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NEUROANATOMIA

EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO

Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso será originado do espessamento do ectoderma, situado acima da notocorda (em
vertebrados superiores, é uma estrutura transitória e segmentos da coluna vertebral irão se desenvolver em torno
dela, em vertebrados inferiores, é a espinha dorsal de sustentação), formando assim, a chamada Placa Neural, que
cresce com a importante ação indutora da notocorda. A Placa Neural torna-se mais espessa e adquire o sulco neural
(sulco longitudinal), que se aprofunda e forma a Goteira Neural. Os lábios da Goteira Neural se fundem para formar
o Tubo Neural. O ectoderma então se fecha sobre o Tubo Neural o isolando do meio externo. Este ectoderma
encontra os lábios da Goteira Neural e desenvolvem-se células que formam de cada lado da Lamina Longitudinal,
denominada Crista Neural.

Obs.: Tubo Neural origina elementos do Sistema Nervoso Central. Crista Neural origina elementos do Sistema
Nervoso Periférico, além de elementos não pertencentes ao Sistema Nervoso.

Crista Neural
Após a sua formação, as Cristas Neurais são contínuas no sentido craniocaudal, se dividindo rapidamente
dando, assim, origem a diversos fragmentos, que formarão os gânglios espinhais, situados na raiz dorsal.

Várias células da Crista Neural se migram e dão origem a células em tecidos situados longe do Sistema
Nervoso Central, esses elementos são: gânglios sensitivos; gânglios do sistema nervoso autônomo (viscerais);
medula da glândula suprarrenal; melanócitos; células de Schwann; anficitos; ondontoblastos. Também são derivadas
as meninges, dura-máter e aracnoide.

Tubo Neural
Após sua formação, lenta e equivalente a aproximadamente 23 dias, temos o Tubo Neural no meio do
embrião e goteiras nas extremidades. E mesmo em fases adiantadas, o Tubo Neural permanece, em suas
extremidades, com orifícios que são denominados neuróporo rostral e caudal, sendo as últimas partes do Sistema
Nervoso a se fechar.
E desde o início dessa formação o calibre do tubo neural não é uniforme. A parte cranial se dilata e forma o
encéfalo primitivo (aquencéfalo), e a parte caudal permanece com calibre uniforme e forma a medula primitiva do
embrião.

Millena de Oliveira Malta


O encéfalo primitivo ira se separar inicialmente em 3 dilatações, denominadas prosencéfalo (dando origem a
duas vesículas, telencéfalo e diencéfalo), mesencéfalo (não se modifica) e rombencéfalo (origina o metencéfalo e o
mielencéfalo).

A luz do Tubo Neural (que seria a cavidade) pertence ao Sistema Nervoso do adulto. A luz da medula
primitiva forma, no adulto, o canal central da medula. A cavidade dilatada do rombencéfalo forma o IV ventrículo. As
cavidades do diencéfalo e da parte mediana do telencéfalo formam o III ventrículo. A luz do mesencéfalo permanece
estreita e constitui o aqueduto cerebral que une o III ao IV ventrículo. A luz das vesículas telecefálicas laterais forma,
de cada lado, os ventrículos laterais unidos ao III ventrículo. Todas estas cavidades são revestidas por um epitélio
cuboidal denominado epêndima, exceto o canal central da medula, que contém o liquido cérebro-espinhal.

 Alterações no Tubo Neural:


 Mielomeningocele: a coluna vertebral, a medula espinhal e o canal da medula não se formam normalmente,
ou seja, existe um defeito na formação dessas estruturas. Resultando na formação de uma bolsa
membranosa, que fica para fora da pele, que contém, geralmente, nervos, medula espinhal e liquido
cefalorraquidiano e pode surgir no final da coluna vertebral ou em qualquer outro ponto da espinha.

 Encefalocele: uma malformação que ocorre por um defeito no fechamento do tubo neural durante a fase
de desenvolvimento embrionário. Sendo uma protrusão do conteúdo do crânio além dos seus limites
normais, através de uma falha óssea congênita, causando a saída de tecido cerebral ou meninges por esse
local. (Bolsa do lado de fora da cabeça da criança).

Millena de Oliveira Malta


 Anencefalia: o feto não desenvolve o encéfalo nem a calota craniana, e o cerebelo e a meninge são
reduzidos. Em grande parte dos casos o tecido cerebral fica exposto. Essa malformação compromete partes
importantes do cérebro, responsáveis pela visão, audição, coordenação de movimento e pensamento. Uma
patologia incompatível a vida.

Divisões do Sistema Nervoso:


 Com base em critérios ANATÔMICOS:
Cérebro

Encéfalo Cerebelo Mesencéfalo


Sistema Nervoso
Central
Medula Espinhal Tronco encefálico Ponte

Espinhais Bulbo
Nervos
Cranianos
Sistema Nervoso
Ganglios
Periférico

Terminações
Nervosas

 Sistema Nervoso Central: se localiza dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral).
 Encéfalo: se localiza dentro do crânio. Temos no encéfalo o cérebro, cerebelo e tronco encefálico
(constituído por mesencéfalo, ponte e bulbo).

 Medula: se localiza dentro do canal vertebral.

 Sistema Nervoso Periférico: se localiza fora do esqueleto axial. Mesmo que obviamente alguns nervos e
raízes nervosas penetrem o crânio para que seja realizada a conexão com o SNC.
 Nervos: cordões esbranquiçados que tem por função unir o SNC e os órgão periféricos.
a. Espinhais: responsável pela união com a medula.
b. Cranianos: responsável pela união com o encéfalo.

 Gânglios: são dilatações em alguns nervos e raízes nervosas, constituídas de corpos de neurônios.
Podendo ser gânglios sensitivos ou motores viscerais (do SN Autônomo).

 Terminações nervosas: localizadas na extremidade das fibras que constituem os nervos. Podendo ser
sensitivas (aferentes) e motoras (eferentes).

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 Com base em critérios EMBRIOLÓGICOS:

Telencéfalo Cérebro
Prosencéfalo
Diencéfalo Cérebro
Mesencéfalo
Cerebelo
Metencéfalo
Ponte
Rombencéfalo

Mielencéfalo Bulbo

Medula Primitiva Medula Espinhal

 Com base em critérios FUNCIONAIS: essa divisão não se aplica a áreas de associação terciaria do córtex cerebral,
relacionadas às funções cognitivas como linguagem e pensamentos abstratos.

Aferente
Sistema Nervoso
Somático
Eferente

Aferente
Sistema Nervoso
Parassimpático
Visceral
Eferente = Sistema
Nervoso Autônomo
Simpático

 Sistema Nervoso Somático: vai relacionar o organismo com o meio ambiente, apresentando componente
aferente (estímulos para o cérebro, sensitivas), que vai conduzir aos centros nervosos impulsos que se
originam em receptores periféricos, informando o que se passa no meio ambiente; e eferente (estímulos

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do cérebro para o SNP, motoras), que leva aos músculos estriados esqueléticos o comando dos centros
nervosos, resultando em movimentos voluntários.

 Sistema Nervoso Visceral: se relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais, é importante
para manutenção da constância do meio interno. Também apresentando componente aferente
(sensitivas), que conduz o impulso nervoso em receptores viscerais a áreas especificas do SNC; e eferente
(motoras), que leva o impulso originado em certos centros nervosos até as vísceras, terminando glândulas,
músculos lisos ou cardíacos. O componente eferente é chamado de SN Autônomo, que pode ser simpático
e parassimpático.

 Com base em critérios SEGMENTAIS ou METAMERIA: essa segmentação vai ser evidenciada pela conexão com
os nervos.

Tronco Encefálico

Sistema Nervoso
Medula Espinhal
Segmentar

Nervos

Cérebro
Sistema Nervoso
Suprassegmentar
Cerebelo

 Sistema Nervoso Segmentar: todo o sistema nervoso periférico; a medula espinhal e o tronco encefálico,
que são partes do SNC que tem relação direta com os nervos típicos. Não há córtex, e a substância cinzenta
pode se localiza dentro da branca, como ocorre na medula.

 Sistema Nervoso Suprassegmentar: o cérebro e o cerebelo. Esses órgãos tem o córtex, que é uma camada
fina de substância cinzenta situada fora da substância branca.

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ANATOMIA MACROSCÓPICA DO TELENCÉFALO

Telencéfalo
Compreende dois hemisférios cerebrais (separados pela fissura longitudinal) e a lamina terminal situada na
porção anterior do III ventrículo (cavidade do diencéfalo é uma estreita fenda impar e mediana). Ambos hemisférios
são unidos por um alarga faixa de fibras comissurais (fibras de associação inter-hemisféricas , que cruzam o plano de
um hemisfério para o outro, formando um ângulo de 90 graus com a linha mediana), o corpo caloso.
Cada hemisfério possui três polos: frontal, occipital e temporal.

E três faces: dorsolateral (convexa), medial (plana), inferior ou base do cérebro (irregular).

Córtex Cerebral
É a parte externa do cérebro, denominada também de massa cinzenta,
sendo responsável pela capacidade de pensamento, movimento voluntário,
linguagem, julgamento e percepção. É uma fina camada que possui cerca de 2 a 4
mm de espessura, contém aproximadamente 20 bilhões de neurônios e apresenta
numerosas e complexas dobras. Suas elevações são chamadas de giros e as
depressões chamadas de sulcos.

Ele é organizado em múltiplas áreas funcionais motoras, sensitivas e de


associação. Está relacionado a uma ampla gama de funções, incluindo a percepção das informações sensitivas, o
planejamento e a iniciação das atividades motoras. Possui papel central nas funções cognitivas superiores, como
tomada de decisão, motivação, atenção, aprendizagem, memoria, solução de problema e capacidade de abstração.

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Sulcos e Giros
As depressões presentes na superfície do cérebro são chamadas de sulcos, e eles vão delimitar os giros
cerebrais. Sua mera existência permite o considerável aumento da superfície cerebral sem o aumento do volume. Os
sulcos constantes recebem nomenclatura e ajudam a delimitar os lobos e áreas cerebrais. Em cada hemisfério
cerebral temos os sulcos mais importantes, o lateral e o central.

 Sulco Lateral: separa o lobo frontal do temporal, se localiza na base do cérebro.


 Sulco Parieto-Occipital: separa o lobo occipital do parietal, se localiza na superfície medial do encéfalo, com
trajetória vertical.
 Sulco Calcarino: estende-se do sulco parieto-occipital até o polo occipital.
 Sulco Central: separa o lobo frontal do parietal. Fica entre dois giros:
 Giro pré-central: fica anterior ao sulco central e se relaciona com a motricidade.
 Giro pós-central: fica posterior ao sulco central e se relaciona com a sensibilidade.

Lobos dos Hemisférios Cerebrais

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Vão receber sua denominação de acordo com os ossos do crânio com os quais se relacionam. Temos os
lobos frontal, temporal, parietal, occipital. Além desses, teremos a insula, que não tem relacionamento imediato
com os ossos do crânio, e está localizada profundamente no sulco lateral
 Lobo Frontal: está responsável pelos movimentos voluntários do corpo, gerenciamento de habilidades cognitivas
(planejamento e pensamento) e linguagem (em sua função motora).

 Lobo Parietal: está responsável pela integração das informações sensoriais, incluindo toque, temperatura,
pressão e dor. E também influencia em analises lógicas, como interpretação de símbolos.
 Lobo Occipital: está responsável pela percepção visual, incluindo cor, forma e movimento.

 Lobo Temporal: está responsável com o processamento de informação auditivas e a codificação da memória.

 Insula: é uma parte do córtex cerebral (mais interno), tem relação com a linguagem, funções neurovegetativas e
córtex motor suplementar.

Classificação Estrutural (Áreas de Brodmann)


As áreas de Brodmann constituem uma divisão do córtex cerebral baseada na sua estrutura histológica e
organização celular. Com um total de 52 áreas, segundo o mapeamento, elas possuem uma organização neural
distinta e estão relacionadas a variadas funções corticais (percepção das informações sensitivas, o planejamento e a
iniciação das atividades motoras)

Áreas de Brodman Área Funcional Localização Função


1, 2, 3 Córtex sensitivo primário Giro pós-central Tato
Controle de movimento
4 Córtex motor primário Giro pré-central
voluntario
Córtex sensitivo somático
5 terciário; área associativa Lóbulo parietal superior Estereognosia
parietal posterior;
Córtex motor suplementar;
campo ocular Planejamento dos
6 suplementar; córtex pré- Giro pré-central movimentos dos membros
motor; campos oculares e oculares
frontais;
Área associativa parietal
7 Lóbulo parietal superior Visuo-motora; percepção;
posterior
Giros frontal superior, Movimentos sacádicos
8 Campos oculares frontais
médio, lobo frontal medial; oculares
Córtex associativo pré- Pensamento, cognição,
Giros frontal superior,
9, 10, 11, 12 frontal; campos oculares planejamento do
médio, lobo frontal medial;
frontais; movimento;
Margens da cisura
17 Córtex visual primário; Visão
calcarina
Giros occipitais medial e
18 Córtex visual secundário; Visão; profundidade;
lateral
Córtex visual terciário, área Giros occipitais medial e Visão, cor, movimento e
19
visual temporal média; lateral profundidade;
Área temporal inferior
20 Giro temporal inferior Forma visual; memória;
visual
Área temporal inferior
21 Giro temporal médio Forma visual; memória;
visual
Área de Wernick; Córtex Audição, palavra, memória
22 Giro temporal superior
auditivo de ordem superior auditiva e interpretativa;
23, 24, 25, 26, 27 Córtex associativo límbico; Giro cíngulo, área Emoções

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subcalosa, área
retroesplenial e giro
parahipocampal
Córtex olfatório primário;
28 Giro pahahipocampal Olfato, emoções;
córtex associativo límbico
Giro cíngulo e área
29, 30, 31, 32, 33 Córtex associativo límbico Emoções
retroesplenial
Córtex olfatório primário;
34, 35, 36 Giro pahahipocampal Olfato, emoções;
córtex associativo límbico
Córtex associativo parieto- Giros temporal médio e
Percepção, visão, leitura,
37 têmporooccipital; área inferior na junção dos
palavra;
visual temporal média; lobos temporal e occipital
Córtex olfatório primário;
38 Polo temporal Olfato, emoções;
córtex associativo límbico
Área de Wernick; Córtex
Lóbulo parietal inferior Percepção, visão, leitura,
39 associativo parieto-
(giro angular) palavra escrita;
têmporooccipital
Área de Wernick; Córtex
Lóbulo parietal inferior
40 associativo parieto- Olfato, emoções;
(giro angular)
têmporooccipital
Giro de Heschl e giro Percepção, visão, leitura,
41 Córtex auditivo primário;
temporal superior palavra falada;
Córtex auditivo Giro de Heschl e giro
42 Audição;
secundário; temporal superior
Córtex insular, opérculo
43 Córtex gustativo Audição;
frontoparietal;
Área de Broca; córtex pré- Giro frontal inferior
44 Gosto;
motor lateral; (opérculo frontal)
Córtex associativo pré- Giro frontal inferior Palavra, planificação do
45
frontal (opérculo frontal) movimento;
Pensamento, cognição,
Córtex associativo pré- planificação do
46 frontal (córtex pré-frontal) Giro frontal médio; comportamento, aspectos
dorsolateral de controle do movimento
ocular;
Pensamento, cognição,
Córtex associativo pré- Giro frontal inferior
47 planificação do
frontal (opérculo frontal)
comportamento.

Classificação Funcional
Todo o córtex cerebral é organizado em áreas funcionais, que vão assumir tarefas receptivas, integrativas ou
motoras no comportamento. São responsáveis por todo os nossos atos conscientes, nossos pensamentos e pela
capacidade de respondermos a qualquer estimulo ambiental de forma voluntária.

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Sensitivas
Áreas de Projeção
Motoras

Secundárias
Córtex Cerebral
(unimodais)
Áreas de
Associação
Terciárias
(supramodais)
Áreas Límbicas
 Áreas de Projeção: estão relacionadas diretamente com a sensibilidade e com a motricidade, são áreas
primarias.
 Áreas Sensitivas: responsável pela sensibilidade geral do corpo.
 Somestésica Primária: localizada no giro pós-central (áreas 1, 2, 3). Recebe impulso nervoso relacionado
a dor, temperatura, tato, pressão e propriocepção consciente do corpo. Todo o corpo é representado
por essa área. O homúnculo de Penfield representa essa ideia.
Lesão: perda da ESTEREOGNOSIA (incapacidade de reconhecer diferentes intensidades de estímulos).

 Visual Primária: localizada no lobo occipital, próximo ao sulco calcarino (área 17). Processa o conteúdo
visual com uma distribuição retinotópica das representações visuais.
Lesão: cegueira (deficiência sensitiva).

 Auditiva Primária: localizada no lobo temporal (área 41). Os estímulos nessa área detectam a frequência
e a localização sonora.
Lesão: surdez.

 Áreas Motoras: responsável pela motricidade geral do corpo, localizada no giro pré-central (área 4). Essa
região é caracterizada por um baixo limiar de excitação. É responsável pela execução de ordens para iniciar
movimentos voluntários, que em geral são movimentos simples (voluntários).
Lesão: paralisia na região contralateral; crises epilépticas.

 Áreas de Associação: são as demais áreas, que ocupam a maior parte da superfície cerebral e que também se
relacionam com alguma modalidade sensitiva ou motora.
 Áreas Secundárias: funcionam em união com a área primária de mesma função, recebendo conduções das
áreas primárias e repassando estas informações a outras áreas terciárias do córtex cerebral. Tem, por sua
maioria, a função de identificação/ interpretação.

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 Somestésica Secundária: localizada no lobo parietal superior (áreas 5 e 7). Fica encarregada da
percepção tátil e do reconhecimento de objetos (sem uso da visão).
Lesão: AGNOSIA (perda da capacidade de reconhecer um objeto).

 Visual Secundária: localizada no lobo occipital e temporal (áreas 18 e19). Responsável por relacionar as
informações recebidas pela área visual primária para o reconhecimento e apreciação do que foi visto.
Lesão: AGNOSIA VISUAL.

 Auditiva Secundária: localizada no lobo temporal superior (áreas 22 e 42). Responsável pela detecção e
reconhecimento da fala e processamento de informações da área auditiva primária.
Lesão: AGNOSIA AUDITIVA.

a. Área de Wernicke: se relaciona com a compreensão da linguagem escrita e falada, associando


sons a conceitos.
Lesão: AFASIA DE WERNICK.

 Motora Secundária: localizada no lobo frontal (áreas 6, 8, 44). Responsável pelo planejamento motor,
por ter alto limiar de excitação, influencia na organização de sequência de movimento dos grandes
grupos musculares (memoria muscular).
Lesão: APRAXIA (incapacidade de realizar movimentos voluntários); PARESIA (redução
da função do músculo).

a. Área de Broca: tem relação com o movimento necessário para a


linguagem, ou seja, gesticulação, entonação e processamento
semântico. Desempenhando um papel crucial na elaboração e
geração da linguagem falada e escrita (áreas 44 e 45).
Lesão: AFASIA BROCA.

 Áreas Terciárias: se relaciona com atividades psíquicas superiores, como memória, pensamento abstrato e
comportamento mantendo sua conexão com as áreas primarias e secundárias, sem prejuízo motor ou
sensitivo (paralisia).
 Área Pré-Frontal: responsável por associar as experiências necessárias para produzir ideias abstratas.
Diretamente relacionado com funções executivas, personalidade e emoção (áreas 9, 10 e 11).
Lesão: na região medial causa a síndrome da desinibição, uma impulsividade que gera perda da capacidade de
julgamento e de previsão; na região dorsolateral causa um comprometimento na função executiva, gerando uma
perda da iniciativa, da curiosidade e criatividade.

 Área Tempoparietal: localizado no lobo parietal inferior (áreas 39 e 40). Responsável por associar
informações visuais, proprioceptivas e táteis para consolidar conceitos de forma, tamanho e textura.
Relacionado a consciência de imagem.

 Área Límbica: localizado no giro do cíngulo, giro parahipocampal e hipocampo (áreas 23, 24, 38, 28 e
11). Responsável por armazenar experiências sensíveis, como memória e comportamento emocionais
(como seguir o ritmo de uma música).

 Áreas Relacionadas com a Linguagem: a linguagem vai depender de processos neurais situados no córtex
cerebral e estruturas subcorticais. As duas áreas corticais que estão relacionadas com a linguagem são: a
área de Broca, que se relaciona com os aspectos de expressão de linguagem, situada no lobo frontal; e a
área de Wernicke que se relaciona com a percepção da linguagem, situada na junção temporoparietal.
 Afasias:

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a. Afasia Motora: é uma lesão na área de Broca, capaz de compreender a linguagem escrita e
falada, mas não se expressa de forma adequada. Consistem em uma fala perturbada com pausas
para procura de palavra, porém, compreensão intacta.

b. Afasia Sensitiva: lesão na área de Wernicke, há uma incapacidade de reconhecer a palavra


escrita ou falada. Não há uma compreensão, mas a fala é fluente, mesmo sem sentido.

c. Afasia de Condução: uma lesão no fascículo arqueado (a conexão entre a área de Broca e a área
de Wernicke). A compreensão está relativamente preservada e a fala é fluente e espontânea.
Entretanto, existe incapacidade de repetir palavras corretamente.

FOTO 1 FOTO 2
 AMARELO: área pré-frontal / lobo frontal  ROSA CLARO: área visual secundária
 VERMELHO: área pré- motora  ROSA ESCRURO: área visual primária
 VERDE: área motora primária / giro pré central
 AZUL 1: sulco central
 CINZA: área sensorial primaria / giro pós-central
 AZUL 2: área sensorial secundária
 ROSA: área auditiva primária
 ROXO: área auditiva secundária

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ANATOMIA MACROSCÓPICA DO DIENCÉFALO

Diencéfalo
Como visto, o encéfalo é subdividido em classificações. A mais utilizada leva em consideração as vesículas
primordiais que surgem durante o desenvolvimento embrionário, dividindo o encéfalo em: prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo. Neste desenvolvimento, o prosencéfalo se dilata em telencéfalo e diencéfalo.
Após o período embrionário, o diencéfalo, que é a região do encéfalo situada entre o tronco encefálico e os
hemisférios cerebrais. É formado pelo conjunto dos Tálamos e as estruturas próximas: Epitálamo, Subtálamo e
Hipotálamo (e a glândula hipófise). A cavidade central do prosencéfalo se desenvolve no III ventrículo, que ocupa a
região central do diencéfalo.

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III Ventrículo
Cavidade localizada entre os Talamos, sendo interrompido pela aderência Intertalâmica, com a função de
proteger o SNC, sustentar os vasos sanguíneos e formar uma cavidade preenchida pelo liquido cefalorraquidiano. Se
comunica com o IV ventrículo pelo aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais.

Tálamo
Os tálamos são duas massas volumosas de substancia cinzenta, sua forma é ovoide e é encontrado nas
laterais do diencéfalo, dividida por uma estrutura de substancia branca com a forma de Y, chamada de lâmina
medular interna.

No corpo humano, o tálamo atua como uma estação central de transmissão de impulsos nervosos aferentes
e eferentes do cérebro (passagem para o córtex). Sua posição permite a sua atuação de transmissão e integração de
variados impulsos motores e sensitivos entre o sistema central e periférico. Sendo o elo essencial entre os
receptores sensoriais e o córtex para todas as mobilidades sensitivas (menos olfatória). Todos os núcleos têm
conexão reciproca com o córtex, através de fibras.

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Devido a lâmina medular interna, o tálamo é dividido em 3 partes principais: anterior, medial e lateral. Cada
tálamo se comunica com o outro por uma banda de tecido nervoso, a aderência Intertalâmica. Em sua estrutura
vemos duas protuberâncias em sua superfície posteroventral, os corpos geniculados medial (responsável pelo
processamento de informação auditiva) e lateral (responsável pelo processamento de informação visual).

 Núcleos do Tálamo: grande parte das funções do tálamo são determinadas pelos seus núcleos. Que podem ser
divididos em 5 grupos: anterior, posterior, mediano, medial e lateral.
 Núcleo do Grupo Anterior: situado na parte anterior, sendo limitados pela lamina medular interna. Estão
relacionados a memória, com o sistema límbico-comportamento emocional. Recebem fibras do corpo
mamilar e as projetam para o córtex.

 Núcleo do Grupo Posterior: situado na parte posterior do tálamo, e compreende pelo pulvinar e os corpos
geniculados lateral e medial.
 Pulvinar: o maior núcleo do tálamo, porém suas funções não são bem compreendidas ainda. Parece
estar ligado com processo de atenção seletiva.

 Corpos Geniculados Medial: é um componente da via auditiva, com função de projetar fibras para a
área auditiva do córtex, no lobo temporal (não é núcleo, pois é formado de camada concêntrica de
substancia branca e cinzenta).

 Corpos Geniculados Lateral: envia fibras pelo trato genículo-calcarino para a área visual primaria do
córtex, situada nas bordas do sulco calcarino (não é núcleo, pois é formado de camada concêntrica de
substancia branca e cinzenta).

 Núcleo do Grupo Mediano: situados no plano sagital mediano, na aderência intertalâmica. Fazem conexões
com o hipotálamo, se relacionando, possivelmente com funções viscerais (controle neurovegetativo).

 Núcleo do Grupo Medial: recebem fibras da formação reticular e exercem papel ativador sobre o córtex,
integrando o Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA). Essa via de ligação proporciona percepção
sensorial, com relações emocionais. Fazendo conexões reciprocas com a área pré-frontal, sua função se
relaciona com a desta área.

 Núcleo do Grupo Lateral: situado na lateral do tálamo, é subdividido em grupos.


 Núcleo Ventral Anterior: recebe a maioria das fibras que se dirigem ao tálamo. Projeta-se para as áreas
motoras do córtex e tem a sua função ligada ao planejamento e execução da motricidade somática.

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 Núcleo Ventral Lateral: recebe fibras do cerebelo. Projeta-se para as áreas motoras.

 Núcleo Ventral Posterolateral: um núcleo das vias sensitivas, ou seja, projeta fibras da área somestésica,
que envolvem estímulos de tato, temperatura e dor (sensibilidade consciente).

 Lesões do Tálamo: sendo uma estrutura de funções múltiplas, haverão, assim, múltiplas lesões, como: síndrome
talâmica (envolve alterações da sensibilidade, como dor central, espontânea e pouco localizada (um limiar de
excitabilidade que aumenta); anomalias sensitivas; déficits no campo visual; mudança comportamental; lesões
na área sensitiva (paresia na arte contralateral do corpo e face).

Hipotálamo
O hipotálamo é uma região do cérebro constituída primordialmente por núcleos de substância cinzenta,
estando localizado ao longo das paredes do III ventrículo, localizado abaixo no sulco hipotalâmico. É composto por
vários núcleos de neurônios e age como um centro integrador da homeostase (condição estável em que um
organismo ou objeto de estudo deve permanecer para realizar suas funções adequadamente, de forma a manter-se
em equilíbrio).

Outras estruturas que fazem parte do hipotálamo, inferiormente, são o quiasma óptico, o tuber cinéreo, o
infundíbulo e o corpo mamilar.

 Divisão do Hipotálamo: o hipotálamo pode ser dividido por 3 planos frontais em hipotálamo supra-óptico,
tuberal e mamilar.

Millena de Oliveira Malta


Hipotálamo

Supra-óptico Tuberal Mamilar

Núcleo Supra Núcleo Núcleos


Quiasmático Dorsomedial Mamilares

Núcleo Supra- Núcleo


Núcleo Posterior
óptico Ventromedial

Núcleo
Núcleo
Arqueado
Paraventricular
(Infundibular)
 Supra-óptico:
 Núcleo Supra Quiasmático

 Núcleo Supra-óptico: Produz o hormônio vasopressina (ADH – regula absorção de água livre pelo ducto
coletor dos rins) e ocitocina (tem papel na lactação e contração uterina durante o parto).

 Núcleo Paraventricular: desempenha papel essencial no controle do estresse, do metabolismo, do


crescimento, reprodução, imunidade, entre outros. Produz também o hormônio vasopressina e
ocitocina. É um dos mais importantes centros de controle autonômico.
 Tuberal
 Núcleo Dorsomedial
 Núcleo Ventromedial

 Núcleo Arqueado (Infundibular): é um regulador do metabolismo energético, integrando sinais de fome


e saciedade. Integra, também, vários processos neuroendócrinos através de neurônios que controlam a
secreção hormonal da hipófise anterior (adeno-hipófise)

 Mamilar
 Núcleos Mamilares
 Núcleo Posterior

 Funções do Hipotálamo:
 Regulador do SN Autônomo: a região anterior do hipotálamo controla o sistema nervoso parassimpático, com
um aumento no peristaltismo gastrointestinal, contração da bexiga, diminui o ritmo cardíaco, estreitamento
da pupila. Enquanto a região posterior regula o sistema nervoso simpático., causando resposta opostas.

 Regular a Temperatura Corporal: o hipotálamo funciona como um termostato, sendo capaz de detectar as
variações de temperatura do sangue que passa por ele e ativar mecanismos de perda ou conservação de
calor.
Lesões: uma lesão causada no hipotálamo anterior causa febre cerebral.

 Regulação do Sistema Emocional: o hipotálamo é importante na regulação de processos emocionais,


juntamente com o sistema límbico e a área pré-frontal.

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 Regulação do Sono e Vigília: o hipotálamo tem papel central na regulação do ritmo do sono e vigília. (Parte
posterior do hipotálamo (encefalite letárgica), reforça a ação do SARA).
Lesões: narcolepsia (transtorno do sono, fazendo com que a vigília seja irrompida por crises de sono REM).

 Regulação da Ingestão de Alimentos: a estimulação do hipotálamo lateral causa fome e incentiva uma
alimentação voraz (estímulo fome) e a estimulação do hipotálamo ventromedial causa uma total saciedade.
Lesões: causam efeitos opostos da estimulação.

 Regulação da Ingestão de Água: o centro da sede está localizado na região lateral do hipotálamo, onde
existem neurônios sensíveis a variações locais de pressão osmótica que determinam o aumento ou a
diminuição da sede de acordo com as necessidades de água do indivíduo.
Lesões: morte por desidratação e excitação ou morte por excesso de água.

 Regulação da Diurese: o hipotálamo estimula a síntese do hormônio antidiurético (vasopressina), que


aumenta a absorção de água nos túbulos renais diminuindo a diurese.

 Regulação do Sistema Endócrino: o hipotálamo vai regular a secreção dos hormônios da adenohipófise,
principalmente do núcleo arqueado e outras regiões do hipotálamo tuberal. Assim, o hipotálamo influencia o
funcionamento da tireoide, o crescimento, a função reprodutiva, as glândulas suprarrenais, dentre outros.
 Relação Hipotálamo com Neuro-Hipófise: Neurônio magnocelulares dos núcleos paraventricular e supra-
óptico produzem dois hormônios, vasopressina e ocitocina, que são transportados através dos axônios
do trato hipotálamo-hipofisário, passando pela haste hipofisária até a hipófise posterior (neurohipófise).
Na neurohipófise, esses hormônios são armazenados na extremidade terminal das fibras nervosas e
liberados na circulação conforme a necessidade do organismo.

 Relação Hipotálamo com Adeno-Hipófise: se dá através do trato túbero-infundibular (ou túbero-


hipofisário). Neurônios parvicelulares do núcleo arqueado e regiões adjacentes do hipotálamo tuberal
produzem hormônios e outras substâncias que descem por fluxo axoplasmático do trato túbero-
infundibular até a eminência mediana ou haste infundibular. Daí, são lançados na circulação porta-
hipofisária, chegando à adenohipófise onde regulam a liberação dos hormônios adenohipofisários.
(Controla a produção de ACTH; TRH; TSH; FSH; LH; GHRF – hormônios).

 Geração e Regulação de Ritmos Circadianos:  principal centro regulador do ritmo circadiano é o núcleo supra-
quiasmático, considerado o marca-passo biológico. Ele regula os parâmetros fisiológicos e metabólicos de
acordo com o ritmo externo de claro/escuro.
Lesões: abole o ritmo circadiano.

Epitálamo

O epitálamo está localizado na parte superior e posterior do diencéfalo, e contém formações importantes, a
habênula (participa da regulação dos níveis de dopamina na via mesolímbica, principal área de prazer do cérebro) e a
glândula pineal, que é uma pequena estrutura piriforme, localizada junto à parede posterior do III ventrículo. Ela é
uma glândula endócrina formada por células chamadas pinealócitos, que secretam melatonina em resposta à
escuridão.

A melatonina é responsável pelas funções da glândula, e é sintetizada pelos pincalócitos a partir da serotonina
e o processo de síntese é ativado pela noradrenalina, liberadas pelas fibras simpáticas, que tem pouca atividade
durante o dia e são muito ativas durante a noite, obedecendo o ritmo circadiano.

Millena de Oliveira Malta


A glândula pineal tem efeito inibidor sobre as gônadas via o hipotálamo. Em testes feitos foi descoberto
também que a puberdade precoce pode ocorrer em casos de tumores pineal de crianças quando há destruição dos
pinealócitos, cessando assim a ação frenadora que a pineal tem sobre as gônadas.

A melatonina vai ter uma ação sincronizadora suplementar sobre o ritmo agindo diretamente sobre neurônios
do núcleo supra-quiasmático, que tem receptores para melatonina, o que é importante quando há mudanças
acentuadas no ciclo natural de dia-noite, exemplo, o jet-lag, em voos intercontinentais. Assim, a glândula funciona com
a sincronização do ritmo circadiano de vigila-sono.

Subtálamo

É uma pequena área situada na parte posterior do diencéfalo. As formações subtalamicas só podem ser vistas
em secções do diencéfalo, uma vez que não se relacionam com sua superfície externa ou com as paredes do III
ventrículo. Contudo, o Subtálamo apresenta algumas formações, sendo a mais importante o núcleo subtalâmico, que
contém conexões nos dois sentidos com o globo pálido (é uma estrutura subcortical pareada, composta por neurônios
de projeção GABAérgicos inibitórios, que disparam espontânea e irregularmente em alta frequência), importante para
a regulação da motricidade somática.
Lesões no núcleo subtalâmico provocam uma síndrome conhecida como hemibalismo (movimentos
anormais das extremidades, sendo esses muito violentos e que as vezes não desaparecem no sono, podendo levar o
doente a exaustão).

Millena de Oliveira Malta


Millena de Oliveira Malta

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