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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

I TRABALHO DE BASES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESPECIAL

(Desporto Adaptado)

Nelson José da Cunha Amaral

Código: 708211643

Tutora: Alberto Malequeta

Curso: Lic. Em ensino de Ed. Fisica e Desp

Disciplina:Bases de Educação Física Especial

Ano de frequência: 1º ano

Nampula, Abril de 2022


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Indice

Introdução ....................................................................................................................................... 3

Desporto Adaptado: Conceitos básicos .......................................................................................... 4

Modalidades Desportivas ................................................................................................................ 7

Princípios do desporto adaptado ..................................................................................................... 9

Jogos paralímpicos e a sua origem................................................................................................ 11

Classificação dos atletas ............................................................................................................... 13

Educação física adaptada: conceitos e objetivos .......................................................................... 14

Conclusão...................................................................................................................................... 17

Bibliografia ................................................................................................................................... 18

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Introdução

O presente trabalho se caracteriza por ser uma revisão da literatura baseada em referências
Bibliográficas obtidas em bancos de dados eletrônicos. No que tange a sua estrutura, o trabalho
está organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão.

O desporto Adaptado surgiu como um importante meio na reabilitação física, psicológica e social
para pessoas com algum tipo de deficiência, são adaptações e modificações em regras, materiais
e espaços, que possibilitam a participação de pessoas com deficiência dentro das modalidades
desportivas. Também pode ser definido como esporte modificado ou especialmente criado para ir
ao encontro das necessidades únicas de indivíduos com algum tipo de deficiência.

A oportunidade da prática desportiva para pessoas com deficiência é de grande eficácia para a
promoção da qualidade de vida das mesmas, o desporto é uma oportunidade de testar as
potencialidades e possibilidades de atletas com deficiência, encorajando para buscar integração.
Com o tempo, o desporto adaptado foi ganhando muitos adeptos, novas modalidades foram
surgindo, diferentes tipos de deficiências ganharam espaço dentro das práticas desportivas e
consequentemente a competição ficou evidente no desporto adaptado. Dessa forma, é
considerada a nomenclatura do Desporto competitivo para pessoas com deficiência como
Desporteo Paralímpico.

Não obstante, a pesquisa da cadeira de Bases de educação física Especial enquadra se no âmbito
avaliativo onde tem objetivo central compreender os aspectos que norteiam o desporto adaptado
no seio dos atletas com NEE.

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I TRABALHO DE BASES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESPECIAL

 Desporto Adaptado: Conceitos básicos

Desporto adaptado engloba todas aquelas modalidades que se adaptam a um grupo de pessoas
com algum tipo de deficiência ou condição especial, uma vez que são realizada uma serie de
adaptações e / ou modificações para facilitar a pratica de desporto deste grupo de pessoas.
Batista, C. (2000:71).

A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve
modificações ou ajustamentos das actividades tradicionais da Educação Física para permitir às
crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais.
Essa modalidade tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com
deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada
portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais. Blázquez, D. (2001).

A realidade de grande parte dos portadores de necessidades educativas especiais no mundo


revela poucas oportunidades para engajamento em actividades desportivas, seja com objetivo de
movimentar-se, jogar ou praticar um desporto ou atividade física regular. A prática de atividade
física e/ou esportiva por portadores de algum tipo de deficiência, sendo esta visual, auditiva,
mental ou física, pode proporcionar dentre todos os benefícios da prática regular de atividade
física que são mundialmente conhecidos, a oportunidade de testar seus limites e potencialidades,
prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a integração social do
indivíduo.

As atividades físicas, desportivas ou de lazer propostas aos portadores de deficiências físicas


como os portadores de sequelas de poliomielite, lesados medulares, lesados cerebrais,
amputados, dentre outros, possui valores terapêuticos evidenciado benefícios tanto na esfera
física quanto psíquica. Quanto ao físico, pode-se ressaltar ganhos de agilidade no manejo da
cadeira de rodas, de equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de coordenação,
coordenação motora, dissociação de cinturas, de resistência física; enfim, o favorecimento de sua
readaptação ou adaptação física global .

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Na esfera psíquica, podemos observar ganhos variados, como a melhora da auto-estima,
integração social, redução da agressividade, dentre outros. A escolha de uma modalidade
esportiva pode depender em grande parte das oportunidades que são oferecidas aos portadores de
deficiência física, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e potencialidades, da
suas preferências desportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de materiais e
locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais preparados para atendê-los,
dentre outros fatores.

Os objetivos estabelecidos para as actividades físicas ou desportivas para portadores deficiência


seja esta física mental, auditiva ou individual devem considerar e respeitar as limitações e
potencialidades individuais do aluno, adequando as actividades propostas a estes factores, bem
como englobar objetivos, dentre outros:

a) Melhoria e desenvolvimento de auto-estima, autovalorização e auto-imagem;


b) O estímulo à independência e autonomia;
c) A socialização com outros grupos
d) A experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações;
e) A vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração;
f) A melhoria das condições organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório,
digestivo, reprodutor e excretor)
g) Melhoria na força e resistência muscular global;
h) Ganho de velocidade;
i) Aprimoramento da coordenação motora global e ritmo;
j) Melhora no equilíbrio estático e dinâmico;
k) A possibilidade de acesso à prática do desporto como lazer, reabilitação e competição;
l) Prevenção de deficiências secundárias;
m) Promover e encorajar o movimento;
n) Motivação para actividades futuras;
o) Manutenção e promoção da saúde e condição física
p) Desenvolvimento de habilidades motoras e funcionais para melhor realização das
actividades de vida diária

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q) Desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas. Amaral, L. A. (1996).

Os jogos organizados sobre cadeira de rodas foram conhecidos após a Segunda Guerra Mundial,
onde esta tragédia na história da humanidade fez com que muitos dos soldados que combateram
nas frentes de batalha voltassem aos seus países com sequelas permanentes. Porem este evento,
terrível, proporcional ao portador de deficiência, melhores condições de vida, pois os deficientes
pós-guerra eram heróis e tinham o respeito da população por isto, bem como uma preocupação
governamental. Amaral, L. A. (1996:127).

O pós-guerra criou uma situação emergencial, onde a construção de centros de reabilitação e


treinamento vocacional, em todo o mundo foi extremamente necessária. Os programas de
reabilitação destes diferentes centros perceberam que os desportos eram um importante auxiliar
efetivamente no processo de reabilitação destas pessoas. Reabilitação dos veteranos de guerra
que adquiriram algum tipo de, deficiência. As atividades desportivas foram introduzidas em
programas de reabilitação no ano de 1944, como parte essencial no tratamento médico de lesados
medulares, auxiliando na restauração e manutenção da atividades mental e na autoconfiança. O
desporto pode ser um agente fisioterapêutico atuando eficazmente na reabilitação social e
psicologia do portador de deficiência, não devendo ser considerada apenas como uma actividade
recreativa.

Os jogos paraolímpicos aconteceram oficialmente em 1960 em Roma, sendo instituída pela


Organização Internacional de Desportos a realização dos Jogos Paraolímpicos após a realização
das Olimpíadas.

O desporto adaptado deve ser considerado como uma alternativa lúdica e mais prazerosa, sendo
este parte do processo de reabilitação das pessoas portadoras de deficiências físicas. Um
programa de actividades físicas para os portadores de deficiência física devem observar a
princípio se a adaptação dos desportos ou actividades mantendo os mesmos objetivos e
vantagens da actividades e dos desportos convencionais, ou seja, aumentar a resistência cardio-
respiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc. Posteriormente, observar se esta

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actividade possui um carácter terapêutico, auxiliando efetivamente no processo de reabilitação
destas pessoas. Amaral, L. A. (1996).

Um outro ponto a considerar na elaboração de actividades para os portadores de necessidades


educativas especiais, em destaque aqui o portador de deficiência física, é a necessidade de
adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta actividade será
realizada. A redefinição dos objetivos do jogo, do desporto ou da actividade se faz necessário,
para melhor adequar estes objetivos às necessidades do processo de reabilitação. Assim como
reduzir ou aumentar o tempo de duração das actividades, mas sempre com a preocupação de
manter os objetivos iniciais atingíveis. A realização de actividades físicas, desportivas e de lazer
com deficientes, tem que respeitar todas as normas de segurança, evitando novos acidentes,
deve-se estar atento a todos os tipos de movimentos a serem realizados, auxiliar o deficiente
sempre que necessário, e estimular sempre o desenvolvimento da sua potencialidade. Amaral, L.
A. (1996,P.58).

 Modalidades Desportivas

As modalidades desportivas para os portadores de deficiências físicas são baseadas na


classificação funcional e actualmente apresentam uma grande variedade de opções. Segundo
Araújo, P. F. (1997), as modalidades olímpicas são o arco e flecha, atletismo, basquetebol,
bocha, ciclismo, equitação, futebol, halterofilismo, iatismo, natação, rugby, tênis de campo, tênis
de mesa, tiro e voleibol .Apresentaremos algumas das modalidades desportivas, as mais
conhecidas, que podem ser práticadas pelos deficientes físicos, sendo:

Arco e flecha: Esta modalidade desportiva pode ser práticada por atletas andantes como
amputados ou por atletas usuários de cadeiras de rodas como os lesados medulares. Todas as
deficiências físicas podem participar desta modalidade desportiva, respeitando estas duas
categorias, em pé e sentado. A participação em competições e o sistema de resultados são
semelhantes à modalidade convencional olímpica.

 Atletismo: As provas de atletismo podem ser disputadas por atletas com qualquer tipo de
deficiência em categorias masculina e feminina, pois os atletas são divididos por classes

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de acordo com o seu grau de deficiência, que competem entre si nas provas de pistas,
campo, pentatlo e maratona.
 Basquetebol sobre rodas: é jogado por lesados medulares, amputados, e atletas com
poliomielite de ambos os sexos. As regras utilizadas são similares à do basquetebol
convencional, sofrendo apenas algumas pequenas adaptações.

 Ciclismo: Neste desporto participam atletas paralisados cerebrais, cegos com guias e
amputados nas categorias masculina e feminina, individual ou por equipe.

 Esgrima: Este desporto é práticado por atletas usuários de cadeira de rodas como os
lesados medulares, amputados e paralisados cerebrais em categorias masculina ou
feminina.

 Futebol: Nesta modalidade esportiva, sendo que o atleta portador de paralisia cerebral
compete na modalidade de campo e o atleta amputado compete na modalidade de quadra.
Alterações nas regras como o número de jogadores, largura do gol e da marca do pênalti
estão presente. Araújo, P. F. (1997).

 Natação: As regras são as mesmas da natação convencional com adaptações quanto as


largadas, viradas e chegadas. As provas são variados e os estilos abrangem os estilos
oficiais. As competições são realizadas entre atletas da mesma classe.

 Rugby em cadeira de rodas: Esta modalidade foi adaptada para lesados medulares com
lesões altas - tetraplégicos - que realizam um jogo com bola de voleibol com objetivo de
marcar pontos ao fazer com que a bola ultrapasse uma determinada linha no fundo da
quadra.

 Tênis de campo: Desporto realizado em cadeiras de rodas, independente do tipo de


deficiência física que o atleta possua nas categorias masculina e feminina.

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 Tênis de mesa: Deficientes físicos como o lesado cerebral, lesado medular, amputados
ou portador de qualquer tipo de deficiência física pode-se participar desta modalidade
esportiva, onde as provas são realizadas em pé ou sentadas.
 Tiro ao alvo: Desporto aberto a atletas com qualquer tipo de deficiência física do sexo
masculino ou feminino, nas categorias sentadas e em pé.
 Voleibol: Poderá ser praticado por atletas Lesados medulares que participaram da
modalidade de voleibol sentado e os amputados, que participarão desta modalidade em
pé.

 Princípios do desporto adaptado

 1º Princípio: O cérebro é um processador paralelo. Intuições, predisposições, e emoções


operam simultaneamente e interagem com outros modos de informação. O bom ensino
leva isso em consideração. Por causa disso é que falamos do professor como um
orquestrador da
 aprendizagem.

 2º Princípio: A aprendizagem envolve toda a fisiologia. Isso significa que a saúde física
da criança - a quantidade de sono, a nutrição – afecta o cérebro. Os estados de espírito
também. Somos fisiologicamente programados, e temos ciclos que precisam ser
respeitados. Um adolescente que não durma o suficiente em uma noite não absorverá
novas informações no dia seguinte. A fadiga afectará a memória do cérebro.

 3º Princípio: A procura por significado é inata. Isso significa que estamos naturalmente
programados para procurar por significado. Esse princípio se orienta para a
sobrevivência. O cérebro precisa do que é familiar, e automaticamente o regista, ao
mesmo tempo em que procura estímulos adicionais e reage a eles. O que isso significa
para a educação? Significa que o ambiente da aprendizagem precisa fornecer estabilidade
e familiaridade. Devem-se fazer preparativos para se satisfazer a sede de novidades,
descobertas, e desafios.Ao mesmo tempo, as aulas devem ser estimulantes e
significativas, oferecendo aos alunos diversas opções.

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 4º Princípio: A procura por significado acontece por padronização. A padronização se
refere à organização e à categorização das informações. O cérebro tem resistências
quanto à imposição de padrões sem significado. Por "sem significado" queremos dizer
informações isoladas e não relacionadas. Quando a capacidade natural do cérebro de
integrar informações é evocada na aprendizagem, grandes quantidades de informações e
actividades aparentemente não relacionadas ou estocásticas podem se apresentar e ser
assimiladas. O cérebro tenta tirar sentido das informações reduzindo-as a padrões
familiares. Araújo, P. F. (1997).

 5º Princípio: As emoções têm importância crítica na padronização. Uma das coisas que
se deve eliminar é a noção de domínio afectivo, domínio cognitivo, e domínio
psicomotor. Ensinam isso por diversos anos, apesar das evidências das pesquisas
cerebrais indicam que não se trata de nada disso. No cérebro se pode separar a emoção da
cognição. É uma rede de factores que interagem. Tudo possui algum elo emocional. De
facto, muitos pesquisadores do cérebro hoje acham que não existe memória sem emoção.
São as emoções que nos motivam a aprender, a criar.

 6º Princípio: Todo cérebro simultaneamente cria partes e todos visitamos diversos


neurocientistas por todo o país para discutir nossos doze princípios com eles.

 7º Princípio: A aprendizagem envolve tanto a atenção concentrada como a percepção


periférica Pense sobre o aposento em que você está. As crianças aprendem a partir de
tudo. Tudo vai para o cérebro. Nos primeiros anos elas literalmente se tornam suas
experiências. Portanto o ambiente é muito importante, e se elas aprenderem alguma coisa
em sala de aula e nunca a utilizarem fora da sala de aula, esse aprendizado, essas
conexões, param por aí. Em outras sociedades as crianças são imersas na aprendizagem
nas escolas, em casa, na comunidade. Seu conhecimento é usado e expandido. Elas
interagem entre si nesse rico meio ambiente. Araújo, P. F. (1997).

 8º Princípio: A aprendizagem sempre envolve processos conscientes e inconscientes.


Nós aprendemos muito mais do que conscientemente entendemos. A maioria dos sinais

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que são percebidos perifericamente entram no cérebro sem que estejamos conscientes e
interagem em níveis inconscientes. Por isso dizemos que os alunos se tornam suas
experiências e se lembram do que experimentaram, não apenas do que lhes foi dito.

 9º Princípio: Temos pelo menos dois tipos de memória: um sistema de memória espacial
e um conjunto de sistemas para memória mecânica (NT - aprender de cor). O sistema de
memória espacial (ou sistema autobiográfico) não precisa de ensaio e permite uma
lembrança instantânea das experiências. É muito importante que os educadores entendam
esses dois sistemas e como eles funcionam. No sistema classificatório da memória as
coisas são aprendidas de cor. Memorizamos informações, mas isso não quer dizer que
podemos utilizar as informações.

 10º Princípio: O cérebro entende e lembra melhor quando os factos e as habilidades


estão encaixados na memória espacial natural. A solução é encaixar o aprendizado
classificatório através da imersão dos alunos em ambientes de aprendizagem bem
orquestrados, vivos, de baixo conteúdo ameaçador, e altamente desafiadores. Precisamos
tirar as informações do quadro-negro, fazê-la viver nas mentes dos alunos, e ajudá-los a
fazerem conexões.
 11º Princípio: A aprendizagem é melhorada com desafios e inibida com ameaças. Na
sala de aula, "reduzir a marcha" é visto como uma ameaça relacionada a uma sensação de
inermidade. Tem implicações nas provas e na passagem de uma série para outra, na
noção do professor como um controlador, na investidura de poder, nos objetivos de
desempenho. O aluno deve se preocupar em aprender.

 12º Princípio: atenta para estilos de aprendizagem e modos singulares de padronização.


Nós temos muito em comum, mas somos também muito, muito diferentes. Precisamos
entender como aprendemos e como percebemos o mundo, e saber como os homens e
mulheres vêem o mundo de maneira diferente. Araújo, P. F. (1997).

 Jogos paralímpicos e a sua origem

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Os primeiros passos do desporto para pessoas com deficiência foram dados no final do século
XIX, primeiramente envolvendo o trabalho de activistas da comunidade surda, que fundaram em
Berlim em 1888 o Sports Club for the Deaf (Gold; Gold, 2007). Em 1924 federações
semelhantes já haviam surgido na Bélgica, Checoslováquia, França, Reino Unido, Holanda e
Polônia; essas federações enviaram 140 atletas a Paris, nessa mesma data, para participarem dos
First International Silent Games (Primeiros Jogos Internacionais do Silêncio) que marcam o
nascimento dos World Games for the Deaf (Jogos Mundiais para os Surdos), que mais tarde
seriam reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), como as Olimpíadas dos Surdos
(Gold; Gold, 2007). Esse movimento foi importante pois deu o pontapé inicial para o esporte de
alto rendimento para pessoas com deficiência.

Nas sociedades ocidentais a confluência entre medicina e ciência teve um profundo efeito sobre a
forma com que as diferenças são aceitas e entendidas. Isto se dá devido à autoridade científica
fundamentada na tecnologia da medicina que oferece um senso de legitimidade, confiança e
previsibilidade. Aqueles que possuem o domínio sobre o conhecimento de uma determinada área
têm o poder ou a autoridade para estabelecer discursos e padrões, que se tornam difíceis de
contradizer sem a ajuda de um grupo alternativo de especialistas (BRITTAIN, 2004).

No modelo médico, que visa entender a deficiência, também conhecido como individual ou
tradicional, a deficiência é vista como um problema que precisa ser tratado. Através deste
modelo busca-se que as pessoas com deficiência sejam, ou voltem a ser, funcionais para que
assim possam ser integradas à sociedade Araújo, P. F. (1997). Este modelo trabalha a partir de
uma perspectiva biológica e vê as limitações individuais como a principal causa das múltiplas
dificuldades experenciadas pelas pessoas com deficiência (Barnes, C.1999). Também adota as
definições e percepções nas quais a deficiência é tida como uma incapacidade que resulta na
perda ou limitação de uma ou mais funções Batista, C. G. (2000).

Assim é nesse contexto que depois da Segunda Guerra Mundial, por conta do já mencionado
vasto conhecimento médico e desenvolvimento de novas tecnologias, que foram lançadas as
primeiras sementes do que viriam a ser os Jogos Paralímpicos Batista, C. G. Enumo, S. R. F.
(2000). O governo Britânico, preocupado a necessidade de melhorar e enfatizar a reabilitação, e

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com o aumento do número de lesionados no pós Guerra, criou, em 1944, o Spinal Injuries Centre
(Centro de Lesionados Medulares) no Hospital de Stoke Mandeville.

Ludwing Guttmann, então diretor do centro, introduziu as práticas esportivas como parte da
reabilitação dos pacientes e é visto por muitos como o Barão de Coubertin dos Jogos
Paralímpicos. Enumo, S. R. F. (2000).

Com o crescimento do evento esportivo, a edição de 1960 aconteceu em Roma, mesma sede dos
Jogos Olímpicos e reuniu 400 atletas cadeirantes de 23 países. Quatro anos depois de sua edição
inaugural, os Jogos Paralímpicos (que só receberam esse nome nessa edição de 1964)
aconteceram em Tóquio, novamente na mesma sede dos Jogos Olímpicos. O paradesporto se
expandiu gerando a necessidade da criação de novas organizações internacionais. Assim, em
1982 foi criado o International Coordinating Committee (ICC – Comitê Coordenador
Internacional) que reuniu outras instituições e deu, pela primeira vez, uma voz única ao esporte
para pessoas com deficiência, além de ter sido capaz de desenvolver uma relação mais clara e
direta com o Comitê Olímpico Internacional e Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos.

Em 1989 os Jogos entraram em sua última fase evolutiva com a instituição do Comitê
Paralímpico Internacional que agregou 162 Comitês Paralímpicos Nacionais, cinco organizações
regionais e quatro federações internacionais especializadas em um tipo de deficiência, sendo
desde 1992 a única coordenadora dos Jogos Paralímpicos reconhecida pelo Comitê Olímpico
Internacional. Batista, C. G. Enumo, S. R. F. (2000).

 Classificação dos atletas

Os sistemas de classificação têm sido amplamente utilizados nos esportes, a fim de estabelecer
um ponto de partida justo e igualitário para as competições. Na prática do esporte convencional,
encontramos critérios de classificação que visam a aproximar os atletas segundo a sua condição
motora e/ou biológica, como é o caso das categorias por idade (ex.: infantil, juvenil, adulto ou
master) e por sexo. No esporte paralímpico, diversas modalidades fazem uso de um sistema de
classificação, desenvolvido especificamente para a modalidade esportiva. A classificação é dita

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funcional pelo fato de os atletas serem avaliados em relação à sua funcionalidade em situação de
jogo.

A classificação visa a organizar os atletas em classes para que possam competir em condições de
paridade funcional, conseqüentemente a competição torna-se mais justa, dessa forma permite que
atletas com maiores comprometimentos físicos tenham oportunidade de participar de
competições, assim como atletas que apresentam um menor grau de comprometimento. Para tal,
é fundamental que haja um sistema de classificação eficiente e justo.

Para Bee, H. (1984). o objetivo da classificação funcional no esporte paralímpico é: “assegurar a


competição justa e eliminar as possibilidades de injustiças entre participantes de classes
semelhantes e dar prioridade para as mais severas deficiências”. A classificação funcional no
esporte paraolímpico tem vários objetivos: promover a igualdade na competição, promover a
participação, estimular o envolvimento de um número considerável de classes e ajudar a
distinguir e encorajar altos níveis de desempenho. Sendo a essência do esporte paralímpico com
a necessidade de constante aprofundamento e evolução. Bee, H. (1984:73).

As modalidades dos atletas paraolímpicos são:Atletismo, Badminton, Basquetebol em cadeiras


de rodas, Bocha,Canoagem, Ciclismo estrada em pista, Esgrima em cadeiras de rodas, Futebol de
5.

 Educação física adaptada: conceitos e objetivos

A Educação Física (EF) tem um papel importante no desenvolvimento global dos alunos,
principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos
desenvolvimentos intelectual, social e afectivo. Quando se trata da EF Adaptada, pensamos em
uma área de conhecimento que discute os problemas biopsicossociais da população considerada
de baixo rendimento motor: portadores de deficiência física, deficiências sensoriais (visual e
auditiva), deficiência mental e deficiências múltiplas. Ela procura tratar do aluno sem que haja
desigualdades, tornando a auto-estima e a autoconfiança mais elevada através da possibilidade de
execução das actividades, consequentemente da inclusão. Figueiredo, T. H. (2010,p.31).

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As actividades proporcionadas pela EF Adaptada devem oferecer atendimento especializado aos
alunos com necessidades especiais, respeitando as diferenças individuais, visando proporcionar o
desenvolvimento global dessas pessoas, tornando possível não só o reconhecimento de suas
potencialidades, como também, sua integração na sociedade. “Em relação a conceito, a EF
Adaptada (EFA), é a Educação Física aplicada em condições especiais, visando uma população
especial que necessita de estímulos especiais de desenvolvimento motor e funcional”.

A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve
modificações ou ajustamentos das actividades tradicionais da Educação Física para permitir às
crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais.
Essa modalidade tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com
deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada
portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais.

A EF Adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o
desenvolvimento motor, intelectual, social e afectivo das pessoas, sendo considerada, de uma
maneira geral, como: actividades adaptadas às capacidades de cada um, respeitando suas
diferenças e limitações, proporcionando as pessoas com deficiência a melhora do
desenvolvimento global, consequentemente, da qualidade de vida. Figueiredo, T. H. (2010).

Na EF para deficientes o conteúdo não é diferente, mas sim adaptado para cada tipo de
deficiência. A EF Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da EF em seus
conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados
ao indivíduo deficiente. A EF Adaptada é uma parte de EF, cujos objetivos são o estudo e a
intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares
condições para a prática das actividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura
corporal de movimento.

A EF Adaptada tem como objetivo, um programa constituído de diversas actividades, que visam
atingir determina dos objetivos de acordo com a idade cronológica e o grau de desenvolvimento
dos indivíduos, visando uma melhoria no rendimento motor, crescimento e saúde. A EF

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Adaptada possibilita ao educando a compreensão de suas limitações e capacidades, auxiliando-o
na busca de uma melhor adaptação ao meio.

A EF Adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si, para conseguir isso, deve-
se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas diferenças e limitações, trabalhar suas
potencialidades, nunca subestimá-los, vibrar com suas conquistas, motivá-los a dar novos passos
e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática
recreativa e desportiva. A prática da EF é um direito de todos, e sues programas devem dar
prioridade aos grupos menos favorecidos da sociedade. Figueiredo, T. H. (2010,p.49).

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Conclusão

O desporto é fundamentalmente um produto, e assim o valor dado pela mídia a qualquer evento é
representativo dessa percepção. Isso não significa que há uma equação padrão que irá calcular o
“valor” da cobertura midiática desportiva. A viabilidade comercial do desporto em relação ao
atrativo midiático é baseada em uma combinação de fatores sociais, econômicos e até políticos.
Recentemente os Jogos Paralímpicos cresceram, sendo mais comercializado.

Os primeiros passos do desporto para pessoas com deficiência foram dados no final do século
XIX, primeiramente envolvendo o trabalho de activistas da comunidade surda, que fundaram em
Berlim em 1888.

O desporto adaptado deve ser considerado como uma alternativa lúdica e mais prazerosa, sendo
este parte do processo de reabilitação das pessoas portadoras de deficiências físicas. Um
programa de actividades físicas para os portadores de deficiência física devem observar a
princípio se a adaptação dos desportos ou actividades mantendo os mesmos objetivos e
vantagens da actividades e dos desportos convencionais, ou seja, aumentar a resistência cardio-
respiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade.

O trabalho é cadeira de bases de educação física especial com o tema desporto adaptado.está
organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão.foi usado o método bibliográfico para a
sua concretização visando assim compreender os factos inerentes ao desporto adaptado.

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Bibliografia

 Amaral, L. A. (1996). Deficiência: questões conceituais e alguns de seus desdobramentos.


Cadernos de Psicologia. Minas Gerais.

 American R.C. (2006). Participant’s Workbook: Serving People with disabilities following a
disaster. 2006.

 Araújo, P. F. (1997). Desporto Adaptado no Brasil: Origem, institucionalização e atualidade.


Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas.

 Auslander, G. K.; Gold, N. (1999). Disability Terminology in the media: a comparison of


newspaper reports in Cananda and Israel. Social Science & Medicine, n. 48, p.

 Bardin, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

 Barnes, C.(1999). Exploring Disability: A sociological introduction. Cambridge: Polity Press.

 Batista, C. G. Enumo, S. R. F. (2000). Desenvolvimento humano e impedimentos de origem


orgânica: o caso da deficiência visual.

 Bee, H. (1984). A criança em desenvolvimento. 3 ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil.

 Blázquez, D. (2001). La educação física. Inde Publicaçãoes. Barcelona.

 BRASIL. (2004). Ministério da Educação. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de


comunicação e sinalização. Deficiência visual. Educação Infantil. vol. 08. Brasília:
MEC/SEESP.

 Figueiredo, T. H. (2010). Os Atletas Paraolímpicos na Imprensa: Análise comparativa da


cobertura noticiosa da mídia no Brasil e em Portugal.

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