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br/iniespesc-
gs0028-fev-2022-grad-ead/)
1. Introdução
Seja bem-vindo(a)! Você iniciará o estudo de Iniciação Esportiva na Escola,
uma das disciplinas que compõem o seu curso de graduação na modalidade
EaD.
2. Informações da Disciplina
Ementa
O estudo da Iniciação Esportiva na Escola no contexto do curso, visa possibili-
tar um trabalho pedagógico intencional e comprometido com a formação hu-
mana dos estudantes, tendo o esporte como referência. Para tanto, serão obje-
tos de estudo, o esporte como fenômeno sociocultural e manifestação da cul-
tura corporal nas aulas de Educação Física escolar, articulado ao Projeto
Político-Pedagógico e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Possibilita
ao futuro professor, a compreensão do caráter histórico-social das modalida-
des esportivas, além de entender o esporte na perspectiva da Educação Física
escolar e em suas diferentes manifestações sociais. Aborda a prática pedagó-
gica do professor de Educação Física, analisando os conceitos relativos aos
processos pedagógicos para o ensino do esporte, em especial, do atletismo, do
futebol, do handebol, do voleibol, do basquetebol e das lutas, organizados a
partir da classi�cação em esporte de invasão e territorial, esporte de marca,
esporte de rede/quadra dividida, esportes de combate e lutas. Discute a relação
entre professor e aluno no processo de ensino e de aprendizagem das modali-
dades esportivas em destaque. Estuda as referidas modalidades como conteú-
do de ensino nas aulas de Educação Física no contexto escolar. Discute o pro-
cesso de formação e atuação do professor de Educação Física tendo o ensino
do esporte como referência de análise.
Objetivo Geral
Analisar e re�etir os esportes como conteúdo de ensino nas aulas de
Educação Física no contexto escolar. Discutir o processo de formação e atua-
ção do professor de Educação Física, tendo o ensino do esporte como referên-
cia de análise.
Objetivos Especí�cos
• Compreender as diferentes formas de manifestações das modalidades es-
portivas a partir das dimensões sociais do esporte.
• Compreender os princípios de utilização dos esportes nas aulas de
Educação Física na escola.
• Discutir o processo de formação e atuação do professor de Educação
Física, tendo o ensino do esporte como referência de análise.
• Possibilitar a compreensão do atletismo, do futebol, do handebol, do volei-
bol, do basquetebol e das lutas como fenômenos socioculturais, que incor-
poram sentidos e signi�cados de diferentes contextos.
• Conhecer os conhecimentos didático-pedagógicos para o ensino do es-
porte no contexto escolar, a �m de promover a formação dos estudantes
numa perspectiva humanizadora.
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Objetivos
• Conhecer as principais de�nições de esporte.
• Compreender as dimensões sociais do esporte.
• Compreender o esporte enquanto fenômeno sociocultural.
Conteúdos
• Conceito de Esporte.
• Dimensões sociais do Esporte.
• O Esporte enquanto fenômeno social.
Problematização
O que é esporte? Quais são as dimensões sociais do Esporte? Qual a impor-
tância deste fenômeno na sociedade atual? Como se classi�cam as manifes-
tações sociais do esporte? Como cada uma dessas dimensões sociais do es-
porte manifesta-se em nossa sociedade?
1. Introdução
Neste primeiro ciclo apresentaremos a conceituação do esporte, a partir das
de�nições de autores da área da Educação Física e suas variadas formas de
manifestação em nossa sociedade, por meio das dimensões sociais, além do
reconhecimento do esporte como um dos maiores fenômenos sociais do mun-
do moderno e contemporâneo. Esperamos que ao �nal deste ciclo, você seja
capaz de reconhecer, compreender e analisar o esporte a partir do contexto no
qual ele foi desenvolvido. Desejamos dessa forma, que ao trabalhar com este
conteúdo você possa ter a devida compreensão de seu signi�cado sociocultu-
ral para a humanidade e perceber tudo o que ele representa. Que o estudo seja
estimulante!
2. Conceituação do Esporte
Para muitos autores, os conceitos de jogo e esporte se confundem, não haven-
do, muitas vezes, consenso quanto à diferença existente entre os termos, po-
rém essa discussão será analisada com maior profundidade em outras disci-
plinas, já que, por ora, apresentaremos algumas de�nições de esporte, as quais
julgamos serem adequadas para introduzir o tema.
Para a Sociologia do Esporte (HELAL, 1990), jogo e esporte são conceitos dife-
rentes com características especí�cas, em que o esporte incorpora elementos
do jogo e vai além, ou seja, possui outras características que não são encontra-
das no jogo.
De acordo com Helal (1990), quando o jogo passa a submeter-se a uma organi-
zação mais ampla e burocrática, que extrapola os interesses dos participantes,
tem início o universo do esporte. Nas palavras do próprio autor:
Uma “pelada” entre amigos, seja ela disputada na praça, no colégio, na praia ou no
clube da esquina, é sempre um jogo. Mas uma partida de futebol entre as equipes
pro�ssionais do Flamengo e do Fluminense, válida para o Campeonato Estadual do
Rio de Janeiro, faz parte do universo do esporte (HELAL, 1990, p. 28).
Outros autores apresentam de�nições para o esporte de modo mais geral. Betti
(1991) classi�ca-o como uma ação social institucionalizada, com regras, de-
senvolvida a partir de uma base lúdica, em forma de competição entre adver-
sários ou contra a natureza, que tem como objetivo designar um vencedor ou
registrar um recorde, por meio de uma comparação de desempenhos. O resul-
tado é determinado pela habilidade e pela estratégia do participante, que é
grati�cado tanto intrínseca como extrinsecamente.
Bracht (1986) de�ne o esporte como uma atividade corporal que surgiu no con-
texto cultural europeu nos séculos 18 e 19 e expandiu-se pelo mundo. Suas
principais características são a competição, o fair-play, o rendimento, o recor-
de e as apostas.
De acordo com Tubino (2006), durante muito tempo o esporte foi visto apenas
pelo aspecto do rendimento, o que aparece evidente nas de�nições relaciona-
das anteriormente. Tal fato provocou reações expressivas de determinados in-
telectuais internacionais, preocupados com os rumos que o esporte vinha to-
mando, e dos organismos internacionais ligados ao esporte, que publicaram
alguns manifestos neste sentido.
O movimento Esporte para Todos, difundido em vários países com nomes di-
ferentes, foi grande responsável pela popularização da prática esportiva, per-
mitindo o egresso de um grande número de pessoas.
Tubino (2001) destaca que o esporte popular, por ter seu valor social evidencia-
do na participação e nas parcerias envolvidas, é reconhecido como a dimen-
são social do esporte mais relacionada com os princípios democráticos. Além
disso, ao obter sucesso na promoção da participação, consequentemente auxi-
lia no equilíbrio do quadro de desigualdades de oportunidades encontrado na
dimensão do esporte-performance, que só oferece sucesso aos talentos ou
àqueles que têm condições. No esporte-participação participam todos que de-
sejarem.
Tubino (2001) indica que é sobre o esporte de rendimento que as críticas mais
agudas são feitas, sobretudo pelos autores que combatem o capitalismo e con-
sideram o vínculo do esporte com os negócios �nanceiros um sintoma evi-
dente de um capitalismo exacerbado, que re�ete a divisão de classes do siste-
ma capitalista e utiliza os grandes atletas como instrumentos de reprodução
da violência nos espetáculos esportivos.
Por que o esporte é considerado como um fenômeno social? Quais características justi�cam
tal a�rmação?
De acordo com Ferreira (1985), a palavra fenômeno signi�ca algo raro, espan-
toso, surpreendente, tudo que se observa de extraordinário. No item 2 deste ci-
clo veri�camos que o ressurgimento dos Jogos Olímpicos em 1896, por inicia-
tiva do Comitê Olímpico Internacional e do Barão de Coubertain, foi de funda-
mental importância para a universalização do esporte, ou seja, para a difusão
de um modelo esportivo com padrões de funcionamento, regras e normas de
conduta. O esporte passou a ter grande destaque no mundo todo.
Este crescimento gerou um interesse cada vez maior de um grande número de
países, que passaram a relacionar o bom desempenho nos jogos com as ques-
tões de desenvolvimento político e social, o que, de acordo com Betti (1991),
conduziu ao desenvolvimento das “Ciências do Esporte”, em decorrência da
especialização e treinamento dos atletas que atingiram níveis nunca vistos
antes. Este desenvolvimento cientí�co e tecnológico do esporte foi, em grande
parte, in�uenciado pela iniciativa privada, que passou a fazer grandes investi-
mentos no esporte, proporcionando o desenvolvimento de áreas como a bio-
mecânica e a �siologia, que desenvolvem pesquisas voltadas tanto ao aperfei-
çoamento dos atletas quanto aos diversos materiais e implementos por eles
utilizados.
Em pouco tempo, o esporte estendeu-se com uma rapidez ainda não observa-
da em nenhum outro movimento social e, atualmente, apresenta-se como um
elemento complexo, integrante da mudança econômica, social, política e cul-
tural do mundo contemporâneo.
No Brasil esta questão é muito nítida, pois assistir à conquista de uma meda-
lha e ouvir o hino nacional emociona a muito brasileiros. Os meios de comu-
nicação aproveitam-se da situação e utilizam, muitas vezes, narrativas que
acabam promovendo uma valorização da identidade nacional e criando um
sentimento de identi�cação do público com as equipes e atletas que represen-
tam o país.
Além disso, cria determinadas identidades em torno dos atletas, de modo que,
em muitos casos, apresenta um grande campeão esportivo como possuidor de
outras virtudes como inteligência, coragem, generosidade etc. O atleta cam-
peão torna-se sinônimo de indivíduo perfeito.
• A ligação que possui com diversas áreas como a política, a saúde, o lazer,
o turismo etc.
• O espaço que ocupa e continua conquistando no meio cientí�co e tecnoló-
gico.
• O espaço que ocupa na mídia.
• O dinheiro que gera aos mais diversos setores da economia.
• O interesse que desperta num número cada vez maior de pessoas, tanto
como consumidores quanto como praticantes.
Para obter êxito em seus estudos, em alguns momentos, você terá oportunida-
de de responder questões que avaliarão o seu aprendizado. Assim, vejamos se
está no caminho certo respondendo as questões a seguir:
5. Considerações
Esperamos que as problemáticas e os conteúdos trabalhados ao longo deste ci-
clo, tenham contribuído para um pensar nas manifestações esportivas como
fenômeno profundamente cultural e sujeito à interferência marcante de diver-
sas relações, seja em um plano espacial, seja no social. Procuramos acentuar
em nossa leitura um processo de formação que envolve a prática de uma ativi-
dade docente crítica e criativa. No próximo ciclo, discutiremos a relação entre
professor e aluno no processo de ensino e de aprendizagem, compreendendo o
processo de formação e atuação do professor de Educação Física tendo o ensi-
no do esporte como referência de análise.
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Objetivos
• Discutir o processo de formação e atuação do professor de educação físi-
ca, tendo o ensino do esporte como referência de análise.
• Compreender os conceitos existentes na área e que possibilitam uma re-
�exão acerca do papel dos esportes, no trabalho pedagógico do professor
de Educação Física na escola.
• Compreender o papel do esporte na Educação Física escolar.
• Discutir as diferenças entre esporte na escola com esporte da escola.
• Conhecer os principais fundamentos da iniciação esportiva.
• Identi�car a classi�cação dos esportes no contexto escolar.
Conteúdos
• O esporte na formação pro�ssional em Educação Física.
• O papel do professor de Educação Física no ensino do esporte no contex-
to escolar.
• O esporte da escola e o esporte na escola: diferenciações.
• Ensino das modalidades esportivas no contexto escolar.
• Os fundamentos da iniciação esportiva no contexto escolar.
• Classi�cação dos esportes na BNCC.
Problematização
Qual a diferença entre o "esporte na escola" e o "esporte da escola"? Quais
princípios devem ser considerados ao utilizar o esporte nas aulas de
Educação Física escolar? Qual a �nalidade de se trabalhar com esportes cole-
tivos na escola? Quais estratégias usar para o aprendizado dos esportes na
perspectiva escolar? Qual o papel do professor ao trabalhar com o conheci-
mento dos esportes coletivos na escola? Quais classi�cações dos esportes no
contexto escolar perante a BNCC?
1. Introdução
No ciclo 2 de aprendizagem, apresentaremos dois assuntos: o primeiro aborda-
rá o esporte como ferramenta pedagógica no contexto escolar, tendo a educa-
ção física como instrumento mediador, inserindo também, neste contexto à
importância do professor de educação física perante aos esportes na escola.
Para serem professores não precisam necessariamente, saber realizar os ges-
tos técnicos dos esportes e de nenhum outro esporte coletivo, lutas ou danças,
entre outros. Antes, precisa saber ensinar!
Valter Bracht (1986), por exemplo, no artigo A criança que pratica esporte res-
peita as regras do jogo... capitalista, reforça a ideia do esporte funcionalista,
cumprindo no contexto escolar o papel de reprodutor e intensi�cador da ideo-
logia capitalista.
No referido artigo, o autor apresenta algumas colocações utilizadas por peda-
gogos e professores de Educação Física, com a �nalidade de indicar as contri-
buições do esporte para as aulas desta disciplina na escola:
• A criança, por meio do esporte, aprende que entre ela e o mundo existem
outras pessoas.
• Para a convivência social precisamos ter determinado comportamento e
obedecer a certas regras.
• O esporte ensina a conviver com a vitória e a derrota.
• Por intermédio dele as crianças aprendem a vencer por meio do esforço
pessoal.
• Com o esporte desenvolvemos a independência, a con�ança em nós mes-
mos e o senso de responsabilidade.
Para Bracht (1986), essas a�rmações têm em comum o fato de re�etirem justa-
mente o papel positivo-funcional do esporte no processo educativo, pois não
partem de uma análise crítica da relação Educação Física/Esporte com o con-
texto social, econômico, político e cultural. O autor lista outras características
que na sua visão também re�etem o resultado do processo de socialização por
meio do esporte:
Em Soares et al. (1992), a crítica ao modo como o esporte é utilizado nas aulas
de Educação Física é reforçada, pois, para os autores, a disciplina assume os
códigos do esporte de tal forma que temos, então, não o esporte “da” escola, e
sim o esporte “na” escola.
Nesse sentido, o próprio Bracht (2000/01) a�rma que alguns equívocos ou mal-
entendidos foram fomentados neste período de críticas, o que trouxe con-
sequências à prática pedagógica dos professores.
Mas e os demais conteúdos como atletismo, dança, ginástica, capoeira, entre tantos outros?
Quais motivos justi�cariam essa utilização restrita voltada apenas a alguns esportes coleti-
vos?
Muitos professores ainda acreditam que nas séries iniciais (Educação Infantil
e 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental) não é necessário fazer excelentes de-
monstrações para que os alunos aprendam, ou seja, para que os alunos consi-
gam saltar não precisam da demonstração do professor. Já em relação aos
alunos mais velhos, a concepção é outra, o professor precisa demonstrar.
Os professores, por sua vez, pouco fazem na tentativa de utilizar materiais al-
ternativos e, em alguns casos, o conteúdo desenvolvido ainda �ca condiciona-
do ao tipo de material disponível, por exemplo, se a escola possui apenas bola
de vôlei, os alunos aprenderão somente este esporte.
Kröger e Roth (2002) defendem que a “creche” esportiva dos iniciantes precisa
resgatar o prazer e a riqueza da cultura do jogo de rua. Os autores apontam que
as crianças não são na sua natureza especialistas, elas são generalistas. Na
metodologia dos esportes vale, como em outras áreas, que primeiro se aprenda
o “ABC”, as primeiras letras, para somente depois passar a falar palavras mais
complexas (técnicas especí�cas) e regras gramaticais (competência tática es-
pecí�ca).
A proposta dos autores para superar este desa�o do resgate do jogo de rua con-
siste no método que eles denominam de Escola da Bola (Figura 1). O ABC da
Escola da Bola para iniciantes nos jogos apoia-se em três pilares básicos:
A Escola da Bola tem como principal objetivo reduzir o dé�cit encontrado nas
crianças de hoje, pela falta da cultura do jogo de rua. Como nos jogos e brinca-
deiras de rua de antigamente, a Escola da Bola pretende permitir que as crian-
ças experimentem variadas formas de movimento, explorando o jogo com li-
berdade, reconhecendo e percebendo situações de forma espontânea e
compreendendo-as desde o ponto de vista tático. Outra preocupação do méto-
do reside na necessidade da compreensão das regras do jogo e sua incorpora-
ção por parte dos praticantes.
A ideia básica do método Escola da Bola pode ser resumida na seguinte frase
dos autores: “as crianças devem (novamente) aprender a jogar, assim como de-
senvolver habilidades e capacidades gerais antes de começar com a especiali-
zação geral nas modalidades esportivas”. (KRÖGER; ROTH, 2002, p. 12-13).
Esperamos que tenha �cado claro até este ponto qual é a principal preocupa-
ção do ensino dos jogos esportivos coletivos por meio de um método univer-
sal, que possa construir uma base sólida para a futura especialização esporti-
va ou, simplesmente, para a prática esportiva de forma autônoma.
Acertar o alvo
Relacionado com o objetivo
Transportar a bola ao objetivo
Tirar vantagem tática no jogo
Relacionado com o colega
Jogo coletivo
Reconhecer espaços
Relacionado com o adversário
Superar o adversário
Como podemos observar, estes elementos táticos são formulados tendo como
base a situação de ataque. Aliás, você consegue identi�car o que diferencia a
situação de ataque ou ofensiva da situação de defesa em um jogo esportivo? A
pergunta pode parecer complexa, mas a resposta é muito simples, pois o que
determina se um time está atacando ou defendendo no jogo é a posse da bola,
ou do implemento de jogo, qualquer que seja ele (pode ser um disco de frisbee
ou uma peteca, por exemplo). Portanto, lembre-se sempre de que a equipe que
está com a bola está atacando e a equipe que está sem bola está defendendo.
Quanto aos elementos táticos defensivos, são aqueles que fazem oposição aos
ofensivos, ou seja, às ações no sentido de evitar ou di�cultar que os atacantes
acertem o alvo, avancem com a bola, joguem coletivamente etc.
Para que estas tarefas se adequem aos jogos esportivos coletivos com bola, o
elemento bola será acrescentado, bem como algumas exigências que estarão
preparando o aluno para as situações de pressão que ocorrem no jogo propria-
mente dito.
Atividade 1
Variação: “B” recebe a bola que ele próprio lançou com um salto.
Atividade 2
Variação: alternar os dois pés, coxa, cabeça, peito, outras partes do pé etc.
Para facilitar aos iniciantes, pode-se permitir que a bola quique uma vez
no chão a cada embaixadinha.
Atividade 3
Variação: após o lançamento da bola por parte de “A”, “B” deve trocar de
mão para quicar sua bola.
Assim, neste modelo podemos imaginar que teríamos uma introdução à técni-
ca, mas a técnica em questão não seria aquela especializada de uma determi-
nada modalidade, mas sim uma espécie de matriz �exível que poderia servir
de referência para a transferência de aprendizagem em diferentes sentidos,
como, por exemplo, as similaridades dos movimentos da cortada no voleibol e
no tênis.
Atividade 1
Atividade 2
Descrição: um jogador tem uma bola em cada mão. Deve lançar uma bola
contra a parede e, quando esta voltar, rebatê-la com a outra bola (segun-
da bola), que será, agora, segurada com as duas mãos e servirá de apoio
para bater na primeira, lançando-a contra a parede novamente. É possí-
vel estabelecer como meta o aumento da quantidade de rebotes sucessi-
vos sem deixar a bola cair.
Atividade 3
Descrição: o aluno “A” lança uma bola o mais alto possível, a uma distân-
cia grande, num campo previamente dividido em quatro ou seis setores
(os setores podem ser divididos com cones, cordas, as próprias linhas de-
marcatórias da quadra ou marcados com giz). Seus colegas em volta do
setor devem, gritando ou mostrando com os dedos, apontar em que setor
a bola irá quicar. A decisão sobre o setor no qual a bola irá quicar deve ser
tomada no momento em que a bola atinge o ponto mais alto da sua curva
de voo.
Além disso, para complementar seu aprendizado sobre o esporte nas au-
las da Educação Física escolar, recomendamos a leitura do documento
da BNCC (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images
/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf), em especial nas páginas 213
a 239, que traz uma ênfase sobre o assunto em questão.
Neste momento, re�ita sobre sua aprendizagem respondendo a questão autoa-
valiativa proposta a seguir.
6. Considerações
Esperamos que as problemáticas e os conteúdos trabalhados ao longo destes
dois temas, tenham contribuído na re�exão da prática pedagógica e do saber
docente, visando a perspectiva da melhoria do ensino-aprendizagem da edu-
cação física escolar, no âmbito esportivo. Consideramos que a escola e o pro-
fessor de Educação Física como parte da mesma, deverão agir no sentido de
desenvolver uma Educação Física que possibilite ao estudante, um contato
com o esporte de uma maneira integral e desmiti�cada, auxiliando para que
os alunos tenham subsídios para analisarem, criticamente, o fenômeno espor-
tivo dentro de um contexto social, identi�cando as classi�cações dos esportes
segundo a BNCC. No próximo ciclo começaremos a discussão sobre essas
classi�cações dos esportes. Até lá!
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Cae Rodrigues
Fábio Ricardo Mizuno Lemos
Flávio Ismael da Silva Oliveira
Larissa Beraldo Kawashima
Luciane de Almeida Gomes
Ricardo Ducatti Colpas
Objetivos
• Contextualizar e conhecer o ensino do Basquetebol na escola.
• Conhecer a estrutura do basquetebol, incluindo as regras, os fundamen-
tos e os sistemas de jogo.
• Compreender a importância de jogos educativos para o ensino do bas-
quetebol no contexto escolar.
• Identi�car e compreender a diferença entre saber jogar e saber ensinar o
handebol.
• Conhecer e identi�car as particularidades estruturais, técnicas e táticas
do handebol e suas relações com outras manifestações da cultura cor-
poral.
• Analisar as formas sistematizadas dos movimentos do handebol pela
re�exão/ação, abordando os diferentes aspectos que o futuro professor
deve observar quando trabalha.
• Compreender o signi�cado e as possibilidades pedagógicas do futebol
na escola e sua relação.
• Adquirir competências para um tratamento didático-pedagógico do
conteúdo futebol em propostas coeducativas.
• Apresentar o futebol feminino.
Conteúdos
• Posicionamentos sobre o ensino do Basquetebol na escola.
• As regras do basquetebol e os fundamentos.
• A facilidade de se jogar handebol.
• Como ensinar os elementos técnicos do handebol e suas regras.
• Métodos tradicionais de ensino do handebol: análise crítico-re�exiva.
• Princípios pedagógicos relacionados ao ensino do futebol.
• Principais metodologias de ensino do futebol.
• Futebol feminino e o seu contexto.
Problematização
O que signi�ca aprendizagem das técnicas dos fundamentos do esporte
Basquetebol? Como construir fundamentos no Basquetebol? Como podemos
utilizar os conhecimentos do basquetebol para formar um aluno crítico?
Quais os elementos estruturantes e funcionais do handebol? Quais os proces-
sos metodológicos de ensino do handebol com base nas abordagens táticas?
Quais as principais metodologias de ensino do handebol e do futebol? O que
signi�ca o futebol como conteúdo da Educação Física no contexto escolar?
Qual o interesse da prática do futebol feminino?
1. Introdução
No Ciclo 3 de aprendizagem apresentaremos as caracterizações dos esportes
de invasão ou territorial, como por exemplo: basquetebol, handebol e futebol,
conforme as classi�cações da BNCC. Esses esportes serão abordados como
ferramenta pedagógica no contexto escolar, tendo a educação física como ins-
trumento mediador. Para serem professores não precisam necessariamente,
saber realizar os gestos técnicos dos esportes e de nenhum outro esporte cole-
tivo, lutas ou danças, entre outros, antes, precisa saber ensinar!
Por tudo que foi apresentado até aqui, acreditamos que tenha �cado a certeza
de que a simples transposição do modelo esportivizado de ensino do basque-
tebol para a escola, não seja o caminho mais adequado a seguir.
Contudo, como produtor, re�exo e produto do meio em que vivem, muitos pra-
ticam o que Freire (2001) denomina como isolamento negativo, ou seja, fazem
girar tudo em torno de si e de seus interesses, em uma postura individualista,
egoísta, personi�cados como:
Compartilhar com tal postura individualista seria negar que estamos no mun-
do e com o mundo e para isso com os outros, signi�cando-o e signi�cando-se
através das relações (FREIRE, 2001). Neste sentido, não cabe conceber o ser
humano como mero objeto – ele se recusaria a aceitar, pois “o anti-diálogo au-
toritário ofende a natureza do ser humano, seu processo de conhecer e contra-
diz a democracia” (FREIRE, 2001, p. 80).
Ainda, destaca Freire (2006a), “dizer a palavra não é privilégio de alguns (...)
Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, ou
dizê-la para os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos
demais” (p. 90-91).
Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensi-
nar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais
nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos re-
creios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal do-
cente se cruzam cheios de signi�cação (FREIRE, 2005, p. 44).
Freire (2005) relata sobre o conhecimento para além dos conteúdos, ou seja, o
conhecimento para “pensar certo”, que supera o ingênuo, é um ato comuni-
cante de entendimento co-participado: “só existe saber na invenção, na rein-
venção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem do
mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE, 2006a, p. 67). Um pensar anti-
dogmático, anti-super�cial, um pensar crítico.
Não há uma ruptura entre o “saber de experiência feito” e o que resulta dos
procedimentos metodicamente rigorosos, há sim uma superação.
As regras do basquetebol
As regras do basquetebol certamente mudaram muito desde sua criação.
Assim, a compreensão do contexto que envolve essas mudanças é importante
para a compreensão da evolução do jogo até as regras atuais. Isso signi�ca
que, ao ensinar as regras do jogo para um iniciante, pode ser interessante co-
meçar pelas treze regras originais desenvolvidas pelo professor Naismith em
1891, analisando o processo de transformação dessas regras iniciais em rela-
ção ao basquetebol moderno.
Vamos então fazer essa análise nos próximos parágrafos. As treze regras ori-
ginais foram retiradas do site da Confederação Brasileira de Basketball
(https://www.cbb.com.br/) e apresentaremos as regras originais em itálico.
1 - A bola pode ser arremessada em qualquer direção com uma ou com ambas
as mãos
Essa regra continua basicamente a mesma, com uma exceção: uma vez que a
bola passou a linha do meio da quadra não pode ser passada novamente para
trás dessa linha, ao menos que tocada por um jogador da defesa. O time tem
até oito segundos para passar a bola da quadra defensiva para a quadra ofen-
siva.
2 - A bola pode ser tapeada para qualquer direção com uma ou com ambas as
mãos (nunca usando os punhos)
De fato, o jogador ainda hoje não pode correr com a bola, salvo algumas exce-
ções: o jogador pode se deslocar com a bola, desde que esteja no ato do drible.
Uma vez que o jogador parou de driblar, não pode realizar essa ação novamen-
te, tendo que arremessar ou passar a bola para um companheiro. Se o jogador
driblar a bola novamente, será caracterizada a violação de “duas saídas”. Uma
vez que o jogador parou de driblar a bola, terá até cinco segundos para efetuar
o passe ou arremesso, ou perderá a posse de bola. Caso receba a bola nova-
mente, está livre para driblar outra vez. Se o jogador receber a bola em movi-
mento, pode dar dois passos sem driblar, desde que o �nal desse movimento
seja um arremesso à cesta. Quando em posse da bola, o jogador pode deslocar
um de seus pés, desde que o outro pé permaneça no mesmo lugar, servindo de
“pivô”. Em qualquer outro caso, o jogador não pode se deslocar com a bola,
mesmo que a receba quando estiver correndo a uma boa velocidade, como di-
zia a exceção da regra original.
4 - A bola deve ser segura nas mãos ou entre as mãos. Os braços ou corpo não
podem ser usados para tal propósito
5 - Não será permitido sob hipótese alguma puxar, empurrar, segurar ou derru-
bar um adversário. A primeira infração desta regra contará como uma falta, a
segunda desquali�cará o jogador até que nova cesta seja convertida e, se hou-
ver intenção evidente de machucar o jogador pelo resto do jogo, não será per-
mitida a substituição do infrator
As regras em relação às faltas talvez sejam as que mais tenham mudado du-
rante esses anos de existência do jogo. Ao contrário do que o professor
Naismith pretendia ao criar o basquete, o jogo tornou-se muito físico, com jo-
gadores cada vez maiores, mais fortes e mais velozes. Com isso, o contato en-
tre os jogadores aumentou muito. A experiência de vários anos de evolução do
jogo também resultou em estratégias que envolviam faltas propositais, especi-
almente no �nal dos jogos, quando um dos times precisava parar o relógio, ou
em jogadores conhecidos por um fraco aproveitamento da linha do lance livre.
Atualmente, cada falta é computada como uma falta individual, creditada ao
infrator, e coletiva, creditada para o time do infrator. Cada jogador pode come-
ter até quatro faltas em um jogo (cinco na NBA – National Basketball
Association, principal liga de basquete estadunidense), sendo excluído do jogo
na quinta falta (sexta na NBA), com direito à substituição. Cada equipe pode
cometer quatro faltas coletivas por quarto de jogo, sendo que, a partir da quin-
ta falta, o jogador adversário será premiado com dois arremessos da linha do
lance livre a cada falta recebida. Se uma violação for cometida enquanto o jo-
gador de ataque estiver no movimento do arremesso, a falta resultará em dois
lances livres, ou em três lances livres, se o jogador estiver arremessando atrás
da linha dos três pontos. Se o jogador converter o arremesso depois de receber
a falta, os pontos serão creditados e o jogador terá direito a mais um arremes-
so da linha do lance livre. Se o jogador do ataque usar força excessiva, será pu-
nido com uma falta de ataque, perdendo a posse de bola e, caso o time já tenha
estourado o limite de faltas coletivas, punição de dois lances livres para o time
adversário. No caso de faltas anti-desportivas, o time adversário será premia-
do com dois lances livres mais a posse de bola. O técnico do time premiado
poderá escolher qualquer jogador de sua equipe para arremessar os lances li-
vres. Se um jogador receber duas faltas anti-desportivas, será excluído da par-
tida, com direito à substituição.
6 - Uma falta consiste em bater na bola com o punho ou em uma violação das
regras 3, 4 e 5
Atualmente, os pontos são marcados quando a bola passa pela cesta. As cestas
convertidas por meio de arremessos livres valem um ponto e as cestas con-
vertidas por arremessos realizados atrás da linha dos três pontos (introduzida
pela NBA em 1980) valem três pontos. Arremessos de quadra convertidos de
qualquer local dentro dos limites da linha de três pontos valem dois pontos.
Como já mencionado, não é permitida qualquer interferência na trajetória da
bola se estiver na descendente. Se a bola estiver em contato com o aro, tam-
bém não é permitida qualquer interferência. Também não é permitido que
qualquer jogador toque na rede da cesta. Se o jogador de defesa tocar na rede
enquanto um arremesso adversário for realizado, os pontos serão creditados
ao ataque. Caso um jogador de ataque toque na rede enquanto um arremesso
for convertido, a cesta será invalidada.
9 - Quando a bola sai da quadra, deve ser jogada de volta à quadra pelo jogador
que primeiro a tocou. Em caso de disputa, o �scal deve jogá-la diretamente de
volta à quadra. O arremesso da bola de volta à quadra é permitido do tempo
máximo de 5 segundos. Se demorar mais do que isto, a bola passará para o ad-
versário. Se algum dos lados insistir em retardar o jogo, o �scal poderá marcar
uma falta contra ele
Quando a bola sai da quadra, a equipe que a tocou por último perde sua posse.
O time adversário terá cinco segundos, depois que a bola estiver na mão de
um jogador, para repor a bola em jogo. Caso a equipe não reponha a bola em
até cinco segundos, a posse será concedida à equipe adversária, que também
terá até cinco segundos para repor a bola em jogo. No basquetebol, as linhas
da quadra não são consideradas como área válida para o jogo, ou seja, se um
jogador pisar nas linhas laterais ou de fundo enquanto tem a posse da bola se-
rá considerado como fora de jogo, perdendo a posse. Da mesma maneira, de-
pois que um jogador passou o meio da quadra não pode mais pisar na linha
que divide as duas quadras. Se um jogador pisar na linha durante o arremesso
de três pontos e converter a cesta, apenas dois pontos serão validados, e se pi-
sar na linha durante o arremesso de lance livre e converter a cesta, o ponto se-
rá anulado. A primeira posse de bola do jogo é de�nida por uma “bola ao alto”.
Um jogador de cada time se posiciona no centro da quadra para disputar uma
bola jogada ao alto pelo árbitro. Não é permitido que nenhum dos dois jogado-
res que estão disputando a bola ao alto a segure, e a bola só pode ser tocada
quando estiver na descendente. A bola terá que ser desviada com as mãos
(não é permitido o uso de punhos fechados) para que outro jogador possa
segurá-la, de�nindo-se a primeira posse do jogo. As próximas posses em dis-
puta, no começo dos próximos quartos ou no caso de bolas presas, são alterna-
das entre as duas equipes. Ou seja, se a equipe A assegurou a primeira posse
do jogo, a próxima irá para a equipe B, e a próxima novamente para a equipe A,
e assim sucessivamente.
10 - O �scal deve ser o juiz dos jogadores e deverá observar as faltas e avisar ao
árbitro quando três faltas consecutivas forem marcadas. Ele deve ter o poder
de desquali�car jogadores, de acordo com a regra 5
11 - O árbitro deve ser o juiz da bola e deve decidir quando a bola está em jogo,
a que lado pertence sua posse e deve controlar o tempo. Deve decidir quando
um ponto foi marcado e controlar os pontos já marcados, além dos poderes
normalmente utilizados por um árbitro
13 - A equipe que marcar mais pontos dentro deste tempo será declarada ven-
cedora. Em caso de empate, o jogo pode, mediante acordo entre os capitães, ser
continuado até que outro ponto seja marcado
O objetivo principal do jogo ainda é o mesmo, marcar mais pontos que o adver-
sário. Se o jogo terminar empatado, há uma prorrogação de cinco minutos. Se
ao �nal da primeira prorrogação o jogo continuar empatado, há uma segunda
prorrogação de cinco minutos, e assim sucessivamente até que haja um ven-
cedor.
Agora que você já conheceu as regra do Basquetebol, faça uma pausa em sua
leitura e assista ao vídeo. produzido por "Toda Matéria", contendo o resumo
destas regras.
5. Fundamentos do Basquetebol
Pelo que já foi discutido anteriormente, não seria coerente simplesmente apre-
sentar, nesta parte, a fragmentação dos movimentos básicos do basquetebol,
ensinando a maneira exata de executá-los. Isso porque, adaptações visando
atingir objetivos educacionais, devem ser realizadas. Cabe lembrar que não se
trata de transpor o basquetebol esportivizado para a escola, sem adaptações.
Essas são algumas possibilidades do que pode ocorrer, correto? Vamos, agora,
analisar o que está construído academicamente sobre estas situações. O co-
nhecimento acadêmico também envolve saber utilizar as nomenclaturas es-
pecí�cas e utilizar movimentos que podem facilitar a aprendizagem ou a exe-
cução, a�nal, não é adequado, por exemplo, quando estamos em uma sessão
de alongamentos usarmos as palavras dobrar e esticar (“dobra o braço”; “estica
a perna”), mas sim, �exionar e estender.
Aos poucos, podem ser indicadas outras maneiras, próximas das convencio-
nadas pela literatura, a�nal, tendem a facilitar a execução do movimento.
Situações de aprendizagens que podem ser utilizadas para que os alunos ex-
perienciem as necessidades de determinados posicionamentos e/ou movi-
mentos:
• pegar a bola que está no chão apenas com uma das mãos, depois com as
duas;
• segurar a bola com os dedos unidos, depois com eles entreabertos;
• segurar a bola com a palma da mão e tentar jogá-la para um aluno que
esteja longe;
• pegar a bola segurando-a na parte posterior, depois segurando-a na sua
parte lateral e posterior;
• segurar a bola afastada do corpo, depois próxima do corpo, enquanto ou-
tro aluno tenta tocá-la.
Pode ser proposto que o aluno que segura a bola afastada do corpo tenha que
fugir dos demais, os quais têm o objetivo de conseguir tocar a bola. Quem con-
seguir tocar a bola passa a protegê-la.
Figura 3 Drible.
Pode ser desenvolvido um jogo no qual os alunos tenham que driblar a bola e
se deslocar, apenas sobre as linhas demarcatórias da quadra, por exemplo.
Neste caso, pode-se aproveitar para se ensinar quais são as linhas demarcató-
rias do basquetebol.
Alguém joga a bola para outra pessoa (Passe):
Figura 5 Arremesso.
O que queremos que �que, e neste caso, inclusive para ser “copiado”, é a neces-
sidade do desenvolvimento pedagogicamente contextualizado (e o pedagógico
também é a consideração do ser humano enquanto possuidor de característi-
cas humanas!) dos fundamentos técnicos e táticos.
• receba a bola;
• arremesse à cesta;
• passe corretamente;
• drible tranquilamente;
• corra livremente;
• organize o seu ataque;
• adquira posições favoráveis.
Na defesa por zona, o jogador �ca responsável pela marcação de jogadores que
entrarem em uma determinada região da quadra, assim sendo, no caso de
uma troca de posições entre os jogadores da equipe concorrente, ele não
acompanha o jogador que está saindo da área de sua marcação, mas sim o no-
vo jogador que se posicionar nesta.
As defesas por zona são classi�cadas pela quantidade de jogadores que estão
na entrada do garrafão, dos que estão em uma posição intermediária entre a
cesta e a entrada do garrafão e dos que estão próximos da cesta.
Fonte: elaborada pelo autor - Paulo César Antonini de Souza.
uma seqüência lógica de ensino parte inicialmente das defesas por zona mais
abertas, em que há uma possibilidade de movimentação maior e um pouco mais
independente dos demais companheiros (p. 92).
Segundo a autora,
Posteriormente, o professor terá mais facilidade para ensinar as defesas mais fe-
chadas, em que o espaço de atuação, tanto para o ataque quanto para a defesa, é
menor, exigindo assim uma maior ação em conjunto dos companheiros (ALVES,
2007, p. 96).
O bloqueio pode ser de�nido como uma tentativa de atrasar ou impedir que
um concorrente sem a posse da bola alcance uma posição desejada. Para rea-
lizar o bloqueio, o jogador tem que estar parado e com ambos os pés no chão
quando ocorre o contato com seu concorrente. Se o jogador, realizando o blo-
queio, estiver em movimento quando ocorrer o contato com seu concorrente
será caracterizada uma falta.
As regras para o jogo “O pato na rocha” eram as seguintes: cada jogador deve-
ria ter uma pedra para atirar em um alvo previamente �xado em um lugar que
�casse a certa altura do solo, como, por exemplo, uma pedra maior em cima
de uma rocha. Um jogador apenas deveria �car “guardando” o alvo, ou seja, de-
veria �car em um lugar seguro perto do alvo, onde não correria o risco de ser
atingido pelas pedras jogadas pelos outros participantes.
Quando o alvo fosse derrubado, cada jogador deveria correr e recuperar a sua
pedra, enquanto o “guardião”, jogador que estava situado perto do alvo, deveria
colocar o alvo de volta ao lugar para, somente depois, tentar pegar os outros
jogadores antes que voltassem para a zona de segurança, área previamente
de�nida, sendo que somente os jogadores que já recuperaram suas pedras po-
deriam ser pegos. O primeiro jogador pego se tornava o guardião para a próxi-
ma rodada e o jogo recomeçava.
Vinte e um
Talvez o jogo mais conhecido e praticado entre os adeptos do basquetebol, o 21
é um jogo que privilegia principalmente o fundamento do arremesso. O aspec-
to mais interessante desse jogo é que não tem limite de jogadores, e permite a
participação de jogadores de diferentes idades no mesmo jogo, uma vez que o
contato físico, a velocidade e a força não são fatores preponderantes.
Porém, o jogador deve chegar exatamente aos 21 pontos, ou seja, não pode fa-
zer mais do que isso. Por exemplo, se um jogador chegar aos 20 pontos, tem
que converter seu lance livre. Se errar, a próxima cesta convertida será de dois
ou três pontos, e o jogador chegará aos 22 ou 23 pontos, automaticamente vol-
tando a ter apenas 11 pontos.
Bola-Torre
Esse jogo tem como principal peculiaridade uma similaridade com as quatro
primeiras regras das treze originais que o professor Naismith desenvolveu pa-
ra o basquetebol:
• A bola pode ser arremessada em qualquer direção com uma ou com am-
bas as mãos.
• A bola pode ser tapeada para qualquer direção com uma ou com ambas
as mãos (nunca usando os punhos).
• Um jogador não pode correr com a bola. O jogador deve arremessá-la do
ponto onde pegá-la. Exceção será feita ao jogador que receba a bola quan-
do estiver correndo a uma boa velocidade.
• A bola deve ser segura nas mãos ou entre as mãos. Os braços ou corpo
não podem ser usados para tal propósito (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA
DE BASKETBALL).
A bola pode ser interceptada quando está no ar, mas não pode ser roubada
quando em posse de um jogador. Quando o passe é incompleto e a bola bate no
chão, a posse passa para o outro time. Cada vez que a bola chega à torre, um
ponto é marcado, e a torre deve ser trocada por outro jogador do mesmo time.
Há possibilidade de inclusão de duas bolas para aumentar a complexidade do
jogo. Nesse caso, cada vez que um ponto é marcado, o jogo para, trocam-se as
torres, e as duas bolas voltam ao meio da quadra, cada uma em posse de uma
equipe.
Como os jogadores não podem se deslocar com a bola, esse jogo privilegia a
habilidade do passe, além de incentivar a participação de maior número de jo-
gadores, uma vez que não é possível conduzir a bola pelo drible, como é o caso
do basquete. Outra vantagem é que não há um limite de participantes, e não
há necessidade de uma estrutura muito complexa, apenas um espaço aberto,
uma bola de qualquer tipo (para ser utilizado como educativo para o basquete,
é interessante que, eventualmente, a bola usada seja a de basquete) e uma ca-
deira ou caixa para que a torre possa �car em cima.
Mata-Mata
Jogo bastante simples, sem limitação em relação ao número de participantes.
Outro aspecto interessante do jogo é que indivíduos de diferentes idades po-
dem jogar juntos. O jogo começa estabelecendo-se o local do arremesso e a or-
dem dos arremessadores, que deverão �car dispostos em �la indiana. Os luga-
res mais frequentes são da linha dos lances livres ou atrás da linha dos três
pontos, mas qualquer lugar da quadra pode ser escolhido. Se houver jogadores
menores, poderão arremessar de um lugar mais próximo ao aro. O objetivo do
jogo é eliminar o jogador que está a sua frente.
Os dois primeiros da �la começam cada um com uma bola. Para começar o jo-
go, o primeiro jogador deve arremessar. Se ele converter o arremesso, corre pa-
ra pegar a bola, entrega para o terceiro jogador e vai para o �m da �la para es-
perar sua vez novamente. Se ele errar, deve correr para pegar seu próprio rebo-
te e converter a cesta antes que o próximo jogador da �la, que arremessará do
lugar inicial, converta o arremesso. Caso o jogador de traz converta a cesta pri-
meiro, o primeiro jogador é eliminado, e o jogador que converteu a cesta vai
para o �m da �la para esperar seu próximo arremesso. Quando todos os joga-
dores forem eliminados, o último que restou é declarado o campeão.
O jogo é bastante dinâmico. Para que isso ocorra, o jogador que converteu a
cesta deve pegar a bola e levá-la novamente para a �la o mais rápido possível,
pois o jogador seguinte já estará arremessando. Quando dois jogadores estão
na disputa para encestar a bola, cada um tem que pegar o rebote de seu pró-
prio arremesso, ou seja, tem que ir atrás de sua bola, e é proibida qualquer in-
terferência na bola de seu adversário. O jogo privilegia principalmente o fun-
damento do arremesso, além da agilidade e velocidade.
Relógio
Jogo sem limitações em relação a número de participantes, que trabalha fun-
damentalmente com o fundamento do arremesso. Duas equipes são divididas
em números iguais de participantes. Cada uma das duas equipes começa com
uma bola na primeira marcação que limita as posições dos jogadores no gar-
rafão, a mais próxima ao aro, como podemos observar na Figura 12.
Figura 12 Garrafão de basquete. O ponto inicial para o jogo “Relógio” é a primeira marcação nas linhas laterais, que es-
tá circulado na �gura.
Uma equipe de cada vez, e um jogador de cada vez, arremessa a bola. Se o jo-
gador converter o arremesso, segue para a próxima marcação no garrafão e
continua arremessando, até errar. Se errar, vai ao �nal da �la naquela posição,
e a outra equipe tem a oportunidade de arremessar. Cada jogador deve passar
por cada marcação do garrafão, inclusive as pontas da linha do lance livre e
um arremesso da própria linha de lance livre. A equipe que passar por todas
as posições, contornando o garrafão, e chegar com todos seus participantes à
última marcação será declarada a vencedora.
Esse jogo não é tão dinâmico quanto os anteriores. Nesse sentido, seria inte-
ressante reservá-lo para um momento propício para atividades mais paradas.
Como os arremessos, em sua maioria, são realizados de posições diagonais à
cesta, pode ser um interessante instrumento para trabalhar os arremessos
com auxílio da tabela.
Cinco erros
Similar ao jogo Mata-Mata, mas com menor velocidade. Não há restrições em
relação a número de participantes, e jogadores de diferentes idades podem jo-
gar juntos. O jogo começa estabelecendo-se o local do arremesso e a ordem
dos arremessadores, que deverão �car dispostos em �la indiana. Os lugares
mais frequentes são da linha do lance livre ou atrás da linha dos três pontos,
mas qualquer lugar da quadra pode ser escolhido. Se houver jogadores meno-
res, poderão arremessar de um lugar mais próximo ao aro. O objetivo do jogo é
converter o arremesso em um número igual ou menor do que o jogador anteri-
or.
Vidas
O jogo começa com a de�nição dos jogadores que começarão na área de arre-
messo e os que começarão na área de rebote. Para tanto, todos os jogadores ar-
remessam de um local pré-de�nido, que pode ser especí�co, como a linha do
lance livre, ou mais geral, como qualquer local atrás da linha de três pontos.
Se houver jogadores menores, poderão arremessar de um lugar mais próximo
ao aro. Os primeiros jogadores a encestarem a bola �cam na área de arremes-
so e o restante vai para a área de rebote, sendo que as duas áreas devem ter o
mesmo número de jogadores.
O marcador deve impedir que o jogador que assegurou o rebote converta o ar-
remesso, porém, sem cometer faltas, seguindo as regras do basquete. Se o árbi-
tro do jogo decidir que o marcador cometeu a falta, o marcador será eliminado
do jogo, ao menos que tenha vidas acumuladas. Se o jogador que assegurou o
rebote converter o arremesso, ele será promovido para a área de arremesso, o
arremessador será rebaixado para a área de rebote, e o marcador será elimina-
do do jogo, ao menos que tenha vidas acumuladas. Se o jogador que assegurou
o rebote errar o arremesso, o marcador será promovido para a área de arre-
messo e o arremessador rebaixado para a área de rebote. O jogo segue até que
restem apenas dois jogadores não eliminados, que serão declarados vencedo-
res do jogo.
Rebote
Apesar do nome, o jogo privilegia tanto o desenvolvimento do fundamento de
arremesso quanto o de rebote. Não há restrições em relação a número de parti-
cipantes, e jogadores de diferentes idades podem jogar juntos. Para começar o
jogo, duas equipes são separadas em número igual de participantes e um lugar
é escolhido para a realização dos arremessos. O lugar escolhido pode ser exa-
to, como, por exemplo, a linha do lance livre ou qualquer lugar atrás da linha
de três pontos.
Para di�cultar o rebote, a equipe A deve escolher um jogador para fazer o pa-
pel de “coringa”, que �cará entre os jogadores da equipe B tentando impedir o
rebote ou o arremesso. O coringa não pode cometer faltas, seguindo as regras
do jogo de basquetebol. Ele pode agarrar a bola, desviar a bola para que ela
atinja o solo (nunca com os punhos fechados), ou bloquear o arremesso, mas
não pode tirar a bola das mãos de outro jogador. Se o árbitro da partida apitar
uma falta do coringa, a equipe B poderá realizar um arremesso livre, de um lu-
gar pré-estabelecido pelos jogadores, valendo um ponto. Se o coringa cometer
cinco faltas, será desquali�cado do jogo, sem possibilidade de substituição.
Para que o indivíduo continue participando do jogo, poderá se juntar ao resto
da equipe A e poderá realizar arremessos. Se o número de participantes for
muito grande, a inserção de dois coringas no jogo pode ser interessante.
Quando uma das equipes chegar a dez pontos, as equipes trocam de lugar,
sendo que a equipe que estava arremessando vai para o rebote e a equipe que
estava no rebote vai realizar os arremessos, escolhendo um coringa para atra-
palhar o rebote da equipe adversária. No �nal das duas rodadas, somam-se os
placares e a equipe com maior número de pontos é a vencedora. O jogo pode
começar novamente estabelecendo-se um novo lugar para o arremesso.
Tapinha
As regras desse jogo são praticamente as mesmas do jogo Rebote, mas com
maior grau de di�culdade. A grande diferença é que o jogador que pega o rebo-
te não pode estar com os pés no solo. O jogador deve pegar a bola enquanto
ainda está no ar e realizar o arremesso para a cesta antes que seus pés toquem
o solo. Se errar, outro jogador pode pegar o rebote, mas também deve realizar o
arremesso antes que seus pés toquem o solo. A jogada se encerra quando o ar-
remesso for convertido ou quando a bola ou um jogador com a bola toque o so-
lo.
O jogador que pega o rebote tem a opção de passar a bola para um companhei-
ro melhor posicionado para o arremesso, mas o passe deve ser feito antes que
o jogador toque os pés no solo, e o segundo jogador também deve receber o
passe e realizar o arremesso antes que seus pés toquem o solo. Como o grau de
di�culdade nesse jogo é maior, não há necessidade de incluir o coringa.
Porém, a inserção do coringa pode ser um elemento estimulante se o jogo for
repetido várias vezes.
Korfball
O Korfball é um jogo bastante similar às origens do basquetebol, jogado em di-
versas partes do mundo e bastante popular, principalmente na Holanda e na
Bélgica. O principal diferencial desse jogo é que os times são formados, neces-
sariamente, por indivíduos do sexo masculino e feminino. Os objetivos são
bastante parecidos com os do basquetebol, encestar a bola em um alvo hori-
zontal situado a certa altura do solo, mas algumas regras básicas do Korfball
tornam o jogo bastante diferente do basquetebol.
A bola é bastante parecida com a de futebol, mas é mais aderente e quica mais,
duas características que facilitam o jogo com as mãos. Cada cesta vale um
ponto e a cada dois pontos os jogadores do mesmo time trocam de zona, sendo
que os atacantes vão para a zona de defesa e os defensores vão para a zona de
ataque, ou seja, a transição da zona de defesa para a de ataque é feita por meio
de passes, diferentemente do basquetebol, no qual a transição pode ser feita
por meio do drible. No intervalo as equipes trocam de lado, defendendo a outra
cesta.
Os times são compostos por oito jogadores, quatro homens e quatro mulheres,
sendo que dois homens e duas mulheres �cam na zona da defesa e dois ho-
mens e duas mulheres �cam na zona de ataque. Apesar de homens e mulhe-
res jogarem juntos não é permitido que um homem marque uma mulher e
vice-versa, ou seja, as mulheres marcam as mulheres e os homens marcam os
homens. Não é permitido segurar outro jogador, ou chutar, esmurrar ou blo-
quear a bola. Os jogadores não podem arremessar quando estão marcados, e a
marcação é caracterizada quando o jogador de defesa está mais próximo à
cesta e olhando para seu adversário, a uma distância de um braço.
Seguindo essas regras o jogo torna-se menos físico, e privilegia mais a agilida-
de e a precisão do arremesso do que a força e a velocidade, ou seja, está muito
próximo dos objetivos primordiais do basquetebol inventado pelo professor
Naismith. Isso signi�ca que o Korfball pode ser um interessante instrumento
para a iniciação do jogo do basquete, pois permite que os iniciantes visualizem
como o basquetebol era jogado em suas origens, antes de entrar em contato
com o basquetebol moderno.
8. A Iniciação ao Handebol
O handebol é um dos esportes coletivos mais populares no meio escolar. Basta
fazer uma visita a uma escola pública ou privada, que provavelmente você en-
contrará um professor de Educação Física que esteja trabalhando ou já tenha
oferecido o handebol aos seus alunos durante o ano letivo. Sem contar o gran-
de número de equipes de estudantes inscritas em torneio escolares que con-
templem esta modalidade.
São muitos os motivos, a começar pelo fato de o jogo ser muito simples de se
começar a jogar, como indica Knijnik (2004, p. 2-3):
Os seus gestos técnicos requerem a combinação de algumas habilidades mo-
toras fundamentais − andar, correr, saltar, quicar a bola, arremessar, receber −
que são muito empregadas no cotidiano, tanto na forma de jogos de exercícios
(como de passar e receber) como dentro de brincadeiras populares, como quei-
mada ou câmbio. Estas habilidades também utilizadas em aulas de educação
física escolar, e quando elas se encontram em um estágio intermediário ou
maduro de execução, já é possível combiná-las no formato das técnicas moto-
ras necessárias à prática do handebol. Este processo de combinação de habili-
dades geralmente ocorre por volta dos 8 a 10 anos, quando do desenvolvimen-
to normal da criança.
Para Château (1987, p. 14), “perguntar por que a criança brinca, é perguntar por
que é criança”. Para a criança, quase toda atividade é jogo (brincadeira) e é por
meio dele que ela adivinha e antecipa suas condutas superiores.
A�nal, o que se deve saber na iniciação ao handebol?
Empunhadura
A empunhadura é o fundamento inicial do handebol e corresponde a segurar
a bola com as mãos aplicando força na ponta dos dedos. A empunhadura cor-
reta da bola é importante para o aluno se adaptar ao tamanho da bola de han-
debol e, consequentemente, realizar um passe ou arremesso, já que esses fun-
damentos exigem que a bola esteja segura nas mãos do jogador, evitando-se
que escape durante o movimento.
A Figura 15, a seguir, ilustra a empunhadura, que deve ser realizada apenas
com uma das mãos.
Passe e recepção
O passe e a recepção são fundamentos que não podem ser aprendidos separa-
damente, pois um depende do outro. Como seria realizar um passe se não ti-
vesse ninguém para receber a bola? Seria uma tarefa impossível!
Como receber a bola de handebol? Recomenda-se que a bola seja recebida com
as duas mãos para evitar que você a perca ou, ainda, seja roubada pelos adver-
sários. É importante que você erga a cabeça para acompanhar a trajetória da
bola que receberá, mantendo os braços semi�exionados para amortecer o im-
pacto da bola, além de inclinar um pouco o tronco em direção à bola.
O passe baixo é usado para curtas distâncias e quando o jogador está de cos-
tas para a defesa.
Fonte: Né et al. (2000, s/p).
Drible
O drible é um fundamento muito importante para a movimentação do jogador
quando se tem a posse de bola, apesar de ser relativamente pouco utilizado
durante o jogo. Na iniciação ao handebol, o drible é mais utilizado, até mesmo
por causa do individualismo comum aos iniciantes de não querer passar a bo-
la para os colegas. Conforme a equipe vai melhorando suas capacidades técni-
cas e táticas, o jogo �ca mais dinâmico por meio da intensa troca de passes, o
que diminui a utilização do drible.
Arremessos
O arremesso é a ação �nal do ataque visando à conquista do gol, que é o objeti-
vo primordial do jogo. Utiliza-se a mesma técnica do passe, porém com mais
força e velocidade, e procurando enganar o goleiro quanto à direção da bola.
Os arremessos em que a bola bate primeiro no chão, bem próximos à baliza,
di�cultam a defesa do goleiro.
Figura 21 Goleiro.
Para que um arremesso seja e�caz e e�ciente, há alguns princípios que devem
ser seguidos:
• Arremessar em movimento.
• Levar em consideração a posição e o movimento do goleiro.
• Ter precisão no arremesso.
• Considerar a distância e o ângulo de arremesso.
• Criar oportunidades para arremessar.
Formas de execução
Pode acontecer de o jogador saltar de fora para dentro da área do goleiro ao ar-
remessar a bola. Para o gol se tornar válido, o jogador não pode pisar na linha
da área. Observe a Figura 24.
Fintas
Fintas são movimentos realizados pelos jogadores para desequilibrar e con-
fundir o adversário. As �ntas podem ser realizadas por meio de movimentos
de braços, pernas e corpo em geral, durante realização do passe, arremesso e
deslocamento (com ou sem a bola). A Figura 26 a seguir ilustra um tipo de �n-
ta muito utilizado durante o jogo para passar pelo adversário e arremessar ao
gol.
Progressão
A progressão é um fundamento que tem como propósito dar ao jogador a con-
dição de progredir em direção à quadra adversária com o objetivo de conse-
guir o melhor posicionamento possível dentro das variantes ambientais que o
jogo oferece.
A progressão pode ser feita com três passos normais (D/E/D ou E/D/E) ou com
sobrepasso (D/D/E ou E/E/D). Veja a Figura 28 anterior.
Por isso, você não deverá exigir que seu aluno saiba executar os fundamentos
técnicos corretamente, mas que ele compreenda e construa o movimento ade-
quado para utilização em cada momento do jogo.
Há um contato com situações reais de jogo e o iniciante com posse de bola po-
de executar e criar formas variadas de habilidades motoras para superar o
oponente: passes diversos, dribles com bola, �ntas, arremessos.
Para ser um bom professor, não é necessário ter vários livros de jogos, mas ser
criativo para adaptar os jogos conhecidos ou criar novos jogos.
Segundo Knijnik (2004), o jogo se aprende jogando, mas não é jogo completo. O
jogar para aprender a jogar se traduz a pequenos jogos adaptados (reduzidos),
porquanto os fundamentos do esporte só existem se forem em um contexto de
jogo. Os fundamentos táticos aparecem em situações jogadas, aparecendo pro-
blemas de quando e como se colocar no espaço de jogo.
Exemplos de atividades nas quais está presente o conceito básico de jogar para aprender
Levar a bola para a casinha – uma bola, uma quadra com duas metades, e duas equipes
identi�cadas diferentemente, atuando como adversárias; cada um dos times deve colocar
um de seus membros – o receptor – dentro de uma pequena área delimitada no campo do
adversário (um círculo de 1 metro de raio serve para a brincadeira – nesta área ninguém
poderá entrar além do receptor); para marcar o seu ponto, cada equipe deve fazer com que a
bola chegue ao receptor que está na área delimitada, e quando estiver sem a bola, a equipe
deve evitar com que a outra obtenha o seu ponto; pode-se fazer este jogo limitando o drible
da bola, e já incluindo algumas restrições da regra sete, como o número de passos com a bo-
la na mão, o tempo em que a criança segura a bola, entre outras. Esta atividade ilustra mui-
to bem o conceito de jogar para aprender: há duas equipes se confrontando, procurando
atingir um objetivo para pontuar, impedindo que a outra equipe consiga este objetivo; há re-
gras que lembram o handebol, tal como a área delimitada na qual é interditada a presença
de jogadores (exceto de um deles); a criança também está atuando sempre com as habilida-
des do handebol, tanto as habilidades técnicas (diversos passes, passada rítmica, �ntas, re-
cepção da bola) quanto os rudimentos táticos – marcar, avançar sem bola, saber para quem,
onde e quando efetuar o passe sem perder a bola; o iniciante cria estratégias para maximi-
zar as chances de concretizar um bom passe para o receptor e assim fazer o ponto; entre
outras situações – problema que surgem neste jogo, e que são estímulos para o iniciante
exercitar e desenvolver sua capacidade geral de jogar.
Jogos em equipe, com pequenas balizas demarcadas por cones ou mesmo construídas em
formato de “mini balizas”, com no máximo 90 cm de altura por 1 metro de largura. Com este
material, e um pequeno espaço que pode ser inclusive em partes transversais da quadra, os
alunos formam duas equipes contrárias, se posicionando cada qual atrás de sua respectiva
baliza. Porém, na hora do confronto, eles atuam se defrontando em situações de “minijogos”
de 1×1; 2×2; 3×3. Os objetivos de cada equipe são os mesmos, mas opostos, ou seja, fazer um
gol dentro da baliza adversária, e evitar sofrer gol na sua. Pode-se estabelecer também uma
pequena área em volta da baliza, de modo que ninguém possa entrar nela. Como variação,
pode-se inclusive colocar um goleiro, quando houver a situação de 3×3.
Estas duas atividades acima exempli�cam claramente o que está conceituado em jogar pa-
ra aprender: aprendizado de atuação em equipe, com um formato de jogo que traga as habi-
lidades básicas do handebol em uma situação jogada, estimulando o aprendizado da crian-
ça em situações de jogo em grupo, proporcionando assim que elas torçam por suas equipes,
lutem contra os adversários, aprendam a jogar em duplas ou em trios, a defender a sua me-
ta e a procurar a outra, marcando quando a outra equipe está sem bola, procurando espaços
bons para o arremate quando a sua equipe dominou a bola. En�m, façam atividades que,
por seu caráter de jogo, intensi�quem, por um lado, o aprendizado cognitivo – orientações
espaciais e tomadas de decisão – ao mesmo tempo em que favorecem o treinamento de ha-
bilidades – passes, arremessos, dribles, �ntas, interceptações, botes, tudo isso surge e é trei-
nado na situação de pequenos jogos. Também por meio do jogo como forma de aprendiza-
do, se amplia e se otimiza o contato com os colegas, multiplicando ainda mais o processo
de socialização da criança por intermédio do esporte (KNIJNIK, 2004, p. 15-16).
11. Métodos Tradicionais de Ensino: Análise
Crítico-Re�exiva
Para começarmos nossa discussão sobre os métodos tradicionais de ensino
dos esportes coletivos, sugerimos a leitura do trecho do artigo: O ensino do
handebol utilizando-se do método parcial da professora Heloísa Reis, que ex-
plica o método parcial e traz considerações acerca desse método para a inicia-
ção esportiva. Boa leitura!
Até meados da década de 1990 a literatura sobre os jogos coletivos esportivizados
(esportes coletivos) era baseada no princípio analítico-sintético que apresentava
como seu principal método de ensino dos esportes coletivos o método parcial. Este
surgiu das experiências positivas dos treinamentos de esportes individuais como o
atletismo e a natação.
Na época foi a principal proposta de ensino dos jogos coletivos esportivizados,
baseando-se no princípio analítico-sintético os autores e estudiosos da área passa-
ram a descrever como deveria ser o ensino dos esportes coletivos. A lógica da pro-
posta partiu da fragmentação dos gestos técnicos do jogo, dividindo-os em partes
(fundamentos) e cada uma deles subdivididos em movimentos mais simples, desta
forma um passe no handebol (por exemplo) deve ser ensinado após o domínio da
empunhadura e observando o posicionamento correto de ombro, braço, antebraço e
mãos, assim como o posicionamento das pernas no momento de execução do mes-
mo. Para que o aluno atingisse a performance sugeriu-se um aprendizado por par-
tes e etapas
"[...] com exercícios que apresentam uma divisão dos gestos técnicos, das técnicas,
da ação motora em seus mínimos componentes. O aluno conhece, em primeiro lu-
gar, os componentes técnicos do jogo através da repetição de exercícios de cada
fundamento técnico, os quais são logo acoplados a séries de exercícios, cada vez
mais complexos e mais difíceis; à medida que a ajuda e a facilitação diminuem,
gradativamente aumenta a complexidade e a di�culdade das ações. À medida que
o aluno passa a dominar melhor cada exercício, passa-se a praticar uma nova
sequência. Estes movimentos já dominados passam a ser integrados em um con-
texto maior, que logo permitirão o domínio dos componentes básicos da técnica
inerente ao jogo esportivo, na sua situação do modelo ideal, orientado ao gesto do
campeão, realizando-se, desta forma, o processo de ensino-aprendizagem-
treinamento do esporte" (GRECO, 1998, p. 41).
As aulas ou treinamentos baseados neste tipo de método sempre começam com
um aquecimento e na sequência é apresentado normalmente pelo professor o exer-
cício que deve ser feito e repetido até o seu domínio, ao comando também do pro-
fessor outras propostas de exercícios vão sendo apresentadas por ele. A vivência do
jogo propriamente dito �ca restrita a alguns minutos �nais da aula ou treino, onde
são avaliados os gestos técnicos ensinados até o momento. O jogo pode aparecer
também em muitos casos como um momento de descontração, pois as séries de
exercícios muitas vezes são monótonas e desmotivantes, e nesse caso o jogo livre
seria uma forma de “premiação” aos alunos.
Na fase inicial do processo de ensino-aprendizagem-treinamento do handebol não
apontamos vantagens (de um modo geral) do uso deste método porque ele não con-
tribui para a formação do “jogador inteligente” e restringe-se apenas a aquisição de
gestos técnicos especí�cos por meio da repetição de movimentos até alcançar-se
sua automatização, isso em uma idade em que as crianças deveriam vivenciar o jo-
go tanto pelas características da infância como pela possibilidade na aquisição de
conhecimentos táticos do jogo coletivo (ainda não especí�cos de um único esporte)
que serão importantíssimos nas fases subsequentes do processo de ensino-
aprendizagem-treinamento.
O novo conceito de treinamento esportivo prevê o aprimoramento da técnica espe-
cí�ca apenas entre as fases de direção e especialização (Greco, 1998, p. 77). Então,
nesta fase, os exercícios sugeridos no método parcial poderiam ser bons exemplos
no aperfeiçoamento da técnica especí�ca do esporte ensinado.
Porém, é indiscutível que o método parcial: 1. aperfeiçoa a técnica; 2. facilita a
aprendizagem das técnicas por meio da fragmentação dos movimentos e pelos ní-
veis de di�culdade; 3. facilita o domínio dos fundamentos pela repetição e automa-
tização dos gestos. No entanto, ele também cria limites como: 1. inibe a criativida-
de; 2. favorece a imitação; 3. determina as ações; 4. não permite o aprendizado táti-
co do jogo; 6. desmotiva a criança, que é especialista em brincar e �ca submetida
desde muito cedo a exercícios mecânicos (REIS, 2012).
O que você achou do texto? Consegue fazer uma relação entre o texto e o ensi-
no dos esportes coletivos em escolas e clubes (escolinhas de esportes)?
Talvez, como muitos, você tenha aprendido a praticar o handebol ou outra mo-
dalidade coletiva por esse método. Porém, você se lembra como era monótono
�car em longas colunas esperando chegar sua vez e realizar o exercício, ou
ainda �car trocando passes por longos minutos até conseguir realizar o movi-
mento perfeito daquele fundamento?
Então, se coloque no lugar das crianças, de seus futuros alunos nas aulas de
Educação Física. Como sugere o texto anterior, o método parcial não é indica-
do para a iniciação esportiva no handebol, mas sim para uma equipe de trei-
namento, de alto nível, que precise aperfeiçoar fundamentos técnicos para
vencer os campeonatos disputados.
O aluno é visto como um sujeito ativo que manifesta e concretiza soluções pa-
ra resolver situações problemas que marcam a dinâmica de um cenário que
constantemente se altera. O que se pretende é que, através dos elementos co-
muns aos esportes coletivos (handebol, voleibol, basquetebol e futebol) os alu-
nos possam vivenciar atividades que os permitam compreender a estrutura, a
lógica e a dinâmica desses esportes, evitando, com isso, a ocorrência da espe-
cialização precoce e da automatização recortada e descontextualizada dos
gestos motores no modelo tecnicista.
De modo geral, essa perspectiva pode ser utilizada para o ensino do handebol
iniciação ou escolar. Como referência, nos reportamos a Claude Bayer (1992)
que propõe uma metodologia espelhada na dialética teoria e prática, denomi-
nada de método fenômeno-estrutural, partindo da análise estrutural dos jogos
coletivos que possuem, em comum, princípios estruturais e situações de ata-
que e defesa (princípios operacionais). Essa metodologia utiliza-se de princípi-
os operacionais dos jogos coletivos que devem ser ensinados no âmbito geral
possibilitando a transferência dessas experiências para situações análogas
estruturalmente, princípios estes que regulamentam as atitudes e comporta-
mentos de cada jogador, desenvolvendo e melhorando suas capacidades técni-
cas e táticas. Os princípios comuns (invariantes) dos jogos coletivos são: a bo-
la, o terreno de jogo, os alvos, as regras, os companheiros e os adversários.
Nesse sentido, o sujeito é capaz de dar signi�cado à estrutura e modi�cá-la,
sendo a atitude do sujeito mediante a tarefa o elemento essencial da teoria.
Júlio Garganta (1995) segue a mesma linha de raciocínio de Claude Bayer e
propõe o método sistêmico, semelhante à estrutura do método fenômeno-
estrutural. Do ponto de vista tático-técnico, há em comum o confronto direto
pela posse da bola, a invasão do campo adversário e a trajetória predominante
da circulação da bola, ou seja, as situações de ataque e defesa. No plano geral,
os denominadores comuns são idênticos aos de Bayer (bola, terreno de jogo,
alvo, regras, companheiros e adversários), e a partir destes, é proposto o de-
senvolvimento de diversos níveis de relação: eu-bola, eu-bola-alvo, eu-bola-
adversário, eu-bola-colega-adversário, eu-bola-equipe-adversários.
PARÂMETROS DE
TAREFAS COORDENATIVAS
PRESSÃO
A posse de bola é a principal preocupação de uma equipe durante um jogo, para atacar o
maior número de vezes seu adversário e marcar o maior número de gols. A preocupação
com a defesa deve ser a mesma, pois é preciso recuperar a posse de bola para tentar marcar
gols.
E quem são esses jogadores chamados pontas? São os jogadores que se deslo-
cam pelas laterais da quadra adversária e recebem passes dos armadores e
pivôs para arremessarem e penetrarem pelas laterais. Os pontas precisam ser
jogadores velozes, pois em uma situação de contra-ataque são os primeiros a
disparem em direção à meta contrária.
Para �nalizar, os pivôs são aqueles jogadores que atuam mais próximos da
área do goleiro adversário, se posicionando entre os últimos defensores. Os
pivôs tem o papel de bloquear os jogadores de defesa para que seus compa-
nheiros tenham espaço para arremessar ao gol em boas condições de ataque.
Sistemas ofensivos
Sistema é o posicionamento organizado dos jogadores de uma equipe na qua-
dra.
Essas táticas permitem que a equipe posicione seus jogadores de forma ade-
quada em relação às suas características (como altura, força, nível de habili-
dade técnica etc.), atingindo o melhor rendimento possível.
• ataque em circulação; e
• ataque posicional.
No ataque posicional, como o próprio nome já diz, cada jogador ocupa sua po-
sição especí�ca e inicia um trabalho de troca de passes para descolar a defesa.
Com essa troca de passes, a defesa tende a acompanhar a bola e certamente
abrirá algum espaço em que um dos atacantes poderá aproveitar para arre-
messar.
Não podemos nos esquecer de que em todo esporte coletivo (em que há ataque
e defesa), poderá haver situações de contra-ataque também.
A defesa
A defesa tem como �nalidade impedir, di�cultar e, principalmente, desfazer as
ações ofensivas que devem ter como objetivo a conquista de gols, por meio de
arremessos.
Sistemas defensivos
Sistema defensivo no handebol é a maneira de coordenar as individualidades
defensivas em conjunto.
Sistema individual
Você já deve ter jogado handebol em sua escola ou grupo de amigos, certo?
Você se recorda que sempre havia alguém gritando para que, logo após reali-
zar um ataque, você voltasse para “barreira”?
Você observará que no início muitos tentarão organizar a defesa e até formar a
barreira de proteção ao gol. Porém, durará pouco tempo, pois a vontade de to-
mar a posse de bola e marcar o gol prevalecerão e acabarão partindo para uma
marcação individual.
Se esse fato pode ser observado em uma partida de handebol entre adultos ini-
ciantes, imagine então como será entre as crianças? Perceba que é natural que
as crianças sejam individualistas e tentem resolver os problemas (fazer o gol)
sozinhas durante a iniciação ao handebol.
Como já foi comentando, esse sistema deve ser utilizado na iniciação ao han-
debol. Porém, pode ser utilizado em equipes de treinamento quando o jogo es-
tiver terminando e sua equipe perdendo de poucos gols ou quando a equipe
adversária for inferior física e tecnicamente.
Nesse sistema, cada jogador é responsável por uma zona em seu campo de de-
fesa, entre as linhas da área de goleiro e as de tiro livre, devendo marcar todos
os jogadores que passam pela zona. Há uma maior ajuda entre os companhei-
ros, dando maior responsabilidade coletiva.
Para que a defesa da equipe seja e�ciente, é necessário que cada jogador saiba
o que fazer individualmente. A �m de evitar um vazio na defesa, quando um
jogador sai para interceptar um arremesso, outro jogador se desloca para dar-
lhe a devida proteção cobrindo sua zona. Os jogadores precisam se ajudar mu-
tuamente.
Partindo da lógica de aprendizagem dos sistemas defensivos, já descobrimos
que é mais fácil e natural para a criança aprender a marcar individualmente
do que coletivamente.
Nos sistemas de marcação por zona, seria mais fácil conseguir colocar uma
ou duas crianças na barreira, do que as seis crianças de uma vez só.
No sistema 3×3 são formadas duas linhas de três jogadores, sendo uma próxi-
ma aos 6 metros e outra nos 9 metros.
VANTAGENS DESVANTAGENS
VANTAGENS DESVANTAGENS
O sistema defensivo 5×1 (Figura 33) é composto por duas barreiras de jogado-
res, uma delas formada por cinco jogadores na linha de 6 metros (1ª linha de
defesa) e a outra (2ª linha) com um jogador na linha de 9 metros.
VANTAGENS DESVANTAGENS
VANTAGENS DESVANTAGENS
Técnica defensiva
Falar sobre “técnica defensiva” é o mesmo que pensarmos sobre “como mar-
car”. A marcação é uma ação defensiva importante no handebol, já que é uma
modalidade que exige do jogador a alternância entre ataque e defesa, necessi-
tando saber atacar e defender.
ela nos diploma, o que equivale, para os desassistidos, a algumas cartas de alforria
e, para os privilegiados, a alguns passaportes para o poder”. Porém, o mesmo autor
acredita que a escola quase nunca interpreta os desejos e aspirações dos seus alu-
nos, e di�cilmente considera sua bagagem cultural – “a escola procura transformar
a todos em alunos, pacotes prontos de sabedoria para serem engenheiros, médicos,
advogados [...] (FREIRE, 2003, p. 6).
Por acreditarem nas ideias de que não se poderia ensinar o futebol, muitos
professores, infelizmente, no espaço escolar ou fora dele, tiveram (e ainda têm)
como postura a realização de uma espécie de seleção natural de possíveis ta-
lentos para quem desejasse praticar o futebol de forma mais sistemática. No
entanto, levando em consideração a proposta de Freire (2000, p. 93), é possível,
sim, ensinarmos qualquer modalidade esportiva na escola. Para o autor, as
ideias relacionadas à forma inata são prejudiciais socialmente para o universo
da Educação Física, pois:
[...] sendo o esporte um rico patrimônio cultural da humanidade, eliminam a opor-
tunidade de a esmagadora maioria da população bene�ciar-se de suas práticas. De
um lado por que ela (a população) deixa de apropriar-se do conhecimento histori-
camente constituído a respeito do esporte, ou só permite que essa população
aproprie-se do pior lado do esporte, isto é, por uma assimilação não crítica, aceitan-
do quaisquer informações veiculadas pela mídia. De outro lado, porque impede que
o esporte se constitua um veículo privilegiado de educação, pelos valores que com-
porta em seu arcabouço.
A condição de fenômeno social pode ser uma das justi�cativas para que uma
quantidade considerável de professores ou opte pela futebolização da aula de
Educação Física, ou seja, oferecem predominantemente atividades relaciona-
das sem qualquer tipo de orientação. O contrário também acontece. Há profes-
sores que excluem o futebol e os conteúdos relacionados de suas aulas por ale-
garem que o futebol já foi su�cientemente trabalhado, ou por esse favorecer
comportamentos inadequados, violentos e menos educativos em comparação
a outras práticas educativas (GARGANTA, 1985 apud GARGANTA; PINTO,
1998).
O futebol, assim:
[...] ora é utilizado como mero entretenimento, sendo os alunos privados de qual-
quer tipo de orientação, ora se rejeita a sua inclusão no quadro das modalidades
desportivas a abordar na escola (GARGANTA; PINTO, 1998, p. 97).
Segundo Belbenoit apud Scaglia (1999, p. 56), “o desporto não é educativo sobre
todos os planos, a menos que um educador faça dele ao mesmo tempo um ob-
jeto e um meio de educação”, que o integre pela prática e pela re�exão naquilo
que chamamos de uma ética de saúde global. Assim, o ensino do esporte, nu-
ma visão crítica, deve promover a leitura e a interpretação crítica da realidade.
Segundo o professor Jorge Olímpio Bento apud Scaglia (1999), é tempo de uma
ofensiva pedagógica inerente ao sentido e à mensagem do desporto para to-
dos, tempo de aprofundamento e de reforçar a con�ança no seu tocante a cri-
anças e jovens.
Freire (2003), ao valorizar o patrimônio lúdico dos alunos, defende que deve-
mos:
Para Scaglia (1999), baseado nos estudos do professor Jorge Olímpio Bento, o
esporte assume, na escola, características pedagógicas quando proporciona
obstáculos, exigências, desa�os a serem experimentados, observando-se re-
gras e lidando corretamente com os outros; quando cada um rende mais,
esforçando-se muito, sem nunca sentir isso como uma obrigação imposta ex-
teriormente; quando socializa crianças e jovens num modelo de pensamento e
vida; quando se ensina que o sucesso não é um objetivo, mas apenas um meio
de olhar além.
Nesse sentido, Coll et al. (2000) de�nem “conteúdo” como uma seleção de for-
mas ou saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, lin-
guagens, valores, crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de con-
duta etc., cuja assimilação é considerada essencial para que se produzam um
desenvolvimento e uma socialização adequada ao aluno.
A Educação Física, ao longo de sua história, sempre foi tomada como uma dis-
ciplina com “pouco conteúdo”, pois sempre priorizou a dimensão ligada ao fa-
zer. Muito do preconceito que sofrem os professores e pro�ssionais da
Educação Física vem, portanto, dessa equivocada interpretação (DARIDO,
2001).
CONTEÚDOS
OS BENEFÍCIOS ESTÃO RELACIONADOS
RELACIONADOS
À história e evolu-
À compreensão do futebol como fenômeno social.
ção do futebol
Você já deve ter deduzido que a iniciação esportiva, a qual pode se dar a partir
dos anos iniciais do Ensino Fundamental, apresenta-se como um espaço para
que os alunos enriqueçam seus repertórios motores. Certamente, uma criança
com grande repertório motor e com habilidades desenvolvidas na sua totali-
dade tende a se adaptar com mais facilidade a outras práticas de outros dife-
rentes esportes.
Essa iniciação nas fases pré-escolar e escolar deve ter por função exclusiva enri-
quecer em muito o vocabulário motor dos alunos, possibilitando, portanto, a explo-
ração e a vivência de muitas atividades e muitos esportes. Uma criança rica em
seu aspecto motor pode vir a se adaptar mais facilmente à prática de muitas ativi-
dades esportivas. Durante todo esse processo, deve-se estar atento para as fases de
desenvolvimento e crescimento das crianças, não as expondo a esforços acima de
suas possibilidades físicas e psíquicas e não criando recordistas infantis. Com estí-
mulos adequados, em momentos oportunos, oferece-se ao �nal do processo a opor-
tunidade de uma especialização.
Ensinando o jogo
No sentido de ilustrarmos essa seção, nos apoiaremos especialmente em
Garganta e Pinto (1998). Para Garganta (1992) apud Garganta e Pinto (1998),
além de utilizarmos o futebol como meio para ensinarmos determinados con-
teúdos, devemos nos preocupar também com o ensino do próprio jogo. Para is-
so, é necessário considerarmos elementos estruturais e funcionais relaciona-
dos à:
‘linguagem motora’ do praticante, de modo a possibilitar uma melhor trans-
missão e assimilação dos conteúdos especí�cos [...] com a intenção de enri-
quecer a actividade, não desvirtuando a essencialidade dos componentes do
jogo (GARGANTA; PINTO, 1998, p. 115).
A seguir, para ilustrar o que foi exposto, seguem exemplos de atividades volta-
das ao desenvolvimento de cada uma das cinco fases apresentadas no Quadro
8, retirados de Garganta e Pinto (1998).
Metodologia analítico-sintético
A abordagem analítico-sintética, mais conhecida como método parcial, se-
gundo Dietrich et al. (1984), implica na divisão do jogo em elementos técnicos,
táticos ou condicionais e a reunião pouco a pouco desses elementos em uni-
dades maiores.
Dietrich et al. (1984, p. 1) destacam que nessa metodologia “os iniciantes de-
vem primeiramente adquirir 'formas simpli�cadas da técnica do jogo' (grifo
dos autores)", por meio de séries de exercícios. Parte-se de exercícios simples,
isolados e, conforme automatização, esses tornam-se cada vez mais comple-
xos. Após “dominá-los”, o aluno apresenta “condições de jogo”. Filin (1996)
apud Costa e Nascimento (2004) considera que em uma aula baseada nessa
metodologia há o desmembramento do jogo em exercícios, no qual se eviden-
ciam a execução prática, a explicação e a demonstração desses exercícios por
parte dos professores.
Metodologia global-funcional
Diferente da analítico-sintético, a metodologia global-funcional, segundo
Dietrich et al. (1984), é orientada exclusivamente para o jogo e caracterizada
por formas simples dos jogos e minijogos que re�etem, perfeitamente, o jogo
de futebol. Essa metodologia parte da “simpli�cação de jogos esportivos de
acordo com a idade, e através de um aumento de di�culdades na formação de
jogos em direção ao jogo �nal” (DIETRICH, 1984, p. 13).
1º minijogo
Observação: 3 x 3 sem goleiro e sem passar da linha para fazer ou defender o
gol.
2º minijogo
Observação: 3 x 3 sem goleiro passando por trás dos cones para fazer ou de-
fender o gol.
3º minijogo
Observação: 3x3 sem goleiro e sem passar a linha para fazer ou defender o gol.
Cada aluno não pode dar mais que três toques na bola.
Metodologia mista
Como vimos, as metodologias analítico-sintético e global-funcional apresen-
tam características próprias, vantagens e desvantagens que se complemen-
tam. De maneira geral, Dietrich et al. (1984, p. 1) a�rmam que na primeira o
processo de iniciação esportiva privilegia aquisição de “formas simpli�cadas
da técnica do jogo” e na segunda os alunos devem ser inseridos, desde o prin-
cípio, na “idéia simpli�cada do jogo”.
A Figura 41 (A) expressa bem essa ideia. De acordo com a ilustração, todos os
“pequenos jogos” têm em seus núcleos o núcleo do grande jogo, que está pre-
sente em todos os “pequenos jogos”. O exemplo B, por sua vez, evidencia a “sé-
rie de exercícios” comum na metodologia analítico-sintético.
Nas formas básicas dos jogos, os “pequenos jogos” “antecipam em seu te-
ma de jogo as regras e situações do “grande jogo” de forma simpli�cada,
que permitem experiências fundamentais de aprendizagem” (DIETRICH
et al., 1984, p. 4).
Os minijogos, por sua vez, são representados pelas simpli�cações das re-
gras o�ciais, do tamanho do campo, do número de participantes.
Metodologicamente falando, os minijogos podem corresponder aos últi-
mos estágios de aprendizagem do jogo, antes que passe a ser considerado
um grande jogo.
Observação: o chute pode ser dado de qualquer lado. Porém, o jogador so-
mente poderá executar o próximo chute após �nalização do jogador in-
verso. Ao marcar-se ou errar-se o gol, troca-se o goleiro.
Observação: o chute em direção ao gol adversário pode ser dado após as-
sistência do goleiro antes da linha do meio do campo ou da quadra ao
seu companheiro.
Figura 45 Esquematização do aumento de complexidade a partir da série de jogos ilustrada na caixa anterior.
Para Graça (1998, p. 28), há duas ordens de problemas a serem resolvidos nas
situações características dos esportes: “os problemas da selecção da resposta
adequada à situação (o quê, o quando e o porquê) e os problemas relativos à re-
alização da resposta motora (o como)”, o que difere dos modelos tradicionais,
nos quais se desenvolve primeiro o “como” e depois o “o quê”, o “quando” e o
“por que”.
Dessa forma, o verdadeiro valor não pode ser determinado pelo somatório dos
elementos básicos do jogo, tal como abordado no modelo analítico-sintético,
mas por meio da relação emergente de todos os elementos que fazem parte de-
le (GARGANTA, 1998). O aluno “constrói o jogo partindo da realidade do mesmo
[...] compreendendo, assimilando e dominando as complexas exigências que
os jogos esportivos lhe apresentam” (GRECO, 1998b, p. 52).
A ideia de “equipe”, segundo Garganta (1998, p. 15), é essencial no processo de
ensino-aprendizagem nos modelos situacionais, pois a “noção de interacção,
de relação de forças entre os elementos constituintes do colectivo, adquire [...]
a sua verdadeira dimensão”. Para se alcançar o jogo formal há, segundo o au-
tor, a necessidade de que o aluno vivencie vários níveis de relações: “eu-bola”,
“eu-bola-alvo”, “eu-bola-adversário”, “eu-bola-colega-adversário”, “eu-bola-
colegas-adversários” e “eu-bola-equipe-adversários”. Tais relações esboçam
aquilo que o jogo tem de essencial – cooperação, oposição e �nalização.
Entre algumas vantagens desse modelo, Costa e Nascimento (2004, p. 53) des-
tacam que:
A partir das invariantes de Bayer (1992), determina-se uma lógica interna co-
mum a todas as modalidades coletivas (GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM
EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA, 1998, p. 333).
Você pode iniciar sua aula levando os alunos a re�etir sobre as diferenças de
performance entre meninos e meninas no futebol, como questionar se há sen-
tido a tese de que os meninos teriam o “dom” para jogar futebol e as meninas
não.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as meninas são estimuladas desde cedo a
jogar futebol, já que os esportes masculinos são especialmente o futebol ame-
ricano, o beisebol e o basquetebol. Como resultado, temos que, nesse país, o fu-
tebol seja, literalmente, esporte de mulher. Isso pode ser comprovado pelas
conquistas da seleção norte-americana de futebol feminino, em comparação
com as participações apagadas da seleção masculina nas principais competi-
ções mundiais.
Nesse sentido, Darido e Souza Jr (2007) apresentam uma vivência em que me-
ninos e meninas jogam juntos e separados durante o tempo da aula.
Exemplo:
Os meninos mais habilidosos só podem dar dois toques na bola por lance; por algum tempo, só as meni-
nas podem conduzir a bola, de forma que os meninos devem tocá-la de primeira; em outro momento, só
será válido o gol de meninas, ou, então, o gol só será válido quando o �nalizador receber a bola de alguém
do sexo oposto.
Para aprofundar o conhecimento dos alunos, sugira uma leitura que discuta
alguns aspectos do futebol feminino no Brasil. Sugerimos também o artigo O
futebol feminino no Brasil, publicado no jornal Folha de São Paulo em 2001,
apresentado por Darido e Souza Júnior (2007, p. 48-49).
Ao longo do século XX, algumas opiniões emitidas por especialistas e a publicação
de algumas leis acabaram por afastar as mulheres do campo de futebol, de tal mo-
do que até a década de 1980 o futebol era um jogo quase que exclusivamente prati-
cado por homens.
Após a leitura, Darido e Souza Júnior (2007) propõem que se faça um estudo
dirigido de interpretação do texto, por meio da discussão das questões a se-
guir:
Uma das explicações para essa questão pode estar justamente na formação
inicial dos professores, a qual não lhes fornece subsídios para a implementa-
ção de programas coeducativos, ou seja, de programas de aulas para turmas
compostas por meninos e meninas. Obviamente, o problema não se esgota
nesse aspecto, mas, certamente, tratar de questões como a inclusão e o respei-
to às diferenças aliados à coeducação podem ajudar bastante na busca por al-
ternativas para superar o referencial do esportivista, ainda, presente, muitas
vezes, nas aulas de Educação Física.
Souza Júnior (2003) descreve que a estratégia adotada pelo professor, de divi-
dir o tempo para utilização da quadra pela metade, para atender a meninos e
meninas separadamente, acabava criando algumas situações interessantes.
Enquanto os meninos jogavam futebol, as meninas dividiam-se entre jogar
voleibol, conversar e, às vezes, dançar; já os meninos, quando estavam de fora
da quadra principal, �cavam jogando voleibol ou conversando. Dessa maneira,
eram poucos os momentos na aula em que meninos e meninas desenvolviam
atividades em conjunto.
O autor a�rma, ainda, que a predisposição das meninas em não aceitarem me-
ninos em seus jogos, mesmo correndo o risco de jogarem com times incom-
pletos (menos de cinco jogadoras em cada equipe), como uma forma de prote-
cionismo. Desse modo, elas procuram garantir um espaço onde possam de-
senvolver seus jogos de maneira mais efetiva, ou seja, elas passam a ter a pos-
se de bola por mais tempo, têm maior possibilidade de êxito em suas jogadas e
conseguem marcar um maior número de gols, que seria o principal objetivo do
jogo. Contudo, cabe ressaltar que entre as próprias meninas há situações de
exclusão.
Ilustração:
Na aula de 26/03/2002, após alguns exercícios de aquecimento e brincadeiras de passe, di-
vidi os alunos participantes (15, sendo oito meninas e sete meninos) em três equipes mistas
que jogaram entre si [...]
Em um lance do jogo isto �cou claro. O goleiro de uma das equipes (que neste momento era
um menino, Cebolinha) defendeu uma bola, e preparou-se para ligar um contra-ataque rápi-
do. O jogo à sua direita estava todo embolado, não havendo ninguém livre. Do lado esquer-
do, uma garota de sua equipe (Magali, que havia feito dois gols na aula anterior jogando
com os meninos) estava sem marcação alguma próxima ao meio da quadra. Ele olhou para
ela, mas preferiu jogar para um menino marcado do outro lado da quadra. A menina perce-
beu que eu havia �agrado a cena e comentou comigo: “tá vendo professor! Eles não con�am
na gente, não dá nem vontade de jogar” (SOUZA JÚNIOR, 2003, p. 84-87).
De acordo com Souza Júnior (2003), o simples fato de se problematizar tais si-
tuações pode contribuir para uma reestruturação das relações de gênero du-
rante os jogos ou das próprias aulas de Educação Física. Ao ignorar situações
como essas, o professor estará reforçando a cultura escolar vigente e perpetu-
ando valores carregados de preconceito e discriminação. Cabe a ele, portanto,
propiciar aos alunos oportunidades de discutir e re�etir sobre esses fatos,
levando-os a considerar as razões culturais e históricas que contribuem para a
manutenção desse quadro.
23. Considerações
Caro(a) aluno(a), concluímos o estudo deste ciclo! Nossa intenção não foi a de
esgotar as possibilidades de ensino-aprendizagem das modalidades esportiva
do basquetebol, handebol e futebol no contexto escolar, mas, oferecer o míni-
mo de conhecimentos possíveis para sua futura atuação como professor de
Educação Física na escola. O conhecimento não é estático, está sempre se re-
novando. Assim como as transformações são contínuas, a busca por novos
conceitos, fatos, procedimentos e valores relacionados aos esportes devem ser
atualizados e renovados por você, em sua prática pedagógica na escola. No
próximo ciclo de aprendizagem, vamos debater as modalidades do atletismo e
voleibol no âmbito escolar.
(https://md.claretiano.edu.br/iniespesc-
gs0028-fev-2022-grad-ead/)
Fabiano Maranhão
Flórence Rosana Faganello Gemente
Nilva Pessoa de Souza
Robson Amaral da Silva
Objetivos
• Compreender o atletismo como um elemento cultural.
• Analisar criticamente o ensino do atletismo, focalizando questões edu-
cacionais signi�cativas, tais como: relação professor – aluno e especi�-
cidades do conteúdo.
• Possibilitar a re�exão crítica sobre o para quê? para quem? e como a
modalidade Voleibol está sendo desenvolvida na Educação Física
Escolar.
Conteúdos
• Contextualização do ensino do atletismo.
• O ensino do atletismo na escola – possibilidades.
• O papel do professor de educação física e o ensino do atletismo.
• O ensino do atletismo e os materiais alternativos.
• A aprendizagem Voleibol.
• Fundamentos da modalidade (saque, passe, levantamentos, ataques e
defesas) e táticas básicas.
Problematização
O que signi�ca reconhecer o atletismo e o voleibol como conteúdo da
Educação Física no contexto escolar? Quais implicações para a prática peda-
gógica? Quais as possibilidades de ensino destas modalidades esportivas no
contexto escolar? Quais os limites que se apresentam? O que signi�ca apren-
dizagem das técnicas dos fundamentos do Voleibol na perspectiva escolar?
1. Introdução
Neste quarto ciclo de aprendizagem apresentaremos as possibilidades da prá-
tica da modalidade de atletismo e do voleibol, no âmbito escolar, bem como
seus elementos culturais. Compreenderemos o atletismo e o voleibol como um
dos conteúdos relacionados aos esportes, com o objetivo de conhecer suas es-
truturas e possibilidades de construção de propostas pedagógicas signi�cati-
vas que são fundamentais para o desenvolvimento dessa manifestação da cul-
tura corporal. Você encontrará as unidades básicas que o ajudarão a com-
preender, de maneira crítica, re�exiva e propositiva, os aspectos educacionais,
sociais e históricos relacionados ao Voleibol no contexto escolar.
Mas, nem sempre foi assim. O esporte no decorrer da história, in�uenciou e foi
in�uenciado pelo ensino da Educação Física e antes de iniciar nosso estudo
do ensino do atletismo na escola, acreditamos ser essencial fazermos um bre-
ve resgate histórico sobre o esporte como conteúdo da Educação Física
Escolar.
Nesse período o esporte passou a ser “esporte na escola e não o esporte da es-
cola”, sendo que a aptidão física foi de�nida como referência fundamental pa-
ra orientar o planejamento, controle e avaliação da Educação Física
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 54).
Nessa fase, caracterizada por Ghiraldelli Jr. (1997) como a da “Educação Física
Competitivista” (p. 20), “o rendimento, a seleção dos mais habilidosos, o �m
justi�cando os meios”, o culto do atleta herói eram características ainda mais
presentes no âmbito da Educação Física escolar (DARIDO, 2004, p. 7). Não exis-
tia diferença entre o professor e o treinador, enquanto o aluno era visto como
atleta.
E para que o ensino do esporte não se limite ao ensino dos gestos técnicos e
possa fazer parte do processo da formação de cidadãos críticos, acreditamos
na importância de se trabalhar o esporte nas três dimensões dos conteúdos,
ou seja, o aluno deve aprender sobre os esportes por meio da dimensão concei-
tual, aprender a fazer os diferentes movimentos por meio da dimensão proce-
dimental e a re�etir como se deve ser com a dimensão atitudinal.
Após esse breve estudo sobre o ensino dos esportes na Educação Física esco-
lar, pudemos perceber a importância do papel do professor no processo de for-
mação dos alunos. E para aprofundar ainda mais esse estudo, realizaremos
agora um estudo aprofundado sobre o ensino do atletismo na escola, sobre su-
as di�culdades e possibilidades no ambiente escolar.
Ao pensarmos na frase que circula no meio olímpico: “os Jogos Olímpicos po-
dem acontecer apenas com o Atletismo. Nunca sem ele” (CONFEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2008), podemos dizer que o atletismo é conside-
rado um esporte clássico, pois de acordo com Saviani (1991), “clássico é aquilo
que se con�rmou como fundamental, como essencial” (p. 21).
Calvo (2005) mostra que além de o atletismo ser pouco trabalhado nas escolas,
muitas vezes, o pouco contato com essa modalidade esportiva, quando ele
ocorre, é de�ciente. Em seu estudo realizado em 2002 com graduandos no cur-
so de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) da UNESP de Rio Claro �-
cou constatado que a maioria (73%) dos estudantes não teve contato com o
atletismo na escola. Resultado semelhante ocorreu em 2005, quando consta-
tou que a maior parte (62%) dos graduandos da mesma Universidade também
não teve contato com o atletismo durante o período escolar. Além disso, Calvo
(2002; 2005) identi�cou em ambos os estudos que o conhecimento dos univer-
sitários sobre o atletismo está pautado em conteúdos veiculados pela mídia,
voltados, portanto, a poucas provas do atletismo, quase sempre em época de
grandes competições como os Jogos Olímpicos, conforme ressaltou
Matthiesen (2009).
Infelizmente, sabemos que, na maioria das vezes, tudo que se conhece e é di-
vulgado pela mídia sobre o atletismo está relacionado a recordes, índices,
marcas e competições, o que pode provocar nos professores uma sensação
que os impossibilite de desenvolver um trabalho com o atletismo dentro da
sua realidade escolar. Contudo, é papel da escola e do professor de Educação
Física difundir, esclarecer e proporcionar experiências a cerca dos “conheci-
mentos” transmitidos pela mídia (MATTHIESEN, 2005b), e isso deve ocorrer
também em relação ao atletismo.
Pela falta de cultura que existe no Brasil acerca do atletismo devemos ressal-
tar que muitos professores, por não terem tido contato com o atletismo duran-
te a sua formação, não se sentem a vontade para ensiná-lo, como mostra
Matthiesen (2005b) e ainda apontam o desinteresse dos alunos em aprender
sobre o atletismo e a�rmam que “os alunos só se interessam por bola”.
Em busca de uma visualização dos problemas básicos do atletismo na realida-
de escolar e seguindo a constatação de que as modalidades esportivas de mai-
or prestígio nacional são coletivas e têm como implemento de ação a bola, tal-
vez uma justi�cativa para o fato de o atletismo não ser trabalhado na escola,
estivesse na sentença apresentada por Oro (1984) ou seja: "atletismo não tem
bola!" (p. 4).
Alguns professores entrevistados por Daólio (1994) reforçam essa ideia ao a�r-
marem que os alunos só se motivam com a bola e acabam justi�cando a divi-
são do ano letivo em modalidades esportivas coletivas. Seguindo essa a�rma-
ção dos professores e mesmo não sendo apresentadas no referido estudo,
quais os esportes trabalhados durante o ano letivo, poderíamos nos questio-
nar: onde estaria o atletismo, já que ele não utiliza a bola?
Devemos ressaltar que não é pelo simples fato de se realizar uma ou outra ati-
vidade que envolve a corrida, ou o salto, o lançamento e o arremesso que pode-
mos a�rmar que trabalhamos com o atletismo na escola. Como nos mostra
Matthiesen (2006), o atletismo possui seus movimentos especí�cos sendo ne-
cessário contextualizar as habilidades de correr, marchar, saltar, arremessar e
lançar em relação às provas do atletismo.
a valorização dos procedimentos; “o fazer pelo fazer”; a repetição mecânica dos mo-
vimentos; a “valorização dos mais habilidosos”; a caracterização dos alunos como
atletas e dos professores como técnicos, já que são muitos os professores que tra-
balham seguindo esse modelo (DARIDO 2003, p. 7).
É tarefa da Educação Física escolar garantir o acesso dos alunos às práticas da cul-
tura corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de exercê-las e ofe-
recer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente (BRASIL,
1997, p. 28).
Na escola, como mostra Kunz (2003), o professor deve buscar novas formas de
ensino, alternativas para iniciar os alunos na modalidade e a compreender as
suas possibilidades, oportunizando experiências práticas do correr, marchar,
saltar, lançar e arremessar sem se prender a particularidades técnicas muito
especí�cas que objetivam apenas o desenvolvimento de um gesto técnico e�-
ciente e o máximo rendimento.
Para que o atletismo possa ser trabalhado na escola de forma prazerosa e sem
esquecer as suas especi�cidades como modalidade esportiva, um bom cami-
nho é o seu ensino por meio dos jogos e brincadeiras. Pois como destaca Paes
(2001):
O jogo tem uma função mágica, pois ao mesmo tempo que acentua a ludicidade de
uma prática que visa ao aprendizado de fundamentos, pode também acentuar exi-
gências técnicas proporcionando a melhor execução do movimento (p. 77).
Na escola qualquer espaço livre pode ser um bom local para o ensino do atle-
tismo, desde que alguns cuidados sejam tomados, como veri�car as condições
do piso, para a redução do impacto nas atividades de saltos, buscar realizá-las
em terrenos macios (grama, areia, ou colchões), como também veri�car a se-
gurança das crianças nas atividades de lançamentos, entre outras coisas su-
geridas por Matthiesen (2009).
Mas para que o professor saiba utilizar esses espaços é fundamental que se te-
nha clareza que o atletismo escolar deve ser ensinado de forma atrativa, prio-
rizar o contato inicial com o conhecimento dos movimentos básicos e especí-
�cos do atletismo, garantindo a participação efetiva de todos os alunos e pos-
sibilitar o reconhecimento do atletismo como prática social e não mais como
um esporte mecânico, excludente, que visa a superação de limites e recordes.
E, como estudamos anteriormente, um bom caminho para que isso aconteça é
ensinar o atletismo por meio de jogos e brincadeiras direcionadas para o
aprendizado de seus fundamentos, regras e conceitos.
Iniciando o trabalho
Mesmo com a pouca divulgação da mídia e pouco conhecimento prático do
atletismo, certeza grande parte das crianças já viram alguma matéria na TV
sobre o atletismo, mesmo sem saber que é o atletismo, como alguma matéria
sobre quebra de recordes, um escândalo de doping, e a competição de alguma
prova principalmente em época de Jogos Olímpicos.
A marcha atlética
As corridas
As corridas fazem parte do universo das brincadeiras das crianças. E no atle-
tismo as corridas estão presentes em diferentes provas como nas corridas de
velocidade, com barreiras, obstáculos, de revezamento e de resistência.
Corridas de velocidade
Com essa atividade podemos trabalhar o tempo de reação dos alunos, a diver-
si�cação das formas de realizar a saída, dando início ao processo de descober-
ta da perna de impulsão e também a corrida em linha reta, já que nas provas
de corrida de velocidade, barreiras, e revezamento 4X100 a corrida é realizada
em raia marcada, possibilitando o conhecimento sobre as regras.
Uma das maiores di�culdades das crianças quando precisam correr por um
tempo maior é o emprego do ritmo de corrida, ou seja, elas iniciam a corrida
muito rápida e não conseguem �nalizar com a mesma velocidade ou até mes-
mo desistem.
Para trabalhar com a noção de tempo pode sugerir que os alunos caminhem
pela quadra até o momento que eles acreditarem que se passou, por exemplo,
um minuto, um minuto e trinta segundos.
Já a noção de espaço pode ser trabalhada pedindo para que os alunos tentem
adivinhar quantos pés são necessários para que cheguem do outro lado da
quadra, do pátio, ou de outra área sugerida pelo professor.
Após cada uma das atividades, o professor conversa com os alunos sobre os
resultados alcançados, dá algumas orientações e refazem as atividades mu-
dando as distâncias e o tempo para que os alunos possam ao �nal adequar o
ritmo da corrida com o espaço e tempo sugeridos pelo professor.
Corridas de revezamento
Os saltos
Salto em distância
Salto triplo
O salto triplo é uma excelente prova para trabalhar a coordenação motora dos
alunos e pode ser iniciado, também, utilizando brincadeiras tradicionais da
infância, como a amarelinha. Por meio da amarelinha, professor e alunos po-
dem desenhar �guras de diferentes formatos e explorar saltos de diferentes
formas.
Salto em altura
Assim como para as demais prova do atletismo, o salto em altura também po-
de ser realizado na quadra da escola, tomando os devidos cuidados para ga-
rantir a segurança dos alunos, como: não realizar muitas repetições e ir até
uma altura que não ofereça riscos aos alunos.
O estilo mais simples para a realização do salto em altura, sem dúvida é o te-
soura e com o qual sugerimos que o trabalho seja iniciado. Com uma corda
que deverá ser elevada aos poucos, os alunos deverão saltá-la com apenas
uma das pernas e estando de lado para a corda. Inicialmente os saltos devem
ser realizados com a corrida de aproximação pelo lado direito e esquerdo para
que os alunos possam perceber a perna de impulsão.
Os lançamentos e o arremesso
Essas e outras atividades que dadas nesse material, são apenas sugestões pa-
ra que o professor, a partir de sua criatividade e realidade, possa criar novas
atividades e adaptações.
As provas combinadas
Além de ser uma ótima estratégia para suprir a falta dos materiais especí�cos,
a utilização de materiais alternativos tais como: bolas de borracha, medicine-
ball, cordas, cones, arcos, sacos plásticos, ou materiais confeccionados como
exemplo: bolas de meia, bolas de meia com areia, discos feitos com pratinhos
descartáveis, dardos feitos com jornal ou cano de PVC, entre outros, colaboram
para incentivar a criatividade dos alunos em construir novos materiais para
serem empregados na realidade de cada escola.
Como pudemos perceber a falta de materiais não pode ser apresentada como
uma justi�cativa de não ensinar o atletismo na escola, pois como vimos, tra-
balhar com materiais alternativos, além se suprir a falta dos materiais o�ciais
a confecção dos materiais por alunos e professores são de grande relevância
no processo de ensino e aprendizagem. E para auxiliar na criação de novas
ideias para a confecção de novos materiais, mostraremos alguns exemplos de
adaptação e confecção de implementos do atletismo utilizando materiais al-
ternativos.
As corridas
Corrida de velocidade – saída baixa
Salto em distância
Salto triplo
(Foto de Flórence Rosana Faganello Gemente)
Disco
(Fotos de Flórence Rosana Faganello Gemente)
Na Figura 5 apresentamos o disco feito com areia, sacola plástica, �ta adesiva
e pratinhos descartáveis, materiais de fácil acesso e baixo custo, dando a pos-
sibilidade de construir um material com formas que se aproximam do disco
o�cial.
Dardo
(Foto de Flórence Rosana Faganello Gemente)
Essa adaptação também não exige um grande espaço e não oferece risco, pois,
com o cano de PVC preso ao barbante o material só poderá seguir na direção
da outra trave de futsal.
Antes de iniciar um trabalho especí�co de iniciação com cada uma das provas
de lançamento do dardo, disco martelo e arremesso do peso, como apresenta-
mos nas imagens, sugerimos a realização de atividades que envolvam lança-
mentos variados, em diferentes posições, com a mão direita e esquerda, com
ou sem alvos �xos ou móveis.
Para muitos professores trabalhar o salto com vara na escola sem a existência
de colchões, a vara e o sarrafo, é praticamente impossível. Ainda que sua for-
ma �nal seja bastante complexa, nessas imagens da Figura 9 apresentamos a
possibilidade da realização do salto com vara utilizando bastões, cordas e col-
chonetes.
9. Sugestões de Atividades
Como dissemos anteriormente, uma excelente estratégia, que auxilia a supe-
rar as di�culdades encontradas no ambiente escolar, como: falta de materiais,
pouco espaço físico, pouco conhecimento dos alunos acerca da modalidade,
acarretando em um desinteresse inicial, é trabalhar com o atletismo por meio
de jogos e brincadeiras. Mas, é de fundamental importância, para cada
atividade realizada que o professor faça a contextualização com a prova do
atletismo contemplada na atividade, desse modo, se faz necessário que o pro-
fessor converse sobre as características da prova, suas regras e histórico, apro-
ximando as atividades com a prova.
Caso o fugitivo seja pego antes de sentar atrás de uma dupla, ocorre a in-
versão dos papéis: o pegador passa a ser fugitivo e o fugitivo passa a ser
o pegador.
Corrida em círculo
Dividir a sala em dois ou três grupos iguais, que deverão �car de mãos
dadas e formar círculos. Um aluno de cada grupo deverá �car no centro
do círculo e iniciar a atividade separando as mãos de dois colegas e dar a
mão para o restante do grupo. Os alunos que tiveram as mãos separadas
deverão correr em direções contrárias ao redor do círculo e chegar ao lu-
gar onde estava. O aluno que chegar primeiro deverá dar as mãos ao co-
lega e fechar o círculo. E o outro irá para o centro do círculo para reiniciar
a atividade.
Siga o sinal
O fugitivo
Alunos correndo pelo espaço, trocando passes entre si com uma bola de
meia. O objetivo é cercar um dos participantes, cujo nome será dito pelo
professor, tocando-lhe a bola. Este fugirá dos colegas que não poderão
correr com a bola nas mãos durante a perseguição, devendo, apenas, efe-
tuar passes (MATTHIESEN, 2009, p. 40).
Batalha de maratona
Dividir a turma em grupos que deverão trotar pela quadra em �la. Dado o
sinal do professor o último terá que correr para o início da sua �la e, en-
tão, ser o responsável em ritmar a corrida, e assim sucessivamente.
Passando o bastão
Alunos correndo pelo espaço, com uma bexiga nas mãos. Ao sinal, deve-
rão executar o movimento do salto grupado, saltando sobre uma corda
estendida, fazendo com que a bexiga toque a ponta dos pés
(MATTHIESEN, 2009, p. 59).
Somando os saltos
Saltando em Corrente
Chutando as bolas
Recuperando o bastão
Primeiro contato
Alunos dispostos em duas colunas, com uma vara de bambu nas mãos,
de frente para um cone colocado a uma distancia de 20 metros dos parti-
cipantes. Ao sinal, o primeiro aluno da coluna correrá em direção ao co-
ne, com a vara, contornando-o. Ao retornar a coluna, o próximo integran-
te o acompanhará no mesmo percurso e assim sucessivamente. O exercí-
cio terminará quando todos os integrantes estiverem correndo juntos se-
gurando a vara com as duas mãos, retornando ao ponto de partida
(MATTHIESEN, 2009, p. 75).
Equilíbrio no bastão
Cada criança deverá correr à vontade com um bastão de aproximada-
mente 1,10 metros nas mãos. Ao sinal do professor, ela irá �xá-lo no chão
e, segurando-o, girar em volta do mesmo com as pernas afastadas para
trás (GOMES; GARAVELLO, 1985, p. 88).
Pendurando na corda
Saltando o rio
Trombada
Lança e troca
Tempestade I
Bolão de gude
Alunos dispostos em colunas, com uma bola de medicine ball nas mãos,
de frente para o setor de arremessos onde há uma sequência de círculos
marcados no chão. O objetivo é arremessar a bola, fazendo com que esta
ultrapasse uma corda suspensa no ar e caia dentro do circulo, dentro da
sequência (1, 2, 3, 4). Se o aluno acertar, ele continua arremessando, se er-
rar, ele entrará no �nal da coluna. Vence o jogo aquele que acertar todos
os alvos do percurso primeiro (MATTHIESEN, 2009, p. 117).
Como o jogo termina quando um time completa três sets vencidos, cada parti-
da de Voleibol dura, no máximo, cinco sets. Se isso ocorrer, o último recebe o
nome de tie-break e termina quando um dos times atinge a marca de 15 pon-
tos, e não 25. Como no caso dos demais sets, também é necessária uma dife-
rença de dois pontos em relação ao placar do adversário.
Cada equipe é composta por doze jogadores, dos quais seis estão atuando na
quadra e seis permanecem no banco, na situação de jogadores reservas. Para
as competições mundiais e o�ciais adultas da Federação Internacional de
Voleibol (FIVB) uma equipe pode ter, no máximo, 14 jogadores (com, no máxi-
mo, 12 jogadores regulares).
No início de cada set, o jogador que ocupa a posição 1 realiza o saque e deve
acertar a bola (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bola) com a mão (http://pt.wikipe-
dia.org/wiki/M%C3%A3o) tencionando e fazendo-a atravessar o espaço aéreo
delimitado pelas duas antenas, para que ela aterrisse na quadra adversária. Os
oponentes devem, então, fazer a bola retornar, tocando-a, no máximo, três ve-
zes, e evitando que o mesmo jogador toque-a por duas vezes consecutivas.
Se o time que conquistou o ponto não foi o mesmo que havia sacado, os joga-
dores devem deslocar-se em sentido horário, passando a ocupar a próxima po-
sição de número inferior à sua na quadra (por exemplo: a posição 3, no caso do
jogador que ocupava a posição 4). Este movimento é denominado rodízio.
O campo de jogo
A quadra está delimitada por duas linhas laterais de 18 m de comprimento e
duas linhas de fundo de 9 m de largura. Uma linha no meio divide o espaço
em dois quadrados. Há duas linhas paralelas a 3 m da linha central, que deli-
mitam a zona de ataque. Partindo desta linha para trás, �ca a zona de defesa.
Todas as linhas medem 5 cm de largura.
A rede tem 1 m de altura por 9,50 m de largura e a malha é formada por qua-
drados de 10 cm de lado, com uma faixa de tecido de 5 cm costurada na borda
superior, dentro da qual passa um cabo �exível que a prende aos postes para
mantê-la esticada.
A rede deve levar duas varetas verticais de 1 cm de diâmetro ao nível das li-
nhas laterais, as quais ultrapassam 80 cm por cima da rede e levam umas
marcas alternadas, em cores contrastantes, a uma distância de 10 cm.
Líbero
O líbero é um jogador especializado nos fundamentos que são realizados com
mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa. Esta função foi
introduzida pela FIVB (http://pt.wikipedia.org/wiki/FIVB) em 1998, com o pro-
pósito de permitir disputas mais longas de pontos e, assim, tornar o jogo mais
atraente para o público. Um conjunto especí�co de regras se aplica exclusiva-
mente a este jogador.
O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do
time, nem atacar, bloquear ou sacar. Quando a bola não está em jogo, ele pode
trocar de lugar com qualquer outro jogador sem noti�cação prévia aos árbitros
(http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rbitro), e suas substituições não contam
para o limite que é concedido por set a cada técnico.
• A bola toca em qualquer lugar exceto em um dos seis jogadores que estão
em quadra, ou no campo válido de jogo (bola fora).
• O jogador toca seguidamente duas vezes na bola (dois toques).
• O jogador empurra a bola, ao invés de acertá-la. Este movimento é deno-
minado carregar ou condução.
• A bola é tocada mais de três vezes antes de retornar para a quadra do ti-
me adversário.
• A bola toca a antena, ou passa sobre ou por fora da antena em direção à
quadra adversária.
• O jogador encosta na borda superior da rede.
• Um jogador que está no fundo da quadra realiza um bloqueio.
• Um jogador que está no fundo da quadra pisa na linha de 3 metros ou na
área frontal antes de fazer contato com a bola acima do bordo superior da
rede (invasão do fundo).
• Postado dentro da zona de ataque da quadra ou tocando a linha de 3 me-
tros, o líbero realiza um levantamento de toque que é posteriormente ata-
cado acima da altura da rede.
• O jogador bloqueia o saque adversário.
• O jogador está fora de posição no momento do saque.
• O jogador saca quando não está na posição 1.
• O jogador toca a bola no espaço aéreo acima da quadra adversária em
uma situação que não se con�gura como um bloqueio (invasão por cima).
• O jogador toca a quadra adversária por baixo da rede com qualquer parte
do corpo exceto as mãos ou os pés (invasão por baixo).
• O jogador leva mais de 8 segundos para sacar.
• No momento do saque, os jogadores que estão na rede saltam e/ou er-
guem os braços, com o intuito de esconder a trajetória da bola dos adver-
sários. Esta falta é denominada screening.
• Os dois toques são permitidos no primeiro contato do time com a bola,
desde que ocorram em uma ação simultânea − a interpretação do que é
ou não simultâneo �ca a cargo do árbitro.
• A não ser no bloqueio, o toque da bola no bloqueio não é contabilizado.
• É permitido tocar a quadra adversária com qualquer parte do corpo acima
dos pés, desde que isso não inter�ra no jogo do adversário.
• Saque.
• Passe.
• Levantamento.
• Ataque.
• Bloqueio.
• Defesa.
Existe a denominada área de saque, que é constituída por duas pequenas li-
nhas nas laterais da quadra. É importante ressaltar que, o jogador não pode
sacar de fora dos limites desta área.
• Saque por baixo ou por cima: indica a forma como o saque é realizado, ou
seja, se o jogador acerta a bola por baixo, na altura da cintura, ou primeiro
lança-a no ar para depois acertá-la acima do nível do ombro. A recepção
do saque por baixo é usualmente considerada muito fácil e, por esta ra-
zão, esta técnica não é mais utilizada em competições de alto nível.
• Jornada nas estrelas: um tipo especí�co de saque por baixo, em que a bo-
la é acertada de forma que atinja grandes alturas (em torno de 25 m). O
aumento no raio da parábola (http://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A1bo-
la) descrito pela trajetória faz com que a bola desça quase em linha reta, e
em velocidades da ordem de 70 km/h. Popularizado na década de 1980
(http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1980) pela equipe brasi-
leira (http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil), especialmente pelo ex-jogador
Bernard Rajzman, este saque hoje é considerado ultrapassado, e já não é
mais empregado em competições internacionais.
• Saque com efeito: denominado em inglês spin serve, trata-se de um saque
em que a bola ganha velocidade ao longo da trajetória, ao invés de perdê-
la, graças a um efeito produzido, �exionando o punho no momento do
contato.
• Saque �utuante ou saque sem peso: saque em que a bola é tocada apenas
de leve no momento de contato, o que faz com que ela perca velocidade
repentinamente e sua trajetória se torne imprevisível.
• Viagem ao fundo do mar: saque em que o jogador lança a bola, faz a apro-
ximação em passadas como no momento do ataque, e acerta-a com força
em direção à quadra adversária. Supõe-se que este saque já existisse des-
de a década de 1960, e tenha chegado ao Brasil (http://pt.wikipedia.org
/wiki/Brasil) pelas mãos do jogador Feitosa. De todo modo, ele só se tor-
nou popular a partir da segunda metade dos anos 1980.
• Saque oriental: o jogador posta-se na linha de fundo de per�l para a qua-
dra, lança a bola no ar e acerta-a com um movimento circular do braço
oposto. O nome deste saque provém do fato de que seu uso contemporâ-
neo restringe-se a algumas equipes de Voleibol feminino da Ásia (dados
extraídos de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Voleibol. Acesso em: 15 out.
2010).
Também chamado recepção, o passe é o primeiro contato com a bola por parte
do time que não está sacando e consiste, em última análise, na tentativa de
evitar que a bola toque o solo de sua quadra, o que permitiria que o adversário
marcasse um ponto. Além disso, o principal objetivo deste fundamento é con-
trolar a bola, de forma que chegue rapidamente e em boas condições nas mãos
do levantador, para que ele seja capaz de preparar uma jogada ofensiva.
1) Manchete: em que o jogador empurra a bola com a parte interna dos braços
esticados, usualmente com as pernas �exionadas e abaixo da linha da cintura.
2) Toque: em que a bola é manipulada com as pontas dos dedos acima da ca-
beça.
Quando, por uma falha de passe, a bola não permanece na quadra do jogador
que está na recepção, mas atravessa por cima da rede em direção à quadra da
equipe adversária, diz-se que esta pessoa recebeu uma "bola de graça".
Manchete
É uma técnica de recepção realizada com as mãos unidas e os braços um pou-
co separados e estendidos. O movimento da manchete tem início nas pernas e
é realizado de baixo para cima numa posição mais ou menos cômoda, é im-
portante que a perna seja �exionada na hora do movimento, garantindo maior
precisão e comodidade. Ela é usada em bolas que vem em baixa altura, e que
não tem chance de ser devolvida com o toque.
Quando o jogador não levanta a bola para ser atacada por um de seus compa-
nheiros de equipe, mas decide lançá-la diretamente em direção à quadra ad-
versária numa tentativa de conquistar o ponto rapidamente, diz-se que esta é
uma bola de segunda.
O bloqueio é chamado defensivo se tem por objetivo apenas tocar a bola e as-
sim diminuir a sua velocidade, de modo que ela possa ser melhor defendida
pelos jogadores que se situam no fundo da quadra. Para a execução do blo-
queio defensivo, o jogador reduz o ângulo de penetração dos braços na quadra
adversária, e procura manter as palmas das mãos voltadas em direção à sua
própria quadra.
Figura 16 Defesa.
A defesa consiste em um conjunto de técnicas que tem por objetivo evitar que
a bola toque o solo da quadra após o ataque adversário. Além da manchete e
do toque, já discutidos nas seções relacionadas ao passe e ao levantamento, al-
gumas das ações especí�cas que se aplicam a este fundamento são:
Quando nos referimos aos valores estéticos do Voleibol, vários fatores englo-
bam esta modalidade, dentre eles o particular e o universal. O particular diz
respeito ao individual, ao indivíduo em suas particularidades. O universal
refere-se à técnica que se reproduz em diferentes espaços, e se não podemos
negá-la, por fazer parte do patrimônio histórico da modalidade, tão pouco de-
vemos reproduzi-la sem saber o porquê e para quem.
O esporte, inserido como prática pedagógica nas aulas de Educação Física (EF) po-
de proporcionar aos alunos a interação social, o lazer, o prazer e fazer com que os
alunos se sintam mais motivados a extrair lições daquilo que observa ou vivencia,
tendo assim mais participação dentro da escola. Dentre todos os esportes trabalha-
dos na escola, o voleibol não é só mais um esporte, ele apresenta consideráveis
vantagens, pois através dele podemos melhorar as relações sociais em geral entre
os alunos e desenvolver várias capacidades físicas dos alunos, como: coordenação
motora e viso-motora, velocidade e agilidade. Mas o que observamos segundo nos-
sa pesquisa é que o voleibol é pouco trabalhado nas escolas públicas, e quando
acontece é apenas como recreação, ou seja, o jogar por jogar, não há um programa
em que os alunos aprendam a jogar e ao mesmo tempo exercitem suas habilidades
motoras, problematizando o esporte, isso ocorre com mais freqüência nas escolas
particulares.
Portanto, para que o Voleibol seja aplicado de modo pedagógico, como conteú-
do das aulas de Educação Física, deve-se enfatizá-lo nas intervenções de for-
ma crítico-social, com o objetivo de passar ao aluno o conhecimento construí-
do social e historicamente, e não apenas para condicioná-lo. Podendo ser um
instrumento educativo e de socialização, utilizando o seu aprendizado não so-
mente dentro da escola, mas também no seu cotidiano, e estabelecendo rela-
ção com os outros componentes curriculares (MAFRA; SIMÕES; SOUZA, 2009).
Como futuros educadores, o importante é não perder de vista que enquanto
graduandos estamos sendo preparados para atuar dentro da realidade da es-
trutura educacional que temos nos dias de hoje. O Voleibol pode ser ensinado
em diferentes espaços: quadras irregulares, poucas bolas e equipamentos não
próprios para o grupo de estudante (bolas, rede e outros recursos materiais).
Nos estágios, os estudantes têm uma noção bastante realista da relação de co-
nhecimento e condições de trabalho, fazendo com que a consciência crítica,
tomadas de decisão e criatividade tenham papéis relevantes no desempenho
pro�ssional do professor de Educação Física, para que ele possa, além de de-
senvolver conteúdos ligados aos gestos técnicos, ser um agente transformador
da realidade.
Para uma melhor compreensão, segue uma breve descrição das três posições
básicas:
• Posição alta.
• Posição média.
• Posição baixa.
Posição alta
Figura 17 Posição alta.
Nesta posição a pessoa deve estar de cabeça erguida e olhando para frente, o
corpo deve estar ligeiramente inclinado para frente e com os pés separados.
As pernas e os braços devem estar levemente �exionados, mantendo os bra-
ços com as palmas das mãos para frente (altura dos ombros).
Posição média
Posição baixa
Figura 19 Posição baixa.
Nesta posição, a pessoa se encontra com as pernas mais separadas e bem �e-
xionadas, os braços �cam soltos a frente do abdômen e com o peso do corpo
na ponta do pé.
Esta posição se aplica na técnica de passes, defesas e mergulho nas bolas lar-
gadas.
Processo de desenvolvimento
O trabalho do professor de Educação Física na escola requer envolvimento e
comprometimento, pois, muitas vezes, a situação que o professor se depara es-
tá longe de ser a ideal − quadras descobertas, poucos materiais, rede com re-
paros, salas numerosas –, representando a grande parte das escolas públicas
brasileiras, cenário que vem se alterando com os investimentos na área espor-
tiva, mas que ainda deixam a desejar.
Nesse sentido, o mesmo autor ainda nos apresenta três possibilidades de apli-
cação, a �m de assegurar que a complexidade da aplicação das habilidades
motoras exigidas pela dinâmica do jogo de Voleibol sejam atingidas metodolo-
gicamente:
Exercícios em forma de jogo
Jogo adaptado
São exercícios realizados com a mesma mecânica do jogo, com o mesmo número
de alunos do jogo (na maioria das vezes), mas sua dinâmica é criada arti�cialmen-
te pelo professor. Eles visam a constante repetição da mecânica do jogo e por con-
sequência a repetição do fundamento aprendido, de uma forma intensiva, a situa-
ção do jogo quase real. Eles podem ser realizados com uma ou duas equipes atuan-
do.
Os alunos deverão jogar com a mecânica normal do esporte e com as regras que fo-
rem possíveis.
Na realização desses jogos, utilizam-se apenas os fundamentos aprendidos. A as-
sociação progressiva dos fundamentos é que possibilitará a adaptação paulatina da
criança à mecânica de jogo, de uma forma motivante e alegre. Esta fase é que per-
mitirá que a criança jogue, que é seu objetivo, desde a fase de aprendizagem.
Quando o aluno consegue aplicar com naturalidade um gesto técnico nas diversas
situações que o jogo apresenta, com correção, pode-se considerar a aprendizagem
como realizada. Deve-se, então, iniciar a aprendizagem de outro fundamento do
Voleibol.
Essa idéia pressupõe que existe uma seqüência ordenada dos fundamentos para
ser ensinada. Cada pro�ssional deve eleger um seqüenciamento a ser seguido de
forma que ele consiga ensinar a jogar Voleibol (BOJIKIAN, 2003, p. 52-53).
"Os primeiros jogos de vôlei foram realizados com uma bola constituída
por uma câmara de bola de basquete coberta de couro. Hoje ela é geral-
mente mais leve e feita de couro sintético". Além desta curiosidade, no
site "Toda Matéria" você ainda encontrará fatos históricos, regras, funda-
mentos do voleibol etc. Preparado? Então, Clique aqui (https://www.toda-
materia.com.br/voleibol/) para saber mais!
15. Considerações
Durante os estudos deste ciclo, além de inserir, você acadêmico, no universo
do atletismo e do voleibol, buscamos também desenvolver temáticas que pos-
sibilitem um conhecimento amplo e concreto que lhe garanta possibilidades e
segurança em desenvolver um trabalho bem estruturado e direcionado ao en-
sino do atletismo e voleibol nas aulas de Educação Física escolar, como tam-
bém, em outros contextos. Nesse sentido, esperamos que, ao se formar profes-
sor, você assuma o compromisso com o ensino desses esportes, contribuindo
para o resgate, principalmente do atletismo, enquanto conteúdo essencial a
ser trabalhado em aulas de Educação Física escolar. Também destacamos a �-
nalização do projeto de prática, no sentido re�exivo em deixar um legado rele-
vante nos saberes docente do professor na prática desses esportes no âmbito
escolar. Para �nalizar os estudos da Iniciação Esportiva na Escola, o ciclo 5 de
aprendizagem irá abordar as possibilidades de lutas na educação física esco-
lar.
(https://md.claretiano.edu.br/iniespesc-
gs0028-fev-2022-grad-ead/)
Engels Câmara
Objetivos
• Estabelecer a relação da Cultura Corporal com o ensino de lutas na
Educação Física Escolar.
• Analisar e discutir sobre a prática pro�ssional do professor de Educação
Física na escola perante as lutas.
• Apresentar e analisar os elementos relacionados com as artes marciais
e lutas.
Conteúdos
• Estudo sobre a Cultura Corporal.
• Lutas, Cultura Corporal e Educação na escola.
• Lutas como ferramenta pedagógica.
• Conceituando artes marciais e lutas.
Problematização
O que é Cultura Corporal? Por que os conhecimentos de Lutas devem ser utili-
zados na Educação Física Escolar? Qual o signi�cado do conceito Cultura
Corporal de Movimento? Qual a importância do entendimento deste conceito
para as aulas de Educação Física na escola? Quais os conceitos de Artes
Marciais e Lutas?
1. Introdução
Para iniciarmos o estudo sobre lutas na Educação Física escolar é interessan-
te, inicialmente, compreender a discussão de Cultural Corporal. Também, será
importante estabelecer a relação entre os conhecimentos sobre lutas, a serem
utilizados com os objetivos da educação física escolar, acerca da prática peda-
gógica do professor de Educação Física escolar. Finalizando este ciclo de
aprendizagem, você conhecerá um pouco sobre lutas e artes marciais. Não é
objetivo fazer uma discussão aprofundada sobre o conteúdo, mas apresentar
inúmeras facetas, nas quais os conhecimentos das lutas e artes marciais estão
presentes.
Muitos termos vêm sendo utilizados como sinônimos de Cultura Corporal co-
mo, por exemplo, Cultura Motora, Cultura Física, Cultura de Movimento,
Cultura Corporal de Movimento etc. Porém, em determinados contextos, nem
sempre devem ser compreendidos da mesma maneira.
Coletivo de Autores (1992) apontam uma preocupação no que diz respeito à de-
limitação de um conhecimento especí�co da Educação Física escolar
contrapondo-se aos pressupostos da aptidão física. Nesta discussão tais auto-
res sugerem que uma teoria da prática pedagógica da Educação Física neces-
sita estar dentro do con�ito entre “o que vem sendo feito e o que deveria ser” e
para que tal questão seja difundida, torna-se imprescindível fazer uma “re�e-
xão sobre a cultura corporal”:
Uma re�exão pedagógica sobre o acervo das formas de representação do mundo
que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão
corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorci-
onismo, mímica e outros, que podem ser identi�cados como formas de representa-
ção simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e cultu-
ralmente desenvolvidas. (...) a materialidade corpórea foi historicamente construí-
da e, portanto, existe uma corporal, resultado de conhecimentos socialmente pro-
duzidos e historicamente acumulados pela humanidade que necessitam ser traça-
dos e transmitidos para os alunos na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 38).
Kunz (1994) também critica o emprego da expressão Cultura Corporal para in-
dicar alguma área dos conhecimentos especí�cos da Educação Física.
Segundo o autor, tal termo pode ter inúmeras interpretações. A de�nição de
Cultura Corporal poderá salientar a questão do dualismo corpo/mente. As du-
as problemáticas importantes, ainda segundo Kunz (1994), seriam as possíveis
interpretações dualistas desse termo, isto é, se há uma Cultura Corporal tam-
bém deve haver a “Cultura não Corporal” (Cultura Intelectual, Cultura Mental
etc.); e também a utilização do termo Cultura Corporal ressalta uma cultura
com ênfase nos aspectos do movimento humano, mas que não é necessária,
pois toda atividade culturalmente produzida trata-se de uma atividade corpo-
ral.
Daolio (1995) não faz diferença entre as expressões Cultura Corporal, Cultura
Motora e Cultura Física, pois tais expressões têm o mesmo conceito quando se
referem ao papel da Educação Física escolar. Segundo o autor,
Segundo Saviani (1995, p. 89) “tal contribuição será tanto mais e�caz quanto
mais o professor for capaz de compreender os vínculos de sua prática social
global”.
Toda ação educativa é também uma ação cultural, direcionada por represen-
tações e signi�cados que são transmitidos por gerações, de modo que a cultu-
ra escolar nada mais é que a reconstrução da própria cultura.
Coll (1999, p. 66) também defende a ideia de que as atividades da educação são
“atividades intencionais que respondem a algum propósito e perseguem a
consecução de algumas metas”.
Segundo Pereira e Teixeira (1997), a nova LDB caminha para um conceito que
envolve a plenitude da vida cultural, possibilitando uma visão crítica das prá-
ticas educativas. De acordo com os autores:
Ao situar a educação escolar no espectro amplo da vida social, a atual LDB induz a
uma re�exão crítica da nossa prática educacional: a forma estreita como ela vem
sendo concebida, o isolamento da escola em relação ao mundo exterior; a distância
entre teoria e prática; entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; a organiza-
ção escolar rígida; o ensino e as práticas de adestramento e; em especial, a forma-
ção de atitudes que, contrariando interesses e necessidades da maioria levam à
obediência, passividade e subordinação (p. 84).
Para Demo (1996), a educação deve possibilitar a transposição do ensinar, ins-
truir, para formá-lo, educá-lo. O aluno deve superar o simples “aprender” para
o “aprender a aprender”. A Educação deve ser compreendida como sinônimo
de formação com a intenção de construir um “sujeito histórico formal” capaz
de ter uma visão política, construtiva e participativa.
Tal ideia enfatiza que o conhecimento do professor deve ser reduzido a deter-
minadas técnicas de ensino, sendo que a racionalidade técnica proporciona
um pensamento mecânico, deixando para trás a realidade da prática vivenci-
ada.
No entanto, cada realidade deve ser compreendida como diferente das demais
e uma resposta dada a determinada situação em um grupo especí�co não po-
de, necessariamente, ser reproduzida mecanicamente em outra.
A partir das situações inesperadas que ocorrem em sala de aula, cabe aos pro-
fessores identi�car as questões e tratá-las de forma individualizada, nem que
para isso seja necessário mobilizar novos conhecimentos e habilidades.
Assim, não devemos deixar que as atitudes errôneas ou a falta de atitude se-
jam mais fortes que a prática de re�etir.
Para que seja possível desenvolver uma dinâmica coerente para a construção
da proposta pedagógica, torna-se necessário reorganizar o trabalho coletivo,
no sentido de que todos os membros da comunidade (diretores, professores,
funcionários, pais e alunos) possam participar e colaborar, possibilitando o di-
reito de cada um se expressar.
Durante a aula é interessante que o aluno re�ita questões pertinentes sobre lu-
tas, como, por exemplo, a cultura dos países de origem das lutas, como se deu
o processo histórico das lutas, como são interpretadas as lutas no cotidiano, as
lutas sob a ótica da mídia entre outras questões relevantes, as quais podem ser
interpretadas por meio de análise de �lmes, pesquisas, debates etc.
O objetivo do professor não deve ser simplesmente repassar o conteúdo ao alu-
no, pois qualquer conteúdo pode ser pesquisado anteriormente e desenvolvido,
mas a principal questão a que o professor deve se atentar é formar alunos ca-
pazes de re�etir sobre as lutas e tudo que a envolve.
Nesse sentido, o aluno também se formará um cidadão crítico e hábil para de-
sempenhar qualquer atividade, independentemente se ela ainda não faz parte
do seu conhecimento prévio. É possível que o professor coordene um projeto
de pesquisa na disciplina de lutas e esse aluno aprenderá, além das técnicas e
história sobre as lutas, a pesquisar e se aprofundar em qualquer assunto assim
que sentir necessidade ou curiosidade.
Os mesmos autores a�rmam ainda, que se trata de uma “disciplina que busca
desenvolver o corpo e a mente, através de conceitos �losó�cos conjugados à
prática de exercícios físicos e técnicas voltadas à Defesa Pessoal” (PINTO;
VALÉRIO, 2002, p. 25).
Em uma análise mais profunda nota-se então que este termo está intimamen-
te relacionado às artes de guerra e lutas de origem militar, assim como as lu-
tas orientais, com enfoques �losó�cos. É importante salientar que esse termo
é utilizado tanto para os sistemas de combates de origem ocidental quanto ori-
ental, usando ou não armas tradicionais.
Durante sua difusão para o mundo ocidental, parte das lutas advindas do
Oriente perde o caráter �losó�co baseado em crenças, segundo o qual o prati-
cante era preparado física e espiritualmente. Ao invés disso são ressaltados
aspectos competitivos e o de defesa pessoal. As lutas são reconstruídas com
formato de competições, independentes dos preceitos �losó�cos e culturais
em que estavam inseridas. Atualmente, grande parte das modalidades de lu-
tas desenvolvidas em todo mundo está descaracterizada do conceito de arte
marcial.
1 - Combate entre duas ou mais pessoas, com armas ou sem elas, com intenção de
subjugar, pôr em fuga ou matar. 2 - Competição em que dois homens se agarram
corpo a corpo, para medir as forças, procurando derrubar um ao outro, observando
certas regras (HOUAISS, 2010).
As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e
estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determina-
do espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma re-
gulamentação especí�ca a �m de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem
ser citados exemplos de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até
as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô e do Karatê (BRASIL, 1998, p. 70).
Na década de 1970, o tema de luta marcial ganhou forças com Bruce Lee. Em
1984, o �lme Karate Kid se diferencia dos demais, inserido em um contexto de
valores como conduta, perseverança e autocon�ança.
Hoje, os �lmes produzidos sob uma ótica ocidental, tomam nova dimensão
com os efeitos especiais do cinema, nos quais as Artes Marciais e Lutas são
quase transformadas em super poderes.
Não somente �lmes como, por exemplo, Matrix ou O Tigre e o Dragão produzi-
dos para adultos, mas também �lmes que atingem os públicos infantis como
Kung Fu Panda, além de inúmeros desenhos, ilustram cenas de lutas e movi-
mentos físicos magní�cos. Porém, muitos telespectadores entretidos com a
ação desenvolvida, nem questionam qual a modalidade que está sendo reali-
zada, ou se realmente tais cenas são reproduzidas pela concepção adequada
das lutas.
Os cuidados que se devem ser tomados são que tais imagens podem ser com-
preendidas de maneira distorcida, já que os �lmes atingem todos os tipos de
público, isto é, crianças e jovens, muitas vezes sem acesso a informações ou
orientações.
Poderíamos citar inúmeros exemplos do que se pode trabalhar por meio de lu-
tas, porém, antes de imaginar o que as lutas trazem de benefícios torna-se ne-
cessário que o pro�ssional da área se foque nos seus objetivos e, a partir deles,
elabore atividades.
O professor de Educação Física que trabalha com lutas sempre deve se atentar
para a valorização do conhecimento, dando importância para o contexto soci-
ocultural que os alunos trazem de suas vidas fora da escola, orientando sem-
pre, como por exemplo, na maneira de escolher equipes, manter sempre a mo-
tivação dos estudantes etc.
Existem as Artes Marciais, como por exemplo o Judô ou o Hapkido, em que movi-
mentos de agarrar, torcer, desequilibrar e imobilizar o oponente formam o conjunto
de técnicas dessas artes. Há modalidades em que os lutadores usam golpes com as
mãos ou os pés para contundir o corpo do adversário, como o Karatê; e outras mo-
dalidades que utilizam armas, como a Esgrima. As técnicas de combate podem ser
muito similares entre as diferentes modalidades. O Karatê e o Taekwondo possuem
alguns movimentos iguais. O golpe com o pé chamado de “Mãe Gueri”, do Karatê, é
idêntico na sua forma de execução ao “Ap Tchagui”, do Taekwondo, por exemplo.
A diferença entre uma luta e outra é mais evidente em uma competição esportiva,
onde as regras e o estilo de�nem melhor a forma como os lutadores usam as técni-
cas de luta.
Um elemento existente em muitas lutas são os conhecidos gritos de guerra, os quais o luta-
dor emite antes, durante ou após realizar os golpes. Nas artes japonesas o “kiai” ou na arte
coreana o “Kihap” são exemplos de gritos de guerra. A intenção de tais gritos é de potencia-
lizar, acelerar e/ou mostrar a força do homem para que seu adversário se intimide.
Cada luta pode ter “variantes” dando mais ou menos ênfase e forma aos movi-
mentos dentro dela, isto é, o estilo de uma luta pode variar.
• Tai Chi Chuan que tem movimentos lentos, indicado como terapia.
• Fei Hok Phay é um estilo baseado nos movimentos da garça, do tigre, do
dragão, da serpente, do leão, do elefante, do macaco, do leopardo, do cava-
lo e da raposa.
• Yen Jow inspira-se nos movimentos da águia, nas acrobacias.
• Ving Tsun, estilo que �cou internacionalmente conhecido por Bruce Lee
mediante o cinema.
Indumentárias
Em relação às indumentárias (uniformes) cada luta possui um tipo especí�co
que é adequado para o melhor movimento da luta. Por exemplo, a capoeira re-
gional adota calça larga para possibilitar a �exibilidade dos movimentos e os
cordões de cores diferentes que indica o nível de aprendizado. A Confederação
Brasileira de Capoeira instituiu um sistema de graduação o�cial, que é segui-
da pela grande maioria dos grupos de Capoeira Regional. Assim como na
Capoeira Regional, pode-se encontrar sistemas de graduação em grande parte
das lutas, cada qual com suas especi�cidades.
Muitas vezes as cores das faixas têm início no branco, ao decorrer dos níveis
utilizam-se faixas coloridas até a faixa preta. No Muay Thay, por exemplo,
utilizam-se �tas coloridas no braço. Além dessas, há outras maneiras de de-
monstrar o nível do aluno. As cores da faixa variam bastante dentro de uma
mesma modalidade, dependendo do país, das regiões ou até do estilo da arte.
Além das indumentárias especí�cas para cada tipo de luta pode existir a utili-
zação de equipamentos protetores apropriados para que não haja o risco de o
adversário ser lesionado durante o treinamento e as competições.
Como segurança e cautela alguns protetores são de uso obrigatório e são utili-
zados para proteger a parte do corpo mais sensível ao golpe do adversário.
Existem protetores para várias partes do corpo, como, por exemplo, os de ca-
beça, tronco, perna, pés, mãos, boca, genitais masculino e feminino.
Há também aqueles equipamentos que não estão acoplados no corpo dos luta-
dores, mas também servem para proteger ou diminuir o risco de lesões, como
é o caso do tatame, que pode ser fabricado de raspas de pneus, muito usado em
lutas em que se �ca a maior parte do tempo no chão (como, por exemplo, o
Jiu-jitsu e o Judô).
Competições de lutas
Hoje, competir se tornou um dos alvos principais dos praticantes de lutas, e
variados eventos esportivos mundiais são cada vez mais divulgados, disputa-
dos e aperfeiçoados. Desse modo, são de�nidas as regras das modalidades, a
�m de proteger e uni�car as normas estipuladas para os competidores como
também pontuar quem será o vencedor.
Outras lutas como o boxe e a capoeira adaptados vêm ganhando cada vez
mais espaço no Brasil em projetos que visam, além da inclusão, o desenvolvi-
mento físico e mental de pessoas com de�ciência.
12. Considerações
O estudo deste ciclo de aprendizagem, teve o intuito de iniciar a discussão en-
tre as lutas na educação. Cabe destacar que, o futuro professor deve aprender a
construir conhecimentos na medida em que sentir necessidade para atingir
seus objetivos e, inúmeras fontes de informações podem e devem ser utiliza-
das nesse processo. A luta, assim como os inúmeros elementos que a constitu-
em, possibilitando re�exões acerca da Cultura Corporal, deve ser estudada co-
mo uma referência para outras modalidades que você desejar pesquisar no fu-
turo. Você deve compreender que as informações aqui apresentadas são refe-
renciais para a construção de novos conhecimentos e suas compreensões de-
vem ser ampliadas na direção dos objetivos. Existem vários outros elementos
que não constam nesse estudo e podem ser utilizados. Cabe agora a você se
aprofundar o melhor que puder e construir seu próprio conhecimento.