Esportes na Perspectiva da Ludicidade

Aula 3: Esporte e sua classificação

Introdução
Durante esta aula, navegaremos pelo contexto do esporte como fenômeno social e circularemos por três
classificações do esporte:

Objetivos
Descrever o contexto do esporte no final do século XX e relacioná-lo como um fenômeno social;

Esporte-educação

O esporte-educação, também chamado de esporte educacional, deve contribuir para o processo educativo de
formação dos jovens, uma preparação para o exercício da cidadania, que tem caráter formativo.

Esporte-participação

O esporte-participação ou esporte popular se apóia no lazer, no prazer lúdico e na utilização construtiva do

tempo livre.

Esporte-performance

O esporte-performance ou de rendimento, também chamado de esporte de alto-nível ou de alta competição,

foi a manifestação esportiva que norteou o conceito de esporte durante muito tempo.

O esporte vem ganhando espaço no final do século XX como um dos fenômenos socioculturais mais
importantes. Percebemos a importância desse fenômeno observando a mídia, que apresenta cada vez mais
espaços dedicados ao esporte, com:

Canais abertos de televisão - Jornais - Revistas - Materiais Esportivos - Indumentária apropriada

Outro dado importante diz respeito ao aumento do número de praticantes e também o interesse, cada vez
maior, por esse assunto.

A partir desse panorama observa-se que uma ciência do esporte com tecnologia específica foi criada,
ganhando espaço no terreno da discussão científica e tecnológica.

A característica interdisciplinar da atividade mantém nítidas ligações com as diversas áreas da saúde, das
ciências sociais, da educação e outras.

Para Tubino, e muitos estudiosos do fenômeno esportivo, o esporte é uma das manifestações da cultura física
que também compreende a dança, a recreação e se fundamenta na educação física.

Enquanto fenômeno social que atingiu vários níveis de desenvolvimento, nas diversas sociedades, o esporte,
segundo o autor, está inserido na consciência social dos diferentes países. Isto pode ser constatado nas leis
esportivas, nos direitos e deveres dos cidadãos, na busca da ética, no desenvolvimento dos praticantes, no
exercício da cidadania, no tempo livre de trabalho, no lazer.

Neste sentido, alguns aspectos serão estudados nas próprias potencialidades do fato esportivo: a busca de
uma perspectiva éticossocial para o esporte; a consolidação do conceito do Homo sportivus; a revitalização do
esporte com a natureza e o lazer; a aproximação do fenômeno esportivo com as práticas corporais de
expressão e o novo papel social do Estado diante do esporte. No Brasil, a constituição de 1988 considera o
esporte como um direito de todos.

O esporte pode ser analisado a partir de três manifestações:

(a) esporte-educação

(b) esporte-participação

(c) esporte-performance

O esporte-educação, também chamado de esporte educacional, deve contribuir para o processo educativo de
formação dos jovens, uma preparação para o exercício da cidadania, que tem caráter formativo; é baseado em
princípios educacionais, segundo Tubino (Dicionário do Esporte, 2007, p.41):

Inclusão/Participação

O princípio da participação e o da inclusão são os que não permitem que educando algum fique marginalizado
das práticas esportivas, pois não teriam vivências necessárias que certamente contribuiriam na sua formação
para a cidadania.

O esporte é um meio educativo, propiciando aprendizagens de respeito aos contratos lúdicos que são
formulados e acordados segundo seus atores, aos adversários e aos companheiros de equipe, de elevação da
autoestima e outros valores, fazendo assim com que todos participem dessas situações. A participação é
fundamental, podendo-se utilizar de regras adaptadas ou transformadas para que todos sejam incluídos na
atividade.

Cooperação

Ao registrar situações de individualismo, promove ações conjuntas para alcance dos objetivos comuns.

Coeducação

Visa integrar num mesmo espaço situações heterogêneas de sexo, idade, nível socioeconômico, condições
físicas dos atores envolvidos nas práticas, colaborando positivamente contra qualquer tipo de discriminação
existente na raça humana. Não há educação sem a coeducação.

Corresponsabilidade

Seus praticantes se corresponsabilizam por todas as decisões tomadas, como o contrato lúdico, que segundo
Pierre Parlebas (1988), que se assemelha a um contrato social, em que todos opinam sobre as regras, a forma
como jogam e que tipo de medidas organizativas seguirão. Neste princípio é que o esporte educacional
contribui para a formação de líderes.

O esporte-participação ou esporte popular se apoia:

No Lazer

No Prazer lúdico

E na utilização construtiva de Tempo livre.

Nesta manifestação não se utilizam as regras oficiais do esporte institucionalizado, e sim no contrato lúdico
(Parlebas, 1988), promovendo o bem-estar dos praticantes, o envolvimento das pessoas nas atividades
prazerosas que oferece, e contribuindo para a melhoria das relações pessoais.

Segundo Tubino, o esporte-performance ou de rendimento, também chamado de esporte de alto-nível ou de

alta competição, foi a manifestação esportiva que norteou o conceito de esporte durante muito tempo. O
Homo sportivus, participante do esporte popular, da prática esportiva realizada durante seu tempo livre, se
engaja em quaisquer dessas três dimensões do esporte.

Atenção!

A prática esportiva propõe padrões éticos em suas manifestações, pois as disputas, a competição exacerbada
e a busca de resultados a qualquer preço podem colocar em dúvida os valores positivos obtidos através do
esporte.

O fair play no esporte-Performance , o desenvolvimento do tema trasversal Ética aplicado na escola e no lazer,
buscam uma unidade no sentido de que as práticas esportivas aconteçam dentro de um respeito às regras
fundadas desdeo contrato lúdico, entre seus participantes, até as normas e regras das federações e
confederações.

Os campeonatos são nivelados para que forças iguais se enfrentem e proporcionem partidas equilibradas e
tenham como objetivo também a participação no espetáculo. Nos esportes individuais, os atletas obedecem
ao ranking vigente da federação.

Figura 1

Fonte: South_agency / Istock

Da mesma forma que os campeonatos são organizados pelas federações, contando com equipes que
possuam forças iguais, proporcionando partidas equilibradas, o professor de Educação Física deveria seguir
essa mesma dinâmica no *contexto escolar, mas em outro viés.

*As forças iguais de ambos os lados deveriam permanecer, mas com características diferenciadas, uma equipe
seria formada por alunos de diferentes níveis de habilidade, desmistificando a cultura que dá importância aos
mais habilidosos sobre os menos habilidosos para incentivar o trabalho lúdico e cooperativo na escola.

Aprenda mais
CARDOSO, Antonio. Dicionário Enciclopédico - Tubino do esporte. Rio de Janeiro: SENAC Editoras, 2007. (2007)
cap 2, págs 40,41 e 42.

Conferência Brasileira de Esporte Educacional. Memórias. Rio de Janeiro: Editora central da Universidade Gama
Filho, 1996.

COSTA NETO, J. V. O jogo do jogo de futevôlei como lazer na praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Dissertação de Mestrado apresentada no programa de pós-graduação stricto-sensu UGF, 2005.

DARIDO, S.C. & Rangel,I. C. A. Educação física na escola – implicações para a prática pedagógica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Dicionário Enciclopédico Tubino do esporte. GOMES TUBINO, MANOEL JOSÉ & TUBINO, FÁBIO MAZERON &
GARRIDO, FERNANDO, 2007.

Educação Física na Escola – implicações para a prática pedagógica. DARIDO, S. C.; Rangel, I. C. A. (2005).

Educação Física na Escola – implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Cap. 11,
pág 177 a 184.

FERREIRA, V.L.C. Prática da educação Física no 1º Grau: modelo de reprodução ou perspectiva de

transformação? São Paulo: Ibrasa, 1984.

TUBINO, M.J.G. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 2006.:

Exercícios de fixação
Olá! Para verificar sua aprendizagem, você fará, agora, alguns exercícios de fixação. Qualquer dúvida, retorne
ao conteúdo ou consulte seu professor-tutor.

Lembre-se de que tais atividades não valem ponto na avaliação da disciplina, mas são de suma importância
para o aproveitamento de seus estudos.

Após finalizar todas as questões, clique no botão Enviar, a fim de que suas respostas sejam computadas e o
gabarito, disponibilizado.

Até a próxima aula!

Em relação a Moreira e Carbinatto (2006), podemos afirmar que::

Optaram por selecionar CAGIGAL, (1996); LE BOULCH (1982, 1987); PARLEBÁS (1981) e SERGIO (1996, 1999)
para formarem o quadro epistemológico da área da Educação Física.

Citaram as mesmas teorias apresentadas por Moreira e Carbinatto (2006), acrescentando GRUPPE (1965),
HAAG (1994) e TUBINO (2001).

Desenvolveram o Método Psicocinético que utiliza como material pedagógico o movimento humano. Este
método compreende duas noções fundamentais: a Teoria da Consciência ou esquema de ação, em que as
crianças desenvolvem um sentido cinestesico e o Esquema Corporal, que permite a adaptação das
crianças aos seus ambientes.

Marque a alternativa INCORRETA:

O Método Sueco, com bases anátomo-fisiológicas, tendo como principal representante Per Henrik Ling,
que propunha movimentos cuidadosamente selecionados para atingir os objetivos determinados nos
quatro tipos de ginásticas, a pedagógica ou educativa, a militar, a médica e ortopédica, e a estética.

O Método Alemão com base nas leis da fisiologia, destacando-se Cristoph Per Henrik Ling e seu método
natural estruturado em três partes, os exercícios ginásticos, os trabalhos manuais e os jogos sociais, que
deveriam ser praticados por todos diariamente.

O Método Francês, que advém, além dos estudos anátomo-fisiológicos, da análise dos movimentos, cujo
nome mais importante foi Francisco Amoros y Ondeano, destinando à ginástica a missão de melhoria da
saúde e da moral do cidadão, considerando a ginástica como a ciência que estuda os movimentos
humanos e seu fortalecimento físico, moral e social. Cabe destacar aqui que esse método teve grandes
influências na Educação Física Escolar Brasileira, pois foi adotado em nosso processo de escolarização na
primeira metade do século XX.
Síntese
Nesta aula:

O esporte quando praticado generalizadamente é uma das manifestações da cultura física que
também compreende a dança, a recreação e se fundamenta na Educação Física;
O esporte-educação, também chamado de esporte educacional, deve contribuir para o processo
educativo de formação dos jovens, uma preparação para o exercício da cidadania, que tem caráter
formativo;
O esporte-participação ou esporte popular se apoia no lazer, no prazer lúdico e na utilização
construtiva do tempo livre; nesta manifestação não se utiliza as regras oficiais do esporte
institucionalizado, e sim no contrato lúdico, promovendo o bem-estar dos praticantes, o envolvimento
das pessoas nas atividades;
O esporte-performance ou de rendimento, também chamado de esporte de alto-nível ou de alta
competição, foi à manifestação esportiva que norteou o conceito de esporte durante muito tempo;
O Homo sportivus, participante do esporte popular, da prática esportiva realizada durante seu tempo
livre, se engaja em quaisquer dessas três dimensões do esporte.

Próxima aula
Na próxima aula:

Durante esta aula, navegamos pelo contexto do esporte como fenômeno social e circulamos pelo
esporte-educação, performance e participação.
Na próxima aula, abordaremos a relevância social do esporte segundo Cazorla Prieto (1979),
reconhecendo que o fenômeno esportivo leva o homem a inúmeras virtudes sociais e que a
importância do esporte é apontada em seis pontos: (a) a dupla perspectiva, como fenômeno social
universal e como instrumento de equilíbrio pessoal; (b) o consumismo esportivo; (c) os espetáculos
esportivos; (d) os valores que o esporte leva à sociedade; (e) o impacto social do associacionismo
esportivo; (f) a difusão do esporte através dos meios de comunicação.