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INCLUSIVA E
ESPORTES
ADAPTADOS
Introdução
O desporto adaptado surgiu como um importante meio para a reabilitação
física, psicológica e social para pessoas com algum tipo de deficiência.
Ele é composto por adaptações e modificações em regras, materiais e
locais para as atividades, possibilitando a participação das pessoas com
deficiências nas diversas modalidades esportivas (DUARTE; LIMA, 2003).
Também pode ser definido como esporte modificado ou especialmente
criado para ir ao encontro das necessidades únicas de indivíduos com
algum tipo de deficiência (GORGATTI; COSTA, 2005).
A oportunidade da prática desportiva para pessoas com deficiência
é de extrema eficácia para a promoção da sua qualidade de vida: “[…]
é a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as
enfermidades secundárias a sua deficiência e promover a integração
social do indivíduo [...]” (SANTOS et al., 2017, p. 120). A reabilitação é um
processo que diz respeito ao desenvolvimento humano e às capacidades
adaptativas nas diferentes fases da vida. Ela abrange os aspectos funcio-
nais, psíquicos, educacionais, sociais e profissionais.
2 Educação física e esportes adaptados: relação com as deficiências
Este termo parece sugerir que a atividade é estandardizada e que, para ser
praticada por pessoas com deficiência necessita ser adaptada. Esta lógica
funciona, por exemplo, para referir ao basquete em cadeira de rodas, mas
será que verdadeiramente a podemos usar com, por exemplo, a boccia, que
foi criado exclusivamente para pessoas com paralisia cerebral? Talvez sim,
dado que o termo adaptação tem também conotação que se identifica com
a manipulação de variáveis ecológicas. A atividade, os materiais, os estilos
de ensino, os enquadramentos, etc., tem que ser adaptados porque a pessoa
tem menos possibilidade de adaptação. Adaptar uma atividade, em sentido
Educação física e esportes adaptados: relação com as deficiências 3
lato, pode ser, pois, construir uma atividade para um objetivo definido —
por exemplo, desenvolver a consciência corporal. Adaptação ou usando um
termo mais genérico — a adaptabilidade pode se referir a modificações numa
atividade padronizada. Referente a um desporto, pode criar um envolvimento
específico de atividade não padronizada e pode ainda criar um contexto com
objetivos claramente terapêuticos ou reeducativos.
As práticas esportivas adaptadas no Brasil tiveram início após o ano de 1950, quando o
carioca Robson Sampaio de Almeida fundou o Clube do Otimismo e o paulista Sérgio
Serafim Del Grande fundou o Clube dos Paraplégicos. Eles tornaram-se pessoas com
deficiência em razão de acidentes e procuraram reabilitação nos Estados Unidos.
Após a participação em diversas modalidades esportivas como parte integrante do
programa de recuperação, retornaram ao Brasil e fundaram instituições com o objetivo
de auxiliar na recuperação de outras pessoas com deficiência.
2 Os esportes adaptados e
as diferentes deficiências
encontradas no ambiente escolar
O esporte adaptado integra os temas tratados pela educação física e, por anos,
foi o principal meio utilizado na escola regular para encontrar talentos em
modalidades convencionais. Na área, entende-se o esporte de forma ampla,
com influências em diferentes âmbitos da sociedade. Ao pensar no esporte
como fenômeno social, o esporte para pessoas com deficiência, adaptado ou
criado para essa população, apresenta-se como uma vivência dentro desse
tema. Dessa forma, percebe-se que a evolução da área da educação física
deve-se à tentativa de englobar os mais diferentes públicos, oportunizando
desde a vivência até o treinamento das diferentes atividades que compõem os
conhecimentos que a educação física oferece (DARIDO, 2003).
No âmbito escolar, discussões acerca da disciplina educação física ocu-
pam-se de quais temas devem ser tratados nos anos escolares. A educação
física escolar foi um momento excludente dentre as disciplinas desse espaço
(DARIDO, 2003). Após a predominante busca pelo corpo perfeito, o esporte
passou a dominar o discurso daqueles que determinavam os conteúdos a serem
trabalhados nas escolas. O argumento vigente foi a necessidade de buscar
talentos esportivos para representar o Brasil em competições. Então, a edu-
cação física escolar passou a contar com aulas de esportividades, porém, não
com o intuito de aprender sobre as modalidades e o fenômeno esporte, e sim
aprender os gestos técnicos necessários para se tornarem atletas (SALERNO;
ARAÚJO, 2008).
Educação física e esportes adaptados: relação com as deficiências 5
Para conhecer mais sobre os níveis de atividade física para deficiência auditiva, leia
o artigo Níveis de atividade física: um estudo comparativo entre adolescentes surdos e
ouvintes, de Andrade e Castro (2017).
romper, usar o passo duplo para a frente e para trás, dar saltos, etc. O esgrimista
paralímpico pode deslocar apenas o tronco. Ele fica sentado sobre a cadeira de
rodas, que é fixada a um aparelho colocado sobre a pista, chamado de fixador,
próprio para essa finalidade. Ou seja, a cadeira não se move, nem o esgrimista
sai dela — ele faz apenas movimentos com o tronco para a frente (movimento
chamado de afundo) e reclina-se para trás (movimento denominado recuo).
As habilidades desenvolvidas com a prática da esgrima, segundo a Con-
federação Brasileira de Esgrima (2016), geram inúmeros benefícios. Entre
eles, pode-se destacar a melhora no equilíbrio, na acuidade visual, no desen-
volvimento motor, na percepção corporal e na capacidade de agilidade, e o
aumento da força de explosão, da resistência, da capacidade de concentração e
da autoconfiança e da autoestima. Na esgrima adaptada, esses benefícios são
de suma importância para o indivíduo, visto que, quando bem desenvolvidos,
fornecem ao praticante um ganho que modifica toda a sua estrutura de vida.
Devido a algumas de suas limitações, implicadas pela deficiência física, pode
haver perda significativa de massa muscular, perda de equilíbrio, instabilidade
corporal, aparecimento de lesões como as escaras e uma série de agravantes.
Além disso, há implicações emocionais e psicológicas, presentes desde a
descoberta ou obtenção de sua deficiência até a fase de aceitação, as quais
podem, em alguns casos, estar presentes pelo resto da vida (PANZIERA;
FRAGA; CARVALHO, 2016).
A prática lúdica de esgrima proporcionou para as crianças de uma escola
estudada um aprendizado motor, melhorou a condição física delas e potencia-
lizou suas capacidades de equilíbrio, força, resistência, agilidade e disposição.
Destaca-se também o ganho psicossocial, onde a criança se relaciona com outros
indivíduos de mesma idade, com características de vidas cotidianas parecidas,
de realidades aproximadas devido às deficiências e nisso há a possibilidade
de trocar informações e evoluir no conhecimento sobre a própria deficiência
e suas habilidades e restrições. O avanço cognitivo no aprimoramento do
raciocínio rápido e do reflexo aguçado. Para tal, destaco apenas, que não se
realizou nenhum teste neste meio, para que se pudesse considerar ganhos ou
perdas com base científica. Apenas se entende, por meio da percepção do
trabalho realizado, da intervenção nas aulas e da preparação das atividades
e conteúdo, bem como pela elaboração de todo contexto em si, para que a
escolinha ganhasse vida, de que tais benefícios aqui citados são totalmente
visíveis, e que o comportamento e aderência das crianças às aulas de esgrima
adaptada direcionou todo entendimento a respeito das ações aqui relatadas
(PANZIERA; FRAGA; CARVALHO, 2016).
10 Educação física e esportes adaptados: relação com as deficiências
Neste momento, cabe dizer que uma causa provável seja ainda a dificuldade
em se trabalhar com as diferenças, com o corpo não-perfeito, “incapaz” de
atingir o rendimento que se está acostumado a atingir em situações de “nor-
malidade”. Isso constitui, provavelmente, resquício de uma Educação Física
tecnicista, ou mesmo o fato de a formação do professor de Educação Física ser
realizada em cursos de graduação que, ainda, representam essa característica.
A Educação Física não está preparada para tratar o uno e o diverso simul-
taneamente, conforme aponta a proposta de inclusão. Seus conteúdos estão
parados no tempo, o que a obriga a recorrer às adaptações (CARMO, 2002).
Portanto, a reflexão da cultura corporal incentiva o quanto se pode fazer
durante as aulas de educação física. O papel desse trabalho é demonstrar os
fundamentos, os limites, as leis e as possibilidades, que são abordados de
acordo com os diferentes momentos e pontos de vista.
Educação física e esportes adaptados: relação com as deficiências 13
Leituras recomendadas
ANDRADE, L. F.; CASTRO, S. S. Níveis de atividade física: um estudo comparativo entre
adolescentes surdos e ouvintes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.
23, n. 5, p. 371–374, 2017.
BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da educação física. Cadernos CEDES,
Campinas, v. 19, n. 48, p. 69–88, ago.1999.
DINIZ, T. N. História da dança- sempre. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS
HUMANAS – SEPECH, 7., 2010, Londrina. Anais […]. Londrina: SEPECH, 2010. p. 1–12.
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