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INCLUSIVA E
ESPORTES
ADAPTADOS
Introdução
A realidade de grande parte dos portadores de necessidades educativas
especiais no Brasil e no mundo revela poucas oportunidades para a prática
de jogos, esportes ou atividade física regular. A prática de atividades físicas
ou esportivas por portadores de algum tipo de deficiência — visual,
auditiva, mental ou física — tem valor terapêutico e pode proporcionar
benefícios físicos e psíquicos, como a oportunidade de testar seus limites
e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência
e promover a integração social do indivíduo (SILVA, 2018).
Neste capítulo, você vai aprender sobre a prática do esporte adaptado,
e são necessários apoios de natureza social, material, afetiva e emocio-
nal para o sucesso nessa ocupação. O apoio social é definido como
“[…] qualquer informação, falada ou não, e ou auxílio material oferecido
por grupos e/ou pessoas que se conhecem e que resultam em efeitos
emocionais e/ou comportamentos positivos [...]” (PANZIERA; FRAGA;
CARVALHO, 2016, p. 99).
2 A educação física e os esportes adaptados
[...] educação por base no esporte adaptado sugere a escola como um ambiente
ideal para estabelecer bases para um mundo melhor, pois as crianças não con-
vivem com muitos preconceitos e as conotações negativas vêm da relação com
a sociedade adulta. Além disso, consideram esse conteúdo, esporte adaptado,
como um conjunto de atividades e possibilidades que educa sobre o esporte e
questões de deficiências em um ambiente divertido e lúdico.
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O esporte adaptado foi idealizado em 1944 pelo neurologista alemão Ludwig Gutt-
mann. Esse médico desenvolvia suas atividades profissionais em lesados medulares e
criou um programa de recuperação para seus pacientes, que envolveu uma série de
modalidades esportivas em pacientes com problemas de lesões medulares, amputações
e mutilações (REDE NACIONAL DO ESPORTE, 2013).
Apesar de uma era denominada inclusiva, esse grupo social continua sendo
estigmatizado pelas suas deficiências. Ao se fazer parte de uma cultura de
normalidade e de uma sociedade onde o capitalismo rege todas as esferas,
inclusive a educação, o que se observa no cotidiano do ambiente escolar é
um modelo focado apenas nas capacidades cognitivas e na contribuição que
essa pessoa poderá oferecer à produção capitalista (DANTAS; RABELO;
MARINHO, 2016, documento on-line).
Segundo Cabral e Almeida (2019), embora as instituições que atendem
pessoas com deficiência tenham surgido em meados do século XIX, a inclusão
escolar para esses indivíduos no Brasil foi garantida em lei há pouco mais de
20 anos. Embora haja essa garantia legal, isso não assegura que ela ocorra
na prática. Preconceito, desconhecimento e má vontade ainda são elementos
que dificultam esse processo.
No Brasil, os desafios para a inclusão são grandes. As faltas de adaptação,
tanto na parte pedagógica quanto na parte arquitetônica, são comuns nos
recantos educacionais do país. Além disso, os professores ainda encontram
dificuldades e resistência para promover a inclusão. No entanto, esse dever é
de todos. As aulas de educação física também têm esse compromisso e podem
estimular a inclusão com a melhora dos movimentos e da interação entre os
alunos (CABRAL; ALMEIDA, 2019).
Pesquisas visam contribuir para o processo de inclusão que ocorre gradu-
almente em nossa sociedade, analisando as possibilidades de adequações do
currículo com o intuito de garantir direitos conquistados ao longo da história
da educação inclusiva, sobretudo na educação física. Em meados do século
XX, emerge outra perspectiva: as descobertas nas áreas das ciências cogniti-
vas, neurobiologia, economia, educação e psicologia começam a questionar a
supremacia da mentalidade racionalista. Torna-se indiscutível a importância
cada vez maior que as emoções assumem em todos os acontecimentos que
percorrem a vida de qualquer ser humano (CASASSUS, 2009).
O desenvolvimento da sociedade a partir dos parâmetros da equidade
social enquanto ser político pressupõe olhar as relações sociais a partir da
diferença e das práticas geradoras da inclusão social. Nesse aspecto, o contexto
educacional torna-se indispensável para o atendimento às diferenças. Embora
muitas escolas regulares e clubes anunciem propostas inclusivas, no cotidiano
há uma grande fragilidade quanto à acessibilidade dos alunos e das pessoas
com deficiência nos espaços e na relação ensino–aprendizagem, sobretudo
quanto às práticas inclusivas em aulas de educação física. Muitas escolas e
clubes regulares possuem discurso inclusivo, mas não refletem acerca da
inclusão em suas práticas educativas (BRASIL, 2010).
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Para saber mais sobre os benefícios do esporte para pessoas com deficiência, assista
ao vídeo Os benefícios do esporte para pessoas com deficiência - Conexão Futura do Canal
Futura no YouTube.
10 A educação física e os esportes adaptados
Em uma aula de educação física, os professores lidam com diferentes situações de-
correntes das várias facetas do esporte. Essa multiplicidade confere ao esporte um
caráter de imprevisibilidade. Dessa forma, é importante o professor estar preparado
para os jogos adaptados, que possibilitem a estimativa do resultado esportivo de
forma confiável.
Para saber mais, assista ao vídeo Educação Física inclusiva no canal MultiRio no YouTube.
Leia o artigo Educação física adaptada como perspectiva de inclusão: percepção de alunos
sem deficiência na educação física escolar, de Milan, Salles e Rodrigues (2017), para saber
mais sobre a educação física adaptada como perspectiva de inclusão nos esportes
adaptados.
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Leituras recomendadas
CASTELLANI FILHO, L. Política educacional e educação física: polêmicas de nosso tempo.
Campinas: Autores Associados, 1998.
FIGUEIREDO, V. M. C.; TAVARES, M. C. G. C. F.; VENÂNCIO, S. Olhar para o corpo que
dança: um sentido para a pessoa portadora de deficiência visual. Movimento, Porto
Alegre, v. 5, n. 11, p. 65–73, 1999.
MILAN, F. J.; SALLES, W. N.; RODRIGUES, L. B. S. Educação física adaptada como pers-
pectiva de inclusão a percepção de escolares na educação física escolar. Conexões,
Campinas, v. 15, n. 4, p. 432–451, 2017.
MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SANTOS, B. C. A.; FUZII, F. T. A educação física na área da linguagem: o impacto da bncc
no currículo escolar. Comunicações, Piracicaba, v. 26, n. 1, p. 327–347, 2019.
SANTOS, R. C.; FIGUEIREDO, V. M. C. Dança e inclusão no contexto escolar, um diálogo
possível. Pensar a Prática, Goiânia, v. 6, p. 107–116, 2003.
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