@_laryssamgomes l 07/08/2023
Pactos
A edificação do direito constitucional
O constitucionalismo é um conceito amplo e
diverso que abrange a ideia de limitação e
organização do poder político em uma
sociedade. Ele busca estabelecer regras
fundamentais, direitos e deveres que governam
a relação entre o Estado e seus cidadãos,
garantindo a proteção das liberdades individuais
e coletivas. Esse conceito evoluiu ao longo da
história e assumiu várias formas em diferentes
contextos culturais e políticos. Seria interessante
evitar termos como: Neoconstitucionalismo e
pós-modernidade.
✎ Constituição: Construção histórica que visa
limitar o poder e as arbitrariedades e
resguardar a liberdade.
Antiguidade
Embora a noção moderna de constitucionalismo
tenha se desenvolvido posteriormente,
podemos encontrar raízes desse conceito em
algumas civilizações antigas. No antigo Egito e na
Mesopotâmia, por exemplo, havia certos
documentos e leis que buscavam regular o
exercício do poder e os direitos dos cidadãos. No
entanto, essas sociedades ainda eram
caracterizadas pelo domínio de monarquias
absolutistas ou governantes despóticos.
• Hebreus: Tinham a bíblia como um
manual “constitucional”;
• República: Tinham os senados (o poder
estava nas mãos de alguns [dos mais
poderosos]);
• Democracia: O poder está nas mãos do
povo (de todos).
Com o passar do tempo, os pactos e acordos
entre governantes e governados passaram a
emergir como uma forma rudimentar de
constitucionalismo. Um dos exemplos mais
notáveis é o Pacto das Catacumbas (Pactum
Calixtinum) em 1119, uma série de acordos entre
o papa Calisto II e os cardeais que buscava
estabelecer regras para a eleição papal e a
disciplina do clero.
Carta Magna
Um dos marcos mais importantes na história do
constitucionalismo foi a Magna Carta de 1215, na
Inglaterra. Ela foi um acordo imposto ao rei João
Sem Terra pelos barões ingleses para limitar o
poder real e garantir direitos básicos dos súditos.
A Carta Magna estabeleceu a ideia de que o
governante também estava sujeito à lei e que o
poder absoluto do monarca tinha limites.
Forais ou cartas de franquia
Após a Carta Magna, as cartas de franquia (ou
forais) também se tornaram comuns na Europa
medieval. Essas cartas eram concessões régias
que conferiam certos direitos e privilégios aos
habitantes de cidades e vilas, estabelecendo
uma relação mais equilibrada entre
governantes e governados.
Contratos de colonização
Com a expansão colonial europeia, os contratos
de colonização foram utilizados para
regulamentar as relações entre a metrópole e
as colônias, delimitando poderes (da metrópole)
e garantindo direitos específicos aos colonos.
⚠ Lembrar as 13 colônias norte-americanas.

Doutrinas contratualistas
Durante os séculos XVII e XVIII, surgiram teorias
filosóficas conhecidas como doutrinas
contratualistas, que fundamentaram a ideia de
que a autoridade governamental se originou de
um contrato social entre governantes e
governados.
Filósofos como Thomas Hobbes, John Locke e
Jean-Jacques Rousseau elaboraram suas
teorias sobre a formação do Estado e os direitos
do indivíduo em relação ao poder político.
Leis fundamentais do reino e da Inglaterra
As leis fundamentais do reino, como o Habeas
Corpus de 1679 e a Bill of Rights de 1689,
desempenharam um papel crucial na
consolidação do constitucionalismo na
Inglaterra. Essas leis estabelecem direitos
básicos dos cidadãos, como a proteção contra
prisão arbitrária (habeas corpus) e a obrigação
de impostos sem a aprovação do parlamento.
Constituição Norte-Americana e Francesa
O constitucionalismo moderno também foi
influenciado pelas revoluções americana e
francesa. A Constituição dos Estados Unidos,
ratificada em 1787, foi a primeira a estabelecer
uma forma escrita e codificada de governo com
uma série de emendas que garantem os direitos
dos cidadãos. Da mesma forma, a Revolução
Francesa deu origem à Declaração dos Direitos
do Homem e da Cidadão de 1789, que proclamou
a igualdade e liberdade fundamentais dos
cidadãos franceses.
Direitos humanos e direitos fundamentais
O constitucionalismo moderno tem como um de
seus pilares a proteção dos direitos humanos e
fundamentais. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos, adotada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1948, é um exemplo
importante desse compromisso global em
garantir a garantia e os direitos inalienáveis de
todos os seres humanos, independentemente
de sua nacionalidade, etnia, gênero ou religião.
⚠ Revisar estado moderno.
Noção de poder constituinte
O poder constituinte é o poder político supremo
que detém a capacidade de criar, elaborar e
modificar a Constituição de um país ou de uma
entidade política. Ele representa a vontade
originária do povo, sendo responsável por
estabelecer as bases e princípios fundamentais
que governarão a sociedade.
O poder constituinte é a licença do
ordenamento jurídico de um Estado, pois é a
partir dele que todas as outras normas e
institutos jurídicos derivam de sua validade.
Fundamentos da ordem jurídica
a) Soberania popular: O poder constituinte
emana do povo, sendo exercido em seu nome,
representando a vontade coletiva da
comunidade política.
b) Ruptura ou mudança de ordem jurídica: O Assembleias constituintes
poder constituinte surge em momentos de
ruptura ou transição política, como em As assembleias constituintes são órgãos
revoluções, independências ou mudanças no representativos criados com a finalidade de
sistema político. exercer o poder constituinte. São compostas por
representantes eleitos pelo povo ou por outros
c) Autonomia e plenitude: O poder constituinte é meios de representação democrática. Sua
autônomo, não sendo subordinado a nenhum função é debater, redigir e aprovar a nova
outro poder constituído, e é pleno em sua Constituição, garantindo a participação popular
capacidade de definir as regras que organizarão no processo de construção da ordem política e
o Estado. jurídica do Estado.
Características do poder constituinte
Originário: O poder constituinte é originário, ou
seja, não deriva de nenhum outro poder pré-
existente. Ele é criado no momento em que uma
nova ordem política se estabelece, seja pela
independência de um território, revolução ou
outro processo de mudança política.
Incondicionado: O poder constituinte é
incondicionado, não estando sujeito a limitação
imposta pelas normas ou instituições do sistema
jurídico anterior. Ele possui ampla liberdade para
criar uma nova Constituição que atenda às Plenário da Câmara dos Deputados, na cerimônia de proclamação
da Constituição de 1988. Foto: Portal da Câmara dos Deputados.
necessidades e aspirações do momento
histórico.
Irrevisibilidade: Em alguns casos, uma
Constituição originada pelo poder constituinte
pode conter dispositivos que a tornam
inalterável ou apenas revisível por meio de
procedimentos descritos e controlados. Essa
irrevisibilidade é uma forma de proteger os
princípios e valores fundamentais defendidos na
nova ordem constitucional.
Limitações do poder constituinte
Limitações formais: Em alguns casos, a
convocação de uma assembleia constituinte ou
a revisão de uma Constituição podem estar
sujeitas às regras especificadas no
ordenamento jurídico.
Limitações materiais: Certos princípios podem
ser considerados cláusulas pétreas ou
fundamentais, não podendo ser alterados nem
mesmo pelo poder constituinte. Essas restrições
são geralmente destinadas a proteger direitos
fundamentais e princípios democráticos básicos.