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PSICOMOTRICIDADE

SUMÁRIO
PSICOMOTRICIDADE ..................................................................................................... 4

HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL ........................................................ 7

A EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ...................................................................... 8

DEFINIÇÃO PSICOMOTRICIDADE: ............................................................................. 12

A PSICOMOTRICIDADE NA ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL CEREBRAL ................... 15

ORIGEM DA VIDA - GÊNESE ....................................................................................... 20

ORIGEM DAS ESPÉCIES - FILOGÊNESE ................................................................... 21

ONTOGÊNESE............................................................................................................... 22

RELAÇÕES INTERPESSOAIS ...................................................................................... 28

CONCEITOS DA PSICOMOTRICIDADE SEGUNDOS DIVERSOS AUTORES: ......... 30

ELEMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE...................................................................... 33

ESQUEMA CORPORAL ................................................................................................ 34

A ORGANIZAÇÃO DO CORPO NO ESPAÇO (ORGANIZAÇÃO ESPACIAL)............. 35

A COORDENAÇÃO DINÂMICA ..................................................................................... 38

DESENVOLVIMENTO MOTOR ..................................................................................... 39

AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE .......................................................................... 40

ÁREAS PSICOMOTORAS ............................................................................................. 41

PERCEPÇÃO ................................................................................................................. 41

COORDENAÇÃO ........................................................................................................... 42

ORIENTAÇÃO ................................................................................................................ 42

CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE ..................................................... 43

HABILIDADES CONCEITUAIS ...................................................................................... 45

HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ................... 46

DISTÚRBIOS PSICOMOTORES ................................................................................... 47

DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR ............................................................... 48

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ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR....................................... 49

TEORIAS E EXERCÍCIOS EM PSICOMOTRICIDADE................................................. 51

ESQUEMA CORPORAL ................................................................................................. 51

MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS ...................................................... 54

CUIDANDO DAS MÃOS ................................................................................................ 55

AMASSANDO A MASSA ................................................................................ 55

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL ..................................................... 55

EXERCÍCIO DE ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL ............................ 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 57

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................. 58

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 59

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PSICOMOTRICIDADE

Histórico
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Figura 1 - Psicomotricidade

A educação pelo movimento ao longo do tempo contribuiu para que


cientistas e precursores analisassem a evolução da motricidade humana como
um todo. Os gregos analisavam o corpo negligente em função da mente,
acreditava-se que a mente não tinha relação com o corpo e seus sentidos.
Dessa forma, marcos históricos estimularam profissionais ousados a novos
desafios no século XIX.

A Psicomotricidade surgiu na França (1900-1940), em Paris, sendo


Dupré o seu precursor ao evidenciar a “Síndrome da Debilidade Motora”.
Verificou que existia uma estreita relação entre anomalias psicológicas e
anomalias motrizes, levando em consideração a recordação do corpo passado,
a valorização do corpo presente e a reabilitação do corpo futuro.

O corpo passa a ser estudo de profissionais das áreas: neurológica,


psiquiátrica e psicológica, na intenção de compreender o corpo e as estruturas

1
IMAGEM: https://neurosaber.com.br/a-importancia-da-psicomotricidade-para-educacao-infantil/

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cerebrais, na necessidade de clarear os fatores patológicos, da síndrome de
debilidades motrizes e debilidades mentais.

Dupré integrou os movimentos às funções psicológicas superiores, à


inteligência e à afetividade. Ele estabeleceu uma relação entre o cérebro e o
comportamento sobre a debilidade motora, associado à lei do paralelismo
psicomotor, relacionado ao desenvolvimento motor e intelectual. (LOUREIRO,
2009).

Dupré (1913), contradiz a separação corpo – mente, estabelece seus


conceitos da Psicomotricidade: mente - movimento, dessa forma contribui para
outros desafios importantes no nível do desenvolvimento funcional cognitivo,
motor e afetivo. A partir dessa contradição, vários autores seguiram a etiologia
de Dupré como HEAD, Esquema Corporal; SHLIDER, imagem do corpo;
Piaget, desenvolvimento das crianças e Wallon (1925), emoções e tônus foi o
pioneiro da Psicomotricidade. (LOUREIRO, 2009).

Wallon como médico e psiquiatra, consolidou seu interesse em conhecer


a organização biológica do homem. A partir desse conceito fundou um
laboratório de pesquisa junto à escola francesa com o objetivo em atender
crianças “anormais”, localizada na periferia de Paris. Devido sua dedicação nos
atendimentos clínicos e o interesse pela psicologia da criança, em 1939 ele se
muda para sua própria sede. (WALLON, 1920 a 1937 in GALVÃO, 1995).

Wallon, ao longo de sua carreira analisou o estudo da criança como um


recurso para conhecer o psiquismo humano, debruçou com atenção e
engajamento no processo de desenvolvimento infantil. Dessa maneira,
impulsionou médicos, neuropsiquiatras, pedagogos, psicólogos e outros
profissionais às primeiras tentativas de estudos da reeducação psicomotora, na
concepção de agregar como processo básico de intervenção tônica, mental,
motora e afetiva como meio de relação da ação com o outro.

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Os estudos consagraram importantes nomes como: Ajuriaguerra,
Guilmain, Erickson, Bérges, Soubiran e Stambak, envolvidos com o trabalho no
hospital Henri Rouselle, na França, onde contribuíram para os primeiros
terapeutas psicomotores, além de desenvolver uma intensa atividade científica
propagada pelos projetos de Wallon.

Na França, em 1967, pela equipe Ajuriaguerra com a proposta da Dra.


Giselle Soubiran, criou o primeiro ISRP (Instituto Superior Reeducação
Psicomotor), assim sendo, em 1974 houve o reconhecimento da saúde como
profissão que culminou o “Primeiro Diploma Estadual” – Psicorreducador,
porém teve reconhecimento do governo francês. Em 1985 foi substituído pelo
“Diploma Estadual Psicomotricista” em docência de formação. (LOUREIRO,
2009).

Em 1970, Simone Raiman chega ao Brasil, com suas experiências


psicocinéticas seguindo o mesmo intuito da escola francesa. No ano 1979 o
Ministério da Educação convida a Dra. Dalila Costallat e Dra. Gisele Soubiran
para virem ao Brasil divulgar sua pesquisa: a Psicomotricidade como processo
de reabilitação em pessoa com deficiência mental. (COSTALLAT, in
LOUREIRO, 2009).

Por meio da Dra. Beatriz Loureiro, a Psicomotricidade conseguiu


estabilidade no Brasil, surgiu à fundação GAE - Grupo de Atividades
Especializadas em São Paulo, com o objetivo em atender crianças com
dificuldade psicomotoras. Partindo do seu empenho estabeleceu formação
universitária pública e particular, cursos de Pós-graduação, intercâmbio entre
os países Brasil/França. A expansão da disciplina progrediu na América do Sul,
América do Norte, América Central e em outros países, sendo hoje bem
representada na França pelos presidentes das Delegações OIPR –
Organização Internacional da Psicomotricidade e Relaxação. No Brasil, a Dra.
Beatriz Loureiro postulou as formações e atuações de ontem, hoje e

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certamente de amanhã. Desde 1996 foi criada em São Paulo a O.N.P - Ordem
Nacional dos Psicomotricistas de São Paulo. (LOUREIRO, 2009).

História da Psicomotricidade no Brasil

Figura 2 – Psicomotricidade no Brasil

A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola


francesa. Era clara e nítida a influência marcante da Escola Francesa de
Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª guerra em todo mundo. O
Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da
Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se
organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e
necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho
formal, deixando as crianças em creches.

Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e


pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné
Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os
reflexos tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida,
produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade.

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No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr.
Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por
Wallon em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou
sua prática de relaxação psicotônica e fez seguidores. Empenhada cada vez
mais em mostrar ao mundo, a importância do tônus no dia a dia, ela apontou
aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a
sintomatologia tônica corporal do século. No Brasil, Antonio Branco Lefévre
buscou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua
formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação
neuromotora para crianças brasileiras.

A evolução da Psicomotricidade

1790 – Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como


componente essencial da estruturação do “eu”. Para ele, é na ação que o EU
toma consciência de si mesmo e do mundo. O “eu” não pensa, vive-se;

1874 – C. Koupernik foi o principal indicador do que poderíamos chamar


de Psicomotricidade do adulto;

1885 – Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma,


histeria, evidência as interferências do psiquismo sobre o corpo e do corpo
sobre o psiquismo, encaminhando uma mudança progressiva da visão dualista;

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1890 – Freud ressalta a noção do inconsciente, do corpo pulsão, do
corpo relação, ou seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas
formações inconscientes;

1900– Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade;

1901– Phillipe Tisié falou que por Educação Física não se deve entender
apenas exercício muscular do corpo, mas também e principalmente o
treinamento dos centros psicomotores pelas associações múltiplas e repetidas
entre movimento e pensamento;

1906 – Dupré publicou na Revue de Neurologie o resultado dos estudos


sobre a Psicomotricidade, nos quais define a síndrome da debilidade motora,
para evidenciar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre
desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade;

1909 – Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da


criança com o relatório sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a
experiência do corpo, como diálogo tônico, podendo ser lida como uma
linguagem. Ajuriaguerra que afirmou que o papel da função tônica não é
apenas o de servir de pano de fundo da ação corporal, mas é também um
modo de relação com o outro;

1925 – Dupré retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de


l’imagination et de l’émotivité, empregado, também, na mesma época, por
Wernicke; Henri Wallon apresenta a famosa classificação das síndromes
psicomotoras e sustenta um paralelismo das manifestações motoras e
psíquicas, impregnado do reducionismo neurológico, fruto do dualismo corpo-
alma;

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1930 – H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma
escala de desenvolvimento da criança, além de relacionar diretamente o
movimento com o desenvolvimento psíquico;

1935 – E. Guillmain, além de montar um teste psicomotor, analisou o


paralelismo entre o comportamento geral da criança e o teste psicomotor e
descobre três funções essenciais: atividades tônica, relacional e intelectual;

1937 – Jean Piaget demonstra a importância do movimento, com base


de toda a estruturação da inteligência humana. Reafirma que a atividade
motora é o ponto de partida para o desenvolvimento das inteligências. A partir
daí a função tônica e a coordenação dos esquemas serão reconhecidos pelas
psicologias como objeto de estudo;

1948 – Heuyer fala da psicomotricidade como a associação estreita


entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade;

1960 – 1º edição da obra “Educação Psicomotora e Retardo Mental” de


Picq e Vayer, que significa o ponto em que a educação psicomotora ganha
verdadeiramente uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa
original e com objetivos próprios;

1963 – No quadro universitário do Hospital Salpétrière, na França,


expediu-se um certificado de Reeducação da Psicomotricidade;

1963-1973 –Institucionalização e dispersão das doutrinas e do método;

1974 – Existe, na França, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido


através dos Ministérios da Saúde e da Família, envolvendo três anos de
estudos, após o Bacharelado;

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1980 – Com o incentivo de Françoise Desobeau, foi criada a
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada à
sociedade Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em
Araruama, onde estiveram presentes 40 profissionais de oito profissões
diferentes e de oito Estados do Brasil.

1982 – I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade; foram iniciadas as


primeiras publicações na área de Psicomotricidade através dos Anais do
congresso, dos exemplares IPERA, da própria Sociedade, além de revistas
como CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora
Jacobé, que era dirigida por um dos membros da Sociedade;

1983 – Foram criados cursos de Pós-graduação de Psicomotricidade,


na Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina e
Reabilitação (IBMR), constituindo um passo importante na história da
Psicomotricidade.

1984 – Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de


Psicomotricidade.

1989 – Em julho foi aberto, no IBMR, o curso de formação de


Psicomotricidade com duração de 4 anos, a nível de graduação.

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Definição Psicomotricidade:

A Psicomotricidade é a ciência que busca esclarecer o organismo como


condição primeira do pensamento, afinal, toda função psíquica supõe um
equipamento orgânico. Contudo, adverte que não lhe constitui uma razão
suficiente, já que objetos da ação mental vêm do exterior, isto é, do grupo ou
ambiente no qual o indivíduo se insere. Os fatores de natureza orgânica e
social são uma complexa relação de reciprocidade que ao longo de sua
existência aborda as contradições. (WALLON, in GALVÃO, 1995).

Figura 3 - Definição em Psicomotricidade (in LOUREIRO, 2009).

Conforme as informações abordadas na figura 1, a espécie humana é


verificada como uma perspectiva dialética da evolução do homem na sua
atividade corporal, conjunto de reações que constitui um processo de sensação
privilegiada em relação com o mundo exterior, interferindo em pontos positivos
e negativos do indivíduo na construção da sua consciência.

PSICO é o conjunto de características psicológicas de um


indivíduo, de fenômenos psíquicos e processos mentais, que
provêm do Psiquismo, é uma energia inteligente, gerada pelo

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cérebro (espírito/alma), aleatória ou objetiva da força que a gerou. Conforme
pesquisadores no assunto, criar é conseguir aquilo que se deseja que se tem
como objetivo “ação e reação/ causa e efeito".

MOTRICIDADE é o conjunto de funções e relações asseguradas


pelo esqueleto, músculo e o sistema nervoso periférico, que permite
o movimento e o deslocamento do homem no ambiente que vive.
(LOUREIRO, 2009).

Portanto, a somática do Psico/Motricidade da essência à


Psicomotricidade é que estimula a área psicomotora comentada por diversos
estudiosos: saber fazer (cognição/memória), querer fazer (motivação controle
das emoções) e poder fazer (atenção), visa a aprendizagem e adaptação
holística do ser humano, que tem finalidade de associar o pensamento, ato e o
gesto. Estudando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor do indivíduo,
podemos associar de forma coerente toda a dimensão de uma rede
interdisciplinar que veio dar estudo ao movimento.

2 O trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua


motricidade, utilizando de maneira privilegiada a base rítmica associada a um

Figura 4 -trabalho psicomotor

2
IMAGEM: https://neurosaber.com.br/wp-content/uploads/2018/02/crianca-por-meio-da-psicomotricidade-site-862x479.jpg

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trabalho de controle tônico e de relaxação cautelosamente conduzido. (LE
BOULCH, 1987).

Portanto, a Psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação


afetiva, a mediatização, disponibilidade tônica, segurança gravitacional e o
controle postural, a noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a
planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da
aprendizagem e do seu ato mental concomitante, entre o corpo e a
motricidade.

As evidências dos precursores estabelecidas acima demonstram a


objetividade da Psicomotricidade no meio social, na concepção de abordar
critérios que beneficiem o indivíduo no seu desempenho sobre suas próprias
ações e reações.

O trabalho psicomotor pode dirigir-se tanto à melhoria de posturas,


posições, atitudes e atividades motoras, quanto para introduzir novas
aprendizagens. O corpo como porta de entrada e saída da aprendizagem
expõe toda a transcendência de sua experiência concreta ou sensorial, no
contexto abstrato ou perceptivo, enfim para o representativo ou simbólico,
melhorando a qualidade de vida. No entanto, ilustra a importância que o
movimento e a postura têm no processo contínuo de percepção do mundo
exterior na introdução do conhecimento. (GONÇALVES, 2010).

A Psicomotricidade é fundamentada na Ontogênese, (ciência que estuda


a evolução do homem) que, por sua vez, estrutura-se na Filogênese (ciência
que estuda a evolução da espécie). Dessa forma, acredita-se que a espécie
humana progrediu sobre as bases de mutações, passando por todos os
processos de diferenciação em relação aos animais, até terem a possibilidade
de desenvolverem um sistema de comunicação simbólica, o qual, passa os

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conhecimentos a outros seres da mesma espécie. (QUIRÓS apud
GONÇALVES, 2010:87).

A Psicomotricidade é uma área do conhecimento que se ocupa do


estudo e da compreensão dos fenômenos relacionados com o movimento
corporal, seu desenvolvimento e integridade. (NUNES, 1995, in LOUREIRO,
2009).

Percebe-se a Psicomotricidade como orientação, direção e mediatização


para o processo de aprendizagem no plano corporal e gráfico, que gerou a
possibilita avaliar e elaborar um plano Terapêutico Psicomotor, visando
oferecer cada vez mais ferramentas para o corpo, buscando consciência
corporal diante das experiências adquiridas.

A Psicomotricidade na organização funcional


cerebral

Figura 5 – Organização Funcional cerebral

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3A motricidade tem a função de levar as experiências concretas ao
cérebro, a qual fará decodificação das informações sensoriais, perceptivas e
afetivas vivenciadas pela criança. O desenvolvimento neurológico da criança é
informação resultante de todas as aquisições registradas na sua maturação de
comportamento e aprendizagem.

O Sistema Límbico é uma unidade responsável pelas emoções e certos


comportamentos necessários à sobrevivência do ser humano. Nos pilares da
Psicomotricidade significa “o querer fazer, o poder fazer, o saber fazer”, o qual
corresponde o processamento neural: processa, integra e age, a Figura – 2 é
um resumo simplificado de que forma o cérebro funciona no SNC e algumas
estruturas que participam do sistema límbico: Córtex pré-frontal – lida com o
raciocínio; Corpo caloso – divisão dos hemisférios; Tálamo – responsável por
receber informações sensorias do corpo; Hipotálamo – responsável pela
homoestase corporal e controla da temperatura e a emoção do corpo; Lobo
temporal – é o centro cerebral da fala; Amígdala – é uma coleção em forma de
amêndoa, de núcleos localizados profundamente no lobo temporal ; Hipocampo
– é formado pelas substâncias cinzentas e brancas na parte do lobo temporal;
Vermis cerebelar; (GONÇALVES, 2010).

Luria, psicólogo russo, pioneiro dos estudos do funcionamento cerebral,


traduziu o mecanismo o cérebro em sistemas funcionais. A figura - 2 anatômica
resume as captações e funções sensoriais importantes no processo de
informação cérebro/corpo e corpo/cérebro decorrentes dos impulsos nervosos
transmitidos pelas sinapses elétricas e os transmissores dos mecanismos
motor/movimento, cognitivo/pensamento e afetivo/emoção na estrutura
cerebral.

A maturação cerebral efetua-se, igualmente, através da emergência de


sistemas funcionais e em interação sistêmica, vários conjuntos de células

3
IMAGEM: Sistema Nervoso Central – Sistema Límbico Fonte: (in GONÇALVES, 2010, p. 89).

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neuronais específicas. Portanto, a instalação de conexões neurais provocadas
pela aprendizagem sucessivamente vai permitir a integração complexa da
informação multissensorial, a qual ilustra a passagem da linguagem corporal, a
linguagem falada e a linguagem escrita. (FONSECA, 2008:405).

Figura 6 – unidade neurofuncional

Cada unidade neurofuncional desempenha uma função específica no


processo funcional cerebral, estabelecendo o tempo e o modo em que o ser
humano esteja apto a um repertório de aquisições necessárias para maturação,
organização e integração no seu desenvolvimento e a novas aprendizagens.

Mediante competências psicomotoras agrupadas em neuroblocos. 1ª


Unidade Neurobloco Funcional Postura – é composta pela Tonicidade e

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IMAGEM: Localização das unidades funcionais cerebrais – modelo Luriano. Fonte: (in GONÇALVES, 2010, p.93).

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Equilibração corresponde à aquisição da persistência motora “atenção”
reguladorora tônus, da vigília corporal e dos estados de alerta mental, sua
função reticular de regular e modular o tônus do córtex, mantendo o cérebro
em estado funcional de alerta. 2ª Unidade Neurobloco Funcional Somatognosia
– corresponde à noção do corpo esquema e imagem corporal, lateralização,
estrutura espaço-temporal que constituem na memória corporal “recepção,
codificação e processamento sensorial, está localizada na região lateral do
córtex, na função de receptor dos lóbulos occiptal (visão), temporal (auditivo) e
parietal (sensorial tátil), analisando e armazendo as informações no cérebro. 3ª
Unidade Neurobloco Funcional Praxia - é responsável pela verificação,
correção e extratificação das formas das praxias global e distal que condizem à
capacidade de relacionar as ações globais e refinadas da conduta humana na
consciência e expressão voluntária. Estão associados aos lóbulos frontais do
cérebro e ao telencéfalo. Dentro da Psicomotricidade LURIA e COSTALLAT,
são bases do conhecimento para se entender as diversas manifestações do ato
psicomotor pela via corporal e gráfica. LOUREIRO, (2009)

Os processos mentais do homem em geral, e a atividade


consciente em particular; sempre ocorrem com a participação
das três unidades, cada uma das quais tem o seu papel a
desempenhar nos processos mentais e fornece a sua
contribuição para o desempenho dos referidos processos.
(LURIA, 1981, in GONÇALVES, 2010)

Figura 7 – Desenvolvimento da criança


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5 Nessa dimensão de imagem as bases psicomotoras otimizam a
estruturação desse processo de aquisições, pois organizam, e pontuam o
momento em que o ser humano “a criança” está apta a integrar as suas
competências seguidas por Luria.

Conforme o desenvolvimento da criança retratada nesta figura 7,


ressalta um caminho convergente destes estudiosos, a evolução da criança no
sistema funcional cerebral, se processa em várias inserções de aprendizagem
e desenvolvimento.

Com base na figura - 7 Ajuriaguerra expõe, seu padrão de


desenvolvimento psicomotor no Corpo Agido, a criança é receptora no espaço
subjetivo e evolui através do diálogo tônico e o desaparecimento das reações
primitivas. No Corpo Actuante, a criança é espectadora a um espaço pré-
representado, dialogo tônico, com mobilidade espaço-temporal em reação a um
plano gnósico e social progressivo. No Corpo Práxico, a criança é vista como
um ator no espaço, com o objetivo de processar o diálogo consigo próprio,
automatizando as aquisições com redução do tempo. “A Psicomtricidade é a
realização de um pensamento através de um ato motor, coeso, harmonioso e
preciso”. (AJURIAGUERRA, 1982 in LOUREIRO, 2009).

Com base na figura – 7, Wallon diz que a influência está caracterizada


no ambiente sobre a aprendizagem e o desenvolvimento psíquico da criança. A
criança exposta a uma linguagem tônica, facilitará seu ajuste ao ambiente,
evidenciando a motricidade como essência deste processo e a construção do
eu corporal. CorpoVivido – estágios impulsivos, tônico-emocional e sensório-
motor. Corpo Percebido – estágios projetivo e personalístico. Corpo
Representado – estágio categorial. Dessa forma, a criança evolui sua
aprendizagem no mundo exterior em função da relação. “O movimento não é

5
IMAGEM: Desenvolvimento Psicomotor 0 a 7 anos. Fonte: (In GONÇALVES, 2009, p.38).

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um puro deslocamento no espaço nem uma adição pura e simples de
contrações musculares; o movimento tem um significado de relação e de
interação afetiva com mundo exterior”. (WALLON, in GONÇALVES, 2009:94).

Portanto, a Psicomotricidade mediatiza o ato psicomotor através das


intervenções psicomotoras que conduz, a organização e a vivência, a estimula
a criar relações infinitas conscientes que façam a criança ficar segura dos seus
atos e ter satisfação em realizá-las, pois estão integrados à linguagem da
Psicomotricidade

“Querer Fazer, Saber Fazer e Poder Fazer não deixando de perder sua
oportunidade no mundo externo”.

ORIGEM DA VIDA - GÊNESE

Figura 8 - Gênese

É evidente a diversidade da origem da vida, a qual engloba a evolução


pré-orgânica e a evolução orgânica da humanidade. Sendo assim, resulta em

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mudanças contínuas que ocorrem desde a concepção ao nascimento, e do
nascimento à morte, este período de processos evolutivos, maturacionais
e hierarquizados ocorre em um plano biológico e social.

É óbvio que a definição de vida é sinônimo de energia. Esta visão


idealista da vida procede das explicações que vão de Platão a Aristóteles como
um princípio espiritual e sobrenatural determinada por uma força suprema e
divina. Com isso, permite reconhecer a noção de vida, a formação da matéria,
resultante da combinação e da constelação de fenômenos físico-químicos que
originaram o aparecimento de vida no planeta Terra. (FONSECA, 1998).

A matéria orgânica é a condição dos seres vivos, que por definição, são
organismos compostos de órgãos, que subentende um corpo que vive em
permanente troca de energia com o meio externo. Cadência a transformação
no aspecto morfológico e comportamental que requer uma permanente
adaptação ao meio exterior, no processo de assimilação e acomodação.
(FONSECA, 1998).

Origem das Espécies - Filogênese

Na teoria da evolução, a espécie é vista como uma continuidade


biológica e genética, ou seja, a criação, variabilidade, fertilidade e a reprodução
natural de indivíduo, que inclui uma noção de tempo e uma sequência.

A espécie passou a não ser explicada puramente por um simples ato de


criação, mas por um processo lento de transformação em longos períodos de
tempo. Esta concepção contemporânea categoriza um princípio evolutivo, onde
todas as espécies vivas evoluem a partir de formas simples.

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As espécies mudam no espaço e no tempo conforme suas variações de
populações, adaptações, eco fenótipos, isolamentos, migrações, alterações do
envolvimento em um processo de seleção natural e luta pela sobrevivência.
(FONESCA, 1998).

Estes exemplos mencionados da genética humana servem para


demonstrar que a evolução da espécie não pode ser interpretada sem o
esclarecimento necessário da mudança de condições do meio, no processo
bioquímico e fisiológico que determinam aspectos comportamentais, presentes
na diferença genética (genótipo) e naturalmente no processo evolutivo do
fenótipo. A mãe relatou que após a gravidez do primeiro filho teve de tomar
antidepressivo durante 4º (quatro) mês. Na segunda gestação sofreu uma
queda, caiu sentada no chão no 6º (sexto) mês de gravidez, mas não houve
trauma no feto.

No entanto, a Psicomotricidade otimiza os princípios importantes e


fundamentais no desenvolvimento da criança na evolução filogênica, na
intenção de reconhecer dados concretos e significativos de forma reflexível.

Ontogênese

Decorre de um processo embrionário o qual visa compreender o sentido


biológico e dinâmico da filogenética à motricidade. Dessa maneira, os estudos
da concepção da fecundação e gestação do zigoto, caracteriza um ser
humano, único e determinado no início da sua vida. A ontogênese permite o
estudo sistemático e minucioso do desenvolvimento e crescimento humano nos
aspectos morfológicos, fisiológicos e químicos do ser humano, desde a
fecundação até a maturidade para reprodução do indivíduo.

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O ciclo embrionário visa organização, estruturação e função da
morfologia somática e da energia dos agentes genéticos de crescimento,
permite passo a passo do comportamento neurofuncional e as escalas de
desenvolvimento do embrião, feto, prematuro e recém-nascido ao termo
criança, dando começo às atividades motoras.

A ontogênese da motricidade aborda o desenvolvimento humano de


forma hierarquizada que leva tempo para atingir a maturação tônica e
estruturas funcionais na evolução do corpo. Seguindo a lei céfalo-caudal (da
cabeça para os pés) e a lei próximo-distal (do eixo do corpo para extremidade),
diante da tonificação tubo neural, o embrião desenvolve processo muscular em
termos evolutivos ao corpo: cabeça, pescoço, tronco, braços, pernas, mãos,
pés e dedos das mão e dedos dos pés, obedecendo um processo dialético das
vias corticais curtas a vias longas. Entretanto, afirma que o sistema muscular
não evolui biologicamente de uma forma diferente do sistema neurológico, pois
ambos comunicam ao nível do desenvolvimento motor (ativo) e sensorial
(reativo), um conjunto sinápticos no processo de mielinização. (FONSECA,
1998).

A evolução do cérebro humano se processa à semelhança de


uma casa, como alas e superestrutura, no decorrer da
filogênese, dando à homem herança considerada ímpar a
reposta somática e cognitiva cognição espaço-tempo-
simbologia-linguagem emoção. (MACLEAN, in LOUREIRO,
2009).

Tendo como foco o estudo dificuldade aprendizagem – ortográfica na


Psicomotricidade, trabalhamos no tempo atencional na área psicomotora
relacionada à Tonicidade e Equilibração propondo atividades e técnicas nas
leis do desenvolvimento, partindo do global ao específico, e, do concreto ao
abstrato.

Toda esta dimensão de expressão é possível por intermédio das


aquisições sociais, pois encaminham a criança para a sua autonomia. A

23
criança começa pelo espaço que não ultrapassa o alongamento de seus
braços, inicia a modificação do envolvimento e o espaço como autocriação da
própria independência da pessoa humana e isso permite à criança, a
descoberta do seu mundo de criação e de satisfação.

Figura 9 - Ontogênese

ONTOGÊNESE: É o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a


maturidade para a reprodução.

Ontogênese refere-se ao amadurecimento e repete a gênese e a


filogênese. Neste momento o indivíduo está completo e estruturado, pronto
para originar um novo ser. As grandes conquistas da espécie humana,
consideradas como produto final das tendências filogenéticas, podem ser
resumidas nos seguintes sistemas funcionais ontogenéticas que constituem a

6
IMAGEM: Fonte: (in LOUREIRO, 2009, p.8).

24
hierarquia da motricidade humana à postura bípede, à praxia e visão binocular,
à linguagem falada, linguagem escrita e a cultura social. (FONSECA, 1998).

A aprendizagem da leitura envolve diversas habilidades –


linguísticas, perceptivas, motoras, cognitivas – e por esta razão
não se pode atribuir a nenhuma delas isoladamente a
responsabilidade pelas desadaptações da criança na escola. É
preciso, portanto, descobrir em qual área ela se encontra mais
comprometida. (MORAIS, 1986, in OLIVEIRA, 2003).

As dificuldades de aprendizagem escolar são percebidas no momento


do ingresso da criança no ensino formal. O conceito abrange 40% das crianças
no Brasil, as quais frequentam o sistema educacional, apresentam dificuldades
de aprendizagem. Tal incapacidade é influenciada por múltiplas causas como:
visual perceptivo, memória, atenção, linguagem, leitura/escrita ou problemas
comportamentais e sociais. (WAJNSZTEJN, 2005).

https://www.youtube.com/watch?v=K7f_qefJ9wo

SENSAÇÃO

É o nível de comportamento, que se refere somente à ativação de


estruturas senso neurais, a qual está presente na vida do ser humano antes
mesmo de nascer, dados exteroceptivos – vindos do meio exterior;
proprioceptivos – vindos dos músculos, tendões e articulações em movimento;
interoceptivos – vindos dos órgãos internos, levando-o a desenvolver uma
capacidade de reconhecimento e decodificação das informações relacionadas
com seu meio.

PERCEPÇÃO

25
Os elementos de comportamento concomitantes ao funcionamento do
SNC começam com a percepção e é definida como déficit neurológico que
pode consistir de conversões inadequadas de sensações dos impulsos
elétricos. Pressupõe a incapacidade de uma criança perceber através da
audição ou da visão a diferença de som das letras “cold e coal; m e n; b e d”; e
no corpo, a falta de percepção das partes corporais, são sensações
proprioceptivas que constituem a desordem da percepção. Segundo PIAGET e
HEAD, os aspectos psicomotores da Lateralidade estão ligados diretamente ao
Esquema e Imagem Corporal e estruturações temporal-espacial.

A criança após 7 (sete) anos de idade deve conseguir localizar,


discriminar, nomear e conceituar em si num primeiro plano e após 9 (nove)
anos de idade identificar no outro e no espaço gráfico, relacionando as noções
tridimensional e bidimensional. Dessa forma, a criança adquiriu noção
proprioceptiva e orientação do corpo, tempo e do espaço refletindo no plano
gráfico. (LOUREIRO, 2009).

A percepção, como processo receptivo, não subentende somente a


discriminação, a capacidade de distinguir entre os sons ou estímulos visuais,
mas também a capacidade de organizar a sensação num todo significativo, a
capacidade de estruturar a informação que está sendo recebida. Pressupõe,
além disso, a atenção. O processo global de percepção é uma experiência que
exige atenção, organização, discriminação e percepção.

FORMAÇÃO DE IMAGEM

Salienta o comportamento como aspecto funcional cognitivo, no que diz


respeito aos Distúrbios de Aprendizagem. Não é fácil desenvolver um quadro
de terapia sem incluir a formação de imagem, pois através da tomada de
consciência distingue-se o processo de percepção, memória e a capacidade de

26
identificar, reconhecer e apreender apresentando extraordinárias experiências
conforme a formação da imagem, que está ligada ao corpo, baseada nas
experiências de sensações auditivas, visuais, táteis, gustativas, cinéticas e
tônicas, nas quais a criança pode ter percepções no nível do próprio corpo ou
vivida com uma outra pessoa que colabora para definição desta imagem. As
intervenções psicomotoras realizadas sucedem-se de forma para direcionar o
processo simbólico e intuitivo de organizar, reconhecer e construir o próprio
corpo. (BOSCANI, 2006).

SIMBOLIZAÇÃO

É abrangente, englobando o tipo verbal e não verbal de aprendizagem e


recordação. Refere-se à capacidade de representar a experiência. Não se sabe
se essa capacidade é sinônimo do desenvolvimento da consciência.
Entretanto, é discutido que o comportamento simbólico é representativo e
essencialmente exclusivo do ser humano. O uso de palavras como um
instrumento de pensamento ou raciocínio ou resolução de problemas, significa
as experiências vivenciadas de apreender, avaliar e recordar “tempo, tamanho,
distância, volume, forma, altura e velocidade”; portanto, é importante para a
criança conhecer, para dar condições de bem-estar geral na aprendizagem
educacional. A criança que apresenta a dificuldade facilmente poderá estar
perturbada ou estar em carência do desenvolvimento gráfico. Nesse momento,
torna-se fundamental a vivência simbólica, específica da realidade humana,
para decodificar as imagens, de interpretar formas simples e complexas, que
permitem à criança, postura, uma analogia entre o traço e o objeto, dando base
ao aprendizado da escrita e da leitura que são simultâneas. A Psicomotricidade
permite expressões, percepções do corpo em diversas situações que procede
no processo de desenvolvimento de corpo não vivido nem globalizado,
proporcionando uma autonomia na comunicação corporal.

27
RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Enfatizam a atitude de que a criança não tem sentimento de


relacionamento com outras crianças e que antes era visto somente como
Distúrbio Emocional. A criança não tem a capacidade para reconhecer e
identificar as atitudes e sentimentos dos outros, mesmo quando vê suas
expressões faciais, não conseguindo distinguir entre manifestações de tristeza
e felicidade, raiva e gentileza, delicadeza e indelicadeza, a desobediência e
ajuda.

1. Noção espacial gráfica: é analisado o ponto inicial do desenho, a


noção espacial do papel direita/esquerda, o domínio lateral
destro/canhoto, a proporcionalidade simétrica acima/abaixo;

2. Qualidade do desenho: observa-se complementação das principais


partes do corpo, características e preenchimento corporal
boca/olhos/nariz;

3. Proporcionalidade do desenho: o preenchimento corporal não pode


ser maior que as partes centrais: cabeça/tronco/braços/pernas;

4. O contexto do desenho – as correlações psicoemocionais:


obedecem aos aspectos afetivos ou omitem déficit intelectual, orgânico,
motor ou neurológico, sexualidade, diferenças sexuais, vestuário,
expressões faciais.

“agressivo/triste/alegre, olhar insinuante/ cílios roupas


transparentes, devem ser levados em consideração. Portanto,
vale ressaltar que Avaliação Psicomotora procede em
observações à idade do sujeito, o nível do seu
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. (SPITZ, WALLON,
DI-LEO in LOUREIRO, 2009).

28
O desenvolvimento psicomotor da criança está intimamente relacionado
à evolução própria, o qual insere no seu contexto social e cultural, e o faz de
forma dinâmica e dialética através de rupturas e desequilíbrios provocados por
contínuas reorganizações que ocorrem dentro do seu ser total e completo. A
aprendizagem é, portanto, considerada a condição necessária e fundamental
no processo de desenvolvimento de funções psicológicas, dessa maneira a
Psicomotricidade implica a uma organização neuropsicológica corporal e
intelectual da criança. (FONSECA, 2008).

Figura 10 – Dificuldades de Aprendizagem

Devemos salientar que dificuldade de aprendizagem está relacionada ao


conjunto de fatores que sensibilizam a motricidade humana, tendo em vista
estabelecerem correlações múltiplas entre as avaliações psicomotoras,
observadas durante as sessões.

7
IMAGEM: Fonte: (Fonseca, 2008. p.39).

29
Conceitos da psicomotricidade segundos diversos
autores:

Ajuriaguerra, médico psiquiatra, considerado pela comunidade científica


como o “Pai da Psicomotricidade”, define assim: “Psicomotricidade se
conceitua como ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas
escolas, psicológica, condutista, evolutista, genética, e etc, ela visa a
representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental
do indivíduo.”

Dalila M. M. de Costallat, “A Psicomotricidade como Ciência de


Síntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os
problemas que afetam as interrelações harmônicas, que constituem a unidade
do ser humano e sua convivência com os demais.”

Germaine Rossel, “A Educação Psicomotora é a educação de controle


mental e da expressão motora”.

Giselle B. Soubiran “Psicomotricidade e Relaxação, bases


fundamentais da estrutura psico corporal, estática e em movimento, precedente
e condicionante a toda atividade psíquica”.

Vítor da Fonseca, “A psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da


relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança
gravitacional e o controle postural, à noção do corpo, sua lateralização e
direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e
globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a
motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. O seu enfoque é,
portanto, psico somático, psico cognitivo, psiquiátrico, somatoanalítico, psico
neurológico e psico terapêutico”.

30
P. Vayer, “É a educação da integridade do ser, através do seu corpo”.

Beatriz Loureiro, “Psicomotricidade é a otimização corporal dos


potenciais neuro, psico- cognitivo funcionais, sujeitos às leis de
desenvolvimento e maturação, manifestadas pela dimensão simbólica corporal
própria, original e especial do ser humano.”

Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade é a educação dos


movimentos, ou através dos movimentos, visando a melhor utilização das
capacidades psicofísicas da criança. Neste caso utiliza-se o movimento como
meio e não como fim a ser atingida. A Psicomotricidade é o suporte básico que
auxilia a criança a adquirir tanto sensações e percepções como conceitos, os
quais lhe darão o conhecimento de seu corpo e, através desse, do mundo que
o rodeia.

Coste (1981), define a Psicomotricidade como uma técnica em que


cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas
ciências constituídas, entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e
linguística. É considerada como uma terapia, “a terapia psicomotriz” a qual
desenvolve a capacidade de expressão do indivíduo, fazendo com que haja um
novo conhecimento do corpo.

Schinca (1992), o controle e conhecimento do próprio corpo são


essenciais para o estabelecimento da ligação entre o indivíduo e o meio
externo. A relação entre cada ser e o exterior se manifesta através de atos e
comportamentos motores, adaptados e ajustados mediante as sensações e
percepções.

Meur e Staes (1984), relatam que o estudo da psicomotricidade é


recente sendo que só no início deste século abordou-o assunto ainda que
superficialmente. Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo

31
no desenvolvimento motor da criança. Depois se estudou a relação entre o
atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se
estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em
função da idade. Hoje em dia os estudos ultrapassam os problemas motores,
pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e
a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de
crianças com inteligência normal. Faz também com que se tome consciência
das relações existentes entre o gesto e a afetividade.

Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a


relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a
abordagem global da criança por meio de uma técnica. A psicomotricidade
baseia-se em princípios a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo,
desenvolvendo a consciência de si mesmo, como um ser capaz de sentir
expressar e o mais importante, ser capaz de partilhar e comunicar-se com os
demais.

O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de


consciência do corpo, a formação da personalidade da criança, isto é
desenvolvimento do esquema corporal, através do qual a criança toma
consciência do seu próprio corpo e das possibilidades de expressar-se por
meio desse corpo; tomada de consciência da lateralidade, a criança percebe
que seus membros não reagem da mesma forma, percebe uma maior
dominância dos movimentos de um hemicorpo do que no outro (assimetria
funcional); tomada de consciência do espaço, tomada de consciência da
situação do seu próprio corpo em um meio ambiente, tomada de consciência
da situação das coisas entre si, possibilidade do sujeito se organizar perante o
mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de consciência do
tempo, que diz respeito a como a criança se localiza no tempo, capacidade de
situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após),
da duração dos acontecimentos (longo, curto), da sequência (dias da semana,

32
meses ano), caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã) e renovação
cíclica do tempo (orientação temporal); tomada de consciência da relação
corpo-espaço tempo, como a criança se expressa também através do desenho,
completa com o domínio progressivo do desenho e do grafismo.

Sociedade Brasileira de Psicomotricidade - “a ciência que tem como


objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação
ao seu mundo interno e externo”, a psicomotricidade é um assunto que todos
os profissionais de Educação Física devem tomar conhecimento. O site da SBP
vale uma visita com calma e atenção. A lista de cursos de formação,
especialização e pós-graduação é bastante detalhada, assim como a
programação de eventos que acontecem em todo o Brasil.

Para quem se interessar pelo assunto, antes de ir à livraria adquirir as


indicações da seção “publicações” deve visitar a seção “glossário”, para
inteirar-se dos termos técnicos mais usados.

Elementos da psicomotricidade

33
A psicomotricidade envolve os seguintes elementos:

Figura 11 – Psicomotricidade e elementos

Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento


global da criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir à
aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com
relação aos objetos, saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre
elas e obter organização de espaço e tempo.

Esquema corporal

É um elemento básica indispensável para a formação da personalidade


da criança. É a representação da imagem que a criança tem de seu próprio
corpo. A criança se sentirá bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que
o conhece bem, em que pode utiliza-lo não somente para movimentar-se, mas

34
também para agir. Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído não
coordena bem os movimentos, na escola a grafia é feia, e a leitura expressiva,
não harmoniosa: a criança não segue o ritmo da leitura ou então para no meio
de uma palavra. Segundo De Meur (1989), uma criança que se sinta à vontade
significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficácia,
proporcionando-lhe bem-estar, tornando fáceis e equilibrados seus contatos
com os outros.

8
A organização do corpo no espaço (organização
espacial)

Figura 12 – Organização Espacial

É a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma integrada,


dentro de um ambiente contendo obstáculos, passando por eles. Movimentos
com rastejar, engatinhar, e andar, irão propiciar a criança o desenvolvimento
das primeiras noções espaciais: perto, longe, dentro, fora. Para De Meur
(1989), os problemas quanto à orientação temporal e espacial, como por
exemplo, com a noção “antes-depois”, acarretam principalmente confusão na
ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade em

8
IMAGEM: https://cdn.maemequer.pt/wp-content/uploads/2015/08/bebe-no-chao-183.jpg

35
reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise
gramatical um quebra-cabeça para ela. Uma má organização espacial ou
temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para calcular a criança
deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção
de “fileira”, de “coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer
construções geométricas. Diante de problemas de percepção espacial uma
criança não é capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de
“12”, caso não perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se
distingue bem o alto e o baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o
“on”.

A DOMINÂNCIA LATERAL

Refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o


capacita utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que outro, em
atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria
funcional. A definição da lateralidade ocorre à medida que a criança se
desenvolve. A lateralidade na criança não deve ser estimulada até que não
tenha sido definida, quando a criança é forçada a usar um lado do corpo torna-
se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores culturais os mais antigos
acham que não é correto a criança escrever com a mão esquerda, forçando-a a
utilizar a mão direita par tal ação, os pais devem favorecer a escolha feita pelas
crianças. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se ainda a criança
tiver tendência para o sinestrismo e os pais tentar fazer algo para que impeça,
pode levar a criança a apresentar danos na motricidade e contribuir para o
surgimento de problemas de aprendizagem.

36
O EQUILÍBRIO

É a função na qual os indivíduos mantêm sua estabilidade


corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade
(Masson,1985). Shinca (1992), relata que o bom equilíbrio é essencial para a
conquista da locomoção assim como a independência dos membros
superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e
insegurança, pois a criança não consegue manter um estado estático ou de
movimento e isto atrapalha a relação entre equilíbrio físico e psíquico. Picq e
Vayer (1985), diz que na presença de algum distúrbio do equilíbrio pode-se
observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio
corporal global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais,
desalinhamentos anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a
criança pode apresentar tendência à inibição ou desejo de esconder, e falta de
confiança em si mesmo.

A ORGANIZAÇÃO LATERO-ESPACIAL

Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criança tem


conhecimento do lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a
posição relativa entre dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e
esquerdo em outra pessoa, aos 9 anos consegue imitar movimentos realizados
por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no qual a pessoa realiza o
movimento, isto é transpõe o lado da pessoa para o seu, aos 10 anos reproduz
movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11 anos consegue identificar a
posição relativa entre 3 objetos.

37
A COORDENAÇÃO DINÂMICA

A coordenação dinâmica geral da a criança um bom domínio do


corpo suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tensões
trazendo um controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo.

Com relação à coordenação dinâmica das mãos Le Boulch (1982) diz


que a habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da
coordenação global. Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, pelo
que deve dar se muita atenção particular. A criança quando apresenta algum
distúrbio no desenvolvimento da coordenação (tanto global como da dinâmica
das mãos), poderá apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa
linhas e margens do caderno, pode ter dificuldades na apreensão de dedos e
nos gestos.

Os potenciais humanos, são apoiados nas áreas


básicas da Psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do esquema e
da imagem corporal, da lateralização, da tonicidade, da equilibração e
coordenação, são enriquecidos instrumentalmente, estimulando o sentimento
de competência, de autoestima, entendendo o ser humano em constantes e
complexas adaptações, fazendo-o concluir que é amado e aceito, tornando-o
transformador e produtor social.

Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística


de aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade,
associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao
conceito.

38
DESENVOLVIMENTO MOTOR

Figura 13 – Desenvolvimento Motor

O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos


nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central,
crescimento dos ossos e músculos. São, portanto, comportamentos não
aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança tenha
condições adequadas para exercitar-se. Esses comportamentos não se
desenvolverão caso haja algum tipo de distúrbio ou doença. Podemos notar
que crianças que vivem em creches e que ficam presas em seus berços sem
qualquer estimulação não desenvolverão o comportamento de sentar, andar na
época adequada que futuramente apresentarão problemas de coordenação e
motricidade.

As principais funções psicomotoras é um bom desenvolvimento da


estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da
imagem do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão
e da coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e
prensão e olhar e desenvolvimento da função tônico e da postura em pé e
reflexos arcaicos da estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e
retina).

39
Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre não somente
mecanicamente, mas sim que são aprendidos e vivenciados junto a família,
onde a criança aprende a formar a base da noção de seu 'eu corporal'.

Não podemos esquecer de citar a importância dos sentimentos da


criança na fase do conhecimento de seu próprio corpo, pois um esquema
corporal mal estruturado pode determinar na criança um certo desajeitamento e
falta de coordenação, se sentindo insegura e isso poderá desencadear uma
série de reações negativas como: agressividade, mal humor, apatia que às
vezes parece ser algo tão simples poderá originar sérios problemas de
motricidade que serão manifestados através do comportamento.

AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE

Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que,


embora citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras;
entenderemos por "Prática Psicomotora" todas as atividades que visam
estimular as várias áreas que mencionaremos a seguir:

40
ÁREAS PSICOMOTORAS

Figura 14 – Áreas Psicomotoras

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e


função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar -
verbal e gestualmente - no mundo.

Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da


respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios e
respiratórios.

PERCEPÇÃO

Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos


recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os
estímulos que chegam até nos provocam uma sensação que possibilita a
percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos:
tato, visão, audição, olfato e degustação. Em seguida, percebemos, realizamos
uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos -
reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A

41
discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é
azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta área devem
auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação.

COORDENAÇÃO

A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao


desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a
coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso.
Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou
geral, viso manual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve
movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés,
tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferentes
em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais
ou menos complexos". A coordenação viso manual engloba movimentos dos
pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos,
mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com
os olhos nas mais variadas direções.

As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação


estão subdivididas nessas três áreas.

ORIENTAÇÃO

A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no


processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado
ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A
orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio
e está ligada à consciência, à memória a às experiências vivenciadas pelo
indivíduo.

42
9
CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE

Figura 15 - Lateralidade

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu
corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens,
recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade
corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de
mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está
no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-
somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O
esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da
evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência
sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam
pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a
partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se
gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na
câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando
contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o
estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez

9
IMAGEM: http://mundodesalienado.files.wordpress.com/2014/02/linha-de-atividade-corporal-0_1244.jpg

43
que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco
anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e
representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a
qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do
esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem
e da representação de si. O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual
sobre partes e funções; e o esquema corporal, que em nossa mente regula a
posição dos músculos e partes do corpo. O esquema corporal é inconsciente e
se modifica com o tempo.

Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já


que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no
ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo
e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será
manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência. Perceber que o
corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o início da
discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança não distingue os
dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os dois
braços se encontram um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam
"direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra
e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis
anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção
dos órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de seu corpo
(ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe com precisão
quais são as partes direita e esquerda de seu corpo. As atividades
psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade
e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos
sinais gráficos.

Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte


da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.

44
HABILIDADES CONCEITUAIS

Figura 16 – Habilidades Conceituais

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é


expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.

A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou


panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de
tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em
quadros e aprende sobre sequência e ordem; aprende frases: acabou, não
mais, muito, o que amplia suas ideias de quantidade. A criança progride na
medida do conhecimento lógico-matemático, pela coordenação das relações
que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o
conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um
sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas
observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que
um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o
vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para
distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece.

45
HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO

As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no


processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige
habilidades tais como:

• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);


• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas
voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra
(área de habilidades conceituais);
• movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de
movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das
linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada
para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e
manual);
• discriminação de sons (área de percepção auditiva);
• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das
diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita
da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura
das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada
pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial,
lateralidade, habilidades conceituais);
• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de
comunicação e expressão);
• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e
palavras (área de orientação têmporo-espacial);
• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras
• (síntese).

46
Distúrbios Psicomotores

10 "O que não percebeu, negais que exista; o que não


calculastes, é mentira; o que vós não pensastes, não tem
peso, metal que não cunhais, dizeis que é falso." (Goethe)

Figura 17 – Disturbios Psicomotores

Que há com ela? O que acontece com essa criança desajeitada?


Porque, apesar de sua aparência cheia de torpor e inabilidade, quando
consegue aproximar-se, mostra-se com encanto e interesse?

O que há com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se


pelas escadas ao invés de desce-las, ou morria de medo como se fosse um
grande empreendimento... escalá-las e não apenas subi-las. E vestir-se. O que
seria a manga, onde estariam os braços, as pernas das calças? Enfiam-se
pela cabeça? Por que existem laços de sapato? Para atormentar crianças? Ou
talvez, a sua mãe que, desoladamente, contempla sua dificuldade? E um
caderno? Começa-se de que lado? Por que as coisas são assim? Que
estranho é este mundo de lados que não tem lados... O que há com esta
criança?
10
IMAGEM: https://neurosaber.com.br/wp-content/uploads/2017/12/psicomotricidade.png

47
Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam,
apoiam duramente o calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a
subir e descer escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais
geralmente são ridicularizadas e afastadas: tê-las como parceiras é perder na
certa.

Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus
mestres, para todos nós. Como entendê-lo. Como ajudá-lo?

DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR

A criança descrita na história acima apresenta um distúrbio de


motricidade:

UMA DISPRAXIA.

Praxias: São sistemas de movimentos coordenados em função de um


resultado ou de uma intenção. Não são nem reflexos, nem automatismos, nem
movimentos involuntários. O estudo sobre os distúrbios das praxias foram
primeiramente, sistematizados em adultos. Estas perturbações consistiam em
perda ou alterações do ato voluntário, como de lesão no sistema nervoso
central. São as apraxias.

Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram serem


algumas delas portadoras de um determinado distúrbio cujos sintomas
assemelhavam-se aos adultos. Por outro lado, mesmo existindo a lesão, ela
incidia sobre um cérebro ainda em desenvolvimento e, portanto, em condições
diferentes a dos adultos.

48
https://www.youtube.com/embed/Woy8wF2ud1I

A partir destas considerações e da preocupação em estabelecer-se uma


psicopatologia diferencial da criança e do adulto passa-se a encontrar, na
literatura, a denominação de dispraxia ou apraxia de evolução quando se trata
de distúrbios das praxias na criança.

Apraxia aparece referindo-se ao distúrbio infantil. Classificação das


apraxias. Distinguem três variedades:

a) Apraxia sensório-cinética - que se caracteriza pela alteração da síntese


sensório-motora como a desautomatização do gesto. Não há nela
distúrbios de representação do ato.
b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma
desorganização do esquema corporal e do espaço.
c) Apraxia de formulação simbólica que se caracteriza por uma
desorganização da atividade simbólica e da compreensão da linguagem.
d) A finalidade é de estabelecer os diferentes tipos de distúrbios.

ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO


PSICOMOTOR

1. Debilidade Motora é uma condição patológica da mobilidade, às vezes


hereditária e familiar, caracterizada pela exageração dos reflexos
tendinosos, uma perturbação do reflexo plantar, um desajeito dos
movimentos voluntários intencionais que levam a impossibilidade de
realizar voluntariamente a ação muscular.
2. Distúrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade
indissociável, formada pela inteligência, pela afetividade e pela
motricidade.

49
3. Paratonia: É a possibilidade que apresentam certas crianças de relaxar
voluntariamente um músculo.
4. Sincinesias: São fenômenos normais em crianças.
5. Catalepsia: É uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude.
6. Outros sinais são marcados como certas epilepsias, espasmos dos
músculos lisos, alguns estados de excitação e de agitação e a
instabilidade.

Assim muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as


dispraxias, foram vistos sob o nome de debilidade motora que é uma
insuficiência de imperfeição das funções motoras consideradas do ponto de
vista da sua adaptação.

Os distúrbios da Psicomotricidade são definidos sob o nome de


Disfunções Psicomotoras.

https://www.youtube.com/embed/LTmERk6r9B4

Pesquisas feitas com crianças deficientes mentais focalizando os


processos que estariam na base das deficiências da aprendizagem. Adotaram
a classificação das deficiências mentais, proposta por Straus (1933) em
endógenas aquelas crianças com antecedentes familiares de distúrbios
mentais; em exógenas as crianças portadoras de lesão cerebral.

50
Teorias e Exercícios em Psicomotricidade

ESQUEMA CORPORAL

Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo,


conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as
partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam.

EXERCÍCIO 1: Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O


profissional diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabeça,
peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando uma parte por vez.

A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional,


respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser
realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados. Olhos abertos:
Aprendizado. Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo.

EXERCÍCIO 2: A criança deverá reconhecer também as partes do


rosto: nariz, olhos, boca, queixo, sobrancelhas, cílios, trabalhar
também com os dedos com a mão apoiada sobre a mesa a criança
deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos
são ensinados a criança pedindo que ela levante um a um dizendo os
respectivos nomes dos dedos.

EXERCÍCIO 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a


criança acompanha com os olhos sem mexer a cabeça, a trajetória
de um objeto que se desloca no espaço.

EXERCÍCIO 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas


e as mãos sobre os rins a criança dobra os joelhos e encosta-os
no peito. Comentar com a criança que a parte do corpo que se
apoia com força sobre suas mãos chama-se rins.

51
EXERCÍCIO 5: Automatizando a noção de direita e esquerda
Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a
criança qual é a sua mão direita e qual é a sua mão esquerda.
Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas:

• fechar com força a mão direita;


• depois a esquerda;
• Levantar o braço direito;
• depois o esquerdo;
• bater o pé esquerdo;
• depois o direito;
• mostrar o olho direito;
• depois o esquerdo;
• mostrar a orelha direita;
• depois a esquerda;
• levantar a perna esquerda; depois a direita.
• Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o
exercício trabalhar com os olhos fechados.

EXERCÍCIO 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança


deverá dizer de que lado está a porta, a janela, a mesa da sala de
aula, etc. em relação a si mesma. Durante a realização do
exercício, não deixar a criança cruzar os braços, pois isso dificulta sua
orientação espacial.

COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL

A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual tem como


finalidade o domínio do campo visual, associada a motricidade fina das mãos.

52
EXERCÍCIO - Realizar este jogo em duas etapas:

A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as


duas mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início
a criança deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor
determinará previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola.

A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com
as duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão,
apanhando-a com uma só mão também. Variar o uso das mãos. Ora com a
direita ora com a esquerda.

Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um


arco. As crianças deverão jogar a bola dentro do círculo. Aumentar
gradativamente à distância.

Variar jogando a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito


do círculo.

COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL

Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial


da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o
comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do
corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos.
Apresentamos exercícios em que a criança a nível de experiências vividas,
manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a
alfabetização.

Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto,


longe, maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A

53
partir daí propomos exercícios com maior intensidade. Se coloca a medição de
um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível.
Dessa forma permite a criança passar para a etapa de estruturação temporal
requerida para o aprendizado da leitura e da escrita.

EXERCÍCIO: Andando saltando e equilibrando-se.

1. Andando de cabeça erguida


2. A criança anda com um objeto sobre a cabeça (pode ser um livro de
capa dura). Dominada esta etapa a criança para, levanta uma perna
formando um angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no chão.
O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra perna.
3. Quem alcança?
4. O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um
lápis, uma bola) a criança deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente
fazer o exercício em pé, depois de cócoras.

MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS

Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança,


na medida em que educam é gesto requerido para a escrita, evitando a
apreensão e a prisão inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o
ato de escrever uma experiência aversiva a criança.

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CUIDANDO DAS MÃOS

Exercício de Motricidade Fina: Trabalhando só com os braços -


Este exercício tem como objetivo desenvolver a independência segmentar do
braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mão no ato
de escrever. Apresentamos uma série de gráficos (traçados) que o professor
deverá reproduzir em tamanho grande no quadro de giz ou programá-los em
cartões. As crianças por sua vez deverão reproduzi-los com gestos executados
no ar.

AMASSANDO A MASSA

Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de


tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo
apoiado sobre a carteira, a mão para o alto, a criança aperta as bolas de
massa com força, amassando-as. Orientar a criança para que trabalhe com
dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e,
finalmente, com as duas juntas.

Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exercício


anterior, neste caso, porém a massa é apresentada em forma de disco, com a
qual a criança deverá fazer uma bola.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL

Esse mediador trabalha com noções importantes para o aprendizado da


escrita e particularmente da leitura, favorecem o desenvolvimento da atuação
da memória. A estruturação temporal fornecerá as possibilidades de
alfabetizar-se.

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Exercício: Reproduzindo ritmos com as mãos. O professor executa um
determinado ritmo, seguindo algumas estruturas rítmicas (. ... ...) por exemplo,
batendo a mão sobre a carteira, durante um certo tempo, a criança apenas
escuta, depois reproduz o rítmico executado pelo professor, batendo a mão
sobre a carteira também. Variar o ritmo. Lento, normal e rápido.

Fazer o exercício inicialmente com os olhos abertos e em seguida, de


olhos fechados.

EXERCÍCIO DE ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL

Deslocando um objeto no espaço, a criança coloca um objeto qualquer


ora a sua frente, ora atrás, ora a direita, ora a esquerda, segundo o comando
do professor.

56
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender a questão histórica e evolução da Psicomotricidade bem como


relatar as personalidades importantes para o crescimento desta ciência, a
Psicomotricidade contribui para o ensino aprendizagem e aprimorando
conceitos como: Tonicidade, Equilibração; Lateralização, Esquema e Imagem
Corporal, Estruturação Espacial e Temporal; Praxia Global e Fina.

Entender o que é? Querer saber, querer fazer e para que serve, bem
como a sua atuação, é que o trabalho busca elucidar a Psicomotricidade,
tornando a discussão gratificante reavivando o prazer do ensino aprendizagem,
objetivando desafios e possibilidades no tocante a temática proposta.

O trabalho psicomotor com o foco no controle Tônico postural possibilita


minimizar as dificuldades de aprendizagem, conscientização do ritmo, atenção,
concentração, no esquema imagem corporal, no processo de aprendizagem.

As Intervenções Psicomotoras demonstraram dados animadores em


alguns pontos e em outros não. Porém, a Psicomotricidade é a uma ciência
instrumental, que bem planejada poderá alcançar resultados satisfatórios nas
aquisições motoras, cognitivas e emocionais.

A Terapia Psicomotora sucede-se de forma evolutiva com melhorias


constatadas nos seguintes aspectos: cognitivos, de tempo/espaço/ritmo,
atenção, concentração e percepção.

Desta forma fica claro que o estudo da Psicomotricidade sucede de uma


forma evolutiva nos aspetos cognitivos, motor e afetivo, e é tida como uma
ciência instrumental que bem planejada, poderá alcançar resultados
satisfatórios para o reconhecimento das mudanças do cotidiano de um ser. As
mudanças são: perceptivas, temporal, de concentração e percepção auxílio.

57
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Psicomotricidade ............................................................................... 4


Figura 2 – Psicomotricidade no Brasil ............................................................... 7
Figura 3 - Definição em Psicomotricidade (in LOUREIRO, 2009). ................... 12
Figura 4 -trabalho psicomotor ......................................................................... 13
Figura 5 – Organização Funcional cerebral ..................................................... 15
Figura 6 – unidade neurofuncional .................................................................. 17
Figura 7 – Desenvolvimento da criança .......................................................... 18
Figura 8 - Gênese ........................................................................................... 20
Figura 9 - Ontogênese .................................................................................... 24
Figura 10 – Dificuldades de Aprendizagem ..................................................... 29
Figura 11 – Psicomotricidade e elementos ...................................................... 34
Figura 12 – Organização Espacial .................................................................. 35
Figura 13 – Desenvolvimento Motor ................................................................ 39
Figura 14 – Áreas Psicomotoras ..................................................................... 41
Figura 15 - Lateralidade .................................................................................. 43
Figura 16 – Habilidades Conceituais ............................................................... 45
Figura 17 – Disturbios Psicomotores ............................................................... 47

58
REFERÊNCIAS

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FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre:


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GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento


infantil. 13ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

GONÇALVES, F.. Do andar ao escrever, um caminho psicomotor. São


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GONÇALVES, F. Psicomotricidade &Educação Física – Quem quer


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LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor – do nascimento até 6


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LOUREIRO, M. B. S. Psicomotricidade. São Paulo. 2009. (APOSTILA).

LOUREIRO, M. B. S. Sistema de Avaliação em Psicomotricidade (Faixa


Etária: 8 a 11 anos). São Paulo. 2009. (APOSTILA).

LOUREIRO, M. B. S. Sistema de Avaliação em Psicomotricidade Testes.


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LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. São Paulo: Edusp, 1981.


______. Pensamento e linguagem: as últimas conferências de Luria.
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MORAES, A.,M.,P.. Distúrbios de Aprendizagem: uma abordagem


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Banco de Imagens: FREEPICK


https://br.freepik.com/

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