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A educação física e os esportes adaptados

Apresentação
A educação física adaptada é uma subárea da educação física que engloba as suas intervenções
típicas em programas individualizados, voltados ao atendimento das necessidades específicas das
pessoas, em que adaptações são realizadas para possibilitar a sua participação em atividades
voltadas a essa natureza.
Seus objetivos são importantes para o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas
que apresentam condições diferentes e peculiares para a prática das atividades físicas. Seu foco é o
desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e
esporte, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser consideradas tendo em
vista o potencial de desenvolvimento da pessoa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar esse assunto, no qual a educação física adaptada
deve fornecer melhorias para que o futuro profissional conheça conceitos, procedimentos e
atitudes necessários à atuação com pessoas com deficiência, com as quais você terá contato em
algum momento de sua carreira.
Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar a evolução da educação física e dos esportes adaptados.


• Analisar a relação entre educação física e esportes adaptados em diferentes contextos
socioculturais.
• Discutir a influência da educação física na estruturação dos esportes adaptados.

testes
Desafio
Conforme Brasil (1997), a educação física (EF), ainda que seja vista como uma cultura desportiva e
competitiva, engloba no seu currículo a educação física adaptada (EFA). A EFA favorece atitudes de
respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele, possibilitando atitudes de respeito
e aceitação sem preconceitos.

O professor de EF tem um papel importante na construção da inclusão e do esporte adaptado, da


execução motora, do desenvolvimento das capacidades e da formação da consciência corporal,
além de oportunizar a prática esportiva, dos alunos com deficiência, assim promovendo a inclusão
social entre os alunos e mostrando a influência da educação física na estruturação dos esportes
adaptados.

Considerando que você é o professor, elabore uma atividade prática que possa fazer a integração
entre Luísa e os demais alunos da turma.
Responda:

1) Quais seriam os recursos necessários para a prática dessa aula?

2) Caso você encontrasse resistência por parte de algum aluno, como lidaria com essa situação e
como poderia trabalhar a percepção da turma?
Infográfico
A importância da evolução da educação física nos esportes adaptados é fundamental para a saúde
física e mental. Para pessoas com deficiência, a prática é ainda mais importante. As diversas
modalidades melhoram a condição cardiovascular de quem as pratica, aprimora a força, a agilidade,
a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor.

Acompanhe, no Infográfico a seguir, os tipos de deficiência e a evolução da educação física nos


esportes adaptados.
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Conteúdo do livro
A prática esportiva por parte dos deficientes físicos está em constante expansão e
desenvolvimento. O número de praticantes está crescendo a cada dia. A prática de atividade física
e/ou esportiva por portadores de algum tipo de deficiência, sendo este visual, auditiva, mental ou
física, pode proporcionar, dentre todos os benefícios da prática regular de atividade física que são
mundialmente conhecidos, a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as
enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a integração social do indivíduo.

As atividades físicas, esportivas ou de lazer propostas aos portadores de deficiências físicas, como
os portadores de sequelas de poliomielite, lesados medulares, lesados cerebrais, amputados, dentre
outros, têm valores terapêuticos evidenciando benefícios tanto na esfera física quanto psíquica.

Quanto ao físico, pode-se ressaltar ganhos de agilidade no manejo da cadeira de rodas, de


equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de coordenação, coordenação motora,
dissociação de cinturas, de resistência física, enfim, o favorecimento de sua readaptação ou
adaptação física global. Na esfera psíquica, pode-se observar ganhos variados, como a melhora da
autoestima, integração social, redução da agressividade, dentre outros benefícios.

No capítulo A educação física e os esportes adaptados, da obra Educação Física Inclusiva e os


Esportes Adaptados, você aprenderá mais sobre a evolução dos esportes adaptados, os seus
contextos socioculturais e a influência da educação física em seu desenvolvimento.

Boa leitura.
EDUCAÇÃO FÍSICA
INCLUSIVA E
ESPORTES
ADAPTADOS

Cintia Costa Medeiros Martins


A educação física e
os esportes adaptados
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Explicar a evolução da educação física e dos esportes adaptados.


„„ Analisar a relação entre educação física e esportes adaptados em
diferentes contextos socioculturais.
„„ Discutir a influência da educação física na estruturação dos esportes
adaptados.

Introdução
A realidade de grande parte dos portadores de necessidades educativas
especiais no Brasil e no mundo revela poucas oportunidades para a prática
de jogos, esportes ou atividade física regular. A prática de atividades físicas
ou esportivas por portadores de algum tipo de deficiência — visual,
auditiva, mental ou física — tem valor terapêutico e pode proporcionar
benefícios físicos e psíquicos, como a oportunidade de testar seus limites
e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência
e promover a integração social do indivíduo (SILVA, 2018).
Neste capítulo, você vai aprender sobre a prática do esporte adaptado,
e são necessários apoios de natureza social, material, afetiva e emocio-
nal para o sucesso nessa ocupação. O apoio social é definido como
“[…] qualquer informação, falada ou não, e ou auxílio material oferecido
por grupos e/ou pessoas que se conhecem e que resultam em efeitos
emocionais e/ou comportamentos positivos [...]” (PANZIERA; FRAGA;
CARVALHO, 2016, p. 99).
2 A educação física e os esportes adaptados

1 Evolução da educação física e


dos esportes adaptados
O esporte adaptado é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento
da pessoa com deficiência na sociedade, e é eficaz na conscientização sobre
a deficiência entre crianças, jovens e adultos. Além disso, pode provocar
mudanças de atitudes em relação às pessoas com deficiência e proporcionar
reflexões quanto à perspectiva de possibilidades de todos fazerem parte do
mesmo grupo, valorizando as singularidades e assumindo um papel importante
como compromisso com a inclusão social.
A educação física adaptada, intimamente associada à área de desenvolvi-
mento motor, facilita o desenvolvimento global de indivíduos com deficiência
(CASTRO, 2005). Embora passe a ter maior reconhecimento a partir da criação
dos Jogos Paralímpicos ou Paralimpíadas, em meados do século XX, o es-
porte adaptado tem origem anterior ao surgimento desses jogos. Os esportes
adaptados começaram a ganhar importância a partir da Primeira Guerra
Mundial, pois países como a Alemanha e o Reino Unido buscavam amenizar
os prejuízos sofridos pelos combatentes. Na Inglaterra, existiu uma associação
de jogadores de golfe que acolhia amputados unilaterais de membros superiores
(CARDOSO, 2011). No entanto, a popularização desses esportes aconteceu
após a Segunda Guerra Mundial:

O término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi um marco para a


evolução do desporto adaptado para pessoas com deficiência; muitos solda-
dos retornavam aos seus países e traziam em seu corpo marcas que jamais
esqueceriam. O pós-guerra deixou muitos soldados mutilados, com distúrbios
motores, visuais e auditivos, o que fez com que seus governos tomassem
uma série de providências sobre a qualidade de vida desses indivíduos; com
isso, muitos começaram a ter acesso a práticas esportivas e atividades físicas
adaptadas como forma de tentar minimizar as adversidades causadas pela
guerra (CARDOSO, 2011, p. 531).

Devido ao avanço de pesquisas científicas em diversas áreas da saúde,


como fisioterapia, medicina, educação física e psicologia, e também devido
ao crescimento sociocultural, houve um maior entendimento de familiares,
do próprio indivíduo com deficiência e da sociedade sobre o real conceito
de deficiência em relação às limitações e às possibilidades. A partir disso,
o esporte adaptado não é mais praticado somente com o objetivo de reabili-
tação, da melhora puramente física e do combate a um quadro de depressão,
A educação física e os esportes adaptados 3

mas passa a assumir um caráter profissional, no campo do alto rendimento


(PANZIERA; FRAGA; CARVALHO, 2016).
Cada vez mais pessoas com deficiência optam pelo esporte devido ao cami-
nho profissional que querem (e podem) por meio dele conseguir do que apenas
devido à preocupação com a saúde em seus aspectos físicos ou cognitivos.
O esporte adaptado como forma de reabilitação de pessoas com deficiência
ganhou destaque na década de 1940, na cidade de Aylesbury, na Inglaterra,
a partir da criação do Centro Nacional de Lesionados Medulares do Stoke
Mandeville Hospital pelo neurologista Ludwig Guttmann. O objetivo do
governo inglês era que esse centro servisse para o tratamento de soldados
feridos na Segunda Guerra Mundial (GORGATTI; COSTA, 2008).
Guttmann passou a utilizar o esporte como meio de reabilitação para as
pessoas com deficiência, e obteve sucesso com a reabilitação de ex-comba-
tentes a partir de jogos desportivos em cadeira de rodas (CARDOSO, 2011).
O trabalho de reabilitação buscou, no esporte, não só o valor terapêutico, mas
o poder de suscitar novas possibilidades, o que resultou na maior interação
social dessas pessoas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96) e
a Lei Brasileira da Inclusão (Lei nº. 13.146/2015) garantem que, por meio
da inclusão escolar, as crianças com deficiência socializem e desenvolvam
suas capacidades pessoais para exercerem atos da vida civil em condições
de igualdade com outros indivíduos. Apesar das garantias legais, é notá-
vel a falta de um acolhimento necessário para que haja um bom convívio,
igualdade e participação social das pessoas com deficiência. Por meio desse
acolhimento, a possibilidade de contato com outros conhecimentos pode
influenciar novas reflexões e novos caminhos para uma educação inclusiva
(PELIZZARI et al., 2002).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017) é um docu-
mento normativo previsto na Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), na LDB
nº. 9.394/96 (BRASIL, 1996) e no Plano Nacional de Educação (BRASIL,
2014), elaborado por especialistas de várias áreas. Esse documento é plural e
atual, e propõe um conjunto de conhecimentos que devem ser desenvolvidos
na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
A BNCC (BRASIL, 2017) apresenta um conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens apontadas como essenciais, que os alunos devem desenvolver
na educação básica. Assim, é assegurado a eles o direito de aprendizagens e
desenvolvimento.
4 A educação física e os esportes adaptados

A partir da BNCC (BRASIL, 2017), as redes de ensino e as instituições


escolares públicas e privadas passam a ter uma referência nacional e obrigatória
para elaborar e adequar suas propostas pedagógicas e currículos (BRASIL,
2017). A ideia inicial consistiu em elaborar um documento coerente com a
realidade das escolas brasileiras. Para atingir esse objetivo, seria necessário
promover debates que envolvessem os profissionais da educação e toda a so-
ciedade civil. A BNCC (BRASIL, 2017) sofre muitas críticas e instiga análises
teóricas dos profissionais da educação. Para Almeida (2018), a BNCC é uma
política pública causadora de polêmicas, posicionamentos e reflexões acerca
de sua interpretação, aceitação e concepção na educação básica com intuito de
possibilitar e desenvolver as aprendizagens essenciais, por meio de uma educa-
ção humana integral, pautada na busca por uma sociedade justa, democrática
e inclusiva. A versão final da BNCC (BRASIL, 2017) para a educação infantil
e o ensino fundamental foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE) em 2017. A versão da BNCC do ensino médio foi aprovada em 2018.
Assim, em 2019 as escolas iniciaram o processo de implantação das orientações
estabelecidas na BNCC. A BNCC do ensino médio demorou mais tempo para
ser homologada devido às questões associadas à reforma do ensino médio no
governo Temer e às mudanças na LDB presentes na Medida Provisória (MP)
nº. 746/2016 e concretizada por meio da Lei nº. 13.415/2017, que objetiva que
o currículo seja diversificado e flexível, além de fazer referência à educação
em tempo integral (BRASIL, 2018). A Lei nº. 13.415/2017 diz que o currículo
do ensino médio na BNCC deve ser composto por itinerários formativos, os
quais são denominados: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas
tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais
aplicadas, e formação técnica e profissional (BRASIL, 2018).
A primeira mudança diz respeito à nomenclatura, em que os temas trans-
versais passaram a ser chamados de temas contemporâneos transversais.
A inclusão do termo “contemporâneos” para complementar o “transversais”
evidencia o caráter de atualidade desses temas e sua relevância para a educa-
ção básica, por meio de uma abordagem que integra e agrega, permanecendo
na condição de não serem exclusivos de uma área do conhecimento, mas de
serem abordados por todas elas de forma integrada e complementar. A se-
gunda mudança diz respeito à ampliação dos temas; enquanto os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) abordavam seis temáticas, a BNCC aponta seis
macroáreas temáticas (cidadania e civismo, ciência e tecnologia, economia,
meio ambiente, multiculturalismo, e saúde) e engloba 15 temas contemporâ-
neos “[…] que afetam a vida humana em escala local, regional e global [...]”
A educação física e os esportes adaptados 5

(BRASIL, 2017, p. 19). A incorporação de novos temas visa atender às novas


demandas sociais e garantir que o espaço escolar seja um espaço cidadão e
comprometido.
Segundo os PCNs (BRASIL, 1997), a educação física escolar tem hoje
uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática
pedagógica dessa disciplina, incorporando as dimensões afetivas, cognitivas
e socioculturais dos alunos. A história do ser humano é uma história de cul-
tura. Todo e qualquer indivíduo nasce em um contexto cultural e tudo o que
se faz está inserido nesse ambiente onde se produz e reproduz cultura, sendo
esta produto da sociedade e da coletividade. Hoje a área da educação física
contempla vários conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a
respeito do corpo e do movimento. As atividades de movimento são conside-
radas fundamentais para o desenvolvimento do ser humano, pois possibilitam
o lazer e a expressão de sentimentos, afetos e emoções com oportunidades
de promoção, recuperação e manutenção da saúde e como construção de
novas aprendizagens. Os PCNs (BRASIL, 1997) abordam os conteúdos de
educação física como conhecimento historicamente acumulado e socialmente
transmitido entre pessoas que interagem e se movimentam como sujeitos
sociais e cidadãos e que se relacionam dentro de um contexto sociocultural e
produzem conhecimentos.
Entre as produções da cultura corporal segundo os PCNs (BRASIL, 1997),
algumas atividades foram incorporadas pela educação física em seus conte-
údos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a
representação corporal com características lúdicas e ressignificam a cultura
corporal humana. Em seus temas transversais, estão a ética, a orientação
sexual, as relações de gênero, o meio ambiente, o trabalho e consumo e a
diversidade cultural. Todos esses temas têm enfoque na inclusão. Estudar o
esporte e compreender seus valores para a sociedade são objetivos da educação
física. Além disso, visualizar a democratização do esporte como formação
cultural auxilia na compreensão sobre direitos e igualdade de participação,
independentemente das diferenças. Liu, Kudláček e Ješina (2010, p. 65, tra-
dução nossa) falam que:

[...] educação por base no esporte adaptado sugere a escola como um ambiente
ideal para estabelecer bases para um mundo melhor, pois as crianças não con-
vivem com muitos preconceitos e as conotações negativas vêm da relação com
a sociedade adulta. Além disso, consideram esse conteúdo, esporte adaptado,
como um conjunto de atividades e possibilidades que educa sobre o esporte e
questões de deficiências em um ambiente divertido e lúdico.
6 A educação física e os esportes adaptados

O esporte adaptado ajuda a promover atividades inclusivas tanto dentro dos


currículos escolares de educação física quanto fora das escolas, oferecendo
ferramentas para atingir esse objetivo. Ao ter contato com o esporte adaptado,
o aluno sem deficiência consegue colocar-se no lugar do aluno com deficiência
e entender, por meio da prática, as dificuldades encontradas. Valores como
respeito, colaboração e amizade também se destacam nessa situação. Assim,
o aluno com deficiência consegue transmitir esse conhecimento para outras
pessoas sem deficiência, e as conotações negativas diminuem no convívio
social (PANZIERA; FRAGA; CARVALHO, 2016).

O esporte adaptado foi idealizado em 1944 pelo neurologista alemão Ludwig Gutt-
mann. Esse médico desenvolvia suas atividades profissionais em lesados medulares e
criou um programa de recuperação para seus pacientes, que envolveu uma série de
modalidades esportivas em pacientes com problemas de lesões medulares, amputações
e mutilações (REDE NACIONAL DO ESPORTE, 2013).

2 A educação física e os esportes adaptados


nos contextos socioculturais
Ainda que vivamos em uma era denominada de inclusiva, as pessoas com
deficiência são vítimas das consequências do modelo médico-patológico,
o qual marcou de forma explícita a educação especial por muitos anos. Hoje,
mesmo que de forma velada, as pessoas com deficiência continuam a ser
vistas como doentes, incapazes e inferiores. Alguns anos atrás, os indivíduos
com deficiência não conseguiam se relacionar com outras pessoas, sentiam-
-se sozinhas, abandonadas, depressivas e excluídas da sociedade e do meio
em que viviam. Não existia oportunidade de emprego para essas pessoas,
e a acessibilidade era inadequada. Todos esses fatores ocasionavam diversos
problemas emocionais:
A educação física e os esportes adaptados 7

Apesar de uma era denominada inclusiva, esse grupo social continua sendo
estigmatizado pelas suas deficiências. Ao se fazer parte de uma cultura de
normalidade e de uma sociedade onde o capitalismo rege todas as esferas,
inclusive a educação, o que se observa no cotidiano do ambiente escolar é
um modelo focado apenas nas capacidades cognitivas e na contribuição que
essa pessoa poderá oferecer à produção capitalista (DANTAS; RABELO;
MARINHO, 2016, documento on-line).
Segundo Cabral e Almeida (2019), embora as instituições que atendem
pessoas com deficiência tenham surgido em meados do século XIX, a inclusão
escolar para esses indivíduos no Brasil foi garantida em lei há pouco mais de
20 anos. Embora haja essa garantia legal, isso não assegura que ela ocorra
na prática. Preconceito, desconhecimento e má vontade ainda são elementos
que dificultam esse processo.
No Brasil, os desafios para a inclusão são grandes. As faltas de adaptação,
tanto na parte pedagógica quanto na parte arquitetônica, são comuns nos
recantos educacionais do país. Além disso, os professores ainda encontram
dificuldades e resistência para promover a inclusão. No entanto, esse dever é
de todos. As aulas de educação física também têm esse compromisso e podem
estimular a inclusão com a melhora dos movimentos e da interação entre os
alunos (CABRAL; ALMEIDA, 2019).
Pesquisas visam contribuir para o processo de inclusão que ocorre gradu-
almente em nossa sociedade, analisando as possibilidades de adequações do
currículo com o intuito de garantir direitos conquistados ao longo da história
da educação inclusiva, sobretudo na educação física. Em meados do século
XX, emerge outra perspectiva: as descobertas nas áreas das ciências cogniti-
vas, neurobiologia, economia, educação e psicologia começam a questionar a
supremacia da mentalidade racionalista. Torna-se indiscutível a importância
cada vez maior que as emoções assumem em todos os acontecimentos que
percorrem a vida de qualquer ser humano (CASASSUS, 2009).
O desenvolvimento da sociedade a partir dos parâmetros da equidade
social enquanto ser político pressupõe olhar as relações sociais a partir da
diferença e das práticas geradoras da inclusão social. Nesse aspecto, o contexto
educacional torna-se indispensável para o atendimento às diferenças. Embora
muitas escolas regulares e clubes anunciem propostas inclusivas, no cotidiano
há uma grande fragilidade quanto à acessibilidade dos alunos e das pessoas
com deficiência nos espaços e na relação ensino–aprendizagem, sobretudo
quanto às práticas inclusivas em aulas de educação física. Muitas escolas e
clubes regulares possuem discurso inclusivo, mas não refletem acerca da
inclusão em suas práticas educativas (BRASIL, 2010).
8 A educação física e os esportes adaptados

Situações inclusivas, voltadas para a cultura, a educação, o lazer e demais


setores sociais, contemplando a diversidade da condição humana, são cons-
truídas no dia a dia das relações interpessoais, sociais e políticas e tendem a
reduzir os efeitos das situações discriminatórias, preconceituosas e excludentes
que qualquer pessoa, com deficiência ou não, está exposta na vida social.

Os fatores contextuais de ordem pessoal e ambiental podem tanto favorecer


quanto criar e ampliar desvantagens para pessoas com deficiências. É no
social que se inscrevem condições limitadoras e o papel da mídia em geral
ao favorecer o amálgama deficiência–carência acentua, por certo, a des-
vantagem do sujeito em relação ao meio. (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011,
documento on-line).

A educação, a cultura e o lazer constituem, sem dúvida, espaços estru-


turados com fundamental poder de mediação na consolidação da inclusão
social da pessoa com deficiência, assim como de todo e qualquer sujeito.
Inclusão social é a importante participação ativa no grupo social, nas escolas,
no trabalho, nos clubes, nas academias, no transporte público e nos esportes.
Sendo assim, é pautada no respeito à diversidade de cada indivíduo presente
na sociedade (MARQUES, 2016).
Apesar da importância do professor no processo de inclusão das pessoas
com deficiência, esse profissional não atua sozinho para que esse processo
tenha êxito. Além de buscar informações, o professor deve contar com a
colaboração da família e da equipe especializada da escola. Ao ter um aluno
com deficiência incluído em sua unidade, todos os membros da escola devem
participar do processo de inclusão social, fazendo a diferença no local onde
aquela pessoa com deficiência está incluída. Os profissionais, incluindo o
professor de educação física, devem partilhar as dificuldades que surgem
nos momentos das aulas, participando dos progressos obtidos e sugerindo
melhorias do local e dos materiais a serem utilizados na aula (SILVA, 2018).
O esporte tem papel fundamental na interação social e para melhor qua-
lidade de vida dos indivíduos. O esporte é mais procurado por pessoas com
deficiência com o objetivo de superar seus limites, melhorar a autoestima e
ajudar em sua reabilitação e na reinserção na sociedade, já que o corpo des-
ses indivíduos sofreu severas mudanças. A deficiência adquirida causa uma
modificação na estrutura física e psicológica do indivíduo, podendo gerar
dificuldades em sua mobilidade e no desenvolvimento das tarefas diárias.
Além disso, pode ocasionar depressão, devido à não aceitação de uma nova
condição de vida. A educação física nos esportes adaptados é importante pois
por meio destes, as pessoas podem expressar suas emoções, suas habilidades
A educação física e os esportes adaptados 9

e sua postura de alguém capaz de realizar atividades de “pessoas normais”.


A partir disso, os indivíduos com deficiência começaram a perceber que podem
ser eficientes na sociedade. Se podem praticar esportes adaptados, também
podem trabalhar, namorar, passear e ter uma vida social (BAPTISTA et al.,
2019, p. 53):

Segundo Santos e Figueiredo, (2013, p. 107), entende-se que em nossa so-


ciedade existem vários estudos e questionamentos sobre inclusão social, que
se existe a inclusão social é porque há pessoas excluídas socialmente. Estes
indivíduos têm sido discriminados pela sociedade, que julgam incapazes para
desempenhar funções na sociedade, o que as exclui da vida social.

No Brasil, há uma série de iniciativas governamentais relacionadas à edu-


cação. Portanto, cabe à escola, ao estado e à sociedade encarar a realidade
e transformar o processo de inclusão, pois ele implica a vivência e atitudes
de respeito ao outro cidadão. A inclusão não acontece de forma isolada: são
necessárias parcerias para que ela aconteça, favorecendo o significado de
autonomia.
Já para Moreira (2006), a inclusão social é entendida como a ação de
proporcionar às populações socialmente excluídas oportunidades e condições
de serem incorporadas à sociedade e poder usufruir de bens educacionais,
materiais e culturais. Portanto, praticar a inclusão social é criar condições
para que todos os habitantes possam viver com qualidade de vida e como
cidadãos plenos e pessoas consideradas normais apesar de suas deficiências
e sem discriminação. Um dos aspectos da inclusão social é possibilitar que
cada brasileiro tenha a oportunidade de adquirir conhecimento básico sobre a
ciência e seu funcionamento que lhe dê condições de entender o seu entorno,
de ampliar suas oportunidades. No Brasil, há uma grande desigualdade em
relação às oportunidades educacionais e de conhecimento, tornando mais
difícil o processo de inclusão social.

Para saber mais sobre os benefícios do esporte para pessoas com deficiência, assista
ao vídeo Os benefícios do esporte para pessoas com deficiência - Conexão Futura do Canal
Futura no YouTube.
10 A educação física e os esportes adaptados

3 A influência da educação física na


estruturação dos esportes adaptados
Os esportes adaptados são vivências esportivas modificadas para atender
às necessidades de pessoas com deficiência. Durante anos, assim como o
lazer, os esportes adaptados foram considerados sem grande importância se
comparados ao esporte tradicional, tornando-se uma atividade tardia na vida
de pessoas com deficiência. Do ponto de vista individual, o esporte adaptado
promove benefícios físicos, psicossociais e socioculturais, com o ganho de
habilidades, destacando-se: autonomia, valorização pessoal, liberação de
tensão, autocontrole, socialização, habilidade em lidar com diversas situações,
atenção, melhora na funcionalidade, na coordenação, no planejamento motor,
nos estímulos sensoriais, na força, na amplitude de movimento e no equilíbrio,
além do estímulo de criatividade, do desenvolvimento de sentimentos e atitudes,
da evolução da qualidade de vida e do bem-estar (FERREIRA et al., 2017).
Conforme mencionado anteriormente, a história do desporto para as pessoas
portadoras de necessidades especiais começou na cidade de Aylesbury, na Ingla-
terra. A pedido do governo britânico, o neurologista Ludwig Guttmann criou o
Centro Nacional de Lesionados Medulares do Stoke Mandeville Hospital, desti-
nado a tratar homens e mulheres do exército inglês feridos na Segunda Guerra
Mundial. A partir deste momento, surgiram duas correntes de pensamento.
Uma delas, com enfoque médico, apresentada por Guttmann, utiliza o esporte
como auxílio na reabilitação de seus pacientes e busca amenizar também os
problemas psicológicos. O trabalho de reabilitação buscou no esporte não só o
valor terapêutico, mas o poder de suscitar novas possibilidades, o que resultou
em maior interação dessas pessoas. Por meio do esporte como reabilitação,
ele estava devolvendo à comunidade um indivíduo com deficiência, capaz de
ser eficiente pelo menos no esporte (COSTA; SOUSA, 2004).
Outra corrente, vinda dos Estados Unidos, utiliza o enfoque esportivo
como forma de inserção social, dando a conotação competitiva utilizada
pelo desporto. Essas correntes, no decorrer da história, cruzam-se e formam
objetivos comuns. Esta vai além do componente médico-terapêutico e estende-
-se à incorporação da prática esportiva e do esporte de rendimento, tendo
A educação física e os esportes adaptados 11

em vista a integração do atleta e sua reabilitação social, como afirma Varela


(1989). Embora já fossem promovidas atividades esportivas para portadores de
deficiência, principalmente na Inglaterra, nos Estados Unidos e na Alemanha,
foi em 1948 que esse conceito ganhou caráter oficial, com a realização dos
Jogos de Stoke Mandeville. Os médicos de Aylesbury começaram a adotar,
definitivamente, a prática sistemática do esporte como parte essencial da
reabilitação médica e social dos pacientes. Guttmann foi o precursor da re-
abilitação dos portadores de deficiência por meio do esporte (PANZIERA;
FRAGA; CARVALHO, 2016).
Apesar de parecer contraditório pelo paradigma higienista que sempre
reinou em sua história, a educação física, no nosso entendimento, é uma das
áreas do conhecimento que mais se desenvolveu nos últimos anos, em relação
à especificidade de atendimento ao portador de deficiência. Ao perceber a
diferença e valorizar a potencialidade dos indivíduos com deficiência, es-
ses avanços puderam ser materializados e houve a concretização dos Jogos
Paralímpicos (SILVA, 2018).
Cada modalidade é dotada de particularidades que direcionam o planeja-
mento e a subsequente condução das atividades. Um princípio primordial a ser
observado é que, em função da classificação funcional, os atletas apresentam
diferentes potenciais funcionais. O técnico deve conhecer o sistema de clas-
sificação em suas particularidades, pois um erro de julgamento pode fazer
um atleta ser treinado para uma função não condizente com seu potencial
funcional (CABRAL; ALMEIDA, 2019).
Além disso, para as modalidades que possuem semelhança com a versão
convencional, é preciso que os professores de educação física tenham cons-
ciência das diferenças existentes em relação ao esporte adaptado. Um atleta
tetraplégico, por exemplo, não é capaz de executar as habilidades em que se
exige controle da bola da mesma forma que amputados e paraplégicos, devido
ao maior grau de comprometimento neuromuscular que afeta os membros
superiores. Então, cada atleta está apto a desempenhar as funções de bloqueio
e marcação que são funções táticas de grande importância para a equipe,
ou seja, cabe ao professor motivar o atleta para o cumprimento daquela função
(SEDORKO; FINCK, 2016).
12 A educação física e os esportes adaptados

O foco da prática pedagógica deve estar na pessoa que pratica a atividade.


Portanto, ao lidar com o atleta com deficiência, é importante considerar as
especificidades que o cercam. Dessa forma, o profissional deve controlar o
ambiente e os objetivos de acordo com o indivíduo, para que a prática seja
benéfica. Um aspecto interessante do esporte adaptado é que, diferentemente do
esporte convencional, o processo de iniciação esportiva tende a ser acelerado.
Espera-se que, na fase de iniciação esportiva, o atleta conheça os fundamentos
básicos de cada modalidade, conforme destacam Graça e Mesquita (2006,
p. 680):

No caso de esportes em cadeira de rodas, ao receber um sujeito amputado ou


com lesão na medula espinhal, o primeiro fundamento a ser trabalhado, deve
ser o contato com a cadeira de rodas esportiva, pois isto possibilitará em fase
posterior, conhecer os fundamentos específicos da modalidade escolhida.

As principais estratégias para a aquisição de habilidades motoras e funda-


mentos técnicos são os exercícios sincronizados e analíticos. Todavia, deve-se
entender a função dessas estratégias e não tornar a técnica como um ponto
de chegada, limitando a abordagem dada à modalidade esportiva. A técnica
deve ser considerada como um ponto de partida, possibilitando a aquisição
de um maior repertório motor, ou seja, mais ferramentas para a resolução dos
problemas inerentes ao jogo (SILVA, 2018).
Panziera, Fraga e Carvalho (2016) afirmam que o crescimento do esporte
paralímpico se deve a três fatores: efetividade do esporte no processo de
reabilitação, direito das pessoas com deficiência à prática do esporte e caráter
da modalidade enquanto entretenimento.
Segundo Ferreira et al. (2017), ao ensinar uma modalidade coletiva, deve-se
combinar elementos específicos do jogo, como aspectos técnicos e táticos,
com a compreensão do jogo, em ambientes abertos.
No esporte adaptado, essas estratégias são fundamentais na aquisição de
habilidades motoras, principalmente na fase de iniciação, em que relações
com a cadeira de jogo e entendimento da modalidade, são imprescindíveis
para o sucesso esportivo
A educação física e os esportes adaptados 13

Portanto, para obter êxito esportivo, deve-se levar em conta aspectos


genéticos e a metodologia de cada professor, da aprendizagem e do trei-
namento realizado com cada aluno. Nem todos conseguem obter o mesmo
aprendizado; assim, um grande diferencial é a metodologia que o professor
utiliza em suas aulas. Outro fator é a variedade de estímulos nas primeiras
fases e o trabalho feito de acordo com a especificidade de cada modalidade
(COSTA E SILVA, 2013).
Sendo assim, o esporte adaptado é uma ferramenta para o processo de
conscientização dos alunos sobre a deficiência. Destaca-se a resposta de um
aluno sobre a relação entre a pessoa com deficiência e o brincar, jogar e com-
partilhar, colocar-se no lugar do próximo, incluir o indivíduo com deficiência
em seu meio. Costa e Souza (2004) afirmam que nosso entendimento não pode
mais ficar vinculado à educação física tradicional. É necessário questionar
as práticas sociais existentes, não apenas se referindo aos indivíduos com
deficiência, mas sim a todas as pessoas excluídas pelos padrões da sociedade

Em uma aula de educação física, os professores lidam com diferentes situações de-
correntes das várias facetas do esporte. Essa multiplicidade confere ao esporte um
caráter de imprevisibilidade. Dessa forma, é importante o professor estar preparado
para os jogos adaptados, que possibilitem a estimativa do resultado esportivo de
forma confiável.
Para saber mais, assista ao vídeo Educação Física inclusiva no canal MultiRio no YouTube.

Leia o artigo Educação física adaptada como perspectiva de inclusão: percepção de alunos
sem deficiência na educação física escolar, de Milan, Salles e Rodrigues (2017), para saber
mais sobre a educação física adaptada como perspectiva de inclusão nos esportes
adaptados.
14 A educação física e os esportes adaptados

Contudo, apesar dos avanços e benefícios da educação física e dos espor-


tes adaptados, percebe-se que ainda existem espaços a serem conquistados.
Entre estes, destaca-se a formação profissional para atuação com pessoas
com deficiência, que ainda carece de incremento na qualidade, por meio de
melhorias e concretizações em prol da inclusão de pessoas com deficiência.
Quanto às oportunidades de prática desportiva, indivíduos com deficiência
ainda encontram muitas dificuldades e se deparam com falta de apoio, aces-
sibilidade e preconceito para começar e manter a prática de uma modalidade
desportiva adaptada.
Por fim, o esporte adaptado ainda tem muito a proporcionar para pessoas
com deficiência. A educação e a conscientização podem ser de grande im-
portância para auxiliar na melhoria da qualidade de vida dessa população.

ALMEIDA, D. F. Base Nacional Comum Curricular: concepção do componente Educação


Física para o Ensino Fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação: Currículo) –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.
BAPTISTA, J. et al. A influência psicológica do esporte na vida de atletas com deficiência.
Revista Diálogos Interdisciplinares, [s. l.], v. 8, n. 1, p. 53–59, 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 23 abr. 2020.
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e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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A educação física e os esportes adaptados 15

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Política nacional de saúde da pessoa com deficiência. Brasília:
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CABRAL, S. M; ALMEIDA, W. G. Educação física escolar: a (não) inserção de esportes
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CARDOSO, V. D. A reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adap-
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CASTRO, M. E. Atividade física adaptada. São Paulo: Tecmedd, 2005.
CASASSUS, J. Fundamentos da educação emocional. Brasília: Liber Editora, 2009.
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Leituras recomendadas
CASTELLANI FILHO, L. Política educacional e educação física: polêmicas de nosso tempo.
Campinas: Autores Associados, 1998.
FIGUEIREDO, V. M. C.; TAVARES, M. C. G. C. F.; VENÂNCIO, S. Olhar para o corpo que
dança: um sentido para a pessoa portadora de deficiência visual. Movimento, Porto
Alegre, v. 5, n. 11, p. 65–73, 1999.
MILAN, F. J.; SALLES, W. N.; RODRIGUES, L. B. S. Educação física adaptada como pers-
pectiva de inclusão a percepção de escolares na educação física escolar. Conexões,
Campinas, v. 15, n. 4, p. 432–451, 2017.
MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SANTOS, B. C. A.; FUZII, F. T. A educação física na área da linguagem: o impacto da bncc
no currículo escolar. Comunicações, Piracicaba, v. 26, n. 1, p. 327–347, 2019.
SANTOS, R. C.; FIGUEIREDO, V. M. C. Dança e inclusão no contexto escolar, um diálogo
possível. Pensar a Prática, Goiânia, v. 6, p. 107–116, 2003.
A educação física e os esportes adaptados 17

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
A prática de educação física adaptada tem um papel importante e fundamental na sociedade. Foi a
partir da educação física adaptada que as pessoas portadoras de necessidades especiais começaram
a perceber que elas eram importantes na sociedade, como: no trabalho, na inclusão social, na vida
afetiva e no esporte.

Além de praticarem esportes, também podiam competir e ganhar medalhas, suas conquistas se
tornaram verdadeiras, e assim se ganhou um espaço de inclusão na sociedade.

Na Dica do Professor, você vai ver um pouco mais sobre alguns aspectos importantes da educação
física e os esportes adaptados, temas de grande importância na prática docente e na sociedade.

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Exercícios

1) O envolvimento de estudantes com o esporte adaptado complementa a sua aprendizagem


sobre as deficiências de uma forma crítica-social, não ficando apenas na perspectiva teórica.

O que deve ser incluído no currículo geral de educação física sobre os esportes adaptados?

A) A partir do todo, os professores poderão ter uma autonomia de inserir no contexto escolar a
diversidade humana. Isso até mesmo incluindo desde os mais desfavorecidos até os que
apresentam deficiências graves. Devem ser incluídas no currículo geral de educação física
sobre os esportes adaptados a compreensão e a aceitação da pessoa com deficiência.

B) A partir do todo, os professores poderão ter uma autonomia de inserir no contexto escolar a
diversidade humana. Isso até mesmo incluindo desde os mais desfavorecidos até os que
apresentam deficiências graves. Devem ser incluídas no currículo geral de educação física
sobre os esportes adaptados a inclusão e a aceitação da pessoa com deficiência.

C) Incluindo os esportes adaptados nas aulas de educação física, os professores poderão ter uma
autonomia de inserir no contexto escolar a diversidade humana. Isso até mesmo incluindo
desde os mais desfavorecidos até os que apresentam deficiências graves. Devem ser incluídas
no currículo geral de educação física sobre os esportes adaptados a compreensão e a
valorização da pessoa com deficiência.

D) A prática por parte dos alunos era fora do contexto inclusivo, na qual a educação física era
adaptada exclusivamente para eles. E mesmo com a adaptação, a visão era a busca de
rendimento no esporte. Portanto, devem ser incluídas no currículo geral de educação física
sobre os esportes adaptados a compreensão e a conscientização da pessoa com deficiência.

E) A prática por parte dos alunos era fora do contexto inclusivo, na qual a educação física era
adaptada exclusivamente para eles. E mesmo com a adaptação, a visão era a busca de
rendimento no esporte. Portanto, devem ser incluídas no currículo geral de educação física
sobre os esportes adaptados a valorização da pessoa com deficiência e a harmonia com a
pessoa com deficiência.

2) A pessoa com deficiência passa a ter direito à participação efetiva e a oportunidades em


todos os espaços sociais, e também no espaço escolar. Qual é o processo em que essa
pessoa deve estar inserida?
A) Por lei, o direito de acolher todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas,
intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras, em escolas ou em espaços sociais,
é o processo de inclusão.

B) Por lei, o direito de não acolher todas as pessoas, independentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras, em escolas ou em espaços
sociais, é o processo de exclusão.

C) Por lei, o direito de não acolher todas as pessoas, dependentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras, em escolas ou em espaços
sociais, é o processo de liberdade nas escolas.

D) Por lei, o direito de não acolher todas as pessoas, independentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras, em escolas ou em espaços
sociais, é o processo de adaptação.

E) Por lei, o direito de acolher todas as pessoas, independentes de suas condições físicas,
intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras, em escolas ou em espaços sociais,
é o processo de alteração do currículo escolar.

3) A prática regular de um programa de exercícios físicos ou prática esportiva por pessoas com
deficiência física pode ter três objetivos distintos, quais são eles?

A) Os três objetivos que devem ser distintos são a competição, o terapêutico e a inclusão.

B) Os três objetivos que devem ser distintos são o lazer, a obrigação e a inclusão.

C) Os três objetivos que devem ser distintos são o lazer, a competição e o terapêutico.

D) Os três objetivos que devem ser distintos são a competição, a obrigação e o lazer.

E) Os três objetivos que devem ser distintos são o lazer, a emoção e a competição.

4) A maior parte dos deficientes físicos pode e deve se beneficiar da prática da educação física
e das modalidades esportivas adaptadas. Quais são os problemas que impedem a
participação dos esportes e exercícios físicos para pessoas com deficiência física?

A) Os padrões e os critérios de inclusão social.

B) Os padrões e os critérios de segurança.

C) Os padrões e os critérios de profissionais qualificados.


D) Os padrões e os critérios de acessibilidade.

E) Os padrões e os critérios de mobilidade.

5) O termo esporte paralímpico designa as modalidades adaptadas que fazem parte do


programa dos Jogos Paralímpicos. Quais componentes não se aplicam apenas ao esporte
paralímpico, e sim ao esporte adaptado em geral e relacionam em indivíduos podem
modificá-lo?

A) Efetividade do esporte no processo de adequação, direito das pessoas com deficiência à


prática do esporte e caráter da modalidade enquanto entretenimento.

B) Efetividade do esporte no processo de adequação, não do direito das pessoas com deficiência
à prática do esporte e caráter da modalidade enquanto entretenimento.

C) Efetividade do esporte no processo de reabilitação, não do direito das pessoas com


deficiência à prática do esporte e caráter da modalidade enquanto entretenimento.

D) Efetividade do esporte no processo de reabilitação, direito das pessoas com deficiência à


prática do esporte e caráter da modalidade enquanto entretenimento.

E) Efetividade do esporte no processo de não reabilitar, direito das pessoas com deficiência à
prática do esporte e caráter da modalidade enquanto entretenimento.
Na prática
A evolução da educação física e dos esportes adaptados surgiu na década de 1950 e foi definida
pela American Association for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) como
um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, seguras e bem-sucedidas com
atividades vigorosas de um programa de educação física.
Os deficientes físicos podem e devem se beneficiar da prática da educação física e de modalidades
esportivas adaptadas. A influência da educação física na estruturação dos esportes adaptados se
tornou tão importante que os professores de educação física devem estar preparados para receber
os alunos com diversos tipos de deficiência.
Portanto, o grau e o tipo de deficiência, educabilidade e histórico motor, nível de interesse, metas e
objetivos educacionais gerais determinam as modificações e as adaptações necessárias nas aulas ou
nos ambientes esportivos.
Os alunos, no momento da execução de exercícios ou da prática de esporte, devem estar
acompanhados de perto pelos professores das atividades realizadas. É importante que os
educadores físicos mantenham contato direto com os profissionais de saúde que atendem os
deficientes para prescreverem programas que supram suas necessidades especiais.
Na Prática, você vai conhecer um estudo de caso com base na educação física e nos esportes
adaptados.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Adaptações curriculares nas aulas de educação física


envolvendo estudantes com deficiência visual
Neste artigo, você irá perceber como as adaptações curriculares são importantes nas aulas de
educação física nos esportes adaptados.

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Palestra Ciência Sem Limites | Pedagogia do esporte adaptado


Assista, neste vídeo, a uma palestra a respeito do esporte adaptado e conheça o caiaque de baixo
custo desenvolvido na Unesp. O pesquisador Rubens Venditti Jr., da Unesp de Bauru, fala sobre a
pedagogia do esporte adaptado.

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Percepção de atletas do rugby em cadeira de rodas sobre os


apoios recebidos para a prática do esporte adaptado
Neste artigo, você irá perceber a importância de atletas do rugby na prática do esporte adaptado.

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