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Apresentação 7
1 Introdução à ginástica 9
1.1 História da ginástica 9
1.2 Ginástica geral e sua importância 14
Gabarito 91
Apresentação
Idealizada para subsidiar a metodologia do ensino de ginástica, esta obra versa sobre
esse esporte, sua história e suas características. Assim, apresenta as modalidades competitivas:
ginástica rítmica, artística e acrobática; e a não competitiva: ginástica geral ou ginástica para todos,
modalidade possível de ser praticada em diferentes faixas etárias.
Por fim, esta obra apresenta técnicas e atividades que podem ser realizadas nas diferentes etapas
da educação básica: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio,
demonstrando algumas adaptações com relação ao espaço e aparelhos disponíveis para a prática.
Desse modo, esta obra objetiva evidenciar e compartilhar os benefícios da ginástica aos
alunos no ambiente escolar. Se trabalhada de maneira consciente e criativa, a ginástica proporciona
prazer e motivação aos estudantes, os quais podem levar para a vida adulta práticas que preservem
sua saúde e bem-estar.
Bons estudos!
1
Introdução à ginástica
Jerônimo Mercurialis, autor da obra De Arte Ginástica, publicada em 1569, contribuiu com
informações teóricas sobre a história dos gregos e dos romanos. Tuccaro escreveu um livro sobre
exercícios acrobáticos praticados na época em que trabalhava na corte do imperador da Alemanha,
Maximiliano II, por volta de 1535 (PUBLIO, 1998).
No século XVIII, alguns autores pontuaram as bases pedagógicas da ginástica, como o
pedagogo suíço Pestalozzi, que introduziu práticas de ginástica nas escolas, e Rousseau, filósofo
10 Metodologia do ensino de ginástica
genovês que viu, em sua obra Emílio (1762), a necessidade de associar a educação física à educação
moral e intelectual das crianças (PUBLIO, 1998). Ainda sobre Rosseau, os seus princípios traziam a
concepção do homem como um ser universal, liberado e pleno, tiveram
grande influência nos educadores da época e, particularmente, nas primeiras
sistematizações sobre Educação Física. […] Sugere que é preciso deixar a criança
correr, gritar, fazer, trabalhar, enfim, deixá-la ser de vigor e prontamente o será
de razão. (SOARES, 1994, p. 50 apud BREGOLATO, 2008, p. 84)
Nesse mesmo século, houve grande valorização e incentivo à prática da ginástica, e isso
ocorreu principalmente na Europa, com a criação de escolas e programas, mas limitava-se a escolas
privadas e à área militar (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Esse expressivo aumento da
prática da ginástica partiu de contribuições de várias pessoas, como Guts Muths (com sua obra
Ginástica para Juventude, de 1793), Basedow, Ling, Eiselen e Jahn (PUBLIO, 1998; BROCHADO, F.;
BROCHADO, M., 2005).
Entre os diversos autores, temos Johann Friedrich Ludwig Christoph Jahn como destaque,
pois ele difundiu e possibilitou a prática da ginástica ao povo, fazendo com que ela deixasse de
ser exclusividade das instituições privadas de ensino (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005).
A ginástica pedagógico-didática, fundamento da ginástica educativa, foi introduzida por Guts
Muths, contudo, Jahn merece o mérito pela propagação de sua prática em aparelhos como barras,
cavalos e arcos pelo mundo inteiro (PUBLIO, 1998).
Filho de um pastor protestante, Jahn nasceu no ano de 1778, em Lanz, uma aldeia de
Brandemburgo (norte da Alemanha). Iniciou seus estudos em Teologia em 1796 e, depois, em
História e Linguística. Nessa época, começou a trabalhar na sua obra Costumes Alemães, na
qual ressalta a importância da resistência corporal com a prática de uma ginástica patriótica
(PUBLIO, 1998).
Na década seguinte, acontece a Batalha de Jena, que representou um marco para a história
da ginástica. Em 1806, a Prússia1 havia sido invadida pelas tropas francesas no conflito, após o rei
Frederico Guilherme III anunciar o rompimento com a França e exigir a retirada das tropas do
território prussiano. Napoleão, no comando de 200 mil soldados, derrotou as tropas prussianas, o
que deixou o Império Alemão em choque diante do desastre acontecido (PUBLIO, 1998). Segundo
Bregolato (2008, p. 16), “a derrota vergonhosa dos prussianos na Batalha de Jena influenciou
muito as atitudes do professor Jahn, que resolveu incitar a mocidade prussiana para se preparar
fisicamente a fim de expulsar o exército invasor”.
Teórico nacionalista alemão e homem político, Jahn, denominado o “pai da ginástica”, foi o
inventor do termo turnen (praticar ginástica) e autor do livro Die Deutsche Turnkunst (A ginástica
alemã, 1816), em parceria com Eiselen (PUBLIO, 2005). O turnen tinha um objetivo moral para Jahn,
uma vez que as metas que as atividades precisavam atender eram “autoconfiança, autodisciplina,
independência, lealdade e obediência a uma ordem estabelecida” (PUBLIO, 1998, p. 29).
Baseado nos princípios de Pestalozzi, Jahn “convence a juventude alemã a praticar a ginástica;
ele queria fornecer a eles um ideal heroico, o gosto pelo esforço, pelo risco, o hábito da obediência
voluntária, o senso das antigas tradições de nação” (PUBLIO, 1998, p. 22).
Segundo Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), Jahn trabalhou como professor em
duas instituições de Berlim: o Berlinisch-Köllnisches Gymnasium e o Plamanns Anstalt. Os seus
alunos de Plamanns
faziam excursões com seu professor nos dias livres, saindo dos portões da cidade
para exercitar e jogar nos campos e nadar no canal. Essa atividade de lazer
se tornou hábito. Outros interessados do Gymnasium aderiram às atividades
físicas de Jahn, que aconteciam regularmente às quartas e sábados, à tarde, na
Hasenheide (campo dos coelhos), um parque que existe até hoje. (BROCHADO,
F.; BROCHADO, M., 2005, p. 1)
Jahn, que lecionava na floresta de Hasenheide, inaugurou nesse local, em 1811, o primeiro
espaço para a prática da ginástica alemã ao ar livre, denominado Volkspark Hasenheide (PUBLIO,
2005). Nele, existiam três campos destinados à prática da ginástica, que foram sendo construídos
em função do aumento do número de adeptos e eram chamados de primeiro, segundo e terceiro
Turnplatz (PUBLIO, 1998). Nesses campos havia diversos aparelhos de ginástica – barras, cavalos,
traves de equilíbrio, escadas para escalar, entre outros.
De acordo com Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), os primeiros aparelhos de
ginástica foram feitos pelos ginastas e pelo próprio Jahn, sendo eles mesmos os responsáveis pela
manutenção dos aparelhos e pela confecção de novos. Como havia poucos equipamentos, muitas
atividades se restringiam a corridas e jogos pelos campos de Hasenheide.
De acordo com Publio (1998), Janh percebeu, com base nessa realidade, que o homem
precisava de habilidades como agilidade, coragem e perseverança. Quando criou um programa
de educação física para os meninos da Alemanha, objetivava a formação de homens sociais,
independentes e adoradores da liberdade. Para Jahn,
isso seria possível fortalecendo os grupos de músculos degenerados do corpo,
libertando os homens dos obstáculos naturais do meio ambiente, que os
deixavam frágeis, que enfraqueciam seus músculos e, consequentemente, o seu
vigor mental. (PUBLIO, 1998, p. 30)
com arco e com cordas longas e curtas para pular, além de vários tipos de acrobacias e proezas.
A segunda parte do livro descreve os jogos de forma minuciosa, incluindo os jogos folclóricos, e
relata ainda que, após praticá-los, os alunos tomavam banho, o que os permitia aprender a nadar.
A terceira parte “esclarece sobre o planejamento de playground (pequeno e grande)” (PUBLIO,
1998, p. 43).
A quarta parte do livro é “inteiramente dedicada a método e gerenciamento. São discutidos
tópicos como: o Professor, uniformes, reuniões, horários, cuidados com aparelhos, disciplina e
outros. As qualificações de um Professor são expostas magistralmente” (PUBLIO, 1998, p. 43).
O capítulo final contém uma história sobre a educação física até aquele tempo, elucidando os
exercícios também por meio de desenhos e figuras.
Observando o conteúdo encontrado no livro, percebe-se que Jahn introduziu, no parque,
um grande número de aparelhos já conhecidos, adaptando-os e, assim, criando outros. Entre esses
aparelhos, podemos citar as barras horizontais paralelas e fixas e os cavalos (PUBLIO, 1998). Para
o mesmo autor,
Jahn era um inventor de sistemas. Ao mesmo tempo em que estava ciente da
necessidade de organizar qualquer material, sentia instintivamente o perigo
da mecanização desse material. No início, “turnen” incluiu toda a atividade
física com possibilidades educacionais, especialmente jogos. Jahn percebeu
que as formas já conhecidas não satisfaziam à juventude moderna. Ele estava
procurando uma atividade que não pudesse ser facilmente estereotipada ou
mecanizada, mas sim algo que tivesse que ser criado todo o tempo. Dessa
diligência resultaram exercícios e aparelhos modernos. (PUBLIO, 1998, p. 44,
grifos do original)
A ginástica foi introduzida no Brasil pelos imigrantes alemães nas regiões de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul a partir de 1824. Esses estados fundaram sociedades ginásticas que “tinham
a finalidade inicial de servir como ponto de reunião e apoio aos imigrantes, passando a seguir e
desenvolver atividades de lazer e também atividades gímnicas propriamente ditas” (BROCHADO,
F.; BROCHADO, M., 2005, p. 6).
Publio (1998) informa que a primeira e mais antiga sociedade de ginástica do Brasil
é a Sociedade Ginástica de Joinville, fundada em 16 de novembro de 1858 em Joinville, Santa
Catarina. Chamada inicialmente de Colônia de Dona Francisca, a cidade recebeu os primeiros
imigrantes em 1851. Em 1858, eles fundaram a sociedade a fim “de conservar e aprimorar a força
física da juventude e, ao mesmo tempo, cultivar uma harmonia social, junto com recreação útil”
(PUBLIO, 1998, p. 177).
A partir da fundação dessa sociedade, muitas outras foram criadas, principalmente no sul
do país, onde se encontrava a maioria dos imigrantes alemães. Contudo, também foram criadas
sociedades no Rio de Janeiro e em São Paulo (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Podemos
destacar a Sociedade Ginástica Porto Alegre, fundada em 1867, e, após 15 anos, a criação de uma
sociedade de ginástica em São Leopoldo (PUBLIO, 1998).
Os alemães criaram muitas sociedades de ginástica, que permaneceram com suas
características próprias até 1938, ocasião em que, por força do Decreto-Lei n. 383 (BRASIL, 1938),
foram nacionalizadas.
14 Metodologia do ensino de ginástica
Com base no exposto, pode-se afirmar que todos os alunos podem participar da ginástica
geral nas aulas de Educação Física. Segundo Stanquevish e Martins (2006), essa categoria surgiu
como uma opção contrária às modalidades competitivas, que têm como prioridade o rendimento,
tornando-se, assim, elitistas. As modalidades competitivas envolvem uma complexidade maior
na execução dos movimentos, e isso é possível para poucos, principalmente nas aulas, o que
constantemente torna as modalidades competitivas excludentes.
Garanhani (2010) explicita que a Educação Física escolar se apresenta como um conteúdo
de caráter formativo, capaz de oportunizar ao aluno vivenciar atividades motoras de locomoção,
manipulação e equilíbrio, apresentando variadas formas de movimento com e sem o uso de
materiais. Gallardo (2008) aborda a ginástica geral com sentido pedagógico como sendo um espaço
de vivência de valores humanos; esse espaço oportuniza a apropriação de manifestações da cultura
corporal que o grupo considera relevante. Além disso, a prática de ginástica geral da escola pode
ser expandida para a comunidade, promovendo-se a interação entre escola e comunidade.
Segundo Fiorin-Fuglsang e Paoliello (2008), para a Federação Internacional de Ginástica,
o mais importante é que as pessoas participem em grande número dos eventos de ginástica geral,
priorizando, em vez da qualidade técnica, a interação e o prazer de praticar. Mesmo não sendo uma
modalidade competitiva, a ginástica geral é apresentada em um evento mundial que ocorre a cada
quatro anos: o Gymnaestrada.
Para Santos e Santos, os objetivos da ginástica geral são
Oportunizar a autossuperação individual e coletiva, sem parâmetros
comparativos com outros; oportunizar o intercâmbio sociocultural entre
os participantes ativos ou não; manter e desenvolver o bem-estar físico
e psicossocial; promover uma melhor compreensão entre os indivíduos e o
povo em geral; oportunizar a valorização do trabalho coletivo, sem deixar de
valorizar a individualidade nesse contexto. (SANTOS; SANTOS, 1999 apud
STANQUEVISH; MARTINS, 2006, p. 98)
Cabe ressaltar que a ginástica geral, por permitir que cada um execute os movimentos de
acordo com seus limites e potencialidades, apresenta-se como via de acesso à inclusão, possibilitando
a participação de pessoas com deficiência. Além disso, essa modalidade oportuniza a interação
social, o que contribui sobremaneira para a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Para
Gaio (2002, p. 147 apud GAIO; BASTOS, 2010, p. 319), “ao se dar oportunidade às pessoas
deficientes de realizar diversas práticas corporais, elas se descobrem como corpos úteis e como
talentos corporais, aceitando suas limitações e acreditando nas suas potencialidades”.
Chaparim (2008) atribui significados à ginástica geral, os quais são o desenvolvimento
individual, a caracterização da ginástica geral e os elementos de formação humana. O
desenvolvimento individual está relacionado à evolução do ser humano no aspecto corporal,
cognitivo, na ampliação do conhecimento e como perspectiva de um futuro melhor.
Sobre a caracterização da ginástica geral, a autora aponta que essa categoria possui
atividades variadas, a oportunidade de se apresentar em público e o prazer relacionado à prática
da modalidade. Quanto aos elementos de formação humana, salienta o ambiente acolhedor dessa
prática, o aumento das amizades, o diálogo, a solidariedade, a socialização e as atitudes positivas
16 Metodologia do ensino de ginástica
Considerações finais
Encerramos este capítulo concluindo que, apesar de a história da ginástica remontar a
tempos antigos, a Alemanha, especificamente na figura de Friedrich Jahn, foi responsável pela
disseminação mundial da ginástica como prática esportiva, mesmo que essa prática tivesse,
inicialmente, o objetivo de defender o país alemão. Por meio da obra de Jahn, A ginástica alemã, e
devido à emigração de alemães durante o Bloqueio Ginástico, essa prática chegou a outros países,
incluindo o Brasil.
Na segunda seção, pudemos entender que a ginástica geral – ou ginástica para todos – é uma
possibilidade de atividade física a ser desenvolvida nas aulas de Educação Física, e que, além de
ser agradável para os participantes, auxilia no desenvolvimento do ser humano e contribui para as
suas relações sociais.
Introdução à ginástica 17
Atividades
1. Quem foi o grande precursor da ginástica e qual é sua obra de maior destaque?
Referências
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(org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
BRASIL Lei n. 383, de 18 de abril de 1938. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 abr.
de 1938. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-383-18-abril-
1938-350781-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 25 nov. 2019.
BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e aluno. v. 2. São Paulo: Ícone, 2008.
CHAPARIM, F. C. A. S. Ginástica geral com adolescentes em situação de risco social. In: PAOLIELLO, E.
(org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
FIORIN-FUGLSANG, C. M.; PAOLIELLO, E. Possíveis relações entre a ginástica geral e o lazer. In:
PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
GAIO, R.; BASTOS, L. de S. C. Ginástica especial para os diferentes: reconhecendo limites e descobrindo
possibilidades. In: GÓIS, A. A. F.; GAIO, R.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em questão: corpo e movimento.
2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
GALLARDO, J. S. P. A Educação Física escolar e a ginástica com sentido pedagógico. In: PAOLIELLO, E.
(org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
GARANHANI, M. C. Saberes da ginástica na educação escolar. In: GAIO, R.; GÓIS, A. A. F.; BATISTA, J. C.
de F. (org.). A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
RINALDI, I. P.; PAOLIELLO, E. A ginástica geral nos cursos de formação profissional de licenciatura em
Educação Física. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
SBORQUIA, S. P. Construção coreográfica: o processo criativo e o saber estético. In: PAOLIELLO, E. (org.).
Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
STANQUEVISH, P.; MARTINS, M. T. B. Ginástica geral: uma reflexão sobre formação e capacitação
profissional. In: GAIO, R.; BATISTA, J. C. (org.). Ginástica em questão. São Paulo: Tecmed, 2006.
TOLEDO, E. de; SCHIAVON, L. M. Ginástica geral: diversidade e identidade. In: PAOLIELLO, E. (org.).
Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.
2
Modalidades da ginástica competitiva
Conforme a BNCC, a ginástica é um dos seis eixos temáticos da Educação Física, ou seja, é
um conteúdo a ser trabalhado na educação básica. Para o ensino nos anos iniciais, o documento
orienta que se desenvolva a ginástica geral; já para os anos finais, ressalta-se a importância do
trabalho da ginástica para o condicionamento físico e conscientização corporal (BRASIL, 2018).
Entendendo que a ginástica geral abrange o trabalho de elementos ginásticos existentes nos
diferentes tipos de ginásticas, usando ou não materiais, devemos conhecer os tipos de ginástica.
Os tipos de ginásticas existentes são: de competição, como ginástica rítmica, ginástica artística e
ginástica acrobática; de condicionamento, como as aeróbicas e localizadas; e de conscientização
corporal. Nesta seção, apresentaremos uma forma de ginástica competitiva, a ginástica rítmica
(GR), modalidade olímpica que, no âmbito competitivo, é praticada por pessoas do sexo feminino
e pode ser desenvolvida no âmbito escolar com os diferentes sexos.
20 Metodologia do ensino de ginástica
Apesar de ser uma modalidade competitiva, sua prática não pode ser excluída do âmbito
escolar, ou seja, deve ser desenvolvida em escolas da educação básica e em escolas especializadas
em ginástica, bem como ser realizada também por pessoas do sexo masculino1.
No ambiente escolar, a vivência da GR para ambos os sexos pode ser muito
motivadora e diferenciada, pois os meninos, “culturalmente”, são estimulados
somente para a prática dos esportes coletivos com bola ou para esportes
individuais de lutas ou do atletismo. […] A vivência destes fundamentos pelo
público masculino é uma oportunidade de “quebrar” a concepção de que a
ginástica, e em especial a rítmica, “é coisa de menina”. (TOLEDO, 2016, p. 150)
A ginástica rítmica nasceu vinculada à estética e à beleza, sendo que essas concepções estão
implícitas na avaliação. O aspecto da beleza foi herdado da ginástica grega, sendo relacionado à
ginástica europeia no Renascimento. Ficou suscetível a áreas que iam ao encontro de sua essência
estética, como a música e a dança. Em sua origem, não possuía caráter competitivo.
Utilizando-se do método sueco, a ginástica rítmica teve influência do mestre de dança francês
Jean-Georges Noverre, no final do século XVIII, o qual enfatizava a arte de se expressar por meio
da ginástica. Além de Noverre, Delsarte, Laban, Isadora e Elisabeth Duncan, Dalcroze e Medau
também foram professores que contribuíram para a sistematização da ginástica com aparelhos
manuais e acompanhamento rítmico, incluindo a expressividade das ginastas e os elementos de
dança (TOLEDO, 2016).
– Em 1965, a FIG distingue a ginástica artística da ginástica moderna;
– A ginástica possui um caráter competitivo, é regulamentada e denominada
pela FIG como Ginástica rítmica moderna em 1972; […]
– Em 1975, a FIG denomina esta modalidade como ginástica rítmica desportiva;
– Em 2000, ela passa a ser denominada ginástica rítmica pela FIG. (TOLEDO,
2016, p. 152)
Conforme Toledo (2016), não se sabe ao certo como a ginástica rítmica chegou ao Brasil,
contudo, entende-se que teve seu começo com a chegada dos imigrantes alemães ao país. Embora
os alemães praticassem prioritariamente a ginástica de Friedrich Jahn, existem registros de prática
da ginástica sueca.
Após essa contextualização, abordaremos a seguir as características que definem a ginástica
rítmica, o que envolve a forma de praticá-la e os aparelhos utilizados.
1 Há registros de prática competitiva de ginástica rítmica por pessoas do sexo masculino no início deste século.
No Brasil, a Liga Nacional de Esportes Acrobáticos e Ginástica Geral já realiza competições de GR para universitários
(TOLEDO, 2016).
Modalidades da ginástica competitiva 21
A ginástica rítmica pode ser praticada de duas formas: individual ou em conjunto. A sua
característica principal é combinar elementos corporais com movimentos utilizando aparelhos
manuais. “Possui uma exigência técnica corporal apuradíssima que se apresenta aliada ao manejo
de seu corpo a aparelhos específicos: a corda, o arco, a bola, as maças e a fita” (LAFFRANCHI;
LOURENÇO, 2010, p. 129). Esses aparelhos (Figura 1) precisam estar sempre em movimento
durante a realização dos exercícios, e esses movimentos precisam ser em diferentes planos, direções
e sentidos, da forma mais variada possível (LEBRE; ARAÚJO, 2006).
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Maças Bola
Fita
Corda
Arco
Cada aparelho possui características e técnicas específicas, que estão descritas a seguir.
Corda Figura 2 – Ginasta com o aparelho corda
A corda é um aparelho flexível que possui quase o dobro Figura 3 – Medição da corda
TRMK/Shutterstock
da altura da atleta e espessura de 12 mm. O comprimento da
corda é medido com a ginasta segurando com os pés o centro
da corda no chão e cada extremidade com uma mão: a corda
estendida verticalmente precisa alcançar a altura dos ombros,
conforme Figura 3.
Nas suas extremidades, possui um nó para melhorar a
empunhadura dos praticantes.
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A fita (Figura 6) é um aparelho flexível,
pois é feito com tecido, que pode ser cetim ou
seda e possui 7 cm de largura e de 5 a 6 m de
comprimento. O tecido, em sua extremidade, é
preso em uma haste de 35 cm denominada estilete.
Para prender o tecido no estilete, é utilizado um
girador e um gancho, que não permitem que as
duas partes se enrolem.
A fita é um dos aparelhos que produz os
movimentos estéticos mais admirados pela
maioria dos espectadores da ginástica rítmica.
Sua leveza e maleabilidade proporcionam
criatividade nos movimentos, fazendo com que a
fita expresse uma verdadeira obra de arte ao ser
movimentada.
Lançar
Rolamento do corpo Pegar
Alongar Receber
Correr Balançar Rolar a bola e o arco
Andar Apoios invertidos Quicar a bola
Saltar Equilibrar sobre os pés, joelhos e Rotação do arco
Saltitar quadril
Equilibrar o arco e a bola sobre os pés e as mãos
Girar o corpo sobre seu próprio
eixo Girar a corda
Balancear os aparelhos
Com relação aos elementos corporais, Lebre e Araújo (2006) afirmam que a GR tem como
essência a coordenação de movimentos corporais com o manejo de aparelhos manuais. Para os
autores, os elementos corporais são a base da ginástica rítmica, e sua importância é tanta que
eles definem o valor da dificuldade dos elementos que as ginastas realizam. Os elementos estão
agrupados em: saltos, equilíbrios, pivots e elementos de flexibilidade e ondas. Além desses, existem
os deslocamentos, balanços e outros. Alonso (2011) classifica os elementos corporais em dois
grupos: os fundamentais e os outros, conforme o Quadro 2.
Quadro 2 – Classificação dos grupos de elementos corporais
Elementos corporais
Com relação aos movimentos realizados com arco (Figura 8), de acordo com Alonso (2011,
p. 83), os elementos técnicos são: “rolamentos sobre o corpo e o solo; rotação ao redor de uma mão
ou de uma parte do corpo, ao redor de um eixo do arco; lançar e recuperar com rotações do arco
e no plano oblíquo; passagens através do arco; elementos por cima do arco”. Quanto aos manejos,
apresentam-se em “balanceio; circunduções; e movimento em 8” (ALONSO, 2011, p. 83).
Na Figura 9, podemos ver um dos movimentos realizados com a bola. Os elementos técnicos
com esse aparelho, são: lançamentos, recuperações, quicadas, rolamentos livres sobre o corpo e
sobre o solo. Os manejos envolvem “impulsos; balanceios; circunduções; movimento em 8;
inversões com ou sem movimentos circulares dos braços (com a bola em equilíbrio sobre uma das
mãos); rotações da mão em torno da bola; e pequenos rolamentos e rolamentos acompanhados”
(ALONSO, 2011, p. 84).
Figura 8 – Movimento realizado com arco
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Na Figura 10, vemos um dos movimentos realizados com a corda. Nesse aparelho, os elementos
técnicos consistem em “salto e saltitos por dentro da corda aberta segura pelas duas mãos; lançar e
recuperar (corda aberta segura pela ponta ou corda aberta segura pelo meio); escapadas de uma das
26 Metodologia do ensino de ginástica
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Já na Figura 12, temos a apresentação de um dos movimentos realizados com fita, cujos
elementos técnicos abrangem “serpentinas; espirais; espirais no solo; lançamentos e recuperações;
lançamento boomerang; escapadas; passagem através ou sobre a fita com todo o corpo ou uma
Modalidades da ginástica competitiva 27
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Esses são os movimentos praticados atualmente, porém, a ginástica rítmica vem
evoluindo com frequentes mudanças técnicas e com muitas outras possibilidades para a sua
prática. Consequentemente, evolui o código de pontuação, que busca acompanhar as novidades
dessa modalidade. Embora esse código ainda tenha caráter subjetivo, busca-se cada vez mais a
objetividade na forma de avaliar a GR, isso em contexto mundial. Nessa perspectiva,
no ciclo atual, para se chegar à nota final em Ginástica Rítmica, ou seja, aquela nota
que a ginasta ou o conjunto obterá após a sua apresentação e que fatalmente, será
utilizada como instrumento para a sua classificação, é necessário a soma de três
quesitos básicos nessa modalidade: dificuldade (dividido em dificuldade corporal
e dificuldade de aparelho); artístico (composição de base, acompanhamento
musical e coreografia) e execução. (LOURENÇO, 2010, p. 118, grifos do original)
2 Uma combinação refere-se a dois ou mais elementos realizados em sequência; por exemplo: lançar uma bola e fazer
um rolamento antes de recuperá-la.
28 Metodologia do ensino de ginástica
Para a FIG (2009 apud ALONSO, 2011 p. 81), “a composição deverá mostrar ao espectador
a ideia do tema, a partir da relação do acompanhamento musical com a comunicação não verbal,
traduzida em um máximo de expressividade e emoção”.
A GR faz parte das modalidades olímpicas e é praticada em muitos países do mundo.
Como dito anteriormente, a nível competitivo, ela é praticada exclusivamente por indivíduos do
sexo feminino, mas no âmbito escolar ou em competições locais, é praticada por ambos os sexos.
Isso pode ser visto como aspecto positivo, pois, de acordo com o exposto no decorrer do capítulo,
podemos afirmar que a ginástica rítmica contribui para o desenvolvimento físico e motor dos
indivíduos que a praticam independentemente de serem do sexo feminino ou masculino.
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Concordando com Publio (1998), Nunomura et al. (2016) confirmam essa divisão dos
aparelhos em femininos e masculinos, acrescentando a nova nomenclatura dada para o salto sobre
o cavalo que mudou, em 2001, para salto sobre a mesa.
Esses aparelhos são divididos em masculinos e femininos para a realização de provas
competitivas, mas podem ser trabalhados nas escolas sem distinção, uma vez que a execução
de seus fundamentos desenvolve aspectos físicos importantes para as fases de desenvolvimento
das crianças.
Para Nunomura et al.,
é importante ressaltar que os aparelhos oficiais são utilizados para o
treinamento de alto nível e nas competições oficiais, mas eles podem ser
substituídos ou adaptados para o contexto da iniciação em academias, escolas
e demais instituições que não visam ao alto rendimento. (NUNOMURA et al.,
2016, p. 212)
As competições de GA são realizadas de três formas: por equipes, individual geral e individual
por aparelho.
Podemos observar os aparelhos femininos (mesa de salto, paralelas assimétricas e trave de
equilíbrio) na Figura 14 e os masculinos (argolas, barra fixa, cavalo com alças e paralelas simétricas)
na Figura 15. Além desses, há também o solo, que pode ser utilizado por ambos os sexos.
Figura 14 – Aparelhos femininos de ginástica artística
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Caso o ginasta pise fora do tablado, ocorre a perda de pontos na sua avaliação.
Figura 16 – Tablado para prova de solo
Polhansen/Shutterstock
Os movimentos feitos na prova de solo precisam ser executados
perto e longe do solo, em passagens com grandes deslocamentos ou sem
deslocamento. A mudança entre elementos acrobáticos e de dança deve ser
harmoniosa e corresponder ao caráter da música. A coreografia deve expressar
a personalidade, o estilo, a idade e o tipo físico da ginasta. A apresentação deve
ser artística, com originalidade, estilo pessoal e elegância. (BROCHADO, F.;
BROCHADO, M., 2005, p. 148)
A série de uma prova de solo inicia no primeiro movimento do ginasta. A duração de uma
prova de solo feminina não pode ultrapassar 90 segundos e o último movimento deve coincidir
com o final da música. Para os homens, a série não pode ultrapassar 70 segundos. Uma série de
solo precisa ter acrobacias diversificadas como mortais, rolamentos e paradas de mão, e a área do
tablado precisa ser utilizada em sua totalidade.
Cavalo com alças
Considerado o mais antigo aparelho de ginástica, o cavalo tem sua origem em Roma em 375
d.C., quando os romanos o utilizavam para exercícios de cavalaria. Mais recentemente, nos parques
de Jahn em 1811, havia “cavalos chamados de cavalos de saltos, usando os arções” (PUBLIO, 1998,
p. 303).
O cavalo possui 105 cm de altura (do colchão de aterrissagem) e duas alças com 12 cm de
altura e 34 mm de diâmetro, colocadas à distância de 40 a 45 cm uma da outra. O cavalo mede 160
cm de comprimento e 35 cm de largura. Podemos ver o cavalo com alças na Figura 17.
32 Metodologia do ensino de ginástica
Polhansen/Shutterstock
Prova exclusivamente masculina, no cavalo com alças permite-se “impulsos à parada de
mãos, com pernas unidas ou afastadas, mas eles devem ser executados no impulso, sem interrupção
do movimento ou utilização evidente da força. Não são permitidos elementos de força ou estáticos”
(BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 151). Além desses, há movimentos em forma de
pêndulo em diferentes apoios, seja nas alças, seja no próprio corpo do cavalo.
Argolas
A prova das argolas é, também, exclusivamente masculina. Elas precisam estar suspensas a
2,60 m do chão, possuem diâmetro de 18 cm e a distância entre elas é de 50 cm.
Essa prova apresenta como característica
elementos de impulso, de força e estáticos, em quantidade equivalente. Os
elementos devem passar pela suspensão, apoio e parada de mãos. Deve
predominar a execução com braços estendidos. Os cabos das argolas não devem
balançar nas posições estáticas, ou ser cruzados durante a execução de algum
elemento. Eles também não podem ser tocados por qualquer parte do corpo do
ginasta. O ginasta deve iniciar a sua série em suspensão, perfeitamente parado.
(BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 151)
Figura 18 – Ginasta em prova com argolas
sportpoint/Shutterstock
Modalidades da ginástica competitiva 33
Na Figura 18, um ginasta executa um movimento em uma prova com argolas. É possível
perceber que esse aparelho exige bastante os membros superiores do corpo.
Salto sobre a mesa
O salto sobre a mesa é uma prova masculina e feminina e, para ambas as categorias, o
ginasta possui um espaço de 25 m para realizar a corrida de aproximação ao aparelho, podendo ser
reduzido conforme preferência do atleta. A mesa para salto feminina deve estar a 125 cm do chão,
e a masculina a 135 cm.
O cavalo tem 1,60 metro de comprimento e nas competições femininas ele é
colocado transversalmente, à altura de 1,20 metro, e no masculino é colocado
longitudinalmente, ao sentido de corrida e a 1,35 metro de altura. A corrida
masculina para o salto sobre o cavalo não pode ultrapassar 25 metros e, embora
no feminino não haja uma distância, na prática também é utilizada essa distância
de 25 metros. Em ambos os sexos, os colchões de aterrissagem devem ter 20 cm
de espessura. (PUBLIO, 1998, p. 302)
Inicialmente, o salto era realizado sobre o cavalo3 utilizando um trampolim que não possuía
molas. Mais tarde, foram acrescentadas molas, o que possibilitou aos ginastas a execução de saltos
mais difíceis e melhores.
Após a corrida de preparação, os ginastas impulsionam-se no trampolim que fica posicionado
à frente da mesa (Figura 19). Essa impulsão é realizada com os pés antes do toque na mesa de salto,
o qual só pode ser realizado com as mãos. O trampolim com molas é um equipamento adicional
que auxilia na propulsão do atleta para a entrada na mesa de salto.
Figura 19 – Mesa de salto
Polhansen/Shutterstock
O impulso no trampolim pode ser realizado de frente ou de costas para o aparelho seguido
do toque com as duas mãos sobre a mesa. A queda é feita com os dois pés de frente ou de costas
para o aparelho.
3 Publio (1998) utiliza a expressão salto sobre o cavalo, mas devemos lembrar que essa expressão mudou para salto
sobre a mesa em 2001.
34 Metodologia do ensino de ginástica
Barras paralelas
As barras paralelas (Figura 20) foram inventadas por Jahn em 1812 a fim de fortalecer os braços e
“facilitar os exercícios de apoio para a realização do volteio4 no carneiro” (PUBLIO, 1998, p. 305).
As barras precisam estar 180 cm acima da superfície do colchão e a distância entre elas
varia entre 42 e 52 cm, podendo ser ajustada individualmente conforme preferência do ginasta. As
barras possuem 3,5 m de comprimento e espessura de 41 a 51 mm de diâmetro.
Figura 20 – Barras paralelas
versh/Shutterstock
Uma prova de barras paralelas apresenta impulsos e voos realizados em transições entre
apoio e suspensão. Também possui elementos estáticos que demonstram o domínio das posições
do corpo do ginasta.
Barra fixa
A barra fixa (Figura 21) é uma Figura 21 – Ginasta subindo na barra fixa com auxílio de
seu treinador
prova que existe apenas na categoria
Alex Bogatyrev/Shutterstock
masculina. A barra possui diâmetro
de 28 mm e fica a 260 cm do
colchão no chão. A série precisa ser
dinâmica e realizada com fluência e
é composta por impulsos e balanços.
“Deve incluir elementos com
giros, voos, elementos executados
próximo ou longe da barra, em
tomadas variadas” (BROCHADO,
F.; BROCHADO, M., 2005, p. 153).
4 Volteio é nome dado a uma série de exercícios realizados em cavalo a galope. Hoje é uma modalidade de competições
individuais e por equipes, com exercícios livres e obrigatórios (NUNOMURA, 2016).
Modalidades da ginástica competitiva 35
O ginasta pode iniciar sua série com um salto até a barra com auxílio ou não do treinador.
Esse salto até a barra pode ser feito com uma pequena corrida ou partindo de uma posição
estática, contudo, as pernas precisam estar unidas e estendidas quando o ginasta deixa o solo.
Paralelas assimétricas
A prova realizada nas barras paralelas assimétricas é uma prova feminina. “A barra baixa
se encontra a 166 cm e a alta a 246 cm do chão. A distância entre as barras pode ser adaptada
individualmente, variando entre 130 e 180 cm” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 145).
É permitida a utilização de uma prancha para a entrada no aparelho, sendo que este
deve ser totalmente utilizado, com movimentos acima, abaixo, entre as barras, e
por fora das mesmas, que demonstrem grande amplitude nos balanços e voos,
mantendo a postura ideal em cada tipo de posição. A série deve ser dinâmica,
sem qualquer tipo de pausa. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 146)
sportpoint/Shutterstock
versh/Shutterstock
A prova da trave de equilíbrio possui as seguintes características:
Para a entrada no aparelho, é permitida a utilização da prancha de salto. Se
a ginasta não realiza a entrada após a primeira corrida de aproximação mas
não toca a prancha, o aparelho ou passa por baixo da trave, ela pode fazer
nova corrida de entrada, sem perder pontos. […] a série deve ser composta
por elementos acrobáticos, como paradas, rolamentos, reversões e mortais, e
de dança, como saltos, giros, equilíbrios e ondas corporais. (BROCHADO, F.;
BROCHADO, M., 2005, p. 146-147)
A prova na trave pode ter duração de até 90 segundos. Se a ginasta cair, o cronômetro é
pausado, voltando a ser acionado quando a série se reinicia.
Encerramos aqui as apresentações dos aparelhos, nas quais observamos características e
algumas exigências das provas oficiais. Porém, os aparelhos podem ser adaptados com materiais
alternativos, desde que ofereçam segurança aos praticantes, sendo utilizados para o ensino da
modalidade de ginástica artística em âmbito da educação básica ou de escolas esportivas.
incentivando elementos como a confiança e a responsabilidade, uma vez que um precisa do outro
para fazer os movimentos, como podemos observar na Figura 24.
Figura 24 – Ginastas executando um movimento de ginástica acrobática
Svetlana Lazarenka/Shutterstock
A ginástica acrobática possui bases, intermediários e volantes. Segundo Merida (2016), as
bases suportam e projetam, os intermediários ajudam a suportar e projetar ou executam posições
intermediárias e o volante, ou top, é o ginasta que é suportado ou projetado pela base ou
intermediário e fica no topo das pirâmides, como podemos ver na Figura 25.
Em provas oficiais, a ginástica Figura 25 – Grupo de ginastas formado por base, intermediários e volante
acrobática é praticada em cinco provas:
Kruglov_Orda/Shutterstock
pares femininos, pares masculinos, pares
mistos, trios (somente ginastas do sexo
feminino) e quartetos (somente ginastas
do sexo masculino). Para a autora, fora do
contexto competitivo, são feitas pirâmides
humanas, como apresentação, e podem ser
realizadas por qualquer número de atletas,
independentemente do sexo, idade ou
estatura. Isso favorece a inclusão, elemento
bastante presente e necessário na Educação
Física escolar.
Com relação à inclusão, Bregolato
(2008), explicita que as pessoas não devem
rotuladas para serem iguais, nem serem
despojadas de seu estilo próprio, de suas
manifestações corporais ou mesmo serem
discriminadas por suas características físicas. A autora também diz que a escola pode contribuir
para que as pessoas possam expressar sua maneira de ser. Nesse contexto, a ginástica acrobática
tem elementos que favorecem diferentes características físicas e psicológicas.
38 Metodologia do ensino de ginástica
Nas Figuras 26 e 27, vemos a pega de punhos e a pega de mãos ou pega simples. De acordo
com Merida,
Pega de punhos: é uma pega muito segura e evita que as mãos escorreguem. Por
isso, é utilizada, principalmente, quando os ginastas se seguram com apenas
uma das mãos, porém, existem várias utilizações para esta pegada. Utilizam-se
mãos homônimas.
Pega de mãos ou pega simples: amplamente utilizada quando o volante está
posicionado à frente do base, de lado ou de costas para ele, e quando está
posicionado atrás do base. (MERIDA, 2016, p. 184)
Figura 28 – Pega frontal Figura 29 – Pega facial ou pega transversa
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Considerações finais
Neste capítulo, foram apresentadas as modalidades de ginásticas competitivas rítmica,
artística e acrobática. Foi possível conhecer suas especificidades, que compreendem características
das provas, elementos corporais e aparelhos utilizados. Todas as modalidades, além do caráter
competitivo, podem ser trabalhadas na Educação Física escolar como um dos conteúdos
preconizados pelos documentos que norteiam a educação nacional, a exemplo dos PCNs e da
BNCC. Assim, as modalidades aqui apresentadas consistem em vias de desenvolvimento para os
alunos e são utilizadas para compor eventos escolares e olímpicos.
Atividades
1. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a GR e a GA?
2. Explique de que forma a GA pode ser realizada no âmbito escolar, considerando a dificuldade
de se adquirir aparelhos oficiais.
Referências
ALONSO, H. Pedagogia da ginástica rítmica: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília, DF: Secretaria
de Educação Fundamental, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf.
Acesso em: 25 nov. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação,
2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_
site.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.
BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e aluno. São Paulo: Ícone, 2008.
LAFFRANCHI, B. E.; LOURENÇO, M. R. A. Ginástica rítmica: da iniciação ao treinamento de alto nível. In:
GAIO, R; GÓIS, A. A.; BATISTA, J. C. de F. B. (org.). Ginástica em questão: corpo e movimento. São Paulo: Phorte,
2010.
LEBRE, E.; ARAÚJO, C. Manual de ginástica rítmica. Porto: Porto Editora, 2006.
NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
SAWASATO, Y. Y.; CASTRO, M. de F. de C. A dinâmica da ginástica olímpica (GO). In: GAIO, R.; GOIS, A.
A.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
TOLEDO, E. de. Fundamentos da ginástica rítmica. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas.
2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
TOLEDO, E. et al. Fundamentos da ginástica para todos. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das
ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
3
Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica
A primeira seção deste capítulo aborda as capacidades físicas empregadas na prática esportiva
da ginástica, destacando as principais capacidades que precisam ser desenvolvidas nos ginastas
pelos profissionais da área de educação física e devem ser trabalhadas nas aulas. Essas capacidades
podem ser desenvolvidas por meio de diferentes atividades e exercícios e a aquisição delas varia de
acordo com a especificidade da prova e a individualidade do aluno.
Na segunda seção, destacamos os elementos ginásticos básicos, bem como fundamentos
específicos de cada prova. O bom condicionamento físico e a consciência das capacidades físicas de
cada um, além de prevenir lesões, são fundamentais para a aprendizagem dos elementos ginásticos
e sua posterior realização pelos alunos/atletas. Portanto, temos conteúdo fundamental para a
formação do professor de Educação Física. Boa leitura!
Diante disso, podemos entender que, para se praticar ginástica, é preciso ter um mínimo
de condicionamento físico. Com relação à GA, Nunomura et al. dizem que
sobre a preparação corporal destacamos que é preciso desenvolver um corpo
forte para suportar as demandas da GA. Por exemplo, antes de executar os
balanços e os apoios nos aparelhos, os praticantes devem demonstrar força e
segurança suficientes para suportar o próprio peso do corpo. Para aprender a
parada de mãos, os praticantes devem ter desenvolvido o “core1”, além das forças
dos membros superiores. (NUNOMURA et al., 2016, p. 224)
Com relação à ginástica rítmica (GR), a prática dessa modalidade contribui para o
desenvolvimento físico dos praticantes, pois são aprimoradas suas capacidades físicas, como
flexibilidade, força e agilidade. Da mesma forma, essas capacidades são necessárias para a prática
da GR.
Bregolato (2008, p. 69) reitera que a eficiência nos movimentos corporais realizados em
práticas ginásticas (como um dos conteúdos da Educação Física escolar) e em movimentos que
se realizam na vida diária, dependem “das habilidades corporais, as chamadas qualidades físicas”.
Entre elas, a autora destaca a coordenação, a flexibilidade, a força, a velocidade, a agilidade, o
equilíbrio, a resistência, o ritmo e a descontração.
Segundo Gallardo e Azevedo (2007, p. 21), “todas as modalidades esportivas e/ou
recreativas exigem um determinado condicionamento físico para sua realização”. Para iniciar
o trabalho com ginástica artística, deve-se desenvolver as qualidades básicas enfatizando-se a
força e a flexibilidade. Nas crianças, os músculos do tronco e dos braços geralmente são pouco
exigidos nas suas brincadeiras do dia a dia, portanto, é importante criar condições suficientes de
sustentação do peso do próprio corpo, apoiando-o sobre as mãos ou pendurando-se.
Mas quais são essas qualidades físicas que aqui também chamamos de capacidades físicas?
Para a prática da ginástica, podemos destacar como principais capacidades e/ou qualidades
físicas a força, a potência, a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação motora.
A força é o efeito que modifica a forma ou o movimento do corpo, e cada força provoca uma
reação. Classifica-se em forças internas – produzidas pela musculatura do corpo – e forças externas
– aquelas que atuam sobre o ser humano. “Com o auxílio das forças internas, o ser humano é capaz
de agir contra as forças externas (gravidade, atrito), movimentando-se e atuando sobre outros
objetos” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 21).
1 Os músculos do core são aqueles localizados próximos à coluna vertebral e compreendem: “os músculos abdominais
(reto, oblíquo e transverso), laterais do tronco, lombar e glúteos” (NUNOMURA et al., 2016, p. 224).
Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica 45
Para Tubino (1992, p. 20 apud BREGOLATO, 2008, p. 69), força é a “habilidade de um
músculo ou grupamento muscular vencer uma resistência, produzindo tensão na ação de empurrar,
tracionar ou elevar”. Para as diversas habilidades motoras, faz-se necessário o uso de força, e não
seria diferente para a ginástica, uma vez que movimentos como parada de mãos e impulsos para
saltar exigem a força de membros superiores e inferiores.
Além do exposto, é importante destacar que o desenvolvimento da força auxilia na prevenção
de lesões durante as práticas, principalmente na GA, modalidade em que se executam de modo
repetitivo as rotinas de exercícios para atingir consistência e perfeição na execução dos elementos
ginásticos.
Para a prática da ginástica, a quantidade de força necessária depende do tipo de prova, do
aparelho que o atleta procura se especializar e da própria individualidade dele. Dessa maneira,
a maioria dos programas de treinamento da GA respeita o princípio da
especificidade para o desenvolvimento da força. Porém, é sempre prudente
enfatizar que, durante a elaboração de um programa de treinamento de força,
os principais grupos musculares envolvidos na prática da ginástica devem
ser fortalecidos juntamente com o aprimoramento das partes isoladas dos
movimentos mais utilizados. (NUNOMURA; NISTA-PICCOLO, 2005, p. 147)
Podemos associar a força à potência – capacidade física que auxilia na altura e na distância
dos saltos – possibilitando a execução dos saltos mortais, por exemplo. A potência “considera o
aspecto explosivo da força, ou seja, a capacidade de produzir a maior quantidade de força possível
no menor intervalo de tempo” (NUNOMURA; NISTA-PICCOLO, 2005, p. 146).
A força também incide na quantidade de tempo que um músculo se mantém contraído. A
resistência da contração muscular dos ginastas é importante nas provas: temos como exemplo a
prova das argolas, na qual os ginastas precisam manter-se em posições diferentes no aparelho.
A flexibilidade, outra capacidade fundamental para a prática da ginástica, envolve a
mobilidade articular, ou seja, o movimento das articulações e a elasticidade muscular que se refere
ao alongamento dos músculos (BREGOLATO, 2008). Para Nunomura e Nista-Piccolo (2005,
p. 147), a “flexibilidade pode ser definida como a amplitude de movimento ao redor da articulação”,
sendo extremamente importante, pois interfere no rendimento do atleta durante a execução dos
movimentos ginásticos.
Desse modo, a flexibilidade precisa ser trabalhada regularmente nas aulas de ginástica,
pois garante boa amplitude dos movimentos e, assim como a força, também auxilia na prevenção
de lesões durante a prática. O trabalho de flexibilidade prioriza as articulações
coxo-femural (quadril), responsável pela amplitude nos afastamentos de pernas
e pela flexão do tronco sobre as pernas, muito utilizados na GA, e a articulação
escápulo-umeral (ombros), que permite movimentos amplos de braços, soltura
nos balanços em suspensão e facilita um perfeito alinhamento dos braços em
relação ao tronco em todas as posições alongadas, como as paradas de mãos.
Uma boa flexibilidade de tornozelo contribui para o amortecimento nas
aterrissagens (flexão) e para uma boa postura dos pés (extensão). (BROCHADO,
F.; BROCHADO, M., 2005, p. 27-28)
46 Metodologia do ensino de ginástica
equilibrar, pode-se chegar aos movimentos fundamentais da GA”. Essa afirmação dos autores
também diz respeito às demais modalidades da ginástica.
Os movimentos e aparelhos utilizados nas modalidades da ginástica foram construídos ao
longo da história e são denominados elementos ginásticos. A base desses elementos é fundamentada
em um conjunto de habilidades motoras básicas próprias do ser humano. Acrescenta-se ainda que
uma mesma habilidade pode ser trabalhada de diferentes maneiras, como o salto, por exemplo, que
aborda tipos como grupado, carpado, afastado, piruetas, entre outros; e cada habilidade pode ser
trabalhada alterando-se os planos, a direção e a amplitude.
Quanto às posições do corpo, que podem ser executadas em diferentes habilidades e
elementos ginásticos, citamos as posições grupada (Figura 1), estendida (Figura 2), afastada
(Figura 3) e carpada (Figura 4).
Figura 1 – Posição grupada
– Sobre as costas.
– Sobre os pés;
Aplicação de força interna (contração muscular) para mover o
Deslocamentos – Em apoio;
centro de gravidade (CG).
– Em suspensão.
(Continua)
Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica 49
Para trabalhar esses fundamentos, existem inúmeras atividades e jogos que podem conter
o componente lúdico com o objetivo de tornar a aula mais atrativa. Um exemplo de atividade é
realizar um salto de um plano mais elevado – um plinto, uma caixa ou um banco – contando o plinto: aparelho
composto por
número de palmas que se consegue dar até aterrissar. Como progressão, inclui-se bater palmas várias caixas,
e fazer uma forma; em seguida, pode-se colocar mais elementos como bater palmas, fazer uma sendo a última
estofada e
forma e cair dentro de um arco; ou, ainda, bater palmas, falar o nome de uma fruta e cair dentro de denominada
cabeça.
um arco, entre outras. Essa sequência é chamada de progressão pedagógica, na qual o praticante
inicia da atividade mais simples para a mais complexa, tornando-as mais motivadoras, facilitando
o aprendizado e permitindo maior segurança na prática dos exercícios.
A seguir, serão apresentados alguns dos principais elementos utilizados nas modalidades da
ginástica, bem como a sua maneira de execução.
3.2.1 Elementos
Nos rolamentos para frente (Figura 5) e para trás (Figura 6), podemos observar como os
saltos podem ser realizados com diferentes posições do corpo.
Figura 5 – Rolamento para frente
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As posições estáticas (Figura 7) consistem em equilíbrios que podem ser realizados sobre os
pés, os quadris, os ombros, a cabeça e as mãos, ou somente as mãos.
Figura 7 – Posições estáticas
OGAVEKTOR/Shutterstock
Um exercício utilizado com frequência na ginástica e que pode ser explorado nas aulas de
Educação Física é a parada de cabeça ou parada de três apoios, para a qual são necessárias a força
de core e a de membros superiores. Para esse elemento, desenvolve-se inicialmente o elefantinho
(Figura 8), no qual
executa-se o triângulo (pode-se desenhar a forma no solo). Nesse exercício
o/a praticante apoia a cabeça no ápice do triângulo e as mãos nos vértices da
base. Após realizar os apoios, o/a praticante aproxima os pés das mãos até que
os joelhos fiquem próximos dos cotovelos. Nesse ponto, o/a praticante apoia a
parte medial dos joelhos nos cotovelos e eleva os pés do solo (parada de cabeça
grupada). (NUNOMURA et al., 2016, p. 232)
Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica 51
Já na parada de mãos, o apoio é somente nas mãos. Pode, inicialmente, ser feita em duplas,
com as mãos apoiadas no solo e com o colega auxiliando a elevação das pernas. Nunomura et al.
(2016) sugerem três fases nesse exercício, como consta na Figura 11.
Figura 11 – Progressão parada de mãos
Na ginástica, também utilizamos com frequência os balanços, que podem ser realizados
em suspensão, utilizando a barra fixa (Figura 12), ou em apoio, como os realizados no cavalo com
alças (Figura 13).
Figura 12 – Balanços em suspenção
Fase 1 Fase 2
Fase 3
Fase 3 Fase 4
As reversões consistem em, a partir da posição em pé, passar pelo apoio invertido e aterrissar
em pé (Figura 14). Podem ser feito de frente, de costas, ou lateralmente.
Figura 14 – Reversão
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Para Nunomura e Tsukamoto (2005), apesar de uma habilidade da GA poder ser feita apenas
com uma ação, como o rolamento, em geral, ela é composta por duas, três ou mais ações.
Figura 17 – Bandeira
Michael C. Gray/Shutterstock
Com relação aos elementos de flexibilidade, destacam-se a ponte (Figura 18) e o espacato,
que pode ser anteroposterior (Figura 19) e frontal (Figura 20).
Figura 18 – Ponte
I T A L O/Shutterstock
Kozlik/Shutterstock
Os elementos de ligação exigem continuidade e fluidez de movimento, conforme mostrado
na Figura 21.
Figura 21 – Elementos de ligação
Considerações finais
Este capítulo apresentou as principais capacidades físicas e/ou qualidades físicas empregadas
na prática da ginástica apontando alguns exemplos que comprovam a sua importância. Essas
capacidades precisam ser trabalhadas por meio de exercícios físicos, pois a prática da ginástica
exige um bom condicionamento. Com base nesse condicionamento, será possível desenvolver as
habilidades motoras e aprimorá-las, partindo de exercícios simples para exercícios mais complexos,
o que chamamos de sequência pedagógica.
Também foram abordados os elementos ou fundamentos da ginástica e, pelo que vimos no
capítulo, entendemos que as modalidades possuem elementos comuns – utilizados de acordo com
diferentes posições e amplitudes – e elementos corporais específicos – utilizados de acordo com as
características de cada prova.
58 Metodologia do ensino de ginástica
• GAIO, R. (org.). Ginástica rítmica: da iniciação ao alto nível. Jundiaí, SP: Fontoura, 2008.
Esse livro, organizado por Roberta Gaio, traz contribuições de diversos autores da área da
ginástica rítmica no que diz respeito ao julgamento nas provas, ao aprendizado do ritmo
na GR, aos elementos corporais e às especificidades dos aparelhos. Juntamente com esses
temas, os capítulos trazem exemplos de atividades para o ensino e aprendizagem da GR.
Atividades
1. Para Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), por que é importante trabalhar com
exercícios de sustentação do próprio corpo ou pendurar-se?
2. Quais são os termos aplicados às diferentes posições do corpo que promovem variações nos
elementos da ginástica?
Referências
ARAÚJO, C. M. dos R. Manual de ajudas em ginástica. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2012.
BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e do aluno. v. 2. São Paulo: Ícone, 2008.
NUNOMURA, M.; NISTA-PICCOLO, V. L. (org.). Compreendendo a ginástica artística. São Paulo: Phorte, 2005.
SAWASATO, Y. Y.; CASTRO, M. de F. de C. A dinâmica da ginástica olímpica (GO). In: GAIO, R.; GOIS, A.
A.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
TOLEDO, E. de. Fundamentos da ginástica rítmica. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas.
2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
o que vem ao encontro das afirmações de Araújo (2012, p. 45), quando diz que “o movimento
executado pelos praticantes é visto com sentido e significado na constituição do seu ser social,
emocional, intelectivo e motor”.
A BNCC aborda habilidades e competências que os alunos devem atingir nas etapas da
educação básica, ou seja, aquilo que deve ser aprendido nesse nível, “o que inclui tanto os saberes
quanto a capacidade de mobilizá-los e aplicá-los” (BRASIL, 2018, p. 12). Como consta nesse
documento, os componentes curriculares estão distribuídos por cinco áreas do conhecimento, que
se interseccionam para a efetivação da formação dos alunos, mas conservam a especificidade e os
saberes próprios de cada disciplina (BRASIL, 2018).
A ginástica é parte do conteúdo do componente curricular Educação Física, que compõe
a área de linguagens, juntamente com Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Arte. Isso se deve ao
fato de podermos considerar o movimento como forma de comunicação e expressão dos seres
humanos, portanto, para que as pessoas possam se relacionar bem consigo e com os demais, é
necessário que tenham a possibilidade de se desenvolver no que tange à linguagem corporal. As
atividades oportunizadas nas aulas de Educação Física irão permitir melhor convivência, além de
influenciar positivamente a aprendizagem. Segundo a BNCC,
nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural
dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse
modo, é possível assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de
conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus
movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver
autonomia para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em
diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação de forma confiante
e autoral na sociedade. (BRASIL, 2018, p. 213)
O documento preconiza, para a Educação Física, que “cada uma das práticas corporais
tematizadas compõe uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino Fundamental”
(BRASIL, 2018, p. 214, grifo do original). As unidades temáticas são: brincadeiras e jogos, esportes,
ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura (BRASIL, 2018). A organização dessas
unidades engloba o componente lúdico, pois ao brincar, jogar, praticar ginásticas, entre outros,
“os estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas (regras, códigos, rituais, sistemáticas de
funcionamento, organização, táticas etc.)” (BRASIL, 2018, p. 220).
Na unidade temática ginástica, os objetos de conhecimento mudam de acordo com o ano
escolar. Assim, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, o objeto é a ginástica geral, e as habilidades
estabelecidas como princípios pela BNCC são divididas em duas fases. Para 1º e 2º anos, são:
(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da
ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais)
e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando
procedimentos de segurança.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes
elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
(EF12EF09) Participar da ginástica geral, identificando as potencialidades e
os limites do corpo, e respeitando as diferenças individuais e de desempenho
corporal.
A ginástica na Educação Física escolar 63
Com relação aos anos finais do ensino fundamental (6º e 7º ano), o objeto de conhecimento
é a ginástica de condicionamento físico, cujas habilidades são:
(EF67EF08) Experimentar e fruir exercícios físicos que solicitem diferentes
capacidades físicas, identificando seus tipos (força, velocidade, resistência,
flexibilidade) e as sensações corporais provocadas pela sua prática.
(EF69EF09) Construir, coletivamente, procedimentos e normas de convívio
que viabilizem a participação de todos na prática de exercícios físicos, com o
objetivo de promover a saúde.
(EF67EF10) Diferenciar exercício físico de atividade física e propor alternativas
para a prática de exercícios físicos dentro e fora do ambiente escolar. (BRASIL,
2018, p. 233)
Como vimos, a BNCC aborda a ginástica como uma unidade temática e, de acordo com
objetos de conhecimento e habilidades, propõe que os alunos a pratiquem efetivamente conforme
as limitações etárias e corporais de cada um, iniciando pela identificação dos elementos,
dos básicos – no 1º e 2º anos – aos mais complexos, chegando a abordar exercícios físicos
64 Metodologia do ensino de ginástica
diversificados no 8º e 9º anos. Além disso, vimos que a BNCC não menciona apenas a prática,
mas insere habilidades que englobam conhecimento teórico, autoconhecimento, procedimentos
de segurança e cuidados com a saúde e o bem-estar. Observamos, também, a inclusão da ginástica
competitiva dentro da unidade temática esportes, mais especificamente classificada como
modalidade técnico-combinatória.
Vamos conhecer agora como os PCNs preconizam essa modalidade. Esse documento aponta
objetivos para a educação básica e traz, em livros, separadamente, a especificidade dos componentes
curriculares. O volume 7, que aborda a Educação Física, traz o seguinte texto em sua apresentação:
O documento de Educação Física traz uma proposta que procura democratizar,
humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de
uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões
afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada,
as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de
seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da
prática da Educação Física nas escolas. (BRASIL, 1997, p. 15)
Esse volume é dividido em duas partes: a primeira apresenta elementos como a trajetória
histórica da disciplina, as tendências pedagógicas, os objetivos gerais, os critérios de seleção e a
organização dos conteúdos e procura contribuir para a formação da cidadania, considerando a
especificidade do componente curricular. Na segunda parte, são abordados os objetivos das séries
e aspectos didáticos gerais e específicos da prática pedagógica em Educação Física (BRASIL, 1997).
Os critérios para a seleção dos conteúdos são: relevância social, característica dos alunos e
características da própria área. Os conteúdos estão divididos em blocos que se inter-relacionam
e são desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental (BRASIL, 1997). “Assim, não se
trata de uma estrutura estática ou inflexível, mas sim de uma forma de organizar o conjunto de
conhecimentos abordado, segundo os diferentes enfoques que podem ser dados” (BRASIL, 1997,
p. 35), como podemos observar na Figura 1.
Figura 1 – Blocos de conteúdos segundo os PCNs
Esportes, Atividades
jogos, Conhecimentos
rítmicas e
lutas e sobre o corpo
expressivas
ginásticas
A modalidade de ginástica faz parte do bloco que abrange também esportes, jogos e lutas, no
entanto, todos os blocos estão interligados na perspectiva de trabalhar considerando os aspectos
sociais e de inclusão trazidos pelo documento. Sobre a especificidade da modalidade, tem-se:
As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem
um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser
feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para
A ginástica na Educação Física escolar 65
Como já mencionado, os PCNs apontam critérios para a seleção dos conteúdos, como a
relevância social e as características dos alunos, e é com base neles que a ginástica será trabalhada.
Silveira (apud GARANHANI, 2010), aponta as seguintes classificações para a ginástica, de acordo
com as finalidades:
• ginástica educativa ou formativa: objetiva contribuir para a formação educacional dos
alunos;
• ginástica de manutenção: visa a saúde por meio da manutenção das capacidades físicas;
Araújo (2012, p. 13) também é favorável à prática na infância quando fala que, apesar de a
ginástica possuir elementos de muita complexidade que não devem ser trabalhados em ambiente
escolar, “há inúmeros elementos de dificuldade inferior que constituem a base da ginástica e que
deverão ser abordados nas escolas”. Apesar de serem elementos de dificuldade inferior, precisam
seguir pressupostos como: motivação dos praticantes para realizá-los; continuação da prática nos
anos seguintes; local e espaço para a prática agradável para se estar e conviver; e professores com
conhecimento dos elementos ginásticos e motivados para o ensino.
De acordo com Fernando Brochado e Monica Brochado (2005, p. 26), no primeiro contato
da criança com a ginástica “não é necessário que os exercícios sejam executados com técnica e
postura perfeitas, mas sim, que a mecânica básica dos movimentos seja bem aprendida”. Dessa
forma, o professor precisa entender as técnicas e a mecânica dos elementos ginásticos e conduzir
os alunos nos seus aprendizados, corrigindo-os e orientando-os.
A ginástica na Educação Física escolar 67
Inicialmente, para que a criança tenha um aprendizado das habilidades motoras específicas
da ginástica, é preciso que ela tenha desenvolvido, como base, as aptidões perceptivas que estão
ligadas à “interpretação dos estímulos (informações visuais, auditivos e/ou cinestésicos) que
chegam à zona do córtex cerebral e permitem a tomada de consciência” (MACHADO, 1980 apud
ALONSO, 2011, p. 56).
Com relação a essas percepções, Crause (1985 apud ALONSO, 2011) as divide em
discriminação cinestésica, visual, auditiva, tátil e capacidade de coordenação, conforme descritas
na Figura 2.
Figura 2 – Aptidões perceptivas
Discriminação cinestésica
Consciência e controle do corpo, de seus segmentos e do
movimento dele no espaço. Isso envolve o desenvolvimento
de lateralidade, esquema corporal e imagem corporal.
Discriminação tátil
Habilidade de perceber as diferentes texturas, formas
e tamanhos dos aparelhos. Essa percepção auxilia na
segurança do participante em manusear os aparelhos e
na realização dos movimentos sobre eles.
Discriminação visual
Permite ao praticante a distinção dos elementos do
espaço e o acompanhamento dos movimentos dos
aparelhos (exemplo: bola da GR). Além disso, contribui
para a memória visual das sequências dos movimentos e
acontecimentos ao seu redor.
Capacidade de coordenação
Refere-se à capacidade de combinação dos
movimentos que envolvem a ginástica, como quicar
a bola e caminhar ao mesmo tempo na GR.
Discriminação auditiva
Essencial para o controle auditivo, no qual se diferenciam os
ritmos e sons utilizados nas provas com acompanhamento
musical.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Crause, 1985 apud Alonso, 2011.
Podemos dizer que se uma pessoa não possui essas percepções bem desenvolvidas, ela será
incapaz de aprender ginástica? Pelo contrário, as aulas na Educação Física precisam ir ao encontro
das necessidades dos alunos e proporcionar atividades que objetivam o aperfeiçoamento dessas
percepções, o que pode ser obtido por meio da ginástica: por exemplo, o manuseio das maças ou
cordas na ginástica rítmica (discriminação tátil) e o andar sobre a trave de equilíbrio na ginástica
artística (discriminação cinestésica).
Ao iniciar o trabalho com a ginástica nas escolas, não existe a necessidade de separar o
manuseio dos aparelhos da ginástica rítimica dos elementos corporais de uma modalidade da
ginástica artística (GA), ou seja, na GA, podemos utilizar implementos da GR. Assim, permitimos
ao aluno a liberdade e a criatividade para a aquisição de habilidades motoras, seja individualmente
68 Metodologia do ensino de ginástica
ou com seus pares. Essas habilidades motoras também são vivenciadas por meio de brincadeiras,
jogos e esportes.
Garanhani (2010) propõe que o ensino e a aprendizagem dos conteúdos de ginástica na
Educação Física escolar utilizem como princípios metodológicos: o desafio, o lúdico, a oportunidade
e a reflexão. Para isso, a autora enfatiza a ginástica para todos como uma “estratégia metodológica
para o desenvolvimento de seus conteúdos, especialmente nos anos intermediários e finais do
Ensino Fundamental e também no Ensino Médio” (GARANHANI, 2010, p. 208).
Na educação infantil, o brincar é um elemento essencial para o aprendizado do aluno. Na
brincadeira, a criança adapta suas ações motoras de acordo com os objetos ou situações com os
quais se depara, ou seja, ela experimenta, explora e compreende os significados do espaço que
a cerca. Nessa etapa, assim como nos anos iniciais do ensino fundamental, o professor precisa
organizar as práticas de forma diversificada, desafiadora, lúdica e segura.
As primeiras aulas de ginástica precisam estimular o movimento dos alunos e proporcionar
êxitos nas execuções das tarefas, a fim de que eles se sintam motivados a continuar praticando. Para
isso, as atividades precisam estar ao alcance de todos, por mais desafiadoras que sejam.
Contribuindo com o exposto, Kramer (1992 apud GARANHANI, 2010, p. 211-212) afirma que:
para a implementação de uma proposta pedagógica, não é suficiente traçar
pressupostos teóricos sólidos, nem, tampouco, possuir móveis e materiais
didáticos adequados e um espaço amplo e iluminado. Esses são itens necessários,
mas, além disso, deve existir uma articulação flexível e coerente entre eles, de
modo que seja possível pôr em prática a proposta e atingir suas metas educativas.
Assim, propomos que os professores que atuam nessa fase de escolarização da
criança se preocupem em organizar ambientes de aprendizagem que propiciem
a vivência com variabilidade de movimentos em diferentes aparelhos, com
brinquedos diversos e, também, movimentos que não utilizem materiais.
(KRAMER, 1992 apud GARANHANI, 2010, p. 211-212)
acrescenta‑se a ela as outras partes até se obter o movimento final. Da mesma forma, existem
elementos ginásticos que são pré-requisitos para o aprendizado dos outros elementos. Podemos
citar como exemplo a execução do elemento ginástico ponte, que deve ser aprendido antes das
reversões, assim como o elefantinho precisa ser ensinado antes da parada de cabeça.
Os exercícios básicos da ginástica devem seguir uma ordem lógica de dificuldade que parte
do mais fácil para o mais difícil, sendo os rolamentos os primeiros a serem aprendidos, pois não
são comuns no dia a dia das crianças e possuem alto valor na educação motora. Para isso, Brochado
e Brochado (2005, p. 33) afirmam que
a melhor maneira de aprender os rolamentos é partindo de um plano elevado
ou utilizando um plano inclinado. A inclinação deve ser suave, já que uma
inclinação acentuada aumenta muito a velocidade do rolamento e pode causar
acidentes. O primeiro passo, no entanto, é ensinar o aluno a assumir uma posição
que permita que o seu corpo role, como uma bola, ou seja: flexionar as pernas,
trazendo-as para junto do tronco, aproximar o queixo do peito e arredondar as
costas, o que pode ser conseguido com o seguinte exercício: partindo da posição
sentada, grupada, com os joelhos seguros pelas mãos, rolamento dorsal, para
frente e para trás, repetidas vezes (gangorrinha).1
Entendendo que o feedback deve ser dado pelo professor, ele precisa ser positivo, ou seja, deve
inferir sobre as alternativas que o aluno poderá realizar para corrigir um movimento e não enfatizar
o erro que ele comete. Enfatizar de forma demasiada o erro do aluno pode gerar desmotivação e
frustração para a execução da tarefa, o que incide significativamente no aprendizado do aluno.
Conforme diz Teixeira (2005, p. 103), “a frequência reduzida de informação extrínseca favorece a
aprendizagem, o que permite que o orientador se desincumba da tarefa de oferecer feedback a todo
o momento”.
Alonso (2011), em sua pesquisa, utilizou métodos de ensino que permitem a participação
do aluno no processo de ensino-aprendizagem. Essa participação ocorre em porcentagens
diferenciadas. Por vezes, é importante que o aluno reproduza movimentos, mas também é
importante que ele saiba criar novas habilidades específicas.
1 Outros exercícios obedecendo à ordem crescente de dificuldade para o aprendizado dos elementos ginásticos
podem ser encontrados na obra de Fernando Brochado e Monica Brochado, 2005.
70 Metodologia do ensino de ginástica
Entre os diversos tipos de ensino, que podemos chamar de estilos de ensino, destacamos
o comando, o recíproco e a descoberta dirigida. O comando é característico de uma aula mais
tradicional e, mesmo que não ocorra a participação dos alunos nas decisões, esse estilo apresenta
contribuições em determinadas situações de aprendizagem. O estilo recíproco “caracteriza-se por
haver um aluno como executante e outro como observador, havendo troca de papéis entre si”
(ALONSO, 2011, p. 71). Nesse estilo, a avaliação das ações ocorre de forma imediata pelo colega,
e aquele que está fazendo o movimento busca entender o que está executando, o que lhe permite
desenvolver a tolerância e o diálogo sobre as especificidades da ação motora. Nesse estilo, ocorre
maior participação do grupo e socialização entre os alunos. Por fim, o estilo descoberta dirigida
“desenvolve a relação entre a resposta descoberta pelo aluno e o estímulo apresentado pelo
professor” (ALONSO, 2011, p. 72). Nesse estilo, o professor dá os passos e faz os questionamentos
para o aluno, que lentamente descobre o produto final; por exemplo, solicitar ao aluno que realize
uma variedade de aterrissagens ou entradas nos aparelhos para que ele descubra a melhor forma
de realizá-las.
Apesar da existência de diferentes estilos de ensino, Alonso (2011) destaca que até mesmo o
estilo comando, o mais tradicional de todos e muitas vezes criticado, apresenta contribuições para
o aprendizado, ou seja, podemos utilizar diferentes estilos de ensino em uma mesma aula.
Escolhidos os métodos, ou seja, a forma como o professor conduzirá a sua aula, partimos
para o entendimento da estrutura de uma aula de ginástica. Considerando que as aulas precisam
conter tarefas motivadoras e desafiadoras, é preciso conhecer os alunos, seus limites físicos e a fase
de desenvolvimento em que se encontram.
Depois do diagnóstico da turma, cabe ao professor planejar as ações que atenderão
ao desenvolvimento do conteúdo de ginástica. A aula precisa conter os elementos que serão
desenvolvidos e o que se espera obter por meio dela, ou seja, o objetivo. Definido isso, divide‑se
a aula em três partes: inicial, na qual se realiza atividades de aquecimento, alongamento e
flexibilidade; principal, que contém atividades específicas sobre os elementos ou o fundamento
que será trabalhado; e final ou volta à calma, em que se realiza uma atividade de desaceleração, por
meio da qual se reestabelece os batimentos cardíacos do alunos.
Uma aula de GA deve começar com um aquecimento, o que preparará o aluno para as
atividades posteriores. Esse aquecimento pode conter corridas leves ou brincadeira. A segunda
parte da aula deve conter atividades de flexibilidade e mobilidade articular, e pode incluir
exercícios de força moderados. A terceira parte da aula compreende exercícios técnicos específicos,
os elementos ginásticos e suas combinações. Realiza-se um treinamento de força que leva em conta
as individualidades de cada aluno. Por fim, o relaxamento é importante para diminuir as tensões,
incluindo solturas e alongamentos leves.
Realizada a aula, cabe ao professor avaliar se o objetivo proposto foi atingido. Essa avaliação
pode ocorrer tanto por meio da observação sistemática da turma inteira como pela observação
individual. Além disso, nela precisam constar os aspectos sociais e afetivos e a evolução do
desenvolvimento motor dos alunos na realização dos elementos ginásticos.
A ginástica na Educação Física escolar 71
Considerações finais
Neste capítulo, apresentamos como os documentos que embasam a educação brasileira
abordam o conteúdo de ginástica. A BNCC, documento mais recente, traz uma abordagem que
contém elementos dos documentos anteriores, acrescentando outros, necessários à formação
conforme o contexto atual. Já os PCNs apresentam cada componente curricular e sua especificidade
e, embora sejam mais antigos que a BNCC, nos fornecem subsídios para a prática, convergindo com
os pressupostos da BNCC.
Por meio do conteúdo apresentado, entendemos que a prática da ginástica segue o que
se espera das ações educativas no que tange à inclusão, à interdisciplinaridade e aos aspectos
didático‑metodológicos, os quais permitem ao professor fazer uso de diversas estratégias para
atingir os seus objetivos.
• APRENDA a Ensinar: ginástica artística – Transforma Rio 2016. 2016. 1 vídeo (11 min.).
Publicado pelo canal Rio 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_Z-
jjO0Pumw. Acesso em: 25 nov. 2019.
O vídeo apresenta formas de trabalhar a ginástica com as crianças, em uma abordagem
lúdica. Além disso, mostra como o professor insere os movimentos da ginástica
associando-os às brincadeiras, com possibilidades de interdisciplinaridade. É possível
perceber também a progressão pedagógica, que culmina com a elaboração e apresentação
de uma sequência de ginástica artística na modalidade solo.
Atividades
1. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento recente que distribui os
componentes curriculares em áreas do conhecimento. A Educação Física compõe a área de
linguagens, sendo a ginástica uma das seis unidades temáticas. Esta é dividida em ginástica
geral, de condicionamento e de conscientização corporal. Além dessas, podemos citar a
ginástica competitiva, que está inserida em outra na unidade. Qual é essa unidade e qual é a
justificativa para este fato de acordo com a BNCC?
3. Explique os estilos de ensino comando, recíproco e descoberta dirigida, abordados neste capítulo.
Referências
ALONSO, H. de A. G. Pedagogia da ginástica rítmica: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 2011.
ARAÚJO, C. M. R. Manual de ajudas em ginástica. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília, DF: Secretaria
de Educação Fundamental, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf.
Acesso em: 25 nov. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação,
2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_
site.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.
GARANHANI, M. C. Saberes da Ginástica na educação escolar. In: GAIO, R.; GÓIS, A. A. F.; BATISTA, J. C.
de F. (org.). A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
Para encerrar esta obra, vamos conhecer atividades práticas de ginástica para as diferentes
etapas do ensino. Essas atividades devem levar em consideração aspectos como a relevância social
e as características dos alunos, e seguir alguns princípios didático-metodológicos, entre eles, a
progressão pedagógica.
Na primeira seção, veremos sugestões de atividades práticas para educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental; já na segunda seção, abordaremos as atividades práticas para anos
finais do ensino fundamental e ensino médio. Vamos, então, conhecer essas atividades?
Dessa forma, Gardner (1994 apud ALONSO, 2011) afirma que a criança é um ser social, pois
interpreta o que a cerca, buscando o entendimento das pessoas e de si própria. Essa visão sobre
a criança auxilia o professor no processo de ensino e aprendizagem da ginástica, uma vez que “o
movimento executado pelos seus praticantes é visto com sentido e significado na constituição do
seu ser social, emocional, intelectivo e motor” (ALONSO, 2011, p. 45). Segundo Nista-Piccolo,
desenvolver atividades numa perspectiva lúdica garante uma participação do
aluno com prazer naquilo que está fazendo. De certo modo, uma prática lúdica
estimula a automotivação dos alunos, permitindo uma motivação mais eficaz.
74 Metodologia do ensino de ginástica
Toda atividade realizada com significado para quem executa, permite uma
vivência mais prazerosa. E é a partir do prazer que se tem pelo que se faz que o
indivíduo torna-se mais interessado, mais envolvido com a busca do sucesso de
sua realização. (NISTA-PICCOLO, 2005, p. 35)
Quanto à questão dos materiais, por vezes utilizada para justificar a impossibilidade de
se trabalhar com ginástica nas escolas – devido ao alto custo, como no caso dos materiais da
ginástica artística (GA) –, é possível contar com materiais auxiliares e alternativos, como colchões
e colchonetes, cama elástica, muros, plintos ou caixotes, bancos, rampas com plano inclinado,
jornais, bastões, e materiais recicláveis para confecção dos aparelhos da ginástica rítmica (GR).
Além disso, na GA, pode-se adaptar a prova de solo em gramados, a trave de equilíbrio em troncos
de árvores ou muros, entre outros.
Na descrição das atividades deste capítulo, apresentamos os possíveis materiais utilizados
para a sua realização.
As habilidades motoras aprendidas nessa etapa são fundamentais para que o conteúdo de
ginástica seja desenvolvido nos anos seguintes. Após a criança ter adquirido as habilidades motoras
rudimentares básicas necessárias para sobrevivência – por exemplo, o controle da cabeça e do
tronco, alcançar e agarrar objetos, arrastar-se, engatinhar e caminhar –, ela “passa a experimentar
suas capacidades motoras, explorando o que é capaz de realizar com as habilidades que já possui, e
consegue realizar movimentos contínuos” (ALONSO, 2011, p. 50).
Vale ressaltar que o fator ambiental é extremamente importante para que as habilidades motoras
da criança sejam desenvolvidas, isto é, os estímulos que são ofertados influenciam na aquisição
das habilidades motoras. Considerando esses fatores, dividiremos as atividades em: atividades de
capacidades e habilidades motoras, e atividades com elementos ginásticos.
Para o desenvolvimento das capacidades e habilidades motoras na educação infantil,
podem ser realizadas as seguintes atividades:
Técnicas e atividades de ginástica nas aulas de Educação Física 75
1. Caminhar por cima de uma corda estendida no chão ou por cima de uma linha traçada
com giz no chão (equilíbrio).
2. Passar por dentro de arcos, pneus ou túneis (coordenação motora).
3. Em posição sentada, alongar as partes internas das coxas encostando as solas dos pés uma
na outra (Figura 1), ao som da música Borboletinha (flexibilidade).
Figura 1 – Crianças alongando a parte interna da coxa
Sergey Novikov/Shutterstock
4. Com o mesmo objetivo da atividade anterior, propor às crianças, por meio de desafios,
diversas formas de alongar os segmentos do corpo.
5. Em decúbito ventral, apoiando as mãos e as pontas dos pés no chão, pedir para as crianças
que formem um túnel e todos passem por baixo uns dos outros (força de tronco e membros
superiores).
6. Deslocar-se com as mãos no chão segurando os pés da criança, isto é, fazer um carrinho
de mão (força de membros superiores) (Figura 2).
7. Dividir a turma em grupos e cada um deve segurar uma extremidade da corda (Figura 3).
Ao sinal do professor, todos puxam a corda tentando passar o grupo adversário para o seu
lado do espaço. Essa atividade é chamada de cabo de guerra (força).
76 Metodologia do ensino de ginástica
Veronica Louro/Shutterstock
8. Bater objetos no chão, como um bastão ou garrafinhas de plástico, no ritmo de uma música.
Nesse momento, pode ser utilizada qualquer canção infantil, de acordo com a cultura dos
alunos (ritmo). Da mesma forma, é possível manusear objetos diversificados seguindo a
melodia e criando coreografias com deslocamentos pelo espaço (Figura 4).
Figura 4 – Crianças manuseando diversos materiais
Lysikova Irina/Shutterstock
10. Saltar sobre obstáculos (Figura 6) utilizando um pé de impulsão ou os dois pés ao mesmo
tempo. Esses obstáculos podem ser cones, pedras, pneus, barreiras, cordas estendidas a
uma altura que possibilite a execução do salto, entre outros (coordenação motora, força
de membros inferiores).
Técnicas e atividades de ginástica nas aulas de Educação Física 77
Rob Hainer/Shutterstock
11. Deslocar-se pelo ambiente imitando o movimento de animais como sapo, coelho, canguru,
cobra, pássaros, entre outros (coordenação motora).
12. Caminhar como uma foca, em quatro apoios, utilizando somente as mãos para deslocar-
se, enquanto os pés deslizam pelo chão (força).
13. Deslocar-se pelo ambiente em diferentes intensidades, que vão da rápida até a lenta.
Pode-se utilizar palmas para marcar cada passo do aluno ou um instrumento, como um
chocalho, cujo som indicará a velocidade com a qual a criança deve se deslocar – mais
barulho equivale a mais velocidade e vice-versa (ritmo e coordenação motora).
Além dessas práticas, que trabalham habilidades motoras e capacidades físicas, podem ser
trabalhadas, também, atividades mais específicas sobre os elementos ginásticos, como:
1. Pendurar-se e balançar-se em barras disponíveis nos parquinhos (barra fixa, assimétricas
e argolas). Da mesma forma, tentar deslocar-se nessas barras usando a força dos braços
(Figura 7).
Figura 7 – Criança pendurando-se em barras
TinnaPong/Shutterstock
78 Metodologia do ensino de ginástica
Len44ik/Shutterstock
Para a etapa do ensino nos anos iniciais, 1º ao 5º ano, vamos considerar os conteúdos do
1º e 2º ciclos mencionados no quadro anterior, juntamente aos elementos específicos de cada
aparelho. Para isso, vamos agrupar as atividades de acordo com as partes de uma aula. Desse modo,
primeiramente, apontaremos as atividades de aquecimento geral do corpo; depois, as atividades de
preparação geral do corpo (parte principal da aula) e, por último, a volta à calma.
Para atividades de aquecimento, podemos citar as seguintes:
1. Pega-pegas com diferentes variações; pega cola, pega ajuda e pega corrente (no qual quem
é pego dá a mão ao pegador e ajuda a perseguir os outros) são as mais conhecidas formas
de pega realizadas pelas crianças.
2. Leão dormindo: “um aluno (leão) fica em decúbito ventral no solo e os demais em pé,
com um dedo tocando o leão. Ao sinal, todos saem correndo e o leão deve pegar um
deles” (NUNOMURA et al., 2016, p. 248).
3. Pegador posição estática: escolhe-se uma criança como pega enquanto as demais fogem e
quem fizer uma posição estática da ginástica está salvo; caso contrário, este passa a ser o
pegador (NUNOMURA et al., 2016).
4. Estafetas em colunas: formam-se colunas e, partindo delas, as crianças devem correr até
determinado ponto, retornando para que o próximo da coluna realize a mesma corrida.
Podem ter variações como: deslocar-se de marcha ré, lateralmente, em quadrupedia,
entre outros. Nunomura et al. (2016, p. 248) sugerem que essa atividade seja feita da
seguinte forma: “cada aluno deve correr até o colchão e executar o elemento solicitado
pelo professor”; esses elementos podem ser rolamentos variados.
80 Metodologia do ensino de ginástica
RobertKneschke/Shutterstocke
5. Elementos ginásticos: os alunos desenvolvem rolamentos de frente e de costas, iniciando
em um plano inclinado, como a vela, a ponte, a bandeira, o elefantinho, a parada de
cabeça e parada de mãos e a estrela. Deve-se utilizar colchões e colchonetes para a
segurança dos alunos.
6. Balanços: oportuniza aos estudantes a vivência dos balanços em suspensão ou em apoio
nas argolas, barras, plintos e cavalo com alças, seja em aparelhos oficiais ou em ambientes
adaptados, como parquinhos. Podem ser realizados os balanços em apoio (Figura 10) ou
em suspensão (Figura 11).
Figura 10 – Criança fazendo balanço com apoio
Master1305/Shutterstock
Kruglov_Orda/Shutterstock
10. Manusear os aparelhos da GR: por meio da livre experimentação, e também com
orientação do professor, os alunos manuseiam os aparelhos da GR, corda, maças, bolas,
arco e fita. Estes podem ser construídos com materiais alternativos1. Os movimentos
podem ser: lançar, pegar, receber, rolar a bola e o arco; rotação do arco nos segmentos do
corpo; equilibrar o arco, a bola e as maças em partes do corpo; girar a corda e balancear os
aparelhos; saltar sobre a corda individualmente ou em grupos (ALONSO, 2011).
11. Saltos: realizar diferentes tipos de saltos, como saltar sobre barreiras, pneus ou plintos,
com aumento da altura de maneira progressiva. “Para evitar danos na coluna vertebral e
nos tornozelos, deve-se amortecer a queda no salto, caindo primeiramente com a parte
anterior – próxima dos dedos – do pé seguida da posterior – o calcanhar” (BREGOLATO,
2008, p. 189).
Na última parte da aula, temos as atividades de volta à calma ou de relaxamento, que
são úteis para restabelecer o organismo à normalidade, retornando aos batimentos cardíacos de
repouso e relaxando os músculos. Sua duração é de 5 a 10 minutos em uma aula de 50 minutos.
As atividades de volta à calma podem ser desenvolvidas por meio dos alongamentos
de membros superiores e inferiores (Figura 14), realizados individualmente ou em duplas,
considerando todos os segmentos do corpo.
Figura 14 – Alongamento com professora
Dmytro Zinkevych/Shutterstock
dos esportes coletivos. No entanto, a ginástica pode ser uma ferramenta de inclusão dos alunos,
uma vez que nem todos possuem motivação e interesse em praticar somente as modalidades
coletivas mais conhecidas como futebol, voleibol, basquetebol e handebol.
Partindo desse princípio, é importante desenvolver o conteúdo da ginástica a fim de oferecer
aos alunos outras possibilidades de práticas corporais, que poderão influenciar na manutenção de
estilos de vida ativa no futuro. Esse estilo de vida vem ao encontro do ser humano que objetivamos
formar nas escolas: alguém que saiba usufruir dos conteúdos de maneira crítica e reflexiva, buscando
compreender os benefícios que a atividade física proporciona para a manutenção da saúde.
Os anos finais do ensino fundamental compreendem um período de grandes transformações
físicas, psicológicas e sociais nos estudantes, os quais passam da infância para a adolescência. Todas
as vivências e experiências corporais adquiridas nos anos anteriores serão fundamentais para que
novas habilidades motoras sejam aprendidas.
Com relação aos conteúdos de ginástica, os elementos básicos e as capacidades físicas e
motoras continuam sendo desenvolvidos nessas etapas; porém, a brincadeira e o lúdico são
características das etapas anteriores, cabendo aqui uma metodologia voltada para o ensino por
meio de jogos recreativos e competitivos.
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d. Em fila, com todos em posição de agachamento em isometria, apoiando as costas
na parede, o aluno de uma das extremidades corre até a outra e rola uma bola por
baixo das pernas de todos; o próximo irá executar da mesma forma. O professor pode
cronometrar o tempo e propor que os estudantes o superem.
4. Elementos ginásticos:
a. Aterrissagem: proporcionar aos alunos diferentes tipos de aterrissagem, isto é, que eles
consigam amortecer o impacto após a execução dos movimentos. Pode-se saltar de
um plinto com variação de altura, caindo com os dois pés juntos ou com um dos pés,
mudando a superfície da queda, as direções para onde se salta, ou o equipamento
de onde é feito o salto para a aterrissagem (cama elástica, trave, trampolim, barras,
cavalo). Do mesmo modo, pode-se fazer a aterrissagem, apoiando as mãos, as costas,
ou em rolamento no chão, com variação de altura.
b. Posições estáticas: vivenciar as posições estáticas no solo e com diferentes aparelhos,
manuais (GR) ou fixos (GA).
c. Atividades no aparelho trave: caminhar e dar meia volta para retornar, abaixar
e levantar, balançar uma das pernas lateralmente, realizar agachamentos afundo afundo: corresponde
a abaixar-se; o aluno
alternadamente, montar na trave e levantar-se, fazer um avião, girar, saltar da trave realiza um passo à
frente com um dos
aterrissando em um único ponto. pés e se abaixa,
sendo que o joelho
d. Atividades nas barras e argolas: balanços, deslocamento sem encostar os pés no chão, da perna que está
fazer em suspensão as posições estendida, carpada, grupada e afastada com as pernas. atrás movimenta-se
em direção ao solo.
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Figura 17 – Pirâmide em trio
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4. Ginástica rítmica: em grupos de cinco alunos, deixar que escolham uma música e elaborem
coreografias manuseando os aparelhos da GR e associando a estes os elementos ginásticos.
5. Ginástica artística: realizar deslocamentos e elementos ginásticos nos aparelhos da GA,
como o avião na trave de equilíbrio, os elementos estáticos apoiados nas barras, no cavalo,
no solo ou nas argolas, o salto sobre a mesa utilizando o plinto com diferentes alturas,
entre outros.
Apresentadas as atividades que podem ser desenvolvidas no ensino médio, cabe frisar que
estas, de acordo com a cultura corporal dos alunos, podem ser aprimoradas e adaptadas nas aulas
de Educação Física.
88 Metodologia do ensino de ginástica
Considerações finais
O último capítulo desta obra trouxe um material importante para o início do trabalho
do professor nas escolas a respeito do conteúdo ginástica. O professor, como mediador do
conhecimento, irá proporcionar aos seus alunos o aprendizado da ginástica, possibilitando aos
estudantes autonomia diante das suas potencialidades motoras.
Ao término deste livro, podemos citar temas relevantes que abordamos, tais como a história
da ginástica; as características das modalidades ginástica geral, rítmica, artística e acrobática;
as capacidades físicas e elementos básicos; o embasamento legal para o desenvolvimento deste
conteúdo na educação básica; os aspectos didático-metodológicos para o ensino e aprendizagem
dos alunos; e as atividades básicas que podem ser adaptadas aos locais de atuação do professor.
Também recordamos que cabe ao docente buscar alternativas que superem a possível escassez de
materiais de auxílio.
O conteúdo deste capítulo serve como um marco inicial para o desenvolvimento da ginástica
na escola, apontando os caminhos e possibilidades para a atuação do professor. Sente-se preparado
para iniciar este conteúdo com seus alunos e oferecer a eles todos os benefícios da prática da
ginástica? Esperamos que sim! Até breve!
• ATIVIDADE | Ginástica para todos 2. 2017. 1 vídeo (14 min.). Publicado pelo canal TV
INES. Disponível em: https://youtu.be/mKnWnKgMHy8. Acesso em: 25 nov. 2019.
O vídeo mostra os elementos das ginásticas rítmica, acrobática e geral, com aplicação
direta com os alunos. Nele, podemos ver a forma livre e criativa com a qual os alunos
podem experimentar os aparelhos, construir coreografias e fazer pirâmides. Além disso,
traz o depoimento da ginasta Daiane dos Santos sobre os fundamentos da ginástica e a
importância do prazer em realizá-los.
Atividades
1. Para trabalhar com o conteúdo de ginástica na Educação Física nos anos iniciais, qual
elemento o professor precisa considerar ao planejar as atividades?
2. Ao planejar uma aula, é preciso considerar que ela deve ter três partes: a inicial, a principal
e a volta à calma. Com relação à parte inicial, quais atividades podem ser realizadas com os
estudantes?
3. O ensino médio compreende alunos com idade entre 14 e 17 anos, e espera-se que estes
possuam repertório motor para o desenvolvimento das especificidades das modalidades
esportivas, como a ginástica. Qual estratégia de atividade pode ser bem aceita pelos alunos
nessa etapa?
Referências
ALONSO, H. de A. G. Pedagogia da ginástica rítmica: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação,
2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_
site.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.
BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e aluno. São Paulo: Ícone, 2008.
GAIO, R. Ginástica rítmica na escola: ações e reflexões. In: GÓIS, A. A. F.; GAIO, R.; BATISTA, J. C. F. A
ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
1 Introdução à ginástica
1. Friedrich Jahn é considerado o pai da ginástica e sua obra mais conhecida é A ginástica alemã,
que descreve as práticas realizadas nos campos de Hasenheide, em Berlim.
2. Na primeira seção, pudemos entender que a Batalha de Jena foi um marco para a história da
ginástica, pois a Prússia, estado pertencente ao Império Alemão, foi derrotada ao exigir a retirada
das tropas francesas de seu território. Essa derrota influenciou as atitudes do precursor mundial
da ginástica, Friedrich Jahn, que incitou a juventude a praticar exercícios físicos para se preparar
para a expulsão do exército francês.
3. A ginástica geral tem caráter não competitivo e não possui regras rígidas como as modalidades
competitivas. Essa categoria utiliza diferentes materiais, que podem inclusive ser alternativos
ou reciclados. As possibilidades de movimentos são inúmeras e dependem da criatividade e do
que o grupo pretende expressar. Mostra-se bastante adequada para ser trabalhada nas aulas de
Educação Física, pois engloba diversos tipos de atividades que capazes de incluir a todos. Além
disso, a ginástica geral com sentido pedagógico é um espaço de vivência de valores humanos; esse
espaço oportuniza a apropriação de manifestações da cultura corporal que o grupo considera
relevante. As coreografias podem ser exibidas em festivais escolares e na comunidade, e também
são apresentadas no Gymnaestrada Mundial, que ocorre a cada quatro anos e é considerado o
maior evento de ginástica não competitiva do mundo.
2. Na escola, a prática da GA pode ser adaptada, uma vez que aparelhos oficiais podem ser
difíceis de se adquirir. Para realizar os elementos da GA, pode-se usar, por exemplo, colchões
e colchonetes e muretas imitando as traves. Contudo, a adaptação precisa oferecer segurança
aos alunos.
92 Metodologia do ensino de ginástica
3. A ginástica acrobática é uma modalidade coletiva que não utiliza aparelhos e possui bases,
intermediários e volantes, sendo que estes utilizam muito o equilíbrio e a força para a realização dos
fundamentos. São realizados exercícios estáticos e exercícios dinâmicos, sendo que estes demonstram
fases de voo, lançamentos e recepções. Os exercícios combinados compreendem uma série de
elementos individuais e exercícios estáticos e dinâmicos combinados, elemento bastante presente e
necessário na Educação Física escolar.
2. Quanto às posições do corpo, que podem ser executadas em diferentes habilidades e elementos
ginásticos, citamos as posições estendida, carpada, grupada e afastada.
3. Segundo Nunomura e Tsukamoto (2005), é possível saltar e girar sobre si mesmo e, depois de
aterrissar, pode-se também passar pela suspensão invertida e balancear, saltar e apoiar em inversão e
aterrissar. Passar de uma ação para outra é a essência da ginástica artística, como o salto mortal, por
exemplo, que consiste em uma combinação de saltar, girar e aterrissar.
2. A progressão pedagógica refere-se à execução das atividades por ordem crescente de complexidade,
ou seja, o aluno só vai aprender um elemento ginástico se este for passado a ele de forma progressiva:
ensina-se uma parte e acrescenta-se a ela as outras partes até se obter o movimento final. Da mesma
forma, existem elementos ginásticos que são pré-requisitos para o aprendizado dos outros. Podemos
citar, como exemplo, a execução do elemento ginástico ponte, que deve ser aprendido antes das
reversões, assim como o elefantinho precisa ser ensinado antes da parada de cabeça.
3. O estilo de ensino comando é característico de uma aula mais tradicional, na qual não ocorre a
participação dos alunos nas decisões, porém apresenta contribuições em determinadas situações de
aprendizagem. No estilo recíproco, dois alunos atuam: um executa os movimentos e o outro observa.
Aquele que observa avalia, e o que executa procura entender as observações feitas pelo colega e se
autoavaliar. Nesse estilo, desenvolve-se a tolerância e o diálogo sobre as especificidades da ação motora.
O terceiro estilo abordado, descoberta dirigida, refere-se à relação entre estímulo e resposta, ou seja,
o professor faz os questionamentos e dá algumas pistas para que o aluno, lentamente, descubra a
melhor resposta para a realização da tarefa. Por exemplo, solicitar ao aluno que realize uma variedade
de aterrissagens ou entradas nos aparelhos para que ele descubra a melhor forma de realizá-las.
Gabarito 93
2. Na parte inicial da aula, as atividades de aquecimento e alongamento são importantes para preparar
os alunos para as demais atividades que serão desenvolvidas na parte principal da aula. Assim, é
possível trabalhar com atividades de pega-pegas variadas, deslocamentos pelo espaço em diferentes
direções e de diversas formas, e alongamentos de membros superiores e inferiores.
3. No ensino médio, a ginastrada é uma atividade que pode ser realizada, pois possibilita aos alunos
o desenvolvimento de suas autonomias, uma vez que eles escolhem o repertório musical e as
combinações dos elementos ginásticos de acordo com as potencialidades de cada aluno do grupo.
Além disso, o uso de tecnologias, como a câmera para gravar os ensaios e os elementos ginásticos,
oferece feedbacks que promovem o aprendizado.
CLAUDINARA BOTTON DAL PAZ
METODOLOGIA DO ENSINO DE GINÁSTICA