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SUMÁRIO – Ano 2020

Obs: alguns textos perdi ou não sei se anotei direito a correspondência com a aula mas calculo que quase tudo esteja ok!

 1ª Aula 02/04: Texto da Transitoriedade


 2ª Aula 09/04: Textos das Aulas Inaugurais
 3ª Aula 16/04: Primeiro Capítulo da Autobiografia de Freud. 1925. Cap XX
 4ª Aula 23/04:
 5ª Aula 30/04: Primeira Lição das 5 Lições de Psicanálise. Volume 11.
 6ª Aula 07/05: Segunda Lição
 7ª Aula 14/05: Srta. Elisabeth – Estudos sobre histeria (p. 105) – Caso que ele cita na 2ª Lição de Psicanálise.
 8ª Aula 21/05: Srta. Elisabeth – Estudos sobre histeria (p. 105) – Cont. (p. 113)
 9ª Aula 28/05: Caso Emma – Página 224 (Vol 1).
 10ª Aula 04/06: Estratos de documentos ao Fliess – Carta 6971 (Vol 1)pg. 107
 11ª Aula 11/06: 3ª Lição das 5 lições – vol. 11
 12ª Aula 18/06: Vol. 6 - Cap 1 e 2 (SOBRE A PSIOPATOLOGIA DA VIDA COTIDIANA)
 13ª Aula 25/06: Interpretação dos Sonhos – Vol. 4 | Cap. 4 – Só o caso da Barba Amarela
 14ª 02/07: Interpretação dos Sonhos – Vol. 4 | Cap. 4 – Só o caso da Barba Amarela (continuação até quando fala das
duas instâncias) e Vol. 5 | Cap. 7: Despertar pelo sonho, sonho de angústia
 15ª Aula 09/07: Continuação do texto anterior e do Bloco Mágico – V. 19
 Férias!
 16ª Aula 03/08: Lição 4 das 5 Lições de Psicanálise
 17ª Aula 13/08: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise – O sentido dos sintomas – Vol 16 XVII p. 12
 18ª Aula 20/08: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: FIXAÇÃO EM TRAUMAS - O INCONSCIENTE –
Vol 16ª Conferência XVIII p. 12
 19ª Aula 27/08: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: RESISTÊNCIA E REPRESSÃO | Vol. 16
Conferência XIX p. 32-43
 20ª Aula 03/09: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: RESISTÊNCIA E REPRESSÃO | Vol. 16
Conferência XIX p. 32-43
 21ª Aula 10/09: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: A VIDA SEXUAL DOS SERES HUMANOS | Vol.
16 Conferência XX p. 43-55
 22ª Aula 17/09: Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: A VIDA SEXUAL DOS SERES HUMANOS | Vol.
16 Conferência XX p. 43-55 (Continuação a partir da p. 49 “Em todo caso...)
 23ª Aula 24/09: Cap. 5 – PULSÕES E REPRESENTAÇÃO - Garcia Roza – p. 112
 24ª Aula 01/10: Cap. 5 – PULSÕES E REPRESENTAÇÃO - Garcia Roza – p. 112
 25ª Aula 08/10: Conferência XXI: O DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO E AS ORGANIZAÇÕES SEXUAIS – V.
16, p. 55
 26ª Aula 15/10: Continuação
 27ª Aula 22/10: Conferência 22 - ALGUMAS IDÉIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E REGRESSÃO -
ETIOLOGIA
 28ª Aula 29/10: Minhas Férias
 29ª Aula 05/11: CONFERÊNCIA XXIII - ALGUMAS IDÉIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E REGRESSÃO -
ETIOLOGIA – p. 68 V. XVI
***
30ª Aula 12/11: Artigos Maria Fernanda e Evy
31ª Aula 19/11: Artigos Juliana, Natália e Glauce
32ª Aula 26/11: Artigos Pedro, Narjara e Bárbara
33ª Aula 03/12: Artigos Isabel e Eduardo
34ª Aula 10/12: Artigos Micael, Eduardo e Carolina
Na Obra (no PDF) Instinto = Pulsão / Repressão = Recalque
CURSO CONFLITO E SINTOMA – Prof. Rodrigo Blum - 1ª Aula: 02/04/2020
(e antes os textos da Aula Inaugural)
Começar a criar um acordo, um pacto de trabalho nessa nova modalidade e criar umas regrinhas que
facilitem esta comunicação. E conversar sobre o que estamos passando.
O que faz com que estejamos aqui e não no SEDES.
Dois jeitos de falar, levanta mão, ou gesto, ou via bate papo.
Thalita: Unip, psi a três anos. Pós no COGEAE teoria psicanalítica.
Narjara: Uni9 a dois anos, atua em dois consultórios particulares, 2019 fez psicologia hospitalar na
USP. Me voluntariei para trabalhar nos Hospitais, mas por conta do Covid, em casa.
Natália: Formada pela PUC, ano passado, desde então, já durante a faculdade trabalhava numa
escola, assistente de sala em educação infantil, e também começou o consultório este ano, uma
professora da PUC indicou este curso para dar continuidade aos estudo de psicanálise. Escola:
Bright Kids, bilingue, nos Jardins. Sempre trabalhou com crianças de 2 anos. Vai fazer 3 anos que
está com essa faixa etária. No consultório atende jovens e adultos.
Provalvemente vamos ter problemas de conexões, isso pode acontecer em qualquer momento... a
tecnologia é um aliado, mas também vamos ter que ir manejando esse instrumento novo aqui.
Eduardo: Tenho uma formação completamente diferente do que foi apresentado até agora,
Engenheiro pela USP, fui para a área financeira, faz anos que estou nesse hospício, sempre fiz
terapia, sempre me interessei pelo tema, algo que me interessa bastante e recentemente aconteceram
três coisas que foi o nascimento dos filhos, separação recente e mudança de terapeuta, mais na linha
da psicanálise. Existencialista faz um tempo. Me identifiquei muito com a Psicanálise. O que era
um interesse comecei a ficar encantado e não só para conhecer, eu olho isso além de uma
curiosidade, mas como algo que vai me trazer uma série de elementos para me fazer um pai melhor,
para trabalhar melhor nesse hospício. O psi vai ser a coisa mais importante no mundo daqui pra
frente. O mundo está virando robô e ser-humano vai entrar em conflito enorme nos últimos anos.
Comecei a fazer terapia por, provavelmente já não estava... não fui para Eng porque amava
engenharia, para banco porque amava banco. Para tentar entender um pouco meu modelo de
decisão, entender porque não amava, não vibrava com aquilo que estava fazendo. Sempre gostei
muito de ler, de ouvir pessoas que pensavam. Visão mais inteligente e mais humana do mundo.
Sempre dei muita importância para a terapia – era mais existencialista. Quando tive esse contato
recente, mas na linha analítica, como se tivesse aberto uma porta. Não é possível que a coisa seja
tão forte e tão poderosa assim.
Pedro: Tenho um ano de formado USP Ribeirão, sou de Rio Preto, não estou em SP ainda, mas
pretendo me mudar logo, pretendo estar o quanto antes. Não tenho experiência em clínica
particular, foram todos estágios clínicos. Não comecei por conta desta mudança, mas pretendo
começar o quanto antes. Meu tema de mestrado tem relação com psicanálise, meu interesse foi
sempre ser psicanalista. Vai fazer um ano que estou no mestrado, na USP de Ribeirão também.
Tema: pós verdade, uma espécie de genealogia da verdade, Orientadora Lacaniana, mexe muito
com análise do discurso. Não tem como falar de verdade sem falar da filosofia, mas vai desembocar
em algum momento pela Psicanálise. Completamente contemporâneo.
Isabel: Jornalista, a psicanálise está na minha vida desde muito cedo, comecei com 13 anos, minha
mãe também fazia, meu irmão é Lacaniano e sempre estudei de forma diletante, o que me
interessava. Ano passado entrei no grupo que a FFLCH tem de crítica literária e Psicanálise. Minha
ideia é fazer mestrado em clínica literária. Não quero fazer formação, não quero atender, quero
estudar psicanálise de verdade, sempre estudei sozinha ou enviesada pela literatura.
Bárbara: Psicóloga, me formei e logo que me formei fui fazer mestrado na França, lá acabei me
interessando muito pelas questões de política de saúde, quando voltei trabalhei um pouco com
saúde do trabalhador e com refugiados. Entrei no curso de formação do SEDES, fiquei três meses e
me chamaram para trabalhar no MSF, fui viajar, já faz 2anos e meio, voltei, resolvi que não queria
voltar ao curso de formação, nunca tinha pulado de cabeça, vou começar mais básico, primeiro ter
mais base e queria investir menos tempo do que na formação, me dar este ano para me organizar.
Epidemia todos os planos suspensos. MSF, fui para o Iraque, trabalhava numa maternidade, saúde
mental, depois fui duas vezes para o Congo, trabalhei com Ebola, fui mais para atender os
funcionários para atender os funcionários de MSF em Moçambique após o ciclone e uma guerra
civil em Camarões, muito amputado, traumas em geral e vítima de violência sexual, expatriado vai
para formar equipe local para. Moçambique para atender, o resto mais um trabalho de coordenação.
Trabalho com os funcionários de MSF.
Isabel: Formada há quase um ano, meio do ano passado, psicologia, Mack. Trabalho desde que
estava na faculdade como estagiária, numa instituição que presta serviço para crianças com
deficiência, com mobilidade reduzida, trabalho lá há um tempinho e a parte clínica comecei agora, o
que tenho de experiência foi na faculdade, com estágios práticos, sempre gostei muito da
psicanálise, apesar do contato com outras áreas. Sempre tive mais contato com a parte pedagógica,
habilidades cognitivas, trabalho de linguagem, depois que me formei comecei no núcleo
terapêutico.
Glauce: Médica, da Federal da Paraíba, depois trabalhou um ano no interior de Pernambuco, há
dois anos residência na Psiquiatria da Unisa. Decidi fazer psicanálise pois faz parte da história da
psiquiatria, faço análise, lacaniana, ajuda muito a lidar com os pacientes. Está em SP há dois anos.
É de João Pessoa, Paraíba. Eu passei o curso inteiro, 5 deles, meio perdida, tem a questão dos
preceptores, alguns muito bons, outro não tão bons, foi na psiquiatria, no 4º ano, fiz psiquiatria, a
forma como tratavam, avaliavam os pacientes era diferente, percebi que acolhiam realmente o
paciente, as outras especialidades vem a doença, então estudamos a pessoa, a vida do paciente. Me
sentia meio insuficiente nas outras modalidades, quando fui trabalhar num posto de saúde então vi a
necessidade, Sra. Idosa que vive sozinha. Foi aí que me encontrei. Amo, realmente me achei. Estou
no R3. Já peguei CAPS, enfermaria, PA.
Maria Fernanda: Sou de Araçatuba, me formei lá em 2004, Psicanálise entrou na minha vida
também pela análise. O encanto começou por aí. Na graduação não foi uma relação muito boa, fui
para psicologia social, educação, quando me formei vim para SP, início de 2005 e desde lá estou na
Saúde Pública, consultório particular tenho a 5 anos, tinha bastante resistência, me parecia uma
coisa muito elitizada, mas fui no percurso encontrando muitos psicanalistas e comecei a ver de outra
forma o atendimento clínico. A saúde mental em sua maioria é terceirizada. Vários caciques,
alguma frustração com isso e a clínica está me surgindo como possibilidade de olhar o sujeito para
além dele. Psicanálise venho paquerando faz um tempo e não tinha nem tempo nem $. Estou no
CAPS adulto Paraisópolis. Comecei no ABC. Venho pensando na clínica, mas de poder fazer um
cuidado de rede.
Micael: Sou enfermeiro, me formei a 3 anos, no Paraná, estou em SP desde que me formei e vim
fazer residência, fiz em Saúde Mental na escola de enfermagem da USP, passei por vários serviços
da rede, logo após acabar residência comecei a trabalhar nos CAPS, atualmente estou no LAPA
(adulto), descobri o SEDES andando pelas ruas de perdizes, quando vim para SP vim morar perto
do SEDES, fui pesquisar, fui em algumas aulas abertas, principalmente de sofrimento psíquico,
formação muito baseada na formação psicossocial, e sempre faltou algum embasamento teórico, o
que é possível usar para incrementar o trabalho. Fiz um curso de AT com uma pessoa Lacaniana.
Então falei, preciso estudar Freud. Muitos amigos já tinham feito Conflito e Sintoma. Sou
plantonista, trabalho um dia sim um dia não. CAPS 3 funciona 24hs, tem 6 leitos de acolhimento.
Juliana: Sou pedagoga e psicóloga. Psicologia terminou no meio do ano passado, as duas
faculdades pela Uni9, comecei com clínica em setembro do ano passado, convênio e particular,
indicação pelo analista, SEDES era um lugar que paquerava, analista fez esse curso, também
formado em psicanálise pelo SEDES. Minha abordagem de preferência é a psicanálise. Para mim
esse curso vai ser de grande valia e quem sabe dar sequência pra frente. Trabalhei três anos com
criança, em pedagogia, trabalhar com atendimento de família em hospital e terminei a faculdade.
Carolina: Enfermeira, especialista em saúde da família e coletiva, militante do SUS a 13 anos, 12
anos na Saúde da família, interior de SP, estou em SP há 8 anos, trabalhei em região periférica, no
centro, refugiados, imigrantes, há 18 meses passei a trabalhar na região norte no CAPS adulto da
Brasilândia. Agora CAPS 3, 8 leitos, nesse cuidado integral. Nossa supervisora de casos indicou
este curso, resolvi estudar, é a primeira vez que estou lidando numa forma tão profunda em casos
graves, persistentes, algo que vai além do CID, da medicação, como os usuários se posicionam
durante a vida, principalmente agora, também não estão em isolamento, como no CAPS Lapa. Feliz
pela oportunidade, a minha intenção é instrumentalizar o meu cuidado.
Como vocês estão pensando? O que é que tem passado? Como está influenciando o trabalho, a
vida de vocês?
- Para nós do SEDES uma situação muito difícil. Todos empenhados em fazer os esforços para
atravessar esta situação. Que cada um passa pessoalmente, mas que tem um efeito coletivo, no
sentido de estabelecer um mínimo de acordos, coletivamente criando instrumentos para atravessar
esta situação, para que o curso permaneça, para que o SEDES siga vivo,, sobretudo do desejo que
cada um foi falando, de por onde a psicanálise pega cada um e em que medida vamos podendo fazer
uso dos conceitos da psicanálise. Vamos ler textos, Freud passou por algo parecido com isto, ele
atravessou duas guerras e escreveu texto sobre as guerras, sobre um mal estar, futuro de uma ilusão.
Uma das coisas que o trauma nos convoca é para ir perguntando e pensando como dar uma
elaboração para o que a princípio não tem nenhuma elaboração.

Presença ausente, ausência presente.


Formação de grupo, importante para aprendizado, mas fundamental para atravessar momentos de
crise.
Uma coisa que fui pensando é que nós estamos vivendo a história, normalmente nós escutamos a
história. Vamos perceber muito do que Freud dizia lá nos primórdios, mas que hoje se atualiza
fortemente.
Que relação é essa que se dá entre as forças conscientes e inconscientes, que história é essa que ele
vai dizer que do eu não é Sr. Do seu castelo, que tem uma parte que nos determina fortemente que é
o inconsciente (nas angústias, nos medos, nas fantasias, nos fantasmas), nesse jogo de força que ele
vai chamar lá na frente de pulsão de vida e de morte. Temos um momento em que a pulsão de vida
é convocada com todas as forças para que a vida permaneça, contra essa contaminação do
mortífero, porque a vida também é a morte e a morte também é a vida.
Fui pensando que cada um está falando uma experiência pessoal e coletiva, que cabe neste percurso,
sobretudo onde Freud vai ser muito contundente que o conflito é o humano, que o humano é isso,
esse que um dia está preso na sua casa, outro dia está solto no mundo. Essa pandemia sem
precedentes é da ordem do humano. Um pouco esse é o panorama que eu queria que a gente
pudesse ir inaugurando e pensando para chegar nos textos que vamos trabalhar ao longo do ano.
Antes de entrar na bibliografia que vamos trabalhar, vou propor, vou passar a bibliografia, mas
ainda não vamos entrar já na próxima aula no primeiro texto do Freud, acho que podemos trabalhar
mais uma aula nesta grupalidade, como vamos funcionar pela internet e trabalhar os textos das aulas
inaugurais, os dois que recebemos, que são textos que falam da política e do lugar do SEDES, do
curso na atualidade e na concepção do que entendemos o lugar da psicanálise e outro texto mais
técnico que fala do conflito e sintoma. Talvez, estou pensando, num outro texto de Freud. Se eu
decidir um texto que conversa com a situação que conversamos, ou eu passo ou trago para aula e
trabalhamos pessoalmente.

09/04/2020
Textos das Aulas Inaugurais
- Rodrigo: Questão do Método, da Técnica e da Ética. Questão da desalienação. Sujeito poder se
desalienar para poder entrar em contato com seu desejo mais genuíno e mais profundo e é ao
mesmo tempo uma forma de intervenção ético- político, ao passo que está implicado no processo. O
estudo da teoria psicanalítica é também um ato analítico. (Final da página 2). Essa forma, faz com
que o sujeito tenha que se haver com a implicação no seu próprio desejo e não o lugar do
submetimento, a partir das demandas. A partir do desejo que o sujeito vai tomar suas decisões.
- A resistência e o método estão intimamente ligados. Quando ele abandona a hipnose porque
percebe que apesar do sucesso que a hipnose faz no comportamento do paciente, este ao voltar da
hipnose não tem consciência nenhuma do que foi feito. Por mais que tenha revelado conteúdos
inconscientes o paciente não toma consciência disso. Outro método é estar acordado e falar, mas
isso significa trabalhar com a resistência, que vai ser uma defesa aos conteúdos inconscientes como
um elemento fundamental para trabalhar na análise. Precisa de resistência para não ficar vulnerável.
O método provoca e produz, um encontro, um contato com as questões inconscientes.
- O conceito de transferência se dá a partir daí que se dá: tem resistência, tem transferência e é com
isso que vou ter que trabalhar. O conceito de T. É um conceito chave para todo o trabalho com a
técnica, o que ele vai entender lá, escutando as histéricas é que em algum momento aquilo que se
dizia ele não era com ele, que ele era uma figura da qual se transferia conteúdos inconscientes e
infantis. Transferência bancária, eu transfiro da minha conta para tua conta X reais, os pacientes
faziam isso, mas não era com ele, foi entendendo que transferiam a ele algo que tinha a ver com
figuras parentais. Se eu trabalhar com este conceito, vou poder deslocar isso para outro lugar (se
repete para se transformar em alguma coisa) – pegar esse conceito como uma ferramenta, esse
instrumento possibilita que o paciente possa ver outra coisa, se o analista toma isso pessoalmente
não tem análise. Com isso que aprendi com minhas pacientes vou fazer disso um método, uma
técnica. Método que caracteriza a análise, que dá um lugar particular para ela.
- A transferência é um conceito teórico e teorizado pela psicanálise, mas sobretudo uma ferramenta
no campo do processo analítico. Falamos que muitas coisas se trabalham com a transferência, se
atualiza na figura do analista algo que é do processo infantil ou de conteúdos inconscientes do
paciente. Para uma análise acontecer a transferência precisa acontecer. A partir da transferência é
que ele é autorizado a interpretar, sustentar a transferência é ele poder sustentar esse lugar de
despejo (se não ele ou toma pessoalmente, ou rebate, aí não se dá a análise).
- Um desejo, uma força que quer uma satisfação e de outro lado uma outra força que faz todo o
esforço possível para não deixar que a satisfação aconteça = CONFLITO. Frente a esse cabo de
guerra, no meio disso está o EGO, o ego é quem sofre com isso: de um lado conteúdos
inconscientes querendo satisfação e de outro lado uma resistência dizendo que isso aí não pode, que
vai causar um grande medo... - a NEUROSE se estabelece a partir daqui. A RESISTÊNCIA vem
na medida que protege o Ego da invasão da força do desejo do inconsciente. O SINTOMA é uma
saída para esse conflito.
- Freud vai dizer que o SINTOMA é uma das formas de SATISFAÇÃO SUBSTITUTIVA, o
sonho é outra forma, a sublimação outra, que funcionam com o MESMO MECANISMO, de
condensação e deslocamento.
- Como passa pela resistência: 1º porque a resistência baixa e 2º porque esses dois mecanismos
funcionam. Por isso entendemos que o Sonho é uma manifestação de um conteúdo Incs que precisa
ser associado.
- O DESLOCAMENTO é algo que se apresenta em outro lugar. É um elemento fundamental para
a SUBLIMAÇÃO, preciso que essa energia sexual se desloque para que eu suporte essa satisfação
e desloque isso para outro investimento: o trabalho é um deslocamento (importante), quando eu tirar
férias vou realizar o meu desejo de dormir a tarde toda. Toda essa energia deslocada ao trabalho é
para que você possa se satisfazer em outro momento. O Incs se impõe: mas você vai esperar um ano
para tirar férias?! Outra negociação, o ego vai ter que negociar com essas instâncias.
- Um sonho só se forma por: condensação, deslocamento, restos diurnos...
- A partir de um crime, o sujeito imagina ele ter cometido o crime, desenvolve uma obssessividade,
em função da culpa pela masturbação: sou tão qual o criminoso dessa notícia de TV, daí preciso
desses comportamentos obsessivos.
- Vamos trabalhar com o sentido do sintoma. Vamos trabalhar com essa ideia do que é que parte do
Incs.
- A ideia do RECALCADO também é fundamental para o que vamos trabalhar.
- “Freud faz uma aposta que não se dirige só à desaparição do sintoma, senão a de que o doente
obtenha também um conhecimento maior de sua subjetividade, compreenda a significação do
mesmo já que, inicialmente, esse conteúdo pertencia ao INCONSCIENTE. Podemos dizer que esse
significado não lhe pertence, lhe é alheio, compete ao INCONSCIENTE (...) Mas enfatiza, mais que
o significado, o que chama de formação do sintoma, o qual se configuraria como uma formação de
compromisso, resultante de um conflito, uma luta entre o recalque do saber não sabido do
INCONSCIENTE versus a satisfação pulsional.” (Lucia Fucks).
- A pulsão quer satisfação.
. PROCESSO PRIMÁRIO: essa relação de nenhuma elaboração, de a pulsão ser satisfeita
imediatamente: por exemplo: o bebê quando está com fome, ele berra e só para de berrar quando a
mãe oferece o leite, isso é primário, não tem elaboração, vai ter ELABORAÇÃO quando mais
adiante ele consegue dizer: “mamãe estou com fome”. Condensação e Deslocamento regem este
processo primário.
- Para a pulsão poder se satisfazer ela precisa encontrar sua meta, seu objeto, para o bebê encontra
rapidamente, pois o bebê não para de chorar até morrer. Ele não ter recursos físicos e psíquicos para
aguentar certo número de horas sem mamar.
. PROCESSO SECUNDÁRIO, uma elaboração secundária. É a elaboração que permite o processo
secundário. A força e a pressão não têm como mudar, o objeto de satisfação é que pode ser
mudado. Assim eu terei uma satisfação secundária, não é a primária, por isso as vezes a gente sofre
muito, pois a satisfação que se quer é a primária.
- Recalque não chega a ser uma satisfação secundária, mas é uma forma de satisfação, ela não se dá
por satisfeita, pois tem o RETORNO DO RECALCADO. O RECALQUE opera substituindo a
satisfação, assim como o SINTOMA, uma forma de satisfação de algo que não foi recalcado,
quando o recalque não é suficiente, furo no recalque e se desloca para outro tipo de destino, um dos
destinos é o SINTOMA, o SINTOMA é um destino do RECALCADO, assim como o SONHO.
Quando a força é muito maior do que a possibilidade de resistência esse conteúdo vai achar um
destino que pode ser mais ou menos saudável, por isso que o CORPO é um lugar de destino.
- Conflito é essa luta interna. Que frente a ela, alguns resultados vão se operar, o SINTOMA é um
deles, o SONHO é um deles, a NEUROSE é um deles, e é pelo sintoma que vamos acessar ao
conflito. É por essas vias que vamos entrar em contato com o INCONSCIENTE.

- Recurso que o psiquismo tem para algo que ele quer que ele nunca mais vai querer.
- A ideia do desejo: porque não consigo uma satisfação completa que continuo desejando.
- Estávamos num estado de aparente tranquilidade, daí vem um vírus e nos perturba, temos que
trabalhar muito, por quê? Pois nos coloca diante da morte. Uma coisa que faz trabalhar. O primário
é um lugar onde o psiquismo quer voltar a todo momento. Quando volta? Por exemplo quando
dormimos, dormir é uma regressão a um lugar onde se retira os investimentos para fora e se faz um
investimento para dentro. O SONHO, antes de mais nada, é feito para que o Sujeito durma, para
que ele possa regredir. A questão é que nem todo sonho é agradável, porque o Inconsciente carrega
elementos que não são agradáveis. Por que a INSÔNIA as vezes é tão desagradável? Porque não
conseguimos desligar do mundo. SONHO um lugar menos elaborado, com menos censura, mais
infantil. Esse movimento é sempre um movimento onde o psiquismo se coloca, de retorno ao lugar
onde ele conhece que era satisfeito, mas é uma ilusão, pois ele vai e não consegue, essa é a
dinâmica.
- Por isso tem a COMPULSÃO E O VÍCIO, pois satisfaz, aí não satisfaz mais, aí precisa de mais,
e daí o vício.

. TEXTO DA TRANSITORIEDADE – De Freud de 1916.


- Diferença entre instinto e pulsão. O que é pulsional que resiste. Como funciona o psiquismo diante
de uma perda, uma desilusão. A importância de se manter os objetos, vivos, para que se possa,
depois do luto, se reinvestir. Trabalho do luto é fundamental nesse processo de reconstrução.
Esse é o trabalho do luto, para onde se DESLOCA a libido, isso vamos estudar muito, a libido é a
energia sexual que ESTÁ NA VIDA, a RELAÇÃO COM OS OBJETOS. O não deslocamento,
flexibilidade da Libido é que traz a DOENÇA. Esforço de Eros, de poder reinvestir a libido,
passado o luto, num primeiro momento a libido retorna ao eu para proteger o eu da perda, por isso
tem um período o luto. Nesse momento (HOJE COVID) estamos sendo convocados a pensar para
onde vai a libido. Onde vamos investir?
- A NEGAÇÃO é uma defesa primária, o LUTO é um processo secundário. Para não entrar em
contato com a perda, com o tamanho da perda, a dimensão dela, vem a negação, é um primeiro
momento, não fazer o luto pode ser um problema, aí a perda não é processada. Negação, defesa que
vemos nas crianças, por exemplo, não, não quero, não, não é comigo. Mas é necessária de alguma
forma, se você não negar um pouco a morte, você não vive. Um tanto da negação é uma defesa
necessária. O LUTO é um trabalho, é um processo, não tem um tempo definido.
- No texto Luto e Melancolia ele vai justamente diferenciar, pois na Melancolia não tem luto, o
sujeito não faz o luto, não estabelece uma relação de perda e de reinvestimento.

AULA - http://www.freudonline.com.br/
. Primeiro Capítulo da Autobiografia de Freud. 1925. Cap XX do PDF
16/04/2020
Carolina fala sobre a parte I do estudo Auto-Biográfico. Texto que ele já havia compartilhado anos
antes - A história do movimento psicanalítico.
- Nascimento – Morávia (hoje Tchecoslovakia) – família judia e ele “continuou judeu”.
- Apesar da limitação da Família o incentivo do pai para ele fazer o que quisesse.
- Não interesse inicial na Medicina. Interesse nas histórias bíblicas. Até que teve contato com as
teorias de Darwin e depois de assistir um professor lendo em voz alta um ensaio, ele decidiu por
estudar medicina. Com 17 anos ingressou na faculdade de medicina e aí desde o início enfrentou
discriminações e preconceitos.
- Foi importante numa idade tão imatura a identificação com a oposição, um pensamento
diferenciado.
- Laboratório de fisiologia do sistema nervoso.
- 1981 se formou
-1982 carreira assistencial – Hospital geral como médico assistente, depois estagiário. Trabalhou
Meynert (personalidade que o impressionou muito)
- Uma área de pesquisa a partir do estudo da histologia, da fisiologia, da anatomia.

Rodrigo: Vamos ver ao longo da obra dele, como essas questões que aparecem na autobiografia
(texto de 1925), texto que ele escreve depois de ter escrito muita coisa. Já escreveu a segunda
tópica. Faz toda uma escrita, toda uma narrativa regressiva, vai contar tudo o que já viveu, falando
da psicanálise e instituindo a psicanálise.
Freud vai ter desde o início três pontos que lhe serão fundamentais, para entender a obra dele e a
pessoa do Freud:
1) A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO/CIÊNCIA,
2) O ASPECTO AFETIVO DO ÓDIO e
3) O LUGAR DO JUDAÍSMO NA OBRA DELE.
A educação, desde cedo ele teve privilégio, o mais privilegiado de tantos irmãos, foi preservado um
lugar do filho privilegiado, eleito. Heranças judaicas dessa família. Já havia vivido segregações e
quando chega em Viena, vão, pois Viena era um centro de oportunidades na época, onde os Judeus
haviam sido absolvidos de alguma forma. Nessa época começam a surgir as profissões liberais.
Por um lado ele carregava a oportunidade de poder se tornar médico e por outro continuava
carregando o estrangeiro nele mesmo. Algo que acontece com o pai na rua ele vai viver o
preconceito, daí tem a 1ª Guerra, a 2ª Guerra, isso o vai acompanhar, ele transforma isso no lugar
da oposição, ao invés de ficar marcado por isso.
POSIÇÃO DE OPOSIÇÃO E NÃO DE SUBMETIMENTO.
Isso vai marcar a obra dele, sobretudo quando vai se opor aos médicos, entra na medicina sem ter
um desejo pela medicina. Ao começar a fazer o percurso é que vai encontrando os caminhos que o
vão levar à clínica.
Ele tinha esse germe na obra do Goeth sobre a humanidade, mas ainda não estava definido para ele
o que ele faria com a Medicina.
Outra parte importante que vamos trabalhar é essa ideia da humanidade laboriosa, o que conversa
muito com a pergunta: Por que o Freud é quem cria a psicanálise e não outro? Não foi ele quem
inventou o Incs, já estava circulando na medicina, mas porque ele vai identificar isso e transformar
isso numa ciência?

Carolina: Brilha um grande nome – Charcot, então se dirige para Paris para continuar os estudos
nessa área.
- Fama de diagnósticos – confirmados pós morten. Médicos dos EUA que começaram a olhar.
- Por conta de uma tradução dos textos de Charcot se aproxima deste. Dos estudos sobre histeria,
inclusive em homens.
- 1986 ele se fixa em Viena.

Rodrigo: Viveu recluso em Viena, viveu para a obra dele. Vai poder ir para a Clínica que viver
essas histérica (...) um homem muito regrado, muito disciplinado.
- Duas partes importantes:
1) atribui de alguma forma à Martha, a futura esposa a ele não ter feito sucesso com a cocaína.
Como tive que encontrar minha noiva acabei não podendo desenvolver os estudos com Cocaína. Ele
fala isso, nesse momento, já sabendo quem ele é.
2) Justamente nesse retorno a Viena que ele se estabelece na oposição. Em que volta lá do Charcot,
em que ele tem uma experiência muito rica com o trabalho do Charcot, manifestação da histeria
com muita força, até certo ponto Charcot quer ir e depois desse ponto não quer mais e Freud traz na
bagagem dele de que a histeria não é da ordem orgânica, pela Neurose ele vai entrar e sustentar
todas (...) O primeiro embate que ele tem é na Sociedade de Medicina, os médicos se revoltam,
ficam contrários a eles quando ele usa histeria para homens e mulheres quando o termo histeria
parte do significante útero. PRIMEIRA CISÃO QUE FREUD VAI TER COM A SOCIEDADE DE
MEDICINA.

Carolina: Conseguiu cuidar de um caso em um homem. Mas por conta dessa não aceitação não
houve interesse nisso que ele havia conseguido.
1989: Escola em Nancy – onde ele teve um maior contato e de acompanhar o cuidado de mulheres e
crianças, também ele conta já da paciente que ele cuidou – mulher bem nascida. Não conseguia
praticar o hipnotismo em todo mundo.
- Como a pesquisa científica foi se tornando o principal interesse de sua vida.

Rodrigo: Interesante a gente pensar um pouco nisso, ele vai descrevendo também a passagem do
Freud biologicista, do Freud neurologista, para o Freud psicanalista. Vai descrevendo quando
retorna a Viena, antes dele poder afirmar o caráter subjetivo e interpretativo, ele vai nos
apresentando (...) Retorna a Viena, se estabelece como médico clínico e a terapêutica dele era
sustentada nesses dois pilares, abandona a eletroterapia e vai para a hipnose (depois de ter
estabelecido toda a conversa com o Charcot).
A hipnose ele vai a fundo nela até entender que ela também não servia, há um momento em que ele
abandona a hipnose porque também vai ver que não serve. Mas nesse primeiro momento ele
percebe lá em Nancy que se faz muita hipnose e que ele tem um efeito importante mesmo que não
seja o que ele vai fazer depois, mas que naquele momento era a ferramenta que ele tinha para
atender os pacientes.

Eduardo: nesse momento ele já considerava o inconsciente?

Rodrigo: Excelente pergunta. Ele já concebia o inconsciente, ao escutar as histéricas, ele percebe
esse inconsciente, mas ele não tem como acessar. 1900 Interpretação dos sonhos. TEXTO DA
INAUGURAÇÃO DA PSICANÁLISE. Se tem uma coisa em que todos nós não discordamos é
que todo mundo sonha. Como comprovar o Inconsciente° Todo mundo sonha. Vamos partir de que
o sonho é fruto do psiquismo humano, que ele produz o sonho. Aí ele vai falar do processo –
deslocamento, condensação. EU VOU TER ACESSO A PARTIR DAS INTERPRETAÇÕES E
ASSOCIAÇÕES LIVRES, o único acesso ao Inconsciente. Isso que vai fazer com que ele
diferencie a psicanálise de outras ciências, esse é o método que ele vai estabelecer para estabelecer
o conhecimento do Inconsciente.
- O que as histéricas manifestam não é da ordem do biológico, é da ordem do emocional. Ele não
faz um pulo de um lugar ao outro sem passar pelo que a medicina dele vai pedindo – Eletrochoque,
Hipnose, Método Catártico, Método Analítico. Ele não abandona de todo o lado biologicista dele.
“A ciência um dia vai provar que isso existe” (a ciência orgânica – como se precisasse da
chancela desta para provar tudo o que ele falou).
Tem uma parte disso tudo que é a ideia do ÓDIO. Essa ideia vai aparecer muito em função de como
a sociedade vienense vai atacar o Freud. Justamente ele vai apontar o que é sombrio nas pessoas, o
que é inconsciente nas pessoas e na sociedade que ele vive. Isso vai gerar muito ódio aí. Ao mostrar
o que é escuro e negro das pessoas, ele está falado da sociedade e da própria cidade. Ele vai ser
muito repudiado. Ele vai dizer: “Odeio Viena com um ódio verdadeiramente pessoal”, vai fazer
dessa oposição um lugar de muita produção. Elemento fundamental para continuar escrevendo e
produzindo.
Apesar de ter sido muito atacado na cidade ele não a abandona, ele recebeu muitos convites, mas
ele fica lá, só sai em 38 por conta da Guerra.
Esse é o ponto nevrálgico – do Incs e da Sexualidade – que a sexualidade infantil é uma sexualidade
importante. E isso vai chocar toda a sociedade médica e a sociedade como um todo desde o início.

Trecho: Freud e a conquista do proibido do Mezan:


Ora o que dá a Freud a força de continuar em seu caminho solitário? Em parte, sua identificação
com um grupo de uma maioria compacta, mas no fundo aquilo que tanto escandaliza seus
contemporâneos é verdade – investigação científica possibilitou as observações que ele fez... Para
ele a acusação mais injusta contra a psicanálise é a da arbitrariedade de suas conclusões.

Ele não sucumbe ao seu saber. E o saber que ele tem não é um saber prévio, ele vai construindo um
saber, não é uma descoberta inquestionável, ele vai questionando a própria descoberta, isso que vai
fazendo ele construir a própria obra dele, que se constrói ao longo do processo de escrita da obra e
também dos seus próprios processo de análise. Por isso ele escreve uma tópica, depois outra, e tem
conceitos que ele abandona e tem conceitos que ele mantém. Mas ele tem uma convicção: é o
Inconsciente que determina todo o resto dos comportamentos.

Vamos vendo que ele era alguém que a todo momento busca um triunfo e uma glória, que ele busca
isso, que ele tem essa propensão, levar a ciência que ele desenvolve ao máximo, o lugar mais alto
que ele pode levar, ao mesmo tempo que ele tem uma condição de judeu e pobre. Esses dois
âmbitos se relacionam a todo momento, por isso a pergunta: Por que o Freud e não outro que faz
a psicanálise acontecer?
Não dá para pensar a psicanálise sem o Freud ou ele sem ela. Ele tem essa ambição e essa
percepção de poder se opor ao que era instituído e ter uma personalidade de fato forte, de
resistência, a oposição que ele se coloca é uma oposição de resistência, a psicanálise desde o início
é um lugar de resistência fundamental. Tanto que em nenhum momento se torna um homem
público, a vida dele é uma vida muito, muito normal, não se tem nenhuma história extra-conjugal,
talvez irmã da Martha, mas frente ao que ele representa, quem foi, a história dele representa alguém
normal, alguém que trabalhou para que essa ciência acontecesse. ELE TINHA UMA CERTEZA, a
psicanálise tinha que ser estabelecida e instituída dessa forma. De uma arrogância e de uma soberba
necessária de uma forma, para sustentar e resistir que aquilo que estava se falando não seria perdido
de alguma forma. Uma certa intransigência. Ele sabia o que ele queria, por isso teve muito conflitos,
muitas dissidências, ele tinha lá um detentor de um saber que era dele.
Ele tem uma genialidade que é entrar, ter considerado a neurose como a via de acesso ao
funcionamento psíquico e que o normal e o não normal só diferenciava em grau e não em
natureza. A pesquisa de como funciona o psiquismo é pela neurose, é pelo sintoma que ele vai
entrar. Quando ele faz isso ele estabelece uma relação que é, não tem diferença de natureza o
normal e o patológico, tem diferença de grau.
Vai falar da natureza como uma forma do funcionamento do psiquismo, por isso ele vai dizer que
em algum momento nada é natural, como nos animais, como o instinto, no psiquismo não é natural,
é desse funcionamento conflitivo, que é humano. O que se apresenta numa neurose obsessiva, se
apresenta numa neurose sem ser com características obsessivas, o que vai diferenciar é o
desenvolvimento sexual infantil, o desenvolvimento do sujeito a constituição do psiquismo. Mas o
desenvolvimento parte do mesmo lugar.
É isso que ele vai CHOCAR – o que traz perante a sociedade aristocrática machista. Interessante é
isso, que ele vai apontar o que é o RECALCADO, de cada um e da sociedade. Sexualidade
recalcada e a moral civilizatória. A primeira coisa que vai chocar é que toda criança tem uma
sexualidade. Pode ter uma inocência moral, mas não sexual. Todo cuidado é erótico,
necessariamente. O que o Freud vai apontar é justamente o que as pessoas, o que cada indivíduo se
recusa a olhar, é desconcertante o que ele vai dizer.
Perversão é o patológico que está em todos nós. Parte da perversão para falar da normalidade. Isso
que vai subvertendo a ordem e que ele vai entrando nesse embate, pois isso vai revelando o
recalcado social. Quando a isso ele não abre mão, ele não recua nenhum milímetro.
Esse é o método, isso que está recalcado, isto que está inconsciente e recalcado será (...)
- Aparelho: Uma parte tópica, uma parte econômica e uma parte dinâmica. A neurose se dá ontem,
hoje e amanhã.

Eduardo: Nelson Rodrigues – um cara extremamente regrado, e era muito criticado na época, por
ser taxado de pervertido, só que fez um sucesso enorme, as pessoas faziam o que ele começou a
escrever nas peças, mas a sociedade da época não podia aceitar isso e, no fundo o sucesso dele vem
disso.

Rodrigo: A forma como ele teatraliza, a sociedade, as cenas familiares, uma obra que escancara o
que o Freud sempre diz, o que é recalcado, na perversão o que é recusado, no que há de
inconsciente e consciente, como essa relação de forças, do que é o desejo, a pulsão e que por isso
passa por qualquer coisa. Essas coisas que são ambivalentes, então genial o jeito que ele foi
escrevendo as peças dele. E verdade, é um conservador de carteirinha.
Ele também teve, de tudo o que já falava ele teve que abandonar os mestres, que teve que fazer toda
uma relação sem uma referência de saber. Entendia que essa obra seria de muita valia, mas isso não
tem nada a ver com o que estou falando. Vai fazer isso várias vezes para afirmar o que está
propondo. Por isso ele funda, faz a psicanálise e não um desdobramento de outras obras. O que ele
vai escrever tem origem na teoria que ele cria – se livrar de uma autoridade de um lugar de um
suposto saber, o que poderia atrapalhar ele.
A fé na autoridade é inocente, é uma fantasia infantil.
- Depois vai abandonar a hipnose, mas vai continuar entendendo a força da sugestão, que é a da
transferência: Num primeiro momento quando paciente cria o amor de transferência a força da
palavra do médico é sugestionável, tamanho o lugar que o analista é colocado no paciente.
Síndrome do chaleco branco por exemplo (paciente se cura ou passa mal). Depois vamos ver que
não é bem assim, mas esse é o primeiro lugar que a transferência ganha. Por isso é perigoso se ele
acredita na força de sua palavra e não é isso que vale e sim o lugar que ele está colocado, de
autoridade, de saber.

23/04/2020
Rodrigo: o que a hipnose proporciona e porque ele a vai a abandonar para entrar na Livre
Associação. Caso da Ana O. o primeiro, que é um caso do Breuer, Freud nunca atendeu essa
paciente, mas recebe as informações e é o caso inaugural sobre a teoria das Neuroses.
Semana passada e hoje: qual a importância da resistência para o tratamento. ABANDONA A
HIPNOSE, por um lado pelo paciente não se lembrar e por outro lado, pela falta do elemento da
resistência.
Ideia que Freud traz desde o Charcot, que é a preocupação dele para com os sintomas histéricos.
Muito mais do que a eliminação e o alívio ele estava atento ao que isso representava na
NEUROSE. A história que Breuer conta para ele da Ana O. Toda história vai levando ele para a
relação de Ana O com o pai dela. Toda a questão da Histeria da Ana O vai estar relacionada com
esse episódio, com alguns, mas sobretudo esse mais forte dela cuidando do pai à Beira da Morte.
Como Freud vai discriminando o MÉTODO CATÁRTICO de Breuer do MÉTODO
ANALÍTICO de Freud – Método catártico é fundamental, mas não suficiente para o método
analítico. A hipnose promove uma catarse, a partir da sugestão, depois no processo analítico vai ser
tornar consciente essa catarse. No método catártico de Breuer não tem consciência.
SINTOMA surge como um substituto do afeto recalcado. Não é resultado de uma única cena
traumática e sim de uma somatória de situações e cenas. Aqui ele ainda está falando da teoria do
trauma. Cena traumática fundamental para entender a Neurose.
Na hipnose o SINTOMA saía, mas o CONFLITO continuava. Eliminar o sintoma não significa
que se elimina o que provoca o sintoma.
Uma das questões com Breuer é quando ele se recusa a pensar na questão transferencial. Não basta
a resolução momentânea do sintoma.
A PSICANÁLISE vai trabalhar com outro plano, com um plano inconsciente que não é o plano da
eliminação do sintoma. Alguém que tem um sintoma muito grave, vai querer evidentemente não ter
o sintoma, mas eliminar o sintoma não significa eliminar o sofrimento. Sujeito tem uma febre,
posso baixar a febre, mas alguma infecção tem lá.
Começa a se perguntar: COMO SE DÁ A FORMAÇÃO DESSA ESTRUTURA HISTÉRICA.
Breuer uma figura muito importante para Freud, mais velho que ele e médico já conceituado e teve
também um lugar paterno, aquele chegou a emprestar um dinheiro alto para este poder manter a
clínica, então tem um determinado momento em que Breuer é colocado num lugar na Biografia do
Freud como alguém que não conseguiu dar conta da transferência.
Mas como falamos semana passada, Freud foi fazendo inimizades, rupturas, ele tinha uma verdade,
uma certeza do que ele entendia como psicanálise. Quando Breuer não segue com a pesquisa
psicanalítica a cerca da Histeria, Freud entra num conflito, fica bravo, mas tinha também uma
relação que tinha a ver com a relação paterna que Freud tinha com Breuer, no final da vida Freud
recebe uma carta do filho do Freud, dizendo que Breuer tinha muito orgulho dele e dos caminhos
que tinha tomado, o que ele reconhece e que isso o tranquilizava muito. CONTEXTO DE QUE
LUGAR O BREUER OCUPOU PARA FREUD.
Do ponto de vista da teoria: essa definição que Freud faz da questão DINÂMICA, ECONÔMICA e
depois ele vai falar da questão TÓPICA. Isso fala lá no início e que vai se manter. Sobretudo vamos
estudar e entender bastante a dinâmica e a econômica.
Não é porque caiu uma barragem, que interrompia o Rio, que ele vai parar, ele vai encontrar uma
forma de como seguir fluindo. Essa quantidade de água vai ter que encontrar um lugar de
escoamento: isso é o DINÂMICO. A quantidade de água, de energia, tem a ver com o
ECONÔMICO, que também precisa ganhar um destino. Muita água pra pouca vasão. Muita energia
para não ter um escoamento, um destino de satisfação.
** Dava ênfase à significação da vida das emoções e à importância de estabelecer distinção entre os atos
mentais inconscientes e os conscientes (ou, antes, capazes de ser conscientes); introduziu um fator
dinâmico, supondo que um SINTOMA SURGE ATRAVÉS DO REPRESAMENTO DE UM AFETO, e um
fator econômico, considerando aquele mesmo sintoma como o produto da
transformação de uma quantidade de energia que de outra maneira teria sido empregada de
alguma outra forma. (Esse segundo processo foi descrito como CONVERSÃO.) Breuer ** (pág. 13 cap 20).

Esse sentido processo pode ser com CONVERSÃO – O SINTOMA DA CONVERSÃO é o


resultado da quantidade de energia que vai pro corpo, se converte em sintoma no corpo. Essa é uma
das formas da energia afetiva, do AFETO, ganhar um destino.
Por isso o efeito catártico teve o efeito que teve. Se tem uma energia que se converte num sintoma,
se eu fizer algo que tenha uma descarga, o sintoma some. O catártico tem o efeito de um alívio
impressionante, tudo aquilo que estava represado, aquela angústia, vai para um lugar, um efeito, um
alívio, mas é uma relação ECONÔMICA, a quantidade que está represada, sai e ganha um outro
lugar. É isso que ele vai dizer.
O afeto não se recalca, é o conteúdo, é a matéria, o AFETO FICA SOLTO. O afeto solto precisa
ganhar um lugar de destino.
Hoje também podemos entender que numa crise de pânico tem um afeto sem nomeação. Tem um
afeto sem representação. Angústia inominável. Morte eminente com alguns sintomas, que são
sintomas muito característicos a quem está tendo algo físico, mas frente ao inominável.
A perna anestesiada terá uma representação.
O que se RECALCA é a representação.
O pânico é uma inversão na medida em que o sujeito se sente acometido pela angústia, tomado por
ela que não tem nenhum recurso de representação na hora.
Diferença que ele vai fazer e que nós podemos fazer entre NEUROSES ATUAIS (que acontece na
atualidade do paciente, não está ligado necessariamente à história pregressa do paciente -
Neurastenia diferente de Neurose de Angústia, ambas pertencem às Neuroses Atuais) E
PSICONEUROSES. O elemento traumático é fundamental para pensarmos em que medida o
sujeito tem recursos psíquicos para lidar com algo que é abusivo, excessivo. Ele também vai
abandonar esses conceitos. Vai falar da NEUROSE DE DEFESA.
Maria Fernanda: talvez o reconhecimento que hoje temos do que é o sofrimento faz ele se
manifestar mais do que em tempos anteriores de Guerra.
Isso que estamos passado hoje, assim como as guerras, são NEUROSES que acometem as pessoas e
que as deixam doentes, por uma quantidade excessiva que a pessoa não tem como elaborar.
Fator externo é fundamental para provocar uma NEUROSE. Acho que isto que estamos vivendo vai
gerar sofrimento psíquico de diversas ordens, não tem volta, é como uma Guerra, vai deixar marcas.
O pânico além de ser uma crise contemporânea. O Pânico traz um elemento que é o futuro não
existe. Um pouco a expressão do que se vive numa situação de pandemia.
Freud vai abandonando nas questões da Histeria para pensar na ETIOLOGIA DA NEUROSE.
Há algo que ele vai nomear como A NEUROSE e ela tem um caráter estrutural e ela não está
descontextualizada, mas tem um caráter que é próprio da formação do sistema do psiquismo, de
como ele se estrutura e vamos ver por QUAIS ETAPAS o psiquismo precisa passar para que ele
se estruture de um jeito ou de outro (NEUROSE/recalque, PERVERSÃO/Recusa – issonão
deveria se satisfazer, mas o sujeito continua, tem um gozo; PSICOSE/Rejeição – não quero
me haver com isso – a castração: de que forma o sujeito vai lidar com esse conflito, com que
recursos e com que estruturas o sujeito vai lidar com esse jogo de forças), A NEUROSE se
estrutura nessa relação do conflito entre a pulsão e todo o aparato do EGO.
A NEUROSE vamos pensando que é esse lugar em que o EGO vai sendo um negociador com
todas essas instâncias onde tem como elemento fundamental o complexo de castração – a
castração de alguma forma que dá um lugar estruturante ao psiquismo. E aí o Superego, a Culpa a
todos os elementos que compõe com a NEUROSE. Parte das Histéricas e dos sintomas para
entender que tem lá um funcionamento cujo motor é a sexualidade.
O ambiente de alguma forma participa disso.
Mas a constituição do sujeito se dá igualmente independente da época. Essa constituição que
estou nomeando como BRIGA DE FORÇAS INTERNAS. Que é um sério conflito psíquico, a
NEUROSE é fruto dessa briga que é ininterrupta, não tem trégua.

Exemplo respondendo à questão lá em cima:


- O Rio encontrar um deslocamento e continuar seu curso numa HISTERIA. Não tem uma
paralisia, pode ter uma parte paralisada, uma perna. Histeria, como uma parcialidade do que é
paralisado.
- O Rio estabelecer uma paralisia no PÂNICO, paralisia que vai gerar um transbordamento, não
encontra uma outra via de deslocamento. Falta de representação e desamparo de tal ordem que para
tudo. Falta de ar, ataque cardíaco. Típicos de quem está tendo uma parada cardíaca.
Isso fala da NEUROSE. Ela tem graduações na medida das possibilidades dos deslocamentos e
como se dá a circulação da energia. Isso uma análise propicia, que você tenha uma... que a
quantidade de energia possa ter variações. A IMPOSSIBILIDADE DE DESLOCAMENTO QUE
GERA A NEUROSE.
Sangue as vezes encontra outra via para não ter um ataque cardíaco e as vezes não e o ataque
cardíaco acontece.
A importância do sexual com uma questão também biológica. O sexual também interrompido ela
tem uma marca biológica e psíquica. A não satisfação sexual vai gerar a NEUROSE.
Intoxicação – coito interrompido, excesso de energia sexual sem vasão.
Abstinência – muito desejo que não é satisfeito – masturbação.
Eles provocariam NEUROSE DE ANGÚSTIA E NEURASTENIA – neurose espontânea talvez
(não sei) sai dessa gama.
Sexual como algo que vai gerar algo psíquico e somático – não satisfeito.
Ao final fala do transferencial.
Com a hipnose ele percebeu que o Inconsciente estava ali, mas que ele precisava trabalhar
com o Inconsciente. Processo resistencial e processo de associação livre. Não basta contar o
sonho, precisa associar sobre ele. Não basta o analista ter acesso ao Inconsciente, o paciente
precisa fazer alguma coisa com isso. A RELAÇÃO PESSOAL era mais forte do que a hipnose.
Relação transferecial, no caso da Ana O, que Breuer não avança e no caso em que a paciente
acorda e ele o abraça. Paciente precisa estar acordado, se não o efeito é só sugestivo e o efeito
sugestivo da conta só do sintomático e Freud entende que o sintomático está ali por algum
motivo.

AULA - 30/04/2020 - Primeira Lição das 5 Lições de Psicanálise. Volume 11.


A histeria não começa agora, os médicos não sabem e não conseguem o que fazer nesses quadros.
Alunos: Hoje tudo é transtorno de ansiedade, muito atual esse distanciamento, médicos se
distanciam. A impressão que tenho é que os médicos da época achavam isso secundário, frescura, se
não tinha problema orgânico não vou perder tempo com isso. Certo tom blasé.
Rodrigo: o lugar que a psicanálise vai tomar referente aos diagnósticos. Até hoje estabelecemos
uma relação diferencial em relação ao diagnóstico. Médico oferece um diagnóstico que tem uma
função de caracterizar e categorizar a questão é que esse diagnóstico não dá conta do quadro do
paciente. Não dava conta porque os médicos resistiam a tratar as pacientes histéricas porque não
sabiam como tratar, tratavam a partir do sintoma, mas este persistia em se apresentar. Essa é a
revolução que Freud faz, ele vai na contra mão do que a medicina da época propunha. Ouvimos mas
não escutamos. Freud dizia eu vou ESCUTAR – exatamente o que se recusa aí (o recalcado) eu vou
escutar. O que é recalcado pelas histéricas e o que é resistido pelos médicos ele ia olhar. O fato de
não conseguir escutar as histéricas – impossibilidade de não dar conta do quadro e segundo por
remeter ao que é mais recalcado.
Texto de 1909 – Freud ainda está no início da obra.
É uma conferência: está transmitindo o que já sabe.
Freud: vocês não vão me pegar por aí, essa paciente tem todas as condições (dotes) ou por ser
pouco favorecida ou pouca formação, reforça a ideia de que ela tem uma histeria com tudo isso que
vive. Mulher da sociedade vienense, que a cultura burguesa produz neurose.
De alguma forma ele conclui que é a palavra que o sintoma desapareça, mas ele ressurge, pois de
alguma forma essa palavra está relacionada à sugestão, palavra do médico e não sendo assumida
pela paciente como sua. A descarga (catarse) dá um alívio, um destino, mas o conflito permanece,
então ele retorna. Limpando-se a mente desse modo era possível conseguir algo a mais do que o
desaparecimento passageiro das perturbações. (ver no texto)
Está na Teoria do Trauma, só abandona mais adiante e nem tanto.
Método Psicanalítico: a FALA, as ASSOCIAÇÕES LIVRES, a RESISTÊNCIA.
Método da Hipnose: ele retira o sintoma, mas não trabalha com a resistência. O sintoma volta.

O sintoma é a prova de que tem algo recalcado e ganha um sentido torto no corpo. Ele quer saber
como o paciente pode se apropriar, para que aquilo que é recalcado se apresente na consciência.
Isso vai ser dar nos SONHOS, nos LAPSOS, na TRANSFERÊNCIA. Está recalcado porque tem
algum conflito. A força disso à consciência é ameaçadora, pois isso não se apresenta à consciência.
Registremos apenas uma complicação que não fora prevista, nem sempre era um único
acontecimento que... (texto). Aqui ele entende ainda que para solucionar a neurose era preciso fazer
uma retrospectiva traumática, como se esse percurso fosse o caminho da cura e principalmente do
trauma originário para se ver livre da Neurose e depois ele vai entender que isso é impossível, que o
paciente faça essa recordação, mas que o processo é um processo necessariamente regressivo.
Paciente vai regredir às cenas recalcadas à partir das associações.
Estado de semi-sonnho (nem dormindo, nem acordada), seria um estado hipnótico, sem a hipnose.
Os rituais obsessivos dão conta dessa excitação que precisa ganhar um lugar externo.
Y: Disco riscado. No texto: Não se desembaraçam do passado e por isso alheiam-se do presente.
Rodrigo: imagem boa, gira e volta para o mesmo lugar, uma MARCA traumática, traços mnêmicos,
mais adiante vamos ver que não é uma marca qualquer, do qual se retorna para ele. Sofrem de
reminiscências, sofrem disso que retorna. No exemplo que dá: o sujeito fica olhando para o
monumento e não continua a vida a “monumento em memória ao enterro da rainha Eleonor”. A
questão é o sujeito retornar ao monumento e ficar olhando para isso ao invés de seguir o dia como o
máximo das pessoas. Essa relação afetiva com algo que ficou no passado = FIXAÇÃO. Aspecto
fundamental no entendimento da NEUROSE. Análise pretende que o risco não seja mais um
impeditivo que o disco toque, não tem como apagar o risco, mas a análise e à medida que o
sujeito toma consciência direta ou indiretamente pode não passar novamente pelo mesmo
risco. A repetição ao lugar riscado é disso que se trata a Neurose. Esse que é o sintoma.
“Quando estou falando cai” (rs). Essa marca na história ela é uma marca na história, é
indelével, o que a análise pode proporcionar é que a pessoa não retorne ao risco ad eternum,
que ela tenha consciência de que vai retornar ao risco para sair disso. O efeito repetitivo de
algumas coisas da vida tem a ver com essa marca. Por mais que não tenha como apagar o
risco, tem como lidar com isso, tem como deslocar isso, na medida em que essa marca, que
fica recalcada, vai determinar a neurose da pessoa. Quando se chega à consciência disso existe
uma possibilidade de transformar isso em outra coisa, para que outros discos possam tocar
(outras faixas).
O que se deu num determinado momento que fica de tal forma marcado como um risco no
disco e o sujeito fica retornando a ele.
Vamos trabalhar muito o que é uma marca traumática e em que medida essa marca pode gerar um
efeito, que é impossível retornar a essa marca e que manejo pode ser fazer em relação ao trauma.
Tem um tanto que é possível ser ELABORADO = a música pode voltar a tocar. E isso não me faz
refém do trauma. O traumático muitas vezes impossibilita muitas outras faixas.
O que ele fala em Anna O é que pareceu não haver nada de extraordinário, e que tudo que ela
desenvolveu de sintoma se deu a partir do leito do pai e que o método catártico foi oportuno para
que o que se processava não se torna-se sim traumático.
ATÉ AQUI: como a coisa se apresenta e como o método pode ou não funcionar – Breuer nos trouxe
até aqui e eu irei além. Falarei de dois fatores: 1) o estabelecimento da histeria (o que faz com que
isso se dê – via da ETIOLOGIA) e 2) como faço para chegar até isso (via do MÉTODO)

MOLÉSTIA
- Poderosa emoção é subjugada X assumir sinais apropriados de emoção, palavras ou ações.
. Isso é o Recalque (não há um lugar possível de destino, nem pela emoção, nem pela palavra ou
ação – isto estabelece o CONFLITO na NEUROSE) – por isso que o reestabelecimento se dá pela
palavra. A única forma de entrada é o sintoma.

REESTABELECIMENTO
Tudo é inútil se não posso exteriorizar afetivamente a emoção (preciso ter consciência disso.
Exteriorização pela palavra.
EXCITAÇÃO: essa força contínua e permanente de algo que insiste em ganhar algum lugar de
destino. A neurose, de alguma forma não tem cura.
- A conversão histérica é o resultado dessa briga toda, dessa luta interna.

Introdução ao Narcisismo Freud vai falar que o objeto é o eu na Psicossomática vai falar que é o
corpo.

- Os três destinos da energia


1) o que fica circundante
2) o que se converte (conversão histérica)
3) a manifestação da emoção
- e afirma a existência e o determinismo do Insconsciente que tem uma parte que o indivíduo
desconhece de si mesmo.

Pela primeira vez a histeria ganha um lugar não médico e sim psíquico. Se dá por um processo
dinâmico e econômico psiquicamente.

• Onde existe um sintoma, existe também uma amnésia, uma lacuna da memória, cujo
preenchimento suprime as condições que conduzem à produção do sintoma.
Quer dizer, o sintoma vem como um preenchimento, um substituto.

Pergunta aluno: Por que ele só se manifesta depois de um tempo (o sintoma)?


- Por que ele precisa se configurar, de todo esse percurso para que ele possa se expressar, como um
sonho, por isso ele vai dizer que o mecanismo do sonho e do sintoma é o mesmo, precisa de
elementos para se formar e se instituir, ele não é imediato. O psiquismo é um sistema, vai precisar
se configurar de alguma forma, ele se dá quando o sistema percebe que daquele jeito não vai dar
certo. Ideia do rio, da barragem do rio. Aquilo vai tendo um acúmulo, acúmulo até que o rio precisa
encontrar uma via de escape e encontra e aí o sintoma, na verdade abre uma brecha pra isso. Como
uma febre, tá lá algo acontecendo, o organismo precisa manifestar a você que algo vai mal.
Aluno: Pensando em evento traumático, no momento ali não tinha como traduzir e posteriormente a
pessoa se dá conta, consegue de certa forma traduzir, mesmo que por um sintoma.
Isso: Sintoma é uma MANIFESTAÇÃO, não é ainda uma TRADUÇÃO.
Análise vai dar algum sentido àquilo que se mostrou tão categoricamente.
Sintoma é sempre uma repetição – mesmo que ele se dê de mais de uma forma.

07/05/2020 – Segunda Lição


- Dificuldade de um estudo desse tipo na Sociedade Vienense. Já está também dizendo que Viena
seria e foi, defensiva, resistente a esse tipo de estudo.
Rodrigo: essa relação quantitativa na histeria não funciona. Janet vai dizer que essas partes estão
separadas e que se o paciente não está bem tem alguma coisa no sistema que não funciona. Freud
vai dizer que se algo não vai bem não significa necessariamente uma falência, outra parte se
manifestará: a impossibilidade de falar a língua materna (alemão) faz com que ocorra uma
compensação (o inglês fica mais acessível) – como falávamos na linha da economia psíquica.
Sobrecarga do qual a consciência não dá conta – Janet diz que se a consciência não dá conta, tem
uma falha, Freud diz que não, fala de uma sobrecarga entre lidar o que é consciente e inconsciente.
Essa sobrecarga tem a ver com a quantidade de energia que o sistema é capaz de dar vazão.

Ex de aluna: arquiteta, que é excelente, mas o que incapacita é sua insegurança, ansiedade, que gera
uma situação de pânico? Rodrigo: Isso, exatamente isso, o sistema tem uma capacidade de recurso
para dar conta dessa intensidade de demandas, internas, externas e é o EGO que vai administrar isso
e tem um tanto que ele não suporta a carga e aí adoece, em função da carga é que o EU vai poder
aguentar a intensidade e dar um destino para isso, por isso não é uma questão intelectual, por isso o
TRAUMA é tão importante não tem a ver com a capacidade ou não de lidar com aquilo, tem a ver
com um excesso

- “Elas lembram de alguma coisa” (volta com esse saber de Nancy) e com a ideia da sugestão, do
paciente ser sugestionado.
- Sonambulismo hipnótico, nem dormindo, nem acordado. Tá dormindo, mas ativa, fazendo coisas.

Aluna: qual a diferença entre hipnotismo e catarse?


Rodrigo: são duas partes da mesma coisa, do método. Charcot e depois Freud e Breuer, método que
utilizavam para chegar perto do conteúdo inconsciente o que eles usavam era hipnotizar o paciente.
Mas não bastava só o paciente falar ou relatar ou manifestar, ele precisava também se livrar do
sintoma, não adiantava fazer metade da coisa, precisava acabar com o sintoma que fazia o paciente
sofrer. A segunda parte do método é a catarse. Sugestionava o paciente, e este se livrava do sintoma
através da catarse. Se livrava do sintoma.
Hipnose – sugestão (isso que ainda tira-se o tom sintomático da história não tem toda a parte de
elaboração da história). Eduardo pergunta: apesar de aliviar o sintoma o conflito estava lá dentro
ainda? Exatamente, para esse ponto que o Freud vai e que vamos.
Catarse – também uma forma primária, mas com o princípio de um destino para o afeto para além
da sugestão, não tem elaboração, é uma primariedade. O vómito é catártico, o corpo põe pra fora e
tem uma melhora, mas do que se trata isso, não dá para saber. O ato também é catártico. O paciente
PASSOU AO ATO, não tem pensamento, não tem elaboração, é primário, isso alivia. Mas é
primário. Inclusive o se cortar também é catártico. É uma parte primária, primeira de toda uma
elaboração analítica. A catarse, via hipnose, não alivia o conflito.
- Anna O pôde beber água, mas continuou neurótica, o conflito estava lá ainda. Não se trata de
eliminar o sintoma, e sim de partir do sintoma para entender o conflito.
- Mais adiante Freud vai dizer: EU VOU PRECISAR TRABALHAR COM A RESISTÊNCIA.
- A força que mantém o estado enfermo ele chama de resistência (aluna que fez leitura).
- “Você não se lembra, mas você sabe”, aí que se dá a manifestação da força da resistência –
resistência a entrar em contato com o que está no recalque.

A gente não fala que a polícia “recalcou” as pessoas. Gosto de usar mais RECALQUE, que diz
mais de uma questão psíquica do que de comportamento. O importante do MECANISMO é que
a força da RESISTÊNCIA é a mesma força do RECALQUE (REPRESSÃO) – aqui que faz
com que o conteúdo inconsciente permaneça inconsciente, mas que vai com toda sua força
querer retornar à consciência. Não existe recalque sem resistência e resistência sem recalque.
A resistência não pode ser abolida, ela é um guardião, uma DEFESA ao EGO, ela tem que ser
vencida, driblada, sublimada, tem algumas formas de lidar com a resistência, a análise vai
trabalhar isso. Sem resistência você tem um ataque, uma invasão, uma sobrecarga ao EGO que
ele não suporta, por isso ela faz parte da constituição do EU que se constitui também com as
resistências. Um dos primeiros momentos em que isso se dá é a partir da vergonha (uma criança
que faz xixi na frente de outros e que depois a criança vai atrás da árvore não faz mais, se instaura
uma lei. Traço de resistência que constitui o EU para saber o que pode e o que não pode. Eu
tenho que trabalhar com isso, se eu tiro isso na hipnose estou fazendo uma ficção aqui, não
funciona. O sujeito que não tem o âmbito da resistência está muito próximo a um estado cindido,
de muita angústia.

- Tem situações mais recalcadas que outras, força da resistência maior. O que teve muita força para
ser recalcado vai ter muita resistência para retornar.

Aluna: paciente que surta, tem um surto psicótico. “Sai da casinha” acontece porque não tem
resistência, ou a resistência é sair.
Rodrigo: o Surto é alguma forma de dar um destino, por isso o delírio é tão fundamental, pois
nessas situações não deu conta o EU de dar conta de tamanha violência. A resistência é fraca, a
defesa é frágil e se rompeu de tal forma que o sujeito se vê atacado e ameaçado na sua integridade
digna, o EU desaparece, fica fragmentado e o delírio da conta disso, onde se cria outra defesa para
tamanha força, por isso o delírio é fundamental e ele é individual, como o sonho. O sonho é uma
forma de defesa e de elaboração de algo que é impossível de se elaborar na vigília. SONHAMOS
quando a resistência abaixa. O delírio também é uma forma mais primária.
- A história de cada um vai se montando, vai se estruturando de cada forma de modo que as defesas
também vão se estruturando. Podem ser fracas e também podem ser muito rígidas, um fator que
também produz neuroses – SUPER EGO extremamente severo, cruel. Esse é o MECANIMOS das
relações que vão se dando intrapsiquicamente.

- Ele se pergunta que força é essa e quais as condições para repressão (Texto).
- Desejo da pessoa inconciliável com a moral e a ética dela mesma. Reprimiu desejo e lembranças.

O RECALQUE se dá na medida em que evita que o desprazer se instaure e ele vai ter ajuda da
RESISTÊNCIA para isso. O que é recalcado são os conteúdos, as ideias, aquilo que gera
desprazer. Toda força inconsciente que gerará, que demanda satisfação e não pode ser
satisfeita porque geraria um incômodo, um desprazer, uma exigência ao EGO que ele não
dará conta, esse conteúdo todo permanecerá no inconsciente, preso,
REPRIMIDO/RECALCADO. A resistência são as forças de defesa, forças que não permitem
que o conteúdo recalcado retorne a consciência. Resistência é uma forma de defesa, o paciente
se contrapõe àquilo que vai gerar um desprazer.

- Trata-se de uma luta dinâmica, do que é recalcado, da força da resistência e desse conflito
(permanente) e não de uma cisão. Cena traumática: “como desejo meu cunhado quando minha irmã
acabou de morrer?” O desejo da moça pelo cunhado, foi mais forte que a possibilidade dela
conceber essa ideia. Se deu se mostrou e ela recalcou, o desejo continua lá e a impossibilidade de
satisfazer gera todos os sintomas que essa moça tem.

- A hipnose esconde a resistência.

O grande desafio do Freud: como chegar ao Inconsciente. Raiz do problema, que é o conflito,
não é resolvido pela hipnose.

Rodrigo: estou gostando muito dessa conversa, pois estamos entrando cada vez mais na forma de
pensamento dele. Um primeiro ponto que podemos pensar desta discussão: o que foi que fez que
Freud cria-se, inaugura-se o que inaugurou.
"Importante pensar neste parágrafo que tem um método, ele foi estabelecendo critérios e
condições para isso, para que o método possa ter ou não ter eficiência, junto com o método ele
está criando a metapsicologia, quando ele diz que a hipnose encobre a resistência, ele está
falando que tem um elemento no funcionamento intrapsíquico que se chama recalque e
resistência, se eu não considerar isso (fundamentos da psicanálise), essa relação, não estou
falando, não faz sentido criar uma ciência que vai ao encontro do Inconsciente, pois ele está
determinando o lugar do inconsciente, ele está atrás da etiologia das neuroses. Para ele a
hipnose não vai ao encontro disso, vai dar conta dos sintomas, da eliminação dos sintomas (do
alívio). concordo com uma certa arrogância, mas que tem um saber dele que é maior do que
isso, estou enxergando uma outra coisa, além de pensar que esse método funciona até certo
ponto pois não consigo hipnotizar a todos e mesmo os que consigo não consigo os efeitos que
imagino que possa ter que é desfazer o conflito, vai trabalhar com a resistência e a
transferência.

Recalque e Resistência = Pedras angulares da metapsicologia.

Dr. Hall (p.18): figura mediadora, o Superego, é na análise que esses relaxamentos e
entendimentos vão se dando. Espaço que permite que o que é perturbador retorne com uma
possibilidade de suportá-lo. Analista, aquele que vai poder dar elementos para aquilo que estava
num lugar de perturbação ganhe um lugar de entendimento, de consciência, análise que vai abrindo
espaço para que isso que estava no campo do conflito/sintoma, para que se possa perceber porque
esse perturbador quer tanto entrar, porque não suporta ficar fora (é parte de dentro, ele estava dentro
e foi posto pra fora O QUE FOI RECALCADO JÁ FOI DE DENTRO, pode não ter sido
consciente, mas já foi de dentro. De forma que o conflito se explicite. Superego é um elemento
fundamental nisso, por isso olhei para essa figura.

- A ideia de que aquilo que saiu da consciência fracassou, momentaneamente aquilo foi para outro
lugar e o paciente se livrou daquilo, mas a força desse desejo retorna, ele continua existindo no
Inconsciente e tentará retornar, como encontrará resistências para retornar, ele ganha um substituto,
O SINTOMA (guarda elementos do conteúdo recalcado). Recalcado, para poder retornar, diante das
dificuldades imprimidas pela resistência, se disfarça (geração do sintoma), para poder ter um
destino, que gera um desprazer, tal qual geraria a força pulsional, o desejo (ex: da moça que desejou
o cunhado). Substituto patológico, não é uma sublimação, um sonho. Embora os mecanismos sejam
os mesmos. Por isso os sonhos não são sempre prazerosos, porque o conteúdo inconsciente vai estar
lá, prazeroso ou de prazeroso.
- A chegada pelo sintoma, o sonho, o ato falho, É NO CONTEXTO PSICANALÍTICO QUE ISSO
SE REPETIRÁ a análise será o cenário onde isso se apresentará novamente.

14/05/2020 – Srta. Elisabeth – Estudos sobre histeria (p. 105) – Caso que ele cita na 2ª Lição
de Psicanálise.
Começar pelos últimos parágrafos do texto da aula anterior.
Formas de Resolver o Conflito (Três formas): Uma fez o conflito retornando, o processo analítico
vai proporcionar ao paciente formas de lidar com isso que retorna (o retorno do recalcado).
1. A personalidade do doente ACEITA TOTAL OU PARCIALMENTE a força do desejo, o
que o desejo cobra, o desejo insiste, convoca.
2. Ou o desejo é dirigido para um alvo irrepreensível e mais elevado (SUBLIMAÇÃO) você
tem consciência do desejo, mas você não vai satisfazê-lo, você vai deslocar essa “força”,
para outro objeto.
3. A repulsa ela é necessária, é justa, reconheço, admito que reconheço, mas é justo que eu faça
uma repulsa a esse tipo de desejo. Aí também é a força da castração. ACEITA REPUDIÁ-
LO conscientemente. O mecanismo do Recalque é substituído pelo julgamento realizado
pelas altas funções do homem. Uma repressão consciente.
Na Perversão ele sabe, mas mesmo assim continua – tem UMA RECUSA (a lei é recusada).
Na Neurose, ele reprime isso, e sofre pela repressão, mas aceita, com todo o conflito e dores que
isso gera, essa castração. Conscientemente vai fazer com que esse desejo não se satisfaça e de certa
forma, nesse caso, também não foi sublimado. A Marca da Neurose está sempre ligada à castração.
O desfecho da castração, o desfecho da castração, é o final do complexo de Édipo. O sujeitinho,
para suportar essa passagem, já teve que se a ver com pequenas frustrações. ANGÚSTIA DA
CASTRAÇÃO remente à ANGÚSTIA DO NASCIMENTO, jamais se retorna para um lugar que se
perdeu. Ao passar pelo complexo de castração não significa que ela está resolvida. A vida toda o
neurótico vai ter que se haver com a castração, com a falta, com o que tenho, com o que não tenho,
com o desejo. Nesse ponto, estruturalmente do desenvolvimento é que ela se torna mais evidente,
mais crítica e se vocês verem, escutarem relatos de crianças com 5 ou 6 anos, a relutância de aceitar
os limites, flexibilizar uma coisa e não outras, porque regride, porque tem 5 anos, mas é “só 5
anos”, “já tem 5 anos”, aí que vão se estabelecer as estruturas, as identificações.

Questão Bárbara: Sintoma traz resíduo de semelhança em relação à situação original. O que ele quer
dizer com isso? Em Anna O vemos claramente, mas em muitos outros casos não.
Rodrigo: Na medida que o SINTOMA é um substituto do conteúdo do conflito, foi recalcado por
gerar muito desprazer, na medida que esse jogo de forças precisou ganhar o caminho sintomático
para chegar à consciência, ele guarda elementos do recalque e semelhança com o mecanismo que o
formou. Aquele desprazer que o Recalque deu conta, e que o sintoma se apresenta, vai estabelecer
um novo desprazer ao Ego, e este vai dizer que está insuportável e o Ego vai dizer, vou precisar
tratar disso. Processo regressivo pelos mesmos caminhos: cheguei ao sintoma, parto do sintoma
para chegar ao conflito. O SINTOMA é fruto do conflito inconsciente, do material inconsciente
que não pôde estabelecer um lugar de passagem e precisou achar um outro caminho, por isso
ele guarda material, semelhanças com a ideia primitivamente reprimida. Assim como o Sonho
que tem do mesmo mecanismo do sintoma (CONDENSA, DESLOCA). Ex: É mais aceitável que eu
paralise a perna que diga do meu desejo pelo cunhado. A perna é o lugar de destino no corpo para
que o Ego perceba um desconforto e pare e diga “essa dor não quero ter”. Também vamos ver que
não é em qualquer lugar, que há elementos que vão definir determinados lugares para a
manifestação do sintoma. Um sintoma diz da história da pessoa.
Se um conflito não resolvido, não bem trabalho, se desenvolve em algo sintomático, muito
provavelmente será algo ligado à impossibilidade da pessoa seguir a vida dela.
Micael: caso do CAPS, Sra. Que vinha do Paraná pra cá com a maleta de manicure e acaba ficando
em situação de rua, já tinha um histórico e ela apresenta uma paralisia nos membros superiores.
Histórico de como ela gostava de trabalhar e fazia bem esse ofício de manicure – não consigo fazer
mais aquilo que faço bem e com isso vai para o corpo, e de muitas dores também.
Rodrigo: podemos pensar também no lugar da hipocondria, quando manifesta inúmeras doenças,
vai procurando por elas e não tem.

CASO ELISABETH
Estudos sobre Histeria, um dos casos é do BREUER (Anna O) e outros 4 casos são do Freud.
- Caso em que a paciente vem de muitas perdas (morte do pai e da irmã mais velha e doença da
mãe).

. Ele vai distinguindo o que é uma histeria da neurose de angústia e também a histeria que existia
até então e a que ele vai investigando.
- Aí Freud vai estabelecendo: aqui temos uma histérica com a qual vou poder investigar (regiões de
dor misturada com regiões de prazer).

Perguntas de Eduardo e Maria Fernanda.


- Vamos entender a diferença entre sexo, sexualidade e o sexual. Tem uma questão da energia
sexual, da pulsão, que determina todo o funcionamento psíquico, pois vai gerar necessariamente
conflito e conflito vai gerar sintoma.
- O princípio propulsor do funcionamento psíquico e, portanto, dos desdobramentos de um
funcionamento, da dinâmica e da economia do psiquismo, são a pulsão e a libido, que vão procurar
necessariamente seu objeto de satisfação.
- O lugar do sexual no desenvolvimento do sujeito – 1900 Interpretação dos Sonhos depois Três
ensaios da Sexualidade*. Para dizer: as crianças já tem sexualidade. Vai construindo a teoria a
partir das histéricas, porque nelas o que ele vai escutando é que o sexual está recalcado e esse
sexual recalcado gera uma série de distúrbios e sintomas. Essa mulheres, essas senhoras que ele
escuta chegam com uma queixa infundada, faz todos os exames, mas isso não dá conta. Tem uma
coisa que seria uma insatisfação sexual, que se desloca e gera todos esses sintomas. Por isso ele vai
dizer: eu todo ali e ela tem prazer e não dor, ele vai montando essa ideia de zonas erógenas. * Se o
sujeito escolhe como objeto alguém do mesmo sexo, então a questão não é da reprodução, a
sexualidade está em outro lugar. A sexualidade não fica mais restrita aos órgãos sexuais e sim
a esse trânsito de uma energia que vai encontrar seu objeto ou não vai encontrar seu objeto.
Eduardo: ponto que me deixa intrigado: fiz levantamento de coisas que aconteceram no final
do século XIX e começo do XX. Mundo era tão primário mesmo (rádio inventado em 1900).
Muita coisa foi descoberta na época do Freud. Fico imaginando se todas as mulheres na época
tinham uma questão com o sexual. Por que entre os homens não havia tantos histéricos? Será
que todas as mulheres tinham uma questão.
Rodrigo: Freud vai dizer que o sexual, a constituição do sujeito é bissexual. Portanto a questão do
sexual é para todos. O que vai determinar é como vai se investir ou não, ativamente, naquele ser
recém chegado. Um cuidado com o bebê é de alguma forma uma atividade sexual. Isso é
constitutivo do sujeito, não é homem nem a mulher.
A DIFICULDADE DE ENTENDER A PSICANÁLISE NÃO É INTELECTUAL, tem a ver
com a questão das defesas e resistências de cada um.
- O que Freud dizia, tocava não só nas pessoas, mas na sociedade como um todo.

La Planche: Neurose de Angústia (em que há predominância da angústia), ligada a um acúmulo


de nergia sexual sem destino. Hoje, de alguma forma, podemos pensar que é uma crise de
ansiedade, que não teria uma origem, uma etiologia psico-sexual. Não estaria ligado ao
desenvolvimento sexual dessa pessoa. Por isso ele fala de uma Neurose Atual. Difere da
Neurastenia pelo somático e da Histeria pela etiologia, onde houveram traumas ao longo de uma
história, um trauma recalcado que se manifesta numa histeria.

Y pergunta: O TRAUMA QUE NÃO FOI RECALCADO E NÃO ENCONTROU UM DESTINO


SERÁ REPETIDO. Poderá ter estabelecido outras relações. Vai incidir constantemente na história
desse sujeito. Um abuso pode até ser recalcado, mas de tal forma é traumático que não será
recalcado, ficará numa esfera abusiva, traumática. É um âmbito de quase impossibilidade de
elaboração, de processamento, é um lugar marcado pela repetição. Em que medida esse trauma, esse
excesso, pode ganhar um lugar mais passível de elaboração, e em que medida não. Dependendo da
possibilidade de algum deslocamento.

Maria Fernanda: se temos algo que é naturalizado. Violência sexual de adolescentes, jovens, por
exemplo nordeste, então o recalque aconteceria menos? Estou dizendo quando a pessoa conta, não
desafetada, mas com uma “naturalização” da coisa.
Rodrigo (resposta final da aula): Recalque acontecerá independente do contexto social que se
vive.
O recalque primário é anterior ao sujeito – algo que vai para o Inconsciente pois se estabeleceu
impossibilidade dor orgânica e psíquica de lidar com aquela situação.
O recalque secundário, por uma série de questões sociais, psíquicas, que vai fazer com que aquela
cena seja recalcada, pois ali demandaria um desprazer e exigência do Ego que o psiquismo protege
o Ego.
Mas o retorno, será o retorno desse recalcado.
A questão cultural está presente, mas isso vai fazer mais efeito em umas situações que em outras,
mas o recalque acontece de qualquer maneira – na cultura indígena por exemplo, o recalque existe.
O que é posto para todas as culturas é a proibição do incesto. Uma lei que regula todas as culturas.
Se a proibição do Incesto está colocada, tem o recalque.

Rodrigo: recalque do ponto de vista do psiquismo, quando este precisa recalcar pelo desprazer,
outra coisa é em que lugar socialmente isso se coloca, ainda que tenha reforço isso é um reforço do
trauma, é uma perversidade. Abuso é abuso de qualquer forma. Pode ser abuso sexual, moral, do
rigor da educação. Abuso é abuso na medida em que o psiquismo não dá conta em relação àquele
excesso. Uma tem 3 outra tem 9, não são duas crianças. TEM ABUSO. PODE SER QUE
AQUILO NÃO GERE UM LUGAR TRAUMÁTICO IRREPARÁVEL, NÃO DÁ PARA
SABER, MAS O ABUSO SE CARACTERIZA POR ESSE QUE FEZ, QUE TEM UM
EXCESSO SOBRE ESSE QUE RECEBEU. Uma busca masoquista não é à toa que ela se dá.
A perversidade ela está à solta. Quando você diz... aqui no Nordeste... tudo bem, é no Nordeste, mas
é! Quem será abusado será abusado, talvez socialmente conviva melhor, mas aquilo se atravessou
uma lei.
- Fica menos visível e é reforçado: “quem mandou andar de saia curta”.
- Marcas que a filha tinha para o pai:
. Ele queria um menino
. Ela não ia arrumar um marido na medida que era insolente e convencida.
- Apesar de todo o seu altruísmo (um véu), tem uma parte nela que depois aparece fortemente, de
raiva.

Ela percebe, e Freud vai ressaltar a força do pensamento que se estabelece para ela: “bom, não tem
saída”. Qualquer hipótese que eu desejo de me movimentar do lugar da filha doente para ter um
marido ou uma vida fora de casa, retorno ao lugar da mulher que não vai ter marido ou que o
marido estaria fadado à doença, o fim sempre trágico.

Ele para e se pergunta: tudo isto que estou recebendo até então, não justificaria uma histeria, o
que justificaria uma moça, com essa história adoecendo dessa forma. TEM ALGO AÍ QUE
ESTÁ ENCOBERTO. Isto que promove a investigação psicanalítica. E isto que vai fazer ele
evoluir na investigação, aí que ele avança. PONTO MUITO IMPORTANTE.

Micael/Rodrigo: o texto é repetitivo, interessante como ele vai explorando camadas. / Esse é o
método que Freud transmite, de investigação e de pesquisa, que é uma elipse. Passa no mesmo
lugar, mas não é o mesmo.

RECORDAR /REPETIR / ELABORAR. – o que o paciente precisa fazer na análise. Parce que está
no mesmo lugar para ir pra outro.

Pompeia, a cidade soterrada, isso que ele vai dizer do Inconsciente.

21/05/2020 – Srta. Elisabeth – Estudos sobre histeria (p. 105) – Cont. (p. 113)
- Pai apresenta piora quando ela volta do passeio com o homem. Freud acredita que este é o
primeiro episódio da conversão – Conversão com propósito de defesa. Ou se essas dores seriam
decorrentes de causa orgânica.
- Outro momento: um dia, pés descalços com frio, cuidado do pai, que começa dor.
- Depois ele vai trazendo uma diferenciação das dores – oscilações espontâneas.
- Perna direita pai doente – primeiro período
- Perna esquerda quando da irmã falecida e dos dois cunhados – segundo período da doença.
- Quando ela falava tudo, mas ainda estava com dor, ainda havia algo e então ele insistia se para ela
falar mais.
- Micael não entendeu muito bem esse conceito de ab-reação.

Rodrigo: Ab-reação (é também um sinônimo a catarse, mas esta é sugeria para hipnose)
O que ele está querendo dizer com isso? Reação àquilo que estaria de alguma forma contigo
(liberação da emoção, descarga, uma catarse) – durante esse período de ab-reação (não
necessariamente a paciente tem consciência do que está acontecendo – a descarga daquele afeto –
estabelece um alívio, uma forma do afeto contigo, e sem destino, ser descarregado. Durante esse
período de ab-reação a paciente teve uma melhora – “costumava dizer que estava retirando seus
motivos de dor um pouco de cada vez e quando retirasse tudo ela estaria boa” Freud. Ele vai
perceber que isso vai acontecendo aos poucos, mas não vai livrar a Elizabeth dos conflitos.

Micael:
- Daí ele vai percebendo algumas conexões em relação aos sintomas – o estar de pé por exemplo, o
andar doloroso; e as dores sentadas, quando sua irmã se foi e ali se sentou.

Rodrigo: a partir dessa pergunta: qual a origem das dores, do andar, do ficar de pé e do deitar-se,
ela vai estabelecendo uma cadeia de lembranças. A partir dessa pergunta do Freud. A pergunta que
ele se faz e que faz a ela. Por isso a cadeia de lembranças vai decorrer depois no processo de
associação livre. E no estabelecimento não só de um trauma, mas de uma sucessão de traumas.

Micael:
- A terapia não deixa de andar por falha do método, mas por resistência à falar.
- Fala de um terceiro período do tratamento, mais psiquicamente aliviada, capaz de agir e não
julgava os estímulos a andar.
- Episódio do cunhado na sala de espera – ao ouvir a voz dele aparecem dores.

Flávio: fala do bonito que achou a insistência (não desistência) do analista.

Rodrigo: em consequência do desejo proibido toda a consequência histérica e deslocamento


histérico que isso acarreta. Ele vai descobrindo isso, vai descrevendo isso, vai montando o caso,
tratando dela e ao mesmo tempo estabelecendo a técnica analítica já que a hipnose não era
suficiente.
- De alguma forma o paciente sabe o que ele não quer saber. Dessa forma Freud faz a insistência,
mas considerando a importância da resistência. Chegar pela insistência, mas pela associação, por
essa cadeia de lembranças, como todo esse universo que está associado àquele evento. Ele fala da
técnica, mas fala desse lugar metapsicológico do efeito fundamental da resistência, mas é com ela
que se trabalha. Não dá para aceitar de pronto não tenho mais nada o que falar – que é a primeira
parte da história.

Micael:
Fala da interrupção do tratamento e da festa onde Freud a vê.

Rodrigo:
Freud entende que aquele era um jeito dela poder caminhar. E encontra ela num evento dançando e
isso era a presença a marca de que a histeria estava lá, mas que ela tinha se encaminhado.

DISCUSSÃO
- “Histeria de retenção” (primeiro nome para a histeria). Essa ideia de que algo foi retido. Não
destinado, não representado e por isso em algum momento vai ser convertido (pp. 125 -126).

Rodrigo: (p. 127) – o sintoma tinha um mecanismo. DESCRITO


- Cuidar do pai enquanto tem um desejo erótico com um cunhado: esse é o conflito (briga interna –
como posso estar desejando eroticamente alguém quando tenho que cuidar do meu pai doente). Ao
contrário do outro exemplo, da Sra, que tinha um lugar mais de esponja do que de conflito. Da
página anterior. Retia a história e tinha uma série de ab-reações.
- Escolhe cuidar do pai e vai ter as dores.

Maria: aí que ele começa a dizer que não seria qualquer afeto? No caso da Elizabete e na maioria
são desejos proibidos.

Rodrigo: pode ser afeto erótico, pode ser afeto de ódio, que vai se convertido.
A NEUROSE TRABALHA JUSTAMENTE COM ESSE ARRANJO CONFLITIVO – não fazer
não significa que não vai acontecer nada. O psiquismo vai trabalhar constantemente num processo
ECONÔMICO E DINÂMICO – Elizabete – a economia dela foi de retenção, e não estabeleceu
destino ao objeto de desejo, e esse afeto retido, não elaborado, se estabeleceu numa histeria.
- A histérica sempre está achando que tem algo que falta, nunca é suficiente!
- O núcleo da histeria é esse, realizar um desejo infantil e não o da mulher (ter o pai para ela).

Micael:
Rodrigo:
Pergunta importante do texto (p. 128) - Mas como poderia ocorrer que um grupo representativo
com tanta força emocional fosse mantido tão isolado?
‘Poderemos responder a essa pergunta se levarmos em conta dois fatos que podemos usar como
estabelecidos com certeza. (1) Simultaneamente à formação desse grupo psíquico isolado, a paciente
desenvolveu suas dores histéricas. (2) A paciente ofereceu forte resistência à tentativa de se
promover uma associação entre o grupo psíquico isolado e o resto do conteúdo de sua consciência; e
quando, apesar disso, a ligação se realizou, ela sentiu uma grande dor psíquica. Nossa visão da
histeria relaciona esses dois fatos com a divisão de sua consciência, afirmando que o segundo deles
indica o motivo para a divisão da consciência, ao passo que o primeiro indica seu mecanismo. O
motivo foi o de defesa - a recusa, por parte de todo o ego da paciente, a chegar a um acordo com esse
grupo representativo. O mecanismo foi o de conversão, isto é, em lugar das dores mentais que ela
evitou, surgiram as dores psíquicas. Desse modo, efetuou-se uma transformação que teve a vantagem
de livrar a paciente de uma condição mental intolerável, embora, é verdade, à custa de uma
anormalidade psíquica – a divisão da consciência que se efetuou - e de uma doença física - suas
dores, sobre as quais se desenvolveu uma astasia-abasia”.

A força da resistência é tal qual a força do conteúdo que é recalcado.


“O que é que se transforma aqui em dor física?”
Uma resposta cautelosa seria: algo que talvez se tivesse transformado e que deveria ter-se
transformado em dor mental. Se nos aventurarmos um pouco mais e tentarmos representar o
mecanismo representativo numa espécie de quadro algébrico*, poderemos atribuir uma certa carga
de afeto ao complexo representativo dos sentimentos eróticos que permaneceram inconscientes e
dizer que essa quantidade (a carga afetiva) é o que foi convertido.
* econômico

- Sem o recalque vivemos a barbárie.


- Recalque é o que determina o lugar da neurose.
- Outra forma do conflito se estabelecer é através dos sonhos – forma do recalcado se apresentar à
consciência. O recalque é um elemento fundamental na constituição psíquica do neurótico.

Y: tem alguém que não sofre?


Rodrigo: O neurótico sempre sofre. O perverso tem uma relação com o sofrimento é diferente, não
teria sofrimento, por isso sua análise seria muito difícil.
- O sofrimento é o lugar do Ego. O sofrimento é no Ego. Porque ele é quem tem que se a ver com
todas essas dimensões da consciência, do inconsciente, do superego. É o lugar do sufrimento, do
sujeito.

- “Histeria de defesa”: uma forma de se defender dos conteúdos recalcados (mecanismo de defesa
que estabelece a histeria) – p. 129.
- Se revivendo com essas lembranças, a dor passava, o sofrimento voltava, se dava outra
conversão.
. Creio que posso solucionar essa contradição presumindo que as dores - os produtos da conversão -
não ocorreram enquanto a paciente estava experimentando as impressões do primeiro período, mas
só posteriormente, isto é, no segundo período, enquanto reproduzia essas impressões em seus
pensamentos. Em outras palavras, a conversão não se deu ligada a suas impressões enquanto
novas, mas sim em conexão com suas lembranças das mesmas. Acredito mesmo que esse curso
dos acontecimentos não é nada incomum na histeria e que, na verdade, desempenha um papel regular
na gênese dos sintomas histéricos.

- As histéricas sofrem de reminiscências


- A experiência traumática só é traumática quando se lembra dela.
- O que poderia libertá-la não liberta. A questão não é com o pai físico, vivo ou morto, é com o pai
que ela carrega – esse pai que diz por exemplo que não é para ela casar. Qualquer evento possível
de família e casamento a infelicidade se mostra – Destino traçado para ela.

Caso de Rosália (p. 131).


- Essas duas passagens são importantes mesmo – que o acontecimento da véspera havia despertado
a temática (é um GATILHO par essas reminiscências) e a partir daí um símbolo mnêmico associado
a todo um grupo e lembranças traumáticas.
- A regra é essa, que um afeto renovado e outro um afeto relembrado. Situação que remete a
situações anteriores.
- O que tem encontrado não é uma única causa traumática mas de um conjunto.
- Sucessão traumática (p. 133), aqui ele está na teoria do trauma, depois ele vai repensar essa
teoria a partir da fantasia.

- O Freud a todo momento vai fazer essa aproximação. Estou falando dos histéricos, mas não
pensem que serve só para os histéricos, é um mecanismo para TODOS: o insuportável do afeto
vai gerar um sintoma.
- As dores não são uma criação da neurose, mas é onde ela se estabelece – a dor, tem porque ser na
perna. Porque num determinado lugar e não em outro. Pois esse ligar diz da história da paciente.
Por que foi que o sofrimento mental da paciente passou a ser representado por dores nas pernas e não
em qualquer outra parte? As circunstâncias indicam que essa dor somática não foi criada pela neurose,
mas apenas utilizada, aumentada e mantida por ela.

- O sintoma aberto precisa ter essa trilha associativa, se não ele não se forma. Se não faz esse
encontro não tem sintoma, não tem conversão.
- COMO se dá o sintoma, POR QUE se dá e esse aspecto associativo.
- Circuito que precisa acontecer por completo.
28/05/2020 – Caso Emma – Página 224 (Vol 1).
Aluna responsável pelo texto: No que se dá o movimento da Q?
Rodrigo: a quantidade de energia que se transforma num conteúdo simbólico. Quando ele fala num
processo primário é o que se dá ainda sem o secundário (a elaboração do processo primário). Como
um sonho, que tem um processo primário e depois um secundário, como o sintoma. Ele está
dizendo que o sintoma histérico se origina de um processo primário, a elaboração e a simbolização
vai se dar a partir do retorno. A força ativadora do processo é a defesa (a resistência – o recalque –
por parte do ego). A defesa se instaura para que a quantidade de energia não suportável fique
recalcada. O secundário do sonho é o fruto da condensação e do deslocamento. “Q” referência à
quantidade.
Na esfera da sexualidade, do desenvolvimento sexual, que se origina a Histeria, a compulsão
histérica.

Eduardo: Por que SÓ sexualidade?


Rodrigo: esse é um ponto central da psicanálise, ele vai fazendo toda uma teoria do que significa a
questão da sexualidade, que é algo muito mais da pulsão sexual, do quanto e do destino que se dá a
essa energia que tem como origem a sexualidade do ponto de vista da pulsão de vida, da energia
sexual que é que move todo o mecanismo que move o mecanismo psíquico do que da sexualidade
de como entendemos comumente. É pela sexualidade, por entender como a sexualidade
trabalha no sentido do motor da energia psíquica que vamos entender as neuroses e
psiconeuroses. Que destino a pulsão sexual tem ou acaba não tendo, é essa sexualidade que
entendemos na psicanálise, como um motor, como uma pulsão. Algo que faz acontecer que o
aparelho psíquico trabalhe, como funciona a pulsão de vida. Porque a sexualidade e não outra coisa,
porque é a partir dessa constituição que em que antes de mais nada é o corpo, o corpo sexual,
estimulado, investido, que vai se erotisando e vai portanto fazendo com que todo o psiquismo se
constitui a partir do corpo. Antes de mais nada o Eu é o corpo, o corpo sexuado, investido para que
se estabeleça um lugar do eu e depois de sujeito. As marcas de investimento nesse corpo que vão
estimulando. Um cruzamento entre o psíquico e o físico, entre o corpo e o psiquismo.
Eduardo: Hoje em dia 2020, mais consciência da sexualidade que em 1900 e o psiquismo também.
Rodrigo: Desculpa, interromper, não tem um caráter mais evoluído e menos evoluído, você pode
pensar, em termos culturais, como é visto, como é percebido, mas para a psicanálise a constituição
do sujeito se dá da mesma forma através do tempo. O recalque vai se dar porque a sexualidade
sempre será uma questão. As formas e as manifestações histeriônicas hoje são outras, mas a forma
como se dá essa constituição, ela tem a mesma origem.
Os motivos do recalque são só motivos sexuais?
Rodrigo: O que é de um desprazer para o Ego é essa força pulsional que tem como origem o
sexual. Pode ser que se origine também no desamparo, mas o desamparo está associado com esse
desinvestimento no eu, libidinal/sexual.
Sexualidade versus sexo – Narjara
Por que o conceito de sexualidade é tão fundamental na Psicanálise????
Não é que é inquestionável, mas é um conceito que vai além da genitalidade, por que isso e não
outra coisa? Porque Freud vai nomear que é daí que nasce todo conceito de formação do sujeito.
Daí que vão se dando as relações internas, de constituição do psiquismo.
O que DETERMINA o psiquismo é a sexualidade.
Mitologia (Adão e Eva) – Y pergunta da cobra.
De onde vem os bebês, ou para explicar a diferença dos sexos.
Rodrigo: Porque Freud vai falar da sexualidade, quando ele diz que elas têm sexualidade, porque as
crianças fazem essa pergunta aos pais, e qualquer explicação que os pais façam é insuficiente. E daí
as crianças criam suas teorias, insuportável para as crianças saber sobre a sexualidade, ou não saber
sobre isso, TUDO isso que vai falando do lugar primordial da sexualidade.
Eduardo: Por isso que você diz que é atemporal?
É insuportável e a pergunta será a mesma: “De onde viemos?”
Ele tem relação com uma sexualidade primária. Tem uma relação de perguntar de onde vem os
bebês? Por que tenho isso e ela não tem?
Esse corpo é um corpo sexual, daí a coisa começa a se estabelecer num motor de
sexualidade do ponto de vista da energia sexual. Vou precisar de outro objeto para me
satisfazer e faz com que a criança busque outro objeto e é isso que Freud diz que faz com
que a criança vá construindo um corpo sexual e uma subjetividade.

Por isso que o texto três ensaios sobre a sexualidade é fundamental.


Uma LEMBRANÇA da época e um afeto de SUSTO – primeiros elementos do que vai entender
depois associado a uma segunda lembrança.

Caso Emma:
Num primeiro momento ela teve um desejo que se transformou em angústia. A lembrança despertou
o que ela não era capaz na época (uma liberação sexual). Aquela energia recalcada se transformou
em angústia.
O campo da sexualidade é o campo da atração, do desejo, do abuso, o lugar portanto do excesso.
Todo cuidado com a criança é de alguma forma um cuidado sexual, erótico e invasivo, ele está
falando disso. Quando se cuida de uma criança pequena é necessariamente traumático. Excessivo,
quando se investe na criança se erotiza a questão é que isso é constitutivo.

A cena que Emma traz mistura isso. É um prazer a partir de um abuso, um excesso, que é
impossível de ser simbolizado, por isso traumatizante, que retornará numa segunda cena. É mais de
uma cena necessária para que o trauma se atualize.

Aluno: o que causa o trauma não é a atitude agressiva do confeiteiro, poderia ser qualquer outra,
mesmo não agressiva.
Rodrigo: sim, porque isso que depois Freud abandona a teoria do trauma e vai trazer a questão da
fantasia: ou todos os pais traumatizam os filhos ou não é possível que só o trauma aconteça de fato,
tem outra coisa que faz com que a criança também fique marcada por uma cena impactante: aí ele
traz a fantasia. No caso de Emma, ela fica marcada de alguma forma aos 8 anos e retorna quando
pode retornar, aos 8 anos.
Aluna: Quando crianças adoecem e mãe de alguma forma tem que usar supositório e como isso
depois desencadeia o surto. É um pouco por aí? Uma mãe que põe um supositório não é uma
violência, é um cuidado... e um paciente descreve isso como um chip que lhe colocaram dentro para
controlá-lo....
Rodrigo: A princípio não acho que isso desencadeia um surto, o surto remete a isso por algo, esse é
um delírio de um paciente que toma o supositório como uma invasão. Isso que eu dizia, o cuidado
com o corpo de uma criança ele é necessariamente invasivo. A questão é o uso que se faz de um
corpo infantil. O abuso está ligado ao excesso, ao que se excede àquele corpo de suportar a dor e o
prazer, um prazer muito excessivo também pode ser traumatizante. Não é só introduzir um
supositório, é o que se fala, como se fala, em que medida isso é carregado de outros investimentos
para além do ato invasivo.
Um surto remete ao traumático, à história pregressa para que se desencadeou um surto.
Delírio é constituído de muitos elementos que fazem dele em si ter um sentido.
Aluna: essa segunda cena de Emma não seria o trauma, seria uma lembrança do trauma?

No desenho as ideias em escuro correspondem as percepções


que foram lembradas (pp. 225-226).
Todo o complexo ([círculos] não escurecidos) estava
representado na consciência de “roupas”, evidentemente a mais
inocente. Aqui houve um recalcamento acompanhado pela
formação de símbolos.

Estar só: entrar ou não entrar


Comprar: comprar ou não comprar
Vôo: sair correndo

O sintoma foi: não conseguir entrar em nenhuma loja e fugir daquela loja (que não faz sentido pelo
fato de estar sozinha) – esse fato de estar sozinha, não responde. Tem um processo de recalcamento.
Depois da associação sim se torna racional. Antes, a não ser o elemento “roupas” foi o que entrou
no consciente. O único elemento que está em bolinha preta e bolinha branca.
Houve recalcamento acompanhado pela formação de símbolos: roupa, risos, vendedores (o que
faz acesso ao inconsciente). O quadro se aprenseta a partir do sintoma. Pelo sintoma você chega aos
elementos que vão ser os SÍMBOLOS, representantes conscientes que vão ser inconscientes.
NARRATIVA CONSCIENTE /SIMBÓLICA: “Não posso entrar na loja por causa das minhas
roupas”
E que mais?
Daí se chega na cena INCONSCIENTE.
Frente a intensidade da ANGÚSTIA, ela temia entrar na loja e ser atacada novamente (temia e
desejava)
- Afeto solto na forma de Angústia
- Só é possível chegar no recalcado pelo processo associativo.
Ela estava paralisada num lugar do qual ela não podia sair a partir desse processo que ele descreve.
Isso nos dá mostra do que se pode perpetuar ao longo da vida. Um lugar que fica marcado,
traumatizado, tem efeitos num tempo indeterminado. No caso da Emma isso se reconstituiu, na
medida em que tinha uma sobreposição entre uma cena e outra. A cena 1 é uma cena que possibilita
o retorno (entrar em contato através da análise) com a cena dois.
Emma – um lugar ambíguo em relação ao dono da loja que a abusou.
Período de Latência (entre 8 e 12 anos – energia muito forte destinada a outras coisas) – da
infância para a puberdade, é na puberdade que a sexualidade retorna. As mudanças trazidas pela
puberdade é a explosão da sexualidade. Na medida que a sexualidade fica latente, num período de
desenvolvimento infantil, onde a sexualidade parece que some, vira outras coisas, agressividade,
agitação, interesse em outras coisas. Sabemos disso da experiência pessoal e clínica!
- Se a angústia permanece, não entra em latência: Psicose, Depressão profunda, uma série de
quadros inadequados, impossibilidade de estar na escola por exemplo. Em Emma o recalque fez
sua função.
Estamos entrando em contato com o que é mais conflitivos, com as questões mais candentes da
Psicanálise e mais do que isso vendo como Freud pensou essas coisas, como se dão essas relações
intrapsíquicas. E também tem um tanto que se dá pela repetição, aquela ideia da espiral. Vai criando
um caldo e um vocabulário, um repertório. É estranho mesmo, não é fácil.

04/05/2020 – Estratos de documentos ao Fliess – Carta 6971 (Vol 1)pg. 107


Se no início ele tinha como que o instinto determinava a sexualidade, ele foi entendendo que a
sexualidade se afasta do biológico, e que a sexualidade parte do apoio, da nutrição, que não precisa
mais, num determinado momento se manifestar.
Vai se afastando da ideia de instinto (1897) para pensar a ideia da pulsão.
Bisexualidade algo da origem do desenvolvimento sexual infantil. Todos os seres humanos na
origem são bissexuais.
Nessas cartas com Fliess ele vai reafirmar a ruptura da primeira ideia da sexualidade,
rompendo com a ideia de que é do trauma que marca a neurose, da teoria da sedução para a
teoria da fantasia.
A sexologia já falava da sexualidade, o que Freud vai fazer não é inventar a sexualidade, é,
estendendo a noção de sexualidade e romper com a sexologia, extirpando-a da questão puramente
biológica e que a sexualidade será a própria essência do humano. A pulsão, a libido, o apoio e a
sexualidade. Esses 4 conceitos é que definem a sexualidade de uma forma mais ampla, vai tomar o
campo do motor humano e psíquico, deixando o biológico para traz, se desvinculando desta noção
da sexualidade.
Roudinesco: a elaboração dessa nova concepção partiu de uma experiência clínica e dos
intercâmbios com Fliess.
- A sexualidade não acontece só a partir da puberdade. Três ensaios sobre a sexualidade de 1905.
Primeiro ensaio chama perversão: ele vai para o patológico para falar do normal, e quando ele vai
na perversão, ele vai descrever uma série de situações repugnantes aos olho do neurótico para dizer
que tudo isso faz parte da fantasia do neurótico, que este recalca tudo que o perverso mostra. Tudo
isto que estou falando aponta para uma questão; de que a sexualidade não passa simplesmente pelo
biológico, pela genitália, o coito não se dá pela genitália, o objeto que satisfaz a pulsão não é o
objeto é primário, isso, pelo avesso, ele vai provar a teoria da sexualidade. A perversão não é
restrita aos perversos, o neurótico também se satisfaz não só pela genitália ou só pelo masculino ou
feminino, tem out ras formas, pelo corpo ou por outras formas, o fetichismo, o masoquismo (são
elementos da fantasia) – não está fora do humano, está dentro do humano. O infantil é perverso,
polimorfo, na medida em que é parcial, o que acontece no desenvolvimento sexual infantil e a
organização das parcialidades.
O prazer não é com o alimento, é com esse autoerotismo, com esse prazer com o corpo, em que o
dedo do pé é tão erótico quanto a boca, nesse encontro do bebê com o sorvete não tem uma ordem,
sorvete se chupa pela boca, ou pega uma pazinha, isso é tudo posterior, o que está colocado aí para
o bebê é o prazer parcial – essa parcialidade, essa poliformia é a sexualidade.
A fonte da pulsão e a força da pulsão são sempre as mesmas, o que muda é o objeto de satisfação, a
orelha, um brinquedo, a pessoa, uma câmera. Por isso a perversão aí depois podemos falar da
perversão num sentido estrutural, mas na questão da sexualidade a origem é perversa, nessa
concepção do polimorfo, do não organizado.
É esse universo que Freud propõe e convida, quando o sexual genital é um processo, ele não é na
origem. O desenvolvimento sexual infantil leva a uma estruturação, para que a criança possa deixar
de ser criança, para fazer uma maturação biológica e psíquica. Mesmo antes dele estar preparado,
isso não diz que a sexualidade não esteja presente, o que faz olhar para a criança é a moral, que é
essa moralidade que vai causar os traumas, porque a sexualidade ela se dá desde o início, no âmbito
da pulsão, da relação com o corpo (erógeno) e o psíquico. Para o que isso vai estruturar o
psiquismo. As fases do desenvolvimento infantil, os lugares de fixação, porque o cocô é um
movimento importante, fases anal, genital e fálica. O importante é que a sexualidade já está lá,
nesse campo maior.
Filhos do Eduardo: Curiosidade, quer ver os detalhes, quer pegar, quer ver pai indo no banheiro,
tento colocar minha moral totalmente de lado, e deixo fluir.
Rodrigo: Pois é, mas em algum momento a moral tem que entrar, para eles poderem ir criando um
psiquismo do que pode e não pode, mas a curiosidade é a prova da sexualidade infantil. É quase
inata. Em algum momento a criança vai olhar e perguntar, vai querer saber e o primeiro momento
de se confrontar é com a genitalidade. Essas diferenças fazem com que a criança pergunte: de onde
vem os bebês, porque um não tem e o outro tem: a criança vai precisar criar uma teoria própria para
dar conta de um arcabouço que é incompreensível.
Carta 69 – p. 162
1. (i) Minhas análises não chegam a conclusões reais, (ii) debandada de pessoas que parecia
estar compreendendo, (iii) ausência de êxitos completos e (iv) possibilidade de explicar os
êxitos parciais de outras maneiras.
2. Em todos os casos de histeria os pais tinham que ser pervertidos. Perversão – neurose pois
histeria precisa de acumulação de eventos e enfraquecimento das defesas.
3. Inconsciente não há indicação de realidade (distinção entre realidade e ficção é difícil).
Podia ser fantasia sexual cujos pais são o tema.
4. Na psicose profunda, lembrança inconsciente não vem à tona, não sendo revelado, portanto,
as experiências da infância. Consciente resiste à prevalência do inconsciente.
Objetivo: conhecimento completo da neurose e sua relação com a infância
Frustração: 1) Não obtive compreensão teórica do recalcamento e sua inter-relação de forças. 2)
Infância: parece que experiencias posteriores estimulas as fantasias que então retornam à
infância – fator hereditário prevalece a contra gosto de Freud.
Conclusão: Se estivesse confuso ou exausto

“Não acredito mais na minha neurótica” (início da carta comentado por Rodrigo)
Aquilo que eu defendia até agora não serve mais como servia até então.

A teoria da sedução a teoria do trauma, não acredito mais nisso para descrever a histeria, e isso é
importante, pois é nesse momento que a psicanálise ganha outro lugar, ele vai inserir a ideia de
realidade psíquica, que vai se equiparar à realidade do real. Aquilo que acontece na fantasia é tão
importante quando no real.

Teoria da sedução: adulto que seduz uma criança, a criança não está preparada psiquicamente para
ser seduzida, para responder a uma sedução. Ser seduzida significa ser traumatizada. e Freud
entendia até então que era essa ato abusivo e arbitrário que o marcaria traumaticamente, aquela
criança e portanto aquele sujeito que desenvolverá um sintoma histérico e a histeria. Por isso
trabalhamos no caso da Elizabeth e Ema, os dois tempos do trauma: A cena inicial e a segunda cena
que faz com que o recalque apareça. Teoria da sedução/trauma. Se eu não consigo chegar nessa
cena...
Roudinesco:
Abandono da teoria da sedução. Objeto de debates e comentários animados. Três tendências:
1. Ortodoxos – nega a existência de seduções reais em prol de uma super sedução da fantasia,
faz com que a psicanálise não tome em conta os abusos.
2. Adeptos do biologismo e teorias da sexualidade, Reich e etc: negar a fantasia e remeter
neurose ou psicose a uma causalidade traumática. Partidários dessa posição acusam
Freudianos de mentirem sobre a realidade social e de não levarem a sério queixas e
confições daqueles que são de fato abusados, violentados.
3. Realidade social e ética Freudiana, aceita facilmente a fantasia e o trauma, psicanalista deve
ser capaz de levar em conta as duas ordens de realidade, muitas vezes sobrepostas, tão ruim
negar o real, como passar por cima da fantasia.

Falta da fantasia é patológico (precisa de uma fantasia para permanecer vivo, para onde destino
alguns desejos) – Ganha uma realidade psíquica de tal forma que me tranquiliza e faz suportar
renuncias que estou tendo que ter. Fantasia como um âmbito importante.
Excesso da fantasia também patológico (vira um lugar de defesa).

O que ele vai entender não é que as pacientes mentem, é que elas não sabem discernir.

Eduardo: a criança pode não ter sofrido abuso, pode ter fantasiado alguma coisa, vai crescendo,
fatos posteriores remetem ela à infância e pode ter sido um abuso como uma fantasia.

“Essa teoria que a criança faz é marcante” (falando da fantasia) – e não tenho como saber, porque o
inconsciente é o inconsciente, e o que sei do consciente é o que o paciente conta. Se isso é fato ou
não, não tem como saber, mas não posso ignorar. Não significa que tudo é fantasia, porque não é.

Eduardo: passa então a considerar a fantasia também como motivo de recalcamento, não só a
realidade.

- Ele introduz a questão da “realidade psíquica”.

- Outro elemento que vai compor a ideia da fantasia é a transferência.

- O que vamos entendendo é essa ideia do conflito, que ele é interminável e intrapsíquico. Por mais
que o externo possa ser favorável, muito adequado, o interno vai ser uma pressão, então vai caber
ao ego lidar com isso. A consciência vai trabalhar nesse sentido. Não basta o ambiente estar
perfeito, é importante que esteja bem, é fundamental, mas ele não basta.

- O recalcamento é um mecanismo essencial, necessário, ele é positivo, ele se dá para o psiquismo


poder suportar a carga que seria ameaçadora e desprazerosa ao eu. O que estou dizendo é que a
fantasia não elimina e não substitui o recalque, ela é um lugar, uma construção psíquica, fruto do
recalque, fruto do conflito. Ela carrega uma possibilidade de realização. O que é o carnaval, 4 dias
de fantasia. Suspende toda a lei, toda a realidade, ela não existe, tenho autorização para cada um se
vestir como quiser, até 4ª feira de cinzas. Só que isso é da ordem do coletivo, tem também da ordem
do indivíduo.

Uma diferença rápida entre perversão e fantasia, na perversão aquilo é um ato, na fantasia tem o
COMO SE... na perversão EU SOU ASSIM, quero o objeto para me satisfazer. Por isso a fantasia
tem origem na infância, o imaginário está lá, ele é que impera. O amigo imaginário ele existe, não é
uma construção delirante. Por que brincar é tão difícil, porque pressupõe um distanciamento da
realidade, da lógica mais consciente, brincar. Difícil porque temos o lugar do superego.
Carta n. 71 – 15/10/1897 – auto-análise
. Auto análise é a coisa mais essencial que me ocupa atualmente. Tempo livre
. Sonhou que a babá o induzia a roubar moedas e dá-las a ela. Mãe revelou que ela era ladra pois
acharam moedas e pertences do Freud no meio das coisas dela, 10 meses de cadeia.
. Sonhou com um médico da infância com grande ressentimento contra ele. Na análise do sonho
lembrou do professor de história von K mas ele não parecia encaixar-se perfeitamente jpa que Freud
gostava do professor. A mãe então revelou que ambos tinham um defeito em um olho.

Continua a carta depois de contar esses sonhos, diz que não chegou a nenhum ponto conclusivo, a
única coisa de valor: a paixão pela mãe e o ciúme do pai (evento universal do início da infância) –
começa a introduzir o complexo de Édipo.

FREUD AMIGO DE FLIESS


. Fliess – alteridade de Freud. “lhe suscitava os maiores...
.
.
.

Rodrigo: cartas que inauguram o conceito da realidade psíquica, como na segunda carta, como de
fato estabelece um lugar central da questão do complexo de édipo, vai estabelecer como se dá essa
relação entre o desejo, amor, primordial, a relação que se dá primária entre a criança e os pais para
pensar o complexo de édipo, o complexo de castração e a partir daí as castrações. Como
determinantes na estrutura neurótica e o retorno a esse amor primordial através do conflito com a
castração.
Sonhos: amor da mãe e medo de perda de amor da mãe. História do Édipo é bonita, ele volta, fica
com Jocasta e fere os olho e inculca a culpa para o retorno ao lugar de origem. Volta para Tebas e
cai em depressão quando descobre que tinha casado e ficado com Jocasta e matado Creonte, o pai,
fura os olhos e fica cego.

A criança sabe que são mãe e pai, mas o que se coloca é a interdição do incesto, que pressopõe um
lei que diz que : ISSO NÃO a entrada do terceiro. Em nome do menino preservar o próprio corpo e
o amor dos pais ele renuncia a esse desejo de se agarrar e comer aquele amor que ele não quer
perder. Renuncio a isso e aceito essa promessa de que vou ter algo em troca. Vou precisar me
identificar com um deles. Aí onde a identificação se estabelece. Nesse sentido se instaura o
SUPEREGO (incorporação dos valores).

A menina tem um pré-édipo, ela precisa mudar de objeto. Tem que deixar a mãe, ter outro objeto e
depois se identificar com a mãe. Grosso modo é apaixonada pelo pai e quer matar a mãe.

Eduardo: curioso, se estamos falando de uma bissexualidade, não devia ser diferente na menina e no
menino?

Aí o gênero não faz tanta diferença, é a relação de amor que se dá com um e com outro. O que eu
quero ter é o que ele tem. Por isso a menina tem um pré-edipo, primeiro uma mudança e depois
outra. Mas isso podemos ver depois quando formos ver mais de perto o complexo de édipo.

O importante aqui é que ele afirma a Fliess o lugar do édipo. Lugar de um mito universal. Uma
mitologia universal que estrutura o sujeito. A função é que é fundamental. A função é a função do
terceiro (analista, escola, polícia) essa é a função que é colocada, um lugar de amor e ódio, preciso
atacar um e me identificar com outro, sobretudo para manter a fantasia de que não vou perder o
amor. Se o meu corpo está ameaçado e, depois, simbolicamente, a perda do amor, aí eu renuncio
para não perder esse amor.
Mata-se o pai (da horda primeva), filhos se juntam para mata-lo, mas come-se o pai. Esse pai que
tinha todas as mulheres para simbolicamente internalizar seus valores, e duas leis: proibição do
incesto e não matarás. A partir do momento que não posso ter a mãe e irmã como minha mulher
preciso procurar outra, aí a civilização está inaugurada. Isso é universal e essa é a castração, por
mais que deseje vou me segurar, pois ponho em risco a cultura. Por isso um ato perverso é tão
violento, vai contra, RECUSA DA LEI, sabendo da lei, se recusa a ela, em função da satisfação de
um gozo. RECUSA A LEI, se recusa à castração.

Por que as meninas brigam muito com as mães, o que a mãe prometeu (fantasia) não se cumpre.
Para aceitar a castração, você me promete, aceito, mas essa promessa não se cumpre, que é ter
aquela figura que a menina fantasiou, se você sabia porque você não me avisou. Não tem como
avisar! Porque a fantasia é necessária para que se atravesse o processo e aí é suportar essa castração.
Então não é isso, então é outra coisa e aceita-la.

RASCUNHO A – do capítulo lido para a aula


PROBLEMAS
(1) Sera a angustia das neuroses de angustia derivada da inibicao da funcao sexual ou da angustia ligada a etiologia
dessas neuroses?
(2) Ate que ponto uma pessoa sadia reage aos traumas sexuais posteriores de modo diferente de alguem predisposto
pela masturbacao? Apenas quantitativamente? Ou qualitativamente?
(3) Sera o coitus reservatus simples (condom) um fator nocivo?
(4) Existira uma neurastenia inata, com fraqueza sexual inata, ou sera ela sempre adquirida na juventude? (Por meio das
babas, da masturbacao praticada por outra pessoa.)
(5) Sera a hereditariedade algo mais que um multiplicador?
(6) O que e que participa da etiologia da depressao periodica?
(7) Sera a anestesia sexual nas mulheres outra coisa que nao um resultado da impotencia? Podera ela, por si mesma,
provocar neuroses?

TESES
(1) Nao existe nenhuma neurastenia ou neurose analoga sem disturbio da funcao sexual.
(2) Este tem um efeito causal imediato, ou entao atua como uma disposicao para outros fatores, mas sempre de tal modo
que, sem ele, os demais fatores nao podem causar neurastenia.
(3) A neurastenia nos homens, dada sua etiologia, e acompanhada de relativa impotencia.
(4) A neurastenia nas mulheres e uma consequencia direta da neurastenia nos homens, por meio da reducao da potencia
deles.
(5) A depressao periodica e uma forma de neurose de angustia, que, fora desta, manifesta-se em fobias e ataques de
angustia.
(6) A neurose de angustia e, em parte, uma consequencia da inibicao da funcao sexual.
(7) O excesso simples e a sobrecarga de trabalho nao sao fatores etiologicos.
(8) A histeria, nas neuroses neurastenicas, indica a repressao dos afetos concomitantes.

GRUPOS [PARA OBSERVACAO]


(1) Homens e mulheres que permaneceram sadios.
(2) Mulheres estereis em que ha ausencia de traumas pela prevencao da gravidez no casamento.
(3) Mulheres infectadas por gonorreia.
(4) Homens de vida promiscua que tem gonorreia e que, por esse motivo, estao protegidos em todos os sentidos, tendo
conhecimento de sua hipospermia.
(5) Membros que permaneceram sadios em familias gravemente afetadas.
(6) Observacoes de paises em que sao endemicas certas anormalidades sexuais especificas.

FATORES ETIOLOGICOS
(1) Esgotamento devido a [formas de] satisfacao anormais.
(2) Inibicao da funcao sexual.
(3) Afetos concomitantes a essas praticas.
(4) Traumas sexuais anteriores ao inicio da idade da compreensao.
11/06/2020 – 3ª Lição das 5 lições – vol. 111
Natália: Texto começa com a retomada da questão da Associação Livre (frente à insistência do
analista de dizer ao paciente para lembrar, diante do toque, no momento do abandono da hipnose).
Força de trazer os elementos reprimidos para a consciência contra a força de mantê-los reprimidos.

Rodrigo: este texto vai falar muito da técnica e de como se estruturam os processos psíquicos. Aqui
já está plenamente á vontade de falar dessa relação de forças, do que se tenta via Inconsciente de vir
para a consciência e a força de resistência, força contrária que empurra para o inconsciente.

N: Fé rigorosa que nada para o psicanalista é insignificante (fim do texto).

Rodrigo: depois que você fala da ideia da deformação ele está afirmando a proporção de forças, a
mesma força do recalcado é a força da resistência. Por isso ele insiste, fale mais sobre isso, fale o
que vier à sua cabeça, sem eleger, sem critério: “o pensamento que nos conduz é um sintoma”. O
sintoma além de se expressar no corpo também se expressa numa forma discursiva.

N: fala sobre o exemplo do chiste

R: O exemplo da anedota é bom, pois só faz o sentido que tem por ser disfarçada. Não é todo
humor que é esse humor que ele está falando (o escrachado, a piada fácil) ele está falando de um
humor que comporta uma ironia, que só alguns vão perceber. A possibilidade do
DESLOCAMENTO trazer o conteúdo que está recalcado. Quando ele fala do complexo, ele fala:
um complexo constelar tem um elemento do qual o paciente se recorda ou fala num primeiro
momento, mas tem todo um outro universo, outra constelação que orbita em torno desse elemento
que só vai poder ser reconhecido a partir de associações, não é uma questão de memória, é uma
questão de um conjunto de cadeias à qual só se pode chegar pelas associações. A partir das
associações que se tem acesso ao recalcado. No sonho o recalque se escapa um pouco. Por isso
falamos em elaborações secundárias (a partir do que se processa a partir das associações).

N: As ideias livres nunca deixam de aparecer, se a pessoa se paralisa e diz não haver mais o que
falar, aí há uma resistência. Importante que o analista abra para a possibilidade de que possam
aparecer as coisas, mesmo que pareçam absurdas ou desagradáveis.

R: A ciência psicanalítica está apoiada no Inconsciente e, ainda que a ciência não possa comprovar
ele vai dizer que o sonho é o caminho para o Inconsciente. Vai somar à teoria da interpretação dos
sonhos a ideia dos lapsos, dos atos falhos; um elemento também do funcionamento do psiquismo. A
falha do discurso representa, demonstra que algo escapou à consciência. E que ao escapar, isso não
é qualquer coisa, é uma indicação, uma manifestação clara de um conteúdo recalcado que se
apresenta. E aí temos inúmeros exemplos em que percebemos isso na clínica.

N: Ele até comenta de que acordados acabamos tendendo a ignorá-los.

Eduardo: Qual a diferencia do Inconsciente e do Subconsciente? (R: Sub pressupõe abaixo – In é


não ciente).
1
https://hipnosecomneurociencias.com/neurociencias-das-ondas-cerebrais/
R: Como se dá esse sistema do psiquismo, qual o funcionamento dele? Na medida que ele vem ele
vai percebendo que tem algo que é recalcado, que tem conteúdos recalcados que ficam no
Inconsciente, mas não por isso não determinam comportamentos, o que determina uma boa parte do
comportamento, das neuroses ou das patologias é algo inconsciente. Já que eu entendi e isso
determina, como eu acesso essa instância? Do ponto de vista DINÂMICO é uma coisa, do ponto de
vista ECONÔMICO é outra, e do ponto de vista TÓPICO é outra. Preciso ter acesso a isso. O
primeiro lugar é o SINTOMA, primeiro meio de que tem duma coisa que fugiu, não deu certo, o
outro lugar da manifestação de que algo foge ao controle da consciência, às leis da consciência e
que a protegem, é o SONHO (figurativo e recheado de conteúdo); outra forma de perceber isso são
os LAPSOS que escapam à pessoa, que ela não percebe (na análise é uma coisa, fora da análise é
outra, ele pode dizer “me enganei”, agora, para o analista, num contexto de análise, trocar Rodrigo
por Ricardo não é qualquer coisa) ele é feito para ser escutado, onde o paciente consegue, sem
perceber, transmitir algo ao analista que ele não está conseguindo perceber (ato falho é um desejo
que se expressa ao analista) por isso ele não é qualquer coisa, é que surpreende, é desconfortável.
Desejo de que algo se apresente, retorne. O que será que isso quer dizer?
Ex: um que aconteceu ontem, uma paciente, que começa uma sessão, ela não mora em SP e ela tem
todo um... está num processo já há algum tempo de fazer um processo para engravidar e para isso
ela teve que fazer alguns procedimentos importantes, que estão levando algum tempo e exigindo
dela um trabalho grande, psíquico, físico, estrutura da vida, toda uma questão com o trabalho, a
questão da gravidez é uma questão que permeia toda a vida dela com muitas ambivalências.
Começou a sessão e ela dizia que ela tinha que “marcar a transposição”, mas o que eu tenho que
fazer é a “transferência” (o nome do processo), ela cometeu um lapso, o que ela quis dizer com
“transposição” ela não sabia muito porque ela tinha trocado, ela está em análise há muito tempo,
tem condições e fomos trabalhando um pouco esse lapso. O que ela precisaria fazer para ela poder
fazer essa transferência. Fiz uma associação que me veio com a transposição do Rio São Francisco,
que para isso você tem que levar água para o Sertão, tamanho investimento que se precisa fazer para
levar para um lugar, para irrigar. O lapso que ela fez era completamente compreensível do ponto de
vista daquilo que estava no conflito, eu vou ou não vou, quando vou, o que vou fazer? Esse era o
lapso, manifestou ali, logo no começo, uma possibilidade e uma impossibilidade da qual ela não
pode mais recuar. Transferência é uma coisa, Transposição é outra, mas isso se junta nesses
elementos inconscientes e sai uma palavra com esse conteúdo, com essa densidade e poderia passar
como qualquer outra coisa. O LAPSO é esse, ele não acontece sem a escuta de um outro. Temos
lapsos discursivos e lapsos de escrita. Não é um erro. Quando falo que é um DESEJO é que no
fundo é sempre uma realização de um desejo, no sentido dessa força, que as vezes pode ser
agressiva. Aonde tem um lapso, onde tem uma brecha pra que a coisa possa se apresentar. As vezes
é difícil porque o psiquismo é tão duro é tão fechado, por isso o sonho é tão importante, é onde se
elabora muita coisa. Criança: não comi ontem, sonho que quero comer.

R: Tendo achar que a neurociência fala do Subconsciente, não está no consciente, mas não tem a
força determinista do subconsciente. Ele é popularmente muito falado. Mas não é... o Freud quando
fala do Inconsciente está falando desse lugar profundo, não conhecido, que determina. NÃO
CIENTE.
Subconsciente no dicionário de psicanálise (La Planche) para designar tanto o que é fracamente
consciente, como o que está abaixo do limiar da consciência ou mesmo inacessível a ela, usado por
Freud nos seus primeiros escritos como correspondente ao inconsciente e depois o abandona pois
gerava muita confusão.

N:
R: Importante ter atenção a essa diferenciação do MANIFESTO e do LATENTE. O manifesto está
lá, mas este carrega o latente e a ideia é chegar neste latente. Para chegar no latente é preciso das
associações, das interpretações, assim como a análise parte do manifesto. Nestes tempos de
pandemia se trabalhou muito com o manifesto. Era muito difícil se ter acesso a um conteúdo latente,
algo mais subjetivo, mais profundo, mais associativo, porque o que se está presente é a reação ao
manifesto, o medo, o terror, as restrições. Aos poucos isso vai se transformando e se diluindo para
se apresentar quando são as questões individuais e subjetivas em relação a esses medos. Tem se
sonhado muito! Tem se falado disso e é verdade! Sonhos recheados de muitos elementos, porque o
confinamento, essa regressão (vivemos um lugar regressivo, de retorno a um lugar interno, a
estimulação externa está diminuída) o que nos faz regredir a um lugar também onírico. A demanda
discursiva, frente ao que vou fazer com isso, com o real, o que vou fazer com essa situação, uma
resposta ao real, à ameaça do real, quase sem elaboração possível.

Sob efeito do TRAUMA não tem elaboração, tem uma rejeição, uma negação, para aquilo que é
traumático não seja mais violento, é para se manter vivo. Depois de passado o trauma, as marcas
estão aí, ainda vamos trabalhar muito tempo com isso. O primeiro tempo do trauma ele é negar.
Depois ele retorna. O manifesto nesse sentido, a pele queimada, não dá nem para tocar. Por isso que
estava dizendo e os sonhos agora estão se proliferando de uma forma muito interessante. Sonhos
que trabalham com a questão da realidade. Realizações de desejo. Ex: paciente sonhando que estava
numa festa. Retorna par ao tempo em que não tínhamos isso. O desejo é voltar pra aquilo e que se
manifesta assim. Não vai voltar, mas ok esse é o desejo. Acho pouco provável sonhar com
Carnaval, dessa forma, se não tivesse a pandemia, esse sonho tem a ver com essa marca, esse
atravessamento. Agora sonhar é a possibilidade de elaborar algo disso, um jeito de se manter... é a
pulsão de vida...

DESLOCAMENTO: encontrar uma forma disfarçada para que aquilo possa acessar a consciência.

O sonho se elabora dessa forma e a elaboração secundária é conversar sobre o sonho.

O sonho permite que o infantil permaneça vivo. Do contrário, a civilização nos impõe recusas e
restrições que vão deixando o homem mais respondente às necessidades e demandas do mundo
civilizado e mais distante do mundo primitivo e o sonho permite isso. Por isso o sonho é tão
importante, permite que o conteúdo infantil, primário, não sucumba.

Entrar em contato pelo conteúdo onírico passa por quais são os recursos que cada um tem e a
maleabilidade psíquica de entrar em contato com o que é tão ameaçador, profundo, inconsciente.
Não à toa, alguém que começa a fazer análise começar a sonhar. O psiquismo que é mais rígido,
estruturado no sentido da vigília. Assim como não entra em contato com o sonho não fantasia, não
tem humor, não brinca, uma série de situações outras que dizem também respeito à dificuldade de
entrar em contato com uma subjetividade. Psiquismo enrijecido.

Tendemos a pensar que os pesadelos não são sonhos ou que tem uma formação que diferem deles,
por serem desagradáveis, ameaçadores de angústia, mas Freud diz que o mecanismo é o mesmo, e a
angústia é uma forma de no sonho o ego se proteger e acordar também.

Live que Rodrigo viu: “se antes da pandemia estávamos todos dormindo e se acordamos e temos o
risco de voltar a dormir”. Quinet. Ela diz que certamente a pandemia fez com que as pessoas
acordassem e que a pandemia faz um efeito de um susto que acorda e que ela acha que vai voltar
todo mundo a dormir. E que ela lembra que o pesadelo é feito para que a pessoa volte a dormir.
Você acorda assustado para poder voltar a dormir, que se você não acorda é insuportável. Voltar a
dormir não significa que vamos parar de sonhar, e não significa que vai voltar tudo ao normal, mas
que um susto desse como num sonho de angústia é necessário em algum momento para que esse
ataque que está lá recalcado o ego acorde. O contrário é o pânico, não se dorme, não se pensa não se
fala, não é um susto, é uma morte.
N: Por fim ele vai trazer os chistes, etc. Para um psicanalista nada é insignificante. Ele finaliza
falando bastante dessa técnica psicanalítica capaz de trazer para a consciência o conteúdo
inconsciente.

R: Ele junta o fenômeno da TRANSFERÊNCIA ao método para dizer que é através dela que se
possibilita o tratamento. A coloca no mesmo patamar dos sonhos, dos atos falhos, dos sintomas.
Através da transferência que a análise se dará ou não se dará, de repetir com o Analista algo que
está recalcado. Quando ele faz isso ele apresenta um fenômeno psíquico, que o psiquismo
estabelece e acrescenta um caráter particular ao tratamento analítico. Não vai dizer que a
transferência é exclusiva da análise, tem em outros lugares também, mas na análise ela será tratada
de uma forma especial.

Frente ao conflito, a impossibilidade dele se solucionar de uma forma direta, é necessário que esse
conteúdo se desloque e ganhe outro lugar, para achar um lugar de escoamento. Então o sintoma é
esse lugar, como estamos dizendo que a formação do sonho é a mesma que do sintoma, dentro do
sonho é necessário deslocamento para que o sonho possa ser realizado, para atravessar a resistência.
Paciente que sonhou com Carnaval esse é o deslocamento, o desejo de sair pra rua, de sair do
confinamento, de abraçar e de beijar, só pode acontecer no carnaval, quer dizer o carnaval
representa o ápice disso: no Carnaval pode tudo. Não é que ela quer ir para o carnaval, ela quer ir
para a vida, quer encontrar as pessoas, DESEJO DE ENCONTRAR – RETORNO A UM TEMPO
ANTERIOR. Não poderia ocorrer se não ocorresse uma representação tão boa disso.
DISFARÇADO DE CARNAVAL A CONSCIÊNCIA TOPA. Isso que ele fala do deslocamento, o
jeito que o latente encontra uma representação para poder se manifestar, uma espécie de fantasia
para poder se apresentar, se fosse se apresentar cruelmente, não passa. Se você pensar nos sonhos
sempre tem uma situação estranha, nunca é completamente coerente. Ou o local, ou a fala, ou a
pessoa, tem sempre um DESLOCAMENTO e uma CONDENSAÇÃO, se não, não acontece, ainda
que tenha uns sonhos muito elaborados, mas dentro dessa história tem alguma coisa que não seria,
que não caberia, mas só acontece por conta da possibilidade do deslocamento, isso que vai
driblando a resistência. Isso que possibilita que o sonho aconteça, que a elaboração onírica aconteça
e que feito isso, manifestado isso, eu posso acessar o que não se expressou ou o que se expressou
deslocado, travestido, condensado. É que carnaval aí está muito claro. O que você pensa do
carnaval? Poderia ser o oposto.

Charge: uma boa charge só tem valor, só tem graça, só tem força porque é um deslocamento. Quem
entende, entende que tem aí uma sátira dentro de algo sério. Humor para Freud, único mecanismo
psíquico em que SE INVERTE A RELAÇÃO ENTRE O EGO E O SUPEREGO. Possibilidade de
inverter os lugares estabelecidos de lei, de juiz, em que o ego erotiza o superego, o ego goza do
superego, para quem pode, por isso o humor não é para todos. É isso, como o sonho. Num desenho
um traço, numa palavra, num quadrinho, está lá contido tudo! Condensado e deslocado todo o
conteúdo (manifesto e latente) e quem entende, quem vê fala diretamente com o que é inconsciente
em cada um.

A resistência com a psicanálise não é intelectual.


Resistem a entrar em contato com o próprio conteúdo inconsciente.
Porque a psicanálise é tão combatida. Não são ignorantes, não são incapacitados, tem resistência.
Como tem resistência a pensar na sexualidade infantil.
Tem algumas coisas que são inegociáveis.
Freud precisava defender, quase que religiosamente uma fé. Por isso ele vai contestar a própria
psicanálise dizendo, a religião não dá conta, a ciência não dá conta, a psicanálise não vai dar conta.
A ciência organicista vai provar como as coisas funcionam. Lá nos textos de 1938, 39. Mas aqui e
antes ele está mesmo... quem pensar diferente não faz psicanálise, faz outra coisa. Por isso que vai
tendo rachas, vai brigando, vai fazendo rupturas. Mas isso nos remete aos primeiros textos, da
importância do lugar do judeu, como alguém muito mais acostumado com a diferença, com a briga,
o lugar de que vou resistir, do que a ideia da religião mesmo.

18/06/2020 - Vol. 6 - Cap 1 e 2 (SOBRE A PSIOPATOLOGIA DA VIDA COTIDIANA)


Sobre a pergunta do Pedro: Ao que o Ego se defende é ao que é prazeroso como ao que é
desprazeroso também (para o ego não sofrer o desprazer daquilo que vem do Inconsciente, as vezes
o desprazer é fruto de algo que poderia ser prazeroso, mas que o ego não daria conta. O ódio
também está presente no conteúdo inconsciente, a fúria, o medo, não só o amor, que se apresentam
no sonho da mesma forma que não se apresentam na vigília). Sonho o mecanismo de defesa, o
deslocamento, no pesadelo a interrupção, mas o mecanismo de um e de outro (sonho e pesadelo) é a
mesma. Então onde dispara uma defesa no pesadelo: “vou acordar”, “ainda bem que era um sonho”.
Não tem morte para o Inconsciente. Terror noturno infantil: se dá conta que a morte existe, mas ela
não sabe o que é isso. Acorda assustada porque está ameaçada. Esse é o mecanismo mais primário:
acordando. Interrompe o processo que está acontecendo. A forma como o sonho se constitui é a
mesma forma. Tem alguns sonhos que são muito angustiantes, mas eles vão até o fim, pois ganha
uma condição suportável, não é uma ameaça ao eu, é uma situação difícil, mas continua. Quando
você Pedro, fala da compulsão à repetição, é verdade, Freud vai dizer que o psiquismo também
funciona com o gozo do desprazer (eu percebo que tem um prazer na dor, um prazer no desprazer –
a compulsão à repetição é fruto disso, da pulsão de morte – e isso também aparece no sonho, que se
repete, que se repete).
O que produz o sintoma, que como vimos se dá da mesma forma que o Sonho que o Ato falho, que
o Esquecimento de nomes próprios. Esse sistema que hora funciona e hora falha para mostrar
porque falha, e hora funciona bem no sonho, também, para mostrar o que está recalcado. Aquele
tom violento agressivo é algo do sujeito – se sente invadido, ameaçado, mas tem uma boa dose da
agressividade contida nesse sujeito e que no sonho se apresenta. No princípio do prazer ele vai
tratar disso por muito tempo. Como é lidar com a frustração e a castração frente a realidade e não
ter a possibilidade do prazer. Mas depois vai entender que o funcionamento do Psiquismo não se dá
só pelo prazer, se dá também pelo desprazer e que na melancolia isso fica muito evidente. Quer
dizer, quais são os ganhos que o sujeito tem, secundários ou primários, a partir da dor, do
sofrimento, e não a partir só do prazer.

Hipocondria, impossibilidade de o sujeito ficar sem a doença. Tem um medo, as vezes real. Por
conta da pandemia a hipocondria cresceu muito: as pessoas têm um medo real, de ser contaminado,
mas começam a olhar o corpo muito mais do que olhavam antes – no sentido de se olhar com o
corpo que pode adoecer ou que é frágil ou vulnerável. Hipocondria tem um medo, que é real, mas
tem um outro plano de: “o que vou fazer se não tiver a doença?” Tem um ganho, um gozo, com o
fato de estar doente ou ficar doente. Para onde a libido vai, ela fica nesse mesmo lugar, não
encontra outro objeto de investimento, que é justamente a pulsão de vida. No luto isso se dá por
completo, tem o trabalho do luto e chega um tempo em que essa energia que estava toda contraída
para dar conta disso, e pode passar a investir sua energia em outra coisa. O luto do melancólico
nunca termina.
O masoquismo no sentido que o Superego severo faz com que o sujeito tenha um lugar de
sofrimento e ele permaneça nesse lugar de sofrimento.
Ou na melancolia, onde o sujeito se agarra a um objeto perdido. Identificado com o objeto perdido.
Então toda recriminação contra o objeto volta a ele mesmo. Nada que eu faço dá certo, eu não posso
melhorar, essa compulsão à repetição ou a ideia do curto-circuito, nunca o circuito se fecha
completamente. Retorno ao lugar de não vida, de não perturbação.
- Não adianta dizer ao sujeito: “Você está melhorando” ao dizer isso ele piora, não pode melhorar,
ele tem uma relação íntima com o sofrimento, com a dor, e esse é um lugar estruturante.
- Só o simbólico não dá conta – compulsão à repetição – esse circuito ininterrupto. Ex: comida seria
um lugar vital, mas a compulsão algo que acaba se tornando mortífero (nesse sentido de que volta
para o mesmo lugar), a pessoa não suporta e joga fora (bulímico).

Isabel. Sobre o texto de hoje


- Essa parte desse parágrafo onde vai falar do recalcamento, ele vai descrever o que é que faz com
que a coisa seja recalcada. “Eu queria esquecer algo...” – não queria esquecer o nome do artista,
mas sim outra coisa – esse significante do nome carrega CONDENSA outras coisas. Meu ato de
vontade errou o alvo e esqueci uma coisa contra minha vontade, quando queria esquecer
intencionalmente outra. Ele queria esquecer outra, mas inconscientemente ele fez um esquecimento
que atingiu outra coisa – esse é o processo do deslocamento. Se recalca e se desloca. O que é o
recalcado volta e se apresenta deslocado no esquecimento de um outro nome.

- O meu lapso é a chave para eu entender o recalcado nela: Salomão/Samuel. Pode ter algo só
meu, mas é pouco provável porque isso se repete. Mesmo que tenha algo meu e que se combina
com algo dela, é um material importante para entender que material inconsciente é esse que vai
passando dela pra mim. O que acontece com o Inconsciente do paciente que transmite isso. Que
esquecimento é esse, porque ele carrega tanta força que faz com que ele carrega tanta força. A
questão é que tem algo: o tiro vai em direção a um e pega outro, porque o conteúdo recalcado fez
esse movimento (voltando a falar do texto de Freud).

Sai de um Ato Falho, em que a palavra está condensada, e à medida que vão se dando as
associações, esse fator condensado vai se diluindo.
- Ele vai passando de um bloco pra outro e que de cada bloco vão se abrindo coisas.
- Para fazermos uma relação do que ele suprime como que é suprimido.
- O esquecimento dessa palavra (do cap. 2) se dá por um recalque.

- Algum substituto vai se colocar, mesmo que você esqueça, há elementos que remetem a esse
nome. O fato de não surgir um substituto já é um substituto, uma representação substituta. No caso
do Signorelli ele já tinha os afrescos na cabeça, mas o nome não vinha, daí apareceram os outros
nomes. Os outros nomes se apresentaram para dar conta desse pintor que ele não conseguia lembrar.
No 2º caso o que não se apresentou foi justamente o que não podia se apresentar.
Paciente e Rodrigo: Lembra dos ingredientes, mas não do nome do ingrediente, se ele pega para
fazer a sopa ele lembra, mas quando vai falar da sopa ele não lembra. “Sopa de abóbora” – sopa
laranja com aquele tempero – lembra das coisas mas não consegue falar o nome da coisa, algo que
está acontecendo agora nestes tempos de quarentena e que esse esquecimento se refere à um
conflito, a partir de uma perturbação, que impossibilita uma manifestação da ordem da palavra, é a
palavra que não se manifesta. Esse é o lapso, o ato falho se dá com a ausência da palavra. A palavra
que nomeia aquilo, abóbora, ele não consegue, esse é o lapso, não é que esqueceu da abóbora, ele
sabe da sopa, o que comeu... e não foi a primeira vez. Isso que Freud vai dizer, essa recorrência,
essa ausência, do significante que nomeia, esse lapso (fica um vazio ali – de memória) é que é fruto
do conflito.

Por isso que podemos entender que os ATOS FALHOS são belíssimos, são muito reveladores, são
fruto de uma, aonde o pensamento, a racionalidade fracassa. No próprio discurso, e no próprio
discurso elaborado. Não é um discurso primário, é um discurso elaborado que manca, que tem um
escorregão. Não tinha por que eu esquecer o nome do pintor, sei quem é, não me é estranho. Isso na
clínica é muito interessante, quando aparece, aparece e é muito claro. E que isso vai abrir uma
conversa sobre um conflito.

O campo das associações se dá a partir da cultura. E o Freud era um cara extremamente culto. As
questões antropológicas, sociológicas, artísticas. Toda a coleção de máscaras ligadas às culturas
africanas, de fato não é à toa que numa situação como essa ele foi falando a partir do saber do
catolicismo. Por isso que Psicanálise e cultura estão completamente atreladas. Não é só um método.
Tem uma metapsicologia. Um lugar cultural tanto como influenciada como influenciador. A força
da psicanálise é que ela produziu cultura, ela agiu na cultura. A humanidade foi atravessada pela
psicanálise. A cultura foi influenciada pela psicanálise. Por isso que os textos dele mesmo que são
mais ligados à cultura são lidos até hoje como textos atuais. Porque são atemporais.

Live: a psicanálise é um pulmão substituto para um mundo no qual já não se pode respirar (frase
que Maria Fernanda retirou de uma Live).

25/06/2020 – Interpretação dos Sonhos – Vol. 4 | Cap. 4 – Só o caso da Barba Amarela

R: Esse texto, vamos trabalhar justamente aquilo que a Bárbara fez uma pergunta lá trás e que
trabalhamos na aula passada: em que medida um sonho de angústia é também um sonho de
realização de desejo – um sonho que não tem aparentemente nada a ser realizado, mas que na sua
origem sim contém uma realização que aí se expressa. Na sua função de ser um trabalho ele é uma
realização de um desejo. E como isso se dá na ideia de DISTROÇÃO.
- Ele falava nos sonhos das crianças – uma realização de desejo quase direta, aquilo que a criança
queria durante o dia, a vigília, no sonho ela realiza, e praticamente sem disfarce, da mesma forma
que elas também manifestam os sonhos de angústia – os terrores noturnos. Ele só está reafirmando
isso e introduzindo a ideia de que os sonhos desprazerosos são os SONHOS DE ANGÚSTIA.
Mesmo que exista uma força a ser satisfeita ele gera um desprazer ao ego.

- Aqui ele vai entrar justamente na teoria: quando começa a falar do conteúdo manifesto e latente. E
que quando se trata de sonho, da realização do desejo, ele não está falando do conteúdo manifesto,
este conteúdo é importante, por onde ele se manifesta, mas a teoria, a questão primordial é o que
está latente. Porque se eu parar na questão manifesta não posso admitir a ideia de que um sonho de
angústia é uma realização de desejo, porque manifestamente é algo desprazeroso.

- Ideia de quebrar as nozes (dois problemas para a solução de um problema) – traz uma segunda
questão que se agrega à primeira:
1) “Como podem os sonhos aflitivos e os sonhos de angústia ser realizações de desejos?” a pergunta
primordial, sobretudo para falar dos conteúdos latentes.
2) “Por que é que os sonhos de conteúdo irrelevante, que mostram ser realizações de desejos, não
expressam seu sentido sem disfarces?”

Exemplo: durante o dia eu queria tomar um sorvete e a noite sonho que estou tomando sorvete. Por
que preciso de um disfarce para algo tão banal e também para algo tão difícil – está nos
encaminhando para a importância do conceito de disfarce.

Roudinesco: dicionário sobre “O sonho da injeção de Irma”. Nessa ocasião que começa a interpretar
os seus próprios sonhos. Este sonho foi comentado em 13 páginas por Freud e mais tarde por muitos
psicanalistas de muitas tendências. Esse sonho tem essa marca. Que aparentemente não parecia ter
grandes questões já colocadas, mas quando ele vai analisar ele vai ver que tem todos esses
elementos: seus colegas e a condensação de vários personagens em Irma. Então...

- Qual é a origem das DISTORÇÃO ONÍRICA?


- Por isso esse é o sonho que marca a origem da Interpretação dos Sonhos e da Psicanálise, que
se inaugura com essa obra.
- Por que o SONHO acontece dessa forma? Por que precisa essa distorção? Qual a origem disso?

- Freud a todo momento ele acaba colocando uma situação para dizer: “não é exatamente isso”. A
forma de escrever e apresentar suas reflexões.
- Aqui temos o Freud científico. Como ele desenvolve o método e como ele vai criando a
metapsicologia.

- Percebam como ele vai descrevendo, antes de chegar no sonho, os restos diurnos, e como o sonho
vai se constituindo a partir desses restos diurnos. É importante essa lembrança do que aconteceu no
dia anterior.

O SONHO:
RESTOS DIURNOS – SE ENCONTRAM COM O CONTEÚDO INCONSCIENTE – CRIAM
UMA NARRATIVA DESSA RELAÇÃO – NARRATIVA QUE ENCOTNRA UMA CENSURA
– CENSURA – CONDENSAÇÃO / DESLOCAMENTO – CONTEÚDO MANIFESTO
(Distorcido/ Dissimulado).

- Não vou nem falar, porque isso é um absurdo, isso não tem nada a ver. Isso é a RESISTÊNCIA, é
aí que temos que entrar. Vamos em frente, vamos enfrentar a resistência.

Nota sobre o Tio Josef: impressionante como observar que minha memória de vigília se estreitou
para esta análise, “disse a mim mesmo que nunca tive mais de um tio, aquele que se visava no
sonho”, se esquecendo que tinha 5 tios. É onde a resistência se colocava e ao quebrar a resistência
de fazer a interpretação, esse tio se torna absoluto. Esse tio incorpora completamente todos os
outros elementos do qual ele precisava ir atrás. Na verdade, conheci 5 dos meus tios e amei e honrei
um deles. Se ele se dissipa em pensar nos tios, ele perde a força de interpretação dos conteúdos
latentes.

- Você faz uma interpretação de uma parte que se apresenta que segue uma linha própria e
subjetiva.

- O que ele vai mostrando é como vai lidando com as resistências (INTERPRETAÇÃO é
justamente para ir vencendo as resistências):
1. Isso é um absurdo
2. A forma como se dá a memória que elimina outros tios e faz com que ele se lembre de um só
(para intensificar a ideia de que a interpretação do sonho deveria ir nessa linha – FORÇA DO
RECALCADO incidindo sobre a REPRESENTAÇÃO – força que insiste em cegar esse elemento
para que se possa insistir nele)

- É a partir do que se associa que se acessa ao que está recalcado. O que é manifesto é distorcido. Só
pode ser manifesto porque se dissimula, se distorce, se ele fosse bruto ele não aconteceria. O
psiquismo não aguentaria. A gente não pode esquecer é que antes de mais nada, o sonho é feito para
o sujeito dormir. É para o sono. É um mecanismo que o psiquismo desenvolveu para que você possa
regredir e por ser um estado regredido é que você pode sonhar. Por isso é tão difícil as vezes, em
alguns momentos dormir, porque é um lugar regressivo, ela permite que o sujeito durma porque o
corpo precisa disso, recuperar forças para o dia seguinte, uma pequena morte para o dia seguinte
acontecer. Só que esse “filme” (o sonho) contém elementos recalcados, ele é interpretado na medida
de alguém que deseja ou quer analisar e interpretar, para quem não quer vai continuar sem saber.
Por isso que uma análise, não é raro que começa a acontecer é que depois do início de uma análise o
paciente começa a sonhar muito, ou a lembrar, pois a análise promove isso. Já que o sonho tem essa
configuração, vamos entender a origem disso, porque aquilo que está na origem, é o que determina
o comportamento. Pois o sintoma tem o mesmo mecanismo do sonho, só que a pessoa sofre muito
por conta do sintoma. O meio que tenho não só de escutar e interpretar é o paciente poder fazer
associações em relação a isso. De fato é uma engenharia.

- O Sonho da barba Amarela. Está tão bem resolvido que algo parece estranho. Deve ter algo para
além disso.
- Aqui ele vai entrar na parte mais interessante – quando ele decide seguir a análise, em função do
afeto que ele percebeu, que ESTÁ SOLTO, que NÃO ENCAIXA, as representações estão bem
resolvidas, poderia ter parado nessa interpretação do desejo, mas ele fica intrigado por esse afeto,
que é exagerado e solto. Por que estou tendo no sonho um afeto caloroso que nunca tive? O que será
que ele significa? Por que será que é esse afeto e não outro? É isso que destoa do conjunto da obra,
a obra, do ponto de vista das representações, das imagens está resolvido, mas do afeto está estranho,
está fora de lugar. Se fosse outro, talvez tudo bem, mas esse afeto, ele suspeita do afeto.

- Não é à toa que sonhou com esse tio (que não gostava muito) e esse afeto (caloroso), aí está o
desencontro, o disfarce. Essa é a chave para a compreensão.
- Quando você vai fazendo um mapeamento do sonho, destrinchando, abrindo o sonho, a partir das
associações, aparece alguma coisa que lhe é estranha, o estranho poderia ser a representação, mas
no caso o estranho foi o afeto. Como o estranho é, num primeiro momento, que é um absurdo. Se é
um absurdo vamos falar do sonho, não tem um sonho que não é um absurdo, mas se de antemão
está falando isso é porque aí tem uma resistência, então vamos enfrentar essa resistência. Aqui o
sonho usou um afeto invertido para que o sonho pudesse ter acontecido: esse é o disfarce. Desfazer
o disfarce é justamente chegar ao conteúdo que é recalcado.

- Não tem sonho sem nenhum conteúdo inconsciente. Todo conteúdo do sonho é latente e se torna
manifesto através do deslocamento, da condensação, da distorção.

- Desejo aí são conteúdos pulsionais.

- Essa primeira resistência (“Isso é um absurdo”) falava, inconscientemente dessa última


resistência, entrar em contato com a interpretação do sonho era entrar em contato com a
afeição que ele sentia por R, que na verdade era de repúdio, que aparece distorcida na forma
de um afeto caloroso (que apontava justamente para o conflito). O sonho revela que tinha um
desejo inconsciente (de eliminar os amigos, para ele ter a vaga) que não podia ser admitido.
- A censura não é para impedir a realização do desejo, ela se dá para que o sonho aconteça.

- Esse é o mecanismo do sonho também, ele possibilita a realização do desejo porque não vou poder
realizar sempre, porque tem um juiz que diz não isso não vai poder ser realizado. Todo um
mecanismo para a realização do desejo passa pelo conflito.

- O tamanho do disfarce depende da qualidade da censura. Não posso ter um sentimento de


rivalidade com um amigo. Por isso que o “tolo”, o pai fala, ele não era um criminoso era um tolo,
mas isso representou um lugar importante aí. E isso que vamos ver depois na continuidade do texto,
que vamos ver na próxima aula, que é essa relação das instâncias (consciente e inconsciente), para
responder o porquê se da DISSIMULAÇÃO e da DISTORÇÃO.

p. 108: “os sonhos recebem sua forma em cada ser humano mediante a ação de duas forças
psíquicas (ou podemos descrevê-las como correntes ou sistemas) e que uma dessas forças constrói
o desejo que é expresso pelo sonho, enquanto a outra exerce uma censura sobre esse desejo
onírico e, pelo emprego dessa censura, acarreta forçosamente uma distorção na expressão do
desejo”.

P 109: parece plausível supor que o privilégio fruído pela segunda instância seja o de permitir que
os
pensamentos penetrem na consciência. Nada, ao que parece, pode atingir a consciência a partir do
primeiro sistema sem passar pela segunda instância; e a segunda instância não permite que passe
coisa alguma sem exercer seus direitos e fazer as modificações que julgue adequadas no
pensamento que busca acesso à consciência.

p. 109 – como se dá esse jogo de forças: pulsão que exige chegar à consciência, que esbarra na
segunda instância que tem como característica maior a censura. Quanto maior a censura, mais
distorção é necessária. Na primeira instância o que impede é o inconsciente. Podemos, portanto,
supor que os sonhos recebem sua forma em cada ser humano mediante duas forças psíquicas.

- O Sonho acontece pois a censura relaxa e o disfarce se dá com eficiência.

P 109: Vemos o processo de conscientização de algo como um ato psíquico específico, distinto e
independente do processo de formação de uma representação ou ideia; e encaramos a consciência
como um órgão sensorial que percebe dados surgidos em outros lugares.
- Algo que se representa ou ideia, para se tornar consciente precisa de um TRABALHO
PSÍQUICO.
- Nem tudo que é sensório é consciente, nem toda representação ou ideia é consciente.

- Uma dissociação psíquica que tem como objetivo inconsciente proteger do que ameaça. O afeto
caloroso é essa honraria que um governante faz a alguém que está para ser demitido. Ex: “De
maneira idêntica, minha segunda instância, que domina o acesso à consciência, distinguiu meu
amigo R. com uma exibição de afeição excessiva, simplesmente porque os impulsos de desejo
pertencentes ao primeiro sistema, por suas próprias razões particulares, para as quais estavam
voltados naquele momento, resolveram condená-lo como um tolo”. O desejo de ataque ao amigo
estava recalcado, para que esse afeto, essa pulsão destrutiva não se apresentasse, o sistema
cria um afeto caloroso, dissimula e a gente viu a aula passada que foi justamente esse excesso
de afeto que o Freud desconfia.

- Pode ser que depois de um tempo de análise o teu sistema possa suportar mais coisas, tenha mais
recursos, que por exemplo você possa se sentir menos culpado. Análise para lidar com conteúdos
mais recalcados, mais profundos, e a censura também vai ganhando outras qualidades, e seu
superego vai podendo relaxar, para umas coisas mais que outras. A censura vai estar sempre
presente e sua presença é fundamental para que o sonho aconteça. Se você não tem a censura, você
acorda. Aquela pulsão foi tão forte, e não necessariamente violenta, desagradável, mas pode ser
muito intensa. Aí você acorda, o sistema não deu conta daquilo ficar preso a um sonho. É uma
ferramenta não só para impedir o que entra, mas também que isso que entra possa permanecer no
sonho. O sonho existe para que o sono possa acontecer. Depois passa a ser um conteúdo de análise
para se entender o conteúdo recalcado. Se não tem censura é pior, é porque a censura é essa
representação de um sistema psíquico em que muitos fatores compõe esse sistema. Quando o sujeito
não está na vigília, a censura relaxa. Durante a vigília a censura é muito mais forte, muito mais
firme, o que você deseja você rapidamente combate, no sonho o que você pensa você fala, você
vive no sonho. Censura durante a vigília ela é permanente, durante o sono ela diminui e permite que
o sonho aconteça, por isso trabalhamos com a fantasia (possibilidade de sonhar acordado),
possibilidade do sujeito dizer para a censura, olha eu sei que você está aí, mas eu entro no “como
se”, um jeito de driblar a censura, ela não vai embora mas dá uma trégua para que você possa
fantasiar. Sem censura é pior, no perverso, ele recusa a censura, eu sei que não posso, mas mesmo
assim eu faço. É como o sonho do neurótico, existe também para realizar um desejo que o neurótico
não pode realizar. O perverso tem um gozo com isso, de ver o outro sofrendo. Ou então você sonha
matando o vizinho, desejo que se realiza, mas no campo do imaginário e não do ato.

- A intensidade do conteúdo que gera uma insuportabilidade para o Ego. Já que falhou a única saída
é acordar, você acorda e volta a dormir, você acorda para voltar a dormir. Se o sonho tivesse sido
eficiente você não acordaria, você continuaria dormindo.

p. 109: “(...) os sonhos aflitivos de fato encerram alguma coisa que é penosa para a segunda
instância, mas que, ao mesmo tempo, realiza um desejo por parte da primeira instância. São sonhos
de desejos, na medida em que todo sonho decorre da primeira instância: a relação da segunda
instância com os sonhos é de natureza defensiva, e não criativa”.

02/07/2020 – Interpretação dos Sonhos – Vol. 4 | Cap. 4 – Só o caso da Barba Amarela


(continuação até quando fala das duas instâncias) e Vol. 5 | Cap. 7: Despertar pelo sonho,
sonho de angústia

Monografia de 6 a 10 páginas – pesquisa pessoal, uma inquietação, uma pergunta,


alguma associação, um recorte, que passe por algum ou alguns conceitos que
passamos pelo ano.

- Regressivo primeiro pela retirada de investimentos para fora, o que ocorre durante a vigília, no
sono, para dormir, a única forma de poder dormir é a retirada de investimentos libidinais no mundo.
O sono é um processo orgânico e restaurador. No sono é que se reestabelece uma condição de vida.
Ele precisa dormir para continuar investindo. Uma pequena morte para continuar vivendo. É como
o luto, você retira e eles se intensificam internamente. Essa intensificação e investimento interno,
regressivo, tudo se torna regressivo, tudo entra num processo regressivo, o corpo, os batimentos
cardíacos diminuem, a postura e por tanto a censura também, ela diminui, ela relaxa. Para você
dormir você relaxa todo o sistema e principalmente a censura, esse relaxamento propicia que o
sonho aconteça. Aquilo que está latente ganha uma possibilidade de expressão que na vigília não
pode se apresentar a não ser pelos lapsos, pelos sintomas, etc. Por isso a análise é processo
regressivo também, se retiram os investimentos regressivos no mundo, o divã é isso, as associações
são isso. Retirar o investimento de fora para poder ter contato com algo que está latente.
Tem duas fases:
PROGRESSIVA: A primeira parte foi progressiva, indo das cenas ou fantasias inconscientes para o
pré-consciente;
REGRESSIVA: a segunda retrocedeu da fronteira da censura até as percepções. Mas, ao tornar-se
perceptivo, o conteúdo do processo onírico encontrou, por assim dizer, um meio de esquivar-se do
obstáculo erguido em seu caminho pela censura e pelo estado de sono do Pcs. Logra chamar a
atenção para si próprio e ser notado pela consciência.

REPRESENTAÇÃO: uma imagem de um sonho, uma lembrança, quando você sente um cheiro e
lembra de um bolo, isso é uma representação do cheiro, o que é sensível é seu olfato, a
representação é o bolo da minha vó, o sentido, o significado – a história por trás desse bolo (o
sentido que vai ser dar para esses dois outros elementos que construíram o sensível com a
representação, com a figura que criam um sentido, uma história).

- A linguagem é fundamental. Não adianta ter só a percepção, temos que criar uma narrativa, é a
linguagem que dá qualidade a essa profusão de imagem. A ANGÚSTIA é o afeto sem
representação, ou uma representação que não deu conta dessa narrativa. ANGÚSTIA é um excesso
de energia sexual.

p. 162: “Assim, existem agora, por assim dizer, duas superfícies sensoriais, uma voltada para a
percepção, e a outra, para os processos de pensamento pré-conscientes”.
- A Consciência é voltada para fora e para dentro, a consciência vai precisar lidar com esta instância
interna também, ela não funciona só na vigília.

- Uma vez que o sonho tenha se tornado uma percepção ele se torna passível de excitar a
consciência.
- O sonho é uma parte de um processo que já aconteceu durante o(s) dia(s), é o momento onde
aquilo que estava sendo elaborado, tentando alguma elaboração, ganha alguma elaboração,
possibilita alguma elaboração, por isso os restos diurnos. A parte final, e quase do desfecho de um
processo que já vem por um tempo acontecendo.
- O sonho não acontece cronologicamente, ele ocorre nessas idas e vindas, a cronologia descrita por
ele é didática.

p. 163: importante: “quando acordamos espontaneamente, a primeira coisa que vemos é o conteúdo
perceptivo construído pelo trabalho do sonho e, logo a seguir, o conteúdo perceptivo que nos é
oferecido de fora”.
- Esse momento em que a percepção se dá para dentro, no sentido do sonhado e para fora no sentido
do demandado (o despertar, o ir ao banheiro, o escovar os dentes, que ainda tem um resquício do
pré-consciente do sono com o pré-consciente da vigília – muitas vezes o momento em que se
desliga o despertador

- ATÉ AQUI, como se dá a formação do sonho e como ele funciona.

- A partir daqui, porque acordamos no meio do sonho/sono. Que história é essa que um desejo
inconsciente atrapalha, perturba, justamente o que o sonho precisa fazer, que é propiciar o sono.
Que contradição é essa que dentro do próprio sistema algo que é feito para alimentar e incentivar o
sono cria um problema para sono?

- A questão está numa economia de energia, se a energia Inconsciente fosse administrada na noite,
no sono, do mesmo modo que na vigília, não haveria problema, mas não é assim que funciona. Se
estabelece uma negociação e um controle mais apropriado da situação da vigília, a noite não, esse
controle foge à consciência, foge ao ego. Mas mesmo assim, mesmo que seja para acordar, é para
voltar a dormir, ainda que aconteça um momento em que o sonho se torna insuportável, é em nome
do dormir que isso acontece. É a história do pernilongo que vem no ouvido te acordar, você espanta,
dorme, espanta, dorme, até que você não aguenta mais, daí levanta e faz outra coisa.

- Não tem morte no inconsciente. Mesmo num ataque histérico a descarga não dá conta do
inconsciente, aquilo vai se acumular novamente, até que ganha uma via de representação que não o
sintoma. O que é do conteúdo inconsciente não vai cessar, o desejo não para, não acaba é
ininterrupto. Precisa encontrar uma via de descarga, de destino – o mosquito vai voltar, não adianta
espantar e que está resolvido, ele vai tentar novamente, vai tentar muitas vias, o que é do
inconsciente é inesgotável, isso é o sexual também, isso que ele chama do sexual. Não tem fim, só
tem fim quando não tem mais vida. É essa força pulsional que insiste em ser satisfeita. E insiste em
ganhar algum lugar de destino. Esse é o CONFLITO. E as vias de expressão disso é que vamos
vendo (Sonho, ato falho, fantasia, etc), mas o motor é esse, que é inesgotável. Não tem como você
destruir por isso é ATEMPORAL, não tem uma moral que diz... A quantidade de energia é que vai
fazer que um sonho possa acontecer ou se tem uma interrupção do sono ou um despertar.

- Na Hipnose o trabalho fica parado no pré-consciente. Pode até eliminar o sintoma, mas o conteúdo
inconsciente continua inconsciente. Na forma de sintoma, desejando uma realização, mas continua
inconsciente. A pessoa não tem consciência e não tem resistência. Se não tem resistência uma parte
do sistema não está funcionando.

- Para que o sonho possa acontecer, o inconsciente precisa de uma via para se manifestar, porque se
você o barrar ele não acontece.
- Ou ele vai ser uma descarga, ou ele vai virar um sonho. Deixar que regrida e encontre uma via de
satisfação – mais econômico que manter o inconsciente na rédea curta, ficando preso no
inconsciente. ASSIM QUE O SISTEMA TRABALHA – uma autonomia própria: “Vai custar muito
manter esse cavalo preso, mas também não dá para deixar ele selvagem, vamos encontrar alguma
forma de deixar ele chegar no pasto sem deixar ele atravessar todas as barreiras. O custo de “deixar
preso” é a doença, é a neurose, então o sonho é uma saída para a neurose. Aquilo que está lá
muito recalcado ganha representação. A análise é a possibilidade de dar algum outro destino a
isso. Só sonhar não resolve completamente, mas é melhor do que o aquele que não sonha. O sistema
resolveu de alguma forma.

ELEMENTO QUE É ESTRANHO PARA MIM – então tem algo mais profundo, por isso ele vai
falar da INTERPRETAÇÃO DO SONHO. DO ponto de vista desse sistema, dinâmico, ele está
dizendo que se o cara sonha ele está dizendo que todo esse sistema regressivo, esse zig-zag,
funcionou. Não dá para dizer que a teoria do Inconsciente está baseada em algo absurdo, porque
todo mundo sonha. Esse é o mecanismo que o psiquismo encontra para dar conta dessa quantidade
de energia recalcada. Por isso ele vai dizer, bom, passada essa etapa de COMO FUNCIONA O
SONHO, vamos entender como INTERPRETAR O SONHO, não é à toa que ele faz do sonho um
modelo para entender outras coisas, como o SINTOMA por exemplo: o psiquismo precisa desse
mecanismo para dar conta de uma energia, de uma quantidade de energia.

- Qualquer tipo de representação é melhor do que não representação.


- Claro que se você sonha para uma análise esse sonho é interpretado.

REPRESENTAÇÃO – todos os recursos possíveis de ter algum tipo de narrativa, de


representatividade. Lembranças, memórias, sonho, no sonho mais ainda, pois ele se constitui das
representações. O que é recalcado é a ideia, não é o afeto, este fica solto, ele vai precisar encontrar
um representação para que ele não fique solto, para que ele ganhe uma representatividade, para que
possa voltar a ter um lugar que não de afeto solto, um afeto solto é um sonho de angústia.
09/07/2020 – Continuação do texto anterior e do Bloco Mágico – V. 19
Retomamos daqui: “A ressalva “enquanto os dois desejos forem compatíveis entre si” implica uma
alusão aos casos possíveis em que a função de sonhar termina em fracasso” (p. 165).

SONHO DE ANGÚSTIA
- A perturbação dispara um mecanismo de defesa, mais primária que um mecanismo de distorção. A
perturbação dispara a censura, um mecanismo de defesa: ACORDAR para continuar dormindo e
seguir a sonhar.

O Pré-consciente que faz esse julgamento, essa instância entre o Consciente e o Inconsciente que
faz esse julgamento.

O desejo é sempre algo do inconsciente. O desejo “se torna consciente”, na medida que se torna
consciente ele pode permanecer na consciência, nunca um desejo é completamente satisfeito, é
aquilo que pulsa constantemente. Por isso que a partir da falta continuamos, esse motor do desejo
inconsciente é constante, a pulsão que não para.

Esse é o jogo a todo momento: entre o desejo que quer se satisfazer e outra força que diz que não é
assim, que não pode se satisfazer. Durante o Sonho e o sonho, essa regulação diminui a censura e,
portanto, a expressão de desejo inconsciente se dá mais claramente. Se estabelece um
COMPROMISSO: adio um pouco essa satisfação em nome de alguma outra coisa – compromisso
que se dá entre a instância reguladora e a instância desejante.

A Fobia é uma defesa contra algo muito mais perturbador, muito mais grave, que é uma angústia
terrível, que é um pânico, por exemplo. Você desconsiderar o sintoma significa alimentar algo que é
muito mais perturbador, é eliminar as defesas. Por isso o sintoma é fundamental o delírio é
fundamental, são formas mais primárias, mas necessárias para criar defesas em relação a um temor
de um ataque interno.

- Aquilo que foi suprimido, foi recalcado, foi em função do desprazer que o prazer pode gerar. O
afeto de tal forma liberado, e as representações que isso acarreta, são suprimidas, são recalcadas,
porque ao final do dia gera um grande desprazer, porque gera um grande conflito. Na medida em
que aquele desejo vai exigir uma satisfação. O conteúdo Inconsciente não pode nesse sentido ficar
livre, ele livre vai gerar um enorme conflito e um enorme desprazer, mas ele não vai se contentar
em ficar preso, por isso vai encontrar formas de se apresentar. Esse afeto, sem representação,
porque esta vai estar recalcada, o afeto solto, vai gerar angústia.

- Sonho da página 167.


. Angústia pela morte da mãe, acorda com isso, mas o que dá origem à elaboração secundária é
outra coisa, a questão sexual, a descoberta desse conteúdo sexual de uma forma que não é contada
pelo pai (o que é prazer e desprazer) – poderia ser um prazer, mas se torna desprazer porque é
conflitante e perturbador.
. É o fálico, é o édipo, a morte da mãe, o desejo pela mãe, o sexual é tudo isso, que vai ganhando
representações que falam a mesma coisa, de um desejo sexual de um menino que entra na
puberdade. Representação não dá conta da angústia a ponto de um despertar, angustiado com a
morte da mãe, mas isso é uma interpretação j á do pré-consciente, já está sob influência do sonho. É
insuportável ver a mãe morta, mas o que é insuportável é todo esse conteúdo sexual – que
estabelece uma relação com a vida e a morte.

Relação entre a sexualidade e a violência, que para a criança é traumático, pois não há interpretação
que dê conta disso para ela (sonho da p. 168). Está associando o terror noturno a essas situações que
as crianças acordam assustadas necessariamente com uma grande dose de pulsão sexual sem
representação – não tem representação para tamanha excitação – criança acorda assustada, ela é
tomada por um terror.

- Ponto presente em todo sonho de Angústia: onde a representação não deu conta do afeto. Ex:
pessoa que está caindo, se vê frente à morte (não tem representação no inconsciente). O que ele vai
falar que tem de ver com o sexual é justamente com isso que pulsa, com a satisfação de algo
recalcado. De um sexual recalcado. Esse compromisso, esse certo equilíbrio de forças acaba
falindo, fracassando.

- Não é medo. Tem sonho que percebemos medo, e outros é de angústia é insuportável continuar
sonhando.

- Ele fala do conteúdo sexual pois necessariamente ele perturbador, pela sua necessidade, pela sua
presença, pela sua exigência de satisfação. Por ser um desejo que muitas vezes se dá fora de uma
estrutura reconhecida ou acordada. Um sonho de angústia se torna uma expressão do sexual, com
sua força e sua violência.

Pergunta Eduardo (sobre alguém que se diz assexual): (considerações de Rodrigo) pode estar
falando desde uma estrutura consciente, eu entendo a pessoa como concebida a partir da
sexualidade. Tem uma confusão aqui: a pessoa que não quer sexo com a ideia de que não tem
sexualidade. A Libido é fruto de uma energia sexual. Então é uma ideia que está distante, muito
distante do que a psicanálise entende como sexualidade.
- A relação mais primária com a mãe já é sexual. Do que entendemos da libidinização da erotização
necessária para a amamentação por exemplo. Por isso difícil pensar no sujeito assexual, dá para
pensar nas escolhas (de objeto) e daí me parece que se trata da “negação”.

- Caso M. Objeto de uso, não de relação, uma descarga, uma compulsão, uma impossibilidade de
ter uma relação com o outro – descarga com(pulsão), compulsória, descarrega, tem lá uma
satisfação, mas é tão fugaz que precisa de mais, de mais e de mais. Uma escolha inconsciente.
Nesse sentido o desejo se mostrando exigente e impossibilitado de adiamentos. Compulsão: não
pode adiar, não pode sublimar, tem que ser imediato e cada vez mais.

- Acho que alguém que faz uma escolha assexual é muito sofrimento, muita recusa, com algumas
recriminações e relação superegóica muito importante. Quase uma solução de compromisso. Dada a
complexidade da sexualidade eu escolho a assexualidade. A sexualidade, as relações são
complexas. Mas eu acho que são questões importantes, pois a contemporaneidade vem trazendo
isso. Não só como escolhas e posições, como reivindicações sociais. Enquanto psicanalista, eu acho
muito difícil entender que as relações se dão sem a sexualidade.

O Caderno Mágico.
- Papel: não mais espaço

Aparelho receptivo – recebe tudo. Mas onde será registrado. Nem da página completa, nem da
lousa.

Dois processos: Percepção


Consciência um lugar oscilante – não é um lugar permanente. Assim como a memória.
Tem traços e marcar mnêmicas, anteriores ao eu. O eu é uma construção. E só se torna eu quando
se torna consciente.

Recém nascido não tem consciência, mas tudo que chega nele vai se marcando inconscientemente.

Último parágrafo: Escreve levanta, escreve levanta, algo vai se registrando. Algo vai apagando.
Funcionamento permanente. Escreve, apaga, mas não como a lousa, ficam marcas, ficam
traços.

- Por isso a aflição dos casos de falta de memória.

- O aparelho é maior do que o Eu, o Sujeito é maior que o eu, é esse complexo todo. A consciência
fala por uma parte do aparelho, o “eu não é o senhor do seu castelo”. Tem algo que determina o
sujeito que é inconsciente, que é maior do que o eu, que a consciência. Se eu me comporto de tal
forma, é porque também sou uma parte inconsciente.

TEXTO que dá uma ideia de como o aparelho psíquico funciona.

- A primeira fola de celuloide, seria o Pré-Consciente, que protege, que seleciona, que recebe. Tem
uma parte que protege, outra que é marcada, retira e faz de novo, levanta e faz de novo. Por isso
importante a ideia dessa primeira página (censura do que vai entrar e não vai entrar), se não tivesse
essa parte tudo entraria, isso é traumático, machuca, estilete diretamente no sistema. Essa película
protetora (o lugar das proteções, das defesas – no sono por exemplo, protege o sono, quando ela
acorda). Folha translúcida. Pré-Consciente porque vai estar para o que perceptivo de fora e de
dentro. É também quem percebe o que vem de dentro no processo onírico, a celulose que dita o que
vem do Inconsciente para a consciência. Perceptivo referido ao exterior como ao interior. Lógico
que isso tem suas limitações. Para construir um escudo a própria construção demanda e é limitador
pois às vezes a intensidade é tanta que a película não dá conta e isso é o traumático.

03/08/2020 - Lição 4 das 5 Lições de Psicanálise


- O INSTINTO sexual a gente pode traduzir por PULSÃO. Instinto tem a ver mais com essa
relação da ordem do animal e a pulsão mais da ordem do humano. Instinto muito relacionado com
um único objeto de satisfação, se difere da ordem do desejo que é por onde podemos entender a
questão da sexualidade.
- Pulsão sexual como algo que se difere da pulsão de autopreservação.
- As patologias têm como origem as pulsões sexuais – todas as perturbações têm a origem, de
alguma forma, na sexualidade.
- Por que outras excitações não dão esse motivo?
- Vai reforçando a ideia da ETIOLOGIA da NEUROSE pela função do sexual.

- A investigação da sexualidade do paciente esbarra na RESISTÊNCIA. A vida sexual de todos é


coberta por uma grande dose de moralidade e civilidade.
Provocação: isso inclui os médicos, a relação que se estabelece com a sexualidade, pois eles
também fazem parte da vida civilizatória e são humanos como todos os pacientes. O que ele fala é
que a resistência ao tratamento psicanalítico passa por aí.
- Não dá para negar que todos sonhamos, isso é a prova do Inconsciente.

- Não é que a criança não tem sexualidade, são os adultos que não querem enxergar a sexualidade
da qual viveram na infância. Tem um tanto que é do próprio inconsciente e do recalque, que a
dificuldade de lidar ela sempre será estabelecida. Por mais que tenha uma boa relação própria com o
tema, com os elementos que ela compõe, ela será sempre complexa. Por isso esse conflito é
estruturante. Por mais que você trate isso de uma forma aberta, a criança vai criar a as próprias
fantasias, pois ela é um enigma. Tem um elemento na própria sexualidade, constitutivo que será
recalcado. Essa pergunta, essa investigação, essa curiosidade da criança, é o que vai proporcionar a
estruturação do psiquismo a relação que ela vai estabelecer com a sexualidade é que vai gerar as
perguntas, as dúvidas, as fantasias. E todo o desenvolvimento, complexo, da sexualidade infantil.
Claro que uma educação menos moralizadora, menos punidora nesse sentido terá também seu
impacto positivo.

- Pais que cuidam de uma criança fazem, necessariamente, uma função sexual e isso erotiza partes
do corpo da criança e esse momento do menininho é justamente o momento em que ele pode
reconhecer que o corpo dele pode ser prazeroso sem o da mãe – o autoerotismo.
- Mãe culpa e dor da separação, mas a leitura que ela vai fazer pode ser muito comprometedora,
entendendo a sexualidade como algo mais punitivo do que prazeroso. Ele vai falar da importância
do autoerotismo que ele vai ligar com o narcisismo, que até esse momento o bebê era todo
investido, agora ele tem um autoerotismo e ele vai retribuir isso aos pais, à mãe, na medida das
possibilidades deles. Aí é que o autoerotismo inaugura o narcisismo secundário. Paciente vai entrar
claramente no drama de que o filho precisa responder ao amor que ela destina ao filho para ela
poder reestabelecer o lugar narcísico dele.

Maria Fernanda: quando você fala retribuir aos pais fiquei confusa.
Os pais esperam, num determinado momento e, aí de uma certa forma, a vida toda, que o filho
retribua todo o investimento que nele foi feito. Todo o investimento que se faz no filho na 1ª
infância a carga de um narcisismo que se perdeu ao longo da vida. Quando o filho já pode
responder, se espera que ele retribua. Porque falou para um e não para outro, porque falou primeiro
papa e não mama, tudo isso é um complexo que passa pela esfera, justa, o narcisismo é assim,
ESPERA SER RETRIBUÍDO, aí começam as primeiras fraturas. Poxa vida, mas investi tanto e
nem um sorriso, fiquei noites e noites acordada e você nem para dizer mamã, isso que vai fazendo
com que a relação se estabeleça com dois, já não é uma coisa só, O OUTRO surge, COMO
INVESTIMENTO.

Natália: e do ponto de vista da criança?


Do ponto de vista da criança, num primeiro momento ela foi muito investida (parto desse
pressuposto, também podemos pensar quando não houve o investimento). Até determinado
momento esse investimento é quase que unilateral, porque a criança é um corpo que vai recebendo,
recebendo, até o ponto em que começa a criar um eu, justamente esse momento quando ela pode
começar a fazer um autoerotismo e começar a fazer essa separação maior, na medida que constitui
um eu ele passa também a investir no outro. SE TEM UM “EU” TEM UM OUTRO – O “EU” SÓ
SE ESTABELECE A PARTIR DO OUTRO. Esse sujeitinho que só recebia passa a responder de
alguma forma ao que ele gosta e não gosta (antes ainda do “eu quero”, “eu não quero”. Nesse
sentido ele também vai fazendo um investimento no outro. Do ponto de vista da criança é esse
investimento amoroso que vai provocando também situações para um lado ou para outro e é isso
que vai criando pequenas frustrações e discriminações. Porque tem que dizer várias vezes a mesma
coisa. Não significa que a criança entende aquilo que você diz: “aí não se coloca a mão”, ela vai
colocar de novo.

- É traumático porque marca. As fantasias que representa independe do tempo, independe das
épocas, tem a ver com a relação que se estabelece com a própria sexualidade. E muito com o que a
sexualidade do filho vai trazer na sexualidade do pai e o que cada situação vai representar para cada
sujeito, por isso que isso tem um retorno. Por isso Freud vai falar que a sexualidade infantil perdura,
persiste, independente do tempo. Tem essa CURIOSIDADE INAUGURADA PELO PRÓPRIO
CORPO.
- Situação de uma paciente. A criança começa a manifestar a sexualidade e isso vai despertar, no
mínimo um desconforto nos pais. Porque se introduz uma situação que é íntima.

- A sexualidade infantil está aí, existe, a dificuldade é para não vê-la. O difícil é reconhecê-la.

- O cachorro não vai transar com a cadela fora do cio. Não tem a menor chance. Ele vai fazendo
esse tipo de comparações para afirmar o lugar da sexualidade, essa máquina de desejo, que a criança
percebe isso na relação com o próprio corpo.

- A energia sexual (LIBIDO) é o que vai ordenar essa relação que inaugura no corpo, mas que vai
procurar um objeto = INVESTIMENTO LIBIDINAL. INVESTIMENTO DE ENERGIA. Que parte
do corpo para procurar um objeto fora dessa relação autoerótica. Aí vamos entender e pensar nas
relações libidinais, a economia libidinal. Essas pulsões aparecem grupos de dois.
- O mundo deixa de ser o próprio corpo, a condição de ensimesmado para o externo, para o
investimento no outro, que é investido por essa energia libidinal que é que rege toda a economia.
IMPORTANTE: como se dá essa relação, que por um tempo é presa em si mesmo e quando isso
passa a ser um investimento para fora. Isso vai determinar as relações de objeto para todo sempre.
Quando se retira o investimento no mundo para o investimento no EU e quando isso retorna para o
mundo.

- Desenvolvimento Sexual Infantil: vão se complexificando as relações de objeto. O investimento


dos pais não é contínuo, regular e de uma única fora, e não é o mesmo investimento que se faz em
cada filho e isso vai criando um mundo subjetivo, que vai moldando cada sujeito. Não é só recebe e
devolve, ele faz algo com isso, aí que a subjetividade vai se constituindo.
- Organização genital, organização sexual infantil. No início são parcialidades, e pulsões
desorganizadas que vão se organizando.
- A escolha de objeto repele o autoerotismo.

Recalcado em função da moral, da vergonha, da repugnância (os impulsos mais primitivos). O que
retorna na puberdade é a força do desejo sexual depois de um período de latência, que volta com
muita força e junto com isso todo o conflito com os desejos primitivos que foram recalcados. Tem
dois grupos que são fortemente recalcados e necessariamente recalcados.

Fixação autoerótica: pode ser uma masturbação mental.


Fixação anal: neurose obsessiva, onde a retenção é a marca do controle, do que representa a relação
com a fase anal.
Fixação oral: onde a compulsão, a drogadição, a relação com a oralidade se dá muito presente. Esse
prazer direto ao Oral.
Fases do desenvolvimento em que vai se organizando essa parcialidade.
O retorno a essas fases se darão de um jeito ou de outro, de um jeito mais neurótico ou mais
patológico. Retornam, pois são marcas de um desenvolvimento.
A questão é o lugar da fixação. Como e quando isso se torna determinante ou império de uma
zona erógena e aí sim a patologia pode se tornar maior.
Perversão: exemplo da questão da fixação, dessa parcialidade.

- O que a perversão expõe a neurose recalca: “As neuroses são para as perversões o que o negativo
é para o positivo” (p. 31)
- Negativo (fotográfico): está lá, está marcado, mas não está revelado. O positivo é essa exposição
do que a neurose recalca. A formação é a mesma, o que se faz diferente é que o recalque é
fundamental. É estruturante. A recusa da lei faz com que a perversão se torne uma coisa patológica.
Mas na origem, os desejos, as fantasias, são os mesmos. Na infância, o caldo é o mesmo. O que vai
marcar a neurose é uma coisa o que vai marcar a perversão é outra coisa, com estrutura.
- O RECALQUE é fundamental, é onde se dá o lugar do civilizatório, aquilo que você admite uma
não satisfação imediata, que faz do neurótico onde sofre. O perverso goza sem nenhuma restrição,
sem nenhum constrangimento. O neurótico goza com todas as culpas que carrega. Sabe o que
significa satisfazer um desejo que, em tese, seria um desejo não permitido. O paciente não conta da
sua vida sexual, sem algum ou com alguma restrição.
A Perversão expõe, por isso ele tem uma ideia de que o quanto o neurótico está aí às voltas o
perverso está aproveitando a vida. De alguma forma o perverso está preso numa repetição e o
neurótico vive essas outras situações de satisfação a partir das fantasias. Por isso ele diz que o
perverso expõe isso que na neurose está no negativo, mas está lá. E que se revela, quando se revela,
as vezes se revela de uma forma a assustar o neurótico (no sonho por exemplo se revela).

- Autoerotismo e fase oral se dão juntas de alguma forma (ano e meio /dois)
- Momento que a criança começa a fazer o coco sozinha... anal
- Genital fálica ou Complexo de Édipo se dá ali nos 4/5 anos.

AQUI ele está nomeando o Complexo Central, o Complexo de Édipo, que é o lugar para o Freud,
nuclear e estruturante do psiquismo, onde se dá o embate entre o amor e o ódio e o sujeito vai
precisar escolher se identificar com o próprio corpo e escolher um dos genitores. Esse lugar de
conflito que é fundamental. E, a partir daí que se dão as identificações. Ao escolher preservar o
próprio corpo e o amor dos pais a criança vai fazer uma identificação com os pais e escolher um dos
progenitores. O que era um perverso polimorfo, vai ser organizando, de algo mais primitivo para
algo um pouco mais desenvolvido e aí se instaura um complexo, o complexo de édipo. Aquele
famoso enigma. Qual o animal que de dia anda com 4 patas, de tarde com 2 e de noite com 3. Essa
é a pergunta do mito ao édipo. Essa é a esfinge, o enigma que se coloca ao édipo . A criança
atravessa esse complexo e estabelece todas as relações que daí advém. A identificação, o ego, o
lugar da lei e o incesto.
- Duas grandes leis: NÃO MATARÁS e o INCESTO – aí é que se inaugura a civilização para
Freud. Se instaura o TABU que obriga todo ser a buscar outros objetos que não seus pais.

A CURIOSIDADE tem a ver com a diferença no outro, ou a semelhança, se essa investigação não
se dá, é porque o outro não se dá, esse outro não se dá e é um corpo que nãos e constituiu num eu.
Pode não se manifestar. A criança pode não falar disso, mas ela vai ter que se a ver com isso de
alguma forma. Essa investigação ela pode ser muito reprimida também, não necessariamente ela
será possível de ser expressa, poderá ser sem lugar o que coloca também a questão de que relação a
criança terá com as próprias curiosidades. Período importante em que a criança fará suposições,
teorias, essa exploração desse complexo de elementos que vai fazer com que a sexualidade se
estruture, que é importante que a criança entre em contato com isso e crie sua própria teoria.

Flávio: como se dá essa primeira escolha de objeto nessas famílias diferenciadas que temos hoje?
Monoparentais, do mesmo sexo...
- Função paterna e função materna. Quem irá investir naquela criança, cuidar daquela criança,
libidinizar aquela criança. O que podemos pensar é como vão se dar todas as identificações, aí o
complexo de édipo não necessariamente funciona, hoje é questionável. Aí é toda uma conversa
frente aos LUGARES DE IDENTIFICAÇÃO e sobretudo aos lugares de ausência ou presença de
pênis, castração, o que é. Aí é toda uma conversa importante. Mas O LUGAR DO AMOR
OBJETAL permanece, pois a criança será investida libidinalmente, ou não. Ex: crianças que
perderam os pais muito cedo e foram criadas pelos avós, mas é um investimento: O AMOR QUE
SE DESTINA ÀQUEA CRIANÇA e daí toda a teoria que lemos se aplica até agora: narcisismo
primário, secundário, as relações de objeto.
13/08/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise – O sentido dos sintomas – Vol 16 XVII p. 12
Percebam que vamos começar as conferências e por isso vamos rever alguns temas já abordados
anteriormente. Sintomas, resistência, recalque... enfim... aqui não só aprofundar como também o
que ele quer transmitir com esses conteúdos.

Início do Texto, muito importante:


Psiquiatria x Psicanálise
. O sentido do sintoma e o sintoma tem um sentido (qual a direção que ele toma e qual seu
sentido para a formação do psiquismo)

Ele vai trabalhar a ideia do sentido do sintoma na Neurose Obsessiva e não na Histeria. Existe a
Neurose, dentro da Neurose a Histeria e a Neurose Obsessiva.
- O que se apresentava como sintoma na Histeria era o sintoma físico, o deslocamento para o corpo
e a sintomatologia no corpo apresentava alguma questão impossibilitada de ser significada e por
isso se apresentava no corpo. Na Neurose obsessiva não é assim, vamos ter que entender o sentido
quando o sintoma não se dá no corpo.
- Definição da Neurose Obsessiva: A neurose obsessiva manifesta-se no fato de o paciente se
ocupar de pensamentos em que realmente não está interessado, de estar cônscio de impulsos dentro
de si mesmo que lhe parecem muito estranhos, e de ser compelido a ações cuja realização não lhe
dá satisfação alguma, mas lhe é totalmente impossível omitir. Os pensamentos (obsessões) podem
ser, em si, carentes de significação, ou simplesmente assunto sem importância para o paciente;
frequentemente, são de todo absurdos e, invariavelmente, constituem o ponto de partida de intensa
atividade mental que exaure o paciente e à qual ele somente se entrega muito contra sua vontade.
Frente a esse embate ele vai provocar sintomas, o sintoma vai sair desse embate. Se na Histeria é no
corpo, no obsessivo se dá nos rituais que surgem a partir desses pensamentos dos quais o sujeito não
tem controle.

Pergunta de Eduardo: Por que ela (pessoa/paciente) para de realizar com a interpretação, se aquilo
ainda continua ali?

Sintoma se apresenta como lugar de satisfação, deslocado do conflito. Pelo sintoma que o paciente
manifesta o sofrimento. Quer dizer, a manifestação do sintoma não elimina o sofrimento, pelo
contrário, é no sintoma que se apresenta o sofrimento.
Se você consegue entrar nesse conflito, a partir das associações e do que está recalcado, se não é
resolvido, quando vem à consciência esses nós do conflito se abrem, o desejo não realizado se
mostra consciente, à medida que está inconsciente o que se apresenta é o conflito, o desejo
recalcado.
- Um dos destinos a aceitação de que esse desejo não vai ser realizado;
- Outro destino, alguma realização possível.
- Por um lado fonte de defesa | Por outro lado uma possibilidade de satisfação (torta, mas é).
Não é que a interpretação resolva a questão, mas ela abre a questão, ela dissolve o nó e a
consciência faz com que o paciente possa pensar – bom o que vou fazer com isso? Ou eu sofro com
isso ou vou deixar de fazer os rituais.
Uma forma disso se tornar uma resolução é deixar o sintoma como um primeiro recurso para outros
recursos mais sofisticados, como o SONHO ou a SUBLIMAÇÃO.
O sintoma tem um ganho para o paciente e abandonar o sintoma é difícil porque ele tem um ganho,
com um custo algo, mas tem um ganho e, o ganho, nesse caso, da Neurose Obsessiva, sair de um
conflito que, em parte tem uma boa parte de um conteúdo recalcado, mas tem uma parte que não é
recalcada e faz com que o paciente sofra com isso. O embate que se dá entre o desejo e a aceitação
do desejo, cria de tal forma uma aceitação insuportável, por mais que ele saiba que aquilo não faz
sentido, ele não consegue ficar sem. Essa relação em que o sujeito não consegue sair desse circuito,
a única forma em que ele consegue minimamente sair desse conflito é criar um ritual que em tese
eliminaria esse conflito: SE EU FIZER ISSO (lavar a mão) AQUILO VAI SUMIR (o pensamento
que tem relação com uma sujeira) – Jogo de compensações que mantém o circuito fechado. Quando
você faz uma interpretação de alguma forma você fecha esse circuito, não necessariamente elimina
o sintoma, porque se o indivíduo criou isso ele tem um recurso. É um recurso mais primário. Tomar
consciência não resolve, depois de vir à consciência ele tem que ganhar um lugar de apropriação, de
“lidar com isso”. O trabalho não é só revelar o conflito ou o desejo recalcado, mas se liberar dessa
instância com a qual ele tem que se haver, a culpa, o erro, o controle.

Pedro: Não adianta falar para o cara que o que ele faz não tem sentido.
Procura pela terapia se dá quando ocorre um colapso quando a maneira da pessoa obter gozo (pelo
sintoma) já não funciona. Ele quer voltar ao jeito operante em que apresentava sintomas, voltar a
funcionar.

Rodrigo: Se livrar do sintoma é uma perda muito considerável ao paciente. O sintoma se monta
porque ele é muito investido. Tem uma carga libidinal muito grande destinada ao sintoma. Por isso
dizer ao paciente: esquece isso, para de pensar nisso, não serve. A energia que está solta vai para
outro lugar (caso do comportamental – o conflito permanece).
- Texto: Só que ele próprio não consegue ajudar a si mesmo.
Existe uma coisa apenas que ele pode fazer: realizar deslocamentos, trocas, substituir ideias por
outras, pode deslocar a obsessão, mas não removê-la.
Caráter ambivalente que se apresenta na obsessividade. A dúvida sempre presente. Não se trata de
uma questão intelectual, ética, se trata de uma dúvida (como uma gangorra). O que vai gerando uma
paralisia, um impasse de tal modo que o sujeito não sai do lugar, seja no caráter das ações, seja no
pensamento. O pensamento obsessivo trabalha nessa dinâmica bilateral. Escolher significa abrir
mão de alguma coisa, o que para o obsessivo é terrível, perder esse controle do todo, o que traz uma
dúvida constante, isso que faz da Neurose Obsessiva, cansativa, desgastante, sofrida. Todos tem um
grau de ambivalência, mas em algum momento toma uma decisão, mesmo com um grau de
prejuízo, o obsessivo não sai dessa circulação – esse é o caráter da dúvida.

O sintoma não é só uma repetição, assim como a transferência não é só uma repetição.
Caso: p. 16. Ela repete, mas concerta. Colocando a mancha no lugar certo, como se ele tivesse feito
o que deveria ter feito.
O ato obsessivo, representa, como num sonho, em primeiro lugar uma repetição, em segundo uma
reparação em terceiro o desejo daquilo ter acontecido como não aconteceu. O desejo dela, dele não
ter sido impotente. O CONFLITO: na noite de núpcias ele foi impotente e permaneceu impotente.
Um lugar certo na mesa, só que não na cama (um deslocamento do sintoma).
Ela está estabelecendo um ganho com esse sintoma.
Ela queria o divórcio legal, mas não podia, ao proteger o marido ela protegia a separação que
existia. Se ela revelasse a impotência do marido ela não poderia usufruir desse lugar separado.
SINTOMA muito bem arquitetado psiquicamente.

É um processo, uma interpretação não é uma varinha de condão, é um processo que vai se
construindo e em algum momento se revela.

Obsessivo: dificuldade de aceitar algo que interpela. A negação aí é uma resistência que pode ser
entendido como SIM – aí tem.
A castração é fundamental. Que os pais dela ficara reféns dela, sim, mas que deve ter um ganho
nisso. Ficaram reféns como um relógio presos ao tempo dela.
Conflito presente no ritual. Num ponto positivo o ritual traduzia o desejo em outro ponto derivavam
da negação ao desejo. Se apresenta na dúvida e no próprio sintoma, que comporta o positivo
(realização do desejo) e o negativo (negação do desejo). Põe e tira (realiza, não realiza).

Pergunta de Bárbara: Mas tem tanta gente com TOC que são tão histéricos?

Rodrigo: Às vezes o TOC é uma defesa para a histeria. Então os rituais obsessivos as vezes podem
ser uma defesa histérica. Podemos aí ir vendo os limites. Daí o diagnóstico diferencial se faz a
partir da escuta da história do paciente, não mais pelos traços sintomáticos. Por isso é um
diagnóstico diferencial e não psiquiátrico.
As estruturas nem sempre são rígidas, você tem traços, você tem bordas.
Os diagnósticos servem só parcialmente.

Pedro: Não é só o sintoma que define uma estrutura de personalidade.

20/08/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: FIXAÇÃO EM TRAUMAS - O INCONSCIENTE
– Vol 16 Conferência XVIII p. 12

Neurose traumática: evento significativo que marca, que inaugura a neurose, que propicia um
lugar para seu desencadeamento.
Neurose espontânea: tem como origem o desenvolvimento infantil, a história pregressa.

FUNCIONAMENTO DO APARELHO PSÍQUICO


Tópico: as instâncias
Dinâmico: como se relacionam essas instâncias
Econômico: a energia, o quanto de energia é necessária para uma coisa ou outra (ex: Sintoma, em
que o fluxo da energia não teve um destino satisfatório). Exemplo: o Luto ou o sono são processos
econômicos, tiramos a energia do mundo, retirada para dentro, para que se possa dormir e
reestabelecer energia para o dia seguinte. Quando estamos doentes, também: a prova de que o
investimento no eu é fundamental quando se tem uma dor de dente, TUDO vira o dente, o EU vira o
dente, o dente vira o EU, que é completamente despercebido quando não se tem dor. A todo
momento o psiquismo funciona economicamente, retira de um lugar e coloca em um lugar a
energia.

Quando o evento é excessivo, muito maior do que o psiquismo pode dar conta, a economia quebra,
entra em falência, aquela economia que estava acostumada, que tinha recursos para lidar com os
eventos internos e externos, entra em colapso, esse evento é muito maior do que aqueles recursos,
aquela energia, pode dar conta. Não sei o que fazer com isso, vou ter que me haver com esse rombo.
Entro numa falência, vou ter que pedir emprestado, vou me ver quebrado, minha economia tinha
recursos para lidar com um tanto, de repente tem algo que foge à regra, isso é TRAUMÁTICO. Ex:
abuso, algo que se dá de forma muito excessiva e violenta para que o psiquismo possa dar conta.
Por isso o termo econômico não é usado pela psicanálise, o Freud faz uso, mas podemos entender o
econômico em outros lugares também, é a mesma coisa.
Dentro da ECONOMIA a única saída para quebrar esse efeito traumático é o SINTOMA, para onde
o psiquismo, frente à impotência de dar um destino mais saudável, um sentido, é que vem o
sintoma: MOSTRA UMA FALÊNCIA – isso é sintomático: aí tem algo que precisamos investigar
– falência dessa economia libidinal que não se operou adequadamente, satisfatoriamente.
Eduardo: Definição de economia é o estudo da escassez. Talvez Freud tenha querido usar esse
termo no sentido dessa falta mesmo, frente à determinado estímulo intenso. Escassez de base, de
preparação para aguentar essa dor.

Rodrigo: o tema econômico não tem a ver com finanças, é economia, que pressupõe uma reserva,
um subsídio, uma fonte e a escassez. Economia libidinal desde os primórdios, a PULSÃO, os
investimentos, o NARCISISMO. A troca onde sou alimentado e alimento. Dessa economia dos
investimentos, da libido. O psiquismo vai se constituindo para suportar uma troca, a qual, ao longo
do tempo, ele vai tendo mais ou menos recursos para lidar com isso. Um abuso em uma criança é
um abuso pois ela não tem recursos para aguentar o que ela recebe.

O traumático tem um lugar no social também. Traumático não necessariamente é algo negativo ou
prejudicial. Por exemplo, o primeiro trauma é o trauma do nascimento. Tem a ver com o efeito
MARCANTE, de uma MARCA, tem algo antes e algo depois disso.

Bárbara: o incêndio numa casa.


Rodrigo: tem razão, o incêndio em uma casa, pode ser somente um incêndio ou pode fazer com que
aquela pessoa não queira mais entrar em casa (da ordem do trauma que gera uma neurose). Quando
falei da pandemia, estou me referindo a essas situações em que Freud chamou de Neurose de
Guerra, em que as pessoas voltam neuróticas, traumatizadas, por conta de um evento que está além
das condições psíquicas e se dá numa grande quantidade de pessoas. O nome Neurose de Guerra foi
justamente criado para não deixar o soldado nesse lugar de fraco.

p.26. Retoma uma ideia que traz na conferência anterior, da não ligação entre o que se dá no
sintoma com aquilo que está sendo feito. A questão do sentido do sintoma. Na hipnose o paciente
responde a uma sugestão, mas ao voltar da hipnose não sabe por que fez. Isso é o ato obsessivo que
o paciente faz, sem saber por que faz, mas também não pode ficar sem fazer.

Diferenciação IMPORTANTÍSSIMA:
1º uma defesa do lugar do inconsciente. Veio lá da fixação dos traumas para dizer: mais uma vez, o
que quero dizer é da região inconsciente, desse lugar tópico, não comprovadamente visto,
reconhecido, mas comprovadamente existente, seja pelos sonhos, pelos sintomas, seja pelas
manifestações, da existência do inconsciente.
- De novo ele vai trazer os casos de sintomas obsessivos, pois, diferentes de outros sintomas, ele é
muito evidente, é escancaradamente à mostra, ele perturba, o paciente sofre, e não consegue se
livrar dele. É consciente o ato, mas é inconsciente o que determina o ato, por isso vamos pensar na
determinação inconsciente.
- Tornar-se sintoma atesta a existência do sintoma. Mas não necessariamente tornar-se consciente,
basta para eliminar o sintoma. Ele tem que saber, tem que lidar com isso e eliminar o conflito. Ele
pensava que o ato analítico teria esse efeito de você tornar consciente e você se livra do sintoma,
mas ele também vai dizer que tem um tanto que fica inconsciente, recalcado, um pedaço que é
impossível se tornar consciente. Ele pode ser livrar do sintoma, não faz mais sentido ele existir, mas
não significa que o conflito está resolvido, não significa que o embate que ainda está lá como uma
pressão na busca de satisfação desapareça. No caso da conferência: o que ela faz em relação a esse
amor eterno ao pai? Sintoma se dava porque ela tinha um gozo no sintoma (um lugar substituto de
satisfação e de gozo) – se armou ali uma solução possível para tamanha perturbação. Quando você
faz um desenlace disso, você tira a possibilidade do sintoma existir, mas não resolve a questão
conflitiva (ao menos num primeiro momento). Voltamos á questão econômica, vai sobrar uma
energia, para onde ela vai? Se não é mais no sintoma, essa energia libidinal vai precisar encontrar
um lugar. Se desfez o nó, a energia fica solta e pode ser destinada conscientemente para um
outro lugar (este é o tratamento analítico). Por isso não adianta só o trabalho ao nível do sintoma.
O problema obsessivo não está no sintoma, está no pensamento obsessivo, no conflito.
Esse é o cerne do núcleo neurótico: a questão edípica, para todos! A saída é justamente a
possibilidade de ter um filho para satisfazer o amor edípico, o lugar edípico, como saída para o
complexo.

Maria Fernanda: Aparecer tão claro no sonho, fico pensando se já não é parte desse trabalho de
elaboração, da conscientização desses elementos.

Rodrigo: Sonhar é melhor que sintomatizar.

Se o destino fosse satisfeito, aquilo que saiu do lugar da pulsão e tivesse atingido a meta
satisfatoriamente não seria necessário o sintoma, pois não haveria uma interrupção desse fluxo. Na
medida em que o fluxo é interrompido o sintoma substitui aquilo que deveria acontecer.

A castração é uma barragem necessária, ela é estruturante. A questão é como o sujeito vai lidar com
essa castração. Frente a isso o que faço com esse evento, que é traumático por ser uma interrupção,
que impede, digamos, o curso do desejo. Eu desejo minha mãe, mas isso não posso, isso vai ser
barrado, frente a essa barragem a energia vai ficar solta aí. Fazer uma identificação como o pai e
destinar essa energia para outra mulher, por exemplo, grosseiramente, não sem dor, não sem
prejuízo, não sem conflito, pois o desejo é retornar ao lugar de origem, qual é? Eu quero minha
mãe. O sintoma por exemplo é não encontrar ninguém para casar. Ninguém vai ser tão bom como
minha mãe (histeria). O sintoma é: não encontro ninguém a vida toda. Frente a essa impossibilidade
de satisfação disso, vou ter que lidar com a castração, significa, essa frustração vai me por em
trabalho psíquico, energético, libidinal, para encontrar outro objeto, não igual, mas substituto.

É notório que as pessoas ficaram mais hipocondríacas. Qualquer espirro, é o Covid. Antes não era,
era um resfriado, “não vou morrer”. Esse é o trabalho. Promover elaborações para não adoecer ou
dar outro destino a isso. O sintoma hipocondríaco é uma forma de manifestar essa ameaça. Muita
gente pegou Covid, pois foi ao hospital achando que tinha uma coisa, sem ter.

Se essa coisa pudesse acontecer como um resultado direto da satisfação, não era preciso o sintoma.
Se o incesto fosse permitido, por exemplo não existiria a histeria, grosso modo.

Por isso vamos pensar lá nas estruturas. O que vai caracterizar a perversão: uma recusa à proibição,
uma recusa ao incesto. Quero me satisfazer. Então não tem sintoma porque não tem castração, tem
ato, não tem castração.

As três feriadas narcísicas pelas quais passou a humanidade:


- A Terra não é o centro do universo
- Homem vem do macaco – não é o criacionismo, é o darwinismo.
- Inconsciente – a consciência não é quem rege o comportamento. O EU não é senhor do seu
castelo, que tem algo interno que golpeia a consciência a todo momento, porque tem algo que o
sujeito não sabe dele mesmo. Presença inequívoca do inconsciente.

A cada conferência introduz um conteúdo a mais e retomando o que vem falando das outroas.
Lembrando que são conferências, está apresentando a teoria para os médicos:
Ele sai da questão do sentido do sintoma na outra conferência e termina esse tema nesta conferência
– parte do SENTIDO DO SINTOMA e vai chegar ao DETERMINISMO PSÍQUICO do
inconsciente, tanto para formação do sintoma, como para a formação da Neurose.
27/08/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: RESISTÊNCIA E REPRESSÃO | Vol. 16
Conferência XIX p. 32-43

Ele começa a Conferência falando porque o paciente ataca a técnica. Começa a falar da resistência,
para depois falar do Recalque. RESISTÊNCIA – mecanismo psíquico inerente à qualquer
tratamento, um mecanismo de defesa necessário para que o paciente possa... para que aqueles
conteúdos não cheguem à consciência e esse mecanismo da resistência ele vai estar presente desde
sempre, seja para ser trabalhada a resistência, ela será removida, mas também é fundamental para
que o sujeito possa suportar o conflito intrapsíquico: NÃO HÁ CONFLITO SEM RESISTÊNCIA,
NÃO HÁ PSIQUISMO SEM ALGUMA RESISTÊNCIA.
- Na REGRA FUNDAMENTAL | A Associação Livre | você está dizendo: tente ao máximo
eliminar ou desviar dessa resistência já estabelecida, isso não significa que o paciente não vai
resistir, ele vai resistir.
- A associação que ele faz com o caso do dentista ele vai dizer como é curioso perceber que ao
mesmo tempo que o paciente se dói pelo seu sofrimento, ele resiste à retirada daquela dor (aquela
ferramenta que vai tirar o dente, que também vai causar desconforto), mas ao mesmo tempo que vai
doer o paciente recua, não dá para admitir sem nenhuma resistência, mas também não dá para
aceitar.
- Depois vamos ver que a relação entre RESISTÊNCIA e RECALQUE é direta e se dá na mesma
proporção.
- Aquela força que fez um conteúdo recalcar, é de tal forma intensa, que a resistência que faz ela
não voltar à consciência é da mesma magnitude. Não que você tem mais resistência e tem mais
recalque, mas aquele desprazer que o recalque geraria é da mesma magnitude que a resistência
imprime para que ele possa chegar à consciência.

- A transferência é um manejo fundamental para o tratamento.

- A função última da análise é que essas resistências mais latentes sejam removidas e só assim que
uma análise tem o efeito próprio de uma análise.

- Mais pra frente vamos ver como isso se dá.

E se a consciência fosse essa pequena sala de recepção, onde ao invés de um vigilante "que censura"
a entrada nela existe um "filtro" que seleciona o que fica aí e o que não é passível de ali permanecer
e então vai ou se torna Inconsciente, no espaço de uma Grande Sala de Estar, que recebe tudo aquilo
que não foi capaz de permanecer na consciência, seja por falta de espaço, seja por "intensidade" de
impulso..,
Minha sensação é que tudo, ao contrário do que Freud diz, passa antes pela consciência, mas não
necessariamente é registrado ou capturado por ela, de fato por uma incapacidade desse sistema de
apreender tudo o que se lhe apresenta.

ISTO QUE ESTOU FALANDO É O QUE INAUGURA O APARELHO.


Essa grande sala que você fala, numa certa medida é Pré-Consciente e, como tal, a partir dos órgãos
dos sentidos, é colocado no inconsciente antes do pré-consciente/inconsciente.
O que vai marcar a fundação de um aparelho psíquico se é este que marca o aparelho, mas o que
tem no aparelho antes do recalque, se origina a partir das sensações dos órgãos dos sentidos e
marcas mnêmicas, que seria o recalque primário, daí, depois, o recalque secundário que é o que
conhecemos, nessa ANTE-SALA que é a pré-consciência que vai tentar chegar à consciência ou se
manter no inconsciente, os guardas que ele coloca vem depois desse recalque inaugural - RECALQUE
ORIGINÁRIO. O próprio Freud não esclarece muito bem o que é recalque originário, o recém-nascido
é só pulsão, não tem pré-consciente, não tem recalque. Marcas até recalque ser constituído.

Garcia Roza (Freud e o Inconsciente): Se o racalcamento não está presente desde o início, se ele é
correlativo entre os dois sistemas (...)

Algo que fica fixado é o que você (Y) tá falando que foi “filtrado” antes do recalcamento
propriamente dito. Possibilidade de se marcar o psiquismo antes de marcar uma divisão entre
Consciente e Inconsciente. Os “Guardas” são quando se monta o sistema do psiquismo. “Esse
conteúdo vai entrar ou não vai entrar”. Alguma coisa acontece a partir dos órgãos dos sentidos, a
partir do momento que o recém-nascido estabelece uma relação com o mundo e as provocações
internas. Antes que exista um aparato para poder decidir o que é de um lado e o que é do outro.

- POR QUE É TÃO DIFÍCIL QUE O PACIENTE SE LIVRE DE ALGO QUE O ATORMENTA
TANTO – e o paciente se recusa, resiste, a se livrar disso?

- REPRESSÃO, tende a fazer desaparecer da consciência um conteúdo desagradável, inoportuno.


- RECALQUE um fenômeno inconsciente. Tem a ver com algo que impede a satisfação da pulsão.
Que marca o surgimento do inconsciente. Se ele foi se satisfazer, vai causar desprazer ao Ego. Sem
recalque não tem inconsciente, como uma instância (separada).
- RESISTÊNCIA, tem uma resistência que é consciente e tem uma resistência que é inconsciente.

. O recalque se dará como estruturado no complexo de castração, mas até chegar lá a criança terá
que se a ver com algumas frustrações e castrações. Ao mesmo tempo que você está proibindo algo
você está protegendo a criança. No complexo de castração se dá definitivamente, em que a criança
vai ter que assumir e admitir que ela não vai ter a mãe como objeto de desejo ou de satisfação desse
objeto de desejo, a satisfação será impedida, qual a LEI aí, ISSO NÃO PODE, isso está impedido.
Para você poder ser amado pelos pais e seu corpo ser preservado, ela vai ter que lidar com a
castração – abandono a satisfação imediata, essa é a lei que marca, estrutura a entrada na Neurose.
O não recalcamento gerará o que podemos falar na recusa, na rejeição, e podermos pensar na
perversão, ou na psicose. Recalque – o lugar de não suportar a não satisfação daquilo que é mais
primário. Quando você pensa numa perversão é a satisfação do mais primário. E não é que na
Neurose não existe, mas nela a interdição que está colocada faz com que o Neurótico possa
sublimar, fantasiar. A pulsão é sempre uma força que pede satisfação, que vai continuar existindo e
pedindo satisfação, a questão é que frente a essa força vão se encontrar outro objeto (trabalho,
artes... etc.).
- É difícil termos que suportar a frustração.

- Um conteúdo pode ser consciente ou inconsciente, só que mais do que isso ele estabelece uma
ambiguidade, ele pode estar num lugar e no outro. Para além do que significa a palavra
inconsciente, ele está interessado em saber a dinâmica, como se dá esse fluxo entre uma instância e
outra.

03/09/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: RESISTÊNCIA E REPRESSÃO | Vol. 16
Conferência XIX p. 32-43

- Texto página 38: sobre o negativo: (sobre a origem inconsciente das coisas). E hoje, com a
fotografia digital, como seria pensada essa analogia?
Sua pergunta Y é importante talvez para pensar as patologias contemporâneas, mas antes disso,
vamos ver o que ele quer dizer essa questão: toda fotografia, antes de ser revelada foi registrada
num lugar negativo (o filme negativo) e nem todos os registros que foram expostos àquele filme,
serão reveladas, algumas não serão reveladas, ou porque não se teve desejo, não se teve vontade de
revelar, ou algo fez com que não fosse revelada, mas todas em alguma medida foram registradas
nesse filme chamado negativo. Assim que funciona o inconsciente e o consciente, que tem algo que
fica marcado, registrado, no inconsciente e que tem algo que ficará nesse sistema e que tem algumas
dessas marcas que serão reveladas no sistema consciente. Por isso ele usa essa metáfora, que até
tempos atrás era a única fotografia que existia, com o advento do digital esse mecanismo passou a
não ser mais usado, mas o aparelho psíquico continua funcionando da mesma forma, a metáfora
ainda funciona. Na metáfora não tem negativo e positivo no sentido de bom e ruim, mas sim do que
será revelado e não revelado.
O que vai fazer com que aquilo se torne revelado vai ser todo esse processo que estamos estudando,
que passa pela censura, pela resistência, que vai se apresentando para a consciência e algo que é
insuportável, desprazeroso à consciência, permanecerá não revelado.

- No sistema digital, qual a marca que se dá pelas imagens, pelo imediato, pelas questões
narcísicas... que não tem a ver com a fotografia digital, mas que passa por esses elementos de uma
sociedade contemporânea. A forma como o aparelho funciona, funciona do mesmo jeito, mas temos
aqui hoje outros atravessamentos que podemos dar uma figura do digital.

- Passo a passo o processo analítico, tendo por figura maior o que está marcado mais não revelado e
se você não fizer todo o processo isso não vai se tornar consciente, vai se perder em algum lugar.

- Nesse jogo entre recalque e resistência vai ter algo que vai driblar essa resistência, por intermédio
desses disfarces que falamos e vai se apresentar para a consciência.

- O elemento dos restos diurnos, eles dão suporte para aquele elemento do inconsciente que chega à
consciência pelo sonho, mas é o resto diurno que favorece essa passagem.
- E uma figura espacial do ponto de vista teórico e tópico, para poder compreender, mas esses
limites dos três sistemas não são claros, existe por exemplo um trânsito constante entre consciente e
pré-consciente.

- O sonho manifesto é o resultante dessa censura entre a relação do inconsciente com pré-
consciente.
p. 40 como se dá a formação do sonho e porque ele é tão importante nessa dinâmica do
funcionamento desses dois sistemas: pré-consciente e inconsciente. O latente contido no manifesto,
condensado e deslocado.
“Esse material havia sido trabalhado (pela condensação e deslocamento) – o que ele está querendo
dizer aqui, que todo sonho é trabalho”. Para que essa linha satisfatória ocorra, ela vai atravessar um
processo, que seguirá os rumos necessários para satisfação. Nem todos os processos serão de início
e fim com uma satisfação desejada, eles serão interrompidos, dificultados, eles serão impedidos. A
força desse desejo vai pedir alguma vicissitude, algum destino, vai exigir um trabalho do psiquismo,
que vai ter que trabalhar para dar conta dessa exigência. Como essa exigência não será satisfeita
diretamente, ele vai procurar meios para satisfazer: SINTOMA (um deslocamento dessa satisfação,
é uma satisfação substituta), o sonho, mais que o sintoma, é um trabalho mais elaborado, porque a
coisa não encontra satisfação, vai encontrar, censura, repressão – o trabalho de sonho é um trabalho
de elaboração, por isso quando se sonha a gente diz que o processo de elaboração está em curso,
quando se sonha muito numa pandemia que acontece é uma forma de elaborar o impacto do
violento do real, quando não se sonha ou se tem menos condições de sonhar há um empobrecimento
do psiquismo. Se é um trabalho ele tem modos, mecanismos para funcionar, ele vai dizer que tem
DOIS MECANISMOS fundamentais no sonho que ele chama de ELABORAÇÃO SECUNDÁRIA,
que são a condensação e o deslocamento, se não tem esse trabalho a passagem vai causar um grande
estrago, só há um jeito de passar, dissimular par enganar a censura, daí larga mão de dois artifícios,
QUE ACONTECEM EM CONJUNTO a CONDENSAÇÃO (como uma lata de sardinha, fica ali
tudo espremido, muitos elementos latentes, apertados, espremidos, que se manifesta numa
figuração, não basta a pessoa dizer com “eu sonhei com eu vestida de noiva pulando pela janela”,
por isso não basta dizer, é preciso perguntar com o que você associa) e o DESLOCAMENTO,
noiva no México, nunca estive no México, para que ela pudesse entrar em contato com um desejo
recalcado teve que fazer uma espécie de um filme estranho, esquisito, para que o sujeito possa
dormir e entrar em contato com isso e em análise poder fazer uma leitura do que está condensado e
deslocado.
Sonho é uma elaboração secundária – sair de algo muito primário para um processamento do
material, do conteúdo recalcado.
Se não tem deslocamento não tem como chegar à consciência.
Por isso é importante ir abrindo para tirar da condensação.

O SINTOMA também é uma condensação e um deslocamento, só que o sintoma é mais precário


que o sonho.
O sintoma é uma elaboração primária. Mais primitivo que um sonho.
Se trata dos recursos que o psiquismo vai estabelecendo para poder tornar manifesto o conteúdo
inconsciente.
- O retorno do recalcado é o retorno da ideia que foi recalcada, travestida de outra coisa,
condensada em outra figura.

p. 40
- Que espécie de impulsos (conteúdos) está sujeito ao recalque? (questões, desejos, impulsos
sexuais)
- Por que forças ele se efetua? (Pela resistência, pela força contrária ao conteúdo
inconsciente/o desejo)
- E por que motivos? (pela impossibilidade de satisfação do conteúdo sexual e dada a
frustração dessa satisfação não ocorrer o sintoma se apresenta).
Essas três perguntas que vem nesta página é que vão nortear o resto do texto.
- Histeria de angústia, histeria de conversão e neurose obsessiva (Neuroses de Transferência).

- Qual a grande frustração, o que se perde com a vida? É lidar com a castração. Frente a
frustração, uma das saídas é a satisfação substituta, que é a formação dos sintomas, por isso ele faz
uma relação direta entre os sintomas e os sonhos – ambos uma satisfação de desejo, frente à
frustração que a vida trará inevitavelmente.
- Formação do sintoma pode ser dar por uma força inconsciente ou por uma frustração consciente.

- A princípio diríamos que o Sintoma é algo que impede a satisfação e ele diz não! É o sintoma a
própria satisfação. Esse lugar substituto que o sintoma ganha, isso não é o impeditivo, é por aí que
se dá a satisfação ainda que com muito sofrimento.
p. 42: “os sintomas parecem ter, isto sim, o propósito contrário, o de excluir ou paralisar a
satisfação sexual. Não discutirei a correção da sua interpretação. Em psicanálise, os fatos costumam
ser mais complicados do que gostaríamos”.

p. 43: ISTO É O CONFLITO:


ALGO QUE DESEJA SATISFAÇÃO E ALGO DIZENDO QUE NÃO VAI ACONTECER.
Esse conflito que se apresenta no sonho.
Quando isso não se resolve teremos o sintoma.
Na neurose obsessiva isso é muito claro na histeria isso se converte num sintoma. Rituais são isso faço e
desfaço, desejo e não desejo.
Essa bilateralidade, essa ambivalência é o que marca o jogo do recalcamento e da formação do
sintoma.
Paciente pode falar uma coisa e fazer outra, NÃO TEM PROBLEMA, a vida é assim: não gosto
deste relacionamento, mas segue nele. As duas coisas funcionam ativamente simultaneamente, a
vida é assim, essa polaridade que Freud vai trabalhar com a ideia das pulsões. (por isso não
podemos julgar).

- A bissexualidade é uma marca de nascença.

Eduardo: como a neurociência atual tem comprovado ou confrontado as ideias de Freud?

- O RECALCADO é o representante ideativo, o afeto não é recalcado. O mais próximo desse


(representante original) será recalcado também o mais distante dele é o que poderá chegar à
consciência.

10/09/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: A VIDA SEXUAL DOS SERES HUMANOS |
Vol. 16 Conferência XX p. 43-55

- Para ele dizer que a sexualidade é maior do que isso ele vai nomear a partir do que seria pervertido
e não é, tudo isso que estou nomeando como invertido/pervertido, compõe a sexualidade normal.

- O sadismo é um desvio da finalidade. A finalidade da relação sexual, não é o sadismo, se desvia


porque vai ter um gozo no sofrimento do outro, assim como o masoquista vai ser um gozo em
sofrer. Quando o sujeito tem um prazer/gozo, na dor do outro, isso é um desvio.

- Ele vai diferenciar o que é perversão, aquela do gozo no real em relação a um objeto, da fantasia,
que é um elemento fundamental na neurose, comporta esses elementos que são ditos perversos, que
são impróprios, são escondidos, mas se são parte da fantasia, caracteriza que isso não é próprio dos
perversos, na neurose também tem, mas abre para a definição/existência da fantasia.

- IMPORTANTE como ele vai introduzindo o conceito da FANTASIA, que vai legitimar pra o
neurótico seus desejos mais perversos.

- É abominável do ponto de vista social, moral, mas não é do ponto de vista do desejo de cada um,
feito isso, justamente ele coloca o que fazer com isso, aí se coloca o CONFLITO. Como
classificamos isso? Que lugar isso vai ter no psiquismo e no funcionamento do neurótico, da
neurose.
- Não dar para entender a sexualidade normal se abolirmos essa sexualidade dita perversa.

- Como essas coisas se relacionam, se não nos empenharmos a entender esta história, não tem como
entender o que é sexualidade. É manter-se puramente no sexual reprodutor.

- Ele vai se aproximar do que vem dizendo nas outras conferências: a QUESTÃO DO SENTIDO
DO SINTOMA – o substituto do que não pôde ser feito, do que não pôde ser realizado. Ele adiciona
a essa noção a noção de sexualidade pervertida.

- Ele vai afirmar a BISEXUALIDADE como algo fundante, essa sexualidade que é ambivalente
desde o início.
. A sexualidade que penso a gente entenda ao final deste texto ou do ano, introduz a ideia do sexual
para todo o sempre. O que quero dizer com isso: não estou dizendo que o meio social não influencia
nos sintomas ou na produção das neuroses, mas estou dizendo que vamos precisar entender qual o
modelo econômico e dinâmico que ele propõe para o aparelho psíquico que é diferente da forma
como se olha pra o comportamento, de que modo o sujeito ou a sociedade vão lidar com isso vão
gerar uma marca nesse sujeito ou sociedade. Essa confluência do social, do externo com o interno
que é o fundamental, é esse o conflito que se estabelece, mas para isso temos que entender o que é o
sexual, essa energia, essa força pulsional que determina o funcionamento do psiquismo e como o
sujeito vai lidar com esse conflito, entre o desejo que insiste em ser satisfeito e a impossibilidade
que isso aconteça e o desejo é da ordem do sexual. Ele fala dessa sexualidade que a priori ela não
tem um objeto de escolha, essa escolha vem depois, da criança ele vai dizer que é um perverso
polimorfo, ele tem prazer por várias partes do corpo.

- O homo sexual latente, não é a pessoa que escolhe um objeto do mesmo sexo, é essa sexualidade
que todos temos de um prazer por muitos objetos. A sexualidade não está só nos genitais, não está
só a serviço da reprodução, está a serviço do trabalho, das guerras, das perversões. Essa ideia da
criança de que ela é assexuada é uma ideia equivocada frente ao que os adultos não querem
enxergar neles mesmos, a sexualidade não começa na puberdade, é esse sexual que ele vai falar.
Essa força, LIBIDO (a força do sexual), que move o sujeito e procura nos objetos a satisfação.
Espero que a gente entenda isso.

- Como se dá essa economia, da onde vem e para onde vai?

. Porque ele dá a mesma categoria do sintoma, lugar de satisfação substituta de um sexual que não
foi satisfeito. Ex: o Homofóbico, a homofobia não é só uma questão social, é do horror do sujeito
com a sua própria homossexualidade, daí esse ódio homossexual é um ódio à sua própria
sexualidade.
- Ou entendemos o que é o pervertido, como um elemento da sexualidade como um todo e podemos
entender a complexidade que ela estabelece, ou então esquece de entender a sexualidade.
- Esse elemento constitutivo e que impera, é a máquina do desejo que não para, que exige satisfação
e como esse aparelho vai dar conta desse sexual. Antes era pulsão de conservação e pulsão sexual
(satisfação, desejo e prazer) e vai chamar as duas de PULSÃO DE VIDA, contra a pulsão de morte.
- É 100% o sexual, ele deixa de ser um lugar periférico ele é central.

- Qual é o PRINCÍPIO DO PRAZER? Tudo pelo prazer. Só que ele vai tendo que se haver com o
PRINCÍPIO DA REALIDADE, que são as frustrações, os adiamentos, as sublimações, por isso a
sublimações é um recurso necessário para satisfazer a carga de energia que insiste em ser satisfeita,
para onde ela vai, para os destinos, para os objetos, que se encontram no mundo.

- Ao que se exige uma retirada de satisfação, ao que se exige do sujeito e do psiquismo a não
satisfação, pode muitas vezes acarretar numa satisfação invertida, perversa. RECUSA DE UMA
LEI é o que marca a perversão, o horror da pedofilia por exemplo.

AS DUAS LEIS FUNDAMENTAIS


1) Não matarás
2) Não praticarás o incesto

Por isso a perversão é uma recusa a essa lei, por isso é tão abominável, não é uma lei que não se
sabe, se sabe, ela é fundante da sociedade. Abolir essa lei, recusar essa lei, é abominável, é uma
afronta à civilização. É o retorno ao lugar da barbárie. Não é uma questão de mais ou menos custo,
mas dessa economia do primário, do retorno à recusa da castração. Eu sei, mas mesmo assim.
- A sexualidade na infância é parcial, são pedaços, são pulsões parciais, que vão se juntar, se
agregar, numa genitalidade. Vão ser orientadas, direcionadas.

17/09/2020
Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise: A VIDA SEXUAL DOS SERES HUMANOS |
Vol. 16 Conferência XX p. 43-55 (Continuação a partir da p. 49 “Em todo caso...)

- Sexualidade ideia muito mais ampla que o sexual que a ideia reprodutora.
- Na medida que deixa de ter uma finalidade única ela se perverte – Freud percebe isso no
autoerotismo. A pulsão se desvia do instinto e a sexualidade não é única e exclusivamente com fins
reprodutivos. Ao chupar o dedo a criança não precisa mais do alimento. A relação com o seio que
era, num primeiro momento de nutrição e erotização, deixa de ter essa função, ao chupar o dedo,
autoeroticamente, ele satisfaz a pulsão. A sexualidade já não está mais localizada no apoio inicial,
no leite, para se deslocar para outro lugar, erotização da boca, essa zona oral se torna sexual e
prazerosa, assim ele vai trilhar todo o caminho para dizer que a sexualidade não se restringe à
função da reprodução. Vai a firmar a sexualidade infantil e o perverso polimorfo. A sexualidade é
pré-genital, as pulsões parciais vão se satisfazer parcialmente, e vão se organizar na função genital
mais adiante, mas isso não significa que não existe sexualidade antes.
- Discurso da pulsão – o sexual é essa pulsão sexual que busca satisfação e vai se satisfazer
parcialmente até poder atingir uma satisfação quase plena, nunca vai ser plena. Essa força da pulsão
que insiste na satisfação.
- Diferente do discurso do desejo.

- A fim de estabelecer um ato civilizatório foi necessário estabelecer uma proibição e uma
“asexualidade”, com contribuição da ciência. Aqui ele faz um ataque à ciência, que ela contribui por
essa espécie de trato das crianças como assexuais. A ciência contribui porque a sociedade precisa
conter algo que será um problema para ela.

- Para dar conta da frustração, eu tenho que dar conta disso: não matarás e não ao incesto, aquele
que recebe essa lei e aceita a lei, vai ter uma economia que ele vai ter que dar um destino para esse
acúmulo pulsional.

-Freud – Totem e Tabu: eles matam o pai e devoram o pai, quando devoram o pai incorporam os
valores e ao mesmo tempo estabelecem uma lei, que possibilidade a fundação de uma civilização.

INEGOCIÁVEIS DA PSICANÁLISE:
Sexualidade /Pulsão
Inconsciente é o sexual (a partir dessa pulsionalidade sexual que se forma o inconsciente) O
Inconsciente se dá a partir do Recalque, o que marca o lugar das instâncias. Pulsionalidade que
demanda satisfação, que é recalcada na medida em que essa satisfação é impossível. O psiquismo é
regido pelo Inconsciente.
Essa é a marca de diferença, ele vai tentar a todo momento: o Inconsciente existe, a sexualidade é
assim. O Eu não é senhor do seu castelo. O Eu achava que sabia de tudo. Isso que você acha que
você sabe você não sabe.
O Inconsciente é regente disso que surgiu a partir da ideia da pulsão sexual, do que é fabricado com
ela e exige uma satisfação. O eu trabalha com a questão da exigência interna e externa, o recalque (é
interno, inconsciente) vem com a ajuda da resistência, na medida que aquilo que a pulsão exige
causará ao eu desprazer, exigirá algo muito insuportável para o eu e este não tem como responder.
A resistência a isso se estabelece para que aquilo que a pulsão exige fiquei inconsciente, se
recalque. Mas o conflito permanece, isso não some, vai retornar (o retorno do recalcado e o conflito
é o que o psiquismo faz com essas duas forças, qual a saída para o conflito, sintoma, sonho, lapso,
consciência desse conflito e como vai lidar com ele, várias possibilidades de sair à frente ao
conflito, esse jogo de forças, que de um lado existe satisfação e outro lado que não pode satisfazer,
conflito fica expresso no sintoma. A ideia do sexual essa que vocês estão se aproximando.

Querendo ir à praia, de repente cai uma barreira, fecham todas as estradas. Ai que pena, mas não
ficou resolvido, existe esse conflito, ele vai tentar ser resolvido de outra forma, ser satisfeito de
outra forma, vai comparar um colar, um curso, de alguma forma você tenta resolver. Eduardo.

Rodrigo: IMPORTANTE DISCRIMINAR: Satisfação da pulsão e satisfação do desejo. Pulsão


quer ser satisfeita de qualquer forma. Pulsão = fluxo de chegar na praia, vai encontrar um atalho
para chegar à praia, pode ser que ela tenha que voltar e ser recalcada, mas ela vai insistir, mesmo
que seja ir para o interior, essa é a pulsão. Um fluxo que foi interrompido por uma barreira.
Satisfação do desejo é voltar para casa e ficar fantasiando com a praia, faço uma caipirinha, chamo
os amigos, faço uma piscina. O sujeito é que deseja, não é o sujeito que tem pulsão, a pulsão é
anterior ao sujeito, este é uma construção, que leva em conta o fantasma, a fantasia, não existe
fantasia antes do sujeito, só depois dele. O sujeito se estabelece a partir da linguagem e a linguagem
é o desejo. A fantasia é a via de realização do desejo, se eu não satisfaço minha necessidade ou meu
desejo, posso fantasiá-lo e satisfazê-lo via fantasia. Comprar as jóias é uma satisfação da pulsão,
deslocada, sintomática.
- Não é porque você castra a satisfação de um desejo que a pulsão é castrada.
- Não existe pulsão sem representação, ela precisa de uma representação para poder se fazer
exisitente.

- O desejo é um pensamento, é uma ideia. É um discurso, é uma linguagem. A pulsão é uma


força, que tem uma meta, tem uma fonte que procura um objeto.

- Nesse exemplo do Eduardo, o sujeito pode ir à praia mesmo não indo. Pode ser que resolva o
conflito, na medida que a fantasia é uma forma de realização de um desejo. Prioritariamente a
FANTASIA é um lugar da realização, por isso é um elemento fundamental na neurose e diferencia
a neurose das outras estruturas, na perversão a fantasia não dá conta. Neurose obsessiva a fantasia
deixa de ser um lugar de realização para ser o lugar do próprio ataque, vira o lugar do próprio
conflito, de expressão do conflito, mas como ela não dá conta, então o sintoma se ocupa.

Enviado por aluna: https://sites.google.com/view/portfolioestudospsicanaliticos/p%C3%A1gina-


inicial/biblioteca-digital?authuser=0

- O lugar do desejo, ele busca uma realização, pede uma realização, é o que move as realizações, é
expressão da economia da Libido. Certamente não vou realizar todos meus desejos. A não
realização do desejo, pressupõe suportar a falta, a castração, se o que se impera é “Eu vou querer
realizar todos meus desejos” isso traz uma patologia, uma neurose. Suportar a castração significa
não realizar todos os desejos, temos infindáveis desejos, mas não podemos realizar todos eles,
suportar a frustração, que virá necessariamente, de alguma forma, essa é a relação com a castração.
DIFERENTE de não satisfazer a pulsão. É diferente, mas é próximo, não satisfazer a pulsão
significa também lidar com a frustração e a castração. A diferença é que o desejo depende do sujeito
e a pulsão independe dele.

O sujeito é constituído, não nasce sujeito, vai se constituindo a partir do contato com esses
elementos. O outro, o mundo interior, exterior, até que se constitui e se mantém pelo desejo de
continuar, desejo é pulsão, tradução da pulsão.
- O desejo é colocar a pulsão numa representação – É o que traduz a pulsão numa representação,
porque é uma linguagem é uma linguagem do sujeito.
- Por isso que desejo e vontade são coisas diferentes. A fidelidade é da ordem da vontade, não do
desejo. A vontade é da ordem da escolha, o desejo você não escolhe, você deseja, diferente do que
quero, do que posso a vontade é da ordem da consciente, o desejo não. A vontade já está na casa da
cultura, o desejo é anterior (Flávio). Mas por mais que você esteja não cultura você não fica sem
desejo, mas não vai ser satisfeito sempre. A educação é a domesticação do desejo. A pulsão vai ser
domesticada porque ela insiste em ser satisfeita. A despeito da vontade do sujeito que o sonho se
apresenta. O sonho não tem vontade, tem realização de desejo, o desejo se apresenta no sonho. Vou
sonhar com o que o meu psiquismo fabricar. O conflito se dá aí. O desejo vai se realizar na medida
do relaxamento da censura. Acho que quando pensamos nessa diferença entendemos mais o desejo,
a força inconsciente dele. O DESEJO se expressa às vezes conscientemente e MUITAS vezes
inconscientemente – provoca um sonho, um sintoma, ou no mundo relacional, só depois que a coisa
acontece (algo que acontece independentemente do que eu entendo). As crianças apresentam o
desejo em sua forma bruta “as crianças não tem censura”. Não tem julgamento, o julgamento
também é da ordem da consciência e do que vai discriminando entre o que pode e não pode. Essa
domesticação estabelece a civilização, mas não elimina a força da pulsão, do desejo, ela continua lá
e se expressa de muitas formas. Por isso que os sonhos são realizações de desejos.

p. 53 – Aqui ele faz uma fusão do sexual infantil e do pervertido. Um pervertido infantil significa
parciais: zona oral e anal. O prazer do defecar, de sugar, como zonas erógenas importantes e de
prazer e não só de necessidade. A necessidade de sugar o leite, de fazer o coco, está colocada, mas
tem um prazer em fazer isso – que permanece na mudaça do objetivo, que não está nos genitais,
mas em outras zonas erógenas – A SEXUALIDADE está desde o início e é maior e mais
complexa do que a ideia de sexualidade reprodutiva.
ENGANO: que isso é característica só dos perversos
ENGANO 2: isso não está nas crianças.
Essa força do sexual existe, a patologia se dá de outra forma.

- As crianças, a sexualidade também está presente nas crianças no momento que estas começam a
querer saber de onde vem os bebês. Na constatação das diferenças sexuais, também se apresenta na
curiosidade e na criação de teorias. Por mais que os pais possam contar histórias sobre isso, as
crianças vão duvidar dessa historinha, elas vão duvidar, porque a sexualidade é um mistério, e
sempre será de alguma forma. A criança não tem recursos para entender o que foi falado e mesmo
assim ela recusa uma parte, porque ela não quer saber também. Então ela cria terorias sobre aquilo
que ela não tem como entender, aí se monta o lugar da fantasia, que é fundamental na constituição
do sujeito, sobre a origem dos bebês, dela mesma, o que vai ser fundamental para lidar com a
frustração. Aceitar que são filhos desses pais é aceitar a sexualidade desses pais, a SEXUALIDADE
é UM DRAMA< UM ENIGMA< UM MISTÉRIO que vai ser montar para que a subjetividade da
criança vá se constituindo a partir da castração. Por isso muito importante as histórias que as
crianças criam. Complexidade da diversidade. Como ela lida com o que sabe e não sabe, com o que
sabe e não quer saber. Frente a ANGÚSTIA se cria teorias, que os pais não vão dar conta, não vão
conseguir demovê-los dessas teorias, por mais que eles expliquem.... “O sentimento de que a
verdade está sendo falseada pelos adultos contribui em muito para fazer com que as crianças
se sintam sós e desenvolvam sua independência”.

- Autoerotismo, prazer com o próprio corpo a não necessidade do outro para que isso se dê.

- Filhos Eduardo. 3 anos. Eles vão fazer essas perguntas, você vai responder como você pode. Por
mais que você responda bem, eles vão desconfiar, essa curiosidade é o que inaugura a sexualidade.
Agora começam a entrar na linguagem, no discurso. Toda criança de 3 anos nós comprovamos a
tese do Freud. Eles vão precisar se contentar com alguma coisa. Vou ter que privilegiar uma coisa.
Meu corpo e o amor dos meus pais. O medo da castração é o medo de perder o pênis, mas também
de perder os pais, ok, então eu me sujeito a domesticar as minhas pulsões, não vou satisfazer a
minha pulsão mais primitiva que é morder a minha mãe, comer a minha mãe, vou conter e
domesticar essa VORACIDADE, porque eu troco isso pelo amor de meu pai, que diz: isso aqui não,
essa é minha, suporto isso não sem dor, porque isso que a ANGÚSTIA DA CASTRAÇÃO
PERMANECE. Não tem como voltar a um lugar anterior, e vou deslocar para outra satisfação. O
que é a sexualidade? O que é o corpo do outro? Esse é o complexo. Essa relação vai constituindo o
que ele chamou de uma independência. Aí inaugura nesse momento, que daí pra frente as
frustrações vão se dando de outra forma. Recurso mínimo que a criança tem para suportar a dor da
castração – não se satisfazer imediatamente. Até outro dia ele pedia, você respondia, ele estava
satisfeito. Qualquer pergunta ele era satisfeito. Daí pra frente algumas coisas não vão ser satisfeitas,
por exemplo uma pergunta dessas.

A chegada do irmãozinho é a comprovação de que o mundo não é só dele. Vai dividir (já é uma
elaboração, a princípio é perder) o amor, o mundo, os pais. Por isso o ataque ao irmão mais novo é
cruel.

24/09/2020 Cap. 5 – PULSÕES E REPRESENTAÇÃO - Garcia Roza – p. 112

. Freud vai dizer que a Metapsicologia é uma psicologia para Além da Psicologia. Conjunto de
modelos conceituais que constituem a teoria da psicanálise.
Como o inconsciente é algo que não tem como se comprovar, é algo abstrato, é perceptível, mas não
comprovável.
Meta: algo que é projetado para fora, para o mundo e estabelece construções com o mundo. O
Inconsciente vai ser projetado no mundo e vai ser reconhecido como essa projeção que se apresenta,
mas não é um fenômeno natural como a ciência pura.
Filosofia (penso, logo existo).
Apesar de ser abstrato tem um conjunto de modelos conceituais (Tópico, Econômico e Dinâmico)

p. 114:
A metapsicologia pretende, portanto, apresentar uma descrição minuciosa de qualquer processo psíquico quando enfocado sob
os pontos de vista de sua localização em instâncias (ponto de vista tópico), da distribuição dos investimentos (ponto de vista
econômico) e do conflito das forças pulsionais (ponto de vista dinâmico).

Os investimentos são Libidinais.


Teoria das Pulsões nossa Mitologia – Construto teórico não empírico. Não é porque não é empírico
que não tem sua validade. É uma CRENÇA – que se dão fenômenos.
Psicanálise parte de uma observação, mas ela é uma construção. Diferente de bater no joelho e a
perna subir. Criar uma teoria frente àquilo que você está dizendo que acontece – diferente daquilo
que é observado. Ele vai fazendo um discurso para transmitir aos ouvintes, aquilo que eles duvidam,
toda a forma como ele vai transmitindo é, por exemplo: “sonhar, todo mundo sonha” – Aparelho
que transforma o que é inconsciente em consciente, por isso a teoria das pulsões é mitológica, ela é
uma construção, é abstrata. Não tem um lugar definido, você não encontra isso num lugar do corpo,
ela é uma MITOLOGIA – a pulsão nunca se dá por si mesma nem a nível consciente nem
inconsciente, ela só é reconhecida pelos seus REPRESENTANTES, a IDEIA e o AFETO (por isso
o capítulo chama pulsões e representação). A gente nunca acessa, mas concebemos que ela é a força
que insiste em satisfação.

- A pulsão desvia do instinto.


- O instinto possui um objeto específico (a reprodução) e a pulsão não tem um objeto pré-formado
nem definido – para satisfazer a pulsão muitos objetos podem satisfazê-la.

p. 16:
pulsão. No artigo O inconsciente, Freud afirma que uma pulsão nunca pode tornar-se objeto da consciência e que mesmo no
inconsciente ela é sempre representada por uma ideia (Vorstellung) ou por um afeto (Affekt). Portanto, uma coisa é a pulsão,
outra coisa é o representante psíquico da pulsão (Psychischerepräsentanz), e outra coisa ainda é a pulsão enquanto
representante de algo físico.

- A pulsão é um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático. É necessária uma


representação dessa fronteira para que se estabeleça um lugar de reconhecimento.
REPRESENTANTE no psiquismo. Uma coisa é a PULSÃO outra coisa é o REPRESENTANTE
PSÍQUICO DA PULSÃO (estou com fome). PULSÃO COMO REPRESENTANTE DE ALGO
FÍSICO (o choro da fome no bebê).

A Pulsão tem: Fonte | Pressão | Objeto |Objetivo


- Fonte e pressão nunca se modificam (pressão que faz sentir a dor, hoje sei que estou com fome.
Estou com fome, mas estou dando aula, vou comer daqui 1h30 – o destino que dou – essa é uma
narrativa. Mesmo dando esse lugar não vou fazer com que esse desprazer suma. No bebê ele não
tem essa representação. Essa pressão só faz com que produza uma resposta somática, física, que
produz uma resposta no outro para que esse outro satisfaça esse mal-estar, esse desconforto. O que
acontece no bebê é que essa representação não existe – não adianta falar para ele daqui à pouco, ele
vai continuar chorando, só vai adiantar com o leite. Por isso A CONQUISTA DA LINGUAGEM é
muito importante, que vai dar a condição de aguentar essa angústia de uma satisfação não imediata.
- Você pode ter uma representação de algo físico sem necessariamente estar elaborada. Isto é dor.
Dor do que? Não sei, é dor.
- Uma crise de angústia, um pânico é uma representação de algo físico da pulsão – não tem um
elemento que dê algum, uma outra representação, uma nomeação, um objeto, é um pânico, é só
físico.

REPRESENTAÇÃO: o que se sabe da pulsão é pela representação.


O conteúdo inconsciente é a REPRESNTAÇÃO IDEATIVA. Ele se constitui a partir das
representações de ideias que são registro da pulsão. A ideia é como se constitui o pensamento. Para
você deixar de ser algo físico, para passar a ser psíquico isso precisa de um DISCURSO,
PALAVRA. Representação palavra o SIGNIFICANTE é o que leva à ideia.
- Quando falo ANSIEDADE, você faz uma ideia do que é ansiedade, você tem uma representação
da ansiedade, mas ela parte de um lugar orgânico. Para ter uma representação disso, você precisa ter
um nome. “IDEIA DAQUILO” – a palavra ansiedade remete à uma ideia, e é isso que é recalcado,
não o afeto, ele fica solto.
- Quando é o RETORNO DO RECALCADO é essa ideia com um afeto que está solto. E se monta
outra representação. Você só pode sonhar com representação. Não existe, o Inconsciente só se
forma com as REPRESENTAÇÕES
p. 118:
“Uma pulsão nos aparecerá como sendo um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como o representante
psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente (...).”

- Como se dá a pulsão, qual é o CIRCUITO que podemos estabelecer como PULSIONAL (Pulsão e
seus destinos – para onde ela vai). Importante para entender a TEORIA DAS PULSÕES (Fonte,
pressão, objetivo e objeto).
FONTE: processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo, cuja representação e
representada na vida mental pela pulsão.
- Os ÓRGÃOS vão estar sempre sendo estimulados de alguma forma.
A ambiguidade de que se reveste esse primeiro emprego da noção de fonte da pulsão (Triebquelle) está em que Freud mistura
sob a mesma rubrica fontes internas e fontes externas (“ indiretas” ), o que coloca em questão a afirmação de que a pulsão se
origina sempre de uma fonte endógena. Um segundo emprego do termo “ fonte” é o que está contido em As pulsões e seus
destinos. Aqui, Freud declara que as pulsões são inteiramente determinadas por sua origem numa fonte somática (ESB, v.
XIV, p. 144), entendendo-se por “fonte somática” ou “ fonte orgânica” tanto o órgão de onde provém a excitação como o
processo físico-químico que constitui essa excitação. De qualquer maneira, Freud afirma que o “estudo das fontes das pulsões
está fora do âmbito da psicologia” (op. cit., p. 143). Esta última frase poderia nos levar a uma retirada do interesse pela
questão da fonte da pulsão. No entanto, pelo que já foi visto anteriormente com relação ao conceito de apoio (Anlehnung),
devemos insistir mais sobre o tema.

A Fonte pode virar uma doença orgânica? (Aluna)


A PULSÃO para ser satisfeita vai precisar de um objeto e esse desejo não satisfeito é que vai se
transformar na patologia.

p. 120:
instintiva, não é redutível a ela. Essa segunda satisfação é de natureza sexual. É, portanto, um desvio em relação à função, o
que constitui a pulsão.

- Ao chupar o dedo a função está sendo satisfeita, ele não tem necessidade de chupar o dedo para
saciar a fome, mas a função vai ser satisfeita, ele vai ter prazer ao chupar o dedo.
- Ainda que a FONTE seja o instinto, a pulsão se desvia disso, ela se desnaturaliza. O que seria o
natural? Uma coisa vai dar na outra. A ideia do instintivo. A pulsão fala de algo que se
desnaturaliza, ganha um outro lugar.
O apoio não é uma continuidade, é a partir do apoio que se dá a descontinuidade. Para o bebê
chupar o dedo ele precisou do apoio da necessidade nutricional, mas precisou sair a partir daí para ir
para outro lugar. Se não sai leite do dedo tudo bem, não tem problema, eu não preciso daquele
alimento para suportar o tempo sem o alimento. A satisfação se dá nessa parcialidade.

A PRESSÃO (a própria atividade da pulsão, é seu fator dinâmico) é o próprio sugar o dedo, o
movimento, mas o próprio dinamismo do sugar, a dinâmica do sugar, se ele não chupa ele não faz
nenhum movimento de satisfação, a pulsão está ali, mas ela insiste, faz uma pressão para que o
sujeito faça alguma coisa para eliminar a pressão, não adianta só ter o desconforto, a excitação, esta
vem junto com uma pressão que exige que algo se faça, uma atividade. Antes disso a pressão
precisava de uma satisfação que vinha de fora – quando bebê está com fome ele não para de chorar,
é ininterrupto, é de muita intensidade. É uma medida de exigência de trabalho, ela exige trabalho
para o psiquismo. Eu preciso fazer algo para diminuir essa excitação, não é pouco, é muito,
ativamente. A chupeta acalma, não porque tem mágica ou química, é porque aquilo satisfaz a
excitação e a perturbação, o bebê vai lá chupar, sugar, e fazer todo esse movimento.

OBJETIVO o importante aqui é a noção do que é o objetivo da pulsão: a SATISFAÇÃO –


REDUÇÃO DE TENSÃO provocada pela Pressão. Obtida pela descarga de energia acumulada
regulada pelo princípio da constância: que as coisas fiquem no nirvana, que elas não saiam desse
estado. Quando sai do estado de constância é porque alguma coisa perturbou o estado de constância,
portanto esta PULSÃO pede uma SATISFAÇÃO para voltar ao estado de constância. Economia
pulsional. Energia que acumulada impede uma descarga, para se voltar a um estado de nirvana.
Quando o bebê está dormindo por muitas horas e num momento ele acorda e chora porque algo
perturbou o estado de constância, que faz com que aquela membrana se rompa, tem uma energia
acumulada aí que precisa ser satisfeita. Ao se satisfazer volta ao estado de constância, até o estado
da mamada, esse é o princípio que vai reger o FUNCIONAMENTO PULSIONAL.
- Ex do Eduardo: carros que vão para o litoral: qual a energia acumulada, toda a energia que aposta
para que se chegue ao destino final, um fluxo que vai numa constância, de repente aquilo é
interrompido, aquela energia é interrompida e contida e pede uma satisfação, frente a
impossibilidade de seguir o curso o sujeito buzina, buzina, buzina, como se isso tivesse alguma
possibilidade de mudar a situação, não vai mudar a situação, mas aquela energia contida se expressa
no ato de buzinar – uma descarga na buzina. E não uma realização de um desejo de chegar na praia.
É toda uma energia contida que vai para a buzina, se fosse só o desejo de chegar à praia, outras
soluções podem ser pensadas, como a fantasia de estar na praia, mesmo estando parado no carro, ou
vou pegar outra estrada e vou para o interior ao invés de ir para a praia pois o desejo é de descansar
no feriado e não de chegar à praia necessariamente. A Pressão faz com que o sujeito buzine, para
aliviar a carga.

Pulsão de autoconservação: necessário que eu elimine a fome


Pulsão sexual: algo menos específico orientado pelas fantasias.
- Mas depois ele vai acabar com essas diferenças, vai entender a partir do autoerotismo que a pulsão
sexual se volta para o eu e ele vai chamar de Libido do eu.

OBJETO (primeiro sentido). A pulsão só pode ser satisfeita se encontrar um OBJETO que é o que
há de mais variável. Pode ser a buzina, dar soco no painel, pode sair andando e dar volta no carro. O
objeto inaugural seria um único objeto, o genital, quando ele se afasta dessa ideia, pois entende as
pulsões parciais, os objetos podem ser variáveis, assim como pode ser a fantasia, esta também é um
objeto. Quer dizer, nem real ele precisa ser, para satisfazer. Você pode continuar só imaginando-se
chegar na praia.
SATIFAÇÃO é eliminar a pressão e não necessariamente a realização do desejo. QUERO
ELIMINAR O DESPRAZER (princípio do prazer é abandonado, o masoquismo para ele é a
PULSÃO DE MORTE, tem prazer no desprazer) – O PSIQUISMO NÃO FUNCIONA SÓ NA
BASE DO PRAZER, pode funcionar na base do desprazer também. Importante que a satisfação se
dê com a descarga, eliminação da tensão (que gera excitação, que gera uma série de coisas). No
caso do masoquismo a pulsão se satisfaz com a dor.
A Pulsão é ativa na medida em que EXIGE uma satisfação, tem uma pressão. Mas essa satisfação
pode ser passiva (quando o sujeito se coloca no lugar objeto).
- A pulsão sempre carrega esses dois lugares: Passivo-Ativo, vida-morte, bom-mau. OBJETO DA
PULSÃO
. Segundo sentido de OBJETO (segundo sentido): MODO DE RELAÇÃO QUE SE DÁ COM.
Lugar econômico do objeto. Se dá entre aquele que propus, pulsão que sai do eu, para procurar um
objeto de satisfação, cuja satisfação se dará no ato econômico. Modo de relação objetal
(incorporação). É necessário a incorporação em determinado momento do desenvolvimento infantil,
é assim que o objeto (mãe) é incorporado. A IDENTIFICAÇÃO, A TRANSFERÊNCIA, A
PAIXÃO também são exemplos de relações objetais. O AMOR também é uma forma de relação
objetal. Formas ciumentas, mesquinhas, é uma forma de relação objetal, como o sujeito se
relaciona com os objetos, muito mais do que cada objeto, que sentido tem como objeto.

OBJETO (terceiro sentido). Poder afirmar o que é subjetivo, como uma realidade, tal qual a
objetiva. O objeto só tem sentido por ser um elemento do inconsciente. Subjetividade é tão real
quanto a realidade. Não é uma realidade menor. P. 123: “Objeto” para Freud não é aquilo que se oferece em
face da consciência, mas algo que só tem sentido enquanto relacionado à pulsão e ao inconsciente. Rompe com a
polaridade Sujeito-Objeto. A perspectiva psicanalítica é uma ruptura da perspectiva Sujeito-Objeto.
Trabalha com o CONFLITO, não com a INTEGRAÇÃO. O conflito que rege, essa integração não
vai se dar nunca pois a pulsão vai estar sempre exigindo satisfação. Rompimento com um dos
pilares da ciência, que é a integração, a consciência. “No minuto seguinte vai ser posta à prova” – a
consciência, o conflito é o motor, pois tem algo recalcado sempre. Por mais que satisfação tudo que
naquele momento precisa ser satisfeito, no momento seguinte se estabelece outra perturbação. Esta
é a lógica do determinismo Inconsciente. Sempre insatisfatório, pois a pulsão não para, não cessa.

01/10/2020 Cap. 5 – PULSÕES E REPRESENTAÇÃO - Garcia Roza – p. 112

- Não adianta fantasias a comida, você não satisfaz a fome com a fantasia de comida, agora, você
pode fantasiar uma série de questões sexuais e se satisfazer com isso.
- Toda teoria pautada a partir de um conflito, baseada num dualismo.
- Pulsão, elemento fundamental no dinamismo psíquico.
Com a emergência do conceito de pulsão, Freud passa a dispor de um suporte dinâmico para sua
concepção do conflito psíquico. Mas, como o sistema Ics “ é incapaz de fazer qualquer coisa que
não seja desejar” (Freud, ESB, vs. IV-V, p. 639), como nele não há lugar para o “ não” , o conflito
pulsional deve fazer-se entre pulsões pertencentes a diferentes sistemas, daí a oposição entre
pulsões sexuais e pulsões do ego (G-R, p. 125)

- Para entender a autoconservação pensa uma mudança importante a partir do narcisismo, qual a
sacada aí: a energia ela tem uma única fonte e o ego vira objeto, assim como os objetos externos são
objetos, o ego vira o bjeto, essa energia que busca, que vai em direção aos objetos externos ela é
dirigida ao ego, esse é o amor próprio, o ego vira o objeto de investimento: Libido do Ego e Libido
objetal, que é a mesma energia que ora vai para fora procurar os objetos, ora vem para dentro e
toma o ego como objeto de amor. Aí acaba com a oposição pulsões do ego e sexuais, pois ele
entende que pulsão é sempre sexual. Quando o ego precisa de um investimento para se cuidar, toda
a energia voltada para fora se volta para si mesmo (por exemplo quando se está doente, quando se
tem uma dor de dente, o ego vira o dente, e todo o investimento é para que essa dor suma, não tem
como investir energia fora de si porque toda ela está para si, para o dente, como no luto por
exemplo, essa também é a dinâmica a economia que se dá no luto, se retira o investimento para fora
para que se volte para dentro, para poder elaborar, processar e daí para que se volte a energia para
fora.

Pulsão da consciente, do eu, não se sustenta, pois não existe pulsão que não seja sexual, do
inconsciente. A LIBIDO É A ENERGIA DA PULSÃO. O objetivo da pulsão continua valendo, o
que vai mudar é o objeto.

Eduardo: energia sexual é uma energia de soma zero. Você se dedica ao trabalho, você perde
alguém querido, você começa a trabalhar mal, ou dor de dente, você dedica toda a energia sexual ao
seu dente, ao seu luto, parece que a energia é uma só e se desloca para as coisas que acontecem com
você no momento.

A definição última da pulsão de morte é um retorno ao inorgânico. O retorno a nenhuma


perturbação, ao fim da perturbação. Pulsão de vida, como objetivo é levar tudo à morte. O caminho
mais orgânico da vida, fazer com que a morte chegue quando tiver que chegar, a vida faz com que a
morte seja adiada a todo momento. Todo movimento de vida é uma tendência de retorno ao zero e a
impossibilidade de chegar ao zero, quando você dorme você quase chega ao zero, mas você acorda.
A pulsão não para, é uma fábrica, um motor que não para só para quando a fábrica para. A pessoa
pode estar em coma, mas a pulsão continua lá, continua produzindo energia. A questão é que esse
zero nunca é atingido em vida, ainda que o desejo seja um retorno a esse lugar, que não tem
perturbação nenhuma, porque a vida tem perturbação.
Conflito – de um lugar que deseja retornar a isso e outro que diz: não, não vai retornar.
E poderia então se CONECTAR? (E)
O afeto sempre vai precisar de uma representação ideativa para poder se expressar.
A pulsão, para se satisfazer, precisa ter um destino.
FONTE=SEXUAL
PRESSÃO= POR SATISFAÇÃO
O PRINCÍPIO do PRAZER é um processo primário / a energia psíquica se escoa livremente
para a descarga da maneira mais rápida e direta possível.
O PRINCÍPIO da RELIDADE é um processo secundário, exige que o sujeito faça algumas
renúncias para ter uma satisfação futura / a energia não é livre, mas “ligada”, sendo o seu
escoamento impedido ou retardado por exigência da autopreservação do ego.

Qual é a realidade que se opõe ao princípio do prazer? Existem forças que são contrárias ao
princípio do prazer, mas não são forças, necessariamente do princípio da realidade. Porque isso
acontece e a que servem essas forças. Isso que Freud vai trabalho a ideia do jogo de forças e desse
conflito. De novo ele vai falar: qual é esse conflito, porque o princípio do prazer ele não pode ser
soberano, embora a partir do ponto de vista do determinismo do inconsciente ele é soberana.

- Não é só jogar e buscar, é falar Fort-Da, essa é a entrada no discurso. Entrada no processo
secundário, aqui que ele se dá, estabelece àquela pulsão um lugar de tolerância, de renúncia, com
a linguagem, sem a linguagem seria insuportável. Domínio simbólico através do distanciamento
operado pela linguagem. Para suportar o desprazer da mãe sair.

“A repetição por parte da criança de uma experiência desagradável faz-se, em última análise, em obediência ao
princípio de prazer, pois é exatamente para superar e dominar o desprazer que ela transporta para o plano
simbólico a saída e a volta da mãe”.

A repetição diz do desprazer, a passagem para o simbólico diz da possibilidade de suportar o


desprazer.

A pulsão de morte é conservadora, tende a fazer com que tudo volte a um estado anorgânico. Como
entender que uma pulsão, que se pretendia motora e vital se mostre conservadora.

Por isso entendemos que é nos estados patológicos que é onde está a pulsão de morte. Onde se
manifesta essa destrutividade em vida. Por isso a patologia. A pulsão de vida tem que se sobrepor a
pulsão de morte para que cumpra sua função de levar até a morte, naturalmente.

A pulsão de morte também é inconsciente, também é recalcada, porque ela pode ser muito
perturbadora. O recalcamento não é extinto porque a pulsão de morte existe. É que tem um conceito
teórico que é um “tendência”, mas ela se mostra desfusionada da pulsão de morte, quando a morte
fica separada da vida ela se torna muito perigosa, é quando a pulsão de morte age radicalmente
contra o eu e se torna destrutiva.

O masoquismo (o prazer no desprazer) é um conceito fundamental para ele entender a


COMPULSÃO A REPETIÇÃO e a PULSÃO DE MORTE.

Não é o princípio da realidade que vai regular o princípio do prazer, é sim a PULSÃO DE VIDA e a
PULSÃO DE MORTE.

Na melancolia o EU é o objeto do sadismo. O EU está identificado com o objeto morto e o ódio ao


objeto é o ódio ao eu e por isso na melancolia a vida não faz o menor sentido. Melancólico grave
tem certeza de que nada vai convencê-lo de que a vida vale a pena, ele está convencido de que vai
morrer. Por isso que o melancólico é tão autorecriminativo, tão autodestrutivo, nada vale a pena. Aí
a força da pulsão de morte é o imperativo, uma parte do trabalho é justamente criar uma força
contrária ao mortífero, estabelecer todo um trabalho de defesa da pulsão de vida, de resistir ao
mortífero que o melancólico transmite.

08/10/2020 – Conferência XXI: O DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO E AS ORGANIZAÇÕES


SEXUAIS – V. 16, p. 55
- Na medida que o objeto pode ser modificado e não está mais relacionado ao genital, a sexualidade
está... é uma sexualidade ampliada e não restrita à reprodução. É a perversão que vai mostrar que
existe satisfação, prazer e desprazer, com vários objetos, isso é o sexual. E que a dificuldade de
entender isso não é uma dificuldade intelectual, é a partir do próprio recalque de cada um e da ideia
que cada um faz da sexualidade e da perversão em sua neurose. A sexualidade ela é perversa porque
ela não depende única e exclusivamente de um único objeto a diferença entre a Perversão e a
Neurose está no objeto (na perversão é único, não genital, mas único), na neurose cabe a fantasia e
a fantasia incorpora, engloba o que seria o dito perverso.
- Esse plano da sexualidade perversa, ele compõe a sexualidade humana, a satisfação disso, o
encontro com esse objeto é que é a questão, se esse encontro não se dá de uma forma real, ele se
encontra no plano da fantasia, para satisfazer a pulsão, a exigência da função. A fantasia é o plano
de satisfação da pulsão para o Neurótico, sem ela ele fica muito empobrecido ou acaba não tendo
essa plasticidade necessária para satisfazer as exigências da pulsão. Por isso a fantasia as vezes tem
um caráter mal colocado, mas ela é um elemento fundamental para o neurótico, sejam elas privadas,
sejam públicas.

p. 56: aqui ele está trazendo uma diferenciação importante: entre genital e não genital (a noção mais
ampliada de objeto) e uma muito maior, entre psíquico (mente, não são sinônimos, o psíquico é o
aparelho: tópico, dinâmico e econômico a mente é maior que psíquico, lugar dos neurônios do
orgânico, do funcionamento mental) e consciência. Mente tem uma ideia muito mais difundida de
algo racional. Mente é um órgão, cérebro, mente.

Se você falar sexualidade, 90% das pessoas, popularmente, as pessoas vão pensar em genitalidade, é
a psicanálise, é o Freud que vai entender a sexualidade de uma forma muito mais ampla, com esse
funcionamento todo libidinal. A partir de todos esses conceitos: perversão/sexualidade infantil, são
demonstrações para que entendamos a sexualidade como uma questão mais ampla para além da
reprodução.
O Inconsciente é do sexual, porque o Inconsciente é criado, é fundando, inaugurado a partir do
sexual pulsional, porque tudo o que funda o inconsciente a partir do recalcamento vem dessa
exigência pulsional.
Força, exigência, perturbador, inovador, o que provoca no sujeito, o mistério que sempre se coloca,
a relação com o infantil, com as crianças, o que estamos vendo é muito grande, essa é a revolução
psicanalítica, quando ele afirma isso ele faz uma cambalhota, é isso e todo o recalque a relação que
se estabelece com o sexual, produz as neuroses, as patologias, a relação que se estabelece com esse
sexual, com essa força motora do desejo, é disso que se trata. Por isso que a psicanálise nesse
sentido é revolucionária. Isso que vocês nomeiam como assexuado (as crianças, dizendo que a
sexualidade só chegaria na adolescência) isso é a resistência ao perverso de cada um, a civilização
se dá, porque lidar com a sexualidade da forma como ela exige ser lidada exige o caos, seria a
selvageria, o sujeito não pode satisfazer algo que a sexualidade impõe, precisa criar mecanismos
para destinos para a sexualidade se não, não tem sociedade. E qual a primeira imposição, a lei do
incesto.
O que Freud está dizendo é que sexualidade não é moral, e o que choca é a moralidade: atribuir uma
moralidade ao que é pulsão, isso é o que choca.
Pulsão sexual é, força de vida, um motor que não para. Quer ser satisfeito porque mais que você
diga agora não. E isso no infantil é muito mais fácil de percebermos. No infantil não tem adiamento,
é pra agora, é pra já.
A pulsão é fundida, a pulsão de vida e de morte se fundem e às vezes se desfunde de tal forma que a
de morte se torna maior que a de vida e a perturbação de vida é maior. O que é insuportável para o
suicida é a vida e é um ato pulsional forte (não tem destino, não tem possibilidade de elaboração, de
sublimação e o ato do suicídio interrompe o sofrimento a vida, esta é o sofrimento), ele é muito
agressivo para com quem fica. É primeiro destinada a ele e depois para o outro, como ele não tem
recursos para dar destino a esse pulsional, uma vence a outra, a pulsão de vida é insuportável ao
sujeito.
Suicídio súbito, diferente daquele que planeja ou tenta, tenta e tenta (este mais melancolia,
repetição).
- Pulsão de vida e de morte estão fundidas, não existe uma sem a outra, a pulsão de morte também
está agindo na pulsão de vida. O desfundimento, quando maior, pior, mais patológico. Em alguns
momentos se desfundem e uma impera sobre a outra (ex: na mania é muita excitação, não tem o
contraponto que segura o sujeito e na melancolia muitas vezes a pulsão de morte está desfundida da
de vida, daí onde só impera o mortífero).
- Uma certa desfusão é importante para se fundir novamente, a questão é quando se tem uma
separação muito e muito grande entre uma e outra.

- Na perversão se estabelece o império de uma das partes: ex: escopofólica ou agressividade sádica,
mas ambas são alimentadas por essa “promiscuidade”/ poliformia infantil (dedo, boca, mamilo, pé,
pênis, perna, orelha, tudo tem um erótico) – que vai se organizando para uma genitalidade. Por isso
a sexualidade adulta que tem um domínio da genitalidade se beneficia das parcialidades: do beijo,
da fantasia de ver e ser visto, os elementos de vestimenta – mas com fim último de ter o orgasmo,
prazer, genital.

- A pulsão é a perversão do instinto.


- A pulsão não precisa do objeto para se satisfazer. Os bichos são puro instinto, não é pulsão.
- O macaco, por exemplo, não escolhe objeto, ele vai lá, por uma força, satisfazer um instinto, ele
não escolhe: você é fêmea, eu quero, você é macho, eu não quero.

Freud, mesmo que fale da pulsão como um desvio, tem uma parte que ele acredita que é biológica,
do que é o normal. Outra parte vai entrar no âmbito das identificações e não mais da satisfação das
pulsões, mas onde se cria uma identificação com o objeto, algo que não acontece na vida animal (do
instinto, das hierarquias, de poder).

Freud vai dizer, o sujeito, o homem, na sua origem, ele é homossexual, ele é bissexual, a
sexualidade infantil não é divida entre um gênero e outro, de origem não tem homem ou mulher,
tem masculino e feminino, o fato dele falar isso contrapõe-se a ideia de afirmar que
homossexualidade é um desvio é uma forma preconceituosa de falar, pelo contrário ele vai construir
toda a teoria sobre a perversidade polimorfa (onde não tem um imperativo de um sobre o outro). A
relação não é binária desde o início.
Nesse sentido, a sexualidade animal é a sexualidade humana nos primórdios, que vai se
estabelecendo de outra forma com a entrada da cultura e da moral, é disso que se trata toda a
conversa que se tem na atualidade sobre a questão de gênero, por isso ela é tão importante, pois nos
primórdios isso não está estabelecido.

“Energia que é o motor das coisas” (pulsão). Garcia-Roza (pulsão e seus destinos). A Libido é a
energia sexual. E qual é a economia libidinal, para que objetos essa pulsão vai ganhar satisfação?
Um dos destinos da pulsão é a sublimação, o outro é o recalque.

PULSÃO: o motor a relação entre o orgânico e o psíquico (fonte/orgânica, pressão/força que exige
objetivo, para atingir o objetivo é necessário um objeto – sem uma dessas coisas ela não acontece)
LIBIDO: é a energia sexual
Sexualidade é o que engloba tudo isso

15/10/2020 – Continuação
p. 58: Ressaltando a diferença entre sexual e genital e que a sexualidade não se reduz ao sexuado. O
sexual é uma coisa e a sexualidade é outra e o sexuado outra. A sexualidade é o sexual recalcado.
Destino da sexualidade: sublimação, os investimentos, o próprio ato sexual.
Domado e recalcado significa: não vai ter satisfação imediata, mas a força daquilo continua
imprimindo uma satisfação. A sexualidade é esse campo grande que via abarcar todo o campo dos
investimentos da sexualidade.
O recalque se dá, o inconsciente se forma com o recalque, essa quantidade da pulsão que é domada,
que é recalcada e a partir daí todo o campo da sexualidade se coloca, por isso ele fala da
sexualidade infantil.
- Quando eles querem, eles querem, eles querem, isso é antes do recalque. A frustração vai
formando um lugar onde aquilo vai sendo recalcado.
- Pulsão sexual, que depois vai ser chamada de pulsão de vida, que antes era chamada de pulsão de
autoconservação, deixa de ser esta quando passa a ser um apoio para o autoerotismo, quando ele
desvincula o leite do prazer oral. A pulsão se desvia do instinto (este é adaptativo, genético, para a
sobrevivência), a pulsão se desvia do instinto no momento do autoerotismo (queria o leite e passa a
usar o dedo, a chupeta, para ter um prazer que substitui naquele momento uma necessidade, não é
mais uma necessidade, tem um prazer, na medida em que tem um prazer, isso caracteriza a
sexualidade infantil antes de ter uma característica reprodutiva).
- Um prazer porque tem uma satisfação, uma satisfação deslocada, mas não é só o desprazer, a
evitação do desprazer, na medida do desconforto da fome, neste desprazer, o alimento é o fim do
desprazer, quando ele desloca e passa a chupar o dedo e tem ali um prazer oral passa a estar
desvinculado da necessidade, passa a ser prazer, isso Freud vai chamar de sexualidade, que vai ser
parcial num primeiro momento para depois ir aos genitais (o prazer pode se dar pela parcialidade
mesmo que a finalidade seja a genitalidade, por isso junta sexualidade infantil com perversão, ele
vai dizer que as parcialidades fazem parte da sexualidade normal, completa).
Sexual domado = sexualidade. Ao ser domado estabelece uma multiplicidade de destinos (a pulsão
e seus destinos = o campo da sexualidade), de ações...

- A curiosidade, a investigação, a fantasia, isso já fala do sexual, isso é fruto do sexual infantil, não
é que depois elas vão ter uma sexualidade. Essa já é a sexualidade.
- Freud vai dizer que a entrada nessa idade é se deparar com a diferença, com essa estranheza,
primeiro com seu corpo, depois com o do outro, que não é a moral, necessária para o recalque, da
lei, do domar a força da pulsão, tudo isso é necessário porque marca o civilizatório, a entrada da
criança na cultura. A masturbação também é uma auto-investigação.
- Vai chegar um momento em que se estabelece também uma vergonha do próprio corpo. O corpo
começa a ser um corpo, da criança perceber que não é mais um corpo inocente, sem sexualidade.
Ela mesma percebe. Passa de um dia fazer xixi na frente de todo mundo para fazer atrás da árvore.
Ontem tudo bem, agora não mais, isso também marca um lugar do corpo sexuado, para a criança.
Todo um universo que Freud vai dizer, isso é o sexual, a sexualidade infantil.
- Período de latência, o sexual não vai embora, mas é deslocado para outras atividades e volta na
adolescência e volta com a mesma força que se apresentava numa pergunta contundente. Essa
curiosidade não é resolvida, ela continua para todo sempre de alguma forma.

- O período de latência é o período em que toda aquela força do sexual que se apresentava na
criança, com a fala, com a investigação, com todas as teorias, com as fantasias, a partir da castração,
momento que a criança precisa recolher o investimento, eu vou precisar fazer uma escolha, para eu
continuar com o amor dos meus pais e preservar o meu corpo preciso retirar toda a força pulsional
que exigia o outro para mim, a minha voracidade, minha força pulsional para ter o outro para mim.
Castração coloca uma lei, isso aqui você não vai poder ter. Esse investimento é deslocado, esse é o
recalcamento. Não significa que o recalcamento exclua a força pulsional, ela só é colocada em outro
lugar.
- Recalque/repressão, um mecanismo de censura. O que é reprimido é a forma pulsional que exige
satisfação imediata.
- O que é reprimido são as pulsões (suas representantes). O que é a representação da pulsão nessa
idade: O que tem na barriga da mamãe? De onde vem os bebês?
- Tudo aquilo que estava muito ativo até os cinco anos some (fica em latência), fica recalcado, e tem
seus efeitos: agressividade, ternura, amorosidade, até um determinado momento, que é a puberdade,
onde essa força retorna, com as dúvidas, com as perguntas, com o corpo, com o interesse no outro.
Essa é a latência.
- Quando se dá de uma forma exitosa, essa energia que é recalcada, ela é deslocada. A criança vai
ter um alívio com isso, de certa forma ela aceita, e se acomoda com essa ideia de que ela não vai
poder ter a resposta nesse momento, isso traz um certo acordo interno. Toda aquela intensidade se
arrefece. Aprende, a escola, o interesse, o interesse vai para outras cosias, é uma relação econômica,
a energia é deslocada para outras coisas necessárias, para ela poder se desenvolver, crescer,
encorpar. Não é que toda aquela energia é retirada e se inaugura novamente depois, ela está lá mas
recalcada e desviada para outros interesses.
- Crescimento do corpo, das genitálias, que deixa de ser mais infantil, um tempo necessário, a
latência é necessária ao desenvolvimento para chegar à puberdade com um corpo que pode abarcar
toda a pulsionalidade, tem que reservar um tempo para o pão crescer. A coisa continua lá o
fermento está funcionando, tá maturando. Como dar destino a toda essa sexualidade? Ela vai
precisar arrumar seus destinos. Se na infância o conflito não se dava claramente e estruturado, na
adolescência isso vai se dar fortemente, o desejo vai estar lá e o que faço com esse desejo, o que
faço com ele, com a agressividade, com as pulsões, o sujeito já está colocado na lei, na sociedade, o
conflito se dá ainda mais fortemente.
- Eduardo: meu primo, mãe super liberal, moleque puberdade, sair, carro, bebia, namorava, com
14/15 anos já tava bombando a vida sexual. Nós em SP, morava no Morumbi, era uma vida
completamente diferente que os primos tiveram em RP. Vida mais casa, vendo novela, brincando
em casa.
- O que vai dar um lugar para essa expansão, manifestação do sexual, é o mundo externo.
- As suas identificações, as suas relações, sempre foram as suas e as dele as dele. Do ponto de vista
do desenvolvimento – ela pede satisfação, realização. O que vai dar contorno a isso é o superego, é
o mundo externo, as condições.
- A cultura aqui é Viena, do sec XIX, diferente da cultura de hoje.

- Essa “anarquia” vai se organizar, na primazia do genital (na fase genital). Mesmo tendo a primazia
dos genitais, as parcialidades continuam funcionando na sexualidade adualta.

- Amor, porque o amor pressupõe um investimento Libidinal. Quando ela faz um autoerotismo ela
não precisa mais do objeto, só que essa satisfação com o objeto é insatisfatório, agora volta a se
relacionar com o outro, não mais por uma necessidade, mas por um desejo pelo outro. Quando a
criança tem uma diferenciação entre o eu e o outro. Aquele todo investimento que a mãe fazia e não
tinha nenhum retorno, começa a retornar no momento em que a criança diz, mamãe, te amo, quero
você, retorno do investimento narcísico, esse é o amor de investimento narcísico no outro e em si
mesmo. Para a criança continuar tendo o amor dos pais, ele vai ter que renunciar a alguma coisa. É
mais importante ter o amor dos pais do que satisfazer o desejo de engolir minha mãe.

- O Édipo feminino pressupõe um pré-édipo. Pai se torna objeto de amor. Vai dizer que o Édipo
feminino tem um pré-édipo, pois ela precisa fazer dois movimentos: primeiro se diferenciar desse
primeiro objeto de amor, renunciar a ele, e depois renunciar ao segundo objeto (o pai) e se
identificar com a mãe. Grosso modo a menina vai em busca do objeto de amor, que é o pai e vai ter
que suportar a castração dessa frustração. O pai vai dizer “não, minha mulher é esta” e a menina vai
ter que se identificar com a mãe para ter o pai lá na frente.
- Complexo de Electra (uma leitura... “meio torta”).

p. 66: No Hamlet: A peça, situada na Dinamarca, reconta a história de como o


Príncipe  Hamlet  tenta vingar a morte de seu pai, Hamlet, o rei, executado por Cláudio, seu irmão,
que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a rainha. Hamlet faz a pergunta: Ser
ou não ser? De alguma forma é o enigma que se coloca ao édipo. De manhã 4 patas, a tarde duas e
de noite com três.

- A Puberdade traz de volta todo o édipo.

22/10/2020 – Conferência 22 - ALGUMAS IDÉIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E


REGRESSÃO - ETIOLOGIA
Importante é que aqui ele vai falar da Etiologia das Neurose.
- Inibição e a Regressão
- Conceito de FIXAÇÃO – um conceito fundamental para pensar a regressão e a etiologia das
Neuroses.
- Um povo migra para outro essa parte desse povo fica parado em algum lugar.
- Primeiro ele vai dizer INIBIÇÃO (estado importante do desenvolvimento, que frente ao
desenvolvimento, sexual, infantil, para que, quando se depara com uma frustração, com uma
impossibilidade de seguir, ou mesmo seguindo, o psiquismo vai fazer uma volta, um regresso, a um
lugar de fixação – porque o conceito de fixação e de regressão vão se aliar um ao outro).
- Se tiver menos soldados, estes terão mais facilidade de serem derrotados, e portanto, frente a uma
possibilidade de derrota vão precisar fazer um movimento regressivo.
FIXAÇÃO- lugar de muito investimento para onde se retorna, ou, quando há muita FALTA de
investimento também.

- Oral, Anal, Genital, as fixações vão se dar nessas fases, mas é um movimento que se dá em toda
a jornada. Os pontos de fixação são esses onde se dão as pulsões parciais (quando o psiquismo
retorna a um lugar primário). Aquele lugar foi muito investido, se retorna para reaver esse tipo de
satisfação que ficou marcado.

- Ex: retorno ao lugar da oralidade, uma bebida, uma dependência (porque é um retorno, é onde se
dá uma satisfação quase tal qual aquela da oralidade) é disso que ele está falando.
- O retorno se dá sempre que se encontra com uma frustração. Ou se dá um retorno ou se
estabelecem DESLOCAMENTOS, como por exemplo a SUBLIMAÇÃO. Uma regressão
patológica é o que ele vai chamar da neurose.

- A Neurose é o negativo da perversão.

- O Recalque é o lugar onde todo esse conteúdo, sexual, pulsional, se torna inconsciente.
- A perversão vai tratar isso de outra forma, como uma recusa. Na perversão NÃO EXISTE O
MECANISMO DO RECALQUE é a RECUSA (eu sei da lei, mas mesmo assim, quero satisfação,
sei que é proibido, mas vou querer a satisfação, mesmo sabendo da proibição). Não tem o
mecanismo do recalque, possibilidade de não suportar a não satisfação e poder fazer alguma outra
coisa.

- O não investimento também é uma marca do qual o psiquismo vai voltar, também, para esse lugar.

NEURÓTICO: Recalque
PERVERSÃO: Recusa (existe, mas eu não cumpro, recuso e continuo)
PSICOSE: Rejeição (a clivagem) – Nego, rejeito, isso não existe.

Sonho
Fantasia
Regressão
Mecanismos que o sujeito vi recorrendo para suportar o conflito.

p: 70
A repressão (RECALQUE), como se recordam, é o processo pelo qual um ato admissível à
consciência, portanto um ato que pertence ao sistema Pcs., é tornado inconsciente - é repelido para
dentro do sistema Ics. E igualmente falamos em REGRESSÃO se o ato mental inconsciente é de
todo impedido de ter acesso ao vizinho sistema pré-consciente e é repelido, no limiar, pela censura.
Assim, o conceito de repressão não implica nenhuma relação com a sexualidade: devo pedir-lhes
que tomem especial nota disto. Indica um processo puramente psicológico, que podemos
caracterizar mais bem ainda se o denominarmos processo ‘topográfico’.
- Aqui ele está descrevendo que o aparelho psíquico tem uma TOPOGRAFIA e que o movimento
dinâmico que se dá entre isso, também se dá por uma TOPOGRAFIA. VAI E VOLTA.

- Conceito de Recalque
- Processo de Regressão

Neurose Obsessiva: regressão da libido a uma fase anterior, que é possível se descrita: ela regride
para um ponto de satisfação Sádico-Anal. Busca do objeto de satisfação, retorno a um objeto
anterior.
Histeria: Ela se estabelece no genital, não significa que conteúdo recalcados não estejam presentes
em uma e outra.
- É a Libido que retorna para esses objetos anteriores.

- Neurose: Um retorno e um progresso, um retorno e um progresso. Todo mundo tem um ritual de


alguma forma, os rituais fazem parte do neurótico.

- Está seguindo o que caracteriza a neurose. A FRUSTRAÇÃO é um elemento importante, mas não
só isso.

- Frente ao encontro com a frustração, com a impossibilidade de satisfação, o psiquismo encontra


algumas formas para lidar com isso: uma dessas formas é a REGRESSÃO (um recurso do
psiquismo é regredir a um ponto de fixação). Outro recurso é um ato sublimatório, dirigir a outra
coisa.
Ex dos soldados: voltar a um ponto anterior, o sublimatório é por exemplo gastar um tempo e um
esforço para fazer uma trincheira, para poder suportar um tempo, uma sobrevivência, uma
conquista. Duas formas de lidar com a frustração. Sublimação uma forma mais elaborada do que
a regressão. Imprime uma secundaridade. É uma elaboração secundária. Regressão é um retorno a
um lugar primário.

- O Neurótico Obsessivo não vai encontrar nenhum saída, não tem essa plasticidade que ele está
falando, que é análise que vai dar isso, bom estou frustrado, mas eu não vou insistir, o Neurótico
Obsessivo vai voltar para ir de novo, voltar para ir de novo. Essa plasticidade é, a abertura de
possibilidades, outras, indiretas, para uma satisfação parcial, mas necessária, se a libido ficar presa,
sem possibilidade de alguma satisfação, aí sim o indivíduo adoece.

- Séries complementares, a combinação de algo exógeno e algo endógeno, a combinação dessas


duas séries se dará de tal forma que designará uma neurose ou não. Do que é uma frustração da
ordem do exterior e do que é da ordem de uma constituição – da história, da experiência subjetiva
de cada um. O que é genético não é o que está no gene, é o que está na formação constitucional
dessa pessoa, do ponto de vista da herança que se carrega. E aqui a economia libidinal vai ser
fundamental para poder lidar com esses dois planos: o constitucional e o da realidade. Como a
plasticidade da Libido vai funcionar frente a isso que se mostra inevitável.
No que tange à causação das neuroses, a relação, se não precisamente a mesma, pelo menos é muito similar. Quanto à
sua causação, os casos de doença neurótica enquadram-se numa série, dentro da qual os dois fatores - constituição
sexual e experiência, ou, se preferirem, fixação da libido e frustração - estão representados de tal modo que, quando um
dos fatores é mais forte, o outro o é menos (p. 74)

- Exemplo do chinelo azul: aos 6 anos o menino que fica fixado no pé (na parte) e não considera o
todo. Por que perverso? A castração é recusada, toda a satisfação é destinada a um pedaço do corpo
e o todo, a pessoa, não existe, existe um pedaço de corpo, como um todo. Define isso como
perversão e não como Neurose, nesta a fixação não se estabelece como primazia, a primazia
continua sendo com os genitais. O que se RECUSA na perversão é a CASTRAÇÃO. Frente a
frustração e a castração (não ter a governanta) ele a recorta num pé, ela vira um pé, então todo pé
vira objeto de desejo. O Neurótico teria o objeto de desejo seria uma mulher. Poderia até ter
prazeres com o pé, satisfações preliminares e fantasias com o pé, mas não este ser o único objeto de
desejo (essa substituição: se eu tiver um pé um me satisfaço). FIXAÇÃO DA LIBIDO – fetichista
de pé.

29/10/2020 – Minhas Férias

05/11/2020 - CONFERÊNCIA XXIII - ALGUMAS IDÉIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO


E REGRESSÃO - ETIOLOGIA – p. 68 V. XVI

- Os caminhos da formação dos sintomas. Se até então ele estava falando dos sentidos dos sintomas
e como eles se manifestam, agora ele vai chegar no caminho da formação dos sintomas. Na 21 e na
22 ele falou bastante da Etiologia das Neuroses, já deixa claro na 22 como se dá a Neurose, quais
são as origens, a etiologia das neuroeses, agora ele está interessado nos caminhos da formação do
sintoma. Começa diferenciando o olhar da medicina do da psicanálise que é:

- Os médicos atribuem importância à distinção entre sintomas e doença, e afirmam que eliminar os sintomas não
equivale a curar a doença. A única coisa tangível que resta da doença, depois de eliminados os sintomas, é a capacidade
de formar novos sintomas. Por esse motivo, no momento adotaremos a posição do leigo e suporemos que decifrar os
sintomas significa o mesmo que compreender a doença.

O leigo e o analista vão decifrar os sintomas, vão compreender a doença, que deve ser
compreendida e não eliminada.

- O que ele vai avaliar, o que vai ser preponderante é a qualidade da energia que se emprega na
formação e na eliminação dos sintomas. Dependendo da quantidade é o que vai estabelecer mais
uma neurose ou não, mas que todo o funcionamento dos sujeitos se dá da mesma forma, nessa
questão ECONÔMICA.

- Frente ao conflito o SINTOMA acaba sendo um acordo possível, mas como disse o SINTOMA se
torna um peso, um dispêndio de energia. A partir do acordo sintomático se pensa o conflito e se
trabalha o conflito e não o sintoma. Não adianta entrar pelo lado do sintoma e achar que ele é a
doença.
- É UM ACORDO MAS NÃO UMA SOLUÇÃO. Funciona com negociações e acordos, e
desacordos, e custos e preços. Isso que ele vai falar da quantidade. Destina uma quantidade para
isso, faz um acordo, isso é uma solução, momentânea, parcial, mas isso vai entrar, não vai dar certo,
mas é necessário que aconteça, pois se não acontece o dano é maior. O conflito continua da ordem
do inconsciente, o sintoma se mostra inconsciente. Sabe do mal estar que isso gera, mas não sabe
sair disso e também não pode ficar sem isso. É todo um tabuleiro de Xadrez. O núcleo é o conflito,
que à medida que o conflito pode se explicitar, o sintoma pode ser eventualmente
desnecessário.

- É por essa razão, também, que o sintoma é tão resistente: é apoiado por ambas as partes em luta (p. 82).

- Conferência XXII importância da Regressão e da Fixação.


. Fernanda: como é definida essa quantidade de energia? O custo psíquico para combater esse
conflito na cabeça dela, a quantidade é enorme pensando o quanto era forte a questão moralista
nela? O que define essa quantidade maior ou menor, essa intensidade de energia.

. Rodrigo: não tem como saber a quantidade de energia que é produzida, cuja fonte é o desejo, a
pulsão. Não tem como dimensionar quanto é isso, o que se sabe é como isso é distribuído. Menos a
quantidade, mais a distribuição da energia, qual a gama de flexibilidade que o psiquismo encontra
ou não encontra para dar vasão a essa energia.
- Adolescente que sai do período de latência e volta com toda a energia, com a força e a quantidade
de energia que é própria da sexualidade no momento de satisfazer essa sexualidade e, ao invés de
encontrar uma possibildade de fazer uma troca amorosa, encontra uma pandemia. Não pode abraçar,
não pode sair na rua, tudo isso que estamos vivendo, isso é o que ele está chamando aqui de:

Se a realidade se mantiver intransigente, ainda que a libido esteja pronta a assumir um outro objeto em lugar daquele
que lhe foi recusado, então a mesma libido, finalmente, será compelida a tomar o caminho da regressão e a tentar
encontrar satisfação, seja em uma das organizações que já havia deixado para trás, seja em um dos objetos que havia
anteriormente abandonado (p. 82)

- Isso que você está louco para fazer você não vai poder fazer, toda essa libido vai ter que ir para um
lugar. Primeiro, o que ele fala é que vai para um lugar regressivo, um adolescente mais
infantilizado, mais reprimido, ou inibido, ou um mais agressivo, mais intolerante, mais raivoso, por
exemplo, ou um sujeito que vai entrar nas redes sociais compulsivamente. Por que? Porque para
algum lugar vai. Pode ser para o corpo, por exemplo. Isso que ele vai chamar da quantidade de
energia não destinada a alguns objetos, isso que vai formar a Neurose (o sujeito está muito mais
agressivo do que tava, ele está muito mais deprimido do que estava) – tem impossibilidade de
satisfação da quantidade da energia e do destino da energia. Vai precisar renunciar a alguns objetos.
- CONFLITO: Libido querendo ser satisfeita e a realidade dizendo, não, não pode ser satisfeita.
- O sujeito pode ter um conflito com sua igreja, com sua religião. A religião fala uma coisa e o
desejo fala outra – essa quantidade de energia vai entrar em conflito. Não podemos dimensionar
quanto é, mas podemos dimensionar que é muito e sem possibilidade de destino.
- Quando tem formação de sintoma é porque a quantidade de energia que não encontra uma via de
destino é muito grande.
- Por isso é tão difícil o sujeito se livrar do sintoma. Tem um gozo com o sintoma. Tem um
substituto do prazer, ele é esse acordo.

- Essa é a diferença importante entre Perversão e Neurose. A regressão se dá para ambos, mas na
Neurose o Ego se coloca na frente e vai dizer: não! Isso não! Tenho que encontrar outro destino
para isto. Não tem a objeção do ego na perversão. Por isso na neurose o conflito se dá de forma
mais intensa. Se sente culpado, se sente envergonhado e põe restrições a essa regressão – já que não
posso regredir, tenho que achar outro destino.

- Para onde a libido retorna (Lugares de fixação): nos objetos da infância que foram abandonados,
nas tendências das parcialidades e na sexualidade infantil (p. 83).
- Duas séries complementares: 1º a filogenética + a experiência infantil e outra que vai se dar na
disposição devida à fixação da libido + as experiências traumáticas. Sendo a primeira,
originária.

- O sujeito é um e único e o indivíduo é outra coisa. Não tem como mapear, isto aqui vai dar
naquilo lá... Basta ver relação entre irmãos, gêmeos, não vai ser a mesma coisa. Dessa série
complementar que vai gerar a neurose, para um pode marcar de um jeito e para outro pode marcar
completamente de outra forma.

- Tem alguma coisa que se transmite que é inconsciente. E o que se transmite inconscientemente
para uma criança não é tangível e não é similar a outras.

- Mãe. Ela não está dizendo de um desamor, mas ela tem investimentos diferentes, às vezes
conscientes e não conscientes.

- O sintoma se dá por isso, SUBSTITUTO DE SATISFAÇÃO FRUSTRADAS ele se forma porque


a libido retorna a um lugar do passado onde ele podia ser satisfeita. A FORMAÇÃO DO
SINTOMA SE DÁ PELA REGRESSÂO da LIBIDO a estádios anteriores.

Buscam na história de sua vida, até encontrarem um período dessa ordem, ainda que tenham de retroceder tanto, que
atinjam a época em que eram bebês de colo - tal como dela se lembram ou a imaginam, a partir de indícios posteriores
(p. 86)

O tipo de satisfação que o sintoma consegue, tem em si muitos aspectos estranhos ao sintoma.

- O sintoma, tal qual o sonho, se compõe da condensação e do deslocamento.

Mediante uma condensação extrema, porém, essa satisfação pode ser comprimida em uma só sensação ou inervação, e,
por meio de um deslocamento extremo, ela pode se restringir a apenas um pequeno detalhe de todo o complexo
libidinal. Não é de causar surpresa se também nós, muitas vezes, temos dificuldade em reconhecer num sintoma a
satisfação libidinal, de cuja presença suspeitamos e que invariavelmente se confirma (p. 87)

A pergunta é: como uma dor na perna pode ser uma satisfação. Ele está dizendo que é, mesmo que
não entendamos.
- Frente a isso ele vai introduzir o conceito de FANTASIA. Qual a saída para o Neurótico, a saída
que ele encontra é a fantasia.

- p. 88. Aqui Freud dá um passo muito importante: o que os pacientes nos contam pode ser
verdadeiro, mas pode ser completamente falso, mas não faz a menos diferença do ponto de vista do
sintoma se são fantasias ou elementos reais, pois ambas compõe a Neurose. Bom, se entendemos
que são todas reais, estamos em solo firme, todas falsas – solo movediço. Não vamos pisar nem em
solo firme, nem em solo movediço. Na maior parte das vezes são compostas de verdade e de
falsificação.

- Tudo isso para se chegar a ideia de que a realidade para a psicanálise é a REALIDADE
SUBJETIVA.
- Para a Neurose a fantasia é uma realidade.

- Você suspende os parâmetros, do que é certo, do que é errado, do que é moral, do que é imoral, é
esse mundo da realidade psíquica é que cabe ao analista. Por isso, na análise a realidade se dá a
partir da subjetividade do paciente. Não faz diferença quem o marido a mulher ou a esposa. É quem
o paciente traz, é aquilo que ele traz.

Carolina: Desconstruir a relações descritivas. Não só ouvir, legitimar.


Rodrigo: pois é, mas isso é um processo que cabe ao analista, de poder fazer esse processo de
transformação, de um lugar que ele detém um poder e um saber, para apropriação do paciente de
seu próprio saber.

- Frente à renúncia necessária imposta ao ego e necessária, a renuncia ao prazer, não é possível
renunciar completamente a essa satisfação, ela pedirá, essa força pedirá satisfação necessariamente,
então frente a essa determinação, ao psiquismo restam duas possibilidades, fazer o sintoma,
neurotizar, ou poder fantasiar. Isso é o que marca o ser humano e marca a diferença entre o instinto
e a pulsão. O animal não tem fantasia. Quando não tem fantasia, é que aí alguma coisa está
estranha.

- A necessidade faz com que o homem precise sacrificar um monte de prazeres.

- A libido precisou abandonar, foi sendo destinada a outros destinos, mas os objetos não foram
abandonados. A libido necessita apenas retirar-se para as fantasias para encontrar o caminho das
fixações recalcadas (melhor na p. 92).

- Vai falar do conflito entre a fantasia e o ego. Aquela reserva, guarda a possibilidade de investir em
objetos que ficaram para traz. Mas a quantidade de energia na fantasia pode passar a requisitar a
satisfação, daí o ego vai ter que se haver com outro pedido. Aquilo que era inconsciente volta a ser
consciente e depois inconsciente – o introvertido (regride novamente a um lugar infantil):
Investimento da libido para dentro, no mundo da fantasia.

- Fantasia é um lugar fundamental, mas também pode ser um lugar de adoecimento.

p. 93: definindo aqui o caminho da formação do sintoma, não é só a quantidade, mas da qualidade
da energia. Que quota de libido não utilizada uma pessoa é capaz de manter em suspensão. E o
tamanho da fração da libido que uma pessoa pode desviar dos fins sexuais para os sublimados.
Exemplo do artista: o que consegue fazer com uma quantidade de energia suspensa, uma
sublimação. Um quantum de energia a mais virar uma outra coisa e não uma neurose, e não um
adoecimento.
SUBLIMAÇÃO – o que é sublime. Todos nós fazemos isso de alguma forma. Os artistas fazem
melhor. Tem uma capacidade de transformar o que é dele, o que é de todos.

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