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LIVRO DO
PROFESSOR
EDUCAÇÃO FISICA
LIVRO DE FORMAÇÃO CONTINUADA
CAMPO DE SABER: EDUCAÇÃO FÍSICA
Área do conhecimento:
Linguagens e suas Tecnologias
Alexandre Martins
Especialista em Treinamento de força: da saúde
ao alto rendimento pela Universidade de São Paulo (USP).
Bacharel em Esporte pela Universidade de São Paulo (USP).
Licenciado em Educação Física pelo Claretiano Centro Universitário (Ceuclar-SP).
Professor e investigador na área da Educação Física e do Esporte.
EDUCAÇÃO FISICA
LIVRO DO PROFESSOR
1a edição
Martins, Alexandre
Reflexões e práticas formação continuada :
educação física : livro do professor / Alexandre
Martins. --
1. ed. -- São Paulo : Moderna, 2021.
20-49537 CDD-796.07
Índices para catálogo sistemático:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os direitos reservados
EDITORA MODERNA LTDA.
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Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510
Fax (0_ _11) 2790-1501
www.moderna.com.br
2020
Impresso no Brasil
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
SUMÁRIO
Carta ao professor .................................................................. 4 4.6 - Lutas, 61; 4.7 - Práticas Corporais de Aventura, 62;
CAPÍTULO 2 Interdisciplinaridade ....................... 37 8.1 - Danças tradicionais, 111; 8.2 - Danças urbanas, 118.
3
CARTA AO PROFESSOR
4
APRESENTAÇÃO
Título:
Eu brinco, tu brincas, nós
brincamos Apreciar jogos e brincadeiras tradicionais
Práticas: e populares em produções artísticas,
(EM13LGG201) relacionando-os aos diferentes contextos
1. Jogos e brincadeiras em (EM13LGG204) históricos, sociais e culturais.
Jogos e pinturas
Jogos e brincadeiras (EM13LGG501) Vivenciar e reconhecer jogos e brincadeiras
Brincadeiras tradicionais e 2. Jogos e brincadeiras que indígenas, valorizando-os e respeitando-os
(EM13LGG503)
populares marcaram a infância como forma de expressão de valores e
(EM13LGG602)
3. Jogos e brincadeiras indígenas identidade.
(EM13LGG604)
Ampliação: Compreender o brincar como direito das
O direito de brincar: uma crianças e atuar criticamente sobre ele.
atuação dos jovens com as
crianças da comunidade escolar
Título:
Ginástica para todos? Compreender e valorizar a Ginástica para
todos como fenômeno sociocultural,
Práticas:
(EM13LGG201) analisando seu discurso ideológico.
1. Conceitos da Ginástica para
(EM13LGG202) Vivenciar a ginástica geral e refletir sobre os
todos
benefícios da prática para o projeto de vida.
Ginásticas Ginástica geral 2. Figuras da ginástica (EM13LGG204)
Refletir sobre os direitos dos idosos e a
acrobática (EM13LGG501)
importância das práticas corporais no
Ampliação: (EM13LGG503) processo de envelhecimento saudável,
Saúde e bem-estar na terceira sensibilizando os jovens para o exercício da
idade: conscientização para o responsabilidade social.
direito dos idosos
Título:
A frequência cardíaca e o Reconhecer e praticar as ginásticas de
autoconhecimento condicionamento como forma de melhorar
Práticas: a saúde física e mental.
Ginástica de 1. Aferição da frequência (EM13LGG301) Utilizar as técnicas de relaxamento
Ginásticas condicionamento cardíaca (EM13LGG501) para praticar o autoconhecimento e o
físico 2. Circuito fitness (EM13LGG503) autocuidado.
3. Técnicas de relaxamento Desenvolver o autoconhecimento para
o protagonismo e autoria do seu projeto
Ampliação:
de vida.
Avaliações no Ensino Médio: o
relaxamento e seus benefícios
Continua
5
APRESENTAÇÃO
Continuação
Unidade Objeto de
Prática didático-pedagógica Habilidades Objetivos
temática conhecimento
Apropriar-se das danças tradicionais como
patrimônio artístico e cultural, reconhecendo
Título: e valorizando sua diversidade estética
Dança, um Patrimônio Imaterial (EM13LGG402) e histórica, bem como os processos de
legitimação de maneira ética e empática.
Práticas: (EM13LGG501)
Apreciar e fruir as danças tradicionais das
1. Conceitos das danças (EM13LGG503) cinco regiões do Brasil, reconhecendo-as
Danças tradicionais
Danças (EM13LGG601) como linguagem corporal e identificando
tradicionais 2. Danças das cinco regiões do
(EM13LGG602) o processo de construção histórica dessas
Brasil práticas.
(EM13LGG603)
Ampliação: Participar de processos de elaboração
(EM13LGG604) coletiva a partir da festa junina,
Festa junina: uma atuação para
a valorização cultural reconhecendo sua expressão identitária
e valorizando as diferentes matrizes que
compõem a cultura brasileira.
Título:
Para cego ver (EM13LGG203) Utilizar o atletismo adaptado para
Práticas: (EM13LGG204) desenvolver relações empáticas e de respeito.
1. Jogos Olímpicos e (EM13LGG303) Debater questões inerentes às práticas
Paralímpicos corporais adaptadas para desenvolver a
Esportes Esportes de marca (EM13LGG304)
2. Atletismo adaptado consciência sobre a inclusão.
(EM13LGG305)
Ampliação: Formular criticamente propostas para intervir
(EM13LGG501) de forma solidária e ética na escola e na
Nossa escola é para todos: sociedade.
(EM13LGG502)
um projeto de intervenção na
acessibilidade da escola
Título:
Utilizar e fruir os esportes de precisão para
Sinuca: esporte ou lazer? interagir socialmente e estabelecer relações
Práticas: (EM13LGG202) construtivas.
1. A história da sinuca e do (EM13LGG203) Compreender a sinuca como prática de
Esportes de
Esportes “Rui Chapéu” (EM13LGG501) lazer e esporte, legitimando sua prática na
precisão
2. Sinuca adaptada (EM13LGG502) sociedade.
Ampliação: (EM13LGG503) Ressignificar as práticas corporais no projeto
de vida, nos âmbitos pessoal e profissional,
Precisão nos estudos e no como fontes de bem-estar e engajamento.
trabalho
Continua
6
Continuação
Unidade Objeto de
Prática didático-pedagógica Habilidades Objetivos
temática conhecimento
(EM13LGG101)
(EM13LGG102)
(EM13LGG104)
Compreender, interpretar e analisar
Título: (EM13LGG201) criticamente os discursos e as relações de
Atleta com A (EM13LGG202) poder que permeiam as práticas corporais
(EM13LGG203) elitistas como o tênis.
Práticas:
(EM13LGG204) Compreender o impacto das desigualdades
Esportes de rede 1. O elitismo no tênis
Esportes de gênero no esporte e no mundo do
ou de parede 2. Adaptação do tênis (EM13LGG301) trabalho.
Ampliação: (EM13LGG302) Atuar socialmente baseado em princípios
Tênis: em busca da igualdade (EM13LGG303) de igualdade e nos Direitos Humanos,
de gênero (EM13LGG304) combatendo preconceitos e injustiças à
mulher.
(EM13LGG305)
(EM13LGG501)
(EM13LGG502)
Título: Selecionar movimentos inerentes às práticas
Pitcher e hitter (EM13LGG201) corporais adaptadas ao contexto escolar para
(EM13LGG202) estabelecer relações construtivas e empáticas
Práticas:
na vida social e familiar.
1. Beisebol e softbol (EM13LGG301)
Esportes de Compreender as línguas como fenômeno
Esportes 2. Termos técnicos em inglês (EM13LGG402)
campo e taco cultural que emerge também nas práticas
Ampliação: (EM13LGG403) corporais.
Tacada intergeracional: (EM13LGG501) Utilizar os esportes de campo e taco em
facilitando o diálogo entre (EM13LGG503) diferentes contextos, valorizando-os como
gerações fenômeno cultural.
(EM13LGG101)
Mapear as atividades esportivas de invasão
Título: (EM13LGG103) com relevância social e cultural, com o
Os valores do esporte (EM13LGG104) intuito de colaborar na atuação crítica,
(EM13LGG301) criativa, solidária, empática e ética dos atores
Práticas:
envolvidos.
1. Valores do ultimate frisbee (EM13LGG302)
Esportes de Vivenciar o frisbee e significar sua prática com
Esportes 2. Esportes de invasão sem (EM13LGG303)
invasão princípios e valores baseados no diálogo, na
contato físico (EM13LGG304) cooperação e na resolução de conflitos.
Ampliação: (EM13LGG305) Dialogar e formular propostas para fortalecer
Fair-play: o lugar mais alto do (EM13LGG501) condutas cidadãs e éticas, com base nos
pódio (EM13LGG502) conceitos experimentados ao longo das
práticas.
(EM13LGG503)
(EM13LGG101)
Vivenciar o sumô de modo a estabelecer
Título: (EM13LGG102)
relações éticas e de respeito, além de ampliar
Combatendo estereótipos (EM13LGG103) os conhecimentos acerca dos valores e
Práticas: (EM13LGG104) das tradições inerentes a esse esporte de
combate.
1. Sumô e suas tradições (EM13LGG201)
Esportes de Reconhecer e analisar os discursos sobre
Esportes 2. Jogos de oposição (EM13LGG202)
combate peso, imagem corporal e saúde presentes
3. Torneio de sumô (EM13LGG501) nos esportes, nas diferentes mídias e na
Ampliação: (EM13LGG502) sociedade.
O peso e a imagem corporal: (EM13LGG503) Produzir discursos que possam auxiliar no
saúde física e mental autoconhecimento e na autoaceitação,
(EM13LGG701)
combatendo estereótipos e imposições.
(EM13LGG704)
Continua
7
APRESENTAÇÃO
Continuação
Unidade Objeto de
Prática didático-pedagógica Habilidades Objetivos
temática conhecimento
(EM13LGG101)
(EM13LGG102)
(EM13LGG103)
(EM13LGG104) Utilizar a prática do skate para interagir
Título: (EM13LGG201) socialmente, estabelecer relações de respeito,
(EM13LGG202) valorizando-o como esporte e forma de
Esporte é cultura entretenimento.
Práticas: (EM13LGG203)
Compreender o skate como fenômeno
Esportes 1. História e conceitos do skate (EM13LGG204) sociocultural e histórico, reconhecendo
Esportes técnico- 2. Práticas coletivas por meio (EM13LGG301) as diversidades e pluralidades de ideias e
-combinatórios do skate (EM13LGG302) posições.
Ampliação: (EM13LGG501) Analisar os discursos inerentes ao skate por
meio da produção de um minidocumentário,
Skate: um documentário sobre a (EM13LGG502) ampliando suas possibilidades de aprender,
cultura juvenil (EM13LGG503) de atuar socialmente e de explicar e
(EM13LGG701) interpretar criticamente a modalidade.
(EM13LGG702)
(EM13LGG703)
(EM13LGG704)
Continua
8
Continuação
Unidade Objeto de
Prática didático-pedagógica Habilidades Objetivos
temática conhecimento
Compreender as ideologias presentes no
karate (kihon, kata e kumite), reconhecendo-
(EM13LGG101) -as e vivenciando-as como formas de
Título: expressão de valores que refletem no modo
(EM13LGG201)
Artes e valores marciais de vida do praticante.
(EM13LGG202)
Práticas: Fruir o karate para compreender os processos
(EM13LGG203) identitários que permeiam a vivência dessa
Lutas de média e 1. História e estilos do karate
Lutas (EM13LGG204) arte marcial, reconhecendo e respeitando os
longa distância 2. Prática do kihon, kata e kumite
(EM13LGG301) princípios e valores inerentes a ela.
Ampliação: Utilizar o karate para refletir sobre seu projeto
(EM13LGG305)
Karate: um caminho para o de vida de forma crítica, criativa, ética e
(EM13LGG501) solidária, exercitando o autoconhecimento,
autoconhecimento
(EM13LGG503) a empatia, o diálogo, a cooperação e o
enfrentamento dos desafios do mundo
contemporâneo.
(EM13LGG101)
(EM13LGG102) Reconhecer e fruir o parkour como prática
Título:
(EM13LGG103) corporal que promove o autoconhecimento,
Transpondo os obstáculos da a responsabilidade, a determinação, a
(EM13LGG104)
vida resiliência e a autonomia.
(EM13LGG203)
Práticas Práticas corporais Práticas: Compreender as práticas corporais de
(EM13LGG204)
Corporais de de aventura 1. Parkour e sua filosofia aventura urbanas e sua filosofia para ampliar
Aventura urbanas (EM13LGG501) a utilização dos espaços públicos garantidos
2. Chase-tag
(EM13LGG503) pelos Direitos Humanos.
Ampliação:
(EM13LGG701) Promover a participação social por meio
Espaços públicos físicos e da criação de um ambiente digital ético e
(EM13LGG702)
digitais: direitos e deveres confiável.
(EM13LGG703)
(EM13LGG704)
Fruir a corrida de orientação, utilizando
intencionalmente os movimentos dessa
prática corporal de aventura e estabelecendo
Título: relações harmônicas e cooperativas com os
Orientação para a vida colegas.
Práticas: (EM13LGG301) Explorar os mapas nas práticas corporais de
aventura para perceber como as diversas
1. Fundamentos da corrida de (EM13LGG304)
Práticas Práticas corporais linguagens se combinam, desenvolvendo
orientação
Corporais de de aventura (EM13LGG305) e ampliando habilidades referentes à
Aventura naturais 2. Corrida de orientação dentro orientação espacial e à decodificação de
(EM13LGG501)
e fora da escola símbolos.
(EM13LGG503)
Ampliação: Utilizar o plogging para exercer, com
Plogging: uma corrida em favor autonomia e colaboração, protagonismo
do meio ambiente e autoria na vida pessoal e coletiva de
forma crítica, criativa, ética e solidária para
a consciência socioambiental e o consumo
responsável.
9
APRESENTAÇÃO
Estrutura geral
Essa é uma obra de formação continuada destinada aos professores de Educação Física, que tem
por objetivo central contribuir para a formação do professor e para o trabalho baseado em vivências
interdisciplinares, fundamentado nos Temas Contemporâneos Transversais (TCT). Além disso, almeja-
-se o desenvolvimento integral dos estudantes por meio das competências gerais, das competências
específicas e das habilidades definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Os objetivos apontados encontram justificativa nas finalidades intrínsecas aos desafios do
Ensino Médio, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)1, sendo elas:
a continuidade, a consolidação e a ampliação dos conhecimentos dos estudantes construídos
no Ensino Fundamental; a aderência do estudante à aprendizagem e às práticas de cidadania e o
preparo para o mercado de trabalho; o desenvolvimento do espírito crítico, da ética e da autono-
mia intelectual do jovem e o aprimoramento da sua capacidade de relacionar os conhecimentos
teóricos e práticos, nos vários componentes curriculares, por meio de fundamentos científicos e
tecnológicos. Essas finalidades requerem que as escolas de Ensino Médio se comprometam com
as necessidades formativas do jovem.
O presente material visa auxiliar o professor de Educação Física a enfrentar esses desafios no
percurso da formação geral do Ensino Médio, oferecendo-lhe subsídios teóricos, metodológicos e
pedagógicos para o seu desenvolvimento docente e humano, seu comprometimento com a educação
integral e com a construção do projeto de vida dos estudantes.
Organização da obra
Esta obra está organizada em duas unidades:
Unidade 1 Unidade 2
Interdisciplinaridade Ginásticas
1 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020.
10
A primeira unidade contém cinco capítulos: Projeto de vida, Interdisciplinaridade, História
da Educação Física, Unidades temáticas e Organização da aula. De maneira geral, essa parte do
livro tem como objetivo oferecer ao professor conceitos teórico-metodológicos indispensáveis para
a atuação docente, para sua formação pessoal e atuação cidadã. Visa também estimular a reflexão
acerca da concepção de uma aula de qualidade, baseada no desenvolvimento de competências e
habilidades inerentes à Educação Física enquanto componente curricular da área de Linguagens e
suas Tecnologias. Assim, esta obra propõe promover a formação do professor para que este atue à
luz dos pressupostos da BNCC de maneira consciente, autônoma e responsável.
Especificamente, o capítulo Projeto de vida traz reflexões sobre como o professor deve se de-
senvolver pessoal, profissionalmente e em sua atuação cidadã.
Para William Damon2 (1944-), professor da Universidade de Stanford, diretor do Centro de Adoles-
cência de Stanford e membro sênior do Instituto Hoover da Universidade de Stanford, é necessário
compreender as dimensões pessoais e sociais que o projeto de vida abarca. Para o autor, o projeto
de vida se apresenta como “uma intenção estável e generalizada de alcançar algo que é ao mesmo
tempo significativo para o eu e gera consequências no mundo além do eu” (DAMON, 2009, p. 14), ou
seja, o projeto de vida deve não só ser significativo individualmente, mas também impactar positi-
vamente a sociedade.
No âmbito pessoal, o projeto de vida é caracterizado pelo desenvolvimento de objetivos, aspira-
ções, interesses e potenciais. Para isso, o professor é convidado a identificar seus interesses, trajetórias
e recursos individuais, a fim de reconhecer suas potencialidades e superar as dificuldades.
No âmbito profissional, ele deve avaliar como o seu projeto de vida dialoga com o dos estudan-
tes e o da comunidade escolar. Para Bernard Charlot3 (1944-), professor de Ciências da Educação da
Universidade de Paris e da pós-graduação da Universidade Federal de Sergipe, o “trabalho docente
está impregnado de intencionalidade, pois visa à formação humana por meio de conteúdos e habi-
lidades de pensamento e ação, implicando escolhas, valores, compromissos éticos” (CHARLOT, 2016,
p. 13). Por isso, o professor é estimulado ao autoconhecimento, considerando os motivos pelos quais
ensina e de que maneira ensina.
Já no âmbito social, o professor é convidado a ver-se como um agente integrante da construção
escolar e comunitária. Além disso, por meio de sua participação cidadã, ele é levado a considerar o
impacto que gera na realidade em que vive, possibilitando ampliar suas percepções quanto ao seu
papel na sociedade e no ambiente coletivo.
Para o desenvolvimento de todos esses aspectos, o professor é instigado a repensar sua vida, a
partir dos elementos da Psicologia Positiva4 e de ferramentas de autoconhecimento. Pretende-se que
o leitor, por meio da compreensão de si mesmo, desenvolva autoconfiança, autocuidado, autonomia
e resiliência diante de seu projeto de vida. Paralelamente, com o intuito de que desenvolva habili-
dades pessoais e consciência das diferentes dimensões de um projeto de vida, lhe serão oferecidos
instrumentos práticos, como ferramentas para refletir sobre o planejamento de metas e objetivos,
assim como outras estratégias para alcançá-los.
No segundo capítulo, Interdisciplinaridade, o professor de Educação Física será apresentado aos
fundamentos da interdisciplinaridade, não só como teoria, mas também como estratégia de ensino.
Em um primeiro momento, o leitor é estimulado a refletir sobre o significado do conceito
de interdisciplinaridade, por meio da sobreposição de conceituações de diferentes teóricos
2 DAMON, William. O que o jovem quer da vida?: como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes.
São Paulo: Summus, 2009.
3 CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber às práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2016.
4 SELIGMAN, Martin; CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Positive psychology: an introduction. In: CSIKSZENTMIHALYI,
Mihaly. Flow and the foundations of positive psychology. Dordrecht: Springer, 2014. p. 279-298.
11
APRESENTAÇÃO
(ZABALA5, 2002; GARCIA6, 2008; THIESEN7, 2008; FAZENDA8, 1979) e sua evolução nos documentos
oficiais brasileiros (LDB, PCN9 e BNCC).
A construção dessa definição sugere a compreensão da interdisciplinaridade como um diálogo entre
diferentes campos de saber, para o aprofundamento de todo e qualquer objeto de conhecimento. Para
embasar a necessidade de se dedicar a um ensino interdisciplinar, invocam-se os pressupostos de uma
aprendizagem não fragmentada e o desenvolvimento integral dos estudantes, defendidos há mais de um
século pelo filósofo e pedagogo estadunidense John Dewey (1859-1952)10 e presentes também na BNCC.
Tudo o que a escola pode ou precisa fazer pelos alunos [...] é desenvolver a sua capacidade
de pensar. A fragmentação da instrução em vários fins separados evidencia por si mesma o
modo ineficaz com que se cumprem. (DEWEY, 1979, p. 167)
Em seguida, expõe como a abordagem da aprendizagem por competências se revela mais con-
gruente com as especificidades e as exigências de uma escola pautada pelo trabalho interdisciplinar.
Assim, contribui para a reflexão do professor sobre as diferentes formas de representar, formular e
expor esses objetos de conhecimento de maneira integrada e coerente para os estudantes.
Ao final, o capítulo dedica-se a mostrar como os temas Temas Contemporâneos Transversais (TCT)
representam uma forma de desenvolver as competências e as habilidades dos estudantes. Também
convida o professor a considerar que trabalhar com temas que perpassam a sociedade pode trazer
experiências e aprendizagens mais significativas para os jovens. A construção desse capítulo é es-
sencial para que o professor de Educação Física, ao elaborar sua aula, consiga estabelecer relações
entre os objetos de conhecimento da Educação Física e os da área de Linguagens e suas Tecnologias.
O terceiro capítulo, História da Educação Física, traz uma importante contribuição teórica para o
professor ao apresentar a evolução desse campo de saber desde os tempos mais remotos. Essa abor-
dagem amplia os conhecimentos do professor, pois abrange as transformações inerentes à Educação
Física enquanto objeto de conhecimento.
O leitor, por meio de uma perspectiva histórica da evolução da espécie humana, reflete sobre o
caráter biológico, social e cultural da Educação Física. Por consequência, ao considerar as questões an-
tropológicas e sociológicas, poderá traçar paralelos com as características da sociedade moderna, com os
problemas sociais contemporâneos e com a transformação de hábitos e costumes ao longo de gerações.
Durante esse percurso, ele também poderá tomar ciência da importância de outras áreas de
conhecimento para a formulação da Educação Física enquanto componente curricular obrigatório
nas escolas. A Antropologia, a Sociologia, a Filosofia, a Psicologia e a Medicina auxiliam o professor
na compreensão do seu campo de conhecimento com base em uma perspectiva interdisciplinar.
Além disso, a progressão apresentada na construção dos objetos de conhecimento culmina na
definição do conceito de cultura corporal de movimento. Essa definição está associada ao Movimento
Renovador11, que teve como objetivo aproximar a Educação Física das problemáticas da sociedade.
5 ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
6 GARCIA, Joe. A interdisciplinaridade segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista de Educação Pública,
Cuiabá, v. 17, n. 35 (p. 363-378), p. 365, set.-dez. 2008.
7 THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendiza-
gem. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 39, p. 545-554, 2008.
8 THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendiza-
gem. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 39, p. 545-554, 2008.
9 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020.
10 DEWEY, John. Democracia e educação. 4. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
11 O Movimento Renovador na Educação Física abarcou um conjunto de debates e pesquisas sobre o papel des-
se componente curricular na escola. O movimento questionava pressupostos relacionados ao enfoque dado ao
esporte e à aptidão física. As aulas eram reducionistas e excludentes, concentrando-se em aspectos biológicos e
físicos, o que por vezes desconsiderava os alunos menos aptos. O Movimento Renovador aproximou a Educação
Física das teorias críticas da Educação, bem como de questões políticas e sociais, estabelecendo novos objetivos e
princípios pedagógicos que foram delineados a partir do olhar de diferentes tendências pedagógicas.
12
Essas mudanças foram respaldadas pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e pelos PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais) e foram essenciais para conceber a Educação Física na área de
Linguagens e suas Tecnologias e para que o professor pudesse ressignificar a sua área de conheci-
mento segundo os pressupostos da BNCC.
Ao longo de todo o capítulo, estão vinculados à história da Educação Física temas bastante atuais,
de maneira a consolidar uma valiosa estratégia para possíveis conexões e interfaces. Por fim, o pro-
fessor será capaz de ampliar o conhecimento acerca do seu componente curricular, relacionando-o
com outras áreas do conhecimento e articulando-o com temas contemporâneos.
Ainda, com o propósito de situar o professor em relação aos conhecimentos adquiridos pelos estudantes
no Ensino Fundamental, são apresentadas as Competências e as Habilidades de Educação Física para o
Ensino Fundamental (BNCC, 2017, p. 223). Essa informação se revela imprescindível para que o professor
compreenda os objetivos anteriores, dando continuidade ao desenvolvimento do estudante no Ensino
Médio. É importante ressaltar que a compreensão clara dos objetivos da etapa anterior e da etapa atual, em
termos de competências e habilidades esperadas, é crucial para um planejamento coerente e significativo.
O quarto capítulo, Unidades temáticas, tem como objetivo esclarecer o professor de como os
objetos de conhecimento se estruturam hierarquicamente. No quadro abaixo, são apresentados os
objetos de conhecimento, as unidades temáticas e as práticas didático-pedagógicas, tomando como
base a estruturação da BNCC no Ensino Fundamental.
Esportes de invasão basquete, frisbee, futebol, futsal, handebol, hóquei, rúgbi etc.
Esportes de combate boxe, esgrima, judô, karate, MMA, taekwondo, wrestling etc.
Esportes técnico-
ginásticas, nado artístico, saltos ornamentais, skate, surfe etc.
-combinatórios
Lutas de curta distância aikido, judô, jiu-jitsu, sumô, wrestling etc.
Lutas Lutas de média e longa
boxe, capoeira, kendo, kung fu, muay thai, taekwondo etc.
distância
Práticas corporais de
skate, parkour, base jumping, paintball, slackline, BMX etc.
Práticas Corporais aventura urbanas
de Aventura Práticas corporais de arvorismo, escalada, paraquedismo, rafting, snowboard,
aventura naturais trekking etc.
13
APRESENTAÇÃO
Nesse sentido, para enfatizar a aproximação das práticas didático-pedagógicas das competências
propostas pela BNCC, são apresentadas ao professor as competências gerais e as competências e ha-
bilidades da área de Linguagens e suas Tecnologias. Ainda assim, o capítulo se caracteriza, enquanto
material formativo teórico, como ampliação do rol de saberes específicos da Educação Física.
O quinto e último capítulo da unidade 1, Organização da aula, reúne aspectos estratégicos a
serem levados em consideração quando se planeja a aula de Educação Física para o jovem do Ensino
Médio. De modo geral, esse capítulo reforça quanto a preparação da aula é um ponto crucial para
formar integralmente os estudantes.
Nesse sentido, discorre-se acerca das características motoras (GALLAHUE; OZMUN, 2013)15 e psico-
lógicas (WEINBERG; GOULD, 2017)16 do jovem. Com o intuito de subsidiar a análise crítica e criativa da
cultura juvenil, o leitor conhecerá reflexões que contribuem para o posicionamento do professor contra
estereótipos recorrentes nas aulas de Educação Física, tais como as questões de gênero, étnico-raciais e
do padrão estético corporal, entre outras, que possam ser consideradas discriminação ou violência contra
os Direitos Humanos.
Esta obra tem o intuito de defender, durante todo o percurso do Ensino Médio, o respeito aos princí-
pios éticos necessários à construção da cidadania e do convívio social. Para isso, baseia-se em preceitos
legais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)17, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (PcD)18,
12 COLETIVO de autores. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
13 BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana. Resolução n. 1, de 17 de junho de 2004. Pareceres e Resoluções sobre Educação
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relacoes-etnico-raciais>. Acesso em: 10 ago. 2020.
14 BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 11 ago. 2020.
15 GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2013.
16 WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 6. ed. Porto Alegre: Art-
med, 2017.
17 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <https://
www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-
versao-2019.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020.
18 BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Esta-
tuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/
L13146.htm>. Acesso em: 10 ago. 2020.
14
o Atendimento Educacional Especializado (AEE)19 e as Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos
Humanos20, entre outros.
Também tem como objetivo situar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem
e, para isso, propõe ao professor diferentes formas de conceber a aula. Para além de ser ministrada
em momento único, pode ser concebida como sequência didática, ou até mesmo como um projeto
integrador que permeie diversas aulas. Essa flexibilização é intencional para capacitar o professor
quanto às diferentes formas metodológicas de se conduzir uma aula.
Para um planejamento coerente, alguns aspectos são essenciais, a saber: estabelecer objetivos
claros, pertinentes, pautados pelas competências e que visem ao desenvolvimento integral do es-
tudante; considerar os conhecimentos prévios e pretensões do jovem; repensar os materiais e locais
de prática, conforme as particularidades da escola e da realidade do professor; estabelecer uma
comunicação respeitosa entre docente e estudantes; refletir sobre métodos de avaliação adequados.
Todos esses aspectos foram estruturados ao longo do capítulo. No entanto, a avaliação, em especial,
ganhou relevância por incorporar estratégias de apreciação diversificadas, coerentes com os objeti-
vos de aprendizagem. A avaliação é uma maneira de propiciar o autoconhecimento dos estudantes
acerca de suas aprendizagens e, por isso, é um instrumento de diagnóstico, além de uma forma de
comunicar os avanços e as dificuldades de todos os estudantes.
Longe de ser instrumento de pressão e castigo, a avaliação deve mostrar-se útil para as
partes envolvidas – professores, alunos e escola –, contribuindo para o autoconhecimento e
para a análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados.
Para tanto, constitui-se em um processo contínuo de diagnóstico da situação, contando com a
participação de professores, alunos e equipe pedagógica da escola. (DARIDO, 2012, p. 127)21
O tópico também permite ao docente refletir sobre critérios de avaliação diversificados e con-
templados em três dimensões: conceitual, procedimental e atitudinal. Questões cognitivas, motoras
e atitudinais devem nortear tanto o professor quanto o estudante ao longo do processo de ensino-
-aprendizagem. As avaliações também devem servir de instrumentos diagnósticos e processuais
para que o professor possa acompanhar individualmente o desenvolvimento de cada estudante e
replanejar suas intervenções, quando necessário.
O capítulo Organização da aula tem o intuito de apoiar o professor de Educação Física na prepa-
ração da aula a ser realizada. Mais do que inspirá-lo a transpor barreiras, esta obra propõe estratégias
de resolução de problemas para que se sinta capaz e encorajado a ressignificar as práticas diante da
sua realidade docente.
Em todos os capítulos da Unidade 1, há um boxe chamado Para refletir, no qual são propostos
alguns questionamentos ao leitor com o intuito de estimular reflexões sobre os assuntos que serão
tratados. Além disso, ao final de cada capítulo, há uma seção chamada Para recapitular, que sintetiza
as construções teóricas apresentadas visando auxiliar o professor em suas ações didáticas. Ao final
de cada capítulo, há uma seção chamada Material de apoio com estratégias e instrumentos práticos
que servem para o aperfeiçoamento e a ampliação dos conhecimentos do leitor.
Na segunda parte do livro, todas as dimensões abordadas nos primeiros capítulos (Projeto de
vida, Interdisciplinaridade, História da Educação Física, Unidades temáticas e Organização da
aula) são retomadas por meio de práticas, reflexões e vivências pedagógicas propostas.
19 BRASIL. Atendimento Educacional Especializado (AEE). Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: 11 ago. 2020.
20 BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Resolução n. 1, de 30 de maio de 2012. Dispo-
nível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rcp001_12.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2020.
21 DARIDO, Suraya Cristina. Avaliação em Educação Física na escola. Universidade Estadual Paulista. Prograd. Caderno de
formação: formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. v. 16, p. 127-140.
15
APRESENTAÇÃO
A segunda unidade tem como propósito fornecer subsídios ao professor para que ele possa
promover aulas com objetivos definidos, baseados em habilidades e fundamentados em TCT, con-
siderando as unidades temáticas apresentadas e respeitando a diversidade social, histórica, política,
econômica, demográfica e cultural do Brasil. É uma maneira de ampliar o repertório do professor,
ajudando-o a enfrentar os desafios de conceber a Educação Física como prática corporal dentro da
área de Linguagens e suas Tecnologias (NEIRA, 2018)22.
As vivências estão organizadas pelas suas respectivas unidades temáticas. Nas introduções das
unidades temáticas (Jogos e Brincadeiras, Danças, Ginásticas, Esportes, Lutas e Práticas Corpo-
rais de Aventura), encontra-se um quadro para repertoriar as possíveis conexões entre os TCT e os
objetos de conhecimento da Educação Física. Durante toda a prática, propõe-se uma abordagem
clara e aplicada das possibilidades acerca daquela temática, sem todavia restringi-la.
Práticas
Jogos e
Ginásticas Danças Esportes Lutas Corporais de
brincadeiras
Aventura
Investimento
em preservação
A ioga e a ambiental
meditação para a prática Conscientização
como práticas dos esportes em relação à
O lixo eletrônico que integram A dança das olímpicos (mares, sustentabilidade
e o descarte o indivíduo tribos como rios, lagos e e à preservação
sustentável com o meio represas) A confecção ambiental
rituais de
ambiente sustentável dos
Meio ambiente Brinquedos invocação e Medalhas dos A natureza como
instrumentos da
confeccionados A apropriação agradecimento Jogos Olímpicos local de prática
capoeira
com material do espaço à chuva e à de Tóquio 2020 As práticas
reciclado público para colheita confeccionadas corporais de
a prática de com lixo aventura e o
exercícios eletrônico ecoturismo
físicos Confecção de
roupas com
garrafas PET
A indústria
bilionária
dos esportes
A dança e a arte (campeonatos,
ligas e torneios) A indústria do
A ginástica de rua como
MMA (UFC)
laboral como fonte de renda O marketing das
A indústria e trabalho Artigos de
instrumento grandes marcas A indústria dos
bilionária dos luta (roupas
para aumentar O elitismo nas esportivas esportes radicais
games e utensílios)
Economia a produtividade danças clássicas Os produtos O ecoturismo
Os consoles como do trabalhador como produtos
(balé) esportivos como trabalho e
objetos de desejo licenciados
A indústria de A dança como como objeto de fonte de renda
do jovem A remuneração
suplementos espetáculo consumo
alimentares dos lutadores em
para o A diferença de diferentes lutas
entretenimento remuneração
entre atletas
homens e atletas
mulheres
Continua
22 NEIRA, Marcos Garcia. Educação física cultural. São Paulo: Blucher, 2018.
16
Continuação
A ginástica
como
ferramenta para
a promoção
da saúde física
e mental em
todas as idades
A prática As lutas como
A ginástica
A dança como esportiva e os práticas de
como
expressão benefícios para academia
O desenvolvi- treinamento O equilíbrio
corporal e de a saúde física e O desenvolvi-
mento cognitivo físico físico e mental
sentimentos mental mento físico
por meio dos A ginástica nas práticas
jogos eletrônicos Os padrões As lesões nos e mental corporais de
como forma de
estéticos esportes proporcionado aventura
Saúde O vício em jogos desenvolver o
estipulados em pelas práticas de
eletrônicos autocuidado e a O dopping nos Os desafios
algumas danças lutas
A brincadeira autoconfiança esportes corporais nas
As danças como O controle de práticas de
como instrumento A ginástica Os benefícios e
modalidades peso corporal aventura
de aprendizagem como fonte de os prejuízos na
presentes em nas categorias e
relaxamento, iniciação precoce
academias modalidades das
na gestão da nos esportes lutas
ansiedade e do
estresse
O fitness e o
padrão estético
imposto pela
mídia e pela
sociedade
Os valores e
O preconceito a ética nos
O brincar como A utilização dos
de gênero esportes
direito da criança espaços públicos
A Ginástica para embutido nas As categorias
As condutas
Os jogos e as danças morais e éticas para as práticas
Todos como sêniores nos
brincadeiras como inerentes às corporais
movimento A dança como esportes
ferramenta de diferentes lutas urbanas
inclusivo e manifestação
interação social Os esportes As práticas
Cidadania e integrador social A diferenciação
O respeito às como práticas de corporais
civismo O abuso A dança como entre lutas e
regras e aos lazer de aventura
infantil na prática inclusiva brigas
combinados Os esportes como meios
especialização (cegos e surdos) A luta como
A inclusão de coletivos como de transporte
precoce na A dança de instrumento de
PcD por meio de prática social (bicicleta, skate)
ginástica salão como inclusão social
jogos eletrônicos e a educação
prática na O e-sport
adaptados para o trânsito
terceira idade adaptado como
prática inclusiva
A dança como
Jogos e preservação
brincadeiras e valorização
indígenas e sociocultural de
africanos povos, religiões O racismo nos Lutas de origem
As diferentes e culturas esportes indígena As práticas
A importância músicas corporais de
da preservação (indígena e Os preconceitos (huka-huka)
e culturas afro-brasileiras) aventura como
e da valorização presentes nas de gênero nos Lutas de cultura juvenil
Multiculturalismo cultural por ginásticas Os contextos esportes origem africana
meio da prática sociais em (capoeira) As práticas
O universo Os Jogos corporais de
de jogos e que os estilos Olímpicos como Lutas de origem
brincadeiras fitness no Brasil de dança aventura nos
e no mundo valorização oriental (artes Jogos Olímpicos
Práticas de jogos emergiram multicultural marciais)
e brincadeiras nas A diversidade
diferentes regiões de danças no
do Brasil Brasil e no
mundo
Continua
17
APRESENTAÇÃO
Continuação
A tecnologia A tecnologia
dos materiais dos materiais
esportivos específicos
(vestimentas, O desenvolvi-
Os instru- para as práticas
utensílios, mento
A realidade virtual mentos de corporais de
infraestrutura) tecnológico na
como forma de avaliação da Os games e as aventura
O uso da esgrima (espada,
treinar pilotos composição máquinas de Os conhe-
tecnologia sabre, florete)
Ciência e Jogos cada corporal dança cimentos
como auxílio à A tecnologia dos
tecnologia vez mais (adipômetro e As leis da Física arbitragem naturais
bioimpedância) equipamentos
interativos com nas práticas das O desen- necessários
de lutas
a participação A tecnologia danças volvimento de para as práticas
(vestimentas,
corporal dos equipa- próteses no (temperatura,
utensílios e
mentos fitness esporte adaptado pressão
estrutura)
O e-sport como atmosférica,
modalidade correntes
esportiva. marítimas etc.)
Ao início de cada proposta pedagógica, há uma seção chamada Ponto de partida, que apre-
senta as habilidades desenvolvidas no Ensino Fundamental, importante para que o professor
possa planejar uma progressão didática capaz de abarcar os diferentes estágios de aprendizagem
dos estudantes.
Ao início de cada sequência didática, há um quadro com as competências gerais, as competências
de Linguagens e as habilidades específicas a serem trabalhadas. Esse quadro apresenta-se como uma
ferramenta importante de planejamento para o professor, no qual se evidenciam as finalidades de
aprendizagem, os TCT e os valores trabalhados, bem como os instrumentos de avaliação utilizados
naquela sequência didática.
A seção Roda Inicial apresenta estratégias metodológicas e reflexões importantes que servirão
de disparadores para desenvolver aquela sequência de práticas didático-pedagógicas. Já na seção
Desenvolvimento, são descritas as vivências propostas. Essa seção tem o objetivo de subsidiar o pro-
fessor de Educação Física, ampliando seu repertório de práticas corporais e apresentando estratégias
para o desenvolvimento das habilidades de Linguagem nas aulas de Educação Física. É importante
destacar que, nesta obra, houve a preocupação de demonstrar que a Educação Física ainda tem como
cerne a sua experimentação prática, mas precisa estar ancorada em intencionalidade teórica para
alcançar os objetivos da disciplina como componente da área de Linguagens e suas Tecnologias.
18
Na seção seguinte, chamada de Roda final, pretende-se refletir sobre o objeto de conhecimento
sob um prisma mais aprofundado, o que se torna decisivo para alcançar as expectativas de desen-
volvimento do estudante do Ensino Médio. Nesse sentido, a prática corporal apresenta-se como um
meio para atingir o desenvolvimento das competências e habilidades listadas no início da atividade.
Durante o Ensino Fundamental, o estudante ampliou seu repertório de modalidades e compreendeu
aspectos técnicos das práticas corporais, portanto, no Ensino Médio, o estudante precisa transcender
esses conhecimentos e relacioná-los a outros campos de saber.
A seção Ampliação pretende entrelaçar os objetos de conhecimento da Educação Física aos TCT,
bem como a outras áreas de conhecimento. Dessa forma, matérias jornalísticas, excertos legais, docu-
mentos históricos e outros textos são apresentados para serem relacionados às práticas e vivências
corporais. Na seção Passo a passo, são explicitadas as etapas que o professor deve percorrer para
atingir esses objetivos. Enquanto na seção Roda final são disponibilizadas reflexões que permitem
fazer com que os estudantes alcancem níveis mais complexos de reflexão, especialmente ligadas à
sua atuação ética, solidária e reflexiva na sociedade.
Ao final de cada aula, na seção Avaliação, há diversas estratégias avaliativas coerentes com as
práticas didático-pedagógicas, cujo intuito é apresentar um rol de possibilidades para o professor
de Educação Física.
É importante dizer que todas as práticas, reflexões e vivências expostas nessa segunda parte do
livro têm como objetivo alcançar a formação integral dos estudantes. Por isso, para além do desen-
volvimento intelectual do jovem, considerou-se também as dimensões física, social, emocional e
cultural. Além disso, foram levadas em conta as culturas juvenis, os diferentes interesses e as novas
formas de aprendizagem dos estudantes.
Incansavelmente, esta obra relembra ao professor que sua atuação pode e deve ser efetiva, não
copiando exaustivamente os modelos de aulas propostos, mas refletindo sobre a realidade dos
estudantes, adequando a prática a ela, de maneira intencional e responsável. Esta obra, pelo seu
caráter formativo, busca amparar o professor de Educação Física e ampliar seu repertório para uma
atuação docente capaz de considerar as diferentes características, interesses, ritmos, aspirações e
papéis sociais dos estudantes.
Há também um boxe chamado Para saber mais que traz materiais de apoio para o professor, mas
que podem ser compartilhados com os estudantes. Para isso, diversos formatos de conteúdo, como
artigos científicos, vídeos, sites e pequenos documentários, foram cuidadosamente selecionados.
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
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Campinas: Editora da Unicamp, 2003. de setembro de 1851. Disponível em: <https://www2.
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630-17-setembro-1851-559321-publicacaooriginal-
e no mundo, por meio de uma análise da trajetória dessa
81488-pl.html#:~:text=Autorisa%20o%20
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2. BARTON, Jo et al. Green exercise: linking nature,
2020.
health and well-being. Oxon: Routledge, 2016.
O Decreto no 630, de 17 de setembro de 1851, pro-
A obra conceitua o que são “exercícios verdes” (green
mulgado no período do Brasil Império, traz reformulações
exercises) e como essas atividades têm sido amplamente curriculares para os ensinos primário e secundário para o
adotadas em vários países. Também traz diversas evidências município da Corte.
de como o exercício em meio à natureza implica benefícios
para o bem-estar físico e mental do praticante. 7. BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto n. 7.247, de
19 de abril de 1879. Disponível em: <https://www2.
3. BELBENOIT, G. O desporto na Escola. Lisboa: Estampa, camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decre
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Nesse livro, o autor entende que são os professores -62862-pe.html>. Acesso em: 28 set. 2020.
que fazem do esporte um objeto e meio de educação na O Decreto no 7.247, de 19 de abril de 1879, regulamenta
escola. Nesse sentido, as diversas abordagens do esporte reformas nos ensinos primário, secundário e superior em
escolar dependem quase exclusivamente das intenções do todo o Império.
professor de Educação Física. 8. BRASIL. Câmara dos Deputados. Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro
4. BORGES, C. de C.; MAGALHÃES, A. S. Laços interge-
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Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de -1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso
Janeiro, v. 16, n. 2, p. 171-177, 2011. Disponível em: em: 28 set. 2020.
<https://www.scielo.br/pdf/epsic/v16n2/v16n2a08.
A Lei no 4.024, de 1961, fixa as Diretrizes e Bases da
pdf>. Acesso em: 28 set. 2020. Educação Nacional e determina que os fins da educação
O artigo apresenta um estudo no qual se discute a estão inspirados em princípios de liberdade e nos ideais de
constituição dos laços intergeracionais na sociedade solidariedade humana.
contemporânea, analisando as diferenças geracionais no
9. BRASIL. Câmara dos Deputados. Diretrizes e Bases
processo de transmissão sociocultural.
para o ensino de 1o e 2o graus. Lei n. 5.692, de 11
5. BRASIL. Atendimento Educacional Especializado de agosto de 1971. Disponível em: <https://www2.
(AEE). Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-a
gosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>.
2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
Acesso em: 28 set. 2020.
ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>.
A Lei no 5.692, de 1971, fixa as Diretrizes e Bases para
Acesso em: 28 set. 2020.
o ensino de 1o e 2o graus, declarando expressamente em
A lei determina que é dever do Estado garantir um sis- seu texto que o ensino de 1o e 2o graus tem por objetivo
tema educacional inclusivo em todos os níveis e para todas geral proporcionar ao educando a formação necessária ao
as necessidades educativas, sem discriminação, com base desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
na igualdade de oportunidades de aprendizado ao longo de autorrealização, qualificação para o trabalho e preparo
de toda a vida do educando. para o exercício consciente da cidadania.
20
10. BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de 14. BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação em
Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Direitos Humanos. Resolução n. 1, de 30 de maio de
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temid=30192>. Acesso em: 28 set. 2020. fundamentais do direito à educação e está baseada em
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio práticas educativas fundamentadas nos Direitos Humanos
são diretrizes que estabelecem a base nacional comum, e em seus processos de promoção, proteção, defesa e apli-
responsável por orientar a organização, a articulação, o cação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e
desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógi- de responsabilidades individuais e coletivos.
cas, contemplando as recentes mudanças da legislação
e as novas dinâmicas do processo educativo dessa etapa 15. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
educacional, tendo em vista a qualidade do ensino. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em:
<https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/
11. BRASIL. Constituição da República Federativa do
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Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planal
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Acesso em: 28 set. 2020. Essa lei assegura a proteção integral à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, para a efetivação
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
assegura os direitos sociais relativos à educação, à saúde,
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cul-
à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao
tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
lazer, à segurança, à previdência social, à proteção da ma-
ternidade e da infância e à assistência aos desamparados. familiar e comunitária.
12. BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil, 16. BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial. Lei n. 12.288, de
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Consti nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.
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quarta Constituição brasileira, determina que a disciplina dade Racial, destinado a assegurar à população negra a
de Educação Física passa a ser obrigatória em todas as efetivação da igualdade de oportunidades, bem como a
escolas, não podendo escola nenhuma ser autorizada ou defesa dos direitos étnicos e o combate à discriminação e
reconhecida sem que satisfaça essa exigência. às demais formas de intolerância étnica.
13. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu- 17. BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei Bra-
cação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de sileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Lei n.
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Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/ Lei/L13146.htm>. Acesso em: 28 set. 2020.
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As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação (Estatuto da Pessoa com Deficiência), de 2015, destina-se a
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercí-
e Cultura Afro-Brasileira e Africana contêm orientações, cio dos direitos e das liberdades fundamentais para a pessoa
princípios e fundamentos para o planejamento, execução e com deficiência, visando à sua inclusão social e à cidadania.
avaliação da Educação. Essas diretrizes têm como objetivo
contribuir para a conscientização da sociedade brasileira 18. BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei n. 10.741, de 1o de ou-
de sua formação multicultural e pluriétnica, buscando re- tubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.
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nação democrática. 28 set. 2020.
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
O Estatuto do Idoso, promulgado em 2003, regula os Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou supe- compõem um documento que procura democratizar, hu-
rior a 60 (sessenta) anos, garantindo a liberdade, o respeito manizar e diversificar a prática pedagógica do componente
e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos curricular, ampliando a atuação docente para que considere
civis, políticos, individuais e sociais. também as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais
dos estudantes.
19. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional (LDB). Brasília, 1996. Disponível em: <http:// 23. BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental.
portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em:
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional esti- htm>. Acesso em: 28 set. 2020.
pula que a educação abrange os processos formativos que Lei de 1999 que promove a educação ambiental como
se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, um componente essencial e permanente da educação
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
nas manifestações culturais, deve estar fundamentada caráter formal e não formal.
em princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana e tem por finalidade o pleno desenvolvimento 24. BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei
do estudante. n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
20. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Co- 2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28 set. 2020.
mum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2017. Dispo-
Essa lei de 2010 institui a Política Nacional de Resí-
nível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>.
duos Sólidos, disponibilizando diretrizes sobre a gestão
Acesso em: 28 set. 2020.
e o gerenciamento de resíduos sólidos, a atribuição de
A Base Nacional Comum Curricular é um documento
responsabilidades aos geradores e ao poder público e os
normativo destinado à educação escolar que contém
instrumentos econômicos aplicáveis.
um conjunto de aprendizagens essenciais, baseado em
habilidades e competências que todos os alunos devem 25. BRASIL. Programa Nacional de Direitos Humanos
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educa- (PNDH-3). Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de
ção Básica, de modo que tenham assegurados seus direitos 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
de aprendizagem e desenvolvimento. ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7037.htm>.
Acesso em: 28 set. 2020.
21. B R A S I L . M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o. Te m a s
Contemporâneos Transversais na BNCC. Brasília: MEC, Lei de 2009 que estabelece as diretrizes e os princípios
2019. Disponível em: <http://basenacionalcomum. da política nacional de educação em Direitos Humanos
mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_ para fortalecer uma cultura de direitos nos sistemas de
temas_contemporaneos.pdf>. Acesso em: 28 set. 2020. educação básica, nas instituições de ensino superior e nas
O guia apresenta como os Temas Contemporâneos instituições formadoras.
Transversais (TCT) podem ser correlacionados aos dife- 26. CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a
rentes componentes curriculares, bem como aos objetos história que não se conta. Campinas: Papirus, 1988.
do conhecimento descritos na Base Nacional Comum
Na obra, o autor faz uma interpretação crítica da Educa-
Curricular.
ção Física. Distanciando-se de uma percepção preponde-
22. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). rante, abre possibilidades de reinterpretação desse campo
Educação Física. Brasília, 1997. Disponível em: de saber como uma prática transformadora, trazendo
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07. reflexões essenciais não só para a prática docente, mas
pdf>. Acesso em: 28 set. 2020. também para a atuação social.
22
27. CHARLOT, B. Da relação com o saber às práticas edu- 32. DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na
cativas. São Paulo: Cortez, 2016. escola: implicações para a prática pedagógica. Rio
O livro traz uma compilação de artigos do autor e pes- de Janeiro: Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2000.
quisador francês Bernard Charlot que reforçam sua teoria O livro apresenta a evolução na conceituação do cam-
sobre a “relação com o saber”. Suas reflexões sobre temas po de saber Educação Física até ser considerado Cultura
contemporâneos, contradições das práticas educativas Corporal de Movimento, com os objetos de conhecimento
e tensões do ambiente educativo são uma importante que abarca, as finalidades, as dimensões metodológicas e
contribuição para o desenvolvimento da criticidade da os aspectos avaliativos da disciplina.
atuação docente.
33. DEWEY, J. Democracia e educação. 4. ed. São Paulo:
28. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Companhia Editora Nacional, 1979.
Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. Nessa obra, o autor e pedagogo estadunidense debate
O livro traz uma coletânea de artigos elaborados por sobre questões curriculares e metodológicas da escola do
pesquisadores, autores e professores do campo de saber começo do século XX, discutindo, entre outras coisas, a
Educação Física. A obra coletiva, de caráter formativo-refle- fragmentação do conhecimento, a prática alicerçada na
xiva, traz contribuições para orientar uma atuação docente experiência e a busca por uma educação democrática.
comprometida com o processo de transformação social. 34. DUNCAN, I. The art of the dance. Nova York: Theater
29. COLL, C. et al. Os conteúdos na reforma: ensino e Arts Books, 1977.
aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitu- Esse livro apresenta uma visão mágica sobre a arte da
des. Porto Alegre: Artmed, 2000. dança. Com relatos pessoais, pensamentos e experiências,
a autora desperta a curiosidade do leitor para o estudo do
Nessa obra, os autores discorrem sobre ensino e
mundo da dança e para a prática dessa arte em movimento.
aprendizagem em três diferentes esferas: conceitual, pro-
cedimental e atitudinal, conceituando-as e apresentando 35. ERTHAL, C. A. Valor da vida e valor do mundo: vida
estratégias de intervenções e modos de avaliação. ética com os outros. In: ERTHAL, C. A.; FABRI, M.;
NODARI, P. C. (org.). Empatia e solidariedade. Caxias
30. DAMON, W. O que o jovem quer da vida: como pais e
do Sul, RS: Educs, 2019.
professores podem orientar e motivar os adolescen-
tes. São Paulo: Summus, 2009. Essa obra é uma coletânea de artigos científicos
vinculada ao Núcleo de Inovação e Desenvolvimento
O autor e pesquisador estadunidense na área da ju-
(NID) – “Observatório da Cultura de Paz, Direitos Huma-
ventude traz informações sobre o que é projeto de vida e
nos e Meio Ambiente”, da Universidade de Caxias do Sul
discorre sobre as dificuldades dos jovens em estabelecer
(UCS), e tem como principal objetivo articular diferentes
um propósito de vida que impacte positivamente sua pró-
saberes e dimensões teóricas aos princípios de empatia
pria existência e a sociedade. Também apresenta iniciativas e solidariedade.
que podem contribuir para a motivação de jovens em seu
projeto de vida. 36. FAGGIANI, F. et al. O fenômeno do expatriado no con-
texto esportivo. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 36,
31. DARIDO, S. C. Avaliação em Educação Física na escola. n. 3, p. 738-747, 2016. Disponível em: <https://www.
Universidade Estadual Paulista. Prograd. Caderno de scielo.br/pdf/pcp/v36n3/1982-3703-pcp-36-3-0738.
formação: formação de professores didática geral. pdf>. Acesso em: 28 set. 2020.
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. v. 16, p. 127-140. Esse artigo científico apresenta um estudo sobre os im-
O livro apresenta como a avaliação pode ser uma exce- pactos do processo de adaptação do indivíduo a um novo
lente ferramenta no processo de aprendizagem do estu- contexto para a atividade esportiva, relatando os desafios
dante. Mais do que conferir uma nota ou trazer aprovação enfrentados pelos atletas como a adaptação ao novo es-
e reprovação, a obra defende que a avaliação em Educação tilo de treinamento, a distância da família e de amigos e a
Física pode ser uma estratégia para o autoconhecimento e dificuldade em comunicar-se efetivamente com as pessoas
que pode contribuir para novas aprendizagens. da cultura local.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
37. FAZENDA, I. C. Integração e interdisciplinaridade no 42. HOFFMANN, J. Mito e desafio: uma perspectiva cons-
ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: trutivista. Porto Alegre: Educação e Realidade, 1991.
Loyola, 1979. Nessa obra, a autora introduz a sua teoria de avaliação
Nesse livro, a autora e pesquisadora brasileira discorre mediadora, que tem como objetivos desmitificar a avalia-
sobre a interdisciplinaridade por um prisma mais amplo ção estritamente classificatória e ressignificar essa prática
do conhecimento, que deve ser concebido de maneira como estratégia de acompanhamento no processo de
mais natural e menos fragmentada. Também, nessa obra, aprendizagem dos estudantes.
a autora faz uma análise das leis brasileiras que subsidiam
43. HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da
a prática interdisciplinar.
cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007.
38. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Essa renomada obra aborda a noção de jogo sob uma
desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2013. perspectiva histórica enquanto fenômeno cultural e não
biológico, psicológico ou antropológico, correlacionando
Nessa obra mundialmente reconhecida, os autores ana-
também a outros conceitos como linguagem, competição,
lisam o desenvolvimento motor em cada uma das fases da
direito, guerra, conhecimento e poesia na construção teó-
vida, correlacionando-o aos aspectos biológicos, afetivos,
rica da prática lúdica.
cognitivos e comportamentais de cada etapa.
44. KLEIN, A. M.; ARANTES, V. A. Projetos de vida de jovens
39. GARCIA, J. A interdisciplinaridade segundo os Parâ- estudantes do Ensino Médio e a escola. Educação &
metros Curriculares Nacionais. Revista de Educação Realidade, v. 41, n. 1, p. 135-154, 2016.
Pública, Cuiabá, v. 17, n. 35, p. 363-378, 2008.
O artigo relata um estudo qualitativo com 305 estu-
Nesse artigo, o autor analisa os diferentes significa- dantes do Ensino Médio e aborda quais são as percepções
dos de interdisciplinaridade nos Parâmetros Curriculares deles sobre as contribuições que as experiências escolares
Nacionais (PCN) de Ensino Fundamental e Ensino Médio, podem trazer aos seus projetos de vida.
revelando diversos conceitos sobre o mesmo termo; entre
eles, a abordagem epistemológica, o modo de articular 45. MACHADO, N. J. Educação: projetos e valores. São
conteúdos, a forma de contribuição das disciplinas, a for- Paulo: Escrituras, 2006.
ma de organizar as disciplinas em projetos, a perspectiva Nessa obra, o autor discorre sobre projetos e valores no
de reorganização curricular, o instrumento para articular universo educacional. Por meio das dimensões filosóficas
conhecimentos e o processo de integração das disciplinas. e antropológicas, explana como os dois conceitos: projeto
– que tem caráter transformador – e valores – que têm um
40. GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. Dicionário Crítico cariz de preservação – podem contribuir para o projeto de
de Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014. vida dos estudantes.
Nessa obra, um coletivo de autores abordou concei- 46. MARTIN, J. A dança moderna. Pro-Posições. Revista
tualmente termos e linguagens utilizados no campo de da Faculdade de Educação da Unicamp, v. 18, n. 2,
saber Educação Física. Mais do que estabelecer uma con- p. 217-245, 2007.
cordância, as construções teóricas apresentadas no livro Essa obra, original da década de 1930 e traduzida para o
revelam, por meio de progressões históricas e críticas, os português em 2007, apresenta uma das primeiras tentativas
esforços nas últimas décadas em produzir novos sentidos de analisar e legitimar a dança moderna americana. Nesse
para a Educação Física. livro, o autor apresenta os princípios e os conflitos do que
pode ser considerada uma dança moderna.
41. HELLISON, D. Teaching responsibility through
physical activity. 2. ed. Chicago: Human Kinetics, 47. NEIRA, M. C. Educação física cultural. São Paulo:
2003. Blucher, 2018.
O livro aborda como a atividade física pode contribuir Nessa obra, o autor e pesquisador brasileiro reflete
para promover a responsabilidade pessoal e social nos como o atual contexto multicultural influencia na con-
estudantes. A obra ainda apresenta estratégias que foram cepção das práticas corporais como artefatos da cultura
testadas pelo autor em diversos ambientes educativos e que e, questionando os marcadores sociais, busca reconhecer
podem auxiliar o professor na orientação dos estudantes. os seus sujeitos e promove o diálogo com as diferenças.
24
48. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a de ação contra o bullying, ações preventivas e próprias para
escola. Porto Alegre: Artmed, 1999. serem adotadas nas escolas.
Nessa obra, Philippe Perrenoud apresenta as perspecti-
vas e as limitações das práticas realizadas em sala de aula, 53. TAHARA, A. K.; CARNICELLI FILHO, S. A presença das
a educação baseada na construção das competências e a atividades de aventura nas aulas de Educação Física.
necessidade da transposição didática do que se aprende Arquivos de Ciências do Esporte, v. 1, n. 1, 2013.
na escola para as diversas situações complexas da vida. Esse artigo debate as possibilidades pedagógicas da
inserção das atividades de aventura em aulas de Educação
49. RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Separação dos con- Física na escola, refletindo sobre os principais entraves que
teúdos das “lutas” dos “esportes” na educação física os docentes podem enfrentar e os potenciais benefícios
escolar: necessidade ou tradição? Pensar a Prática, para os estudantes com as vivências dessas práticas.
Goiânia, v. 14, n. 3, p. 1-17, 2011.
O artigo apresenta uma discussão sobre os motivos de 54. THIESEN, J. da S. A interdisciplinaridade como um
as lutas estarem separadas dos conteúdos dos esportes movimento articulador no processo ensino-aprendi-
na esfera da cultura corporal de movimento, analisando e zagem. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 39,
articulando as concepções de lutas e esportes presentes p. 545-554, 2008.
nas propostas curriculares e em diversos autores do campo O artigo aborda como o conceito de interdisciplinari-
de saber Educação Física. dade tem se construído ao longo do tempo nas dimensões
pedagógicas e epistemológicas, afastando-se de uma pers-
50. SELIGMAN, M.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive psycho- pectiva cartesiana e mecanicista de mundo e de educação
logy: an introduction. In: CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow e aproximando-se de uma concepção mais integradora e
and the foundations of positive psychology. Dordrecht: dialética.
Springer, 2014. p. 279-298.
Os autores, precursores da Psicologia Positiva, apresen- 55. THOMPSON, M. A.; GRAY, J. J. Development and valida-
tam a temática em um artigo pequeno e de fácil compreen- tion of a new body-image assessment scale. Journal of
são. Os conceitos se baseiam no direcionamento do foco Personality Assessment, v. 64, n. 2, p. 258-269, 1995.
atencional para aquilo que é positivo na vida das pessoas, Esse artigo científico relata o desenvolvimento e a va-
transpondo o paradigma de que a Psicologia é a área que lidação de uma ferramenta de autoavaliação da imagem
trata apenas de barreiras e percepções negativas. corporal, a Contour Drawing Rating Scale, composta de
desenhos de contornos corporais. Os desenhos foram
51. SHIGUNOV, V.; SHIGUNOV NETO, A. Educação Física:
projetados com recursos detalhados como instrumentos
conhecimento teórico 3 prática pedagógica. Porto
para a percepção corporal.
Alegre: Mediação, 2002.
A obra, de caráter formativo, apresenta fundamentos 56. TODOS PELA EDUCAÇÃO. Anuário Brasileiro da
teóricos da Educação Física escolar, bem como diversas Educação Básica. São Paulo: Moderna, 2019. Dis-
práticas didático-metodológicas que podem ser utilizadas ponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.
pelos professores em escolas. Além disso, traz reflexões br/_uploads/_posts/302.pdf>. Acesso em: 28 set. 2020.
sobre como esse campo de saber pode contribuir para o O relatório oferece dados e informações de 2018 que
desenvolvimento de crianças e jovens. podem servir de instrumento de consulta e de acompanha-
mento da evolução da qualidade da educação no Brasil.
52. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departa- Esse relatório está em consonância com as metas estabele-
mento Científico de Saúde Escolar. Guia prático de cidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014-2024.
atualização, n. 3, 2017. Disponível em: <https://
www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20032d- 57. UNESCO. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
GPA_-_Bullying.pdf>. Acesso em: 28 set. 2020. Nacional (IPHAN). Patrimônio Imaterial: fortalecendo
O artigo trata da conceituação do bullying, bem como o Sistema Nacional. Brasília, 2014. Disponível em:
da classificação de acordo com suas variáveis em diversos <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf000022856
contextos. Além disso, os autores apresentam estratégias /PDF/228561por.pdf.multi>. Acesso em: 28 set. 2020.
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
Essa obra é uma publicação articulada entre a Unesco do contexto exigem dos praticantes inteligência para o
e o Projeto de Cooperação Técnica Difusão da Política do jogo, capacidade de cooperação e de lidar com situações
Patrimônio Cultural Imaterial no Brasil e apresenta contri- desafiadoras e imprevisíveis.
butos para o aumento da escala de participação de estados,
municípios e sociedade civil na promoção e preservação 2. BERNARDES, L. A. Atividades e esportes de aventura
do patrimônio cultural imaterial. para profissionais de Educação Física. São Paulo:
Phorte, 2013.
58. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Nessa obra, os autores abordam as atividades de aven-
Paulo: Martins Fontes, 1988. tura mais conhecidas e mais viáveis para o profissional de
A obra é uma seleção criteriosa de ensaios do psicólogo Educação Física incluir em seu rol de possibilidades práticas,
bielorrusso Lev Vygotsky, reconhecidamente um pioneiro seja na forma mais tradicional, seja em forma adaptada.
da Psicologia do desenvolvimento. O livro apresenta uma São apresentados os aspectos psicossociais, nutricionais,
edição de vários textos originais reunidos para esclarecer fisiológicos e de segurança que norteiam a prática das
e encadear as ideias de Vygotsky sobre a aprendizagem atividades de aventura dentro e fora do contexto escolar.
como fruto da interação social.
3. BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e Edu-
59. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psico- cação Física. Campinas: Papirus, 1998.
logia do esporte e do exercício. 6. ed. Porto Alegre:
O livro analisa o impacto que a mídia exerce no esporte
Artmed, 2017.
e consequentemente na construção da Educação Física.
A obra apresenta de maneira sólida e embasada os Com base em pensadores da Filosofia e da Pedagogia, o
fundamentos da Psicologia do esporte. Ações importantes autor utiliza a hermenêutica para interpretar o discurso
para o treinador e para o professor são cuidadosamente televisivo sobre o esporte e refletir sobre os impactos
discutidas na Psicologia. Os autores enaltecem a impor- positivos e negativos na Educação Física como campo
tância de se levar em consideração as particularidades
de conhecimento.
dos indivíduos, as relações interpessoais e os diferentes
objetivos por meio da prática esportiva. 4. BIZZOCCHI, C. “Cacá”. O voleibol de alto nível: da ini-
ciação à competição. Barueri: Manole, 2004.
60. ZABALA, A. Enfoque globalizador e pensamento
complexo: uma proposta para o currículo escolar. O livro aborda diversos temas relacionados ao mundo
Porto Alegre: Artmed, 2002. do voleibol, como aspectos importantes sobre a preparação
física e psicológica dos atletas, os principais fundamentos
Nessa obra, o autor aponta como as decisões curricula-
técnico-táticos da modalidade, além das regras e um his-
res, metodológicas e didáticas devem ser concebidas com o
tórico detalhado das grandes escolas e potências do vôlei
intuito de formar cidadãos capazes de intervir na realidade
mundial.
e modificá-la, assim como apresenta estratégias que contri-
buem para o desenvolvimento dos estudantes, considerando 5. BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social.
essa perspectiva democrática. 2. ed. Porto Alegre: Magister, 1997.
A obra discorre sobre uma nova corrente que surge
Referências bibliográficas na Educação Física brasileira no início da década de 1980.
complementares comentadas Influenciada pelas visões da Pedagogia no Brasil, a comu-
nidade acadêmica passa a refletir sobre o papel social da
1. BAYER, C.; DA COSTA, M.; GÓIS, P. O ensino dos des-
Educação Física, contextualizando-a no sistema educacio-
portos colectivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.
nal, e este, na sociedade capitalista. Críticas e reflexões são
No livro, o autor apresenta o conceito de Jogos Esporti-
propostas ao leitor.
vos Coletivos, assim como sua relevância sociocultural para
os agentes envolvidos no ensino e na aprendizagem de 6. BROCHADO, F. A.; BROCHADO, M. M. V. Fundamentos
diversas modalidades. Do caráter técnico-tático ao desen- de ginástica artística e trampolins. Rio de Janeiro:
volvimento das relações interpessoais, os desdobramentos Guanabara Koogan, 2005.
26
O livro passa a mensagem de que a Ginástica Artística 11. FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática
pode ser praticada por todos, independentemente da con- corporal. São Paulo: Scipione, 2009.
dição física e técnica dos praticantes. Além disso, apresenta
O objetivo da obra é apresentar a Educação Física como
alternativas para que a modalidade seja desenvolvida com
um componente curricular integrado ao currículo escolar e
poucos recursos materiais, facilitando e incentivando a
aos objetivos da escola. Para isso, os autores exemplificam
abordagem do professor. Os autores pretendem evidenciar
conteúdos e atividades que podem nortear o planejamento
a Ginástica de Trampolins como prática importante para o
do professor. As metodologias estão organizadas por séries
desenvolvimento físico, psicológico e social.
e visam ao desenvolvimento da consciência corporal e das
7. DARIDO, S. C. et al. Educação Física e temas trans- emoções a partir do movimento.
versais: possibilidades de aplicação. São Paulo:
Mackenzie, 2006. 12. GAIO, R.; GOIS, A. A.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em
Esse material propõe a reflexão e a discussão sobre os questão: corpo e movimento. São Paulo: Phorte, 2010.
temas transversais e a possibilidade de tratá-los na escola, A obra contextualiza a ginástica com uma abordagem
mais especificamente nas aulas de Educação Física. Os au- científica e cultural. São feitas algumas reflexões sobre o
tores apresentam os conceitos e os significados dos temas corpo e seus significados, bem como associações das práti-
transversais, assim como alternativas para desenvolvê-los cas com a saúde, a performance e o lazer. A prática gímnica
na prática. dentro e fora da escola para todas as idades é discutida por
diversos autores.
8. DARIDO, S. C.; SOUZA JR., O. M. de. Para ensinar Edu-
cação Física. Campinas: Papirus, 2007.
13. HILL, M. L. Batidas, rimas e vida escolar. Pedagogia
A obra tem como objetivo propiciar ao professor a hip-hop e as políticas de identidade. Petrópolis:
formação de repertório de práticas de Educação Física, Vozes, 2014.
propondo diversos exemplos de atividades para o Ensino
Fundamental. Os autores apresentam conteúdos teóri- Esse livro apresenta um aprofundado debate teórico a
cos e práticos sobre os jogos e brincadeiras, as danças, respeito da identidade cultural. O autor retrata o multicul-
as ginásticas, as lutas e os esportes, contextualizando a turalismo crítico por meio da cultura do hip-hop e a luta de
prática corporal. povos prejudicados historicamente pelo reconhecimento
da cultura popular. O livro busca aproximar as problemáti-
9. DE ROSE JR., D. Esporte e atividade física na infância cas sociais da escola, considerando o modo de ser e de se
e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. expressar dos estudantes.
Porto Alegre: Artmed, 2009.
O livro tem como propósito contemplar diversas ten- 14. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a
dências multidisciplinares que circundam a prática esporti- educação. São Paulo: Cortez, 2017.
va na infância e na adolescência. O autor discute a Educação O livro retrata com naturalidade a relação histórica
Física a partir da Pedagogia, da Fisiologia, da Psicologia, da
da humanidade com o jogo, o brinquedo e a brincadei-
Sociologia, do treinamento físico e da Medicina esportiva,
ra. A autora apresenta um denso referencial teórico em
áreas de conhecimento que ajudam a fundamentar as
que psicólogos, antropólogos, sociólogos e linguistas
práticas corporais.
explicam o sentido metafórico do brincar. Os diversos
10. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prá- significados da brincadeira são importantes ferramentas
tica da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1991. para a Educação.
A obra apresenta uma abordagem da Educação Física
15. LORENZETTO, L. A.; MATTHIESEN, S. Q. Práticas corporais
fundamentada no desenvolvimento físico e mental da
alternativas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
criança. A escola e as práticas corporais são analisadas de
modo que integrem e contextualizem os conhecimentos, Esse livro proporciona um olhar amplo e diversifi-
culminando em uma apreciação holística do estudante. cado sobre as práticas corporais alternativas. Para uma
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS
compreensão profunda do tema, os autores apresentam palavras, frases, histórias e práticas que
envolvem o profissional de Educação Física. Ao vivenciar as propostas, conseguimos sentir as expe-
riências de movimento, de apoios, de pausas, de relaxamento e de meditação nessas práticas.
16. MARQUES, I. A. Ensino da dança hoje: textos e contextos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
Nesse livro, a dança é discutida na sua forma de arte e movimento. Diante do desafio de fundamen-
tar e contextualizar a dança nas escolas, os autores discutem propostas práticas para uma abordagem
reflexiva e significativa do tema. Para isso, a dança deve ser interpretada como linguagem corporal,
embutida de sentimentos que se expressam pela cultura corporal de movimento.
17. MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
O livro reúne fundamentos, regras, dados históricos, estilos técnicos, resultados relevantes e
sugestões de atividades e exercícios básicos para cada uma das provas do atletismo. O profissional
de Educação Física tem acesso a um material completo para embasar o desenvolvimento das moda-
lidades dentro e fora da escola.
18. MURAD, M. Sociologia e Educação Física: diálogos, linguagens do corpo, esportes. Rio de Janeiro:
FGV, 2009.
O livro traz uma reflexão acerca da construção histórica, antropológica e sociológica da Educação
Física. Se antigamente a Educação Física foi utilizada como instrumento de opressão de corpos e impo-
sição da etiqueta social, atualmente a cultura corporal de movimento critica e ressignifica os objetivos
desse campo de saber.
19. STIGGER, M. P. Educação Física, esporte e diversidade. Campinas: Autores Associados, 2005.
O livro apresenta uma reflexão acerca do significado dos esportes ao longo da História. Se por
um lado, o esporte expressa a padronização dos movimentos, por outro, a popularização e a demo-
cratização das práticas evidenciaram diversidades socioculturais que conferem novos significados
às práticas esportivas atuais.
20. TANI, G.; CORRÊA, U. C. Aprendizagem motora e o ensino do esporte. São Paulo: Blucher, 2016.
A obra apresenta a relação existente entre os níveis de habilidade motora e o engajamento na
tarefa. Nesse sentido, os autores levam o leitor a refletir sobre a atuação profissional diante do am-
biente que proporcionam aos jovens praticantes. A fundamentação teórica é rica em artigos sobre
esporte, Pedagogia, desenvolvimento motor e humano.
21. UVINHA, R. R. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Manole, 2001.
O livro apresenta uma discussão sobre o esporte e o lazer na adolescência, esclarecendo o sentido
dos esportes radicais, também conhecidos como práticas corporais alternativas. O autor extrapola a
conceituação das práticas abordando também seus significados, valores e contributos para os jovens.
28
1
UNIDADE
Estrutura e
subsídios teóricos
1
CAPÍTULO
Projeto de vida
GWOEII/SHUTTERSTOCK
Um projeto de vida
supõe identificar
direitos e deveres,
potencialidades
e fragilidades,
e perpassa três
dimensões: nós
mesmos, os outros
e o mundo.
1.1 – Introdução
Ao longo do nosso percurso de vida, todos nós temos diversos objetivos. Em geral, eles estão asso-
ciados a expectativas, sonhos e aspirações futuras, de dimensões pessoais e profissionais. Ao mesmo
tempo que desejamos aprender determinados conteúdos e ampliar nossas habilidades, buscamos
também melhorar nossa saúde física e mental. Para isso, procuramos equilibrar o tempo empregado
e a energia despendida entre as atividades profissionais, as sociais e as de lazer.
Nossos objetivos são de diversas naturezas e interagem de forma simultânea em nossa vida.
A vida não é vivida de maneira segmentada, compartimentada, e, portanto, não podemos com-
preendê-la desse modo. Integrar a vida profissional à pessoal parece ser um desafio para muitas
pessoas. E, às vezes, o fato de não atingirmos uma meta é motivo de frustração e desânimo para
persistir com o sonho.
Para que possamos refletir sobre o nosso projeto de vida, bem como compreender os fatores que
o modelam direta ou indiretamente, precisamos nos reconhecer como pessoas dotadas de direitos e
responsabilidades em face dos diferentes papéis que desempenhamos na vida. Além disso, precisa-
mos ter consciência de que nossas ações impactam o meio social, assim como o ambiente influencia
29
nossos comportamentos, em um movimento cíclico entre o indivíduo e a sociedade, como explica
o professor Nílson José Machado (1961-), da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo,
cujo campo de estudo acadêmico está centrado na interface entre a Epistemologia e a Didática, a
Ética e a Educação.
“Projetam, portanto, todos os que estão vivos, todos os que antecipam cursos de ação, os
que concebem transformações de situações existentes em outras imaginadas e preferidas,
elegendo metas a serem perseguidas, tanto em termos pessoais quanto em termos coletivos,
o que situa a ideia de projeto no terreno próprio do exercício da cidadania.” (MACHADO,
2006, p. 1-2)1
Em resumo, um projeto de vida perpassa três dimensões: nós mesmos, os outros e o mundo e,
por isso, é necessário pensar em cada uma dessas esferas.
PARA REFLETIR
“Por quê? Por que estou fazendo isso? Por que isso é importante? Por que isso é importante
para mim e para o mundo? Por que me esforço para alcançar esse objetivo?” (DAMON, 2009, p. 54)
Para Lev Vigotsky (1896-1934)3, psicólogo bielo-russo, o viés social tem grande importância para
o desenvolvimento intelectual do indivíduo, que ocorre em função das condições ambientais e de
interações com os outros. Assim, um projeto de vida é desenhado à medida que se vive e se tem uma
nova experiência, uma nova leitura do mundo.
1 MACHADO, Nílson José. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras, 2006.
2 DAMON, William. O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes.
São Paulo: Summus, 2009.
3 VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
30
As interações sociais têm função dialética, entre o sujeito e os preceitos da sociedade, e influenciam
diretamente o nosso projeto de vida, pois também contribuem para a formação da nossa identidade,
das nossas crenças e valores. Indivíduos que se desenvolvem em realidades distintas carregam consigo
experiências únicas que podem ser determinantes para o caminho que desejam trilhar.
Além disso, é preciso considerar a pluralidade cultural de um país de proporções continentais
como o Brasil. Cada região do país apresenta culturas e contextos sociais particulares. A riqueza da
diversidade contrasta com as mais complexas problemáticas sociais. Certamente, essas diferentes
realidades proporcionarão vivências e interpretações distintas às pessoas. Assim, é preciso ter em
mente que as origens pessoais, sociais e culturais interferem no projeto de vida de cada um.
CONEXÕES
O Brasil possui um vasto litoral, com mais de 7 mil quilômetros, banhado pelo Oceano Atlântico. No
Brasil e no mundo, os fatores ambientais condicionam práticas e costumes locais. Comunidades ribeiri-
nhas, por exemplo, têm íntima relação com as águas que as cercam, pois impactam seu modo de vida e as
suas condições de subsistência. No entanto, a hidrografia do país é naturalmente propícia para a prática
de esportes aquáticos. Em diferentes contextos, as características e as ofertas do ambiente que nos cerca
influenciam tanto nas práticas corporais quanto no modo de vida e nas escolhas profissionais. Com base
em diferentes perspectivas, precisamos ampliar as reflexões sobre como é o local onde vivemos e como
ele influencia o nosso projeto de vida.
ROGÉRIO REIS/PULSAR
IMAGENS
Maratona aquática,
Travessia dos Fortes
de Copacabana,
Rio de Janeiro, 2010.
O professor deve ter consciência de que o seu projeto de vida e o de seus estudantes têm inter-
seções. Essa congruência está na missão docente, que é, em larga medida, promover aprendizagens
significativas aos jovens. Nesse sentido, o professor deve considerar o projeto de vida do seu estudante
como parte do próprio projeto de vida. É sua missão reconhecer as individualidades e as particula-
ridades de seus estudantes, assim como levá-las em consideração nas suas escolhas e abordagens
como adulto e como professor. Para Go Tani, livre-docente em Educação Física e professor pela Escola
de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP):
“A interação com o meio físico, social e cultural, por sua vez, é vista ao mesmo tempo como
causa e efeito da exploração do potencial. Interação e exploração caracterizam um processo
que evolui ciclicamente, pois é mediante a interação que a exploração do potencial se torna
possível, ao mesmo tempo em que o potencial explorado possibilita uma interação ainda mais
rica.” (TANI, 2002, p. 114-115)4
Além disso, é preciso levar em conta o impacto das diferentes realidades socioeconômicas na vida
das pessoas. Em um país com marcantes diferenças sociais, como é o caso do Brasil, as desigualdades
na infância e na adolescência em geral impactam negativamente as oportunidades futuras. Sendo o
Brasil um dos cinco países mais desiguais do mundo (ONU, Nações Unidas Brasil, 2019)5, o acesso à
Educação torna-se essencial para a mitigação dessas desigualdades.
4 TANI, Go. Esporte, educação e qualidade de vida. Esporte como fator de qualidade de vida. In: MOREIRA, Wagner
Wey; SIMÕES, Regina (org.). Esporte como fator de qualidade de vida. Piracicaba: Ed. da Unimep, 2002.
5 ONU. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 2019. Disponível em: <https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/
articles/2019/pnud-apresenta-relatorio-de-desenvolvimento-humano-2019-com-dado.html>. Acesso em: 29 dez. 2020.
31
Entretanto, o projeto de vida dos jovens é perpassado, na Para Martin Seligman (1942-), professor da Uni-
maioria das vezes, pelo êxito na trajetória ao longo da edu- versidade da Pensilvânia e um dos precursores da
cação básica. Também a relação professor-estudante pode Psicologia Positiva, o desenvolvimento positivo é uma
influenciar nas questões relacionadas com o sucesso escolar. abordagem que preza pelo bem-estar pessoal e coleti-
Isso porque os conhecimentos e as interações significativas vo. Para tal, uma visão pautada nos sentimentos e nos
no percurso do jovem podem consolidar seu envolvimento comportamentos do ser humano se faz importante
com o ambiente educativo, aumentando as chances de para o aprimoramento do autoconhecimento. Essa
permanência escolar. Assim, o professor pode ser fonte de nova abordagem pode nos ajudar no redirecionamento
inspiração e de transformação da realidade dos jovens. do olhar aos jovens, às suas características e às suas poten-
cialidades também nas aulas de Educação Física.
“Nessa direção, no Ensino Fundamental – Anos
“O objetivo da psicologia positiva é come-
Finais, a escola pode contribuir para o delineamen-
çar a catalisar uma mudança no foco da psico-
to do projeto de vida dos estudantes, ao estabele-
logia. Ultrapassar a ideia da preocupação apenas
cer uma articulação não somente com os anseios
em reparar as piores coisas da vida, para tam-
desses jovens em relação ao seu futuro, como
bém construir qualidades positivas.” (SELIGMAN;
também com a continuidade dos estudos no Ensi-
CSIKSZENTMIHALYI, 2000)7
no Médio. Esse processo de reflexão sobre o que
cada jovem quer ser no futuro, e de planejamento Para o autor, no desenvolvimento positivo, individual-
de ações para construir esse futuro, pode representar mente, as atitudes positivas podem ser observadas pela
mais uma possibilidade de desenvolvimento pessoal motivação, pela empatia e pela intencionalidade. Ao passo
e social.” (BNCC, 2017, p. 62) que, socialmente, condutas positivas têm a capacidade de
Em vista disso, é importante compreender a relevância enaltecer valores como a ética e a moralidade, que levam
ao exercício pleno da cidadania.
que a escola pode ter na vida dos estudantes, principalmente
aquelas vivências que acontecem nas salas de aula (KLEIN; Diante disso, as pessoas e os grupos sociais deveriam
ARANTES, 2016)6. Nesse sentido, o ambiente de Educação ser movidos por sentimentos e atitudes que culminassem
Física deve ser acolhedor, inclusivo e igualitário. O estudante na busca do bem-estar pessoal e coletivo. No caso do
professor, essa busca tem de estar contemplada em seu
deve ser compreendido de forma particular e integral, já que,
projeto de vida e consciente em suas ações. Para isso, é
para muitos jovens, a Educação Física talvez seja a única fonte
preciso compreender e colocar em prática três conceitos
de diversão, motivação e bons relacionamentos.
fundamentais: motivação, empatia e intencionalidade.
6 KLEIN, Ana Maria; ARANTES, Valeria Amorim. Projetos de vida de 7 SELIGMAN, Martin; CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Positive psycho-
jovens estudantes do Ensino Médio e a escola. Educação & Reali- logy: an introduction. In: Flow and the foundations of positive psy-
dade, v. 41, no 1, p. 135-154, 2016. chology. Dordrecht: Springer, 2014. p. 279-298.
32
indispensável para o aluno, ainda que os seus valores pode contribuir para uma mudança de comportamento e
estejam confusos, indefinidos e diversificados, tanto para a adoção de novas atitudes, que farão sentido tanto
para os profissionais da Educação Física como para
na sua vida quanto na dos estudantes.
os demais professores.” (SHIGUNOV; SHIGUNOV
NETO, 2002, p. 93)8 Intencionalidade
Por fim, intencionalidade é a consciência de que nossos
Nesse sentido, é importante que o professor ressigni-
propósitos podem ser repercutidos nos nossos pensamentos
fique a sua área, valorizando seus saberes e tornando as
e comportamentos. Como intenção inerente, ela deve estar
aprendizagens essenciais para o desenvolvimento integral
presente em tudo o que pensamos, falamos e fazemos, e,
dos estudantes. É necessário que cada pessoa tenha mo-
consequentemente, se refletirá em nossas escolhas, nosso pla-
tivos pessoais, determinantes, para vencer dificuldades e
nejamento, nossas ações e intervenções com os estudantes.
transpor obstáculos que, certamente, aparecerão ao longo
da vida. Recordar e renovar essas motivações é essencial A justificativa intencional cria possibilidades de in-
para o desenvolvimento de estratégias diante das dificul- terações mais respeitosas, de um diálogo promissor, de
dades; é o que nos torna resilientes, determinados, respon- intervenções mais assertivas, e propicia condições para
sáveis e autônomos. Por isso, resgatar todos os sentimentos um ambiente favorável, fundamentado em um sentido
e intenções que o ajudaram a chegar até aqui é uma arma válido e verdadeiro. A prática educativa deve ter um
poderosa a serviço do docente. Para que essa motivação significado em seu projeto de vida, e a intencionalidade
seja despertada nos estudantes, ela deve primeiramente deve estar presente também em sua conduta profissional.
ser consciente no professor. Assim, você deve perceber a maneira como determi-
Empatia nada escolha representa seus valores e impacta a vida
Empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar de seus estudantes. Para Bernard Charlot (1944-), professor
do outro, despindo-nos de preconceitos e aceitando as de Sociologia da Educação na Universidade de Paris VIII e
diferenças. É o exercício constante de compreender mais que tem trabalhado na França e no Brasil em diversos pro-
suas necessidades, sentimentos e comportamentos. Nes- jetos com estudantes dos bairros populares, investigando
se sentido, a aula de Educação Física é um ambiente que a relação entre os jovens e o saber:
deflagra a diversidade entre os indivíduos. Cada gesto, mo-
“O trabalho docente está impregnado de inten-
vimento, expressão corporal e atitude revela um ser único, cionalidade, pois visa à formação humana por meio
e os objetivos de aprendizagem devem ser considerados de conteúdos e habilidades de pensamento e ação,
mediante suas particularidades. O professor deve então implicando escolhas, valores, compromissos éticos. O
ser capaz de olhar para o jovem de modo a compreender que significa introduzir objetivos explícitos de nature-
como, quando e por que os conhecimentos da Educação za conceitual, procedimental e valorativa em relação
Física podem lhe ser úteis, buscando estabelecer conexões aos conteúdos da matéria que se ensina; transformar
entre as necessidades individuais e os temas abarcados. o saber científico ou tecnológico em conteúdos for-
mativos; selecionar e organizar conteúdos de acordo
Nesse sentido, a empatia é fundamental para que seja
com critérios lógicos e psicológicos em função das
contemplada a inclusão, a igualdade e a equidade nas aulas.
características dos alunos e das finalidades do ensino;
“Precisamos colocar uma urgência de ação, bus- utilizar métodos e procedimentos de ensino especí-
cando finalmente ater-nos aos elementos de empatia e ficos inserindo-se em uma estrutura organizacional
solidariedade nos passos que temos a seguir em nossa em que participa das decisões e das ações coletivas.
existência, buscando valorar nossa vida, o mundo do Por isso, para ensinar, o professor necessita de co-
qual fazemos parte, construindo de forma mais efetiva nhecimentos e práticas que ultrapassem o campo
e afetiva uma vida ética com os outros.” (ERTHAL, de sua especialidade.” (CHARLOT, 2016, p. 13-14)10
2019, p. 35)9
Portanto, na prática, todo objeto de conhecimento
Portanto, se desejamos que nossos estudantes sejam abordado em aula deve ser pertinente com o seu projeto
capazes de se manifestar criticamente em uma situação de de vida, mas também deve ter um significado íntimo para
injustiça e desrespeito aos direitos humanos, a empatia é es- a comunidade escolar. Em regra, você deve estar atento às
sencial para que os jovens possam construir seus discursos suas atitudes com a turma, pois os detalhes também po-
e dirigir suas ações. Refletir sobre a prática dessas virtudes dem desencadear uma série de interpretações e reações.
8 SHIGUNOV, Viktor; SHIGUNOV NETO, Alexandre. Educação Física: conhecimento teórico 3 prática pedagógica. Porto Alegre: Mediação,
2002.
9 ERTHAL, Cesar Augusto. Valor da vida e valor do mundo: vida ética com os outros. In: ERTHAL, Cesar Augusto; FABRI, Marcelo; NODARI,
Paulo César (org.). Empatia e solidariedade. Caxias do Sul, RS: Educs, 2019.
10 CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber às práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2016.
33
Gestos, expressões faciais, olhares, falas, enfim, tudo tem impacto no estudante, em
SUGESTÕES
sua forma de encarar a aula, em sua motivação e engajamento ao longo das atividades,
Time de maior suces- e em sua relação com o objeto de conhecimento e com o processo de aprendizagem.
so da história do rúgbi, os A intencionalidade pressupõe que nossas ações individuais e coletivas sejam pautadas
All Blacks, apelido da equi- em princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários.
pe da Nova Zelândia, têm
No desenvolvimento docente, suas atividades devem refletir seus conhecimentos,
um extraordinário índice de
suas intenções e seus valores. E, como foi explicado anteriormente, se a escola e os
86% de vitórias. Mas qual é
jovens fazem parte de seu projeto de vida, o inverso também é verdadeiro. A figura
o segredo do sucesso dessa
do professor é marcante na vida do estudante e pode ser fundamental para escolhas
equipe? Como os jogadores
lidam com a pressão? Como
futuras que influenciem no projeto de vida. Portanto, para que o exercício de olhar para
treinam para atingir o mais si e para o outro seja constante, seu projeto de vida deve incluir autoconhecimento, e
alto nível? Para responder a também autocuidado.
todas essas questões, James As práticas corporais abarcadas na Educação Física são permeadas por conceitos,
Kerr passou cinco semanas procedimentos e atitudes que transcendem a vivência motora, de modo a desenvol-
ao lado dos jogadores du- ver habilidades e competências no ser humano. Ou seja, as relações estimuladas nas
rante os preparativos para a vivências, as situações-problema enfrentadas na prática e as conexões com outros
Copa do Mundo de Rúgbi de âmbitos da vida tecidas em aula são capazes de estimular o autoconhecimento e o
2010 e descobriu que o su- autocuidado do jovem, bem como desenvolver recursos biopsicossociais importan-
cesso tem tudo a ver com a tes para a vida. Com o intuito de ser sincero e verdadeiro consigo mesmo e com os
cultura do time e seus valo- outros, procure refletir sobre suas competências e também sobre suas fragilidades.
res. Além disso, os modelos
de gestão adotados podem PARA REFLETIR
ser inspiradores em outros
• Qual é a minha maior qualidade e a minha maior dificuldade como pessoa? E como professor?
campos de atuação. Com-
partilhar responsabilidades, • Como minhas qualidades estão contempladas em minhas aulas?
“deixando a camisa em me- • Como minhas dificuldades podem ser superadas?
lhor situação do que quando
a pegou”, é parte da cultura
dos All Blacks e uma atitude
1.4 – Educação Física e projeto de vida
que pode ser empregada em
qualquer situação, dentro ou
GRAPEIMAGES/E+/GETTY IMAGES
fora de campo. Mais do que
um livro sobre a história dos
All Blacks, Legado (Editora
Benvirá, 2016) nos faz refle-
tir sobre como um projeto de
vida pode não só ser indivi-
dual, mas também coletivo.
REPRODUÇÃO
Livro mostra case de A Educação Física, como área de Linguagens, visa construir diálogos entre o indivíduo
gestão e projeto coletivo
bem-sucedido da
e a sociedade. É por meio de gestos e movimentos que nos expressamos e nos comuni-
equipe de rúgbi da Nova camos com os outros e com o mundo. Nessa perspectiva, todo movimento é dotado de
Zelândia. alguma intenção pessoal, individual ou coletiva. Não podemos deixar de lembrar que,
mesmo individual, o projeto de vida tem um grande impacto social.
34
Na prática diária, ao selecionar e abordar um determinado objeto de conhecimento na aula de
Educação Física, o professor deve refletir sobre a importância desse tema para o desenvolvimento
integral do estudante. Isso quer dizer que um tema abordado em aula deve ser capaz de promover
reflexões significativas para o projeto de vida do jovem. Quando escolhemos entre essa ou aquela prá-
tica didático-pedagógica, devemos considerar o estudante como ator central no processo de decisão.
No Ensino Médio, a aula de Educação Física representa um aprendizado que oferece aos jovens
temáticas importantes para a vida. A incorporação de hábitos saudáveis, a prática norteada por
valores, a reflexão sobre padrões estéticos, as questões do desempenho esportivo, a influência mi-
diática sobre o corpo, a discussão sobre preconceitos étnicos e de gênero, a percepção das emoções,
as particularidades do esporte adaptado, entre outros temas, são de extrema relevância para o jovem
e para a sociedade.
Nesse sentido, as aulas de Educação Física devem estar permeadas por temáticas significativas
ao universo juvenil, de modo que proporcionem participação efetiva do estudante. No entanto,
para que determinado objeto de conhecimento seja coerente com a vida do estudante, primeira-
mente, ele deve ser interpretado, ressignificado e contextualizado pelo professor. O docente deve
criar conexões entre os objetos de conhecimento e as questões políticas, sociais e culturais que
permeiam o cotidiano do jovem. Só assim a aula de Educação Física terá verdadeiro valor para o
projeto de vida juvenil.
HISTÓRIA DE VIDA
É por meio de jogos e brincadeiras, ginásticas, danças, esportes, lutas e práticas corporais de
aventura que o estudante reconhece, interpreta e transforma o mundo segundo a ótica da cul-
tura corporal de movimento. As vivências experimentadas na adolescência serão provavelmente
incorporadas e praticadas ao longo de toda a vida e, portanto, farão parte do projeto de vida do
ser humano.
Certamente, a contemplação de uma vivência pedagógica sob um olhar crítico e reflexivo é
capaz de despertar no estudante o interesse pelo objeto de conhecimento. Além disso, ressignificar
a prática de acordo com os interesses e as particularidades do jovem faz com que o protagonismo
juvenil seja levado em consideração. Somente assim a Educação Física desempenhará o papel
devido dentro da escola e na construção do projeto de vida do estudante.
11 IMPULSIONA. Conheça os vencedores do Prêmio Professores do Brasil na categoria Esporte como Estraté-
gia de Aprendizagem. 15 out. 2018. Disponível em: <https://impulsiona.org.br/conheca-os-vencedores-do-
premio-professores-do-brasil/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
35
O processo de construir nossa roda da vida nos torna conscientes e reflexivos acerca PARA RECAPITULAR
da dedicação presente nos diferentes campos da vida e desperta a compreensão sobre
aquilo que realmente deveríamos contemplar em nossos projetos de vida. Investir • Respeitar crenças e valo-
res na construção de um
algum tempo nesse exercício construtivo e, se possível, compartilhar essa ferramenta
projeto de vida.
com os estudantes pode ser de grande valia.
• Considerar os diferentes
âmbitos e papéis do indiví-
Vid duo na sociedade ao con-
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nanc rsos ceber um projeto de vida.
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36
2
CAPÍTULO
Interdisciplinaridade
LOUSA: 55TH/SHUTTERSTOCK; MAPA: WAVEBREAKMEDIA/SHUTTERSTOCK; LABORATÓRIO:
STOCKIMAGEFACTORY/SHUTTERSTOCK; ROBÔ: YURIY GOLUB/SHUTTERSTOCK; CÁLCULOS:
VECTORFUSIONART/SHUTTERSTOCK; FUNDO: 55TH/SHUTTERSTOCK; PROFESSORA: TYLER OLSON/
SHUTTERSTOCK; ARARA: INDEPENDENT BIRDS/SHUTTERSTOCK; LEITURA: SAMUEL BORGES PHOTOGRAPHY/
SHUTTERSTOCK; CESTA DE BASQUETE: EFKS/SHUTTERSTOCK; BOLA: LIFETIMESTOCK/SHUTTERSTOCK;
PLANTAS: ALEXANDER RATHS/SHUTTERSTOCK; MATERIAL ESCOLAR: ANNA_KIM/SHUTTERSTOCK
A interdisciplinaridade é um conceito amplamente abordado pela Educação e implica um diálogo entre diferentes campos do saber.
2.1 – Introdução
A partir do acesso à informação na era digital, houve “interdisciplinaridade” à palavra “interação”. Sua compreen-
um movimento de aproximação cultural entre os povos. são se aproxima de um reencontro, da comunicação de
Os hábitos, os costumes e os conhecimentos antes dis- ideias, do compartilhamento e da integração de conceitos,
persos passaram a integrar uma rede de trocas e apren- com métodos próprios ou comungados de pesquisa entre
dizagens. Enquanto a velocidade da internet aumentava, duas ou mais disciplinas.
crescia também o ritmo das produções científicas e do A interdisciplinaridade é um conceito amplamente
intercâmbio cultural. abordado pela Educação nas últimas décadas. Sua con-
Além de promover a partilha e o enriquecimento dos templação implica um diálogo entre diferentes campos
saberes, esse intercâmbio foi responsável por trazer à tona do saber, em que cada componente acolhe as contribui-
problemáticas sociais e expô-las ao mundo. O contexto de ções dos outros, ou seja, há uma interação entre eles. No
desigualdade social, os problemas de saúde pública e as ambiente escolar, por vezes, tratamos os conteúdos de
características da violência no Brasil, por exemplo, corrobo- maneira isolada, fragmentada, o que acaba por empobrecer
raram para a idealização de uma Educação mais centrada no o significado e a relevância do objeto de conhecimento
para estudantes e professores.
poder transformador do jovem, em contraposição à propos-
ta de acumular conteúdos pregada na Educação tradicional. Intervir de forma interdisciplinar é essencial para uma
aprendizagem significativa. Para isso, precisamos com-
Nesse sentido, o interesse da Educação em apresentar
preender o conceito, refletir sobre suas possibilidades e
propostas mais atuais e significativas para a sociedade
ser capazes de promover o diálogo entre os indivíduos, os
culminou com estratégias de diálogo entre as disciplinas
saberes e o mundo. Isso consiste em contemplar em nossas
dentro da escola e também entre o ambiente escolar e a
práticas uma visão de mundo globalizado, que faça mais
sociedade. Com base nisso, os pressupostos de uma Edu-
sentido ao estudante.
cação transformadora passaram a integrar o conceito de
interdisciplinaridade na escola.
PARA REFLETIR
Antoni Zabala1, formado em Filosofia e Ciências da
Educação e diretor do Campus Virtual de Educação da • Para que serve a interdisciplinaridade na Educação?
Universidade de Barcelona, na Espanha, associa o termo • Como a Educação interpreta o conceito de interdiscipli-
naridade?
• Como o ensino interdisciplinar pode ser significativo para
1 ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: o jovem?
uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
37
2.2 – Conceitos de tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III –
ciências da natureza e suas tecnologias; IV – ciências
interdisciplinaridade humanas e sociais aplicadas; V – formação técnica e
profissional.” (LDB, 1996, art. 36)5
A reflexão sobre o conceito de interdisciplinaridade
surgiu na área da Educação na década de 1930 e trouxe É importante ressaltar que esse percurso no entendi-
implicações teóricas e práticas acerca do tema. Se no campo mento, na pertinência e na instrumentalização da interdis-
epistemológico ela foi definida como um meio de aproxi- ciplinaridade partiu da concepção de uma aprendizagem
mar campos de conhecimento, na prática, principalmente significativa. Desse modo, justifica-se a relevância da inter-
na área escolar, foi entendida como uma forma de integrar disciplinaridade no processo de ensino-aprendizagem, na
as disciplinas escolares (GARCIA, 2008)2. perspectiva curricular e metodológica, e como componente
Contudo, definir a interdisciplinaridade em um só essencial na formação de professores. As aprendizagens só
conceito pode limitar seu significado e também, parado- serão significativas se forem, portanto, contextualizadas
xalmente, enquadrá-lo sob uma perspectiva disciplinar para e pelo jovem no ambiente escolar.
(THIESEN, 2008)3. No entanto, essa discussão não é nova. Ainda no início
do século XX, o filósofo e pedagogo norte-americano John
Ivani Fazenda (1941-)4, líder do Grupo de Estudos e pes-
Dewey (1859-1952) já tecia críticas à abordagem especiali-
quisas em Interdisciplinaridade da Pontifícia Universidade
zada e fragmentada dos conteúdos nas práticas escolares.
Católica de São Paulo (PUC-SP), ao abordar o conceito no con-
Dizia, também, que essas práticas não consideravam a
texto de ensino-aprendizagem, explica que ele não acontece
interação do indivíduo com os saberes e, portanto, não o
só de maneira teórica, mas se dá na prática das ações co-
preparava para a resolução de problemas complexos do
tidianas escolares, por meio da intencionalidade exercida mundo real.
pelos professores. Portanto, o conceito de interdiscipli-
naridade é permeado por diversos significados e está em “Teoricamente ninguém duvida da importância
constante construção. de incentivar na escola os bons hábitos de pen-
sar. Mas, além de não se reconhecer tanto isso na
No Brasil, na década de 1980, em um processo de rees- prática quanto em teoria, mesmo em teoria não se
truturação da Educação Básica, alguns estados brasileiros reconhece suficientemente que tudo o que a escola
pode ou precisa fazer pelos alunos [...] é desenvolver
passaram a conceber eixos temáticos que permeavam o
a sua capacidade de pensar. A fragmentação da
currículo. Essa implementação não substituiu a estrutura- instrução em vários fins separados [...] evidencia por
ção no formato de disciplinas, mas permitiu aos professores si mesma o modo ineficaz com que se cumprem.”
a possibilidade de alargar o conhecimento ao dialogar com (DEWEY, 1979, p. 167)6
diferentes áreas. Além disso, representou um avanço na
Nessa época, acreditava-se que a criança era desprovida
implementação do conceito na área escolar. de conhecimentos até que os adquirisse no ambiente
Na década seguinte, com a publicação da Lei de Di- escolar. Naquele modelo, o saber era concebido como um
retrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, e produto pronto, do qual o estudante se apropriava. Do
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1997, mesmo modo, o professor era detentor do conhecimento
consolidou-se a ideia de interdisciplinaridade também nos e responsável por transmiti-lo ao estudante. Por meio da-
documentos oficiais brasileiros, representando a validação quela abordagem, as disciplinas não interagiam, tampouco
e a pertinência do tema. se complementavam.
Atualmente, sabemos que os conhecimentos não
“O currículo do Ensino Médio será composto pela
são transferidos, mas, sim, construídos. Essa construção,
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários
formativos, que deverão ser organizados por meio da apesar de individual e ligada às necessidades e aos in-
oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme teresses dos atores envolvidos no processo, é também
a relevância para o contexto local e a possibilidade influenciada por fatores ambientais e sociais. Desse modo,
dos sistemas de ensino, a saber: I – linguagens e suas compreender a maneira como a aprendizagem ocorre
é primordial para que possamos discutir o conceito de
interdisciplinaridade.
2 GARCIA, Joe. A interdisciplinaridade segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 17,
n. 35 (p. 363-378), p. 365, set.-dez. 2008. 5 BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
3 THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movi- diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União,
mento articulador no processo de ensino-aprendizagem. Revista Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
Brasileira de Educação, v. 13, n. 39, p. 545-554, 2008. br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 30 jul. 2020.
4 FAZENDA, Ivani Catarina. Integração e interdisciplinaridade no en- 6 DEWEY, John. Democracia e educação. 4. ed. São Paulo: Compa-
sino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979. nhia Editora Nacional, 1979.
38
“A BNCC propõe a superação da fragmentação atitudes e valores para resolver demandas complexas
radicalmente disciplinar do conhecimento, o estí- da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania
mulo à sua aplicação na vida real, a importância e do mundo do trabalho. Essa definição reforça a
do contexto para dar sentido ao que se aprende e o
ideia de que existe uma interação natural entre a
protagonismo do estudante em sua aprendizagem
e na construção de seu projeto de vida.” (BNCC, vida em sociedade e os conhecimentos, as habili-
2017, p. 15)7 dades e os valores construídos. Nessa perspectiva,
a escola é um órgão da comunidade e tem papel
Para que a aprendizagem seja significativa, o indivíduo fundamental para sua compreensão, representação
deve ser capaz de estabelecer relações entre o conhe- e transformação, enquanto o professor tem o papel
cimento e o mundo em que vive. Para que esse nível de de mediador na abordagem dessas competências e
compreensão seja alcançado, o professor desempenha habilidades dentro da escola.” (BNCC, 2017, p. 8)
papel fundamental como mediador do processo. É ele que,
de forma ativa e intencional, desperta, provoca e ilumina a
trajetória da aprendizagem.
2.3 – Temas Contemporâneos
Nesse sentido, a abordagem da aprendizagem por com-
Transversais
petências revela-se mais congruente às especificidades e e interdisciplinaridade
exigências da escola atual. No entanto, não se espera que, A incorporação de Temas Contemporâneos Transversais
pautado no desenvolvimento de competências, se renuncie (TCT)9 ao currículo possibilitou a aproximação de proble-
à abordagem de conhecimentos. máticas inerentes à sociedade do universo escolar. Para
o estudante, os TCT representam uma possibilidade de
Ao contrário, pelo desenvolvimento de competências, desenvolver diálogos essenciais durante o seu percurso
o estudante se depara com a possibilidade de construir na escola.
conhecimentos muito mais complexos e profundos, como
Atualmente, reconhecemos a necessidade de discutir
preconiza o sociólogo suíço Philippe Perrenoud (1944-),
temas que perpassam a vida de todo e qualquer indivíduo.
referência internacional em Educação graças às suas ideias Os temas transversais na Educação são concebidos após um
pioneiras sobre profissionalização de professores: exercício de integrar diversos conteúdos, abordando a trans-
“O trabalho escolar tradicional estimula a mera versalidade, uma vez que os TCT não são atribuídos somente
apresentação de resultados, enquanto a abordagem por a um componente curricular, mas são temas importantes
competências torna visíveis os processos, os ritmos e os para a reflexão do estudante na sua atuação cidadã.
modos de pensar e agir.” (PERRENOUD, 1999, p. 77)8 Desde 1997, a Educação sofreu diversas transforma-
As dez competências gerais da BNCC buscam sintetizar ções que buscaram acompanhar as dinâmicas sociais.
O exercício da cidadania passou a ser o foco principal das
a maneira como o conhecimento construído e abordado
aprendizagens no ambiente escolar. Nesse panorama, as
no ambiente escolar se relaciona com o mundo, enquanto
reflexões sobre as problemáticas sociais foram incluídas
“as habilidades expressam as aprendizagens essenciais que
na escola e passaram a ter enfoque na prática educativa.
devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos Apesar de essas questões já serem abordadas pelas Ciências
escolares” (BNCC, 2017, p. 29). Humanas, o intuito era estender esses temas transversais
a toda a Educação.
PARA REFLETIR
No entanto, com a homologação da BNCC entre 2017 e
• Qual é a importância da interdisciplinaridade para a Educação? 2018, os TCT passaram a configurar e complementar as novas
• Qual é a função da interdisciplinaridade no processo de diretrizes da Educação no país. Apesar da grande contribui-
aprendizagem? ção desse material para uma Educação pautada na cidadania,
• Em que medida reconhecer as competências da BNCC pode sua interpretação e incorporação no cotidiano escolar ainda
auxiliar no planejamento das aulas de Educação Física? geram dúvidas em muitos professores. Contudo:
“Cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como
às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
“Na BNCC, competência é definida como a mobili- competência, incorporar aos currículos e às propostas
zação de conhecimentos (conceitos e procedimentos), pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos
habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), que afetam a vida humana em escala local, regional
e global, preferencialmente de forma transversal e
39
integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos social, a diversidade e o diálogo. Além disso, a compreensão
da criança e do adolescente, educação para o trânsito, dos TCT é fundamental para que a Educação Básica forne-
educação ambiental, educação alimentar e nutricional, ça subsídios à formação integral e significativa do jovem.
processo de envelhecimento, respeito e valorização do
Assim, sua organização se apoia em eixos imprescindíveis
idoso, educação em direitos humanos, educação das
relações étnico-raciais e ensino de história e cultura para a compreensão da sua trajetória e papel na socieda-
afro-brasileira, africana e indígena, bem como saúde, de: meio ambiente, economia, saúde, cidadania e civismo,
vida familiar e social, educação para o consumo, edu- multiculturalismo e ciência e tecnologia.
cação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia
e diversidade cultural. Na BNCC, essas temáticas são PARA REFLETIR
contempladas em habilidades dos componentes curri-
culares, cabendo aos sistemas de ensino e escolas, de • De que maneira os TCT abarcam diferentes áreas de co-
acordo com suas especificidades, tratá-las de forma nhecimento?
contextualizada.” (BNCC, 2017, p. 19-20) • Como contemplar os TCT nas abordagens da Educação
Dessa maneira, compreender os TCT é, de certa forma, Física?
contemplar também os conceitos da interdisciplinaridade • Uma Educação pautada nos TCT pode contribuir para uma
na Educação. Uma aprendizagem pautada em temas perti- sociedade melhor?
nentes à sociedade torna-se significativa e gera condições
para o desenvolvimento de indivíduos críticos, reflexivos e
criativos, capazes de transformar a própria vida e a realidade 2.4 – Educação Física
das comunidades das quais fazem parte.
e interdisciplinaridade
CONEXÕES
IGOR BULGARIN/SHUTTERSTOCK
O deslocamento de trabalhadores em busca de reco-
locação no mercado e de desenvolvimento profissional é
crescente na sociedade contemporânea. No esporte, atle-
tas e treinadores também acompanham esse fluxo transi-
tório para outras localidades. Aqueles que mudam de país,
os “expatriados”, enfrentam o desafio da adaptação cultural
e social que interfere na saúde mental e na performance es-
portiva. (FAGGIANI et al., 2016)10. Uma Educação pautada no
desenvolvimento de competências e habilidades promove
reflexões complexas acerca de temas que perpassam a so-
ciedade, como o fluxo migratório e imigratório de pessoas Apresentação do balé Children of the Night, realizada por membros
à procura de empregos e melhores oportunidades de vida. do balé nacional da Ucrânia, 2018.
WIKROM KITSAMRITCHAI/SHUTTERSTOCK
40
também ao modo como os conhecimentos de uma mesma A cultura corporal de movimento, essencialmente,
área se relacionam. Em ambos os casos, a interdisciplina- contém e está contida em diversas áreas de conhecimento,
ridade tem de ser compreendida de forma que retrate a competências, habilidades e valores importantes na vida
interação entre o indivíduo e a comunidade em que ele está do jovem. Nesse sentido, certamente, somos capazes de
inserido e contemple o significado dessa relação. reconhecer a interdisciplinaridade em todas as suas te-
máticas. No entanto, a fim de contemplá-la no cotidiano
Com base no desenvolvimento de competências,
escolar, é necessário que a contextualização dos temas
habilidades e valores, o jovem será capaz de interpretar o seja consciente, intencional e explícita nas aulas, de modo
mundo em que vive, interagindo de forma crítica e reflexi- a assegurar uma aprendizagem significativa aos jovens.
va, visando transformá-lo e atribuindo significados ao seu
O conhecimento sobre a interdisciplinaridade e os TCT
projeto de vida com ética e autonomia. Nesse sentido, as é essencial para a concepção de uma aula pautada no de-
práticas da Educação Física devem extrapolar a fruição do senvolvimento de competências e habilidades. Na segunda
movimento e permear as discussões pertinentes aos jovens unidade desta obra, serão apresentadas maneiras práticas e
e à comunidade. Somente assim podemos garantir uma aplicadas de como articular os TCT e outras disciplinas com
educação coerente com os princípios cidadãos. os objetos de conhecimento específicos da Educação Física.
CONEXÕES
Uma partida de futebol constitui um cenário riquíssimo para a partida termina empatada. Os atletas, banhados em suor de-
que possamos entender como essa inter-relação se dá de for- baixo de um sol escaldante de 35 °C, tentam narrar o ocorrido
ma natural e espontânea. Antes mesmo do início de uma par- aos repórteres à beira do gramado.
tida, a transmissão aborda fatos históricos sobre aquelas duas Ao analisarmos superficialmente o evento, podemos per-
equipes. Os campeões dos últimos torneios são relembrados, e ceber como e em que situações as diferentes áreas de conhe-
algumas estatísticas são apresentadas pelos jornalistas. Quan- cimento se relacionam. Mais ainda, conseguimos identificar
do uma equipe vem a campo, normalmente enfileirada e de algumas das principais competências de forma aplicada. Por
mãos dadas, a torcida introduz seus cantos e coreografias com mais que essa análise tenha sido feita de modo simplificado,
o intuito de incentivar seus atletas e desestabilizar emocional- ela nos dá uma noção de como o cotidiano é rico em aconte-
mente os adversários. A outra equipe surge no gramado car- cimentos fortemente correlacionados.
regando uma faixa com os dizeres “Não à violência”, enquanto
MICHAEL REGAN/GETTY IMAGES SOUTH
AMERICA/GETTY IMAGES
SUGESTÕES
REPRODUÇÃO
O filme Moneyball – O homem que mudou o jogo (2011), dirigido por Ben-
nett Miller, apresenta íntima relação entre as habilidades e as competências
necessárias no mundo real para o exercício pleno das atividades profissionais
e cotidianas. Salta aos olhos a influência da Estatística, que se utiliza das teo-
rias probabilísticas para a solução do problema financeiro que o time Oakland
Athletics enfrentava para disputar o campeonato de beisebol. Apenas os conhe-
cimentos técnico-táticos do treinador e a destreza de seus atletas não seriam
suficientes para o bom desempenho da equipe.
PARA RECAPITULAR
• Compreender a vida como acontecimentos e eventos interdisciplinares.
• Preparar um contexto que promova aprendizagens significativas.
• Correlacionar os saberes da Educação Física aos saberes de outras disciplinas.
• Interpretar os TCT de acordo com os pressupostos da cultura corporal de movimento.
• Garantir o desenvolvimento de competências e habilidades significativas para a vida do jovem.
41
2.5 – Material de apoio
Para refletir sobre os TCT, observe o diagrama abaixo. Visando criar conexões entre os
temas e os conteúdos abordados na Educação Física, busque dialogar com os estudantes
e os professores de outras disciplinas para perceber de que modo os saberes vinculados ao
Ensino Médio estão ou podem estar conectados. Dessa forma, o processo de ensino-apren-
dizagem passa a ter um significado real quando aplicado aos jovens e a suas comunidades.
MEIO AMBIENTE
Educação Ambiental
Educação para
o Consumo
ECONOMIA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA Trabalho
Ciência e Tecnologia Educação Financeira
Educação Fiscal
TEMAS
CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS NA BNCC
MULTICULTURALISMO SAÚDE
Diversidade Cultural Saúde
Educação para Educação Alimentar
valorização do e Nutricional
multiculturalismo nas
matrizes históricas e
culturais brasileiras
CIDADANIA E CIVISMO
Vida Familiar e Social
Educação para o Trânsito
Educação em Direitos Humanos
Direitos da Criança e do Adolescente
Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do idoso
42
3
CAPÍTULO
GLIPTOTECA DE MUNIQUE
43
“É fundamental frisar que a Educação Física oferece uma série de possibilidades para enriquecer
a experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto
universo cultural. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas,
lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes
científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola.” (BNCC, 2017, p. 213)2
Nesse sentido, para que possamos compreender a evolução da Educação Física, propomos abor-
dá-la a partir dos grandes períodos históricos da humanidade, ampliando o conhecimento acerca de
seus significados culturais e preceitos sociais.
PRÉ-HISTÓRIA
• Movimentos rudimentares
2,5 milhões de
anos a 1000 a.C. • Sobrevivência e civilização
IDADE
CONTEMPORÂNEA • Educação
1800 a 1980 • Talento esportivo
PÓS-
-MODERNIDADE • Cultura corporal de movimento
1980 à atualidade • Igualdade, equidade, inclusão e ética
Sugerimos também interpretar, reconhecer e refletir sobre a Educação Física escolar, suas trans-
formações e objetivos ao longo da história da Educação no Brasil, a partir de um conceito atualizado
da cultura corporal de movimento.
Petróglifo com
um caçador e uma
ovelha de chifre
grande. Butler Wash,
Utah, EUA, 2006.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
44
Na Pré-História, a Educação Física tem sua primeira grande fase, que é representada pelos
movimentos rudimentares, calcada no aprimoramento da coordenação motora, pelas atividades
de sobrevivência, pela capacidade de comunicação gestual e verbal e pela construção de cultos e
rituais. Dessa forma, uma visão evolutiva acerca do movimento humano nos permite compreender
as mudanças biológicas e comportamentais do ser humano.
O fato de ter de percorrer longas distâncias em busca de alimento e abrigo fez com que o homem
desenvolvesse sua capacidade aeróbia. A necessidade de fugir de espécies predadoras culminou no
aperfeiçoamento da sua força e velocidade. A obrigação de caçar para se alimentar foi responsável pelo
desenvolvimento das suas habilidades manuais e aptidões como saltar, escalar, nadar e lançar. No en-
tanto, foi com o aperfeiçoamento da coordenação motora fina que o ser humano foi capaz de construir
armas de caça e ferramentas úteis para o preparo e o cultivo dos alimentos.
Além das necessidades básicas de sobrevivência, a vida em sociedade promoveu mudanças
significativas na organização das comunidades e no relacionamento dos povos. Antes nômades,
pois se deslocavam constantemente em busca de recursos, os povos primitivos passaram a viver
em comunidade e desenvolveram hábitos e costumes próprios. Com o convívio, a capacidade de
comunicação foi aprimorada e evoluiu ao longo da História por meio de gestos e falas rudimentares
e, posteriormente, pela criação de dialetos.
CONEXÕES
Essa nova forma de se organizar é marcada por questões importantes na construção social.
A disputa por alimento e território culminou com a rivalidade entre povos. A vida em sociedade foi
determinante para o surgimento de cultos e rituais que, naquela época, estavam principalmente
relacionados com a fecundidade e a morte. Toda a simbologia expressa nos achados arqueológicos
representa um marco para a compreensão da história da humanidade.
Portanto, quando levamos em consideração a história da humanidade, as raízes pré-históricas da
Educação Física já trazem à tona seu caráter biológico, social e cultural. O estudo dessas características
deve servir de base para a fundamentação do conhecimento a respeito da disciplina. Certamente,
incorporar as questões históricas e antropológicas é importante para que possamos traçar paralelos
com as características da sociedade moderna, com os problemas sociais contemporâneos e com a
transformação de hábitos e costumes ao longo de gerações.
PARA RECAPITULAR
• Reconhecer a contribuição histórica da Pré-História para a Educação Física.
• Relacionar a evolução da Educação Física à evolução humana.
• Perceber as transformações do movimento humano ao longo dos anos.
• Compreender as transformações culturais e sociais pela Educação Física.
45
3.3 – Idade Antiga e o culto ao corpo Além da preparação física, atribui-se aos povos romanos
a criação de arenas e estádios, que ficaram historicamente
conhecidos pelas batalhas travadas entre homens e ani-
ROGERS FUND, 1914 - MUSEU METROPOLITANO
DE ARTE DE NOVA YORK
46
CONEXÕES PARA RECAPITULAR
Dois homens confinados em uma • Reconhecer a contribuição
GAIKOVA/SHUTTERSTOCK
arena a digladiarem, deferindo os mais histórica da Idade Antiga
diversos tipos de golpes, em uma in- para a Educação Física.
tensa luta corporal até que reste ape- • Valorizar a contribuição da
nas um de pé. Essa narrativa poderia Arte e da Filosofia para a
ser empregada para relatar as lutas concepção da Educação
praticadas tanto por um gladiador ro- Física.
mano quanto pelos lutadores de MMA • Entender a cultura do cul-
(artes marciais mistas). As semelhanças to ao corpo.
entre esses eventos são ainda maiores • Compreender as transfor-
se partirmos do prisma do público. A Gladiadores e lutadores, dois conceitos que mações culturais e sociais
conhecida política de “pão e circo” do precisam ser cuidadosamente refletidos. Na foto, pela Educação Física.
Império Romano consistia em oferecer disputa de lutadores de MMA, Bielo-Rússia, 2019.
à população diversão e entretenimento.
Na época, as sangrentas batalhas entre gladiadores eram uma forma de entreter e distrair
o povo. Na atualidade, seriam os lutadores de MMA os gladiadores do século XXI? Para
muitos, sim. No entanto, são necessárias algumas reflexões ao comparar as lutas atuais
com as que imperavam nos combates realizados no Coliseu. Por mais que tenha aspectos
parecidos, o MMA é um esporte regulamentado por normas claras e rígidas. SUGESTÕES
REPRODUÇÃO
3.4 – Idade Média e a preparação física militar
47
CONEXÕES
A peste negra é considerada uma das doenças mais mortais No Brasil, uma a cada cinco pessoas apresenta um quadro
da humanidade e era transmitida por pulgas que parasitam os de sobrepeso. Os resultados dos problemas relacionados ao
roedores. Acredita-se que a devastadora pandemia da Idade peso são devastadores para a saúde, sobretudo no que diz res-
Média matou de 75 a 100 milhões de pessoas. Atualmente, esti- peito às doenças como diabetes, problemas cardiovasculares,
mativas indicam que a obesidade já é a segunda principal cau- osteoartrite, doença degenerativa das articulações e câncer.
sa de morte no mundo todo. Segundo dados da Organização
AMANI A/SHUTTERSTOCK
Mundial de Saúde (OMS), o excesso de peso causa mais mortes
que o câncer, a Aids e acidentes de trânsito, perdendo apenas
para as doenças causadas pelo consumo de cigarro.
Estudos apontam que, desde 1975, o número de pessoas
A obesidade é um
obesas ou com sobrepeso quase triplicou. Para os especialistas, o
problema de saúde
excesso de peso é uma epidemia que atinge 39% da população pública e uma
adulta mundial e 18% das crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos. epidemia mundial.
No entanto, é também por causa da preparação física dos soldados que a Educação
Física se expressa na Idade Média. O condicionamento físico para as Cruzadas desenca-
deou um grande avanço na equitação e na utilização de armas como lanças, espadas,
escudos, arcos e flechas. O desenvolvimento das capacidades físicas, além da força,
incluía também exercícios de velocidade e agilidade.
Além do cunho militar, a Idade Média foi marcada pelo surgimento de jogos e
brincadeiras associados à Educação Física. As crianças brincavam de imitar os sol-
dados com espadas e escudos de madeira. Os jogos com bola e o xadrez surgiram
nessa época, e o divertimento também era proporcionado por meio de encenações
teatrais e circenses que tinham por objetivo retratar, de modo cômico, os hábitos
e os costumes da sociedade.
SUGESTÕES
História Social da Criança e da Família (1960), do historiador me-
REPRODUÇÃO
48
O Renascimento, como forma de expressão, simbolizou desenvolveu a ginástica natural, que se baseava na prática
a retomada de um movimento intelectual de valorização de movimentos básicos como correr, saltar, escalar, puxar
das obras filosóficas, literárias e científicas da Antiguidade e empurrar. Quanto à Escola Inglesa, baseava-se na prática
clássica. Isso quer dizer que, após o declínio das artes, das de jogos e esportes.
ciências e da moralidade na Idade Média, a Idade Moderna
foi responsável por resgatar conhecimentos que corrobo- SUGESTÕES
raram para a fundamentação da Educação Física.
Ginástica Geral: experiências e reflexões, de Elizabeth
O corpo humano ganhou destaque em obras de grandes
Paoliello (org.), surge como resultado de estudos realizados
artistas, como Leonardo da Vinci (1452-1519) e Michelangelo
pelo Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral da Faculdade
(1475-1564). Nessa época, as pinturas e as esculturas que de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas
retratavam a silhueta humana e a dissecação de cadáveres (Unicamp). O grupo tem se dedicado a ampliar o campo
lançaram os alicerces dos princípios da anatomia e repre- de conhecimento da ginástica que, nos últimos anos, está
sentaram um movimento de aproximação entre a Educação em expansão no Brasil. A ginástica geral, tema desta obra,
Física e a Medicina, mantido até hoje. Os avanços da Medicina caracteriza-se como uma atividade gímnica inclusiva, da
foram importantes para o tratamento das questões de saúde qual as pessoas podem participar independentemente
pública e de higiene pessoal. No entanto, é no Iluminismo de idade, gênero, condição física ou técnica. Engloba as
que a Educação Física passa a ser considerada a área funda- várias manifestações da ginástica, assim como outras for-
mental na vida do ser humano. mas de expressão corporal, como o teatro, o circo, a dan-
ça etc. Sua prática, de caráter participativo, livre e criativo,
CONEXÕES
pode ser desenvolvida tanto na Educação formal como na
O Homem Vitruviano, do inventor, escultor, pintor e cien- informal, abrindo a possi-
REPRODUÇÃO
tista Leonardo da Vinci, é um famoso desenho que acompa- bilidade de novas e enri-
nhava as notas feitas pelo polímata por volta do ano 1490 quecedoras experiências
em um dos seus diários. É baseado na obra do arquiteto de movimento e expres-
romano Vitrúvio e descreve uma figura masculina nua se- são para seus praticantes.
parada e simultaneamente em duas posições sobrepos-
tas com os braços inscritos num círculo e num quadrado.
A cabeça é calculada como um oitavo da altura total. O de-
senho e o texto são chamados de Cânone das Proporções.
O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo
humano, no século XV, por Da Vinci e outros artistas, é con- A ginástica geral, atividade
siderado um dos grandes trunfos do Renascimento italia- inclusiva, participativa
e abrangente, é tema
no. O desenho é também um símbolo da simetria básica
de reflexões e relatos de
do corpo humano, ob- experiência.
servada em outras ma-
ACADEMIA DE BELAS ARTES DE VENEZA, ITÁLIA
nifestações da natureza.
A Idade Moderna trouxe diversos contributos para a
Atualmente, faz parte
história da Educação Física. Além das visões tecnicistas
da coleção da Galeria
sobre o movimento humano, o corpo humano foi revalo-
da Academia de Belas
Artes, Veneza, na Itália.
rizado pelas artes e pelas ciências. O diálogo entre diversas
áreas, como a Filosofia e a Medicina, atribuiu à área um
Da Vinci, Leonardo. Homem caráter humano e social, cada vez mais enraizado nos dias
Vitruviano. c. 1490. Ponta de hoje. Compreender os avanços das Ciências Humanas é
metálica, caneta e tinta,
fundamental para desvendar os significados da Educação
toques de aquarela em
papel branco, Física para a sociedade.
34,3 cm # 24,5 cm.
Academia de Belas Artes PARA RECAPITULAR
de Veneza, Itália.
• Reconhecer a contribuição histórica da Idade Moderna
para a Educação Física.
A ginástica era o principal conteúdo da disciplina na • Valorizar a contribuição da Arte e da Medicina para a con-
Europa, onde várias correntes teóricas foram responsá- cepção da Educação Física.
veis por sistematizar os conhecimentos da área. A Escola • Entender os diversos objetivos da ginástica.
Alemã ficou famosa pelo desenvolvimento dos aparelhos
• Compreender as transformações culturais e sociais pela
da ginástica olímpica. A Escola Nórdica fundamentou da Educação Física.
os estudos sobre os exercícios físicos. A Escola Francesa
49
3.6 – Idade Contemporânea e a Até o final da década de 1920, a Educação Física passou
a ser entendida como forma de desenvolvimento integral
Educação Física no Brasil do ser humano. Contudo, em 1930, influenciada por ideolo-
A Idade Contemporânea representa a quinta grande gias nazistas e fascistas, ela voltou a incorporar um caráter
fase da história da Educação Física. No início do século XIX, eugenista, higiênico e militar. Também por influência da
a atividade era praticada no Brasil pela elite imperial e tinha industrialização da época, ela foi novamente vista como
como pressuposto o reforço dos hábitos de saúde e higiene prática para fortalecer o corpo do trabalhador.
pessoal para prevenir doenças. Também nessa época, havia Não obstante, carecendo de profissionais habilitados,
uma grande preocupação com a eugenia, um pensamento foi em 19375 que a Educação Física passou a ser concebida
bastante controverso que pressupunha a pureza racial. Nesse como prática educativa obrigatória no ginásio e, posterior-
sentido, a Educação Física atrelada à educação sexual garan- mente, no ensino primário e médio, em 19616. No entanto,
tiria que não houvesse uma mistura racial. na década de 1960, durante a ditadura civil-militar no Brasil,
a disciplina sofreu influência tecnicista, dirigindo-se ao de-
SUGESTÕES sempenho técnico e físico do aluno. Já na década de 1970,
O filme Duelo de Titãs (2001), dirigido por Boaz Yakin, tra-
para reforçar o nacionalismo instaurado pelos militares em
ta de um momento de tensão racial, nos Estados Unidos dos 1964, o futebol e outras modalidades esportivas ganharam
anos 1970, especificamente no estado da Virgínia. Herman destaque na sociedade.
Boone (Denzel Washington) é um técnico de futebol ame- Em 19717, a Educação Física se consolidou nas escolas
ricano contratado para trabalhar à frente de um time uni- como área fundamentada na aptidão física, já que foi defi-
versitário dividido pelo racismo, os Titans. Boone sofre pre- nida como uma atividade que desenvolve e aprimora capa-
conceitos raciais por parte dos demais técnicos e jogadores cidades físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais. A partir
do seu time. Além do racismo, que precisa ser fortemente dessa abordagem surgiram iniciativas em prol da iniciação
combatido, outros temas tam- esportiva para eleger novos talentos no contexto escolar.
REPRODUÇÃO
que a Educação Física se firmou como disciplina obrigatória Rotinas com treinos
nas escolas brasileiras, embora ainda sofresse inúmeras intensos e a cobrança
críticas dos pais de estudantes que não compactuavam desmedida por melhores
resultados promovem
com a realização de aulas práticas em detrimento das au- o desgaste físico e
las intelectuais. Quase três décadas depois, em 18794, Rui mental de atletas
Barbosa defendeu a ideia de que era preciso ter um corpo infantis. Práticas como
essas configuram em
saudável, capaz de sustentar o intelecto. Assim se deram a violência e precisam ser
inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos seus combatidas.
professores aos de outras disciplinas.
50
É na década de 1980, diante da busca infrutífera de Questões políticas, sociais e culturais deveriam nortear
atletas que pudessem representar o país nas diferentes os princípios da disciplina, em contraposição ao aspecto
modalidades, que se inicia um debate sobre a pertinência, tecnicista pregado até o momento. Em 1996, por meio
a finalidade e o público-alvo da área. Nesse contexto, a da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)9
Educação Física mudou seus pressupostos e passou a ser e, em 1997, com os Parâmetros Curriculares Nacionais
ofertada desde a Educação Infantil, tendo como objetivo o (PCN)10, a prática corporal foi então elevada à cultura
desenvolvimento psicomotor dos estudantes. Certamente, corporal, uma vez que os pressupostos pedagógicos da
a ampliação do campo da Educação Física ao longo da disciplina passaram a convergir para o desenvolvimento
história da humanidade é responsável por ressignificá-la
integral do estudante.
como área de conhecimento, abrangendo diversos saberes
Diante desse cenário, professores e pesquisadores
surgidos na esteira da evolução da sociedade.
foram responsáveis por ampliar os conhecimentos e os
significados da Educação Física, o que culminou na reorga-
PARA RECAPITULAR
nização de seus conteúdos. As práticas passaram a abarcar
• Reconhecer a contribuição histórica da Idade Contempo- um universo de conhecimentos compartimentados em
rânea para a Educação Física.
unidades temáticas, como jogos e brincadeiras, ginásticas,
• Evitar uma abordagem exclusivamente tecnicista. danças, esportes, lutas e práticas corporais de aventura.
• Valorizar a Educação Física como disciplina escolar. Dessa forma, o indivíduo passou a ser considerado
• Refletir sobre temas que perpassam a sociedade nas prá- de forma integral e única por uma cultura corporal de
ticas corporais. movimento, que objetiva promover o desenvolvimento
• Compreender as transformações culturais e sociais pela humano e cidadão junto às outras áreas de conhecimento.
Educação Física. A aula de Educação Física se reformula em um ambiente
de debates e reflexões que almejam o despertar crítico e
autônomo do estudante, e não mais apenas um ambiente
3.7 – Pós-modernidade
de práticas isoladas.
e a cultura corporal Por meio da cultura corporal de movimento, entende-se
de movimento hoje que a Educação Física tem o dever de proporcionar
Atualmente, a Educação Física vive a sua sexta grande um ambiente inclusivo, crítico e reflexivo ao indivíduo. O
fase. Ao longo da história, a área foi permeada por signifi- estudante, como ator central da Educação, deve ser esti-
cados e contextos sociais e culturais que contribuíram para mulado através de princípios éticos e morais, alcançando
a sua formulação como disciplina escolar. No entanto, o sua autonomia por meio da contextualização dos saberes.
grande enfoque tecnicista e as questões de desempenho A Educação Física, conforme as propostas da nova Base
foram responsáveis por questionar a sua relevância como Nacional Comum Curricular (BNCC)11, homologada em
área de conhecimento e continuam sendo alvo de críticas 2017, deve ser capaz de dialogar com as problemáticas da
no ambiente escolar. sociedade atual, visando abordá-la, transformá-la e ressig-
Os anos 1980 representam um marco para a Educação nificá-la por meio da igualdade e da equidade, da inclusão
brasileira e para a Educação Física escolar: o Movimento e do respeito às diferenças.
Renovador, conjunto de pesquisas e debates sobre o papel
da Educação Física na escola, questionava o enfoque exa- PARA RECAPITULAR
cerbado do esporte e dos exercícios físicos na disciplina.
• Reconhecer a contribuição histórica da Pós-Modernidade
As aulas eram consideradas reducionistas e excludentes e
para a Educação Física.
centravam-se no corpo humano, suas capacidades e habi-
8 • Refletir sobre a cultura corporal de movimento.
lidades. (CASTELLANI FILHO, 1988)7
• Desenvolver os princípios éticos e morais pela Educa-
O objetivo central do Movimento Renovador foi apro- ção Física.
ximar a Educação Física das problemáticas da sociedade.
8 CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Papirus, 1988.
9 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/
lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2020.
10 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Educação Física. Brasília, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/livro07.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2020.
11 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
51
SUGESTÕES
A educação contribui para a construção de sociedades democráticas, inclusivas e soli-
dárias. Segundo o Relatório de Monitoramento Global de Educação da ONU de 2020, para
além de proporcionar aprendizagens aos estudantes
REPRODUÇÃO
com necessidades especiais, a educação inclusiva pre-
coniza uma inserção total dos estudantes, consideran-
do também aqueles que sofrem por desigualdades ét-
nicas, sociais e econômicas.
O documentário Paratodos (2016) serviu de material
de apoio para educadores tratarem do tema inclusão
da pessoa com deficiência (PcD) nas escolas públicas.
O vídeo mostra a rotina de treinos e preparação física
dos principais atletas paralímpicos brasileiros duran- PARA SABER MAIS
te o ciclo que antecedeu os Jogos Paralímpicos do Rio O vídeo D-19: cultura cor-
de Janeiro em 2016. poral (17 min) (disponível em:
<https://www.youtube.com/
watch?v=3jUp0Cay2E0>;
Documentário discute o tema da inclusão, mostrando a
rotina da preparação física dos atletas com deficiências. acesso em: 8 ago. 2020), apre-
senta uma discussão acerca
da possibilidade de se traba-
3.8 – Material de apoio lhar as aulas de Educação Fí-
sica na perspectiva da cultu-
Alguns dos objetivos do Ensino Médio são a consolidação e o aprofundamento dos ra corporal: os especialistas
conhecimentos adquiridos ao longo da Educação Básica, possibilitando o prosseguimen- reconhecem a importância
to e o engajamento nos estudos. Dessa forma, utilize o quadro abaixo para compreender da disciplina para a forma-
quais foram as competências almejadas na etapa anterior à que você leciona. Ao revisitar ção do cidadão e o paradoxo
as competências específicas da Educação Física no Ensino Fundamental, é possível avaliar o que ela enfrenta atualmente:
repertório de seus estudantes e detectar possíveis lacunas de aprendizagem em suas turmas. se, por um lado, não cai no
vestibular e é muitas vezes
negligenciada pelo sistema
Competências Específicas de Educação Física para o Ensino escolar, por outro é cada vez
Fundamental12 mais importante para a for-
mação do aluno consciente
do seu corpo e do respeito
Objetivos de Aprendizagem pelo outro.
Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da O artigo Os conteúdos
vida coletiva e individual. na Educação Física escolar,
Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem de Suraya Cristina Darido
das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
(disponível em: <https://
Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de
www.researchgate.net/
saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
publication/266186057_OS_
Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando,
criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas. CONTEUDOS_NA_EDUCACAO_
Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater FISICA_ESCOLAR>; acesso em:
posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes. 8 ago. 2020), traz uma dis-
Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas cussão sobre as mudanças
corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. nos conteúdos da Educação
Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos Física ao longo dos anos: a
e grupos. priorização de determinadas
Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em temáticas avançou de acor-
contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
do com as mudanças e as
Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo
alternativas para sua realização no contexto comunitário. necessidades da sociedade
Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, e as dimensões conceituais,
lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. procedimentais e atitudinais
passaram a configurar os no-
vos conteúdos da Educação
12 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 223. Dispo- Física.
nível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
52
4
CAPÍTULO
Unidades temáticas
4.1 – Introdução
Com o intuito de garantir o desenvolvimento das competências específicas das áreas de conhe-
cimento, cada componente curricular possui um conjunto de habilidades relacionadas aos objetos
de conhecimento. Dentro da área de Linguagens, os conteúdos, conceitos e processos da Educação
Física estão organizados em unidades temáticas. Na Educação Física:
“O conteúdo advém da cultura corporal e é selecionado em função de sua relevância para
o projeto pedagógico e histórico, e em função de sua contemporaneidade.” (COLETIVO DE
AUTORES, 1992, p. 113)1
Ou seja, as unidades temáticas representam um guarda-chuva que abriga diversos objetos de conhe-
cimento que devem ser relevantes para o jovem. Além disso, a seleção e a organização de conteúdos
exigem coerência com o objetivo de promover a leitura da realidade contemporânea.
Os objetos de conhecimento representam muito mais do que apenas uma abordagem geral so-
bre um determinado tema. Quando nos referimos aos objetos de conhecimento na Educação Física,
devemos dar importância não somente às componentes práticas do tema, mas também aos valores
e contributos sociais intrínsecos nessa abordagem. É importante salientar que o estudante deve uti-
lizar estratégias e conhecimentos para solucionar problemas em favor de uma sociedade solidária e
menos desigual (COLL et al., 2000)2.
“Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural dinâmico, diver-
sificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é possível assegurar aos alunos a
(re)construção de um conjunto de conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito
de seus movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia
para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas,
favorecendo sua participação de forma confiante e autoral na sociedade.” (BNCC, 2017, p. 213)3
1 COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
2 COLL, Cesar et al. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes.
Porto Alegre: Artmed, 2000.
3 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
53
Ao selecionarmos uma determinada prática didático-pedagógica, devemos levar em consideração
a intencionalidade por detrás da escolha, bem como sua relevância para o projeto de vida dos jovens.
A escolha de abordar um determinado objeto de conhecimento implica também na congruência entre
os objetivos da escola e as propostas educacionais previstas na BNCC. Por exemplo, ao selecionar um
determinado jogo, deve-se considerar aquele que tenha maior significado histórico e cultural para o
contexto escolar e para os objetivos de aprendizagem.
Danças tradicionais baião, catira, fandango, forró, frevo, maracatu, quadrilha, samba etc.
Danças
Danças urbanas breakdance, funk, freestyle (hip-hop), locking, popping etc.
Esportes de precisão bocha, boliche, curling, golfe, sinuca, tiro com arco, tiro esportivo etc.
Esportes de rede ou parede badminton, tênis, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia etc.
Esportes de invasão basquetebol, frisbee, futebol, futsal, handebol, hóquei, rúgbi etc.
Esportes de combate boxe, esgrima, judô, karate, MMA, taekwondo, wrestling etc.
Esportes técnico-combinatórios ginásticas, nado artístico, saltos ornamentais, skate, surfe etc.
Práticas Corporais Práticas corporais de aventura urbanas skate, parkour, base jumping, paintball, slackline, BMX etc.
de Aventura
Práticas corporais de aventura naturais arvorismo, escalada, paraquedismo, rafting, snowboard, trekking etc.
4 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
54
PARA REFLETIR CONEXÕES
ANA DRUZIAN
Nesse sentido, a fim de garantir uma abordagem mais
ampla da cultura corporal de movimento, temos de con-
templar e ressignificar essas unidades temáticas para os
“Encontro precioso” ou “meu presente” é o significa-
jovens e de acordo com os diferentes contextos sociocul- do de Abayomi, palavra de origem iorubá que designa
turais do Brasil. bonecas negras confeccionadas artesanalmente. Con-
ta-se que as mulheres escravizadas confeccionavam
4.2 – Jogos e Brincadeiras bonecas com cortes de tecidos da barra dos próprios
vestidos em navios tumbeiros, durante a viagem em
direção ao novo continente. Lena Martins, ativista
SERGIO RANALLI/PULSAR IMAGENS
55
vencedor e um perdedor. O estudo do tema é multifacetado partir das práticas tradicionais e populares, inclusive de ma-
e amplamente abordado por diversos autores em outros trizes indígenas e africanas. A experimentação da temática
contextos, como o jogo no mundo animal e em períodos e as reflexões promovidas durante as aulas podem auxiliar
de guerra. Como explica o historiador e linguista holandês, o jovem a valorizar o multiculturalismo e a compreender
conhecido por seus trabalhos nas áreas da história cultural, os direitos das crianças.
Johan Huizinga (1872-1945):
Uma abordagem sobre os jogos eletrônicos nas aulas
“O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, de Educação Física pode culminar com uma nova forma de
exercida dentro de certos e determinados limites de interpretar e usufruir a tecnologia. Os jovens devem ser
tempo e de espaço, segundo regras livremente consen- capazes de consumir os jogos eletrônicos de maneira
tidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um
fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de
consciente e responsável, levando em consideração as
tensão e de alegria e de uma consciência de ser dife- representações e os discursos contidos nos jogos. A ex-
rente da ‘vida quotidiana’.” (HUIZINGA, 1980, p. 33)5 perimentação do tema pode garantir um diálogo estreito
com a ciência e a tecnologia, bem como a compreensão
Ao abordar a competição e a cooperação, o jogo é da inclusão dos cegos no universo dos games.
uma atividade que proporciona a resolução de problemas,
preconiza o cumprimento de normas e estimula a elabo-
PARA RECAPITULAR
ração de estratégias. Além disso, o ato de jogar facilita o
desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e • Valorizar a prática dos jogos e brincadeiras.
afetivas. Por meio do jogo, assumimos diferentes funções • Preservar as matrizes culturais e históricas intrínsecas aos
e papéis importantes para a compreensão das relações jogos e brincadeiras.
sociais. Os vínculos construídos no jogo conferem aos • Usufruir os componentes lúdicos dos jogos e brincadeiras.
jogadores um senso de coletividade importante para o
• Esclarecer o direito das crianças em relação ao ato de brincar.
exercício da cidadania.
• Conscientizar os jovens sobre a utilização dos jogos ele-
“A unidade temática Brincadeiras e jogos explora trônicos.
aquelas atividades voluntárias exercidas dentro de
determinados limites de tempo e espaço, carac-
terizadas pela criação e alteração de regras, pela
obediência de cada participante ao que foi combi- 4.3 – Ginásticas
nado coletivamente, bem como pela apreciação do
SOLISIMAGES/ISTOCKPHOTO/GETTY IMAGES
ato de brincar em si. Essas práticas não possuem
um conjunto estável de regras e, portanto, ainda
que possam ser reconhecidos jogos similares em
diferentes épocas e partes do mundo, esses são
recriados, constantemente, pelos diversos grupos
culturais. Mesmo assim, é possível reconhecer que
um conjunto grande dessas brincadeiras e jogos
é difundido por meio de redes de sociabilidade
informais, o que permite denominá-los populares.”
(BNCC, 2017, p. 214)6
5 HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980.
6 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
56
riquíssimos ligados a História, Sociologia e Filosofia. A evolução do movimento gímnico
é permeada por diferentes culturas e significados.
Ao longo da história e desde a Grécia Antiga, as expressões gímnicas permearam
o culto ao corpo, o desenvolvimento de habilidades motoras, a promoção da saúde, a
expressão da arte e a preparação física militar. No entanto, em todas essas manifestações,
a ginástica se apropria do corpo como instrumento de linguagem.
CONEXÕES
“Genericamente, pode-se afirmar que a ginástica, como uma prática corporal
sistematizada, nasce na Europa em fins do século XVIII e início do século XIX.
Os corpos construídos
Emerge em profunda conexão com o mundo da arte e da ciência. Abriga
para o trabalho são uma in-
inúmeras práticas, tanto aquelas oriundas de jogos e danças aristocráticas
como também de festas e ritos populares, da riqueza do mundo circense, do venção da era da industriali-
teatro e da música, mas, também, das paradas, manobras e desfiles militares.” zação. Em consequência das
(GONZÁLEZ; FENTERSEIFER, 2014, p. 336-337)7 mudanças que a Revolução
Industrial trouxe, os traba-
Dos movimentos fundamentais aos mais complexos, ela também permite expli- lhadores foram desterrito-
car a evolução da espécie humana no que diz respeito às suas capacidades físicas rializados e adaptados aos
e habilidades motoras. A resistência, a força, a velocidade, a potência, a agilidade, a novos meios de produção,
flexibilidade e o equilíbrio constituem a natureza do gesto humano, dando forma e abandonando o campo e se
expressão ao movimento. mudando para locais urbani-
zados próximos às fábricas.
Ao observarmos um recém-nascido em desenvolvimento, fica evidente o aprimora- Além dos trabalhadores, sur-
mento quase diário de suas habilidades motoras. Na infância, as crianças apresentam ge a classe dos empresários
grandes avanços no desenvolvimento motor e ganham velocidade, agilidade e flexibili- e, com isso, novos discur-
dade em ritmo acelerado. Ao chegar à adolescência, por conta das alterações hormonais, sos são elaborados. Se pala-
o jovem tem um grande pico de força. Na idade adulta, as capacidades físicas ainda são vras como fábrica, indústria,
passíveis de desenvolvimento. No entanto, é ao longo da terceira idade que o indivíduo classe trabalhadora e classe
deve sofrer perdas acentuadas de condicionamento físico e mobilidade articular. média foram incorporadas ao
vocabulário, discursos sobre
Por caracterizar as formas e expressões do movimento humano, a ginástica teve,
a finalidade do corpo tam-
ao longo da história, um papel crucial para a Educação Física. Foi por meio dela que a
bém foram reformulados.
área de conhecimento se tornou componente curricular obrigatório nas escolas. No
Dá-se assim a construção
entanto, o propósito da ginástica foi se alterando ao longo do tempo, acompanhando do conceito de “corpos do-
as transformações socioculturais. Se no passado ela incorporava o papel de preparar o cilizados” e utilitários para o
indivíduo para o trabalho físico e braçal, atualmente está atrelada a reflexões complexas trabalho. Os indivíduos eram
sobre a expansão do corpo humano, suas possibilidades e representações. estimulados a produzir, não
No Ensino Fundamental, a experimentação das ginásticas está muito ligada à apren- a pensar. O impacto causado
dizagem e ao desenvolvimento motor da criança. No entanto, com o tempo, a ginástica pela mudança no ritmo de
incorpora novos significados importantes a serem discutidos no Ensino Médio. trabalho gerou o acúmulo
de fadiga e comprometeu os
“Na unidade temática Ginásticas, são propostas práticas com formas de orga- interesses individuais, como
nização e significados muito diferentes, o que leva à necessidade de explicitar a o tempo disponível para o
classificação adotada.” (BNCC, 2017, p. 217)8 lazer e o ócio.
Portanto, neste livro, a unidade temática Ginásticas estará dividida em dois objetos
MINNESOTA HISTORICAL SOCIETY/
CORBIS HISTORICAL/GETTY IMAGES
7 MORENO, Andrea; SOARES, Carmen Lúcia. Ginástica. In: GONZÁLEZ, F. J.; FENTERSEIFER, P. E. Dicio- Linha de produção de veículos
nário crítico de Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014. em Minnesota, EUA, início do
8 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. século XX.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
57
Por outro lado, a Ginástica de Condicionamento Físico guerra e pestilência; danças para exorcizar demônios,
configura um tema importantíssimo para a sociedade atual. danças para curar doenças. Sempre que o homem
Diante dos benefícios da prática de exercícios físicos e dos primitivo entrava em contato com alguma coisa que
acontecia sem a sua participação, algo que contivesse
diversos problemas de saúde associados ao sedentarismo,
o elemento misterioso e o sobrenatural, dançava.”
podemos enriquecer as aulas de Educação Física de modo a (MARTIN, 2007, p. 234)9
transformar a visão do jovem sobre seus hábitos alimentares
e a sua saúde, assim como reconhecer e desenvolver estra- Por causa das suas peculiaridades e riqueza, a cultura bra-
tégias para o bem-estar físico e mental próprio e dos outros. sileira é internacionalmente reconhecida por seus diferentes
sons e batidas. A pluralidade das danças e dos ritmos existen-
PARA RECAPITULAR
tes nas regiões do Brasil confere ao país uma notoriedade na
• Reconhecer a importância das ginásticas para a aprendi- expressão cultural por meio das danças. Com raízes indíge-
zagem motora e o desenvolvimento motor. nas, africanas, europeias e árabes, a riqueza de expressões,
• Compreender a evolução histórica do movimento gímnico. cores, movimentos e simbologias presente nas danças traduz
• Interpretar as ginásticas de acordo com seus diferentes a história de povos que, por meio da linguagem corporal,
objetivos. dialogam eternamente com as futuras gerações.
• Praticar a ginástica de condicionamento físico para pro- Em todo o mundo, diversas culturas foram responsáveis
mover a saúde física e mental. pela criação de variadas modalidades de dança. O balé, o
• Refletir sobre a expansão do corpo humano através da jazz, o street dance e o samba são apenas alguns exemplos
ginástica. de ritmos e estilos, cada qual com suas origens sociais,
contextos culturais e elementos estéticos particulares.
Entretanto, compreender o significado das danças é
4.4 – Danças transcender os gestos, as coreografias, o ritmo e a música.
Assimilar o conceito de dança como expressão corporal é
KISELEV ANDREY VALEREVICH/SHUTTERSTOCK
9 MARTIN, John. A dança moderna. Trad. Rogério Migliorini. In: Proposições – Revista quadrimestral da Faculdade de Educação da Unicamp,
Campinas, v. 18, n. 1 (52) – jan-abril, 2007.
10 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
58
Uma abordagem sobre as Danças Tradicionais permeia a As danças urbanas compõem um rico cenário para
cultura das diferentes regiões do Brasil. A concepção da dan- uma abordagem social e atitudinal de quem dança.
ça como um patrimônio cultural da humanidade aproxima As interpretações dos gestos e movimentos, das expres-
o jovem da compreensão dos significados e da importância sões, atitudes e culturas urbanas devem ser discutidas nas
da expressão corporal. Os ritmos, os sons, as vestimentas, aulas de Educação Física. As práticas didático-pedagógicas
os hábitos e os costumes dos povos certamente ampliam o podem se vincular às questões sociais e culturais, como é
conhecimento do jovem acerca do multiculturalismo brasi- o caso do hip-hop, também pertinentes à educação para
leiro, a partir da valorização de diferentes práticas regionais. os Direitos Humanos.
CONEXÕES
PARA RECAPITULAR
• Interpretar as simbologias das danças.
• Compreender os diferentes contextos socioculturais de práticas.
• Vivenciar a expressão corporal e as emoções por meio das danças.
• Preservar a cultura das danças tradicionais e típicas brasileiras.
• Reconhecer as danças urbanas como forma de manifestação das diversidades e dos Direitos Humanos.
4.5 – Esportes
Quando pensamos no conceito de Esporte, muitos signifi-
59
As sensações que temos ao correr, nesse caso, são mais regido por um conjunto de regras formais, institucio-
importantes do que o resultado da corrida. Sentir os pés nalizadas por organizações (associações, federações
tocando o chão, o corpo todo em movimentos sincroni- e confederações esportivas), as quais definem as nor-
zados, o som da frequência respiratória, os batimentos mas de disputa e promovem o desenvolvimento das
modalidades em todos os níveis de competição. No
da frequência cardíaca, o suor em contato com a pele, a
entanto, essas características não possuem um único
brisa tocando o rosto: eis sensações que não só mobilizam
sentido ou somente um significado entre aqueles que o
nossos sistemas musculoesquelético e fisiológico como praticam, especialmente quando o esporte é realizado
também são capazes de estimular o desenvolvimento no contexto do lazer, da educação e da saúde. Como
cognitivo e modular os nossos estados de humor. toda prática social, o esporte é passível de recriação
Outra maneira de estudar os esportes é refletir sobre por quem se envolve com ele.” (BNCC, 2017, p. 215)12
seus ideais, crenças e valores. Todo esporte é dotado, além
Neste livro, a unidade temática Esportes estará dividida
de regras, de um código moral. O esporte olímpico, por
exemplo, é regido por valores como a amizade, o respeito em sete objetos de conhecimento, sendo eles: Esportes de
e a excelência. Isso quer dizer que o atleta, antes mesmo de marca, Esportes de precisão, Esportes de rede ou de parede,
se guiar pelas regras específicas de sua modalidade, deve Esportes de campo e taco, Esportes de invasão, Esportes de
ter uma conduta ética alinhada com os valores olímpicos. combate e Esportes técnico-combinatórios.
Enquanto algumas modalidades têm preocupação especial Diante disso, a experimentação dos esportes deve trans-
com o ambiente de prática, outras preconizam a integrida- cender a prática das quatro modalidades tradicionais (futebol,
de física do adversário ou se baseiam no trabalho coletivo. vôlei, basquetebol e handebol) e se apropriar das variadas
Contudo, quando compreendemos a prática esportiva práticas didático-pedagógicas que compõem a temática.
por meio de seus valores intrínsecos e seus aspectos cultu-
rais e sociais, estamos preparados para abordar os esportes CONEXÕES
sob a perspectiva da Educação. O esporte escolar, portanto,
é aquele que, muito além das competências físicas, explora
11 COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
12 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 4 ago. 2020.
60
O protagonismo esportivo nas escolas vem sofren- luta corpo a corpo, como algumas tribos de índios
do diversas contestações por parte de muitos teóricos. brasileiros como os povos do alto do Xingu e da tribo
A prática demasiadamente tecnicista ainda é foco de críti- Bakairi com o Huka – e os gregos e romanos com o
cas e julgamentos sobre a disciplina no ambiente escolar. wrestling estilo greco-romano (em ambas as moda-
No entanto, uma abordagem que transcenda os padrões lidades não é permitido encostar completamente as
técnicos e táticos pode oferecer ótimas oportunidades de costas no chão).” (RUFINO; DARIDO, 2011, p. 9-10)13
aprendizagem para os jovens do Ensino Médio. A experi-
As lutas podem ser compreendidas como práticas
mentação dos esportes deve ser permeada por discursos
corporais individuais de combate, nas quais os principais
e reflexões acerca das questões éticas, étnicas, de gênero e
objetivos são atingir, derrubar, deslocar ou imobilizar o
desigualdade social, bem como sobre inclusão sob a ótica
dos esportes adaptados. adversário, por meio de regras previamente estipuladas.
Alguns aspectos fundamentais para a sua experimentação
são: regras, valores, objetivos, locais de prática e segurança.
PARA RECAPITULAR
As regras e condutas são aspectos fundamentais no
• Valorizar as condutas éticas e os valores morais intrínse- mundo das lutas. Além de estipular uma série de normas
cos aos esportes. que permitem ou proíbem golpes e atitudes durante o
• Abordar as modalidades segundo seus objetivos particulares. combate, o código de regras visa garantir a integridade do
• Reconhecer as similaridades entre a dinâmica dos espor- adversário. Aliás, é importante destacar o termo adversário
tes e das sociedades. em contraponto ao termo inimigo, erroneamente utilizado
• Transcender as vivências técnicas e táticas dos esportes. no contexto das lutas. Adicionalmente às regras e condutas,
• Refletir sobre as questões de desigualdade racial, social e os valores intrínsecos às lutas são culturalmente incentiva-
de gênero que permeiam os esportes. dos, praticados e valorizados.
• Garantir inclusão para todos nas práticas esportivas.
Os elementos técnico-táticos abrangem uma diversida-
de de movimentos e estratégias. Agarrar, puxar, empurrar
e golpear são algumas habilidades fundamentais do ser
4.6 – Lutas humano desenvolvidas desde a infância. No entanto,
quando aprimoradas e combinadas, dão personalidade e
CASARSAGURU/E+/GETTY IMAGES
61
De forma a enriquecer a abordagem, podemos perceber A abordagem das lutas dentro da escola requer um
como cada vez mais a tecnologia está presente no desenvolvi- cuidado especial. Questões éticas e de segurança estão
mento de materiais mais leves, solos que absorvem o impacto intimamente relacionadas à temática. No entanto, as lutas
e vestimentas que facilitam a transpiração dos lutadores. As carregam uma cultura milenar que deve ser esclarecida para
lutas no contexto esportivo tornaram-se verdadeiros negó- os jovens no Ensino Médio. Neste livro, a unidade temática
Lutas estará dividida em dois objetos de conhecimento,
cios, com enorme apelo midiático e grande investimento
sendo eles: Lutas de curta distância e Lutas de média e longa
financeiro. Por outro lado, é importante que essas práticas não
distância. As modalidades variam de acordo com a distância
percam seu caráter cultural e formativo. Da mesma maneira
entre os lutadores e as técnicas utilizadas em combate.
que grandes empresas investem e transformam as lutas em
Além disso, compreender as diferenças entre os con-
produtos rentáveis, grandes mestres devem explorar as lutas
ceitos de luta e de briga são essenciais na Educação Física
para transmitir valores e promover uma transformação social.
escolar. Nesse sentido, as práticas didático-pedagógicas das
“A unidade temática Lutas focaliza as disputas cor- lutas configuram uma ótima oportunidade para a aborda-
porais, nas quais os participantes empregam técnicas, gem dos conceitos de ética, resiliência, bullying e respon-
táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequi- sabilidade social. As questões de autocontrole também são
librar, atingir ou excluir o oponente de um determinado importantes para a construção do projeto de vida do jovem.
espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas
ao corpo do adversário. Dessa forma, além das lutas PARA RECAPITULAR
presentes no contexto comunitário e regional, podem
ser tratadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta • Compreender as diferentes características das lutas no
marajoara etc.), bem como lutas de diversos países do Brasil e no mundo.
mundo (judô, aikido, jiu-jítsu, muay thai, boxe, chinese • Distinguir os diferentes objetivos e elementos das lutas.
boxing, esgrima, kendo etc.).” (BNCC, 2017, p. 218)14 • Diferenciar luta de briga.
• Combater o bullying na escola.
CONEXÕES • Desenvolver o autocontrole por meio das lutas.
Capoeira: arte
BRASIL2/E+/GETTY IMAGES
14 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 9 ago. 2020.
62
Apesar de serem consideradas atividades contempo- pedagógica, podem auxiliar de maneira eficaz na
râneas, comparativamente com outras modalidades, é tarefa de educar os alunos coerentemente para
provável que as práticas de aventura tivessem suas primei- com os assuntos ligados à educação ambiental e
ras manifestações no século XVIII. O montanhismo teve seu à aprendizagem de algumas modalidades ligadas
berço nos Alpes europeus e parece resultar da tentativa de às atividades de aventura. Tais atividades podem
percorrer os caminhos mais difíceis das montanhas. O surfe gerar motivações e interesses diversificados entre
tem suas raízes atribuídas aos povos peruanos e polinésios os alunos ao participarem das aulas de Educação
e surge como desdobramento da interação do ser humano Física, existindo curiosidade e satisfação naquilo
com as atividades à beira-mar. que a prática possa proporcionar em termos de
Alguns autores afirmam que, no Brasil, mais especifica- sensações e emoções individuais que podem ser
mente na década de 1950, a população teve suas primeiras compartilhadas com o grupo, como a percepção
experiências com o surfe, na cidade do Rio de Janeiro. Mas de liberdade, o ineditismo na vivência, a questão
foi na década de 1970 que as práticas de aventura ganha- dos riscos sob controle, entre outros”. (TAHARA;
ram forma e adeptos no mundo todo. CARNICELLI FILHO, 2013, p. 62)15
Em busca de lazer, superação, saúde ou competição,
Hoje em dia, certamente muitos estudantes praticam
crianças, jovens e adultos representam um número cada
alguma atividade de aventura, o que por si só já caracteriza
vez mais expressivo de praticantes no Brasil e no mundo.
As práticas corporais de aventura englobam atividades a importância de uma abordagem da temática nas aulas de
como o skate, o surfe, a escalada, a canoagem, o trekking, Educação Física. O skate e a bicicleta são meios de transporte
o paraquedismo, o parkour, o slackline, o stand up paddle, o e também de lazer na vida dos jovens. No entanto, ampliar
mountain bike e outras. Os cenários de prática são os mais essa abordagem e ressignificar a prática no ambiente esco-
diversos e se estendem a ruas, túneis, pontes, montanhas, lar provavelmente é um desafio para o professor.
rios, cachoeiras, praias, campos e cavernas, entre outros. Esportes radicais, de ação, extremos ou ecológicos são
A criatividade também é parte fundamental das ativi-
outros termos que fazem parte da construção conceitual
dades de aventura. O ser humano, em busca de interação e
das práticas corporais de aventura. Para que a temática
superação, não mede esforços para encontrar e criar novas
práticas corporais que exigem equilíbrio físico e mental. seja abordada de forma ampla e significativa, devemos
Muitas dessas atividades giram em torno do senso de pe- considerá-la parte do projeto de vida dos estudantes e
rigo que parece alimentar a determinação do praticante. ressignificá-la de acordo com o nosso contexto.
Os praticantes, atletas ou não, notoriamente exibem
“Por fim, na unidade temática Práticas corporais de
um condicionamento físico particular a cada aventura.
aventura, exploram-se expressões e formas de expe-
Um alpinista, evidentemente, não possui as mesmas
rimentação corporal centradas nas perícias e proezas
habilidades que um surfista. Ou seja, reconhecer a
provocadas pelas situações de imprevisibilidade que
importância das capacidades físicas como a força, o
se apresentam quando o praticante interage com um
equilíbrio, a agilidade e a resistência é fundamental para
ambiente desafiador. Algumas dessas práticas costu-
compreender como as competências se traduzem em mam receber outras denominações, como esportes de
movimentos complexos e desafiadores. risco, esportes alternativos e esportes extremos. Assim
Além disso, a preparação mental para essas modalida- como as demais práticas, elas são objeto também de
des merece um papel de destaque. Os níveis de concen- diferentes classificações, conforme o critério que se
tração necessários para a prática são altíssimos. Podemos utilize. Neste documento, optou-se por diferenciá-las
tentar desvendar os motivos que levam o praticante a com base no ambiente de que necessitam para ser
enfrentar as situações de perigo, por exemplo. Na maioria realizadas: na natureza e urbanas. As práticas de
dessas atividades, o risco de queda e choque é eminente; aventura na natureza se caracterizam por explorar as
porém, ao descobrir relatos de praticantes e atletas, o prazer incertezas que o ambiente físico cria para o praticante
pela prática se mostra evidente. na geração da vertigem e do risco controlado, como
No entanto, no ambiente escolar, para que possamos em corrida orientada, corrida de aventura, corridas
abordar as práticas de aventura de maneira intencional e de mountain bike, rapel, tirolesa, arborismo etc. Já as
significativa, devemos refletir sobre alguns aspectos im- práticas de aventura urbanas exploram a “paisagem
portantes. Na escola: de cimento” para produzir essas condições (vertigem
“Tal temática pode constituir-se como práticas e risco controlado) durante a prática de parkour, skate,
de elevado poder formativo e, se tratadas de forma patins, bike etc.” (BNCC, 2017, p. 218-219)16
15 TAHARA, Alexander Klein; CARNICELLI FILHO, Sandro. A presença das atividades de aventura nas aulas de Educação Física. Arquivos de
Ciências do Esporte, v. 1, n. 1, 2013.
16 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 11 ago. 2020.
63
Ao chegar ao Ensino Médio, espera-se que o jovem seja capaz de compreender
a relação entre o corpo humano e o ambiente que o rodeia. Para isso, neste livro,
a unidade temática práticas corporais de aventura” estará dividida em dois objetos
de conhecimento: práticas corporais de aventura urbanas e práticas corporais de
aventura naturais.
As práticas corporais de aventura urbanas abrangem diversas formas de o ser huma-
no se relacionar com os grandes centros. Por meio das práticas didático-pedagógicas,
é importante que o jovem consiga refletir sobre a apropriação social e cultural dos
espaços públicos pelo indivíduo, os significados das artes de rua e como esses temas
podem estar associados à educação para o trânsito, por exemplo.
Por outro lado, as práticas didático-pedagógicas das práticas corporais de aventura
naturais podem garantir diálogos que levem em consideração o equilíbrio entre o cor-
po e a mente junto à natureza. Em meio à urbanização das cidades, fica cada vez mais
evidente a necessidade de o ser humano buscar, via contato com a natureza, práticas
que promovam seu bem-estar físico e mental.
CONEXÕES
1 2 3 4
víduo uma relação íntima com o ambiente no qual ela é rea-
lizada: terra, água ou ar. Com a prática regular dessas modali-
dades, alguns benefícios são observados, como a prevenção
e a redução dos quadros de estresse e depressão, a melhora
da autoestima, os ganhos de equilíbrio, força e resistência que
contribuem para o bem-estar físico e mental do praticante.
5 6 7 8 O meio ambiente também ganha com essa relação de pro-
ximidade com o ser humano, que cria e estabelece vínculos
com a natureza e mobiliza saberes importantes para a pre-
servação ambiental. Essas práticas são fomentadas na pro-
moção de valores, na mudança de comportamentos que
promovem o exercício de uma cidadania comprometida
com as problemáticas ambientais atuais. Para conhecer a
política nacional de Educação Ambiental veja a lei n. 9.795,
As atividades de aventura propõem uma reaproximação de 27 de abril de 1999 (disponível em: <http://www.planalto.
do indivíduo com o meio que o cerca. gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>; acesso em: 11 ago. 2020).
PARA RECAPITULAR
• Compreender o corpo como parte do espaço que ele ocupa.
• Vivenciar diferentes práticas corporais de aventura.
• Correlacionar as práticas corporais de aventura urbanas como forma de apropriação dos
centros urbanos.
• Reconhecer a necessidade da preservação ambiental.
• Praticar as atividades de aventura como fonte de bem-estar físico e mental.
64
Competências Gerais17
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
1 digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
2
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também
3
participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se
4
expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender
ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os Direitos Humanos, a
7
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
17 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 9-10. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
65
Competências de Linguagens e suas Tecnologias18
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais)
e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação
1
social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades
de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais
de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com
2 base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo
preconceitos de qualquer natureza.
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração,
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo
3
pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e
4 sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões
identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza.
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas,
7 éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas,
e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
18 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 481-482. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
19 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 483-489. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
66
Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos
discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais),
1 ,2 ,3
o o o EM13LGG202
compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e
(re)produzem significação e ideologias.
67
Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares,
compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação
1 ,2 ,3
o o o EM13LGG601
das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e
histórica.
68
5
CAPÍTULO
Organização da aula
1 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
2 RODRIGUES, Luiz Henrique; GALVÃO, Zenaide. Novas formas de organização dos conteúdos. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (coord.).
Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
3 NEIRA, Marcos Garcia. Educação física cultural. São Paulo: Blucher, 2018.
4 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
69
Além disso, serão tratadas questões práticas e aplicadas “Quando um jovem faz escolhas, começa a compreen-
do cotidiano que devem ser previamente estruturadas para der as suas necessidades próprias e não apenas os seus
garantir uma aula de Educação Física de qualidade. Todos os interesses. Para adquirir este tipo de independência
aspectos teorizados neste capítulo estarão contemplados o aluno tem que ter a coragem de olhar para dentro
de si mesmo.” (HELLISON, 2003, p. 32)5
nas vivências e práticas didático-pedagógicas apresentadas
na segunda unidade da obra, ampliando o repertório de Nesse sentido, a aula de Educação Física é uma riquíssi-
atuação do professor. ma oportunidade de aprendizado. Os desafios enfrentados,
as relações estimuladas, as reflexões propostas e as críticas
PARA REFLETIR fundamentadas são extremamente importantes na cons-
• De que forma podemos contemplar a individualidade dos trução da identidade do indivíduo. Uma aula prazerosa e
jovens na aula de Educação Física? repleta de significados certamente terá efeitos positivos
• Como proporcionar inclusão, igualdade e equidade ao lon- no projeto de vida do jovem. Ou seja, os hábitos e os com-
go das práticas didático-pedagógicas? portamentos adotados nessa fase, bem como a consciência
• De que modo a Educação Física pode contribuir para a for- social adquirida, serão relevantes para toda a sua vida.
mação integral do jovem? Após o estirão de crescimento, o ser humano sofre uma
diferenciação notória de gênero, principalmente decor-
rente das ações hormonais. Todavia, essas transformações
5.2 – O jovem estudante corporais têm impactos que vão muito além da fisiologia e
culminam com as questões motoras e psicológicas. Dessa
MBI/SHUTTERSTOCK
5 HELLISON, Don. Teaching responsibility through physical activity. 2. ed. Chicago: Human Kinetics, 2003.
6 GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2013.
70
seja relevante e reconhecida no ambiente escolar, deve- CONEXÕES
mos mudar os paradigmas que a definem como uma área
exclusivamente biológica e tecnicista. A vivência deve ser
SDOMINICK/E+/GETTY IMAGES
ampliada para todos, ou seja, a prática tem de ser mais que
uma experiência motora, mas, sim, um meio de aprendiza-
gem, de reflexão, de crítica, de construção e de inclusão.
O desenvolvimento psicológico do jovem é marcado
por diversos conflitos internos e, na Educação Física,
algumas questões relacionadas à percepção corporal
ficam ainda mais evidentes (WEINBERG; GOULD, 2017)7.
É na adolescência que muitos indivíduos, principalmente
as mulheres, mais sofrem com a imposição de padrões
estéticos ditados pela mídia e pela sociedade, e acabam
desenvolvendo transtornos alimentares e de imagem. Não
sem razão, os casos mais graves de bulimia e anorexia nessa
faixa etária podem levar à morte.
A bulimia é um transtorno alimentar grave, caracterizado Ao ingressar no Ensino Médio, muitos jovens trazem
pela compulsão alimentar seguida de episódios de vômitos consigo questões que merecem toda a atenção.
para evitar o ganho de massa corporal. A anorexia é um trans-
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
torno de imagem que leva a pessoa a ter uma visão distorcida
agência do sistema interamericano especializada em saú-
do seu corpo e resulta em uma obsessão por emagrecer.
de e escritório regional da Organização Mundial da Saúde
(OMS) para as Américas, a adolescência é um período crucial
RIOPATUCA/SHUTTERSTOCK
7 WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2017.
8 OPAS. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental-dos-adolescentes>.
Acesso em: 7 dez. 2020.
71
É sempre possível tentar nos aproximar dos estudantes, CONEXÕES
garantindo a abertura do diálogo e a confidencialidade da
informação. Além disso, os orientadores e os diretores da
RAWPIXEL/SHUTTERSTOCK
escola são agentes que podem auxiliar no tratamento das
questões mais sérias, como o bullying, e na formulação de
estratégias que impactem a comunidade escolar. O am-
biente da Educação Física é capaz de promover relações
construtivas e positivas entre os estudantes, e isso deve
ser intencionalmente construído.
FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM
9 BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Defi-
ciência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 30 jul. 2020.
10 BRASIL. Atendimento Educacional Especializado (AEE). Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: 11 ago. 2020.
11 BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Resolução n. 1, de 30 de maio de 2012. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/dmdocuments/rcp001_12.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2020.
72
PARA RECAPITULAR Além disso, é importante salientar que determinadas
discussões não se esgotam em um único encontro com os
• Considerar as particularidades de cada jovem.
estudantes. Portanto, quando pretendemos abordar um
• Contribuir para a formação integral do estudante. tema ao longo de diversas aulas, estamos concebendo
• Evitar enaltecer os aspectos tecnicistas e as questões de uma sequência didática.
desempenho nas aulas.
Quando intencionamos alargar o horizonte de alguma
• Promover o diálogo sobre as desigualdades sociais, de
abordagem, dada a sua relevância para o processo de desen-
gênero e étnico-raciais.
volvimento integral do jovem, podemos alocar os objetivos
• Estimular o bem-estar físico e emocional dos jovens. da aprendizagem em projetos. Um projeto integrador tem
• Prevenir o bullying na escola. como objetivo tornar a aprendizagem mais concreta ao ex-
• Garantir um ambiente de inclusão, igualdade e equidade. plicitar a ligação entre diferentes componentes curriculares
e áreas de conhecimento, conectando estudantes a situa-
ções vivenciadas por eles em suas comunidades, por meio
5.3 – O tempo dos TCT. Diante de sua importância, um projeto integrador
pode ser concebido e desenvolvido de forma longitudinal
PROJETOS ao longo de uma ou mais séries do Ensino Médio, assim
como sofrer transformações durante sua contemplação.
12 TODOS PELA EDUCAÇÃO; EDITORA MODERNA. Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019. São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.
todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2020.
73
Isso significa que uma abordagem reducionista da Edu- A Educação Física é uma disciplina rica em conheci-
cação Física, sob vieses exclusivamente motores, ignora e mentos práticos e teóricos. Sua concepção se deu a partir
empobrece os contributos sociais da cultura corporal de da compreensão do corpo, seus significados e suas possi-
movimento. bilidades. As reflexões acerca do indivíduo, suas interações
Nesse sentido, a experimentação da Educação Física deve e representações através do movimento, deram origem à
se estender também a outros espaços de aprendizagem, cultura corporal de movimento.
dentro e fora da escola. A sala de aula pode contribuir com
Na escola, as vivências motoras e sociais proporcionadas
instrumentos multimídia para a análise e discussão de vídeos,
nessas aulas têm um grande impacto no desenvolvimento
imagens, sons e jogos, entre outras ferramentas de ensino.
cognitivo do estudante. No entanto, apesar de ser uma
Devemos também tentar extrapolar, sempre que possível,
disciplina que transcende o movimento humano, é natural
os muros da escola, fazendo com que o jovem possa, de
fato, interagir com o mundo. que o professor aspire por melhores recursos em busca das
condições ideais de prática.
Materiais com diferentes formas, cores e tamanhos in-
RUBENS CHAVES/PULSAR IMAGENS
PARA RECAPITULAR
• Propiciar um ambiente rico de aprendizagens que inclua
também o espaço da quadra na escola. Crianças praticam hóquei em escola pública, Rio de Janeiro, 2015.
• Apropriar-se dos ambientes escolares como a sala de aula
e os laboratórios. Outro aspecto importante diz respeito às discussões
• Extrapolar os muros da escola. acerca da tecnologia embutida no desenvolvimento de
• Promover visitas a praças, parques, museus, galerias e de- materiais esportivos. Cada vez mais leves, resistentes e
mais espaços públicos. eficientes, eles proporcionam novas formas de praticar as
• Entender o corpo e suas possibilidades em diferentes ambientes. modalidades. Portanto, a tecnologia deve estar em pauta
nas discussões que permeiam as práticas corporais.
Contudo, levando em consideração as limitações de
5.5 – Os materiais um país com tamanhas desigualdades econômicas e
sociais, devemos ser capazes de pensar novas formas de
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
74
movimento. Esse objetivo implica garantir o diálogo entre debates importantes para o enriquecimento de ideias.
o jovem e a sociedade por intermédio de diversas fontes Com a formação de pequenos grupos, proporcionamos ao
de conhecimentos práticos e teóricos. jovem a percepção de diferentes pontos de vida dentro de
sua comunidade. E quando formamos um grande grupo ou
PARA RECAPITULAR
trabalhamos com a turma toda, é esperado que o jovem refli-
• Considerar as aprendizagens práticas e teóricas da cultura ta acerca da complexidade das relações em uma sociedade.
corporal de movimento.
Além disso, ao escolherem os próprios pares ou grupos,
• Contemplar as dimensões conceituais, procedimentais e os jovens evidenciam e fortalecem seus vínculos afetivos.
atitudinais nas aulas de Educação Física.
As trocas de pares e grupos ao longo das aulas são, toda-
• Evidenciar a simbologia dos materiais de prática. via, importantes para o desenvolvimento social do jovem.
• Propor adaptações e confecções de materiais. Diante disso, será preciso pensar em maneiras de impul-
• Promover discussões acerca da tecnologia na produção sionar as interações, para que elas possam contribuir para
dos materiais. a consolidação de relações éticas e empáticas.
• Utilizar diferentes fontes de ampliação de conhecimento Por outro lado, além de promover as relações entre os estu-
como vídeos, imagens, textos e práticas.
dantes, as dinâmicas utilizadas em aula também representam
importantes estratégias para a construção do conhecimento.
Quando sentam em roda, os estudantes conseguem manter
5.6 – As dinâmicas
o contato visual com a turma toda, e a partir de circuitos e
Dinâmicas são possibilidades diversas de interação estações é possível segmentar os espaços de prática.
entre indivíduos. As pessoas são dotadas de características
Antes de qualquer prática didático-pedagógica, é im-
únicas que influenciam seu modo de se relacionar com portante que possamos escolher a melhor dinâmica para a
as outras. Na construção das sociedades e das relações, experimentação de determinado objeto de conhecimento.
interagimos em pares e em pequenos ou grandes grupos, O posicionamento que adotamos perante a turma, no
em diversos ambientes e contextos. centro da quadra ou nos cantos, por exemplo, deve ser
No ambiente escolar, portanto, os jovens precisam estrategicamente predeterminado com base em nossas
experimentar diversas dinâmicas de interação que lhes per- intenções como professor.
mitam compreender também as relações sociais. Para isso, Dessa forma, o modo como organizamos os estudantes
nas aulas de Educação Física, podemos intencionalmente em aula deve atender às nossas intenções no estudo das
criar condições de interação para que os jovens possam temáticas e aprendizagens. A tolerância, a ética e a empatia
vivenciar situações de troca e de conflito que culminem devem nortear essas intenções, gerando dinâmicas que
no enriquecimento de suas percepções e ações cidadãs. promovam reflexões acerca da diversidade de gênero,
étnico-raciais e habilidades existentes dentro e fora da co-
munidade escolar.
KYLE M PRICE/SHUTTERSTOCK
PARA RECAPITULAR
• Proporcionar momentos de aprendizagem individuais,
em pares e em grupos.
• Propor trocas de pares e grupos.
• Tecer conexões entre as dinâmicas de aula e as dinâmi-
cas sociais.
• Promover momentos de discussão em roda.
• Refletir acerca da diversidade de gênero, étnico-raciais e
habilidades.
75
por meio de gestos e movimentos. Ou seja, o ser humano é insatisfação, balançar a cabeça negativamente, levar as mãos
capaz de se comunicar sem dizer uma única palavra sequer, ao rosto por estar indignado podem afetar os níveis de engaja-
por meio de suas expressões faciais, corporais e gestuais. mento do estudante, bem como sua motivação para a prática.
A aula de Educação Física, por ser um espaço rico em Portanto, é imprescindível levar em consideração a
movimentos, é, portanto, um local de ampla comunicação. comunicação verbal e não verbal durante as práticas di-
A forma como os estudantes se expressam traduz suas per- dático-pedagógicas, de modo que a fala e os gestos sejam
cepções sobre a aula e suas sensações naquele momento. intencionalmente utilizados para facilitar o bom relaciona-
Por meio da expressão corporal, conseguimos perceber mento, a motivação e o processo de ensino-aprendizagem.
quando alguém está com raiva, feliz, triste ou cansado.
O professor, sendo o adulto da relação, tem de ser o pri- PARA RECAPITULAR
meiro a dar bons exemplos durante suas aulas. Aliás, além • Comunicar de forma clara, objetiva e intencional.
de ter uma postura respeitosa em relação aos estudantes,
• Promover espaços abertos de diálogo e respeito mútuo.
como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA)12
13
, ele deve enaltecer as boas atitudes dos jovens. • Utilizar a comunicação verbal e não verbal de modo
Também por isso, devemos ter cautela na forma como consciente.
nos comunicamos com os estudantes. O respeito deve ser • Evitar falas, expressões e gestos negativos.
a base de toda e qualquer comunicação. O diálogo e as • Motivar com palavras e comportamentos.
discussões fazem parte da construção das relações e devem
ser pautados no respeito mútuo.
5.8 – A avaliação
KALI9/ISTOCKPHOTO/GETTY IMAGES
GABRIEL_RAMOS/SHUTTERSTOCK
Em função da escassez de tempo de que dispomos para
cada aula, as mensagens utilizadas devem ser claras e objeti-
vas. Os comandos devem ser breves, para que o estudante não
perca o foco da discussão. Além disso, o canal de diálogo deve
ser aberto e permitir a participação constante dos estudantes.
A partir das contribuições dos jovens, conseguimos construir
momentos mais contextualizados e significativos.
Entretanto, se é possível perceber a insatisfação ou a
empolgação de um estudante em aula, o mesmo acontece
quando ele observa o seu professor. As frases e os gestos
devem ser intencionalmente construídos para que facilitem a A avaliação pode ter muitos significados para a Edu-
aprendizagem. Gestos como levantar os braços para expressar cação. No início de uma etapa, ela pode servir como
13 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-br/
centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-2019.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020.
14 DARIDO, Suraya Cristina. A avaliação da Educação Física na escola. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Prograd. Caderno de formação:
formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p. 127-140, v. 16.
76
diagnóstico da turma e do estudante. Por meio de instru- “O que pretendo introduzir neste texto é a pers-
mentos teóricos e práticos, é possível detectar fragilidades pectiva da ação avaliativa como uma das mediações
e potencialidades que deverão ser contempladas no plano pela qual se encorajaria a reorganização do saber.
Ação, movimento, provocação, na tentativa de re-
de ensino.
ciprocidade intelectual entre os elementos da ação
Ao longo do processo, os instrumentos de avaliação educativa. Professor e aluno buscando coordenar seus
podem nortear os ajustes necessários para cada turma pontos de vista, trocando ideias, reorganizando-as.”
e cada estudante. Devemos ressaltar que o processo de (HOFFMANN, 1991, p. 67)15 16
ANDRESR/E+/GETTY IMAGES
o projeto pedagógico da escola.” (COLETIVO DE
AUTORES, 1992, p. 103)14 15
15 COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
16 HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: mito & desafio – uma perspectiva construtivista. Porto Alegre : Mediação, 1991.
17 DARIDO, Suraya Cristina. Avaliação em Educação Física. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (coord.). Educação Física na escola: implicações
para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
77
PARA RECAPITULAR Assim, o professor deve avaliar seus estudantes, bem como a si mesmo, durante todo
o processo de ensino-aprendizagem. Deve ser capaz também de pensar nas melhores
• Compreender como, quan-
estratégias e nos instrumentos que possam diagnosticar, mensurar e nortear as ações
do e por que avaliar.
de ensino. Para isso, é importante considerar as dimensões conceituais, procedimentais
• Refletir sobre sua própria e atitudinais, que refletem competências e habilidades e que fundamentam os objetos
avaliação. de conhecimento da Educação Física escolar.
• Promover feedbacks cons-
trutivos aos estudantes.
5.9 – Material de apoio
• Avaliar as dimensões con-
O plano de aula apresentado abaixo estará disponível ao longo de todas as propos-
ceituais, procedimentais
e atitudinais que refletem
tas práticas da segunda unidade deste livro. Sua utilização facilita a elaboração de uma
competências e habilidades. aula ou de uma sequência didática que contemple os objetivos de aprendizagem da
Educação Física, da escola e da BNCC. O planejamento deve partir de uma visão macro
• Diagnosticar, mensurar e
para uma visão micro dos principais fatores que norteiam a escolha da temática central
nortear estratégias e ins-
e das práticas didático-pedagógicas.
trumentos de aprendiza-
gem para poder intervir. Modelo de plano de aula
Título
TCT
Competências gerais
Competências de Linguagens
Habilidades
Unidade temática
Objeto de conhecimento
Práticas
Ampliação
Valores
Avaliação
78
2
UNIDADE
Práticas corporais
e reflexões
6
CAPÍTULO
Jogos e Brincadeiras
STANDRET/SHUTTERSTOCK
Os jogos de
raciocínio e
de estratégia
propiciam o
desenvolvimento
cognitivo e a
socialização.
“O jogo é mais antigo do que a cultura, pois mesmo em suas definições menos rigorosas o
conceito de cultura sempre pressupõe a sociedade humana; mas os animais não esperaram
que os homens lhes ensinassem a atividade lúdica. Os animais brincam tal como os homens.”
(HUIZINGA, 2007, p. 3)1
“Jogos e Brincadeiras”
1 HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 243.
79
Antes de partir para as práticas didático-pedagógicas, reflita sobre as possíveis conexões entre os
TCT e as temáticas inerentes aos jogos e brincadeiras. A tabela a seguir apresenta algumas possibi-
lidades para a ampliação do seu repertório. As práticas e vivências propostas não deverão restringir
suas ações docentes. Dessa maneira, você poderá ressignificá-las de acordo com a sua realidade, o
contexto de sua escola e o interesse de seus estudantes.
80
tradicionais, que trazem consigo formas de conviver, oportunizando o reconhecimento de
seus valores e formas de viver em diferentes contextos ambientais e socioculturais brasileiros.”
(BNCC, 2017, p. 214-215)2
Desde a Educação Infantil, quando a temática é amplamente abordada, até os Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, espera-se que as crianças tenham desenvolvido competências e habilidades
intrínsecas às práticas dos jogos e das brincadeiras. No entanto, nos Anos Finais do Ensino Funda-
mental, os estudantes tiveram contato com objetos de conhecimento relativos aos jogos eletrônicos
e às brincadeiras. A fim de mapear, aprimorar e garantir novos conhecimentos ao jovem do Ensino
Médio, reflita sobre o percurso de aprendizagem até a etapa anterior de ensino.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 1, 3, 4, 6, 7, 9 e 10
Competências de Linguagens 2, 5 e 6
Habilidades de Linguagens
• (EM13LGG201), (EM13LGG204), (EM13LGG501), (EM13LGG503), (EM13LGG602), (EM13LGG604).
Objetivos
• Apreciar os jogos e as brincadeiras tradicionais e populares em produções artísticas, relacio-
nando-os aos diferentes contextos históricos, sociais e culturais.
• Vivenciar e reconhecer os jogos e as brincadeiras indígenas, valorizando-os e respeitando-os
como forma de expressão de valores e identidade.
• Compreender o brincar como direito das crianças e atuar criticamente sobre ele.
Roda inicial
No início da aula, sente-se em roda com os estudantes e promova um bate-papo sobre jogos e
brincadeiras. O intuito é que você consiga mapear o que os jovens conhecem acerca dessa temática
e o repertório adquirido durante o Ensino Fundamental. Para isso, você pode utilizar as seguintes
questões disparadoras:
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
81
• Quais são as diferenças entre os jogos e as brincadeiras?
• Será que todos temos o mesmo repertório de jogos e brincadeiras?
• Que fatores influenciam a diversidade de jogos e brincadeiras?
Após a discussão inicial, solicite aos estudantes que analisem as duas imagens apresentadas a
seguir. As obras foram escolhidas para que os estudantes reflitam como os jogos e as brincadeiras
podem estar presentes em diversas linguagens.
LUDMILA GUERRA - COLEÇÃO PARTICULAR
Cruz, Ivan. Várias brincadeiras II, 2006. Acrílico sobre tela, Brueghel, Pieter. Children’s games, 1560. Óleo sobre madeira,
1,30 cm 3 1,70 cm. 118 cm 3 161 cm. Kunsthistorisches Museum. Viena, Áustria.
Após a apreciação dos quadros, faça as seguintes questões com o intuito de aguçar a sensibilida-
de dos estudantes em relação aos detalhes estéticos e aos contextos sociais e históricos retratados.
• Qual das duas pinturas aparenta ser mais antiga? Por quê?
• O que nos faz reconhecer o contexto da época (edifícios, roupas, paisagem)?
• Com qual contexto vocês se identificam mais? Por quê?
Após refletir acerca das questões propostas, saliente a importância de reconhecer como o contexto
sociocultural e histórico influencia nas práticas corporais de determinada sociedade. Em seguida,
peça aos estudantes que analisem os jogos e as brincadeiras retratadas nas obras.
• Vocês conseguem reconhecer algum jogo ou brincadeira retratado nas pinturas?
• Como explicar o fato de que mesmo depois de tantos anos esses jogos e brincadeiras
continuem sendo praticados?
• Será que as brincadeiras tradicionais de diferentes povos são parecidas com as que conhece-
mos aqui no Brasil?
Neste momento, uma abordagem com o professor de História seria importante para promover
discussões que possam relacionar as obras apresentadas às diferentes dimensões da vida social e cul-
tural e identificar o processo de construção histórica das práticas inerentes aos jogos e às brincadeiras.
Desenvolvimento
Proponha aos estudantes que vivenciem alguns jogos e brincadeiras. Para orientá-los, você
pode sugerir algumas perguntas:
• Vocês conseguem escolher uma brincadeira e um jogo que possamos experimentar em aula?
• Quais são os combinados dessa brincadeira?
• Quais são as regras desse jogo?
Depois de escolherem as práticas, peça aos jovens que se organizem em dois grupos e que pesqui-
sem, debatam e cheguem a um consenso dos combinados e das regras de cada atividade escolhida.
Enquanto o primeiro grupo estiver realizando a brincadeira, o segundo grupo estará vivenciando
o jogo escolhido. Para isso, divida o espaço de prática em dois ambientes e, ao longo da aula, sugira
que os grupos troquem de atividade.
82
Para ampliar o desenvolvimento desta sequência didática, em outra aula, proponha à turma uma
experiência de valorização da diversidade cultural do Brasil. Como maneira de introduzir o assunto,
conte aos estudantes que jogos como a peteca e o arco e flecha e brincadeiras como a perna de pau e
o cabo de guerra são tipicamente indígenas e foram incorporados em outros contextos socioculturais.
A troca entre os povos contribuiu para a ampliação do repertório das práticas corporais brasileiras.
JUNIOR ROZZO/ROZZO IMAGENS
Mulheres indígenas da
etnia pataxó na Reserva
da Jaqueira, disputando
cabo de guerra. Porto
Seguro, Bahia, 2018.
HISTÓRIA DE VIDA
O povo Kalapalo, que habita a região do Alto Xingu, na região nordeste do estado do Mato Grosso,
acredita que o bem-estar de sua comunidade e das aldeias vizinhas depende do cumprimento de um ideal
chamado ifutisu. Para eles, o ifutisu é um conjunto de argumentos éticos, similar a um código de condutas.
1. Ikindene
Para os adultos do povo Kalapalo, a Ikindene é uma
HAROLDO PALO JR
luta, enquanto para as crianças é uma brincadeira que
aprendem observando os mais velhos. O objetivo princi-
pal é derrubar o oponente. A brincadeira une as crianças,
fortalece os vínculos de amizade e de respeito, além de
contribuir para o desenvolvimento físico dos jovens da
aldeia, como podemos observar no vídeo indicado a seguir.
• KALAPALO – Jogo 25. Ikindene. Produção: Sesc em
São Paulo. Brasil, 2011. 1 vídeo (2 min). Disponível
em: <https://vimeo.com/5681219>. Acesso em:
6 ago. 2020.
2. Ta
O povo Kalapalo pratica o jogo de Ta. O alvo é uma Homens Kalapalo lutando a Ikindene durante cerimônia do Kuarup,
circunferência de palha recoberta com cortiça, construí- Mato Grosso, 2006.
da com partes da árvore de embira. O objetivo do jogo é
acertar o alvo utilizando arco e flecha. Veja a seguir.
• KALAPALO – Jogo 1. Ta. Produção: Sesc em São Paulo. Brasil, 2011. 1 vídeo (2 min). Disponível em:
<https://vimeo.com/5641782>. Acesso em: 6 ago. 2020.
83
3. Heiné Kuputisü
O jogo requer equilíbrio. O objetivo é percorrer a maior distância possível deslocando-se em um
pé só. Não é necessário ser rápido e, sim, ter resistência para chegar o mais longe que puder.
• KALAPALO – Jogo 3. Heiné Kuputisü. Produção: Sesc em São Paulo. Brasil, 2011. 1 vídeo (2 min).
Disponível em: <https://vimeo.com/5644015>. Acesso em: 6 ago. 2020.
4. Toloi Kunhügü
A brincadeira acontece sempre nas margens de uma lagoa ou de um rio. O gavião, qualquer
membro da aldeia, desenha uma árvore cheia de galhos na areia, enquanto as outras crianças fingem
ser os passarinhos. O gavião engatinha lentamente em direção aos passarinhos e se levanta, repen-
tinamente, para correr atrás das crianças, que devem buscar os galhos para se proteger. O último
passarinho a ser pego torna-se o gavião na próxima rodada. Veja o vídeo a seguir.
• KALAPALO – Jogo 18. Toloi Kunhügü. Produção: Sesc em São Paulo. Brasil, 2011. 1 vídeo (3 min).
Disponível em: <https://vimeo.com/5644347>. Acesso em: 6 ago. 2020.
HAROLDO PALO JR
Roda final
Sente-se novamente em roda com os estudantes. Para garantir que os objetivos de aprendizagem
tenham sido alcançados, questione:
• De que forma os jogos e as brincadeiras são expressões de valores e identidade?
• Como os jogos e as brincadeiras indígenas contribuíram para a pluralidade cultural brasileira?
• Como e por que os jogos e as brincadeiras sempre fizeram parte da sociedade?
Se considerar oportuno, amplie as reflexões propostas. No entanto, espera-se que os estudantes,
ao longo das práticas, sejam capazes de vivenciar, reconhecer e valorizar os jogos e as brincadeiras
tradicionais e populares como forma de expressar valores e conferir identidade à sociedade.
Ampliação
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)3 é responsável por garantir, legalmente, diversos
direitos ao público infantojuvenil, entre eles o direito de brincar, relacionado, diretamente, com a
liberdade, o respeito e a dignidade da criança.
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão organizar e estimular a criação
de espaços lúdicos que propiciem o bem-estar, o brincar e o exercício da criatividade em locais
públicos e privados onde haja circulação de crianças, bem como a fruição de ambientes livres e
seguros em suas comunidades.” (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, Art. 17, p. 192)
3 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <https://www.gov.
br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-2019.pdf>.
Acesso em: 5 ago. 2020.
84
No entanto, sabemos que, no Brasil e em outros países do mundo, o trabalho infantil, muitas ve-
zes, acaba privando as crianças desse direito. Como resultado, o desenvolvimento motor, cognitivo e
afetivo da criança é suprimido em detrimento das imposições cruéis dos adultos.
Com o intuito de conscientizar e sensibilizar os jovens para a temática, vamos propor um projeto de
intervenção. Para isso, os estudantes serão responsáveis por mapear, planejar e proporcionar atividades
de jogos e brincadeiras para as crianças da comunidade escolar durante suas aulas de Educação Física
ou em algum momento de lazer dentro da escola. A seguir, o texto Toda criança merece ser criança e
tem direito a brincar, publicado no site do Tribunal Superior do Trabalho – Justiça do Trabalho, poderá
ser utilizado como mobilizador do projeto.
MAURO AKIIN NASSOR/ FOTOARENA
Criança conduzindo
carroça carregada
de lenha para o local
de produção de
farinha. A imagem
mostra uma situação
de trabalho infantil
no povoado de
Cachoeira, município
de Jandaíra, Bahia,
2020.
“Desde 1959 existe um documento que orien- e aos adolescentes brasileiros todos os direitos
ta os países do mundo inteiro a respeitarem as fundamentais inerentes à pessoa humana, garantin-
necessidades básicas das crianças. Esse texto, a do-lhes proteção integral e todas as oportunidades
Declaração Universal dos Direitos das Crianças, e facilidades que permitam seu desenvolvimento
foi aprovado por unanimidade, no dia 20 de no- físico, mental, moral, espiritual e social, em con-
vembro daquele ano, pela Assembleia Geral da dições de liberdade e de dignidade. Após anos de
Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1989, debates e mobilizações, chegou-se ao consenso de
a ONU oficializou novo documento, a Convenção que a infância e a adolescência devem ser protegi-
sobre os Direitos da Criança, ratificada no Brasil das por toda a sociedade das diferentes formas de
pelo Decreto 99710/1990. violência. Entre elas, a violência de ser obrigado a
trabalhar, ou a “adultização precoce” (Capítulo V,
Os dois documentos têm a mesma tônica: as
artigo 60 do ECA).
crianças, para o pleno e harmonioso desenvolvi-
mento de sua personalidade, devem crescer no seio “É muito importante para uma criança poder ser
da família, em um ambiente de felicidade, amor e criança e ter seu desenvolvimento social e psico-
compreensão, devem estar plenamente preparadas lógico no tempo considerado adequado”, destaca
para uma vida independente na sociedade e devem a ministra do TST Kátia Magahães Arruda, uma
ser educadas de acordo com os ideais proclamados das gestoras da campanha de combate ao trabalho
na Carta das Nações Unidas, especialmente com infantil. “O trabalho traz uma carga de responsa-
espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, bilidade não condizente com o desenvolvimento
igualdade e solidariedade. Todas as crianças são emocional de uma.”
credoras desses direitos, sem distinção de raça,
As crianças precisam ter tempo para estudar,
cor, sexo, língua, religião, condição social ou na-
descansar e, principalmente, brincar. A educado-
cionalidade, quer sua ou de sua família.
ra Adriana Friedmann, uma das fundadoras do
Além do Decreto 99710/1990, o ordenamento grupo Aliança pela Infância, e autora dos livros
jurídico brasileiro tem ainda o Estatuto da Criança A arte de brincar e Desenvolvimento da criança
e do Adolescente (ECA), que garante às crianças através do brincar, explica que o “brincar” deve
Continua
85
Continuação
ter lugar prioritário na vida da criança. “Brincar é isso, a criança se desenvolve dentro do seu tempo,
fundamental na infância por ser uma das linguagens acompanhando colegas, enfrentando dificuldades
expressivas do ser humano. Proporciona a comu- e superando-as no seu ritmo natural.”
nicação, a descoberta do mundo, a socialização e
o desenvolvimento integral”, afirma. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Toda
criança merece ser criança e tem direito a brincar.
A especialista alerta que participar de ativida- Disponível em: <https://www.tst.jus.br/web/
des com outras crianças permite que elas façam trabalho-infantil/noticias/-/asset_publisher/ry7Y/
parte do mundo da criança, que se identifiquem e content/toda-crianca-merece-ser-crianca-e-tem-
construam suas personalidades com iguais. Com direito-a-brincar>. Acesso em: 12 ago. 2020.
Passo a passo
1. Organize os estudantes em trios, que serão respon- • Qual foi a sua sensação ao ver as crianças brincando?
sáveis por ministrar as intervenções com as crianças O que as crianças expressavam ao brincar?
da comunidade escolar. • Por que o ECA prevê a brincadeira como um direito
2. Peça aos estudantes que escolham as brincadeiras irrevogável da criança?
que serão desenvolvidas. Por fim, solicite a um estudante que faça a leitura do
3. Proponha que pesquisem as regras e as sintetizem poema Quando as crianças brincam, de Fernando Pessoa
em no máximo cinco instruções. Essa estratégia cor- (1888-1935). O discurso contido no poema pode ganhar
robora para que a introdução da aula não seja muito maior significado após as vivências e reflexões sobre o
extensa e cansativa para as crianças. direito de brincar.
86
4. Frequentemente
3. Ocasionalmente
2. Raramente
5. Sempre
1. Nunca
Observação Comentários
Respeito
Participação
Autonomia
Cooperação
Diversão
Se considerar oportuno, sugira aos estudantes que construam o próprio instrumento de avaliação.
Nesse sentido, vale a pena refletir com os jovens sobre quais seriam as atitudes esperadas durante a
prática de jogos e brincadeiras.
COMO LIDAR
Problema Solução
Caso não seja possível atribuir aos jovens uma aula voltada para as crianças, peça aos
Conceitual estudantes que preparem um plano de atividades que contemple os jogos e as brincadeiras,
bem como suas características socioculturais, regras e combinados.
Caso não haja material suficiente para a prática de determinado jogo ou determinada
Procedimental brincadeira, podemos propor aos estudantes e professores de outras disciplinas uma oficina
para a confecção dos materiais.
Quando os jovens encaram o tema de maneira infantilizada, provavelmente não reconhecem
Atitudinal as brincadeiras como uma prática intrínseca ao ser humano. Auxilie-os a reconhecer as
brincadeiras que fazem parte do seu cotidiano.
87
6.2 – Jogos eletrônicos
Os jogos eletrônicos são práticas de divertimento e, atualmente, modalidades esportivas em
muitos países. Eles representam um segmento do desenvolvimento tecnológico e oferecem a opção
de serem instalados em computadores, tablets, telefones celulares ou em equipamentos criados
especificamente para esse fim, os chamados consoles.
A história dos jogos eletrônicos ou digitais está intimamente atrelada ao advento dos computa-
dores, principalmente, ao desenvolvimento da inteligência artificial. As diversas plataformas em que
podem ser rodados são chamadas de hardware. O jogo eletrônico em si é um software, que pode ser
um programa de computador, uma mídia física, como CD ou DVD, um videogame ou até mesmo um
aplicativo de celular. Para rodar um jogo eletrônico, o hardware e o software trabalham conjuntamente,
gerando sons e imagens, que sofrem intervenção humana.
Entre as décadas de 1970 e 1980, quando foram popularizados, os jogos eletrônicos tornaram-se
objetos de desejo de crianças, jovens e adultos. Tamanha febre suscitou estudos em diversas áreas
do conhecimento para avaliar eventuais prejuízos e benefícios ao ser humano.
“Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e
do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e
afins os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores.
Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se
diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em
rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também apresenta forte
apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efemeridade das informações, privile-
giando análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes
dos modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar.” (BNCC, 2017, p. 61)4
A fim de mapear, aprimorar e garantir novas aprendizagens aos estudantes do Ensino Médio,
observe, a seguir, as habilidades da modalidade que esperamos que eles tenham desenvolvido ao
longo do Ensino Fundamental.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Embate Eletrônico
Ciência e Tecnologia
TCT
Educação Ambiental
Competências gerais 1, 2, 4, 5, 7, 8 e 10
Competências de Linguagens 3, 5 e 7
Habilidades 301, 302, 303, 304, 305, 501, 503, 701, 702 e 704
4 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
88
Habilidades de Linguagens
Roda inicial
• (EM13LGG301), (EM13LGG302), (EM13LGG303),
(EM13LGG304), (EM13LGG305), (EM13LGG501), Em sala de aula com os estudantes, promova uma con-
(EM13LGG503), (EM13LGG701), (EM13LGG702), versa inicial visando diagnosticar os conhecimentos prévios
(EM13LGG704). da turma acerca dos jogos eletrônicos. Mesmo que o tema
Objetivos faça parte da cultura juvenil, talvez os jovens não conhe-
• Compreender os jogos eletrônicos como práticas de çam a história e a evolução dos jogos. A fim de mapear os
linguagem digital, considerando dimensões técnicas, saberes, proponha as seguintes questões:
críticas e criativas, seus princípios e funcionalidades. • Alguém sabe quando foi desenvolvido o primeiro
• Vivenciar as práticas de jogos eletrônicos e ressignifi- jogo eletrônico?
cá-las como práticas corporais, compreendendo os be-
• Quem conhece a história e a evolução dos consoles
nefícios e os prejuízos para o bem-estar físico e mental.
e arcades?
• Debater e posicionar-se criticamente sobre questões
polêmicas envolvendo os jogos eletrônicos, utilizan- • Em que plataformas é possível jogar?
do o tema para a formulação de propostas que esti- Após o bate-papo inicial, apresente o texto a seguir,
mulem a promoção da consciência socioambiental A evolução dos jogos. Ele traça uma retrospectiva dos jogos
e o consumo responsável. eletrônicos a partir dos anos de 1970.
Os jogos eletrônicos evoluíram muito desde ou seja, foram mudando tanto que passaram por
quando foram inventados, e esta evolução não segue oito gerações.
uma linha reta já que há vários fatores externos
[...]
como também várias empresas e segmentos que
estão envolvidos nessas mudanças tecnológicas. Os mobiles
Os primeiros jogos não utilizavam nem mesmo Por fim temos os mobiles, os quais revoluciona-
imagens, apenas textos, já que os jogos preci- ram a forma como as pessoas não só jogam, mas
savam acompanhar a evolução dos aparelhos
vivem, já que dá para fazer praticamente tudo com
eletrônicos. Mas se resumem em três grandes
o aparelho celular [...]. Hoje é praticamente impos-
grupos temos: os jogos de arcade, os consoles
caseiros e os mobiles. E é sobre esses três gru- sível imaginar a vida sem os aparelhos mobiles, e
pos que vamos falar mais para mostrar como o os jogos eletrônicos são grande parte dessa reali-
mundo do gaming evoluiu. dade. Os brasileiros estão cada vez mais viciados
nos seus celulares e lideram as listas de países com
Os jogos de arcade
mais aparelhos por população. É também notável
Esses jogos surgiram em espaços públicos, tanto o crescimento dentro do Brasil dos e-sports, o que
em restaurantes como em parques, principalmente mostra como o país tem uma grande cultura de
nos Estados Unidos durante os anos [19]70. Para jogos eletrônicos.
jogar é preciso realizar pagamentos em moedas.
Há vários tipos de jogos de arcade, os quais podem Infelizmente não é possível prever qual será o
ser encontrados até os dias de hoje. futuro dos jogos eletrônicos, já que as mudanças
Esse tipo de jogo teve uma era de ouro entre os tecnológicas são incertas. Mas há um grande in-
anos [19]70 e os anos [19]80, mas perdeu o seu do- vestimento por parte de empresas [...] para fazer
mínio graças ao surgimento dos consoles caseiros. da realidade aumentada algo diário e cotidiano na
[...]. Estima-se que em 1981 esta foi uma indústria vida das pessoas. Além disso, diversos especialistas
que chegou a valer 8 bilhões de dólares, o que seria da área de jogos eletrônicos acreditam que as mu-
em torno de 22 bilhões de dólares na atualidade. danças serão tão intensas que será praticamente
[...] impossível reconhecer os dias de hoje em 2035.
Continua
89
Continuação
o mundo não importando qual é o local e também do cinema tem uma relação bastante íntima com
qual é o horário em que se quer jogar; basta ter a do gaming, já que vários jogos viraram filmes e
internet e um celular, por exemplo. vários filmes viraram jogos.
São várias as indústrias que também se bene- ARKADE. A evolução dos jogos. Disponível em:
ficiaram das mudanças tecnológicas que os jogos <https://www.arkade.com.br/a-evolucao-dos-
eletrônicos sofreram; hoje, por exemplo, a indústria jogos>. Acesso em: 5 ago. 2020.
Ao longo da leitura do texto, você pode realizar algu- 1. Jogo dos Estilingues
mas pausas intencionais a fim de nortear a construção
CARLOS CAMINHA
do conhecimento.
• Quais eram os temas propostos nos primeiros jogos
eletrônicos?
• Os temas mudaram ou se ampliaram ao longo dos
anos?
• Quais são os temas atualmente propostos nos jogos?
Depois, ao terminar de explorar a mídia escolhida, para
ampliar a visão crítica dos estudantes acerca da temática,
proponha as seguintes reflexões:
• Em que os jogos eletrônicos se assemelham aos
jogos tradicionais praticados na Educação Física?
• Quais são os significados de ambos para quem joga? Adaptar jogos eletrônicos para o contexto educacional pode
• Quais são os efeitos dos jogos eletrônicos para a aumentar o engajamento dos estudantes.
saúde?
Para reproduzir a prática, você vai precisar de duas câmaras
Para responder a essas e outras questões relacionadas de ar de pneu de bicicleta, uma camiseta velha, a trave da qua-
aos possíveis benefícios e prejuízos causados pela prática dra, alguns bancos e mesas, uma bola e algumas garrafas PET.
excessiva dos jogos eletrônicos, proponha a leitura do
O objetivo é lançar a bola com o estilingue até que o
texto e exibição do vídeo, de acordo, de acordo com suas
estudante consiga derrubar o maior número de garrafas.
possibilidades na escola.
• Corte as câmaras e amarre cada uma delas nas pontas
No link a seguir há uma discussão interessante acerca
da camiseta, formando um estilingue preso às traves
dessa temática:
do gol como base.
• SELECT games. Os jogos eletrônicos e seus impactos na • Disponha as garrafas PET sobre cadeiras e mesas;
sociedade. Disponível em: <https://www.selectgame. algumas podem ficar no chão. O ideal é espalhar os
com.br/os-jogos-eletronicos-e-seus-impactos-na- alvos em diferentes posições.
sociedade/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
• O número de tentativas por estudante pode ser
Os conteúdos sugerem uma reflexão sobre os po- acordado com a turma.
tenciais benefícios e riscos à saúde por meio da prática 2. Jogo do Labirinto
excessiva dos jogos eletrônicos. Questões como o desen-
CARLOS CAMINHA
Desenvolvimento
A fim de adaptar os jogos eletrônicos para a prática, você
pode sugerir que os estudantes vivenciem adaptações na
quadra da escola. Atividades como o Jogo dos Estilingues,
o Jogo do Labirinto e o Jogo do Combate podem garantir
uma experiência longe das telas e sem a necessidade de Diversos jogos eletrônicos clássicos podem ganhar vida na quadra
energia elétrica, internet, consoles ou joysticks. da escola.
90
Para preparar o ambiente de prática, providencie cones, • Os lutadores colocarão os pregadores em suas roupas
coletes e bolinhas de tênis. No entanto, você pode utilizar ou prenderão as fitas nas pernas e nos braços, de
quaisquer materiais pequenos que possam ser colocados modo que sejam facilmente arrancadas.
no caminho do jogo. • Não haverá golpes na luta. Durante os combates, os
O objetivo do jogo é que o fugitivo tente coletar a oponentes devem proteger seus pregadores ou fitas
maior quantidade de pastilhas no labirinto sem ser pego com esquivas e ao mesmo tempo tentar pegar ou
pelos pegadores. puxar os pregadores ou as fitas de seus oponentes.
• Prepare um labirinto com cones ou outros materiais, • Estabeleça com os estudantes regras claras e rígidas.
como o banco sueco. Você pode também desenhar A luta deverá acontecer sempre em pé, e os movi-
com os estudantes o labirinto no chão da quadra. mentos não podem machucar o colega.
• Utilize bolinhas de tênis simbolizando as pastilhas. • À medida que os combates acontecem, os vencedo-
Para simular as superpastilhas você pode utilizar res passam para a próxima fase do torneio.
bolinhas ou materiais de outras cores. Ao adaptar ao menos um jogo para a experimentação
• Convide os estudantes para protagonizar o fugitivo em quadra, o jovem é levado a ressignificá-lo para um
e os pegadores. Para diferenciá-los, utilize coletes de ambiente diferente daquele em que foi concebido. Dessa
diferentes cores. maneira, pode interagir socialmente extrapolando as rela-
• Algum estudante poderá comandar o tempo e ções construídas no ambiente digital.
as ações do jogo. Um apito, o jogo começa. Dois
CONEXÕES
apitos, os pegadores começam a perseguir o fugi-
tivo. Após comer a superpastilha, apitos repetidos Os deficientes visuais também jogam videogame, mas
indicam o tempo que o fugitivo terá para pegar os não da maneira tradicional. Como não contam com a visão
pegadores. Um apito longo encerra o tempo de para se orientar, eles precisam de um tipo específico de
jogo: o audiogame. Os audiogames são jogos de videoga-
energia da superpastilha.
me adaptados com a substituição das informações visuais
• As regras são flexíveis e podem ser alteradas e com- por recursos de som tridimensionais. Além do seu caráter
binadas com os jovens. lúdico, os audiogames também são muito úteis na estimu-
3. Jogo do Combate lação auditiva das pessoas com deficiência visual, o que se
reflete numa melhor orientação espacial e na tomada de
decisão rápida em situações que envolvam orientação e
CARLOS CAMINHA
No jogo, os terráqueos tentam defender o planeta do • Quais são os benefícios e os prejuízos da prática de
domínio dos extraterrestres com batalhas individuais. Para jogos eletrônicos para a saúde física?
isso, o lutador deverá retirar todos os pregadores da roupa
• E para a saúde mental?
do adversário.
• E para a socialização das pessoas?
• Separe os alunos em duas equipes, os terráqueos e os
extraterrestres. Se for possível, peça aos estudantes Com base nessas questões, peça aos grupos que fa-
que se caracterizem para o jogo. çam uma busca na internet e em outras fontes seguras
91
de pesquisa, procurando textos, artigos e vídeos que ao discutir sobre os jogos eletrônicos, sejam capazes de
sejam capazes de embasar os seus posicionamentos de se posicionar criticamente diante de diversas visões de
forma crítica e ética. Os jogos eletrônicos fazem conexões mundo e debater questões de relevância social, como os
interessantes com temas como a socialização, o vício e o potenciais benefícios e prejuízos dessas práticas para a
desenvolvimento cognitivo. saúde física e mental.
Construa com os estudantes as regras e os combi-
nados que nortearão o debate. O tempo de fala e de
argumentação de cada grupo deve ser definido previa- Ampliação
mente. Os grupos também poderão sugerir questões a
serem debatidas, de modo a participar de processos de Com o crescimento da indústria de eletrônicos, aumen-
produção colaborativa. tam também as preocupações ambientais. O lixo eletrônico
Você pode propor que, ao longo do debate, os estu- (e-lixo) ou tecnológico é todo material proveniente do
dantes preencham uma tabela de síntese na lousa e nos uso e descarte de eletrônicos, conhecido pela sigla RAEE
próprios cadernos, com o intuito de formular argumentos (Resíduos de Aparelhos Eletroeletrônicos).
que levem em conta o bem comum. Para isso, você encon- Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, entre outros
trará um modelo de tabela sugerido em “Avaliação”. componentes, são consideradas resíduos perigosos, pois
liberam elementos tóxicos que podem prejudicar o meio
Roda final ambiente e a saúde das pessoas.
Ao final do debate, sente-se em roda com os estudantes. Por essa razão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos5
Para garantir que os objetivos de aprendizagem tenham estipula que esse material não pode ser descartado como
sido alcançados, proponha algumas questões reflexivas. lixo comum, uma vez que exige maior cuidado para evitar
qualquer tipo de contaminação acidental.
• Quais são os potenciais benefícios e prejuízos rela-
cionados à prática de jogos eletrônicos? Com o intuito de despertar a consciência ambiental nos
• Como consumir os jogos eletrônicos de maneira estudantes, proponha um projeto de coleta de lixo eletrô-
consciente? nico na escola. Para isso, é importante que os estudantes,
• Qual é a importância da prática de jogos eletrônicos os professores de outras disciplinas e a direção escolar
para as pessoas com deficiência visual? estejam engajados nessa causa.
Você pode ampliar a discussão da maneira que consi- Proponha a leitura da matéria jornalística a seguir como
derar oportuna; no entanto, espera-se que os estudantes, disparadora do projeto.
“As 5 mil medalhas de ouro, prata e bronze A campanha, para incentivar a participação e
que serão entregues aos atletas vencedores das convidar as pessoas a fazerem parte da história
Olimpíadas de Tóquio, em 2020, serão feitas de lixo dos Jogos Olímpicos, tem como slogan “Be better,
eletrônico. A iniciativa começou em 2017, quando together – for the planet and the people” [Seja-
o comitê de organização lançou um projeto para mos melhores, juntos – para o planeta e para as
tornar o evento mais sustentável e, desde então, pessoas]. A coleta foi até o dia 31 de março e, ao
47 mil toneladas de dispositivos eletrônicos foram final do período, o comitê superou a marca de
coletados, entre câmeras digitais, notebooks e oito toneladas de aparelhos. Ao todo a campa-
videogames jogados no lixo. Desse montante, nha conseguiu reunir 30 toneladas de ouro, 4 mil
foram separados mais de 6 milhões de aparelhos toneladas de prata e 2,7 mil toneladas de bronze,
de celular antigos.” vindas da reciclagem dos aparelhos.
Continua
5 BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 5 ago. 2020.
92
Continuação
O modelo selecionado para os jogos de Tóquio BELI, Luciane. Medalhas olímpicas de Tóquio
2020 serão feitas a partir de celulares reciclados.
foi escolhido após uma competição mundial aberta
Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.
para designers profissionais e estudantes. Mais br/haus/sustentabilidade/medalhas-olimpicas-de-
de 400 projetos foram analisados. Com 8,5 cm toquio-2020-serao-feitas-a-partir-de-celulares-
de diâmetro, a parte da frente mostra os anéis reciclados/>. Acesso em: 13 ago. 2020.
Passo a passo
Reflexão
93
Avaliação
Para que possamos registrar as discussões e reflexões da turma, o quadro a seguir pode ser trans-
crito na lousa, impresso e também copiado no caderno dos estudantes. Ele contempla os prós e os
contras da prática de jogos eletrônicos.
Saúde física
Saúde mental
Socialização
Inclusão de PcD
COMO LIDAR
Problema Solução
94
7
CAPÍTULO
Ginásticas
FATCAMERA/E+/GETTY IMAGES
As ginásticas de condicionamento físico são práticas cada vez mais difundidas no universo juvenil.
“A ginástica geral tem sido compreendida como uma ginástica para todos, orientada para
o lazer, que visa, sobretudo, estimular o prazer pela prática da ginástica com criatividade e
liberdade de expressão; podemos reconhecê-la como um espaço viável para a vivência do
componente lúdico da cultura e, mais especificamente, da cultura corporal. Isso quer dizer que
a ginástica geral traz a possibilidade de redescobrimos o prazer, a inteireza e a técnica-arte da
linguagem corporal.” (AYOUB, Eliana, 2003, p. 60-61)1
“Ginásticas”
Práticas didático-pedagógicas
Unidades temáticas Objetos de conhecimento
(Modalidades)
ginástica para todos (acrobática,
Ginástica geral
expressiva, rítmica)
Ginásticas fitness, hidroginástica, ioga,
Ginástica de condicionamento físico meditação, musculação,
relaxamento etc.
Antes de partir para as práticas didático-pedagógicas, reflita sobre as possíveis conexões entre os
TCT e as temáticas inerentes às ginásticas. O quadro a seguir apresenta algumas possibilidades para
a ampliação do seu repertório. As práticas e vivências propostas não deverão restringir suas ações
docentes; você poderá ressignificá-las de acordo com a sua realidade, o contexto de sua escola e o
interesse de seus estudantes.
1 AYOUB, Eliana. Ginástica geral e educação física escolar. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003. p. 136.
95
Os TCT e algumas possibilidades de desenvolvimento das ginásticas
TCT Ginásticas
• A ioga e a meditação como práticas que integram o indivíduo com o meio ambiente
Meio ambiente
• A apropriação do espaço público para a prática de exercícios físicos
Na continuação da série Ginástica Para Todos 2 (14 min), o aspecto cultural e artístico dessa modali-
dade é apresentado aos espectadores. Daiane dos Santos, na parte 2 da série, fala sobre as atividades de
equilíbrio e deslocamento. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mKnWnKgMHy8&t=50s>.
Acesso em: 15 dez. 2020.
No documentário Atleta A (104min), os diretores Bonni Cohen e Jon Shenk apresentam depoimentos
dos repórteres que acompanharam a história sobre os abusos sexuais cometidos pelo médico da equipe
nacional de ginástica dos Estados Unidos, Larry Nassar, e, ainda, o depoimento de grandes ginastas, como
Maggie Nichols. A trama retrata a cultura tóxica na ginástica esportiva de elite nos EUA na produção da
Netflix de 2020.
96
7.1 – Ginástica Geral
A ginástica geral engloba todas as práticas corporais que simbolizam a construção do movimento
humano e visa explorar as potencialidades e os limites do corpo, bem como suas capacidades físicas
e habilidades motoras.
Essas atividades, de caráter não competitivo, têm como objetivo proporcionar saúde e prazer ao
praticante. Como são expressões corporais com viés artístico, acrobático e rítmico, são utilizadas,
muitas vezes, para entreter e emocionar o público. Geralmente, essas práticas são apresentadas nas
aberturas dos Jogos Olímpicos e de campeonatos mundiais de diversas modalidades, como apre-
sentações de cunho artístico.
O estudo da ginástica geral nos permite compreender como as capacidades físicas e as habili-
dades motoras caracterizam o movimento humano. A Fisiologia e a Biomecânica são as disciplinas
responsáveis pelo aprofundamento teórico da temática.
No Ensino Médio, é esperado que o estudante, além de vivenciar a ginástica geral, consiga relacionar
essa prática com as questões de saúde, os processos de inclusão e valorização da diversidade cultural.
“A ginástica geral, também conhecida como ginástica para todos, reúne as práticas corporais
que têm como elemento organizador a exploração das possibilidades acrobáticas e expressivas
do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade.
Podem ser constituídas de exercícios no solo, no ar (saltos), em aparelhos (trapézio, corda, fita
elástica), de maneira individual ou coletiva, e combinam um conjunto bem variado de piruetas,
rolamentos, paradas de mão, pontes, pirâmides humanas etc. Integram também essa prática
os denominados jogos de malabar ou malabarismo.” (BNCC, 2017, p. 217)2
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 1, 3, 6, 8, 9 e 10
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
97
Habilidades de Linguagens a ginástica artística, a ginástica rítmica, a ginástica acro-
• (EM13LGG201), (EM13LGG202), (EM13LGG204), bática, a ginástica aeróbica e a ginástica de trampolim, e
(EM13LGG501), (EM13LGG503). também de várias manifestações como danças, expressões
folclóricas e jogos, tem por objetivo se adequar a todos os
Objetivos gêneros, faixas etárias, habilidades e formações culturais
• Compreender e valorizar a Ginástica para Todos como e contribuir para a saúde pessoal, o condicionamento e
fenômeno sociocultural, analisando seu discurso bem-estar físico, social, intelectual e psicológico. Ao utilizar
ideológico. materiais, músicas e coreografias, tem sempre a preocu-
• Vivenciar a ginástica geral e refletir sobre os benefí- pação de apresentar, nesse contexto, aspectos da cultura
cios da prática para o projeto de vida. nacional em eventos não competitivos. A Ginástica para
Todos propicia experiências estéticas em movimento para
• Refletir sobre os direitos dos idosos e a importância
participantes e espectadores, uma vez que a integração e
das práticas corporais no processo de envelhecimen-
a interação são pressupostos da modalidade.
to saudável, sensibilizando os jovens para o exercício
Para ampliar seu conhecimento sobre o movimento
da responsabilidade social.
Ginástica para Todos, que ocorreu em 2019, você pode
Roda inicial visitar a página do projeto: WORLD GYMNAESTRADA 2019.
Disponível em: <https://www.wg2019.at/wg2019/en>.
Na quadra, sente-se em roda com os estudantes. Ex- Acesso em: 18 out. 2020.
plique que a temática abordada nas próximas aulas será Após apresentar o conceito da Ginástica para Todos aos
a ginástica geral, mais especificamente a Ginástica para estudantes, proponha algumas reflexões que os auxiliem
Todos. Visando mapear os conhecimentos prévios dos a analisar criticamente os objetivos pretendidos por essa
estudantes, pergunte: manifestação sociocultural.
• O que vocês conhecem acerca da história da ginástica? • Quais são os objetivos gerais da Ginástica para Todos?
• Vocês sabem explicar como o movimento humano • Quais são os pressupostos ideológicos da Ginástica
evoluiu junto com a espécie? para Todos?
• Alguém conhece o conceito da Ginástica para Todos? • De que forma conseguimos garantir o movimento
Com base nas respostas dos estudantes, certifique-se corporal para todos?
de aprofundar os conceitos e contextualizar a construção Espera-se que, com a discussão da temática, os estudan-
do conhecimento. Em seguida, apresente aos estudantes tes valorizem a Ginástica para Todos como um fenômeno
o conceito da Ginástica para Todos. sociocultural e compreendam as ideologias pautadas em
princípios e valores de igualdade e equidade.
Desenvolvimento
MIKKO STIG/LEHTIKUVA/AFP
98
1. Figuras singulares
Proponha aos alunos que realizem algumas posturas singulares, importantes para o processo de
formação em equipes. Enalteça a necessidade da sinergia nas ações musculares para que a postura
seja equilibrada e harmoniosa. Para isso, escolha algumas das figuras apresentadas a seguir.
ROBSON OLIVIERI
Figuras singulares em diferentes posições.
Proponha a execução de alguns exercícios que podem contribuir para o fortalecimento do vínculo
e da confiança entre os estudantes, além de relembrar os conhecimentos acerca das articulações e
dos músculos do corpo humano.
Inicie a prática mostrando os diferentes tipos de pegada, essenciais para a segurança dos prati-
cantes na formação das figuras. Para isso, percorra desde a pegada simples, a pegada de dedos, a
pegada de punhos até a pegada de braços.
ROBSON OLIVIERI
2. Figuras em duplas
Na sequência, após o aprendizado das pegadas, desenvolva os exercícios de contrapeso.
Os jovens devem trabalhar em duplas e reproduzir figuras equilibradas, como as propostas a seguir.
É importante que, nesse momento, eles percebam como a ação consciente do par faz com que o
movimento fique mais fácil.
ROBSON OLIVIERI
99
Com prática, segurança e criatividade, você poderá, junto aos estudantes, construir
outros exercícios de contrapeso. Na sequência, sugira que experimentem algumas
figuras em duplas, antes de se organizarem em trios. Para isso, você pode utilizar as
figuras abaixo como norteadoras da prática.
ILUSTRAÇÕES: ROBSON OLIVIERI
CONEXÕES
A B C D E
Apresentação do elenco do
Cirque du Soleil em Milão,
A B C D Itália, durante o espetáculo
Dralion, 2013.
Figuras em duplas sem apoio.
O Cirque du Soleil é uma
3. Figuras em trios companhia multinacional de
Na segunda aula, você pode apresentar as imagens a seguir de forma progressiva e entretenimento, sediada na
dar tempo para que os estudantes consigam executá-las. Para tanto, instrua-os a formar cidade de Montreal, Cana-
dá. No início da década de
quartetos, nos quais um dos integrantes será responsável por dar suporte e garantir a
1980, uma trupe de artistas
segurança dos colegas durante as execuções. Você também pode utilizar músicas para fundada por Gilles Ste-Croix
que a vivência seja ainda mais agradável. levou seu talento às ruas de
Baie-Saint-Paul, um charmo-
ROBSON OLIVIERI
100
• Como a ginástica pode fazer parte do seu projeto de vida?
• Quais são os valores e atitudes que podemos desenvolver com a elaboração das figuras na
ginástica acrobática?
• Quais são as barreiras que devemos ultrapassar para que o movimento seja possível para todos?
Você pode ampliar as reflexões e os conhecimentos abordados da maneira que considerar mais
adequada, no entanto é esperado que os jovens, ao final dessas práticas, estabeleçam relações
construtivas, empáticas, éticas, respeitando as diferenças e as limitações individuais. Além disso,
pretende-se que eles reconheçam a Ginástica para Todos como fonte de saúde e de entretenimento.
Ampliação
O Estatuto do Idoso4 é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior
a 60 anos. Diante das condições peculiares da idade, o direito à saúde, ao esporte e ao lazer visam garantir
autonomia e bem-estar físico e mental ao idoso.
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso,
com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.” (Estatuto do Idoso, 2003, Art. 3)
No entanto, nem sempre as práticas sociais estão voltadas à inclusão e à integração do idoso na socieda-
de. Individualmente e coletivamente, percebe-se uma necessidade de conscientização acerca da temática.
Para tanto, vamos propor um projeto de investigação e conscientização dos jovens para uma atuação
social empática, que mitigue as desigualdades e fortaleça a compreensão dos direitos dos idosos.
Proponha uma pesquisa que os estudantes tenham que desenvolver com os avós ou algum idoso
da sua comunidade. O intuito principal é que a turma possa refletir sobre as limitações de movimento
na terceira idade, bem como reconhecer práticas benéficas para esse público. A matéria jornalística
disponibilizada poderá ser utilizada como ponto de partida para a construção do projeto.
“A Organização Mundial da Saúde estima que, E com todas essas alterações físicas devido à
em 2050, a população mundial com idade superior idade, os idosos sofrem bastante, principalmente
a 60 anos chegue a 2 bilhões. Isso representa um quando se trata do seu nível de autonomia e da
quinto da população mundial! Com o aumento da independência, o que pode implicar dificuldades
estimativa de vida vem um grande desafio: como na realização de atividades da vida diária, levando
envelhecer saudável? a total incapacidade funcional.
Além de uma alimentação adequada para a Segundo o educador físico, os idosos devem es-
faixa etária, ter uma rotina de exercícios impacta colher como atividade física uma caminhada, subir
no bom funcionamento do organismo. A prática e descer escada ou exercícios com a supervisão de
um profissional. ‘O exercício físico independe da
de atividade física na terceira idade é importante
condição do indivíduo, seja ele saudável ou com
para reduzir os danos causados pelo tempo, como o
um tipo de doença associada. É importante ter
enfraquecimento dos músculos, perda de equilíbrio,
orientação de um profissional da área sempre, mas
perda de agilidade e flexibilidade e de resistência
na terceira idade, esse acompanhamento se torna
muscular. ‘O exercício físico com orientação de muito mais importante devido à capacidade física
um educador físico para essa idade faz com que dessa faixa etária’, ressalta Ayslan.
essas capacidades físicas melhorem para que eles
venham a ter uma qualidade de vida melhor‘, explica Além disso, nessa idade, muitas pessoas sentem
o profissional de educação física, Ayslan de Araújo, a necessidade de um convívio com mais pessoas,
do Hospital Universitário da Universidade Federal e a prática do exercício físico pode muito bem ser
de Sergipe e vinculado à Rede Ebserh. um dos melhores remédios contra a depressão e
Continua
4 BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei n. 10.741, de 1 de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 13 ago. 2020.
101
Continuação
outras doenças. ‘É justamente nesses momentos que A recomendação da OMS é que, a partir dos
podemos oferecer os benefícios sociais envolvendo 65 anos, seja feita uma atividade física moderada,
exercícios em grupos, com atividades lúdicas para de preferência em grupo, no mínimo três dias por
que eles não se sintam excluídos socialmente. Além semana e em intensidade que varia de acordo com
disso, a prática regular de uma atividade física as condições de saúde e de mobilidade de cada
produz endorfinas, serotonina, hormônios e [que]
pessoa. De forma geral, por semana, são suficientes
proporcionam a sensação de bem-estar‘, comenta.
150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos
de atividade intensa. Para todas as idades, vale a
Como envelhecer é um processo que ocorre
lembrança de que o aumento do tempo de atividade
aos poucos, quanto mais cuidar da saúde física e
física potencializa os resultados.”
mental, menores serão as chances de ter doenças
crônicas, aquelas doenças que necessitam de um
acompanhamento por maior tempo, como diabe- BRASIL. Ministério da Saúde. Exercícios físicos
garantem qualidade de vida a idosos. Disponível
tes, hipertensão, entre outras. ‘O exercício físico em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/
na terceira idade ajuda a prevenir e a combater promocao-da-saude/53940-idosos-que-praticam-
essas doenças e evitar doenças do coração‘, conta exercicios-fisicos-tem-mais-qualidade-de-vida>.
o profissional. Acesso em: 13 ago. 2020.
Antes da realização das entrevistas, reflita com os estudantes sobre como cada capacidade física
é afetada pela idade. Espera-se que a turma consiga compreender a implicação da perda dessas
capacidades na qualidade de vida do idoso.
Depois que os estudantes realizarem a entrevista com o idoso, proponha uma atividade de sensi-
bilização que possa culminar com uma visita a uma casa de repouso ou um lar para idosos.
Passo a passo
1. Proponha que os estudantes realizem as entrevistas com avós ou idosos da comunidade em
que vivem.
2. Convide os jovens a partilharem as entrevistas e reflita sobre os relatos dos idosos.
3. Proporcione uma prática de sensibilização com as atividades adaptadas para os idosos, como
as mostradas a seguir.
BELUSHI/SHUTTERSTOCK
CRÉDITO
ROBERT KNESCHKE/SHUTTERSTOCK
Exercícios de fortalecimento e alongamento trazem Exercícios de equilíbrio são importantes para prevenir
inúmeros benefícios para a terceira idade. quedas em idosos.
Reflexão
Ao final do projeto, os estudantes podem vivenciar o movimento humano sob diferentes perspec-
tivas e objetivos. No entanto, para que você consiga mapear se os objetivos de aprendizagem foram
atingidos, promova as seguintes reflexões:
102
• De que maneira podemos contribuir para que os idosos tenham uma qualidade de vida melhor?
• Como podemos ressignificar o nosso projeto de vida diante dos conhecimentos adquiridos
com base nos benefícios da ginástica?
• Como atuar para inserir a prática corporal no rol dos Direitos Humanos?
Por fim, é esperado que o estudante compreenda os benefícios da ginástica geral para a promoção
da saúde no processo de envelhecimento e que, ao o desenvolver empatia e respeito por meio do
projeto, possa atuar socialmente na garantia dos direitos dos idosos.
Avaliação
A entrevista proposta no projeto de ampliação pode representar uma ótima oportunidade de
registro e avaliação dos estudantes. Desse modo, você pode utilizar o quadro abaixo como modelo
de entrevista com os idosos. Estimule os jovens a ir além das perguntas sugeridas abaixo, de acordo
com o enredamento de cada relato.
Nome do estudante:
Nome do entrevistado:
Idade do entrevistado:
Quais são os cuidados que você tem com a sua saúde física?
O que você teria feito de diferente para cuidar da sua saúde em outras fases da vida?
COMO LIDAR
Problema Solução
Apesar de sugerirmos a prática da ginástica acrobática, você também pode abordar conceitos
Conceitual
das ginásticas rítmica e artística, por exemplo.
Caso não seja possível realizar a visita ao lar de idosos, proponha que a escola receba os idosos
Procedimental
da comunidade para uma vivência.
Além de colocar em debate as particularidades do movimento corporal na terceira idade, você
Atitudinal
pode tratar da inclusão das PcDs.
103
7.2 – Ginástica de Condicionamento Físico
grupo têm origem em práticas corporais milenares
ROBERT KNESCHKE/SHUTTERSTOCK
5 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalco
mum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 ago. 2020.
104
de oxigenação nos músculos, maior será a FC, ou seja,
Roda inicial atividades mais intensas e exigentes farão com que o
No início da aula, sente-se em roda com os estudan- coração bata mais rapidamente para atender a essa de-
tes. Explique que o tema da sequência será a ginástica de manda energética.
condicionamento físico. Como uma forma de instigar os Solicite aos estudantes que anotem os BPM em repouso
jovens sobre as adaptações corporais durante o exercício na tabela que se encontra em “Avaliação”. Essa tabela pode-
físico, proponha que respondam: rá servir como registro do estudante, assim como avaliação
• Quais são os fatores que alteram nossa frequência para o professor. Por isso, é importante que os jovens
cardíaca (FC)? realizem, interpretem e reflitam sobre os dados obtidos.
• Como, quando e por que nossos batimentos cardía-
cos oscilam? Desenvolvimento
• Será que conseguimos controlar nossa FC? Após a conceituação do tema e a mensuração da FC
Provavelmente, os estudantes vão realizar associações em repouso, instrua os estudantes a realizarem um aque-
diretas com a prática de exercícios e atividades físicas, no cimento simples. Utilize exercícios de baixa intensidade,
entanto é preciso alertar que diversos fatores modulam como rotação dos braços, trotes leves ou alongamentos
nossos batimentos em diferentes contextos, entre eles as dinâmicos. Logo após esse aquecimento, repita o procedi-
sensações e as emoções. Pergunte: mento de aferição da FC e peça aos estudantes que anotem
• O que acontece com a nossa FC quando estamos o resultado obtido nas tabelas.
diante de uma fonte de estresse? Em seguida, proponha a vivência de um circuito como
• E quando estamos relaxados? aqueles utilizados no fitness. Geralmente, esses circuitos
• Quais são as nossas sensações durante a realização têm por objetivo o fortalecimento muscular, a melhora do
de avaliações como o vestibular e o Enem? condicionamento físico e o aumento do gasto calórico. É
Para que os estudantes possam reconhecer e avaliar esse por meio do aperfeiçoamento das capacidades físicas que
processo de oscilação da FC, proponha que, individualmen- o praticante é beneficiado pelo treinamento.
te, mensurem a própria FC durante o momento inicial de Para tanto, é importante que os estudantes reconheçam
repouso. Para isso, ajude-os a empregar a técnica correta, as capacidades físicas, bem como as atividades capazes de
como mostram a imagem e as instruções a seguir. desenvolvê-las. Caso seja necessário, dê um tempo para
que os jovens façam uma rápida pesquisa sobre o assunto.
Proponha, então, um circuito que contemple ao menos
ILUSTRAÇÕES: ROBSON OLIVIERI
105
ou necessidade, de modo que consigam justificar as es- Após 5-10 minutos de relaxamento, oriente os estu-
colhas diante da importância para o aprimoramento das dantes a fazer uma última verificação da FC e anotem os
capacidades físicas. Após a realização do circuito, peça a valores nas tabelas. A utilização de músicas como sons
eles que anotem novamente o resultado na tabela. da natureza pode auxiliar no relaxamento mais profundo
Por fim, sente-se em roda com os estudantes a fim dos jovens.
de discutir os resultados encontrados. Provavelmente,
CONEXÕES
os dados da FC após o circuito serão maiores que os do
aquecimento que, por sua vez, serão maiores que os que A ginástica laboral é uma prática que tem como princi-
foram aferidos em repouso. pal objetivo prevenir patologias relacionadas às atividades
de trabalho e incentivar os colaboradores à prática de ativi-
Diante disso, proponha uma atividade de relaxamento.
dades físicas, enfatizando a importância para a melhora na
Os principais objetivos das práticas de relaxamento são: qualidade de vida e a manutenção da saúde.
reduzir os níveis de ansiedade e estresse, diminuir a tensão Geralmente, é realizada no local de trabalho ou em algum
muscular e aumentar a atenção e a concentração. espaço específico dentro da empresa, tendo a duração média
Existem várias técnicas que promovem o autoconheci- de quinze minutos, podendo ser realizada diariamente, três
mento e permitem que o indivíduo alcance uma sensação vezes por semana ou conforme a frequência que a empresa
disponibiliza. A prática da ginástica laboral envolve aspec-
maior de bem-estar. Se considerar oportuno, consulte o
tos como a valorização do colaborador, a preocupação da
material a seguir: empresa com a saúde dos funcionários, o desenvolvimento
• NOVAES, Letícia De Carli; SANTOS, Maria Fernan- do trabalho com qualidade, a prevenção de patologias e o
des dos. Técnicas de relaxamento. Disponível em: oferecimento de um bom ambiente para trabalhar.
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5415862/ Com a prática, os empresários acabam concluindo que
mod_resource/content/1/T%C3%A9cnicas%20 a preservação, a manutenção e a promoção da saúde aca-
bam refletindo no rendimento de seus colaboradores, uma
de%20Relaxamento.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2020.
vez que deixarão de faltar ao trabalho por motivos de saú-
Veja abaixo um exemplo que pode ser realizado com de, fazendo com que a produção seja mantida ou até mes-
a turma. mo aumentada.
Aos poucos, as empresas acabam mudando suas prio-
ILUSTRAÇÕES: ROBSON OLIVIERI
106
Ampliação
Para que essas competências sejam aprimoradas intencionalmente no ambiente escolar, proponha a
execução de um projeto de autoconhecimento. Para começar, leia a matéria jornalística sugerida a seguir.
Faltando poucas horas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será
realizado neste fim de semana em todo o país, alguns candidatos ainda acham que podem
aprender tudo o que não viram durante o ano. Assim, mudam a rotina e acabam impondo
ao corpo árduos testes. Atitudes como redução nas horas de sono, pesadas sessões de
estudo e privação de atividades de lazer atrapalham mais do que ajudam. Veja, a seguir, o
que merece um cuidado especial do estudante neste período pré-prova.
Concentração
Trabalhar a concentração é tarefa que começa antes da prova. De acordo com o
psicólogo especialista em cognição humana Fernando Elias José, existem três tipos de
atividades que colaboram para aumentar o foco do aluno para o exame: os exercícios
físicos, os de respiração e os testes simulados, ‘semelhantes aos que são aplicados na
prova’, explica.
Segundo o psicólogo, para respirar corretamente é preciso puxar o ar pelo nariz e
soltar pela boca, além de respirar mais devagar. Isso ajuda a pessoa a baixar o nível
dos hormônios, fazendo com que raciocine melhor e se concentre mais. Já os exercí-
cios físicos cooperam para um aumento da atividade cerebral e, consequentemente,
da concentração. Por último, responder a questões similares às da prova auxilia o
candidato a se concentrar como se estivesse realizando o exame.
Equilíbrio emocional
Além disso, todo o nervosismo que acompanha cada candidato, seja em maior ou
menor intensidade, pode acarretar em um desequilíbrio emocional. ‘Essa situação ocorre
devido a dois pontos: expectativa errada e alteração da rotina’, explica o psiquiatra e
professor de química Celso Lopes, do cursinho Anglo, de São Paulo.
O primeiro caso é caracterizado por aqueles alunos que acreditam que vão chegar
na prova e conseguir resolver tudo, o que pode gerar frustração. Lopes tranquiliza os
estudantes: ‘se a cada quatro questões ele não souber como resolver uma, está tudo
ok, é perfeitamente normal’.
O segundo caso é relacionado a alterações no cotidiano do estudante, em virtude
de se preparar para a prova. ‘Quem estuda demais, privando o corpo de necessidades
Continua
6 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física. Brasília, 1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2020.
107
Continuação
fisiológicas, como o sono, por exemplo, sofre mais com o aumento de nervosismo e
irritabilidade, que acabam resultando em um desequilíbrio emocional tanto antes como
durante a prova’, conclui Lopes.
Se durante a prova o estudante sentir-se, por algum motivo, muito agitado ou frustra-
do por não conseguir resolver algumas questões, uma breve pausa para espairecer é o
melhor remédio. ‘É melhor perder dois ou três minutos relaxando do que comprometer
a prova inteira’, diz Lopes.
Ansiedade
A ansiedade é uma característica biológica do ser humano, presente em situações
que antecedem algum tipo de perigo, seja ele real ou imaginário. É natural que muitos
estudantes sintam um desconforto antes do Enem, em virtude da importância que o re-
sultado na prova possa vir a representar. Mas é crucial lidar com a ansiedade de maneira
adequada. ‘Não dá para ter aquele pensamento clichê de que ‘o aluno não pode ser nada
ansioso’. A ansiedade é muita bem vinda até um certo nível. Ele só precisa saber quando
é que a ansiedade começa a atrapalhá-lo’, afirma Elias.
Segundo Lopes, ‘existe uma sigla de origem militar chamada PAON (pare, alimen-
te-se, oriente-se e navegue) que é útil nesses momentos. Quando o aluno se encontra
em uma situação de muita aflição durante a prova, é importante parar, respirar, comer
uma barrinha de cereal, beber água ou ir ao banheiro e só depois voltar à prova’,
recomenda.
Relaxamento
O relaxamento colabora para manter o cérebro do aluno disposto para mais um dia
de estudos ou provas. Não se trata de deixar de estudar ou priorizar momentos de lazer,
mas sim da conciliação de ambos para uma rotina saudável. ‘Ter momentos de lazer, se
divertindo com pessoas que sejam importantes na vida dele, contribui para o estudante
não se estressar tanto e reduz a ansiedade pré-prova’, conclui Elias.”
Exercício e Respiração: veja dicas para relaxar antes do Enem. Portal Terra. Disponível em:
<https://www.terra.com.br/noticias/educacao/enem/exercicio-e-respiracao-veja-dicas-para-
relaxar-antes-do-enem,ed58927d652ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>.
Acesso em: 14 ago. 2020.
Passo a passo
1. Desenvolva com os jovens uma série rápida (máximo de 5 minutos) de exercícios de relaxamento
usando as técnicas vivenciadas em aula.
2. Procure fazer com que os estudantes construam suas próprias rotinas, de modo que percebam
aquelas mais eficientes para cada um.
3. Combine com os outros professores para que, durante as avaliações, os estudantes possam
experimentar os exercícios de relaxamento antes, durante e depois da realização.
4. No decorrer das experimentações, discuta com os estudantes em que momento as técnicas
foram mais úteis.
5. Garanta que os jovens tenham incorporado essas estratégias em suas rotinas de modo cons-
ciente e autônomo.
Reflexão
Ao fim do projeto, sente-se com os estudantes e proponha reflexões acerca das técnicas de rela-
xamento e seus benefícios para a saúde física e mental. Para isso, utilize questões como:
• Qual é a sua sensação após realizar uma técnica de relaxamento?
• Quais melhorias você percebeu no seu desempenho escolar?
108
• Como você pode transpor o autoconhecimento e o autocuidado para outros momentos da vida?
Por meio dessas e de outras reflexões, é esperado que os estudantes ampliem o uso das práticas
corporais de maneira crítica e participem de processos colaborativos para a promoção do autoco-
nhecimento, do autocuidado na saúde física e emocional, principalmente nas próximas fases do seu
projeto de vida, seja no ingresso no Ensino Superior, seja no mercado de trabalho.
Avaliação
A tabela modelo a seguir é um instrumento que pode ser utilizado tanto pelos estudantes quanto
pelo professor. O mapeamento da FC ao longo de vários dias e diferentes situações nos permite
aprimorar o autoconhecimento. Dessa forma, os jovens terão maior consciência a respeito de suas
respostas fisiológicas. Para tanto, proponha que façam um acompanhamento diário, considerando
outras atividades, ao longo de uma semana.
COMO LIDAR
Problema Solução
Conceitual Podemos abordar outras atividades, como a ioga e a meditação como fonte de relaxamento.
109
8
CAPÍTULO
Danças
WILLIAM ABBIN
Cena da peça Lenda das cataratas, da Curitiba Cia de Dança, dirigida por Nicole Vanoni, 2014.
“A dança, em minha opinião, tem como finalidade a expressão dos sentimentos mais
nobres e mais profundos da alma humana: aqueles que nascem dos deuses em nós, Apolo,
Baco, Pan, Afrodite. A dança deve implantar em nossas vidas uma harmonia que cintila e
pulsa. Ver a dança apenas como uma diversão agradável e frívola é degradá-la.” (DUNCAN,
1977, p. 103)1
“Danças”
Antes de partir para as práticas didático-pedagógicas, reflita sobre as possíveis conexões entre os
TCT e as temáticas inerentes às danças. O quadro da próxima página apresenta algumas possibilidades
para a ampliação do seu repertório. As práticas e vivências propostas a seguir não deverão restringir
suas ações docentes. Dessa maneira, você poderá ressignificá-las de acordo com a sua realidade, o
contexto de sua escola e o interesse de seus estudantes.
1 DUNCAN, Isadora. The art of the dance. Nova York: Theater Arts Books, 1977.
110
TCT Danças
Meio ambiente • A dança das tribos como rituais de invocação e agradecimento à chuva e à colheita
Apresentação da dança do Siriri no Parque das Águas, em Cuiabá, Mato Grosso, 2017.
As danças tradicionais são práticas que simbolizam a cultura que aflora das variadas regiões do
Brasil. A diversidade do país resulta dos movimentos colonizadores e migratórios que aconteceram ao
longo do tempo, fazendo com que hábitos e costumes de diversos povos ao redor do mundo fossem
incorporados à cultura indígena que já existia aqui.
111
A cultura brasileira é composta de matrizes indígenas, africanas, europeias e árabes. Por meio da
culinária, das vestimentas, dos projetos arquitetônicos, da música, das artes ou das danças, o povo
brasileiro não só acolhe e preserva o patrimônio cultural de outros povos como também o transforma
e o ressignifica.
A riqueza cultural das danças tradicionais brasileiras transcende os gestos, os movimentos e as
expressões corporais. As danças tradicionais conferem ainda mais identidade às populações e, ao
mesmo tempo, expressam emoções.
As danças típicas fazem parte do folclore brasileiro, por isso constituem a identidade nacional.
Nesse sentido, sua experimentação no ambiente escolar oferece aos estudantes a oportunidade de
conhecer a grandeza cultural do nosso país. Além disso, elas dão aos jovens a possibilidade de reco-
nhecer e utilizá-las como forma de linguagem.
Espera-se que os jovens, ao vivenciarem as danças tradicionais, sejam capazes de reconhecer as
características das cinco regiões do Brasil e valorizar o multiculturalismo presente em nosso país.
Para direcionar os objetivos de aprendizagem do Ensino Médio, devemos levar em consideração
o percurso dos estudantes ao longo do Ensino Fundamental. Para isso, reveja as competências e
habilidades que foram desenvolvidas nesse período e que devem ser o ponto de partida para novos
conhecimentos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 1, 3, 4, 9 e 10
Competências de Linguagens 4, 5 e 6
Habilidades de Linguagens
• (EM13LGG402), (EM13LGG501), (EM13LGG503), (EM13LGG601), (EM13LGG602), (EM13LGG603),
(EM13LGG604)
Objetivos
• Apropriar-se das danças tradicionais como patrimônio artístico e cultural, reconhecendo e
valorizando sua diversidade estética e histórica, bem como os processos de legitimação de
maneira ética e empática.
• Apreciar e fruir as danças tradicionais das cinco regiões do Brasil, reconhecendo-as como lin-
guagem corporal e identificando o processo de construção histórica dessas práticas.
112
• Participar de processos de elaboração coletiva a
partir da festa junina, reconhecendo sua expressão
Desenvolvimento
identitária e valorizando as diferentes matrizes que Para que os jovens possam vivenciar um pouco das
compõem cultura brasileira. danças tradicionais, um dos elementos do folclore brasi-
leiro, proponha uma atividade em que cada um dos cinco
Roda inicial espaços identificados na quadra ou no pátio vai representar
uma região do Brasil, como mostra a figura abaixo.
Para o início da sequência, sente-se em roda com os es-
ADILSON SECCO
tudantes. Explique que o tema da aula envolverá as danças REGIÃO REGIÃO
tradicionais brasileiras. Nesse momento, busque mapear o NORTE NORDESTE
conhecimento prévio trazido pelos jovens.
• O que são danças tradicionais?
• Vocês conhecem alguma dança típica das regiões
REGIÃO
do Brasil?
CENTRO-OESTE
• Por que a compreensão das danças é tão importante
para a preservação cultural?
Nesse momento, espera-se que os estudantes consigam
dialogar sobre o tema. Para auxiliá-los, procure dirigir a REGIÃO REGIÃO
discussão para a questão do folclore brasileiro e pontuar SUL SUDESTE
outros aspectos que compõem a diversidade cultural do
país e de sua região.
O objetivo da vivência é sensibilizar os estudantes para a
pluralidade cultural do Brasil. É provável que eles não consi-
CONEXÕES
gam ter a dimensão exata da diversidade de ritmos e estilos
A palavra surgiu a partir de dois vocábulos musicais das cinco regiões do país, no entanto a atividade
saxônicos antigos: “Folk”, em inglês, significa serve como ponto de partida para a ampliação do repertório
povo, e lore, conhecimento. Assim, folk + lore dos jovens promovendo a valorização da cultura brasileira.
Folk-lore quer dizer “conhecimento popular’’.
Ao escutar a música tocada, os estudantes deverão iden-
O termo foi criado por William John Thoms (1803-
-1885), um pesquisador da cultura europeia que em tificar a que região do país ela se refere. Para tanto, terão de
22 de agosto de 1846 publicou um artigo intitulado se dirigir dançando até o local da quadra que representa
(folklore). No Brasil, após a reforma ortográfica essa região. Por exemplo, se a canção tocada pertence a
de 1934, que eliminou a letra k, a palavra perdeu uma dança típica da Região Norte do país, será necessário
também o hífen e tornou-se “folclore”. seguir até o quadrante reservado para essa região.
Podemos definir o folclore como um conjunto de Para diversificar a aprendizagem, no decorrer da aula,
mitos e lendas que as pessoas passam de geração você pode sugerir aos estudantes que dancem em duplas
para geração. Muitos nascem da pura imaginação ou trios. Após algumas rodadas, sente-se com eles a fim
das pessoas, principalmente dos moradores das de refletir sobre as particularidades das manifestações de
regiões do interior do Brasil. Muitas destas histórias cada região.
foram criadas para passar mensagens importantes • Vocês imaginavam tantas variedades de ritmos e de
ou apenas para assustar as pessoas. Um fato im-
estilos musicais?
portante é saber que o folclore, como tradição, se
dissemina em formas literárias – orais ou escritas – e
• Quais eram as danças já conhecidas previamente?
que tem portanto sua veiculação intrinsecamente • Quais são os elementos que caracterizam as danças
ligada ao fazer literário como procedimento esté- tradicionais?
tico. Seu produto seria, grosso modo, as lendas e Para que os estudantes possam identificar os principais
os contos, engendrados pela disposição mítica que elemento das danças tradicionais, bem como ampliar seus
as enforma. repertórios acerca da variedade de ritmos e danças que
compõe o folclore brasileiro, escolha uma dança tradicional
RODRIGUES, Alcione; KOVALSKI, Josoel. Luís
que represente cada região do país e explique suas princi-
da Câmara Cascudo e a literatura oral: estratégias
de leitura. Disponível em: <http://www. pias características aos jovens.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/ A seguir, são apresentadas algumas danças, assim como
pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_
materiais que podem servir de apoio para a condução da
port_unespar-uniaodavitoria_alcionerodrigues.
pdf>. Acesso em: 15 out. 2020. atividade. Escolha as danças de acordo com a curiosidade
e o interesse dos estudantes.
113
1. Carimbó (Região Norte) O frevo possui mais de uma centena de passos cata-
O carimbó é uma palavra da língua Tupi que significa logados, entre eles o “parafuso”, o “ferrolho”, a “tesoura” e
“pau que produz som”. A dança típica da Região Norte a “dobradiça”. Na internet, é possível encontrar inúmeros
brasileira é realizada em roda aos pares e sem contato vídeos que mostram a dança.
entre o cavalheiro e a dama. Após o início da música, os
114
4. Caxambu (Região Sudeste)
O caxambu, também conhecido como Jongo, é uma
Roda final
dança tipicamente brasileira com forte influência africana. O Ao final da aula, sente-se, novamente, em roda com os
ritmo dos tambores (caxambu), do berimbau (urucungo), da estudantes. Nesse momento, é interessante garantir que os
viola e do pandeiro dita os passos da dança, que normalmen- objetivos de aprendizagem sejam alcançados. Além disso, é
te são realizados sobre um terreiro. Acredita-se que a música, uma boa ocasião para traçar os próximos objetivos. Utilize
a dança e os cantos provocam fenômenos mágicos, sendo algumas questões que possam nortear a reflexão:
também conhecido como “jogo de adivinhação”, herdado do • Quais outras culturas contribuíram para a formatação
povo angolano. Muito presente na Região Sudeste, influen- das danças tradicionais brasileiras?
ciou a formação do samba carioca. É uma dança divertida
• Por que algumas dessas danças, apesar de tradicio-
e bem-humorada, normalmente em forma de grande roda,
nais, não são de conhecimento do povo brasileiro?
com um casal no centro dançando animadamente.
• De que maneira podemos contribuir para a preser-
vação do folclore brasileiro?
Sinta-se à vontade para ampliar as reflexões e os co-
LUCIANA WHITAKER/PULSAR IMAGENS
Ampliação
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura (Unesco):
“O ‘patrimônio cultural imaterial’ significa as
Grupo de Jongo do Núcleo de Arte e Cultura de Campos, práticas, representações, expressões, conhecimento,
exibição em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2019. habilidades – assim como os instrumentos, objetos,
artefatos e espaços culturais a eles associados – que as
5. Chula (Região Sul) comunidades, grupos e, em alguns casos, indivíduos
A chula do Rio Grande do Sul tem sua origem em Portugal reconhecem como parte de seu patrimônio cultural.
e como características apresenta batidas dos pés, sapateio Esse patrimônio cultural imaterial, transmitido de
gaúcho e desafios entre os bailarinos. Uma lança de madeira geração a geração, é constantemente recriado pelas
comunidades e grupos em resposta a seu ambiente,
com dois metros é colocada no chão, enquanto os bailarinos
sua interação com a natureza e sua história, e lhes dá
ficam nas extremidades e se apresentam alternadamente no
um senso de identidade e continuidade, promovendo,
formato de disputa, seguindo o ritmo da gaita gaúcha. Os dessa forma, respeito pela diversidade cultural e
passos são realizados próximos à vara e alternam movimen- pela criatividade humana.”(Unesco, 2014, p. 90-91)2
tos para a frente e para trás, e para um lado e para o outro.
O dançarino executa uma série de passos, desafiando o seu As festas juninas comemoradas em diferentes regiões do
oponente. O duelo segue até que um deles seja considerado Brasil incorporam elementos históricos e culturais e represen-
vencedor. Os bailarinos não podem perder o ritmo da música tam parte do patrimônio cultural brasileiro. As cinco regiões
e não devem encostar na lança. Originalmente, é uma dança proporcionam festejos particulares ricos em culturas e tradi-
para homens, e atualmente a chula é apresentada em festas ções, com grande variedade de danças, músicas, vestimentas,
com tradição gaúcha, em eventos culturais e rodeios. comidas, rituais e cores que caracterizam as celebrações.
As danças juninas na escola se modernizaram e adota-
THIAGO SOUZA/FUTURA PRESS
115
COMO SURGIRAM AS FESTAS JUNINAS?
“As festas juninas homenageiam três santos no Nordeste, com destaque para as cidades de
católicos: Santo Antônio (no dia 13 de junho), Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). No
A quadrilha tem origem francesa, nas contra-
entanto, a origem das comemorações nessa época
danças de salão do século 17. Em pares, os dan-
do ano é anterior à era cristã.
çarinos faziam uma sequência coreografada de
No Hemisfério Norte, várias celebrações acon- movimentos alegres. O estilo chegou ao Brasil no
teciam durante o solstício de verão – a data que século 19, trazido pelos nobres portugueses, e foi
marca o dia mais longo do ano. Lá na parte de sendo adaptado até fazer sucesso nas festas juninas.
cima do globo, ele acontece nos dias 21 ou 22 de
A fogueira já estava presente nas celebrações
junho. Vários povos da Antiguidade aproveitavam
juninas feitas por pagãos e indígenas, mas também
a ocasião para organizar rituais em que pediam
ganhou uma explicação cristã: Santa Isabel (mãe
fartura nas colheitas – celtas, nórdicos, egípcios,
de São João Batista) disse à Virgem Maria (mãe de
hebreus. ‘Na Europa, os cultos à fertilidade em ju-
Jesus) que quando São João nascesse acenderia
nho foram reproduzidos até por volta do século 10.
uma fogueira para avisá-la. Maria viu as chamas
Como a igreja não conseguia combatê-los, decidiu
de longe e foi visitar a criança recém-nascida.
cristianizá-los, instituindo dias de homenagens
aos três santos no mesmo mês’, diz a antropóloga As músicas juninas variam de uma região para
Lucia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade outra. No Nordeste, as composições do sanfoneiro
Católica de São Paulo (PUC-SP). pernambucano Luiz Gonzaga são as mais famosas.
Já no Sudeste, compositores como João de Barro
O curioso é que os índios que habitavam o
e Adalberto Ribeiro (‘Capelinha de Melão’) e La-
Brasil antes da chegada dos portugueses tam-
martine Babo (‘Isto é lá com Santo Antônio’) fazem
bém faziam rituais importantes em junho. Eles
sucesso em volta da fogueira.
tinham várias celebrações ligadas à agricultura,
com cantos, danças e muita comida. Com a A comida típica das festas é quase toda à base
chegada dos jesuítas portugueses, os costumes de grãos e raízes que nossos índios cultivavam,
indígenas e o caráter religioso dos festejos juni- como milho, amendoim, batata-doce e mandioca.
nos se fundiram. É por isso que as festas tanto A colonização portuguesa adicionou novos ingre-
celebram santos católicos como oferecem uma dientes e hoje o cardápio ideal tem milho verde,
variedade de pratos feitos com alimentos típicos bolo de fubá, pé-de-moleque, quentão, pipoca e
dos nativos. Já a valorização da vida caipira outras gostosuras.”
nessas comemorações reflete a organização
SILVA, Cíntia Cristina da. Como surgiram as festas
da sociedade brasileira até meados do século juninas? Disponível em: <https://super.abril.com.
20, quando 70% da população vivia no campo. br/mundo-estranho/como-surgiram-as-festas-
Hoje, as grandes festas juninas se concentram juninas/>. Acesso em: 14 ago. 2020.
Passo a passo
1. Proponha aos jovens que se organizem em cinco grupos, cada um representando uma região
do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).
2. Solicite aos grupos que pesquisem a cultura dessas regiões (danças, músicas, vestimentas,
comidas, expressões linguísticas etc.), como sugerido em “Avaliação”.
3. Nas aulas de Educação Física, reserve um tempo para auxiliar os jovens na distribuição das
funções e no ensaio das danças.
4. A apresentação das danças pode ser precedida por discursos e narrativas dos estudantes sobre
as características das regiões. Essa é uma excelente oportunidade para empregar e valorizar a
variedade do discurso linguístico como elemento da pluralidade cultural.
5. Procure conversar com os professores de outras disciplinas e veja como cada um pode se en-
volver com a festa junina da escola.
6. Se possível, envolva as famílias na organização da festa, na confecção dos enfeites, nas vesti-
mentas e na preparação das comidas.
7. Por fim, organize a festa junina com os estudantes.
116
Avaliação
Reflexão
Ao final do projeto, sente-se com os estudantes a fim de Para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, você
perceber quais foram as novas aprendizagens adquiridas pode fornecer o roteiro para investigar as características
com a organização da festa junina. Para isso, procure realizar das festas juninas em cada região brasileira. O intuito é
algumas reflexões em quadra ou em sala de aula. que o instrumento sirva como referencial de apoio aos
estudantes, mas também pode servir como instrumento
• O que aprendemos de novo sobre a cultura brasileira?
de avaliação para o professor.
• Qual é a importância de preservar a cultura de forma
autoral e criativa? Região do país
• De que outras maneiras podemos preservar a tradi-
Danças tradicionais
ção, valorizando o multiculturalismo?
Por fim, é esperado que os estudantes possam relacio- Músicas
nar as práticas corporais e artísticas, como as danças tradi- Vestimentas
cionais, às diferentes dimensões da vida social e cultural.
Também pretende-se que, ao atuar na construção coletiva Comidas típicas
da festa junina, os jovens recorram a conhecimentos de di- Expressões linguísticas
versas naturezas (sociais, históricas e culturais), valorizando
Curiosidades
as culturas regionais.
COMO LIDAR
Problemas Solução
Você pode se aprofundar na variedade de danças da sua própria
Conceitual
região, em vez de abordar todas as cinco regiões do país.
Para desenvolver os passos de diferentes danças, você pode separar
Procedimental uma aula para cada dança regional. Vale também utilizar vídeos com
demonstração do passo a passo.
Ao incluir o estudante no processo de pesquisa, reflexão e
Atitudinal elaboração da festa junina, você pode contribuir para a mitigação
de preconceitos regionais.
117
8.2 – Danças urbanas elaboradas com base em características dessa modalidade.
Fotografias, pinturas e esculturas também retratam as
As danças urbanas são modalidades que surgiram em
danças urbanas em diversos contextos.
guetos e centros urbanos, praticadas, em geral, em espaços
Paralelamente, essas danças já mobilizam grandes
públicos, longe dos ambientes formais. Acredita-se que as
competições ao redor do mundo. Nos dias de hoje, a street
danças urbanas tenham surgido durante a grande crise
dance (dança urbana) ganhou força, notoriedade e permeia
econômica dos anos de 1930, nos Estados Unidos.
diversos contextos sociais, econômicos e culturais, extra-
Os artistas, então desempregados, passaram a utilizar polando o território das suas raízes.
as ruas de guetos e grandes centros urbanos como palco Do ponto de vista pedagógico, podemos auxiliar o jo-
para suas apresentações. Os movimentos, repletos de agi- vem a compreender esse universo que engloba as danças
lidade e atitude, caracterizaram um marco na mudança de urbanas. A riqueza histórica e sociocultural de movimen-
paradigmas. A dança de rua, anteriormente marginalizada, tos, ritmos e atitudes pode ser amplamente valorizada no
ganhou espaço na mídia e na sociedade. ambiente escolar.
Atualmente, as danças urbanas gozam de popularidade Com o intuito de mapear, aprimorar e garantir novas
no mundo todo e têm seus movimentos e ritmos incorpora- aprendizagens aos estudantes do Ensino Médio, reme-
dos em diversos contextos da música, da arte e dos esportes. more as habilidades desenvolvidas ao longo do Ensino
Muitas coreografias dos espetáculos contemporâneos são Fundamental.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 1, 3, 4, 6, 7, 9 e 10
Competências de Linguagens 1, 2, 4 e 5
Habilidades 102, 103, 104, 201, 202, 203, 204, 401, 501 e 502
Habilidades de Linguagens
• (EM13LGG102), (EM13LGG103), (EM13LGG104), (EM13LGG201), (EM13LGG202), (EM13LGG203),
(EM13LGG204), (EM13LGG401), (EM13LGG501), (EM13LGG502)
Objetivos
• Analisar os discursos presentes no rap como fenômeno (geo)político, histórico, social e cultural
para compreender as danças urbanas como linguagem e prática cultural, possibilitando uma
interpretação crítica da realidade.
118
• Vivenciar o breakdance como forma de expressão de valores, reconhecendo os processos iden-
titários e de relação de poder que permeiam a cultura do hip-hop.
• Utilizar diferentes linguagens (verbal e não verbal) para atuar socialmente combatendo pre-
conceitos, com base em princípios e valores de equidade.
Roda inicial
Em quadra ou sala de aula, sente-se em roda com os estudantes. Proponha à turma uma conversa
inicial a respeito das danças urbanas. Visando mapear os conhecimentos prévios dos estudantes e
sensibilizá-los para o engajamento no assunto, você pode propor as seguintes questões:
• Alguém da turma pratica alguma dança urbana?
• Por que a dança é considerada uma forma de expressão corporal?
• Quem sabe dizer qual era o contexto social em que as danças urbanas emergiram?
Com base na conversa inicial com os estudantes procure contextualizar o assunto e aprofundar
os conhecimentos por meio dos seguintes questionamentos:
• Alguém conhece a cultura do hip-hop?
• Sabem o que é o breakdance?
• Conseguem nomear algum dançarino emblemático dessa dança?
HISTÓRIA DO HIP-HOP
URBAZON/E+/GETTY IMAGES
giu na década de 1970, no Bronx, em Nova York.
Além da música rap, o hip-hop engloba os DJs e
MCs, a dança, o grafite e a moda. Inicialmente
uma subcultura, o hip-hop americano tornou-se
uma das principais vertentes da história da indús-
tria de entretenimento internacional, com letras
focadas em temas relacionados à sociedade,
como o dia a dia nas comunidades, as drogas e
a violência urbana. O hip-hop brasileiro começou
na década de 1980 e ganhou força nos anos 1990
e 2000. O hip-hop como cultura de rua engloba
ações comunitárias e questões sociais e promove
o encontro dos jovens para a formação de grupos
artísticos e políticos. O movimento se constitui,
assim, como uma possibilidade de intervenção Arte e atitude no breakdance.
político-cultural construída na periferia.
O breakdance é um estilo de dança de rua, parte da cultura do hip-hop. Normalmente, a dança
é praticada ao som do rap, funk ou breakbeat. Breakdancer, bboy ou bgirl, é o nome dado à pessoa
que dança. Quando surgiu, o breakdance era utilizado como forma de manifestação popular e alter-
nativa de jovens para não entrar em gangues de rua, que tomavam a cidade de Nova York na época.
Em 1967, a dança de rua ficou famosa pelos passos do cantor de funk norte-americano James
Brown (1933-2006). Os movimentos, repletos de agilidade e atitude, caracterizaram uma mudança
de paradigmas nos elementos de dança.
A dança de rua, anteriormente marginalizada, ganhou espaço na mídia e na sociedade. Poste-
riormente, foi Michael Jackson (1958-2009), “o rei do pop”, o responsável por apresentar a dança
urbana para o mundo.
Atualmente, o breakdance é também praticado como fonte de lazer ou competição no mundo.
Para ilustrar a modalidade, você pode apresentar para a sua turma o vídeo com uma batalha de
dança entre Neguin e Kriss (disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sNLkY3C5bV0&l
ist=RDsNLkY3C5bV0&start_radio=1&t=197>; acesso em: 6 ago. 2020).
119
Desenvolvimento
Para explorar o tema com os estudantes, proponha inicialmente uma atividade de sensibilização.
Peça aos estudantes que vendem os olhos e prestem atenção na letra do rap Negro drama, dos Ra-
cionais MC’s, que é reproduzida a seguir.
NEGRO DRAMA
Negro drama, entre o sucesso e a lama Pra ser e se for, tem que ser, se temer é milho
Dinheiro, problemas, invejas, luxo, fama Entre o gatilho e a tempestade
Negro drama, cabelo crespo e a pele escura Sempre a provar que sou homem e não um
A ferida, a chaga, à procura da cura [covarde
Negro drama, tenta ver e não vê nada Que Deus me guarde pois eu sei que ele não
[é neutro
A não ser uma estrela, longe, meio ofuscada
Vigia os rico, mas ama os que vem do gueto
Sente o drama, o preço, a cobrança
Eu visto preto por dentro e por fora
No amor, no ódio, a insana vingança
Guerreiro, poeta, entre o tempo e a memória
Negro drama, eu sei quem trama e quem tá
Ora, nessa história vejo dólar e vários quilates
[comigo
Falo pro mano que não morra e também não mate
[...]
O tic-tac não espera, veja o ponteiro
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue, sirene, choros e velas Essa estrada é venenosa e cheia de morteiro
Que sobrevivem em meio às honras e covardias Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu
Periferias, vielas, cortiços Num clima quente, a minha gente sua frio
Você deve tá pensando: O que você tem a ver Vi um pretinho, seu caderno era um fuzil
[com isso? Um fuzil
Desde o início por ouro e prata Negro drama
Olha quem morre, então veja você quem mata Crime, futebol, música [...]
Recebe o mérito, a farda que pratica o mal Eu também não consegui fugir disso aí
Me ver pobre, preso ou morto já é cultural Eu sou mais um
Histórias, registros e escritos Forrest Gump é mato
Não é conto, nem fábula, lenda ou mito Eu prefiro contar uma história real
Não foi sempre dito que preto não tem vez? Vou contar a minha
Então, olha o castelo e não foi você quem fez [...] Daria um filme
Eu sou irmão dos meus truta de batalha Uma negra e uma criança nos braços
Eu era a carne, agora sou a própria navalha Solitária na floresta de concreto e aço
Tin-tin, um brinde pra mim Veja, olha outra vez o rosto na multidão
Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias A multidão é um monstro, sem rosto e coração
O dinheiro tira um homem da miséria Ei, São Paulo, terra de arranha-céu
Mas não pode arrancar de dentro dele a favela A garoa rasga a carne, é a Torre de Babel
São poucos que entram em campo pra vencer Família brasileira, dois contra o mundo
A alma guarda o que a mente tenta esquecer Mãe solteira de um promissor vagabundo
Olho pra trás, vejo a estrada que eu trilhei, mó cota Luz, câmera e ação, gravando a cena vai
Quem teve lado a lado e quem só ficou na bota Um bastardo, mais um filho pardo, sem pai
Entre as frases, fases e várias etapas Ei, senhor de engenho, eu sei bem quem você é
Do quem é quem, dos mano e das mina fraca Sozinho cê num guenta, sozinho cê num entra a pé
Negro drama de estilo Cê disse que era bom e as favela ouviu
Continua
120
Continuação
Cola o pôster do 2Pac aí, que tal? Que cê diz? É desse jeito que você vive, é o negro drama
Sente o negro drama, vai tenta ser feliz Eu não li, eu não assisti
Ei bacana, quem te fez tão bom assim? Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
O que cê deu, o que cê faz, o que cê fez por mim? Eu sou o fruto do negro drama
Eu recebi seu tic, quer dizer kit Aí Dona Ana, sem palavras, a senhora é uma
De esgoto a céu aberto e parede madeirite [rainha, rainha
De vergonha eu não morri, to firmão, eis-me aqui Mas, aê, se tiver que voltar pra favela
Você, não, cê não passa quando o mar Eu vou voltar de cabeça erguida
[vermelho abrir Porque assim é que é
Eu sou o mano, homem duro, do gueto, Brown, Obá Renascendo das cinzas
Aquele louco que não pode errar Firme e forte, guerreiro de fé
Aquele que você odeia amar nesse instante Vagabundo nato!
Pele parda e ouço funk
RACIONAIS MC’s. Negro drama. Álbum: Nada como
E de onde vem os diamantes? Da lama um dia após o outro dia. (2002). Gravadora: Cosa Nostra.
Valeu, mãe, negro drama Produção: Racionais MC’s, DJ Zegon.
Após ouvir a música, peça aos estudantes que analisem os discursos retratados pelo grupo. Nesse
momento, é importante que os jovens percebam que o rap, além de arte e cultura da periferia, tam-
bém é um movimento social e político que, entre várias problemáticas, retrata e contesta a posição
do negro na sociedade. Você pode refletir com os jovens sobre as seguintes questões:
• Apesar de ter sido lançada em 2002, atualmente a letra ainda retrata a periferia?
• Quais são as problemáticas sociais retratadas na música?
• De que forma a linguagem verbal e não verbal são importantes para a expressão de ideias?
Em seguida, relembre que dentro do hip-hop existem vários ritmos e estilos musicais e, assim
como o rap retrata os discursos sociais em suas letras, o breakdance evidencia discursos por meio de
movimentos corporais desafiadores e cheios de atitude.
A fim de que os estudantes aprendam alguns passos do breakdance, apresente os vídeos ou as
imagens a seguir. Você pode sugerir também que os jovens pesquisem músicas, danças e passos
referentes ao hip-hop com o intuito de desenvolver repertório para a vivência posterior.
121
1. Top rock
O top rock é um conjunto de movimentos realizados na posição em pé. Geralmente, são mo-
vimentos mais simples utilizados pelos bboys como um aquecimento que precedem os passos
mais elaborados.
2. Foot work
O foot work é o conjunto de movimentos que o bboy faz com os pés enquanto ele está em pé ou
no chão.
3. Freeze
Freeze é um movimento que o bboy usa para marcar o fim da dança. O bboy suspende-se e mantém
uma postura duradoura para os espectadores e/ou os juízes.
Há vídeos na internet com tutorias que demonstram esses movimentos.
Após os jovens pesquisarem e testarem alguns passos do breakdance em suas casas ou na escola,
explique que será realizada uma “batalha social”. O intuito da aula é simbolizar os esforços das pessoas
para ultrapassar as barreiras do preconceito por meio das danças.
Esta deve ser uma atividade em que deve ser feito um esforço coletivo para se estabelecerem rela-
ções de igualdade, ou seja, uma oportunidade de refletir sobre o preconceito presente na sociedade
em relação ao negro e à cultura da periferia.
A batalha poderá ser individual, em duplas ou até mesmo com uma apresentação em grupo. Vamos
utilizar como exemplo uma estratégia de batalha individual. É importante estabelecer combinados
que sejam claros e que possam evitar qualquer conflito na turma.
O tempo de duração das batalhas não pode ser muito extenso: cerca de 30 segundos ou um
minuto é o suficiente para que todos participem. Caso contrário, você poderá selecionar um maior
número de aulas para a vivência do tema.
No breakdance, a batalha é feita em formato de “mata-mata”, em que um dançarino se apresenta
de cada vez enquanto o outro observa. Quem perder a batalha está fora da competição. Explique que
as músicas poderão ser propostas pelos estudantes, para que os dançarinos tenham de improvisar
os movimentos. Destaque que todo movimento é válido e o intuito principal da atividade é permitir
a experimentação de passos.
Para a avaliação das apresentações, proponha aos estudantes que analisem os discursos pela
linguagem corporal, não pela verbal. Normalmente, nesse tipo de batalha, a empolgação do público
evidencia o dançarino vencedor. Nesse momento, é importante que os jovens possam formular e
compreender os próprios critérios de avaliação. O quadro proposto em “Avaliação”, amplia a per-
cepção dos jovens sobre a intencionalidade dos movimentos e pode auxiliar e estabelecer alguns
critérios a serem observados e avaliados.
Roda final
Sente-se em roda, novamente, com os estudantes. Para nortear a discussão final, proponha algumas
questões reflexivas que permitam transcender a experimentação das danças urbanas.
• Com a reflexão sobre a letra da música, conseguimos ampliar nossas percepções sobre os
discursos sociais?
• De que modo vivenciar a “batalha social” contribuiu para estabelecer relações de respeito às
diferenças?
• De que forma a cultura hip-hop pode contribuir para o combate ao racismo?
Sinta-se à vontade para ampliar as reflexões e os conhecimentos abordados. Espera-se que
os estudantes, ao experimentar as danças urbanas, reconheçam os movimentos corporais como
forma de interagir socialmente de modo a estabelecer relações construtivas, empáticas, éticas e de
122
respeito às diferenças. Além disso, espera-se que sejam capazes de analisar os discursos, bem como
as ideologias e os preconceitos inerentes a eles.
Ampliação
O preconceito racial também pode ser observado no mundo da dança. O balé, por exemplo, é uma
dança originária da Europa do século XV e, desde então, é marcado por preceitos exclusivistas, que
provocam imposições estéticas, étnicas, corporais e sociais, reforçando estereótipos e desigualdades.
No Brasil, o Estatuto da Igualdade Racial é destinado a garantir à população negra a efetivação da
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate
à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
No entanto, é por meio da atuação social, cultural e política que se mitigam os preconceitos e
as desigualdades. Para isso, proponha aos estudantes do Ensino Médio que promovam um festival
cultural com os pressupostos do hip-hop.
A questão racial, mesmo quando não se apresenta o espetáculo de Balé Clássico apresentado no Real
de forma explícita, permeia a situação como um Teatro de São João, no Rio de Janeiro, em 1813 –,
todo, afinal quantos bailarinos negros profissionais sua prática tornou-se mais expressiva a partir de
estão nos corpos de dança dos principais balés do 1913 e depois com Ana Pavlova e seu corpo de
mundo? “Eu tinha sete anos em 1972, já fazia balé baile entre 1918 e 1919. No entanto, somente em
desde os cinco num clube desportivo da prefeitura. 1927 foi fundada a escola de dança do Theatro
Fui fazer o teste do Theatro Municipal e não passei. Municipal por Maria Olenewa.
Eles alegaram que a questão era o fato de meus
joelhos não se encostarem. Depois fiquei sabendo A primeira bailarina negra no país foi Mer-
de inúmeras bailarinas com problemas de formação cedes Baptista, homenageada pela Escola de
nas pernas – até com uma perna mais curta que a Samba Vila Isabel em 2009, então com 85 anos.
outra. Então pensei: ‘será que fui rejeitada por ser Uma mulher de fibra e de coragem, que se tor-
negra?’”, relata Jucélia Olivia Araújo, apreciadora nou um marco na dança brasileira ao passar
de Balé Clássico até os dias de hoje. Como ela, pelo exigente concurso de ingresso no corpo
muitas crianças negras acabaram desistindo da de baile do Theatro Municipal do Rio de Ja-
atividade por terem sido vítimas de discriminação. neiro. Descobriu sua paixão pela dança após
os 18 anos. Em sua biografia relata que não foi
Na história de Michaela DePrince, nascida em avisada da data da prova para mulheres, por
Serra Leoa, mas adotada nos EUA, o balé surge isso mesmo fez a prova com os homens: “Como
quase como uma redenção. Aos oito anos, já eu tinha facilidade para saltar a prova não foi
praticante de balé, estava escalada para interpre- difícil para mim”. Assim, em 18 de março de
tar Marie em “O Quebra Nozes”, porém soube 1948, iniciou sua luta pela imposição do negro
que alguém estaria dançando sua parte, uma como bailarino profissional, tendo como aliado
vez que “as pessoas não estão prontas para uma o também bailarino negro Raul Soares.
bailarina negra”. Ela quase desistiu de seu sonho
e só o manteve porque pôde assistir à atuação de [...]
outra bailarina negra: Heidi Cruz. O PRECONCEITO racial no balé. Revista Raça.
Disponível em: <https://revistaraca.com.br/
No Brasil, apesar dessa modalidade ter tido o-preconceito-racial-no-bale/>.
sua primeira exibição ainda no século XIX – com Acesso em: 16 out. 2020.
3 BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial. Lei n. 12.288, de 20 de julho de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm>. Acesso em: 15 ago. 2020.
123
HISTÓRIA DE VIDA
A bailarina carioca Ingrid Silva usou seu perfil para alcançar o tom da sua pele. E explicou por
no Twitter para compartilhar um momento muito que esse momento é um marco: “Nunca existiram
especial: por 11 anos, ela sempre teve que pintar sapatilhas de todas as cores. Somente agora nesse
as sapatilhas para que tivessem a cor de sua século estão surgindo no mercado”. A iniciativa
pele. Ingrid é negra e só achava as tradicionais de criar sapatilhas e meias para dançarinas ne-
cor-de-rosa, feitas para dançarinas brancas. Mas gras foi do Dance Theatre of Harlem, em Nova
esses dias chegaram ao fim. “Elas chegaram”,
York, onde ela mora e trabalha. “O diretor Arthur
postou Ingrid juntamente da foto das novas sa-
Mitchel percebeu em um ensaio que a linha rosa
patilhas, “finalmente não vou ter mais que fazer
descontinuava o corpo da bailarina. Então sugeriu
isso! FINALMENTE! É uma sensação de dever
que todo seu corpo de baile usasse sapatilha e
cumprido, de revolução feita, viva a diversidade
meia calça cor da pele”, contou Ingrid. Até então
no mundo da dança. E que avanço, viu? Demorou
mas chegou!”, postou a bailarina em seu perfil ela mesma pintava uma a uma as suas sapatilhas.
na rede social. Agora, não precisa fazer mais isso. “A vitória não é
somente minha e sim de muitas futuras bailarinas
Ingrid também compartilhou com os seguidores negras que virão por aí”.
as imagens das antigas sapatilhas, todas pintadas
A história de Ingrid é toda
muito especial. Criada em Ben-
ANDREA MOHIN/THE NEW YORK TIMES/FOTOARENA
Passo a passo
1. Proponha aos jovens que formem grupos de apre- 5. Sugira a eles que se apresentem para outros estu-
sentação, compostos de MCs, DJs e dançarinos. dantes no pátio da escola.
2. Peça a cada grupo que componha uma música, com
letra e ritmo, com o tema “desigualdades”. Os jovens 6. Viabilize a organização das apresentações com a
podem abordar as desigualdades étnico-raciais, de direção da escola.
gênero, sociais, entre outras.
7. A fim de enriquecer o processo criativo dos jovens,
3. Se necessário, ceda um tempo das aulas de Educação
sugira aos grupos que registrem o passo a passo do
Física para que os jovens possam pesquisar sobre os
discursos, criar, compor e ensaiar. projeto em uma página ou rede social, com imagens,
4. Busque dialogar com os professores da área de Lingua- letras e fotos das apresentações, e divulguem os
gens para que possam contribuir com os estudantes. materiais para a comunidade escolar.
124
Reflexão
Ao final do projeto, sente-se em roda com os estudantes e verifique se os objetivos de aprendi-
zagem foram alcançados.
• Qual foi a mudança de paradigmas promovida pela dança de rua?
• Como manifestações culturais são importantes para legitimar discursos?
• Como você pode atuar para combater os preconceitos étnico-raciais da sociedade?
Com base nessas e em outras reflexões, espera-se que os jovens do Ensino Médio sejam capazes de
produzir criticamente discursos, atuando contra os preconceitos étnico-raciais e situações de injustiça.
Espera-se, ainda, que possam valorizar a cultura hip-hop como fenômeno social, cultural e histórico.
Avaliação
O quadro-modelo proposto a seguir pode servir como instrumento de registro e de avaliação.
Os estudantes deverão perceber como as expressões corporais também constituem o discurso, ou
seja, como a linguagem não verbal das danças representa mais do que meros movimentos corpo-
rais. Para sua utilização, os estudantes podem atribuir pontuações ou apenas verificar se os critérios
foram contemplados.
Atitude
Ritmo condizente Atitude empática Gestual
Nome do bboy condizente
com o estilo e respeitosa aos apropriado ao
ou bgirl com o discurso da
musical colegas breakdance
música
COMO LIDAR
Problema Solução
Você pode também abordar outras desigualdades, como a de gênero, e outras danças urbanas,
Conceitual
como o funk, por exemplo.
As danças podem ser realizadas em qualquer ambiente da escola. Você também pode utilizar o
Procedimental
próprio aparelho celular caso não haja aparelho de som para as aulas.
Busque garantir a participação de todos. No entanto, com os mais resistentes, procure
Atitudinal aproximá-los aos poucos das atividades de dança, para que não seja algo imposto, mas sim
prazeroso.
125
9
CAPÍTULO
KATACARIX/SHUTTERSTOCK
Esportes
126
PARA SABER MAIS
No vídeo, Esporte e conceito (14 min), o professor Elder Deo- para jogos, o campo é um espaço social, cultural e de inclu-
rato Marques explica ao jornalista Ederson Granetto como os são. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l-
projetos sociais esportivos podem interferir na avaliação que C55WHXXLw>. Acesso em: 9 ago. 2020.
crianças e jovens fazem de si mesmos. O professor relata a meto- Como identificar qual é o sentido da prática esportiva nas
dologia e os resultados de sua pesquisa de mestrado, destacando aulas de Educação Física do Ensino Médio? A análise de Mar-
o impacto da prática de esportes no autoconceito de crianças e co Aurélio Gonçalves Nóbrega dos Santos e Vilma Lení Nista-
jovens. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=F -Piccolo faz uma relação entre o esporte e temas como edu-
Biwk6UooqI>. Acesso em: 9 ago. 2020. cação, saúde, competição, cultura e inclusão. Disponível em:
Em entrevista, Maurício Murad, doutor em Sociologia do <http://www.periodicos.usp.br/rbefe/article/view/16797>.
Esporte e professor, argumenta que, mais do que o espaço Acesso em: 9 ago. 2020.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
O atletismo é a modalidade mais antiga dos Jogos Nossa escola é para todos: um projeto de
Ampliação
intervenção na acessibilidade da escola
Olímpicos, presente em todas as edições do evento desde
a Grécia Antiga. Sua prática engloba provas de pista e Valores Empatia, respeito e inclusão
provas de campo. As provas de pista abrangem as corridas
Avaliação Registro de observação do edifício escolar
de diversas distâncias, enquanto as provas de campo são
compostas de saltos, lançamentos e arremessos.
Habilidades de Linguagens
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
• (EM13LGG203), (EM13LGG204), (EM13LGG303),
Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum. (EM13LGG304), (EM13LGG305), (EM13LGG501),
mec.gov.br/>. Acesso em: 15 ago. 2020. (EM13LGG502).
127
Objetivos • Quais dessas modalidades são adaptadas às pessoas
• Utilizar o atletismo adaptado para desenvolver rela- com deficiência?
ções empáticas e de respeito. Nesse momento, os estudantes devem identificar a lógica
• Debater questões inerentes às práticas corporais adap- e os objetivos que norteiam os esportes de marca, bem como
tadas para desenvolver a consciência sobre a inclusão. reconhecer algumas das modalidades que os representam.
• Formular criticamente propostas para intervir de No atletismo paralímpico, os atletas são divididos em
forma solidária e ética na escola e na sociedade. grupos de acordo com o grau de deficiência constatado pela
classificação funcional. As deficiências contempladas por
Roda inicial essas provas são: deficiências visuais, deficiências intelec-
tuais, paralisados cerebrais, anões, deficiência nos membros
Para o início da aula, sente-se em roda com os estu-
inferiores, deficiência nos membros superiores, cadeirantes
dantes e procure retomar alguns conceitos básicos da
e amputados com prótese.
temática, bem como mapear o conhecimento prévio acerca
dos esportes de marca. Para isso, utilize algumas questões Para identificar o conhecimento dos estudantes sobre o
norteadoras e exiba o vídeo que ilustra o tema. Disponível atletismo nos Jogos Paralímpicos, proponha alguns ques-
em: <https://www.youtube.com/watch?v=aCgWEhdi-mo>. tionamentos.
Acesso em: 11 de ago. 2020. • Quais são as principais adaptações do atletismo pa-
ralímpico?
• Qual é a lógica interna dos esportes de marca?
• Alguém conhece ou já assistiu a algumas dessas provas?
• Quais são as modalidades contempladas pelos es-
• Quais são as adaptações necessárias e as dificuldades
portes de marca? na prática adaptada?
ATLETISMO PARALÍMPICO
Você também poderá apresentar aos estudantes um vídeo que mostra o detalhamento das divisões
e das classificações do atletismo adaptado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=--rHY
Saq49Q>. Acesso em: 15 ago. 2020.
Desenvolvimento
Para que os jovens experimentem o atletismo como esporte de marca, você pode propor uma prática
que diferencie as modalidades convencionais das modalidades adaptadas. O objetivo é que o estudante
consiga perceber as diferenças na mobilização das capacidades físicas e das habilidades motoras quando
realizadas com ou sem alguma privação de movimento.
Como aquecimento, proponha aos estudantes que realizem uma corrida de 100 m, a prova mais
famosa do atletismo. Como é muito difícil garantir essa distância no ambiente escolar, sugerimos que
adapte a metragem da corrida ao seu local de prática.
Você pode dispor os estudantes em várias baterias a fim de contextualizar a dinâmica real da prova.
Oficialmente, a corrida de 100 m é disputada por oito atletas simultaneamente, dispostos em raias e,
portanto, você pode pedir aos estudantes que se organizem dessa maneira.
Enquanto oito estudantes se posicionam para correr, um estudante pode se posicionar na linha de
chegada e ficar responsável pela filmagem que documentará o resultado final da corrida. Para isso, os
jovens podem utilizar os próprios celulares.
128
Em outro momento, desenvolva com os estudantes a Após a corrida de cegos, você pode propor a expe-
prática da corrida para cegos. Nessa prova, o atleta cego e o rimentação de outras provas adaptadas do atletismo,
atleta-guia ficam conectados por cordão preso aos punhos. O por exemplo:
guia não pode ultrapassar o atleta e tampouco encostar em 1. Lançamento de dardo nos Jogos Paralímpicos
seu corpo. Durante a corrida, se o atleta ou o seu guia tocarem Para desenvolver o lançamento de dardo adaptado,
as linhas que delimitam a pista, estarão eliminados da prova. você pode utilizar algumas cadeiras e cabos de vassoura
para simular os dardos. Os estudantes, sentados na cadeira,
GRAEME J. BATY/SHUTTERSTOCK
“[...] Os atletas amputados se beneficiam hoje resina de epóxi, o que assegura um eficaz retorno
de dispositivos sofisticados que lhes permitem de energia ao usuário. [Foi] inventado pelo norte-
alcançar níveis de performances muito próximos -americano Van Phillips, que perdeu um pé em um
daqueles de atletas válidos. acidente de ski náutico em 1976 [...].
[...] Graças aos progressos científicos das últimas Muito em moda no atletismo, ele torna discipli-
décadas, as próteses ortopédicas são hoje fabri- nas como a corrida a pé ou o salto em distância
cadas com titânio e fibra de carbono, materiais acessíveis a todos. Foi graças a essa prótese que
usados sobretudo na aeronáutica e na engenharia o corredor norte-americano Jannyd Wallace, que
aeroespacial. Esses aparelhos são perdeu a perna direita, pôde estabe-
mais leves e mais resistentes do que lecer um tempo de 10,71 segundos
CELSO PUPO/SHUTTERSTOCK
129
Roda final
Ao final das vivências, reúna-se com os estudantes a fim de refletir sobre os paralelos entre as
modalidades olímpicas e paralímpicas. Para isso, proponha as seguintes perguntas:
• Quais foram as dificuldades encontradas na prática do atletismo paralímpico?
• Como essas dificuldades podem impactar o dia a dia da PcD?
• Como podemos atuar para facilitar a inclusão da PcD na sociedade?
Diante dos aprendizados, é esperado que o estudante utilize o movimento corporal de forma
intencional para estabelecer relações construtivas, empáticas e de respeito às diferenças, debatendo
questões de relevância social como inclusão das PcD no esporte.
Ampliação
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como função identificar, elaborar e organizar
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos
estudantes, considerando suas necessidades específicas.
“O AEE deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família
para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas
das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais
políticas públicas.” (AEE, 2011, art. 2)3
Nesse sentido, alguns aspectos fundamentais de inclusão consideram a acessibilidade (espaços
e equipamentos), o desenho universal (produtos e serviços), a tecnologia assistiva (recursos e es-
tratégias) e as barreiras (urbanísticas e arquitetônicas), a fim de garantir as condições de igualdade.
Uma maneira de despertar nos estudantes a responsabilidade coletiva da inclusão é promover
reflexões e vivências contextualizadas dentro da escola. Com a discussão acerca do atletismo
adaptado, vale enaltecer a relação de confiança, amizade e sintonia existente entre o atleta-guia
e o atleta cego.
Com a finalidade de promover uma atuação crítica e solidária, proponha aos estudantes do Ensino
Médio que realizem um projeto para analisar a acessibilidade que o edifício da escola garante às PcD.
Para enriquecer o diálogo com a turma, leia a matéria sugerida a seguir e apresente o vídeo dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=62tWdea2iyU>. Acesso em: 15 ago. 2020.
OLHOS DOS ATLETAS, GUIAS SÃO CRIATIVOS EM BUSCA DA SINTONIA FINA E MEDALHAS
CRÉDITO
“A célebre frase de Leonardo da Vinci, ‘o olho ‘Os guias são os olhos dos atletas nas compe-
é a janela da alma, o espelho do mundo‘, está por tições. Fazem com que os atletas corram ali nas
trás da sintonia fina entre o atleta e o seu guia. linhas e certos para não invadir a raia. E (são os
Com a função de ser os olhos dos competidores olhos) fora de competição também, nos treina-
que não enxergam ou têm baixa visão, os atle- mentos, que são ainda mais precisos. É preciso
tas-guia se comunicam por comandos e frases fazer um ensinamento de movimento de perna e
curtas. Evitam falar muito para guardar o fôlego braço, tem de ser um pouco professor, o que leva
a fim de acompanhar o ritmo dos parceiros e um pouco de tempo para uma pessoa que não
ajudam nas estratégias durante as provas rumo enxerga. Você acaba ensinando os movimentos
ao topo do mundo. Alguns têm quase um papel para o atleta assimilar na hora da corrida a fazer
de psicólogo, auxiliando também no equilíbrio um movimento mais perfeito e correr melhor, dis-
se o atleta-guia Guilherme Santana, que formou
emocional. Às vezes, precisam seguir o instinto
uma das parcerias mais vitoriosas do esporte com
e tomar providências em meio a imprevistos,
Terezinha Guilhermina.
como no colapso de Odair Santos causado por
uma hipertermia (quando a temperatura do corpo [...]
supera os 40 ºC). Nos Jogos Paralímpicos do Rio,
Atletas e guias precisam buscar a sintonia como a
a delegação brasileira conta com 14 atletas-guia,
de um casamento. Passam boa parte da vida juntos,
sendo um reserva.
Continua
3 BRASIL. Atendimento Educacional Especializado. Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: 15 ago. 2020.
130
Continuação
em treinos e competições. Embora o trabalho seja ‘O guia também tem um papel de psicólogo.
em equipe, os guias só começaram a subir ao pódio Trabalha a motivação. Eu adoro fazer isso, deixar
e a conquistar medalhas no Parapan de Guadalajara, o atleta lá em cima. Fazer com que o atleta acredite
no México, em 2011. Antes da organização reconhe- nele e se posicione de uma maneira que consiga
cer o esforço dos guias com uma medalha, alguns vencer e passar barreiras. E trabalhar o emocio-
acabavam recebendo o símbolo de presente, como nal do atleta é um diferencial, pois faz com que o
fazia Terezinha Guilhermina atleta acredite em si e consi-
Passo a passo
1. Procure um mapa do projeto arquitetônico da escola ou proponha a algum estudante que desenhe
um mapa que a represente. Essa etapa também pode ser combinada com o professor de Arte.
2. Com os mapas em mãos, organize a turma em duplas e proponha um tour pela escola.
3. Para que os estudantes possam observar o edifício com critério, siga a orientação sugerida
em “Avaliação”.
4. Peça a eles que marquem no mapa os locais do prédio que garantem ou não acessibilidade às PcD.
5. Por fim, sente-se com os estudantes para discutir os achados e levantar possíveis soluções.
6. Apresente uma proposta para a diretoria com as adaptações sugeridas pelos estudantes.
7. Se for possível, busque apoio da comunidade escolar para implementar as mudanças.
Reflexão
Finalmente, após a reflexão sobre o projeto, reúna-se com os estudantes e proponha algumas
questões que possam contextualizar e dar sentido às práticas vivenciadas.
• Qual é a importância de se preocupar com as adaptações, mesmo não tendo nenhuma deficiência?
• De que forma a implementação de um projeto pode ajudar a construir uma sociedade mais inclusiva?
• Qual é o impacto que a sua atuação solidária tem no protagonismo das PcD?
Ao longo da construção de conhecimentos, é esperado que o estudante possa formular propostas,
intervir e criar possibilidades de atuação social que levem em conta a inclusão e os Direitos Humanos.
Avaliação
Como forma de avaliação, você pode propor aos estudantes que façam um relatório de observa-
ção dos locais que contemplem ou careçam de adaptação no ambiente escolar. Devem considerar
locais como: escadas e rampas, banheiros, portas e passagens, quadra, pátio, pisos, refeitórios, entre
outros que possam retratar o contexto da sua escola. Além disso, solicite aos estudantes que façam
sugestões de adaptações nos locais analisados.
131
COMO LIDAR
Problema Solução
A tese de Sônia Maria Ribeiro, O esporte adaptado e a inclusão de alunos com deficiências nas aulas de
Educação Física, reflete sobre os desafios das pessoas com deficiência e discute as lutas e os processos de
inclusão de alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação Física. Disponível em: <http://iepapp.
unimep.br/biblioteca_digital/pdfs/2006/INAYIPCIURCT.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2020.
4 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 15 ago. 2020.
132
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 2, 6, 8 e 9
133
ELE NÃO ERRAVA UMA
Desenvolvimento
ADILSON SECCO
3
14
134
No caso de praticar a sinuca do chão, os estudantes de- 1. Bocha adaptada
vem deitar ou ajoelhar para realizar as tacadas. Os buracos
ZANONE FRAISSAT/FOLHAPRESS
podem ser confeccionados com argolas, latas ou garrafas,
ou até mesmo com caixas de papelão.
As jogadas na sinuca exigem, além da habilidade de
precisão, a capacidade do jogador de realizar cálculos
e projeções geométricas, uma vez que os ângulos das
tacadas e das rebatidas influenciam na rota que as bolas
vão seguir. Por isso, alguns aspectos técnicos devem ser
salientados.
A mão que segura o taco deve sempre estar alinhada com
o ombro e o cotovelo, ou seja, o antebraço deve se mover
no plano perpendicular ao chão. A empunhadura deve ser
leve e, por isso, o atleta não pode pressionar demais o taco.
Jogador durante partida de bocha adaptada. Jogos
A mão que apoia o taco deve formar uma ponte em cima Paralímpicos do Rio de Janeiro, 2016.
da mesa. O punho deve ficar apoiado firmemente, e o taco
deve deslizar sobre a junção do polegar com o indicador. A bocha adaptada ou paralímpica é praticada por atletas
com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências seve-
ras, e só apareceu no Brasil na década de 1970. A competição
BONDART PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK
DOTTA2
Técnica correta para realizar a tacada.
135
3. Footsnooker Ampliação
De acordo com a BNCC, a escola que acolhe as juventu-
NIGEL FRENCH/MANCHESTER CITY FC/GETTY IMAGES
5 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/>. Acesso em: 15 ago. 2020.
136
Reflexão PARA SABER MAIS
Ao longo do projeto, certifique-se de mapear os co- Entrevista com a lenda da sinuca, Rui Chapéu (1940-
nhecimentos adquiridos, bem como as competências e -2020), que conta sua história de vida. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=2UcVIM9-exs>. Acesso em: 16
as habilidades desenvolvidas pelos estudantes. Para esse
ago. 2020.
fim, você pode direcionar algumas questões de reflexão.
Um artigo trata do estudo das ações da Física por meio
• Qual é a importância das práticas corporais como
da sinuca, que tem como base o movimento de um corpo rí-
fonte de lazer?
gido. O autor observou o ponto de contato da tacada e veri-
• Como essas práticas influenciam a produtividade e
ficou o movimento da bola-projétil e da bola-alvo. Disponível
o engajamento nas empresas? em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi
• Como a implementação desse projeto pode auxiliar d=S1806-11172007000200007>. Acesso em: 12 ago. 2020.
no bem-estar da comunidade escolar? Vídeo mostrando uma série de exemplos de espor-
Por fim, espera-se que o estudante compreenda como tes de precisão que podem servir como ilustração para os
as práticas corporais podem ser ressignificadas, tanto no estudantes. Disponível em: <https://www.youtube.com/
seu cotidiano escolar, quanto na produtividade no mercado watch?v=gkINgCZ5RuE&t=122s>. Acesso em: 16 ago. 2020.
de trabalho. Também, ao atuar na implementação do pro-
jeto, o estudante pode considerar as práticas como formas
de entretenimento e socialização em seu projeto de vida.
9.3 – Esportes de rede ou de parede
Avaliação Os esportes de rede ou de parede “reúnem modalidades
que se caracterizam por arremessar, lançar ou rebater a bola
Como forma de avaliar os estudantes ao longo do pro- em direção a setores da quadra adversária nos quais o rival seja
cesso de ensino-aprendizagem, forneça subsídios para que
incapaz de devolvê-la da mesma forma ou que leve o adversário
eles possam refletir sobre as etapas de um projeto bem
a cometer um erro dentro do período de tempo em que o obje-
estruturado. Para isso, apresente uma tabela que contem-
to do jogo está em movimento. Alguns exemplos de esportes
ple os objetivos, as etapas, as justificativas, os desafios e os
de rede são voleibol, vôlei de praia, tênis de campo, tênis de
resultados do projeto.
mesa, badminton e peteca. Já os esportes de parede incluem
pelota basca, raquetebol, squash etc.” (BNCC, 2017, p. 216)6
Título do projeto
Essas modalidades podem ser praticadas individualmen-
Objetivos do projeto te, em duplas ou em equipes. Os pontos geralmente são mar-
Etapas Justificativa Desafios Resultados cados a partir de um erro do atleta ou da equipe adversária.
Etapa 1 Nos Jogos Olímpicos, as modalidades que representam
os esportes de rede ou parede são o badminton, o tênis, o
Etapa 2 tênis de mesa, o vôlei e o vôlei de praia. Já nos Jogos Para-
Etapa 3 límpicos essas modalidades são o parabadminton, o tênis
em cadeira de rodas, o tênis de mesa e o vôlei sentado.
Etapa 4
No Brasil, as práticas com raquete costumam ser eliti-
Etapa 5 zadas, devido ao alto preço dos materiais, que envolvem
muita tecnologia em suas produções. O vôlei é, possivel-
mente, uma das práticas de rede mais abordadas nas aulas
COMO LIDAR
de Educação Física.
Contudo, ao chegar ao Ensino Médio, é esperado que o
Problema Solução estudante transcenda as práticas corporais, ampliando seus
conhecimentos a partir das habilidades desenvolvidas ao
Você pode abordar com os estudantes
aspectos relacionados ao controle longo do Ensino Fundamental.
Conceitual
emocional necessário para os esportes de Para isso, leve em consideração aquelas habilidades e
precisão.
competências desenvolvidas anteriormente, para que os
A temática oferece uma grande
oportunidade de confecção de
jovens consigam elaborar discursos críticos e reflexivos
Procedimental acerca da relação dos esportes de rede ou parede com o
instrumentos a partir de materiais
reciclados e reaproveitados. contexto social em que são praticados.
Proporcionando várias atividades de
Atitudinal precisão, você garante que mais estudantes
sejam inseridos e valorizados nas aulas. 6 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/>. Acesso em: 16 ago. 2020.
137
Objetivos
SEQUÊNCIA DIDÁTICA • Compreender, interpretar e analisar criticamente os
discursos e as relações de poder que permeiam as
práticas corporais elitizadas, como o tênis.
Atleta com A • Compreender o impacto das desigualdades de gê-
Educação em Direitos Humanos nero no esporte e no mundo do trabalho.
TCT • Atuar socialmente baseando-se em princípios de
Trabalho
Competências
igualdade e nos Direitos Humanos, combatendo
1, 4, 6, 7, 9 e 10 preconceitos e injustiças às mulheres.
gerais
Competências de
Linguagens
1, 2, 3 e 5 Roda inicial
101, 102, 104, 201, 202, 203, 204, 301, Para iniciar a aula, sente-se em roda com os estudantes
Habilidades
302, 303, 304, 305, 501 e 502
e busque mapear os conhecimentos acerca dos esportes
Unidade temática Esportes de rede ou parede trazidos do Ensino Fundamental. Para
Objeto de
isso, formule questões como as sugeridas:
Esportes de rede ou parede • Qual é a lógica interna dos esportes de rede ou parede?
conhecimento
O elitismo no tênis • Quais são as modalidades contidas nos esportes de
Práticas rede ou parede?
Adaptação do tênis
• Quais dessas modalidades são adaptadas às PcD?
Ampliação Tênis: em busca da igualdade de gênero Inicialmente, é esperado que os jovens reconheçam a
lógica interna dos esportes de rede ou parede, bem como
Valores Respeito e responsabilidade
já tenham praticado algumas modalidades que os repre-
Avaliação
Questões reflexivas acerca das mulheres sentam. No entanto, procure complementar com aquelas
no esporte informações que não estão claras aos estudantes e continue
com as perguntas norteadoras.
• O tênis é uma modalidade acessível a todos?
Habilidades de Linguagens • Por que os materiais (raquetes e calçados) são
tão caros?
• (EM13LGG101), (EM13LGG102), (EM13LGG104), • De que forma conseguimos adaptar essas práticas
(EM13LGG201), (EM13LGG202), (EM13LGG203), elitistas?
(EM13LGG204), (EM13LGG301), (EM13LGG302), Antes de iniciar, leia com os estudantes a reportagem
(EM13LGG303), (EM13LGG304), (EM13LGG305), no boxe a seguir, para que eles possam conhecer um pouco
(EM13LGG501), (EM13LGG502). mais sobre a filosofia do tênis do Brasil.
“O maior evento de calendário olímpico do porque você não nada sem piscina, não joga vôlei
Brasil, assim o Rio Open é orgulhosamente tratado sem quadra’, opinou Lui.
pela diretora geral, Marcia Casz, e pelo diretor do
‘O tênis não é um esporte elitista, mas ainda não
torneio, Lui Carvalho.
é praticado por todas as camadas da população.
[...] Temos preços acessíveis de ingresso, porque que-
remos um evento democrático. Temos ingressos de
O tênis sempre foi considerado um esporte eli- 30 reais e meia-entrada. O qualifying é de graça.
tista em comparação ao futebol, vôlei, basquete e Afinal, o nome é Open, né?’
outros. Essa visão, entretanto, não condiz totalmente
com a realidade, segundo Marcia e Lui. ‘O tênis é [...]
um esporte popular nas grandes capitais. Todos A popularização do tênis é um trabalho árduo,
os clubes e condomínios têm quadras de tênis. A por falta de estrutura pública e pela dificuldade
dificuldade sempre foi de popularizar o esporte de criar uma identidade com o esporte em um
através de quadras públicas, mas isso não é uma momento em que não há ídolos nacionais, afinal,
situação exclusiva do tênis. O único esporte ver- as grandes conquistas de Guga completarão vinte
dadeiramente popular é o futebol, todos os outros, anos. ‘Um dos nossos focos é conseguir fazer essa
neste caso, deveriam ser considerados elitistas, transição dos tenistas juvenis brasileiros.’
Continua
138
Continuação
DOTSHOCK/SHUTTERSTOCK
de uma rede de vôlei mais baixa, de cadeiras dispostas uma
ao lado da outra ou até mesmo de uma corda com panos
pendurados. A altura central da rede oficial é de 0,915 m.
Bolas: as bolas de tênis podem ser trocadas por bolas
de borracha ou até mesmo por bexigas. Bolas de diferentes
pesos e tamanhos podem ser interessantes para contem-
plar vários níveis de habilidades. As bolas oficiais devem
ter um diâmetro maior que 6,35 cm e menor que 6,67 cm,
e um peso maior que 56,7 g e menor que 58,5 g.
Raquetes: as raquetes podem ser adaptadas com ca-
bides de arame envoltos por uma meia-calça, camadas de
papelão unidas por fita adesiva ou pedaços recortados
de madeira. Em geral, as raquetes de tênis têm 27 polegadas
(68,58 cm) e pesam, em média, de 280 g a 340 g.
DOTTA2
139
Em outro momento, proponha uma ampliação acerca
MAI GROVES/SHUTTERSTOCK
DOTTA2
140
uma bolinha com seus pandeiros de aro de madeira e tam-
pa de couro: assim nasceu o tamboréu. Com o tempo e a
Ampliação
prática constante, o novo esporte ganhou nome, quadra A nossa herança cultural traz consigo aspectos que
e rede. A quadra possui 34 m de comprimento e 10 m de precisam ser refletidos e, muitas vezes, transformados.
largura, separada por uma rede. Normalmente, o esporte Por muitos séculos, as mulheres foram privadas de direitos
é jogado em duplas, mas ele pode ser jogado no formato básicos e oportunidades, como votar ou trabalhar fora de
simples com a quadra reduzida, com 29 m de comprimento casa. Essa distinção entre homens e mulheres trouxe uma
e 7 m de largura. Além disso, pode ser jogado em qualquer imensa desigualdade entre os gêneros no mundo todo.
piso. O objetivo é rebater a bola para o outro lado da rede e No último século, principalmente, as mulheres consegui-
dentro da quadra. O ponto é marcado quando o adversário ram conquistar muitos direitos. Atualmente, elas ocupam
não consegue devolver a bola dentro da quadra oposta. uma parcela significativa do mercado de trabalho e atuam de
Pode ser adaptado com uma pequena bola de borracha, e forma vigorosa na área política, tanto elegendo candidatos
o objeto para rebater pode ser feito com papelão ou pode quanto se elegendo para cargos variados. Mas esses avanços
ser utilizado um disco de frisbee. estão longe de mitigar as desigualdades entre os gêneros.
De acordo com a Constituição de 19887, homens e
Roda final mulheres são iguais em direitos e obrigações. Destinada
Ao ler a reportagem Rio Open, páginas 138 e 139, e ao a assegurar direitos individuais e sociais, a Constituição
vivenciar as práticas adaptadas do tênis, sente-se em roda pauta-se em direitos de igualdade e justiça como valores
com os estudantes a fim de despertar a atenção deles sobre supremos. Se a lei assegura esse direito de igualdade entre
aspectos relacionados ao elitismo da modalidade. Para isso, gêneros, na prática, não se pode dizer o mesmo.
faça perguntas como as sugeridas a seguir. Mais de três décadas depois da criação do documento,
• Na reportagem, a entrevistada afirma que “o tênis é não podemos afirmar que estamos em uma sociedade iguali-
um esporte popular nas grandes capitais. Todos os tária para homens e mulheres. Pelo contrário, a desigualdade
clubes e condomínios têm quadras de tênis”. Essa de gênero permanece em diferentes esferas da sociedade.
afirmação condiz com a realidade em todo o país? No mercado de trabalho, as mulheres ainda recebem
Todos têm acesso a essas quadras? remuneração inferior à dos homens para desempenhar
• O que é necessário fazer para que uma modalidade a mesma função. E mesmo tendo empregos formais, a
se torne realmente popular? maioria das mulheres ainda é responsável pelos afazeres
• Adaptar a prática do tênis faz com que ela seja uma domésticos e pelo cuidado com os filhos. Além disso, cons-
modalidade democratizada? tantemente é necessário reafirmar ou reivindicar direitos.
Assim, espera-se que o estudante possa analisar e se Nos esportes, a realidade é a mesma. Atletas mulheres
posicionar criticamente diante de diferentes visões de de renome ainda sofrem preconceito e recebem premia-
mundo e reconheça as relações de poder nas práticas ções aquém das conferidas aos atletas homens. No tênis,
elitizadas, especialmente o tênis. Ao adaptar o tênis para Serena Williams é um símbolo do empoderamento femi-
o contexto escolar, espera-se que o jovem reflita sobre as nino. Mesmo assim, vê-se discriminada profissionalmente.
possibilidades e dificuldades da real democratização de Leia a matéria a seguir com os estudantes para iniciar um
práticas corporais. projeto de conscientização sobre a desigualdade de gênero.
Continua
141
Continuação
Abaixo, você lê na íntegra a carta publicada colegas masculinos. Nunca gostaria que minha filha
por Serena: recebesse menos que meu filho, por um trabalho
‘A todas as incríveis mulheres que batalham igual. E certamente nem você.
pela excelência, Já é de conhecimento geral que as mulheres têm
Quando eu era pequena, eu tinha um sonho. E de quebrar inúmeras barreiras no caminho para
tenho certeza que você também tinha. Meu sonho o sucesso. Um desses obstáculos é o modo como
não era como o das outras crianças, meu sonho era constantemente somos lembradas de que não so-
ser a melhor tenista do mundo. E não só a melhor mos homens, como se isso fosse um problema. As
tenista ‘feminina’ do mundo. pessoas me chamam de ‘uma das melhores atletas
Eu tive sorte da minha família dar suporte ao femininas’. Mas eles dizem que LeBron é um dos
meu sonho e me encorajar a segui-lo. Aprendi a melhores atletas masculinos do mundo? E Tiger?
não ter medo. Aprendi o quão importante é lutar Federer? Por que não? Eles certamente não são
por um sonho e, mais ainda, sonhar alto. Minha mulheres. Nós não podemos deixar isso passar
luta começou quando eu tinha três anos e, desde despercebido. Devemos sempre ser julgadas por
então, nunca mais parou.
nossas conquistas, não pelo nosso gênero.
Mas como sabemos, muitas mulheres não têm o
Por tudo que já alcancei na minha vida, sou pro-
suporte suficiente ou são desencorajadas de suas
fundamente grata por ter tido esses altos e baixos
escolhas. Espero que juntas nós possamos mudar
que me levaram ao sucesso. A minha esperança
isto. Para mim, é uma questão de resistência. O que
é que a minha história, assim como a sua, inspire
os outros consideram como falhas ou desvantagens
sobre mim – minha raça, meu gênero – eu vejo como todas as jovens mulheres a resistirem e seguirem
um combustível para o sucesso. Nunca deixei que seus sonhos. Nós devemos continuar a sonhar
algo ou alguém me de- alto para que empoderemos
a próxima geração de mu-
LEONARD ZHUKOVSKY/SHUTTERSTOCK
finisse ou limitasse meu
potencial. Eu controlo o lheres a seguirem fortes seus
meu futuro. propósitos.”
142
• De que maneira podemos construir uma sociedade
PARA SABER MAIS
igualitária?
No vídeo sobre o projeto Jogue tênis nas escolas (11 min),
Por fim, espera-se que, ao refletir sobre as desigualdades
da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), os coordenadores
de gênero nos esportes, os estudantes compreendam a de-
expõem as regras, os movimentos básicos do esporte e diver-
sigualdade de gênero que perpassa a sociedade. Espera-se sas adaptações práticas e úteis para o professor. Disponível
que, ao dialogar, eles possam produzir um entendimento em: <https://www.youtube.com/watch?v=YNYSH-gMTsk>.
mútuo sobre o tema, exercitando o criticismo, a ética e a Acesso em: 17 ago. 2020.
solidariedade na promoção da igualdade. Conteúdo que apresenta estratégias para o desenvol-
vimento do badminton nas escolas. A instrutora aborda os
dez passos fundamentais que o professor de Educação Fí-
Avaliação sica deve levar em consideração em suas aulas. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=c_t-s_SNxvA>.
Para mapear as aprendizagens ao longo da temática, Acesso em: 17 ago. 2020.
bem como ampliar as reflexões sobre o tênis e a condição
A série D-19: Didática da Educação Física - Gênero (7 min),
da mulher no esporte, proponha uma avaliação reflexiva aborda as conquistas da mulher em relação à Educação Físi-
aos estudantes. O instrumento sugerido abaixo pode ser ca, já que no início as aulas eram oferecidas somente aos ho-
utilizado em diferentes temáticas e visa proporcionar uma mens, e a importância de os alunos terem aulas mistas a fim
reflexão do aluno acerca dos conhecimentos previamente de se conhecer e se relacionar uns com os outros. Disponível
construídos e dos adquiridos. em: <https://www.youtube.com/watch?v=QM6B0ZobRbg>.
Acesso em: 17 ago. 2020.
Questão Sim Não Justificativa Infográfico com as principais informações necessárias para
dominar os fundamentos do tênis. Disponível em: <http://
Você conhecia as regras e os rededoesporte.gov.br/pt-br/megaeventos/olimpiadas/
fundamentos do tênis?
modalidades/tenis>. Acesso em: 17 ago. 2020.
Você sabia das diferenças de Reportagem sobre o filme Tamboréu Genuinamente San-
tratamento entre homens e
mulheres no tênis? tista explica como esse esporte foi trazido da Itália e se trans-
formou em uma modalidade esportiva tradicional praticada
Você considera que essas nas praias e nos clubes da baixada santista. Disponível em:
diferenças são justas?
<https://www.youtube.com/watch?v=xPEkXhOE524>. Aces-
Você acredita que elas so em: 17 ago. 2020.
podem ser superadas?
143
Unidos. No entanto, historiadores encontraram descrições Objetivos
de um esporte com bola e taco em documentos franceses • Selecionar movimentos inerentes às práticas corporais
que têm origem no século XIV. A primeira partida oficial adaptadas ao contexto escolar para estabelecer rela-
aconteceu em 1846, na cidade de Nova York, e, atualmente, ções construtivas e empáticas na vida social e familiar.
a modalidade é muito popular em países da América do • Compreender as línguas como fenômeno cultural
Norte e da América Central. que emerge também nas práticas corporais.
No Brasil, o beisebol foi difundido principalmente por nor- • Utilizar os esportes de campo e taco em diferentes
te-americanos que residiam e trabalhavam no país. No início contextos, valorizando-os como fenômeno cultural.
do século XX, ele começou a ser praticado em São Paulo, e, em
1936, ocorreu o primeiro campeonato brasileiro de beisebol. Roda inicial
Já o softball teve origem em 1887, com o intuito de Como forma de introduzir a temática com os estudantes,
adaptar a prática do beisebol para ginásios cobertos. A sente-se em roda no centro da quadra. Para que você possa
modalidade é realizada em campos fechados e possui mapear os conhecimentos prévios acerca dos esportes
algumas diferenças em relação ao beisebol, como bola de campo e taco, levante questões disparadoras como as
maior, campo menor e tempo de jogo mais curto. Outra sugeridas a seguir.
diferença importante é a técnica de arremesso, que deve • Qual é a lógica interna dos esportes de campo e taco?
ser executada com um lançamento de baixo para cima. • Quais são as modalidades contidas nos esportes de
Antes de planejar as aulas do Ensino Médio, é importan- campo e taco?
te saber quais foram as habilidades desenvolvidas durante • Quais dessas modalidades estão presentes nos Jogos
a experimentação dos esportes de campo e taco ao longo Olímpicos?
do Ensino Fundamental. Durante a discussão inicial, busque complementar as
colocações dos estudantes. Deixe claro que tanto o beise-
bol quanto o softball estão presentes nos Jogos Olímpicos
SEQUÊNCIA DIDÁTICA e busque explicar as diferenças entre essas modalidades.
Assim, aborde as diferenças entre elas e explique à turma
que, nos Jogos Olímpicos, o beisebol será praticado apenas
Pitcher e hitter por homens e o softball, exclusivamente por mulheres.
Vida familiar e social Para explicar as diferenças entre as práticas masculina e fe-
TCT Educação para valorização do minina, você pode sugerir aos estudantes a leitura da matéria
multiculturalismo nas matrizes históricas e disponível em: <http://www.espn.com.br/noticia/213928_
culturais brasileiras
oriundo-do-beisebol-softbol-tem-bola-mais-leve-campo-
Competências menor-e-duracao-reduzida-saiba-as-diferencas> ou a vi-
1, 3, 4, 6, 9 e 10
gerais
sualização do vídeo disponível em: <https://www.youtube.
Competências com/watch?v=OV-PYihLvQ0>. Acesso em: 19 ago. 2020.
2, 3, 4 e 5
de Linguagens
Apesar de utilizar um campo reduzido e uma bola
Habilidades 201, 202, 301, 402, 403, 501 e 503 maior e mais leve, o softball praticado pelas mulheres é
considerado uma modalidade mais rápida e dinâmica do
Unidade
Esportes que o beisebol, praticado pelos homens.
temática
ADILSON SECCO
Objeto de CF
Esportes de campo e taco
conhecimento Campista central
Beisebol e softball LF 8 RF
Práticas Campista esquerdo Campista direito
Termos técnicos em inglês
7 9
Tacada intergeracional: facilitando o diálogo
Ampliação
entre gerações SS 2B
Interbase Segunda base
Valores Empatia, amizade e respeito 5 4
3B 1B
Construção coletiva de manual de regras do Terceira base P Primeira base
Avaliação
torneio de taco Arremessador
5 3
1
C
Habilidades de Linguagens Receptor
• (EM13LGG201), (EM13LGG202), (EM13LGG301), 2
(EM13LGG402), (EM13LGG403), (EM13LGG501),
(EM13LGG503). Posicionamento dos jogadores de beisebol em campo.
144
Antes da prática, é importante que os estudantes reco- No beisebol, o arremessador (pitcher) tem um pequeno
nheçam as principais posições do beisebol; afinal de contas, espaço delimitado para realizar o seu arremesso, e essa
cada atleta possui uma função específica dentro da equipe. área imaginária está localizada entre o rebatedor (hitter)
• Pitcher (arremessador): é considerado o principal joga- e o receptor (catcher). Para obter êxito, os arremessadores
dor de uma equipe de beisebol. Sua função é arremes- precisam escolher o arremesso com a finalidade de dificul-
sar a bola na mão do receptor, com a intenção de que tar a rebatida e obter um strike.
ela não seja rebatida pelo jogador do time adversário. Dentre as técnicas do jogo, a principal fica por conta dos
• Catcher (receptor): sua função é pegar as bolas que efeitos produzidos na bola e, para isso, a alternativa foi aper-
são arremessadas pelos lançadores, caso elas não feiçoar diferentes pegadas, conhecidas como grips. A partir
sejam rebatidas pelo jogador do time adversário. daí surgiram diferentes técnicas de arremessos, entre elas:
• First baseman (primeira-base): sua função é a de • Fastball (bolas rápidas): são arremessos com muita
garantir a defesa da primeira base. velocidade e menos efeito.
• Second baseman (segunda-base): sua função é ocu- • Offspeed (bolas lentas): o objetivo desse arremesso é
par e defender a segunda base. enganar o rebatedor, pois, no final da trajetória, a bola
• Third baseman (terceira-base): sua função é ocupar perde velocidade e prejudica a ação do rebatedor.
a terceira base e defendê-la. • Breaking ball (bolas de efeito): arremessos com maior
• Shortstop (interbase): ocupa e defende os espaços rotação, com o objetivo de “quebrar” a bola e provocar
entre as bases. alteração em seu trajeto até o rebatedor.
• Left fielder (campista esquerdo): é o jogador respon- Uma sugestão de vídeo traz uma entrevista com o
sável pela defesa do campo esquerdo. arremessador André Rienzo, segundo jogador brasileiro
• Center fielder (campista central): é o jogador respon- da história a ser contratado pela Major League Baseball
sável pela defesa do campo central. (MLB). Convide os estudantes para acompanharem as di-
• Right fielder (campista direito): é o jogador respon- cas do atleta sobre suas “pegadas”, técnicas de arremesso
sável pela defesa do campo direito. e o diálogo que estabelece com o receptor ao selecionar
as jogadas. Disponível em: <https://www.youtube.com/
• Hitter (rebatedor): é o responsável por rebater a bola
watch?v=sJieGy5p__g>. Acesso em: 17 de ago. 2020.
lançada pelo arremessador.
Explique também as regras à turma, a fim de que os es- Desenvolvimento
tudantes percebam o que terão de fazer para que a prática
seja fiel aos moldes oficiais. Para que os estudantes possam vivenciar um pouco do
beisebol, pense sobre como os materiais podem ser adap-
• A equipe é composta de nove atletas titulares.
tados. Os tacos podem ser de madeira, espuma ou cabos de
• Cada partida possui nove entradas, não havendo um vassoura; as bolas podem ser de borracha ou de espuma. As
tempo definido de jogo. bases podem ser demarcadas com giz, bambolês ou cones.
• A entrada é o tempo em que um time assume o ata- Como forma de segurança, procure não utilizar bolas muito
que e a defesa durante a partida. pesadas como as próprias de beisebol.
• A equipe que está na defesa tem os nove jogadores No aquecimento, convide os estudantes a experimentar
em campo, enquanto a equipe que entra no ataque algumas pegadas e fruir dos arremessos. Nesse momento,
conta, inicialmente, com rebatedor. você pode desenhar alguns alvos nas paredes para que os
• Todos os jogadores do time assumem o posto de jovens experimentem as diferentes técnicas existentes. O
rebatedor seguindo uma sequência preestabelecida. trabalho pode ser feito em trios, dependendo do número de
• Quando o batedor não conseguir completar as quatro bolas disponíveis, sendo um observador (responsável pelas
bases em uma só jogada, outro jogador de seu time dicas), um pitcher (arremessador) e outro catcher (receptor).
entra como rebatedor, para que ele recomece da Eis algumas características específicas dos arremessos:
base onde parou. 1. Fastball (quatro costuras)
• Não há empates no beisebol. Novas entradas vão sendo Bola rápida e reta, também conhecida como “quatro
adicionadas até que haja uma diferença de pontuação. costuras”. No momento do lançamento, o pitcher deve dei-
• Quando o arremessador lança a bola, a função do xar os dedos deslizarem para baixo, provocando um spin
rebatedor é rebatê-la e percorrer as quatro bases que traseiro, quebrando a resistência do ar e atingindo muita
compõem o campo até que algum jogador da defesa velocidade. Pode ser fatal para o arremessador, pois, apesar
consiga devolver a bola para algum dos jogadores da velocidade, é uma bola com pouco efeito, facilitando o
que guardam as bases. rebote do hitter.
145
2. Fastball (duas costuras) 5. Curve
Bola rápida, conhecida como “duas costuras”. Essa técni-
CONEXÕES
Transcender a utilização da língua significa entender os motivos e a influência dos idiomas em diferentes
contextos. Nos esportes, são muitos os neologismos ou o uso de termos em outras línguas, especialmente em
inglês. Por isso, relacionar o contexto esportivo ao idioma torna-se uma das estratégias para a ampliação das
aprendizagens em Educação Física.
146
O taco ou bets é considerado um jogo intergeracional,
Roda final popular em diversas regiões do Brasil, e carrega alguns
Após a prática do beisebol e do softball, sente-se no- mistérios em sua história. A necessidade de poucos re-
vamente em roda com os estudantes. Levante questões cursos e as habilidades desenvolvidas com sua prática
que possam garantir a contextualização do conheci- conferem ao taco uma oportunidade de experimentação
mento adquirido. no ambiente escolar.
• Quais foram as diferenças entre as práticas do beise-
bol e do softball? Em alguns estados, como na região Sul do Brasil, o taco
é conhecido como bets. Sua origem é bastante controversa.
• Os termos técnicos em inglês já eram conhecidos?
Alguns historiadores dizem que o jogo foi criado por jan-
• Qual é a importância de conhecer determinados termos
gadeiros brasileiros no século XIX. Outros defendem que o
e expressões em sua língua de origem?
bets é oriundo do termo bet, palavra em inglês que significa
Diante disso, é esperado que os estudantes, além de vi-
“aposta” e que é bastante utilizada nos jogos de críquete, na
venciarem os fundamentos e as diferenças entre o beisebol
Inglaterra. Existe também outra hipótese segundo a qual
e o softball, consigam reconhecer a variedade linguística dos
termos técnicos específicos aos esportes, compreendendo o jogo é originário do beisebol americano.
a multiplicidade e as funções do inglês, especialmente no Independente de qual nome receba, essa é uma prática
mundo contemporâneo. muito popular no território brasileiro. O jogo tem tanta
fama em diversas regiões que virou jargão popular no
Ampliação
Paraná, onde “largar os bets” significa desistir de algo.
Estimular o convívio intergeracional é uma prática
de extrema validade social. Borges e Magalhães (2011)9 Diante da popularidade do jogo e da forte relação
alertam para o fato de que as novas gerações, além de que tem com os esportes de campo e taco, proponha um
carregarem valores distintos daqueles produzidos pelas torneio de taco para que os estudantes o vivenciem ao
gerações anteriores, passam a ser referência para estas, lado dos seus familiares, dentro da escola. Para isso, leia a
“possibilitando certa horizontalidade intergeracional matéria disponibilizada a seguir e discuta a importância
de valores”. dessa iniciativa com os jovens.
“Ouvimos, com certa frequência, queixas de do mundo. Naquela época, protestos contra o
pais que dizem que seus filhos não conversam autoritarismo dos pais e do Estado resultaram
com eles, pois preferem conviver com outros em greves e passeatas estudantis pela Europa e
jovens fisicamente nas rodas de conversas e ba- pelas Américas. Esse fenômeno chamou a atenção
ladas ou pelo mundo virtual da internet. De fato, de cientistas sociais, psicólogos, psicanalistas e
o isolamento dos jovens em seus quartos diante educadores que passaram a estudar mais pro-
de uma tela de computador é uma cena muito fundamente as relações familiares.
comum atualmente, embora cada vez mais se Mas até que ponto essa situação é nova? Não
reproduza também entre os mais velhos. Os avós, terá sido sempre assim? Muito se fala do conflito de
igualmente, se ressentem da falta de atenção dos gerações, buscando entender se o mesmo seria algo
netos, reclamando que estes dirigem a eles apenas natural, seguindo a ideia de que os mais velhos são
frases, como: ‘Oi, vó‘ ou ‘Tchau, vó‘, em breves e mesmo mais conservadores e que os jovens sempre
passageiras aparições. Mas, e os jovens, por sua anseiam por mudanças. Outra corrente considera que
vez, o que pensam sobre isso? Para muitos deles essa situação se deve à maneira como nossa socie-
os adultos são chatos, mandões, incoerentes e dade se organiza. É provável que as duas hipóteses
vivem fazendo cobranças, enfim, não os entendem. sejam procedentes. Ou seja, fatores filogenéticos
A dificuldade de relacionamento entre as gera- seriam reforçados por determinações culturais.
ções passou a ficar mais visível a partir dos anos Nas últimas décadas, porém, os movimentos
1960, anos de rebeldia juvenil, em vários países de juventude arrefeceram. Muitos adultos até se
Continua
9 BORGES, C. C.; MAGALHÃES, A. S. Laços intergeracionais no contexto contemporâneo. Estudos de Psicologia, 16 (2), maio-ago. 2011,
p. 171-177.
147
Continuação
queixam de certa apatia política dos jovens, quando comparados com aqueles moços do passado
que já foram mais mobilizados, vale dizer, que são os que agora são pais! Irônica e contradi-
tória situação. Mas, seja por apatia, indiferença ou, ainda, por rebeldia, as críticas se mantêm.
Sabemos que, no cotidiano, sobretudo das grandes cidades, as chances de encontro de
gerações são raras, seja pela pouca oferta de espaços compartilhados, seja pela força dos pre-
conceitos recíprocos. Percebemos que as atuais formas de organização social não favorecem
o estabelecimento e o fortalecimento de laços afetivos. Ao contrário, valores que estimulam o
individualismo, a competição e o consumismo, marcas registradas de nosso tempo, tendem a
distanciar as pessoas. O exagerado crescimento urbano escasseou o relacionamento com ami-
gos, parentes e vizinhos, ocasionando enfraquecimento dos esquemas de ajuda e cooperação.
Diante desse quadro de pouco diálogo entre gerações, qual pode ser o papel das entidades
culturais? Desde sua fundação em 1946, o Sesc – Serviço Social do Comércio – proporciona
ao trabalhador e à sua família uma ocupação prazerosa e educativa de seu tempo livre. Pais e
filhos, avós e netos têm a oportunidade de juntos desfrutarem de atividades de lazer e cultura
nas dependências da instituição. Da mesma forma, na frequência a cursos e oficinas, velhos e
moços têm a oportunidade de se conhecerem e trocarem experiências de vida. Surgem, assim,
amizades entre crianças, adolescentes e idosos, amizades que, em alguma medida, compensam
a insuficiente comunicação que, infelizmente, caracteriza muitas famílias.
A fim de potencializar os benefícios dessa aproximação geracional, em 2003, o Sesc São
Paulo lançou o programa Sesc Gerações, objetivando integrar crianças, jovens e adultos,
estimulando suas relações em um clima de solidariedade entre pessoas de diferentes faixas
etárias. Na verdade, houve uma sistematização de atividades intergeracionais, pois o Sesc há
mais tempo foi palco de experiências férteis neste campo.
A mais antiga a alcançar repercussão se deu em 1977, desencadeada após uma pesquisa
sobre brinquedos populares. Idosos foram convidados a desenvolver suas habilidades em
oficinas de criatividade. Na sequência, em um evento em comemoração à Semana da Criança,
esses velhos assumiram o comando de uma oficina, ensinando às crianças a confecção de
brinquedos artesanais.
Esse processo repercutiu no sentimento de valorização dos idosos ao se darem conta do
quanto têm a ensinar às novas gerações. Também puderam recuperar suas experiências de
infância, o que, de acordo com especialistas, é uma forma que lhes permite compreender
melhor sua própria história, dando a ela um sentido.
Segundo declarações de vários participantes, a atividade também propiciou um envolvi-
mento afetivo com crianças. Numa era em que se entrega o brinquedo já pronto à criança,
a oportunidade de construí-lo estimula o desenvolvimento de certas habilidades manuais e
contribui para o exercício da imaginação dos envolvidos. Essa convivência estimulou o sur-
gimento de oficinas intergeracionais de criatividade e expressão artística em várias unidades
operacionais do Sesc na Capital e no interior do Estado.
[...]
Além dessas práticas criativas e transformadoras, em 2010 aconteceu o Seminário Inter-
nacional Encontro de Gerações. Constituiu-se como um momento de debate e reflexão sobre
programas intergeracionais levados a cabo no Brasil e em outros países. [...] Durante o encon-
tro, não apenas nas conferências, mas principalmente nas sessões de relatos de experiências,
se pode ter uma ideia do que entidades públicas e particulares brasileiras realizam no âmbito
da intergeracionalidade. Em sua maioria, as atividades intergeracionais no Brasil ocorrem
nas áreas de lazer e cultura, mas têm havido igualmente atividades na área de educação e
trabalho voluntário.
Há um longo caminho a ser percorrido na construção de relacionamentos mais afetivos
entre gerações. O campo intergeracional é uma nova fonte de conhecimento na área das
relações humanas, portanto, ainda pouco explorado e, tudo indica, muito promissor para o
desenvolvimento de ferramentas eficientes de ações junto à família e a outros grupos sociais,
como escola, trabalho e vizinhança. A intergeracionalidade se constitui como uma iniciativa
para despertar o sentido das relações intergeracionais em um mundo individualizado. É
importante destacar que as chances para uma relação positiva entre as gerações existem e,
para isso, é preciso multiplicar as oportunidades de expressão da experiência e do desejo de
mudança de todos os envolvidos, independentemente da idade.”
SESC. O Sesc integrando as gerações por meio da ação cultural. Cadernos Sesc de Cidadania –
Intergeracionalidade, ano 4, n. 8, p. 5-7, 2013. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/files/edicao_
revista/c51d5bd7-9087-4a82-80f0-f968e78cfb3c.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2020.
148
Passo a passo
Converse com a diretoria da escola, para que possa ser • Seus convidados já conheciam o jogo de taco?
agendado um dia para realizar um torneio de taco. • Para você, qual foi o significado de jogar com um
1. Peça aos estudantes que escolham um familiar mais familiar ou amigo dentro da escola?
velho para formar sua dupla nesse torneio. Pais, tios,
avós, entre outros, podem ser convidados. • As práticas intergeracionais facilitam o diálogo e a
2. Convide os professores para formar duplas com al- compreensão de diferentes pontos de vista?
guém mais jovem, como um filho ou sobrinho, por Ao final do projeto, espera-se que o jovem compreenda
exemplo. o jogo de taco como prática cultural intergeracional e desen-
3. Peça aos jovens que se inscrevam e, diante do nú- volva o diálogo, o respeito e a empatia em relação às outras
mero de inscritos, elaborem um regulamento, e uma gerações. Também, ao produzir o manual do torneio, o
chave de partidas para o torneio. estudante pode compreender e produzir discursos próprios
4. Separe tacos e bolas que possam ser utilizados. para a valorização cultural do jogo. Além disso, pretende-se
5. Em uma quadra, na transversal, podem ser montadas que, ao conhecer e aproximar-se do bet, ele ressignifique a
cerca de três quadras de taco. prática corporal como forma de entretenimento.
6. Ao final do torneio, sente-se com os estudantes e os
convidados a fim de dialogar sobre a importância da
interação na vida familiar e social. Avaliação
COMO LIDAR
Problema Solução
Conceitual Aproveite o momento para trabalhar o conceito de intergeracionalidade com os estudantes.
Procure adaptar os tacos, as bolas e até mesmo as luvas e capacetes de acordo com as
Procedimental
suas possibilidades.
Atitudinal Reflita com os estudantes de que forma essas modalidades aproximam diferentes gerações.
149
Nessas modalidades, o conceito de equipe difere Habilidades de Linguagens
do conceito de grupo. Enquanto o segundo se refere a • (EM13LGG101), (EM13LGG103), (EM13LGG104),
um conjunto de pessoas, o primeiro acrescenta um objetivo (EM13LGG301), (EM13LGG302), (EM13LGG303),
comum a esse grupo. Ou seja, uma equipe é composta de (EM13LGG304), (EM13LGG305), (EM13LGG501),
pessoas com papéis bem definidos, podendo ser diferentes (EM13LGG502), (EM13LGG503).
ou iguais entre si, em prol de um bem comum. Objetivos
Outros conceitos interessantes e passíveis de reflexão são • Mapear as atividades esportivas de invasão com re-
levância social e cultural, com o intuito de colaborar
o alvo e a meta. É a partir desse alvo ou dessa meta que uma
para atuação crítica, criativa, solidária, empática e
equipe permanece unida, adota estratégias e desenvolve um
ética dos atores envolvidos.
senso coletivo de responsabilidade que norteia a “invasão”.
• Vivenciar o frisbee e significar sua prática a partir de
Nos Jogos Olímpicos, os esportes de invasão são repre- princípios e valores, baseados no diálogo, na coope-
sentados por basquete, futebol, handebol, hóquei e rúgbi. ração e na resolução de conflitos.
Nos Jogos Paralímpicos, as modalidades representadas • Dialogar e formular propostas para fortalecer con-
são o basquete em cadeira de rodas, o futebol de cinco, o dutas cidadãs e éticas, a partir dos conceitos experi-
futebol de sete, o goalball e o rúgbi em cadeira de rodas. mentados durante as práticas.
Os esportes de invasão são práticas que, geralmente,
transcendem o desempenho físico dos atletas. As diversas Roda inicial
modalidades, todas coletivas, são caracterizadas por valores
que norteiam a conduta dos atletas. Para o início da aula, sente-se em roda com os estudan-
No entanto, nem sempre esses valores são facilmente tes no centro da quadra. Para mapear os conhecimentos
observados. Assim como na sociedade, as pessoas adotam prévios acerca dos esportes de invasão, utilize questões
posturas que não condizem com as premissas éticas e como as sugeridas:
cidadãs. Nesses casos, o esporte é uma expressão cultural • Qual é a lógica interna dos esportes de invasão?
que influencia e é influenciada pela sociedade, garantindo • Quais são as modalidades contidas nos esportes de
invasão?
abertura para diversas reflexões dentro da escola.
• Quais são os valores básicos que norteiam as moda-
Ao analisarmos as habilidades adquiridas durante o
lidades coletivas?
Ensino Fundamental, conseguimos planejar os objetivos
Geralmente, essas modalidades são muito desenvol-
de aprendizagem que esperamos desenvolver com os vidas nas aulas de Educação Física escolar e, portanto,
estudantes no Ensino Médio. carecem de maior reflexão no Ensino Médio. Para isso, você
pode ampliar a discussão com as seguintes perguntas.
• Quais dos esportes de invasão não estão presentes
SEQUÊNCIA DIDÁTICA nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos?
• Em todos os esportes de invasão há contato físico
Os valores do esporte entre os atletas?
• Já ouviram falar em ultimate frisbee?
TCT Cidadania e civismo
A fim de apresentar o frisbee para a turma, leia o texto
Competências gerais 1, 4, 6, 7, 8, 9 e 10
a seguir ou apresente o vídeo sugerido.
Competências de
1, 2, 3 e 5
Linguagens
101, 103, 104, 204, 301, 302, 303, O DISCO FRISBEE NASCEU DE UMA BRINCADEIRA
Habilidades
304, 305, 501, 502 e 503
Unidade temática Esportes “O frisbee surgiu por volta de 1940, quando
Objeto de conhecimento Esportes de invasão alguns universitários brincavam de arremes-
Valores do ultimate frisbee sar pratos de tortas em uma loja chamada
Práticas Frisbie’s. Na época isso virou mania entre os
Esportes de invasão sem contato
físico jovens, e logo foram fabricados os primeiros
discos de plástico, pesando 175 gramas.
Fair-play: o lugar mais alto do
Ampliação O ultimate frisbee é um esporte praticado
pódio
com um disco que combina a destreza do fu-
Honestidade, ética, respeito e
Valores tebol americano com a finta e a marcação do
autonomia
basquete. O objetivo do jogo é chegar com o
Avaliação Boa conduta com o cartão branco disco na zona de gol que fica localizada nas
extremidades do campo.
Continua
150
Continuação
DOTTA2
C D
DOTTA2
Duas equipes de sete jogadores cada uma
delas competem para marcar o maior número
de pontos possíveis. Os integrantes da equipe
atacante passam o disco de jogador em jogador.
Ao recebê-lo, este deve fixar um pé de pivô (ao
estilo do basquete) e repassá-lo antes de 10
segundos. Os integrantes da equipe de defesa
devem impedir que os atacantes recebam o
frisbee na zona de gol.
Esse é o único esporte no mundo que não
Foto C: arremesso forehand pela esquerda. Foto D: arremesso
possui árbitros. As regras que existem servem forehand para fora.
como guia para a prática da modalidade e
nunca são violadas intencionalmente pelos
Desenvolvimento
Antes de iniciar a experimentação do frisbee, relembre os
estudantes de que se trata da única modalidade esportiva que
não tem a figura de um árbitro em campo. Por isso, os pró-
Foto E:
prios atletas aplicam e praticam as regras. O respeito mútuo recepção
e a honestidade são os valores que norteiam a modalidade. em pinça.
O campo de jogo oficial é apresentado na imagem abai- Treinamento de
George Ford,
xo. Mas você pode adaptar as dimensões ao seu ambiente Inglaterra, 2020.
escolar. Garanta, apenas, que haja duas zonas de gol nas
extremidades opostas do espaço.
HAMISH BLAIR/ALL SPORT/GETTY IMAGES
Escala: 1:1.000
Campo de frisbee de acordo com as regras oficiais.
A B Foto F: recepção alta. Treino de frisbee de time do Sri Lanka, 1999. Foto
ALLIANCE IMAGES/
SHUTTERSTOCK
151
Para ampliar a vivência, você pode também propor documento está disponível em: <http://www.tchoukball.
aos estudantes que experimentem outras modalidades esp.br/site/admin/mod_galeria_eventoscont/arquivos/
interessantes para a prática escolar. carta%20ONU.pdf>. Para saber como praticar a modalida-
de, acesse o endereço disponível em: <http://www.tchou
1. Tag rúgbi
kball.esp.br/page.php?tipo=13>. Acessos em: 19 ago. 2020.
O tag rúgbi é um jogo de iniciação ao rúgbi, fácil de
4. Goalball
jogar, divertido e seguro. Pode ser praticado por equipes
mistas, mesmo em espaços reduzidos e com pisos duros,
A. RICARDO/SHUTTERSTOCK
como os que habitualmente existem nas escolas brasi-
leiras. Uma das vantagens do tag rúgbi é precisamente
poder ser jogado em qualquer superfície, não sendo
necessário o uso de um gramado, uma vez que é um jogo
sem contato. No entanto, no tag rúgbi estão presentes
as ações fundamentais do jogo de rúgbi, como a corrida
com bola, a finta, o passe e o try. Por razões de segurança
e de progressão na aprendizagem do jogo de rúgbi, o
gesto técnico do tackle é substituído pelo tag, ação de
retirar a fita do portador da bola. Um manual on-line
pode fornecer aos professores os conteúdos e estratégias
necessários para uma abordagem de ensino-aprendiza-
gem do rúgbi. Disponível em: <http://www.educacaofi O goalball explora as percepções tátil e auditiva de atletas com
sica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/sugestao_leitura/tag_ deficiência visual. Jogos Paralímpicos, Rio de Janeiro, 2016.
rugby.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2020.
Ao contrário de outras modalidades paralímpicas, o
2. Flag futebol goalball foi desenvolvido exclusivamente para pessoas
com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões
As regras básicas do flag futebol são similares às do
das de vôlei (9 m de largura por 18 m de comprimento).
futebol americano, mas em vez de derrubar o jogador
As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos,
com a bola, o defensor deve retirar uma fita do seu adver-
com 3 minutos de intervalo. Cada equipe conta com três
sário e parar o ataque. Todos os jogadores usam um cinto,
jogadores titulares e três reservas. De cada lado da quadra,
onde as duas flags (ou fitas) estão presas por um velcro. A
há um gol com 9 m de largura e 1,30 m de altura. Os atle-
modalidade atenua as lesões da versão tradicional e ainda
tas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores.
barateia custos. O flag, assim como o futebol americano,
O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma
pode ser praticado em um campo de grama com dimensões
vez nas áreas obrigatórias. O objetivo é balançar a rede
similares às de um campo de futebol, mas os demais mate-
adversária. A bola tem um guizo em seu interior para que
riais, como capacete, chuteira e ombreiras, têm um preço
os jogadores saibam sua direção. O goalball é uma modali-
bastante elevado. Além disso, trata-se de um esporte de
dade baseada nas percepções tátil e auditiva, por isso não
alto contato, fato que pode inibir a inclusão de mulheres.
pode haver barulho no ginásio durante a partida, exceto
Para saber mais sobre as principais regras e os fundamentos
no momento entre o gol e o reinício do jogo e nas paradas
do tag futebol, veja o vídeo disponível em: <https://www.
oficiais. Mais informações podem ser encontradas no site
youtube.com/watch?v=Xjvdo06M42M#action=share>.
do Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em: <https://
Acesso: 19 ago. 2020.
www.cpb.org.br/modalidades/56/goalball>. Acesso em:
3. Tchoukball 19 ago. 2020.
O tchoukball é uma modalidade coletiva desenvolvi-
da na década de 1960, que nasceu dos pensamentos do Roda final
médico suíço Hermann Brandt (1897-1972), que visava
desenvolver uma ferramenta para trazer o equilíbrio físico, Ao final das aulas, sente-se com os alunos para dis-
mental e social. Em 1971, o médico declarou que “o obje- cutir os aspectos mais relevantes da temática. Para isso,
tivo das atividades físicas não é criar campeões, mas sim busque contextualizar os conhecimentos com o auxílio
contribuir à edificação de uma sociedade harmoniosa”. Esse de algumas questões.
mesmo conceito foi retomado em uma carta da ONU, que, • Qual é a diferença do ultimate frisbee em relação a
em 2001, reconheceu o tchoukball como esporte da paz. O outras modalidades de invasão?
152
• Como resolver conflitos em prática esportiva sem arbitragem?
• O que podemos aprender com isso e transpor para outros esportes e para a vida em sociedade?
Diante disso, é esperado que o estudante consiga, por meio de uma prática alternativa como o
frisbee, produzir entendimento sobre princípios e valores baseados na empatia, no diálogo, na reso-
lução de conflitos e na cooperação.
Ampliação
As regras no esporte têm a finalidade de colocar os atletas ou as equipes em igualdade de competi-
ção. Contudo, cada modalidade construiu e adaptou seu manual de regras ao longo dos anos de prática.
O manual de regras contempla normalmente as dimensões do espaço de competição, as espe-
cificações dos materiais que são utilizados para a prática, as possibilidades de jogo, bem como as
penalidades, caso alguma regra seja infringida.
No entanto, algumas modalidades se destacam por contemplarem também, no manual de regras,
condutas, valores e alguns pontos que são pressupostos da própria prática. Ou seja, antes mesmo de
competir, o atleta tem de alinhar suas atitudes com o código de condutas da modalidade.
Como exemplo, podemos refletir sobre alguns pontos relatados:
• Os Jogos Olímpicos têm a premissa do Olimpismo na prática de valores como o respeito, a
amizade e a excelência.
• O rúgbi tem como valores básicos a paixão, o respeito, a disciplina, a integridade e a solidariedade.
• O tchoukball foi considerado esporte da paz pela ONU em 2001.
• O ultimate frisbee é a única modalidade oficial que não tem arbitragem.
Diante disso, podemos perceber que os objetivos do esporte transcendem a competição, per-
meando também as atitudes dos atletas e os valores desenvolvidos com a prática.
No entanto, os casos antiéticos, de violência e de desonestidade observados corriqueiramente
em algumas modalidades de invasão fazem com que a prática de valores seja considerada utópica.
Para contornar essa situação, podemos refletir sobre estratégias que, além de obrigar o cumpri-
mento das regras penalizando as infrações, enalteçam o bom comportamento e as boas atitudes
no esporte. Todos nós estamos acostumados a ser punidos pelas más condutas, mas o inverso não
é verdadeiro. Portanto, mudar o seu comportamento como professor pode servir de exemplo e de
motivação para que os jovens também mudem.
“Herdada dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, a filosofia utiliza o esporte como
instrumento para a promoção da paz, da união e do respeito por regras, e adversários.
As diferenças culturais, étnicas e religiosas são de grande importância nesta forma de
pensar baseada na combinação entre esporte, cultura e meio ambiente.
Após a reflexão, leia com os estudantes o relato de um membro do Grupo de Estudo e Pesquisa
em Futebol e Futsal, na matéria disponibilizada a seguir, para que os jovens possam refletir, discutir e
elaborar um código moral que norteie a conduta da turma nas aulas de Educação Física.
153
VALORES NO ESPORTE – O QUE ESTAMOS ENSINANDO AOS NOSSOS ATLETAS?
“Muitas vezes, no ambiente onde o dinheiro Não estamos dizendo que é errado se dedicar ao
impera, os valores pessoais são deixados em se- máximo para conquistar a vitória, mas é errado se
gundo plano. torturar por ter lutado com todas as forças e não
ter atingido o objetivo principal, se considerando
Como sabemos, a competitividade está presente
em nossas vidas. Somos educados e criados em ou sendo considerado pela maioria como um per-
uma sociedade na qual o primeiro lugar é extre- dedor. Os valores estão sendo distorcidos desde
mamente valorizado e o segundo lugar é motivo a nossa infância e esse é um fator extremamente
de insatisfação. preocupante, apesar de ser oculto.
Se partirmos do pressuposto de que os re- Ganhar não pode ser considerado o objetivo
sultados são decididos nos detalhes como, por principal do processo de crescimento de um jovem
exemplo, em um jogo de basquete, em que muitas atleta, mas sim educar um profissional competente
vezes o resultado é decidido no último segundo, e dedicado, onde a busca pela melhora é constante,
não há lógica em desvalorizarmos e criticarmos sempre desenvolvendo os valores mais importantes
o segundo colocado, pois um ponto a mais ou na vida, como: o respeito, a humildade, o saber
um ponto a menos não define a qualidade de trabalhar em grupo, confiança, entre outros que
sua equipe. determinarão a personalidade de cada um. [...]”
Passo a passo
1. Sente-se com os estudantes e peça a eles que elaborem Por fim, é esperado que o jovem consiga interagir nas
um código de condutas, ou seja, um rol de valores que práticas corporais estabelecendo relações construtivas,
sejam transversais a todas as aulas de Educação Física. éticas e solidárias, posicionando-se contra injustiças dentro
2. A prática desses valores deve ser reconhecida, enal- e fora do contexto esportivo.
tecida e valorizada.
3. Para isso, em oposição aos cartões amarelos e ver- Avaliação
melhos utilizados como punição, apresente a ideia
Como instrumento de avaliação para os comportamen-
do cartão branco.
tos e atitudes expressos nas aulas de Educação Física, utilize
4. Utilize o cartão branco nas aulas para situações claras o cartão branco como forma de estimular a boa conduta
de demonstração de fair-play. dos estudantes. Além de enaltecer os valores dos esportes,
5. Você pode propor um torneio no qual, além dos ven- é importante que o jovem se sinta privilegiado por agir de
cedores por pontos, o pódio reserve o lugar mais alto forma ética.
para a equipe com mais demonstrações de fair-play.
6. Por fim, enalteça a importância da prática baseada
ADILSON SECCO
Reflexão
Cartão BranCo
Posteriormente, sente-se com os estudantes para avaliar
os conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento
da temática. Para isso, reflita sobre questões que abordem
os esportes de invasão e a prática de valores.
• Qual é a diferença entre ser punido pela infração de
uma regra e ser elogiado pela prática de valores?
Fair-Play
• Nesse sentido, quais são as semelhanças entre o
esporte e a sociedade?
• De que forma podemos mudar nossa conduta por
meio dos valores desenvolvidos no esporte?
154
e o wrestling. Já nos Jogos Paralímpicos, os esportes de
COMO LIDAR
combate reúnem o judô e o parataekwondo.
Competências gerais 1, 2, 4, 5, 7, 8, 9 e 10
9.6 – Esportes de combate
Competências de
Os esportes de combate “reúnem modalidades ca- Linguagens
1, 2, 5 e 7
racterizadas como disputas nas quais o oponente deve
101, 102, 103, 104, 201, 202, 501,
ser subjugado, com técnicas, táticas e estratégias de Habilidades
502, 503, 701 e 704
desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um
determinado espaço, por meio de combinações de ações Unidade temática Esportes
de ataque e defesa (judô, boxe, esgrima, taekwondo etc.)”
(BNCC, 2017, p. 217)10. Objeto de conhecimento Esportes de combate
Essas modalidades são essencialmente individuais e
Sumô e suas tradições
destacam diversas capacidades físicas dos atletas, como a
Práticas Jogos de oposição
força, a agilidade e a resistência. No entanto, a fim de orga-
Torneio de sumô
nizar os combates, geralmente as categorias são divididas
por gênero e, em alguns casos, pelo peso corporal. O peso e a imagem corporal:
Ampliação
saúde física e mental
Nos Jogos Olímpicos, essas modalidades são represen-
tadas pelo boxe, a esgrima, o judô, o karate, o taekwondo Valores Respeito, ética e autonomia
Autoavaliação da imagem
10 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Avaliação
corporal
Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/>. Acesso em: 19 ago. 2020.
155
Habilidades de Linguagens • Quais são as variações de técnicas e estratégias utili-
• (EM13LGG101), (EM13LGG102), (EM13LGG103), zadas nessas modalidades?
(EM13LGG104), (EM13LGG201), (EM13LGG202), Os jovens devem reconhecer a fundamentação básica
(EM13LGG501) (EM13LGG502), (EM13LGG503), dos esportes de combate; no entanto, para que possamos
(EM13LGG701), (EM13LGG704). ampliar os conhecimentos, devemos introduzir novos
direcionamentos.
Objetivos
• Alguém conhece o sumô? Como ele é praticado?
• Vivenciar o sumô de modo a estabelecer relações éti-
cas e de respeito, além de ampliar os conhecimentos • Quais são as tradições dessa modalidade?
acerca dos valores e das tradições inerentes a esse • Quais são as semelhanças e as diferenças do sumô
esporte de combate. em relação a outros esportes de combate?
• Reconhecer e analisar os discursos sobre o peso, a Para introduzir a temática, procure ler e apresentar o
imagem corporal e a saúde presentes nos esportes, material disponibilizado a seguir para a turma.
nas diferentes mídias e na sociedade.
Roda inicial
Para iniciar a aula com os estudantes, sente-se em roda
no ambiente de prática. A fim de mapear os conhecimentos
trazidos pelos jovens, proponha alguns questionamentos
acerca dos esportes de combate.
• Qual é a lógica interna dos esportes de combate?
• Quais são as modalidades contidas nos esportes de Aula de sumô ministrada pelo lutador brasileiro Rui Junior
combate? (à direita), em São Paulo, 2019.
As lutas são realizadas em um ringue elevado Shimomoto, o sumô feminino, com a intenção de
de terra argilosa, com círculo de palha de arroz tornar o sumô esporte Olímpico.
trançada de 16,26 m², cobertura que se asseme-
lha a um templo xintoísta, em que o objetivo dos Cerimônia de entrada na arena os lutadores
lutadores é derrubar o adversário, ou tocar o solo participam, antes das lutas, para purificar o seu
com qualquer parte do corpo, ou arremessá-lo fora espírito e corpo.
do círculo. A contenda geralmente dura pouco.
O árbitro purifica o ambiente em cerimônia,
No período do shogunato (1192-1333), o sumô
pela segurança dos participantes, usando vestes de
passou a ser utilizado como técnica de treinamento
de guerra. origem dos sacerdotes xintoístas. Em competições
oficiais usa o gunpai sinalizador do vencedor, no
No século XV os lutadores ganharam projeção caso de dúvida do árbitro, existem 4 moderadores,
social, com senhores feudais usando suas vestes
que decidem qual o vencedor.
com brasões de seus clãs.
Na era do Edo (1600-1867), o sumô ganhou Os lutadores molham-se com água e jogam sal
contornos atuais, com profissionalização que hoje na arena para purificar o ambiente e proteger-se
é chamada OZUMO. de lesões.
Continua
156
Continuação
Desenvolvimento
Para iniciar a vivência, convide os alunos para algu- Com o objetivo de fazer com que os jovens vivenciem o
mas práticas de jogos de oposição. Os jogos de oposi- contato, separe a turma em duas equipes. Coloque quatro
ção são atividades lúdicas e prazerosas que envolvem cestos em cada canto da quadra e espalhe diversos mate-
confronto entre os praticantes, por meio de regras riais, como bolas, coletes, pequenos cones etc. Cada equipe
preestabelecidas.
tem como objetivo colocar os materiais dentro dos cestos,
1. Jogos para aquecimento (reconhecer o espaço) enquanto a equipe oponente tenta impedi-la. Para isso, a
equipe deve proteger o material, sem tocá-lo, segurando,
IAKOV FILIMONOV/SHUTTERSTOCK
157
Para a realização do jogo, marque o chão com giz, de- Em duplas, o jogador deve ficar em seis apoios (pés,
senhando quadrados ou círculos grandes. Separe a turma joelhos e mãos) no chão. O oponente deve montar o colega
em trios, assim, um membro do grupo pode atuar como e, para isso, tem que equilibrar pesos e forças. O jogador
mediador. Um jogador será dono do território e ficará montado tem que tentar girar e derrubar o touro; e o opo-
dentro do quadrado ou círculo, enquanto o outro deverá nente sobre seis apoios precisa manter-se na posição sem
conquistar o território. São permitidos puxões, empurrões e se deixar virar.
desequilíbrio corporal. No entanto, o mediador deverá coi-
bir qualquer intenção de socar, chutar ou excesso de força. 8. Jogos de duplas (técnica de imobilizar)
Os estudantes devem estar em duplas, frente a fren-
5. Jogos em duplas (desequilibrar o oponente)
te e com o tronco flexionado. O objetivo do jogo é se
posicionar atrás do oponente e projetá-lo ao solo, em
DOTTA2
158
Roda final Categoria Peso em kg
“Deitado sobre uma toalha no chão, ao lado de O risco de tal método é tamanho que neste mês
uma balança, o lutador inglês Dean Garnett agoniza. o russo Khabib Nurmagomedov, um dos protago-
Pálido e encharcado de suor, está em um processo nistas dos torneios de MMA – o Ultimate Fighting
radical de desidratação. ‘É provavelmente a coisa Championship – precisou ser levado às pressas
mais perigosa que faço em todo ano’, afirma. para o hospital.
Ele se refere ao método que lutadores de MMA Em 2013, o lutador brasileiro Leandro “Feijão”
usam para perder cerca de 7 kg em menos de um dia. Souza morreu no dia da pesagem, após sofrer
um infarto quando estava na sauna. Ele havia
O sacrifício ao qual Garnett se submete é co- tomado diuréticos e tentava perder 15 quilos em
nhecido como corte de peso e virou rotina para uma semana.
atletas que querem competir em categorias que
Há dois anos, o chinês Yang Jian Bing, de 21 anos,
exigem peso mais leve que o deles. E o processo é também sofreu um ataque cardíaco e morreu como
perigoso, uma vez que prevê uma perda acelerada consequência do corte de peso.
de peso por desidratação extrema.
Em janeiro, [...] [foi narrado] todo o sofrimento de
O lutador inglês normalmente pesa 69 kg. Para Acácio “Pequeno” dos Santos, de 1,94 m de altura,
disputar uma competição como peso galo, porém, para perder 2,7 kg em cinco horas. O brasileiro se
a balança precisa registrar 61,8 kg quando ele subir hospedou num motel para usar o ar-condicionado
em cima dela. Para atingir a marca, Garnett tem elevado a 28 °C e uma banheira no processo de
apenas 19 horas. desidratação radical.
Continua
159
Continuação
Antes, já havia tomado diurético e corrido uma Esse processo é potencializado com o suor for-
hora vestindo moletom e com o corpo enrolado çado por banhos de água quente, sauna e uso de
em uma capa de chuva e em um plástico de con- roupa térmica.
gelar legumes. Para perder 10% do seu peso em menos de um
No MMA é assim. Não importa onde nem quem dia, o lutador inglês se submete a uma longa e can-
está lutando. Nem mesmo a popularidade do esporte, sativa luta. Passa por um ciclo de saunas e banhos
que ganhou adeptos e torcedores na última década, foi quentes para expulsar cada gota de água do corpo.
suficiente para regular o agonizante método de corte Quando não está no banho ou na sauna, Dean
de peso a que a maioria dos lutadores se submete. Garnett está estirado no chão de um quarto de
[...] hotel, enrolado em lençóis e edredons. Parece estar
desfalecido, à espera do enterro.
Durante as 24 horas antes da pesagem, não
bebem nem comem absolutamente nada. A partir Mastiga cubos de gelo para tirar a saliva da boca
e os cospe. É preciso cuidado para não engolir
desse momento, dá-se início à fase de expulsão –
nada – água é igual a mais peso.
nada mais pode entrar no organismo. ‘Qualquer
coisa que sai do meu corpo agora – urina, fezes, ‘Não estou muito longe da morte’, afirma o
lutador ao ser questionado sobre como se sente.”
suor – é peso perdido’, explica.
BBC Brasil. O perigoso método usado por lutadores
Também é preciso reduzir o consumo de sal, uma
de MMA para perder 7 kg em um dia. Disponível em:
vez que o corpo tende a reter líquido com sódio. <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
39280340#:~:text=Ele%20se%20refere%20ao%20
‘Não há uma pesquisa que diga que essa é a m%C3%A9todo,em%20menos%20de%20um%20
melhor forma, mas (a desidratação radical) segue dia.&text=O%20sacrif%C3%ADcio%20ao%20qual%20
sendo o método mais comum‘, afirma Crighton. Garnett,mais%20leve%20que%20o%20deles>.
Acesso em: 20 ago. 2020.
160
A ferramenta se baseia na escala de 15 fatores, para mulheres e para homens, representados por
imagens que podem ser recortadas em forma de cartões e apresentadas aos estudantes. De maneira
geral, quanto maiores os níveis de autoestima e de satisfação, mais precisas são as percepções das
pessoas em relação à imagem corporal. Lembre-se que essa avaliação é individual e não precisa ser
partilhada com restante do grupo.
ADILSON SECCO
COMO LIDAR
Problema Solução
As discussões acerca dos esportes de combate podem ser desenvolvidas sob a ótica de outras modalidades, como o
Conceitual
MMA ou o boxe, por exemplo.
A vivência dos esportes de combate deve ser pautada primordialmente pelos aspectos de segurança e integridade
Procedimental
física dos estudantes.
Os jovens podem realizar uma aula de esportes de combate vendados, para que tenham contato com a modalidade
Atitudinal
paralímpica e, dessa forma, possam perceber as sensações corporais durante a prática.
12 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 20 ago. 2020.
161
Nos Jogos Olímpicos, a ginástica artística, a ginástica de trampolim, a ginástica rítmica, o nado
artístico, os saltos ornamentais, o skate e o surfe são os representantes dos esportes técnico-com-
binatórios. Esses dois últimos foram incorporados desde os Jogos de Tóquio. No entanto, nos Jogos
Paralímpicos, essas modalidades ficam de fora da competição.
É importante ressaltar que, quando consideramos o skate e o surfe como esportes técnico-combi-
natórios, não os excluímos como práticas corporais de aventura. O que caracteriza sua categorização é
a finalidade de prática. Ou seja, quando tratamos de competições, nós os abordamos como esportes, e
quando o cunho é a diversão, lazer ou saúde, compreendemo-nos como práticas corporais de aventura.
O skate surgiu nos Estados Unidos, na década de 1950, quando não havia ondas no litoral da Califórnia
e surfistas tentavam imitar as manobras que faziam na água usando rodas e eixos fixados em pranchas de
madeira. No Brasil, a modalidade chegou em 1960, provavelmente importada da cultura norte-americana.
Compreender como uma cultura jovem se transforma em um esporte olímpico pode ser um dos
objetivos das aulas de Educação Física no Ensino Médio. Para isso, é importante reconhecermos as
habilidades desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental em relação a essas modalidades.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Esporte é cultura
Diversidade cultural
TCT
Vida familiar e social
Competências gerais 1, 2, 4, 5, 9 e 10
Competências de Linguagens 1, 2, 3, 5 e 7
101, 102, 103, 104, 201, 202, 203, 204, 301, 302, 501,
Habilidades
502, 503, 701, 702, 703 e 704
Unidade temática Esportes
Objeto de conhecimento Esportes técnico-combinatórios
História e conceitos do skate
Práticas
Práticas coletivas por meio do skate
Ampliação Skate: um documentário sobre a cultura juvenil
Valores Cooperação, amizade e respeito
Avaliação Elaboração de um quiz pelos grupos de pesquisa
Habilidades de Linguagens
• (EM13LGG101), (EM13LGG102), (EM13LGG103), (EM13LGG104), (EM13LGG201), (EM13LGG202),
(EM13LGG203), (EM13LGG204), (EM13LGG301), (EM13LGG302), (EM13LGG501), (EM13LGG502),
(EM13LGG503), (EM13LGG701), (EM13LGG702), (EM13LGG703), (EM13LGG704).
Objetivos
• Utilizar a prática do skate para interagir socialmente, estabelecer relações de respeito, valori-
zando-o como esporte e forma de entretenimento.
• Compreender o skate como fenômeno sociocultural e histórico, reconhecendo as diversidades
e pluralidades de ideias e posições.
• Analisar os discursos inerentes ao skate por meio da produção de um minidocumentário,
ampliando suas possibilidades de aprender, de atuar socialmente e de explicar e interpretar
criticamente a modalidade.
Roda inicial
No início da aula, sente-se em roda com os estudantes. Para iniciar a discussão, utilize questões
que possam mapear o conhecimento prévio dos jovens acerca dos esportes técnico-combinatórios,
como as sugeridas a seguir.
• Qual é a lógica interna dos esportes técnico-combinatórios?
162
• Quais são as modalidades contidas nos esportes técnico-combinatórios?
• Como é avaliada a performance nessas modalidades?
Os estudantes devem reconhecer as modalidades e os conceitos gerais dos esportes técnico-com-
binatórios. Em seguida, as discussões acerca da prática do skate poderão ser aprofundadas.
• Alguém conhece algo sobre a cultura do skate?
• Qual é a diferença entre o skate como prática corporal de aventura e como esporte?
• De que forma o skate se tornou uma modalidade olímpica?
Com o intuito de ampliar o conhecimento dos estudantes, explore a linha do tempo e, em segui-
da, pode-se ler o texto sobre a entrada do skate nas olimpídas, na página 164, e apresentar o vídeo
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=d342prB3594>. Acesso em: 24 ago. 2020.
• Apelidado de “surfinho”, o skate era • Surgem os primeiros campeonatos no país. • Retomada da modalidade no
construído com dois eixos de patins • O ano de 1976 marca a construção da primeira Brasil, com a criação de novas
pregados ou parafusados em uma pista de skate da América Latina, em Nova pistas e campeonatos.
tábua de madeira. Iguaçu, RJ. • A modalidade street ganha
• Construção de pistas também em São Paulo, Rio evidência, graças ao número
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Paraíba. escasso de locais formais para
andar. A solução é praticar na rua.
BILL EPPRIDGE/THE LIFE PICTURE COLLECTION/GETTY IMAGES
• Apesar da crise econômica, o skate • O skate seguiu conquistando • O skate passa a integrar os Jogos
brasileiro ganhou novas pistas, apoio da indústria organizada por Olímpicos de Tóquio 2020.
e o esporte se profissionalizou, empresários ex-skatistas dos anos Nos Jogos Olímpicos, o skate será
incentivando patrocínios e 1980. representado pelas modalidades
campeonatos. • A Confederação Brasileira de street e park. O street simula
• Ícones estrangeiros voltam a se Skate passa a organizar o Circuito obstáculos de rua (escadarias,
apresentar no Brasil, participando de Brasileiro de Skate, e a modalidade rampas, corrimões). O park é um
campeonatos. chega a diversas capitais nacionais. bowl com transições, banks e
• Vídeos gravados por ídolos do esporte • O número de praticantes volta a alguns elementos do street.
começam a circular na internet e ajudam crescer, e os eventos alternativos
a formar novos adeptos. passam a coexistir com as
• Skatistas brasileiros figuram nos grandes competições oficiais.
campeonatos internacionais, e o Brasil • A mídia televisiva passa a
passa a sediar etapas do Circuito Mundial. apresentar alguns eventos famosos,
• O brasileiro Bob Burnquist é eleito entre eles os X-Games.
skatista do ano de 1997, e em 1999
nasce a Confederação Brasileira de Skate.
163
BOB BURNQUIST EXALTA ENTRADA DO SKATE COMO MODALIDADE OLÍMPICA: “SÓ TENDE A CRESCER”
“No ano passado [2017], o skate foi oficializado Mesmo com tamanho crescimento, a moda-
como modalidade olímpica, podendo ser disputado lidade ainda não é muito popular no Brasil. E
pela primeira vez em Tóquio em 2020. Antes mes- Bob, com um brilho nos olhos, conta o que lhe
mo do anúncio, a modalidade já vinha ganhando chamou tanta atenção no skate, destacando a
espaço no Brasil e cresce a cada dia, chegando à importância de se ter mais inspirações para as
marca de cerca de 8 milhões de skatistas no país. crianças seguirem o exemplo.
Na visão do maior nome do skate do Brasil e atual ‘O skate tem um certo magnetismo. Para mim teve.
presidente da Confederação Brasileira de Skate Como alguém que jogou esportes coletivos, eu não
(CBSk), Bob Burnquist, a entrada da modalidade gostava que me falassem o que fazer. Eu gostava
no mundo olímpico abre muitas portas para ela de ter a decisão. Então quando eu comecei a andar
e fortalece seu potencial de crescimento. de skate, eu caía e o problema era meu. Se acertava
alguma coisa, o mérito era meu. E isso me prendeu.
‘O que a gente está tendo agora, a gente não
E isso naturalmente atrai a juventude, porque a ga-
tinha antes. Obviamente, por ele ser olímpico, a
lera quer ter uma identidade. Eu sempre digo que o
gente consegue um pouco mais de empolgação
skate é um esporte individual coletivo, porque apesar
na área de construção de pista, muitas cidades se
de aprender sozinho, a gente em conjunto aprende
aproximam e querem adicionar uma pista pública.
muito mais. E com inspiração, ídolos brasileiros para
E por ser olímpico, passa a ser ok, por mais que
você se espelhar, se aprende mais ainda’, finalizou.
para mim sempre foi ok. Quando eu pedi para os
meus pais, eles acharam legal, mas com muitos dos ZALCMAN, Fernanda Lucki. Bob Burnquist exalta
meus amigos não aconteceu o mesmo. Então acho entrada do skate como modalidade olímpica:”Só
tende a crescer”. Gazeta Esportiva, 14 set. 2018.
que a gente reverteu isso e esse argumento de ser
Disponível em: <https://www.gazetaesportiva.
olímpico vai ajudar muito e a modalidade só tende com/mais-esportes/bob-burnquist-exalta-entrada-
a crescer. Todo dia eu tenho alegrias de ver o skate do-skate-como-modalidade-olimpica-so-tende-
crescer cada vez mais’, avaliou em entrevista [...]. crescer/>. Acesso em: 19 nov. 2020.
Desenvolvimento
Para promover a experimentação do skate nas aulas de
ADILSON SECCO
Educação Física, você deve garantir aos estudantes a segu- A frente recebe
rança da prática. Capacetes, luvas, protetores de punho, o nome de nose.
joelheiras e cotoveleiras são equipamentos que devem ser
disponibilizados pela escola, ou podem ser trazidos pelos
jovens para que vivenciem a modalidade de modo seguro. A prancha (tábua
de madeira sobre
Para introduzir o tema, vale apresentar o equipamen- as rodas) é cha-
to, seus componentes e estruturas para a turma. O vídeo Os eixos que mada de shape.
“Anatomia de um skate”, da ONG Sikana do Brasil, mostra sustentam
as rodas são
como o shape, as rodas e os trucks se unem para formar chamados de
o skate. Disponível em: <https://www.youtube.com/ trucks.
watch?v=rfgBk3pcTek>. Acesso em: 20 de ago. 2020.
Além do vídeo, a imagem ao lado apresenta uma breve A traseira recebe
o nome de tail.
descrição desses componentes.
Presas nos eixos, estão
Depois de ajudar os alunos a se familiarizar com os itens as quatro rodas e os oito
de segurança e identificar as estruturas do skate, proponha- rolamentos (dois no
interior de cada roda).
-lhes uma experimentação da modalidade. Algumas dicas
são fundamentais para o início da prática:
• Local: verifique se o lugar da aula é adequado para a prática do skate. Tenha cuidado com
pisos, escadas, rampas e desníveis. Um bom local para iniciantes deve ser liso e plano.
• Partes do skate: identifique as partes da frente e de trás do skate. Isso será importante para
o posicionamento correto dos pés no shape.
• Posicionamento dos pés no skate: peça aos estudantes que se apoiem em um colega, dois
a dois, para ficar em pé sobre o skate nas primeiras tentativas de equilíbrio. O pé mais forte,
ou pé de apoio, deve ficar posicionado na parte da frente (nose) do skate.
164
• Subir e descer do skate: oriente-os para que, com o pé 2. Corrida de revezamento sentado no skate
de apoio já posicionado, os jovens subam e desçam No formato de estafetas, divida a turma em equipes e
algumas vezes com o outro pé. proponha a um jovem que sente-se no skate e a outro que
• Saltos no skate: proponha que, em cima do skate, os fique responsável por empurrá-lo sobre as linhas da quadra.
estudantes realizem pequenos saltos e aterrissagens. Ao chegar ao final da linha, os papéis se invertem, até que
Isso fará com que eles tenham mais noção do equi- todos do grupo empurrem e sejam empurrados.
líbrio necessário.
3. Corrida de revezamento em pé no skate
• Remada no skate: com o pé de apoio posicionado Seguindo os moldes da atividade anterior, um estudan-
em cima do skate, os estudantes devem impulsionar te deve ficar em pé no skate, enquanto é conduzido por
o solo com o outro pé, sem subir no skate. outro jovem pelas mãos. Os papéis também se alternam
• Remada com progressão: após a remada, os jovens até que todos realizem as duas funções.
deverão tentar posicionar o pé na parte de trás
do skate. Roda final
• Curvas com o skate: as curvas podem ser feitas para
um lado, com a inclinação para as pontas dos pés, ou Ao final da vivência, sente-se novamente em roda com
para o outro, com a inclinação para os calcanhares. os estudantes, a fim de mapear as aprendizagens e con-
duzir novas contextualizações. Para isso, utilize questões
• Elevar e descer o skate: os estudantes devem tentar
norteadoras como as sugeridas a seguir.
apoiar a traseira do skate no chão ao colocar o peso
no pé de trás, e retomar a posição plana ao colocar • Por que o skate, apesar de ser uma modalidade
o peso no pé da frente. individual, é considerado uma prática coletiva por
seus adeptos?
• Alternar batidas no skate: alternar a distribuição do
peso entre as pernas da frente e de trás, de modo que • Quais foram os percalços até a legitimação do skate
o skate saia ligeiramente do chão e alterne o curso como esporte olímpico?
para a direita e para a esquerda. • Como podemos valorizar o skate como parte da
Após ensinar os fundamentos do skate, você pode cultura juvenil?
propor um momento em que os jovens percebam que, Ao vivenciar de forma intencional o skate, espera-se
apesar de ser uma modalidade individual, o skate se que o estudante possa estabelecer relações de respeito e
pratica coletivamente, a partir da aprendizagem com solidariedade com os colegas. Além disso, ao perceber e
o outro e do fortalecimento das relações. Além disso, a utilizar o skate como linguagem corporal, o jovem valoriza
prática coletiva do skate consolida a modalidade como a modalidade como fenômeno sociocultural e histórico
cultura juvenil. considerando os diferentes discursos inerentes a ela.
1. Montagem do skate
Ampliação
Para que os estudantes possam fortalecer as relações
dentro da turma, separe-os em quatro grupos que serão O percurso histórico do skate até o seu reconhecimento
responsáveis pela montagem do skate. Para isso, forneça atual como esporte olímpico reflete a força da cultura juvenil
as ferramentas necessárias e estimule a cooperação entre em relação às transformações sociais. Os trechos do artigo e
os jovens. Caso não haja essa possibilidade, proponha as da Diretriz Curricular para o Ensino Médio disponibilizados a
próximas atividades. seguir são essenciais para a compreensão dessa concepção.
“Comparado com outras modalidades espor- rece ser uma das principais características que
tivas tradicionais, o skate pode ser considerado diferenciam estas novas modalidades corporais.
uma prática corporal recente no cenário urba- A emergência dos esportes radicais aponta para
no. Sua breve história acompanha de forma uma nova dinâmica em que a atividade física está
singular as transformações que vêm ocorrendo relacionada também à construção de um estilo de
na sociedade contemporânea. A relação entre vida que orienta o comportamento daqueles que
prática esportiva e comportamento juvenil pa- ingressam nestas atividades. No caso do skate, a
Continua
165
Continuação
DISOBEYART/SHUTTERSTOCK
produção de um estilo de vida em torno de sua
prática aconteceu de uma maneira processual. Por
meio de bricolagens com outras manifestações
juvenis (surfe, punk, hip-hop) aliadas ao modo
como se apropriam da cidade, seus adeptos pas-
saram a construir para si uma ‘essência skatista’,
que passou a diferenciá-los das demais culturas
juvenis e modalidades esportivas.”
OLIC, Maurício Bacic. Das ruas para os Jogos
Olímpicos? Dinâmicas em torno da prática do skate.
Campos – Revista de Antropologia, v. 15,
n. 1, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5380/
campos.v15i1.43208>. Acesso em: 12 dez. 2020. O skate conquista o patamar olímpico.
A “[...] proposta de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
concebe a juventude como condição sócio-histórico-cultural de uma categoria de sujeitos que
necessita ser considerada em suas múltiplas dimensões, com especificidades próprias que não
estão restritas às dimensões biológica e etária, mas que se encontram articuladas com uma
multiplicidade de atravessamentos sociais e culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis
ou muitas juventudes. Entender o jovem do Ensino Médio dessa forma significa superar uma
noção homogeneizante e naturalizada desse estudante, passando a percebê-lo como sujeito
com valores, comportamentos, visões de mundo, interesses e necessidades singulares. Além
disso, deve-se também aceitar a existência de pontos em comum que permitam tratá-lo como
uma categoria social. Destacam-se sua ansiedade em relação ao futuro, sua necessidade de
se fazer ouvir e sua valorização da sociabilidade. Além das vivências próprias da juventude, o
jovem está inserido em processos que questionam e promovem sua preparação para assumir
o papel de adulto, tanto no plano profissional quanto no social e no familiar.” (Parecer CNE/
CEB no 5/2011, p. 12-13)13.
Nesse sentido, incentive os jovens a fazer uma investigação sobre o skate como produto da cul-
tura juvenil, desde o seu surgimento. A criação de um minidocumentário pelos estudantes, com as
suas descobertas e interpretações, propiciará uma releitura dessa história, garantindo aos jovens o
protagonismo do seu processo de aprendizagem.
Passo a passo
1. Separe a turma em 4 grupos de pesquisa sobre os temas: a) cultura de rua e a essência skatista;
b) processo de esportivização do skate até os Jogos Olímpicos; c) espaços públicos e a prática
do skate; d) a indústria e a mídia do skate.
2. Oriente os estudantes a fazer pesquisas na internet, revistas, artigos e outras mídias confiáveis.
3. Proponha aos estudantes que produzam um minidocumentário, com elementos da pesquisa.
Para isso, eles deverão seguir algumas etapas, como: roteiro (elaborar um script), produção
(reunir discursos e mídias), edição (compilar e editar os materiais), exibição (refletir sobre o
modo de compartilhamento do material).
4. Converse com a direção da escola para que os minidocumentários sejam exibidos à comu-
nidade escolar.
5. No dia da mostra, os estudantes podem organizar um festival de skate.
6. Posteriormente, garanta que os vídeos sejam disponibilizados no acervo da biblioteca da escola,
para o acesso dos estudantes de outras turmas.
Reflexão
Ao final do projeto, proponha aos estudantes um momento de reflexão acerca das novas apren-
dizagens. Para isso, utilize questões norteadoras que ajudem a contextualizar a temática.
13 BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensi-
no Médio, 2011. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias
=8016-pceb005-11&Itemid=30192>. Acesso em: 12 dez. 2020.
166
• Como os espaços públicos podem incentivar e legi- (acesso em: 22 ago. 2020). Cada grupo deve elaborar cinco
timar a prática de diferentes modalidades? perguntas sobre os temas pesquisados e apresentados à
• De que forma devemos atuar para que a cultura turma. Após a criação do quiz, ele deve ser direcionado
juvenil seja respeitada e valorizada? aos estudantes da turma. Caso não seja possível criar um
• Como a apropriação digital pode estimular o engaja- quiz eletrônico, proponha a mesma avaliação em formato
mento nessa e em outras expressões da cultura juvenil? escrito, como no exemplo abaixo.
Espera-se que o estudante tenha analisado diferentes
discursos e visões de mundo sobre a prática do skate, a Pergunta:
fim de produzir de maneira ética, criativa e responsável
projetos autorais que possam ampliar as possibilidades Resposta 1
de explicação e interpretação crítica da realidade juvenil.
Resposta 2
Avaliação
Para que os grupos possam avaliar a atenção dos outros Resposta 3
grupos aos minidocumentários produzidos, proponha a cria-
ção de um quiz. Para que seja dinâmico, eletrônico e interativo,
Resposta 4
sugerimos a plataforma <https://www.goconqr.com/pt-BR>
COMO LIDAR
Problema Solução
O livro Skate & skatistas: questões contemporâneas, de Tony Honorato e Leonardo Brandão (Editora Tony
Honorato), é uma coletânea de artigos de caráter multidisciplinar que analisa diferentes facetas que inte-
gram a prática do skate, como as redes de sociabilidade, a formação de identidades culturais, os processos
de esportivização, as relações de gênero, poder e design, entre outras.
O documentário Vida sobre rodas (2010), dirigido por Daniel Baccaro, apresenta a evolução do skate no
Brasil, a partir do olhar atento de uma geração de skatistas. Essa turma de apaixonados pela modalidade
precisou de muita persistência para vencer preconceito, falta de apoio e carência de locais adequados para
a prática. Os protagonistas Bob Burnquist, Sandro Dias, Lincoln Ueda e Cristiano Mateus compartilham suas
histórias e vivências no esporte.
O vídeo veiculado em canal digital pelo Impulsiona Educação Esportiva visa ajudar professores a levar
o skate para as aulas de Educação Física. Especialistas no assunto desmistificam a modalidade em dez eta-
pas básicas para o início da prática. Além disso, são apresentadas algumas sugestões de brincadeiras que
podem estimular o gosto das crianças e dos jovens pelo skate. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Jw3Ler1Q9Gs&feature=youtu.be&app=desktop>. Acesso em: 26 ago. 2020.
167
10 10
CAPÍTULO
Lutas
UESLEI MARCELINO/REUTERS/FOTOARENA
Indígenas Waura, na cerimônia do Kuarup, realizam a luta huka-huka. Parque Nacional do Xingu,
Mato Grosso, 2013.
“As lutas estiveram sempre presentes na história da humanidade e foram identificadas por
atitudes ligadas às técnicas de ataque e defesa, com objetivo de autoproteção ou militar. No seu
desenvolvimento, valores foram atrelados a seu contexto, oriundos ora de religiões (budismo,
taoismo, xintoísmo etc.), ora do movimento esportivo e olímpico.” (CARREIRO, 2008, p. 249)1
“Lutas”
Unidades
Objetos de conhecimento Práticas didático-pedagógicas (Modalidades)
temáticas
Lutas
Lutas de média e longa distância boxe, capoeira, kendo, kung fu, muay thai, taekwondo etc.
Antes de partir para as práticas didático-pedagógicas, reflita sobre as possíveis conexões entre
os TCT e as temáticas inerentes às lutas. A tabela a seguir apresenta algumas possibilidades para a
ampliação de repertório. As práticas e as vivências propostas não deverão, no entanto, restringir suas
ações docentes. Dessa maneira, você poderá ressignificá-las de acordo com a sua realidade, o contexto
de sua escola e o interesse dos estudantes.
1 CARREIRO, E. A. Lutas. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. (coord.). Educação física na escola: implicações para a prática
pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p. 249.
168
Os TCT e algumas possibilidades de desenvolvimento em lutas
TCT LUTAS
169
• Refletir sobre os valores intrínsecos ao judô, bem
SEQUÊNCIA DIDÁTICA como compreender as possíveis relações de poder
presentes nas práticas corporais e mobilizar esses
conhecimentos na interpretação crítica da realidade.
O judô e seu código moral • Utilizar o judô para formular e debater questões
Vida familiar e social polêmicas e pertinentes ao ambiente escolar, como
TCT
Diversidade cultural o bullying, visando ampliar suas possibilidades de
Competências gerais 1, 2, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 atuação crítica e adotando posicionamento contrário
a qualquer manifestação de desrespeito aos Direitos
Competências de Linguagens 1, 3, 5 e 7
Humanos e valores democráticos.
101, 301, 303, 304, 305, 501,
Habilidades
502, 503 e 701
Roda inicial
Unidade temática Lutas
Para iniciar a aula com os estudantes, sente-se em roda
Objeto de conhecimento Lutas de curta distância no ambiente de prática. A fim de mapear os conhecimentos
Código moral do judô trazidos pelos jovens, proponha alguns questionamentos
Práticas Técnicas de quedas e acerca das lutas de curta distância.
imobilizações do judô
• Qual é a lógica interna das lutas de curta distância?
Lutando contra o bullying: • Quais são as modalidades contidas nas lutas de curta
Ampliação
mapear, analisar e combater
distância?
Solidariedade, respeito e
Valores
empatia
• Quais são as variações de técnicas e de estratégias
utilizadas nessas modalidades?
Questionário de Bullying de
Avaliação
Olweus (QBO) na escola Com isso, os estudantes devem ser capazes de reconhe-
cer os princípios básicos das lutas de curta distância, assim
como as modalidades que as representam. No entanto,
Habilidades de Linguagens para que possamos ampliar os conhecimentos, devemos
introduzir novos direcionamentos.
• (EM13LGG101), (EM13LGG301), (EM13LGG303),
• Quais são os princípios que diferenciam o conceito
(EM13LGG304), (EM13LGG305), (EM13LGG501),
de luta do conceito de briga?
(EM13LGG502), (EM13LGG503), (EM13LGG701).
• Quais são os valores intrínsecos ao código moral
Objetivos proposto pelo judô?
• Reconhecer e vivenciar as lutas de curta distância, • De que forma esses valores são importantes para o
como o judô, de forma consciente e intencional, seu projeto de vida?
para interagir e estabelecer relações construtivas, Para introduzir a temática, procure ler com a turma o
empáticas e de respeito às diferenças. material sobre a história do judô.
HISTÓRIA DO JUDÔ
“[...] O judô é derivado do Ju-Jutsu, uma arte estudar o caminho”, o que explica muito bem a
que serve tanto para atacar quanto para defender intenção do fundador da arte. Além de tornar o
usando nada mais que o seu próprio corpo. ensino da arte marcial como um esporte, Jigoro
Kano desenvolveu uma linha filosófica baseada
Durante anos, o jovem Jigoro Kano se dedicou a
no conceito ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito)
fazer um estudo completo sobre as antigas formas
e um código moral. Assim, ele pretendeu que a
de autodefesa e, procurando encontrar explicações
prática do judô fortalecesse o físico, a mente e o
científicas aos golpes, baseadas em leis de dinâmica,
espírito de forma integrada.
ação e reação, selecionou e classificou as melhores
técnicas dos vários sistemas de Ju-jutsu em um novo Com seu trabalho, Jigoro Kano conseguiu criar
estilo chamado de judô, ou “caminho suave” – Ju uma modalidade que não se restringe a homens com
(suave) e Do (caminho ou via). vigor físico, estendendo-se a mulheres, crianças e
idosos, de qualquer altura e peso.
Em 1882, o mestre Kano fundou o Instituto
Kodokan. O termo Kodokan se decompõe em ko Visando fortalecer o caráter filosófico da prá-
(palestra, estudo, método), do (caminho ou via) tica do judô e fazer com que os praticantes do
e kan (instituto). Assim, significa “um lugar para judô crescessem como pessoas, o mestre Jigoro
Continua
170
Continuação
Kano idealizou um código moral baseado em oito asiático do Comitê Olímpico Internacional em
princípios básicos: 1909 e trabalhou para a propagação do esporte
no mundo todo. O judô passou a fazer parte
- Cortesia, para ser educado no trato com os
do programa olímpico oficialmente nos Jogos de
outros;
Tóquio em 1964.
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com
Ao longo de sua vida, Jigoro Kano alcançou o
bravura;
doutorado em judô, uma graduação equivalente
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus ao 12o Dan, honraria concedida apenas ao cria-
pensamentos e ações; dor do esporte. Ele trabalhou constantemente
para garantir o desenvolvimento do atletismo e
- Honra, para fazer o que é
do esporte japonês de maneira
certo e se manter de acordo com
em geral e, como resultado de
Desenvolvimento
A prática do judô é fundamentalmente realizada por
ROBSON OLIVIERI
meio de gestos como pegadas, projeções, quedas e imo-
bilizações. No entanto, a primeira lição da modalidade
costuma ser aprender a cair.
A queda é uma ação corriqueira no judô, e o impacto
do corpo contra o solo pode ser minimizado com a apren-
dizagem de técnicas específicas. O aprimoramento dessas
técnicas visa proteger o judoca de lesões, dissipando a
energia da queda.
De forma individual e para que os estudantes possam Progressão dos rolamentos de corpo na queda de costas.
experimentar algumas técnicas de queda, proponha a
A importância dos ukemis na prática do judô e uma das
sequência de atividades sugerida a seguir.
técnicas de queda, o ushiro-ukemi, com exercícios para o
1. Ushiro-ukemi (cair para trás) aprendizado e erros mais comuns a serem evitados, em
É uma técnica de amortecimento na qual o praticante vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
utiliza as costas e as mãos para suavizar uma queda v=UKox9rgjsFo>. Acesso em: 26 ago. 2020
provocada por um ataque do oponente. O treinamento 2. Yoko-ukemi (cair para o lado)
constante dessa técnica fortalece a musculatura do pescoço A técnica é responsável por dissipar a energia da queda
e protege a cabeça do impacto no solo. ao longo da lateral do corpo e protege o atleta após sofrer
171
um ataque. Sua prática constante, além de ser um exce- Exercícios para o aprendizado do mae-mawari-ukemi e
lente mecanismo de proteção, fortalece a musculatura do os erros mais comuns a evitar estão em vídeo disponível
pescoço e impede o impacto lateral da cabeça. em: <https://www.youtube.com/watch?v=vmlsrBxjT2Q>.
Acesso em: 26 ago. 2020.
ROBSON OLIVIERI
ROBSON OLIVIERI
ROBSON OLIVIERI
ROBSON OLIVIERI
Mae-mawari-ukemi: sequência de rolamentos na queda frontal. TE WAZA ASHI WAZA KOSHI WAZA
O rolamento para a frente é realizado de forma frontal Três tipos de waza no judô: arremesso do adversário para
derrubá-lo de costas.
com as duas mãos apoiadas no chão; pode ser realizado
sobre um ombro ou outro e sobre os dois ombros ao As projeções são categorizadas, basicamente, em téc-
mesmo tempo, dependendo sempre da técnica realizada nicas de mão (te-waza), pernas e pés (ashi-waza) e quadril
pelo oponente. (koshi-waza).
172
Dois vídeos apresentam, respectivamente, o de-ashi- de saída. Disponível em: <https://www.youtube.com/
-harai e o o-soto-gari, golpes que fazem parte das técnicas watch?v=7ScqtWNoc6I>. Acesso em: 26 ago. 2020.
de projeção (nage-waza), do grupo das técnicas de perna Na prática, a experimentação das imobilizações de-
(ashi-aza), presentes no primeiro gokyo. Detalhes técnicos e senvolve a força e o senso estratégico do judoca para se
os erros mais comuns de execução também fazem parte da desvencilhar do oponente. De forma figurada, as sensa-
apresentação. Disponíveis em: <https://www.youtube.com/ ções experimentadas pelos lutadores nas condições de
watch?v=Y_2vRmKbuU> e <https://www.youtube. imobilizador e imobilizado podem nortear discussões
com/watch?v=jBLaURWB5P0>. Acessos em: 26 ago. 2020. acerca do uso abusivo de força, das relações de poder e
Para a vivência em duplas, proponha que os estudan- da sensação de incapacidade.
tes experimentem apenas a imobilização, outro gesto
importante do judô e que não necessita do quimono para Roda final
a fruição em aula. A imobilização pode ser realizada com
No fim da vivência, sente-se novamente em roda com
diversas técnicas e tem como objetivo manter as costas do os estudantes, a fim de mapear as aprendizagens e con-
oponente grudadas no tatame por 20 segundos. duzir novas contextualizações. Para isso, utilize questões
Com base nas técnicas ilustradas na imagem a seguir, norteadoras, como as sugeridas a seguir:
você pode orientar o jovem imobilizado a procurar sair • Considerando os valores intrínsecos ao judô, qual
dessa condição no tempo estipulado, enquanto o colega é a diferença entre o conceito de luta e o de briga?
tenta mantê-lo imóvel no chão. Nesse momento, é impor- • Quais foram as sensações experimentadas durante
tante que os estudantes vivenciem várias vezes ambas as as quedas e as imobilizações?
posições, com troca de pares. • Como o código moral intrínseco ao judô pode ajudar
7. Osaekomi-waza (imobilização) no combate ao bullying na escola?
Com isso, espera-se que o jovem possa fruir o judô de
ROBSON OLIVIERI
2 Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Saúde Escolar. Guia prático de atualização, 2017. Disponível em: <https://www.
sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20032d-GPA_-_Bullying.pdf>. Acesso em: 4 dez. 2020.
173
• Material: inclui estragar, danificar e furtar os pertences da vítima ou atirá-los contra ela.
• Cyberbullying: inclui a utilização de mídia eletrônica, por intermédio de e-mails, postagens,
imagens ou vídeos. Tem o potencial de alcançar deliberadamente, em segundos, um número
muito grande de pessoas e, em alguns casos, anonimamente, podendo causar danos psicoló-
gicos acentuados.
A prática de lutas é comumente associada ao combate ao bullying e a outras formas de agressão e
intimidação. O código moral do judô, por exemplo, prega valores consolidados por meio da prática da
modalidade, os quais convergem para uma ação ética e respeitosa de um praticante para com o outro.
A fim de ampliar a visão do estudante para a complexidade da temática, leia com a turma do Ensino
Médio a matéria abaixo, a fim de propor um projeto de combate ao bullying na escola.
“O campeão mundial de judô Shohei Ono foi O escândalo é só mais um no desgastado judô
suspenso pela federação japonesa da modalidade japonês, que vem sendo alvo de diversos casos de
depois de abusar fisicamente de integrantes do violência – até sexual.
time júnior de sua universidade. O bullying rendeu
Técnicos da seleção japonesa de judô já foram
três meses de gancho para o lutador.
acusados de bater em lutadores com varas de
A federação japonesa de judô anunciou a sus- bambu. Também houve casos de abuso sexual,
pensão [...] e a medida o tira de ação tanto de cam- que [...] mancharam a reputação do país, o mais
peonatos locais quanto de internacionais. tradicional polo de judô do mundo.”
De acordo com a entidade, ele e UOL Esporte. Campeão mundial
de judô é suspenso por bullying em
DAVID FINCH/GETTY IMAGES EUROPE/GETTY IMAGES
outras 11 pessoas abusaram fisica- jovens lutadores. Disponível em:
mente de companheiros de treino <https://www.uol.com.br/esporte/
em várias ocasiões [...]. Nos dor- judo/ultimas-noticias/2013/09/19/
mitórios, os jovens judocas eram campeao-mundial-de-judo-e-
suspenso-por-bullying-em-jovens-
alvos de tapas e chutes. lutadores.htm>. Acesso em: 28 ago.
2020. (Adaptado.)
‘Bullying não é disciplina, é um
crime. É hora de tirar a violência
do esporte’, afirmou Mieko Ae,
psicólogo e professor de Educação
Física de um colégio de Tóquio.
Ono conquistou a medalha de Campeão mundial de judô, Shohei
ouro no Mundial do Rio de Janeiro, Ono é suspenso por bullying.
[...] na categoria até 73 kg. Na foto, o atleta participa de
campeonato na Alemanha, 2020.
174
contrário a qualquer manifestação de desrespeito aos Di-
Reflexão reitos Humanos e aos valores democráticos.
Ao final da sequência didática, a fim de mapear a
Avaliação
construção do conhecimento dos estudantes, proponha
algumas reflexões sobre os esportes de combate e as te- O QBO é um instrumento de autorrelato, composto de
máticas desenvolvidas. 23 itens relacionados à prática de bullying (versão do agres-
sor) e de 23 itens ligados à vitimização (versão vítima). Ele
• De que forma os valores intrínsecos às lutas podem
deve ser respondido seguindo uma escala de três fatores,
contribuir para a sua formação cidadã?
em anonimato, para que as vítimas sejam preservadas.
• De que maneira participar do projeto contribuiu para
Visando explorar os contributos dessa ferramenta, pro-
a sua conscientização sobre o bullying na escola?
ponha a aplicação da versão da vítima às turmas do Ensino
• Como podemos contribuir para combater o bullying
Médio, bem como a análise dos tipos de agressão: direto
e outras injustiças na escola e na sociedade?
físico, direto verbal, indireto, e a frequência de ocorrência:
Por fim, pretende-se que os jovens, ao participar do nunca, uma ou duas vezes no mês, uma ou mais vezes por
projeto, possam debater questões polêmicas e pertinentes semana. Você pode fazer adaptações e cópias do modelo
ao ambiente escolar e à sociedade, como o bullying. Diante a seguir e distribuí-las entre os estudantes.
das informações recolhidas sobre possíveis agressões, eles Os resultados dessa análise podem contribuir para
deverão utilizá-las de modo ético, criativo, responsável e ações efetivas contra o bullying na escola. Mais detalhes
adequado para argumentar, formular propostas e tomar de- de como utilizar o instrumento estão publicados no
cisões pautadas no bem de todos. Assim, poderão ampliar endereço disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/
suas possibilidades de atuação social e política no combate bitstream/handle/10183/178254/001021072.pdf?sequence=
ao bullying e a outras injustiças, adotando posicionamento 1&isAllowed=y. Acesso em: 28 ago. 2020.
Uma ou Uma ou
Direto físico Nunca duas vezes mais vezes
no mês por semana
Uma ou Uma ou
Direto verbal Nunca duas vezes mais vezes
no mês por semana
03. Ameaçaram-me.
07. Xingaram-me.
08. Insultaram-me por causa da minha cor ou etnia.
09. Insultaram-me por causa de alguma característica física.
10. Fui humilhado(a) por causa da minha orientação sexual ou trejeito.
11. Fizeram zoações por causa do meu sotaque.
12. Deram risadas e apontaram para mim.
13. Colocaram apelidos em mim dos quais eu não gostei.
Continua
175
Continuação
Uma ou Uma ou
Indireto Nunca duas vezes mais vezes
no mês por semana
21. Fizeram ou tentaram fazer com que os outros não gostassem de mim.
COMO LIDAR
Problema Solução
A partir da seleção e utilização dos movimentos corporais, os estudantes construirão saberes
Conceitual sobre as culturas local e estrangeira pelas manifestações incorporadas nas lutas e nas artes
marciais.
Caso haja estrutura e materiais adequados, proponha uma sequência didática pautada nas
Procedimental
técnicas de projeção do judô, bem como a experimentação do jiu-jítsu.
176
De modo geral, as lutas de média e de longa distância Objetivos
são práticas individuais, quando considerado o confronto • Compreender as ideologias presentes no karate
direto com o adversário; porém, em algumas modalidades, (kihon, kata e kumite), reconhecendo-as e vivencian-
em competições em que uma “luta imaginária” é submetida do-as como formas de expressão de valores que
ao crivo de árbitros, pode haver apresentação em equipe. refletem o modo de vida do praticante.
O kata, no karate, e o kati, no kung fu, são exemplos de
• Fruir o karate para compreender os processos iden-
lutas coreografadas nas quais os praticantes imaginam um
titários que permeiam a vivência dessa arte marcial,
combate com diversos oponentes.
reconhecendo e respeitando os princípios e os valo-
No karate, o kata, traduzido como “forma”, é uma res inerentes a ela.
sequência de movimentos de ataque e defesa que visa
proporcionar ao praticante o aprendizado profundo da • Utilizar o karate para refletir sobre seu projeto de vida
arte marcial, bem como a experiência de lutar. Os mestres de forma crítica, criativa, ética e solidária, exercitando
caratecas dizem que a prática exaustiva do kata, além de o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a coo-
proporcionar treinamento físico, também trabalha o psico- peração e o enfrentamento dos desafios do mundo
lógico, pois prepara o lutador para o combate real e reflete contemporâneo.
uma componente filosófica: é pelo controle da dor e do
Roda inicial
pensamento que o carateca consegue aprender a avaliar
as situações de ameaça com serenidade. Para iniciar a aula com os estudantes, sente-se em roda
no ambiente de prática. A fim de mapear os conhecimentos
Para definir os objetivos de aprendizagem por meio
trazidos pelos jovens, proponha alguns questionamentos
das lutas de média e de longa distância no Ensino Médio, é
acerca das lutas.
preciso transcender as habilidades desenvolvidas ao longo
• Qual é a lógica interna das lutas de média e de longa
do Ensino Fundamental.
distância?
• Quais são as modalidades contidas nas lutas de média
SEQUÊNCIA DIDÁTICA e nas de longa distância?
• Quais são as variações de técnicas e estratégias utili-
zadas nessas modalidades?
Artes e valores marciais
Com isso, os estudantes devem ser capazes de reco-
Saúde nhecer os princípios básicos das lutas de média e de longa
TCT
Vida familiar e social distância, assim como as modalidades que as diferenciam.
Competências gerais 1, 4, 6, 8, 9 e 10 Mas, para que possamos ampliar os conhecimentos da
Competências de
turma, devemos direcionar novos questionamentos.
1, 2, 3 e 5
Linguagens • Em que contexto histórico e social surgiu o karate?
101, 201, 202, 203, 204, 301, 305, 501 • Quais são os principais estilos dessa modalidade?
Habilidades
e 503 • Quais são os valores incentivados por meio de sua
Unidade temática Lutas prática?
Objetos de O karate está espalhado por todo o planeta, o que culmi-
Lutas de média e de longa distância
conhecimento nou no seu reconhecimento como esporte olímpico. Como
História e estilos do karate modalidade oficial dos Jogos de Tóquio (previstos para
Práticas 2021), as iniciativas para mantê-lo nas próximas edições
Prática do kihon, kata e kumite
ainda devem continuar por alguns anos.
Karate: um caminho para o
Ampliação
autoconhecimento Escolas, clubes, associações, academias militares e
Amizade, solidariedade, disciplina, organizações não governamentais apostam na prática
Valores
autonomia e respeito da modalidade como um contributo importante para a
Avaliação Reflexão e construção da roda da vida
formação integral dos praticantes.
Baseado em atividades físicas intensas, além de aplica-
ções vigorosas de movimentos de defesa e ataque, a prática
Habilidades de Linguagens constante e a disciplina conferem ao praticante um corpo
saudável, forte e preparado para as diversas atividades
• (EM13LGG101), (EM13LGG201), (EM13LGG202), do cotidiano, desde as mais funcionais até as que exigem
(EM13LGG203), (EM13LGG204), (EM13LGG301), destreza, resistência muscular e aeróbia, como os combates
(EM13LGG305), (EM13LGG501), (EM13LGG503). realizados durante os treinos e as competições.
177
O carateca precisa preparar a mente, além do físico, e perseguidas pelos praticantes, que procuram a direção
para enfrentar os problemas e os desafios de um mundo certa a seguir. Pressupostos como caráter, razão, esforço,
moderno, agitado e competitivo, que exige soluções dife- respeito, honra e amizade fazem parte do código que é
rentes e ponderadas para a realização do “caminho” que
incentivado e cobrado dentro e fora dos tatames.
se vai percorrer.
O “caminho” está contemplado no termo do (em ka- Toda essa simbologia confere ao karate moderno
rate-do), que simboliza filosoficamente a trajetória do um teor formativo, que pode auxiliar na construção da
indivíduo. Dentro de cada dojô (local onde se aprende e cidadania por meio de condutas éticas e solidárias, com
se treina), as normas de conduta são repetidas, aprendidas respeito mútuo e de apoio ao próximo.
HISTÓRIA DO KARATE
Com a prática local, o te foi recebendo carac- • Shotokan-ryu: estilo desenvolvido por Gi-
terísticas próprias e as primeiras escolas surgiam chin Funakoshi, considerado o pai do karate
com os nomes: moderno, ideal para ataques de longa dis-
tância. Apresenta bases alongadas, utiliza
• Shuri-te: estilo que desenvolvia o corpo com o corpo todo como alvo, desloca-se com
técnicas lineares e diretas de combate, em fluidez e tem como característica giros so-
geral aplicadas em pontos vitais. bre o calcanhar. Sho significa “pinheiro”;
to é entendido como “o som que as árvores
• Naha-te: estilo que visava trabalhar o corpo em fazem quando recebem o vento”; kan quer
conjunto com a mente e o espírito, semelhante dizer “casa”, “edificação”. Além disso, Shoto
às técnicas chinesas. Com deslocamentos e era o pseudônimo que Gichin Funakoshi
esquivas semicirculares e diagonais, priori- utilizava para assinar as poesias que com-
zava ataques em distâncias menores e com punha; portanto, shotokan significa “casa
muita velocidade. de Shoto”.
• Tomari-te: o estilo buscou um equilíbrio entre • Shorin-ryu: o mais antigo dos estilos co-
as técnicas diretas e lineares do shuri-te com a nhecidos. Com forte influência chinesa, seu
espiritualidade e a energia do naha-te. nome é a pronúncia japonesa para shaolin,
que quer dizer “pequeno bosque”. O estilo
Os estilos de karate conhecidos atualmente fo- manteve técnicas extremamente perigosas e
ram desenvolvidos a partir do shuri, naha e tomari. com graves consequências quando utilizadas
Entre eles, destacam-se o goju-ryu, o shito-ryu, o contra o oponente. Foi o último estilo a ser
shotokan-ryu, shorin-ryu e o wado-ryu. Cada estilo reconhecido pela WKF (World Karate Federa-
possui características próprias. tion) e serviu de modelo para outras escolas.
Continua
178
Continuação
• Wado-ryu: criado pelo mestre Hironori Ot- foi incorporado às aulas e respeitado pelos estu-
suka em 1932, o estilo foi desenvolvido no dantes no final ou no início delas, dependendo
Japão e é conhecido como o “caminho da do ritual da escola.
harmonia – paz”. Procura
• Esforçar-se para a for-
utilizar o menor esforço mação do caráter.
Desenvolvimento
Após a introdução do tema e para que os estudantes possam vivenciar algumas técnicas do karate,
solicite-lhes que observem o significado de kihon, kata e kumite.
1. Kihon: significa fundamento. Com a prática do kihon, o atleta edifica e fortalece o seu karate. Ele
pode ser executado parado ou em movimento, um golpe ou bloqueio por vez, ou executado de
forma combinada com técnicas sequenciais. A prática constante do kihon e o entrelaçamento
das suas várias possibilidades capacitam para a aprendizagem do kata.
ROBSON OLIVIERI
KATA
Representações
KIHON KUMITE com as principais
técnicas do karate.
2. Kata: significa “forma”. É um conjunto de técnicas unidas que, quando executadas, simulam
um combate imaginário com diversos oponentes. Cada estilo possui diversos katas e cada kata
possui diversos fundamentos. Sua complexidade vai aumentando conforme a graduação do
praticante. Quando bem assimilado, o kata favorece o desenvolvimento do kumite.
179
3. Kumite: significa “encontro das mãos” e quer dizer A defesa gedan-barai é realizada com um movimento
combater, lutar. É colocar o kihon e o kata em prática, semicircular de cima para baixo. Durante a ação, o antebraço
mas agora com um oponente real. Pode ser realizado do defensor realiza uma varredura à frente do seu próprio
de três maneiras, jyu kumite (combate livre), shiai corpo, finalizando com o bloqueio necessário. Uma apresen-
kumite (combate de competição) e yakusoku kumite tação da execução do movimento está em vídeo disponível
(combate combinado). em: <https://www.youtube.com/watch?v=uAd1WgRjuto>.
Acesso em: 5 set. 2020.
ADILSON SECCO
ROBSON OLIVIERI
“O Kumite é a consequência do
Kihon e do Kata. Kata e Kihon
são as raízes e o caule.
Kumite é a ramagem.
Uma árvore sem ramagem
KATA ainda é árvore.
ROBSON OLIVIERI
Postura para a frente no karate.
180
O kihon kata é uma forma articulada para treinar kihon, com avanços e mudanças de direção. O atleta
utiliza a base avançada (zenkutsu-dashi) e executa bloqueios para baixo (guedan-barai) e ataques de soco
para a frente (oi-zuki). Após assimilarem as ações com defesa baixa (gedan-barai), peça aos estudantes
que experimentem a mesma ação, porém com a defesa alta (age-uke), conforme estudo do kihon.
Estimule os estudantes a reproduzir as técnicas demonstradas no vídeo. Essa ação vai proporcionar uma
experiência de deslocamento com bloqueio e ataque. Inicialmente, pode parecer difícil e artificial, mas,
com a vivência, os movimentos tornam-se mais fluidos e a percepção dos jovens melhora com a execução.
Após experimentar o kihon kata, convide os estudantes para uma prática de yakusoku kumite
(combate combinado).
3. Yakusoku kumite (dupla)
Apresente aos estudantes uma prática de yakusoku kumite, o gohon kumite, em vídeo. Por ser um
combate combinado, o atleta avisa o golpe a ser executado para que o seu oponente execute a defesa
correta. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RFXpkhpO8Ec>. Acesso em: 30 ago. 2020.
Peça aos estudantes que assistam ao vídeo e conversem sobre a proposta da “luta combinada”.
Durante a experiência, oriente a prática consciente e lenta, para que haja assimilação da distância,
do ataque e do bloqueio correto.
A imagem abaixo ilustra a prática do gohon kumite.
ROBSON OLIVIERI
KIAI!
1 2 3 4
KIAI!
5 6
7 8
KIAI!
9 10 11 12
181
5 a 8. Repetição da mesma sequência com soco para a frente do atacante, defesa alta e recuo de
um passo do defensor (utiliza-se o kiai, grito de energia, para o quinto e último ataque).
9. Após a quinta defesa, o atleta que está na defesa realiza um contra-ataque com o braço oposto
ao da defesa (execução do kiai no contra-ataque).
10. Posição em pé.
11. Cumprimento.
12. Recomeço, agora com inversão de papéis: quem estava atacando passa a defender e vice-versa.
Roda final
No fim da aula, sente-se novamente em roda com os estudantes, a fim de mapear as aprendizagens
e conduzir novas contextualizações. Para isso, utilize questões norteadoras, como as sugeridas a seguir:
• Quais são os princípios do kihon, kata e kumite?
• Quais são os valores intrínsecos ao karate?
• De que maneira os aprendizados do karate podem influenciar no estilo de vida do praticante?
Espera-se que os jovens, ao reconhecer as perspectivas de mundo presentes nas diferentes
práticas do karate (kihon, kata e kumite), compreendam criticamente o modo como são constituídas
as ideologias inerentes a elas. Também, ao vivenciar, dialogar e produzir entendimento mútuo
sobre o karate, que eles possam compreendê-lo como um fenômeno social, cultural e histórico
pautado em princípios e valores de respeito ao próximo. Além disso, percebendo o ingresso e a
permanência enquanto esporte olímpico, o aluno deverá ter ciência da disputa por legitimidade
que a modalidade enfrenta.
Ampliação
“Ao se orientar para a construção do projeto de vida, a escola que acolhe as juventudes
assume o compromisso com a formação integral dos estudantes, uma vez que promove seu
desenvolvimento pessoal e social, por meio da consolidação e construção de conhecimentos,
representações e valores que incidirão sobre seus processos de tomada de decisão ao longo
da vida. Dessa maneira, o projeto de vida é o que os estudantes almejam, projetam e redefi-
nem para si, ao longo de sua trajetória, uma construção que acompanha o desenvolvimento
da(s) identidade(s), em contextos atravessados por uma cultura e por demandas sociais que se
articulam, ora para promover, ora para constranger seus desejos.” (BNCC, 2017, p. 472-473)3
A filosofia das artes marciais também preconiza o desenvolvimento pessoal e social do praticante. No
caso do karate, o dojo kun é uma forma de enaltecer os valores necessários para o estilo de vida carateca.
• Esforçar-se para a formação do caráter.
• Manter-se no verdadeiro caminho da razão.
• Criar o intuito do esforço.
• Respeitar acima de tudo.
• Conter o espírito de agressão.
Com o intuito de promover uma reflexão sobre o estilo de vida dos estudantes e sobre o caminho
que pretendem trilhar ao longo da vida, proponha um projeto que integre os princípios do karate ao
projeto de vida deles. Para começar, faça a leitura da matéria.
DAWIDKASZA/ISTOCKPHOTO/
GETTY IMAGES
Além do preparo
físico, o karate
modela valores
pessoais.
3 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 set. 2020.
182
O FENÔMENO DO KARATE
O carateca, com todos os atributos que o configuram como tal (cumprimentos ri-
tualizados, vestimentas tradicionais, filosofia de vida), carrega consigo cultura e trans-
formação – ele é receptor e doador –, apresentando-as em suas rotinas de treinamento
e no seu dia a dia. Desse modo, nesse processo de autoconhecimento, busca-se estar
presente plenamente a cada momento. Assim, o carateca, que não é objeto e muito me-
nos dicotômico (corpo e mente), ao praticar o karate, interpreta-o como uma espécie de
terapêutica: afasta pensamentos infelizes do passado e a ansiedade do futuro – imerso
em um presente vivido.”
Passo a passo
1. Peça aos jovens que reflitam sobre diversos âmbitos da vida, como saúde, profissão, sentimentos,
lazer etc.
2. Explique que o autoconhecimento é fundamental para a tomada de decisão e a escolha do
caminho que se pretende trilhar na vida.
3. Retome o recurso roda da vida, apresentado no capítulo 1, página 36, e peça aos estudantes
que o preencham.
4. Solicite a eles que pontuem, de 1 a 10, o nível de satisfação em cada um dos âmbitos, explicando
que 1 representa baixo nível de satisfação e 10, elevado nível de satisfação.
5. Verifique com os jovens o que poderiam fazer para obter maiores níveis de satisfação nos âm-
bitos depreciados. Por exemplo, o que fazer para ter um estilo de vida mais saudável? Também,
em função do momento de vida em que se encontram, será uma oportunidade para que eles
reflitam sobre suas escolhas profissionais futuras.
6. Promova uma roda de reflexão em que os estudantes troquem sugestões que possam auxiliar
no processo de autoconhecimento dos colegas da turma.
Reflexão
Ao final do projeto, reúna-se com os estudantes e oriente-os a refletir sobre cada um dos seis itens
descritos na seção passo a passo. Em seguida, promova uma conversa com o objetivo de mapear o
impacto das dinâmicas no processo de autoconhecimento do jovem, bem como as reflexões acerca
do projeto de vida de cada um.
183
Avaliação
As questões propostas a seguir podem contribuir com o processo de avaliação. Em uma roda de
conversa na quadra da escola, pergunte:
• De que forma a reflexão pode auxiliar no processo de autoconhecimento?
• Como os valores praticados no karate podem influenciar as escolhas feitas no projeto de vida?
• É possível se tornar um ser humano melhor de forma consciente e intencional?
Ao vivenciar as práticas do karate e participar do processo de construção da roda da vida, espera-
-se que os estudantes possam produzir sentidos em contextos pessoais, emocionais e profissionais.
Além disso, quando partilham suas estratégias para a melhoria dos níveis de satisfação, os jovens
podem desenvolver o autoconhecimento, bem como estabelecer relações construtivas, empáticas e
de respeito em relação às diferenças com os colegas. Eles também podem ampliar suas possibilidades
de escolhas futuras para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos de
maneira crítica, criativa, solidária e ética.
COMO LIDAR
Problema Solução
Como opção de luta de longa distância, a esgrima é uma excelente modalidade para ser
Conceitual
desenvolvida no ambiente escolar.
Além do karate, outras práticas, como o kung fu, também podem servir de base para as
Procedimental
vivências.
As artes marciais são caracterizadas por valores que impactam o estilo de vida dos
Atitudinal
praticantes e que devem ser apontados em sala de aula.
184
11 10
CAPÍTULO
“A prática de exercícios ecológicos oferece uma série de benefícios para a saúde e o bem-estar,
incluindo redução da ansiedade e do estresse; melhora do humor, autoestima, atenção, concen-
tração e saúde física. Ambientes naturais promovem a atividade física e o contato social que, por
sua vez, também melhoram a saúde e o bem-estar.” (BARTON, 2016, p. 35)1
O trekking é um atividade que aproxima o indivíduo do meio ambiente. Praticantes realizam essa PEDARILHOS/ISTOCK EDITORIAL/GETTY IMAGES
atividade na Chapada Diamantina, Bahia, 2014.
1 BARTON, Jo (ed.) et al. Green exercise: linking nature, health and well-being. Routledge, 2016.
185
Antes de partir para as práticas didático-pedagógicas, reflita sobre as possíveis conexões entre
os TCT e as temáticas inerentes às práticas corporais de aventura. A tabela abaixo apresenta algumas
possibilidades para a ampliação do seu repertório. As práticas e as vivências propostas a seguir não
deverão, no entanto, restringir suas ações docentes. Dessa maneira, você poderá ressignificá-las de
acordo com a sua realidade, o contexto da sua escola e o interesse dos seus estudantes.
186
Por meio de uma abordagem segura das práticas corporais de aventura urbanas, podemos des-
pertar no jovem o sentimento de apropriação e pertencimento ao ambiente em que vive. Além disso,
o significado por detrás da transposição de obstáculos é capaz de motivá-lo a elaborar seu projeto
de vida e praticar a persistência diante dos desafios.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 2, 4, 5, 7, 8, 9 e 10
Competências de Linguagens 1, 2, 5 e 7
Habilidades 101, 102, 103, 104, 203, 204, 501, 503, 701, 702, 703 e 704
187
Ao introduzir o tema, espera-se que os estudantes reco- • E se por acaso não conseguir ultrapassá-lo?
nheçam algumas práticas, bem como as habilidades e as com- Proponha a apresentação do vídeo, disponível em:
petências estimuladas. A fim de aprofundar o conhecimento
<https://www.youtube.com/watch?v=ame25YXo3wM>
dos jovens, apresente questionamentos mais específicos.
(acesso em: 16 ago. 2020), de modo a despertar a curiosida-
• Quais são as principais dificuldades na vivência do
de do estudante para a exploração da modalidade e para a
parkour?
reflexão acerca da filosofia do parkour e da interação entre
• Como será que o praticante se sente após transpor
um obstáculo? o indivíduo e o meio.
HISTÓRIA DO PARKOUR
188
2. Subir e descer realizado entre duas linhas paralelas desenhadas no chão.
Para aumentar o nível de dificuldade, caixotes, plintos ou
ADILSON SECCO
bancos podem ser usados.
5. Escalar
ADILSON SECCO
Os saltos de subida e descida são importantes para
amortecer a entrada e saída de um obstáculo e proteger
os joelhos. Inicialmente, sua execução pode ser feita em A escalada é um movimento complexo, no qual há
degraus baixos ou pequenos steps. Em níveis mais eleva- coordenação dos movimentos das pernas e dos braços. Para
dos, podem ser utilizados caixotes de madeira, plintos ou impulsionar o movimento, se dá alguns passos na parede,
cadeiras para aumentar a altura do salto. para que depois as mãos façam a preensão. Para apresentar
essa dinâmica, primeiro desenvolva apenas os passos de
3. Equilibrar
escalada sem a preensão da mão, para depois evoluir para o
movimento completo. Para isso, procure uma parede baixa
ADILSON SECCO
ADILSON SECCO
O equilíbrio é uma capacidade essencial para se evitar
as quedas na modalidade. Para desenvolvê-lo, inicialmen- Ao transpor obstáculos de frente, o praticante deve es-
te utilize estratégias como colocar uma corda no solo palmar as duas mãos sobre a barreira e saltar flexionando os
ou apenas uma linha de referência no chão para que o joelhos. Geralmente, esse movimento deve ser executado
estudante tente caminhar. Como progressão, pode-se em velocidade, evitando que os pés toquem o objeto trans-
utilizar um banco ou trave de equilíbrio para a realização porto. Essa técnica exige agilidade para os movimentos. Para
da atividade. realizá-los, você pode utilizar um anteparo baixo, um banco
sueco, um caixote ou até mesmo uma carteira.
4. Saltar com precisão
7. Girar na parede
ADILSON SECCO
ADILSON SECCO
189
impulsionar a parede com uma das pernas e aterrissar com Para mais informações sobre esse jogo, você pode as-
os dois pés. Para progredir, o estudante pode realizar um sistir ao vídeo Best Chase Competition (8 min); (disponível
novo salto após a aterrisagem. em: <https://www.youtube.com/watch?v=DYREcoSsHkc>;
acesso em: 16 ago. 2020).
8. Transpor de lado Novamente, busque garantir uma prática segura e
prazerosa. Incentive os estudantes a construir o ambiente
ADILSON SECCO
Roda final
Ao tentar transpor obstáculos de lado, o praticante
desenvolve sua lateralidade. O apoio é feito com uma das Ao final das práticas, reúna-se com os estudantes a
mãos e a transposição da barreira pode ser feita para ambos fim de refletir sobre as aprendizagens. Para enriquecer os
os lados. Inicialmente, utilize um obstáculo baixo, como conhecimentos, podemos propor as seguintes indagações:
um caixote, e progrida para situações mais desafiadoras. • O que a filosofia anticompetitiva do parkour revela
A progressão dos exercícios é importante para o desen- sobre a prática dessa modalidade?
volvimento da confiança dos estudantes. A cada obstáculo • Quais foram as dificuldades encontradas e as habili-
transposto, ele conhece e ultrapassa os próprios limites, dades necessárias para superá-las?
aprimorando seu autoconhecimento.
• Que relação podemos estabelecer entre as barreiras
Para ampliar a prática, em outro momento proponha a do parkour e os obstáculos da vida?
vivência do chase-tag, um jogo que mistura o pega-pega Por fim, espera-se que o jovem compreenda o parkour
com elementos do parkour. Em uma arena de 12 m2 apre- como prática corporal que promove o autoconhecimento, a
sentando vários obstáculos e barreiras, dois jogadores resiliência, a responsabilidade, a determinação e a autono-
desempenham o papel de pegador e fugitivo. Geralmente, mia do indivíduo. Além disso, pretende-se que o estudante
o pegador tem 20 segundos para tentar tocar no corpo do amplie suas visões de mundo com base na filosofia das
fugitivo. Caso isso não aconteça, o fugitivo vence a roda- práticas corporais de aventura.
da. Porém, se o pegador consegue tocar no corpo do seu
oponente, é marcado o tempo em que o contato foi feito.
Na inversão de papéis, os tempos são comparados para se
Ampliação
identificar o vencedor.
Ao reconhecer o parkour como prática não competiti-
va, o estudante pode compreender a modalidade como
OLIVER DIXON/SHUTTERSTOCK
190
gistro civil, alimentação adequada, terra e moradia, Por isso, o mapeamento e a divulgação desses locais se
trabalho decente, educação, participação política, tornam essenciais para que a comunidade possa usufruir
cultura, lazer, esporte e saúde, deve considerar a
pessoa humana em suas múltiplas dimensões de ator
dos espaços públicos e praticar atividades esportivas e
social e sujeito de cidadania”. (Programa Nacional dos de lazer.
Direitos Humano PNDH-3, 2009, Dir. 10)23 Com o intuito de propor um projeto de mapeamento e
Nem sempre temos ciência dos espaços públicos dispo- divulgação desses locais de prática, bem como de verifica-
nibilizados pelo nosso município para a prática de ativida- ção da qualidade, limpeza e manutenção desses espaços,
des corporais. As informações não são claras e dificilmente leia a matéria abaixo com os estudantes e estimule um
estão disponíveis e compiladas de modo que facilitem o trabalho envolvendo pesquisa e tecnologia que possa
acesso da população. suprir essa carência na comunidade escolar.
Passo a passo
1. Divida os estudantes em grupos para que possam 3. Sugira aos estudantes que façam visitas a esses es-
fazer os levantamentos dos espaços públicos próprios paços, para que os registrem com fotos e analisem
para as práticas de lazer do município. Delimite com as condições de preservação do local.
eles o perímetro de abrangência da pesquisa. 4. Após esse levantamento, proponha com outros
professores da escola que os estudantes criem
2. Oriente os estudantes a buscar informações mais
uma página na internet para que compartilhem
precisas como endereço, dias e horários de funcio- as informações obtidas. Para isso, há algumas
namento, estrutura disponibilizada, entre outros plataformas digitais gratuitas, além de páginas em
aspectos, como sugerido em “Avaliação”. redes sociais.
2 BRASIL. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d7037.htm>. Acesso em: 17 ago. 2020.
191
5. Para a produção desse ambiente digital, certifique-se de que os jovens tenham consciência da
importância de um texto claro, com informações abrangentes e confiáveis. Esse é um ótimo
momento para trabalhar a ética na produção do conhecimento, além da interdisciplinaridade
com outras áreas de conhecimento.
6. Após a compilação de todas as informações levantadas, divulgue a página para o restante da
comunidade escolar.
Reflexão
Após o projeto, reúna-se com os estudantes a fim de compreender como essa ampliação pode
contribuir para a aprendizagem. Para isso, realize algumas reflexões com base nas seguintes perguntas:
• De que forma o acesso à informação pode melhorar a relação do indivíduo com os ambientes
públicos de práticas corporais?
• Qual seria o impacto da produção e da divulgação de informações não confiáveis nos
ambientes digitais?
• Como a participação no projeto impactou sua relação com os espaços públicos?
Com isso, espera-se que o jovem consiga compreender como os espaços públicos garantem o
direito ao lazer preconizado pelos Direitos Humanos, ampliando sua participação social, bem como
seja capaz de mobilizar os conhecimentos por meio de pesquisas e projetos digitais, compreendendo
a necessidade da ética e da responsabilidade na produção de discursos.
Avaliação
A tabela abaixo pode servir como guia de pesquisa para os estudantes e instrumento de avalia-
ção para o professor. É importante que os jovens tenham autonomia para ampliar as informações
mapeadas e que o façam de forma criteriosa e responsável.
Endereço
Banheiros e vestiários
Condições de acessibilidade
192
COMO LIDAR
Problema Solução
Os conceitos ligados à caracterização do ambiente de prática podem ser
uma oportunidade de diálogo com a disciplina de Geografia. Além disso, os
Conceitual
textos produzidos podem propiciar uma parceria com a disciplina de Língua
Portuguesa.
193
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Competências gerais 2, 4, 5, 7, 9 e 10
Habilidades de Linguagens
• (EM13LGG301), (EM13LGG304), (EM13LGG305), (EM13LGG501), (EM13LGG503).
Objetivos
• Fruir a corrida de orientação, utilizando intencionalmente os movimentos dessa prática corporal
de aventura e estabelecendo relações harmônicas e cooperativas com os colegas.
• Explorar os mapas nas práticas corporais de aventura para perceber como as diversas lingua-
gens se combinam, desenvolvendo e ampliando habilidades referentes à orientação espacial
e à descodificação de símbolos.
• Utilizar o plogging para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva de forma crítica, criativa, ética e solidária para a consciência socioambiental
e o consumo responsável.
Roda inicial
Para o início da aula, sente-se em roda com os estudantes a fim de apresentar as práticas corpo-
rais de aventura naturais e mapear os conhecimentos prévios. Utilize algumas questões que possam
nortear a discussão, como:
• Quais são as práticas corporais de aventura naturais?
• De que forma essas práticas são organizadas?
• Quais são as sensações dos praticantes em cada uma dessas práticas?
Nesse momento, é importante que os estudantes reconheçam as características das práticas
terrestres, aquáticas e aéreas. Para ampliar a discussão acerca das práticas terrestres, prossiga com
algumas questões mais específicas.
• Quais são as regras e os fundamentos básicos da corrida de orientação?
• Qual é a importância de se orientar usando um mapa?
• Por que o trabalho em equipe pode ser o diferencial da prática?
194
HISTÓRIA DA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO
Por volta de 1918, na Suécia, o Major Ernst florestas da região. A orientação, como também
Killander (1882-1958), considerado o “pai da orien- é conhecida, é muito incentivada nesses países,
tação”, organizou alguns percursos alternativos pois, além de uma atividade de lazer, é considera-
enquanto liderava um grupo de escoteiros. da uma prática importante para a sobrevivência.
A corrida de orientação é uma prática na qual No Brasil, a corrida de orientação começou a
os participantes exploram o terreno com o au- surgir na década de 1970, trazida e praticada pelas
xílio de um mapa e de uma bússola. O percurso Forças Armadas. O país foi sede de dois Cam-
é definido previamente e não é revelado aos peonatos Mundiais, em 1983, em Curitiba-PR, e
competidores até que a prova se inicie. A cor- em 1992, em Brasília-DF. Em 1999, foi fundada na
rida pode ser realizada de forma individual, em cidade de Guarapuava, no Paraná, a Confederação
revezamento ou por equipes, e os praticantes Brasileira de Orientação (CBO), com o intuito
devem visitar uma série de pontos de controle de regulamentar no país a prática da corrida de
marcados na natureza no menor tempo possível. orientação enquanto esporte.
Portanto, é uma prática que requer concentração,
Você pode recorrer ao vídeo da Confedera-
inteligência e confiança.
ção Brasileira de Orientação para conhecer os
Na Europa, principalmente nos países nórdicos bastidores do Campeonato Brasileiro de Orien-
(Noruega, Suécia e Finlândia), a corrida de orien- tação, realizado em Guarapuava, Paraná, no Par-
tação faz parte do currículo escolar. Crianças e que das Araucárias, em 30 de agosto de 2019,
adolescentes iniciam a prática em ambientes co- em comemoração aos 20 anos da CBO (3 min).
nhecidos, dentro da própria escola, e progridem Disponível em: <https://www.youtube.com/
para ambientes desconhecidos, como parques e watch?v=e8gkhOKJMNA>. Acesso em: 2 set. 2020.
Desenvolvimento
Para iniciar a vivência, você pode apresentar aos estudantes o vídeo Esporte de Orientação para
iniciantes (6 min), da International Orienteering Federation, em português, no qual a orientação é
conduzida com base em três aspectos fundamentais: o mapa, o planejamento e a execução da rota.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NSM0yk5pOOI>. Acesso em: 2 set. 2020.
A B
ADILSON SECCO
Árvore Colina
Equipamento para Edifício
parquinho infantil
Poste
Pedra
O esquema A contém inventário dos pontos de referência encontrados ao longo da atividade; o esquema B
traça um percurso com essas sinalizações.
195
O mapa é confeccionado em determinada escala, o que significa que a área em questão está re-
presentada proporcionalmente menor do que a sua dimensão real. Para interpretá-lo, é importante
que o estudante reconheça as simbologias e as legendas apresentadas, como pontes, rochas, árvores,
lagos etc.
O planejamento da rota é feito de acordo com a estratégia do estudante, que se baseia na sua
capacidade de tomar decisões. Para isso, a bússola é uma grande aliada e o auxiliará a escolher os
percursos que pretende adotar ao longo da corrida.
A execução da rota depende diretamente da velocidade de locomoção e da capacidade do pra-
ticante em mover o mapa de acordo com o seu posicionamento no trajeto. Para isso, é importante
que o estudante tenha planejado sua rota levando em consideração alguns pontos de referência em
destaque no mapa, como rios, cachoeiras, estradas etc.
Depois de compartilhar esse conhecimento, proponha aos estudantes uma progressão de práticas
que possam ser feitas primeiramente dentro da escola e posteriormente fora dela.
1. Construir a representação do espaço
ADILSON SECCO
Esquema mostrando
pontos de referência
no espaço.
Trampolim Cone
Desenhe um mapa do ginásio. Utilize vários itens diferentes dispostos na quadra. Insira esses objetos
na legenda do mapa usando, para representá-los, formas e cores particulares. O mapa do professor deve
conter as linhas da quadra, enquanto o mapa do estudante, não. A preparação do ambiente pode servir
de aquecimento para a prática.
196
2. Localize os números na quadra
ADILSON SECCO
Traçado do
percurso a ser
adotado com
base nos pontos
de referência.
Divida a turma em quatro grupos e deixe que os estudantes iniciem o percurso de cada ponto de
partida. O professor deve colocar um número de controle ao longo da linha tracejada no mapa. No final,
os jovens devem mostrar ao professor onde os controles estavam posicionados, indicando-os no mapa.
197
Roda final
Ao final das atividades, reúna-se com os estudantes para discutir as aprendizagens trabalhadas.
Para isso, proponha algumas questões sobre as competências e habilidades desenvolvidas por meio
da orientação, como:
• Por que a orientação é muito praticada nas escolas dos países nórdicos?
• Quais são as habilidades e competências desenvolvidas pela orientação?
• Como estava a conservação do parque em que foi realizada a corrida de orientação?
Espera-se que o estudante experimente a corrida de orientação como uma prática que propicia o
contato e a interação com a natureza. Além disso, ao desenvolver intencionalmente os movimentos
dessa prática corporal de aventura, ele pode estabelecer relações harmônicas e cooperativas com os
colegas. Além disso, ao explorar os mapas, pode-se perceber como as diversas linguagens se combi-
nam de maneira a ampliar suas possibilidades de aperfeiçoar habilidades pertinentes à orientação
espacial e à decodificação de símbolos.
Ampliação
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n. 9.795, criada em 27 de abril
de 1999):
“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. (Política Nacional de Educação Ambiental,
1999, Art. 1)35
Diante disso, as práticas corporais também podem servir como instrumentos de conscientização
social para as questões ambientais. Ao realizar atividades em ambientes urbanos ou naturais, o pra-
ticante interage com o cenário de prática e é diretamente impactado por seu estado de preservação.
Proponha aos jovens um projeto de atividade física que tenha como objetivo despertar o
público para a importância da preservação ambiental. Para isso, leia a matéria com a turma dis-
ponibilizada abaixo.
O fundador da modalidade foi Erik Ahlstrom, que ao se mudar para a capital Esto-
colmo criou o site Plogga para organizar a atividade com voluntários. A ideia é recolher
lixo plástico sem interromper a corrida, promovendo um desafio a mais para o corpo
cada vez que o corredor se abaixa para pegar algo ou carrega mais peso (a ideia é
que a sacola vá ficando cada vez mais cheia). A estimativa é que praticar plogging por
30 minutos ajuda a queimar 300 calorias.
Mais do que prática fitness, a corrida ajuda na limpeza das áreas urbanas e na
conscientização ambiental. Para praticar não é preciso muito: tênis, luvas e uma sacola
são o suficiente.
Continua
3 BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 2 set. 2020.
198
Continuação
A modalidade tem ganhado cada vez mais adeptos mundo afora. Nos Estados Uni-
dos, um grupo de plogging tem cerca de 100 membros. Na Índia, a organização Go
Plog já recolheu 16 toneladas de lixo com o plogging e promove eventos mensais. No
Brasil, há grupos que praticam o plogging, entre eles o Ploggingbrasil, organizado
[nas redes sociais], com 628 seguidores. Também tem sido feito nas orlas de Vila Velha
e em Vitória (Espírito Santo). [...]
DOBLE-D/ISTOCKPHOTO/GETTY IMAGES
Cena retratando a prática do plogging em área arborizada.
Passo a passo
1. Após a leitura, escolha um parque da região ou o entorno da escola para que o plogging seja
realizado.
2. Divida a turma em duplas e distribua sacos de lixo e luvas de proteção para todos os estudantes.
3. Instrua-os para que tenham cuidado com objetos cortantes e outros materiais que possam
ser encontrados ao longo do percurso.
4. Explique que as duplas terão 30 minutos para coletar a maior quantidade possível de lixo.
5. Ao final do tempo estipulado, pese o lixo recolhido por cada dupla e parabenize todos pela ação
realizada.
6. Os estudantes podem desenvolver ações de conscientização dentro da escola, a partir dos
diferentes objetos encontrados no terreno.
Reflexão
Após a realização do projeto, reúna-se com os estudantes a fim de compreender como essa am-
pliação pode contribuir para a aprendizagem da turma. Para tanto, utilize algumas questões reflexivas.
• Como as práticas corporais de aventura naturais podem direcionar a visão do praticante para
o ambiente de prática?
199
• Como a prática do plogging contribuiu para a conscientização socioambiental?
• Que outras estratégias podem ser utilizadas para a preservação do meio ambiente?
Pretende-se que o jovem ressignifique as práticas corporais de aventura naturais, utilizando-as
como cuidado consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. Ao realizar o plogging, o jovem
pode participar de processos de produção colaborativa, para formular propostas, intervir e tomar
decisões que desenvolvam a consciência socioambiental. Também, ao abordar a educação ambiental
e o descarte consciente do lixo, ele pode produzir sentidos e ampliar suas possibilidades de atuação
social de maneira crítica, criativa, solidária e ética.
Avaliação
Como forma de avaliação, proponha aos estudantes que baixem ou confeccionem o mapa do
entorno escolar e sinalizem as lixeiras e os pontos e dias de coleta seletiva disponíveis na região. Além
disso, os mapas legendados podem ser entregues para outros estudantes e seus familiares, com a
finalidade de orientar a comunidade escolar para o descarte consciente e correto do lixo.
VADIM GEORGIEV/SHUTTERSTOCK
Exemplo de
representação
espacial com
sinalizadores.
COMO LIDAR
Problema Solução
O professor de Geografia pode auxiliar os estudantes na compreensão de
Conceitual diversos conceitos relacionados à interpretação de mapas, simbologias e
terrenos.
Procure planejar a prática progressivamente, ampliando o tamanho do terreno
Procedimental
e a complexidade dos mapas.
Utilize atividades individuais, em duplas e em grupos para que os estudantes
Atitudinal
percebam como a cooperação pode ser valiosa em diversas práticas.
200
ISBN 978-65-5779-553-8
9 786557 795538