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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA

DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DA VIDA

CURSO DE PSICOLOGIA

FÉLIX DOLGENER
LEONARDO MONTEIRO
LUIZA LETTI

TRABALHO OBSERVAÇÃO DE GRUPO

PORTO ALEGRE
2023
SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................................

2. Relatos de Observação .........................................................................................................

2.1 Observação I ............................................................................................................

2.2 Observação II ...........................................................................................................

3. Integração Teórico-Prática .................................................................................................

4. Considerações finais ............................................................................................................

Referências ...........................................................................................................................
1. Introdução

Nesse trabalho temos como objetivo apresentar e denominar a dinâmica grupal através
da perspectiva do psicólogo Yalom e de Pichon-Riviére. Será utilizado como material base; os
registros da observação; as experiências vivenciadas dos observadores com o grupo; e os textos
do teórico escolhido. Foram feitas duas observações, que ocorreram entre o período de 1 mês
e pouco. A metodologia utilizada foi do método não-participante. Na síntese de integração
teórico-prático iremos identificar os fatores terapêuticos experienciados na observação, o
entendimento dos processos grupais pospostos por Yalom serão “argumentados” por exemplos
do registro da observação. Em seguida, no tópico das conclusões finais, faremos sugestões de
interferências, destacar os pontos positivos e os pontos que merecem ser mais bem trabalhado
e no final apresentaremos a hipótese diagnóstica do funcionamento do grupo.

O grupo utilizado como objeto de observação é um grupo composto por quatros


adolescentes, que serão identificados por B.A, de 17 anos, membro do grupo há 7 meses, quase
finalizando o período de tratamento de 9 meses. F.V adolescente de 15 anos, ele se encontra na
sua segunda recente institucionalização, F.V chegou a relatar que se “abrigou” na comunidade
terapêutica após sofrer ameaças. I.G membro do grupo há um curto período de tempo, possui
16 anos de idade. E.V de 17 anos, que, assim como, os demais membros do grupo, não é o seu
primeiro contato com tratamentos de dependência química. A frequência de encontros do grupo
é sistemática, ocorrendo semanalmente todas as quartas-feiras. O mediador/terapeuta do grupo
será nomeado em nossa observação como N.A, ele está acompanhando o grupo desde julho de
2023, um “novato” no grupo.

2. Relatos de Observação

2.1 Observação I

Observadores: Félix, Leonardo e Luiza

Técnica de Registro: Escrita no papel

Observados: grupo de jovens com dependência química do CAPS AD, composto por 4 jovens,
os quais serão identificados por B.A, E.V, F.V e I.G

Orientador do grupo: N.A psicólogo


Local: Comunidade Terapêutica PACTO para Adolescentes

Data: 15/09/2023

Hora: 15:20

Breve descrição do grupo observado:

O grupo utilizado como objeto de observação é um grupo composto por quatros


adolescentes, que serão identificados por B.A, de 17 anos, membro do grupo há 7 meses, quase
finalizando o período de tratamento de 9 meses. F.V adolescente de 15 anos, ele se encontra na
sua segunda recente institucionalização, F.V chegou a relatar que se “abrigou” na comunidade
terapêutica após sofrer ameaças. I.G membro do grupo há um curto período de tempo, possui
16 anos de idade. E.V de 17 anos, que, assim como, os demais membros do grupo, não é o seu
primeiro contato com tratamentos de dependência química. A frequência de encontros do grupo
é sistemática, ocorrendo semanalmente todas as quartas-feiras. O mediador/terapeuta do grupo
será nomeado em nossa observação como N.A, ele está acompanhando o grupo desde julho de
2023, um “novato” no grupo.

Esboço do diagrama do ambiente da dinâmica grupal:

As inferências da observação estarão em itálico.


Tivemos dois encontros com a Comunidade Terapêutica. Tivemos um pequeno
encontro no dia 13/09 com a coordenadora da instituição, com o objetivo de fazer as
“combinações” da observação. O dia da observação ocorreu no dia 14/09. Quando chegamos
ao local da Comunidade Terapêutica, fomos recebidos pelo Orientador do grupo e psicólogo,
N.A, o qual nos dirigiu até a sala em que ocorreria a observação e conversamos brevemente,
ele nos contou sobre as abordagens teóricas as quais utiliza no processo terapêutico deste grupo
e suas intervenções enquanto orientador psicólogo daquele espaço e, nós, esclarecemos a ele o
propósito de nossa atividade e nosso papel como observadores. Em seguida, N.A saiu da sala
e chamou os 4 jovens do grupo para se juntarem a nós em um círculo de cadeiras, ao entrar na
sala cada um dos jovens nos cumprimentou com um aperto de mão antes de se sentarem.

N.A deu início a sessão do grupo pedindo que os jovens se apresentassem a nós e
falassem qual era a droga que mais dava prazer a eles, e assim o fizeram em sentido horário da
roda. B.A disse que tinha 17 anos e gostava de usar “coca”, que gostava muito de ir em baile e
festa, ele disse que hoje entende que não é só um vício, é uma doença que vem do
comportamento, ele falou enquanto olhava profundamente no nossos olhos, primeiro de um de
nós, depois do outro. E.V também disse que tinha 17 anos e usava cocaína, F.V disse que tinha
15 anos e é sua segunda vez na comunidade, usava maconha, sucesso de cocaína, f.v passou a
maior parte do tempo da sessão, movimentando suas pernas. I.G se apresentou por último, ele
estava com uma das pernas quebrada, enfaixada em gesso, ele falou com tom de voz baixo,
quase não escutamos seu nome, mas não falamos nada, ele tem 16 anos e fumava pedra
principalmente

N.A então começou a falar que tenta muito ali com os meninos, resgatar a questão da
subjetividade e espontaneidade deles, se afastando da sensação de culpa que é o histórica do
uso de drogas; em seguida, disse para os jovens contarem o que eles fazem ali na sede e B.A
logo começou dizendo que não era nada forçado, mas também não tão livre, que “é um
treinamento na verdade, para o que a gente faz aqui dentro, fazer lá fora também”, e nos
explicou resumidamente como se dão suas rotinas dentro da comunidade. Depois da fala de
B.A, ocorreu um breve silêncio dos integrantes do grupo se olhando e olhando para N.A
principalmente sem falar mais nada. N.A, então, pede aos meninos que contém um pouco de
suas histórias se se sentirem à vontade: desta vez, F.V foi o primeiro a responder
espontaneamente, disse que perdeu seu tio, irmão da mãe com 4 tiros, ele também era
dependente, ele ficou muito mal com isso e começou a fumar maconha com a namorada, depois
passou a cheirar quase todos dias da semana e roubar, ele procurou ajuda e se internou ali, mas
logo depois desistiu e ficou 5 meses na rua e recaiu, ele voltou porque arrumou uma confusão
com umas pessoas de fora que o ameaçaram. B.A disse que desde pequeno idolatrava coisas
sobre armas e drogas, eu roubava telefone no centro, depois traficou e depois começou a roubar
carros, até que uma vez que um carro capotou ele teve que fugir. E.V disse que perdeu 2 irmãos,
desde pequeno foi criado em clínicas, toda sua família, ele usava drogas porque ficava muito
triste de pensar nos irmãos. I.G iniciou contando uma história sobre uma vez que foi assaltar
com seu primo e o primo morreu, mas parou de contar a história, disse “não vou nem falar, se
não vou ficar triste de novo”, e baixou a cabeça. N.A o respondeu, disse que estava tudo bem
ele não falar sobre.

Logo depois, N.A questionou o grupo sobre o que eles pensam sobre o uso de drogas
hoje em dia e F.V prontamente respondeu, disse que não quer, pois só o trouxe coisa ruim, N.A
perguntou a ele se ele tinha perdido muitos bens, e F.V respondeu que não, que eram coisas
emocionais; B.A disse q sai dali em novembro, e que sente que tem uma base boa para sair,
disse que o tratamento vem o guiando, ele contou que trabalha como chapista em uma
hamburgueria da cidade baixa, que a sogra o conseguiu este emprego, que quando sair vai
morar com a sua namorada na parte de cima da casa da sogra; ocorreu também de B.A
perguntar aos observadores se eles o conheciam o local; além disso, B.A trouxe a conversa os
12 passos com um tom de voz animado, disse que eles estudam muito o livros sobre os 12
passos escrito por dois homens que passaram por tudo o que eles passaram.

N.A olhou para o grupo e disse “Vamos construindo caminhos juntos”, e perguntou as
jovens quais são seus sonhos, F.V respondeu que gostaria de juntar um dinheiro e comprar uma
câmera quando sair da comunidade, que já fez um curso de fotografia e quer tirar umas fotos,
ser fotógrafo. N.A questionou diretamente o I.G, que disse que seu sonho era jogar bola, F.V
sorriu e disse para ele que por enquanto não dava, se referindo a perna engessada e todos deram
uma risadinha. B.A disse que o sonho dele era abrir um negócio e fazer gastronomia,
construindo aos poucos seu próprio lugar, e ressaltou que já teria 18 anos quando saísse, que
vai morar com a namorada. E.V disse que não tinha muitos planos, N.A disse a ele que tudo
bem, que ele via que o menino estava estudando bastante, fazendo todas as leituras que tudo
no seu tempo, e E.V riu e disse que “mais ou menos”.
Depois, N.A perguntou para eles o que era o mais importante quando eles saírem, e
todos responderam quase que ao mesmo tempo “Ir a reunião”. Logo após, passou alguns
segundos de silêncio com todos se entreolhando e então N.A encerrou a sessão, disse que era
isso por hoje, nos despedimos dos meninos os quais foram muito educados, apertando a mão
de cada um de nós novamente e fomos embora. A observação durou em 1 hora e 10 minutos.

Gostaríamos de acrescentar uma ponderação importante. A observação do grupo em questão


não transcorreu exatamente como o planejado, mesmo após explicarmos ao coordenador do
grupo nosso objetivo e orientações para realizar a observação de forma discreta e neutra como
observadores passionais, o mesmo insistiu que nos sentássemos na roda de conversa junto ao
grupo e conduziu o encontro de forma que os participantes entenderam que deveriam
apresentar-se para nós, nos deixar a par de suas histórias e explicar diretamente para nós os
temas trazidos pelo orientador no dia (mantivemos nossa postura passiva ao decorrer). Por tal
razão, a dinâmica do grupo se deu um pouco comprometida, porém, trazemos nossos registros
desta particular observação, pois, de qualquer modo, acreditamos que serão enriquecedores
para a realização do nosso protocolo de observação. O fato de termos sido “empurrados” para
a dinâmica, contribui como conteúdo da observação a ser refletido.

2.2 Observação II

N.A inicia a sessão questionando aos adolescentes como eles estão.. E.V diz que irá
embora daqui 3 dias... Segue um diálogo entre N.A e E.V onde N.A questiona quais seriam os
planos dele ao sair. E.V não soube responder de modo objetivo.

Os garotos mencionam a ida deles ao programa de Jovem Aprendiz, F.V diz que se
inscreveu no curso de informática, E.V e I.G optaram por mecânica, B.a em gastronomia.

Fv comenta ao grupo o falecimento da sua tia que havia morrido no sábado. Conta com
detalhes a sua experiência no funeral, relata estar angustiado e pensativo por não ter chorado,
ele acredita que a droga “tirou” sua sensibilidade, vivenciou o mal-estar da sua irmã em frente
a perda da tia, afirmou que não poderia chorar pois deveria se mostrar forte para amparar sua
irmã. Fv menciona ter visto sua mãe fumando e ressalta que não fumou e nem ingeriu cafeína,
porém fiz que formulou uma grande quantidade de água, de forma compulsória é que apesar
dele estar no funeral ele também estava “internado”. N.a corrige dizendo que fv não está
internado e sim em acompanhamento. Fv espera reencontrar a tia dele em algum momento diz
que a “a vida começa depois da morte”. Ele comenta que a última vez que viu a Tia dele, ele
estava sóbrio, sentiu que ficou uma boa lembrança para a tia dele. Começa falar com
entusiasmo sobre histórias divertidas vividas com a sua tia. N.a pede se os demais tem algo a
falar ao Flávio sobre a perde dele , nesse instante Yago se levanta e dá um abraço no Flávio,
B.A comenta que está na hora de erguer a cabeça e seguir, que tinha visto o seu tio morrer na
frente dele e que ele teria que aguentar essa dor no peito, já E.v diz que não tem nada a dizer
sobre é que todo iria morrer um dia. Após os pêsames dos demais membros do grupo, Fv
menciona o histórico de adoecimento da sua irmã, que ela sofria de depressão. Em seguida diz
que fez acompanhando psicológico desde dos 10 anos, diz que cresceu revoltado. N.A pergunta
pro F.V o porquê dele ser revoltado, F.V associa à sua história, dizendo que sempre sentiu que
faltava alguma coisa e que não sabia nomear, menciona que a mãe biológica dele, “deu” ele
para a tia avó da mãe biológica e que nessa relação teria uma “disputa”. F.v não se mostrou
muito mais interessado em continuar falando sobre esse tópico. N.a faz uma reflexão filosófica,
e em seguida questiona aos adolescentes o que é “ostentação” para eles. B.a comenta que tem
um tênis de 1000 mil e que deseja comprar um chinelo da marca Oakley no valor de 250$,
todos os outros meninos se mostraram admiradores da marca. Debatem sobre o crime, Ev diz
que o possibilita muita coisa boa, tipo lazer etc.

B.a comenta que está ansioso, que iria sair exatamente daqui 21 dias e que temia que
ele acabasse por “fazer merda de novo”, mas que ele tinha aprendido muita coisa nesses meses
dentro da comunidade. E.v diz que vai numa reunião de “AA” na orla. Os adolescentes
comentam suas vivencias nos encontros de AD´s, relatam de forma positivo as relações que
tiverem com outros sujeitos que estavam no evento e que comparilhavam do adoecimento por
abuso de substancias.

3. Integração Teórico-Prática e Conclusões Finais

A partir das noções estruturais de Yalom e Pichon-Riviere sob as experiências da terapia


grupal, conseguimos fazer as seguintes associações entre a observação e a teoria:

O grupo em certo momento da dinâmica menciona um sujeito que um deles teria o


conhecido num desses encontros de instituições de reabilitação, o sujeito estaria sóbrio há mais
de 15 anos, a experiência do encontro com esse sujeito foi relatada de forma animadora, foi
possível observar uma grande admiração por todo o grupo de adolescentes. Interessante
comentar que todo o grupo aderiu a fala, momento raro onde todos interagiam sobre o mesmo
tópico. É possível relacionar essa cena com o que o Yalom nomeia de “Instilação de
Esperança”, fator terapêutico, que 1de acordo com ele: “Os grupos de terapia invariavelmente
contêm indivíduos que estão em pontos diferentes ao longo de um continuum de enfrentamento
e colapso. Assim, cada membro tem um contato considerável com outros - muitas vezes
indivíduos com problemas semelhantes - que melhoraram como resultado da terapia. Muitas
vezes, ouvi pacientes comentarem ao final de sua terapia de grupo o quanto foi importante para
eles observarem a melhora dos outros” (IRVIN D. YALOM. MOLYN LESZ 2006). Yalom
relata que essa esperança instilada será normalmente patrocinada por um membro do grupo,
que será visto como uma esperança viva.

A Instilação de esperança é extremante terapêutico ao grupo, porém entre os membros


do grupo vimos essa questão enfraquecida, seria viável explorar essa potencialidade
terapêutica, enfatizar as melhoras de cada membro, e, principalmente compartilhar essas
melhoras com os demais membros.

Yalom enfatiza a “universalidade” como um forte fator terapêutico. “Após ouvir outros
membros revelarem preocupações semelhantes às suas, os pacientes relatam sentir-se mais em
contato com o mundo e descrevem o processo como uma experiência "bem-vinda para a raça
humana". Colocado de forma mais simples, o fenômeno encontra expressão no clichê "estamos
todos no mesmo barco" - ou talvez, de forma mais cética, "a miséria adora companhia” (IRVIN
D. YALOM. MOLYN LESZ 2006). O fenômeno da universalidade ficou extremamente
evidente no momento ao qual F.v após relatar sua experiencia de luto, recebe um carinhoso
gesto do Y, um inesperado abraço. Foi presenciado o compartilhando da dor do luto entre os
membros. Sobre esse acontecimento podemos fazer uma ligação com a primeira observação,
onde foi registrado que Y estaria num processo de luto devido a perda do seu irmão.

A “universalidade” se mostrou um fator trabalhado pelo terapeuta/mediador do grupo,


diversos momentos ele utilizou de questionamentos que promoviam reflexões sobre quais eram
os “pontos em comum” do grupo fora a questão da adição. Foi colocado questões sobre classe
social, ideais culturais compartilhados pelos membros etc.

O fator terapêutico, proposto por Yallom, “Compartilhamento de Informações”, diz a


respeito sobre aconselhamentos, sugestões ou orientações do terapeuta ou de outros membros
do grupo. Esse fator foi praticamente inexistente no grupo observado, o que por si, é uma pena,
ainda mais quando estamos nos referindo a um grupo de temática AD. A inexistência desse
fator no sugere a hipótese de fraco vínculo coletivo entre os membros.

Além disso, podemos analisar a observação do grupo de jovens com dependência


química no CAPS AD à luz das teorias de Pichon-Rivière e Henri Wallon, os quais nos
proporcionam uma análise integrada do funcionamento grupal e das estratégias de intervenção
necessárias para auxiliar esses jovens em seu processo de recuperação. O início da sessão, em
que os jovens compartilham a droga que mais lhes dá prazer, enfatiza as ideias de Pichon-
Rivière sobre a importância de resgatar a subjetividade e a espontaneidade dos membros do
grupo. Eles se apresentam de forma sincera, revelando a natureza complexa do vício e sua
compreensão sobre o caráter patológico desse comportamento. A figura de N.A como terapeuta
é essencial nesta análise, podemos observar que o mesmo demonstra uma abordagem coerente
com os princípios da técnica de grupos-operativos. Ele se ocupa de enfatizar a individualidade
dos jovens, afastando a culpa historicamente associada ao uso de drogas. Essa abordagem de
Pichon-Rivière é fundamental para transformar o grupismo em um processo terapêutico eficaz.

A dialetização, um conceito central na teoria de Pichon-Rivière, se refere à


compreensão das contradições inerentes às relações humanas e aos processos grupais. A
observação revela contradições nas histórias dos jovens, como a busca por prazer nas drogas e,
ao mesmo tempo, o entendimento de que o vício é uma doença que vem do comportamento.
Essas contradições refletem a complexidade das experiências dos jovens e a luta entre desejos
imediatos e objetivos de longo prazo. Os vetores são os principais direcionadores do
desenvolvimento humano na teoria de Pichon-Rivière. Cada jovem traz consigo uma história
de vida única que influencia seu vetor de desenvolvimento. Por exemplo, E.V, que perdeu dois
irmãos, enfrenta uma complexa carga emocional que o leva ao uso de drogas como uma forma
de lidar com a tristeza. A compreensão dessas experiências é crucial para a intervenção
terapêutica, pois permite que o terapeuta e o grupo explorem como esses vetores podem ser
redirecionados para objetivos mais saudáveis.

4. Considerações finais

A realização da observação na comunidade terapêutica, por parte de todos do grupo, foi


de grande importância acadêmica; como análise prática dos conteúdos trabalhos em aula, e, da
mesma forma, individual e pessoal para nós enquanto estudantes. Acredito que a oportunidade
de participar desse momento de troca entre esses adolescentes, foi um momento para se guardar
na memória dentro da disciplina de Psicologia dos Grupos II. Participar da roda de conversa,
ouvir os relatos, anotar os conteúdos em suas falas e após esse processo, tirar nossas
conclusões, ao mesmo tempo que trabalhoso, foi também satisfatório. Acreditar na importância
da psicologia e seu progresso como meio para estabelecer saúde psíquica foi bem percebido.
Tivemos a sorte de achar esse ambiente rico e próprio para a prática da observação, deixando
assim, uma satisfação pessoal que conseguimos fazer uma colaboração produtiva com esses
adolescentes em estado de vulnerabilidade, e que aprendemos, de forma palpável e real, sobre
os processos grupais e acerca dos métodos terapêuticos.

REFERÊNCIAIS

Santos, L. F., Oliveira, L. M. A. C., Munari, D. B., Peixoto, M. K. A. V., Barbosa, M. A. (2012). Fatores
terapêuticos em grupo de suporte na perspectiva da coordenação e dos membros do grupo. Acta Paulista de
Enfermagem, 25(1), 122-127. Disponível em:
scielo.br/j/ape/a/fXG8KYPMLsLwvvJnPLftLbw/?format=pdf&lang=pt

Strobbe, S. (2020). Aplicando os fatores terapêuticos de psicoterapia em grupo de Yalom ao Alcoólicos


Anônimos. SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool Drogas, 16(2), 1-4. DOI: 10.11606/issn.1806-
6976.smad.2020.0090. Disponível em: www.revistas.usp.br/smad/.

Bastos, A. B. B. I. (2010). A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo


InFormação, 14(14), jan./dez. 2020.

Como Agem os Grupos Operativos? Janice B. Fiscamann. Disponível em:


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3096657/mod_resource/content/1/Cap.IX.pdf

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