai contratar mais se não tiver um aumento de produção.
2. Procura interdependente: a procura de cada um dos fatores de produção não aumenta nem diminui
de forma autónoma, até pelo contrário- o aumento da procura de um dado fatore de produção leva
o aumento da procura de outro fator de produção. Exemplo- se aumenta a procura do fator trabalho,
aumenta a procura do fator capital (porque +e necessário pagar a mais trabalhadores).

O valor marginal tem de ser superior ao custo marginal (se o que se recebe for superior aquilo que se gasta)
- juízo que o empresário faz para saber se deve ou não comprar mais fator de produção.
Exemplo 1- fator trabalho. O empresário só vai contratar mais 1 trabalhador se o valor de venda de mais
uma unidade do produto for superior aquilo que custa pagar ao trabalhador.

Exemplo 2- para produzir mais 1 par de sapatos é preciso mais 1 hora de trabalho. Só será mais atrativo
pagar mais 1 hora de trabalho se esse valor for inferior ao valor de venda do par de sapatos.

AULA PRÁTICA 4 DR. MARTA COIMBRA 26/04

Na aula passada falamos da remuneração de fatores de produção, mercado dos fatores de produção,
abordando algumas questões gerais/transversais aos vários fatores de produção. A tabela (da última aula)
onde representa os fatores de produção e respetiva remuneração, pinta o quadro geral da aula de hoje.

A renda é a remuneração do fator de produção terra, ou se quisermos ser mais rigorosos, do fator de
produção- recursos naturais, porque de uma forma mais abrangente temos outros fatores de produção para
além da terra em sentido estrito. Por exemplo, a água de um rio que faz mover um moinho e que
posteriormente move a farinha. Em sentido mais lato e rigoroso, o fator de produção que a renda remunera
é o fator de produção de recursos naturais, referindo-nos normalmente ao fator terra.

No que diz respeito à procura de terra, tal como a procura dos demais fatores de produção, uma procura
derivada ou dependente dos bens finais. Portanto, a procura de terra, está na dependência na variação da
procura do bem final. Se a procura do bem final aumenta, a procura de terra também aumenta, se a procura
do bem final sofrer uma estagnação à partida a procura de terra também estagna ou diminuir se a procura
do bem final também diminuir. A procura dos fatores de produção é dependente da procura dos bens finais.

Em relação à oferta, a oferta não é variável. Temos uma especificidade do fator terra, que a oferta não é
variável, mas sim fixa. Temos uma quantidade pré-determinada recursos naturais (terra) que não irá reagir
à procura. Se aumenta a procura de terra, não é por isso que a oferta vai aumentar, ou seja, esse aumento
de procura não ira fazer pressão sobre o aumento da oferta porque não existe a possibilidade de fazer
aumentar a oferta. O que experienciamos é um fenómeno de esgotamento de recursos naturais- a tendência
global é que o fator dos recursos naturais se vá esgotando com os consumos intensivos que vai sofrendo.

O aumento da procura de terra não pode ter como efeito o aumento da oferta, mas apenas o aumento do
preço da terra, quando aumenta procura de terra nada acontece à oferta, dado esta ser fixa e não variável,
mas aumenta o preço deste fator, aumenta a renda, o preço da terra.

Temos um diagrama que representa a oferta fixa de terra na curva


S, a oferta de terra é fixa, temos uma quantidade do fator que não
varia. A primeira curva da procura é a curva D e a segunda é curva
D´´- diagrama do manual.

1º situação de uma procura de terra mais reduzida - com uma


mesma oferta- este nível de procura representado pela curva D tem
como consequência um determinado preço representado no eixo
da renda, eixo da esquerda, que marca um determinado preço esse
primeiro tracejado, que vai desde o ponto em que a curva da
procura interseta a curva da oferta, depois esse ponto respetivo no
eixo da renda representa um determinado preço. Quando a procura aumenta, D´´, o que acontece é que o
valor da renda também vai aumentar. A curva D´´ interseta a curva da oferta (S) num determinado ponto,
o correspondente desse ponto no eixo da renda, preço de renda superior ao que existia quando a procura era
inferior (representada pela curva D).

Como está visível no diagrama a oferta (S) mantem-se inalterável- curva S. O que temos é uma variação da
procura no sentido de a procura aumenta de D para D´´ e o preço da terra também aumenta. Logo, a renda
também sofre um aumento diretamente ligado ao aumento da procura.

Aquilo que reage ao aumento ou diminuição da procura é apenas o preço, sendo a oferta fixa.

JURO- Remuneração de fator capital


Falamos aqui essencialmente do capital financeiro, portanto dinheiro.
No senso comum e de uma forma mais ou menos rigorosa na prática, que o juro é o preço do dinheiro, ou
seja, o juro é aquilo que eu tenho de pagar pelo capital.

Exemplo: quando alguém vai ao banco pedir um empréstimo para comprar uma casa, vai comprar um bem,
neste caso, dinheiro. Ou seja, peço um empréstimo bancário de 300 mil euros, durante vários anos até
conseguir pagar o empréstimo bancário, tenho em primeiro lugar de devolver os 300 mil euros (valor que
peguei emprestado- capital emprestado) e depois tenho também de pagar um preço por esse capital que pedi
emprestado. A disponibilidade desse capital tem um preço, o juro. Portanto, o juro é a remuneração do
capital.

As variações do juro em face da oferta e da procura, ou as variações da procura em face das variações do
juro são as que se verificam nos termos gerais. O juro, ou seja, o preço do dinheiro, aumenta quando a
procura aumenta e aumenta quando a oferta diminui. Se há mais gente a correr ao mercado financeiro
porque precisa de capital para investir, ou seja, se há mais procura de capital, o preço vai aumentar (juro).
Por outro lado, se a oferta de capital no mercado financeiro diminuir, se houver menos disponibilidade de
capital no mercado financeiro, esse capital vai ser mais disputado por quem precisa dele, logo o juro vai
aumentar. Portanto, se a oferta diminuir o preço que se cobra vai aumentar. Por outro lado, o juro diminui
quando a procura diminui, se houver menos interessados no capital financeiro, o preço do capital desce, ou
seja, o juro diminui. O juro também diminui se a oferta aumenta, se houver mais capital disponível no
mercado financeiro, maior oferta, o preço, juro, vai diminuir. -Variação do juro consoante a oferta e a
procura.

O que acontece à oferta e à procura quando o juro varia?

Neste caso, a variação da oferta em variação ao juro. A oferta acompanha o juro, porque ela aumenta quando
o juro aumenta e diminui quando o juro diminui, a oferta varia no mesmo sentido da variação do juro. Em
sentido contrário, a procura reage no sentido inverso à variação do juro. Portanto, quando o juro diminui a
procura aumenta, ou seja, se o preço cobrado pelo dinheiro for mais baixo então haverá mais interessados.
Ex- se eu tivesse algum interesse em realizar um investimento, lançar uma empresa de um produto qualquer,
só que esse meu interesse varia consoante as condições de mercado. Vou estar mais propenso a realizar
esse investimento logo a solicitar capital no mercado, se o juro diminuir. Com o juro mais baixo a procura
de capital vai aumentar porque o preço a pagar pelo capital é inferior. Se o preço é inferior, o investidor vai
se sentir mais tentado a ir ao mercado financeiro pedir esse capital dado ter de pagar menos por ele.

A procura diminui quando o preço aumenta. Se agora o preço do dinheiro está mais elevado, eu enquanto
investidor vou estar a ficar mais resistente a ir ao mercado e a investir.

Em conclusão, um juro em queda fomenta o investimento. E o juro em alta retrai o investimento.

Quanto à oferta de capital no mercado financeiro, o que que determina a oferta de capital no mercado?

Em primeiro lugar, a oferta de capital está dependente da quantidade de moeda emitida pelos bancos
centrais. Quando se fala de moeda, fala-se no sentido económico, portanto, sentido amplo, quantidade de
dinheiro. O banco central é que define a quantidade de moeda em circulação. Sendo desde logo, o 1º fator
que determina a quantidade de oferta de capital que temos no mercado. Nota: PT esse banco central é o
banco central europeu. No momento em que Portugal aderiu ao euro perdeu a sua autonomia a este nível.
Antes era o Banco de Portugal.

Em segundo lugar, outro fator que determina a oferta de capital no mercado, está relacionado com as opções
dos cidadãos em relação ao uso do seu rendimento disponível. Ou seja, as pessoas têm um determinado
rendimento disponível, e por norma tem 2 opções quanto a esse rendimento- ou o destinam a consumo ou
o destinam a poupança/aforro. Portanto, se os cidadãos escolherem poupar mais e consumir menos, então
vai haver um aumento de poupança e esse aumento de poupança repercute-se num aumento da oferta de
capital no mercado financeiro. Ex- ter em atenção que os fenómenos individuais se multiplicam por uma
serie de agentes económicos e que depois dão um resultado macroeconómico de agregado. Senhor A tem
salário de 1500 euros, ele pode destinar 1500 euros a consumo, consumir tudo aquilo que ganha ou pode
poupar alguma parte do que ganha. Tem despesas às quais tem de fazer face, e, portanto, poupa uma parte
daquilo que ganha. Pode poupar mais ou menos. Opção 1- gasta tudo aquilo que ganha, 1500 euros. Opção
2- gasta apenas 750 euros, e outros 750 euros poupa, e ao poupar coloca num deposito bancário. Quando
coloca num deposito bancário está indiretamente a colocá-lo ao serviço do investimento, porque depois o
banco vai pegar nos valores mensais e vai emprestar a um empresário que chegue ao banco e que solicite
um empréstimo bancário para fazer um investimento para criar uma nova empresa. Este fenómeno
multiplicado por uma serie de agentes económicos, realmente faz variar a oferta de capital no mercado
financeiro. Quanto mais poupança numa determinada economia, maior será a quantidade de capital
disponível para o investimento. Depois as taxas de poupança vão variando mas geralmente tem esta
consequência, quanto mais poupança mais capital disponível para investimento, ou seja, mais oferta do
fator capital.

Quanto à procura de capital: numa forma simples, a procura de capital é determinada pelas necessidades
de investimento. É também determinada pelo valor do juro (preço do capital) mas é sobretudo determinada
pela necessidade de investimento. Se houver mais necessidade de investimento na economia, se a economia
estiver num período de crescimento e houver mais investidores/empresários a querem alargar o seu negócio
então a procura de capital vai aumentar. Se expandem ou se criam novos negócios, tem associado
naturalmente um acréscimo na procura de capital. Uma maior necessidade de investimento tem como
reflexo direito um aumento da procura do fator capital, que depois tem também num 2 momento um efeito
de fazer aumentar o preço desse capital.

Distinção importante entre operações ativas e operações passivas, na ótica do negócio bancário:

O banco recebe depósitos bancários, portanto, quando vou ao banco e deposito um valor, na ótica do banco
isso é uma operação passiva. E o banco também concede crédito/empréstimos, portanto, uma operação
ativa.

Sub ponto da matéria do juro- remuneração do fator capital- taxa interna de rentabilidade: relacionada com
a questão do juro.

Para aumentar a produção do bem final, o empresário necessita de capital/dinheiro e fundos para investir.
Quando aumenta a procura do bem final, o empresário responde a isso com um aumento da produção, e
para aumentar a produção, precisa de capital financeiro.

A utilização de cada fator de produção só é atrativa na medida em que o seu valor marginal seja superior
ao custo marginal, então o juro a pagar neste caso (aplicando este raciocínio do juro), o juro a pagar pelo
capital deverá ser inferior ao valor obtido coma utilização desse capital. ou seja, com a venda do bem final.
O preço que o empresário paga pelo fator terá de ser inferior ao valor que ele obtém ao valor da venda do
bem final. Ex- fator trabalho, numa hora adicional de trabalho devia ter um custo inferior à unidade
adicional de um bem que essa hora a mais de trabalho permitia vender. O empresário devia pagar menos
pela hora extra do que recebe pela unidade a mais que o trabalhador produz com essa hora extra- só assim
se garante uma rentabilidade, só assim é que o empresário opta por pagar a hora extra. O empresário
investidor só está disposto a pagar um determinado preço pelo capital se esse preço for inferior ao resultado
que ele obtém quando aplica esse capital, ao valor da venda do bem final. Ideia transversal aos vários
fatores.

No caso específico do juro, esta ideia vem consagrada na fórmula da taxa interna da rentabilidade ou
eficiência marginal do capital. É averiguada em face de cada projeto de investimento, para um determinado
projeto de investimento, é calculada uma taxa interna de rentabilidade, ou seja, esta taxa transmite-nos/
representa o ganho espectável desse investimento, ou seja, aquilo que o empresário investidor espera
alcançar quando realiza esse investimento. Uma empresa quando tem um novo projeto de investimento,
alguém na empresa vai calcular esta taxa interna de rentabilidade, ou seja, que retorno é esperado com esse
investimento.

TIR=calcula-se pela relação entre o investimento e a receita líquida. Ou seja, é igual ao investimento a
dividir pela receita líquida. TIR= investimento / receita líquida. TIR = 50000 / (20000 - 15000). TIR =
50000 / 5000. TIR = 10%
Exemplo: Faço um investimento de 50.000€, através do qual realizo uma produção anual no valor de
20.000€. Desses 20.000€, tenho um gasto em bens intermediários de produção (matérias-primas) de
15.000€, o que significa que a minha receita líquida é de 5.000€.
A TIR é uma rentabilidade ao ano.
Neste caso, a TIR é de 10%. Este investimento à partida é um investimento rentável, valor positivo. Mas a
TIR tem de ser ponderada face à taxa de juro do mercado. Ou seja, o investimento só será rentável se a
taxa de juro do mercado for inferior a 10%, neste caso concreto. O investimento só é rentável se a TIR for
superior à taxa de juro de mercado. A operação que temos de fazer é de subtração. Depois de apurada a
taxa de rentabilidade, temos de lhe subtrair a taxa de juro do mercado e só assim vamos perceber se este
investimento é rentável ou não. Se obtivermos um valor positivo, o investimento é rentável. Se
obtivermos um valor negativo, o investimento não é rentável. Ex- a taxa de juro de mercado é de 3%,
temos uma TIR de 10%, uma taxa de juro de 3% significa que esta conta de subtração nos da uma
rentabilidade de 7%, ou seja, o investimento continua a ser rentável. Mas caso, a TIR de 2% e a taxa de
juro do mercado é de 3%, este investimento já não é compensador. Portanto, o investimento só será
compensador na medida em que a TIR do capital seja superior à taxa de juro. Basicamente, se o meu
retorno espectável, se aquilo que eu espero receber com a realização deste capital, for superior ao preço
que tenho de pagar por esse capital, neste caso, à taxa de juro. A TIR representa os ganhos espectáveis. A
taxa de juro representa os meus custos. A relação entre ambas permite-nos saber se o investimento é
rentável ou não.
Hipótese do investidor de dispor de capitais próprios- não precisa ir ao mercado financeiro pedir um
empréstimo, então neste caso, não falamos de uma taxa de juro que ele pague, há na verdade um juro
imputável. Ex- o senhor B é um capitalista e um investidor também que tem 300 mil euros para investir.
Ele quer fazer um investimento e precisa de 300 mil euros, que tem disponível e, portanto, não vai ao
mercado financeiro. À partida, não paga uma taxa de juro. Mesmo tendo capital próprio, o investidor tem
um custo com esse capital, esse custo é, no entanto, um custo indireto- está relacionado com o custo de
oportunidade.
Se o senhor B tiver esse 300 mil euros no banco tem com eles uma remuneração anual, anualmente recebe
um juro pelo capital que tem. Quando decide investir 300 mil euros no seu investimento, está a perder a
remuneração que o banco daria pelo deposito bancário. Caso decida investir em ações, 300 mil euros
investidos em ações davam-lhe uma remuneração ao ano de 3 mil euros. Ao investir 300 mil euros na sua
empresa, o senhor B deixa de receber 3 mil euros por ano, que era aquilo que recebia se colocasse o seu
capital disponível no mercado financeiro. Portanto, esses 3 mil euros sã um custo de oportunidade, aquilo
que o senhor B deixa de receber por utilizar capital próprio no seu investimento, logo são o tal juro
imputável- não é um juro real, porque não tem que pagar, não sendo um fenómeno ativo.

Custo de oportunidade- perda que nos temos quando tomamos determinada opção. Ex- se eu pago 5mil
euros de juro ao banco pelo capital que pedi emprestado, tenho um custo de juro real, direito. Se eu investo
o meu próprio capital, e com isso deixo de receber 3 mil euros, que receberia se emprestasse esse capital e
não investisse, e portanto, esses 3 mil euros são os costos imputado, indireto, custo de oportunidade – algo
que eu deixo de receber mas que em termos económicos funciona da mesma forma.

A ciência económica é a ciência que liga com o problema da escassez. E por isso, o custo de oportunidade,
sendo um conceito económico, também pode ser aplicado para a nossa vida pessoa. Cada um de nos quando
toma determinada opção, essa determinada opção tem um custo de oportunidade. Ex- optei por assistir a
aula p3, isso tem um custo de oportunidade, não estar neste momento a apanhar sol lá fora. O facto de
estarmos a fazer uma coisa implica que não estejamos a fazer outra.

O raciocino que acabamos por fazer, é de que quando nos tomamos determinada opção, é que essa opção
tem para nos um ganho superior às nossas perdas. Em qualquer decisão existe este dilema de custo de
oportunidade.

Portanto, o senhor B só opta por investir na sua empresa porque acha que vai obter um ganho superior à
sua perda.

Salário- remuneração do fator de produção trabalho. O trabalho é qualquer tarefa que seja desempenhada
em prol do processo produtivo, que terá depois uma remuneração, o salário.

A regra geral, é de que se o salário aumenta, a oferta de trabalha aumenta. Se o salário diminui, a oferta de
trabalho diminui. Se uma empresa colocar salários mais altos, vai ter mais pessoas disponíveis para optar
por aquele posto mais alto, portanto, salário mais alto será mais apelativo.

A oferta de trabalho reage diretamente ao aumento do salário. Contudo, temos duas situações atípicas que
estão representadas na curva da oferta de trabalho.
Gráfico-manual.

Entre o s2 e o s3 nos temos um movimento de subida, para o s2 tínhamos a oferta de trabalho 2. Depois,
houve uma subida no salário, s3, há um aumento de oferta de salário e, portanto, todos os níveis de salário
entre o s2 e o s3, portanto, as diferentes remunerações entre o 2 e o 3 representam situações em que vai
aumentado a oferta de trabalho. No eixo da oferta de trabalho, o2 tem um ponto e a o3 outro. A tendência
geral é aumentou o salário aumentou a oferta de trabalho e a curva típica. No entanto, temos 2 situações
atípicas em cada um dos extremos da curva. Em 1 lugar, temos a situação s1 em que há uma diminuição do
salário, de s2 para s1, no entanto, se formos procurar o ponto na curva da oferta de trabalho temos um ponto
superior em relação à oferta 2. A uma descida de salário corresponde um aumento da oferta de trabalho, a
um nível remuneratório mais baixo. A outra situação atípica é entre s3 e s4 em que temos uma subida do
salário e no entanto, a oferta de salário diminuiu. Para o s3 tínhamos determinado nível de oferta, para o s4
temos agora um nível de oferta inferior. Portanto, aumento o salário e diminui a oferta de trabalho.

Como justificamos esta situação? No início da curva, estão representados salários muito baixos, significa
então que se nos no início da curva tivermos uma descida do salário, isso em salários muito baixos, pode
forçar os trabalhadores a trabalharem mais, quer seja mais horas, ou a acumularem postos de trabalho. Isto
porque o salário é tao baixo, que o trabalhador se vem obrigados a trabalhar mais para suportarem as
despesas que tem. No final da curva (topo) representa salários mais altos, e mostra que um aumento salarial
pode levar a uma diminuição da oferta. Ou seja, se nos aumentamos um determinado salário, o trabalhador
pode passar a trabalhar menos. Ex- o salário aumentou substancialmente, e que antes trabalhava a full time
passa a trabalhar a part time porque tem um salário muito elevado que lhe permite suportar todas as suas
despesas. Por vezes, em casos de salários mais elevados temos situações em que os trabalhadores optam
por trabalhar menos porque com isso conseguem ter mais tempo de lazer. Ex- situação em que marido e a
mulher trabalham, o marido é promovido e passa a ganhar mais, e o salário que o marido vai passar a aferir
autonomamente já é suficiente para suportar as despesas do casal e dos filhos. É um caso em que a esposa
pode deixar de trabalhar porque o salário já é suficiente.

A oferta do fator trabalho está sujeita às variações do nível remuneratório, como vimos, o aumento ou
diminuição do salário interfere na oferta de salário. Mas a oferta do fator trabalho também esta relacionada
com a demografia do país, isto é, temos na demografia a relação entre o saldo natural (TN e TM) e o saldo
migratório (E e I), o que varia a população ativa, para o mercado de trabalho os dados demográficos que
verdadeiramente importam são os que estão relacionados com a população ativa. O volume de população é
uma determinante na oferta de trabalho que temos numa dada economia. A nível remuneratório, a população
ativa e também condições de trabalho (estão diretamente relacionadas com a oferta- há trabalhos que
independentemente de o salário não serem apetecíveis porque as condições são más).

-Imperfeições do mercado de trabalho: desigualdade de géneros, as mulheres estão em condições desiguais


no mercado de trabalho, nomeadamente, porque para funções iguais recebem menos e tem mais dificuldade
em obter progressão profissional, apesar das mulheres em geral serem mais bem qualificadas do que os
homens. Estas situações de desigualdade remuneratória são situações de desigualdade muito mais difíceis
de combater do que as desigualdades puramente jurídicas. Estamos perante uma situação de relação entre
o domínio económico e jurídico.

AULA PRÁTICA 5 DR. MARTA COIMBRA 04/05

LUCRO- é um excedente entre o produto das vendas (receita empresário obtém) e o total dos seus custos.
É aquilo que sobra depois quando deduzimos os custos, aos produtos das vendas, que o empresário obtém.
Diferença entre o valor das vendas e o valor dos custos totais da produção.

É importante distinguir custos reais e importados:

Custos reais- salário real, quando é pago diretamente a outro trabalhador

Custos impontados- são relativos aos fatores de produção auto fornecidos pelo empresário (todos os custos
relativos aos fatores de produção devem ser incorporados em termos de contabilização de custos). Ex- um
empresário desempenha na sua empresa as funções de gestor, ele teria a hipótese de ser apenas o empresário
contratando um gestor financeiro no mercado, tendo com isso, obrigatoriedade de pagar o salário. Se for
ele próprio a desempenhar a função de gestor, então, não vai pagar o salário a si próprio, no entanto, esse
salário vai ter de ser considerado como custo de produção, ou seja, ele vai deduzir o valor desse salário
como os outros custos que tenha ao valor das vendas, para apurar o seu lucro. Custo de trabalho que o
próprio empresário desempenha na empresa.

O lucro é a última das remunerações, ou seja, é uma remuneração residual que só surge quando as
remunerações dos fatores de produção tradicionais são pagas (renda, juro, salário), depois o que sobrar é o
lucro do empresário. Este excedente, o lucro, pode ou não existir.

Existem diferentes interpretações para a questão de saber qual o fator de produção que o lucro remunera.
Afinal o lucro remunera o que?

-O pressuposto é que a simples combinação dos fatores base (terra, trabalho e capital) não garante nada em
termos de processo produtivo. Ou seja, é necessário que alguém tenha a iniciativa de agregar estes fatores,
que dedique tempo e energia à gestão do projeto de investimento, sem retorno garantido, e que assuma o
risco que o investimento representado (o risco de os ganhos não superarem os custos).

-Iniciativa, risco e inovação: lucro remunera

PENSAMENTO ECONÓMICO – desenvolvimento macroeconomia e teoria Keynesiana.

Primórdios ou antecedentes da macroeconómica vê-se por um lado com as teorias económicas.

Os antecedentes à macroeconómica são em primeiro lugar teorias económicas que já demonstravam algum
relevo desta análise macroeconómica, começaram com o mercantilismo, depois com a teoria quantitativa
da moeda, com os fisiocratas e o circuito económico e com a lei de Say. Por um lado, teorias económicas
que já demonstravam aqui alguma visão macroeconómica, por outro lado, temos problemas económicos
que surgiram e que justificam o desenvolvimento da macroeconomia. Estes problemas económicos
identificam-se com os impactos da Grande Depressão. Os efeitos económicos negativos que se produziram
estão na base do desenvolvimento da teoria Keynesiana.

A grande depressão representou um período de colapso económico gigantesco, que aliou o problema
económico do desemprego à deflação.

A teoria económica existente à época não era capaz de explicar esta situação, e isto justifica em muito o
sucesso das ideias Keynesiana. A macroeconomia nasce verdadeiramente à Grande depressão dos anos 30
e com o propósito de evitar a reaparição desta catástrofe capitalista. Se a receita da económica clássica para
responder as crises era de orçamentos equilibrados com reforço da poupança, Keynes recomenda o
contrário, passando por orçamentos desequilibrados e redução da poupança. Os pressupostos fundamentais
de Keynes são a negação dos pressupostos fundamentais da economia até então.

A economia à época, liberalismo clássico, dizia que os mercados tendiam para o equilíbrio e que os agentes
económicos se comportavam de uma forma racional, e por isso, perseguiam o seu interesse de uma forma
racional. Mercado tendiam para o equilíbrio, não sendo necessária a intervenção do Estado dado que a
economia tendia para o equilíbrio, e os agentes económicos comportavam-se como tal.

Keynes nega este pressuposto. Defende que os mercados não tendem para o equilíbrio. “Pelo menos num
curto prazo, e a longo prazo estamos todos mortos”. Se por um lado os mercados não se equilibram, por
outro lado, os agentes económicos não são racionais. Os agentes económicos são dominados pelos animals
spiritus- instintos não racionais. Ex- na grande depressão com a corrida aos depósitos bancários.

Keynes revoluciona o pensamento económico até então. Perante a constatação que o mercado não tem para
o equilíbrio e que os agentes não são racionais, o estado deve intervir no sentido de corrigir estas
imperfeições na economia.

Alicerces fundamentais da teoria Keynesiana:

1- Keynes rejeita a lei de Say (diz-nos que a oferta cria a sua própria procura, que as economias
produzem ao máximo e, portanto, não há stocks, e quando existem stocks essa situação se resolve,
ou seja, se a oferta aumentar a procura responde aumentando também). Keynes defende a
necessidade de procura efetiva- é parte da procura agregada (de todos os agentes económicos) que
de facto se materializa na aquisição de bens em serviços, em contraste com a procura meramente
potencial desses bens e serviços;
2- O problema da económica e das crises é a falta da procura efetiva;
3- Rejeita também a famosa “mão invisível”: o Estado devia afastar-se da económica, mantendo-se
alheio. Para Keynes, esta desregulação da economia, ausência do Estado, vai sempre acabar por
traduzir-se em crises de sob produção porque se cada agente económico lutar egoisticamente pelos
seus interesses, não se prossegue o interesse social. Para Keynes o interesse social so pode ser
assegurado pelo Estado. Só se o Estado decidir intervir e resolver os problemas económicos é que
se pode garantir o interesse social.
4- Defende a equivalência entre 3 agregados (rendimento, produção e despesa): para Keynes
rendimentos, produção e despesa tem o mesmo valor. No pressuposto da igualdade entre aforro e
investimento, já que o rendimento pode ser afeto a consumo ou a aforro, a despesa pode ser
formada por consumo ou investimento. O rendimento de consumo há de traduzir-se em despesa
de consumo e o rendimento que é destina a aforro há de traduzir-se em despesa de investimento,
e daí que tenhamos uma igualdade entre aforro e investimento. Ex- tenho um rendimento de 1000
e desses 1000 destino a consumo 600, esse rendimento de 600 que é de consumo na ótima de
rendimento, ao ser destinado a consumo destina-se a despesa de consumo.
5- Keynes acredita que a economia capitalista é profundamente instável. A economia capitalista não
tende para o equilíbrio, há recorrentemente situações de desequilíbrio, e, portanto, Keynes acredita
que as crises económicas são inerentes às economias capitalistas. Na medida em que as economias
capitalistas não funcionam segundo a logica da satisfação de necessidades, mas sim segundo a
logica do lucro, as económicas capitalistas tendem naturalmente de uma forma regular gerar crises.
Estas crises para Keynes são justificadas pelo insuficiente consumo, as crises capitalistas são de
sobreprodução, mas aquilo que causa verdadeiramente as crises é o insuficiente consumo, ou seja,
a falta de procura efetiva, ou seja, temos pouca procura efetiva e o consumo é insuficiente gerando-
se uma crise de subprodução

Considerando estas ideias gerais de Keynes, o que este autor considera é que é necessária a intervenção do
estado, que passa a alargar às suas funções com o intuito de reequilibrar a economia para salvar as
instituições capitalistas. A forma de económica capitalista sobreviver é com a intervenção do estado, é que
o estado vá reequilibrando os desequilíbrios. Se tivermos os estados a corrigir os problemas inerentes às
económicas capitalistas, aí sim podemos ter este sistema económico a vingar. Para prosseguir estes intuitos,
para equilibrar a economia, desenvolver, o estado dispõe de 2 instrumentos fundamentais:

1- Política monetária- não é suficiente para retirar o país da crise, assume um caracter meramente
auxiliar. Keynes defende que o estado deve levar a cabo medidas relacionadas com a manipulação
da taxa de juro, de acordo com as necessidades do mercado, o estado deve adaptar o valor da taxa
de juro aquilo que seja a necessidade do mercado em dado momento. As taxas de juro devem
baixar quando estamos num momento de recessão económica, crise, há uma quebra da confiança
e, portanto, é necessário estimular o investimento (baixando a taxa de juro, tornar o capital mais
barato) e subir a taxa de juro quando há progresso, tendo algum equilíbrio na economia. Portanto,
a política monetária seria levada a cabo pelo estado através da manipulação da taxa de juro de
acordo com aquilo que o mercado vá manifestando como sendo uma necessidade.
2- Política financeira ou orçamental- política central. O problema do capitalismo para Keynes são as
situações de insuficiência de procura efetiva, baixo consumo e Keynes considera que sito seria
contrariado com uma intervenção mais ampla e coordenada do estado. A política financeira foi
considerada um instrumento fundamental para estabilizar as situações da económica, promover
investimento económico, e prosseguir os objetivos de pleno emprego, estabilidade preços,
equilíbrio balança pagamentos e ainda a redistribuição de pagamentos. Na política orçamental é
que esta verdadeiramente a receita Keynesiana para superar as crises. Esta receita Keynesiana em
termos de política orçamental divide-se em 2 vetores: por um lado, o estado deve elevar a despesa
pública para acrescentar a sua procura e como tal, com este aumento da procura agregada resolve-
se o problema da insuficiência da procura efetiva. Se o estado realizar despesa publica, vai
aumentar a procura total da económica, procura agregada aumenta e resolve-se este problema de
falta de procura efetiva. Na verdade, numa situação de crise não podemos esperar, de acordo com
a teoria Keynesiana, que os indivíduos aumentem a sua procura dada não terem rendimento
disponível. Por outro lado, Keynes considera que o estado deve intervir na busca de uma maior
justiça social- redistribuição de rendimentos (tem a ver com transferir rendimentos dos mais ricos
para os mais pobres).

Propensão ao consumo: para Keynes, o consumo privado das famílias numa dada sociedade depende
fundamentalmente de o rendimento global dessa sociedade, ou seja, a propensão para o consumo vai variar
em função do rendimento disponível. O meu consumo é função/depende diretamente do meu rendimento.
Quanto maior o RD, rendimento líquido de impostos, maior a intenção de C.

Propensão média ao consumo: representa a parte do rendimento que é despendida na aquisição de vendes
e serviços, portanto, representa a proporção do R que é gasta no consumo. EX- se tenho um PMC de 60%
significa que tenho um rendimento de 1000 e gasto 600 em consumo, se tenho uma R de 600 gasto 360 em
C.

Propensão marginal ao consumo: marginal remete sempre para uma unidade adicional, neste caso
aplicado à PC, significa que o acréscimo de consumo feito por mais uma unidade de rendimento. Mede-se
quanto aumento o consumo, se houver aumento do R em uma unidade monetária. Se eu tiver mais uma 1
de rendimento, quanto dessa unidade vou gastar em consumo? Se nos estamos a falar de mais uma unidade,
dizemos que o valor da PMC varia entre 0 e 1, sendo que 0 é a poupança máxima e 1 é o consumo total.
Portanto, com mais uma unidade de rendimento se eu consumir toda essa unidade de rendimento, então a
minha PMC é de 1, porque consumo a totalidade. Se eu não consumir nada, a minha PMC é de 0. Se
consumir metade a minha PMC é de 0.5. 0- Poupança máxima 1-consumo total.

A PC varia em sentido inverso á propensão ao aforro. Se eu consumo mais, aforro menos.

Paradoxo da poupança: em geral, o que nos assumimos na teoria económica, é que para nos termos
investimento precisamos de ter poupança. Poupança- rendimento que não é consumido. O R que é aforrado,
vai funcionar como um capital que é guardado e disponível para investimento. Keynes constata que
elevados níveis de poupança, por vezes invés de sinalizar uma facilitação do investimento, muitas vezes
esses elevados níveis de poupança podem ser sintomas de baixo níveis de consumo por parte dos
aforradores, e nesse caso, determinam uma retração do investimento. Se esse aforro que é essencial ao
investimento, por outro lado, se esse aforro for exagerado, isto mostra que o R está a ser demasiado
canalizado para A e pouco para C, e ao ser pouco canalizado para C faz com que haja uma diminuição do
investimento. É isto que se chama o paradoxo da poupança- o que está em causa? Se por um lado a poupança
é essencial para o investimento, por outro lado pode ser má para o investimento na medida que significa
que há pouco consumo. Na verdade, os empresários precisam de aforro, mas precisam igualmente de
consumo como condição de aumento da sua produção. É necessário que as pessoas consumam, que haja
procura na economia, para que as empresas vendam mais, produzam mais e cresçam.

EFEITO MULTIPLICADOR: resume muito bem a lógica Keynesiana. o pressuposto de que Keynes
parte é então o de que se as empresas não produzem mais é porque não tem procura. E não há procura,
porque os rendimentos (salários) são baixos, não há procura porque os rendimentos são baixos. E os
rendimentos são baixos porque a produção é baixa. As empresas não produzem mais porque não tem
procura não tem procura, porque o rendimento é baixo, e se o rendimento é baixo porque a produção é
baixa. Se se produz pouco se gera pouca riqueza logo distribui-se poucos rendimentos pelos participantes
na produção. Sendo um círculo vicioso. As empresas não contratam trabalhadores porque ninguém procura
os seus bens, e os trabalhadores não procuram os seus bens porque estão desempregados.

Há então, um círculo vicioso que prende a economia nesta situação: não há produção porque não há procura,
não há procura porque não há produção. No entanto, o que Keynes veio demonstrar é que se por alguma
razão aparecer procura na economia, esta situação vai ser completamente invertida. Se passar a haver
procura passa a haver produção porque há produção passa a haver procura porque há produção.

Como podemos fazer surgir este fenómeno milagroso na economia de fazer surgir procura?

Para Keynes, pode ser realizado pelo Estado, o estado é que tem essa potencialidade de inverter essa
situação de crise, e mudar o rumo da economia. Esta procura que vai contrariar a tendência de crise da
economia, ela sugirá em virtude de gastos públicos. O estado deve fazer despesas compensadores da
redução dos particulares. Estas despesas publicas hão de ser financiadas ou por empréstimos ou criação de
moeda, e não com impostos. Se as despesas públicas forem financiadas com impostos, significa que nos
estamos a tirar rendimentos disponíveis aos particulares. Não nos interessa aumentar a despesa publica à
custa dos particulares. Esta logica da despesa publica, vai transformar este círculo vicioso num ciclo
virtuoso, nos passamos a ter produção porque há procura e procura porque há produção. Este ciclo virtuoso
tem origem no efeito multiplicador.

Por definição, o efeito multiplicador diz-nos que o aumento dos gastos, neste caso, gastos por parte do
Estado causa imediatamente um rendimento igual a si próprio. Se o estado gasto 100 milhões de euros, ao
realizar essa despesa, ele vai gerar imediatamente um rendimento de 100 milhões de euros. Despesa=
Rendimento. Acontece que não se gera apenas esse R de 100 milhões de euros, o que acontece é que o
aumento dos gastos causa em primeiro lugar um rendimento igual a si próprio num momento imediato, mas
vai desencadear uma enorme quantidade de aumentos futuros de rendimentos nos períodos subsequentes
em virtude do consumo. Portanto, pelo fenómeno do consumo, esta despesa inicial alem de gerar este
rendimento inicial = ao valor da despesa, vai gerar uma serie de outros rendimentos subsequentes.

Fórmula do multiplicador.

O dado que necessitamos para calcular o multiplicador é o da


Propensão marginal ao consumo, que há de variar entre 0 e 1. A PMC
é de 0.8. Este 0.8 significa que temos uma propensão marginal ao
consumo elevado, que nos consumimos basicamente 80% dessa
unidade adicional de rendimento. Partindo deste exemplo, que temos
uma PMC de 0.8, de 8 em 10, ou de 80% que se opõe a uma PMA de
0.2, uma grandeza é contraria à outra, significa então que se nos
temos uma despesa pública inicial de 100 milhões, mas com uma
PMC essa despesa publica continua a ter efeitos benéficos sobre o
rendimento nos períodos subsequentes. No período seguinte, com
uma PMC de 0.8, na prática de 80%, significa que em 100 milhões
vamos ter um rendimento adicional no período seguinte de 800
milhões. Esse rendimento adicional de 800 milhões com uma PMC
de 0.8 vai traduzir-se num período seguinte de um rendimento
adicional de 64 (é 80% de 80). Esse rendimento de 64 com uma
PMC dos tais 80% vai traduzir-se num rendimento subsequente de
51 (80% de 64) e assim sucessivamente, num outro período vamos
ter um rendimento adicional que é 80% de 51. Sempre assim de uma
forma sucessiva. Nos vemos que cada aumento de consumo é
sucessivamente menor do que o anterior, porque a PMG é menor do
que 1. Se a PMC é inferior a 1, cada aumento do consumo é sucessivamente menor do que o anterior, cada
vez que se da uma volta ao multiplicador existe uma fuga, deste capital inicial, vamos perdendo o valor
inicial de despesa e rendimento se fosse 1 tínhamos sempre o mesmo aumento de rendimento nos períodos
subsequentes. Contudo, o resultado é a soma de uma serie infinita de termos, ainda que a parcela seja menor
que a anterior vamos ter um valor muito superior ao inicialmente investido porque esta soma se repete
continuamente, ainda que o valor vai decrescendo estes valores são cumulativos, a soma repete-se
continuamente. Portanto, o estado realiza uma despesa de 100 milhões, mas essa despesa gera um
rendimento muitíssimo superior aos 100 milhões, a despesa realizada. Isto demonstra que a realização de
despesa publica é extremamente benéfica para a economia, nomeadamente para recuperar a economia de
uma crise.

Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior será o efeito multiplicador. Se a PMC fosse 1
tínhamos sempre a soma continua do mesmo valor de rendimento/despesa. Quanto menor for a PMC menor
será o multiplicador.

Com isto, Keynes defende que a razão do desemprego é a falta de procura e a solução do problema está em
aumentar a despesa, o que interessa é gatar dinheiro.

Aula nº5 DR. MARTA COIMBRA 7/05

POLÍTICAS CONTRACÍCLICAS: as políticas contra cíclicas tem efetivamente origem na teoria


Keynesiana, que nos diz que os mercados não tendem para o equilíbrio e é necessária a intervenção do
Estado (aumentar despesas públicas fazendo de motor ao desenvolvimento económico), para corrigir as
flutuações da economia.

As políticas contra cíclicas tem como objetivo contrariar as tendências naturais da economia, contrariar a
tendência do ciclo económico em causa com o objetivo de estabilizar, de que as fases expansionistas não
sejam tao intensas para que as fases de crises não sejam tao drásticas, é a ideia de conseguirmos um certo
equilíbrio.

A lógica das políticas contra cíclicas é que numa fase alta do ciclo económico, fase expansionista, o estado
deve levar a cabo políticas orçamentais contra acionistas. Já numa fase baixa do ciclo económico deve levar
a cabo políticas expansionistas.

Muitíssimo importante nas contra cíclicas são os estabilizadores automáticos- mecanismos que integram as
políticas contra cíclicas, eles próprios são as políticas contra cíclicas, com a ressalva que não são políticas
discricionárias que os governos adotem em determinado momento face às circunstâncias da economia
naquele momento. São algo que já esta implementada e que reage espontaneamente à tendência económica,
portanto, é um mecanismo que já funciona de uma forma automática no sentido de atenuar quer as situações
de expansão económica quer situações de crise- mecanismos de suavização das flutuações do PIB.

1º exemplo de estabilizador automático- impostos progressivos sobre o rendimento- IRS é um imposto


progressivo porque ele onera mais os mais ricos do que os mais pobres. O IRS vai taxar de uma forma mais
pesada os cidadãos com maiores rendimentos, dado aumentar a taxa conforme aumenta o rendimento. Se
eu tenho um rendimento de 1000 euros, exemplo hipotético, ao qual é aplicado uma taxa de 10% ela vai
pagar 100% de imposto, se tem um rendimento de 5000 euros ao qual é aplicado uma taxa de 10% ela vai
pagar uns 500 euros. No IRS como aumenta a taxa, esta variação do imposto em face do rendimento, é mais
do que proporcional, ou seja, se nos tivéssemos uma mesma taxa o cidadão com maior rendimento pagaria
mais imposto na exta proporção do seu aumento de rendimento (pagaria um valor superior, mas que seria
um % exatamente igual do seu rendimento). Contudo, o que acontece no caso do IRS é que se aumenta o
rendimento a taxa também aumenta, ou seja, os mais ricos pagam um imposto maior do que os mais pobres
de uma forma mais do que proporcional. Ex- se o cidadão que tem um rendimento de 1000 euros paga 100
de imposto porque paga uma taxa de 10%, o cidadão que tem o rendimento de 5000 mil euros não paga
uma taxa de 10%, mas sim de 20%, ou seja, 1000 euros de imposto. Em geral, numa dada económica se
estamos perante um momento de crise, os rendimentos dos cidadãos diminuem, em primeiro, porque há
cidadãos que perdem o seu emprego e devido aos salários serem mais baixos, e, portanto, há uma perda de
rendimentos dos cidadãos. Como vão ser inferiores, eles vão pagar menos de imposto, como as taxas são
progressistas, portanto, se o rendimento é menor além de eu pagar um valor absoluto menor, portanto, pago
menos de imposto. Verificamos que, num momento de crise, como a aplicação de taxas progressivas isto
faz com que a diminuição da receita fiscal seja proporcionalmente maior do que a diminuição do
rendimento, logo, vai diminuir mais o imposto que o estado arrecada do que a diminuição do rendimento
que os cidadãos sofreram, em termos simplistas, o Estado vai cobrar menos impostos. Numa fase de
crescimento, fase alta do ciclo económico, o estado deve levar a cabo políticas contra acionistas ou então
os próprios mecanismos automáticos operam como contra acionistas. Fase baixa, crise recessão, políticas
expansionistas (despesa pública, efeito multiplicador).

Subsídio de desemprego- está definido por lei, não é algo que o estado vá criar porque agora há mais
desemprego, é um mecanismo legal que existe sempre independentemente da fase do ciclo económico em
que nos encontramos, corresponde à definição de estabilizador automático, esta implementado. Quando a
economia está em crise o estado vai pagar mais subsídios de desemprego, há mais desempregos mais
pessoas vão receber mais subsídios, o que origina que se trave a natural queda do consumo que se registaria
caso não existisse subsídio de desemprego, se as pessoas não pudessem contar com um rendimento de
substituição do trabalho, ficariam desempregadas e iriam diminuir bruscamente o seu consumo porque não
teriam rendimentos para assegurar o consumo. Como tem o subsídio de desemprego, ou seja, substituição
do seu salário, mantem ainda algum poder de compra podendo continuar a consumir, o que faz com que a
economia não sofra tanto com o efeito da crise.

No momento de expansão o estado paga menos subsídio de desemprego, há menos desemprego e o estado
realiza menos subsídio de desemprego.
Temos aqui a exemplificação de como a receita (impostos) e a despesa pública (atribuição de subsídios)
variam de acordo com o ciclo económico. No momento de crise, a despesa aumenta (despesa pública) a
receita diminui. No momento de expansão a receita aumenta e a despesa diminui.

Os estabilizadores automáticos tornam a economia mais previsível. Estes são variáveis orçamentais que no
momento de recessão, determinam o aumento da despesa pública e a diminuição da receita, no momento
de expansão diminuem a despesa e aumentam a receita.

Eles travam as quedas de economia e arrefecem os momentos de subida do crescimento económico. Quanto
maior for a presença do estado na economia maior é a probabilidade quanto maior o imposto cobrado maior
o seu impacto em termos de variação, quanto maior nº de subsídios maior essa capacidade de atenuar os
choques.

A política Keynesiana teve grande sucesso sobretudo ao longo de 4 décadas. Nos anos 70 temos sobretudo
os choques petrolíferos, a crise económica relacionada com desemprego junto com inflação, que era um
fenómeno novo, até então nos tínhamos ou fenómeno de desemprego ou fenómeno de deflação até à famosa
curva de Philips servia como receita para os governos optarem entre ter desemprego ou inflação, aqui temos
um novo momento económico que deixa de ser eficazmente respondido com as políticas Keynesiana, e é
neste momento, que surgem alternativas à politica Keynesiana e temos a afirmação ligada à visão dos
monetaristas, ligada à ideia de que os estados eram ineficientes na afetação dos recursos, reivindicando a
redução do estado na economia, portanto, os monetaristas numa linha leo-liberal, que seria mais vantajoso
que a economia funcionasse com menor intervenção do estado. Teve o seu apogeu com Margaret Thatcher
no Reino Unido e Ronald Reagan nos EUA. Fala-se de um renascer das políticas Keynesiana depois quando
surgem, mais tarde, momentos de especial crise, no pós 2008 e na forma de lidar com a crise económica
que resulta da pandemia.

Oscilações da atividade económica: a económica é feita de ondas, ciclos, ou seja, momentos de expansão e
de crise. Os períodos de prosperidade e de recessão sucedem-se, tal como nas nossas vidas em geral, o que
é certo é que sabemos que há aqui uma oscilação, nem sempre estamos em prosperidade ou recessão. A
prosperidade e a recessão também são relativas. Alguns autores o que tem conseguido perceber é a escala
temporal em que esses períodos de escala e recessão se sucedem, ou seja, quando estamos num período de
prosperidade ter uma ideia de quando esse período pode terminar.

A ideia é perceber que há esta variação expectável dos ciclos da económica que até se pode conseguir obter.
Estas oscilações da atividade económica são atenuadas pelos estabilizadores automáticos.

Desigualdades e redistribuição do rendimento:

Na economia naturalmente realizada a produção, distribuem-se os rendimentos (salários trabalhadores,


juros capitalistas, rendas proprietários e lucros aos empresários). A remuneração dos fatores de produção é
a forma de distribuir rendimentos na economia. Só que a distribuição natural que o mercado faz não é
propriamente igualitária na distribuição que faz. O que gera desigualdade, o que vamos ter perante uma
distribuição do rendimento, é de facto desigualdade, e esta pode ser maior ou menor, o mercado por si só
não é permeável. Essa desigualdade vai ser tendencialmente corrigida através do Estado, numa logica
redistributiva, ou seja, fazer uma distribuição depois da distribuição já feita pelo mercado, atenuando as
desigualdades e tornar a sociedade mais igual.

-Modos de aferir a desigualdade (critérios que nos permitem saber se determinada economia é mais ou
menos desigual e como evoluiu ao longo do tempo):

1º método de dividir as desigualdades: divisão da população em classes de rendimento, a população é


dividida em 4 partes ou 5, normalmente cada um de 25% e 20% respetivamente (usa-se mais a divisão dos
quintis). Se nos tivéssemos perante uma sociedade absolutamente igualitária a cada quintil caberia 20% do
rendimento total. Na prática, o que se verifica é que ao quintil mais pobre da população cabe muito menos
do que 20% do rendimento. Enquanto o quintil mais rico cabe muito mais do que 20%. Para o quintil mais
pobre temos muito menos do que 20% e para o quintil mais rico temos mais que 20%, consoante esse muito
mais, quanto mais de rendimento o quintil mais rico recebe conseguimos perceber se a desigualdade é
enorme ou não (quando fazemos a autonomização, aquilo que queremos perceber é se há um grande
desequilíbrio em favor dos 20% mais ricos, ou se esse desequilíbrio é em especial em favor do 5% mais
ricos, se a riqueza está concentrada em 20% da população ou se está especialmente concentrada em 5% da
população);

2º método de representar a desigualdade na distribuição de rendimento é através da curva de Lorenz: tem


uma diferença especifica em relação à divisão em classes porque nos apresenta valor cumulativos, ou seja,
temos um efeito cumulativo- temos valores agregados, ou seja, a classe seguinte integra o valor de
rendimentos da classe anterior. Quando falamos de um rendimento que cabe aos 50% da população mais
pobre, estes 50% integram os 20% da população mais pobre integra os 10% da população mais pobre, ou
seja, a classe seguinte quando nos acrescentamos incluem as classes de rendimento imediatamente
anteriores, são valores que se somam (cumulativos) Da mesma forma quando falamos em 30% dos mais
ricos, esses 30% integram os 10% dos mais ricos, estes valores são valores agregados.

CURVA DE LORENZ- análise:

Linha de igualdade perfeita- roxa, representa a situação ideal que seria a


da igualdade perfeita, que traça os 45º. Nessa linha nos temos a situação
que quaisquer 5% da população caberia 5% do rendimento, ou seja, uma
situação de total igualdade.

No eixo da população temos representado 60% da população, que depois


encontra no eixo do rendimento 60% do rendimento (bola amarela) -
situação hipotética, na prática não acontece uma situação de igualdade,
mas sim desvios a esta situação.

Um país será tao mais desigualitário quanto maior for o desvio em relação à linha de perfeita igualdade –
quanto maior for a “barriguinha” da curva de Lorenz maior será o nível de desigualdade. O país y é mais
desigual.

Bolinha verde país y- 60% população mais pobre tem 15 % de rendimento, no caso do país x os 60% da
população mais pobre tem 20% do rendimento.

Outro método de
calculo das
desigualdades que
parte da
representação da
curva de Lorenz-
COEFICIENTE DE
GINI- calcula-se a
partir das curvas de
Lorenz, relaciona o espaço que vai da linha de igualdade perfeita
à linha de Lorenz, e depois, todo esse triangulo. O coeficiente de Gini dá-nos um valor mais facilmente
comparável. O coeficiente de Gini depois dá-nos um valor entre 0 e 1, em que 0 corresponde à completa
igualdade, toda a população tem exatamente o mesmo rendimento, e caso o coeficiente de Gini seja 1 temos
uma situação de completa desigualdade, quando uma pessoa recebe todo o rendimento. Portanto, quanto
maior o coeficiente de Gini maior a desigualdade. Normalmente, para termos valores mais legíveis
representamos o coeficiente de Gini em pontos percentuais, ou seja, multiplicamos por 100 o coeficiente
de Gini e depois representamos num coeficiente de barras. Exemplo: coeficiente de Gini que nos permite
comparar 28 países. Os países que ultrapassam a média europeia são os mais desiguais.
Temos ainda outro critério, Ratio de Palma, foi desenvolvido pelo economista Gabriel Palma, que mede a
relação entre o nível de rendimento entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres. Este economista centrou-
se em 50% da população. É nestes 50% da população que no entendimento deste economista, que está
realmente o problema da desigualdade, ou seja, Palma percebeu que a regra generalizada (aplicada a vários
países) é que metade do rendimento fica com a classe média, portanto, os 50% da população com
rendimentos intermédios ficam com
normalmente com 50% do rendimento, ou seja,
o problema da desigualdade não está tanto na
distribuição de rendimento ao nível da classe
média, mas sim efetivamente na relação entre
o rendimento que cabe aos 40% mais pobres e
o rendimento que cabe aos 10% mais ricos.
Portanto, o interesse está então em saber como
se distribuí esta metade do rendimento, não a
metade que cabe à classe media, mas sim a
metade que cabe aos mais ricos e aos mais
pobres, a partir dai podemos formular juízos
sobre o nível de desigualdade num determinado país. O foco está no topo e na base da escala, o autor ignora
a população com rendimentos intermédios e centra-se nos 10% mais ricos e 40% mais pobres, vê a relação
entre o nível de rendimentos em cada um destes grupos e obtém assim um valor que permite medir a
desigualdade.

-Políticas redistributivas do rendimento levadas a cabo pelo Estado, políticas públicas:

O estado tem então vários instrumentos que leva


a cabo para atenuar estas desigualdades.

O IVA por natureza é um imposto cego para


efeitos de redistribuição. O IVA em geral, é um
imposto que incide sobre o consumo, acontece
que os mais pobres gastam uma % maior do seu
rendimento em consumo. Ou seja, se alguém tem
o salário de 100 euros, e gasta 80% do seu
rendimento em consumo, 800 euros. E alguém
que tenha um rendimento de 5 mil euros, se
gastar 80% de rendimento em consumo, significa que gastava 4000 euros eu consumo. As pessoas mais
pobres gastam uma % maior do seu rendimento em consumo, se o seu rendimento é menor, as suas
necessidades de consumo vão ser mais impactantes ao nível do rendimento. Ex- pessoas com rendimento
mais alto compram produtos gourmet, no entanto, como a pessoa ganha mais vai gastar em consumo mais
do que a pessoas que ganha menos, mas ainda assim é uma % inferior do seu rendimento. O mais pobre
gasta 80% do seu rendimento e o mais rico 50%, o mais pobre gasta, portanto, uma % maior do seu
consumo. E uma vez que o Iva incide sobre o consumo, onera mais o cidadão mais pobre do que o mais
rico, ou seja, é um imposto regressivo.

Há aqui uma atenuante, que são a diferenciação das taxas de iva. Os bens de 1ª necessidade, são taxados
com uma taxa de iva inferior a bens supérfluos, ou seja, os mais ricos que à partida gastam mais do seu
rendimento em bens mais supérfluos vão neste sentido, ser onerados com taxas de ivas superiores. Isto é
uma forma, também, de atenuar esta regressividade do iva, contrair a tendência que o iva normalmente tem.

A mesma logica que o imposto especial sobre o consumo tem como principal objetivo de reduzir o
consumo de certo bem, por exemplo, tabaco- sendo estes bens que não são de 1ª necessidade são impostos
que incidem, à partida, nos cidadãos com maiores rendimentos. Havendo também uma logica com efeito
redistributivo.

IRS- atua no sentido da redistribuição do rendimento, onera mais os mais ricos que os mais pobres (porque
são aplicadas taxas mais elevadas para os rendimentos mais elevados, ou seja, a diferenciação da taxa de
IRS). Aplica taxas diferenciadas consoante o escalão de rendimentos, isenta os cidadãos com o rendimento
abaixo do linear mínimo, os cidadãos muito pobres estão isentos do pagamento destes impostos, por outro
lado, também permite a dedução de despesas mais significativas para os mais pobres, ou seja, o mais pobre
tem oportunidade de deduzir (despesas mais impactantes como educação, saudade, habitação) tem a
possibilidade de deduzir estas despesas em sede de IRS.

Política de despesas- porque atua no sentido de redução das desigualdades? Porque o Estado utiliza os seus
meios financeiros que obtém através dos impostos (impostos que já se de si cobra de uma forma mais
onerosa para os cidadãos mais ricos), mas depois utiliza esse imposto em despesas para o financiamento de
certos serviços que são mais significativos para os cidadãos mais pobres do que os mais ricos. Ex- quando
o estado investe em saúde pública está no fundo a garantir serviços sobretudo aos cidadãos mais pobres,
uma vez que são mais significativos para eles.

Política de segurança social- mostra-nos que as prestações da segurança social são mais significativas para
cidadãos com menores rendimentos, para cidadãos mais pobres, por exemplo de haver subsídios da
segurança social que só são atribuídos aos cidadãos mais pobres. O estado utiliza receitas em auxílio dos
cidadãos mais pobres e não dos mais ricos- política redistributivas.

Política de preços e rendimentos- afixação pelo estado de limites máximos para o preço de certos bens que
são bens sociais, o Estado garante que determinado bem (bem essencial) não é cobrado um preço superior
a x, protegendo os cidadãos mais pobres, pois garante que este consegue obtê-los ,e por outro lado fixação
de limites máximos para rendimentos- salário mínimo- manipulação das forças de mercado pelo estado,
não se pode pagar salário inferior a x, garantindo que os cidadãos que recebem salários mínimos não
recebem um valor inferior a x, garantindo que os cidadãos mais pobres recebem um mínimo.

AULA 17/05 DR. MARTA COIMBRA

CONTABILIDADE NACIONAL

-Tem propósito de dar a conhecer os resultados da atividade global da económica de um país, portanto, são
os dados que respeitem a atividade global da economia portuguesa considerando todos os intervenientes.

Na verdade, a contabilidade nacional é uma descrição quantificada da atividade económica.

A contabilidade nacional apresenta uma forma quantificada a descrição da realidade económica, e permite-
nos avaliar a saúde dessa mesma economia (os dados da contabilidade nacional dá-nos a conhecer como
vai a economia). E nessa medida, estão intrinsecamente ligados à política. Por um lado, permitem
quantificar os objetivos (quanto o governo se propõe crescer) e por outro, permiti avaliar o modo como
esses objetivos são ou não cumpridos (ex- se o governo propõe descer 3% no final do ano temos que ver
isso).

A contabilidade nacional é um reflexo do circuito económico- relativo à economia de um país, o circuito


económico representa o conjunto da circulação de bens e moeda, ou seja, os fluxos reais (que são os fluxos
de produtos) e os fluxos monetários (fluxos de moeda) - o circuito económico é globalmente este conjunto
de circulação de bens e de moeda.

Esquema relativamente ao circuito económico


Tracejado- fluxos reais.

Aquilo com que as famílias contribuem


para a atividade das empresas são os
fatores de produção. As famílias oferecem
às empresas “os fatores de produção-
trabalho, terra, capital, iniciativa
empresarial”.

Com esses fatores de produção, as


empresas laboram, produzem os seus bens
finais e depois estes são “oferecidos” às
famílias como bens de consumo.

Portanto, fluxo real com origem nas


famílias extinguindo nas empresas e
depois o fluxo real com origem nas
empresas extinguindo nas famílias (que são os bens já produzidos).

Fluxos monetários- como é que as empresas remuneram os fatores de produção e a famílias colocam ao
dispor das empresas. As empresas remuneram-nos, através do pagamento de salários, rendas, juros e lucros-
este pagamento é um fluxo monetário (circulação monetária). Fluxo monetária com origem nas empresas e
destino as famílias é a remuneração dos fatores de produção. Por outro lado, temos outro fluxo monetário
que tem origem nas famílias e se extingue nas famílias que são a compra pelas famílias dos bens produzidos
pelas empresas

Para além das famílias e das empresas temos de considerar outros setores na contabilidade nacional- Estado
(também realiza receitas e despesas),o exterior (relações com outros países, quando outros países fazem o
pagamento das exportações portuguesas, bens que PT exporta para outros países isso significa receita para
PT),capital (categoria residual- quando as famílias/empresas/estado realizam poupanças elas constituem
uma receita para efeitos de capital, e por outro lado, quando se utilizam essas poupanças no investimento
isso representa despesa).

Princípio da equivalência entre agregados- os agregados que consideramos na contabilidade nacional


falamos de produto, rendimento e despesa. O que nos diz o princípio da equivalência é que de acordo com
uma logica de equilíbrio económico tem de haver igualação entre estes 3 grandes agregados da
contabilidade nacional, os valores do produto, rendimento e da despesa devem ser iguais. Quer nos olhemos
a contabilidade nacional sob a ótica do produto ou sob a ótica do rendimento ou sob a ótica da despesa
iremos apurar um valor equivalente. No entanto, a perspetiva é um bocadinho diferente. Se considerarmos
a ótica do produto, o que pretendemos apurar é o valor dos bens e serviços produzidos. Quanto à ótica do
rendimento, o que está em causa são os rendimentos distribuídos aos participantes na distribuição. Ótica
das despesas são as despesas feitas pelos consumidores na aquisição dos bens produzidos.

Se estamos perante grandezas equivalentes, a ideia é a de que, o valor dos bens produzidos vai ser igual ao
valor da despesa que é realizada na sua compra. O valor de produto = valor de despesa. O valor dos
rendimentos pagos pelas empresas aos participantes na produção vai ser igual ao valor dos bens produzidos.
Rendimento= produto. O rendimento vai ser igual à despesa realizada. Rendimento =despesa.

CÁLCULO DA ATIVIDADE ECONOMICO NA ÓTICA DA PRODUÇÃO (DO PRODUTO)

Na ótica do produto é importante abordar o problema da dupla contagem- relaciona-se com a possibilidade
que existiria de calcularmos para efeitos de contabilidade nacional o mesmo produto mais do que uma vez.
Ex- bens intermediários, para produzir um telemóvel uma empresa vai comprar a bateria do telemóvel a
uma outra empresa, a empresa que comercializa o telemóvel ela produz a esmagadora maioria do aparelho
exceto a bateria que compra a outra empresa. Teríamos aqui o problema de dupla contagem se essa empresa
que produz as baterias, se considerássemos para o valor do produto, o valor da bateria produzido por aquela
empresa e depois fossemos considerar o valor de venda do telemóvel sem fazer aqui nenhuma dedução.
Porque na verdade, o valor da bateria estaria a ser contabilizado 2 vezes- num momento em que a empresa
vende a outra e no momento em que a empresa que vende o telemóvel, vende a totalidade do bem, já tem
incorporado o valor da bateria, mas se esse valor da bateria já foi considerado para efeitos da contabilidade
nacional não pode ser considerado uma 2x. Aquela produção (bateria) só pode ser contabilizada uma vez.

Temos 2 formas de evitar o problema da dupla contagem.

1-Considerar apenas os bens finais e ignorar os bens intermediários usados na produção (matérias-primas
por exemplo) considerando apenas o valor dos bens finais e ignorando o valor dos bens intermediários. No
exemplo, consideraríamos apenas o valor da venda do telemóvel e não consideraríamos o valor das
componentes que lhes foram integrados no telemóvel.

Exemplo: produção de telemóveis

Situação A: 1 empresa produz o telemóvel na totalidade (300€) - é mais fácil considerar o valor do produto;

Situação B: 1 empresa produz as baterias (50€) e 1 empresa produz o restante do telemóvel (250€);

Situação C: 1 empresa produz as baterias (50€), 1 empresa produz as capas (30€), 1 empresa produz os
outros componentes físicos (40€) e 1 empresa desenvolve o software (180€).

Portanto, na 1 situação é mais fácil perceber o valor do produto. Em qualquer outro dos casos, o valor do
bem final é também de 300 euros. Uma das formas é considerarmos o valor da venda do bem final- cálculo
do produto pela via dos bens finais.

Outra forma é o cálculo do produto pela via dos valores acrescentados- somamos o valor acrescentado por
cada empresa com o objetivo de produzir o bem final. Quando falamos do cálculo do produto pela via dos
valores acrescentados o pressuposto é o de que o valor de produção criado por cada empresa, corresponde
ao valor por ela realizado, menos o valor dos bens intermédios que ela adquiriu a outra empresa. Ou seja,
vamos considerar apenas o valor que aquela empresa efetivamente acrescentou em termos de produção, e
por isso, vamos deduzir o valor dos bens intermédios que ela adquiriu a outra empresa. Quando a empresa
que produz o restante telemóvel o vende por 300 euros, ela vai ter de deduzir a esse valor de venda o valor
do bem intermedio que ela adquiriu a outra empresa, neste caso, ela vai ter que deduzir os 50 euros da
compra da bateria que ela comprou a outra empresa, ou seja, o valor efetivamente criado pela empresa que
no final vende o telemóvel é apenas de 250 euros e o valor criado pela empresa que produz as baterias é de
50 euros, e no final das contas, temos o mesmo resultado, portanto, o valor criando pela produção deste
telemóvel é igualmente de 300 euros. Podemos é apurá-lo pela via do bem final (o telemóvel é
comercializado a 300 euros) ou então pela via do valor acrescentado (esta empresa vendeu o produto a x,
situação x mas teve de comprar baterias a uma empresa, capas a outras, e aquilo que ela efetivamente
produziu, deduzindo todos esses custos em termos de bens intermédios foi apenas de 180 euros. Mas quando
nos somamos os custos dos bens intermédios que ela adquiriu a outra empresa o resultando vai ser
igualmente de 300 euros.

Portanto, assim sendo, o valor da produção de uma indústria, no caso do cálculo do PIB pela via dos bens
acrescentados é a soma dos valores efetivamente criados (soma desses valores) e não realizados (valor de
venda) pelas empresas que constituem aquela indústria. No fundo, e no final das contas, a soma dos valores
criados pelas empresas que integram uma determinada indústria, neste caso a dos telemóveis, a soma dos
valores criados pelo conjunto dessas empresas vai ser igual ao valor dos bens finais que foram produzidos
por essa indústria.

A primeira distinção é entre PIB a preços de mercado e os custos de fatores. O PIB a preços de mercado
vai designar desde logo o total dos valores criados pelas unidades produtivas, pelas empresas, durante
determinado período de tempo, 1 ano no caso de PT. A primeira operação que temos que fazer aqui é a
soma dos produtos criados pelo conjunto das empresas no país, é a soma dos bens finais produzidos. No
entanto, temos de fazer algumas correções no apuramento deste valor para o PIB a preços de mercado. Nós
queremos apurar a produção realizada durante aquilo período de tempo, aos PIB em preços de mercado nós
vamos ter de subtrair os bens intermédios que foram utilizados na produção, mas que provém de anos
anteriores, se o bem intermédio não foi produção deste ano, mas sim do anterior, não deve ser considerado
na contabilidade nacional.
Também excluímos o valor dos bens importados porque não são produção do país.

Além disso, somamos o valor bens intermédios ainda existentes no final do ano. Podemos fazer esta
dedução porque na verdade acrescentamos em termos de contabilidade nacional o valor dos bens
intermédios que ainda são bens intermédios no final do ano. Ex- foram produzidas 5 mil baterias para serem
incorporadas no telemóvel, no entanto, algumas dessas baterias ainda não foram incorporadas sendo ainda
bens intermédios, como esses bens intermédios ainda são produção daquele ano, não podem ser
desconsiderados e, portanto, vão ser acrescentados. – Temos então o valor do PIB a preços de mercado.

Os bens exportados são produzidos no país e consideramos logo na produção do país. A partir do PIB a
preços de mercado, podemos calcular também o PIB a custo dos fatores.

PIB ou custos de fatores= custos de fatores, ou seja, preços de base. Calcula-se a partir do PIB de preços
de mercado, mas ao PIB de preços de mercado deduz-se o valor dos impostos sob a produção e somam-se
o valor dos subsídios à produção. PIB ou custo de fatores= PIB a preços de mercado -impostos de produção
+subsídios à produção.

Os impostos na produção apesar de incorporarem o valor dos bens finais, as empresas refletem os impostos
que tem de pagar no preço dos seus produtos, o iva está incorporado no preço dos produtos, apesar dos
impostos sob a produção incorporarem o valor dos bens finais eles não são rendimento que as empresas
dispõe, dado que revertem para o estado. E por isso mesmo se deduzem o valor dos impostos neste cálculo.

Este valor dos impostos não são rendimentos das empresas e como tal tem de ser deduzidos. Os subsídios
à produção, por exemplo, subsídio que o estado atribui para a empresa contratar desempregados de longa
duração ou para a empresa contratar trabalhadores com grau de deficiência, estes subsídios são rendimentos
a favor das empresas. Embora não resultam do valor que é efetivamente criado pelas empresas, eles são
rendimento que é gerado a favor das empresas. Embora não seja gerado por elas próprias é rendimento que
corre a favor delas. Portanto, para calcularmos o PIB ou custos de fatores nos partimos dos preços de
mercado, deduzimos os impostos de produção e somamos os subsídios de mercado. No fundo, o PIB a
preços de mercado e PIB a custos de fatores não são valores coincidentes por interferência dos subsídios á
produção e dos impostos.

PIB apreços de mercado vs PIB custos de fatores a diferença está nos subsídios à produção e nos impostos.

PIB VS PNB: O PIB corresponde ao valor que é produzido pelos nacionais de um país, quem tenha
nacionalidade portuguesa, quer resida ou não em Portugal, mas é um valor produzido internamente pelos
nacionais do país, já o PNB é o valor produzido pelos residentes do país quer sejam nacionais ou não
nacionais quer internamente quer externamente (no próprio pais ou fora do país).

Isto significa que para nós calculamos o PNB a partir do PIB temos que somar o valor dos bens finais
criados no estrangeiro por residentes no país e este valor temos de o somar, e deduzir o valor dos bens finais
criados no país, mas que revertem a favor de residentes no estrangeiro.

O PNB= PIB+ valor dos bens finais criados no estrangeiro por residentes no país – o valor dos bens finais
criados no país que revertem a favor de residentes no estrangeiro.

Ex- há um artista que reside em PT e vai dar um concerto à Hungria, o valor desse espetáculo vai ser
considerado em termos de PNB, que é o valor de um bem-criado no estrangeiro por um residente em PT.
O valor desse espetáculo vai ser considerado em termos de contabilidade nacional para efeitos do cálculo
do PNB. Por outro lado, imaginemos que há um cidadão português que reside na noruega e que vem dar
um espetáculo a Portugal, o valor desse espetáculo vai ser deduzido em termos de PNB, no entanto, ele vai
ser deduzido em termos de produto nacional bruto porque efetivamente ele não reverte a favor de um
residente em Portugal, mas sim de um residente no estrangeiro.

Produto bruto VS produto líquido: produto interno ou nacional falamos de um valor bruto. Esta distinção é
operacionalizada com base no elemento das amortizações. As amortizações são a parte do valor que os bens
de produção duradouros perdem anualmente. Exemplo-as máquinas de uma fábrica, obviamente tem uma
duração e tem um valor. Uma máquina custa x e tem uma duração espectável. Temos uma máquina que
custa 1000 euros e expectávelmente dura 10 anos.
A cada ano que passa, ela dura 1 ano a menos. Ou seja, hoje compro essa máquina, dei 1000 euros por ela
e expectávelmente ela vai me durar 10 anos. No final deste ano, esta máquina já perdeu valor, já é expectável
que dure 9 anos, portanto perdeu 100 euros. Esse valor é um valor que vamos deduzir para apurarmos
produto líquido e que efetivamente é um valor que se transfere para os bens finais que são produzidos com
aqueles bens de produção duradouros. A máquina em si perdeu o valor de 100 euros durante um ano, no
entanto, em 100 euros foram transferidos para o valor dos bens finais. Através da utilização dessa máquina
consegui produzir uma serie de unidades de bens finais, essa máquina não representa propriamente uma
perda, também tem um ganho que é transferido para os bens que com ela foram produzidos.

No entanto, o problema da dupla contagem também se coloca em relação aos bens de produção, pode
entender-se que não se devia contabilizar o valor dos bens de produção porque o seu valor acaba por ser
incluído no valor dos bens finais, então, para se anular os efeitos de uma dupla contagem, para não
contabilizarmos mais do que uma vez o valor daqueles bens de produção, temos de deduzir a título de cota
de amortização o montante correspondente ao desgaste efetivo dessas máquinas. Os valores líquidos, aquilo
que se vai perdendo em termos de capacidade produtiva do país, estes valores líquidos opõem-se aos valores
brutos que não refletem estes ganhos ou perdas da capacidade produtiva do país. Se falarmos em PIB ou
PNB eles não nos dizem nada sob se houve ou não um ganho económico líquido, se o valor daqueles bens
de produção obtidos naquele período é superior ao valor dos bens de produção que se perdeu ou se houve
uma perda.

O que faz diferença entre uma grandeza bruta e uma líquida é a dedução do valor das amortizações.

Neste caso dos valores líquidos, não incluímos o valor de todos os bens de produção obtidos naquele
período, vamos apenas incluir nas grandezas líquidas aquele valor nos bens de produção que deve ser
considerado o acréscimo que é imputável à produção do período. Ou seja, não vamos considerar tudo o que
foram bens de produção que nos produzimos naquele ano, mas sim apenas aquilo que foi uma produção
resultante daquele período. No caso do período líquido, ao valor de todos os bens finais de produção, vamos
deduzir a parte desses bens que se perderam ao produzir- as amortizações. PNL=PNB-amortizações

Cálculo da atividade económica na ótica do rendimento

O rendimento nacional corresponde à soma do total dos lucros, rendas, salários e juros que são distribuídos
aos agentes de produção. O rendimento de um país vai traduzir-se no somatório do total das remunerações
dos fatores de produção, isto é o que acontece à partida. No entanto, para obtermos verdadeiramente o
rendimento nacional, partindo do pressuposto que nem todo o produto é rendimento das empresas, vamos
ter de fazer aqui uma correção que torna o conceito de rendimento nacional equivalente ao conceito de
produto nacional aos custos de fatores.

Rendimento nacional é equivalente ao produto nacional aos custos dos fatores, ou seja, a ideia aqui é de
que um parte do valor que as empresas produziram é constituído por impostos a entregar ao estado pelas
empresas mas que elas efetivamente incluem o preço dos artigos, por outro lado, as empresas também
podem obter rendimentos que não lhes advém da venda do mercado dos vens que produzem (subsídios á
produção).Vamos deduzir ao produto de preços de mercado, deduzir o valor de impostos de produção e
somar os subsídios à produção.

Mais uma vez, quando queremos transformar/comparar o rendimento interno líquido com o rendimento
nacional líquido temos de somar ao rendimento nacional líquido o saldo dos rendimentos. Ou seja, para nos
obtermos o rendimento nacional a partir do rendimento interno, nos vamos adicionar os rendimentos criados
no estrangeiro a favor de residentes no país e vamos subtrair os rendimentos gerados no país, mas que
revertem a favor de rendimentos no estrangeiro. RN=RI+ Rendimento criados estrangeiro a favor de
residentes no país – rendimentos gerados no país, mas que revertem a favor de residentes no estrangeiro.

Ex- alguém presta um serviço no estrangeiro, esse serviço vai ser considerado como rendimento nacional
(a favor de residentes no país). Imaginemos que uma pessoa de outra nacionalidade, vem para PT trabalhar
e que regularmente envia remessas de dinheiro, parte do seu salário, para a sua família que esta na Turquia.
Essas remessas que são enviadas para a Turquia são rendimento interno, porque são rendimento gerado em
Portugal, em virtude do trabalho realizado por este cidadão, mas não são rendimento nacional porque elas
revertem a favor de pessoas que residem no estrangeiro.
Rendimento pessoal- é uma parte do rendimento nacional, parte do rendimento total que chega as famílias,
rendimento distribuído aos participantes na produção. É o rendimento que é efetivamente entregue às
pessoas físicas ou singulares (às unidades de consumo). Basicamente este rendimento corresponde à soma
dos salários, rendas, juros e lucros que são distribuídos às famílias, porque as famílias recebem no facto de
terem participando na produção. No entanto, temos que deduzir 3 parcelas e somar outras duas. A partir do
rendimento nacional, para obtermos o rendimento pessoa, temos de deduzir parte do rendimento que vai
constituir poupança das empresas, são lucros que não são distribuídos, retidos nas empresas, não são
distribuídos logo não constituem rendimento disponível para as famílias, portanto, deduzimos ao
rendimento nacional para obtermos o rendimento pessoal temos que deduzir poupança das empresas,
impostos que recaem sobre as empresas, impostos que não sejam impostos sob a produção. Depois temos
ainda que deduzir o rendimento de empresas públicas e outras propriedades do Estado. Por outro lado, para
obtermos o rendimento pessoal temos de adicionar ao rendimento nacional, a este rendimento geral, que é
resultante da distribuição das remunerações dos fatores de produção, temos de adicionar as prestações da
Segurança Social e transferências do Estado (subsídios que as famílias recebem e não tenham
contrapartidas), quando queremos apurar o rendimento pessoal vamos ter que adicionar as prestações da
segurança social e outras transferências correntes do Estado, porque efetivamente não são rendimentos
nacionais mas sim pessoas. E temos ainda que adicionar transferências correntes do resto do mundo. Ex-
imigrante português em França que envia regularmente parte do seu salário para a família que está em
Portugal, isto não é tido como rendimento nacional, mas sim pessoa. Rendimento que é a favor de pessoas
que estão em Portugal.

Rendimento nacional disponível- aquilo que as famílias dispõem para poderem consumir ou aforrar. O
RNC corresponde ao rendimento nacional menos os impostos, é a parte do rendimento nacional que
sobrevive à tributação e que na verdade é aquilo que efetivamente os indivíduos podem gerir. Não interessa
o meu salário bruto, que é pago e constituem rendimento disponível, interessa o meu salário líquido de
impostos, ou seja, depois de eu apagar os impostos a que estou obrigada, com que valor posso contar para
fazer face às minhas despesas.

Cálculo da atividade económica na ótica da despesa- a despesa pode ser feita em bens de consumo
(despesa de consumo) ou ser feita em bens de produção (despesa de investimento). Esta despesa pode ser
realizada por particulares (despesa privada) ou também despesas públicas (que também são despesas de
consumo e investimento).

Ao lado disto, temos as despesas relacionadas com o comércio internacional. Ou seja, os países não
produzem tudo aquilo que consomem- importações vs exportações. Em termos de despesa, nos temos aqui
uma ficção para conseguir em nome do tal princípio da equivalência entre o produto e a despesa. Para
conseguirmos uma equivalência entre o produto e despesa nos ficcionámos que fazemos despesa com os
bens que exportamos e não com os que importamos. Ou seja, quando nos realizamos despesa é quando
importamos bens, acontece que para termos esta equivalência entre produto e despesa em nome do princípio
da equivalência entre agregados nos queremos uma ficção- fazemos despesa com os bens que exportamos.
Os bens que exportamos são os que produzimos. Portanto, fazemos despesa com os bens que exportamos
e não com os que importamos, com os bens que importamos foram produzidos noutro pais essa despesa foi
realizada por outro país.

O produto nacional vai corresponder na ótica da despesa ao valor do consumo+ investimento quer seja dos
particulares quer seja do Estado+ exportações – importações (não realizamos despesa com os produtos que
importamos).

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