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Entrevista a filho cujo pai esteve nos

cuidados paliativos
Os cuidados paliativos são uma área da medicina que se dedica a melhorar a
qualidade de vida de pacientes a enfrentrar doenças graves ou terminais. Durante esse
período delicado, tanto os pacientes como as suas famílias passam por um intenso processo
de adaptação e cuidado. Nesta entrevista, vamos ouvir o testemunho de um filho cujo pai
usufruiu dos cuidados paliativos. O filho irá compartilhar as suas experiências, emoções e
reflexões sobre essa jornada, oferecendo uma perspectiva íntima e sensível sobre o impacto
que esses cuidados tiveram na vida das pessoas envolvidas.

Entrevistador: Olá, muito bom dia, muito obrigado por ter vindo.
Entrevistado: Bom dia, obrigado eu por ser convidado para este projeto.

Entrevistador: Vamos à primeira pergunta: você ou alguém que conheça já esteve nos
cuidados paliativos?
Entrevistado: Sim, o meu pai esteve numa unidade dos cuidados paliativos durante os
seus últimos meses de vida.

Entrevistador: Por que motivo decidiu usufruir dos serviços dos cuidados paliativos?
Entrevistado: O meu pai tinha um tumor em estágio avançado e os médicos disseram
que não havia mais tratamento possível. Os profissionais de saúde sugeriram os cuidados
paliativos para lidar com a dor e ajudar a garantir que ele tivesse o máximo de conforto
possível durante o resto de sua vida. Eu e a minha família decidimos seguir o conselho dos
profissionais.

Entrevistador: Considera que os cuidados paliativos fazem um bom trabalho com os


pacientes?
Entrevistado: Eu diria que sim, no geral, eles fizeram um bom trabalho. A minha
experiência foi principalmente com algumas enfermeiras que vinham à casa cuidar do meu
pai e estas sempre foram muito compreensivas e atenciosas. Elas foram as responsáveis
pelo máximo conforto possível que o meu pai recebeu durante os seus últimos meses de
vida.

Entrevistador: Quais foram os principais aspetos positivos que você encontrou nos
cuidados paliativos?
Entrevistado: Eu diria que os cuidados paliativos ajudaram a aliviar a dor e o
desconforto do meu pai, além de fornecer suporte emocional para mim e para a minha
família durante aquele período difícil. Eles também ajudaram a preparar o final da vida dele
e fizeram uma boa preparação psicológica para lidar com o luto.

Entrevistador: Mudaria alguma coisa nos cuidados paliativos?


Entrevistado: De um modo geral diria que os cuidados paliativos estão muito bem
preparados, mas mesmo assim existem sempre aspetos a melhorar. Por exemplo, o acesso a
esses cuidados pode ser limitado em várias partes do mundo, especialmente em regiões
rurais ou em países com recursos limitados. Eu também penso que os profissionais de saúde
nos cuidados paliativos podem ser treinados melhor em habilidades como comunicação e
gestão de stress. Além disso, penso que precisamos investir mais em pesquisas sobre
cuidados paliativos para ajudar a melhorar as práticas atuais.

Entrevistador: Pensa que a comunicação é essencial para prestar este tipo de cuidados?
Entrevistado: Sim, definitivamente! A comunicação é essencial para prestar os cuidados
paliativos. É importante que os profissionais de saúde sejam capazes de comunicar
efetivamente com os pacientes e as suas famílias sobre os sintomas, tratamentos, opções de
cuidados e perspectivas. Além disso, é importante que os profissionais de saúde sejam
capazes de ouvir ativamente os pacientes e sua família e responder às questões que possam
ter. A capacitação em habilidades de comunicação é essencial para garantir a prestação de
serviços de alta qualidade em cuidados paliativos.

Entrevistador: Se, hipoteticamente, a eutanásia fosse legal em Portugal, considerá-la-ia


como opção para terminar o sofrimento do seu pai?
Entrevistado: É uma pergunta difícil de responder, porque é um assunto complexo e
sensível. Para mim, a questão central é se a legalização da eutanásia poderia melhorar a
qualidade de vida e reduzir o sofrimento dos pacientes em estágio terminal. Se assim for, eu
poderia considerá-la. Por outro lado, se a legalização da eutanásia não for bem
regulamentada, existe o risco de ser abusada e eu nunca gostaria que meu pai fosse uma
vítima desse abuso. Em resumo, se houver um sistema justo e bem regulamentado de
eutanásia, e se isso for de acordo com a decisão do meu pai, eu apoiá-lo-ia.

Entrevistador: Sabendo o que sabe hoje e considerando as suas experiências, diria que
vale a pena casar/viver com alguém que tem este destino?
Entrevistado: É difícil para mim responder a esse tipo de pergunta com um simples
"sim" ou "não". A decisão de casar ou viver com alguém é uma escolha muito pessoal e deve
ser baseada em muitos fatores, incluindo os desejos e objetivos de vida de cada pessoa e a
compatibilidade do casal. Por exemplo, se a pessoa está muito apaixonada pelo parceiro e
está disposta a suportar os desafios que vêm com a doença, então pode valer a pena casar-
se. Por outro lado, se a pessoa não tem certeza se está pronta para lidar com as exigências
da doença e suas consequências, então pode ser melhor esperar algum tempo até que
tenha mais certeza de que é o que deseja. É importante que o casal discuta abertamente os
desafios e as expectativas antes de tomar uma decisão final sobre a relação.

Entrevistador: Tem algo a dizer a quem está com um familiar ou amigo nos cuidados
paliativos?
Entrevistado: O meu conselho é cuida do outro, mas cuida de ti mesmo também. Se
estás a cuidar de um familiar ou amigo que está em cuidados paliativos, é importante
lembrares-te de cuidar de ti próprio também. É normal ficar cansado e esgotado com a
carga emocional e física de cuidar de alguém nos cuidados paliativos. É importante
encontrar algum tempo para relaxar e cuidar de ti mesmo, mesmo que seja apenas por
alguns minutos ao dia. Além disso, é importante procurar apoio de outros cuidadores e
pessoas que estejam a passar por experiências semelhantes. Existem muitos recursos
disponíveis, como grupos de apoio online e recursos locais, que podem ajudar-te a sentires-
te menos sozinho e a lidar com a carga emocional da situação. É importante lembrar que
não estás sozinho e que há pessoas dispostas a ajudar-te e apoiar-te durante essa etapa
difícil da tua vida.

Entrevistador: Obrigado por partilhar a sua experiência connosco. Até à próxima!


Entrevistado: Obrigado eu por me terem ouvido. Espero que a minha história e o meu
ponto de vista sensibilizem alguns de vocês, os jovens.

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