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Tais abordagens que este estudo foca para a transformação do esporte aplicado nas escolas.
Deixando claro aqui, que criticar o esporte não é ser contra ele, mas sim expor fatos para que
este seja melhorado. Segundo Bracht (2000), criticar o esporte é tratá-lo pedagogicamente,
colaborando para que ele assuma características mais adequadas.
Segundo Kunz (apud DARIDO, 2008, p. 16), o papel da educação é libertar o aluno “das
condições que limitam o uso da razão crítica e com isto todo o seu agir social, cultural e
esportivo”. Esta libertação aconteceria a partir do momento em que as competências fossem
desenvolvidas, essas competências são ligadas às categorias de trabalho. A competência
objetiva, social e comunicativa, ligadas às categorias trabalho, interação e linguagem,
respectivamente. E para saber a forma que o esporte deve ser trabalhado na escola o autor
aponta a competência comunicativa como prioridade na ação educativa, neste momento esta
competência esta ligada principalmente na linguagem verbal, desenvolvendo no aluno o
aprender a compreender.
Outra abordagem, com base na Filosofia Política, tem na transformação social sua finalidade.
Sua temática prioriza a cultura corporal e a visão histórica, com conteúdos como:
conhecimento sobre o jogo, esporte, dança e ginástica. Sua metodologia está na tematização e
a avaliação em considerar a classe social e observação sistemática.
Ainda segundo o autor, a ação pedagógica deve ter o esporte como tema central, mas também
considerar a dança e a ginástica. Além disto, o autor escolhe para o processo de tematização, a
competição como eixo articulador, com o sentido de superar equívocos. A competição neste
sentido seria uma caixa de motivação que envolve os conteúdos.
A ideia defendida por Vago (1996, p.7) é de que a escola deve criar uma cultura escolar de
esporte, interrompendo a reprodução das práticas de esporte hegemônicas. Para Oliveira
(2005, p.141) o problema desta criação reside no fato de o esporte entrar na escola e sair do
mesmo jeito que entrou, sem modificações, sendo apenas reproduzido. A possibilidade de
mudança está na atuação do professor, instruída por um projeto político-pedagógico,
transformando este esporte que entra na escola. Vago (1996, p.13) sugere o confronto dos
valores do esporte que o fazem excludente com os valores da participação, respeito e do
lúdico. Significa nesse momento dizer que a escola não deve repetir o trabalho e sim realizar o
trabalho do esporte.
Segundo Oliveira (2005, p.143) existe a necessidade de um diálogo entre essas duas
abordagens, colocando um desafio a essas tendências: sem abrir mão de suas diferenças, o
que significa não abrir mão da própria qualidade de ser crítica, aprofundar o diálogo no sentido
de potencializar o segundo polo de cada uma.
Em síntese, percebe-se que, no mundo escolar, o esporte vem sendo empregado de maneira
inadequada. Verificou-se que algumas mudanças precisam ser feitas no sentido de reorientar o
sentido do esporte, dando maior ênfase ao lazer e menor à competitividade.
Estudando o assunto, percebeu-se que algumas abordagens pedagógicas falam desse
problema e alguns autores também acreditam que é preciso transformar o esporte que é
aplicado na escola em um esporte que ao invés de se preocupar em formar atletas, seja capaz
de oferecer aos alunos um leque de opções de atividades que os ajude na sua formação.
Nesse pensamento, Oliveira (2005, p.203) pensa num projeto que transforme as aulas de
educação física num trabalho de reflexão do esporte, onde as crianças experimentando e
vivenciando o esporte, construiriam outros valores para as aulas, resgatando a prática social
como elo entre ensino e produção, transformando a escola numa fábrica de esportes.
Segundo Kunz (1994, p.56) o esporte na escola alcançaria seu objetivo quando as crianças
puderem se desenvolver através dele, tornando-se adultos capazes de praticar esportes como
crianças.
Após essas considerações fica a dúvida: como transformar através das abordagens
pedagógicas a aplicação do esporte na educação física escolar? As respostas são inúmeras,
porém o foco é a aplicação de mais modalidades esportivas nas aulas de educação física e no
resgate do lúdico no esporte aplicado na escola.
Nesse entendimento, Bourdieu (apud OLIVEIRA, 2005, p. 117) utiliza a dança como exemplo de
atividade que se diferencia dos outros esportes por não se aprender simplesmente a repetição
e sim a aprendizagem de expressões na ação corporal que transmitam sentimentos.
Bracht (apud OLIVEIRA, 2005, p. 200) afirma que a ação pedagógica deve ser voltada para a
recuperação do caráter lúdico no desporto na escola. Logo em seguida, Oliveira (2005, p.199)
afirma que com o resgate do lúdico, a tentativa de separação entre jogo e esporte, seria
rompida.
(...) o esporte, como conteúdo da Educação Física na escola, deverá ser oferecido de forma que
o aluno possa compreender integralmente, conhecendo suas diferentes modalidades; seu
ensino deverá abranger conhecimentos teóricos e práticos, dando oportunidade ao aluno de
aprender e vivenciar seus fundamentos, compreender suas regras, bem como conhecer sua
história e evolução.
A partir dos autores, podemos apontar o esporte como um fenômeno sociocultural de grande
impacto na contemporaneidade, presente na vida cotidiana das pessoas a partir de diferentes
formas de manifestação - seja na prática profissional por atletas especializados, na iniciação
esportiva em clubes e praças públicas, em centros de reabilitação, como forma de lazer, entre
outros. Seja qual for o contexto em que o esporte se manifesta, Paes (2002) aponta que o
fenômeno deve ser tratado a partir de dois referenciais: um ligado às questões técnico-táticas
e outro às socioeducativas. A partir do autor, Galatti (2006, p. 24) elenca características dos
dois referenciais, sendo que o referencial técnico-tático diz respeito aos seguintes temas:
• Aspectos Técnicos;
• Aspectos Táticos;
• Aspectos Físicos. O referencial socioeducativo, por sua vez, relaciona-se aos seguintes
objetivos;
• Estabelecer relações entre o que acontece na aula de esportes com a vida em comunidade.
O desporto é receitado e recomendado para tudo e para nada, como se na sua prática
medrasse espontaneamente tudo o que há de mais positivo. Este entendimento é,
obviamente, questionável. No desporto, como noutras práticas e como em tudo na vida, há
lugar para a ambivalência: tanto se podem realizar valores de sinal positivo como valores de
sinal negativo.
Considerando que o esporte hoje se manifesta por meio de diversas modalidades esportivas,
faz-se necessário pontuar que o estudo se incide no momento da iniciação esportiva, sendo
destacadas as relações interpessoais desenvolvidas no conjunto dos jogos esportivos coletivos
(JECs), uma vez que este tem por essência a convivência em grupos que interagem em busca
de um objetivo comum (atingir um alvo) e que este grupo interage com outro com um objetivo
semelhante: atingir o alvo da primeira equipe. Dada esta configuração, ressaltam-se os três
traços fundamentais dos JECs, apontados por Garganta (1995) como a cooperação, a
inteligência e a comunicação.
Dada a configuração estrutural dos JECs, ressalta-se o potencial dessas modalidades para a
vivência de valores e o desenvolvimento de competências importantes para o convívio em
sociedade, como a tolerância, inclusão e respeito. Dessa forma, aproximamos o esporte da
principal função da Pedagogia, destacada por Bento (1999): o educar:
Educar é levar aquele que está num saber mais baixo para um saber mais alto. E porque estar
num saber é estar no nível da realidade que esse saber dá educar é levar alguém de uma
realidade mais baixa para uma realidade mais alta. O que torna patente o carácter
instrumental do ensino, da aprendizagem e dos saberes e competências. Educar é, por
conseguinte e obviamente, mudar e modificar. Mudar e adquirir novos modos para ser, para
ser mais e melhor, para crescer como pessoa em direção ao mais alto, (BENTO, 1999).
A partir de sua concepção de educar, o autor alerta em relação a dois equívocos relacionados
ao educar: (1) somente as crianças são passíveis de processo educacionais (2) a criança deve
ser educada (apenas) para ser um bom adulto.
Libâneo (2002) nos aponta que preparar o indivíduo para a vida tornou-se a essência de
processos educativos. Entretanto, também alerta que ampliar os conceitos de educação
passou a ser um dos fenômenos mais significativos dos processos sociais contemporâneos.
Galatti (2006, p.40), sinaliza que publicação em pedagogia do esporte tem avançado no
sentido de ampliar os sujeitos e os objetos de estudo vinculados ao esporte, relacionando
alguns estudos que demonstram isso:
(...) como nos estudos de Balbino (2005), que aborda a Pedagogia do Esporte em interface ao
esporte profissional; Ferreira, Galatti e Paes, que a ampliam a ideia de iniciação esportiva de
crianças para jovens, adultos e pessoas de outra caracterização etária; Trindade (2005) que
aborda a Pedagogia do Esporte e a terceira idade; Santana (2005) aborda a complexidade do
Esporte, dentre outros.
Vimos que iniciar uma criança no esporte significa adequar o esporte à criança e não a criança
ao esporte, elaborando estratégias que tenham o lúdico como ponto de partida. Nessa
perspectiva, reforçamos a aplicação do jogo como elemento fundamental em todo processo.
Porém não basta termos a presença deste elemento nas aulas.
Em outros momentos, o oposto precisa ser feito: é necessário propor alterações que tornem o
jogo ainda mais complexo, propiciando aos alunos que já dominam um determinado jogo
desafios permanentes, estimulando sempre na resolução dos novos problemas que as
alterações nas regras dos jogos propiciam. As modificações na estrutura do jogo serão
propostas pelo professor para facilitar que os princípios da pedagogia do esporte e algumas
das características do jogo sejam preservados, como: a participação efetiva, a acessibilidade, a
segurança e a motivação dos praticantes.
Outro exemplo de procedimento pedagógico relevante num processo de iniciação esportiva
propõe a participação permanente em atividades competitivas não formais. Principalmente
quando os praticantes são crianças. Nesse caso priorizar a participação em festivais esportivos,
em oposição à participação em torneios e campeonatos sem preocupação pedagógica. Os
festivais esportivos permitem uma flexibilidade em relação à idade, ao tempo de jogo, a
modificação das regras em comum acordo; não há eliminação de nenhuma equipe; todos
jogam inúmeras vezes, ou seja, as atividades esportivas não formais, por terem regras
livremente concebidas pelos participantes, se tornam mais flexíveis a adaptações que atendam
as necessidades, interesses e possibilidades dos participantes.