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UNIFCV - CENTRO UNIVERSITÁRIO CIDADE VERDE

Ana Carolina Dos Santos Pereira; Nauany Ferreira da silva; Jean Carlos Da
Silva; Victoria Alexandrino Trindade De Paula

EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA

Maringá
2022
Ana Carolina Dos Santos Pereira; Nauany Ferreira da silva; Jean Carlos Da
Silva; Victoria Alexandrino Trindade De Paula

EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA

Trabalho bimestral apresentado ao centro


universitário cidade verde (unifcv), para
obtenção de nota na matéria epistemologia
da psicologia
Orientadora: Prof. Nilson Lucas Dias
Gabriel

Maringá
2022
SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................................. 3
1 O QUE É EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA.................................................................................... 4
Produção De Conhecimento Na Psicologia ............................................................................ 4
2 O QUE É EPISTEMICÍDIO ................................................................................................................. 6
A psicologia está imune a prática epistemicida .................................................................... 7
REFERÊNCIA ............................................................................................................................................ 8
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RESUMO
O presente trabalho visa refletir acerca do epistemicídio na produção de
conhecimento da psicologia e sobre a epistemologia e seus estudos em detrimento
da ciência psicológica, além de refletir sobre a pratica do epístemicidio na psicologia
quando recusa o outro enquanto produtor de conhecimento e produto de estudo,
seguindo uma tradição ocidental humanística de integração e exclusão daquilo que
diferencia da norma vigente. Para isto, utilizou-se de artigos, vídeos aulas e teses que
nos auxiliaram para o cumprimento do objetivo proposto.
PALAVRAS-CHAVE: Epistemicídio, Epistemologia, Psicologia

ABSTRACT
The present work aims to reflect on epistemicide in the production of
knowledge in psychology and on epistemology and its studies to the detriment of
psychological science, in addition to reflecting on the practice of epistemicide in
psychology when it refuses the other as a producer of knowledge and product of study,
following a humanistic western tradition of integration and exclusion of what differs
from the current norm. For this, we used articles, videos, classes and theses that
helped us to fulfill the proposed objective.
KEY WORDS: Epistemicide, Epistemology, Psychology.
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1 O QUE É EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA


Epistemologia pode ser definida etimologicamente como discurso racional
(logos) da ciência (episteme). A palavra grega episteme pode ser traduzida por
conhecimento estabelecido, conhecimento seguro.
Epistemologia é a responsável por dizer se o que sabemos é válido ou não, na
medida em que se guia por distintos pressupostos lógicos para verificar se um
conhecimento é real ou fictício. Neste sentido, foram se formando desde a metade do
século XIX várias escolas de pensamento que deram forma ao que hoje conhecemos
como ciência. A primeira escola epistemológica da modernidade, se assim podemos
chamá-la, foi o Positivismo, cuja autoria se atribui à August Comte (1798-1857),
embasada nas teorias mecanicistas, empiristas, deterministas e reducionistas, dentre
outras. Posteriormente foram surgindo outras alternativas à este pensamento, como
o pensamento Fenomenológico, sintetizado por Edmund Husserl (1859-1938), e o
pensamento Marxista, sintetizado por Karl Marx (1818-1883) – Destas linhas de
pensamento (e de outras também), surgiram diversas teorias que possuíam seus
métodos e objetos de estudos particulares e diferentes.
Assim sendo, a Epistemologia, é um ramo da filosofia é necessário para
a psicologia, na medida em que a última se serve da primeira para afirmar sua
identidade enquanto conjunto de saberes científicos.

Produção De Conhecimento Na Psicologia


A produção de conhecimento na psicologia tem enfrentado um dilema,
seguindo os cânones do cientificismo “clássico”, que é baseado no Positivismo.
A ciência moderna se fundamenta numa dicotomia objetivo-subjetivo, com
uma homogeneização, consequentemente ocorre a exclusão do sujeito psicológico,
que é entendido como um sistema de vieses subjetivos, com sua matriz
desconhecimento cientifico, com isso ocorrendo uma negação da natureza mental do
fenômeno que se vai estudar.
Com esse caminho que a ciência passa no final do século XIX e início do
século XX, a psicologia passou a delinear os fenômenos psicológicos, e uma
demonstração disso é usando de métodos que defendem a natureza fisiológica dos
fenômenos psicológicos, que ainda é visto em alguns projetos atuais de neurociências
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Fazendo uma relação entre a tradição epistemológica na Psicologia com o


atual cenário acadêmico, Lopes (2009) dia que seguindo essa substituição mental
pelo fisiológico, a Psicologia corre o risco de perder sua especificidade, sendo mais
claro, a psicologia cientifica não se distingue mais da fisiologia, o risco disso é que
com esse reducionismo fisiológico, a psicologia tende a se converter em fisiologia e
com consequência sua produção de conhecimento é pautado por parâmetros de
outras áreas que nem todos compartilham dos mesmos métodos e, principalmente
sobre a natureza do seu objeto de estudo.
E a outra forma é uma tentativa de se evitar o objetivismo e seu reducionismo,
propõe se a natureza subjetiva e irredutível de todos os fenômenos psicológicos, e
essa opção epistemológica gera uma ampla gama de dificuldades metodológicas.
Com isso se entra num dilema que coloca Lopes (2009) é possível estudar
cientificamente algo que se prende aos métodos de observação típicos da ciência? É
possível entender os acontecimentos psicológicos com propostas que defendem o
método introspetivo?
Dessa forma, a psicologia cientifica tem enfrentado esse problema, se
aproximar da ciência clássica e consequentemente perder seu objetivo, ou se
aproximar do que parecer ser seu objeto, mas acabar abandonando o método
cientifico tradicional.
E entender o que é o objeto de estudo da psicologia, e que eles não se
reduzem a um método cientifico, que existe por trás daquele método um sujeito com
sua história, seu dilema, sua etnia e tantas outras subjetividades que não podem ser
reduzidas a um padrão cientifico.
Souza Santos definiu o epistemicídio da seguinte forma: “à destruição de
algumas formas de saber locais, à inferiorização de outros, desperdiçando-se, em
nome dos desígnios do colonialismo, a riqueza de perspectivas presente na
diversidade cultural e nas multifacetadas visões do mundo por elas protagonizadas”,
dessa forma se entende que a partir dos momentos que as produções na Psicologia
se baseiam apenas no cientifico, ignora toda e qualquer outra teoria que não se baseie
no mesmo. O estudo cientifico se faz necessário e contribui de forma gigantesca para
psicologia ser o que é antes, mas fixando-se unicamente em métodos, ignoramos uma
diversidade gigantesca cultural e, consequentemente, afetando o principal, que é toda
a história que se une ao homem. Como estudar os processos mentais do ser humano
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se ignoramos e enrijecemos sua história, sua etnia, sua cultura e padronizamos a


forma como os tratamos?
A superiorização ocidental começa quando as ideias mais difundidas na
psicologia são de homens brancos europeus, dificilmente se encontra como referência
na psicologia teorias de autores, estudiosos, filósofos que não sejam europeus, a
própria referência de imagem de um pensador é uma estátua europeia, esculpida pelo
frances Alguste Rodin (1849-1917) no ano de 1880 encomendada pelo Estado
Frances, tal imagem é difundida como a representação do que pensa melhor, do
sujeito humano, excluindo possibilidades da ideia de um pensar além daquele homem
branco europeu.
O eurocentrismo é tratado como um modelo de civilização mais avançado, de
conhecimento, de humanidade, tratando as demais culturas, que não seguem seu
padrão, como inferiores e até mesmo "primitivas”, trazendo essa suposta
superioridade ocidental, incorporada pelos próprios colonizados, independentemente
de sua etnia.
Um exemplo clássico dessa ideia eurocentrica de civilização são as pirâmides
do Egito, uma civilização que em aproximadamente 2471 a.C. construiu a pirâmide de
Miquerinos, a de Quefren (cerca de 2500 a.C.) e a pirâmide de Quéops (cerca de 2530
a.C.), revelando-nos a organização da sociedade egípcia, as técnicas de construções,
os conhecimentos arquitetônicos e matemáticos daquela civilização, mas quando
falamos sobre civilizações antigas que usaram da matemática, conhecimentos
arquitetônicos, astronomia e medicina e até modelo de civilização, dificilmente não
associamos a modelos de civilização europeias.
Com isso enraizado na nossa sociedade, qualquer pensamento e teoria, que
não seja baseada em ideias europeias não é vista como algo que é levado em
consideração o suficiente pra ser considerado uma forma de conhecimento, assim
ocorrendo até uma forma de espistemicidio.

2 O QUE É EPISTEMICÍDIO
O termo epistemicídio foi criado pelo sociólogo português Boaventura de
Souza Santos, que defendia como a produção do conhecimento científico é construída
a partir de um modelo epistemológico único. Dessa forma, o mundo, apesar de sua
complexidade, adquire contornos monoculturais, ou seja, de somente uma cultura, o
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que impedem a disseminação de formas de conhecimento diferentes do paradigma


vigente.
Souza Santos define o epistemicídio como: “À destruição de algumas formas
de saber locais, à inferiorização de outros, desperdiçando-se, em nome dos desígnios
do colonialismo, a riqueza de perspectivas presente na diversidade cultural e nas
multifacetadas visões do mundo por elas protagonizadas” (2009, p. 183).
Para o autor, o epistemicídio seria a outra face do genocídio, servindo como
uma das ferramentas mais efetivas e duradouras de dominação racial, ao reforçar a
negação da legitimidade do antagonismo, conhecimento esse que influenciaria
também o reconhecimento das populações oprimidas como sujeitos de direitos.

A psicologia está imune a prática epistemicida


Infelizmente não, pois a partir do momento que temos a consciência de que é
epistemicídio, percebemos que a psicologia não está imune a essa prática. Pois de
acordo com a etimologia da palavra epistemicídio significa morte do conhecimento, ou
uma maneira de invalidar ou apagar um conhecimento e/ou cultura que seja
“diferente”, que não tenha vindo de um meio eurocêntrico, por isso, a maioria das
tratativas de epistemicídio se ligam ao racismo, por pessoas brancas tentarem apagar
a cultura e o conhecimento que essas pessoas carregam.
Tendo em vista isso e analisando o contexto histórico da psicologia,
percebemos que poucas teorias e escolas de pensamento tem de fato como precursor
pessoas diferentes do padrão (pretas, LGBTQIA+, indígenas…) pois levando em
consideração as grandes escolas de pensamento como, Behaviorismo Psicanálise,
Gastald, dentre outras vemos que a maioria de seus precursores foram homens
brancos, héteros, cis-gêneros e vindos do meio ocidental.
E tanto naquela época quanto hoje, se um conhecimento não vem desse meio
ocidental, ele geralmente é ignorado ou invalidado, por que as pessoas têm essa
percepção de que lá é o epicentro do conhecimento e toda e qualquer teoria criada
fora desse meio não possui nenhuma validade, sendo assim tanto a psicologia, ou
outra forma de conhecimento e até mesmo a sociedade não está livre da prática
epistemicida.
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REFERÊNCIA
- Artigo Tempo Da Ciência (18) 35: 83-94 1º semestre 2011:
http://sites.uem.br/neiab/revista-neiab/2-1.pdf
- ARTH. O QUE É EPISTEMICÍDIO. YouTube, 22 de julho de 2021.
Disponível em: https://youtu.be/12DecR7xhMg
- ELLER, Kananda. EPISTEMICÍDIO. YouTube 21 de agosto de 2021.
Disponível em: https://youtu.be/TazxozcF3hE
- Editorial Psico, Porto Alegre, PUCRS, v. 42, n. 4, pp. 424-425, out./dez.
2011
- FREITAS, Carolina. EPISTEMICÍDIO: HÁ CONHECIMENTO INFERIOR E
SUPERIOR. YouTube 18 de novembro de 2019. Disponível em:
https://youtu.be/9AoWXOvIR0U
- Minuto Psicologia:
http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2014/09/26/o-que-e-e-para-que-
serve-a-epistemologia-na-psicologia/
- Politize!: https://www.politize.com.br/o-que-e-
epistemicidio/#:~:text=Souza%20Santos%20definiu%20o%20epistemic%C3%ADdio,
protagonizadas%E2%80%9D%20(2009%2C%20p.
- Revista neiab v. 02 n.02 nov./ 2018: http://sites.uem.br/neiab/revista-
neiab/2-1.pdf

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