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Caderno de Orientações para

a Jornada Pedagógica
EDUCAÇÃO INFANTIL
FICHA TÉCNICA
Governadora Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretária da Educação Eliana Nunes Estrela


Secretário Executivo de Cooperação com os Márcio Pereira de Brito


Municípios

Coordenadora da Coordenadoria de Educação e Francisca Aparecida Prado Pinto


Promoção Social

Articuladora da Coordenadoria de Educação e Antonia Araújo de Sousa


Promoção Social

Assessora Técnica da Coordenadoria de Educação e Sandra Maria Silva Leite


Promoção Social

Orientadora da Célula de Apoio e Desenvolvimento Aline Matos de Amorim


da Educação Infantil

Equipe do Eixo de Currículo e Formação Genivaldo Macário de Castro



Wandelcy Peres Pinto

Equipe do Eixo de Gestão da Educação Infantil Cicera Fernanda Sousa do Nascimento



Erica Maria Laurentino de Queiroz

Iêda Maria Maia Pires

Equipe do Eixo de Avaliação e Monitoramento da Rosiane Ferreira da Costa Rebouças


Educação Infantil Santana Vilma Rodrigues
Temis Jeanne Filizola Brandão dos Santos

Apoio Logístico Mirtes Moreira da Costa


Organizadora Aline Matos de Amorim


Autoras Aline Matos de Amorim



Erica Maria Laurentino de Queiroz

Genivaldo Macário de Castro

Iêda Maria Maia Pires

Wandelcy Peres Pinto

Produção Gráfica Aline Matos de Amorim


SUMÁRIO
seção 01
Orientações para as equipes técnicas das Secretarias Municipais da Educação - SMEs

Para início de conversa com a SME…

I - O que é uma jornada pedagógica?


II - Por que a jornada precisa ser orientada pela SME?
III - Como a agenda da Educação Infantil pode se integrar ao Programa Mais
Infância e à Intersetorialidade?
IV - Por que olhar para os Cuidados Socioemocionais?
V - Como seguir?

De olho nas matrículas


De olho na atualização de regimentos escolares e PPP
De olho no calendário letivo

VI - Como os Parâmetros podem ajudar a equipe técnica da SME?


VII - Como o Sistema de Avaliação Permanente da Educação Infantil (SAPI) entra
na jornada pedagógica?

O que é o SAPI?
O quê e como o SAPI avalia?
Como os resultados podem ser usados pela rede?
Como aderir ao SAPI em 2023?

VIII - Como o Ciclo de formações Continuadas em rede pode auxiliar?


seção 01
Orientações para as Unidades Escolares

Para início de conversa com a escola...


I - O que é uma jornada pedagógica?
III - Como a escola pode construir uma proposta pedagógica considerando a
intersetorialidade?
III - O que fazer primeiro?

Como lidar com os cuidados socioemocionais das(os) profissionais?


Como lidar com os cuidados socioemocionais de crianças e suas famílias?

IV - E depois?
De olho no encerramento do ano escolar de 2022

Registro do histórico escolar e promoção das crianças

De olho nas matrículas para 2023

O corte etário
A quantidade de crianças matriculadas por turma
A carga horária e a frequência escolar: um diálogo com as famílias
Busca Ativa na Educação Infantil

V - Como organizar a escola para participar do ciclo formativo?


VI - Como os Parâmetros podem contribuir com a organização da UE?
VII - Que materiais podem ampliar o repertório da equipe de profissionais?
VIII - Como o SAPI impacta na escola de Educação Infantil?

vamos investigar?

Medo de um chapéu por quê?

referências
apresentação
Por que o céu é azul? Por que os dinossauros desapareceram? Por que as
pessoas ficam doentes? Por que chove?

Perguntar faz parte da natureza humana e é quando somos crianças bem pequenas que
mais perguntamos sobre os fatos do mundo. Você já deve ter ouvido muitas dessas
perguntas e outras tantas que sequer temos respostas, mas o importante é reconhecer
que quanto mais questionamos, mais aprendemos.

É por meio das perguntas que nós compreendemos o mundo que nos cerca. Desde a mais
tenra idade, nós somos investigadores! E assim evoluímos como seres humanos, como
comunidade.

Por isso, o Caderno de Jornada Pedagógica: Educação Infantil 2023 vem trazendo
perguntas. Estamos iniciando um novo ciclo e assumimos que é preciso nos questionar
sobre como construir um novo caminho, sobre o que pode ser alterado, adaptado,
transformado, adicionado…

E para seguir esse roteiro investigativo, faremos isso em duas seções: a primeira, no
diálogo estreito com as(os) dirigentes municipais e suas equipes técnicas; a segunda, no
bate-papo com a equipe pedagógica das escolas. Essa mudança de foco é necessária, pois
precisamos pensar em ações sistemáticas para a rede, mas também em contexto, de
forma mais estreita, com as unidades escolares.

O convite que fazemos, então, é para uma busca, uma investigação sobre nossas próprias
ações e como podemos experienciá-las no novo ano, sabendo que as dúvidas serão
sempre propulsoras do conhecimento!

Coordenadoria de Educação e Promoção Social (COEPS)


SEÇÃO 01
Orientações para as equipes técnicas das
Secretarias Municipais da Educação - SMEs
Para início de conversa
com a SME…
Prezado(a) secretário(a) municipal da Educação e equipe técnica,

Esta seção tem como objetivo dialogar com vocês, trazendo pontos importantes que
podem apoiar sua rede municipal e orientá-los de forma mais coerente e coesa quanto ao
início do ano letivo e, especialmente, o período de jornada pedagógica.

Acreditamos que com esse alinhamento, via regime de colaboração, podemos traçar
caminhos mais sólidos, assegurando a equidade de oportunidades para bebês e crianças,
em todo território cearense.

I - O que é uma jornada pedagógica?

Jornada é um período de tempo em que nos propomos a desenvolver alguma atividade.


Nesse caso, compreendemos como jornada pedagógica um período (dias, semana, mês…)
em que a Secretaria Municipal da Educação, por meio de uma programação, orienta e
planeja as ações pedagógicas que serão desenvolvidas ao longo do ano letivo, através de
diversos atores-chave (crianças, famílias, professoras, gestoras escolares, gerentes Mais
Infância…).

Para que uma jornada pedagógica seja produtiva, o primeiro passo é identificar todos os
envolvidos no processo e compreender como, e em que medida, cada um é acionado
dentro de um conjunto de demandas. Vamos juntos realizar este exercício?

No quadro a seguir, sugerimos ações de profissionais que fazem parte de sua rede e suas
contribuições na jornada pedagógica e em qual cenário eles podem atuar. Veja:

07
Profissionais e Cenários possíveis para
Quem são?
setores serem acionados?

Profissionais que
Reuniões técnicas de
Gerente Municipal Mais Infância, Coordenadora(or) Municipal da Educação
desenvolvem planejamento
planejamento, construção de
junto à equipe técnica da
calendário letivo, abertura da
SME, por meio de diálogos
jornada pedagógica da rede…
intersetoriais.
Secretaria Municipal da Educação

Reuniões técnicas de
Dialogam, de forma mais
(Secretária(o) da Educação,

planejamento, pauta nas


estreita, com outras jornadas pedagógicas (rede e
secretarias, acompanhando, UEs) - com informações
Infantil)

monitorando e mobilizando intersetoriais (calendário de


as ações da Primeira vacinação, auxílios,
Infância no município (EI, inauguração de equipamentos
PADIN…). PI…)

Acompanham e monitoram
as ações da Educação Reuniões técnicas de
Infantil no município, planejamento para a construção
orientando as Unidades da jornada: pauta (rede e UEs),
Escolares (UEs) quanto ao orientação quanto à PPP e
PPP, regimento, matrícula e regimentos…
demais diálogos SME - UEs.

Organização do Plano de Ação


(Gestoras(es) escolares, Professoras(es), Funcionárias(os)

Mobilizam o diálogo para o ano letivo: atualização do


coletivo e democrático na PPP, planejamento da jornada
UE para o acolhimento de pedagógica da UE, propostas
Unidades Escolares (UEs)

todos. para os ciclos formativos,


Apoiam as práticas integração família escola.
pedagógicas das Acompanhamento e
professoras. monitoramento de matrículas

na UE, diálogos UE - SME.

Profissionais que Planejamento da jornada


desenvolvem atividades pedagógica da UE, com
pedagógicas com bebês e construção de pautas para ação
crianças. docente, para integração
família-escola.

08
Profissionais e Cenários possíveis para
Quem são?
setores serem acionados?

Profissionais que
Unidades Escolares

(Gestoras(es) escolares,

Funcionárias(os) desenvolvem atividades


Professoras(es),

para e com as crianças em Planejamento da jornada


(UEs)

diversos espaços da escola - pedagógica da UE, com pauta


cozinheira(o), vigia, para a equipe.


segurança, auxiliar de
limpeza, secretária(o)…

Bebês (0 a 1 ano e 6 meses),


crianças bem pequenas (1
ano e 7 meses a 3 anos 11
Bebês, crianças e famílias

meses), crianças pequenas


(4 a 5 anos e 11 meses)
matriculadas na rede
municipal de educação. Integração por meio de diversas
atividades pedagógicas, lúdicas
Mães, pais, avôs(ós), e socialmente situadas.
tias(os)... que se
responsabilizam
oficialmente pelas crianças
matriculadas na rede
municipal da Educação
Infantil.

O quadro acima pode ser ampliado de acordo com a estruturação de cada rede, mas é
essencial que a secretaria pense num momento inicial para dialogar conjuntamente,
aproximando-as do projeto de educação que o município propõe desenvolver.

09
II - Por que a jornada precisa ser orientada pela SME?

Orientar uma jornada pedagógica em rede é apoiar os diversos profissionais no


município e assegurar que o Projeto Pedagógico que se propõe seja reverberado de
forma democrática e equânime.

Quando a SME inicia o ano letivo pensando


coletivamente, ela também passa uma mensagem
para os profissionais: nós estamos todos juntos!

O sentimento de coletividade, de pertencimento é importante!


Professoras(es) e gestoras(es) escolares, por exemplo, precisam se ver e se sentir parte do
processo, a fim de que também possam refleti-lo nas unidades escolares(UEs).

Dessa forma, sugerimos uma jornada pedagógica organizada a partir de três grandes
momentos:

1º momento - Jornada na rede: momento em que a secretaria une os


profissionais numa programação voltada para pontos fortes e fragilidades
da rede (palestras sobre desenvolvimento infantil, socioemocional,
inclusão…), além de orientações sobre calendário letivo, matrículas,
atualização de regimentos escolares e PPP.

2º momento - (Re)planejando: momento em que os profissionais voltam


para as unidades escolares e, a partir das discussões do 1º momento,
constroem suas jornadas pedagógicas, envolvendo pautas para famílias,
crianças, funcionários, conforme as propostas orientadas e construídas com
a(o) coordenadora(or) municipal da Educação Infantil e da(o) Gerente Mais
Infância.

3º momento - Jornada na UE: momento em que os profissionais da UE


efetivam a jornada pedagógica, organizando a escola e acolhendo a
comunidade escolar.

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Para o 3º momento, sugerimos um olhar para o documento Jornada de
Tempo Integral: um caminho para a Educação Infantil no estado do Ceará
(AMORIM, 2022). Na seção “E se fosse assim?” trazemos uma interessante
sugestão de acolhimento das famílias . Embora o foco dela seja para as UEs
de tempo integral, é possível adaptação para as de tempo parcial.

III - Como a agenda da Educação Infantil pode se integrar ao


Programa Mais Infância e à Intersetorialidade?

Um ponto relevante para iniciar o ano letivo é compreender como as ações dentro da
secretaria municipal de educação podem estar alinhadas ao Programa Mais Infância
Ceará e, por conseguinte, a ações intersetoriais.

É importante conhecer que o pilar do Programa Mais Infância é a intersetorialidade, ou


seja, é assumir que para ofertar uma Primeira Infância de qualidade em todo o Ceará é
preciso uma rede de proteção ampla, composta não só de agentes da educação, mas de
todas as secretarias municipais.

Quando esse pensamento se fortalece no município, os diálogos intersetoriais também


se solidificam. No caso da Educação Infantil, duas figuras passam a ser relevantes: a(o)
Gerente Municipal Mais Infância e a(o) Coordenadora(or) Municipal da Educação
Infantil, as(os) quais podem acionar as políticas públicas voltadas para crianças de 0 a 5
anos e 11 meses, bem como focar em propostas para a primeira etapa da Educação
Básica.

Por isso, orientamos que cada SME organize uma equipe técnico-pedagógica qualificada,
ou seja, que conheça os documentos norteadores da Primeira Infância (Plano Nacional,
estadual e municipal da Primeira Infância e da Educação, Plano de Ação dos Parâmetros),
especialmente os da Educação Infantil (DCNEI, BNCC e DCRC).

É preciso que essa equipe técnica tenha pessoas responsáveis pelo planejamento,
condução, execução e monitoramento das ações que fazem parte das políticas públicas
municipais e, em regime de colaboração, estadual, voltadas para crianças (em processo
de escolarização ou não), para os profissionais (professoras e gestoras) e para as famílias
das crianças. É preciso também que o grupo atue de forma intersetorial, isto é, em
diálogo constante e permanente com pontos focais de outras secretarias (a exemplo da
saúde, assistência, cultura...), com a comunidade local e com organizações do terceiro
setor, a fim de fortalecer a rede de proteção de bebês e crianças.

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IV - Por que olhar para os Cuidados Socioemocionais na Educação
Infantil?

Responder a esta pergunta hoje talvez seja mais fácil, visto o momento pelo qual
passamos recentemente: uma pandemia. Nossos olhares e sentimentos se voltaram para
como nos sentimos e, por isso, acreditar que cuidar de nossas emoções é ponto-chave
para melhorar nossas relações.

Portanto, acreditamos fortemente que não é possível iniciar um ano letivo sem
estabelecer, de forma perene, cuidados socioemocionais para os envolvidos no processo:
profissionais, crianças e famílias.

Para que isso aconteça, algumas perguntas precisam ser feitas:

O que a SME pode fazer pelos seus profissionais?


Como essas ações podem deixar de ser pontuais e passar
a ser constantes?

Quando a secretaria e sua equipe técnica se fazem esses questionamentos, significa que
elas estão, de fato, preocupadas com as inter-relações e, principalmente, estão buscando
estratégias para contornar os problemas da rede: e isso já é um primeiro passo!

Outras sugestões que apontamos são:

buscar apoio, de forma intersetorial, com a


secretaria municipal de saúde e ação social,
por meio de palestras com psicólogos,
psicopedagogos e demais profissionais
atuantes na área em questão.
construir grupos de apoio para os
profissionais da rede, por meio de sessões
virtuais com outros profissionais.
realizar oficinas e planejamento colaborativo,
para desenvolver o tema nas escolas, junto
aos profissionais.
estabelecer canais de comunicação por
telefone ou internet, para que os
profissionais possam entrar em contato com
psicólogos e assistentes sociais da rede.

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Ações como essas permitem que os profissionais sintam-se acolhidos e apoiados, para
além da sua atuação profissional.

Outro questionamento que precisa ser feito pela equipe da secretaria é como orientar as
UEs no acolhimento de profissionais, crianças e famílias. Para esse diálogo, é preciso ter
comunicação direta e empática com as(os) gestoras(es) escolares, visto que elas(es) não
acolherão somente profissionais, mas também crianças e suas famílias.

Na Seção 02 deste caderno, falaremos um pouco mais sobre esse assunto, de forma
direcionada aos profissionais que atuam nas UEs.

V - Como seguir?

Secretárias(os) e equipes,

Agora que demos início ao nosso diálogo e já sabemos por onde começar, é preciso olhar
com mais atenção para alguns fatores que, ano a ano, precisam ser reforçados: a
organização das matrículas, a atualização dos regimentos escolares e dos PPP, o
planejamento e a construção do calendário letivo da rede.

De olho nas matrículas (em tempo parcial e integral)

Para garantir o atendimento a bebês e crianças, é preciso que o monitoramento das


matrículas seja realizado em tempo real e com total transparência.

O parâmetro 1 (Acesso e permanência), referente à dimensão 1 (Gestão Democrática), do


documento Parâmetros para a Promoção da Qualidade e Equidade da Educação Infantil
Cearense (AMORIM [et al], 2021) traz indicadores que precisam ser levados em
consideração quando falamos de matrícula. Observe:

GD1.1 Organização dos dados de matrículas e demanda por vagas atualizados,


incluindo percentual da população atendida em creche e pré-escola, explicitando-se
recortes de categorizações dessas informações por território, identidade étnico-
racial, deficiência, gênero, etc.

GD 1.2 Plano de expansão de vagas, visando ao atendimento da demanda por creche e


à universalização do acesso à pré-escola, conforme metas do Plano Nacional de
Educação e do Plano Municipal de Educação, mantendo a sistemática de
monitoramento e visando à implementação de ações de ampliação da rede.

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GD 1.3 Sistematização do processo de matrícula em conjunto com as instituições de
Educação Infantil, de maneira transparente a todos os envolvidos por meio de
instrumentos, como uma central de vagas e/ou uso de ferramentas digitais.

GD 1.4 Monitoramento do acesso e permanência de todas as crianças nas instituições


de Educação Infantil, com especial atenção às crianças de famílias em condições de
vulnerabilidade, beneficiárias de programas de transferência de renda, com
deficiência ou altas habilidades/superdotação, população negra e comunidades
tradicionais de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, litorâneos, ciganos, artistas
circenses, crianças residentes em acolhimentos ou em situação de rua, etc., em
parceria com a gestão das unidades educacionais e profissionais da assistência social.

GD 1.8 Busca ativa de crianças que estejam fora da Educação Infantil, especialmente
as identificadas em situação de vulnerabilidade social e as que já alcançaram a idade
de matrícula obrigatória.

(AMORIM [et al], 2021, p. 16-17)

De olho na atualização de regimentos escolares e PPPs

O Regimento Escolar é um documento normativo e administrativo que contém as regras


para o funcionamento de cada Unidade Escolar. Ele tem o caráter obrigatório e funciona
como um manual prático a ser compartilhado com a comunidade escolar e todos que
fazem parte da escola devem ter acesso a ele continuamente.

A organização do Regimento Escolar deve ter como base as legislações de Educação em


vigor no país, no estado e no município em que a escola está inserida. Ele é um registro
textual, basilar, organizado a partir de um conjunto de regras que envolve todas as ações
da UE, definindo a estrutura da organização administrativa, da pedagógica e do
currículo. Ele define também os objetivos do sistema de ensino e a forma como será
aplicado na UE. Dessa forma ele é um documento que coordena o funcionamento da
escola e regulamenta as ações educativas e o Projeto Político Pedagógico.

Todo ano, cada unidade escolar precisa rever seu regimento escolar, analisando o
contexto do ano anterior e atualizando o texto. Para apoiar a equipe gestora e demais
profissionais nesse processo, a secretaria municipal pode desenvolver ações, durante a
sua jornada pedagógica, para orientar a escrita e a reflexão sobre esses documentos, a
fim de que eles sejam vivos dentro do ambiente escolar.

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Nesse sentido, sugerimos que a SME, durante a jornada pedagógica,

Oferte pequenas oficinas e/ou palestras, sobre a construção do regimento escolar,


maximizando o diálogo com as equipes gestoras.
Crie canais de compartilhamento de texto (pastas compartilhadas, por exemplo), a
fim de que as equipes gestoras possam ampliar o repertório e qualificar o próprio
documento.
Construa um modelo macro de regimento da rede, que funcione como um
“esqueleto”, para que, a partir dele, cada UE possa criar o seu próprio regimento.
Acompanhe e monitore, por meio da equipe técnica, todos os regimentos escolares,
orientando as UEs ao longo do ano letivo.

De olho no calendário letivo

O calendário escolar é o documento no qual encontramos toda a programação macro da


rede, voltada para a educação. O calendário da rede precisa sinalizar ações importantes
não somente para os profissionais, mas também para as famílias.
Abaixo, trazemos algumas sugestões de tópicos que não podem faltar no calendário
escolar da rede municipal:

Matrícula das crianças com necessidades educacionais específicas.


Matrícula das crianças que já estão na rede (de uma etapa para a outra, de uma escola
para a outra).
Matrícula das crianças que ainda não são da rede.
Início e fim do ano letivo para creches, pré-escolas e escolas que ofertam EI.
Início e fim das férias escolares.
Calendário de formação dos professores da EI.
Calendário de formação dos gestores da EI.
Autoavaliação institucional na Educação Infantil.
Avaliação externa (Sistema de Avaliação da EI).
Mês da Primeira Infância (agosto) (Semana do Bebê, atividades intersetoriais…)

Perceba que estamos sugerindo uma programação macro, pois sabemos que cada
unidade escolar tem um contexto próprio. Todas elas, entretanto, devem trabalhar de
forma articulada com as famílias, desenvolvendo ações mais específicas e direcionadas
para os interesses e necessidades das crianças. Há ações que necessitam ser sinalizadas,
pois, quando documentadas, ganham força na rede e ajudam na organização das equipes.

VI - Como os Parâmetros podem ajudar a equipe técnica da SME?

Direcionado especificamente para dirigentes municipais, os Parâmetros para a


Promoção da Qualidade e Equidade da Educação Infantil Cearense (AMORIM [et al],
2021) são cruciais para serem trabalhados desde o início (e o acompanhamento) do ano
letivo.
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Organizado em quatro dimensões, o documento traz parâmetros e indicadores,
detalhados, sobre como o município pode se organizar, a fim de garantir a oferta de uma
Educação Infantil de excelência em sua rede.
Observe abaixo as dimensões e cada um dos parâmetros apontados ao longo do
documento:

(AMORIM [et al], 2021, p. 10)

Em 2021, ano de publicação do documento, foi ofertada a todas as redes uma formação
para implementação do documento, assim como material de suporte técnico. As
gravações de cada encontro virtual, bem como o documento de apoio Subsídios para
Implementação dos Parâmetros para a Promoção da Qualidade e Equidade da Educação
Infantil Cearense (AMORIM [et al], 2021), encontram-se disponíveis no site da
Coordenadoria de Educação e Promoção Social (COEPS), no link seduc.ce.gov.br/coeps/.

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VII - Como o Sistema de Avaliação Permanente da Educação Infantil
(SAPI) entra na jornada pedagógica?

Para responder a essa pergunta, o primeiro passo é entender o que é o SAPI, o que e
como ele avalia e que resultados obtemos com ele

O que é o SAPI?

O Sistema de Avaliação e Monitoramento da Educação Infantil (SAPI) é uma iniciativa do


Governo do Estado do Ceará, em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e
com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES), a partir do
Projeto - Coalizão Ceará.

O SAPI foi aplicado em 2021, de forma piloto, em 12 municípios cearenses. Seus


resultados foram divulgados em 2022, por meio de boletins a nível estadual, regional e
municipal.

O objetivo do SAPI é buscar evidências científicas que nos guiem para a construção de
políticas públicas eficientes para Educação Infantil, a fim de assegurar, em regime de
colaboração Estado-municípios, os direitos de aprendizagens e desenvolvimento de
bebês e crianças, de forma equânime, em todo território cearense.

O quê e como o SAPI avalia?

O SAPI avalia, por amostragem, insumos e


processos, ou seja, avalia os ambientes de
aprendizagens em que as crianças estão
imersas, bem como currículo e práticas
pedagógicas. Além disso, também são
observados os resultados, no contexto das
aprendizagens das crianças do Infantil V.

O SAPI foi constituído com base na Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagens


dedicados à Primeira Infância (EAPI) e no Instrumento de Avaliação das Aprendizagens
na Primeira Infância (INAPI).
Ao todo, o sistema reúne 10 dimensões que permitem observar tendências na rede
municipal, nos aspectos pedagógicos e de gestão, como mostrado nas imagens a seguir:

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Avaliação dos ambientes:

EAPI
Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagens dedicados à Primeira Infância

Avaliação das aprendizagens:

INAPI
Instrumento de Avaliação das Aprendizagens na Primeira Infância

EC A4. Escrever palavras


conhecidas (próprio nome) em A5. Reconhecer-se, AAA
contexto de registro gráfico. relatando sua identidade.

A6. Compreender as
A3. Alfaletrar
oportunidades de
autocuidado.
A2. Reconhecer e compreender A7. Enfrentar desafios,
narrativas ouvidas, recontando-as. confiando em suas
potencialidades.

A1. Expressar com o outro as suas


colocações em interações. A8. Demonstrar
manejo do corpo

A16. Autorregular-se, com a


finalidade de alcançar objetivos
A9. Imaginar e criar
e/ou se ajustar às demandas
cotidianas sociais.

A10. Investigar fenômenos,


construindo hipóteses A15. Envolver
-se e participar das
oportunidades oferecidas.

A11. Estabelecer relações de


comparação, construindo A14. Cooperar, visando o benefício de todos
conhecimentos a respeito do mundo. no alcance de um objetivo comum

A12. Fazer controle de A13. Demonstrar empatia,


variação de quantidade, reconhecendo emoções e
fazendo relações de oferecendo suporte ao

IITC correspondência um- a-um. outro diante de dificuldade


EAEC

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Todas as dimensões estão alinhadas à Base Nacional Curricular Comum - BNCC e ao
Documento Curricular Referencial do Ceará - DCRC, bem como trazem a concepção do
brincar como a principal forma de expressão das crianças, além de ferramenta fundante
para a construção de seu processo de aprendizagem, o que, por sua vez, deve ser
dinâmico, lúdico e socialmente situado, considerando sua cultura e todas as áreas do
conhecimento humano.

Além disso, é de extrema importância que as práticas pedagógicas com intencionalidade


educativa promovam experiências diversificadas, por meio da mediação das professoras.
O uso de perguntas abertas e fechadas e a adequação de atividades e materiais didáticos
devem ser o cenário propício para o desenvolvimento das crianças. Por isso, o SAPI parte
de observação direta da escola, da turma de crianças e das professoras, mas também do
diálogo com a equipe docente, com os gestores escolares e com as famílias.

Como os resultados podem ser usados pela rede?

O cruzamento de dados disponibilizados pelo SAPI nos permite indicar quais fatores
precisam ser fortalecidos na rede, para que seja ofertada uma Educação Infantil com
qualidade e equidade.

Nesse sentido, um boletim é disponibilizado ao dirigente municipal, sinalizando o


percentual e o status de cada uma das dimensões, bem como do detalhamento delas.
Além disso, é possível obter uma estratificação dos resultados, para visualizar a situação
de creches e pré-escolas separadamente, ou de CEI para escolas de Ensino Fundamental
que ofertam Educação Infantil, por exemplo.

Essas informações são úteis para que a equipe técnica da rede possa reavaliar a etapa,
reestruturar seu projeto pedagógico e qualificar seu atendimento.

Como aderir ao SAPI em 2023?

O Governo do estado do Ceará, por meio da Secretaria da Educação do Estado, está


organizando orientações detalhadas para o processo de adesão ao SAPI. Nesse sentido,
algumas ações já podem ser adiantadas pelos municípios, a fim de dar celeridade ao
processo:

Atualizar, no SIGE Municípios, o cadastro de todas as escolas e turmas de Educação


Infantil.
Definir equipe técnica responsável pela etapa na rede (gerente municipal Mais
Infância, coordenador municipal da Educação Infantil, técnicos…) - ver sugestão no
TÓPICO II - Por que a jornada precisa ser orientada pela SME?)

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VIII - Como o Ciclo de formações Continuadas em rede pode auxiliar
na formação das(os) profissionais do município?

O que é o Ciclo Formativo?

A Coordenadoria de Educação e Promoção Social (COEPS), da Secretaria de Educação do


Estado do Ceará (SEDUC-CE), por meio da Célula de Apoio e Desenvolvimento da
Educação Infantil (CADIN), com o propósito de impulsionar a implementação da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Documento Curricular Referencial do Ceará
(DCRC), bem como de apoiar os municípios, via Regime de Colaboração Estado-
Municípios, oferta anualmente um plano formativo para o Ciclo de Formações
Continuadas em Rede para Professoras(es) e Gestoras(es)da Educação Infantil.

A Coordenadoria Educação e Promoção Social/COEPS disponibiliza encontros


formativos que permitem ampliar as discussões em torno do desenvolvimento infantil e
das concepções de criança, infância e Educação Infantil assumidas e defendidas pela
Secretaria Estadual da Educação. A ação formativa da COEPS é articulada ao Programa
Mais Paic e ao Programa Mais Infância Ceará.

Quem participa?

Participam do ciclo de formações continuadas:


formadores regionais: representantes das Coordenadorias Regionais de
Desenvolvimento da Educação (CREDEs) que atuam no eixo de professoras(es) e no
eixo de gestoras(es). São cursistas da formação estadual e desdobram as ações a nível
regional.
formadores municipais: representantes das Secretarias Municipais da Educação que
atuam no eixo de professoras(es) e no eixo de gestoras(es). São cursistas da formação
regional e desdobram as ações a nível municipal.
Professoras(es) lotadas(os) em Centros de Educação Infantil ou escolas de Ensino
Fundamental que ofertam Educação Infantil. São cursistas da formação municipal.
Gestoras(es) escolares - diretoras(es) e coordenadoras(es) pedagógicas(os) -
lotadas(os) em Centros de Educação Infantil ou escolas de Ensino Fundamental que
ofertam Educação Infantil. Eles promovem ações de formação em contexto com seus
professores, considerando sua realidade e as discussões do ciclo formativo. São
cursistas da formação municipal.

Como o Ciclo formativo se estrutura?

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De forma semipresencial, o ciclo se organiza em quatro módulos. Em cada um deles, há
um encontro presencial e atividades acompanhadas virtualmente.

Além disso, os formadores dialogam estreitamente com os municípios, compreendendo


as principais necessidades e auxiliando-os, orientados pela SEDUC CE e pelas CREDEs,
na implementação dos documentos norteadores, fortalecendo o regime de colaboração.

O mais importante: a formação considera a realidade dos municípios cearenses, e


articula os diferentes contextos, mas, principalmente, se expande, visto que o diálogo
reverbera em todo o estado. Dessa forma, professoras e gestoras podem compartilhar
experiências e fortalecer suas práticas pedagógicas de forma mais ampla.

Por que é importante participar do Ciclo Formativo?

Em nossa proposta formativa, traçamos cinco objetivos que marcam a importância da


participação dos profissionais da rede:

Aprofundar e ressignificar as práticas de educação e de cuidados que


garantam que bebês e crianças vivenciem experiências diversificadas e
qualitativas, com amplas aprendizagens na Educação Infantil para
desenvolverem suas múltiplas linguagens.

Imergir em espaços de formação continuada em rede, com foco na


Educação Infantil, com vistas ao aperfeiçoamento da práxis pedagógica e,
consequentemente, contribuir com a melhoria gradativa das condições
humanas e materiais das crianças e dos profissionais que vivenciam o
cotidiano de práticas educativas e de cuidados.

Ampliar subsídios teóricos e práticos para o desenvolvimento de um


trabalho pedagógico que atendam as especificidades próprias de cada faixa
etária de bebês e crianças.

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Conhecer estratégias que assegurem os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, com base no arranjo curricular por campos de
experiências, para a inclusão das diversas infâncias.

Fortalecer a cultura literária na primeira infância dos diferentes espaços de


aprendizagem, dando robustez ao fazer pedagógico de professoras(es) e de
gestoras(es), bem como promover o encantamento literário no seio da
prática pedagógica, com a participação da comunidade escolar.

Como mobilizar a rede municipal para participar dos


momentos?

O primeiro passo é reconhecer a importância de uma formação em rede! Quando


apoiamos as iniciativas que reverberam em todo o estado, assumimos o compromisso de
fortalecer o regime de colaboração Estado-Municípios.

O segundo, é criar estratégias que possibilitem que professoras(es) e gestoras(es) possam


participar do momento. Algumas sugestões são:

assegurar os encontros formativos no calendário escolar;


garantir o acesso às formações, com possibilidade de locomoção e tempo estruturado
no planejamento;
mobilizar os materiais de suporte pedagógico entre os profissionais;
ofertar bolsas de incentivo educacional etc.

Este ano, durante a Bienal do Livro de 2022, a Coordenadoria de Educação e Promoção


Social, por meio da Célula de Apoio e Desenvolvimento da Educação Infantil (CADIN),
lançou o livro Mais Formação: A Educação Infantil pelas lentes da Formação de
Professoras(es) (AMORIM, 2022), que conta a trajetória das formações para a Educação
Infantil ofertadas pelo estado, bem como permite conhecer avanços e desafios desse
processo. Para tanto, foram analisados 24 municípios que desdobraram as formações em
rede, trazendo à tona vozes importantes no processo de formação: formadores,
professoras(es), equipes técnicas…

Para saber mais sobre o ciclo e sobre como avançar na participação dos profissionais de
sua rede, leia na íntegra em seduc.ce.gov.br/coeps/

22
IX - Que materiais de suporte técnico pedagógico podem ser
oferecidos às(aos) profissionais da rede?

Antes de adentrarmos com algumas sugestões de materiais, é preciso reforçar um


posicionamento importante, quando se trata de Educação Infantil:

AS CRIANÇAS APRENDEM BRINCANDO E


INTERAGINDO!

Portanto, qualquer material que impossibilite o brincar e o interagir nesta etapa não são
adequados.

Acreditamos que esse direcionamento é necessário, visto ainda percebermos a


mobilização de atividades que “prendem” às crianças a mesas e cadeiras, para realizar
“tarefinhas”. É preciso nos questionar que concepção de criança e de infâncias temos e
quais são os documentos norteadores que fundamentam o roteiro de atividades.

Pensemos:

23
Por que pintar o desenho de ... podemos plantar uma árvore ou
uma macieira se... realizarmos uma pintura de observação
da natureza?

... podemos encontrar animais


Por que circular o maior ou grandes e pequenos no ambiente
menor animal desenhados escolar ou em parques, praças?
numa folha de papel, se... (formigas, pássaros, coelhos,
cachorros…)

Por que no lugar de “levar a ... não se pode brincar de “corrida


abelha ao pote de mel, de obstáculos” ou construir bonecas
ligando os pontos”... Abayomi, bonecas de palha...?
24
Então, para que a rede possa disponibilizar materiais pedagógicos, é necessário antes
compreender como esses materiais alinham-se ao que se propõe uma Educação Infantil
de qualidade. Em nossa formação em rede, discutimos a relação da professora com as
atividades oportunizadas, bem como com a relação das(os) docentes com a cultura e com
a arte. Veja:

Se por exemplo, a(o) professora(or) propõe atividades


xerocadas para que as crianças pintem utilizando um
repertório limitado de determinados materiais como
(guache, pincel, lápis de cor e giz de cera) ou, se por outro
lado, promove experiências estéticas que possibilitam a livre
expressão, as diferentes linguagens e o estímulo à
criatividade por meio de diferentes materialidades com uma
diversidade de materiais riscantes (como carvão, pigmentos
naturais, aquarelas, gizes, etc), recorte, colagens, variadas
gramaturas de papéis, texturas, cores, materiais artesanais,
linhas, fios, tecidos, fotografias, elementos da natureza,
materiais não-estruturados, entre outros. Além disso, se
disponibiliza diversificados suportes como cadernos, papel,
caixas de papelão, paredes, etc. para a construção de
diferentes narrativas pelas crianças, isso revela parte de sua
relação com a cultura, com a arte. Formação de Professores,
Caderno 1 - Módulo 03 (AMORIM, QUEIROZ e PINTO, 2022,
p. 18)

Por isso, a Secretaria da Educação do Ceará – SEDUC/CE, por meio da Coordenadoria de


Educação e Promoção Social – COEPS e da Célula de Apoio e Desenvolvimento da
Educação Infantil – CADIN, em parceria com a Associação Nova Escola, disponibiliza,
desde 2021, para todos as(os) professoras(es) cearenses o Material Educacional Nova
Escola Ceará - Educação Infantil, que tem como objetivo contribuir com a ampliação de
conhecimentos e de experiências dessas(es) profissionais.

Os Cadernos são destinados às(aos) professoras(es) da Educação Infantil e possibilitam


que elas(es) expandam o olhar para as diversas atividades, a partir do arranjo curricular
da Educação Infantil por campos de experiências em todas as faixas etárias (bebês,
crianças bem pequenas e crianças pequenas).

Caso você, dirigente municipal, tenha ampliado o quantitativo de


professoras(es) na sua rede e precise de mais livros, entre em contato
com a CREDE de sua jurisdição e solicite o material!

25
Em 2022, outro livro construído pela COEPS
foi o Jornada de Tempo Integral: um
caminho para a Educação Infantil no Ceará
(AMORIM, 2022), que além de dialogar sobre
a implementação do tempo integral na
primeira etapa da Educação Básica, traz, de
forma detalhada, outros materiais de
suporte técnico-pedagógico produzidos
pela CADIN.

Vamos Cirandar?
Caderno de Gestão Pedagógica da Educação Infantil
Projeto de Transição Pedagógica: da Educação Infantil para o Ensino Fundamental:
caderno teórico, programa Entrevista com Especialista, podcast Ondas do
Conhecimento.

Para ler na íntegra o livro e ter acesso a todos os materiais, fazer download e
disponibilizar às(aos) profissionais da sua rede, acesse seduc.ce.gov.br/coeps/

26
SEÇÃO 02
Orientações para as Unidades Escolares
Para início de conversa
com a escola…
Diretora(or), Coordenadora(or) Pedagógica(o) e Professora(or), vamos conversar sobre a
jornada pedagógica na sua unidade escolar (UE)?

Antes de mergulharmos nas inúmeras dúvidas, é importante retomarmos o que já


aconteceu até este momento:

Como são as jornadas pedagógicas da sua escola?


Sua equipe conversa com gestoras(es) e professoras(es) de outras instituições?
Há um direcionamento da rede municipal? Como ele chegava?
Quem normalmente participa da jornada?
Como são montadas as pautas e as atividades? Elas contemplam as necessidades do
grupo?
(E o mais importante) Você estaria disposta(o) a mudar o formato?

Essas perguntas são extremamente importantes, pois nos conduzem a uma reflexão
mais ampla sobre o que é uma jornada pedagógica e como podemos construí-la coletiva
e democraticamente.

I - O que é uma jornada pedagógica?

Gestoras(es) e professoras(es), vocês perceberam que não estamos chamando este


momento de “semana pedagógica”, mas de “jornada pedagógica”?
Essa mudança na expressão, embora pareça simples, nos possibilita ampliar o conceito
de jornada pedagógica, pois ela passa a ser um momento de:

engajamento da equipe de profissionais da unidade escolar


acolhimento e pertencimento das famílias e das crianças
apresentação do ambiente escolar
reflexão das práticas pedagógicas
análise dos pontos fortes
reconhecimento das fragilidades

28
sinalização de ações estratégicas (regimento, PPP…)
definição da atuação da comunidade escolar

Esse momento, que pode ser uma semana (mas pode ser maior ou menor, dependendo
da unidade escolar), não precisa ser somente no início do ano letivo. Ele precisa se
constituir como prática constante e integradora da escola, ou seja, pode ocorrer
bimestralmente, semestralmente…

II - Como a escola pode construir uma proposta pedagógica


considerando a intersetorialidade?

Para que a jornada pedagógica da escola seja fortalecida, é necessário compreender que a
criança aprende e interage não somente dentro das salas de referência, mas em todos os
ambientes dentro e fora da escola e, principalmente, que a criança aprende brincando.

Posto isso, fortalecer os laços com a intersetorialidade é abrir diálogos com as diferentes
secretarias e vozes da comunidade. Por exemplo,

1. levar as crianças ao teatro é dialogar com a cultura


2. levar as crianças a uma brinquedopraça é dialogar com a infraestrutura
3. trazer um psicólogo para conversar com as famílias é dialogar com a assistência
4. reforçar as campanhas de vacinação infantil é dialogar com a saúde

Esse entrelaçamento de vozes não pode existir somente entre as equipes técnicas das
secretarias municipais, mas também deve existir entre as(os) profissionais que delas
fazem parte: professoras(es), gestoras(es), psicopedagogas(os), bombeiras(os), policiais,
médicos, atores/atrizes, cantoras(es)...

Essa rede de apoio, que inclui a família, precisa ser construída e solidificada para que as
atividades a serem desenvolvidas com as crianças sejam diversificadas e assegurem seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento:

Conviver
Brincar
Participar
Explorar
Expressar
Conhecer-se

29
E é justamente a intersetorialidade que amplia esse processo!

Sabendo disso, o Programa Mais Infância Ceará, criado em 2015 e transformado em


política de estado em 2021, tem como base o diálogo intersetorial, ou seja, as diversas
secretarias estaduais (Educação, Cultura, Saúde, Meio Ambiente…), comprometidas com
a qualidade da Primeira Infância no estado do Ceará, desenvolvem políticas públicas que
promovem o desenvolvimento infantil integral e integrado em quatro pilares: Tempo de
Nascer, Tempo de Crescer, Tempo de Aprender e Tempo de Brincar.

A Secretaria da Educação do Estado do Ceará, por meio da Coordenadoria de Educação e


Promoção Social (COEPS), se articula com o Programa Mais Infância Ceará e está imersa
em dois pilares: tempo de aprender (com ações voltadas para a Educação Infantil) e
tempo de crescer (com ações voltadas para o fortalecimento dos vínculos parentais).

Para registrar essa história, foram lançados os e-books Mais Infância Ceará (volumes 1 e
2), que apresentam a estrutura do programa e as ações a nível estadual.

No Ceará, como as políticas públicas estão fortemente alinhadas ao Regime de


Colaboração Estado-Municípios, os dirigentes municipais podem impulsionar as ações
do Programa Mais Infância Ceará. Além disso, as escolas da rede municipal podem
dialogar com outros segmentos e construir ações estratégicas amplas e de qualidade.

Converse com a(o) Coordenadora(or) Municipal de Educação Infantil do seu município.


Juntas(os) esse caminho pode ficar mais interessante!

30
III - O que fazer primeiro?

De acordo com a BNCC, o sujeito humano é constituído pelas dimensões intelectual,


física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. São elas que sustentam a estrutura
humana para a realização de todas as suas produções criativas e suas funções sociais, ou
seja, socioemocionais.

Os cuidados socioemocionais complementam a dimensão humana constituindo um


conjunto de aprendizagens desenvolvidas a partir da inteligência afetiva e emocional
desde o início de suas relações na Primeira Infância. A educação socioemocional diz
respeito a tudo que envolve as formas de aprender e desenvolver conhecimentos
comportamentais para o sujeito aprender a lidar com suas próprias emoções e saber se
relacionar com os outros, adquirindo assim responsabilidade social.

Essas aptidões se manifestam no dia a dia nas atitudes humanas, em seus modos de
pensar e sentir, e definem como cada um lida com suas atitudes em situações adversas. É
assim que cada sujeito, criança ou adulto, diferencia-se diante dos estímulos sociais,
pessoais e profissionais.

É de extrema importância compreender que os


cuidados socioemocionais são aprendidos ao longo
da nossa vida. Por isso é importante pensar na
criação de um programa de educação
socioemocional, objetivando o aprendizado e o
desenvolvimento de novos saberes para que todos
que fazem a instituição de Educação infantil
(profissionais, crianças e famílias) possam aprender a
reconhecer suas emoções e aprender a lidar com
elas, por conseguinte aprender a conviver com todos
que pertencem e habitam sua comunidade escolar.

Esse conjunto de saberes para lidar


harmoniosamente com os outros é constituído de
várias capacidades: determinação, organização,
iniciativa social, entusiasmo, empatia, respeito,
autoconfiança, tolerância à frustração, curiosidade
para aprender, imaginação ativa, entre outras. Todas
elas devem ser desenvolvidas ao longo da vida dos
seres humanos, pois são elas que darão o suporte
necessário para que as outras dimensões sejam
acessadas de forma efetiva. Isso quer dizer que os
aspectos socioemocionais bem desenvolvidos nos
seres humanos os tornam pessoas mais capazes de
pensar, agir e conviver.

31
Como lidar com os cuidados socioemocionais das(os)
profissionais?

Para integrar os profissionais da instituição de Educação Infantil, o primeiro passo da(o)


gestora(or) deverá ser a conscientização de que as competências socioemocionais podem
ser aprendidas, mesmo que eles não tenham tido oportunidades de explorá-la em seus
processos educativos quando crianças e adolescentes.

O empenho das(os) gestoras(es) fará a grande diferença na mobilização e na estimulação


da participação das(os) profissionais nos encontros de educação socioemocional.
Sugerimos, para tanto, que seja realizado um programa de capacitação com atividades
formativas e trabalhos em grupo através de dinâmicas colaborativas que envolvam os
cuidados socioemocionais. Essa estratégia objetiva oportunizar o intercâmbio de
conhecimentos em rodas de conversa, por meio de relatos dos pares sobre suas
experiências no campo das atividades socioemocionais.

Como lidar com os cuidados socioemocionais de crianças e


suas famílias?

Trabalhar os cuidados socioemocionais com crianças é um grande desafio diante de


tantas demandas da instituição de Educação Infantil em relação às aprendizagens e ao
desenvolvimento da Primeira Infância. Diante da necessidade de educar a criança para
lidar harmoniosamente consigo e com os outros, solicita que a dimensão emocional seja
posta em pauta como parte das práticas educativas. E como trabalhar essa dimensão
socioemocional com a criança e com a família?

Para envolver a família é importante que a instituição escolar oriente para que todos se
envolvam nesse desafio. O trabalho em parceria com a família tende a alcançar maiores
êxitos, portanto a indicação é que as famílias saibam o que será trabalhado na escola
para que em casa possam dar continuidade dialogando sobre todas as atividades
propostas com o objetivo de ampliar o vocabulário socioemocional da criança.

As atividades devem estar relacionadas a tudo que envolve o trabalho com as emoções e
o saber lidar diante de cada situação que demanda o reconhecimento das emoções e a
autorregulação, por exemplo:

criar um álbum com imagens de revistas que evidenciam sentimentos e emoções.


contar histórias infantis que evidenciam as emoções básicas, tais como alegria,
tristeza, medo, raiva etc.
criar situações de jogos e brincadeiras que incentivem a criança a falar sobre suas
emoções.

32
motivar a criança a expressar suas emoções através da arte (desenho, pintura,
teatro, música etc).
estimular a criança a lidar com seus próprios conflitos para aquisição da autonomia
socioemocional.

É importante constatar que o desenvolvimento socioemocional, desde a Primeira


Infância, pode influenciar consideravelmente no aproveitamento escolar, nas relações
consigo e com o meio em que vivemos, principalmente nas escolhas ao longo da vida. O
trabalho em parceria entre escola e família, envolvendo todos os sujeitos que compõem a
comunidade escolar, pode fazer nascer uma cultura de cuidados socioemocionais,
criando uma rede de cuidados e proteção coletiva.

Dessa forma, essa prática tende a tornar-se perene no ambiente escolar.

IV - E depois?

Diretoras(es) e Coordenadoras(es) Pedagógicas(os),

Este capítulo dialoga estreitamente com vocês, pois traz pontos que a equipe gestora
precisa estar atenta para iniciar um novo ano letivo. Vamos lá?

De olho no encerramento do ano escolar de 2022

Antes de iniciar o ano, é preciso ter a certeza de que o ano anterior está “fechado”. Para
isso, vamos jogar uma lupa em alguns pontos?

Registro do histórico escolar e promoção das crianças

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 12.796/2013, no Art. 31 determina que a


organização da Educação Infantil evidencie o processo avaliativo a partir de registros de
desenvolvimento das crianças. Ela também orienta para o controle de frequência e de
como deve ser expedido o documento que ateste o processo de aprendizagem e
desenvolvimento da criança.

Como vocês sabem, a avaliação neste nível de ensino é realizado por meio de
acompanhamento e de observação de vivências e experiências das crianças organizada
com regras comuns,

33
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; [...]
V - expedição de documentação que permita atestar os
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança -
observação crítica e criativa das atividades; utilização de
múltiplos registros realizados por adultos e crianças
(relatórios, fotos, desenhos); continuidade dos processos de
aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas
aos diferentes momentos de transição vividos pela criança;
documentação específica que permita às famílias conhecer o
trabalho da instituição com as crianças; e a não retenção da
criança na Educação Infantil. (BRASIL, 2013)

Sabemos das especificidades desta etapa e as instituições de Educação Infantil, são


responsáveis por criar procedimentos para avaliação do trabalho pedagógico e o registro
das conquistas das crianças, dessa forma, asseguram seus direitos, Podemos ver que há
algumas diretrizes para a Educação Infantil e a equipe gestora deve criar mecanismo
para cumpri-la.

Para essa ação, é preciso um amplo diálogo com a comunidade escolar e atenção especial
a NÃO RETENÇÃO das crianças por quaisquer motivos. O trabalho pedagógico visa a
avaliação do desenvolvimento das crianças, sem a finalidade de seleção, promoção ou
classificação.

De olho nas matrículas para 2023

O corte etário

O corte etário é fundamental para a criança e para os sistemas de ensino, porque ele
estabelece uma data unificada para o ingresso das crianças na escola e possibilita a
organização dos sistemas de ensino para planejarem suas matrículas. Para isso, temos
uma legislação vigente, homologada pelo MEC que determina o corte de entrada das
crianças na escola. Cabe aos sistemas de ensino dos municípios orientarem as Unidades
Escolares a realizar suas matrículas seguindo a determinação da Resolução CNE/CEB no
5/ 2009, no Art. 5º estabelece

A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é


oferecida em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 e 5 anos)
[...].

34
§ 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de
crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do
ano em que ocorrer a matrícula.
§ 3o As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de
março devem ser matriculadas na Educação Infantil.
(BRASIL, 2009)

Para assegurar o direito dessas crianças à educação e ao melhor desenvolvimento


cognitivo e emocional, o Conselho Nacional de Educação reafirmou o corte etário para a
matrícula inicial de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental,
respectivamente, aos 4 (quatro) e aos 6 (seis) anos de idade, por meio das Diretrizes
Operacionais complementares, a Resolução Nº 2, de 9 de outubro de 2018. Essa Lei
confirma, no seu artigo 2º, o corte etário estabelecido pela DCNEI em 2009.

Art. 2º A data de corte etário vigente em todo o território


nacional, para todas as redes e instituições de ensino,
públicas e privadas, para matrícula inicial na Educação
Infantil aos 4 (quatro) anos de idade, e no Ensino
Fundamental aos 6 (seis) anos de idade, é aquela definida
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, ou seja,
respectivamente, aos 4 (quatro) e aos 6 (seis) anos completos
ou a completar até 31 de março do ano em que se realiza a
matrícula. (BRASIL, 2018)

A quantidade de crianças matriculadas por turma

É importante que as crianças de zero a seis anos de idade tenham espaços adequados
onde elas possam se relacionar, brincar, descansar e vivenciar diferentes atividades
estruturadas e livres, em ambientes internos e externos. Dessa forma, as turmas
precisam ser organizadas com tempos e espaços que possibilitem um equilíbrio
adequado para que elas experimentem diversas situações de aprendizagem que
envolvam o uso do corpo e de movimentos amplos.

Para organizar a quantidade de crianças nestes espaços, com qualidade, há um


indicador, no documento de Parâmetros para a Qualidade e Equidade da Educação
Infantil Cearense, na dimensão Formação, Recursos Humanos e Condições de Trabalho
(FT), parâmetro III (Condições de Trabalho), que especifica o quantitativo de crianças por
turmas:

FT 3.2 - Turmas de crianças com quantidade adequada, atendendo à proporção


adulto/crianças recomendada nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (Parecer CNE/CEB no 20/2009), que são: de seis a oito crianças por
professor (no caso de crianças de 0 e 1 ano), 15 crianças por professor (no caso de
crianças de 2 e 3 anos) e 20 crianças por professor (nos agrupamentos de crianças de 4
e 5 anos). (AMORIM [et al], 2021, p. 31)

35
Além dele, outros indicadores podem nortear a matrícula de bebês e crianças na
instituição em que você atua. No tópico 6 desta seção, você pode compreender melhor
como este documento fortalece sua atuação gestora.

A carga horária e a frequência escolar: um diálogo com as famílias

Gestoras(es),

A mesma LDB (BRASIL, 2013) que define o registro e a promoção das crianças também
aponta para dois incisos importantes:

II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,


distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de
trabalho educacional; [...]
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-
escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
cento) do total de horas; [...] (BRASIL, 2013)

Essas diretrizes nos mostram que as crianças precisam frequentar as unidades escolares,
com controle dessa frequência e busca ativa.

Muitas(os) de vocês já devem ter passado por experiências em que as famílias veem a
escola apenas como “local onde a criança fica, quando não se pode ficar com ela”. Esse
cenário ainda é fruto de uma visão de escola meramente assistencialista.

Quando isso acontece, é preciso um diálogo próximo com os adultos de referência,


explicando qual o objetivo da escola, para além do cumprimento da carga horária
mínima letiva. É preciso que a família compreenda a importância das atividades de
educação e de cuidados para o desenvolvimento infantil de bebês e crianças.

É no trabalho de convencimento, por meio da escuta ativa e da conversa aberta, que a


família passa a ver as ações da escola como complementares a sua (e não como
substitutas).

Busca Ativa na Educação Infantil

Por muitas vezes esquecida nesta etapa da Educação Básica, a busca ativa tem papel
crucial no acompanhamento do desenvolvimento infantil das crianças.

Cabe às unidades escolares, apoiadas pela secretaria municipal de educação, mapearem


as crianças que estão fora da escola, especialmente as que estão em idade obrigatória, e
assegurarem o acesso e a permanência delas no ambiente escolar, por meio do controle
de frequência e de canais de comunicação eficazes.

36
V - Como organizar a escola para participar do ciclo formativo?
Professoras(es) e Gestoras(es),

A participação de vocês no Ciclo de Formação Continuada em Rede da Educação Infantil


é fundamental para a ampliação e a qualificação das práticas pedagógicas.

Nesse sentido, é preciso dialogar com a equipe técnica de seu município, para alinhar o
calendário escolar da unidade ao calendário da rede municipal de ensino, assegurando a
participação de todas(os).

As ações de formação em rede dão substância ao que acontece na unidade escolar, pois
a(o) coordenadora(or) pedagógica(o) - CP e as(os) professoras(es) podem compartilhar
experiências com profissionais de outras instituições, de outros municípios, e
implementar novas estratégias no próprio planejamento.

Além disso, é importante ver a própria escola como ambiente formativo, onde a(o)
coordenadora(or) pedagógica(o), durante o período de planejamento, mobiliza ações de
formação em contexto junto com as(os) professoras(es), refletindo sobre os roteiros
didáticos e os cenários existentes.

Quando a(o) CP compreende o arranjo curricular da Educação Infantil, ela(e) consegue


apoiar e expandir as práticas pedagógicas das professoras. Em contrapartida, quando
as(os) professoras(es) se veem compreendidas(os) pela(o) CP, elas conseguem planejar de
forma mais consistente e engajar mais facilmente as famílias nos processos de
aprendizagem.

VI - Como os Parâmetros podem contribuir com a organização da


UE?

O documento de Parâmetros para a Promoção da


Qualidade e Equidade da Educação Infantil Cearense é
um marco para o atendimento de bebês e crianças no
Ceará. Ele apresenta padrões de qualidade que
parametrizam a oferta da primeira etapa da Educação
Básica, com foco no combate a situações de
vulnerabilidade no estado do Ceará.

Composto por quatro dimensões, o documento reúne


uma série de indicadores que funcionam como bússolas
para nortear a equipe técnica da secretaria municipal
de educação na construção de políticas públicas que
visem à qualidade e à equidade da Educação Infantil
cearense.

37
Embora os leitores-alvos sejam, de fato, as(os) dirigentes municipais de educação, o
documento torna-se uma ferramenta imprescindível nas mãos da equipe pedagógica da
escola, pois possibilita um olhar amplo da etapa e, ao mesmo tempo, a oportunidade de
se iniciarem mudanças no contexto da instituição escolar.

Exemplos disso são a organização dos ambientes e das rotinas nas instituições de
Educação Infantil, além do impulso para a participação nas formações continuadas em
rede. Para além disso, compreender os padrões de excelência é ampliar o diálogo com
as(os) gestoras(es) municipais e garantir que as ações estratégicas sejam feitas de forma
coletiva.

VII - Que materiais podem ampliar o repertório da equipe de


profissionais?

Para que tenhamos uma ação pedagógica


intencional e que respeite as infâncias e a
concepção de criança preconizadas pelos
documentos norteadores, é necessária
criatividade, proatividade, estudos e
pesquisas de alta qualidade. Esses devem
abordar vivências de descobrimento e
consolidação de experiências qualitativas
que ajudem a definir contextos, rotinas e
intervenções que reforcem as múltiplas
linguagens que as crianças possuem. Tudo
isso para estimular as interações e
brincadeiras, as capacidades neurológicas,
intelectuais e emocionais de bebês e
crianças, dentro e fora das instituições de
Educação Infantil.

Assim, falar sobre materiais de suporte pedagógico para ajudar profissionais da


Educação Infantil implica resgatar inicialmente referências teóricas e normativas, tais
como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010). Com
esses referenciais sendo estudados e pesquisados diuturnamente por profissionais que
lidam com a Primeira Infância, vários subsídios teóricos e práticos fortalecerão práticas
pedagógicas e de cuidados, mediadoras de aprendizagens e desenvolvimento integral.
Vale destacar que nessas diretrizes bebês e crianças são sujeitos históricos que existem
em plenitude, no aqui e no agora, e que têm capacidades e direitos de construir
identidade pessoal e coletiva, por meio de interações e brincadeiras, com imaginação,
fantasias e desejos, questionando e construindo sentidos sobre a sociedade, a natureza,
sempre produzindo cultura e valorizando a diversidade.

38
É preciso dizer também que as teorias norteadoras que fortalecem as ações da Educação
Infantil estão na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) e no Documento
Referencial Curricular do Ceará (CEARÁ, 2019). Esses documentos normativos
disponibilizam um conjunto de conhecimentos que orientam para a construção de uma
sociedade socialmente mais justa e mais humana e contribuem com ideias para a
elaboração de propostas curriculares consideradas essenciais e eficazes em garantir
variadas estratégias didáticas, as quais impulsionam bebês e crianças, oriundas de
diversas realidades, a ampliarem seu potencial sócio cultural.

No Portal do MEC há algumas produções


científicas elaboradas por estudiosos que tratam
da Educação Infantil, com valores que exploram
o protagonismo de bebês e crianças,
independente de suas diferenças e
características regionais, físicas, culturais e
cognitivas. Dentre essas produções,
encontramos a publicação “Educação infantil e
práticas promotoras de igualdade racial"
(JUNIOR, BENTO e CARVALHO, 2012), o qual
traz orientações sobre as Diretrizes
Curriculares da Educação Infantil, precisamente
sobre o Art. 7, inciso V, que indica que as
propostas pedagógicas dessa etapa devem estar
comprometidas com o rompimento de relações
de dominação étnico-racial. A partir do estudo
desse documento, professoras(es) e demais
profissionais podem rever os espaços, os
materiais, as imagens, as interações, a atuação
da gestão, e incluir perspectivas de igualdade
racial no cotidiano da Educação Infantil.

Lembramos também sobre a publicação


“Oferta e demanda de Educação Infantil
no Campo” (BARBOSA, 2012). Esse
documento apresenta pesquisas sobre a
problematização da Educação Infantil
do Campo e a sua institucionalização.
Um dos propósitos foi debater sobre
políticas públicas que favoreçam bebês
e crianças das zonas rurais. Essa é uma
temática que ainda precisa ser mais
debatida, urgentemente, para superar
as desigualdades sociais e,
especialmente, educacionais.

39
O ebook de Barbosa [et al] (2012), alinhado às Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Infantil (CNE/CEB, 2009), defende que sejam atendidas as especificidades das
crianças filhas de agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais,
ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária, quilombolas, caiçaras, povos da
floresta, tendo em vista que elas precisam ser respeitadas e reconhecidas por suas
culturas, identidades e seus saberes próprios e de suas comunidades.

O Documento Referencial Curricular do Ceará - DCRC (CEARÁ, 2019, p. 111) também


menciona que “os direitos das crianças dizem respeito ao desenvolvimento e às
aprendizagens importantes para os primeiros seis anos de vida. O DCRC ainda traz a
Resolução CNE/CEB nº 5/2009, ao afirmar que

esta etapa da Educação deve ter como objetivo o


desenvolvimento integral da criança, a garantia de acesso
aos bens culturais, aprendizagem e construção de
conhecimento, a partir das diferentes linguagens, assim
como a garantia dos seus direitos à saúde, à brincadeira, à
proteção, à segurança, à liberdade, ao respeito, à dignidade e
à convivência entre crianças e adultos, às condições e
recursos para que usufruam de seus direitos civis, humanos
e sociais. (CEARÁ, 2019, p. 116)

Alinhada a esses diálogos e seguindo o DCRC como documento norteador central para
ações de cuidados e de educação na Educação Infantil, a SEDUC construiu, em parceria
com a Nova Escola, o Material Educacional Nova Escola: Educação Infantil (CAMILO,
2021), com objetivo de apoiar as(os) professoras(es), trazendo sugestões de atividades
detalhadas, lúdicas e repletas de experiências ricas que possam despertar os interesses,
o protagonismo e as singularidades dos bebês e das crianças. Esse material orienta
também a elaboração de planejamento individual, para organizar espaço e selecionar
materiais para as crianças, baseado nos Campos de Experiências preconizados pela Base
Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) e pelo Documento Curricular Referencial do
Ceará (CEARÁ, 2019).

Fonte: Amorim (2022, p. 57)

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Além do material educacional, as(os) professoras(es) podem acessar o site da COEPS e
fazer download de todos os cadernos, entrevistas e podcasts da Coleção CADIN:

Cadernos para aprofundamento teórico


Vamos Cirandar?
Caderno de Gestão Pedagógica da Educação Infantil: Contextos Educacionais
Caderno de Transição Pedagógica: da Educação Infantil para o Ensino Fundamental

Entrevistas
Entrevista com Especialista (produto pedagógico pertencente ao projeto de transição
pedagógica)

Podcasts
Ondas do Conhecimento (produto pedagógico pertencente ao projeto de transição
pedagógica).

VIII - Como o SAPI impacta na escola de Educação Infantil?

Além de diagnosticar o cenário da Educação Infantil nas redes municipais, a avaliação de


ambientes e aprendizagens possibilitará refletir sobre os caminhos trilhados e possíveis
correção de rotas na condução desta etapa da Educação Básica na própria escola.

De posse dos resultados, os gestores escolares e professoras(es) devem estudá-los e


construir coletivamente estratégias que possam assegurar os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento de bebês e crianças. Assim as UEs, a partir dos princípios da gestão
democrática, estarão cada vez mais fortalecidas na jornada de enfrentamento e
superação das desigualdades educacionais, bem como na promoção da qualidade e
equidade da Educação Infantil.

Para saber mais sobre o SAPI, sua


estrutura e dimensões, acesse o site
COEPS.

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Vamos
investigar?
Observatório da Cultura Infantil - OBECI

Disponível em https://www.obeci.org/

O Observatório tem como fundador e coordenador Paulo Fochi e é um espaço que se


dedica aos estudos, à pesquisa e à formação de professores. Um dos objetivos do OBECI é
refletir cotidianamente com grupos de profissionais da Educação Infantil sobre a
transformação de contextos de educação e de cuidados. Lá se desenvolvem atividades
com periodicidades distintas, envolvendo públicos diferentes e realizando micro
intervenções (com as professoras especificamente, em suas turmas) e macro
intervenções (com a gestão da escola, em questões institucionais).

Observatório do Marco da Primeira Infância

Disponível em https://rnpiobserva.org.br/

O Observa – Observatório do Marco Legal da Primeira Infância - é uma iniciativa da


Rede Nacional Primeira Infância – RNPI e da ANDI – Comunicação e Direitos, entidade
que desempenha a função de secretaria executiva da rede para o período 2018-2021.
Formada em 2007, a RNPI é a principal articulação de alcance nacional a ter como missão
o fomento de políticas públicas voltadas à garantia dos direitos das crianças de 0 a 6 anos
de idade.

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Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância

Disponível em https://www.enciclopedia-crianca.com/

A Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância é uma produção do


Centro de Excelência para o Desenvolvimento na Primeira Infância (em francês, CEDJE)
e da Rede Estratégica de Conhecimentos sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância
(em francês, RSC-DJE), com sede na Universidade de Montreal e na Universidade de
Laval (Quebec, Canadá), respectivamente. Essas duas organizações construíram, ao
longo dos anos, uma impressionante rede internacional de especialistas que coletam,
resumem e comentam, conforme seu campo de especialização, os conhecimentos
científicos mais recentes sobre o desenvolvimento na Primeira Infância, desde a
concepção das crianças até os cinco anos de idade.

Movimento Interfórum do Brasil (MIEIB)

Disponivel em https://www.mieib.org.br/

Hoje o MIEIB é composto por 26 Fóruns Estaduais e um Fórum Distrital que definem, à
luz de sua carta de princípios, as pautas nacionais e as pautas específicas dos estados e
municípios. A história do MIEIB enquanto movimento social de luta em prol de uma
Educação Infantil pública, laica e de qualidade se inicia em 1999, a partir da articulação
de alguns comitês estaduais que já discutiam a demanda por Educação Infantil no país e
desde então vêm pautando suas ações de incidência política nos temas de maior
relevância no cenário nacional, garantindo a consideração das especificidades locais a
partir da intervenção dos fóruns estaduais.

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Central da Primeira Infância (UNICEF)

Disponível em https://www.unicef.org/brazil/central-da-primeira-
infancia
O site impulsiona pais, mães e cuidadores a proporcionar o melhor início de vida para
suas crianças. Desde 1950, o UNICEF apoia as mais importantes transformações na área
da infância e da adolescência no Brasil. Nas últimas décadas, o Brasil promoveu um forte
processo de inclusão de crianças e adolescentes nas políticas públicas.

Primeira infância: 12 passos para um


desenvolvimento integral

Disponível em
https://brasil.unicef.org.br/wp-
content/uploads/2021/01/UNICEF_PR
IMEIRA_INFANCIA_EBOOK.pdf

Cartilha Plano Municipal pela Primeira


Infância: um passo a passo para
elaboração

Disponível em https://www.selounicef.org.br/sites/default/files/2022-
02/Guia_Plano%20Municipal%20Para%20a%20Primeira%20Inf%C3%A2ncia.pdf

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Observatório do PNE – Educação Infantil

Disponível em https://www.observatoriodopne.org.br/meta/educacao-
infantil

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Medo de um chapéu por quê?

As pessoas adultas me aconselharam a deixar de lado


os desenhos de jiboias abertas ou fechadas e a me
aplicar mais em geografia, história, cálculo e
gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos,
uma magnífica carreirade pintor. Fui desencorajado
pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu
desenho número 2.
(SAINT-EXUPÉRY, 2015, p. 9-10)
Imagem: Gaia Cultural

O Caderno de Jornada Pedagógica: Educação Infantil 2023 reflete o que há de melhor nas
crianças: a vontade de aprender! Se expressar é o caminho, seja por meio de perguntas,
de desenhos (como vocês apreciaram ao longo da leitura!) , de pinturas...

Então, cabe a nós, adultos de referência, nos vestir com o olhar das crianças e garantir
que o desejo de compreender o mundo seja contínuo e acompanhe a vida delas. Como já
nos mostrava o Pequeno Príncipe, as "pessoas grandes não compreendem nada sozinhas,
e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando." (SAINT-EXUPIÉRY, 2015, p.
10).

É preciso garantir que bebês e crianças possam brincar e interagir ao longo de sua
permenência na Educação Infantil, e isso precisa ser feito de forma equânime e
qualitativa. É preciso que nossas(os) desenhistas, pintoras(es), bailarinas(os),
astronautas, cientistas... sejam encorajadas(os) a seguir seus sonhos!

Por isso, as perguntas também são nossas aliadas, ajudando-nos a construir um mundo
melhor para todas(os).

47
referências
AMORIM, Aline Matos de (org.)...[et al.]. Parâmetros para a Promoção da Qualidade e
Equidade da Educação Infantil Cearense . Fortaleza: Seduc, 2021. Disponível em:
seduc.ce.gov.br/coeps/ Acesso em 29.dez. 2021.

AMORIM, Aline Matos de (org.). Mais Formação: A Educação Infantil pelas lentes da
Formação de Professoras(es). Fortaleza: Seduc, 2022. Disponível em:
seduc.ce.gov.br/coeps/ Acesso em 29.dez. 2022.

AMORIM, Aline Matos de (org.). Jornada de tempo integral: um caminho para a Educação
Infantil no estado do Ceará. Fortaleza: Seduc, 2022. Disponível em:
seduc.ce.gov.br/coeps/ Acesso em 29.dez. 2022.

AMORIM, Aline Matos de; QUEIROZ, Maria Erica Laurentino de; PINTO, Wandelcy Peres
(orgs.). Formação Continuada em Rede para Professoras(es) da Educação Infantil.
Caderno 1: Construções e produções gráficas de bebês e crianças no cotidiano da
Educação Infantil. Módulo 03, 2022. Disponível em seduc.ce.gov.br/coeps/ Acesso em
29.dez. 2022.

BARBOSA, M.C.S. (org.)...[et al.]. Oferta e demanda de Educação Infantil no campo. Porto
Alegre: Evangraf, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-
federal/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12579-educacao-
infantil Acesso em 29.dez. 2022.

BRASIL. CNE/CEB. Resolução nº 05, de 07 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes


Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares


nacionais para a Educação Infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB,
2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.° 12.796, de 04 de abril de 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.

BRASIL. Diretrizes Operacionais Complementares. Resolução Nº 2, de 9 de outubro de


2018.
CAMILO, C. (org). Material Educacional Nova Escola: Educação Infantil: caderno do
professor: Ceará. 1. ed. -- São Paulo: Associação Nova Escola, 2021. -- (Bebês). Disponível
em: seduc.ce.gov.br/coeps/ Acesso em 29.dez. 2022.

JUNIOR, H.S. (coord.)...[et al.]. Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade


racial. São Paulo : Centro de Estudos Das Relações de Trabalho e Desigualdades - CEERT:
Instituto Avisa lá - Formação Continuada de Educadores, 2012. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/195-secretarias-112877938/seb-
educacao-basica-2007048997/12579-educacao-infantil Acesso em 29.dez. 2022.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe; tradução e posfácio de Mônica


Cristina Corrêa. — 1ª ed. —São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2015.

SANTANA, Onélia Moreira Leite de (org.)... [et al.]. Programa Mais Infância Ceará.
Fortaleza: Seduc, 2019. Disponívem em: https://www.ceara.gov.br/mais-infancia-ceara/
Acesso em 30 de jan. 2022

SANTANA, Onélia Moreira Leite de (org.)... [et al.]. Programa Mais Infância Ceará: de
programa à política pública permanente. Fortaleza: Seduc, 2022. Disponívem em:
https://www.ceara.gov.br/mais-infancia-ceara/ Acesso em 30 de jan. 2022

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