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Apresentação
Clara e objetivamente, conceitua-se terapia gênica como o ato de introduzir material genético em
uma célula objetivando interceder na progressão de uma patologia. No Brasil, essa terapia ainda
está em atraso quando comparada com outros países, porém muitos avanços são considerados
significativos e as perspectivas de crescimento nessa área são muito promissoras. Por motivos
claramente éticos, atualmente a terapia gênica não pode ser realizada com células germinativas.
A modificação genética, obrigatoriamente, só pode atingir as células somáticas dos indivíduos e é o
que atualmente tem sido realizado nos laboratórios de pesquisa.
Bons estudos.
Nos pacientes com fibrose cística, os canais de Cl– não funcionam corretamente nas células
epiteliais. Isolando o gene da fibrose cística, foi possível perceber que ele codifica uma proteína
chamada CFTR, que funciona como uma forma de canal de Cl–. Mutações nesse gene originam o
transporte ineficiente de Cl–, sendo responsáveis pelo estabelecimento da fibrose cística
hereditária.
Baseado nessas informações, pense que você precisa de uma alternativa dentro da terapia gênica
para tratar pacientes com essas características e responda aos questionamentos a seguir:
a) Essa patologia seria uma boa candidata para o uso da terapia gênica?
No Infográfico a seguir, você verá informações sobre a introdução de genes nas células e quais são
os requisitos básicos para que uma terapia gênica seja efetiva.
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Conteúdo do livro
A terapia gênica pode ser entendida como a capacidade do melhoramento genético por meio da
correção de genes alterados (mutados), visando ao tratamento terapêutico. Resumidamente, os
principais objetivos da terapia gênica são suplementação ou aumento do gene, silenciamento
gênico e reparo gênico.
No capítulo Terapia gênica, da obra Biotecnologia, você vai compreender que a terapia gênica gera
muita esperança e expectativa para tratar diversas patologias que, atualmente, não dispõem de
cura ou tratamento. Porém, alguns obstáculos significativos precisam ainda ser elucidados para a
obtenção de um protocolo de terapia gênica eficiente e reprodutível, além de questões críticas de
segurança e regulação que compõem esse impasse.
Boa leitura.
BIOTECNOLOGIA
Introdução
A terapia gênica é uma área em ascensão na pesquisa científica e gera
muita expectativa e esperança para os pesquisadores. O avanço da
biotecnologia e os processos de engenharia genética contribuíram ex-
ponencialmente para aclarar o conhecimento acerca dos genes, o que
gera a perspectiva de que muitos genes que apresentam uma relação
causal com algumas patologias possam futuramente ser alvo da terapia
gênica, beneficiando muitos pacientes.
Neste capítulo, você vai conhecer o procedimento de terapia gênica,
entender o potencial e riscos, bem como reconhecer os avanços.
Terapia gênica
A geneterapia ou terapia gênica é uma forma de tratamento ou prevenção de
uma patologia humana, herdada ou adquirida, através da manipulação genética.
Por meio desta, é possível a correção de um fenótipo clínico em determinado
paciente através da introdução do material genético, e também da utilização de
técnicas genéticas para produzir grandes quantidades de produtos terapêuticos
e vacinas geneticamente construídas (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
O Comitê Consultivo de Terapia Gênica do Reino Unido (UK Gene Therapy
Advisory Committee), define a terapia gênica como a introdução deliberada de
material genético nas células somáticas humanas com finalidade terapêutica,
profilática ou diagnóstica (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
2 Terapia gênica
1990- Início do primeiro ensaio clínico envolvendo terapia gênica, por meio
da utilização de γ-retrovírus recombinante, para recuperar uma forma
recessiva autossômica da imunodeficiência combinada grave (SCID)
devido a uma deficiência da adenosina desaminase (ADA); o ensaio foi
um sucesso, mas os pacientes também foram tratados, em paralelo,
substituindo-se a enzima padrão utilizando polietileno glicol (PEG)-ADA.
(Continua)
Terapia gênica 3
(Continuação)
Procedimento
Na terapia gênica, os genes clonados, o RNA ou os oligonucleotídeos são
introduzidos nas células do paciente através da utilização de alguns métodos
de transferência. Comumente são utilizados vetores baseados em vírus, pois,
evolutivamente, os vírus tornaram-se eficientes em infectar células, inserindo
seus genomas e resultando na expressão de seus genes. A transferência do
DNA para células humanas (e de outros animais) através da utilização de
vírus é denominada transdução. Em alguns casos, os vetores virais podem
se integrar ao genoma, permitindo a expressão do transgene durante longo
tempo; outros vetores virais não se integram no genoma do hospedeiro, eles se
mantêm em localizações extracromossomais nas células. Métodos não virais
podem também ser usados na transferência de DNA, RNA ou oligonucleo-
tídeos a células humanas (ou de outros animais) (denominado transfecção)
(STRACHAN; READ, 2014).
A terapia gênica fundamenta-se basicamente na existência de técnicas e
métodos laboratoriais bem estabelecidos para introduzir genes nas células.
Várias técnicas opcionais permitem inserir DNA exógeno em células vivas,
em um laboratório. Os métodos baseiam-se em físicos e dependentes de
vetores.
4 Terapia gênica
Interação
com
Classe Genoma Capacidade de o genoma do Expressão
viral viral clonagem hospedeiro Células-alvo transgênica Comentários
Lentivírus ssRNA; ~9 kb até 8 kb ocorre tanto células que estão duradoura e em produção elevada de
integração em divisão como células altos níveis vetor;a risco de ativação
que não estão em divi- de oncogene
são; o tropismo varia
Adenovírus dsDNA; até frequentemente não ocorre tanto células que estão transiente, mas produção elevada de
38 kb 7,5 kb, mas até 35 integração em divisão como células altos níveis de vetor;a a imunogenici-
kb para vetores que não estão em expressão dade pode ser o maior
incompletos (gutless divisão problema
vectors)
(Continua)
Terapia gênica
5
6
(Continuação)
Terapia gênica
Interação
com
Classe Genoma Capacidade de o genoma do Expressão
viral viral clonagem hospedeiro Células-alvo transgênica Comentários
Vírus ssDNA; 5 kb < 4,5 kb não ocorre tanto células que estão altos níveis de produção elevada de
adeno-as- integração em divisão como células expressão a vetor;a capacidade de
sociados que não estão em divisão médio e longo clonagem menor, mas
prazo (anos) a imunogenicidade é
menos significativa do
que para os adenovírus
Vírus her- dsDNA; 120- > 30 kb não ocorre sistema nervoso central potencial para capaz de estabelecer
pes simples 200 kb integração expressão infecções latentes por
duradoura toda a vida
Vírus dsDNA; 130- 25 kb não ocorre tanto células que estão transiente
vaccinia 280 kb integração em divisão como células
que não estão em
divisão
o produto do alelo mutado, além de ser não funcional, também vier a interferir
com a função do alelo normal, restará uma atividade residual inferior a 50%.
Em suma, o produto alterado além de perder a sua função, também impede o
produto normal de funcionar (STRACHAN; READ, 2014).
Comumente, o silenciamento deve ser específico e direcionado para o alelo
mutante, sem alterar a expressão do alelo normal, este silenciamento gênico
poderia ser usado também para inibir a expressão de genes virais em uma
célula infectada (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
No reparo gênico, o intuito é corrigir um gene que apresenta mau fun-
cionamento. A proposição conta com a recombinação homóloga marcada ou
com o reparo do mau pareamento a fim de consertar defeitos específicos em
um gene (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
Riscos
A terapia gênica com uso para doenças genéticas pode demonstrar riscos,
alguns inclusive já foram comprovados na prática. São três os riscos que
podem ser citados (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013):
Quadro 3. Patologias genéticas e não genéticas com potencial tratamento por tera-
pia gênica
Artrite reumatoide
Câncer de ovário
Câncer de pulmão
Câncer renal
Doenças cardiovasculares
(Continua)
12 Terapia gênica
(Continuação)
Quadro 3. Patologias genéticas e não genéticas com potencial tratamento por tera-
pia gênica
Melanoma maligno
Tumores cerebrais
https://goo.gl/52mKh3
Terapia gênica 13
Leituras recomendadas
COOPER, G. M.; HAUSMAN, R. E. A célula: uma abordagem molecular. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
GARCIA, E. S.; CHAMAS, C. I. Genética molecular: avanços e problemas. Cadernos de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 103-107, mar. 1996. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1996000100022&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 08 nov. 2018.
Conteúdo:
Dica do professor
A temática da terapia gênica vem mobilizando cientistas e é considerada como a nova fronteira da
medicina. A atenção primária para a terapia gênica teve seu foco para as doenças monogênicas, que
além de serem consideradas doenças raras, apresentam desafio na cura. Como nestas patologias há
ausência ou deficiência de um determinado gene, a terapia objetiva a transferência de um gene
com funcionamento normal para as células-alvo, uma vez que o gene restauraria a função
deficiente encontrada em seu portador.
As pesquisas na terapia gênica estão sendo desenvolvidas mundialmente, porém os Estados Unidos
estão à frente e lideram o número de ensaios clínicos. Dentre as doenças mais investigadas
atualmente está o câncer, considerado uma das patologias que causa o maior número de óbitos
mundialmente.
A esperança impera nesse tipo de terapia e espera-se que mais pesquisas com resultados de
sucesso sejam realizadas. Na Dica do Professor, você irá conhecer um pouco mais sobre a terapia
gênica.
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Exercícios
I. Para substituir um alelo não funcional, uma cópia de um alelo funcional pode ser
adicionada.
II. Um gene sem função pode ser corrigido por meio da apoptose.
III. Um gene não funcional poderá ser substituído por um gene funcional por meio da
recombinação genética.
IV. Quando um gene não é funcional pode ser substituído por um gene funcional inserido em
um local não específico do genoma.
2) A cura para muitas patologias vem sendo assiduamente pesquisada. Doenças como a fibrose
cística, por exemplo, são fatais e apresentam uma sobrevida curta para seus portadores. A
identificação de genes responsáveis por causar essas patologias tem gerado muita esperança
para a terapia gênica. Como ela poderia contribuir para esse tipo de doença?
C) Por meio da inibição da expressão do gene com mutação nas células secretoras de proteínas.
D) Por meio da substituição do alelo mutado ou pela adição de uma cópia funcional do alelo.
E) Por meio da indução de mutações nos genes responsáveis por essa patologia.
3) Imagine uma situação na qual uma criança com uma síndrome congênita chega ao
consultório para ser atendida. Você é o profissional que a atende e é indagado pelos tutores
se a terapia gênica poderia ser utilizada para tratá-la. A respeito do assunto você
responderia que:
A) Atualmente, a terapia gênica não está disponível, mas em alguns anos poderia ser utilizada.
B) Informa que a terapia gênica não está disponível atualmente e que, mesmo se estivesse, não
seria capaz de tratar uma patologia congênita.
C) Informa que é possível tratar com a terapia gênica, mas ela ainda é muito cara.
4) Como é chamada o tipo de terapia gênica em que as células do paciente são retiradas e
modificadas por meio da inserção do material genético e, em seguida, reintroduzidas no
próprio paciente? Escolha a alternativa correta.
A) In vivo.
B) In vitro.
C) Ex vivo.
D) Clonagem.
I. O uso da terapia gênica para introduzir os genes nas células está apoiado em métodos
laboratoriais que já são bem estabelecidos.
IV. No tipo de terapia gênica in vivo, é injetado ou introduzido, de algum modo, o produto
terapêutico no organismo do paciente.
A) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
Confira, na prática, como essa tecnologia vem sendo aplicada para o tratamento de doenças.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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