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METODOLOGIA DO ATLETISMO

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

METODOLOGIA DO ATLETISMO .......................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

INTRODUÇÃO......................................................................................... 4

O ATLETISMO COMO FORMA DE INCLUSÃO SOCIAL ....................... 9

AS MULHERES E O ATLETISMO......................................................... 12

ATLETISMO ADAPTADO ...................................................................... 30

ATLETISMO PARALÍMPICO BRASILEIRO – ENTRE OS 10 MELHORES


DO MUNDO ..................................................................................................... 35

ATLETISMO: HISTÓRIA, CATEGORIAS E PROVAS ........................... 43

REGRAS ANTIDOPAGEM .................................................................... 48

CORPO HUMANO................................................................................. 57

PSICOLOGIA DO ESPORTE ................................................................ 64

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PSICOLOGIA


ESPORTIVA ..................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 76

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INTRODUÇÃO

A iniciação da modalidade atletismo nas escolas pode ser de importância


decisiva para as crianças e jovens, apenas na medida em que lhe proporcione
vivências e experiências básicas, ampliando seus conhecimentos e utilizando
para o seu desenvolvimento motor, já que o atletismo é um esporte que envolve
e desenvolve os movimentos naturais do homem, como: correr, saltar,
arremessar e lançar, servindo assim de base para outras modalidades
esportivas, porém na maioria das vezes é relaxado na Educação Física Escolar
se concentrando apenas em poucas modalidades, geralmente corridas e saltos.
Por mais que seja uma modalidade individual o atletismo pode
impecavelmente alargar as afinidades pessoais entre os participantes, tendo em
vista torná-los cooperativos e independentes para que possam atingir os
objetivos propostos, para isso basta adequar às atividades a serem trabalhadas,
e façam com que sejam cumpridas em grupo.

Crédito: Getty Images

Na sociedade e no meio pedagógico atual, as modalidades esportivas


lidam com uma importância muito expressiva como aprendizado social.
No entanto a que possui maior popularidade como prática esportiva e
social é o futebol, conforme afirmação seguinte, "o futebol será um esporte como
os demais. Apaixonar-se emerge de sua fetichização. Atribui-lhe um valor

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inexistente para utilizá-lo como instrumento de despolitização." (RAMOS, 1984,
p. 48).
Avaliar pelas classificações culturais esportivas e sociais dos esportes
pode-se pôr o atletismo entre as últimas colocações acompanhado por muitos
outros esportes.
O atletismo se possuísse maior espaço na cultura esportiva incentivaria
um interesse da modalidade, fazendo que se tornasse um "gosto popular". "A
popularidade de certo esporte em uma sociedade em particular pode muito bem
influir sobre as atitudes e preferências da juventude". (SINGER, 1986, p. 186).
O fato de o atletismo ser pouco reconhecido em termos de espaços pode
ser então pela falta de incentivos e apoios, oportunidades e trabalhos
desenvolvidos, tanto no meio escolar como em clubes e comunidades em geral.
Quando se considera, a dinâmica corporal variada na construção das
ações corporais, há que se considerar os processos de significação, ou seja,
aquilo que dá sentido a outras ações corporais. Em outros termos o que dá
sentido ao movimento humano é o contexto onde ele se realiza. (DAÓLIO, 1998).
Mesmo sendo o atletismo conteúdos clássico da Educação Física, ele
continua sendo pouco desenvolvido no habitat educacional assim, a modalidade
normalmente é “esquecida”. Talvez seja necessário procurar novas
metodologias para dar valor à disciplina na sociedade e dentro do âmbito
escolar.
Os professores devem procurar firmemente por novas metodologias de
ensino para que suas aulas possam atendam ás reais necessidades dos alunos
para que não venha acarretar a evasão na disciplina, aumentando assim a
capacidade cognitiva e motivacional dos alunos.
A questão problema que surge é existe a oferta de atletismo nas aulas de
educação física? Quais seus principais conteúdos e formas de oferecimento?
Quais as dificuldades encontradas pelo professor na realização das aulas?

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Há anos que caminhar, correr, saltar e lançar é considerado movimentos


naturais. Desde seu nascimento as crianças realizam esses movimentos, e na

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escola, com as aulas de Educação Física, tem a oportunidade de melhorá-las
ainda mais. Afirma-se:
[...] que o atletismo escolar, dependendo de como é a metodologia
utilizada para sua aplicação ele pode vim a ser um grande responsável por
promover o desenvolvimento de capacidades motoras, da saúde, e da
personalidade da criança e para seu desenvolvimento fisiológico.
(HILDEBRANDT, 2003).
Betti refere uma declaração conveniente em relação ao esporte: “O
esporte é aquilo que se fizer dele”. (BETTI, 1991). Complementando “...
Educação Física Escolar será o que se fizer dela, os profissionais da área são
responsáveis pelo sucesso e insucesso das aulas e da aquisição do
conhecimento dos alunos.” (OLIVEIRA, 2006, p. 9)
Ao executar o atletismo em instituições educacionais acaba se resultando
em promover um comprometimento aos alunos com os seus aspectos formais e
das exigências físicas e do movimento que o sistema do atletismo exige.
Neste caso,
Se o rendimento for suficiente em nível do sistema ou não, os sujeitos
terão experiências de como ser bem ou mal sucedidos. Assim como o bom aluno
confirma a si próprio sua capacidade de rendimento pelo certificado e pela
classificação exitosa, o mal se denomina e, é denominado pelos outros de
fracassado. (HILDEBRANDT, 2003, p. 31).
Hildebrandt faz com que se pense que este tipo de aprendizado não pode
ser defendido nas aulas de Educação Física, ou seja, o esporte não pode ser
trabalhado/ensinado desta forma para os alunos.
Por esta razão,
A escola deve selecionar os conteúdos clássicos universais e também
trabalhar com o repertório cultural local partindo de experiências vividas
particulares necessários à formação do cidadão autônomo, crítico e criativo, para
que este possa participar, intervir e comprometer-se com a construção de uma
sociedade mais justa, plural e democrática. (JEBER, 2005).
Com isso pode se entender, a importância de se transmitir conhecimentos
particulares do atletismo como: a complexidade social, histórica, política, e pelas
suas atividade/ação que possui.

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Assim, uma transformação didática- pedagógica da modalidade esportiva
atletismo, do ponto de vista prático, apresenta algumas dificuldades.
“Inicialmente, não se pode ter a idéia de que isso significa a redução de um modo
“correto” da prática do atletismo para uma alternativa em forma de simples
brincadeiras”. Trata-se, isto sim, em primeiro lugar de uma mudança de
concepção, tanto do ensino quanto do esporte. (KUNZ; SOUZA, 2003).
Para Kunz (1991), os objetivos da Educação Física escolar são definidos
em três planos: o biológico, o sinestésico e o integrador. Esses três planos gerais
devem ser compreendidos da seguinte maneira: a função biológica deve atender
a formação das qualidades físicas básicas, como força, velocidade, resistência
e flexibilidade; a função sinestésica ocupa-se da formação das destrezas
motoras para as diferentes modalidades esportivas e a função integradora deve
desenvolver a competência social através do esporte.
No entanto, como o atletismo, na qualidade de conteúdo das aulas de
Educação Física, pode vir a desenvolver as três funções acima citadas?
Seguindo, ainda, em Kunz enfatiza-se que:
Ensinar Atletismo nas escolas é um processo dramático, porque, com
certeza, os alunos preferem “mil vezes” jogar e brincar com bola, do que saltar,
arremessar ou se matar numa corrida de quatrocentos ou mil metros. (KUNZ,
1998).
O motivo pelo qual os alunos preferem optar por essas atividades jogadas
não está somente na falta de ludicidade como se apresentam as chamadas
“provas” do atletismo, mas, na maioria das situações, por memórias de uma
vivência não muito agradável. Desse modo, o medo de novos fracassos interfere
no empenho de querer aprender essa modalidade esportiva.
Os conteúdos das aulas de Educação Física, mais especificamente o
atletismo, podem vir a ser compreendidos como mediadores de capacidades
assim provocando algumas situações de desconforto para os alunos em relação
ao seu desenvolvimento. Logo abaixo se encontra uma citação que exemplifica
uma metodologia relacionada às vivências, que pode ser desenvolvidas no
contexto dos conteúdos da Educação Física escolar para melhorar a qualidade
e concretizar seus objetivos:
Pois, o processo de aprendizagem, baseado nas experiências autênticas,
não necessita de nenhuma forma de instrução, mas sim a configuração de

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situações que devem propiciar experiências de movimentar-se em relação à
intenção educativa. Isso parece um ato revolucionário, pois estamos
acostumados a levar aos alunos os movimentos “corretos”, jogos definidos.
(HILDEBRANDT, 2003, p. 150).
De acordo com a citação acima, pode-se utilizar uma didática que propicie
situações-experiências, nas quais, por exemplo, o esporte atletismo. A partir
disto podemos colocar como exemplo a seguinte questão problemática corrida
coletiva.
Como podemos correr trezentos metros em 58 segundos? Dividem-se os
grupos de, no máximo 05, participantes e, como geralmente acontece, os fortes
acabam formando um grupo e os fracos outro. Nessa tarefa, os alunos estudam
livremente as possibilidades de solucionar o problema, apresentam suas
soluções ao professor e ao grupo, passando, em seguida, a realizar a
experiência. (KUNZ, 1998, p. 34)
E, continuando:
Quando os alunos colocam em prática a solução encontrada para o
problema, é possível os seguintes resultados: o grupo dos fortes faz em torno de
56 segundos os trezentos metros, e o grupo dos fracos em 59 segundos. Nessa
oportunidade o professor esclarece que ninguém encontrou a solução definitiva
para o problema, uma vez que exige correr trezentos metros em 58 segundos.
Caso fosse uma competição o vencedor seria o grupo dos “fracos” uma vez que
estes se aproximaram mais da solução do problema. (KUNZ, 1998, p. 36).
O exemplo mostra, de maneira clara, como o professor pode oferecer aos
alunos as possibilidades de aprender a atuar de forma autônoma sobre o
atletismo e suas “provas”. Conseguindo desconstruir, assim, as imagens
excessivamente centradas na competição e na luta de concorrentes, construindo
imagens de solidariedade e cooperação e, principalmente despertando a
consciência crítica
Hildebrandt (2003) destaca que objetivo, métodos e conteúdos devem
estar sempre na mesma direção, pois, se desenvolver uma metodologia parecida
com a que foi mostrada anteriormente, terá função de enriquecer o conteúdo
com a participação dos alunos no processo de ensino aprendizagem.

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O ATLETISMO COMO FORMA DE INCLUSÃO SOCIAL

O esporte na dimensão educativa e de inclusão social é assegurado por


lei na constituição Federal, art. 217, que diz "É dever do Estado fomentar práticas
desportivas formais e não formais como direito de cada um”. É legitimado para
crianças e adolescentes em seu Estatuto, no capítulo IV, artigo 59, que cita: "Os
municípios com o apoio do Estado e da União estimularão e facilitarão a
destinação de recursos e espaços para a programação cultural, esportiva e de
lazer voltada para infância e a juventude".
A escola entra nessa lógica na concessão do espaço e na
responsabilidade de fomentar essas práticas educativas. E o ensino do atletismo
deve focar seus propósitos ao que a carta maior deste país determina. Apesar
de se tratar de um dos conteúdos clássicos da Educação Física, o atletismo é
ainda muito pouco difundido nas escolas brasileiras e se são trabalhados estão
sendo feitos de maneira restrita onde as aulas se concentram em poucas
modalidades, geralmente corridas e saltos. Além disso, em muitas escolas, o
atletismo é desenvolvido com o objetivo clássico de sobrepujar o adversário,
através de procedimentos metodológicos que visam ao rendimento, estando à
margem da criatividade, da construção de novas formas de movimento e da
inserção das mesmas no contexto pedagógico dos outros esportes.
A prática de esportes é essencial para mantermos uma vida saudável e
menos estressante. No entanto, nem sempre nos conscientizamos que, além
disso, ele é um fator muito importante para a ressocialização de pessoas à
margem da sociedade. Por isso, o esporte é visto hoje como um processo de
sucesso na busca da inclusão social, contribuindo com o desenvolvimento físico
e motor, identificando responsabilidade, auto-confiança e integração no trabalho
em grupo.
O Atletismo é a forma mais antiga de um desporto organizado, vem dos
tempos de outrora em que correr, saltar e lançar eram encarados como uma
aprendizagem vital na caça e na guerra. A versão moderna é bem mais ampla,
pois trata-se de um esporte com provas de pista (corridas rasas, corridas com
barreiras ou com obstáculos, saltos, arremesso, lançamentos e provas
combinadas (decatlo e heptatlo), corridas de rua (de diversas distâncias, como
a maratona e corridas de montanha); provas de cross country (corridas com

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obstáculos naturais ou artificiais); e marcha atlética. Considerado o esporte-
base, por testar todas as característica básicas do homem, o atletismo não se
limita somente à resistência física, mas integra essa resistência à habilidade
física.
É constituído por três modalidades: corridas, lançamentos e saltos.
Considerado o esporte-base, por testar todas as características básicas do
homem, o atletismo não se limita somente à resistência física, mas integra essa
resistência à habilidade física.
No Brasil e no mundo muitas pessoas são beneficiadas pelo atletismo, e
o que mais essas pessoas ressaltam que é a integração na sociedade, onde são
reconhecidas como verdadeiros cidadãos.

Atletismo, ferramenta de inclusão social.

O esporte pode modificar as vidas de muitas crianças e adolescente,


impulsionando-as a superar obstáculos e a crescer com noções de solidariedade
e respeito às diferenças. O objetivo do atletismo como ferramenta de
inclusão social é dar condições para que o jovem faça do atletismo seu projeto
de vida e se torne um campeão não só no esporte, mas também na vida, por
isso deve-se pensar em longo prazo. O envolvimento em projetos sociais
esportivos consegue evitar, entre outras coisas, que os jovens se envolvam ou
pratiquem atos criminosos, já que ocupam o tempo ocioso com as práticas
esportivas, ao invés de deixá-los na rua ou se envolvendo com o crime.
A convivência com os demais jovens nas atividades esportivas provoca
também a socialização e o aumento das redes de sociabilidade, da amizade,
formando assim, comportamentos e valores. Aliados a investimentos em outras
áreas, os projetos esportivo-sociais trazem benfeitorias aos que estão em
vulnerabilidade social. Os benefícios do esporte vão além do jogo em si.
Realizando a prática esportiva, a criança e o jovem aprendem respeito pelas
regras e pelos outros jogadores, agregam entendimento, esperteza para
resoluções de conflitos, valor do esforço, auto-estima, responsabilidade.
É simples visualizar. Dentro de uma corrida de revezamento, por exemplo.
Para jogá-lo, antes de tudo, é preciso entender as regras. Uma delas especifica
que o jogador não pode passar o bastão fora da área demarcada para o passe.

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Se assim o fizer, estará desobedecendo a regra e a equipe será
desclassificada. E se o teu time está perdendo e precisa reverter o placar? É
preciso buscar uma solução para reverter esse problema. Ou mesmo em outras
decisões: é preciso utilizar a melhor tática para vencer o adversário.
E o empenho. Se eu me esforço, se eu me uno ao grupo, o resultado
será positivo. Mesmo que o esporte seja coletivo, todos dentro de quadra ou
pista possuem uma função. Se eu não exercer a minha, prejudico o time todo.
Para tanto, preciso ter a responsabilidade de exercer a função que me é
solicitada. Unindo todas essas características, mostro que sou capaz e o bom
desempenho gera a confiança no time e em mim mesmo.
Auto-confiança, essencial, para a boa auto-estima.

Foi assim que, Robson Caetano, homem mais rápido


da América do Sul, detentor até hoje do recorde sul-
americano nos 100m, com tempo de 10 segundos cravados
que lhe deram vitória no Campeonato Ibero-Americano do
México (1988),
É também uma história de integração e superação
pois saiu de uma favela carioca onde trabalhava como
ajudante de pedreiro onde teve vários momentos em sua
vida que minha família duvidou da possibilidade que o
esporte apontava na sua vida.
Foi descoberto pela técnica de atletismo Sônia Ricette, num campo de
futebol, na Baixada Fluminense (RJ), no final dos anos 1970. Foi levado para o
pentatlo moderno, no qual descobriu sua vocação para as provas de pista no
atletismo. Para se tornar um atleta consagrado, ele teve de enfrentar o estigma
que o acompanhou por muito tempo, em especial no início da carreira, o período
mais crítico para qualquer pessoa: ser taxado de irresponsável, indisciplinado,
inconsequente. Muitos treinadores não apostavam nele por causa da rebeldia,
mesmo reconhecendo seu talento indiscutível, "O mais importante eu tive em
casa, Mesmo não tendo condições financeiras, meus pais me deram muito
apoio", afirma, com ressalva para o avô, que queria ver o neto trabalhando como
estivador no Porto. "Na época, ser esportista era ser vagabundo, por isso ele era
contra". O atletismo levou Robson exatamente para o caminho contrário do

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temido pelo seu avô. E hoje um exemplo de vida é um exemplo para aqueles
que estão começando no esporte.
São por aprendizados como esses, que as Nações Unidas vêem o
esporte como promotor da integração social e desenvolvimento econômico em
diferentes contextos geográficos, culturais e políticos. Conforme a ONU, ele traz
valores humanos, assim como respeito pelo adversário, aceitação das regras,
trabalho em equipe e lealdade.

AS MULHERES E O ATLETISMO

As mulheres foram afastadas da participação ativa na sociedade,


incluindo sua participação como atletas olímpicas. A elas eram entregues os
papéis de mães e donas de casa e suas vidas pacatas restringiam-se a isso
(OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
Porém, com a revolução industrial e as grandes guerras mundiais,
ocorridas entre segunda metade do século XIX e a primeira metade do século
XX, as mulheres acabaram ocupando os espaços que os homens deixaram nas
indústrias, que estavam em função militar durante as guerras.
Consequentemente, as mulheres começaram a participar da vida moderna, com
novos empregos e status (MIRAGAYA, 2002).
Essa adversidade no mundo denuncia competências e habilidades
femininas compatíveis às masculinas. Portanto, o mundo desperta para o senso
crítico feminino voltado às igualdades da cidadania entre gêneros como: (i) o
direito ao voto, (ii) a independência financeira, (iii) a prática esportiva, e (iv) a
participação em Jogos Olímpicos (MIRAGAYA, 2002).
Considerando o fascinante universo do movimento social feminino, este
estudo busca reunir informações históricas, com ênfase nos desdobramentos
sociais ocorridos no Século XX, em prol da inserção da mulher nos esportes.

Proibição da presença feminina nos Jogos Olímpicos da


Antiguidade

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Embora haja poucos relatos a respeito da presença feminina em
atividades esportivas, é necessário considerar que os registros existentes foram
produzidos por homens e sobre a perspectiva masculina, num período em que
as mulheres eram marginalizadas na sociedade que viviam. Ou seja, de acordo
com os homens, as ações femininas eram irrelevantes para a história da
humanidade e, portanto, desprezíveis de serem retratadas. Desta forma, os
relatos a seguir estão embasados em visões masculinas das mulheres da época,
e podem não retratar fatos verídicos (KENNARD; CARTER, 1994 apud RUBIO;
SIMÕES, 1999).

Figura 1. O primeiro campeão olímpico - Coroebus


Fonte: Revoada (2012)

No ano de 776 a.C, foram iniciadas as Panatéias. Este evento tinha cunho
religioso, onde os competidores se reuniam de quatro em quatro anos para
honrar os deuses com jogos e lutas (OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).

Figura 2. Primeiros Jogos registrados 776 a.C.


Fonte: Revoada (2012)

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Nesse período, as mulheres eram privadas da vida pública e econômica,
consequentemente, eram proibidas de assistir e participar dos Jogos Olímpicos,
sob a pena de morte conforme regulamento dos jogos. No entanto, a
participação passiva das sacerdotisas era permitida. Elas eram reverenciadas
como mensageiras dos deuses, traziam boa sorte aos participantes e eram
responsáveis pela entrega da coroa de oliveiras para os vencedores (CHIÉS,
2006).

Figura 3. Sacerdotisa
Fonte: Globo Esporte (2012)

O argumento utilizado para a proibição das mulheres no evento estava


relacionado com o acesso ao Stadium, o local das provas era uma região muito
montanhosa, que poderia acarretar em danos fisiológicos aos corpos frágeis
femininos (RAMOS, 1983 apud OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).

Figura 4. Stadium Grécia


Fonte: Boris [s. d.]

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Por outro lado, existe a hipótese que a proibição da presença passiva-
ativa feminina nas Panatéias tenha perfil político. Para os gregos, apenas os
cidadãos tinham direito à vida pública como participar e assistir eventos
esportivos. Para ser um cidadão grego era necessário guerrear. Como as
mulheres não desempenhavam essa função, sua participação aos jogos era
vetada. Restando-lhes o direito de serem mães de cidadãos gregos (RUBIO;
SIMÕES, 1999).
Curiosidade: uma das mais famosas histórias sobre mulheres nas
Olimpíadas da Antiguidade vem de uma mulher chamada Kallipateria, treinadora
do seu próprio filho, um lutador de boxe chamado Pisidoros. Ela correu risco de
morte ao se tornar treinadora, e se vestia de homem para assumir o papel, mas
quando seu filho ganhou a luta, ela não se aguentou e acabou se expondo ao
público. Felizmente ela foi poupada da morte, mas só porque seu pai, seu irmão
e seu filho foram campeões olímpicos.
Você pode estar pensando “ah, mas isso foi lá atrás, antes mesmo de
Cristo, não tem influência nos dias de hoje”. Pois saiba que tem, sim.

Educação Ateniense e Espartana


Conforme a educação ateniense, as mulheres eram afastadas das
práticas físicas, exceto na infância. No período infantil, a meninas participavam
de jogos e atividades esportivas. Porém, à medida que atingia a idade adulta, as
moças dedicavam-se à vida doméstica enquanto os moços mantinham as
atividades físicas e intelectuais (RUBIO; SIMÕES, 1999).

Figura 5. Representação da mulher em Atenas


Fonte: Frias (2010)

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Diferentemente de Atenas, em Esparta era promovida a mesma educação
entre homens e mulheres. O objetivo deste modelo educação, embora idêntica
entre os gêneros, era preparar as mulheres fisicamente para a vida doméstica e
maternal (MONROE, 1972 apud CHIÉS, 2006).
No entanto, há opiniões que indicam que este modelo de educação ia
além da educação doméstico-materna, atingindo o desenvolvimento de
habilidades em corridas, lutas, e arremessos do disco e do dardo para promoção
de festivais físicos (RUBIO; SIMÕES, 1999).
Esse tipo de educação garantiu às espartanas características com:
(i) mulheres audazes e realizadoras,
(ii) autoritárias com seus maridos e
(iii) independentes nas suas tarefas. Essas características eram
necessárias, visto que elas permaneciam longos períodos sem a presença do
marido em virtude da dedicação exclusiva dele ao exército.
Até os maridos completarem 30 anos, os encontros com as esposas eram
esporádicos (KENNARD; CARTER, 1994 apud RUBIO; SIMÕES, 1999).

Participação das mulheres nos Jogos Olímpicos e Jogos


Heranos

A primeira mulher que triunfou nos Jogos Olímpicos antigos foi a princesa
espartana Kyniska, famosa por seus cavalos. Kyniska foi filha do
rei Archidamus II, e meia-irmã do rei Agis II (KYLE, 2003 apud CHIÉS, 2006).

Figura 6. Kyniska
Fonte: Remijsen; Clarysse [s. d.]

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Devido ao seu status político, a princesa conseguiu que seus animais
competissem na prova de quadriga, carro puxado por quatro cavalos. Ela não
guiou o carro, porém seus cavalos ganharam nas 96ª e 97ª Olimpíadas,
ocorridas em 369 e 392 a.C., respectivamente (DURANTEZ, 1975 apud CHIÉS,
2006).

Figura 7. Quadriga
Fonte: Detlef (2009)
Estudiosos da participação feminina no esporte afirmam que a vitória
de Kyniska não representa o início da evolução das mulheres no meio esportivo,
mas sugere um golpe político, onde sua participação foi incentivada para
comprovar que a prova com cavalos não dependia das habilidades masculinas,
mas apenas da boa saúde dos animais (KYLE, 2003 apud CHIÉS, 2006).
Outra mulher com destaque nas Olimpíadas da Antiguidade foi Belistiche,
da Macedônia. Ela venceu a prova de quadriga de potros da 128º Olimpíada, em
268 a.C.; e de biga de potros da 129º Olimpíada, em 272 a.C. (CHIÉS, 2006)
Em honra à deusa protetora das esposas e mães, Hera, foi criado em
Olímpia, as competições femininas, intitulado como Jogos Heranos (GODOY,
1996 apud CHIES, 2006).

Figura 8. Deusa Hera


Fonte: Baggio; Tieppo; Jaques (2012)

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A única prova era a corrida de 162 metros, realizada no Stadium,
reservado às mulheres. Os Jogos Heranos ocorriam com um mês de
antecedência ou conseqüência dos Jogos Olímpicos. As vencedoras recebiam
a coroa de oliveiras e parte da carne sacrificada à Hera. Em algumas
premiações, as vencedoras recebiam a estátua de Hera com seus nomes
inscritos (DURANTEZ, 1975 apud CHIÉS, 2006).

Fim dos Jogos Olímpicos da Antiguidade e reintegração da


mulher como espectadora nos eventos esportivos

O imperador Teodósio II conquistou a Grécia no período do domínio


Romano (408 d.C), e por ser cristão, proibiu todas as práticas pagãs, isso incluía
os Jogos Olímpicos que celebravam festas aos deuses gregos (DURANTEZ,
1975 apud CHIÉS, 2006).

Figura 9. Imperador Teodósio II


Fonte: Mannarino (2010)

Durante a Idade Média, os eventos públicos ainda eram apenas para os


homens, porém as mulheres participavam de jogos com bolas. A partir do século
XII, época do feudalismo marcada pelas Cruzadas promovidas pela Igreja
Católica, a mulher nobre desenvolve várias habilidades como ler, escrever, caça
com falcões, jogos de xadrez, conto de estórias, responder questões com
sagacidade, cantar, tocar instrumentos e dançar (KENNARD; CARTER, 1994
apud RUBIO; SIMÕES, 1999).

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Figura 10. Mulheres no Feudo
Fonte: Maria (2005)
No século XVII, a mulher perde seus direitos e é subjugada pelo marido,
ou quando solteira, pelo parente homem próximo. A mulher é excluída das
atividades de lazer e esportiva (RUBIO; SIMÕES, 1999).
No final do século XVIII e início do XIX os cavalheiros ingleses levam
suas esposas para assistirem eventos de boxe e corridas de cavalos entre outros
eventos. As mulheres praticam boliche, cricket, bilhar, arco flecha, jogos
rudimentares de futebol e atividades na neve (RUBIO; SIMÕES, 1999).

O retorno dos Jogos Olímpicos na Era Moderna

As Olimpíadas Modernas foram reiniciadas pelo Barão de Coubertin,


Pierre de Frédy, em 1896. Coubertin reproduziu as Olimpíadas da Antiguidade
na Modernidade, desta forma, a participação das mulheres permaneceu vetada,
restando-lhes apenas a assistir as provas (SCHNAPP, 1996 apud CHIÉS, 2006).
Pierre de Frédy reconhecia o direito das mulheres quanto à educação esportiva,
inclusive competindo entre elas. Porém, fora da vista dos homens por razões
culturais, antropológicas e fisiológicas (DEVIDE, 2002; GIAROLA, 2003 apud
OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008; RUBIO; SIMOES, 1999).
Devido conscientização feminina de seu papel ativo na sociedade
industrializada na segunda metade do século XIX e decorrer do século XX, elas
iniciaram movimentos por direitos sociais, como o voto e inclusão como cidadãs
da sociedade que estavam marginalizadas. Dentro deste contexto, a
reivindicação por sua integração nas Olimpíadas foi declarada (MIRAGAYA,
2002).

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Um dos atos representativo do movimento social para a inserção das
mulheres nos Jogos Olímpicos da Modernidade em resposta a proibição da
participação feminina foi provocado por Stamati Revithi. Ela realizou o percurso
da Maratona fora do estádio no dia seguinte a realização da prova masculina.
Ela completou o trajeto em quatro horas e meia, conquistando índice menor que
alguns homens. Porém, não foi reconhecida e desencadeou a inserção das
mulheres nos jogos olímpicos (DEVIDE, 2002; MOURAO, 1998; PFISTER; 2004
apud OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
O avanço das mulheres em relação a sua nova posição no meio esportivo
foi gradual, até o momento em que não era mais possível proibi-las, tornando-se
intrusas de espaço consagrado dos homens. Como retaliação, os homens não
permitiram amplamente a participação feminina nos Jogos Olímpicos. Ou seja,
o Comitê Olímpico Internacional (COI), gerenciado por homens, decidiu como
seria as participações femininas nos Jogos, adotando critérios conforme
modalidade e esporte (RUBIO; SIMÕES, 1999).

Figura 11. Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin


Fonte: Claudir (2012)

Figura 12. Primeira Olimpíada da Era Moderna


Fonte: Valente (Folha de S. Paulo, 2012)

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Inserção e evolução das mulheres nas Olimpíadas
Modernas

Durante a primeira Olimpíada em 1896, em Atenas, as mulheres


participaram apenas como espectadoras, porém a grega Stamati Revithi,
realizou o percurso da maratona fora do estádio no dia seguinte a prova
masculina, em resposta a proibição feminina nas modalidades olímpicas
(PFISTER, 2004 apud OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
Ela realizou a corrida em quatro horas e meia, foi mais rápida que alguns
homens, porém não foi reconhecida e provocou o início da gradual inserção das
mulheres nos esportes olímpicos (MOURAO, 1998; DEVIDE, 2002; PFISTER,
2004; OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
Quatro anos depois, a sede das Olimpíadas de 1900 foi em Paris,
marcada na época pelo liberalismo. Devido a lacunas e falta de organização do
COI no controle do programa dos jogos foi permitido à participação extra-oficial
de mulheres em algumas provas, o golfe e o tênis, por serem belos e não possuir
contato físico (RUBIO; SIMÕES, 1999).

Figura 13. Jogos de 1900 Charlotte Cooper da Inglaterra


Fonte: Romanzoti (2012)

As vencedoras das provas não ganhavam medalha ou a corou de


oliveiras, pois não eram consideradas atletas, apenas participantes, portanto
recebiam um certificado (MIRAGAYA, 2002).
Em 1904, Saint Louis, foi inserido o arco e flecha e como demonstração
a ginástica. No ano de 1908, em Londres, as provas eram tênis, patinação no
gelo, arco e flecha. Na modalidade barco a vela, as equipes eram mistas, as

21
mulheres do time eram esposas dos atletas. Em Estocolmo, 1912, foi permitida
a natação (COI, 2006 apud OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008). Em 1916 não
houve Olimpíadas devido à primeira guerra mundial (GOELLNER, 2004).

O COI e a Federação Internacional de Atletismo Amador (FIAA) não


permitiam as mulheres oficialmente nos Jogos Olímpicos, especialmente no
atletismo. Perante estes obstáculos, a francesa Alice Melliat fundou a Federação
Esportiva Feminina Internacional (FEFI) em 1917, a Federação supervisionava
recordes, estabelecia regras e promovia o esporte feminino (PFISTER, 2004;
OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
A FEFI organizou os Jogos Olímpicos Femininos em 1922, em razão ao
seu sucesso, foram re-editados em 1926, 1930 e 1934 como os Jogos Femininos
Mundiais. Os Jogos obtiveram enormes públicos, e isso pressionou o COI para
a integração feminina nas Olimpíadas Modernas (DEFRANTZ, 1991 apud
MIRAGAYA, 2002).
Em 1920, na Antuérpia, foi incluído o salto ornamental. No ano de 1924,
em Paris, foi inserida a esgrima. Em Amsterdã, 1928, foram inseridas as
modalidades, ginástica e atletismo, este último com cinco provas (DEVIDE,
2002; MOURÃO; VOTRE, 2005 apud OLIVEIRA; CHEREM; TUBINO, 2008).
Ao final da prova de 800 metros algumas mulheres desmaiaram, assim
surgiram argumentos que defendiam a exclusão feminina das Olimpíadas devido
a sua incapacidade física para provas de resistência (SOARES, 1988 apud

22
RUBIO; SIMÕES, 1999). As Olimpíadas de 1932, em Los Angeles, não foi
realizada a prova de 800 metros. Em 1936, em Berlim, as mulheres foram
incluídas oficialmente como atletas olímpicas, assim a FEFI foi dissolvida, pois
conquistou seu objetivo.

Tabela 1. Ascendência das mulheres nas Olimpíadas

Análise da quantidade de mulheres participantes dos


Jogos Olímpicos ao longo do tempo

Analisando os dados da Tabela 1, é possível verificar que a trajetória de


inserção das mulheres nos jogos olímpicos ocorreu de forma linear e vagarosa
ao longo dos tempos. No entanto, quando analisamos a variação no número de
mulheres que participaram dos Jogos Olímpicos comparados à variação do
número de participantes totais da competição, percebe-se que há um padrão
similar entre as variações até a década de 90. A partir desta década, a mulher
apresenta um padrão de variação mais expressivo que do total de participante.
Entretanto, essa grande variação é promissora do ponto de vista do aumento de
participantes, conquistando aproximadamente 40% de participantes femininos
nos Jogos Olímpicos nos últimos anos de evento (Gráfico 1 e Gráfico 2).

23
Gráfico 1. Variação da quantidade de participantes nos Jogos Olímpicos (Homens x Mulheres)

Gráfico 2. Variação da quantidade de participantes nos Jogos Olímpicos (Homens x Mulheres)

Análise da quantidade de modalidades esportivas nos


Jogos Olímpicos ao longo do tempo

A análise dos dados da Tabela 2 indicam que entre 1980 e 2000, o


número de modalidades esportivas competidas por mulheres aumentou o
mínimo de 20% por evento, aproximando-se muito do mesmo número de
modalidades esportivas praticadas por homens (Gráfico 3).

24
Tabela 2. Quantidade de modalidades por gênero e modalidades mistas
nos Jogos Olímpicos

Percebemos que as maiores alterações que contribuíram para a


participação das mulheres nos Jogos Olímpicos iniciaram a partir da década de
80, acentuando-se na década de 90 e estabilizando no século XXI.
Considerando que há motivos religiosos, filosóficos, sociais entre outros
para justificar a ausência das mulheres nas modalidades esportivas ao longo da
história. No século XX, surgiram muitas vertentes de estímulos às práticas físicas
para diversos públicos, como (i) pessoas saudáveis, (ii) pessoas com deficiência
física em virtude dos eventos de guerra e (iii) deficientes físicos e mentais por
patologia (SOARES et al., 1992; PETROSKI; PIRES, 1995; SILVA; SEABRA
JUNIOR; ARAÚJO, 2008).
Imaginamos que os movimentos revolucionários industriais, a
independência doméstica da mulher em função das guerras juntamente com tais
vertentes de estímulos às práticas físicas tenham contribuído para a organização
dos Jogos Mundiais Femininos e Jogos Olímpicos Femininos e,
consequentemente, inserção das mulheres nos Jogos Olímpicos.

25
A expressividade da participação das mulheres nos Jogos Olímpicos
Modernos ocorreu a partir da década de 80. Isso deve ter ocorrido em função da
impulsão do movimento norte-americano do fitness. Com esse movimento, o
atrativo para práticas físicas estavam centrados na estética. Além disso, foi
intensificando que mulheres com músculos salientes eram bonitas e atraentes.
Desta forma, caiu-se por terra o conceito que era prejudicial à saúde da mulher
a prática esportiva intensa. Assim, tornou-se aceitável e bonito esteticamente,
mulheres com músculos salientes, sem associá-las à masculinidade (DEVIDE;
VOTRE, 2005).

Gráfico 2. Variação da quantidade de participantes nos Jogos Olímpicos (Homens x Mulheres)

Figura 14. Kornelia Ender, década de 70


Fonte: Costa (2008)

26
No século XXI, nota-se que as mulheres têm participação e inserção muito
próxima da participação masculina nos Jogos Olímpicos. Isso é positivo para
estimular a compreensão da sociedade que fatores físicos não são limitadores
para a participação da mulher em modalidades esportivas.
Portanto, a sociedade contemporânea demonstra sinais muito positivos
para a extinção da exclusão das mulheres em Jogos Olímpicos, nos esportes e
exercícios físicos generalizados. Contribuindo para a constante construção de
uma sociedade pareada entre homens e mulheres.

E as atletas brasileiras? Como foi a trajetória delas?


O Brasil não foi diferente do resto do mundo. Nas Olimpíadas de 1932,
quando as mulheres ainda não eram consideradas atletas oficiais, o Brasil levou
a primeira mulher a competir pela Delegação Brasileira pra Los Angeles. Maria
Lenk, nadadora, foi a primeira mulher brasileira (e sulamericana!) a competir,
quando tinha só 17 anos!

Getúlio Vargas cumprimenta Maria Lenk pela quebra do recorde mundial na natação em 200m
e 400m. (Foto: Gazeta Press)

A participação das mulheres começou a crescer a partir disso, mas ainda


assim era precária e, em 1956, nas Olimpíadas de Melbourne, apenas uma
mulher brasileira participou dos Jogos – Mary Dalva Proença que disputou os
saltos ornamentais.

27
As primeiras medalhas femininas brasileiras

Lá em 1996, em Atlanta, as mulheres conseguiram um feito inédito!


Trouxeram para casa uma medalha de cada cor. Foi um ano memorável e que
rendeu muito orgulhos às mulheres brasileiras.

Jacqueline e Sandra Pires no pódio com a primeira medalha de ouro feminina em 1996
(Foto: Reprodução)

Seleção Feminina de Basquete nas Olímpiadas de 1996. (Foto: Reprodução)

A primeira medalha de ouro veio do vôlei de praia, com a Jacqueline e


Sandra Pires. A de prata veio da seleção feminina de basquete, que tinha duas
das maiores jogadoras brasileiras – a “Magic” Paula e a Hortência, que são
referências no basquete até hoje. E o bronze veio do vôlei de quadra que tinha
nomes como Fernanda Venturini, Virna, Marcia Fu, entre outras.

28
Nos jogos de 2008, lá em Pequim, foi a primeira vez que uma mulher
brasileira conseguiu uma medalha individual. O feito veio da judoca Ketleyn
Quadros, que ganhou uma medalha de bronze. Alguns dias depois a atleta
Mauren Maggi foi a primeira campeã olímpica do Brasil competindo pelo salto
em distância.

Mauren Maggi comemora a primeira medalha de ouro individual feminina do Brasil.

A participação das mulheres nos Jogos Olímpicos teve uma longa


trajetória para chegar até aqui, quando conseguimos atingir 45% dos atletas
dentro da delegação brasileira. E o caminho ainda é muito longo para
conseguirmos igualdade salarial dentro dos esportes e, principalmente,
investimento nessas mulheres que tanto lutam para ter o seu espaço.
Com todas as dificuldades, é lindo ver que as mulheres já chegaram tão
longe! Com o destaque da seleção feminina de Futebol nos jogos da Rio
2016, precisamos reconhecer, torcer, e, principalmente, cobrar investimento no
futebol feminino e nas demais modalidades. Elas merecem!

Considerações finais

A mulher no esporte sofreu um longo processo de discriminação pelos


homens, que apresentavam argumentos frágeis e dificultaram sua participação
em diversas modalidades. No início elas não competiam oficialmente, apenas
como participantes, assim não ganhavam medalhas, apenas certificados.
Apenas em 1936 elas foram consideradas atletas oficiais dos Jogos Olímpicos.

29
As primeiras modalidades femininas inseridas foram o tênis, tiro com arco,
natação e o hipismo, este como modalidade mista.
Ao longo dos eventos Olímpicos, houve um aumento gradual da
porcentagem de participação de atletas do gênero feminino nos jogos. A grande
diferença porcentual entre atletas masculinos e femininos foi reduzida neste
século. Isto pode ser resultado da evolução social que demonstra interferência
no mundo esportivo.

ATLETISMO ADAPTADO

Entenda

O atletismo adaptado é regulamentado pelo International Paralympic


Committee (IPC) e coordenado pelo comitê técnico esportivo do IPC Athletics.
Além de ser a modalidade paralímpica com maior número de praticantes,
destina-se aos paratletas com quaisquer tipos de deficiências – física, visual,
cognitiva. Quase todas as provas do esporte olímpico também existem no
paradesporto. As provas de pista são as seguintes: corridas de velocidade (100
m, 200 m e 400 m), corridas de meio-fundo (800 m e 1.500 m), corridas de fundo
(5.000 m e 10.000 m) e revezamentos (4x100 m e 4x400 m). Os eventos de
campo são: salto em altura, salto em distância, salto triplo, lançamento de disco,
arremesso de peso e dardo. Existem ainda a maratona (prova de estrada) e o
pentatlon (prova combinada). Estão ausentes das paralimpíadas os eventos de
corrida com barreiras, salto com vara, marcha atlética e lançamento de martelo.
A classificação dos paratletas baseia-se nas suas capacidades
funcionais. São realizados testes de coordenação, força e função do indivíduo e
avaliam-se as potencialidades, as sequelas e os músculos não comprometidos.
A nomenclatura das classes é determinada por uma letra inicial – F para eventos
de campo e T para pista – mais um número referente ao comprometimento do
competidor. Entre 11 e 13 estão os deficientes visuais; 20 são os deficientes
cognitivos; do 31 ao 38, paralisados cerebrais (31 a 34 cadeirantes, 35 a 38
ambulantes); 40, anões; 41 a 46, amputados e les autres; e 51 a 58, cadeirantes.

30
Uma especificidade da modalidade adaptada decorre da necessidade em
avaliar o grau de deficiência para computar uma pontuação justa a cada
paratleta. Em provas de lançamentos, nem sempre o vencedor é aquele que
lançou mais longe o aparato. Para pontuação, os árbitros analisam a distância,
bem como o grau de deficiência do atleta. Ao final de todos os lançamentos,
vence aquele que obteve a maior pontuação. Já nas provas de pista, como no
atletismo convencional, o vencedor é sempre aquele que alcança antes a linha
de chegada.
Em relação às adaptações, é possível mudanças nos aparelhos
utilizados, como nos dardos e nos discos, por exemplo. Aos amputados é
permitido o uso de próteses, sendo obrigatórias em pista e facultativas em
campo. As cadeiras de rodas podem ser utilizadas tanto em provas de campo
como de pista e são bem leves. Os deficientes visuais da classe B1 devem estar
acompanhados por um guia (conectados por uma amarra) que irá apenas
direcioná-los durante a prova. Aos atletas B2 o guia é opcional, mas há
necessariamente o uso de duas raias nas provas de pista. Aparelhos auditivos
também são permitidos.
O atletismo paralímpico é um paradesporto que promove a superação
diária de seus atletas. Exige perseverança, comprometimento, disciplina, além
de capacidades físicas como força e resistência. Desenvolve também estas
mesmas capacidades, além de melhorar a autoestima, a independência, a
socialização e a promoção de bem estar e qualidade de vida.

História mundial

Pode-se considerar o atletismo como o esporte organizado mais antigo


do mundo. Isto porque seus movimentos básicos: correr, saltar, lançar e
arremessar já eram necessários aos seres humanos para que pudessem
sobreviver da caça, coleta e fugir de possíveis predadores. Desta forma, a partir
dessas ações, tornou-se inevitável transformá-las em práticas de lazer e
competitivas. Existem indícios de que no Egito, há mais de quatro mil anos a
modalidade surgiu.
Mas fato comprovado é que na Grécia Antiga, ocorriam competições de
corridas de velocidade e de saltos e sabe-se que nos primeiros Jogos Olímpicos

31
da Antiguidade (776 a.C.) essas disputas se fizeram presentes. Porém ainda não
se tratava do esporte atletismo. Este surgiu na idade contemporânea, na
Inglaterra do século XIX e o primeiro campeonato britânico realizou-se em 1866.
Dois anos depois, o novo esporte chegou aos Estados Unidos da América (EUA)
e a partir disso ocorreu um significativo aumento de adeptos. Em poucas
décadas, o esporte foi divulgado para o resto do mundo. Por isto, foi possível a
sua presença já nos primeiros Jogos Olímpicos da modernidade, em Atenas
(1896). Pouco depois desta participação, houve a criação da Federação
Internacional de Atletismo Amador (IAAF), em 1913, que é, até o momento, a
instituição responsável pela normatização e regulamentação desse esporte
olímpico.
Já a prática adaptada começou no início do século XX, mais
especificamente na década de 1920, para deficientes visuais, junto com a
natação. Os deficientes físicos puderam participar desse paradesporto somente
após a Segunda Guerra Mundial, quando os esportes adaptados, em geral,
tornaram-se possibilidade de reabilitação para os ex-combatentes que ficaram
com sequelas em decorrência do evento. No final da década de 1940 foram
realizadas competições de várias modalidades, concretizadas pelo médico
Ludwig Guttman. Em 1952, nos Jogos de Stoke Mandeville, aconteceu uma
competição de corridas em cadeiras de rodas para veteranos de guerra. Depois
desse evento, e com o surgimento dos Jogos Paralímpicos, em 1960, o atletismo
adaptado já foi inserido nesta primeira edição, em Roma, junto com mais sete
modalidades.

Trajetória paralímpica

Como afirmado, a primeira edição dos Jogos Paralímpicos foi em Roma


(1960). Os Jogos foram realizados no mesmo local do evento Olímpicos. As 23
nações foram representadas por 400 paratletas em oito modalidades exclusivas
para atletas com lesão medular. Entre elas estava o atletismo, porém somente
com provas de lançamentos e arremessos.
Nesta edição, dez países foram representados por 21 homens e dez
mulheres. Foram entregues 25 medalhas de ouro, das quais 12 conquistadas
pelos “donos da casa”, os italianos. Apesar da superioridade numérica dos

32
homens no evento, quem fez história foi a italiana Maria Scutti, que das 12
medalhas de ouros conquistadas pela Itália, obteve nove, além de dois bronzes.
No mesmo evento Scutti competiu também na natação, conquistando uma
medalha de ouro e uma de prata; se não bastasse, ela também disputou os
Jogos nas modalidades esgrima e tênis de mesa, conquistando a medalha de
prata em ambas. Maria deixou seu nome marcado, assim, nos Jogos
Paralímpicos de Roma, conquistando 15 medalhas em quatro modalidades
esportivas diferentes.

Em Tóquio (1964) foi o início das conquistas da maior potência do


atletismo paralímpico, Os EUA. Os norte-americanos conquistaram 48 medalhas
das 124 distribuídas e iniciaram uma hegemonia que durou até os Jogos de
Atlanta (1996), onde o país conquistou o primeiro lugar geral pela última vez.
Em 1972, na Alemanha, os Jogos não puderam ocorrer em Munique onde
foram realizados os Jogos Olímpicos, pois a cidade não tinha estrutura para
acomodar os 984 paratletas de 43 países diferentes, o problema foi resolvido
pela cidade de Heidelberg que aceitou receber os atletas em sua universidade.
Os alemães não conseguiram superar os norte-americanos que se mantiveram
em primeiro lugar, ficando, então, em segundo.
Em 1976, em Toronto, o atletismo se manteve em crescimento, já que
estiveram presentes 621 homens e 156 mulheres. Por sinal, esta diferença
significativa entre participantes do sexo masculino e feminino se repetiu por
todas as edições dos jogos até os dias atuais. Até os Jogos de Toronto, as
provas disputadas eram de lançamento, arremesso e de corrida em cadeira de

33
rodas. Também iniciaram-se, de forma discreta, as corridas com prótese e
saltos, mas apenas dois atletas participaram destas provas, destaque para
Walter Fink da Áustria que conquistou o ouro na ocasião e também em 1980,
nas provas de 100 m e 400 m (porém, as disputou sozinho). Este foi o início das
disputas com próteses no lugar das pernas, atualmente são provas muito
populares e Fink teve papel significativo neste percurso.
Em 1984 os Jogos Paralímpicos ocorreram em dois países diferentes,
sendo esta a única vez que isto aconteceu.
Seul (1988) foi marcante para o movimento paralímpico. O Comitê
Olímpico Internacional e o Comitê Paralímpico Internacional deram os primeiros
passos rumo a uma parceria que fortaleceria os Jogos. Na ocasião, oficializou-
se que a mesma cidade sede teria que ser a responsável pela realização tanto
dos Jogos Olímpicos quanto dos Paralímpicos. Seul superou as marcas
numéricas de até então: 3.057 atletas de 61 países participaram e 971 recordes
superados. Em relação ao atletismo adaptado, os EUA não foram superados,
vencendo mais uma vez os Jogos, em segundo ficou o selecionado da Alemanha
e em terceiro ficou a Grã Bretanha.
Em Sydney (2000) a Austrália fez história. Após um
domínio de 32 anos dos EUA, os paratletas australianos
romperam esta hegemonia, conquistando o primeiro lugar
geral do atletismo paralímpico. Um nome de destaque
nessa façanha foi o de Timothy Sullivan, o atleta com
paralisia cerebral conquistou cinco medalhas de ouro das
35 conquistadas pela Austrália neste evento.

Potência paralímpica

Quando se fala de potência olímpica no atletismo,


os EUA se destacam. Os norte-americanos lideram o
ranking de medalhas com superioridade absoluta: são
768 medalhas olímpicas, quase quatro vezes mais do que
a segunda colocada, a antiga União Soviética com 193
medalhas. A história se assemelha nas paralimpíadas: os EUA também são a
grande potência nos jogos.

34
No início, em Roma (1960), apenas 10 países participaram, e os norte-
americanos, Ron Stein e Saul Welger conquistaram três medalhas de ouro e
uma de bronze no atletismo adaptado respectivamente, colocando os EUA em
4º lugar na classificação geral.

ATLETISMO PARALÍMPICO BRASILEIRO – ENTRE OS


10 MELHORES DO MUNDO

O Brasil estreou nos Jogos Paralímpicos em Heildelberg na Alemanha


(1972), porém não conquistou medalhas, terminando a competição na 27ª
colocação. Também não obteve medalhas em Toronto (1976) e em Arnhem –
Holanda (1980), no total foram 23 paratletas que representaram o Brasil nestas
três edições, os precursores do atletismo no país. Em 1984 o cenário político no
Brasil finalmente se modificava, pois foi o ano em que ocorreu uma das maiores
manifestações populares da história recente do Brasil, as chamadas “Diretas Já”,
que reivindicavam eleições abertas após 20 anos de ditadura civil/militar. Neste
mesmo ano, em Stoke Mandeville e Nova Iorque, o Brasil fez história também
no esporte paralímpico: 27 atletas representaram o país e 21 medalhas foram
conquistadas, sendo seis de ouro.
A partir de então o Brasil obteve grandes conquistas no atletismo
paralímpico, tornando-se uma das três maiores modalidades do país tendo como
parâmetro os resultados. O primeiro grande atleta brasileiro no atletismo foi Luiz
Cláudio Pereira. Ele foi o responsável pelas primeiras medalhas de ouro do
Brasil. Pereira venceu as provas de arremesso de peso e lançamento de dardo,
além de conquistar duas medalhas de prata, uma no lançamento de disco e outra
no pentatlo. O paratleta repetiu o feito em Seul (1988), conquistando três
medalhas de ouro e uma de prata.
Em Barcelona (1992) o atleta encerrou a carreira, obtendo uma medalha
de ouro no arremesso de peso. Luiz Cláudio Pereira foi um exemplo para todos
os atletas que vieram depois dele. No mesmo período no qual iniciou a carreira,
também surgiu Adria Rocha Santos, a qual se tornaria a brasileira com maior
número de medalhas paralímpicas do país.

35
Entre os anos de 1988 e 2008 Adria – que é especialista nas provas de
velocidade 100 m, 200 m e 400 m – conquistou 15 medalhas nas categorias para
deficientes visuais.

Esses atletas veteranos deixaram um grande legado para a nova geração


do atletismo nacional, pois as suas histórias são inspiradoras. Em Sydney (2008)
os chineses dominaram a competição, conquistando 77 medalhas em diversas
categorias.
O Brasil conquistou 15 medalhas, porém para os parâmetros nacionais,
esta foi uma ótima Paralimpíada: o país subiu da 15ª colocação para a 10ª no
ranking geral. Isso mostra que a nova leva de atletas brasileiros está fazendo um
trabalho intenso e memorável. Neste período mais recente da seleção brasileira
de atletismo, um dos nomes em destaque é o de Terezinha Guilhermina. A
paratleta já conquistou nove medalhas paralímpicas, sendo três ouros, uma em
Pequim (2008) e duas em Londres (2012) nas provas de velocidade 100 m, 200
m e 400 m para deficientes visuais. Já entre os homens, a grande promessa para
as Paralimpíadas do Rio de Janeiro (2016) é Alan Fonteles.
O atleta ficou conhecido após chocar o mundo do atletismo ao vencer o
renomado representante sul-africano, Oscar Pistorius, em Londres (2012), na
final dos 200 m rasos. Pistorius era considerado o melhor do mundo e detentor

36
do recorde mundial nos 200 m, com o tempo de 21.52 s. Alan superou, inclusive,
a essa marca, concluindo a prova em 21.45 s, tornando-se, assim, o número um
do ranking mundial. Tal resultado colaborou para a melhor colocação do Brasil
no atletismo, a sétima. Hoje Alan Fonteles e Terezinha Guilhermina são os
grandes destaques brasileiros para os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro.

Nosso destaque

O velocista Alan Fonteles Cardoso de Oliveira é, na atualidade, a grande


celebridade do atletismo paralímpico mundial na classe T43. O paraense,
nascido na cidade de Marabá, no ano de 1992, enfrentou sérios problemas de
saúde ainda com poucos dias de vida. Sem recursos financeiros e ainda muito
jovens, os seus pais saíram da cidade à procura de atendimento médico.
Fonteles recebeu o diagnóstico de infecção intestinal já no estado mais grave de
septicemia (ruptura do intestino, com contaminação do sangue) e a amputação
das duas pernas foi a melhor solução. Aos sete meses de idade recebeu o
acompanhamento de dois estudantes de medicina, que trabalhavam com alguns
exercícios fisioterápicos. Com o controle dos movimentos corporais, passou a
utilizar próteses de madeira e aos oito anos de idade começou a praticar
atletismo na pista da Universidade Federal do Pará.

37
Neste período, Suzete Montalvão – famosa no estado por ser a única
corredora paraense a participar das Olimpíadas, em 1988, se classificando em
quarto lugar – ficou impressionada com a história do menino e tornou-se a sua
treinadora. Em 2006, Alan ganhou a primeira prótese específica para correr, e
no ano seguinte conquistou as primeiras medalhas em um campeonato
internacional nos EUA, nas provas de 100 m, 200 m e bronze nos 400 m.
Fonteles estreou nas Paralimpíadas em Pequim (2008), ganhando a prata na
prova de revezamento 4x100 m.
Terezinha Aparecida Guilhermina é atualmente o destaque brasileiro
feminino no paradesporto. A velocista nasceu no dia 3 de outubro de 1978, na
cidade mineira de Betim. A primeira competição que participou foi o Circuito
Geraldo Profeta da Luz, em Belo Horizonte, obtendo a segunda colocação e a
premiação de oitenta reais. A partir desse episódio, percebeu que poderia mudar
de vida por meio do esporte. Competia na classe T12, mas passou para a T11,
com a ajuda de um guia, Guilherme Santana. Em 2004 estreou nas
Paralimpíadas de Atenas, conquistando a medalha de bronze. Na edição
seguinte, apresentou melhor desempenho conquistando três medalhas em
Pequim, uma de ouro nos 200 m, uma de prata na prova dos 100 m, e a outra
de bronze nos 400 m. Mas foi em 2012 que conquistou o título tão desejado,
pois, além de ganhar duas medalhas de ouro, uma nos 100 m e a outra nos 200
m, Terezinha quebrou o recorde paralímpico na prova dos 200 m com um tempo

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de 24.82 s. A paratleta, que no começo da carreira não tinha nem sequer um par
de tênis para treinar, conquistou o mais alto nível do atletismo adaptado,
mostrando a sua admirável perseverança. Nesse mesmo ano foi eleita a Atleta
Paralímpica do Ano, prêmio concebido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. Sua
conquista recente foi o Mundial de Atletismo, em Lyon, na França, no qual
ganhou três medalhas de ouro nas provas dos 100 m, 200 m e 400 m. A velocista
intensifica os treinos visando os Jogos do Rio de Janeiro, pois almeja mais uma
medalha de ouro.

Roseane Ferreira dos Santos, pernambucana nascida em Recife em


1971, mais conhecida como “Rosinha”, deixou de ser empregada doméstica para
se tornar campeã paralímpica e recordista mundial no arremesso de peso e no
lançamento de disco na Classe F58. Aos dezoito anos de idade foi vítima de um
atropelamento por um caminhão, perdendo a perna direita. Apesar das
dificuldades que já enfrentava na vida, não se abateu, pois tinha que ajudar sua
mãe e seus irmãos financeiramente.
O técnico Francisco Raimundo Matias da Associação dos Deficientes
Motores de Pernambuco (ADM-PE) conheceu Rosinha e a convenceu a
ingressar no paradesporto, em 1997. O ano mais difícil da paratleta foi o de
2014, quando descobriu um câncer na garganta e teve que interromper a
carreira. Mas mostrando força e determinação, superou a doença e fundou a

39
Associação Atlética Rosinha dos Santos, que dá suporte a jovens paratletas.
Uma semana antes dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (2015), foi
convocada para participar do evento e conquistou uma medalha de bronze.
Rosinha também almeja a participação nos Jogos Paralímpicos do Rio de
Janeiro de 2016.

Jonathan de Souza Santos, o Romarinho, é um paratleta brasileiro de


arremesso de peso e lançamento de disco que possui este apelido devido às
semelhanças físicas com o ex-atleta brasileiro de futebol. Nascido em Maceió,
no dia 19 de março de 1990, Romarinho tem nanismo, condição que não
influenciou no seu gosto em praticar esportes. Romarinho, que já competiu em
dois Jogos Paralímpicos e três Mundiais, disputava as competições na categoria
F40 até 2012, quando passou a competir na categoria F41, a qual permanece
até hoje. Ele tem como resultados mais expressivos na carreira o quinto lugar
nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008, na modalidade de arremesso de
peso; o sétimo lugar nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012 na
modalidade de arremesso de peso e a medalha de bronze no lançamento de
disco, na mesma competição; o segundo lugar no lançamento de disco e o quarto
lugar no arremesso de peso, no mundial de Christchurch, na Nova Zelândia, em
2011; o segundo lugar no arremesso de peso e o primeiro lugar no lançamento
de disco no mundial de Lyon, na França, em 2013; e seu resultado mais recente,
o terceiro lugar no arremesso de peso no mundial de Doha, no Catar, em 2015.

40
Silvania Costa de Oliveira, paratleta de salto em distância, nasceu na
cidade mineira de Três Lagoas no ano de 1988. A partir dos 12 anos, Silvania
começou a perder gradativamente a visão devido à doença de Stargardt
(caracterizada por afetar as células fotorreceptoras da mácula). Com a perda da
visão, Silvania começou a se dedicar mais seriamente ao atletismo em 2011,
cumprindo uma rotina de treinamento que acarretou em mais vitórias e no convite
do Comitê Paraolímpico do Brasil (CPB), para permanecer com a equipe
nacional. Atualmente treina em Ribeirão Preto/SP sob o comando do técnico
Amaury Wagner Verissimo. Sob seu comando tornou-se um dos maiores
destaques mundiais do paradesporto, conquistando resultados expressivos,
como o sexto lugar no salto em distância T12, no Mundial de Atletismo
Paralímpico de Lyon, na França, em 2013; o primeiro lugar no salto em distância
T11, no Mundial de Atletismo Paralímpico de Doha, no Catar, em 2015; no
mesmo ano ganhou o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
Sagrando-se recordista brasileira e das Américas na modalidade, foi eleita pela
CPB como a Melhor Atleta Paralímpica de 2015 na categoria feminina.

41
Odair dos Santos é um paratleta brasileiro de 34 anos, nascido no dia 17
de maio de 1981, em Osvaldo Cruz (São Paulo), que participa de provas de
atletismo de fundo e meio fundo. Odair começou a perder a visão a partir dos 9
anos, devido a uma doença congênita e hereditária, conhecida como retinose
pigmentar, responsável por causar a degeneração da retina. Quando participou
dos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008), dos Santos ainda
possuía parte da visão e disputava as provas pela categoria T12, porém, em
2010 ele perdeu totalmente a visão e passou a disputar as provas pela categoria
T11.
Prova disso são os expressivos resultados obtidos em diferentes
momentos da carreira, como os listados abaixo: na classe T13, ganhou prata nos
1.500 m e também a prata nos 5.000 m e o bronze nos 800 m nas Paralimpíadas
de Atenas (2004); na classe T12 ganhou ouro nas provas (800 m, 1.500 m, 5.000
m) nos Jogos Parapan-Americanos de Mar Del Plata (2003); ; em 2006 ganhou
o Mundial da Holanda na prova dos 1.500 m, quebrando o recorde mundial (3
min 50 s), e também a prata nos 800 m e o bronze no revezamento. Em 2007,
foi ouro Parapan-Americano do Rio de Janeiro nas provas 1.500 m, 5.000 m e

42
10.000 m; em 2008, nas Paralimpíadas de Pequim, ganhou bronze nos 800 m e
5.000 m 10.000 m. Compete atualmente na classe T11 e suas recentes
conquistas no ano de 2015 foram o ouro na prova de 1.500 m, no Mundial no
Catar e a mesma conquista nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto. Nos
Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro (2016), Odair vai competir na categoria
T11 nas provas de 1.500 m e 5.000 m – a sua maior esperança de conquistar o
ouro. A sua trajetória e últimas conquistas o credenciam como um dos destaques
e favoritos à conquista de medalhas em ambas as provas.

ATLETISMO: HISTÓRIA, CATEGORIAS E PROVAS

Formados por seis provas distintas

O Atletismo é um conjunto de esportes formado por diversas


modalidades. É uma das atividades esportivas mais antigas da humanidade,
com indícios de prática há mais de 5 mil anos atrás no Egito e China. Foi,
entretanto, com os jogos olímpicos da Grécia que o desporto se popularizou.
Naquela época, a competição era uma corrida de aproximadamente 200 metros
denominada de stadium.

43
Um novo formato do atletismo surgiu na Inglaterra no século XIX. As
atividades começaram a ser realizadas em estádios e compostas por seis
provas: marcha, corrida, lançamentos, arremesso, saltos e combinada.
Atualmente é uma das modalidades olímpicas mais importante.

História do atletismo

Segundos os escritos de Homero, a primeira corrida atlética foi realizada


em 1496 a.C. A atividade foi organizada por Hércules. Ele construiu um estádio
na ilha de Creta onde organizava competições. Inicialmente o local só possuía
uma pista de corrida, mas foi aumentando a partir das necessidades.
O formato moderno do atletismo foi iniciado em 1896 com os Jogos
Olímpicos de Atenas. Passou então a ser celebrado em outros países com
competições ocorrendo de quatro em quatro anos. Em 1912, aconteceu um novo
marco na história do desporto, pois a Associação Internacional de Federações
de Atletismo (IAAF) foi fundada. Com sede em Londres, a instituição criou regras
para as competições e estabeleceu como oficial as melhores marcas obtidas até
então pelos atletas.
O atletismo afirmou-se no Brasil em 1914, com a filiação da Confederação
Brasileira de Desportos (CBD) à IAAF. Ainda neste ano, o país teve sua primeira
participação em jogos Olímpicos. A partir de então, o atletismo brasileiro se
fortaleceu com participações em várias disputas internacionais. Adhemar
Ferreira da Silva foi o primeiro a conquistar ouro Olímpico ao conseguir a melhor
marca no salto triplo, em 1952, nos Jogos da Finlândia.

A corrida com obstáculos é uma das seis provas do atletismo. (Imagem: Pixabay)

44
Categorias por faixa etária

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) organiza os esporte em


categorias a partir da idade no ano da competição. As modalidades são:

• Categoria Sub-14: atletas com 12 e 13 anos;


• Categoria Sub-16: atletas com 14 e 15 anos;
• Categoria Sub-18: atletas com 16 e 17 anos;
• Categoria Sub-20: atletas com 16, 17, 18 e 19 anos;
• Categoria Sub-23: atletas com 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22 anos;
• Categoria de Adultos: atletas a partir de 16 anos em diante;
• Categoria de Masters: atletas a partir de 40 anos em diante.

Provas do atletismo

O atletismo é atualmente formado por um conjunto de seis provas


diferentes.
Elas são:

CORRIDAS

São de três tipos. As corridas rasas podem ser de curta distância ou


velocidade (100m, 200m e 400m), de médio-fundo (800m e 1500m) e de longa
distância ou fundo (5000m e 10000m). Nas corridas de barreira, o atleta deve
saltar por cima de uma barreira ao final do trajeto. É dividida em 100m (feminino),
110m (masculino), 400m (feminino e masculino). As corridas com
obstáculos acontecem nas modalidades 2000m e 3000m. A cada volta o
esportista deve saltar em quatro obstáculos e em um fosso de água.

MARCHA ATLÉTICA

É a modalidade em que o atleta faz progressão de passos. A prova é


dividida em 20 km (feminino e masculino), 50 km (masculino).

45
REVEZAMENTOS

É a corrida realizada com equipe de quatro corredores. Cada equipe fica


em uma raia e o atleta deve correr até o esportista seguinte. Ganha quem
completar o menor tempo de percurso, dividido em 4x100 ou 4x400.

SALTOS

O salto em altura é o salto vertical no qual o atleta deve saltar sobre uma
barra sem derrubá-la. No salto com vara, o esportista tem o mesmo objetivo que
a modalidade anterior, mas tem apoio de um sarrafo. O salto em distância é
realizado horizontalmente em que o atleta corre em uma raia e salta com os dois
pés caindo em caixa de areia tentando alcançar a maior distância possível.
O salto triplo também é horizontal e deve ser realizado em uma combinação de
três saltos consecutivos com queda em caixa de areia.

Salto em altura é outra prova do atletismo. (Imagem: Wikipédia)

ARREMESSO E LANÇAMENTOS

As modalidades são arremesso de peso com 4 kg (feminino) ou 7,26 kg


(masculino), lançamento de dardos com 800g (masculino) ou 600
(feminino), lançamento de martelo com 7,26kg (masculino) ou 4kg (feminino)
e lançamento de disco com 2kg (masculino) ou 1kg (feminino).

46
COMBINADA

Existe o decatlo praticado por homens que competem em dez provas


(corrida de 100m, salto em distância, salto em altura, lançamento de peso,
lançamento de disco, lançamento de dardo, salto com vara, corrida de 1500m,
corrida de 400m e corrida de 110m com barreira). Já o heptatlo é o específico
para as mulheres. Elas competem em sete provas (corrida de 100m com
barreira, lançamento de peso, lançamento de dardo, salto em altura, salto em
distância, corrida de 20m, corrida de 80m).

PRINCIPAIS NOMES DO ATLETISMO BRASILEIRO

A prova mais disputada no atletismo é a corrida rasa de 100 metros. Essa


modalidade conta com nomes de grande destaque e que acumulam medalhas e
recordes. O do americano Justin Gatlin e o jamaicano Usain Bolt são os
principais.
O Brasil também possui atletas consagrados. Conforme a IAFF de 2018,
cinco brasileiros estão na lista TOP 100 da prova de corrida rasa de 100 metros.
São eles:

• 29º Paulo André Camilo de Oliveira;


• 45º Jorge Henrique da Costa Vides;
• 54º Derick de Souza Silva;
• 74º Vitor Hugo Silva Mourão dos Santos;
• 94º Rodrigo Pereira do Nascimento.

Na lista feminina se destacam as brasileiras:


• 22º Vitoria Cristina Rosa;
• 83º Rosângela Santos.

Recordes mundiais do Atletismo


Desde que surgiu, os esportistas tem batidos recordes referentes a
corridas, saltos ou marchas.

47
As principais marcas são:

• 100 metros rasos: Usain Bolt (Jamaica) com 9,58 segundos;


• Maratona: Dennis Kimetto (Quênia) com 2h02m57s;
• 10.000 metros rasos feminino: Almaz Ayana (Etiópia) com 29:17.45;
• 400 metros rasos masculino: Wayde Van Niekerk (África do Sul) com
duração de 43.03s;
• Salto em altura: Javier Sotomayor (Cuba) com 2,45 metros;
• Salto em distância: Mike Powell (EUA) com 8,95 metros;
• Salto triplo: Jonathan Edwards (Inglaterra) com 18,29 metros;
• Lançamento do martelo feminino: Anita Wlodarczyk (Polônia) com 82,29
metros;
• Marcha de 50 km feminino: Inês Henriques (Portugal). Duração de 4:05:56.

REGRAS ANTIDOPAGEM

INTRODUÇÃO

Neste tópico traremos um resumo do que consta no livro “ Atletismo,

Regras Oficiais de Competição”, segundo a IAAF, tantas vezes mencionada

neste caderno de estudos.


Não aprofundaremos muitas questões, traremos apenas uma ideia do que
consta no Código Mundial Antidopagem, para que você, acadêmico, futuro
professor de Educação Física e, quem sabe, um promissor treinador de
atletismo, não tenha surpresas desagradáveis ao longo de sua experiência com
seus atletas profissionais.

48
DOPING NO ATLETISMO

O doping é condenado em todas as modalidades esportivas, inclusive no


atletismo, porque, em primeiro lugar, faz mal à saúde e, em segundo lugar,
porque traz um ou mais benefícios (de forma desigual e desleal) aos atletas,
tornando-os mais fortes ou mais resistentes, diferentemente de atletas que não
fizeram uso destas substâncias, consideradas proibidas.

49
De acordo com a IAAF (2008, p. 57-79), as regras 32 a 39 sobre
antidopagem no atletismo definem o seguinte:

REGRA 32 - VIOLAÇÕES DA REGRA ANTIDOPAGEM

1) Dopagem é estritamente proibida segundo estas regras antidopagem.

2) Dopagem é definida como a ocorrência de uma ou mais das seguintes


violações da regra antidopagem:
a) Presença de uma substância proibida ou seus metabólicos ou
marcadores nos tecidos ou líquidos corporais de um atleta.

50
b) É dever pessoal de cada atleta assegurar que nenhuma substância
proibida entre em seus tecidos ou fluidos corporais. Atletas são alertados de que
eles são responsáveis por qualquer substância presente em seu corpo. Não é
necessário que essa intenção, culpa, negligência ou uso conhecido por parte do
atleta seja demonstrado de maneira a estabelecer uma violação da regra
antidopagem. A presença detectada em qualquer quantidade de uma substância
proibida na amostra do atleta constituirá violação da regra.
c) O uso ou a tentativa de uso de uma substância proibida ou método
proibido.
d) Recusa ou falha, sem compelir justificativa, em submeter-se ao
controle de dopagem, após ter sido solicitado a fazê-lo por parte de um oficial
responsável ou, de outra forma, procurar esquivar-se do controle de dopagem.
e) A avaliação pela não localização do atleta em três testes fora de
competição, em qualquer período de cinco anos consecutivos, iniciando com a
data para o primeiro teste perdido.
f) Alteração ou tentativa desta em qualquer parte do processo do
controle de dopagem ou seus procedimentos disciplinares relacionados.
g) A posse de uma substância proibida ou método proibido.
h) Tráfico de uma substância ou método proibido.
i) Administração ou tentativa desta de uma substância ou método
proibido para um atleta, ou se auxilie, encoraje, ajude, favoreça, encubra ou
engaje qualquer outro tipo de cumplicidade envolvendo uma violação à regra
antidopagem ou tentativa de violação.
j) Competir ou tentar competir enquanto suspenso provisoriamente ou
inelegível sob estas Regras Antidopagem.

REGRA 34 - A LISTA PROIBIDA

1) Estas Regras Antidopagem incorporam a Lista Proibida, que será


publicada e revisada pela WADA (Agência Mundial AntiDoping - WADA (World
Anti Doping Agency).
2) A IAAF deverá disponibilizar a Lista Proibida atualizada para cada
filiada em seu site. Cada filiada deverá assegurar que a Lista Proibida atualizada

51
seja disponibilizada (quer em seu site ou de outra forma) para todos os atletas e
equipes de apoio a atletas.
3) A IAAF pode solicitar que a WADA inclua substâncias ou métodos
adicionais que tenham potencial para abuso no atletismo como parte do
programa de monitoramento da WADA.
4) A determinação da WADA de substâncias e métodos proibidos que
serão incluídos na Lista Proibida deverá ser final e não estará sujeita à
contestação de qualquer atleta ou outra pessoa.
5) Atletas com condição médica documentada solicitando o uso de uma
substância ou método proibido devem primeiro obter uma IUT (Isenção de Uso
Terapêutico). As IUTs serão dadas somente em casos de clara e extrema
necessidade clínica, em que nenhuma vantagem competitiva possa ser obtida
pelo atleta.

REGRA 35 - TESTE

1) Todo atleta, sob estas regras antidopagem, pode estar sujeito a testes
nas competições em que ele participar e a testes fora de competição, em
qualquer tempo ou lugar. Atletas submeter-se-ão a controle de dopagem quando
solicitado, para assim fazê-lo por um oficial responsável.
2) Os atletas podem estar sujeitos a testes:
a) Em competição, por qualquer outra organização ou órgão que
tenha autoridade competente para conduzir testes na competição em que
estejam participando.
b) Fora de competição, pela WADA; pela organização nacional
antidopagem do país ou território em que esteja presente; ou por, ou em nome
do COI (Comitê Olímpico Internacional), em conexão com os Jogos Olímpicos.
c) Somente uma organização será responsável por iniciar e dirigir os
testes durante uma competição. Em competições internacionais, a coleta das
amostras será iniciada e dirigida pela IAAF, ou outra organização esportiva
internacional. Se a IAAF ou outra organização desportiva decidir não conduzir
testes de competição internacional, a organização nacional antidopagem no país
ou território onde a competição internacional é realizada pode, com a aprovação
da IAAF e WADA, iniciar e conduzir tais testes.

52
3) A IAAF terá responsabilidade de iniciar e dirigir testes em competição
nas seguintes competições internacionais:
a) Campeonatos Mundiais.
b) Competições Internacionais de Séries Atléticas.
c) Liga de Ouro, Super Grand Prix, Grand Prix; Grand Prix II Meetings.
d) Meetings com permissão da IAAF.
e) Em quaisquer outras competições internacionais em que o
Conselho determinar, seguindo recomendação da Comissão Médica e
Antidopagem.

4) O Conselho deverá determinar antecipadamente o número de atletas a


ser testado na Competição Internacional acima, sob recomendação da
Comissão Médica e Antidopagem. Atletas a serem testados serão selecionados
conforme segue:
a) Com base na posição final e/ou base aleatória.
b) Sob discrição da IAAF (agindo pelo seu oficial pertinente ou órgão),
por qualquer método que este escolha, incluindo teste-alvo.
c) Qualquer atleta que quebrar ou igualar um recorde de Área e/ou
Mundial.
5) A IAAF enfocará seus testes fora de competição primeiro nos atletas
de nível internacional e atletas que estejam se preparando para competir em
competições internacionais. Entretanto, ela pode, a seu critério, conduzir testes
fora de competição em qualquer atleta, a qualquer hora. Na maioria dos casos,
os testes serão realizados sem notificação ao atleta, à sua Equipe de Apoio ou
Federação Nacional.

REGRA 38 - PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES

1) Quando for afirmado que uma violação da regra antidopagem foi


cometida sob estas regras antidopagem, os procedimentos disciplinares serão
feitos nos três estágios seguintes:
a) Suspensão provisória
b) Audiência (perante o Tribunal de sua Federação Nacional)

53
c) Sanção ou Exoneração

REGRA 39 - DESQUALIFICAÇÃO DE RESULTADOS

1) Onde ocorrer uma violação da regra antidopagem em conexão com um


teste em competição, o atleta deverá ser automaticamente desqualificado da
prova em questão e de todas as provas subsequentes da competição, com todas
as consequências resultantes para ele, incluindo confisco de todos os títulos,
premiações em dinheiro, medalhas, pontos e prêmios da competição e dinheiro
para apresentação.

LEITURA COMPLEMENTAR

Caro acadêmico, continue aprendendo sobre doping lendo esta


reportagem da Revista Nova Escola.

O QUE É DOPING ESPORTIVO?

O doping esportivo é a utilização, por um atleta, de substâncias não


naturais ao corpo para melhorar seu desempenho de forma artificial. Atualmente,
durante competições esportivas internacionais, os jornais publicam escândalos
envolvendo técnicos e atletas pegos no exame antidoping. A notícia mais recente

54
desse tipo foi no Mundial de Atletismo da Alemanha, no início de agosto,
envolvendo esportistas brasileiros.
O uso ilícito de substâncias, medicamentos e hormônios, como artifício
para ganhar competições esportivas é muito antigo. Já nos Jogos Olímpicos da
Grécia, cerca de três séculos antes de Cristo, havia uma regulamentação para
evitar que os competidores tivessem o baço arrancado. Acreditava-se que com
o esforço físico dos maratonistas, este órgão
poderia endurecer e prejudicar o resultado.
Ao longo dos anos, esse tipo de
artimanha tem se sofisticado. Ao mesmo tempo
em que as substâncias e os fármacos são
aprimorados para passarem despercebidos nos
exames de urina e de sangue feitos nos atletas,
os próprios métodos de detecção também se
sofisticam.
Assim, é difícil haver dúvida nos resultados, conforme explica Jair
Rodrigues Garcia Junior, professor do curso de Educação Física da
Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), ainda que algumas substâncias

sejam parecidas com as produzidas pelo corpo humano. “As mulheres, por

exemplo, também produzem hormônios masculinos, porém, em pequenas


quantidades. Quando elas usam esteroides para aumentar a força muscular, os
exames detectam a quantidade de hormônio artificial no corpo, porque a

excreção na urina é diferente da natural”, afirma o professor.

O que complica para determinar se um atleta usou ou não doping é que


muitos trocam a urina a ser examinada pela de outra pessoa, sem resquícios
dos medicamentos ou drogas. Por isso, os comitês esportivos internacionais
agora também pedem DNA da urina, quando necessário.
Para o doping não deixar traços, muitos atletas deixam de usar as drogas

no período de competição, mas já foram “beneficiados” por seus efeitos. “Agora,

alguns campeonatos começam a realizar os testes ainda no período de

treinamento para evitar isso”, diz o professor Jair.

55
Como o doping é mais comum em competições importantes, geralmente

internacionais, os envolvidos são esportistas de muita experiência. “Dificilmente

um atleta desse nível profissional não sabe que as substâncias são ilícitas,
especialmente porque a maioria delas é injetável e é preciso a concordância dele

para a aplicação. Por isso, não se pode culpar somente os treinadores”, afirma.

A dificuldade em combater o doping se dá também porque praticamente


todas as substâncias utilizadas são de uso médico, vendidas com receitas

controladas. “ Um paciente com câncer, por exemplo, usa hormônios para

recuperar a força muscular”, explica Jair. Isso significa que por trás do doping há

sempre alguém que está descumprindo a lei e vendendo esses medicamentos


sem o controle médico devido.
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/doping-esportivo-
atletacampeonato- 492977.shtml>.

RESUMO

Neste tópico você aprendeu que:

• O doping é condenado em todas as modalidades esportivas, inclusive


no atletismo, porque, em primeiro lugar, faz mal à saúde e, em segundo lugar,
porque traz um ou mais benefícios (de forma desigual e desleal) aos atletas,
tornando-os mais fortes ou mais resistentes, diferentemente de atletas que não
fizeram uso destas substâncias, consideradas proibidas.
• Dopagem é definida como a ocorrência de uma ou mais das seguintes
violações da regra antidopagem: presença de uma substância proibida ou seus
metabólicos ou marcadores nos tecidos ou líquidos corporais de um atleta.
• É dever pessoal de cada atleta assegurar que nenhuma substância
proibida entre em seus tecidos ou fluidos corporais. Atletas são alertados de que
eles são responsáveis por qualquer substância presente em seu corpo.
• Atletas com condição médica documentada solicitando o uso de uma
substância ou método proibido devem primeiro obter uma IUT (Isenção de Uso
Terapêutico). As IUTs serão dadas somente em casos de clara e extrema

56
necessidade clínica, em que nenhuma vantagem competitiva possa ser obtida
pelo atleta.
• Todo atleta, sob estas regras antidopagem, pode estar sujeito a testes
nas competições em que ele participar e a testes fora de competição, em
qualquer tempo ou lugar. Atletas submeter-se-ão a controle de dopagem quando
solicitado, para assim fazê-lo por um oficial responsável.
• O Conselho deverá determinar antecipadamente o número de atletas a
serem testados, sob recomendação da Comissão Médica e Antidopagem.
Atletas a serem testados serão selecionados: com base na posição final e/ou
base aleatória; sob discrição da IAAF (agindo pelo seu oficial pertinente ou
órgão), por qualquer método que este escolha, incluindo teste-alvo; qualquer
atleta que quebrar ou igualar um recorde de Área e/ou Mundial.
• A IAAF enfocará seus testes fora de competição primeiro nos atletas de
nível internacional e atletas que estejam se preparando para competir em
competições internacionais. Entretanto, ela pode, a seu critério, conduzir testes
fora de competição em qualquer atleta, a qualquer hora. Na maioria dos casos,
os testes serão realizados sem notificação ao atleta, à sua equipe de apoio ou
Federação Nacional.
• Onde ocorrer uma violação da regra antidopagem em conexão com um
teste em competição, o atleta deverá ser automaticamente desqualificado da
prova em questão e de todas as provas subsequentes da competição, com todas
as consequências resultantes para
ele, incluindo confisco de todos os
títulos, premiações em dinheiro,
medalhas, pontos e prêmios da
competição e dinheiro para
apresentação.

CORPO HUMANO

O corpo humano é constituído por diferentes partes, entre elas, a pele, os


músculos, os nervos, os órgãos, os ossos, etc.

57
Cada parte do corpo humano é formada por inúmeras células que
apresentam formas e funções definidas. Além disso, existem os tecidos, órgãos
e sistemas, os quais funcionam de modo integrado.
Podemos comparar nosso corpo a uma máquina complexa e perfeita com
todas as suas partes funcionando em sincronia.

Anatomia: o Estudo do Corpo Humano

O corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros

A anatomia humana é a área da Biologia que estuda as estruturas do


corpo humano, incluindo os sistemas, órgãos e tecidos. Ela também analisa
como as estruturas do corpo podem ser afetadas pela genética, pelo ambiente e
pelo tempo.
O corpo humano é dividido em três partes básicas: cabeça, tronco e
membros superiores e inferiores.

58
A descrição anatômica considera que o corpo deve estar em posição
ereta, em pé, com o rosto voltado para a frente, membros superiores esticados
e paralelos ao tronco, com as palmas voltadas para a frente, os membros
inferiores devem ficar unidos. Essa é a chamada posição anatômica.

Níveis de Organização do Corpo Humano

Níveis de organização do corpo humano

O corpo humano é formado por estruturas simples como as células, até


as mais complexas como os órgãos.
O nível de organização do corpo humano é a seguinte: células, tecidos,
órgãos, sistemas e organismo. Cada uma dessas estruturas consiste em um
nível hierárquico até a formação de todo o organismo.
Conheça melhor cada uma das estruturas que fazem parte da
organização do corpo humano:

Células

59
Célula animal e suas estruturas

As células são estruturas formadas por três partes básicas a membrana


plasmática, citoplasma e núcleo.
Cada célula do corpo pode variar quanto a forma (estrelada, alongada,
cilíndrica etc.), tamanho e ao tempo de vida. As células ósseas, por exemplo,
duram vários anos, enquanto as células da pele se renovam entre 35 e 45 dias.
Cada tipo de célula se desenvolve para desempenhar uma função no
organismo. A célula muscular, por exemplo, é capaz de se contrair. A hemácia
transporta oxigênio para todo o corpo. A célula nervosa é capaz de receber e
transmitir estímulos.

Tecidos

60
O corpo humano é formado por diversos tipos de tecidos

A vida do ser humano começa com uma única célula. A partir daí, ela se
divide e origina duas novas células, que também se dividem e formam mais duas
e assim sucessivamente.
Durante a formação do feto, no útero materno, as células vão se
desenvolvendo, conforme sua localização e função no organismo. Esse
processo é chamado de diferenciação celular.
No corpo humano existem muitos tipos de células, com diferentes formas
e funções. As células trabalham em grupo, estão organizadas de maneira
integrada, desempenhando juntas, uma função determinada.
Esses grupos celulares formam os tecidos. Os tecidos do corpo humano
podem ser classificados em quatro tipos:

 Tecido epitelial
 Tecido conjuntivo

61
 Tecido muscular
 Tecido nervoso

Órgãos

Principais órgãos do corpo humano

Os tecidos, da mesma forma que as células, também se agrupam. O


conjunto de tecidos que desempenham determinada função recebe o nome de
órgão. Em geral, um órgão é formado por diferentes tipos de tecidos.
Vários órgãos formam o corpo humano, entre eles, coração, pulmão,
cérebro, estômago, intestino, fígado, pâncreas, rins, ossos, baço, olhos, etc. A
maior parte dos órgãos estão localizados na região do tronco.
A pele é o maior órgão do corpo humano.
Sistemas

62
Sistemas do Corpo Humano

Um conjunto de órgãos que atuam de modo integrado constitui um


sistema. Os sistemas do corpo humano desempenham funções específicas,
porém, atuam de modo integrado.
O corpo humano é formado de diversos sistemas: respiratório,
circulatório, digestório, cardiovascular ou circulatório, muscular, nervoso,
endócrino, excretor, linfático, reprodutor e ósseo.
Cada sistema apresenta sua função específica. O sistema respiratório,
por exemplo, é responsável pela absorção do oxigênio do ar pelo organismo e
da eliminação do gás carbônico retirado das células.

Organismo
Por fim, o conjunto de todos os sistemas em funcionamento constitui o
organismo que em conjunto mantém a sobrevivência do indivíduo.
Assim, o organismo representa o mais alto nível de organização.

Curiosidades sobre o Corpo Humano


 O maior osso do corpo humano é o fêmur, o osso da coxa da perna. Já o
menor osso é o estribo, localizado no ouvido interno.
 O coração de um adulto bate cerca de 100 mil vezes por dia.
 Em média, 2 kg do peso corporal é representado por bactérias que
habitam nosso organismo.
 Os rins filtram aproximadamente 1,3 litros de sangue por minuto.

63
 Um impulso nervoso pode alcançar até 360 km/h.
 Um adulto possui 206 ossos, enquanto o bebê possui 300.

PSICOLOGIA DO ESPORTE

A Psicologia do Esporte é uma nova ciência do treinamento esportivo que


tem prestado importante contribuição para a otimização do rendimento de atletas
e equipes.
Dar aos atletas respaldo psicológico é tão importante quanto lhes fornecer
uma alimentação balanceada, programada por nutricionistas. Afinal, o corpo
físico e o mental são as duas faces de uma mesma unidade e merecem a igual
atenção (BECKER & SAMULSKI, 1998). Cuidar do corpo significa percebê-lo
como um todo unificado, do qual fazem parte emoções e estruturas mentais. O
papel do psicólogo responsável pela saúde psíquica de um time se desenvolve
a partir de uma abordagem das emoções vivenciadas pelos jogadores em sua
rotina de trabalho (FRANCO, 2000).
É comum ouvir atletas e treinadores afirmarem que “temos que nos
preparar psicologicamente para esta partida” ou “fisicamente o time está bem,
mas psicologicamente vem passando por dificuldades” ou, ainda, “temos que
elevar o moral para virarmos o jogo” (BECKER & SAMULSKI, 1998, p. 31).
As demandas psicológicas esportivas são inegáveis. Muitos atletas
acabam sucumbindo diante de dificuldades que poderiam ser minimizadas caso
houvesse um maior interesse de treinadores e dirigentes na contratação de
psicólogos esportivos. (COZAC, 2002)
Na perspectiva biopsicossocial do ser humano, o atleta poderá se deparar
com necessidades em quaisquer das esferas acima citadas: biológica,
psicológica ou social (WEINBERG & GOULD, 2001).
Assim sendo, se existem necessidades no plano físico/biológico, é preciso
estar atento ao profissional capacitado para intervir no problema em questão,
seja ele o nutricionista, o ortopedista, o clínico geral, o fisioterapeuta ou o
cirurgião. Cada um atuando dentro de sua esfera e área de competência. O
mesmo deve ocorrer no plano social e psicológico (BECKER & SAMULSKI,
1998). Na área esportiva existe uma necessidade inegável de auxílio psicológico

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aos atletas. No entanto, a presença desse profissional nas Comissões Técnicas
nem sempre é bem aceita e compreendida, talvez pela dificuldade de a ciência
atingir essa população ou pelas crenças socioculturais já tão enraizadas no meio
esportivo. (COZAC, 2013)
Para que se possa compreender a teoria e a prática da Psicologia do
Esporte, importa esclarecer seu conceito, proposta e objetivos.
Segundo a American Psychological Association (APA), “a psicologia do
esporte é o (a) estudo dos fatores comportamentais que influenciam e são
influenciados pela participação e desempenho no esporte, exercício e atividade
física e (b) aplicação do conhecimento adquirido através deste estudo para a
situação cotidiana” (BECKER & SAMULSKI, 1998).
Benno Becker Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia do
Esporte, afirma que “há uma disciplina chamada psicologia aplicada ao exercício
e ao esporte que investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que
apresenta o ser humano antes, durante e após o exercício ou o esporte, sejam
esses de cunho educativo, recreativo, competitivo ou reabilitador” (1999, p. 17).
A Psicologia do Esporte tem por finalidade investigar e intervir em todas
as variáveis que estejam ligadas ao ser humano que pratica uma determinada
modalidade esportiva e também em seu desempenho (BECKER, 1999).
Muitos ainda acreditam que essa nova ciência é indicada apenas para
atletas de alto desempenho, mas é importante ressaltar que a Psicologia
Esportiva tem um alcance ainda maior em termos de teoria e prática do que
aquela que está focada nas competições e no desempenho de equipes.
Psicólogos esportivos podem atuar em academias de ginástica, escolas, centros
recreativos, clubes e programações educacionais junto a educadores físicos.
Vários outros segmentos da psicologia têm influenciado a Psicologia do
Esporte ao contribuir na ampliação do conhecimento dos fenômenos
psicológicos que englobam a atividade esportiva. Entre eles, a psicologia social,
do desenvolvimento, clínica, experimental, organizacional, da personalidade e a
educacional. A Psicologia do Esporte é, portanto, uma área interdisciplinar que
envolve várias áreas da Psicologia (WEINBERG & GOULD, 2001).
Vale salientar a importância dos conhecimentos práticos da modalidade
esportiva a ser trabalhada pelo psicólogo. O objeto de estudo deve ser algo
familiar ao profissional para que o mesmo possa compreender o discurso e as

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demandas dos atletas, além de promover uma facilitação na compreensão do
discurso e da experiência daquele que pratica determinada ação esportiva.
(COZAC, 2013)
A Psicologia do Esporte é uma ciência (BECKER, 2000). Durante as
últimas quatro décadas tem sido realizadas pesquisas no intuito de confirmar
hipóteses formuladas, consolidar teorias e, por fim, aplicá-las, intervindo
eficazmente junto aos atletas.
No Brasil existem alguns centros de publicações científicas com
reconhecimento internacional como o Laboratório de Psicologia do Esporte
(LAPES), na UFMG, cujo diretor é o Dr. Dietmar Samulski, o Departamento da
Pós-Graduação da UFRGS, cujo coordenador é o Dr. Benno Becker Junior e o
Laboratório de Psicossociologia do Esporte da USP (LAPSE), cujo coordenador
é o Dr. Antonio Carlos Simões.
A Psicologia do Esporte, segundo a Federação Europeia de Associações
de Psicologia do Esporte, “FEPSAC” (1996), se refere aos fundamentos
psicológicos, processos e consequências da regulação psicológica de
praticantes das atividades relacionadas ao esporte. O foco deste estudo está nas
diferentes dimensões psicológicas da conduta humana no esporte: afetiva,
cognitiva, motivadora ou sensório-motora (BECKER, 1999).
A Psicologia do Esporte visa compreender as demandas implicadas
nestas atividades e oferecer assistência adequada aos seus praticantes,
propondo um fortalecimento global e harmônico de aspectos de sua
personalidade. Objetiva, também, estudar o efeito do exercício sobre a área
emocional do indivíduo como daquele portador de patologias (BECKER, 2000).
Essa nova disciplina faz parte das ciências do movimento humano e das ciências
do esporte. Portanto, a Psicologia do Esporte é o estudo científico de pessoas e
seus comportamentos em contextos esportivos e de exercício e aplicações
práticas de tal conhecimento (GILL, 1986). Os psicólogos do esporte identificam
princípios e diretrizes práticas que visam ajudar adultos e crianças a participarem
e se beneficiarem de atividades esportivas.
Existe certa dificuldade em determinar o início preciso da Psicologia do
Esporte em diversos países sem correr o risco de cometer várias injustiças,
sobretudo no Brasil onde essa prática tem pouca ou nenhuma divulgação
(BECKER, 2000). Os registros oficiais mostram que a Psicologia do Esporte, no

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Brasil, está em sua sexta década. Acredita-se que seu início ocorreu através do
professor João Carvalhaes em 1954, no Departamento de Árbitros da Federação
Paulista de Futebol. Enquanto atuava como psicólogo da Seleção, os testes
aplicados por ele reprovaram o jogador Mané Garrincha que, posteriormente, foi
o grande astro da equipe nacional na conquista do primeiro título mundial na
Copa da Suécia, em 1958. (COZAC, 2002)
Esse fato gerou desconfianças na evolução da Psicologia do Esporte no
Brasil, especialmente no futebol. O que poucos se recordam é que Garrincha
faleceu de cirrose hepática, em péssimas condições físicas e psicológicas. Se
as ferramentas utilizadas pelo pesquisador João Carvalhaes não foram eficazes
na elaboração de um perfil psicológico esportivo, provavelmente já apresentava
provas da fragilidade de um dos maiores astros do futebol brasileiro de todos os
tempos. (COZAC, 2013)
A evolução da Medicina do Esporte acrescentou um crescimento científico
importante, tanto para a Educação Física quanto para o desporto nacional. Três
laboratórios de pesquisa do exercício (Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro)
foram criados. Foi iniciada aí a base para a evolução das diversas disciplinas
que integram as ciências do movimento humano como a Biomecânica, a
Cineantropometria, a Fisiologia e a Psicologia. O início da segunda geração de
psicólogos no Brasil aconteceu em 1975, envolvendo Benno Becker Junior
(Porto Alegre) Sandra Cavasini (São Paulo) e João Alberto Barreto (Rio de
Janeiro). A partir de então, quase a totalidade dos eventos científicos de
Educação Física, esporte ou Medicina do Esporte, incluiu a participação da
Psicologia do Esporte em suas sessões.
O psicólogo esportivo foi o último integrante da comissão técnica
interdisciplinar a ser reconhecido pelos clubes. Até hoje o psicólogo sofre com o
preconceito e a desinformação daqueles que, supostamente, deveriam zelar
pelo bem-estar dos atletas. Quando um novo profissional da área da saúde
ingressa numa equipe de trabalho, mobiliza uma série de mecanismos psíquicos
em seus integrantes (simpatia, resistência etc.). Se o novo profissional for um
psicólogo, pode ocorrer uma mobilização ainda maior entre os membros da
equipe. (COZAC, 2005).
Experiências anteriores de atletas com outros profissionais da Psicologia
estimulam a expressão da transferência nem sempre positiva (ou produtiva) com

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o novo profissional apresentado ao grupo de atletas. Por ser uma área ainda
pouco divulgada e conhecida, é comum que promova uma ansiedade paranoide
no grupo dando ao psicólogo a tarefa inicial de lidar com a resistência e até
negação da importância de seu trabalho e sua presença.
A percepção que cada ser humano tem diante do psicólogo também é
bastante variável. Lacrampe e Chamalidis (1995) asseveraram que a percepção
do serviço de Psicologia do Esporte depende também das expectativas do
grupo, confiança mútua e, sobretudo, da especificidade da situação e do
momento em que o profissional inicia a atuação.
O psicólogo assume, assim, o papel de “continente” para receber os
conteúdos emocionais da equipe (“contido”) e poder filtrá-los com o intuito de
auxiliar na redução das pressões internas. As tensões cotidianas são geradoras
de experiências e pensamentos em formas de partículas que são jorradas na
busca de um continente que possa comportá-las. Alguns treinadores entendem
que estão aptos a realizar esse processo de patriação de conteúdos e, não raro,
promovem ainda mais turbulência na saúde psíquica individual e coletiva das
equipes.
Por se tratar de uma área pouco (re)conhecida, é recomendável que o
profissional que irá iniciar seu trabalho num clube realize uma apresentação
sobre os objetivos e funções da área em que irá atuar. Essa apresentação e o
pré-projeto psicológico são de extrema valia para o desempenho de suas
funções. Uma explicação simples sobre a área e atividades previstas,
envolvendo informações sobre sua atuação, irá esclarecer sobre a dinâmica de
sua atuação evitando, assim, eventual associação entre a psicologia e
psicopatologia.
Em grande número de casos os psicólogos costumam ser lembrados
somente quando há dificuldades já bastante enraizadas no grupo. No entanto,
esse tabu vem sendo gradativamente alterado visto que a função do psicólogo é
ser mais um profissional que atuará, desde o início das temporadas, ao lado dos
demais integrantes da área da saúde no esporte. Cabe a ele estabelecer, desde
o início, um bom vínculo com a equipe técnica, os dirigentes e atletas.
A posição do psicólogo esportivo nos clubes deve ser discreta. As
informações por ele colhidas são de uso interno e suas normas de atuação

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devem respeitar algumas etapas de implantação de seu programa de Psicologia
Esportiva, como veremos a seguir.

Quais os benefícios da psicologia do esporte?

Temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança,


dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de
atletas e vários outros aspectos da prática esportiva e da atividade física têm
requerido estudo e atuação de profissionais da área.
Isso acontece porque o nível técnico de atletas e equipes de alto
rendimento precisa ficar cada mais equilibrado, liberado de pressões extremas
que prejudicam a saúde das pessoas e do esporte. Isso é muito facilitado a partir
da ênfase especial à preparação emocional. Esse é o papel da psicologia do
esporte, atuando em campos como:
 Manutenção da atenção;
 Memória;
 Foco e concentração;
 Motivação e automotivação;
 Diminuir a tensão e aliviar a ansiedade esportiva;
 Estabelecer ou melhorar a autoconfiança;
 Autocontrole e autoconhecimento;
 Alcance de metas esportivas (curto, médio e longo prazo);
 Contribuir para a prevenção de lesões, burnout e overtraining;
Como funciona a psicologia do esporte?

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Assim como o trabalho físico ou técnico, o trabalho psicológico também
precisa de tempo e treino para mostrar resultados. Além da investigação
científica, a psicologia do esporte também atua a partir de intervenções no
contexto esportivo. Seja com atletas, equipes, treinadores, dirigentes etc. Por
isso, busca-se melhorar o desempenho, ao mesmo tempo em que se minimizam
ou neutralizar os pontos fracos.

Os principais fatores que influenciam na prática do esporte são o


planejamento, a percepção de si mesmo e a concentração. No planejamento são
definidos os objetivos através de uma análise das condições ambientais, ou seja,
onde está sendo realizado o treino, as interferências do ambiente no corpo do
atleta, em seu comportamento e outros.
A percepção de si mesmo é estimulada para o atleta discriminar o que
está acontecendo com seu corpo, com seus músculos, articulações e tendões,
bem como, de outros órgãos que estão envolvidos com a execução do
movimento. Já a concentração visa ensinar o atleta a focalizar a atenção naquilo
que é relevante no momento do treino e de sua competição.

A importância do suporte emocional

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Um dos suportes principais também é o emocional, proporcionando
condições para lidar com as cobranças, expectativas, competitividade, derrotas
e vitórias e as consequências socioeconômicas que isso pode trazer para a vida
do atleta e do treinador.
Todo esse processo começa a partir do estabelecimento de um contrato,
com objetivos e expectativas para a realização do esporte. A partir daí é possível
realizar uma avaliação prévia da equipe com pesquisas periódicas. Analisar os
dados e determinar um panorama geral. Com isso, é feito o planejamento das
intervenções para a prática esportiva.
Nos últimos anos foi possível notar que grandes potências mundiais do
cenário esportivo vêm recorrendo à preparação mental. Seja em grandes
modalidades como: vôlei, futebol, tênis, até esportes que estão crescendo na
atualidade, como o crossfit.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA


DE PSICOLOGIA ESPORTIVA

1. INFORMAÇÃO

Etapa em que o psicólogo informa a todos os componentes do grupo


esportivo sobre a dinâmica do trabalho do psicólogo do esporte. Neste momento
recolherá informações básicas sobre como funciona a instituição e o grupo
esportivo em que vai atuar.
Para isto utiliza anamneses semi-dirigidas, inventários específicos de alto
rendimento, reuniões com a Comissão Técnica e observações do
comportamento de atletas.
É de fundamental importância interagir com o corpo técnico da equipe
para que se possa conhecer algumas características individuais e coletivas do
time a ser trabalhado.

2. PRÉ-PROGRAMA

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O pré-programa é estruturado de acordo com as informações obtidas pelo
psicólogo sobre a dinâmica e histórico da instituição e do grupo esportivo e, em
seguida, deverá ser apresentado aos dirigentes e grupo técnico (BECKER,
2000). Após a aprovação do pré-programa, ele passará a ser o programa de
atuação do psicólogo esportivo com os atletas.

3. PROGRAMA

Sempre que se inicia um trabalho, em qualquer área da atividade humana,


é necessária uma avaliação prévia que deve priorizar as características
psicológicas dos atletas e das equipes. Assim, alguns procedimentos como
testes, entrevista e observação de conduta são sugeridos para confrontar com
as observações preliminares do psicólogo esportivo (COZAC, 2013).
A Psicologia do Esporte busca sua evolução através de pesquisas
acadêmicas sobre a análise dos perfis psicológicos dos praticantes de esporte
(WEINBERG & GOULD, 2001). O suporte metodológico dessas pesquisas
auxilia no confrontamento diante dos conteúdos analisados nas entrevistas
individuais que poderão confirmar (ou não) aspectos detectados nos testes e
inventários. Dessa forma, será mais eficaz o levantamento dos níveis de
ansiedade, do estado emocional em treinamentos e competições, da
agressividade (extra e intra punitiva) da atenção (concentrada e difusa), da
depressão, da motivação e outros fatores, auxiliando assim o psicólogo a
conhecer com mais profundidade os comportamentos relacionados (ou não) com
as tendências competitivas (BECKER, 2000).
Somente através desta primeira investigação é que o psicólogo esportivo
estará capacitado para intervir no grupo, utilizando as técnicas e ferramentas
desenvolvidas em trabalhos e estudos científicos. Respeitar essas normas,
utilizando-as com critério, compromisso e ética, determinará o sucesso de sua
empreitada profissional.
Quando uma área do conhecimento se aproxima ou se alia a outras, é
necessário o compartilhamento de informações para que seja possível
compreender ou comprovar algumas hipóteses de pesquisas e atuações. A
Psicologia do Esporte atual busca parcerias plenas com educadores físicos,
treinadores, nutricionistas e demais profissionais responsáveis pela saúde de

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atletas e equipes. Essa tendência visa compreender e atuar os fenômenos
esportivos de maneira multi e interdisciplinar. Dessa forma se torna possível uma
leitura e compreensão mais profundas dos aspectos psicológicos e sociais dos
protagonistas das ações esportivas (COZAC, 2013).
Com várias décadas de estudos e pesquisas sendo realizados por
algumas universidades de todo o mundo e aplicados junto a atletas de elite
mundial, a psicologia esportiva vem atraindo a atenção e curiosidade na
preparação esportiva em diversos países visto que o trabalho da psicologia
esportiva voltado para a otimização de performance é uma alternativa valiosa
como auxiliar na obtenção de padrões de desempenho mais altos e constantes.

AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO ESPORTE

O principal objetivo do psicólogo do esporte é entender como os fatores


psicológicos influenciam o desempenho físico e compreender como a
participação nessas atividades afeta o desenvolvimento emocional, a saúde e o
bem-estar de uma pessoa nesse ambiente (COZAC, 2013).
Segundo Hikari (2017), os campos de atuação do psicólogo do esporte
podem ser relacionados com as seguintes áreas:

 Esporte de rendimento: procura a otimização do desempenho numa


estrutura formal e institucionalizada, analisando e transformando as
variáveis que afetam no rendimento do atleta e/ou grupo esportivo;

 Esporte escolar: o foco é a formação, voltada por princípios


socioeducativos dispondo seus praticantes para a cidadania e para o
lazer. Tem por objetivo compreender e analisar os processos de ensino,
educação e socialização inerentes ao esporte e seu reflexo no processo
de formação e desenvolvimento do indivíduo;

 Projetos Sociais: o foco central é a utilização de práticas esportivas


como meio de educação e socialização de crianças e jovens de
comunidades carentes, organizações não-governamentais e iniciativas
privadas para os mesmos fins;

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 Esporte recreativo: visa primordialmente o bem-estar e a diversão. É
praticado por indivíduos de diferentes faixas etárias, classes sociais e
econômicas. Pode ser praticado em vários espaços e com diversas
motivações.

 Esporte de reabilitação: desenvolve um trabalho voltado para a


prevenção e intervenção em pessoas portadoras de algum tipo de lesão
decorrente da prática esportiva, ou não, e também aplicado a pessoas
portadoras de deficiência física e/ou mental” (HIKARI, 2017).

Além das áreas de atuação supracitadas, o psicólogo do esporte pode


atuar na esfera clínica, em academias de ginástica e no universo corporativo.

 Ambiente clínico: O psicólogo esportivo atende atletas de diversas


faixas etárias: crianças, adolescentes e adultos. Tem por objetivo central
promover o fortalecimento do equilíbrio psicoemocional dos atletas no
ambiente esportivo, além de fornecer suporte psicológico para as
demandas pessoais que podem representar causas originárias das
dificuldades no comportamento esportivo;

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 Academias de ginástica: o foco é o apoio aos professores diante da
compreensão dos perfis psicológicos dos praticantes de exercício físico,
bem como elaborar uma consultoria institucional visando promover a
qualidade do ambiente, dos serviços internas e das inter-relações;

 Universo corporativo: através de conceitos e instrumentos de testagem


e avaliação utilizados no esporte, o psicólogo atua no formato de
consultoria de treinamento de lideranças e equipes, mapeamento de perfil
psicológico e otimização do desempenho individual e coletivo dos setores
das empresas. Os parâmetros de atuação psicológica no treinamento de
times institucionais são similares àqueles utilizados no esporte (COZAC,
2002).

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REFERÊNCIAS

CARNEIRO, W. F. Atletismo: a sua contribuição enquanto conhecimento


da área pedagógica da Educação Física no contexto escolar em uma perspectiva
de promoção da saúde. Universidade do Porto: Porto, 2001.

CASTRO, M.; BANDEIRA, R. O ensino do atletismo como conteúdo


pedagógico. [S.L.] Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT.

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em 5 de outubro de 1998. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/in
dex.htm. acesso em 08-11-2012.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de
13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.
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2020.
RIBEIRO, B. et al. Evolução histórica das mulheres nos Jogos
Olímpicos. [S.L.] Revista Digital. Buenos Aires, 2013.
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MAGALHÃES, L. Corpo Humano. Disponível em:
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Psicologia do esporte: corpo e mente se movimentam juntos | A
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