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Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
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dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
três dias úteis para respondê-lo (a).
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Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
1) Movimentos, Esportes e Jogos na Infância; A transformação didática do
esporte; fundamentos pedagógicos para o trato do conhecimento esporte;
práticas didáticas para um conhecimento de si de crianças e jovens na educação
física. Cognição; motricidade
Concepção de Didática1
A crítica que Bracht e Caparroz (2007) fazem ao movimento progressista dos anos 70, 80 e 90 refere-
se ao afastamento da especificidade da Educação Física em nome das questões sociopolíticas mais
gerais. Os autores ressaltam a necessidade de a Educação Física escolar investir na perspectiva de uma
apropriação com a Didática, ou melhor, num deslocamento dos elementos estruturantes da Didática para
o centro do debate pedagógico, promovendo uma (re) significação da Didática da Educação Física escolar
em que devemos indagar sobre qual teoria pedagógica e Didática que vai mediar a prática.
Betti et al. (2007) entendem que o desafio da Didática da Educação Física escolar está centrado em
superar o formalismo lógico, psicológico e técnico, desse reducionismo, ou seja, entendem e reconhecem
que a Didática que tem norteado as práticas pedagógicas da Educação Física escolar pautou-se pela
racionalidade técnico-instrumental. Esta compreensão de Didática gerou um reducionismo do processo
ensino e aprendizagem que, por sua vez, deveria buscar uma reflexão mais ampliada e crítica sobre os
pressupostos estruturantes didáticos (conteúdos, contexto e sujeitos da aprendizagem), as diferentes
abordagens da prática pedagógica e suas incidências concretas na dinâmica pedagógica.
Os autores acima defendem que a Didática da Educação Física escolar deve ir além da orientação dos
conteúdos e métodos, devendo direcionar a interação educativa, atentando para as relações sociais e a
comunicação humana. Para que isso se efetive, propõem que a Didática da Educação Física deve
incorporar uma ontologia e uma epistemologia, enfim, aproximar-se de uma fundamentação filosófica para
o que apostam os autores na fenomenologia, e aqui mais especificamente, recomendam uma “Didática
da possibilidade expressiva” que leve em conta as significações e intencionalidades das experiências dos
sujeitos do seu “Se-movimentar”.
Souza (2007) entende que não tem como desvincular a Didática das questões de ordem social e
econômica da sociedade atual. A autora faz uma opção teórica que defende a necessidade da
compreensão de que Didática não pode estar descolada do fazer no mundo concreto, enquanto produção
do conhecimento científico e ciência. Muito além de discutir especificamente a dimensão instrumental de
Didática, a autora apresenta duas razões para pensar a Didática da Educação Física escolar e que, de
certa forma, explicita uma nova concepção de Didática. A primeira razão é a aposta na cultura corporal
como conteúdo, da ideia que deve conhecê-la como construção social; e a segunda razão é de
reconhecer a importância da relação estabelecida entre Didática da Educação Física e ciência, ou seja,
o processo de ensino e aprendizagem, bem como os aspectos didáticos, se expressa pelas opções
científicas.
1
CARLAN, P.; DOMINGUES, S. C.; KUNZ, E. Didática da educação física brasileira: uma compreensão da produção científica.
Cultura e a Didática
A cultura tem sido uma preocupação contemporânea que tem procurado entender os muitos caminhos
que conduziram à evolução, a mudanças das sociedades. Neste texto, consideramos importante analisar
este conceito devido sua relevância nas atuais pesquisas da Educação Física.
Para Bracht e Caparroz (2007), o conceito de cultura pode ser compreendido na medida em que se
efetive uma discussão didático-pedagógica mais crítica para mediar às práticas pedagógicas da
Educação Física escolar. Por isso, consideram fundamental compreender o fato de que não se pode
basear a prática pedagógica, exclusivamente, em modelos ideais, em receitas universais, em verdades
“absolutas”, mas reconhecer que o conhecimento tratado no campo da Educação Física escolar é uma
construção humana e histórica-cultural. Esta compreensão ajuda na reflexão da ação pedagógica. Neste
sentido, em nossa análise, há uma crítica nesta perspectiva à valorização como resultado da produção
história criada e recriada como o padrão da indústria cultural.
Para os autores, a intervenção pedagógica extrapola o paradigma da racionalidade instrumental, que
gera um reducionismo da realidade. De acordo com eles, a prática pedagógica pressupõe um ideal de
ser humano nas dimensões ética e política, significando que a produção do conhecimento na formação
não pode estar desassociada das dimensões histórica e cultural.
Betti e outros (2007), ao optarem por uma Didática expressiva, mediada pela abordagem
fenomenológica, vinculam o conceito de cultura à compreensão do “Se-Movimentar”, que se constitui com
o diálogo entre homem e mundo. O diálogo homem/mundo pelo “Se-movimentar” pode conduzir à
compreensão-de-mundo-pelo-agir, desde que o processo das práticas pedagógicas não se limite à
imitação dos padrões de movimento pré-determinados e sinalizem para a busca da transcendência
aprendida como possibilidade de criação. O texto destaca a distinção entre gesto movimentante e gesto
movimentado, em que o primeiro se constitui como um “Se-movimentar” originário, que o faz
primeiramente existir para nós mesmos assim como para os outros; já o gesto movimentado, que é
secundário porque já é adquirido, é passível de aprendizagem por imitação da forma, em detrimento da
criação. Porém, tal entendimento apresenta, para os autores, um caráter ambíguo em relação à
aprendizagem, por exemplo, dos gestos esportivos, pois se ao experimentarmos uma prática esportiva
seríamos inéditos no plano da percepção, mas não o somos necessariamente no plano da cultura, no
qual podemos nos repetir. Então, a fenomenologia vai se movimentar em relação ao conceito de cultura
no campo da Educação Física na perspectiva de como entendem os autores apoiados em Merleau-Ponty,
na aquisição cultural, na qual, para o sujeito que aprende pela primeira vez uma modalidade esportiva,
A produção de Betti et al. (2007) defende uma “Didática da possibilidade expressiva” para a Educação
Física pautada na fenomenologia, em que as práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física escolar
se constituam pelo “Se-movimentar”, apontando para alguns pressupostos teóricos a fim de alcançar esta
condição.
Inicialmente, os autores destacam a necessidade de ampliação do entendimento do conceito de “Se-
movimentar”, pois por meio dele se pode conduzir os Homens à compreensão-de-mundo-pelo-agir, desde
que o processo de ensino-aprendizagem não se restrinja à imitação de padrões de movimentos já fixados
e busque a transcendência apreendida, que abre a possibilidade do encontro criativo ou inventivo com o
mundo do movimento, o que altera a relação pedagógica dos professores com os estudantes,
possibilitando um ambiente de criação pelo se movimentar.
O método didático da Educação Física com inspiração fenomenológica propõe possibilitar, a todos
aqueles que iniciam uma prática corporal, a incorporação da experiência do “Se-movimentar” como um
gesto “movimentante” e não como um “gesto movimentado”, que é secundário, porque já foi adquirido,
tendendo a levar para a aprendizagem por imitação da forma, em detrimento da ação das práticas
corporais. Destaca-se que uma ação no universo dos esportes apresenta uma ambiguidade, podendo
executar um gesto motor que pode ser inédito no plano da percepção, mas não o é no plano da cultura.
Ou seja, a Didática fenomenológica não deve se tornar um “Discurso” sobre a cultura corporal de
movimento, mas uma “Ação Pedagógica”, visto que a Didática da Educação Física escolar não deve se
dissociar das práticas pedagógicas, das significações conceituais, das significações existenciais ou vice-
versa.
Afetividade2
Krueger3, citando o dicionário Aurélio, define afetividade como o conjunto de fenômenos psíquicos que
se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão
de dor, ou prazer, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza. Os estados
afetivos fundamentais são: emoção, sentimento, inclinação e paixão.
Para Tassoni,4 a afetividade e os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos
repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que
definem seu modo de ser no mundo.
Oliveira5, relatando uma entrevista realizada para a elaboração de seu trabalho, chegou a uma
definição mais básica:
“... Afetividade é tudo que afeta a pessoa, o ser humano, deixando-o com sentimento bom ou
sentimento ruim...”
Almeida6 define afetividade como um domínio funcional, cujo desenvolvimento é dependente da ação
de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação estreita, de modo que
as condições medíocres de um podem ser superadas pelas condições mais favoráveis do outro.
Ao longo do desenvolvimento do indivíduo o fator social e orgânico em suas interações recíprocas,
modificam tanto as fontes de onde procedem as manifestações afetivas, quanto as suas formas de
expressão. A afetividade que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico, passa a ser
fortemente influenciada pela ação do meio social, como Wallon mostra em sua teoria quando defende
sua evolução progressiva, cujas manifestações vão se distanciando da base orgânica, tornando-se cada
vez mais relacionadas ao social.
Para Schwartz7, o conhecimento do mundo se dá através de um processo dinâmico entre o sentir e o
simbolizar.
A criação, emoção, o uso do imaginário, a interação social, a expressão de conteúdos da
personalidade, a quebra de padrões do cotidiano, a intuição, a receptividade maior, a sensibilidade, o
2
http://www.ufrgs.br/ceme/uploads/1383763190-Monografia_Fernanda_Romano_da_Silva_e_Oliveira.pdf
3
KRUEGER M.F. A relevância da afetividade na educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Psicopedagogia, 2003, Instituto
Catarinense de Pós-Graduação
4
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor Aluno. Tese de Mestrado 2000.
5
OLIVEIRA G. K. Afetividade e Prática Pedagógica: uma proposta desenvolvida em um curso de formação de professores de Educação Física. 2005 Dissertação de
Doutorado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo.
6
ALMEIDA A. R. S. O que é afetividade? Reflexões para um conceito. 2001
7
SCHWARTZ G. M. A arte no contexto da Educação Física. Revista Motriz.
Emoção e Sentimento
Nosso repertório emocional é composto emoções primárias, e inúmeras derivadas delas, a saber:
- Ira, que deriva em revolta, fúria, ressentimento, raiva, exasperação, indignação, vexame,
aborrecimento, irritabilidade, hostilidade, e no extremo, patologicamente, ódio e violência.
- Tristeza, derivada em sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, auto piedade, solidão,
desamparo, desespero, e quando chega a virar patologia, severa depressão.
- Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, cautela, pavor, susto, terror, e como
patologia, fobia e pânico.
- Prazer: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, gratificação, bom humor,
satisfação, euforia, êxtase, e no extremo, mania.
- Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão.
- Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha.
- Nojo: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa.
- Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento.
Todas essas emoções podem se combinar, e existir simultaneamente, porém cada uma delas, provoca
uma resposta fisiológica muito diferente:
- Com ira, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar uma arma, ou golpear um inimigo; os
batimentos cardíacos aceleram-se, e uma onda de hormônios como adrenalina gera uma pulsação,
energia suficientemente forte para uma ação vigorosa.
8
SCHWARTZ G. M. A arte no contexto da Educação Física. Revista Motriz.
9
MOLINARI A. M. P. E SENZ S. M. A Educação Física e sua relação com a Psicomotricidade. Revista PEC. Curitiba. 3:1, 2003.
10
OLIVEIRA F. R. S. Análise do desenvolvimento motor de crianças de 5 e 6 anos praticantes de judô da Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo. Trabalho
de conclusão de curso de Graduação em Educação Física. 2002. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.
11
ALMEIDA A. R. S. O que é afetividade? Reflexões para um conceito. 2001.
12
GOTTMAN J. Inteligência Emocional e a Arte de educar nossos filhos. 17ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva.
13
ALMEIDA A. R. S. O que é afetividade? Reflexões para um conceito. 2001.
14
WALLON, H. A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Edições 70.
15
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
16
GOLEMAN D. Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 3ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva.
Classificação
Manifestações
A afetividade se utiliza de linguagem simbólica para se manifestar. Seja através de linguagem verbal,
de expressões corporais, o que Tassoni20 definiu como comportamentos verbais e comportamentos
posturais.
17
SAUD C. M. L. R. Com a palavra, as crianças: os sentimentos de alunos e alunas da primeira série do ensino fundamental. 2005. Dissertação de Mestrado
(Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo
18
OLIVEIRA G. K. Afetividade e Prática Pedagógica: uma proposta desenvolvida em um curso de formação de professores de Educação Física. 2005 Dissertação
de Doutorado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo.
19
RUIZ V. M. e OLIVEIRA M. J. V. A dimensão afetiva da ação pedagógica. 2005.
20
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
Tassoni25 discorre:
“... são experiências vivenciadas com outras pessoas que irão marcar e conferir aos objetos um sentido
afetivo, determinando, dessa forma a qualidade do objeto internalizado. Neste sentido, pode-se supor
que, no processo de internalização estão envolvidos não só os aspectos cognitivos, mas também os
afetivos”.
Com isso podemos constatar a influência do aspecto afetivo no processo de aprendizagem, é, portanto,
através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e, dessa forma, apropria-se ou
constrói novos conhecimentos.
Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num
processo vincular.
A relação ensinar-aprender transcorre a partir de vínculos entre as pessoas, e inicia-se no âmbito
familiar, mais especificamente na relação pai-mãe-filho. No decorrer do desenvolvimento, os vínculos
afetivos vão se ampliando e a figura do professor surge com grande importância neste processo, como
veremos mais adiante.
A Relação Professor-aluno
Krueger26, afirma que a criança deseja ser amada, acolhida e ouvida para que possa despertar para a
vida da curiosidade e do aprendizado, e o professor é quem prepara e organiza o microuniverso da busca
e do interesse da criança, o que nos mostra que é imprescindível a figura de um educador que tenha
consciência de sua importância, não apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas sim,
como um agente transformador, com uma visão sócio-crítica da realidade.
21
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
22
OLIVEIRA F. R. S. Análise do desenvolvimento motor de crianças de 5 e 6 anos praticantes de judô da Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo. Trabalho
de conclusão de curso de Graduação em Educação Física. 2002. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.
23
TANI G. Significado, detecção e correção do erro de performance no processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras. Revista Brasileira de Ciência e
Movimento.
24
OLIVEIRA G. K. Afetividade e Prática Pedagógica: uma proposta desenvolvida em um curso de formação de professores de Educação Física. 2005 Dissertação
de Doutorado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo.
25
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
26
KRUEGER M.F. A relevância da afetividade na educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Psicopedagogia, 2003.
Ainda conforme a autora a cima, a criança extrai suas vivências principalmente do contato com outras
pessoas, se ela é tratada com carinho, é reconhecida em seus direitos e recebe atenção, experimenta
um bem-estar emocional, um sentimento de segurança e proteção, e conforme Makhina, citado pela
autora “o bem-estar emocional ajuda n desenvolvimento normal da personalidade da criança e a formação
de qualidades que a tornam positiva, fazendo-a mostrar-se benevolente com outras pessoas”.
Mazzeo30 conclui bem o tema, afirmando que a afetividade na relação professor-aluno interfere de
maneira muito significativa no desenvolvimento de cada criança, elucidando que a falta de carinho, amor,
dedicação, atenção e paciência podem interromper esse desenvolvimento, porém a afetividade pode
acelerar esse processo.
Questões
( ) Certo ( ) Errado
02. Quanto aos gestos posturais, encontrados nas crianças, vale ressaltar que gestos posturais são
mais usados para expressar a afetividade do que a verbalização.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.errado / 02.certo
27
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
28
TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação Professor-Aluno. Tese de Mestrado 2000.
29
KRUEGER M.F. A relevância da afetividade na educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Psicopedagogia, 2003.
30
MAZZEO T. E. Memórias do processo de alfabetização: um elo de afetividade. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Pedagogia. 2006. Universidade
São Judas Tadeu
APRENDIZAGEM MOTORA
Aprendizagem Motora (AM)31 é entendida como um conjunto de processos cognitivos e motores que
estão associados à experiência e à prática, ao qual resultam em mudanças relativamente definitivas no
comportamento motor.
A maioria dos autores relacionam a AM com à experiência e à prática em razão destas conduzem
mudanças significativamente positivas quanto a execução de uma ação. Fato que explica, por exemplo,
como uma pessoa passa de um estado em que não sabe andar de bicicleta para um estado em que o faz
com eficiência.
Assim, correr, lançar bola, tocar piano ou dançar, por exemplo, são ações que necessitam de
desenvolvimento motor, ao qual estão relacionados ao desenvolvimento da estrutura corporal e a
habilidade para a realização do movimento.
Pellegrine32 já diz que a aprendizagem motora é uma melhora significativa no desempenho, e tem sua
inferência na capacidade do indivíduo em executar uma determinada tarefa, melhora essa que ocorre em
função da prática.33
Outros autores34 ainda definem a aprendizagem motora enfatizando outros aspectos, como:
a) a aprendizagem resulta da prática ou da experiência;
b) a aprendizagem não é diretamente observável;
c) as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na performance;
d) a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso central;
e) a aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance;
f) as mudanças na aprendizagem são relativamente permanentes.
A aprendizagem motora, portanto, dá-se por meio de uma combinação complexa de processos
cognitivos e motores. Entretanto, Martins & Ivanov35 afirma que é por meio da interação do indivíduo com
o meio ambiente que são desenvolvidas as modalidades sensoriais para o desenvolvimento do
movimento.
Desenvolvimento Motor
31
ALVES, S. M; et al. Aprendizagem e Controle Motor, Sobral/CE, 2016.
32
PELLEGRINE, A.M. A aprendizagem de habilidades motoras I: O que muda com a prática? Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.3.
33
http://www.efdeportes.com/efd148/aprendizagem-motora-deficiencia-auditiva-e-surdez.htm
34
CIDADE, R. E, et al. Aprendizagem Motora e Cognição em Portadores de Deficiência.
35
MARTINS, EF; IVANOV, N. Identificação das formas de comunicação em portadores de surdocegueira para planejamento da intervenção terapêutica. Universidade
de Brasília. Brasília, DF. ACTA FISIATR.
36
GALLAHUE, David L. OZMUN, Jhon C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Bebes, crianças e adultos. 2ª ed. São Paul: Phorte.
37
PALAFOX, G.H.M. Aprendizagem e desenvolvimento motor: conceitos básicos. Nepecc/ UFU. Uberlândia, MG.2009.
O movimento é precioso e está presente em todos os momentos de nossa vida, da inabilidade para a
habilidade e, novamente, para a inabilidade na idade avançada.
O corpo fala através do movimento, que é inerente ao ser humano. Através dele, as crianças
conseguem se comunicar com a sociedade. O movimentar-se é de grande importância biológica,
psicológica, social e cultural, pois, é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com
o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus limites, capacidades e
solucionando problemas.
No domínio físico-motor, pesquisas mostram que em torno dos nove anos de idade as percepções de
competência física decaem dramaticamente para meninos e meninas, porém meninos tendem a
perceber-se mais competente fisicamente que as meninas.
Nesse sentido, a criança precisa sentir-se competente, pois quanto mais competente a criança se
percebe, mais positivas são suas reações afetivas e mais motivadas esta criança se torna para a
realização de novas tarefas. Do contrário, crianças que se julgam poucos capazes de realizar diferentes
tarefas buscam evitar novas possibilidades de aprendizagens.
A precisão com que estas atividades motoras são executadas, bem como o julgamento que a criança
desenvolve sobre estas competências afetam seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. O
organismo adquire novas formas de comportamento em cima de ou a partir de capacidades adquiridas já
existentes38.
Essas experiências motoras são de suma importância para o indivíduo em desenvolvimento. Desse
modo, pode-se verificar que a organização do desenvolvimento se inicia na concepção, e os domínios
motor, afetivo-social (conduta pessoal-social) e cognitivo (conduta adaptativa e linguagem) vão se
diferenciando gradualmente. A aquisição desses movimentos é de vital importância para o domínio motor.
As experiências motoras devem estar presentes no dia a dia das crianças e são representadas por
toda e qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e nas brincadeiras.
É primordial que, tanto no ambiente familiar, escolar e/ou social, exista a preocupação em estruturar
possibilidades para que a criança seja estimulada amplamente a dominar seus movimentos. Portanto, a
atenção deve estar voltada para que a criança tenha acesso a um desenvolvimento motor adequado.
A sociedade atual já não permite que as crianças brinquem livremente pelas ruas da cidade dado o
problema da falta de segurança, levando os pais a privar cada vez mais os filhos dos espaços livres,
fazendo com que cada vez menos as crianças utilizem o corpo para explorar e descobrir o mundo que as
rodeia. Logo percebemos que as crianças estão cada vez mais sedentárias e inseguras e com menores
possibilidades no desenvolvimento de sua motricidade, pois estão cada vez mais vivenciando
experiências que visem o intelecto em detrimento às atividades motoras.
Várias autoridades em desenvolvimento da criança concordam que do nascimento até os 6 anos as
experiências que estas crianças adquirem, determinarão que tipo de adulto ela se tornará, demonstrando
que a família, através das heranças genéticas desempenham papel crucial para esta fase.
A criança sofre influências negativas ao seu desenvolvimento face a erros na educação da família,
quando esta superprotege ou deixam de dar estimulação necessária. A criança estimulada de forma
ampla, por meio da exploração do meio ambiente, tem mais chances de praticar seus movimentos e,
consequentemente, de dominá-los com facilidade. A cultura requer das crianças, já nos primeiros anos
de vida e particularmente no início de seu processo de escolarização, o domínio de vários elementos, que
servirão de alicerce para a aquisição de elementos da motricidade mais complexos.
É na fase escolar que a criança começa a vivenciar o mundo em que está inserido. Para isso
precisamos criar ambientes favoráveis a fim de proporcionar o maior número de experiências motoras
possíveis, pois nessa fase as experiências são pré-requisitos que permeiam essa vivência e que isso
possa repercutir de modo positivo para uma fase adulta saudável e ativa.
38
PELLEGRINE, A.M. A aprendizagem de habilidades motoras I: O que muda com a prática? Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.3
Princípios do Desenvolvimento
a. Motricidade Fina
Motricidade Fina “é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de
força mínima, mas grande precisão ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas mãos
e dedos, às vezes também pelos pés”41.
A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual ou pedal constituindo-se como um
aspecto particular na coordenação global.
Habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar os músculos pequenos do corpo, a fim
de atingir a execução bem-sucedida da habilidade42. Conforme Canfield43, a motricidade fina envolve a
coordenação óculo-manual e requerem um alto grau de precisão no movimento para o desempenho da
habilidade específica, num grande nível de realização. Podemos citar exemplo da necessidade desta
habilidade que seria na realização de tarefas como escrever, tocar piano, trabalhar em relógios etc.
A coordenação viso manual representa a atividade mais frequente utilizada pelo homem, pois atua
para inúmeras atividades como pegar ou lançar objetos, escrever, desenhar, pintar, etc. Velasco44 destaca
que “a interação com pequenos objetos exige da criança os movimentos de preensão e pinça que
representam a base para o desenvolvimento da coordenação motora fina”.
39
http://bit.ly/2kGQOoR
40
http://www.efdeportes.com/efd129/educacao-fisica-e-desenvolvimento-motor-na-educacao-infantil.htm
41
MEINEL, K. Motricidade I: teoria da motricidade esportiva sob o aspecto pedagógico. Rio de Janeiro.
42
MAGILL, R.A. Aprendizagem Motora: conceito e aplicações. São Paulo: Edgar Blucher.
43
CANFIELD, J.T. Aprendizagem Motora. Santa Maria: Universitária.
44
VELASCO, C.G. Brincar – o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint.
45
BATISTELLA, P. A. Estudo de Parâmetros Motores em Escolares com Idade de 6 a 10 anos da Cidade de Cruz Alta – R.S. Dissertação de mestrado (Ciências do
Movimento Humano). Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC.
46
MAGILL, R.A. Aprendizagem Motora: conceito e aplicações. São Paulo: Edgar Blucher.
c. Equilíbrio
O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos membros superiores. Quanto mais
defeituoso é o movimento mais energia consome, tal gasto energético poderia ser canalizado para outros
trabalhos neuromusculares. Nesta luta constante, ainda que inconsciente, contra o desequilíbrio resulta
numa fatiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de stress, ansiedade, e angustia do
indivíduo.
A postura é a atividade reflexa do corpo com respeito ao espaço. O equilíbrio considerado como o
estado de um corpo, quando distintas e encontradas forças que atuam sobre ele se compensam e se
anulam mutuamente. Desde o ponto de vista biológico, a possibilidade de manter posturas, posições e
atitudes indica a existência de equilíbrio.
O equilíbrio tônico postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., são o reflexo
de seu comportamento, porém ao mesmo tempo de suas dificuldades e de seus bloqueios. Para voltar a
encontrar seu estado de equilíbrio biopsicossocial, é necessário liberar os pontos de maior tensão
muscular (couraças musculares), isto é, o conjunto de reações tônicas de defesa integradas a atitude
corporal. No plano da organização neuropsicológica, se pode dizer que o equilíbrio tônico postural
constitui o modelo de autorregulação do comportamento.
Asher49, considera que as variações da postura estão associadas a períodos de crescimento,
aparecendo como uma resposta aos problemas de equilíbrio que costumam ocorrer segundo as
mudanças nas proporções corporais e seus segmentos. Conforme Rosa Neto50, a postura inadequada
está associada a uma excessiva tensão que favorece um maior trabalho neuromuscular, dificultando a
transmissão e informações dos impulsos nervosos.
d. Esquema Corporal
A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio. Em um contexto de relações mútuas do
organismo e do meio é onde se organiza a imagem do corpo como núcleo central da personalidade51.
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da
criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio
corpo52.
A criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua
personalidade se desenvolverá a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de
suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. Ela se sentirá bem na medida em que seu
corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que o utiliza não só para movimentar-se, mas também
para agir53.
As atividades tônicas, que está relacionada à atitude, postura e a atividade cinética, orientada para o
mundo exterior. Essas duas orientações da atividade motriz (tônica e cinética), com a incessante
reciprocidade das atitudes, da sensibilidade e da acomodação perceptiva e mental, correspondem aos
aspectos fundamentais da função muscular, que deve assegurar a relação com o mundo exterior graças
aos deslocamentos e movimentos do corpo (mobilidade) e assegurar a conservação do equilíbrio
corporal, infraestrutura de toda ação diferenciada (tono). A função tônica se apresenta em um plano
fisiológico, em dois aspectos: o tono de repouso o estado de tensão permanente do músculo que se
conserva inclusive durante o sono; o tono de atitude, ordenado e harmonizado pelo jogo complexo dos
reflexos da atitude, sendo estes mesmos, resultado das sensações proprioceptivas e da soma dos
estímulos provenientes do mundo exterior54.
47
OLIVEIRA, G.C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes.
48
VELASCO, C.G. Brincar – o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint.
49
ASHER, C. Postural Variations in Childhood. Butter Worths: London,
50
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
51
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
52
WALLON, H. Psicologia e Educação da Infância. Lisboa: Estampo.
53
PEREIRA, C.O. Estudo dos Parâmetros em Crianças de 02 e 06 anos de Idade na Cidade de Cruz Alta. Dissertação de mestrado (Ciências do Movimento Humano).
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC.
54
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
e. Organização Espacial
A noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita.
Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço que
nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre as relações entre os objetos que
ocupam o espaço, porém, é nossa atividade perceptiva baseada sobre a experiência do aprendizado a
que lhe dá um significado. A organização espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso
próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e
de suas características56.
Todas as modalidades sensoriais participam pouco ou muito na percepção espacial: a visão; a audição;
o tato; a propriocepção; e o olfato. A orientação espacial designa nossa habilidade para avaliar com
precisão a relação física entre nosso corpo e o meio ambiente, e a tratar as modificações no curso de
nossos deslocamentos57.
As primeiras experiências espaciais estão estreitamente associadas ao funcionamento dos diferentes
receptores sensoriais sem os quais a percepção subjetiva do espaço não poderia existir; a integração
contínua das informações recebidas conduz a sua estruturação, e ação eficaz sobre o meio externo. Olho
e ouvido; labirinto; receptores articulares e tendinosos; fusos neuromusculares e pele; representam o
ponto de partida de nossa experiência espacial58.
A percepção relativa à posição do corpo no espaço e de movimento tem como origem estes diferentes
receptores com seus limites funcionais, enquanto que a orientação espacial dos objetos ou dos elementos
do meio, necessita mais da visão e audição. Está praticamente estabelecido que da interação e da
integração destas informações internas e externas provem nossa organização espacial59.
Segundo as características das nossas atividades, podemos utilizar duas dimensões do espaço plano
distância ou profundidade. A pele apresenta receptores táteis onde a concentração modifica de uma
região a outra no corpo. A separação dos pontos de estimulação permite fazer diferenças entre o contínuo
e o distinto. Os índices táteis, associados aos índices sinestésicos resultam da exploração de um objeto
que permite o reconhecimento das formas (esterognosia) em ausência da visão (sentido háptico). Os
deslocamentos de uma parte do corpo sobre uma superfície plana podem ser apreciados pela sinestesia
tanto no caso dos movimentos lineares como angulares. As sensações vestibulares abastecem índices
sobre certos dados espaciais (orientação, velocidade e aceleração). Chegam aos núcleos vestibulares,
ao cerebelo e ao lóbulo frontal, porém só contribuem muito debilmente a percepção dos deslocamentos.
Não obstante, durante os deslocamentos passivos onde a visão e a sinestesia não intervêm, a orientação
espacial diminui, geralmente se existe lesão do sistema vestibular60.
f. Organização Temporal
Percebemos o transcurso do tempo a partir das mudanças que se produzem durante um período
estabelecido e da sua sucessão que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em
passado. O tempo é antes de tudo memória, à medida que leio, o tempo passa. Assim aparecem os dois
grandes componentes da organização temporal, a ordem e a duração, que o ritmo reúne, o primeiro define
a sucessão que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns a continuação de outros, numa
ordem física irreversível; a segunda permite a variação do intervalo que separa os dois pontos, o princípio
e o fim de um acontecimento. Esta medida possui diferentes unidades cronométricas como o dia e suas
divisões, horas, minutos e segundos. A ordem ou distribuição cronológica das mudanças ou
acontecimentos sucessivos representa o aspecto qualitativo do tempo e a duração seu aspecto
quantitativo.
A organização temporal inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e duração, os
acontecimentos se sucedem com intervalos), uma dimensão convencional (sistema cultural de
referências, horas, dias, semanas, meses e anos) e um aspecto de vivência, que aparece antes dos
outros dois (percepção e memória da sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência de
55
PEREIRA, C.O. Estudo dos Parâmetros em Crianças de 02 e 06 anos de Idade na Cidade de Cruz Alta. Dissertação de mestrado (Ciências do Movimento Humano).
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC.
56
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
57
OLIVEIRA, G.C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
58
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
59
OLIVEIRA, G.C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
60
RIGAL, R. Motricidade Humana. Pila Teleña: Madrid.
g. Lateralidade
O corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e globalmente
simétricas. Esta simetria anatômica se redobra, não obstante, por uma assimetria funcional no sentido de
que certas atividades que só intervêm numa das partes. Por exemplo, escrevemos com uma só mão; os
centros de linguagem se situam na maioria das pessoas no hemisfério esquerdo. A lateralidade é a
preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna; a lateralização
cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios enquanto ao tratamento da informação sensorial ou
enquanto ao controle de certas funções61.
A lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da
organização do ato motor, que desembocará na aprendizagem e a consolidação das praxias. Esta atitude
funcional, suporte da intencionalidade, se desenvolve de forma fundamental no momento da atividade de
investigação, ao largo da qual a criança vai enfrentar-se com seu meio. A ação educativa fundamental
para colocar a criança nas melhores condições para aceder a uma lateralidade definida, respeitando
fatores genéticos e ambientais, é permitir-lhe organizar suas atividades motoras62.
Segundo Pereira, a definição de uma das partes do corpo só ocorre por volta dos sete anos de idade,
antes disso, devem-se estimular ambos os lados, para que a criança possa descobrir por si só, qual o seu
lado de preferência. “A preferência pelo uso de uma das mãos geralmente se evidencia aos três anos”.
Seja na realização de atividades diárias ou na execução de performances de alto nível, nosso corpo é
regido pelos movimentos, que podem ser involuntários ou voluntários. Os movimentos voluntários estão
relacionados a habilidade motora inerente a cada indivíduo. Portanto, através da prática, o ser humano,
seleciona os movimentos que irá realizar levando em conta principalmente sua idade e maturação motora.
Vale ressaltar que, a aquisição de uma habilidade não depende da instrução ou iniciação precoce, mas
correlaciona-se com a prática e aprendizagem no momento oportuno (período crítico). O conceito de
período crítico em aprendizagem está baseado na noção de que certos períodos, durante o crescimento
e desenvolvimento, são ótimos para influenciar o comportamento e promover a aprendizagem, visto que,
este é determinado pela idade cronológica e ainda pelo estado maturacional do sistema nervoso central.
Estudos realizados por Gallahue observou-se que o desenvolvimento motor se divide em quatro fases
que seguem a uma sequência, tendo como referência o avanço da idade cronológica. Para um profissional
que trabalha com indivíduos em formação é necessário e indispensável à compreensão desses estágios
ou fases, pois a partir desses conhecimentos adquiridos, o mesmo pode perceber melhor o processo de
desenvolvimento que o ser humano sofre durante sua formação, facilitando assim, a realização de uma
avaliação mais acertada dos estudantes.
61
OLIVEIRA, G.C. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
62
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
63
http://bit.ly/2kq3EaO
Estágio de pré-controle (entre 1 e 2 anos): Com um ano de idade, as crianças entram no estágio
muito importante para o seu desenvolvimento, pois é nessa fase que buscam aprimorar e controlar os
movimentos realizados. Nesse período, as crianças conseguem aprender e manter seu equilíbrio ao
manusear objetos e a se movimentar pelo ambiente com um nível aceitável de proficiência e controle,
levando em conta o curto espaço que tiveram para desenvolver essas habilidades.
Estágio inicial (2-3 anos): Nessa fase são observadas e registradas as primeiras tentativas orientadas
para que a criança consiga alcançar o objetivo de desempenhar uma habilidade fundamental. É
interessante observar que algumas crianças podem desenvolver um nível maior no desempenho de
alguns padrões de movimento, mas de modo geral, a maioria está no estágio inicial.
Estágio elementar (4-5 anos): Nesse período, ocorre a melhoria das habilidades fundamentais do
movimento, pois ocorre um controle mais eficiente e a visível melhora na coordenação rítmica desses
movimentos. Aprimora-se a organização dos elementos temporais e espaciais do movimento, mas é muito
importante que se observe os padrões de movimento nesse estágio, pois, os mesmos são geralmente
vistos e realizados de forma restrita ou exacerbada, embora com um nível de coordenação mais
expressiva.
Estágio maduro (6-7 anos): Esse é caracterizado pelo desempenho mecanicamente eficiente,
coordenado e controlado. As habilidades manipulativas que requerem acompanhamento e interceptação
de objetos em movimento (apanhar, derrubar, rebater) desenvolvem-se um pouco mais tarde devido as
exigências visuais e motoras que se apresentam com um grau mais sofisticado dessas tarefas. Embora
algumas crianças consigam desenvolver e chegar ao estágio maduro, através da maturação existe uma
preocupação, pois a grande maioria necessita de oportunidades para vivenciar a prática, o estímulo, a
instrução correta e direcionada, envolvendo um ambiente que proporcione o aprendizado.
Estágio transitório (7-10 anos): Nesse período, o indivíduo consegue associar, combinar e aplicar
habilidades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte. Essa
associação de movimentos, planejada no córtex pré-frontal torna-se cada vez mais refinada pela prática
e amadurecimento das áreas corticais, processo que possibilita uma aprendizagem motora mais eficiente.
Já as habilidades transitórias podem ser entendidas como simples aplicações de padrões de movimentos
fundamentais, sendo realizadas de forma específica e complexa.
Estágio de aplicação (11-13 anos): Nesse estágio, os indivíduos começam a buscar a participação
em atividades específicas. Observa-se uma crescente forma, na habilidade, na precisão e nos fatores
quantitativos do desempenho motor. É nesse estágio que ocorre a exploração das habilidades mais
complexas que serão aplicadas em atividades avançadas, fortalecendo as ações de liderança e a
participação em esportes que exigem uma precisão nos movimentos.
Avaliação Motora
O padrão de crescimento e comportamento motor humano que se modifica por meio da vida e do
tempo; e a grande quantidade de influência que os afetam, constituem basicamente por diferentes teorias
científicas e sustentam a evolução de estudos que se caracterizam pelas técnicas de pesquisa e pelos
meios utilizados na obtenção de dados, que são elaborados e discutidos, como forma de elucidar os
diferentes vieses que perfazem a existência do homem e sua evolução física, orgânica, cognitiva e
psicológica. Os conceitos, ilustrações e teorias adicionam ao contexto, a estrutura necessária para que
tais estudos possam legitimar-se e oferecer fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que pretendem
estabelecer e discutir. É importante lembrar que o caráter estatístico de nível normal de referência dos
testes não engloba o mesmo valor para todas as populações, tendo em conta os aspectos afetivos e
sociais64.
Normalmente utilizam-se testes para conhecer as características e necessidades individuais das
pessoas, isto se torna indispensável se pensar em cada vez mais atender o desenvolvimento das
pessoas, em especial as crianças, como o máximo de acertos possíveis para que seu desenvolvimento
ocorra dentro dos períodos desejáveis, contribuindo assim, para com um desenvolvimento pleno.
Para que tenhamos estas informações devemos lançar mão de meios auxiliares que como já
comentamos anteriormente seria a utilização de testes. É importante destacar que para esta avaliação
não são utilizados somente um único teste e sim um conjunto de testes, a fim de examinarmos a criança
em todas as dimensões do desenvolvimento humano65.
A observação do comportamento humano feito através de testes já se constitui prática antiga, através
de estudos realizados por autores clássicos, como Ozeretski, Guilmain, Grajon, Zazzo, Piaget, Stambak,
Picq e Vayer, entre outros que se dedicaram ao estudo da criança66.
Testes padronizados, que embora bastante antigos, mas que frequentemente são revisados destacam-
se na avaliação física, afetiva, cognitiva e motora dos seres humanos.
De acordo com Rigal et al.67, existe uma grande quantidade de testes, que por sua facilidade de
utilização e sua relação com as diferentes aprendizagens escolares, são muito úteis para medir o
comportamento humano, entre eles, destacamos a Escala de Desenvolvimento Motor - EDM68.
Exercícios69
Exercícios que Devem Realizar com quem Tenha Atraso no Desenvolvimento Motor
Apesar desse transtorno não ter causas bem definidas, sabe-se que a intervenção motora sobre
habilidades fundamentais (correr, pular, agachar, arremessar, dançar, etc.) na área da educação física
64
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
65
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
66
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
67
RIGAL, R. et al. Motricidad aproximacion psicofisiologica. 3.ed. Madrid: Teleña.
68
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed.
69
https://bit.ly/2EE7dOB
70
MARGALL, S.A.C; et al. A reabilitação do deficiente auditivo visando qualidade de vida e inclusão social. O Mundo da Saúde. São Paulo, SP.
71
FILHA, Dalva A. dos Santos. Atividades físicas para surdos. In: Prefeitura de São Paulo. 2005.
72
TEIXEIRA, Luzimar. Deficiência Auditiva. Desenvolvimento Motor e Aprendizagem das habilidades Motoras. In: UNB. S/D.
73
SOUZA, Aneliza M, Monteiro de. Avaliação da coordenação Motora global e no equilíbrio em portadores de deficiência auditiva.
74
Idem.
75
Idem.
76
TEIXEIRA, Luzimar. Deficiência Auditiva. Desenvolvimento Motor e Aprendizagem das habilidades Motoras. In: UNB. S/D.
Especificidades
Para Palma (SD) uma dessas habilidades é a comunicação, ele a define como:
[...] um processo complexo onde estão interligados diferentes elementos, culminando na troca mútua
e num inter-relacionamento entre as pessoas, comunicando-se a todo instante, através de uma
complexidade de fatores presentes em cada momento, que buscam a interação e a troca mútua de
conhecimentos, de informações, de emoções, além de ser uma necessidade fundamental do ser humano.
77
TEIXEIRA, Luzimar. Deficiência Auditiva. Desenvolvimento Motor e Aprendizagem das habilidades Motoras. In: UNB. S/D.
78
RECTOR, M., TRINTA, A,R. Comunicação do Corpo. Série Princípios. Editora Ática. São Paulo, SP.
79
TONELLO, Maria G.M.; PELLEGRINE, Ana M. A utilização da demonstração para a aprendizagem de habilidades motoras em aulas de educação física. Revista
paulista de Educação Física. São Paulo, SP. 12(2).
80
REILY, L.H. As imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré-escolares surdos. In: SILVA, I.R.; KANCHAKJE, S. & GESUELI, Z.M. (orgs) Cidadania,
Surdez e Linguagem: desafios e realidades. São Paulo, SP: Plexus, 2003.
81
PASETTO, S.M.; ARAUJO, P.F. Dicas visuais na aprendizagem motora para aprendizes surdos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 79.
Questões
01. (IF/SP - Professor - Educação Física). Durante o processo de desenvolvimento motor dos
indivíduos ocorre certo predomínio de um fator específico nos primeiros movimentos. Esse fator é
resultado de um processo natural que não recebe interferência direta do meio ambiente nomeado de:
(A) Fator maturacional.
(B) Fator de Desenvolvimento inato.
(C) Fator de Aprendizagem motora.
(D) Fator de Função Motora.
(E) Fator de estabilização.
02. (Pref. de Nova Friburgo/RJ - Professor de Educação Física - EXATUS/PR). Motricidade fina é
a capacidade para executar movimentos finos com controle e destreza. Assinale a opção incorreta sobre
a motricidade fina:
(A) A motricidade fina é uma das competências chave a ser desenvolvida desde tenra idade.
(B) Algumas crianças com dificuldades de aprendizagem ou com autismo, poderão ter de trabalhar de
forma mais específica para melhorar esta competência.
(C) A motricidade fina refere-se aos movimentos imprecisos das mãos e dos dedos.
(D) As habilidades motoras finas, como abotoar camisas e desenhar figuras, envolvem a coordenação
de músculos pequenos e coordenação entre olhos e mãos.
03. (SEDS/TO - Analista Socioeducador - FUNCAB) Os erros na performance motora devem ser
gradativamente eliminados para que o aluno consiga realizar movimentos corretos precisos e
consistentes. Esse processo é denominado:
(A) aptidão física.
(B) aprendizagem motora.
(C) consciência corporal.
(D) tarefa motora.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
A conduta motora, de coordenação motora global é concretizada através da maturação, motora e
neurológica da criança. Para isto ocorrer haverá um refinamento das sensações e percepções, visual,
auditiva, sinestésica, tátil e principalmente proprioceptiva, através da solicitação motora que as atividades
infantis requerem83.
02. Resposta: C
Motricidade Fina “é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de
força mínima, mas grande precisão ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas mãos
e dedos, às vezes também pelos pés” 84..
82
FILHA, Dalva A. dos Santos. Atividades físicas para surdos. In: Prefeitura de São Paulo. 2005.
83
VELASCO, C.G. Brincar – o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint.
84
MEINEL, K. Motricidade I: teoria da motricidade esportiva sob o aspecto pedagógico. Rio de Janeiro.
RECREAÇÃO E LAZER
De acordo com Rousseau recreação é a “liberdade total da criança, não se deve obrigar o aluno a ficar
quando quiser ir, não constrange-lo a ir, quando ficar onde estar. O aluno deve ser educado por e para a
liberdade. É preciso que saltem, corram, gritem quando tiver vontade.”8586
No conceito de recreação feito por Valente, percebe-se que é englobado o lazer e o jogo, pois a
recreação como atividade e comportamento típico de jogo, está contida no lazer. A recreação tem sido
um elemento estudado e entendido predominantemente como um composto do lazer. Dessa forma, todas
as citações isoladas da palavra lazer, incluem naturalmente a recreação e o jogo.
Para Toseti apud Gonçalves, a recreação é muito importante para o ser humano não só para a criança.
Todos nós precisamos dos nossos momentos de lazer. A palavra recreação vem do latim, recreare, cujo
significado é recrear. Portanto as atividades recreativas devem ser espontâneas, criativas e que nos traga
prazer. Devem ser praticadas de maneira espontânea, diminuindo as tensões e preocupações.
Segundo meu entendimento, a recreação é a toda atividade espontânea, divertida e criadora que as
pessoas buscam para promover sua participação individual e coletiva em ações que melhorem a
qualidade de vida e para satisfazer sua necessidade de ordem física, psíquica ou mental e cuja realização
lhe proporciona prazer.
Segundo o professor Maurício Leandro (Choquito - 1988), o objetivo da classificação das atividades
recreativas além da padronização, é evidenciar a funcionabilidade dessas atividades dentro de uma
programação ou de um programa de lazer e recreação.
Para que seja escolhida uma determinada atividade devendo fazer parte de uma programação, é
necessário saber suas características e classificações. De acordo com os objetivos aos quais é proposto
alcançar, aí sim, é escolhida uma determinada atividade recreativa.
É enaltecido o valor e a importância da leitura e da pesquisa como fonte de aquisição de conhecimento.
Então será abordada aqui uma compilação de dados, extraídas de boas literaturas, mas sem expressão
do seu conteúdo na íntegra, com isso é importante a leitura, para que se busque nos livros as informações
necessárias e completas.
85
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfdUIAK/conceitos-diferencas-entre-recreacao-lazer-jogo-brincadeira.
86
ARRUDA, Almir Ribeiro de. PERFIL DA RECREAÇÃO ESCOLAR E SUA IMPORTÂNCIA COMO AÇÃO EDUCATIVA PARA ALUNOS DE 3ª E 4ª SÉRIES DO
ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:http://www.def.unir.br/downloads/1218_perfil_da_recreacao_escolar_e_sua_importancia_como_acao.pdf.
Segundo Guerra (1988), quanto a Forma de Participação: Recreação Ativa e Recreação Passiva.
Ativa
Atividades Motoras: exigência maior do físico. Ex. Jogos Infantis e Esportes em Geral;
Atividades Intelectuais: a mente é mais utilizada. Ex. Xadrez e Quebra-cabeça;
Atividades Artísticas ou Criadoras: ex. pintura, desenho, carpintaria, escultura, teatro, música, etc.
Atividades de Risco: ex. àquela na qual o praticante coloca à prova sua integridade. Ex.
paraquedismo, mergulho profundo, voo livre etc.
Passiva
Atividades Sensoriais: tem uma participação interativa com a atividade. Ex. Torcida no estádio - grita,
balança os braços, salta participando emotiva e fisicamente.
Atividades Transcendentais: confunde-se com o Ócio pela participação de espectador. Ex. Ver
pinturas no museu, contemplar o pôr-do-sol, relaxamento tranquilizante.
Internas
Salas de Festas; Ginásios Esportivos; Salas de Ginásticas, de Musculação; de Danças Modernas ou
Clássicas; Salas de Música; de Leitura; de Projeção; Piscinas Térmicas, Saunas, Duchas; Salões de
Jogos - sinuca, bilhar, tênis de mesa, totó, bilhar, boliche; Salões de Jogos de Mesa - buraco, biriba,
paciência, xadrez, dama; Estandes Fechados - tiro ao alvo e arco e flecha; Sala de Jogos Eletrônicos.
Externas
Campos - Futebol, beisebol, golfe; Quadras poliesportivas - esportes individuais e coletivos;
Playgrounds infantis; Piscinas; Pátios para comemoração de datas especiais; Pistas de Atletismo; Hortos
com pistas diversas, quadras, lagos, ciclovias entre outros.
Quanto ao ambiente:
Atividades Terrestres;
Atividades Marinhas, Náuticas ou Aquáticas;
Atividades Aéreas.
Atividades que exercitam a capacidade cognitiva são fundamentais para manter a mente ativa e
saudável.
Os benefícios das atividades físicas para a terceira idade são inúmeros e bem conhecidos:
incrementam a mobilidade, previnem doenças e aumentam a disposição. Mas não é apenas o físico que
deve se manter ativo. A recreação para idosos trabalha a capacidade cognitiva e deve ser incentivada
para uma vida mais longa e saudável.
Atividades como jogos de carta, bingo e dança exercitam o cérebro e ainda são ótimas opções para a
interação com outras pessoas - relações sociais e de afeto que muitas vezes fazem falta nesse momento
da vida.
1 - Quebra-cabeças
Quem disse que quebra-cabeças é brincadeira apenas de criança? Também é uma forma de recreação
para idosos, que estimula a percepção, o raciocínio e a concentração. Outras opções como jogo da
memória e tabuleiro também não podem ficar de fora das atividades para passar o tempo e exercitar a
mente.
2 - Bingo
O bingo já é um jogo clássico para idosos. Muito interativa, a atividade permite que os amigos se
reúnam e até mesmo façam novas amizades. O jogo proporciona diversão certa, enquanto trabalha com
a capacidade de percepção, agilidade e tempo de reação rápido.
3 - Artesanato
Outra dica de recreação para idosos que trabalha com as habilidades motoras e melhora a
coordenação é o artesanato. Seja com pintura, desenho, escultura ou decoração de objetos, como
molduras, canecas e guirlandas, a atividade permite ainda a expressão e o autoconhecimento, fatores
importantes para evitar a solidão e a depressão.
4 - Dança
E que tal combinar a recreação para idosos com atividades físicas? Dançar é uma ótima forma de
exercitar tanto o corpo quanto a mente, além de promover a interação com muitas pessoas. Nesse tipo
de atividade, geralmente se formam grupos de amigos, garantindo os benefício das relações afetivas para
os idosos.
5 - Jogos de cartas
É difícil encontrar idosos que não gostem de jogar cartas. Basta um baralho e um espaço na mesa
para começar a diversão, que incentiva a competição, o espírito de equipe e a superação de desafios. A
87
Disponível em: http://vivomaissaudavel.com.br/atividade-fisica/terceira-idade/confira-5-ideias-de-recreacao-para-idosos/.
Lazer inclusivo
Uma vez que os valores e conteúdos culturais do lazer não se diferenciam dos usuais, não é
conveniente falar em "atividades recreativas para a pessoa com deficiência", não apenas porque existem
diferentes tipos de deficiência (mental, física e sensorial) e diversos níveis de envolvimento, mas porque
as pessoas são diferentes! É preferível falar em "atividades de recreação que incluam a pessoa com
deficiência", ou seja, que permitam a sua efetiva participação, pois as atividades de recreação e de lazer
também são as mesmas; o que muda são as condições nas quais essas atividades chegam até a criança
com deficiência.
O que deve variar são as estratégias e a metodologia de ensino voltadas às necessidades de cada
indivíduo, sendo necessárias algumas adaptações que tornem possível a inclusão e o efetivo
envolvimento da pessoa com deficiência nas atividades propostas.
Dessa forma, se o profissional atuante deseja propor uma atividade de pintura ao seu grupo, e entre
as crianças existe uma que apresenta deficiência motora, a qual, aparentemente, a impede de realizar
essa atividade, devem ser utilizadas estratégias de apoio, para tornar essa atividade acessível a ela
também. Nesse caso, se a criança não consegue se juntar às demais no chão, basta convidar todas elas
a sentarem-se numa grande mesa.
Talvez, em vez de uma folha de papel sulfite, o profissional possa oferecer a ela um papel maior e
mais grosso (como a cartolina). Fixar essa cartolina sobre a mesa, com o uso de fita adesiva, pode auxiliar
bastante a quem não pode contar com o auxílio total das mãos. Pode ser que o profissional precise
oferecer um pincel mais grosso à referida criança, pois, assim, sua preensão se torna mais fácil, ou, ainda,
que seja necessário fixar o pincel à mão da criança envolvendo-a com uma faixa. Ou, quem sabe, essa
criança prefira segurar o pincel com a boca e os dentes... Como se pode perceber, embora simples, tais
adaptações permitem a participação da criança e, por isso mesmo, fazem a diferença!
Não existe uma "bula" para a indicação ou prescrição das atividades recreativas a pessoas com essa
ou aquela deficiência. O que temos é um processo contínuo de descobertas, por meio de tentativas e
aprimoramento, de qual será a melhor forma de orientação para a atividade, quais serão as adaptações
necessárias com relação ao material e/ou espaço físico, ou se a mudança de regras, de alguma forma,
pode colaborar no sentido de garantir o envolvimento dessa criança nas atividades de recreação e de
lazer. Estas são algumas etapas do processo de adaptação de atividades de recreação e de lazer às
necessidades e interesses da pessoa com deficiência.
Propostas de atividades
Antes de apresentar algumas sugestões de atividades de recreação e de lazer, na perspectiva de
inclusão da pessoa com deficiência, tornam-se necessárias algumas considerações. Embora as
atividades descritas já tenham sido experimentadas com diferentes grupos, de diferentes faixas etárias e
condições variadas, vale ressaltar que a escolha do momento oportuno e a adequação da atividade ao
grupo ficam a critério do bom senso profissional, assim como a adesão por parte do grupo à atividade
está diretamente relacionada à motivação impressa pelo profissional responsável.
88
Disponível em: http://construireincluir.blogspot.com.br/2011/05/atividades-recreativas-e-deficiencia.html.
Animais e Cia
Indicação: Recomendada aos momentos em que é necessária a divisão dos participantes em
subgrupos. A divisão de forma lúdica e aleatória evita a formação das tradicionais "panelinhas" e,
sobretudo, evita a exposição e o constrangimento de indivíduos que sempre são os últimos a serem
escolhidos por seus colegas.
Objetivo da atividade: Procurar os animais da mesma "família" e reunir-se com eles.
Material necessário:
- Vendas para os olhos.
- Desenhos ou figuras de diferentes animais.
Desenvolvimento: O animador solicita aos participantes que se disponham em círculo. A partir do
conhecimento do número de equipes que deseja formar, define mentalmente quantos tipos de animais
serão envolvidos na brincadeira. Exemplo: se é necessária a divisão do grupo em 4 equipes, deverão ser
escolhidos 4 animais, como cachorro, galinha, vaca e gato. O animador solicita aos participantes que não
revelem o nome do animal, e vai dizendo no ouvido de cada um o nome de um dos quatro animais
previamente selecionados por ele. Depois de informar confidencialmente a cada participante o nome de
seu respectivo animal, solicita a todos que tentem localizar os animais da mesma "família". O animador
esclarece que não é permitido comunicar-se por palavras, apenas utilizando sons e gestos, para
representar os animais. Outro detalhe é que os participantes deverão permanecer com os olhos fechados
durante a procura por seus companheiros.
Adaptações necessárias:
- Materiais: Para auxiliar a participação de crianças com deficiência física, que muitas vezes têm
dificuldade de controlar o tônus muscular e a permanência espontânea com os olhos fechados, sugerimos
o uso de vendas para os olhos. As crianças com baixa visão, ou seja, que possuem certa visão
remanescente, também devem ser encorajadas a usar as vendas.
- Instrução: Para facilitar a compreensão da atividade por parte das crianças surdas, convém utilizar
desenhos ou figuras dos animais.
- Regras: Estas últimas podem permanecer com os olhos abertos, uma vez que não conseguirão
aproveitar-se da discriminação auditiva para identificar seus semelhantes.
Sugestões: O animador deve atribuir os nomes dos animais às crianças, conforme as capacidades e
habilidades de cada uma. Por exemplo: caso uma das crianças seja paraplégica (classificação de
deficiência física provocada por paralisia dos membros inferiores) e possua condições de se arrastar pelo
chão com auxílio do tronco e membros superiores, o animal determinado a ela poderia ser uma "cobra".
Nesse caso, seria necessária mais uma adaptação material: o uso de colchões no espaço físico, para
que a criança tenha liberdade de rastejar sem se machucar.
Comentários: A permanência com os olhos fechados estimula a utilização de outros órgãos sensoriais,
contribuindo para a ampliação da percepção do ambiente. Essa atividade também incentiva a expressão
corporal e favorece as habilidades de comunicação interpessoal.
Tato Contato
Indicação: Essa atividade proporciona a possibilidade de experimentação de novos modelos e estimula
a capacidade de ajustamento e adaptação a novos padrões, contribuindo para o processo de aceitação
das diferenças.
Objetivo da atividade: Compor e trabalhar esculturas corporais.
Material necessário: Vendas para os olhos.
Desenvolvimento: Os participantes serão divididos em trios: um será o "escultor", outro será a
"imagem" ou o modelo e o terceiro será o "bloco de mármore" ou a matéria prima a ser trabalhada. Após
a definição dos papéis, o animador solicita a todos os participantes que fechem os olhos. Aqueles que
desejarem poderão utilizar vendas. A "imagem", então, cria e assume determinada pose, permanecendo
imóvel, como se fosse uma estátua. O "escultor" toca a imagem com as mãos, tentando percebê-la em
todos os seus detalhes (posição, postura, expressão facial etc.) e, em seguida, tenta passar ao "bloco de
mármore" a "imagem" percebida, por meio do tato e do contato. O "bloco de mármore", por sua vez, deve
tentar permanecer na posição determinada pelo "escultor". Ao concluir a obra, o "escultor" comunica aos
demais, quando, então, todos podem abrir os olhos e comentar a experiência.
Adaptações necessárias:
Brincando de Massinha
Indicação: Atividade sugerida para ser desenvolvida em ambientes domésticos ou em dias de chuva.
Crianças mais novas (a partir de 3 anos) também podem se divertir com essa brincadeira!
Objetivo da atividade: Brincar com massa de modelagem produzida artesanalmente.
Material e ingredientes necessários:
- 1 bacia de plástico de tamanho médio;
- 3 copos de farinha de trigo;
- 1 copo de sal refinado;
- 1 colher (sopa) de óleo vegetal;
- 1 copo de água filtrada (250 ml);
- 1 pacote de suco em pó. Recomenda-se o sabor de laranja ou uva para garantir um colorido atraente.
Importante que o suco em pó não contenha adição de açúcar ou adoçante.
Desenvolvimento: Colocar a farinha de trigo e o sal na bacia, misturando os ingredientes secos.
Adicionar uma colher de sopa de óleo e misturar bem. Diluir o suco em pó no copo com água filtrada e
despejá-lo aos poucos sobre a mistura de farinha, sal e óleo. Em determinado momento, será necessário
utilizar as mãos para misturar os ingredientes, até obter uma massa homogênea. Para ser reutilizada, a
massinha pode ser colocada dentro de um saco plástico e guardada na geladeira, chegando a durar,
aproximadamente, 1 semana.
Adaptações necessárias: Nenhuma.
Sugestões: Deixar que as próprias crianças preparem a massinha, dosando e adicionando os
ingredientes necessários. Incentivá-las a explorar e experimentar o sabor do sal, o gosto do suco e da
massinha. Fazer diversas cores de massinha e incentivar a confecção de diferentes objetos e formas.
Comentários: Além de exigir noções de quantidade e conceitos espaciais envolvidos na confecção da
massinha, a modelagem favorece a criatividade, o desenvolvimento de habilidades manuais e a
expressão artística. O preparo da massinha pode ser inserido dentro de um contexto simbólico, como
uma brincadeira de casinha ou coisas do gênero.
Na boquinha da garrafa
Indicação: Atividade que depende, basicamente, da cooperação entre todos os participantes para a
superação do desafio coletivamente. Recomendada para ressaltar a importância do trabalho em equipe,
podendo ser aplicada a grupos de jovens, adultos e idosos.
Objetivo da atividade: Conseguir introduzir a caneta pendurada num barbante através do gargalo de
uma garrafa.
Material necessário:
- 1 rolo de barbante;
- 1 caneta;
- 1 tesoura;
- 1 garrafa plástica vazia;
- 1 jarra de plástico vazia.
Desenvolvimento: O animador solicita aos participantes que deem as mãos e formem um círculo. Em
seguida, pede a um dos participantes que segure a ponta do barbante com as duas mãos (fechadas e
com as palmas voltadas para baixo). O animador vai desenrolando o barbante no sentido horário e
solicitando a cada criança que o segure da mesma forma que a anterior. Depois de formar um círculo
completo de barbante, segurado e mantido por todas as crianças na altura da cintura, o animador une as
duas pontas do barbante com um nó, e continua trançando o barbante, agora em diferentes sentidos e
direções, como se estivesse tecendo uma "teia de aranha". O barbante deve se cruzar algumas vezes no
centro do círculo, onde deverá ser pendurada uma caneta presa a um pedaço de barbante de
aproximadamente 50 cm de comprimento. O animador posiciona a garrafa plástica no centro do círculo,
e solicita a todos que tentem introduzir a caneta no gargalo da garrafa. Para isso, todos deverão coordenar
e sincronizar os movimentos, de forma a conseguir alcançar o objetivo.
Golbol
Indicação: O golbol é uma modalidade esportiva concebida especialmente para permitir a participação
de pessoas com deficiência visual. Como todos os participantes são incentivados a utilizar vendas nos
olhos, qualquer pessoa pode ser incluída nesse jogo.
Objetivo da atividade: Fazer com que a bola ultrapasse a linha de fundo do campo do time adversário.
Material necessário:
- 6 vendas para os olhos;
- 2 rolos de fita adesiva (5 cm de largura);
- 1 rolo de barbante ou corda de varal;
- 1 bola com guizos;
- 1 apito;
- 6 pares de joelheiras e cotoveleiras.
Desenvolvimento: O animador deve preparar o espaço físico previamente, conforme descrito no item
seguinte. As dimensões da quadra de golbol são proporcionais à quadra de voleibol (9 x 18 m). Cada
equipe é composta por 3 jogadores, devidamente equipados e posicionados cerca de 2 m antes da linha
de fundo de seu campo, observando as demarcações táteis na quadra. Sorteia-se a posse de bola, a qual
contém um guizo em seu interior, e um dos times começa atacando. Um dos 3 jogadores da equipe "A"
arremessa a bola à frente, em direção à linha de fundo da equipe adversária. A bola deve ser lançada
como uma bola de boliche, em trajetória rasteira ao solo. Os jogadores da equipe "B", orientados pelo
som da bola, devem tentar bloquear a passagem da bola com o seu corpo, impedindo que a equipe "A"
marque gol. A cada gol realizado, é marcado um ponto. Em caso de defesa, a equipe recupera a posse
de bola e realiza o contra-ataque. Quando a bola sai da quadra pelas linhas laterais, o árbitro concede a
posse de bola à equipe em situação defensiva.
Adaptações necessárias:
- Espaço Físico: Para favorecer a orientação espacial dos participantes (que estarão vendados e não
poderão contar com o auxílio da visão), a quadra deve ser demarcada com barbante e fita crepe em toda
a sua extensão. A fita adesiva é colocada sobre o barbante esticado em todo o comprimento da linha
demarcatória, para permitir a orientação tátil-espacial pelo relevo resultante dessa operação.
- Materiais: A bola de golbol é pesada e tem o tamanho aproximado de uma bola de basquetebol. Os
guizos em seu interior favorecem a sua localização enquanto ela está em movimento. Como é um material
difícil de ser encontrado no Brasil, é possível improvisar envolvendo uma bola de futebol de campo em
papel celofane ou sacos plásticos, fixados com fita crepe. É preciso que o saco plástico seja "barulhento",
como aqueles distribuídos em supermercados.
- Regras: Ao observar que uma mesma criança realiza vários arremessos consecutivos e,
consequentemente, priva as demais da oportunidade de arremessar, o animador pode acrescentar uma
regra em que seja proibida a realização de dois passes consecutivos pela mesma pessoa, ou que
incentive a troca de passes entre todas as pessoas do time.
- Instrução: A criança com surdez também deverá utilizar a venda. Como ela não pode se orientar
prioritariamente pelo sentido auditivo para localizar o som da bola, o animador solicitará a uma quarta
criança (sem os olhos vendados) que se posicione atrás da criança surda e indique, por meio de um toque
no ombro direito ou esquerdo dela, a direção da trajetória da bola. Dependendo do nível de
comprometimento motor, crianças com deficiência física poderão participar do jogo, desde que
posicionadas sobre uma fina placa de espuma para proteção.
Conceitos de Lazer
O autor que mais influenciou a concepção brasileira de lazer foi o sociólogo francês Dumazedier. O
conceito de lazer de Dumazedier diz o seguinte: “o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo
pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou
ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária
ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares ou sociais”.
Para Marcellino o lazer também deve ser estudado sob a perspectiva social, e ainda considerando a
cultura: “a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fruída) no tempo
disponível. O importante como traço definidor é o caráter desinteressado dessa vivência. Não se busca,
pelo menos fundamentalmente, outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. A
disponibilidade de tempo significa possibilidade de opção pela atividade contemplativa”. Nesse aspecto
da atividade contemplativa, o conceito de Marcellino é diferente do de Dumazedier.
Um dos conceitos mais interessantes é o de Oleias: Lazer, em sua forma ideal, seria um instrumento
de promoção social, servindo para auxiliar no rompimento da alienação do trabalho, apresentando-se
politicamente como um mecanismo inovador aos trabalhadores na medida em que estabelece novas
perspectivas de relacionamento social; promover a integração do ser humano livremente no seu contexto
social, onde este meio serviria para o desenvolvimento de sua capacidade crítica, criativa e
transformadora e proporcionar condições de bem-estar físico e mental do ser humano.
No meu entender, o conceito de lazer é muito amplo, pois qualquer atividade pode ser considerada um
lazer se proporcionar prazer, divertimento e desenvolvimento a quem pratica, pode até ser a não-
atividade, o ócio, como por exemplo o descanso. Até uma atividade profissional ou uma obrigação torna-
se um lazer para quem gosta e faz apenas para se divertir e relaxar.
A Educação física deve trabalhar com o lazer. Há uma vertente teórica que mostra que o lazer possui
um duplo aspecto educativo, em que é possível promover a educação para o lazer e/ou pelo lazer.
Quando falamos da educação para o lazer, visa-se educar o cidadão para sua participação nas atividades
de lazer; enquanto que, na educação pelo lazer, o foco é utilizá-lo como uma ferramenta para promover
a educação.89
Conceitos de Jogo90
Para Kishimoto (2001) tentar definir o jogo não é uma tarefa fácil podendo a mesma ser entendida
como por exemplo jogos políticos, jogos de adultos, de crianças, xadrez, contar histórias, brincar de mãe
e filha, quebra cabeça etc. Huizinga define jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro de certos
e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente
obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de
uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.”
De acordo com Claparède apud Araújo jogo é um processo de derivação por ficção e tem por função
permitir ao indivíduo realizar o seu eu, ostentar sua personalidade, seguir momentaneamente a trilha de
seu maior interesse nos casos em que, não possa consegui-lo recorrendo as atividades sérias.
De acordo com os conceitos estudados os jogos são atividades que os participantes possuem uma
maneira formal de proceder e estão sujeitos a regras. Se direcionados e conduzidos de maneira
adequada, favorecem momentos de confraternização, participação e integração, aliviando o cansaço
físico e mental. Proporciona aos participantes entendimento das expressões como jogar, busca pela
vitória, cooperação, aceitação da derrota e equilíbrio durante a realização das atividades, com os
adversários de jogo ou companheiros.
Conceitos de Brincadeira
Para Barreto, brincadeira é a atividade lúdica livre, separada, incerta, improdutiva, governada por
regras e caracterizada pelo faz de conta. É uma atividade bastante consciente mas fora da vida rotineira
89
http://www.educacaofisica.com.br/escolas/lazer-recreacao/educacao-fisica-recreacao-e-lazer/
90
LIMA, J. O. de. Conceitos e diferenças entre recreação, lazer, jogo e brincadeira
Como se pode analisar nos conceitos existem algumas diferenças entre a recreação, o lazer, o jogo e
a brincadeira.
A recreação são todas atividades que o indivíduo procura praticar em seu tempo livre buscando sua
satisfação. As brincadeiras são também atividades onde o indivíduo as procura, porém a diferença é que
nas brincadeiras o praticante para obter o resultado deve se entregar totalmente a atividade
transformando-a em divertida, alegre e que cause um bem-estar em quem procura este estado de espírito.
Uma atividade recreativa pode não obter esse resultado. O Lazer pode ser ao mesmo tempo férias e
trabalhos voluntários, nadar e fazer esporte, prazeres gastronômicos e entretenimentos musicais,
atividades de azar, leitura de jornal e estudo de uma obra-prima, conversa fútil e conversa cultural. São
atividades que não visam a obtenção de um pagamento e colocam-se à margem das obrigações
familiares, sociais, políticas e religiosas. São desinteressadas e realizadas livremente, a fim de
proporcionar satisfação aos indivíduos que as praticam.
Fazendo distinção entre jogo e brincadeira pode-se dizer que o jogo é a atividade com regras que
definem uma disputa “que serve para brincar” e brincadeira é o ato ou efeito de brincar, entreter-se,
distrair-se com um brinquedo ou jogo. Ao tentar estabelecer a diferença entre jogos e brincadeiras há
apenas uma pequena nuança: o jogo é uma brincadeira com regras e a brincadeira, um jogo sem regras.
O jogo se origina do brincar ao mesmo tempo em que é o brincar.
Definir conceitos como brincar e brincadeira não é uma tarefa fácil como já foi apontado na literatura
(KISHIMOTO, 1999; CONTI; SPERB, 2001; CORDAZZO, 2003). No entanto, já existem características
desses fenômenos sistematizadas que auxiliam na construção de uma definição.
No presente estudo, parte-se do pressuposto de que a definição de um fenômeno precisa considerar
o contexto histórico e cultural de uma sociedade. Nesse sentido, Peters92 aponta que "as diferentes visões
sobre infância são social e historicamente construídas e variam conforme as formas de organização social
de cada época". Isso significa dizer que, além de definir conceitos, é necessário compreender de que
maneira a sociedade concebe a infância. A própria língua, forma de manifestação cultural, direciona para
diferenciações entre jogo e brincadeira e para definições dos mesmos, conforme apontam Brougère 93,
Cordazzo94e Cordazzo e Vieira95 .
Brincar é um comportamento e não deve ser entendido apenas como uma resposta a um estímulo,
mas como uma relação estabelecida com um contexto social, implicado dentro de um sistema cultural.
Ao comportar-se, a criança está alterando o contexto e a si mesma. Assim, o comportamento de brincar
precisa de um local para ocorrer, de certos estímulos anteriores e trará consequências a curto, médio e
91
RosaI da, Fabiane Vieira; Helena KravchychynII; Mauro Luis Vieira. Brinquedoteca: a valorização do lúdico no cotidiano infantil da pré-escola extraído de:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-65782010000200002
92
PETERS, L.L. Brincar para quê? Escola é lugar de aprender! Estudo de caso de uma brinquedoteca no contexto escolar. 2009. 286f. Tese de Doutorado -
Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
93
BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T.M. (org.) O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998, p.19-32.
94
CORDAZZO, S.T.D. Caracterização de brincadeiras de crianças em idade escolar. Florianópolis, SC. 107 f. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de
Santa Catarina, 2003
95
CORDAZZO, S. T. D.; VIEIRA, M.L. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estudos e Pesquisas em Psicologia.
UERJ, Rio de Janeiro, ano 7, nº 1, p. 89-101, Jan./Jul., 2007
As consequências do brincar são inúmeras para o desenvolvimento humano. Lima (1994, 1995, apud
PETERS, 2009), defende que a brincadeira é uma necessidade vital para os seres humanos, por meio da
qual a criança constrói conhecimentos sobre a realidade em que está inserida. Por outro lado, Froebel,
importante filósofo da Educação, também compartilha dessa visão, ao afirmar que a criança pequena
cresce como ser humano a partir da descoberta do seu corpo, dos sentidos que descobre ao brincar
consigo mesma (KISHIMOTO, 1998a), ou seja, quando está descobrindo o seu próprio corpo, a criança
pequena está desenvolvendo-se e construindo conhecimento sobre ela mesma.
Vygotsky (1991) entende a brincadeira como um meio pelo qual a criança supre algumas de suas
necessidades, sendo também um meio de aprendizado, de desenvolvimento da imaginação, da
compreensão da realidade, do domínio de regras e da construção de uma situação imaginária, base para
o pensamento abstrato adulto. Por sua vez, Conti e Sperb (2001) enfatizam que a função da brincadeira
para o desenvolvimento infantil são as possibilidades de interações sociais e as significações que a
criança dá aos aspectos da realidade por meio do brincar. Nesse sentido, Friedmann (1998a) considera
a brincadeira como um sistema integrador da vida social da criança, sendo transmitida de geração a
geração, mudando o conteúdo, mas não o formato.
Segundo Amaral (1998), Dewey, outro importante filósofo educacional, ressalta a importância da
brincadeira imitativa e do contato com crianças mais velhas para a criança pequena apreender as regras
sociais. Ou seja, ao imitar comportamentos de adultos enquanto brinca a criança está compreendendo
96
BUENO, F.S. Dicionário escolar da Língua Portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1994.
97
KISHIMOTO, T.M. O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO, T.M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999, p.13-43.
98
PETERS, L.L. Brincar para quê? Escola é lugar de aprender! Estudo de caso de uma brinquedoteca no contexto escolar. 2009. 286f. Tese de Doutorado -
Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
99
CORDAZZO, S. T. D.; VIEIRA, M.L. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estudos e Pesquisas em Psicologia.
UERJ, Rio de Janeiro, ano 7, nº 1, p. 89-101, Jan./Jul., 2007.
100
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
A criança ao brincar não está simplesmente imitando os comportamentos dos adultos, está em um
processo de significar para si as regras sociais e de comportar-se como se fosse adulto. Nesse sentido,
a brincadeira tem duas dimensões importantes: uma que envolve situações imaginárias e outra as regras.
Vygotsky (1991) chama a atenção para esses dois aspectos por julgá-los os mais relevantes para o
desenvolvimento humano que o brinquedo pode propiciar.
Vygotsky entende que a função da brincadeira é atender às necessidades da criança, necessidades
essas entendidas de uma maneira ampla: "(...) inclui tudo aquilo que é motivo para a ação" (VYGOTSKY,
1991, p.105). As crianças pequenas (até três anos de idade) têm suas necessidades atendidas quase
imediatamente; no entanto, com o crescimento essas necessidades mudam e elas deixam de ser
atendidas imediatamente. Então, nesse tensionamento o brinquedo surge como uma alternativa ao
suprimento das necessidades pré-escolares. Vygotsky explica que: "(...) a criança em idade pré-escolar
envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e
esse mundo é o que chamamos de brinquedo" (VYGOTSKY, 1991, p.106).
A criança pequena está presa à situação concreta, real; já a criança em idade pré-escolar cria uma
situação imaginária, além do real, podendo alterar os significados das ações. É essa capacidade de
significação que Vygotsky (1991, p. 118) privilegia no brincar: "A essência do brinquedo é a criação de
uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual - ou seja, entre situações
do pensamento e situações reais". O nuclear da situação imaginária é a simbolização, a capacidade da
criança em interagir com um objeto, dando-lhe um significado de outro objeto. Vygotsky afirma que este
é o momento da "primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais"
(VYGOTSKY, 1991, p. 113). Esta situação imaginária é a base para o desenvolvimento do pensamento
abstrato no adulto.
Outro ponto nuclear para Vygotsky no brinquedo são as regras. Ao brincar a criança está comportando-
se da maneira como os papéis estão dispostos na sociedade; no entanto, não é só reprodução de
comportamentos, a criança ao brincar é ativa e está significando para si aquilo que está na cultura. Sobre
as regras de comportamento, Vygotsky conclui que "sempre que há uma situação imaginária no
brinquedo, há regras" (VYGOTSKY, 1991, p. 108), e são essas regras que irão originar a relação da
criança com o objeto, ou seja, o comportamento em relação ao brinquedo.
Um dos principais atributos do brinquedo é o autocontrole. Por meio do brinquedo a criança aprende
a lidar com os seus impulsos de agir espontaneamente e com as regras do brinquedo. Assim sendo, "o
atributo essencial do brinquedo é que a regra torna-se um desejo" (VYGOTSKY, 1991, p. 113), e o prazer
vem da satisfação dessas regras. A criança dá, então, preferência em concretizar as regras e criar novas,
em detrimento do brinquedo em si.
Autores como Friedmann (1998a) já apontaram que nos tempos atuais as crianças estão brincando
menos em comparação com as crianças de 50 anos atrás. Esse fato remete a diversos fatores que
alteraram e continuam alterando a sociedade, mais do que isso, a percepção dos indivíduos sobre os
valores, regras sociais, crenças. Alguns aspectos aparecem como determinantes dessa mudança: o
processo de industrialização dos países, com a produção em massa de produtos, dentre eles os
brinquedos; o avanço tecnológico que atinge crianças cada vez mais cedo; a tecnologia dos brinquedos
atuais; a concepção de infância atual; a globalização provocando o esquecimento da cultura popular local;
a institucionalização das crianças em escolas e a utilização de brinquedos e jogos como instrumentos
educativos para "treinar" crianças para a vida adulta (FRIEDMANN, 1998a). Contudo, Friedmann (1998a)
aponta como aspecto essencial para as crianças de hoje brincarem pouco: o crescente avanço
tecnológico. As interações sociais entre crianças e crianças, e entre crianças e adultos, tão importantes
para o desenvolvimento do ser humano, estão em constante desvalorização, em qualidade e em
quantidade, devido ao avanço da tecnologia e à utilização da mesma por crianças cada vez mais cedo.
Partindo dessa necessidade, a brinquedoteca surge como uma alternativa ao brincar infantil.
Brinquedoteca "é um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma
grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico" 101. A brinquedoteca
constitui-se em um ambiente físico dotado com brinquedos variados com finalidade de possibilitar à
criança interações por meio do brinquedo e perpetuação de uma cultura lúdica. Schlee (2002) chama a
atenção de que a brinquedoteca não pode ser confundida com uma sala de aula, a brinquedoteca deve
ser construída com um objetivo claro e com uma finalidade específica.
Sobre essa finalidade específica ou função da brinquedoteca, Friedmann102 aponta ser um meio de
descobrir e construir conhecimentos sobre o mundo. Kishimoto103 complementa afirmando que a
brinquedoteca incentiva a autonomia e desenvolve a capacidade crítica e de escolha da criança, além de
promover o trabalho em equipe, a socialização, o desenvolvimento infantil, a comunicação, a criatividade,
a imaginação e o desenvolvimento de atividades lúdicas (KISHIMOTO, 1998b; CUNHA, 1998; MUNIZ,
2000; SANTOS, 2002).
Com base nessa perspectiva, a seguir será apresentado o relato de experiência de um projeto de
extensão desenvolvido em uma creche filantrópica.
O funcionamento da brinquedoteca
O funcionamento da brinquedoteca no projeto "BrinquedoAção: aprendendo e se divertindo com
brinquedos" consistia em levar cada turma uma hora por semana à sala da brinquedoteca, cedida pela
creche para este fim.
A sala da brinquedoteca fica localizada no piso inferior da creche e compreende aproximadamente
15m2, com duas portas, uma janela, armários e estantes com prateleiras e gavetas onde ficam brinquedos
diversos, além de quatro mesinhas infantis com cadeiras ao centro. Alguns dos armários são utilizados
pela creche para guardar materiais variados de uso interno.
Cada turma, que tinha em torno de 23 crianças, era dividida em dois grupos, ficando cada grupo 30
minutos na sala. Essa medida foi tomada devido ao número elevado de crianças por sala e a restrição do
espaço físico da escola. A única turma que não ia efetivamente à sala da brinquedoteca era a dos bebês
(com idades entre três meses a um ano), devido à quantidade de bebês (aproximadamente vinte) e a
pouca quantidade de brinquedistas para ficarem com todos na sala, além do risco de que engolissem
alguma peça muito pequena. No entanto, em questionário aplicado às professoras para avaliação do
projeto, foi sugerido que os bebês fossem até a brinquedoteca com a participação das brinquedistas e
das professoras na brinquedoteca. A sugestão baseava-se na possibilidade de oferecer aos bebês um
espaço diferente daquele da sala de aula, com diferentes estímulos, o que vem ao encontro da função da
brinquedoteca. Em próximas edições do projeto, pretende-se alterar a participação dos bebês na
brinquedoteca conforme sugerido pelas professoras.
É importante ressaltar que o presente relato de experiência é genérico, não pretendendo aprofundar
em nenhum aspecto específico. Isso se deve ao fato de o próprio ambiente da brinquedoteca ser rico em
possibilidades de observação e de vivências e também a pouca experiência das brinquedistas, que foi de
apenas um ano e que também contou com uma grande variedade de acontecimentos.
Em um primeiro momento de aproximação das novas brinquedistas do projeto foi realizada com as
crianças uma atividade de construção de regras para o funcionamento da brinquedoteca. A atividade
consistia em conversar com as crianças sobre o que poderia e o que não poderia ser feito na
brinquedoteca a partir das respostas uma das brinquedistas escrevia em um papel pardo. Todas as
turmas tiveram seu cartaz colado nas paredes da brinquedoteca.
A princípio, esta atividade consistia em partir do que as crianças já sabiam sobre o funcionamento da
brinquedoteca de anos anteriores ou do que ouviam falar dentro da creche. A ideia foi não impor para as
crianças mais regras além das existentes na creche, mas em levá-las a perceber o que podem fazer
O esporte aliado à qualidade de vida é, sem dúvida, um dos grandes desafios atuais, e a
responsabilidade de que essa proposição alcance seu objetivo é primeiramente nossa, dos profissionais
104
CUSTÓDIO, A.V.; VERONESE, J.R.P. Trabalho infantil: a negação de ser criança e adolescente no Brasil. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2007.
105
https://refisica.uea.emnuvens.com.br/refisica/article/view/4/pdf
Bento afirma que a emoção e o sentimento podem definir um esporte que, sem dúvida alguma, aponta
para uma vida plena de qualidade:
Convenhamos então que o melhor desporto é aquele que cria na nossa vida. Que deixa que a
autenticidade interior se solte dos espartilhos que a tolhem e amorfanham do exterior. Acrescentemos a
tudo isso que o melhor desporto é o que nos liberta do medo da própria sombra. Que nos encaminha para
o reencontro de nós e dos outros, e nos impede de fugirmos da nossa imagem, particularmente se ela é
fonte de perturbações (2001).
Mas nem tudo são rosas em se tratando do meio ambiente com o esporte e o lazer. Na tentativa de
uma melhor qualidade de vida, o homem tem buscado a natureza como o cenário ideal para a sua prática
esportiva. Em função disso uma nova gama de modalidades esportivas tem despontado. Rosado alerta
que: “A emergência dessas novas modalidades esportivas junto à natureza necessitam de uma avaliação
de seu impacto ambiental” (1998). Ele cita o exemplo dos desportos motorizados praticados fora das
pistas convencionais, que podem causar sérios danos ambientais em funções dos elevados níveis de
poluição provocados por suas máquinas. Até a prática do golfe recebeu severas críticas do autor, o qual
aponta a destruição da flora e da fauna locais para a construção dos courts e a necessidade do uso
massivo de pesticidas para manter as condições ideais dos campos.
A recreação e o lazer em harmonia com a ecologia, meio ambiente, esporte e qualidade de vida,
trabalham em comum acordo para propor uma prática esportiva que ao mesmo tempo em que o esportista
se beneficie da natureza, busque também preservá-la. Mas isso só será possível se, na tentativa de
preservarmos a natureza, não condenemos o homem a viver fora dela.
Se, por um lado, a preservação da natureza nos aproxima, de um conceito mais amplo de ecologia,
por outro, a prática esportiva nos traz para um âmbito mais específico, a ecologia do desenvolvimento
humano. Nessa visão, o homem interage com a natureza nas bases de um equilíbrio dinâmico. Se for
necessária a ampliação dos espaços para a pratica de uma atividade física saudável, faz-se também
indispensável à reconstrução/recuperação dos espaços danificados/ agredidos que já não tem utilidade
para a prática desportiva.
Devemos resgatar a noção de que a qualidade de vida através do esporte não depende
exclusivamente de qualidade das ralações interpessoais estabelecidas entre os praticantes da relevância
que a prática assume para eles e das expectativas impregnadas nos papéis desempenhados por todos
as pessoas envolvidas. Ao lado das questões: Onde praticar? E o que praticar? Devemos acrescentar
com quem praticar? E como praticar? Ao escolher nossos parceiros de jogo/esporte, recreação/lazer,
devemos investir na reciprocidade das relações interpessoais, do equilíbrio de poder na tomada de
decisões e, por último, mas não menos importante, na afetividade. Se isso acontecer, estamos
assegurando uma mediação ecológica para o entre jogo, esporte e qualidade de vida com uma visão de
festividade.
Segundo Mota, com o crescimento da cidade, a historicidade e a espacialidade do lazer também
acompanharam o seu desenvolvimento. É bastante compreensível a reação de estranhamento provocada
em que se depara pela primeira vez com o inusitado casamento entre os esportes, o lazer e a geografia
urbana. Para os geógrafos, historiadores e demais profissionais que não lidam diretamente com a prática
recreacional, espacial e esportiva, haja vista que os esportes evocam sobretudo questões relacionadas à
performance dos indivíduos.
01. (Pref. de Betim/MG - Professor PII MG). O lazer deve ser contemplado em todos os eixos
temáticos (esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos expressivos). Com isso, é
fundamental que o componente curricular de Educação Física trabalhe
(A) a organização dos momentos de lazer dentro da escola.
(B) as aulas de Educação Física como momentos de lazer.
(C) a educação para a vivência do lazer.
(D) as atividades de lazer dentro da escola, em especial em festas.
02. (EBSERH - Profissional de Educação Física - INSTITUTO AOCP). Preencha a lacuna e assinale
a alternativa correta.
_______________ é um conjunto de ocupações às quais uma pessoa pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se. Além de ser uma atividade
praticada ou exercida por uma pessoa em seu tempo livre, sem obrigação.
(A) Desporto
(B) Lazer
(C) Competições
(D) Trabalho
(E) Estudo
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
A Educação física deve trabalhar com o lazer. Há uma vertente teórica que mostra que o lazer possui
um duplo aspecto educativo, em que é possível promover a educação para o lazer e/ou pelo lazer.
Quando falamos da educação para o lazer, visa-se educar o cidadão para sua participação nas atividades
de lazer; enquanto que, na educação pelo lazer, o foco é utilizá-lo como uma ferramenta para promover
a educação.
02. Resposta: B
O conceito de lazer de Dumazedier diz o seguinte: “o lazer é um conjunto de ocupações às quais o
indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e
entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação
social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares ou sociais”.
03. Resposta: D
A brinquedoteca surge como uma alternativa ao brincar infantil. Brinquedoteca "é um espaço preparado
para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos, dentro
de um ambiente especialmente lúdico" (CUNHA, 1998, p. 40).
A Ludicidade é um componente metodológico por intermédio do qual o educador pode conhecer seu
aluno e a realidade do grupo, suas necessidades, conflitos, dificuldades, estados de espírito e
comportamentos em geral107 .
Também é um meio de que o professor de Educação Física dispõe para estimular o desenvolvimento
cognitivo, social, moral e físico-motor e propiciar aprendizagens específicas. As atividades lúdicas
promovem avanços no desenvolvimento dos escolares e tornam-se recursos didáticos de grande
aplicação e valor no processo de ensino e aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos lúdicos.
O jogo deve estar presente entre os recursos didático capazes de compor uma ação docente
comprometida com os processos que se pretende atingir. As atividades lúdicas auxiliam na busca de
novos conhecimentos, exige do professor uma ação ativa, indagadora, reflexiva, desveladora,
socializadora e criativa. As atividades lúdicas fazem parte do ato de educar, num compromisso
consciente, intencional e modificador da sociedade.
As atividades lúdicas nas aulas de Educação Física auxiliam no desenvolvimento global das crianças,
como atenção, raciocínio, agilidade e interesse. Por esse motivo podem ser realizadas na sala de aula e
também no pátio, proporcionando um melhor desempenho nas demais atividades curriculares,
promovendo uma aprendizagem mais significativa associada a satisfação e ao êxito, permitindo a criança
participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação. As interações proporcionadas pelas
atividades lúdicas levam a criança a construir seu conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando,
assim, sua inteligência e sua interação com o meio ambiente108.
Estimular o desenvolvimento motor, psicomotor, cognitivo, afetivo na criança nas séries iniciais da
educação básica é de extrema importância para o mesmo não tenha dificuldades quando adulto.
Professores conscientes que unem uma prática com jogos, brincam em sala respeitando as orientações
por parte da equipe e quanto ao espaço físico.
O jogo, a brincadeira, para além do prazer, da satisfação é entendida como instante de reconhecimento
e curiosidade que resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o
presente. O esporte do ponto de vista pedagógico busca propor aos alunos vivências motoras de forma
lúdica. O brincar é um mecanismo psicológico, fiel, na concepção de Freud, ao princípio do prazer oposto
ao princípio de realidade. O brincar não é uma atividade interna do indivíduo, necessitando de
aprendizagem109.
Nessa perspectiva, ao se falar em jogos, geralmente, faz-se associação a um divertimento, brincadeira,
passatempo que obedece à regras observadas durante a realização dessas atividades, contudo sabe-se
que o jogo é um processo lúdico e criativo que possibilita modificar imaginariamente a realidade, pois
funciona como elo integrador entre os três domínios do conhecimento o psicomotor, cognitivo e o afetivo-
social110.
Desse modo, a importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem dos esportes nas aulas de
Educação Física, considerando-as como um recurso propício à construção do conhecimento, visto que
para realizá-la a criança utiliza seu aparelho sensório-motor, o movimento corporal e o pensamento
incentivando o desenvolvimento de suas habilidades operatórias, ao mesmo tempo em que envolve a
identificação, observação, comparação, análise, síntese e generalização e desenvolve suas
possibilidades e a autoconfiança111.
Na perspectiva do lúdico, rico para o desenvolvimento pessoal e para a convivência pode ser
apropriado na Educação Física, tornando os sujeitos capazes de adotar cooperação como uma prática
necessária a interação humana. Atividades lúdicas são um importante meio para iniciar mudanças dos
valores sociais predominantes. A característica lúdica inserida nos jogos proporciona um aprendizado
mais prazeroso que envolve troca de ideias que contribui para a qualidade de vida (MOREIRA,2010).
106
SANTANA, R. F. Atividades lúdicas nas aulas de educação física, 2014. Disponível em http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5892/1/21273857.pdf
107
OLIVEIRA A L., Jogos e brincadeiras populares na Educação Física escolar: um exemplo de sistematização do conteúdo. Revista Digital: EFDeportes.com,
Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, v.16, n.162, nov, 2011.
108
PIAGET J., A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, Livro, 2000.
109
BROUGERE G., A criança e a cultura lúdica. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v.24, n.2, jul/dez, 2000.
110
MOREIRA A. J., Jogos e Brincadeiras Populares na Formação de Professores de Ed Física: considerações sobre a assenção cultural e a emancipação humana
presentes na pedagogia da autonomia. Revista Eletrônica de Culturas e Educação, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, n.1, p.1-13, out/ 2010.
111
ALVES C.; CARVALHO M. N., Adulto e Lúdico: atuação do profissional de Educação Física no Lazer. Lilacs, v.16, n.1, p.103-112, jan/mar, 2010.
A Ludicidade é um componente metodológico por intermédio do qual o educador pode conhecer seu
aluno e a realidade do grupo, suas necessidades, conflitos, dificuldades, estados de espirito e
comportamentos em geral (OLIVEIRA,2011).
Também é um meio de que o professor de Educação Física dispõe para estimular o desenvolvimento
cognitivo, social, moral e físico-motor e propiciar aprendizagens específicas. As atividades lúdicas
promovem avanços no desenvolvimento dos escolares e tornam-se recursos didáticos de grande
aplicação e valor no processo de ensino e aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos lúdicos118.
O jogo deve estar presente entre os recursos didático capazes de compor uma ação docente
comprometida com os processos que se pretende atingir. As atividades lúdicas auxiliam na busca de
novos conhecimentos, exige do professor uma ação ativa, indagadora, reflexiva, desveladora,
socializadora e criativa. As atividades lúdicas fazem parte do ato de educar, num compromisso
consciente, intencional e modificador da sociedade119.
As atividades lúdicas nas aulas de Educação Física auxiliam no desenvolvimento global das crianças,
como atenção, raciocínio, agilidade e interesse. Por esse motivo podem ser realizadas na sala de aula e
também no pátio, proporcionando um melhor desempenho nas demais atividades curriculares,
promovendo uma aprendizagem mais significativa associada a satisfação e ao êxito, permitindo a criança
participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação. As interações proporcionadas pelas
atividades lúdicas levam a criança a construir seu conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando,
assim, sua inteligência e sua interação com o meio ambiente (PIAGET,2000).
Estimular o desenvolvimento motor, psicomotor, cognitivo, afetivo na criança nas séries iniciais da
educação básica é de extrema importância para o mesmo não tenha dificuldades quando adulto.
Professores conscientes que unem uma prática com jogos, brincam em sala respeitando as orientações
por parte da equipe e quanto ao espaço físico120 .
117
FOLADOR A. P.; MAIEL R. A.; MELLO L. A.; ALVES-SOUZA A., A Estimulação Psicomotora na Aprendizagem Infantil. Revista Científica da Faculdade de
Educação e Meio Ambiente-FAEMA, v.1, n.1, p.30-40, maio/out, 2010.
118
FONSECA I. F., MUNIZ N. L., O Brincar na Educação Física Escolar. Em busca da valorização de diferentes Perspectivas. Revista Brasileira de Ciências do
Esporte, v.21, n.2/3, jan/maio, 2000.
119
TIEDT M. M. A.; SCALCO M. M., Considerações acerca do papel lúdico nos processos de ensino e aprendizagem. Revista de divulgação Técnico-Cientifica.
Instituto Catarinense de pos-graduação ICPG, v.2, n.7, out/dez, 2004.
120
COSTATO E. P.; SPONDA E., A Relação entre a Atividade Lúdica e a Aprendizagem na pre-escola de colégios particulares. Revista Interfaces, ano1, n.1, 2009.
01. (SEDU/ES - Professor - FCC). O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e
esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que
os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégio apenas dos esportistas ou das
pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o
acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos
adquiridos nas aulas de Educação Física mediante situações didáticas que
(A) os alunos possam mapear os espaços de lazer disponíveis no entorno da escola, verificar suas
condições de manutenção e elaborar atividades (campanhas e vivências) nos espaços públicos de lazer
que envolvam a comunidade educativa.
(B) possibilitem a readequação dos espaços, do tempo de jogo ou no número de participantes, bem
como dos modos de escolhas das equipes nas vivências práticas.
(C) minimizem a violência decorrente da competitividade, aplicando jogos cooperativos.
(D) promovam reflexões a respeito das decisões coletivas da turma referentes às regras do jogo vivido.
(E) envolvam a participação de todos os alunos na vivência de jogos populares e danças folclóricas.
02. (Pref. de São José dos Campos/SP - Professor II - VUNESP). A Educação Física, quando traz
como conteúdo das aulas a prática e a discussão das atividades lúdicas, tem como principal intuito
conscientizar os alunos que o lazer e a oferta de espaços disponíveis em suas cidades para a prática de
atividades lúdicas e esportivas é
(A) de responsabilidade de entidades privadas.
(B) dispensável, porque a escola supre essa demanda.
(C) de responsabilidade pública, apesar de não serem direitos do cidadão.
(D) voltada ao atendimento de uma necessidade básica e de um direito do cidadão.
(E) algo que não se pode reivindicar, porque não constitui um direito do cidadão.
Gabarito
01.A / 02.D
Comentários
01. Resposta: A
As atividades lúdicas nas aulas de Educação Física auxiliam no desenvolvimento global das crianças,
como atenção, raciocínio, agilidade e interesse. Por esse motivo podem ser realizadas na sala de aula e
também no pátio, proporcionando um melhor desempenho nas demais atividades curriculares,
promovendo uma aprendizagem mais significativa associada a satisfação e ao êxito, permitindo a criança
participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação.
02. Resposta: D
A importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem dos esportes nas aulas de Educação
Física, considerando-as como um recurso propício à construção do conhecimento, visto que para realizá-
la a criança utiliza seu aparelho sensório-motor, o movimento corporal e o pensamento incentivando o
desenvolvimento de suas habilidades operatórias, ao mesmo tempo em que envolve a identificação,
observação, comparação, análise, síntese e generalização e desenvolve suas possibilidades e a
autoconfiança121.
121
ALVES C.; CARVALHO M. N., Adulto e Lúdico: atuação do profissional de Educação Física no Lazer. Lilacs, v.16, n.1, p.103-112, jan/mar, 2010.
A parcela da cultura geral que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo,
nos planos material e simbólico, mediante o exercício (em geral sistemático e intencionado) da
motricidade humana -jogo, esporte, ginásticas e práticas de aptidão física, atividades rítmicas/expressivas
e dança lutas/artes marciais, práticas alternativas.
Seguindo a lógica de Betti, o professor deve efetuar uma interpretação e um uso crítico das suas
possibilidades formativas e informativas, em especial da televisão, a mídia de maior consumo e impacto
entre os alunos. O aluno desenvolverá sua capacidade de realizar conexões a partir das informações que
ele presencia diariamente, sendo capaz de analisá-las e aprofundá-las.
Considerando o impacto emocional provocado inicialmente nas pessoas é que apenas numa segunda
fase é possível ao telespectador racionalizar e refletir criticamente, e é esta fase que educadores deveriam
demonstrar preocupação e não ignorar os meios em sua intervenção didática. Por isso Betti defende que
“conjugar tal linguagem, que mobiliza a afetividade e a intuição, com a racionalidade e a reflexão crítica
é desafio que se impõe aos educadores. Educar para este “segundo tempo” deve ser uma tarefa da
escola”.
Orozco-Gómes considera como um desafio o tipo de conhecimento requerido para interagir com a TV
de uma maneira produtiva e que possibilite aos telespectadores um encontro múltiplo, cada vez mais livre,
autônomo, expressivo e, eventualmente, mais crítico. Segundo Orosco-Gómes:
Um conhecimento com essas características supõe, pelo menos, assumir que a relação entre a TV e
telespectadores é uma interação múltipla, que envolve a existência da TV em suas três dimensões: meio,
linguagem e instituição social. Envolve, igualmente, o telespectador como um sujeito cognoscente, ativo,
mental, física e emocionalmente, frente à TV, e situado, de maneira particular, numa cultura, num contexto
histórico específico e num estágio de desenvolvimento pessoal determinado.
A partir de todas essas conclusões, nos apegamos à Betti ao citar Ferrés que nos propõe as seguintes
questões: “se a escola não ensina a assistir à televisão, para que mundo está educando? Se a educação
visa formar cidadãos críticos e reflexivos, como alcançar tal objetivo sem prepará-los para realizar de
forma crítica a atividade à qual dedicam grande parte do seu tempo?” Ferrés propõe que a escola eduque
para a reflexão crítica:
Levar o aluno a compreender o sentido explícito e implícito das informações e estabelecer relações
coerentes e críticas entre o que aparece na tela e a realidade do mundo. Ele propõe que a escola eduque
no meio, quer dizer, eduque na linguagem audiovisual característica da televisão, ensine os mecanismos
técnicos e econômicos de funcionamento do meio, ofereça orientação e recursos para a análise crítica
122
LAURINDO, V. D.; SANTOS, G. F. de L. Educação Física e Mídia: A Concepção de Corpo e Esporte na Mídia Televisiva.
Barros nos coloca a mesma questão e nos ressalta que “ou a escola passa a considerar a mídia em
seus projetos pedagógicos ou intensificará seu processo de fossilização, para muitos já irreversível”. Ele
também nos coloca que se a proposta pedagógica visa ao desenvolvimento de um espírito crítico, é inútil
transformar o aluno num “deglutidor hipocondríaco de pílulas informativas”, no qual o produto informação
jornalística, espécie de “fast food” do pensamento, não se presta, sobretudo quando veiculado pela
televisão, à reflexão mais profunda sobre seu conteúdo.
A primeira fase é uma captação “ingênua” do sentido do discurso como um todo, é uma compreensão
global, que se faz por conjeturas e se exprime por uma descrição. É ainda uma semântica de superfície.
A segunda fase busca validar aquela compreensão, com base em procedimentos explicativos, validação
que é garantida por uma investigação do objeto específico da conjetura, e que se fez mediante
procedimentos argumentativos (baseado nas teorias explicativas), e pelo conflito de interpretações, que
aponta limites e possibilidades das diversas teorias em face da necessidade de sua atualização diante do
objeto em foco.
Nessas falas os personagens do Colégio estão se reunindo para discutir a respeito da próxima etapa
do campeonato de Skate. Eles possuem esse grupo que formam uma equipe e que disputam algumas
etapas, e a cada etapa aparece um estímulo extra para ser campeão, como aconteceu em uma etapa
anterior a essa que o vencedor ganhou o patrocínio de uma empresa de esportes radicais, e nessa etapa
o estímulo é ainda maior, envolvendo mais premiações.
Percebemos que o esporte aqui é encarado como o esporte rendimento, no qual o desempenho se
torna essencial para a sua prática, e se destaca quem ganha, obtendo ascensão social entre os colegas
e a comunidade. O Skate aparece no ar somente quando as etapas do campeonato se aproximam, e o
incentivo ao treino pesado para o rendimento é reafirmado várias vezes pelo dirigente ao citar que os
personagens tem que treinar pesado para não fazer feio.
O esporte é abordado somente nas competições, e os relatos sobre ele se baseiam em quem vai
ganhar e quem vai perder, além de servir como “gancho” para uma intriga entre o “garoto bonzinho” e o
“garoto malvado”. Histórias essas inevitáveis e presentes na maioria das telenovelas, na qual sempre
uma pessoa está querendo prejudicar a outra, transmitindo aspectos competitivos, e que nessa trama
identificamos a utilização do esporte como instrumento para estabelecer quem é o melhor. Na maioria
das vezes, o malvado tenta ser superior ao bonzinho através dos campeonatos de Skate, e se utiliza de
formas antidesportivas para conseguir mérito nas provas, prejudicando o desempenho do garoto
“bonzinho”.
Em decorrência desses valores apresentrados, Santin, nos mostra que “(…) os exercícios ou a prática
educativa na Educação Física não se esgota ou não se plenifica nela mesma, mas busca sua plenitude
e mesmo sua razão de ser em outra instância”, sendo visualizada “como um conjunto de recursos
instrumentais”. Portanto, a inimizade entre um dos personagens é facilmente transpassada para o
esporte, reafirmando a ideia de competição, que Santin coloca:
Pela ideia de competição como estímulo e força para o aguçamento do desejo de vencer, ou mesmo,
o dever de vencer, aliada às imposições dos princípios da supremacia ideológica, o esporte facilmente se
transforma num campo de batalha, onde os companheiros não são apenas adversários, mas são
visualizados como inimigos a serem destruídos. O jogo torna-se luta e guerra. Não é mais lazer ou
diversão, nem espetáculo. O próprio espectador deixa de aplaudir ou vaiar, para se constituir num fanático
exigindo a vitória a qualquer preço pelo seu grito de guerra.
Assim, na medida em que se mantiver uma antropologia dualista continuará o corpo a ser pensado
sobre a perspectiva do “corpo serviçal”, que segundo Santin:
O corpo passa, na atualidade, ao serviço de um ideal de desempenhos ou performances de dominação
e de supremacia ideológica. O corpo, com determinado grau de rentabilidade e reforçado pelo princípio
da competição, estará a serviço de uma modalidade de esporte para demonstrar a superioridade da
nacionalidade ou da ideologia racial ou política.
Através de Santin, podemos relacionar os aspectos competitivos às concepções de corpo que vimos
a partir do Renascimento, que apesar da ideia religiosa ter sido enfraquecida, a “(…) inferioridade corporal
ainda é mantida pela manutenção do dualismo expresso na antropologia do homem consciência e da
relação mente corpo”.
Todas as atividades humana são realizadas e visíveis na corporeidade. A própria divindade, em todas
as tradições teológicas, precisou tornar-se corporeidade para fazer-se visível, existencial. Tornar-se
significa incorporar em seu modo de ser a realidade assumida, isto é, a corporeidade. Assim o homem,
em todas as suas funções e vivências, precisa ser corpo, o que é bem diferente dizer que precisa do
corpo (…) O homem é essa realidade que se manifesta e que se expõe diariamente às óticas abrangentes
nos campos perceptivos, através da infinidade de suas possibilidades expressivas instauradas pela
dinâmica da corporeidade. O homem é uma autoconstrução corporal.
Mas o que é cultura? Temos dificuldade em compreender nossa própria cultura, porque estamos nela
imersos, ela nos aparece como um dado evidente, sobre o qual não nos debruçamos a todo momento
para uma análise sistemática.
DaMatta124 considera que, ao estudar uma dada cultura, um antropólogo deve realizar um duplo
movimento: transformar o estranho em familiar, e, ao mesmo tempo, o familiar em estranho. O primeiro é
o movimento original da Antropologia, ao final do século XIX, quando buscava compreender culturas
nativas. O segundo corresponde ao momento presente da Antropologia, que se volta para a nossa própria
sociedade, e então temos que estranhar o que nos é familiar.
Lembra Dartigues125 que Husserl, considerado o “pai” da fenomenologia moderna, agradeceu aos
antropólogos do seu tempo, já que concebia a descoberta da essência dos fenômenos sociais e culturais
como decorrentes de uma compreensão prévia, logo, de um conhecimento, pelo sociólogo/historiador, de
culturas diferentes da sua – e os antropólogos penetraram em universos culturais inteiramente estranhos
ao homem europeu, os quais não poderiam ter concebido, nem mesmo como pura possibilidade, se não
tivessem ido investigar in loco.
Uma boa e didática ilustração do que poderia ser esse processo de estranhamento, e que apresenta
interesse para a Educação Física, é a matéria jornalística exibida na televisão (matéria exibida no "Globo
123
BETTI, M. Educação Física, cultura e sociedade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 174, nov. de 2012.
124
DAMATTA, R. O ofício do etnógrafo, ou como ter ‘anthropological blues’. In: NUNES, E. de O. (Org.). A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978
125
DARTIGUES, A. O que é a fenomenologia. Rio de Janeiro: Eldorado, 1973. (Coleção Quid)
126
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
127
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
128
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
129
SANTAELLA, L. A cultura das mídias. São Paulo: Experimento, 1996.
130
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
131
SANTIN, S. Reflexões antropológicas sobre a educação física e o esporte escolar. In: Educação física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Ed. Unijuí,
1987.
132
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Mas desde a década de 1960 entrou em cena uma novo elemento dinamizador da cultura corporal de
movimento: a televisão. Dotada de enorme capacidade técnica para produzir discursos audiovisuais, cuja
principal característica é a espetacularização das imagens, a televisão, aliada a interesses comerciais,
encontrou no esporte a matéria-prima ideal, criando o esporte telespetáculo, o qual pode ser definido,
conforme Betti136 como uma realidade textual relativamente autônoma (face à prática “real” do esporte)
que é construída pela codificação e mediação dos eventos esportivos efetuadas pelo enquadramento das
câmaras televisivas, edição das imagens e comentários, sons e efeitos gráfico-computacionais que se
133
BETTI, M. Imagem e ação: a televisão e a educação física escolar. In:______ (Org.). Mídia e educaçao física: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec,
2003. p. 91-137.
134
SERGIO, M. Alguns olhares sobre o corpo. Lisboa: Instituto Piaget, 2003. (Coleção Epistemologia e Sociedade)
135
BAITELLO JÚNIOR, N. O animal que parou os relógios: ensaios sobre comunicação, cultura e mídia. 2a ed. São Paulo: Annablume, 1999. (Coleção E)
136
BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998.
Se as mídias exercem papel cada vez mais importante na construção de novos significados e
modalidades de entretenimento e consumo no âmbito da cultura corporal, também constituem hoje a mais
importante fonte de informações sobre a cultura corporal de movimento para o grande público não
especializado. Jornais, revistas, sites da internet, vídeo games, rádio e televisão difundem ideias sobre a
cultura corporal de movimento. Há muitas produções dirigidas ao público adolescente e infantil. Pela
televisão, as crianças tomam contato precocemente com as manifestações corporais e esportivas do
mundo adulto. Hoje, somos todos consumidores potenciais do esporte-espetáculo, senão como
torcedores nos estádios e quadras, ao menos como espectadores pela televisão. Há aulas de ginástica
aeróbica pela TV; médicos e profissionais da Educação Física concedem entrevistas expondo os
benefícios e riscos do exercício físico, comentaristas nos informam sobre táticas e regras nas partidas de
futebol, voleibol ou basquete, revistas femininas e para adolescentes sugerem exercícios para emagrecer.
Informações nem sempre corretas, nem sempre confiáveis, mas que se sobrepõem pela baixa
capacidade crítica da maioria dos telespectadores e leitores. Tudo isso elevou o nível de informação
publicamente partilhada na área de Educação Física a um patamar nunca antes atingido na História. Com
isso, corremos o risco de, em algum momento, nos depararmos, nas escolas ou nas academias, com
alunos ou clientes que detém mais informações sobre um dado aspecto da cultura corporal de movimento
do que seus professores/profissionais de Educação Física.
Contudo, isso não é ruim, o que devemos fazer é examinar as possibilidades de usar as mídias a nosso
favor, pela sua capacidade de sintetizar informações, de atrair a atenção, de seduzir pelas imagens, e,
ao mesmo tempo, investir na formação do leitor/telespectador crítico, que compreenda os mecanismos
de funcionamento e a linguagem das mídias, dotando-o de ferramentas para a interpretação mais
aprofundada e contextualizada do que vê, ouve e lê nas mídias. Na Educação Física escolar, por exemplo,
já há suficiente fundamentação teórica e experiências concretas de uso de matérias televisivas como
ferramenta metodológica no contexto de programas de Educação Física.
Inspirando-nos nas metáforas de Babin e Kouloumdjian já propusemos um trabalho com “mixagem”,
num primeiro momento, e depois, em “estéreo”. Trabalhar com mixagem é associar as produções da
mídia às aulas “tradicionais”, fazendo referências às imagens e eventos esportivos transmitidos pela TV,
utilizando programas e trechos previamente gravados na TV convencional, vídeos produzidos para
finalidades educacionais, matérias sobre a cultura corporal de movimento publicadas em jornais e
revistas. Trata-se aí do que Ferrés137 denomina educação com o meio. Conteúdos ligados a técnicas,
táticas, história, dimensões políticas e econômicas do esporte, bem como relacionados a aspectos
fisiológicos, psicológicos e sociológicos das atividades corporais em geral seriam enriquecidos com o
audiovisual, associados a textos jornalísticos.
Trabalhar em estéreo consiste em compreender a linguagem específica da televisão, aprender a
interpretar criticamente o discurso da televisão sobre a cultura corporal em busca de sentidos. Implica
também em aprender a identificar os diversos modelos de práticas corporais e esportivas a partir do
próprio discurso televisivo. É o que Ferrés138 denomina educação no meio.
Mais recentemente, a popularização do computador pessoal, das câmaras digitais portáteis e dos
programas de edição de vídeo tornaram possível a produção de materiais audiovisuais para muitas
pessoas, mesmo que não "experts". A possibilidade de postar tais produtos audiovisuais, digitais, na
internet (no Youtube, por exemplo), torna todos nós, além de receptores, potenciais produtores de
mensagens midiáticas. Com isso, constitui-se as três frentes do campo que tem sido chamado "mídia-
educação"139: estudos e intervenções pedagógicas sobre as mídias (análise dos conteúdos), com as
mídias (apoio aos processos de ensino e aprendizagem) e através das mídias (produção de conteúdos).
137
FERRÉS, J. Televisão e educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996.
138
Idem.
139
FANTIN, M. Mídia-educação no ensino e o currículo como prática cultural. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 2, p. 437-452, maio/ago. 2012.
Questões
01.(Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - CESPE) Os jogos olímpicos da era moderna,
realizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), de quatro em quatro anos, são considerados a maior
celebração do esporte como manifestação da cultura humana. No que se refere aos jogos olímpicos da
era moderna, julgue os itens subsequentes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os jogos olímpicos da era moderna foram interrompidos, apesar
de sua importância internacional e cultural.
() Certo () Errado
Gabarito
01.Certo / 02.B
140
SANTIN, S. Reflexões antropológicas sobre a educação física e o esporte escolar. In: Educação física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Ed. Unijuí,
1987.
02.Respostas: B
O esporte moderno nasceu na Europa, especificamente na Inglaterra no século XVIII, através de um
processo de transformação de jogos e passatempos tradicionais em que escolas e clubes ingleses tiveram
papel relevante.
O esporte não surgiu por acaso, surgiu em paralelo a uma nova forma e estrutura social impulsionada
pela revolução francesa, a revolução industrial, etc. que moldou a mentalidade e funcionamento das
pessoas da época.
COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO
A Educação Física escolar, por meio de suas atividades esportivas, consolidou uma visão de que não
se pode viver, ou sobreviver, sem competição. “A competição é realmente inerente ao homem, isto posto
não queremos renegá-la e/ou retirá-la do convívio de nossos alunos, temos sim que repensar os
conteúdos e estratégias nas aulas de Educação Física...”.141
Tanto Brown142 quanto Brotto143 identificam outras concepções também fortemente aceitas por grande
parte dos professores de Educação Física:
- A competição não vai ser eliminada;
- Sem competição não tem graça;
- Os resultados são melhores na competição, porque cada um dá mais de si;
- A competição pode ser boa se for sadia.
A Educação Física escolar, influenciada pelo esporte de rendimento, incorpora facilmente a ideia da
competição. Lovisolo144 afirma que o esporte não pode ser negado à escola nem aos alunos, porque ele
é representante e componente da nossa cultura, e com ele a competição: “considero que a competição
que se expressa em ganhar e perder é a alma do esporte” e “creio, portanto, que se há atividade esportiva
na escola, algum grau de competição estará presente”.
Freire145 também acredita que negar a competição é o mesmo que eliminar o esporte da Educação
Física e considera “ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca
competir”.
Outros autores, mesmo discordando da pura reprodução do esporte de rendimento na Educação Física
escolar, encontram aspectos positivos para o ensino e a vivência da competição no processo educacional.
Acreditam que se pode estabelecer uma ressignificação do seu sentido ou uma transição do modelo de
competição tradicional para outros inovadores, incorporando valores mais humanos.
Entendemos ser necessário rever e reformular essas concepções a respeito da competição, tão aceitas
e difundidas na Educação Física escolar. Uma contribuição importante vem da biologia, por intermédio
141
CORREIA, M. M. Jogos Cooperativos Perspectivas, Possibilidades e Desafios na Educação Física Escolar. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v.27.
142
BROWN, G. Jogos cooperativos: teoria e prática. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal.
143
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação.
144
LOVISOLO, H. Mediação: esporte rendimento e esporte da escola. Revista Movimento. Porto Alegre, ano VII, n. 15.
145
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. 4. ed. São Paulo: Scipione.
Darido150 apresenta os jogos cooperativos como uma nova tendência na Educação Física e afirma que
eles “se constituem numa proposta diferente das demais” ao valorizar a cooperação em lugar da
competição. Sugere um aprofundamento nas análises filosóficas e sociológicas e dos efeitos do
capitalismo sobre a competição e cooperação na sociedade contemporânea em relação ao jogo. Mesmo
assim, considera-a uma proposta interessante, porque busca a formação de valores mais humanitários e
por acreditar ser possível de ser implementada e concretizada no cotidiano escolar.
Correia151, elaborando um projeto pedagógico para uma escola municipal do estado do Rio de Janeiro,
incluiu a proposta dos jogos cooperativos como uma tendência; porque essa se compatibilizava com as
concepções holísticas e os princípios da cooperação, da inclusão e da coeducação que pretendia
desenvolver.
Brotto152 relata uma série de trabalhos com jogos cooperativos que vem sendo desenvolvidos no Brasil,
tais como:
- Programa semestral de jogos cooperativos aberto à comunidade universitária, na Universidade de
São Paulo (USP);
- A publicação do livro: Jogos cooperativos: teoria e prática, de Brown, em 1995;
- I Encontro Jogos Cooperativos e Jogos Essenciais em 1994;
- I Clínica de Jogos Cooperativos: educando para a Uni-diversidade em 1995;
- A publicação do livro: Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar, do
próprio Brotto, em 1995 e sua reedição em 2000;
- A inclusão dos jogos cooperativos no Programa do Esporte Educacional do Instituto Nacional de
Desenvolvimento do Esporte (Indesp) em 1995;
- Lançamento da Revista Jogos Cooperativos ocorrido em 2001.
146
MATURANA. H. R. Emoções e linguagem na educação e política. Belo Horizonte: UFMG.
147
BROWN, G. Jogos cooperativos: teoria e prática. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal.
148
MATURANA. H. R. Emoções e linguagem na educação e política. Belo Horizonte: UFMG.
149
BERTRAND, Y. Por uma competência ecossocial nova. In: BERTRAND, Y. Teorias contemporâneas da educação. 2. ed. Lisboa: Instituto Piaget.
150
DARIDO, S. C. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, 2001.
151
CORREIA, M. M. Jogos cooperativos na escola: possibilidades e desafios na Educação Física escolar. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação e Letras,
UNIG, Nova Iguaçu, 2004.
152
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2002.
Jogos Cooperativos
Os jogos cooperativos não são uma manifestação cultural recente, nem tampouco uma invenção
moderna. Podem ser encontrados em algumas as “escavações arqueológicas”. A essência dos jogos
cooperativos “começou há milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para
celebrar a vida”. O mais destacado arqueólogo dos jogos cooperativos, Orlick153, entende que “eles
representam o início de jogos com mais oportunidades, sem violações físicas ou psicológicas”.
A arqueologia e a sistematização feitas por Orlick mostram que os jogos perpetuados por determinadas
sociedades refletem e repassam valores éticos, culturais e morais. A partir disso apresenta os jogos
cooperativos como uma atividade física essencialmente baseada na cooperação, na aceitação, no
envolvimento e na diversão, tendo como propósito mudar as características de exclusão, seletividade,
agressividade e de exacerbação da competitividade predominantes na sociedade e nos jogos tradicionais.
“O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a
interação cooperativa prazerosa”.
Orlick encontra indícios desses jogos em diversas sociedades e comunidades primitivas que se
consolidaram e sobreviveram fundadas na cooperação.
Segundo o autor, os Inwit, esquimós do norte do Canadá, desconheciam o conceito de propriedade
privada e a organização social era como a de uma grande família. Quando alguns caçadores conseguiam
alimento além do necessário para sua família, o excedente era compartilhado com os outros que não
tinham tido a mesma sorte. A relação desse povo com a terra era oposta à que conhecemos: “as pessoas
pertenciam à terra e não a terra às pessoas”. Essa relação com a terra e com os semelhantes era refletida
em seus jogos e brincadeiras, que eram cooperativos e não-competitivos.
Outros povos, como os Aborígenes australianos, os Tasaday africanos, Arapesh da Nova Guiné e os
Kanela brasileiros, mantêm rituais e jogos que refletem um tipo de vida cooperativa.
Entre os Arapesh da Nova Guiné, cujo ideal social é o bem-estar comunitário, a alteridade é um valor
de grande importância e as crianças aprendem desde cedo com os adultos a não machucar os outros,
em seus jogos prevalece a não-competitividade.
Por exemplo, no takertak, jogo dos Tangus da Nova Guiné, duas equipes de jogadores e ao redor de
uma área com diversas estacas fincadas no chão devem arremessar seus chapéus com o objetivo de
empatar a “disputa”. Assim, quando um membro da equipe acerta uma estaca, os demais devem
arremessar o chapéu nos espaços vazios entre as estacas, estabelecendo uma nova dificuldade para a
equipe que está à frente. Segundo Orlick, esse tipo de jogo reflete uma “equivalência moral, também
refletida na partilha equitativa de gêneros alimentícios entre o povo”.
Podemos acrescentar à arqueologia de Orlick, aqui no Brasil, situações curiosas ocorridas nos jogos
dos povos indígenas que exprimem a tentativa de preservação das características dos jogos de diversas
etnias. Na visão dos índios, expressa por Terena154, “o importante não é competir, e sim celebrar”. A
celebração é extremamente valorizada e os índios buscam manifestar a alegria e o amor pela vida e pela
natureza.
Em contraponto, no material disponibilizado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e no trabalho de
Monteiro155, observa-se uma tentativa de esportivização dos jogos indígenas. A introdução da premiação,
as limitações de participantes e a padronização do esporte de rendimento são levadas para esse evento,
gerando fatos curiosos na visão da Funai. Por exemplo, um grupo de índios foi chamado várias vezes
pelo alto-falante para receber as medalhas referentes a uma vitória obtida numa prova de atletismo, mas
ignorou o chamado e a premiação, dando preferência ao almoço que os esperava. Em outro exemplo,
uma corredora da tribo Kanela não rompeu a fita colocada para determinar a linha de chegada e continuou
correndo, pois para ela o importante é correr, celebrar. Vê-se nesses episódios o confronto de valores de
153
ORLICK, T. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro.
154
TERENA, C. J. O importante não é competir, e sim celebrar. In: BRASIL. Jogos dos povos indígenas. Brasília: Fundação Nacional do Índio.
155
MONTEIRO, J. C. P. Corpo e cultura de movimento indígena do ritual à esportivização. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, XII, 14-19 set.
2003. Caxambu. Anais... Caxambu, 2003.
[...] O resultado final será a mescla do número de gols, como o de escanteios, o de jogadas
consideradas belas e atitudes dignas de registro. Os dois times se reunirão para o proclamar e ambos
comemorarão o fato de terem feito o espetáculo, aproveitando para verificar em que pontos melhoraram.
Atualmente, na Espanha está surgindo uma nova concepção para a Educação Física, a qual inclui os
jogos cooperativos: “Educação Física para a Paz”. Essa nova concepção surge de uma inter-relação das
características específicas da área com os princípios filosóficos de um projeto maior chamado Educação
para a Paz. Para conduzir esse projeto da educação para a paz e da Educação Física, Callado156 propõe
“potencializar a prática de jogos cooperativos”, pois considera que as atividades cooperativas são um dos
principais pilares dessa proposta: a cooperação aprende-se cooperando.
Oliveras157 apresenta os jogos cooperativos como capazes de diminuir as manifestações de atitudes
agressivas e capazes de aproximar as pessoas umas das outras e também da natureza, em função de
suas características. Essas são:
- Não valorizar o fato de ganhar ou perder;
- Evitar a eliminação dos participantes, procurando manter todos inclusos até o fim do jogo;
- Procurar facilitar o processo criativo, com a flexibilização das regras;
- Buscar evitar estímulos à agressividade e ao confronto individual ou coletivo.
No Brasil, procurando fazer uma interface dos jogos cooperativos com a pedagogia do esporte,
Brotto158 propõe uma mudança para tornar o esporte menos competitivo e excludente, ou seja,
“caracterizando-os como um exercício de convivência fundamental para o desenvolvimento pessoal e
para a transformação”. Descreve também as características de uma “Ética Cooperativa: contato, respeito
156
CALLADO, C. V. Educación Física para la paz. Una proposta possible. Lecturas: Educación Física y Desportes. Buenos Aires, Ano 7, n. 36. 2001. Revista digita
157
OLIVERAS, E. P. Juegos Cooperativos: Juegos para el Encuentro. Lecturas: Educación Física y Desportes. Buenos Aires, 1998, ano 3, n. 9. Revista digital.
158
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2002.
Destaca-se ainda no trabalho de Brown uma forte relação do jogo cooperativo ou competitivo com as
questões políticas das classes socialmente desfavorecidas. Como professores e de acordo com o autor,
“uma de nossas tarefas é educar para não aceitar passivamente a injustiça” e “como educadores temos
que transmitir outros valores. Podemos oferecer a alternativa da solidariedade e do senso crítico diante
do egoísmo e da resignação”. Com essa perspectivas os jogos cooperativos ganham um papel bastante
transformador e, possivelmente, revolucionário.
Certamente, Orlick, Brown e Brotto são as principais referências sobre jogos cooperativos, mas novos
trabalhos vêm sendo elaborados a partir desses autores.
Adiante, esboça-se um breve perfil de como a proposta dos jogos cooperativos está desdobrando-se
na escola e, mais especificamente, no ensino fundamental.
Com os jogos cooperativos, a Educação Física escolar pode enxergar com muito mais facilidade a
integralidade do ser humano e a necessidade de trabalhar valores tais como a solidariedade, a liberdade
responsável e a cooperação.
Conforme Soler159, as aulas de Educação Física são espaços privilegiados para desenvolverem-se
relações desse tipo. Nesse sentido, os jogos cooperativos podem ser um aliado fundamental, pois a
cooperação pode ser aprendida assim como a competição o foi. O autor afirma que os jogos cooperativos
têm um grande potencial no trabalho com alunos portadores de necessidades especiais. Esses jogos
“têm como característica integrar todos, e ninguém se sente discriminado”.
Salvador et al.160, entendendo a realidade social baseada na divisão de classes com objetivos
diferentes e antagônicos, buscaram reestruturar suas práticas pedagógicas com um projeto que pudesse
interferir nesse contexto. Elegeram os jogos cooperativos como atividade para oferecer aos alunos
experiências e mudanças comportamentais em relação ao contexto e à realidade em que viviam.
Encontraram nos jogos cooperativos uma forma de discutir, nas aulas de Educação Física, outras formas
de relações de poder, de regras, de convivência e de jogar.
Um trabalho mais elaborado e aprofundado é o de Cortez161. A autora identificou, em um grupo de
alunos da 3ª série do ensino fundamental, as mudanças ocorridas no nível de satisfação, alegria,
autoestima, integração e competição a partir da introdução de um programa de jogos cooperativos. Para
ela, as crianças gostaram da experiência com os jogos cooperativos e demonstraram alegria e satisfação
a maior parte do tempo, além de muita vontade e empenho para solucionar imprevistos e dificuldades na
execução das atividades. Observou, ainda, as seguintes categorias de comportamentos e atitudes
durante o trabalho com jogos cooperativos: ação aleatória, interação social, o papel do desafio no “fluir”,
pensamento reflexivo/solução de problemas e cooperação.
Ação aleatória: nos momentos em que as crianças ainda não incorporaram ou compreenderam os
objetivos cooperativos do novo jogo, elas atuam de forma competitiva, apresentando comportamentos
individualizados, agressivos e pouco cooperativos. Ganhar ainda é importante e as crianças apresentam
um grau médio de satisfação e alegria.
159
SOLER, R. Jogos cooperativos. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
160
SALVADOR, M. A. S.; TROTTE, S. M. S. Jogos cooperativos: uma estratégia essencial da cultura corporal nas escolas públicas. ENCONTRO FLUMINENSE DE
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, V, Niterói, Anais... Niterói, 23-24 jun. 2001. Universidade Federal Fluminense – Departamento de Educação Física.
161
CORTEZ, R. do N. C. Sonhando com a magia dos jogos cooperativos. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Biociências, Unesp, Rio Claro.
162
CORREIA, M. M. Jogos cooperativos na escola: possibilidades e desafios na Educação Física escolar. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação e Letras,
UNIG, Nova Iguaçu, 2004.
163
DARIDO, S. C. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, 2001.
164
CORREIA, M. M. Jogos cooperativos na escola: possibilidades e desafios na Educação Física escolar. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação e Letras,
UNIG, Nova Iguaçu, 2004.
165
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
Questões
01. (SEDUC/CE - Professor Pleno I - CESPE). No que diz respeito à combinação entre competição e
cooperação, assinale a opção correta.
(A) Associar competição e cooperação, como ocorre em esportes coletivos, pode apresentar
contradições: a atividade é competitiva, mas os participantes são cooperativos.
(B) Mesmo associadas, competição e cooperação são opostas e independentes, a exemplo da
situação em que há cooperação no grupo para vencer o jogo, mas há competição para obter a posse de
bola.
(C) A combinação de competição e cooperação focada na melhoria de resultados físicos, emocionais
e sociais incentiva a superação de desafios, porém aumenta a rivalidade, uma vez que se procura
assegurar que o desempenho do outro não seja bom.
(D) Um método para a combinação de competição e cooperação consiste em utilizar a competição
entre grupos, que favorece a cooperação intergrupal, apesar dos inconvenientes da competição
interpessoal.
(E) Na combinação entre competição e cooperação, o objetivo pelo qual se compete é mais importante
que as pessoas, sejam companheiros, sejam adversários.
Gabarito
01.A / 02.D
01. Resposta: A
Nos jogos cooperativos surgem um espaço e um momento para que as crianças aprendam a pensar
e agir uns com os outros, de forma diferente da que estão acostumadas nas atividades competitivas.
02. Resposta: D
Conforme Soler, as aulas de Educação Física são espaços privilegiados para desenvolverem-se
relações desse tipo. Nesse sentido, os jogos cooperativos podem ser um aliado fundamental, pois a
cooperação pode ser aprendida assim como a competição o foi. O autor afirma que os jogos cooperativos
têm um grande potencial no trabalho com alunos portadores de necessidades especiais. Esses jogos
“têm como característica integrar todos, e ninguém se sente discriminado”.
ESPORTES COLETIVOS
Atletismo166
O atletismo é uma modalidade esportiva, que vem crescendo a cada dia, e que tem que ser trabalhada
continuamente para o crescimento psicomotor, indo além da perspectiva comum de formar atletas. As
regras e as modalidades do atletismo podem ser tratadas de forma recreativas, resultando em fatores
importantes para o anseio dos próprios alunos e terá êxito se o profissional tiver os planos de aulas
pensados para que as aulas lúdicas de atletismo sejam realizadas, resultando assim no prazer pelo
esporte. O tema desta pesquisa foi “ensinamentos das modalidades de atletismo”, para alunos no ensino
fundamental, em uma escola privada da cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina. Justificou-se este
tema por se observar que a modalidade de atletismo tem sido deixada de lado nas opções de conteúdo
para as aulas de Educação Física, tanto pelos alunos, quanto pelos professores. Foram realizadas
pesquisa com alunos em escolas do Rio Grande do Sul e São Paulo, respectivamente e concluíram que
os escolares sentiram e praticaram com interesse e entusiasmo o atletismo, uma vez que o aspecto lúdico
foi constante. Além de melhorarem significativamente seu desempenho motor e qualidades físicas
percebendo que existem outras possibilidades de aprendê-lo e vivenciá-lo. Para tanto, esta pesquisa teve
como objetivo geral verificar se as crianças e adolescentes reconhecem a modalidade atletismo como
conteúdo nas aulas de Educação Física. Os objetivos específicos foram: averiguar se os alunos gostam
da modalidade atletismo; constatar quais os motivos das crianças preferirem outras modalidades e não o
atletismo; e observar se há interesse em praticar esta modalidade nas aulas de Educação Física. Além
de trabalhar as atividades do próprio atletismo, é importante evidenciar a participação dos próprios alunos
dentro das atividades esportivas, deixando de lado a exclusão social e racial, onde todos possam
participar das atividades propostas pelos professores.
Neste sentido, a pergunta problema foi: por que os alunos de Educação Física de hoje preferem outras
modalidades esportivas e não o atletismo?
Futebol
O futebol é o esporte mais popular do planeta. Ele é jogado em todos os países nos mais diferentes
níveis. As Regras do Jogos são as mesmas praticadas pelo mundo afora, desde a final da Copa do Mundo
FIFA™ até uma partida entre crianças em um pequeno vilarejo.
O fato de as mesmas Regras serem aplicadas nas partidas de todas as confederações, países, cidades
e vilas ao redor do mundo é um forte fator para que a unidade das regras seja preservada. É também
uma oportunidade que deve ser aproveitada para o bem do futebol em todos os lugares.
O futebol deve ser praticado com base em Regras que propiciem o jogo limpo (Fair Play), pois um pilar
crucial da beleza do “jogo bonito” é a sua legitimidade – esta é uma característica vital do “espírito” do
jogo. Os melhores jogos são aqueles em que o árbitro é raramente requisitado, bem como aquele em que
os jogadores o disputam sempre com respeito aos demais jogadores, aos árbitros e às Regras.
A integridade das Regras, e dos árbitros que as aplicam, deve sempre ser protegida e respeitada.
Todos aqueles que possuem alguma autoridade, especialmente treinadores e os capitães das equipes,
devem ter a clara responsabilidade durante a partida de respeitar os árbitros bem como suas decisões.
Vôlei
Voleibol é um dos esportes mais populares e bem-sucedidos no mundo, tanto na sua forma competitiva
quanto recreativa. É rápido, excitante e a ação é explosiva. O Voleibol compreende uma série de
elementos sobrepostos os quais suas interações complementares o tornam único dentre os jogos
disputados por rally.
O Basquetebol é um esporte coletivo jogado por duas equipes de 5 jogadores cada. O objetivo do jogo
de Basquetebol é marcar pontos jogando a bola na cesta defendida pela equipe adversária.
De acordo com as Regras do Basquetebol uma quadra de Basquete tem 28 metros de comprimento
por 15 metros de largura.
Os equipamentos básicos para um jogo de Basquetebol são: tabela de basquete com aro e suporte,
bola de basquetebol, cronômetro e um quadro para marcação do placar e de faltas.
Uma equipe de Basquetebol é formada por no máximo 12 jogadores, sendo 5 em quadra e até 7
reservas.
Um treinador, um treinador auxiliar e até 5 membros na comissão técnica
Qual a função do treinador de uma equipe de Basquetebol?
Entregar ao anotador uma lista com os nomes e números dos jogadores de sua equipe pelo menos 20
minutos antes do início da partida
Ficar em pé e falar com seus jogadores sem sair da área do banco de reservas
Qual a duração de uma partida de Basquetebol?
Uma partida de Basquetebol é dividida em 4 períodos de 10 minutos cada. Se ao final do último quarto
período o jogo estiver empatado, haverá uma prorrogação de 5 minutos e quantas forem necessárias até
que o jogo tenha um vencedor.
Pedido de tempo no Basquetebol é uma interrupção do jogo solicitada pelo treinador de uma equipe e
tem duração de 1 minuto.
As Faltas no Basquetebol
Faltas são infrações as regras do Basquetebol referentes a um contato físico ou atitude antidesportiva.
De acordo com as Regras do Basquetebol se um jogador que cometer 5 faltas deve ser informado por
um árbitro e deve abandonar o jogo de imediato. Deve ser substituído em até 30 segundos. ”
Faltas de Equipe
Uma falta de equipa são todas as faltas pessoais, técnicas, antidesportivas ou desqualificantes
cometida por um jogador.
Uma equipa incorre numa situação de penalidade de faltas de equipa quando tenha cometido 4 faltas
de equipa num período.
Quando uma equipa incorre numa situação de penalidade de faltas de equipa, todas as faltas pessoais
subsequentes, cometidas por seus jogadores sobre um adversário que não esteja em ato de arremesso,
devem ser penalizadas com 2 lances livres, em vez de uma reposição de bola.
Regulamento (FIBA)
- Início do jogo: o Jogo começa com o lançamento da bola ao ar, pelo árbitro, entre dois jogadores
adversários no círculo central e esta só pode ser tocada quando atingir o ponto mais alto. A equipe que
não ganhou a posse de bola fica com a seta a seu favor.
- Duração do jogo: quatro períodos de 10 minutos de tempo útil cada (Na NBA, são 12 minutos), com
um intervalo de meio tempo entre o segundo e o terceiro período com uma duração de 15 minutos, e com
intervalos de dois minutos entre o primeiro e o segundo período e entre o terceiro e o quarto período. O
cronómetro só avança quando a bola se encontra em jogo, isto é, sempre que o árbitro interrompe o jogo,
o tempo é parado de imediato.
Andebol (português europeu) ou handebol (português brasileiro) (do inglês handball) é uma
modalidade desportiva criada pelo alemão Karl Schelenz, em 1919 — embora se baseasse em outros
desportos praticados desde fins do século XIX, na Europa setentrional e no Uruguai. O jogo inicialmente
era praticado na relva em um campo similar ao do futebol com dimensões entre 90m a 110m de
comprimento e entre 55m a 65m de largura, a área de baliza (gol em português do Brasil) com raio de
13m, a baliza com 7,32 m de largura por 2,44 m de altura (a mesma usada no futebol), e era disputado
por duas equipas de onze jogadores cada, sendo a bola semelhante à usada na versão de sete jogadores.
Hoje em dia a maioria dos jogadores pratica apenas o andebol de sete.
168
Regras de Jogo
A Duração da Partida
2:1 A duração normal de uma partida para todas as equipes com jogadores de idade igual ou acima
de 17 anos é de 2 tempos de 30 minutos. O intervalo de jogo é normalmente de 10 minutos. O intervalo
de jogo para Campeonatos Mundiais deverá ser de 15 minutos. A duração normal da partida para equipes
de adolescentes com idade entre 12 e 16 anos e de 2 x 25 minutos, e no grupo de idade entre 8 e 12
anos o tempo é de 2 x 20 minutos. Em ambos os casos, o intervalo de jogo é de, normalmente, 10 minutos.
2:2 Uma prorrogação (tempo extra) será jogada após 5 minutos de intervalo, caso uma partida acabar
empatada e um vencedor tenha que ser determinado. A prorrogação consiste de 2 períodos de 5 minutos,
com um intervalo de 1 minuto. Se a partida continuar empatada depois do primeiro tempo extra, um
segundo tempo extra será jogado após um intervalo de 5 minutos. Este segundo tempo extra também
tem dois períodos de 5 minutos com intervalo de 1 minuto. Se a partida continuar empatada, o vencedor
será determinado de acordo com o regulamento particular da competição. No caso em que a decisão for
usar o tiro de 7 metros como desempate para conhecer o vencedor, os procedimentos indicados a seguir
devem ser seguidos.
Sinal de Término
2:3 O tempo de jogo começa com o apito do árbitro autorizando o tiro de saída inicial. O tempo de jogo
acaba com o sinal de término automático do placar ou do cronometrista. Se o sinal sonoro não soar, os
árbitros apitam para indicar que o tempo de jogo terminou (17:9).
2:4 As infrações e atitudes antidesportivas que acontecerem antes ou simultaneamente ao sinal de
término (seja no intervalo, final de jogo e também no período extra) também serão punidas, se o resultado
do tiro livre (segundo a Regra 13:1) ou tiro de 7 metros não pode ser executado até o final do sinal.
Similarmente, o tiro deve ser recobrado, se o sinal de término (seja no intervalo, final de jogo e também
no período extra) soar precisamente quando um tiro livre ou tiro de 7 metros estiver sendo executado ou
quando a bola já estiver no ar.
Em ambos os casos, os árbitros somente finalizam o jogo depois que o tiro livre ou tiro de 7 metros
tenha sido cobrado (ou recobrado) e o seu resultado imediato tenha sido estabelecido.
2:5 Durante os tiros livres cobrados (ou recobrados) de acordo com a Regra 2:4, se aplicam algumas
restrições especiais com relação as posições dos jogadores e substituições. Como uma exceção na
flexibilidade normal para as substituições indicadas na Regra 4:4, a única substituição de jogador
permitida será para um jogador da equipe atacante. As violações serão penalizadas segundo a Regra
4:5, 1º parágrafo. Além do mais, todos os companheiros do executante devem estar posicionados a pelo
menos 3 metros de distância dele, além de se posicionarem do lado de fora da linha de tiro livre da equipe
adversária (13:7, 15:6, ver também Esclarecimento Nº 1). As posições dos jogadores defensores estão
indicadas na Regra 13:8.
2:6 Os jogadores e os oficiais de equipe são passíveis de receber punições disciplinares pelas
infrações ou condutas antidesportivas que acontecerem durante a execução de um tiro livre ou tiro de 7
metros nas circunstâncias descritas nas Regras 2:4-5. Uma infração cometida durante de tais tiros não
pode, contudo, implicar um tiro livre contra.
2:7 Se os árbitros determinam que o cronometrista apitou o sinal de término (para o intervalo, final de
jogo ou período extra) muito cedo, eles devem manter os jogadores na quadra e jogar o tempo restante.
A equipe que estava com a posse de bola no momento do sinal prematuro permanecerá com a posse
quando o jogo recomeçar. Se a bola estava fora de jogo, então o jogo será recomeçado com o tiro
respectivo à situação. Se a bola estava em jogo, então a partida será reiniciada com um tiro livre, conforme
as Regras 13:4a-b. Se o primeiro período de jogo (ou período extra) for terminado muito tarde, o segundo
período deve ser encurtado correspondentemente. Se o segundo período da partida (ou período extra)
terminou muito tarde, então os árbitros não estão em condições de mudar mais nada.
Time out
2:8 Um time out é obrigatório quando:
a) uma exclusão por 2 minutos ou uma desqualificação for aplicada;
b) um tempo técnico for concedido;
c) houver um sinal de apito do cronometrista ou do Delegado técnico;
d) consultas entre os árbitros forem necessárias, conforme a Regra 17:7.
Um time out normalmente também será dado em outras ocasiões, dependendo das circunstâncias (ver
Esclarecimento nº 2).
Regra 3 - A BOLA
3:1 A bola é feita de couro ou material sintético. Ela deve ser esférica. Sua superfície não pode ser
brilhante nem escorregadia (17:3).
3.2. As medidas da bola, ou seja, a circunferência e o peso, a ser utilizada pelas distintas categorias
de equipes são as seguintes:
- 58 - 60 cm e 425 - 475 g (tamanho 3 da I.H.F.), para homens e equipes juvenis masculinas (acima
de 16 anos).
- 54 - 56 cm e 325 a 375 g (tamanho 2 da I.H.F.), para mulheres, equipes juvenis femininas (acima de
14 anos) e equipes masculinas adolescentes (com idade entre 12 e 16 anos).
- 50 - 52 cm e 290 - 330 g (tamanho 1 da I.H.F.), para equipes femininas de crianças (8 e 14 anos) e
equipes masculinas de crianças (entre 8 e 12 anos).
3:3 Para cada partida, deve haver pelo menos duas bolas disponíveis. As bolas reservas devem estar
disponíveis na mesa de controle para uso imediato durante o jogo. As bolas devem estar de acordo com
os requisitos das Regras 3:1-2
3:4 Os árbitros decidem quando usar a bola reserva. Em tais casos, os árbitros deveriam colocar a
bola reserva em jogo rapidamente, para minimizar interrupções e evitar time - out.
A Equipe
4:1 Uma equipe consiste em até 16 jogadores.
Não mais do que 7 jogadores podem estar presentes na quadra de jogo ao mesmo tempo. Os demais
jogadores são suplentes.
Durante todo o tempo de jogo, a equipe deve ter um dos jogadores identificado como goleiro. Um
jogador que estiver identificado como goleiro pode se tornar um jogador de quadra a qualquer momento
(observar, contudo, Regra 8:5 Comentário, 2° parágrafo). Similarmente, um jogador de quadra pode se
tornar um goleiro (ver, contudo, Regras 4:4 e 4:7).
No início da partida, uma equipe deve ter pelo menos 5 jogadores em quadra.
O número de jogadores da equipe pode ser aumentado até 14 em qualquer momento durante a partida,
incluindo o período extra.
A partida pode continuar mesmo se uma equipe ficar reduzida a menos de 5 jogadores na quadra.
Depende dos árbitros julgarem se e quando uma partida deveria ser definitivamente suspensa. (17:12).
4:2 À uma equipe, é permitido utilizar um máximo de 4 oficiais de equipe em uma partida. Estes oficiais
de equipe não podem ser substituídos durante o curso da partida. Um deles deve ser designado como
“oficial responsável pela equipe”. Somente este oficial tem permissão para se dirigir ao
secretário/cronometrista e, possivelmente, aos árbitros (ver, contudo, Esclarecimento nº 3: Tempo
Técnico).
Normalmente, um oficial de equipe não tem permissão para entrar na quadra durante a partida. Uma
violação a esta regra será penalizada como conduta antidesportiva (ver Regras 8:7, 16:1b, 16:3d y 16:6c).
A partida será reiniciada com um tiro livre para o adversário (13:1a-b; ver, contudo, Esclarecimento nº 7).
Uma vez que a partida começou, o “oficial responsável pela equipe” deve assegurar-se que, na zona
de substituição nenhuma outra pessoa além dos (máximo 4) oficiais da equipe registrados e os jogadores
autorizados a jogar (ver 4:3) estejam presentes nessa área. Uma infração a esta regra implica uma
punição progressiva para o “oficial responsável pela equipe” (16:1b, 16:3d e 16:6c)
Substituições de jogadores
4:4 Os jogadores suplentes podem entrar na quadra a qualquer momento e repetidamente, sem avisar
o secretário/cronometrista (ver, contudo, Regra 2:5), desde que os jogadores que eles vão substituir já
tenham saído da quadra (4:5).
Os jogadores envolvidos na substituição, devem sempre sair e entrar na quadra através da sua própria
zona de substituição (4:5). Estas prerrogativas também se aplicam para a substituição dos goleiros (ver
também 4:7 e 14:10).
As regras de substituições também se aplicam durante um time out (exceto durante um tempo técnico).
4:5 Uma falta de substituição deverá ser penalizada com uma exclusão de 2 minutos para o jogador
infrator. Se mais de um jogador da mesma equipe cometer uma falta de substituição na mesma situação,
somente o primeiro jogador que cometeu a infração será penalizado.
A partida será reiniciada com um tiro livre para os adversários (13:1a-b; ver, contudo, Esclarecimento
nº 7)
4:6 Se um jogador adicional entrar na quadra sem fazer uma substituição, ou um suplente interferir
ilegalmente no jogo a partir da área de substituição, deverá haver uma exclusão de 2 minutos para tal
jogador. Assim, esta equipe deve reduzir um jogador da quadra pelos próximos 2 minutos (além disso, o
jogador adicional que entrou na quadra deve sair).
Se um jogador entrar na quadra enquanto estiver cumprindo uma exclusão de 2 minutos, ele deverá
receber uma exclusão de 2 minutos adicional. Esta exclusão deve começar imediatamente, e a equipe
deve ser reduzida na quadra em mais um jogador que cumprirá o tempo que faltava na primeira exclusão.
Em ambos os casos, a partida será reiniciada com um tiro livre para os adversários (13:1a-b; ver,
contudo, Esclarecimento nº 7).
Equipamentos
4:7 Todos os jogadores de quadra de uma equipe devem vestir uniformes idênticos. As combinações
de cores e desenhos para as duas equipes devem ser claramente distinguíveis umas das outras. Todos
os jogadores utilizados na posição de goleiro numa equipe devem vestir a mesma cor, uma cor que os
diferenciem dos jogadores de quadra de ambas as equipes bem como do (s) goleiro (s) da equipe
adversária (17:3).
4:8 Os jogadores devem utilizar números visíveis que meçam, pelo menos, 20 cm de altura nas costas
da camisa e pelo menos 10 cm na frente. Os números utilizados deverão ser de 1 a 99. Um jogador que
está trocando sua posição entre jogador de quadra e goleiro, deve utilizar o mesmo número em ambas
as posições.
As cores dos números devem contrastar claramente com as cores e desenhos da camisa.
4:9 Os jogadores devem utilizar calçados esportivos.
Não é permitido utilizar objetos que possam ser perigosos para os jogadores. Isto inclui, por exemplo,
proteção para a cabeça, máscara no rosto, braceletes, pulseiras, relógios, anéis, piercings visíveis,
colares ou gargantilhas, brincos, óculos sem tiras de sustentação ou com armação sólida ou qualquer
outro objeto que possa ser perigoso (17:3).
Anéis achatados, brincos pequenos e piercings visíveis podem ser autorizados, desde que sejam
cobertos com uma fita, de modo que eles não sejam julgados como perigosos para os jogadores. Faixas,
panos para a cabeça e braceletes de capitão são permitidos desde que sejam confeccionados com
material elástico e macio.
Os jogadores que não cumprirem estes requisitos não estarão autorizados a participar da partida até
que o problema tenha sido corrigido.
Regra 5 - O GOLEIRO
É permitido:
5:1 Tocar a bola com qualquer parte do corpo, sempre que estiver numa tentativa de defesa, dentro
de sua área de gol.
5.2 Mover-se com posse de bola dentro da área de gol, sem estar sujeito às restrições aplicadas aos
jogadores de quadra (Regras 7:2-4; 7:7). No entanto, o goleiro não tem permissão de atrasar a execução
do tiro de meta (Regras 6:4-5, 12:2 e 15:5b).
5:3 Sair da área de gol sem a bola e participar da partida na área de jogo; ao fazê-lo, o goleiro se
sujeitará às mesmas regras aplicadas aos jogadores na área de jogo (exceto na situação descrita na
Regra 8:5 Comentário, 2° parágrafo)
Considera-se que o goleiro está fora da área de gol tão logo qualquer parte de seu corpo toque o solo
pelo lado de fora da linha da área de gol.
5:4 Sair da área de gol com a bola, e jogá-la de novo na área de jogo, se ele não tiver o completo
controle da mesma.
Não é permitido:
5:5 Colocar em perigo o adversário em qualquer tentativa defensiva (8:3, 8:5, 8:5, Comentário, 13:1b).
5:6 Sair da área de gol com a bola controlada; isto implica um tiro livre (de acordo com as Regras 6:1,
13:1a e 15:7, 3º parágrafo), se os árbitros já haviam apitado para a execução do tiro de meta. Em outros
casos, simplesmente se repete o tiro de meta (15:7, 2º parágrafo). (Ver, no entanto, a interpretação da
vantagem na Regra 15:7, quando o goleiro está para perder a bola fora da linha da área de gol depois de
ter cruzado a dita linha com a bola em suas mãos).
5:7 Tocar a bola que está parada ou rolando no solo do lado de fora da área de gol, estando ele dentro
da mesma (6:1, 13:1a).
5:8 Levar a bola para dentro da área de gol quando ela estiver parada ou rolando no solo do lado de
fora da área de gol (6:1, 13:1a).
5.9 Reentrar na área de gol vindo da área de jogo com posse de bola, (6:1, 13:1a).
5:10 tocar a bola com o pé ou com a perna abaixo do joelho quando ela estiver movendo-se para fora
em direção da área de jogo (13:1a). Se a bola estiver parada já será tiro de meta (fora de jogo).
5:11 cruzar a linha de limitação do goleiro (linha de 4 metros), ou sua projeção em ambos lados, antes
que a bola tenha saído da mão do adversário que esteja executando um lançamento de 7 metros (14:9).
6:7 Se um jogador lançar a bola dentro de sua própria área de gol, as decisões a tomar devem ser as
seguintes:
a) gol, se a bola entrar na baliza;
b) tiro livre, se a bola ficar dentro da área de gol ou se o goleiro tocar a bola e ela não entrar na baliza
(13:1a-b);
c) tiro lateral, se a bola sair pela linha de fundo (11:1);
d) o jogo continua, se a bola passar através da área de gol e voltar para a área de jogo, sem ser tocada
pelo goleiro.
6:8 A bola que retorna da área de gol para a área de jogo permanece em jogo.
Regra 7 - O MANEJO DA BOLA, JOGO PASSIVO
Ações Permitidas
8:1 É permitido:
a) usar uma mão aberta para tirar a bola de da mão de outro jogador;
b) usar os braços flexionados para fazer contato corporal com um adversário, e desta maneira controlá-
lo e acompanhá-lo;
c) usar o tronco para bloquear o adversário na luta pela posição.
8:2 Não é permitido:
a) arrancar ou golpear a bola que está nas mãos do adversário;
b) bloquear ou empurrar o adversário com braços, mãos ou pernas ou usar qualquer parte do corpo
para deslocá-lo ou empurrá-lo para fora da posição; isto inclui o uso perigoso dos cotovelos, seja em uma
posição de início ou em movimento;
c) agarrar um adversário (no corpo ou pelo uniforme), mesmo se permanecer livre para continuar o
jogo;
d) correr ou saltar sobre um adversário.
8:10 se os árbitros classificam uma conduta antidesportiva como extremamente grave, devem enviar
um relatório depois da partida, de forma tal que as autoridades desportivas possam tomar uma decisão
sobre medidas adicionais.
Regra 9 - O GOL
9:1 Um gol será marcado quando a bola ultrapassar completamente a linha de gol (ver figura nº 4),
desde que nenhuma infração às regras tenha sido cometida pelo arremessador ou por algum outro
jogador ou oficial de sua equipe, antes ou durante o arremesso. O árbitro de gol confirma a validade do
gol com dois apitos curtos e mostra ao mesmo tempo o gesto forma nº 12.
Um gol deve ser validado se houver uma violação das regras por um defensor, mas mesmo assim, a
bola entrar na baliza.
Não se pode validar um gol se um árbitro, o cronometrista ou o Delegado interromper o jogo antes que
a bola tenha cruzado completamente a linha de gol.
Deve-se validar um gol para a equipe adversária se um jogador lançar a bola para dentro de sua própria
baliza, exceto na situação que o goleiro esteja executando um tiro de meta (12:2 2º parágrafo).
9:2 Um gol que tenha sido validado não poderá ser anulado se o árbitro apitar para executar o tiro de
saída (ver, contudo, a Regra 2:9 Comentário)
Se o sinal de término soar imediatamente após se converter um gol, mas antes de que o tiro de saída
possa ser executado, os árbitros devem deixar bem claro que eles validaram o gol e que o tiro de saída
não será efetuado.
9.3 A equipe que marcar mais gols do que o adversário é a vencedora. O jogo será considerado
empatado se ambas as equipes marcarem o mesmo número de gols ou não converterem nenhum gol
(ver Regra 2:2).
13:7 Os jogadores da equipe executante não devem tocar nem cruzar a linha de tiro livre da equipe
adversária antes que o tiro livre tenha sido executado. Ver também a restrição especial segundo a Regra
2:5.
Os árbitros devem corrigir as posições dos jogadores da equipe executante que se encontram entre
as linhas de tiro livre e da área de gol antes da execução do tiro livre, se é que a posição incorreta tiver
influência no jogo (15:3, 15:6). Após esta correção, o tiro livre deverá ser executado na seqüência de um
apito (15:5b). O mesmo procedimento se aplica (Regra 15:7, 2º parágrafo) se alguns jogadores da equipe
executante ingressarem na área restrita durante a execução do tiro livre (antes que a bola tenha saído da
mão do executante), sempre e quando a execução do lançamento não foi precedida por um apito.
Nos casos onde a execução de um tiro livre tenha sido autorizada mediante um apito, e os jogadores
da equipe atacante tocarem ou cruzarem a linha de tiro livre antes que a bola tenha saído da mão do
executante, deverá haver um tiro livre favorável para a equipe defensora (Regra 15:7, 3º parágrafo;
13:1a).
13:8 Quando um tiro livre estiver sendo executado, os adversários devem manter uma distância de
pelo menos 3 metros do executante. Eles podem, no entanto, posicionarem-se imediatamente fora de sua
linha de área de gol se o tiro livre estiver sendo executado na sua própria linha de tiro livre. Interferir na
execução do tiro livre será sancionado de acordo com as Regras 15:9 e 8:7c.
14.3 Os árbitros podem solicitar um timeout quando concederem um tiro de 7 metros, porém, somente
quando houver um atraso substancial. Por exemplo, devido a uma substituição de goleiro ou do
executante e a decisão de solicitar um timeout estiver alinhada com os princípios e critérios estabelecidos
no Esclarecimento Nº 2.
O Executante
15:1 Antes da execução, o executante deve estar na posição correta descrita para o tiro em questão.
A bola deve estar na mão do executante (15:6).
Durante a execução, exceto no caso do tiro de meta, o executante deve ter uma parte de um pé em
constante contato com o solo, até que a bola tenha sido liberada. O outro pé pode ser levantado e apoiado
repetidamente (Ver também Regra 7:6). O executante deve permanecer na posição correta até que o tiro
tenha sido executado (15:7, 2º e 3º parágrafo)
15:2 Um tiro será considerado executado quando a bola sair da mão do executante (Ver, no entanto,
12:2). O executante não pode tocar a bola novamente até que ela tenha tocado outro jogador ou a baliza
(15:7, 15:8). Ver também outras restrições para a situação na Regra 14:6.
Um gol pode ser marcado diretamente de qualquer tiro, exceto um “gol contra” direto, através de um
tiro de meta (por exemplo, deixar a bola cair dentro de sua própria meta).
Os companheiros do executante
15:3 Os companheiros do executante devem ocupar as posições descritas para o tiro em questão.
(15:6). Os jogadores devem permanecer nas posições corretas até que a bola tenha saído da mão do
executante, exceto segundo Regra 10:3, 2º parágrafo.
Durante a execução, a bola não deve ser tocada por um companheiro nem entregue na mão do mesmo
(15:7, 2º e 3º parágrafos).
Os jogadores defensores
15:4 Os jogadores defensores devem ocupar as posições descritas para o tiro em questão e devem
permanecer nesta posição até que a bola tenha saído da mão do executante (15:9).
As posições incorretas por parte dos jogadores defensores em relação com a execução do tiro de
saída, tiro lateral ou tiro livre não devem ser corrigidas pelos árbitros se os jogadores atacantes não
estiverem em desvantagem por executarem o tiro imediatamente. Se houver uma desvantagem, então as
posições devem ser corrigidas.
Por questão de esclarecimento, o árbitro pode julgar apropriado, apitar para reiniciar o jogo em
qualquer outra situação.
A princípio, os árbitros não devem apitar para reiniciar o jogo a menos que (e até que) os requisitos
referentes as posições dos jogadores, segundo as Regras 15:1, 15:3 e 15:4, sejam cumpridos (ver, no
entanto, 13:7, 2º parágrafo e 15:4, 2º parágrafo). Se os árbitros apitam para ordenar a execução de um
tiro, apesar das posições incorretas dos jogadores, então estes jogadores estão completamente
autorizados a intervir.
Depois do apito, o executante deve jogar a bola dentro dos 3 segundos seguintes.
Punições
15:6 As violações cometidas pelo executante ou por seus companheiros antes da execução de um tiro,
tipicamente na forma de ocupar posições incorretas ou da bola ser tocada por um companheiro, deverão
ser corrigidas (Ver, contudo, 13:7, 2º parágrafo).
15:7 As consequências das violações cometidas pelo executante ou por seus companheiros de equipe
(15:1-3) durante a execução de um tiro, dependem principalmente se a execução foi precedida por um
apito ordenando o reinício.
Em princípio, qualquer infração ocorrida durante uma execução que não foi precedida por um apito de
reinício será controlada através de uma correção e uma repetição do tiro após um apito. No entanto,
Advertência
16:1 Uma advertência é a punição adequada para:
a) ações que devam ser sancionadas progressivamente (8:3, comparar, no entanto com 16:3b e
16:6d);
b) atitudes antidesportivas que devam ser sancionadas progressivamente (8:7).
16:2 O árbitro deverá comunicar a advertência ao jogador ou oficial infrator e ao
secretário/cronometrista mostrando um cartão amarelo (Gesto forma nº 13).
Exclusão
16:3 Uma exclusão (2 minutos) é a punição adequada para:
a) uma substituição errada, se um jogador adicional ingressa na quadra ou se um jogador interfere
ilegalmente no jogo a partir da zona de substituições (4:5-6); observar, no entanto, a Regra 8:10b (ii);
b) por infrações do tipo indicado na Regra 8:3, se o jogador e/ou sua equipe já havia recebido o número
máximo de advertências (ver 16:1);
c) por infrações do tipo indicado na Regra 8:4;
d) por atitude antidesportiva por parte de um jogador, tal como se indica na Regra 8:7, se o jogador
e/ou sua equipe já havia recebido o número máximo de advertências;
e) por atitude antidesportiva por parte de um oficial de equipe, tal como se indica na Regra 8:7, se um
oficial dessa equipe já havia recebido uma advertência;
f) por atitude antidesportiva de um jogador ou oficial de equipe, como se indica na Regra 8:8; ver
também 4:6;
g) como consequência de uma desqualificação de um jogador ou de um oficial de equipe (16:8, 2º
parágrafo; ver, no entanto 16:11b);
h) por atitude antidesportiva de um jogador cometida antes de que o jogo tenha sido reiniciado, mas
depois de que há ele tenha sido decretado uma exclusão por 2 minutos (16:9a);
Quando uma exclusão por 2 minutos for assinalada contra um oficial, de acordo com a Regra 16:3d-e,
permite-se ao oficial permanecer na área de substituição e cumprir com suas funções. No entanto, o
número de jogadores na quadra será reduzido durante 2 minutos.
Desqualificação
16:6 Uma desqualificação é a punição adequada para:
a) infrações dos tipos indicados nas Regras 8:5 e 8:6;
b) por atitude antidesportiva grave do tipo indicada na Regra 8:9, ou por atitude antidesportiva
extremamente grave do tipo das indicadas na Regra 8:10 cometidas por um jogador ou um oficial de
equipe, seja dentro do campo de jogo ou fora dele;
c) por atitude antidesportiva de qualquer um dos oficiais de equipe de acordo com a Regra 8:7, se
coletivamente eles já haviam recebido uma advertência e uma exclusão por dois minutos de acordo com
as Regras 16:1b e 16:3d-e;
d) devido a terceira exclusão de um mesmo jogador (16:5);
e) por atitude antidesportiva significativa ou repetida durante um procedimento de desempate tal como
a execução de tiros de 7 metros (2:2, Comentário e 16:10).
16:7 Depois de solicitar um time out, os árbitros devem comunicar a desqualificação para o jogador ou
oficial infrator e ao secretário/cronometrista segurando ao alto um cartão vermelho (Gesto forma Nº 13).
16:8 A desqualificação de um jogador ou de um oficial será sempre para todo o restante do tempo de
jogo. O jogador ou oficial deve abandonar imediatamente a quadra e da área de substituição. Depois de
abandoná-la, não se permite ao jogador ou oficial manter nenhuma forma de contato com a equipe.
A desqualificação de um jogador ou oficial de equipe durante o tempo de jogo seja dentro da quadra
ou fora dela, sempre acarreta uma exclusão por 2 minutos para a equipe. Isto significa que o número de
seus jogadores na quadra de jogo será reduzido em um (16:3f). A redução na quadra durará, contudo, 4
minutos se o jogador foi desqualificado nas circunstâncias indicadas na Regra 16:9b-d.
Uma desqualificação reduz o número de jogadores ou oficiais disponíveis para a equipe (exceto no
caso contemplado em 16:11b). A equipe pode, contudo, completar novamente o número de seus
jogadores na quadra de jogo quando expirar o tempo da exclusão por 2 minutos.
Como é indicado nas Regras 8:6 e 8:10, as desqualificações pelos motivos indicados nessas regras
devem ser informadas por escrito às autoridades competentes para haver uma ação posterior. Em tais
casos, tanto o “oficial responsável pela equipe” como o Delegado (ver Esclarecimento 7) deverão ser
informados imediatamente após a decisão.
Antes da partida:
a) uma advertência deve ser ministrada em caso de atitude antidesportiva segundo as Regras 8:7-8;
b) uma desqualificação para o jogador ou oficial culpado será a punição nos casos de ações julgadas
segundo as Regras 8:6 e 8:10, mas a equipe tem permissão de começar com 14 jogadores e 4 oficiais.
A Regra 16:8 - 2º parágrafo, só tem validade para as infrações ocorridas durante o tempo de jogo. De
acordo com isto, essa desqualificação não acarretará uma exclusão por 2 minutos.
As sanções disciplinares relacionadas a infrações cometidas antes do começo da partida podem ser
implementadas em qualquer momento durante o jogo, sempre que se descubra que a pessoa culpada é
um participante na partida, desde que este fato não pôde ser estabelecido ainda no momento do incidente.
Depois da partida:
c) Um Relatório escrito.
Regra 17 - OS ÁRBITROS
17:1 Dois árbitros com igual autoridade serão os responsáveis por cada partida. Eles são assistidos
por um secretário e um cronometrista.
17:2 Os árbitros monitoram a conduta dos jogadores e dos oficiais de equipe desde o momento em
que entram ao recinto da partida até que o abandonem.
17:3 Antes que comece a partida, os árbitros são responsáveis em inspecionar a quadra de jogo, as
balizas e as bolas, designando as que serão utilizadas (Regras 1 e 3:1).
Os árbitros, também constatam a presença de ambas as equipes com seus uniformes apropriados.
Eles verificam a súmula de jogo e examinam o equipamento esportivo dos jogadores. Além disso, se
asseguram que o número de jogadores e oficiais na zona de substituições esteja dentro dos limites
regulamentários e conferem a presença e identidade do “oficial responsável pela equipe” de cada uma
das equipes. Qualquer irregularidade deve ser corrigida (4:1-2 e 4:7-9).
17:4 O sorteio (10:1) deve ser efetuado por um dos árbitros na presença do outro árbitro e do “oficial
responsável pela equipe” de cada uma das equipes; ou também, na presença de um oficial ou de um
jogador (por exemplo, um capitão de equipe) que atuará como representante do “oficial responsável pela
equipe”.
17:5 A princípio, a partida inteira deve ser conduzida pelos mesmos árbitros.
É responsabilidade deles assegurar que o jogo se desenvolva de acordo com as regras, tendo o dever
de penalizar qualquer infração (ver, contudo, Regras 13:2, e 14:2).
Se um dos árbitros ficar incapacitado de continuar na partida, o outro dará prosseguimento sozinho.
Nota: A IHF e as Federações Continentais e Nacionais têm o direito de aplicar regulamentações
diferentes em suas áreas de responsabilidade, com respeito à aplicação dos parágrafos 1 e 3 na Regra
17:5.
17:6 Se ambos os árbitros apitam uma infração e concordam sobre qual equipe deve ser penalizada,
mas tem opinião diferente relacionadas a severidade da punição, então a mais severa das duas punições
deverá ser aplicada.
17:7 Se ambos os árbitros apitam uma infração, ou se a bola saiu da quadra, e os dois árbitros mostram
opiniões diferentes sobre qual equipe deveria ter a posse da bola, então uma decisão conjunta encontrada
Esclarecimento Nº 1.
EXECUÇÃO DE UM TIRO LIVRE APÓS O APITO FINAL DA PARTIDA (2:4-6)
Em muitos casos, a equipe que tem a oportunidade de executar um tiro livre após o tempo de jogo ter
espirado não está realmente interessada em tentar converter um gol, seja porque o resultado da partida
está definido ou porque a posição de tal tiro está demasiadamente longe da baliza adversária. Mesmo
que tecnicamente as regras requeiram que este tiro livre seja executado, os árbitros deveriam mostrar
boa compreensão e considerar o tiro executado se um jogador, que está aproximadamente na posição
correta, simplesmente deixar a bola cair ao solo ou entregá-la na mão dos árbitros.
Naqueles casos em que é evidente que a equipe quer tentar converter um gol, os árbitros devem tentar
de encontrar um balanço entre permitir essa oportunidade (mesmo que seja muito pequena) e assegurar
que a situação não culmine numa excessiva perda de tempo e “encenações teatrais”. Isto significa que
os árbitros devem manter os jogadores em suas respectivas posições e prontas e rapidamente, para que
o tiro livre possa ser executado sem demoras. Devem fazer se cumprir as novas restrições indicadas na
Regra 2:5 que diz respeito as posições dos jogadores e as substituições (4:5 e 13:7).
Os árbitros também devem estar alertas para sancionar outras infrações cometidas por parte das duas
equipes. Avanços persistentes dos jogadores defensores devem ser sancionados (15:4, 15:9; 16:1b,
16:3d). Além disso, os jogadores atacantes freqüentemente violam as regras durante a execução; por
exemplo, quando um ou mais jogadores cruzam a linha de tiro livre depois do apito, mas antes da
execução (13:7 - 3º parágrafo), ou quando o executante se move ou salta ao lançar (15:1, 15:2, 15:3). É
muito importante não conceder nenhum gol convertido ilegalmente.
Esclarecimento Nº 2.
TIME - OUT (2:8)
À parte das situações indicadas na Regra 2:8, onde é obrigatório solicitar um time out, os árbitros
deverão julgar a conveniência de solicitá-lo também em outras oportunidades. Algumas situações típicas
em que, apesar de não ser obrigatório, pode-se solicitar um time out em circunstâncias normais são:
a) Existem influências externas, por exemplo, quando deve-se limpar a quadra de jogo.
b) Um jogador parece estar lesionado.
c) Uma equipe está claramente desperdiçando tempo, por exemplo, quando demora na execução de
um tiro ou quando um jogador lançar a bola longe ou não a liberar imediatamente.
d) Se a bola tocar o teto ou objeto fixado sobre a quadra de jogo (11:1) e a bola for rebatida para muito
longe do local do tiro lateral correspondente, causando uma demora inusitada.
Outro fator importante é a duração esperada desta interrupção. A duração de uma interrupção causada
pela lesão de um jogador é frequentemente difícil de estimar, assim, é mais seguro solicitar diretamente
um time out. Inversamente, os árbitros não deveriam apressar-se em solicitar um time out só porque a
bola saiu da quadra de jogo. Em tais casos, a bola volta frequentemente pronta para ser jogada quase
que imediatamente. Se não ocorrer assim, os árbitros deveriam estar concentrados para colocar a bola
reserva rapidamente em jogo (3:4), precisamente para evitar as solicitações desnecessárias de time out.
A obrigatoriedade em solicitar um time out em conexão com um tiro de 7 metros foi removida. Todavia,
em algumas ocasiões, pode ser necessário solicitar um time out baseado em um juízo subjetivo de acordo
com os princípios recém discutidos. Isto pode envolver situações onde uma das equipes demora
claramente na execução, incluindo, por exemplo, uma substituição do goleiro ou do executante.
Esclarecimento Nº 3.
TEMPO TÉCNICO (2:10)
Cada equipe tem o direito de receber um máximo de três tempos técnicos de um (1) minuto de duração.
Em cada período do tempo de jogo regular cada equipe tem o direito de receber um máximo de dois (1-
minuto) tempos técnicos. As equipes não têm direito de receber um tempo técnico durante as
prorrogações.
Entre dois tempos técnicos de uma mesma equipe, os adversários devem ter pelo menos uma vez a
posse de bola. 3 cartões verdes, com os números 1, 2 e 3 respectivamente, estarão disponíveis para
cada equipe. As equipes receberão os cartões com os números 1 e 2 no primeiro período de jogo e os
cartões 2 e 3 no segundo período, desde que eles não receberam mais de um tempo técnico no primeiro
período. No caso que eles receberam dois tempos técnicos no primeiro período, eles receberão somente
o cartão verde número 3.
Dentro dos últimos 5 minutos do tempo regulamentar de jogo, somente um tempo técnico por equipe
será concedido.
A equipe que deseja solicitar um tempo técnico deverá fazê-lo com o auxílio de um cartão verde,
colocado por um oficial da equipe na mesa de controle, em frente ao cronometrista (É recomendável que
o cartão verde possua aproximadamente 15 x 20 cm e tenha uma grande letra T em cada lado).
Uma equipe pode solicitar seu tempo técnico somente quando tiver a posse da bola (quando a bola
está em jogo ou durante uma interrupção). Desde que a equipe não perca a posse de bola antes que o
cronometrista tenha tempo de apitar, será concedido o tempo técnico imediatamente. Caso contrário o
cartão verde deveria retornar para a equipe requisitante.
O cronometrista, então, interrompe o jogo apitando e pára o cronômetro (2:9). Ele faz o gesto forma
de time out (Nº 16) e aponta com o braço estendido à equipe que requereu o tempo técnico.
O cartão verde é colocado sobre a mesa, no lado da equipe que o requereu e deve permanecer ali
durante o tempo técnico.
Os árbitros tomam conhecimento do tempo técnico e o cronometrista inicia, em um cronômetro
separado, o controle da duração do tempo técnico. O secretário anota na súmula o tempo de jogo em que
o tempo técnico foi solicitado na equipe que o requereu.
Durante o tempo técnico, os jogadores e oficiais de equipe permanecem nas imediações de suas áreas
de substituição, seja dentro ou fora da quadra. Os árbitros permanecem no centro da quadra, mas um
deles pode aproximar-se da mesa brevemente para realizar consultas.
Para o propósito das punições segundo a Regra 16, um tempo técnico se define como parte do tempo
de jogo (16:10), de tal forma que tanto as atitudes antidesportivas como outros tipos de infrações são
sancionadas da maneira normal. Neste contexto, é irrelevante se o jogador ou oficial implicado se
encontram dentro ou fora da quadra de jogo. Da mesma forma, uma advertência, exclusão ou
desqualificação segundo as regras 16:1-3 e 16:6-9 pode ser dada por atitude antidesportiva (8:7-10) ou
por ações do tipo indicadas na Regra 8:6b.
Depois de 50 segundos, o cronometrista faz soar um sinal acústico indicando que o jogo será reiniciado
em 10 segundos.
As equipes são obrigadas a estar preparadas para reiniciar o jogo quando o tempo técnico expirar. A
partida será reiniciada pelo tiro que correspondia a situação quando o tempo técnico foi concedido; ou,
Esclarecimento Nº4.
JOGO PASSIVO (7.11-12)
A. Linhas gerais
As aplicações das regras relacionadas ao jogo passivo têm por objetivo prevenir métodos pouco
atrativos de se jogar e demoras intencionais durante o transcurso da partida. Isto requer que os árbitros
reconheçam e julguem os métodos passivos de maneira consistente durante a partida.
Os métodos passivos de jogo podem acontecer em todas as fases de ataque de uma equipe, por
exemplo, quando a bola estiver se movendo lentamente na quadra durante a transição entre a defensa e
o ataque, durante a fase de organização de um ataque ou durante a fase de finalização do mesmo.
As formas passivas de jogar podem ser usadas relativamente com maior frequência nas seguintes
situações:
• uma equipe ganha por pequena margem perto do final da partida;
• uma equipe tem um jogador excluído;
• quando a capacidade de uma equipe é superior, especialmente na defesa.
Os critérios mencionados nas seguintes especificações raramente aplicam por si só, mas sim
geralmente devem ser julgados em sua totalidade por parte dos árbitros. Em particular, deve ser tomado
em conta o impacto de um trabalho defensivo ativo realizado em conformidade com as regras.
B1. Gesto de Pré-passivo quando as substituições forem realizadas lentamente ou quando a bola se
mover lentamente na transição da defensa para o ataque:
Os indicadores típicos desta situação são:
• os jogadores estão parados nas imediações do centro da quadra, esperando as substituições serem
completadas;
• um jogador está demorando na execução de um tiro livre (fingindo não saber o lugar correto), de um
tiro de saída (através de uma lenta reposição de bola feita pelo goleiro, com um passe errado até o centro
ou por caminhar lentamente com a bola até o centro), de um tiro de meta ou de um tiro lateral, depois de
a equipe ter sido previamente advertida pelo uso de tais práticas lentas;
• um jogador estiver parado quicando a bola;
• a bola for jogada para trás na própria meia quadra de jogo, mesmo quando os adversários não estão
exercendo nenhuma pressão.
B2. Gesto de Pré-passivo em relação a uma substituição tardia, durante a fase de organização do
ataque:
Os indicadores típicos desta situação são:
• todos os jogadores já ocuparam as devidas posições no ataque;
• a equipe começa a fase de organização com uma etapa de passes preparatória;
• logo após essa etapa ter começado, a equipe realiza uma substituição de jogadores.
Observação:
O jogo passivo não deveria ser apitado durante um movimento à frente com possibilidade de
arremessar a baliza do adversário, ou quando o jogador com a bola demonstre que está tentando fazer
um arremesso.
E. Apêndice
Indicações de uma redução do ritmo
• ações laterais e não em profundidade em direção à baliza;
• frequentes correrias diagonais em frente aos defensores sem exercer nenhuma pressão sobre eles;
Esclarecimento Nº 5.
TIRO DE SAÍDA (10:3)
Para a interpretação da Regra 10.3, como um princípio normativo, os árbitros deveriam ter em conta o
objetivo de encorajar às equipes a executar o tiro de saída de forma rápida. Isto significa que os árbitros
deveriam evitar ser rigorosos e não deveriam buscar motivos para interferir ou sancionar as equipes que
tratam de executá-lo rapidamente.
Por exemplo, os árbitros devem evitar anotar os gols em seus cartões ou realizar outras tarefas que
lhes impeçam de verificar rapidamente a posição dos jogadores em campo. O árbitro central deve estar
preparado para apitar no exato momento em que o executante alcança a posição correta, desde que não
haja nenhuma clara necessidade de corrigir a posição dos outros jogadores. Os árbitros devem ter em
mente que os companheiros do jogador executante podem mover-se e cruzar a linha central logo que
soar o apito. (Este caso é uma exceção do princípio básico da execução dos tiros).
Apesar de a regra mencionar que o executante deve colocar um pé sobre o centro da linha central,
com uma tolerância de 1,5 metros para cada lado, os árbitros não deveriam ser excessivamente exigentes
com respeito a este ponto e preocupar-se por uns poucos centímetros. O principal é evitar as situações
injustas e as incertezas do adversário com respeito à onde e quando se executa o tiro de saída.
Além do mais, a maioria das quadras de jogo não tem o ponto central marcado e em alguns casos tem
a linha central interrompida por anúncios publicitários no centro. Nestas situações, tanto o executante
como o árbitro, necessitarão estimar a correta posição e qualquer insistência na exatidão seria irreal e
inapropriada.
Esclarecimento Nº 6.
DEFINIÇÃO DE CLARA CHANCE DE MARCAR UM GOL (14:1)
Para os propósitos da Regra 14:1, uma clara chance de marcar um gol existe quando:
a) Um jogador que tem o domínio da bola e o corpo equilibrado, estiver posicionado perto da área de
gol da equipe adversária com a possibilidade de arremessar ao gol, sem que nenhum jogador seja capaz
de colocar-se em sua frente para impedir o arremesso por meios legais.
Isto também se aplica se o jogador ainda não tem controle da bola, mas está pronto para uma recepção
imediata da mesma, sempre e quando não haja um jogador adversário em posição de evitar a recepção
da bola por meios legais.
b) Um jogador que tem domínio da bola e o corpo equilibrado e estiver correndo (ou driblando) sozinho
em contra-ataque em direção ao goleiro, sem que nenhum jogador da equipe adversária seja capaz de
colocar-se a sua frente e parar o contra-ataque.
Isto também se aplica se o jogador ainda não tem controle da bola, mas está pronto para uma recepção
imediata da mesma, sempre que o goleiro adversário por meio de uma colisão como se indica no
Comentário da Regra 8:5 impede a recepção da bola. Neste caso especial, as posições dos jogadores
defensores são irrelevantes.
Esclarecimento Nº 7.
INTERVENÇÃO FEITA PELO CRONOMETRISTA OU DELEGADO (18.1)
Se o cronometrista (ou um Delegado) intervém quando a partida já está interrompida, o jogo se reinicia
com o tiro que corresponda à razão da interrupção.
Se o cronometrista (ou um Delegado) interromper a partida quando a bola está em jogo, aplicam-se
as seguintes regulações:
A. Substituição ilegal ou entrada ilegal de um jogador (Regras 4:2-3, 5-6)
O cronometrista (ou Delegado) deve interromper a partida imediatamente, sem ter em conta o conceito
da “vantagem” que se indica nas Regras 13:2 e 14:2. Se esta interrupção evita uma clara chance de gol,
e se é que a interrupção foi devida a uma infração cometida pela equipo defensora, o jogo se reiniciará
mediante a execução de um tiro de 7 metros de acordo com a Regra 14:1a. Em todos os outros casos, a
partido se reinicia com um tiro livre.
O jogador culpado será sancionado de acordo com a Regra 16:3. No entanto, no caso de entrada ilegal
segundo a Regra 4:6 durante una clara chance de gol, o jogador será sancionado de acordo com a Regra
16:6b em conjunção com a Regra 8:10b.
B. Interrupção por outras razões, por exemplo, conduta antidesportiva na área de substituições
a. Intervenção do cronometrista
O cronometrista deveria esperar até a seguinte interrupção no jogo e nesse momento informar aos
árbitros.
Se apesar disto o cronometrista interromper a partida enquanto a bola estiver em jogo a partida se
reiniciará com um tiro livre favorável a equipo que tinha a bola no momento da interrupção. Se a
interrupção foi causada por uma falta cometida pela equipe defensora e se a intervenção impediu uma
clara chance de gol, então se deve conceder um tiro de 7 metros de acordo com a Regra 14:1b.
(O mesmo se aplica se o cronometrista interromper o jogo devido a um pedido de tempo técnico, e os
árbitros o recusam porque a oportunidade é incorreta. Se uma clara chance de gol for evitada por esta
interrupção, então se deve conceder um tiro de 7 metros.)
O cronometrista não tem o direito de sancionar disciplinarmente a um jogador ou oficial de equipe. O
mesmo se aplica aos árbitros se é que eles não observaram pessoalmente a infração. Em tais casos, só
podem dar uma advertência informal. Se a infração informada se relaciona com as Regras 8:6 ou 8:10,
devem enviar um relatório escrito.
b. Intervenção do Delegado
Os Delegados técnicos da IHF, de uma Federação Continental ou de uma Federação Nacional, que
estejam em funções durante a partida, têm o direito de informar aos árbitros sobre uma decisão que esteja
em contradição com as regras de jogo (exceto em caso de uma decisão dos árbitros baseada em suas
observações dos fatos) ou da existência de uma infração na área de substituições.
O Delegado pode interromper a partida imediatamente. Neste caso, o jogo se reinicia com um tiro livre
para a equipe que não cometeu a infração que levou a interrupção.
Se a interrupção foi causada por uma falta cometida pela equipe defensora e tal intervenção leva a
impedir uma clara chance de gol, então se deve conceder um tiro de 7 metros de acordo com a Regra
14:1a.
Os árbitros estão obrigados a aplicar uma punição disciplinar de acordo com as instruções do
Delegado.
Os feitos relacionados com infrações das Regras 8:6 ó 8:10 devem ser informados por escrito.
Futsal
Futebol de salão (também referido pelo acrônimo futsal) é o futebol adaptado para prática em uma
quadra esportiva por times de apenas 5 jogadores. As equipes, tal como no futebol, têm como objetivo
colocar a bola na meta adversária, definida por dois postes verticais limitados pela altura por uma trave
horizontal. Quando tal objetivo é alcançado, diz-se que um gol foi marcado, e um ponto é adicionado à
equipe que o atingiu. O goleiro, último jogador responsável por evitar o gol, é o único autorizado a segurar
a bola com as mãos. A partida é ganha pela equipe que marcar o maior número de gols em 40 minutos
divididos em dois tempos. Devido às proporções da área de jogo, o menor número de jogadores e a
facilidade em que se pode jogar uma partida, o futsal já é considerado por muitos como o esporte mais
praticado do Brasil, superando o futebol que ainda assim é o mais popular.
A rigor, existem duas modalidades do esporte, sendo uma delas a mais antiga, estabelecida quando a
Federação Internacional de Futebol de Salão ou futsal de quadra (FIFUSA) regulamentava a prática do
esporte e por isso conhecida como futebol de salão-FIFUSA e a outra, estabelecida sob a regulamentação
da FIFA, conhecida como futsal (embora esse termo atualmente denomine indistintamente a prática do
esporte nas duas versões). As diferenças limitam-se a algumas poucas regras, mas que acabam
influenciando sensivelmente a dinâmica e a plástica do jogo.
História
O futebol de salão teria sido inventado por volta de 1934, pelo professor Juan Carlos Ceriani Gravier,
da ACM de Montevidéu (Uruguai), dando-lhe o nome de Indoor Football. O Uruguai, nos anos 30, era a
grande referência no futebol, sua seleção foi bicampeã olímpica e sede da primeira Copa do Mundo de
Futebol, promovida pela FIFA, sendo também a primeira seleção campeã. O futebol estava em alta nos
dois países e o intercâmbio dentro da ACMs era constante. Em 1935, os professores João Lotufo e
Asdrubal Monteiro, após se graduarem no Instituto Técnico da Federação Sulamericana das ACM como
secretários diretores de educação física da ACM, voltaram ao Brasil e introduziram o "Indoor Foot Ball"
que passou a ser chamado futebol de salão. Por possuir características do regulamento, ainda a iniciar,
o pequeno tamanho da quadra e o peso da bola, causavam muitos acidentes pela potência dos chutes.
Já no ano de 1948, passado João Lotufo para Secretário Geral da ACM São Paulo, transferiu Asdrubal
Monteiro para o cargo de Diretor de Educação Física, com a proposta de que os dois resolvessem os
problemas negativos da prática desse esporte, elaborando assim, um novo regulamento com elementos
do futebol, hockey de grama, basquete e waterpolo. Durante dois anos, Lotufo e Monteiro, estudaram,
observaram e ampliaram as novas regras, chegando ao protótipo do esporte que encontramos hoje, ou
seja, o limite de cinco jogadores e as marcações da quadra. Ao chegar a um resultado satisfatório, que
justificou na publicação dessa regra em 1950, o esporte foi intensamente praticado nas ACM de São
Paulo e Rio de Janeiro.
Alterando ao curto prazo. Antes das regras serem estabelecidas, praticava-se futebol de salão com
times de cinco a sete jogadores. A bola foi sendo deixada mais pesada numa tentativa de reduzir sua
capacidade de saltar e consequentemente suas frequentes saídas de quadra. A "bola pesada" acabou
por se tornar uma das mais interessantes características originais do futebol de salão. Em 1957 surgiu a
primeira iniciativa de se uniformizar as regras do esporte, através da criação do Conselho Técnico de
Assessores de Futebol de Salão, por Sylvio Pacheco, então presidente da Confederação Brasileira de
Desportes (CBD).
Devido a sua praticidade, tanto no reduzido número de jogadores necessários em uma partida, quanto
no espaço menor que exigia, o esporte rapidamente adquiriu crescente popularidade, atingindo outras
localidades, gerando novos torneios e conquistando adeptos em todas as capitais do país. Em 28 de
Julho de 1954 foi fundada a primeira federação do esporte no Brasil, a Federação Metropolitana de futebol
de salão, atual Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro, tendo Ammy de Moraes
como seu primeiro presidente. A Federação Mineira de Futebol de Salão seria fundada nesse mesmo
ano, seguida da Federação Paulista, em 1955, e das Federações Cearense, Paranaense, Gaúcha e
Baiana, em 1956, a Catarinense e a Norte Rio Grandense, em 1957, a Sergipana em 1959. Nas décadas
seguintes seriam gradualmente estabelecidas federações em todos os estados da União.
Categorias: Em função da idade o futebol de salão costuma ser dividido nas seguintes categorias:
- Sub-7 para atletas de 6 e 7 anos.
- Sub-8 para atletas de 8 anos.
- Sub-9 para atletas de 8 e 9 anos.
- Sub-11 para atletas de 10 e 11 anos.
- Sub-13 para atletas de 12 e 13 anos.
- Sub-15 para atletas de 14 e 15 anos.
- Sub-17 para atletas de 16 e 17 anos.
- Sub-20 para atletas de 18, 19 e 20 anos.
- Adulto para atletas de 20 anos em diante.
- Veterano para atletas a partir dos 35 anos.
Copa do Mundo
A Copa do Mundo / Copa do Mundo de Futebol (português brasileiro) ou Campeonato do Mundo de
Futebol / Campeonato Mundial de Futebol / Mundial (português europeu) é um torneio de futebol
masculino realizado a cada quatro anos pela Federação Internacional de Futebol (FIFA).
A primeira edição aconteceu em 1930, no Uruguai, com a vitória da seleção da casa. Nesse primeiro
mundial, não havia torneio eliminatório, e os países foram convidados para o torneio. Nos anos de 1942
e 1946, a Copa não ocorreu devido à Segunda Guerra Mundial.
Ao todo, oito nações diferentes venceram uma Copa do Mundo: Brasil: 5 títulos (1958, 1962, 1970,
1994 e 2002); Alemanha: 4 títulos (1954, 1974, 1990 e 2014); Itália: 4 títulos (1934, 1938, 1982 e 2006)
Argentina: 2 títulos (1978 e 1986); Uruguai: 2 títulos (1930 e 1950); Espanha: 1 título (2010); França:
2 títulos (1998 e 2018); e Inglaterra: 1 título (1966).
O Brasil e a Espanha são os únicos países a ganhar fora do seu continente (Brasil em 1958 e 2002 e
a Espanha em 2010).
A Copa do Mundo é realizada a cada quatro anos, em 2010, pela primeira vez na história, a Copa do
Mundo foi realizada no continente africano, tendo como sede a África do Sul. Em 2014, a Copa do Mundo
foi realizada no Brasil, que pela segunda vez recebeu o torneio. Por último, a Copa de 2018 foi realizada
na Rússia. A próxima Copa mundo será no Catar, em 2022. E em 2026 apresenta previsão de ser
realizada nos Estados Unidos, Canadá e México.
Em 1998, criou-se o formato atual de seleções participantes, que conta com 32 seleções, e está
previsto para permanecer somente até 2022, pois a partir de 2026, a Copa do Mundo contará com 48
seleções.
Olimpíadas
Os Jogos Olímpicos são um grande evento internacional, com esportes de verão e de inverno, em que
milhares de atletas participam de várias competições. Atualmente os Jogos são realizados a cada dois
anos, em anos pares, com os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno se alternando, embora ocorram a
cada quatro anos no âmbito dos respectivos Jogos sazonais. Originalmente, os Jogos Olímpicos da
Antiguidade foram realizados em Olímpia, na Grécia, do século VIII a.C. ao século V d.C. No século XIX,
o Barão Pierre de Coubertin fundou o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1894. O COI se tornou o
órgão dirigente do Movimento Olímpico, cuja estrutura e as ações são definidas pela Carta Olímpica.
A evolução do Movimento Olímpico durante o século XX obrigou o COI a adaptar os Jogos para o
mundo da mudança das circunstâncias sociais. Alguns destes ajustes incluíram a criação dos Jogos de
Inverno para esportes do gelo e da neve, os Jogos Paraolímpicos de atletas com deficiência física e visual
(atualmente atletas com deficiência intelectual e auditiva não participam) e os Jogos Olímpicos da
Juventude para atletas adolescentes. O COI também teve de acomodar os Jogos para as diferentes
variáveis econômicas, políticas e realidades tecnológicas do século XX. Como resultado, os Jogos
Olímpicos se afastaram do amadorismo puro, como imaginado por Coubertin, para permitir a participação
de atletas profissionais. A crescente importância dos meios de comunicação gerou a questão do
patrocínio corporativo e a comercialização dos Jogos.
O Movimento Olímpico é atualmente composto por federações esportivas internacionais, comitês
olímpicos nacionais (CONs) e comissões organizadoras de cada especificidade dos Jogos Olímpicos.
Como o órgão de decisão, o COI é responsável por escolher a cidade anfitriã para cada edição. A cidade
anfitriã é responsável pela organização e financiamento à celebração dos Jogos coerentes com a Carta
Olímpica. O programa olímpico, que consiste no esporte que será disputado a cada Jogos Olímpicos,
também é determinado pelo COI. A celebração dos Jogos abrange muitos rituais e símbolos, como a
tocha e a bandeira olímpica, bem como as cerimônias de abertura e encerramento. Existem mais de
13.000 atletas que competem nos Jogos Olímpicos de Inverno e em 33 diferentes modalidades esportivas
com cerca de 400 eventos. Os finalistas do primeiro, segundo e terceiro lugar de cada evento recebem
medalhas olímpicas de ouro, prata ou bronze, respectivamente.
Jogos de Inverno
Os Jogos Olímpicos de Inverno foram criados como um recurso aos esportes de neve e gelo que foram
logisticamente impossibilitados de serem realizados durante os Jogos Olímpicos. Patinação artística (em
1908 e 1920) e hóquei no gelo (em 1920) foram apresentados como eventos olímpicos nos Jogos de
Inverno. O COI então quis ampliar essa lista de esportes para abranger outras atividades do inverno. Em
1921, no Congresso Olímpico do COI, em Lausana, foi decidido realizar uma versão de inverno dos Jogos
Olímpicos. Uma semana de esportes de inverno (na verdade foram 11 dias) foi realizada em 1924, em
Chamonix, França, este evento tornou-se a primeira edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. O COI
determinou que os Jogos de Inverno fossem comemorados a cada quatro anos no mesmo ano de sua
edição de verão. Esta tradição foi mantida até os Jogos de 1992 em Albertville, França, mas por questões
logísticas e de organização houve a necessidade de se alterar o ciclo dos Jogos de Inverno, levando-os
para anos pares alternados com os Jogos Olímpicos de Verão: o novo sistema começou com os Jogos
de 1994, e desde então os Jogos Olímpicos de Inverno sempre são realizados no terceiro ano de cada
Olimpíada.
Jogos Paraolímpicos
Em 1948, Sir Ludwig Guttmann, determinado a promover a reabilitação dos soldados após a Segunda
Guerra Mundial, organizou um evento multiesportivo entre os vários hospitais, para coincidir com os Jogos
Olímpicos de Verão de 1948. O evento de Guttman, conhecido depois como Stoke Mandeville Games,
tornou-se um festival esportivo anual. Ao longo dos doze anos seguintes, Guttman e outros continuaram
seus esforços em utilizar o esporte como um caminho para a cura. Para os Jogos Olímpicos de Verão de
1960, em Roma, Guttman trouxe 400 atletas para competir nas Olimpíadas "paralelas", que ficaram
conhecidas como a primeira Paralimpíada. Desde então, os Jogos Paralímpicos foram realizados em
cada ano olímpico. A partir do verão de 1988 nos Jogos Olímpicos de Seul, Coreia do Sul, a cidade anfitriã
para os Jogos Olímpicos também seria palco dos Jogos Paralímpicos. Este acordo de cooperação foi
ratificado em 2001.
Jogos da Juventude
Iniciados em 2010 os Jogos Olímpicos da Juventude, são complementares aos Jogos Olímpicos e
disputados por atletas com idades entre catorze e dezoito anos. Os Jogos Olímpicos da Juventude foram
concebidos pelo presidente do COI, Jacques Rogge, em 2001, e aprovados durante o 119º Congresso
do COI. Os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude de Verão foram realizados em Cingapura, em 2010,
enquanto os jogos inaugurais de inverno serão realizados em Innsbruck, na Áustria, dois anos mais tarde.
Estes jogos vão ser mais curtos do que os jogos adultos; a versão de verão teve duração de doze dias,
enquanto a versão de inverno vai durar nove dias. O COI vai permitir que 3 500 atletas e 875 funcionários
participem dos Jogos da Juventude de Verão, e 970 atletas e 580 funcionários dos Jogos da Juventude
de Inverno. Os esportes vão coincidir com as programadas para os jogos tradicionais adultos, porém,
haverá um número reduzido de disciplinas e eventos.
Jogos recentes
De 241 participantes, representando 14 nações em 1896, os Jogos têm crescido com cerca de 10.500
concorrentes de 204 países na Olimpíada de 2008. O escopo e a escala dos Jogos Olímpicos de Inverno
são menores. Por exemplo, Turim hospedou 2 508 atletas de 80 países competindo em 84 eventos,
durante os Jogos Olímpicos de Inverno 2006. Durante os Jogos, a maioria dos atletas e funcionários estão
alojados na Vila Olímpica. Esta vila é destinada a ser uma casa autossuficiente para todos os participantes
olímpicos. Ela está equipada com lanchonetes, postos de saúde e locais de expressão religiosa. O COI
permite que as nações a competir que não cumprem os requisitos rigorosos para a soberania política,
que procurem outras organizações internacionais. Como resultado, as colônias e dependências estão
autorizadas a criarem seus próprios Comitês Olímpicos Nacionais. Exemplos disto incluem os territórios
como Porto Rico, Bermudas, e Hong Kong, que competem como nações separadas, apesar de serem
legalmente uma parte de outro país.
Pontuação técnica
- No tempo regulamentar (4 minutos), um combate só pode ser ganho por uma pontuação técnica ou
pontuação (um waza-ari ou ippon).
- Uma penalidade ou penalidades não decidirão o vencedor, exceto hansoku-make (direto ou
acumulado).
- Uma penalidade nunca é uma pontuação.
- Agora há dois shido e o terceiro shido se torna hansoku-make
Golden score
Quando ambos os lutadores não têm pontuação técnica ou as pontuações técnicas são iguais no final
do tempo regular do combate, o combate deve continuar em Golden Score, independentemente do shido
(s) dado (s).
- Qualquer pontuação existente (s) e / ou shido (s) do tempo regular são transportados para o período
Golden Score e permanecerão no placar.
- A pontuação de ouro (Golden Score) só pode ser conquistada por uma pontuação técnica (waza-ari
ou ippon) ou hansoku-make (direto ou por shido acumulado).
- Uma penalidade nunca é uma pontuação.
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https://drive.google.com/file/d/1PbFea-4BlTBO-q__locC-n32ARWbU-xz/view
Waza-ari
- O valor de waza-ari inclui aqueles dados para yuko e waza-ari no passado.
- A queda com ambos os cotovelos ou dois braços é considerado válido e deve ser avaliado com waza-
ari.
- Cair sobre um cotovelo, sobre as nádegas ou sobre o joelho com continuação imediata na parte de
trás será waza-ari.
- Cair em um cotovelo e uma mão é considerado válido e deve ser avaliado com
Ponte
- Todas as situações de queda voluntária na posição de ponte serão consideradas ippon.
Defesa de cabeça
- O uso voluntário da cabeça para a defesa para evitar a queda / escapar de uma pontuação receberá
hansoku-make.
Imobilizações (ossaekomi)
- Waza-ari: 10 segundos
- Ippon: 20 segundos
Imobilizações (ossaekomi)
- A posição ”ura” é ainda válida.
Shime-waza - proibido
• Shime-waza ou Kansetsu-waza com o alongamento excessivo de uma perna esticada está proibido.
• Será dada especial atenção às situações: onde tori, ao aplicar um shime-waza, também alonga
excessivamente e estica a perna do uke.
• Mate! Deve ser dado imediatamente. E será aplicado Shido.
• Shime-waza não é permitido tanto com a sua própria faixa ou com a de seu adversário ou com a
parte inferior da jaqueta(wagui), ou usando apenas os dedos.
• A ação deverá ser punida com shido.
Ne-wazacontinuo
Se o Ne-waza começar dentro da área de competição e sair com ação contínua de qualquer atleta,
pode ser válido.
Imobilizações (Ossae-komi- waza)
Aplicação de kumikata
• O tempo entre kumikata clássico e fazer um ataque é prolongado até 45 segundos, desde que haja
uma progressão positiva. Shido
• Quebra de pegada do adversário com duas mãos.
Shido
Evitar a pegada do uke com um golpe no braço ou na mão. Puxar a parte de baixo da jaqueta (wagui)
do uke ou de sua própria jaqueta
Abraço de urso
- Quem quer atacar com abraço de urso deve ter um mínimo uma pegada.
- Não é válido fazer uma segunda pegada simultaneamente. Somente tocar o judogi não é considerado
como kumikata, é necessário fazer a pegada
Judô Negativo
- No caso de um duplo hansoku-make (no tempo regular e no golden score) como consequência de
um terceiro shido, ambos os atletas serão desqualificados da competição.
- Para um hansoku-make direto dado a ambos os concorrentes o júri da F.I.J. decidirá.
O Karatê é uma arte marcial originada em Okinawa (Na época um pais separado do Japão) com sua
história traçada a mais de 1300 anos. Tornou-se uma das artes marciais mais populares do mundo e tem
desenvolvido vários estilos diferentes, incluindo Shotokan, Goju-Ryu, Kyokushinkai e Wado-Ryu.
O Karate, ao contrário de Judô japonês é principalmente uma arte de golpes e envolve o uso de socos,
chutes, joelho, cotovelo e várias outras técnicas impressionantes.
170
http://regras.net/karate/
Cabeça
Rosto
Pescoço
Peito
Abdômen
Lado
Costas
A pontuação é atribuída quando um lutador executa uma técnica que está de acordo com os seguintes
critérios:
Boa forma
Aplicação vigorosa
Bom timing
Distância exata
Consciência
Atitude Esportiva
Faixas
No karatê existem sete faixas, cada uma associada a uma cor representativa do Kyu. A faixa
representa amadurecimento, conhecimento individual de cada praticante, e a função do professor é de
guiá-lo nesta estrada, indicando os aspectos básicos de cada etapa. As faixas no karatê, em ordem, são:
Pontuações:
1. As pontuações são as seguintes
IPON: 3 pontos
WAZA-ARI: 2 pontos
YUKO: 1 ponto
Uma pontuação é marcada quando a técnica é aplicada de acordo com os critérios a seguir, para uma
área pontuável:
A. Boa Forma
B. Atitude Esportiva
C. Aplicação Vigorosa
D. Estado de alerta (ZANSHIN)
E. Tempo Apropriado
F. Distância correta
Ippon é atribuído para:
A. Chutes Jodan
B. Qualquer técnica de pontuação que se realize sobre um oponente caído ou projetado.
Waza-Ari é atribuído para:
A. Chutes Chudan.
Yuko é atribuído para:
A. Chudan ou Jodan tsuki
B. Chudan ou Jodan Uchi.
Ataques estão limitados às seguintes áreas:
A. Cabeça
B. Face
C. Pescoço
D. Abdômen
E. Tórax
F. Costas
G. Laterais
Ganhando o Jogo
A partida pode ser ganha em um número de maneiras:
- Por ter mais pontos do que o seu adversário no final da luta.
- Ao estender uma vantagem de oito pontos.
- Se você imobilizar seu adversário, deixando-o incapaz de continuar.
- Se o seu adversário for desclassificado.
Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
103
Se a quantidades de pontos são iguais no final, então o árbitro e os três juízes irão se consultar e
decidir um vencedor entre eles.
171
http://www.unipacto.com.br/revista2/arquivos_pdf_revista/revista2015/1.pdf
Capoeira172
A capoeira é original do Brasil e é considerada uma expressão cultural, misturando esporte, arte
marcial, cultura popular e música. Foi desenvolvida por escravos, descendentes de africanos e se
caracterizam pelos movimentos complexos e semelhantes à passos de dança. A principal diferença entre
a capoeira e das outras artes marciais, é a musicalidade. Os lutadores – chamados de capoeiristas – não
aprendem apenas a lutar, mas a cantar e tocar os instrumentos tradicionais, como o berimbau. Além
disso, a luta sempre é acompanhada de música. Confira quais são os principais fundamentos e as
principais regras dessa luta tradicional.
SW 1 – Organização de Competições
SW 1.1 – O Comitê Organizador designado pela entidade responsável pela competição terá jurisdição
sobre todos os assuntos que não sejam atribuídos pelas Regras à competência dos Árbitros, Juízes ou
outros Oficiais e terá competência para adiar competições de acordo com as regras adotadas para a
condução de qualquer competição.
SW 1.2 – Nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais, o Bureau da FINA nomeará o seguinte
número mínimo de Oficiais para o controle das competições:
• Árbitro Geral (2)
• Supervisor da Mesa de Controle (1)
• Juízes de Nado (4)
• Juízes de Partida (2)
• Chefe dos Juízes de Viradas (2, 1 em cada cabeceira da piscina)
• Juízes de Viradas (1 em cada raia nas duas cabeceiras da piscina)
• Anotador Chefe (1)
• Banco de Controle (2)
• Locutor (1)
SW 1.2.1 – Para todas as outras competições internacionais, a entidade responsável pela competição
designará o mesmo número ou um número menor de oficiais, sujeito à aprovação da respectiva
autoridade regional ou internacional, conforme o caso.
SW 1.2.2 – Quando o Equipamento Automático de Cronometragem não estiver disponível, esse
equipamento deve ser substituído pelo Cronometrista Chefe, um (1) Cronometrista por raia e um (1)
Cronometrista adicionais.
SW 1.2.3 – Um Juiz de Chegada Chefe e Juízes de Chegada podem ser utilizados quando o
Equipamento Automático de Cronometragem e / ou cronômetros digitais por raia não são usados.
SW 1.3 – A piscina e o equipamento técnico para os Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais devem
ser inspecionados e aprovados com a devida antecedência em relação à competição pelo Delegado da
FINA, juntamente com um membro do Comitê Técnico de Natação.
SW 1.4 – Sempre que o equipamento vídeo subaquático é utilizado pela televisão, o equipamento deve
ser operado por controle remoto e não deve obstruir a visão ou o curso dos nadadores e não deve alterar
a configuração da piscina ou obstruir as marcações exigidas pela FINA.
SW 2 – Oficiais
SW 3.1 – Eliminatórias
SW 3.1.1 – Os melhores tempos obtidos pelos nadadores dentro do período de classificação
estabelecido devem ser indicados nas fichas de inscrição através de formulários de inscrição ou on-line,
conforme solicitado. Os nadadores que não entregarem tempos deverão ser considerados os mais lentos
e colocados no fim da lista sem tempo. A raia de partida dos nadadores com o mesmo tempo ou mais de
um nadador sem tempo deverá ser determinada por sorteio. As raias serão atribuídas aos nadadores
conforme em SW 3.1.2. Os nadadores serão colocados nas eliminatórias de acordo com o tempo de
inscrição, do seguinte modo:
SW 3.1.1.1 – Se houver apenas uma série eliminatória, esta deverá ser considerada como final e
nadada durante a etapa final.
SW 3.1.1.2 – No caso de duas séries eliminatórias, o nadador mais rápido será colocado na segunda
série, o segundo nadador mais rápido será colocado na primeira série, o seguinte na segunda série, o
seguinte na primeira série, etc.
SW 3.1.1.3 – No caso de três séries eliminatórias, exceto para as provas de 400m, 800m e 1500m, o
nadador mais rápido será colocado na terceira série, o segundo mais rápido na segunda série, o terceiro
mais rápido na primeira. O quarto mais rápido será colocado na terceira série, o quinto na segunda série
e o sexto mais rápido na primeira série, o sétimo mais rápido na terceira série, etc.
SW 3.1.1.4 – No caso de quatro ou mais eliminatórias, exceto os 400m, 800m e 1500m, as três últimas
eliminatórias da prova serão compostas conforme o disposto na SW 3.1.1.3 acima mencionada. A série
anterior às três últimas será constituída pelos nadadores mais rápidos que se seguirem; a série anterior
às quatro últimas será constituída pelos nadadores mais rápidos que se seguirem, etc. As raias serão
atribuídas em ordem descendente aos tempos de inscrição em cada série, de acordo com regra SW 3.1.2
abaixo mencionada.
SW 3.1.1.5 – Para as provas de 400m, 800m e 1500m, as últimas séries deverão ser compostas de
acordo com a SW 3.1.1.2.
SW 3.1.1.6 – Exceção: Quando houver duas ou mais séries eliminatórias de uma prova, haverá um
mínimo de três nadadores colocados em qualquer das séries, mas subsequentes desistências poderão
reduzir o número de nadadores em qualquer eliminatória para menos de três.
SW 3.1.1.7 – Utilizando uma piscina com 10 raias, e tempos iguais forem estabelecidos para o oitavo
lugar nas eliminatórias dos 800m e 1500m livre, a raia 9 vai ser usada com um sorteio para a raia 8 e a
raia 9. Em caso de três (3) tempos iguais para o oitavo lugar, a raia 9 e a raia 0 serão usadas com um
sorteio para a raia 8, raia 9 e raia 0.
SW 3.1.1.8 – Quando uma piscina não tiver 10 raias aplica-se a regra SW 3.2.3.
SW 3.1.2 – Exceto nas provas de 50 metros em piscina de 50 metros, a atribuição das raias deverá
ser (raia 1 no lado direito da piscina (raia 0 quando usando piscina com 10 raias), quando se olha a piscina
do lado da cabeceira de partida) colocando o nadador mais rápido ou equipe de revezamento na raia
central se a piscina tiver um número ímpar de raias ou na raia 3 ou 4, respectivamente, em piscina com
6 ou 8 raias. Nas piscinas com 10 raias, o nadador mais rápido será colocado na raia 4. O nadador que
tiver o tempo mais rápido seguinte será colocado à sua esquerda, alternando em seguida os outros para
a direita e para a esquerda, de acordo com os tempos de inscrição. Nadadores com tempos idênticos
serão colocados conforme sorteio das raias e segundo a norma referida anteriormente.
SW 3.1.3 – Quando são disputadas provas de 50 metros em piscina de 50 metros, as provas podem
ser nadadas, segundo decisão do Comitê Organizador, ou da cabeceira de partida para a de virada ou
desta para a cabeceira de partida, dependendo de fatores como: a existência de Equipamento Automático
de Cronometragem adequado, posição do Juiz de Partida, etc. O Comitê Organizador deverá avisar os
nadadores da sua decisão muito antes do início da competição. Independentemente de como a prova vai
ser nadada, os nadadores deverão ser colocados nas mesmas raias em que seriam colocados se
começassem e terminassem na cabeceira de partida.
SW 4 – A Partida
SW 4.1 – A partida nas provas de livre, peito, borboleta e medley será efetuada por meio de salto
(mergulho). Ao apito longo (SW 2.1.5) do Árbitro Geral, os nadadores devem subir no bloco de partida e
ali permanecer. Ao comando “às suas marcas”, do Juiz de Partida, devem colocar-se imediatamente na
posição de partida, com pelos menos um pé na parte dianteira do bloco. A posição das mãos não é
relevante. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o Juiz de Partida deve dar o sinal de partida.
SW 4.2 – A partida para as provas de costas e revezamento medley, será efetuada dentro da água.
Ao primeiro apito longo do Árbitro Geral (SW 2.1.5), os nadadores deverão entrar imediatamente na água.
No segundo apito longo, os nadadores deverão colocar-se, sem demora indevida, na posição de partida
(SW 6.1). Quando todos os nadadores estiverem na posição de partida, o Juiz de Partida dará o comando
“às suas marcas”. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o Juiz de Partida dará o sinal de
partida.
SW 4.3 – Nos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e outras provas organizadas pela FINA, o
comando “às suas marcas” terá que ser em inglês “Take your marks” e o sinal de partida difundido por
múltiplos alto falantes, um para cada bloco de partida.
SW 4.4 – Qualquer nadador que parta antes do sinal de partida ser dado será desclassificado. Se o
sinal de partida soar antes da desclassificação ser declarada, a prova continuará e o nadador ou
nadadores serão desclassificados após a prova terminar. Se a desclassificação for assinalada antes do
sinal de partida, o sinal não será dado, os demais nadadores serão chamados de volta e proceder-se-á a
nova partida. O Árbitro Geral repete o procedimento de partida começando com o apito longo (o segundo
para a prova de costas), como mencionado em SW 2.1.5.
SW 5 – Nado Livre
SW 5.1 – Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer
nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento medley, nado livre significa qualquer nado
diferente do nado de costas, peito ou borboleta.
SW 5.2 – Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada volta e no final.
SW 5.3 – Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante a prova, exceto
quando é permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e numa distância não
maior que 15 metros após a partida e cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície
da água.
SW 6 – Nado de Costas
SW 6.1 – Antes do sinal de partida, os competidores devem alinhar-se na água, de frente para a
cabeceira de saída, com ambas as mãos colocadas nos suportes de agarre. Manter-se na calha ou dobrar
SW 7 – Nado de Peito
SW 7.1 – Após a saída e em cada volta, o nadador pode dar uma braçada completa até as pernas,
durante a qual o nadador pode estar submerso. Uma única pernada de borboleta é permitida em qualquer
momento antes da primeira pernada de peito após a saída e após cada virada. A cabeça deve romper a
superfície da água antes que as mãos virem para dentro na parte mais larga da segunda braçada.
SW 7.2 – A partir da primeira braçada após a saída e após cada virada, o corpo deve ser mantido
sobre o peito. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento exceto quando da volta,
após o toque na parede onde é permitido girar de qualquer maneira, contanto que quando deixar a parede
o corpo deve estar na posição sobre o peito. A partir da saída e durante a prova, o ciclo do nado deve ser
uma braçada e uma pernada, nessa ordem. Todos os movimentos dos braços devem ser simultâneos e
no mesmo plano horizontal, sem movimentos alternados.
SW 7.3 – As mãos devem ser lançadas junto para frente a partir do peito, abaixo ou sobre a água. Os
cotovelos deverão estar abaixo da água exceto para última braçada antes da volta, durante a volta e na
última braçada antes da chegada. As mãos deverão ser trazidas para trás na superfície ou abaixo da
superfície da água. As mãos não podem ser trazidas para trás além da linha dos quadris, exceto durante
a primeira braçada, após a saída e em cada volta.
SW 7.4 – Durante cada ciclo completo, alguma parte da cabeça do nadador deve quebrar a superfície
da água. Todos os movimentos das pernas devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal sem
movimentos alternados.
SW 7.5 – Os pés devem estar virados para fora durante a parte propulsiva da pernada. Não são
permitidos movimentos alternados ou pernada de borboleta, exceto o descrito na SW 7.1 . É permitido
quebrar a superfície da água com os pés, exceto seguido de uma pernada de borboleta para baixo.
SW 7.6 – Em cada virada e na chegada da prova, o toque deve ser feito com as duas mãos separadas
e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da água. No último ciclo do nado antes da virada e no final
da prova, uma braçada não seguida da pernada é permitida. A cabeça pode submergir após a última
braçada anterior ao toque, contanto que quebre a superfície da água em qualquer ponto durante o último
completo ou incompleto ciclo anterior ao toque.
SW 8 – Nado de Borboleta
SW 8.1 – A partir do início da primeira braçada, após a saída e em cada volta, o corpo deve ser mantido
sobre o peito. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando da volta,
após o toque na parede é permitido girar de qualquer maneira, quando deixar a parede o corpo deve estar
na posição sobre o peito.
SW 8.2 – Ambos os braços devem ser levados simultaneamente à frente por sobre a água e trazidos
para trás simultaneamente por baixo da água durante todo o percurso, conforme SW 8.5.
SW 8.3 – Todos os movimentos para cima e para baixo das pernas devem ser simultâneos. As pernas
ou os pés não precisam estar no mesmo nível, mas não podem alternar um em relação ao outro. O
movimento de pernada de peito não é permitido.
SW 8.4 – Em cada virada e na chegada, o toque deve ser efetuado com ambas as mãos separadas e
simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da superfície da água.
SW 9 – Nado Medley
SW 9.1 – Na prova de medley individual, o nadador nada os quatros nados na seguinte ordem:
borboleta, costas, peito e livre. Cada nado deve percorrer um quarto (1/4) da distância.
SW 9.2 – No nado livre, o nadador deve estar sobre o peito exceto quando executar a virada. O nadador
deverá retornar à posição sobre o peito antes de realizar qualquer pernada ou braçada.
SW 9.3 – Nas provas de revezamento medley, os nadadores nadam os quatro nados na seguinte
ordem: costas, peito, borboleta e livre. Cada nado deve percorrer um quarto (1/4) da distância.
SW 9.4 – Cada nado deve ser finalizado de acordo com a regra aplicada a ele.
SW 10 – A Prova
SW 11.1 – O Equipamento Automático de Cronometragem deve ser operado sob supervisão de Juízes
designados. Os tempos registrados pelo Equipamento Automático de Cronometragem serão usados para
determinar o vencedor, todas as classificações e o tempo obtido por cada raia. A ordem de chegada e os
tempos apurados deste modo terão prioridade sobre as decisões dos Cronometristas. No caso de defeito
do Equipamento Automático de Cronometragem, ou se verificar claramente ter havido uma falha da
Equipamento Automático de Cronometragem, ou que um nadador não tenha conseguido fazer funcionar
a mesma, os registros dos Cronometristas serão oficiais (SW 13.3).
SW 11.2 – Quando for utilizado Equipamento Automático de Cronometragem, os resultados serão
registrados apenas até ao 1/100 de segundo. Se houver tempos iguais, todos os nadadores que tiverem
registrado o mesmo tempo até 1/100 de segundo terão a mesma classificação. Os tempos exposto no
placar eletrônico de resultados deverão mostrar apenas até 1/100 de segundo.
SW 11.3 – Qualquer aparelho para medição do tempo, utilizado por um juiz será considerado como
um cronômetro. Estes tempos manuais deverão ser tirados por três Cronometristas nomeados ou
aprovados pela Federação Nacional do país onde é realizada a competição. Todos os cronômetros
deverão ser dados como precisos pela Federação Nacional onde acontece a competição. Os tempos
manuais deverão ser registrados até ao 1/100 de segundo. Quando não for utilizado qualquer
Equipamento Automático de Cronometragem, os tempos manuais serão determinados como se segue:
SW 11.3.1 – Se dois dos três cronômetros registrarem o mesmo tempo, diferente do terceiro, os dois
tempos iguais são o tempo oficial.
SW 11.3.2 – Se os três tempos forem diferentes, o tempo oficial será o do cronômetro que registrar o
tempo intermediário.
SW 11.3.3 – Quando se utilizam três cronômetros e um deles não funcionar, o tempo oficial será a
média dos outros dois.
SW 11.4 – No caso de um nadador ser desclassificado durante ou após uma prova, a desclassificação
deverá ser registrada nos resultados oficiais, mas nenhum tempo ou classificação será registrado ou
anunciado.
SW 11.5 – No caso de desclassificação de uma equipe de revezamento, os tempos parciais até à
desclassificação deverão ser registrados nos resultados oficiais.
SW 11.6 – Nos revezamentos, todos os tempos parciais a cada 50 e 100 metros deverão ser
registrados para o nadador que abre o revezamento e incluídos nos resultados oficiais.
SW 12 – Recordes Mundiais
SW 12.1 – São reconhecidos como Recordes Mundiais e Recordes Mundiais Juniores, em piscina de
50 metros, as seguintes distâncias e nados para ambos os sexos:
SW 13 – Procedimento Eletrônico
Questões
01. (IF/CE - Técnico de Laboratório - IF-CE/2017) O voleibol foi criado com a denominação
(A) voleibol de quadra.
(B) spalding.
(C) mintonette.
(D) peteca.
(E) queimada.
03. (SESI/PA - Técnico de Educação Física - FIDESA) Sobre o VOLEIBOL é correto afirmar que
(A) em caso de empate em 2X2 em sets, o set decisivo (5º) é jogado até 15 pontos, com uma diferença
mínima de dois pontos.
(B) um set (exceto o decisivo, 5º set) é vencido pela equipe que primeiro marcar 25 pontos, com uma
diferença mínima de um ponto.
(C) se uma equipe recusar-se a jogar, após ser intimada, ela é declarada ausente e perde a partida
com o resultado 0X3 para a partida e 0X15 para cada set.
(D) deve sempre haver, no mínimo, cinco jogadores em jogo por equipe.
04. (EBSER - Profissional de Educação Física - INSTITUTO AOCP) A modalidade esportiva jogada
em equipe, na qual a bola deve ser conduzida e arremessada somente com as mãos, é denominada
(A) voleibol.
(B) futebol.
(C) futevôlei.
(D) handebol.
(E) futsal.
05. (Prefeitura de Teresina/PI - Professor - NUCEPE) Nas lutas é necessário muito tempo de
treinamento para se apurar a técnica dos golpes e a disciplina, para execução de maneira adequada e
com pouco gasto de energia. Pode-se dizer que o kata faz parte do treinamento de quais lutas?
(A) Jiu jitsu, karatê.
(B) Judô e karatê.
(C) Boxe, judô.
(D) Karatê e boxe.
(E) Jiu jitsu e judô.
06. (SEE/MG - Professor de Educação Básica - FCC) A Capoeira é um jogo corporal que envolve
dança, luta, brincadeira, música e folclore. O principal movimento de deslocamento, base de todos os
outros movimentos realizados na Capoeira, é denominado
(A) rolê.
(B) ataque.
(C) esquiva.
(D) ginga.
07. (IF/CE - Técnico de Laboratório - Educação Física) A natação é uma das formas de atividade
física mais antiga conhecida pelo homem. Nas civilizações da antiguidade, já se conheciam seus
benefícios para o corpo. Na idade moderna, ela já era conhecida como uma prática esportiva; e, em
meados do século XIX, os ingleses criaram as primeiras regras para a prática da natação enquanto
esporte competitivo. Quanto à natação nos dias atuais, enquanto esporte e competição, enumere (V) para
verdadeiro e (F) para falso as afirmações. I. ( ) Levando-se em consideração o posicionamento do tórax
e o movimento de pernas e braços, são definidos apenas dois estilos de nado: crawl (nado livre) e peito.
II.( ) Nas competições de nado medley, os nadadores devem nadar quatro estilos, na seguinte ordem:
borboleta, costas, peito e crawl. III. ( ) São reconhecidos como recordes mundiais, em piscina de 50
metros, para o nado peito em ambos os sexos as seguintes distâncias: 50, 100 e 300 metros. IV.( ) Todos
os recordes durante os Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e as Copas do Mundo serão aprovados
automaticamente pela FINA. V.( ) Em jogos olímpicos, a piscina, para as competições de natação, deve
ter 25 metros de comprimento e, no mínimo, 3 metros de profundidade. A sequência correta é:
(A) V, V, F, F, V.
(B) F, F, V, V, F.
(C) F, V, F, V ,F.
08. (SEDUC/SP - Professor de Educação Física - FGV) Sobre o drible nos desportos coletivos com
bola, analise as afirmativas a seguir:
I. No futebol, formas de drible de grande habilidade são realizadas com o objetivo de mostrar
superioridade em relação ao adversário.
II. O objetivo do drible é permitir que o atleta aproveite os espaços deixados pelo adversário para se
aproximar da meta.
III. Os objetivos do drible nos esportes coletivos com bola se diferenciam por usarem partes do corpo
diferentes.
Assinale:
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gabarito
Respostas
01. Resposta: C
O vôlei foi criado em 9 de fevereiro de 1895 por William George Morgan nos Estados Unidos. O objetivo
de Morgan, que trabalhava na "Associação Cristã de Moços" (ACM), era criar um esporte de equipes sem
contato físico entre os adversários, de modo a minimizar os riscos de lesões. Inicialmente jogava-se com
uma câmara de ar da bola de basquetebol e foi chamado Mintonette, mas rapidamente ganhou
popularidade com o nome de volleyball.
02. Resposta: A
O atletismo é um conjunto de esportes constituído pelas seguintes modalidades: corrida, lançamentos,
arremesso e saltos. De modo geral, o atletismo é praticado em estádios, com exceção de algumas
corridas de longa distância, praticadas em vias públicas ou no campo, como a maratona.
03. Resposta: A
Para se jogar voleibol são necessários 12 jogadores divididos igualmente em duas equipes de seis
jogadores cada. Em caso de empate em 2X2 em sets, o set decisivo (5º) é jogado até 15 pontos, com
uma diferença mínima de dois pontos.
04. Resposta: D
No handebol é permitido lançar, parar e pegar a bola, não importa de que maneira, com a ajuda das
mãos, braços, cabeça, tronco, coxa e joelhos (menos os pés). Segurar a bola durante o máximo de 3
segundos mesmo se ela está no chão. Fazer o máximo de 3 passos com a bola na mão.
05. Resposta: B
Predefinição: Judô/Karatê/técnica Kata (型, forma) é uma sequência de movimentos — técnicas de
ataque e defesa — cujo fito é proporcionar ao praticante o aprendizado mais aprofundado da arte e,
simultaneamente, experiência de luta. Também é conhecido por "balé da morte".
06. Resposta: D
A capoeira é formada pelos seguintes elementos: a música do berimbau (podendo ter outros
instrumentos acompanhando), a roda, a ginga e os movimentos corporais.
07. Resposta: C
I. ( ) Levando-se em consideração o posicionamento do tórax e o movimento de pernas e braços, são
definidos apenas dois estilos de nado: crawl (nado livre) e peito.F
Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
117
II.( ) Nas competições de nado medley, os nadadores devem nadar quatro estilos, na seguinte ordem:
borboleta, costas, peito e crawl.V
III. ( ) São reconhecidos como recordes mundiais, em piscina de 50 metros, para o nado peito em
ambos os sexos as seguintes distâncias: 50, 100 e 300 metros.F
IV.( ) Todos os recordes durante os Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e as Copas do Mundo
serão aprovados automaticamente pela FINA. V
V.( ) Em jogos olímpicos, a piscina, para as competições de natação, deve ter 25 metros de
comprimento e, no mínimo, 3 metros de profundidade. F
08. Resposta: B
A alternativa correta condiz a letra B, pois apenas se afirmativa II estiver correta. “II. O objetivo do
drible é permitir que o atleta aproveite os espaços deixados pelo adversário para se aproximar da meta.”
Se deve analisar os aspectos mais importantes para o planejamento do treino físico, principalmente
quando falamos de crianças e adolescentes173, considerando as características fisiológicas de cada etapa
do desenvolvimento.
“A criança não é uma miniatura do adulto, e sua mentalidade não é só qualitativa, mas também
quantitativamente diferente da do adulto, de modo que a criança não é só menor, mas também diferente.”
A citação acima nos reporta a realidade, onde o treinamento direcionado à criança e ao adolescente,
deve ser diferente do treinamento realizado pelo adulto, pois segundo Weineck, isso deve-se ao fato de
crianças e adolescentes, estão em desenvolvimento contínuo, sofrendo inúmeras transformações físicas,
psíquicas e sociais, tendo consequências que influenciam nas atividades corporais, bem como na
capacidade de suportar carga. O treinamento, deve ser planejado considerando-se as etapas de
desenvolvimento fisiológico natural do indivíduo, que são: idade pré-escolar, primeira infância escolar,
primeira fase puberal ou pubersência, segunda fase puberal ou adolescência. Nestas fases, segundo Pini
& Carazzatto, ocorrem alterações significativas no organismo da criança, e o exercício físico assume
papel importante no desenvolvimento morfofuncional.
O treinamento específico das qualidades físicas, não deve ser oportunizado, através da redução de
cargas prescritas para adultos, cada faixa etária tem suas tarefas conforme características peculiares ao
seu desenvolvimento, como no caso da pubersência onde a ênfase qualitativa de movimentos e
capacidades coordenativas deva ser privilegiada.
Alguns autores, relacionam a maior atividade física da criança com a dominância de impulsos cerebrais
e pela menor percepção do esforço, que no adulto é mais evidente. Esta maior movimentação leva a uma
melhor condição física, segundo Massicote que evidencia nos estudos realizados por Shephard e
Levallée, onde crianças que foram submetidas a um programa especial de Educação Física, com cinco
sessões de uma hora, por semana, possuíam uma capacidade de trabalho superior, do que as inscritas
no programa regular de quarenta minutos, uma vez por semana.
O início deste processo evolutivo de desenvolvimento se dá, na sua grande parte dentro da escola,
então o estímulo ao desenvolvimento das potencialidades e o aprimoramento orgânico do homem, é fruto
da atuação efetiva de programas de Educação Física, que segundo Weineck, é ineficiente nos moldes
adotados (duas vezes por semana) não suprindo a carência motora, mas pode intervir através da
informação adequada das atividades de desempenho orgânico funcional, mais saudáveis.
173
VALENTE, Ricardo. O treinamento físico na criança e no adolescente. EFDEPORTES, 2002.
Segundo Pini & Carazzatto, a relação entre peso e a altura, do nascimento a fase adulta, se faz de
forma alternada, bem como a função orgânica, assim entre as etapas de desenvolvimento encontra-se
diferenças significativas, de tamanho dos órgãos e das estruturas que os comportam.
A velocidade de crescimento, se dá em etapas atingindo uma certa estabilidade na idade pré - escolar,
voltando a acelerar na puberdade, isso é fator determinante para estabelecer-se parâmetros de
treinamento com carga, pois não há equivalência com a fase adulta, segundo Weineck, pois a alteração
de metabolismo, que em crianças é de 20 - 30 % (basal) maior que nos adultos, é item de preocupação
durante os treinamentos de carga corporal ou específica, devendo prevalecer períodos suficientes de
descanso e recuperação. Estes dados levam a incerteza, na escolha da fase de início do treinamento,
sem que este resulte em perturbações no desenvolvimento. Weineck, situa como faixa de segurança e
indica os estímulos submáximos de carga, utilizando mecanismos variados.
Um dos indicativos de rendimento físico, o consumo de oxigênio (VO2 máx.) e bem como a
treinabilidade absoluta, crescem parabolicamente atingindo seu ápice entre 18 - 22 anos nos homens e
16 - 20 anos nas mulheres.
Resistência
A criança e ao adolescente, se adaptam com facilidade aos diversos tipos de treinamento,
principalmente aos aeróbicos.
Robinson citado por Massicote, foi um dos pioneiros nos estudos fisiológicos através do teste de
esforço em crianças e adolescentes, onde encontrou diferenças na adaptação realizadas pela
criança/adolescente e o adulto. O autor, ainda ressalta, que testes executados em bicicleta ergométrica,
mostram que peso, altura e sexo interferem pouco no rendimento mecânico pois os resultados foram
equivalentes ao dos adultos. Já Duarte, considera o aumento da capacidade aeróbica, relativa ao
crescimento (altura) e frequência cardíaca, tornando-se medida clássica de aptidão física, este aspecto
foi constatado em estudos realizados por Godfrey, citados por Massicote, onde crianças de 5-16 anos
tem VO2 diferenciados, aos 5 anos é de aproximadamente 1 litro/min. E por volta dos 16 ultrapassa os 3
litros/min, em todos os testes e grupos etários os meninos apresentam valores mais elevados do que as
meninas, isso devido ao aumento de massa muscular evidenciado nos meninos, equivalendo no final da
puberdade ao resultado de um adulto jovem (Duarte,1993). Meller & Mellerzowick, consideram o aumento
de VO2 máx. relativo ao crescimento, e alcançando seu nível máximo aproximadamente aos 22 anos de
idade.
Massicote, cita os estudos feitos por Macek, que detectaram a utilização de energia proveniente do
metabolismo aeróbico durante o exercício, antes em crianças, do que nos adultos, atingindo índices
aproximados por volta dos 17 anos.
A força, a velocidade, e a resistência, deve ser introduzida como treinamento, desde a idade pré-
escolar, principalmente quando este treinamento for baseado na resistência aeróbica, com índices
submáximos e de maneira contínua, não excedendo o limite fisiológico da criança, e considerando que
as distâncias não devem ultrapassar 500-600 m., para esta faixa etária.
Aliado a isto Weineck, indica a pubescência e a adolescência como fases de início do treinamento
específico, com índices máximos, pois o contexto do desenvolvimento muscular cardíaco e do aparelho
respiratório atinge níveis altamente treináveis , e uma maior capacidade de suportar carga, e o
planejamento deve privilegiar a resistência aeróbica e resistência anaeróbica aláctica (intervalado), que
se sobrepõe ao treinamento de repetição, com distâncias que utilizem energia através do consumo de
glicólise aeróbica. Estudos realizados em Moscou, com atletas adolescentes corredores (800m,1500m e
3000m), na faixa etária de 14-15 anos, demonstrou um aprimoramento sistemático quando utilizado como
treinamento a base aeróbica, misto (aeróbica-aneróbica) e anaeróbica, alternando diferentes tipos de
corrida (Bondarchuk,). Uma amostragem feita com universitário, em Campinas levou os pesquisadores a
concluírem, existem variáveis que influenciam no rendimento como hora do dia, e dia da semana em que
o trabalho está sendo realizado, considerando uma rotina normal de aula, em universitários, através do
teste de Cooper.
A Medicina Pediátrica utiliza hoje frequentemente o Teste de Esforço (TE) em crianças e
adolescentes, sendo um aliado importantíssimo na detecção de anomalias relacionadas ao
desenvolvimento sadio do coração, o teste prevê a utilização de um circo ergômetro ou esteira, levando-
se em consideração as variáveis físicas da criança, peso e altura.
Velocidade
Aqui se identifica a obtenção da velocidade máxima, em limites geneticamente estreitos, sendo
indicado a velocidade de reação e a capacidade de aceleração e coordenação, como treinamento até a
pubescência, utilizando estímulos variados, aumentando gradativamente o treinamento de corrida de
velocidade. Isso deve-se ao fato de que neste período, idade pré-escolar / pubescência, melhoram as
relações de alavanca e processos nervosos ligados a mobilidade.
0 a 6 meses: ganho semanal médio de 140 a 200 g. O peso ao nascer dobra por volta de 4 a 6 meses.
Ganho mensal médio de 2,5 cm
6 a 18 meses: ganho semanal médio de 85 a 140 g. O peso ao nascer triplica por volta de um ano.
Ganho mensal médio de 1,25 cm
18 meses a 3 anos: Ganho anual médio de 2 a 3 Kg. Altura por volta dos dois anos, aproximadamente
a metade da altura do adulto.
1 a 2 anos: ganho anual médio de 2 a 3 Kg. Ganho médio de 12 cm
2 a 3 anos: ganho anual médio de 2 a 3 Kg. Ganho médio de 6 a 8 cm
Nos dias atuais, para atingir resultados desportivos superiores, os atletas dedicam-se à atividade
esportiva durante muitos anos de suas vidas. Por isso, tornou-se necessária uma subdivisão
metodológica rigorosa em longo prazo, relacionada à preparação dos atletas, na qual as etapas e fases
não têm prazos definidos de início e finalização, pois dependem não só da idade, mas também do
potencial genético do esportista e do ambiente no qual ele está inserido, das particularidades de seu
crescimento, maturação, desenvolvimento, da qualidade dos técnicos, entre outros, e também das
características de cada modalidade escolhida. Toda proposta que visa ao planejamento da prática do
esporte em seus diferentes significados prioriza o desenvolvimento dos seus praticantes em etapas e
fases que percorrem desde a iniciação até o profissionalismo.
A etapa de iniciação nos jogos desportivos é um período que abrange desde o momento em que as
crianças iniciam-se nos esportes até a decisão por praticarem uma modalidade. Desta maneira, os
conteúdos devem ser ensinados respeitando-se cada fase do desenvolvimento das crianças e dos pré-
adolescentes.
Sendo assim, optamos por dividir a etapa de iniciação esportiva em três fases de desenvolvimento: a)
fase iniciação esportiva I; b) fase de iniciação esportiva II; e c) fase de iniciação esportiva III, sendo que
cada fase possui objetivos específicos para o ensino formal e está de acordo com as idades biológica,
escolar, cronológica e com as categorias disputadas nos campeonatos municipais e estaduais,
diferenciando-se de modalidade para modalidade. No quadro 1, visualizamos essas características, com
um exemplo para as disputas nos campeonatos de basquetebol no ensino não formal.
Fases do
Desenvolvimento Categorias
Idade Biológica Idade Escolar esportivo, Idade Cronológica disputadas no
elaboradas para o Basquetebol
estudo
Sétima e Oitava Iniciação
Pubescência 13 - 14 anos Mirim e Infantil
Séries Esportiva III
Primeira Idade Quinta e Sexta Iniciação
11 - 12 anos Pré-mini e mini
Puberal Séries Esportiva II
Segunda,
Primeira e Iniciação Atividades
Terceira e Quarta 7 – 10 anos
Segunda Infância Esportiva II recreativas
Séries
Questões
01. (FUNDAÇÃO CASA - Profissional de Educação Física - CETRO) Entre os 5 e 10 anos de idade
ocorre uma grande evolução na coordenação e controle motor, facilitando a aprendizagem de habilidades
motoras cada vez mais complexas. Sobre essa fase do crescimento e desenvolvimento e o tipo de
atividade indicada, assinale a alternativa correta.
(A) O ideal, nessa fase, é começar a aplicar jogos que exigem grande complexidade cognitiva.
(B) Esse é o melhor período para a criança partir para a especialização esportiva.
(C)É necessário que sejam oferecidos estímulos para a evolução das capacidades de força, velocidade
e resistência.
(D) Mesmo considerando acesso idêntico às atividades motoras, as diferenças no desenvolvimento
motor entre meninos e meninas são muito grandes nessa fase.
(E) A aquisição motora, nessa fase, depende apenas de fatores neurofisiológicos e psicológicos (como
a atenção, motivação e autoconfiança).
Gabarito
01.C
Comentários
01. Resposta: C
A força, a velocidade, e a resistência, deve ser introduzida como treinamento, desde a idade pré-
escolar, principalmente quando este treinamento for baseado na resistência aeróbica, com índices
submáximos e de maneira contínua, não excedendo o limite fisiológico da criança, e considerando que
as distâncias não devem ultrapassar 500-600 m., para esta faixa etária.
DANÇA
A dança é considerada uma das artes mais antigas. É a única que dispensa qualquer material como
ferramenta, pois depende somente do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função, conforme
analisou Nascimento (2002).174
De acordo com o Langendonck (2009) na Era Primitiva, entre 9000 e 8000 A.C, nos períodos
Paleolítico e Mesolítico, a dança estava relacionada diretamente à sobrevivência, no sentido de que os
homens vivendo em tribos isoladas e se alimentando de caça, pesca e frutos colhidos da natureza,
criavam rituais em formas de dança, buscando impedir que eventos naturais pudessem prejudicar suas
práticas.
Segundo Cavasin (2004 apud CAMINADA 1999), na forma mais elementar, a dança se manifesta
através de movimentos que imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem e que
trazem consigo a ideia de que esta imitação tornará possível a incorporação de poderes sobrenaturais.
Na mesma direção, Portinari (1989) afirma que a dança estava presente celebrando as forças da
natureza bem como as mudanças das estações. Contudo, até hoje não se tem clareza de quando e por
que o homem dançou pela primeira vez. Na medida em que arqueólogos conseguem traduzir inscrições
dos povos pré-históricos, elas nos indicam a existência da dança como parte integrante de cerimônias
religiosas, permitindo afirmarmos que talvez esta tenha nascido concomitantemente à religião.
Dançar pode significar uma tentativa de comunicação, de expressão de sentimentos e ideias, ou de
rituais, como bater as mãos e os pés ritmicamente para aquecer os corpos antes da caça e dos combates.
174
FERNANDES, R. de C.; ROCHA, A. J. de A.; ALCADES, T. R. A dança como conteúdo da Educação Física escolar e os desafios da prática pedagógica.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011
Segundo as afirmações de Langendonck (2009), foram encontradas gravuras de figuras dançando nas
cavernas de Lascaux, na medida em que usavam essas inscrições para relatar aspectos do dia-a-dia e
de sua cultura, relacionada à caça, pesca, morte e rituais religiosos, podendo dizer que essas figuras
dançantes fizeram parte desses rituais.
As danças primitivas eram executadas pelos homens das cavernas e seus movimentos ficaram
registrados na arte rupestre, isto é, em desenhos gravados em rochas e paredes das cavernas.
Durante a Idade Média, na Índia e na China, a dança se apresentava de várias formas. Na adoração
de divindades, os dançarinos usavam máscaras e trajes coloridos que acentuavam o poder de
representação e de abstração.
Nas palavras de Cavasin (2004), podemos afirmar que os dançarinos executavam movimentos
acompanhados por cantos. Dançavam durante o ano novo lunar, por ocasião das colheitas e para louvar
os deuses.
Na Grécia antiga, o ideal de perfeição consistia na harmonia entre corpo e espírito, os gregos deram
muita importância à dança, pois desde os primórdios ela aparece em mitos, cerimônias, literatura e como
matéria obrigatória na formação do cidadão. Além disso, a dança também era muito vinculada aos jogos,
especialmente os olímpicos. O corpo dos adolescentes simbolizava beleza aos gregos, considerado fonte
de inspiração para os artistas. Era preciso exercitar-se no esporte e na arte da dança para se ter um corpo
esbelto.
Sabemos que no império romano a dança teatral se dava através de espetáculos variados que se
apresentavam dançarinos que se considerarmos hoje seriam apresentações circenses com acrobatas e
saltimbancos. Já na Índia e China a corte contava com os serviços dos escravos bailarinos para distrair
a nobreza.
Durante vários séculos, essas manifestações artísticas, eram apresentadas apenas para as nobrezas
de cada sociedade, apenas com o passar dos anos o povo foi tendo acesso ás exibições, transformando-
se assim em teatro popular aquilo que até então era privilégio de uma pequena minoria. (MOURA, 2007)
Segundo Nascimento (2002), no Renascimento a dança teatral, extinta em séculos anteriores, por que
predominava a participação feminina, reapareceu com força nos cenários cortesãos e palacianos.
Grandes modificações ocorreram, pois a partir delas, passaram a ser utilizados elementos macabros,
como fantoches com membros disformes. Com isso, a igreja interveio de forma austera, reprimindo todas
essas manifestações de dança, pois a mesma representava o pecado aos olhos dessa Instituição.
A dança clássica, como informou Bogèa (2002, p. 48), nasceu mais aristocrática, nas cortes da
Renascença, na segunda metade do século XVI. Primeiro na Itália, depois na França, com o incentivo da
Rainha Catarina de Médicis.
Já no século XIX, na França criou-se a contradança que definiram as danças das cortes. As danças
foram criando suas formas peculiares que se transformaram na quadrilha, Valsa, Polca, Mazurca,
Scottidh, Pás-de-quatro entre outras.
No século XX, surgiu o Boston, Cake-Walk, Maxixe, One Step, Fox-Trot e Tango. A dança se expandiu
também fora do espetáculo, principalmente nas tradições populares.
Nascimento (2002) acredita que as danças folclóricas são originadas das danças de cunho religioso,
de dentro dos templos para as praças públicas. Dessa forma, as manifestações religiosas passaram a
tomar um caráter de manifestações populares.
A dança moderna surgiu a partir da ideia de contestação dos artifícios do balé e de sua falta de
contextualização aos problemas sociais da época. Ela se manifestou num mundo governado por
máquinas onde o ser humano buscava relações mais sensíveis com a sociedade e consigo mesmo.
(PORTINARI, 1989)
As reformas concebidas por Fokine que libertou os movimentos exagerados dos gestos mímicos
seguiam as aspirações dos pioneiros da dança moderna, mas os passos e as posições do balé
permaneceram os mesmos. Nijisky tentou ir mais longe se utilizando de movimentos diferentes, mas
aquela altura já estava familiarizado com inovações da dança moderna. Depois dele, outros coreógrafos
A dança no Brasil originou-se dos mais variados lugares. Há uma mistura de ritmo e som que faz as
pessoas criarem cada vez mais passos e modos diferentes de dançar. Por exemplo, os índios do Brasil,
segundo Bogêa (2002), têm seus rituais dançados ao som dos atabaques. Alguns aspectos de suas
danças são preservados até hoje.
No Brasil, a dança ligada à Educação Física surge na década de 1920 por agregação de movimentos
ginásticos em suas bases elementares. Já em 1940, foi incluída na formação de professores de educação
física, e gerou um núcleo que liderou a disseminação da dança em diferentes modalidades,
posteriormente tornando-se parte dos currículos de licenciatura. Continuou a passar por transformações
e em 1980 foi reformulado a licenciatura e o bacharel, confirmando a necessidade dos professores de
educação física desenvolverem saberes e competências em relação à dança e suas diferentes
manifestações.
Para Marques (2007), nas décadas de 1980 e 1990, propostas de dança foram contestadas por
filósofos do minimalismo. Este se refere a uma série de movimentos artísticos e culturais que percorreram
diversos momentos do século XX. Preocuparam-se em exprimir através de seus mais fundamentais
elementos, especialmente nas artes visuais, no design, na música e na própria tecnologia, o formalismo
que descreve uma ênfase da forma sobre o conteúdo, atestada pela ausência do coreógrafo e da recusa
de técnicas codificadas em prol do significado da dança. No período de 1990 surgem evidencias de que
o método dança educação vinha sendo fortalecido como proposta ao trabalho corporal.
O Brasil é um país que tem na sua cultura popular expressões significativas, que possibilitam inúmeras
oportunidades de aprendizagem através de músicas, danças e festas populares.
Côrtes (2000) afirma que as manifestações da cultura popular se modificam juntamente com as
mudanças da sociedade em que estão inseridas, sendo parte fundamental dos diversos modos de pensar,
sentir e agir de um povo, presentes em seu contexto sociocultural historicamente construído.
No Brasil temos as classificações das danças por região onde cada uma possui sua dança tradicional
assim como as festas. A seguir, vamos citar algumas danças das regiões com base no trabalho de Cortês
(2000).
- Norte: Carimbó, Retumbão, Lundu da Ilha do Marajó, Xote Bragantino, Vaqueiros do Marajó,
Marabaixo, Batuque, Siriá, Boi-de-Máscara.
- Nordeste: Guerreiro, Frevo, Xaxado, Quilombo, Caninha Verde, Maracatu, Caboclinhos, Ciranda,
Coco, Capoeira.
- Centro-Oeste: Catira, Chupim, Cururu, Siriri, Engenho de Maromba, Cavalhada.
- Sudeste: Ticumbi, Congos, Congados ou Congadas, Moçambique, Catopês, Jongo, Caboclinhos ou
Caiapós, Folias de Reis, Marujos, São Gonçalo, Calango Mineiro.
- Sul: Caranguejo, Chimarrita, Pezinho, Balaio, Maçanico, Rancheira, Pau-de-Fita, Tatu, Chula, Tirana
do Lenço.
- Danças do Fandango Paranaense: Xará-Grande, Anu, Tonta e Recortado.
Desta forma, iremos explicar uma dança de cada região concordando com as ideias de Côrtes (2000).
Na região Norte, o Carimbó é considerado um gênero musical de origem indígena, porém, como
diversas outras manifestações culturais brasileiras, miscigenou-se e recebeu outras influências,
A escola é uma instituição voltada à educação formal que tem como objetivo sistematizar
conhecimentos, assim como o legado cultural produzido pelo homem ao longo do tempo, visando à
formação humana e crítica dos cidadãos.
Rangel (1996) afirma que é na escola que o indivíduo tem acesso a um número bastante diversificado
de informações, conhecimentos, normas, valores e atitudes. Neste contexto, a dança na escola deve
proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os domínios do comportamento
humano.
Para que o professor contribua efetivamente na formação de estruturas corporais mais complexas, ele
poderá se utilizar da dança, tanto no aspecto biológico que é sua especificidade, mas também na questão
da formação humana.
É possível afirmar ainda segundo Friedrich (2001), que a dança como processo educacional pode
contribuir para o aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões fundamentais do movimento, no
desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo.
Nas palavras de Manfio; Paim (2008), a dança é um conteúdo muito importante para que o aluno
consiga desenvolver seu autoconhecimento, liberar as tensões, além de proporcionar um encontro da
coordenação e da harmonia dos diferentes movimentos corporais.
O trabalho da dança educacional segundo Rangel (1996), quando preocupado em deixar fluir dos
educandos suas emoções, seus anseios e desejos dos movimentos que não necessariamente envolvam
a técnica, permitirá que o sujeito se revele e desperte para o mundo, numa relação consigo e com os
outros, de forma consciente.
De acordo com Manfio; Paim (2008) temos na dança educação uma oportunidade de desenvolvermos
atividades corporais artísticas na escola, com o objetivo de desenvolvimento não apenas das capacidades
motoras das crianças, mas como de suas capacidades imaginativas e criativas.
A dança pode propiciar o autoconhecimento, estimular vivência da corporeidade na escola,
proporcionar aos educandos relacionamentos estéticos com as outras pessoas e com o mundo, incentivar
a expressividade dos indivíduos, possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais na escola,
sensibilizar as pessoas contribuindo para que elas tenham uma educação estética, promovendo relações
mais equilibradas e harmoniosas diante do mundo desenvolvendo a apreciação e a fruição da dança.
(BARRETO, 2008)
Ao vivenciarmos a dança, seja em expressão artística, recreativa, expressão humana, de sentimentos,
entre outras, podemos dizer que tais concepções podem enriquecer muito o trabalho do professor
conjunto à educação física, considerando que ambas as áreas são complementares.
Segundo Pereira (2006), apesar de áreas distintas, cada qual possuindo seu próprio campo de
conhecimento e objeto de estudo, a dança é considerada como um conteúdo a ser trabalhado pela
educação física escolar.
A dança pode contribuir para a área da educação física na medida em que, através da experiência
artística e da apreciação, estimula no individuo os exercícios da imaginação e da criação de formas
expressivas despertando a consciência estética, como um conjunto de atitudes mais equilibradas diante
do mundo. (BARRETO, 2004)
Devemos ressaltar que a dança pode ser desenvolvida pela educação física também em outros
espaços de prática no lazer como: clubes, academias, escolas especializadas de dança.
Nas palavras de Santos (2005), cada vez mais a dança vem sendo incluída nos currículos escolares
ou extraescolares. Devido aos métodos e processos livres utilizados por esta disciplina, as crianças têm
a possibilidade de aprender pelas experiências do próprio corpo, e agirem livremente no espaço em que
vivem, interagindo com as pessoas que as cercam.
Danças Eruditas
A dança é uma das três principais artes cênicas da Antiguidade. As danças eruditas, representadas
principalmente pelo Ballet, era dirigida a camadas sociais instruídas e intelectualizadas. Possui uma
coreografia baseada em música clássica de grandes compositores.
Balé Clássico
Como outras formas de dança, o balé pode ter um enredo, expressar os sentimentos ou só refletir a
música. Entretanto, neste tipo de dança é muito exigida a técnica e a perícia do bailarino. Usando
simplesmente o corpo, eles conseguem expressar as mais variadas emoções e formam belas e
harmoniosas expressões artísticas, por isso esta técnica é chamada clássica, por que saliente essa
pureza e harmonia de expressão.
Como a técnica foi criada na França, até hoje são usadas palavras francesas para designar passos e
posições do balé.
Paris permaneceu como a capital do balé quando bailarinos e coreógrafos que lá trabalhavam, levaram
sua técnica para outros países.
Atualmente em todos os países do mundo existem excelentes companhias de balé. Os bailarinos
exibem não só uma grande técnica, mas também alto grau de dramaticidade. Os Balés conjugam
movimentos clássicos com passos de dança moderna.
Balé Romântico
O balé romântico é um dos mais antigos e que se consolidou mais cedo na história do Ballet. Esse tipo
de dança atraiu muitas pessoas na época devido o Movimento Romântico Literário que ocorria na Europa
na primeira metade do século XIV, já que se adequava à realidade da época, pois antes as pessoas
diziam que não gostavam de Balé porque não mostrava nada do real. Os balés que seguem a linha do
Romântico pregam a magia, a delicadeza de movimentos, onde a protagonista é sempre frágil, delicada
e apaixonada. Nesses balés se usam os chamados tutus românticos, saias mais longas que o tutu prato.
Estas saias de tule com adornos são geralmente floridas, lembrando moças do campo. Como exemplos
de Ballets Românticos podemos citar “Giselle”, “La File Mal Gardée” e “La Sylphide”.
Balé Contemporâneo
O balé contemporâneo é mais conhecido por balé moderno. Foi criado no início do século e ainda
preserva o uso das pontas e gestuais ainda muito próximos do Balé Clássico. Neste estilo de dança a
coreografia começa a ter ideologias diferentes. Não há mais uma história que segue uma sequência de
fatos lógicos, mas sim muitos passos do balé clássico misturado com sentimentos.
As roupas usadas no Balé Contemporâneo são geralmente colas e malhas, como em uma aula normal,
para maior liberdade de movimento aos dançarinos. É o estilo que vem antes da dança moderna, que
esquecerá os passos clássicos, dando ênfase somente aos movimentos corporais. Seu principal difusor
foi George Balanchine, em Nova York, com belíssimas coreografias como Serenade, Agon e Apollo.
Sapateado
O sapateado se originou da fusão cultural entre irlandeses e africanos. Sua primeira manifestação
aconteceu na Irlanda, no início da Revolução Industrial. Nos pequenos centros urbanos, operários
costumavam usar tamancos, chamados Clogs, para isolar a intensa umidade que subia do solo e, como
forma de diversão, reuniam-se nas ruas, tanto homens como mulheres, para uma animada competição,
onde o vencedor seria aquele que conseguisse produzir os sons e ritmos mais variados com o bater das
solas no chão de pedra. Esta diversão passou a ser popularmente conhecida como “Lancashire Clog”.
175
https://bit.ly/2DLogTV
Danças Clássicas176
As Danças Clássicas constituem uma das modalidades das Danças de Salão e incluem cinco
diferentes tipos de dança: a Valsa Vienense, a Valsa Inglesa, o Slow Foxtrot, o Quick Step e o Tango.
Como Surgiram:
As Danças Clássicas tiveram diferentes origens, e cada uma teve uma história diferente que lhe foi
dando as características que elas têm na atualidade.
176
https://bit.ly/2Ofl46O
Movimentos:
Os passos para a frente são feitos normalmente, primeiro com a base do pé em contato com o chão,
e só depois a ponta do pé. Para trás são dados os passos, primeiro com a ponta do pé, e só depois com
a base do pé.
Contra-Body Movement (Movimento de contra corpo): Passo suave e típico das Danças de Salão: é o
passo usado para começar a maioria dos movimentos de rotação.
Rise & Fall: A "subida e descida" está presente no Foxtrot, embora de uma forma mais subtil do que
na Valsa.
Sway Sway (Balanço de balanço): É definido pela inclinação do corpo normalmente quando existem
movimentos para o lado.
Características do Tango
Existem numerosos estilos de Tango atualmente, como por exemplo o Tango Argentino, o Tango de
Salão (Estilo americano e internacional), o Tango Finlandês, o Tango Chinês, entre outros. O Tango
Argentino é considerado como sendo o “autêntico” tango, já que é o mais parecido com o que se dançou
originalmente em Buenos Aires, Argentina.
O Tango é dançado normalmente em linha, numa posição cerrada, peito com peito, ou face encostada
(cara a cara). No entanto, o Nuevo Tango permite dançar numa postura aberta.
Há qualquer coisa muito especial no Tango. Transmite uma atmosfera de expectativa tensa. As
entrecortadas desta música, combinando-se em fluentes crescentes, suaves mas firmes, criam um tom
dramático e furtivo entrelaçado de fortes contrastes, que se repetem constantemente e que necessitam
de uma grande capacidade de improvisação.
O segredo para captar o sentimento do Tango reside em adoptar a postura correta e conseguir
executar os alusivos movimentos de gato que o caracterizam. A coreografia é complexa e as habilidades
dos bailarinos são celebradas pelos aficionados.
É importante dar grande atenção às posições relativas dos corpos quando se adopta a posição Inicial.
Os dançarinos devem reparar que o ombro direito do Homem conduz e que, cada vez que os seus pés
estão unidos, a ponta do pé direito fica junto a face interna do pé esquerdo (e vice-versa para Senhora).
O tango: romântico, dramático, exótico, sofisticado e simples é caracterizado por um compasso 2/4 que
é tocado com um staccato incomum em cada batida. O objectivo a atingir é o procedimento furtivo de
predador, tanto para o homem, como para a senhora.
Dança Moderna177
A dança moderna apareceu no início do século XX como maneira mais moderna e pessoal de
expressar ideias através da dança. Se constitui numa autêntica revolução contra o sistema de regras
rígidas da dança clássica, caracterizando-se por isso mesmo pela inteira liberdade de movimentos e de
expressão: procura transmitir com mais ênfase os sentimentos, os sonhos, as fantasias, as ideias e as
emoções do homem, tentando teatralizá-los ao máximo através dos movimentos corporais. Entre os
pioneiros do movimento, estão as americanas Isadora Duncan, Loie Fuller e Ruth St. Denis; o suíço Emile
Jacques – Dalcroze; e o Húngaro Rudolf Von Laban. Isadora Duncan, a mais espontânea, dançava
descalça e vestia túnicas soltas, ignorava os movimentos convencionais (os seus eram inspirados pela
natureza, pela música clássica e pelas tragédias gregas) e não permitia cenários que pudessem desviar
a atenção da platéia.
As religiões orientais inspiraram as danças de Ruth St Denis; ela e seu marido Ted Shawn abriram
uma famosa escola em Los Angeles, a Denishawn. Muitos de seus alunos, entre os quais Martha Graham,
desenvolveram estilos mais pessoais e formaram suas próprias companhias. A dança moderna voltou ao
início básico da dança, liberada de artifícios ou temas fantásticos. Era um meio do artista poder expressar
seus sentimentos de um modo mais atual.
Logo, é o estilo que esquece os passos clássicos, com movimentos harmônicos e delicados, dando
ênfase aos movimentos corporais assimétricos, explorando as possibilidades motoras do corpo humano,
usando dinamismo, emprego dos espaços e do ritmo corporal em movimentos. Os grupos de dança
moderna normalmente são fundados por uma personalidade, que é seu coreógrafo e diretor, sendo assim,
tem suas próprias características. A dança moderna se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos,
por não ter uma tradição clássica, e na Alemanha, pela particularidade de manterem suas características
próprias evitando influências externas.
Dança Contemporânea178
Mais que uma técnica específica, a dança contemporânea é uma coleção de sistemas e métodos
desenvolvidos a partir da dança moderna e pós-moderna. O desenvolvimento da dança contemporânea
177
https://bit.ly/2zzQ6hM
178
http://www.mundodadanca.art.br/2010/03/danca-contemporanea-sua-historia.html
Danças Urbanas179
As danças urbanas surgiram nos Estados Unidos por volta da década de 1970 nos subúrbios de Nova
York e Chicago, onde era uma forma de expressão corporal e de diversão para as comunidades
periféricas de cada região. Conforme Rose (1997) o surgimento das Danças Urbanas foi um divisor de
águas, pois através dela o subúrbio conseguia mostrar quais eram os problemas que assolavam a
comunidade, como a violência, as drogas, a pobreza, entre outras situações daquele contexto.
Através de pequenas intervenções de dança, a comunidade se reunia para lutar contra os problemas
que os sondavam, tais como, problemas de infraestrutura, de segurança, de violência e muitos outros.
Surgia assim a primeira ideia de encontros de danças urbanas, que são realizados até hoje. Guarato
(2008), sobre as danças urbanas na atualidade, afirma que esta prática nos novos tempos tem enfrentado
uma realidade adversa do passado, ao discorrer que o número de pessoas que dizem ter praticado
danças urbanas nos últimos anos, afirma nunca terem dançado no espaço da rua.
Isso demonstra a transformação que vem ocorrendo com o movimento artístico das danças urbanas,
uma vez que o espaço original de prática foi aos poucos sendo substituído pelo palco italiano, como nos
casos dos festivais competitivos de dança.
É necessário também, ao tratarmos do histórico das danças urbanas, discutir o movimento cultural Hip
Hop, que, segundo Oliveira (2007), tem seus ideais ligados a um espaço de luta, no qual a cultura de uma
comunidade e o movimento artístico estão em comunhão, ou seja, não estão em campos opostos, por
mais que se diferenciem.
A Cultura é de livre acesso a todos, o Movimento atende a necessidade de um público distinto. A
cultura revoluciona, mas o Movimento revoluciona explicitamente e atenta-se as metas para alcançar o
179
https://wp.ufpel.edu.br/danca/files/2014/06/Danças-Urbanas-TCC-Anderson.pdf
Para sintetizar melhor a história das danças urbanas, não podemos deixar de falar de alguns outros
elementos, musicais e até mesmo de dança, que fazem parte da prática artística urbana, como o break,
o graffiti, o rap e o trabalho dos DJs.
O break surgiu na mesma época em que os soldados americanos estavam na guerra do Vietnã, e,
segundo Santos (2007), o break foi criado por porto-riquenhos, através de expressão de insatisfação com
a guerra.
O break se traduz como uma linguagem de quebra, na qual existe um rompimento no padrão de
movimentos cotidianos e uma forma de se protestar contra a guerra, fato que para a época foi considerado
como um ato extremamente simbólico e importante para essa juventude, pois usavam, por exemplo, os
braços imitando as hélices de helicópteros usados na guerra do Vietnã, mostrando através da dança o
descontentamento da juventude e a realidade daquele momento histórico. De acordo com Santos (2002):
A dança break é caracterizada como se fosse uma corrente elétrica passando através do corpo do
dançarino numa exibição de piruetas atléticas, gestos robóticos, movimentos de tronco, saltos acrobáticos
e movimentos bruscos recebendo os nomes: flow work (trabalho de chão), freezes (paradas) e flow
(ritmo). Os pioneiros dessa dança, penetrados nas esquinas das ruas do Bronx tornaram esses espaços
públicos palcos e centros alternativos para a manifestação dessa representação artística (SANTOS. 2002.
p. 43).
Segundo a mesma autora, o break extrapolou o território da periferia, acabou chegando até a mídia e,
a partir do trabalho do cantor Michael Jackson, que assumiu esse estilo de dança nas suas apresentações
artísticas, acaba difundindo para um público muito maior o sentimento de revolta das ruas. Com isso, a
dança que era vista como uma forma de violência e guerra, nas décadas de 1960 e 1970, tornaram-se
disputas de break e rap trazendo a identidade racial e a identidade de cada bairro, de acordo com Oliveira
(2007).
O rap teve sua origem na década de 1950 na Jamaica, e os Estados Unidos, por ter uma grande
influência e dominar os meios de comunicação de massa, apropriaram-se do estilo, nomeando o rap como
Rhythm and Poetry (Ritmo e Poesia). E esse estilo musical era usado em encontros entre jovens
jamaicanos, onde eles usavam uma batida envolvente para rimar cantos entre amigos, mas o rap logo
conseguiu ganhar outras partes do globo terrestre, logo após que ele atravessa o continente e fez sucesso
no território afro-americano.
A sofisticação do rap ficou por conta dos norte-americanos, onde além de ter essa característica
“guetísta” a linguagem musical ganhou não só o mundo, mas a qualificação para integrar o ambiente
comercial, a grande indústria do hip hop norte-americano. Foram nos Estados Unidos que o rap se
fortaleceu sendo apropriado pela indústria cultural país. Esta apropriação se deve à expansão do mercado
consumidor que se tomou intensa devido à proliferação paulatina da „cultura hip hop‟ entre os jovens de
outros estados americanos (OLIVEIRA, 2007, p. 31).
Já o graffiti, que é a arte de pintar nas paredes, expressa muitas vezes o que está passando na
comunidade. Pela falta de conhecimento e em algumas vezes, pela falta de autorização para a pintura,
muitos consideram o graffiti como um ato de vandalismo, pois acreditam que ele suja e danifica as
paredes, especialmente quando se tratam de prédios históricos. Contudo, segundo Oliveira (2007),
algumas pessoas manipulavam o verdadeiro sentido do graffiti e passam a imagem de que os seguidores
do graffiti eram vândalos distorcendo a realidade que o movimento hip hop pregava na sua origem. As
Danças Urbanas tiveram todo o seu processo de transformação até chegar no que ela é hoje, depois de
um longe processo de luta, de posicionamento e até mesmo luta política.
O surgimento das danças urbanas, no Brasil, foi diferente em relação à trajetória histórica das danças
urbanas nos Estados Unidos, mesmo que em ambos os países o break foi a primeira vertente a ser
trabalhada. Os primeiros bailarinos de break nos Estados Unidos dançavam na periferia de New York na
década de 1960, como uma forma de protesto contra a guerra do Vietnã, retratando em suas danças
alguns elementos de guerra, conforme já colocado anteriormente.
Já, no Brasil, dançar o break tinha outro intuito. Fochi (2007) salienta que o break teve seus primeiros
praticantes no Brasil nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e ao contrário dos Estados Unidos, o
objetivo principal até o primeiro momento era de diversão e a busca pela autoestima.
Ao contrário dos Estados Unidos, em que a dança era produzida essencialmente na periferia, no Brasil
ela foi direcionada para o grande centro de São Paulo, onde um dos pontos de encontro era em frente ao
Teatro Municipal. Porém, como o piso era inadequado para a prática da dança, logo adotaram um novo
Jazz180
A dança jazz é uma modalidade de dança que se originou da fusão da cultura africana com a americana
e tem como principais características de movimentação o jogo de quadris, , movimentações herdadas do
ballet clássico e da dança moderna, entre outros (MORATO, 1993; GARCIA e HAAS, 2006).
Ela surge concomitantemente à música jazz.
Com a chegada nas Américas de pessoas de outras etnias africanas, vieram junto seus costumes:
rituais, músicas e dança. Simon (2007) afirma que os senhores dos escravos tinham por costume a valsa,
a polca e a quadrilha. Os negros em frente a estas modalidades de dança, as quais se diferiam das suas,
satirizavam-nas, causando diversão a seus “donos”. Com o passar do tempo, a difusão pelo país da raça
negra e de seus costumes aumenta, ocasionando novas misturas das culturas branca e negra.
Mais além, após uma grande difusão e intercâmbio de culturas, surgiram os minstrels shows, que nada
mais eram do que espetáculos em que brancos caricaturavam os negros e sua maneira de dançar
(KRAINES e PRYOR, 2005). Seu ápice foi em 1840 e foi o que impulsionou os tão famosos musicais
(MORATO, 1993). A partir daí a evolução histórica define duas vertentes específicas para o jazz: danças
sociais e espetaculares ou dança teatro (GARCIA e HAAS, 2006).
Após a decolagem dos musicais e da sua alta produção, a dança jazz chega ao seu apogeu.
Entretanto, com o início da Segunda Guerra Mundial, sua popularidade diminui.
Porém, durante a década de 1940, ocorre a “era do swing” em que a dança jazz alcança novamente
sua popularidade e começa a ter influência da dança clássica e moderna, passando a ser dançada por
bailarinos treinados nessas técnicas (MORATO, 1993; MIRANDA, 2006).
Mas só em 1950, segundo Giordano (1978 apud LUBISCO, 2003), surgindo a necessidade de
estabelecer e sistematizar essa técnica, já que os norte-americanos começavam a enxergar a força do
potencial artístico desse estilo de dança.
O estudo da dança jazz, assim como em outras modalidades de dança, é construído quase que
exclusivamente na prática, ou seja, através da vivência do movimento. Por ser um estilo de dança que
incorporou muitas tendências desde suas origens, a partir da segunda metade do século XVII, sua
identidade foi muito modificada e hoje está difundida em diversos países (BENVEGNU, 2004; GARCIA e
HAAS, 2006).
Assim sendo, o jazz vem sofrendo crescente perda de seus referenciais, pois os grandes nomes que
escreveram a história da modalidade se encaminharam para a dança.
Na língua inglesa a palavra swing significa balançar, gingar. Na dança jazz esse termo tem relação
com o balanço e a ginga que o corpo do bailarino deve expressar ao se movimentar.
Menestréis: nome pelo qual ficou conhecido um tipo de espetáculo teatral popular tipicamente
americano que reunia quadros cômicos, variedades, dança e música, inicialmente com artistas brancos
maquiados como negros e, principalmente depois da Guerra Civil, negros com o rosto maquiado de preto
(KRAINES e PRYOR, 2005).
Outro fator a ser considerado é que, ainda hoje, encontram-se poucos estudos científicos e
bibliografias publicadas na área da dança jazz, sendo escassos os trabalhos nessa temática. A fim de
aproximar a prática da teoria e adquirir maior conhecimento científico e embasamento teórico no assunto
em questão, esse estudo se justifica pela necessidade de analisar e conhecer em profundidade a história
da dança jazz em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, principalmente no que se refere a “quem começou a
escrever” e “quem escreve hoje” essa história. Assim, esse estudo tem como intenção somar-se às
pesquisas já existentes na área estudada, para contribuir de forma significativa com os profissionais
atuantes na dança jazz e que atuam na área da história da dança.
180
https://revistas.ufrj.br/index.php/am/article/viewFile/9215/pdf_7
01. (SEE/AC - Professor de Educação Física - FUNCAB). São exemplos de danças populares
brasileiras, EXCETO o(a):
(A) frevo.
(B) ciranda.
(C) chote.
(D) maracatu.
(E) huka-huka.
Gabarito
01.E
Comentário
01. Resposta: E
No Brasil temos as classificações das danças por região onde cada uma possui sua dança tradicional
assim como as festas. A seguir, vamos citar algumas danças das regiões com base no trabalho de Cortês
(2000).
- Norte: Carimbó, Retumbão, Lundu da Ilha do Marajó, Xote Bragantino, Vaqueiros do Marajó,
Marabaixo, Batuque, Siriá, Boi-de-Máscara.
- Nordeste: Guerreiro, Frevo, Xaxado, Quilombo, Caninha Verde, Maracatu, Caboclinhos, Ciranda,
Coco, Capoeira.
- Centro-Oeste: Catira, Chupim, Cururu, Siriri, Engenho de Maromba, Cavalhada.
- Sudeste: Ticumbi, Congos, Congados ou Congadas, Moçambique, Catopês, Jongo, Caboclinhos ou
Caiapós, Folias de Reis, Marujos, São Gonçalo, Calango Mineiro.
- Sul: Caranguejo, Chimarrita, Pezinho, Balaio, Maçanico, Rancheira, Pau-de-Fita, Tatu, Chula, Tirana
do Lenço, chote
- Danças do Fandango Paranaense: Xará-Grande, Anu, Tonta e Recortado.
O huka-huka é uma arte marcial de tradição brasileira dos povos indígenas do Xingu e dos índios
Bakairi.
A LDB atual estabelece a Educação Física como componente curricular da educação básica, que
engloba os ensinos fundamental e médio e também a educação infantil.181
Mas o que é currículo, proposta curricular? Segundo Tisuko Morchida Kishimoto (1996), a palavra
currículo é derivada do termo latim currus, que significa carro, carruagem, lugar onde se corre, e seu uso
metafórico em educação seria um caminho, uma direção que orientaria o percurso para atingir certas
finalidades. Não estabelecemos diferença conceitual entre proposta pedagógica e currículo, por
compreendermos este último de forma ampla, dinâmica e flexível. Concordamos com Sônia Kramer1
(1996) quando diz que um currículo ou proposta pedagógica reúne tanto as bases teóricas quanto as
diretrizes práticas nelas fundamentadas e os aspectos de natureza técnica que viabilizam sua
concretização. O currículo é um caminho nascido de uma realidade que pergunta e é também busca de
uma resposta. É um diálogo ‘situado’, pois toda proposta traz consigo o lugar de onde fala, a gama de
valores que a constitui, as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a
direção que a orienta. Sendo assim, não existe uma resposta pronta e acabada para um currículo; ele é
um caminho a ser construído. Reconhecemos essa característica e consideramos também impossível
181
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/44/2690
Também nessa avaliação dos projetos de trabalho na Escola Plural, observou-se uma distância entre
o discurso e a prática efetiva da Pedagogia de Projetos, já que alguns professores entrevistados
afirmavam trabalhar com projetos, ao passo que nos registros oficiais das escolas e nos diários só eram
encontrados temas e assuntos em evidência: dengue, vacinação, violência, copa do mundo etc. Percebe-
se um distanciamento da Pedagogia de Projetos e também um entendimento superficial do que seja ela.
Hernández (1998, p. 28) já destacava o perigo de se transformar o trabalho por projetos num
“modismo”. Segundo ele isso ocorre quando os projetos de trabalho ficam reduzidos a uma fórmula
didática baseada em uma série de passos: levantamento do tema, perguntar o que os alunos sabem e o
que querem saber, fazer o índice, trazer diferentes fontes de informação e copiar o referido aos pontos
do índice.
A estrutura curricular construída apresenta as concepções sobre cada bloco de atividades, seus
objetivos e as competências que os alunos podem/precisam desenvolver por meio da realização destas
atividades.182
182
http://www.efdeportes.com/efd158/conteudos-da-educacao-fisica-para-infantil.htm
Dentro dessas perspectivas, movimento para a criança pequena, enfatiza Mattos e Neira (2004) vai
significar muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e
se comunica através dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo.
A dimensão corporal integra-se fortemente ao conjunto da atividade da criança. Portanto, o ato motor faz-
se presente em suas funções expressivas, instrumental ou de sustentação às posturas e aos gestos
Ampliando ainda mais a tradicional divisão dos conteúdos em blocos, como: esportes, jogos, ginástica,
lutas e dança, apresenta-se a seguir uma proposta de seleção e reorganização dos conteúdos,
agrupando-os num primeiro momento em blocos de atividades como: Atividades corporais de movimento
coletivas, Atividades corporais de movimento individuais, Atividades corporais de movimento rítmicas,
Atividades corporais de movimento folclóricas e Atividades corporais de movimento junto a natureza.
O tema currículo apresenta múltiplas definições, porque ele pode ser entendido com base em
perspectivas ou teorias diferenciadas. Existem vários conceitos de currículo, que foram surgindo ao longo
do tempo, mas nenhum, necessariamente, invalidou os anteriores. Eles convivem harmonicamente ou
não no campo.184
Silva (1999) apresenta uma análise bastante clara que contribui para o entendimento do tema em
questão, ao apresentar as diferentes teorias curriculares. Segundo o autor, pode dizer que existem duas
grandes vertentes de teorias curriculares: as teorias tradicionais de currículo e as teorias críticas e pós-
críticas de currículo. As primeiras concebem o currículo como algo neutro, estritamente científico e
objetivo. Já o segundo grupo percebe que nenhuma teoria é neutra, científica ou desinteressada. Ou seja,
elas implicam relações de poder e demonstram a preocupação com as conexões entre saber, identidade
e poder.
As teorias tradicionais de currículo enfatizavam seu papel no processo de racionalização de resultados
educacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos. A fábrica serve de modelo
institucional dessa concepção de currículo, fazendo com que o mesmo se torne um processo similar ao
industrial e administrativo. Bobbitt (1918) e Tyler (1978) são os principais autores dessa vertente que
compreende o currículo como o conjunto de matérias escolares exteriores aos alunos e professores
(currículo como fato - currículo pré-ativo - currículo escrito).
A segunda metade do século XX constitui-se num período em que se iniciou uma série de análises
acerca do currículo e de suas propostas curriculares. Neste momento, vários autores realizam uma série
de denúncias em relação ao papel da escola e do currículo na reprodução da estrutura social, além de
demonstrar o interesse destes em construir uma escola e um currículo interligados aos interesses dos
183
LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública – a pedagogia critico social dos conteúdos, 1994.
184
https://refisica.uea.emnuvens.com.br/refisica/article/view/17/pdf
Somente na segunda metade do século XIX a Educação Física foi incluída no sistema educacional
brasileiro. Sua constituição foi fortemente influenciada pela instituição militar e, em seguida pela medicina.
De acordo com Neira e Nunes (2009), desde o início, os conteúdos de ensino selecionados com base
em justificativas científicas, marcavam a distinção social. A concepção curricular dominante nesses
primórdios baseava-se na perspectiva higienista.
Na Educação Física higienista, segundo Corrêa e Moro (2004), a concepção de homem é de um ser
biológico e a fundamentação da prática da Educação Física está embasada nos conhecimentos anátomo-
fisiológicos do corpo, os quais vão influenciar a sua prática pedagógica mediante os métodos ginásticos.
Simultaneamente ao objetivo higienista, a Educação Física cria significado eugênico. Através de
hábitos saudáveis e aprimoramento das características físicas, objetivava a regeneração do povo e o
desenvolvimento de sua raça, a brasileira (CORRÊA; MORO, 2004, p.96). Ainda segundo os autores, a
influência dessa concepção foi hegemônica até os anos 50, quando a Educação Física Escolar começou
a sofrer influência do esporte.
Nas primeiras décadas do século XX, a ascensão de novas teorias, teve repercussão também no
discurso da Educação Física, que passou a ser vista e defendida como um meio de educação, seus
métodos de ensino deveriam romper com a dualidade corpo/mente promovendo a propagada educação
integral.
Uma nova prática visualizada por uma pedagogia ativa assumiu o espaço predominante no currículo,
ou seja, o jogo, que entrou em cena redefinindo princípios, objetivos, livrando-se dos limites impostos pelo
cientificismo biológico (NEIRA; NUNES, 2009).
Sob forte influência do discurso educacional cognitivista, o método de educação psicomotora ou
psicomotricidade foi largamente apropriado pela Educação Física. E, o currículo mostrou-se mais
preocupado com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com o desenvolvimento dos
comportamentos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando novamente garantir a formação integral
aos alunos.
Já, a partir dos anos 80 inicia-se uma série de críticas em relação aos currículos de até então na
Educação Física, seja nos currículos esportivos, globalizantes ou desenvolvimentistas, sugerindo novos
conteúdos e orientações didáticas para a disciplina. Por meio de uma atitude dialógica, este novo currículo
proporcionaria aos alunos situações pedagógicas que lhes permitiriam analisar criticamente os
parâmetros sociais que configuravam e delineavam a existência sócio-histórica da brincadeira, esporte,
dança, ginástica, luta e demais manifestações da cultura corporal.
Novas teorias surgem, com o intuito de reorientar a prática da Educação Física Escolar e conferir um
novo caráter curricular a mesma. Tais teorias podem ser classificadas em propositivas e não-propositivas.
Conforme Corrêa e Moro (2004), as teorias pedagógicas não-propositivas trabalham a questão da
Educação Física Escolar sem, contudo, estabelecem princípios, parâmetros e/ou procedimentos
metodológicos para o seu ensino. Tais pedagogias são caracterizadas pelas abordagens fenomenológica,
sociológica e cultural.
Dentre as teorias pedagógicas não-propositivas destaca-se a abordagem cultural proposta por Daólio
(1991), que se fundamenta na antropologia e evidencia a importância de se considerar a Educação Física
como um componente cultural. O enfoque biológico não é desconsiderado e pode ser utilizado nas aulas
de Educação Física na medida em que seja vinculado ao surgimento da cultura, permeando a discussão
em torno da evolução do homem (DARIDO, 2003).
No quadro das pedagogias propositivas evidencia-se sua divisão em sistematizadas e não-
sistematizadas. As propositivas não-sistematizadas propõem metodologias, observando princípios que
buscam superar as práticas existentes na Educação Física, contudo, não sistematizam uma proposta
curricular para os níveis escolares. Essas pedagogias são caracterizadas pelas abordagens:
desenvolvimentista, construtivista-interacionista, concepção de aulas abertas a experiências, abordagem
a partir da referência do lazer, crítico-emancipatória e abordagem plural. Apresenta-se a seguir as
abordagens mais recorrentes nos estudos da área da Educação Física Escolar e suas principais
características.
A abordagem desenvolvimentista tem como principais expoentes no Brasil, os trabalhos de Tani et al
(1988), a obra mais representativa deste modelo é a "Educação Física Escolar: fundamentos de uma
abordagem desenvolvimentista (TANI ET AL., 1988). A abordagem Desenvolvimentista tem o intuito de
Art. 5 - Os padrões de referência para orientação das normas regimentais da adequação curricular dos
estabelecimentos, bem como para o alcance efetivo dos objetivos da Educação Física, desportiva e
recreativa são situados em:
I - Quanto à sequência e distribuição semanal, três sessões no ensino, primário e no médio e duas
sessões no ensino superior, evitando-se concentração de atividades em um só dia ou em dias
consecutivos.
II - Quanto ao tempo disponível para cada sessão, 50 min. não incluindo o período destinado à
preparação dos alunos para as atividades.
III - Quanto à composição das turmas, 50 alunos do mesmo sexo, preferencialmente selecionados por
nível de aptidão física.
A partir do Decreto é possível tecer algumas considerações, tais como: a separação das turmas por
sexo e a não concentração de atividades em um dia ou dias consecutivos deve-se à relevância a aspectos
A Lei n. 10.793/2003 vem mais uma vez conferir um caráter menor à disciplina de Educação Física.
Assim, a Lei rege que a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
II – maior de trinta anos de idade;
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática
da educação física;
IV – amparado pelo Decreto-Lei n. 1.044, de 21 de outubro de 1969;
V – (VETADO)
VI – que tenha prole (BRASIL, 2003).
Sendo assim, a concepção que se tem é de que os alunos trabalhadores não precisam do
conhecimento da Educação Física, leitura que, contraditoriamente, pode, ser interpretada como punição,
na medida em que impede a ele o acesso a essa prática pedagógica ou área do conhecimento. Ressalta-
se, por fim, a constatação do Coletivo de Autores (1992), de que a Educação Física pode ser considerada
uma das áreas de conhecimento escolar com mais normativas curriculares.
Uma diferenciação importante de ser trazida à discussão é feita por Libâneo, Oliveira; Toschi (2005)
em relação aos tipos de currículo, tais como: a) currículo real: realizado na prática; b) currículo formal:
escrito, e; b) currículo oculto: atitudes, valores, normas. Para Silva (1999, p.78), o currículo oculto é
constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial,
explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes.
A aprendizagem do currículo oculto, segundo Silva (1999, p.78-79), se dá de diferentes formas,
estando incluídos assim:
a) atitudes, comportamentos, valores e orientações que permitem que crianças e jovens se ajustem da
forma mais conveniente às estruturas e às pautas de funcionamento, consideradas injustas e
antidemocráticas e, portanto, indesejáveis, da sociedade capitalista; b) atitudes e valores próprios de
outras esferas sociais, como, por exemplo, aqueles ligados à nacionalidade; c) como ser homem ou
mulher, como ser heterossexual ou homossexual, bem como a identificação com uma determinada raça
ou etnia; d) rituais, regras, regulamento e normas; e) as atitudes e os valores prendidos, como o
conformismo, a obediência e o individualismo.
Ainda segundo o autor, uma das fontes do currículo oculto é constituída pelas relações sociais da
escola: as relações entre professores e alunos, entre a administração e os alunos, entre alunos e alunos.
Também cabe destacar que nos dias de hoje, muitos professores tem buscado fundamentação nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a organização e desenvolvimento de sua prática docente.
Os PCN foram elaborados por vários estudiosos da área da Educação Física e em 1997, foram lançados
os documentos referentes aos conteúdos do 1º e 2º ciclos (1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental), hoje
conhecidos como de 1º ao 6º ano. No ano seguinte, foram publicados os PCN para o 3º e 4º ciclos (5ª a
8ª séries do Ensino Fundamental), hoje 6º ao 9º ano. E, por fim em 1999 foram divulgados os PCN do
Ensino Médio.
Os PCN propõem a organização do currículo em ciclos de aprendizagem, estipulando objetivos,
conteúdos, metodologias e critérios de avaliação a todas as disciplinas curriculares. Apresentam ainda,
os temas transversais, apontados como temas de urgência para o país como um todo, sejam eles: ética,
saúde, pluralidade cultural, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo.
Alguns teóricos críticos que se dedicam ao currículo acreditam que este documento representa uma
forma de controle e regulação da ação docente, definindo o quê e como ensinar.
Os processos de regulação e controle do trabalho docente atingem fortemente os professores ao se
produzir um conjunto de práticas (discursos) com a função de normatizar à docência, identificando e
“sugerindo” ações, atitudes e decisões consideradas legítimas para serem tomadas no processo
educativo. Esses processos reguladores representam também, uma forma de racionalizar o ensino e os
currículos. Aplle (1987) esclarece que a busca por uma padronização curricular tem seus pressupostos
firmados no Taylorismo industrial, então caracterizado, pela separação entre concepção e execução. A
geração de técnicas, como a disseminação de testes e currículos empacotados, não surgiu por acaso -
assim como a história do Taylorismo – mas, devido aos sucessos parciais, fracassos e resistências que
acompanharam formas de controle anteriormente estabelecidas.
Dados Pessoais
Nome:
Data de Nascimento:
Idade:
Naturalidade:
Estado Civil:
Endereço:
Telefone:
E-Mail:
Objetivos Profissionais
Áreas de Interesse: Atuar como (educadora física) levando saúde e qualidade de vida para jovens e
adultos.
Resumo profissional: Capacidade de trabalhar em equipe; Facilidade em transmitir informações com
clareza e objetividade ao público; Habilidade em gerir pessoas e coordenar projetos com bom humor e
disposição. Conhecimento amplo em diversas áreas da Educação Física.
Disponibilidade: a combinar
Formação Acadêmica
Experiência Profissional
Empresa:
Cidade:
Cargo:
Funções Desempenhadas:
OBS: Coloque todas as suas experiências
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar,
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e dos educandos.
[ ]
Aqui, deve-se atentar ao seguinte, a Educação Física consta como matéria em currículo, porém sua
prática não é obrigatória se a pessoa estiver em um dos casos trazidos pelos incisos.
Aqui trataremos de alguns aspectos específicos de um programa de Educação Física para o ensino
fundamental e médio que venham responder à inquietação do professor quanto ao conhecimento a ser
tratado, à sua distribuição nas diferentes séries e aos procedimentos para ensiná-lo. 185
Estruturar um programa de Educação Física ou de outra disciplina e selecionar os seus conteúdos é
um problema metodológico básico, uma vez que, quando se aponta o conhecimento e os métodos para
sua assimilação, se evidencia a natureza do pensamento teórico que se pretende desenvolver nos alunos.
Podemos dizer que o programa é o pilar da disciplina e que seus elementos principais são: 1) o
conhecimento de que trata a disciplina, sistematizado e distribuído, que geralmente se denomina de
conteúdos de ensino; 2) o tempo pedagogicamente necessário para o processo de apropriação do
conhecimento; e 3) os procedimentos didático-metodológicos para ensiná-lo.
Dentro dos limites impostos pelo caráter deste livro, serão abordados, separadamente, cada um deles.
A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma
área denominada aqui de cultura corporal.
Ela será configurada com temas ou formas de atividades, particularmente corporais, como as
nomeadas anteriormente: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras, que constituirão seu conteúdo. O
estudo desse conhecimento visa apreender a expressão corporal como linguagem.
O homem se apropria da cultura corporal dispondo sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o
agonístico, o estético ou outros, que são representações, ideias, conceitos produzidos pela consciência
social e que chamaremos de "significações objetivas". Em face delas, ele desenvolve um "sentido
pessoal" que exprime sua subjetividade e relaciona as significações objetivas com a realidade da sua
própria vida, do seu mundo e das suas motivações.
Segundo Leontiev (1981), as significações não são eleitas peio homem, elas penetram as relações
com as pessoas que formam sua esfera de comunicações reais. Isso quer dizer que o aluno atribui um
sentido próprio às atividades que o professor lhe propõe. Mas essas atividades têm uma significação dada
socialmente, e nem sempre coincide com a expectativa do aluno.
Por exemplo, o professor vê no basquete um evento, mais do que lúdico, de luta entre duas equipes,
das quais uma será naturalmente a ganhadora. A equipe que ganha o faz porque é mais forte, mais hábil,
tem mais garra, mais técnica etc. Por esse motivo, para o professor, driblar, correr, passar, fintar etc.
devem ser executados sem erros. Isso justifica sua ênfase no treinamento dessas técnicas. Ele dá ao
jogo um sentido quase de um trabalho a ser executado com perfeição em todas as suas partes para obter
o sucesso ou prêmio, que até pode ser um salário.
Entretanto, para o aluno, o que ele deve fazer para jogar — como driblar, correr, passar e fintar — é
apenas um meio para atingir algo para si mesmo, como por exemplo: prazer, auto estima etc. O seu
sentido pessoal do jogo tem relação com a realidade de sua própria vida, com suas motivações.
Por essas considerações podemos dizer que os temas da cultura corporal, tratados na escola,
expressam um sentido significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do
homem e as intenções objetivos da sociedade.
185
Metodologia do Ensino de Educação Física. Coletivo de Autores, editora: Cortez
A escola, na perspectiva de uma pedagogia crítica superadora aqui defendida, deve fazer uma seleção
dos conteúdos da Educação Física. Essa seleção e organização de conteúdos exige coerência com o
objetivo de promover a leitura da realidade. Para que isso ocorra, devemos analisar a origem do conteúdo
e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino. Outro aspecto a considerar na seleção de
conteúdos é a realidade material da escola, uma vez que a apropriação do conhecimento da Educação
Física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos, sendo que algumas habilidades corporais
exigem, ainda, materiais específicos.
Os conteúdos são conhecimentos necessários à apreensão do desenvolvimento sócio-histórico das
próprias atividades corporais e à explicitação das suas significações objetivas.
Sendo usual, para o professor, o uso do termo "conteúdo", neste livro também será adotado, fazendo-
se a ressalva que sempre significará "conhecimento".
Os conteúdos surgem de grandes temas da cultura corporal e podem ser vistos quase como uma
grande e abrangente classificação, suscetível de ser sistematizada em nível escolar, em todos os graus
do ensino fundamental e médio.
São eles, numa ordem arbitrária: Jogo; Esporte; Capoeira: Ginástica e Dança. Cada um deles deve
ser estudado profundamente pelo(s) professores), desde a sua origem histórica ao seu valor educativo
para os propósitos e fins do currículo.
Dizer ordem arbitrária significa que não há uma ordem rígida para organizar o programa, colocando
primeiro o jogo, segundo a dança etc. O professor pode dar a ordem necessária aos interesses da turma
ou também tratar deles simultaneamente.
Uma nova compreensão da Educação Física implica considerar certos critérios pelos quais os
conteúdos serão organizados, sistematizados e distribuídos dentro de tempo pedagogicamente
necessário para a sua assimilação. A título de exemplo, vejamos como um mesmo conteúdo pode ser
tratado em todos os níveis escolares numa evolução espiralada.
No primeiro ciclo do ensino fundamental (organização da identificação dos dados da realidade), o aluno
já a conhece e a executa a partir de uma imagem da ação tomada do seu cotidiano. Ele a executa com
Questão
01. (Prefeitura de Bela Vista de Minas/MG - Professor de Educação Física- FUNDEP). De acordo
com a obra Metodologia do Ensino da Educação Física, os conteúdos da educação física escolar são:
(A) Jogo, esporte, capoeira, ginástica e dança.
(B) Exercício, ginástica, dança e esporte.
(C) jogo, brincadeira, capoeira, luta e dança.
(D) Jogo, lutas, esporte, ginástica e exercício.
Gabarito
01.A
Comentário
01. Resposta: A
Os conteúdos surgem de grandes temas da cultura corporal e podem ser vistos quase como uma
grande e abrangente classificação, suscetível de ser sistematizada em nível escolar, em todos os graus
do ensino fundamental e médio.
São eles, numa ordem arbitrária: Jogo; Esporte; Capoeira: Ginástica e Dança. Cada um deles deve
ser estudado profundamente pelo(s) professores), desde a sua origem histórica ao seu valor educativo
para os propósitos e fins do currículo.
De acordo com Darido (2004) as Tendências Pedagógicas podem ser entendidas como pressupostos
pedagógicos que caracterizam uma determinada linha pedagógica adotada pelo professor em sua prática,
ou seja, são criadas em função dos objetivos, propostas educacionais, prática e postura do professor,
metodologia, papel do aluno, dentre outros aspectos.186
Nascimento (2000) ressalta o fato das várias proposições metodológicas, neste estudo denominadas
tendências pedagógicas, serem construídas ao longo do processo histórico brasileiro e possuírem estreita
relação com o contexto político, econômico e social de cada época, ou seja, transpõem essas
características em seus aspectos didático-pedagógicos.
Segundo Melo (1999), a história da Educação Física encontrou institucionalização no Brasil Imperial,
em meados de 1822 a 1889, quando a atividade física ganhou espaço nas Leis e Decretos que legislam
acerca da Educação Física e Desportos, reforçadas pelos pareceres de um dos Patronos da Educação
Física Brasileira: “Rui Barbosa”, que, naquela época, buscava chamar atenção para os valores que a
atividade física podia desenvolver. Diante desse significativo apelo e da mobilização social
desencadeada, assistiu-se em 1851, a promulgação da lei nº 630 que incluía a ginástica nos currículos
escolares no Brasil.
De acordo com o autor, foi desse modo que a Educação Física brasileira transpôs os muros da escola
trazendo características da ideologia positivista. Este caráter militarista perdurou durante as quatro
186
BROUCO, G. R.; DARIDO, S.C. as diferentes tendências pedagógicas da educação física.
Teorias
Em relação à Ginástica
Na atualidade, a ginástica tem sido pouco praticada no ambiente escolar. Essa preocupação é
corroborada por vários estudiosos sobre a temática da Educação Física. Para tanto, é necessário um
novo olhar no sentido de reposicioná-la a partir de uma nova perspectiva teórico-metodológica, que amplie
o leque de possibilidades vivenciais e corporais, uma vez que a ginástica é um importante fio condutor de
manifestações culturais, na medida em que permite ao aluno experimentar, conhecer, problematizar e
compreender seus próprios limites e criar alternativas de superação. Portanto, a ginástica deve abordar
os seguintes temas:
- Conhecer o contexto histórico-conceitual da ginástica (métodos e modalidades);
- Conhecer e vivenciar as modalidades de ginástica;
- Identificar as modalidades de ginástica e seu desenvolvimento até os dias atuais;
- Vivenciar movimentos de transferência de peso, deslocamento, salto, giro, torção, equilíbrio,
desequilíbrio, inclinação, expansão, contração, entre outros;
- Reconhecer a influência da mídia nos padrões de comportamento do/no corpo;
- Identificar e compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural nas práticas corporais;
Em relação à Dança
A dança, uma das principais expressões corporais, favorece o desenvolvimento de habilidades e
harmonização entre o corpo e a mente. Essa linguagem corporal é um relevante instrumento educativo,
pois possibilita o reconhecimento do potencial do aluno de forma lúdica, criativa e prazerosa por meio do
movimento. Nessa perspectiva, devem-se considerar os seguintes fatores:
- Conhecer o conceito, contexto e origem da dança;
- Conhecer os aspectos culturais atrelados à origem e à permanência das danças folclóricas;
- Vivenciar os movimentos básicos das danças trabalhadas como conteúdo específico;
- Ampliar repertório pessoal de movimentos;
- Experimentar formas variadas de se mover;
- Vivenciar experiências de criação e recriação da dança;
- Reconhecer e inovar movimentos;
- Conhecer e compreender a dança como manifestação cultural;
- Conhecer e compreender elementos estéticos;
- Identificar e compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural no âmbito da dança;
- Vivenciar processos coreográficos, elaboração e produção;
- Compreender aspectos relativos a apresentações, festivais e concursos de dança.
Em relação às Lutas
Esse conteúdo da Educação Física escolar está presente no cotidiano social de forma concreta,
sobretudo pelo forte apelo midiático das lutas de competição. Nesse contexto, emerge um grande leque
de oportunidades para o desenvolvimento de valores, potencialidades, limites e disciplina, além de
manifestações socioculturais que permitem ao aluno vivenciar experiências motoras, contato corporal,
elaboração de estratégias e troca de informações. Para tanto, propõe-se:
- Conhecer os aspectos históricos, filosóficos e origem das lutas trabalhadas como conteúdo
específico;
- Apresentar os diversos tipos de lutas e seus desdobramentos na atualidade;
- Vivenciar movimentos característicos das lutas trabalhadas em outras práticas corporais;
- Vivenciar as relações corporais consigo mesmo e com o outro;
- Diferenciar formas de apresentação das lutas;
- Identificar e compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural no âmbito das lutas;
- Vivenciar modalidades e características peculiares de diferentes lutas;
- Compreender aspectos relativos a apresentações, festivais e competições de lutas;
- Ampliar repertório pessoal de movimentos.
A partir da década de 1970, no mundo e no Brasil, passa a constituir-se mais claramente um campo
acadêmico na/da EF, campo este que se estrutura a partir das universidades, em grande medida em
virtude da importância da instituição esportiva, já em simbiose com a EF. O discurso (neo)cientificista da
EF visava também à legitimação desta no âmbito universitário.
A educação física, como participante do sistema universitário brasileiro, acaba por incorporar as
práticas científicas típicas desse meio. Uma das consequências será a busca de qualificação do corpo
docente dos cursos de graduação em programas de pós-graduação, inicialmente no exterior, mas
também, e crescentemente, no Brasil. Um grupo desses docentes optou por buscar os cursos de pós-
graduação em educação no Brasil. Principalmente com base nessa influência, o campo da EF passa a
incorporar as discussões pedagógicas nas décadas de 1970 e 1980, muito influenciadas pelas ciências
humanas, principalmente a sociologia e a filosofia da educação de orientação marxista.
O eixo central da crítica que se fez ao paradigma da aptidão física e esportiva foi dado pela análise da
função social da educação, e da EF em particular, como elementos constituintes de uma sociedade
capitalista marcada pela dominação e pelas diferenças (injustas) de classe.
Toda a discussão realizada no campo da pedagogia sobre o caráter reprodutor da escola e sobre as
possibilidades de sua contribuição para uma transformação radical da sociedade capitalista foi absorvida
pela EF. A década de 1980 foi fortemente marcada por essa influência, constituindo-se aos poucos uma
corrente que inicialmente foi chamada de revolucionária, mas que também foi denominada de crítica e
progressista. Se, num primeiro momento – digamos, o da denúncia –, o movimento progressista
apresentava-se bastante homogêneo, hoje, depois de mais de 15 anos de debate, é possível identificar
um conjunto de propostas nesse espectro que apresentam diferenças importantes.
O quadro das propostas pedagógicas em EF apresenta-se hoje bastante mais diversificado. Embora
a prática pedagógica ainda resista a mudanças, ou seja, a prática acontece ainda balizada pelo paradigma
da aptidão física e esportiva, várias propostas pedagógicas foram gestadas nas últimas duas décadas e
se colocam hoje como alternativas. A seguir apresentamos de forma resumida algumas delas.
Uma dessas propostas é a chamada abordagem desenvolvimentista. A sua ideia central é oferecer à
criança – a proposta limita-se a oferecer fundamentos para a EF das primeiras quatro séries do primeiro
grau – oportunidades de experiências de movimento de modo a garantir o seu desenvolvimento normal,
portanto, de modo a atender essa criança em suas necessidades de movimento. Sua base teórica é
essencialmente a psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, e seus autores principais são os
professores Go Tani e Edison de Jesus Manoel, da USP, e Ruy Jornada Krebs, da UFSM.
Observe-se que próxima a essa abordagem podemos colocar a chamada psicomotricidade, ou
educação psicomotora, que exerceu grande influência na EF brasileira nos anos 70 e 80. Influência esta
que está longe de ter-se esgotado, conforme podemos perceber pela reportagem recente da revista Nova
Escola, intitulada “A educação física dá uma mãozinha”, na qual se demonstra como a EF pode auxiliar
no ensino de matemática. Essa proposta vem sendo criticada exatamente porque não confere à EF uma
especificidade, ficando seu papel subordinado a outras disciplinas escolares. Nessa perspectiva o
movimento é mero instrumento, não sendo as formas culturais do movimentar-se humano consideradas
um saber a ser transmitido pela escola.
A proposta do professor João Batista Freire (Unicamp), embora preocupada com a cultura
especificamente infantil, porque fundamentada também basicamente na psicologia do desenvolvimento,
pode igualmente ser colocada como próxima às duas anteriores.
Talvez devêssemos também fazer menção a um movimento de atualização ou renovação do
paradigma da aptidão física, levado a efeito com base no mote da promoção da saúde. Considerando os
avanços do conhecimento biológico acerca das repercussões da atividade física sobre a saúde dos
O Humanismo parte do preceito de que o homem está no centro de todos os interesses, sendo assim,
ele está à parte de tudo o que acontece. Poder refletir diretamente nos trabalhos realizados na Educação
Física, ajuda a começar a pensar no que ocorre além dos exercícios obtidos em aula.
O pensamento de que a Educação Física serve somente para “aumentar os músculos” já não existe
quando trazemos o Humanismo para as aulas. Sendo assim, devemos pensar que a educação em si é
fundamental para desempenhar e orientar nos processos de transformação do ser humano.
Refletir sobre o que surge além da educação, sempre pensando nas posições que os educadores
necessitam ter no dia a dia do trabalho, sempre prestando atenção de que, cada atitude deve estar
sempre questionada sobre as consequências que elas podem levar. Das mais simples até as mais
complexas podem trazer múltiplas consequências, jamais visualizadas pelos educadores mais
tradicionalistas.
Cada aluno possui uma singularidade que deve ser sempre analisada buscando aprimorar o que ele
possui de melhor e também ajudá-lo a buscar soluções para os seus problemas nas aulas, sendo assim,
na Educação Física, por exemplo, não se deve ter mais o pensamento de que a disciplina apenas ajuda
a “aumentar os músculos”, mas sim, de refletir que neste momento elas se interagem, descobrem os seus
limites além de outros fatores que, em um olhar mais Humanista, estará sempre desenvolvendo o que há
de melhor em cada aluno, assim ele estará sempre disposto a ser o melhor em cada aula, ou seja,
procurando sempre ser um aluno e um ser humano de destaque.
É imperioso fazer menção também à proposta da concepção de aulas abertas à experiência, tornada
conhecida no Brasil pelo professor alemão Reiner Hildebrandt, que foi professor visitante da UFSM. Essa
proposta está consubstanciada principalmente em dois livros: um de autoria do professor Hildebrandt em
conjunto com seu colega alemão R. Laging; o outro, resultado da divulgação e do trabalho do professor
Hildebrandt no Brasil, o qual foi publicado por dois grupos de estudo, o da UFPE e o da UFSM.
Trabalhando com a perspectiva de que a aula de EF pode ser analisada em termos de um continuum que
Para realizar tal tarefa é fundamental entender o objeto da EF, o movimentar-se humano, não mais
como algo biológico, mecânico ou mesmo apenas na sua dimensão psicológica, e sim como fenômeno
histórico-cultural. Portanto, essa leitura ou esse entendimento da educação física só criará corpo quando
as ciências sociais e humanas forem tomadas mais intensamente como referência. No entanto, é preciso
ter claro que a própria utilização de um novo referencial para entender o movimento humano está na
dependência da mudança do imaginário social sobre o corpo e as atividades corporais.
Entendo que essa visão do objeto da EF está alcançando uma quase unanimidade na discussão
pedagógica desse campo. Os termos cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de
movimento aparecem em quase todos os discursos, embora lhes sejam atribuídas consequências
pedagógicas distintas.
A educação nacional tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, prepará-lo para o
exercício da cidadania e qualificá-lo para o trabalho. Entre os seus princípios, a Lei preconiza que a
educação deve garantir o padrão de qualidade do ensino e propiciar a interação entre educação escolar
junto às práticas sociais, estimulando assim, o “aprender a aprender”.
Ao referir-se ao pleno desenvolvimento da criança, presumi-se o desenvolvimento global ou integral
que contemple os aspectos motores, afetivos, cognitivos e sociais. Priorizar uma educação de corpo
inteiro e contemplar as atividades motoras, cujo aluno tem direito é parte das ações de uma educação de
qualidade que viabiliza ao educando a possibilidade de expressar suas manifestações, culturais através
das diversas áreas do saber.
A educação como fenômeno macro, inseparável e articulado à cultura, deve projetar suas ações
educacionais atreladas ao contexto social e desta forma relacioná-las ao cotidiano. Nesta perspectiva, as
possibilidades de expressão, movimentação, percepção e imaginação vêm propiciar a liberdade e o
respeito à diversidade. Neste cenário a Educação Física desponta como instrumento viabilizador desta
concepção.
Educação Física é um segmento da educação que utiliza as atividades físicas, orientadas por
processos didáticos e pedagógicos, com a finalidade do desenvolvimento integral do homem, consciente
de si mesmo e do mundo que o cerca.
A Educação Física escolar como disciplina sistematizada e regulamentada do componente curricular
está apta a contribuir significativamente para o processo de construção dos conhecimentos e formação
integral dos alunos. Pautada na autonomia e na emancipação do sujeito ético e moral, atende as novas
perspectivas educacionais, que preconizam o acesso e a busca de uma formação mais completa a todas
as crianças inseridas no contexto educacional.
Nessa dimensão, Daólio pontua que a Educação Física como componente curricular pode ser
entendida como uma prática cultural, com uma tradição respaldada em certos valores. Ela ocorre
historicamente em um certo cenário, com um certo enredo, que demanda de uma certa expectativa.
Ao tomar consciência da relevância desta disciplina, é significativo que os profissionais que atuam nas
aulas de Educação Física, defendam os princípios que já estão legitimados nesta área para benefícios
propostos, bem como a sociedade em geral deve reivindicar esta prática desenvolvida por um profissional
preparado, propiciando uma melhor formação para os futuros cidadãos.
Na proposta contida nos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil, fica evidenciada
a exigência de que o professor tenha uma competência polivalente.
Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que
abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos, provenientes das diversas
áreas de conhecimento.
Este caráter polivalente demanda por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve
tornar-se, ele também, um aprendiz ao refletir constantemente sobre sua prática, debater com seus pares,
188
ALBUQUERQUE, D. I. de P. Denise Ivana de. CARVALHO, T. F. de. Abordagem Didático-Pedagógica do Processo Ensino-Aprendizagem da Educação Física
Escolar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série.
Ensino Infantil
Caracterização da Criança189
Os primeiros anos de vida da criança são de importância fundamental para o seu desenvolvimento,
sendo que a escola irá desempenhar uma função ímpar nesse processo.
Para falarmos sobre a criança, faz-se necessário defini-la. De acordo com o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil – RCNEI: “a criança, como todo ser humano, é um sujeito social e
histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura e um determinado momento histórico”.
189
MAGALHÃES, J. S.; KOBAL, M. C.; GODOY, R. P. de. Educação Física na Educação Infantil: Uma Parceria Necessária. Revista Mackenzie de Educação Física
e Esporte, 2007.
Porém, quais devem ser os conteúdos selecionados pelos professores para comporem o projeto
pedagógico? Como saber as atividades que melhor beneficiariam as crianças da Educação Infantil?
COLL et al definem conteúdo como uma seleção de saberes culturais, habilidades, linguagens, valores,
crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta, entre outros, cuja assimilação é
considerada essencial para que se produza um desenvolvimento e uma socialização adequados ao que
se deve aprender. Para tanto, o professor deve sempre buscar manter o seu compromisso com a
Educação, ministrando conteúdos significativos.
Gallardo pontua que o desenvolvimento pleno e equilibrado do aluno é resultado de fatores trabalhados
mutuamente, como o cognitivo, o afetivo, o social e o motor, sendo preparado não só para o futuro, mas
também para o agora, respeitado, estimulado e muito bem cuidado.
Como já dito anteriormente, a escola tem uma função essencial no desenvolvimento do aluno, uma
vez que eles ficam grande parte do seu tempo nesse ambiente, sob a responsabilidade de profissionais
que não são integrantes de sua família, e desempenham função de grande importância em suas vidas.
Para a criança da Educação Infantil, a escola é um ambiente novo e estranho; na maioria das vezes, é a
primeira vez que fica longe dos pais, e é preciso que esse afastamento seja trabalhado com muito cuidado
e carinho, para não traumatizar.
Barbosa ressalta: “os profissionais que ali se encontram precisam entender que o afastamento dos
pais, talvez provoque um choque nessas crianças, podendo levar a um comportamento descontrolado,
com crises de choro, berros, e outros”.
Assim, para a Educação Física contribuir verdadeiramente com o desenvolvimento da criança na
Educação Infantil, é necessário considerá-la como um ser integral, onde começa a ser lapidada desde
cedo, sendo estimulada da melhor maneira possível, recebendo o máximo de experiências, evitando,
contudo, a especialização precoce.
Toledo, ao refletir sobre a finalidade da Educação Física na escola, salienta que:
É necessário que contribua com a pluralidade cultural, permitindo que os alunos desfrutem das
diversidades de seu país e mundo; solucionem problemas de ordem corporal, em diferentes contextos;
conheçam a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal, conquistem seu direito de
cidadania ao reivindicarem espaços e projetos adequados para atividades corporais de lazer; bem como,
reconheçam as condições apropriadas de trabalho, que não prejudiquem sua saúde.
Ainda que as crianças objeto de nosso estudo encontrem-se na fase inicial de todo o desenvolvimento
referido pela autora acima, devem trilhar o caminho exposto ao longo de sua formação. Para tal, é
imprescindível a participação do professor de Educação Física na Educação Infantil. Ousamos dizer, que
Blocos de conteúdos
Os conteúdos estão organizados em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o
ensino fundamental, embora no presente documento sejam especificados apenas os conteúdos dos dois
primeiros ciclos.
Os três blocos articulam-se entre si, têm vários conteúdos em comum, mas guardam especificidades.
O bloco “Conhecimentos sobre o corpo” tem conteúdos que estão incluídos nos demais, mas que também
podem ser abordados e tratados em separado. Os outros dois guardam características próprias e mais
específicas, mas também têm interseções e fazem articulações entre si.
Gabarito
A avaliação190, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas brasileiras, tem se constituído
no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto,
legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si os
profissionais da educação, alunos e pais.
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida, espaço relevante no conjunto das práticas
pedagógicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, não se resume à
mecânica do conceito formal e estatístico; não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de
avanço ou retenção em determinadas disciplinas.
Para Oliveira191, devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação
do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que forneçam subsídios ao trabalho
docente, direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a
contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequado à disciplina
– mas não somente -, à medida que consideram, igualmente, o contexto sócio-político no qual o grupo
está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível.
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino,
informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes.
Origem da Avaliação
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto,
avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do
seu resultado, porém, a compreensão do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem
sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os
conhecimentos adquiridos pelos alunos.
A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e características no campo da Psicologia, sendo que
as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados
para medir as habilidades e aptidões dos alunos.
A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos meios que emprega, formativa na intenção
que lhe preside e independente face à classificação. De âmbito mais vasto e conteúdo mais rico, a
avaliação constitui uma operação indispensável em qualquer sistema escolar.
Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem, um caminho a seguir entre um ponto de
partida e um ponto de chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto está a decorrer em
direção à meta, se alguns pararam por não saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio
errado.
É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada um dos seus membros, que a avaliação
tenta recolher e que é necessária a professores e alunos.
A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que
objetivos do ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que dificuldades estão a revelar
relativamente a outros.
Esta informação é necessária ao professor para procurar meios e estratégias que possam ajudar os
alunos a resolver essas dificuldades e é necessária aos alunos para se aperceberem delas (não podem
os alunos identificar claramente as suas próprias dificuldades num campo que desconhecem) e tentarem
ultrapassá-las com a ajuda do professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem uma intenção
formativa.
A avaliação proporciona também o apoio a um processo a decorrer, contribuindo para a obtenção de
produtos ou resultados de aprendizagem.
190
http://www.antigomoodle.ufba.br/mod/book/print.php?id=14654
191
OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. Rio de Janeiro: DP & A, 2003.
- Avaliação Classificatória
É uma perspectiva de avaliação vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia de que é possível aferir,
matemática, e objetivamente, as aprendizagens escolares. A noção de medida supõe a existência de
padrões de rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o desempenho de um aluno será
avaliado e hierarquizado. A Avaliação Classificatória é realizada através de variadas atividades, tais como
exercícios, questionários, estudos dirigidos, trabalhos, provas, testes, entre outros. Sua intenção é
estabelecer uma classificação do aluno para fins de aprovação ou reprovação.
A centralidade da aprovação/reprovação na cultura escolar impõe algumas considerações importantes
em torno da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos do aluno. Para se medir
objetivamente um fenômeno, é preciso definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá
através de um instrumento.
No caso da avaliação escolar, este instrumento é produzido, aplicado e corrigido pelo professor, que
acaba sendo, ele próprio, um instrumento de medição do desempenho do aluno, uma vez que é ele quem
atribui o valor ao trabalho. Portanto, o critério de objetividade, implícito na ideia de avaliação como medida,
perde sua confiabilidade, já que o professor é um ser humano e, como tal, impossibilitado de despir-se
de sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as preferências pessoais, o estado de humor, as paixões,
os afetos e desafetos, os valores, etc., estão necessariamente presentes nas ações humanas. Esta
questão é objeto de estudo de inúmeras pesquisas que apontam desacordos consideráveis na atribuição
de valor a um mesmo trabalho ou exame corrigido por diferentes professores. E esse valor, geralmente
registrado de forma numérica, é a referência para a classificação do aluno e o julgamento do professor
ou da escola quanto à sua aprovação/reprovação.
No contexto escolar, e no imaginário social também, o significado da nota e sua identificação com a
própria avaliação tornaram-se tão fortes que num dos argumentos para a sua manutenção costuma ser
o de que, sem ela, acabou-se a avaliação e o interesse ou a motivação do aluno pelos estudos. Estes
argumentos refletem, por um lado, a distorção da função avaliativa na escola, que não deve confundir-se
com a atribuição de notas: a avaliação deve servir à orientação das aprendizagens. Por outro lado,
revelam uma compreensão do desempenho do aluno como decorrente exclusivamente de sua
responsabilidade ou competência individual.
Daí o fato da avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou punição. Essa questão
torna-se mais grave na medida que os privilégios são justificados com base nas diferenças e
desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia (a ideia de que a posição dos indivíduos
na sociedade é consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória passa a servir à
discriminação e à injustiça social.
Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a ideia de verificação da aprendizagem. O termo verificar
tem origem na expressão latina verum facere, que significa verdadeiro. Parte-se do princípio de que existe
um conhecimento – uma verdade – que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação consistiria na
aferição do grau de aproximação entre as aprendizagens do aluno e essa verdade.
Estabelece-se uma escala formulada a partir de critérios de qualidade de desempenho, tendo como
referência o conteúdo do programa. É a partir dessa escala que os alunos serão classificados, tendo em
vista seu rendimento nos instrumentos de avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De um modo
geral, as provas e os testes são os instrumentos mais utilizados pelo professor para medir o alcance dos
objetivos traçados para aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige rigor técnico e deve estar de
acordo com os conteúdos desenvolvidos e os objetivos que se quer avaliar. A dimensão diagnóstica não
está ausente dessa perspectiva de avaliação.
- Avaliação Formativa
Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se em várias teorias que postulam o caráter diferenciado
e singular dos processos de formação humana, que é constituída por dimensões de natureza diversa -
afetiva, emocional, cultural, social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre outras. A aprendizagem é
uma atividade que se insere no processo global de formação humana, envolvendo o desenvolvimento, a
socialização, a construção da identidade e da subjetividade.
Aprendizagem e formação humana são processos de natureza social e cultural. É nas interações que
estabelece com seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas simbólicos, das práticas
sociais e culturais de seu grupo. Esses processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida social
e cultural, e é através deles que o ser humano elabora formas de conceber e de se relacionar com o
mundo físico e social.
Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de aprendizagem dos alunos, um dos aspectos
importantes da ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível de abordagem seja
diferenciado. Isso significa criar situações, apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que
demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A diversificação das tarefas deve também
possibilitar aos alunos que realizem escolhas. As atividades devem oferecer graus variados de
compreensão, diferentes níveis de utilização dos conteúdos, e devem permitir distintas aproximações ao
conhecimento.
Outro movimento importante rumo a uma Avaliação Formativa deve acontecer na organização dos
tempos e espaços escolares. Os tempos de aula (50min, 1h, etc.) os recortes de cada disciplina, os
bimestres, os semestres, as séries, os níveis de ensino são formas de estruturar o tempo escolar que têm
como fundamento a lógica da organização dos conteúdos. Os processos de aprender e de construir
conhecimento, no entanto, não seguem essa mesma lógica. A organização escolar por ciclos é uma
experiência que busca harmonizar os tempos da escola com os tempos de aprendizagem próprios do ser
humano. Os ciclos permitem tomar as progressões das aprendizagens mais fluídas, evitando rupturas ao
longo do processo. A flexibilização do tempo e do trabalho pedagógico possibilita o respeito aos diferentes
A recente a publicação dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais - 1997) com a preocupação de
nortear os professores no sentido de oportunizar a participação de todos, de debater temas de relevância
para a educação. E a existência da Lei 9.394/96, LDB (Lei de Diretrizes e Bases) em seu artigo 24,
priorizando a educação em valores e a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais.
Quando nos referimos à avaliação na maioria das vezes a resposta que ouvimos é: Este tema é muito
complexo. Também temos observado que, na Educação Física, a avaliação por muitas vezes tem sido
utilizada para avaliar a frequência, o uso do uniforme adequado ou a “veia” de campeão, a fim de que os
alunos selecionados possam participar de jogos e competições, utilizando um só padrão de avaliação
para todos, sem ter a preocupação de acompanhar o desenvolvimento coletivo e a finalidade educativa.
Nesse sentido sedimenta Luckesi193: “Mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem
significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do
professor”.
Certamente precisamos buscar respostas para a real importância de se avaliar e de atingir os objetivos
educacionais.
Nesse momento vamos definir o que entendemos pelo termo avaliação e seu significado na prática
educativa.
Ainda para Luckesi “... a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na verificação de como estamos
construindo o nosso projeto”. É importante que o aluno faça parte deste projeto, que perceba sua
importância para dar a colaboração necessária, e para que isso ocorra o professor deve informá-lo, quais
são os objetivos e onde pretende chegar e por fim analisar com os alunos se o resultado foi ou não
alcançado, através de uma avaliação cumulativa e contínua como já citado anteriormente pelo PCN.
Hoffman194 afirma que: “Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a
refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber
enriquecido.”
Quando a nota ou conceito são atribuídos aos alunos sem o seu devido significado, sem estar
entrelaçado ao conteúdo vivido, impedem que o professor e aluno estabeleçam uma maior interação
sobre a disciplina ensinada, restando ao professor cumprir as exigências burocráticas e aos alunos sofrer
o processo avaliativo, perdendo-se assim o significado básico da avaliação.
192
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170419175516.pdf
193
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 2000
194
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito & desafio uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2003. 32ª Edição
Função
A avaliação quantitativa é aquela feita com base em informações numéricas obtidas através de provas
e testes. Parece ser mais objetiva que a avaliação qualitativa, todavia apresenta apenas uma visão
artificial da realidade. Por isso deve ser complementada pela avaliação qualitativa, ou seja, aquela que
obtém informações com base em observações, documentos, diálogos, discursos e atitudes percebidas
pelo professor. Libâneo198 nos chama a atenção para alguns equívocos no processo de avaliação na
prática escolar deixando de se compreender a avaliação como tarefa didática.
Entre esses equívocos destacaremos aqui os que mais condizem com a realidade da educação física
escolar. Para ele é o professor que não deverá tomar a avaliação unicamente como ato de atribuir notas
e classificar os alunos, nem usá-la como instrumento de controle. Estes itens ainda estão presentes na
educação física escolar, servindo como auxiliador de manutenção da ordem. No entender de
Perrenoud199, “... a função nuclear da avaliação é ajudar o aluno a aprender e ao professor, ensinar”.
Portanto, o professor deve estabelecer objetivos e metas que possam ser alcançados por todos os
alunos e que contribuam efetivamente para a melhoria da qualidade de vida dos alunos dentro e fora do
ambiente escolar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais consideram que a avaliação deve ser algo útil, tanto para o
aluno como para o professor, para que ambos possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro
do processo de ensino e aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo.
Tradicionalmente, as avaliações dentro desta área se resumem a alguns testes de força, resistência e
flexibilidade, medindo apenas a aptidão física do aluno. O campo de conhecimento contemplado por esta
proposta vai além dos aspectos biofisiológicos. Embora a aptidão possa ser um dos aspectos a serem
195
SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que Avaliar: Como Avaliar? : critérios e instrumentos. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
196
PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1999. 22ª Edição.
197
SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que Avaliar: Como Avaliar? : critérios e instrumentos. Rio de Janeiro: Vozes, 1995
198
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
199
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
200
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
- Enfrentar desafios corporais em diferentes contextos como circuitos, jogos e brincadeiras. Pretende-
se avaliar se o aluno demonstra segurança para experimentar, tentar e arriscar em situações propostas
em aula ou em situações cotidianas de aprendizagem corporal;
- Participar das atividades respeitando as regras e a organização. Pretende-se avaliar se o aluno
participa adequadamente das atividades, respeitando as regras, a organização, com empenho em utilizar
os movimentos adequados à atividade proposta;
- Interagir com seus colegas sem estigmatizar ou discriminar por razões físicas, sociais, culturais ou
de gênero. Pretende-se avaliar se o aluno reconhece e respeita as diferenças individuais e se participa
de atividades com seus colegas, auxiliando aqueles que têm mais dificuldade e aceitando ajuda dos que
têm mais competência.
A proposição conceitual cognitivista de Piaget pode ser aplicada como estratégia de ensino com a
finalidade de materializarem-se transformações da sociedade, juntamente aliada a uma pedagogia mais
crítica e progressista, como a de Paulo Freire, permitindo ao estudante tanto uma autonomia diante do
quadro político e social quanto às atividades de criação e elaboração de jogos, esportes e outros
conteúdos específicos da Educação Física.
De acordo com Duckur202, em sua pesquisa na qual visa dirigir-se à formação de alunos autônomos
através das aulas de Educação Física, entende que um sujeito dotado de autonomia é aquele que
201
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/96110/boaventura_e_me_rcla.pdf?sequence=1
202
DUCKUR, Lusirene Costa Bezerra. Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de educação física. Campinas: Autores Associados, Coleção
educação física e esportes, 2004.
203
FREIRE, P. Aprendendo com a própria história Vol. 2. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002
204
FREIRE, João Batista; SCAGLIA, Alcides José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
SCAGLIA, Alcides José; SOUZA, Adriano. Pedagogia do Esporte. In: COMISSÃO DE ESPECIALISTAS – ME. Dimensões Pedagógicas do Esporte. Brasília:
205
Unb/Cad, 2004.
206
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa. Como ensinar. Tradução Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
207
RANGEL, I.C.A.; VENÂNCIO, L.; RODRIGUES, L.H.; NETO, L.S.; DARIDO, S.C. Os objetivos da Educação Física na escola. In: DARIDO, S.C.; RANGEL, I.C.A.
(Coord.). Educação Física na Escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. (Educação Física no Ensino Superior).
Questões
01. (SEE/AL - Professor - CESPE). Julgue o item seguinte, relativo à avaliação em educação física
escolar.
A avaliação em educação física escolar deve ser orientada para a aquisição de competências,
habilidades, conhecimentos e atitudes dos educandos.
( ) Certo ( ) Errado
02. (SEDUC/AM - Professor - FGV). Os Parâmetros Curriculares Nacionais para os terceiro e quarto
ciclos do Ensino Fundamental da Educação Física, dividem a avaliação em três fases. A esse respeito,
analise as afirmativas a seguir.
I. A avaliação diagnóstica, ao final do curso, possibilita diagnosticar o alcance, ou não, dos objetivos
propostos.
II. A avaliação somativa pode ser utilizada como momento de formalização do processo, expressando
o ponto em que o aluno se encontra em relação aos objetivos propostos.
III. A avaliação formativa fornece dados para a decisão quanto à continuidade ou alterações do
programa.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gabarito
01.certo / 02.D
Comentários
02. Resposta: D
A avaliação diagnóstica não ocorre somente no início do ano letivo, mas deve ser aplicada a cada novo
projeto, avaliando as habilidades dos alunos referentes ao que pede o projeto a ser aplicado e se
necessário, fazer as adequações pertinentes como metodologia e materiais necessários para o bom
desenvolvimento do trabalho.
OS PROCESSOS PEDAGÓGICOS
Os processos pedagógicos são processos intencionais, deliberados, que têm por objetivo promover,
em contextos culturais definidos e de modo sistematizado, relações significativas entre o aprendiz e o
conhecimento produzido pelos homens em seu processo social e histórico de produção das condições
materiais de sua existência.208
208
SILVA, F.H.L. Os Processos pedagógicos. Pedagogia.
Este tratamento metodológico que responde aos princípios expostos, tem seu fundamento na
concepção de práxis, que se constitui no movimento através do qual o homem e todos os homens, no
trabalho, ao articular reflexão e ação, teoria e prática, transitam do senso comum ao conhecimento
científico e assim transformam a realidade, produzem sua consciência e fazem a história.
Trabalhar nesta perspectiva, apesar de todos os obstáculos decorrentes das desigualdades resultantes
de uma sociedade dividida em classes, não deixa de ser uma importante forma de avançar na construção
do projeto de sociedade que tem se constituído na nossa utopia: um novo modo de produção onde todos,
homens e mulheres de todos as raças e credos, e de todas as idades, possam ter na organização coletiva,
o suporte para o desenvolvimento de sua integralidade.
A instituição escolar deve proporcionar a inserção dos sujeitos em um contexto social de modo que
possam participar ativamente de sua construção e transformação, pois a educação é, acima de tudo, uma
prática social carregada e mediadora de significados, sentidos e valores que auxiliam, ou mais do que
isso, são determinantes na formação dos sujeitos.
Isso começa a no parecer evidente quando, ao longo de nossa trajetória pessoal e profissional
começamos a pensar porquê de termos que ir para a escola. Passamos então, a questionar nossos pais,
professores e a nós mesmos qual o sentido da escola em nossas vidas. O tempo vai passando e, talvez,
nem percebamos o quanto ela está impregnada de representações que interferem em nossas escolhas,
atitudes e diferentes modos de ensinar e aprender a viver.
Enquanto mediadora de significados, sentidos e valores os desafios impostos à escola na dinâmica da
sociedade contemporânea, estão justamente em acompanhar os processos de desenvolvimento social,
incorporando estes na cultura institucional e a partir de um olhar crítico torná-los conscientes aos sujeitos
que estão em formação. Para isso, a escola não pode mais ser vista e desenvolver-se, como aquela
instituição responsável por transmitir as “verdades” científicas e conhecimentos elaborados distanciados
de um contexto determinado, para sujeitos, supostamente, homogêneos, capazes de aprender de um
único modo.
É nessa perspectiva que a compreensão sobre o conhecimento escolar pode ser analisada sob a ótica
de no mínimo quatro perspectivas: como produto acabado e formal (visão tradicional); como produto
acabado e formal de caráter técnico (visão tecnológica); como um produto aberto, gerado em um processo
espontâneo (visão espontaneísta e ativista) e; como um produto aberto, gerado em um processo por um
processo construtivo e orientado (visão investigativa).
Nesse sentido, se faz necessário, como nos aponta Alarcão uma mudança paradigmática, uma
mudança de pensamento sobre a escola, saindo de uma visão tradicional para uma concepção de escola
enquanto uma organização reflexiva, que é capaz de gerar conhecimento sobre si própria dentro de um
marco contextual, que lhe dá o sentido de sua existência.
Desse modo, a escola deve conceber-se como um local, um tempo e um contexto. Um local de
formação que vai além de sua representação física, mas um lugar com concepções de formação, de
gestão curricular e de relacionamento interpessoal. Um tempo de curiosidades, de atividade, de iniciativa
Para uma mudança na concepção de escola e dos processos de ensinar e aprender na Educação
Física é inevitável salientar a importância do papel do professor, como protagonista do processo de
aprender e ensinar reflexivamente. Quando falamos sobre a construção do conhecimento do professor
reflexivo, é importante considerar que as experiências, as trajetórias pessoais e profissionais tem
influência na atuação do professor, o que também implica sobre sua concepção de ação pedagógica.
Neste contexto, uma contribuição importante para o âmbito da construção do conhecimento é a visão
Vygotskiana, que propõe que o pensamento e a ação sejam estudados de forma integrada, através da
investigação do processo de pensamento do professor e suas formas de conceber e desenvolver o
ensino.
Como professor reflexivo, este deve aprender, a partir da interpretação da sua própria atividade,
reconstruir e refletir sobre sua ação pedagógica atuando como pesquisador de sua própria prática
educativa. Segundo Schön podemos identificar quatro etapas pelas quais o professor exercita seu
processo de reflexão, ou seja, ele vê o aluno como alguém capaz de surpreender; busca compreender o
motivo dessa surpresa; reformula o problema para saber o quanto o aluno compreendeu daquela situação
e propõe uma nova tarefa testando sua hipótese. Isso leva o professor a incentivar, participar, dialogar,
refletir e experimentar juntamente com seus alunos um movimento de reconstrução do conhecimento, do
ensinar e do aprender através do movimento humano.
Para Pérez Gómez, a função do professor é facilitar o surgimento do contexto de compreensão comum
por meio do processo de construção dialética desse espaço de conhecimento compartilhado que se dá
pela interação, na escola e de suas próprias representações, possibilitando negociações que são capazes
de promover o enriquecimento mútuo entre professor e aluno. Isso se consolida como um fórum de trocas
simbólicas e culturais em que a aula deve se transformar e provocar reflexão sobre as próprias trocas e
suas consequências para o conhecimento e para a ação educativa.
O professor reflexivo, de acordo com Shön tem não só a tarefa de encorajar, reconhecer e de dar valor
à confusão dos seus alunos, mas também, faz parte das suas incumbências, encorajar e dar valor à sua
própria confusão. Conforme o autor, o grande inimigo da confusão é a resposta que se assume como
verdade única. Assim, cabe ao professor aprender a ouvir os alunos e aprender a fazer da escola um
lugar no qual seja possível ouvi-los, só assim a aula de Educação Física poderá se constituir num
ambiente de ensino e aprendizagem significativo, tanto para o professor como para os alunos.
No processo de ensinar e aprender o aluno vai assumindo diferentes posturas ao longo de sua
trajetória escolar e das concepções que se tem desse processo na própria instituição. E, uma das ideias
fundamentais para se compreender essa diferenciação de posturas é pensar no desenvolvimento do
aluno como um processo mediatizado pelas determinações culturais, pois à medida que entra em contato
com a cultura do contexto em que vive, esse sujeito não será mais o mesmo, mas terá incorporado
sentidos e significados culturais que permitem reconstruir suas representações sobre a realidade.
Nos sujeitos que estão presentes na escola atualmente, é facilmente identificável e influência de
determinados aspectos culturais que entram em contato na sua vida fora da escola. Eles têm a
possibilidade de entrar em contato com elementos da cultura, como salienta Pérez Gómez, por meio de
instrumentos muito mais poderosos e atrativos de transmissão de informação do que a escola, e que
veiculam informações, muitas vezes, fragmentadas e desintegradas que não permitem ao aluno construir,
por conta própria, uma visão crítica sobre o que está sendo transmitido.
É nesse aspecto que o papel do professor reflexivo se torna importante, não do mero repassador e
reprodutor de conhecimentos e informações, mas que seja capaz de compreender seu papel e o objetivo
da Educação Física na vida de seu aluno, estimulando-o a desenvolver sua capacidade reflexiva e crítica
sobre o que ele vivência no seu cotidiano com relação ao movimento e com relação as formas de
movimento que entra em contato por inúmeros outros meios para além de seu mundo vivido. Assim, o
aluno deve ser compreendido como sujeito participante, capaz de reinterpretar significados de
concepções e representações da realidade, podendo experimentar, questionar, buscar diferentes
possibilidades envolvendo-se num processo vivo em que, o jogo de interações e conquistas possa ser
compartilhado e construído num espaço de compreensão e construção de conhecimento.
Para isso, é necessário que os alunos participem da aula, manifestando seus conhecimentos,
concepções, interesses, preocupações, desejos e vivências de movimento podendo participar de forma
ativa e crítica na construção e reconstrução de sua cultura de movimento e do grupo em que vive.
De acordo com Bolzan “quando comparamos informações, intercambiamos pontos de vista, colocamos
nossas ideias acerca de fatos e situações, tematizamos acerca de um determinado saber, transformando
o já sabido em algo novo, estamos compartilhando conhecimento”. Neste processo, os discursos externos
Questões
01. O trajeto pedagógico a ser seguido, envolve o conhecimento do contexto e do aprendiz, não como
dualidade, mas como relação, e o percurso do método científico, que pode ser sintetizado por exemplo
pela problematização, tendo como ponto de partida as relações sociais e produtivas.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.certo / 02.certo
Comentários
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na medida
em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O conceito
de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem,
antecedendo-os e transcendendo-os.
“É preciso considerar que não se trata, aqui, do sentido mais usual do termo cultura, empregado para
definir certo saber, ilustração, refinamento de maneiras. No sentido antropológico do termo, afirma-se que
todo e qualquer indivíduo nasce no contexto de uma cultura, não existe homem sem cultura, mesmo que
não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se se pudesse dizer que o homem é biologicamente
incompleto: não sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o gerou.
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo: neles o indivíduo é formado
desde o momento da sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, aprende os valores
do grupo; por eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo
social as concebe.
A fragilidade de recursos biológicos fez com que os seres humanos buscassem suprir as insuficiências
com criações que tornassem os movimentos mais eficazes, seja por razões “militares”, relativas ao
domínio e uso de espaço, seja por razões econômicas, que dizem respeito às tecnologias de caça, pesca
e agricultura, seja por razões religiosas, que tangem aos rituais e festas ou por razões apenas lúdicas.
Derivaram daí inúmeros conhecimentos e representações que se transformaram ao longo do tempo,
tendo ressignificadas as suas intencionalidades e formas de expressão, e constituem o que se pode
chamar de cultura corporal.
Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em
seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação
corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura
corporal humana e o fazem utilizando uma atitude lúdica.
A Educação Física tem uma história de pelo menos um século e meio no mundo ocidental moderno,
possui uma tradição e um saber-fazer e tem buscado a formulação de um recorte epistemológico próprio.
Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos
pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as
atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções,
e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde.
Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e
luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de
comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física
escolar.
A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos
alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na
aptidão física e no rendimento padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma concepção
mais abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal.
É fundamental também que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação Física escolar
e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois, embora seja uma referência,
o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar
oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e
não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os
alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de Educação Física.
Independentemente de qual seja o conteúdo escolhido, os processos de ensino e aprendizagem
devem considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva,
ética, estética, de relação interpessoal e inserção social). Sobre o jogo da amarelinha, o voleibol ou uma
dança, o aluno deve aprender, para além das técnicas de execução, a discutir regras e estratégias,
apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-los e recriá-los.
É tarefa da Educação Física escolar, portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura
corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para
que sejam capazes de apreciá-las criticamente.
210
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
A concepção de cultura corporal amplia a contribuição da Educação Física escolar para o pleno
exercício da cidadania, na medida em que, tomando seus conteúdos e as capacidades que se propõe a
desenvolver como produtos socioculturais, afirma como direito de todos o acesso a eles. Além disso adota
uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da autonomia, a
cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. O trabalho de
Educação Física abre espaço para que se aprofundem discussões importantes sobre aspectos éticos e
sociais, alguns dos quais merecem destaque.
A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas
manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências presentes na vida
cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve
ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma
postura não-preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes
grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte.
A prática da Educação Física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos para monitorar as
próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e
sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais.
A possibilidade de vivência de situações de socialização e de desfrute de atividades lúdicas, sem
caráter utilitário, são essenciais para a saúde e contribuem para o bem-estar coletivo. Sabe-se, por
exemplo, que a mortalidade por doenças cardiovasculares vem aumentando e entre os principais fatores
de risco estão a vida sedentária e o estresse.
O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas
e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades
corporais não devem ser privilégio apenas dos esportistas ou das pessoas em condições de pagar por
academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um
posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação
Física.
Os conhecimentos sobre o corpo, seu processo de crescimento e desenvolvimento, que são
construídos concomitantemente com o desenvolvimento de práticas corporais, ao mesmo tempo que dão
subsídios para o cultivo de bons hábitos de alimentação, higiene e atividade corporal e para o
desenvolvimento das potencialidades corporais do indivíduo, permitem compreendê-los como direitos
humanos fundamentais.
A formação de hábitos de autocuidado e de construção de relações interpessoais colaboram para que
a dimensão da sexualidade seja integrada de maneira prazerosa e segura.
No que tange à questão do gênero, as aulas mistas de Educação Física podem dar oportunidade para
que meninos e meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a
não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir estereotipadamente relações
sociais autoritárias.
No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos
valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu
papel como instrumento de exclusão e discriminação social e a atuação dos meios de comunicação em
produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma discussão sobre a ética do esporte profissional, sobre a
discriminação sexual e racial que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração da
estética do ponto de vista do bem-estar, as posturas não-consumistas, não preconceituosas, não-
discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática.
Nos jogos, ao interagirem com os adversários, os alunos podem desenvolver o respeito mútuo,
buscando participar de forma leal e não violenta. Confrontar-se com o resultado de um jogo e com a
presença de um árbitro permitem a vivência e o desenvolvimento da capacidade de julgamento de justiça
(e de injustiça). Principalmente nos jogos, em que é fundamental que se trabalhe em equipe, a
solidariedade pode ser exercida e valorizada. Em relação à postura diante do adversário podem-se
desenvolver atitudes de solidariedade e dignidade, nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é
capaz de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros sem se sentir
humilhado.
Viver os papéis tanto de praticante quanto de espectador e tentar compreender, por exemplo, por que
ocorrem brigas nos estádios que podem levar à morte de torcedores favorece a construção de uma atitude
de repúdio à violência.
Em determinadas realidades, o consumo de álcool, fumo ou outras drogas já ocorre em idade muito
precoce. A aquisição de hábitos saudáveis, a conscientização de sua importância, bem como a efetiva
A Corporeidade na Escola
A educação desenvolvida nas escolas públicas está a merecer uma reflexão, um repensar das ações
em busca de novos caminhos. Tem-se verificado, de forma generalizada nas diversas áreas de
conhecimento, que os professores que ali trabalham não se interrogam sobre o que fazem, para que e a
quem interessa essa educação. Seria, talvez, desnecessário dizer que não fogem à regra as ações que
se envolvem diretamente com o corpo, como é o caso da Educação Física. 211
Torna-se bastante difícil falar do corpo, pois esquecemos ou fomos levados a nos esquecer que somos
corpo, de que nossas comunicações cotidianas com o mundo ocorrem através dele e com ele. Mas é
fundamental que se pense a questão do corpo na educação, procurando desvelar as concepções e
valores, bem como os reais significados que estão implícitos nas ações escolares, visto que, como fala
Paulo Freire:
"A conscientização não pode existir fora da 'práxis', ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade
dialética constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os
homens".
Observando o cotidiano das práticas pedagógicas, começamos a nos interrogar sobre os porquês de
determinados procedimentos, atitudes, posturas assumidas, pelos professores, alunos e pais. Nas
conversas, olhares, reuniões ou comportamentos diante de situações concretas, pode-se perceber que o
corpo faz parte daquilo que Paulo Freire denominou cultura do silêncio, onde o corpo segue ordens de
cima. Pensar é difícil; dizer a palavra, proibido. A escola silencia a ação corporal-verbal que não esteja
de acordo com as normas estabelecidas. Assim procedendo, está criando um homem, uma mulher para
a passividade, para a submissão, para aceitar as regras do jogo”.
As atividades propostas pelos professores não despertam a criatividade, a curiosidade, o interesse
pelas descobertas; não é estimulado o gosto pela pergunta.
Os alunos são induzidos a responderem aquilo que o professor quer ouvir, geralmente uma resposta
que ele já sabe. Duvidar, criticar as atividades tidas como corretas é visto até como um ato de indisciplina
e, muitas vezes, aqueles que se atrevem a resistir e contestar são punidos, discriminados e rotulados de
maus alunos.
Além disso, assim como na família, o corpo é envolto de mistérios: muitas coisas que dizem respeito
a eles são proibidas; não se fala e quase não se toca em determinadas partes do corpo. Reforçam-se os
tabus que têm passado de geração em geração, sem que as maiorias dos educadores se preocupem em
questioná-los em profundidade.
Freire, com procedência, diz que os educandos são transformados em seres passivos, que recebem
os conteúdos, os conhecimentos, de forma autoritária: muitas vezes impostos pelas Secretarias de
Educação às escolas, que, por sua vez, os impõem aos professores, e estes aos alunos, de maneira
completamente desvinculada da realidade daqueles a quem se destinam.
Essa passividade se expressa, regularmente, também a nível corporal. É com o corpo que entramos
em contato com o mundo, o experienciamos, conhecendo seus detalhes, possibilidades e limites. A
escola, por meio do cerceamento das ações corporais e espontâneas e do desenvolvimento de atividades
repetidas e rotineiras, busca o disciplinamento e controle, impondo pensamentos, ritmos, posturas e
movimentos padronizados.
Segundo Silva na escola para a transformação, terá que existir liberdade de movimentos, de
expressão, de exploração de material concreto, de convívio grupal, de vivência do corpo. Além disso,
acreditamos que, assim como Freire propõe que o alfabetizador tome como ponto de partida o universo
vocabular da população com que ele trabalha, o educador transformador deve partir do conhecimento
corporal concreto de seus alunos.
Leal em suas experiências com alfabetização em uma escola na favela da Rocinha/RJ observou que
as brincadeiras das crianças são uma de suas principais manifestações espontâneas. Através delas,
articulam todo o seu universo: os seus desejos, a sua sexualidade, o seu desespero, a vida e a morte.
Constatou ainda que, enquanto na favela elas conseguiam se organizar para brincar e jogar, mas na
escola não conseguiam fazer o mesmo.
211
FIGUEIREDO, M. X. B. A corporeidade na escola: brincadeiras, jogos e desenhos - Pelotas: Editora Universitária-UFPEL, 2009.
Alves212 afirma que Marx, em seus escritos, dizia que o capitalismo é uma educação do corpo, que é
ensinando a se esquecer de todos os seus sentidos eróticos, sendo transformado apenas no local de um
sentido - sentido da posse - onde a sociedade transforma o desejo de ter e de usar na principal
preocupação do homem.
A escola utiliza-se de uma variedade de situações em seu cotidiano para fazer tal educação. Podem-
se notar, através dos programas, conteúdos, dos horários, dos deslocamentos em filas, uma infinidade
de modelos de ações que devem ser seguidos e cumpridos por todos. Nesse sentido, Foucault e
Guimarães afirmam que um dos objetivos da escola é controlar o corpo, através de atitudes de submissão
e docilidade que ocorrem nos exercícios que esquadrinham o tempo, o espaço, os movimentos, gestos e
atitudes dos alunos. As ocupações ocorrem de maneira determinada, por meio de ritmos coletivos e
obrigatórios: aquisição dos mesmos conhecimentos, os mesmos tipos de provas e exames. O professor,
que possui um poder aparente nas decisões, exerce na sala de aula um poder concreto ao nível do corpo
dos alunos. Ao determinar que eles executem as ações definidas por ele, influi também na criação de um
homem disciplinado, cumpridor de ordens que, ao chegar ao sistema de produção, como trabalhador,
possa cumprir o que este lhe reserva: produção com o máximo rendimento, de preferência sem
interrogações.
Medina afirma que na determinação de nossa corporeidade há marcada influência da infraestrutura
socioeconômica.
Se vivemos num sistema capitalista, dependente, altamente hierarquizado em níveis sociais, não só a
escola como também o homem, o corpo e suas manifestações culturais, serão produto ou subproduto
das estruturas que caracterizam este sistema.
No entanto, o autor chama a atenção para o fato de que as relações ocorrem de forma dialética e
jamais descontextualizada historicamente. É preciso que se veja em que níveis os fenômenos acontecem,
quais são os determinantes e quais são os determinados nessas relações.
212
ALVES, R. A. Conversas com quem gosta de ensinar. 19ª ed. São Paulo: Cortez & Autores Associados.
Assim como Freitas, encontramos na sala de aula vários mecanismos do controle disciplinar
analisados por Foucault: a divisão do tempo, o quadriculamento do espaço, a distribuição dos corpos em
fila, a constante vigilância, as sanções normatizadoras.
A organização da sala de aula foi aparentemente modificada, passando das filas de carteiras a classes
aglutinadas, de tal forma que, sentando-se em círculo, as crianças se dispõem como se trabalhassem em
grupo. No entanto, a ideia de que algo mudou não resiste além da primeira impressão, pois as relações
sociais estabelecidas na sala de aula não se alterariam em sua essência.
Cada aluno possui um lugar e um grupo fixos, determinados pela professora. Os critérios de disposição
das crianças prolongam as discriminações existentes em nossa sociedade: as brancas separadas das
pretas; as crianças do morro não andam com as da vila. Embora as crianças estejam divididas
especialmente em grupos, o trabalho coletivo não existe. Até mesmo a ajuda mútua entre as crianças não
é permitida, como fica evidenciado no exemplo abaixo:
Quando as crianças saem dos seus lugares, a professora, às vezes de maneira sutil, outras, veemente,
chama a atenção para que elas permaneçam sentadas. Uma das formas de controle observadas se
constata pelo seguinte episódio:
“Uma criança está caminhando pela sala. A professora pergunta elevando a voz: “Já fizeste o tema”
?!” Se a criança responder que fez, ela então diz: “Me traz aqui para eu ver”. Se responder que não, ela
diz: “Então senta para fazer”.
Olhem aqui é outra maneira utilizada para chamar a atenção das crianças que estão se distraindo com
atividade como: brincar, movimentar-se pela sala, conversar. A corporeidade da professora altera-se: seu
olhar torna-se insistente, o rosto contrai-se, a voz passa da fala clama para os gritos:
“Olha aqui! Não grita!”.
Na sala de aula, a mesa da professora está em uma posição espacial, de tal forma que, através de um
único olhar, ela possa manter o controle de todas as crianças. Este é o olhar do aparelho disciplinar,
descrito por Foucault que diz:
“(...) olho perfeito a que nada escapa e centro aos quais todos os olhares convergem”.
Outra expressão, também muito usada pela professora para controlar a espontaneidade das crianças,
é: Agora não, só depois. O depois, geralmente, não acontece, porque não há tempo. O presente é sempre
jogado para o futuro. A prioridade é sempre dada às tarefas escolares, e aquilo que as crianças querem
realizar é permanentemente postergado:
“Gente! Olhem aqui! Primeiro façam o tema para depois conversar”.
A escola leva as crianças a controlarem seus desejos, impondo-lhes outros, que nunca é o presente,
o agora, mas alguma coisa que acontecerá no futuro, o depois. Existirá forma mais eficaz de transformar
crianças “impulsivas” em alunos dóceis e obedientes?
Assim, o ato de escrever está tão distante de seu mundo infantil que equivale a nada fazer. Com isso
não estamos querendo dizer que a escola não deva ensinar as crianças a escrever e deixá-las em seu
mundo do faz-de-conta. O que estranhamos - e nos perguntamos por quê - é a forma como a escola
introduz as tarefas escolares na vida da criança. Nas salas de aula, a brincadeira não entra; é o lugar das
coisas sérias.
No que diz respeito especialmente à escrita, vemos a criança, quando fora da escola, rabiscando no
papel, riscando o chão com gravetos, pedras, etc. - riscos e rabiscos cheios de significados; na sala em
que são propostos exercícios mecânicos e repetitivos de traçar sobre linhas pontilhadas que não lhe
dizem nada. São os chamados exercícios preparatórios. Mas preparatórios para que? Certamente não é
para aprender a ler e escrever, sobretudo tendo em vista as páginas e páginas escritas por diversos
autores a respeito do assunto, onde afirmam que não é o treinamento de habilidades que levam as
crianças a assimilarem esse objeto social, que é a língua escrita. Ferreiro é uma das autoras que defende
que:
(...) as crianças devem resolver sérios problemas conceituais para chegarem a compreender quais são
as características da língua que a escrita alfabética representa e de que maneira apresenta estas
características. A repetição e memorização têm pouco ou nada a ver com a superação destas
dificuldades.
Pelo contrário, autores como Vigotsky, por exemplo, nos relata brincadeiras onde os objetos são
transformados em símbolos de outras crianças, atividade fundamental para aquisição da língua escrita.
Num outro jogo, pegamos o relógio e, de acordo com novos procedimentos, explicamos: ‘Agora isto é
uma padaria’. Uma criança imediatamente pegou uma caneta e, colocando-a atravessada sobre o relógio,
dividindo-o em duas metades, disse: ‘Tudo bem, esta é a farmácia e esta é a padaria’. O velho significado
tornou-se assim independente e funcionou como uma condição para o novo(...) Assim, um objeto adquire
uma função de signo, com uma história própria ao longo do desenvolvimento, tornando-se, dessa fase,
independente dos gestos das crianças. Isso representa um simbolismo de segunda ordem e, como ele
se desenvolve no brinquedo, consideramos a brincadeira do faz-de-conta como um dos grandes
contribuidores para o desenvolvimento da linguagem escrita - que é um sistema de simbolismo de
segunda ordem.
As observações na sala de aula respaldam a opinião desses autores:
“Um dia as crianças se opunham à ‘escrever’ e copiar do quadro, ao passo que, quando foram para o
pátio, com pedaços de giz, escreveram e desenharam durante longo tempo as mais variadas formas de
mensagens”.
A escola detém a mobilidade espontânea dos alunos para racionalizar os seus movimentos,
enfatizando a produção de gestos mecânicos e estereotipados. Nesse sentido, concordamos com Silva
quando diz que a escola faz um treinamento de iniciação ao taylorismo:
Fragmenta-se inicialmente, ao máximo, o processo de trabalho a fim de torná-lo mais rentável para no
fim recompô-lo. Assim, por exemplo, fragmentam-se a escrita em suas unidades mínimas, os traços,
verticais, horizontais... que compõem as letras. Treinam-se mesmos até seu perfeito domínio, para depois
recompô-lo nas letras.
A partir dessa análise fica evidente que a educação vigente na sala de aula tem como base não o
prazer, a alegria e as emoções da descoberta, mas sim o sofrimento e a dor com que o trabalhador deve
se acostumar para produzir. Com o passar do tempo, essa dor e sofrimento são vistos como naturais.
Assim, por exemplo, vimos crianças que censuravam as brincadeiras, considerando preguiçosos aqueles
que só querem brincar. Eis aqui a origem da representação ideológica - que permanece ao longo de
séculos de que a criança aprende através do castigo. O diálogo entre a professora e o avô de um aluno
ilustra a atualidade disso:
A partir das constatações acima, faz-se necessário que todas aquelas práticas desenvolvidas nas
escolas, sobretudo, aquelas que trabalham diretamente com o corpo - a educação física -, que aqueles
educadores comprometidos com uma práxis transformadora, partem do conhecimento e da organização
das próprias crianças. Um processo educativo que gere contradições na busca de conscientização. Neste
caso, já não há lugar para os conhecimentos em forma de pacotes, onde o poder de decisão fica centrado
no professor, sendo o aluno um ser passivo que executa ordens, aonde as regras, técnicas, táticas,
organização e outros materiais vêm todos elaborados. Às crianças resta como alternativa, jogar, brincar,
desenhar, obedecendo às determinações do professor, conforme as exigências por ele julgadas
pertinentes.
Aqui está se desenvolvendo uma criança para submeter-se às regras e não para compreendê-las como
necessárias ao convívio social. Neste processo a ser instaurado, o professor terá que possuir a
sensibilidade para estar atento às iniciativas das crianças e, sempre que possível, desenvolver um
processo de desequilíbrio para que elas avancem na aquisição de novos conhecimentos. Terá que intervir
nas discussões, fazer perguntas, fornecer pistas que ajudem no encaminhamento de soluções para os
problemas surgidos, mas sempre, como propõe João Batista Freire, o ponto de partida deve ser o
conhecimento das crianças. Porém, para partir do conhecimento das crianças, o professor deverá mudar
a sua forma de relação com as crianças e com o conhecimento; já não mais será o detentor de um saber
pronto e acabado, mas agora o conhecimento e as relações serão construídos coletivamente pelo grupo.
Na área da Educação Física fala-se muito, atualmente, sobre o corpo. Juntamente com esse
substantivo, imprime-se uma série de adjetivos. Podemos aqui citar alguns: esbelto, saudável, bonito,
sensual, livre, flácido, feio, reprimido, firme, mole, natural, holístico, moderno, consciente, inteiro,
repugnante, prazeroso, gordo, magro, etc. Os profissionais da educação física trabalham com o ser
humano sobre e através do seu corpo e lidam, por extensão, com os adjetivos impressos no corpo. Por
isso, torna-se importante a reflexão sobre o tema. 213
213
DAÓLIO. J. Os significados do corpo na cultura e as implicações para a Educação Física. Movimento - Ano 2 - N. 2.
O olhar sobre o corpo assume aspectos de disciplinas que, no decorrer dos tempos foram sendo
domesticados e corrompidos pelas sociedades capitalistas. Esses corpos ora trabalhados eram expostos
para os anseios da sociedade. O homem no ente um ser corpóreo e como tal, revela sua história através
de seus movimentos. Assim sendo, a corporeidade assume uma nova ótica rompendo com o modelo
cartesiano que via o homem dividido em dois eixos corpo e mente.214
Dessa maneira Santin215 define um conceito de movimento: " o movimento ultrapassa os limites da
simples motricidade ou das atividades mecânicas, o movimento humano não pode ser reduzido a
deslocamentos físicos, a articulações motoras ou a gesticulações produtivas. Mas é necessário vinculá-
lo a todo o seu modo de ser. Não é apenas o corpo que entra em ação pelo fenômeno do movimento. É
o homem todo que age e que se movimenta".
Nessa colocação de Santin, expressa o tanto que o indivíduo está imerso num universo de práticas
corpóreas, onde o ser cria e recriam ao mesmo tempo várias possibilidades de movimentos em relação
à sociedade, ao trabalho, a vida como um todo, único e subjetivo. A história do indivíduo então, participa
como pano de fundo para a existência corporal, numa relação de prazer e desejo, sendo que, as práticas
corporais e o trabalho do corpo em movimento é de fundamental importância para que o indivíduo adquira
noções espaciais.
Uma característica dos movimentos corporais é bem expressa em Sérgio216, colocando que a
Motricidade Humana, ciência que engloba todos os movimentos intencionais, baseia-se numa grande
variedade de possibilidades. Para que o indivíduo possa se perceber, e contextualizar o mundo a sua
volta, é necessário que ele tenha uma boa percepção capaz de facilitar o seu processo de locomoção e
ação.
A ação motora requer ensinamentos que capacitem o indivíduo no seu aprendizado e na prática do dia
a dia. As dimensões sociais do ser corpóreo assumem funções essenciais para qualquer atividade ou
trabalho. Entretanto faz-se necessário alocar aqui uma reflexão mais consistente daquilo que é a
verdadeira substância da corporeidade, é preciso evidenciar a fala de Freire quando diz que "O corpo,
inevitavelmente, não está morto; nossa condição corporal é sempre presente". Nessa colocação fica claro
que somos e estamos no mundo. Fazendo parte dele, agindo e interagindo a todo instante, numa troca
recíproca entre indivíduo e meio. O ser humano vive através de sua corporeidade. Não se pode misturar
corpo e corporeidade. O indivíduo interage e se comunica através do seu corpo, entretanto, tudo isso que
está marcado em seu corpo, tem a ver com a corporeidade que se refere e torna-se notório através de
seu corpo, mas, tudo que emerge de seu corpo diz respeito à corporeidade. Uma corporeidade capaz de
fazer a trajetória histórica do indivíduo, que, na maioria das vezes, nem percebe essa dimensão que o
corpo assume a todo instante.
Pensar num corpo onde as capacidades são a todo o momento testado, é evidenciar que não só temos
limitações em nosso agir corporal, como também, respeitar os que possuem "deficiências" físicas
concretas. Nossa relação corporal, traz à tona o que de melhor e de pior temos dentro de nós, numa
relação contextual que assume diversas características atribuídas ao meio.
Dessa forma, a contemporaneidade trouxe uma série de avanços para o novo quadro social vigente.
Um bom exemplo disso é o tipo de expressão que o nosso corpo adquiri frente os objetos sociais.
Pensar em um corpo submerso por novas estruturas e grupos sociais que estão surgindo, não é tarefa
fácil. Ela requer uma visão bem mais ampla do indivíduo que, a partir de sua formação, e da história de
vida, constrói toda sua formação corporal. Para Mafessolí217, as novas tribos que se formam na atualidade,
buscam seu espaço social, e a luta por aquilo que acreditam, quase sempre não condiz com o que
esperam. Uma das razões do surgimento dessas classes evidencia o quanto o sujeito se afasta de sua
própria identidade cultural, e do "eu", vivido e influenciado pelo meio. As transformações ocorridas
reiteram o que Marx enfatizava em seus discursos sociais contra o capitalismo. Capitalismo esse, que
afasta o ser humano do sentido coletivo de vida, e o coloca no patamar individual, no sentido bem restrito
da palavra.
O corpo, então, assume um papel estético fora dos padrões das sociedades passadas. Pegando como
parâmetro, a década de 70, o indivíduo aceito pela sociedade, era aquele que andava de acordo com os
214
http://twixar.me/D10n
215
SANTIN, S. Perspectivas na visão da corporeidade. InMOREIRA, Wagner W. (org). Educação Física e Esportes: perspectivas para o século XXI. 6ed. Campinas:
Papirus.
216
SERGIO, Manoel. Para uma epistemologia da motricidade humana. Lisboa: Compendium.
217
MAFFESOLI, M. (s/d). O Tempo das Tribos: O Declínio do Individualismo nas Sociedades de Massa. Rio de janeiro, Forense.
Ser expressivo é conseguir exprimir seus pensamentos para os outros. Quando utilizamos movimentos
corporais estamos transformando nossos pensamentos em gestos. Sendo assim, a expressão corporal é
uma possibilidade de comunicação entre os indivíduos.
Segundo Silva e Schwartz220, o movimento corporal é uma linguagem que cada pessoa possui para
manifestar-se e, a expressão corporal é o resgate dessa linguagem individual.
Nesse sentido, temos nas vivências corporais a possibilidade de favorecer a expressão do movimento
através das experiências vividas pelo corpo podemos enriquecer os gestos expressivos deixando-os mais
criatividade e espontâneos. Tanto para expor seus pensamentos como para transmitir uma mensagem.
Sobre estas considerações Silva221, afirma que:
As atividades expressivas objetivam, através de vivências corporais, da dança e de outras
manifestações, levar o homem, a mulher, a sentir o corpo-próprio, ampliar sua sensibilidade, eliminar os
limites, as influências e preconceitos determinados pelo ambiente cultural.
Desse modo, a expressão corporal, quando trabalhada de maneira planejada, espontânea e criativa
sem submeter o corpo a técnicas padronizadas, movimentos repetitivos traz inúmeros benefícios.
Segundo Brikman222, a expressão corporal resgata e desenvolve todas as possibilidades humanas,
(corpo e mente), transmitidas no movimento corporal. A expressão corporal carrega as possibilidades de
218
MAFFESOLI, M. (s/d). O Tempo das Tribos: O Declínio do Individualismo nas Sociedades de Massa. Rio de janeiro, Forense.
219
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unicentro_edfis_artigo_luciane_souza_martins.pdf.
220
SILVA , M. G. M. S.; SCHWARTZ, G. M. A expressividade na dança: visão do profissional. Motriz- Volume 5, Número 2, Dezembro/1999
221
SILVA, J. B. Educação Física, esporte, lazer: aprender a aprender fazendo.Londrina: Lido.
222
BRIKMAN, L. A Linguagem do movimento corpoal. São Paulo: Summus.
Essa parte do PCN de Educação Física diz respeito aos conhecimentos e conquistas individuais que
subsidiam as práticas corporais expressas nos outros dois blocos e que dão recursos para o indivíduo
gerenciar sua atividade corporal de forma autônoma. O corpo é compreendido não como um amontoado
de partes e aparelhos, mas sim como um organismo integrado, como um corpo vivo, que interage com o
meio físico e cultural, que sente dor, prazer, alegria, medo etc. Para se conhecer o corpo, abordam-se os
conhecimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que capacitam a análise crítica dos
programas de atividade física e o estabelecimento de critérios para julgamento, escolha e realização de
atividades corporais saudáveis. Esses conhecimentos são tratados de maneira simplificada, abordando-
se apenas os aspectos básicos. No ciclo final da escolaridade obrigatória podem ser ampliados e
aprofundados. É importante ressaltar que os conteúdos deste bloco estão contextualizados nas atividades
corporais desenvolvidas. Ou seja, ganham sentido na abordagem simultânea de conceitos, atitudes e
procedimentos ao fazer, compreender, sentir e falar sobre as possibilidades e necessidades corporais.
Os conhecimentos de anatomia referem-se principalmente à estrutura muscular e óssea e são
abordados sob o enfoque da percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por exemplo, os
ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento e
tensão.
Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para compreender as alterações que ocorrem
durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de água e sais minerais) e
aquelas que ocorrem a longo prazo (melhora da condição cardiorrespiratória, aumento da massa
muscular, da força e da flexibilidade e diminuição de tecido adiposo).
A bioquímica abordará conteúdos que subsidiam a fisiologia: alguns processos metabólicos de
produção de energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos. Os conhecimentos de biomecânica
são relacionados à anatomia e contemplam, principalmente, a adequação dos hábitos gestuais e
posturais, como, por exemplo, levantar um peso e equilibrar objetos.
Estes conteúdos são abordados principalmente a partir da percepção do próprio corpo, isto é, o aluno
poderá, estimulado por suas sensações e de posse de informações conceituais sistematizadas, analisar
e compreender as alterações que ocorrem em seu corpo durante e depois de fazer atividades. Poderão
ser feitas análises sobre alterações a curto, médio ou longo prazos. Também sob a ótica da percepção
do próprio corpo os alunos poderão analisar seus movimentos no tempo e no espaço: como são seus
deslocamentos, qual é a velocidade de seus movimentos etc.
As habilidades motoras deverão ser aprendidas durante toda a escolaridade, do ponto de vista prático,
e deverão sempre estar contextualizadas nos conteúdos dos outros blocos.
Do ponto de vista conceitual e procedimental, podem ser observadas, praticadas e apreciadas dentro
dos esportes, jogos, lutas e danças.
Também fazem parte deste bloco os conhecimentos sobre os hábitos posturais e atitudes corporais. A
ênfase deste item está na relação entre as possibilidades e as necessidades biomecânicas e a construção
sociocultural da atitude corporal, dos gestos, da postura. Por que, por exemplo, os orientais sentam-se
no chão, com as costas eretas? Por que existe uma tendência em apoiar-se em apenas uma das pernas
nas posturas em pé?
Observar, analisar, compreender essas atitudes corporais são atividades que podem ser
desenvolvidas juntamente com projetos de História, Geografia e Pluralidade Cultural. Além da análise dos
diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da postura dos alunos na escola: as posturas mais
adequadas para fazer determinadas tarefas e para diferentes situações.
O corpo como sede de sensações e emoções deverá ser contemplado como conteúdo, de modo a
permitir a compreensão da dimensão emocional que se expressa nas práticas da cultura corporal e a
percepção do corpo sensível e emotivo por meio de vivências corporais, como jogos dramáticos,
massagem etc.
223
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf
O diálogo entre a Educação Física e as ciências humanas e sociais pode ser rico e saudável. Essa
aproximação possibilita ampliar a visão da Educação Física sobre o corpo para uma entidade maior do
que um conjunto biológico de ossos, músculos, nervos e células.224
A provocação das ideias de Daolio225 e ao afirmar que “cultura” é o principal conceito para a Educação
Física foi fundamental no planejamento, organização e condução da disciplina em questão.
Tradicionalmente na área da Educação Física há um predomínio das ciências biológicas nas explicações
do corpo, da atividade física, do esporte, entre outros. A abordagem de Daolio permite confrontar e
questionar a hegemonia histórica dessa visão biológica do corpo por parte da Educação Física.
Ainda de acordo com Daolio:
Conceber o corpo como exclusivamente biológico implica tomá-lo como entidade natural e,
consequentemente, entender a natureza humana como pré-requisito da cultura ou como determinante
dela.
O desafio atual para a Educação Física é superar a atuação sobre o corpo que ignora seu significado
na sociedade, como se ele fosse uma entidade apenas orgânica.
O corpo é um dos objetos de estudo que a Educação Física, a Sociologia e a Antropologia possuem
em comum. Para a Educação Física, onde o corpo é objeto de intervenção, não há necessidade de
demonstração. Na sociologia e na Antropologia o corpo também é um campo privilegiado de estudo.
Vejamos o que Magnani226 nos diz sobre essa questão:
(...) o corpo é a primeira e mais disponível matéria-prima sobre o qual a sociedade – por meio de
técnicas e processos tão variados como tatuagem, escarificação, modelagem, mutilação, incrustações,
coloração, ornamentação, vestuário, pintura e muitos outros – imprime sinais que marcam diferenças,
pertencimentos, exclusões, privilégios.
A atenção que a antropologia dispensa ao corpo como objeto de estudo pode ser verificada em
trabalhos de vários autores já conhecidos e consagrados, tais como: Marcel Mauss227; Pierre Clastres228;
José Carlos Rodrigues229; entre outros.
Até a década de 70 (setenta) os estudos sobre o corpo na área da Educação Física estavam voltados
principalmente para aspectos fisiológicos, motores e do treinamento esportivo. Já na década de 80
(oitenta) começam a surgir os primeiros trabalhos que questionam a Educação Física como atividade
exclusivamente prática, baseada num conhecimento predominantemente biológico. Atualmente percebe-
se uma produção ascendente em torno da temática do corpo como uma totalidade, para além da
dimensão física isolada. Destaco os trabalhos de Jocimar Daolio230, a coletânea de textos de vários
autores reunidos no livro Educação Física e Ciências Humanas, organizado por Yara Maria de Carvalho
e Kátia Rubio e ainda diversos artigos publicados em periódicos da área.
A importância da temática do corpo pode ser observada cotidianamente nas preocupações com
padrões de beleza, busca pela performance, melhora no rendimento físico, cuidados com a alimentação,
questões éticas sobre o uso do corpo na medicina genética, entre outros. Fica evidente que o estudo
sobre o corpo é atual e merece novas pesquisas e reflexões.
224
educacaopublica.cederj.edu.br/revista/tag/corpo-biologico
225
DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
226
MAGNANI, José Guilherme Cantor. Antropologia e educação física. In: Carvalho, Yara Maria & Rubio, Kátia (orgs.). Educação física e ciências humanas. São
Paulo: Hucitec, 2001.
227
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: EPU/EDUSP.
228
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
229
RODRIGUES, Jose Carlos. O tabu do corpo. Rio de Janeiro: Zahar.
230
DAOLIO, Jocimar.Da Cultura do Corpo. Campinas, SP: Papirus,1995.
231
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
a) Pluralidade
O projeto antropológico consiste no reconhecimento de uma humanidade plural. Esse aspecto é muito
discutido na sala de aula, ou seja, a necessidade de perceber a nossa sociedade como uma entre tantas
outras.
Esse princípio próprio da antropologia é deslocado para a área da Educação Física, buscando dar
suporte a reflexão sobre a necessidade de o futuro professor considerar que na sala de aula, no campo
ou na quadra ele vai se deparar com alunos de diferentes origens, culturas, de diferentes corpos. A
implicação pedagógica que essa consideração possibilita é que o professor deixaria de lado a opção de
desenvolver uma aula na perspectiva da aptidão física, na qual buscaria recomendações pedagógicas
nos aspectos de ordem fisiológica, próprios do treinamento desportivo para aderir a uma concepção de
Educação Física que parta
(...) da dinâmica cultural específica de seus alunos no que se refere às questões do corpo, do
movimento, dos esportes etc. para ampliá-la, discuti-la, confrontá-la, refutá-la, enfim, tornar o aluno um
sujeito emancipado e autônomo nas questões corporais.233
O princípio da pluralidade contribui para que o aluno possa refletir também sobre os conteúdos da
Educação Física, que são vários e não somente o esporte, como os alunos pensam ao iniciar o curso. De
acordo com o Coletivo de Autores234 na perspectiva da aptidão física, o esporte é selecionado porque
possibilita o exercício do alto rendimento e as modalidades esportivas escolhidas são geralmente as mais
conhecidas e que desfrutam de prestígio social.
Uma compreensão acerca das diferentes interpretações sociológicas sobre o esporte pode ser
encontrada em Stigger235:
A primeira das abordagens que será apresentada situa o esporte numa visão institucional, que o tem
como um elemento da cultura que responde e reproduz as determinações da estrutura social mais ampla,
e que se reproduz ainda noutras formas de manifestação dessa mesma prática. Uma posição diferenciada
está na segunda abordagem, que, ao identificar o conflito como um aspecto importante da realidade social
e ao investigar o esporte como um processo de longa duração, abre possibilidades para uma interpretação
a partir das suas diversidades. Em contraposição à primeira abordagem e com o ponto de partida bastante
próximo da segunda, uma terceira visão tem como argumento básico a existência da diversidade cultural
no contexto do esporte, e propõe que este também seja visto como um elemento da cultura que, de forma
distintiva, faz parte dos estilos de vida de indivíduos e de grupos particulares.
Concordando com os argumentos da segunda e da terceira visão acerca do esporte a partir de uma
discussão sociológica, apresentados pelo autor acima, reafirmo a necessidade de compreender os
conteúdos da Educação Física de forma ampla e diversa. E particularmente o conteúdo esportivo precisa
ser pensado de maneira plural, considerando que o esporte pode ser apreendido de várias maneiras e
que seus praticantes podem atribuir diferentes significados, que vão desde valores da competição,
passando pelos valores da saúde, do rendimento, da aventura, até os valores da cooperação, do lúdico,
da busca pelo prazer, entre outros.
De acordo com Stigger236 não existe um significado único para o esporte, seu sentido decorre das
valorações que ligam as pessoas ao esporte.
232
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
233
DAOLIO, Jocimar. A antropologia social e a educação física: possibilidades de encontro. In: Carvalho, Yara Maria & Rubio, Kátia (orgs.). Educação física e ciências
humanas. São Paulo: Hucitec, 2001.
234
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
235
STIGGER, Marco Paulo. Educação física, esporte e diversidade. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
236
STIGGER, Marco Paulo. Educação física, esporte e diversidade. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
c) Técnicas Corporais
Tradicionalmente, na Educação Física, técnica é pensada em termos de rendimento esportivo.
Vejamos como Daolio237 se pronuncia sobre essa questão:
Considera-se técnico aquele movimento preciso, econômico, correto, quase sempre imitativo dos
movimentos de atletas de esporte de alto rendimento. Por oposição, os outros movimentos são tidos como
não-técnicos, errôneos, espontâneos, naturais, merecendo, por parte da educação física tradicional,
intervenção no sentido de corrigi-los, aperfeiçoá-los e padronizá-los.
O conceito de Marcel Mauss238 é fundamental para o redimensionamento da Educação Física. Esse
conceito contribui para ampliar o olhar sobre a Educação Física como também ampliar o olhar da
Educação Física sobre o ser humano. O aluno passa a compreender que a ação sobre o corpo físico
possui uma dimensão de totalidade. Atuar no corpo significa atuar sobre essa sociedade na qual o corpo
está inserido.
O profissional de educação física não atua sobre o corpo ou com o movimento em si, não trabalha com
o esporte em si, não lida com a ginástica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifestações culturais
relacionadas ao corpo e ao movimento humanos, historicamente definidas como jogo, esporte, dança,
luta e ginástica.239
Vale lembrar que nessa abordagem sobre o corpo não existe corpo melhor ou pior, o que existe são
corpos diferentes que se expressam de formas diversas, de acordo com a sociedade a qual pertence.
Questões
01. (Pref. de Bela Vista de Minas/MG - Professor de Educação Física - FUNDEP). O bloco de
conteúdo “conhecimento sobre o corpo”, proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, envolve os
tópicos apresentados a seguir, EXCETO:
(A) Conhecimentos sobre anatomia.
(B) Conhecimentos sobre fisiologia.
(C) Conhecimentos sobre nutrição e alimentação.
(D) Conhecimentos sobre os hábitos posturais.
237
DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
238
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: EPU/EDUSP.
239
DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
03. (Pref. de Patrocínio/MG - Professor - FUNDEP). São orientações pedagógicas para o ensino das
práticas corporais na escola, EXCETO
(A) dar autonomia aos alunos para que escolham os temas de sua preferência.
(B) analisar os valores que orientam e interferem na sua prática.
(C) conhecer sobre seus riscos e benefícios.
(D) situá-las histórica e socialmente.
04. O sentido de Cultura Corporal que utilizamos parte da definição ampla de Cultura e diz respeito ao
conjunto de movimentos e hábitos corporais de um grupo específico.
( ) Certo ( ) Errado
05. (SEDUC/RJ - Professor Docente I - CEPERJ). Castellani Filho (1998) defende uma concepção
de Educação Física que integra a cultura do homem e da mulher brasileiros como uma totalidade formada
pela interação de distintas práticas sociais, tais como a dança, o jogo, a ginástica e o esporte que se
materializam e ganham força por meio das práticas corporais. Compete à área dar tratamento pedagógico
a seus temas, reconhecendo-os como dotados de significado e sentido, porquanto construídos
historicamente. Corresponde à concepção defendida pelo autor a cultura:
(A) física
(B) de movimento
(C) dialógica
(D) corporal
(E) motora
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Para se conhecer o corpo, abordam-se os conhecimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e
bioquímicos que capacitam a análise crítica dos programas de atividade física e o estabelecimento de
critérios para julgamento, escolha e realização de atividades corporais saudáveis. Também fazem parte
deste bloco os conhecimentos sobre os hábitos posturais e atitudes corporais.
02. Resposta: E
Hoje, vivemos numa sociedade excludente e complexa, que atribui ao campo visual e estético o que
de melhor o ser humano pode possuir. Isso fica evidente devido aos avanços tecnológicos e de consumo,
que vê o homem como um "objeto" e domesticado pela influência da mídia.
O corpo então é projetado para os anseios capitalistas da sociedade contemporânea, buscando
padrões estéticos que vão desde as atividades físicas, até as cirurgias plásticas de ponta, hoje existentes
na medicina.
03. Resposta: A
Freire, com procedência, diz que os educandos são transformados em seres passivos, que recebem
os conteúdos, os conhecimentos, de forma autoritária: muitas vezes impostos pelas Secretarias de
Educação às escolas, que, por sua vez, os impõem aos professores, e estes aos alunos, de maneira
completamente desvinculada da realidade daqueles a quem se destinam.
05. Resposta: D
Dentre as produções da cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus
conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação corporal,
com características lúdicas, de diversas culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura corporal
humana e o fazem utilizando uma atitude lúdica.
Pinto (1996, p. 26), afirma que “o esporte é um dos segmentos determinantes na construção da
identidade sociocultural da era moderna. Caracteriza-se como um conjunto de normas específicas, tendo
suas regras determinadas de acordo com a modalidade”.240
Entendendo assim, que o esporte é uma atividade física sujeita a determinados regulamentos, e que
geralmente visa competição. Sabe-se também que no esporte acontecem regras de caráter oficial e
competitivo, regulamentam a atuação amadora ou profissional. E ainda, pode ser visto como um
fenômeno de construção humana que está presente no dia a dia da vida das pessoas, desde a sua
inserção e ambientes informais como os clubes até na escola, especificamente nas aulas de Educação
Física. “O esporte como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta
numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que
o cria e o pratica (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.48) ”.
O esporte é atualmente um produto cultural altamente valorizado em todo o mundo, com interesse
tecnológico e de rendimento. Kunz (2010, p.23).
Diante disto, é importante mencionar que a Educação Física é uma disciplina que trata de áreas de
conhecimentos voltados à satisfação pessoal. Portanto, entendemos que a prática do esporte nas aulas
de Educação Física escolar pode favorecer o desenvolvimento da formação da personalidade, como uma
prática social e de cultura corporal.
Segundo Barroso e Darido (2006, p.102) “cabe a nós entendermos que o esporte direcionado para o
profissionalismo é apenas uma das possibilidades do esporte”.
Sendo assim, é comum compreender que o esporte é associado ao rendimento e ao espetáculo, onde
tem característica de competição, rendimento e performance. Neste sentido, os Jogos Olímpicos podem
ser abordados como um meio de repercussão do esporte, pois é considerado referência nas atividades
esportivas em todos os âmbitos. Percebendo, no entanto a grande interferência e a sobreposição dos
interesses das intuições esportivas (calçadas no alto rendimento) na instituição escolar, que tem a função
social de inserir os alunos em ações pedagógicas que contribua para a formação humana.
É preciso pensar em estratégias metodológicas para compreendermos a reinvenção da cultura por
meio do entrelaçamento entre esporte e ludicidade, buscando visualizar com outros olhares os jogos
populares. Uma boa estratégia é discutir o fenômeno esportivo configurando-o a partir desses jogos.
(Oliveira e Perim.2009, p. 33)
Ao mesmo tempo, o esporte é tido como prática cultural, e pode ser entendido como além de um
fenômeno olímpico, onde precisa ser relacionado a valores e atitudes como ludicidade, a socialização, a
integração, a cooperação e como a forma de conhecer a si mesmo, entre tantas outras mudanças que
podem beneficiar a formação integral do ser humano, considerando que o esporte é importante para esse
processo, assim como promover uma boa qualidade de vida em aspectos físicos, psicológico e mental.
Contudo, Kunz (2010) declara ainda que o esporte dentro da educação formal e informal pode ser
encarado como uma opção de lazer. Sendo importante ressaltar que os esportes evidenciam a liberdade,
240
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5483/1/2012_CeilaSoaresdosSantosTorres.pdf
De acordo com o Portal Educação (2012) é chamado de esporte às atividades físicas realizadas por
pessoas que se submetem a regulamentos e participam de competições. A prática de esportes beneficia
grandiosamente as pessoas e até mesmo a sociedade, pois reduz a probabilidade de aparecimento de
doenças, contribui para a formação física e psíquica além de desenvolver e melhorar tais formações.
Esta prática é fundamentalmente importante, haja vista que na adolescência, as pessoas são
influenciadas pelo consumismo, problemas psicológicos, hábitos prejudiciais e outros que também
influenciam as demais faixas etárias, gerando conflitos internos que desviam valores e aprendizagens
antes obtidos. É neste processo que o esporte mostra sua grande contribuição à sociedade.
Assim, cada esporte possui suas particularidades que envolvem as pessoas e as fazem optar por qual
praticar. Os esportes influenciam no desenvolvimento saudável dessas e os distanciam da mentalidade
distorcida que hoje se prega no mundo, e ainda faz com que as pessoas se distanciem da criminalidade
que está presente em todos os locais de forma bastante organizada e sedutora, (PORTAL EDUCAÇÃO,
2012).
A prática de esportes tem sido um importante aliado também no combate a agressividade, indisciplina
e abandono dos alunos nas escolas brasileiras.
Barreto e Gruppi (2012) enfocam que com frequência os educadores realizam em sala de aula todas
as propostas político-governamentais para a educação que é apresentada sem contestação ou sem uma
análise crítica de seus reais interesses e consequências. Como resultado, apresenta-se a
descontinuidade, o descontentamento, o descaminho e o nefasto fracasso escolar.
Buscando-se sanear tais problemáticas vários pesquisadores apresentam estudos que abordam a
relação Educação Física/Esporte/Educação. O que se tem observado, é que há uma grande contribuição
da atividade esportiva na socialização das crianças.
Os resultados positivos apresentados por esta tríade tem se configurado como justificativa para a
manutenção desta disciplina nos currículos escolares, pois, entendem que a criança através do esporte
aprende que entre ela e o mundo existem “os outros”, que para a convivência social precisamos observar
algumas regras, ter determinado comportamento; aprendem a conviver com vitórias e derrotas, aprendem
a vencer através do esforço pessoal; desenvolvem através do esporte a autonomia e a confiança em si
mesmas, além do sentido de responsabilidade, entre outras questões, (BARRETO e GRUPPI, 2012).
Logo, há um consenso entre todas as concepções educativas que a Educação Física, através de
atividades sócio-psicomotoras constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na
interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a
totalidade desses indivíduos, (MANIFESTO MUNDIAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA (FIEP/2000, apud
BARRETO e GRUPPI, 2012).
Segundo Duckur (2004) apud Barreto e Gruppi (2012, p. 09) “a Educação Física na sua construção
histórica se apropriou dos fundamentos do esporte com a finalidade de educar, mas, a ausência de uma
definição sobre a especificidade da Educação Física escolar permitiu que essa disciplina curricular
desenvolvesse uma prática afastada das reais necessidades da escolarização”. Todavia, o tema esporte
nas escolas é sem sombras de dúvida um assunto complexo. Frente a isso, Barreto e Gruppi (2012, p.
10) corroboram que:
“O esporte na escola é um assunto amplo e um dos temas mais controvertidos na discussão
pedagógica, pelo grande entusiasmo que provoca, por sua abrangência e as várias capacidades de
abordagens, fomentado pela carência de mais pesquisas sob seus diversos aspectos e as diferentes
realidades escolares. É sem dúvida, um grande desafio. E deste ponto de vista, destacamos a importância
da Educação Física na socialização ou aprendizagem social dos alunos, entendendo que, socialização
significa o processo de transmissão dos comportamentos socialmente esperados, ou seja, que o indivíduo
241
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5508/1/2013_EvanioLopesdaCosta.pdf
Segundo Barroso e Darido (2006) o esporte é tratado como um fenômeno sociocultural e é patrimônio
da humanidade. Ao longo da história foram criadas várias modalidades esportivas que devido ao aumento
e avanço das mesmas sofreram várias modificações em suas regras até atingirmos o esporte
contemporâneo regido por entidades esportivas, como federações nacionais e internacionais que
regulamentam atuação amadora e a profissional.
Na escola o esporte tem que tomar uma conotação diferente, na qual o aluno tenha uma perspectiva
crítica, onde possa realmente fazer o seu esporte levando em consideração suas características e a sua
situação real e não apenas praticá-lo como afirma (SANTOS et al, 2006).
Percebe-se, entretanto que o esporte vem sendo trabalhado nas escolas com um feitio tradicional,
enfatizando a parte mecânica e técnica especialmente, utilizando estilos de ensino em que o aluno não
pode dialogar com o professor, sendo o mesmo que toma todas as decisões da aula e o aluno passa a
ser um mero expectador.
Maia (2008) confirma tal afirmação em uma pesquisa em que analisou os estilos de ensino dos
professores de educação física que trabalham na iniciação desportiva, na qual identificou que o principal
estilo de ensino trabalhado é o comando, onde neste estilo o professor determina o conteúdo, o local,
ordem das tarefas, início e fim, intervalo, descreve o exercício, demonstra e informa sobre a qualidade da
resposta. Cabe ao aluno apenas a obedecer e seguir o que é designado.
Outro aspecto a considerar é que o esporte é apenas um dos conteúdos da educação física, na qual
um dos objetivos quando trabalhado na escola é a formação do cidadão para a atuação direta na
sociedade em que está inserido. Crum (1993) apud Barroso e Darido reforça essa ideia quando relata
que o esporte trabalhado nos clubes não tem o mesmo objetivo que o esporte trabalhado no ambiente
escolar, pois o esporte trabalhado em clubes tem o principal objetivo de formação de atletas.
Quando trabalhado seguindo os objetivos educacionais, conforme citado anteriormente, a prática do
esporte pode trazer vários benefícios como solidariedade, cooperação, participação, criatividade, entre
outros. Para reforçar nossa ideia Santos et al cita alguns rendimentos como desenvolver experiências de
grupo, potencializar os mecanismos individuais de autocontrole e valorizar a estruturação das relações
interpessoais, aquisição de habilidades físicas e cognitivas, além da consecução de hábitos valores para
a vida social, contribui ainda, para a superação da resistência a frustração e aceitação da norma e tarefas
de seu grupo social, respeitando a solidariedade comum com os outros.
Diante desta perspectiva são notáveis os benefícios do esporte no ambiente escolar, quando
trabalhado de forma responsável facilitando ao educando o desenvolvimento do cidadão crítico e reflexivo
capaz de fazer uma análise mais profunda deste, analisando muitas vezes o que tem por trás, como por
exemplo, o doping para melhoria da performance, violência e corrupção, gastos financeiros que tem por
trás de um evento esportivo e saber tirar suas próprias conclusões acerca do que está acontecendo.
Para o ensino dos esportes Tenroller e Merino descrevem alguns conhecimentos indispensáveis a
serem seguidos, destacando que aquele que os dominar plenamente não terá dúvidas quanto à
organização das atividades de ensino dos esportes. São informações que deverão oportunizar maior
eficiência na prática pedagógica do professor no seu dia-a-dia, quer seja na abordagem dos alunos, quer
seja na elaboração e organização do planejamento das aulas.
Nessa perspectiva o planejamento educacional tem importância ímpar, pois a partir do planejamento
o professor identifica todas as etapas do trabalho escolar. Cuidadosamente, identifica os objetivos que
pretende atingir, indica os conteúdos que serão desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará
- Esporte Educação
Um dos principais erros que constitui o esporte educacional historicamente é o sentido que os
professores acabam atribuindo a ele. Os jogos escolares, por exemplo, que deveriam ter um caráter
eminentemente educativo, apresentam outro significado, ou seja, o de competições de alto rendimento
reproduzindo todas as suas características, inclusive desfigurando o conceito de esporte educação,
levando como consequência a exclusão e a competitividade exacerbada. Tubino (2001, p. 38) ainda
completa dizendo que deve ser “evitada à seletividade, a segregação social e a hipercompetitividade, com
vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária”.
Considerando esse aspecto, podemos dizer que o principal objetivo do esporte educação é a
democratização do movimento, dando oportunidade a todos sem discriminação nenhuma, promovendo
assim a inclusão através da participação e envolvimento do sujeito nessa ação que se faz através do
esporte enquanto prática pedagógica com características educacionais que visa à cidadania e formação
do indivíduo.
Darido e Rangel (2008) relatam que o professor ao trabalhar o esporte educação deve proporcionar
aos alunos uma vivencia em diferentes modalidades, deve levá-los a refletir de forma crítica não só sobre
os problemas que envolve o esporte na sociedade, tais como drogas ilícitas, corrupção, violência, mas
também sobre seus aspectos positivos, como a geração de empregos, o desenvolvimento de pesquisas
cientificas, tanto no tocante a novas tecnologias, como na área médica.
Um dos objetivos do professor de educação física ao trabalhar o conteúdo esporte na escola é
oportunizar a prática de várias modalidades esportivas, que através dessas práticas ele possa instigar os
alunos a refletir de forma crítica sobre o mesmo.
Considerando essas características é que Santos et al (2006) faz uma diferença entre o esporte da
escola e o esporte na escola, expondo algumas diferenças. No esporte da escola as regras são flexíveis,
modificáveis, a uma busca pela participação coletiva, priorizando a inclusão de todos na atividade
proposta, os jogos são criados e idealizados pelos alunos, o professor é o mediador dos alunos, tem uma
característica lúdica, não a separação por sexo, entre outras. Já no esporte na escola são reproduzidas
as regras já existentes, a uma busca pelo gesto técnico, sempre tem que haver um campeão, existe um
profissional tecnicista, a possibilidade para o desenvolvimento da criatividade é reduzida, há uma
separação por sexo, possuindo uma tendência a ser praticado pelos talentos esportivos.
- Esporte Participação
Nesta perspectiva o conteúdo esporte tem como propósito o prazer lúdico, procurando garantir o bem-
estar social dos praticantes, buscando a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as
relações entre pessoas.
O esporte participação pode ser praticado por todos sem nenhuma forma de discriminação, onde
geralmente essas manifestações ocorrem em espaços não comprometidos com o tempo e livres de
obrigações da vida cotidiana.
Considerando esses aspectos, é que Almeida e Gutierrez (2008) corroboram com nossa ideia dizendo
que realizar atividades físicas sem pretensão de superar índices individuais para apenas sentir-se
integrado ao meio ambiente; ser atraído para a prática de um esporte despojado de comparações
atléticas; sentir-se satisfeito pela convivência com as pessoas; perceber a facilidade de acesso à prática
das atividades físicas e esportivas oferecidas por uma estrutura de funcionamento organizada com
segurança para a integridade pessoal de todos; tornar possível a realização do convívio social e seu
aproveitamento, decorrente do esporte; favorecer uma prática esportiva que elimine diferenças no sentido
de democratizar o bem estar...
Fica evidente nesta dimensão do esporte a preocupação com o prazer, a diversão, a integração social
entre povos, o não comprometimento em obter vitórias ou novos êxitos, sendo um espaço de práticas
onde todas as pessoas podem praticar e sentissem bem.
Tubino (2001) ainda faz referência a essa dimensão do esporte dizendo que a integração entre povos
através de parcerias e alianças desenvolvidas entre as comunidades é que fortalece esses grupos
(comunidades). Por tudo isso, é que podemos perceber que essa dimensão juntamente com o esporte
educação (quando trabalhado seguindo seus preceitos e objetivos reais) podem estar mais inter-
relacionada com os caminhos democráticos em relação a prática do esportiva.
- Esporte Performance
Também conhecido como esporte de alto rendimento, está preocupado em conseguir novos êxitos,
vitorias e é regido por regras universalmente preestabelecidas que estão vinculadas as federações,
confederações nacionais ou internacionais.
Darido e Rangel (2008) fazem referência a essa dimensão do esporte expondo que o mesmo
“apresenta uma tendência a ser praticado pelos talentos esportivos, tendência que marca o seu caráter
antidemocrático”. Nessa tendência o esporte segue uma linha que quem o pratica são considerados os
melhores, pois um dos objetivos é a vitória deixando de lado um caráter de democracia, onde quem
quisesse praticar poderia praticar.
É nesta tendência que quando trabalhada dentro das escolas a literatura crítica fica aguçada,
mostrando que essa dimensão pode trazer malefícios para os alunos, como por exemplo, a especialização
precoce.
Voser, Neto e Vargas (2007), definem iniciação desportiva precoce como atividade esportiva
desenvolvida antes da puberdade, caracterizada por uma alta dedicação aos treinamentos (mais de 10
horas semanais) e principalmente por ter uma finalidade eminentemente competitiva.
Kunz (1994) refere-se ao termo “treinamento especializado precoce”, na qual este ocorre quando
crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um processo de treinamento planejado e organizado
a longo prazo, que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais com o objetivo do gradual aumento
do rendimento, além da participação periódica em competições.
Este tipo de treinamento acontece possivelmente, por dois motivos, a falta de conhecimento do
professor e/ou as ações (pressões, ideias, valores) oriundas do sistema, na qual ao observar um grande
potencial na criança, os professores preocupam-se com a elevação do seu rendimento e incentivam a
obtenção de títulos, com o objetivo de adquirir resultados em curto prazo na modalidade. Mas não
podemos sacrificar todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes, pode acontecer
de muitos serem competentes tecnicamente, mas ao sofrerem pressões externas, acabam ocorrendo
equívocos.
Ao inserir a criança prematuramente no esporte Kunz (1994), afirma que pode ocasionar prejuízos em
seu futuro, na qual esses prejuízos serão enumerados a seguir.
1. Formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar com êxito a carreira
esportiva;
2. A unilateralizaçâo de um desenvolvimento que deveria ser plural;
Considerando estes aspectos são notáveis os prejuízos que a prática intensiva de um esporte
competitivo iniciado precocemente na infância pode ocasionar. No entanto, em meio a esses aspectos
negativos Tubino apud Darido e Rangel (2008) citam alguns pontos positivos que justificam uma
relevância social do esporte performance, citando que essa dimensão pode proporcionar uma atividade
cultural que proporciona um intercâmbio internacional; a geração de turismo; o envolvimento de recursos
humanos qualificados, o que provoca a existência de várias profissões especializadas no esporte, entre
outros.
Portanto, fica evidente que o esporte performance é retratado como uma prática que possui seus
objetivos centrado no ganhar, na vitória, ou seja, de conseguir novos êxitos, possuindo um caráter
antidemocrático, na qual a uma tendência a ser praticado pelos talentos esportivos.
Decorrido o período inicial de veementes críticas à Educação Física escolar, o movimento crítico
observa que, não obstante o processo engendrado se constituísse em movimento significativo, as
mudanças substanciais pretendidas nas práticas educativas desse componente curricular apresentavam
incipiente efetividade. Caparroz e Bracht (2007, p.26) afirmam que: “[...] o pensamento progressista
percebe a necessidade de [...] preocupar-se com a intervenção, tendo em vista modificar as práticas
escolares, sob pena de ver suas críticas esvaziarem-se num mero denuncismo”.
Assim, a produção de conhecimentos da área volta sua atenção aos aspectos didático-pedagógicos
imanentes às práticas educativas da Educação Física escolar.
Emergem, neste contexto, propostas pedagógicas cuja intenção é a transformação da realidade
constituída em torno da prática pedagógica da Educação Física a escola, dentre elas a proposta crítico-
emancipatória3.
Esta proposta pedagógica é explicitada pelo professor Elenor Kunz, a partir da publicação de
“Educação Física: ensino & mudanças” em 1991 e de “Transformação didático-pedagógica do esporte”
em 1994. As suas teorias de base são a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt - em relação aos aportes
teórico-conceituais referentes à emancipação humana e à razão comunicativa - e a Fenomenologia - no
que alude à análise do se-movimentar humano, apreendido como diálogo entre homem e mundo. Kunz
(2004; 2006b) estabelece como ponto de partida a crítica ao esporte enquanto conteúdo de ensino da
Educação Física, tendo em vista que este é tratado na escola como cópia irrefletida do esporte de
rendimento. Este último, oriundo da lógica societal capitalista, tende a ter os seus valores e normas
reproduzidos acriticamente no meio escolar.
O autor esclarece que a alienação e a reificação provenientes da racionalização humana tendem a ser
reproduzidas, também, pelo esporte de rendimento. Nesse sentido, os sujeitos envolvidos ativa ou
passivamente com esse fenômeno social assumem formas de conduta e de pensamento que não lhes
são próprias, mas sim, “formadas” ideologicamente em conformidade com os interesses de um minoritário
grupo (dominante). Conforme Marcuse (1955) e Adorno (1967), ambos citados por Kunz (2006b), opera-
se um processo de conformação e homogeneização ideológica cujo intento primário é a ilusão dos sujeitos
quanto a seus verdadeiros interesses e necessidades, isto é, tem-se a formação de uma “segunda
natureza”, expressão da reificação.
No que alude ao ensino dos esportes, Kunz (2004; 2006b) afirma que as aulas de Educação Física,
tendencialmente limitadas a ambientes de treinamento e de competição, contribuem para a apropriação
acrítica do esporte de rendimento e à otimização das formas padronizadas e estereotipadas provenientes
dos movimentos dos atletas de alto nível, na maioria das ocasiões, estranhas aos alunos.
Para tanto, a proposta crítico-emancipatória propõe que o esporte escolar passe por uma
transformação didático-pedagógica, atribuindo incumbências pedagógicas e ações didático-
metodológicas outras que o mero exercício de habilidades esportivas. Kunz (2006b, p.73) esclarece,
nesse sentido, que:
242
e-revista.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/download/5482/6030
Com o intuito de atender às demandas elencadas a este trabalho, apresentam-se e discutem-se alguns
aspectos didáticos atinentes à tematização pedagógica do esporte escolar sob a fundamentação da
proposta crítico-emancipatória.
As análises engendradas partem do diálogo produzido a partir das produções científicas, clássicas ou
contemporâneas5, referentes a esta proposta pedagógica, considerando-as tanto do ponto de vista da
produção de conhecimento relacionada à sua fundamentação teórico-metodológica quanto da análise de
experiências de implementação de práticas pedagógicas referenciadas nesta proposição pedagógica
(mencionam-se, para tal, Kunz (1998; 2004; 2006a; 2006b), Pires e Neves (2005), Kunz e Souza (2006),
Medeiros (2007), Marques e Iora (2009), Morschbacher (2009) e Marques, Leal e Morschbacher (2010).
Preliminarmente, a proposta crítico-emancipatória coloca questões que perpassam a necessidade de
se ressignificar as concepções pedagógicas inerentes ao ato educativo, sobretudo, em relação ao esporte
- finalidades do ato educativo e da Educação Física escolar, adoção da didática comunicativa como
Questões
02. (Pref.de Cuiabá/MT - Professor - FGV/2015). Assinale a opção que indica uma diferença
fundamental entre o jogo e o esporte.
(A) No jogo, se joga COM o outro; no esporte, se joga CONTRA o outro.
(B) O esporte tem regras universalizadas e o jogo não.
(C) Por ser menos competitivo, o jogo é menos lesivo do que o esporte.
(D) O jogo pode ou não ser físico, como o xadrez, enquanto o esporte deve ser eminentemente físico.
(E) O jogo é usado para o lazer, enquanto o esporte é profissional.
Gabarito
01.D / 02.B
Comentários
01. Resposta: D
- Esporte educação
Um dos principais erros que constitui o esporte educacional historicamente é o sentido que os
professores acabam atribuindo a ele. Os jogos escolares, por exemplo, que deveriam ter um caráter
eminentemente educativo, apresentam outro significado, ou seja, o de competições de alto rendimento
reproduzindo todas as suas características, inclusive desfigurando o conceito de esporte educação,
levando como consequência a exclusão e a competitividade exacerbada. Tubino (2001, p. 38) ainda
completa dizendo que deve ser “evitada à seletividade, a segregação social e a hipercompetitividade, com
vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária”.
- Esporte participação
O esporte participação pode ser praticado por todos sem nenhuma forma de discriminação, onde
geralmente essas manifestações ocorrem em espaços não comprometidos com o tempo e livres de
obrigações da vida cotidiana.
- Esporte performance
Também conhecido como esporte de alto rendimento, está preocupado em conseguir novos êxitos,
vitorias e é regido por regras universalmente preestabelecidas que estão vinculadas as federações,
confederações nacionais ou internacionais.
02. Resposta: B
Betti (1991) descreve o conceito de esporte como uma ação social institucionalizada composta por
regras, que se desenvolve com base lúdica, em forma de competição entre dois ou mais oponentes ou
contra a natureza, cuja o objetivo é, por meio de comparação de objetivos, determinar o vencedor ou
registrar o recorde.
Segundo Scarpato244, doutora em educação e mestre em educação física, alguns profissionais ainda
acreditam que para ocorrer o processo de aprendizagem, é necessário que educando esteja sempre
quieto e sentado, somente ouvindo e “recebendo” informações sem qualquer envolvimento do saber do
aluno com a matéria dada e sem a construção conjunta do conhecimento. Para a autora, privilegiar a
mente em detrimento da relegação do corpo formam um processo pobre de aprendizado. “É preciso ver
o homem como ser total e único, que quer aprender de forma dinâmica, prazerosa e envolvente” Uma
problemática cada vez mais constante e presente no cotidiano das instituições de ensino, é o fracasso e
a desistência escolar. Mas por quê? O fato da criança estar dentro da sala de aula, imóvel e estática ou
em uma quadra jogando bola de um lado para o outro, não quer dizer em absoluto que ela está
aprendendo ou obtendo qualquer tipo de conhecimento, principalmente quando falamos de criança em
faixa etária do ensino fundamental 1, onde o natural das crianças de hoje em dia é apresentar um quadro
de hiperatividade e deficit de atenção muito grande. Torna-se assim, imprescindível que ao aluno seja
apresentada uma opção de desenvolvimento a partir de sua própria corporeidade, ou seja, adquirindo o
seu conhecimento também pela expressão corporal ao qual ele realiza.
Para Scarpato, o processo educativo deve acontecer de uma forma que englobe todas as aptidões,
físicas e cognitivas, da criança, criando estímulos ao desenvolvimento do aluno de maneira que ele
aprenda e se divirta fazendo-o, permitindo ao aluno que ele crie confiança em se expressar através de
seus próprios movimentos.
É preciso entender que o movimento, como forma de processo educacional, visa o desenvolvimento
psicomotor da criança e que, contribui diretamente com a formação da personalidade do indivíduo e
auxilia no sucesso escolar, combatendo diretamente a problemática abordada anteriormente com o
fracasso e a desistência escolar e, ao mesmo tempo, realiza a educação do corpo e da mente da criança.
Carvalho (2015 apud STRAZZACAPPA, 2002), entende o movimento como um prazeroso e importante
instrumento de formação do aluno, pois a imobilidade é a inércia do movimento e sem movimento, não
há expressividade e consecutivamente, não há comunicação. Para Anjos (2017 apud GALLAHUEA E
OZMUN, 2005 p.3) o processo de desenvolvimento é “a continua alteração no comportamento motor ao
longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do
indivíduo e as condições do ambiente”. Ou seja, o ato de movimentar-se, de agir, de interagir, é uma
necessidade intrínseca ao ser humano de se relacionar com o meio ao qual esta inserido, ainda afirma
Anjos (LABAN, 1973 apud ANJOS, 2017). Bretas et al (2005) entende esta fase do desenvolvimento como
uma terceira infância, onde o período cronológico está em evidência e a escola e a referência na vida
deste educando, e o avanço físico é diretamente relacionado ao avanço cognitivo, onde este realiza e
desenvolve suas habilidades, tanto psicomotoras, quanto emocionais e sociais.
Estudar com base no movimento, no ato de mover-se, para Le Boulch (1988), condiciona a criança a
adquirir noção do seu corpo, de tempo-espaço, de lateralidade e de desenvolver, habilmente, a
coordenação de suas ações, movimentos e gestos, tornando intuitivo e natural o processo de
aprendizagem e o desenvolvimento de sua percepção cognitiva, e quando esta prática é realizada desde
a primeira infância e continuamente desenvolvida nos decorrer do seu processo de crescimento, auxilia
na prevenção de inadaptações, de desvios estruturais tanto cognitivos quanto físicos, que se tornam muito
mais complicados de corrigir quando já devidamente formados e estruturados. Diniz et al (2012 apud
STRAZZACAPPA, 2001), especialista em dança e na importância do movimento para o desenvolvimento
humano, afirma que o ato de mover-se é a matéria-prima do corpo, mais especificamente do movimento
que se age e se tem no mundo, pois é através dele que o corpo alcança a liberdade de expressão para
se expor e se comunicar, dizendo o indizível através das ações do seu corpo, numa linguagem única do
corpo em comunicação com a mente. Ao pensar desta forma, podemos supor então que, ao conectar a
ação corporal com a psicomotricidade, agregamos ao fator cognitivo uma gama de processos intuitivos
243
https://bit.ly/2Ekr3lg
244
SCARPATO, Marta Thiago. Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cod. CEDES (online). abr, 2001, vol. 21, no 53( citado 18 de Nov 2003), p. 57-
68
Segundo Le Boulch245
“o trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua motricidade utilizando, de maneira
privilegiada, a base rítmica associada a um trabalho de controle tônico e de relaxamento, cautelosamente
conduzido. É importante que o professor da sala saiba que um trabalho corporal e não a punição constitui
a melhor ajuda à criança incapaz de controlar-se”.
Porque salientamos este trecho da obra de Le Boulch? Pela importância que ele dá ao processo
educacional visando o desenvolvimento psicomotor e a importância deste para o desenvolvimento
humano. Para Le Boulch, em idade escolar, trabalhar a psicomotricidade pode trabalhar problemas como
inibição e a insegurança, pode causar o melhoramento da comunicação – verbal e corporal – e até
mesmo, problemas fonoaudiólogos e psicológicos. Ao realizar atividades e trabalhos que desenvolvam a
expressão corporal, que mantenha o aluno em movimento e ressaltem a imagem corporal, o professor
consegue explorar um contato mais direto e íntimo com seus alunos, criando um ambiente seguro onde
o aluno se sinta confortável para se expor ao mundo e se autodescobrir, combatendo automaticamente
problemas como carência afetiva ou de superproteção, deficit de atenção e hiperatividade, bem como o
isolamento social e a insegurança intra/interpessoal, recuperando parcialmente o atraso funcional de seus
alunos e permitindo ao mesmo explorar intelectualmente suas capacidades e habilidades, bem como o
seu relacionamento interpessoal.
De acordo com Rabello e Passos, ao mencionar Vygotsky, o bom desenvolvimento do sujeito ocorre
com o envolvimento social, com o envolvimento que este desenvolve com o meio no qual está inserido e
que ele aprende junto, interagindo no processo que Vygotsky define como mediação. O bom
desenvolvimento do indivíduo está diretamente ligado a um processo contínuo onde se apresentam
inúmeros aspectos do cotidiano e que seriam assíduos em toda a vida escolar. Contudo, este avanço não
é sempre contínuo como deveria por envolver variantes não trabalhadas e que bloqueiam o processo de
desenvolvimento – tais como a social, motora, afetiva e cognitiva – restringindo o desenvolvimento do
sujeito e barrando sua evolução. Ou seja, todo sujeitos precisa do movimento, da ação de mover-se e
agir para o seu processo de desenvolvimento, aprendizado e obtenção de habilidades. A inércia causa o
bloqueio deste desenvolvimento no processo de aprendizagem porém, essa inércia está muitas vezes
relacionada a fatores socioafetivas, física e até mesmo psicológica e, se não trabalhadas de maneira
apropriada, causam o retrocesso no processo de desenvolvimento pessoal do indivíduo.
Corroborando com esta premissa, Carvalho ressalta que toda expressão do sujeito é realizada através
de seu corpo, principalmente em suas expressões corporais e seus movimentos pessoais, e é por
intermédio destas ações corporais praticadas cotidianamente que se realizem a assimilação do
conhecimento, da comunicação verbal e não-verbal e da troca de experiencias e saberes que a
aprendizagem é sentida e retribuída. Desta forma, a educação explorando a psicomotricidade trabalha a
aprendizagem do aluno na prevenção das dificuldades do aluno.
245
BOULCH, J.L. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
De acordo com o Coletivo de Autores (2012), a educação física é uma disciplina que trata, dentro das
escolas, dos conhecimentos socioculturais produzidos pela sociedade, com práticas corporais em sua
materialidade e são caracterizados por jogos, esportes, danças, ginástica, luta, etc. Desta forma,
podemos entender claramente que a educação física não se baseia exclusivamente no jogo de
futebol/vólei/basquete/queimada, e que ela engloba toda uma estrutura social de apropriação da cultura
mundial.
O professor, deve idealizar a educação física como sendo uma vivência de experiências culturais que
proporcionem ao seu aluno o benefício de um desenvolvimento que dê consciência de seu corpo, sua
capacidade motora e estruture sua psicomotricidade auxiliando no desenvolvimento de sua percepção
cognitiva e física, expandindo essa vivência para o seu cotidiano. Ou seja, permitir ao seu aluno
reconhecer-se como sujeito por intermédio da influência e da convivência mútua, num processo
fundamentalmente importante para a construção de sua identidade e moldando sua personalidade de
forma a explorar e aumentar suas habilidades e capacidades individuais.
Desde o nascimento, a criança tem, por instinto, o habito de se comunicar e aprender por intermédio
do movimento. Durante o processo de educação infantil, a forma mais clara de expandir os conhecimentos
e explorar as habilidades e desenvolver o processo de ensino-aprendizagem no âmbito cognitivo e físico,
acontece por intermédio de brincadeiras, jogos e danças, possibilitando assim que as ações e movimentos
tornem-se mais completos e coordenados. (TOLOCKA et al., 2009). Com o passar dos anos, os métodos
de aprendizagem vão se tornando cada vez mais “estáticos” e muito menos “expressivos”, causando nos
alunos uma quebra de identidade física. Os alunos vão, gradativamente, entrando num estado de
estagmatismo involuntário, num sedentarismo natural, ao começarem a serem educados “mais
intelectualmente” que fisicamente mas, ao mesmo tempo, criando uma barreira físico cognitivo, onde a
ausência de um elemento interfere diretamente no desenvolvimento do outro.
Machado e Tavares (2010) acreditam que os movimentos estão relacionados aos sentimentos e
emoções, atitudes e desejos, e até mesmo a valorização corporal da criança. Logo, o profissional de
educação física deve refletir sobre a importância do corpo sobre a mente, do desenvolvimento físico e o
impacto que este tem com o desenvolvimento cognitivo pois, torna-se importante concentrar suas
atividades num desenvolvimento amplo de corpo e mente, onde as brincadeiras, jogos e atividades
realizadas estruturem ações condizentes a realidade de cada criança e auxiliem no processo de
humanização de seus alunos. O trabalho em equipe em uma atividade física trabalhará o problema de
afetividade. O esforço no desenrolar da mesma, influenciará no desenvolvimento corporal e em suas
habilidades e as estratégias e lógicas propostas, contribuirão diretamente no desenvolvimento cognitivo.
E por explorar estas três importantes partes do indivíduo que a educação física não deve ser tratada como
uma disciplina de lazer e recreação, mas como um poderoso instrumental que proporcionará e facilitará
o desenvolvimento como um todo das crianças (CAVALARO e MULLER, 2009). Cavalaro e Muller (2009)
reforçam essa afirmação com o seguinte pensamento, de que a educação física em idade escolar
corrobora com o processo educacional e o desenvolvimento global da criança, auxiliando a torná-la um
indivíduo mais crítico e participativo, ativo e responsável, preparando-o para o bom convívio social e
moldando e refinando suas habilidades o preparando para o futuro.
Ao professor, cabe o papel de idealizar a educação física como sendo um momento que proporcione
ações que tragam benefícios ao desenvolvimento em sua consciência corporal, visualizando elevar e
instigar em seus alunos a curiosidade e a busca pelo pelo, favorecendo assim, os aspectos cognitivos a
chance de se formalizar distintas correlações com novos conhecimentos. Assim, a experiência motriz,
neste tipo de conjuntura, é estritamente importante, ao analisar o fator lúdico como um elemento
determinante na aprendizagem, colaborando com o processo de formação moral e ao mesmo tempo,
auxiliando na ampliação da personalidade integral do sujeito. Para alcançar este objetivo, a educação
física deve possuir uma clara compreensão das experiências e vivências corporais, reconhecendo o
conhecimento motriz já pertencente ao indivíduos, agregando a este conhecimento, novas técnicas e
possibilidades de movimentos e ações, se respaldando no diferencial lúdico, agregando assim, uma
infinidade de possibilidades de desenvolvimento das opções motoras, por intermédio de brincadeiras e
jogos, que priorizarão agir através da relação movimento-pensamento-ação.
Bracht (1992, p. 74) diz o seguinte “o educador na sua prática, quer queira quer não, é um veiculador
de valores. É neste sentido que reide a ligação da forma de ensino com seu conteúdo”. Ao professor,
cabe a tarefa de esquematizar seu conteúdo visando a melhor forma de obter o interesse e a participação
de seu aluno, e ao mesmo tempo, disciplinar a postura dos alunos em meio a atividade, sua relação para
Podemos delimitar a qualidade de vida em dois tipos: qualidade de vida não relacionada à saúde e
qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). A qualidade de vida não relacionada à saúde inclui,
segundo Cramer e Spilker, quatro domínios: a) interno pessoal; b) pessoal social; c) meio ambiente natural
externo; e d) meio ambiente social externo. Cada um desses domínios subdivide-se em diferentes
componentes que dependem de fatores individuais. A QVRS representa a parte da qualidade de vida
ligada diretamente à saúde do indivíduo. Fatores externos e internos afetam a percepção, a função e a
sensação de bem-estar de uma pessoa, como no exemplo citado por Cramer e Spilker19 no qual fatores
do meio ambiente podem ter um grande impacto na QVRS de uma pessoa que sofre de asma brônquica.
A comunidade científica americana tem procurado definir o que eles entendem como QVRS, sem,
contudo, encontrar um consenso absoluto entre os pesquisadores. Para uma grande maioria, a QVRS
reflete os efeitos funcionais de uma doença e seu conseqüente tratamento sobre um paciente tal como é
percebido pelo mesmo. Essa percepção do paciente passa pela sua auto-avaliação sobre atributos tais
como conforto resultante, sensação de bem-estar, capacidade de manter funções físicas emocionais e
intelectuais razoáveis e nível de habilidade para participar de atividades com a família, no local de trabalho
e na comunidade. Com relação aos atributos, fica claro que a QVRS envolve a avaliação de função
subjetiva pelo paciente. A QVRS é agora bastante aceita como uma medida apropriada para o somatório
do tratamento e eficácia em pesquisas clínicas. Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde
ordenou a inclusão da QVRS na maioria dos seus ensaios clínicos na avaliação dos resultados, em
adendo aos conceitos clássicos de morbidade e de mortalidade. Observamos também que participar de
atividades com a família, no trabalho e na comunidade, inclui a capacidade de realizar atividade física, tal
como a definimos no início deste artigo, daí resultando a relação entre aptidão física, saúde e qualidade
de vida.
Hoje, em pleno século XX, se perguntarmos às pessoas que têm acesso à informação se exercício
físico regular faz bem à saúde, talvez encontremos um grande percentual que responda afirmativamente.
Todavia, se perguntarmos a essas mesmas pessoas se elas gostam de fazer exercícios regulares, esse
percentual certamente diminuirá. Se formos adiante e perguntarmos se elas são ativas fisicamente, não
podemos ter a certeza sobre quais respostas obteremos, mas um percentual muito baixo deverá
responder positivamente. Dentre esses, alguns ainda responderão dessa maneira porque fazem
diariamente o serviço de casa ou do seu quintal. Outros nos dirão que são atletas porque praticam
esportes no final de semana e assim por diante. Essa questão é ainda mais relevante quando se analisa
o profissional de saúde que tem por função profissional orientar a população para um estilo de vida
saudável.
Estudos epidemiológicos e documentos institucionais propõem que a prática regular de atividade física
e uma maior aptidão física estão associadas a uma menor mortalidade e melhor qualidade de vida em
população adulta. Não são poucos os trabalhos científicos que destacam o sedentarismo e o estresse
como responsáveis por doenças hipocinéticas e reduções na qualidade de vida. Existem cada vez mais
dados demonstrando que o exercício, a aptidão e a atividade física estão relacionados com a prevenção,
com a reabilitação de doenças e com a qualidade de vida. Em adendo, um corpo crescente na literatura
demonstra que a participação em diferentes formas de atividade física é associada positivamente com a
saúde mental.
A QVRS em pessoas idosas é avaliada geralmente por medidas do domínio específico da condição de
saúde. Essa condição compreende vários aspectos, incluindo nível de atividades diárias, nível de dor,
vitalidade, etc. A associação entre essa condição e a autopercepção da qualidade de vida foi medida em
493 pacientes com idade média de 80 anos e com boa saúde mental, que foram entrevistados dois meses
após a hospitalização. Foi medida ainda a qualidade de vida global e quatro domínios de saúde: a)
capacidade física, b) limitação na capacidade física diária, c) sofrimento psicológico, d) nível de dores. As
evidências na relação entre QVRS e atividade física foram classificadas por Rejeski como diretas e
indiretas. As evidências diretas incluem, por exemplo, as funções sociais, físicas e emocionais. Dos 28
estudos localizados por Rejeski com evidências diretas na relação entre a atividade física e QVRS, dez
deles envolviam adultos assintomáticos. Os outros 18 estudos eram de pacientes acometidos por
doenças cardíacas ou pulmonares ou ainda artrites. As associações em muitos desses estudos tendem
a não ser dependentes de eventuais modificações nos indicadores da aptidão física. Mudanças positivas
tendem a acontecer quando os indivíduos passam a adotar um estilo de vida mais ativo fisicamente ou
quando eles recebem exercício físico regular como um dos componentes de seu tratamento21.
Contrastando com as evidências diretas, as evidências indiretas tratam da ligação entre atividade física
e QVRS, incluindo sensação psicológica de bem-estar, função física, cognitiva e social e relatos de
sintomas físicos. As conclusões dos trabalhos evidenciam uma relação positiva entre redução de níveis
de ansiedade e de depressão e a prática de atividade física que resulta em uma melhora na aptidão física
dos pacientes.
Os índices de saúde também influenciam os níveis de aptidão física e podemos exemplificar essa
afirmativa quando vemos atletas terem seu desempenho prejudicado por se adoentarem ou por
observarmos as baixas que acontecem com um indivíduo ativo fisicamente que repentinamente fica em
um leito privado de livre movimentação. Um estudo clássico publicado por Saltin mostrou, elegantemente,
essa relação, quando observaram que indivíduos saudáveis, após três semanas de repouso absoluto,
apresentavam uma redução importante no consumo máximo de oxigênio, que só retornaram aos níveis
iniciais após dois meses de treinamento físico.
Se existe uma relação cientificamente comprovada entre aptidão física e saúde, o impacto do
sedentarismo na saúde pública de um país deve ser objeto de grande preocupação. O progresso
tecnológico ocorrido nos países desenvolvidos e industrializados tem resultado em uma inatividade
crônica das pessoas seja pelas formas de emprego e de trabalho, que acarretam diminuição de atividade
física, seja nas formas de incentivos de atividades hipocinéticas para o uso das populações em suas
horas de lazer. Nos Estados Unidos, 25% dos adultos são inativos em seu tempo livre e estima-se que
somente 56% deles realizam alguma atividade física irregular em suas horas de lazer, contrastando com
apenas um total de 19% que usa ativamente e de forma sistemática (pelo menos três vezes por semana)
o seu tempo livre. Mais do que 60% de adultos americanos não têm quantidade de atividade física
apropriada, o que é lastimável do ponto de vista de saúde pública. Essa inatividade no tempo livre não se
restringe aos adultos, alcançando também os idosos. Estudos em adultos demonstram que o risco de
morte tende a diminuir progressivamente quando o nível de dose de exercício aumenta de um gasto
energético de 2,1 para 14,7MJ e de 500 para 3.500kcal, reduzindo em 24% as mortes por causas
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) encontram-se dentre os maiores problemas de saúde
pública da atualidade. Em Minas Gerais, estima-se que, em 2010, elas tenham sido responsáveis, por
52% do total de mortes, com destaque para as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, doenças do
aparelho circulatório, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica e
doenças relacionadas ao consumo de álcool.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um pequeno conjunto de fatores de risco responde
pela grande maioria das mortes por DCNT. Dentre esses fatores destacam-se o tabagismo, o consumo
excessivo de bebidas alcoólicas, dietas inadequadas e a inatividade física. Através da Pesquisa Nacional
de Saúde em 2013, o IBGE, demonstrou que entre os adultos brasileiros, 46% não praticavam atividade
física em nível suficiente no lazer, trabalho, afazeres domésticos e nos seus deslocamentos diários.
A OMS recomenda que os indivíduos adotem níveis adequados de atividade física durante toda a vida.
A prática regular de 30 minutos de atividade física de intensidade moderada, preferencialmente todos os
dias, reduz o risco de doenças cardiovasculares. Análise de estudos epidemiológicos prospectivos
demonstrou que tanto o estilo de vida ativo como um condicionamento aeróbico moderado pode ser
associado, de forma independente, à diminuição do risco de incidência de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, da mortalidade geral e por doenças cardiovasculares. O treinamento de resistência
muscular e equilíbrio, por sua vez, é capaz de reduzir quedas e aumentar a capacidade funcional nos
idosos.
Dentre os benefícios que encontrados ao se realizar atividade física de forma regular, destacam-se: a
melhora da autoestima, redução do isolamento social, alívio do estresse, diminuição da depressão,
melhora da resistência física, melhora da autoimagem, aumento do bem estar físico e mental, melhora da
função pulmonar dentre outros.
Confira alguns exemplos de atividade física que podem ser realizadas no dia a dia:
- Caminhar;
- Substituir o elevador pela escada;
- Substituir o carro ou o transporte público pela bicicleta;
- Fazer compras do dia-dia;
- Limpar o carro;
- Passear com o cachorro;
- Brincar ao ar livre com os filhos, netos ou sobrinhos;
- Cuidar do quintal, horta ou jardim;
- Realizar atividades domésticas, como lavar roupa ou limpar a casa.
Entende‐se por alimentação adequada e saudável a prática alimentar apropriada aos aspectos
biológicos e socioculturais dos indivíduos, bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Ou seja, ela
deve estar em acordo com as necessidades de cada fase do curso da vida e com as necessidades
alimentares especiais; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e
qualidade; baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis; livre de contaminantes físicos,
químicos, biológicos e de organismos geneticamente modificados.
A Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) é uma das vertentes da Promoção à
Saúde. Ela pode ser compreendida como um conjunto de estratégias que proporcionem aos indivíduos e
coletividades a realização de práticas alimentares apropriadas aos seus aspectos biológicos e
socioculturais, bem como ao uso sustentável do meio ambiente.
Nesse contexto, a PAAS objetiva a melhora da qualidade de vida da população, por meio de ações
intersetoriais, voltadas ao coletivo, aos indivíduos e aos ambientes (físico, social, político, econômico e
cultural), de caráter amplo e que possam responder às necessidades de saúde da população, contribuindo
Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
220
para a redução da prevalência do sobrepeso e obesidade e das doenças crônicas associadas e outras
relacionadas à alimentação e nutrição.
Dessa forma, escolher o que você come é escolher uma vida saudável. Hoje em dia é muito fácil ir ao
supermercado e comprar refrigerantes, biscoitos ou enlatados. Mas será que isso faz bem à saúde? O
melhor mesmo é escolher água, leite e frutas no lugar de refrigerantes, preferir a comida feita na hora e
as sobremesas caseiras, dispensando as industrializadas. Veja os alimentos que fazem bem e os que
fazem mal para a sua saúde: óleos, gorduras, sal e açúcar: tem que saber usar.
Se você quer levar uma vida saudável, saiba que não devemos abusar do uso de óleo, banha,
manteiga, margarina, sal e açúcar. Se usados corretamente e na dose certa, esses alimentos deixam a
comida mais gostosa e temperada. Mas cuidado! Ingerir esses alimentos em grande quantidade pode ser
muito perigoso para o coração e para a pressão arterial.
01. (FCEP - Monitor Artístico - AMAUC/2017). A prática de exercícios físicos de forma habitual é
considerado um hábito de vida saudável. São alguns dos benefícios do exercício físico:
(A) Aumento da pressão arterial e da insônia.
(B) Aumento da força muscular e da densidade óssea.
(C) Diminuição da força muscular e da densidade óssea.
(D) Diminuição da insônia e aumento da pressão arterial.
(E) Controle da pressão arterial e aumento da adiposidade.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.B / 02.certo
Comentários
01. Resposta: B
As atividades de força produzem contrações musculares e tem como principais benefícios o aumento
da massa muscular e óssea e redução da gordura corporal. A prática da musculação é a mais comum.
As atividades de flexibilidade são importantes para alongar a musculatura, reduzir tensões musculares,
melhorar a postura corporal, diminuir os riscos de lesão, facilitar os movimentos nas atividades diárias. O
simples ato de espreguiçar é uma forma de melhorar a flexibilidade.
246
http://www.saude.mg.gov.br/vida-saudavel-alimentacao-e-atividade-fisica
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, extraído de: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922000000500005
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO
O termo fisiologia vem do grego "physis" = natureza, função ou funcionamento e "logos" = palavra ou
estudo. Assim, a Fisiologia caracteriza-se como o ramo da Biologia que estuda as múltiplas funções
mecânicas, físicas e bioquímicas dos seres vivos. Ela se utiliza dos conceitos da física e da química para
explicar como ocorrem as funções vitais dos diferentes organismos e suas adaptações frente aos
estímulos do meio ambiente.247
Nesse contexto, a Fisiologia do Exercício (também chamada de Fisiologia do Esforço ou da Atividade
Física) é uma área do conhecimento derivada da disciplina-mãe Fisiologia, que estuda como as funções
orgânicas respondem e se adaptam ao estresse imposto pelo exercício físico. Em outras palavras, a
Fisiologia do Exercício estuda os efeitos agudos e crônicos do exercício físico sobre a estrutura e a função
dos diversos sistemas orgânicos. Em complemento, a Fisiologia do Exercício investiga também a
interação entre os diferentes efeitos do exercício físico e a influência dos estressores ambientais.
Entende-se por efeitos agudos, chamados de "respostas", as alterações decorrentes da execução de
uma sessão de exercício. Essas respostas são subdivididas em respostas observadas durante o exercício
(também chamadas de per exercício) e respostas observadas após o exercício (também chamadas de
subagudas ou pós-exercício). As últimas podem ainda ser divididas em respostas imediatas, que ocorrem
nas primeiras uma ou duas horas após o exercício, e tardias, que são observadas ao longo de 24 horas
pós-exercício. Quanto aos efeitos crônicos, denominadas “adaptações”, eles correspondem às alterações
estruturais e funcionais decorrentes de um período prolongado de treinamento físico regular. Para melhor
esclarecimento, podemos tomar como exemplo o interesse da área da Fisiologia do Exercício em
investigar os efeitos da atividade física sobre a frequência cardíaca. Alguns pesquisadores poderiam estar
interessados em saber se a frequência cardíaca se altera durante a execução de um exercício - efeitos
agudos per exercício. Porém, outros poderiam estar interessados se, após a finalização do exercício, a
frequência cardíaca retorna aos valores pré-exercício, caracterizando o estudo dos efeitos agudos pós-
exercício. Outros ainda poderiam ter como objetivo saber se, após um período de treinamento de algumas
semanas, a frequência cardíaca sofre alguma modificação - efeito crônico. Em todas essas situações, a
influência de outros fatores poderia também ser investigada, por exemplo, se esta resposta é a mesma
em diferentes populações, qual o efeito de diferentes tipos de exercício ou treinamento físico, ou ainda
qual a influência da temperatura ambiental. Os mecanismos envolvidos nessas respostas também
interessam aos pesquisadores e, portanto, também podem ser investigados.
É interessante observar, entretanto, que pesquisas utilizando o exercício físico e avaliando as
respostas fisiológicas são realizadas também por pesquisadores da fisiologia básica, sendo importante
discriminar as diferenças dessas pesquisas para as pesquisas específicas, de caráter mais aplicado, em
Fisiologia do Exercício. Para a fisiologia básica, o exercício é empregado como um estressor ao
organismo, assim como poderia ser utilizado um estresse térmico, psicológico ou qualquer outro. O
importante é colocar o organismo numa situação de instabilidade e verificar suas respostas. Fica claro
que o exercício físico é utilizado como um meio de investigação científica. Por outro lado, para os
pesquisadores da Fisiologia do Exercício, os conhecimentos da fisiologia básica são utilizados para
explicar as respostas humanas ao exercício. O exercício passa a ser o ponto principal da análise, ele é o
objeto de estudo propriamente dito, é a finalidade da pesquisa.
Alguns autores subdividem a Fisiologia do Exercício e conceituam a Fisiologia do Esporte como uma
área do conhecimento que aplica os conceitos da Fisiologia do Exercício na elaboração e organização de
meios, métodos e programas de treinamento voltados, especificamente, para o aumento do desempenho
físico-esportivo de atletas.
Da mesma forma, outra subdivisão existente é a Fisiologia do Exercício Clínica, que aplica os conceitos
da Fisiologia do Exercício na elaboração de programas voltados para manutenção da saúde, através da
prevenção, tratamento e controle das doenças pelo exercício físico.
Neste manuscrito, a terminologia Fisiologia do Exercício será utilizada para representar a aplicação
dos conhecimentos fisiológicos às situações da Educação Física e do Esporte.
Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para compreender as alterações que ocorrem
durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de água e sais minerais) e
247 247
FORJAZ, C. L. M.; TRICOLI, V.; Rev. bras. educ. fís. esporte vol.25 no.spe São Paulo Dec. 2011
Histórico
248
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
Linhas de Pesquisa
Diversas definições de linha de pesquisa podem ser observadas. Segundo BORGES-ANDRADE
(2003), a linha de pesquisa pode ser entendida como um traço imaginário que: a) determina o rumo ou o
Perspectivas Futuras
A compreensão de como o corpo humano responde fisiologicamente a cargas agudas e crônicas de
exercício físico evoluiu muito nos últimos 50 anos. Os grandes avanços nos recursos tecnológicos para
pesquisa e a melhoria na qualidade e na quantidade de recursos humanos envolvidos com a produção
do conhecimento na área da Fisiologia do Exercício foram fatores primordiais nesta evolução.
Atualmente, a Fisiologia do Exercício constitui uma área de pesquisa bastante abrangente que tem
recebido influência de diferentes áreas e de novos métodos de investigação científica. Isto tem permitido
uma maior velocidade na descoberta de mecanismos, inclusive em nível celular e molecular, o que era
anteriormente impossível. Estudos que antes levavam dias para a coleta e tratamento dos dados hoje
podem ser feitos em questão de horas. Até mesmo a confecção de manuscritos tornou-se mais veloz.
Com certeza, os próximos 20 anos irão apresentar uma evolução marcante e uma exploração ainda
maior, em particular, em nível microscópico, molecular e genético dos eventos associados à adaptação
do corpo humano ao exercício físico e à influência do meio ambiente.
Evidentemente, a transferência dos conhecimentos para a prática não é tão simples e depende de um
bom entendimento da área. A simples produção de conhecimento não garante a melhoria na prática
profissional. Muitos dos pesquisadores atuantes na Fisiologia do Exercício não possuem sua formação
de origem na Educação Física ou no Esporte. Ao mesmo tempo em que isto é interessante para a
expansão do conhecimento e da interdisciplinaridade, cuidado deve ser tomado para que este progresso
no sistema de investigação não distancie a pesquisa em Fisiologia do Exercício dos problemas e
necessidades acadêmicas e profissionais da Educação Física e do Esporte.
249
http://efartigos.atspace.org/fitness/artigo18.html
Adaptações Metabólicas
Com um maior controle respiratório no músculo esquelético através do treinamento aeróbico, podemos
observar as seguintes adaptações:
- Funcionamento Metabólico: segundo Macardle, Katch & Katch (1998, p.378); “as mitocôndrias do
músculo esquelético treinado são maiores e mais numerosas, em comparação com aquelas das fibras
musculares menos ativas. ” Ainda Terjung (1997) p.2 afirma que, “com o aumento das mitocôndrias, há
um aumento na utilização de ácidos graxos como fonte de energia após o exercício.” Piovezan (1985)
descreve um aumento de 120% de mitocôndrias no músculo com o treinamento regular.
- Enzimas: existe uma capacidade muito aumentada de gerar ATP aerobicamente através da
fosforilação oxidativa”, afirma Macardle, Katch & Katch (1998, p.378). Com esse acontecimento o nível
das enzimas no sistema aeróbico aumenta cerca de duas vezes, resultando um aumento na atividade
enzimática por unidade de proteína mitocondrial. Essas alterações são prováveis fatores para explicar um
baixo acúmulo de lactato durante um exercício prolongado. Piovezan (1985) descreve um aumento na
concentração de enzimas implicadas no ciclo de Krebs.
- Metabolismo das Gorduras: segundo Fox, Bowers & Foss (1991, p.19); “o sistema aeróbico libera
energia para a produção de ATP graças a desintegração de carboidratos e gorduras”. Com o treinamento
os músculos conseguem mobilizarem, transportarem e oxidarem a gordura, aumentando o fluxo
sanguíneo e maiores quantidades de enzimas para mobilizarem e metabolizarem as gorduras.
- Metabolismo dos Carboidratos: os músculos treinados exibem uma maior capacidade de oxidar os
carboidratos, com isso grandes quantidades de piruvato penetram nas vias energéticas aeróbicas,
aumentando a capacidade oxidativa das mitocôndrias e o maior armazenamento de glicogênio. Rankin
(1997, p.2), afirma que “com treinamento de resistência os atletas aumentam significativamente a
capacidade de oxidação das gorduras, assim, o organismo permanece ativo por um período mais longo”.
O treinamento aprimora a capacidade de catabolizar as gorduras. Durante um exercício prolongado
com uma carga constante, a energia que deriva da oxidação das gorduras aumenta muito após o
treinamento aeróbico, com uma redução correspondente no fracionamento dos carboidratos. Essa
adaptação capaz de preservar (poupar) os carboidratos podem resultar da liberação de ácidos graxos
pelos depósitos de tecido adiposo (exacerbada por um menor nível de lactato no sangue) e de uma maior
quantidade de gordura intramuscular nos músculos treinados para endurance”.
- Tipo de Fibra Muscular: o treinamento aeróbico induz adaptações metabólicas em cada fibra
muscular. Segundo Macardle, Katch & Katch (1998, p.379), “provavelmente, o tipo básico de fibra não se
“modifica” num grau acentuado”, mas as fibras aprimoram seus potenciais aeróbicos já existentes.
- Tamanho das Fibras Musculares: segundo Pinheiro (1998, p.3), “existe hipertrofia seletiva nas
fibras vermelhas e brancas de acordo com o tipo de treinamento, com sobrecargas específica”.
- Volume Cardíaco: segundo Fox, Bowers & Foss (1991, p.235); “há hipertrofia cardíaca nos atletas,
caracteriza-se por um aumento da cavidade ventricular e por espessura normal da parede ventricular.”
- Volume de Ejeção: o treinamento faz com que exista um aumento de volume de ejeção do coração
tanto em repouso quanto durante o exercício. Júnior (1990), confirma esta afirmativa dizendo que com o
treinamento aeróbico o sistema cardiovascular é induzido ao um maior volume sistólico ou de ejeção.
- Pressão Arterial: o treinamento aeróbico regular tende a diminuir a pressão sistólica e diastólica em
repouso e no exercício. A maior redução é da pressão sistólica, isso evidencia-se nos hipertensos.
- Função Pulmonar: aumentos nos volumes respiratórios acompanhados pelo aumento do consumo
de oxigênio máximo (VO2máx). Segundo Fetter (1994), o VO2máx tem um aumento médio de 20% com
pessoas destreinadas em treinamento regular por 6 meses. Estas alterações são importantes, pois é
muito útil em exercícios prolongados, porque com maior eficiência ventilatória significa mais oxigênio para
os músculos ativos. Grunewald & Wöllzenmuller (1984), afirma que o treinamento aeróbico traz um
aumento da capacidade vital e diminuição do espaço morto do pulmão. Além disso, Nadeau (1985),
descreve que há um aumento no número e tamanho dos alvéolos do pulmão através do treinamento
aeróbico.
Outras Adaptações
Questões
01. (Pref.de Rio de Janeiro/RJ - Professor de Ensino Fundamental - 2016). De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), é estimulado que o professor de educação física trabalhe
alguns conhecimentos básicos de fisiologia. Estes conhecimentos básicos para que o aluno compreenda
as alterações que ocorrem no momento da prática de atividades físicas são:
(A) o comportamento da frequência cardíaca e as alterações nos sistemas simpático e parassimpático
(B) o comportamento da frequência cardíaca e a perda de água e sais minerais
(C) as alterações nos sistemas simpático e parassimpático e as relações da actina e miosina na
contração muscular
(D) as relações da actina e miosina na contração muscular e a perda de água e sais minerais
02. (TRT 23ª Região - Analista Judiciário - FCC). Com relação às modificações fisiológicas
decorrentes do treinamento aeróbio, três alterações cardiológicas normais podem ser identificadas. São
elas: frequência cardíaca menor em repouso, consumo máximo de oxigênio maior e
(A) débito cardíaco menos elevado.
(B) volume sistólico menos elevado.
(C) débito cardíaco mais elevado.
(D) retorno à frequência cardíaca basal mais lento.
(E) maior elevação da frequência cardíaca em qualquer exercício.
Gabarito
01.B / 02.C
Comentários
01. Resposta: B
Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para compreender as alterações que ocorrem
durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de água e sais minerais) e
aquelas que ocorrem a longo prazo (melhora da condição cardiorrespiratória, aumento da massa
muscular, da força e da flexibilidade e diminuição de tecido adiposo).
A bioquímica abordará conteúdos que subsidiam a fisiologia: alguns processos metabólicos de
produção de energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos. Os conhecimentos de biomecânica
são relacionados à anatomia e contemplam, principalmente, a adequação dos hábitos posturais, como,
por exemplo, levantar um peso e equilibrar objetos.
02. Resposta: C
No débito há um aumento do débito cardíaco, resultando um maior volume de ejeção. Um grande
débito cardíaco é o que difere atletas campeões de endurance de outros atletas ou pessoas destreinadas.
Atividade Física
O termo atividade deriva do latim “activitate” e seu significado, segundo Ferreira (1986), é: qualidade
ou estado de ativo; ação, qualquer ação ou trabalho específico. 250
Pode também ser definida como qualquer movimento em que exista o envolvimento dos músculos
esqueléticos, o que acaba resultando em gasto de energia realizado pelo corpo, e cujo gasto de energia
tem relação com a intensidade, duração e frequência com que se realiza.
Recentemente, surge um novo modelo a respeito do movimento humano: a proposta da atividade física
como importante para a recuperação, manutenção e promoção da saúde do indivíduo, cujo modelo
apresenta inúmeros benefícios para a qualidade de vida e uma redução da incidência das doenças crônico
degenerativas.
A prática de atividade física e exercício físico requer a adequação de um conjunto de fatores,
subdivididos em três grupos, a saber:
- Características pessoais como: peso, idade, sexo, nível de saúde, habilidades pessoais, estado de
humor;
- Características ambientais como: acesso a locais que facilitam a atividade, influência familiar,
influência dos amigos, clima, suporte social, mudança de rotina, percepção do tempo livre;
- Características ligadas a própria atividade física como: intensidade da atividade e a percepção do
esforço.
Segundo Matsudo (1997), a atividade física é muito importante, por ser capaz de irrigar mais
ativamente o cérebro, possibilitando uma vida mais ativa.
Devemos também considerar uma variação de pessoa para pessoa, isso em função do peso corporal
e da aptidão física de cada uma. Guedes e Guedes (1998), classificam o gasto energético das atividades
físicas de nosso cotidiano basicamente em cinco categorias:
I - a demanda energética proveniente do tempo dedicado ao descanso e às necessidades vitais, como
horas de sono, refeições, higiene e outras;
II - a demanda energética provocada pelas atividades no desempenho de uma ocupação profissional;
III - a demanda energética necessária à realização das tarefas domésticas;
IV - a demanda energética voltada a atender às atividades de lazer e de tempo livre;
V - a demanda energética induzida pelo envolvimento em atividades esportivas e em programas de
condicionamento físico.
Respeitando as diversas considerações sobre exercício físico e atividade física, mas para esse estudo
baseando-nos em Guedes e Guedes (1998), o exercício físico não é sinônimo de atividade física, mas
considerado como uma subcategoria desta.
Existe uma relação entre prática regular da atividade física, da aptidão física e do estado de saúde das
pessoas, podendo-se concluir que os índices da aptidão física têm relação com a saúde geral da pessoa.
Conforme nos diz Guedes (1995), é necessário considerar que a aptidão física envolve a participação de
variados componentes motores, cada um recebendo diferentes estímulos mediante a realização de tipos
particulares de exercício físico, e que a aptidão física relacionada a saúde contempla aqueles
componentes motores cujo aspecto fisiológico pode oferecer alguma proteção aos distúrbio orgânicos
provocados por um estilo de vida sedentário.
Conforme Ferrareze (1997), atividade corporal representa uma expressão de complexidade de
significativos valores sócio-históricos integrados com a capacidade de adaptação filogenéticas e
ontogenéticas da espécie humana. Em termos biológicos, a função é a sobrevivência e a reprodução,
mas em termos socioculturais a função é a melhoria da qualidade de vida.
250
CARDOSO, I. S.; PORTELA, B. S. A educação física no ensino médio voltada para a atividade física e qualidade de vida. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2055-8.pdf
O termo saúde deriva do vocábulo latino “salute”, que significa salvação, e/ou conservação da vida,
segundo Ferreira (1986), estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em
situação normal.
A OMS (1986) define saúde como uma situação de completo bem-estar físico, mental, social e
espiritual. Os princípios da promoção da saúde caracterizam-se pelo envolvimento das ações no cotidiano
da população, focalizando riscos para doenças específicas; pelas ações diretas sobre os determinantes
ou causa de saúde; pela combinação de diversos métodos complementares, incluindo comunicação,
educação, legislação, fiscalização, mudanças organizacionais, desenvolvimento da comunidade e
atividades locais espontâneas contra os riscos para a saúde; pela participação efetiva e concreta da
população; pela atuação sobre os fatores sociais determinantes da saúde, não somente serviços médicos,
mas sim através dos cuidados primários com saúde, envolvendo profissionais de saúde em geral.
A Lei 8080 de 1990 em seu artigo 3º, diz que, a saúde possui um conjunto de fatores determinantes e
condicionantes, caracterizados por alimentação, moradia, saneamento básico, transporte, meio ambiente,
trabalho renda, educação, lazer e serviços essenciais.
Segundo Ferrareze (1997), por muitos anos, o conceito de saúde e doença evoluiu dentro de um
critério estritamente organicista. Hoje, entretanto, o ser humano mais esclarecido, tem uma visão mais
ampla desses conceitos, procurando estabelecer uma perspectiva holística e ecológica para a saúde e
para a doença, na qual são também valorizados os fatores ambientais e a interação do indivíduo com seu
meio. Explica, ainda, o autor que na verdade saúde e doença são componentes da compreensão de um
mesmo fenômeno sem que a simples exclusão de um permita delimitar claramente o outro.
O homem está sempre em busca da perfeição nas suas realizações, e em busca uma forma
consistente a manutenção do seu estado de saúde.
O estilo de vida é o elemento modificador que, atualmente, influencia a saúde e a doença. Fica
extremamente difícil estimular ou mesmo desenvolver um estilo de vida saudável, usando métodos
tradicionais de educação para a saúde.
Nieman (1999) define a saúde como um estado de completo bem-estar fisco, mental, social e espiritual,
e não somente a ausência de doenças ou enfermidades. A aptidão física é uma condição pela qual o
indivíduo possui energia e vitalidade suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades
recreativas sem fadiga. A aptidão física relacionada com a saúde é tipificada por uma capacidade de
realizar as atividades diárias com vigor e está relacionada a um menor risco da doença crônica.
Qualidade de Vida
Termo que está em voga, mas não existe ainda, nem na literatura, nem entre os que utilizam a
expressão, um consenso sobre o significado embora, num sentido geral possamos aplicá-lo em relação
ao indivíduo aparentemente saudável e seu grau de satisfação com a vida e com os fatores que fazem
parte dela: moradia; transporte; alimentação; lazer; realização profissional; vida sexual e amorosa;
amizades; liberdade; autonomia; segurança financeira dentre outros.
No ciclo diário pode significar muito em termos de trabalho, produção e consumo; passamos a maior
parte do tempo em posição de repouso (ora sentados, ora deitados), não temos mais tempo para amigos,
filhos, família e quanto mais rápido usamos o tempo, mais rápido o tempo passa.
Para Forantini (1992, p. 77):
É um conceito difícil de ser definido, sendo pó isso, muito mais difícil de ser medido, para esta
estimativa, aventa-se o emprego de vários dados dos quais resultariam medidas que, de forma genérica,
podem ser tidas como objetivas e subjetivas. As objetivas seriam as que fundamentam na utilização de
indicadores concretos, como a taxa de desemprego e a densidade habitacional e as subjetivas
decorreriam do uso de indicadores abstratos, baseados principalmente em informações colhidas
diretamente dos indivíduos, tais como satisfação em viver e as condições em que vivem.
Para Dias (1997) a saúde pode ser considerada em seis dimensões ou domínios, que assim se
apresentam:
- Dimensões físicas: engloba não apenas o quadro clínico do indivíduo, isto é, a presença/ausência,
gravidade/intensidade de doença orgânica demonstrável, mas também, a adoção de uma alimentação
saudável, a não-aderência a hábitos nocivos de vida e, também, ao uso correto do sistema de saúde.
- Dimensão emocional: envolvendo desde uma adequada capacidade de gerenciamento das tensões
e do estresse até uma forte autoestima, somadas a um nível elevado de entusiasmo em relação à vida.
A obesidade e o sedentarismo têm sido considerados dois dos grandes vilões da Saúde Pública.
Diferentes autores, inclusive, tratam estas condições como doenças. Côrtes et al. defendem que "o
sedentarismo é uma doença relacionada à modernidade e sua incidência vem aumentando nas últimas
décadas".
Semelhantemente, Pinheiro, Freitas e Corso afirmam que "a obesidade é uma doença crônica e, como
a maioria das DCNT, de difícil tratamento".
O vocábulo doença carrega em si um significado associado à dor, ao sofrimento e a desvios morais. A
classificação de determinadas condições biológicas como doenças permite presumir que representação
social deseja-se conferir. Contudo, ainda que perdurem, estudiosos têm apontado os limites dos discursos
de verdade sobre a distinção entre o normal e o patológico.
Interessante notar que os discursos produzidos sobre saúde, sejam em periódicos científicos ou na
mídia, podem estar carecendo de cientificidade, bem como notadamente de rigor conceitual.
Composições conceituais são feitas de modo arbitrário. Por exemplo, Matsudo insinua que há uma
epidemia do sedentarismo. Contudo, considerando que "epidemia é a concentração de casos de uma
mesma doença em determinado local e época, claramente em excesso ao que seria teoricamente
esperado", é preciso destacar quais as concentrações esperadas e as atuais. Em outras palavras, qual
quantidade de "sedentários" existe em determinado local? Quanto esta quantidade ultrapassou os limites
aceitáveis? Lendo o artigo, percebe-se que o termo epidemia é empregado sem condizer com esse
entendimento científico.
O recurso a associações mal justificadas é recorrente. Exageros discursivos ancorados em uma
"ideologia da saúde" transformam algumas características biológicas em doenças e, por sua vez, em
fracassos pessoais ou desvios morais. Para Ortega (2008), os gordos, idosos e outras figuras que não
seguem uma cartilha de saúde são fortemente excluídos e estigmatizados nas sociedades atuais, sendo
comparados a criminosos, pois algumas doenças configuram-se como ameaças à sociedade, e não
somente para os indivíduos acometidos.
Como uma questão social, moral e de seguridade, a ideologia da saúde ultrapassa os muros dos
hospitais e passa a ocupar "as primeiras páginas" das mídias de massa mais relevantes do país, como
jornais, revistas, internet, televisão, etc. Ainda que na mídia seja preciso utilizar uma linguagem menos
técnica e mais acessível, torna-se necessário enfatizar que determinados discursos assumem posições
cientificamente inconsistentes e alarmistas, que podem repercutir com importantes efeitos iatrogênicos,
como a culpabilização e a punição individualizadas.
É nesse sentido que o presente texto procurará trafegar. Interessa-nos investigar o discurso sobre
saúde, notadamente no que se refere à obesidade e ao sedentarismo, a partir de um texto recentemente
publicado em um jornal de grande circulação. O objetivo do texto é examinar algumas ideias que
relacionam saúde, obesidade e atividade física, culpabilizando o indivíduo por sua condição.
Método
O texto escolhido foi publicado no jornal O Globo. Este jornal foi selecionado intencionalmente por ser
de grande circulação, sendo um dos mais influentes entre as classes A, B e C. De acordo com a
Associação Nacional de Jornais, ele apresenta-se como o quinto jornal mais vendido no Brasil e o
segundo do estado do Rio de Janeiro, com circulação diária média de 256.259 exemplares.
O artigo intitulado "Obesidade e saúde" foi publicado na seção Opinião, em que diferentes autores,
jornalistas ou não, emitem suas posições sobre distintos temas. Não há, nesta seção, autores/ colunistas
251
PALMA, A.; ASSIS, M.; VILAÇA, M.M.; ALMEIDA, M.N. Os ‘pesos’ de ser obeso: traços fascistas no ideário de saúde contemporâneo. Movimento. v. 18, n. 4, p.
99-119, 2012.
Nesse trecho, certas medidas institucionais contra a obesidade são criticadas. Contrariando, ao menos
em parte, uma política de controle e combate de certos produtos, o que implicaria penalizar empresas
que os comercializam, o autor defende uma política de incentivos individuais, com teor punitivo, como
ficará claro a seguir. Aqui, ainda não está claro o foco da "carga tributária diferenciada" proposta, mas
veremos que se refere aos indivíduos obesos, o que expressa um traço da ideia que queremos criticar.
A quem interessa, porém, defender que as empresas que produzem alimentos excessivamente
calóricos e "não saudáveis" não devem sofrer punições ou sobretaxações em seus produtos, a despeito
daquilo que produzem ter um impacto direto na obesidade? Artigo recentemente publicado no American
Journal of Public Health desconstrói a ideia de responsabilidade exclusivamente individual, haja vista os
autores verificarem que os adolescentes que estudavam mais próximos a restaurantes das redes de fast
food se apresentavam mais obesos ou com sobrepeso. Embora essas redes não sejam as únicas
responsáveis, uma das medidas pertinentes ao combate da obesidade pode ser, sim, a taxação de seus
alimentos ou de quaisquer outros que tenham comprovada relação, como biscoitos, refrigerantes, etc.
O foco num Estado que pune o indivíduo, e não as empresas, é constatado no trecho a seguir: "[...]
Poderíamos ter também um incentivo fiscal para as pessoas que se cuidassem."
O discurso é claro: as pessoas não se cuidam! A ideologia da saúde associa equivocamente a ação
de se cuidar com "ser magro" ou "praticar atividade física". Quem não se cuida ou não se vigia faz parte
do novo grupo de desviantes, os "descuidados obesos". Qualquer outro sentido para a palavra cuidado é
silenciado.
Podemos considerar que, em semelhança ao discurso totalitário da saúde, o texto procura
primeiramente constranger os "doentes" (obesos, sedentários, etc.) e, em seguida, os direitos que estes
indivíduos possam ter enquanto cidadãos como outros quaisquer. Ou seja, os descuidados obesos podem
ser tratados como cidadãos diferenciados, sobre os quais incidiriam mais impostos.
Uma segunda categoria refere-se à reificação do humano. Nalguns trechos, as pessoas são
comparadas a coisas, a fim de justificar, analogicamente, uma valorização diferenciada.
Por que as pessoas ativas, saudáveis, que demandam (e custam) menos do sistema de saúde,
principalmente dos sistemas suplementares, merecem menos atenção do que um "fusquinha 70" de
colecionador? Essas pessoas vão menos ao médico, fazem exames (sic), às vezes passam o ano sem
utilizar o seguro, e tudo isso deveria gerar um desconto, uma redução nos prêmios.
Aragão faz uma clara distinção entre tipos de velhice: a velhice, dispendiosa, e a antiguidade, lucrativa.
A analogia - ruim, diga-se de passagem - comparando o homem à máquina indica-nos que o sujeito com
mais idade, mas com aspecto saudável, bem cuidado (como algo raro, de colecionador), deveria ter
incentivos ou prêmios fiscais do Estado, pagando menos (impostos) do que outros por estar vivo.
Em outras passagens, Aragão complementa:
[...] automóveis menos poluidores e mais econômicos pagam menos impostos; [...] carros muito antigos
podem ser dispensados de pagar IPVA. E os imóveis que são patrimônio histórico muitas vezes são
dispensados de pagar IPTU para serem reformados e bem cuidados.
Quem sabe a ANS e a Anvisa não poderiam estudar e regular formas de incentivar a redução desse
pesado problema de saúde pública que é a epidemia de excesso de peso?
Ora, além de reforçar a ideia anterior, automóveis ou imóveis não podem pagar impostos. Quem paga
são seus donos. Com este argumento, o autor cria uma analogia prenhe de associações questionáveis
do ponto de vista concreto, o que pode escamotear aquilo que se pretende propor: mais uma tributação
sobre certos cidadãos, pois estes deveriam (juízo normativo) literalmente pagar pela sua indolência,
porque ela gera um "sobrepeso" para o aparato estatal. Quer dizer, o peso do obeso geraria custos para
os cofres públicos (sistema de saúde especialmente) maiores do que os de um indivíduo considerado
"normal", o que teria de gerar uma contrapartida para o Estado (ou para a empresa de seguro saúde), a
saber, um "peso tributário" diferenciado. É a penalização dos sujeitos por sua condição o que o autor
propõe em última instância. Ser obeso deve doer no bolso, como uma forma de contrapartida à sociedade
pelos males causados pelo "desviante".
O obeso é o que Ortega denomina de novos parasitas sociais. Para Aragão, a valorização da
autonomia cobre o indivíduo de responsabilidades, ao mesmo tempo em que deixa o sistema de saúde
"mais leve". O discurso paráfrasico traduz a obesidade como um mal a ser suprimido da sociedade,
denotando traços de exercício de um poder fascista legitimado pelo valor-saúde.
a) os sujeitos são obesos e inativos porque querem e daí tornam-se doentes ou não gozavam de boa
saúde e engordaram e ficaram inativos?
b) a "política de desconto" funciona enquanto o sujeito for magro e ativo e se encerra quando adoecer
(ninguém está livre disto), uma vez que o adoecimento pode conduzir a um estado (mesmo que
temporário) de inatividade física?
c) como ficam as pessoas que trabalham mais de 44 horas por semana (28,12% da população
brasileira, segundo o último Censo, e podem não ter tempo de cuidarem de si (não é, necessariamente,
uma questão de escolha)?
Outro aspecto de nossa análise diz respeito aos modos de dizer do discurso, isto é, à forma como a
mensagem midiática se estabeleceu frente ao enunciado técnico-científico. O modo de comunicar, de
imediato, buscou uma característica científica. De uma forma geral, o público leigo, ao qual a reportagem
pode alcançar mais diretamente, entende que a ciência se baseia em números. Quer dizer, se há
números, estatística e afins é uma verdade científica. Assim, a apresentação de dados quantitativos faz
com que o texto assuma um caráter científico e suba em credibilidade (mesmo que estes números nada
digam).
Os números de obesos no Brasil e no mundo variam de acordo com a fonte de pesquisa e a
metodologia adotadas, mas são sempre expressivos, grandes, pesados. No Brasil, atesta a POF
(Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE, quase metade das pessoas apresenta algum excesso de
peso, e um em cada cinco adolescentes está cima do peso recomendado pela Organização Mundial de
saúde.
Ora, se os valores se alteram de modo significativo e em função do método adotado, há um sério
problema e é preciso desconfiar, e muito, dos dados que têm sido produzidos. Não é possível
acreditarmos em uma epidemia com valores distorcidos ou desconfiança no método escolhido.
Outra estratégia para dar um tom de cientificidade advém da citação de estudos ou associações
científicas, especialmente, se for de países considerados desenvolvidos. "[...] Porque, após dois anos,
dois terços das pessoas estão pesando mais do que antes de adotar o regime."
Posteriormente, Aragão faz menção às Ciências Econômicas ou aos gastos públicos: "do ponto de
vista do Estado, excesso de peso e obesidade tornaram-se problema de saúde pública e pressão sobre
os custos do Sistema Único de Saúde [...]."
Provavelmente, muitos cidadãos fiquem sensibilizados quando acreditam que os gastos públicos
poderiam ser reduzidos caso os próprios indivíduos adotassem outros estilos de vida, desconsiderando
a importância da mudança das políticas públicas de saúde.
A proposta, em suma, envolve a taxação do obeso, transformando uma questão de Saúde Pública em
uma jurídico-tributária. Hoje, o alvo é o obeso. Nada garante que, amanhã, outros cidadãos não sejam
sobretaxados em razão da sua condição física. Sob o disfarce de uma política tributária "justa", defende-
se uma ideia de autonomia individual que permita culpar o indivíduo. Assim, uma liberdade de escolha e
obrigação de autocontrole por parte do indivíduo preservaria o livre comércio de produtos tidos como
maléficos à saúde. Além disso, se, por um lado, o Estado poderia sobretaxar os indivíduos com
obesidade; às seguradoras, por outro, estaria franqueada a possibilidade de cobrar uma mensalidade
maior, garantindo às empresas (leia-se, aqui, empresas de seguro saúde) a máxima liberdade para lucrar.
[...] A recente inclusão no rol de procedimentos da cirurgia bariátrica trata apenas da doença, mas não
incentiva as pessoas a se cuidarem, e cuidar da saúde é um excelente investimento - para nós e para a
sociedade, que somos os pagadores da conta.
A conta é fácil. Se as empresas são obrigadas a arcar com as cirurgias bariátricas, talvez seja possível
cobrar mais e antecipadamente dos obesos (inativos e, quiçá, "preguiçosos"), sobretaxando-os sob uma
retórica de "desconto" para os mais ativos, magros e que "cuidam de si". Não é difícil imaginar que os
lucros das empresas de seguro saúde se elevarão, como resultado de um curioso paradoxo: cuidar da
saúde, que é o serviço prestado, será um negócio ainda mais excelente para estas empresas, pois elas
o farão cada vez menos, haja vista os clientes "cuidadosos" já prestarem esse serviço a si mesmos. Todo
Discussão
No prefácio ao "Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia", de Deleuze e Guattari, Foucault anuncia que
os autores espreitaram os traços mais ínfimos do fascismo nos corpos e nos convidaram a viver lutando
contra todas as formas de fascismo existentes.
Em tal empreitada, Foucault identifica ideias e arquétipos que encanariam o fascismo. Dentre as ideias,
destacam-se: a paranoia unitária e totalizante; a hierarquização piramidal; as categorias do Negativo (por
exemplo, a lei, o limite, a castração, a falta); a prática política com valor-verdade; a individualização fixista
e hierarquizadora; e a paixão pelo poder. Foucault associa a elas alguns arquétipos:
1) os "funcionários da verdade";
2) os "técnicos do desejo"; e
3) o inimigo maior, o fascismo, entendido, aqui, não somente como aquele tornado real por Hitler ou
Mussolini, mas, antes, aquele "que está em todos nós, que persegue nossos espíritos e nossas condutas
cotidianas, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar esta coisa que nos domina e nos explora."
O texto "Obesidade e saúde", tal como tantos outros científicos ou não, apresenta-se como aquilo que
Foucault nos convida a resistir. Embora obviamente bastante diferente do fascismo histórico de meados
do século XX, há no texto de Aragão certa tirania que ameaça aspectos da nossa vida cotidiana. As
relações entre seu discurso e os pontos do pensamento foucaultiano devem ser ressaltadas: com um
discurso de verdade, busca-se identificar, fixar e uniformizar dualisticamente identidades totalizantes,
estratificando os humanos/cidadãos entre os obesos, inativos e, portanto, doentes e "pesados para o
Estado", de um lado; e, de outro, os magros, ativos e, logo, saudáveis e "leves para o Estado", para que
se possa exercer sobre eles o apaixonante exercício do poder de recompensar ou punir. Como um
"funcionário da verdade", Aragão decreta seu juízo acerca dos obesos, derivando assertivas políticas
problemáticas de questionáveis "verdades" científicas.
Conquanto não seja um ponto que nos interessa desenvolver no nível de teorização necessário, sabe-
se que a ciência é entremeada por fatores não propriamente epistemológicos, mas políticos, econômicos,
etc. E, talvez, em determinadas situações, interesse mais os efeitos de persuasão do discurso e
interesses privados do que a própria verdade científica e os interesses coletivos, admitindo que estes
sejam os telê idealizados da ciência.
Para que este discurso, contudo, amplie-se é preciso entrar em cena os "técnicos do desejo"; aqueles
que possibilitam a sutil intervenção, a perspicaz aplicação dos dispositivos de regulação e controle dos
doentes, pobres, desviantes. A preocupação biopolítica do Estado com a população, do ponto de vista
foucaultiano, não é boa nem má, mas estratégica. Ela é exercida em termos de um governo econômico
dinâmico, que é resultante móvel de um sem-número de instituições, forças e interesses em disputa,
incluindo as empresas privadas e o próprio Estado, que visam a normalizar os indivíduos ardilosamente,
estabelecendo um conjunto mais ou menos restrito de normalidades às quais eles devem se ajustar. Com
isso, são criados e disseminados padrões homogeneizados "de comportamentos, sentimentos e falas que
invadem e regulam previamente todos os domínios da vida social cotidiana, abafando a produção das
diferenças a partir do mercado econômico como novo lugar de produção de verdade, de desqualificação
e de aniquilação". É aqui que os obesos, os sedentários, os inaptos, aqueles que não se "enquadram",
de certo modo, precisam ser eliminados, se não literalmente, ao menos sutilmente corrigidos.
O fascismo, como um adversário estratégico, é, acima de tudo, a forma biopolítica de controle social,
exclusão e estigmatização de parcela(s) da população e, como tal, acaba por impregnar todos nós. Em
termos das práticas sobre si mesmo relativas à prudência ou profilaxia, ou mesmo daquelas que se voltam
ao controle do outro, vê-se um múltiplo efeito governamentalizador da população. Percebam que no
Aproximações e Distanciamentos
Para que a EFescolar brasileira se (re)aproxime ou se (re)aproprie das discussões no campo da
promoção da saúde, é importante assumir que a escola é espaço fundamental para ações educacionais
com esta finalidade, com esta disciplina passando a aceitar o papel central para sua condução teórico-
prática intencional, centrada nas questões da AFS, evitando sua redução a mero ato técnico ou relação
científica da causalidade entre AF e saúde.
Nessa perspectiva, reconhecer as bases das abordagens teórico-metodológicas da Efescolar focadas
na saúde pode auxiliar no reconhecimento dos limites e das possibilidades de sucesso na ação
profissional contemporânea.
Tal atitude permitirá a seleção voluntária Formação em educação física e a saúde na escola de
conteúdos, métodos, técnicas e critérios avaliativos que legitimem a EFescolar como principal espaço
educacional para a saúde dos sujeitos e da comunidade a partir das AF.
A primeira proposta da EFescolar articulada no campo da saúde foi a higienista, fruto do inovador
direito à saúde do início do século XX (MOULIN, 2009). Mais que uma perspectiva pedagógica da EF, o
higienismo desejou a reestruturação social nos mais diversos campos.
A proposta higienista pretendia formar um novo Brasil, uma nova sociedade e um novo homem, pelo
disciplinamento dos corpos e pela adoção de hábitos de vida em prol da saúde, da paz e da harmonia
social (SOARES, 2004). A EF assumiu a responsabilidade de promover AF (ginástica, esporte, jogos,
252
Silva, Gelcemar Oliveira. Educação, saúde e esporte : novos desafios à Educação - Ilhéus, BA : editora: Editus, 2016.
A epidemiologia é uma das ciências básicas da saúde pública. A aproximação da atividade física com
esse campo fortalece a área, mas claramente o método epidemiológico não responde a todas as questões
de pesquisa na temática. A epidemiologia é robusta para avaliar a frequência, distribuição e determinantes
dos processos saúde-doença nas populações. No entanto, quando há a intenção de compreender o
"porquê" de um determinado fenômeno, seus métodos, por vezes, chegam a um limiar de saturação, onde
outras abordagens associadas podem complementar o olhar epidemiológico.
Uma das questões atuais em saúde pública e de relação imediata com a prática de atividade física é
o uso de anabolizantes em frequentadores de academias de ginástica. Essa conduta que tem como um
dos propulsores os padrões estéticos corporais atuais poderia ser "mapeada" por meio de estudos
epidemiológicos. No entanto, com a tradicional abordagem de questionários, rotineiramente diretos e com
questões fechadas e rápidas, já com o propósito de análise, esse método não seria ideal para a
compreensão aprofundada do tema em estudo. Assim, uma investigação em Salvador, na Bahia (IRIART;
CHAVES; ORLEANS, 2009), de cunho etnográfico, por meio de observação participante junto à
frequentadores de academia merece destaque. O estudo dialogou com um tema em saúde pública,
passível de receber uma abordagem epidemiológica, mas teve outro olhar singular e relevante para a
epidemiologia da atividade física. As entrevistas aprofundadas com 43 usuários de anabolizantes
oferecem inúmeras contribuições para a área.
A atuação epidemiológica no campo da atividade física é exaustivamente tachada de biologicista. Um
dos campos macros em que a atividade física pode ser abordada e tratada como aspecto relacionado à
saúde é o espaço escolar. Temos a clara convicção de que a abordagem escolar centrada na aptidão
física é objeto inerente ao fracasso, ainda mais se apresentada com caráter doutrinador e
descontextualizado ao contexto escolar de intervenção. A atividade física proposta na escola deve ser
carregada de simbologias dos determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. Por
isso, o ensaio de Ferreira (2001) é mais um exemplo de que o conhecimento biológico da atividade física
e da epidemiologia não deve ser negado, mas complementado com a visão "qualitativa". O autor propõe
abordagens para conduzir os temas atividade física e saúde em aulas escolares, relevando a sua
importância biológica, porém ampliando o enfoque. Acreditamos que esse tipo de debate é de grande
relevância, visto que, em nosso entendimento, as duas abordagens são complementares.
Sem dúvida a maior compilação de ensaios buscando refletir sobre a atividade física, epidemiologia e
saúde no Brasil está documentada em "A Saúde em Debate na Educação Física" (BAGRICHEVSKY;
PALMA; ESTEVÃO, 2003; BAGRICHEVSKY et al., 2006; BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO; PALMA, 2007).
Vários debates e esforços com possibilidades teórico-metodológicas de abordar temas como o corpo e a
saúde são fixados nas publicações. É possível encontrar na apresentação da segunda edição o seguinte
aspecto:
...é necessário reconhecer, de pronto, que as aspirações (pretensamente críticas) do presente livro -
resultado do envolvimento generoso do seu coletivo de participantes - talvez, sejam muito maiores, do
que nossa capacidade de responder às próprias questões que produzimos e compartilhamos com o leitor.
Esta espécie de justificativa introdutória cumpre a função de alertar aos incautos que os ensaios aqui
apresentados, provavelmente, não servem a anseios 'prescritivos' e 'solucionadores' de problemas
epistemológicos e praxiológicos em saúde.
Ao mesmo tempo em que os autores assumem a limitação de seus ensaios, seria importante que fosse
entendido que a área "quantitativa" também tem limitações. No entanto, deve-se deixar claro que a
maioria das investigações epidemiológicas em atividade física não procura ter caráter prescritivo. O
253
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32892011000100012
O trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento.
Ou, dito de outro modo, a natureza do trabalho desenvolvido nessa área tem íntima relação com a
compreensão que se tem desses dois conceitos.
Por suas origens militares e médicas e por seu atrelamento quase servil aos mecanismos de
manutenção do status quo vigente na história brasileira, tanto a prática como a reflexão teórica no campo
da Educação Física restringiram os conceitos de corpo e movimento — fundamentos de seu trabalho —
aos seus aspectos fisiológicos e técnicos.
Atualmente, a análise crítica e a busca de superação dessa concepção apontam a necessidade de
que, além daqueles, se considere também as dimensões cultural, social, política e afetiva, presentes no
corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como
cidadãos.
Buscando uma compreensão que melhor contemple o complexidade da questão, a proposta dos
Parâmetros Curriculares Nacionais adotou a distinção entre organismo — um sistema estritamente
fisiológico — e corpo — que se relaciona dentro de um contexto sociocultural — e aborda os conteúdos
da Educação Física como expressão de produções culturais, como conhecimentos historicamente
acumulados e socialmente transmitidos. Portanto, a presente proposta entende a Educação Física como
uma cultura corporal.
Automatismos e Atenção
Neste item pretende-se refletir de que forma os afetos, sentimentos e sensações do aluno interagem
com a aprendizagem das práticas da cultura corporal e, ao mesmo tempo, de que maneira a
aprendizagem dessas práticas contribui para a construção de um estilo pessoal de atuação e relação
interpessoal dentro desses contextos.
Alguns fatores serão considerados para essa reflexão: os riscos de segurança física, o grau de
excitação somática, as características individuais e vivências anteriores do aluno (como vivencia a
satisfação e a frustração de seus desejos de aprendizagem) e a exposição do indivíduo num contexto
social.
A aprendizagem em Educação Física envolve alguns riscos do ponto de vista físico inerentes ao próprio
ato de se movimentar, como, por exemplo, nas situações em que o equilíbrio corporal é solicitado, a
possibilidade de desequilíbrio estará inevitavelmente presente. Dessa forma, mesmo considerando que
escorregões, pequenas trombadas, quedas, impacto de bolas e cordas não possam ser evitados por
completo, cabe ao professor a tarefa de organizar as situações de ensino e aprendizagem, de forma a
minimizar esses pequenos incidentes. O receio ou a vergonha do aluno em correr riscos de segurança
física é motivo suficiente para que ele se negue a participar de uma atividade, e em hipótese alguma o
aluno deve ser obrigado ou constrangido a realizar qualquer atividade. As propostas devem desafiar e
não ameaçar o aluno, e como essa medida varia de pessoa para pessoa, a organização das atividades
tem que contemplar individualmente esse aspecto relativo à segurança física.
Outra característica da maioria das situações de prática corporal é o grau elevado de excitação
somática que o próprio movimento produz no corpo, particularmente em danças, lutas, jogos e
Eleger a cidadania como eixo norteador significa entender que a Educação Física na escola é
responsável pela formação de alunos que sejam capazes de: - participar de atividades corporais adotando
atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade; conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da
pluralidade de manifestações da cultura corporal; - reconhecer-se como elemento integrante do ambiente,
adotando hábitos saudáveis relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da saúde
coletiva; - conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes
grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são produzidos, analisando
criticamente os padrões divulgados pela mídia; - reivindicar, organizar e interferir no espaço de forma
autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de lazer.
Quanto à conceituação de cidadania, Aristóteles considerava-a como a possibilidade concreta do
exercício da atividade política, ou seja, poder governar e ser governado. Esse enfoque é enriquecido por
Arendt, ao conceber a cidadania como o “...direito a ter direitos, identificando-o como primeiro direito
humano fundamental, do qual todos os demais derivam-se. Esse conceito parece ter grande abrangência,
não se restringindo a território ou nacionalidade. Além disso, representa uma qualidade social do ser
humano, que deve ser conquistada durante sua vida.
A Educação Física, influenciando, mas sendo principalmente influenciada pelo contexto escolar, sofre
da mesma limitação que acompanha o processo de educação formal, quando pretende contribuir para a
plenitude da cidadania. Isto implica na necessidade de outras instituições sociais contribuírem com a
Educação Básica, mas sem vinculá-la somente a interesses particulares, como o “mercado de trabalho”.
A partir dessas considerações, alguns pressupostos podem ser inferidos na tangência estabelecida entre
a cidadania e a Educação. Inicialmente, tem-se que a Educação nunca é neutra, podendo direcionar-se
ou até mesmo gerar conformismo e subserviência ou posicionamento crítico e reflexivo. Essa
característica deve-se a aspectos subjetivos (ideologias) e objetivos (diretrizes curriculares), relacionados
às tendências pedagógicas que também são atuantes na Educação Física Escolar.
Além disso, a Educação está a serviço de um determinado tipo de cidadania que não pode ser “ganha”
ou outorgada, mas sim conquistada. No primeiro caso, trata-se de uma cidadania relativa, ao passo que
no segundo caso trata-se de uma cidadania plena.
Ao considerar as estruturas da sociedade brasileira inserida em um contexto democrático e capitalista,
necessita-se reconhecer a influência de fatores externos nesse sistema. Elementos como a globalização
econômica e o neoliberalismo político atuam de modo a exacerbar diversos problemas nacionais há
tempos, sendo apenas mais notórios ao final do século XX. Isto posto, ainda que o paradigma
predominante seja a liberdade individual em detrimento de outros princípios, a cidadania deve
compreender a igualdade. Não apenas a igualdade de direitos (legal), mas a de fato.
A respeito da igualdade, segundo Rousseau, “seria preciso não entender por esta palavra que os graus
de poder e de riquezas sejam absolutamente os mesmos; mas que, quanto ao poder, ele se encontra
abaixo de toda a violência e nunca se exerce, senão em virtude da posição social e das leis. E quanto à
riqueza, que nenhum cidadão seja suficientemente opulento para poder comprar o outro, e que nenhum
seja tão pobre que seja coagido a vender-se”.
Contraditoriamente, algumas condições necessárias para a construção da cidadania democrática,
embora amplamente reconhecidas não são atendidas. É o caso da qualidade na Educação Básica e na
gestão do sistema escolar, que deveria ser gerido pelos seus próprios autores e usuários diretos. De
acordo com esse autor, o sistema educacional deve ser plural e, nesse sentido, os PCNs devem atender
à pluralidade de manifestações em Educação Física, compreendendo as diversas abordagens para o
componente curricular.
254
DARIDO, S. C.; RANGEL-BETTI, I. C.; RAMOS, G. N. S.; GALVÃO, Z.; FERREIRA, L. A.; MOTA E SILVA, E. V.; RODRIGUES, L. H.; SANCHES NETO, L.;
PONTES, G.; CUNHA, F. A educação física, a formação do cidadão e os parâmetros curriculares nacionais. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.15,
n.1, p.17-32, 2001.
A história da Educação Física no Brasil sugere que, mesmo dentro do contexto escolar, sempre houve
a seleção dos mais aptos em detrimento dos inaptos, propiciando a exclusão de muitos alunos do contexto
da cultura corporal de movimento. Assim, entendemos que a intenção dos PCNs, ao propor o princípio
da inclusão, foi a de vislumbrar uma Educação Física na escola com capacidade para superar a exclusão,
o que infelizmente ainda não ocorre na maioria das aulas de Educação Física nos diferentes segmentos
escolares.
Mesmo quando alertados para tal fato, muitos professores, em virtude do enraizamento (tradição) de
determinadas atividades excludentes possuem dificuldades em refletir e modificar tais atividades.
Quando o professor pode efetivamente ter uma prática inclusiva? Quando apoia, estimula, incentiva,
valoriza, promove o estudante etc. Valorizar todos os alunos independentemente da etnia, sexo, língua
falada, classe social, religião, opinião política ou social, deve ser a primeira estratégia do professor. Além
desta atitude o professor deve favorecer discussões entre os alunos sobre o significado do preconceito,
da discriminação e da exclusão. O processo ensino-aprendizagem deve ser baseado na compreensão,
esclarecimentos e entendimento das diferenças. As estratégias escolhidas devem não apenas favorecer
a inclusão, como também discuti-la e torná-la clara para os alunos.
Em relação às atividades práticas, as que devem ser modificadas são as que possuem um caráter de
exclusão temporária ou total, dos menos habilidosos, do portador de necessidades especiais, de gênero
e outras.
Citamos alguns exemplos que podem ocorrer nas aulas de Educação Física: Exclusão total ou
temporária – jogo de queimada (ou queimado) – onde quem é queimado vai para o “cemitério” e, no caso
de ser um aluno que não consegue pegar muito na bola, acaba deixando de jogar até o final do jogo.
Outro exemplo é a “batata quente” – quem fica com a batata ao final da música é excluído. Em ambos os
casos o mais indicado é encontrar uma saída que favoreça o retorno dos alunos ao campo de jogo, por
exemplo, jogando queimada por pontos – quando o segundo jogador da equipe for queimado, o primeiro
retorna ao campo. O mesmo pode ser feito com a batata quente.
Exclusão dos menos habilidosos e portadores de necessidades especiais – é difícil reconhecer se um
aluno é menos habilidoso por que não se expõe ou se não se expõe por ser menos habilidoso. O fato é
que algumas crianças não gostam de participar de certas atividades, principalmente as que envolvem a
competição, por serem alvo de severas críticas pelos demais companheiros. Os procedimentos dos
professores estão ancorados, frequentemente, na super valorização da perfeição do gesto técnico e pelo
fato destes, em sua maioria, optarem exclusivamente pela prática esportiva nas aulas de Educação Física
escolar.
Sugerimos algumas alternativas que, embora não eliminem os problemas, podem ao menos amenizá-
los. Uma delas é a escolha de outros conteúdos, que não os esportivos tradicionais: futebol, basquetebol,
voleibol e handebol, mas também: grandes jogos, capoeira, atletismo, ginástica artística, dança,
atividades expressivas, ginástica rítmica desportiva, tênis e judô que poderiam compor o universo de
Uma Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, portanto, com perspectivas
educacionais realmente voltadas para a formação do cidadão, precisa ter um olhar direcionado para a
inclusão. De acordo com Aquino, o consagrado direito à educação como requisito básico para a cidadania
democrática, se traduz na defesa incondicional de uma escola para todos. Podemos complementar esta
consideração afirmando que é preciso e urgente uma Educação Física para todos, sem distinção de
nenhuma ordem.
Aquino ressalta que isso significa a existência de uma escola de envergadura democrática quando,
além do acesso irrestrito (aplicável a quaisquer segmentos vulneráveis da população do ponto de vista
da discriminação), estiver garantida a permanência efetiva de todos.
"A dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer (...). No que diz respeito à dimensão atitudinal,
está se referindo a uma aprendizagem que implica na utilização do movimento como um meio para
alcançar um fim, mas este fim não necessariamente se relaciona a uma melhora na capacidade de se
mover efetivamente. Neste sentido, o movimento é um meio para o aluno aprender sobre seu potencial e
suas limitações (...). [A dimensão conceitual] (...) significa a aquisição de um corpo de conhecimentos
objetivos, desde aspectos nutricionais até socioculturais como a violência no esporte ou o corpo como
mercadoria no âmbito dos contratos esportivos".
Temas Transversais
Em 1995 foi iniciada a elaboração oficial do documento. Suas referências/escritores foram, em grande
parte, os professores da Escola da Vila, do estado de São Paulo, e os parâmetros curriculares da proposta
espanhola, tendo como destaque o professor César Coll na consultoria do documento brasileiro.
Com essas influências o discurso dos PCNs gira em torno da cidadania, entendendo a escola como
um dos espaços possíveis de contribuição para a formação do cidadão crítico, autônomo, reflexivo,
sensível e participativo. E, na perspectiva de consolidar tal objetivo, o documento apresenta como
temática central os temas sociais emergentes, indicando-os como questões geradoras da realidade social
e que, portanto, necessitam ser problematizados, criticados, refletidos e, possivelmente, encaminhados.
Tais temas são chamados de Temas Transversais, pois podem/devem ser trabalhados por todos os
componentes curriculares, logo, sua interpretação pode se dar entendendo-os como as ruas principais do
currículo escolar que necessitam ser atravessadas/cruzadas por todas as disciplinas. Os temas
desenvolvidos apresentam as seguintes problemáticas: Ética; Meio Ambiente; Trabalho e Consumo;
Orientação Sexual; Pluralidade Cultural e Saúde, ou outros temas que se mostrem relevantes.
Esta concepção apresenta uma reflexão ética como eixo norteador, por envolver posicionamentos e
concepções a respeito das causas e efeitos de sua dimensão histórica e política. A reflexão ética traz à
luz a discussão sobre a liberdade de escolha. A ética interroga sobre a legitimidade de práticas e valores
consagrados pela tradição e pelo costume, abrangendo a crítica das relações entre os grupos, dos grupos
nas instituições e ante elas, como também a dimensão das ações pessoais. Trata-se, portanto, de discutir
o sentido ético da convivência humana nas suas relações com várias dimensões da vida social: o
ambiente, a cultura, o trabalho, o consumo, a sexualidade e a saúde.
Na Educação Física, por exemplo, o Coletivo de autores já havia mencionado a necessidade e
importância de tratar os grandes problemas sociais nas aulas de Educação Física, tais como: ecologia,
papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do trabalho, preconceitos sociais, raciais, da deficiência,
da velhice, distribuição de solo urbano, distribuição da renda, dívida externa; e outros, relacionados ao
jogo, esporte, ginástica e dança.
De acordo com os autores a
“...reflexão sobre estes problemas é necessária se existe a pretensão de possibilitar ao aluno da escola
pública entender a realidade social, interpretando-a e explicando-a a partir dos seus interesses de classe
social”.
Nos documentos dos PCNs esta necessidade é apresentada para todas disciplinas escolares, e os
temas elegidos de acordo com a proposta pedagógica de cada escola. A disciplina de Educação Física,
por sua vez, deve participar, estando integrada à proposta pedagógica da escola, assim como preconiza
a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Embora tenham realizado severas críticas ao documento preliminar dos PCNs da área de Educação
Física para os 1º e 2º ciclos, publicadas pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, Souza et alii
avaliam positivamente a articulação do ensino da Educação Física com os temas do paradigma da vida
cidadã, que são explicitados nas Diretrizes Curriculares Nacionais: saúde, sexualidade, vida familiar e
Ética
Por meio da ampliação do olhar sobre a prática cotidiana, o presente tema tem por objetivo abordar e
refletir a ética no contexto escolar, notadamente, enquanto conteúdo dos temas transversais para as aulas
de Educação Física.
Observa-se, sobretudo nas aulas de Educação Física, que os alunos expressam comportamentos de
excitação, cansaço, medo, vergonha, prazer, satisfação, entre outros. Isso se deve, muitas vezes, ao fato
das atitudes e decisões racionais serem afetadas pela intensidade e qualidade dos estados afetivos
vivenciados corporalmente. O desenvolvimento moral do indivíduo está intimamente relacionado à
afetividade e à racionalidade, e nas aulas de Educação Física escolar ocorrem situações que permitem
uma intensa mobilização afetiva e interação social. Tal cenário apresenta-se como ambiente ideal para
explicitação, discussão, reflexão e aplicação de atitudes e valores considerados éticos ou não éticos para
si e para os outros.
Além da intervenção no momento oportuno, cabe ao professor de Educação Física a construção de
formas operacionais e contextos pedagógicos para que valores relacionados ao princípio da dignidade
humana e construção de autonomia moral sejam exercidos, cultivados e discutidos no decorrer das
práticas da cultura corporal na escola. Tal procedimento poderia ser a experiência de respeitar e ser
respeitado; realizar ações conjuntas; dialogar efetivamente com colegas e professores; receber
solidariedade e ser solidário; ter acesso a conhecimentos que alimentem a compreensão e a cooperação
e analisar criticamente situações concretas dentro e fora da escola. Vejamos como isso pode ocorrer nas
aulas de Educação Física escolar.
Alguns alunos são considerados mais habilidosos que outros, no futebol, por exemplo, o que faz,
muitas vezes, com que os considerados “melhores” sejam supervalorizados enquanto os menos
habilidosos sejam desconsiderados ou indesejados. O professor deveria chamar atenção para as
diferenças de habilidades motoras e capacidades físicas, assim como cognitivas e afetivas sociais. Ilustrar
que todos estão na escola usufruindo o mesmo direito de educação e de movimento e que nem por isso
necessitam ser iguais. Reconhecer os limites e possibilidades pessoais e alheias constitui um objetivo
ético para o respeito mútuo, já que por meio destes pode-se expressar mais facilmente sentimentos e
emoções admitindo dúvidas sem medo de ser ridicularizado.
Durante a execução de um jogo comumente surgem dúvidas, discussões e inclusive brigas entre os
participantes a respeito da validade ou não de um gol ou ponto. Ao refletir e discutir sobre problemas
encontrados durante a atividade as crianças podem expressar opiniões, questionamentos, dúvidas e
retornar à pratica que adquire um maior significado para as mesmas. Muitas vezes, as regras presentes
nas modalidades esportivas, quando não adequadas à realidade escolar, discriminam e excluem alunos.
As situações de desrespeito como agressões físicas ou verbais, apelidos pejorativos, discriminações em
geral, deveriam ser identificadas e repudiadas. Questões referentes à violência também deveriam ser
levantadas, já que observamos o incentivo presente nos meios de comunicação inclusive no ambiente
escolar.
Uma das maneiras de minimizar os efeitos da violência e da competitividade exacerbada poderia ser
a aplicação de princípios dos jogos cooperativos, os quais emergem como uma proposta adequada à
formação do cidadão no meio escolar. Estruturados para diminuir os comportamentos destrutivos e a
pressão da competição os jogos cooperativos podem promover a integração e a participação de todos os
Pluralidade Cultural
O tema transversal “Pluralidade Cultural” tem como objetivo o desenvolvimento do respeito e da
valorização das diversas culturas existentes no Brasil, contribuindo assim para uma convivência mais
harmoniosa em sociedade, com o repúdio a todas as formas de discriminação.
Uma das formas de se trabalhar o tema transversal “Pluralidade Cultural”, na área de Educação Física
pode ser por meio de vivências das diferentes "manifestações das cultura corporal", utilizando para isso
os esportes, as danças e as lutas, como forma de conhecê-las e valorizá-las.
No caso da dança isso se daria através da vivência das diferentes danças típicas, dos diversos grupos
étnico-culturais que compõem o Brasil, demonstrando assim a riqueza e a diversidade de expressões
existentes. O mesmo se aplicaria às ginásticas e as lutas, que ainda conseguem manter suas raízes
ligadas, às regiões de origem, o que também possibilitaria o conhecimento por parte dos alunos da
diversidade cultural, ex: Capoeira- África/Brasil, Judô, Karatê - Ásia.
Já o esporte não parece possibilitar diretamente essa diversidade de expressões culturais, pois em
sua versão moderna não tem como característica a existência de esportes tipicamente regionais, embora
se possa pesquisar a sua origem e as modificações realizadas na apropriação destas. Porém, em virtude
de sua riqueza sociológica, o esporte pode ser um grande pólo de reflexão sobre os problemas
relacionados à diversidade étnica e cultural, principalmente em virtude de estar sempre presente na mídia,
relevando e revelando conflitos, que poderiam significar uma grande oportunidade de se discutir com os
alunos, questões como:
Além disso, o professor de Educação Física, assim como os demais componentes curriculares, deve
estar sempre preparado para coibir a prática de atividades discriminatórias, no momento da sua
ocorrência, através do diálogo. Porém, para isso, é necessário que o próprio profissional reflita se em sua
própria prática está ou não valorizando ou realizando atitudes discriminatórias, muitas vezes, tão sutis e
não percebidas por ele mesmo, mas que influenciam seus alunos.
Meio Ambiente
A temática relacionada ao meio ambiente vem sendo discutida com grande frequência nos últimos
tempos, visto que a população tem se mostrado muito sensível aos desdobramentos da apropriação
desequilibrada dos recursos naturais em torno do nosso planeta.
Tais discussões trazem orientações no sentido de se evidenciarem as interpelações e a
interdependência dos diversos elementos na constituição e na manutenção da vida, bem como a
necessidade de se entender o ser humano como parte deste processo, exaltando os princípios da
cidadania.
O mesmo referencial capaz de trazer esclarecimentos sobre o relacionamento entre a sociedade e a
natureza, traz também contribuições para o entendimento da relevância da Educação Física como parte
integrante da escola, para trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e
aprendizagem de habilidades e procedimentos, no sentido da construção de comportamentos
“ambientalmente corretos”.
As intervenções nas aulas de Educação Física, bem como nos eventos temáticos orientados para as
questões relacionadas ao meio ambiente, se mostram como um caminho possível para a condução do
Trabalho e Consumo
O tema transversal trabalho e consumo pretende problematizar com os alunos a quantidade e
diversidade de "trabalho" presente em cada produto ou serviço, e suas relações entre trabalho e consumo,
que são muitas e bastante complexas. A globalização, o trabalho escravo, infantil, a maximização do lucro
a qualquer custo, o incremento da tecnologia, a diminuição dos postos de trabalho, o desemprego, as
estratégias de vendas agressivas, a manipulação de desejos criando-se necessidades e novos padrões
de consumo, o consumo de marcas, de qualidade, durabilidade, adequação ao uso, preço e os direitos
do consumidor são alguns dos temas que devem ser discutidos dentro da escola, por todos os
componentes curriculares.
Especificamente quanto à Educação Física, Medina denuncia as interrelações entre a sociedade, a
Educação Física e o corpo consumo, quando afirma que “... o corpo virou fetiche e, no modelo de
sociedade em que vivemos, o fetiche sempre vira mercadoria e é por aí que ele entra no mercado para
ser consumido”. E, como possibilidade, o autor ressalta que “uma visão revolucionária do corpo precisa
começar pela tarefa de sua desmistificação, mas uma desmistificação que não caia no seu oposto, a
ponto de esquecê-lo. O corpo esquecido também é um corpo doente”.
Assim, cumpre à Educação Física na escola, oferecer elementos que auxiliem os alunos a refletir como
os signos são impregnados no corpo, no que diz respeito ao tema trabalho e consumo. Como sugestão
e exemplos, estamos propondo as seguintes temáticas para as aulas de Educação Física escolar:
- quais mudanças ocorreram nas últimas décadas referentes às vestimentas (roupas, tênis...)
destinadas à prática do esporte e da atividade física? Quais são, realmente, necessárias para as aulas
regulares de Educação Física e quais são para o esporte de rendimento? Quais as diferenças (por
exemplo, tênis com amortecimento, roupas justas, maiôs que facilitam o deslizamento na natação...)? O
que é necessário? E o que é meramente comercial? Qual a durabilidade, preço e qualidade dos produtos
esportivos? Quem os produz? E de que forma?
- além das roupas e calçados também seria interessante incluir discussões a respeito do consumo de
aparelhos para ginástica, seus reais benefícios ou não, ou mesmo o que esperar e procurar nas
academias de ginástica.
- na temática relativa ao trabalho, a empregabilidade dos jogadores de futebol profissional pode ser
uma fonte interessante de debates. Existe no imaginário dos alunos uma crença de que todos os
jogadores são bem sucedidos. Discussões, palestras com ex-jogadores a respeito da realidade do
trabalho do atleta podem contribuir para a ampliação dessa visão, mostrando, inclusive, como atletas
altamente remunerados convivem com outros, muito mal pagos, sem segurança e sem respeito às
legislações trabalhistas, ou com o desemprego.
Orientação Sexual
Esse tema engloba os conceitos de sexualidade ligada naturalmente à vida e à saúde; às questões de
gênero dando ênfase ao papel social de homens e mulheres e os estereótipos e preconceitos da relação
entre ambos; além das discussões relacionadas às doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez na
adolescência.
A partir da década de 80 a sexualidade passou a ser discutida nas escolas, provavelmente em função
do avanço da AIDS e do aumento do número de adolescentes grávidas. Porém, a verdadeira
implementação desse tema, superando apenas aqueles conhecimentos acerca do funcionamento do
aparelho reprodutor humano, encontra-se distante da escola pública, provavelmente, devido às
dificuldades encontradas pela escola e pelo professor ao abordar questões que envolvem valores,
crenças e opiniões.
A sexualidade torna-se um assunto de grande importância quando visualiza, não apenas a reprodução
humana, mas também a busca do prazer. A discussão deve estender-se além da dimensão biológica,
perpassando também pelas dimensões psíquica e sociocultural.
A tarefa do professor de Educação Física é perceber, levantar e discutir essas questões mantendo
uma postura crítica e reflexiva de tal maneira que seus próprios valores não sejam explicitados e tomados
como verdadeiros. Por outro lado, o professor pode também trabalhar tais questões quando essas forem
levantadas pelos alunos, levando sempre em consideração sua faixa etária.
As aulas de Educação Física (que na maioria das vezes, são mistas) também se encontram repletas
de situações ligadas às relações de gênero, ou seja, a construção social e cultural do masculino e do
feminino. Os valores preconceituosos são explicitados nas atitudes cotidianas dos alunos. Um exemplo
seria o jogo de futebol, por ser considerado um jogo tradicionalmente masculino, as meninas que jogam
são geralmente, estigmatizadas. Outro exemplo é dança para os meninos.
Nesse sentido, o professor precisa estar atento e deve estimular a reflexão sobre a relatividade das
concepções associadas ao masculino e ao feminino; ao respeito mútuo entre os sexos e o respeito às
muitas e variadas expressões do feminino e do masculino. A concepção de coeducação deve estar
realmente presente nas aulas assim, meninos e meninas deveriam vivenciar as mesmas práticas,
discutindo e entendendo a questão das diferenças e buscando as melhores soluções.
Saúde
O conceito de saúde apresenta limitações quando se pretende defini-lo de maneira estanque e
conclusiva. Isto porque quando se fala em saúde não podemos deixar de considerar seus fatores de
influência e determinação: o meio ambiente, os aspectos biológicos, socioeconômicos, culturais, afetivos
e psicológicos.
Com esse significado mais dinâmico do conceito de saúde, os PCNs fundamentam a concepção de
saúde no exercício da cidadania, argumentando que é preciso capacitar os sujeitos a se apropriarem de
conceitos, fatos, princípios, tomar decisões, realizar ações e gerar atitudes saudáveis na realidade que
os mesmos estão inseridos.
Neste sentido, as ações profiláticas (promoção e proteção da saúde), complementam as ações
curativas e de reabilitação e, por isso, não podem existir isoladamente, justificando, também, a inserção
de tal tema na escola. Afinal de contas, conhecer, discutir, conscientizar e instrumentalizar constituem
alguns dos objetivos escolares.
Na Educação Física, a saúde esteve historicamente ligada à área, muito embora tal ligação estivesse
voltada ao caráter eminentemente biológico e informativo. Superando essa perspectiva histórica a partir
desse novo enfoque trazido pelos PCNs, a Educação Física necessita refletir sobre o conceito de saúde
de maneira mais ampla, de modo que as dimensões social, psicológica, afetiva e cultural também sejam
privilegiadas.
Reconhecer, portanto, o papel da influência da mídia ligada à saúde e à atividade física vincula-se à
função do professor de Educação Física, responsabilizando-o por fazer uma leitura crítica do cenário
atual. Afinal, abrindo um jornal, lendo uma revista ou assistindo à TV, insistentes são os apelos feitos em
prol da atividade física. A mídia não descansa; quer vender roupas esportivas, propagandas de
academias, tênis, aparelhos de ginástica e musculação, vitaminas, dietas..., uma espécie infindável de
materiais, equipamentos e produtos alimentares que, por trás de toda essa “parafernália”, impõem um
discurso do convencimento de um corpo belo, saudável e, em sua grande maioria, de melhor saúde. Por
isso tem-se a impressão, atualmente, que atividade física e saúde são sinônimos.
Com esse pensamento, cabe ao professor de Educação Física identificar o contexto da saúde na área,
construindo e incentivando discussões e reflexões que possibilitem ao aluno fazer uma leitura crítica do
meio que o mesmo está envolvido.
Alguns temas que podem ser trabalhados em aula referem-se às inúmeras associações da saúde com
o esporte. O professor necessita desnudar esse cenário, pois afinal de contas, será que o esporte é só
saúde? Como explicar, por exemplo, a utilização abusiva do doping no meio esportivo? Ou ainda, qual a
justificativa saudável entremeio a tantas lesões causadas pela prática do esporte?
Outra discussão possível, associando Educação Física com a saúde, diz respeito à “malhação”
desmedida, será que somente a prática de atividades físicas garante uma vida saudável? E os modelos
Após a crítica à concepção tradicional de Educação Física (EF) pelo movimento renovador da década
de 19802, a expectativa era a de que a prática pedagógica na EF escolar vivesse novos tempos e que a
EF se afirmasse no currículo escolar como uma disciplina responsável pela transmissão de uma
importante parcela da cultura humana. E, ainda, que ela saísse da condição de mera atividade destinada
a apenas divertir os alunos ou, então, desenvolver neles a aptidão física e as habilidades esportivas (a
monocultura do esporte), e passasse a introduzir os alunos no mundo da Cultura Corporal de Movimento,
de maneira que os mesmos adquirissem não só o saber fazer corporal (apropriando-se das diferentes
práticas ou técnicas corporais), mas, também, que fossem capazes de situar criticamente essas práticas
nas suas vidas e na sociedade em que vivem, tornando-se assim construtores, ao invés de meros
consumidores dessa cultura.
Por várias razões, que não é possível discutir aqui, o que presenciamos de lá para cá foi, sim, um certo
declínio da EF tradicional, mas, por outro lado, a não construção concomitante de uma “nova prática”, o
que vem sendo caracterizado por Fensterseifer e González (2010) como uma situação entre o “não mais
e o ainda não”. Em muitos casos não temos mais a EF tradicional (com seu ensino dos esportes visando
às competições escolares)3, mas também ainda não temos uma perspectiva crítica de EF largamente
consolidada nas práticas pedagógicas escolares. Ou seja, parece que vivemos um hiato. Outra leitura
possível4 do atual momento que vive a EF é a de que, em função da inexistência hoje de uma “EF oficial”,
instalou-se um quadro de maior pluralidade de visões de EF, o que é visto por alguns como algo negativo,
com o argumento de que assim “cada um faz o que quer!” Entendo, ao contrário, que é preciso não
apenas conviver e respeitar essa pluralidade como condição de uma sociedade democrática6, como
compreendê-la como produtiva, como fator de criatividade.
Em termos legais, a EF no Brasil tem um lugar reconhecido no currículo das escolas de Ensino
Fundamental e Médio, embora isso não elimine de imediato seu crônico déficit de legitimidade7. Mas,
sobre sua contribuição, sobre a forma que vai assumir (se, por exemplo, vai assumir as características
presentes nas demais disciplinas escolares), persistem muitas dúvidas e controvérsias. Se na própria EF
existem dúvidas a respeito, no âmbito do campo pedagógico mais geral (entre diretores de escola e
coordenadores pedagógicos, por exemplo) essas dúvidas (e mesmo o desconhecimento) são ainda
maiores. Enquanto isso, a EF oscila entre práticas inovadoras e de desinvestimento pedagógico.
Nesse contexto, encontramos nos cotidianos escolares práticas pedagógicas em EF que ainda podem
ser caracterizadas como da EF tradicional, mas também dois outros “extremos” vêm ganhando algum
terreno e importância. Trata-se, por um lado das práticas inovadoras (muitas vezes orientadas na
produção do chamado Movimento Renovador), mas, por outro, de práticas de desinvestimento
pedagógico, ou seja, a prática da “não-aula”, do mero ocupar as crianças 15 com uma bola sem
intervenção pedagógica intencional e efetiva.
255
BRACHT, Valter. Dilemas no cotidiano da Educação Física escolar: entre o desinvestimento e a inovação pedagógica.
256
http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/resumos/resumos/5092.htm
Questões
01. (SEDU/ES - Professor - FCC). Para muitos, a denominada crise de identidade da Educação Física,
deflagrada na década de 1980, deriva da falta de definição de sua especificidade. É a partir de seu objeto
que se estabelece a sua função social e os conhecimentos que lhe darão suporte. Comumente, alguns
termos contribuíram para sua identificação e correlatos a eles a definição da sua função e fundamentação
teórica. Diante disso, o termo
(A) atividade física ou atividade físico-esportiva e recreativa atribui à Educação Física a função de
facilitar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor do indivíduo e a aquisição de hábitos saudáveis,
fortalecendo a noção de educação integral. Ancora-se nos fundamentos da psicologia do
desenvolvimento.
(B) cultura corporal ou cultura corporal do movimento atribui à Educação Física a função de possibilitar
a compreensão e atuação crítica nos contextos e processos sociais nos quais a cultura é produzida,
transmitida e partilhada por meio da aquisição de um saber fazer corporal e um saber sobre o realizar
corporal. Ancora-se nas ciências humanas e sociais.
(C) movimento humano atribui à Educação Física a responsabilidade pela educação do movimento e
a educação pelo movimento, que incidem na aquisição de habilidades motoras e proprioceptivas básicas
com repercussões na aptidão física e nos relacionamentos interpessoais e intrapessoais. Ancora-se nos
fundamentos das ciências biológicas.
(D) preparação física atribui à Educação Física a função de habilitar o educando para enfrentar as
exigências do mundo do trabalho e selecionar os que se destacarem como mais talentosos para
atividades esportivas e ginásticas. Ancora-se na biomecânica, na fisiologia do exercício e nas teorias das
inteligências múltiplas.
(E) comportamento motor atribui à Educação Física o papel de facilitar a aquisição dos mecanismos e
processos subjacentes à aquisição das habilidades motoras por parte dos educandos e o enfrentamento
dos fatores que as afetam, tendo em vista a qualidade dos movimentos e a promoção da atuação crítica
na sociedade. Ancora-se nas teorias sistêmicas e comportamentais.
02. (TJ/PE - Analista Judiciário - FCC). A educação física é uma profissão que repercute em vários
setores da sociedade pelo fato de estabelecer relações estreitas com a saúde, a educação e o lazer.
Essas relações se estabelecem, principalmente, porque a educação física na saúde
(A) age no diagnóstico de doenças crônico-degenerativas, na educação atua na seleção, montagem e
treinamento das equipes esportivas escolares, e no lazer por organizar e implementar corridas de rua.
(B) age na cura de doenças crônico-degenerativas, na educação atua de forma preponderante ao
controlar e disciplinar o corpo das crianças, e no lazer por sua capacidade de organizar acampamentos
esportivos.
(C) atua no tratamento de lesões de origem esportiva e laboral, na educação atua na organização de
competições esportivas escolares e no lazer por atuar na administração de espaços de prática de
atividade física.
(D) auxilia o médico na rotina ambulatorial com pacientes de diferentes idades, na educação atua na
organização e implementação das festividades cívicas nacionais na escola, e no lazer por atuar e
implementar a organização de festas populares.
(E) age no cuidado da pessoa no âmbito da atenção primária, na educação participa efetivamente da
escolarização formal como um dos componentes curriculares, no lazer por seu papel na atribuição de
sentidos a práticas corporais na reflexão sobre o tempo livre.
03. (SEE/AC - Professor de Educação Física - FUNCAB). Em nossa sociedade, percebe- se uma
supervalorização do trabalho em detrimento do tempo de lazer. Valorizar o lazer e seus diferentes campos
de interesse é uma característica atribuída a que dimensão social do esporte?
(A) Competição
(B) Participação
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
A concepção de cultura corporal amplia a contribuição da Educação Física escolar para o pleno
exercício da cidadania, na medida em que, tomando seus conteúdos e as capacidades que se propõe a
desenvolver como produtos socioculturais, afirma como direito de todos o acesso a eles. Além disso,
adota uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da
autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. O
trabalho de Educação Física abre espaço para que se aprofundem discussões importantes sobre
aspectos éticos e sociais, alguns dos quais merecem destaque.
02. Resposta: E
A área de Educação Física, hoje, contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela
sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades
culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com
possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde.
03. Resposta: B
Com a participação dos indivíduos deve-se localizar em cada uma dessas manifestações (jogo,
esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de
utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as
propostas para a Educação Física escolar.
* Candidato(a). O tema aspectos do exercício físico para a criança e o adolescente foi trabalhado no
tópico 05.
CONDICIONAMENTO FÍSICO
Resistência Cardiorrespiratória
Força Muscular
A força muscular é a capacidade de mover um músculo contra resistência. Para ficar mais forte é
preciso puxar ou empurrar contra resistência, como seu próprio peso, equipamentos de musculação ou
pesos livres. Exercício físico regular mantém os músculos fortes e torna mais fácil desempenhar
atividades físicas no dia a dia.
Resistência Muscular
É a capacidade de um músculo, ou grupo muscular, manter empurrando contra resistência por longo
período de tempo. Exercícios aeróbicos também ajudam a melhorar a resistência muscular. Atividades
como corrida melhoram a frequência cardíaca e tornam o músculo cardíaco mais forte.
Alongamento e Flexibilidade
Atividade física nada mais é do que qualquer movimento do corpo gerado pela musculatura esquelética
e que produza um gasto de energia maior do que em repouso. Estas atividades, em geral, estão
correlacionadas com a melhora da saúde, tanto física como mental, e também do condicionamento físico.
Se a pessoa está sem realizar atividades físicas por muito tempo o ideal é que comece bem devagar,
se exercitando 30 minutos por dia pelo menos três vezes por semana, ou se seu condicionamento físico
não lhe permite praticar uma atividade por 30 minutos contínuos, dividida as atividades em sessões de
10 à 15 minutos ao longo do dia. Exemplos de atividades: caminhada, corrida, prática de algum esporte
ou até mesmo os afazeres domésticos.
A atividade física pode ser dividida em exercício anaeróbio e aeróbio. Os exercícios anaeróbios
constituem movimentos de curta duração e de alta intensidade, e com isso desenvolvem a força e a
potência, por exemplo, musculação, sprints, saltos. Os exercícios aeróbios são aqueles de maior duração
e menor intensidade desenvolvendo, dessa forma, a resistência, capacidade respiratória e
consequentemente o condicionamento físico. Exemplos: caminhar, correr, pedalar, nadar, dançar e etc.
Os benefícios da atividade física regular são muitos e podemos citar e explicar alguns deles:
Para o controle do peso corporal: a prática da atividade física regular auxilia no controle do peso,
pois utiliza as calorias consumidas em excesso e que seriam guardadas em forma de gordura como fonte
de energia para manter o corpo em movimento. Utilizar uma combinação de exercícios aeróbios e
anaeróbios ajudam na perda de peso e a tonificar os músculos.
Para a saúde mental: faz o corpo ter mais energia, e com isso, produz uma sensação de bem-estar,
aumenta sua autoestima, melhora o humor e previne o estresse, a ansiedade e a depressão. Atividades
como ioga, pilates e tai chi chuan auxiliam nesses aspectos.
Para a saúde física: melhora o funcionamento e resistência cardiovascular, auxilia a desenvolver
músculos, ossos e articulações mais fortes e saudáveis, melhora a flexibilidade, o equilíbrio e outras
O tempo de vida do ser humano tem aumentado significativamente a ter uma vida longeva. Hoje em
dia, já não é uma grande vitória, quando a média atual de expectativa de vida nos países desenvolvidos
está em torno de oitenta anos e quando as pesquisas biomédicas encontram dados que as permitem
inferir sobre o potencial genético do homem para viver até mais de cem anos. Para se viver muito, níveis
dignos de sobrevivência e de direitos humanos devem ser respeitados e o cidadão deve ter acesso aos
avanços científicos e tecnológicos das diferentes áreas relacionadas à saúde. Inovações em técnicas,
procedimentos, medicamentos, vacinas e novos conhecimentos sobre alimentação e sobre os efeitos
agudos e crônicos do exercício físico colaboraram para esse fenômeno.
Em toda a história da humanidade, a atividade física vigorosa sempre esteve associada com a imagem
de pessoas saudáveis. Basta lembrarmos dos jogos olímpicos que começaram na Grécia 776 A.C.
Popularmente existe a tendência para considerar todas as pessoas iguais, sendo as diferenças
individuais atribuídas a fatores ambientais tais como hábitos de vida e alimentação, entre outros, e
esquece-se os fatores hereditários, genéticos. É importante lembrar que a saúde das pessoas repousa
sobre duas colunas: a constituição genética e as condições ambientais. Entretanto, agora, vamos dedicar-
nos a estas últimas, porque a consciência e a preocupação com as heranças genéticas, não deve levar
à posição de negligência do papel dos fatores ambientais. Dentre estes, que estimulam a saúde das
pessoas, estão os exercícios físicos, ao lado da boa alimentação, da higiene, das imunizações, da vida
em ambiente saudável, do sono e da recuperação adequada dos esforços físicos e mentais.
Consideração de importância é a de que os benefícios do exercício são comuns a todos os tipos de
atividade física, esportiva ou laborativa, desde que os esforços não sejam excessivos em relação à
condição física da pessoa. O exercício é uma forma de sobrecarga para o organismo. Sobrecargas bem
dosadas estimulam adaptações de aprimoramento funcional de todos os órgãos envolvidos, mas quando
excessivas, produzem lesões ou deterioração da função.
O sedentarismo caracteriza-se por uma ausência de sobrecargas para todo o sistema neuro-
musculoesquelético e metabólico, levando ao enfraquecimento progressivo de estruturas com funções
biomecânicas, e a alterações funcionais que estatisticamente se correlacionam com maior incidência ou
gravidade de doenças. Com base em estudos epidemiológicos e fisiopatológicos, formou-se o consenso
de que os exercícios estimulam a saúde em diversos aspectos:
1. Alívio de tensões emocionais: a atividade física é reconhecida como uma forma eficiente de aliviar
o stress emocional, diminuindo assim um importante fator de risco para diversas doenças crônicas.
2. Melhora da composição sanguínea: os exercícios em geral tendem a normalizar os níveis de
glicose, gorduras e diversas outras substâncias no sangue, que podem estar alterados e trazer riscos aos
portadores.
3. Redução da pressão arterial: pessoas ativas fisicamente tendem a ter níveis pressóricos mais
baixos, e os exercícios em geral auxiliam a diminuir a pressão arterial dos hipertensos.
4. Estímulo ao emagrecimento: qualquer tipo de exercício estimula a redução da gordura corporal,
diminuindo assim a possibilidade da pessoa desenvolver doenças como a aterosclerose, o diabetes e
outras.
5. Aumento da densidade óssea: o sedentarismo leva à uma diminuição progressiva da resistência
óssea, aumentando o risco de fraturas, e os exercícios físicos constituem recurso de alta relevância para
evitar e reverter essa situação.
6. Aumento da massa muscular: a atividade física habitual leva à um aumento do volume e força dos
músculos, protegendo as articulações e favorecendo a aptidão física.
7. Desenvolvimento da aptidão física: os exercícios aumentam a capacidade das pessoas
realizarem esforços, permitindo assim maior autonomia motora, condição conhecida como boa qualidade
de vida.
Um dos aspectos que não pode ser esquecido, em função de sua importância para a vida em
sociedade, é a deterioração da forma do corpo consequente ao sedentarismo. A falta de exercícios leva
à diminuição progressiva da massa muscular e à tendência para o acúmulo de gordura. Tendo os
músculos consistência firme e formas arredondadas, sua função é modeladora, tanto no homem quanto
O álcool trás para as pessoas e principalmente para os atletas alguns problemas. O primeiro efeito é
sentido no rim: o atleta começa a desidratar porque a perda de líquido pelo corpo é maior; na pele,
acontece a vasodilatação periférica, o que acarreta na perda de calor podendo levar a hipotermia em
lugares mais frios; acúmulo de gordura porque altera o metabolismo de açúcar e gordura corporal;
enfraquecimento muscular; perda de resistência para um exercício continuado ou um programa de
treinos; aumento da pressão arterial; comprometimento da habilidade motora; inibe a absorção de vários
tipos de vitaminas, inclusive o complexo B, e com isso atrapalha o crescimento muscular e acontece perda
de massa magra (músculos); afeta o SNC (Sistema Nervoso Central), isso no atleta implica na diminuição
da velocidade de reação, por exemplo. Com isso é evidente que o desempenho do atleta fica
comprometido e aumenta o risco de lesões.
Fumantes260
258
https://bit.ly/2LbGA8A
259
http://www.cstur.com.br/artigos/atividade-fisica-e-alcoolismo
260
http://www.efdeportes.com/efd85/fumantes.htm
261
NIEMAN, D. C. Exercício e saúde Exercício e saúde Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. Tradução de
Marcos Ikeda. São Paulo: Manole.
262
OGA, S. Fundamentos da Toxicologia. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora.
263
OGA, S. Fundamentos da Toxicologia. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora.
264
OGA, S. Fundamentos da Toxicologia. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora.
265
NIEMAN, D. C. Exercício e saúde Exercício e saúde Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. Tradução de
Marcos Ikeda. São Paulo: Manole.
266
OGA, S. Fundamentos da Toxicologia. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora.
O tabagismo pode ser um dos melhores prognósticos de coronariopatia e o risco está relacionado
diretamente ao número de cigarros fumados. A probalidade de morte por doença cardíaca nos fumantes
é quase duas vezes maior que nos não-fumantes. Os centros para o Controle e a Prevenção das Doenças
estimam que cada cigarro fumado rouba sete minutos da vida de um fumante. Quando mais se fuma (ou
fica exposto à fumaça do cigarro) quanto mais profundamente se inala e quanto mais rico for cigarro em
termos de alcatrão e de co-produtos nocivos maior será o risco do desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
Quando esses fumantes relativamente jovens sofrem um ataque cardíaco existe uma probabilidade de
80% de que o tabagismo tenha sido a causa; a probabilidade percentual quase de 70% para os que estão
em sua sexta década de vida e 50% para aqueles que estão em sua sétima e oitavas décadas. Além
disso, os fumantes comportam uma probabilidade quase cinco vezes maior de terem um acidente vascular
cerebral que não-fumantes e aqueles que fumam um maço ou mais por dia comportam uma probabilidade
11 vezes maior de sofrerem um tipo específico de acidente vascular cerebral brusco e fatal que tende a
acometer homens e mulheres mais jovens. Supreendentemente, esse risco, devido ao fumo, está
associado com mais mortes que a taxa de mortalidade excessiva dos fumantes devida ao câncer de
pulmão.
Em geral, observa-se que o risco do fumo age independentemente dos outros fatores de risco. Contudo
e ao mesmo tempo se existem outros fatores de risco o tabagismo acentua sua influência. O tabagismo
pode facilitar a cardiopatia através de seu efeito sobre as lipoproteínas sérias; os indivíduos que fumam
apresentam níveis mais baixos de colesterol HDl, em comparação com os não-fumantes. Entretanto, ao
parar de fumar o HDL e o risco de cardiopatia retornam aos níveis dos não-fumantes.
Questão
01. (TJ/PE - Analista Judiciário - FCC) São componentes do condicionamento físico relacionado à
saúde:
(A) composição corporal, força e resistência muscular, flexibilidade e função cardiorrespiratória.
(B) composição corporal, força e resistência muscular, equilíbrio e função cardiorrespiratória.
(C) nível técnico de execução e coordenação motora, força e resistência muscular, flexibilidade e
respiração.
(D) equilíbrio, força e resistência muscular, coordenação e função cardiorrespiratória.
(E) nível técnico de execução e coordenação motora, coordenação, força e resistência muscular e
função cardiorrespiratória.
Gabarito
01.A
Comentário
01. Resposta: A
Força Muscular: a força muscular é a capacidade de mover um músculo contra resistência. Para ficar
mais forte é preciso puxar ou empurrar contra resistência, como seu próprio peso, equipamentos de
musculação ou pesos livres. Exercício físico regular mantém os músculos fortes e torna mais fácil
desempenhar atividades físicas no dia a dia.
ASPECTOS BIOLÓGICOS
Malina e Bouchard afirmam que, cada indivíduo tem um relógio biológico que regula o desenvolvimento
de seu corpo como um todo. Para Machado e Barbanti, a maturação é um processo que marca o início e
o fim do desenvolvimento humano, o qual naturalmente deve ser contínuo até sua finalização na
maturidade267.268.
O corpo de jovens que amadurecem precocemente tende a ser mesomórfico (ombros musculosos e
mais largos) no caso dos meninos, ou endomórfico (quadris mais redondos e largos) no caso das
meninas, ao passo que nos jovens tardiamente maduros o corpo tende a ser ectomórfico (delgados e
altos).
As crianças vão adquirindo mais equilíbrio, agilidade e coordenação a medida que vão crescendo,
pois, seu sistema nervoso vai se desenvolvendo. Isto indica que a prática de atividades ou habilidades
podem melhorar até certo ponto, pois para o desenvolvimento integral dependerá da maturação completa
do sistema nervoso, onde então ocorrem reações rápidas e movimentos habilidosos. A força é também
influenciada por essa maturação.
Para planejar e melhorar programas seguros e eficazes de treinamento na escola é importante
entender a fisiologia do exercício relacionado ao desenvolvimento e os profissionais da área estarem
informados sobre como o corpo da criança e do adolescente responde aos exercícios. Os marcadores
morfológicos, as características sexuais e a maturação esquelética podem auxiliar neste entendimento,
para a utilização de exercícios adequados em aula.
267
SENA, L. B. de. Serafim, M. D.; Andrade, V. L. B. de.; Silva, V. S.; Silva, C. G. S. da. A influência da maturação biológica no desenvolvimento motor em escolares.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013.
268
http://www.def.unir.br/downloads/1218_perfil_da_recreacao_escolar_e_sua_importancia_como_acao.pdf.
269
BATISTA, L. A. A biomecânica em Educação Física Escolar. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2001.
Gerhard Hochmuth esclarece que "...a Biomecânica estuda os movimentos do homem e do animal a
partir do ponto de vista das leis mecânicas...". Complementa dizendo que, por conseguinte, o objeto de
sua investigação "...é o movimento mecânico (mudança de lugar de uma parte da massa) do homem e
do animal, considerando as propriedades e pressupostos mecânicos do aparato do movimento os quais,
por sua vez, dependem funcionalmente das condições biológicas do organismo”.
Hochmuth leva-nos a inferir, motivados por suas declarações, que esse campo de conhecimentos faz
parte de um "... complexo científico de investigação do movimento...", que tem como objetivo fornecer
informações que devem ajudar na compreensão de certos elementos do ato motor, tais como: detalhes
acerca do ciclo de movimentos mais eficientes; detalhes acerca de resultado obtidos a partir do exercício
motriz, transformado em parâmetros mensurável e o esclarecimento dos pressupostos físicos e psíquicos
do indivíduo assim como de sua capacidade de aprender e de assimilar.
Doris I. Miller e Richard C. Nelson conceituam biomecânica como sendo "...a ciência que investiga os
efeitos de forças internas e externas sobre os corpos vivos...”. Os autores defendem a ideia de que esta
disciplina deve possibilitar, através das estratégias metodológicas que congrega, a realização de
"...precisas avaliações quantitativas do desempenho humano...”.
Jaune A. Mirallas Sariola traz-nos a interessante visão de um especialista no desporto judô.
Em seu modo de entender a "...importância das ciências de suporte ao treinamento dos desportos de
elite é indiscutível...". Esclarece que a “... biomecânica ocupa, nesse sentido, um nível destacado, como
ajuda ao ensino da técnica desportiva”.
Essa sequência de declarações permite-nos tirar algumas ilações acerca do que seja biomecânica e
para que ela serve.
Como se pode concluir, a partir do que é dito por esses autores, pesquisadores ou usuários, considerar
que o conhecimento produzido por essa ciência está relacionado, única e exclusivamente com o esporte
de alto rendimento é um ato que carreia consigo, no mínimo, dois grandes equívocos que devem ser, de
imediato, esclarecidos.
Em primeiro lugar a biomecânica não serve apenas para a discussão do movimento corporal esportivo,
como é comum alguns afirmarem, e o segundo é que, mesmo quando ela está voltada para o esporte, o
alto rendimento não é a única possibilidade, não obstante o fato de ser esse o universo mais explorado.
De saída podemos constatar que, em verdade, estamos lidando com uma ciência voltada ao estudo
dos comportamentos físico-mecânicos de corpo humano, dentre os quais o movimento corporal, segundo
um ponto de vista claramente definido.
No caso do movimento, por exemplo, não é examinado um tipo específico e sim de qualquer
comportamento motor. Quem irá definir o tipo de motricidade a ser estudada será o investigador. O fato
de se ter investigado massivamente o desporto de alto rendimento está fundado em razões históricas e
não significa, de forma alguma, que essa seja a única ou mesmo a principal aplicação.
O outro ponto importante diz respeito a inexistência de um enunciado que defina o que seja a
biomecânica. Pelo que é dito por especialistas e usuários, ainda hoje, não é possível apresentar uma
definição clara e inequívoca deste campo de conhecimento. O desvelamento de tal fato vem reforçar a
veracidade da proposição de que estamos lidando com uma ciência ainda em intenso processo de
retificação, em outras palavras, uma ciência que ainda não atingiu seu melhor estágio de desenvolvimento
epistemológico ou, como referimos anteriormente, sua maturidade final.
De certa forma isso é extremamente saudável pois é no decurso de construção de sua estrutura
epistemológica que uma ciência vai sendo moldada, dentre outras coisas, para apresentar um
determinado nível de aplicabilidade a setores específicos.
Porém, se por um lado não é possível defini-la, por outro abundam-lhe conceitos. Isso também é muito
importante pois que a presença de diferentes conceitos nos indica a grande gama de possibilidades
operacionais de um ramo da ciência.
Possibilidade Concreta
No decorrer da busca por soluções constatamos que um certo número de objetos inerentes ao universo
da Educação Física, para além daqueles típicos do ambiente esportivo, têm sido investigados pela
Biomecânica, o que denota, já, um certo grau de transcendência.
Dentre esses objetos materiais o “Movimento Corporal” é um dos mais presentes nas investigações.
Isto de certa forma é um ponto positivo no sentido de estabelecermos uma conexão coerente com o
universo da Educação Física escolar. Não há dúvidas de que, de um ponto de vista genérico, o movimento
corporal do ser humano faz parte do universo fenomenal da Educação Física como um todo.
Porém, antes de desencadearmos um entusiasmo desenfreado e prosseguirmos em nossas
argumentações defensivas, cabe apresentar algumas noções fundamentais acerca do conceito de
“Objeto” adotadas por nos de forma a deixarmos claro os limites de nossas considerações. Estamos
partindo, nesse caso em particular, da possibilidade de existência de diferentes tipos de Objetos, dentre
os quais dois serão utilizados por nós, a saber: os materiais e os formais.
“O objeto material é como objeto indeterminado; a sua determinação opera-se por meio do objeto
formal. A diferença entre objeto formal e objeto material funda-se na diferença entre o conhecido e o
objeto do conhecimento.”
Diante de tal premissa dizer que a Biomecânica estuda o “Movimento corporal” não é delimitação
suficiente, visto ser esse um objeto material. Como tal ele tem a capacidade de gerar uma grande
quantidade de diferenciados objetos formais, o que aliás tem constituído uma ocorrência concreta. O
problema aqui é que muitos dos objetos formalizados a partir do “Movimento Corporal” podem não fazer
parte do universo da Educação Física Escolar, e é com base no objeto já formalizado que se determina
a especificidade do campo de conhecimento e, consequentemente seu nível de aplicabilidade a outros
setores.
Em decorrência de tais características não basta defendermos a pertinência da aplicação de
conhecimentos oriundos da Biomecânica no contexto da Educação Física Escolar dizendo que ela
investiga o movimento corporal. É de fundamental importância que ela investigue movimentos corporais
pertinentes ao contexto ao qual pretende-se ela seja aplicada.
Cortisol: o cortisol é conhecido como o hormônio do stress. Isso acontece porque nas situações em
que mais nos estressamos, nossa glândula adrenal aumenta a produção e a liberação desse hormônio
na corrente sanguínea.
No entanto, quando nos exercitamos, o cortisol contribui para que os carboidratos sejam transformados
em glicose para nos dar energia.
Glucagon (ou glicagina): o corpo precisa de muita glicose para poder se exercitar, porém, às vezes,
o corpo possui armazéns (como o fígado e as células de gordura) que não podem ser usados naquele
exato momento.
270
https://awebic.com/saude/o-que-acontece-corpo-exercicio-fisico/
Insulina: a insulina é um hormônio necessário para regular os níveis de açúcar no sangue ajudando
a glicose adentrar as células para ser usada como energia ou para ser armazenada.
Conforme os músculos começam a usar o estoque de glicose durante o exercício, a insulina leva a
glicose estocada no fígado para os locais em que ela é necessária.
Após o exercício, a insulina leva a glicose de volta ao fígado e aos músculos para ser estocada
novamente.
Epinefrina e noraepinefrina: esses hormônios são críticos quando o corpo precisa de uma resposta
rápida durante as situações de stress, inclusive na hora dos exercícios.
A Epinefrina também é conhecida como adrenalina e contribui para o aumento do fluxo sanguíneo que
chega nos músculos para entregar oxigênio e glicose.
A noraepinefrina trabalha para melhorar a sagacidade mental. A pessoa fica literalmente mais esperta.
Ácido Láctico: como o corpo usa rapidamente os estoques de glicose como fonte de energia durante
os exercícios, as células estão fazendo subprodutos com uma velocidade maior do que a que o corpo usa
para eliminá-los.
Mesmo que as pessoas não consigam sentir as reações químicas acontecendo, é difícil ignorar a
presença do ácido láctico. O acúmulo desse ácido nos músculos causa uma sensação de queimação que
indica que o corpo precisa de uma pausa.
Cálcio: a atividade física cria stress no esqueleto que, por sua vez, desencadeia um processo natural
e necessário conhecido como “remodelagem óssea”.
As células chamadas de osteoclastos ajudam o corpo a reabsorver o tecido ósseo maduro enquanto
que os osteoblastos criam novas células ósseas.
O cálcio é um componente essencial que ajuda as novas células a endurecerem e a darem suporte ao
esqueleto. Pode ser consumido nos laticínios como leite e queijo, bem como nos vegetais verdes como a
couve, o brócolis e o espinafre.
Cloreto: embora apenas pequenas quantidades de cloreto sejam perdidas durante os exercícios, ele
é essencial para a manutenção do pH do corpo e o equilíbrio de fluidos. É também um componente
importante das enzimas que digerem as proteínas e ajudam na absorção de certos nutrientes.
A deficiência de cloreto não é comum, mas pode levar à fadiga extrema e à desidratação.
Potássio: outro mineral que é perdido no suor. Ele é importante para o equilíbrio do pH do corpo, na
construção das proteínas, na quebra dos carboidratos, no crescimento muscular, entre outros.
Bananas são as maiores fontes desse mineral. Mas ele também pode ser encontrado no salmão,
brócolis e nas batatas (com casca).
Sódio: o sódio é dono de uma má fama, mas ele é importante para a atividade muscular, a função
nervosa e na regulação da pressão arterial. Quando os níveis de sódio estão muito baixos, acontecem as
câimbras musculares e as vertigens.
O sódio é perdido em grandes quantidades no suor, mas a boa notícia é que repor essa substância é
bastante fácil, pois é encontrada no sal comum. Porém, assim como o cloreto, o excesso de sódio pode
fazer mal à saúde.
Aspectos Bioquímicos271
A Bioquímica é o ramo da ciência que estuda a química da vida. A Bioquímica, como qualquer outra
ciência moderna, depende de instrumentos sofisticados para dissecar a arquitetura e a operação de
sistemas inacessíveis aos sentidos humanos. Além das implicações lógicas para a saúde humana, a
bioquímica revela o trabalho do mundo natural, o que permite entender e apreciar a condição misteriosa
e única que se chama vida.
Seu principal objetivo é a descrição da estrutura, organização e funcionamento da matéria viva em
termos moleculares, sendo que seu campo de ação é dividido em três áreas principais:
- Estudo do metabolismo;
- A química estrutural dos componentes da matéria viva;
- A genética molecular como estudo das substâncias.
Embora os seres vivos sejam todos muito diferentes macroscopicamente, verifica-se que exibem
semelhanças muito pronunciadas em nível da sua bioquímica e, por conta disso, a bioquímica constitui
um tema de estudo unificante de todos os seres, e da vida em si. Seus conhecimentos não são estanques
tendo grande aplicabilidade no conteúdo específico das mais diversas áreas, estabelecendo-se como um
campo altamente interdisciplinar. A relevância da bioquímica para a sociedade nunca foi tão grande; o
impacto da biotecnologia e os avanços na medicina, agricultura, ciências do meio ambiente, ciências
forenses e muitos outros campos apresentam profundas implicações para o futuro da humanidade.
Tal interdisciplinaridade pode ser observada nos cursos de Educação Física, Enfermagem,
Fisioterapia, Odontologia, Química e Biologia. É uma disciplina difícil de ser ministrada pela complexidade
de seus conteúdos e que trata de fenômenos micro e macromoleculares difíceis de serem abstraídos e
compreendidos. Uma outra dificuldade diz respeito ao grande volume de informações atualmente
disponíveis e que devem ser restringidas para acomodar-se ao tempo disponível nas disciplinas de
Bioquímica Básica nos cursos de graduação de formações diversas.
A bioquímica e a educação física se apresentam como duas áreas do conhecimento com grande
interface. A bioquímica aplicada ao exercício teve seu primeiro congresso realizado na Bélgica em 1968
e coordenado pelo Research Group on the Biochemistry of Exercise.
Já na área da Educação Física, verifica-se que a fadiga que ocorre em exercícios físicos prolongados
ou de alta intensidade está associada com baixos estoques e depleção de glicogênio nos músculos,
hiperglicemia e desidratação. Como os estoques de carboidratos (biomoléculas) são limitados no
organismo e suficientes para poucas horas de exercícios, a manipulação da dieta com alimentação rica
em carboidratos e a oferta desses nutrientes, tem como objetivo aumentar os estoques corporais tanto
nos músculos quanto no fígado, melhorar o processo de recuperação, a resposta imunológica e prover
substrato energético prontamente disponível para a utilização durante as atividades físicas. Em geral, as
proporções de macronutrientes da dieta de atletas e indivíduos ativos não são muitos diferentes das
recomendações para a população. No entanto, em função da grande perda de líquido e da demanda
energética acentuada imposta pelo exercício físico esses indivíduos têm necessidades aumentadas de
fluídos e calorias, sendo que grande parte dessa energia deverá ser às custas do metabolismo bioquímico
dos carboidratos.
Um outro exemplo da inter-relação da bioquímica e da Educação Física é o metabolismo de
aminoácidos e a resistência periférica à insulina. A população obesa apresenta como padrão alimentar
maior ingestão de lipídios na dieta com o comprometimento da ingestão de carboidratos, por acreditar
que os carboidratos são os responsáveis pela determinação da gordura corporal. A baixa ingestão de
carboidratos na dieta do obeso impõe ao organismo algumas adaptações no sentido de preservar a
manutenção da glicemia para as células do sistema nervoso central.
A biomolécula mais susceptível a conversão à glicose são os aminoácidos que podem ser oriundos da
ingestão alimentar ou do metabolismo do organismo. Dessa forma, o obeso, compromete a ingestão
alimentar de fontes de carboidratos, favorece maior processamento bioquímico de aminoácido o que,
http://www.uesb.br/revista/Rsc/v2/v2n2a8.pdf
Psicomotricidade
Biometria274
Para se esclarecer o conceito de Biometria, vamos iniciar estas considerações com a análise deste
termo. Biometria é uma palavra composta por dois radicais gregos, bios e metria, que significam,
respectivamente, vida e medida. Temos assim um primeiro conceito de Biometria que é "a medida da
vida".
Entretanto, é um problema muito complexo definir o que é a vida em todas as suas manifestações e a
medida de todas elas não cabe nos limites de um curso. Gomes de Sá (1975) classifica esta definição de
simplista e a crítica por levar a interpretações ambíguas, preferindo entender Biometria como "a ciência
que procura traduzir numericamente os fenômenos biológicos, estabelecendo relações entre os dados
assim obtidos, com o fim de determinar as leis que os regem". Esta é, sem dúvida, uma definição mais
coerente, porém falta especificar os três níveis morfológico, fisiológico e psicológico, os quais estão
subentendidos na expressão "fenômenos biológicos" e que são os níveis em que será estudado o
indivíduo.
Hegg e Luongo275 definem Biometria como "o ramo da Biologia que estuda os caracteres mensuráveis
dos seres vivos, amparado pela análise matemática e estatística".
Assim, quando medimos a altura de um grupo de alunos estamos fazendo Biometria. O mesmo se
pode dizer quando determinamos a frequência cardíaca ou a respiratória dos alunos em relação com a
intensidade de um certo exercício.
A Biometria começou em 1901, na Inglaterra. Pode-se dizer em um sentido geral que a Biometria é a
ciência que estuda quantitativamente os fenômenos vitais.
Objetivos
A Biometria humana tem, pois, um campo muito amplo, compreendendo de modo geral o estudo das
mais variadas medidas relacionadas ao corpo humano. Entretanto, nas páginas seguintes, serão
abordados somente os aspectos relacionados a certo grupo de mensurações, especialmente aquelas que
apresentem alguma importância para a Educação Física.
Divisões da Biometria
De acordo com os objetivos do trabalho biométrico (geral e especial). Na geral temos a animal e
vegetal, enquanto na especial temos a animal, vegetal e biometria humana.
De acordo com o modo de abordar os fenômenos em relação ao tempo e espaço (estática e dinâmica).
272
FONSECA, Vitor. Psicomotricidade. 2ª. ed. São Paulo: Martins Fontes.
273
Idem.
274
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002158.pdf
275
Hegg, R., & Luongo, J. (1971). Elementos de biometria humana. São Paulo, Livraria Nobel.
A ciência evolui quando os fenômenos estudados podem ser medidos. Ao realizar um trabalho físico,
aspectos importantes como a altura, peso, batimentos cardíacos só terão valor se puderem ser medidos,
para que possamos analisar, comparar, construir tabelas, etc.
Claude Bernard afirmava mesmo que só pode haver ciência quando se pode medir os fenômenos.
Em Educação Física, os exercícios aplicados só produzem efeitos benéficos quando bem dosados em
qualidade e em quantidade. Precisamos, pois, conhecer bem o indivíduo a quem dirigimos o trabalho
físico. Neste conhecimento estão incluídos os aspectos mensuráveis do indivíduo.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Para Wolfang Baumann a "...Biomecânica é uma matéria das ciências naturais que se preocupa com
a análise física dos sistemas biológicos, examinando, entre outros, os efeitos de forças mecânicas sobre
o corpo humano em movimentos cotidianos, de trabalho e de esporte...".
02. Resposta: B
Gerhard Hochmuth esclarece que "...a Biomecânica estuda os movimentos do homem e do animal a
partir do ponto de vista das leis mecânicas...". Complementa dizendo que, por conseguinte, o objeto de
sua investigação "...é o movimento mecânico (mudança de lugar de uma parte da massa) do homem e
do animal, considerando as propriedades e pressupostos mecânicos do aparato do movimento os quais,
por sua vez, dependem funcionalmente das condições biológicas do organismo”.
03. Resposta: A
Biomecânica do movimento humano condiz a descrição e análise de parâmetros da biomecânica
externa e interna na locomoção humana, em diferentes idades, níveis de condição física, e estados de
saúde. Fatores biomecânicos que condicionam e determinam a sobrecarga mecânica no movimento
humano
Anatomia é a ciência que estuda e classifica e descreve as estruturas e órgãos do corpo humano.
Etimologicamente, deriva do grego Ana, “repetir”, e tomos, “cortar”; ou seja, da repetição de cortes na
dissecação de cadáveres.
Sistema Esquelético277
O corpo humano é formado por um arcabouço de ossos unidos por ligamentos que conectam um osso
a outro, camadas de músculos e tendões que conectam os músculos aos ossos ou outras estruturas. O
sistema esquelético é responsável pela movimentação, apoio e proteção dos órgãos vitais.
Os ossos são formados por células vivas circundadas por depósitos densos de cálcio; todas as células
ósseas são ricamente supridas por vasos sanguíneos e nervos. O esqueleto do adulto tem 206 ossos que
são classificados de acordo com seu tamanho e formato.
As extremidades ósseas se encaixam umas nas outras formando uma articulação. Todas as
articulações são envolvidas por uma cápsula flexível rígida com uma membrana interna que produz um
líquido espesso para lubrificação. As articulações podem ser imóveis (como as do crânio), ligeiramente
móveis (como as da coluna vertebral) ou de movimento livre (como joelho ou cotovelo).
A emergência mais comum envolvendo o sistema esquelético é a fratura, uma rachadura ou quebra
do osso. Quando a fratura danifica vasos sanguíneos pode causar hemorragia interna potencialmente
grave.
Sistema Muscular
Os músculos dão ao corpo capacidade de movimento. Todos os músculos são compostos de células
longas e filiformes, denominadas fibras, que formam feixes em grupos sobrepostos e intimamente
reunidos.
276
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
277
HAFEN, Q. Brent, Karren, J. Keith, Frandsen, J. Kathryn. Guia de Primeiros Socorros para Estudantes, 7ª edição.
Sistema Circulatório
O sistema circulatório é formado por dois sistemas de transporte principais: o sistema cardiovascular,
que compreende o coração, vasos sanguíneos e sangue, com o objetivo de carregar oxigênio e nutrientes
para as células do corpo e transportar os resíduos das células corporais para os rins. O sistema linfático
fornece drenagem para o líquido dos tecidos, denominado linfa.
O coração contrai e relaxa alternadamente para bombear os pulmões (onde ocorre a oxigenação) e
depois para a vasta rede de vasos sanguíneos. Ele fica localizado no centro esquerdo do tórax,
imediatamente atrás do esterno, e tem aproximadamente o tamanho da mão fechada. As artérias e
arteríolas carregam o sangue oxigenado do coração para as células do corpo. A troca de líquido, oxigênio
e gás carbônico entre o sangue e as células dos tecidos ocorre através dos capilares. As vênulas e veias
carregam o sangue pobre em oxigênio de volta para o coração, onde o ciclo recomeça.
Cada vez que o coração contrai, a corrente sanguínea pode ser sentida, na forma de pulsação, em
qualquer lugar onde uma artéria passa próxima a superfície da pele. As principais localizações onde pode
ser sentido o pulso são: no punho, na virilha e no pescoço.
As emergências envolvendo o sistema circulatório ocorrem quando há sangramento descontrolado,
comprometimento da circulação ou quando o coração perde sua capacidade de bombear.
O corpo depende de um suprimento constante de oxigênio, que é disponibilizado para o sangue pelo
sistema respiratório, que compreende as cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e os pulmões.
Durante a deglutição, a laringe se eleva, enquanto que a epiglote se abaixa, fechando a entrada
da laringe e permitindo a passagem do alimento para o esôfago. Durante a respiração, a epiglote se
eleva, mantendo a laringe aberta e permitindo a passagem do ar.
A passagem do ar para dentro e para fora dos pulmões é denominada respiração. Durante a inspiração,
o ar entra através do nariz chegando até os pulmões. Estes se expandem para preencher a cavidade
torácica, o sangue que circula nos pulmões é oxigenado. Durante a expiração, os músculos do peito
relaxam liberando o ar dos pulmões, o ar exalado carrega com ele gás carbônico. Os brônquios principais
fazem a ligação da traqueia com os pulmões, os brônquios se dividem respectivamente em tubos cada
vez menores denominados bronquíolos. Os bronquíolos continuam a se ramificar, e dão origem a
minúsculos túbulos denominados ductos alveolares. Estes ductos terminam em estruturas microscópicas
com forma de uva chamadas alvéolos.
A frequência respiratória normal em repouso, medida pelo número de respirações por minuto é de 12
a 20 em adultos, de 15 a 30 em crianças e de 25 a 50 em bebês.
As emergências envolvendo o sistema respiratório incluem a obstrução (asfixia), dificuldade para
respirar e parada respiratória.
Sistema Digestório
O sistema digestório compreende o trato alimentar e os órgãos acessórios da digestão - boca, esôfago,
estômago, pâncreas, fígado, baço, vesícula biliar, intestino delgado e intestino grosso.
Sistema Nervoso
O sistema nervoso é composto de centros nervosos (a maioria deles no encéfalo e na medula espinhal)
e nervos que se ramificam a partir desses centros, levando aos tecidos e órgãos do corpo.
Existem duas divisões estruturais principais do sistema nervoso. O sistema nervoso central
compreende o encéfalo e a medula espinha; o sistema nervoso periférico compreende os nervos
localizados fora do encéfalo e da medula espinhal.
Existem também duas divisões funcionais do sistema nervoso: o sistema nervoso voluntário que
influencia os movimentos voluntários em todo o corpo; o sistema nervoso autônomo, que não está sob a
influência direta do cérebro que influencia os músculos involuntários e as glândulas.
Subdivisão em Dois Sistemas
- Sistema nervoso simpático: regula o funcionamento do coração, o suprimento de sangue para as
artérias e a função dos órgãos internos. Este sistema é o responsável pela resposta ao estresse com
agitação e força.
- Sistema nervoso parassimpático: se opõe ao sistema nervoso simpático, impedindo que as
reações do corpo se tornem extremo.
O atendimento de emergência é necessário em caso de perda de consciência, traumatismo craniano
significativo, traumatismo encefálico ou lesão medular e qualquer grau de paralisia.
Sistema Tegumentar
A pele é o maior órgão do organismo. Tem a função de proteger os órgãos internos contra lesões e
invasão de microrganismos, impedirem a desidratação, manter a temperatura do corpo e atuar como
receptor do tato, dor, calor e frio.
A pele é composta de três camadas. A camada externa está diretamente ligada ao meio ambiente. De
origem ectodérmica, a epiderme apresenta-se constituída de células epiteliais dispostas em camadas, as
quais de dentro para fora recebem, respectivamente, o nome de germinativa ou basal, malpighiana ou
corpo mucoso, granulosa ou córnea. A derme é uma camada com estruturas próprias, que fica abaixo da
epiderme e acima da hipoderme, sendo constituída das substâncias fundamentais como, fibras, vasos e
nervos, além de folículos polissebáceos e das glândulas sudoríparas. E uma camada profunda, a
hipoderme ou tecido celular subcutâneo composta exclusivamente por tecido adiposo com espessura
variada, dependendo da parte do corpo que ela cobre.
O sistema cardiocirculatório é exposto a condições variáveis de estresse e tem uma grande capacidade
de se adaptar. Entender essa fisiologia adaptativa torna-se muito importante, visto que as manifestações
clínicas de muitas doenças cardiovasculares acontecem devido à perda desta capacidade adaptativa e
de sua função principal, que é fornecer sangue para suprir os tecidos de oxigênio e nutrientes necessários
para o metabolismo
O endocárdio compõe o revestimento interno do coração (membrana interna), em contato direto com
o sangue; o pericárdio é a membrana que reveste externamente o coração. O miocárdio, músculo
cardíaco, é estriado e possui filamentos de actina e miosina (proteínas que fazem a contração muscular),
que deslizam uns pelos outros durante a contração, determinando o inotropismo cardíaco, que é à força
de contração. O feixe átrio ventricular é um sistema de condução elétrica especializado em conduzir
potencial elétrico entre átrio e ventrículo, determinando a contração sincronizada das células cardíacas.
O nodo sinusal, ou também chamado sinoatrial é considerado o marca passo normal do coração,
controlando o batimento cardíaco devido a sua frequência de descargas rítmicas liberadas.
Legenda:
1- Sistema de condução elétrica cardíaco.
2- Nodo sinusal.
3- Nodo átrio-ventricular.
4- Feixe de His.
5- Células de Purkinji.
O ciclo cardíaco é a sequência de eventos ocorridos entre um batimento e outro, começando pela
geração de um potencial de ação no nodo sinusal (o marca passo autônomo já citado), que está localizado
no átrio direito, propagando-se através de ambos os átrios e, daí, através do feixe átrio ventricular, para
os ventrículos através do feixe de His que se divide em ramo esquerdo e direito; a partir daí, as células
de Purkinje distribuem-se de forma a permitir que todo o miocárdio ventricular (células de contração
cardíaca) seja ativado simultaneamente.
O ciclo cardíaco consiste em um período de relaxamento, denominado diástole, onde o coração se
enche de sangue, e um período de contração denominado sístole, onde o coração bombeia boa parte do
sangue presente nos ventrículos.
Sistema Hematopoiético
O sangue é um tecido fluído, composto em 45% de componentes celulares que circulam em suspensão
num meio líquido, denominado plasma. A parte celular, composta principalmente pelas hemácias (células
vermelhas, para transporte de oxigênio no sangue) é denominada hematócrito.
O componente celular do sangue consiste em três tipos principais de células: leucócitos (células
brancas), eritrócitos (hemácias) e trombócitos (plaquetas). A porção acelular ou plasma é constituído por
92% de água. Os 8% restantes são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em
dissolução
Num homem adulto e normal, com peso corpóreo de 75 kg, o volume total de sangue é de,
aproximadamente, 5.000 ml. Nas mulheres, esses valores são um pouco menores, ou seja, 3.404 ml de
volume sanguíneo total, considerando-se um peso médio de 55 kg.
O sistema hematopoiético consiste em sangue e nos locais onde este é produzido, incluindo a medula
óssea e o sistema reticulo endotelial. Na criança, todos os ossos esqueléticos estão envolvidos, mas, à
medida que a pessoa envelhece, a atividade da medula diminui. Todavia, na idade adulta, a atividade da
medula é geralmente limitada à pelve, costela, vértebra e esterno.
NOME CARACTERÍSTICAS
Forma discoidal, bisôncavo, repleta de hemoglobina,
Eritócritos (glóbulos vermelhos)
transporta oxigênio para os tecidos.
Forma esférica, núcleo triloubado; fagocita bactérias e
Neutrófilo
corpos estranhos
Eosinófilo Forma esférica, núcleo bilobulado; participa das reações
Granulosos (acidófilo) alérgicas, produzindo histamina.
Forma esférica, núcleo irregular. Acredita-se que
Leucócitos Basófilo também participa de processos alérgicos: produz
(glóbulos histamina e heparina (anticoagulante)
brancos) Forma esférica, núcleo também esférico; participam dos
Linfócitos
processos de defesa imunitária, produzindo e regulando
(B e T)
a produção de anticorpos.
Agranulosos
Forma esférica, núcleo oval ou reniforme, origina
Monócito macrófagos e osteocclastos, células especializadas em
fagocitar.
De forma irregular, sem núcleo; participam dos
Plaquetas (trombócitos)
processos de coagulação do sangue.
Sistema Respiratório
A respiração é o intercâmbio de gases entre um organismo e o meio no qual esse organismo vive.
Mais especificamente, trata-se da absorção de oxigênio, sua utilização nos tecidos e a eliminação de
dióxido de carbono pelo organismo.
Para o diagnóstico e o tratamento da maioria das doenças respiratórias é necessário compreender os
princípios da fisiologia respiratória e das trocas gasosas. Algumas doenças respiratórias resultam de
ventilação inadequada, ao passo que outras resultam de anormalidades na difusão através da membrana
pulmonar ou no transporte de gases dos pulmões para os tecidos.
Podemos dividir a respiração em quatro grandes eventos, do ponto de vista funcional:
- A ventilação pulmonar, que é a remoção cíclica do gás alveolar pelo ar atmosférico.
- A difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue.
- O transporte, no sangue e nos líquidos corporais, do oxigênio (dos pulmões para as células) e do
dióxido de carbono (das células para os pulmões).
São exemplos de doenças do sistema respiratórias a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) que
nela inclui o enfisema pulmonar e a bronquite crônica; embolia pulmonar; síndrome do desconforto
respiratório agudo (SDRA); edema agudo de pulmão (EAP); pneumonia; infecções; insuficiência
respiratória aguda (IRA); dentre outras.
A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da musculatura do
diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o
aumento da caixa torácica, com consequente redução da pressão interna (em relação à externa), forçando
o ar a entrar nos pulmões.
A expiração, que promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da musculatura do
diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma eleva-se e as costelas abaixam o que diminui o
volume da caixa torácica, com consequente aumento da pressão interna, forçando o ar a sair dos
pulmões.
Sistema Renal
O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. Os rins são órgãos excretores e
reguladores. Excretando a água e outras substâncias, os rins eliminam do corpo o excesso de água e
produtos desnecessários e tóxicos. Eles também regulam o volume e a composição dos fluidos corporais
dentro de um limite bastante estreito, eliminando o efeito de grandes variações na absorção de alimentos
e água. Devido à função homeostática dos rins, os tecidos e as células do corpo podem realizar suas
funções habituais em um ambiente relativamente constante.
O fluxo sanguíneo para os dois rins é equivalente a 25% (1,25 L/min) do débito cardíaco nos indivíduos
em repouso. Contudo, os rins constituem menos de 0,5% do peso corporal total.
Néfron esquemático demonstrando arteríola interlobular, arteríola aferente, arteríola eferente, glomérulos, cápsula de Bowman, espaço urinário, ducto proximal,
alça de Henle, ducto distal e ducto coletor.
Este é caracterizado pela sua grande complexidade das ações de controle que pode desempenhar.
Em conjunto com o sistema endócrino, provê a maior parte das funções de controle do corpo. A porção
denominada sistema nervoso autônomo (SNA) é responsável pelo controle das funções viscerais.
O SNA regula atividades dos órgãos internos, como o coração, pulmões, vasos sanguíneos, órgãos
digestivos e glândulas. É responsável, em grande parte, pela manutenção e restauração da homeostase
interna. Dentre suas atribuições encontram-se o controle da pressão arterial, motilidade e secreção
gastrintestinal, esvaziamento da bexiga urinária, transpiração, temperatura corporal, entre muitas outras.
O SNA possui duas divisões importantes: simpático e parassimpático, que geralmente atuam em
oposição.
O SNA inerva a grande parte dos órgãos internos, embora ocasionalmente considerado parte do
sistema nervoso periférico, ele é regulado por centros na medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo.
Possui dois neurônios em uma série que se estende entre os centros no SNC e os órgãos inervados.
O SNA transmite seus impulsos por meio de vias nervosas estimulados por mediadores químicos
assemelhando-se, nesse sentido, ao sistema endócrino.
O sistema nervoso parassimpático funciona como o controlador dominante para a maioria dos efetores
viscerais. Durante condições calmas e sem estresse, os impulsos das fibras parassimpáticas
(colinérgicas) predominam. O sistema nervoso simpático, ao contrário, atua predominantemente nas
situações de “fuga”, associado ao estresse. Tem a função basal também de manter os tônus dos vasos
e frequência cardíaca.
O sistema digestivo tem a função primordial de promover nutrientes para o corpo. O alimento, após
passar pela boca, é propelido, por meio do esôfago, para o estômago e, em seguida para os intestinos
delgados e grossos, antes de ser esvaziado pelo ânus. O sistema digestório prepara o alimento para ser
usado pelas células por meio de cinco atividades básicas.
- Ingestão: captar alimento pela boca (ato de comer).
- Mistura e movimentação do alimento: as contrações musculares misturam o alimento e as
secreções e movimentam o alimento ao longo do trato gastrointestinal.
- Digestão: ocorre a degradação do alimento por processos químicos e mecânicos. A digestão química
é uma série de reações que degradam as moléculas grandes e complexas de carboidratos, lipídios e
proteínas que ingerimos, transformando-as em moléculas simples, pequenas o suficiente para passar
através das paredes dos órgãos digestórios e eventualmente para as células do corpo. A digestão
mecânica consiste de vários movimentos que auxiliam na digestão química. Os dentes trituram o alimento
para que ele seja deglutido; o músculo liso do estômago e do intestino delgado promove a mistura do
alimento com as enzimas que o digerem; e as ondas de contração musculares denominadas peristal se
movem o alimento ao longo do trato gastrointestinal.
- Absorção: é a passagem do alimento digerido do trato gastrointestinal aos sistemas sanguíneo e
linfático para distribuição às células.
- Defecação: é a eliminação de substâncias não digeridas do trato gastrointestinal.
Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
285
Assim, as funções gerais desempenhadas pelo tubo gastrintestinal podem ser classificadas em:
- Propulsão e mistura do conteúdo gastrintestinal;
- Secreção dos sucos digestivos;
- Digestão do alimento;
- Absorção do alimento.
Todas as células do corpo necessitam de nutrientes. Esses nutrientes derivam da ingestão de alimento
que contém proteína, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais, bem como fibras de celulose e outras
matérias vegetais sem valor nutricional.
As principais funções digestivas do trato gastrointestinal são:
- Clivar as partículas alimentares na forma molecular para a digestão;
- Absorver as pequenas moléculas produzidas pela digestão para dentro da corrente sanguínea;
- Eliminar alimentos não-digeridos e não-absorvidos e outros produtos residuais do corpo.
Depois que o alimento é ingerido, ele é impulsionado através do trato gastrointestinal, ficando em
contato com uma ampla variedade de secreções que auxiliam na digestão, absorção e eliminação do
mesmo.
O processo digestivo consiste em uma série de transformações sequenciais e é deflagrada por
mediadores químicos, endócrinos e estímulos diversos, desenvolvidos pelo aparelho digestivo com a
finalidade de possibilitar a melhor absorção alimentar.
A digestão se inicia na boca, onde a mastigação e a insalivação reduzem os alimentos sólidos a uma
massa de menor tamanho, auxiliados pela movimentação da língua. Segue-se a deglutição voluntária
e/ou reflexa, que conduz o bolo alimentar ao estômago.
Sistema Endócrino
O sistema endócrino possui alta complexidade, sendo composto por um grupo de órgãos integrados e
de ampla distribuição, coordenando um estado de equilíbrio metabólico (homeostase) entre vários órgãos
do corpo. Este equilíbrio ocorre, pois são regulados por dois sistemas: sistema nervoso representado pelo
hipotálamo e o sistema endócrino.
O hipotálamo contém neuros secreções que são importantes no controle de certas atividades
metabólicas, como a manutenção do equilíbrio hídrico, metabolismo do açúcar e das gorduras, regulação
da temperatura corporal, secreção de hormônios liberadores e inibidores.
Os hormônios agem nas células em um sistema chamado “chave-fechadura”, ou seja, as chaves são
os hormônios e a fechadura, são os receptores sendo divididos em receptores de membrana: hormônios
hipofisários e catecolaminas; receptores de citoplasma ou de núcleo: hormônios esteroides; receptores
associados diretamente ao DNA: hormônio tireóideo. Com frequência, o hormônio endócrino é
transportado pelo sangue de seu local de liberação até o seu órgão-alvo (órgão onde o hormônio ira agir).
Assim, podemos enumerar algumas das principais funções do sistema endócrino, lembrando da
interação com os diversos sistemas do nosso organismo:
- Regula a proliferação e a diferenciação celular;
- Crescimento;
- Reprodução;
- Controla a pressão arterial;
- Concentração iônica;
- Comportamento.
Questões
01. (Pref. de Rio de Janeiro/RJ - Professor de Ensino Fundamental). De acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998), os conhecimentos de anatomia se referem, principalmente, à estrutura
muscular e óssea e devem ser abordados sob o enfoque:
(A) de uma visão que possibilite compreender os aspectos morfológicos dos diferentes sistemas, além
de destacar a relação entre estrutura e função
(B) da compreensão da origem e inserção dos músculos, bem como, ressaltar as funções de cada um
nas técnicas esportivas
(C) da percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por exemplo, os músculos envolvidos
em diferentes movimentos
(D) da concepção de que a anatomia humana pode fornecer subsídios para compreensão de inúmeras
doenças
03. (IFC/SC - Educação Física - IESES). Técnica, que se baseia na realização de cortes que permitem
uma melhor visualização das estruturas do organismo. Essa prática é muito realizada atualmente nos
cursos da área da saúde, tais como medicina, odontologia e fisioterapia. É conhecida como:
(A) Locomoção.
(B) Dissecação.
(C) Ortodoxa.
(D) Anatomia Sistêmica.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Os conhecimentos de anatomia referem-se principalmente à estrutura muscular e óssea e são
abordados sob o enfoque da percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por exemplo, os
ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento e
tensão.278
02. Resposta: C
Os músculos esqueléticos ou voluntários - estão sobre o controle consciente da pessoa e tornam
possíveis ações como andar, mastigar, engolir, sorrir, falar e mover os olhos. Estes músculos ajudam a
dar a forma ao corpo. A maioria dos músculos esqueléticos está presa aos ossos por tendões, que são
cordões rígidos de tecido fibroso. A forma de exercício contrarresistência para o desenvolvimento dos
músculos esqueléticos é conhecida como musculação.
03. Resposta: B
Anatomia é a ciência que estuda e classifica e descreve as estruturas e órgãos do corpo humano.
Etimologicamente, deriva do grego Ana, “repetir”, e tomos, “cortar”; ou seja, da repetição de cortes na
dissecação de cadáveres.
04. Resposta: C
As proteínas contráteis que são responsáveis pela contração muscular são: Actina, miosina, troponina
e tropomiosina.
CINESIOLOGIA
A Cinesiologia é uma área de estudo que tem como objetivo compreender os fundamentos do
movimento humano a partir da criteriosa análise de suas estruturas anatômicas, especialmente, dos
ossos e músculos esqueléticos. O termo Cinesiologia tem origem do grego (kinein = movimento; logos =
estudo) e significa literalmente “estudo do movimento”.279
278
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
279
OLIVEIRA, Aurélio Luiz de A. L. de; FILHO, D. D; JÚNIOR, G. B. V. HAUSER, M. W. Educação Física: Cinesiologia. Ponta Grossa, 2011.
Compreender o movimento humano na perspectiva anatômica e funcional é importante, uma vez que
a história evolutiva do homem o moldou para a atividade física. Por exemplo, sabemos que a maioria das
alavancas mecânicas no corpo humano é otimizada para desenvolver velocidade e não força; isto atesta
que evoluímos com e para o movimento, afinal, nossos ancestrais tinham que ser velozes e assim
aumentar a chance de sobrevivência em um mundo onde a regra era correr para não ser devorado por
um animal feroz ou correr para tentar pegar algum animal para sua alimentação.
Outro aspecto que caracteriza a importância de estudar Cinesiologia diz respeito ao fato de que ao
compreender as causas e efeitos do movimento, podemos, através do uso deste conhecimento,
estabelecer os limites aceitáveis de estresse que as estruturas locomotoras do corpo humano são
capazes de suportar. Isto assume especial importância na prescrição do exercício físico para as diferentes
populações, tanto para a melhoria das capacidades físicas, quanto para a elucidação dos mecanismos
que acarretam lesões no sistema muscular e esquelético humano.
Os benefícios da atividade física na promoção da saúde e da qualidade de vida são evidentes e
amplamente conhecidos na comunidade científica, desde que a mesma considere as limitações e
possibilidades de quem a pratica; por exemplo, a simples atividade de varrer uma casa, pode ser
prejudicial à saúde se a postura corporal adotada não for adequada para esta atividade.
No mundo do esporte, a Cinesiologia também é fundamental; uma boa técnica na execução de um
gesto locomotor em qualquer esporte, nada mais é do que o movimento realizado com habilidade, ou
seja, com economia de energia e no menor tempo possível, configurando o que chamamos de movimento
com elevada eficiência.
Os hábitos e estilos de vida que estão incorporados no cotidiano das pessoas, muitas vezes,
contribuem para que o sedentarismo e todas as suas implicações na saúde das mesmas tenham
aumentado significativamente nas últimas décadas. Por exemplo, a dependência do carro como meio de
transporte, do controle remoto, às muitas horas diante da TV e do computador, do consumo do chamado
lixo alimentar em excesso, são apenas alguns dos elementos que atestam que a falta de atividade física
associada à chamada cultura alimentar tem como resultado os crescentes índices de obesidade em todas
as idades.
Os primeiros estudos sobre o movimento humano de que se têm registros, foram realizados pelo grego
Aristóteles (384 – 322 a.C.) nas obras De partibus animalium (partes dos animais); De motu animalium (o
movimento dos animais) e De incessu animalium (progressão dos animais), ele descreve a ação dos
músculos e analisa a marcha. Aristóteles também identificou as alavancas mecânicas como alavancas
anatômicas que atuam no movimento humano.
Estrutura Muscular
Três Tipos de Músculos
Músculo cardíaco
Junção Neuromuscular
Unidade Motora
Uma unidade motora consiste em um neurônio
motor e todas as fibras musculares associadas a
ele. Geralmente, cada fibra muscular possui
apenas uma junção neuromuscular.
Quando um impulso nervoso, que se propaga a partir do encéfalo ou da medula espinal, chega à
extremidade do axônio do neurônio motor, algumas vesículas liberam um neurotransmissor na fenda
(fenda sináptica ou neuromuscular) entre o neurônio e a placa motora da fibra muscular. Somente quando
os neurotransmissores se unem à membrana muscular o músculo se despolarizará e levará à contração
muscular.
1. Um impulso nervoso (potencial de ação) atinge o terminal
axonal determinando uma abertura dos canais de cálcio
voltagem-dependente, aumentado a permeabilidade do terminal
axonal aos íons Ca2+.
- Concêntrica;
- Isométrica;
- Excêntrica.
- Extensibilidade;
- Elasticidade;
Extensibilidade e Elasticidade
- Capacidade de ser estirado ou aumentar o comprimento;
- Capacidade de voltar ao comprimento inicial após o estiramento ou uma contração.
Regulamentação do Movimento
- Músculos
- Uniarticulares;
- Biarticulares;
- Poliarticulares
- Ação
- Agonista
- Antagonista
- Estabilizadores
- Neutralizadores
Os dois ossos envolvidos nos movimentos da cintura escapular são, escápula e clavícula, que
geralmente movem-se como uma unidade.
Movimentos
1) Músculo Trapézio;
2) Músculo Elevador da Escápula;
3) Músculo Romboide (maior e menor);
4) Músculo Serrátil Anterior;
5) Músculo Peitoral Menor.
Elevação da Escápula
1) Elevador da Escápula;
2) Trapézio fibras superiores;
Abdução da Escápula
1) Serrátil Anterior;
2) Peitoral Menor.
Adução da Escápula
1) Trapézio fibras inferiores;
2) Romboides Maior e Menor.
Cinesiologia do Ombro
Os dois ossos envolvidos nos movimentos do ombro são, escápula e úmero. A escápula, clavícula e
úmero servem como fixações para a maioria dos músculos da articulação do ombro.
Articulação
Flexão do Ombro
1) Coracobraquial;
2) Deltoide fibras anteriores;
3) Peitoral Maior fibras superiores.
Movimento Extensão
Extensão do Ombro
1) Redondo Menor;
2) Redondo Maior;
3) Infraespinhoso;
4) Subescapular;
5) Grande Dorsal;
6) Deltoide fibras posteriores;
7) Peitoral Maior fibras inferiores.
Movimento Abdução
Abdução do Ombro
1) Deltoide;
2) Coracobraquial;
3) Supraespinhal.
Adução do Ombro
1) Subescapular;
2) Redondo Maior;
3) Grande Dorsal;
4) Peitoral Maior.
A articulação do cúbito é classificada como uma diartrose do subtipo gínglimo (dobradiça – úmero e
ulna) permitindo os movimentos de flexão e extensão.
A articulação radioulnal proximal é classificada como uma articulação diartrose do subtipo trocoide
(pivô) permitindo os movimentos de supinação e pronação.
Movimentos
MOVIMENTOS DO CÚBITO
Aproximação de um segmento em relação a
FLEXÃO
outro, com diminuição do ângulo articular.
Afastamento de um segmento em relação a
EXTENÇÃO
outro, com aumento do ângulo articular.
PRONAÇÃO Movimento rotatório interno do rádio sobre a ulna.
Movimento rotatório externo do rádio sobre a
SUPINAÇÃO
ulna.
A articulação do punho classificada como diartrose do subtipo condiloide (esfera e soquete), permitido
os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução.
Os movimentos do punho ocorrem principalmente entre o rádio e fileira carpiana proximial.
Movimentos
A articulação do quadril é do tipo diartrose e do subtipo enartrose. Esta tem arranjo multiaxial.
MOVIMENTOS DO QUADRIL
MOVIMENTO DEFINIÇÃO
Movimento anteriormente reto fêmur em direção
FLEXÃO
da pelve.
Movimento posteriormente reto do fêmur
EXTENSÃO
afastando-se da pelve.
Movimento lateralmente do fêmur afastando-se
ABDUÇÃO
da linha mediana.
Movimento medialmente do fêmur aproximando-
ADUÇÃO
se da linha mediana.
Movimento rotatório do fêmur afastando-se da
ROTAÇÃO EXTERNA
linha mediana
Movimento rotatório do fêmur aproximando-se da
ROTAÇÃO INTERNA
linha mediana.
Movimentos
MOVIMENTOS DO JOELHO
FLEXÃO Aproximação da perna em relação à coxa com
diminuição do ângulo articular.
EXTENSÃO Afastamento da perna em relação à coxa com
aumento do ângulo articular.
ROTAÇÃO EXTERNA Movimento rotatório da perna afastando-se da
linha mediana (joelho fletido).
ROTAÇÃO INTERNA Movimento rotatório da perna aproximando-se da
linha mediana (joelho fletido).
Movimentos
MOVIMENTOS DO JOELHO
FLEXÃO Aproximação da perna em relação à coxa com
diminuição do ângulo articular.
EXTENSÃO Afastamento da perna em relação à coxa com
aumento do ângulo articular.
ROTAÇÃO EXTERNA Movimento rotatório da perna afastando-se da
linha mediana (joelho fletido).
ROTAÇÃO INTERNA Movimento rotatório da perna aproximando-se da
linha mediana (joelho fletido).
Questões
( ) Certo ( ) Errado
02. (IFC/SC - Educação Física - IESES) É a ciência que tem como enfoque a análise dos movimentos.
De forma mais específica, estuda os movimentos do corpo humano. O nome vem do grego kínesis =
movimento + logos = tratado, estudo. Trata-se da:
(A) Cinesiologia.
(B) Termodinâmica.
(C) Anatomia.
(D) Horologia.
Gabarito
01.errado / 02.A
Comentários
Quando se fala de testes em Educação Física e Esportes, o sentido difere-se um pouco daquele
utilizado nas escolas, por meio de uma avaliação ou em uma prova escrita, nos quais pretende-se avaliar
o nível conhecimento de um indivíduo.280
Em Educação Física e Esportes, os testes também são instrumentos de avaliação, contudo possuem
um sentido mais amplo, possuindo assim uma enorme diversidade de variáveis a serem avaliadas, das
quais algumas podem ser quantificadas através de medidas.
Um teste, segundo Tritschler (2003, p.4), é ''um instrumento ou procedimento que traz à tona uma
resposta observável, a fim de fornecer informações sobre um atributo específico de uma ou mais
pessoas". E, para o mesmo autor, em esportes os testes "avaliam a aptidão física, habilidades esportivas,
estresse do exercício e lesões esportivas" (TRJTSCHLER, 2003, p.4). Já Pitanga (2004, p.13) define teste
como "um instrumento utilizado para obter medidas".
Medida, segundo Tritschler (2003) e Pitanga (2004), é a forma de se estabelecer um valor numérico
para um atributo, por meio de uma comparação com uma grandeza já conhecida e estabelecida. Para
Pitanga (2004, p.13), "avaliação significa comparação: comparar medidas obtidas com a média do grupo
em que os testes foram realizados".
Contudo, essas medidas nem sempre são precisas e claramente quantificadas, assim ao se tratar de
testes físicos, utilizamos o termo avaliação ao invés de medida, já que "utilizamos o termo avaliação para
expressar nosso entendimento de que o atributo estudado é indefinível demais para ser medido
objetivamente" (TRITSCHLER, 2003, p.9). Assim, Tritschler (2003, p.9) destaca que "avaliação indica
uma advertência que há subjetividade envolvida na intenção de quantificar ou descrever qualitativamente
um atributo".
É acreditando na subjetividade do ser humano que buscamos identificar sua opinião a respeito dos
testes de avaliação física, pois entendemos que esses testes não revelam medidas exatas do
desempenho humano, mas sim uma avaliação subjetiva desse desempenho. O ser humano, mesmo que
de maneira inconsciente, utiliza os testes para tomar uma decisão, para agir. Segundo Tritschler (2003,
p.l6):
[ ... ] a maioria dos comportamentos humanos intencionais que vinculam escolhas consistem em um
processo de quatro passos: (a) estabelecer um critério, (b) realizar uma avaliação, (c) fazer uma
interpretação dos dados da avaliação e ( d) escolher entre as possíveis formas de ação[ ... ]
280
www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000360048
Os testes de Capacidade Aeróbia, segundo McArdle (1992), buscam verificar o consumo máximo de
oxigênio, ou seja, a medida da máxima quantidade de energia que pode ser produzida via metabolismo
aeróbio por uma determinada unidade de tempo.
A respeito dos testes para predição do consumo máximo de oxigênio, McArdle (1992) afirma que, para
mensuração direta, é necessária uma considerável motivação por parte do avaliado. E como se trata de
"um exercício tão intenso poderia representar um perigo potencial para adultos sem prescrição médica
ou que são exercitados sem proteção e supervisão apropriadas" (McARDLE, 1992, p. 143). Assim,
percebemos que para a realização de um teste máximo de avaliação da capacidade aeróbia a motivação
é fundamental. Em alguns casos, o grande esforço pode ser perigoso para saúde do indivíduo, pois se
durante um teste como esse ele se esforça muito e possui algum problema cardíaco, que ainda não foi
diagnosticado, ele poderá sentir-se mal e ter alguma complicação durante o teste.
Para predizer o consumo máximo de oxigênio, existem inúmeros testes e protocolos como os testes
de caminhada e de corrida, nos quais o resultado do teste é inserido em uma fórmula que dará o VOZ
máximo do indivíduo. O teste mais conhecido é o teste de Cooper, no qual o indivíduo deve percorrer a
máxima distância possível em 12 minutos. O consumo máximo de oxigênio também pode ser predito pela
frequência cardíaca, através de um esquema padronizado de exercício submáximo em uma teste de
bicicleta, esteira rolante e até de um teste de banco.
O protocolo é escolhido de acordo com o nível de condicionamento físico do indivíduo, com as
condições de saúde do mesmo e conforme a atividade que ele irá realizar. O teste deve ser adequado ao
indivíduo e aos seus interesses, pois alguns protocolos, geralmente utilizados com atletas e pessoas bem
condicionadas, indicam que o indivíduo realize a atividade até a exaustão, assim o indivíduo realiza um
exercício de alta intensidade por alguns minutos, geralmente de 10 a 15 minutos. O indivíduo deve ser
saudável, sem nenhuma contraindicação ao exercício, ou então deve estar acompanhado por um médico,
que poderá interromper o teste a qualquer momento.
Para indivíduos com alguma patologia ou sedentários, o mais utilizado são os testes submáximos, nos
quais o indivíduo não chega até a exaustão e é por meio da frequência cardíaca que se infere o consumo
máximo de oxigênio.
São muitos os centros que realizam testes de esforço. De acordo com McArdle (I 992), nos Estados
Unidos 1.400 centros realizam teste com esforço. Os protocolos são inúmeros, e segundo esse mesmo
levantamento, 60% das instituições utilizam a esteira rolante, 17% utilizam a bicicleta ergométrica e
apenas 12 % utilizam testes com degraus. Para esteira rolante o protocolo de Bruce é o mais utilizado,
representando 65,5% da utilização, já o protocolo de Balkerepresenta apenas 10% dos testes.
A Potência Anaeróbia, de acordo com Fleck (1999), reflete a potência muscular, ou "explosão
muscular". Depende do número de fibras de contração rápida dos músculos. É um dos fatores
determinantes de potência, força e velocidade. No atletismo determina o "arranque" ou "sprint11 do atleta.
Os testes de avaliação do potencial anaeróbio de modo geral não prescrevem nenhuma interferência
motivacional durante sua realização, mas os autores assumem que a motivação pode ser um fator
determinante. McArdle (1992) ao falar a respeito dos testes de esforço anaeróbio máximo, afirma que, "é
altamente provável que o escore de um indivíduo num teste desse tipo seja influenciado pelo nível de
automotivacão, assim como pelo meio ambiente do teste" (McARDLE, 1992, P.l33, grifo nosso).
Quando McArdle (I 992) relata as diferenças individuais na capacidade de transferência de energia
anaeróbia, cita a motivação como um dos vários fatores importantes para essa transferência. A respeito
dos fatores motivacionais, o autor diz que indivíduos mais obstinados, com grande capacidade de luta e
de tolerância à dor buscam mais exercícios anaeróbios, já que esses eles geralmente alcançam
concentrações ainda mais altas de lactato sanguíneo e depleção de glicogênio consequentemente, esses
ACIDENTES NA ESCOLA
281
Acidentes na Escola
Segurança em Playground
Sobre a segurança em parque infantil (playground), é importante atentar para que o dimensionamento
das áreas de recreação garanta, no mínimo, um terço da área do espaço coberto. Considera-se relevante
destacar resumidamente as recomendações para segurança neste local:
1. Designar a idade apropriada para o uso de cada brinquedo do parque infantil. O brinquedo deve
possuir identificações que determinem a qual faixa etária é destinado.
2. Instalar superfícies apropriadas embaixo e ao redor dos brinquedos.
Essas superfícies devem absorver o impacto e não causar abrasão ou laceração da pele (borracha,
produtos de cortiça e de madeira, areia e cascalho fino).
3. Recomendar supervisão adequada para crianças nos parques infantis.
As crianças devem ser sempre supervisionadas, principalmente quando estão subindo, balançando e
escorregando nos brinquedos.
4. Realizar adequada manutenção dos parques infantis. Sugere-se que haja inspeção periódica. Os
problemas observados devem ser comunicados imediatamente aos responsáveis pelo parque e, se
necessário, ele deve ser interditado.
Segurança de Brinquedos
A segurança dos brinquedos também merece destaque, principalmente para crianças com menos de
cinco anos, que são o grupo mais vulnerável a este tipo de acidente. Para isso, a escolha correta dos
brinquedos é de responsabilidade da instituição. Recomenda-se obedecer às normas do fabricante
quanto à faixa etária e forma de utilização. Nas creches e pré-escolas deve-se evitar brinquedos
pequenos, aqueles que destacam partes ou componentes, que possuem cordas, cordões ou correntes,
ou ainda, bordas cortantes ou afiadas. É importante o controle dos brinquedos que façam barulhos
estridentes ou altos e a escolha de brinquedos de material atóxico. Devem ser guardados em locais
seguros e ventilados, evitando caixas ou baús com tampas.
Recomenda-se optar por brinquedos que encorajem a criatividade, não esquecendo de dispor de livros
e revistas apropriados para cada faixa etária.
Cartazes sobre segurança e prevenção são aconselháveis e devem estar localizados em áreas de
destaque.
Segurança no Trânsito
É extremamente importante que as escolas desenvolvam projetos de Educação para o Trânsito. Estes
programas podem contribuir para formar pedestres, passageiros e futuros condutores de veículos mais
conscientes da importância de comportamentos adequados no trânsito. É importante abordar com os
alunos a questão do respeito às leis, como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e do capacete,
o transporte de crianças no banco traseiro, a segurança de pedestres, dentre outros.
A prevenção de acidentes começa com a educação no trânsito. O bom exemplo deve partir dos pais,
educadores, professores e todos os profissionais que trabalham com crianças. Neste sentido, deve-se
adotar e incentivar comportamentos de segurança para pedestres, como:
- Atravessar sempre na faixa de pedestre; caso esta não exista, procurar uma passarela ou o local
mais seguro para atravessar;
- Olhar várias vezes para os dois lados e atravessar a rua em linha reta;
- Nunca atravessar a rua correndo;
- Crianças de até 10 anos só devem atravessar a rua acompanhadas por um adulto;
- Sempre tentar manter contato visual com o motorista;
- Nunca atravessar se o farol estiver aberto para os carros;
- Sempre caminhar nas calçadas; se não houver calçada, andar no sentido contrário ao dos veículos;
- Não atravessar a rua por trás de ônibus, carros, árvores e postes, de onde os condutores dos veículos
em movimento não possam vê-lo;
- Não descer de um ônibus fora do ponto. Se não for possível evitar, antes de descer olhar bem se
nenhum carro ou moto está vindo em sua direção;
- Esperar que o veículo pare totalmente e aguardar que ele se afaste para atravessar a rua;
- Em dias chuvosos ou à noite deve-se usar roupas claras;
- Nunca passar correndo na frente de uma garagem; parar e olhar se não está saindo algum carro;
- Nunca abrir a porta ou descer de um carro estacionado, sem primeiro olhar se estão passando
pedestres ou veículos;
- Nunca correr em locais de trânsito; o motorista pode não estar atento e não conseguir frear
bruscamente.
Outro aspecto importante para a prevenção de acidentes é garantir que as peruas escolares e os
automóveis particulares estacionem de modo que a criança ou adolescente possa entrar e sair do veículo
sempre pelo lado da calçada e sempre supervisionado pelo responsável pelo veículo.
Ressalta-se, ainda, que as crianças com até dez anos de idade devem ser transportadas no banco
traseiro dos veículos, usando cadeiras adequadas para a idade e cintos de segurança. Para aquelas com
até um ano de idade, a cadeira deve ser posicionada de costas para o banco dianteiro.
Primeiros Socorros
Primeiros socorros podem ser definidos como os cuidados de emergência dispensados a qualquer
pessoa que tenha sofrido um acidente ou mal súbito (intercorrência clínica), até que esta possa receber
o tratamento médico adequado e definitivo.
Avaliação da Cena
É fundamental que a pessoa que vai socorrer vítimas de acidentes certifique-se de que o local do
acidente esteja seguro antes de aproxima-se dele e que este não ofereça riscos aos socorristas, para
evitar que os mesmos se transformem em novas vítimas.
O socorrista não deve tentar realizar um salvamento para o qual não tenha sido treinado, se este
salvamento oferecer riscos à sua integridade física. Se a cena estiver insegura, o socorrista deve manter-
se afastado até que equipes apropriadas tenham garantido a segurança da mesma.
Dessa forma, a cena do acidente deve ser rapidamente avaliada, procurando detectar a presença de
situações que possam oferecer riscos ao socorrista, como por exemplo: fogo, fumaças tóxicas, fios
elétricos caídos, explosivos, materiais perigosos, inundações, armas (brancas ou de fogo) e outros.
ATENÇÃO: sempre que a cena do acidente oferecer riscos o socorrista deve manter-se afastado
e acionar imediatamente o SAMU 192, descrevendo a situação, para que a central de emergência
192 providencie o acionamento de equipes adequadas para o resgate da vítima com segurança.
Outro item fundamental de segurança é a proteção do socorrista contra doenças transmissíveis, devido
ao contato com sangue e secreções da vítima.
Para tanto, sempre que for abordar uma vítima de acidente ou intercorrência clínica, o socorrista deverá
usar os equipamentos de proteção individual (EPI): aventais, luvas, máscaras e óculos de proteção.
Mecanismo do Trauma
Trauma pode ser definido como a lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio
fisiológico causada pela exposição aguda a diferentes formas de energia: mecânica, térmica, elétrica,
química e irradiações, podendo afetar superficialmente o corpo ou lesar estruturas nobres e profundas do
organismo.
Ao prestar assistência a uma vítima de trauma deve-se levar em consideração as implicações das leis
da Física no corpo humano, avaliando, através do Mecanismo do Trauma, se houve aplicação de força
excessiva, que possa ter causado lesões graves.
Em Física, a energia cinética é a energia do movimento. O efeito desta energia e suas transformações
nas estruturas do corpo humano baseiam-se na primeira Lei de Newton, que afirma que: “um corpo em
repouso permanece em repouso e um corpo em movimento permanece em movimento, a menos que
uma força externa atue sobre ele”. Dessa forma, o início ou a parada súbita de um movimento pode
produzir trauma, muitas vezes com lesões graves, quando encontra uma barreira.
Para detectar o efeito traumático é necessário avaliar a intensidade da força que atuou sobre o corpo,
chamada de força de impacto. A Física calcula com precisão essa força e a medicina diagnostica e trata
as lesões relacionadas a ela.
As lesões corporais podem ser resultado de qualquer tipo de impacto. No ambiente escolar são
comuns, por exemplo, as lesões por quedas e colisões de alunos durante práticas esportivas ou
brincadeiras. Embora o observador do acontecimento não possa calcular com precisão a intensidade da
força de impacto, este poderá ajudar muito com suas observações sobre variáveis de relevância para
estabelecer o Mecanismo do Trauma e sugerir as possíveis lesões.
Constituem observações importantes:
- De que altura o escolar caiu;
- Como essa distância relaciona-se com a estatura do escolar (queda de altura que corresponda a 3
vezes ou mais a estatura da vítima é potencialmente mais grave);
Apostila gerada especialmente para: Marcelo Pedro Silva 027.302.504-09
311
- Sobre qual superfície o escolar caiu (cimento, grama, etc.);
- Sinais do impacto (som da batida contra o solo, etc.);
- Qual parte do corpo da vítima sofreu a primeira colisão (cabeça, pé, braço, etc.);
- Movimentos produtores de lesões (corrida, colisão, queda, etc.);
- Lesões aparentes (sangramentos, cortes na pele, inchaços, etc.).
O mecanismo do trauma é indicador fundamental para a avaliação de lesões graves que podem ocorrer
no ambiente escolar e as informações precisas podem contribuir muito para descrever e suspeitar desse
mecanismo e das possíveis lesões dele resultantes.
A)
- ESTABILIZAR MANUALMENTE A COLUNA CERVICAL
- AVALIAR A CONSCIÊNCIA E
- REALIZAR A ABERTURA DAS VIAS AÉREAS
Avaliação da Consciência
Realizar da seguinte forma:
- Aproximar-se da vítima;
- Estabilizar manualmente a coluna cervical;
- Tocar a vítima no ombro sem movimentá-la, chamando-a, se possível pelo nome, por pelo menos
três vezes;
- Solicitar para que a vítima consciente não movimente a cabeça;
- Perguntar se ela está bem (no caso de crianças maiores e adolescentes);
- Caso não haja resposta, caracteriza-se o estado de inconsciência;
- Se o escolar estiver inconsciente, solicitar para que uma pessoa próxima acione imediatamente o
Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192);
- Agir de maneira cuidadosa, evitando causar mais trauma à vítima;
B) VERIFICAR A RESPIRAÇÃO
Observar se a vítima está respirando. Esta análise deve ser feita em até 5 a 10 segundos. Para isso,
deve-se aproximar bem a orelha da face da vítima e, olhando na direção do tórax, executar a técnica do
Ver, Ouvir e Sentir, da seguinte forma:
Ver se há expansão do tórax e abdome;
Ouvir se existe ruído do ar exalado pela boca ou nariz e;
Sentir o fluxo de ar exalado pela boca ou nariz.
Caso a vítima não esteja respirando, devem ser aplicadas duas ventilações de resgate (que são
ventilações que o socorrista oferece a outra pessoa, por meio da transferência do ar dos seus pulmões
para os pulmões da vítima), conforme descrito no capítulo de “Parada Respiratória e Cardiorrespiratória”.
Para que seja possível a aplicação das ventilações de resgate se faz necessário: posicionar a vítima,
colocá-la em decúbito dorsal (deitada de costas), caso encontre-se em outra posição. Para mudar o
decúbito (ou posição) da vítima de trauma com suspeita de lesão na coluna vertebral, é necessário rolá-
la em bloco, de acordo com a técnica descrita no Capítulo de “Trauma Raquimedular”.
C) CIRCULAÇÃO
Se persistir a ausência de respiração espontânea após a aplicação das duas primeiras ventilações de
resgate, o socorrista deve iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, descritas
no capítulo de “Parada Respiratória e Cardiorrespiratória”.
Estas manobras devem ser mantidas ininterruptamente até que a vítima comece a se movimentar
espontaneamente ou até que o SAMU 192 chegue e assuma o atendimento.
Hemorragias externas devem ser controladas por meio de compressão do local do sangramento (ver
capítulo sobre “Ferimentos”).
ATENÇÃO: não movimentar a vítima com suspeita de trauma na coluna vertebral, exceto nas
condições e conforme as orientações de acordo com o “trauma raquimedular”.
IMPORTANTE: em caso de acidente com aluno dentro ou no entorno da escola, deve ser providenciada
a comunicação dos seus pais ou responsáveis imediatamente.
- Sinal universal de engasgo: a vítima, na tentativa de indicar um problema nas vias aéreas, segurará
seu pescoço;
- Ausência de expansibilidade do tórax: na pessoa encontrada inconsciente e sem respiração
espontânea, na qual foram aplicadas ventilações de resgate, após abertura das vias aéreas, e não ocorreu
a expansão do tórax.
Convulsão
A convulsão, ou crise convulsiva, caracteriza-se pela ocorrência de uma série de contrações rápidas
e involuntárias dos músculos, ocasionando movimentos desordenados, geralmente acompanhada de
perda da consciência.
Decorre de alterações elétricas no cérebro e pode ter várias causas, entre elas: epilepsia (principal
causa), infecções, tumores cerebrais, abuso de drogas ou álcool, traumas na cabeça, febre em crianças
pequenas, etc.
Na convulsão generalizada, a mais comum, ocorre perda da consciência, contrações repetidas e
violentas dos músculos dos braços e pernas, com movimentos abruptos e desordenados, dificuldade
respiratória, salivação excessiva e perda do controle de esfíncteres (principalmente com perda de urina).
Ao final das contrações, ocorre relaxamento da musculatura e um período de inconsciência de duração
variável. Quando recupera a consciência, a vítima geralmente está cansada, confusa e sonolenta.
As crises que se repetem seguidamente, sem a recuperação total da consciência entre uma crise e
outra, caracterizam o estado de mal epiléptico, que constitui situação grave, levando a sérios danos
cerebrais devido à falta de oxigenação adequada.
É importante lembrar que a saliva eliminada pela vítima não é contagiosa.
Esta crendice popular não tem fundamento científico.
Desmaio
Desmaio é o episódio breve de perda da consciência, que raramente ultrapassa dois minutos, não
acompanhado de outras manifestações. A principal causa é a diminuição rápida e reversível da circulação
sanguínea no cérebro.
Pode ocorrer como resultado de dor, medo, excitação, fadiga, longos períodos em pé em ambientes
quentes, nervosismo e exercícios físicos prolongados.
O desmaio geralmente é precedido de mal-estar, embaçamento ou escurecimento da visão e tonturas.
Durante o episódio ocorre relaxamento dos músculos dos braços e pernas e a vítima fica muito pálida e
suando frio. A recuperação é rápida, com retorno completo da lucidez, sem a ocorrência de desorientação
após o evento.
Trauma Ocular
O trauma ocular que ocorre com mais frequência nas escolas é a presença de corpo estranho no olho,
como areia, fragmentos trazidos pelo vento, etc.
São menos frequentes as lesões decorrentes de queimaduras térmicas ou químicas, as contusões por
bolas ou brigas e as perfurações oculares ou ferimentos de pálpebras provocadas por objetos pontiagudos
e cortantes.
Os procedimentos de primeiros socorros em cada caso devem ser:
Contusões Oculares
O escolar que sofrer um golpe direto no olho, por um objeto rombo (bola, rolha, bastão) ou cotovelada,
soco, etc., deve ser levado imediatamente ao serviço de oftalmologia de referência, mesmo que o aspecto
do olho esteja normal, pois este tipo de trauma pode acarretar agravos imediatos ou posteriores, tais
como descolamento de retina e catarata, que necessitam de acompanhamento médico.
Perfurações Oculares
Os olhos podem ser perfurados por objetos pontiagudos, como tesouras, facas, canivetes, fragmentos
de vidros, arames, pontas de lápis ou canetas, etc.
Diante desse tipo de ocorrência, os procedimentos de primeiros socorros devem ser:
- Nunca tentar retirar objetos que estiverem perfurando o olho;
- Não realizar lavagem no olho acometido;
- Se o escolar que sofreu o trauma estiver sentindo dor e não conseguir abrir o olho, não exercer
pressão direta nas pálpebras para forçar a abertura;
- Não usar pomadas ou colírios;
ATENÇÃO: nos casos de traumas oculares, a vítima deve ser sempre encaminhada ao serviço de
emergência oftalmológica de referência.
Trauma Cranioencefálico
O trauma cranioencefálico (TCE) compreende desde as lesões do couro cabeludo até aquelas da caixa
craniana (ossos do crânio) ou do seu conteúdo (o encéfalo).
No ambiente escolar, as principais causas de TCE são as quedas, especialmente de lugares altos e
as pancadas na cabeça, que podem ocorrer quando o escolar bate a cabeça em móveis, brinquedos do
playground, parede ou porta, ou mesmo durante brincadeiras ou atividades esportivas.
ATENÇÃO: todo escolar que sofrer TCE deve ser encaminhado para avaliação médica no pronto
socorro de referência.
Trauma Raquimedular
O trauma raquimedular (TRM) compreende o trauma da coluna vertebral (parte óssea) e da medula
espinhal (parte nervosa). Se não for reconhecido e atendido adequadamente no local do acidente, o TRM
pode resultar em lesão irreparável e causar deficiências neurológicas definitivas (como paralisias), pois
não ocorre a regeneração do tecido nervoso e a medula lesada não pode ser recuperada.
Algumas vítimas podem sofrer um trauma que não lese de imediato as fibras nervosas da medula;
entretanto, a lesão pode surgir posteriormente, em consequência do movimento da coluna. Algumas
lesões medulares ocorrem por manipulação inadequada na cena do acidente ou durante o transporte. Daí
a importância do correto atendimento no local.
ATENÇÃO: a ausência desses sinais e sintomas não exclui a existência de lesão na coluna.
ATENÇÃO: o socorrista que assumir a posição para estabilização manual da cabeça e pescoço, não
deverá deixá-la até a chegada do SAMU 192.
Trauma de Tórax
Os traumas do tórax podem prejudicar a ventilação pulmonar e produzir diminuição da oxigenação dos
tecidos do corpo, devido à oferta inadequada de sangue oxigenado para as células, acarretando graves
consequências para o organismo.
Traumas torácicos podem ser decorrentes de colisões de veículos a motor, quedas, atropelamentos,
lesões por prática de esportes, ferimentos por objetos pontiagudos, lesões por esmagamento, maus tratos
em crianças, entre outros.
ATENÇÃO: se a vítima apresentar dor intensa em outras lesões, que desvie a atenção, como fraturas
de extremidades, pode não referir dor abdominal.
Trauma Músculoesquelético
Traumas no sistema musculoesquelético podem provocar diferentes tipos de lesões, como: fratura
(quando o osso se quebra), luxação (quando ocorre deslocamento do osso de uma articulação), fratura-
luxação (as duas lesões estão associadas), contusão (inchaço e rompimento de vasos sanguíneos no
local de uma pancada), entorse (torção de uma articulação), distensão ou estiramento (quando os
músculos são excessivamente esticados), amputação (perda de parte de um membro) ou laceração
(perda de tecidos moles).
As principais causas de trauma no sistema musculoesquelético são: acidentes de trânsito, quedas em
geral, quedas de bicicleta, patinetes ou skate, trauma durante atividades esportivas e agressões físicas.
As fraturas podem ser fechadas, quando o osso quebra e não perfura a pele, ou abertas, quando há
rompimento da pele, com ferimento que permite ou não a visualização do osso. As fraturas podem ser
também incompletas (o osso racha, sem perder a continuidade) ou completas (os fragmentos ósseos
perdem a continuidade, se separam, ficando desviados ou não).
No local onde ocorre uma fratura pode haver também lesão de vários tecidos próximos ao osso, como
músculos, ligamentos, vasos sanguíneos, nervos, tendões e pele (nas fraturas abertas).
Exceto nos casos de amputações e de fraturas abertas com visualização do osso quebrado,
geralmente é difícil diferenciar as lesões musculoesqueléticas no local do acidente.
ATENÇÃO: em caso de dúvida, não tentar imobilizar o membro afetado e acionar o SAMU 192,
mantendo o membro imóvel.
ATENÇÃO: a imobilização adequada diminui a dor e reduz o risco de agravamento da lesão, além de
diminuir o sangramento interno. Sempre cuidar inicialmente das alterações que ameacem a vida,
identificadas na avaliação inicial, para depois cuidar da lesão musculoesquelética que não apresente
sangramento abundante.
Ferimentos
Definição
São lesões em que ocorre destruição de tecidos, em diferentes profundidades, podendo atingir
somente a pele ou camadas mais profundas, como musculatura, vasos sanguíneos, nervos e até órgãos
internos. Quando ocorrem, os ferimentos causam dor e podem produzir sangramento abundante.
Em todo ferimento devem ser considerados o risco de infecção e a proteção contra o tétano, através
da vacinação atualizada, que deve ser acompanhada pela escola. O aluno deve ser encaminhado para a
Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência para verificação da situação vacinal.
Os ferimentos podem ser abertos ou fechados, superficiais ou profundos.
Ferimentos Abertos
O ferimento aberto é aquele no qual existe perda de continuidade da superfície da pele, ou seja, a pele
é rompida.
Os ferimentos abertos podem ser superficiais ou profundos.
ATENÇÃO: ferimentos com sangramento abundante podem levar a complicações graves. Após os
primeiros socorros, encaminhar imediatamente estes casos ao pronto socorro de referência.
Objetos pontiagudos podem perfurar a pele ou outras estruturas, sendo transfixantes ou não (é
transfixante quando o objeto provoca uma lesão de entrada e outra de saída). Pode não haver
sangramento externo importante, porém, o sangramento interno pode ser grave. A vítima deve ser
rapidamente encaminhada ao Pronto Socorro de referência, após os procedimentos de primeiros socorros
descritos acima.
Ferimentos Fechados
No ferimento fechado, a lesão de tecidos ocorre abaixo da pele, sem que esta se rompa, não havendo
comunicação entre o meio externo e o interno.
O ferimento fechado, também conhecido por contusão, é decorrente do impacto de objetos, pancadas,
chutes, etc, contra o corpo, com rompimento de vasos sanguíneos e inchaço no local, de forma que o
sangue acumulado sob a pele forma um hematoma, que pode ser imediato ou tardio. Quando o sangue
infiltra-se entre os tecidos denomina-se equimose (mancha roxa). No couro cabeludo formam-se
hematomas, popularmente chamados “galos”.
Ferimentos Especiais
Ferimentos na Cabeça
Os ferimentos na cabeça, com exceção dos mais superficiais (cortes pequenos no couro cabeludo) e
com mecanismo de trauma não sugestivo de gravidade, são potencialmente perigosos porque podem
indicar lesão do cérebro e da coluna cervical. Quando a contusão ocorre na cabeça, geralmente produz
ATENÇÃO: sempre que for identificado ferimento na cabeça, considerar a possibilidade de TCE e de
lesão da coluna cervical. Ferimentos de couro cabeludo em crianças podem provocar hemorragias
graves, com risco à vida da vítima.
Ferimentos na Face
Ferimentos na face são importantes devido à permeabilidade das vias aéreas, que pode ser
comprometida principalmente pela presença de hemorragia.
Esses ferimentos geralmente são decorrentes de acidentes automobilísticos (sem uso de cinto de
segurança, com colisão da face contra o painel ou parabrisa), queda de bicicleta, agressões, objetos
pontiagudos ou práticas esportivas.
Ferimentos no pescoço
Ferimentos no pescoço podem obstruir total ou parcialmente as vias aéreas, pela compressão da
laringe ou traqueia contra a coluna cervical.
As queimaduras podem ser classificadas em três graus, de acordo com a profundidade das lesões. As
queimaduras de 1º grau são superficiais e apresentam apenas vermelhidão da pele e dor local. As de 2º
grau caracterizam-se pela formação de bolhas e são muito dolorosas, enquanto as de 3º grau atingem
camadas profundas da pele e até mesmo outros tecidos mais profundos e caracterizam-se pela coloração
esbranquiçada ou enegrecida e por serem indolores.
A gravidade de uma queimadura é determinada pela extensão da área atingida, pela profundidade da
lesão e pela sua localização, além da idade da criança.
Afogamento
Reconhecimento da Situação
A vítima que está se afogando encontra-se tipicamente em posição vertical, com os braços estendidos
lateralmente, batendo-se dentro da água. Pode submergir e emergir a cabeça diversas vezes, enquanto
está lutando para manter-se acima da superfície da água. A criança geralmente resiste por 10 a 20
segundos nesta luta, enquanto os adolescentes podem resistir por até 60 segundos, até a imersão total.
A vítima geralmente é incapaz de gritar por socorro pois, instintivamente, respirar é sua prioridade.
Deve-se ter cuidado para não confundir esta situação com uma brincadeira do escolar dentro da água
e deixar de reconhecer precocemente sua gravidade.
Na criança o afogamento pode ser silencioso, ou seja, não apresentar o cenário típico descrito acima.
É comum a descrição de uma criança que está flutuando e subitamente fica imóvel ou daquela que está
nadando na superfície, mergulha na água e não retorna à superfície, sem apresentar qualquer sinal de
luta dentro d’água.
Procedimentos Gerais
- Retirar a vítima rapidamente da água, preferencialmente em posição vertical (a cabeça deve estar
sempre acima do nível do corpo);
- Removê-la para um lugar seco;
- Avaliar o nível de consciência;
- Avaliar o padrão respiratório: dificuldade para respirar, presença de tosse, presença de espuma na
boca ou nariz, ausência de respiração;
- Aquecer a vítima.
Vítima Consciente
- Se a vítima estiver consciente, colocá-la inicialmente deitada de costas, com a cabeça elevada;
- Se estiver respirando normalmente, sem dificuldades, virá-la de lado (preferencialmente do lado
esquerdo), pois poderão ocorrer vômitos;
- Encaminhar imediatamente para o hospital de referência todo escolar que for vítima de submersão,
mesmo que esteja consciente;
- Se houver suspeita de trauma raquimedular, estabilizar a coluna.
Vítima Inconsciente
- Acionar o SAMU 192;
- Realizar a abertura das vias aéreas;
- Checar a respiração: VER, OUVIR e SENTIR;
- Se respiração ausente: oferecer 2 ventilações de resgate efetivas (que elevem o tórax);
- Se não voltar a respirar espontaneamente, iniciar compressões torácicas;
- Realizar ciclos de compressões torácicas e ventilações;
- Manter as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) até a chegada do SAMU 192 ou até
que a vítima apresente movimentos espontâneos.
Intoxicações
ATENÇÃO: toda criança ou adolescente vítima de intoxicação deve ser imediatamente encaminhada
ao pronto socorro de referência.
Choque Elétrico
Acidentes relacionados à corrente elétrica são potencialmente graves, podendo provocar queimaduras
graves, alterações do funcionamento do coração (até parada cardíaca), além de alterações pulmonares,
neurológicas, musculoesqueléticas e outras.
São mais frequentes as queimaduras resultantes do contato direto com a fonte de eletricidade. A vítima
que recebe a descarga elétrica pode apresentar lesão externa mínima, superficial; entretanto, pode sofrer
danos internos extensos, decorrentes das altas temperaturas provocadas pela corrente elétrica, que
queima os órgãos e tecidos que estiverem no seu trajeto.
Choques elétricos com fios de alta tensão são extremamente graves e frequentemente fatais. Ocorrem
geralmente quando a criança ou adolescente sobe em muros ou lajes para pegar uma pipa enroscada
nos fios ou se esses fios se rompem e caem ao chão.
ATENÇÃO: ao socorrer uma vítima de choque elétrico é importante a avaliação prévia da cena do
acidente, para que a pessoa que vai socorrer não se transforme em outra vítima.
ATENÇÃO: todo escolar que sofreu choque elétrico deve ser encaminhado ao pronto socorro de
referência.
ATENÇÃO: devem ser colocados protetores em todas as tomadas elétricas, especialmente nas
creches.
Mordedura de animais
- Avaliar a segurança da cena;
- Realizar a avaliação inicial da vítima;
- Cuidar inicialmente das situações que ameacem a vida;
- Realizar a lavagem imediata e abundante dos ferimentos com água corrente e sabão;
- Cobrir os ferimentos com gazes (ou, na falta destas, com panos limpos) e enfaixar;
- Se houver sangramento abundante, comprimir o local e, a seguir, enfaixar com compressão, com
cuidado para não garrotear;
- Nos casos de ferimentos pequenos, superficiais, com pouco sangramento, encaminhar o escolar para
a Unidade Básica de Saúde de referência para avaliação médica;
- Em casos de ferimentos extensos, profundos ou com sangramento profuso, encaminhar o escolar
para o Pronto Socorro de referência;
- Atenção para a situação vacinal do escolar contra o tétano: verificar juntamente com a UBS de
referência;
- Colaborar com as equipes de saúde no sentido de orientar os donos do animal que o mesmo deve
ser mantido confinado e em observação por 10 dias e de checar a situação vacinal do animal contra raiva;
- Caso a escola tenha conhecimento de que não foi possível a manutenção da observação do animal
por 10 dias, deve comunicar a UBS de referência.
Arranhaduras
- Realizar a lavagem imediata e abundante dos ferimentos com água corrente e sabão;
- Cobrir os ferimentos com gazes (ou, na falta destas, com panos limpos) e enfaixar - ver orientações
do Capítulo “Ferimentos”;
- Encaminhar o escolar para a Unidade Básica de Saúde de referência para avaliação médica;
- Atenção para a situação vacinal do escolar contra o tétano: verificar juntamente com a UBS de
referência;
- Colaborar com as equipes de saúde no sentido de orientar os donos do animal que o mesmo deve
ser mantido confinado e em observação por 10 dias e de checar a situação vacinal do animal contra raiva;
- Caso a escola tenha conhecimento de que não foi possível a manutenção da observação do animal
por 10 dias, deve comunicar a UBS de referência.
Urgências Odontológicas
Dor de dente
- Enxaguar a boca;
- Passar o fio dental para remover restos alimentares entre os dentes;
- Não aplicar nada quente no dente ou bochecha e não colocar qualquer remédio no dente ou na
gengiva;
- Encaminhar imediatamente ao cirurgião dentista da UBS ou do Pronto Socorro de referência.
ATENÇÃO: ao realizar as compressas com gelo, sempre envolver o saco de gelo em tecidos, não
permitindo o contato direto do mesmo com a pele, para evitar queimaduras.
01. (CS/UFG - Assistente de Alunos - IF/GO) Em caso de acidente envolvendo aluno, as ações de
primeiros socorros devem priorizar os sinais vitais com base na observação das seguintes alterações:
(A) falta de respiração, falta de circulação (pulso ausente), hemorragia abundante; perda dos sentidos
(ausência de consciência).
(B) lesão na pele, hemorragia, sangramento periférico, perda dos sentidos (audição e tato).
(C) dilatação da pupila, perda dos sentidos (ausência de consciência), palidez, sudorese inferior.
(D) sangramento periférico, respiração ofegante, falta de circulação (pulso ausente), cefaleia.
03. (FUNIVERSA - Assistente de Alunos - IF/AP) Com relação aos casos de traumatismo dentário,
assinale a alternativa correta.
(A) Quando o dente apresentar movimento, deve-se enxaguar a boca com água morna para remover
o sangue ou outro tipo de sujeira e colocar uma gaze enrolada no local.
(B) Quando o dente estiver quebrado, deve-se levar o pedaço do dente até o dentista.
(C) Quando o dente estiver quebrado, deve-se colocar o pedaço do dente dentro de um copo com
água fria.
(D) Quando o dente cair, deve-se enxaguar a boca, sem friccionar, com água e sabão.
(E) Quando o dente cair, deve-se morder uma gaze com firmeza para manter o dente na cavidade e
procurar imediatamente o dentista.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
Sinais vitais: Pulso, respiração, temperatura, pressão arterial (PA).
02. Resposta: D
Como na questão anterior, Sinais Vitais: Pulso, respiração, temperatura, pressão arterial (PA).
03. Resposta: B
A recomendação para quando ocorre uma lesão dental, deve se entrar em contato com o dentista
imediatamente.
EDUCAÇÃO FÍSICA
1ª PARTE
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Histórico
Para que se compreenda o momento atual da Educação Física é necessário considerar suas origens
no contexto brasileiro, abordando as principais influências que marcam e caracterizam esta disciplina e
os novos rumos que estão se delineando.
O trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento.
Ou, dito de outro modo, a natureza do trabalho desenvolvido nessa área tem íntima relação com a
compreensão que se tem desses dois conceitos.
Por suas origens militares e médicas e por seu atrelamento quase servil aos mecanismos de
manutenção do status quo vigente na história brasileira, tanto a prática como a reflexão teórica no campo
da Educação Física restringiram os conceitos de corpo e movimento — fundamentos de seu trabalho —
aos seus aspectos fisiológicos e técnicos.
Atualmente, a análise crítica e a busca de superação dessa concepção apontam a necessidade de
que, além daqueles, se considere também as dimensões cultural, social, política e afetiva, presentes no
corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como
cidadãos.
Buscando uma compreensão que melhor contemple a complexidade da questão, a proposta dos
Parâmetros Curriculares Nacionais adotou a distinção entre organismo — um sistema estritamente
fisiológico — e corpo — que se relaciona dentro de um contexto sociocultural — e aborda os conteúdos
da Educação Física como expressão de produções culturais, como conhecimentos historicamente
acumulados e socialmente transmitidos. Portanto, a presente proposta entende a Educação Física como
uma cultura corporal.
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na medida
em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O conceito
de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem,
antecedendo-os e transcendendo-os.
“É preciso considerar que não se trata, aqui, do sentido mais usual do termo cultura, empregado para
definir certo saber, ilustração, refinamento de maneiras. No sentido antropológico do termo, afirma-se que
todo e qualquer indivíduo nasce no contexto de uma cultura, não existe homem sem cultura, mesmo que
não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se se pudesse dizer que o homem é biologicamente
incompleto: não sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o gerou.
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo: neles o indivíduo é formado
desde o momento da sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, aprende os valores
do grupo; por eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo
social as concebe” .
Embora numa aula de Educação Física os aspectos corporais sejam mais evidentes, mais facilmente
observáveis, e a aprendizagem esteja vinculada à experiência prática, o aluno precisa ser considerado
como um todo no qual aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as
situações.
Não basta a repetição de gestos estereotipados, com vistas a automatizá-los e reproduzi-los. É
necessário que o aluno se aproprie do processo de construção de conhecimentos relativos ao corpo e ao
movimento e construa uma possibilidade autônoma de utilização de seu potencial gestual.
O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples
exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas
possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e
adequada.
Trata-se de compreender como o indivíduo utiliza suas habilidades e estilos pessoais dentro de
linguagens e contextos sociais, pois um mesmo gesto adquire significados diferentes conforme a intenção
Automatismos e Atenção
Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos portadores de deficiências físicas
foram (e são) excluídos das aulas de Educação Física. A participação nessa aula pode trazer muitos
benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades
afetivas, de integração e inserção social.
É fundamental, entretanto, que alguns cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, deve-se analisar
o tipo de necessidade especial que esse aluno tem, pois existem diferentes tipos e graus de limitações,
que requerem procedimentos específicos. Para que esses alunos possam frequentar as aulas de
Educação Física é necessário que haja orientação médica e, em alguns casos, a supervisão de um
especialista em fisioterapia, um neurologista, psicomotricista ou psicólogo, pois as restrições de
movimentos, posturas e esforço podem implicar riscos graves.
Garantidas as condições de segurança, o professor pode fazer adaptações, criar situações de modo a
possibilitar a participação dos alunos especiais. Uma criança na cadeira de rodas pode participar de uma
corrida se for empurrada por outra e, mesmo que não desenvolva os músculos ou aumente a capacidade
cardiovascular, estará sentindo as emoções de uma corrida. Num jogo de futebol, a criança que não deve
fazer muito esforço físico pode ficar um tempo no gol, fazer papel de técnico, de árbitro ou mesmo torcer.
Este bloco diz respeito aos conhecimentos e conquistas individuais que subsidiam as práticas
corporais expressas nos outros dois blocos e dão recursos para o indivíduo gerenciar sua atividade
corporal de forma autônoma. O corpo é compreendido como um organismo integrado e não como um
amontoado de “partes” e “aparelhos”, como um corpo vivo, que interage com o meio físico e cultural, que
sente dor, prazer, alegria, medo, etc. Para se conhecer o corpo abordam-se os conhecimentos
anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que capacitam a análise crítica dos programas de
atividade física e o estabelecimento de critérios para julgamento, escolha e realização que regulem as
próprias atividades corporais saudáveis, seja no trabalho ou no lazer. São tratados de maneira
simplificada, abordando-se apenas os conhecimentos básicos. No ciclo final da escolaridade obrigatória,
podem ser ampliados e aprofundados. É importante ressaltar que os conteúdos deste bloco estão
contextualizados nas atividades corporais desenvolvidas.
Os conhecimentos de anatomia referem-se principalmente à estrutura muscular e óssea e são
abordados sob o enfoque da percepção do próprio corpo, sentindo e compreendendo, por exemplo, os
ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e posições, em situações de relaxamento e
tensão.
Os conhecimentos de fisiologia são aqueles básicos para compreender as alterações que ocorrem
durante as atividades físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, perda de água e sais minerais) e
aquelas que ocorrem a longo prazo (melhora da condição cardiorrespiratória, aumento da massa
muscular, da força e da flexibilidade e diminuição de tecido adiposo).
A bioquímica abordará conteúdos que subsidiam a fisiologia: alguns processos metabólicos de
produção de energia, eliminação e reposição de nutrientes básicos. Os conhecimentos de biomecânica
são relacionados à anatomia e contemplam, principalmente, a adequação dos hábitos posturais, como,
por exemplo, levantar um peso e equilibrar objetos.
Estes conteúdos são abordados principalmente a partir da percepção do próprio corpo, isto é, o aluno
deverá, por meio de suas sensações, analisar e compreender as alterações que ocorrem em seu corpo
durante e depois de fazer atividades. Poderão ser feitas análises sobre alterações a curto, médio ou longo
prazos. Também sob a ótica da percepção do próprio corpo, os alunos poderão analisar seus movimentos
no tempo e no espaço: como são seus deslocamentos, qual é a velocidade de seus movimentos, etc.
As habilidades motoras deverão ser aprendidas durante toda a escolaridade, do ponto de vista prático,
e deverão sempre estar contextualizadas nos conteúdos dos outros blocos. Do ponto de vista teórico,
podem ser observadas e apreciadas principalmente dentro dos esportes, jogos, lutas e danças.
Também fazem parte deste bloco os conhecimentos sobre os hábitos posturais e atitudes corporais. A
ênfase deste item está na relação entre as possibilidades e as necessidades biomecânicas e a construção
sociocultural da atitude corporal, dos gestos, da postura. Por que, por exemplo, os orientais sentam-se
no chão, com as costas eretas? Por que as lavadeiras de um determinado lugar lavam a roupa de uma
maneira? Por que muitas pessoas do interior sentam-se de cócoras? Observar, analisar, compreender
essas atitudes corporais são atividades que podem ser desenvolvidas juntamente com projetos de
História, Geografia e Pluralidade Cultural.
Além da análise dos diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da postura dos alunos em classe: as
posturas mais adequadas para fazer determinadas tarefas, para diferentes situações e por quê.
Este bloco de conteúdos inclui as manifestações da cultura corporal que têm como características
comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros
como referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas.
O enfoque aqui priorizado é complementar ao utilizado pelo bloco de conteúdo “Dança”, que faz parte
do documento de Arte. O professor encontrará, naquele documento, mais subsídios para desenvolver um
trabalho de dança, no que tange aos aspectos criativos e à concepção da dança como linguagem artística.
Num país em que pulsam o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, a catira, o baião,
o xote, o xaxado entre muitas outras manifestações, é surpreendente o fato de a Educação Física ter
promovido apenas a prática de técnicas de ginástica e (eventualmente) danças europeias e americanas.
A diversidade cultural que caracteriza o país tem na dança uma de suas expressões mais significativas,
constituindo um amplo leque de possibilidades de aprendizagem.
Todas as culturas têm algum tipo de manifestação rítmica e/ou expressiva. No Brasil existe uma
riqueza muito grande dessas manifestações. Danças trazidas pelos africanos na colonização, danças
relativas aos mais diversos rituais, danças que os imigrantes trouxeram em sua bagagem, danças que
foram aprendidas com os vizinhos de fronteira, danças que se veem pela televisão. As danças foram e
são criadas a todo tempo: inúmeras influências são incorporadas e as danças transformam-se,
multiplicam-se. Algumas preservaram suas características e pouco se transformaram com o passar do
tempo, como os forrós que acontecem no interior de Minas Gerais, sob a luz de um lampião, ao som de
uma sanfona. Outras, recebem múltiplas influências, incorporam-nas, transformando-as em novas
manifestações, como os forrós do Nordeste, que incorporaram os ritmos caribenhos, resultando na
lambada.
Nas cidades existem danças como o funk, o rap, o hip-hop, as danças de salão, entre outras, que se
caracterizam por acontecerem em festas, clubes, ou mesmo nas praças e ruas. Existem também as
danças eruditas como a clássica, a contemporânea, a moderna e o jazz, que podem às vezes ser
apreciadas na televisão, em apresentações teatrais e são geralmente ensinadas em escolas e academias.
Nas cidades do Nordeste e Norte do país, existem danças e coreografias associadas às manifestações
musicais, como a timbalada ou o olodum, por exemplo.
A presença de imigrantes no país também trouxe uma gama significativa de danças das mais diversas
culturas. Quando houver acesso a elas, é importante conhecê-las, situá-las, entender o que representam
e o que significam para os imigrantes que as praticam.
Existem casos de danças que estão desaparecendo, pois não há quem as dance, quem conheça suas
origens e significados. Conhecê-las, por intermédio das pessoas mais velhas da comunidade, valorizá-
las e revitalizá-las é algo possível de ser feito dentro deste bloco de conteúdos.
As lengalengas são geralmente conhecidas das meninas de todas as regiões do país. Caracterizam-
se por combinar gestos simples, ritmados e expressivos que acompanham uma música canônica. As
brincadeiras de roda e as cirandas também são uma boa fonte para atividades rítmicas.
Os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem variar muito de acordo com o local em
que a escola estiver inserida. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais tradicionais da
coletividade, por intermédio principalmente das pessoas mais velhas é de fundamental importância. A
pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com características diferentes das
danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais completo.
Por meio das danças e brincadeiras os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento
expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção,
sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de
movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar
atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas.
A lista a seguir é uma sugestão de danças e outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem
ser abordadas e deverão ser adaptadas a cada contexto:
• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira, bumbameu- boi, maracatu, xaxado,
etc.;
• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;
• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;
• danças e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de afoxé, olodum, timbalada,
trios elétricos, escolas de samba;
• lengalengas;
• brincadeiras de roda, cirandas;
• escravos-de-jó.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais consideram que a avaliação deve ser algo útil, tanto para o
aluno como para o professor, para que ambos possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro
do processo de ensino e aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo.
Tradicionalmente, as avaliações dentro desta área se resumem a alguns testes de força, resistência e
flexibilidade, medindo apenas a aptidão física do aluno. O campo de conhecimento contemplado por esta
proposta vai além dos aspectos biofisiológicos. Embora a aptidão possa ser um dos aspectos a serem
avaliados, deve estar contextualizada dentro dos conteúdos e objetivos, deve considerar que cada
indivíduo é diferente, que tem motivações e possibilidades pessoais. Não se trata mais daquela avaliação
padronizada que espera o mesmo resultado de todos. Isso significa dizer que, por exemplo, se um dos
objetivos é que o aluno conheça alguns dos seus limites e possibilidades, a avaliação dos aspectos físicos
estará relacionada a isso, de forma que o aluno possa compreender sua função imediata, o contexto a
que ela se refere e, de posse dessa informação, traçar metas e melhorar o seu desempenho. Além disso,
a aptidão física é um dos aspectos a serem considerados para que esse objetivo seja alcançado: o
conhecimento de jogos, brincadeiras e outras atividades corporais, suas respectivas regras, estratégias
e habilidades envolvidas, o grau de independência para cuidar de si mesmo ou para organizar
brincadeiras, a forma de se relacionar com os colegas, entre outros, são aspectos que permitem uma
avaliação abrangente do processo de ensino e aprendizagem.
Dessa forma, os critérios explicitados para cada um dos ciclos de escolaridade têm por objetivo auxiliar
o professor a avaliar seus alunos dentro desse processo, abarcando suas múltiplas dimensões. Também
buscam explicitar os conteúdos fundamentais para que os alunos possam seguir aprendendo.
EDUCAÇ ÃO FÍSICA
2ª PARTE
PRIMEIRO CICLO Ensino e aprendizagem de Educação Física no primeiro ciclo
Ao ingressarem na escola, as crianças já têm uma série de conhecimentos sobre movimento, corpo e
cultura corporal, frutos de experiência pessoal, das vivências dentro do grupo social em que estão
inseridas e das informações veiculadas pelos meios de comunicação.
As diferentes competências com as quais as crianças chegam à escola são determinadas pelas
experiências corporais que tiveram oportunidade de vivenciar. Ou seja, se não puderam brincar, conviver
com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente suas competências serão restritas. Por
outro lado, se as experiências anteriores foram variadas e frequentes, a gama de movimentos e os
conhecimentos sobre jogos e brincadeiras serão mais amplos. Entretanto, tendo mais ou menos
conhecimentos, vivido muitas ou poucas situações de desafios corporais, para os alunos a escola
configura-se como um espaço diferenciado, onde terão que ressignificar seus movimentos e atribuir-lhes
novos sentidos, além de realizar novas aprendizagens.
Cabe à escola trabalhar com o repertório cultural local, partindo de experiências vividas, mas também
garantir o acesso a experiências que não teriam fora da escola. Essa diversidade de experiências precisa
ser considerada pelo professor quando organiza atividades, toma decisões sobre encaminhamentos
individuais e coletivos e avalia procurando ajustar sua prática às reais necessidades de aprendizagem
dos alunos.
Nesse momento da escolaridade, os alunos têm grande necessidade de se movimentar e estão ainda
se adaptando à exigência de períodos mais longos de concentração em atividades escolares. Entretanto,
afora o horário de intervalo, a aula de Educação Física é, muitas vezes, a única situação em que têm
nessa oportunidade. Tal peculiaridade frequentemente gera uma situação ambivalente: por um lado, os
alunos apreciam e anseiam por esse horário; por outro, ficam em um nível de excitação tão alto que torna
difícil o andamento da aula. A capacidade dos alunos em se organizar é também objeto de ensino e
aprendizagem; portanto, distribuir-se no espaço, organizar-se em grupos, ouvir o professor, arrumar
materiais, entre outras coisas, são procedimentos que devem ser trabalhados para favorecer o
desenvolvimento dessa capacidade. Tomar todas as decisões pelos alunos ou deixá-los totalmente livre
para resolver tudo, dificilmente contribuirá para a construção dessa autonomia.
Se for o professor polivalente quem ministra as aulas de Educação Física abre-se a possibilidade de,
além das aulas já planejadas na rotina semanal, programar atividades em momentos diferenciados, por
exemplo, logo após alguma atividade que tenha exigido das crianças um grau muito grande de
concentração, de forma a balancear o tipo de demanda solicitada.
No primeiro ciclo, em função da transição que se processa entre as brincadeiras de caráter simbólico
e individual para as brincadeiras sociais e regradas, os jogos e as brincadeiras privilegiados serão aqueles
cujas regras forem mais simples. Jogos do tipo mãe-da-rua, esconde-esconde, pique bandeira, entre
muitos outros, permitem que a criança vivencie uma série de movimentos dentro de certas delimitações.
Um compromisso com as regras inclui a aprendizagem de movimentos como, por exemplo, frear antes
de uma linha, desviar de obstáculos ou arremessar uma bola a uma determinada distância.
É característica marcante desse ciclo a diferenciação das experiências e competências de movimento
de meninos e meninas. Os conteúdos devem contemplar, portanto, atividades que evidenciem essas
competências de forma a promover uma troca entre os dois grupos. Atividades lúdicas e competitivas,
nas quais os meninos têm mais desenvoltura, como, por exemplo, os jogos com bola, de corrida, força e
agilidade, devem ser mescladas de forma equilibrada com atividades lúdicas e expressivas nas quais as
meninas, genericamente, têm uma experiência maior; por exemplo, lengalengas, pequenas coreografias,
jogos e brincadeiras que envolvam equilíbrio, ritmo e coordenação.
Os jogos e atividades de ocupação de espaço devem ter lugar de destaque nos conteúdos, pois
permitem que se amplie as possibilidades de se posicionar melhor e de compreender os próprios
deslocamentos, construindo representações mentais mais acuradas do espaço. Também nesse aspecto,
a referência é o próprio corpo da criança e os desafios devem levar em conta essa característica,
apresentando situações que possam ser resolvidas individualmente, mesmo em atividades em grupo.
No plano especificamente motor, os conteúdos devem abordar a maior diversidade possível de
possibilidades, ou seja, correr, saltar, arremessar, receber, equilibrar objetos, equilibrar-se, desequilibrar-
se, pendurar-se, arrastar, rolar, escalar, quicar bolas, bater e rebater com diversas partes do corpo e com
objetos, nas mais diferentes situações.
Cabe ainda ressaltar que essas explorações e experiências devem ocorrer inclusive individualmente.
Equivale dizer que, no primeiro ciclo, é necessário que o aluno tenha acesso aos objetos como bolas,
cordas, elásticos, bastões, colchões, alvos, em situações não-competitivas, que garantam espaço e
tempo para o trabalho individual. A inclusão de atividades em circuitos de obstáculos é favorável ao
desenvolvimento de capacidades e habilidades individuais.
Ao longo do primeiro ciclo serão abordados uma série de conteúdos, nas dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais. Tais conteúdos são referentes aos blocos explanados no item “Critérios de
seleção e organização dos conteúdos” do presente documento, mas estão colocados de maneira
integrada, sem divisões. Explicita-se a seguir a lista daqueles a serem trabalhados nesse ciclo que
poderão ser retomados e aprofundados e/ou tornarem-se mais complexos nos ciclos posteriores:
• participação em diversos jogos e lutas, respeitando as regras e não discriminando os colegas;
• explicação e demonstração de brincadeiras aprendidas em contextos extraescolares;
• participação e apreciação de brincadeiras ensinadas pelos colegas;
• resolução de situações de conflito por meio do diálogo, com a ajuda do professor;
• discussão das regras dos jogos;
• utilização de habilidades em situações de jogo e luta, tendo como referência de avaliação o esforço
pessoal;
• resolução de problemas corporais individualmente;
• avaliação do próprio desempenho e estabelecimento de metas com o auxílio do professor;
SEGUNDO CICLO
Ensino e aprendizagem de Educação Física no segundo ciclo
No segundo ciclo é de se esperar que os alunos já tenham incorporado a rotina escolar, atuem com
maior independência e dominem uma série de conhecimentos. No que se refere à Educação Física, já
têm uma gama de conhecimentos comum a todos, podem compreender as regras dos jogos com mais
clareza e têm mais autonomia para se organizar. Desse modo, podem aprofundar e também fazer uma
abordagem mais complexa daquilo que sabem sobre os jogos, brincadeiras, esportes, lutas, danças e
ginásticas.
Já devem ter consolidado um repertório de brincadeiras e jogos que deverá ser transformado e
ampliado. A possibilidade de compreensão das regras do jogo é maior, o que permite que percebam as
funções que elas têm, de modo a sugerir alterações para tornar os jogos e brincadeiras mais desafiantes.
É comum nesse ciclo que as crianças comecem a organizar as atividades e brincadeiras vivenciadas
nas aulas de Educação Física em horários de recreio e de entrada e saída da escola.
A compreensão das regras e a autonomia para a organização das atividades permitem ainda que os
aspectos estratégicos dos jogos passem a fazer parte dos problemas a serem resolvidos pelo grupo e,
nesse sentido, o professor pode interromper os jogos em determinados momentos, solicitando uma
reflexão e uma conversa sobre qual estratégia mais adequada para cada situação, auxiliando assim para
que novos aspectos tornem-se observáveis.
O grau de dificuldade e complexidade dos movimentos pode aumentar — um pouco mais específicos,
com desafios que visem um desempenho mais próximo daquele requerido nas atividades corporais
socialmente construídas. Por exemplo, correr quicando uma bola de basquete, saltar e arremessar em
suspensão, receber em deslocamento, chutar uma bola de distâncias mais longas, etc.
Em relação à utilização do espaço e à organização das atividades, deve-se lançar mão de divisões em
pequenos grupos (por habilidade, afinidade pessoal, conhecimentos específicos, idades), alternando-as
com situações coletivas de toda a classe. Por exemplo: a quadra — ou o espaço disponível — pode ser
dividida em quatro partes, nas quais os subgrupos trabalhem com atividades diferenciadas. Isso permite
que os alunos tenham tempo de experimentar determinados movimentos, treiná-los, perceber seus
avanços e dificuldades, criar novos desafios para si mesmos, etc.
O conhecimento e o controle do corpo permite que comecem a monitorar seu desempenho, adequando
o grau de exigência e de dificuldade de algumas tarefas. Podem também, pela percepção do próprio
corpo, começar a compreender as relações entre a prática de atividades corporais, o desenvolvimento
das capacidades físicas e os benefícios que trazem à saúde.
Orientações Didáticas
Introdução
No ensino tradicional todas as áreas do conhecimento tratavam do intelecto e a aula de Educação
Física tratava exclusivamente das questões ligadas ao corpo e ao movimento. Entretanto, no que diz
respeito à concepção de aprendizagem, tanto a Educação Física como as demais áreas do currículo
partiam dos mesmos princípios e estruturavam sua metodologia de ensino na repetição, memorização e
reprodução de conhecimentos e comportamentos.
Se aprender Matemática consistia em repetir fórmulas até decorá-las, aprender Educação Física
consistia em repetir exercícios mecânicos e padronizados e reproduzir gestos estereotipados. Mesmo em
atividades como a dança, a metodologia utilizada dava mais ênfase ao aspecto técnico em si do que ao
aspecto expressivo.
Dentro do universo de conhecimentos que a Educação Física procura abordar, quando a metodologia
utilizada é a de ensino por condicionamento, o resultado é uma aprendizagem restrita e limitada. Isso
ocorre basicamente por dois motivos: o movimento corporal não pode ser esvaziado ou fragmentado a
ponto de perder seu significado pessoal, social e cultural, e o movimento corporal deve refletir uma
intenção do sujeito e não depender exclusivamente de um estímulo externo.
Por exemplo: ao sistematizar a aprendizagem do basquete, a metodologia consistia em eleger os
movimentos mais comuns, mais frequentes nesse esporte (chamados “fundamentos”) e treiná-los em
separado, visando uma automatização, na equivocada esperança de que bastava ao aluno conhecer os
“pedaços” do movimento presente nessa modalidade para poder praticá-la. Fazendo uma rudimentar
analogia com a alfabetização, seria acreditar que decorar as letras e as sílabas fosse condição suficiente
para se aprender a ler e a escrever. Na situação de jogo, os movimentos de arremessar, passar, receber
e bater a bola acontecem num contexto dinâmico de deslocamentos, de coordenação de trajetórias da
bola e dos jogadores, em que cada movimento precisa ser executado em função de uma situação
específica que contém muitas variáveis. Quando fora desse contexto, a repetição pura e simples perde o
sentido, torna-se enfadonha e cansativa e não necessariamente promove um aprimoramento do
desempenho na situação de jogo.
Além disso, os exercícios ocupavam a maior parte da aula, sendo reservados os dez minutos finais
para a prática do jogo, mesmo assim condicionado ao grau de organização e disciplina que o grupo
demonstrasse durante a aula. Ou seja, muitas vezes nem mesmo uma pequena prática contextualizada
do que havia sido treinado era possibilitada.
O resultado prático dessa metodologia é de conhecimento de todos: um processo de seleção dos
indivíduos aptos (legitimando uma concepção fortemente inatista), produzindo um grande contingente de
frustrados em relação às próprias capacidades e habilidades corporais. Mesmo as atividades de caráter
expressivo como a dança eram consideradas sob a ótica do preconceito e da marginalidade e, muitas
vezes, quando ensinadas repetiam as mesmas fórmulas seletivas de ensino e aprendizagem.
A presente proposta firma-se numa concepção de aprendizagem que parte das situações globais,
amplas e diversificadas em direção às práticas corporais sociais mais significativas, que exigem
movimentos mais específicos, precisos e sistematizados. É necessário ainda incluir no processo de
aprendizagem, para além das questões relativas ao movimento em si, os contextos pessoais, culturais e
sociais em que ele ocorre, para que a ação corporal adquira um significado que extrapole a própria
situação escolar.
A justificativa da presença da Educação Física no ensino tem sido vinculada à formação do homem
integral, que ocorreria por meio do exercício físico e da disciplina do corpo. Entretanto, na prática, a
amplitude das questões referentes às relações entre o corpo e a mente, dentro de um contexto
sociocultural, não foram amplamente abordadas. Falava-se de “enobrecer o caráter”, mas não existiam
Orientações gerais
Particularmente no que diz respeito às diferenças entre as competências de meninos e meninas deve-
se ter um cuidado especial. Muitas dessas diferenças são determinadas social e culturalmente e
decorrem, para além das vivências anteriores de cada aluno, de preconceitos e comportamentos
estereotipados. As habilidades com a bola, por exemplo, um dos objetos centrais da cultura lúdica,
estabelecem-se com a possibilidade de prática e experiência com esse material. Socialmente essa prática
é mais proporcionada aos meninos que, portanto, desenvolvem-se mais do que meninas e, assim, brincar
com bola se transforma em “brincadeira de menino”.
O raciocínio inverso também poderia ser feito, pois existem habilidades que as meninas acabam por
aperfeiçoar em função de uma maior experiência; mas o fundamental é que existe um estilo diferenciado
entre meninos e meninas, como também existe entre diferentes pessoas de praticar uma mesma atividade
lúdica ou expressiva. São modos diferentes de ser e atuar que devem se completar e se enriquecer
mutuamente, ao invés de entrar em conflitos pautados em estereótipos e preconceitos.
As intervenções didáticas podem propiciar experiências de respeito às diferenças e de intercâmbio:
dividir um grupo de primeiro ciclo em trios, cada um deles contendo pelo menos uma menina, e colocar
para elas a tarefa de ensinar uma sequência do jogo de elástico; ou ainda atribuir aos meninos o papel
de técnicos num jogo de futebol disputado por times de meninas.
Geralmente os alunos conhecem as regras do convívio escolar, mas pouco compreendem a sua
natureza, o modo e as razões pelas quais foram estabelecidas.
No caso da Educação Física existe a possibilidade de se abordarem diferentes jogos e atividades e se
discutirem as regras em conjunto com os alunos, tentando encontrar as razões que as originaram,
propondo modificações, testando-as, repensando sobre elas e assim por diante. A compreensão das
normas que pode advir daí é completamente diferente de quando as regras são consideradas absolutas,
inquestionáveis e imutáveis.
Os jogos, esportes e brincadeiras são contextos favoráveis para a intervenção do professor nesse
sentido, por várias razões. A primeira delas diz respeito ao próprio desenvolvimento dos conhecimentos
Uso do Espaço
Sabe-se que na realidade das escolas brasileiras os espaços disponíveis para a prática e a
aprendizagem de jogos, lutas, danças esportes e ginásticas não apresentam a adequação e a qualidade
necessárias. Alterar esse quadro implica uma conjugação de esforços de comunidade e poderes públicos.
Essa situação, no entanto, não exclui a possibilidade de uma potencialização de uso dos espaços já
disponíveis.
Mesmo que não se tenha uma quadra convencional, é possível adaptar espaços para as aulas de
Educação Física. As crianças fazem isso cotidianamente e é comum vê-las jogando gol-a-gol na porta de
aço de uma garagem, ou usando um portão como rede para um jogo de voleibol adaptado. O professor
pode utilizar um pátio, um jardim, um campinho, dentro ou próximo à escola, para realizar as atividades
de Educação Física.
Estender cordas entre árvores, para que as crianças se pendurem e se equilibrem, ou organizem
voleibol em pequenos grupos, pendurar pneus e aros nas árvores para funcionarem como alvos em jogos
de arremesso e basquete em pequenos grupos, utilização de desníveis de terreno como parte dos
circuitos com materiais diversos e obstáculos são sugestões de formas de utilização do espaço físico.
Mesmo em se tratando de quadras convencionais, o professor pode e deve, conforme a exigência da
situação, dividi-las de diferentes formas, possibilitando a execução de atividades de natureza
diferenciada, simultaneamente.
Conhecimentos Prévios
As crianças, ao iniciarem o ensino fundamental, trazem de sua experiência pessoal uma série de
conhecimentos relativos ao corpo, ao movimento e à cultura corporal. Partindo disso, a escola deve
promover a ampliação desses conhecimentos, permitindo sua utilização em situações sociais. O professor
deve criar situações que coloquem esses conhecimentos em questão, ou seja, situações que solicitem
da criança a resolução de um problema, seja no plano motor, na organização do espaço e do tempo, na
utilização de uma estratégia ou na elaboração de uma regra.
Na prática, representa fazer o seguinte: ao constatar que uma conduta corporal é exercida de uma
forma estável e segura pelas crianças, o professor deve interferir, criando uma pequena dificuldade, um
obstáculo a ser superado, que mobilize os conhecimentos disponíveis ao sujeito e solicite uma
reorganização deles. Por exemplo: se um grupo de crianças consegue pular corda com segurança e
eficiência, o professor pode solicitar, como desafio, que as crianças entrem na corda pelo lado oposto, ou
ainda que os saltos sejam realizados em duplas, trios e pequenos grupos.
Apreciação Crítica
Assistir a jogos de futebol, olimpíadas, apresentações de dança, capoeira, entre outros, é uma prática
muito corrente fora da escola; entretanto, dentro das aulas de Educação Física isso não acontece.
Ao se apreciarem essas diferentes manifestações da cultura corporal, o aluno poderá não só aprender
mais sobre corpo e movimento de uma determinada cultura, como também a valorizar essas
manifestações.
O professor, portanto, poderá criar situações em que a atividade seja assistir e comentar os diferentes
movimentos, estratégias, posturas, etc. Isso pode ser feito assistindo a vídeos, televisão ou mesmo
pessoas da própria comunidade escolar: alunos de outras classes, professores ou os próprios pais.
Prestar atenção aos próprios colegas em ação também é uma situação interessante. O professor, em
todas essas ocasiões, deve, juntamente com seus alunos, pontuar quais os aspectos que devem ser
observados, para que depois se façam comentários, sistematizando o que pode ser aprendido e
contribuindo com aqueles que foram assistidos.