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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
PROGRAMA SAÚDE DO IDOSO
TURMA: 3005

Prof.ª: NÚBIA ALMEIDA

Alunos: CRISTIANO FONSECA DE OLIVEIRA


MATRÍCULA: 2015089329998
GLÁUCIA DE ALMEIDA ALVES

MATRÍCULA: 201307318622

LUANA MARQUES

MATRÍCULA: 201508930082

NATHANE INÁCIO ALVES

MATRÍCULA: 201512233171

STELLA MAIA

MATRÍCULA: 201511216425
PROGRAMA SAÚDE DO IDOSO
I. Introdução:
A Prefeitura de Rio das Ostras, com o objetivo de oferecer qualidade de vida à população
da terceira idade e garantir o envelhecimento saudável através da integração social
oferece o Programa Municipal de Saúde do Idoso, que conta com equipe
multiprofissional. O trabalho é multidisciplinar e hoje no grupo existem profissionais de
diversos seguimentos dentro da saúde, sendo eles: uma psicóloga, estagiários de nutrição
e uma fisioterapeuta.
O Programa Saúde do Idoso funciona em três núcleos que são: Na Cidade Praiana, na
unidade esportiva que se localiza na Rua Santa Catarina, às terças-feiras de 08:00H às
10:00H, onde este trabalho foi desenvolvido; no Posto de Saúde do Operário, às quartas;
e no Posto de Saúde do Âncora, às quintas-feiras.

II. Detalhes do Programa:


A Coordenadora do Programa, a Professora Ana Lucia Couto, explica que o grupo tem
por volta de 10 anos e é aberto ao público idoso, à partir de 60 anos, e são realizadas rodas
de conversas, aferição de pressão, atividades físicas que estimulam a mente e a
coordenação motora dos participantes, encontros para ir ao cinema, palestras com
orientação de temas diversos, dinâmicas e teatro que abordam assuntos específicos. Para
o atendimento ambulatorial, com consulta individual aos especialistas, é necessário o
encaminhamento. Atualmente o grupo está com 30 a 40 idosos e hoje, dia 12 de
novembro, data da visita, o foco do grupo é a propagação do tema Diabetes, que é
celebrado pela IDF - Federação Internacional de Diabetes, dia 14 de novembro.
“Aqui no grupo avaliamos todos os idosos e quando identificamos necessidades
específicas, encaminhamos para outros serviços da Rede Municipal, como atendimento
médico ou mesmo para outros serviços públicos, como os oferecidos no Centro do Idoso,
da Secretaria de Bem-Estar Social”, explica Ana Lúcia.
O trabalho do psicólogo no grupo de saúde de idosos, é a promoção de saúde, elaboração
de atividades e do cronograma do grupo, proporcionar informação, orientação,
acolhimento, escuta e para encaminhamento se houver necessidade e é feito para a
unidade de atendimento de saúde mental da cidade de Rio das Ostras.
Uma função importante do Psicólogo mediante ao grupo é corroborar com o projeto do
Governo Federal e Estadual, que está sendo implementado no município que é a

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Caderneta do Idoso. Nela estará contida todas as informações de saúde do idoso, tal como
doenças, cirurgias, medicação, vacinas, tratamentos e consultas. É necessário a
capacitação dos profissionais para esta nova ferramenta, e um dos obstáculos muitas das
vezes é fazer o levantamento do idoso que muitas das vezes não consegue lembrar as
datas, ou a informação é divergente entre o que a família apresenta e que o idoso afirma.
O programa busca romper com o isolamento que, infelizmente, é comum entre a
população idosa e possibilita, por meio das atividades de grupo, a oportunidade de
compartilhar experiências e criar redes sociais. Todos os participantes afirmaram que o
grupo é uma grande família, que é o local para conversar, que aprendem uns com os outros
e que hoje possuem acesso à informação de saúde, principalmente na área da alimentação,
através de estagiários de Nutrição, o que fez e faz muita diferença na rotina diária.
Muitos elogiaram e demonstraram um vínculo com a fisioterapeuta do grupo, que é a
mesma profissional que permanece desde o início do grupo.
Como o grupo era muito grande a professora orientou que se quiséssemos conversar com
o grupo seria melhor “selecionar” um número de pessoas e que poderia ser uma entrevista
individual.
Fomos apresentados para o Grupo do Idoso pela coordenadora e professora Ana Lúcia
Couto que nos solicitou que fizéssemos um termo de declaração de consentimento para
os idosos participarem da entrevista. Visto que o grupo era muito grande, recebemos a
orientação de conversarmos com um número específico de participantes (cinco).
Esse termo foi uma orientação da supervisão, por se tratar de um grupo vinculado a
prefeitura municipal, para respaldo em qualquer eventualidade que pudesse surgir. Esse
termo foi confeccionado mediante a norma de formato e de fonte, no entanto, para o grupo
envolvido, o tamanho da fonte/letra necessitava ser maior, visto que todos os
entrevistados falaram que a letra era pequena, não podendo enxergar ou demonstrando
muito esforço para ler.
A coordenadora perguntou ao grupo quem gostaria de ir conversar conosco. Tiveram
alguns voluntários e ficaram bem empolgados em participar e entrevistamos um a um.

III. A entrevista
➢ Participante M.A.
Entrevistamos M.A. e perguntamos há quanto tempo está frequentando o Grupo do
Idoso e ela nos respondeu que já estava bastante tempo e afirmou que para ela, é muito

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bom. Perguntamos o que de mais importante o Grupo proporcionou e ela nos
respondeu que não fica em casa e não fica sozinha. Diante destas afirmações, pedimos
para que ela falasse um pouco do Grupo que ela frequenta e ela nos respondeu que o
grupo é uma família e que a faz bem pois tem muitas amigas e que gosta muito de
falar.
A participante M.A. demonstrou certa preocupação com a entrevista. No final ela
disse que estava sem jeito com a entrevista, porque não sabia o que iria falar, mas
acabou vendo que foi muito "tranquilo" e ficou feliz em poder ajudar.
Ela começou a entrevista respondendo restritamente ao que perguntávamos dando
respostas bem curtas, mas à medida que fomos conversando com ela, descontraindo
um pouco ela começou a se soltar mais e até falou da sua receita de como tempera
feijão sem cebola. Sua expressão era focada e serena, e ria pouco, mas não expressava
tristeza. Sua postura era ereta na cadeira e suas mãos sempre sobre a mesa.

➢ Participante M.
Em seguida, entrevistamos M. e perguntamos o que o Grupo do Idoso a ajudou ou
contribuiu na sua vida e tivemos como resposta que ela aprendeu muita coisa no grupo
e que é muito importante para sua vida e o dia que não comparece é como se ficasse
um vazio. Perguntamos o que ela mais gosta no grupo do idoso e ela nos falou que
arrumou amigos no Grupo e que estes amigos vão até sua casa para rezar com ela.
Pedimos para que falasse um pouco do Grupo do Idoso e ela respondeu que o pessoal
do grupo “te levanta” quando se encontram, isso faz muito bem.
A participante M. estava um pouco apreensiva com a entrevista. No Início ficava
olhando fixamente para nós, como se preocupasse compreender o que estávamos
falando. Quando demos o termo de consentimento para que ela assinasse, explicamos
sobre o que estava contido nele, e ela disse não saber o que significava a palavra
voluntária. Explicamos a ela, que prontamente assinou o termo com um sorriso em
seu rosto. M. estava muito preocupada com o marido, pois este parece estar doente.
Ela demonstrava estar muito grata pelo Grupo, pois tem enfrentado muitos problemas
familiares, e o Grupo de Idosos transmite a ela uma alegria e força necessária. M. nos
contou sobre sua rotina de dificuldades com seu marido, nos falou sobre suas
preocupações e temores. Ouvimos atentamente tudo que ela tinha para dizer. Ao final
ela disse que estava se sentindo aliviada por falar tudo aquilo, e ficou muito tranquila

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por saber que somos estagiários de psicologia e não poderíamos expor o que estava
sendo falado ali. Demonstrou conhecimento sobre o sigilo estabelecido na profissão.

➢ Participante L.
A terceira participante, L., perguntamos o que a motiva em fazer parte do Grupo do
idoso e ela informou que vir para o encontro no Grupo a faz despertar e se não viesse
iria dormir muito e falou que frequenta o grupo desde que começou a cerca de 8 a 9
anos. Questionamos o que seria mais importante no Grupo que ela frequenta e ela nos
disse que tem coisas muito boas aqui para aprender sobre saúde. Perguntamos o
porquê de estar tanto tempo no grupo e o que faz permanecer ou continuar e ela nos
disse o que é comum com a maioria das pessoas do grupo, fica sozinha, e no caso
dela, a família mora longe. No Grupo ela fala com suas amigas e aprende bastante.
Mencionou o que mais gosta, que é o exercício e, como ela não pode fazer serviços
pesados, os que faz no Grupo do Idoso são muito bons para ela. Fez amigos que estão
além dos muros do Grupo do Idoso, onde saem para alguns lugares.
A participante L. era uma senhora que demonstrou ser vaidosa. Unhas pintadas,
cabelos pintados de vermelho, e um pouco de maquiagem nos olhos. Demonstrou
preocupação em responder nossas perguntas com o máximo de informações que
pudesse nos dar. Em todo o tempo ficava bastante atenta ao que perguntávamos, e
durante as respostas gesticulava bastante com as mãos. L. sorria pouco durante as
respostas, mas sorriu bastante ao nos encontrar e ao se despedir de nós. Percebemos
uma gratidão em seu falar sobre o grupo.

➢ Participante J.
O quarto participante, J. Perguntamos o que é mais importante no Grupo do idoso e
nos respondeu que é a saúde e a amizade e disse que é tudo de bom, que as atividades
do Grupo são maravilhosas. Disse que é um dos “fundadores”, que está desde o
começo juntamente com sua esposa. Questionamos o que ele aprendeu aqui e nos
falou que aprendeu os hábitos alimentares, principalmente não comer comida salgada.
Falou que está promovendo a sua Saúde. Diante destas questões mencionadas,
pedimos para falar do Grupo do Idoso e ele falou que com as atividades no Grupo ele
nem sente a idade, e que está com 82 anos de idade e está muito bem.
O participante J. era um senhor muito simpático. Infelizmente cometemos um erro no
início da entrevista e não informamos que a cadeira na qual ele iria se sentar tinha

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rodinhas, então ele escorregou ao tentar sentar-se. Pedimos perdão pelo ocorrido. Ele
logo se recompôs, sorrindo e fazendo piada da situação. Durante as perguntas, J.
respondia sempre prontamente. Falava até muito mais do que esperávamos. Falou
sobre sua carreira, seus hábitos alimentares antes de conhecer o Grupo de Idosos, e
falou um pouco sobre suas atividades fora do grupo. J. era sempre muito simpático,
ria bastante e demonstrou estar muito feliz em participar de nossa entrevista.
➢ Participante G.
Perguntamos à quinta participante sobre a importância do grupo para ela e disse que
é muito importante e que está desde que começou, que na época tinha apenas 6
pessoas e sente muita falta quanto não consegue ir ao Grupo e se sente muito ativa.
Perguntamos o que a motiva estar no Grupo de Idosos e ela falou que as informações
da saúde mudaram muito a vida dela, que tratar da saúde sozinha é muito difícil. Ela
mencionou que foi incentivada a receber grupos em sua casa e diante disso viraram
uma família, pois apesar dela ter família, eles moram longe.
A participante G. se mostrou muito solícita, sorridente e disposta a responder tudo
que perguntávamos de maneira ampla, inserindo suas impressões e suas próprias
experiências. Seu esposo frequenta o grupo junto dela e o tempo todo ela demonstrava
a gratidão por estar ali e pelo grupo ter alcançado sua casa. Algumas vezes G.
esfregava as mãos uma na outra, entrelaçada os dedos, demostrava um certo cuidado
em nos atender. Não demonstrou desconforto para responder nenhuma das perguntas,
e ao final nos agradeceu por participar da entrevista e poder contribuir com nosso
trabalho acadêmico.

IV. Considerações Finais


O psicólogo sempre está à disposição para atendimento em várias unidades para averiguar
as questões psicológicas que demandam das pessoas. O agente comunitário está inserido
na comunidade atendendo a todos independentemente do perfil socioeconômico
intelectual que apresenta a região. O Grupo do Programa da Saúde do Idoso é um grupo
misto, ou seja, o perfil apresentado é bem diversificado.
Cabe ao Psicólogo Comunitário contribuir para a construção de programas inovadores de
intervenção social, baseados em metodologias colaborativas de investigação-ação,
promotoras de empoderamento e facilitadoras da mudança social apoiando grupos e
organizações da comunidade (coletividades, organizações não governamentais ou outras)

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para que funcionem de forma mais eficaz, cumprindo os objetivos a que se propõem ao
nível de cultura, do bem-estar físico e do desenvolvimento integral dos grupos que
pretendem beneficiar.
A intervenção do psicólogo na perspectiva psicossocial comunitária inclui a análise da
demanda da comunidade, que pode ser realizada a partir de um levantamento de
necessidades. O conhecimento e a caracterização da comunidade com a qual se pretende
trabalhar são de extrema importância para o planejamento das atividades. Diferentes
técnicas podem ser utilizadas nesta etapa, como entrevistas com informantes chaves e
líderes comunitários, grupos focais.

❖ Pilares da Psicologia comunitária no Programa da Saúde do Idoso


➢ Empoderamento: Podemos perceber que o idoso, que até então, tinha de certa forma
perdido o seu significado, ali se encontra como sujeito, onde faz amizades que não se
limita apenas nos encontros, mas fora do local também.
Algumas das suas falas foram: Que se sentem sozinhos em casa; ali conversam com
amigos; sentem um vazio quando não estão no grupo. Eles trocam experiências e
aprendem uns com os outros e são uma grande ‘FAMILIA’, pois em muitos casos,
as famílias moram longe e ali se sentem amparados.
➢ Cidadania: A equipe multidisciplinar promove palestras sobre diversos temas onde
possibilita informações diversas melhorando a qualidade de vida para esses idosos
que se encontram no projeto e, inclusive, mudando seus hábitos alimentares que
favorece uma vida mais saudável.
➢ Luta contra a Pobreza: Se resulta em grandes desigualdades sociais e ultrapassar
essa barreira torna-se essencial para a o desenvolvimento saudável dos Idosos.
➢ Saúde mental: É considerado um estado de equilíbrio entre o sujeito e a sociedade, é
um conceito amplo. Possuindo saúde mental, o indivíduo torna-se mais produtivo,
tem melhor qualidade de vida e bem-estar. O profissional de Psicologia do projeto
intervém junto a esses idosos promovendo uma melhora na qualidade de vida através
de orientações, acolhimento, escuta e encaminhamento em caso de necessidade. Esse
encaminhamento é feito para a unidade de atendimento de saúde mental de Rio das
Ostras.
A velhice é um processo pessoal, natural e inevitável, para qualquer ser humano, na
evolução da vida. Nessa fase ocorrem mudanças biológicas, como o aparecimento de
rugas e progressiva perda da elasticidade da pele e diminuição da força muscular,

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mudanças psicossociais, como consciência da aproximação do fim da vida, declínio no
prestígio social, acúmulo de experiências, mudanças funcionais, como a necessidade
cotidiana de ajuda para desempenhar as atividades básicas, além de transformações
socioeconômicas e políticas. Ao se aposentarem, se afastam das amizades do dia a dia e
a rotina é totalmente alterada. É nesta fase onde se sentem ou são abandonados, sozinhos,
isolados dos amigos, da família, de todos e do mundo.
O Estatuto do Idoso no seu Art 3° diz:
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder
Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação
do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
ao respeito e à convivência familiar e comunitária.”
Observamos através do Grupo do Programa de Saúde do Idoso que apesar de tantas
necessidades, eles conhecem outras pessoas, fazem novas amizades, novos vínculos e
encontram pessoas que as escutem, as acolhem, que realmente se preocupam com sua
saúde e bem-estar.
É nossa obrigação como cidadão, como profissional e como Ser-humano fazer cumprir a
lei e agir em prol de acolher quem tanto viveu e que agora precisa tanto deste acolhimento.

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V. Referências

https://www.riodasostras.rj.gov.br/prefeitura-preserva-saude-e-qualidade-de-vida-dos-
idosos/ acessado em 24/11/2019.
http://www.arcos.org.br/artigos/a-melhor-idade-e-suas-necessidades/ acessado em
24/11/2019
BRASIL, Estatuto do Idoso. Ministério da Saúde, 2. ed. rev. – Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2006.

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